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1 Pirataria de Software: Uma Análise da Relação entre ... - Anpad

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<strong>Pirataria</strong> <strong>de</strong> <strong>Software</strong>: <strong>Uma</strong> <strong>Análise</strong> <strong>da</strong> <strong>Relação</strong> <strong>entre</strong> Comportamento Ético, Atitu<strong>de</strong> e<br />

Intenção do Consumidor.<br />

Autoria: Richélita do Rosário Brito Casali, Tais Alexandre Antunes Paes, Petruska <strong>de</strong> Araújo Machado,<br />

Leíza Cavalcanti <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Augusto José <strong>de</strong> Aragão<br />

Resumo<br />

Comportamentos antiéticos ou dilemas éticos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados ou<br />

enfrentados por qualquer um dos stakehol<strong>de</strong>rs envolvidos no sistema <strong>de</strong> troca, inclusive o<br />

consumidor (MALHOTRA; MILLER, 1998). Neste sentido, práticas <strong>de</strong>letérias executa<strong>da</strong>s<br />

pelos consumidores po<strong>de</strong>m ter efeitos tão nocivos quanto àquelas pratica<strong>da</strong>s pelas empresas<br />

ofertantes. A pirataria digital <strong>de</strong> software é uma prática ilegal que tem aumentado<br />

significativamente a partir dos anos 1990. Este fenômeno tem causado gran<strong>de</strong>s prejuízos aos<br />

diversos stakehol<strong>de</strong>rs envolvidos na relação <strong>de</strong> troca: (1) à indústria ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>dicar menos<br />

recursos à pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos; (2) aos consumidores que<br />

compram os softwares originais são obrigados a pagar mais caro para cobrir o prejuízo<br />

causado por aqueles que pirateiam; (3) ao governo que per<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>de</strong><br />

impostos, <strong>entre</strong> outros; e (4) à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tendo em vista a ligação do roubo <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

intelectual com o crime organizado, incluindo tráfico <strong>de</strong> drogas, armas, pessoas e “lavagem”<br />

<strong>de</strong> dinheiro. Esse artigo teve como objetivo investigar a relação <strong>entre</strong> o comportamento ético<br />

geral do consumidor, a atitu<strong>de</strong> com relação à pirataria <strong>de</strong> software e a intenção <strong>de</strong> piratear. A<br />

investigação empírica foi realiza<strong>da</strong> com 200 universitários <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino superior<br />

particular em uma capital do Nor<strong>de</strong>ste. Um estudo <strong>de</strong>scritivo e quantitativo foi realizado a fim<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar correlações <strong>entre</strong> os construtos comportamento, atitu<strong>de</strong> e intenção para piratear.<br />

A intenção foi analisa<strong>da</strong> através <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> piratear software assumi<strong>da</strong> pelo<br />

consumidor em dois cenários submetidos à sua avaliação, que diferiam <strong>entre</strong> si pela estrutura<br />

<strong>de</strong> custos. Os procedimentos estatísticos realizados foram: 1) análises exploratórias<br />

preliminares; 2) teste qui-quadrado; 3) análise <strong>de</strong> estatística <strong>de</strong>scritiva e 4) análise <strong>de</strong><br />

correlação. Os resultados mostraram que as três dimensões <strong>de</strong> comportamento geral antiético<br />

não variaram <strong>de</strong> acordo com o gênero e a ren<strong>da</strong> familiar. Esses resultados sugerem que, na<br />

amostra pesquisa<strong>da</strong>, o consumidor apresenta <strong>de</strong> uma forma geral uma tendência ao<br />

comportamento ético, embora em questões associa<strong>da</strong>s à pirataria <strong>de</strong> software não haja uma<br />

tendência clara quanto à percepção <strong>de</strong> eticali<strong>da</strong><strong>de</strong> envolvi<strong>da</strong>. Possíveis explicações para esses<br />

resultados são apresenta<strong>da</strong>s. As contribuições <strong>de</strong>ste estudo po<strong>de</strong>m ser or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s em três:<br />

teórica, prática e educacional. Do ponto <strong>de</strong> vista teórico ele traz evidências <strong>de</strong> uma fraca<br />

sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos consumidores <strong>da</strong> pirataria <strong>de</strong> software como uma prática anti-ética. No<br />

campo prático, os resultados do estudo apontam para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar o formato <strong>de</strong><br />

gestão <strong>de</strong> negócios que li<strong>da</strong>m com software, além <strong>de</strong> mostrar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativas<br />

governamentais e priva<strong>da</strong>s que conscientizem os consumidores <strong>de</strong> que pirataria <strong>de</strong> software é<br />

ilegal e anti-ética, informando a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre os problemas associados a questão. Já no<br />

âmbito educacional, este estudo reforça a importância <strong>de</strong> se educar o consumidor. <strong>Uma</strong><br />

sugestão nesse sentido é <strong>de</strong> incorporar nas aulas <strong>de</strong> informática tempo para a educação<br />

concernente aos aspectos éticos no do uso do computador (HINDUJA, 2003).<br />

1


1 Introdução<br />

Os assuntos sobre comportamento ético têm sido discutidos em muitas áreas <strong>de</strong><br />

negócios. Pesquisas têm <strong>de</strong>stacado questões <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual, especificamente<br />

software pirata (AL-RAFEE; CRONAN, 2006), sendo consi<strong>de</strong>rado um sério problema <strong>de</strong><br />

difícil controle em todo o mundo <strong>de</strong>vido à facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> duplicação <strong>de</strong> produtos com direitos<br />

autorais (HSU; SHIUE, 2007).<br />

A expansão <strong>da</strong> Internet tem contribuído para a aquisição <strong>de</strong> softwares sem pagar e sem<br />

a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> autorização do proprietário dos direitos autorais. As facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s estão relaciona<strong>da</strong>s à<br />

maleabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s tecnologias em produzirem softwares <strong>de</strong> forma mais rápi<strong>da</strong>, acessível e ao<br />

custo mais baixo (GOEL; NELSON, 2009) incentivando assim, o ato <strong>de</strong> piratear.<br />

A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> piratear ou não software digital po<strong>de</strong> estar relaciona<strong>da</strong> a questões <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m ética. Desta forma, o estudo <strong>da</strong> ética em marketing, mais especificamente o<br />

comportamento ético do consumidor que adquire produtos piratas, em particular software, é<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância. Esta abor<strong>da</strong>gem permite uma análise ética sobre a perspectiva do<br />

consumidor, em contrapeso a diversos estudos que enfocam a ética nos negócios enfatizando<br />

o lado do ofertante como, por exemplo, o estudo <strong>de</strong> Singhapakdi (1999) que investigou a<br />

percepção relaciona<strong>da</strong> à importância ética e à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social em intenções éticas <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> marketing e o estudo <strong>de</strong> Valentine et al. (2010) que relaciona o<br />

comportamento ético do empregado à boa performance no trabalho ao testar <strong>de</strong> forma<br />

empírica trabalhadores <strong>de</strong> “colarinho branco” <strong>de</strong> uma indústria financeira.<br />

