09.05.2013 Views

Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ...

Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ...

Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

)XQGDomR 2VZDOGR &UX]<br />

&HQWUR GH 3HVTXLVDV $JJHX 0DJDOKmHV<br />

'HSDUWDPHQWR GH 6D~GH &ROHWLYD<br />

0HVWUDGR HP 6D~GH 3~EOLFD<br />

3HUILO VRFLRHFRQ{PLFR H HSLGHPLROyJLFR GD<br />

SRSXODomR LGRVD GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD 3(<br />

G<br />

6iOYHD GH 2OLYHLUD &DPSHOR H 3DLYD<br />

5HFLIH<br />

0


6È/9($ '( 2/,9(,5$ &$03(/2 ( 3$,9$<br />

PERFIL SOCIOECONÔMICO E EPIDEMIOLÓGICO DA<br />

POPULAÇÃO IDOSA DO DISTRITO ESTADUAL DE<br />

FERNANDO DE NORONHA - PE<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> como requisito parcial para obtenção<br />

<strong>do</strong> grau de Mestre em Saúde Pública, pelo Departamento de<br />

Saúde Coletiva – NESC, <strong>do</strong> Centro de Pesquisas Aggeu<br />

Magalhães – CPqAM <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz – Fiocruz.<br />

Orienta<strong>do</strong>r: 'U (GXDUGR 0DLD )UHHVH GH &DUYDOKR<br />

RECIFE<br />

2004<br />

1


6È/9($ '( 2/,9(,5$ &$03(/2 ( 3$,9$<br />

<strong>Perfil</strong> soc ioec onôm ic o e epidem iológic o <strong>da</strong> populaç ão <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />

<strong>do</strong> Dist rit o Est adual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha - PE<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> como requisito parcial para obtenção <strong>do</strong> grau de Mestre<br />

em Saúde Pública, pelo Departamento de Saúde Coletiva – NESC, <strong>do</strong> Centro de<br />

Pesquisas Aggeu Magalhães – CPqAM <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz – Fiocruz.<br />

Orienta<strong>do</strong>r:<br />

______________________________<br />

Profº Dr. Eduar<strong>do</strong> Maia Freese de Carvalho<br />

NESC/CPqAM/Fiocruz<br />

%DQFD ([DPLQDGRUD<br />

1º Examina<strong>do</strong>r: 2º Examina<strong>do</strong>r:<br />

2<br />

Recife, 23 de março de 2004.<br />

______________________________ ______________________________<br />

Profª Drª Márcia Carréra Campos Leal Profª Drª Lia Giral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva Augusto<br />

Deptº Medicina Social -UFPE NESC/CPqAM/Fiocruz


'HGLFR DRV LGRVRV LOKpXV DWRUHV VRFLDLV FXMDV KLVWyULDV GH YLGD HP )HUQDQGR<br />

GH 1RURQKD DMXGDUDP D FRQVWUXLU HVWH WUDEDOKR: A<strong>da</strong>lberto José <strong>da</strong> Silva, A<strong>da</strong>lgisa<br />

Moura <strong>da</strong> Silva (Dasinho), Ana Martins (Nanete), Antônio Carmo de Santana,<br />

Antônio Santana <strong>do</strong>s Santos (com sau<strong>da</strong>de), Calixto Pereira, Carlos Augusto de<br />

Araújo, Cecília Teixeira <strong>da</strong> Silva, Cícero Vital Nunes, Cleonice José de Souza, David<br />

Alves Cordeiro, Davino Pereira de Sena, Ednal<strong>do</strong> Paz e Silva (Pastor), Enói Soares<br />

<strong>da</strong> Silva, Fernan<strong>do</strong> Ferreira <strong>da</strong> Silva, Francisca Azeve<strong>do</strong> T. Gomes (Chiquinha),<br />

Francisca Bezerra <strong>da</strong> Silva (Maria), Francisca Pacheco <strong>da</strong> Silva (Chica), Francisco<br />

Cazeca <strong>da</strong> Costa (Chicó), Francisco Gomes <strong>da</strong> Silva (Mansinho), Francisco Paulo de<br />

Oliveira (Chiquito), Francisco Pereira Alves (Chico <strong>da</strong> Horta), Gardência Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

Silva, Glória Maria Cunha de Serpa Brandão, I<strong>da</strong> Korossy Marques de Almei<strong>da</strong>, Ivan<br />

Augustinho de Andrade (Mestre), João Benício Barbosa, João <strong>da</strong> Rocha Amorim<br />

(Dandão), João Januário <strong>da</strong> Silva (Zé <strong>da</strong> Quixaba), João Miguel de Azeve<strong>do</strong>, João<br />

Pedro <strong>do</strong> Nascimento, João Silvestre <strong>da</strong> Silva, José Benedito Lins Filho (Arlin<strong>do</strong>),<br />

José Benedito Xavier (Padre), José de Arimathéa de Serpa Brandão, José<br />

Fernandes Pereira (Zé Polícia), José Ferreira Campos (Campelo), José Ferreira <strong>da</strong><br />

Silva (Du<strong>da</strong>), José Gomes de Aguiar (Zezo), Josefa Maria de Azeve<strong>do</strong> de Lima<br />

(Nazinha), Josefa Nunes de Almei<strong>da</strong> (Zefinha), Juvenal José de Medeiros (Veneno),<br />

Manoel Batista Nascimento (Manoel Grande), Manoel <strong>da</strong> Luz <strong>do</strong> Nascimento (com<br />

sau<strong>da</strong>de), Maria Cícera Dionísio, Maria <strong>da</strong> Conceição Oliveira (Vó), Maria <strong>da</strong>s Neves<br />

Silva (Nevinha), Maria Dina <strong>do</strong>s Santos, Maria <strong>do</strong> Carmo Dias Barbosa (Pituca),<br />

Maria <strong>do</strong> Livramento <strong>do</strong>s Santos Marinho, Maria <strong>do</strong>s Prazeres <strong>do</strong>s Santos, Maria<br />

José Alves de Barros Silva, Maria José <strong>da</strong> Silva (Zezé), Maria José de Santana<br />

(Nina), Maria Julieta <strong>da</strong> Silva, Maria Lúcia Serafim de Farias, Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>da</strong><br />

Silva, Maria Nailde <strong>da</strong> Silva Cordeiro, Maria Olindina <strong>do</strong>s Santos, Maria Raimun<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> Silva (Mª de Gouveia), Maria Rosa de Santana (com sau<strong>da</strong>de), Moisés Inácio <strong>do</strong>s<br />

Santos, Nilson Apory, Nival<strong>do</strong> Sebastião de Santana (Ivo Bomba), Olívia Chagas de<br />

Oliveira Costa, Otaciana Flor, Paulo Avelino Dantas, Pedro Rosa <strong>da</strong> Silva<br />

(Pedrinho), René Gerônimo de Araújo, Rita Borges Flor, Rocil<strong>da</strong> Ferreira de<br />

Medeiros, Salviano José de Souza, Sebastiana Soares <strong>da</strong> Silva, Sebastião Alves de<br />

Souza, Sebastião Francisco de Oliveira (Dr. Vaqueiro), Severina Helena Maria,<br />

Severina Mª <strong>do</strong>s Santos (Silveira), Severino Cesário <strong>da</strong> Costa, Severino Gomes<br />

Barbosa, Severino Rodrigues <strong>do</strong>s Santos (Biu Guar<strong>da</strong>) e Valdice Lima de Santana.<br />

3


$*5$'(&,0(1726<br />

A Deus e Nossa Senhora <strong>do</strong>s Remédios (padroeira de Fernan<strong>do</strong> de Noronha), pela<br />

luz que me ilumina...<br />

Aos meus avós (com sau<strong>da</strong>de), Maria e Antônio, Gina e Alfeu, pelos exemplos que<br />

me inspiram e animam...<br />

Aos meus pais, Paula Frascinete e Geral<strong>do</strong>, por tu<strong>do</strong> e por tanto!<br />

Aos queri<strong>do</strong>s Rosita e Ariel (com sau<strong>da</strong>de), pelo apoio essencial e irrestrito...<br />

A Romero, companheiro de tanto tempo e to<strong>da</strong>s as horas, por caminhar sempre de<br />

mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s comigo...<br />

Aos filhos Rodrigo, Renan e Vanessa, pelo senti<strong>do</strong> que dão a minha vi<strong>da</strong>...<br />

A Hosan, Gina e Jasom, por serem irmãos de ver<strong>da</strong>de...<br />

Ao amigo Heleno Arman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva (com sau<strong>da</strong>de), por ter me permiti<strong>do</strong> participar<br />

<strong>da</strong> sua história de vi<strong>da</strong> e ter me ensina<strong>do</strong> o essencial sobre a vi<strong>da</strong> em Fernan<strong>do</strong> de<br />

Noronha;<br />

À Valdeci Colaço (com sau<strong>da</strong>de), minha eterna professora, pelas aulas<br />

inesquecíveis...a sabe<strong>do</strong>ria compartilha<strong>da</strong>!<br />

Aos amigos Augusto Alcalde, Cristiane Cavalcanti, Fábia Pottes, Luciana Venâncio e<br />

Rosana Almei<strong>da</strong>, pelas lições de vi<strong>da</strong> e por se alegrarem com as minhas alegrias...<br />

Ao professor Eduar<strong>do</strong> Freese de Carvalho, por ter embarca<strong>do</strong> na minha ‘utopia’ e<br />

orienta<strong>do</strong> os primeiros passos de uma longa ‘jorna<strong>da</strong>’...<br />

À Cristina Carrazzone, companheira de campo, pela força amiga e pelo trabalho<br />

militante!<br />

À Verônica Modesto e Marcos Aurélio, minha família em Noronha, por terem me<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> muito mais que abrigo e carinho...por Ítalo, principalmente!<br />

À Marília Siqueira Campos, Josete Melo e Anália Nuzya Garcia, pelos ensinamentos<br />

na área de gerontologia, pela amizade e boa companhia!<br />

A Dagoberto, Eustáquio, João Carlos e Lázaro, pela imprescindível colaboração.<br />

4


3HOR DSRLR HVVHQFLDO<br />

Professor Emmanuel França (Magnífico Reitor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco);<br />

Dr. Ênio Lustosa Cantarelli (Diretor <strong>do</strong> PROCAPE); Sr. Sérgio Salles (ex-<br />

administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> DEFN); Conceição Melo (assistente social <strong>do</strong> HUOC); Cláudia<br />

Alves, Maria Auxilia<strong>do</strong>ra de Oliveira, Rosângela Oliveira, Rosângela Passos, Raquel<br />

Soares e Tatiana Santacruz (equipe de assistentes sociais <strong>da</strong> Divisão de Serviço<br />

Social <strong>do</strong> HUOC); Dra. Lia Giral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva Augusto (NESC/CPqAM/Fiocruz);<br />

professor Carlos Feitosa Luna (CPqAM/Fiocruz); Dra. Ana Paula de Oliveira<br />

Marques e Dra. Márcia Carréra Campos Leal (Universi<strong>da</strong>de Federal de<br />

Pernambuco); Dr. Renato Veras (Universi<strong>da</strong>de Estadual <strong>do</strong> Rio de Janeiro); Ana<br />

Carolina de Melo <strong>da</strong> Silva, Cristina Carrazzone, Érica França de Araújo, Erlene<br />

Roberta Ribeiro <strong>do</strong>s Santos, Fábio Lopes de Melo, Karina Conceição de Araújo,<br />

Luciana Venâncio Santos Souza, Maria Geisiane de Souza, Maria Sandra Andrade,<br />

Marinal<strong>da</strong> Anselmo Vilela e O<strong>da</strong>léia Araújo Ferreira (minha turma <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>); Dra.<br />

Janirza Cavalcante <strong>da</strong> Rocha Lima (Fun<strong>da</strong>ção Joaquim Nabuco); A<strong>da</strong>gilson Batista<br />

<strong>da</strong> Silva, Mégine Carla Cabral <strong>da</strong> Silva e Romero Euclides <strong>da</strong> Silva (NESC/Fiocruz);<br />

Débora de Oliveira, Janice de Andrade Dias, Lindinalva Maria de Menezes, Nil<strong>da</strong> de<br />

Andrade Lima, Paulo Lira, Rivaldete de Souza, (equipe <strong>da</strong> Secretaria Acadêmica <strong>do</strong><br />

NESC/Fiocruz) e Sidália Aragão (apoio NESC/Fiocruz); Milton Luna <strong>da</strong> Silva,<br />

Sr. Ernandes José de Souza, Sra. Eunice Maria de Oliveira, Sra. I<strong>da</strong> Korossy de<br />

Almei<strong>da</strong>, Sr. Carlos Alberto Flor, Sr. Moisés José de Souza e Sr. René Jerônimo<br />

Araújo (Conselho Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha); Sr. Marcos Aurélio <strong>da</strong> Silva<br />

(Diretor <strong>do</strong> Parnamar/FN); Sra. Maria José Borges Lins e Silva (Marieta); Sr.<br />

Fernan<strong>do</strong> Filizola (coordena<strong>do</strong>r de saúde <strong>da</strong> Adm. <strong>do</strong> DEFN); Srta. Larissa Morélia<br />

Sá Vieira Mace<strong>do</strong> (Diretora <strong>do</strong> Hospital São Lucas); Sra. Sandra Valéria Lima<br />

5


(assistente social <strong>do</strong> DEFN); to<strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas, especialmente:<br />

Adriana Flor, Carlos Augusto Alves de Santana, Edson Alves Barbosa, Eduar<strong>do</strong><br />

Marques <strong>da</strong> Silva, Eli Paes e Silva, Eliude Charamba Souza, Gildene Pereira <strong>do</strong><br />

Nascimento, Gisel<strong>da</strong> Moura <strong>da</strong> Silva, Ivanil<strong>do</strong> Ferreira <strong>da</strong> Silva, Maria Flávia <strong>da</strong> Silva<br />

Calixto, Rosânia Maria <strong>do</strong>s Santos e Wellington Cordeiro; Sr. Alcin<strong>do</strong> Cavalcanti de<br />

Araújo Filho (Diretor Regional <strong>da</strong> Mongeral); e Sr. Erick Sobreira Guedes<br />

(Laboratório Roche).<br />

6


5(6802<br />

$%675$&7<br />

/,67$ '( ,/8675$d®(6<br />

/,67$ '( 7$%(/$6<br />

/,67$ '( $%5(9,$785$6 ( 6,*/$6<br />

/,67$ '( $1(;26<br />

$35(6(17$d­2<br />

,1752'8d­2<br />

680È5,2<br />

6REUH D (SLGHPLRORJLD 6RFLDO H R FRQFHLWR GH (VSDoR<br />

DOJXPDV FRQVLGHUDo}HV<br />

&RQVLGHUDo}HV VREUH R 7HPSR H R (VSDoR GR 6HU ,GRVR<br />

2 )HQ{PHQR GR (QYHOKHFLPHQWR GD 3RSXODomR 0XQGLDO<br />

3URFHVVRV GH 7UDQVLomR 'HPRJUiILFD H (SLGHPLROyJLFD<br />

QR %UDVLO<br />

2 ,GRVR H D ,OKD<br />

7


$VSHFWRV +LVWyULFRV GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH )HUQDQGR<br />

GH 1RURQKD<br />

2%-(7,926<br />

*HUDO<br />

(VSHFtILFRV<br />

352&(',0(1726 0(72'2/Ï*,&26<br />

ÈUHD GH (VWXGR<br />

'HVHQKR GR (VWXGR<br />

'HILQLomR GD 3RSXODomR<br />

&ROHWD GH 'DGRV<br />

3.4.1 Pré-teste<br />

3.4.2 Pesquisa de Campo<br />

'HILQLomR GR ,QVWUXPHQWR GH &ROHWD GH 'DGRV<br />

&RQVLGHUDo}HV eWLFDV<br />

3URFHVVDPHQWR H $QiOLVH GRV 'DGRV<br />

2 3URFHVVR 0HWRGROyJLFR D KLVWyULD GD SHVTXLVD<br />

5(68/7$'26<br />

,QIRUPDo}HV *HUDLV ± 6HomR , GR %2$6<br />

6D~GH )tVLFD ± 6HomR ,, GR %2$6<br />

8


8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV ± 6HomR ,,, GR %2$6<br />

$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD $9'V ± 6HomR ,9 GR %2$6<br />

5HFXUVRV 6RFLDLV ± 6HomR 9 GR %2$6<br />

5HFXUVRV (FRQ{PLFRV ± 6HomR 9, GR %2$6<br />

6D~GH 0HQWDO ± 6HomR 9,, GR %2$6<br />

1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV TXH $IHWDP R (QWUHYLVWDGR ±<br />

6HomR 9,,, GR %2$6<br />

',6&866­2<br />

&21&/86®(6<br />

5(&20(1'$d®(6<br />

5()(5Ç1&,$6 %,%/,2*5È),&$6<br />

$1(;26<br />

9


5(6802<br />

Conhecer o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu, identifican<strong>do</strong> a<br />

atual situação de saúde e apresentan<strong>do</strong> peculiari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>da</strong><br />

população insular, minoritária, viven<strong>do</strong> em situação de isolamento geográfico, no<br />

Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha - PE, é o principal objetivo deste trabalho.<br />

O desenho censitário <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> caracteriza-se pela realização de uma abor<strong>da</strong>gem<br />

epidemiológica descritiva de tipo corte transversal em população especial. Foram<br />

entrevista<strong>do</strong>s 80 i<strong>do</strong>sos residentes na Ilha <strong>do</strong> universo de 88. O instrumento utiliza<strong>do</strong><br />

para coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s foi o Brazil Old Age Schedule (BOAS), questionário<br />

multidimensional para estu<strong>do</strong>s comunitários em população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. Basicamente, o<br />

referencial teórico está fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> no conteú<strong>do</strong> de disciplinas relaciona<strong>da</strong>s ao<br />

processo de envelhecimento humano e <strong>da</strong> saúde coletiva. Em Fernan<strong>do</strong> e Noronha,<br />

a Taxa de 4,3% não caracteriza a existência de uma população envelheci<strong>da</strong> e não<br />

ocorre o processo de feminização <strong>da</strong> velhice, contrastan<strong>do</strong> com a reali<strong>da</strong>de<br />

observa<strong>da</strong> no Brasil, de forma geral. Os indica<strong>do</strong>res <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s, analisa<strong>do</strong>s<br />

isola<strong>da</strong>mente, revelam o perfil de uma população diferencia<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> a<br />

outras <strong>do</strong> Continente. No entanto, apesar <strong>da</strong> boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, onde o IDH é<br />

considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s melhores <strong>do</strong> Brasil, o eleva<strong>do</strong> custo de vi<strong>da</strong> na Ilha chega a<br />

superar os padrões observa<strong>do</strong>s em Pernambuco e na capital Recife. Do ponto de<br />

vista gerontológico, os indica<strong>do</strong>res de autonomia e independência apontam para o<br />

perfil de uma população saudável, porém, apesar <strong>da</strong> boa capaci<strong>da</strong>de funcional,<br />

foram encontra<strong>da</strong>s eleva<strong>da</strong>s taxas de prevalência de Diabetes Mellitus e<br />

Hipertensão Arterial.<br />

10


$%675$&7<br />

The main aim of this study is to build up a socio-economic and epidemiological profile<br />

of elderly people living on the island of Fernan<strong>do</strong> de Noronha – a district that falls<br />

under the jurisdiction of the State of Pernambuco in the Northeast of Brazil. It<br />

establishes the current state of health of this population and reveals peculiarities of<br />

the every<strong>da</strong>y life of the islanders, who constitute a minority living in a geographically<br />

isolated location. The study takes the form of a census using a cross-section<br />

descriptive epidemiological approach to a special population. Eighty elderly residents<br />

of the island, of a total population of 88 were interviewed. Data was collected using<br />

the BOAS (Brazil Old Age Schedule), a multidimensional questionnaire for<br />

community studies among the elderly population. Theoretically, the study is based on<br />

scholarly work on the ageing process in humans and community health. The<br />

population of Fernan<strong>do</strong> de Noronha cannot be classified as an ageing one, as elderly<br />

people account for only 4.3% of the total. Neither are women coming to form an<br />

increasingly larger proportion of the elderly population, in contrast to what has been<br />

observed in Brazil as a whole. Socio-economic indicators, analysed separately,<br />

indicate that the profile of the population is quite distinct from that of others on the<br />

mainland. Nevertheless, despite the good quality of life, – the HDI being considered<br />

to be one of the best in Brazil – the cost of living on the island is higher than that of<br />

the rest of the State of Pernambuco and its capital Recife. From a gerontological<br />

perspective, the indicators for autonomy and independence suggest that the<br />

population is healthy, with good functional capacity, although the prevalence rates for<br />

Diabetes Mellitus and Arterial Hypertension were found to be high.<br />

11


,67$ '( ,/8675$d®(6<br />

)LJXUDV<br />

Figura 1 – Mapa <strong>do</strong> Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

Figura 2 – Mapa <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

Figura 3 – Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica<br />

*UiILFRV<br />

Gráfico 1 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 2 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Satisfação<br />

com a Vi<strong>da</strong> em Geral. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 3 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Relato de<br />

Incontinência Urinária e Freqüência de Ocorrência. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 4 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à prática de<br />

Ativi<strong>da</strong>de Produtiva Remunera<strong>da</strong> atualmente. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 5 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Dificul<strong>da</strong>de para Dormir.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 6 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Dificul<strong>da</strong>de para se<br />

Alimentar. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

12


Gráfico 7 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Per<strong>da</strong> de Agili<strong>da</strong>de.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 8 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Autonomia e<br />

Independência para Sair de Casa (quan<strong>do</strong> necessário). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Gráfico 9 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Vontade de Chorar.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

13


,67$ '( 7$%(/$6<br />

Tabela 1 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo e I<strong>da</strong>de.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 2 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Naturali<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha, 2002.<br />

Tabela 3 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Tempo de Moradia<br />

na Ilha, Última Visita feita ao Continente e Motivo <strong>da</strong> Visita. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />

2002.<br />

Tabela 4 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo e Grau de<br />

Escolari<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 5 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Esta<strong>do</strong> Conjugal,<br />

Tempo de União e I<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Cônjuge. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 6 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Número de Filhos(as)<br />

Vivos(as). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 7 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação de Moradia.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 8 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> de Saúde. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 9 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Diagnóstico Referi<strong>do</strong><br />

de Saúde e indicação de Prejuízo à Capaci<strong>da</strong>de Funcional. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />

2002.<br />

Tabela 10 – Distribuição <strong>da</strong>s freqüências <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação <strong>do</strong>s<br />

Prontuários no Hospital São Lucas. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

14


Tabela 11 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Valores de Glicose<br />

Plasmática (em mg/dl). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2003.<br />

Tabela 12 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Valores de Pressão<br />

Arterial. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2003.<br />

Tabela 13 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por auto-avaliação <strong>da</strong><br />

Capaci<strong>da</strong>de Motora e relato de ocorrência de Que<strong>da</strong>s. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 14 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>do</strong>s<br />

senti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Visão e Audição. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 15 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>da</strong><br />

Saúde Bucal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 16 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Utilização de Serviços<br />

Médicos e Dentários. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 17 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Freqüência de Uso de Serviços<br />

Médicos nos últimos Três Meses. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 18 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Utilização de<br />

Aju<strong>da</strong>s/Apoios e Medicamentos e relato de Auto-medicação. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />

2002.<br />

Tabela 19 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Identificação de<br />

Pessoas que poderiam cuidá-los em caso de Doença e/ou Incapaci<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha, 2002.<br />

Tabela 20 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Aju<strong>da</strong> Recebi<strong>da</strong> por<br />

Outra Pessoa. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

15


Tabela 21 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Grau de Autonomia<br />

e Independência no Desempenho <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Diária. Fernan<strong>do</strong> de<br />

Noronha, 2002.<br />

Tabela 22 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por natureza <strong>da</strong>s<br />

Ativi<strong>da</strong>des Realiza<strong>da</strong>s no Tempo Livre. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 23 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação Familiar.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 24 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos por Área de Ocupação<br />

Profissional durante a maior parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 25 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Fonte de<br />

onde tira o Sustento para Sobrevivência. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 26 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Ren<strong>da</strong> Própria<br />

Mensal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 27 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Ren<strong>da</strong> Familiar<br />

Mensal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 28 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação ao Acesso a alguns<br />

Serviços e Equipamentos no Domicílio. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 29 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Avaliação <strong>da</strong><br />

Situação Econômica (atual), compara<strong>da</strong> à Época <strong>do</strong>s 50 anos de I<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha, 2002.<br />

Tabela 30 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à avaliação <strong>da</strong> Condição<br />

<strong>da</strong> Residência feita pela Entrevista<strong>do</strong>ra. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 31 – Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por freqüência <strong>do</strong> índice <strong>da</strong> escala de<br />

SCO. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

16


Tabela 32 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação aos Sentimentos de<br />

Solidão e Preocupação. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 33 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Expectativa em relação<br />

ao Futuro e Esta<strong>do</strong> Emocional Referi<strong>do</strong>. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

Tabela 34 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação às Principais Carências e<br />

Problemas mais Importantes. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />

17


,67$ '( $%5(9,$785$6 ( 6,*/$6<br />

ACS – Agente Comunitário de Saúde<br />

AIVD – Ativi<strong>da</strong>de Instrumental de Vi<strong>da</strong> Diária<br />

APA – Área de Preservação Ambiental<br />

AVD – Ativi<strong>da</strong>de de Vi<strong>da</strong> Diária<br />

BOAS – Brazil Old Age Schedule<br />

BPC – Benefício <strong>da</strong> Prestação Continua<strong>da</strong><br />

CEP – Comissão de Ética em Pesquisa<br />

CNS – Conselho Nacional de Saúde<br />

CPqAM – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães<br />

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis<br />

DEFN – Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias<br />

DM – Diabetes Mellitus<br />

EDG – Escala de Depressão Geriátrica<br />

FIOCRUZ – Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz<br />

HA – Hipertensão Arterial<br />

HUOC – Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz<br />

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano<br />

LOAS – Lei Orgânica <strong>da</strong> Assistência Social<br />

MINTER – Ministério <strong>do</strong> Interior<br />

OMS – Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde<br />

ONU – Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s<br />

PACS – Programa <strong>do</strong> Agente Comunitário de Saúde<br />

PARNAMAR – Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

18


PEI – Política Estadual <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />

PMPE – Polícia Militar de Pernambuco<br />

PNI – Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />

PNSI – Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />

PSF – Programa de Saúde <strong>da</strong> Família<br />

SCO – Síndrome Cerebral Orgânica<br />

SUS – Sistema Único de Saúde<br />

TFD – Tratamento Fora <strong>do</strong> Domicílio<br />

UFPE – Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco<br />

UnATI – Universi<strong>da</strong>de Aberta <strong>da</strong> Terceira I<strong>da</strong>de<br />

UNICAP – Universi<strong>da</strong>de Católica de Pernambuco<br />

UPE – Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco<br />

19


,67$ '( $1(;26<br />

Anexo 1 – Brazil Old Age Schedule (BOAS)<br />

Anexo 2 – Formulário específico para pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />

Anexo 3 – Parecer <strong>do</strong> Conselho de Ética em Pesquisa (CEP)<br />

Anexo 4 – Termo de Adesão à Pesquisa de Campo<br />

Anexo 5 – Autorização <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />

manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />

Anexo 6 – Parecer <strong>da</strong> representante <strong>do</strong> Conselho Distrital de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

Anexo 7 – Programa <strong>da</strong> I Conferência Distrital de Saúde <strong>do</strong> DEFN<br />

20


$35(6(17$d­2<br />

Dos primeiros contatos intergeracionais, com os pais e avós, herdei as lembranças<br />

de uma infância feliz e as primeiras lições práticas sobre a DWLWXGH GR FXLGDGR.<br />

Sinceramente, desconheço um perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> minha história em que não tenha<br />

convivi<strong>do</strong> com i<strong>do</strong>sos e, na condição de aprendiz, continuo buscan<strong>do</strong> sempre essa<br />

convivência, visan<strong>do</strong> o aperfeiçoamento pessoal e profissional. É bem melhor<br />

aprender ouvin<strong>do</strong> histórias que decoran<strong>do</strong> teorias.<br />

Reconheço, a minha trajetória acadêmica ain<strong>da</strong> é incipiente, no entanto, são quase<br />

dez anos de exercício profissional, na área de saúde pública, dedican<strong>do</strong> a<br />

intervenção, enquanto Assistente Social, à causa <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Assim, deixei marca<strong>da</strong> a<br />

breve passagem pelo Hospital <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco e, desde<br />

1998, atuo no Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz, compon<strong>do</strong> a equipe <strong>do</strong> Gero-<br />

HUOC. Atualmente, também ocupo o cargo de Conselheira no Conselho Estadual<br />

<strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (CEDI), coordenan<strong>do</strong> a Comissão de Municipalização, pela<br />

Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco.<br />

Do contato com a complexa reali<strong>da</strong>de em que se insere a questão <strong>da</strong> saúde <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so e ao me deparar com a escassez de estu<strong>do</strong>s sobre populações especiais<br />

minoritárias, viven<strong>do</strong> em situação de isolamento, seja <strong>do</strong> ponto de vista geográfico,<br />

étnico e/ou cultural, surgiu a ‘XWRSLD’ de iniciar essa busca rumo ao cotidiano<br />

desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus, indígenas e quilombolas no esta<strong>do</strong> de Pernambuco.<br />

21


O Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha foi o primeiro lugar escolhi<strong>do</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> em vista, a minha história de aproximação com a população insular.<br />

Comuni<strong>da</strong>de que me honrou recentemente com seu título de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e com a qual<br />

tenho assumi<strong>do</strong> um compromisso profissional desde a época <strong>da</strong> graduação em<br />

Serviço Social.<br />

Este trabalho, em linhas gerais, abor<strong>da</strong> o processo de envelhecimento enquanto<br />

categoria social de análise, consideran<strong>do</strong> as dimensões ‘WHPSR H HVSDoR’, numa<br />

dinâmica dialética, a partir <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de diferentes disciplinas. Destaca as<br />

contribuições de diversos autores a respeito <strong>do</strong>s processos de ‘transição<br />

demográfica e epidemiológica’ no Brasil e no mun<strong>do</strong>, enfatizan<strong>do</strong> suas<br />

peculiari<strong>da</strong>des. Registra uma síntese sobre a história de Fernan<strong>do</strong> de Noronha e<br />

propõe uma visão humaniza<strong>da</strong> sobre o HVSDoR LQVXODU. Revela o processo e as<br />

dificul<strong>da</strong>des meto<strong>do</strong>lógicas encontra<strong>da</strong>s durante a pesquisa de campo e apresenta<br />

os resulta<strong>do</strong>s e conclusões <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> sobre o SHUILO VRFLRHFRQ{PLFR H<br />

HSLGHPLROyJLFR GD SRSXODomR LGRVD GR '()1. Eis o primeiro passo de uma longa<br />

jorna<strong>da</strong>, a história que tenho para contar...<br />

22


,1752'8d­2<br />

23<br />

> @ VH WRGRV WLYHVVHP WLGR D PHVPD KLVWyULD<br />

QmR SRGHULDP PDLV VH GLIHUHQFLDU XQV GRV RXWURV<br />

SRUTXH FDGD XP GH QyV p DTXLOR TXH RV VHXV DWRV FULDUDP<br />

8PEHUWR (FR<br />

6REUH D (SLGHPLRORJLD 6RFLDO H R FRQFHLWR GH (VSDoR DOJXPDV<br />

FRQVLGHUDo}HV<br />

Ao realizar um estu<strong>do</strong> sobre o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico de uma<br />

população, se faz necessário esclarecer alguns conceitos relaciona<strong>do</strong>s ao tema, ou<br />

seja, a linha de pensamento que embasa o conteú<strong>do</strong> teórico sobre a Epidemiologia<br />

enquanto “Ciência <strong>da</strong> Saúde <strong>do</strong> Ser Social”, como propõe Juan Samaja (2003).<br />

Defini<strong>da</strong> como HVWXGR GD GLVWULEXLomR H GRV GHWHUPLQDQWHV GDV GRHQoDV HP<br />

SRSXODo}HV KXPDQDV, a epidemiologia foi considera<strong>da</strong> disciplina básica <strong>do</strong> campo <strong>da</strong><br />

Saúde Pública em 1840, quan<strong>do</strong> a saúde <strong>da</strong>s populações passou a ser assunto <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como marco histórico as revoluções Francesa e Industrial na<br />

Inglaterra no final <strong>do</strong> século XVIII, movimentos que reivindicaram um conjunto de<br />

estu<strong>do</strong>s e intervenções justifica<strong>da</strong>s e legitima<strong>da</strong>s em nome <strong>do</strong> interesse coletivo,<br />

principalmente, <strong>da</strong> classe operária (CASTELLANOS, 1997).<br />

Os séculos XVIII e XIX foram marca<strong>do</strong>s pelo processo de emergência <strong>da</strong><br />

epidemiologia e pela reafirmação <strong>da</strong>s teorias contagionistas. A partir <strong>do</strong><br />

desenvolvimento <strong>da</strong> microbiologia, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na teoria <strong>do</strong> contágio, a<br />

epidemiologia perde espaço para a etiologia, prevalecen<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s


<strong>da</strong> medicina preventiva, centra<strong>da</strong> no indivíduo, ocorren<strong>do</strong> uma mu<strong>da</strong>nça de<br />

paradigmas, <strong>da</strong> perspectiva populacional para a individual. Nesse contexto, o objeto<br />

de trabalho <strong>da</strong> nova perspectiva passou a ser o conjunto de <strong>do</strong>enças e diagnósticos<br />

agrupa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> certa taxonomia (CASTELLANOS, 1997).<br />

Para Almei<strong>da</strong> Filho e Rouquayrol (1990),<br />

A epidemiologia surgiu a partir <strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção de um tripé de elementos<br />

conceituais, meto<strong>do</strong>lógicos e ideológicos: a Clínica, a Estatística e a<br />

Medicina Social. A Clínica se constitui nos séculos XVIII e XIX como a<br />

primeira ciência humana aplica<strong>da</strong>, basea<strong>da</strong> em um saber diagnóstico,<br />

prognóstico e terapêutico individual que potencialmente seria transferível ao<br />

nível coletivo, com o projeto de uma medicina <strong>da</strong>s epidemias. Em paralelo, a<br />

Estatística, nasci<strong>da</strong> no século XVIII para a medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> ‘esta<strong>do</strong> moderno’ pela<br />

contagem <strong>do</strong>s seus ci<strong>da</strong>dãos, exércitos e riquezas, possibilitou também a<br />

quantificação <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças e seus efeitos. Finalmente, o movimento <strong>da</strong><br />

Medicina Social, que marcou o campo médico na Europa Ocidental em<br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, propon<strong>do</strong> a saúde como uma questão<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente política, contribuiu com a perspectiva <strong>do</strong> coletivo para a<br />

constituição <strong>da</strong> nova disciplina.<br />

Com o aparecimento <strong>da</strong> medicina social, durante os séculos XVIII e XIX, surgem as<br />

investigações e explicações <strong>da</strong> situação de saúde associa<strong>da</strong> à condição de vi<strong>da</strong>,<br />

principalmente na França e na Inglaterra, onde Engels desenvolveu um estu<strong>do</strong> sobre<br />

a classe operária, a partir <strong>da</strong>s relações sociais e de produção, porém, essa linha de<br />

pensamento foi interrompi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> lugar à hegemonia <strong>da</strong>s teorias unicausais <strong>da</strong><br />

<strong>do</strong>ença (PAIM, 1997).<br />

No início <strong>do</strong> século XIX, surge uma estratégia bio-política de perspectiva integra<strong>do</strong>ra<br />

na Saúde Coletiva, com a emergência <strong>da</strong> Medicina Social, porém, com a<br />

incorporação <strong>da</strong> microbiologia de Pasteur, ocorre o processo de fragmentação na<br />

formação profissional <strong>do</strong> médico. Somente a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século<br />

XIX, inicia-se a difícil incorporação <strong>do</strong> social no entendimento <strong>do</strong> processo saúde-<br />

<strong>do</strong>ença (NUNES, 1995).<br />

24


Mais recentemente, no século XX, com o ressurgimento <strong>da</strong> medicina social nas<br />

déca<strong>da</strong>s de 50 e 60, por exemplo, é retoma<strong>da</strong> a temática 'Saúde e<br />

Desenvolvimento', principalmente na América Latina (AL). Nos anos 70, no Brasil e<br />

na AL, diversos estu<strong>do</strong>s procuram apontar as repercussões negativas <strong>do</strong> modelo de<br />

desenvolvimento econô<strong>mico</strong> implanta<strong>do</strong>, nas condições de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população,<br />

surgin<strong>do</strong> as bases conceituais para a medicina social e a epidemiologia social. A<br />

partir <strong>do</strong>s anos 90, ocorre o incremento <strong>da</strong> produção científica (estu<strong>do</strong>s e<br />

publicações) sobre o assunto (PAIM, 1997).<br />

É interessante observar a explicação apresenta<strong>da</strong> por Castellanos (1997), para<br />

justificar a inviabili<strong>da</strong>de de se estu<strong>da</strong>r a saúde pública a partir <strong>da</strong> perspectiva<br />

individual, diante <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sistemas populacionais, devi<strong>do</strong> ao processo<br />

de interação <strong>do</strong>s grupos humanos. O autor enfatiza a importância <strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens<br />

qualitativas para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong>s dimensões subjetivas <strong>da</strong> Saúde Coletiva.<br />

Outra contribuição de Castellanos (1997), a ser considera<strong>da</strong>, diz respeito aos<br />

conceitos de FRQGLo}HV GH YLGD, que podem ser garanti<strong>da</strong>s ao trabalha<strong>do</strong>r pelos<br />

seus rendimentos ou indiretamente pelas políticas públicas; HVWLOR GH YLGD,<br />

significan<strong>do</strong> o conjunto de comportamentos, hábitos, etc.; e FRQGLo}HV GH WUDEDOKR,<br />

que podem gerar problemas de saúde. A partir destes conceitos, o autor relaciona a<br />

situação de saúde <strong>da</strong> população às suas condições de vi<strong>da</strong>, contextualiza<strong>da</strong> na<br />

estrutura de produção <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des, sen<strong>do</strong> imprescindível conhecer o conceito de<br />

HVSDoR.<br />

25


Czeresnia & Ribeiro (2000), afirmam que<br />

Em epidemiologia o uso <strong>do</strong> conceito de espaço acompanhou o<br />

desenvolvimento teórico <strong>da</strong> geografia, especialmente <strong>da</strong> vertente chama<strong>da</strong><br />

geografia médica. (...) As tentativas de redefinir o conceito de espaço em<br />

epidemiologia, acompanhan<strong>do</strong> o desenvolvimento teórico-conceitual <strong>da</strong><br />

geografia, buscaram incluir na compreensão <strong>do</strong> processo <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença,<br />

dimensões sociais, culturais e simbólicas.<br />

Historicamente, o conceito de espaço sofreu algumas alterações na sua<br />

interpretação, oscilan<strong>do</strong> <strong>do</strong> espaço isola<strong>do</strong> (foco, microlocaliza<strong>do</strong>) para o espaço<br />

ecológico, amplia<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> dimensões geográficas, históricas, políticas, sociais e<br />

econômicas de análise, indican<strong>do</strong>, inclusive, fatores de risco, a partir <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong><br />

população em determina<strong>do</strong>s espaços. Castellanos (1997) ain<strong>da</strong> trabalha três<br />

conceitos importantes para a compreensão de sua análise: FDSLWDO FXOWXUDO (permite<br />

acesso ao saber sobre riscos de a<strong>do</strong>ecer e prevenção <strong>do</strong>s mesmos), FDSLWDO<br />

HFRQ{PLFR (possibilita maior acesso ao cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e condições de vi<strong>da</strong>), e FDSLWDO<br />

VLPEyOLFR (relaciona-se à dimensão subjetiva <strong>da</strong> satisfação <strong>da</strong>s pessoas com a vi<strong>da</strong>).<br />

Assim, "o espaço é construí<strong>do</strong> socialmente, e constitui portanto, uma possibili<strong>da</strong>de<br />

de estratificar a população segun<strong>do</strong> condições de vi<strong>da</strong>.<br />

Diante <strong>da</strong> conjuntura atual, onde o processo de globalização simboliza a afirmação,<br />

em escala mundial, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista na sua versão mais bárbara,<br />

deixan<strong>do</strong> para trás, como enfatizou Milton Santos (2003), as grandes questões<br />

civilizatórias e humanísticas, a reali<strong>da</strong>de impõe novas deman<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> de<br />

resgatar a dimensão humaniza<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> Ciência. Nesse contexto, retoman<strong>do</strong> Samaja<br />

(2003), este propõe uma concepção amplia<strong>da</strong> <strong>da</strong> Epidemiologia, defini<strong>da</strong> como<br />

‘Ciência <strong>da</strong> Saúde <strong>do</strong> Ser Social’.<br />

26


E ao conceber o indivíduo enquanto VHU VRFLDO, sujeito <strong>da</strong> sua própria história, o lugar<br />

onde vive, ou seja, o espaço humano, nos ensinou Milton Santos (1997), é a síntese,<br />

sempre provisória e sempre renova<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s contradições e <strong>da</strong> dialética social [...] O<br />

espaço é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações.<br />

Rompen<strong>do</strong> com o pragmatismo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s meramente quantitativos, o desafio de<br />

se desenvolver uma visão dialética <strong>da</strong> Epidemiologia, amplia para abranger<br />

dimensões qualitativas, subjetivas e críticas <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Desta forma, ao<br />

contemplar ‘tempo, espaço e mun<strong>do</strong>’, os estu<strong>do</strong>s sobre a saúde <strong>do</strong>s indivíduos e/ou<br />

populações deixam de atender os imperativos <strong>da</strong> técnica, simplesmente, para<br />

concretizar o papel social <strong>da</strong> Ciência. Torna-se essencial, eis outro desafio, a<br />

intervenção e colaboração entre cientistas (<strong>da</strong>s diversas disciplinas), partin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

próprio conceito de saúde, cuja origem <strong>do</strong> latim (salus), sugere noção de integri<strong>da</strong>de,<br />

visão holística, contemplan<strong>do</strong> o coletivo e o indivíduo nas dimensões física, mental e<br />

social.<br />

O capital impera sobre o trabalho; o material impera sobre o humano; a técnica<br />

impera sobre a ciência... Inverter este processo seria (quiçá?) o desafio mais<br />

apaixonante e revolucionário <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, no entanto, o movimento de resistência,<br />

de enfrentamento ain<strong>da</strong> está enfraqueci<strong>do</strong>, seja pela adesão <strong>do</strong>s cientistas aos<br />

imperativos <strong>do</strong> sistema de produção vigente, seja por omissão. De fato, os<br />

resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s nos meios acadê<strong>mico</strong>s servem mais a interesses específicos<br />

que atendem às deman<strong>da</strong>s reais <strong>da</strong>s populações e enfrentam as iniqüi<strong>da</strong>des sociais.<br />

27


A respeito <strong>do</strong> assunto, Milton Santos (2003) manifestou sua preocupação:<br />

A grande mo<strong>da</strong> agora é pedir às universi<strong>da</strong>des que perguntem às empresas<br />

que digam o que elas devem fazer. É considera<strong>do</strong> chique e permite ao<br />

CNPq se retirar <strong>do</strong> processo de financiamento. Só que, na produção de<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s que têm relação com a vi<strong>da</strong>, o resulta<strong>do</strong> pode ser a corrupção <strong>da</strong><br />

pesquisa e a desconfiança justifica<strong>da</strong> em relação aos homens de ciência [...]<br />

Uma meia ver<strong>da</strong>de serve a objetivos pragmáticos, mas uma meia ver<strong>da</strong>de<br />

não é a ver<strong>da</strong>de. E to<strong>da</strong>s as meias ver<strong>da</strong>des possíveis reuni<strong>da</strong>s não<br />

produzem a ver<strong>da</strong>de. As ver<strong>da</strong>des parciais podem ser eficazes no interesse<br />

<strong>da</strong>queles a quem interessem, mas não conduzem à ver<strong>da</strong>de, e ce<strong>do</strong> ou<br />

tarde conduzirão a desastres.<br />

Dan<strong>do</strong> continui<strong>da</strong>de à pauta <strong>do</strong>s desafios que se impõem para a (SLGHPLRORJLD,<br />

enquanto &LrQFLD GD VD~GH GR 6HU 6RFLDO, relaciona<strong>do</strong> às questões epistemológicas<br />

e à formação profissional, outro desafio diz respeito ao fato de que as Ciências<br />

Sociais e Humanas devem compor o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong> Saúde Coletiva numa perspectiva<br />

interdisciplinar, não somente como uma externali<strong>da</strong>de, ou seja, como um acréscimo<br />

ao biológico. Qualquer discussão que queira ultrapassar o nível <strong>da</strong> implementação<br />

imediata e superficial deve atentar que a interdisciplinari<strong>da</strong>de supõe entender o<br />

universo como estan<strong>do</strong> em fluxo contínuo (NUNES, 1995).<br />

Ao afirmar ser mais importante conhecer como vive uma determina<strong>da</strong> população,<br />

que saber como morre, Castellanos (1997), reforça a idéia <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de<br />

estabelecer contato com as dimensões <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong> indivíduo e/ou população.<br />

