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2006<br />
novembro
Inglaterra abre caminho para países não-Kyoto entrarem no<br />
mercado de carbono<br />
01/novembro/2006<br />
A Inglaterra abriu um caminho para que companhias em países não-Kyoto participem no<br />
mercado global de carbono através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, anunciou o<br />
Ministro britânico de Mudanças Climáticas, Ian Pearson, na sexta-feira (27) em Beijing.<br />
Pearson disse durante o ‘Carbon Expo Asia’ que a Inglaterra aprovaria a participação de<br />
entidades fora do país em projetos de MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, após várias<br />
companhias sediadas no exterior terem expressado interesse em participar do MDL, mas não<br />
podiam através dos seus próprios países.<br />
A decisão significa que companhias fora da Inglaterra poderão participar do mercado de carbono<br />
do país, criando uma oportunidade para que esquemas de comércio locais sejam conectados<br />
através do MDL.<br />
Pearson também aprovou os dois primeiros projetos sob o novo acordo, os quais reduzirão<br />
emissões na China em cerca de 109.922 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano<br />
entre 2006 e 2012.<br />
O Ministro disse: “Estou particularmente satisfeito que esta decisão permitirá que companhias<br />
de países não-Kyoto participem no mercado global de carbono através do Mecanismo de<br />
Desenvolvimento Limpo...Sob as atuais regras, companhias em lugares como a Califórnia (a<br />
sexta maior economia mundial) não tem como participar no mercado global de emissões, e<br />
apoiar os projetos de MDL em economias em desenvolvimento.”<br />
“A Inglaterra está preenchendo este espaço. Estamos fornecendo uma maneira para que partes<br />
não-Kyoto entrem na arena internacional de negociação de carbono.”<br />
Pearson disse que a decisão foi resultado da representação de várias companhias do exterior.<br />
“Como somos o centro emergente do mercado internacional de carbono, com 26% dos projetos<br />
registrados de MDL envolvendo participantes britânicos, não é uma surpresa que estas<br />
companhias tenham recorrido à Inglaterra para fornecer uma maneira para participar no<br />
mercado global.”<br />
“Isto irá fortalecer o papel de líder da Cidade em financiar o mercado global de carbono, o qual<br />
deve valer $40.2 bilhões até o final da década.”<br />
Pearson ainda comentou que estava satisfeito em aprovar os dois primeiros projetos sob o novo<br />
acordo durante a Carbon Expo em Beijing.<br />
“Neste caso, a Climate Change Capital tinha um fundo, sediado em Luxemburgo, que queria<br />
participar de um projeto de MDL na China,” disse ele.<br />
“O fundo recebeu a aprovação da China sob a condição que a Inglaterra também aprovasse a<br />
sua participação. Nossa decisão de aprovar a participação de entidades fora da Inglaterra
significa que estes projetos podem continuar em frente, liderando para economizar mais de<br />
100.000 toneladas de dióxido de carbono equivalente a cada ano.”<br />
Fonte: Fernanda B Müller, CarbonoBrasil
MUDANÇAS CLIMÁTICAS Brasil participa de mobilização mundial 01/novembro/2006<br />
por Daniele Sallaberry<br />
Neste sábado, dia 4 de novembro, o Núcleo Amigos da Terra/Brasil e o Greenpeace realizam<br />
atividades, no Parque Farroupilha, para marcar o dia Mundial Contra as Mudanças Climáticas.<br />
Mais de 45 países ao redor do mundo estarão promovendo mobilizações contra as mudanças<br />
climáticas neste dia. Ações como caminhadas, passeios de bicicletas, palestras e manifestações<br />
terão como objetivo alertar a população do que está acontecendo e o que pode acontecer se<br />
nada for feito. E também pressionar as lideranças mundiais que estarão reunidas na próxima<br />
semana na cidade de Nairobi, no Quênia, na Convenção de Clima da ONU - COP12 – e Reunião<br />
do Protocolo de Kyoto – COP MOP 2 – para que realizem uma ação urgente para deter as<br />
mudanças climáticas. “Este é um problema mundial que requer vontade política internacional e<br />
ações locais. É necessária uma ação imediata por parte dos governos e uma mudança de<br />
atitude da população para que se reduzam as chances de uma catástrofe climática”, destaca a<br />
ativista da Campanha de Clima do Núcleo Amigos da Terra/Brasil, Carolina Herrmann.<br />
Pesquisas recentes mostram que os padrões de temperatura e chuvas, antes regulares, estão<br />
mudando, tornando-se menos previsíveis e, freqüentemente, mais intensos. Isso se reflete<br />
também no número de furacões e tempestades tropicais registrados ultimamente. Só no ano<br />
passado, ocorreram no planeta 26 tempestades tropicais e 14 furacões, a mais ativa e<br />
destrutiva estação de furacões da história já documentada.<br />
O Brasil é o quarto emissor mundial de gases de efeito estufa. Em março de 2004, o Furacão<br />
Catarina surpreendeu a costa sul do Brasil e deixou mais de 33.000 pessoas desabrigadas. As<br />
perdas econômicas para o país foram de cerca de 1 bilhão de reais. “Apesar da incerteza<br />
científica sobre o assunto, existe um consenso forte de que o aquecimento global,<br />
provavelmente, aumentará a intensidade dos furacões, como o Catarina, que traumatizou a<br />
população do sul de Santa Catarina e do litoral norte do Rio Grande do Sul”, afirma Carolina.<br />
O Núcleo Amigos da Terra/Brasil e o Greenpeace estarão distribuindo panfletos de educação<br />
ambiental que visam conscientizar a população do seu importante papel para uma ação efetiva<br />
contra as mudanças climáticas. A mobilização acontece na frente do Monumento ao<br />
Expedicionário, das 9h às 13h.<br />
Fonte: Assessoria de Comunicação Núcleo Amigos da Terra/Brasil
Relatório da ONU mostra países ricos falhando com Kyoto 01/novembro/2006<br />
Apesar dos esforços internacionais, as emissões de dióxido de carbono (CO2) que geram o<br />
efeito estufa aumentaram em 2004, e atingiram os maiores índices desde a década de 90. Os<br />
países ricos, somados, tiveram uma queda de apenas 3,3%, em média, nas emissões nos<br />
últimos 15 anos. Porém, quando se leva em conta apenas o período entre 2000 e 2004, houve<br />
na realidade um aumento das emissões nessas economias, o que mostra a necessidade de<br />
medidas mais drásticas para lidar com aquecimento do planeta.<br />
A primeira avaliação feita pelas Nações Unidas sobre as emissões, após o Protocolo de Kyoto<br />
entrar em vigor, traz resultados decepcionantes.<br />
As emissões nos países ricos atingiram 19,9 bilhões de toneladas de CO2 em 2004, ante 17,5<br />
bilhões em 2000. Em 1990, ano-referência para o protocolo, os gases lançados na atmosfera<br />
por indústrias, usinas e carros somavam 18,6 bilhões de toneladas.<br />
Entre 35 países que adotaram as recomendações de Kyoto, a redução média das emissões foi<br />
de 15,3% em comparação aos níveis de 1990. Mas a queda ocorreu em grande parte graças à<br />
crise econômica que o Leste Europeu passou nos anos 90.<br />
A Rússia registrou uma redução de 32% nas emissões; a Hungria, de 31,8%; e a Polônia, de<br />
31,2%. Excluindo esses países, a média dos países ricos teria subido 11% nas emissões. Com a<br />
volta do crescimento no Leste Europeu a partir de 2000, as emissões de CO2 subiram, o que<br />
anulou o suposto bom resultado dos países desenvolvidos.<br />
O Protocolo de Kyoto prevê que os países ricos diminuam, em média, 5,2% de suas emissões<br />
de gases do efeito estufa entre 2008 e 2012, com base nos índices registrados em 1990.<br />
“Os países desenvolvidos terão de implementar políticas mais eficientes para a redução do gás",<br />
afirmou Yvo de Boer, secretário executivo da ONU para mudanças climáticas. Só no setor de<br />
transporte, o aumento mundial das emissões de CO2 foi de 23,9% entre 1990 e 2004. A<br />
Europa, o continente mais comprometido com o protocolo, diminuiu em média apenas 0,6%.<br />
Alguns países conseguiram reduzir suas emissões de carbono, como Alemanha (-17,2%), Grã-<br />
Bretanha (-14,3%) e Lituânia (-60%). Outros, não: na Espanha, o aumento foi de 49% entre<br />
1990 e 2004; em Portugal, de 41%; e na Turquia, país que deseja tomar parte da União<br />
Européia, as emissões cresceram 72%.<br />
A situação na América do Norte é pior. O Canadá, que emite 26,6% a mais, já anunciou que não<br />
terá como cumprir os termos do acordo. Nos Estados Unidos, que não participam do protocolo,<br />
o aumento foi de 15,8% desde 1990.<br />
Fonte: Jamil Chade/Estadão Online
Brasileiro assume cadeira no Conselho Mundial para Energias<br />
Renováveis<br />
01/novembro/2006<br />
O Brasil acaba de entrar para um seleto grupo de discussões na área energética, se tornando o<br />
primeiro país da América Latina a integrar o Conselho Mundial para Energias Renováveis<br />
(WCRE). A cadeira será assumida pelo deputado federal catarinense Mauro Passos (PT), que<br />
após o encerramento do seu mandato no final do ano pretende se dedicar intensamente à<br />
causa.<br />
Estabelecido para promover políticas em todos os níveis ligadas ao uso de energia renovável, o<br />
WCRE tem como objetivo mostrar os benefícios das renováveis para a qualidade de vida das<br />
pessoas, proteção do clima, economia de custos a longo prazo e até mesmo paz. O lema do<br />
Conselho é desafiar governos e organizações internacionais a priorizarem as energias<br />
renováveis e forçarem a substituições de fontes convencionais.<br />
O convite para integrar o conselho surgiu depois de um debate internacional promovido em abril<br />
pela Frente Parlamentar em Defesa da Energia de Fontes Renováveis do Congresso Nacional,<br />
criada há um ano pelo deputado. O WCRE é presidido por Hermann Scheer, nomeado herói do<br />
Século Verde pela revista americana Time em 2002. Além disso, Scheer preside a Associação<br />
Européia de Energias Renováveis (Eurosolar) e é membro do parlamento alemão desde 1980.<br />
Além de assumir a posição no WCRE, Mauro Passos participa da 1ª Conferência Internacional<br />
sobre Armazenamento de Energia Renovável, que inicia hoje em Gelsenkirchen. Lá visitará a<br />
experiência inédita de armazenamento de energia solar numa antiga mina de carvão. Esta é<br />
uma das muitas experiências em curso na Europa, onde só em pesquisa para novas fontes de<br />
energia serão investidos 150 bilhões de dólares até o ano de 2010.<br />
Para Passos, a Alemanha tem um grande interesse em trocar informações neste campo com o<br />
Brasil, devido ao vasto potencial para novas energias que o país possui. Na área solar, por<br />
exemplo, enquanto o a irradiação na Europa varia 400 a 2000kWh/m2 por ano, no Brasil a<br />
variação é de 4500Wh/m2 (sul) a 5900Wh/m2 (sertão nordestino).<br />
O deputado aponta os altos custos de implantação de fontes renováveis frente a meios<br />
tradicionais como o grande entrave para um uso mais intenso. Mesmo com os avanços<br />
tecnológicos nesta área, ainda é inviável para muitas prefeituras e governos o emprego de<br />
soluções energéticas que não sejam as poluentes, como o uso do petróleo e queima de<br />
carvão."O problema ainda é a tecnologia para obter esta energia. Se esse nó for desatado<br />
estará resolvida a questão energética", avalia.<br />
Ele lembra que infelizmente existe um impasse muito grande entre a política e a área<br />
ambiental, já que políticos esperam ter retornos em um curto espaço de tempo de quatro anos.<br />
"Não se consegue obter retornos em investimentos na área ambiental na duração de um<br />
mandato. Os resultados virão em 10 ou 15 anos", afirma Passos. Assim, hoje principalmente no<br />
Brasil se torna impossível falar-se em políticas ambientais, como mudanças na matriz<br />
energética.<br />
Fonte: CarbonoBrasil
Energia: União Européia, preservação ambiental e um horizonte<br />
nuclear<br />
Por Mario de Queiroz, da IPS<br />
01/novembro/2006<br />
Lisboa, 31/10/2006 – Quando se trata de energia, a União Européia deve ter uma só voz,<br />
desenvolver ao máximo as fontes renováveis, reduzir o consumo para preservar o meio<br />
ambiente e apoiar a opção nuclear nos países-membros que assim decidirem. Estas foram as<br />
idéias centrais lançadas a uma reunião repleta de políticos e especialistas do bloco por José<br />
Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, órgão executivo da União Européia,<br />
durante conferência de um dia sobre energia, organizada em Portugal pelo jornal Diário de<br />
Noticias. O fórum acontece em um contexto de preços altos do petróleo, de fortes limitações<br />
ambientais e de instabilidade política em vários países exportadores. Motivos suficientes para<br />
que a segurança e a continuidade da oferta energética se convertessem em uma das principais<br />
preocupações dos dirigentes europeus.<br />
O aspecto ambiental, com uma demanda mundial energética aumentando, com o planeta<br />
enfrentando os riscos do aquecimento, com uma UE sendo a primeira importadora de energia<br />
do mundo, não foi deixado de lado por Barroso ao dizer que o propósito do bloco é reduzir em<br />
20% o consumo até 2020. A Comissão pretende acelerar a transição da UE para uma economia<br />
com baixa emissão de gases na atmosfera, reduzindo em 5% o nível existente em 1990. No<br />
entanto, os especialistas consideram que esse objetivo dificilmente será cumprido, já que as<br />
emissões aumentam, em lugar de diminuir. Em matéria energética, “é preciso que a União<br />
Européia fale com voz única”, porque atuando em conjunto o bloco terá força para “proteger e<br />
afirmar seus interesses em um mundo cada vez mais competitivo em termos de recursos<br />
energéticos”, afirmou.<br />
O encontro de alto nível contou, entre outros, com participação do primeiro-ministro de<br />
Portugal, José Sócrates, e da comissária da competitividade da Comissão da UE, a holandesa<br />
Neelie Kroes. Durante sua intervenção, Barroso apresentou um esboço do pacote de medidas<br />
destinadas a estabelecer uma política energética comum, que a sede da União Européia de<br />
Bruxelas deverá apresentar na cúpula de janeiro próximo. Nessa oportunidade, segundo<br />
Barroso, a Comissão vai apresentar um pacote global de medidas energéticas para combater as<br />
conseqüências das alterações climáticas, criar um mercado único competitivo e reduzir a<br />
vulnerabilidade externa.<br />
As propostas contemplarão vários instrumentos, como uma análise estratégica da energia,<br />
classificação a longo prazo de fontes renováveis, um informe sobre o mercado interno, um<br />
estudo sobre as infra-estruturas do setor com interesse estratégico, bem como outro sobre o<br />
carvão como elemento sustentável da UE. “Com esse pacote, a União Européia irá salvaguardar<br />
seu futuro energético”, garantiu o funcionário. Atualmente, a UE é o maior importador e<br />
segundo consumidor de energia do mundo, depois dos Estados Unidos, com uma dependência<br />
externa de 50%, valor que pode chegar a 70% em 2030. Portugal e Chipre, com mais de 95%<br />
de compra de energia no exterior, são os países mais dependentes da União Européia.<br />
Nesse contexto, é “absurda e perigosa” a existência “de 27 minimercados europeus de energia,<br />
em lugar de um único”, disse o presidente da Comissão, incluindo Bulgária e Romênia, que<br />
entrarão em janeiro próximo no bloco, que hoje soma 25 membros. “Felizmente, está ocorrendo<br />
uma revolução tranqüila em toda a Europa, com o reconhecimento da necessidade de uma
política energética integrada comum”, acrescentou. A comissária Kroes disse à IPS que a UE<br />
“deve começar a caminhar em busca de soluções, porque só assim poderá encontrá-las”. Sobre<br />
as diferentes políticas existentes, disse que Portugal “é o único Estado-membro do bloco que<br />
entende a nova lógica de separação das infra-estruturas da distribuição e produção de energia”.<br />
Na visão de Barroso, uma frente unida energética dos países-membros se traduzirá em um<br />
fortalecimento da UE diante da Rússia, principal fornecedor de gás natural ao resto do<br />
continente e com o qual espera estabelecer um novo acordo de colaboração nesse campo. Outro<br />
aspecto considerado relevante pelos especialistas presentes ao encontro é o anúncio do apoio<br />
que a UE dará aos Estados-membros que desejarem apostar na energia nuclear, especialmente<br />
nas áreas de pesquisa e segurança. “O debate sobre energia nuclear na Europa não deve ser<br />
um tabu”, disse Barroso. Mas em seguida afirmou que “cabe aos governos do bloco, não à<br />
Comissão, decidir se recorrem, ou não, à energia nuclear, mas a UE pode dar uma contribuição<br />
aos que a desejarem”.<br />
A energia nuclear é um dos quatro pilares da política da Comissão para reduzir as emissões de<br />
dióxido de carbono na UE. Os demais são o aumento da eficiência energética, o recurso de<br />
fontes renováveis e o uso de hidrocarbonetos limpos. Em Portugal, o empresário Patrik Monteiro<br />
de Barros realizou um projeto para construir uma central nuclear de última geração, com<br />
potência instalada de 1,6 mil megawatts e que demoraria sete anos para entrar em operação.<br />
Mas Sócrates afirmou que o recurso a esse tipo de energia não está no programa nem na<br />
agenda deste governo, cuja legislatura termina em 2009. Por outro lado, o, governante<br />
português não esconde sua opção pela energia solar, eólica e a obtida pelo aproveitamento das<br />
ondas marítimas.<br />
Ardente defensor do meio ambiente, Sócrates, que ocupou esse ministério durante o governo<br />
de Antonio Gueterres (1995-2002), saiu apressadamente do seminário, pois tinha apenas uma<br />
hora para chegar à localidade de Moura, sob o céu quase sempre limpo do sul de Portugal, para<br />
presidir a colocação da pedra fundamental da fábrica de painéis solares destinados à maior<br />
central desse tipo no mundo. O prefeito local, José Maria Pós-de-Mina, explicou que esse fábrica<br />
vai produzir painéis fotovoltáicos para a central, que deverá começar a funcionar em dezembro<br />
de 2007.<br />
Com mais de 350 mil painéis colocados em cerca de dez mil estruturas instalada em 114<br />
hectares na zona mais ensolarada da Europa, a central será a maior do mundo, com capacidade<br />
instalada de 62 megawatts, seis vezes mais do que a do maior complexo desse tipo, existente<br />
na Alemanha. Tanto a fábrica quanto a central solar estão sendo construídas pela empresa<br />
espanhola Acciona, com investimento de US$ 338 milhões. Mas o que parece entusiasmar<br />
Sócrates é que a produção da gigante central permitirá evitar a emissão de 60 mil toneladas de<br />
dióxido de carbono por ano, principal responsável pelo chamado efeito estufa.
Programa avalia benefícios econômicos da natureza 01/novembro/2006<br />
A Universidade Stanford e os grupos Nature Conservancy e WWF - Fundo Mundial da Natureza<br />
anunciam o lançamento do programa Projeto Capital Natural, com o objetivo de calcular os<br />
benefícios econômicos que a natureza produz à população - os chamados "serviços do<br />
ecossistema", como água limpa, controle de enchentes e regulação do clima.<br />
A idéia do projeto, segundo seus idealizadores, é responder à pergunta, "Quanto vale a<br />
natureza para a população?" e evidenciar o apoio que a vida humana recebe de florestas,<br />
matas, rios e mares.<br />
Os serviços do ecossistema incluem itens como fertilidade do solo, ar puro e controle de pragas.<br />
Esses serviços são essenciais para a saúde humana e, à medida que os recursos naturais se<br />
esgotam, importantes serviços do ecossistema deixam de ser prestados. O impacto é mais<br />
sentido pelos pobres do mundo, que não têm como pagar pelos serviços que deixam de vir da<br />
natureza, de acordo com os responsáveis pela parceria.<br />
Nesta terça-feira (31), dos estudos de cientistas ligados ao Projeto Capital Natural são<br />
publicados no periódico PLoS Biology. Esses artigos mostram como os serviços do ecossistema<br />
podem influenciar o resultado do planejamento para a preservação ambiental.<br />
Pesquisa realizada por Kai Chan e Rebecca Shaw analisa a compatibilidade entre a preservação<br />
da biodiversidade e a manutenção dos serviços do ecossistema no Estado da Califórnia (EUA).<br />
Outro trabalho, de Robin Naidoo, indica que o benefício econômico de preservar florestas<br />
supera,em muitos casos, o ganho gerado pela agricultura nas mesmas áreas.<br />
Fonte: Estadão Online
Lula promete continuidade em projetos energéticos 01/novembro/2006<br />
Em seu primeiro discurso como presidente reeleito, no domingo (29), Luís Inácio Lula da Silva<br />
(PT), afirmou que haverá prioridade para a criação de novas oportunidades na exploração e<br />
produção de gás natural visando alcançar a independência do recurso no curto prazo.<br />
Também está na agenda de desenvolvimento do governo a continuidade de investimento na<br />
infra-estrutura de transporte de gás, com especial ênfase de conclusão do gasoduto Coari-<br />
Manaus e do Gasene - Gasoduto Sudeste-Nordeste.<br />
Lula também comentou a necessidade de consolidação dos pólos de biocombustíveis, citando<br />
etanol, biodiesel e H-Bio, além do incentivo à exportação da tecnologia de biocombustíveis para<br />
América Latina e África.<br />
O presidente reeleito comentou, ainda, a importância das licitações das hidrelétricas de Rio<br />
Madeira e Belo Monte a fim de garantir o abastecimento de energia elétrica para o país.<br />
Os projetos do setor energético foram citados como exemplos de projetos de continuidade.<br />
Segundo Lula, "estes (os projetos) são sinais de que estamos (o governo petista) no caminho<br />
certo".<br />
As hidrelétricas, entretanto, sofrem entraves em razão do licenciamento ambiental.<br />
Fonte: (nPetróleo/CarbonoBrasil)
Povos do Alto Xingu consideram irregular reinício das obras de<br />
Paranatinga II<br />
por Gisele Barbieri<br />
01/novembro/2006<br />
ENTREVISTA - A construção da Pequena Hidrelétrica de Paranatinga II, no Rio Culuene (MT) um<br />
dos formadores do Rio Xingu, está preocupando os 14 povos indígenas que habitam a área do<br />
Parque do Xingu. O projeto começou em 2004 e prevê o alagamento de uma área de 1.290<br />
hectares, dos quais 920 de vegetação nativa. Eles denunciam que a obra já trouxe a poluição e<br />
redução do volume do rio, a morte de centenas de peixes, e o desrespeito a sua cultura. Em<br />
fevereiro deste ano, a Justiça Federal do Mato Grosso, entendeu que as preocupações dos<br />
indígenas eram reais e determinou que a obra fosse paralisada. Mas esta decisão não durou<br />
muito tempo, pois no início de setembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região concedeu<br />
liminar à empresa Paranatinga Energia S/A autorizando o reinício das obras. Os índios esperam<br />
também pelo cumprimento de uma resposta do Ministério do Meio Ambiente, que garantiu que<br />
um novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) que seria feito pelo Instituto Brasileiro do<br />
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que o primeiro licenciamento da<br />
Fundação Estadual do Meio Ambiente (MT) foi questionado na Justiça. Para saber mais sobre<br />
esta situação, a Agência Notícias do Planalto, conversou com uma das lideranças indígenas do<br />
Parque do Xingu, Pablo Kamayurá. Ouça agora a entrevista.<br />
Agência Notícias do Planalto: Qual foi a reação das comunidades ao saberem que uma<br />
hidrelétrica começaria a ser construída dentro deste território?<br />
Pablo Kamayura: A gente não sabia deste projeto. Fomos saber no final de 2004 que existia um<br />
projeto de construção da barragem. Depois desta notícia, a gente foi visitar a obra e no mesmo<br />
dia a gente pediu para paralisar. Nós verificamos que aquele local era um local sagrado para o<br />
nosso povo, onde foi feito pela nossa mitologia o primeiro Quarup, que é a homenagem aos<br />
lideres mortos.<br />
ANP: Quais problemas surgiram com o início da obra?<br />
PK: Aí a nossa luta é para não construir esta obra, porque ele está destruindo um local sagrado<br />
nosso. Também há várias cachoeiras neste percurso do rio que são os pontos onde os peixes<br />
fazem a piracema, onde eles desovam. Tanto é que a gente viu que eles mataram muitos<br />
peixes naquele local, pois estão destruindo os ninhos dos peixes. E pela poluição do rio mesmo,<br />
com o trabalho das máquinas a gente viu que o rio está sendo poluído, já está causando<br />
problemas de saúde para nós, pois está diminuindo bastante o volume da água.<br />
ANP: E qual o retorno vocês tiveram das autoridades para todas estas preocupações?<br />
PK: Depois de tudo isso, houve um diálogo com a procuradora-geral da Funai [Fundação<br />
Nacional do Índio], que foi no local conversar com os guerreiros para prosseguir na luta de<br />
impedimento da obra dentro da Justiça. A decisão sairia por Brasília, então nós fomos visitar o<br />
desembargador, para ver se ele entendia a nossa luta. Mas com a liberação da obra agora, a<br />
gente percebe que eles não entenderam a nossa manifestação e a nossa preocupação.<br />
ANP: E em Brasília vocês tiveram atenção por parte dos órgãos competentes do governo
federal?<br />
PK: Com toda esta manifestação em Brasília, foram encaminhados documentos para o<br />
Ministério do Meio Ambiente, para a ministra Marina Silva, para que o Ibama assumisse esse<br />
licenciamento. Inclusive ela emitiu um documento confirmando isso. Então a gente acreditou<br />
que com esta carta que ela encaminhou para nós, a continuidade da obra dependeria de novos<br />
estudos, porque está comprovado também que além de ser um local sagrado, aquela terra<br />
também seria ocupada pela etnia Xavante, Isto também a Funai encaminhou para o pessoal do<br />
Ministério.<br />
ANP: Mesmo com a obra já iniciada, Pablo, os povos indígenas acreditam que ela será<br />
paralisada ou vocês estão buscando outras alternativas?<br />
PK: Na verdade quando a gente foi lá ver o local da obra, como estava sendo feita, uma parte<br />
dela já está avançada, por exemplo a parte onde será colocada a turbina. Mas nós acreditamos,<br />
pelo que a gente viu, que ainda falta muita coisa para ser feita. Por isso acreditamos que temos<br />
condições de pedir que pare definitivamente a construção desta obra. Nós não pensamos em<br />
outra alternativa por enquanto.<br />
Vocês ouviram a entrevista com uma das lideranças do Parque do Xingu (MT), Pablo Kamayura<br />
que falou sobre a construção da Pequena Hidrelétrica de Paranatinga II no Rio Culuene (MT).<br />
Fonte: Agência Notícias do Planalto
Sobe emissão de gases poluentes em países industrializados 01/novembro/2006<br />
Um relatório da ONU sugere que as emissões de dióxido de carbono, os gases causadores do<br />
efeito estufa, aumentaram entre 2000 e 2004 nos países industrializados. O aumento foi<br />
superior ao da década passada.<br />
O estudo, no entanto, ressalta que em nível geral, as emissões caíram cerca de 3% em países<br />
em desenvolvimento.<br />
Segundo o relatório, Dados sobre Gases Poluentes 2006, a subida nos níveis de emissões é<br />
preocupante. O estudo, lançado em Bonn, na Alemanha, sugere aos países que intensifiquem<br />
políticas de promoção de cortes das emissões.<br />
O relatório, lançado pela Secretaria da Convenção sobre Mudança Climática da ONU, compilou<br />
dados de 41 países industrializados. Os Estados Unidos, que são o maior emissor global de<br />
dióxido de carbono, não participaram da pesquisa.<br />
Maria Netto, da Secretaria da Convenção sobre Mudança Climática, disse à Rádio ONU, de Bonn,<br />
que muitos países hesitam para reduzir as emissões por causa do custo.<br />
“As emissões são correspondentes ao crescimento econômico, é claro que o modelo de diminuir<br />
as emissões requer que os países tenham capacidade interna de executar políticas e medidas<br />
para poder reduzir as emissões. Por exemplo, os países têm que ter políticas para transporte,<br />
área de energia, de construção, diversas coisas. Afetam vários setores econômicos” disse.<br />
De acordo com o relatório, a redução das emissões é mais urgente no setor de tranportes, que<br />
por sua vez, é o mais difícil de combater.<br />
O documento não analisou economias emergentes como por exemplo a Índia, a China e o<br />
Brasil.<br />
Para o secretário-executivo da Convenção sobre Mudança Climática, é necessária uma ação<br />
global que leve a investimentos na geração de energia limpa segundo o Protoco de Kyoto.<br />
Fonte: http://www.un.org
EXCLUSIVO: Brasil participa de mobilização mundial contras as<br />
mudanças climáticas<br />
02/novembro/2006<br />
As mudanças climáticas são hoje um tema recorrente em debates e estudos por todo o planeta.<br />
O interesse é, mais que tudo, uma questão de sobrevivência. Os prognósticos da continuidade<br />
do aquecimento global variam conforme cenários mais ou menos dramáticos. Mas em relação a<br />
pelo menos um ponto existe unanimidade: se providências não forem tomadas rapidamente,<br />
seus efeitos serão, literalmente, cada vez mais catastróficos.<br />
“O aumento da temperatura está causando o derretimento de geleiras do Ártico, Antártica e das<br />
cumeeiras de grandes cadeias montanhosas. O fenômeno é responsável também por verões<br />
com temperaturas cada vez mais elevadas na Europa, fenômenos climáticos extremos no Caribe<br />
e Golfo do México, bem como pelo incremento das epidemias tropicais, e mais recentemente,<br />
uma surpresa no sul do Brasil: o Furacão Catarina”, diz a mestra em Ciência Ambiental Rachel<br />
Biderman Furriela no artigo Mudanças Climáticas Globais: Desafios e Oportunidades publicado<br />
no Ambiente Mudanças Climáticas de AmbienteBrasil.<br />
Ainda segundo ela, “outros impactos relevantes esperados são o aumento do nível do mar e o<br />
gradual desaparecimento de países insulares, o incremento de problemas de desertificação e<br />
falta d’água, aumento da freqüência e intensidade de eventos climáticos extremos, alteração na<br />
vocação das regiões agrícolas, migração de doenças tropicais, dentre outros”.<br />
O terceiro relatório do Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas e o Desenvolvimento, que<br />
reúne cerca de 20 organizações não-governamentais - entre elas o Greenpeace e o Fundo<br />
Mundial para a Natureza (WWF) -, divulgado no final de agosto passado, alerta que as<br />
mudanças climáticas na América Latina e no Caribe e as catástrofes naturais vão se intensificar<br />
a ponto de criar "uma situação insuportável" se os governos não agirem.<br />
Se esse movimento não tiver motivação humanitária – nem sempre a prioridade -, que o tenha<br />
pelo aspecto econômico. O relatório aponta que o impacto dos desastres ambientais, nesse<br />
quesito, também aumentou: de 1970 a 1990, as perdas causadas por desastres naturais<br />
quintuplicaram, chegando a US$ 629 bilhões na década de 90.<br />
As pesquisas mostram que a prevenção contra catástrofes naturais custa menos que a<br />
reconstrução causada pelos danos, e acrescentam que cada euro gasto com prevenção permite<br />
reduzir de quatro a dez euros os custos com reconstrução.<br />
O Núcleo Amigos da Terra/Brasil confirma a dimensão desse prejuízo. “Em março de 2004, o<br />
Furacão Catarina surpreendeu a costa sul do Brasil e deixou mais de 33.000 pessoas<br />
desabrigadas. As perdas econômicas para o país foram de cerca de 1 bilhão de reais”, registra,<br />
em material distribuído à imprensa.<br />
“Apesar da incerteza científica sobre o assunto, existe um consenso forte de que o aquecimento<br />
global, provavelmente, aumentará a intensidade dos furacões, como o Catarina, que<br />
traumatizou a população do sul de Santa Catarina e do litoral norte do Rio Grande do Sul”, diz<br />
Carolina Herrmann, ativista da Campanha de Clima da entidade, que lembra: o Brasil é o quarto<br />
emissor mundial de gases de efeito estufa.
É urgente, portanto, a necessidade de conscientização para o problema. Nesse sentido, um<br />
passo será dado neste sábado – 4 de novembro -, estipulado não oficialmente como Dia Mundial<br />
Contra as Mudanças Climáticas.<br />
Nesta data, mais de 45 países vão promover ações como caminhadas, passeios de bicicletas,<br />
palestras e manifestações com o objetivo de alertar a população e pressionar as lideranças<br />
mundiais que estarão reunidas na próxima semana na cidade de Nairobi, no Quênia, na<br />
Convenção de Clima da ONU - COP12 – e Reunião do Protocolo de Kyoto – COP MOP 2 – para<br />
que realizem uma ação urgente visando deter as mudanças climáticas.<br />
“Este é um problema mundial que requer vontade política internacional e ações locais. É<br />
necessária uma ação imediata por parte dos governos e uma mudança de atitude da população<br />
para que se reduzam as chances de uma catástrofe climática”, diz Carolina Herrmann.<br />
Em Porto Alegre (RS), no Parque Farroupilha, o Núcleo Amigos da Terra/Brasil e o Greenpeace<br />
estarão distribuindo panfletos de educação ambiental para conscientizar a população do seu<br />
importante papel para uma ação efetiva contra as mudanças climáticas. A mobilização acontece<br />
na frente do Monumento ao Expedicionário, das 9h às 13h.<br />
Fonte: Mônica Pinto/AmbienteBrasil (*)
Estabelecer um preço para o carbono: chave para assegurar a<br />
estabilidade global<br />
02/novembro/2006<br />
O relatório de Nicholas Stern deixa claro que reduzir os riscos do aquecimento global vai muito<br />
além de fazer com que os consumidores paguem por vôos longos, ou pela utilização de carros<br />
que consomem muito combustível: “Três elementos são essenciais para políticas de mitigação:<br />
um preço para o carbono, políticas tecnológicas, e a remoção de barreiras para mudanças<br />
internacionais. Deixar de fora qualquer um destes fatores irá aumentar significativamente os<br />
custos das ações.”<br />
O ponto de início de Nicholas é que o mundo precisa estabelecer um preço sobre o carbono.<br />
Segundo as teorias econômicas, os preços são estabelecidos pelas forças de demanda e<br />
fornecimento, mas segundo o relatório, o aquecimento global representa uma falha do mercado<br />
de uma escala colossal.<br />
A razão é que o custo de um vôo barato para o leste europeu, ou um punhado de flores vindos<br />
da África não incluem o preço do meio ambiente. Por consenso internacional, as companhias<br />
aéreas são isentas de impostos sobre os combustíveis.<br />
“Os gases do efeito estufa (GEE) são, em termos econômicos, uma externalidade,” diz o<br />
relatório. “Aqueles que produzem emissões de GEE estão trazendo as mudanças do clima, assim<br />
estão impondo custos sobre o mundo e sobre as gerações futuras, mas não encaram a<br />
totalidade das conseqüências dos seus atos.”<br />
Como o primeiro braço da sua estratégia, Nicholas diz que é preciso que haja um preço<br />
apropriado para o carbono. Isto poderia ser alcançado ao aumentar taxas, regras mais rígidas,<br />
ou pelo mercado de carbono, um mecanismo através do qual companhias e países pagariam<br />
pelo direito de poluir. A partir do momento em que as pessoas encararem a totalidade do custo<br />
social desencadeado pelas suas ações, elas substituiriam os bens e serviços com alto teor de<br />
carbono, e investiriam em alternativas com baixo teor de carbono (low carbon).<br />
Ontem, o Primeiro Ministro britânico, Tony Blair, disse que está ansioso para ver a expansão do<br />
esquema de mercado de emissões da União Européia (EU ETS), no qual cada país recebe uma<br />
cota para a emissão de GEE por setor, como geração de energia, produção de metais, cimento,<br />
tijolos e papel e celulose.<br />
A Inglaterra acredita que sob um mercado global de emissões, os países ricos poderiam<br />
comprar as cotas de poluição dos países em desenvolvimento, ajudando estes a investir em<br />
fontes de energia ‘low carbon’. Blair disse que o setor da aviação tem que ser incluído no EU<br />
ETS quando acabar o prazo do acordo atual, em 2012.<br />
Segundo o relatório de Stern: “O nível do preço do carbono devido ao setor da aviação deve<br />
refletir a contribuição total de emissões da aviação às mudanças climáticas. O impacto da<br />
aviação é de duas a quatro vezes maior do que o impacto das emissões de CO2 isolado. Isto<br />
deve ser levado em conta, pode ser através do design de uma taxa ou de um esquema de<br />
comércio, através dos dois juntos, ou utilizando medidas complementares adicionais.”<br />
Nicholas disse que o segundo ingrediente necessário para mitigar as mudanças do clima é uma
série de políticas para apoiar o desenvolvimento de tecnologias ‘low carbon’ e de alta eficiência.<br />
Gordon Brown, Chanceller Inglês, disse que o governo já está expandindo seus esforços neste<br />
setor, e que iria se esforçar para assegurar que a Inglaterra esteja “no topo da descoberta e<br />
desenvolvimento de inovações ambientais.”<br />
O setor do meio ambiente na Inglaterra cresceu de £16 bilhões em 2001 para £25 bilhões em<br />
2004.<br />
O relatório de Stern ressaltou que as tecnologias ‘low carbon’ são “atualmente mais caras do<br />
que as alternativas baseadas em combustíveis fósseis,” mas ao passo que o setor ‘verde’<br />
cresce, o custo deve cair. O preço do carbono, ressalta, é importante para assegurar que haja<br />
um incentivo para investir em novas tecnologias.<br />
“Os gastos públicos em pesquisa, desenvolvimento, e demonstração caíram significativamente<br />
nas últimas duas décadas, e atualmente é baixo em relação a outras indústrias,” disse o<br />
relatório. “Provavelmente os retornos serão altos se dobrarem os investimentos nesta área para<br />
cerca de $20 bilhões (£10.5bi) por ano globalmente, para apoiar o desenvolvimento de um<br />
portfólio diversificado de tecnologias.”<br />
Com a urgente necessidade de alternativas para o carvão e o petróleo como fonte de geração<br />
de eletricidade, Nicholas disse que há uma necessidade em estabelecer as fonte de energia mais<br />
limpas no mercado. A escala de incentivos ao redor do mundo precisa aumentar de “duas a<br />
cinco vezes, do nível atual de cerca de $34 bi por ano”.<br />
Finalmente, Nicholas disse que há necessidade de remover as barreiras que impedem que as<br />
pessoas mudem seu comportamento. Mesmo onde as medidas para reduzir as emissões são<br />
custo-efetivas, geralmente há obstáculos, como a falta de informação, custos transacionais, ou<br />
a simples inércia, que impedem as mudanças.<br />
“Medidas regulatórias podem ter um papel poderoso para ultrapassar estas complexidades, e<br />
fornecer clareza e certezas. Padrões mínimos para as construções comprovadamente são uma<br />
maneira custo-efetiva de melhorar a performance, onde os sinais de preço sozinhos podem ser<br />
muito comedidos para ter um impacto significante.”<br />
Stern ressaltou que levaria décadas para que esta estratégia baseada em três pontos<br />
funcionasse, e que até lá os países tinham que adaptar políticas da melhor forma possível.<br />
“Alguns aspectos da adaptação, como importantes decisões sobre infra-estrutura, irão exigir<br />
maior previsão e planejamento,” diz o relatório.<br />
Ao passo que as temperaturas globais aumentarem, adiciona o relatório, o custo da adaptação<br />
crescerá nitidamente. “O custo adicional de fazer nova infra-estrutura e construções resistentes<br />
as mudanças climáticas em países da OECD (30 países) pode ser de $15-$150 bi a cada ano.”<br />
Isto representaria até 0.5% do PIB.<br />
Nicholas concluiu que a necessidade de ação é urgente. “A demanda por energia e transportes<br />
está crescendo rapidamente em muitos países, e muitos países em desenvolvimento também
devem renovar uma porção significante do seu capital. Os investimentos feitos nos próximos 10-<br />
20 anos podem significar emissões muito altas para a próxima metade de século, ou apresentar<br />
uma oportunidade para mover o mundo em direção a um caminho mais sustentável.”<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
Bolívia processará gás e Brasil perderá projeto 02/novembro/2006<br />
O plano de industrialização do gás natural, próximo passo da política petrolífera do governo Evo<br />
Morales, da Bolívia, é o novo golpe contra a Petrobras. A iniciativa pode jogar por terra o plano<br />
da Petroquisa, subsidiária da Petrobras no setor petroquímico, e da Braskem, do Grupo<br />
Odebrecht, de construir uma unidade de polietileno (matéria-prima para o plástico) na fronteira<br />
entre os dois países, em Corumbá (MS).<br />
Fonte diplomática disse que esse assunto é, potencialmente, o maior conflito entre Brasil e<br />
Bolívia. A estratégia boliviana será possível apenas se o gás natural entregue à Petrobras for<br />
empobrecido, com a retirada de frações nobres, como o propano, o butano e o etano. Para isso,<br />
a Bolívia precisa renegociar as especificações do produto com a companhia brasileira ou<br />
descumprir o contrato de fornecimento, que expira apenas em 2019.<br />
A decisão compromete o projeto bilionário de construção de unidade petroquímica, além de<br />
receitas anuais que seriam injetadas no Brasil, de aproximadamente US$ 1,5 bilhão, com a<br />
venda da produção de resina de polietileno. A Petrobras, líder do projeto, não falou sobre o<br />
assunto. Recentemente, disse que não conhecia o projeto boliviano.<br />
A petroleira venezuelana PDVSA e a YPFB - Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos<br />
prometem iniciar, neste mês, a construção da unidade processadora de gás que retirará uma<br />
das principais matérias-primas da indústria petroquímica, o etano. O insumo representa 2% da<br />
composição do gás natural, mas, com o volume de 30 milhões de metros cúbicos importados<br />
diariamente pelo Brasil, há escala para uma unidade petroquímica.<br />
O insumo abastece a indústria produtora de polietileno, a resina mais consumida na indústria de<br />
transformação de plásticos. O produto está presente numa infinidade de itens de consumo,<br />
desde o copo descartável até peças para automóveis ou aviões.<br />
“Sem o etano que segue hoje para o Brasil misturado ao gás natural, esse plano da Braskem e<br />
da Petrobras não se viabiliza. Não existe insumo suficiente”, explica Carlos Miranda Pacheco, um<br />
dos maiores especialistas no setor petrolífero e ex-ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia.<br />
Fonte: Folha de Pernambuco/Power.inf.br
Fazendeiros Australianos perdem bilhões por não participar de<br />
Kyoto<br />
03/novembro/2006<br />
Segundo um novo relatório, publicado pelo ‘Climate Institute’, os fazendeiros Australianos estão<br />
perdendo até A$2.5 bilhões em potenciais lucros que poderiam ser adquiridos se o país<br />
participasse dos esquemas de redução de emissões do Protocolo de Kyoto.<br />
Reduzindo o desmatamento os fazendeiros poderiam ter ganho A$1.8 bilhões entre 2008 e<br />
2012, se a Austrália tivesse ratificado o Protocolo de Kyoto, podendo ainda ter lucrado de A$700<br />
- A$900 milhões através da negociação doméstica de emissões, segundo o relatório patrocinado<br />
pela Federação Nacional de Fazendeiros da Austrália.<br />
“Estes dois estudos juntos indicam que a ratificação do Protocolo de Kyoto e a implementação<br />
de um esquema de comércio de emissões poderia fornecer aos fazendeiros uma renda de A$2.5<br />
bilhões ao longo de cinco anos,” declarou o presidente do Climate Institute, Corin Millais. “Ao<br />
contrário, os fazendeiros que mais esforçaram-se para reduzir as emissões de gases do efeito<br />
estufa na Austrália, estão sendo penalizados financeiramente pelas políticas governamentais<br />
atuais.”<br />
O instituto disse que o Primeiro Ministro John Howars está errado ao pensar que a Austrália<br />
pode alcançar a sua meta de reduzir 8% as suas emissões em relação a 1990 até 2012<br />
reduzindo somente as emissões reais. Uma redução do desmatamento também é necessária,<br />
indica o relatório.<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
China anuncia construção de nova usina nuclear até 2015 03/novembro/2006<br />
A China abrirá uma nova usina nuclear no leste do país até 2015, que se somaria às seis<br />
centrais que já estão operando, informou nesta quinta-feira (02) a agência oficial "Xinhua". A<br />
central ficará na cidade de Rushan, situada na província de Shandong.<br />
A criação da central foi decidida através de um acordo assinado na quarta-feira pelas quatro<br />
empresas que participarão da administração da usina: a CNECC, a Shandong Luneng Group, a<br />
Huadian e a Shandong International Trust and Investment.<br />
A CNECC será a acionista majoritária da central, já que ficará com 51% dos títulos.<br />
A central se chamará Hongshiding e inicialmente terá dois reatores com capacidade para gerar 1<br />
milhão de quilowatts, mas, no futuro, deve aumentar sua capacidade de produção.<br />
Atualmente, a China tem seis usinas nucleares, que somam 11 reatores, com uma capacidade<br />
total para gerar 8.700 megawatts.<br />
A energia nuclear representa apenas 2,2% da total na China, país que usa principalmente o<br />
carvão como fonte energética. No entanto, o país quer diversificar a demanda por outras<br />
energias que Pequim considera "limpas", como a nuclear, a hidrelétrica e a eólica.<br />
A China espera aumentar de 2,2% para 4% o total de energia consumida pelo país obtida de<br />
suas usinas nucleares até 2020, quando espera possuir 40 reatores atômicos.<br />
Fonte: EFE/Folha Online
Terra teria sido "bola de neve" no passado, diz estudo 03/novembro/2006<br />
O campo magnético da Terra quase não se modificou nos últimos dois bilhões de anos, o que<br />
confirma a hipótese, até agora difícil de ser verificada, de que o planeta azul já foi uma<br />
gigantesca "bola de neve", segundo um estudo publicado na edição desta quinta-feira (02) da<br />
revista "Nature".<br />
O geólogo americano David Evans, da Universidade de Yale, em New Haven (Connecticut),<br />
coletou uma rica amostra de dados globais sobre o geomagnetismo das rochas salinas de várias<br />
épocas, chegando até o Proterozóico (era que precede o aparecimento das formas de vida<br />
complexa na Terra).<br />
Segundo ele, as propriedades magnéticas dessas rochas sugerem que, assim como hoje, o<br />
campo magnético da Terra foi formado principalmente em torno de um eixo bipolar. Disso se<br />
deduz que, no Neoproterozóico (última era do Proterozóico, entre menos de um bilhão e 540<br />
milhões de anos atrás), a Terra parecia uma "bola de neve".<br />
Sabe-se que essa última corresponde a um período glacial nas regiões equatoriais da Terra.<br />
Segundo alguns cientistas, as outras regiões também estavam cobertas de gelo. Mas há quem<br />
acredite que o fenômeno era localizado e poderia ser explicado por uma mudança da<br />
obliqüidade do nosso planeta: a obliqüidade é o ângulo entre o eixo de rotação da Terra e a<br />
perpendicular ao plano da órbita terrestre em torno do Sol, que determina as partes fria e<br />
quente do planeta.<br />
Hoje, a obliqüidade terrestre é de 23,5 graus, os pólos são as áreas mais frias e as regiões<br />
equatoriais são as mais quentes. Mas, se esta inclinação ultrapassasse os 58 graus, a situação<br />
ficaria invertida: os pólos seriam quentes e o equador, frio.<br />
Em outros termos, no caso de uma alteração dessa ordem, o gelo teria se concentrado perto do<br />
equador. O magnetismo das rochas salinas analisadas por Evans, originárias de depósitos<br />
geológicos situados entre 10 e 35 graus de latitude, não reflete nenhuma mudança de<br />
obliqüidade.<br />
Para o geólogo americano, o planeta deve ter sido uma gigantesca "bola de neve" uniforme, ao<br />
contrário dos outros períodos frios em que o gelo recobria, em graus diversos, apenas as altas<br />
latitudes.<br />
Fonte: Folha Online
Fundação MAPFRE realiza seminário sobre Créditos de Carbono em<br />
parceria com a FIESP e a Secretaria do Meio Ambiente<br />
Assessoria de Imprensa da Fundação MAPFRE por Lenon Hymalaia e Luciano Zafalon<br />
03/novembro/2006<br />
Dando continuidade ao de programa debates sobre questões ambientais, a instituição realizará,<br />
em 10 de novembro, o II Seminário de Gestão de Risco e Meio Ambiente, que terá como foco as<br />
políticas sobre Créditos de Carbono.<br />
Quase dois anos após a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que prevê<br />
o corte de emissões de gases causadores do efeito estufa, pouco tem se falado das adequações<br />
necessárias que devem ser efetuadas pelos países industrializados para a preservação do<br />
planeta. Por este motivo, a Fundação MAPFRE, em parceria com a FIESP (Federação das<br />
Indústrias do Estado de São Paulo) e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,<br />
realizará no próximo dia 10, o II Seminário de Gestão de Risco e Meio Ambiente, cujo tema<br />
principal são os Mecanismos do Desenvolvimento Limpo (MDL) - Créditos de Carbono.<br />
Pelas leis do Protocolo, as nações industrializadas devem reduzir as emissões de gases<br />
causadores do efeito estufa em 5,2% em relação ao emitido em 1990. Serão quatro anos para a<br />
comprovação dos resultados: de 2008 a 2012. Além disso, esta redução também poderá ser<br />
feita pelo MDL, sistema por meio do qual os países ricos podem comprar em bolsa ou<br />
diretamente das empresas que se dedicam a projetos para a redução de poluentes (Certificado<br />
de Redução de Emissões – CER) as toneladas de carbono retiradas ou não emitidas na<br />
atmosfera.<br />
O evento, que contará com palestras do secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,<br />
José Goldenberg e do diretor do Instituto Totum de Desenvolvimento Empresarial, Marco<br />
Antonio Fujihara, tratará de questões relacionadas ao MDL, principalmente o mercado de<br />
créditos de carbono em várias abordagens, como o aspecto legal, o financeiro e social desta<br />
comercialização, e também os desafios da implantação de programas que visam combater o<br />
aquecimento global. Outro ponto importante que será discutido na ocasião é a comercialização<br />
dos créditos de carbono e o atual estágio desse mercado.<br />
De acordo com o presidente da Fundação MAPFRE, Antonio Cássio dos Santos, “trata-se de mais<br />
uma iniciativa que tem como intuito contribuir para o desenvolvimento econômico responsável e<br />
seguro, visando, inclusive, a formação de cidadãos conscientes em relação à gestão de risco e<br />
meio ambiente.”<br />
Para Cássio, o assunto é especial e muito importante, uma vez que está diretamente ligado à<br />
conservação de todo o planeta e à qualidade de vida dos seres humanos. “As empresas<br />
precisam estar cientes de que a substituição do óleo diesel ou do carvão mineral por geradores<br />
de biomassa ou biodiesel, e o reflorestamento e a captação de gás metano em aterros<br />
sanitários, melhoram a qualidade de vida no planeta e podem se tornar uma importante fonte<br />
de recursos para as companhias.”<br />
Além do Secretário de Meio Ambiente e do diretor do Instituto Totum de Desenvolvimento<br />
Empresarial estarão presentes o presidente da Fundação MAPFRE, Antonio Cássio dos Santos, o<br />
presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP (Cosema), Walter Lazzarini e o
especialista em questões de meio ambiente e diretor executivo do ITSemap do Brasil (Serviços<br />
Tecnológicos MAPFRE), Ricardo Serpa.<br />
Destinado a executivos de empresas industriais relacionadas às questões de meio ambiente e a<br />
órgãos governamentais, o debate sobre Gestão de Risco integra um conjunto de iniciativas da<br />
Fundação MAPFRE, que busca incentivar um amplo fórum de discussão técnico-empresarial. O<br />
primeiro evento do gênero aconteceu em julho, quando a instituição organizou debates sobre<br />
Licenciamento Ambiental.<br />
O II Seminário de Gestão de Risco ocorrerá no dia 10 de novembro, das 8h às 12h, no auditório<br />
nobre da FIESP, localizado à avenida Paulista, 1313 – Bela Vista – São Paulo. O próximo<br />
encontro acontece no início de 2007 e terá como tema o transporte de produtos perigosos.<br />
Sobre a Fundação MAPFRE<br />
A Fundação MAPFRE tem por objetivo a formação do cidadão e o desenvolvimento setorial. Para<br />
isso, desenvolve diversas atividades na Espanha, Portugal e América Latina, como a concessão<br />
de bolsas de estudos, auxílio à pesquisa, cursos e seminários. A Instituição tem como foco a<br />
prevenção de acidentes, a arte, cultura, formação e difusão da cultura de seguros e a gestão de<br />
risco, saúde e meio ambiente.<br />
Fonte: INFORM Comunicação
Japão compra mais direitos de emissão de poluentes 03/novembro/2006<br />
O comércio de emissões de poluentes no Japão tem aumentado, e cada vez mais bancos e<br />
casas de valores agem como intermediários, negociando direitos de emitir dióxido de carbono,<br />
segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (02).<br />
Oito empresas atuaram como corretoras em mais de 30 negociações de emissões de gases do<br />
efeito estufa até outubro, segundo uma pesquisa do jornal Nikkei Financial, que prevê um total<br />
de 36 transações em 2006.<br />
O Protocolo de Kyoto obriga o Japão a reduzir suas emissões poluentes, entre 2008 e 2012, em<br />
6% sobre os níveis de 1990. Por isso, a demanda de direitos de poluição cresce, principalmente<br />
entre as empresas dos setores de energia e siderurgia, diz o jornal.<br />
Além da compra e venda direta de emissões poluentes, algumas empresas começaram a<br />
oferecer produtos derivados, como fundos para facilitar a aquisição, planejados pelo grupo<br />
Mizuho.<br />
A casa de valores Daiwa Securities começou a vender um bônus vinculado aos direitos de<br />
emissões poluentes. Já o Ministério do Meio Ambiente comercializa emissões de dióxido de<br />
carbono através da internet.<br />
O Japão foi o maior comprador mundial de direitos de emissões de gases do efeito estufa entre<br />
janeiro de 2005 e março de 2006, com 38% do total, segundo o Banco Mundial. A China foi o<br />
maior vendedor, com 66%.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Climate change special: State of denial 04/novembro/2006<br />
Fred Pearce<br />
KEVIN TRENBERTH reckons he is a marked man. He has argued that last year's devastating<br />
Atlantic hurricane season, which spawned hurricane Katrina, was linked to global warming. For<br />
the many politicians and minority of scientists who insist there is no evidence for any such link,<br />
Trenberth's views are unacceptable and some have called for him step down from an<br />
international panel studying climate change. "The attacks on me are clearly designed to get me<br />
fired or to resign," says Trenberth.<br />
The attacks fit a familiar pattern. Sceptics have also set their sights on scientists who have<br />
spoken out about the accelerating meltdown of the ice sheets in Greenland and Antarctica and<br />
the thawing of the planet's permafrost. These concerns will be addressed in the next report by<br />
the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), the global organisation created by the<br />
UN in 1988 to assess the risks of human-induced climate change. Every time one of these<br />
assessments is released, about once every five years, some of the American scientists who have<br />
played a part in producing it become the targets of concerted attacks apparently designed to<br />
bring down their reputations and careers. At stake is the credibility of scientists who fear our<br />
planet is hurtling towards disaster and want to warn the public in the US and beyond.<br />
So when the next IPCC report is released in February 2007, who will be the targets and why?<br />
When New Scientist spoke to researchers on both sides of the climate divide it became clear<br />
that they are ready for a showdown. If the acrimony were to become so intense that American<br />
scientists were forced to stop helping in the preparation of IPCC reports, it could seriously dent<br />
the organisation and rob the world of some significant voices in the climate change debate.<br />
One of those who knows only too well what it is like to come under attack from climate change<br />
sceptics is Ben Santer of the Lawrence Livermore Laboratory in California. The lead author of a<br />
chapter in the 1995 IPCC report that talked for the first time about the "discernible human<br />
influence on global climate", he was savaged by sceptics and accused of introducing this<br />
wording without consulting colleagues who had helped write the chapter. One sceptic called it<br />
the "most disturbing corruption of the peer-review process in 60 years". Another accused him of<br />
"scientific cleansing" - at a time when the phrase "ethnic cleansing" was synonymous with<br />
genocide in Bosnia. The IPCC investigated and dismissed the allegations as baseless.<br />
Another scientist to suffer the ire of the sceptics was Michael Mann of Pennsylvania State<br />
University in University Park. He was attacked after the IPCC assessment in 2001, which<br />
highlighted his "hockey stick" graph showing that temperatures began a rapid rise in recent<br />
decades and are now higher than at any time over the past thousand years. The sceptics<br />
accused Mann of cherry-picking his data and criticised him for refusing to disclose his statistical<br />
methods which, they claimed, biased the study to show recent warming (New Scientist, 18<br />
March, p 40). Last year, Texas Republican Congressman Joe Barton, chair of the House<br />
Committee on Energy and Commerce, ordered Mann to provide the committee with voluminous<br />
details of his working procedures, computer programs and past funding. Barton's demands were<br />
widely condemned by fellow scientists and on Capitol Hill. "There are people who believe that if<br />
they bring down Mike Mann, they can bring down the IPCC," said Santer at the time. Mann's<br />
findings, which will be endorsed in the new IPCC report, have since been replicated by other<br />
studies.
