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Investigação baseada nas artes - Performa - Universidade de Aveiro

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<strong>Performa</strong> ’11 – Encontros <strong>de</strong> <strong>Investigação</strong> em <strong>Performa</strong>nce<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Aveiro</strong>, Maio <strong>de</strong> 2011<br />

realizadas na primeira ou na terceira pessoa, <strong>de</strong> forma directa ou indirecta,<br />

revelam-se fundamentais para explorar e dar sentido ao mundo e, logo, à<br />

experiência do conhecimento. A exploração narrativo-dramática revela-se<br />

sempre inacabada, insuficiente e multi-alternativa, acabando por admitir várias<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caminho ou versões conclusivas. O processo <strong>de</strong> criação<br />

dramática assenta em procedimentos que admitem múltiplas formas <strong>de</strong> contar<br />

e <strong>de</strong> abranger as diversas realida<strong>de</strong>s que, por sua vez, são reveladas por<br />

sensibilida<strong>de</strong>s e nuances estéticas diferenciadas. Por isso, o <strong>de</strong>safio primordial<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pela metodologia dramática centra-se na reflexão inconclusiva,<br />

não se encaminhando, obrigatoriamente, para a interpretação una e correcta,<br />

mas sim para o <strong>de</strong>sbloquear das vozes que permitem revelar formas<br />

alternativas <strong>de</strong> dizer o mundo.<br />

A metodologia dramática adopta a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a auto-análise e a gradual<br />

consciência do subjectivo impelem o ensaio do conhecimento, impulsionando a<br />

epifania e a transcendência. Neste sentido, Munro (2007: 122) afirma que os<br />

processos <strong>de</strong> investigação baseados <strong>nas</strong> narrativas pessoais e dramáticas<br />

po<strong>de</strong>m ser incentivados pelo “imperativo político e moral <strong>de</strong> que as coisas<br />

<strong>de</strong>vem mudar”. O <strong>de</strong>sdobramento pessoal, tal como o pressupomos, ultrapassa<br />

o <strong>de</strong>terminismo social que ten<strong>de</strong> a configurar e simbolizar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, o<br />

comportamento e os discursos dos sujeitos, proporcionando novas formas <strong>de</strong><br />

resistir à nomenclatura paralisante do único e do estável.<br />

Questões epistemológicas e processuais<br />

A alterida<strong>de</strong>, na sua forma mais abstracta, somente se encontra na pura multiplicação <strong>de</strong><br />

objectos inorgânicos; enquanto toda a vida orgânica mostra variações e distinções, incluindo<br />

entre espécies da mesma espécie. Porém, só o homem po<strong>de</strong> expressar esta distinção e<br />

distinguir-se, somente ele po<strong>de</strong> comunicar o seu próprio eu e não simplesmente algo; se<strong>de</strong> ou<br />

fome, afecto, hostilida<strong>de</strong> ou temor. No homem, a alterida<strong>de</strong> que compartilha com tudo o que é,<br />

e a distinção que partilha com todo o ser vivo, converte-se em unicida<strong>de</strong>, e a pluralida<strong>de</strong><br />

humana é a paradoxal pluralida<strong>de</strong> dos seres únicos (Arendt, 2005: 206).<br />

Para Wexler (2007), gran<strong>de</strong> parte da atrofia epistemológica, particularmente<br />

entre os membros da tradição instalada, <strong>de</strong>riva da sua incapacida<strong>de</strong>, senão<br />

mesmo da má vonta<strong>de</strong> (por razões <strong>de</strong> conveniência pessoal) em enten<strong>de</strong>rem<br />

como o instituído po<strong>de</strong> limitar o conhecimento. Actualmente, muitas das<br />

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