Investigação baseada nas artes - Performa - Universidade de Aveiro
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<strong>Performa</strong> ’11 – Encontros <strong>de</strong> <strong>Investigação</strong> em <strong>Performa</strong>nce<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Aveiro</strong>, Maio <strong>de</strong> 2011<br />
problemáticas vigentes na educação e na epistemologia <strong>de</strong>correm mais das<br />
questões da consciência do que da ciência, o que tem levado alguns<br />
estudiosos a percorrer os caminhos metodológicos que lhes permitem<br />
investigar e transformar as realida<strong>de</strong>s sociais em que se inserem. Nestes<br />
casos, a investigação ten<strong>de</strong> a evi<strong>de</strong>nciar os dilemas e tensões que existem<br />
entre o social e o privado. Ou seja, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia-se a partir do afastamento<br />
premeditado do socialmente estabelecido e do óbvio; o que assegura, como<br />
nos diz Giroux “uma lealda<strong>de</strong> à visão do mundo que invoca a emancipação da<br />
sensibilida<strong>de</strong>, da imaginação e da razão em todas as esferas da subjectivida<strong>de</strong><br />
e da objectivida<strong>de</strong>” (2007: 65).<br />
Este posicionamento epistemológico <strong>nas</strong>ce, em gran<strong>de</strong> parte, da necessida<strong>de</strong><br />
intrínseca e vital dos indivíduos explorarem, <strong>de</strong> uma forma pessoalmente<br />
significativa, os ramos do saber em que se movem, mas também do<br />
entendimento que vão urdindo sobre as correntes epistemológicas e<br />
metodológicas que se apresentam como alternativas aos paradigmas<br />
tradicionais (Conquergood, 2006). Ambas as motivações concorrem para que<br />
as posturas profissionais e intelectuais passem a ligar-se à experiência <strong>de</strong> vida;<br />
conjugadas e amplificadas, obviamente, com as experiências e conhecimentos<br />
dos <strong>de</strong>mais. Sobre este assunto, Mèlich (2008) diz-nos que compreen<strong>de</strong>r é<br />
também aplicar à sua própria situação o que os outros nos contam, ou seja, o<br />
conhecimento manifesta-se como uma experiência pessoal aberta à alterida<strong>de</strong>.<br />
O posicionamento epistemológico reflexivo admite que o mundo se abra à<br />
interpretação. Deste modo, os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta ultrapassam os limites<br />
disciplinares e passam a adoptar as linguagens e os esquemas conceptuais<br />
que, num dado momento, se revelem mais <strong>de</strong>safiantes (Biggs, 2006). A<br />
linguagem utilizada, ainda que seja inevitavelmente influenciada por diversas<br />
tradições disciplinares, passa a não se confinar necessariamente aos limites<br />
dos próprios assuntos, nem a sujeitar-se às técnicas incapazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiar o<br />
que se sabe, vive e sente.<br />
As narrativas biográficas, realizadas na primeira ou na terceira pessoa, <strong>de</strong><br />
forma directa ou indirecta, assumindo um ser uno ou <strong>de</strong>sdobrando-o em<br />
múltiplos egos, revelam-se fundamentais para explorar e dar sentido ao mundo<br />
e logo, à experiência do conhecimento. Este tipo <strong>de</strong> exploração narrativa<br />
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