Santer says, however, that he expects attacks to continue on other fronts. "There is a strategy<br />
to single out individuals, tarnish them and try to bring the whole of the science into disrepute,"<br />
he says. "And Kevin [Trenberth] is a likely target." Mann agrees that the scientists behind the<br />
upcoming IPCC report are in for a rough ride. "There is already an orchestrated campaign<br />
against the IPCC by climate change contrarians," he says.<br />
The "contrarians" include scientists and politicians who are sceptical of the scientific evidence for<br />
climate change. Some of those who spoke to New Scientist insist that they are not planning<br />
character assassinations, and intend merely to engage in robust scientific debate, not least by<br />
challenging the IPCC's status as the arbiter of truth on climate change.<br />
Many of the IPCC's authors, some of whom asked not to be named, say this is a smokescreen.<br />
They claim there is an extensive network of lobby groups and scientists involved in making the<br />
case against the IPCC and its reports. Automobile, coal and oil companies have coordinated and<br />
funded past attacks on them, the scientists say. Sometimes this has been done through<br />
Washington lobby groups such as the Competitive Enterprise Institute (CEI), whose officers<br />
include Myron Ebell, a former climate negotiator for George W. Bush's administration. Recently,<br />
the CEI made television advertisements arguing against climate change, one of which ended<br />
with the words: "Carbon dioxide, they call it pollution, we call it life." CEI's past funders include<br />
ExxonMobil, General Motors and the Ford Motor Company.<br />
The money trail<br />
Some sceptical scientists are funded directly by industry. In July, The Washington Post<br />
published a leaked letter from the Intermountain Rural Electric Association (IREA), an energy<br />
company based in Colorado, that exhorted power companies to support the work of the<br />
prominent sceptic Pat Michaels of the University of Virginia, Charlottesville. Worried about the<br />
potential cost of cleaning up coal-fired power plants to reduce their CO2 emissions, IREA's<br />
general manager, Stanley Lewandowski, wrote: "We believe that it is necessary to support the<br />
scientific community that is willing to stand up against the alarmists... In February this year,<br />
IREA alone contributed $100,000 to Dr Michaels."<br />
So what is this money buying? For one, an ability to coordinate responses to the IPCC reports.<br />
Michaels told New Scientist that a flashpoint in the upcoming report could be hurricanes.<br />
Trenberth, who is the head of climate analysis at the National Center for Atmospheric Research<br />
(NCAR) in Boulder, Colorado, has angered the IPCC's critics by supporting the idea of a link<br />
between global warming and the intensity of hurricanes. The sceptics insist there is no published<br />
evidence to back this up. Trenberth says he is simply putting two established facts together:<br />
"Sea-surface temperature is rising because of global warming, and high sea-surface<br />
temperatures make for more intense storms."<br />
In the aftermath of hurricane Katrina, and with a US administration that has a record of hostility<br />
to concerns about climate change, Trenberth's statements are political dynamite. "I suspect the<br />
sceptics will want to try and dismantle the argument that there is a link," Mann says. Santer<br />
agrees: "If I was an industry-funded sceptic, I'd hit that area hard, for sure." Trenberth himself<br />
fears the worst. "I would not be surprised if the hurricane aspect of the report is targeted, along<br />
with my own role," he says. "But I am proud of what we have achieved."
One lead author of the chapter on hurricanes told New Scientist that it will include discussion of<br />
two papers published last year in Science and Nature, both of which showed that the frequency<br />
of the most intense hurricanes has increased in recent years. Even if Trenberth and his coauthors<br />
do not directly attribute this to global warming, the mere mention of these papers in the<br />
context of climate change is likely to provoke criticism.<br />
Trenberth's opinions have already alienated his co-author Chris Landsea of the National Oceanic<br />
and Atmospheric Administration's Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory in<br />
Florida. Landsea disputed Trenberth's view, arguing that older measurements made before the<br />
era of satellite observation were not reliable enough to make the claim stick (New Scientist, 3<br />
December 2005, p 36). When IPCC chiefs refused to censure Trenberth for his remarks directly<br />
linking last year's hurricanes to climate change, Landsea resigned, claiming that the IPCC had<br />
been "subverted, its neutrality lost".<br />
Another sensitive area is the concern that existing models of ice sheets on Greenland and<br />
Antarctica massively underestimate future melting and consequent sea-level rise. "Our<br />
understanding of the dynamics of ice-sheet destruction has completely changed in the last five<br />
years," says Richard Alley of Penn State University, a lead author of the chapter on ice sheets<br />
who expects to find himself in the firing line over this issue. "We used to think it would take<br />
10,000 years for melting to penetrate to the bottom of the ice sheet. But now we know it can<br />
take just 10 seconds," he says.<br />
The rethink has come from the discovery that when surface water from melting ice drains down<br />
though crevasses it can lubricate the join between ice and bedrock. This mechanism appears to<br />
explain the faster discharge of ice from Greenland into the Atlantic, but it has yet to be<br />
incorporated into ice-sheet models, which still assume that the limiting factor is the rate at<br />
which heat penetrates through solid ice.<br />
Michaels dismisses the idea of more rapid loss as "hysteria", and has thrown down a challenge<br />
to the IPCC to justify any change to the ice-sheet models. "[The IPCC] criticise people like me<br />
for saying the models are wrong, so it's going to be really interesting to see how they respond<br />
when their own people say the models are wrong." Alley, however, points out that leading<br />
glaciologists mostly agree that the current generation of ice-sheet models are wanting, whereas<br />
climatologists are mostly happy with their models.<br />
A third focus for debate will be the way the IPCC treats recent reports of climate change<br />
disrupting the natural carbon cycle more than anticipated. This has to do with the release of<br />
large amounts of CO2 from rainforests and soils, and methane from permafrost and beneath<br />
continental shelves, possibly speeding up global warming. "These are factors not included in the<br />
current models, which may cause us to underestimate warming," Mann says.<br />
Some insiders suggest that the IPCC may be more cautious in its upcoming report than it has<br />
been in the past, but this is unlikely to placate climate-change sceptics. Roger Pielke of the<br />
University of Colorado, Boulder, accuses the IPCC leadership of "seeing their role as political<br />
advocates rather than honest brokers". And Michaels has set out to prove this (see "A taste for<br />
bad news?").<br />
For the majority of climate scientists, who are convinced that global warming is a real and
present danger, the most alarming outcome of this discord is that federal funding could be<br />
withdrawn from those who work on IPCC reports. Here too Trenberth may find himself caught in<br />
the headlights. The US Senate's Environment and Public Works Committee under its chairman<br />
James Inhofe has begun investigating NCAR, Trenberth's employer. Inhofe has repeatedly<br />
written to NCAR and other agencies demanding details about financial and contractual<br />
arrangements with their employees and with federal funding agencies such as the National<br />
Science Foundation (NSF). In a letter to the NSF in February, Inhofe said he needed the<br />
information to help him in "researching, analyzing and understanding the science of global<br />
climate change". Inhofe has a record of hostility to the idea of climate change, having asked on<br />
the Senate floor in July 2003: "Could it be that man-made global warming is the greatest hoax<br />
ever perpetrated on the American people? It sure sounds like it."<br />
NCAR is not commenting on Inhofe's investigation, but many climate scientists contacted by<br />
New Scientist regard it as a tactic designed to intimidate those working on the IPCC report.<br />
"Inhofe's actions appear to be an effort to discourage leading US scientists from being involved<br />
in international scientific assessment processes such as the IPCC," Mann says.<br />
This is potentially disastrous for the IPCC. Out of 168 scientists listed as lead authors or<br />
reviewers involved in assessing the science of climate change, 38 are from the US - more than<br />
twice as many as the second-largest national grouping, the British.<br />
IPCC scientists who spoke to New Scientist insist they are not trying to turn science into politics<br />
or to shut down genuine debate. They do, however, worry that their conclusions might be<br />
drowned out by some politically motivated and industry-funded sceptics. "I'd hate to see<br />
hundreds of people putting years of their lives into producing a report that is then trashed by<br />
these people for political ends," says Santer. "That is what happened in my case, and I felt very<br />
bad about it."<br />
A taste for bad news?<br />
Pat Michaels of the University of Virginia, Charlottesville, claims that climate research is biased<br />
towards pessimistic conclusions, and says he can prove it.<br />
Michaels has analysed publications by climate scientists in the journals Nature and Science<br />
between mid-2005 and mid-2006. He found 115 articles of which 83 said that the likely impact<br />
of the greenhouse effect was going to be worse than previously suggested, 23 saw no change<br />
and only 9 said that things were not as bad as previously thought.<br />
To most researchers this is solid evidence that the prognosis for the planet is worsening as new<br />
science comes in. Michaels rejects this interpretation. To have any faith in the forecasts of<br />
climatologists, he argues, "we should expect that new research should have an equal probability<br />
of being better or worse [for Earth's climate] than previous research."<br />
His explanation for what he calls "this highly skewed result" is that scientists and journal editors<br />
are more interested in bad news. "The literature is intrinsically biased," he says. "And that<br />
means that the IPCC - which is largely a literature review process - is also biased." Michaels<br />
aims to publish his work in February, when it is likely to distract attention from the IPCC report<br />
expected at that time.
Fonte: Newscientist, From issue 2576 of New Scientist magazine, 04 November 2006, page 18-<br />
21
Aumentam as contribuições individuais no combate ao aquecimento<br />
global<br />
04/novembro/2006<br />
Um relatório apresentado essa semana alerta para as conseqüências econômicas do<br />
aquecimento global. Segundo o documento preparado pelo economista britânico Nicholas Stern,<br />
ex-chefe Economista do Banco Mundial, as mudanças climáticas custarão mais do que duas<br />
guerras mundiais e a Grande Depressão combinadas.<br />
A menos que os governos ao redor do mundo adotem medidas drásticas agora para barrar o<br />
aquecimento global, o fenômeno custará à economia mundial até $7 trilhões, podendo forçar a<br />
migração de até 200 milhões de pessoas devido a enchentes e secas, afirma o relatório. O<br />
economista sugere que 1% do produto interno global seja gasto imediatamente na mitigação<br />
das mudanças climáticas, para evitar maiores custos mais tarde. Não agir levaria a uma queda<br />
de 5 a 20% do produto interno bruto (PIB) global, e tornaria grandes porções da superfície<br />
terrestre inabitável.<br />
O problema, que está em pauta há muitos anos, vem sendo mais discutido atualmente devido<br />
ao grande número de acontecimentos que indicam a real existência de aumento no<br />
aquecimento global. Uma das medidas adotadas por autoridades mundiais para lidar com o<br />
problema é o Protocolo de Kyoto – tratado internacional assinado por mais de 80 países que<br />
prevê a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa e incentiva projetos de<br />
desenvolvimento sustentável.<br />
Mas além de deixar a solução nas mãos de empresas e governos, muitos cidadãos estão<br />
preocupados em reduzir as suas próprias emissões de gases. A criação de mecanismos para<br />
calcular o quanto cada pessoa emite de carbono durante sua vida, é uma maneira de fazer com<br />
que cada individuo se sinta responsável pelos problemas ambientais no mundo e também se<br />
motive a colaborar com a redução da poluição.<br />
Praticamente todas as atividades diárias deixam um rastro de carbono. Ou seja, ao preparar um<br />
café, fazer uma viagem ou comprar um produto no mercado as pessoas estão colaborando<br />
direta ou indiretamente para a emissão de gases causadores do aquecimento global.<br />
A Pegada de carbono (ou Carbon Footprint) é exatamente essa medida de quanto uma pessoa<br />
ou uma organização emite de carbono nas suas atividades do dia-a-dia (essa medida é realizada<br />
por unidades de gás carbônico - CO2 - principal causador do efeito estufa).<br />
Existem sites na internet como Safeclimate ou Stopglobalwarming que desenvolveram sistemas<br />
para calcular o quanto cada pessoa contribui para o aquecimento global. Com esse resultado em<br />
mãos, é mais fácil avaliar o impacto que o seu estilo de vida tem sobre o clima do planeta e<br />
realizar ações para eliminar essas emissões de carbono.<br />
Quando se dirige um carro, por exemplo, a queima da gasolina produz dióxido de carbono. E,<br />
dependendo da eficiência do combustível utilizado no veículo e da quilometragem rodada, cada<br />
carro pode gerar mais ou menos dióxido de carbono ao final de um ano, contribuindo mais ou<br />
manos para o aquecimento global.<br />
Em média, cada americano é responsável pela emissão de cerca de 22 toneladas de dióxido de
carbono por ano, de acordo com as estatísticas da Nações Unidas, um número per capita muito<br />
maior do que em qualquer outra nação industrializada, onde a média de emissão é de 6<br />
toneladas de dióxido de carbono por pessoa. Alias, os EUA é responsável por mais de 20% das<br />
emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa – e um dos poucos países que não<br />
ratificou o tratado de Kyoto.<br />
Mas não é preciso abandonar o carro para diminuir a pegada de carbono. Dirigir um carro mais<br />
eficiente, ou dirigir menos, já ajuda. Também dá para compensar em outras áreas, agindo na<br />
preservação da natureza, plantando árvores ou protegendo as florestas – uma vez que as<br />
plantas são sumidouros de carbono.<br />
Viagens de avião representam cerca de 3,5% da contribuição humana para o aquecimento<br />
global, informa o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Mas é possível eliminar<br />
essas emissões fazendo escolhas que inclusive economizam dinheiro, como usar menos o<br />
aquecedor ou o aparelho de ar condicionado em casa e no trabalho, reduzir o tempo e a<br />
temperatura do banho, etc..<br />
Especialistas afirmam que uma das primeiras coisas a fazer para reduzir a pegada de carbono é<br />
ficar esperto em relação à eficiência energética. “Eficiência é o meio menos caro de cortar as<br />
suas emissões de carbono”, diz o diretor do programa climático de Natural Resources Defense<br />
Council, John Steelman.<br />
A produção de eletricidade – derivada da queima de combustíveis fósseis, como o carvão – é<br />
uma das maiores fontes de emissões de carbono. De acordo com dados da Union of Concerned<br />
Scientists, nos EUA, 70% de toda a eletricidade gerada é resultado da queima de combustíveis<br />
fósseis. Por isso, economizar no uso da energia elétrica é tão importante para colaborar com o<br />
planeta.<br />
Compras locais - Praticamente tudo o que se compra possui um custo de carbono associado,<br />
que são taxas como de transporte e da quantidade de eletricidade utilizada para industrializar e<br />
empacotar o produto. Até mesmo alimentos naturais, como frutas e verduras, têm impacto de<br />
carbono, pois costumam ser transportados por longas distâncias até o local de comercialização.<br />
Uma solução seria optar por produtos da estação e que são produzidos na região.<br />
O que ainda não se sabe ao certo é se essas ações individuais realmente terão algum impacto<br />
na redução do aquecimento global. Alguns acreditam que o sacrifício pode valer a pena, mas<br />
outros não são tão otimistas. O que não podemos é esperar para ver.<br />
Fonte: Sabrina Domingos/CarbonoBrasil
União Européia estuda regras contra poluição de carros 04/novembro/2006<br />
A UE - União Européia poderá precisar de novas regras para obrigar os fabricantes de<br />
automóveis a cortar as emissões de dióxido de carbono, porque é improvável que as empresas<br />
consigam atingir as metas voluntárias com que se comprometeram, disse uma porta-voz.<br />
A Comissão Européia pressionará pela nova legislação quando apresentar, em dezembro, um<br />
relatório sobre os esforços da indústria para atingir a meta de emissão nos carros de 140<br />
gramas de CO2 por quilômetro rodado até 2008, declarou a porta-voz Mireille Thom.<br />
Fabricantes japoneses e coreanos concordaram em atingir a mesma meta em 2009.<br />
O comissário europeu de Meio Ambiente, Stavros Dimas, pedirá a nova lei "porque os relatórios<br />
parecem indicar que os compromissos voluntários podem não estar trazendo o que era<br />
esperado", de acordo com Thom.<br />
Em 2004, os carros europeus do ano geravam, em média, 161 gramas de dióxido de carbono<br />
por quilômetro, enquanto os coreanos produziam 168 gramas e os japoneses, 170 gramas.<br />
O corte nas emissões veiculares são parte importante da estratégia européia para reduzir os<br />
gases do efeito estufa, sob os termos do Protocolo de Kyoto, acordo internacional para controlar<br />
o aquecimento global.<br />
A Europa pretende reduzir a emissão média a 120 gramas por quilômetro até 2012. Essa meta,<br />
no entanto, não é obrigatória, e a indústria não se comprometeu com ela.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Brasil levará a conferência no Quênia proposta para redução do<br />
efeito estufa<br />
04/novembro/2006<br />
Técnicos de 189 países estarão reunidos na próxima semana em Nairóbi, no Quênia, para<br />
discutir a adoção de medidas efetivas que garantam a redução da emissão de gases causadores<br />
do efeito estufa.<br />
A proposta brasileira de "reduções compensadas para o desmatamento" será levada pelo<br />
secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,<br />
à COP12 - Conferência das Partes sobre Clima, patrocinada pela ONU - Organização das Nações<br />
Unidas.<br />
Essa proposta ainda não está fechada, mas o objetivo é criar mecanismo de compensação<br />
financeira que sirva de estímulo contra os desmatamentos e queimadas, principalmente na<br />
região da Amazônia. A delegação brasileira vai debater com os demais países como viabilizar<br />
recursos para essa finalidade, uma vez que o dinheiro internacional destinado a conter as<br />
mudanças climáticas não pode ser desviado, como explica a consultora técnica da organização<br />
não-governamental WWF-Brasil, Karen Suassuna.<br />
Segundo ela, a saída é os países desenvolvidos injetarem mais dinheiro na criação de um fundo<br />
específico, para o cumprimento do Protocolo de Kyoto Pós-2012. "E o Brasil tem forte interesse<br />
em encontrar soluções para isso, uma vez que somos o quarto país no ranking mundial das<br />
nações que mais liberam gases para o superaquecimento do planeta, por causa da queima de<br />
madeira nos desmatamentos", afirma.<br />
A secretária-geral da WWF, Denise Hamú, acrescenta que o superaquecimento vai gerar<br />
problemas sérios para todos os países, com mais secas, furacões e outros desastres naturais<br />
provocados pelas mudanças climáticas. O problema tem que ser contido agora, segundo ela, e<br />
“o Brasil pode dar o exemplo ao diminuir as emissões oriundas do desmatamento”, que<br />
responde por cerca de 75% das emissões de gases do país.<br />
Denise Hamú diz que os prejuízos econômicos serão grandes, porque haverá necessidade de<br />
investimentos pesados para adaptação às mudanças climáticas. E Karen Suassuna alerta: "Os<br />
países em desenvolvimento, como o Brasil, serão os mais prejudicados, uma vez que não terão<br />
recursos financeiros suficientes para essa adaptação”.<br />
Fonte: Stênio Ribeiro/Agência Brasil
Nível de gases do efeito estufa bate recorde 04/novembro/2006<br />
A concentração dos gases dióxido de carbono (CO2) e óxido nitroso (N2O) na atmosfera da<br />
Terra foram as mais elevadas da história em 2005, de acordo com boletim publicado pela OMM -<br />
Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU. "Os níveis de dióxido de carbono, o gás<br />
do efeito estufa mais abundante na atmosfera, seguem aumentando e, para os próximos anos,<br />
não se espera desaceleração", disse, em entrevista coletiva, o cientista Geir Braathen, do<br />
departamento de pesquisa Atmosférica e Meio Ambiente da OMM.<br />
A presença média de CO2 registrada durante o ano passado na atmosfera terrestre foi de 379,1<br />
partes por milhão (ppm), 35,4% acima do que havia em tempos pré-industriais, e 0,53% a<br />
mais que em 2004.<br />
Já a concentração de óxido nitroso aumentou 18,2% desde o século 17. A concentração atual é<br />
de 319,2 partes por bilhão (ppb), gerada principalmente pela queima de combustíveis fósseis,<br />
biomassa, pelo uso de fertilizantes e em processos industriais.<br />
A concentração de metano (CH4), porém, manteve-se estável em relação a 2004, depois de<br />
registrar elevações seguidas durante os anos 80. A presença do metano na atmosfera terrestre<br />
cresceu 154,7% desde o início da era industrial.<br />
O documento da agência chega ao público às vésperas da Cúpula Mundial do Clima, que ocorre<br />
de 6 a 17 de novembro em Nairóbi. Na reunião, representantes de 189 países debaterão o<br />
futuro da política mundial para a mudança climática e a redução das emissões de dióxido de<br />
carbono após o final da vigência do Protocolo de Kyoto, que é válido até 2012.<br />
Fonte: Estadão Online
Calor afeta preço do carbono europeu 04/novembro/2006<br />
Na terça-feira (31/10), o preço do carbono continuou sobre pressão no mercado da União<br />
Européia, seguindo em baixa por cinco meses.<br />
Apesar do incentivo dado esta semana pelo Governo Britânico para as questões ambientais, o<br />
preço do carbono chegou a €10.40 a tonelada, aumentando levemente no fechamento do dia<br />
para €11.10.<br />
Masum Bergmann, um corretor da Evolution Markets de Londres, disse que o preço chegou a<br />
subir a cima dos €12 na semana passada , quando a expectativa era de tempo frio (o que<br />
aumentaria a demanda por energia, e conseqüentemente a negociação de carbono). “No fim, o<br />
tempo não estava tão frio quanto o previsto,” disse Bergmann.<br />
A indústria pesada, como o setor de geração de energia e as refinarias, tem que comprar<br />
permissões para emitir dióxido de carbono se excederem as suas cotas de emissão, e a<br />
demanda por permissões cai se for mais barato queimar gás e óleo (possuem menor conteúdo<br />
de carbono) do que o carvão.<br />
Entretanto, o mercado possui uma fraqueza, já que foram expedidas permissões extras para as<br />
emissões de carbono, particularmente para a primeira fase, a qual vai até 2008, assim os<br />
emissores não precisam comprar mais no mercado.<br />
Em reação a esta fraqueza, na terça-feira 13 bancos de investimentos, além de outros players<br />
ativos no emergente mercado mundial de carbono uniram-se, formando um novo grupo para<br />
fazer lobby sobre tomadores de decisão para fortalecer o esquema da União Européia.<br />
O novo grupo, chamado de ‘European Carbon Investors and Services’ (ECIS), tem como<br />
objetivo pressionar a Comissão Européia e os países membros da UE a assumir uma abordagem<br />
mais rígida após o episódio da expedição extra de cotas.<br />
O futuro do esquema de comércio de emissões da UE será decidido nos próximos meses, ao<br />
passo que a Comissão Européia julga os planos dos países membros para as emissões do<br />
período 2008-2012, a segunda fase do esquema. O mercado exige que companhias comprem<br />
permissões se forem excedidas as suas cotas para emissão do dióxido de carbono, um dos<br />
gases do efeito estufa, e é a principal estratégia climática do bloco.<br />
O preço do carbono europeu atingiu seu recorde de mais de €30 a tonelada em abril, antes do<br />
fechamento extra de 2005, que levou a queda dos preços.<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
Cientista propõe sombrinha orbital contra o efeito estufa 04/novembro/2006<br />
Contando com financiamento da Nasa, o especialista em óptica Roger Angel desenvolveu um<br />
plano para resfriar a Terra utilizando um sistema de guarda-sóis que ficariam em órbita no<br />
ponto L1, uma região de equilíbrio de forças gravitacionais que existe entre a Terra e o Sol.<br />
Os detalhes do plano estão publicados em artigo no periódico científico Proceedings of the<br />
National Academy of Sciences, com o título "Feasibility of cooling the Earth with a cloud of small<br />
spacecraft near L1" ("Possibilidade de resfriar a Terra com uma nuvem de pequenas naves<br />
espaciais perto de L1"). O plano envolve o lançamento de trilhões de pequenas naves a mais de<br />
um milhão de quilômetros de altura.<br />
A constelação formaria uma nuvem de formato cilíndrico, com metade do diâmetro da Terra e<br />
comprimento 10 vezes maior. Cerca de 10% da luz solar que passasse pela nuvem seria<br />
desviada para longe da Terra. O efeito prático seria uma redução de 2% na luz do Sol total que<br />
chega ao planeta.<br />
Pesquisadores já ofereceram diversos planos para resfriar a Terra no caso de uma emergência<br />
climática, incluindo espalhar partículas na atmosfera para estimular a formação de nuvens. A<br />
primeira sombrinha espacial foi proposta por James Early, em 1989.<br />
"As primeiras idéias pediam estruturas maiores e mais pesadas, que teriam de ser fabricadas na<br />
Lua, o que é bem futurístico", disse Angel. "Eu quis fazer um guarda-sol de pequenos<br />
´voadores´, naves pequeninas, leves e extremamente delgadas, que pudessem ser construídas<br />
e lançadas da Terra um milhão de cada vez".<br />
Os "voadores" de Angel seriam feitos de um filme transparente, perfurado por pequenos<br />
buracos. Cada voador teria o diâmetro de 60 cm, uma fração de milímetro de espessura e<br />
massa de cerca de um grama. A transparência e pequenas velas, feitas de espelhos, evitarão<br />
que a nuvem seja dispersada pela pressão da luz solar.<br />
Fonte: Estadão Online
Teste para fusão nuclear liquefaz diamante 04/novembro/2006<br />
A máquina Z, criada pelo laboratório Sandia, mantido pelo governo dos Estados Unidos,<br />
transformou um diamante numa poça líquida. A máquina gera pressões de mais de 10 milhões<br />
de vezes a da atmosfera terrestre ao nível do mar. O objetivo do experimento era entender as<br />
características do diamante, material que poderá ser usado na criação de cápsulas para reatores<br />
de fusão nuclear.<br />
A fusão é o processo no qual átomos de elementos leves são esmagados de encontro uns aos<br />
outros, produzindo elementos mais pesados e gerando enormes quantidades de energia. Fusão<br />
é a fonte de energia do Sol e das bombas de hidrogênio.<br />
O controle do processo - de forma que a energia seja liberada de modo gradual, sem uma<br />
enorme explosão - é uma meta tecnológica perseguida há 50 anos. O uso de cápsulas de<br />
combustível é um dos métodos estudados. O problema desse método é que camada externa da<br />
cápsula precisa transmitir pressão de forma uniforme ao seu interior. Diamante sólido funciona<br />
assim, e diamante líquido funciona assim, mas um diamante que misture os dois estados, não.<br />
Fonte: Estadão Online
Poluição aumenta entre ricos, cai entre pobres 06/novembro/2006<br />
Um relatório da ONU sugere que as emissões de dióxido de carbono, os gases causadores do<br />
efeito estufa, aumentaram entre 2000 e 2004 nos países industrializados. O aumento foi<br />
superior ao da década passada.<br />
O estudo, no entanto, ressalta que em nível geral, as emissões caíram cerca de 3% em países<br />
em desenvolvimento.<br />
Segundo o relatório, Dados sobre Gases Poluentes 2006, a subida nos níveis de emissões é<br />
preocupante. O estudo, lançado em Bonn, na Alemanha, sugere aos países que intensifiquem<br />
políticas de promoção de cortes das emissões.<br />
O relatório, lançado pela Secretaria da Convenção sobre Mudança Climática da ONU, compilou<br />
dados de 41 países industrializados. Os Estados Unidos, que são o maior emissor global de<br />
dióxido de carbono, não participaram da pesquisa.<br />
Maria Netto, da Secretaria da Convenção sobre Mudança Climática, disse à Rádio ONU, de Bonn,<br />
que muitos países hesitam para reduzir as emissões por causa do custo.<br />
“As emissões são correspondentes ao crescimento econômico, é claro que o modelo de diminuir<br />
as emissões requer que os países tenham capacidade interna de executar políticas e medidas<br />
para poder reduzir as emissões. Por exemplo, os países têm que ter políticas para transporte,<br />
área de energia, de construção, diversas coisas. Afetam vários setores econômicos” disse.<br />
De acordo com o relatório, a redução das emissões é mais urgente no setor de tranportes, que<br />
por sua vez, é o mais difícil de combater.<br />
O documento não analisou economias emergentes como por exemplo a Índia, a China e o<br />
Brasil.<br />
Para o secretário-executivo da Convenção sobre Mudança Climática, é necessária uma ação<br />
global que leve a investimentos na geração de energia limpa segundo o Protoco de Kyoto.<br />
Fonte: Informe PNUD/Brasil
Clima: Aumentam as emissões dos gases estufa, afirma a ONU 06/novembro/2006<br />
Por Haider Rizvi, da IPS<br />
Nações Unidas, 03/11/2006 – Alarmados pelos resultados de um novo estudo, especialistas em<br />
mudança climática da Organização das Nações Unidas exortaram os países industriais a<br />
efetuarem reduções maiores em suas emissões de gases causadores do efeito estufa. As<br />
emissões desses gases (que aquecem a atmosfera) procedentes do mundo industrial estão<br />
aumentando novamente, afirma um documento divulgado segunda-feira pela Secretaria da<br />
Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática.<br />
O informe, intitulado “Greehouse Gas Data 2006” (Dados sobre gases que provocam o efeito<br />
estufa 2006), afirma que, apesar dos esforços para frear a contaminação de dióxido de carbono,<br />
as emissões em muitos países do mundo industrializado continuaram crescendo entre 2000 e<br />
2004. As emissões totais caíram 3,3% no período 1990-2004, o que, segundo os pesquisadores,<br />
se deveu principalmente a uma redução de 36,8% registrada nos países da Europa oriental e<br />
central. No mesmo período, os gases lançados na atmosfera pelos outros países industriais que<br />
assinaram o Convênio aumentaram 11%.<br />
Está tendência é “preocupante”, disse o secretário-executivo da Convenção, Yvo de Boer. Após<br />
conseguir reduções drásticas em suas emissões nos anos 90, os países da Europa oriental e<br />
central voltaram a elevar sua contaminação, em 4,1% entre 2000 e 2004. “Isto significa que os<br />
países industrializados terão de intensificar seus esforços para implementar fortes políticas que<br />
reduzam as emissões de gases que causam o efeito estufa”, afirmou de Boer em um<br />
comunicado. São necessárias com urgência reduções o setor do transporte onde as emissões<br />
aumentaram 23,9% entre 1990 e 2004. O dióxido de carbono, o principal entre esses gases, é<br />
liberado pela combustão de petróleo, gás e carvão.<br />
Segundo o estudo, as emissões dos países ricos que ratificaram o Protocolo de Kyoto sobre<br />
Mudança Climática estiveram em 2004 15,3% abaixo dos volumes de 190, em média,<br />
sobretudo pelas severas reduções de 32% pela Rússia. O Protocolo de Kyoto requer que, até<br />
2012, os 35 países industrializados que o ratificaram e a Comunidade Européia reduzam suas<br />
emissões em 5% abaixo dos níveis de 1990. Os países-parte do Protocolo estão obrigados a<br />
mostrar reduções a partir de 2008. Os Estados Unidos, que continuam sendo o principal<br />
contaminador desses gases, não faz parte do Protocolo.<br />
Ao dar ênfase na necessidade de “medidas adicionais de minimização”, de Boer disse esperar<br />
que os países industrializados possam cumprir seus compromissos apelando aos mecanismos<br />
flexíveis baseados no mercado, e previstos no Protocolo de Kyoto. “O desafio é bem<br />
compreendido. Agora, o Protocolo está em pleno vigor e guiando os países industriais no sentido<br />
de identificar e implementar opções políticas, incluindo os mecanismos de flexibilidade, para<br />
cumprir seus objetivos”. Uma opção é o mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), que<br />
permite aos países-parte investir em projetos de energias limpas ou desenvolvimento<br />
sustentável em países pobres, gerando créditos de carbono passíveis de serem comercializados.<br />
“Esperamos o comércio de emissões entre todos os países-parte do Protocolo de Kyoto”, disse<br />
de Boer, por isso é urgente um “investimento significativo” em tecnologias de energias limpas.<br />
Há registro até o momento de aproximadamente 370 projetos de MDL, com um potencial<br />
estimado de redução de emissões superior a 600 milhões de toneladas, e estão em processo de
egistro outros 900 projetos, segundo funcionários da ONU. De Boer disse que nos países da<br />
União Européia o comércio de emissões “está crescendo em importância”.<br />
Corroborando com o informe da ONU, outro estudo sobre mudança climática divulgado segundafeira<br />
na Grã-Bretanha alerta que a falta de ação quanto ao aquecimento global pode gerar<br />
conseqüências desastrosas para a economia e a população do mundo. Financiado pelo governo<br />
britânico e de autoria do ex-economista-chefe do Banco Mundial, Nicholas Stern, o estudo de<br />
700 páginas “The Economics of Climate Change” (A economia da mudança climática) reclama<br />
maiores esforços dos países ricos para combater o aquecimento do clima.<br />
“Embora exista muito mais para compreendermos – na ciência e na economia – agora sabemos<br />
o suficiente para ter clara a dimensão do risco, o calendário para a ação e as formas de agir de<br />
maneira efetiva”, disse Stern em uma declaração. A pesquisa detalha os riscos relacionados ao<br />
aquecimento global e assinala que as inundações derivadas do aumento do nível do mar<br />
poderão provocar 100 milhões de refugiados e causar a extinção de 40% das espécies animais.<br />
Também alerta que a mudança climática pode custar à economia global a quase US$ 7 trilhões<br />
até 2050 – equivalente a uma queda da atividade econômica da ordem de 20% - se não forem<br />
tomadas medidas a respeito das emissões do gases causadores do efeito estufa. Segundo<br />
cálculos feitos por Stern, os esforços oportunos para controlar as emissões custariam apenas<br />
1% do produto bruto global. Após a divulgação do estudo, o governo britânico deu a entender<br />
que estaria pronto para desempenhar um papel importante nos esforços internacionais para<br />
enfrentar a ameaça do aquecimento global.<br />
“O mundo não pode se dar ao luxo de esperar”, disse o primeiro-ministro britânico, Tony Blair,<br />
em um comunicado, enfatizando a necessidade de atuar diante da mudança climática mais além<br />
dos compromissos assumidos em Kyoto. “Não podemos esperar os cinco anos que demorou a<br />
negociação do Protocolo. Simplesmente, não temos tempo. Aceitamos que temos de ir mais<br />
longe”, afirmou. Em apoio ao chamado de Blair, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e<br />
ativista ambiental Al Gore aceitou trabalhar para o governo britânico como conselheiro de<br />
políticas sobre mudança climática.<br />
Entretanto, Washington continua sem dar sinais de mudança em sua política nesse assunto<br />
guiado pela noção de que é necessária mais pesquisa sobre as causas da mudança climática.<br />
Por outro lado, delegados de 190 países se reunirão em Nairóbi na próxima segunda-feira para<br />
negociações destinadas a impulsionar os compromissos internacionais diante da mudança<br />
climática. (IPS/Envolverde)<br />
Imagem:Arnould, Grahame<br />
Country: Canada<br />
Continent: Americas<br />
Fonte: Envolverde/IPS
Mercado europeu do carbono é relançado 06/novembro/2006<br />
O mercado do dióxido de carbono na Europa, onde, graças a um sistema imaginado pelos<br />
signatários do Protocolo de Kyoto, as indústrias trocam certificados que lhes dão o direito de<br />
contaminar, foi relançado em 2006 apesar das turbulências no período.<br />
O sistema de Kyoto impõe quotas de emissão de CO2 às indústrias, mas as empresas mais<br />
poluentes têm a chance de comprar às das quais que são menos contaminantes seus<br />
certificados de emissão não utilizados. Estes direitos são cotados em um mercado, como o<br />
financeiro.<br />
A idéia é controlar as emissões de dióxido de carbono, o principal dos gases com efeito estufa,<br />
responsáveis pelo aquecimento do clima no planeta.<br />
O sistema "funciona", afirma Paul Watkinson, coordenador internacional de Missão sobre o<br />
Efeito Estufa do Ministério da Ecologia francês. "O mercado europeu poderia ser o embrião de<br />
um mercado mundial", acrescenta.<br />
No início de 2005, a União Européia implementou um sistema de intercâmbio entre os 25<br />
Estados-membros que engloba 11.500 empresas, que representam por si só a metade das<br />
emissões de CO2 da entidade.<br />
Por enquanto, o sistema está limitado à Europa, porque os Estados Unidos, o principal país<br />
poluente da Terra, não quis ratificar Kyoto, um tratado que não impõe, por outro lado,<br />
compromissos obrigatórios aos países emergentes.<br />
A Powernext Carbon, bolsa européia de emissão de CO2, lançada em junho de 2005, espera<br />
alcançar um volume de negócios de 24 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2006 (4<br />
milhões de toneladas para os seis meses de 2005), segundo Richard Katz, diretor-adjunto de<br />
vendas.<br />
O comissário europeu para o Meio Ambiente, Stavros Dimas, decidiu no entanto pedir aos<br />
Estados-membros que revisem seus planos para o período 2008-2012 por considerar que são<br />
muito generosos com seus industriais, correndo o risco de tornar o mercado inoperante.<br />
"Os 17 primeiros planos que nos foram notificados propõem um volume de emissões (anual) de<br />
15% superior às emissões reais nestes Estados em 2005", lamentou Dimas recentemente.<br />
"Se os Estados puserem no mercado mais direitos de emissão dos que o necessário para cobrir<br />
suas emissões reais, então o mercado não terá mais nenhum interesse", explicou.<br />
A Comissão Européia (braço executivo da UE) tem grande expectativa no mercado europeu de<br />
carbono para que a região possa cumprir os compromissos assumidos no Protocolo de Kyoto,<br />
com os quais está em dívida. A UE precisa reduzir em 8% suas emissões de gases com efeito<br />
estufa até 2012 com relação aos níveis de 1990.<br />
O mercado, estabilizado depois do "mini crach" da primavera (boreal), sofreu em setembro um
novo revés: o preço da tonelada de CO2 (a quota) perdeu 25% de seu valor, situando-se por<br />
volta dos 12 euros (15,26 dólares em valores atuais).<br />
Foi uma queda devida, em grande parte, à baixa dos preços do petróleo, que caiu abaixo dos 60<br />
dólares o barril, arrastando consigo o preço do gás e da eletricidade, explica Richard Katz.<br />
"A estabilidade surpreendente do mercado de CO2 nestes últimos cinco meses era, sobretudo,<br />
uma anomalia, em comparação com outros mercados energéticos, e agora está corrigida",<br />
segundo o último boletim de informação da Powernext Carbon.<br />
Fonte: AFP/Terra
Fiscais da Sefaz e ANP interditam três indústrias de biodiesel no<br />
Mato Grosso<br />
06/novembro/2006<br />
A Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), por meio do Segmento de Combustíveis, e a<br />
Agência Nacional de Petróleo (ANP), interditaram na última semana três indústrias produtoras<br />
de biodiesel em Mato Grosso que estavam comercializando o produto sem autorização da ANP e<br />
nem inscrição estadual. A operação denominada “Biodiesel” conta com a participação de fiscais<br />
da Sefaz/Segmento de Combustíveis e auditores da ANP do Rio de Janeiro especializados na<br />
fiscalização do produto.<br />
A operação iniciou em Tangará da Serra (239 km a Médio-Norte de Cuiabá) interditando a<br />
empresa RTR Indústria Comércio de Esteres Ltda, por produzir Biodiesel sem especificação da<br />
ANP. De acordo com a líder do Segmento de Combustíveis da Sefaz, Neli Machado, a referida<br />
empresa já distribuiu nos postos revendedores de combustíveis de Tangará da Serra, cerca de<br />
120 mil litros de biodiesel irregular e sem o recolhimento de imposto aos cofres do Estado. O<br />
Fisco autuou o proprietário da empresa em R$ 103.870,00.<br />
No município de Sorriso (420 km de Cuiabá) os fiscais da Sefaz e da ANP interditaram a<br />
empresa Armazéns Vale do Verde, que estava operando sem autorização da ANP e sem<br />
inscrição estadual junto a Sefaz. A empresa produz um volume de aproximadamente um milhão<br />
de litros de biodiesel por mês, sem recolher um centavo de ICMS ao Estado de Mato Grosso. Até<br />
o momento foi apurado o montante de R$ 428,4 mil.<br />
Em Rondonópolis (212 km de Cuiabá) a operação “Biodiesel” interditou a empresa SSIL –<br />
Sociedade Sales Industrial Ltda, por falta de autorização da ANP e falta de inscrição estadual. A<br />
empresa produz cerca de 30 mil litros de bodiesel por dia. “Vamos fiscalizar se o número<br />
corresponde com o que é informado a Sefaz”, disse a líder do segmento de Combustíveis, Neli<br />
Machado.<br />
A produção de biodiesel é simples e utiliza metanol ou Álcool Etílico Anidro Combustível para<br />
reagir com óleo, tanto vegetal como animal (sebo) e produzir B-100. O investimento em<br />
reatores, decantadores, estruturas de lavagem e armazenagem não é significativo e está<br />
acessível a qualquer produtor rural ou grande consumidor de diesel.<br />
FISCALIZAÇÃO<br />
A operação “Biodiesel” fiscalizou outras empresas de produção do Biodiesel e emitiu boletim de<br />
fiscalização e intimação para regularização. Em Tangará da Serra a empresa Bioeng Tecnologia<br />
e Engenharia Ltda foi fiscalizada por não possuir autorização junto a ANP para funcionar e nem<br />
inscrição estadual na Secretaria de Fazenda. “No momento da fiscalização não encontramos<br />
estoque de biodiesel nos tanques, no entanto, a empresa tem previsão de produção de 2 mil<br />
litros por dia”, informou a líder do Segmento de Combustíveis da Sefaz, Neli Machado.<br />
Em Dom Aquino (166 km de Cuiabá) foi fiscalizada a empresa Renobrás, por vender biodiesel<br />
direto para transportadoras, sendo que é proibido por lei. Neli Machado explica que a indústria<br />
só pode vender direto para o consumidor final quando autorizada pela ANP para teste. A<br />
empresa tem autorização da ANP e inscrição estadual na Sefaz, no entanto, estava vendendo B-<br />
100 direto aos consumidores, o que não é permitido. A Renobrás produz 27 mil litros de
iodiesel por dia, segundo informado à Sefaz, que fará levantamento fiscal para confirmação e<br />
autuação.<br />
No município de Poxoréo (251 km de Cuiabá) a operação fiscalizou a empresa Torta Matogrossense,<br />
por utilizar óleo vegetal de caroço de algodão para a produção de biodiesel, e não<br />
possuir autorização na ANP e nem inscrição estadual na Sefaz. A empresa foi intimada e não vai<br />
poder produzir até se regularizar.<br />
Em Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá) foi fiscalizada a empresa Fiagril e a empresa foi<br />
intimada a regularizar sua situação na Sefaz e ANP.<br />
Em Sinop (500 km de Cuiabá) foram fiscalizadas quatro pessoas físicas que produzem biodiesel<br />
em pequena quantidade. As pessoas foram intimadas a se regularizar perante a Sefaz e ANP.<br />
Foi lavrado um auto de infração pela fiscalização fazendária no valor de R$ 40 mil.<br />
Foram fiscalizadas também em Sorriso, as empresas Vanzella e Cia Ltda e Cooami Cooperativa<br />
de Produtores. Foram feitas intimações fiscais e cobrança de imposto nos valores de R$ 16 mil e<br />
R$ 69 mil, respectivamente.<br />
Fonte: Clipping do Biodiesel Brasil – N° 251, ano 4
Reunião sobre protocolo de Kyoto discutirá metas do Brasil 06/novembro/2006<br />
Começa nesta segunda-feira (6) a reunião das partes do Protocolo de Kyoto, que acontece até o<br />
dia 17 em Nairobi, no Quênia. Na pauta, estão a continuidade do acordo depois de 2012 e a<br />
adoção voluntária de metas para a redução da emissão de gases que contribuem para o<br />
aquecimento global por países em desenvolvimento como o Brasil, Índia e China, hoje<br />
desobrigados de cumprir metas.<br />
Apesar de as emissões de gases da indústria serem comparativamente menores no Brasil do<br />
que em países desenvolvidos, o país já é o quarto emissor por causa da queimadas nas<br />
florestas.<br />
Segundo o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, no ritmo de desmatamento de 2005, a<br />
contribuição para as concentrações de gases de efeito estufa feitas conjuntamente só por Brasil<br />
e Indonésia anulariam quase 80% da redução de emissões conquistada pelo Protocolo de Kyoto.<br />
A reunião, que ocorrerá paralelamente à conferência das Nações Unidas sobre mudanças<br />
climáticas, também discutirá a aproximação do fim da primeira fase do Protocolo de Kyoto,<br />
estabelecido em 1997. A partir de 1º de janeiro de 2013 todos os compromissos e metas<br />
deixam de valer e a continuidade dos esforços dependeria de um novo acordo.<br />
O Brasil leva em conjunto com Índia, China e África do Sul um documento com dez propostas<br />
para serem debatidas. A chamada "Proposta de São Paulo" - produzida por 40 especialistas de<br />
25 instituições políticas e de pesquisa - foi financiada pela União Européia e pode ser<br />
encontrada no site da USP - Universidade de São Paulo ou da Unicamp.<br />
"O que a gente espera da reunião em Nairobi é uma demonstração de empenho de todos os<br />
países do mundo. Dos países desenvolvidos esperamos empenho para ampliar<br />
consideravelmente a contribuição deles. De países como o Brasil, que hoje é um grande<br />
emissor, um país em desenvolvimento, esperamos que contribuam mais e que assumam sua<br />
responsabilidade de uma forma mais ampla", diz Carlos Rittl, da Organização Não-<br />
Governamental Greenpeace.<br />
Além da discussão de discutir medidas que entrarão em vigor daqui a sete anos, serão<br />
debatidos critérios mais rígidos de gerenciamento do protocolo e a adoção voluntária de limites<br />
para a venda de créditos de carbono prevista no MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.<br />
A concentração de gás carbônico na atmosfera registrou nível recorde em 2005, quando a<br />
quantidade do gás na atmosfera foi de 379,1 partes por milhão. O número representa um<br />
aumento de 0,53% em relação ao ano anterior, quando a concentração era de 377,1 partes por<br />
milhão. Os dados estão no boletim da Organização Metereológica Mundial, das Nações Unidas,<br />
publicado na sexta-feira.<br />
Ratificaram o documento 165 países, sendo que 35 deles têm metas de redução da emissão de<br />
gases. Entre os países desenvolvidos, apenas Estados Unidos e Austrália não assinaram o<br />
documento.
Fonte: Agência Brasil/Gazeta do Povo/PR
Estabelecer um preço para o carbono: chave para assegurar a<br />
estabilidade global<br />
por Fernanda B Muller<br />
06/novembro/2006<br />
O relatório de Nicholas Stern deixa claro que reduzir os riscos do aquecimento global vai muito<br />
além de fazer com que os consumidores paguem por vôos longos, ou pela utilização de carros<br />
que consomem muito combustível: “Três elementos são essenciais para políticas de mitigação:<br />
um preço para o carbono, políticas tecnológicas, e a remoção de barreiras para mudanças<br />
internacionais. Deixar de fora qualquer um destes fatores irá aumentar significativamente os<br />
custos das ações.”<br />
O ponto de início de Nicholas é que o mundo precisa estabelecer um preço sobre o carbono.<br />
Segundo as teorias econômicas, os preços são estabelecidos pelas forças de demanda e<br />
fornecimento, mas segundo o relatório, o aquecimento global representa uma falha do mercado<br />
de uma escala colossal.<br />
A razão é que o custo de um vôo barato para o leste europeu, ou um punhado de flores vindos<br />
da África não incluem o preço do meio ambiente. Por consenso internacional, as companhias<br />
aéreas são isentas de impostos sobre os combustíveis.<br />
“Os gases do efeito estufa (GEE) são, em termos econômicos, uma externalidade,” diz o<br />
relatório. “Aqueles que produzem emissões de GEE estão trazendo as mudanças do clima, assim<br />
estão impondo custos sobre o mundo e sobre as gerações futuras, mas não encaram a<br />
totalidade das conseqüências dos seus atos.”<br />
Como o primeiro braço da sua estratégia, Nicholas diz que é preciso que haja um preço<br />
apropriado para o carbono. Isto poderia ser alcançado ao aumentar taxas, regras mais rígidas,<br />
ou pelo mercado de carbono, um mecanismo através do qual companhias e países pagariam<br />
pelo direito de poluir. A partir do momento em que as pessoas encararem a totalidade do custo<br />
social desencadeado pelas suas ações, elas substituiriam os bens e serviços com alto teor de<br />
carbono, e investiriam em alternativas com baixo teor de carbono (low carbon).<br />
Ontem, o Primeiro Ministro britânico, Tony Blair, disse que está ansioso para ver a expansão do<br />
esquema de mercado de emissões da União Européia (EU ETS), no qual cada país recebe uma<br />
cota para a emissão de GEE por setor, como geração de energia, produção de metais, cimento,<br />
tijolos e papel e celulose.<br />
A Inglaterra acredita que sob um mercado global de emissões, os países ricos poderiam<br />
comprar as cotas de poluição dos países em desenvolvimento, ajudando estes a investir em<br />
fontes de energia ‘low carbon’. Blair disse que o setor da aviação tem que ser incluído no EU<br />
ETS quando acabar o prazo do acordo atual, em 2012.<br />
Segundo o relatório de Stern: “O nível do preço do carbono devido ao setor da aviação deve<br />
refletir a contribuição total de emissões da aviação às mudanças climáticas. O impacto da<br />
aviação é de duas a quatro vezes maior do que o impacto das emissões de CO2 isolado. Isto<br />
deve ser levado em conta, pode ser através do design de uma taxa ou de um esquema de<br />
comércio, através dos dois juntos, ou utilizando medidas complementares adicionais.”
Nicholas disse que o segundo ingrediente necessário para mitigar as mudanças do clima é uma<br />
série de políticas para apoiar o desenvolvimento de tecnologias ‘low carbon’ e de alta eficiência.<br />
Gordon Brown, Chanceller Inglês, disse que o governo já está expandindo seus esforços neste<br />
setor, e que iria se esforçar para assegurar que a Inglaterra esteja “no topo da descoberta e<br />
desenvolvimento de inovações ambientais.”<br />
O setor do meio ambiente na Inglaterra cresceu de £16 bilhões em 2001 para £25 bilhões em<br />
2004.<br />
O relatório de Stern ressaltou que as tecnologias ‘low carbon’ são “atualmente mais caras do<br />
que as alternativas baseadas em combustíveis fósseis,” mas ao passo que o setor ‘verde’<br />
cresce, o custo deve cair. O preço do carbono, ressalta, é importante para assegurar que haja<br />
um incentivo para investir em novas tecnologias.<br />
“Os gastos públicos em pesquisa, desenvolvimento, e demonstração caíram significativamente<br />
nas últimas duas décadas, e atualmente é baixo em relação a outras indústrias,” disse o<br />
relatório. “Provavelmente os retornos serão altos se dobrarem os investimentos nesta área para<br />
cerca de $20 bilhões (£10.5bi) por ano globalmente, para apoiar o desenvolvimento de um<br />
portfólio diversificado de tecnologias.”<br />
Com a urgente necessidade de alternativas para o carvão e o petróleo como fonte de geração<br />
de eletricidade, Nicholas disse que há uma necessidade em estabelecer as fonte de energia mais<br />
limpas no mercado. A escala de incentivos ao redor do mundo precisa aumentar de “duas a<br />
cinco vezes, do nível atual de cerca de $34 bi por ano”.<br />
Finalmente, Nicholas disse que há necessidade de remover as barreiras que impedem que as<br />
pessoas mudem seu comportamento. Mesmo onde as medidas para reduzir as emissões são<br />
custo-efetivas, geralmente há obstáculos, como a falta de informação, custos transacionais, ou<br />
a simples inércia, que impedem as mudanças.<br />
“Medidas regulatórias podem ter um papel poderoso para ultrapassar estas complexidades, e<br />
fornecer clareza e certezas. Padrões mínimos para as construções comprovadamente são uma<br />
maneira custo-efetiva de melhorar a performance, onde os sinais de preço sozinhos podem ser<br />
muito comedidos para ter um impacto significante.”<br />
Stern ressaltou que levaria décadas para que esta estratégia baseada em três pontos<br />
funcionasse, e que até lá os países tinham que adaptar políticas da melhor forma possível.<br />
“Alguns aspectos da adaptação, como importantes decisões sobre infra-estrutura, irão exigir<br />
maior previsão e planejamento,” diz o relatório.<br />
Ao passo que as temperaturas globais aumentarem, adiciona o relatório, o custo da adaptação<br />
crescerá nitidamente. “O custo adicional de fazer nova infra-estrutura e construções resistentes<br />
as mudanças climáticas em países da OECD (30 países) pode ser de $15-$150 bi a cada ano.”<br />
Isto representaria até 0.5% do PIB.
Nicholas concluiu que a necessidade de ação é urgente. “A demanda por energia e transportes<br />
está crescendo rapidamente em muitos países, e muitos países em desenvolvimento também<br />
devem renovar uma porção significante do seu capital. Os investimentos feitos nos próximos 10-<br />
20 anos podem significar emissões muito altas para a próxima metade de século, ou apresentar<br />
uma oportunidade para mover o mundo em direção a um caminho mais sustentável.”<br />
Fonte: CarbonoBrasil
Brasil enfrentará chuvas intensas e secas mais longas, relata<br />
pesquisador<br />
06/novembro/2006<br />
O Brasil enfrentará em médio prazo “uma maior agressividade das manifestações do clima”,<br />
algumas das quais já estão ocorrendo, e não está preparado para isso, opina o agrônomo,<br />
pesquisador e chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de<br />
Miranda. Em entrevista à Agência Brasil, concedida para falar sobre conferência da ONU no<br />
Quênia sobre mudanças climáticas, Miranda falou sobre o possível cenário de mudanças<br />
climáticas, que é estudado por pesquisadores brasileiros.<br />
“De forma geral, estas mudanças se caracterizarão por um contraste climático maior. Ou seja,<br />
chuvas mais intensas, períodos secos mais prolongados, uma maior agressividade das<br />
manifestações do clima”. O ecologista explicou que não haveria aumento da incidência das<br />
chuvas ou das secas ao longo do ano, mas sim da sua intensidade. “Nós vamos ter a ocorrência<br />
maior de períodos extremos, quer dizer, grandes chuvas – inclusive, com a ocorrência de<br />
vendavais e furacões, sobretudo no sul do país.”<br />
Na opinião do pesquisador, o país ainda não está preparado para enfrentar estas novas<br />
situações “até porque elas são completamente inéditas”. Algumas dessas manifestações já<br />
começaram. Segundo Miranda, o código de obras brasileiro não previa, por exemplo, ventos<br />
com a intensidade que tem sido constatada em algumas localidades ultimamente. O resultado é<br />
a destruição de construções, de torres de transmissão de eletricidade ou de sistemas de<br />
telefonia móvel. “As estruturas construídas não previam esta intensidade de ventos e por aí vai.<br />
Nós não estamos preparados, nós estamos começando a nos preparar para isso”.<br />
Entre os eventos recentes que ilustram as expectativas e previsões de Miranda, houve o<br />
“furação” Catarina, ocorrido em março de 2004 na região Sul, o primeiro ciclone de grande<br />
intensidade de que se teve notícia no Atlântico Sul, a estiagem na Amazônia, no ano passado,<br />
mensurada como a maior em 50 anos, e a seca no Rio Grande do Sul, também em 2005, que<br />
atingiu mais de 80% dos municípios gaúchos e gerou milhões de reais em perdas aos<br />
produtores.<br />
Para Miranda, o Brasil pode dar duas contribuições significativas para frear o aquecimento<br />
global: reduzir suas emissões de gases do efeito-estufa, ou seja, combater o desmatamento e<br />
as queimadas na Floresta Amazônica, e desenvolver combustíveis alternativos, com álcool e<br />
óleos vegetais combustíveis, a chamada agroenergia.<br />
Miranda acredita que o Tratado de Kyoto é uma iniciativa fundamental. “Ele é um acordo que foi<br />
obtido com uma expressiva participação mundial. É difícil você conseguir imaginar no momento<br />
uma outra iniciativa de dimensão planetária que possa ser articulada fora do Protocolo de<br />
Kyoto. E este encontro na África será importante, pois vai permitir consolidar os dados e dar um<br />
bom panorama do quanto nós avançamos e do quanto falta avançar ainda”.<br />
Fonte: Renato Brandão/Agência Brasil
Pintou um clima... 06/novembro/2006<br />
por Luiz Eduardo Cheida<br />
Nesta verdadeira Era do Cinismo, temos convivido com as pérolas do pensamento oficial de<br />
autoridades do hemisfério norte, tipo:<br />
- Efeito Estufa? Custa mais combater que ignorar!<br />
Entretanto, o relatório encomendado pelo primeiro-ministro britânico Tony Blair a Nicholas<br />
Stern, perdoe-me a vulgaridade, é uma cacetada.<br />
Nem os ecofundamentalistas pintariam um quadro pior.<br />
Divulgado nesta segunda-feira (30 de outubro), após um longo estudo, o Relatório Stern acerta<br />
a jugular do mundo econômico, sentenciando:<br />
Mantidas as emissões atuais de gases estufa pelos próximos 50 anos, há 75% de chances de<br />
que a temperatura média da Terra aumente de 2 a 3 graus (nos últimos 150 anos, aumentou<br />
0,5 grau).<br />
Este aumento da temperatura reduzirá em até 3% a atividade econômica mundial e o consumo<br />
per capta mundial sofrerá uma queda de US$ 12 trilhões (equivalente a 20% do PIB global).<br />
O custo para estabilizar os níveis de gases estufa na atmosfera é de US$ 610 bilhões (1% do<br />
PIB global).<br />
A escolha não está difícil: deixar o barco correr significa perder 12 trilhões de dólares; investir<br />
na prevenção e solução do problema, 610 bilhões de dólares.<br />
A Era do Cinismo parece chegar ao fim. Nicholas Stern foi economista-chefe do Banco Mundial e<br />
está a anos-luz de ser um ecologista. É um insuspeito capitalista. Seu relatório é sobre o<br />
impacto econômico do aquecimento global e não tem nenhum apelo sentimental pela sobrevida<br />
do mico-leão-dourado, da ararinha azul ou espécie que o valha (embora, afirme que, mantidas<br />
as atuais emissões, 40% das espécies vivas estarão extintas até o ano 2.050).<br />
Somente por este particular, deve ser levado a sério pelo mundo dos negócios.<br />
E, exatamente hoje, em Nairóbi, Quênia, a ONU começa a discutir novas bases para um<br />
protocolo sobre mudanças climáticas. Tenta-se estabelecer metas e parâmetros para depois de<br />
2.012, quando expira o Protocolo de Kyoto.<br />
Como quem acorda de um sono profundo, o primeiro-ministro britânico Tony Blair afirma:<br />
- Não podemos esperar mais. Simplesmente, não há mais tempo.