Enten<strong>de</strong>-se que o consumidor é um dos componentes chaves <strong>da</strong>s trocas em marketing<br />

e o seu comportamento antiético, aqui tratado especificamente como aquisição <strong>de</strong> produtos<br />

piratas, é potencialmente prejudicial para empresas e indivíduos <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> direitos<br />

autorais <strong>de</strong> software e para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral. Tendo em vista esta percepção <strong>de</strong>finiu-se o<br />

seguinte problema <strong>de</strong> pesquisa: como o comportamento ético geral, a atitu<strong>de</strong> com relação à<br />

pirataria e a intenção do indivíduo <strong>de</strong> piratear software se correlacionam? O objetivo, assim, é<br />

investigar a relação <strong>entre</strong> o comportamento ético geral do consumidor, a atitu<strong>de</strong> com relação à<br />

pirataria e a intenção <strong>de</strong> piratear software.<br />

A revisão <strong>da</strong> literatura disponível indicou que o assunto selecionado para este artigo<br />

apresenta três importantes impactos para o marketing, que são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m prática, teórica e<br />

educacional. Por ser uma pesquisa <strong>de</strong> ética do consumidor, o estudo contribui teoricamente<br />

por gerar maiores evidências para a complementação dos estudos na área, uma vez que é<br />

consi<strong>de</strong>rado um campo ain<strong>da</strong> em consoli<strong>da</strong>ção em termos <strong>de</strong> estrutura temática<br />

(BRINKMANN; PEATTIE, 2008; SCHLEGELMILCH; OBERSEDER, 2009). No campo<br />

prático, o estudo potencialmente fornece informações úteis para elaboração <strong>de</strong> ações<br />

governamentais e <strong>de</strong> iniciativas empresariais que estimulem comportamentos éticos <strong>entre</strong> os<br />

consumidores. Já no âmbito educacional, pesquisas como estas po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r a educar o<br />

consumidor, gerando materiais <strong>de</strong> conscientização quanto à existência dos <strong>da</strong>nos associados a<br />

tal comportamento.<br />

2 Ética em Marketing<br />

Questões éticas tem sido um tópico frequentemente abor<strong>da</strong>do em marketing (VITELL;<br />

SINGHAPAKDI; TOMAS, 2001; HUNT; VITELL, 1986; HUNT; VITELL, 2006), po<strong>de</strong>ndo<br />

ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como a investigação sobre os aspectos morais, padrões e regras <strong>de</strong> conduta<br />

concernentes às <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> marketing e situações <strong>de</strong> marketing (VITELL, apud BLODGETT<br />

et al, 2001).<br />

Segundo Nill e Schibrowsky (2007), a literatura no campo <strong>da</strong> ética em marketing<br />

embora possa ser categoriza<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias formas, <strong>de</strong> maneira geral tem sido dividi<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma<br />

2


<strong>de</strong>scritiva (direciona<strong>da</strong> à <strong>de</strong>scrição ou explicação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e processos <strong>de</strong> marketing<br />

relevantes eticamente) ou prescritiva (direciona<strong>da</strong> à orientação do que é certo ou errado<br />

eticamente), ou ain<strong>da</strong> em nível macro (ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> marketing eticamente relevantes para<br />

grupos <strong>de</strong> consumidores, socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e sistema <strong>de</strong> marketing) ou micro (foco em dilemas éticos<br />

vivenciados <strong>entre</strong> indivíduos e empresas) <strong>de</strong> acordo com a percepção <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> autor.<br />

Temas centrados em questões éticas envolvendo o sistema <strong>de</strong> marketing começaram a<br />

surgir com maior ênfase nos anos 80 (LAYTON; GROSSBART, 2006). Neste período<br />

escolas <strong>de</strong> marketing passaram a avaliar conceitualmente a natureza do conjunto <strong>da</strong> ética em<br />

marketing (CARRIGAN; MARINOVA; SZMING, 2005), contribuindo assim para o aumento<br />

<strong>de</strong> estudos nessas áreas. Tais áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong>m ser verifica<strong>da</strong>s com maior<br />

clareza, por exemplo, no artigo Half a century of marketing ethics: Shifting perspectives and<br />

emerging trends, <strong>de</strong> Schlegelmilch e Oberse<strong>de</strong>r (2009), que fornece uma revisão <strong>da</strong> literatura<br />

sobre ética em marketing, a partir <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> 538 artigos, publicados em 58 periódicos, no<br />

período <strong>de</strong> 1960 a 2008, e apresenta, <strong>entre</strong> outras informações, os principais tópicos<br />

abor<strong>da</strong>dos. Os tópicos são agrupados por déca<strong>da</strong>, conforme apresentados na Figura 1.<br />

Figura 1: Revisão <strong>da</strong> literatura sobre ética em marketing<br />

Déca<strong>da</strong> Principais áreas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s e/ou aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

1960 Questões éticas na pesquisa em marketing, toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética corporativa e normas e<br />

códigos.<br />

1970 Questões relaciona<strong>da</strong>s à educação em marketing, administração do produto, publici<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

marketing social.<br />

1980 Questões éticas relaciona<strong>da</strong>s à distribuição, a ven<strong>da</strong>s e ao contexto internacional.<br />

1990 Questões relaciona<strong>da</strong>s à educação em marketing, promoção, pesquisa em marketing, contexto<br />

internacional, toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética corporativa, normas e códigos, preço, religião,<br />

consumidores vulneráveis, marketing ver<strong>de</strong>, ética em marketing e leis.<br />

2000 Questões relaciona<strong>da</strong>s à educação em marketing, toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética corporativa,<br />

normas e códigos, ética em marketing internacional e ética em marketing no contexto <strong>da</strong><br />

internet.<br />

Percebe-se que a maior parte <strong>da</strong> literatura, em geral <strong>de</strong>senvolveu questões éticas com o<br />

foco no ofertante (CHERRY; FRAEDRICH, 2000; SCHUMANN, 2001; SVENSSON;<br />

WOOD, 2007; SINGHAPAKDI et al, 2010). Poucos estudos têm investigado questões éticas<br />

sob a perspectiva do consumidor (VITELL; PAOLILLO, 2003; SWAIDAN; RAWWAS; AL-<br />

KHATIB, 2004; BRUNK, 2009). Deixar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a perspectiva do consumidor em<br />

pesquisas <strong>de</strong> ética po<strong>de</strong> trazer um entendimento incompleto do processo, uma vez que, o<br />

consumidor é o principal participante <strong>da</strong> relação <strong>de</strong> troca (VITELL, 2003).<br />

Comportamentos antiéticos ou dilemas éticos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados ou<br />

enfrentados por qualquer um dos stakehol<strong>de</strong>rs envolvidos no sistema <strong>de</strong> troca, inclusive o<br />

consumidor (MALHOTRA; MILLER, 1998). Neste sentido, práticas <strong>de</strong>letérias executa<strong>da</strong>s<br />

pelos consumidores po<strong>de</strong>m ter efeitos tão nocivos quanto àquelas pratica<strong>da</strong>s pelas empresas<br />

ofertantes. O argumento <strong>de</strong> Wilkie e Moore (1999) para a relevância <strong>de</strong> se estu<strong>da</strong>r tais<br />

comportamentos é <strong>de</strong> que eles po<strong>de</strong>m prejudicar competidores e consumidores honestos.<br />