Para Milton Santos (1997),<br />

Tempo, espaço e mun<strong>do</strong> são reali<strong>da</strong>des históricas que devem ser<br />

mutuamente conversíveis, se a nossa preocupação epistemológica é<br />

totaliza<strong>do</strong>ra. Em qualquer momento, o ponto de parti<strong>da</strong> é a socie<strong>da</strong>de<br />

humana em processo, isto é, realizan<strong>do</strong>-se. Essa realização se dá sobre<br />

uma base material: o espaço e seu uso; o tempo e seu uso; a materiali<strong>da</strong>de<br />

e suas diversas formas; as ações e suas diversas feições.<br />

Para Czeresnia & Ribeiro (2000), a vertente <strong>da</strong> epidemiologia social, com base em<br />

abor<strong>da</strong>gem marxista, realizou estu<strong>do</strong>s que alcançaram identificar origens e<br />

condicionantes sociais e econô<strong>mico</strong>s <strong>do</strong>s processos epidê<strong>mico</strong>s. Considerou<br />

28


epidemia como um acontecimento social, e não apenas a soma de casos de uma<br />

mesma <strong>do</strong>ença. Os autores enfatizam a problemática <strong>do</strong> subdesenvolvimento e,<br />

principalmente, <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais como seus principais condicionantes. A<br />

erradicação e o controle <strong>da</strong>s epidemias não dependem apenas de diagnóstico e<br />

intervenção biológica, mas de to<strong>do</strong>s os elementos que participam <strong>da</strong> organização<br />

social <strong>do</strong> espaço.<br />

&RQVLGHUDo}HV VREUH R 7HPSR H R (VSDoR GR 6HU ,GRVR<br />

Envelhecer é inerente ao próprio ser humano, porém, o contexto em que ocorre é<br />

ponto fun<strong>da</strong>mental de diferenciação na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas que atingem a chama<strong>da</strong><br />

terceira i<strong>da</strong>de. A saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so irá depender de fatores associa<strong>do</strong>s a sua história,<br />

condição <strong>socioecon</strong>ômica, inserção na socie<strong>da</strong>de, no âmbito familiar, no merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho, entre outros, interferin<strong>do</strong> na sua quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. Conforme Roble<strong>do</strong><br />

(1994),<br />

O envelhecimento ocorre de formas varia<strong>da</strong>s, independente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

pessoa. Existem pessoas que, aos 80 anos, estão em plena vi<strong>da</strong> produtiva,<br />

apesar de to<strong>da</strong>s as vicissitudes impostas pela i<strong>da</strong>de, ao passo que pessoas<br />

que ain<strong>da</strong> não chegaram aos 60 anos encontram-se em esta<strong>do</strong> de total<br />

decrepitude.<br />

A história registra inúmeras tentativas de se definir um limite para a transição <strong>da</strong> fase<br />

adulta à velhice. Como observa Beauvoir (1990), para Hipócrates (460 a.C. – 377<br />

a.C.) a velhice resultava de uma ruptura <strong>do</strong> equilíbrio entre os quatro humores<br />

(sangue, fleuma, bile amarela e bile negra), começan<strong>do</strong> aos 56 anos. O médico<br />

grego é o primeiro a comparar as etapas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana às quatro estações <strong>da</strong><br />

natureza e a velhice ao inverno. Aristóteles (427 a.C. – 347 a.C.) considerava que a<br />

condição de vi<strong>da</strong> era o calor interior e associava a senescência ao resfriamento,<br />

29


acreditan<strong>do</strong> que a perfeição <strong>do</strong> corpo se completa aos 35 anos e a <strong>da</strong> alma aos 50.<br />

Segun<strong>do</strong> Dante (1472 – 1629), chega-se à velhice aos 45 anos.<br />

De fato, a delimitação <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> fase adulta para a velhice extrapola a<br />

discussão meramente cronológica para atingir dimensões subjetivas <strong>do</strong> processo de<br />

envelhecimento, contemplan<strong>do</strong> fatores biopsicossociais.<br />

Embora a discussão sobre o tempo de ser i<strong>do</strong>so seja ampla e polêmica,<br />

atravessan<strong>do</strong> historicamente os campos <strong>da</strong> ciência, filosofia e religião, na ver<strong>da</strong>de,<br />

não se pode conceber o processo de envelhecimento associa<strong>do</strong> unicamente à<br />

dimensão ‘7HPSR’. Sen<strong>do</strong> assim, a i<strong>da</strong>de cronológica é somente uma referência<br />

quantitativa <strong>do</strong>s anos vivi<strong>do</strong>s por um indivíduo e o envelhecimento é um processo,<br />

envolven<strong>do</strong> fenômenos biopsicossociais, inicia<strong>do</strong> antes <strong>da</strong> velhice, que é uma fase<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, assim como a infância, a<strong>do</strong>lescência e a fase adulta.<br />

Entre os seres vivos, to<strong>da</strong> espécie possui um limite denomina<strong>do</strong> ‘0i[LPD 'XUDomR<br />

GH 9LGD’, indican<strong>do</strong> o número de anos que uma espécie irá viver caso as<br />

circunstâncias ambientais causa<strong>do</strong>ras de <strong>do</strong>enças e mortes forem controla<strong>da</strong>s.<br />

Embora exista uma mitologia em relação às possibili<strong>da</strong>des de<br />

prolongamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana basea<strong>da</strong> em tecnologias gera<strong>da</strong>s pela<br />

pesquisa científica, na reali<strong>da</strong>de, há um limite genético biológico para a<br />

duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana. Existe um limite biológico para a duração <strong>da</strong>s<br />

células <strong>do</strong> organismo humano, de forma que, mesmo sen<strong>do</strong> elimina<strong>da</strong>s<br />

to<strong>da</strong>s as <strong>do</strong>enças, a duração máxima <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana não excederá cerca<br />

de 120 anos (NERI, 2001).<br />

Ao considerar os fatores ambientais como determinantes no processo de<br />

envelhecimento individual e populacional - a Organización Mundial de la Salud<br />

(1984) define como população envelheci<strong>da</strong> aquela em que a proporção de pessoas<br />

30


com 60 anos e mais na população geral atinge 7%, com tendência a crescer -<br />

concebe-se também padrões diferencia<strong>do</strong>s de envelhecimento, fato que pode ser<br />

claramente observa<strong>do</strong> nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s demográficos <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> ao nascer,<br />

nos diferentes contextos internacional, nacional e regional. Tal reali<strong>da</strong>de irá<br />

influenciar a delimitação <strong>do</strong> tempo de ser i<strong>do</strong>so nas socie<strong>da</strong>des.<br />

Para a biologia, a expectativa de vi<strong>da</strong> é normalmente defini<strong>da</strong> como a<br />

duração média de vi<strong>da</strong> para os membros <strong>da</strong> mesma espécie, a partir <strong>do</strong><br />

nascimento. Para a demografia, expectativa de vi<strong>da</strong> é a estimativa de vi<strong>da</strong>,<br />

sobre a duração média de vi<strong>da</strong> de uma coorte por ocasião <strong>do</strong> nascimento<br />

(NERI, 2001).<br />

A priori, o envelhecimento no plano individual é defini<strong>do</strong> em função <strong>do</strong>s anos vivi<strong>do</strong>s,<br />

embora a i<strong>da</strong>de cronológica não seja uma variável absoluta. Apesar <strong>da</strong> menção no<br />

discurso legal, na prática, os indivíduos não nascem em condições reais de<br />

igual<strong>da</strong>de, crescem e envelhecem no contexto de socie<strong>da</strong>des desiguais onde a luta<br />

pela sobrevivência, para muitos, adquire dimensões desumanas no momento em<br />

que o trabalho, além de não estar ao alcance de to<strong>do</strong>s, também não garante a<br />

reprodução <strong>da</strong> força de trabalho. Sen<strong>do</strong> assim, a história, a condição e os hábitos de<br />

vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> indivíduo irão delinear o seu processo de envelhecimento.<br />

O ‘7HPSR ,QWUtQVHFR’, cria<strong>do</strong> por processos físicos, biológicos, psicológicos e sociais,<br />

está estreitamente relaciona<strong>do</strong> aos conceitos de LGDGH ELROyJLFD, envelhecimento<br />

biológico e i<strong>da</strong>de funcional. Segun<strong>do</strong> Neri (2001),<br />

A i<strong>da</strong>de biológica é um indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> tempo que resta a um indivíduo para<br />

viver, num <strong>da</strong><strong>do</strong> momento de sua vi<strong>da</strong>. O envelhecimento biológico ou<br />

senescência é, assim, o processo que preside ou determina o potencial de<br />

ca<strong>da</strong> indivíduo para permanecer vivo, o qual diminui com o passar <strong>do</strong>s anos.<br />

O grau de conservação <strong>do</strong> nível <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de a<strong>da</strong>ptativa, em comparação<br />

com a i<strong>da</strong>de cronológica é tecnicamente referi<strong>do</strong> como LGDGH IXQFLRQDO.<br />

Os conceitos de GHSHQGrQFLD e DXWRQRPLD estão relaciona<strong>do</strong>s à i<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so, mas o que significam tais conceitos? Para Baltes & Silverberg (1995), a<br />

31


dependência, na velhice, é resulta<strong>do</strong> de mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s ao longo <strong>do</strong> curso <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> e englobam desde as mu<strong>da</strong>nças biológicas até as transformações exigi<strong>da</strong>s pelo<br />

meio social. A dependência pode ser avalia<strong>da</strong> em três níveis: estrutura<strong>da</strong>, como<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> circunstância cultural que atribui valor ao homem em função <strong>do</strong> que e<br />

enquanto produz; a física, decorrente <strong>da</strong> incapaci<strong>da</strong>de funcional, ou seja, falta de<br />

condições para realizar as tarefas de vi<strong>da</strong> diária; e comportamental, que é<br />

socialmente induzi<strong>da</strong>, pois advém <strong>do</strong> julgamento e <strong>da</strong>s ações de outrem.<br />

O outro conceito a ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> diz respeito à autonomia, assumi<strong>do</strong> neste trabalho<br />

como indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> poder de decisão <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no meio em que habita, seja nas<br />

relações familiares ou sociais que desenvolve. Para Gillon (1995), a autonomia pode<br />

ser avalia<strong>da</strong> mediante três critérios: autonomia de ação, de vontade e de<br />

pensamento. Segun<strong>do</strong> o autor, a autonomia de ação ocorre quan<strong>do</strong> o homem pode<br />

agir de forma independente, sem qualquer obstáculo; a autonomia de vontade é a<br />

que permite ao ser humano decidir sobre coisas com base nas suas próprias<br />

deliberações, e autonomia de pensamento é a que faz <strong>do</strong> homem, no uso de sua<br />

capaci<strong>da</strong>de intelectual, um ser que pode tomar decisões com base nas suas crenças<br />

e valores.<br />

A LGDGH SVLFROyJLFD pode ser conceitua<strong>da</strong> em <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s, continua Neri (2001),<br />

Um é análogo ao significa<strong>do</strong> de i<strong>da</strong>de biológica, e refere-se à relação que<br />

existe entre a i<strong>da</strong>de cronológica e as capaci<strong>da</strong>des, tais como percepção,<br />

aprendizagem e memórias, as quais prenunciam o potencial funcionamento<br />

futuro <strong>do</strong> indivíduo. O segun<strong>do</strong> uso <strong>do</strong> conceito <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de psicológica tem<br />

relação com o senso subjetivo <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de. Este depende de como ca<strong>da</strong><br />

indivíduo avalia a presença ou ausência de marca<strong>do</strong>res biológicos, sociais e<br />

psicológicos <strong>do</strong> envelhecimento em comparação com outras pessoas de<br />

sua i<strong>da</strong>de.<br />

32


Além <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des biológica e psicológica, existe uma delimitação para o<br />

envelhecimento, construí<strong>da</strong> histórica e culturalmente no âmbito <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des. Tal<br />

delimitação está associa<strong>da</strong> aos papéis a serem desempenha<strong>do</strong>s pelos indivíduos, a<br />

partir <strong>da</strong> avaliação <strong>do</strong> grau de habili<strong>da</strong>de para exercê-los. Para Neri (2001),<br />

O envelhecimento social é o processo de mu<strong>da</strong>nça em papéis e<br />

comportamentos que é típico <strong>do</strong>s anos mais tardios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta e diz<br />

respeito à adequação <strong>do</strong>s papéis e <strong>do</strong>s comportamentos <strong>do</strong>s adultos mais<br />

velhos ao que é normalmente espera<strong>do</strong> para as pessoas nessa faixa etária.<br />

Os autores Birren & Schroots (apud NERI, 2001), são responsáveis pelas definições<br />

mais aceitas sobre HQYHOKHFLPHQWR SULPiULR,<br />

Também referi<strong>do</strong> como VHQHVFrQFLD ou HQYHOKHFLPHQWR QRUPDO, trata-se de<br />

um fenômeno que atinge a to<strong>do</strong>s os seres humanos pós-reprodutivos, por<br />

força de mecanismos genéticos típicos <strong>da</strong> espécie. É progressivo, ou seja,<br />

afeta gradual e acumulativamente o organismo. Seu resulta<strong>do</strong> é diminuição<br />

na capaci<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação. Não é <strong>do</strong>ença. Comporta gra<strong>da</strong>ções, porque<br />

está sujeito à influência concorrente de muitos fatores. [...] Quan<strong>do</strong> o<br />

indivíduo que envelhece preserva características e funcionali<strong>da</strong>de<br />

comparáveis às de indivíduos mais jovens, quan<strong>do</strong> ele preserva a<br />

plastici<strong>da</strong>de comportamental e seu funcionamento excede o de seus<br />

contemporâneos, diz-se que tem um padrão de envelhecimento ótimo ou<br />

bem-sucedi<strong>do</strong> (NERI, 2001).<br />

O HQYHOKHFLPHQWR VHFXQGiULR RX SDWROyJLFR,<br />

Diz respeito a alterações ocasiona<strong>da</strong>s por <strong>do</strong>enças associa<strong>da</strong>s ao<br />

envelhecimento que não se confundem com as mu<strong>da</strong>nças normais desse<br />

processo. Doenças associa<strong>da</strong>s ao envelhecimento, como por exemplo as<br />

moléstias cardiovasculares, as cérebrovasculares e certos tipos de câncer<br />

exibem uma crescente probabili<strong>da</strong>de de ocorrência com o aumento <strong>da</strong><br />

i<strong>da</strong>de, em parte por causa de mecanismos genéticos, em parte em virtude<br />

de fatores ambientais, <strong>do</strong> estilo de vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de. Demência senil<br />

e <strong>do</strong>enças neurológicas típicas <strong>da</strong> velhice são exemplos adicionais de<br />

moléstias associa<strong>da</strong>s ao envelhecimento, já que sua prevalência na<br />

população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> é muito maior <strong>do</strong> que em i<strong>da</strong>des anteriores, mas sua<br />

etiologia não está ain<strong>da</strong> bem estabeleci<strong>da</strong> (NERI, 2001).<br />

Finalmente, o HQYHOKHFLPHQWR WHUFLiULR RX WHUPLQDO,<br />

Está relaciona<strong>do</strong> a um padrão de declínio terminal caracteriza<strong>do</strong> por um<br />

grande aumento nas per<strong>da</strong>s físicas e cognitivas, num perío<strong>do</strong> relativamente<br />

curto, ao cabo <strong>do</strong> qual a pessoa morre, quer por causa de <strong>do</strong>enças<br />

dependentes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, quer pela acumulação <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong><br />

envelhecimento normal e <strong>do</strong> patológico. Não se sabe ain<strong>da</strong> o quanto ele é<br />

universal, mas o fenômeno de acumulação de per<strong>da</strong>s é reconheci<strong>do</strong> como<br />

ponto final <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças terminais que ocorrem em qualquer i<strong>da</strong>de. A<br />

33


interação entre os três tipos de envelhecimento é mais provável na velhice<br />

avança<strong>da</strong> (NERI, 2001).<br />

Diante <strong>do</strong> que foi coloca<strong>do</strong>, sem a pretensão de aprofun<strong>da</strong>r a discussão a respeito<br />

<strong>da</strong>s divergências históricas e culturais, em torno <strong>da</strong> definição de um limite para<br />

caracterizar o momento <strong>da</strong> transição para a velhice, serão abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>is<br />

aspectos considera<strong>do</strong>s importantes para o desenvolvimento deste trabalho: o<br />

primeiro relaciona<strong>do</strong> à contribuição <strong>da</strong> física, a partir <strong>do</strong> ‘Para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong>s Gêmeos’, e o<br />

segun<strong>do</strong>, ao contexto <strong>da</strong>s relações sociais <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista, onde o<br />

indivíduo é avalia<strong>do</strong> pela sua capaci<strong>da</strong>de de produzir.<br />

Segun<strong>do</strong> afirma Hawking (1988),<br />

As leis de movimento de Newton puseram um fim na idéia <strong>da</strong> posição<br />

absoluta no espaço. A teoria <strong>da</strong> relativi<strong>da</strong>de libertou-se <strong>do</strong> tempo absoluto.<br />

Consideremos um par de gêmeos. Suponhamos que um deles vá viver no<br />

topo de uma montanha e o outro permaneça ao nível <strong>do</strong> mar. O primeiro<br />

gêmeo envelhecerá mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o segun<strong>do</strong>. Assim, ao se<br />

encontrarem novamente, um será mais velho que o outro. Neste caso, a<br />

diferença <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des seria muito pequena, mas se tornaria muito maior se<br />

um <strong>do</strong>s gêmeos embarcasse, para uma longa viagem, numa nave espacial<br />

que se deslocasse em veloci<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> à <strong>da</strong> luz. Ao voltar, ele estaria<br />

muito mais jovem <strong>do</strong> que seu irmão que ficou na Terra. Isto é conheci<strong>do</strong><br />

como o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong>s gêmeos, mas só é um para<strong>do</strong>xo se acreditarmos na<br />

idéia de um tempo absoluto. Na teoria <strong>da</strong> relativi<strong>da</strong>de não há qualquer<br />

tempo absoluto; em vez disso, ca<strong>da</strong> indivíduo tem sua própria medi<strong>da</strong><br />

pessoal de tempo, que depende de onde se está e como se desloca.<br />

Apesar <strong>da</strong> referência cronológica ser a mais utiliza<strong>da</strong> para contar o tempo de vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s pessoas, existe uma orientação explícita, no senti<strong>do</strong> de que a dimensão <strong>do</strong><br />

tempo ou <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, simplesmente, não pode ser delimita<strong>da</strong> fora <strong>do</strong> contexto<br />

<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> nem <strong>do</strong> espaço onde o indivíduo desenvolve suas relações sociais<br />

e de trabalho. Neste senti<strong>do</strong>, para efeito de pesquisa científica, a maioria <strong>da</strong><br />

literatura geriátrica e gerontológica aceita o ponto de corte aos 60 anos, i<strong>da</strong>de, a<br />

partir <strong>da</strong> qual, os indivíduos seriam considera<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Este é o corte etário<br />

34


a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU) para os países em<br />

desenvolvimento. Para os países desenvolvi<strong>do</strong>s, onde a expectativa média de vi<strong>da</strong> é<br />

maior, a<strong>do</strong>ta-se o ponto de corte <strong>do</strong>s 65 anos como a i<strong>da</strong>de de transição <strong>da</strong>s<br />

pessoas para o segmento i<strong>do</strong>so <strong>da</strong> população (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA<br />

SALUD, 2002).<br />

Tal delimitação foi assumi<strong>da</strong> como parâmetro para seleção <strong>da</strong> população investiga<strong>da</strong><br />

neste trabalho, seguin<strong>do</strong> os critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela Organización Mundial de la<br />

Salud (2002), preconiza<strong>do</strong>s pela Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so - PNI (Lei n o 8.842, de 4<br />

de janeiro de 1994); em Pernambuco, pela Política Estadual <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so - PEI (Lei n o<br />

12.109, de 26 de novembro de 2001) e, recentemente, pelo Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (Lei nº<br />

10.741, de 1º de outubro de 2003), consideran<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so a pessoa com i<strong>da</strong>de a partir<br />

<strong>do</strong>s 60 anos.<br />

O segun<strong>do</strong> aspecto a ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> diz respeito à inserção <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no contexto <strong>da</strong>s<br />

socie<strong>da</strong>des de mo<strong>do</strong> de produção capitalista, onde<br />

A política de desenvolvimento que <strong>do</strong>mina as socie<strong>da</strong>des industrializa<strong>da</strong>s e<br />

urbaniza<strong>da</strong>s sempre teve mais interesse na assistência materno-infantil e<br />

com os jovens. O investimento numa criança tem um retorno potencial de 60<br />

anos ou mais de vi<strong>da</strong> útil, produtiva, enquanto os amplos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s médicosociais<br />

na tentativa de manutenção de uma vi<strong>da</strong> saudável de um i<strong>do</strong>so não<br />

podem ser encara<strong>do</strong>s como investimento. São na ver<strong>da</strong>de um dever <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de para aqueles que deram tanto de si para as gerações futuras"<br />

(PAPALÉO NETTO, 1996).<br />

A ênfase na problematização <strong>da</strong> questão <strong>do</strong> envelhecimento passa a ser<br />

desenvolvi<strong>da</strong>, sistematicamente, a partir <strong>do</strong> século XVII, na Europa, com a transição<br />

<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção feu<strong>da</strong>l para o capitalista mercantil. Assim,<br />

O envelhecimento <strong>da</strong>s primeiras gerações de operários marcou a<br />

associação entre velhice, pobreza e incapaci<strong>da</strong>de, pois se tratava de um<br />

segmento <strong>da</strong> população que não podia, devi<strong>do</strong> ao avanço <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de ou<br />

incapaci<strong>da</strong>de física, vender a sua força de trabalho, constituin<strong>do</strong>-se como<br />

35


um grupo dependente de algum tipo de assistência. Ao mesmo tempo, o<br />

declínio <strong>da</strong> produção familiar, seja na agricultura, seja em pequenas<br />

empresas <strong>do</strong>mésticas, reduziu um sistema de remuneração familiar que<br />

permitia aos filhos cui<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s pais envelheci<strong>do</strong>s (DEBERT & SIMÕES,<br />

1994).<br />

Imprescindível à compreensão <strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população<br />

mundial, enquanto questão social, é a relação direta <strong>da</strong> influência <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de<br />

produção capitalista na estrutura familiar, ou seja, a exploração <strong>do</strong> capital sobre o<br />

trabalho, geran<strong>do</strong> salários irrisórios, obrigan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os componentes <strong>da</strong> família a<br />

desenvolver alguma ativi<strong>da</strong>de produtiva ou comercial, fora de casa, para manter uma<br />

ren<strong>da</strong> mínima de sobrevivência. Tal situação altera substancialmente o processo de<br />

reprodução <strong>da</strong> força de trabalho, em escala amplia<strong>da</strong>, recain<strong>do</strong> sobre os mais<br />

'frágeis', <strong>do</strong> ponto de vista produtivo, o ônus pela desestruturação <strong>do</strong> trabalho<br />

<strong>do</strong>méstico (SOUZA, 1985).<br />

Com a desestruturação <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico, o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> para com os i<strong>do</strong>sos,<br />

crianças e porta<strong>do</strong>res de deficiência, antes assumi<strong>do</strong> pela mulher, tem si<strong>do</strong><br />

paulatinamente delega<strong>do</strong> às instituições presta<strong>do</strong>ras de serviços, sejam públicas,<br />

priva<strong>da</strong>s ou filantrópicas, porém, nem sempre, tais serviços são planeja<strong>do</strong>s e<br />

executa<strong>do</strong>s para garantir a digni<strong>da</strong>de de seus usuários. As políticas sociais<br />

direciona<strong>da</strong>s à população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> não atendem à deman<strong>da</strong> real, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

ilegitimi<strong>da</strong>de de suas concepções. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, nem o corte <strong>do</strong>s 60 anos<br />

de i<strong>da</strong>de, assumi<strong>do</strong> pela Organización Mundial de la Salud (2002), para países em<br />

desenvolvimento, é respeita<strong>do</strong> no momento <strong>do</strong> exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. No<br />

Brasil, por exemplo, a Lei Orgânica <strong>da</strong> Assistência Social - LOAS (Lei n o 8.742, de 7<br />

de dezembro de 1993), mediante o Benefício <strong>da</strong> Prestação Continua<strong>da</strong> (BPC),<br />

atualiza<strong>do</strong> no Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (2003), garante 1 (um) salário mínimo mensal ao<br />

36


i<strong>do</strong>so, muito pobre, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de i<strong>da</strong>de, num país<br />

onde a expectativa de vi<strong>da</strong> é de 68,5 anos, tenden<strong>do</strong> a baixar em algumas regiões<br />

específicas.<br />

Em síntese, ao considerar o processo de envelhecimento num contexto histórico,<br />

bem como as representações culturais, implicações sociais e políticas, em torno <strong>da</strong><br />

questão, observam-se divergências de acor<strong>do</strong> com a época em que se analisa tal<br />

processo, caracterizan<strong>do</strong> visões diferentes e antagônicas acerca de como foi e tem<br />

si<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> o assunto, nas distintas socie<strong>da</strong>des. Como bem enfatiza Lepargneur<br />

(1997),<br />

Nas civilizações antigas, o ancião era geralmente respeita<strong>do</strong> por ele<br />

mesmo, pelo que tinha sofri<strong>do</strong> e trabalha<strong>do</strong> durante muitos anos e por<br />

representar a tradição, o saber individual e coletivo, capitalizan<strong>do</strong> 'knowhow'<br />

<strong>da</strong> tribo, a sabe<strong>do</strong>ria que uma geração tem de transmitir à seguinte<br />

para formar uma família, uma etnia, uma nação, uma religião. Os anciãos na<br />

África negra e na Ásia <strong>do</strong> sudeste são geralmente respeita<strong>do</strong>s não apenas<br />

em razão de sua experiência, mas também em razão de sua proximi<strong>da</strong>de<br />

futura com os antepassa<strong>do</strong>s defuntos. Uma nação não se faz apenas com o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong>s inovações, mas também, pela contínua digestão de<br />

seu passa<strong>do</strong> coletivo, algo que mal cabe na memória <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res.<br />

Outrora o novo era objeto de suspeita por não ter si<strong>do</strong> testa<strong>do</strong> pelo tempo.<br />

A rapidez <strong>da</strong> evolução técnico-científica inverteu brutalmente estas<br />

valorações <strong>da</strong>s épocas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

A ênfase na produtivi<strong>da</strong>de, mediante um sistema de exploração <strong>do</strong> capital sobre o<br />

trabalho, elege um segmento <strong>da</strong> população a ser privilegia<strong>do</strong> pelas políticas<br />

públicas. Tal dinâmica, ao longo <strong>da</strong> história, vem benefician<strong>do</strong> o investimento nos<br />

mais jovens, em detrimento <strong>da</strong> população que, teoricamente, não estaria mais em<br />

condições de competir no merca<strong>do</strong> de trabalho. Dessa forma, os imperativos <strong>do</strong><br />

sistema econô<strong>mico</strong> passam a se sobrepor aos princípios <strong>da</strong> digni<strong>da</strong>de humana.<br />

Recorren<strong>do</strong> às palavras de Leonar<strong>do</strong> Boff (1999), “a relação <strong>do</strong> ser humano sobre o<br />

instrumento se tornou uma relação <strong>do</strong> instrumento sobre o ser humano”.<br />

37


Seguin<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong> capital, a velhice é uma fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em que as per<strong>da</strong>s são<br />

acentua<strong>da</strong>s, principalmente pelas relações sociais desenvolvi<strong>da</strong>s nas socie<strong>da</strong>des<br />

capitalistas, onde o i<strong>do</strong>so é praticamente descarta<strong>do</strong>, não só <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho<br />

como também <strong>do</strong> foco de intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

A ênfase na competição nega a capaci<strong>da</strong>de de produzir e o saber acumula<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />

pessoas mais velhas. Sem abor<strong>da</strong>r as condições ambientais, as quais, muitas vezes,<br />

são os ver<strong>da</strong>deiros impedimentos e barreiras à capaci<strong>da</strong>de de produzir <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so,<br />

elabora-se um discurso ideologicamente preconceituoso a respeito <strong>do</strong><br />

envelhecimento. Portanto, a questão não seria de falta de habili<strong>da</strong>de ou<br />

incompetência, na ver<strong>da</strong>de, tais barreiras poderiam ser venci<strong>da</strong>s mediante<br />

cooperação e a<strong>da</strong>ptação, desde que houvesse real interesse <strong>da</strong> família,<br />

comuni<strong>da</strong>de, socie<strong>da</strong>de e poder público. Aludin<strong>do</strong> ao biólogo Humberto Maturana<br />

(apud BOFF, 1999), pode ser dito que “a socie<strong>da</strong>de moderna neoliberal,<br />

especialmente o merca<strong>do</strong>, se assenta na competição. Por isso é excludente,<br />

inumana e faz tantas vítimas”.<br />

A partir <strong>do</strong> momento em que o processo de envelhecimento é entendi<strong>do</strong> enquanto<br />

fenômeno biopsicossocial, consideran<strong>do</strong> seus determinantes e diferenças, tanto na<br />

dimensão individual quanto populacional, o princípio <strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong>de torna-se essencial<br />

na abor<strong>da</strong>gem conceitual <strong>da</strong> questão, bem como, no conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s políticas públicas<br />

direciona<strong>da</strong>s à população que envelhece.<br />

Independentemente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de que se utilize nos diferentes contextos, é<br />

importante reconhecer que a i<strong>da</strong>de cronológica não é um indica<strong>do</strong>r exato<br />

<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que acompanham o envelhecimento. Existem variações<br />

consideráveis no esta<strong>do</strong> de saúde, na participação e nos níveis de<br />

independência entre as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de. Os responsáveis<br />

políticos devem ter isso em conta, ao traçarem políticas e programas para<br />

suas populações de i<strong>do</strong>sos. Promulgar amplas políticas sociais basea<strong>da</strong>s<br />

unicamente na i<strong>da</strong>de cronológica pode ser discriminatório e<br />

38


contraproducente para o bem-estar <strong>da</strong>s pessoas de i<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong><br />

(ORGANIZCIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />

Concluin<strong>do</strong>, para desenvolver uma visão amplia<strong>da</strong> sobre µR WHPSR H R HVSDoR GR VHU<br />

LGRVR, convém defender a dialetização <strong>da</strong>s dimensões µWHPSR HVSDoR H PXQGR,<br />

abrin<strong>do</strong> trincheiras para uma visão totaliza<strong>do</strong>ra, consideran<strong>do</strong> as condições de vi<strong>da</strong>,<br />

estilo de vi<strong>da</strong> e condições de trabalho como determinantes no processo de<br />

envelhecimento.<br />

2 )HQ{PHQR GR (QYHOKHFLPHQWR GD 3RSXODomR 0XQGLDO<br />

Nos últimos trinta anos o ‘fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população mundial’ tem<br />

si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> um marco na história <strong>da</strong>s relações sociais, exigin<strong>do</strong> novas posturas<br />

<strong>do</strong> poder público e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, no senti<strong>do</strong> de atender às deman<strong>da</strong>s impostas<br />

pelas questões e situações sociais emergentes, a partir <strong>do</strong> processo de transição<br />

demográfica em curso. “O envelhecimento <strong>da</strong> população é um <strong>do</strong>s maiores triunfos<br />

<strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de e também um <strong>do</strong>s nossos maiores desafios. Ao entrar no século<br />

XXI, o envelhecimento à escala mundial impõe maiores exigências econômicas e<br />

sociais a to<strong>do</strong>s os países” (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />

Com base nas informações apresenta<strong>da</strong>s no relatório <strong>da</strong> Organização <strong>da</strong>s United<br />

Nations (2001), observa-se que, no mun<strong>do</strong>, o número de pessoas com 60 anos ou<br />

mais foi estima<strong>do</strong> em 605 milhões no ano de 2000. Este número está projeta<strong>do</strong> para<br />

atingir cerca de 2 bilhões em 2050, tempo em que será tão alto quanto o <strong>da</strong><br />

população infantil (0-14 anos). Este fato, ou seja, o crescimento <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />

e o declínio <strong>da</strong> infantil, irá marcar a primeira vez na história em que o número de<br />

crianças e pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s será semelhante. Os países que apresentam maior<br />

39


número de i<strong>do</strong>sos são a Grécia e a Itália, onde 24% <strong>da</strong> população é envelheci<strong>da</strong>.<br />

Em termos de regiões, a maioria <strong>da</strong>s pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s (53%) reside na Ásia, enquanto<br />

a Europa apresenta a segun<strong>da</strong> maior população (24%). Na América Latina e Caribe<br />

vivem 8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> população mundial.<br />

Vários fatores têm contribuí<strong>do</strong> para o processo de transição demográfica, tais como:<br />

avanço <strong>da</strong>s pesquisas e o emprego de novas tecnologias de diagnóstico (laboratorial<br />

e de imagem) e tratamento na área de saúde; diminuição <strong>da</strong>s taxas de mortali<strong>da</strong>de<br />

infantil (levan<strong>do</strong> a um aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong>), de fecundi<strong>da</strong>de e natali<strong>da</strong>de;<br />

prevenção com medi<strong>da</strong> coletiva (vacinação em massa), controle e erradicação <strong>da</strong>s<br />

Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), utilização de novos medicamentos mais<br />

eficazes; e melhoria nas condições sanitárias <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des permitin<strong>do</strong> aumento <strong>da</strong><br />

longevi<strong>da</strong>de.<br />

Diferente <strong>do</strong> conceito de longevi<strong>da</strong>de, o qual,<br />

Refere-se ao número de anos vivi<strong>do</strong>s por um indivíduo ou ao número de<br />

anos que, em média, as pessoas de uma mesma geração ou coorte viverão,<br />

o envelhecimento populacional não se refere a indivíduos, nem a ca<strong>da</strong><br />

geração, mas, sim, à mu<strong>da</strong>nça na estrutura etária <strong>da</strong> população, o que<br />

produz um aumento <strong>do</strong> peso relativo <strong>da</strong>s pessoas acima de determina<strong>da</strong><br />

i<strong>da</strong>de, considera<strong>da</strong> como defini<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> início <strong>da</strong> velhice. Este limite inferior<br />

varia de socie<strong>da</strong>de para socie<strong>da</strong>de e depende não somente de fatores<br />

biológicos, mas, também, econô<strong>mico</strong>s, ambientais, científicos e culturais<br />

(CARVALHO & GARCIA, 2003).<br />

Na visão de Andrews (apud BOFF, 1999), são aspectos importantes a serem<br />

considera<strong>do</strong>s para entender o fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população mundial:<br />

desde 1950, a esperança de vi<strong>da</strong> ao nascer em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> aumentou 19 anos;<br />

hoje em dia, uma em ca<strong>da</strong> dez pessoas tem 60 anos de i<strong>da</strong>de ou mais; para 2050,<br />

estima-se que a relação será de um para cinco para o mun<strong>do</strong> em seu conjunto, e de<br />

um para três para o mun<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>; segun<strong>do</strong> as projeções, o número de<br />

40


centenários – de 100 anos de i<strong>da</strong>de ou mais – aumentará 15 vezes, de<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 145 000 pessoas em 1999 para 2,2 milhões em 2050; e entre<br />

1999 e 2050 o coeficiente entre a população ativa e inativa – isto é, o número de<br />

pessoas entre 15 e 64 anos de i<strong>da</strong>de por ca<strong>da</strong> pessoa de 65 ou mais – diminuirá em<br />

menos <strong>da</strong> metade nas regiões desenvolvi<strong>da</strong>s, e em uma fração ain<strong>da</strong> menor nas<br />

menos desenvolvi<strong>da</strong>s.<br />

Analisan<strong>do</strong> as peculiari<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s processos de envelhecimento ocorri<strong>do</strong>s em países<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s e em desenvolvimento, Gordilho et al. (2001) consideram que, no<br />

primeiro caso,<br />

Essa transição aconteceu lentamente, efetivan<strong>do</strong>-se ao longo de mais de<br />

cem anos. Alguns desses países apresentam hoje um crescimento negativo<br />

<strong>da</strong> sua população, com uma taxa de nascimento mais baixa que a de<br />

mortali<strong>da</strong>de. A transição acompanhou a elevação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

populações urbanas e rurais, graças à adequa<strong>da</strong> inserção <strong>da</strong>s pessoas no<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho e às oportuni<strong>da</strong>des educacionais mais favoráveis, além<br />

de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e de moradia.<br />

Nos países em desenvolvimento, a expectativa de vi<strong>da</strong> começou a aumentar a partir<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50, em decorrência <strong>do</strong> emprego de tecnologias, tais como: vacinas,<br />

antibióticos, melhoria <strong>do</strong>s equipamentos médicos de diagnósticos e terapêuticos,<br />

entre outros, reduzin<strong>do</strong> drasticamente a mortali<strong>da</strong>de por DIP, aumentan<strong>do</strong> a<br />

expectativa de vi<strong>da</strong>, embora não necessariamente tenha ocorri<strong>do</strong> uma melhoria na<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população geral.<br />

Percebe-se, portanto, uma níti<strong>da</strong> diferença entre os processos de envelhecimento<br />

populacionais ocorri<strong>do</strong>s em alguns países desenvolvi<strong>do</strong>s e em desenvolvimento.<br />

Naqueles, onde foi implementa<strong>do</strong> o ‘Welfare State’, modelo de esta<strong>do</strong> que exerce<br />

diretamente as funções de reprodução <strong>da</strong> força de trabalho, foram garanti<strong>da</strong>s<br />

41


condições materiais de bem-estar, expressas pela proteção ao trabalho, mediante<br />

uma política de seguri<strong>da</strong>de social, onde a população envelheceu lentamente, com<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> acesso à previdência, assistência social e saúde, enquanto<br />

o processo vivencia<strong>do</strong> nos países em desenvolvimento permitiu que a população<br />

envelhecesse de forma acelera<strong>da</strong>, sem haver grandes mu<strong>da</strong>nças nos indica<strong>do</strong>res de<br />

pobreza <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des.<br />

3URFHVVRV GH 7UDQVLomR 'HPRJUiILFD H (SLGHPLROyJLFD QR %UDVLO<br />

7UDQVLomR 'HPRJUiILFD<br />

Atualmente, a população brasileira com i<strong>da</strong>de a partir <strong>do</strong>s 60 anos é estima<strong>da</strong> em<br />

torno de 15 milhões de pessoas.<br />

Em 2025, segun<strong>do</strong> projeções demográficas, o Brasil será o sexto país <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> a ter uma população de i<strong>do</strong>sos, em termos absolutos. Estimam-se<br />

33 milhões de indivíduos com mais de 60 anos de i<strong>da</strong>de (SAYEG, 1997).<br />

Como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> com a que<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

natali<strong>da</strong>de, o Brasil segue uma tendência mundial de envelhecimento<br />

populacional, onde há duas déca<strong>da</strong>s havia 16 i<strong>do</strong>sos para ca<strong>da</strong> 100<br />

crianças (população de até 14 anos), dez anos depois eram 21 para 100 e<br />

hoje são 29 i<strong>do</strong>sos para 100 crianças. Fato interessante é constatar que o<br />

maior crescimento proporcional foi <strong>da</strong>s pessoas com 75 anos e mais. Eram<br />

2,4 milhões de brasileiros nesta i<strong>da</strong>de em 1991 e hoje são 3,6 milhões<br />

(IBGE, 2000).<br />

Embora existam algumas divergências, entre autores, <strong>da</strong><strong>do</strong>s revelam que a primeira<br />

fase <strong>do</strong> processo de transição demográfica no Brasil foi marca<strong>da</strong> pela diminuição<br />

<strong>da</strong>s taxas de mortali<strong>da</strong>de infantil, como decorrência <strong>do</strong> maior controle <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças<br />

infecciosas, obti<strong>da</strong> pelo uso de tecnologias sanitárias e médicas trazi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> exterior<br />

na déca<strong>da</strong> de 40, cain<strong>do</strong> de 24 óbitos por mil nasci<strong>do</strong>s vivos em 1940, para 13 por<br />

mil em 1990. Com a diminuição <strong>da</strong>s taxas de fecundi<strong>da</strong>de, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60,<br />

42


é inicia<strong>da</strong> a segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> transição demográfica, cain<strong>do</strong> de 6,28 filhos por mulher<br />

em i<strong>da</strong>de fértil, em 1960, para 4,35 em 1980 e 2,7 em 1991. Vale salientar que, no<br />

mesmo perío<strong>do</strong>, no Brasil, a expectativa de vi<strong>da</strong> ao nascer passou <strong>do</strong>s 42,74 para<br />

os 60,08 anos em média (IBGE, 1992).<br />

No entendimento de Carvalho & Garcia (2003), entre os anos 30 e 60 <strong>do</strong> século XX,<br />

o sensível declínio <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de infantil com a fecundi<strong>da</strong>de manti<strong>da</strong> em níveis<br />

altos, não gerou impacto significativo na estrutura etária proporcional. Ocorreu, na<br />

época, o fenômeno denomina<strong>do</strong> H[SORVmR GHPRJUiILFD.<br />

A essa situação se chama de quase-estabili<strong>da</strong>de (mortali<strong>da</strong>de declinante,<br />

fecundi<strong>da</strong>de basicamente constante, taxas de crescimento crescentes e<br />

estrutura etária aproxima<strong>da</strong>mente constante). Ao se começar o declínio<br />

sustenta<strong>do</strong> de fecundi<strong>da</strong>de é que se dá início ao processo de<br />

envelhecimento de uma população. Em vários países, inclusive o Brasil,<br />

que, até então, tinham uma população extremamente jovem, quase-estável,<br />

com o declínio <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de, o ritmo de crescimento anual <strong>do</strong> número de<br />

nascimentos passou, imediatamente, a cair, o que fez com que se iniciasse<br />

um processo contínuo de estreitamento <strong>da</strong> base <strong>da</strong> pirâmide etária,<br />

conseqüentemente, de envelhecimento <strong>da</strong> população.<br />

A partir <strong>da</strong> contribuição mais abrangente de Veras (2002),<br />

Segun<strong>do</strong> Gordilho et al. (2001),<br />

A explicação para o crescimento <strong>da</strong> população <strong>do</strong> grupo etário de mais de<br />

60 anos está na drástica redução <strong>da</strong>s taxas de fecundi<strong>da</strong>de, principalmente<br />

nos centros urbanos, sen<strong>do</strong> várias as razões para esta mu<strong>da</strong>nça no padrão<br />

reprodutivo. Um deles é o intenso processo de urbanização <strong>da</strong> população.<br />

Uma <strong>da</strong>s conseqüências deste fato pode ser observa<strong>do</strong> na crescente<br />

limitação <strong>do</strong> tamanho <strong>da</strong> família, dita<strong>da</strong> pelo PRGXV YLYHQGL <strong>do</strong>s grandes<br />

centros urbanos (principalmente em um contexto de crise econômica),<br />

caracteriza<strong>do</strong>, entre outras coisas, por uma progressiva incorporação <strong>da</strong><br />

mulher à força de trabalho, uma crescente difusão <strong>do</strong>s meios<br />

contraceptivos, e pelas mu<strong>da</strong>nças nos padrões socioculturais decorrentes<br />

<strong>da</strong> própria migração, além <strong>da</strong> ação massifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s meios de<br />

comunicação, sobretu<strong>do</strong> <strong>da</strong> televisão, que veicula um padrão associa<strong>do</strong>,<br />

principalmente, às famílias pequenas.<br />

O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se pela rapidez<br />

com que os aumentos absoluto e relativo <strong>da</strong>s populações adulta e <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />

vêm alteran<strong>do</strong> a pirâmide populacional. Até os anos 60, to<strong>do</strong>s os grupos<br />

etários registravam um crescimento praticamente idêntico, a partir <strong>da</strong>í, o<br />

grupo de i<strong>do</strong>sos passou a liderar esse crescimento. À semelhança de outros<br />

países latino-americanos, o envelhecimento no Brasil é um fenômeno<br />

43


pre<strong>do</strong>minantemente urbano resultan<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> intenso movimento<br />

migratório inicia<strong>do</strong> na déca<strong>da</strong> de 60, motiva<strong>do</strong> pela industrialização<br />

desencadea<strong>da</strong> pelas políticas desenvolvimentistas.<br />

Apesar de haver alguns impasses em relação à intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> impacto <strong>do</strong>s fatores<br />

determinantes no processo de transição demográfica, não se pode negar a<br />

importância de ca<strong>da</strong> um deles. Outra característica marcante <strong>do</strong> envelhecimento no<br />

Brasil diz respeito ao processo de feminização, onde, desde 1950, as mulheres têm<br />

maior esperança de vi<strong>da</strong> ao nascer, cuja diferença está ao re<strong>do</strong>r de sete anos e<br />

meio. Tal situação representa impacto considerável na deman<strong>da</strong> por políticas<br />

públicas, visto que, embora as mulheres vivam mais que os homens, elas estão mais<br />

sujeitas a deficiências físicas e mentais (GORDILHO et al., 2001).<br />

Em síntese, conforme registra Kalache et al. (1987),<br />

No Brasil, entre 1960 e 1980 houve uma que<strong>da</strong> de 33% na fecundi<strong>da</strong>de. A<br />

diminuição no ritmo de nascimento resulta, em médio prazo, na ampliação<br />

relativa <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. No mesmo perío<strong>do</strong> de 20 anos a expectativa<br />

de vi<strong>da</strong> aumentou em oito anos. Entre os anos de 1980 e 2000, o aumento<br />

estima<strong>do</strong> se situa em torno de cinco anos, quan<strong>do</strong> o brasileiro, ao nascer,<br />

terá a esperança de vi<strong>da</strong> de 68 anos e meio. As projeções para o perío<strong>do</strong><br />

de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

brasileiro estará próxima <strong>do</strong>s 80 anos, para ambos os sexos.<br />

