09.05.2013 Views

A «Obra ao Rubro - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

A «Obra ao Rubro - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

A «Obra ao Rubro - Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Pag 217-244:Pagina 1-28.qxd 10-12-2009 01:18 Page 228<br />

sAndrA sIlvA<br />

metais até <strong>ao</strong> ouro, substituindo-se <strong>ao</strong> próprio tempo 36 . Converte-<br />

-se assim num or<strong>de</strong>nador do c<strong>ao</strong>s, num <strong>de</strong>miurgo, num “Salvador<br />

Fraternal da Natureza” 37 que, <strong>ao</strong> mesmo tempo que guia a matéria <strong>ao</strong><br />

seu mais sublime estado, a maturação aurífica, se conduz a si mes -<br />

mo à mais subida consciência, a consciência <strong>de</strong>sperta para a eternida<strong>de</strong><br />

e para <strong>de</strong>us, pelo que a sua obra, a obra Filosofal, é, como já<br />

frisámos, simultaneamente material e espiritual, externa e interna.<br />

tendo <strong>de</strong> possuir um coração puro e temência <strong>ao</strong> divino, o «fi -<br />

ló sofo pelo fogo» <strong>de</strong>via guardar segredo sobre a arte que professava,<br />

para que néscios e embusteiros não ace<strong>de</strong>ssem a um conhecimento<br />

tão alto, guardião dos mais elevados tesouros. obe<strong>de</strong>cendo assim à<br />

lei do silêncio 38 , o alquimista encontrava-se então capaz <strong>de</strong> entrar<br />

no palácio da sapiência hermética, no verda<strong>de</strong>iro domínio do Opus<br />

Magnum, <strong>ao</strong> qual se <strong>de</strong>via entregar plenamente, orando e laborando<br />

como versa a célebre divisa alquímica “ora et labora”. Confiando-se a<br />

um mestre, que lhe ministrava a instruções iniciais, ia-se regendo<br />

<strong>de</strong>pois pelos textos da Ars Magna, escritos labirínticos, complexos,<br />

propositadamente pejados <strong>de</strong> nomes cifrados, <strong>de</strong> enigmas figurados<br />

e <strong>de</strong> ilustrações misteriosas para confundir e <strong>de</strong>smotivar os leitores<br />

que, no fundo, não fossem crentes puros na Pedra dos Filósofos 39 ;<br />

havendo achado o fio condutor do modus operandi da arte em tão es -<br />

consos textos e já sem mestre, prosseguia os labores sozinho, abandonado<br />

à sua sorte, <strong>de</strong>ixando-se levar unicamente pela inspiração e<br />

pela iluminação divina, na esperança <strong>de</strong> que estas lhe revelassem o<br />

caminho até à <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira fase da obra.<br />

Aspirando alcançar a vida incessante, o alquimista vivia recolhido<br />

em seu laboratório, localizado em lugar abrigado <strong>de</strong> olhares<br />

in discretos e munido <strong>de</strong> apetrechos que ele próprio executara 40 . Aí,<br />

36 Cf. mIrCeA elíA<strong>de</strong>, Ferreiros e Alquimistas, lisboa, relógio d’Água, s.d., p. 40.<br />

37 Ibi<strong>de</strong>m p. 44.<br />

38 Cf. JulIus evolA, ob. cit., p. 213.<br />

39 Cf. AleXAn<strong>de</strong>r rooB, ob. cit., p. 12.<br />

40 Cf. serGe hutIn, A Alquimia, lisboa, livros do Brasil, s.d., p. 83.<br />

228

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!