Agora, que os ventos anunciados ameaçam chacoalhar a árvore do dinheiro, carregando-o para<br />
longe, o mundo econômico acorda desta longa hibernação. Apenas por isso, podemos esperar<br />
uma chance à razão.<br />
Que seja!<br />
Enquanto isso, alheios às previsões já previstas um milhão de vezes por meia humanidade, os<br />
dois adolescentes resfolegantes, afundados no sofá:<br />
- Baby, pintou um clima...<br />
Também na sala, a tia gorda que só vê TV, acompanha a fala de Tony Blair, murmurando:<br />
- Simplesmente, não há mais tempo.<br />
*Luiz Eduardo Cheida é médico e deputado estadual eleito. Foi Prefeito de Londrina (1992 –<br />
1996), Secretário de Meio Ambiente do Paraná e Membro titular do CONAMA (2003 – 2006).
Greenpeace: Brasil é um dos maiores emissores de CO2 07/novembro/2006<br />
O grupo ambientalista Greenpeace convidou os principais poluidores do mundo, nesta segundafeira<br />
(06), a deterem a devastação causada pela mudança climática, apontando o Brasil como<br />
um dos principais agressores.<br />
"Os piores impactos da mudança climática só podem ser evitados se os governos agirem agora",<br />
disse Steve Sawyer, conselheiro político do Greenpeace International, na inauguração da<br />
conferência da ONU sobre o clima na capital queniana. "As futuras gerações não nos perdoarão<br />
se demorarmos", afirmou.<br />
Em comunicado publicado neste primeiro dia da 12ª conferência da Convenção-marco das<br />
Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), Sawyer disse que os<br />
países ricos têm o dever moral de reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento<br />
global.<br />
"As obrigações legais, morais e políticas dos países ricos são claras: eles precisam reduzir<br />
dramaticamente suas emissões e, ao mesmo tempo, estar preparados para dar apoio maciço<br />
para ajudar os países mais pobres a se adaptarem", acrescentou.<br />
Ao lado dos países industrializados, como Estados Unidos e Austrália, que se recusaram a<br />
ratificar o Protocolo de Kyoto para controlar as emissões de gases causadores de efeito estufa, o<br />
Greenpeace instou países desenvolvidos como China e Índia a reduzir suas emissões e despejou<br />
críticas sobre o Brasil.<br />
"O Brasil precisa assumir a responsabilidade como um dos maiores emissores do mundo de CO2<br />
(dióxido de carbono ou gás carbônico)", afirmou. "O governo precisa combater o desmatamento<br />
e promover a energia limpa e renovável, bem como a eficiência energética", acrescentou.<br />
O chamado à ação ocorreu enquanto a agência internacional de ajuda CARE anunciou o<br />
lançamento de um "fundo social de carbono" no Brasil, com o qual espera reduzir a pobreza<br />
endêmica no país, ao explorar créditos de carbono oferecidos pelo protocolo de Kyoto.<br />
Segundo o tratado, os países industrializados podem alcançar parte de suas metas para reduzir<br />
as emissões de gases com efeito estufa através de "créditos de redução de emissões", obtidos<br />
através da ajuda para que os países em desenvolvimento restrinjam sua produção de gases<br />
poluentes.<br />
O projeto do CARE visará quatro ecossistemas brasileiros - a floresta Atlântica, a região<br />
amazônica, o cerrado e a caatinga - com programas geradores de renda oferecendo 5US$ 5<br />
milhões (43 milhões de euros) destes créditos.<br />
Segundo o projeto, o primeiro a ser administrado por uma organização não-governamental, as<br />
empresas podem investir em projetos comunitários, com criação de empregos no<br />
reflorestamento e na eficiência energética e, em troca, receber créditos de carbono do fundo.<br />
Seu objetivo seria "não apenas mitigar as mudanças climáticas", destacou o grupo, "mas<br />
também contribuir para superar a pobreza e fortalecer o desenvolvimento social".
Fonte: AFP/Terra
Conferência começa com foco nos pobres 07/novembro/2006<br />
DA REDAÇÃO<br />
O aquecimento global pode prejudicar a economia dos africanos que têm conseguido vencer a<br />
miséria, afirmou ontem em Nairóbi o ministro do Ambiente do Quênia, Kivutha Kibwana. Foi<br />
esse o tom do discurso de abertura da COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do<br />
Clima, que discute a redução emissão de gases do efeito estufa.<br />
"A mudança climática ameaça metas de desenvolvimento de bilhões de pessoas", disse Kibwana<br />
evitando, ainda, falar em compensação financeira. Ele culpa o fenômeno pela seca que<br />
prejudica o milho do Quênia e força mais gastos em irrigação.<br />
Na COP-12 devem ter início discussões sobre metas de redução de gases-estufa para depois de<br />
2012, quando termina a primeira etapa do Protocolo de Kyoto. Uma propostas de redução deve<br />
ser apresentada pela ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, na semana que vem. O<br />
país defenderá a criação de um fundo para compensar os países tropicais que reduzirem seu<br />
desmatamento, mitigando o efeito estufa.<br />
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
A cruzada de Al Gore contra o efeito estufa 07/novembro/2006<br />
por Amália Safatle<br />
Al Gore pode ter perdido as eleições nos Estados Unidos, mas ganha audiência crescente nos<br />
quatro cantos da Terra. O "ex-futuro presidente dos EUA", como costuma se intitular, tornou-se<br />
o mais famoso e convincente porta-voz do aquecimento global e de suas conseqüências<br />
catastróficas. Bom para o mundo.<br />
Parte da sua jornada "catequizadora" foi registrada em An Inconvenient Truth, ou Uma Verdade<br />
Inconveniente, documentário que chega às telas brasileiras no dia 3 de novembro, inicialmente<br />
no circuito São Paulo-Rio. O trailer pode ser assistido no site http://www.climatecrisis.net.<br />
Inconveniente e absolutamente necessário, o filme dirigido por Davis Guggenheim é de um<br />
didatismo capaz de demover qualquer dúvida - se é que ainda existe - sobre as causas<br />
antrópicas das mudanças climáticas, e os conseqüentes desastres de toda a ordem em um<br />
planeta que começa a fazer água. A profusão de dados, desenhos animados, gráficos e<br />
fotografias sobre o aquecimento e os prejuízos para o ser humano, a saúde e a economia são de<br />
uma veracidade assustadora.<br />
Uma animação, por exemplo, - de forte apelo principalmente para o público norte-americano -,<br />
mostra o que acontecerá às regiões costeiras dentro dos próximos anos com a elevação do nível<br />
do mar causado pelo derretimento das geleiras.<br />
O aumento de poucos metros faria submerger o memorial do World Trade Center, colocando<br />
qualquer plano terrorista no chinelo. É assim que o documentário conclama as pessoas a<br />
mudarem suas atitudes em relação à maneira como se produz e se consome recursos e energia.<br />
Mais que isso, instiga o cidadão a exigir uma revolução política, de modo que o efeito estufa<br />
seja alçado à lista de prioridades de qualquer governante como o maior dos problemas a ser<br />
enfrentado, desde já, pela humanidade.<br />
Como bem demonstra Al Gore, a ciência e a tecnologia já são capazes de oferecer o<br />
conhecimento e as ferramentas necessárias para combater o aquecimento global. Falta é a<br />
vontade política de mudar os paradigmas econômicos vigentes. Nesse ínterim, o ex-vicepresidente<br />
na gestão Bill Clinton aproveita para lembrar, em tom um tanto irônico, que vontade<br />
política é um recurso também renovável.<br />
Não que se tivesse ganhado as eleições, os Estados Unidos teriam necessariamente ratificado o<br />
Protocolo de Kyoto, pois o Congresso norte-americano tem autonomia para decidir os rumos do<br />
país. Mas o embate teria sido bem mais duro.<br />
Os EUA oficialmente rejeitam assumir compromissos para a redução da emissões de efeito<br />
estufa, amparados pela política desenvolvimentista e pela saga petrolífera da dinastia Bush.<br />
Extra-oficialmente, entretanto, é crescente a adesão no país a metas voluntárias, por<br />
prefeituras, governos estaduais e até cidadãos.<br />
Al Gore, que esteve na última semana em São Paulo, continua sua cruzada mundo afora -<br />
sempre tomando o cuidade de neutralizar, por meio do plantio de árvores, os gases de efeito
estufa emitidos pelos aviões que toma e também dos gases gerados na produção do próprio<br />
documentário. Militante, encontrou sua forma de fazer política sem estar preso a uma cadeira<br />
presidencial.<br />
* Amália Safatle é jornalista e editora associada da Página 22, revista mensal sobre<br />
sustentabilidade, que tem como proposta interligar os fatos econômicos às questões sociais e<br />
ambientais.<br />
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br
Energia eficiente para crescer 07/novembro/2006<br />
Antônio Márcio Buainain*<br />
O crescimento econômico parece ter entrado, firme, na agenda política que vem sendo discutida<br />
para o segundo mandato do presidente Lula. Em seu discurso da vitória Lula incorporou<br />
prioridades defendidas por Geraldo Alckmin, reconheceu o baixo crescimento dos últimos anos e<br />
chegou até a repetir bordões do adversário, como não podemos mais perder oportunidades.<br />
Para alcançar a meta de 5% ao ano, modesta para o Brasil, a nova administração deverá<br />
superar muitas inconsistências, como a dubiedade em relação ao papel do Estado e do setor<br />
privado, e ter coragem de levar adiante as reformas fiscal, tributária e trabalhista necessárias<br />
para elevar a capacidade de investimento do Estado e melhorar o ambiente microeconômico.<br />
Como todas mexem, diretamente, na base de sustentação política e na lógica de operação do<br />
PT e aliados, resta saber se o governo terá determinação e 'vontade política' para levar adiante<br />
o projeto de crescimento. Um dos obstáculos que terá de enfrentar é a ameaça, cada vez mais<br />
difícil de esconder, de falta de energia.<br />
As projeções de oferta futura, a cargo da Empresa de Pesquisa Energética, têm sido<br />
questionadas pelo mercado de energia. O Estado não tem recursos para bancar os projetos de<br />
geração, e o setor privado não tem tido incentivos para investir. Projetos continuam paralisados<br />
por razões ambientais e indefinição regulatória. Parte das termos a gás não teria condições de<br />
operar por falta do insumo e o próprio preço, em elevação, pode eliminar a competitividade de<br />
importantes setores da economia.<br />
A resposta tem sido uma profusão de regras que reduzem a concorrência e a eficiência do<br />
mercado, elevam os custos da energia futura e a conta de subsídios e compensações embutidos<br />
na atual estrutura tarifária.<br />
Destravar o setor é condição para o crescimento acelerado do País. Ao lado da ameaça real de<br />
escassez, gasta-se mal a energia disponível.<br />
Em que pese os progressos alcançados desde 2001, os equipamentos domésticos e industriais<br />
em uso ainda são ineficientes do ponto de vista energético; os padrões exigidos são tímidos,<br />
quando comparados aos vigentes em outros países desenvolvidos e países como México e Chile;<br />
o consumidor voltou a relaxar na questão da economia e faltam incentivos, positivos ou<br />
punitivos, para conservar energia.<br />
Estudo de pesquisadores da Unicamp, patrocinado pela WWF – Brasil, contribui para o debate e<br />
mostra que, se o Brasil adotasse medidas de eficiência energética (MEEs), seria possível reduzir<br />
em até 38% a demanda esperada de energia elétrica até 2020, projetando-se o padrão atual.<br />
'Em termos práticos, essa energia corresponde à geração evitada de 60 usinas nucleares de<br />
Angra 3', proporcionando 'uma economia de até R$ 33 bilhões na conta de eletricidade' (Agenda<br />
Elétrica Sustentável 2020, p. 12. WWF-Brasil, 2006).<br />
A adoção de MEEs não é alternativa aos investimentos em geração, mas complementar. São<br />
medidas tecnicamente simples, já adotadas e testadas em muitos países, que poderiam elevar a
oferta com ganho de eficiência na produção e distribuição e poupar energia na ponta do<br />
consumo.<br />
Envolvem desde melhorias na operação do sistema interligado e repotenciação de usinas<br />
hidrelétricas, redução de perdas no sistema de transmissão e distribuição, incentivo à cogeração<br />
e geração descentralizada até a utilização de motores mais eficientes, utilização de<br />
sistemas de iluminação mais modernos e substituição de chuveiros e aquecedores elétricos -<br />
responsáveis por 8% da energia consumida – por sistemas de aquecimento solar.<br />
Também chama a atenção para o potencial das fontes de energia renovável, tais como<br />
bioenergia, energia eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Os instrumentos para<br />
melhorar a eficiência energética estão disponíveis, mas vêm sendo mal gerenciados. Os<br />
recursos disponíveis (em torno de R$ 400 milhões/ano) são usados de forma descoordenada e<br />
sem vinculação a resultados objetivos, e a Lei de Eficiência Energética é adotada com frouxidão.<br />
Faltam incentivos em toda a cadeia para compensar o custo imediato com a mudança do padrão<br />
vigente.<br />
Como o setor é complexo e os interesses variados, somente o setor público é capaz de<br />
coordenar o conjunto de ações necessárias para melhorar a eficiência energética do País. Mas<br />
isto parece uma tarefa menor para quem ainda confunde Estado forte com Estado produtor e<br />
interventor.<br />
*Antônio Márcio Buainain é professor assistente doutor do Instituto de Economia da Unicamp. Email:<br />
buainain@eco.unicamp.br<br />
Fonte: O Estado de São Paulo
Debate sobre incentivo à conservação florestal não termina na<br />
conferência sobre mudanças climáticas<br />
07/novembro/2006<br />
O debate sobre a proposta brasileira de “premiar” países em desenvolvimento que reduzirem<br />
suas taxas de desmatamento não deve ser concluído na COP12 - 12ª Conferência das Partes da<br />
Convenção sobre Mudança Climática, em Nairobi, no Quênia. A avaliação foi feita pelo<br />
pesquisador Marcelo Rocha, membro do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia<br />
Aplicada da Esalq - Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz da USP - Universidade de São<br />
Paulo e da Organização Não-Governamental Ipê - Instituto de Pesquisas Ecológicas.<br />
A proposta apresentada pelo governo brasileiro consiste, em linhas gerais, na adoção voluntária<br />
de indicadores de acompanhamento das taxas de desmatamento em países em<br />
desenvolvimento, com metas pré-estabelecidas. As nações que conseguirem manter a redução<br />
seriam beneficiadas pelos países ricos com transferência de tecnologia e doações voluntárias<br />
para projetos de desenvolvimento sustentável.<br />
“Como é um tema bastante complicado, não é de se esperar um resultado concreto para esta<br />
reunião”, afirmou Rocha, que é doutor em Economia Aplicada e especialista em mercado de<br />
carbono. “Incentivar a redução do desmatamento é um processo antigo de negociação no<br />
âmbito da convenção, que ainda vai levar alguns anos para ser concluído”.<br />
O assessor especial da Coordenação Geral de Mudanças Climáticas do Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia, Haroldo Machado Filho, que está participando da COP-12, contou à que durante o<br />
processo de regulamentação do Tratado de Quioto, o desmatamento evitado foi um dos pontos<br />
de maior polêmica. Pelo tratado, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, os países<br />
desenvolvidos se comprometeram a reduzir em média 5,2% das emissões de gás carbônico até<br />
2012, tomando 1990 como ano de referência.<br />
Para cumprir a meta, eles podem contar com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),<br />
que permite a compra de “créditos de carbono” (tecnicamente chamados de Reduções<br />
Certificadas de Emissão - RCEs) gerados pelos países em desenvolvimento, a partir da adoção<br />
de projetos que comprovadamente reduzam as emissões de gases de efeito estufa. Mas na área<br />
florestal apenas o plantio de árvores (reflorestamento e florestamento) fazem parte do MDL - ou<br />
seja, embora a floresta em pé seja um reservatório de carbono, sua conservação não entra<br />
nesse mercado.<br />
“A proposta brasileira atual busca incentivar o combate ao desmatamento no âmbito da<br />
convenção, mas ela não se dá dentro do Protocolo de Quioto. Não é um mecanismo de<br />
mercado, trata-se de uma contribuição espontânea, que não gera obrigações nem punições”,<br />
esclareceu Rocha. “Não adianta conservar as florestas se os países desenvolvidos continuarem<br />
queimando combustível fóssil, porque as árvores continuariam ameaçadas pelos impactos do<br />
aquecimento global”.<br />
Rocha lembrou que a queima de combustíveis fósseis é a principal causa do aumento da<br />
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Mas no Brasil, o quarto país na lista dos<br />
maiores emissores, o desmatamento e as queimadas respondem por cerca de 75% das<br />
emissões. “A destruição das florestas é significativa para as mudanças climáticas, contribuindo<br />
com 10 a 30% das emissões mundiais (há divergências entre os cientistas sobre esse<br />
percentual). Mas o aquecimento global é sobretudo um problema de matriz energética”,
ponderou.<br />
Machado Filho também destacou a necesidade de os países desenvolvidos liderarem o combate<br />
ao aquecimento global. “As mudanças climáticas globais são um problema comum, mas com<br />
responsabilidades diferenciadas. As emissões de um norte-americano equivalem às de 368<br />
paquistaneses”, informou. “A Convenção diz que os países desenvolvidos devem assumir essa<br />
liderança. Mas os países em desenvolvimento, apesar de não terem objetivos quantificados de<br />
reduções, estão adotando medidas que contribuem significativamente para mitigar o problema.”<br />
Fonte: Thaís Brianezi/Agência Brasil
ONU inicia reunião no Quênia sobre mudança climática 07/novembro/2006<br />
As novas negociações da ONU - Organização das Nações Unidas sobre a mudança climática<br />
global começaram nesta segunda-feira (06) em Nairóbi, no Quênia. O principal assunto do<br />
encontro deve ser a ajuda para que países mais pobres se adaptem à mudança do clima.<br />
Um relatório da ONU divulgado na véspera da reunião prevê impactos terríveis do clima em<br />
partes da África. A produção das lavouras vai cair, segundo o relatório, enquanto o crescente<br />
nível dos mares pode invadir cidades.<br />
Esta é a 12ª rodada de reuniões da ONU desde a Eco 92, no Rio de Janeiro. Dados divulgados<br />
na semana passada indicam que os níveis de emissões de gás que causam o efeito estufa<br />
continuam subindo.<br />
A OMM - Organização Meteorológica Mundial afirmou que as concentrações de dióxido de<br />
carbono aumentaram 0,5% durante 2005 e não vão começar a cair a não ser que um acordo<br />
mais forte do que o Protocolo de Kyoto seja criado.<br />
Lavouras e enchentes - O vice-presidente do Quênia, Moody Awori, abriu a reunião em Nairóbi,<br />
a primeira realizada na África subsaariana.<br />
"Estamos todos reunidos na manhã de hoje (segunda-feira) em nome da humanidade pois<br />
reconhecemos que a mudança climática está emergindo rapidamente como uma das ameaças<br />
mais sérias que a humanidade já enfrentou", disse Awori.<br />
O novo relatório do Sistema da Convenção em Mudança Climática da ONU afirma que o<br />
problema é uma ameaça séria à África, e produz um convincente argumento ao provar porque é<br />
tão importante ajudar os países africanos a transformar suas sociedades, economias e infraestrutura<br />
em "à prova de clima".<br />
O relatório conclui que a produção de grandes lavouras como milho ou sorgo vai cair e grande<br />
parte de cidades africanas como Lagos, Dar es Salaam e Cidade do Cabo podem desaparecer<br />
devido ao crescente nível do mar.<br />
"Também há grandes impactos em áreas mais elevadas como o Monte Quênia e o Monte<br />
Kilimanjaro, cujas geleiras e outras formações de gelo são importantes para o suprimento de<br />
água", disse Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, que forneceu dados para o relatório.<br />
Na semana passada, uma avaliação lançada pelo economista Nicholas Stern também alertou<br />
para o impacto desproporcional da mudança climática em países mais pobres.<br />
Entre as medidas sugeridas para transformar países em "à prova do clima" estão a construção<br />
de defesas contra mares e rios; aumento da infra-estrutura de fornecimento de água para<br />
regiões de seca; criação de defesas naturais como árvores e mangues; desenvolvimento de<br />
novas variedades de lavouras resistentes a altas temperaturas e secas; e educação pública a<br />
respeito de assuntos como economia de água.
Restrições - O comissário da União Européia para meio ambiente, Stavros Dimas, afirmou<br />
recentemente que pode ser mais fácil adaptar os países pobres às mudanças climáticas do que<br />
tentar um novo acordo que diminua a emissão de gases que causam o efeito estufa, já que os<br />
atuais objetivos para os países ricos sob o Protocolo de Kyoto expiram em 2012.<br />
"Discussões a respeito desta questão vital da ação global depois de 2012 vão continuar em<br />
Nairóbi. Este processo começou em maio e esperamos conseguir mais progresso nesta reunião.<br />
Mas é muito cedo para esperar um grande avanço", disse Dimas.<br />
Oficialmente, os países da União Européia e o Japão buscam alvos restritos no longo prazo. E a<br />
Grã-Bretanha acabou de propor que a União Européia adote um objetivo de médio prazo de<br />
30% de reduções até 2020.<br />
Mas os Estados Unidos e Austrália, entre os países desenvolvidos, permanecem contra qualquer<br />
conversa a respeito de objetivos.<br />
E não há possibilidade de um acordo incluindo nações desenvolvidas enquanto os dois países,<br />
que estão com os índices mais altos do mundo de poluição per capita, mantiverem suas<br />
posições.<br />
Fonte: BBC Brasil/Folha Online
Treinamento reduz impactos da prospecção de petróleo 07/novembro/2006<br />
por: Débora Ortiz Bluhu* e Thais Gidi Portella*<br />
Educação ambiental ajuda a preservar áreas costeiras onde há poços petrolíferos<br />
O número de empreendimentos destinados à perfuração de poços de Petróleo vem crescendo<br />
muito nos últimos anos. Grande parte dessa atividade prospectiva realiza-se em áreas costeiras<br />
e suas adjacências. Há numerosas perfurações no mar ou em terrenos próximos. Este processo<br />
tem, como conseqüência, diversos impactos sobre os biomas costeiros. Trata-se, portanto, de<br />
uma questão a ser enfrentada.<br />
Nesse sentido, a educação ambiental, em treinamentos direcionados para os trabalhadores<br />
envolvidos, vem sendo utilizada como instrumento para a mitigação dos impactos ambientais.<br />
Essa prática, além de contribuir para viabilizar a licença ambiental, favorece a implementação<br />
das políticas direcionadas à manutenção e conservação dos ambientes costeiros brasileiros.<br />
O órgão ambiental, na concessão da licença, estabelece condicionantes, com o objetivo de<br />
mitigar os impactos. A atividade de perfuração de poços de petróleo é transitória, com duração<br />
que varia entre um e quatro meses. São descritos como fatores de influência no ambiente e na<br />
área, os seguintes aspectos: impactos sociais (relacionados ao aumento no tráfego de veículos<br />
pesados, geração de empregos, chegada de trabalhadores de outras regiões e conflitos<br />
socioculturais); impactos ambientais (transformação visual, supressão.<br />
de vegetação, aumento de ruído e emissões atmosféricas, poeira, geração de resíduos sólidos e<br />
efluentes); impactos econômicos (incremento na renda local), podendo variar sua magnitude<br />
conforme o local de instalação.<br />
De acordo com esses fatores, faz-se necessária a adoção de medidas que minimizem e/ou<br />
reduzam os impactos listados. Dentre os condicionantes exigidos pelos órgãos ambientais, a<br />
execução de treinamentos com todos os trabalhadores envolvidos na obra de perfuração<br />
constitui importante ferramenta para abordagem da Educação Ambiental.<br />
Em decorrência da diversidade e singularidade de cada trabalhador relacionado com a atividade<br />
de perfuração, oriundos de várias partes do Brasil e do Mundo, agregando-se a este fato<br />
culturas e hábitos diferentes, são realizadas, além da consulta ao estudo de caracterização<br />
ambiental da área, realizado para obtenção da licença, visitas a campo e entrevistas, com o<br />
objetivo de conhecer o meio em que a obra será inserida. O conteúdo do treinamento deve ser<br />
coerente com a realidade socioambiental da área em questão.<br />
Os resultadoss que vêm sendo obtidos no tocante à conservação dos recursos naturais situados<br />
na área de influência do empreendimento são positivos: manutenção da qualidade ambiental do<br />
local (que devem ser verificados pela análise periódica da água e solo), aplicação da coleta<br />
seletiva e minimização dos resíduos gerados. Dentre os resultados positivos mais relevantes<br />
estão o cumprimento das condicionantes exigidas pelo órgão ambiental, ausência de multas,<br />
notificações e embargos durante a execução da obra.<br />
A educação ambiental de trabalhadores em empreendimentos para perfuração/prospecção de
petróleo vem sendo uma atividade de extrema importância para a manutenção dos<br />
ecossistemas costeiros. O trabalho resulta, efetivamente, na diminuição dos impactos. Assim,<br />
tem-se constituído em contribuição fundamental para o cumprimento dos fatores condicionantes<br />
estabelecidos pelos órgãos ambientais responsáveis.<br />
* Débora Ortiz Bluhu é Bióloga e Consultora Ambiental da ERM Brasil.<br />
*Thais Gidi Portella é Analista Ambiental da ERM Brasil.
EUA reafirmam posição contra limite para emissões de CO2 07/novembro/2006<br />
O principal negociador dos Estados Unidos para a questão da mudança climática defendeu a<br />
posição de seu governo contra limites obrigatórios para as emissões de gases que causam o<br />
efeito estufa, e disse que essa postura dificilmente mudará durante o governo de George W.<br />
Bush.<br />
Na abertura da conferência de duas semanas sobre o tratado das Nações Unidas a respeito da<br />
mudança climática, Harlan Watson afirmou que seu país está fazendo mais para conter as<br />
emissões de gases do efeito estufa, por meio de ações voluntárias, do que alguns países<br />
comprometidos com o Protocolo de Kyoto, rejeitado pelo governo Bush.<br />
"Salvo poucas exceções, o que se vê são as emissões aumentando de novo", disse Watson,<br />
referindo-se às nações signatárias do acordo, que impõe metas para a redução da emissão dos<br />
gases que alteram o clima.<br />
Relatório recente das Nações Unidas informa que as emissões de gás carbônico, o principal<br />
componente do efeito estufa, voltaram a aumentar, com a retomada do crescimento econômico<br />
na Europa Oriental. Outro texto recente, sobre a situação na União Européia, diz que o bloco só<br />
conseguirá cumprir seus compromissos com Kyoto se alguns países aceitarem sacrifícios extras,<br />
para cobrir as falhas de outros.<br />
Países em desenvolvimento, a União Européias e ambientalistas querem que os EUA aceitem<br />
cortes obrigatórios para depois de 2012, quando Kyoto expira.<br />
"A comunidade internacional terá de assumir uma ação muito Amis ambiciosa após 2012", diz<br />
nota emitida por Stavros Dimas, comissário de Meio Ambiente da União Européia. Ele afirma<br />
que é preciso haver um "consenso internacional", em torno de um sistema de controles que<br />
envolva também o maior poluidor, os Estados Unidos.<br />
"É preciso um compromisso comum", declarou o ministro queniano do Meio Ambiente, Kivutha<br />
Kibwana, eleito para presidir, por um ano, o organismo responsável por administrar o tratado<br />
da ONU sobre mudança climática, firmado em 1992.<br />
O acordo de Kyoto, assinado em 1997, é um anexo do tratado anterior, e exige que 35 países<br />
industrializados reduzam suas emissões de gases do efeito estufa até 5% abaixo do nível<br />
registrado em 1990, até 2012.<br />
Durante a reunião que tem início nesta segunda-feira, 6, em Nairóbi, os países envolvidos com<br />
o Protocolo de Kyoto continuarão a discutir quais metas e cronogramas deverão ser<br />
implementados após 2012. Mas muitos, antes de assinar qualquer compromisso, querem ver o<br />
que os Estados Unidos farão. O país é responsável por 21% dos gases de efeito estufa do<br />
mundo. As palavras de Watson parecem implicar que, ao menos pelos próximos dois anos, os<br />
americanos não aceitarão cortes obrigatórios.<br />
Os números da ONU citados por Watson mostram que, numa determinada escala, os EUA estão<br />
se saindo melhor na contenção dos gases do aquecimento global do que outros países. "Quando<br />
se olha para os números, estamos muito bem", declarou.
O relatório citado por Watson afirma que as emissões dos EUA cresceram, entre 2000 e 2004,<br />
1,3%, contra 2,4%, na média de 41 países industrializados.<br />
Mas, quando se comparam os números com o ano adotado como padrão no Protocolo de Kyoto,<br />
1990, a figura muda: as emissões globais dos países industrializados caíram 3,3% - em parte,<br />
por conta do colapso econômico que se seguiu ao fim da União Soviética - enquanto que a<br />
poluição gerada nos EUA cresceu 16%.<br />
Entre os países que aceitaram as imposições do tratado, a Alemanha cortou suas emissões em<br />
17% entre 1990 e 2004. A Grã-Bretanha, em 14% e a França, em quase 1%.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Brasil propõe incentivo internacional para países que reduzem<br />
desmatamento<br />
07/novembro/2006<br />
A delegação brasileira levará à 12ª Conferência das Partes da Convenção do Clima, em Nairobi,<br />
no Quênia, uma proposta de compensação financeira para os países em desenvolvimento que<br />
obtiveram redução no desmatamento das florestas tropicais. Isso traria recursos financeiros dos<br />
países ricos para nações, como é o caso do próprio Brasil, que registrarem reduções no<br />
deflorestamento. E, com isso, criarem alternativas de desenvolvimento que não causem a<br />
destruição das florestas e possam conter o desmatamento a longo prazo.<br />
"O Brasil vai apresentar a proposta dos incentivos positivos para redução de emissão de gases<br />
de efeito esfufa decorrentes do desmatamento de floresta. A expectativa é que essa proposta<br />
possa entrar no debate e seja aberto um processo de negociação para tratar desse assunto",<br />
disse o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo<br />
Capobianco, que integra a delegação brasileira no Quênia.<br />
A proposta, que será colocada em discussão, ainda precisa do apoio dos países desenvolvidos<br />
para ser aprovada e implementada. A compensação teria como base a redução de gases que<br />
contribuem com o efeito estufa, ou seja, a diminuição seria equivalente à quantidade que foi<br />
evitada ao conter o desmatamento. Uma metodologia precisaria ser criada para medir essa<br />
conversão. Um fundo seria criado para gerir as contribuições voluntárias dos países ricos.<br />
O projeto deve estar vinculado, segundo a delegação brasileira, à Convenção de Biodiversidade<br />
e não ao Tratado de Kyoto. Isso porque a segunda etapa de Quioto só começaria após 2012,<br />
enquanto a convenção, caso a negociação tenha êxito, pode incluir o mecanismo a partir do<br />
próximo ano. "A proposta é que os países desenvolvidos contribuam financeiramente para que<br />
os países em desenvolvimento possam investir em novas alternativas econômicas para a<br />
sociedade no sentido que elas possam a partir de novas tecnolgias, promover desenvolvimento<br />
sem a substituição da floresta", afirmou Capobianco.<br />
Recentemente, o governo brasileiro apresentou a estimativa de redução de 30% no<br />
desmatamento da Amazônia. De acordo com o Prodes - Projeto Monitoramento do<br />
Desmatamento na Amazônia Legal, a previsão é de que a taxa entre 2005 e 2006 corresponda<br />
a 13,1 mil quilômetros quadrados de deflorestamento. No período anterior, a redução foi de<br />
31%. Também houve redução do desmatamento de mais de 70% na região da Mata Atlântica<br />
nos últimos anos.<br />
A delegação brasileira é chefiada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, além de<br />
representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Itamaraty.<br />
Fonte: Radiobrás
Europeus despertam para importância da proteção climática 07/novembro/2006<br />
Milhares exigem nas ruas de Londres um novo acordo internacional de proteção climática, meta<br />
que Merkel e Blair querem atingir em estreita cooperação.<br />
Mais de 10 mil pessoas foram às ruas de Londres, no sábado (04), em manifestação a favor de<br />
uma maior eficácia na proteção ao clima em todo o mundo. Às vésperas da 12ª Conferência de<br />
Cúpula do Clima, que se realiza de 6 a 17 deste mês em Nairóbi, no Quênia, os manifestantes<br />
exigiram da comunidade internacional um novo acordo em substituição ao Protocolo de Kyoto,<br />
cuja validade expira em 2012.<br />
O protesto, organizado por um grupo que se intitula Stop Clima Chaos (Parem o caos climático),<br />
incluiu também um apelo aos Estados Unidos para aderirem finalmente ao Protocolo.<br />
Alemanha e Reino Unido juntam forças - Impulsionar em estreita cooperação a conclusão de um<br />
acordo internacional de proteção ao clima: esta foi justamente uma decisão anunciada pela<br />
chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair,<br />
após encontro em Londres, na noite de sexta-feira (03).<br />
As mudanças climáticas são "um dos grandes desafios do século 21", declarou a chefe de<br />
governo alemã, anunciando ainda que o tema desempenherá um papel importante no primeiro<br />
semestre de 2007, período em que a Alemanha exercerá a presidência rotativa da Unão<br />
Européia e, ao mesmo tempo, do G8, o grupo das maiores nações industrializadas do mundo<br />
mais a Rússia.<br />
Na opinião de Merkel, a Europa tem a grande chance de assumir a liderança mundial nesta<br />
questão. "Estou plenamente convicta de que precisamos fazer de tudo para despertar nossa<br />
população." Blair acredita igualmente na "oportunidade real de que se façam grandes<br />
progressos no ano que vem". O premier britânico manifestou-se ainda confiante de que será<br />
possível convencer Washington da necessidade de um acordo sobre o clima que tenha vigência<br />
mundial.<br />
O diretor do Pnuma - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner,<br />
também atribui aos europeus um papel importante neste contexto. "Se a Europa não cumprir as<br />
modestas metas estabelecidas em Kyoto em 1997, estará enviando um sinal errado aos países<br />
em desenvolvimento", declarou ao diário Berliner Zeitung.<br />
Prevenir é mais barato que remediar - O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel,<br />
defendeu em entrevista à revista Der Spiegel que a Alemanha destine, a médio prazo, 1% do<br />
Produto Interno Bruto à proteção climática. "Isso corresponderia a pouco mais de 22 bilhões de<br />
euros. Não fazer nada custaria pelo menos cinco vezes mais", afirmou.<br />
O social-democratal garantiu que o governo alemão aumentará seus empenhos em prol de um<br />
maior engajamento da comunidade internacional. "Até 2050, precisamos reduzir pelo menos à<br />
metade as emissões mundiais dos gases causadores do efeito estufa, em comparação com o<br />
nível de 1990. Para os países industrializados, isso significa uma redução entre 60% e 80%." A<br />
meta precisaria ser estabelecida com caráter vinculativo no novo acordo mundial sobre o clima,<br />
insistiu Gabriel.
Fonte: Deutsche Welle/Folha Online
Festival de arte e cultura alerta para os danos da construção de<br />
hidrelétricas no rio Madeira<br />
por: Daniela Lima<br />
07/novembro/2006<br />
A população que mora às margens do rio Madeira, tanto rural quanto urbana, irá mostrar por<br />
meio de um festival de arte e cultura os danos irreparáveis à cultura e à economia regional que<br />
podem advir com a construção da usina hidrelétricas no rio Madeira. O evento acontece no dia<br />
11 de novembro de 2006, em Porto Velho (Rondônia), das 08h às 24h, na Praça da Estrada de<br />
Ferro Madeira Mamoré.<br />
O Festival tem como principal finalidade mostrar a produção econômica e cultural da população<br />
ribeirinha. Expor visões e usos do rio Madeira ameaçado em seu equilíbrio devido a<br />
“modernização” desregrada da Amazônia Ocidental, processo este que tem agora como carrochefe,<br />
o Complexo hidroviário e hidrelétrico do Madeira. A “modernização” acelerada que<br />
acompanhará os megaprojetos na região, pode impor a deterioração irreversível das tradições<br />
culturais locais. Daí a importância de um processo continuado de valorização da cultura e do<br />
modo de vida ribeirinhos, da auto-estima dessa cultura cabocla e singular.<br />
Procurando estimular uma cultura de compromisso coletivo com o território e fortalecer a<br />
identidade socioambiental, o Festival oferecerá espaços para a interação cultural, artística e<br />
organizativa das populações urbanas com as populações rurais tradicionais como oficinas,<br />
demonstrações, vídeos, shows e exposições.<br />
A produção ribeirinha terá destaque durante a exposição dos produtos agrícolas, extrativistas e<br />
artesanais, dando uma singela amostra a imensa biodiversidade da região, bem como da<br />
fertilidade natural das margens do Madeira. Grupos urbanos apresentarão um amplo repertório<br />
musical inspirado no nexo cidade-natureza-culturas tradicionais, com apresentações<br />
intercaladas por vídeo-documentários sobre os impactos dos megaprojetos hídricos.<br />
Organizações sociais apresentarão seus projetos, experiências de luta e propostas para um novo<br />
padrão de desenvolvimento regional, com integração social e ambiental.<br />
PROGRAMAÇÃO<br />
* Mostra de produtos da agricultura familiar, extrativistas, artesanais e indígenas;<br />
* Vídeos ambientais e informativos.<br />
-08:45 - Oficina de Homeopatia e Fitoterapia na Produção Agroecológica<br />
Facilitador: Jurandy Mesquita<br />
- 09:45 - Oficina de Sementes<br />
Orientadora - Cris da BioArte<br />
- 10:30 - "Farinhada ao vivo"
Feitio de farinha e derivados da mandioca<br />
- 13:30 - Círculo de Debates<br />
História de Resistência e Luta - MAB<br />
- 14:15 - Oficinas Arirambas<br />
* Móveis Rústicos;<br />
* Papel Reciclado<br />
- 15:00 - Círculo de Debates<br />
As Energias Renováveis - Instituto Madeira Vivo<br />
- 15:45 - Círculo de Debates<br />
As Instituições Financeiras e os grandes projetos: privatizações e transnacionalização do<br />
território - Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilateiras<br />
- 16:45 - Apresentação de Teatro de Bonecos, a partir de Oficinas de Educação Ambiental, com<br />
a peça: "O Encantamento dos Bonecos"<br />
Mestre Bonequeiro - Sianis Shan<br />
- 18hs às 24 hs - Início da Programação Musical e Projeções de documentários<br />
- Bado; Participação Bira Lourenço<br />
- Zezinho Maranhão;<br />
- Kalliko Viana e Branco Moraz;<br />
- Jac Remador e Mumu;<br />
- Movimento Hip Hop da Floresta;<br />
- Leão do Norte;<br />
- Quilomboclada;<br />
- Ultimato.<br />
Obs: os documentários serão projetados nos intervalos entre os músicos.<br />
Local: Praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.<br />
Dia 11 de novembro, de 8 horas às 24 horas.<br />
Fonte: Assessora de Imprensa - Rede Brasil
Os pontos quentes da COP12 07/novembro/2006<br />
Alguns temas prometem esquentar os ânimos dos participantes da 12ª Conferência das Partes<br />
da Convenção-Quadro da ONU - que começou nesta segunda-feira (06) em Nairóbi, no Quênia -<br />
seja em reuniões diplomáticas, eventos paralelos ou nos corredores.<br />
Fracos e Fortes - A localização da reunião influencia as conferências. Os problemas que países<br />
vulneráveis, como os africanos e as pequenas ilhas, enfrentarão devido à mudança climática - e<br />
como os países ricos podem e devem ajudar - entrarão na pauta.<br />
Gigante Vermelho - A China promete divulgar uma proposta para resolver sua principal fonte de<br />
emissão de gases do efeito estufa: a monumental produção de energia baseada no carvão.<br />
Como é de praxe no que se refere ao país, nenhum detalhe vazou até agora.<br />
Primeiro Tempo - A primeira fase do Protocolo de Kyoto, quando os países ricos devem diminuir<br />
em média 5,2% suas emissões de gases do efeito estufa em relação ao índice de 1990, começa<br />
em 2008. Uma avaliação das Nações Unidas mostra que a emissão cresceu entre 2000 e 2004,<br />
indicativo do árduo trabalho a ser feito.<br />
Segundo Tempo - Ações mais restritivas para conter as emissões devem ser tomadas na<br />
segunda fase do protocolo, que começa em 2013. Os debates ainda são informais, porém<br />
enérgicos. Além disso, alguns países e, em especial, a União Européia, querem que as nações<br />
em desenvolvimento, como Brasil e China, assumam metas para redução de suas emissões.<br />
Hoje a carga de responsabilidade sobre elas é mais leve.<br />
Criação verde-e-amarela - A proposta de um mecanismo de compensação por redução de<br />
desmatamento, que será apresentado pelo Brasil, pode gerar interesse.<br />
Exposição - O sucesso do documentário Uma Verdade Inconveniente, do americano Al Gore, e a<br />
repercussão global do relatório britânico sobre impactos econômicos do aquecimento global põe<br />
a questão no centro das atenções.<br />
Fonte: Cristina Amorim/Estadão Online
Mudança climática ameaça alimentação de humanos, diz ONU 08/novembro/2006<br />
A mudança climática põe em risco a alimentação de humanos, tornando ainda mais difícil o<br />
desafio de alimentar a crescente população mundial, alertou nesta terça-feira (7) a FAO -<br />
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.<br />
Em comunicado divulgado em Roma, por ocasião da realização, em Nairóbi, da Convenção das<br />
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a FAO afirmou que "é necessário prestar mais<br />
atenção ao impacto da mudança climática sobre a agricultura, a silvicultura e a pesca".<br />
A agência da ONU também alertou para a necessidade de se estudar medidas de adaptação à<br />
mudança climática para "mitigar seus efeitos". A FAO aponta como uma prioridade "o<br />
fortalecimento da resistência dos sistemas agrícolas às variações climáticas".<br />
A agência pretende proporcionar aos países "instrumentos e informação para transformar suas<br />
políticas e práticas agrícolas, pesqueiras e florestais".<br />
Seriam divulgados dados agrometeorológicos - para avaliar o impacto do clima -, ferramentas<br />
para examinar a vulnerabilidade dos cultivos, mapas de coberturas vegetais, evolução dos<br />
recursos agrícolas e florestais e a orientação sobre o desenvolvimento de meios de subsistência<br />
rurais.<br />
Biocombustível - A FAO considera que sua ajuda não se limita à questão alimentícia. A agência<br />
também pode contribuir para mitigar os efeitos da mudança climática com a gestão de florestas<br />
e da energia procedente de fontes biológicas. Sobre esta última, o comunicado lembra que "está<br />
previsto um aumento progressivo dos combustíveis biológicos durante os próximos anos".<br />
A agricultura e a silvicultura proporcionarão as principais fontes de combustíveis biológicos -<br />
como já fazem os cultivos de açúcar, de milho e de soja, usados para produzir etanol e<br />
biodiesel.<br />
A FAO ressalta que "embora não exista uma solução única para todos os países, a bioenergia<br />
tem um papel-chave para nos adaptarmos à mudança climática".<br />
Fonte: EFE/Folha Online
Futuro do Tratado de Kyoto é o principal tema de reunião na África 08/novembro/2006<br />
O grande tema da MOP2 - 2ª Reunião das Partes do Tratado de Quioto, que está acontecendo<br />
no Quênia (África), será o futuro desse instrumento internacional após 2012, quando termina o<br />
primeiro período de compromisso.<br />
“Quais as metas que os países ricos terão no próximo período? Os países em desenvolvimento<br />
também serão obrigados a reduzir as emissões de gases de efeito estufa?", questiona o<br />
pesquisador Marcelo Rocha, membro do Esalq - Centro de Estudos Avançados em Economia<br />
Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz. "São questões importantes, mas<br />
nada de conclusivo deverá sair desta MOP”, diz ele, que também integra a Organização Não-<br />
Governamental Ipê - Instituto de Pesquisas Ecológicas.<br />
O assessor especial da Coordenação Geral de Mudanças Climáticas do Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia, Haroldo Machado Filho, que está no Quênia, afirmou à Radiobrás que o Brasil é<br />
contra ter metas quantificadas de redução para os países em desenvolvimento.<br />
“Existe uma responsabilidade histórica dos países ricos pelo aumento da concentração de gases<br />
de efeito estufa na atmosfera. Por isso, a Convenção sobre Mudanças Climáticas estabele que<br />
eles devem liderar o combate ao aquecimento global”.<br />
O primeiro período de compromisso do protocolo vai de 2008 a 2012. Nele, os países<br />
desenvolvidos se comprometeram a reduzir em média 5,2% das emissões de gases de efeito<br />
estufa, tendo 1990 como ano de referência.<br />
“Cada país tem sua própria meta, que foi definida de forma aleatória, em um leillão às avessas.<br />
A União Européia, por exemplo, chegou a sinalizar uma redução de 12%, mas acabou fechando<br />
em 8% quando viu que outros países não estavam dispostos a acompanhar esse número”,<br />
disse. “A gente espera que, para o próximo período, essas metas sejam estabelecidas com<br />
parâmetros mais sérios”.<br />
O Tratado de Kyoto foi adotado na COP3 - 3ª Conferência das Partes da Convenção sobre<br />
Mudanças Climáticas, em 1997. Seu processo de regulamentação começou no ano seguinte e só<br />
foi concluído em 2001, na COP7.<br />
Naquele mesmo ano, com a chegada de George W. Bush à presidência dos Estados Unidos, o<br />
governo norte-americano anunciarou que não ratificaria o tratado. Isso atrasou a<br />
implementação do acordo, porque ele só passaria a valer quando os países signatários<br />
responsáveis por pelo menos 55% das emissões mundiais de gases de efeito estufa (em 1990)<br />
tivessem ratificado o acordo.<br />
Os Estados Unidos respondem, sozinhos, por 36% desse total. Apenas em fevereiro de 2005,<br />
após a Rússia (responsável por 17% das emissões) ter validado nacionalmente o Tratado de<br />
Kyoto, ele entrou em vigor.<br />
Fonte: Thais Brianezi/Radiobrás
Efeito estufa: ex-assessor de Thatcher ataca ´alarmismo´ 08/novembro/2006<br />
O jornalista britânico e ex-assessor da ex-primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher,<br />
Christopher Monckton, publica neste mês, em duas edições do jornal The Sunday Telegraph,<br />
artigos com críticas ao que considera "alarmismo" em torno do aquecimento global. Além disso,<br />
o website do jornal oferece uma apostila com os cálculos de Monckton.<br />
Embora reconheça que existe consenso científico em torno de alguns pontos básicos<br />
relacionados ao aquecimento global - "todos cientistas especializados em clima concordam que<br />
há mais gases do efeito estufa no ar do que já houve, e que em conseqüência o mundo vai<br />
esquentar" - Mockton afirma que questões importantes, como o tamanho do aquecimento, e<br />
quanto será causado pela atividade humana, continuam em aberto.<br />
O jornalista faz uma crítica a James Hansen, especialista da Nasa e um dos principais<br />
propositores do alerta contra o aquecimento global provocado por atividade humana, dizendo<br />
que Hansen apresentou previsões excessivamente pessimistas ao Congresso americano, em<br />
1988.<br />
Hansen já havia respondido a críticas semelhantes antes, feitas por outros cientistas e pelo<br />
escritor Michael Crichton, no romance Estado do Medo. O pesquisador da Nasa afirma que havia<br />
apresentado ao Congresso três cenários, e que o que seus detratores citam é apenas o mais<br />
pessimista.<br />
A questão do aquecimento global volta à pauta mundial por conta da recente publicação do<br />
Relatório Stern, elaborado pelo economista britânico Nicholas Stern, que alerta para a ameaça<br />
econômica representada pelo fenômeno - relatório que Monckton também busca contestar - e,<br />
mais importante, pela realização, nesta semana, da principal conferência ambiental do mundo,<br />
a 12ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças<br />
Climáticas.<br />
Monckton também é conhecido por ter criado o "Quebra-Cabeças da Eternidade", um problema<br />
geométrico, cuja solução faria jus a uma recompensa de 1 milhão de libras (cerca de R$ 4<br />
milhões). O problema não levou anos para ser resolvido, como esperava seu criador, mas foi<br />
batido em 18 meses.<br />
Fonte: Estadão Online
Espanha declara queda nas emissões de GEE 08/novembro/2006<br />
A ministra do Meio Ambiente da Espanha, Cristina Narbona, anunciou que as emissões de gases<br />
do efeito estufa (GEE) do país podem estar diminuindo pela primeira vez, segundo reportou a<br />
agência internacional de notícias Reuters. Ao discursar durante uma conferência, Narbona<br />
declarou que a queda nas emissões é estimada em 1% na primeira metade de 2006.<br />
A Espanha é o país que apresentou o maior aumento das emissões de GEE em relação a 1990,<br />
ano base para o cumprimento das metas do Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas.<br />
Segundo dados do governo espanhol, em 2004 as emissões de GEE eram 48% maiores do em<br />
1990, enquanto a meta do país era reduzir em 15% até 2012.<br />
Devido ao crescimento da economia e conseqüente aumento da demanda por eletricidade, as<br />
emissões do país são provenientes principalmente do setor de transportes e residencial.<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
Atlas mostra patrimônios ameaçados pelo efeito estufa 08/novembro/2006<br />
Diversos locais declarados Patrimônio da Humanidade podem estar ameaçados pelas<br />
conseqüências da mudança climática global, segundo um estudo apresentado nesta terça-feira<br />
(7) em Nairóbi.<br />
"O Atlas da Mudança Climática", elaborado pelo Instituto Ambiental de Estocolmo, com o apoio<br />
do Pnuma - Programa da ONU para o Meio Ambiente, foi divulgado na reunião da Convenção<br />
das Nações Unidas sobre a Mudança Climática e o Protocolo de Kyoto, que reúne, durante duas<br />
semanas, 5 mil participantes na capital queniana.<br />
No caso do Parque Nacional de Doñana, na Espanha, o relatório indica que já foram perdidas<br />
cem espécies de plantas no último século.<br />
O derretimento acelerado das geleiras pode causar a ruptura de lagos glaciais, e ameaça o<br />
parque Chavín de Huantar, no Peru, que abriga tesouros pré-incas, incluindo novecentos<br />
templos que datam do ano 900 a.C.<br />
Em Belize, a barreira de corais já sofreu descoloração devido ao aumento das temperaturas da<br />
água do mar, assim como diversos outros corais em todo o mundo, e continuará se<br />
deteriorando, caso as temperaturas sigam aumentando.<br />
"Estes dados representam um novo exemplo de que a mudança climática não é um fenômeno<br />
que afeta apenas um aspecto de nossas vidas", disse Achim Steiner, diretor-executivo do<br />
Pnuma.<br />
"Na África, vemos exemplos claros da diminuição das neves e das geleiras do Kilimanjaro e do<br />
Monte Quênia", explicou Joseph Massaquoi, diretor do Escritório Regional para a Ciência e a<br />
Tecnologia na África da Unesco.<br />
Outros locais catalogados como Patrimônio da Humanidade incluídos no relatório são os<br />
monumentos da cidade egípcia de Alexandria, ameaçados pela erosão do litoral e a inundação<br />
do delta do rio Nilo.<br />
Na Tailândia, as inundações já danificaram as ruínas de Sukothai, com 600 anos de antiguidade,<br />
enquanto 12 mil sítios arqueológicos e do período medieval na Escócia estão vulneráveis à<br />
erosão e ao aumento do nível do mar.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Negociação de créditos de carbono em alta no Japão 08/novembro/2006<br />
A negociação de créditos de carbono está aumentando acentuadamente no Japão, com mais<br />
bancos, empresas de seguros, e casas de comércio entrando neste ramo como brokers.<br />
Segundo uma pesquisa do jornal ‘Nikkei Financial Daily’, direcionada para instituições<br />
financeiras e casas de comércio, pelo menos oito companhias já tinham sido brokers de mais de<br />
30 transações de créditos de gases do efeito estufa até o final de outubro. As previsões para o<br />
final do ano são que este número alcance 36, um aumento acentuado quando comparado aos<br />
oito projetos de 2005, e um de 2004.<br />
Entre as oito empresas estão a Marubeni Corp. (TSE:8002), assim como Sumitomo Mitsui<br />
Banking Corp., Mizuho Trust & Banking Co. (TSE:8404), e Daiwa Securities Co., além de outras<br />
empresas de seguros.<br />
Sob o Protocolo de Kyoto, o Japão é obrigado a reduzir as suas emissões de gases do efeito<br />
estufa em 6% em relação ao nível de 1990 entre 2008 e 2012. Ao passo que o prazo se<br />
aproxima, a demanda por permissões de emissão deve aumentar entre companhias de geração<br />
elétrica, indústrias de aço e outras.<br />
Fonte: Fernanda B. Muller/CarbonoBrasil
Embora aprovados, projetos florestais para redução de gases<br />
poluentes não foram implementados<br />
08/novembro/2006<br />
Apesar de as atividades de florestamento e reflorestamento serem válidas para geração de<br />
créditos de carbono no âmbio do Protocolo de Kyoto, ainda não está em funcionamento nenhum<br />
projeto florestal aprovado pelo conselho executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo<br />
(MDL).<br />
Os 1.145 projetos registrados em setembro de 2006 são majoritariamente ligados à queima de<br />
combustíveis fósseis. De acordo com o pesquisador Marcelo Rocha, da Esalq - Escola Superior<br />
de Agricultura Luís de Queiroz, o mecanismo de desenvolvimento limpo diminui o custo de<br />
adaptação dos países desenvolvidos.<br />
“Na Europa, o custo estimado de abatimento de uma tonelada de carbono é de US$ 75 a US$<br />
320. Nos países em desenvolvimento, cai para US$ 14 a US$ 135”, disse Rocha, que também<br />
integra a Organização Não-Governamental Ipê - Instituto de Pesquisas Ecológicas. “Mas o<br />
mercado tem preferência por projetos de grande escala, que envolvem a queima de<br />
combustíveis fósseis”.<br />
A queima de combustíveis fósseis representa cerca de 70% das emissões mundiais de gases de<br />
efeito estufa. No Brasil, porém, a principal fonte (75% do total) são os desmatamentos e<br />
queimadas.<br />
O país é o segundo colocado na lista dos que mais aprovaram projetos de MDL: 187 iniciativas,<br />
atrás apenas da Índia, que tem 411. Mas, mesmo aqui, não há projetos florestais gerando<br />
reduções certificadas de emissão (RCEs, popularmente chamados de créditos de carbono).<br />
“Os projetos de MDL do Brasil são de eficiência energética, de manejo de resíduos sólidos,<br />
principalmente redução de metano em aterros sanitários e de resíduos animais”, disse o<br />
assessor especial da Coordenação Geral de Mudanças Climáticas do Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia, Haroldo Machado Filho. “É importante frisar que 65% dos nossos projetos são<br />
unilaterais, ou seja, de investimento brasileiro”, acrescentou Filho, que participa hoje (7) da 12ª<br />
Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas (COP-12), no Quênia.<br />
Há um ano, o Ipê fez o projeto Carbono Social no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste<br />
de São Paulo, em parceria com o MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.<br />
O objetivo era plantar florestas em alguns fragmentos de áreas ocupadas por 200 famílias de<br />
acampados e assentados, formando um corredor ecológico de até 5 mil hectares de área, ligado<br />
ao Parque Morro do Diabo.<br />
“Tentamos financiamento com o Fundo de Carbono do Banco Mundial, chegamos a apresentar a<br />
proposta em Washington, mas ela não foi aprovada”, disse Rocha.<br />
A estimativa do financiamento era de US$ 9 milhões. Além do preço elevado das atividades de<br />
florestamento e reflorestamento, o que encarece projetos de mecanismo de desenvolvimento<br />
limpo é a necessidade de validação da metodologia e da proposta por uma entidade operacional<br />
designada pelo conselho executivo do MDL (que funciona como uma espécie de certificadora).