Dessa forma, consideran<strong>do</strong> as dimensões geográficas e populacionais <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

brasileira, onde a história registra índices de desigual<strong>da</strong>des <strong>socioecon</strong>ômicas<br />

protagoniza<strong>da</strong>s por um processo desumano de concentração de ren<strong>da</strong>, tal reali<strong>da</strong>de<br />

irá marcar as diferenças no envelhecimento <strong>da</strong>s populações nas diversas Regiões<br />

<strong>do</strong> País, existin<strong>do</strong> no Sul e Sudeste padrões mais próximos <strong>da</strong>queles observa<strong>do</strong>s<br />

em países desenvolvi<strong>do</strong>s, enquanto no Norte e Nordeste tais padrões aproximam-se<br />

<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s nos países subdesenvolvi<strong>do</strong>s.<br />

44


Outra característica observa<strong>da</strong> são as diferenças nos padrões de envelhecimento<br />

nas Regiões <strong>do</strong> Brasil é verifica<strong>da</strong> no Nordeste, por exemplo, onde a emigração <strong>da</strong><br />

população jovem acentua tal processo, devi<strong>do</strong> à necessi<strong>da</strong>de de deslocamento para<br />

os grandes centros urbanos, em busca de oferta e melhores condições de trabalho.<br />

Mais um indica<strong>do</strong>r dessas diferenças, diz respeito à situação educacional, onde a<br />

média de anos de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ‘I<strong>do</strong>sos Responsáveis pelos Domicílios’ é bastante<br />

diferencia<strong>da</strong> entre as Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Federação, varian<strong>do</strong> de 6,0 no Distrito Federal a<br />

2,5 anos de estu<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> de Pernambuco. No Norte e Nordeste, onde a<br />

população rural tem maior expressão, a média de estu<strong>do</strong> nas capitais é bastante<br />

superior. No conjunto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, a escolari<strong>da</strong>de média <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é<br />

bem inferior à média encontra<strong>da</strong> para a capital Recife: 2,5 contra 5,6 (IBGE, 2000).<br />

Ao observar os <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre o Rendimento Médio <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos Responsáveis pelos<br />

Domicílios, a lógica <strong>da</strong> diferenciação entre as Regiões se mantém, refletin<strong>do</strong> a<br />

desigual<strong>da</strong>de na distribuição <strong>do</strong>s rendimentos em três níveis. O primeiro é referente<br />

à variação <strong>do</strong>s rendimentos médios em função <strong>da</strong> situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio (urbana ou<br />

rural), onde a ren<strong>da</strong> rural representa algo em torno de 40% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> urbana. O<br />

segun<strong>do</strong> nível de desigual<strong>da</strong>de é verifica<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> diferencial entre os<br />

rendimentos médios extremos observa<strong>do</strong>s intra-regionalmente, constatan<strong>do</strong>-se o<br />

maior diferencial na Região Norte, onde o rendimento médio <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so nas áreas<br />

rurais <strong>do</strong> Amazonas corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente 54% <strong>do</strong> mesmo rendimento<br />

verifica<strong>do</strong> em Rondônia, haven<strong>do</strong> maior homogenei<strong>da</strong>de nas Regiões Sul e<br />

Nordeste. O terceiro nível de desigual<strong>da</strong>de é verifica<strong>do</strong> inter-regiões, onde o menor<br />

rendimento médio <strong>do</strong>s responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios foi verifica<strong>do</strong> no Nordeste (R$<br />

45


198,00), equivalente a apenas 36,3% <strong>do</strong> mesmo rendimento no Centro-Oeste (R$<br />

546,00) ou a 49,7% <strong>do</strong> rendimento rural auferi<strong>do</strong> nas Regiões Sul e Sudeste (IBGE,<br />

2000).<br />

7UDQVLomR (SLGHPLROyJLFD<br />

Uma <strong>da</strong>s maiores conquistas <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de foi a ampliação <strong>do</strong> tempo de<br />

vi<strong>da</strong>, ampliação que se fez acompanhar de uma melhora substancial <strong>do</strong>s<br />

parâmetros de saúde <strong>da</strong>s populações, ain<strong>da</strong> que estas conquistas estejam<br />

longe de se distribuir de forma eqüitativa nos diferentes países e contextos<br />

<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s. O envelhecimento <strong>da</strong> população é uma aspiração natural<br />

de qualquer socie<strong>da</strong>de, mas não basta por si só. Viver mais é importante<br />

desde que se consiga agregar quali<strong>da</strong>de a estes anos adicionais de vi<strong>da</strong><br />

(VERAS, 2001).<br />

Apesar <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s epidemiológicos apontarem sempre para o aumento <strong>da</strong> incidência<br />

<strong>da</strong>s Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no mun<strong>do</strong>, o processo de<br />

envelhecimento biológico não deve ser confundi<strong>do</strong> com <strong>do</strong>ença, sen<strong>do</strong> necessário<br />

abor<strong>da</strong>r a diferença entre os conceitos de VHQLOLGDGH e VHQHVFrQFLD. A palavra<br />

senili<strong>da</strong>de está relaciona<strong>da</strong> às alterações produzi<strong>da</strong>s pelas diversas <strong>do</strong>enças que<br />

podem acometer o i<strong>do</strong>so; senescência está relaciona<strong>da</strong> às mu<strong>da</strong>nças que ocorrem<br />

no organismo apenas pela passagem <strong>do</strong>s anos, correspondentes aos efeitos<br />

naturais <strong>do</strong> envelhecimento (cerebral, cardiovascular, respiratório, renal, digestivo,<br />

osteoarticular e en<strong>do</strong>crinológico), enquanto processo normal, não poden<strong>do</strong> ser<br />

interpreta<strong>da</strong>s como patológicas (PASSARELI, 1997).<br />

Acompanhan<strong>do</strong> o processo de transição demográfica, a mu<strong>da</strong>nça no perfil de saúde<br />

<strong>da</strong>s populações é outro fenômeno que vem sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>. A morbimortali<strong>da</strong>de<br />

que existia como decorrência de DIP, ao ser controla<strong>da</strong>, cede lugar para a<br />

morbimortali<strong>da</strong>de por DCNT, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

46


populações. Tal processo, denomina<strong>do</strong> ‘7UDQVLomR (SLGHPLROyJLFD’, também<br />

apresenta características peculiares nos contextos <strong>da</strong>s diferentes socie<strong>da</strong>des.<br />

De acor<strong>do</strong> com Carvalho et al. (1998),<br />

Toman<strong>do</strong>-se como referência o Brasil, observamos que o processo histórico<br />

verifica<strong>do</strong> neste século, no País, em na<strong>da</strong> se assemelha, por exemplo, ao<br />

ocorri<strong>do</strong> nos países capitalistas europeus que implementaram a<br />

industrialização conjuntamente com políticas de µ:HOIDUH 6WDWH. Este Esta<strong>do</strong><br />

de µEHP HVWDU VRFLDO decorreu <strong>da</strong>s políticas públicas implanta<strong>da</strong>s,<br />

principalmente, nas áreas de educação, saúde e seguri<strong>da</strong>de social,<br />

associa<strong>da</strong>s com políticas de expansão econômica, asseguran<strong>do</strong> trabalho e<br />

ren<strong>da</strong> (salário).<br />

No Brasil, a transição epidemiológica indica um novo padrão, onde<br />

A principal característica que diferencia a nossa população em processo de<br />

envelhecimento <strong>da</strong> <strong>do</strong>s países desenvolvi<strong>do</strong>s é que o Brasil ain<strong>da</strong> possui<br />

uma alta proporção de sua população na faixa etária de 0-14 anos, e este<br />

grupo jovem tem suas próprias necessi<strong>da</strong>des sociais e médicas específicas,<br />

sobretu<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong>de de aprimoramento na educação e a erradicação<br />

de <strong>do</strong>enças comuns. Ao mesmo tempo, a população que envelhece coloca<br />

novas exigências para os serviços sociais e de saúde. Os problemas de<br />

saúde <strong>da</strong>s pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s são freqüentemente de natureza crônica e<br />

podem requerer intervenções custosas e o uso de tecnologia complexa. O<br />

crescimento projeta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s despesas varia de país para país. Contu<strong>do</strong>, a<br />

estimativa média <strong>do</strong> custo de saúde de uma pessoa <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> poderia cobrir o<br />

custo de três pessoas de menos i<strong>da</strong>de (VERAS, 1994).<br />

Neste contexto, o Brasil registra ain<strong>da</strong> eleva<strong>do</strong>s índices de DIP e DCNT, além <strong>da</strong>s<br />

chama<strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des ‘emergentes e reemergentes’, delinean<strong>do</strong> um perfil<br />

epidemiológico complexo e heterogêneo.<br />

Existe no País um pre<strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de por DCNT, principalmente<br />

cardiovascular (1 a causa de óbito) sobre DIP que declina acentua<strong>da</strong>mente.<br />

As Causas Externas, que correspondem aos acidentes de trânsito,<br />

homicídios e suicídios, representam a segun<strong>da</strong> posição na mortali<strong>da</strong>de por<br />

grandes grupos de causas, observan<strong>do</strong>-se um aumento <strong>da</strong>s neoplasias<br />

malignas, diabetes e SIDA. (CARVALHO et al., 1998).<br />

Relaciona<strong>da</strong> à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, a reali<strong>da</strong>de brasileira revela uma lacuna estrutural a<br />

ser preenchi<strong>da</strong>, haven<strong>do</strong> carência de equipes de profissionais capacita<strong>do</strong>s para<br />

atender a referi<strong>da</strong> população e ambientes devi<strong>da</strong>mente a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s para recebê-la.<br />

Como a população envelhece e os i<strong>do</strong>sos são mais freqüentemente<br />

afeta<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>enças crônicas, o número de consultas tende a se ampliar<br />

47


progressivamente. Sabemos também que esse número amplia<strong>do</strong> de<br />

consultas leva a um incremento substancial <strong>do</strong> consumo de medicamentos,<br />

exames complementares e hospitalização (VERAS, 2001).<br />

Embora protegi<strong>do</strong> pelos direitos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, o usuário que atingir a chama<strong>da</strong><br />

‘terceira i<strong>da</strong>de’ provavelmente enfrentará sérias dificul<strong>da</strong>des de acesso aos serviços<br />

públicos de saúde, como por exemplo: falta de informação sobre os direitos e<br />

recursos disponíveis; escassez de meios de transporte devi<strong>da</strong>mente a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s,<br />

burocracia institucional, entre outros. Tais dificul<strong>da</strong>des serão agrava<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong><br />

com a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, interferin<strong>do</strong> significativamente na sua<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. A respeito <strong>do</strong> assunto, Mendes (apud VERAS, 2003), enfatiza<br />

que:<br />

A baixa resolutivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> modelo em curso, a precarie<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s serviços<br />

ambulatoriais, a escassez <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>miciliares, a falta de instâncias<br />

intermediárias (como os hospitais-dia e centros de convivência), fazem com<br />

que o primeiro atendimento ocorra em estágio avança<strong>do</strong>, dentro <strong>do</strong> hospital,<br />

o que não só aumenta os custos como diminui as chances de um<br />

prognóstico favorável.<br />

Apesar <strong>do</strong>s esforços que vêm sen<strong>do</strong> feitos no senti<strong>do</strong> de efetivar, na prática,<br />

Políticas Públicas capazes de causar impactos positivos no cotidiano <strong>da</strong> população<br />

<strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, ain<strong>da</strong> pre<strong>do</strong>mina a µFLGDGDQLD GH SDSHO, ou seja, a maioria <strong>da</strong> população sofre<br />

as conseqüências desumanas <strong>do</strong> processo histórico de iniqüi<strong>da</strong>de e exclusão social,<br />

contan<strong>do</strong> apenas com o aparato legal, muitas vezes, Leis nem sequer<br />

regulamenta<strong>da</strong>s, como é o caso <strong>da</strong> PEI no esta<strong>do</strong> de Pernambuco.<br />

Nas palavras de Sayeg (1997),<br />

Muito se tem improvisa<strong>do</strong> em termos de Geriatria e Gerontologia. Vários<br />

profissionais, na área de saúde, não têm qualificação porque não tiveram<br />

oportuni<strong>da</strong>de, na Universi<strong>da</strong>de, de fazer cursos de extensão ou<br />

especialização. Isso faz com que muitos desses profissionais, que atuam<br />

junto aos i<strong>do</strong>sos, incorram em erros graves, até mesmo, em alguns casos,<br />

prejudican<strong>do</strong> e causan<strong>do</strong> o que chamamos de µLDWURJHQLD de atendimento,<br />

por puro desconhecimento. Torna-se, então, fun<strong>da</strong>mental o treinamento de<br />

Recursos Humanos, a qualificação de pessoal. E, isto, não envolve só a<br />

classe médica, uma vez que a Geriatria e Gerontologia trabalham com<br />

48


conceito multidisciplinar. Logo, o médico, não trabalha sozinho, mas com a<br />

aju<strong>da</strong> de vários profissionais. To<strong>da</strong>s as profissões que tenham interface com<br />

o problema, com a atenção <strong>do</strong> envelhecimento, devem ter elementos<br />

qualitativos, em termos de Recursos Humanos.<br />

E o resulta<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> esse processo irá afetar diretamente o setor saúde,<br />

deman<strong>da</strong>n<strong>do</strong> novas posturas <strong>do</strong> poder público para administrar os impactos <strong>do</strong><br />

envelhecimento na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais. Neste senti<strong>do</strong>, foi elabora<strong>da</strong> a<br />

Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (PNSI) 1 , ten<strong>do</strong> como objetivo: SHUPLWLU XP<br />

HQYHOKHFLPHQWR VDXGiYHO R TXH VLJQLILFD SUHVHUYDU D FDSDFLGDGH IXQFLRQDO D<br />

DXWRQRPLD H PDQWHU R QtYHO GH TXDOLGDGH GH YLGD GR LGRVR (GORDILHO et al., 2001).<br />

2 ,GRVR H D ,OKD<br />

Ao a<strong>do</strong>tar o processo de envelhecimento como categoria social de análise,<br />

transcenden<strong>do</strong> os limites <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de cronológica ou biológica, considera-se que<br />

A saúde e a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, mais que em outros grupos<br />

etários, sofrem a influência de múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais<br />

e culturais. Assim, avaliar e promover a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so significa considerar<br />

variáveis de distintos campos <strong>do</strong> saber, numa atuação interdisciplinar e<br />

multidimensional (ANDERSON, 1997).<br />

A reali<strong>da</strong>de evidencia a necessi<strong>da</strong>de de estu<strong>do</strong>s que permitam conhecer o perfil <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so, nos diferentes contextos sociais, com a finali<strong>da</strong>de de subsidiar o planejamento<br />

de políticas públicas cujos resulta<strong>do</strong>s causem impactos positivos na vi<strong>da</strong> cotidiana<br />

<strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s populações. Criar medi<strong>da</strong>s que garantam a digni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ser humano,<br />

viabilizan<strong>do</strong> níveis satisfatórios de autonomia e independência durante a fase em<br />

que as per<strong>da</strong>s fisiológicas se acentuam, significa promover a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />

1 Aprova<strong>da</strong> pela Portaria n o 1.395, de 9 de dezembro de 1999 e publica<strong>da</strong> no DOU n o 237-E, seção 1,<br />

página 20 a 24 de 13 de dezembro de 1999.<br />

49


Consideran<strong>do</strong>, enfim, a importância <strong>do</strong> tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong> e a necessi<strong>da</strong>de de<br />

investimento em pesquisa sobre a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> brasileira - que apresenta<br />

características específicas, devi<strong>do</strong> a diversos fatores <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s, políticos,<br />

culturais, inclusive relaciona<strong>do</strong>s ao espaço geográfico de um país com dimensões<br />

continentais, onde historicamente a iniqüi<strong>da</strong>de social vem sen<strong>do</strong> revela<strong>da</strong> no cenário<br />

de uma socie<strong>da</strong>de marca<strong>da</strong> pelos contrastes de representar, no contexto<br />

internacional, uma <strong>da</strong>s dez maiores economias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e ao mesmo tempo ocupar<br />

a escala <strong>do</strong>s sexagésimos países em índice de desenvolvimento humano - este<br />

trabalho investigou uma população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, cuja situação de isolamento geográfico é<br />

uma de suas características mais peculiares.<br />

O esta<strong>do</strong> de Pernambuco está localiza<strong>do</strong> na região Nordeste <strong>do</strong> Brasil, ocupan<strong>do</strong><br />

uma área de aproxima<strong>da</strong>mente 98.307 Km 2 . É forma<strong>do</strong> por 185 municípios,<br />

distribuí<strong>do</strong>s em 5 meso-regiões: Metropolitana <strong>do</strong> Recife, Mata Pernambucana,<br />

Agreste Pernambucano, Sertão Pernambucano e Sertão <strong>do</strong> São Francisco, além <strong>do</strong><br />

Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha.<br />

Em Pernambuco, segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> IBGE (2000), atualmente existem<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 704. 886 i<strong>do</strong>sos, numa população geral de 7. 918. 344 habitantes.<br />

Recife é a terceira Capital <strong>do</strong> País em número de população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, representan<strong>do</strong><br />

uma Taxa de Envelhecimento de 9,4%. A proposta de estu<strong>da</strong>r o universo <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />

residentes no DEFN surgiu como possibili<strong>da</strong>de de desenvolver um estu<strong>do</strong> pioneiro,<br />

para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população insular, onde são<br />

verifica<strong>do</strong>s os melhores indica<strong>do</strong>res regionais de quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>.<br />

50


O DEFN foi instituí<strong>do</strong> pela Lei nº 11.304, de 28 de dezembro de 1995, que também<br />

aprovou a sua Lei Orgânica. Desde então,<br />

O DEFN, enti<strong>da</strong>de autárquica integrante <strong>da</strong> administração direta <strong>do</strong> Poder<br />

Executivo, exerce sobre to<strong>da</strong> extensão <strong>da</strong> área territorial <strong>do</strong> Arquipélago de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha a jurisdição plena atribuí<strong>da</strong> às competências estadual<br />

e municipal, bem como os poderes administrativos e de polícia próprios de<br />

ente público (PERNAMBUCO, 1995).<br />

Quanto à Organização <strong>do</strong> DEFN, sua estrutura de direção superior é composta por<br />

<strong>do</strong>is órgãos: a Administração-Geral, órgão executivo <strong>do</strong> DEFN, dirigi<strong>do</strong> e<br />

representa<strong>do</strong> pelo Administra<strong>do</strong>r-Geral, nomea<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, após<br />

prévia aprovação <strong>da</strong> indicação pela Assembléia Legislativa; e o Conselho Distrital,<br />

câmara de consulta e fiscalização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des exerci<strong>da</strong>s pela Administração<br />

Geral, com poderes de indicação e deliberação sobre matérias específicas de<br />

interesse direto <strong>da</strong> população <strong>do</strong> Arquipélago. Os Conselheiros Distritais são eleitos<br />

através <strong>do</strong> voto direto e secreto <strong>do</strong>s eleitores residentes e <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s em Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha, inscritos na sua jurisdição, para o exercício <strong>do</strong> man<strong>da</strong>to de quatro anos.<br />

(PERNAMBUCO, 1995).<br />

A opção pela linha de pesquisa ‘A Saúde <strong>da</strong>s Populações de Pernambuco: Ci<strong>da</strong>de e<br />

Campo no contexto Regional’ foi feita com a intenção de incluir a 'Ilha' nesta<br />

temática, contemplan<strong>do</strong> as peculiari<strong>da</strong>des históricas, sociais, demográficas e<br />

epidemiológicas de uma comuni<strong>da</strong>de que vive isola<strong>da</strong> <strong>do</strong> Continente. Uma <strong>da</strong>s<br />

peculiari<strong>da</strong>des <strong>do</strong> DEFN, diz respeito à taxa de envelhecimento populacional local<br />

(4,3%), que não acompanha o processo de envelhecimento observa<strong>do</strong> no País<br />

(8,6%). Atualmente, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, existe uma população fixa estima<strong>da</strong><br />

em 2. 051 habitantes, entre os quais, 88 são i<strong>do</strong>sos (IBGE, 2000).<br />

51


A importância deste estu<strong>do</strong> é justifica<strong>da</strong> pela necessi<strong>da</strong>de de se conhecer essa<br />

população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, isola<strong>da</strong>, minoritária, numa comuni<strong>da</strong>de onde as políticas públicas<br />

tendem historicamente a privilegiar setores liga<strong>do</strong>s ao ‘PHLR DPELHQWH’, turismo e<br />

população jovem, principalmente, quan<strong>do</strong> consideramos a Taxa de Crescimento<br />

Médio Geométrico Anual <strong>da</strong> Ilha (2,21%), que supera as médias Nacional (1,36%) e<br />

Estadual (0,75%), exigin<strong>do</strong> planejamento, a médio prazo, para manter o equilíbrio<br />

entre recursos naturais disponíveis e capaci<strong>da</strong>de de ocupação populacional<br />

(BRASIL, 2000).<br />

Outro fato que chamou atenção foi a escassez de <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre os i<strong>do</strong>sos residentes<br />

em Fernan<strong>do</strong> de Noronha. E a originali<strong>da</strong>de deste trabalho está relaciona<strong>da</strong><br />

justamente ao impacto que o estu<strong>do</strong> poderá causar na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> saúde pública<br />

local, no momento em que seus gestores estão sensíveis à questão <strong>do</strong><br />

envelhecimento.<br />

Ao destacar ‘meio ambiente’, propon<strong>do</strong> uma visão crítica sobre o termo, este<br />

momento é propício à reprodução <strong>do</strong> pensamento de Milton Santos (2003), o qual<br />

discorreu <strong>da</strong> seguinte forma sobre o assunto:<br />

O termo ‘meio ambiente’ me incomo<strong>da</strong> profun<strong>da</strong>mente. Não é uma questão<br />

corporativa; é que meio ambiente se constitui apenas uma metáfora,<br />

portanto não se pode teorizar a partir dessa noção. O que há é o PHLR, que<br />

por simplificação às vezes se chama meio ambiente, o que constitui também<br />

uma redução. [...] Uma dessas visões é a visão de território freqüentemente<br />

confundi<strong>da</strong> com a visão <strong>do</strong> ambiente. Na reali<strong>da</strong>de, território também não é<br />

uma categoria analítica. A categoria analítica é o território usa<strong>do</strong> pelos<br />

homens, tal qual ele é, isto é, o espaço vivi<strong>do</strong> pelos homens, sen<strong>do</strong><br />

também, o teatro <strong>da</strong> ação de to<strong>da</strong>s as empresas, de to<strong>da</strong>s as instituições.<br />

Desse espaço humaniza<strong>do</strong>, as ci<strong>da</strong>des são hoje a grande representação e<br />

a grande esperança.<br />

52


$VSHFWRV +LVWyULFRV GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

O Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, descoberto oficialmente no ano de 1503,<br />

por Américo Vespúcio, numa expedição patrocina<strong>da</strong> pelo fi<strong>da</strong>lgo Fernan de Loronha,<br />

só foi ocupa<strong>do</strong> pelos portugueses a partir de 1737, ao ser incorpora<strong>do</strong> à Capitania<br />

de Pernambuco, quan<strong>do</strong> foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> a Vila <strong>do</strong>s Remédios. Segun<strong>do</strong> relato histórico<br />

<strong>do</strong>s autores Silva & Melo (2000),<br />

Ain<strong>da</strong> no século XVI muitos a visitariam. Muitos navega<strong>do</strong>res descansariam<br />

ali <strong>da</strong>s jorna<strong>da</strong>s pelo mar. Dali levariam madeira para suas embarcações.<br />

Dali tirariam alimentos - frutos e raízes, ovos, aves, tartarugas para sua<br />

alimentação. [...] Até que, no século XVII, o homem veio para ficar. [...]<br />

Inicialmente, por 25 anos: os holandeses (1629 a 1654), chegam, erguem<br />

um reduto no alto de um morro. Arren<strong>da</strong>m a terra a gente de nobreza. [...] O<br />

século XVIII seria decisivo. A presença <strong>do</strong>s franceses (1736 a 1737)<br />

despertaria a atenção de Portugal pelo aban<strong>do</strong>no a que havia relega<strong>do</strong> sua<br />

primeira Capitania no Brasil, jamais ocupa<strong>da</strong> pelo seu <strong>do</strong>natário. Nas rotas<br />

<strong>da</strong>s grandes navegações, aquele espaço aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> significava perigo. E<br />

uma estratégia de ocupação e defesa surgiria, traçan<strong>do</strong>-se espaços para<br />

vilas, onde viveriam prisioneiros comuns de Pernambuco e, eventualmente,<br />

presos políticos ou por razões políticas, de muitos lugares <strong>do</strong> Brasil.<br />

Desde o início <strong>do</strong> processo de desenvolvimento <strong>do</strong> Arquipélago, a população de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha passou a sofrer as conseqüências de várias administrações<br />

públicas autoritárias, sem participação popular. Tal situação pode ser analisa<strong>da</strong><br />

considera<strong>da</strong>s as finali<strong>da</strong>des para ocupação <strong>do</strong> Arquipélago, quase sempre<br />

associa<strong>da</strong>s à vigilância e punição de presos comuns e políticos, bem como,<br />

segurança nacional.<br />

A Vila <strong>do</strong>s Remédios (sede <strong>da</strong> Colônia Correcional), teve seu traça<strong>do</strong><br />

urbano delimita<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is largos, que se uniriam em um <strong>do</strong>s ângulos, um –<br />

o poder civil – diante <strong>da</strong> edificação de coman<strong>do</strong>; o outro – o poder religioso<br />

– diante <strong>da</strong> Igreja de N.Sª <strong>do</strong>s Remédios. [...] Dez fortificações nasceram <strong>da</strong><br />

estratégia militar implanta<strong>da</strong>, para defender to<strong>da</strong>s as praias onde fosse<br />

possível o desembarque, sen<strong>do</strong> nove espalha<strong>da</strong>s pelos 17Km 2 <strong>da</strong> ilha<br />

principal e uma isola<strong>da</strong>, sobre um morro, em frente ao porto natural, de<br />

Santo Antônio. [...] Obriga<strong>do</strong>s a trabalhar até a exaustão, foi a mão de obra<br />

carcerária que construiu tu<strong>do</strong>. Pedras foram sen<strong>do</strong> leva<strong>da</strong>s para os pontos<br />

escolhi<strong>do</strong>s. Áreas foram devasta<strong>da</strong>s na sua vegetação, para <strong>da</strong>rem lugar<br />

aos conjuntos arquitetônicos ou prédios isola<strong>do</strong>s que se instalavam (SILVA<br />

& MELO, 2000).<br />

53


Ain<strong>da</strong> sobre a história <strong>da</strong> ocupação de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, Silva & Melo (2000)<br />

continuam:<br />

Por 201 anos vigoraria o presídio comum de Fernan<strong>do</strong> de Noronha. Muito<br />

pouco seria acrescenta<strong>do</strong> ao espaço, senão cabanas para presos de bom<br />

comportamento e suas famílias, em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, após a liberação<br />

de também serem remeti<strong>da</strong>s mulheres para a ilha, tanto companheiras <strong>do</strong>s<br />

correcionais como mulheres prisioneiras, igualmente condena<strong>da</strong>s – como os<br />

homens ali manti<strong>do</strong>s - a longas penas. E com essa liberação veio o<br />

aumento <strong>da</strong> população, vieram os risos infantis, a necessi<strong>da</strong>de de<br />

programas escolares e de saúde, o controle excessivo <strong>da</strong> conduta de ca<strong>da</strong><br />

um <strong>do</strong>s que aí viviam, submeti<strong>do</strong>s a um regime de extrema rigidez. [...] O<br />

presídio político cria<strong>do</strong> em 1938, após a cessão <strong>da</strong> ilha à União, não traria<br />

grandes mu<strong>da</strong>nça ao traça<strong>do</strong> urbano. Substituíam-se homens, apenas.<br />

Saíam os ladrões, os assassinos de Pernambuco, condena<strong>do</strong>s a longas<br />

penas, para chegarem os comunistas, aliancistas e integralistas de to<strong>do</strong> o<br />

Brasil, homens letra<strong>do</strong>s movi<strong>do</strong>s por ideais considera<strong>do</strong>s subversivos,<br />

submeti<strong>do</strong>s ao serviço braçal, encontran<strong>do</strong> o derivativo <strong>da</strong> Arte para<br />

sublimarem aqueles dias de humilhação, fazen<strong>do</strong> teatro nas horas de<br />

descanso, como um refrigério para seus atormenta<strong>do</strong>s espíritos. E saem os<br />

presos comuns, transferi<strong>do</strong>s para a Ilha Grande, no Rio de Janeiro, somente<br />

permanecen<strong>do</strong> ali os que se haviam mostra<strong>do</strong> úteis aos trabalhos <strong>do</strong> dia a<br />

dia.<br />

A história de Fernan<strong>do</strong> de Noronha começou a tomar novo rumo, em relação ao<br />

processo de conquista <strong>do</strong>s direitos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>da</strong> população insular, a partir <strong>do</strong>s<br />

anos 80, culminan<strong>do</strong> em 1987, quan<strong>do</strong> tomou posse o primeiro Governa<strong>do</strong>r Civil <strong>do</strong><br />

Arquipélago, vincula<strong>do</strong> ao Ministério <strong>do</strong> Interior (MINTER). Pela primeira vez, a meta<br />

principal <strong>do</strong> Governo passou a ser "...a recuperação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>da</strong> população<br />

civil de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, que há déca<strong>da</strong>s habita o Território, sem que antes<br />

tenha ti<strong>do</strong> direitos e deveres formalmente explicita<strong>do</strong>s e legalmente constituí<strong>do</strong>s"<br />

(BRASIL, 1988).<br />

Termina<strong>da</strong> a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, restou o Território Federal, rígi<strong>do</strong> e<br />

hierárquico. Restaram uns poucos que haviam atravessa<strong>do</strong> os muitos<br />

tempos noronhenses, descendentes de presos, de guar<strong>da</strong>s, de gente <strong>do</strong><br />

Continente que se haviam acostuma<strong>do</strong> à solidão <strong>da</strong>quelas paragens e à<br />

extrema beleza <strong>do</strong> lugar. Restavam pesca<strong>do</strong>res, agricultores, construtores,<br />

carpinteiros, cozinheiros, professores leigos, que por serem bons nas<br />

tarefas que cumpriam, eram necessários ao funcionamento diário.<br />

Restavam crianças que cresciam sob o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Exército, depois <strong>da</strong><br />

Aeronáutica, <strong>do</strong> EMFA e, finalmente, <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Interior (MINTER),<br />

perío<strong>do</strong> em que a ilha recebeu seu único Governa<strong>do</strong>r civil e tempo <strong>da</strong>s mais<br />

significativas mu<strong>da</strong>nças, enquanto território sob o <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> União (1987 /<br />

1988). A população <strong>do</strong>brou, nesse tempo não militariza<strong>do</strong> mas ain<strong>da</strong><br />

fronteira e território federal (SILVA & MELO, 2000).<br />

54


Em 1988, após aprovação <strong>da</strong> nova Constituição brasileira, o Arquipélago de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha volta a ser administra<strong>do</strong> pelo esta<strong>do</strong> de Pernambuco, na<br />

condição de Distrito Estadual, sem levar em consideração a opinião <strong>da</strong> população<br />

insular.<br />

Surgiu também aí a primeira Assembléia Popular, inauguran<strong>do</strong> um tempo de<br />

querer-se democracia e não submissão. O ilhéu começava a aprender a<br />

questionar, exigir, propor, decidir. Inicia-se, de fato, a construção de um<br />

ci<strong>da</strong>dão noronhense. Só aí apareceria também o interesse na preservação<br />

<strong>do</strong> patrimônio cultural, deixa<strong>do</strong> ao aban<strong>do</strong>no por tanto tempo (SILVA e<br />

MELO, 2000).<br />

Naquele mesmo ano, a concretização <strong>da</strong> luta <strong>do</strong> ilhéu pela preservação <strong>da</strong> natureza,<br />

seria outro acontecimento marcante na história <strong>da</strong>s relações sociais <strong>da</strong> Ilha. De<br />

acor<strong>do</strong> com Silva & Melo (2000),<br />

Já nesse tempo, a comuni<strong>da</strong>de científica internacional vinha sen<strong>do</strong><br />

mobiliza<strong>da</strong> para reconhecer o potencial ambiental ain<strong>da</strong> existente no<br />

arquipélago, merece<strong>do</strong>r de ser transforma<strong>do</strong> em uni<strong>da</strong>de de conservação,<br />

sob a proteção de órgãos ambientalistas de nível nacional. Inicia<strong>do</strong> em<br />

1982, esse movimento evoluiu até transformar-se em projeto e, finalmente,<br />

<strong>da</strong>r origem ao Parque Nacional Marinho (PARNAMAR/FN), cria<strong>do</strong> em<br />

setembro de 1988 (fig. 1).<br />

A administração <strong>do</strong> Parque é Federal, a cargo <strong>do</strong> Instituto Brasileiro de Meio<br />

Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que se compromete a<br />

preservar o ambiente e proporcionar oportuni<strong>da</strong>des para o turismo ecológico e a<br />

pesquisa científica, como é o caso <strong>do</strong>s ProjetosTartaruga Marinha (TAMAR) e<br />

Golfinho Rota<strong>do</strong>r. A área restante é Área de Proteção Ambiental (APA), permitin<strong>do</strong> o<br />

uso urbano acompanha<strong>do</strong> de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s ambientais.<br />

Hoje, Noronha é Patrimônio Ambiental <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de, reconheci<strong>do</strong> pela<br />

UNESCO. O PARNAMAR (fig. 03), abrange 70% de to<strong>da</strong> área terrestre e<br />

marinha até 50 metros de profundi<strong>da</strong>de e o restante é APA, Área de<br />

Proteção Ambiental (GUERRIERO, 2002).<br />

Em linhas gerais, a população insular conta com uma infra-estrutura de serviços<br />

básicos. Na área <strong>da</strong> saúde, o Hospital São Lucas, de natureza pública estadual,<br />

caracteriza-se por ser um hospital geral, o único no Arquipélago, contan<strong>do</strong> com uma<br />

55


equipe de nível superior: três médicos (clínico geral, pediatra e obstetra/<br />

ginecologista); duas enfermeiras; três o<strong>do</strong>ntólogos e um farmacêutico/bio-quí<strong>mico</strong>;<br />

nível médio: dez auxiliares de enfermagem; duas recepcionistas; quatro motoristas e<br />

um agente administrativo; e nível elementar: quatro funcionários responsáveis pelos<br />

serviços gerais, lavanderia e limpeza.<br />

O Hospital São Lucas apresenta instalações para prestar serviços de emergência,<br />

existin<strong>do</strong> uma sala específica para pacientes que necessitam ficar em observação;<br />

curativos e gesso; atendimento ambulatorial com <strong>do</strong>is consultórios médicos<br />

(ginecologia, clínica médica e pediatria) e um gabinete o<strong>do</strong>ntológico; raio-X;<br />

laboratório de análises clínicas; vacinação; nebulização; expurgo; cirurgias; partos e<br />

internação, contan<strong>do</strong> com três enfermarias, totalizan<strong>do</strong> sete leitos, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is para a<br />

clínica médica, três para pediatria e <strong>do</strong>is para a obstetrícia.<br />

Em Noronha, segun<strong>do</strong> o censo <strong>do</strong> IBGE (2000), residem 2. 051 habitantes, sen<strong>do</strong><br />

1. 059 homens e 992 mulheres. A taxa de Alfabetização corresponde a 93,50% entre<br />

as pessoas residentes com 10 anos e mais de i<strong>da</strong>de. Na Ilha existe uma creche, a<br />

Escolinha Bem-Me-Quer, para crianças na faixa etária <strong>do</strong>s 4 meses aos 5 anos de<br />

i<strong>da</strong>de e a Escola Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, abrangen<strong>do</strong> desde a<br />

alfabetização ao ensino médio.<br />

Dos 467 <strong>do</strong>micílios particulares permanentes, 398 contam com abastecimento de<br />

água na forma de rede geral; 64 com poços ou nascentes e 5 com outras formas de<br />

abastecimento. A coleta <strong>do</strong> lixo abrange a totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios. São 453<br />

<strong>do</strong>micílios com banheiro ou sanitário, entre os quais, 274 com esgotamento sanitário<br />

56


liga<strong>do</strong> à rede geral e 14 <strong>do</strong>micílios sem banheiro ou sanitário. O esgotamento<br />

sanitário foi aponta<strong>do</strong> como uma <strong>da</strong>s principais carências, em termos de infra-<br />

estrutura, por não atender à deman<strong>da</strong> total <strong>da</strong> Ilha (BRASIL, 2000).<br />

57


2%-(7,926<br />

*HUDO<br />

TRAÇAR O PERFIL SOCIOECONÔMICO E EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO<br />

IDOSA DO DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE NORONHA.<br />

(VSHFtILFRV<br />

Conhecer a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN;<br />

Avaliar os indica<strong>do</strong>res de Autonomia e Independência <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong><br />

DEFN;<br />

Identificar a prevalência <strong>da</strong>s Doenças Crônicas Não Transmissíveis na população<br />

<strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN.<br />

58


352&(',0(1726 0(72'2/Ï*,&26<br />

ÈUHD GH (VWXGR<br />

Segun<strong>do</strong> informações oficiais, 21 ilhas e ilhotas de formação vulcânica conformam o<br />

Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (fig. 2), que surgiu há 12 milhões de anos,<br />

como um <strong>do</strong>s cumes <strong>da</strong> Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica (fig. 3), quan<strong>do</strong> fortes<br />

explosões de material liquefeito jorraram <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> Terra a 3 o 54’ de latitude sul e<br />

32 o 25’ de longitude oeste. O Arquipélago é uma montanha com cerca de 4 500<br />

metros de profundi<strong>da</strong>de e 60 quilômetros de diâmetro na base. Na superfície ocupa<br />

uma área de 26Km 2 . O ponto mais alto é o Pico, medin<strong>do</strong> 321 metros de altura. O<br />

clima é sempre quente, com temperatura média anual de 27 o C, pouca variação<br />

entre dia e noite e duas estações defini<strong>da</strong>s: uma seca, de agosto a fevereiro, e uma<br />

úmi<strong>da</strong>, de março a julho (GUERRIERO, 2002).<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha também é o nome <strong>da</strong> Ilha principal <strong>do</strong> Arquipélago, onde a<br />

pesquisa foi realiza<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> presídio comum (1737/1938); presídio político <strong>da</strong><br />

União (1938/1942); destacamento misto durante a II Guerra Mundial (1942/1945);<br />

Território Federal (1942/1988); e reintegra<strong>do</strong> ao Esta<strong>do</strong> de Pernambuco (1988). É a<br />

única Ilha habita<strong>da</strong>, dista 545Km <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Recife e possui uma área de 17Km 2 .<br />

Apresenta uma população fixa de 2.051 habitantes, onde a Taxa de Envelhecimento<br />

é de 4,3%, existin<strong>do</strong> 88 i<strong>do</strong>sos (IBGE, 2002).<br />

59


)LJXUD – Mapa <strong>do</strong> Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

60


)LJXUD – Mapa <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

61


)LJXUD – Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica<br />

)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

62


'HVHQKR GR (VWXGR<br />

Caracteriza-se por ser um estu<strong>do</strong> descritivo, quantitativo, epidemiológico, de corte<br />

transversal, em população especial, apresentan<strong>do</strong> como vantagens: o baixo custo, o<br />

alto potencial descritivo e a simplici<strong>da</strong>de analítica. Segun<strong>do</strong> Rouquayrol & Almei<strong>da</strong><br />

Filho (1999), esse tipo de investigação produz "instantâneos" <strong>da</strong> situação de saúde<br />

de uma população ou comuni<strong>da</strong>de, com base na avaliação individual <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de<br />

saúde de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> grupo, produzin<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res globais de saúde<br />

para o grupo investiga<strong>do</strong>.<br />

Para alguns tipos de <strong>do</strong>ença, especialmente aquelas de caráter crônico, como<br />

Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (DM), por exemplo, visan<strong>do</strong> estimar<br />

ain<strong>da</strong> o risco por essas enfermi<strong>da</strong>des, calculou-se a WD[D GH SUHYDOrQFLD, que pode<br />

ser defini<strong>da</strong> simplesmente como a proporção de casos de uma certa <strong>do</strong>ença (ou<br />

evento relaciona<strong>do</strong> à saúde) em uma população delimita<strong>da</strong>, em um tempo<br />

determina<strong>do</strong>.<br />

'HILQLomR GD 3RSXODomR<br />

Por ser censitário, foram incluí<strong>da</strong>s no estu<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s residentes no<br />

DEFN, com i<strong>da</strong>de a partir <strong>do</strong>s 60 anos. Do Universo de 88 i<strong>do</strong>sos ilhéus, foram<br />

entrevista<strong>do</strong>s 80, ocorren<strong>do</strong> 05 (cinco) per<strong>da</strong>s de i<strong>do</strong>sos que não estavam na Ilha e<br />

03 (três) exclusões de i<strong>do</strong>sos que não estavam em condições de saúde mental para<br />

responder às questões <strong>do</strong> Brazil Old Age Schedule - BOAS (anexo 1), nos <strong>do</strong>is<br />

momentos <strong>da</strong> pesquisa de campo.<br />

63


&ROHWD GH 'DGRV<br />

3.4.1 Pré-teste<br />

Visan<strong>do</strong> testar o instrumento seleciona<strong>do</strong> e calcular o tempo necessário para sua<br />

aplicação, na semana anterior à Pesquisa de Campo, foram entrevista<strong>do</strong>s 06 (seis)<br />

i<strong>do</strong>sos, ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s no serviço de atendimento ambulatorial de gerontogeriatria <strong>do</strong><br />

Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz (HUOC), <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco<br />

(UPE), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> os mesmos devi<strong>da</strong>mente convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s e esclareci<strong>do</strong>s a respeito<br />

<strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> procedimento. Após as entrevistas, não ocorreu a necessi<strong>da</strong>de de<br />

fazer modificações no questionário.<br />

3.4.2 Pesquisa de Campo<br />

O Instrumento utiliza<strong>do</strong> durante as entrevistas foi um questionário multidimensional<br />

para estu<strong>do</strong>s comunitários na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. As pessoas responsáveis pela<br />

pesquisa de campo foram as mestran<strong>da</strong>s Cristina de Fátima Velloso Carrazzone<br />

(MSP 052/02) e Sálvea de Oliveira Campelo e Paiva (MSP 062/02), durante os<br />

perío<strong>do</strong>s de 28 de outubro a 06 de novembro e 14 a 20 de dezembro de 2002, na<br />

Ilha de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, mediante visitas <strong>do</strong>miciliares, evitan<strong>do</strong> que o i<strong>do</strong>so<br />

sofresse possíveis transtornos de deslocamento e espera no momento <strong>da</strong> entrevista.<br />

As visitas <strong>do</strong>miciliares foram feitas com o acompanhamento <strong>do</strong> Agente Comunitário<br />

de Saúde (ACS), <strong>do</strong> Programa de Saúde <strong>da</strong> Família (PSF), responsável por ca<strong>da</strong><br />

área específica, permitin<strong>do</strong> atualizar o ca<strong>da</strong>stro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos residentes no DEFN.<br />

64


Também foram realiza<strong>da</strong>s reuniões com a Diretoria e equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas,<br />

visan<strong>do</strong> buscar estratégias para a cobertura total <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> insular.<br />

Concomitantemente ao perío<strong>do</strong> <strong>da</strong>s entrevistas, foi realiza<strong>da</strong> a pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />

nos arquivos e prontuários <strong>do</strong> Hospital São Lucas, a fim de colher informações sobre<br />

a prevalência <strong>da</strong>s DCNT na população em estu<strong>do</strong>. Para isso, foi elabora<strong>do</strong> um<br />

formulário específico (anexo 2), onde foram registra<strong>da</strong>s informações sobre o esta<strong>do</strong><br />

de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, a partir de <strong>da</strong><strong>do</strong>s secundários, utilizan<strong>do</strong> como fonte os<br />

prontuários médicos, com o objetivo de comparar com os diagnósticos referi<strong>do</strong>s<br />

pelos entrevista<strong>do</strong>s durante a pesquisa de campo.<br />

Para comparar os diagnósticos de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, referi<strong>do</strong>s<br />

pela população durante a pesquisa de campo, foram feitos testes de glicemia digital<br />

e aferimento de pressão arterial durante o perío<strong>do</strong> de 25 de setembro a 03 de<br />

outubro, por profissionais técnicos em enfermagem, <strong>do</strong> Hospital São Lucas,<br />

devi<strong>da</strong>mente acompanha<strong>do</strong>s pelo ACS responsável pela área <strong>da</strong> residência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />

e a Assistente Social responsável pela Pesquisa.<br />

Os parâmetros para classificação <strong>do</strong> diagnóstico de HA seguiram as recomen<strong>da</strong>ções<br />

<strong>da</strong> Organização Mundial de Saúde (1983), consideran<strong>do</strong> hipertensão os valores<br />

iguais ou superiores a 90mm Hg (diastólica) e 140 mm Hg (sistólica) e, para a<br />

sistólica isola<strong>da</strong>mente, valor acima de 160 mm Hg. Os parâmetros para o<br />

diagnóstico de DM seguiram as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Brasileira de<br />

Diabetes – SBD (2001), consideran<strong>do</strong> a falta de ingestão calórica de no mínimo oito<br />

horas (jejum) e os valores de glicose plasmática (em mg/dl). Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

65


testes de glicemia digital foram agrupa<strong>do</strong>s em três categorias: (1) glicemia de jejum<br />

normal (


A Seção II contém perguntas relaciona<strong>da</strong>s à opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> a respeito <strong>do</strong><br />

seu esta<strong>do</strong> de saúde, em comparação com os últimos anos de sua vi<strong>da</strong> e com<br />

pessoas de sua faixa etária; seus maiores problemas de saúde e como estes podem<br />

afetar seus padrões habituais de ativi<strong>da</strong>de. São incluí<strong>da</strong>s também perguntas sobre<br />

problemas específicos que afetam os padrões funcionais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so (VERAS, 1994).<br />

