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ESTUDO PRELIMINAR DA DEGRADACAO POR MINERACAO - Uespi

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<strong>ESTUDO</strong> <strong>PRELIMINAR</strong> <strong>DA</strong> DEGRA<strong>DA</strong>ÇÃO <strong>POR</strong> MINERAÇÃO:<br />

O CASO DO MUNICÍPIO DE TIMON/MA<br />

MARQUES, Rafael José<br />

Graduando em Geografia – Universidade Estadual do Piauí – UESPI<br />

Técnico em Tecnologia Ambiental – IFPI.<br />

(rafaeljmarques.geo@gmail.com)<br />

BAPTISTA, Elisabeth Mary de Carvalho<br />

Orientadora Profª. Dra. em Geografia – UFSC;<br />

Mestre em Desenvolvimento em Meio Ambiente – PRODEMA / UFPI;<br />

Mestre em Educação – UESPI / IPLAC<br />

(elisabethbaptista@bol.com.br)<br />

RESUMO: A atividade de exploração mineral é uma das mais impactantes ao meio ambiente, visto os<br />

diversos impactos que gera: degradação visual da paisagem, do solo, do relevo, transtornos gerados às<br />

populações que habitam o entorno da área. Este trabalho foi motivado pela observação da atividade<br />

mineral em Timon e das alterações no solo, que vem provocando, a partir da extração de massará e tem<br />

o objetivo de apresentar a relação entre mineração e o meio ambiente numa perceptiva teórica e<br />

conceitual, através da pesquisa bibliográfica, definida como metodologia. A pesquisa bibliográfica<br />

preliminar indicou que degradação de uma área ocorre quando há perda de adaptação às características<br />

físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento sócio-econômico da região. Em um<br />

sentido mais específico, terras degradadas são aquelas quando a modificação ou remoção substancial da<br />

composição ou estrutura do solo pela mineração ou o consequente esgotamento da fertilidade do solo<br />

pela agricultura tem prejudicado a estabilidade da ecologia e economia local e regional. O problema<br />

envolvendo áreas degradadas torna-se mais complexo ao se diferenciar os vários tipos de degradação<br />

que podem ocorrer em virtudes das atividades humanas no uso inadequado dos recursos naturais.<br />

Percebe-se que a atividade mineradora é uma das intervenções humanas que mais degrada o solo, num<br />

espaço de tempo muito curto, sendo responsável por significativas mudanças sobre este. Considerando,<br />

então, a constante necessidade de utilização dos recursos naturais pela sociedade pode-se inferir um<br />

caráter desafiador na relação entre a atividade mineradora e a conservação do meio ambiente, desde os<br />

aspectos teórico-conceituais.<br />

Palavras-chave: atividade mineradora; impacto ambiental; pesquisa bibliográfica.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As questões relativas ao meio ambiente têm sido abordadas com relevância nas<br />

ultimas décadas. A difusão de conhecimento por meios acadêmicos e pela mídia tem dado,<br />

à grande parte da sociedade a informação que mostram as consequências da gestão de<br />

recursos naturais que comprometam sua sustentabilidade. Tais consequências podem ser<br />

notadas por todos, principalmente por meio das experiências do dia a dia.<br />

A exploração mineral é tida como uma das atividades mais degradantes ao meio<br />

ambiente, considerando os diversos impactos que gera: degradação visual da paisagem, do<br />

solo, do relevo, e inclusive das populações que habitam o entorno dos projetos minerários.<br />

1


O solo é um dos elementos naturais mais degradados pela mineração, num curto espaço de<br />

tempo, em função justamente de suas peculiaridades. Tanto a mineração a céu aberto ou<br />

subterrânea requer grandes áreas como depósitos de rejeitos, que é o material retirado e<br />

sem aproveitamento na exploração. O Brasil é um dos grandes produtores de minerais no<br />

mundo ocidental, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009), mas não<br />

significa que esteja adequadamente seguindo a legislação ambiental pertinente. A<br />

mineração tem importância definida em função dos recursos minerais estarem presentes<br />

em praticamente todas as atividades humanas, tanto para exploração de riquezas como para<br />