“É preciso provar que as reduções de emissão são adicionais às que ocorreriam na ausência do<br />
projeto. E também garantir que a floresta plantada será conservada”, explicou Rocha.<br />
Pelo MDL, países em desenvolvimento podem vender RCEs para os países desenvolvidos que<br />
precisam cumprir, até 2012, a meta de reduzir em média 5,2% das emissões de gases de efeito<br />
estufa realizadas em 1990. O protocolo de Kyoto entrou em vigor em fevereiro de 2005.<br />
Fonte: Thaís Brianezi/Radiobrás
COP-12: Mais de 180 nações discutem o clima no Quênia 08/novembro/2006<br />
Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil<br />
Nairóbi - O clima e as atitudes que os governos e indivíduos precisam adotar para evitar que as<br />
catástrofes causadas pelo aquecimento global aumentem em um futuro próximo são alguns dos<br />
temas discutidos por representantes de 189 países durante a COP-12 – a 12ª Conferência das<br />
Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - que iniciou nesta<br />
segunda-feira em Nairóbi, no Quênia. A defesa de mecanismos práticos para ajudar os países<br />
pobres, especialmente os africanos, a lidar com os fenômenos climáticos dominou as discussões<br />
do primeiro dia do evento.<br />
Os participantes da reunião avaliam também o futuro do Protocolo de Kyoto – tratado que<br />
entrou em vigor no início de 2005 para reduzir as emissões de gases causadores do efeito<br />
estufa (GEE) e promover o desenvolvimento sustentável. Conforme o acordo, os países ricos,<br />
culpados historicamente pela grande geração de gases como o dióxido de carbono (CO2)<br />
durante o processo de industrialização, têm a obrigação de reduzir, entre 2008 e 2012, as<br />
emissões de GEE em 5,2% em relação aos níveis registrados em 1990. Para além dessa<br />
primeira fase do tratado, nada está definido ainda.<br />
Especialistas acreditam que há pouco tempo para agir. Um relatório britânico apresentado na<br />
última semana informa que, a menos que os governos ao redor do mundo adotem medidas<br />
drásticas agora para barrar o aquecimento global, o fenômeno custará à economia mundial até<br />
$7 trilhões, podendo forçar a migração de até 200 milhões de pessoas devido a enchentes e<br />
secas. O autor do estudo, economista Nicholas Stern - ex-chefe Economista do Banco Mundial -<br />
sugere que 1% do produto interno bruto (PIB) global seja gasto imediatamente na mitigação<br />
das mudanças climáticas, para evitar maiores custos mais tarde. Não agir pode levar a uma<br />
queda de 5% a 20% do PIB global, e tornar grandes porções da superfície terrestre inabitável.<br />
Exemplo - Ao divulgar o seu filme “Uma Verdade Inconveniente” ao redor do mundo, o ex-vicepresidente<br />
americano Al Gore sugere que o mesmo esforço realizado mundialmente para<br />
combater o buraco na camada de ozônio seja realizado agora na luta contra o aquecimento<br />
global. Para ele, assim como na luta contra o uso de CFCs na década de 80, é preciso não<br />
apenas criar leis que proíbam as emissões dos gases, mas se utilizar de imagens que<br />
incentivem as pessoas a agir para salvar o planeta.<br />
Ongs que participam como observadoras do evento no Quênia pedem que os países-membros<br />
atuem de forma contundente para deter as mudanças climáticas. "É preciso agir rápido e<br />
superar a velocidade do derretimento das geleiras", disse Steve Sawyer, representante do<br />
Greenpeace.<br />
Outro resultado que deve sair da COP-12 é a definição de como será administrado o chamado<br />
Fundo de Adaptação, previsto no Protocolo de Kyoto. Com recursos provenientes do MDL<br />
(mecanismo pelo qual países ricos podem comprar créditos de carbono gerados a partir de<br />
projetos de desenvolvimento limpos nos países em desenvolvimento), o fundo financiará<br />
atividades concretas de adaptação nestes países. Na reunião sobre o clima realizada em<br />
dezembro de 2005 em Montreal, no Canadá, ficou acertado o prazo de um ano para a definição<br />
de como o Fundo de Adaptação seria administrado e operado.
Proposta do Brasil – A delegação brasileira leva a Nairóbi uma proposta de criar um mecanismo<br />
para premiar países tropicais que preservarem as suas florestas. A intenção é que os países<br />
como o Brasil, que possuem grandes estoques vegetais, diminuam a derrubada de árvores e,<br />
com isso, ganhem dinheiro ou outros incentivos, bancados por países desenvolvidos.<br />
O esquema funcionaria de forma voluntária. “Se o Brasil, por esforço próprio, dá uma<br />
contribuição para reduzir o problema, ela tem de ser reconhecida e apoiada”, diz o secretário de<br />
Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.<br />
Mauro Armelin, da WWF-Brasil, acredita que a proposta se tornará interessante no momento em<br />
que forem estabelecidas metas claras de combate ao desmatamento. “Se não no âmbito<br />
internacional, pelo menos nacionalmente.”
ONU prevê estrutura de mercado global de carbono para 2010 08/novembro/2006<br />
Ainda faltam quatro anos para o fechamento de um acordo global sobre o clima que sustente o<br />
mercado internacional de carbono, disse na segunda-feira (6) o chefe do órgão da ONU que<br />
cuida das alterações climáticas, numa conferência sobre o assunto em Nairóbi.<br />
Os mercados de carbono limitam as emissões do gás-estufa e obrigam os países que superarem<br />
suas quotas a comprar direitos de emissão dos países que não a atingem.<br />
Um mercado global de carbono permitiria que os países que ultrapassam sua quota buscassem<br />
direitos de emissão com outras nações, o que reduziria o custo dos cortes de emissões de que o<br />
mundo ainda precisa, segundo as estimativas de especialistas.<br />
Mas ainda faltam quatro anos para que haja um acordo nesse sentido, disse à Reuters Yvo de<br />
Boer, chefe da Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas, na abertura da<br />
conferência, que vai de 6 a 17 de novembro.<br />
"A frustração se justifica", disse ele a repórteres. "Está avançando devagar. O problema é que<br />
os interesses dos países entram em conflito em muitas áreas."<br />
Os países produtores de petróleo, por exemplo, temem o impacto da limitação do carbono em<br />
sua renda. Estados insulares pequenos temem ser inundados pela elevação do nível do mar,<br />
enquanto países em desenvolvimento querem colocar o combate à pobreza à frente do controle<br />
das emissões.<br />
A ONU já supervisiona um comércio global de carbono entre países pobres e ricos. "Acho que<br />
vamos fazer a contabilidade", disse De Boer. "Quando se conhecerem, em 2010, as ambições<br />
dos países industrializados, o preço do carbono ficará mais claro". O compromisso só entraria<br />
em vigor em 2012.<br />
Nos primeiros nove meses de 2006, o mercado de carbono chegou a quase 22 bilhões de<br />
dólares, mais que dobrando de valor em relação a 2005, disse o Banco Mundial no mês<br />
passado. O mercado foi dominado pelo esquema da União Européia, que é visto como modelo<br />
para um mercado global.<br />
David Miliband, ministro do Meio Ambiente da Grã-Bretanha, o mercado de carbono da UE é a<br />
política ambiental mais animadora do mundo. A Grã-Bretanha domina o mercado de carbono,<br />
respondendo por 45 por cento das aquisições.<br />
O sistema da UE recebeu críticas de grupos ambientalistas por permitir tetos de emissão<br />
generosos demais. "Se o esquema da UE não dirigir o investimento para tecnologias de energia<br />
limpa, é apenas um esquema para especuladores de commodities", disse Steve Sawyer, do<br />
Greenpeace, na segunda-feira.<br />
"Estamos nos estágios muito iniciais", disse Peter Koster, executivo-chefe da European Climate<br />
Exchange, numa entrevista à Reuters. "Vai levar alguns anos, talvez uma década. Será enorme.<br />
Por dia, serão bilhões (de euros negociados)", disse ele.
Fonte: Reuters/Clima.org
Aquecimento global está comprovado pela ciência, mas<br />
conseqüências ainda são hipóteses<br />
09/novembro/2006<br />
O aquecimento global é um fato comprovado pela ciência, mas a análise de suas conseqüências<br />
atuais e futuras na vida dos homens e do planeta divide os cientistas. A grande seca na<br />
Amazônia em 2005 e a possibilidade de que fenômenos semelhantes voltem a ocorrer com mais<br />
freqüência, por exemplo, é um dos pontos de polêmica.<br />
“Daqui a 20 anos deveremos ter um El Niño permanente sobre a Amazônia, o que provoca um<br />
aumento da seca em grande parte da região”, declarou o pesquisador Paulo Artaxo, que faz<br />
parte do comitê científico do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia<br />
(LBA) e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).<br />
“Não há nada muito conclusivo sobre chuvas na Amazônia”, ponderou o gerente-executivo do<br />
LBA, Antônio Manzi. “Em geral, os modelos climáticos apontam aumento que vai chover mais no<br />
mundo inteiro, mas não se sabe como essa pluviosidade será distribuída”.<br />
O pesquisador Arnaldo Carneiro, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa),<br />
lembrou que o clima do nosso planeta é dinâmico, marcado por longos períodos glaciais e<br />
interglaciais. “As grandes mudanças climáticas estão relacionadas à relação entre Terra e o Sol,<br />
na qual o homem não pode interferir”, avaliou. “Por isso é tão difícil fazer projeções e avaliar o<br />
efeito da ação humana no clima”.<br />
O IPCC é formado por cientistas do mundo inteiro, que oferecem subsídios para as decisões<br />
tomadas no âmbito da Convenção sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações<br />
Unidas (ONU). Nesta semana e até o próximo dia 17, os países signatários do acordo estão<br />
reunidos no Quênia, na 12ª Conferência das Partes (COP-12).<br />
As análises do IPCC são divulgadas por meio de relatórios. O terceiro e último foi publicado em<br />
2001. O quarto deve ser lançado apenas após a Assembléia Geral do IPCC, em abril do próximo<br />
ano, na Bélgica. Mas o médico brasileiro Ulysses Confalonieri, que coordena o Comitê de Saúde<br />
do IPCC, adiantou algumas das conclusões que estarão no documento.<br />
“O relatório afirma que não houve tendências claras sobre ciclones tropicais e tornados, mas<br />
que aumentou a frequência de secas mais intensas e duradouras desde 1970 e de episódios de<br />
muita chuva”, revelou Confalonieri. “Outro dado é que a temperatura global média do ar<br />
aumentou 0,74ºC entre 1906 e 2005. Isso significa que a primavera no hemisfério Norte está<br />
sendo antecipada em 10 dias”.<br />
De acordo com o médico, outras conclusões presentes no quarto relatório do IPCC são: 11 dos<br />
12 últimos anos foram os mais quentes desde 1850; o nível médio do mar aumentou 1,6<br />
milímetros por ano entre 1993 e 2003 (ao longo do século 20, foram cerca de 17 centímetros);<br />
a cobertura de neve e a extensão das geleiras diminuíram nos dois hemisférios; a área máxima<br />
coberta sazonalmente por gelo no hemisfério Norte decresceu 7% desde 1990 (ou seja, os<br />
invernos lá estão menos rigorosos.<br />
Fonte: Thaís Brianezi/Agência Brasil
Brasil cria rede para pesquisar fusão nuclear como alternativa<br />
energética<br />
09/novembro/2006<br />
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, assinou na terça-feira (7) , no Instituto de<br />
Física da USP - Universidade de São Paulo, a portaria que cria uma RNF - Rede Nacional de<br />
Fusão. A iniciativa pretende reunir, inicialmente, 70 pesquisadores de 17 instituições nacionais<br />
para desenvolver pesquisas na área de tecnologia de fusão nuclear. A cerimônia foi organizada<br />
pela SBF - Sociedade Brasileira de Física.<br />
Segundo comunicado à imprensa, a RNF já tem garantido, para este ano, R$ 1 milhão para sua<br />
implantação. "A partir do ano que vem os recursos sairão por meio de editais", afirmou o<br />
ministro.<br />
Segundo Rezende, embora a tecnologia da fusão nuclear só venha a ter aplicações práticas em<br />
30 ou 40 anos, o Brasil precisa estar preparado para quando isso ocorrer. "Se não investirmos<br />
em pesquisa nessa área, quando a aplicação vier, não teremos condições de aproveitá-la",<br />
explicou.<br />
Segundo presidente da SBF, Adalberto Fazzio, o objetivo da RNF é promover o avanço da<br />
pesquisa em fusão nuclear no Brasil, desenvolvendo capacitação científica e técnica, necessárias<br />
para a viabilização da tecnologia como fonte de energia.<br />
"É fundamental que o país estabeleça uma política energética atendendo a demanda imediata<br />
sem esquecer o médio e o longo prazo, explorando as diversas alternativas existentes", disse<br />
Fazzio.<br />
Aplicação - A fusão nuclear controlada teve sua viabilidade científica demonstrada nos anos 90,<br />
com equipamentos denominados "tokamaks" - pequenos reatores onde ocorre a fusão de<br />
núcleos atômicos. Os primeiros experimentos foram realizados na Europa, com o JET - Joint<br />
European Torus e, nos Estados Unidos, com o TFTR - Tokamak Fusion Test Reactor.<br />
O próximo desafio é desenvolver reatores grandes o suficiente para gerar energia para<br />
abastecimento público. Já existe projeto de um protótipo de reator de fusão nuclear chamado<br />
Iter - International Thermonuclear Experimental Reactor, que será construído na França.<br />
O protótipo é resultado da colaboração internacional entre a Comunidade Européia, Rússia,<br />
Japão e Estados Unidos. Recentemente, China, Coréia do Sul e Índia juntaram-se ao grupo. "A<br />
intenção do Brasil é ir gradualmente se integrando ao Iter", revelou Rezende em comunicado à<br />
imprensa.<br />
O Brasil já vem realizando pesquisas na área há cerca de 30 anos, com grupos de cientistas em<br />
várias instituições. A RNF pretende coordenar e ampliar essas atividades, estabelecer<br />
prioridades e gerenciar as colaborações internacionais.<br />
Com a RNF, o Brasil pretende desenvolver tecnologias próprias e ingressar no esforço<br />
internacional que busca viabilizar o uso da fusão nuclear em larga escala. Para o futuro, está<br />
prevista a criação de um Laboratório Nacional de Fusão.
Fonte: Folha Online
Programa de biodiesel é "descoordenado" 09/novembro/2006<br />
As atividades relacionadas ao biodiesel no Ceará estão sem coordenação definida e por esse<br />
motivo acabam prejudicando os pequenos produtores. É o que afirma o deputado Chico Lopes<br />
(PCdoB) que propôs a realização da audiência pública que acontece hoje às 14h30 no auditório<br />
Murilo Aguiar, na Assembléia Legislativa, para discutir o assunto.<br />
Segundo o deputado, o programa de biodiesel no Estado tem um caráter social "muito<br />
profundo", já que "é uma maneira de manter o homem campo em sua terra". No entanto, ele<br />
afirma que a disputa pelo mercado do biodiesel está evoluindo sem planejamento e sem<br />
preocupação com os pequenos produtores.<br />
Chico Lopes também diz não saber se a coordenação do programa está a cargo do Governo do<br />
Estado, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) ou se é um modelo "salvese<br />
quem puder". E para discutir o assunto, foram convocados para a audiência representantes<br />
da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado (Seagri), do Dnocs, do Banco do Nordeste e<br />
do Banco do Brasil.<br />
O Ceará, que é destaque na pesquisa sobre biodiesel no País com o Programa Mamona do Ceará<br />
e possui usinas do combustível em Quixadá, Quixeramobim e Tauá, deve ter a produção<br />
expandida para municípios como Piquet Carneiro, Limoeiro do Norte, Russas, Itapipoca, Sobral e<br />
Aracoiaba. Além disso, o Estado vai sediar Instituto Nacional de Pesquisas do Biodiesel, no<br />
Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, ainda com data indefinida para a<br />
instalação. mistura de 2% do combustível no diesel comum a partir de 2008 e 5% a partir de<br />
2013.<br />
Fonte: Power.inf.br/O Povo
Campanha pede 1 bilhão de árvores contra o efeito estufa 09/novembro/2006<br />
A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, convocou cidadãos de todo o mundo<br />
para plantar 1 bilhão de árvores ao longo de 2007, a fim de combater o aquecimento global.<br />
"Isto é algo que qualquer um pode fazer", disse Maathai, durante a conferência das Nações<br />
Unidas sobre a mudança climática, que levou delegados de mais de 100 países ao Quênia.<br />
Maathai, que em 2004 tornou-se a primeira negra africana a ganhar um Nobel, disse que o<br />
objetivo da campanha é inspirar o cidadão comum a fazer algo pelo ambiente. Mas ela ressaltou<br />
que é importante garantir que as árvores prosperem depois de plantadas.<br />
"Uma coisa é plantar uma árvore, outra é fazê-la sobreviver", disse Maathai, que fundou o<br />
Partido Verde do Quênia em 1987. "Se você sabe que não vai cuidar da árvore, nem se<br />
incomode".<br />
Cientistas atribuem a elevação média da temperatura global ao longo do século 20, de 0,6º C, à<br />
acumulação de dióxido de carbono e de outros gases que prendem o calor na atmosfera. Boa<br />
parte do aumento da concentração desses gases é atribuída à atividade humana, principalmente<br />
indústrias e automóveis.<br />
A África, que já corre diversos riscos de desequilíbrio ambiental, é o continente que mais deverá<br />
sofrer com o deslocamento das zonas climáticas e secas.<br />
A destruição de árvores, com a queima da madeira, contribui com o aquecimento global,<br />
liberando cerca de 370 milhões de toneladas de gases do efeito estufa a cada ano - cerca de 5%<br />
do total global - dizem cientistas. Plantar árvores pode compensar parte do dano ambiental,<br />
porque as plantas absorvem gás carbônico.<br />
O projeto de plantio de árvores, organizado pelo Pnuma - Programa das Ações Unidas para o<br />
Meio Ambiente, mostra que a "ação (contra a mudança climática) não precisa ficar confinada<br />
aos corredores das salas de negociação", afirma Achem Steiner, diretor-executivo do Pnuma.<br />
O projeto pede que os participantes entrem no website do Pnuma e registrem as árvores<br />
plantadas.<br />
Eleição nos EUA - Ainda nesta quarta-feira (8), alguns participantes da conferência em Nairóbi<br />
disseram que o resultados das eleições legislativas da terça-feira (7) nos Estados Unidos<br />
representam um bom sinal para as questões ambientais. O governo dos EUA - maiores<br />
emissores de gases do efeito estufa do mundo - vinha se recusando a aceitar limites<br />
obrigatórios para suas emissões de poluentes.<br />
Mas, na eleição, o Partido Republicano, do presidente George W. Bush, foi derrotado e perdeu o<br />
controle do Congresso. "O presidente Bush ainda tem mais dois anos de governo, então é<br />
improvável que a postura dos EUA mude", disse Alden Meyer, do grupo União de Cientistas<br />
Preocupados. Mas, acrescentou, o fato de o Partido Democrata, onde muitos políticos apóiam<br />
limites obrigatórios, ter tomado o controle da Câmara de Representantes significa que as<br />
questões ambientais serão importantes na campanha presidencial de 2008.
Fonte: AP/Estadão Online
Canadá pode ter mercado de carbono 09/novembro/2006<br />
Em breve o governo do Canadá irá estabelecer um mercado de carbono, provavelmente sediado<br />
em Montreal, para ajudar a reduzir as suas emissões de gases do efeito estufa, disse a Ministra<br />
do Meio Ambiente, Rona Ambrose, em uma entrevista publicada na segunda-feira (6).<br />
Ambrose, que deve viajar ao Quênia nesta semana para a conferência da ONU sobre mudanças<br />
climáticas, disse ao jornal francofone Le Devoir que ela não tentaria apressar as negociações<br />
sobre a segunda fase do Protocolo de Kyoto, como dizem os ambientalistas.<br />
“Precisamos estabelecer regras para um mercado de carbono, e isto é o que faremos. Estamos<br />
indo nesta direção rapidamente,” Ambrose disse ao Le Devoir, ressaltando que não serão<br />
utilizados fundos governamentais para apoiá-lo.<br />
“Deve ser um mercado desenvolvido para as companhias, pois o governo não tem intenção de<br />
comprar, nem vender créditos de emissões de gases do efeito estufa com dinheiro de<br />
impostos,” disse ela.<br />
O novo mercado, que deve ser lançado no início de 2007, “tem grandes chances” de ter<br />
Montreal como sede, comentou Ambrose.<br />
Sob o Protocolo de Kyoto, o Canadá concordou em reduzir as suas emissões de gases do efeito<br />
estufa em 6% abaixo do nível de 1990 até 2012, mas uma auditoria ambiental descobriu<br />
recentemente que, ao contrário, as emissões cresceram 26.6%.<br />
Desde então, Ottawa tem se recusado a comprar emissões no mercado internacional de<br />
carbono. Ao invés disso, Ambrose introduziu, em outubro, um projeto de lei para reduzir as<br />
emissões do Canadá entre 45-65% até 2050, com base no nível de 2003.<br />
O projeto também aplicaria metas baseadas na intensidade até 2020, permitindo que as<br />
emissões continuassem a aumentar até lá.<br />
Ambientalistas reagiram acusando Ottawa de enrolar em relação às mudanças climáticas.<br />
Oficiais disseram na semana passada que o Canadá procuraria fazer uma “revisão<br />
compreensiva” do Protocolo de Kyoto durante a reunião de Nairóbi.<br />
Um oficial disse que o Canadá pretende focar a longo prazo. Ambrose disse que grandes<br />
poluidores, como Índia e China, devem aceitar metas de redução das emissões para a próxima<br />
fase do acordo.<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
China será maior emissor global de carbono em 2009 09/novembro/2006<br />
Um dia depois do início da conferência internacional sobre mudança climática de Nairóbi, a IEA -<br />
Agência Internacional de Energia divulgou um cenário sombrio para o planeta: a demanda<br />
global por energia deve crescer 53% até 2030, e mais de 70% desse crescimento virá de países<br />
do Terceiro Mundo, como a Índia e a China. Esta deverá passar os EUA como maior emissor de<br />
gás carbônico do planeta em 2009 - uma década antes do previsto.<br />
Os dados são do relatório "World Energy Outlook 2006", lançado na terça-feira (7) em Londres<br />
pela IEA. O documento prevê que o crescimento econômico chinês, movido a carvão mineral<br />
para geração de eletricidade, tornará a China o principal contribuidor para o aquecimento<br />
global.<br />
O carvão é o mais "sujo" dos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas emissões de<br />
gás carbônico (CO2), que aquecem o planeta além do normal.<br />
A demanda por outros combustíveis fósseis, como o petróleo, também cresce de forma<br />
acelerada: a sede global de petróleo, que em 2005 era de 84 milhões de barris por dia, deve<br />
chegar a 116 milhões de barris por dia em 2030.<br />
Segundo Claude Mandil, diretor-executivo da agência, o relatório "revela que o futuro<br />
energético que encaramos hoje, baseado nas tendências atuais, é sujo, inseguro e caro".<br />
Os dados devem esquentar as já tensas negociações que se desenrolam até o dia 17 em Nairóbi<br />
sobre o futuro regime internacional de combate às emissões de gases de efeito estufa. Os<br />
negociadores de 180 países reunidos no Quênia precisam definir um acordo que dê continuidade<br />
ao Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período se encerra em 2012.<br />
Pelo acordo de Kyoto, os países industrializados se comprometem a reduzir coletivamente suas<br />
emissões de gases-estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Há pressões fortes desses<br />
países, em especial dos EUA, para que nações do Terceiro Mundo, que foram desobrigadas de<br />
metas de redução em Kyoto, passem a ser obrigadas a adotar compromissos após 2012.<br />
O bloco dos gigantes subdesenvolvidos rejeita metas, argumentando que a responsabilidade<br />
histórica pelo problema é do mundo industrializado --onde, de resto, estão as maiores emissões<br />
per capita. Com seu 1,3 bilhão de habitantes, a maioria na zona rural, mesmo se chegar aos 7<br />
bilhões de toneladas de CO2 projetadas para 2009 (igualando os EUA), a China ainda emitirá<br />
por habitante um quinto do que emitem os Estados Unidos, com 300 milhões de pessoas.<br />
Solução nuclear - Uma das formas de resolver o problema apontadas pelo relatório é investir<br />
em eficiência energética e em energias alternativas, como os biocombustíveis - o papel do Brasil<br />
neste aspecto é destacado pela IEA.<br />
Outra maneira é investir em energia nuclear, citada como uma forma "barata" de reduzir a<br />
dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gás carbônico, desde que subsidiada<br />
pelos governos. A capacidade de geração nuclear poderia subir de 368 gigawatts em 2005 para<br />
519 gigawatts em 2030.
"Isso é 'hype'. Fico espantado que isso tenha entrado no relatório", disse à Folha o secretário de<br />
Estado de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg. Grande especialista em energia,<br />
Goldemberg é opositor histórico da opção nuclear. "A meu ver, o renascimento nuclear é<br />
estimulado pela administração Bush, que deu subsídio forte (a essa energia)."<br />
Segundo Goldemberg, para que esse tipo de energia fosse eficiente contra o aquecimento<br />
global, seria necessária a construção de 400 reatores por ano. "São dois novos reatores por<br />
semana. Você está brincando."<br />
Fonte: Folha Online
Clima: África sob o risco de devastação 09/novembro/2006<br />
Toronto– O aquecimento planetário devastará a África se não houver uma substancial ajuda da<br />
comunidade internacional, alerta um relatório apresentado durante a Conferência das Nações<br />
Unidas sobre Mudança Climática, que acontece em Nairóbi. “A África é o continente menos<br />
responsável pela mudança climática, mas é o que será mais afetado”, afirmou Nick Nuttall,<br />
porta-voz do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Uma nova<br />
informação científica demonstra que a África é mais vulnerável aos impactos do que<br />
imaginávamos, disse Nuttall à IPS em comunicação desde o encontro na capital do Quênia, do<br />
qual participam cerca de seis mil pessoas de 150 países, que começou nesta segunda-feira e vai<br />
até o próximo dia 17.<br />
Setenta milhões de pessoas e 30% da infra-estrutura costeira da África enfrentam riscos de<br />
inundações até 2080 vinculadas com o aumento do nível do mar, afirma o estudo do Pnuma.<br />
Mais de um terço dos habitats que sustentam a fauna e a flora africana pode se perder,<br />
enquanto os cultivos diminuirão devido ao aumento das temperaturas. Para 2025, cerca de 480<br />
milhões de pessoas na África poderão estar vivendo em áreas com escassez de água. “Se o<br />
clima africano se tornar ainda mais inconsistente, então o continente estará em graves<br />
problemas”, alertou Steve Sawyer, do Greenpeace Internacional, que participa do encontro em<br />
Nairóbi.<br />
Montanhas da África oriental estão perdendo neve em seus picos, como os montes Quênia e<br />
Kilimanjaro, o que significa que os rios e riachos que estas alimentam irão secando. Os<br />
agricultores deverão se reassentar, por isso precisarão de ajuda, disse Sawyer à IPS. A maioria<br />
dos cientistas concorda que o aquecimento do planeta se deve a atividades humanas, sobretudo<br />
aos gases liberados pela combustão de petróleo, gás e carvão, sendo o principal deles o dióxido<br />
de carbono. Esses gases se acumulam na atmosfera e, por sua grande capacidade de reter o<br />
calor dos raios solares, acentuam o chamado efeito estufa.<br />
A conseqüência desse aquecimento é uma mudança climática global com manifestações<br />
regionais e locais, como o derretimento de gelos polares e glaciais, elevação do nível do mar,<br />
secas, tempestades, furacões e inundações. Embora os Estados Unidos gerem 25% dos gases<br />
estufa, o governo do presidente George W. Bush retirou a assinatura colocada por seu<br />
antecessor, Bill Clinton (1993-2001), no Protocolo de Kyoto, único mecanismo internacional de<br />
luta contra a mudança climática. Bush argumenta que o acordo pode afetar a economia de seu<br />
país.<br />
“A mudança climática avança, e a comunidade internacional deve responder com assistência<br />
bem dirigida aos países na linha de frente diante do risco da destruição”, afirmou Achim Steiner,<br />
diretor-executivo do Pnuma. A África também é o continente menos preparado, e necessitará de<br />
substancial ajuda das nações industrializadas para superar o impacto da mudança climática,<br />
disse Nuttall. O continente está desenvolvendo infra-estrutura, mas, deve faze-lo de tal maneira<br />
que está não desapareça em 30 ou 40 anos pelos impactos do aquecimento do planeta,<br />
acrescentou. As conseqüências da mudança climática podem ainda devastar a economia<br />
mundial, alerta um estudo do governo da Grã-Bretanha divulgado na semana passada.<br />
A economia do planeta poderá cair 20% no pior dos casos, diz o documento, elaborado por<br />
Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial. As regiões em desenvolvimento serão<br />
as mais atingidas. Cientistas calculam que é necessária uma redução de 80% de todas as
emissões de gases estufa antes de 2050 para evitar impactos graves e irreversíveis. Sob o<br />
Protocolo de Kyoto, 25 países industrializados, excluindo Estados Unidos e Austrália, se<br />
comprometem a reduzir suas emissões em 5,2% até 2012 em relação às de 1990. Mas, em<br />
algumas nações signatárias, como Espanha e Canadá, as emissões aumentam, em lugar de<br />
diminuir. O governo canadense, de fato, já reconheceu que não conseguirá cumprir a meta.<br />
Em Nairóbi acontece oficialmente a segunda Conferência das Partes quer atua com Reunião das<br />
partes do Protocolo de Kyoto (COP/MOP 2) em conjunto com a décima-segunda sessão da<br />
Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança climática (COP<br />
12). Os delegados esperam avançar na implementação do Protocolo, mas, sobretudo, conseguir<br />
dinheiro para a adaptação dos países pobres à mudança climática e buscar outros mecanismos<br />
para reduzir as emissões depois de 2012.<br />
O tratado prevê um Fundo de Adaptação que recebe dinheiro de países industrializados produto<br />
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, sistema do Protocolo de Kyoto pelo qual empresas<br />
do Norte produzem energia no Sul tendo, assim, a possibilidade de compensar suas emissões.<br />
Não é muito dinheiro, entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões anuais começando em 2008, e<br />
ainda deve ser esclarecido quem e para o quê é o fundo, disse Sawyer. “A adaptação vai custar<br />
muitos milhares de dólares”, afirmou.<br />
Calcula-se que a Holanda, por exemplo, deveria investir entre 1% e 3% de seu produto interno<br />
bruto a cada ano para se adaptar às novas condições criadas pelo aquecimento do planeta,<br />
enquanto Bangladesh necessitaria de uma ajuda semelhante”, disse Sawyer. “As obrigações<br />
legais, morais e políticas dos países ricos são claras: devem reduzir de forma drástica suas<br />
emissões e, ao mesmo tempo, se preparar para fornecer apoio maciço às nações mais pobres.<br />
As futuras gerações não nos perdoarão se demorarmos”, ressaltou. (IPS/Envolverde)<br />
Legenda: Elefantes caminham nas proximidades do Monte Kilimanjaro<br />
Fonte: Envolverde/IPS
Estudo mostra relação no clima entre hemisférios da Terra 09/novembro/2006<br />
A análise de um novo núcleo de gelo extraído na Antártida indica que as bruscas variações<br />
climáticas ocorridas a cada milênio, nos últimos 150 mil anos, estão estreitamente interrelacionadas<br />
em ambos os hemisférios.<br />
A descoberta, divulgada pela revista Nature, confirma a tese de que as correntes do Oceano<br />
Atlântico conectam a Groenlândia e a Antártida, em uma espécie de gangorra climática.<br />
Estudos anteriores já demonstravam uma estreita vinculação entre os ciclos mais quentes da<br />
Antártida e os ciclos de variação climática brusca da Groenlândia, através da circulação da água<br />
do mar.<br />
Até agora, no entanto, não estava claro se os ciclos de menor duração no Ártico tinham<br />
correspondência com as variações de temperatura, também mais curtas, e menos drásticas, na<br />
Antártida, e qual o mecanismo que ligaria os dois processos.<br />
Agora, análises da composição de núcleos de gelo extraídos da Groenlândia e da Antártida<br />
mostram uma clara correspondência entre os ciclos quentes da Antártida e os chamados ciclos<br />
Dansgaaard-Oeschger da Groenlândia.<br />
Cada uma das 25 oscilações bruscas de temperatura registradas nos núcleos de gelo analisados<br />
na Groenlândia encontra correspondência direta no gelo da Antártida. A correspondência reflete,<br />
ainda, a magnitude das variações de temperatura nos dois hemisférios.<br />
O novo núcleo de gelo analisado por Hubertus Fischer, do Instituto Alfred-Wegener de Pesquisas<br />
Polares e Marinhas, de Bremerhaven, e por seus colegas cobre um período de 150 mil anos.<br />
Os resultados obtidos parecem indicar que os ciclos, em ambos os hemisférios, resultam de<br />
uma redução na chamada circulação termohalina. Essa é a circulação oceânica provocada por<br />
diferenças de temperatura e salinidade nas águas do mar.<br />
Em seu trabalho, os cientistas descartam a idéia de que as grandes oscilações de temperatura<br />
na Groenlândia possam ser um fenômeno completamente isolado, e apontam a circulação<br />
oceânica atlântica como o mecanismo de ligação com o hemisfério Sul.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Audiências públicas sobre construção de hidrelétricas em Rondônia<br />
são adiadas<br />
09/novembro/2006<br />
A Justiça Federal de Rondônia determinou a suspensão de quatro audiências públicas que<br />
seriam realizadas desta quarta-feira (8) até sábado (11).<br />
As audiências tratariam da construção do Complexo Hidrelétrico do Madeira nos distritos<br />
rondonienses de Abunã, Mutum Paraná, Jaci Paraná e Porto Velho.<br />
A ação foi movida por diversas entidades ligadas ao movimento social e ambiental, dentre elas,<br />
o MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, o Fórum de Debates sobre Energia de<br />
Rondônia e a CPT - Comissão Pastoral da Terra.<br />
Em nota, o Ministério Público Federal alegou que o Ibama - Instituto Brasileiro do Meio<br />
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e o grupo Furnas Centrais Elétricas (responsável<br />
pelo empreendimento) não cumpriram o prazo mínimo para a realização de audiências,<br />
“prejudicando o acompanhamento do processo por parte da sociedade”.<br />
A liminar argumentou, ainda, que existem deficiências nos estudos de impacto ambiental<br />
apresentados pelo Ibama.<br />
Segundo o representante da Rede Brasil sobre Instituições Financeira Multilaterais, Luis<br />
Fernando Novoa, alguns quesitos deste estudo são divergentes, como impactos específicos nos<br />
peixes, sedimentação das barragens e os procedimentos para fazer as indenizações de pessoas<br />
que serão removidas do local. “Não se pode realizar audiências com tantas dúvidas técnicas,<br />
consistentes”.<br />
As audiências só poderão ser remarcadas quando o Ministério Público considerar os estudos<br />
satisfatórios.<br />
Fonte: Raquel Mariano/Agência Brasil
Banco Mundial financiará carbono de floresta em pé 09/novembro/2006<br />
Bird se alia a ONGs na criação de fundo para comércio de crédito por desmate evitado<br />
Programa pode ter até US$ 300 milhões para capacitar países pobres, e esvazia<br />
proposta que Brasil levará a reunião de clima no Quênia<br />
CLAUDIO ANGELO - EDITOR DE CIÊNCIA<br />
O Bird (Banco Mundial) está se aliando a organizações ambientalistas para propor o que pode<br />
ser o primeiro fundo mundial para comercialização de créditos de carbono de desmatamento<br />
evitado em florestas tropicais. O anúncio do fundo pode vir nas próximas semanas. Os valores<br />
iniciais aventados giram em torno de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões.<br />
A proposta ainda não está fechada. A Folha apurou que se trata de um fundo-piloto, que<br />
auxiliará um número pequeno de países (cerca de três). A idéia é capacitar nações pobres<br />
detentoras de floresta a monitorar seu desmatamento e estabelecer programas nacionais de<br />
redução de desmate que possam gerar créditos negociáveis, a serem comercializados durante<br />
uma segunda fase do Protocolo de Kyoto.<br />
A idéia partiu da ONG TNC (The Nature Conservancy) e foi encampada pelo Bird, que já tenta<br />
arrecadar dinheiro para o fundo junto a países europeus. A visão do banco é que o chamado<br />
desmatamento evitado é uma oportunidade que os países não estão aproveitando de aliar<br />
conservação da biodiversidade, redução da pobreza e corte de emissões de gases que causam o<br />
efeito estufa.<br />
Segundo esse conceito, países teriam direito a gerar créditos pelo dióxido de carbono que suas<br />
florestas deixariam de emitir ao serem poupadas do desmatamento, ajudando assim a mitigar o<br />
aquecimento global. Esses créditos poderiam ser comprados por nações industrializadas, que<br />
tivessem metas obrigatórias de redução de emissões desses gases por um acordo como o de<br />
Kyoto.<br />
Queimando ativos<br />
O apoio a essa visão ficou explícito no final de setembro, quando o Bird lançou o relatório "At<br />
Loggerheads?" (um trocadilho que pode ser traduzido como "Em Desacordo?" ou "Quebrando o<br />
Pau?"), sobre a oposição entre expansão agrícola e proteção das florestas.<br />
Seu principal autor, o economista americano Kenneth Chomitz, argumenta que um hectare de<br />
floresta preservado pode valer quase 30 vezes mais em créditos de carbono do que se fosse<br />
desmatado para conversão em pasto.<br />
Uma fonte ligada ao projeto do novo fundo disse à Folha que o banco conta com uma mudança<br />
no regime mundial de combate aos gases-estufa após o término do primeiro período do<br />
Protocolo de Kyoto, em 2012. As regras atuais do protocolo não admitem que a simples<br />
conservação de florestas seja passível de geração de créditos de carbono.
O regime pós-Kyoto está sendo negociado nesta semana e na próxima, por representantes de<br />
180 países reunidos na na COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima das<br />
Nações Unidas.<br />
Clube esvaziado<br />
A idéia de um mercado para o carbono do desmatamento evitado vai ao encontro de uma<br />
proposta que será apresentada na semana que vem em Nairóbi pela Rainforest Coallition, um<br />
grupo de dez países liderado por Papua Nova Guiné. E deve esvaziar uma outra proposta,<br />
brasileira, que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) levará à COP-12 no dia 15: a de criação<br />
de um "clube dos redutores de carbono de floresta".<br />
A proposta brasileira é de um mecanismo voluntário, pelo qual países com metas a cumprir por<br />
Kyoto (os industrializados) dariam dinheiro a países tropicais (o tal "clube") que reduzissem seu<br />
desmatamento.<br />
O Itamaraty não quer nem ouvir falar de mecanismo de mercado para carbono de florestas, e<br />
faz questão de deixar essa discussão de fora do Protocolo de Kyoto. O raciocínio da chancelaria<br />
brasileira é que usar a Amazônia como moeda implicaria em aceitar metas obrigatórias de<br />
redução de gases-estufa para o país no futuro -um compromisso que não existe pelo acordo de<br />
Kyoto.<br />
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo<br />
Capobianco, nega que o fundo do Bird vá afetar a proposta. Mas diz que isso "depende de como<br />
os países doadores vão querer operar". "A gente inicia o processo. O Brasil não está dizendo<br />
que é isso ou nada."
Mercado de carbono é inacessível a pequenos empreendedores 09/novembro/2006<br />
por Thaís Brianezi, da Agência Brasil<br />
Manaus - Na avaliação do pesquisador Marcelo Rocha, apesar do mercado de carbono ser<br />
divulgado como promissor, ele é inacessível aos pequenos empreendedores. “O que inviabiliza<br />
os projetos de pequena escala é o custo a curto prazo e o retorno a longo prazo. Sem o apoio<br />
do governo, empresas ou Organizações Não-Governamentais, os pequenos empreendedores<br />
brasileiros estão fora desse mercado”.<br />
Segundo Rocha - que é especialista em mercado de carbono e atua no Centro de Estudos<br />
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz<br />
(Esalq) e na organização não-governamental Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) - a<br />
expectativa de ganho econômico em relação aos projetos de carbono estão superestimadas. "É<br />
preciso baixá-las e aumentar as expectativas social e ambiental”.<br />
Ele diz que as Reduções Certificadas de Emissão (RCEs, popularmente conhecidas como créditos<br />
de carbono) não pagam os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Apenas<br />
iniciativas registradas e aprovadas pelo conselho executivo do MDL podem vender<br />
compensações de gases de efeito estufa a países desenvolvidos.<br />
Esses países precisam reduzir em média 5,2% de suas emissões, até 2012, no âmbito do<br />
Protocolo de Quioto. “As RCEs devem ser encaradas como um ganho a mais, uma forma de<br />
reduzir o custo da atividade sustentável”, defendeu Rocha.<br />
Para que possam emitir RCEs, a metodologia e a proposta dos projetos devem ser validadas por<br />
uma entidade operacional designada, que funciona como uma empresa privada certificadora.<br />
“Esse serviço é caro e ainda não existe um fundo para atender pequenos projetos”, contou<br />
Rocha. “A grande possibilidade dos pequenos produtores é que o comprador dos créditos<br />
financie todo o processo. Mas, até agora, o mercado tem mostrado preferência por projetos de<br />
grande escala”.<br />
A falta de informações e excesso de propaganda sobre o mercado de carbono têm gerado<br />
expectativa nos pequenos produtores. O engenheiro florestal Celso Luiz Ambrosio, que trabalha<br />
na superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />
Renováveis (Ibama) em Roraima, contou ter recebido, há duas semanas, um telefonema de<br />
uma pessoa animada com os supostos lucros potenciais do reflorestamento. “Ele me falou que o<br />
cunhado havia comprado terras para plantar eucalipto e queria vender o crédito do carbono,<br />
mas não sabia para quem”.<br />
Edna Mirada Ferreira é engenheira agrônoma e chefe do Serviço de Patrimônio Indígena e Meio<br />
Ambiente da administração regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Belém.<br />
Segundo ela, no segundo semestre de 2005 os índios Tembé foram surpreendidos por<br />
representantes da ONG inglesa Amazon Rainforest Foundation, que estava interessada em<br />
apoiar projetos de reflorestamento na área.
“Eles chegaram falando em seqüestro de carbono, e a comunidade indígena passou a achar que<br />
ia ficar rica plantando árvores”, criticou Ferreira, acrescentando que o projeto da ONG está<br />
sendo analisado pelo Ministério Público Federal.<br />
Fonte: Envolverde/Agência Brasil
Dados preliminares de pesquisas mostram que Amazônia funciona<br />
como reservatório de carbono<br />
09/novembro/2006<br />
O LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia está fazendo o<br />
balanço do carbono na bacia Amazônica, que deve ser concluído em 2008. Mas os resultados<br />
preliminares já ajudam o Brasil a enfrentar a polêmica entre cientistas e negociadores<br />
internacionais sobre o papel da floresta na manutenção do equilíbrio climático.<br />
“O que nós fizemos até o momento aponta para algo em torno de meia a uma tonelada de<br />
hectare de absorção positiva de carbono por ano”, disse o coordenador regional do LBA, Flávio<br />
Luizão. “Precisamos combinar isso com uma grande expedição científica programada para o<br />
início do próximo ano. Mas não acredito que o resultado será muito diferente”.<br />
Embora seja popularmente chamada de "ar condicionado do planeta", o funcionamento da<br />
Amazônia como reservatório de carbono, ajudando a combater o aquecimento global, é<br />
questionado por algumas pesquisas.<br />
“O fato é que há uma variabilidade muito grande, de acordo com a área da Amazônia que se<br />
estuda”, ponderou Luizão. “Enquanto regiões ao sul do Amazonas, que fazem transição com o<br />
Cerrado, têm uma emissão basicamente igual à absorção, outras áreas mais secas, como<br />
Santarém, emitem mais carbono que absorvem. Mas, no geral, a absorção é positiva”.<br />
Luizão contou que o LBA começou a ser desenhado no Rio de Janeiro, durante a Eco-92, a partir<br />
das discussões sobre aquecimento global. O que se pretendia era entender o funcionamento da<br />
floresta e sua relação com as mudanças do uso da terra e do clima. Com 1,2 mil pesquisadores<br />
cadastrados, o programa já gastou cerca de US$ 80 milhões em pesquisas desde 1998, quando<br />
entrou em funcionamento.<br />
A maior parte dos recursos veio da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), mas atualmente o<br />
principal financiador é o governo brasileiro. Neste ano, o LBA está sofrendo com a falta de<br />
verbas: o orçamento aprovado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia é de R$ 2,4 milhões - R$<br />
1,6 milhão a menos que o mínimo necessário para o funcionamento pleno do programa.<br />
Comprovar a importância da Amazônia para o equilíbrio climático ajuda o Brasil a defender a<br />
proposta que está apresentando no Quênia, na COP12 - 12ª Conferência das Partes da<br />
Convenção sobre Mudanças Climáticas. Em termos gerais, ela prevê uma contribuição voluntária<br />
dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento que conseguirem reduzir suas taxas<br />
de desmatamento.<br />
Fonte: Thaís Brianezi/Agência Brasil
Peso das matas no clima é incerto, diz grupo 09/novembro/2006<br />
DA REDAÇÃO<br />
Qual é a contribuição do desmatamento tropical para as emissões dos gases que causam o<br />
aquecimento da Terra? Um grupo de pesquisadores reunidos no último dia 27 em São Paulo<br />
concluiu que ninguém sabe ao certo.<br />
O número mais usado pela ONU é 25%. Ou seja, o desmatamento tropical responderia por um<br />
quarto das emissões de gás carbônico da Terra. O relatório do Banco Mundial sobre florestas<br />
(leia texto acima) fala em 20%. O filme "Uma Verdade Inconveniente", de Al Gore, crava<br />
polpudos 30%.<br />
"Essa é a pergunta de muitos bilhões de dólares", diz o físico Luiz Gylvan Meira Filho, do<br />
Instituto de Estudos Avançados da USP, que organizou o seminário em São Paulo. Ele acha, em<br />
todo caso, que essas cifras são altas demais.<br />
O raciocínio de Meira Filho e de outros pesquisadores, como Thelma Krug e Diógenes Alves, do<br />
Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), levaria a algo em torno de 10%. A conta,<br />
grosseiramente, pode ser feita da seguinte forma: o Brasil emite cerca de 200 milhões de<br />
toneladas de carbono por desmatamento todo ano. E detém cerca de um terço das florestas<br />
tropicais do planeta. Se os outros países desmatarem no mesmo ritmo que o Brasil, isso<br />
colocaria as emissões tropicais em 600 milhões de toneladas ao ano, quando a humanidade<br />
inteira emite entre 6 bilhões e 7 bilhões de toneladas.<br />
Meira Filho quer usar imagens de satélite para fazer a conta certa para todo o planeta. "Isso é<br />
importante para saber o quanto é preciso reduzir de emissões [de combustíveis] fósseis para<br />
diminuir o o que está na atmosfera." (CA)
Campanha pede 1 bilhão de árvores contra o efeito estufa 09/novembro/2006<br />
O projeto, lançado por uma ganhadora do Nobel da Paz, pede que os participantes usem um<br />
website especial, criado pela ONU, para registrar as árvores plantadas<br />
NAIRÓBI - A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, convocou cidadãos de todo o<br />
mundo para plantar 1 bilhão de árvores ao longo de 2007, a fim de combater o aquecimento<br />
global. "Isto é algo que qualquer um pode fazer", disse Maathai, durante a conferência das<br />
Nações Unidas sobre a mudança climática, que levou delegados de mais de 100 países ao<br />
Quênia.<br />
Maathai, que em 2004 tornou-se a primeira negra africana a ganhar um Nobel, disse que o<br />
objetivo da campanha é inspirar o cidadão comum a fazer algo pelo ambiente. Mas ela ressaltou<br />
que é importante garantir que as árvores prosperem depois de plantadas.<br />
"Uma coisa é plantar uma árvore, outra é fazê-la sobreviver", disse Maathai, que fundou o<br />
Partido Verde do Quênia em 1987. "Se você sabe que não vai cuidar da árvore, nem se<br />
incomode".<br />
Cientistas atribuem a elevação média da temperatura global ao longo do século 20, de 0,6º C, à<br />
acumulação de dióxido de carbono e de outros gases que prendem o calor na atmosfera. Boa<br />
parte do aumento da concentração desses gases é atribuída à atividade humana, principalmente<br />
indústrias e automóveis.<br />
A África, que já corre diversos riscos de desequilíbrio ambiental, é o continente que mais deverá<br />
sofrer com o deslocamento das zonas climáticas e secas.<br />
A destruição de árvores, com a queima da madeira, contribui com o aquecimento global,<br />
liberando cerca de 370 milhões de toneladas de gases do efeito estufa a cada ano - cerca de 5%<br />
do total global - dizem cientistas. Plantar árvores pode compensar parte do dano ambiental,<br />
porque as plantas absorvem gás carbônico.<br />
O projeto de plantio de árvores, organizado pelo Programa das Ações Unidas para o Meio<br />
Ambiente (Pnuma), mostra que a "ação (contra a mudança climática) não precisa ficar<br />
confinada aos corredores das salas de negociação", afirma Achem Steiner, diretor-executivo do<br />
Pnuma.<br />
O projeto pede que os participantes entrem no website do Pnuma e registrem as árvores<br />
plantadas.<br />
Eleição nos EUA<br />
Ainda nesta quarta-feira, 8, alguns participantes da conferência em Nairóbi disseram que o<br />
resultados das eleições legislativas da terça-feira nos Estados Unidos representam um bom sinal<br />
para as questões ambientais. O governo dos EUA - maiores emissores de gases do efeito estufa<br />
do mundo - vinha se recusando a aceitar limites obrigatórios para suas emissões de poluentes.
Mas, na eleição, o Partido Republicano, do presidente George W. Bush, foi derrotado e perdeu o<br />
controle do Congresso. "O presidente Bush ainda tem mais dois anos de governo, então é<br />
improvável que a postura dos EUA mudE", disse Alden Meyer, do grupo União de Cientistas<br />
Preocupados. Mas, acrescentou, o fato de o Partido Democrata, onde muitos políticos apóiam<br />
limites obrigatórios, ter tomado o controle da Câmara de Representantes significa que as<br />
questões ambientais serão importantes na campanha presidencial de 2008.<br />
Fonte: AP
EXCLUSIVO: Leitores apontam redução de queimadas como principal<br />
meio para Brasil diminuir emissão de CO2 na atmosfera<br />
Redação AmbienteBrasil<br />
09/novembro/2006<br />
A enquete de AmbienteBrasil encerrada ontem revelou que a maior parte dos leitores votantes –<br />
43,7% - estar na redução das queimadas no país a melhor contribuição para diminuir a emissão<br />
de gases causadores de efeito estufa – os principais responsáveis pelo aquecimento global.<br />
Em segundo lugar na preferência, ficou a alternativa de ampliar a participação de fontes<br />
renováveis (biomassa, eólica, solar etc) na matriz energética.<br />
Confira o resultado completo no quadro abaixo.
Ibama derruba liminar contra audiências sobre Hidrelétricas do Rio<br />
Madeira<br />
10/novembro/2006<br />
O Ibama conseguiu derrubar liminar que impedia a realização de audiências públicas do<br />
Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. A desembargadora do Tribunal Regional Federal 1.ª<br />
Região Maria Isabel Galotti, ao apreciar o agravo de instrumento interposto pela Procuradoria<br />
Geral Especializada junto ao Ibama, concedeu liminar suspendendo decisão do juiz federal de<br />
Rondônia Élcio Arruda.<br />
Com o novo desdobramento no TRF, o Ibama mantém as próximas audiências públicas<br />
marcadas para esta sexta-feira (10) em Jaciparaná e no sábado (11) em Porto Velho. As<br />
audiências dos distritos de Abunã e de Mutumparaná, que não puderam ocorrer na quarta e<br />
quinta-feira (8 e 9) por causa da decisão do juiz Élcio, serão remarcadas brevemente.<br />
No agravo de instrumento ao TRF 1.ª Região, a Procuradoria do Ibama argumentou que<br />
audiências previstas pelo processo de licenciamento servem para garantir transparência e<br />
participação da população, além de coleta de susbsídios que enriquecem a análise técnica. Essa<br />
etapa não vincula atos da administração, ou seja, não implica concessão automática de licenças<br />
ambientais. A Procuradoria sustentou não haver, portanto, qualquer inconveniência na<br />
realização das audiências.<br />
Fonte: Sandra Sato/Ibama
Banco Mundial financiará carbono de floresta em pé 10/novembro/2006<br />
O Bird - Banco Mundial está se aliando a organizações ambientalistas para propor o que pode<br />
ser o primeiro fundo mundial para comercialização de créditos de carbono de desmatamento<br />
evitado em florestas tropicais. O anúncio do fundo pode vir nas próximas semanas. Os valores<br />
iniciais aventados giram em torno de US$ 200 milhões a US$ 300 milhões.<br />
A proposta ainda não está fechada. A Folha apurou que se trata de um fundo-piloto, que<br />
auxiliará um número pequeno de países (cerca de três). A idéia é capacitar nações pobres<br />
detentoras de floresta a monitorar seu desmatamento e estabelecer programas nacionais de<br />
redução de desmate que possam gerar créditos negociáveis, a serem comercializados durante<br />
uma segunda fase do Protocolo de Kyoto.<br />
A idéia partiu da ONG TNC - The Nature Conservancy e foi encampada pelo Bird, que já tenta<br />
arrecadar dinheiro para o fundo junto a países europeus. A visão do banco é que o chamado<br />
desmatamento evitado é uma oportunidade que os países não estão aproveitando de aliar<br />
conservação da biodiversidade, redução da pobreza e corte de emissões de gases que causam o<br />
efeito estufa.<br />
Segundo esse conceito, países teriam direito a gerar créditos pelo dióxido de carbono que suas<br />
florestas deixariam de emitir ao serem poupadas do desmatamento, ajudando assim a mitigar o<br />
aquecimento global. Esses créditos poderiam ser comprados por nações industrializadas, que<br />
tivessem metas obrigatórias de redução de emissões desses gases por um acordo como o de<br />
Kyoto.<br />
Queimando ativos - O apoio a essa visão ficou explícito no final de setembro, quando o Bird<br />
lançou o relatório "At Loggerheads?" (um trocadilho que pode ser traduzido como "Em<br />
Desacordo?" ou "Quebrando o Pau?"), sobre a oposição entre expansão agrícola e proteção das<br />
florestas.<br />
Seu principal autor, o economista americano Kenneth Chomitz, argumenta que um hectare de<br />
floresta preservado pode valer quase 30 vezes mais em créditos de carbono do que se fosse<br />
desmatado para conversão em pasto.<br />
Uma fonte ligada ao projeto do novo fundo disse à Folha que o banco conta com uma mudança<br />
no regime mundial de combate aos gases-estufa após o término do primeiro período do<br />
Protocolo de Kyoto, em 2012. As regras atuais do protocolo não admitem que a simples<br />
conservação de florestas seja passível de geração de créditos de carbono.<br />
O regime pós-Kyoto está sendo negociado nesta semana e na próxima, por representantes de<br />
180 países reunidos na na COP12 - 12ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das<br />
Nações Unidas.<br />
Clube esvaziado - A idéia de um mercado para o carbono do desmatamento evitado vai ao<br />
encontro de uma proposta que será apresentada na semana que vem em Nairóbi pela<br />
Rainforest Coallition, um grupo de dez países liderado por Papua Nova Guiné. E deve esvaziar<br />
uma outra proposta, brasileira, que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) levará à COP-12 no<br />
dia 15: a de criação de um "clube dos redutores de carbono de floresta".