O propósito <strong>da</strong> Seção III é obter informações quanto ao conhecimento, direitos, uso<br />

e grau de satisfação por parte <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so em relação a vários tipos de serviços de<br />

saúde. São incluí<strong>da</strong>s também perguntas destina<strong>da</strong>s a verificar a aju<strong>da</strong> ou<br />

assistência que a pessoa <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> pode obter, na área de saúde, <strong>da</strong> sua família ou de<br />

outros (VERAS, 1994).<br />

A Seção IV inclui seis perguntas. A primeira compreende um total de quinze itens<br />

que, juntos, indicam graus relativos de autonomia funcional na execução <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> dia-a-dia. As outras são volta<strong>da</strong>s para a verificação de assistência real<br />

ou potencial nessas ativi<strong>da</strong>des, identifican<strong>do</strong> a pessoa que mais aju<strong>da</strong> o<br />

entrevista<strong>do</strong>. Também há perguntas que visam verificar sua participação social, nas<br />

ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>mésticas e comunitárias e o grau de satisfação com as mesmas<br />

(VERAS, 1994).<br />

As perguntas <strong>da</strong> Seção V objetivam avaliar vários aspectos e dimensões de<br />

satisfação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so nas suas relações com a família e vizinhos, os tipos de aju<strong>da</strong><br />

e/ou assistência recíprocas, o grau de interação familiar e comunitária e/ou de<br />

isolamento. A Seção VI tem o propósito de obter informações sobre a situação de<br />

trabalho/aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so (VERAS, 1994).<br />

67


A Seção VII, de rastreamento de saúde mental, segun<strong>do</strong> Veras (1994), é uma<br />

tradução <strong>do</strong> questionário Short-CARE e inclui perguntas planeja<strong>da</strong>s para avaliar os<br />

<strong>do</strong>is principais distúrbios mentais <strong>da</strong> velhice: demência e depressão. No entanto,<br />

para aplicação no DEFN, algumas modificações foram feitas. A escala <strong>da</strong> Síndrome<br />

Cerebral Orgânica (SCO), conten<strong>do</strong> uma série de testes, que fornecem uma<br />

prevalência pontual <strong>da</strong> deficiência cognitiva, foi aplica<strong>da</strong> na íntegra. O ponto de corte<br />

utiliza<strong>do</strong> na escala <strong>do</strong> BOAS foi 3 e acima. Em relação à escala de depressão, o<br />

cálculo <strong>do</strong> escore não pode ser aplica<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>. Por motivos éticos, para a<br />

reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha, três perguntas <strong>do</strong> questionário original foram excluí<strong>da</strong>s. A decisão<br />

foi toma<strong>da</strong> devi<strong>do</strong> à falta de um psiquiatra na equipe para <strong>da</strong>r suporte a uma<br />

deman<strong>da</strong> emergente, a partir <strong>da</strong> entrevista, durante a pesquisa de campo. Então,<br />

como não existiria a possibili<strong>da</strong>de de atendimento imediato por um especialista, as<br />

perguntas associa<strong>da</strong>s ao sentimento de suicídio não foram contempla<strong>da</strong>s. Sen<strong>do</strong><br />

assim, as informações relaciona<strong>da</strong>s à escala de depressão serão apresenta<strong>da</strong>s no<br />

formato de freqüências simples, mediante ilustração gráfica (VERAS, 1994).<br />

Apesar de ser um questionário extenso, foi surpreendente a aceitação <strong>do</strong><br />

instrumento pela população entrevista<strong>da</strong>, contrarian<strong>do</strong> o pensamento inicial de que<br />

tantas perguntas provavelmente cansariam os i<strong>do</strong>sos. Dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r, to<strong>do</strong> o processo poderá acontecer num clima de diálogo, sem a<br />

mecanização <strong>do</strong> estilo ‘check list’.<br />

Em média, as entrevistas duraram cerca de 42 minutos, tempo que pode variar,<br />

dependen<strong>do</strong> de alguns fatores como: o esta<strong>do</strong> de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so; seu interesse pela<br />

68


pesquisa; <strong>do</strong> ambiente onde acontece a entrevista; <strong>da</strong>s pessoas que participam <strong>do</strong><br />

processo, entre outros.<br />

&RQVLGHUDo}HV eWLFDV<br />

Este Projeto foi encaminha<strong>do</strong> ao Conselho de Ética em Pesquisa (CEP) <strong>da</strong><br />

Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz (Fiocruz) / Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães<br />

(CPqAM), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> (anexo 3), por atender às normas éticas <strong>da</strong><br />

Resolução 196, de 10 de outubro de 1996 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde (CNS) /<br />

Ministério <strong>da</strong> Saúde, sobre pesquisas científicas envolven<strong>do</strong> seres humanos,<br />

resguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o princípio de proteção e respeito à digni<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sujeitos <strong>da</strong><br />

pesquisa, conforme estabeleci<strong>do</strong> a partir de Nuremberg, em 1947.<br />

O Projeto também foi envia<strong>do</strong> ao Conselho Distrital e à Administração <strong>do</strong> DEFN.<br />

To<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos residentes na Ilha foram esclareci<strong>do</strong>s a respeito <strong>do</strong>s objetivos <strong>da</strong><br />

pesquisa e convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s a assinar Termo de Adesão (anexo 4). A identi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s foi preserva<strong>da</strong>. Para consultar os prontuários, foi solicita<strong>da</strong> autorização<br />

à Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas (anexo 5). No mesmo perío<strong>do</strong> em que foi<br />

encaminha<strong>da</strong> uma versão <strong>da</strong> dissertação para emissão de um parecer acadê<strong>mico</strong>,<br />

antes <strong>da</strong> defesa, seguiu uma cópia para ser li<strong>da</strong> por uma representante <strong>do</strong> Conselho<br />

Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, a qual, também emitiu seu parecer sobre a<br />

dissertação (anexo 6). Após a aprovação <strong>do</strong> trabalho, os resulta<strong>do</strong>s serão<br />

socializa<strong>do</strong>s na comuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> DEFN.<br />

69


3URFHVVDPHQWR H $QiOLVH GRV 'DGRV<br />

O processamento e análise foram feitos pela própria mestran<strong>da</strong>, auxilia<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is<br />

estatísticos, professores Carlos Feitosa Luna <strong>do</strong> CPqAM/Fiocruz e José Natal<br />

Figueirôa <strong>do</strong> Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), mediante utilização<br />

<strong>do</strong>s softwares Epi Info 6 e Excel 1997. Para análise <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram utiliza<strong>do</strong>s os<br />

recursos <strong>da</strong> estatística analítica (ou indutiva), mediante o teste de ‘qui-quadra<strong>do</strong>’<br />

(chi-square), indica<strong>do</strong> para comparar <strong>da</strong><strong>do</strong>s nominais, constituin<strong>do</strong> uma medi<strong>da</strong> de<br />

discrepância entre as freqüências observa<strong>da</strong>s e as espera<strong>da</strong>s (DORIA FILHO,<br />

1999).<br />

Para construir as Tabelas, foram utiliza<strong>do</strong>s critérios de seleção por indica<strong>do</strong>res e<br />

agrupamento <strong>da</strong>s variáveis, sempre que se fez necessário, viabilizan<strong>do</strong> a descrição<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, feita de acor<strong>do</strong> com a seqüência <strong>da</strong>s seções <strong>do</strong> BOAS. O capítulo<br />

<strong>da</strong> discussão foi trabalha<strong>do</strong> de forma a responder os objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

2 3URFHVVR PHWRGROyJLFR D KLVWyULD GD SHVTXLVD<br />

$ HVFROKD GR 7HPD<br />

Na ver<strong>da</strong>de, este trabalho é a continui<strong>da</strong>de de um processo inicia<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> graduação em Serviço Social, pela Universi<strong>da</strong>de Católica de<br />

Pernambuco (UNICAP), quan<strong>do</strong> foi elabora<strong>da</strong> uma monografia intitula<strong>da</strong> “Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha: a outra face <strong>do</strong> paraíso”, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a trajetória histórica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

70


<strong>do</strong> ilhéu, abrin<strong>do</strong> um canal para registrar os depoimentos <strong>da</strong> população, num<br />

momento de transição política na Ilha.<br />

É importante salientar o vínculo que foi estabeleci<strong>do</strong> e manti<strong>do</strong> com a população<br />

insular, desde a primeira aproximação, em 1990, até os dias atuais. A escolha pelo<br />

tema não foi feita de maneira aleatória. O fato de não existir nenhum trabalho<br />

científico sobre as condições de vi<strong>da</strong> e de saúde <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, era<br />

um fator de peso. No entanto, a decisão foi toma<strong>da</strong> considera<strong>da</strong>s as peculiari<strong>da</strong>des<br />

históricas, sociais, políticas e culturais <strong>da</strong> Ilha, onde o mun<strong>do</strong> acadê<strong>mico</strong>, como já foi<br />

coloca<strong>do</strong>, tem valoriza<strong>do</strong> pesquisas na área de ‘meio ambiente’, negligencian<strong>do</strong> as<br />

áreas sociais e humanas.<br />

As visitas à Ilha e o contato com a população em 1990, quan<strong>do</strong> a técnica utiliza<strong>da</strong><br />

para a entrevista foi a KLVWyULD GH YLGD, possibilitou o contato com uma reali<strong>da</strong>de<br />

complexa, diante <strong>da</strong> situação política <strong>da</strong>quele momento. Havia conflitos, as pessoas<br />

sentiam me<strong>do</strong> de falar. O Regime Autoritário havia deixa<strong>do</strong> marcas profun<strong>da</strong>s no<br />

cotidiano <strong>do</strong> ilhéu, como registra Janirza Lima (2003),<br />

Vale salientar que não foi somente na esfera <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho que as<br />

diversas administrações militares <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha -<br />

Exército, Marinha e Aeronáutica - desenvolveram sua ação hegemônica.<br />

Elas coman<strong>da</strong>vam os diferentes <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> cotidiano, a vi<strong>da</strong> familiar,<br />

religiosa, política, lúdica e educacional.<br />

Foi nesse contexto histórico que surgiram personagens humanos inesquecíveis,<br />

como o Sr. João Barrão, i<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> as duas pernas amputa<strong>da</strong>s, não deixou de<br />

exercer o trabalho de agricultor. Utilizan<strong>do</strong>-se de <strong>do</strong>is banquinhos, plantou, colheu e<br />

abasteceu a Ilha inteira de milho, no ano anterior à pesquisa. E apesar <strong>da</strong>s<br />

entrevistas terem si<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s com os vários segmentos etários <strong>da</strong> população<br />

71


insular, desde aquele momento, depois <strong>da</strong> ‘conversa’ com outras pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s,<br />

como o Sr. Salviano e o Sr. Chico <strong>da</strong> Horta, por exemplo, sentia-se que naquela Ilha<br />

havia muita história para se contar e ouvir...<br />

2 ,QVWUXPHQWR GH &ROHWD GH 'DGRV<br />

A escolha <strong>do</strong> instrumento de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s é um momento decisivo para o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa. Considera<strong>da</strong>s as especifici<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> grupo<br />

populacional, é imprescindível tecer alguns breves comentários a respeito <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de de abrir canais para a fala <strong>da</strong>s pessoas que já viveram muitos anos.<br />

Como bem afirmou Umberto Eco (1995), “para sobreviver é preciso contar histórias”.<br />

Até a própria história só sobrevive se for conta<strong>da</strong>. E quem tem mais histórias para<br />

contar que os mais velhos e experientes?<br />

Em geral, existe uma tendência acadêmica de valorizar a quantificação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />

em prejuízo à via qualitativa <strong>da</strong> pesquisa. Tal constatação pode ser observa<strong>da</strong> nos<br />

próprios instrumentos de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, cujas questões fecha<strong>da</strong>s não permitem<br />

registrar a opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong> e, muitas vezes, omitin<strong>do</strong> informações<br />

sobre aspectos importantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> saúde. Dificilmente, por exemplo, são<br />

abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s questões relaciona<strong>da</strong>s ao senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sonhos, amor e sexuali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />

Em outras palavras, os instrumentos para coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, via de regra, não<br />

viabilizam o diálogo entre os participantes, tolhen<strong>do</strong> a fala e as respostas <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />

Cabe ao pesquisa<strong>do</strong>r criar estratégias para a realização de <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> verbo<br />

72


‘contar’: (1) verificar o número, a quanti<strong>da</strong>de; e (2) narrar, relatar. Sen<strong>do</strong> assim, abrir<br />

canais para a fala <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, o relato <strong>da</strong> experiência, deve ser objetivo de quem<br />

queira conhecê-lo, seja na perspectiva de população especial ou na individual,<br />

permitin<strong>do</strong> o diálogo, defini<strong>do</strong> por Paulo Freire (1989) como sen<strong>do</strong> “o encontro entre<br />

os homens, mediatiza<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, para designá-lo”.<br />

Assim, para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong><br />

DEFN, o BOAS foi seleciona<strong>do</strong> como instrumento mais adequa<strong>do</strong>, principalmente,<br />

devi<strong>do</strong> ao seu conteú<strong>do</strong> multidimensional para estu<strong>do</strong>s comunitários. É<br />

imprescindível colocar, neste instante, a colaboração presta<strong>da</strong> pelo professor Renato<br />

Veras, ain<strong>da</strong> durante a elaboração <strong>do</strong> projeto de pesquisa, no senti<strong>do</strong> de tirar<br />

algumas dúvi<strong>da</strong>s e orientar sobre a aplicação <strong>do</strong> BOAS.<br />

$ 3HVTXLVD GH &DPSR 'RFXPHQWDO H &RPSDUDomR GH 'LDJQyVWLFR<br />

A etapa mais rica de to<strong>do</strong> o processo, sem sombra de dúvi<strong>da</strong>, foi a pesquisa de<br />

campo. No início, ocorreram alguns entraves, ou seja, fatos que fugiram ao controle<br />

<strong>do</strong> planejamento <strong>da</strong> Pesquisa e que serão abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s aqui, para efeito de<br />

contribuição. Sem o ca<strong>da</strong>stro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, <strong>do</strong> contato com a Administração <strong>do</strong> DEFN<br />

ficou entendi<strong>do</strong> não haver na Ilha mais que 40 indivíduos, apesar <strong>do</strong> Censo <strong>do</strong> IBGE<br />

(2000) registrar a presença de 88 i<strong>do</strong>sos. A respeito deste <strong>da</strong><strong>do</strong>, foi alega<strong>do</strong> que<br />

muitos haviam migra<strong>do</strong> <strong>da</strong> Ilha para o Continente e outros haviam morri<strong>do</strong>. Diante<br />

<strong>da</strong> informação, contan<strong>do</strong> com uma população inferior aos números oficiais, o<br />

planejamento para a pesquisa de campo foi altera<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> de dispensar o<br />

terceiro pesquisa<strong>do</strong>r. Levan<strong>do</strong> em consideração o número indica<strong>do</strong> pela<br />

73


Administração <strong>do</strong> DEFN e o tempo necessário para as pesquisas de campo e<br />

<strong>do</strong>cumental, to<strong>do</strong> processo foi repensa<strong>do</strong> para acontecer no perío<strong>do</strong> de 08 (oito)<br />

dias, contan<strong>do</strong> com a participação de duas pesquisa<strong>do</strong>ras e a supervisão <strong>do</strong><br />

orienta<strong>do</strong>r.<br />

Apesar <strong>do</strong>s vários contatos feitos, na tentativa de conseguir a relação com os nomes<br />

<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, visan<strong>do</strong> agen<strong>da</strong>r as entrevistas com antecedência, só foi possível ter<br />

acesso à primeira versão <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro quan<strong>do</strong> a equipe já estava na Ilha. A primeira<br />

viagem foi patrocina<strong>da</strong> pela mestran<strong>da</strong> responsável pela Pesquisa, CPqAM/Fiocruz,<br />

PROAP <strong>da</strong> CAPES e Administração <strong>do</strong> DEFN. Ao chegar na Ilha dia 28 de outubro<br />

de 2002, por volta <strong>da</strong>s 18:00h , mesmo sem o ca<strong>da</strong>stro, foram feitas as primeiras<br />

entrevistas, na Vila <strong>do</strong> Trinta, com i<strong>do</strong>sos já conheci<strong>do</strong>s.<br />

No dia 29 de outubro, a partir <strong>da</strong>s 8:00h, horário em que a equipe deveria estar em<br />

campo, foi realiza<strong>da</strong> uma reunião com a Diretoria e os agentes de saúde <strong>do</strong> Hospital<br />

São Lucas, momento em que surgiu uma relação onde constavam os nomes de 67<br />

pessoas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s eram to<strong>do</strong>s divergentes, a Administração referia 40 i<strong>do</strong>sos,<br />

existia uma outra listagem forneci<strong>da</strong> pela Gerência de Ação Social, em 2001, onde<br />

constavam cerca de 90 nomes e o Censo <strong>do</strong> IBGE (2000) sugeria a existência de 88<br />

i<strong>do</strong>sos.<br />

No dia 30 de outubro se fez necessária outra reunião com a equipe <strong>do</strong> Hospital local,<br />

a partir <strong>da</strong>s 17:00h, para rever e atualizar a relação <strong>do</strong>s nomes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. O<br />

resulta<strong>do</strong> dessa reunião foi preocupante porque, com base nos ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> PSF,<br />

74


aumentou de 67 para 120 o número de i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN. Desde então, to<strong>do</strong> o<br />

planejamento <strong>da</strong> pesquisa de campo precisou ser novamente altera<strong>do</strong>.<br />

Foi interessante observar como, teoricamente, o que seriam elementos facilita<strong>do</strong>res<br />

para a realização de uma pesquisa abrangen<strong>do</strong> o universo <strong>da</strong> população de i<strong>do</strong>sos<br />

(sua condição de isolamento e a quanti<strong>da</strong>de relativamente pequena de indivíduos),<br />

na prática, diante <strong>da</strong>quela situação, (distante <strong>do</strong> Continente e sem condições de<br />

retornar para iniciar to<strong>do</strong> o processo), tornaram-se elementos dificulta<strong>do</strong>res para a<br />

realização <strong>da</strong> Pesquisa, a partir <strong>do</strong> momento em que não poderia ser ultrapassa<strong>do</strong> o<br />

limite <strong>do</strong>s 10% de per<strong>da</strong>s.<br />

Para <strong>da</strong>r conta de to<strong>da</strong>s as entrevistas, a jorna<strong>da</strong> prevista para o trabalho de campo,<br />

de oito horas/dia, foi praticamente <strong>do</strong>bra<strong>da</strong> para dezesseis horas/dia, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

necessário abdicar <strong>do</strong>s intervalos para as refeições e anotações no Diário de<br />

Campo. Sen<strong>do</strong> assim, a maratona começava às 6:00h e terminava às 22:00h. Foi<br />

louvável o apoio recebi<strong>do</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de local. A título de agradecimentos, é<br />

necessário registrar o que não cabe nos questionários nem nas tabelas, ou seja, a<br />

participação plena <strong>da</strong> população, não haven<strong>do</strong> nenhuma recusa para responder um<br />

questionário tão extenso, além <strong>do</strong> carinho com que as pesquisa<strong>do</strong>ras foram<br />

recebi<strong>da</strong>s em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>micílios. Este, portanto, foi o diferencial positivo e subjetivo<br />

que proporcionou esquecer as dificul<strong>da</strong>des e condições reais de trabalho de campo.<br />

Não foi difícil abdicar <strong>da</strong>s refeições porque, sempre, era ofereci<strong>da</strong> mui<br />

carinhosamente uma fruta, cal<strong>do</strong> de cana, água de coco, refrigerante, um lanche,<br />

enfim, um incentivo real para tocar a Pesquisa em frente. Também se faz necessário<br />

75


egistrar, além <strong>do</strong>s alimentos, as caronas, os abraços, os apertos de mão, os beijos<br />

no rosto e as bênçãos recebi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos de Noronha. Este la<strong>do</strong> é o que não se<br />

‘conta’ mas ficará aqui mereci<strong>da</strong>mente registra<strong>do</strong>.<br />

Justiça se faça também ao empenho <strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />

contornar os contratempos, no senti<strong>do</strong> de prestar apoio irrestrito, atenden<strong>do</strong>, na<br />

medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> possível, às reivindicações feitas pela equipe de pesquisa<strong>do</strong>ras. O ACS<br />

não tinha hora para encerrar a jorna<strong>da</strong> de trabalho, os motoristas se des<strong>do</strong>bravam<br />

para conciliar as deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong> rotina <strong>do</strong> Hospital e <strong>da</strong> pesquisa de campo, sem falar<br />

na própria Diretora <strong>do</strong> serviço que abraçou a causa como parte <strong>da</strong> Política de Saúde<br />

local.<br />

É claro que durante as entrevistas ou mesmo após o término, surgiram algumas<br />

conversas paralelas e questionamentos, nem sempre relaciona<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong><br />

propriamente dito, mas, ao cotidiano <strong>do</strong>s ilhéus. Sen<strong>do</strong> assim, algumas consultas<br />

foram realiza<strong>da</strong>s pela médica Cristina Carrazzone e intervenções sociais e<br />

encaminhamentos foram feitos pela assistente social Sálvea Campelo. No entanto,<br />

um fato que chamou bastante atenção foi a freqüência com que as questões<br />

associa<strong>da</strong>s à sexuali<strong>da</strong>de, principalmente feminina, vieram à tona.<br />

Durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> Pesquisa as listas com os nomes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos foram<br />

checa<strong>da</strong>s e atualiza<strong>da</strong>s, surgin<strong>do</strong>, inclusive, novos indivíduos cujos nomes não<br />

estavam registra<strong>do</strong>s em nenhuma delas. Dos 120 indivíduos, verifica<strong>do</strong>s aqueles<br />

que migraram definitivamente <strong>da</strong> Ilha para o Continente, os que ain<strong>da</strong> não haviam<br />

completa<strong>do</strong> os 60 anos de i<strong>da</strong>de e os casos de óbito, permaneceram 90 i<strong>do</strong>sos.<br />

76


Vale salientar que não se contava com o apoio permanente de transporte, recurso<br />

escasso na Ilha, fato que dificultou, ain<strong>da</strong> mais, o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho. O<br />

desgaste emocional <strong>da</strong>s pesquisa<strong>do</strong>ras foi intenso, no entanto, o físico foi exaustivo.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, apesar de ter si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> o pré-teste <strong>do</strong> instrumento de coleta de<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s, junto aos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> ambulatório de gerontogeriatria <strong>do</strong> HUOC/UPE, as<br />

entrevistas realiza<strong>da</strong>s no ambiente <strong>do</strong>miciliar deman<strong>da</strong>m maior duração de tempo<br />

devi<strong>do</strong> ao deslocamento <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e fatores relaciona<strong>do</strong>s ao cotidiano <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so, como por exemplo, a presença de familiares, principalmente <strong>do</strong>s netos, no<br />

momento <strong>da</strong> pesquisa. Em média, as entrevistas duraram 42 minutos, haven<strong>do</strong><br />

casos em que foram necessários 120 minutos, ou seja, duas horas para o<br />

preenchimento completo <strong>do</strong> BOAS.<br />

Apesar de to<strong>do</strong> esforço, contan<strong>do</strong> com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> equipe de saúde<br />

local e <strong>da</strong> Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des estruturais,<br />

<strong>do</strong> esgotamento físico <strong>da</strong>s pesquisa<strong>do</strong>ras e <strong>do</strong>s imprevistos - para se ter uma idéia,<br />

alguns i<strong>do</strong>sos só foram entrevista<strong>do</strong>s após a quarta ou quinta visita <strong>do</strong>miciliar - o<br />

prazo de oito dias foi esgota<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> apenas 73 i<strong>do</strong>sos haviam si<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>s.<br />

A pesquisa <strong>do</strong>cumental não foi realiza<strong>da</strong> e existia uma per<strong>da</strong> de mais de 10% <strong>do</strong><br />

universo, ten<strong>do</strong> em vista que o total, até então, era de 90 indivíduos.<br />

No dia 06 de novembro, no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> manhã, antes de retornar ao Recife, to<strong>do</strong><br />

processo foi comunica<strong>do</strong> ao então Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> DEFN, no Palácio de São<br />

Miguel, momento em que também foi coloca<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> retorno à Ilha para<br />

concluir a pesquisa de campo e realizar a <strong>do</strong>cumental.<br />

77


Ao chegar ao Recife, imediatamente, foi visita<strong>do</strong> um casal de i<strong>do</strong>sos, cujos nomes<br />

constavam na relação <strong>do</strong>s 90 indivíduos. Os <strong>do</strong>is revelaram que não voltariam mais<br />

à Ilha, pois, haviam mu<strong>da</strong><strong>do</strong> definitivamente de endereço. Sen<strong>do</strong> assim, coincidin<strong>do</strong><br />

com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE (2000), eram 88 i<strong>do</strong>sos os residentes no DEFN.<br />

Estava concluí<strong>do</strong> o Censo, constan<strong>do</strong> os nomes, apeli<strong>do</strong>s, localização e telefones<br />

<strong>do</strong>s 88 indivíduos. Tal <strong>do</strong>cumento foi remeti<strong>do</strong> à Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas.<br />

Naquele momento, era uma preocupação latente <strong>do</strong> profissional o<strong>do</strong>ntólogo local,<br />

saber qual o esta<strong>do</strong> de saúde bucal <strong>da</strong> população de i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> Ilha. Numa conversa<br />

informal, o mesmo foi comunica<strong>do</strong> a respeito <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de se fazer um<br />

acompanhamento dessa população especial, diante <strong>do</strong> que havia si<strong>do</strong> registra<strong>do</strong><br />

nessa área específica de atenção à saúde. O Censo foi repassa<strong>do</strong> ao o<strong>do</strong>ntólogo<br />

que visitou e avaliou to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos.<br />

O segun<strong>do</strong> momento <strong>da</strong> pesquisa de campo e a <strong>do</strong>cumental, apoia<strong>do</strong> pelo<br />

CPqAM/Fiocruz e pela Adminisração <strong>do</strong> DEFN, foi agen<strong>da</strong><strong>do</strong> para o perío<strong>do</strong> de 14 a<br />

20 de dezembro de 2002. Naquela ocasião, por questões éticas, a autorização para<br />

manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong> Hospital São Lucas foi solicita<strong>da</strong> formalmente. E outro<br />

pedi<strong>do</strong> foi feito, informalmente, para que fosse providencia<strong>da</strong> a seleção <strong>do</strong>s<br />

prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, facilitan<strong>do</strong> o desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa <strong>do</strong>cumental.<br />

Outra vez a surpresa, ao chegar à Ilha foi constata<strong>do</strong> que os prontuários não haviam<br />

si<strong>do</strong> separa<strong>do</strong>s e novamente o planejamento necessitou ser altera<strong>do</strong>. Após<br />

entrevistar alguns i<strong>do</strong>sos, se visitava o Hospital São Lucas na tentativa de encontrar<br />

mais algum prontuário. Nesse perío<strong>do</strong>, foram realiza<strong>da</strong>s mais 7 (sete) entrevistas e<br />

78


consulta<strong>do</strong>s apenas 38 <strong>do</strong>s 88 prontuários solicita<strong>do</strong>s. Praticamente, a pesquisa<br />

<strong>do</strong>cumental foi inviabiliza<strong>da</strong> pela falta <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s prontuários. O fato foi<br />

comunica<strong>do</strong> à Diretoria <strong>do</strong> Hospital local e o problema já foi soluciona<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong><br />

informações, atualmente to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos possuem seus respectivos prontuários,<br />

inclusive com os registros <strong>do</strong> acompanhamento feito pelo PSF.<br />

Diante <strong>da</strong> alta prevalência de HA e DM, toman<strong>do</strong> por base os diagnósticos referi<strong>do</strong>s<br />

pela população de i<strong>do</strong>sos e levan<strong>do</strong> em consideração as falhas no processo <strong>da</strong><br />

pesquisa <strong>do</strong>cumental, se fez necessária mais uma visita à Ilha, dessa vez, para<br />

comparar os diagnósticos, realizan<strong>do</strong> os testes de glicemia digital e aferimento de<br />

pressão arterial.<br />

No dia 02 de setembro de 2003 foi realiza<strong>da</strong> reunião com o Coordena<strong>do</strong>r de Saúde,<br />

na sede <strong>da</strong> Administração <strong>do</strong> DEFN, em Recife, para esclarecimentos sobre os<br />

objetivos <strong>da</strong> nova visita à Ilha. Foram solicita<strong>do</strong>s e acerta<strong>do</strong>s os detalhes <strong>do</strong>s<br />

procedimentos técnicos e administrativos que seriam necessários à realização <strong>do</strong>s<br />

testes para diagnóstico de HA e DM, incluin<strong>do</strong> a disponibili<strong>da</strong>de de recursos<br />

humanos e materiais.<br />

Vale registrar, com a chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> Coordena<strong>do</strong>r de Saúde, foi planeja<strong>da</strong> e realiza<strong>da</strong> a<br />

primeira Conferência Distrital de Saúde em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, de 26 a 27 de<br />

setembro, constituin<strong>do</strong> um marco histórico nas relações sociais <strong>da</strong> Ilha, evento <strong>do</strong><br />

qual o CPqAM/Fiocruz fez parte, atenden<strong>do</strong> ao convite para participar <strong>da</strong><br />

Conferência de Abertura, proferir algumas palestras e coordenar mesas (anexo 7).<br />

Sem sombra de dúvi<strong>da</strong>, outra experiência inesquecível! Em decorrência <strong>do</strong> evento,<br />

79


pela primeira vez na história, o DEFN seria representa<strong>do</strong> na V Conferência Estadual<br />

de Saúde de Pernambuco, em Olin<strong>da</strong>, no mês de novembro de 2003.<br />

Mestran<strong>da</strong> e orienta<strong>do</strong>r, voltam à Ilha no dia 25 de setembro de 2003, dessa vez<br />

patrocina<strong>do</strong>s pela Mongeral, CPqAM/Fiocruz, Laboratório Roche e Administração <strong>do</strong><br />

DEFN. Apesar <strong>do</strong>s contatos prévios, ocorreram imprevistos que prejudicaram o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s testes de glicemia digital e aferimento <strong>da</strong> pressão arterial. A<br />

dificul<strong>da</strong>de de transporte, bem como o não treinamento <strong>da</strong> equipe para utilizar o<br />

glicosímetro, inviabilizaram os <strong>do</strong>is primeiros dias de pesquisa. Contorna<strong>do</strong>s os<br />

problemas, o processo fluiu até o final <strong>do</strong> trabalho de campo, com o total apoio <strong>da</strong><br />

equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas, principalmente, com a participação efetiva <strong>do</strong>s<br />

técnicos de enfermagem, agentes de saúde e motoristas.<br />

Para trabalhar <strong>da</strong> melhor maneira possível, em acor<strong>do</strong> com a equipe de saúde local,<br />

o agen<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s testes foi feito pelo ACS responsável por ca<strong>da</strong> área específica,<br />

o qual se encarregava de comunicar sobre a visita, o objetivo e a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

jejum. Para não provocar ansie<strong>da</strong>de nos i<strong>do</strong>sos nem deixá-los esperan<strong>do</strong> sem se<br />

alimentar durante muito tempo, a equipe se reunia no Hospital a partir <strong>da</strong>s 5:30h<br />

(Noronha está sempre em horário de verão), e partia para o trabalho de campo, por<br />

isso, foi apeli<strong>da</strong><strong>da</strong> de ‘HTXLSH EDFXUDX’.<br />

A partir <strong>do</strong>s testes, conforme parâmetros utiliza<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s estavam<br />

altera<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos eram aconselha<strong>do</strong>s a procurar o serviço de saúde. Em três<br />

momentos ocorreram intervenções mais específicas, envolven<strong>do</strong> um caso de<br />

depressão e <strong>do</strong>is de DM completamente descontrola<strong>da</strong>, cujos valores de glicose<br />

80


plasmática atingiram os limites <strong>do</strong>s 496 mg/dl e 427 mg/dl, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> imediatamente<br />

encaminha<strong>do</strong>s ao Hospital São Lucas.<br />

Eis alguns detalhes <strong>do</strong> trabalho de campo que, não raras as vezes, se repetem de<br />

alguma forma no cotidiano <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res. Diante de to<strong>do</strong> processo e,<br />

principalmente <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>, seria oportuno encerrar este item reproduzin<strong>do</strong> as<br />

conheci<strong>da</strong>s palavras de Helder Câmara: “Não, não pares. É graça divina começar<br />

bem. É graça maior persistir na caminha<strong>da</strong> certa, manter o ritmo [...] Mas a graça<br />

<strong>da</strong>s graças é não desistir [...]”.<br />

81


5(68/7$'26<br />

Dan<strong>do</strong> continui<strong>da</strong>de ao trabalho, neste item, serão apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Censo realiza<strong>do</strong> envolven<strong>do</strong> a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN. Do universo de 88<br />

indivíduos, foram entrevista<strong>do</strong>s 80, portanto os percentuais expressam o número de<br />

i<strong>do</strong>sos acompanha<strong>do</strong>s e/ou estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s durante as pesquisas de campo, <strong>do</strong>cumental<br />

e testes de glicemia digital e aferimento de pressão arterial. A seqüência <strong>da</strong>s<br />

informações segue o mesmo roteiro <strong>da</strong>s Seções <strong>do</strong> BOAS, conforme registra<strong>do</strong> na<br />

meto<strong>do</strong>logia.<br />

,QIRUPDo}HV *HUDLV ± 6HomR , GR %2$6<br />

Consideran<strong>do</strong> a distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos por sexo, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Gráfico 1 revelam, na<br />

Ilha, maior número de indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino em relação ao sexo feminino,<br />

porém, no caso específico desta população, a análise realiza<strong>da</strong> demonstra não<br />

haver diferença estatisticamente significativa entre os <strong>do</strong>is grupos.<br />

2<br />

( χ 1 = 0,05 p = 0,9971)<br />

Masculino Feminino<br />

82


Em relação à i<strong>da</strong>de, existe diferença estatisticamente significativa (p = 0,035) na<br />

distribuição por grupos etários. Na Tabela 1 é observa<strong>do</strong> que 58,8% concentra-se no<br />

intervalo <strong>do</strong>s 60 aos 69 anos, caracterizan<strong>do</strong> uma população de i<strong>do</strong>sos<br />

relativamente jovens. Ao estabelecer uma relação entre i<strong>da</strong>de e sexo, os resulta<strong>do</strong>s<br />

demonstram que 48,8% <strong>do</strong>s homens e 28,2% <strong>da</strong>s mulheres atingiram ou<br />

ultrapassaram a faixa <strong>do</strong>s 70 anos de vi<strong>da</strong>.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6H[R H ,GDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

,GDGH 6H[R 0DVFXOLQR )HPLQLQR 7RWDO<br />

)DL[D (WiULD 1 1 1<br />

60 a 64 16 39,0 10 25,6 26 32,5<br />

65 a 69 5 12,2 16 41,0 21 26,2<br />

70 a 74 9 22,0 6 15,4 15 18,8<br />

75 e +<br />

2<br />

( χ 3 = 8,59 p = 0,0353)<br />

11 26,8 7 18,0 18 22,5<br />

Na Tabela 2, percebe-se, com exceção de <strong>do</strong>is indivíduos nasci<strong>do</strong>s na Ilha, que a<br />

7DEHOD<br />

grande maioria migrou de vários esta<strong>do</strong>s nordestinos, principalmente de<br />

Pernambuco, 43,8%, e <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte, 33,8%, embora o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Amazonas também esteja representa<strong>do</strong> no universo <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j 1DWXUDOLGDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

1DWXUDOLGDGH 1<br />

Pernambuco 35 43,8<br />

Rio Grande <strong>do</strong> Norte 27 33,8<br />

Paraíba 8 10,0<br />

Ceará 3 3,8<br />

Alagoas 2 2,5<br />

Noronha/PE 2 2,5<br />

Amazonas 1 1,2<br />

Bahia 1 1,2<br />

Sergipe 1 1,2<br />

Consideran<strong>do</strong> o tempo de moradia na Ilha, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 3 demonstram haver<br />

diferenças estatísticas significativas (p < 0,00001) na medi<strong>da</strong> em que, a grande<br />

maioria, 56,3% <strong>do</strong>s indivíduos, reside na Ilha há 41 anos e mais. Foi verifica<strong>do</strong> que<br />

83


65% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos visitaram o Continente há menos de 01 (um) ano (p = 0,000...),<br />

indican<strong>do</strong> alto grau de mobili<strong>da</strong>de. Consideran<strong>do</strong> o número de respostas, os motivos<br />

mais freqüentes para as vin<strong>da</strong>s ao Continente foram: tratamento de saúde (51,2%),<br />

visitar familiares (30%) e vin<strong>da</strong>s a passeio (21%). Alguns também vieram a trabalho<br />

(10%).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 7HPSR GH 0RUDGLD QD ,OKD ÒOWLPD 9LVLWD<br />

IHLWD DR &RQWLQHQWH H 0RWLYR GD 9LVLWD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

&DUDFWHUtVWLFDV GD 0RELOLGDGH<br />

7HPSR GH PRUDGLD DQRV<br />

Até 10 10 12,4<br />

11 a 20 13 16,3<br />

21 a 40 12 15,0<br />

41 e + 45 56,3<br />

( χ = 41,9 p < 0,00001)<br />

2<br />

3<br />

ÒOWLPD YLVLWD DR &RQWLQHQWH DQRV<br />

Menos de 1 52 65,0<br />

1 a 2 18 22,6<br />

3 e + 10 12,4<br />

( χ = 37,3 p = 0,0000)<br />

2<br />

2<br />

0RWLYR GD 9LVLWD<br />

Tratamento de saúde 41 51,2<br />

Visitar familiares 24 30,0<br />

Passeio 21 26,3<br />

Outros 10 12,4<br />

Trabalho 8 10,0<br />

1<br />

%<br />

84


A Tabela 4 demonstra que, apesar de 63,4% <strong>do</strong>s homens e 64,1% <strong>da</strong>s mulheres<br />

afirmarem saber ler e escrever, nos indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> grau de escolari<strong>da</strong>de formal<br />

percebe-se o deficiente nível educacional, ten<strong>do</strong> em vista que 38,5% <strong>do</strong>s homens e<br />

20% <strong>da</strong>s mulheres aprenderam a ler e escrever sem freqüentar escola. Convém<br />

destacar que a partir <strong>do</strong> curso primário somente 02 (<strong>do</strong>is) i<strong>do</strong>sos completaram o 2º<br />

grau e 05 (cinco) possuem estu<strong>do</strong>s universitários.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6H[R H *UDX GH (VFRODULGDGH )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

*UDX GH (VFRODULGDGH<br />

6DEH OHU H HVFUHYHU<br />

0DVFXOLQR )HPLQLQR 7RWDO<br />

1 1 1<br />

Sim 26 63,4 25 64,1 51 63,8<br />

Não 15 36,6 14 35,9 29 36,2<br />

( χ = 0,00 p = 0,9493)<br />

2<br />

1<br />

(VFRODULGDGH<br />

Nenhuma 10 38,5 5 20,0 15 29,4<br />

Primário 12 46,2 14 56,0 26 51,0<br />

Ginásio ou 1º grau 0 0,0 3 12,0 3 5,9<br />

2º grau completo 1 3,8 1 4,0 2 3,9<br />

Curso superior 3 11,5 2 8,0 5 9,8<br />

Quanto ao esta<strong>do</strong> conjugal, existe diferença estatisticamente significativa<br />

(p= 0,000...), desta forma, 66,2% <strong>do</strong>s indivíduos estão casa<strong>do</strong>s ou moran<strong>do</strong> junto<br />

com um(a) companheiro(a), dentre os quais, 67,7% selaram tal união há mais de<br />

trinta anos. Com relação à i<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s cônjuges, percebe-se que 34% são pessoas<br />

<strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s, na faixa etária <strong>do</strong>s 60 aos 69 anos de i<strong>da</strong>de e 22,6% acima <strong>do</strong>s 70 anos,<br />

muito embora 18,9% ain<strong>da</strong> sejam adultos jovens com i<strong>da</strong>de até os 49 anos.<br />

(Tabela 5).<br />

85


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU (VWDGR &RQMXJDO 7HPSR GH 8QLmR H ,GDGH<br />

GR &{QMXJH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

6LWXDomR &RQMXJDO<br />

(VWDGR FRQMXJDO<br />

Casa<strong>do</strong>/ Moran<strong>do</strong> junto 53 66,2<br />

Viúvo 22 27,5<br />

Divorcia<strong>do</strong>/ Separa<strong>do</strong> 3 3,8<br />

Nunca casou 2 2,5<br />

( χ = 85,3 p = 0,0000)<br />

2<br />

3<br />

7HPSR GH XQLmR DQRV<br />

Até 14 8 15,1<br />

15 a 29 6 11,3<br />

30 a 44 17 32,1<br />

45 e + 19 35,8<br />

Não Sabe/Não responde 3 5,7<br />

,GDGH GR F{QMXJH<br />

Até 39 2 3,8<br />

40 a 49 8 15,1<br />

50 a 59 10 18,8<br />

60 a 69 18 34,0<br />

70 e + 12 22,6<br />

Não Sabe/Não Responde 3 5,7<br />

Referente ao arranjo familiar, conforme observa<strong>do</strong> na Tabela 6, visivelmente, a atual<br />

geração de i<strong>do</strong>sos ilhéus foi responsável pelo crescimento demográfico na Ilha onde,<br />

a maioria, ou seja, 91,3% teve mais que três filhos.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 1~PHUR GH )LOKRV DV 9LYRV DV<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

1~PHUR GH ILOKRV<br />

Até 2 7 8,8<br />

3 a 4 21 26,2<br />

5 a 6 17 21,3<br />

7 a 8 14 17,5<br />

9 a 10 10 12,4<br />

11 e + 11 13,8<br />

2<br />

( χ 5 = 9,70 p = 0,0842)<br />

1<br />

1<br />

86<br />

%


A respeito <strong>do</strong> arranjo <strong>do</strong>miciliar, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s na Tabela 7 demonstram que apenas<br />

3,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos moram sozinhos, 26,2% com 2 ou 3 pessoas, 18,8% com 4 ou 4 e<br />

25% estão residin<strong>do</strong> com, no mínimo, 6 pessoas. Para 73,8% o espaço físico <strong>da</strong><br />

casa é suficiente, embora 16,3% reclame pela falta de privaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>miciliar. Um<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> peculiar <strong>do</strong> grupo pesquisa<strong>do</strong> diz respeito ao fato de 20% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos terem<br />

suas casas utiliza<strong>da</strong>s como Pousa<strong>da</strong>s, participan<strong>do</strong> <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s à área de<br />

turismo, no momento em que 75% destes trabalham regularmente nas referi<strong>da</strong>s<br />

Pousa<strong>da</strong>s.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR GH 0RUDGLD )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

6LWXDomR GH 0RUDGLD 1<br />

1~PHUR GH SHVVRDV UHVLGLQGR FRP R LGRVR<br />

Nenhuma 3 3,8<br />

1 18 22,4<br />

2 a 3 21 26,2<br />

4 a 5 15 18,8<br />

6 e + 20 25,0<br />

Não Sabe/Não Responde 3 3,8<br />

(VSDoR ItVLFR VXILFLHQWH SDUD IDPtOLD<br />

Sim 59 73,8<br />

Não 13 16,2<br />

Não Sabe/Não Responde 8 10,0<br />

&DVD XWLOL]DGD FRPR SRXVDGD<br />

Sim 16 20,0<br />

Não 64 80,0<br />

'HVHPSHQKD DWLYLGDGH QD SRXVDGD<br />

Sim 12 75,0<br />

Não 4 25,0<br />

87


A análise estatística <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Gráfico 2 demonstra diferença significativa<br />

(p = 0,000...) na distribuição, pelo fato <strong>da</strong> grande maioria afirmar estar satisfeita com<br />

a vi<strong>da</strong>. Os relatos de insatisfação estão relaciona<strong>do</strong>s a problemas de alcoolismo, por<br />

exemplo, enfrenta<strong>do</strong>s pelos i<strong>do</strong>sos no âmbito familiar, geralmente envolven<strong>do</strong> seus<br />

descendentes diretos: filhos e/ou netos.<br />

2<br />

( χ 1 = 72,2 p = 0,0000)<br />

6D~GH )tVLFD ± 6HomR ,, GR %2$6<br />

Satisfeito Insatisfeito<br />

A análise <strong>da</strong> Tabela 8 revela diferenças estatisticamente significativas nas<br />

distribuições <strong>da</strong>s variáveis observa<strong>da</strong>s. 71,2% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos auto-avaliam o esta<strong>do</strong> de<br />

saúde como sen<strong>do</strong> bom, 15% ótimo e 13,8% ruim (p = 0,000...). Em comparação<br />

com os últimos 05 (cinco) anos, para 47,4% o esta<strong>do</strong> de saúde continua o mesmo;<br />

23,8% afirma ter melhora<strong>do</strong> e 28,8% refere ter piora<strong>do</strong>. Ao se comparar às pessoas<br />

88


conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de ou faixa etária, 57,5% acredita estar em melhores<br />

condições de saúde, 21,3% igual e apenas 10% se sente pior.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GR (VWDGR GH 6D~GH<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$XWR DYDOLDomR GR HVWDGR GH VD~GH 1<br />