Desta forma, não se po<strong>de</strong> pensar a ética em marketing sem pensar na ética do consumidor,<br />

pois, se práticas antiéticas <strong>de</strong> um agente ofertante, como, por exemplo, fazer propagan<strong>da</strong><br />

enganosa, são insalubres para os envolvidos na troca, a prática antiética do agente <strong>de</strong>man<strong>da</strong>nte<br />

também tem potencial <strong>de</strong> gerar <strong>da</strong>nos neste mesmo sentido <strong>de</strong> troca.<br />

3 Comportamento Ético do Consumidor<br />

A questão <strong>de</strong> como o consumidor toma a <strong>de</strong>cisão quando exposto a um dilema ético<br />

tem atraído consi<strong>de</strong>rável atenção dos pesquisadores. Muitos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

3


ética são propostos na literatura. Entre os quais Malhotra e Miller (1998) apontam os<br />

seguintes: o Mo<strong>de</strong>lo Hunt-Vitell, fun<strong>da</strong>mentado nas filosofias morais <strong>de</strong>ontológica e<br />

teleológica; o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Trevino, que consi<strong>de</strong>ra diferenças individuais (força do ego, campo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência e locus <strong>de</strong> controle); o Framework <strong>de</strong> contingência <strong>de</strong> Ferrel e Gresham que<br />

consi<strong>de</strong>ra três grupos <strong>de</strong> influência na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão individual, tais como fatores<br />

individuais (valores, atitu<strong>de</strong>s, conhecimento, etc), significado percebido do outro (o que as<br />

pessoas envolvi<strong>da</strong>s representam para o tomador <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão) e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> (condições que<br />

limitam ou favorecem <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão).<br />

De acordo com Vitell (2003), os mo<strong>de</strong>los acima citados são os principais mo<strong>de</strong>los<br />

teóricos do processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão envolvendo questões éticas em marketing e<br />

negócios, porém somente o mo<strong>de</strong>lo ou teoria Hunt-Vitell, po<strong>de</strong> receber as duas<br />

<strong>de</strong>nominações. Pois, segundo Hunt e Vitell (2006), ele o único capaz <strong>de</strong> ser facilmente<br />

aplicável ao comportamento do consumidor individual, sendo, portanto, o mais a<strong>de</strong>quado para<br />

a utilização em pesquisas envolvendo ética do consumidor. Este é apresentado como um<br />

processo não-causal, embora torne possível <strong>de</strong>senvolver mo<strong>de</strong>los causais a partir <strong>de</strong> suas<br />

relações (HUNT; VITELL, 2006). Embora esta seja uma opinião dos autores sobre sua<br />

própria criação e por essa razão merecer ser avalia<strong>da</strong> criticamente, cabe salientar aqui que tais<br />

pesquisadores são reconhecidos internacionalmente como gran<strong>de</strong>s estudiosos na matéria,<br />

assim tal opinião é digna <strong>de</strong> crédito. Além do fato <strong>de</strong> até o momento não haver propostas<br />

reconheci<strong>da</strong>s pelo mainstream <strong>da</strong> área como capaz <strong>de</strong> superar o mo<strong>de</strong>lo Hunt-Vitell no<br />

contexto específico <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética do consumidor.<br />

O mo<strong>de</strong>lo Hunt-Vitell tem como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> a percepção do indivíduo sobre a<br />

existência <strong>de</strong> um dilema ético, seguido pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s alternativas possíveis para<br />

resolver o problema, alternativas estas que serão limita<strong>da</strong>s ao conjunto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração do<br />

indivíduo. A avaliação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las tem como base normas <strong>de</strong>ontológicas e<br />

teleológicas. As normas <strong>de</strong>ontológicas representam os valores pessoais e regras <strong>de</strong><br />

comportamento moral. A avaliação teleológica, por sua vez, consi<strong>de</strong>ra as conseqüências<br />

envolvi<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> escolha, incluindo a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> consequência acontecer, o<br />

<strong>de</strong>sejo ou não <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> conseqüência e a importância <strong>da</strong><strong>da</strong> por ca<strong>da</strong> grupo <strong>de</strong> stakehol<strong>de</strong>r, que<br />

varia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do indivíduo e <strong>da</strong> situação. Assim, o julgamento ético é uma função <strong>de</strong> tais<br />

avaliações e este julgamento afeta o comportamento do indivíduo por meio <strong>da</strong> intenção. O<br />

comportamento final será influenciado pelo controle <strong>da</strong> ação, ou seja, até que ponto o<br />

indivíduo tem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar sua intenção em um <strong>de</strong>terminado comportamento.<br />

Logo, uma vez toma<strong>da</strong> à <strong>de</strong>cisão, suas conseqüências servirão como realimentação do<br />

processo, sendo transforma<strong>da</strong>s em experiências pessoais que apoiarão futuras <strong>de</strong>cisões<br />

(VITELL, 2003; HUNT; VITELL, 2006).<br />

Embora bastante utilizado nas pesquisas em marketing, o Mo<strong>de</strong>lo Hunt-Vitell não é<br />

um mo<strong>de</strong>lo aceito universalmente. Brinkmann e Peattie (2008) o criticam afirmando que é<br />

natural que os autores do mo<strong>de</strong>lo e especialistas no assunto consi<strong>de</strong>rem seu mo<strong>de</strong>lo o mais<br />

a<strong>de</strong>quado, em referência à <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mesmo feita por seus propositores.<br />

Apesar <strong>da</strong>s críticas, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Hunt-Vitell, tem apresentado maior robustez e consistência<br />

para explicação do comportamento <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética na perspectiva do consumidor,<br />

viabilizando, assim, a geração <strong>de</strong> hipóteses ou proposições envolvendo diferentes construtos.<br />

4 <strong>Pirataria</strong> Digital <strong>de</strong> <strong>Software</strong><br />

A evolução tecnológica e o crescente acesso à Internet contribuíram para o aumento do<br />

número <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong> produtos digitais sem autorização do proprietário dos direitos autorais,<br />

<strong>de</strong>ntre eles livros, software, e arquivos <strong>de</strong> música e filme, o que tem sido <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />

pirataria digital (PEITZ; WAELBROECK, 2006). A pirataria digital <strong>de</strong> software é uma<br />

4


prática ilegal que tem aumentado significativamente a partir dos anos 1990. Esta po<strong>de</strong> ser<br />

entendi<strong>da</strong> como a cópia ou download na Internet e/ou distribuição <strong>de</strong> software com direitos<br />

autorais protegidos sem autorização do fabricante (GUPTA; GOULD; POLA, 2004; PHAU;<br />

NG, 2009; GOEL; NELSON, 2009).<br />

Shore et al (2001) divi<strong>de</strong>m a cópia antiética <strong>de</strong> software em duas categorias: (1)<br />