A proposta brasileira é de um mecanismo voluntário, pelo qual países com metas a cumprir por<br />
Kyoto (os industrializados) dariam dinheiro a países tropicais (o tal "clube") que reduzissem seu<br />
desmatamento.<br />
O Itamaraty não quer nem ouvir falar de mecanismo de mercado para carbono de florestas, e<br />
faz questão de deixar essa discussão de fora do Protocolo de Kyoto. O raciocínio da chancelaria<br />
brasileira é que usar a Amazônia como moeda implicaria em aceitar metas obrigatórias de<br />
redução de gases-estufa para o país no futuro - um compromisso que não existe pelo acordo de<br />
Kyoto.<br />
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo<br />
Capobianco, nega que o fundo do Bird vá afetar a proposta. Mas diz que isso "depende de como<br />
os países doadores vão querer operar". "A gente inicia o processo. O Brasil não está dizendo<br />
que é isso ou nada."<br />
Fonte: Claudio Angelo/Folha Online
Mudança climática aproxima-se do pior cenário, diz cientista 10/novembro/2006<br />
Os efeitos do aquecimento global nos oceanos já se aproximam do pior cenário imaginado por<br />
cientistas do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o que inclui o<br />
aumento do nível do mar, furacões devastadores e a destruição dos corais, segundo relatório<br />
apresentado nesta quinta-feira (9).<br />
"A tendência atual, comprovada por imagens feitas por satélite, mostra que o nível do mar sobe<br />
três centímetros por década, o que se aproxima do pior cenário entre todos os previstos pelo<br />
IPCC", disse Stefan Rahmstorf, professor de física dos oceanos e membro do Conselho Assessor<br />
Alemão sobre Clima Global, ligado ao governo da Alemanha.<br />
Na apresentação do relatório "Os futuros oceanos" na Convenção sobre Mudança Climática<br />
realizada em Nairóbi, capital do Quênia, o físico alemão destacou que "entre 1900 e 2000, o<br />
nível do mar cresceu vinte centímetros, e o IPCC, em seu relatório de 2001, apontou que até<br />
2100 ele ainda pode ter um aumento de entre 9 e 88 centímetros".<br />
Segundo Rahmstorf, o aumento do nível do mar, derivado do derretimento das geleiras, entre<br />
outros fatores, é uma das conseqüências mais graves que a humanidade pode sofrer com as<br />
mudanças climáticas. Partes de Nova York, Holanda, Bangladesh e milhares de pequenas ilhas<br />
podem ficar submersas.<br />
"A atividade humana está desencadeando nos oceanos mudanças sem precedentes em vários<br />
milhões de anos" e essas alterações "já podem ser medidas", destacou o cientista.<br />
A temperatura da superfície do mar está crescendo quase no mesmo ritmo em que a do ar e,<br />
entre 1974 e 2005, já foi constatada uma redução da quantidade de gelo no Ártico de 20%.<br />
"Em meados deste século já poderemos ter um Oceano Ártico sem gelo durante o verão",<br />
afirmou Rahmstorf.<br />
Segundo o relatório, os recifes de corais tropicais, ecossistemas marinhos de maior<br />
biodiversidade, estão seriamente ameaçados pela mudança climática e é possível que a maioria<br />
deles seja destruída nos próximos cinqüenta anos.<br />
Além disso, a dissolução de dióxido de carbono na água contribui para que ela se torne mais<br />
ácida, o que pode ter "profundos efeitos" nos organismos marinhos.<br />
Embora não esteja comprovado que a mudança climática aumenta o número de furacões, há<br />
evidência que as alterações no clima podem aumentar a força destrutiva desses fenômenos.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Justiça Federal suspende licença de Termelétrica a pedido do<br />
MPF/RS<br />
10/novembro/2006<br />
Decisão da Justiça Federal no Rio Grande do Sul suspendeu as licenças de instalação e de<br />
operação da Usina Termelétrica de Jacuí, no município de Guaíba, em virtude de ação civil<br />
pública ajuizada pelo Ministério Público Federal que apontava a queima de carvão para o<br />
funcionamento da mesma como causador de "poluição e impactos ambientais ao solo, ao lençol<br />
freático, aos cursos d'água, à fauna, à flora e ao ar".<br />
A decisão obrigou a FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental/ RS, a Tractebel Energia<br />
S/A e a CGTEE - Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica a prestar contas de um TAC<br />
- Termo de Ajuste de Conduta assinado em 1996 com os MPs Federal e Estadual, que visava<br />
controlar a qualidade ambiental da Termelétrica Jacuí I. Pelo Compromisso, Tractebel e CGTEE<br />
deveriam adotar medidas para controle de redução da emissão de dióxido de enxofre (SO2) e<br />
óxido de nitrogênio (NOx) pela usina, sendo fiscalizados pela FEPAM.<br />
Em 1993, o MPF requereu a condenação da ELETROSUL - Centrais Elétricas do Sul do Brasil S/A<br />
na obrigação de construir e instalar obras e equipamentos necessários para adequar a usina aos<br />
parâmetros fixados pelo Órgão Ambiental Estadual para emissão, ejeção e emanação de<br />
agentes poluidores. O TAC foi assinado 3 anos depois, prevendo o controle da emissão de<br />
poluentes da usina pela ELETROSUL, CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica/ RS e<br />
FEPAM.<br />
A empresa belga Tractebel adquriu em 1998 a Gerasul, empresa cindida da ELETROSUL em<br />
1997, que era a responsável pela Usina Jacuí I. A CGTEE, constituída em julho de 1997 como<br />
subsidiária da CEEE e atualmente controlada pela Eletrobrás, também responde pela<br />
termelétrica. Ambas estão intimadas pela Justiça Federal a prestar contas sobre o TAC.<br />
Fonte: Procuradoria da República no Rio Grande do Sul
Petrolíferas russa e chinesa construirão refinaria na China 10/novembro/2006<br />
As companhias petrolíferas OAO Rosneft (da Rússia) e China National Petroleum (CNPC)<br />
chegaram a um acordo para a construção conjunta de uma refinaria na China, disse nesta<br />
quinta-feira (9) o executivo-chefe da Rosneft, Sergei Bogdanchikov.<br />
O acordo reforça a parceria entre as estatais, que já envolvia a construção conjunta de uma<br />
rede de postos de abastecimento na China e a produção de petróleo na Rússia.<br />
A refinaria a ser construídas pelas duas empresas terá capacidade de produção de 70 milhões<br />
de barris por ano, disse Bogdanchikov, informou a agência de notícias russa Prime-Tass.<br />
O objetivo da construção da refinaria seria abastecer cerca de 300 postos no país. O local de<br />
construção da refinaria ainda não foi definido.<br />
A China vem tentando obter acesso às reservas de petróleo e gás natural da Rússia, ao mesmo<br />
tempo em que o governo russo tenta captar investimentos junto à China para para desenvolver<br />
seu setor petrolífero.<br />
O petróleo hoje responde por cerca de 70% das exportações russas para a China. A CNPC, por<br />
sua vez, comprou por US$ 500 milhões uma participação na Rosneft quando a empresa fez um<br />
IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês).<br />
Recorde - Em setembro, a China importou a quantidade recorde para o país de 3,3 milhões de<br />
barris de petróleo por dia em média, totalizando 13,46 milhões de toneladas no mês. O<br />
aumento foi de 24% em relação a setembro de 2005 e ficou 2,4% acima do registrado em<br />
janeiro deste ano.<br />
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) informou no mês passado que a<br />
demanda por petróleo na China deve crescer 6,4% neste ano, para cerca de sete milhões de<br />
barris por dia - o crescimento supera em muito o registrado em 2005, que foi de 2,6%.<br />
Os EUA, no entanto, continuam ainda a ser o país que mais consome petróleo, com uma<br />
previsão de cerca de 21 milhões de barris por dia.<br />
Fonte: Folha Online
El Niño deve continuar até 2007, prevê agência americana 10/novembro/2006<br />
O aquecimento excepcional das águas no Oceano Pacífico, conhecido como fenômeno El Niño,<br />
deverá prosseguir ao longo do inverno do hemisfério Norte (verão no Sul), informa a<br />
Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA) do governo dos Estados Unidos.<br />
O Centro Federal de Previsão do Clima dos EUA diz que o resultado deverá ser uma temperatura<br />
mais elevada no oeste e norte dos Estados Unidos, e oeste do Canadá.<br />
Outros efeitos do El Niño incluem secas na Malásia, Indonésia e ilhas do Pacífico Norte, norte da<br />
América do Sul e sudeste da África, além de tempo mais úmido que o normal na África<br />
Equatorial e na América do Sul - incluindo Brasil, Argentina e Uruguai.<br />
O El Niño se desenvolve quando as águas da região tropical do Pacífico se aquecem, o que<br />
altera os padrões dos ventos e a pressão do ar.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Cerca de 100 icebergs se desprendem da Antártida 10/novembro/2006<br />
A autoridade marítima da Nova Zelândia lançou, esta semana, um aviso urgente aos<br />
navegantes no Oceano Antártico depois de avistar por volta 100 blocos de gelo que se<br />
desprenderam da Antártida.<br />
Os icebergs - o maior deles tendo cerca de 130 metros de altura acima do nível do mar - estão<br />
a cerca de 250 quilômetros ao sul da Austrália, a menor distância que o continente chega a um<br />
bloco de gelo desde 1931.<br />
A tripulação de um Orion P3-K, da aeronáutica neozelandesa, que realizava uma patrulha de<br />
rotina em busca de barcos pesqueiros ilegais, avistou os primeiros blocos de gelo na sexta-feira<br />
à noite, ao sul de Invercargill (sul da Nova Zelândia).<br />
O grupo de icebergs é composto por dois setores de quase 50 blocos de gelo cada um. Alguns<br />
dos blocos são grandes o bastante para sobreviver por mais de uma semana nas proximidades<br />
da ilha sul da Nova Zelândia, informou o físico marítimo do Instituto Nacional de Investigação<br />
sobre Água e Atmosfera, Mike Williams.<br />
O especialista acrescentou que os icebergs, que já apresentam vários buracos, devem se<br />
desintegrar ao se aproximarem da costa.<br />
Fonte: Ansa/Folha Online
Mudança climática aproxima-se do pior cenário, diz cientista 10/novembro/2006<br />
O físico alemão Stefan Rahmstorf apresentou suas conclusões na reunião<br />
internacional sobre o efeito estufa promovida pelas Nações Unidas, no Quênia<br />
NAIRÓBI - Os efeitos do aquecimento global nos oceanos já se aproximam do pior cenário<br />
imaginado por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o que<br />
inclui o aumento do nível do mar, furacões devastadores e a destruição dos corais, segundo<br />
relatório apresentado nesta quinta-feira, 9.<br />
"A tendência atual, comprovada por imagens feitas por satélite, mostra que o nível do mar sobe<br />
três centímetros por década, o que se aproxima do pior cenário entre todos os previstos pelo<br />
IPCC", disse Stefan Rahmstorf, professor de física dos oceanos e membro do Conselho Assessor<br />
Alemão sobre Clima Global, ligado ao governo da Alemanha.<br />
Na apresentação do relatório "Os futuros oceanos" na Convenção sobre Mudança Climática<br />
realizada em Nairóbi, capital do Quênia, o físico alemão destacou que "entre 1900 e 2000, o<br />
nível do mar cresceu vinte centímetros, e o IPCC, em seu relatório de 2001, apontou que até<br />
2100 ele ainda pode ter um aumento de entre 9 e 88 centímetros".<br />
Segundo Rahmstorf, o aumento do nível do mar, derivado do derretimento das geleiras, entre<br />
outros fatores, é uma das conseqüências mais graves que a humanidade pode sofrer com as<br />
mudanças climáticas. Partes de Nova York, Holanda, Bangladesh e milhares de pequenas ilhas<br />
podem ficar submersas.<br />
"A atividade humana está desencadeando nos oceanos mudanças sem precedentes em vários<br />
milhões de anos" e essas alterações "já podem ser medidas", destacou o cientista.<br />
A temperatura da superfície do mar está crescendo quase no mesmo ritmo em que a do ar e,<br />
entre 1974 e 2005, já foi constatada uma redução da quantidade de gelo no Ártico de 20%.<br />
"Em meados deste século já poderemos ter um Oceano Ártico sem gelo durante o verão",<br />
afirmou Rahmstorf.<br />
Segundo o relatório, os recifes de corais tropicais, ecossistemas marinhos de maior<br />
biodiversidade, estão seriamente ameaçados pela mudança climática e é possível que a maioria<br />
deles seja destruída nos próximos cinqüenta anos.<br />
Além disso, a dissolução de dióxido de carbono na água contribui para que ela se torne mais<br />
ácida, o que pode ter "profundos efeitos" nos organismos marinhos.<br />
Embora não esteja comprovado que a mudança climática aumenta o número de furacões, há<br />
evidência que as alterações no clima podem aumentar a força destrutiva desses fenômenos.<br />
Fonte: EFE
EXCLUSIVO: Brasil é indicado para receber troféu pejorativo na COP-<br />
11/novembro/2006<br />
12, em Nairobi<br />
Mônica Pinto / AmbienteBrasil<br />
O Brasil foi indicado, durante a COP-12 (Décima-segunda Conferência das Partes da Convenção<br />
do Clima), iniciada no dia 06 passado em Nairobi, na África, para receber o troféu "Fóssil do<br />
Dia", concedido pela ONG internacional Climate Action Network.<br />
O "prêmio" é destinado aos governos que, na opinião da entidade, põem entraves às<br />
negociações de políticas para o combate à mudança climática.<br />
A acusação que recai sobre o país é a de que não teria se posicionado de acordo com o Artigo 9<br />
do Protocolo de Kyoto, segundo o qual deve ser revisto periodicamente “este Protocolo à luz das<br />
melhores informações e avaliações científicas disponíveis sobre a mudança do clima e seus<br />
impactos, bem como de informações técnicas, sociais e econômicas relevantes”. (veja a íntegra<br />
do texto no final da matéria).<br />
A posição do Brasil confronta-se especificamente com o relatório e o documentário “Mudanças<br />
do clima, mudanças de vidas” divulgado pelo Greenpeace, já no início do evento, apontando a<br />
fragilidade dos países em desenvolvimento frente às mudanças climáticas e alertando que seus<br />
efeitos já são uma realidade para o povo brasileiro.<br />
Os materiais apresentam testemunhos de vítimas do aquecimento global na Amazônia, no<br />
Nordeste, no Sul e na zona litorânea brasileira.<br />
O trabalho mostra ainda as relações entre a destruição da maior floresta tropical do mundo, a<br />
Amazônia, e o aquecimento global, e como o desmatamento e as queimadas fazem do Brasil o<br />
quarto maior emissor de gás carbônico do planeta.<br />
"O Brasil precisa assumir sua responsabilidade como grande emissor de gases de efeito estufa.<br />
O governo deve combater o desmatamento de maneira implacável, promover as energias<br />
limpas e os programas de economia de energia”, diz Carlos Rittl, coordenador da campanha de<br />
clima do Greenpeace no país, em reportagem no site da entidade.<br />
“Os brasileiros têm todo o direito de saber onde somos mais vulneráveis aos efeitos<br />
devastadores do aquecimento global e como vamos reduzir nossa contribuição a este<br />
problema”.<br />
Em outubro de 2002, na COP-8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção do Clima), em<br />
Nova Déli, Índia, o Brasil já fora indicado a receber o troféu “Fóssil do Dia”, pela maneira como<br />
estava presidindo um dos grupos de negociação da conferência - o que tratava dos inventários<br />
nacionais que os países teriam de fazer para conseguir financiamento dos países desenvolvidos<br />
para obras de prevenção aos efeitos da mudança climática.<br />
"O Brasil está abusando de sua posição na presidência do grupo. Ele tem imposto suas visões<br />
sobre inventários ao G-77 (bloco dos países pobres) e não tem considerado as opiniões de<br />
vários países vulneráveis aos problemas climáticos", afirmou na ocasião Danny Kennedy,
coordenador da ONG Climate Action Network à Folha de S. Paulo.<br />
A COP 12 termina na próxima sexta-feira.<br />
Artigo 9 do Protocolo de Kyoto<br />
1. A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve rever<br />
periodicamente este Protocolo à luz das melhores informações e avaliações científicas<br />
disponíveis sobre a mudança do clima e seus impactos, bem como de informações técnicas,<br />
sociais e econômicas relevantes. Tais revisões devem ser coordenadas com revisões pertinentes<br />
segundo a Convenção, em particular as dispostas no Artigo 4, parágrafo 2(d), e Artigo 7,<br />
parágrafo 2(a), da Convenção. Com base nessas revisões, a Conferência das Partes na<br />
qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve tomar as providências adequadas.<br />
2. A primeira revisão deve acontecer na segunda sessão da Conferência das Partes na qualidade<br />
de reunião das Partes deste Protocolo. Revisões subseqüentes devem acontecer em intervalos<br />
regulares e de maneira oportuna.
Brasil se torna "fóssil do dia" em Nairóbi 11/novembro/2006<br />
País é criticado por ONGs em encontro internacional por atrapalhar negociação de<br />
substituto do Protocolo de Kyoto<br />
"Premiação" ocorreu ontem, dia em que presidente Lula apresentou a proposta<br />
brasileira para as florestas que será levada à reunião<br />
DA REDAÇÃO<br />
No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou oficialmente a proposta<br />
brasileira que será levada na semana que vem à reunião internacional sobre mudança climática<br />
de Nairóbi, ambientalistas presentes ao encontro no Quênia criticaram a posição do país sobre a<br />
extensão do Protocolo de Kyoto.<br />
O Brasil recebeu da rede de ONGs CAN (Climate Action Network) o troféu "fóssil do dia", uma<br />
honraria dúbia concedida aos países que mais tentam atravancar as negociações sobre o acordo<br />
internacional que substituirá o protocolo, que expira em 2012. O "prêmio" foi concedido ontem<br />
em Nairóbi, durante a COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU.<br />
Segundo a CAN, o país levou o abacaxi devido a sua "argumentação dura e espúria" contra o<br />
uso de um dos artigos do texto do Protocolo de Kyoto para "fortalecer e ampliar os esforços<br />
globais de proteção do clima no período pós-2012".<br />
O Brasil é um dos líderes do bloco dos países em desenvolvimento, que se recusam a assumir<br />
metas de redução de gases que causam o efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).<br />
O mundo subdesenvolvido não é obrigado pelo acordo de Kyoto a cortar suas emissões de<br />
poluentes, já que o aquecimento atual do planeta foi causado pela queima de petróleo e carvão<br />
que levou os países hoje industrializados ao desenvolvimento. Mas os gigantes do Terceiro<br />
Mundo acabaram virando parte do problema -a China cresce 10% ao ano e em três anos se<br />
tornará o maior emissor de CO2 - e há pressões para que eles assumam metas obrigatórias no<br />
pós-Kyoto.<br />
Segundo a delegação brasileira na COP- 12, a escolha do Brasil como fóssil do dia resultou de<br />
um "mal-entendido" entre a posição brasileira e CAN. Ao defenderem que a revisão de Kyoto<br />
não poderia ser uma "porta que se abrisse para os países que não gostam do protocolo", o<br />
Brasil teria sido "interpretado erroneamente", segundo um delegado.<br />
Lula<br />
Em reunião ontem do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no Palácio do Planalto, o<br />
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país adquiriu uma "maturidade política" no<br />
tema ambiental suficiente para cobrar aquelas nações que, segundo ele, estavam acostumadas<br />
só a cobrar o Brasil. Segundo Lula, o país "pode hoje entrar de cabeça erguida em qualquer<br />
debate".
Durante a reunião foi apresentada a proposta brasileira para a COP- 12. A base da proposta é a<br />
criação de um "mecanismo de incentivos para países em desenvolvimento que reduzirem suas<br />
emissões de gases de efeito estufa por desmatamento". O mecanismo deve ter o formato de um<br />
fundo voluntário, com contribuição de países industrializados para compensar os detentores de<br />
florestas tropicais que reduzirem suas emissões.<br />
Com ANA FLOR, colaboração para a Folha em Nairóbi, e Sucursal de Brasília
Ambientalistas criticam lentidão de debate sobre clima 11/novembro/2006<br />
A conferência de duas semanas das Nações Unidas sobre a mudança climática, realizada no<br />
Quênia, chega à metade sob queixas de ambientalistas, que reclamam que as negociações<br />
avançam muito devagar para garantir a imposição de controles sobre a emissão de gases<br />
causadores do efeito estufa após o final do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.<br />
Um dos líderes das conversações, no entanto, afirma que devagar pode ser melhor, casos os<br />
Estados Unidos optem por aceitar limites obrigatórios nas emissões de poluentes do país. A<br />
vitória democrata na eleição de terça-feira (7), nos EUA, encorajou os que esperam uma<br />
mudança nas atitudes americanas.<br />
"O novo Congresso desafiará a política da administração Bush quanto ao aquecimento global em<br />
diversas frentes", declara um boletim extra-oficial da conferência, que circulou entre os 5.000<br />
participantes do evento.<br />
A reunião dos 180 signatários do tratado das Nações Unidas sobre o clima, firmado em 1992,<br />
trata de questões delicadas, como a implementação do Protocolo de Kyoto, que se seguiu ao<br />
tratado, e que obriga 35 nações industrializadas a reduzir suas emissões de gases do efeito<br />
estufa em 5%, em relação ao volume de 1990, até 2012.<br />
Os EUA e a Austrália são as únicas grandes economias industrializadas a rejeitar o protocolo,<br />
firmado em 1997. O presidente dos EUA, George W. Bush, afirma que o acordo é danoso para a<br />
economia americana, e que o protocolo deveria ter feito exigências às economias mais pobres,<br />
também.<br />
Ao longo da última semana, os 165 signatários do protocolo vêm discutindo como elaborar um<br />
regime de controle das emissões de gases para o período após 2012, envolvendo cotas e<br />
cronogramas, mas não há informação de grandes avanços.<br />
Ambientalistas advertem que o tempo está acabando.<br />
"Pedimos que haja um acordo até 2008", disse o líder do grupo internacional Climate Action<br />
Network na África do Sul, Richard Worthington. Esse prazo permitiria que os governos<br />
ratificassem o novo pacto bem antes do fim de Kyoto, em 2012. Mas "o ritmo do progresso tem<br />
de aumentar, senão não haverá como cumprir esse cronograma", acrescenta o cientista Bill<br />
Hare, do Greenpeace.<br />
O coordenador das conversas para depois de 2012, Michael Zammit Cutajar, disse que os<br />
negociadores estão divididos quanto ao prazo para se fechar um acordo. Alguns querem<br />
avançar rápido, enquanto outros preferem dar tempo para que os Estados Unidos adotem um<br />
controle de emissões, o que poderá ser possível, agora que o Partido Democrata domina o<br />
Congresso. Os EUA produzem mais de 20% do dióxido de carbono gerado por atividade<br />
humana.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Brasil apresenta proposta sobre gases de efeito estufa na COP 12,<br />
em Nairóbi<br />
11/novembro/2006<br />
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentará na próxima semana, durante a COP12 -<br />
12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Nairóbi, no Quênia, a<br />
proposta brasileira de criação de um mecanismo de incentivos positivos para países em<br />
desenvolvimento que efetivamente reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa por meio<br />
do combate ao desmatamento. A proposta foi discutida, nesta sexta-feira (10), em reunião do<br />
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no Palácio do Planalto, com a presença do presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva.<br />
Conforme a proposta, os países em desenvolvimento poderão receber recursos internacionais<br />
para aprimorar ainda mais as ações na área de combate ao desmatamento. Os incentivos<br />
deverão incluir a provisão de recursos financeiros e a transferência de tecnologia, além de<br />
meios para capacitação e aperfeiçoamento das potencialidades dos países em desenvolvimento.<br />
"Eu acho que estamos trabalhando sobretudo com a idéia do constrangimento ético. Com<br />
menos condições, com maiores dificuldades, os países menos desenvolvidos estão fazendo e<br />
dando a sua contribuição. Não é justo que países ricos, que têm recursos financeiros e<br />
tecnológicos para fazer seu trabalho de redução das emissões, não o façam", disse Marina.<br />
A proposta prevê ainda que a redução das emissões seja contabilizada a partir de uma taxa<br />
média de desmatamento de referência, num período de tempo a ser determinado e num<br />
conteúdo definido de toneladas de carbono por bioma ou por tipo de vegetação. A taxa média<br />
de desmatamento e as emissões decorrentes do desmatamento, para comparação com a taxa<br />
de referência, deverão ser baseadas num sistema de monitoramento do desmatamento que seja<br />
transparente, consistente e cientificamente validado, tal como existe no Brasil - o Sistema de<br />
Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), baseado em imagens de satélite. O país já<br />
transferiu, sem ônus, seu sistema para outros países que possuem florestas tropicais.<br />
Os esforços dos países em desenvolvimento para reduzir emissões, decorrentes do<br />
desmatamento em seus territórios, serão voluntários e, portanto, não deverão ser associados a<br />
obrigações, metas ou prazos futuros. Os países do Anexo I, ou seja, países desenvolvidos que<br />
têm compromissos no âmbito da Convenção sobre Mudanças Climáticas, por sua vez, também,<br />
voluntariamente, serão responsáveis por investir recursos no mecanismo. Essa adesão, no<br />
entanto, não significará créditos a serem contabilizados nas metas mandatórias de redução de<br />
emissões desses países.<br />
O valor dos recursos aportados pelos países desenvolvidos será distribuído proporcionalmente à<br />
redução de emissões conquistada pelos países em desenvolvimento. A diferença registrada com<br />
a queda nas emissões desses países será convertida em incentivo financeiro a receber. Caso as<br />
emissões do desmatamento aumentem, a diferença será convertida em valor a descontar de<br />
futuros incentivos financeiros.<br />
Segundo Marina, é preciso que se tenha a dimensão dos efeitos do aquecimento global sob pena<br />
de se inviabilizar a vida no planeta. "As florestas e a biodiversidade, para serem preservadas,<br />
dependem das reduções de emissões de gases de efeito estufa dos países que têm<br />
responsabilidades e obrigações, porque, senão, os esforços serão inúteis", acredita.<br />
O Brasil se credencia para apresentar essa proposta ao acumular a queda de 52% na taxa de
desmatamento da Amazônia, considerando o registro do período de 2004-2005 e a estimativa<br />
para 2005-2006. Em outubro, o Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais divulgou os<br />
dados preliminares do Prodes - Projeto Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal<br />
referente a 01 de agosto de 2005 e 31 de julho de 2006, que apontam para uma queda de 30%<br />
na taxa, em relação ao ano anterior. Conforme a estimativa, a área desmatada em 2005-2006<br />
será de 13.100Km2. Em 2004-2005, a taxa reduziu 31% e a área desmatada ficou em 18.790<br />
km2.<br />
A estimativa foi feita com base em 34 imagens de satélite que representam dois terços do<br />
desmatamento registrado entre 2004 e 2005. A interpretação dessas imagens permitiu que os<br />
especialistas do Inpe, órgão ligado ao Ministério de Ciências e Tecnologia, indicassem a taxa do<br />
último período que só será oficializada em março de 2007 quando os dados forem consolidados.<br />
Os dados do Prodes revelam os bons resultados do Plano de Prevenção e Controle do<br />
Desmatamento da Amazônia, desenvolvido por 13 ministérios, sob a coordenação da Casa Civil,<br />
e lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004. Com ele, foi possível executar<br />
inúmeras ações em diferentes áreas do governo. O esforço resultou na apreensão de 814 mil<br />
m3 de madeira em tora, de 471 tratores, 171 caminhões e 643 motosserras usados nos<br />
desmatamentos. Foram emitidas multas no valor de R$ 2,8 bilhões.<br />
A Polícia Federal e o Ibama realizaram 11 grandes operações na Amazônia, que resultaram na<br />
prisão de 379 pessoas. Ainda foram criados 19 milhões de hectares em Unidades de<br />
Conservação nas áreas de conflito e frentes de expansão da fronteira agrícola da região.<br />
Também foram homologados 93 mil Km2 de terras indígenas e os projetos de assentamentos<br />
sustentáveis alcançaram uma área equivalente a 3,76 mil Km2. Foram inibidos, ainda, 66 mil<br />
cadastros de imóveis rurais e determinada a Limitação Administrativa Provisória em 80 mil km2<br />
na região de influência direta da BR 163 e em 150 mil km2 na BR 319.<br />
Os instrumentos de fomento foram alterados para apoiar o uso sustentável dos recursos<br />
naturais na região. Os fundos constitucionais passaram a ter novas diretrizes e critérios para<br />
estimular esse tipo de atividade e foram intensificados os programas de capacitação de mão-deobra,<br />
com ênfase no manejo florestal sustentável e no extrativismo. O 1º Distrito Florestal<br />
Sustentável, criado na região da BR 163, poderá criar 100 mil empregos e a Lei de Gestão de<br />
Florestas Públicas, aprovada no início deste ano no Congresso Nacional com o apoio de todos os<br />
partidos, foi sancionada, criando o Serviço Florestal Brasileiro.<br />
Fonte: MMA
Emissão de gás do efeito estufa quadruplicou 11/novembro/2006<br />
STEVE CONNOR DO "INDEPENDENT"<br />
O crescimento das emissões globais de dióxido de carbono proveniente da queima dos<br />
combustíveis fósseis foi quatro vezes maior entre 2000 e 2005, se comparado com os dez anos<br />
anteriores (década de 1990). Essa avaliação foi apresentada ontem pelos cientistas do Projeto<br />
Carbono Global.<br />
Os dados das emissões de dióxido de carbono mostram que a taxa de crescimento global foi de<br />
3,2% nos cinco anos finais analisados, e de apenas 0,8% em todo o período entre 1990 e 1999,<br />
apesar de o Protocolo de Kyoto ter entrado em vigor durante o segundo intervalo.<br />
Muito desse aumento, provavelmente, está relacionado com a expansão da economia chinesa<br />
nos últimos 15 anos, assentada fortemente na queima de carvão vegetal e em outras fontes de<br />
energia de origem fóssil.<br />
Mike Raupach, chefe do Projeto Carbono Global, alertou ontem que as emissões dos principais<br />
gases que contribuem para o aumento do efeito estufa estão totalmente fora de controle.<br />
"É um sinal muito atormentador. Ele indica que os recentes esforços para reduzir as emissões,<br />
virtualmente, não têm nenhum impacto no crescimento das emissões e que atitudes mais<br />
efetivas são urgentes e necessárias", disse Raupach.<br />
Os níveis correntes de dióxido de carbono na atmosfera são de 380 ppm (partes por milhão),<br />
aproximadamente 100 ppm acima do que havia antes da Revolução Industrial, 200 anos atrás.<br />
"A velocidade de crescimento das emissões de carbono nos últimos cinco anos sugere que daqui<br />
a pouco será impossível escapar de um cenário trágico" disse Josep Canadell, diretor executivo<br />
do Projeto Carbono Global.<br />
"No atual curso das coisas, teremos dificuldades para estabilizar as emissões em 450 ppm.<br />
Mesmo em 550 ppm será desafiador".<br />
A última vez que o planeta experimentou níveis tão elevados foi há 30 milhões de anos,<br />
aproximadamente, quando o nível do mar estava cem metros acima do atual.
Mudança climática: Brasil é premiado por ´pior contribuição´ 11/novembro/2006<br />
O Brasil foi ganhador do "Fóssil do Dia" desta sexta-feira (10), um prêmio jocoso distribuído,<br />
pela rede de ONGs ambientalistas Climate Action Network, aos países que apresentaram a "pior<br />
contribuição" às negociações para o combate à emissão de gases causadores do efeito estufa,<br />
durante a reunião realizada pela ONU em Nairóbi, no Quênia.<br />
O prêmio é, como o nome diz, entregue diariamente, e até esta sexta-feira a nação mais<br />
"agraciada" era a Austrália - três prêmios em três dias, 7, 8 e 9 de novembro. A reunião<br />
prossegue até o próximo dia 18.<br />
A justificativa do prêmio afirma que a delegação brsaileira evita "qualquer discussão séria sobre<br />
como países em desenvolvimento podem contribuir para uma estratégia ampla”.<br />
A posição brasileira é não aceitar metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa no<br />
segundo período previsto pelo Protocolo de Kyoto contra a mudança climática, que começa em<br />
2013.<br />
Os países ricos, que já possuem metas e que devem enfrentar restrições ainda maiores no<br />
futuro, querem que economias em transição, como o Brasil, a China e a Índia, também passem<br />
a respeitar limites para a poluição que produzem.<br />
O Brasil arrebatou o primeiro lugar no Fóssil do Dia desta sexta dos concorrentes União<br />
Européia, que ficou na segunda posição, e Estados Unidos, em terceiro.<br />
Fonte: Estadão Online
Ibama inicia audiências públicas sobre Complexo Hidrelétrico do Rio<br />
Madeira<br />
11/novembro/2006<br />
O Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis realizou<br />
nesta sexta-feira (10) em Jaci-Paraná, em Rondônia, audiência pública sobre a construção do<br />
Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira. Neste sábado (11) está marcada outra audiência em<br />
Porto Velho (RO).<br />
Na quinta-feira (9), o Tribunal Regional Federal 1ª Região derrubou uma liminar do Ministério<br />
Público de Rondônia que determinava a suspensão de audiências públicas nos distritos de<br />
Abunã, Mutum Paraná, Jaci-Paraná e Porto Velho.<br />
O Ministério Público alegava que o Ibama e o grupo Furnas Centrais Elétricas, responsável pelo<br />
empreendimento, não cumpriram o prazo mínimo para a realização de audiências,<br />
“prejudicando o acompanhamento do processo por parte da sociedade”. O MP argumenta ainda<br />
na liminar que existem deficiências nos estudos de impacto ambiental apresentados pelo Ibama.<br />
Na quinta-feira, no entanto, a desembargadora do TRF da 1ª Região, Maria Isabel Galotti, deu<br />
parecer favorável ao Ibama argumentando que as audiências não têm caráter deliberativo, são<br />
apenas expositivas e têm a função de mostrar os estudos já realizados na região. Por isso,<br />
segundo a desembargadora, o prazo mínimo de 45 dias não precisa ser cumprido.<br />
Isabel Galotti afirmou ainda na liminar que caso haja alguma falha no processo, “deverá o<br />
procedimento ser refeito na forma decidida pelo judiciário”.<br />
Fonte: Raquel Mariano/Agência Brasil
Fumaça nas alturas 11/dezembro/2006<br />
Pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto<br />
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aperfeiçoaram modelos de química da atmosfera que<br />
permitem monitorar deslocamentos das nuvens de fumaça de queimadas. A precisão desse<br />
monitoramento é fundamental para estudos de mudanças climáticas em escalas regional e<br />
global.<br />
Segundo o pesquisador Saulo Freitas, principal autor da nova metodologia, ela oferece<br />
resultados mais realistas sobre o deslocamento das nuvens de fumaça, com melhor descrição da<br />
distribuição dos gases e aerossóis. “Com a nova parametrização, poderemos acompanhar<br />
melhor os processos de produção de ozônio e modificação da estrutura termodinâmica da<br />
atmosfera, por exemplo”, disse ele à Agência FAPESP.<br />
Freitas explica que o principal problema dos modelos tradicionais é não considerar as grandes<br />
altitudes que as nuvens de fumaça podem atingir, limitando-se a acompanhar as partículas que<br />
sobem apenas até quatro quilômetros. “Esses modelos funcionam bem apenas para as emissões<br />
urbanas, veiculares e industriais, que têm temperatura próxima da ambiente e permanecem<br />
rentes à terra”, afirmou.<br />
As emissões de queimadas, muito mais quentes, são projetadas verticalmente, alcançando<br />
altitudes acima de oito quilômetros. “Em grandes altitudes, os ventos têm maior intensidade e<br />
as nuvens podem ser levadas para grandes distâncias, permanecendo também por mais tempo<br />
na atmosfera”, disse.<br />
Dependendo da latitude, as emissões ultrapassam os 12 quilômetros de altitude, chegando à<br />
estratosfera. “Nesse caso, os gases podem dar a volta no planeta. Eles conseguem modificar o<br />
balanço de radiação que vem do Sol e chega à superfície, alterando o clima global”, disse<br />
Freitas.<br />
Repercussão internacional<br />
Todo o processo tem escala muito reduzida em relação aos modelos climáticos tradicionais. As<br />
equações que prevêem os movimentos da atmosfera são calculadas matematicamente, a partir<br />
de modelos que recortam o espaço em grades de cerca de 100 quilômetros por 100 quilômetros<br />
na latitude e longitude e algumas centenas de metros de altura. Mas esses fenômenos se dão<br />
em escalas bem menores.<br />
“É dificil incluir os detalhes nesses modelos. O que há de inovador na nova parametrização é a<br />
inclusão de uma escala de subgrades, de forma que se consiga capturar a que altura as massas<br />
de fumaça serão injetadas e seja possível usar essa informação na escala do modelo global. Os<br />
resultados numéricos são mais realistas, considerando os processos físicos e químicos em<br />
melhor resolução”, disse Saulo Freitas.<br />
A metodologia foi testada, comparando-se previsões com observações empíricas, e sua<br />
eficiência foi comprovada: com os novos parâmetros, os modelos conseguem incluir o<br />
transporte da fumaça em grandes altitudes, chegando a um resultado muito mais realista. O<br />
impacto foi tão grande que a inovação foi incorporada pelos modelos utilizados pelo CPTEC e por
entidades como o National Center for Atmospheric Research (NCAR), dos Estados Unidos.<br />
Por aprimorar o acompanhamento das nuvens de fumaça de queimadas, a contribuição dos<br />
cientistas brasileiros terá papel decisivo nos estudos sobre as mudanças climáticas, segundo<br />
Freitas. “Quando falamos em poluição, logo pensamos na grande cidade. Mas a escala é muito<br />
maior nas áreas onde ocorrem queimadas. No Norte, os níveis de concentração de poluentes<br />
são de quatro a cinco vezes piores do que em São Paulo”, explicou o pesquisador do CPTEC.<br />
O impacto direto na saúde dos indivíduos é maior nas metrópoles, em decorrência da<br />
concentração populacional, mas os efeitos no clima global são mais consideráveis na Amazônia.<br />
“A concentração de particulados atinge 500 microgramas por metro cúbico no Norte, enquanto<br />
chega a 100 em São Paulo apenas nos dias mais críticos”, disse Freitas.<br />
O modelo de previsão da poluição atmosférica do CPTEC, com a nova metodologia, está<br />
disponível na internet no endereço: http://www.cptec.inpe.br/meio_ambiente.<br />
Fonte: Fábio de Castro/Agência FAPESP
Futuro sombrio 13/novembro/2006<br />
O alerta vem sendo dado com insistência, em todo o mundo: o futuro do planeta terra é<br />
sombrio. Espécies vão desaparecer, o nível dos oceanos vai subir, a temperatura vai se elevar.<br />
E no Brasil? O que vai acontecer por aqui? Pela primeira vez, um estudo científico revela o que<br />
deve acontecer no Brasil por causa do aquecimento global.<br />
"Se as geleiras estão derretendo, é porque alguma coisa está acontecendo. O planeta está<br />
esquentando", diz a professora Ethel Galliza.<br />
"Olha aí como é que está! Uma hora está quente, uma hora esfria, daqui a pouco está um calor<br />
fora do normal. No meu tempo, não era assim", afirma a dona-de-casa Vera Lúcia da<br />
Conceição.<br />
A Terra está, sim, mais quente. E não é de hoje. Veja o que aconteceu com o nosso planeta<br />
desde 1860. A linha da temperatura média começou a subir no início do século passado. E não<br />
parou mais. As barras vermelhas mostram os anos que foram mais quentes do que a média<br />
histórica. Desde 1980, o que se vê é uma tendência de aumento do calor.<br />
Projeções científicas dizem que a temperatura média da Terra vai subir quase seis graus até o<br />
fim deste século: de 15ºC para 20,8ºC.<br />
O clima no Brasil também está mudando. E a temperatura deve aumentar ainda mais, o que<br />
pode ter impacto na vida de cada um de nós. São conclusões de um projeto que está sendo<br />
feito em Cachoeira Paulista, no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, ligado ao<br />
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.<br />
Pela primeira vez, as mudanças climáticas no país são analisadas em detalhe, região por região,<br />
e se fazem projeções para um futuro não muito distante.<br />
Os pesquisadores já sabem onde a temperatura vai subir mais: na Amazônia. Se o mundo não<br />
for capaz de controlar a emissão de gases poluentes, a floresta começa a desaparecer em<br />
poucas décadas.<br />
"A partir do ano 2040, 2050, a Amazônia entra em uma fase de colapso. E passaria a ser outro<br />
tipo de vegetação, uma vegetação tipo savana ou cerrado", prevê o pesquisador José Antônio<br />
Marengo.<br />
A temperatura média na Amazônia pode subir 8 graus até o ano de 2100. No Pantanal, a<br />
elevação seria de 6,5 graus. E no Nordeste, 4,5 graus.<br />
Um mapa mostra a região nordestina que seria mais castigada: o semi-árido. E já se fala nos<br />
impactos sociais que seriam provocados pela mudança do clima.<br />
"Pode gerar um problema gravíssimo, que é o de refugiados ambientais", afirma Marengo.<br />
Milhares de famílias seriam obrigadas a deixar o sertão e buscariam emprego nas grandes
cidades. Nesse cenário, a temperatura média no Brasil, que já é alta, passaria de 25ºC para<br />
29ºC, em 2100.<br />
Os grandes vilões do aquecimento ainda são os americanos, mas a China está chegando perto.<br />
Representantes de quase 200 nações estão reunidos em Nairobi, na África. Eles discutem<br />
medidas para controlar a emissão de gases que aumentam o efeito estufa, o aquecimento da<br />
Terra.<br />
Nesta segunda-feira, o governo brasileiro vai propor a criação de um Fundo Internacional de<br />
Combate à Poluição.<br />
Cerca de 75% do volume de gases poluentes emitidos pelo Brasil vêm do desmatamento e das<br />
queimadas. Pela proposta do Ministério do Meio Ambiente, os países tropicais receberiam<br />
dinheiro para reduzir a emissão de gases na atmosfera.<br />
"Um país só pode receber recurso se ele já reduziu a emissão, então não é um cheque em<br />
branco. O valor que um país deve receber é em função do quanto ele evitou de emissão de<br />
gases de efeito estufa", esclarece João Paulo Capobianco, secretário do Ministério do Meio<br />
Ambiente.<br />
Cada brasileiro produz, por ano, cerca de uma tonelada e meia de gases que chegam à<br />
atmosfera, aumentam o calor e ameaçam o bem-estar no planeta.<br />
"Pegou o carro para ir para o trabalho, primeiro, pense duas vezes. Prefira utilizar o sistema de<br />
transporte urbano", recomenda Leonardo Lacerda, ambientalista da WWF/Brasil.<br />
"O lixo é uma coisa que eu tenho me preocupado em separar. Hoje em dia eu me preocupo com<br />
a reciclagem do lixo", diz a bióloga Solange Fernandes.<br />
"Sabe da história do beija-flor, que botava uma gotinha de água no incêndio? Então, se todo<br />
mundo fizesse um pouquinho, melhoraria o globo, você não acha?", sugere a dona-de-casa<br />
Sofia Rebelo.<br />
Fonte: Portal do Fantástico/Rede Globo
Brasil é segundo no mercado de carbono 13/novembro/2006<br />
País fica atrás da Índia na lista de nações em desenvolvimento que mais "vendem"<br />
projetos para combater efeito estufa<br />
Brasileiros perdem o lugar para chineses, entretanto, quando se analisa o total de gás<br />
carbônico que deixa de ser lançado na atmosfera<br />
Thomas Mukoya/Reuters<br />
Manifestação de quenianos em Nairóbi pede empenho de países ricos para frear a<br />
crise do clima<br />
ANA FLOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
A Índia é o país campeão em número de projetos dentro do Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo (MDL), um dos instrumentos criados pelo Protocolo de Kioto para ajudar os países<br />
desenvolvidos a atingir as metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.<br />
O Brasil está em segundo lugar, seguido pela China, em terceiro.<br />
O MDL é um dos chamados "mecanismos flexíveis" para diminuir o custo do processo de<br />
redução de emissões. Por meio deles, países ricos que financiam projetos de tecnologia limpa<br />
nos países em desenvolvimento ganham créditos de carbono. Estes créditos podem ser<br />
comprados e vendidos, ou entrar no cálculo como parte da cota de redução que estas nações<br />
desenvolvidas precisam atingir até 2012 -os países que ratificaram Kioto se comprometeram a<br />
baixar em 5% suas emissões, em relação aos níveis medidos em 1990.<br />
Dados do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) divulgados em Nairóbi durante a Convenção<br />
do Clima da ONU mostram que, em outubro, dos 1.278 projetos dentro do MDL em todo o<br />
mundo , a Índia era responsável por 460, o Brasil por 193 e a China por 175.<br />
Segundo o secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, José<br />
Domingos Miguez, a tendência natural é que a China e a Índia liderem a lista de projetos por<br />
terem uma matriz energética "suja", com uso de carvão, e terem índices de crescimento<br />
econômico maiores. Em termos de emissões, a matriz brasileira é considerada limpa, porque<br />
está concentrada nas usinas hidroelétricas.<br />
Outra razão para a China ter um número menor de MDLs é o fato de seu governo ter interesse<br />
apenas em grandes projetos, enquanto Índia e Brasil têm muitas atividades de MDL de pequena<br />
escala. Para Miguez, a boa posição do Brasil foi uma surpresa. "A expectativa sempre foi de que<br />
China e Índia tivessem 50% dos MDLs, com Brasil e México atrás", diz.<br />
Os MDLs entraram em funcionamento no início de 2005, e o primeiro projeto mundial foi<br />
brasileiro. Acreditava-se que o mecanismo seria também um instrumento para transferir<br />
tecnologia dos países ricos aos países em desenvolvimento, mas isso não tem acontecido. "Mais<br />
da metade [dos projetos de MDL no país] tem tecnologia local", diz Miguez.
Redução de emissões<br />
Em termos de reduções de emissões de carbono, o Brasil está em terceiro lugar, atrás da China<br />
e da Índia. As reduções são calculadas a partir da quantidade de carbono que os MDLs<br />
capturam da atmosfera. Apesar de ter mais MDLs que a China, o Brasil é responsável por<br />
reduzir 10% do total mundial, cerca de 187 milhões de toneladas de CO2. Os projetos da China<br />
reduzem 34%, e os da Índia, 24%.<br />
No Brasil, mais da metade dos projetos são de captura de gás carbônico, e estão voltados para<br />
a indústria energética.<br />
O MDL teve origem numa proposta brasileira de 1997, que consistia na criação de um fundo<br />
formado por meio de contribuições dos países desenvolvidos que não cumprissem suas metas.<br />
Ele seria usado para bancar projetos nos países em desenvolvimento. Em Kioto, a idéia do<br />
fundo foi transformada no MDL.<br />
Apesar das críticas, a tendência é que ferramentas como o MDLs continuem em funcionamento<br />
após o final da primeira fase do protocolo, em 2012. "O Brasil trabalha para isso", diz o chefe da<br />
delegação brasileira, Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Rio Madeira - Estudos independentes alertam para inundação<br />
excessiva e perda da biodiversidade<br />
13/novembro/2006<br />
Uma parceria entre o Ministério Público Estadual de Rondônia e o prórpio consório<br />
Furnas/Odebrecht, responsável pelo projeto hidrelétrico do Rio Madeira, produziu um novo fatorchave<br />
nos debates sobre a construção das usinas. A série de pareceres encomendados a<br />
especialistas independentes contesta pontos susbstancias do Estudo de Impacto Ambiental<br />
(EIA), como a estimativa de alagamento na região das usinas e os prejuizos para a<br />
biodiversidade.<br />
Philip Fearnside, doutor em Ciências Biológicas e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas<br />
da Amazônia (INPA), é um dos autores da série de relatórios. Para ele, os dados apresentados<br />
no EIA são insuficientes para garantir que o imenso volume de sedimentos do rio Madeira não<br />
vai se acumular a ponto de impedir a passagem de água para as turbinas. Fearnside também<br />
atesta que área de inundação provocada pela usina de Jirau (mais próxima da fronteira com a<br />
Bolívia) será maior do que o previsto: "A área inundada na Bolívia aumentará quando o fluxo de<br />
água for maior do que as condições normais".<br />
Está de acordo o especialista em reservatórios hidrelétricos, Tundisi José, do Instituto Ecológico<br />
Internacional em São Carlos. Em seu relatório, Tundisi considerouos dados do EIA sobre<br />
acumulação de sedimentos nos reservatórios "inconsistentes" e "não confiáveis". Também<br />
contesta a área que serviu de base para os estudos sedimentológicos. Seguindo orientação do<br />
Ibama, os proponentes do projeto apenas analisaram a área presumida por eles como alvo de<br />
alagamento pelas usinas Santo Antonio e Jirau. "Estudos sedimentológicos deve sempre<br />
considerar a bacia hidrográfica como unidade espacial para avaliação do problema em foco",<br />
instrui o especialista.<br />
Michael Goulding, possivelmente o principal estudioso de peixes migratórios amazônicos no<br />
mundo, alertou para o risco de colapso de algumas espécies de peixes, como o dourado e o<br />
babão, de grande importância para a economia e a biodiversidade na região. Seu relatório<br />
indica que usinas podem impedir a migração e consequentemente a reprodução dos peixes, em<br />
alguns casos, podendo levar à extinção de espécies. Isso porque não apenas os peixes adultos<br />
poderiam ser impedidos de migrar, mas também suas larvas podem ficar retidas nas barragens.<br />
A recomendação também é de que os estudos sejam ampliados, neste caso, até o estuário do<br />
rio Amazonas, de onde as espécies migram.<br />
Na hipóteses de essas conclusões prevalecerem ao longo do processo de licenciamento, poderia<br />
significar a comprovação da inviabilidade ambiental do projeto. Entretanto, conforme declarou o<br />
diretor de licenciamento Luiz Felippe Kunz ao jornal Folha de São Paulo, "não há como antever<br />
se a nossa equipe técnica vai considerar esses estudos como documentos de complementação".<br />
Fonte: Amazonia.org.br por Carolina Derivi
PL que proíbe produção de carvão com mata nativa da bacia do São<br />
Francisco tramita na Câmara<br />
13/novembro/2006<br />
Aguarda relator, há um mês, na Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal, o Projeto de<br />
Lei n.º 7478/06, do deputado federal Edson Duarte (PV/BA), que proíbe a produção de carvão<br />
com mata nativa da bacia do Rio São Francisco. A tramitação do PL passará também pelas<br />
Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Constituição e Justiça, e de<br />
Cidadania.<br />
Uma das bases que sustenta o PL, o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), diz que "as empresas<br />
siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou outra matéria prima<br />
florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração racional ou a formar,<br />
diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas destinadas<br />
ao seu suprimento".<br />
Esse artigo, de 1965, do Código Florestal estabeleceu, ainda, o prazo de 5 a 10 anos para as<br />
empresas instaladas na época de aprovação da lei se adequarem a essas determinações. No<br />
entanto, até hoje o abastecimento dos fornos de indústrias de ferro gusa mineiras são<br />
abastecidas com carvão oriundo de mata nativa.<br />
A justificativa do deputado Edson Duarte é embasada em alguns números e dados citados. "No<br />
Cerrado, a situação é especialmente grave, pois as carvoarias se beneficiam do desmatamento<br />
decorrente da expansão da soja. Estudos recentes mostram que esse bioma já perdeu 80% de<br />
sua cobertura original. Na parte mineira do rio São Francisco, mais de 80% da vegetação nativa<br />
foi retirada, o que é extremamente prejudicial para a conservação desse importante manancial<br />
brasileiro, uma vez que o Estado contribui com 70% da água de toda a bacia."<br />
Apesar da necessidade de se interromper a derrubada de vegetação nativa, para manutenção<br />
da biodiversidade e preservação do meio ambiente natural, o assessor técnico do deputado<br />
Edson Duarte, Dioclécio Luz, não tem esperanças de que o PL passe por mais de uma comissão<br />
ainda neste ano. "Mesmo com os méritos do projeto, pontos dele podem ser polêmicos, como a<br />
questão social envolvida na produção de carvão – que conta com trabalho infantil e regimes de<br />
semi-escravidão – que pode travá-lo em alguma comissão. Há possibilidade, ainda, de algum<br />
parecer ser contrário a ele", lamenta.<br />
Para Dioclécio, 2007 deverá ser o ano da discussão do PL. "Como tivemos eleições, muitas<br />
proposições foram retardadas, em um ano atípico", explicou.<br />
A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, lamenta que a iniciativa de proteger<br />
os remanescentes de Cerrado e Mata Atlântica existentes na porção mineira da bacia do rio São<br />
Francisco, tenha partido de representante de outro estado da Federação e não do governo ou da<br />
Assembléia Legislativa de Minas Gerais. "Proibir desmatamento, não somente para produção de<br />
carvão, e oferecer alternativas econômicas para quem depende realmente da atividade, é<br />
medida que deveria ter sido tomada há muito tempo, se a proteção do meio ambiente fosse<br />
prioridade."<br />
Fonte: Assessoria de Imprensa Amda
Geleira africana pode sumir em apenas 30 anos 13/novembro/2006<br />
DA REUTERS<br />
Um conjunto de geleiras nas montanhas Rwenzori, na Africa equatorial, está derretendo por<br />
causa do aquecimento global e pode ameaçar o suprimento de água doce de centenas de<br />
milhares de pessoas. O alerta foi dado por James Magezi-Akiiki, climatologista do ministério do<br />
meio ambiente da Uganda.<br />
Segundo medições do cientista, essas geleiras na fronteira da Uganda com a República<br />
Democrática do Congo já perderam 60% do volume desde 1910 e podem sumir em 30 anos.<br />
Por estarem em área tropical, as Rwenzori (conhecidas também como Montanhas da Lua) são<br />
extremamente vulneráveis ao aquecimento global.<br />
"Os rios que se originam das geleiras Rwenzori vão desaparecer se elas derreterem", diz Magezi-<br />
Akiiki. "E durante as estações secas eles são a única fonte de água [na região]."
Aumento nas emissões de carbono está “fora de controle” 13/novembro/2006<br />
O aumento nas emissões globais de dióxido de carbono provenientes da queima de<br />
combustíveis fósseis foi quatro vezes maior nos últimos cinco anos do que nos dez anos<br />
anteriores. É o que constata um estudo que expõe os principais defeitos nas tentativas de se<br />
conter o aquecimento global.<br />
Dados mostram que as emissões de carbono cresceram 3,2% em todo o mundo de 2000 a<br />
2005, comparado com 0,8% entre 1990 e 1999, apesar dos esforços para se reduzir a poluição<br />
do carbono liderados pelo Protocolo de Kyoto.<br />
A expansão da economia chinesa é apontada como uma das causas desse aumento, pois o país<br />
utiliza pesadamente carvão e outros combustíveis fósseis em sua matriz energética.<br />
Mike Raupach, chefe do Projeto Carbono Global, uma colaboração internacional de<br />
pesquisadores, alertou que as emissões dos principais gases que contribuem para o aumento do<br />
efeito estufa estão totalmente fora de controle.<br />
"É um sinal muito atormentador. Ele indica que os recentes esforços para reduzir as emissões,<br />
virtualmente, não têm nenhum impacto no crescimento das emissões e que atitudes mais<br />
efetivas são urgentes e necessárias", disse Raupach.<br />
Os níveis atuais de dióxido de carbono na atmosfera estão em 380ppm (partes por milhão),<br />
cerca de 100ppm a mais do que no antes da Revolução Industrial – há 200 anos. Alguns<br />
modelos computacionais já prenunciam que as mudanças climáticas serão irreversíveis caso os<br />
níveis ultrapassem 450ppm ou 500ppm.<br />
A velocidade com que as emissões de carbono vêm aumentando nos últimos cinco anos sugere<br />
que daqui a pouco será impossível escapar de um cenário trágico, diz Josep Canadell, diretor<br />
executivo do Projeto Carbono Global. "No atual curso das coisas, teremos dificuldades para<br />
estabilizar as emissões em 450ppm. Mesmo em 550ppm será desafiador", avalia.<br />
Com base na tendência atual, as concentrações de carbono devem chegar a 500ppm neste<br />
século. A última vez que isso aconteceu foi há cerca de 20 ou 40 milhões de anos, quando o<br />
nível do oceano estava 100 metros acima do atual.<br />
Cientistas alertam que as temperaturas ao redor do mundo irão continuar a subir por muitas<br />
décadas depois que as concentrações de carbono estiverem estabilizadas, devido à inércia<br />
ambiental do sistema climático mundial.<br />
“Isso não é o que queremos ver. A preocupação existe porque, pela magnitude das emissões<br />
atuais, será difícil reduzi-las no futuro”, diz Peter Falloon, cientista do Met Office's Hadley<br />
Centre. “Levará 30 ou 40 anos para percebermos mudança nas emissões de carbono. Isso<br />
anuncia o quão importante é tomar ações rápidas e efetivas agora”.<br />
Fonte: CarbonoBrasil por Sabrina Domingos
População ribeirinha de Porto Velho (RO) teme impactos da<br />
construção de hidrelétrica<br />
13/novembro/2006<br />
Representantes da população ribeirinha de Porto Velho (RO) manifestaram neste sábado (11)<br />
inquietação quanto aos impactos provocados na região com a construção do Complexo<br />
Hidrelétrico do Rio Madeira. A audiência é promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente<br />
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).<br />
Para Wesley Ferreira Lopes, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, embora<br />
as audiências públicas abram espaço para os movimentos sociais, “não existe esclarecimento<br />
sobre o que realmente vai acontecer”.<br />
Wesley contesta o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) aprovado pelo Ibama em 11 de<br />
setembro. Ele alega que as usinas vão afetar cerca de 7 mil famílias que vivem na região, além<br />
de questionar outro estudo, elaborado pelo consórcio das empresas Furnas e Odebrecht,<br />
responsável pela construção dos empreendimentos, que aponta que é de 3 mil o número de<br />
famílias afetadas. “Gostaríamos que os estudos fossem refeitos”, disse.<br />
Outras audiências públicas foram realizadas na sexta (10) em Jaci-Paraná. As audiências têm<br />
como objeto mostrar para a população afetada pelas obras, os estudos já realizados na região.<br />
Fonte: Edla Lula/Agência Brasil
Mudança de Clima & Protocolo de Quioto: Brasil na Encruzilhada 13/novembro/2006<br />
No mesmo dia que o Presidente Lula anuncia, em Brasília, proposta para compensar a redução<br />
do desmatamento, o Brasil recebe da rede de ambientalistas, em reunião da ONU, o prêmio<br />
“Fóssil do Dia” conferido aos países que impedem o fortalecimento da Convenção de mudança<br />
de clima e do Protocolo de Quioto.<br />
BRASIL GANHA PRÊMIO FÓSSIL DO DIA NAS NEGOCIAÇÕES SOBRE CLIMA<br />
11 de novembro - O Brasil levou o prêmio "fóssil" de hoje durante a 12ª Conferência das Partes<br />
(CoP-12) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, à qual se vincula o<br />
Protocolo de Kyoto, evento que acontece em Nairobi no Quênia. Esse prêmio é dado<br />
diariamente pela rede internacional de ONGs Climate Action Network (CAN) aos países que<br />
criaram mais obstáculos às negociações do dia anterior. O país ganhou o prêmio “fóssil” por<br />
dificultar a revisão do Artigo 9 do Protocolo de Quioto.<br />
A Rede CAN – Climate Action Network, congrega mais de 350 ONGs ambientalistas em todo o<br />
mundo, e seu elo no Brasil é o Grupo de Trabalho de Mudança de Clima do Fórum Brasileiro de<br />
ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Para o período após<br />
2012, a rede vem dialogando com negociadores governamentais sobre três caminhos distintos e<br />
inter-relacionados para o fortalecimento dos compromissos do Protocolo de Quioto.<br />
No texto da premiação, a rede internacional CAN atribui o prêmio ao Brasil “por sua<br />
argumentação dura e espúria contra o uso do Artigo 9 do Protocolo de Quioto para fortalecer e<br />
ampliar os esforços globais de proteção do clima no período pós-2012. Apesar da urgência da<br />
questão e da inadequação das respostas existentes, o Brasil está insistindo numa interpretação<br />
legalista e estreita do texto do Protocolo, buscando fragmentar as discussões sobre os vários<br />
caminhos de negociação e atrasar qualquer discussão mais séria sobre como as nações<br />
emergentes poderiam contribuir para uma estratégia abrangente de uso do Protocolo de Quioto<br />
e da Convenção Clima”.<br />
Ainda no texto, a CAN afirma que "o Brasil deve se conscientizar que sem um forte processo de<br />
negociação do Artigo 9 do Protocolo de Quioto não haverá chance de modificar a tendência<br />
global das emissões de gases de efeito estufa para uma direção mais compatível com a<br />
prevenção de mudanças climáticas perigosas no clima do Planeta".<br />
Conforme o artigo 9 deve ser iniciada a revisão periódica do Protocolo de Quioto, nesta MoP-2<br />
agora em Nairobi, mas muitos temem que alguns países industrializados usem esse fato para<br />
diluir ainda mais suas obrigações ou até mesmo para impor compromissos para países em<br />
desenvolvimento.<br />
Neste mesmo dia, em Brasília, o Presidente Lula acompanhado pela Ministra Marina Silva,<br />
anunciou a proposta brasileira para que países que reduzirem voluntariamente o desmatamento<br />
possam receber de paises industrializados recursos financeiros para custear tal esforço,<br />
conforme previsto em artigo da convenção. Rubens Born, coordenador do Vitae Civilis, presente<br />
à solenidade no Palácio do Planalto, disse que o Brasil precisa ir além de medidas voluntárias.<br />
Precisa ter uma política nacional de mudança de clima consistente e séria.
