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Monografia - Faculdade de Comunicação da UFBA - Universidade ...

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sujeito que mantivesse esta prática seria também um ser diferente. Então este comportamento,<br />

comum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo ganha um<br />

nome, e um estigma. O termo do qual <strong>de</strong>riva a palavra homossexual, o prefixo grego homo,<br />

significa igual. Usado pela primeira vez em 1869, credita-se oficialmente a criação do termo<br />

ao jornalista austro-húngaro Karl-Maria Kertbeny.<br />

Na segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do sécluo XIX, foi um militante “uranista” (como<br />

se chamava então o homem que praticava sexo com homem) quem<br />

criou o termo “homossexualismo” – visando a legitimar<br />

biologicamente a “vocação” homossexual e isentar <strong>de</strong> culpa os seus<br />

“vocacionados”. De fato, isso <strong>de</strong>u início a uma importante mu<strong>da</strong>nça<br />

<strong>de</strong> postura <strong>da</strong> ciência, que passou <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação à curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

científica perante uma anomalia, digamos, moralmente neutra.<br />

(TREVISAN, 2000, p.33)<br />

O que se <strong>de</strong>sven<strong>da</strong> por trás <strong>de</strong>sta concepção do homossexual, não apenas do termo mas <strong>da</strong><br />

conjuntura social na qual este foi cunhado é que neste processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação começava a<br />

ser cria<strong>da</strong> a homossexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como uma condição humana que distinguia os indivíduos. Já<br />

não seria um impulso ou <strong>de</strong>sejo, que po<strong>de</strong>ria ser facilmente controlado, seria uma compulsão<br />

biológica, natural. Ocasiona<strong>da</strong> por algum <strong>da</strong>do genético que diferenciava estes sujeitos, o<br />

homossexual passa a ser pensado como um indivíduo com características e padrões <strong>de</strong><br />

comportamentos próprios, motivados também por uma biologia diferencia<strong>da</strong>.<br />

A homossexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o sujeito homossexual são invenções do século<br />

XIX. Se antes as relações amorosas e sexuais entre pessoas do mesmo<br />

sexo eram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como sodomia (uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> in<strong>de</strong>sejável ou<br />

pecaminosa à qual qualquer um po<strong>de</strong>ria sucumbir), tudo mu<strong>da</strong>ria a<br />

partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong>quele século: a prática passava a <strong>de</strong>finir<br />

um tipo especial <strong>de</strong> sujeito que viria a ser assim marcado e<br />

reconhecido.[...] A homossexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, discursivamente produzi<strong>da</strong>,<br />

transforma-se em questão social relevante. A disputa centra-se<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente em seu significado moral. Enquanto alguns<br />

assinalam o caráter <strong>de</strong>sviante, a anormali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou a inferiori<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

homossexual, outros proclamam sua normali<strong>da</strong><strong>de</strong> e naturali<strong>da</strong><strong>de</strong> – mas<br />

todos parecem estar <strong>de</strong> acordo <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> um ‘tipo’ humano<br />

distintivo. ( LOURO, 2001, p.542)<br />

Se <strong>de</strong> um lado a noção <strong>de</strong> compulsão genética fomentou a marginalização social <strong>de</strong>ste “tipo<br />

humano”, a concepção cultural <strong>de</strong> pertencimento a um mesmo grupo faz com que através <strong>de</strong><br />

gestos, vocabulário e padrões <strong>de</strong> comportamento sujeitos homossexuais passam a se unir e a<br />

organizar-se em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que, engaja<strong>da</strong>s politicamente proporcionaram gran<strong>de</strong>s<br />

revoluções. Mesmo durante o século XX ain<strong>da</strong> perdurava a concepção <strong>de</strong> que o<br />

comportamento homossexual constituía um vício <strong>da</strong>noso à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e que, portanto <strong>de</strong>veria<br />

ser combatido. Até o ano <strong>de</strong> 1970 a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - OMS consi<strong>de</strong>rava o

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