Softlifting quando a cópia não autoriza<strong>da</strong> é para uso pessoal e sem envolver ganhos<br />

monetários; e (2) pirataria ou falsificação, que geralmente envolve ganhos financeiros. Este<br />

fenômeno tem causado gran<strong>de</strong>s prejuízos aos diversos stakehol<strong>de</strong>rs envolvidos na relação <strong>de</strong><br />

troca: (1) a indústria ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>dicar menos recursos à pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />

produtos (PHAU; NG, 2009); (2) os consumidores que compram os softwares originais são<br />

obrigados a pagar mais caro para cobrir o prejuízo causado por aqueles que pirateiam (PHAU;<br />

NG, 2009; HINDUJA, 2003); (3) governo que per<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> impostos,<br />

<strong>entre</strong> outros; e a (4) socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tendo em vista a ligação do roubo <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual<br />

com o crime organizado, incluindo tráfico <strong>de</strong> drogas, armas, pessoas e “lavagem” <strong>de</strong> dinheiro<br />

(RUTTER; BRYCE, 2008).<br />

Carvalho (2004) consi<strong>de</strong>ra o software um bem <strong>de</strong> informação com alto custo fixo <strong>de</strong><br />

produção <strong>da</strong> primeira cópia e baixo custo variável para as seguintes reproduções após a<br />

fabricação <strong>da</strong> primeira. Essa estrutura incomum nos custos os diferencia radicalmente dos<br />

bens tangíveis e trazem como conseqüências problemas relacionados à sua gestão. Ain<strong>da</strong><br />

neste sentido, a mesma autora <strong>de</strong>staca a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> adoção pelas empresas <strong>de</strong> estratégias<br />

que consi<strong>de</strong>rem as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa nova categoria <strong>de</strong> produto/serviço. Consi<strong>de</strong>rando o<br />

baixo custo variável <strong>da</strong> reprodução <strong>de</strong> cópias, consumidores enfrentam ca<strong>da</strong> vez mais o<br />

dilema ético com relação à maneira <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> software, questionando se <strong>de</strong>vem comprar<br />

ou piratear (GUPTA; GOULD; POLA, 2004). Vários fatores contribuem para este dilema, por<br />

exemplo, o software pirateado, como os <strong>de</strong>mais bens digitais: (1) mantém a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica<br />

similar ao original, apesar <strong>de</strong> não possuir suporte técnico <strong>de</strong> qualquer or<strong>de</strong>m; (2) custa bem<br />

menos que o original, além <strong>de</strong> ser relativamente fácil <strong>de</strong> ser baixado <strong>da</strong> Internet; (3) a<br />

percepção, em geral, dos consumidores quanto à punição é <strong>de</strong> que a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é remota;<br />

<strong>entre</strong> outros.<br />

Vale salientar ain<strong>da</strong> que, <strong>de</strong> forma geral, os consumidores são heterogêneos com<br />

relação a sua disposição <strong>de</strong> adquirir o original ou o pirata (PEITZ; WAELBROECK, 2006).<br />

Além disso, há ain<strong>da</strong> uma categoria <strong>de</strong> consumidores que são ignorantes, ou seja, não<br />

apresentam informações ou conhecimentos para diferenciar um produto pirateado <strong>de</strong> um<br />

original.<br />

Muito se tem estu<strong>da</strong>do sobre os fatores envolvidos e sua influência na intenção, na<br />

atitu<strong>de</strong> e no comportamento com relação à pirataria, abor<strong>da</strong>ndo fatores pessoais, sociais,<br />

situacionais e econômicos. Cronan e Al-Rafaee (2007), por exemplo, com base na Teoria do<br />

Comportamento Planejado verificaram em seu estudo que a atitu<strong>de</strong>, o comportamento passado<br />

<strong>de</strong> pirataria, o controle percebido e a obrigação moral explicam boa parte <strong>da</strong> intenção <strong>de</strong><br />

piratear software e mídia. Thong e Yap (apud AL-RAFEE; CRONAN, 2006) utilizaram a<br />

Teoria <strong>de</strong> Toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> Decisão Ética <strong>de</strong> Hunt e Vitell para explicar tal comportamento através<br />

<strong>da</strong>s regras <strong>de</strong> avaliações <strong>de</strong>ontológicas e teleológicas adota<strong>da</strong>s pelo indivíduo. Outro estudo<br />

vincula a estrutura <strong>de</strong> custo para produção do software percebi<strong>da</strong> pelo consumidor (custo fixo<br />

x custo variável) à sua disposição <strong>de</strong> pagar mais ou menos, ou até mesmo fazer o download <strong>da</strong><br />

Internet sem pagar <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado software (NUNES; HSEE; WEBER, 2004).<br />

5 Método<br />

Para realizar a investigação, utilizou-se a estratégia <strong>de</strong>scritiva e quantitativa <strong>de</strong><br />

pesquisa. No estudo foram utiliza<strong>da</strong>s escalas diferentes para mensurar o comportamento ético<br />

5


geral do consumidor, a atitu<strong>de</strong> e a intenção para piratear.<br />

5.1 Procedimentos <strong>de</strong> Coleta <strong>de</strong> Dados<br />

Na literatura a escala mais utiliza<strong>da</strong> para mensurar o comportamento ético geral do<br />

consumidor foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> em consonância com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Hunt-Vitell por James Muncy<br />

e Scott J.Vitell em 1992, contendo 27 itens que buscaram i<strong>de</strong>ntificar as crenças dos<br />

consumidores com relação a vários comportamentos questionáveis do ponto <strong>de</strong> vista ético.<br />

Após o agrupamento dos itens <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> dimensão foram i<strong>de</strong>ntificados quatro blocos: (1)<br />

benefício ativo <strong>da</strong> ação ilegal, (2) benefício passivo <strong>da</strong> ação ilegal, (3) benefício ativo <strong>da</strong> ação<br />

legal, (4) ações que não causam <strong>da</strong>nos. Em 2005, a Escala <strong>de</strong> Ética do Consumidor, como<br />

ficou conheci<strong>da</strong>, foi modifica<strong>da</strong> por seus autores, incorporando mais três blocos que refletem<br />

as dimensões: (1) downloading <strong>de</strong> material com direitos autorais protegidos/compra <strong>de</strong><br />

produtos falsificados, (2) reciclagem/consciência ambiental e (3) fazer a coisa certa/fazer o<br />

bem (VITELL; MUNCY, 2005) totalizando, assim, 31 itens.<br />

Para a verificação do comportamento ético geral foi utiliza<strong>da</strong> a versão mais recente <strong>da</strong><br />

escala, que foi traduzi<strong>da</strong> e recebeu pequenas alterações visando a aten<strong>de</strong>r melhor o foco do<br />

estudo: pirataria digital <strong>de</strong> software. Essas alterações envolveram modificações <strong>de</strong> termos ou<br />

expressões, tais como: música por software; CD por CD <strong>de</strong> um software; produtos falsificados<br />

por softwares pirateados; e gravar filme a partir <strong>da</strong> televisão por gravar um software do<br />

computador <strong>de</strong> um amigo.<br />

Para a aferição <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> foi utiliza<strong>da</strong> como fun<strong>da</strong>mento a pesquisa realiza<strong>da</strong> por Phau<br />

e Ng (2009), composta por 13 itens que mensuravam a atitu<strong>de</strong> com relação à pirataria digital,<br />

a partir <strong>da</strong> qual foram formulados os 5 itens para o construto “atitu<strong>de</strong>” em relação a pirataria<br />