A Convenção Clima da ONU foi assinada em 1992 no Rio de Janeiro e busca envolver todas as<br />
nações num esforço global de redução de dióxido de carbono (CO2) e outros gases estufa que<br />
provocam o aquecimento global e que pode levar a mudanças perigosas no clima do Planeta. No<br />
âmbito da Convenção Clima foi assinado em 1997 o Protocolo de Quioto que estabelece metas<br />
de redução dos gases estufa. Como na sua forma atual o Protocolo estabelece metas somente<br />
até o ano 2012, a presente reunião de Nairobi busca estabelecer parâmetros para a<br />
continuidade dos esforços de redução das emissões de gases estufa para o período pós-2012.<br />
A posição atual do Brasil nas negociações – principalmente sua insistência em não aceitar o<br />
diálogo sobre o estabelecimento de compromissos adicionais além de medidas voluntárias –<br />
está longe de ser prestativa, e se o Brasil continuar com a mesma postura, poderá ser um<br />
obstáculo significante no progresso em prol de um acordo mundial mais fortalecido e efetivo. O<br />
Brasil poderia contribuir enormemente com a proteção do clima, retornando ao seu papel de<br />
vanguarda nas negociações, representado durante a década de 90, onde o país funcionou como<br />
um facilitador e construtor de consensos, tanto entre os paises do Grupo dos 77 (G77) e entre o<br />
Norte e o Sul. Atualmente o Brasil se restringe a convocar países desenvolvidos a adotar<br />
severas metas no período posterior a 2012, enquanto se recusa a aceitar qualquer novo<br />
compromisso para si mesmo – como se as regras do “Mandato de Berlin” ainda se aplicassem a<br />
essa rodada de negociações.<br />
O Brasil está, num certo sentido, numa posição privilegiada, já que a maior parte de suas<br />
emissões vem de uma fonte – desmatamento – causada por atividades que são claramente<br />
ilegais, contrárias aos interesses do país e do mundo, e para a qual o país tem uma política<br />
estabelecida de controle e prevenção. Assim, acabar com essa fonte de emissão não resultará<br />
em perdas econômicas para o Brasil, mas, pelo contrário, criará uma série de outros benefícios<br />
ambientais e sociais e permitiria ao Brasil retomar seu lugar de vanguarda na proteção ao<br />
clima. Se concordasse em estabelecer um firme compromisso para isso no âmbito da<br />
Convenção do Clima e/ou do Protocolo de Kyoto, o Brasil reforçaria significativamente o regime<br />
global e ajudaria a criar um novo contexto mundial para reforçar as demandas por maior corte<br />
de emissões de gases nos próprios países industrializados.<br />
Neste contexto, ambos os países do Anexo 1 e os países em desenvolvimento poderiam efetuar<br />
os compromissos necessários para limitar e reduzir as emissões globais antes que seja tarde<br />
demais para evitar catástrofes climáticas e suas conseqüências econômicas e sociais.<br />
Paralelamente aos profundos cortes de emissões de gases nos países industrializados, muitos<br />
países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, precisam avançar além das medidas voluntárias<br />
e assumir compromissos diferenciados que assegurem uma divisão justa, eqüitativa e efetiva<br />
das responsabilidades, limitações e reduções das emissões. “Isso exigirá progressos dramáticos<br />
nas negociações internacionais, e para alcançar isso todos os países precisam trabalhar para a<br />
criação de um círculo virtuoso, no qual avanços tanto de países desenvolvidos quanto em<br />
desenvolvimento apóiem mutuamente cada um e permitam que ambos os lados façam o maior<br />
esforço possível, evitando um impasse que resulte em esforços pífios”, avalia Rubens Born,<br />
coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Mudanças Climáticas do FBOMS.<br />
Mais informações sobre o prêmio Fossil of the Day acesse http://www.climatenetwork.org.br
Fonte: Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
Rede pesquisará fusão nuclear para gerar energia limpa 13/novembro/2006<br />
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) integra a Rede Nacional de Fusão (RNF),<br />
instituída oficialmente por portaria assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio<br />
Rezende. A RNF irá promover o avanço da pesquisa em fusão nuclear no Brasil, desenvolvendo<br />
a capacitação científica e técnica necessária para viabilizar esta tecnologia como fonte de<br />
energia limpa, segura e sustentável. Inicialmente, reúne 70 pesquisadores de 14 instituições<br />
nacionais para desenvolver pesquisas na área.<br />
O ministro assinou a portaria durante cerimônia organizada pela Sociedade Brasileira de Física<br />
(SBF), no último dia 7, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Do INPE<br />
estiveram presentes os pesquisadores Eduardo Abramoff, coordenador substituto do CTE<br />
representando o diretor do INPE, Maria Virginia Alves, chefe do Laboratório Associado de<br />
Plasmas do INPE, Gerson Otto Ludwig, Edson Del Bosco, Maria Célia Ramos de Andrade, Júlio<br />
Guimarães Ferreira e o aluno de pós-graduação Fernando J. R. Simões Jr.<br />
A Rede Nacional de Fusão é um dos elementos do Programa de Energia Nuclear, no âmbito da<br />
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do Governo Federal para promover o<br />
avanço científico-tecnológico da fusão nuclear controlada no país, coordenando as atividades<br />
dos grupos atuantes nesta área.<br />
Tokamak<br />
A fusão nuclear controlada acontece por meio de um tokamak, máquina para confinamento<br />
magnético de plasma. O Brasil possui 3 tokamaks – no INPE, na Unicamp e na USP, porém de<br />
pequeno porte. Para gerar energia suficiente para abastecimento será preciso desenvolver um<br />
reator de capacidade muito maior. E já está em andamento o projeto de um protótipo de reator<br />
capaz de produzir energia por fusão com um fator pelo menos 10 vezes maior do que energia<br />
necessária para produzir e confinar o plasma. O protótipo é uma iniciativa internacional da qual<br />
o Brasil poderá participar.<br />
O projeto do International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), que será construído na<br />
França, está sendo conduzido desde a década de 90 pelos países da União Européia, Estados<br />
Unidos, Japão e Rússia. Recentemente, ganhou a participação da Coréia do Sul, China e Índia.<br />
Há um ano, cientistas europeus estiveram no INPE para conhecer o seu Laboratório Associado<br />
de Plasma, pioneiro no desenvolvimento de um tokamak com geometria toroidal esférica. A<br />
fusão nuclear gera energia abundante sem poluir o meio ambiente, usando como combustível<br />
uma fonte quase inesgotável – isótopos de hidrogênio. Daí a importância da RNF e de uma<br />
possível participação do Brasil no projeto experimental do reator termonuclear.<br />
Estrutura<br />
A Rede Nacional de Fusão será coordenada pela CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear,<br />
e será formada por órgãos e entidades associados, dentre outros, instituições e universidades<br />
brasileiras que desenvolvem pesquisas e projetos na área da fusão nuclear controlada. Já<br />
participam as seguintes instituições e universidades: Laboratório Associado de Plasma do<br />
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas; Instituto
Tecnológico da Aeronáutica do Centro Técnico Aeroespacial; Institutos de Física das<br />
Universidades de São Paulo, Federal Fluminense, Federal do Rio Grande do Sul, Estadual de<br />
Campinas, Federal do Paraná, Federal do Mato Grosso do Sul, Brasília e Federal de Pelotas;<br />
Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá da Universidade Estadual Paulista; Faculdade de<br />
Tecnologia de São Paulo; e Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Além destas, outras<br />
instituições já manifestaram interesse em também participar da Rede.<br />
A Rede Nacional de Fusão lançará anualmente editais de chamada de projetos, sob a supervisão<br />
de um Comitê Técnico-Científico (CTC), coordenado pelo presidente da CNEN e formado por dois<br />
representantes do INPE, dois da USP, e dois outros escolhidos pela comunidade dentre os<br />
membros integrantes da rede.<br />
Fonte: Assessoria de Imprensa Gestão de Comunicação Institucional - INPE por Marjorie Xavier -<br />
Mtb 3584/14/12
Mudanças climáticas colocam questão energética como prioridade,<br />
diz conselheiro da União Européia<br />
14/novembro/2006<br />
As atuais mudanças climáticas no mundo, que têm provocado ondas ou de frio ou de calor<br />
instensos em determinados pontos da Europa em estações diferentes do ano, tornaram a<br />
questão energética uma prioridade naquele continente.<br />
A afirmação é do conselheiro da presidência da UE - União Européia, Antônio José Cabral, que<br />
participa do seminário Brasil-UE: Estratégias e Políticas de Longo Prazo, que ocorreu nesta<br />
segunda-feira (13) e amanhã, em Brasília. A promoção é do NAE - Núcleo de Assuntos<br />
Estratégicos da Presidência da República.<br />
Para Cabral, a agenda energética tem uma grande dimensão na Europa, constituindo uma<br />
preocupação dos dirigentes da comunidade, que congrega 27 países.<br />
A UE, segundo ele, está dando os primeiros passos na construção de uma política energética<br />
mais barata e que possa suprir as necessidades que se avizinham nos próximos anos.<br />
“Esse era um tema impensável há alguns anos. Mas dado as alterações no clima e no quadro<br />
energético mundial [aumento do preço do barril de petróleo], em 2004 e 2005, teremos que<br />
conviver com uma energia cara daqui pra frente. Daí a busca por soluções mais baratas”, frisou<br />
o conselheiro, que não especificou quais seriam as saídas para a “futura crise”.<br />
Cabral ressalta que energia é um produto escasso na Europa, o que requer dos países membros<br />
da UE grandes investimentos em tecnologia e pesquisa para responder aos desafios futuros,<br />
“principalmente aqueles advindos com as alterações climáticas”. “Sem energia não há<br />
desenvolvimento. Logo, essa é uma prioridade para nós”.<br />
Fonte: José Carlos Mattedi/Agência Brasil
Brasil é o oitavo em proteção do clima 14/novembro/2006<br />
Ranking com 56 nações feito por ONG alemã diz que país emite pouco carbono, mas<br />
tem má política de mudança climática<br />
País ficou atrás de 6 nações européias e da Argentina, enquanto EUA e Canadá<br />
figuram nos últimos postos; Itamaraty contesta critérios<br />
ANA FLOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
O Brasil ficou em oitavo lugar em um ranking que analisou os países que mais combateram<br />
mudanças climáticas no último ano, atrás de seis países europeus e da Argentina.<br />
O trabalho, chamado de Índice de Desempenho em Mudanças Climáticas , foi organizado pela<br />
ONG Germanwatch, que analisou as emissões de carbono na atmosfera resultantes da produção<br />
de energia, a tendência de emissões por setor e as políticas domésticas e internacionais na área<br />
de mudança climática. Os resultados foram divulgados ontem em Nairóbi, durante a COP-12<br />
(12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU.<br />
Apesar de ter ficado entre os dez primeiros colocados, o Brasil perdeu uma melhor posição por<br />
não ter mais políticas internas para mitigação das mudanças climáticas ou por não apresentar<br />
uma postura internacional mais "progressista" na área, segundo a ONG.<br />
O ranking classificou a Índia logo atrás do Brasil, em nono. A China foi o 3º pior colocado, por<br />
causa de sua matriz energética baseada em carvão.<br />
Christoph Bals , organizador do estudo, disse que o Brasil vai bem em termos de emissões de<br />
carbono -não entram no cálculo emissões causadas por desmatamento- e em tendências de<br />
emissão por setor da economia. Por esses dois aspectos, o país merecia estar entre os cinco<br />
primeiros da lista.<br />
No entanto, "se fossem analisadas somente as políticas, o Brasil estaria entre os cinco últimos,<br />
ao lado dos EUA e da Arábia Saudita", disse Bals. "O Brasil não é um país que bloqueia as<br />
negociações, mas tampouco pressiona para levá-las adiante", disse Matthias Duwe, diretorexecutivo<br />
para a Europa da Climate Action Network, rede de ONGs que na última sexta-feira<br />
deu ao Brasil o título de "fóssil do dia" em Nairóbi.<br />
Autoridade<br />
A delegação brasileira se recusou a comentar o ranking. Segundo um dos negociadores<br />
brasileiros, a delegação desconhece os especialistas que teriam opinado sobre a política externa<br />
brasileira na área.<br />
O trabalho analisou a situação em 56 países que, individualmente, respondem por 1% ou mais<br />
das emissões globais de carbono. Os dados utilizados são da IEA (Agência International de<br />
Energia, na sigla em inglês). A análise das políticas domésticas foi realizada por especialistas<br />
dos países estudados, enquanto especialistas internacionais fizeram comentários sobre as
posições internacionais de cada país.<br />
Na composição dos dados, as tendências de emissões representaram 50% do peso final, as<br />
emissões lançadas na atmosfera, 30%, e as políticas, 20%.<br />
Apesar de a Suécia ter ficado em primeiro lugar no ranking, os organizadores do estudo<br />
deixaram claro que não há "vencedores". "Se a proteção do ambiente fosse uma prova olímpica,<br />
nenhum país conseguiria uma medalha", disse Duwe, reforçando que os resultados demonstram<br />
que esforços feitos até agora para mitigar o efeito estufa são insuficientes.<br />
A má posição dos países que ficaram pior colocados variou entre grande número de emissões e<br />
boas políticas, como a China, e péssima postura internacional e falta de ação interna, como<br />
EUA, Austrália e Canadá.<br />
Da forma como o índice foi organizado, a mudança nas políticas públicas de um país pode ter<br />
resultado imediato no ranking do ano seguinte. "Se os Estados Unidos, atualmente entre os<br />
cinco piores, fossem tão progressivos quanto o Reino Unido, subiriam pelo menos 30 posições",<br />
afirmou Bals.
Vitória dos democratas no Congresso americano pode mudar<br />
posição dos EUA em relação ao Protocolo de Quioto<br />
Por Juliana Radler*<br />
14/novembro/2006<br />
Após a vitória dos democratas no Congresso americano no último dia 7, novos ventos poderão<br />
soprar para que os Estados Unidos mudem sua posição em relação ao Protocolo de Quioto,<br />
tratado global ratificado por 166 países para diminuir as emissões dos gases do efeito estufa.<br />
O país, que é o maior emissor desses gases poluentes, não ratificou o tratado argumentando<br />
que o mecanismo interfere no desenvolvimento econômico do país. A última pesquisa<br />
relacionada à emissão de gases do efeito estufa realizado pelo órgão da ONU responsável por<br />
mudanças climáticas (UNFCCC), mostra que os EUA aumentaram em 15,8% suas emissões<br />
entre 1990 e 2004.<br />
Porém, em Nairóbi (Quênia), onde acontece essa semana a Conferência das Nações Unidas<br />
sobre Mudanças Climáticas e sobre o Protocolo de Quioto, especialistas no tema se mostraram<br />
mais otimistas. Para o professor e diretor do Programa de Políticas Públicas em Ciência e<br />
Tecnologia da Universidade de Harvard, John Holdren, a vitória democrata abrirá uma nova era<br />
em relação à posição norte-americana sobre o tema.<br />
“Vamos ver uma nova atitude dos Estados Unidos nos próximos anos em relação às mudanças<br />
climáticas. Nós temos um Congresso mais internacional agora e isso me deixa otimista”,<br />
afirmou Holdren, que participou em Nairóbi de um evento especial sobre políticas públicas para<br />
conter a emissão dos três países em desenvolvimento que mais poluem a atmosfera: Brasil,<br />
China e Índia.<br />
A opinião de Holdren é compartilhada pelo coordenador de pesquisas do Instituto de Pesquisa<br />
Ambiental da Amazônia (IPAM), o biólogo Paulo Moutinho. “Acredito que com esse Congresso<br />
mais aberto, haverá mais possibilidades de cooperação norte-americana”, afirmou o<br />
especialista, que defende em Nairóbi a proposta de compensação financeira pela redução do<br />
desmatamento de florestas, como o caso da Amazônia.<br />
* Juliana é correspondente especial da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental, em<br />
Nairobi. A REBIA edita a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente<br />
(http://www.portaldomeioambiente.org.br) - julianaradler@hotmail.com
ONU: é cedo para falar em novo tratado sobre efeito estufa 14/novembro/2006<br />
O secretário-executivo da UNFCC - Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças<br />
Climáticas, Yvo de Boer, disse que é "muito cedo" para iniciar um processo oficial de<br />
negociações sobre um tratado posterior ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.<br />
"Não acho que o mandado formal para as negociações deva ser dado aqui em Nairóbi, é muito<br />
cedo", disse De Boer em entrevista coletiva.<br />
Segundo o secretário-executivo da UNFCCC, a Conferência das Partes realizada no ano passado<br />
em Montreal (Canadá) aprovou duas vias "informais" para começar a discutir o futuro, "e tem<br />
de se dar a estes processos o tempo de que necessitam".<br />
Ratificado por 166 países e em vigor desde 16 de fevereiro de 2005, o Protocolo de Kyoto impõe<br />
às nações industrializadas limites obrigatórios de emissões de dióxido de carbono - causador do<br />
aquecimento global -, com objetivo de reduzi-las globalmente, entre 2008 e 2012, em 5,2% em<br />
relação aos níveis de 1990.<br />
Em Montreal, foi aprovada a criação de um grupo de trabalho "ad hoc" que analise possíveis<br />
novas metas para os países incluídos no Anexo I do protocolo - as nações industrializadas com<br />
objetivos obrigatórios de redução. Esse comitê se reuniu em maio de 2006 e agora, encontra-se<br />
novamente, em Nairóbi.<br />
A segunda via aprovada em Montreal foi um diálogo entre todos os países do mundo sobre<br />
formas de cooperação a longo prazo para lutar contra a mudança climática. A primeira sessão<br />
do grupo de trabalho está prevista para as reuniões de alto nível da conferência, na quarta e na<br />
quinta-feira.<br />
De Boer afirmou que a reunião de Nairóbi está fazendo avanços em "assuntos absolutamente<br />
cruciais para os países em desenvolvimento", e isso pode ajudar a criar a confiança no<br />
processo, para que essas nações se envolvam mais ativamente no futuro.<br />
O secretário-executivo destacou avanços no Fundo de Adaptação, ferramenta de financiamento<br />
para que os países em desenvolvimento se adaptem às conseqüências da mudança climática.<br />
A Conferência entra em sua segunda semana, com a chegada das delegações nacionais de alto<br />
nível e o discurso em plenário do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, previsto para a próxima<br />
quarta-feira (15).<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Empresas brasileiras podem lucrar com venda de créditos de<br />
carbono, diz especialista<br />
14/novembro/2006<br />
O gerente de projetos da Novagerar Ecoenergia, Ricardo Borges, afirmou que o MDL -<br />
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que regula o chamado mercado de carbono no âmbito<br />
do Tratado de Kyoto, é uma possibilidade real de lucro para as empresas brasileiras.<br />
A Novagerar Ecoenergia foi criada pela empresa S.A. Paulista a partir do projeto Novagerar, o<br />
primeiro do mundo a ser registrado pelo Conselho Executivo do MDL, na Alemanha, há dois<br />
anos.<br />
Em 2007, a canalização e queima do biogás resultante da decomposição do lixo orgânico na<br />
Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu (RJ) começará a emitir créditos de carbono<br />
– tecnicamente chamados de RCES - Reduções Certificadas de Emissão.<br />
Segundo Borges, a previsão é que o projeto emita 210 mil toneladas de carbono equivalente no<br />
próximo ano – o que dá um ganho estimado de 1,1 milhão de euros. Isso cobriria o<br />
investimento da S.A. Paulista no projeto, que foi de cerca de US$ 1 milhão.<br />
“Até 2012 (quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto) devemos<br />
evitar o envio de 3 milhões de toneladas de carbono equivalente para a atmosfera”, disse o<br />
gerente. “Esses créditos foram vendidos antecipadamente para a Holanda, por intermédio do<br />
Fundo de Carbono do Banco Mundial. Vamos receber por eles cerca de 13,25 milhões de euros”.<br />
A Novagerar Ecoenergia tem outros oito projetos de MDL em processo de registro. Borges<br />
afirmou que eles estão sendo desenvolvidos com diversas fontes de financiamento: recursos da<br />
própria empresa, parcerais com empreiteiras nacionais e com financiamento do Fundo de<br />
Carbono do Banco Mundial.<br />
“Há projetos em aterros sanitários em Recife e Petrolina (PE) e em São Gonçalo (RJ). Também<br />
pretendemos construir uma pequena central hidrelétrica no Mato Grosso”, acrescentou. “Hoje<br />
há várias empresas entrando no mercado justamente para buscar essa fatia do comércio de<br />
créditos de carbono. É um negócio muito longo, cheio de incertezas e bastante risco, mas é uma<br />
oportunidade concreta”.<br />
O pesquisador Marcelo Rocha - membro do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada<br />
da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz e da Organização não-governamental Instituto<br />
de Pesquisas Ecológicas - discorda.<br />
Na avaliação dele, que é especialista em mercado de carbono, o Mecanismo de<br />
Desenvolvimento Limpo não existe para gerar lucro, apenas serve para reduzir o custo de<br />
projetos de desenvolvimento sustentável.<br />
“A expectativa de ganho econômico em relação aos projetos de carbono estão superestimadas.<br />
É preciso baixá-las e aumentar as expectativas social e ambiental”, ponderou o pesquisador, na<br />
reportagem publicada anteriormente pela Agência Brasil.
Fonte: Thaís Brianezi/Agência Brasil
PERÍODO PÓS-KYOTO DEVE SER MAIS FLEXÍVEL 14/novembro/2006<br />
Delegados da ONU (Organização das Nações Unidas) reunidos em Nairóbi afirmaram que o<br />
período pós-Kyoto, que deve começar em 2012, terá de ter regras mais flexíveis para que o<br />
acordo internacional sobre mudanças climáticas não fracasse. A preocupação deles é fazer com<br />
que países como a China e os Estados Unidos participem dos esforços mundiais para reduzir as<br />
emissões de carbono.
Seminário sobre Créditos de Carbono realizado pela Fundação<br />
MAPFRE reúne mais de 150 profissionais e especialistas na FIESP<br />
por Lenon Hymalaia Luciano Zafalon<br />
14/novembro/2006<br />
O II Seminário de Gestão de Risco e Meio Ambiente contou com a presença do Secretário do<br />
Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldenberg e do diretor do Instituto Totum de<br />
Desenvolvimento Empresarial, Marco Antonio Fujihara e reuniu mais de 150 representantes de<br />
diversas empresas que atuam no País.<br />
Mais de 150 profissionais, especialistas e interessados em questões relacionadas ao Meio<br />
Ambiente se reuniram na última sexta-feira na FIESP (Federação das Indústrias do Estado de<br />
São Paulo) para debater as políticas do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) - Créditos<br />
de Carbono, acordo por meio do qual os países ricos podem comprar em bolsa ou diretamente<br />
das empresas que se dedicam a projetos para a redução de poluentes (Certificado de Redução<br />
de Emissões – CER) as toneladas de carbono retiradas ou não emitidas na atmosfera.<br />
O evento tratou de temas importantes e que pouco têm se falado após a entrada em vigor do<br />
Protocolo de Kyoto (acordo internacional que prevê o corte de emissões de gases causadores do<br />
efeito estufa), como a comercialização dos créditos de carbono e o atual estágio desse mercado<br />
e quais as adequações necessárias que devem ser efetuadas pelos países industrializados para a<br />
preservação do planeta.<br />
Pelas leis do Protocolo de Kyoto, que está vigorando há quase dois anos, as nações<br />
industrializadas devem reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em 5,2% em<br />
relação ao emitido em 1990. Serão quatro anos para a comprovação dos resultados: de 2008 a<br />
2012.<br />
O Seminário contou com a presença do secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,<br />
José Goldenberg e do diretor do Instituto Totum de Desenvolvimento Empresarial, Marco<br />
Antonio Fujihara, que fizeram palestras esclarecendo o aspecto legal, financeiro e social desta<br />
comercialização, e também os desafios da implantação de programas que visam combater o<br />
aquecimento global.<br />
Além do Secretário de Meio Ambiente e do diretor do Instituto Totum estiveram presentes ao<br />
evento o vice-presidente de Relações Institucionais da MAPFRE Seguros, Mauro Batista, o<br />
presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP (Cosema), Walter Lazzarini e o<br />
especialista em questões de meio ambiente e diretor executivo do ITSemap do Brasil (Serviços<br />
Tecnológicos MAPFRE), Ricardo Serpa.<br />
Destinado a executivos de empresas industriais relacionadas às questões de meio ambiente e a<br />
órgãos governamentais, o debate sobre Gestão de Risco integra um conjunto de iniciativas da<br />
Fundação MAPFRE, que busca incentivar um amplo fórum de discussão técnico-empresarial. O<br />
primeiro evento do gênero aconteceu em julho, quando a instituição organizou debates sobre<br />
Licenciamento Ambiental.<br />
Sobre a Fundação MAPFRE
A Fundação MAPFRE tem por objetivo a formação do cidadão e o desenvolvimento setorial. Para<br />
isso, desenvolve diversas atividades na Espanha, Portugal e América Latina, como a concessão<br />
de bolsas de estudos, auxílio à pesquisa, cursos e seminários. A Instituição tem como foco a<br />
prevenção de acidentes, a arte, cultura, formação e difusão da cultura de seguros e a gestão de<br />
risco, saúde e meio ambiente.<br />
Fonte: Assessoria de Imprensa da Fundação MAPFRE
Brasil na lista dos ´10 mais´ do combate à mudança climática 14/novembro/2006<br />
Poucos dias depois de receber o "Fóssil do Dia" como país que mais atrapalha as discussões<br />
sobre o futuro dos acordos mundiais contra a emissão de gases causadores do efeito estufa, o<br />
Brasil recebe um afago das ONGs que acompanham as discussões da ONU sobre o tema, em<br />
Nairóbi, no Quênia, ao ser incluído na lista dos 10 países que mais se esforçam para evitar o<br />
aquecimento global.<br />
Mas "não há ganhadores" na lista, adverte Matthias Duwe, da Rede ação Climática - Europa, um<br />
dos dois grupos responsáveis pelo ranking. "Só há países que aparecem melhor na comparação<br />
com os outros". Das 56 nações ranqueadas, Suécia, Reino Unido e Dinamarca são os países que<br />
melhor se comportam frente ao problema. O Brasil aparece em oitavo lugar na lista, atrás da<br />
Argentina, mas à frente da Suíça e da Índia.<br />
Os EUA ficaram em 53º lugar, à frente apenas de China, Malásia e Arábia Saudita. Os Estados<br />
Unidos são os maiores emissores de gases do efeito estufa, e suas emissões subiram 16% entre<br />
1990 e 2004.<br />
Os cálculos para composição do ranking foram feitos pelo grupo ambientalista Germanwatch, e<br />
levaram em conta níveis de emissão, tendências de emissão e políticas climáticas.<br />
Na Suécia, cerca de 25% da energia consumida, em 2003, vinha de fontes renováveis. Isso é<br />
mais de quatro vezes a média européia, de 6%.<br />
Top 10 - 1. Suécia; 2. Reino Unido; 3. Dinamarca; 4. Malta; 5. Alemanha; 6. Argentina; 7.<br />
Hungria; 8. Brasil; 9. Índia; 10. Suíça.<br />
Últimos 10 - 47. Austrália; 48. Coréia do Sul; 49. Irã; 50. Tailândia; 51. Canadá; 52.<br />
Casaquistão; 53. EUA; 54. China; 55. Malásia; 56. Arábia Saudita.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Aumento nas emissões de carbono está “fora de controle” 14/novembro/2006<br />
O aumento nas emissões globais de dióxido de carbono provenientes da queima de<br />
combustíveis fósseis foi quatro vezes maior nos últimos cinco anos do que nos dez anos<br />
anteriores. É o que constata um estudo que expõe os principais defeitos nas tentativas de se<br />
conter o aquecimento global.<br />
Dados mostram que as emissões de carbono cresceram 3,2% em todo o mundo de 2000 a<br />
2005, comparado com 0,8% entre 1990 e 1999, apesar dos esforços para se reduzir a poluição<br />
do carbono liderados pelo Protocolo de Kyoto.<br />
A expansão da economia chinesa é apontada como uma das causas desse aumento, pois o país<br />
utiliza pesadamente carvão e outros combustíveis fósseis em sua matriz energética.<br />
Mike Raupach, chefe do Projeto Carbono Global, uma colaboração internacional de<br />
pesquisadores, alertou que as emissões dos principais gases que contribuem para o aumento do<br />
efeito estufa estão totalmente fora de controle.<br />
"É um sinal muito atormentador. Ele indica que os recentes esforços para reduzir as emissões,<br />
virtualmente, não têm nenhum impacto no crescimento das emissões e que atitudes mais<br />
efetivas são urgentes e necessárias", disse Raupach.<br />
Os níveis atuais de dióxido de carbono na atmosfera estão em 380ppm (partes por milhão),<br />
cerca de 100ppm a mais do que no antes da Revolução Industrial – há 200 anos. Alguns<br />
modelos computacionais já prenunciam que as mudanças climáticas serão irreversíveis caso os<br />
níveis ultrapassem 450ppm ou 500ppm.<br />
A velocidade com que as emissões de carbono vêm aumentando nos últimos cinco anos sugere<br />
que daqui a pouco será impossível escapar de um cenário trágico, diz Josep Canadell, diretor<br />
executivo do Projeto Carbono Global. "No atual curso das coisas, teremos dificuldades para<br />
estabilizar as emissões em 450ppm. Mesmo em 550ppm será desafiador", avalia.<br />
Com base na tendência atual, as concentrações de carbono devem chegar a 500ppm neste<br />
século. A última vez que isso aconteceu foi há cerca de 20 ou 40 milhões de anos, quando o<br />
nível do oceano estava 100 metros acima do atual.<br />
Cientistas alertam que as temperaturas ao redor do mundo irão continuar a subir por muitas<br />
décadas depois que as concentrações de carbono estiverem estabilizadas, devido à inércia<br />
ambiental do sistema climático mundial.<br />
“Isso não é o que queremos ver. A preocupação existe porque, pela magnitude das emissões<br />
atuais, será difícil reduzi-las no futuro”, diz Peter Falloon, cientista do Met Office's Hadley<br />
Centre. “Levará 30 ou 40 anos para percebermos mudança nas emissões de carbono. Isso<br />
anuncia o quão importante é tomar ações rápidas e efetivas agora”.<br />
Fonte: Sabrina Domingos/CarbonoBrasil
Depois de impasses, conferência de clima entra em fase decisiva 14/novembro/2006<br />
Preocupadas com as desavenças e impasses surgidos na primeira semana da Conferência das<br />
Partes sobre Clima em Nairóbi, no Quênia, ONGs participantes do evento divulgaram um<br />
documento dizendo que "as negociações da semana passada não trouxeram um sentido de<br />
urgência" e que profundas divergências ameaçam bloquear temas essenciais.<br />
A conferência entrou, nesta segunda-feira (13), na fase ministerial - em que os países<br />
participantes têm que começar a fechar e tomar decisões.<br />
Até agora, os debates feitos por técnicos e negociadores enviados pelos governo de mais de 180<br />
países presentes à capital queniana mostraram que os desacordos e impasses são muitos e<br />
ainda não está claro o que ministros que começam a chegar agora vão conseguir assinar este<br />
ano.<br />
"Em muitas destas reuniões internacionais tudo parece muito difícil até que, mais perto do fim,<br />
algumas coisas acabam se fechando. Espero que nesta também seja assim", disse um dos<br />
delegados do governo brasileiro na conferência.<br />
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve chegar a Nairóbi na terça-feira e a expectativa<br />
é que ela apresente, no dia seguinte, a esperada proposta brasileira para compensar países<br />
florestais que consigam evitar o desmatamento em seus territórios.<br />
Mas os maiores impasses e desacordos desta reunião dizem respeito a questões relacionadas ao<br />
Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução na emissão de gases ligados ao efeito<br />
estufa.<br />
Revisão - Um dos pontos controversos em relação ao Protocolo de Kyoto é o estabelecimento de<br />
metas de redução de emissões para o período posterior a 2012, quando se encerram os<br />
compromissos estabelecidos até agora.<br />
Alguns governos e principalmente as ONGs querem que já sejam discutidas agora novas metas<br />
de redução, mas muitos países - inclusive o Brasil - argumentam que ainda não é hora disso.<br />
Oficialmente o governo brasileiro diz que não é o momento de estabelecer novas metas porque<br />
muito pouco foi feito até agora em relação às antigas. Mas existe também o temor de que<br />
mudanças agora acabem trazendo novas obrigações, que atualmente não existem, para países<br />
em desenvolvimento.<br />
O texto atual do Protocolo de Kyoto determina que apenas os países industrializados -<br />
chamados países do "Anexo" - têm que reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.<br />
No entanto, diversos países do "Anexo" estão insatisfeitos com o fato de nações com grande<br />
atividade econômica e consumo de energia - como o Brasil, a China e a Índia - estarem isentas<br />
destas obrigações por serem classificadas de países em desenvolvimento.<br />
Críticas - A oposição do Brasil à revisão das metas de Kyoto fez com que o país recebesse na
sexta-feira da semana passado o prêmio "Fóssil do Dia", concedido diariamente pelas ONGs<br />
presentes em Nairóbi ao país que elas consideram como tendo a atuação mais negativa durante<br />
as discussões.<br />
O diretor de políticas públicas da ONG WWF Brasil, Mauro Armelin, acredita que o Brasil deveria<br />
aceitar, pelo menos, abrir a discussão sobre as metas para depois de 2012.<br />
"Entendemos que haja o temor de que metas sejam determinadas para países em<br />
desenvolvimento, mas acreditamos que o Brasil deveria aceitar pelo menos a discussão sobre o<br />
escopo desta revisão, sobre quais os aspectos do tratado que podem ser revisados", diz<br />
Armelin.<br />
O ambientalista explica que ONGs estrangeiras costumam ver o Brasil como um país em<br />
desenvolvimento mas que costuma defender várias posições favoráveis às nações mais ricas.<br />
"Entre os ambientalistas brasileiros não há tanto esta visão. Acreditamos que o Brasil não<br />
precisaria se prender a tantos formalismos como faz hoje, mas não vemos o país como defensor<br />
de interesses dos outros", diz.<br />
Delegação brasileira - A delegação brasileira para está conferência em Nairóbi é composta de 94<br />
pessoas entre representantes do governo (com a efetiva responsabilidade de negociar em nome<br />
do Brasil) mas também observadores e ambientalistas independentes.<br />
A delegação brasileira é chefiada pelo diplomata Luiz Alberto Figueiredo, chefe do Departamento<br />
de Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores.<br />
Os representantes do Brasil nas discussões internacionais sobre clima costumam ser<br />
classificados como "muito capacitados" pelos ambientalistas aqui em Nairóbi, mesmo que não<br />
concordem necessariamente com todas as posições do governo brasileiro.<br />
Os Estados Unidos estão mais uma vez, neste encontro, sob grande pressão da comunidade<br />
internacional para ratificar o Protocolo de Kyoto, mas não há nenhuma expectativa de que isso<br />
possa acontecer pelo governo de George W. Bush.<br />
O presidente americano já deixou claro que pretende reduzir suas emissões de gases do efeito<br />
estufa de maneira independente, sem estar atrelado a qualquer compromisso internacional.<br />
O ex-vice-presidente americano Al Gore, que hoje é um conhecido ativista internacional na luta<br />
contra o aquecimento global, pode aparecer em Nairóbi esta semana para repetir na conferência<br />
as suas críticas à política ambiental do atual governo americano, mas sua visita ainda não está<br />
confirmada.<br />
China - A China é outro foco de atenção dos ambientalistas e governos reunidos aqui na capital<br />
queniana.<br />
O rápido crescimento econômico do país e a sede por energia da indústria chinesa estão<br />
aumentando rapidamente o volume de gases causadores do efeito estufa emitidos pela China.
A comunidade internacional ainda aguarda explicações do governo chinês sobre como irá<br />
administrar o problema e como será a base energética do país no futuro.<br />
Também estão em pauta os sérios riscos para as pequenas ilhas-Estado do oceano Pacífico, que<br />
estão ameaçadas pelo aumento no nível dos oceanos.<br />
Há projeções de que nos próximos 50 anos vários destes países podem simplesmente<br />
desaparecer embaixo da água.<br />
Fonte: BBC Brasil/Folha Online
ONU estimula construção de cisternas para coleta de água da chuva<br />
no combate<br />
Por Juliana Radler*<br />
14/novembro/2006<br />
Programa brasileiro de "1 milhão de cisternas" foi citado durante conferência das<br />
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Nairóbi (Quênia)<br />
Diante do crescente processo de degradação ambiental e do aquecimento global causado pela<br />
emissão de gases do efeito estufa, o acesso a água torna-se uma questão crucial, sobretudo,<br />
para os habitantes das áreas mais pobres, rurais ou suscetíveis a secas. Uma questão de<br />
sobrevivência que, segundo especialistas, pode ser em muitos casos solucionada com baixos<br />
investimentos.<br />
Durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que ocorre em Nairóbi (Quênia) até<br />
o dia 17 de novembro, a UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o World<br />
Agroforestry Center (Centro Mundial de Agroflorestas) divulgaram estudo sobre os benefícios de<br />
se coletar água da chuva através da construção de cisternas.<br />
Esse sistema vem sendo adotado no Brasil através do projeto "1 milhão de cisternas",<br />
coordenado pela ASA (Articulação do Semi-Árido), cujo objetivo é construir cisternas no semiárido<br />
brasileiro, composto por 1.482 municípios numa área correspondente a 15,7% do<br />
território nacional, englobando 32 milhões de pessoas (cerca de 20% da população brasileira).<br />
Até o momento, a ASA informa que já foram construídas 164 mil cisternas.<br />
O projeto brasileiro foi citado por organizações quenianas envolvidas em projetos similares no<br />
país como um caso de sucesso. O Quênia, por exemplo, possui quantidade de chuva suficiente<br />
para suprir de água uma população 6 a 7 vezes maior do que o seu total de habitantes, de 40<br />
milhões. O mesmo ocorre no país vizinho, a Etiópia, onde 46% da população sofre de fome e<br />
apenas um quinto têm abastecimento de água.<br />
Para Achim Steiner, diretor executivo da UNEP, é importante que organizações, governos e<br />
organismos de financiamento estimulem projetos de captação de água da chuva. "Esses<br />
projetos são capazes de melhorar sensivelmente a qualidade de vida de comunidades. Pessoas<br />
que antes precisavam caminhar quilômetros para conseguir água, passam a ter acesso em sua<br />
própria comunidade. Com isso, sobra tempo para trabalhar, aumentar sua renda e levar as<br />
crianças para a escola", ressalta Steiner.<br />
Agnes Mosoni Loirket, líder comunitária Masai (uma das tribos do Quênia), diz que antes da<br />
cisterna muitas mulheres não podiam trabalhar. "Hoje, podemos usar o tempo que perdíamos<br />
para buscar água fazendo artesanato e melhorando a nossa vida", enfatiza Agnes, que<br />
caminhava diariamente cerca de 10 quilômetros para obter água.<br />
A UNEP indicou também que, atualmente, 14 dos 53 países do continente africano sofrem de<br />
escassez de água e que esse número de países afetados pode dobrar até 2025. "A crise de água<br />
na África é mais um problema de falta de investimentos do que um problema crônico de<br />
escassez, como muitas pessoas acreditam", aponta o estudo da UNEP.
Links relacionados com o tema:<br />
ASA - http://www.asabrasil.org.br/<br />
UNEP – http://www.unep.org<br />
World Agroforestry Centre – http://www.worldagroforestry.org<br />
* Juliana é correspondente especial da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental, em<br />
Nairobi. A REBIA edita a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente<br />
(http://www.portaldomeioambiente.org.br) - julianaradler@hotmail.com
Relatório reforçará ligação entre clima e atividade humana 14/novembro/2006<br />
O próximo relatório sobre aquecimento global, elaborado por uma rede científica internacional,<br />
trará evidências ainda mais fortes de que a humanidade está mudando o clima da Terra, e<br />
deverá incentivar governos arredios a agir, afirmou o chefe do grupo de pesquisadores.<br />
O trabalho, uma avaliação dividida em vários volumes e patrocinada pela ONU - tratando do<br />
derretimento das calotas polares, da elevação do nível do mar, com novos dados sobre como o<br />
mundo vem se aquecendo - "poderá dar o impulso adequado para pôr as negociações em<br />
andamento de forma mais objetiva", disse o cientista Rajendra K. Pachauri, durante a<br />
conferência das Nações Unidas sobre o clima.<br />
O climatologista indiano é o presidente do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança<br />
Climática, uma rede de cerca de 2.000 cientistas que avalia, periodicamente, o estado das<br />
pesquisas sobre os efeitos da atividade humana no clima.<br />
Na terceira avaliação, divulgada em 2001, o comitê concluiu que a maior parte do aquecimento<br />
global - a temperatura mundial média subiu 0,6ºC no último século - foi, provavelmente,<br />
resultado de gases produzidos pela atividade humana.<br />
A quarta avaliação, que deverá começar a ser divulgada em fevereiro, contém "evidências muito<br />
mais fortes da ação humana na mudança do clima", disse Pachauri.<br />
O Protocolo de Kyoto, de 1997, exige que 35 nações industrializadas reduzam suas emissões de<br />
gases do efeito estufa a um nível 5% inferior ao de 1990, até 2012. EUA e Austrália são as duas<br />
únicas grandes economias industrializadas a rejeitar o acordo.<br />
Na conferência atualmente em curso em Nairóbi, os signatários de Kyoto discutem que tipo de<br />
programa deverá se seguir ao fim do tratado, em 2012.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Ibama promete retomar audiências sobre hidrelétrica em Rondônia 14/novembro/2006<br />
O Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis pretende<br />
retomar em 15 dias as audiências públicas sobre o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em<br />
Rondônia. O objetivo é avaliar se a construção da hidrelétrica é viável do ponto de vista sócioambiental.<br />
As audiências nos distritos de Abunã e Mutumparaná, que deveriam ter sido realizadas nos dias<br />
8 e 9 de novembro, serão remarcadas até esta terça-feira (14), segundo o instituto.<br />
As audiências em Abunã, Mutumparaná, Jaciparaná e Porto Velho foram suspensas a pedido de<br />
movimentos sociais locais, que alegaram problemas no estudo de impacto ambiental e na data<br />
– o Ibama as teria convocado antes do prazo definido pelo Conama - Conselho Nacional do Meio<br />
Ambiente.<br />
Mas no último dia 9 o TRF-DF - Tribunal Regional Federal da 1ª Região derrubou a liminar<br />
concedida pelo Ministério Público de Rondônia. Assim, foram realizadas as audiências nos<br />
distritos de Jaciparaná e Porto Velho, que reuniram quase 2 mil pessoas.<br />
“A partir daí (das novas audiências), o Ibama verifica se já existem informações suficientes para<br />
dizer se a construção da hidrelétrica é viável do ponto de vista ambiental. Caso não haja,<br />
haverá necessidade de outras complementações”, disse o diretor de Licenciamento e Qualidade<br />
Ambiental do Ibama, Luiz Felippe Kunz, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia.<br />
No entanto, o representante do Foren - Fórum de Debates sobre a Energia de Rondônia, Artur<br />
Moret, diz que o Ibama já negou a realização de audiências na região da cachoeira de Teotônio,<br />
região que deve ser mais atingida, e em uma reserva indígena. “Caso a situação não esteja<br />
clara para a população, a legislação ambiental permite a realização de mais audiências. Mas o<br />
Ibama não está aceitando a determinação”.<br />
Para o representante do MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, Wesley Ferreira Lopes,<br />
as duas audiências já realizadas não apresentaram soluções concretas para os problemas de<br />
impacto ambiental e social na região. “Na prática, não tem nada seguro para a população,<br />
apenas promessas”.<br />
Fonte: Monique Maia/Agência Brasil
Austrália militará em Nairóbi por um "novo Kyoto" 14/novembro/2006<br />
A Austrália, país que não assinou o Protocolo de Kyoto - destinado a reduzir as emissões de<br />
gases de efeito estufa -, informou nesta segunda-feira (13) que fará campanha em favor de um<br />
"novo Kyoto" na 12ª Conferência Internacional sobre o Clima, em Nairóbi, no Quênia.<br />
"Até aqueles que assinaram Kyoto sabem que ele (o protocolo) não funciona e que<br />
necessitamos de um acordo melhor", declarou Ian Campbell, ministro de Meio Ambiente, à rádio<br />
ABC.<br />
Campbell representará a Austrália na conferência sobre o clima - que reunirá 80 ministros a<br />
partir desta quarta-feira (15), em Nairóbi. A delegação australiana participará como<br />
observadora.<br />
Fonte: Folha Online
Brasil apresenta proposta de incentivos positivos para redução de<br />
desmatamento<br />
15/novembro/2006<br />
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresenta nesta quarta-feira (15), durante a COP12 -<br />
12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima em Nairóbi, no Quênia, a<br />
proposta brasileira de criação de um mecanismo de incentivos positivos para países em<br />
desenvolvimento que efetivamente reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa por meio<br />
do combate ao desmatamento. O evento reúne mais de 180 nações.<br />
Conforme a proposta, os países em desenvolvimento poderão receber recursos internacionais<br />
para aprimorar as ações de combate ao desmatamento. Os incentivos deverão incluir a provisão<br />
de recursos financeiros e a transferência de tecnologia, além de meios para capacitação e<br />
aperfeiçoamento das potencialidades desses países.<br />
A proposta sugere que a redução das emissões seja contabilizada a partir de uma taxa média de<br />
desmatamento de referência, num período de tempo a ser determinado e num conteúdo<br />
definido de toneladas de carbono por bioma ou por tipo de vegetação. A taxa média de<br />
desmatamento e as emissões decorrentes do desmatamento deverão ser baseadas num sistema<br />
de monitoramento do desmatamento, semelhante ao Sistema de Deter - Detecção de<br />
Desmatamento em Tempo Real, adotado pelo Brasil e baseado em imagens de satélite. As<br />
imagens do Deter orientam as ações do Ibama na Amazônia. Esse sistema, considerado<br />
transparente e cientificamente validado, já foi transferido pelo Brasil, sem ônus, a outros países<br />
que possuem florestas tropicais.<br />
Os esforços dos países em desenvolvimento para reduzir emissões serão voluntários. Os países<br />
do Anexo I, ou seja, países desenvolvidos que têm compromissos no âmbito da Convenção<br />
sobre Mudanças Climáticas, também, voluntariamente, serão responsáveis por investir recursos<br />
no mecanismo. A adesão, no entanto, não significará créditos a serem contabilizados nas metas<br />
mandatórias de redução de emissões desses países.<br />
O valor dos recursos aportados pelos países desenvolvidos será distribuído proporcionalmente à<br />
redução de emissões conquistada pelos países em desenvolvimento. A diferença registrada com<br />
a queda nas emissões desses países será convertida em incentivo financeiro a receber. Caso as<br />
emissões do desmatamento aumentem, a diferença será convertida em valor a descontar de<br />
futuros incentivos financeiros.<br />
A proposta brasileira, de criação de um mecanismo de incentivos positivos para países em<br />
desenvolvimento que efetivamente reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa por meio<br />
do combate ao desmatamento, foi discutida na última sexta-feira (10), na reunião do Fórum<br />
Brasileiro de Mudanças Climáticas, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da<br />
Silva.<br />
Para o Brasil, o foco principal das ações na área de mudanças climáticas é a alteração da matriz<br />
energética dos países desenvolvidos, já que cerca de 80% das emissões dos gases de efeito<br />
estufa são provenientes do uso de combustíveis fósseis. Ao contrário desses países, o Brasil tem<br />
uma matriz energética limpa. Dados de 2005 do Ministério de Minas e Energia revelam que a<br />
biomassa é fonte de 29% da energia do país e 15% ficam a cargo das hidrelétricas. No mesmo<br />
período, a matriz energética mundial contava com 11% de biomassa e 2% de hidrelétricas.<br />
Apesar disso, o país não tem poupado esforços para reduzir suas emissões de gases de efeito
estufa decorrentes do desmatamento.<br />
Números do desmatamento - A estimativa do Prodes - Projeto Monitoramento do<br />
Desmatamento na Amazônia Legal de queda de 30% na taxa de desmatamento no período<br />
2005-2006 credencia o Brasil a apresentar a proposta. Em outubro, o Inpe - Instituto Nacional<br />
de Pesquisas Espaciais divulgou os dados preliminares do Prodes que indicam que a área<br />
desmatada no último ano não deverá ultrapassar os 13.100Km2. Em 2004-2005, a taxa reduziu<br />
31% e a área desmatada ficou em 18.790 km2. A taxa acumulada nesses dois anos<br />
representará uma queda de 52% no desmatamento da região. Os dados consolidados,<br />
referentes ao último período, serão divulgados em março de 2007.<br />
Esse é o resultado do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia,<br />
desenvolvido por 13 ministérios, sob a coordenação da Casa Civil. Lançado em março de 2004,<br />
o plano permitiu a execução de inúmeras ações em diferentes áreas do governo. O esforço<br />
resultou na apreensão de 814 mil m3 de madeira em tora, de 471 tratores, 171 caminhões e<br />
643 motosserras usados nos desmatamentos. Foram emitidas multas no valor de R$ 2,8<br />
bilhões. A Polícia Federal e o Ibama realizaram 11 grandes operações na Amazônia, que<br />
resultaram na prisão de 379 pessoas.<br />
Ainda foram criados 19 milhões de hectares em Unidades de Conservação nas áreas de conflito<br />
e frentes de expansão da fronteira agrícola da região. Também foram homologados 93 mil Km2<br />
de terras indígenas e os projetos de assentamentos sustentáveis alcançaram uma área<br />
equivalente a 3,76 mil Km2. Foram inibidos, ainda, 66 mil cadastros de imóveis rurais e<br />
determinada a ALAP - Limitação Administrativa Provisória em 80 mil km2 na região de influência<br />
direta da BR 163 e em 150 mil km2 na BR 319.<br />
Os instrumentos de fomento foram alterados para apoiar o uso sustentável dos recursos<br />
naturais na região. Os fundos constitucionais passaram a ter novas diretrizes e critérios para<br />
estimular esse tipo de atividade e foram intensificados os programas de capacitação de mão-deobra,<br />
com ênfase no manejo florestal sustentável e no extrativismo. O 1º Distrito Florestal<br />
Sustentável, criado na região da BR 163, poderá criar 100 mil empregos e a Lei de Gestão de<br />
Florestas Públicas, aprovada no início deste ano no Congresso Nacional, com o apoio de todos<br />
os partidos, foi sancionada criando o Serviço Florestal Brasileiro.<br />
Fonte: Marluza Mattos/MMA
Brasil tenta pôr floresta na conta do clima 15/novembro/2006<br />
Proposta brasileira, a ser apresentada hoje, disputa a atenção dos países ricos com<br />
iniciativa de Papua<br />
ANA FLOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
Duas propostas para compensar países que reduzem desflorestamento, diminuindo emissões de<br />
gases causadores do efeito estufa, disputam espaço e dividem opiniões na COP-12 (12ª<br />
Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU, em Nairóbi. Uma delas, a iniciativa<br />
brasileira, será apresentada oficialmente hoje pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) a<br />
delegados de mais de 180 países.<br />
A segunda é de um grupo de países que formam a Coalizão de Nações com Florestas Tropicais<br />
(Coalition for Rainforest Nations, em inglês), liderados por Papua-Nova Guiné.<br />
Apesar de terem objetivos semelhantes, a forma de ação das duas propostas é radicalmente<br />
diferente. Tão diferente que o impasse pode atrasar uma decisão eficaz por parte dos países<br />
que participam da convenção.<br />
O Brasil defende um mecanismo voluntário, no qual os países desenvolvidos fariam doações<br />
para uma espécie de fundo que premie financeiramente nações em desenvolvimento que<br />
diminuíssem seu desflorestamento abaixo de uma média preestabelecida. O mecanismo não<br />
estaria atrelado às metas que estes países ricos precisam cumprir de acordo com o Protocolo de<br />
Kyoto.<br />
Para ONGs e até mesmo delegados de alguns governos, a proposta brasileira é "irreal", porque<br />
está baseada em uma doação voluntária, que não daria ganho algum aos doadores.<br />
"O problema, sem dúvida, está nas doações voluntárias. Eu passei minha vida inteira atrás<br />
delas e sei que a realidade é muito difícil", disse Steve Sawyer, do Greenpeace.<br />
Sawyer também criticou aspectos fundamentais da proposta liderada por Papua-Nova Guiné, em<br />
que investimentos feitos para evitar desflorestamento seriam traduzidos em créditos de carbono<br />
que poderiam ser negociados pelas nações ricas e abatidos da suas metas de redução.<br />
A conexão entre florestas e mudanças climáticas está na quantidade de gases-estufa lançados<br />
na atmosfera pelo desmate. Apesar de não haver consenso sobre a cifra exata, especialistas<br />
acreditam que as derrubadas nos trópicos respondam por 9% a 20% das emissões globais.<br />
Pavimentando o inferno<br />
O representante de Papua-Nova Guiné, Kevin Conrad, disse ontem que o grupo não apresentou<br />
uma proposta formal ainda. Diplomático, Conrad disse que as conversas com o Brasil têm sido<br />
"intensas" e que as duas propostas não são excludentes.<br />
Mesmo assim, disse não acreditar na premissa da contribuição voluntária. "O mercado é o único<br />
caminho para lidar com desflorestamento. Não acreditamos que existirão doações suficientes".
Em conversas informais, representantes da União Européia disseram desconhecer detalhes da<br />
proposta brasileira, mas elogiaram a procura por uma solução das emissões de<br />
desflorestamento até a próxima convenção, em um ano.<br />
Já um delegado do Canadá foi direto ao afirmar que o mecanismo de contribuições "sem<br />
retorno" para os países ricos é como um dos diversos "esforços benevolentes" que não<br />
costumam ter sucesso porque os países têm recursos escassos.<br />
Em defesa da iniciativa brasileira, o Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do<br />
Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, afirmou que a proposta demonstra o interesse dos<br />
países ricos em diminuir emissões globais. "O que nós não acreditamos é que a convenção<br />
tenha se tornado um balcão de negócios."
Desastres naturais podem custar US$1tri em um único ano até 2040 15/novembro/2006<br />
Os prejuízos causados por condições extremas do tempo podem ultrapassar a cifra de 1 trilhão<br />
de dólares em um único ano até 2040, advertiu na terça-feira (14) uma parceria entre o<br />
Programa de Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas e instituições financeiras<br />
privadas (Unep FI).<br />
Na conferência da ONU sobre o clima, que está sendo realizada no Quênia, o grupo afirmou que<br />
o custo estimado de estiagens, tempestades, furacões e enchentes atingiu o montante recorde<br />
de 210 bilhões de dólares em 2005, e que a perspectiva é que os prejuízos desse tipo, ligados<br />
ao aquecimento global, dobrem a cada 12 anos.<br />
"Esta é uma declaração inequívoca por parte de 15 das maiores instituições financeiras do<br />
mundo: as alterações climáticas são algo certo", disse Paul Clements-Hunt, da Unep FI, numa<br />
entrevista coletiva.<br />
"Em um cenário, as perdas potenciais causadas por desastres são calculadas em mais de 1<br />
trilhão de dólares num único ano até 2040... Esse é um entre muitos cenários, mas o processo<br />
foi sólido e as instituições acreditam que se trata de um cenário realista".<br />
O relatório foi elaborado pela Andlug Consulting para o Grupo de Trabalho sobre Alterações<br />
Climáticas da Unep FI, cujos membros incluem o Dresdner Bank, o Bank of America, o Swiss<br />
Re, o UBS e o HSBC.<br />
Segundo o estudo da Andlug, a cifra de 1 trilhão de dólares pode ser atingida bem antes de<br />
2040, num ano de "pico" de desastres.<br />
O Munich Re, que também faz parte do grupo e que acompanha desastres naturais há mais de<br />
50 anos, disse que os prejuízos de 2006 --cerca de 30 bilhões de dólares, por enquanto-- não<br />
vão chegar perto dos níveis recordes do ano anterior.<br />
"Mas o mundo industrializado ainda saiu meio que de olho roxo", disse Thomas Loster,<br />
presidente da Fundação Munich Re.<br />
O tufão Kaemi atingiu a China em julho e causou prejuízos de cerca de 9 bilhões de dólares,<br />
afirmou Loster, e o tufão Shanshan custou cerca de 2,5 bilhões de dólares ao Japão, quando<br />
passou por lá, em setembro.<br />
O chefe da Unep, Achim Steiner, disse que os orçamentos de assistência não conseguirão suprir<br />
as necessidades geradas pelo aumento dos desastres naturais, e que os governos precisam<br />
estudar parcerias entre esferas públicas e privadas para fazer seguros contra eventos climáticos<br />
extremos.<br />
Se o cenário de mais de 1 trilhão de dólares em prejuízos parecer exagerado, disse ele, as<br />
pessoas deveriam se lembrar do furacão Katrina, que causou perdas de mais de 120 bilhões de<br />
dólares em agosto de 2005.