&ODVVLILFDomR<br />

Ótima 12 15,0<br />

Boa 57 71,2<br />

Ruim 11 13,8<br />

( χ = 51,78 p = 0,0000)<br />

2<br />

2<br />

&RPSDUDomR FRP RV ~OWLPRV DQRV<br />

Melhorou 19 23,8<br />

Igual 38 47,4<br />

Piorou 23 28,8<br />

( χ =7,53 p = 0,0232)<br />

2<br />

2<br />

&RPSDUDomR FRP RXWUDV SHVVRDV<br />

Melhor 46 57,5<br />

Igual 17 21,3<br />

Pior 8 10,0<br />

Não Sabe/Não Responde<br />

2<br />

( χ 3 = 47,5 p = 0,0000)<br />

9 11,2<br />

Em relação à morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong>, foi constata<strong>do</strong> que na população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> 75%<br />

apresenta problema de saúde, sen<strong>do</strong> altas as prevalências <strong>da</strong>s DCNT, onde 36,3%<br />

refere HA e 17,5% DM. Entre os que relatam problemas de saúde, 32,8% informam<br />

prejuízos à Capaci<strong>da</strong>de Funcional. (Tabela 9).<br />

89


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 'LDJQyVWLFR 5HIHULGR GH 6D~GH H<br />

LQGLFDomR GH 3UHMXt]R j &DSDFLGDGH )XQFLRQDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

'LDJQyVWLFR 5HIHULGR GH 6D~GH 1<br />

7HP SUREOHPDV GH VD~GH<br />

Sim 60 75,0<br />

Não 19 23,7<br />

Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />

3ULQFLSDLV SUREOHPDV GH VD~GH<br />

HAS 29 36,3<br />

Sistema Osteo-muscular 19 23,9<br />

Diabetes 14 17,5<br />

Problemas de visão 7 8,8<br />

Doenças <strong>do</strong> Coração 4 5,0<br />

Sistema Circulatório 3 3,8<br />

Doenças Digestivas 3 3,8<br />

Outros 17 21,4<br />

3UHMXt]R j FDSDFLGDGH IXQFLRQDO<br />

Sim 20 32,8<br />

Não 40 65,6<br />

Não Sabe/Não Responde 1 1,6<br />

A pesquisa <strong>do</strong>cumental revelou que menos <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, ou seja,<br />

47,5%, tinha prontuário naquele momento. Entre os que possuíam prontuário, em<br />

97,4% <strong>do</strong>s casos, constava algum registro de consulta de Atenção Primária e<br />

Hospitalização, 94,6% apresentava diagnósticos e 74,3% confirmava, pelo menos,<br />

um diagnóstico referi<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong>. Entre os 25,7% prontuários com<br />

diagnósticos não confirma<strong>do</strong>s, a maioria registrava <strong>do</strong>enças não referi<strong>da</strong>s pelos<br />

i<strong>do</strong>sos e atendimentos de emergência. (Tabela 10).<br />

90<br />

%


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GDV IUHT rQFLDV GRV LGRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR GRV 3URQWXiULRV QR +RVSLWDO<br />

6mR /XFDV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

6LWXDomR GR 3URQWXiULR<br />

7HP SURQWXiULR<br />

Sim 38 47,5<br />

Não 42 52,5<br />

$WHQGLPHQWR 5HJLVWUDGR<br />

Sim 37 97,4<br />

Não 1 2,6<br />

'LDJQyVWLFR 5HJLVWUDGR<br />

Sim 35 94,6<br />

Não 2 5,4<br />

&RQILUPD GLDJQyVWLFR<br />

Sim 26 74,3<br />

Não 9 25,7<br />

Do total de 80 i<strong>do</strong>sos que participaram <strong>da</strong> pesquisa de campo, 58 realizaram o teste<br />

de glicemia digital, dentre os quais, 7 não estavam em jejum e foram excluí<strong>do</strong>s <strong>da</strong><br />

Tabela, no entanto, além de não referir DM, este grupo apresentou resulta<strong>do</strong>s dentro<br />

<strong>do</strong>s parâmetros <strong>da</strong> normali<strong>da</strong>de; 2 indivíduos haviam faleci<strong>do</strong>; 2 não foram<br />

localiza<strong>do</strong>s; 7 se recusaram a realizar o exame e 11 não estavam na Ilha naquele<br />

momento. Como pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 11, a maioria, ou seja, 70,6% <strong>do</strong>s<br />

i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s ao teste de glicemia digital, apresentaram resulta<strong>do</strong>s normais;<br />

15,7% estavam com a glicemia de jejum altera<strong>da</strong> ou tolerância à glicose diminuí<strong>da</strong> e<br />

13,7% configuravam suspeição de casos de DM.<br />

1<br />

91


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV LGRVRV GR '()1 SRU 9DORUHV GH *OLFRVH 3ODVPiWLFD HP PJ GO<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

&DWHJRULDV 1<br />

'0 UHIHULGD<br />

Sim 14 17,5<br />

Não 66 82,5<br />

Total 80 100,0<br />

'0 PHGLGD<br />

Glicemia normal (126) 7 13,7<br />

Total¹ 51 100,0<br />

'LIHUHQoDð<br />

p-valor=0,5659<br />

0HGLFDGR D<br />

Sim 2 3,9<br />

Não 49 96,1<br />

(1) Sete indivíduos não estavam em jejum e não referiam DM. (2) A diferença entre as prevalências encontra<strong>da</strong>s<br />

(DM referi<strong>da</strong> e DM medi<strong>da</strong>) foi de 3,8%, não haven<strong>do</strong> diferença significativa estatisticamente.<br />

Do total de 80 i<strong>do</strong>sos que participaram <strong>da</strong> pesquisa de campo, 58 tiveram PA<br />

aferi<strong>da</strong>; 2 indivíduos haviam faleci<strong>do</strong>; 2 não foram localiza<strong>do</strong>s; 7 se recusaram a<br />

realizar o exame e 11 não estavam na Ilha naquele momento. Como pode ser<br />

observa<strong>do</strong> na Tabela 12, metade <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s ao aferimento de PA,<br />

apresentaram resulta<strong>do</strong>s altera<strong>do</strong>s, indican<strong>do</strong> suspeição de casos.<br />

92


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV LGRVRV GR '()1 SRU 9DORUHV GH 3UHVVmR $UWHULDO )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

&DWHJRULDV 1 %<br />

+$ UHIHULGD<br />

Sim 29 36,3<br />

Não 51 64,7<br />

Total 80 100,0<br />

+$ DIHULGDï<br />

Sim (• PP +J PP +J 29 50,0<br />

Não (< 140 mm Hg/90 mm Hg) 29 50,0<br />

Total 58 100,0<br />

'LIHUHQoDð<br />

p-valor=0,1063<br />

0HGLFDGR D ñ<br />

Sim 6 10,3<br />

Não 51 87,9<br />

(1) Dos i<strong>do</strong>sos aferi<strong>do</strong>s 09 (nove) apresentaram PA diastólica isola<strong>da</strong> altera<strong>da</strong> e 01 (um) sistólica isola<strong>da</strong><br />

altera<strong>da</strong>. (2) A diferença entre as prevalências encontra<strong>da</strong>s (PA referi<strong>da</strong> e PA aferi<strong>da</strong>) foi de 13,7%, não haven<strong>do</strong><br />

diferença significativa estatisticamente. (3) Um <strong>do</strong>s indivíduos não sabia/lembrava se havia si<strong>do</strong> medica<strong>do</strong> antes<br />

<strong>do</strong> aferimento <strong>da</strong> PA.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s na Tabela 13 revelam que, <strong>do</strong> universo pesquisa<strong>do</strong>, 15 indivíduos referem<br />

inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de, 24 referem problemas nas articulações e 8 sofreram que<strong>da</strong>s<br />

no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s três meses que antecederam a pesquisa de campo.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU DXWR DYDOLDomR GD &DSDFLGDGH 0RWRUD H<br />

UHODWR GH RFRUUrQFLD GH 4XHGDV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

&DSDFLGDGH 0RWRUD 1<br />

3UREOHPDV PRWRUHV<br />

Inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de 15 37,5<br />

Problemas nas articulações 24 60,0<br />

Falta de membros 1 2,5<br />

4XHGD QRV ~OWLPRV PHVHV<br />

Sim 8 10,0<br />

Não 72 90,0<br />

93<br />

%


Na população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> 56,3% informa que a visão está em ótimo ou bom esta<strong>do</strong> de<br />

saúde, embora 41,2% o considere ruim e 2,5% péssimo. Entre estes <strong>do</strong>is últimos<br />

grupos, 45,7% relata prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional. Referente à audição, 87,5%<br />

indica esta<strong>do</strong> de saúde bom ou ótimo, enquanto 12,5% afirma ser ruim e, deste<br />

último grupo, 60% menciona prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional, como pode ser<br />

observa<strong>do</strong> na Tabela 14.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GRV VHQWLGRV GD 9LVmR H<br />

$XGLomR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$XWR DYDOLDomR GRV 6HQWLGRV 1<br />

9LVmR<br />

Ótima 5 6,3<br />

Boa 40 50,0<br />

Ruim 33 41,2<br />

Péssima 2 2,5<br />

3UHMXt]R j FDSDFLGDGH IXQFLRQDO<br />

Sim 16 45,7<br />

Não 19 54,3<br />

$XGLomR<br />

Ótima 32 40,0<br />

Boa 38 47,5<br />

Ruim 10 12,5<br />

3UHMXt]R j &DSDFLGDGH )XQFLRQDO<br />

Sim 6 60,0<br />

Não 4 40,0<br />

A auto-avaliação (Tabela 15) revela que apenas 15% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos apresentam bom<br />

esta<strong>do</strong> de saúde bucal e, em 87,7% <strong>do</strong>s casos, a situação é considera<strong>da</strong> ruim ou<br />

péssima. Para 76,2% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s está faltan<strong>do</strong> a maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes.<br />

Destes, 60% refere usar dente postiço, dentadura, etc.<br />

94<br />

%


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GD 6D~GH %XFDO<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$XWR DYDOLDomR GD 6D~GH %XFDO<br />

&ODVVLILFDomR<br />

Boa 12 15,0<br />

Ruim 21 26,3<br />

Péssima 46 57,4<br />

Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />

4XDQWLGDGH GH GHQWHV<br />

Poucos dentes faltan<strong>do</strong> 19 23,8<br />

Maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes faltan<strong>do</strong> 61 76,2<br />

'HQWH SRVWLoR GHQWDGXUD HWF<br />

Sim 48 60,0<br />

Não 31 38,7<br />

Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />

O relato de ocorrência de incontinência urinária foi feito por 21,3% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />

(Gráfico 3).<br />

Sim Não<br />

1<br />

95<br />

%


8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV ± 6HomR ,,, GR %2$6<br />

Faz parte <strong>da</strong> rotina <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> contar com o serviço médico local, onde<br />

82,4% procura o Hospital São Lucas para tratamento de saúde. Em relação ao<br />

serviço o<strong>do</strong>ntológico, a maioria, ou seja, 46,3% não procura atendimento nenhum<br />

alegan<strong>do</strong> a falta <strong>da</strong> maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes e me<strong>do</strong> <strong>do</strong> ‘dentista', no entanto,<br />

40% busca atendimento no serviço dentário local. A insatisfação foi manifesta<strong>da</strong> por<br />

2,5% <strong>do</strong>s usuários i<strong>do</strong>sos e a grande maioria (86,2%) se revela satisfeita com os<br />

serviços presta<strong>do</strong>s no Hospital de maneira geral. (Tabela 16).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j 8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV 1<br />

6HUYLoR PpGLFR SURFXUDGR<br />

Nenhum 7 8,8<br />

Hospital São Lucas 66 82,4<br />

Serviço Credencia<strong>do</strong>/ Continente 7 8,8<br />

6HUYLoR RGRQWROyJLFR SURFXUDGR<br />

Nenhum 37 46,2<br />

Hospital São Lucas 32 40,0<br />

Serviço Credencia<strong>do</strong>/ Continente 7 8,8<br />

Serviço Particular 4 5,0<br />

6DWLVIDomR FRP RV VHUYLoRV<br />

Satisfeito 69 86,2<br />

Não satisfeito(a) 2 2,5<br />

Não utiliza 7 8,8<br />

Não Sabe/ Não Responde 2 2,5<br />

96<br />

%


Consideran<strong>do</strong> o número de respostas, percebe-se que a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (51)<br />

foi consulta<strong>da</strong> por profissionais médicos; (43) fizeram exames clínicos; outros (16)<br />

foram ao hospital local para receber medicação; um número considerável (12)<br />

foram socorri<strong>do</strong>s na emergência; alguns (8) estiveram interna<strong>do</strong>s em hospital ou<br />

clínica; um grupo (11) foi ao dentista e poucos (2) fizeram tratamento fisioterápico,<br />

pelo menos uma vez nos três meses que antecederam o momento <strong>da</strong> pesquisa de<br />

campo. Consideran<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 17, é possível verificar que tais<br />

deman<strong>da</strong>s, na maioria <strong>do</strong>s casos, ocorreram mais de uma vez durante o perío<strong>do</strong><br />

delimita<strong>do</strong>.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 SRU )UHT rQFLD GH 8VR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV QRV ~OWLPRV<br />

7UrV 0HVHV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

Consultou o médico<br />

1RV ~WOLPRV PHVHV<br />

Fez exames clínicos<br />

Fez tratamento fisioterápico<br />

Foi socorri<strong>do</strong> na emergência<br />

Foi ao hospital para receber medicação<br />

Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica<br />

Foi ao dentista<br />

8PD YH] 0DV GH XPD YH]<br />

1 % 1 %<br />

¥¨ §© ¦© ©¨ ¨§¥¨¨¨¥§¥£¨¥¥¦¨© ¨<br />

¢¡¤£¦¥¨§©¥¨¨¨£§<br />

¦¥§¥£¦¥¦¥¨©¦ ¦£§ ¥ §© ¦<br />

¥¨§¥<br />

51<br />

43<br />

2<br />

12<br />

16<br />

8<br />

11<br />

35,7<br />

30,1<br />

1,3<br />

8,4<br />

11,2<br />

5,6<br />

7,7<br />

31<br />

27<br />

2<br />

5<br />

11<br />

5<br />

5<br />

60,8<br />

62,8<br />

100<br />

41,7<br />

68,8<br />

62,5<br />

45,5<br />

97


Com base nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 18, entre os entrevista<strong>do</strong>s, 71,3% faz uso de<br />

óculos ou lentes de contato; 60% possui dentes postiços, dentadura ou ponte<br />

e apenas 2,5% usa bengala. A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (63,8%) faz uso de pelo<br />

menos um medicamento; 28,2% de um a <strong>do</strong>is e 11,8% até três<br />

medicamentos. Apenas um indivíduo referiu auto-medicação.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 8WLOL]DomR GH $MXGDV $SRLRV H<br />

0HGLFDPHQWRV H UHODWR GH $XWR PHGLFDomR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$MXGDV $SRLRV 0HGLFDPHQWRV 1<br />

8VR GH $MXGDV $SRLRV<br />

Dentes postiços, dentadura, ponte 48 60,0<br />

Óculos ou lentes de contato 57 71,3<br />

Bengala 2 2,5<br />

8VR GH PHGLFDPHQWRV<br />

Sim 51 63,8<br />

Não 29 36,2<br />

4XDQWLGDGH GH PHGLFDPHQWRV<br />

1 (um) 51 60,0<br />

2 (<strong>do</strong>is) 24 28,2<br />

3 (três) 10 11,8<br />

$XWR PHGLFDomR<br />

Sim 1 2,0<br />

Não 50 98,0<br />

Ao informar o possível cui<strong>da</strong><strong>do</strong>r, em caso de necessi<strong>da</strong>de, 42,4% aponta a filha<br />

mulher como a pessoa mais indica<strong>da</strong>, 40,0% recorreria ao(à)<br />

esposo(a)/companheiro(a), 10% conta com o filho, 5% com outro familiar e um<br />

indivíduo não identifica possível cui<strong>da</strong><strong>do</strong>r. (Tabela 19).<br />

98<br />

%


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU ,GHQWLILFDomR GH 3HVVRDV TXH SRGHULDP<br />

FXLGi ORV HP FDVR GH 'RHQoD H RX ,QFDSDFLGDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

3RVVtYHO &XLGDGRU 1<br />

4XHP SRGHULD DMXGDU"<br />

Ninguém 1 1,3<br />

Esposo(a)/ Companheiro(a) 32 40,0<br />

Filho 8 10,0<br />

Filha 34 42,4<br />

Outro familiar 4 5,0<br />

Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />

$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD $9'V ± 6HomR ,9 GR %2$6<br />

Do universo estu<strong>da</strong><strong>do</strong>, 83,8% recebe algum tipo de aju<strong>da</strong> de outra pessoa e 16,2%<br />

não (p = 0,000...). Ao indicar a pessoa que mais aju<strong>da</strong>, 37,3% informa ser o cônjuge<br />

e 28,4% a filha. (Tabela 20).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j $MXGD 5HFHELGD SRU 2XWUD 3HVVRD )HUQDQGR<br />

GH 1RURQKD<br />

$MXGD GH 2XWUD 3HVVRD<br />

5HFHEH DMXGD<br />

Sim 67 83,8<br />

Não 13 16,2<br />

( χ =36,45 p = 0,0000)<br />

2<br />

1<br />

3HVVRD TXH PDLV DMXGD<br />

Esposo(a)/ Companheiro(a) 25 37,3<br />

Filho 1 1,5<br />

Filha 19 28,4<br />

Outro familiar 8 11,9<br />

Emprega<strong>do</strong>(a) 8 11,9<br />

Outros 3 4,5<br />

Não Sabe/Não Responde 3 4,5<br />

1<br />

%<br />

99<br />

%


Em geral, a Tabela 21 demonstra que o grau de habili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

para desenvolver as AVDs, indica níveis satisfatórios de autonomia e independência,<br />

valen<strong>do</strong> salientar que, entre os entrevista<strong>do</strong>s, 75% refere não sair de casa dirigin<strong>do</strong><br />

o próprio carro. A esta situação não se aplica o argumento <strong>da</strong> falta <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de, ou<br />

seja, tal informação está relaciona<strong>da</strong> a uma peculiari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha, onde o número de<br />

automóveis é bastante reduzi<strong>do</strong>.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU *UDX GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGrQFLD QR<br />

'HVHPSHQKR GDV $WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD 1<br />

Sair de casa utilizan<strong>do</strong> transporte 72 90,0<br />

Sair dirigin<strong>do</strong> próprio carro 20 25,0<br />

Sair de casa p/ curtas distâncias 75 93,8<br />

Preparar a própria refeição 62 77,5<br />

Comer a refeição 78 97,5<br />

Arrumar casa, cama, etc. 63 78,8<br />

Tomar os remédios 69 86,3<br />

Vestir-se 79 98,8<br />

Pentear os cabelos 78 97,5<br />

Caminhar em superfície plana 78 97,5<br />

Subir/ descer esca<strong>da</strong>s 74 92,5<br />

Deitar e levantar <strong>da</strong> cama 79 98,8<br />

Tomar banho 78 97,5<br />

Cortar as unhas <strong>do</strong>s pés 61 76,3<br />

Ir ao banheiro em tempo 78 97,5<br />

A análise <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res de satisfação com as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s durante o<br />

tempo livre, demonstra estatisticamente existir diferença significativa na distribuição,<br />

pois, 96,3% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos estão satisfeitos. Como pode ser observa<strong>do</strong>: 91,3% assiste<br />

TV; 90% an<strong>da</strong> pela Vila; 86,3% costuma visitar amigos e parentes; 85% recebe<br />

visitas de amigos; 84% recebe visitas de parentes; 77,5% faz compras; 71,2% ouve<br />

rádio e 70% vai à Igreja. A leitura é um hábito pratica<strong>do</strong> apenas por 42,5% <strong>do</strong>s<br />

100


i<strong>do</strong>sos; somente 44% faz alguma ativi<strong>da</strong>de de lazer e sai para encontros sociais;<br />

apenas 31,5% pratica esportes, etc. (Tabela 22).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU QDWXUH]D GDV $WLYLGDGHV 5HDOL]DGDV QR<br />

7HPSR /LYUH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$WLYLGDGHV QR 7HPSR /LYUH<br />

Ouve rádio 57 71,2<br />

Assiste TV 73 91,3<br />

Lê revistas, livros e jornais 34 42,5<br />

Recebe visitas de parentes 67 84,0<br />

Recebe visitas de amigos 68 85,0<br />

An<strong>da</strong> pela sua Vila 72 90,0<br />

Vai à igreja 56 70,0<br />

Vai a jogos 16 20,0<br />

Pratica esporte 25 31,5<br />

Faz compras 62 77,5<br />

Visita amigos 69 86,3<br />

Visita parentes 69 86,3<br />

Sai para passeios longos 18 22,5<br />

Sai para encontros sociais 35 44,0<br />

Costura, bor<strong>da</strong>, tricota 25 31,3<br />

Faz alguma ativi<strong>da</strong>de de lazer 35 44,0<br />

Outros 21 26,3<br />

6DWLVIDomR FRP DV DWLYLGDGHV<br />

Sim 77 96,3<br />

Não 2 2,5<br />

Não Sabe/Não Responde<br />

2<br />

( χ 1 =71,2 p = 0,0000)<br />

1 1,2<br />

5HFXUVRV 6RFLDLV ± 6HomR 9 GR %2$6<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 23 demonstram que a maior parte, ou seja, 92,4% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s estão satisfeitos com as pessoas que residem na mesma casa. Além<br />

de dividir o espaço <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, os i<strong>do</strong>sos recebem aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> família: <strong>do</strong> total de<br />

respostas, 51,6% conta com a companhia <strong>do</strong>s parentes; 26,3% com aju<strong>da</strong> financeira<br />

e 11,6% moradia. Do total de respostas, a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos presta aju<strong>da</strong> à família:<br />

1<br />

101<br />

%


27,5% de ordem financeira e companhia; 25% de moradia; e 17,2% cui<strong>da</strong> de<br />

crianças (netos).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR )DPLOLDU )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

6LWXDomR )DPLOLDU<br />

6DWLVIDomR FRP DV SHVVRDV GH FDVD<br />

Mora só 1 1,3<br />

Satisfeito(a) 74 92,4<br />

Insatisfeito(a) 5 6,3<br />

5HFHEH DMXGD GD IDPtOLD<br />

Financeira 25 26,3<br />

Moradia 11 11,6<br />

Companhia 49 51,6<br />

Outro tipo 10 10,5<br />

3UHVWD DMXGD j IDPtOLD<br />

Financeira 56 27,5<br />

Moradia 51 25,0<br />

Companhia 56 27,5<br />

Cui<strong>da</strong> de crianças 35 17,2<br />

Outro tipo 6 2,8<br />

5HFXUVRV (FRQ{PLFRV ± 6HomR 9, GR %2$6<br />

A maior parte, ou seja, 18,8% desenvolveu ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>mésticas; 8,8% se dedicou<br />

à agropecuária e serviços gerais; 7,5% à carreira militar; 6,3% às áreas de pesca e<br />

construção, entre outras. (Tabela 24).<br />

1<br />

102<br />

%


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV SRU ÈUHD GH 2FXSDomR 3URILVVLRQDO GXUDQWH D PDLRU<br />

SDUWH GD YLGD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

ÈUHD GH RFXSDomR 1<br />

Do lar 15 18,8<br />

Agropecuária 7 8,8<br />

Pesca 5 6,3<br />

Encana<strong>do</strong>r 2 2,4<br />

Comércio 3 3,8<br />

Medicina 1 1,3<br />

Cozinha 4 5,0<br />

Serviços Gerais 7 8,8<br />

Militar 6 7,5<br />

Motorista 4 5,0<br />

Construção 5 6,3<br />

Educação 2 2,4<br />

Corte e Costura 2 2,4<br />

Mecânica de Autos 2 2,4<br />

Outras 15 18,8<br />

O Gráfico 4 demonstra que 66,3% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos continuam desempenhan<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong>des<br />

produtivas remunera<strong>da</strong>s.<br />

2<br />

( χ 1 =10,05 p = 0,0015)<br />

Sim Não Não sabe / não responde<br />

103


De acor<strong>do</strong> com a Tabela 25, <strong>do</strong> total de respostas, 39,7% desenvolve ativi<strong>da</strong>de<br />

produtiva remunera<strong>da</strong>; 35,1% tira o sustento <strong>da</strong> aposenta<strong>do</strong>ria e 17,6% <strong>da</strong> pensão<br />

ou aju<strong>da</strong> <strong>do</strong> cônjuge.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j )RQWH GH RQGH WLUD R 6XVWHQWR<br />

SDUD 6REUHYLYrQFLD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

)RQWH GH 6XVWHQWR SDUD 6REUHYLYrQFLD 1<br />

Do trabalho 52 39,7<br />

Da aposenta<strong>do</strong>ria 46 35,1<br />

Da pensão/ aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a) esposo(a)/ companheiro(a) 23 17,6<br />

Da aju<strong>da</strong> de parentes ou amigos 6 4,6<br />

De aluguéis, investimentos, etc. 1 0,7<br />

Outras fontes 3 2,3<br />

A Tabela 26 demonstra a participação econômica ativa <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, porém, apesar de<br />

36,2% possuir ren<strong>da</strong> mensal superior a 05 S.M., a maioria, ou seja, 51,3% possui<br />

ren<strong>da</strong> de até 05 S.M. Devi<strong>do</strong> ao fato, principalmente, de ser algum familiar que se<br />

encarrega de receber o dinheiro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, 12,5% não sabe informar o valor <strong>da</strong><br />

própria ren<strong>da</strong>.<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 5HQGD 3UySULD 0HQVDO )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

5HQGD GR ,GRVR 6 0 1<br />

< 1 1 1,3<br />

1 |-- 2 13 16,3<br />

2 |-- 3 11 13,7<br />

3 |-- 4 9 11,2<br />

4 |-- 5 7 8,8<br />

5 |-- 6 10 12,5<br />

6 |-- 8 8 10,0<br />

8 e + 11 13,7<br />

Não Sabe/ Não Responde 10 12,5<br />

104


A tabela 30 demonstra que 30% <strong>do</strong> grupo entrevista<strong>do</strong> não soube informar o valor<br />

<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar; para 27,5% o valor é de até 05 S.M; enquanto para 42,5% a ren<strong>da</strong><br />

familiar é superior aos 05 S.M. (Tabela 27).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 5HQGD )DPLOLDU 0HQVDO )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

5HQGD )DPLOLDU 6 0 1<br />

< 1 1 1,2<br />

1 |-- 2 9 11,3<br />

2 |-- 3 5 6,3<br />

3 |-- 4 5 6,3<br />

4 |-- 5 2 2,4<br />

5 |-- 6 7 8,8<br />

6 |-- 8 11 13,7<br />

8 e + 16 20,0<br />

Não Sabe/ Não Responde 24 30,0<br />

Em Noronha, to<strong>do</strong>s têm acesso ao serviço de energia elétrica nos <strong>do</strong>micílios; 98,8%<br />

possui água encana<strong>da</strong>, geladeira/congela<strong>do</strong>r, rádio e televisão; 87,5% conta com<br />

sistema de esgotos e telefone e 35% tem automóvel em casa. Equipamentos e<br />

recursos tecnológicos como vídeo-cassete, DVD e computa<strong>do</strong>r ain<strong>da</strong> não fazem<br />

parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. (Tabela 28).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR DR $FHVVR D DOJXQV 6HUYLoRV H (TXLSDPHQWRV<br />

QR 'RPLFtOLR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

6HUYLoRV (TXLSDPHQWRV 1<br />

Água encana<strong>da</strong> 79 98,75<br />

Eletrici<strong>da</strong>de 80 100<br />

Sistema de esgoto 70 87,5<br />

Geladeira/ Congela<strong>do</strong>r 79 98,75<br />

Rádio 79 98,75<br />

Televisão 79 98,75<br />

Vídeo-cassete 23 28,75<br />

DVD 3 3,75<br />

Computa<strong>do</strong>r 9 11,25<br />

Telefone 70 87,5<br />

Automóvel 28 35<br />

105


Ao avaliar a situação econômica (atual) compara<strong>da</strong> à época <strong>do</strong>s 50 anos de i<strong>da</strong>de,<br />

apenas 16,3% <strong>do</strong> grupo entrevista<strong>do</strong> refere ter piora<strong>do</strong>. Com o advento <strong>do</strong> turismo<br />

na última déca<strong>da</strong>, houve um incremento na ren<strong>da</strong> (p = 0,0016). Sen<strong>do</strong> assim, 48,7%<br />

informa que a situação econômica melhorou. Para 31,3% o rendimento mensal dá e<br />

sobra; em 38,7% <strong>do</strong>s relatos tal rendimento é suficiente e não sobra na<strong>da</strong>;e para<br />

27,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, o rendimento mensal não é suficiente para cobrir as despesas<br />

mensais. (Tabela 29).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $YDOLDomR GD 6LWXDomR (FRQ{PLFD<br />

DWXDO FRPSDUDGD j eSRFD GRV DQRV GH ,GDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

$YDOLDomR 6LWXDomR (FRQ{PLFD<br />

(P UHODomR j pSRFD GRV DQRV<br />

Melhor 39 48,7<br />

A mesma 27 33,7<br />

Pior 13 16,3<br />

Não Sabe/ Não Responde 1 1,3<br />

( χ =12,86 p = 0,0016)<br />

2<br />

2<br />

5HQGLPHQWR<br />

Dá e sobra 25 31,3<br />

Dá na conta certa 31 38,7<br />

Sempre falta um pouco 20 25,0<br />

Sempre falta muito 2 2,5<br />

Não Sabe/ Não Responde<br />

2<br />

( χ 3 =24,05 p = 0,0000)<br />

2 2,5<br />

Ao observar as condições de moradia <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, no momento em que as<br />

entrevistas aconteciam nos seus <strong>do</strong>micílios, para o entrevista<strong>do</strong>r, na maioria <strong>do</strong>s<br />

casos, ou seja, 51,3% a condição <strong>da</strong> residência foi avalia<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong> boa,<br />

porém, um percentual considerável de 27,4% vive em condições de moradia ruim ou<br />

péssima. (Tabela 30).<br />

1<br />

106


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j DYDOLDomR GD &RQGLomR GD 5HVLGrQFLD IHLWD<br />

SHOD (QWUHYLVWDGRUD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

&RQGLomR GD 5HVLGrQFLD 1<br />

Ótima 17 21,3<br />

Boa 41 51,3<br />

Ruim 20 25<br />

Péssima 2 2,4<br />

6D~GH 0HQWDO ± 6HomR 9,, GR %2$6<br />

Ao responder às nove questões <strong>da</strong> escala <strong>da</strong> SCO, cujo ponto de corte a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

corresponde a 1/3 de erros, percebe-se que, entre os homens, 11,8%, e entre a<br />

mulheres, 18,4%, apresentam deficiência cognitiva, embora a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

indique não haver diferença estatisticamente significativa entre os “escores”<br />

masculino e feminino (p = 0,3335). (Tabela 31).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV LGRVRV GR '()1 SRU IUHT rQFLD GR tQGLFH GD HVFDOD GH 6&2 )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD<br />

Masculino Feminino<br />

Escore<br />

N % N %<br />

0 21 51,2 14 35,9<br />

1 9 22,0 11 28,2<br />

2 5 12,2 5 12,8<br />

3 2 4,9 - -<br />

4 1 2,4 5 12,8<br />

5 - - 2 5,1<br />

6 2 4,9 1 2,6<br />

7 - - - -<br />

8 1 2,4 1 2,6<br />

107


Apesar <strong>do</strong> isolamento geográfico, mas, por estar inseri<strong>do</strong> no contexto familiar, a<br />

maioria, 65%, não refere sentimento de solidão e 35%, refere o sentimento de<br />

solidão. 37,5% informa ter se senti<strong>do</strong> preocupa<strong>do</strong> por algum motivo durante o mês<br />

que antecedeu a entrevista. (Tabela 32).<br />

7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR DRV 6HQWLPHQWRV GH 6ROLGmR H 3UHRFXSDomR<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

6HQWLPHQWR GH 6ROLGmR H 3UHRFXSDomR<br />

6HQWLX VH VROLWiULR QR ~OWLPR PrV<br />

Sim 28 35,0<br />

Não 52 65,0<br />

&RP TXH IUHT rQFLD VH VHQWLX VROLWiULR<br />

Sempre 9 32,1<br />

Algumas vezes 17 60,8<br />

Não Sabe/ Não Responde 2 7,1<br />

(VWHYH SUHRFXSDGR QR ~OWLPR PrV<br />

Sim 30 37,5<br />

Não 46 57,5<br />

Não Sabe/ Não Responde 4 5,0<br />

Ao responder à questão sobre dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir, <strong>do</strong> total de 79 indivíduos,<br />

23% referiram insônia e 77% não sentiam nenhuma dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir.<br />

1<br />

108


Sim Não<br />

O Gráfico 6 demonstra que 83,7% refere estar se alimenta<strong>do</strong> bem e 16% tem<br />

senti<strong>do</strong> dificul<strong>da</strong>de para se alimentar.<br />

Sim Não<br />

109


Entre os entrevista<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> total de 78 indivíduos, 37,5% referiram que, com o passar<br />

<strong>do</strong> tempo, estão fican<strong>do</strong> mais ler<strong>do</strong>s(as).<br />

Sim Não<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s no Gráfico 8 reforçam a questão <strong>da</strong> autonomia entre a população<br />

estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, ao demonstrar que 90% sai de casa quan<strong>do</strong> se faz necessário, embora<br />

10% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos refiram não sair.<br />

Sim Não<br />

110


A vontade de chorar foi referi<strong>da</strong> por 36,2% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Fato interessante foi o relato,<br />

sobre a vontade de chorar durante a entrevista, devi<strong>do</strong> à oportuni<strong>da</strong>de de falar sobre<br />

a história de vi<strong>da</strong>. Outros i<strong>do</strong>sos disseram que choram quan<strong>do</strong> assistem TV e vêem<br />

as cenas de violência urbana. (Gráfico 9).<br />

Sim Não<br />

Praticamente, a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>da</strong> Ilha é especial, no senti<strong>do</strong> de manter um esta<strong>do</strong><br />

de alegria e satisfação com a vi<strong>da</strong>, em geral. Para 75% as expectativas para o futuro<br />

são positivas; 17,5% não menciona expectativa, mas, também não refere afirmação<br />

negativa e 7,5% descreve o futuro negativamente. 95,5% <strong>do</strong> grupo afirma estar feliz,<br />

2,5% não está feliz e 2,5 não sabe ou não responde. (Tabela 33).<br />

111


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j ([SHFWDWLYD HP UHODomR DR )XWXUR H (VWDGR<br />

(PRFLRQDO 5HIHULGR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

([SHFWDWLYDV )XWXUDV (VWDGR (PRFLRQDO 1<br />

([SHFWDWLYD SDUD R IXWXUR<br />

Menciona e pensa no futuro 60 75,0<br />

Não menciona e não refere afirmação negativa 14 17,5<br />

Futuro descrito negativamente 6 7,5<br />

6HQWH VH IHOL] DWXDOPHQWH<br />

Sim 76 95,0<br />

Não 2 2,5<br />

Não sabe/ Não responde 2 2,5<br />

%2$6<br />

1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV TXH $IHWDP R (QWUHYLVWDGR ± 6HomR 9,,, GR<br />

Na Tabela 34 verificamos que, para 25,8% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s a maior carência é a<br />

econômica; para 18,2% é de moradia; 15,2% transporte e 12,1% lazer. A maioria<br />

<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, 57,4%, não relata problema importante no dia-a-dia; 13,7% se preocupa<br />

com os filhos e netos e 5% refere problemas de ordem econômica.<br />

112<br />

%


7DEHOD<br />

'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR jV 3ULQFLSDLV &DUrQFLDV H 3UREOHPDV PDLV<br />

,PSRUWDQWHV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />

1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV 1<br />

3ULQFLSDLV FDUrQFLDV<br />

Econômica 17 25,8<br />

Moradia 12 18,2<br />

Transporte 10 15,2<br />

Lazer 8 12,1<br />

Segurança 0 0,0<br />

Saúde 4 6,0<br />

Alimentação 1 1,5<br />

Companhia/ Contato pessoal 14 21,2<br />

3UREOHPD PDLV LPSRUWDQWH GR GLD D GLD<br />

Não relata problemas 46 57,4<br />

Econô<strong>mico</strong> 4 5,0<br />

Saúde 1 1,3<br />

Me<strong>do</strong> <strong>da</strong> violência 0 0,0<br />

Moradia 3 3,8<br />

Transporte 1 1,3<br />

Conflitos familiares 2 2,5<br />

Isolamento/ solidão 3 3,8<br />

Preocupação com filhos/ netos 11 13,7<br />

Outros 9 11,2<br />

113


',6&866­2<br />

Historicamente, ao longo <strong>do</strong>s seus cinco séculos, desde e após a ocupação<br />

portuguesa, o Brasil, além <strong>da</strong> tão propaga<strong>da</strong> dimensão continental, compreenden<strong>do</strong><br />

uma extensa área geográfica e territorial, com suas imensas riquezas naturais, se<br />

caracteriza também por sua diversi<strong>da</strong>de étnica e cultural, por grandes diferenças<br />

inter-regionais e acentua<strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais, determina<strong>da</strong>s por um processo<br />

contínuo de concentração de riqueza e ren<strong>da</strong>. Este processo histórico, de exclusão<br />

social, ain<strong>da</strong> em curso, traz no seu bojo inúmeras contradições políticas,<br />

<strong>socioecon</strong>ômicas e ideológicas entre as classes sociais e as várias frações dessas<br />

classes, impedin<strong>do</strong> um desenvolvimento equânime <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira. Nesta<br />

compreensão, é verifica<strong>do</strong> no complexo e heterogêneo perfil epidemiológico <strong>do</strong> País,<br />

que este processo historicamente configura<strong>do</strong>, demarca o cotidiano e a quali<strong>da</strong>de de<br />

vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s diferentes comuni<strong>da</strong>des/populações que conformam a atual socie<strong>da</strong>de<br />

brasileira (CARVALHO, 1991 e 2003).<br />

Portanto, conhecer o Brasil, significa viajar na história, pisar no chão de ca<strong>da</strong> lugar<br />

onde exista uma determina<strong>da</strong> população, encontrar as pessoas e ouvir o que elas<br />

têm para contar, principalmente, quan<strong>do</strong> quem fala é alguém que já viveu muitos<br />

anos. Embora nas últimas déca<strong>da</strong>s o processo acelera<strong>do</strong> de envelhecimento tenha<br />

si<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong> na pauta <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> acadêmica e <strong>da</strong>s Políticas Públicas, ain<strong>da</strong> são<br />

escassos os estu<strong>do</strong>s sobre as condições de vi<strong>da</strong> e de saúde <strong>da</strong>s populações<br />

minoritárias, viven<strong>do</strong> em situação especial, como é o caso <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus,<br />

indígenas e quilombolas, por exemplo, no esta<strong>do</strong> de Pernambuco. Sem levar em<br />

consideração as deman<strong>da</strong>s sociais específicas de uma determina<strong>da</strong> população, o<br />

114


conteú<strong>do</strong> dessas Políticas Públicas carece de legitimi<strong>da</strong>de, não servin<strong>do</strong> à proposta<br />

de enfrentamento nem causan<strong>do</strong> impactos ver<strong>da</strong>deiramente positivos na reali<strong>da</strong>de<br />

onde se pretende intervir.<br />

Neste momento, é preciso estabelecer um ponto de vista mais amplia<strong>do</strong> sobre<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha. De fato, o caminho azul que conduz à Ilha, o Oceano<br />

Atlântico, é bonito! O tempo e a distância que separam o Continente <strong>do</strong> Arquipélago<br />

parecem mediatiza<strong>do</strong>s por uma peleja entre o real e o sonho. Após o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

travessia, <strong>do</strong> caminho de céu e mar, o Arquipélago surge como por encanto! À<br />

primeira vista, parece desabita<strong>do</strong> por seres humanos. A paisagem é fascinante!<br />

Noronha é um paraíso! Sem discor<strong>da</strong>r totalmente desta exclamação, é necessário<br />

acrescentar, à visão de Paraíso, a noção de um espaço geográfico, um <strong>da</strong><strong>do</strong> social,<br />

ou seja, citan<strong>do</strong> Milton Santos (1997), significa dizer: Fernan<strong>do</strong> de Noronha é muito<br />

mais <strong>do</strong> que simples oferta de praias e trilhas, ain<strong>da</strong> que também seja isso.<br />

115<br />

No entanto, SDLVDJHP e HVSDoR não são sinônimos. A paisagem é o<br />

conjunto de formas que, num <strong>da</strong><strong>do</strong> momento, exprimem as heranças que<br />

representam as sucessíveis relações localiza<strong>da</strong>s entre homem e natureza.<br />

O espaço, portanto, são essas formas mais a vi<strong>da</strong> que as anima. [...] A rigor,<br />

a paisagem é apenas a porção <strong>da</strong> configuração territorial que é possível<br />

abarcar com a visão. [...] Paisagem e socie<strong>da</strong>de são variáveis<br />

complementares cuja síntese, sempre por refazer, é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo espaço<br />

humano. [...] E o espaço humano é a síntese, sempre provisória e renova<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s contradições e <strong>da</strong> dialética social.<br />

In<strong>do</strong> além <strong>do</strong> que a visão permite, para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e<br />

epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, foi aberto um canal para o diálogo, no<br />

senti<strong>do</strong> de viabilizar contato com a dimensão subjetiva <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de<br />

local. E, aos poucos, a partir <strong>do</strong>s relatos, muitas vezes, inespera<strong>do</strong>s, uma reali<strong>da</strong>de


passou a ser desvela<strong>da</strong>... Recorren<strong>do</strong> às palavras <strong>da</strong> antropóloga Janirza Lima<br />

(2003), convém alertar:<br />

6REUH R 3HUILO 6RFLRHFRQ{PLFR<br />

116<br />

Noronha foi - e ain<strong>da</strong> é - um espaço mapea<strong>do</strong> pelo processo sutil de<br />

segregação e seu traça<strong>do</strong> apenas é conheci<strong>do</strong> por quem se coloca como<br />

parte <strong>do</strong> espaço insular. Através <strong>da</strong> observação paciente, no convívio<br />

prolonga<strong>do</strong> na Ilha, pelas conversas informais, percorren<strong>do</strong> as cenas,<br />

descobrin<strong>do</strong> os atores que desempenham papéis diversos na vi<strong>da</strong> cotidiana,<br />

ontem e hoje em Noronha pude vislumbrar esse traça<strong>do</strong>. A meu ver, a<br />

própria história <strong>da</strong> ocupação humana no Arquipélago influiu diretamente<br />

nesse processo.<br />

A Ilha apresenta algumas peculiari<strong>da</strong>des, compara<strong>da</strong>s ao que foi estabeleci<strong>do</strong> como<br />

reali<strong>da</strong>de geral <strong>do</strong> perfil <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> País. No DEFN a taxa de 4,3% indica<br />

não ocorrer o processo de envelhecimento populacional verifica<strong>do</strong> no Brasil (8,6%),<br />

em Pernambuco (8,9%) e no Recife (9,4%). A feminização <strong>da</strong> velhice, significan<strong>do</strong><br />

uma maior presença relativa de mulheres na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, não é observa<strong>da</strong> na<br />

Ilha, onde não há diferença estatisticamente significativa, conforme observa<strong>do</strong> no<br />

capítulo de resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong>. Dessa forma, na distribuição entre homens e<br />

mulheres, ao contrário <strong>do</strong> que ocorre continente brasileiro, a proporção de i<strong>do</strong>sos na<br />

população masculina corresponde a 7,8% e na feminina atinge o limite <strong>do</strong>s 9,3%. No<br />

Recife, por exemplo, o processo de feminização é bem acentua<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> i<strong>do</strong>sos,<br />

7,5% <strong>do</strong>s homens e 11% <strong>da</strong>s mulheres (IBGE, 2000).<br />

A população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, com maior concentração no intervalo <strong>do</strong>s 60 aos 69<br />

anos de i<strong>da</strong>de (58,8%), pode ser considera<strong>da</strong>, segun<strong>do</strong> os critérios de Hazzard<br />

(1990), como constituí<strong>da</strong> majoritariamente por i<strong>do</strong>sos ain<strong>da</strong> jovens, embora seja


expressiva a quanti<strong>da</strong>de de i<strong>do</strong>sos velhos (22,5%) acima <strong>do</strong>s 70 anos. Para se ter<br />

uma idéia, segun<strong>do</strong> Sayeg (1997), no Brasil, as pessoas que ultrapassaram os 80<br />

anos de i<strong>da</strong>de, ou seja, i<strong>do</strong>sos em i<strong>da</strong>de muito avança<strong>da</strong>, os quais trazem em sua<br />

grande maioria, limitações provenientes de DCNT, representam um contingente<br />

superior a 1 milhão e 200 mil pessoas, sen<strong>do</strong> a faixa que mais cresce na população.<br />

Em relação à escolari<strong>da</strong>de, no Brasil, onde mesmo haven<strong>do</strong> um aumento<br />

significativo no indica<strong>do</strong>r de alfabetização na última déca<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> a proporção de<br />

i<strong>do</strong>sos alfabetiza<strong>do</strong>s passou de 55,8% (1991) para 64,8% (2000), o contingente de<br />

i<strong>do</strong>sos analfabetos é expressivo, representan<strong>do</strong> cerca de 5,1 milhões de pessoas.<br />

Ao considerar os níveis de alfabetização segun<strong>do</strong> sexo, em geral, os homens<br />

continuam sen<strong>do</strong> mais alfabetiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as mulheres com 67,7% contra 62,6%,<br />

respectivamente. Tal reali<strong>da</strong>de pode ser analisa<strong>da</strong> levan<strong>do</strong>-se em consideração as<br />

características <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e as políticas de educação prevalecentes nas déca<strong>da</strong>s<br />

de 1930 e 1940, quan<strong>do</strong> o acesso à escola era ain<strong>da</strong> muito restrito, principalmente,<br />

para as mulheres (IBGE, 2000).<br />

Diferin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Continente, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha é observa<strong>da</strong> outra peculiari<strong>da</strong>de,<br />

ou seja, não existe diferença estatística significativa nos níveis de alfabetização por<br />

sexo, embora seja baixo o nível de escolari<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus. Alguns<br />

aprenderam a ler e escrever sem freqüentar escola, poucos concluíram os ensinos<br />

médio e fun<strong>da</strong>mental, sen<strong>do</strong> bastante reduzi<strong>do</strong> o número de pessoas com nível<br />

superior. A respeito <strong>do</strong> assunto, seria oportuno deixar registra<strong>da</strong> a fala de <strong>do</strong>is<br />

i<strong>do</strong>sos, em relação a como se sentem diante <strong>da</strong> situação de analfabetismo: “2 PHX<br />

117


VRQKR p DSUHQGHU D OHU H HVFUHYHU” (F. P. S. - 69 anos). “$ ~QLFD FRLVD TXH HX LQYHMR<br />

QHVWH PXQGR p D SHVVRD TXH VDEH OHU H HVFUHYHU” (S. F. O. - 70 anos).<br />

Na Ilha, ocorre diversificação em relação à ocupação profissional <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,<br />

no entanto, acompanhan<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong> grau de escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população, percebe-<br />

se que a profissionalização ocorreu nos níveis menos especializa<strong>do</strong>s <strong>da</strong> divisão<br />

técnica <strong>do</strong> trabalho, de acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s no capítulo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

Quan<strong>do</strong> observa<strong>da</strong> a origem <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus, com exceção de <strong>do</strong>is nativos, a<br />

grande maioria, é natural de esta<strong>do</strong>s nordestinos. São majoritariamente<br />

pernambucanos e potiguares, os quais, ‘chegaram’, via de regra, para trabalhar.<br />

Praticamente essa população específica envelheceu na Ilha, a partir <strong>do</strong> momento em<br />

que mais <strong>da</strong> metade vive em Fernan<strong>do</strong> de Noronha há, pelo menos, mais de quatro<br />

déca<strong>da</strong>s.<br />

Aspecto interessante, é perceber a estabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> relacionamento conjugal <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />

onde, 66,2%, além de estar casa<strong>do</strong> ou moran<strong>do</strong> junto, selou a união há mais de três<br />

déca<strong>da</strong>s. São casais, geralmente de i<strong>do</strong>sos, os quais, praticamente, foram<br />

responsáveis pelo crescimento demográfico em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, onde quase<br />

to<strong>do</strong>s tiveram entre três e mais filhos. Janirza Lima (2003), denomina de ‘Q~FOHR<br />

IXQGDGRU’ as três famílias mais numerosas - Flor, Salviano e Pereira - além de outras<br />

famílias nucleares que se instalaram no Arquipélago na déca<strong>da</strong> de 1940, quan<strong>do</strong> foi<br />

extinto o presídio político e Fernan<strong>do</strong> de Noronha sofreu um esvaziamento<br />

demográfico, por força de um decreto presidencial, provocan<strong>do</strong> a migração de<br />

118


etorno <strong>da</strong> população para o Continente. A autora, na sua importante contribuição,<br />

enfatiza que os atuais i<strong>do</strong>sos foram os primeiros substitutos, como habitantes livres,<br />

<strong>da</strong> população carcerária em Noronha.<br />

Também é alto o percentual de viuvez (22,5%) e, para a infelici<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s mais<br />

velhos, a reali<strong>da</strong>de de uniões estáveis não tem si<strong>do</strong> incorpora<strong>da</strong> no cotidiano <strong>da</strong>s<br />

gerações mais jovens, entre as quais, a influência <strong>do</strong> turismo vem modifican<strong>do</strong> o<br />

comportamento social. A respeito <strong>do</strong> assunto, Silva & Melo (2000) comentam:<br />

119<br />

Essa transformação pode ser observa<strong>da</strong> em suas mais diversas dimensões<br />

como a econômica, na formação de uma classe média nativa, volta<strong>da</strong> para<br />

as ativi<strong>da</strong>des turísticas; a social, no surgimento e consoli<strong>da</strong>ção de novos<br />

comportamentos sociais, especialmente na estrutura familiar <strong>do</strong>s ilhéus,<br />

onde são observa<strong>do</strong>s altos índices de solvência <strong>do</strong>s matrimônios; e a<br />

cultural, na promoção de uma cultura muito mais ‘pasteuriza<strong>da</strong>’ que de base<br />

local, pela facili<strong>da</strong>de de importação (troca) de experiências culturais entre a<br />

população nativa, os turistas e os ‘haoles’ (termo pejorativo, utiliza<strong>do</strong> para<br />

designar os não nativos).<br />

Sabe-se <strong>da</strong> importância <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no âmbito <strong>do</strong>méstico. No Brasil, segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> IBGE (2000), 84,4% ocupam papel de destaque no modelo de organização <strong>da</strong><br />

família, sen<strong>do</strong> responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios. A história, de certa forma, se repete<br />

em Noronha, onde o controle <strong>do</strong> desenvolvimento ambiental limita o número de<br />

construções de casas, além de ser alto o custo de material para construção civil.<br />

Portanto, existe uma tendência no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s gerações mais jovens continuarem<br />

moran<strong>do</strong> na casa <strong>do</strong>s pais e/ou avós. Poucos moram sozinhos ou com apenas uma<br />

pessoa, muitos residem com, no mínimo, cinco pessoas. Apesar <strong>da</strong>s famílias<br />

populosas, a maioria não reclama <strong>da</strong> falta de espaço e privaci<strong>da</strong>de, declaran<strong>do</strong><br />

satisfação com as pessoas de casa. To<strong>da</strong>via, deve ser ressalta<strong>do</strong> o fato de 35% <strong>do</strong>s<br />

i<strong>do</strong>sos, mesmo assim, ter referi<strong>do</strong> sentimento de solidão durante o mês que<br />

antecedeu a pesquisa de campo. Então, o que estará acontecen<strong>do</strong> nas relações<br />

familiares entre os mais jovens e os i<strong>do</strong>sos ?