<strong>de</strong> software <strong>de</strong>ste estudo.<br />

O construto “intenção para piratear” foi analisado através <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> piratear<br />

software assumi<strong>da</strong> pelo consumidor em dois cenários submetidos à sua avaliação, tais<br />

cenários diferiam <strong>entre</strong> si pela sua estrutura <strong>de</strong> custos, conforme o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido no<br />

estudo <strong>de</strong> Nunes, Hsee e Weber (2004). Pesquisas utilizando cenários como as <strong>de</strong> Vitell,<br />

Ramos e Nishihara (2009) e Vitell, Singhapakdi e Thomas (2001) são ca<strong>da</strong> vez freqüentes<br />

para <strong>de</strong>tectar problemas éticos.<br />

A pesquisa utilizou um questionário estruturado com blocos compreen<strong>de</strong>ndo as<br />

escalas e questões para a coleta <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>mográficas dos respon<strong>de</strong>ntes. O construto<br />

“comportamento ético geral do consumidor” foi mensurado através <strong>de</strong> uma escala tipo Likert<br />

<strong>de</strong> 5 pontos, variando <strong>de</strong> 1-Acredito que isto é fortemente que isto é errado à 5-Acredito que<br />

isto é totalmente certo. Enquanto o construto “atitu<strong>de</strong> do consumidor com relação à pirataria<br />

<strong>de</strong> software” foi mensurado através <strong>de</strong> uma escala Likert <strong>de</strong> 5 pontos, variando <strong>de</strong> 1-<br />

Discordo totalmente a 5-Concordo totalmente. Já para a mensuração <strong>da</strong> intenção <strong>de</strong> piratear<br />

software foram apresentados dois cenários, nos quais os <strong>entre</strong>vistados eram solicitados à<br />

apontar a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> praticar a pirataria do software e em qual dos dois eles<br />

consi<strong>de</strong>ravam estar causando maior prejuízo ao fornecedor. A fim <strong>de</strong> vali<strong>da</strong>r o instrumento <strong>de</strong><br />

coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, o questionário foi submetido à análise <strong>de</strong> um especialista e a um pré-teste<br />

com 10 universitários <strong>de</strong> uma universi<strong>da</strong><strong>de</strong> pública fe<strong>de</strong>ral em um Estado do Nor<strong>de</strong>ste, em<br />

ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>stas fases alguns ajustes foram realizados. Sendo em segui<strong>da</strong> aplicado com 200<br />

universitários <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino superior particular do mesmo estado.<br />

Para o foco <strong>de</strong>ste estudo <strong>entre</strong>vistas com estu<strong>da</strong>ntes universitários na opinião <strong>de</strong><br />

Broekemier, Seshadri e Nelson (1998), Al-Rafee e Croman (2006) e Coyle. et al (2009) são<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s tendo em vista que tal amostra apresenta tendências para piratear sotfware. Estes,<br />

em geral, se <strong>de</strong>param com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em i<strong>de</strong>ntificar a pirataria digital como uma prática que<br />

envolve conteúdo ético (JONES apud PHAU; NG, 2009).<br />

6


5.2 Procedimentos <strong>de</strong> <strong>Análise</strong> dos Dados<br />

Os procedimentos estatísticos para os <strong>da</strong>dos coletados foram <strong>de</strong> três tipos: 1) análises<br />

exploratórias preliminares; 2) <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> amostra; 3) teste qui-quadrado; 4) análise <strong>da</strong><br />

estatística <strong>de</strong>scritiva e 5) análise <strong>de</strong> correlação. Os quatro últimos procedimentos foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos com o apoio do programa estatístico SPSS versão 18.<br />

A avaliação exploratória preliminar consistiu na análise dos <strong>da</strong>dos coletados a fim <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar e corrigir eventuais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, procurando a existência <strong>de</strong> valores perdidos<br />

(missing values) e possíveis ações <strong>de</strong> correção e <strong>de</strong> observações atípicas (outliers) e suas<br />

possíveis <strong>de</strong>cisões. Essas verificações não indicaram a exclusão <strong>de</strong> nenhuma entra<strong>da</strong>. A<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> amostra foi basea<strong>da</strong> na freqüência dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s variáveis <strong>de</strong>mográficas e sócioeconômicas.<br />

O teste qui-quadrado foi realizado a fim <strong>de</strong> verificar a associações <strong>entre</strong> as<br />

variáveis gênero e ren<strong>da</strong> e três dimensões <strong>de</strong> comportamentos antiéticos (Percepção <strong>de</strong><br />

benefício ativo <strong>da</strong> ação ilegal, Benefício passivo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ilegal, Ação<br />

questionável, mas legal). A análise <strong>da</strong> estatística <strong>de</strong>scritiva foi feita para sumarizar as<br />

informações do comportamento ético geral, <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> e <strong>da</strong> intenção <strong>de</strong> piratear.<br />

6 <strong>Análise</strong> e Discussão dos Dados<br />

6.1. Perfil <strong>da</strong> Amostra<br />

A amostra foi forma<strong>da</strong> por 50% do gênero masculino e 50% do gênero feminino. Com<br />

relação à i<strong>da</strong><strong>de</strong>, houve uma predominância <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes jovens (45% representam a faixa<br />

<strong>de</strong> 20 até 25 anos), coerente com a afirmação <strong>de</strong> Gupta, Gould e Pola, (2004) quanto mais<br />

jovem for o indivíduo maior a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> piratear. Com relação à ren<strong>da</strong>, 67% dos<br />

respon<strong>de</strong>ntes disseram ter uma ren<strong>da</strong> familiar mensal acima <strong>de</strong> R$ 3.000,00. Esse resultado se<br />

aproxima <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s particulares, fortalecendo assim sua<br />

a<strong>de</strong>quação ao estudo.<br />

O gênero é uma variável que está significativamente relaciona<strong>da</strong> à intenção <strong>de</strong> piratear<br />

software (KWONG et al, 2003). Por exemplo, Swai<strong>da</strong>n, Rawwas e Al-Khatib (2004)<br />

encontraram diferenças <strong>entre</strong> os gêneros em relação à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ilegal. Sendo assim, a<br />

pesquisa analisou a associação <strong>entre</strong> o gênero e três dimensões que estão relaciona<strong>da</strong>s com<br />

comportamentos antiéticos do consumidor para piratear, são elas: Percepção <strong>de</strong> benefício<br />

ativo <strong>da</strong> ação ilegal, Benefício passivo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ilegal, Ação questionável, mas<br />

legal. Para isso, foi realiza<strong>da</strong> uma análise qui-quadrado para verificar a associação <strong>entre</strong> o<br />

gênero a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s três dimensões. Os resultados mostram que as três dimensões não<br />

variaram <strong>de</strong> acordo com o gênero, apresentando, respectivamente, p-valor = 0.818, p-valor =<br />