melhoria da economia do país. Entretanto, ao mesmo tempo apresenta-se como um desafio<br />

para a implementação do desenvolvimento sustentável, uma vez que retira da natureza<br />

recursos naturais exauríveis, ou seja, recursos que não se renovam.<br />

Neste caso, percebendo a Geografia como ciência da interpretação dos espaços,<br />

valendo-se da concepção da análise integrada, independente da sua localização, e da visão<br />

holística de meio ambiente, infere-se que esta ciência tem muito a contribuir na<br />

investigação da temática em questão.<br />

A realização desta pesquisa foi motivada pela observação de atividade mineradora<br />

em Timon e da constatação das alterações no relevo e no solo que esta atividade vem<br />

provocando, a partir da extração de massará. Por isso, o objetivo deste trabalho foi discutir<br />

a relação entre mineração e o meio ambiente numa perspectiva teórica e conceitual,<br />

apresentando os aspectos teóricos acerca de impactos ambientais e processos de extração<br />

mineral.<br />

Este trabalho foi realizado com base na pesquisa bibliográfica, configurando-se<br />

em um estudo preliminar teórico e conceitual do assunto, no qual se buscou conhecer a<br />

atividade da mineração como um processo e os impactos ambientais dele decorrentes.<br />

Considerando a observação da atual situação ambiental da área e principalmente com a<br />

verificação do desgaste do solo do local pela atividade mineradora, iniciou-se o estudo<br />

bibliográfico no sentido de estabelecer uma compreensão mais fundamentada sobre o tema,<br />

Nesse estudo inicial buscou-se, então, apresentar as bases conceituais relacionadas<br />

à exploração mineral e também uma breve caracterização do desenvolvimento da atividade<br />

na área de estudo com a finalidade de situá-la no contexto da pesquisa.<br />

2


DEGRA<strong>DA</strong>ÇÃO AMBIENTAL <strong>POR</strong> MINERAÇÃO<br />

De acordo com Williams et al. (1990), a degradação de uma área ocorre quando a<br />

vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas, e a qualidade e regime de vazão<br />

do sistema hídrico for alterado. A degradação ambiental ocorre quando há perda de<br />

adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o<br />

desenvolvimento sócio-econômico. Em um sentido específico, terras degradadas são<br />

aquelas quando a modificação ou remoção substancial da composição e/ou estrutura de sua<br />

cobertura vegetativa e/ou quando o consequente esgotamento da fertilidade do solo pela<br />

agricultura tem prejudicado a estabilidade da ecologia e economia local e regional. Ou<br />

ainda, a degradação de uma área ocorre quando há perda de adaptação às características<br />

físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento sócio-econômico da<br />

região. Em um sentido mais específico, terras degradadas são aquelas quando a<br />

modificação ou remoção substancial da composição ou estrutura do solo pela mineração ou<br />

a consequente esgotamento da fertilidade do solo pela agricultura tem prejudicado a<br />

estabilidade da ecologia e economia local e regional.<br />

O problema envolvendo áreas degradadas torna-se mais complexo ao se<br />

diferenciar os vários tipos de degradação que podem ocorrer em virtude das atividades<br />

humanas no uso inadequado dos recursos naturais. De maneira geral, as atividades<br />

causadoras da degradação das áreas são: agropecuária, construção de estradas, barragens,<br />

hidrelétricas, urbanização, industrialização e mineração. A mineração, pelas suas<br />

especificidades, é uma das atividades que mais degrada o solo, num espaço de tempo curto,<br />

sendo responsável por significativas mudanças sobre este. De forma geral, o solo constitui<br />

um dos elementos naturais que mais sofrem com a interferência das atividades humanas.<br />

Espaço de ocupação, produção e vivência das pessoas, os solos são alterados de diversas<br />

maneiras e a sua degradação pode advir de uma série de causas e provocar um conjunto de<br />

conseqüências indesejadas.<br />

Esta atividade é também comum em áreas adjacentes às zonas urbanas visando<br />

principalmente a extração de areia, seixos e massará para a construção civil. Neste caso, os<br />

impactos decorrentes apresentarão diferentes desdobramentos, pois com a presença da<br />

sociedade, outras atividades humanas podem se associar à mineração, intensificando a<br />