"E aquilo foi apenas um evento de 12 horas em um local do planeta", disse Steiner a repórteres.<br />
Fonte: Reuters/Yahoo
Hollywood é uma importante fonte de poluição, diz estudo 15/novembro/2006<br />
Explosões de efeitos especiais, carros ligados esperando, equipes de operários erguendo<br />
cenários suntuosos - tudo isso contribui para o recém-descoberto papel de Hollywood como uma<br />
fonte de poluição do ar, diz um novo estudo. A indústria do filme e da televisão, e suas<br />
atividades associadas, fazem a segunda maior contribuição para a poluição do ar na região de<br />
Los Angeles (EUA), atrás apenas das refinarias de petróleo.<br />
"As pessoas fala da ´indústria do cinema´, mas não pensamos dele como uma indústria", diz<br />
Mary Nichols, do Instituto Ambiental da Universidade da Califórnia em Los Angeles, que<br />
divulgou o relatório. "Pensamos no lado criativo, no filme, nas pessoas nos atores - não<br />
pensamos no que custa produzir o produto".<br />
Os pesquisadores consideraram as emissões de poluentes geradas direta e indiretamente pela<br />
indústria do entretenimento audiovisual. Por exemplo, entraram na conta tanto o gerador a<br />
diesel que ilumina um palco quanto as emissões da usina de eletricidade que alimenta o prédio<br />
do estúdio.<br />
Os pesquisadores notaram, porém, alguns exemplos positivos: os produtores do filme O Dia<br />
Depois de Amanhã pagaram US$ 200.000 para o plantio de árvores, a fim de compensar as<br />
emissões de CO2 das máquinas usadas no filme; e 97% do material usado em Matrix Reloaded<br />
acabou reciclado.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Custos limitam acesso a créditos de carbono 15/novembro/2006<br />
O custo de US$ 150 mil a US$ 200 mil por projeto é um dos principais entraves à entrada de<br />
empresas de todos os portes no mercado de créditos de carbono, informou o diretor de Meio<br />
Ambiente da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional, Luiz Cláudio Ferreira de Castro. A CSN,<br />
que está formatando seu primeiro projeto, ilustra bem a pesquisa feita, no primeiro trimestre,<br />
pela PricewaterhouseCoopers junto a 163 empresas e instituições de dez setores: 79% dos<br />
entrevistados realizaram ou pretendem realizar projetos, mas esbarram na falta de informações<br />
e de conhecimento técnico e nos custos.<br />
Nesse mercado, empresas que se esforçam para não poluir podem vender créditos para países<br />
com maior emissão de gases que provocam o efeito-estufa.<br />
"Se a CSN, que é uma grande empresa, ainda está analisando seu primeiro projeto, imagine as<br />
de pequeno e médio portes", afirmou o sócio da PricewaterhouseCoopers responsável pela área<br />
de Sustentabilidade, Rogério Gollo.<br />
A maior parte (70%) do universo da pesquisa, feita em conjunto com o Ministério do<br />
Desenvolvimento, engloba empresas com faturamento superior a R$ 200 milhões.<br />
"O mecanismo é complicado. Exige, por exemplo, que o projeto seja aprovado por um comitê do<br />
governo e submetido a um board (conselho) na Alemanha", disse Castro.<br />
Além dos custos, as empresas reclamam da falta de informações sobre o Mecanismo de<br />
Desenvolvimento Limpo (MDL), que garante os créditos de carbono.<br />
"Algumas empresas perderam milhões por não terem aproveitado o prazo, até dezembro de<br />
2005, para enquadrar projetos implementados anteriormente e que lhes dariam direito a<br />
créditos retroativos", exemplificou Gollo.<br />
A PricewaterhouseCoopers defende a criação de linhas de crédito específicas para financiar<br />
projetos, de forma a reduzir seus custos iniciais. O levantamento revela, porém, que o<br />
envolvimento das instituições financeiras com o mercado de carbono ainda é incipiente. Entre as<br />
instituições financeiras consultadas, apenas 19% receberam alguma solicitação de<br />
financiamento para os custos.<br />
Fonte: O Globo/Clima.org
França quer taxar produtos de país que agrava efeito estufa 15/novembro/2006<br />
DO "FINANCIAL TIMES"<br />
A França quer que a União Européia crie um imposto sobre produtos importados de países que<br />
não assinam os acordos internacionais para cortar as emissões de gases causadores do efeito<br />
estufa.<br />
A proposta, anunciada anteontem pelo primeiro-ministro Dominique de Villepin, pode prejudicar<br />
exportadores dos Estados Unidos, que não ratificaram o Protocolo de Kyoto. "Queremos reforçar<br />
o princípio do poluidor pagador", disse, ao anunciar um pacote ambiental que taxa o carvão no<br />
país e abre caminho para criar pedágios urbanos.<br />
"A próxima rodada de protecionismo da Europa deve se basear em argumentos espúrios como a<br />
milhagem da comida", disse Helen Clark, primeira-ministra da Nova Zelândia. Ela reclama das<br />
propostas de impostos sobre produtos que requerem muita queima de combustível para serem<br />
transportados até seus mercados.
Aquecimento global pode extinguir até 72% das aves, diz WWF 15/novembro/2006<br />
Mudanças climáticas descontroladas podem levar à extinção até 72 por cento das espécies de<br />
aves do mundo, mas o mundo ainda tem a chance de limitar essas perdas, disse o grupo<br />
ambientalista WWF em um relatório divulgado na terça-feira (14).<br />
Desde as aves migratórias e insetívoras aos saís de regiões tropicais e pinguins de águas frias,<br />
as aves são muito sensíveis a mudanças nas condições climáticas e muitas já estão sendo<br />
duramente afetadas pelo aquecimento global, disse o novo estudo.<br />
"As aves (...) já estão respondendo aos níveis atuais de mudança climática", afirmou o<br />
documento, lançado durante a conferência sobre o clima realizado pela ONU - Organização das<br />
Nações Unidas no Quênia.<br />
"As aves são um indício de que o aquecimento global colocou em movimento uma cadeia<br />
poderosa de efeitos nos ecossistemas do mundo todo", disse o WWF.<br />
"Provas contundentes mostram que as mudanças climáticas estão afetando o comportamento<br />
das aves - algumas aves migratórias até deixaram de migrar."<br />
No futuro, afirmou o relatório, o aquecimento descontrolado poderia ameaçar um grande<br />
número de espécies. As estimativas sobre as taxas de extinção falam em até 72 por cento,<br />
"dependendo da região, do cenário climático e da capacidade das aves de mudarem para novos<br />
habitat".<br />
Segundo o documento, "cenários mais extremos" de extinção poderiam ser evitados se metas<br />
rígidas de proteção ao clima forem adotadas e se a emissão de gases do efeito estufa forem<br />
reduzidos para provocar aumentos no aquecimento da Terra de menos de 2 graus Celsius acima<br />
dos níveis pré-industriais.<br />
Já em queda na Europa e nos EUA, muitas populações de aves migratórias deixaram de<br />
encontrar suas fontes de alimento, que passaram a aparecer cada vez mais cedo devido à<br />
elevação das temperaturas, um fenômeno atribuído por cientistas às emissões de gases<br />
produzidos na queima de combustíveis fósseis.<br />
Na baía de Hudson, no Canadá, os mosquitos estão nascendo e chegando a seus números de<br />
pico na primavera, mas as aves migratórias que se reproduzem ali não ajustaram seu<br />
comportamento a esse fenômeno.<br />
Na Holanda, segundo o relatório, um evento semelhante levou a uma queda de até 90 por cento<br />
de algumas populações de papa-moscas-preto, nas últimas duas décadas.<br />
"Sem lugar para ir" - A elevação da temperatura conforme se prevê pode fazer com que as<br />
áreas pantanosas do Mediterrâneo europeu - um habitat crítico para as aves migratórias -<br />
sejam destruídas totalmente até a década de 1980 deste século, afirmou o documento.<br />
O aquecimento também teria um impacto desastroso sobre as espécies residentes, já que o
habitat delas mudaria.<br />
"Muitos centros ricos em espécies de aves estão localizados atualmente em áreas protegidas,<br />
das quais as aves podem ser obrigadas a sair devido às mudanças climáticas, passando a<br />
ocupar áreas desprotegidas", afirmou o relatório.<br />
"Aves de ilha e de montanha podem simplesmente não ter um lugar para onde ir."<br />
Nos EUA, o aquecimento desenfreado diminuiu em cerca de um terço o número de aves no leste<br />
do Meio-Oeste e na região dos Grandes Lagos, enquanto quase três quartos das aves de floresta<br />
tropical do nordeste da Austrália estão sob o risco de serem dizimados.<br />
"Na Europa, a águia-imperial-ibérica, encontrada atualmente em reservas e parques naturais,<br />
deve perder toda a sua área", disse o documento do WWF.<br />
Também correm grandes riscos oito espécies de saís havaianos, os pinguins das ilhas Galápagos<br />
e o tetraz da Escócia - o maior do mundo -, aves que, segundo o WWF, poderiam perder 99 por<br />
cento de seu habitat devido ao aquecimento global.<br />
Fonte: Reuters/Yahoo
Aquecimento global aumenta disseminação de doenças 15/novembro/2006<br />
O aquecimento global constatado até agora parece estar deixando a população mundial mais<br />
doente, informam especialistas internacionais em saúde. "O clima afeta algumas das mais<br />
importantes doenças do mundo", afirma Diarmid Campbell-Lendrum, da OMS - Organização<br />
Mundial da Saúde. "Os impactos podem já ser significativos".<br />
Outros especialistas, num painel da conferência anual das nações Unidas sobre mudança<br />
climática, a COP12, que se realiza em Nairóbi, citaram o recrudescimento recente de doenças<br />
como malária e dengue em países como o Quênia, a China e, até, na Europa.<br />
"A mudança climática poderá esmagar os serviços de saúde pública", disse Kristie L. Ebi,<br />
consultora da OMS.<br />
Os especialistas apresentaram suas descobertas mais recentes nos dias finais da conferência,<br />
que se encerra no dia 18, e que agora se dedica às questões técnicas relativas à efetivação do<br />
Protocolo de Kyoto, além de buscar os rumos para depois de 2012, quando o acordo, firmado no<br />
Japão em 1997, expira.<br />
Além de confundir as zonas climáticas do mundo, uma elevação continuada da temperatura da<br />
Terra - fenômeno provocado, ao menos em parte, pela atividade industrial humana - "ampliará<br />
as ameaças à saúde, particularmente nas populações de baixa renda, predominantemente nos<br />
países tropicais e subtropicais", afirma uma rede de cientistas especializados em clima, mantida<br />
pela ONU.<br />
Esses problemas emergem em partes do mundo que contribuem pouco para o aquecimento<br />
global, destaca Campbell-Lendrum. "É uma questão global e uma questão de justiça global",<br />
afirmou o cientista.<br />
No Quênia, onde as temperaturas têm subido junto com a média global, epidemias de malária<br />
começam a ocorrer em áreas de terreno elevado, onde o clima mais frio vinha, historicamente,<br />
mantendo a população do mosquito transmissor da moléstia sob controle, disse Solomon M.<br />
Nzioka, consultor do Ministério da Saúde queniano.<br />
Pesquisas mostram que mesmo uma elevação aparentemente insignificante da temperatura<br />
pode decuplicar a população do mosquito, afirma ele.<br />
A médica Bettina Menne, da OMS, afirma que já há casos de malária registrados na Rússia.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Brasil perde espaço para China e Índia na venda de créditos de<br />
carbono<br />
15/novembro/2006<br />
Lançado em setembro de 2005, o MBRE - Mercado Brasileiro de Redução de Emissões,<br />
considerado um passo fundamental para a organização do mercado de carbono no Brasil, já é<br />
reconhecido por 37% das 163 empresas brasileiras consultadas para um estudo da<br />
PricewaterhouseCoopers, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />
Comércio Exterior, sobre a implantação de projetos de MDL - Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo. O estudo aponta, no entanto, que 79% das empresas pesquisadas ainda não<br />
transformaram em ação o conhecimento que já têm sobre as vantagens da adoção de projetos<br />
de MDL.<br />
O sócio da Price, Rogério Gollo, acredita, porém, que já em 2007 pelo menos 90% dessas<br />
empresas deverão estar com projetos em análise. “Toda vez que há um projeto novo ou<br />
expansão de um projeto, o MDL tem de ser examinado porque envolve eficiência energética”.<br />
Gollo disse que o Brasil poderá se beneficiar em muito do mercado global de carbono, vendendo<br />
os créditos que possui para países poluidores como o Japão, por exemplo, que têm<br />
compromisso de reduzir as emissões de gases causadores do chamado efeito estufa já em<br />
2008.<br />
Entre os países emergentes, a China já tomou a liderança nesse processo, acompanhada pela<br />
Índia, deixando o Brasil para trás, alertou o executivo. “Pela quantidade de projetos e pelo<br />
nosso potencial, nós poderíamos estar bem mais à frente”, avalia Gollo. “As empresas ainda não<br />
partiram do conhecimento para a ação, limitando-se a ficar só na análise”.<br />
As estatísticas mostram que a China detém o maior número de projetos de MDL (60%) entre os<br />
países vendedores de créditos de carbono, contra apenas 5% do Brasil e 10% da Índia.<br />
Tomando por base o ano de 2005, a América Latina detinha 19% do total de projetos de MDL<br />
no mundo.<br />
Gollo afirmou que o governo brasileiro está bem estruturado para atender as empresas em<br />
relação a projetos de MDL, faltando apenas linha de crédito especial para os projetos. “O banco,<br />
ao dar um financiamento para um projeto, deveria incluir um percentual que estivesse voltado à<br />
eficiência energética e ao MDL. Quando você incluir uma linha de crédito vinculada a projetos de<br />
investimento, isso certamente vai deslanchar. Não só de empréstimos oficiais, mas também<br />
privados”, destacou.<br />
Fonte: Alana Gandra/Agência Brasil
Aquecimento global aumenta disseminação de doenças 15/novembro/2006<br />
As emissões de gases do efeito estufa aumentaram no ano passado, nos Estados Unidos, em<br />
0,6%, com relação a 2004, segundo um estudo divulgado pela Administração de Informação<br />
Energética do país (EIA).<br />
As emissões destes gases, chegaram, em 2005, a 7,147 bilhões de toneladas de dióxido de<br />
carbono, enquanto em 2004 o número foi de 7,105 bilhões de toneladas.<br />
Cerca de 83% dos 7,147 bilhões de toneladas eram de dióxido de carbono procedente de<br />
combustíveis de origem fóssil, como o petróleo, o carvão e o gás natural.<br />
O Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, impõe às nações<br />
industrializadas limites obrigatórios de emissões de dióxido de carbono (umas das principais<br />
causas do aquecimento global), com o objetivo de reduzi-las em 5,2% entre os anos de 2008 e<br />
2012, em relação aos níveis registrados em 1990.<br />
Os Estados Unidos rejeitaram o Protocolo pois, segundo a Casa Branca, as reduções previstas<br />
por Kyoto poderiam prejudicar sua economia.<br />
Desde 1990, as emissões de gases do efeito estufa aumentaram em 17% nos Estados Unidos. O<br />
país é o que mais energia consome no mundo, além de ser responsável pela maior parte das<br />
emissões de gases do efeito estufa.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Estudo aponta que empresas brasileiras não implementam projetos<br />
de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo<br />
16/novembro/2006<br />
Um estudo realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em<br />
parceria com a PricewaterhouseCoopers junto a 163 indústrias, associações setoriais e<br />
instituições financeiras detectou que 79% das empresas brasileiras pretendem realizar projetos<br />
de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O estudo foi feito no primeiro trimestre deste<br />
ano, e aponta também que 70% das empresas pesquisadas têm faturamento anual superior a<br />
R$ 200 milhões.<br />
Instituído por sugestão do governo brasileiro no Protocolo de Kyoto (artigo 12), o mecanismo<br />
objetiva fomentar o desenvolvimento sustentável em países emergentes, que poderão negociar<br />
a redução de emissões de gases na atmosfera com os países considerados altamente<br />
poluidores. O MDL pretende estimular a aliança entre crescimento econômico, inclusão social e<br />
preservação do meio ambiente, mediante a transferência de tecnologia dos países ricos para as<br />
nações em desenvolvimento.<br />
A principal conclusão do estudo, segundo informou à Agência Brasil o sócio da<br />
PricewaterhouseCoopers, Rogério Gollo, é que a maioria dos empresários sabe que a realização<br />
de projetos de MDL é fundamental para a consolidação da nova visão de desenvolvimento, mas<br />
ainda não implementaram esses projetos. “Eles sabem que é um bom negócio, tanto em termos<br />
sócio-ambientais ou de investimento, ouviram falar, mas ainda não tomaram a decisão de<br />
realizá-los”.<br />
“Está faltando aquela coragem, o empurrãozinho para tomar a decisão como parte da análise de<br />
investimento total, disse Gollo, acrescentando que falta o link (ligação) entre o setor de meio<br />
ambiente e o pessoal de planejamento e investimento das empresas.<br />
O segundo entrave, conforme Rogério Gollo, é que as empresas não têm, em geral, uma visão<br />
de longo prazo no país. “Elas associam isso a mercado de mais curto prazo, e por isso adiam as<br />
decisões de investimento”.<br />
O executivo afirmou que os projetos de MDL têm que fazer parte da agenda de investimento e<br />
de melhoria das empresas. E tudo começa, segundo Gollo, com o inventário de emissões. Se as<br />
empresas fizessem um levantamento de onde poderiam gerar eficiência de energia, saberiam<br />
com mais facilidade onde poderiam ou não atuar, explicou.<br />
De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas e entidades consultadas (74% do total)<br />
ressalta que o principal objetivo é o cumprimento de leis ambientais. “Falta o passinho a mais.<br />
Quer dizer, estou tranqüilo na lei e agora quero ver se vou adiante. Partir para a ação”,<br />
enfatizou Gollo.<br />
Por setores, a maior conscientização sobre a importância do Mecanismo de Desenvolvimento<br />
Limpo foi observada na área industrial, com destaque para os setores de química e<br />
petroquímica, além da siderurgia e mineração, cujos dirigentes se mostram atentos a essa<br />
questão.
Fonte: Alana Gandra/Agência Brasil
Convenção examinará proposta do Brasil 16/novembro/2006<br />
Fundo apresentado por Marina Silva, no entanto, não empolgou delegados de reunião<br />
sobre clima em Nairóbi<br />
ANA FLOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
Horas depois de o Brasil apresentar na COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do<br />
Clima da ONU uma proposta para compensar países que reduzem o desflorestamento,<br />
diminuindo assim emissões de gases causadores do efeito estufa, o diretor-executivo da<br />
convenção, Yvo de Boer, anunciou a realização de um encontro até junho de 2007 para discutir<br />
detalhes da idéia brasileira. No plenário, entretanto, a proposta foi recebida com aparente<br />
indiferença.<br />
Segundo De Boer, o work-shop detalhará a metodologia a ser utilizada caso a iniciativa<br />
brasileira seja aprovada. Outras propostas, como a do grupo de países que formam a Coalizão<br />
de Nações com Florestas Tropicais, liderados por Papua-Nova Guiné, ou de nações da bacia do<br />
Congo (África), serão discutidas, na tentativa de chegar a um consenso ou a posições<br />
complementares.<br />
De Boer reforçou que emissões de desmatamento são importantes -segundo ele, equivalem a<br />
20% do total global (especialistas falam em 9% a 15%) - e que a inclusão desse tema na<br />
convenção ou no Protocolo de Kyoto deve acontecer.<br />
A proposta brasileira prevê a criação de um fundo voluntário, com recursos de países ricos, para<br />
ser distribuído entre nações com florestas tropicais que reduzam o seu desmatamento. A<br />
iniciativa foi apresentada pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e pelo secretário de<br />
Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, durante uma<br />
sessão do Diálogo de Ações Cooperativas de Longo Prazo sobre Mudanças Climáticas.<br />
Após a apresentação, o coordenador da reunião abriu a palavra para comentários e perguntas<br />
"urgentes" -que não vieram. Após elogiar a disposição brasileira de trazer uma proposta sobre<br />
um tema bastante relevante, o coordenador seguiu para o próximo tópico, frustrando quem<br />
esperava um debate acalorado sobre a iniciativa. Marina atribuiu a falta de perguntas ao atraso<br />
na pauta da reunião e ao fato de a proposta ser um tema para discussões internas entre as<br />
delegações.<br />
Para o secretário-executivo do Fórum sobre Mudança Global do Clima e Biodiversidade de São<br />
Paulo, Fábio Feldman, o "Diálogo" não foi o melhor lugar para apresentar a proposta, que<br />
precisaria ser apreciada por um grupo com maior peso. O anúncio feito mais tarde por De Boer,<br />
porém, deu o incentivo que o governo brasileiro precisava para levar adiante as negociações na<br />
COP-12.<br />
Reuniões com diversos chefes de delegação estão programadas para acontecer até amanhã,<br />
último dia da COP. Na avaliação do Meio Ambiente, a proposta tem viabilidade técnica. Bastaria,<br />
agora, garantir condições políticas.<br />
Além de falar do fundo voluntário, o país aproveitou para apresentar os resultados do programa
de combate ao desmatamento na Amazônia. Segundo Marina, ao dizer que reduziu em 52% o<br />
desmate em dois anos e que deixou de emitir cerca de 128 mil toneladas de carbono, o Brasil<br />
provou que "faz o tema de casa".
Perdas relacionadas a catástrofes ambientais dobram a cada década 16/novembro/2006<br />
por Juliana Radler<br />
Estudo divulgado durante Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorre essa<br />
semana em Nairóbi, no Quênia, alerta que os gastos das empresas seguradoras vem dobrando<br />
a cada 12 anos devido a desastres ambientais cada vez mais frequentes e intensos.<br />
Furacões, tempestades tropicais, longas secas e outras adversidades relacionadas ao clima<br />
estão sendo estimulados pelo aquecimento do planeta que, por sua vez, ocorre devido ao<br />
aumento das emissões dos gases do efeito estufa. Na visão de especialistas da UNEP (Programa<br />
das Nações Unidas para o Meio Ambiente), nas próximas três ou quatro décadas, os gastos<br />
poderão alcançar um trilhão de dólares.<br />
Um grupo de trabalho formado por algumas das maiores empresas seguradoras do mundo,<br />
como Swiss Re, Munich Re, Insurance Australia Group (IAG), entre outros, alertam para a<br />
necessidade de se promover projetos de adaptação e de contenção dos efeitos negativos<br />
causados pelas mudanças climáticas, principalmente nos países em desenvolvimento.<br />
Entre as maiores perdas ocorridas esse ano foram citados o tufão Shanshan, que afetou o Japão<br />
em setembro e causou perdas de US$ 2,5 bilhões, seguido de tornados nos Estados Unidos (1,5<br />
bilhão de dólares) e o tufão Saomai, que afetou a China e as Filipinas em agosto e acarretou<br />
danos calculados em US$ 1,4 bilhão.
Brasil apresenta à ONU proposta anti-desmatamento 16/novembro/2006<br />
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, espera que um “compromisso ético” seja suficiente<br />
para convencer os países ricos a doarem recursos para o mecanismo de incentivo à redução de<br />
desmatamento que o Brasil vai propor em Nairóbi.<br />
A ministra concedeu entrevista exclusiva à BBC Brasil horas antes da apresentação oficial do<br />
plano à comunidade internacional, que deve acontecer no fim da tarde desta quarta-feira (15)<br />
na Conferência da ONU sobre mudanças climáticas na capital do Quênia.<br />
A proposta prevê a criação de um fundo internacional de compensação para a redução de<br />
emissões. Segundo entrevista da ministra à BBC, o fundo teria caráter voluntário "para o qual<br />
os países, ou mesmo outros setores aportariam recursos" e todas as vezes que um país reduzir<br />
suas emissões, o crédito seria acessado.<br />
"Entendemos que o que vai mobilizar pessoas para injetar recursos nesse mecanismo, nesse<br />
fundo, é exatamente o compromisso ético que as pessoas têm com a redução do CO2 e em<br />
ajudar os países que são detentores de grandes florestas a preservá-las."<br />
“Como o Brasil tem feito um esforço muito grande para diminuir o desmatamento e assim<br />
reduzir emissões, achamos que é correto que os países desenvolvidos possam aportar<br />
voluntariamente recursos para poder compensar positivamente aqueles que estão fazendo estas<br />
reduções, uma vez que elas beneficiam globalmente o interesse de todos”, disse a ministra.<br />
“Ouvimos de muitos países a preocupação com a proteção de florestas tropicais. Se para os<br />
países desenvolvidos é muito difícil mudar a matriz energética, para os países em<br />
desenvolvimento é difícil mudar o modelo de desenvolvimento (para adotar um<br />
desenvolvimento sustentável)”, disse.<br />
A ministra descarta veementemente a idéia de que o Brasil deveria estabelecer metas de<br />
redução do desmatamento - como cobram muitas ONGs, ambientalistas e governos estrangeiros<br />
- e afirma que o governo brasileiro já tem seus compromissos de redução do desmatamento<br />
estabelecidos internamente e que se esforça muito para alcançá-los.<br />
Fonte: BBC Brasil/Estadão Online
Comissão Européia pretende melhorar e simplificar esquema de<br />
comércio de emissões<br />
16/novembro/2006<br />
A Comissão Européia apresentou a sua agenda para revisar o esquema de comércio de<br />
emissões da União Européia. Um grupo de trabalho especial irá preparar propostas legislativas,<br />
as quais poderão entrar em vigor a partir de 2013.<br />
Histórico - O esquema de comércio de emissões da UE (ETS - emissions trading scheme) iniciou<br />
a operar em 1 de janeiro de 2005. Ele permite que companhias comprem e vendam créditos de<br />
carbono (‘permissões’) no mercado, objetivando alcançar suas metas para reduzir as emissões<br />
de dióxido de carbono para atmosfera. Este instrumento de mercado é tido como efetivo<br />
financeiramente, quando comparado a outros instrumentos para lidar com o aquecimento<br />
global.<br />
O ETS tem sido um sucesso, com mais de 320 milhões de permissões negociadas em 2005, e<br />
um valor de mais de €6.5 bilhões, apresentando também imprevistos, como a volatilidade dos<br />
preços como resultado de uma super-alocação de permissões pelos países-membros.<br />
Questões - No dia 13 de novembro de 2006, a Comissão Européia apresentou um relatório<br />
contendo a sua primeira avaliação do ETS, e estabelecendo uma agenda para uma futura<br />
revisão do esquema. Na sua comunicação, a Comissão admite que será necessário uma<br />
simplificação e maior previsibilidade para melhorar a liquidez de mercado do sistema.<br />
Um grupo de trabalho especial sob o Programa Europeu de Mudanças Climáticas (European<br />
Climate Change Programme - ECCP II) irá preparar recomendações para uma revisão do ETS,<br />
cooperando com todos os ‘stakeholders’ (indústria, ONGs e pensadores). Este grupo de trabalho<br />
sobre o comércio de emissões irá apresentar suas conclusões no dia 30 de junho de 2007, após<br />
isto, a Comissão irá apresentar novas propostas legislativas. Se forem adotadas, estas novas<br />
regras sobre o ETS não poderiam entrar em vigor antes de 2013.<br />
O grupo de trabalho irá focar nas seguintes questões:<br />
- Expansão do escopo do esquema, com a possibilidade de inclusão de novos gases do efeito<br />
estufa (óxido nitroso ou metano) e novos setores. Um setor que já está sendo revisado para<br />
inclusão é a aviação, mas outros setores econômicos com instalações menores também podem<br />
ser incluídos;<br />
- Harmonia adicional, prevenindo a divergência dos planos nacionais, como aconteceu este ano.<br />
A Comissão irá até mesmo explorar se há necessidade para um único sistema de limites para<br />
toda a UE após 2012;<br />
- Melhoria das regras de monitoramento, as quais podem levar a um cumprimento mais robusto<br />
e rígido;<br />
- Ligação do ETS com outros esquemas de negociação já existentes em outros países, ou com<br />
os mecanismos de flexibilização de Kyoto, o que torna possível o envolvimento de países em<br />
desenvolvimento.
No dia 8 de novembro, o governo da Inglaterra iniciou uma consulta sobre a redução das<br />
emissões de carbono de grandes organizações não intensivas em energias, como<br />
supermercados, universidades, bancos, grandes hospitais, e grandes departamentos do governo<br />
central e autoridades locais. Nesta consulta, o governo da Inglaterra prevê a possibilidade de<br />
um esquema de comércio de emissões obrigatório (um Compromisso da Performance Energética<br />
- "Energy Performance Commitment") para estes setores.<br />
Fonte: Fernanda B Muller/CarbonoBrasil
Sem definições, encontro vira refém da África 16/novembro/2006<br />
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
A primeira conferência da Convenção do Clima da ONU realizada na África subsaariana tem<br />
centrado ações e anúncios em uma geografia paroquial. A maior parte dos eventos tenta<br />
discutir os problemas da África -como o continente será afetado pelas mudanças climáticas e<br />
como o mundo pode ajudar a sua região mais pobre.<br />
Segundo estudos divulgados no início do encontro, o continente africano será o mais afetado<br />
pelas mudanças climáticas -daí a necessidade de concentrar ações de adaptação a essas<br />
mudanças aqui.<br />
Como adaptação é o tema central do encontro, falar das dificuldades do continente africano -<br />
ainda mais quando os delegados podem ver exemplos ao vivo- é algo quase natural.<br />
Especialistas que acompanham o evento acreditam que a COP-12 não fará muito mais que ver<br />
ações dos países ricos endereçadas à África, como a de estimular na região maior número de<br />
projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto).<br />
As negociações sobre o que virá após 2012, quando termina a primeira fase do Protocolo de<br />
Kyoto, estão trancadas, porque existe prazo até 2008. "Desde o início, não se esperava<br />
decisões importantes sobre o pós-Kyoto [em Nairóbi]", disse um funcionário da Convenção.<br />
Recado<br />
Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou uma iniciativa das agências da<br />
organização para ajudar os países pobres a ter acesso ao MDL e a se adaptarem às mudanças<br />
climáticas, em especial aquelas que afetam infra-estrutura dos países. Segundo o secretárioexecutivo<br />
do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), Achim Steiner, barragens,<br />
estradas e hospitais podem ajudar os países a lidar com mudanças dos padrões climáticos.<br />
Annan disse que há uma "falta de liderança assustadora" na discussão de como cortar emissões,<br />
e pediu "coragem" dos líderes mundiais.<br />
Muitas gente entendeu a fala como uma crítica aos EUA, maior emissor de gases-estufa do<br />
mundo e que não aceitou ratificar Kyoto.<br />
A representante dos EUA, Paula Dobriansky, entendeu o recado. Disse que seu país lidera<br />
iniciativas na área ambiental, como o desenvolvimento de tecnologias limpas.<br />
Fonte: AF/Folha de São Paulo
Os herdeiros de Quioto 16/novembro/2006<br />
por Eugenio Singer*<br />
Omissão ante aquecimento da Terra poderá consumir 20% do PIB mundial<br />
Quando ambientalistas e negociadores de todo o mundo reuniram-se em Nairobi, no Quênia, em<br />
3 de novembro, iniciando mais uma rodada de negociações da Convenção-Quadro das Nações<br />
Unidas sobre Mudanças Climáticas, as dimensões do problema eram mais sombrias do que em<br />
1997, ano em que foi adotado o Protocolo de Quioto. Ficou claro que a humanidade está sendo<br />
derrotada no âmbito das metas desse acordo, de estabelecer, até 2012, redução de 5% na<br />
emissão dos gases do efeito estufa nos países industrializados.<br />
Para os céticos, recentes medições da Nasa e da Agência Espacial Européia não deixaram a<br />
mínima dúvida: o buraco da camada de ozônio sobre a Antártida bateu dois indesejáveis<br />
recordes em 2006. O primeiro refere-se ao tamanho desse rombo atmosférico, que atingiu 29,5<br />
milhões de quilômetros quadrados, área 3,5 vezes maior do que a de todo o território brasileiro<br />
e quase seis vezes superior à da Amazônia. O segundo recorde diz respeito à perda total da<br />
massa de ozônio. Este ano, foram destruídas 40 milhões de toneladas, 200 mil a mais do que<br />
em 2000.<br />
Diante de dados tão ameaçadores, ganha absoluta e prioritária pertinência o novíssimo<br />
“Relatório Stern”, o mais completo estudo já realizado sobre as mudanças climáticas. Divulgado<br />
dias antes do encontro de Nairobi, encomendado pelo governo britânico e coordenado por<br />
Nicholas Stern, ex-economista chefe do Banco Mundial, o trabalho dimensiona com precisão, em<br />
irrefutáveis números, uma realidade inexorável: será muito mais caro para a humanidade<br />
combater os efeitos do aquecimento global do que evitar seu agravamento.<br />
O relatório demonstrou, conforme noticiado na imprensa de todo o mundo, que os gastos para<br />
estabilizar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa seriam equivalentes a 1% do<br />
Produto Interno Bruto mundial até 2050. Em contrapartida, a omissão diante do problema ou a<br />
simples manutenção dos atuais padrões de emissão de dióxido de carbono (CO2) representaria<br />
custo entre 5% e 20% do PIB planetário. Mais do que isto, o estudo adverte que as<br />
conseqüências poderão ser irreversíveis caso não sejam adotadas medidas urgentes para<br />
inverter os efeitos do aquecimento da Terra.<br />
O Protocolo de Quioto, como se sabe, visa a contribuir para mitigar o problema. Os seus<br />
mecanismos para redução das emissões são uma resposta tímida ao enfrentamento da questão,<br />
mas constituem uma oportunidade de negócio que tem sido utilizada de maneira ainda pouco<br />
proveitosa: trata-se da possibilidade de comercializar créditos de carbono, mediante a<br />
elaboração de projetos que possibilitem reduzir as emissões daqueles gases. Estes, muito além<br />
da perspectiva de lucros para empresas das nações emergentes, são importantes, em escala,<br />
para atenuar as ameaças de aquecimento.<br />
Assim, seria fundamental que os projetos de carbono se realizassem da maneira correta, para<br />
que deixassem de esbarrar em um dos problemas que têm limitado a evolução do mercado de<br />
créditos: o volume de novas metodologias aprovadas representa menos de 20% do total<br />
submetido à área responsável das Nações Unidas (mais de 130 apresentadas e pouco mais de
23 aprovadas). As elevadas taxas de insucesso estão levando a uma pausa para reflexão por<br />
parte dos proponentes de novos projetos, sobre como superar as principais limitações<br />
identificadas.<br />
O fato de importantes economias, como a dos Estados Unidos, não terem aderido ao Protocolo<br />
de Quioto, a lentidão com que se desenvolvem os projetos de crédito de carbono, os dados<br />
referentes ao aumento do buraco na camada de ozônio e os incisivos alertas do “Relatório<br />
Stern” evidenciam a premência de novas soluções e alternativas. Em curtíssimo prazo, a medida<br />
mais viável é acelerar e multiplicar os projetos de crédito de carbono, buscando ajustá-los às<br />
metas de redução das emissões.<br />
Paralelamente, é necessário atender ao apelo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF)<br />
às delegações dos 198 países reunidos na Cúpula Mundial do Clima, em Nairobi: que sejam<br />
aceleradas as negociações para aprovar um documento sucessor do Protocolo de Quioto. Este<br />
corre sério risco de expirar, em 2012, sem que seus objetivos sejam plenamente cumpridos.<br />
Seus herdeiros, caso providências não sejam adotadas com urgência, será uma civilização<br />
ameaçada pelo aquecimento terrestre e empobrecida pela necessidade de se desviar<br />
investimentos produtivos e em saúde, ensino e inclusão social para uma desesperada reparação<br />
dos danos ambientais.<br />
*Eugenio Singer, empresário e ambientalista, é sócio fundador da ERM Brasil e do Instituto<br />
Pharos e membro do Comitê Idealizador do Instituto DNA Brasil.
Kofi Annan pede ação urgente contra mudança climática 16/novembro/2006<br />
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu nesta quarta-feira (15) que as ações sobre as<br />
mudanças climáticas entrem na lista das mais altas prioridades de todos os governos ao redor<br />
do mundo e criticou a "preocupante falta de liderança" no combate ao aquecimento global.<br />
"A mensagem é clara. A mudança climática precisa estar ao lado de preocupações como a<br />
pobreza, os conflitos e a proliferação de armas, que tradicionalmente monopolizaram as<br />
principais atenções da esfera política", disse Annan na abertura da sessão de alto nível (com<br />
participação de ministros) na Conferência da ONU sobre Mudança Climática em Nairóbi.<br />
Kofi Annan disse que não pode haver atualmente mais nenhuma dúvida de que o clima do<br />
planeta está mudando. "A questão não é mais se há uma mudança no clima, mas se a<br />
humanidade vai conseguir mudar rápido o suficiente para responder a esta emergência". Kofi<br />
Annan observou que hoje em dia mesmo cientistas tradicionalmente mais cautelosos já estão<br />
dizendo que o aquecimento global está "quase chegando a um ponto sem volta".<br />
Céticos - Para Annan, apenas alguns “céticos radicais” ainda levantam alguma dúvida sobre os<br />
fenômenos de mudança climática. “Eles (que negam o aquecimento global) têm que ser vistos<br />
pelo que são: pessoas em descompasso com as tendências atuais e com o próprio tempo”,<br />
afirmou.<br />
O secretário observou que gente demais ainda percebe a mudança climática como apenas um<br />
problema ambiental, enquanto se trata de uma questão de dimensões bem maiores.<br />
“(A questão climática) É uma ameaça à saúde, já que temperaturas mais altas podem favorecer<br />
a disseminação de doenças como a malária e a febre amarela e podem colocar em risco os<br />
suprimentos de comida do mundo, destruindo plantações e pastagens”, disse o secretário.<br />
“A mudança climática também é uma ameaça à paz e à segurança. Mudanças nos padrões de<br />
chuva, por exemplo, podem aumentar a competição por estes recursos e provocar potenciais<br />
tensões e migrações altamente desestabilizadoras”, concluiu.<br />
Fonte: BBC Brasil/Estadão Online
Amazônia é destaque na Conferência Sobre Mudanças Climáticas 16/novembro/2006<br />
A importância da preservação da Amazônia para o equilíbrio climático global foi discutida na<br />
terça-feira (14), em um dos eventos paralelos realizados na COP12 - 12° Conferência sobre<br />
Mudanças Climáticas, que está sendo realizada em Nairóbi, a capital do Quênia. Os<br />
pesquisadores do Ipam - Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, com sede em Belém<br />
(PA), e do WHRC - Woods Hole Research Center, de Massachussets, nos Estados Unidos;<br />
ressaltaram a importância de se investir em políticas de desenvolvimento sustentável e redução<br />
de desmatamento em economias emergentes.<br />
Entre os desafios apontados pelos cientistas, está proposta que prevê incentivos para os países<br />
que reduzirem suas taxas de desmatamento. O Brasil é uma peça-chave neste contexto, pois<br />
cerca de 75% de suas emissões de gases que provocam o efeito estufa são originários do<br />
desmatamento e da mudança do uso do solo na Amazônia. Segundo o ecólogo Paulo Moutinho,<br />
do Ipam, a manutenção dos estoques de carbono retidos na floresta Amazônica, além de reduzir<br />
as emissões de gases poluidores tem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e<br />
na garantia do nível de vida das populações locais. Estudos revelam que todos os anos, a<br />
fumaça gerada pelas queimadas é responsável por milhares de internações, onerando o já<br />
combalido sistema de saúde brasileiro.<br />
Moutinho ressaltou a disposição do Governo Brasileiro em defender uma proposta de<br />
compensação para países desenvolvidos que conseguirem reduzir o desmatamento em seus<br />
territórios. A idéia assume alguns preceitos de uma outra proposta, chamada Redução<br />
Compensada do Desmatamento apresentada por pesquisadores do IPAM e colaboradores há<br />
três anos durante a COP9 em Milão. Segundo o ecólogo americano Daniel Nepstad, do Ipam e<br />
WHRC, os estudos de modelagem desenvolvidos na Amazônia mostram que a região é<br />
susceptível às alterações climáticas. Ele citou como exemplo as secas severas registradas no<br />
ano passado e que teve dimensões catastróficas.<br />
Pesquisas do Ipam, que simulam a seca na Amazônia, revelaram que a redução de chuvas,<br />
como a registrada em 2005 na Amazônia, podem levar ao colapso as maiores árvores da<br />
floresta, reduzindo a densidade das copas e disponibilizando grandes quantidades de material<br />
orgânico com alto potencial combustível, tornado a floresta susceptível ao fogo.<br />
Além de Moutinho e Nepstad, participaram da apresentação pesquisadores da Universidade de<br />
Renmin, China; e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Eles destacaram a importância<br />
de se investir em matrizes energéticas alternativas que substituam o uso de combustíveis<br />
fósseis, principalmente na China e Índia – países que registram forte crescimento econômico e<br />
conseqüentemente uma demanda cada vez maior de energia, que no caso das duas nações tem<br />
como principais fontes o carvão mineral. Entre as alternativas apresentadas pelos cientistas está<br />
o desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam a biomassa em substituição das fontes de<br />
energia tradicionais.<br />
Fonte: Ipam
A produção de Biocombustível agroenergia 16/novembro/2006<br />
por WILSON LUIZ BONALUME*<br />
O Biocombustível é - indubitavelmente - a salvação da maquinaria brasileira, ante a futura<br />
capitulação do vetusto petróleo, prestes a perder seu longo reinado de mais de 200 anos.<br />
O tema, para muita gente, ainda é novidade, pois os incrédulos não acreditam que a dúzia de<br />
sementes vegetais que são utilizadas, se transformem em combustível com o fim de alimentar<br />
os diversos tipos de motores e máquinas operatrizes.<br />
Assim, o que vem a ser um BIOCOMBUSTÍVEL ?<br />
Em primeira perspectiva, o setor mais cobiçado do Agronegócio - em função das energias<br />
renováveis - é a combinação de oleaginosas para a formação do elemento biocombustível na<br />
produção agrícola e industrial cuja atividade está crescendo em ritmo surpreendente e rápido.<br />
E assim:<br />
1.“O Biodiesel é um produto ainda jovem no Brasil, mas que amadurece com pressa. Com dois<br />
anos do programa nacional para o combustível, já temos 17 empresas envolvidas em 28<br />
projetos no setor e 30 mil agricultores incluídos. As usinas operam com produção estimada em<br />
800 milhões de litros por ano, mas com a entrega ao mercado feita em etapas. A previsão é de<br />
que, até 2008, quando 200 mil produtores devem ter aderido ao segmento, o país chegar´a um<br />
bilhão de litros. Hoje já há veículos brasileiros rodando com o combustível, o chamado B2,<br />
mistura de 2% de biodiesel e 98% de diesel comum. A meta do governo é de que, em dois<br />
anos, todos os veículos a diesel usem essa composição. A partir de então, a adição de biodiesel<br />
será de 5%”(GLOBO RURAL, NOVEMBRO 2006, Nº 253)<br />
2.O Brasil foi pioneiro ao transformar a cana de açúcar em ETANOL para adicionar à gasolina<br />
dos veículos. E agora, outra historia se repete com o BIODIESEL, que é um combustível<br />
renovável e defensor do ambiente ante sua capacidade de brecar o aquecimento global, com a<br />
redução de bilhões de toneladas de gás carbônico despejados anualmente na atmosfera.<br />
3.Mas a principal vantagem do novo combustível é o aproveitamento dos pequenos agricultores,<br />
utilizando oleaginosas conhecidas e amplamente cultivadas como o caso da soja e do algodão.<br />
Aliás, além das duas sementes citadas, outras 13 espécies produzem óleos que podem ser<br />
transformadas em BIODIESEL. Tais como:<br />
A mamona, girassol, dendê, babaçu, amendoim, nabo forrageiro e a castanha.<br />
4.Mas uma excrescência pode ser adicionada à lista supra:A utilização de sebo suíno, gordura<br />
animal, óleos usados de frituras e também, por incrível que pareça, pode-se manipular as fezes<br />
de galinha e esgoto sanitário.<br />
(Conforme ZOONEWS, IDNOTICIAS=70696 E 70025 DE 2006 )<br />
5.Mas uma novIdade excelente está sendo introduzida pelo pinhão manso.<br />
Trata –se de um fruto novo, que à semelhança da Araucária só leva o nome pinhão, pois parece<br />
um pequeno pêssego, não obstante provir de uma árvore, e o dito fruto é utilizado para fabricar<br />
sabão e também como cerca-viva.<br />
Seu uso é altamente recomendável pois o óleo de suas sementes vai alem de 30%, não<br />
necessitando ser plantada todo ano e é resistente à seca,frutificando por mais de 40 anos!!!
6.Como vimos, o biocombustível que leva o nome de BIODIESEL é o assunto do momento,<br />
fervilhando na excelente oportunidade de iniciar uma nova etapa em nosso AGRONEGÓCIO, que<br />
será um grande protetor do ambiente, além de altamente rentável, principalmente para os<br />
pequenos produtores que poderão se associar em cooperativas, montando o próprio negócio e<br />
fabricando o óleo sem ter que vender a matéria prima.<br />
Será uma fórmula atraente de iniciar uma nova etapa nos negócios agrícolas, com beneficio<br />
para todos e para o ambiente.<br />
WILSON LUIZ BONALUME, Ph.D. Doutorado em Ciências Ambientais
Liberação de obra no Rio Madeira só sai em 2007 16/novembro/2006<br />
Dois novos obstáculos surgiram para a construção do Complexo Hidrelétrico do Madeira, em<br />
Rondônia. O primeiro é que o diretor de Licenciamento do Ibama, Luiz Felippe Kunz, disse ao<br />
Estado que "não vê mais possibilidade" de o órgão decidir ainda este ano se concede a licença<br />
ambiental prévia. O outro vem da Bolívia: o Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e<br />
Desenvolvimento alega que a construção das usinas terá impactos ambientais no país.<br />
A decisão do Ibama, portanto, segundo Kunz, só deve sair em janeiro ou fevereiro de 2007.<br />
Sem isso, o governo não poderá leiloar a concessão dos projetos das Usinas Santo Antonio<br />
(3.150 megawatts) e Jirau (3.300 megawatts).<br />
Algumas semanas atrás, Kunz previa que a decisão poderia sair até o fim do ano. A mudança<br />
decorre de dois fatores. O primeiro foi a liminar da Justiça Federal de Rondônia, na semana<br />
passada, que obrigou o Ibama a cancelar duas das quatro audiências públicas para discutir o<br />
projeto.<br />
Como a liminar foi derrubada na quinta-feira (09), o Ibama conseguiu realizar as audiências<br />
programadas para sexta-feira (em Jaci-Paraná) e sábado (em Porto Velho). Mas as audiências<br />
que deveriam ter ocorrido na quarta e na quinta-feira da semana passada, em Abunã e Mutum-<br />
Paraná, tiveram de ser remarcadas para 29 e 30 deste mês. Essa mudança, por si só, já atrasa<br />
o cronograma do licenciamento.<br />
Além disso, o Ibama deverá receber do Ministério Público Estadual de Rondônia, em até 15 dias<br />
após a conclusão das audiências (15 de dezembro), um estudo que contesta pontos da<br />
avaliação do impacto ambiental do complexo. O Ibama só poderá concluir o processo e definir<br />
se concede a licença após concluir a análise desse documento do MPE, que tem cerca de 800<br />
páginas.<br />
"É impossível concluir até o fim do ano a análise desse estudo, além dos documentos entregues<br />
durante a audiência pública. Assim, não vejo como a licença possa sair neste ano", disse o<br />
diretor do Ibama.<br />
Na Bolívia - Segundo Kunz, os relatórios entregues até agora pela estatal Furnas (encarregada<br />
do projeto) não apontam impactos na Bolívia. O documento entregue pelo Fórum (que reúne<br />
ONGs da Bolívia) será agora estudado pelo Ibama."O documento está em análise, ainda não<br />
temos definição sobre impactos ambientais na Bolívia", disse Kunz.<br />
Segundo o diretor do Ibama, os ambientalistas bolivianos fazem duas acusações principais: que<br />
a construção das usinas poderia causar inundações nos trechos bolivianos do Rio Madeira,<br />
devido ao acúmulo de sedimentos, além de prejuízos para a atividade pesqueira no território do<br />
país vizinho.<br />
Fonte: Estadão Online
O Brasil no centro da fogueira 16/novembro/2006<br />
Por Mark Lutes, Rubens Born e Esther Neuhaus*<br />
O último encontro anual da ONU sobre mudanças climáticas, em Montreal, no final de 2005,<br />
marcou o início de uma nova rodada de negociações sobre o futuro do regime internacional de<br />
clima, destinada à adoção de novas metas mais ambiciosas e outros tipos de compromissos<br />
para redução de gases de efeito estufa emitidos para a atmosfera em todas as partes do<br />
mundo.<br />
No âmbito de tal encontro, conhecido como 11ª. Conferência das Partes (CoP-11) da Convenção<br />
Quadro sobre Mudanças Climáticas, que desde o ano passado funciona também como Encontro<br />
das Partes (MoP-1) do Protocolo de Quioto, ficaram estabelecidos vários processos paralelos de<br />
negociações, focados nas países industrializados, em desenvolvimento, e naqueles com florestas<br />
tropicais.<br />
O desafio desta rodada de negociações – da qual a próxima etapa – a CoP-12 e MoP-2, se dará<br />
entre 6 e 17 de novembro, em Nairobi, no Quênia – é encontrar caminhos para que o mundo<br />
estabilize o nível total de emissões ao longo de uma década a partir do início do próximo<br />
período do Protocolo, começando em 2013, e obtenha reduções significativas nos períodos<br />
subseqüentes.<br />
Se o parâmetro de limitar o aumento da temperatura a 2°C for de fato assumido, os países<br />
incluídos no Anexo 1 do Protocolo de Quioto deveriam reduzir suas emissões em 60% a 80%<br />
por volta de 2050, e os países em desenvolvimento precisam estabilizar e começar reduzir suas<br />
emissões na década de 2020.<br />
Durante o primeiro período de compromisso do Protocolo (2008-2012) e baseado no Princípio<br />
das Responsabilidades Comuns, porém Diferenciados, os países em desenvolvimento não<br />
tiveram obrigações em limitar ou reduzir as suas emissões a determinado nível.<br />
Mas, diante do crescimento das emissões por conta do desmatamento e aumento da demanda<br />
energética nestes paises, organizações ambientalistas defendem que compromissos (de vários<br />
tipos – não necessariamente em emissões absolutas como os atualmente existentes para países<br />
ricos) devem ser claramente assumidos após 2012 também por aquelas nações em<br />
desenvolvimento com emissões significativas e crescentes. Esses compromissos podem ser de<br />
natureza variada, e não necessariamente em emissões absolutas como as que existem hoje<br />
para os países ricos.<br />
O governo brasileiro, entretanto, insiste que qualquer iniciativa nesse sentido deva ser<br />
estritamente de caráter voluntário e se opõe à adoção de qualquer compromisso obrigatório no<br />
âmbito da Convenção ou do Protocolo. Durante um workshop realizado em setembro em Roma,<br />
o Ministério do Meio Ambiente brasileiro propôs um mecanismo compatível com a posição do<br />
governo – a criação de um fundo – mas não ficou claro de onde virá a contribuição financeira,<br />
uma vez que não há incentivos governamentais para isso.<br />
A questão das contribuições dos países em desenvolvimento, seja pela expansão ou pelo<br />
detalhamento de seus compromissos no regime internacional, é talvez o maior problema sem
solução até o momento nas negociações.<br />
A maior fonte histórica de emissões globais de gases de efeito estufa e a principal causa dos<br />
impactos de atividades humanas no sistema de clima é o uso de combustíveis fósseis nos países<br />
desenvolvidos, disponibilizando energia barata como motor para o crescimento industrial e<br />
econômico. Para estes paises, há um processo em curso para negociar cortes mais profundos<br />
nas suas emissões no período pós-2012.<br />
Em alguns países em desenvolvimento, parcela considerável das emissões de gases de efeito<br />
estufa está associada ao desmatamento, mudança de uso do solo e expansão da agricultura.<br />
Estima-se que o desmatamento já seja responsável por 10% a 35% das emissões globais<br />
anuais.<br />
O Brasil, com desmatamento anual médio de 2,3 milhões de hectares, e Indonésia, com 1,3<br />
milhões de hectares, lideram o ranking de destruição florestal. No país, quase 75% das<br />
emissões vêm do desmatamento, concentrado na Amazônia. Além disso as emissões oriundas<br />
do uso de combustíveis fósseis estão aumentando rapidamente em muitos países em<br />
desenvolvimento, até mesmo no Brasil. Segunda a Agência Internacional de Energia, dois terços<br />
do crescimento da demanda global de energia nos próximos 25 anos ocorrerá nos países em<br />
desenvolvimento devido ao crescimento industrial e populacional, e em 2030 estes países<br />
representarão 48% da demanda global, comparado com 38% em 2002.<br />
Na discussão sobre os compromissos para o novo período, há uma variedade ampla de posições<br />
entre os países em desenvolvimento. China e África do Sul, por exemplo, têm demonstrado<br />
crescente flexibilidade e abertura para discutir novas formas de mecanismos e metas no âmbito<br />
do regime.<br />
Membros da Coalizão de Países de Florestas Tropicais, liderada por Papua-Nova Guiné e Costa<br />
Rica, e da qual o Brasil não é membro, apresentaram um leque de opções para reduzir as<br />
emissões associadas ao desmatamento, incluindo uso de metas nacionais e abordagens<br />
baseadas em créditos de carbono.<br />
Outros países, tendo o Brasil como exponente mais duro, insistem que a atual rodada de<br />
negociações ocorra com as mesmas restrições definidas em 1995 pelo Mandato de Berlim, ou<br />
seja, excluindo-se qualquer tipo de compromisso ou meta nova para nações em<br />
desenvolvimento, sendo que qualquer contribuição deve ser encarada meramente como<br />
voluntária.<br />
O Brasil está praticamente sozinho na oposição a mecanismos que envolvam créditos de<br />
carbono ou cumprimento obrigatório associado à diminuição do desmatamento.<br />
Propostas da sociedade civil<br />
Para organizações ambientalistas, uma alternativa seria uma divisão dos países em<br />
desenvolvimento em blocos, com a avaliação das necessidades e capacidades dos diversos<br />
grupos, tendo como base o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas e levaria<br />
em conta o grau de desenvolvimento, renda per capita, níveis de poluição e responsabilidades
diretas associadas às emissões e possibilidades tecnológicas de cada país.<br />
O Brasil já proporcionou uma importante contribuição sobre como alocar responsabilidades ao<br />
ter apresentado, em 1997, uma metodologia para identificar o “papel” de cada país no<br />
aquecimento global baseado nas emissões históricas de gases de efeito estufa.<br />
A Rede de ONGs para Ações Climáticas (CAN – Climate Action Network) propôs que o nível de<br />
esforços e de compromissos diferenciados dos países deveria estar baseado em princípios de<br />
eqüidade, responsabilidade e capacidade para implementar e custear atividades de redução de<br />
emissões.<br />
Há muitas formas de compromissos potencialmente benéficos ao regime internacional, que<br />
poderiam contribuir tanto para os esforços globais de mitigação como para objetivos nacionais<br />
de desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.<br />
Recentemente, o projeto Basic, envolvendo especialistas notórios do Brasil, África do Sul, Índia<br />
e China, apresentou uma proposta para o regime além de 2012, que inclui iniciativas<br />
voluntárias, mas quantificáveis, de políticas de desenvolvimento sustentável e critérios (como<br />
emissões e PIB per capita) para países em desenvolvimento assumir metas absolutas de<br />
emissões quando atingir um certo nível de desenvolvimento.<br />
Hoje, no Brasil, as discussões sobre o futuro do clima estão voltadas para o Mecanismo de<br />
Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento de mercado que possibilitou a formulação de mais<br />
de 100 projetos distintos no País para receber apoio financeiro mediante a cessão de créditos de<br />
carbono. Entretanto, o MDL apresenta limitações e dificilmente pode contribuir para as<br />
mudanças sistêmicas de políticas, de padrões de produção e consumo, de eficiência energética e<br />
de tecnologias mais limpas, uma vez que sua operacionalização se dá em torno de projetos<br />
específicos.<br />
Entendemos que o Brasil e demais países em desenvolvimento deveriam utilizar também outros<br />
instrumentos, também econômicos, para promover um conjunto de esforços e mudança no<br />
modelo de desenvolvimento, de economia de energia, de uso da terra e de proteção de<br />
florestas, sem negar o direito desses países ao desenvolvimento sustentável.<br />
Só o MDL não basta<br />
Para tanto, será importante que os países ricos possam dar prioridade à redução de suas<br />
próprias emissões e não se valer do MDL somente como forma de “compensar” seu fracasso ou<br />
falta de vontade política em reduzir domesticamente suas próprias emissões.<br />
Existem iniciativas de MDL que contribuem para a redução de emissões de gases de efeito<br />
estufa, mas ao mesmo tempo geram outros impactos socioambientais negativos, como grandes<br />
plantações de eucalipto e pínus.<br />
Já foram apresentados projetos de MDL para monoculturas que ainda contam com o grande<br />
apoio dos bancos nacionais e regionais de desenvolvimento e das instituições financeiras<br />
multilaterais.