0.118, p-valor = 0.147. Isso significa que, para a amostra estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, não há diferença <strong>entre</strong> os<br />

gêneros em relação à pirataria, contrariando o estudo <strong>de</strong> Kwong et al. (2003) e Ang et al.<br />

(2001) em que os homens apresentam mais propensão em piratear do que as mulheres.<br />

Contudo, Cronan e Al-Rafee (2007) encontraram que ambos os gêneros sentem que piratear<br />

não é certo, não havendo assim diferença <strong>entre</strong> eles.<br />

Segundo Nill e Shultz II (2009) para muitos consumidores <strong>de</strong> países menos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos o preço do software legítimo leva a uma mais alta motivação para piratear,<br />

sendo assim, o software pirata, embora ilegal, fornece uma alternativa para os mesmos. Logo,<br />

a fim <strong>de</strong> analisar a relação <strong>entre</strong> ren<strong>da</strong> e as três dimensões antiéticas acima <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s<br />

observou-se que elas também não variam <strong>de</strong> acordo com a ren<strong>da</strong>, apresentando,<br />

respectivamente, p-valor = 0.299, p-valor = 0.813, p-valor = 0.517.<br />

7


6.2. <strong>Análise</strong> <strong>da</strong> Estatística Descritiva<br />

No intuito <strong>de</strong> sumarizar as informações do comportamento ético geral, <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> e <strong>da</strong><br />

intenção <strong>de</strong> piratear, foi realiza<strong>da</strong> uma análise estatística <strong>de</strong>scritiva, conforme mostra a Tabela<br />

1<br />

Tabela 1 – Estatística <strong>de</strong>scritiva<br />

Dimensões e Construtos Média Desvio padrão<br />

Beneficio ativo <strong>de</strong> ação ilegal 1,5130 ,60536<br />

Benefício passivo <strong>de</strong> ação ilegal 1,9475 ,67944<br />

Ação questionável, mas legal 3,5138 ,66319<br />

Nem prejudica e nem polui 3,3725 1,14742<br />

Comportamento ético associado a software (download) 2,9020 ,83900<br />

Comportamento ético ativo <strong>de</strong> reciclagem 3,5138 ,66319<br />

Comportamento ético <strong>de</strong> realizar o bem 3,9088 ,75279<br />

Atitu<strong>de</strong> 2,5550 ,95894<br />

Intenção <strong>de</strong> piratear 3,0150 1,04534<br />

Fonte: Dados <strong>da</strong> pesquisa<br />

Na Tabela 1 as sete primeiras linhas apresentam as médias e <strong>de</strong>svios padrões <strong>da</strong>s sete<br />

dimensões que formam o construto comportamento ético geral do consumidor (Benefício<br />

ativo <strong>de</strong> ação ilegal; Benefício passivo <strong>de</strong> ação ilegal; Ação questionável, mas legal; Nem<br />

prejudica e nem polui; Comportamento ético associado a software; Comportamento ético<br />

ativo <strong>de</strong> reciclagem; Comportamento ético <strong>de</strong> realizar o bem). Em segui<strong>da</strong> estão às médias e<br />

<strong>de</strong>svios padrões dos outros dois construtos analisados “atitu<strong>de</strong> em relação à pirataria <strong>de</strong><br />

software” e “intenção <strong>de</strong> piratear”.<br />

Para a dimensão “Nem prejudica e nem polui”, que na escala original possui cinco<br />

itens, enten<strong>de</strong>mos que três <strong>de</strong>les, estavam relacionados à utilização <strong>de</strong> software, e proce<strong>de</strong>mos<br />

à realocação <strong>de</strong>stes para a dimensão “Comportamento ético associado a software”. Neste<br />

sentido, a dimensão “Nem prejudica e nem polui” foi mensura<strong>da</strong> por apenas dois itens.<br />

As médias <strong>de</strong> 1.51 para a dimensão “Benefício ativo <strong>de</strong> ação ilegal” e <strong>de</strong> 1.94 para<br />

“Beneficio passivo <strong>de</strong> ação ilegal” indicam que <strong>de</strong> uma maneira geral a amostra consi<strong>de</strong>ra que<br />

se beneficiar tanto ativamente quanto passivamente <strong>de</strong> uma ação ilegal é errado. Já para as<br />

dimensões “Ação questionável, mas legal” (média 3.51) e “Nem prejudica e nem polui”<br />

(média 3.37) ficaram <strong>entre</strong> as variações mais ou menos e acredita-se que isto é certo,<br />

sugerindo que os itens relacionados corroboram para que não haja um sentido claro por parte<br />

dos respon<strong>de</strong>ntes em categorizá-los como comportamento ético ou antiético confirmando a<br />

tendência <strong>da</strong> classificação <strong>de</strong>stes itens nos construtos comentados pelos autores Vitell e<br />

Muncy (2005), apesar <strong>da</strong> dimensão “Ação questionável, mas legal” caminhar em sentido ao<br />

comportamento antiético.<br />

A média 2.90, relativa à dimensão “Comportamento ético associado a software”,<br />

<strong>de</strong>monstra que os <strong>entre</strong>vistados não possuem bem <strong>de</strong>finido se as ações relaciona<strong>da</strong>s à pirataria<br />

digital <strong>de</strong>vem ser classifica<strong>da</strong>s como comportamentos éticos ou antiéticos, evi<strong>de</strong>nciando a<br />

falta <strong>de</strong> posicionamento dos mesmos. As médias <strong>da</strong>s dimensões Comportamento ético ativo<br />

<strong>de</strong> reciclagem (3.51) e <strong>de</strong> realizar o bem (3.90) ficaram <strong>entre</strong> as variações mais ou menos e<br />

acredito que isto é certo, <strong>de</strong>monstrando outra vez a imprecisão quanto ao comportamento<br />

8


ético dos <strong>entre</strong>vistados, apesar <strong>da</strong> tendência no sentido <strong>de</strong> uma conduta ética para a dimensão<br />

Comportamento ético <strong>de</strong> realizar o bem.<br />

No construto “atitu<strong>de</strong>”, mensurado através <strong>da</strong> escala Likert com variação <strong>entre</strong> 1<br />

(discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente), a média <strong>de</strong> 2.55 sugere que os respon<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>da</strong> amostra, apesar <strong>de</strong> apresentarem disposição ética, ten<strong>de</strong>m a uma posição in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> no<br />

sentido <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> em piratear ou não o software. Este resultado permite uma relação com a<br />

média <strong>da</strong> dimensão “Comportamento ético associado a software”, que também apresentou<br />

uma posição intermediária.<br />

O construto “intenção <strong>de</strong> piratear” foi mensurado através dos cenários A e B e<br />

apresentou media <strong>de</strong> 3.01 corroborando que a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>entre</strong>vistados <strong>de</strong> baixarem<br />

software sem pagar ficou em meio termo indicando, novamente, que diante <strong>da</strong>s situações<br />

apresenta<strong>da</strong>s nos cenários não há uma posição <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> em relação à intenção <strong>de</strong> piratear.<br />

