PE - 932 - Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal

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Pastora Eunice Alves pondo o que possuimos Deus ao serviço de o exemplo da sunamita e de lídia As Escrituras não são pródigas em exemplos de mulheres que se destaquem na sociedade em que estão inseridas. Isso não é de admirar tendo em conta os contextos históricos e sociais dos quais elas emergem. Contudo, algumas são de facto mencionadas, no Antigo e no Novo Testamentos, sempre em relação com os propósitos de um Deus que não faz acepção de pessoas. Gostaria de falar muito resumidamente de duas figuras de mulheres, a Sunamita e Lídia, as quais nos surgem das páginas da Bíblia, separadas por centenas e centenas de anos e vivendo em culturas bem diferentes. Porém, elas têm um traço em comum: a forma como generosamente contribuíram com os seus bens para a obra de Deus. A primeira, é uma mulher membro da tribo de Sumam, por isso reconhecida como “Sunamita” (2 Reis 4:8-10); a segunda, mais conhecida de todos nós, é a comerciante de púrpura chamada Lídia – não se sabe se por ser originária da região com o mesmo nome, mais propriamente da cidade de Tiatira (Actos 16:13-15). A Sunamita é descrita como uma mulher de condição elevada no seio da sua tribo. Essa posição indicava que a sua família possuía bens ou riquezas, sobre os quais ela teria algum domínio, pois que ela sugere a seu marido a construção de um pequeno apartamento sobre o terraço da sua casa – certamente de grandes dimensões - para acolher o profeta Eliseu, cada vez que ele se deslocava ao seu território para alguma cerimónia ou culto. No caso de Lídia, sabemos que ela comerciava um artigo de luxo: tecidos de púrpura, só usados por pessoas muito importantes. Através desta informação podemos depreender que ela seria uma mulher com liberdade e independência económica bastantes para manejar capital suficiente para as suas transacções comerciais. Embora não fosse regra uma mulher assumir esse cargo e responsabilidade no mundo greco-romano, essa circunstância era possível. O mesmo não acontecia na sociedade judaica. 16|portugalevangélico Tanto no caso da Sunamita como no de Lídia, é destacada a sua acção generosa: elas puseram as suas riquezas ao serviço dos servos de Deus, quer fosse o profeta Eliseu quer o apóstolo Paulo. O que podemos, pois, retirar destes exemplos de mulheres, hoje, mesmo que a nossa situação económica não seja a mesma? Primeiro que tudo, a sua disponibilidade para servirem ao Senhor com os seus bens. Mais uma vez, este exemplo de generosidade tem um toque feminino de espontaneidade e de entrega. Mas também nele podemos entrever um certo sentido prático das coisas. Notemos o caso da Sunamita, num episódio que, curiosamente, procura, apesar de tudo, não atropelar os costumes: o que ela decide, fá-lo passar pela aprovação do marido. Por sua vez, Lídia, após a conversão, surge-nos no seu ambiente familiar onde certamente a sua autoridade não era contestada, como se verifica no baptismo colectivo. Podemos deduzir, com alguma segurança, que a sua casa e os seus bens foram desde logo disponibilizados para o trabalho apostólico, e que daquele lar surgiu uma nova comunidade cristã, aí reunida, na qual muito possivelmente Lídia teria um papel de liderança, até pelas suas capacidades de gestão de um negócio tão importante na região como era o do comércio de púrpura. Como segunda conclusão a retirar deste pequeno estudo, a actuação de Lídia ensina-nos, também, que administrar o que temos com sabedoria ajuda-nos a saber utilizá-lo da melhor maneira para o serviço de Cristo e da sua Igreja, especialmente no campo da evangelização e da educação cristã e suas diversas vertentes, assim como no campo da solidariedade social, como é marca do Metodismo. Os “servos e servas de Deus”, hoje, continuam a precisar do apoio generoso e do empenhamento gracioso das mulheres que sentem o apelo de Jesus Cristo para o seguirem, tal como aquelas que seguiam os passos de Jesus desde a Galileia, servindo-o com aquilo que possuíam (Lucas 8:1-3; Mateus 27:55 e Marcos 15:41).
os nossos dons espirituais “Portanto, procurai com zelo os melhores dons, e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.” I Coríntios 12. 31 Este é o versículo que encerra o capítulo 12 de I Coríntios, introduzindo logo aí, uma proposta curiosa: “eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente”. Com essas palavras, Paulo articula com firmeza paciente mas também muita ternura, a sua compreensão acerca dos dons espirituais, como esses dons contribuem para formar o ‘Corpo de Cristo’ sob o poder do Espírito e o lugar do Amor nisso tudo – Amor como fundamento ‘de toda a obra, de tudo o que fazemos e pelo que vivemos’. A partir daqui, temos aquela pérola da Bíblia que é o capítulo sobre o amor (cap.13). Raras vezes foram escritas tão belas e profundas palavras sobre este tema. E essa compreensão do apóstolo parece ter amadurecido no contexto e também por causa dos conflitos dos ‘entusiastas’ coríntios. Foi com o capítulo 13, a reflectir sobre o amor como o dom supremo, que a diaconisa Zilda Cavaleiro dirigiu a devocional de abertura do Encontro Nacional da Federação de Mulheres Metodistas, que aconteceu em Aveiro. Ao longo de 2008, já desde o Retiro Espiritual que tivera lugar em Braga, a FMM reflectiu sobre os Dons espirituais. Fomos reconduzidas/os à compreensão de que o Amor é o dom, o ‘caminho ainda mais excelente’, presente em todos os outros dons, quando inspirados pelo Espírito. Dessas reflexões, então realizadas, ficou-nos a certeza de que este é o dom que nos une e dá sentido à vida, que nos integra, para completarmos a obra do Senhor, junto do outro ou outra que está ali e nos desafia ao cuidado, ao amor. São os encontros, que vamos tendo ao longo do ano, que favorecem a proximidade. Não é esquecida a importância dos relatórios das diversas áreas de actuação da FMM que não só informam, mas também conduzem ao questionamento que revela preocupação relativamente à forma como o trabalho é conduzido ou os recursos são aplicados. No seio da FMM, a passagem de testemunho é sentida já que na Direcção ainda contamos com algumas veteranas, mas novos nomes vão surgindo. A passagem de testemunho e a abertura a novas vias é uma constante. A democracia também se faz sentir, já que todos os circuitos são representados na direcção. Os artigos dos bazares e o almoço revelam talentos, perfeição nos detalhes e gratuidade; mais uma vez, no ano de 2008, ajudaram na contabilidade, possibilitando algumas presenças, nos encontros, já que esse contributo suportou viagens. A expressão concreta de alguns dons é uma realidade que não podemos olvidar; na música, na o amor como caminho e o fortalecimento da comunidade portugalevangélico|17
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