3


degradação e/ou inferindo outras formas de alteração sobre os recursos naturais presentes.<br />

TIMON E A EXPLORAÇÃO MINERAL<br />

Apresenta-se de forma preliminar, a exploração por mineração desenvolvida na<br />

área de estudo tendo esta uma relevante contribuição na degradação ambiental no<br />

município de Timon/MA, no qual referida área se insere.<br />

O município de Timon possui área territorial de 1.741 km² e uma população de<br />

mais de 147 mil habitantes, estando localizado na mesorregião do leste maranhense,<br />

segundo IBGE (2010). Vem apresentando nos últimos anos uma expansão urbana relevante<br />

com a frequente construção de novas edificações, tanto domiciliar como comercial, entre<br />

outras.<br />

Assim, este trabalho foi motivado pela observação da atividade mineral em Timon<br />

e das alterações no solo, provocadas a partir da extração de massará, provavelmente para a<br />

construção civil. Com isso surgem áreas degradadas pela extração mineral, localizadas na<br />

grande região no bairro Mutirão, mais especificamente no bairro adjacente Nossa Senhora<br />

do Perpetuo Socorro, situado na região oeste da cidade. Através de uma denúncia popular<br />

ao Ministério Público sobre a área degradada veio o interesse da produção deste trabalho.<br />

Esta denuncia informava que empresários do ramo da construção civil estavam ilegalmente<br />

explorando uma grande área na zona urbana do município, superior a 600 m 2 , mediante a<br />

extração de barro que provocou significativa alteração ambiental pela abertura da cava,<br />

configurando-se como uma extração de lavra a céu aberto, devastando a área verde que<br />

pode constituir um sério risco aos moradores do bairro, uma vez que a cratera avança em<br />

direção a suas residências.<br />

Os materiais retirados da lavra para a construção civil em algumas cidades têm um<br />

significado econômico substancial para o processo de urbanização, crescimento e<br />

estruturação de cidades. O Projeto “Avaliação de Depósitos para Construção Civil –<br />

PI/MA”, realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM ano 2008, detectou que as<br />

rochas mais antigas encontradas na área, nos estados do Piauí e Maranhão, região da bacia<br />

do Rio Parnaíba, são integrantes das formações geológicas Piauí e Pedra de Fogo. Sendo<br />

4


que a unidade geológica da Bacia Sedimentar do Parnaíba de maior expressão geográfica<br />

em toda a área investigada é a formação Pedra de Fogo.<br />

O conjunto de rochas desta formação possui um largo emprego na construção<br />

civil, pois a sua alteração e desagregação formaram depósitos secundários, sendo<br />

representados por areias, argilas, barro, massará, seixos (CORREIA FILHO, 1997, p.7).<br />

A atividade extrativa mineral para a obtenção de materiais na construção civil, no<br />

caso de Timon é a exploração do massará, responsável por diversos impactos ambientais<br />

presentes no ambiente. Coelho (2003, p. 25) mostra que: “o impacto ambiental não é,<br />

obviamente, só resultado de uma determinada ação realizada, é a relação de mudanças<br />

sociais e ecológicas em movimento”.<br />

O método de extração realizada no município de Timon é o de lavra que é a<br />

retirada inicialmente da vegetação e posteriormente a retirada do material de rejeito,<br />

representado pelo massará que é um sedimento conglomerado de cores e coloração variada<br />

com matriz areno-argilosa, média a grosseira, facilmente desagregável contendo seixos<br />

brancos de sílica bem arredondados. A extração mineral que adota um método de lavra a<br />

céu aberto provoca de forma acelerada a erosão e degradação do solo, devido à eliminação<br />

da cobertura vegetal e remoção da camada superficial do mesmo, abrindo cavas profundas<br />

e dificultando até mesmo uma posterior utilização.<br />

Dessa forma, percebe-se que a extração mineral no bairro Nossa Senhora do<br />

Perpétuo Socorro em Timon/MA vem sendo realizada de forma desordenada e sem um<br />

estudo prévio dos impactos ambientais, isto é sem o estabelecimento de um diagnóstico das<br />

prováveis alterações de natureza física, biológica e socioeconômica provocados pela<br />

atividade.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Embora se entenda que a extração mineral possui importância econômica para o<br />

desenvolvimento da sociedade, reconhece-se problemas ambientais gerados por essa<br />

atividade que podem inferir modificações significativas no ambiente. O problema<br />