6.3. <strong>Análise</strong> <strong>de</strong> Correlação<br />

Para medir o grau em que existe uma associação linear <strong>entre</strong> as dimensões que<br />

formam o construto <strong>de</strong> comportamento ético geral, atitu<strong>de</strong> para piratear e intenção <strong>de</strong> piratear,<br />

foi realiza<strong>da</strong> uma análise <strong>de</strong> correlação. Os resultados mostram os valores <strong>da</strong>s correlações <strong>de</strong><br />

Pearson e as significâncias dos construtos “atitu<strong>de</strong>”, “intenção” e <strong>da</strong>s sete dimensões que<br />

formam o “comportamento ético geral do consumidor”.<br />

Tabela 2. <strong>Análise</strong> <strong>da</strong> correlação <strong>entre</strong> as dimensões que forma o construto “comportamento ético” e os<br />

construtos “atitu<strong>de</strong> para piratear” e “intenção <strong>de</strong> piratear”<br />

Dimensões e construtos<br />

Atitu<strong>de</strong> para<br />

piratear Intenção <strong>de</strong> piratear<br />

P ,221 ** ,189 **<br />

Beneficio ativo <strong>de</strong> ação ilegal<br />

Significância ,002 ,007<br />

P ,281 ** ,274 **<br />

Benefício passivo <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ilegal<br />

Significância ,000 ,000<br />

Ação questionável, mas legal<br />

P<br />

Significância<br />

,025<br />

,729<br />

-,066<br />

,350<br />

P ,211 ** ,212 **<br />

Nem prejudica e nem polui<br />

Significância ,003 ,003<br />

P ,588 ** ,258 **<br />

Comportamento ético associado a software<br />

Significância ,000 ,000<br />

Comportamento ético ativo <strong>de</strong> reciclagem<br />

P<br />

Significância<br />

,025<br />

,729<br />

-,066<br />

,350<br />

Comportamento ético <strong>de</strong> realizar o bem<br />

P<br />

Significância<br />

-,077<br />

,276<br />

-,085<br />

,230<br />

P ,169 * Intenção <strong>de</strong> piratear<br />

----<br />

Fonte: Dados <strong>da</strong> Pesquisa<br />

Significância ,017<br />

De acordo com os resultados mostrados na Tabela 2, observa-se que, ao grau <strong>de</strong><br />

significância α = 0.05, apenas três dimensões do comportamento ético evi<strong>de</strong>nciam não<br />

mostrar associação significativa com a atitu<strong>de</strong>, são elas: Ação questionável, mas legal (0.025;<br />

p-valor = 0.729), Comportamento ético ativo <strong>de</strong> reciclagem (0.025; p-valor = 0.729),<br />

Comportamento ético <strong>de</strong> realizar o bem (-0.077; p-valor = 0.276). Esses resultados já eram<br />

esperados, uma vez que tais dimensões estão associa<strong>da</strong>s com comportamentos éticos, o que<br />

9


leva ao usuário a não apresentar uma atitu<strong>de</strong> em relação ao ato <strong>de</strong> piratear, assim, esses<br />

resultados estão <strong>de</strong> acordo com o estudo <strong>de</strong> Vitell e Muncy (2005).<br />

As <strong>de</strong>mais dimensões evi<strong>de</strong>nciam grau <strong>de</strong> associação significante com a atitu<strong>de</strong>, com<br />

p-valor < 0.05. A maior correlação apresenta<strong>da</strong> se refere à dimensão “Comportamento ético<br />

associado a software” (0.588; p-valor = 0.000), significando que, no geral, a amostra<br />

apresenta um comportamento ético associado a software em relação à atitu<strong>de</strong> para piratear.<br />

Foram encontrados pesquisas com resultados semelhantes, que mostram a associação<br />

significativa <strong>entre</strong> atitu<strong>de</strong> e comportamento (AL-RAFEE; CRONAN, 2006; GUPTA;<br />

COULD; POLA, 2004).<br />

A dimensão do comportamento ético geral que evi<strong>de</strong>nciou menor grau <strong>de</strong> associação<br />

com a atitu<strong>de</strong> foi a “Nem prejudica e nem polui” (0.211; p-valor = 0.003). Esse resultado já<br />

era esperado, uma vez que a mesma é apresenta<strong>da</strong> nos itens <strong>de</strong> Vitell e Muncy (2005) como<br />

uma dimensão neutra, sendo assim, confirma<strong>da</strong>s nessa pesquisa.<br />

Os resultados do estudo corroboram a afirmação <strong>de</strong> Al-Rafee e Cronan (2006) <strong>de</strong> que<br />

a atitu<strong>de</strong> é um fator significante que influencia a intenção, pois evi<strong>de</strong>nciam uma correlação<br />

significante (0.017


informação que em função <strong>da</strong> disseminação <strong>da</strong> Internet têm sido facilmente obtidos sem a<br />

autorização dos proprietários <strong>de</strong> seus direitos autorais. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> adquirir estes produtos<br />

sem as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s permissões po<strong>de</strong> estar relaciona<strong>da</strong> a questões éticas tornando o seu estudo <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> importância. Assim, o objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa foi investigar a relação <strong>entre</strong> o<br />

comportamento ético geral do consumidor, a atitu<strong>de</strong> com relação à pirataria e a intenção <strong>de</strong><br />

piratear software.<br />

No intuito <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r tal objetivo foram utiliza<strong>da</strong>s diferentes escalas para a<br />

mensuração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> construto. A amostra foi constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> 200 estu<strong>da</strong>ntes universitários <strong>de</strong><br />

instituições priva<strong>da</strong>s situa<strong>da</strong>s em uma capital do Nor<strong>de</strong>ste. Os resultados <strong>da</strong> pesquisa<br />

i<strong>de</strong>ntificaram que para as dimensões <strong>da</strong> escala <strong>de</strong> Muncy-Vitell que avaliaram<br />

comportamentos anti-éticos os <strong>entre</strong>vistados consi<strong>de</strong>raram errado se beneficiar <strong>de</strong> ação ilegal<br />

tanto <strong>de</strong> forma ativa quanto passiva. Para as dimensões relativas à ação que é questionável,<br />

mas é legal e não prejudica, nem polui, a avaliação média se aproximou do ponto central <strong>da</strong><br />

escala, o que era esperado já que os itens julgados provocam dúvi<strong>da</strong>s por parte dos<br />

<strong>entre</strong>vistados quanto a seu conteúdo ético. As dimensões “comportamento ético ativo <strong>de</strong><br />

reciclagem” e “comportamento ético” apontaram que os <strong>entre</strong>vistados acreditam que tais<br />

comportamentos são corretos. Já a dimensão que abordou o comportamento ético associado à<br />

pirataria <strong>de</strong> software obteve uma média <strong>de</strong> 2,9, que se aproxima muito do ponto médio <strong>da</strong><br />

escala (3,0 – mais ou menos), indicando que não há uma posição bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> quanto à<br />

classificação <strong>da</strong> pirataria <strong>de</strong> software como ética ou anti-ética.<br />

Os construtos que mensuraram intenção e atitu<strong>de</strong> com relação à pirataria <strong>de</strong> software<br />

seguiram a mesma tendência do comportamento ético, ou seja, <strong>de</strong>monstraram existir uma<br />

in<strong>de</strong>finição no posicionamento dos pesquisados quanto à avaliação ética <strong>de</strong> tais ações.<br />