Para Leonar<strong>do</strong> Boff (2000),<br />

120<br />

O que se opõe ao descui<strong>do</strong> e ao descaso é o cui<strong>da</strong><strong>do</strong>. Cui<strong>da</strong>r é mais que<br />

um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de<br />

atenção, de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação,<br />

preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.<br />

E a título de reflexão, alguns estu<strong>do</strong>s demonstram a inviabili<strong>da</strong>de de pensar o i<strong>do</strong>so<br />

como ser ‘frágil’, destituí<strong>do</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de ‘cui<strong>da</strong>r’, como alguns querem<br />

acreditar. Essa visão aliena<strong>da</strong> precisa ser erradica<strong>da</strong>, no senti<strong>do</strong> de abolir práticas<br />

discriminatórias como a infantilização, segregação e estigmatização que afetam<br />

diretamente a digni<strong>da</strong>de e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. É inconcebível olhar o i<strong>do</strong>so como<br />

foco unilateral <strong>da</strong>s atenções de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, negan<strong>do</strong> a reali<strong>da</strong>de de troca nas relações<br />

familiares e sociais.<br />

Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, por exemplo, 70% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos prestam aju<strong>da</strong> de ordem<br />

financeira à família, enquanto 31,3% recebem o mesmo tipo de aju<strong>da</strong>. Em relação à<br />

moradia, 63,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos acolhem familiares <strong>do</strong>s vários graus de parentesco,<br />

principalmente, filhos(as), noras, genros e netos, enquanto apenas 13,8% recebem a<br />

mesma aju<strong>da</strong>. É importante destacar, 43,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos costumam cui<strong>da</strong>r de<br />

crianças, geralmente, netos e bisnetos, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> suporte aos filhos e respectivos<br />

cônjuges ou companheiros(as) para que possam trabalhar. Não ultrapassan<strong>do</strong> para<br />

limites de exploração, essa experiência intergeracional é necessária e positiva no<br />

cotidiano <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, o qual não pode viver segrega<strong>do</strong> em ‘guetos’ para velhos.<br />

A título de curiosi<strong>da</strong>de, o demógrafo Ronald Lee (apud MARINHO, 2003), nos seus<br />

estu<strong>do</strong>s com mamíferos de várias espécies, destaca a importância <strong>do</strong> contato<br />

intergeracional, enfatizan<strong>do</strong> o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> como a razão evolutiva <strong>da</strong> sobrevivência <strong>do</strong>s


‘velhos e inférteis’. É interessante o questionamento feito à teoria evolutiva clássica,<br />

que associa a razão <strong>da</strong> existência à capaci<strong>da</strong>de reprodutiva, no entanto, frisa o<br />

autor, "o valor reprodutivo <strong>do</strong> indivíduo passa a ser só uma parte <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong><br />

evolução. Os investimentos que esses indivíduos fazem nos mais novos também<br />

são importantes e aju<strong>da</strong>ram essas espécies a sobreviver".<br />

Outra peculiari<strong>da</strong>de, que surgiu com a implementação <strong>do</strong> turismo, foi a alternativa<br />

encontra<strong>da</strong> pelos ilhéus para incrementar a ren<strong>da</strong> familiar, abrin<strong>do</strong> o espaço<br />

<strong>do</strong>miciliar, sem nenhuma infra-estrutura, para receber os turistas, como observam<br />

Silva & Melo (2000),<br />

121<br />

No primeiro momento <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> Turismo, tu<strong>do</strong> foi a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>. O único<br />

hotel – Hotel Esmeral<strong>da</strong> – implantou-se na antiga Base Americana de<br />

Observação de Mísseis Teleguia<strong>do</strong>s, na região <strong>do</strong> Boldró. Para isso,<br />

demoliu-se parte <strong>da</strong>s construções pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s, batiza<strong>da</strong>s como “iglus”<br />

pelos ilhéus, para erguerem-se construções - novos apartamentos - mais<br />

confortáveis, dentro <strong>do</strong>s padrões mínimos exigi<strong>do</strong>s. Também criou-se aí,<br />

pouco depois, o Sistema de Hospe<strong>da</strong>gem Domiciliar, transforman<strong>do</strong> as<br />

residências em local de acolhi<strong>da</strong> de uns poucos hóspedes, de forma<br />

prosaica e nem sempre satisfatória, cujos impactos sociais sobre as famílias<br />

foram quase sempre os mais negativos possíveis, inclusive para a saúde <strong>da</strong><br />

família, que se via transferi<strong>da</strong> para o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> lote, passan<strong>do</strong> a residir em<br />

sub-habitações levanta<strong>da</strong>s com material improvisa<strong>do</strong>.<br />

Atualmente é surpreendente constatar a inserção de, pelo menos, um quarto <strong>da</strong><br />

população de i<strong>do</strong>sos nessa reali<strong>da</strong>de de convívio <strong>do</strong>miciliar com os turistas, a<br />

maioria deles, participan<strong>do</strong> ativamente <strong>da</strong> gerência ou executan<strong>do</strong> tarefas<br />

relaciona<strong>da</strong>s ao cotidiano administrativo <strong>da</strong>s Pousa<strong>da</strong>s. Para alguns, segun<strong>do</strong><br />

relataram, esse contato é positivo, permite a troca inclusive intergeracional, no<br />

entanto, para outros, a necessi<strong>da</strong>de de conviver com turistas de diversos lugares e<br />

culturas diferentes, não tem si<strong>do</strong> uma experiência de to<strong>do</strong> positiva, principalmente,<br />

pela per<strong>da</strong> de privaci<strong>da</strong>de.


Com a implementação <strong>do</strong> turismo, conforme já foi menciona<strong>do</strong>, ‘muita coisa mu<strong>do</strong>u<br />

nas relações <strong>socioecon</strong>ômicas <strong>da</strong> Ilha’ e mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />

(48,7%) refere que a situação econômica melhorou em relação à época em que<br />

tinha 50 anos de i<strong>da</strong>de, no entanto, para 27,5% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, o rendimento<br />

mensal é insuficiente para se manter.<br />

A exemplo de outras socie<strong>da</strong>des, em Noronha a maioria <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> (66,3%)<br />

desenvolve ativi<strong>da</strong>de produtiva remunera<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> oportuno fazer algumas<br />

observações relaciona<strong>da</strong>s à quali<strong>da</strong>de e o custo de vi<strong>da</strong> na Ilha. Considera<strong>da</strong> a<br />

melhor na região Nordeste, com base no cálculo <strong>do</strong> Índice de Desenvolvimento<br />

Humano (IDH), Fernan<strong>do</strong> de Noronha ocupa positivamente o décimo lugar no<br />

ranking <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des brasileiras, acompanhan<strong>do</strong> os níveis <strong>da</strong>s regiões Sul e Sudeste<br />

<strong>do</strong> País, superan<strong>do</strong> ci<strong>da</strong>des como Caxias <strong>do</strong> Sul (RS) e Curitiba (PR), conforme<br />

registra<strong>do</strong> no Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2004). Para efeito de<br />

comparação, no ranking <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros, Pernambuco ocupa o décimo oitavo<br />

lugar em IDH, valen<strong>do</strong> salientar que, até as primeiras cinqüenta ci<strong>da</strong>des<br />

classifica<strong>da</strong>s, não existe nenhuma <strong>da</strong> região nordeste. Entretanto, como Distrito<br />

Estadual de Pernambuco, Noronha ocupa lugar de destaque, quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong><br />

aos diversos municípios nordestinos.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, é importante considerar o alto custo de vi<strong>da</strong> em Fernan<strong>do</strong> de<br />

Noronha, inclusive para os ilhéus que são obriga<strong>do</strong>s a pagar preços eleva<strong>do</strong>s em<br />

relação à média <strong>do</strong> Continente, por produtos essenciais à sobrevivência, tais como:<br />

água potável, gás de cozinha, alimentos, combustível, entre outros, onde os preços<br />

são, no mínimo, o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong>s verifica<strong>do</strong>s em Recife, capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Existe,<br />

122


curiosamente, alusão a uma moe<strong>da</strong> fictícia, de <strong>do</strong>mínio popular na Ilha, ilustran<strong>do</strong><br />

bem a situação, ou seja, ‘um noronha (N$ 1,00) equivale a <strong>do</strong>is reais (R$ 2,00)’.<br />

A exemplo <strong>do</strong> que ocorre no Continente brasileiro, as principais fontes de sustento<br />

<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu são: o trabalho, a aposenta<strong>do</strong>ria e a pensão e/ou aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a)<br />

esposo(a)/companheiro(a). A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (51,3%) possui ren<strong>da</strong> própria no<br />

valor de até cinco salários mínimos, valor superior aos encontra<strong>do</strong>s na população<br />

<strong>i<strong>do</strong>sa</strong> brasileira geral, cuja ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>s 20,2 milhões de aposenta<strong>do</strong>s não chega aos<br />

<strong>do</strong>is salários mínimos, com base nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Previdência Social (apud BERZINS,<br />

2003).<br />

Ao observar os valores <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, percebe-se um incremento, no entanto,<br />

30% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s desconhecem o valor aproxima<strong>do</strong> <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, por não<br />

terem acesso à informação sobre os salários percebi<strong>do</strong>s pelos parentes residentes<br />

no mesmo <strong>do</strong>micílio. Não raras as vezes, ocorre a inserção de membros <strong>da</strong> família<br />

no merca<strong>do</strong> informal, desenvolven<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s às áreas de comércio e<br />

turismo, dificultan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> mais o acesso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so à informação sobre a ren<strong>da</strong><br />

familiar. Com base nas respostas obti<strong>da</strong>s, em alguns casos com muita dificul<strong>da</strong>de, a<br />

maioria <strong>da</strong>s famílias <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (42,4%) possui ren<strong>da</strong> superior a cinco salários<br />

mínimos, mas, é importante destacar, mesmo agregan<strong>do</strong> a participação financeira<br />

<strong>do</strong>s familiares, a ren<strong>da</strong> de uma parcela expressiva de i<strong>do</strong>sos (27,5%), não ultrapassa<br />

o limite <strong>do</strong>s 5 salários mínimos.<br />

Como herança <strong>do</strong> ‘tempo <strong>do</strong>s coronéis’, perío<strong>do</strong> que durou 45 anos (1942-1987),<br />

nos lembra Janirza Lima (2003), quan<strong>do</strong> os gestores <strong>do</strong> Exército, <strong>da</strong> Aeronáutica e<br />

123


<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s (Emfa) coman<strong>da</strong>ram to<strong>do</strong> o processo de<br />

ocupação humana e territorial bem como <strong>da</strong> construção urbana <strong>do</strong> Arquipélago,<br />

gerin<strong>do</strong> igualmente to<strong>do</strong>s os serviços públicos e infra-estruturas, a população insular<br />

tem acesso a serviços como água encana<strong>da</strong> (98,75%); eletrici<strong>da</strong>de (100%); sistema<br />

de esgoto (87,5%), diferente <strong>do</strong>s níveis de acesso de populações residentes no<br />

Continente. Em relação aos equipamentos, os recursos liga<strong>do</strong>s aos meios de<br />

comunicação como TV, rádio e telefone estão ao alcance <strong>da</strong> grande maioria, com<br />

exceção de computa<strong>do</strong>r, DVD e automóvel, os quais são produtos escassos para a<br />

reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha e ain<strong>da</strong> não foram incorpora<strong>do</strong>s à rotina de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.<br />

A respeito <strong>da</strong> estética <strong>do</strong>miciliar no DEFN, Janirza Lima (2003) faz a seguinte<br />

observação: “a arquitetura <strong>da</strong>s habitações resume-se no efeito utili<strong>da</strong>de: local de<br />

recomposição <strong>da</strong>s energias, <strong>da</strong>s forças, lugar para <strong>do</strong>rmir, comer e descansar. Tu<strong>do</strong><br />

que possa quebrar essa normali<strong>da</strong>de é evita<strong>do</strong> e anula<strong>do</strong>”. Tem-se o conhecimento<br />

de que no Arquipélago a fauna e a flora são bem protegi<strong>da</strong>s e preserva<strong>da</strong>s, o<br />

ecossistema é equilibra<strong>do</strong>, existin<strong>do</strong> o empenho de várias instituições, cientistas e<br />

técnicos no senti<strong>do</strong> de preservar o meio. Porém, ao analisar o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />

Políticas de Preservação Ambiental, inclusive <strong>da</strong> Agen<strong>da</strong> 21 <strong>do</strong> DEFN, a impressão<br />

que se tem é a de que o ser humano é uma dimensão secundária nesse processo,<br />

não estan<strong>do</strong> contempla<strong>do</strong> no conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s Políticas, sen<strong>do</strong> apenas<br />

responsabiliza<strong>do</strong> pela preservação <strong>do</strong> ambiente, no qual não está inseri<strong>do</strong><br />

holisticamente. Nesse contexto, não é de se admirar que mais de um quarto <strong>do</strong>s<br />

i<strong>do</strong>sos estejam viven<strong>do</strong> em residências cujas condições de moradia são ruins ou<br />

péssimas, assim observa<strong>da</strong>s e avalia<strong>da</strong>s pelas pesquisa<strong>do</strong>ras de campo deste<br />

estu<strong>do</strong>.<br />

124


Além <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> moradia, foram aponta<strong>da</strong>s outras carências de ordem<br />

<strong>socioecon</strong>ômica, diante <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> custo de vi<strong>da</strong>; contato pessoal/companhia,<br />

diante <strong>do</strong> sentimento de solidão; transporte, diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de locomoção e<br />

<strong>do</strong> número limita<strong>do</strong> de automóveis; e lazer, diante <strong>da</strong> ausência de opções para os<br />

mais velhos.<br />

Sutilmente, pode ser observa<strong>da</strong> outra peculiari<strong>da</strong>de: nenhum, entre os entrevista<strong>do</strong>s,<br />

reclama <strong>da</strong> violência nem <strong>da</strong> falta de segurança. Eis um <strong>da</strong><strong>do</strong> positivo, constante na<br />

fala <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, onde 57,4% não relata problemas importantes no<br />

dia-a-dia, apesar de 37,5% ter indica<strong>do</strong> algum tipo de preocupação, sen<strong>do</strong> mais<br />

destaca<strong>da</strong>s e repeti<strong>da</strong>s as que dizem respeito ao cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com as gerações mais<br />

jovens e conflitos familiares.<br />

Embora poucos i<strong>do</strong>sos tenham referi<strong>do</strong> insatisfação com a vi<strong>da</strong>, tais relatos sempre<br />

estão associa<strong>do</strong>s a problemas envolven<strong>do</strong> seus descendentes, filhos e/ou netos, os<br />

quais, segun<strong>do</strong> os entrevista<strong>do</strong>s, apresentam algum tipo de dependência química,<br />

principalmente por álcool, cujos comportamentos prejudicam o relacionamento<br />

familiar e a saúde <strong>do</strong> próprio i<strong>do</strong>so. É preciso, mais uma vez, deixar registra<strong>da</strong> a<br />

preocupação latente <strong>da</strong>s gerações mais velhas com o futuro <strong>da</strong>s novas gerações em<br />

Noronha. Diante <strong>do</strong>s relatos e depoimentos, a visão de Paraíso dissemina<strong>da</strong> com<br />

muito romantismo através <strong>da</strong> mídia, vai ganhan<strong>do</strong> uma conotação realista no<br />

conjunto <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des brasileiras. Alcoolismo e uso de drogas ilícitas têm si<strong>do</strong><br />

denuncia<strong>do</strong>s constantemente pelos ilhéus como problemas sociais existentes no<br />

DEFN, atingin<strong>do</strong> não só os jovens mas indivíduos de outras faixas etárias, inclusive,<br />

alguns i<strong>do</strong>sos.<br />

125


Na ver<strong>da</strong>de, existe uma tendência, por parte <strong>da</strong> mídia e <strong>do</strong> poder público, em tornar<br />

invisíveis os problemas sociais enfrenta<strong>do</strong>s pela população insular. Problemas estes,<br />

que invadem a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s ilhéus e os lares <strong>da</strong>s famílias, assim como ocorre em to<strong>da</strong>s<br />

as socie<strong>da</strong>des humanas e Fernan<strong>do</strong> de Noronha não é exceção. Consideran<strong>do</strong> o<br />

início <strong>do</strong> processo de envelhecimento ain<strong>da</strong> na fase adulta, será que neste momento<br />

a comuni<strong>da</strong>de de Fernan<strong>do</strong> de Noronha está se preparan<strong>do</strong> para envelhecer<br />

sau<strong>da</strong>velmente? Mesmo nos relatos <strong>da</strong> grande maioria que referiu estar satisfeita<br />

com a vi<strong>da</strong>, a retórica pela preocupação com as gerações mas jovens também é<br />

seguramente uma unanimi<strong>da</strong>de.<br />

Silva & Melo (2000) fizeram algumas observações pertinentes sobre a brusca<br />

mu<strong>da</strong>nça nos regimes de governo em Fernan<strong>do</strong> de Noronha e a conseqüente<br />

abertura para o turismo, sem nenhum planejamento social, ou seja,<br />

126<br />

Se por um la<strong>do</strong>, o turismo trouxe divisas, trouxe também fortes medi<strong>da</strong>s<br />

coercitivas. Se possibilitou a aproximação entre residentes e o mun<strong>do</strong><br />

exterior, também acatou a liberação para tu<strong>do</strong> o que se proibia no tempo de<br />

<strong>do</strong>mínio federal e que agora era aceito e possível. As trocas entre os que<br />

vinham e os que recebiam foram benefician<strong>do</strong> e crian<strong>do</strong> uma classe média<br />

turística com baixa escolari<strong>da</strong>de e nenhuma profissionalização. Um grande<br />

alia<strong>do</strong> foi recebi<strong>do</strong> com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem televisiva, retransmiti<strong>da</strong> via<br />

satélite e produzin<strong>do</strong> programas locais. Fernan<strong>do</strong> de Noronha se<br />

‘globalizou’. O mun<strong>do</strong> lá fora veio de forma rápi<strong>da</strong>, eficiente e, infelizmente,<br />

também destrui<strong>do</strong>ra. Nivelaram-se costumes. Diminuíram diferenças. Novos<br />

padrões sociais foram sen<strong>do</strong> importa<strong>do</strong>s, interferin<strong>do</strong> diretamente no<br />

comportamento <strong>da</strong> população e <strong>da</strong> paisagem, modifican<strong>do</strong> condutas e<br />

procedimentos, para o bem ou para o mal.<br />

6REUH RV ,QGLFDGRUHV GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGrQFLD<br />

Conforme comenta<strong>do</strong> anteriormente, o envelhecimento populacional provoca nas<br />

diferentes socie<strong>da</strong>des uma inquietação, no senti<strong>do</strong> de responder às deman<strong>da</strong>s<br />

sociais emergentes a partir desse fenômeno, ten<strong>do</strong> em vista, ser a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>


a que proporcionalmente consome mais serviços de saúde. Tal retórica é explícita<br />

nos discursos <strong>da</strong>s principais Organizações de Saúde <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, entre as<br />

quais, a própria Organización Mundial de la Salud (2002), defenden<strong>do</strong> a promoção<br />

<strong>do</strong> ‘(QYHOKHFLPHQWR $WLYR’, enquanto processo de otimização <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des de<br />

saúde, participação e seguri<strong>da</strong>de com a finali<strong>da</strong>de de melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>,<br />

à medi<strong>da</strong> que as pessoas envelhecem. [...] Lembran<strong>do</strong> que o envelhecimento ativo<br />

se aplica tanto aos indivíduos quanto aos grupos populacionais. [...] O termo ‘DWLYR’<br />

faz referência a uma participação contínua nas questões sociais, econômicas,<br />

culturais, espirituais e cívicas, não só à capaci<strong>da</strong>de para estar fisicamente ativo ou<br />

participar <strong>da</strong> mão-de-obra.<br />

Partin<strong>do</strong> desta visão mais amplia<strong>da</strong>, com base nos resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong>, os<br />

i<strong>do</strong>sos ilhéus, reforçan<strong>do</strong> o <strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> satisfação com a vi<strong>da</strong>, afirmam possuir ótimo<br />

(15%) e bom (71,2%) esta<strong>do</strong> de saúde, a maioria, manten<strong>do</strong> o mesmo padrão nos<br />

últimos cinco anos, haven<strong>do</strong> inclusive os que indicam melhora. Em comparação com<br />

as outras pessoas <strong>da</strong> mesma faixa etária, novamente a maioria afirma estar em<br />

melhores condições de saúde. No entanto, um grupo merece atenção especial, ou<br />

seja, para 13,8% a autopercepção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de saúde é ruim. Ao comparar com os<br />

últimos cinco anos, para 28,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos a saúde piorou e 10% a considera pior<br />

em relação às pessoas <strong>da</strong> mesma faixa etária.<br />

A satisfação com a vi<strong>da</strong> e a autopercepção positiva <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de saúde são <strong>do</strong>is<br />

indica<strong>do</strong>res subjetivos que refletem a boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />

<strong>do</strong> DEFN, onde 95% também afirma estar feliz, haven<strong>do</strong> quase um consenso em<br />

relação ao privilégio de envelhecer na Ilha, segun<strong>do</strong> ficou registra<strong>do</strong> num <strong>do</strong>s<br />

127


momentos <strong>da</strong> pesquisa de campo: “e PDUDYLOKRVR HQYHOKHFHU HP )HUQDQGR GH<br />

1RURQKD ” (J. B. L. F. – 66 anos). Há também os <strong>do</strong>is que se orgulham de ter nasci<strong>do</strong><br />

em Noronha e não perdem a oportuni<strong>da</strong>de de evidenciar o fato: “(X VRX R QDWLYR<br />

PDLV YHOKR GD ,OKD” (D. A. C. – 71 anos). “(X QDVFL DTXL H VRX D ILOKD PDLV YHOKD<br />

GDTXL” (R. F. M. – 77 anos).<br />

Contrastan<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s positivos de satisfação com a vi<strong>da</strong>, autopercepção <strong>da</strong><br />

saúde e sentimento de felici<strong>da</strong>de, 37,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos afirmaram estar fican<strong>do</strong> mais<br />

ler<strong>do</strong>(a) com o passar <strong>do</strong> tempo e 36,2% sentia vontade de chorar. Eis um desabafo<br />

sofri<strong>do</strong> que reflete o pensamento de um i<strong>do</strong>so a respeito <strong>do</strong> seu processo de<br />

envelhecimento: “$ YHOKLFH p D SLRU GH WRGDV DV GRHQoDV” (S. J. S. – 85 anos).<br />

Outro <strong>da</strong><strong>do</strong> positivo é perceber que a grande maioria (75%) menciona expectativas<br />

(projetos, sonhos) e pensa no futuro, enquanto outros (17,5%), apesar de não<br />

mencionar expectativa, não faz nenhuma afirmação negativa. Somente 7,5%<br />

descreve o futuro negativamente e poucos não estão felizes.<br />

Ao avaliar o esta<strong>do</strong> de saúde <strong>da</strong> visão, para 43,7% a situação oscila entre ruim e<br />

péssima, destes, 45,7% indicam prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional e, como já era<br />

espera<strong>do</strong>, mais <strong>da</strong> metade usa óculos ou lentes de contato. Quanto à audição,<br />

apesar de ser menor a freqüência <strong>da</strong>queles que a consideram ruim (12,5%), não<br />

haven<strong>do</strong> quem a classifique como péssima, a proporção <strong>do</strong>s que referem prejuízo à<br />

capaci<strong>da</strong>de funcional é de 60% <strong>do</strong>s casos.<br />

128


A respeito <strong>do</strong> assunto, a Organización Mundial de la Salud (2002), informa que<br />

atualmente, no mun<strong>do</strong>, há 180 milhões de pessoas com per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de visual,<br />

<strong>da</strong>s quais, 45 milhões são cegos. A maioria deles são i<strong>do</strong>sos, já que a deterioração<br />

visual e a cegueira aumentam de forma acentua<strong>da</strong> com i<strong>da</strong>de, ten<strong>do</strong> como principais<br />

causas a catarata, o glaucoma, a degeneração macular e a retinopatia diabética.<br />

Relaciona<strong>da</strong> à audição, no mun<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> estimativas, mais de 50 por cento <strong>da</strong>s<br />

pessoas maiores de 65 anos sofrem algum grau de per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de auditiva.<br />

Vale salientar a imprescindível necessi<strong>da</strong>de de investimento em cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s para<br />

preservar e recuperar a capaci<strong>da</strong>de visual e auditiva <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

promoção <strong>da</strong> saúde, bem como, sua inserção social. As per<strong>da</strong>s visuais e auditivas<br />

provocam dificul<strong>da</strong>des de mobili<strong>da</strong>de e comunicação, atingin<strong>do</strong> direta e<br />

negativamente as dimensões <strong>da</strong> autonomia e independência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />

Quanto à capaci<strong>da</strong>de motora, é interessante observar que 50% indicam algum tipo<br />

de problema, entre os quais, 60% referem problemas nas articulações e 37,5% já<br />

desenvolveu algum tipo de inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de. Eis um indica<strong>do</strong>r a ser<br />

considera<strong>do</strong> seriamente na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Política de Saúde <strong>do</strong> DEFN devi<strong>do</strong>,<br />

principalmente, às condições <strong>do</strong>s entornos físicos <strong>do</strong> Arquipélago, onde o terreno é<br />

acidenta<strong>do</strong> e, mesmo nas áreas mais urbaniza<strong>da</strong>s, existem poucas ruas asfalta<strong>da</strong>s,<br />

muitas ladeiras, pedras pelo caminho, poeira, calor intenso, pouca iluminação<br />

pública, entre outros.<br />

Conforme a Organización Mundial de la Salud (2002),<br />

129<br />

Os entornos físicos que tenham em conta as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s, podem<br />

estabelecer a diferença entre independência e dependência para to<strong>da</strong>s as<br />

pessoas, mas, são de especial importância para as que estão


130<br />

envelhecen<strong>do</strong>. Por exemplo, os i<strong>do</strong>sos que vivem em um entorno inseguro<br />

ou em áreas com múltiplas barreiras físicas são menos propícios a sair e,<br />

portanto, são mais propensos ao isolamento, à depressão e também a ter<br />

um pior esta<strong>do</strong> físico e mais problemas de mobili<strong>da</strong>de. (...) O entorno físico<br />

envolve riscos que podem provocar lesões debilitantes e <strong>do</strong>lorosas nas<br />

pessoas maiores. As lesões como conseqüência <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s, queimaduras<br />

e acidentes de tráfego são as mais freqüentes.<br />

E, por mencionar que<strong>da</strong>s, na Ilha, 10% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos sofreram que<strong>da</strong>s nos três meses<br />

que antecederam a pesquisa. Sabe-se que as que<strong>da</strong>s, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />

poderiam ser evita<strong>da</strong>s e são causas crescentes de complicações à saúde, gastos de<br />

tratamento e morte. Os perigos <strong>do</strong> entorno que aumentam o risco de cair são<br />

justamente a má iluminação; terrenos irregulares, escorregadios e ausência de<br />

corrimão para apoiar-se em esca<strong>da</strong>s. As conseqüências <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s para os i<strong>do</strong>sos<br />

são mais acentua<strong>da</strong>s em relação aos mais jovens, pois, lesões de mesma gravi<strong>da</strong>de<br />

podem acarretar maior per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de funcional; longos perío<strong>do</strong>s de<br />

internação hospitalar; processo demora<strong>do</strong> de reabilitação (serviço inexistente em<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha), e maiores riscos de dependência e falecimento<br />

(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />

Um número considerável, 21,3%, informou ocorrência de incontinência urinária, ou<br />

seja, mais de um quarto <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. É importante lembrar a existência de<br />

serviços especializa<strong>do</strong>s para o tratamento <strong>do</strong> problema que provoca uma situação<br />

de desconforto e inibição <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so perante a família e a socie<strong>da</strong>de. A incontinência<br />

urinária pode gerar a sensação de insegurança e conseqüente isolamento social <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so.<br />

A inserção <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no âmbito familiar permite o estabelecimento de canais de troca<br />

e nesse contexto se desenvolve a prática <strong>do</strong> ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>’, no senti<strong>do</strong> mais amplo <strong>da</strong>


palavra. De acor<strong>do</strong> com o que foi visto no item anterior, o i<strong>do</strong>so ilhéu, em sua grande<br />

maioria, conta com a companhia e algum tipo de aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>s familiares. Apesar <strong>da</strong>s<br />

mu<strong>da</strong>nças nos padrões socioculturais e na estrutura familiar, ain<strong>da</strong> assim, 65,7%<br />

informa ser o(a) esposo(a)/companheiro(a) ou a filha, as pessoas que mais aju<strong>da</strong>m.<br />

A exemplo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s, como o de Kátia Barreto<br />

(1999), sobre uma população de i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Aberta <strong>da</strong> Terceira I<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), onde 38,3% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s indicaram a filha como ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>ra potencial’, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

o fato se repete, ou seja, a filha foi identifica<strong>da</strong> como ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>ra potencial’, em caso<br />

de <strong>do</strong>ença e/ou necessi<strong>da</strong>de, por 42,4% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.<br />

Os recursos para lazer ao alcance <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> são escassos e as ativi<strong>da</strong>des<br />

desempenha<strong>da</strong>s no tempo livre são, praticamente, as de rotina, conforme elenca<strong>da</strong>s<br />

na tabela 24 no capítulo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. A grande maioria, 96,3%, informa estar<br />

satisfeita com as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s. Observan<strong>do</strong> os valores <strong>da</strong>s freqüências<br />

simples, é necessário esclarecer alguns aspectos <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> população insular:<br />

somente 42,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos têm o hábito <strong>da</strong> leitura, <strong>da</strong><strong>do</strong> que reflete o grau de<br />

escolari<strong>da</strong>de e alfabetização, sem dúvi<strong>da</strong>, no entanto, reflete também a dificul<strong>da</strong>de<br />

de se adquirir revistas, livros e jornais na Ilha, onde não existe, até o momento, uma<br />

banca ou livraria.<br />

A Organización Mundial de la Salud (2002), enfatiza que os baixos níveis de<br />

educação e alfabetização se associam ao maior risco de per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de<br />

funcional e morte entre as pessoas à medi<strong>da</strong> que envelhecem, bem como, aos<br />

maiores índices de desemprego. A educação nos primeiros anos de vi<strong>da</strong>, junto com<br />

131


as oportuni<strong>da</strong>des de aprendizagem durante to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, podem aju<strong>da</strong>r às pessoas a<br />

desenvolver as aptidões e a confiança que necessitam para a<strong>da</strong>ptar-se e seguir<br />

sen<strong>do</strong> independentes à medi<strong>da</strong> que envelhecem.<br />

Ir a jogos e praticar esportes são ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pela minoria. O fato de<br />

não dirigir o próprio carro, referi<strong>do</strong> por um quarto <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, na ver<strong>da</strong>de, tem<br />

mais relação com outra peculiari<strong>da</strong>de local que com a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. O<br />

número de automóveis é reduzi<strong>do</strong> no DEFN , por existir um controle rígi<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

entra<strong>da</strong> de veículos automotores. Entretanto, vale referir que, muitas vezes, o i<strong>do</strong>so<br />

não dirige automóvel mas conduz embarcações a longas distâncias. Lembran<strong>do</strong><br />

que, em se tratan<strong>do</strong> de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, o caminho <strong>do</strong> Mar leva muito mais<br />

longe que o <strong>da</strong> Terra.<br />

Outro indica<strong>do</strong>r importante relaciona<strong>do</strong> à capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, diz respeito<br />

à identificação de deficiência cognitiva. Segun<strong>do</strong> Veras (1994), o rastreamento<br />

comunitário fornece os sintomas fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> demência, tais como a<br />

desorientação e a deficiência de memória recente. Consideran<strong>do</strong> o ponto de corte<br />

usa<strong>do</strong> na escala <strong>do</strong> BOAS (1/3), a prevalência pontual de deficiência cognitiva<br />

encontra<strong>da</strong> foi de 18,75% em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, valor relativamente alto,<br />

compara<strong>do</strong> aos percentuais encontra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> de Veras (1994), envolven<strong>do</strong><br />

populações de i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong>s distritos de Copacabana, Méier e Santa Cruz, no Rio de<br />

Janeiro, onde os valores encontra<strong>do</strong>s foram 5,95%, 9,84% e 29,75%<br />

respectivamente. Do total de casos rastrea<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> o instrumento BOAS, no<br />

DEFN, 60% são mulheres e 40% homens suspeitos de estarem sofren<strong>do</strong> os<br />

sintomas de deficiência cognitiva relaciona<strong>da</strong> à SCO. Segun<strong>do</strong> Veras (1994),<br />

132


133<br />

Nas populações em envelhecimento, a cognição deficiente assume<br />

importância crescente com o avanço <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de. O impacto <strong>da</strong> demência<br />

sobre a autonomia de um indivíduo e a capaci<strong>da</strong>de de cui<strong>da</strong>r de si mesmo é<br />

muito significativo, e é vital que os planeja<strong>do</strong>res locais de assistência de<br />

saúde e os serviços de assistência social possam tomar decisões racionais<br />

sobre a necessi<strong>da</strong>de de serviços.<br />

Fora de questionamento está a importância <strong>do</strong> Hospital São Lucas, sen<strong>do</strong> a primeira<br />

referência para a deman<strong>da</strong> <strong>do</strong>s problemas de saúde <strong>da</strong> população insular, único<br />

serviço disponível na Ilha. São poucos os casos (8,8%) em que existe a deman<strong>da</strong><br />

direta pelos serviços convenia<strong>do</strong>s e particulares ofereci<strong>do</strong>s no Continente.<br />

Os i<strong>do</strong>sos ilhéus realmente procuram o hospital local quan<strong>do</strong> necessário,<br />

principalmente, em se tratan<strong>do</strong> de atendimento médico. De uma forma geral (86,2%)<br />

estão satisfeitos com os serviços presta<strong>do</strong>s. Apesar <strong>da</strong> situação de isolamento, ao<br />

se fazer necessário o deslocamento <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so para cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> saúde em Recife,<br />

quan<strong>do</strong> o Hospital São Lucas não dispõe <strong>do</strong> suporte necessário para atendê-lo, lhe<br />

é garanti<strong>do</strong> o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, mediante o Tratamento Fora <strong>do</strong> Domicílio<br />

(TFD), concedi<strong>do</strong>, exclusivamente, a pacientes atendi<strong>do</strong>s na rede pública ou<br />

convenia<strong>da</strong>/contrata<strong>da</strong> <strong>do</strong> SUS.<br />

Portanto, apesar de alguns exercerem o direito de ir e vir para passear e visitar<br />

familiares no Continente, o alto grau de mobili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, de fato, está<br />

associa<strong>do</strong> a sua situação de saúde. O preço <strong>da</strong> passagem aérea promocional para<br />

os ilhéus é alto, mesmo com o desconto de mais de 60% acor<strong>da</strong><strong>do</strong> entre o Governo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e as companhias aéreas, atualmente, segun<strong>do</strong> informações <strong>da</strong><br />

Administração <strong>do</strong> DEFN, o valor cobra<strong>do</strong> para o transla<strong>do</strong> Noronha-Recife-Noronha<br />

corresponde a R$ 326,00 (trezentos e vinte e seis reais) e o ilhéu ain<strong>da</strong> precisa<br />

aguar<strong>da</strong>r numa lista de espera.