5


ambiental presente está condicionado à exploração desordenada e predatória dos recursos<br />

naturais locais, não se tendo percebido uma ação ambiental de recuperação, conservação e<br />

sustentabilidade por parte dos agentes envolvidos para um melhor uso e ocupação do solo.<br />

A pesquisa preliminar realizada teve a intenção de estabelecer uma primeira<br />

aproximação com a problemática identificada e com área de estudo. Na investigação na<br />

literatura identificou-se uma relação conflitante entre a relevância econômica da atividade<br />

e a geração de impactos ambientais negativos dela decorrentes. Na observação inicial da<br />

área foi detectada uma extração de forma desordenada com geração de impactos<br />

ambientais negativos, confirmando também a condição de inexistência de estudos<br />

ambientais prévios.<br />

Neste caso, infere-se que tanto a atividade em questão, como qualquer outra que<br />

tenha influência sobre os recursos naturais, precisa ser sempre acompanhada pelo poder<br />

público, tanto o órgão ambiental do município como o Ministério Público e também pela<br />

sociedade, principalmente pela comunidade diretamente afetada. Esse acompanhamento<br />

possibilitaria desenvolver ações de controle de utilização dos recursos naturais locais, com<br />

definição do uso e ocupação do espaço urbano, através de políticas públicas voltadas para<br />

o município, considerando a perspectiva de um desenvolvimento sustentável local através<br />

de ações ambientais coerente respeitando as condições socioambientais da área e seguindo<br />

a legislação pertinente<br />

6


REFERÊNCIAS<br />

ALVARENGA, M. I. N.; SOUSA, J. A. Atributos do solo e impacto ambiental. Lavras:<br />

UFLA/FAEPE, 1998. 205p.<br />

BARRETO, M. L. Mineração e desenvolvimento sustentável: desafios para o Brasil. Rio<br />

de Janeiro: CETEM/MCT, 2001. 215p. Disponível em: http://www.cetem.gov.br. Acesso<br />

em: 10. out. 2010.<br />

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Construindo a Agenda 21 Local. 2 ed. Brasília:<br />

Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável, 2007.<br />

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. 2009.<br />

COELHO, M. C. N. Impactos ambientais em áreas urbanas – teorias, conceitos e métodos<br />

de pesquisa. In: GUERRA, A. T.; CUNHA, S. B. (Orgs.). Impactos ambientais urbanos<br />

no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 19 – 45.<br />

CORREIA FILHO, F. L. Projeto Avaliação de depósitos minerais para a construção<br />

civil – PI/MA. Teresina; CPRM, 1997. 2v.<br />

CHISTOFOLETTI, A. et al. Geografia e meio ambiente no Brasil. São Paulo:<br />

HUCITEC, 1995.<br />

GUERRA, A. J. T; CUNHA, S. B. (Org.). Geomorfologia: uma atualização de bases e<br />

conceitos. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.<br />

______. Geomorfologia e Meio Ambiente. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.<br />

GUERRA, A. J. T,; MEDONÇA, J. K. S. Erosão dos Solos e a Questão Ambiental.<br />

In: AUTOR. Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand<br />

Brasil, 2004. p 225 – 248.<br />

INFORME AGROPECUÁRIO. Recuperação de Áreas de Degradadas. Belo Horizonte:<br />

Epamig. V. 22. Nº. 210. Mai./jun. 2001.84p.<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010).<br />

Serviço Geológico do Brasil (CPRM, ano 2008)<br />

WILLIAMS, D. D.; BUGIN, A; REIS, J. L. B. C. (Coords.) Manual de recuperação de<br />

áreas degradadas pela mineração: técnicas de revegetação. Brasília: MINTER/Instituto<br />

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA. 1990. 96p.<br />

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