Esses resultados sugerem que, na amostra pesquisa<strong>da</strong>, o consumidor apresenta <strong>de</strong> uma<br />

forma geral uma tendência ao comportamento ético, embora em questões associa<strong>da</strong>s à<br />

pirataria <strong>de</strong> software não haja uma tendência clara quanto à percepção <strong>de</strong> eticali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

envolvi<strong>da</strong>. Talvez os <strong>entre</strong>vistados não estejam percebendo a existência <strong>de</strong> dilema ético em<br />

comportamentos relacionados à pirataria <strong>de</strong> software, o que corrobora com os estudos <strong>de</strong><br />

alguns autores (GUPTA; GOULD; POLA, 2004).<br />

Possíveis explicações para esses resultados estão associa<strong>da</strong>s à própria caracterização<br />

do software como um bem <strong>de</strong> informação, o que por si só carrega várias implicações: (1) as<br />

pessoas ten<strong>de</strong>m a consi<strong>de</strong>rar menos grave o roubo <strong>de</strong> um produto digital que <strong>de</strong> um produto<br />

físico, o que acontece também por ser um crime geralmente anônimo (NILL; SHULTZ II,<br />

2009); (2) o uso do computador como ferramenta <strong>de</strong> distanciamento <strong>entre</strong> as partes envolvi<strong>da</strong>s<br />

nessa relação <strong>de</strong> troca diminui ou mesmo elimina a sensação <strong>de</strong> culpa do consumidor <strong>de</strong> tal<br />

produto (PEACE; GALLETTA; THONG, 2003; AL-RAFEE; CRONAN, 2006); (3) a<br />

percepção <strong>de</strong> prejuízo também é diminuí<strong>da</strong> em função <strong>da</strong> intermediação do computador, pois<br />

quando o consumidor não sabe a quem o <strong>da</strong>no está sendo imputado, terá menos sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ao mesmo; (4) software é um bem <strong>de</strong> experiência, ou seja, o julgamento <strong>de</strong> valor pelo<br />

consumidor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> sua experimentação, o que po<strong>de</strong> estimular <strong>de</strong> alguma forma a<br />

pirataria no sentido <strong>de</strong> que o indivíduo pirateie uma cópia como forma <strong>de</strong> testar se realmente<br />

vale a pena pagar pelo produto (CARVALHO, 2004); (5) a baixa percepção <strong>da</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser pego e punido por piratear software, po<strong>de</strong> ser outro fator que favorece a falta <strong>de</strong><br />

percepção <strong>de</strong>ssa prática como ilegal e anti-ética, criando uma falsa ilusão <strong>da</strong> mesma ser<br />

aceitável do ponto <strong>de</strong> vista ético e até mesmo legal (GUPTA; GOULD; POLA, 2004; NILL;<br />

SHULTZ II, 2009; PEACE; GALLETTA; THONG, 2003; PHAU; NG, 2009; AL-RAFEE;<br />

CRONAN, 2006); e (6) bens intangíveis <strong>de</strong> intensa informação, como é o caso do software,<br />

convivem com o problema <strong>da</strong> “primeira cópia”, conforme Carvalho (2004), que se refere ao<br />

alto custo <strong>de</strong>spendido para a produção <strong>da</strong> cópia original, enquanto que os custos <strong>da</strong>s cópias<br />

adicionais são <strong>de</strong>sprezíveis. A percepção <strong>de</strong>ssa estrutura incomum <strong>de</strong> custos e ou <strong>de</strong> que o<br />

11


valor cobrado pelos fornecedores <strong>de</strong> software é muito caro po<strong>de</strong> provocar em alguns<br />

consumidores indisposição <strong>de</strong> pagar altos valores para a obtenção do produto, favorecendo o<br />

fenômeno <strong>da</strong> pirataria digital (CARVALHO, 2004; PEACE; GALLETTA; THONG, 2003;<br />

KWONG et al, 2003).<br />

Em conseqüência <strong>de</strong>stes aspectos, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios atual adotado para<br />

comercialização parece não ser a<strong>de</strong>quado às especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s do software, uma vez que sofre<br />

com as gran<strong>de</strong>s per<strong>da</strong>s ocasiona<strong>da</strong>s pela pirataria. <strong>Uma</strong> implicação importante <strong>de</strong>ste fato é a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar novas práticas organizacionais que li<strong>de</strong>m <strong>de</strong> forma mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />

com esse problema.<br />

Diversos estudos avaliam as influências <strong>entre</strong> os construtos “comportamento ético”,<br />

“atitu<strong>de</strong>” e “intenção”, <strong>entre</strong>tanto, o foco <strong>de</strong>ste estudo apenas analisou a existência <strong>de</strong><br />

correlações que existentes <strong>entre</strong> estes não verificando, assim, possíveis influências <strong>entre</strong> os<br />

mesmos.<br />

Outra limitação <strong>de</strong>sta pesquisa relaciona-se ao uso teoria <strong>de</strong> Hunt-Vitell que embora<br />

seja a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ética e seja consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a<br />

melhor alternativa para enten<strong>de</strong>r tais processos (THONG E YAP apud AL-RAFEE;<br />

CRONAN, 2006), seu mo<strong>de</strong>lo que é ilustrado através <strong>de</strong> um processo, é <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado apenas<br />

quando existe a percepção do dilema ético por parte do respon<strong>de</strong>nte na situação ou<br />

questionamento realizado. Talvez a utilização <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo não seja a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para mensurar<br />

a dimensão relaciona<strong>da</strong> a pirataria <strong>de</strong> software, uma vez que, os <strong>entre</strong>vistados pareceram não<br />

i<strong>de</strong>ntificar um dilema ético em tais comportamentos. Desta forma, estudos complementares<br />

para verificar essas possíveis implicações e o uso <strong>de</strong> outros mo<strong>de</strong>los para uma análise mais<br />

consistente a cerca <strong>de</strong>sse fenômeno sejam necessários.<br />

As contribuições <strong>de</strong>ste estudo po<strong>de</strong>m ser or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s em três: teórica, prática e<br />

educacional. Do ponto <strong>de</strong> vista teórico ele traz evidências <strong>de</strong> uma fraca sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

consumidores <strong>da</strong> pirataria <strong>de</strong> software como uma prática anti-ética. No campo prático, os<br />

resultados do estudo apontam para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar o formato <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> negócios<br />

que li<strong>da</strong>m com software, além <strong>de</strong> mostrar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativas governamentais e<br />

priva<strong>da</strong>s que conscientizem os consumidores <strong>de</strong> que pirataria <strong>de</strong> software é ilegal e anti-ética,<br />

informando a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre os problemas associados a questão. Já no âmbito educacional,<br />

este estudo reforça a importância <strong>de</strong> se educar o consumidor. <strong>Uma</strong> sugestão nesse sentido é <strong>de</strong><br />

incorporar nas aulas <strong>de</strong> informática tempo para a educação concernente aos aspectos éticos no<br />

do uso do computador (HINDUJA, 2003).<br />

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