Em relação ao serviço o<strong>do</strong>ntológico, também ofereci<strong>do</strong> no Hospital São Lucas,<br />

diferente <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> pelo atendimento médico, é maior o número de i<strong>do</strong>sos que<br />

não buscam esse tipo de tratamento em relação aos que buscam. Na maioria <strong>da</strong>s<br />

vezes, a resposta obti<strong>da</strong> para este comportamento está relaciona<strong>da</strong> ao fato <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />

ter perdi<strong>do</strong> a maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes e acreditar que saúde bucal não se<br />

direciona aos ‘desdenta<strong>do</strong>s’. Outras vezes ocorrem relatos de sentimento de me<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> ‘dentista’. O nível de saúde bucal <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu oscila <strong>do</strong> ruim ao péssimo<br />

(83,7%), segun<strong>do</strong> auto-avaliação, com poucas exceções (15%). Diante <strong>do</strong> quadro<br />

apresenta<strong>do</strong>, não é novi<strong>da</strong>de o fato de ser eleva<strong>do</strong> o uso de dentes postiços e<br />

dentaduras, no entanto, o relato de uso é inferior ao de necessi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

merece<strong>do</strong>r de maior investigação, por parte <strong>do</strong>s profissionais de saúde locais, ten<strong>do</strong><br />

em vista a importância <strong>da</strong> saúde bucal para a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Uma observação pertinente a respeito <strong>do</strong> transla<strong>do</strong> para Recife, são as dificul<strong>da</strong>des<br />

enfrenta<strong>da</strong>s pela população insular, diante <strong>da</strong> falta de apoio para percorrer os<br />

caminhos necessários, visan<strong>do</strong> a recuperação <strong>da</strong> saúde, principalmente, aqueles<br />

que não têm família na capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Não existe um local destina<strong>do</strong> ao<br />

acolhimento <strong>do</strong>s ilhéus no Continente. No caso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, diante <strong>da</strong>s especifici<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> velhice, este se depara com uma reali<strong>da</strong>de completamente diferente <strong>da</strong><br />

vivencia<strong>da</strong> na Ilha. O impacto desta mu<strong>da</strong>nça chega a ser altamente negativo<br />

inclusive, se o caso deman<strong>da</strong> internação hospitalar.<br />

Nas palavras de Veras (2002),<br />

134<br />

É sabi<strong>do</strong> que os i<strong>do</strong>sos consomem mais <strong>do</strong>s serviços de saúde, as suas<br />

taxas de internação são bem mais eleva<strong>da</strong>s quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong>s a qualquer<br />

outro grupo etário e o tempo médio de ocupação <strong>do</strong> leito é três vezes maior.<br />

A falta de serviços <strong>do</strong>miciliares e/ou ambulatoriais faz com que o primeiro


135<br />

atendimento se dê em estágio avança<strong>do</strong> no hospital, aumentan<strong>do</strong> os custos<br />

e diminuin<strong>do</strong> as chances de um prognóstico favorável. Os problemas de<br />

saúde nos mais velhos são crônicos e múltiplos, perduram por vários anos,<br />

requeren<strong>do</strong> pessoal qualifica<strong>do</strong>, equipe multidisciplinar, equipamentos e<br />

exames complementares, em outras palavras, exigem o máximo <strong>da</strong><br />

tecnologia produzi<strong>da</strong> pelo complexo médico industrial.<br />

O Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (2003), no seu capítulo IV (GR GLUHLWR j VD~GH), Artigo 16,<br />

assegura ao i<strong>do</strong>so interna<strong>do</strong> ou em observação, o direito a acompanhante, deven<strong>do</strong><br />

o órgão de saúde proporcionar as condições adequa<strong>da</strong>s para a sua permanência em<br />

tempo integral, segun<strong>do</strong> critério médico. No entanto, pela falta de apoio no Recife,<br />

muitas vezes, o acompanhante é praticamente interna<strong>do</strong> junto com o paciente, não<br />

haven<strong>do</strong> possibili<strong>da</strong>de de substituição.<br />

Reafirman<strong>do</strong> o pensamento de Veras (2002),<br />

Do ponto de vista de saúde pública, a capaci<strong>da</strong>de funcional surge como um<br />

novo conceito de saúde mais adequa<strong>do</strong> para instrumentar e operacionalizar<br />

uma política de atenção à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Ações preventivas, assistenciais<br />

e de reabilitação em saúde devem objetivar melhorar e, sempre que<br />

possível, recuperar a capaci<strong>da</strong>de funcional perdi<strong>da</strong> pelo i<strong>do</strong>so. Um enfoque<br />

que transcende o simples diagnóstico e tratamento de <strong>do</strong>enças específicas.<br />

Uma política de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so deve portanto ter como objetivo maior a<br />

manutenção <strong>da</strong> máxima capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> indivíduo que envelhece,<br />

pelo maior tempo possível. Isto significa a valorização <strong>da</strong> autonomia ou<br />

autodeterminação e a conservação <strong>da</strong> independência física e mental <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so.<br />

6REUH D 3UHYDOrQFLD GDV 'RHQoDV &U{QLFDV QmR 7UDQVPLVVtYHLV<br />

Como foi visto anteriormente, a maioria <strong>do</strong>s brasileiros envelheceram sem mu<strong>da</strong>nças<br />

nos padrões de quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, participaram <strong>do</strong> projeto de industrialização <strong>do</strong><br />

País sem garantias de trabalho digno, salários justos e pagaram com a saúde pela<br />

própria sobrevivência. “Estu<strong>do</strong>s com base populacional têm demonstra<strong>do</strong> que, no


Brasil, a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (mais de 85%) apresenta pelo menos uma enfermi<strong>da</strong>de<br />

crônica e, cerca de 15%, pelo menos cinco (IBGE, 2002).<br />

Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, esse número é menor, corresponden<strong>do</strong> a 75% <strong>do</strong><br />

universo entrevista<strong>do</strong>, onde 32,8% referiu prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional em<br />

decorrência de DCNT. Compara<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> de Veras (1994), onde 82,5% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s não relataram problema de saúde física, o valor encontra<strong>do</strong> no DEFN<br />

passa a ser relativamente alto.<br />

Contrastan<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> de Veras (1994), onde as taxas de prevalência<br />

encontra<strong>da</strong>s para DM e HA foram respectivamente de 7,8% e 20,5%, no DEFN foi<br />

relevante rastrear altas prevalências de DM (17,5%) e HA (36,3%) na população<br />

estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>da</strong><strong>do</strong>s que, associa<strong>do</strong>s aos indica<strong>do</strong>res de faixa etária, denunciam a<br />

necessi<strong>da</strong>de de acompanhamento gerontológico, no senti<strong>do</strong> de prevenir os agravos<br />

decorrentes <strong>da</strong> falta de controle destas <strong>do</strong>enças crônicas, preservan<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong>de<br />

funcional desses i<strong>do</strong>sos que deverão conviver com as referi<strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des por<br />

mais de quinze, vinte anos... Conforme Gordilho et al. (2001),<br />

136<br />

A maior parte <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é, na ver<strong>da</strong>de, absolutamente capaz<br />

de decidir sobre seus interesses e de se organizar, sem<br />

necessi<strong>da</strong>de de aju<strong>da</strong> de quem quer que seja. De acor<strong>do</strong> com<br />

os mais modernos conceitos gerontológicos, esse i<strong>do</strong>so que<br />

mantém sua autodeterminação e prescinde de qualquer aju<strong>da</strong><br />

ou supervisão para agir no seu cotidiano deve ser considera<strong>do</strong><br />

um i<strong>do</strong>so saudável, ain<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r de uma ou mais<br />

<strong>do</strong>ença crônica.<br />

O fato de ter referi<strong>do</strong> alguma DCNT implica, para a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, no<br />

entendimento de estar tratan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença devi<strong>da</strong>mente, pois, haviam si<strong>do</strong><br />

consulta<strong>do</strong>s pelo médico (63,8%) e realizaram exames clínicos (53,8%) nos três


meses que antecederam a Pesquisa de Campo. O <strong>da</strong><strong>do</strong> também reflete a quali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong> pelo PSF, o qual, de acor<strong>do</strong> com Veras (2002),<br />

137<br />

[...] Como modelo de atenção à saúde <strong>da</strong> população, estrutura<strong>do</strong> de forma a<br />

melhorar o acesso <strong>da</strong> população aos serviços de saúde, priorizan<strong>do</strong> o<br />

<strong>do</strong>micílio, configura-se como uma excelente estratégia de estratificação de<br />

risco e de identificação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so fragiliza<strong>do</strong>, minoran<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong>des <strong>do</strong><br />

mesmo em conseguir assistência adequa<strong>da</strong> aos seus problemas de saúde.<br />

Dessa forma, este modelo de atenção é capaz de desenvolver ações<br />

preventivas no plano primário e mesmo secundário”.<br />

Uma peculiari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> DEFN em relação ao PSF diz respeito ao número de famílias<br />

acompanha<strong>da</strong>s pela equipe local. No Recife, por exemplo, atualmente uma equipe<br />

se encarrega de atender o total de 850 famílias, enquanto na Ilha existem 500<br />

famílias aproxima<strong>da</strong>mente, segun<strong>do</strong> informações <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São<br />

Lucas.<br />

Uma informação interessante é o fato de 63,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos fazerem uso regular de<br />

medicamentos, enquanto 36,2% não o fazem, eis um <strong>da</strong><strong>do</strong> curioso, consideran<strong>do</strong><br />

que nos estu<strong>do</strong>s de Bernstein et al. (apud Rozenfeld, 2003), a proporção de i<strong>do</strong>sos<br />

que não usa qualquer medicação é de 4% a 10%, poden<strong>do</strong> chegar a 20% segun<strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>s de Laukkanen (apud Rozenfeld, 2003). Tal reali<strong>da</strong>de demonstra uma baixa<br />

nos valores observa<strong>do</strong>s em Noronha, onde apenas um indivíduo referiu a prática de<br />

auto-medicação.<br />

Com o objetivo de comparar o diagnóstico de saúde referi<strong>do</strong> pelo i<strong>do</strong>so no momento<br />

<strong>da</strong> pesquisa de campo com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s secundários registra<strong>do</strong>s nos prontuários <strong>do</strong><br />

Hospital São Lucas, se tentou realizar um levantamento detalha<strong>do</strong> <strong>da</strong>s informações,<br />

porém, essa etapa <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi praticamente inviabiliza<strong>da</strong> devi<strong>do</strong> à não existência<br />

ou não localização de mais <strong>da</strong> metade <strong>do</strong>s prontuários. No entanto, a partir <strong>do</strong>s<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis, foram observa<strong>do</strong>s registros de atendimentos e diagnósticos que


confirmavam ao menos uma DCNT referi<strong>da</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s embora não<br />

houvesse notificação de outras <strong>do</strong>enças também referi<strong>da</strong>s por alguns indivíduos.<br />

Outra etapa foi realiza<strong>da</strong> no senti<strong>do</strong> de comparar a morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong> com os<br />

diagnósticos de DM e HA utilizan<strong>do</strong>-se testes de glicemia digital e aferimento de<br />

pressão arterial. Apesar de não ter si<strong>do</strong> uma vali<strong>da</strong>ção de diagnóstico propriamente<br />

dita, os valores encontra<strong>do</strong>s praticamente reforçaram a prevalência <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças<br />

referi<strong>da</strong>s no BOAS, sugerin<strong>do</strong>, inclusive, necessi<strong>da</strong>de de maior investigação <strong>do</strong>s<br />

casos. Na pesquisa de campo foi encontra<strong>da</strong> uma prevalência de 17,5% de DM,<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> proporcionalmente confirma<strong>do</strong> na pesquisa <strong>do</strong>cumental e no teste, porém,<br />

chaman<strong>do</strong> atenção para o fato de haver 15,7% de indivíduos com glicemia de jejum<br />

altera<strong>da</strong> ou tolerância à glicose diminuí<strong>da</strong> e mais 13,7% suspeição de casos, ou<br />

seja, indica<strong>do</strong>res de uma taxa ain<strong>da</strong> mais alta. Para o diagnóstico de HA a<br />

prevalência encontra<strong>da</strong> na pesquisa de campo foi de 36,3%, também confirma<strong>da</strong> na<br />

pesquisa <strong>do</strong>cumental e o teste revelou 50% de suspeição de casos. A diferença<br />

encontra<strong>da</strong> entre as prevalências referi<strong>da</strong> e medi<strong>da</strong>, no caso de DM, foi de 3,8% e,<br />

no caso de HA, entre as prevalências referi<strong>da</strong> e aferi<strong>da</strong>, a diferença foi de 13,7%. A<br />

análise estatística, para os <strong>do</strong>is casos, revelou não haver diferença significativa entre<br />

os valores <strong>da</strong>s prevalências encontra<strong>da</strong>s, demonstran<strong>do</strong> haver coincidência entre a<br />

morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong> e a mensura<strong>da</strong>.<br />

Conforme anuncia<strong>do</strong> anteriormente, de fato, envelhecer sem nenhuma <strong>do</strong>ença, no<br />

contexto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, é mais uma exceção <strong>do</strong> que regra e, ain<strong>da</strong><br />

segun<strong>do</strong> Veras (2002),<br />

138<br />

Qualquer que seja o indica<strong>do</strong>r de saúde analisa<strong>do</strong>, haverá sempre uma<br />

proporção maior entre aqueles de mais de 60 anos, isto quer dizer maior<br />

utilização <strong>do</strong>s serviços de saúde e mais custos. [...] É importante frisar que,


139<br />

podemos antever uma deterioração <strong>do</strong> sistema de saúde, não apenas para<br />

os i<strong>do</strong>sos, mas para to<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, conseqüência <strong>do</strong> gasto crescente na<br />

área de saúde.


&21&/86®(6<br />

A meto<strong>do</strong>logia e o referencial teórico utiliza<strong>do</strong>s foram adequa<strong>do</strong>s para responder os<br />

objetivos traça<strong>do</strong>s, no entanto, a título de questionamento, para um estu<strong>do</strong> de<br />

rastreamento de prevalência, basea<strong>do</strong> na morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong>, o questionário BOAS<br />

apresentou-se como instrumento complexo. Diante <strong>do</strong> que foi apresenta<strong>do</strong> e<br />

discuti<strong>do</strong>, em relação ao perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />

<strong>do</strong> DEFN, este estu<strong>do</strong> apresenta as seguintes conclusões:<br />

2V SDGUões diferencia<strong>do</strong>s de envelhecimento atingem tanto as dimensões <strong>do</strong><br />

indivíduo e <strong>da</strong> população, deven<strong>do</strong>-se levar em conta seus determinantes históricos,<br />

biopsicossociais e culturais, no momento em que se pretende estu<strong>da</strong>r uma<br />

reali<strong>da</strong>de. Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, o processo de envelhecimento não<br />

acompanha os padrões observa<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> de Pernambuco, na capital Recife e<br />

no contexto nacional. Entre outras peculiari<strong>da</strong>des, a população insular apresenta<br />

Taxa de Envelhecimento inferior a 7%, não ocorre o processo de feminização na<br />

Ilha, a atual população de i<strong>do</strong>sos se caracteriza por ser constituí<strong>da</strong> por migrantes de<br />

esta<strong>do</strong>s nordestinos.<br />

2 SHUILO VRFLRHFRQ{PLFR UHYHOD D H[LVWência de uma população privilegia<strong>da</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> a outras <strong>do</strong> Continente, muito embora, em alguns aspectos,<br />

como por exemplo, o nível de alfabetização e grau de escolari<strong>da</strong>de, acompanhe os<br />

mesmos padrões observa<strong>do</strong>s no País. Apesar <strong>da</strong> boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> IDH<br />

ser um <strong>do</strong>s melhores, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> a outros municípios <strong>do</strong> País, o alto custo<br />

de vi<strong>da</strong> na Ilha, acima <strong>do</strong>s padrões observa<strong>do</strong>s no Continente, é uma reali<strong>da</strong>de<br />

140


vivencia<strong>da</strong> pelo i<strong>do</strong>so ilhéu. Este fato, o mantém ativamente no merca<strong>do</strong> de trabalho,<br />

como estratégia de sobrevivência para incrementar a ren<strong>da</strong> própria e a familiar.<br />

2 LVRODPHQWR JHRJUiILFR UHODFLRQDGR à condição <strong>socioecon</strong>ômica interferem no<br />

exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, por exemplo, o direito de ir e vir está<br />

proporcionalmente associa<strong>do</strong> a sua situação de saúde, diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de<br />

acesso devi<strong>do</strong> ao alto custo <strong>do</strong>s meios de transporte para fazer o transla<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Arquipélago ao Continente e vice-versa.<br />

2V LQGLFDGRUHV GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGência apontam para a existência de uma<br />

população, em geral, saudável, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>da</strong> gerontológico, apesar <strong>da</strong><br />

presença de várias DCNT. Neste senti<strong>do</strong>, foi verifica<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos tem<br />

manti<strong>do</strong> sua capaci<strong>da</strong>de funcional. Entretanto, esta reali<strong>da</strong>de deve ser ponto de<br />

maior investigação e investimento, por parte <strong>da</strong> equipe de saúde local, ten<strong>do</strong> em<br />

vista as eleva<strong>da</strong>s taxas de prevalência de DCNT encontra<strong>da</strong>s na Ilha. Estas<br />

indicaram a necessi<strong>da</strong>de de intervenção preventiva, evitan<strong>do</strong> agravos <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças e<br />

prejuízos à capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. In loco foi constata<strong>do</strong> que o sistema de<br />

saúde, até o momento, não contempla nenhum serviço de reabilitação para a<br />

população.<br />

&RQVLGHUDQGR D DOWD SUHYDOência de DCNT, o padrão geral de envelhecimento <strong>do</strong><br />

ilhéu, a exemplo <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> no contexto Nacional, não acompanha os níveis de<br />

quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> observa<strong>do</strong>s no DEFN. Embora a capaci<strong>da</strong>de funcional tenha si<strong>do</strong><br />

preserva<strong>da</strong>, na maioria <strong>do</strong>s casos, não se pode negligenciar as taxas de Diabetes<br />

Mellitus e Hipertensão Arterial primária ou essencial.<br />

141


O perfil, ora apresenta<strong>do</strong>, permite visualizar as principais características <strong>do</strong> universo<br />

de uma população especial insular relaciona<strong>do</strong> aos perfis de outras populações, seja<br />

no contexto estadual ou nacional. Ao conceber a epidemiologia enquanto ciência <strong>da</strong><br />

saúde <strong>do</strong> ser social, implica necessariamente reconhecer a importância <strong>do</strong>s<br />

aspectos subjetivos <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong>s populações, levan<strong>do</strong> em consideração suas<br />

peculiari<strong>da</strong>des e respeitan<strong>do</strong> suas diferenças, inclusive, nas formas de<br />

enfrentamento e tratamento <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças. Fernan<strong>do</strong> de Noronha é Brasil. E o Brasil<br />

não é, simplesmente, a soma de to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s que compõem a República<br />

Federativa, assim como o to<strong>do</strong> não é meramente a soma de to<strong>da</strong>s as partes. Nesta<br />

perspectiva dialética, de acor<strong>do</strong> com Sartre (apud SANTOS, 1997), “o to<strong>do</strong> está<br />

inteiramente presente na parte como seu senti<strong>do</strong> atual e seu destino”.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o Brasil está inteiramente presente em Fernan<strong>do</strong> de Noronha e, a<br />

exemplo <strong>do</strong> que vem sen<strong>do</strong> feito no contexto nacional, é necessário conhecer de<br />

maneira abrangente a saúde <strong>da</strong> população insular, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> os ciclos de vi<strong>da</strong>,<br />

contemplan<strong>do</strong> as diferentes faixas etárias, com o objetivo de acompanhar o<br />

processo de nascimento, amadurecimento, envelhecimento e morte <strong>da</strong> população,<br />

mas, essa já é uma outra história...<br />

142


5(&20(1'$d®(6<br />

0HUHFHP VHU UHVSHLWDGRV H FRQKHFLGRV RV HVSDoRV RQGH YLYHP SRSXODoões<br />

minoritárias e isola<strong>da</strong>s, seja <strong>do</strong> ponto de vista geográfico, étnico ou cultural, visan<strong>do</strong><br />

a maior aproximação com o cotidiano de seus hábitos de vi<strong>da</strong>, condições<br />

<strong>socioecon</strong>ômicas e situação de saúde. Suas peculiari<strong>da</strong>des e deman<strong>da</strong>s específicas<br />

devem ser contempla<strong>da</strong>s na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Políticas Públicas, fazen<strong>do</strong> prevalecer o<br />

princípio <strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong>de social.<br />

$ SUHYDOência pontual de deficiência cognitiva rastrea<strong>da</strong> na Ilha, também indica a<br />

real necessi<strong>da</strong>de de planejamento e desenvolvimento de ações básicas de saúde,<br />

no senti<strong>do</strong> de preservar, manter e recuperar a capaci<strong>da</strong>de cognitiva, prevenin<strong>do</strong>,<br />

diagnostican<strong>do</strong> e tratan<strong>do</strong> alguns i<strong>do</strong>sos com quadro de demência, e dessa forma<br />

evitan<strong>do</strong> impactos negativos sobre a autonomia e capaci<strong>da</strong>de de auto-cui<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

i<strong>do</strong>so.<br />

,PSUHVFLQGtYHO p R LQYHVWLPHQWR GR *RYHUQR GR (VWDGR H GD $GPLQLVWUDoão <strong>do</strong><br />

DEFN na capacitação e aperfeiçoamento <strong>da</strong> equipe de saúde local, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

sua essencial importância no momento <strong>da</strong> prestação <strong>do</strong>s serviços de saúde à<br />

população insular. Distante <strong>do</strong> Continente, sem contar com o suporte imediato <strong>do</strong>s<br />

serviços de média e alta complexi<strong>da</strong>de, não raras às vezes, tais profissionais se<br />

deparam e enfrentam situações de emergência, nas quais, desprovi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s recursos<br />

e equipamentos necessários aos procedimentos. Vale referir que a competência<br />

técnica e o compromisso profissional são ain<strong>da</strong> alguns <strong>do</strong>s recursos que acabam<br />

fazen<strong>do</strong> a diferença e salvan<strong>do</strong> vi<strong>da</strong>s humanas em situações de carências.<br />

143


$ $GPLQLVWUDoão <strong>do</strong> DEFN possui um escritório na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Recife, no entanto,<br />

mesmo diante <strong>da</strong>s conheci<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s pelos ilhéus, principalmente,<br />

aqueles que não têm familiares na capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> os i<strong>do</strong>sos, ain<strong>da</strong> não<br />

existe nenhum recurso para acolher a população insular, no momento em que ocorre<br />

esse tipo de deman<strong>da</strong>. A solução para o problema deve ser contempla<strong>da</strong> na agen<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s Políticas Públicas locais, visan<strong>do</strong> um processo de atendimento humaniza<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> de sua vin<strong>da</strong> ao Continente para tratamento e recuperação <strong>da</strong> saúde.<br />

144


5()(5Ç1&,$6 %,%/,2*5È),&$6<br />

ANDERSON, M. I. P. 4XDOLGDGH GH YLGD GR LGRVR QR %UDVLO Dissertação<br />

(Mestra<strong>do</strong> em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997.<br />

BALTES, M. M.; SILVERBERG, S. A dinâmica <strong>da</strong> dependência: autonomia no curso<br />

de vi<strong>da</strong>. In: NERI, L. (Org.). 3VLFRORJLD GR HQYHOKHFLPHQWR: tópicos seleciona<strong>do</strong>s<br />

numa perspectiva <strong>do</strong> curso de vi<strong>da</strong>. Campinas, SP: Papirus, 1995.<br />

BARRETO, K. M. L. 8QLYHUVLGDGH $EHUWD j 7HUFHLUD ,GDGH 8Q$7, 8)3( : um<br />

perfil sócio-epidemiológico <strong>do</strong>s participantes. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Saúde<br />

Coletiva) – Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz, Recife, 1999. 146 f.<br />

BEAUVOIR, S. de. $ YHOKLFH. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.<br />

BERZINS, M. A. V. S. Envelhecimento populacional: uma conquista para ser<br />

celebra<strong>da</strong>. 6HUYLoR 6RFLDO H 6RFLHGDGH, São Paulo, n. 75, p. 19-34. out. 2003.<br />

BOFF, L. 6DEHU FXLGDU ética <strong>do</strong> humano – compaixão pela terra. Petrópolis; RJ:<br />

Vozes, 1999.<br />

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispões sobre a organização <strong>da</strong><br />

assistência social e dá outras providências. &ROHWkQHD GH OHLV H UHVROXo}HV. Rio de<br />

Janeiro: Cress, 2000. p. 197-217.<br />

BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional <strong>do</strong><br />

I<strong>do</strong>so, cria o Conselho Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so e dá outras providências. Brasília: 'LiULR<br />

2ILFLDO >GD@ 5HS~EOLFD )HGHUDWLYD GR %UDVLO, Brasília, v. 132, n. 3, p. 77-79,<br />

Seção 1, pt. 1.<br />

BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente. 3ODQR GH JHVWmR GR $UTXLSpODJR GH<br />

)HUQDQGR GH 1RURQKD HFRWXULVPR H GHVHQYROYLPHQWR VXVWHQWiYHO - 1 a fase<br />

(capaci<strong>da</strong>de de suporte), Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2000.<br />

BRASIL. MINTER. 5HODWyULR ILQDO GD FRPLVVmR HVSHFLDO VREUH D H[WLQomR GR<br />

7HUULWyULR )HGHUDO GH )HUQDQGR GH 1RURQKD. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 1988.<br />

BRASIL. Ministério Público Federal. 7HUPR GH $MXVWDPHQWR GH &RQGXWD,<br />

nº 004/2002, de 6 de dezembro de 2002.<br />

BRASIL. Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so, aprova<strong>da</strong> pela Portaria nº 1.395, de 9<br />

de dezembro de 1999. Brasília: 'LiULR 2ILFLDO >GD@ 5HS~EOLFD )HGHUDWLYD GR %UDVLO,<br />

Brasília, n. 237-E, p. 20-24, 13 dez. Seção 1.<br />

145


BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />

e dá outras providências. 'LiULR 2ILFLDO >GD@ 5HS~EOLFD )HGHUDWLYD GR %UDVLO,<br />

Brasília, 2003.<br />

CAMARANO, A. A. Envelhecimento <strong>da</strong> população brasileira: problema para quem?<br />

%DKLD $QiOLVH H 'DGRV Salva<strong>do</strong>r, v. 10, n. 4, p. 36-47.mar. 2001.<br />

CAMPANHA <strong>da</strong> Fraterni<strong>da</strong>de: Brasil tem 15 mil i<strong>do</strong>sos vítimas de agressões. 'LiULR<br />

GH 3HUQDPEXFR, Recife, 9 mar. 2003. Caderno 1, p. A-10.<br />

CARVALHO, E. F. et al. O processo de transição epidemiológica e iniqüi<strong>da</strong>de social:<br />

o caso de Pernambuco. 5$633, Piauí, v. 1, n. 2, p. 107-119, 1998.<br />

CARVALHO, E. F. <strong>Perfil</strong> epidemiológico e a IX Conferência Nacional de Saúde: um<br />

século de desafios <strong>da</strong> Peste à Si<strong>da</strong>. 6D~GH HP 'HEDWH, Rio de Janeiro, n. 33, p. 43-<br />

49, 1991.<br />

________. Ciências sociais e saúde na América Latina: visões contemporâneas.<br />

&LrQFLD H 6D~GH &ROHWLYD, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 26-30, 2003.<br />

CARVALHO, J. A. M.; GARCIA, R. A. O envelhecimento <strong>da</strong> população brasileira: um<br />

enfoque demográfico. &DGHUQRV GH 6D~GH 3~EOLFD, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p.<br />

725-733, mai/jun, 2003.<br />

CASTELLANOS, P. L. Epidemiologia, saúde pública, situação de saúde e condições<br />

de vi<strong>da</strong>. Considerações conceituais. In: BARATA, R. (org.). &RQGLo}HV GH YLGD H<br />

VLWXDomR GH VD~GH. Rio de Janeiro: ABRASCO, 1997. p. 31-75.<br />

CÍCERO, M. T. 6DEHU HQYHOKHFHU H D DPL]DGH. Porto Alegre: L & M, 2002.<br />

CZERESNIA, D.; RIBEIRO, A. M. O conceito de espaço em epidemiologia: uma<br />

interpretação histórica e epistemológica. &DGHUQRV GH 6D~GH 3~EOLFD, Rio de<br />

Janeiro, v. 16, n. 3, p. 595-605, set. 2000.<br />

DEBERT, G. G; SIMÕES, J. de A. A aposenta<strong>do</strong>ria e a invenção <strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong>de.<br />

In: DEBERT, G.G. $QWURSRORJLD H HQYHOKHFLPHQWR Campinas: UNICAMP/IFCH,<br />

1994. (Textos didáticos,13).<br />

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO<br />

ECONÔMICOS. 3UHoR GD FHVWD EiVLFD HP DOWD HP FDSLWDLV. Disponível em:<br />

. Acesso em: 2 dez. 2002.<br />

146


DORIA FILHO, U. ,QWURGXomR j ELRHVWDWtVWLFD SDUD VLPSOHV PRUWDLV. São Paulo:<br />

Negócio Editora, 1999.<br />

ECO, U. $ ,OKD GR GLD DQWHULRU Rio de Janeiro: Record, 1995.<br />

FERNANDO de Noronha 500 anos. &RQWLQHQWH 'RFXPHQWR, Recife, ano 1, n. 12,<br />

2003.<br />

FRANKL, V. E. (P EXVFD GH VHQWLGR um psicólogo no campo de concentração. 2.<br />

ed. São Leopol<strong>do</strong>: Sino<strong>da</strong>l; Petrópolis: Vozes, 1991.<br />

________. 8P VHQWLGR SDUD D YLGD psicoterapia e humanismo. Apareci<strong>da</strong>:<br />

Santuário, 1989.<br />

FREIRE, Paulo. &RQVFLHQWL]DomR teoria e prática de libertação. Uma introdução ao<br />

pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1980.<br />

IBGE (Fun<strong>da</strong>ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). &HQVR<br />

GHPRJUiILFR . Rio de Janeiro, 2002.<br />

________. 3HUILO GRV ,GRVRV 5HVSRQViYHLV SHORV 'RPLFtOLRV QR %UDVLO Rio de<br />

Janeiro, 2000.<br />

________. &HQVR 'HPRJUiILFR . Rio de Janeiro, [1992?].<br />

GILLON, R. Autonomy and the principle of respect for autonomy. %U 0HG - , v. 290,<br />

n. 12, p. 1806 - 1080, 1995.<br />

GOETHE, P. Nordeste lidera em exclusão social. 'LiULR GH 3HUQDPEXFR, Recife, 16<br />

mar. 2003. Caderno vi<strong>da</strong> Urbana, p. C-4.<br />

GORDILHO, A. et al. Desafios a serem enfrenta<strong>do</strong>s no terceiro milênio pelo setor<br />

saúde na atenção integral ao i<strong>do</strong>so. %DKLD $QiOLVH 'DGRV, Salva<strong>do</strong>r, v. 10, n. 4,<br />

p. 138-153, mar. 2001.<br />

GUERRIERO, N. ,OKDV 2FHkQLFDV Fernan<strong>do</strong> de Noronha. São Paulo, 2002.<br />

HAWKING, S. W. 8PD EUHYH KLVWyULD GR WHPSR <strong>do</strong> Big Bang aos buracos negros.<br />

Rio de Janeiro: Rocco, 1988.<br />

HAZZARD, W. R. The sex differential in longevity. In: PRINCIPLES of Geriatric<br />

medicine and Gerontology. N.York: McGraw-Hill, 1990.<br />

HERMANOVA, H. Não se pode parar o tempo! 2 0XQGR GD 6D~GH, 1991.<br />

,16$/8' Critérios de Ordenación de Servicios para la Atención Sanitaria a las<br />

personas Mayores. 2. ed. Madrid: [s.n.], 1995.<br />

ÍNDICES DE PREÇOS AO CONSUMIDOR. Recife: Fun<strong>da</strong>ção Joaquim Nabuco, v.<br />

31, n. 4, maio 2003.<br />

147


INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. $WODV GH GHVHQYROYLPHQWR<br />

KXPDQR QR %UDVLO. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2004.<br />

KALACHE, A. Os jovens e as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s. 2 0XQGR GD 6D~GH. São Paulo,<br />

1989.<br />

LEPARGNEUR, Hubert. A terceira i<strong>da</strong>de ontem, hoje, amanhã. 2 0XQGR GD 6D~GH,<br />

São Paulo, v. 21, n. 4, p. 246-250, 1997.<br />

LIMA, J. C. R. Mumbebos e Haole, afinal quem somos, os I<strong>do</strong>sos em Noronha? In<br />

GUSMÃO (Org). ,QIkQFLD H 9HOKLFH: pesquisa de idéias. Campinas, SP: Aliena, p.<br />

115-136, 2003.<br />

MARINHO, M. V. $Y{ WHP XP SDSHO HYROXWLYR GL] HVWXGR. Folha Online, 15 jul.<br />

2003. Disponível em: . Acesso em: 21 fev. 2004.<br />

MENDES, E. V. 8PD DJHQGD SDUD VD~GH. São Paulo: HUCITEC, 1996.<br />

MINAYO, M. C. de S.; COIMBRA Jr., C. E. (Org.). $QWURSRORJLD VD~GH H<br />

HQYHOKHFLPHQWR. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002.<br />

NERI, A. L. 3DODYUDV FKDYH HP JHURQWRORJLD Campinas: Alínea, 2001.<br />

________. 'HVHQYROYLPHQWR H HQYHOKHFLPHQWR perspectivas biológicas,<br />

psicológicas e sociológicas. Campinas: Papirus, 2001.<br />

NUNES, E. D. A questão <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de no estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> saúde coletiva. In:<br />

CANESQUI AM (Org.). 'LOHPDV H GHVDILRV GDV FLrQFLDV VRFLDLV QD VD~GH<br />

FROHWLYD. São Paulo: Hucitec/Abrasco, 1995, 95-113.<br />

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Informe <strong>do</strong> grupo de experts <strong>da</strong> OMS.<br />

3UHYHQomR SULPiULD GD KLSHUWHQVmR DUWHULDO. Genebra, 1983. (Séries de informes<br />

técnicos n. 686).<br />

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Grupo científico sobre la epidemiología<br />

del envejecimiento, Ginebra, 1984. $SOLFDFLRQHV GH OD HSLGHPLRORJtD DO HVWXGLR<br />

GH ORV DQFLDQRV. Ginebra, 1984. (Serie de Informes Técnicos, 706).<br />

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. (QYHMHFLPLHQWR DFWLYR un marco<br />

político. Madrid, 2002.<br />

PAIM, J. S. Abor<strong>da</strong>gens teórico-conceituais em estu<strong>do</strong>s de condições de vi<strong>da</strong> e<br />

saúde: notas para reflexão e ação. In: BARATA, R. B. (Org). &RQGLo}HV GH YLGD H<br />

VLWXDomR GH VD~GH, Rio de Janeiro: ABRASCO, 1997. p. 7-30.<br />

PAPALÉO NETTO, M. *HURQWRORJLD. São Paulo: Atheneu,1996.<br />

148


PASSARELLI, M. C. G. O processo de envelhecimento em uma perspectiva<br />

geriátrica. 2 0XQGR GD 6D~GH, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 208-212, 1997.<br />

PASCHOAL, S. M. P. 4XDOLGDGH GH YLGD GR LGRVR elaboração de um instrumento<br />

que privilegia sua opinião. 2000. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Medicina) Facul<strong>da</strong>de de<br />

Medicina de São Paulo, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, São Paulo, 2000. 255 f.<br />

PASSARELI, M. C. G. O processo de envelhecimento em uma perspectiva<br />

geriátrica. 2 0XQGR GD 6D~GH, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 208-212, 1997.<br />

PERNAMBUCO. Lei nº 11.304, de 28 de dezembro de 1995. Institui o Distrito<br />

Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, aprova a sua Lei Orgânica, dispõe sobre<br />

medi<strong>da</strong>s de natureza administrativa e dá outras providências. 'LiULR 2ILFLDO GR<br />

(VWDGR. Recife, 1995.<br />

PERNAMBUCO, 2001. Lei nº 12.109, de 26 de novembro de 2001. Dispõe sobre a<br />

Política Estadual <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so e dá outras providências. 'LiULR 2ILFLDO GR (VWDGR<br />

Recife, 2001.<br />

PIETTRE, B. )LORVRILD H FLrQFLD GR WHPSR Bauru: EDUSC, 1997.<br />

PIVETTA, M. Retratos <strong>do</strong> entardecer. 5HYLVWD 3HVTXLVD )$3(63 São Paulo, 2003.<br />

Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2003.<br />

PORTAL BRASIL: um mun<strong>do</strong> de informação e pesquisa para você. 6DOiULR 0tQLPR<br />

EUDVLOHLUR. Disponível em: . Acesso em:<br />

24 set. 2003.<br />

PRIGOGINE, I.; STENGERS, I. (QWUH R WHPSR H D HWHUQLGDGH São Paulo:<br />

Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1992.<br />

ROBLEDO, L. M. G. Concepción holística del envejecimento. In: ANZOLA P. E. et al.<br />

(Ed). /D DWHQFLyQ GH ORV DFLDQRV un desafio par los anõs noventa. Washington:<br />

Organización Pan Americana de La Salud, 1994.<br />

ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. ,QWURGXomR j HSLGHPLRORJLD PRGHUQD.<br />

Rio de Janeiro: ABRASCO, 1990.<br />

________. (SLGHPLRORJLD H 6D~GH 5. ed, Rio de Janeiro: MEDSI, 1999.<br />

ROZENFELD, S. Prevalência, fatores associa<strong>do</strong>s e mau uso de medicamentos entre<br />

i<strong>do</strong>sos: uma revisão. &DGHUQRV GH 6D~GH 3~EOLFD, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p.<br />

717-724, maio. 2003.<br />

SAMAJA, J. Desafios a la epidemiologia: pasos para uma epidemiologia “Miltoniana”.<br />

5HYLVWD %UDVLOHLUD GH (SLGHPLRORJLD, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, 2003.<br />

149


SANCHEZ, M. A. S. $ GHSHQGrQFLD H VXDV LPSOLFDo}HV SDUD D SHUGD GH<br />

DXWRQRPLD estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s representações para i<strong>do</strong>sos de uma uni<strong>da</strong>de ambulatorial<br />

geriátrica. 1998. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) - Universi<strong>da</strong>d de La Habana, Cuba, 1998.<br />

SANTOS, M. $ 1DWXUH]D GR (VSDoR. São Paulo: HUCITEC, 1997.<br />

________. Saúde e ambiente no processo de desenvolvimento. &DGHUQRV GH<br />

6D~GH &ROHWLYD, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 309-314. 2003.<br />

SAÚDE pública e envelhecimento. &DGHUQRV GH 6D~GH 3~EOLFD. Rio de Janeiro, v.<br />

19, n. 3, maio-jun. 2003.<br />

SAYEG, N. A questão <strong>do</strong> envelhecimento no Brasil. 2 0XQGR GD 6D~GH, São<br />

Paulo, v. 21, n. 4, p.196-198, 1997.<br />

SILVA, M. J; MELO, R. S. <strong>do</strong> A. Fernan<strong>do</strong> de Noronha: a produção e o consumo de<br />

um espaço insular para o turismo histórico-cultural. 5HYLVWD (VSDoR H *HRJUDILD,<br />

Brasília, ano 3, n. 1, [1999?].<br />

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. 'LDJQyVWLFR H FODVVLILFDomR GR<br />

'LDEHWHV 0HOOLWXV H WUDWDPHQWR GR 'LDEHWHV 0HOOLWXV WLSR . Recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong><br />

SBD. São Paulo, 2001.<br />

SOUZA, M. L. de. 6HUYLoR 6RFLDO H ,QVWLWXLomR a questão <strong>da</strong> participação. São<br />

Paulo: Cortez, 1985.<br />

TEXTOS SOBRE ENVELHECIMENTO. Rio de Janeiro: UERJ, UnATI, v. 1, n. 1, nov.<br />

1998.<br />

UNITED NATIONS. 3RSXODWLRQ %XOOHWLQ RI WKH 8QLWHG 1DWLRQV living arrangements<br />

of older persons. New York, 2001.<br />

VAISMAN, H. et al. 'HSUHVVmR H GHPrQFLD QR LGRVR tratamento psicológico e<br />

farmacológico. São Paulo: Lemos Editorial, 1997.<br />

VERAS, R. P. Em busca de uma assistência adequa<strong>da</strong> à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so: revisão <strong>da</strong><br />

literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibili<strong>da</strong>de de<br />

agravos. &DGHUQRV GH 6D~GH 3~EOLFD, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, pp. 705-715,<br />

maio-jun., 2003.<br />

BBBBBBBB. Modelos contemporâneos no cui<strong>da</strong><strong>do</strong> à saúde. 5HYLVWD 863, São Paulo,<br />

n. 51, p. 72-85, set-nov, 2001.<br />

________. 3DtV MRYHP FRP FDEHORV EUDQFRV a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no Brasil. Rio de<br />

Janeiro: Relume Dumará, 1994.<br />

________. 7HUFHLUD LGDGH gestão contemporânea em saúde. Rio de Janeiro:<br />

Relume Dumará, 2002.<br />

150


151<br />

Anexo 1<br />

Brazil Old Age Schedule (BOAS)


),2&58=<br />

152<br />

)81'$d­2 26:$/'2 &58=<br />

&(1752 '( 3(648,6$6 $**(8 0$*$/+­(6<br />

'(3$57$0(172 '( 6$Ò'( &2/(7,9$<br />

3(648,6$ 62%5( 2 3(5),/ 62&,2(&21Ð0,&2 (<br />

(3,'(0,2/Ï*,&2 '$ 3238/$d­2 ,'26$ '2 ',675,72<br />

(67$'8$/ '( )(51$1'2 '( 12521+$ 3(<br />

48(67,21È5,2 %2$6<br />

%5$=,/ 2/' $*( 6&+('8/(<br />

%5$=,/ 2/' $*( 6&+('8/( %2$6<br />

9(56­2 )1<br />

QUESTIONÁRIO MULTIDIMENSIONAL PARA ESTUDOS COMUNITÁRIOS NA<br />

POPULAÇÃO IDOSA<br />

As informações conti<strong>da</strong>s neste questionário permanecerão confidenciais.<br />

COORDENAÇÃO: SÁLVEA CAMPELO<br />

1~PHUR GR TXHVWLRQiULR<br />

5HJLVWUR<br />

ÈUHD<br />

&OXVWHU<br />

Nome <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong><br />

Endereço (Rua, Av.)<br />

Bairro (Vila)<br />

DEFN CEP<br />

Telefone<br />

Nome <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong>r<br />

Data <strong>da</strong> Entrevista


,QIRUPDo}HV *HUDLV<br />

6H[R GR (QWUHYLVWDGR<br />

(QWUHYLVWDGRU: Indique o sexo <strong>da</strong> pessoa entrevista<strong>da</strong><br />

1. Masculino<br />

2. Feminino<br />

4XDQWRV DQRV R D 6U D WHP"<br />

......... anos<br />

998. N.S./N.R<br />

(P TXH HVWDGR GR %UDVLO R D 6U D QDVFHX"<br />

Nome <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> .................................................................<br />

98. N.S./N.R<br />

+i TXDQWR WHPSR DQRV R D 6U D PRUD QHVWD ,OKD"<br />

........... (número de anos)<br />

98. N.S./N.R.<br />

D +i TXDQWR WHPSR PHVHV DQRV R D 6U D YLVLWRX R &RQWLQHQWH SHOD ~OWLPD<br />

YH]"<br />

........... (número de anos)<br />

1. Não visitou o Continente depois que veio morar na Ilha<br />

98. N.S./N.R.<br />

E 4XDO R PRWLYR GD VXD YLVLWD DR &RQWLQHQWH"<br />

1. Passeio<br />

2. Visitar familiares<br />

3. Tratamento de saúde<br />

4. Trabalho<br />

5. Outro Especifique: ..................................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D VDEH OHU H HVFUHYHU"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D 4XDO p VXD HVFRODULGDGH Pi[LPD FRPSOHWD"<br />

1. Nenhuma<br />

2. Primário<br />

3. Ginásio ou 1º grau<br />

4. 2º grau completo (científico, técnico ou equivalente)<br />

5. Curso superior<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

$WXDOPHQWH TXDO p R VHX HVWDGR FRQMXJDO"<br />

153


(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa<br />

1. Casa<strong>do</strong>/moran<strong>do</strong> junto<br />

2. Viúvo (a) (9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E )<br />

3. Divorcia<strong>do</strong>(a) / separa<strong>do</strong> (a) 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />

4. Nunca casou 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />

8. N.S./N.R.<br />

D +i TXDQWR WHPSR R D 6U D HVWi FDVDGR D PRUDQGR MXQWR"<br />

(QWUHYLVWDGRU: A pergunta se refere ao casamento atual<br />

........... (número de anos)<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R<br />

E 4XDO D LGDGH GH VXD VHX HVSRVD R "<br />

.......... anos de i<strong>da</strong>de<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D WHYH ILOKRV" HP FDVR SRVLWLYR TXDQWRV"<br />

(QWUHYLVWDGRU: Especifique o número de filhos................/ filhas ..................<br />

............ (número total de filhos/as)<br />

00. Nenhum<br />

98. N.S./N.R.<br />

4XDQWDV SHVVRDV YLYHP FRP R D 6U D QHVWD FDVD"<br />

......... pessoas<br />

00. Entrevista<strong>do</strong>(a) mora só. 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

98. N.S./N.R.<br />

D 4XHP VmR HVVDV SHVVRDV"<br />

(QWUHYLVWDGRU: Para ca<strong>da</strong> categoria de pessoas indica<strong>da</strong> pelo entrevista<strong>do</strong><br />

marque a resposta 6,0.<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. Esposo(a) / companheiro(a) 1 2 7 8<br />

2. Pais 1 2 7 8<br />

3. Filhos 1 2 7 8<br />

4. Filhas 1 2 7 8<br />

5. Irmãos/irmãs 1 2 7 8<br />

6. Netos(as) 1 2 7 8<br />

7. Outros parentes 1 2 7 8<br />

8. Amigos 1 2 7 8<br />

9. Emprega<strong>do</strong>(a) 1 2 7 8<br />

E 6XD FDVD p XWLOL]DGD FRPR SRXVDGD"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

(QWUHYLVWDGRU Se 2 (NÃO) 9i SDUD 4 H<br />

154


F 2 D 6U D GHVHPSHQKD DOJXPD DWLYLGDGH UHJXODU QD SRXVDGD"<br />

1. Sim Especifique:<br />

........................................................................<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

G 2 IDWR GH WHU TXH FRQYLYHU FRP WXULVWDV QD VXD FDVD R D LQFRPRGD"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

H 2 HVSDoR ItVLFR GD VXD FDVD p VXILFLHQWH SDUD D VXD IDPtOLD"<br />

3. Sim<br />

4. Não<br />

9. N.S./N.R.<br />

&RPR R D 6U D VH VHQWH HP UHODomR j VXD YLGD HP JHUDO "<br />

(QWUHYLVWDGRU: Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Satisfeito(a) 9i SDUD D 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Insatisfeito(a)<br />

8. N.S./ N.R.<br />

D 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV PRWLYRV GH VXD LQVDWLVIDomR FRP D YLGD"<br />

(QWUHYLVWDGRU: Não leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. Problema econô<strong>mico</strong> 1 2 7 8<br />

2. Problema de saúde 1 2 7 8<br />

3. Problema de moradia 1 2 7 8<br />

4. Problema de transporte 1 2 7 8<br />

5. Conflito nos relacionamentos pessoais 1 2 7 8<br />

)DOWD GH DWLYLGDGHV<br />

7. Outro problema (especifique) ..................... 1 2 7 8<br />

2EVHUYDomR GR HQWUHYLVWDGRU 2 HQWUHYLVWDGR LQIRUPRX VXD LGDGH QD 4<br />

9RFr DFKD HVWD LQIRUPDomR<br />

1. I<strong>da</strong>de plausível/ consistente/ correta<br />

2. O entrevista<strong>do</strong> informou i<strong>da</strong>de que não corresponde à impressão <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r;<br />

ou é obviamente erra<strong>da</strong> ou não sabe ou forneceu resposta incompleta.<br />

6$Ò'( )Ë6,&$<br />

$JRUD HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV VREUH VXD VD~GH<br />

(P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD VD~GH HVWi:<br />

(QWUHYLVWDGRU: Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />

155


Marque apenas uma opção<br />

1. Ótima<br />

2. Boa<br />

3. Ruim<br />

4. Péssima<br />

8. N.S./N.R<br />

(P FRPSDUDomR FRP RV ~OWLPRV DQRV R D 6U D GLULD TXH VXD<br />

VD~GH KRMH p<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 3.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Melhor<br />

2. Mesma coisa<br />

3. Pior<br />

8. N.S./N.R<br />

(P FRPSDUDomR FRP DV RXWUDV SHVVRDV GH VXD LGDGH R D 6U D GLULD<br />

TXH VXD VD~GH HVWi:<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 3.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Melhor<br />

2. Igual<br />

3. Pior<br />

8. N.S./N.R.<br />

$WXDOPHQWH R D 6U D WHP DOJXP SUREOHPD GH VD~GH "<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />

8. N.S./ N.R.<br />

D. 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV SUREOHPDV GH VD~GH TXH R D 6U D HVWi<br />

HQIUHQWDQGR"<br />

(QWUHYLVWDGRU Especifique os problemas.<br />

1$ 16 15<br />

1) ............................................... 97 98<br />

2) ............................................... 97 98<br />

3) ............................................... 97 98<br />

E +i TXDQWR WHPSR"<br />

(QWUHYLVWDGRU Anote em meses o perío<strong>do</strong> de duração <strong>do</strong>s problemas<br />

0(6(6 0(6(6 1$ 16 15<br />

28 0$,6<br />

1) .................................. ........... 96 97 98<br />

2) .................................. ........... 96 97 98<br />

156


3) .................................. ........... 96 97 98<br />

F (VWH SUREOHPD GH VD~GH DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU FRLVDV TXH<br />

SUHFLVD RX TXHU ID]HU "<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

3RU IDYRU UHVSRQGD VH R D 6U D VRIUH GH DOJXP GHVWHV SUREOHPDV<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

Marque as respostas correspondentes.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Problema nos pés que inibe sua mobili<strong>da</strong>de 1 2 8<br />

(Ex.: joanete, calos, de<strong>do</strong>s torci<strong>do</strong>s,<br />

unha <strong>do</strong> pé encrava<strong>da</strong>, etc.)<br />

b. Problemas nas articulações <strong>do</strong>s braços, 1 2 8<br />

mãos, pernas, pés<br />

c. Falta algum braço, mão, perna, pé 1 2 8<br />

D 2 6U D UHFHEHX DOJXPD DMXGD WUDWDPHQWR GH UHDELOLWDomR<br />

RX DOJXPD RXWUD WHUDSLD SDUD HVWH SUREOHPD "<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D WHYH DOJXPD TXHGD WRPER QRV ~OWLPRV PHVHV "<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. 2 D 6U D SRGH VH OHYDQWDU VR]LQKR D GR FKmR "<br />

1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 E<br />

2. Não<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./ N.R.<br />

E. 4XDQWR WHPSR R D 6U D ILFRX QR FKmR DWp UHFHEHU DMXGD"<br />

........... minutos<br />

997. N.A.<br />

998. N.S./N.R.<br />

(P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD YLVmR FRP RX VHP D DMXGD GH<br />

yFXORV HVWi<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

157


0. (o entrevista<strong>do</strong> é uma pessoa cega)<br />

1. Ótima 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Boa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

3. Ruim<br />

4. Péssima<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. (VWH VHX SUREOHPD GH YLVmR DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU DV FRLVDV<br />

TXH R D 6U D SUHFLVD TXHU ID]HU "<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

. (P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD DXGLomR FRP RX VHP D DMXGD GH<br />

DSDUHOKRV HVWi<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Ótima 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Boa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

3. Ruim<br />

4. Péssima<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. (VWH VHX SUREOHPD GH DXGLomR DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU DV<br />

FRLVDV TXH R D 6U D SUHFLVD TXHU ID]HU "<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

1. N.A.<br />

2. N.S./N.R.<br />

(P JHUDO TXDO p R HVWDGR GRV VHXV GHQWHV "<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Ótimo<br />

2. Bom<br />

3. Ruim<br />

4. Péssimo<br />

8. N.S./N.R.<br />

(VWi IDOWDQGR DOJXP GRV VHXV GHQWHV "<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />

Marque apenas uma opção.<br />

1. Não está faltan<strong>do</strong> dente<br />

2. Poucos dentes estão faltan<strong>do</strong><br />

3. A maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes estão faltan<strong>do</strong><br />

158


8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D WHP DOJXP GHQWH SRVWLoR GHQWDGXUD SRQWH "<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D WHP DOJXP SUREOHPD GH GHQWH TXH OKH DWUDSDOKD<br />

PDVWLJDU RV DOLPHQWRV"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

&RP R SDVVDU GD LGDGH p EDVWDQWH QRUPDO DSDUHFHUHP DOJXQV<br />

3UREOHPDV GH EH[LJD RX LQWHVWLQR (X JRVWDULD GH OKH ID]HU GXDV<br />

3HUJXQWDV VREUH HVWH DVVXQWR<br />

$FRQWHFHX FRP R VHQKRU GH SHUGHU XP SRXFR GH XULQD H VH PROKDU<br />

DFLGHQWDOPHQWH VHMD SRUTXH QmR GHX WHPSR GH FKHJDU DR EDQKHLUR<br />

RX TXDQGR HVWi GRUPLQGR RX TXDQGR WRVVH RX HVSLUUD RX ID] IRUoD"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D &RP TXH IUHT rQFLD LVVR DFRQWHFH"<br />

1. Uma ou duas vezes por dia<br />

2. Mais de duas vezes por dia<br />

3. Uma ou duas vezes por semana<br />

4. Mais <strong>do</strong> que duas vezes por semana<br />

5. Uma ou duas vezes por mês<br />

6. Mais de duas vezes por mês<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

2EVHUYDomR GR (QWUHYLVWDGRU +i VLQDLV GH LQFRQWLQrQFLD"<br />

FKHLUR GH XULQD<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

87,/,=$d­2 '( 6(59,d26 0e',&26 ( '(17È5,26<br />

$JRUD HX JRVWDULD GH OKH SHUJXQWDU VREUH RV VHUYLoRV PpGLFRV<br />

TXH R D 6U D WHP GLUHLWR GH XVDU<br />

. 4XDQGR R 6U D HVWi GRHQWH RX SUHFLVD GH DWHQGLPHQWR PpGLFR<br />

RQGH RX D TXHP R D 6U D QRUPDOPHQWH SURFXUD"<br />

(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa. Se 0.(Ninguém), faça a<br />

159


pergunta 25a.; se 1,2,3,4 ou 8, vá para Q.26 e marque N.A. na Q.25a.<br />

Nome de onde ou a quem procura ..................................................<br />

0. Ninguém ou o entrevista<strong>do</strong> não procura o médico há muito tempo.<br />

1. Serviço médico de uma instituição pública gratuita.<br />

2. Serviço médico credencia<strong>do</strong> pelo seu plano de saúde<br />

3. Médicos/ Clínica particulares<br />

4. Outros (especifique) ......................................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. 2 6U D QmR SURFXUD XP PpGLFR Ki PXLWR WHPSR SRUTXH QmR SUHFLVRX<br />

RX SRUTXH WHP GLILFXOGDGH SDUD LU DR PpGLFR" 4XH GLILFXOGDGH"<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

0. Porque não precisou 1 2 7 8<br />

1. Dificul<strong>da</strong>de de locomoção/transporte 1 2 7 8<br />

2. Dificul<strong>da</strong>de de acesso/deman<strong>da</strong> reprimi<strong>da</strong> 1 2 7 8<br />

3. Dificul<strong>da</strong>de financeira para pagar 1 2 7 8<br />

4. Porque não tem ninguém para levar 1 2 7 8<br />

5. Porque tem me<strong>do</strong> de ir ao médico 1 2 7 8<br />

3RU RXWUD UD]mR HVSHFLILTXH<br />

2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR FRP RV VHUYLoRV PpGLFR TXH XWLOL]D<br />

QRUPDOPHQWH"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

3. Não utiliza serviços médicos ou não precisa consultar médico há muito tempo<br />

9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D (P JHUDO TXDLV RV SUREOHPDV TXH PDLV OKH GHVDJUDGDP TXDQGR<br />

R D 6U D XWLOL]D RV VHUYLoRV PpGLFRV"<br />

(QWUHYLVWDGRU Não leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

Classifique as respostas nas categorias lista<strong>da</strong>s, de acor<strong>do</strong> com as instruções<br />

<strong>do</strong> Manual para esta pergunta. Na dúvi<strong>da</strong>, registre a resposta <strong>do</strong><br />

entrevista<strong>do</strong> no item 08. Outros problemas.<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. O custo <strong>do</strong>s serviços médicos 1 2 7 8<br />

2. O custo <strong>do</strong>s medicamentos que são prescritos 1 2 7 8<br />

3. Os exames clínicos que são prescritos 1 2 7 8<br />

4. A demora para a marcação <strong>da</strong>s consultas /exames 1 2 7<br />

8<br />

5. O tempo de espera para ser atendi<strong>do</strong>(a) no consultório 1 2 7 8<br />

6. O tratamento ofereci<strong>do</strong> pelos médicos 1 2 7 8<br />

7. O tratamento ofereci<strong>do</strong> pelo pessoal não médico 1 2 7 8<br />

8. Outros problemas (especifique) .............................................. 1 2 7<br />

8<br />

160


4XDQGR R D 6U D QHFHVVLWD GH WUDWDPHQWR GHQWiULR RQGH RX D TXHP<br />

R D 6U D QRUPDOPHQWH SURFXUD"<br />

(QWUHYLVWDGRU Classifique a resposta e marque apenas uma alternativa<br />

Nome de onde ou a quem procura ................................................<br />

0. Ninguém ou o entrevista<strong>do</strong> não procura o dentista há muito tempo.<br />

9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

1. Serviço dentário de uma instituição pública gratuita.<br />

2. Serviço dentário credencia<strong>do</strong> pelo seu plano de saúde<br />

3. Dentista particular<br />

4. Outros (especifique) ........................................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. 2 6U D QmR SURFXUD XP GHQWLVWD Ki PXLWR WHPSR SRUTXH QmR SUHFLVRX<br />

RX SRUTXH WHP GLILFXOGDGH SDUD LU DR GHQWLVWD" 4XH GLILFXOGDGH"<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

0. Porque não precisou 1 2 7 8<br />

1. Dificul<strong>da</strong>de de locomoção/transporte 1 2 7 8<br />

2. Dificul<strong>da</strong>de de acesso/deman<strong>da</strong> reprimi<strong>da</strong> 1 2 7 8<br />

3. Dificul<strong>da</strong>de financeira para pagar 1 2 7 8<br />

4. Porque não tem ninguém para levar 1 2 7 8<br />

5. Porque tem me<strong>do</strong> de ir ao dentista 1 2 7 8<br />

3RU RXWUD UD]mR HVSHFLILTXH<br />

. 1RV ~OWLPRV WUrV PHVHV R D 6U D<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8<br />

b. Fez exames clínicos 1 2 8<br />

c. Fez tratamento fisioterápico 1 2 8<br />

d. Teve de ser socorri<strong>do</strong>(a) na Emergência 1 2 8<br />

e. Foi ao hospital / clínica para receber medicação 1 2 8<br />

f. Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica 1 2 8<br />

g. Foi ao dentista 1 2 8<br />

D. 'RV VHUYLoRV DFLPD TXDO LV R D 6U D XWLOL]RX PDLV GH XPD YH]"<br />

(QWUHYLVWDGRU Repita para o entrevista<strong>do</strong> apenas os itens cita<strong>do</strong>s<br />

na pergunta acima como utiliza<strong>do</strong>s. Para os não utiliza<strong>do</strong>s marque NA.<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 7 8<br />

2. Fez exames clínicos 1 2 7 8<br />

3. Fez tratamento fisioterápico 1 2 7 8<br />

4. Teve de ser socorri<strong>do</strong>(a) na Emergência 1 2 7 8<br />

5. Foi ao hospital / clínica para receber medicação 1 2 7 8<br />

6. Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica 1 2 7 8<br />

161


7. Foi ao dentista 1 2 7 8<br />

2 D 6U D QRUPDOPHQWH XVD<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Dente postiço, dentadura, ponte 1 2 8<br />

b. Óculos ou lente de contato 1 2 8<br />

c. Aparelho de surdez 1 2 8<br />

d. Bengala 1 2 8<br />

e. Muleta 1 2 8<br />

f. Cadeira de ro<strong>da</strong>s 1 2 8<br />

D $WXDOPHQWH R D 6U D HVWi SUHFLVDQGR WHU RX WURFDU<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> apenas as aju<strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s<br />

na questão anterior. Marque as respostas correspondentes.<br />

SIM NÃO NS/NR<br />

1. Dente postiço, dentadura, ponte 1 2 8<br />

2. Óculos ou lentes de contato 1 2 8<br />

3. Aparelho de surdez 1 2 8<br />

4. Bengala 1 2 8<br />

5. Muleta 1 2 8<br />

6. Cadeira de ro<strong>da</strong>s 1 2 8<br />

7. Outros(especifique) ............................... 1 2 8<br />

2 D 6U D WRPD UHPpGLR"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />

8. N.S./N.R.<br />

D 4XH UHPpGLRV R D 6U D HVWi WRPDQGR DWXDOPHQWH"<br />

Entrevista<strong>do</strong>r: Se nenhum, vá para a Q. 31 e marque NA nas Qs. 30b. e 30c.<br />

1$ 16 15<br />

1) ........................................ 97 98<br />

2) ........................................ 97 98<br />

3) ........................................ 97 98<br />

E 4XHP UHFHLWRX"<br />

1$ 16 15<br />

1) ........................................ 97 98<br />

2) ........................................ 97 98<br />

3) ........................................ 97 98<br />

F. (P JHUDO TXDLV VmR RV SUREOHPDV RX DV GLILFXOGDGHV PDLV LPSRUWDQWHV TXH<br />

R D<br />

162


6U D WHP SDUD REWHU RV UHPpGLRV TXH WRPD UHJXODUPHQWH"<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. Problema financeiro 1 2 7<br />

8<br />

2. Dificul<strong>da</strong>de de encontrar o remédio na farmácia 1 2 7<br />

8<br />

3. Dificul<strong>da</strong>de em obter a receita de remédios controla<strong>do</strong>s 1 2 7<br />

8<br />

4. Outro problema ou dificul<strong>da</strong>de (especifique)...................... 1 2<br />

7 8<br />

7. N.A. 1 2 7<br />

8<br />

8. N.S./N.R. 1 2 7 8<br />

1R FDVR GH R D 6U D ILFDU GRHQWH RX LQFDSDFLWDGR D TXH SHVVRD<br />

SRGHULD FXLGDU GR D 6U D "<br />

0. Nenhuma<br />

1. Esposo(a) / companheiro(a)<br />

2. Filho<br />

3. Filha<br />

4. Outra pessoa <strong>da</strong> família<br />

5. Outra pessoa de fora <strong>da</strong> família (indique qual)...................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

$7,9,'$'(6 '$ 9,'$ ',È5,$ $9'<br />

2 D 6U D FDSD] GH ID]HU VR]LQKR D DV VHJXLQWHV DWLYLGDGHV<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as perguntas e marque as<br />

alternativas correspondentes. No caso de o entrevista<strong>do</strong> ter colostomia<br />

ou usar cateter, marque 1­2 em ³R´.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Sair de casa utilizan<strong>do</strong> um transporte 1 2 8<br />

(ônibus, van, táxi, trem, metrô, barca, etc.)<br />

b. Sair de casa dirigin<strong>do</strong> seu próprio carro 1 2 8<br />

c. Sair de casa para curtas distâncias<br />

(caminhar pela vizinhança) 1 2 8<br />

d. Preparar sua própria refeição 1 2 8<br />

163


e. Comer a sua refeição 1 2 8<br />

f. Arrumar a casa, a sua cama 1 2 8<br />

g. Tomar os seus remédios 1 2 8<br />

h. Vestir – se 1 2 8<br />

i. Pentear seus cabelos 1 2 8<br />

j. Caminhar em superfície plana 1 2 8<br />

k. Subir/descer esca<strong>da</strong>s 1 2 8<br />

l. Deitar e levantar <strong>da</strong> cama 1 2 8<br />

m. Tomar banho 1 2 8<br />

n. Cortar as unhas <strong>do</strong>s pés 1 2 8<br />

o. Ir ao banheiro em tempo 1 2 8<br />

. +i DOJXpP TXH DMXGD R D 6U D D ID]HU DOJXPDV WDUHIDV FRPR OLPSH]D<br />

DUUXPDomR GD FDVD YHVWLU ± VH RX GDU UHFDGRV TXDQGR SUHFLVD"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D 4XDO D SHVVRD TXH PDLV OKH DMXGD QHVVDV WDUHIDV"<br />

(QWUHYLVWDGRU marque apenas uma alternativa<br />

1. Esposo(a) / companheiro(a)<br />

2. Filho<br />

3. Filha<br />

4. Uma outra pessoa <strong>da</strong> família (quem?)............................<br />

5. Um(a) emprega<strong>do</strong>(a)<br />

6. Outro (quem?) ...............................<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

1R VHX WHPSR OLYUH R D 6U D ID] SDUWLFLSD GH DOJXPD GHVVDV DWLYLGDGHV<br />

Entrevista<strong>do</strong>r: /HLD SDUD R HQWUHYLVWDGR WRGDV DV SHUJXQWDV H PDUTXH DV<br />

alternativas correspondentes.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Ouve rádio 1 2 8<br />

b. Assiste a televisão 1 2 8<br />

c. Lê jornal 1 2 8<br />

d. Lê revistas e livros 1 2 8<br />

e. Recebe visitas 1 2 8<br />

f. Vai ao cinema, teatro, etc 1 2 8<br />

g. An<strong>da</strong> pelo seu bairro 1 2 8<br />

h. Vai à igreja (serviço religioso) 1 2 8<br />

i. Vai a jogos (esportes) 1 2 8<br />

164


j. Pratica algum esporte 1 2 8<br />

k. Faz compras 1 2 8<br />

l. Sai para visitar os amigos 1 2 8<br />

m. Sai para visitar os parentes 1 2 8<br />

n. Sai para passeios longos (excursão) 1 2 8<br />

o. Sai para encontro social ou comunitário 1 2 8<br />

p. Costura, bor<strong>da</strong>, tricota 1 2 8<br />

q. Faz alguma ativi<strong>da</strong>de para se distrair (jogos<br />

de cartas, xadrez, jardinagem, etc.) 1 2 8<br />

r. Outros (especifique) ............................. 1 2 8<br />

2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP DV DWLYLGDGHV TXH GHVHPSHQKD QR VHX<br />

WHPSR OLYUH"<br />

1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

D 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV PRWLYRV GH VXD LQVDWLVIDomR FRP DV DWLYLGDGHV<br />

TXH R D 6U D GHVHPSHQKD QR VHX WHPSR OLYUH"<br />

(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

1. Problema com o custo 1 2 7 8<br />

2. Problema de saúde que o(a) impede<br />

de se engajar em uma ativi<strong>da</strong>de 1 2 7 8<br />

3. Problema com falta de motivação<br />

em fazer coisas (tédio, aborrecimento) 1 2 7 8<br />

4. Problema de transporte que limita seu<br />

acesso aos lugares que deseja ir 1 2 7 8<br />

5. Outras razões (especifique) ................................... 1 2 7 8<br />

9 5(&85626 62&,$,6<br />

1HVWD VHomR HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV D UHVSHLWR GH<br />

VXDV UHODo}HV GH DPL]DGH FRP DV RXWUDV SHVVRDV H D UHVSHLWR GH<br />

UHFXUVRV TXH DV SHVVRDV LGRVDV FRVWXPDP XVDU QD VXD FRPXQLGDGH<br />

2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP DV<br />

SHVVRDV TXH PRUDP FRP R D 6U D "<br />

165


0. Entrevista<strong>do</strong> mora só<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

4XH WLSR GH DMXGD RX DVVLVWrQFLD VXD IDPtOLD RIHUHFH"<br />

IDPLOLDUHV TXH YLYHP RX TXH QmR YLYHP FRP R HQWUHYLVWDGR<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Dinheiro 1 2 8<br />

b. Moradia 1 2 8<br />

c. Companhia / cui<strong>da</strong><strong>do</strong> pessoal 1 2 8<br />

d. Outro tipo de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> / assistência<br />

(especifique) .................................. 1 2 8<br />

4XH WLSR GH DMXGD RX DVVLVWrQFLD R D 6U D RIHUHFH SDUD VXD IDPtOLD"<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Dinheiro 1 2 8<br />

b. Moradia 1 2 8<br />

c. Companhia / cui<strong>da</strong><strong>do</strong> pessoal 1 2 8<br />

d. Cui<strong>da</strong>r de criança 1 2 8<br />

e. Outro tipo de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> / assistência<br />

(especifique) .................................. 1 2 8<br />

2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP<br />

VHXV DPLJRV"<br />

0. Entrevista<strong>do</strong>(a) não tem amigos<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP<br />

VHXV YL]LQKRV"<br />

0. Entrevista<strong>do</strong>(a) não tem relação com os vizinhos<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

. 1D VHPDQD SDVVDGD R D 6U D UHFHEHX YLVLWD GH DOJXPD GHVWDV SHVVRDV"<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Vizinhos / amigos 1 2 8<br />

b. Filhos(as) 1 2 8<br />

c. Outros familiares 1 2 8<br />

d. Outros (especifique) ................................. 1 2 8<br />

166


9, 5(&85626 (&21Ð0,&26<br />

4XH WLSR GH WUDEDOKR RFXSDomR R D 6U D WHYH GXUDQWH D PDLRU<br />

SDUWH GH VXD YLGD"<br />

(QWUHYLVWDGRU Anote o tipo de trabalho ...............................................<br />

01. Nunca trabalhou 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

02. Dona de casa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

98. N.S./N.R.<br />

D 3RU TXDQWR WHPSR"<br />

Número de anos:................<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

$WXDOPHQWH R D 6U $ WUDEDOKD" 3RU WUDEDOKR TXHUR GL]HU TXDOTXHU<br />

DWLYLGDGH SURGXWLYD UHPXQHUDGD<br />

1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R<br />

D &RP TXH LGDGH R D 6U D SDURX GH WUDEDOKDU"<br />

...............anos<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

'H RQGH R D 6U D WLUD R VXVWHQWR GH VXD YLGD"<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. <strong>do</strong> seu trabalho 1 2 8<br />

b. <strong>da</strong> sua aposenta<strong>do</strong>ria 1 2 8<br />

c. <strong>da</strong> pensão/aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a) seu (sua) esposo(a) 1 2 8<br />

d. <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> de parentes ou amigos 1 2 8<br />

e. de aluguéis, investimentos 1 2 8<br />

f. de outras fontes................................. 1 2 8<br />

(P PpGLD TXDO p D VXD UHQGD PHQVDO"<br />

(QWUHYLVWDGRU Caso haja mais de uma fonte, anote a soma destes valores.<br />

(Atenção: valor líqui<strong>do</strong>)<br />

rendimento mensal __ __ __ __ __<br />

N.S./N.R. 8 0 0 0 8<br />

D.4XDO i D UHQGD PpGLD PHQVDO GDV SHVVRDV TXH YLYHP QHVWD UHVLGrQFLD"<br />

1mR SUHFLVR VDEHU R YDORU H[DWR EDVWD GL]HU ± PH R YDORU DSUR[LPDGR<br />

(QWUHYLVWDGRU Se o entrevista<strong>do</strong> vive sozinho e tem rendimento, repita o<br />

valor informa<strong>do</strong> na Q. 45. Se o entrevista<strong>do</strong> vive sozinho e não tem<br />

rendimento, marque N.A. nesta questão e na Q. 45b.<br />

Rendimento mensal __ __ __ __ __<br />

N.A. 7 0 0 0 7<br />

N.S./N.R. 8 0 0 0 8<br />

167


E 4XDQWDV SHVVRDV LQFOXLQGR R D 6U D YLYHP FRP HVVH UHQGLPHQWR<br />

IDPLOLDU GR VHX UHQGLPHQWR<br />

.................... pessoas<br />

97. N.A.<br />

98. N.S./N.R.<br />

3RU IDYRU LQIRUPH PH VH HP VXD FDVD DSDUWDPHQWR H[LVWHP RX HVWmR<br />

IXQFLRQDQGR HP RUGHP RV VHJXLQWHV LWHQV<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s:<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Água encana<strong>da</strong> 1 2 8<br />

b. Eletrici<strong>da</strong>de 1 2 8<br />

c. Ligação com a rede de esgoto 1 2 8<br />

d. Geladeira/congela<strong>do</strong>r 1 2 8<br />

e. Rádio 1 2 8<br />

f. Televisão 1 2 8<br />

g. Vídeo – cassete 1 2 8<br />

h. DVD 1 2 8<br />

i. Computa<strong>do</strong>r 1 2 8<br />

j. Telefone 1 2 8<br />

k. Automóvel 1 2 8<br />

2 D 6U D p SURSULHWiULR D DOXJD RX XVD GH JUDoD R LPyYHO<br />

RQGH UHVLGH"<br />

(QWUHYLVWDGRU Para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s três categorias (proprie<strong>da</strong>de, aluguel<br />

ou usa de graça) verifique em qual o entrevista<strong>do</strong> se enquadra.<br />

Especifique apenas uma alternativa.<br />

1. Proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa entrevista<strong>da</strong> ou <strong>do</strong> casal<br />

2. Proprie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> cônjuge <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong><br />

3. Aluga<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong><br />

4. Moran<strong>do</strong> em residência cedi<strong>da</strong> sem custo para o entrevista<strong>do</strong><br />

5. Outra categoria (especifique) .....................................<br />

8. N.S./N.R.<br />

(P FRPSDUDomR D TXDQWR R D 6U D WLQKD DQRV GH LGDGH D VXD DWXDO<br />

VLWXDomR HFRQ{PLFD p<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />

Marque apenas uma opção<br />

1. Melhor<br />

2. A mesma<br />

3. Pior<br />

8. N.S./N.R.<br />

168


3DUD VXDV QHFHVVLGDGHV EiVLFDV R TXH R D 6U D JDQKD<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s<br />

de 1 a 4. Marque apenas uma opção.<br />

1. Dá e sobra<br />

2. Dá na conta certa<br />

3. Sempre falta um pouco<br />

4. Sempre falta muito<br />

8. N.S./N.R.<br />

2EVHUYDomR GR HQWUHYLVWDGRU 4XDO p D FRQGLomR GD UHVLGrQFLD<br />

GR D HQWUHYLVWDGR D "<br />

1. Ótima<br />

2. Boa<br />

3. Ruim<br />

4. Péssima<br />

9,, 6$Ò'( 0(17$/<br />

e EDVWDQWH FRPXP DV SHVVRDV WHUHP SUREOHPDV GH PHPyULD TXDQGR<br />

FRPHoDP D HQYHOKHFHU 'HVWH PRGR HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV<br />

SHUJXQWDV VREUH HVWH DVVXQWR $OJXPDV SHUJXQWDV WDOYH] QmR VHMDP<br />

DSURSULDGDV SDUD R D 6U D RXWUDV EDVWDQWHV LQDGHTXDGDV 1R HQWDQWR HX<br />

JRVWDULD TXH R D 6U D OHYDVVH HP FRQWD TXH WHQKR TXH ID]HU DV PHVPDV<br />

SHUJXQWDV SDUD WRGDV DV SHVVRDV<br />

. (VWD SHVTXLVD HVWi VHQGR UHDOL]DGD SHOD )XQGDomR 2VZDOGR &UX] ± )LRFUX]<br />

(X JRVWDULD TXH R D 6U D UHSHWLVVH SDUD PLP HVWH QRPH H JXDUGDVVH QD<br />

PHPyULD<br />

1. Repete Fiocruz ou algo próximo<br />

2. Não consegue/não repete/não responde<br />

. (P TXH DQR R D 6U D QDVFHX"<br />

Ano <strong>do</strong> nascimento:................................<br />

1. Ano <strong>do</strong> nascimento aparentemente correto<br />

2. Informa ano <strong>do</strong> nascimento que: não corresponde à impressão <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r; ou<br />

é<br />

inconsistente com a <strong>da</strong>ta anteriormente obti<strong>da</strong>; ou é obviamente erra<strong>da</strong>; ou não<br />

sabe ou<br />

fornece resposta incompleta.<br />

169


4XDO p R HQGHUHoR GH VXD FDVD"<br />

1. Informa endereço correto<br />

2. Informa endereço incorreto; ou não sabe ou fornece informação incompleta<br />

+i TXDQWR WHPSR R D 6U D PRUD QHVWH HQGHUHoR"<br />

.................. anos<br />

1. Informação sobre tempo de residência aproxima<strong>da</strong>mente correto/plausível<br />

2. Informa tempo de residência obviamente erra<strong>do</strong>, ou não sabe.<br />

2 D 6U D VDEH R QRPH GR DWXDO SUHVLGHQWH GR %UDVLO"<br />

5HJLVWUH ............................................................................................................<br />

1. Nome <strong>do</strong> presidente correto/quase correto<br />

2. Informa nome incorreto ou não recor<strong>da</strong> nome <strong>do</strong> presidente<br />

(P TXH PrV GR DQR QyV HVWDPRV"<br />

Mês <strong>do</strong> ano:.............................................................<br />

1. Mês correto<br />

2. Informa incorretamente o mês ou não sabe<br />

(P TXH DQR QyV HVWDPRV"<br />

Registre:.............................................................<br />

1. Ano correto<br />

2. Informa incorretamente o ano ou não sabe<br />

(X JRVWDULD TXH R D 6U D FRODERUDVVH ID]HQGR DOJXQV SHTXHQRV<br />

H[HUFtFLRV<br />

2 D 6U D SRGHULD FRORFDU DV PmRV VREUH RV VHXV MRHOKRV"<br />

(QWUHYLVWDGRU Marque SIM para correto e NÃO para incorreto.<br />

6,0 1­2<br />

a. Por favor, toque com a mão direita o seu ouvi<strong>do</strong> direito 1 2<br />

b. Agora com a mão esquer<strong>da</strong> o seu ouvi<strong>do</strong> direito 1 2<br />

c. Agora com a mão direita o seu ouvi<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> 1 2<br />

170


2 D 6U D VH OHPEUD GR QRPH GD )XQGDomR TXH HVWi UHDOL]DQGR HVWD<br />

SHVTXLVD"<br />

5HJLVWUH ....................................................................................................<br />

1. )LRFUX] – Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz (ou algo próximo)<br />

2. Não se lembra ou fornece outros nomes<br />

$JRUD HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV D UHVSHLWR GH FRPR R D<br />

6U D YHP VH VHQWLQGR XOWLPDPHQWH HP UHODomR D FHUWDV FRLVDV (X JRVWDULD<br />

GH FRPHoDU SHUJXQWDQGR VREUH VXDV ~OWLPDV TXDWUR VHPDQDV<br />

2 D 6U D VHQWLX VH VROLWiULR D GXUDQWH R ~OWLPR PrV"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D &RP TXH IUHT rQFLD R D 6U D VH VHQWLX VROLWiULR D "<br />

1. Sempre<br />

2. Algumas vezes<br />

7. N.A<br />

8. N.S./N.R.<br />

. 2 6U D HVWHYH SUHRFXSDGR GXUDQWH R ~OWLPR PrV"<br />

1. Sim<br />

2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. 2 D 6U D HVWHYH SUHRFXSDGR D QR ~OWLPR PrV HP UHODomR D TXH WLSR GH<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

FRLVD"<br />

7. N.A.<br />

(QWUHYLVWDGRU após esta introdução, segue-se o complemento desta pergunta:<br />

2 D 6U D GLULD TXH VH SUHRFXSD HP UHODomR D TXDVH WXGR"<br />

5HJLVWUH ......................................................................................................<br />

8. N.S/N.R.<br />

171


2 D 6U D WHP DOJXPD GLILFXOGDGH SDUD GRUPLU"<br />

(QWUHYLVWDGRU Se o entrevista<strong>do</strong> não tem dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir, marque NÃO<br />

na opção “D” e 1 $ na opção “E”. Se ele tiver dificul<strong>da</strong>de em <strong>do</strong>rmir, continue<br />

a questão, VRQGDQGR, como se segue:<br />

2 TXH LPSHGH R D 6U D GH GRUPLU RX OKH ID] DFRUGDU QR PHLR GD QRLWH"<br />

2 TXH p TXH R D 6U D ILFD SHQVDQGR TXDQGR HVWi DFRUGDGR QD FDPD"<br />

2 D 6U D WHP SUREOHPD HP GRUPLU SRUTXH VH VHQWH WHQVR D RX<br />

SUHRFXSDGR D "<br />

2X SRUTXH R D 6U D VH VHQWH GHSULPLGR D "<br />

2X GHYLGR D RXWUDV UD]}HV"<br />

172<br />

6,0 1­2 1$ 16 15<br />

a. Dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir 1 2<br />

8<br />

b. Dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir devi<strong>do</strong> a preocupação ou<br />

8<br />

ansie<strong>da</strong>de, depressão ou pensamento depressivo 1 2 7<br />

2 D 6U D WHYH GRU GH FDEHoD QR PrV SDVVDGR"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

2 D 6U D WHP VH DOLPHQWDGR EHP QR ~OWLPR PrV"<br />

1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

D 4XDO p R PRWLYR GR D 6U D QmR HVWDU VH DOLPHQWDQGR EHP"<br />

5HJLVWUH ...................................................................................................<br />

1. Não tem se alimenta<strong>do</strong> bem por falta de apetite ou por estar deprimi<strong>do</strong>(a)<br />

preocupa<strong>do</strong>(a)/nervoso(a)<br />

2. Outras razões<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.


2 D 6U D VHQWH TXH HVWi ILFDQGR PDLV OHUGR D RX FRP PHQRV HQHUJLD"<br />

1. Sim<br />

Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. (P DOJXPD KRUD GR GLD R D 6U D VH VHQWH PDLV OHUGR D RX FRP PHQRV<br />

HQHUJLD"<br />

3. Mais ler<strong>do</strong>(a), com menos energia no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> manhã<br />

4. Mais ler<strong>do</strong>(a), com menos energia em outros perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> dia ou não especifica<br />

perío<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>.<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

E 1R ~OWLPR PrV R D 6U D WHP HVWDGR FRP PHQRV HQHUJLD RX FRPR GH<br />

FRVWXPH"<br />

1. Com menos energia<br />

2. Como de costume ou com mais energia<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

F $WXDOPHQWH R D 6U D VHQWH IDOWD GH HQHUJLD SDUD ID]HU VXDV FRLVDV QR<br />

VHX GLD D GLD"<br />

1. Sim, sinto falta de energia<br />

2. Não, não sinto falta de energia<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

'XUDQWH R ~OWLPR PrV R D 6U D VH VHQWLX PDLV LUULWDGR D ]DQJDGR D GR<br />

1. Sim<br />

TXH GH FRVWXPH"<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

173


2 D 6U D VDL GH FDVD VHPSUH TXH SUHFLVD RX TXHU VDLU"<br />

1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R.<br />

D. &RPR R D 6U D VH VHQWH D UHVSHLWR"<br />

5HJLVWUH .........................................................................<br />

1. Fica chatea<strong>do</strong>(a)/ aborreci<strong>do</strong>(a)<br />

2. Não fica chatea<strong>do</strong>(a)/ aborreci<strong>do</strong>(a)<br />

7. N.A.<br />

8. N.S./N.R.<br />

$JRUD PDLV DOJXPDV SHUJXQWDV UiSLGDV VREUH FRPR R D 6U D VH VHQWH<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

2 D 6U D WHP VHQWLGR YRQWDGH GH FKRUDU"<br />

7. N.A.<br />

(QWUHYLVWDGRU Em caso afirmativo pergunte: R D 6U D FKRURX QR ~OWLPR<br />

PrV" em caso negativo, anote a resposta Não.<br />

8. N.S./N.R.<br />

5HJLVWUH .................................................................................<br />

4XDQGR R D 6U D ROKD SDUD R IXWXUR FRPR R D 6U D VH VHQWH TXDLV VmR<br />

DV VXDV H[SHFWDWLYDV SDUD R IXWXUR"<br />

1. Menciona expectativas e pensa no futuro<br />

2. Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação<br />

negativa<br />

3. O futuro é descrito negativamente ou amedronta<strong>do</strong>r ou insuportável<br />

8. N.S./N.R.<br />

174


'H XP PRGR JHUDO R D 6U D VH VHQWH IHOL] QRV GLDV DWXDLV"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

8. N.S./N.R<br />

9,,, 1(&(66,'$'(6 ( 352%/(0$6 48( $)(7$0 2 (175(9,67$'2<br />

$WXDOPHQWH GD OLVWD DEDL[R TXDLV VmR DV VXDV SULQFLSDLV QHFHVVLGDGHV RX<br />

FDUrQFLDV"<br />

(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as perguntas e marque as<br />

alternativas correspondentes.<br />

6,0 1­2 16 15<br />

a. Carência econômica 1 2 8<br />

b. Carência de moradia 1 2 8<br />

c. Carência de transporte 1 2 8<br />

d. Carência de lazer 1 2 8<br />

e. Carência de segurança 1 2 8<br />

f. Carência de saúde 1 2 8<br />

g. Carência de alimentação 1 2 8<br />

h. Carência de companhia e contato pessoal 1 2 8<br />

175


3DUD ILQDOL]DU HVWD HQWUHYLVWD HX JRVWDULD TXH R D 6U D PH LQIRUPDVVH<br />

TXDO R SUREOHPD PDLV LPSRUWDQWH GR VHX GLD D GLD<br />

(QWUHYLVWDGRU Anote apenas uma alternativa<br />

00. Entrevista<strong>do</strong>(a) não relata problemas importantes<br />

01. Problema econô<strong>mico</strong><br />

02. Problema de saúde (deterioração <strong>da</strong> saúde física ou mental)<br />

03. O me<strong>do</strong> <strong>da</strong> violência<br />

04. Problema de moradia<br />

05. Problema de transporte<br />

06. Problemas familiares (conflitos)<br />

07. Problemas de isolamento (solidão)<br />

08. Preocupação com filhos/netos<br />

09. Outros problemas (especifique)........................................................................<br />

98. N.S/N.R.<br />

(175(9,67$'25 /(,$ 3$5$ 2 $ (175(9,67$'2 $ 3$5È*5$)2<br />

6(*8,17(<br />

Algumas pessoas como o(a) Sr.(a) que foram entrevista<strong>da</strong>s nesta pesquisa<br />

vão ser reentrevista<strong>da</strong>s numa outra ocasião. No caso de o(a) Sr.(a) ser uma<br />

<strong>da</strong>s pessoas escolhi<strong>da</strong>s (esta escolha, procedi<strong>da</strong> através de sorteio) eu<br />

gostaria de pedir a sua permissão para uma nova entrevista. Esclareço que<br />

essa nova entrevista, se ocorrer, será bem pequena e eu estarei<br />

acompanhan<strong>do</strong>(a) por um(a) outro(a) colega de equipe. Para isto eu gostaria<br />

de solicitar sua permissão para um novo possível contato. O(a) Sr.(a) poderia<br />

me informar seu nome completo<br />

( __________________________________________________ ) e, caso o(a) Sr.(a)<br />

tenha o número <strong>do</strong> seu telefone ( ________________________ )?<br />

(QWUHYLVWDGRU assegure para a pessoa entrevista<strong>da</strong> que seu nome foi<br />

solicita<strong>do</strong> apenas para facilitar uma possível rápi<strong>da</strong> nova entrevista para<br />

verificação <strong>da</strong>s informações coleta<strong>da</strong>s por parte <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r. As<br />

respostas conti<strong>da</strong>s neste questionário, como também o nome <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>,<br />

permanecerão estritamente confidenciais.<br />

176


0XLWR REULJDGR D SHOD VXD FRODERUDomR<br />

2 D 6U D WHP DOJXPD SHUJXQWD TXH JRVWDULD GH ID]HU"<br />

2 D 6U D JRVWDULD GH DFUHVFHQWDU DOJXPD FRLVD D PDLV VREUH R TXH Mi<br />

PHQFLRQRX"<br />

(QWUHYLVWDGRU registre a resposta <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> aqui<br />

,; $9$/,$d­2 '2 (175(9,67$'25<br />

(VWDV SHUJXQWDV GHYHUmR VHU UHVSRQGLGDV SHOR HQWUHYLVWDGRU<br />

LPHGLDWDPHQWH DSyV GHL[DU D UHVLGrQFLD GR D HQWUHYLVWDGR D<br />

7HPSR GH GXUDomR GD HQWUHYLVWD HVSHFLILTXH<br />

..................minutos<br />

1R JHUDO DV UHVSRVWDV VmR FRQILiYHLV"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

1R JHUDO R D HQWUHYLVWDGR D HQWHQGHX DV SHUJXQWDV IRUPXODGDV"<br />

1. Sim<br />

2. Não<br />

4XDO IRL D UHDomR GR HQWUHYLVWDGR FRP D HQWUHYLVWD<br />

1. Positiva<br />

2. Negativa<br />

'XUDQWH D HQWUHYLVWD KDYLD DOJXPD RXWUD SHVVRD SUHVHQWH<br />

1. Sim<br />

177


2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />

D 9RFr GLULD TXH D SUHVHQoD GH XPD RXWUD SHVVRD DIHWRX D TXDOLGDGH GD<br />

1. Sim<br />

HQWUHYLVWD HP DOJXP DVSHFWR LPSRUWDQWH"<br />

2. Não<br />

7. N.A.<br />

E 4XH HIHLWR D SUHVHQoD GHVWD SHVVRD WHYH QD TXDOLGDGH GD HQWUHYLVWD"<br />

1. Positiva<br />

2. Negativa<br />

7. N.A.<br />

3RU IDYRU IDoD DOJXPD RXWUD REVHUYDomR VREUH D HQWUHYLVWD TXH YRFr MXOJD<br />

LPSRUWDQWH<br />

(QWUHYLVWDGRU 325 )$925 /(,$ ( $66,1( 6(8 120(<br />

Eu reli o questionário após a entrevista e certifico que to<strong>da</strong>s as respostas às<br />

perguntas formula<strong>da</strong>s foram anota<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong> com as respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo<br />

entrevista<strong>do</strong> e que to<strong>da</strong>s as colunas e espaços que requerem preenchimentos<br />

foram completa<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com as instruções recebi<strong>da</strong>s. Eu me<br />

comprometo a manter sob estrita confidenciali<strong>da</strong>de o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s perguntas,<br />

<strong>da</strong>s respostas e <strong>do</strong>s comentários <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, como também sua<br />

identi<strong>da</strong>de.<br />

NOME DO ENTREVISTADOR<br />

DIA MÊS ANO<br />

178


179<br />

Anexo 2<br />

Formulário específico para pesquisa <strong>do</strong>cumental


180


181<br />

Anexo 3<br />

Parecer <strong>do</strong> Conselho de Ética em Pesquisa (CEP)


182


183<br />

Anexo 4<br />

Termo de Adesão à Pesquisa de Campo


Centro de Pesquisa<br />

AGGEU<br />

MAGALHÃES<br />

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES<br />

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA<br />

CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA<br />

184<br />

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ<br />

3(648,6$ 62%5( 2 3(5),/ 62&,2(&21Ð0,&2 ( (3,'(0,2/Ï*,&2<br />

'$ 3238/$d­2 ,'26$ '2 ',675,72 (67$'8$/ '( )(51$1'2 '( 12521+$<br />

7(502 '( $'(6­2 ¬ 3(648,6$<br />

Eu ______________________________________________________, porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> RG número<br />

____________________, após leitura conjunta com o pesquisa<strong>do</strong>r, a respeito <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong> sobre a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, quais sejam: Traçar o perfil<br />

<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />

(DEFN); Diagnosticar a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN; Avaliar os<br />

indica<strong>do</strong>res de autonomia e independência <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN; e Identificar a prevalência<br />

<strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças crônicas não transmissíveis na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, e estan<strong>do</strong> consciente e ciente<br />

<strong>do</strong> seu teor e suas conseqüências, inclusive de que não receberei benefício financeiro pela minha<br />

participação na pesquisa e poderei cancelar este termo de adesão a qualquer momento, concor<strong>do</strong> em<br />

responder o questionário apresenta<strong>do</strong>, cujos resulta<strong>do</strong>s serão publica<strong>do</strong>s, resguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a minha<br />

identi<strong>da</strong>de.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, ____ de _______________ de 2002.<br />

(assinatura)<br />

),2&58=


185<br />

Anexo 5<br />

Autorização <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />

manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos


186


187<br />

Anexo 6<br />

Parecer <strong>da</strong> representante <strong>do</strong> Conselho Distrital<br />

de Fernan<strong>do</strong> de Noronha


188<br />

6È/9($ &$03(/2<br />

Sempre que a recor<strong>do</strong>, vejo em minha mente uma pessoa laboriosa, prestativa e<br />

dedica<strong>da</strong> ao bem estar <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, compreenden<strong>do</strong>, apoian<strong>do</strong>, estimulan<strong>do</strong> e<br />

erguen<strong>do</strong>-lhes a auto-estima.<br />

Em seu trabalho, na sua dissertação, conseguiu conversan<strong>do</strong> e levantan<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />

penetrar inteligentemente no âmago e na essência <strong>do</strong>s problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelos<br />

i<strong>do</strong>sos, inserin<strong>do</strong>-os no contexto social, “ouvin<strong>do</strong> o que têm para contar”, com<br />

extrema paciência e carinho, relacionan<strong>do</strong> às condições de vi<strong>da</strong>.<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha ofereceu à Sálvea, o caminho para descobrir, no meio <strong>do</strong><br />

Oceano, vi<strong>da</strong>s vivi<strong>da</strong>s e bem vivi<strong>da</strong>s, com suas peculiari<strong>da</strong>des e riquezas de<br />

experiências; mulheres e homens guerreiros, rostos vinca<strong>do</strong>s pela incerteza e<br />

sofrimento, porém, determina<strong>do</strong>s; i<strong>do</strong>sos esses, cuja singulari<strong>da</strong>de foi sabiamente<br />

captura<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> analogias com os i<strong>do</strong>sos de outras locali<strong>da</strong>des.<br />

Percebe-se, desde o início <strong>da</strong> leitura dessa valiosa dissertação, a facili<strong>da</strong>de e<br />

objetivi<strong>da</strong>de de sua linguagem, próprios de uma pesquisa<strong>do</strong>ra sensível e<br />

comprometi<strong>da</strong> com as ver<strong>da</strong>des de seu tempo.<br />

I<strong>da</strong> Korossy<br />

(Conselheira <strong>do</strong> Conselho Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha)<br />

Março/2004


189<br />

Anexo 7<br />

Programa <strong>da</strong> I Conferência Distrital de Saúde <strong>do</strong> DEFN


190


191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!