Mas o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o<br />
Desenvolvimento (FBOMS) lembra que alguns desses projetos podem ser questionados pois<br />
devem necessariamente seguir critérios de desenvolvimento sustentável.<br />
No mundo desenvolvido, o impasse também é grande. A posição dos EUA e do Canadá em não<br />
cumprir as metas de redução das emissões no Protocolo deixa as negociações sobre o regime de<br />
clima em uma situação frágil.<br />
É absolutamente essencial que o Japão e a União Européia adotem cortes muito maiores nas<br />
emissões durante o segundo período de compromisso do Protocolo (2013-2017), que deveriam<br />
ser compatíveis com uma redução doméstica de pelo menos 15% até 2020.<br />
Entretanto, o Japão e países da União Européia enfrentam grandes dificuldades em<br />
comprometer-se com maiores reduções de emissões em função da ausência dos EUA e da falta<br />
de definição de papéis dos países em desenvolvimento no médio e longo prazo.<br />
Durante a reunião em Bonn, em maio de 2006, o negociador-chefe do Japão insistiu que seu<br />
país está disposto a assumir plenamente suas responsabilidades para prevenir perigosas<br />
mudanças climáticas, mas precisaria saber como esse esforço será compartilhado e levado<br />
adiante por todos os países e, especialmente, como os países em desenvolvimento atuarão no<br />
regime global no futuro próximo.<br />
Autores:<br />
Mark Lutes é pesquisador, sociólogo e especialista em mudança climática do Vitae Civilis -<br />
Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz Rubens Born é diretor executivo do<br />
Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz<br />
(http://www.vitaecivilis.org.br)<br />
Esther Neuhaus é gerente executiva do FBOMS – Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos<br />
Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (http://www.fboms.org.br)<br />
Fonte: http://www.vitaecivilis.org.br
Amazônia é destaque na Conferência Sobre Mudanças Climáticas 16/novembro/2006<br />
por Milena del Rio do Valle<br />
Pesquisadores brasileiros e americanos afirmam que a redução das taxas de desmatamento é<br />
fundamental para ajudar a manter o equilíbrio climático do planeta<br />
A importância da preservação da Amazônia para o equilíbrio climático global foi discutido ontem<br />
(14), em dos eventos paralelos realizados na 12° Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP<br />
12), que está sendo realizada em Nairóbi, a capital do Quênia. Os pesquisadores do Instituto de<br />
Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), com sede em Belém, e do Woods Hole Research<br />
Center (WHRC), de Massachucets, nos Estados Unidos; ressaltaram a importância de se investir<br />
em políticas de desenvolvimento sustentável e redução de desmatamento em economias<br />
emergentes.<br />
Entre os desafios apontados pelos cientistas, está proposta que prevê incentivos para os países<br />
que reduzirem suas taxas de desmatamento. O Brasil é uma peça chave neste contexto, pois<br />
cerca de 75% de suas emissões de gases que provocam o efeito estufa são originários do<br />
desmatamento e da mudança do uso do solo na Amazônia. Segundo o ecólogo Paulo Moutinho,<br />
do IPAM, a manutenção dos estoques de carbono retidos na floresta Amazônica, além de reduzir<br />
as emissões de gases poluidores tem um papel fundamental na manutenção da biodiversidade e<br />
na garantia do nível de vida das populações locais. Estudos revelam que todos os anos, a<br />
fumaça gerada pelas queimadas é responsável por milhares de internações, onerando o já<br />
combalido sistema de saúde brasileiro.<br />
Moutinho ressaltou a disposição do Governo Brasileiro em defender uma proposta de<br />
compensação para países desenvolvidos que conseguirem reduzir o desmatamento em seus<br />
territórios. A idéia assume alguns preceitos de uma outra proposta, chamada Redução<br />
Compensada do Desmatamento apresentada por pesquisadores do IPAM e colaboradores há<br />
três anos durante a COP 9 em Milão.. Segundo o ecólogo americano Daniel Nepstad, do Ipam e<br />
WHRC, os estudos de modelagem desenvolvidos na Amazônia mostram que a região é<br />
susceptível às alterações climáticas. Ele citou como exemplo as secas severas registradas no<br />
ano passado e que teve dimensões catastróficas.<br />
Pesquisas do Ipam, que simulam a seca na Amazônia, revelaram que a redução de chuvas,<br />
como a registrada em 2005 na Amazônia, podem levar ao colapso as maiores árvores da<br />
floresta, reduzindo a densidade das copas e disponibilizando grandes quantidades de material<br />
orgânico com alto potencial combustível, tornado a floresta susceptível ao fogo.<br />
Além de Moutinho e Nepstad, participaram da apresentação pesquisadores da Universidade de<br />
Renmin, China; e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Eles destacaram a importância<br />
de se investir em matrizes energéticas alternativas que substituam o uso de combustíveis<br />
fósseis, principalmente na China e Índia – países que registram forte crescimento econômico e<br />
conseqüentemente uma demanda cada vez maior de energia, que no caso das duas nações tem<br />
como principais fontes o carvão mineral. Entre as alternativas apresentadas pelos cientistas está<br />
o desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam a biomassa em substituição das fontes de<br />
energia tradicionais.
Organizações da sociedade civil discutem construção de<br />
hidrelétricas em Rondônia<br />
17/novembro/2006<br />
Diversas organizações da sociedade civil de Rondônia estão se organizando para criar um fórum<br />
de discussões sobre a implantação do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, que o grupo Furnas<br />
Centrais Elétricas pretende instalar, com a construção de duas usinas em Santo Antônio e Jirau,<br />
em Rondônia. As unidades têm capacidade prevista de 6.400 megawatts (MW).<br />
Em nota, as organizações argumentam que “após as audiências públicas de Jacy-Paraná (RO) e<br />
Porto Velho (RO), ficou claro que não há espaço real de participação e fiscalização popular no<br />
processo de viabilização dos empreendimentos”.<br />
Na semana passada, duas audiências foram adiadas por liminar movida pelas organizações<br />
contra Furnas e o Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais<br />
Renováveis, cujos estudos de impacto ambiental apresentariam deficiências.<br />
Mas uma nova liminar deu parecer favorável ao Ibama e foram realizadas duas das quatro<br />
audiências previstas. No sábado (18), as organizações promoverão seminário em Porto Velho<br />
para discutir com a sociedade e apresentar alternativas de acesso da população às informações<br />
sobre a construção das usinas.<br />
Fonte: Raquel Mariano/Agência Brasil
Convenção da ONU examinará proposta do Brasil sobre clima 17/novembro/2006<br />
Horas depois de o Brasil apresentar na COP12 - 12ª Conferência das Partes da Convenção do<br />
Clima da ONU uma proposta para compensar países que reduzem o desflorestamento,<br />
diminuindo, assim, emissões de gases causadores do efeito estufa, o diretor-executivo da<br />
convenção, Yvo de Boer, anunciou a realização de um encontro, até junho de 2007, para<br />
discutir detalhes da idéia brasileira. No plenário, entretanto, a proposta foi recebida com<br />
aparente indiferença.<br />
Segundo De Boer, o workshop detalhará a metodologia a ser utilizada caso a iniciativa brasileira<br />
seja aprovada. Outras propostas, como a do grupo de países que formam a Coalizão de Nações<br />
com Florestas Tropicais, liderados por Papua-Nova Guiné, ou de nações da bacia do Congo<br />
(África), serão discutidas na tentativa de chegar a um consenso ou a posições complementares.<br />
De Boer reforçou que emissões de desmatamento são importantes - segundo ele, eqüivalem a<br />
20% do total global (especialistas falam em 9% a 15%) - e que a inclusão desse tema na<br />
convenção ou no Protocolo de Kyoto deve acontecer.<br />
A proposta brasileira prevê a criação de um fundo voluntário, com recursos de países ricos, para<br />
ser distribuído entre nações com florestas tropicais que reduzam o seu desmatamento. A<br />
iniciativa foi apresentada pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e pelo secretário de<br />
Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, durante uma<br />
sessão do Diálogo de Ações Cooperativas de Longo Prazo sobre Mudanças Climáticas.<br />
Após a apresentação, o coordenador da reunião abriu a palavra para comentários e perguntas<br />
"urgentes" - que não vieram. Após elogiar a disposição brasileira de trazer uma proposta sobre<br />
um tema bastante relevante, o coordenador seguiu para o próximo tópico, frustrando quem<br />
esperava um debate acalorado sobre a iniciativa. Marina atribuiu a falta de perguntas ao atraso<br />
na pauta da reunião e ao fato de a proposta ser um tema para discussões internas entre as<br />
delegações.<br />
Para o secretário-executivo do Fórum sobre Mudança Global do Clima e Biodiversidade de São<br />
Paulo, Fábio Feldman, o "Diálogo" não foi o melhor lugar para apresentar a proposta, que<br />
precisaria ser apreciada por um grupo com maior peso. O anúncio feito mais tarde por De Boer,<br />
porém, deu o incentivo que o governo brasileiro precisava para levar adiante as negociações na<br />
COP12.<br />
Reuniões com diversos chefes de delegação estão programadas para acontecer até amanhã,<br />
último dia da COP12. Na avaliação do Meio Ambiente, a proposta tem viabilidade técnica.<br />
Bastaria, agora, garantir condições políticas.<br />
Além de falar do fundo voluntário, o país aproveitou para apresentar os resultados do programa<br />
de combate ao desmatamento na Amazônia. Segundo Marina, ao dizer que reduziu em 52% o<br />
desmate em dois anos e que deixou de emitir cerca de 128 mil toneladas de carbono, o Brasil<br />
provou que "faz o tema de casa".<br />
Fonte: Ana Flor/Folha Online
Ártico continua a esquentar; geleiras seguem derretendo 17/novembro/2006<br />
Relatório sobre os efeitos do aquecimento global afirma que a cobertura de gelo no<br />
Ártico, em março, foi a menor já vista desde o início das medições por satélite<br />
WASHINGTON - Sinais de aquecimento continuam a aparecer no Ártico, com uma redução do<br />
gelo sobre o mar, um aumento no número de arbustos na tundra e preocupações cada vez<br />
maiores com o capa de gelo da Groenlândia. "Já houve períodos de aquecimento regional antes,<br />
mas o que estamos vendo agora são mudanças em todo o Ártico", disse o oceanógrafo James<br />
Overland, do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico, no Estado de Washington (EUA).<br />
Em cada um dos últimos cinco anos, a temperatura em todo o Ártico ficou 1º C acima da média,<br />
durante o ano inteiro, disse ele.<br />
O novo relatório sobre o Estado do Ártico, divulgado pela Administração Nacional de Oceano e<br />
Atmosfera (NOAA), do governo americano, também informa um aumento no deslocamento de<br />
água quente pelo Estreito de Bering no período 2001-2004, o que pode ser uma das causas da<br />
contínua redução da massa de gelo no mar.<br />
Nesse período, a cobertura de gelo sobre o mar da região atingiu baixas históricas, segundo<br />
Overland. Neste ano, a cobertura em Bering foi mais normal, mas houve baixa recorde na parte<br />
atlântica do Ártico.<br />
No passado, esse tipo de mudança representava uma mera redistribuição do gelo, com perdas<br />
em uma parte da região ártica sendo compensadas por aumentos em outras áreas, mas agora<br />
existe uma perda líquida de gelo, disse o oceanógrafo.<br />
O relatório afirma que a cobertura de gelo no Ártico, em março, foi a menor já registrada, desde<br />
o início das medições por satélite.<br />
O estudo foi planejado para avaliar o impacto geral do aquecimento global no Ártico, e será<br />
atualizado anualmente. Foi compilado por pesquisadores dos EUA, Canadá, França, Alemanha,<br />
Polônia, Noruega, Suécia e Rússia.<br />
Fonte: AP/Associated Press
Mudança do clima levará milhões a migrar, advertem ONGs 17/novembro/2006<br />
Os efeitos da mudança climática na África, já evidentes em fenômenos extremos como secas e<br />
inundações, farão com que milhões de pessoas se desloquem para a Europa, disseram o<br />
Greenpeace e a African Youth.<br />
Estas duas organizações apresentaram em Nairóbi, onde acontece a 12ª Sessão da Conferência<br />
das partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas (COP12), o documentário Um só mundo;<br />
não haverá segunda oportunidade, que tem a colaboração de jovens de todo o planeta.<br />
O documentário tenta evidenciar os efeitos que a mudança climática tem no dia a dia da África,<br />
e conclui pedindo da comunidade internacional uma atuação sem demora para salvar o clima e<br />
evitar os desastres causados pelo aquecimento do planeta.<br />
Entre as evidências da mudança climática, as duas organizações citaram as secas que atingem<br />
muitos países africanos, as inundações que atualmente castigam o Quênia e o derretimento das<br />
geleiras do monte Kilimanjaro, que poderiam desaparecer em 2015.<br />
Outra organização ecológica, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês), levou à<br />
Conferência várias pessoas que já são consideradas "vítimas" da mudança climática na África.<br />
A entidade facilitou o transporte de agricultores, granjeiros e pescadores do Quênia e da<br />
Tanzânia ao evento, no qual puderam falar das conseqüências provenientes das modificações do<br />
clima e do regime de chuvas.<br />
Estas "testemunhas da mudança climática", como foram apresentadas, explicaram de que<br />
forma ciclos de chuva variaram durante as últimas décadas, e como as mudanças impedem<br />
previsões confiáveis para a agricultura, o que atinge a economia de milhares de famílias. Um<br />
deles, um pescador tanzaniano, descreveu o avanço do mar pelo litoral de seu povoado, que<br />
chegou a cerca de 200 metros nos últimos 50 anos.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Brasil tem um dos maiores potenciais de energia renovável do<br />
mundo, mas não faz uso disso, diz professor<br />
17/novembro/2006<br />
Embora o Brasil tenha o maior potencial entre os países da América Latina e Caribe em termos<br />
de energias renováveis, em condições de ser líder nessa área, o país está aquém de lugares<br />
com os menores potenciais do mundo, como a Alemanha, por exemplo.<br />
A afirmação é do coordenador do Conselho Mundial de Energias Renováveis na América Latina,<br />
Stefan Krauter. De acordo com ele, nos últimos 10 anos, a energia eólica (dos ventos) dobrou<br />
de participação na matriz energética alemã, passando de 4% para 11%. Naquele país, do<br />
potencial 25 mil megawatts para esse tipo de energia, quase 20 mil já estão utilizados.<br />
No Brasil, segundo o Ministério das Minas e Energia, o potencial brasileiro de geração de energia<br />
eólica (dos ventos) é de 147 mil megawatts, mas o país usa menos de 300 megawatts.<br />
Krauter, que dirige o departamento de Energias Renováveis da Universidade Estadual do Ceará,<br />
avalia que o atraso brasileiro em relação a fontes de energias renováveis se deve, em grande<br />
parte, à legislação.<br />
“Está muito burocrático, o que inibe a atuação dos investidores. Ainda tem o pensamento da<br />
centralização no Brasil, um pensamento dos anos 60 e 70. Não pegou, ainda, a idéia de<br />
descentralização da geração de energia renovável, mesmo dentro do Ministério de Minas e<br />
Energia”.<br />
Krauter é o organizador do Rio 6-World Climate & Energy Event, congresso internacional que<br />
ocorre a partir desta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro, em paralelo à Laref 2006-Feira<br />
Tecnológica Latino-Americana de Energias Renováveis. O encontro vai reunir especialistas de<br />
todo o mundo em torno do aumento do uso de energias sustentáveis.<br />
Fonte: Alana Gandra/Agência Brasil
Brasil revê posição e aceita discutir metas pós-Kyoto 17/novembro/2006<br />
Delegados em Nairóbi dizem, no entanto, que países ricos precisam fazer mais<br />
Governo afirma que posição brasileira "está evoluindo" nos últimos três anos e que<br />
país não recusaria redução de emissões depois de 2012<br />
ANA FLOR - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
Representantes do governo brasileiro na COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do<br />
Clima da ONU, que se encerra hoje em Nairóbi (Quênia), disseram que o país flexibilizou sua<br />
posição e poderá assumir metas em uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012.<br />
A afirmação quebra a tradicional dureza do país nas negociações da ONU sobre mudanças<br />
climáticas -que lhe renderam, na semana passada, o título de "fóssil do dia", antipremiação na<br />
qual ONGs ambientalistas escolhem o país que mais atravancou o debate.<br />
O Brasil sempre defendeu que não iria negociar obrigações futuras antes que nações ricas<br />
cumprissem metas de reduções de gases-estufa a que se comprometeram. A discussão<br />
brasileira se concentrava no artigo 9º da convenção, que fala de avaliações a serem feitas<br />
periodicamente no protocolo.<br />
Nas discussões, os países divergem sobre fazer uma avaliação para reajustar Kyoto a partir de<br />
2012 ("review") ou uma revisão ("revision"), que poderia modificar as regras já a partir de 2008<br />
-quando a primeira fase do protocolo entra oficialmente em vigor.<br />
Em uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas realizada ontem, durante a<br />
conferência, o diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores,<br />
Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que o Brasil não se opõe a uma proposta da África do<br />
Sul de marcar uma data para a avaliação do Protocolo. Segundo ele, há países radicalmente<br />
contra a proposta. Figueiredo deixou claro, entretanto, que o Brasil não quer que a avaliação<br />
seja uma "brecha" para que países que "não gostam de Kyoto" inviabilizem uma segunda fase<br />
do protocolo.<br />
Segundo o protocolo, os países industrializados (o chamado Anexo 1), por terem emitido uma<br />
quantidade muito maior de gases-estufa durante os últimos 150 anos, têm metas de redução<br />
até 2012, enquanto os países em desenvolvimento não as têm. A idéia é conhecida como<br />
"responsabilidades comuns mas diferenciadas".<br />
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo<br />
Capobianco, disse ontem acreditar que se os países desenvolvidos reduzirem suas emissões, e<br />
se ficar comprovado que é preciso que países em desenvolvimento reduzam também para<br />
conter mudanças climáticas, o Brasil teria uma "postura semelhante". Capobianco reforçou,<br />
entretanto, a necessidade de "não se tratar os diferentes de maneira igual", e que os países<br />
ricos deverão ter metas muito mais rigorosas que nações em desenvolvimento.<br />
Bem mais direto, outro integrante da delegação brasileira disse que existe, no governo, o<br />
entendimento de que o Brasil precisa assumir algum compromisso. Caso contrário, China e
Índia também não aceitariam obrigações -ameaçando o futuro das negociações.<br />
Um dos negociadores disse que a flexibilização da posição brasileira é um processo que vem<br />
ocorrendo nos últimos dois a três anos. "A posição do Brasil evoluiu, assim como evoluiu a de<br />
outros países."<br />
Barganha<br />
Durante a reunião, a tradicional posição brasileira foi bastante criticada. O governador do Acre,<br />
Jorge Viana -cotado como um possível substituto de Marina Silva na pasta do Meio Ambiente-,<br />
disse que é hora de o Brasil sair do "corner" e rever sua posição, trabalhando uma postura de<br />
"vanguarda" com Índia e China.<br />
O biólogo Paulo Moutinho, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), afirmou que<br />
o Brasil, por ter reduzido o desmatamento e evitado emissões de carbono, tem um "poder de<br />
barganha grande" e poderia ajudar a pressionar países ricos a assumirem metas mais<br />
ambiciosas. Referindo-se à proposta brasileira apresentada anteontem de criar um fundo<br />
voluntário para compensar países que evitaram emissões por desmatamento, Moutinho disse<br />
que o Brasil "não está pedindo esmola" mas querendo uma recompensa por um serviço que<br />
presta ao mundo.<br />
Para a ministra Marina Silva, o Brasil está sendo bastante proativo (por combater o<br />
desmatamento), mesmo sem ter obrigações em Kyoto. "O Brasil é uma potência ambiental e<br />
tem de fazer jus [a isso]", disse. Sobre as emissões que o país evitou, Marina disse que "o<br />
Brasil é o limpador do futuro", em uma analogia ao governador da Califórnia, Arnold<br />
Schwarzenegger, o "Exterminador do Futuro" do cinema -que tem se destacado por sua defesa<br />
do ambiente.
Brasil quer receber compensações financeiras no âmbito do<br />
Protocolo de Kyoto<br />
por Juliana Radler<br />
17/novembro/2006<br />
Brasil quer receber compensações financeiras no âmbito do Protocolo de Kyoto para reduzir<br />
emissões de gases do efeito estufa pelo desmatamento na Amazônia<br />
"Somos uma potência ambiental". Com essa frase a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,<br />
encerrou a sua exposição sobre os esforços do governo brasileiro para conter o desmatamento<br />
na região amazônica, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que termina<br />
nesta sexta-feira (17), em Nairóbi, no Quênia.<br />
O governo brasileiro defende em Nairóbi a proposta de receber compensações financeiras<br />
voluntárias pela contenção do desmatamento no país. Essa compensação viria como uma<br />
espécie de pagamento pelo país ter deixado de emitir gases do efeito estufa. Atualmente, 75%<br />
das emissões brasileiras são provenientes das ações predatórias na região, deixando o país<br />
entre os quatro maiores emissores destes gases poluentes.<br />
Segundo a proposta, esses recursos constituiriam um fundo no qual os países desenvolvidos e<br />
organismos financiadores contribuiriam voluntariamente. Toda vez que os países em<br />
desenvolvimento comprovassem redução das emissões pela contenção do desmatamento,<br />
poderiam acessar recursos deste fundo, de acordo com cálculos específicos relacionados à<br />
quantidade da redução.<br />
A ministra Marina Silva afirmou que essa proposta vai ao encontro do objetivo brasileiro de<br />
mudar o paradigma de desenvolvimento da região amazônica. Antes voltado para a exploração<br />
predatória dos recursos naturais da região, como extração ilegal de madeira e monocultura, a<br />
idéia é incentivar negócios sustentáveis e a criação de áreas de conservação ambiental.<br />
"É difícil para os países em desenvolvimento mudar o seu paradigma de uso de recursos<br />
naturais e da sua biodiversidade. É importante que possamos receber apoio financeiro para a<br />
promoção dessas mudanças", ressaltou a ministra, acrescentando que assim como é um desafio<br />
para os países desenvolvidos mudar a sua matriz energética (baseada em fontes de energia não<br />
renováveis, provenientes de combustíveis fósseis) é também um desafio combater o<br />
desmatamento.<br />
Representantes da delegação brasileira e também de organizações ambientalistas afirmaram<br />
que a proposta foi bem aceita pelos demais países envolvidos nas negociações do Protocolo de<br />
Kyoto. "Foram feitas sinalizações positivas. Porém, essas negociações são mais lentas e<br />
precisam ser aprofundadas pelos países, que levam a proposta para discussões internas",<br />
informou fonte do governo brasileiro.<br />
Essa proposta terá uma nova rodada de discussões durante workshop da Convenção de<br />
Mudanças Climáticas que ocorrerá no próximo mês de abril. A proposta brasileira de constituir<br />
esse fundo voluntário tem especial interesse de países detentores de grandes florestas tropicais,<br />
como a Costa Rica, Papua Nova-Guiné e a República Democrática do Congo.
A criação deste fundo, segundo defende o Brasil, não deve impor ao país nenhum tipo de<br />
compromisso de redução de suas emissões de gases do efeito estufa, mesmo após 2012,<br />
quando será iniciado o novo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, com novas metas<br />
de redução. Por essa posição, o Brasil recebeu críticas de muitas Ongs ambientalistas, que<br />
atribuíram ao país o troféu de "Fóssil do Dia", que é dado diariamente por organizações não<br />
governamentais como forma de protesto a países que, segundo essas organizações, emperram<br />
avanços do tratado.<br />
Serviços ambientais<br />
Paulo Moutinho, biólogo e coordenador de pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da<br />
Amazônia, ressalta que o mundo precisa reconhecer a importância dos serviços florestais<br />
prestados pela Amazônia. "As florestas precisam ser incluidas numa nova proposta de<br />
desenvolvimento sustentável", afirmou.<br />
Dan Nepstad, ecólogo do Woods Hole Research Center (WHRC), acrescentou também que a<br />
proteção das florestas tropicais devem ser parte das soluções adotadas para combater as<br />
mudanças climáticas. A favor da proposta apresentada pelo governo brasileiro, Nepstad<br />
informou que com os 24 milhões de hectares protegidos nos últimos dois anos através da<br />
criação de áreas de conservação na Amazônia, 2 milhões de toneladas de carbono deixarão de<br />
ser emitidas até 2025.<br />
Crescimento econômico<br />
Questionada pela Rebia se o crescimento econômico de 5% ao ano anunciado pelo presidente<br />
Lula como meta para o seu segundo mandato comprometerá a continuidade do controle do<br />
desmatamento na Amazônia, Marina Silva foi enfática em dizer que esse percentual não sera<br />
obstáculo à proteção ambiental.<br />
"A aspiração de ter crescimento econômico e distribuição de renda não significa dizer que esse<br />
crescimento terá bases insustentáveis. Nos três últimos anos, trabalhamos novos modelos de<br />
desenvolvimento, como o que foi feito no setor elétrico, que passa agora por processos<br />
complexos de licenças ambientais. Dessa forma, nos preparamos para dar conta do crescimento<br />
com sustentabilidade. É um desafio ético proteger o meio ambiente", finalizou a ministra em<br />
Nairóbi.
Ártico continua a esquentar; geleiras seguem derretendo 17/novembro/2006<br />
Sinais de aquecimento continuam a aparecer no Ártico, com uma redução do gelo sobre o mar,<br />
um aumento no número de arbustos na tundra e preocupações cada vez maiores com o capa de<br />
gelo da Groenlândia. "Já houve períodos de aquecimento regional antes, mas o que estamos<br />
vendo agora são mudanças em todo o Ártico", disse o oceanógrafo James Overland, do<br />
Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico, no Estado de Washington (EUA).<br />
Em cada um dos últimos cinco anos, a temperatura em todo o Ártico ficou 1º C acima da média,<br />
durante o ano inteiro, disse ele.<br />
O novo relatório sobre o Estado do Ártico, divulgado pela Administração Nacional de Oceano e<br />
Atmosfera (NOAA), do governo americano, também informa um aumento no deslocamento de<br />
água quente pelo Estreito de Bering no período 2001-2004, o que pode ser uma das causas da<br />
contínua redução da massa de gelo no mar.<br />
Nesse período, a cobertura de gelo sobre o mar da região atingiu baixas históricas, segundo<br />
Overland. Neste ano, a cobertura em Bering foi mais normal, mas houve baixa recorde na parte<br />
atlântica do Ártico.<br />
No passado, esse tipo de mudança representava uma mera redistribuição do gelo, com perdas<br />
em uma parte da região ártica sendo compensadas por aumentos em outras áreas, mas agora<br />
existe uma perda líquida de gelo, disse o oceanógrafo.<br />
O relatório afirma que a cobertura de gelo no Ártico, em março, foi a menor já registrada, desde<br />
o início das medições por satélite.<br />
O estudo foi planejado para avaliar o impacto geral do aquecimento global no Ártico, e será<br />
atualizado anualmente. Foi compilado por pesquisadores dos EUA, Canadá, França, Alemanha,<br />
Polônia, Noruega, Suécia e Rússia.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Angra 3 precisa de aprovação do Congresso, diz Justiça Federal 17/novembro/2006<br />
Uma liminar da Justiça Federal determinou, na última terça-feira (14), a interrupção do<br />
processo de licenciamento ambiental da usina nuclear de Angra 3. A liminar foi solicitada, em<br />
abril deste ano, pelo Procurador da República André de Vasconcelos Dias cuja argumentação<br />
lembra que a Constituição Brasileira exige uma lei federal determinando o local de construção<br />
da usina (Art. 225) e a necessidade de sua aprovação pelo Congresso Nacional (Art. 21).<br />
O Greenpeace vem cobrando a necessidade de o legislativo federal exercer controle efetivo<br />
sobre o Programa Nuclear Brasileiro. “A constituição brasileira é muito clara: toda atividade<br />
nuclear em território nacional só será admitida mediante aprovação do Congresso Nacional”,<br />
afirma Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace. “Quando o Poder Executivo<br />
tenta impor sua decisão de construir Angra 3 sem passar pelo Congresso, está desrespeitando<br />
um direito do cidadão brasileiro de que assuntos de interesse nacional como este sejam<br />
debatidos de forma ampla e democrática”.<br />
Além das questões jurídicas em torno de Angra 3, o Greenpeace condena as intenções do<br />
governo federal de ir adiante com o projeto de construção da usina, conforme noticiado<br />
recentemente na grande imprensa. Para a organização, o governo parece ignorar os riscos de<br />
acidentes, os graves problemas gerados com o lixo radioativo, os altos custos aos cofres<br />
públicos e, especialmente, o potencial brasileiro de geração de energia a partir de fontes limpas<br />
e renováveis.<br />
Segundo pesquisa de opinião realizada pelo Iser - Instituto de Estudos da Religião em 2004,<br />
82% dos brasileiros são contrários à construção de novas usinas nucleares no país.<br />
Fonte: Greenpeace
Proposta brasileira para conter aquecimento não empolga 17/novembro/2006<br />
Sem repercussão significativa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentou, durante<br />
a COP12 - 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Nairóbi, no<br />
Quênia, a proposta de criação de um fundo ao qual países em desenvolvimento teriam acesso,<br />
desde que reduzissem o desmatamento de suas florestas. O fundo receberia contribuições<br />
voluntárias de países desenvolvidos.<br />
A proposta brasileira concorre com outra, de Nova Guiné e Costa Rica: países apresentariam<br />
projetos de redução de desmatamento e, tão logo a idéia fosse aprovada, seriam beneficiados<br />
com créditos de carbono. Para o secretário-executivo do ministério, Cláudio Langone, a idéia<br />
concorrente é falha porque concede incentivo antes mesmo de a meta ser atingida.<br />
O secretário-executivo da Convenção sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, limitou-se a<br />
qualificar a proposta brasileira de "interessante". Para Mauro Armelin, coordenador de políticas<br />
públicas do WWF-Brasil, que participa do evento, a expectativa era de que o discurso da<br />
ministra animasse as discussões, mas o que se viu foi apatia. Os delegados presentes nem<br />
sequer fizeram perguntas. "Ficamos sem saber qual é a opinião dos demais, não deu para usar<br />
a apresentação como um termômetro".<br />
Segundo ele, a ONG considera a sugestão muito interessante, mas pede que o governo se<br />
comprometa mais. "O País está enfrentando o problema do desmatamento. Mas cobramos que<br />
sejam estabelecidas metas para essa redução. Lula já estabeleceu uma taxa para o crescimento<br />
do PIB, tem de criar também uma para redução de desmatamento."<br />
Compromisso ético - Outro problema, porém, aponta Armelin, é saber quem vai investir nesse<br />
fundo, aparentemente sem ganhar nada em troca. A adesão dos desenvolvidos ao mecanismo<br />
não conta créditos, ou seja, não os ajuda a cumprir as metas obrigatórias de redução de<br />
emissões. "É uma pergunta que está todo mundo se fazendo. Não sei quem colocaria dinheiro."<br />
A ministra Marina Silva confia na boa vontade dos desenvolvidos. "Como o Brasil tem feito um<br />
esforço muito grande para diminuir o desmatamento, e assim reduzir emissões, achamos que é<br />
correto que os países desenvolvidos aportem voluntariamente recursos para compensar aqueles<br />
que estão fazendo reduções, uma vez que beneficiam a todos´, disse Marina à BBC.<br />
"Entendemos que o que vai mobilizar pessoas para injetar recursos nesse fundo é o<br />
compromisso ético."<br />
Langone diz não ter expectativa de que saia uma decisão final da reunião de Nairóbi. Na<br />
previsão do ministério, ela só seria tomada na próxima conferência, em dezembro de 2007.<br />
Justamente por trabalhar com perspectivas de longo prazo, a proposta de incentivo do Brasil<br />
não será o maior desafio no encontro de Nairóbi. O País é alvo de críticas por sua resistência em<br />
ingressar no grupo do Anexo 1 do Protocolo de Kyoto - hoje, a lista é formada só por países<br />
desenvolvimento. O bloco quer a companhia do Brasil, China e Índia.<br />
O Brasil, no entanto, defende um tratamento diferenciado. "Entendemos que países<br />
desenvolvidos são os que mais contribuíram para o aquecimento global e são os que respondem<br />
pela maior fatia de emissão de gases poluentes. É preciso tratar de forma desigual países em
estágios diferentes de desenvolvimento", afirmou Langone.<br />
Fonte: Lígia Formenti/Estadão Online
Ibama realizada audiências públicas sobre licenciamento de<br />
petróleo na Bacia de Campos/RJ<br />
17/novembro/2006<br />
A CGPEG - Coordenação Geral de Licenciamento de Petróleo e Gás, vinculada à Diretoria de<br />
Licenciamento Ambiental do Ibama, realiza nesta sexta-feira (17), a partir das 17 horas, uma<br />
Audiência Pública no Clube Tamoios, em Cabo Frio, Rio de Janeiro, com o objetivo de discutir<br />
com a população o TCA - Termo de Ajustamento de Conduta e o Estudo de Impacto Ambiental<br />
(EIA/Rima) da atividade de perfuração marítima na área geográfica da Bacia de Campos, no Rio<br />
de Janeiro.<br />
No domingo (19), às 10 horas, a Audiência Pública ocorrerá no Clube de Regatas Saldanha da<br />
Gama, em Campos, também com o objetivo de divulgar o andamento do Termo de Ajustamento<br />
de Conduta firmado entre Ibama e Petrobras e do processo de licenciamento da perfuração<br />
marítima na área. Esse é o momento em que a população local poderá sugerir<br />
complementações ao licenciamento, a partir de suas preocupações sobre os impactos da<br />
atividade de perfuração para a comunidade local.<br />
Fonte: Sandra Tavares/Ibama
ONGs criticam plano brasileiro contra desmatamento 17/novembro/2006<br />
O plano voluntário de redução de desmatamento apresentado pelo Brasil em Nairóbi é<br />
"insuficiente" para compensar a parcela de responsabilidade do País no aquecimento global,<br />
disseram organizações ambientais que acompanharam a elaboração da proposta.<br />
"O Brasil precisa parar de basear seus argumentos em contribuições históricas, e olhar para<br />
frente", disse um relatório do Greenpeace. Já o coordenador de Políticas Públicas do Fundo<br />
Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), Mauro Armelin, ressaltou que o<br />
estabelecimento de metas de redução do desflorestamento - discussão que o País evita -<br />
tornaria mais robusto plano do país.<br />
Na quarta-feira (15), em entrevista à BBC Brasil, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,<br />
afirmou que o governo brasileiro já tem "compromissos internos" em relação ao desmatamento,<br />
e não aceitará pressões externas para adotar metas.<br />
A ministra, no entanto, não especificou quais seriam esses compromissos.<br />
Proposta - Em fóruns internacionais, o Brasil é um dos principais países a votar contra a adoção<br />
de metas de redução de desflorestamento, defendida por ambientalistas, governos estrangeiros<br />
e organizações não-governamentais.<br />
A posição brasileira é de considerar o estabelecimento de metas como uma "interferência<br />
externa" no modelo de desenvolvimento do país.<br />
A idéia brasileira prevê a criação de um fundo voluntário - baseado em um "compromisso ético",<br />
segundo a ministra - em que países ricos contribuiriam com recursos financeiros para incentivar<br />
nações que reduzam o desmatamento.<br />
Para surpresa de alguns, o plano apresentado pela ministra e pelo secretário de Biodiversidade<br />
e Florestas do Ministério, João Capobianco, foi recebido com aparente indiferença no plenário.<br />
Ao final da exposição, nenhum dos delegados dos mais de 180 países presentes à convenção<br />
quis fazer perguntas.<br />
Organizações que encontraram um lado positivo na proposta brasileira ressaltaram que ela é<br />
um "passo adiante" - nas palavras do Greenpeace - e um "início de abertura" por parte do Brasil<br />
- termo usado pelo representante do WWF - no sentido de aceitar pelo menos a discussão<br />
internacional do problema.<br />
Preservação x Desenvolvimento - Mas as organizações insistiram na necessidade de um<br />
"compromisso internacional" para avaliar os avanços nas políticas anti-desmatamento.<br />
O coordenador da campanha de clima do Greenpeace, Carlos Rittl, disse que, ao basear-se no<br />
voluntarismo, a proposta brasileira "não assegura as reduções do desmatamento no longo<br />
prazo".<br />
Em situações em que é registrada uma alta no preço de commodities, cuja produção tem
impacto na floresta - como a soja ou a carne de gado - os projetos ambientais podem<br />
simplesmente perder atratividade, ele afirmou.<br />
Mauro Armelin, do WWF, afirmou que, sem metas, "os potenciais doadores (do fundo proposto<br />
pelo Brasil) não vêem compromissos de longo prazo" dos países emergentes.<br />
Além disso, ele afirmou, "metas internacionais envolvem tanto os países ricos quanto os países<br />
em desenvolvimento". À falta delas, Armelin conclamou o governo brasileiro a estipular uma<br />
meta nacional, desdobrada inclusive em objetivos individuais de cada Estado da federação.<br />
Com 17% de mata original amazônica desmatada, "o Brasil precisa discutir com que velocidade<br />
quer atingir os 20% (máximos permitidos pelo Código Ambiental)", ele disse. "Mas esta é uma<br />
discussão que tem que ser puxada pelo governo. Se for colocada por organizações ambientais,<br />
ela será rechaçada pelo setor produtivo."<br />
Segunda proposta - Outro plano com o objetivo de compensar países que evitem o<br />
desmatamento foi apresentado pela delegação de Papua Nova Guiné.<br />
No entanto, o esquema da delegação papua permite que os países ricos que financiem projetos<br />
de proteção de florestas em países em desenvolvimento contabilizem esses "ganhos" em suas<br />
próprias metas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa.<br />
Pelo Protocolo de Kyoto, as nações emergentes estão livres de metas, mas podem "vender"<br />
suas emissões de carbono. Na época da discussão do acordo, os projetos de redução de<br />
desmatamento ficaram fora do "comércio de carbono". Agora, muitos imaginam que eles podem<br />
ser a solução para engajar todos os países na questão climática, quando o protocolo expirar, em<br />
2012.<br />
Estima-se que 20% das emissões de carbono no mundo são resultado do desmatamento, seja<br />
por conta das queimadas, seja pelo menor número de árvores realizando a fotossíntese,<br />
processo natural que retira gás carbônico do ar.<br />
Em entrevista coletiva, o secretário-executivo da Convenção da ONU sobre o Clima, Yvo de<br />
Boer, disse que as propostas do Brasil e de Papua Nova Guiné - além de contribuições que<br />
outros países ainda queiram apresentar - serão analisadas a partir de agora em um workshop.<br />
Especialistas em Nairóbi acreditam que deve demorar ainda cerca de dois anos até que uma<br />
decisão final seja tomada sobre as propostas.<br />
Fonte: BBC Brasil/Estadão Online
Eletronuclear recorre de liminar que sustou estudos ambientais de<br />
Angra 3<br />
17/novembro/2006<br />
A Eletronuclear entra nesta sexta-feira (17) com agravo de instrumento na Justiça para poder<br />
participar como ré do processo movido pelo Ministério Público Federal contra o licenciamento<br />
ambiental para a construção da usina de Angra 3 do Ibama - Instituto Brasileiro do Meio<br />
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. O pedido para citação da Eletronuclear foi negado na<br />
semana passada pela Justiça, daí a razão de a estatal entrar agora com um agravo de<br />
instrumento, informou o assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos<br />
Guimarães.<br />
Na última sexta-feira (8), em caráter liminar, a 1ª Vara Federal de Angra dos Reis determinou<br />
ao Ibama a suspensão do processo de licenciamento ambiental de Angra 3, alegando que ainda<br />
não foi editada nenhuma lei federal que defina a localização da usina, conforme estabelece o<br />
artigo 225 da Constituição.<br />
Leonam Guimarães afirmou que a mesma estratégia foi adotada por ocasião da construção de<br />
Angra 2. “Foi feita a mesma coisa. Fizeram uma liminar com a mesma argumentação. A<br />
Eletronuclear cassou essa liminar”, lembrou.<br />
O processo, entretanto, permanece até hoje sem julgamento no Tribunal de Justiça do Rio de<br />
Janeiro, disse Guimarães. Ele esclareceu que a ação movida à época abrangia as duas usinas<br />
(Angra 2 e 3), uma vez que elas foram objeto do mesmo decreto presidencial de 1984.<br />
Naquela oportunidade, a AGU - Advocacia-Geral da União contestou parecer da procuradoria<br />
jurídica do Ibama de que era necessária a lei para que o processo de licenciamento tivesse<br />
continuidade. “Isso tem uma característica vinculante para todos os órgãos da administração<br />
pública”, explicou Guimarães.<br />
A Eletronuclear procurará a AGU para que publique esse parecer, “porque ele publicado passa a<br />
ser vinculante”.<br />
O assistente da presidência da estatal explicou que mesmo que juridicamente se entenda que a<br />
instalação de Angra 3 precise de uma lei específica, “essa lei só pode ser feita depois do Ibama<br />
der a licença prévia, porque seria um absurdo o Congresso aprovar uma lei que autorize a<br />
localização de uma usina sem o órgão ambiental nacional se pronunciar sobre a viabilidade<br />
desse empreendimento”.<br />
O assistente da presidência da Eletronuclear disse que a estratégia do Ministério Público foi<br />
adotada também para paralisar os estudos ambientais da usina hidrelétrica de Belo Monte, no<br />
Xingu. “Você proibir o estudo ambiental é uma coisa meio obscurantista”, avaliou.<br />
A expectativa da Eletronuclear é que não haja, a princípio, prejuízos em relação à retomada das<br />
obras de Angra 3, que se encontram paralisadas desde 1986. Se a autorização para a<br />
construção do projeto for dada pelo presidente da República e as obras se reiniciarem já em<br />
2007, a usina deverá estar pronta para entrar em operação em 2013, estimou Leonam<br />
Guimarães.
Fonte: Alana Gandra/Agência Brasil
Senador republicano critica reunião da ONU sobre clima 17/novembro/2006<br />
O senador republicano James Inhofe, presidente de um comissão sobre meio ambiente na<br />
Câmara Alta dos Estados Unidos, classificou nesta quinta-feira (16) como "sessão de lavagem<br />
cerebral" a Convenção sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, que acontece em Nairóbi.<br />
Em entrevista coletiva, Inhofe disse que as idéias sobre o aquecimento global são equivocadas.<br />
A maioria dos cientistas e muitos líderes políticos - entre eles o presidente George W. Bush -<br />
reconheceram que o aquecimento global se deve, em parte, às atividades humanas e à emissão<br />
de gases causadores do efeito estufa.<br />
O senador preside a Comissão sobre Meio Ambiente e Obras Públicas do Senado, mas passará a<br />
ser o líder da minoria do grupo em janeiro de 2007, quando os democratas assumirão o<br />
controle de todas os comitês após sua vitória nas urnas na semana passada.<br />
Inhofe, que enviou alguns de seus assessores à reunião da ONU, disse que, se existe o<br />
aquecimento do planeta, esse se deve a um ciclo natural e não aos argumentos que são<br />
utilizados pela comunidade científica. Ao erguer um livro para crianças sobre o tema que está<br />
sendo distribuído na conferência de Nairóbi, Inhofe comentou que o mesmo tinha sido pago pela<br />
ONU e que está efetuando "uma lavagem cerebral nas crianças".<br />
A posição de Inhofe vai contra até a de alguns líderes republicanos, entre eles o senador John<br />
McCain, que disse que na próxima legislatura apresentará, junto com seu colega democrata<br />
Joseph Lieberman, um projeto de lei sobre a mudança climática.<br />
Segundo McCain, alguns líderes do governo norte-americano permanecem "em um estado de<br />
negação (...), porque acham erroneamente que o aquecimento global é um mito".<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Petrobras anuncia queda no fornecimento de gás natural da Bolívia,<br />
mas garante abastecimento<br />
18/novembro/2006<br />
O fornecimento de gás natural importado diariamente pelo Brasil da Bolívia diminuiu entre 10%<br />
e 15%, o que equivale a cerca de 4 milhões de metros cúbicos por dia.<br />
Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, a queda no fornecimento já era prevista e é<br />
fruto da primeira etapa das obras de reparo do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A estatal<br />
garante que a redução não afetará o abastecimento às regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.<br />
As obras começaram no último dia 11 e estão sendo feitas para reparar os danos causados<br />
pelas chuvas ocorridas na Bolívia em início de abril, que afetaram os dutos que transportam o<br />
gás natural para o país.<br />
A Petrobras afirma que, após os reparos, o gasoduto voltará às condições normais, operando<br />
com capacidade plena, ou seja, transportando entre 24 e 26 milhões de metros cúbicos por dia.<br />
Esse volume corresponde a cerca de 50% de toda a demanda brasileira gás natural.<br />
Em nota divulgada em 1o de novembro, a companhia brasileira informou que a primeira fase<br />
das obras deve ser concluída neste final de semana. No próximo dia 23 está prevista a segunda<br />
etapa, que deverá durar onze dias.<br />
Fonte: Nielmar de Oliveira/Agência Brasil
Amazonas quer fundo local pró-floresta 18/novembro/2006<br />
Governo do Estado planeja criar mecanismo fora do Protocolo de Kyoto para financiar<br />
medidas de proteção ambiental<br />
Ampliação do programa de desenvolvimento Zona Franca Verde pode reduzir o<br />
desmatamento a zero no Estado, afirma secretário<br />
ANA FLOR - COLABORAÇÃO PARA FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
O governo do Amazonas lançou ontem a proposta de um fundo para combater desmatamento e<br />
para a conservação de suas florestas semelhante à que o governo brasileiro apresentou na<br />
quarta-feira à Convenção do Clima da ONU.<br />
Chamada de "Iniciativa do Amazonas", a proposta, lançada num evento paralelo em Nairóbi,<br />
pretende incentivar empresas e indivíduos a investir num fundo a ser gerido pelo governo<br />
estadual, fora de acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto. O valor arrecadado seria<br />
usado em um programa de desenvolvimento sustentável que já existe no Estado, o Zona Franca<br />
Verde.<br />
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, com o combate ao desflorestamento<br />
no Estado, 600 mil toneladas de carbono deixaram de ser emitidas desde 1990. Com as ações<br />
reforçadas pelos recursos do fundo, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />
Sustentável, Virgílio Viana, diz que em 30 anos o Estado pode reduzir a zero o desmatamento.<br />
A meta, considerada difícil, é defendida pelo secretário com base em resultados recentes. "Entre<br />
2002 e 2005, a taxa de desmatamento do Estado do Amazonas foi reduzida em 53%", disse.<br />
Ao apresentar o projeto em Nairóbi, Viana disse que o Amazonas tem 20 mil hectares de<br />
floresta a mais do que o segundo maior país detentor delas, o Congo (África), que tem 130 mil<br />
hectares. "Somos tão grandes [em florestas] como um país", disse ele, justificando o porquê de<br />
defender uma iniciativa isolada para o Estado.<br />
Virgílio reforçou que o Amazonas é a favor da proposta brasileira que cria, dentro da Convenção<br />
do Clima da ONU, um mecanismo voluntário no qual países -e talvez empresas e indivíduos-<br />
destinem recursos a serem distribuídos entre nações que desmataram menos.<br />
Os países desenvolvidos não poderiam, entretanto, usar a redução das emissões de carbono<br />
(resultantes de floresta derrubada) para abater de suas cotas nas metas assumidas no<br />
Protocolo de Kyoto.<br />
O que o Amazonas quer é criar o fundo imediatamente, enquanto a proposta brasileira precisa<br />
passar por negociações e pela aprovação do plenário da Convenção -o que, em uma perspectiva<br />
otimista, levará pelo menos um ano.<br />
O Estado busca parceiros para implementar programas de redução de desflorestamento por<br />
meio de investimentos em serviços ambientais. "Reduzir desmatamento tem um custo, e os<br />
serviços prestados pelas florestas do Amazonas beneficiam o clima do planeta como um todo. É<br />
lógico, portanto, que outros dividam os custos de implementar a conservação das florestas do
Amazonas", diz o texto. O plano quer arrecadar, em 20 anos, US$ 3 bilhões.<br />
Durante a apresentação, representantes de países africanos elogiaram a proposta e pediram<br />
para trocar idéias de como implementá-las. Segundo Virgílio Viana, o Amazonas já discute a<br />
proposta com investidores britânicos e alemães.
Efeito estufa: negociação de metas fica para depois de 2008 18/novembro/2006<br />
A conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática terminou nesta sexta-feira, 17,<br />
com um acordo para um cronograma lento de negociação de cortes futuros na emissão de gases<br />
do efeito estufa, refletindo a esperança de que Estados Unidos, China e outros grandes<br />
poluidores venham a aderir ao regime de controles obrigatórios.<br />
Delegados das 165 nações que tomam parte no Protocolo de Kyoto, que expira em 2012,<br />
aprovaram uma programação de negociações que tem pouca chance de gerar um acordo para o<br />
futuro do regime de emissões de gases do efeito estufa antes de 2009.<br />
A informação de que um acordo para as metas de corte de emissões sairia até 2008, divulgada<br />
no início da tarde pela Associated Press, não se confirmou.<br />
Os países realizarão uma revisão do Protocolo de Kyoto, que já exige que as nações<br />
industrializadas reduzam suas emissões. Organizações ambientalistas temem que uma demora<br />
na revisão - e, por conseguinte, na elaboração das regras que vigorarão de 2012 em diante -<br />
venha a solapar o esforço já realizado.<br />
O temor dos países em desenvolvimento, de se comprometerem com metas de cortes na<br />
poluição, foi um dos principais entraves da reunião, que se realiza em Nairóbi, Quênia. O Brasil<br />
chegou a receber, na semana passada, o prêmio "Fóssil do Dia", oferecido por ONGs às nações<br />
que mais atuam para atrapalhar as negociações. Mas os campeões do "Fóssil do Dia" foram, ao<br />
final, Austrália, Canadá e Arábia Saudita.<br />
A conferência aprovou que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que atualmente<br />
possui apenas nove de seus 400 projetos na África, seja mais equilibrado geograficamente.<br />
O MDL permite que os países em desenvolvimento vendam cotas de emissão de gases do efeito<br />
estufa a nações ricas.<br />
Também foram estipuladas as regras do Fundo de Adaptação, ferramenta prevista no Protocolo<br />
de Kyoto para o financiamento de projetos que ajudem os países mais pobres a adaptar-se às<br />
conseqüências da mudança climática, como inundações e secas.<br />
No entanto, a implementação ainda deve levar mais um ano, até que se aperfeiçoe o sistema e<br />
os critérios que devem reunir os projetos a serem financiados.<br />
A falta de avanços mais substanciais em Nairóbi frustrou algumas expectativas. A ambientalista<br />
queniana Sharon Looremetta referiu-se à reunião como um fracasso.<br />
"A maior parte das questões importante acabou engavetada", disse ela. Seu povo, os nômades<br />
massai, já foi prejudicado pelas secas causadas pelo aquecimento global, disse ela. "Não<br />
andamos de carros 4x4, não pegamos avião nas férias, mas sofremos com a mudança<br />
climática", afirmou.
Fonte: Estadão Online
Proposta dos países pobres vence votação 18/novembro/2006<br />
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI<br />
Uma das decisões tomadas na 12ª Conferência do Clima da ONU, que terminou ontem em<br />
Nairóbi (Quênia), foi comemorada como vitória por países em desenvolvimento. Delegados<br />
decidiram marcar para 2008 uma avaliação ("review") do Protocolo de Kyoto, e não uma revisão<br />
ampla ("revision") como queriam alguns países ricos.<br />
O texto final afirma que a próxima avaliação "não levará a novas obrigações [de reduções de<br />
gases causadores do efeito estufa] para nenhuma das partes".<br />
Segundo o secretário-executivo da convenção, Yvo de Boer, a inclusão foi sugerida por países<br />
em desenvolvimento por receio de que a avaliação do protocolo fosse usada para se tentar<br />
incluir metas para países pobres.<br />
As opiniões de ambientalistas sobre o resultado do encontro divergiram. A ONG Oxfam, por<br />
exemplo, disse que a inércia política esvaziou ações relevantes contra mudanças climáticas e a<br />
conferência "decepcionou a África e o mundo". Para o WWF, houve avanços, apesar de os<br />
ministros perderem a chance de tomar decisões que avançassem nas regras pós-2012, quando<br />
termina o primeiro período de obrigações de Kyoto.<br />
Outro avanço foi realçado pela organização da convenção: o de como será gerenciado um fundo<br />
para adaptação às mudanças climáticas. Nesse debate, ONGs criticaram apenas o adiamento da<br />
decisão final sobre o funcionamento do mecanismo para o ano que vem.<br />
Uma iniciativa que surgiu na reunião foi influenciada pelo próprio local do encontro. O exsecretário-geral<br />
da ONU, Kofi Annan, anunciou uma "força-tarefa" de programas para incorporar<br />
a África nos MDLs (Mecanismos de Desenvolvimento Limpos), que trocam investimentos de<br />
países ricos em programas de energia limpa nos países pobres por créditos para deduzir de suas<br />
reduções de gases-estufa. O continente que menos aproveita o MDL é o mais castigado pelo<br />
clima. (AF)
Iceberg avistado no litoral da Nova Zelândia 18/novembro/2006<br />
Pela primeira vez em 75 anos, um iceberg foi avistado a partir do litoral neozelandês. Trata-se<br />
de um de aproximadamente 100 que estão à deriva ao sul do país. O enorme pedaço de gelo<br />
era visível, na quinta-feira (16), a partir de Dunedin, na Ilha Sul, mas desde então já se<br />
afastou, impelido por ventos e correntes marítimas. A flotilha de icebergs - alguns, do tamanho<br />
de casas - já tinha sido avistada ao sul da Nova Zelândia no início do mês.<br />
Em 2005, icebergs foram vistos em águas territoriais neozelandesas pela primeira vez em 56<br />
anos. Mas a última vez em que um foi avistado a partir do litoral ocorreu em junho de 1931, de<br />
acordo com Mike Williams, oceanógrafo do Instituto Nacional Pesquisa Aquática e Atmosférica.<br />
Cientistas relutam em culpar o aquecimento global pelo fenômeno.<br />
"Estamos monitorando essas coisas há pouco tempo, é impossível dizer. Dizer que isso é<br />
incomum e ligado ao aquecimento global simplesmente não é possível", afirmou o professor de<br />
geologia Paul Augustinus à imprensa local.<br />
Os especialistas tentam determinar o ponto exato da onde os icebergs se soltaram da Antártida.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Brasil revê posição e aceita discutir metas pós-Kyoto 18/novembro/2006<br />
Representantes do governo brasileiro na COP12 - 12ª Conferência das Partes da Convenção do<br />
Clima da ONU, que se encerra nesta sexta-feira (17) em Nairóbi (Quênia), disseram que o país<br />
flexibilizou sua posição e poderá assumir metas em uma segunda fase do Protocolo de Kyoto, a<br />
partir de 2012.<br />
A afirmação quebra a tradicional dureza do país nas negociações da ONU sobre mudanças<br />
climáticas - que lhe renderam, na semana passada, o título de "fóssil do dia", antipremiação na<br />
qual ONGs ambientalistas escolhem o país que mais atravancou o debate.<br />
O Brasil sempre defendeu que não iria negociar obrigações futuras antes que nações ricas<br />
cumprissem metas de reduções de gases-estufa a que se comprometeram. A discussão<br />
brasileira se concentrava no artigo 9º da convenção, que fala de avaliações a serem feitas<br />
periodicamente no protocolo.<br />
Nas discussões, os países divergem sobre fazer uma avaliação para reajustar Kyoto a partir de<br />
2012 ("review") ou uma revisão ("revision"), que poderia modificar as regras já a partir de 2008<br />
- quando a primeira fase do protocolo entra oficialmente em vigor.<br />
Em uma reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas realizada ontem, durante a<br />
conferência, o diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores,<br />
Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que o Brasil não se opõe a uma proposta da África do<br />
Sul de marcar uma data para a avaliação do Protocolo. Segundo ele, há países radicalmente<br />
contra a proposta. Figueiredo deixou claro, entretanto, que o Brasil não quer que a avaliação<br />
seja uma "brecha" para que países que "não gostam de Kyoto" inviabilizem uma segunda fase<br />
do protocolo.<br />
Segundo o protocolo, os países industrializados (o chamado Anexo 1), por terem emitido uma<br />
quantidade muito maior de gases-estufa durante os últimos 150 anos, têm metas de redução<br />
até 2012, enquanto os países em desenvolvimento não as têm. A idéia é conhecida como<br />
"responsabilidades comuns mas diferenciadas".<br />
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo<br />
Capobianco, disse ontem acreditar que se os países desenvolvidos reduzirem suas emissões, e<br />
se ficar comprovado que é preciso que países em desenvolvimento reduzam também para<br />
conter mudanças climáticas, o Brasil teria uma "postura semelhante". Capobianco reforçou,<br />
entretanto, a necessidade de "não se tratar os diferentes de maneira igual", e que os países<br />
ricos deverão ter metas muito mais rigorosas que nações em desenvolvimento.<br />
Bem mais direto, outro integrante da delegação brasileira disse que existe, no governo, o<br />
entendimento de que o Brasil precisa assumir algum compromisso. Caso contrário, China e<br />
Índia também não aceitariam obrigações - ameaçando o futuro das negociações.<br />
Um dos negociadores disse que a flexibilização da posição brasileira é um processo que vem<br />
ocorrendo nos últimos dois a três anos. "A posição do Brasil evoluiu, assim como evoluiu a de<br />
outros países."
Barganha - Durante a reunião, a tradicional posição brasileira foi bastante criticada. O<br />
governador do Acre, Jorge Viana - cotado como um possível substituto de Marina Silva na pasta<br />
do Meio Ambiente -, disse que é hora de o Brasil sair do "corner" e rever sua posição,<br />
trabalhando uma postura de "vanguarda" com Índia e China.<br />
O biólogo Paulo Moutinho, do Ipam - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, afirmou que<br />
o Brasil, por ter reduzido o desmatamento e evitado emissões de carbono, tem um "poder de<br />
barganha grande" e poderia ajudar a pressionar países ricos a assumirem metas mais<br />
ambiciosas. Referindo-se à proposta brasileira apresentada anteontem de criar um fundo<br />
voluntário para compensar países que evitaram emissões por desmatamento, Moutinho disse<br />
que o Brasil "não está pedindo esmola" mas querendo uma recompensa por um serviço que<br />
presta ao mundo.<br />
Para a ministra Marina Silva, o Brasil está sendo bastante proativo (por combater o<br />
desmatamento), mesmo sem ter obrigações em Kyoto. "O Brasil é uma potência ambiental e<br />
tem de fazer jus (a isso)", disse. Sobre as emissões que o país evitou, Marina disse que "o<br />
Brasil é o limpador do futuro", em uma analogia ao governador da Califórnia, Arnold<br />
Schwarzenegger, o "Exterminador do Futuro" do cinema - que tem se destacado por sua defesa<br />
do ambiente.<br />
Fonte: Ana Flor/Folha Online
Termina Conferência sobre Mudança Climática de Nairóbi 18/novembro/2006<br />
A Conferência sobre Mudança Climática da ONU - Organização das Nações Unidas, realizada em<br />
Nairóbi, terminou nesta sexta-feira (17) após a aprovação da realização de uma nova revisão do<br />
Protocolo de Kyoto em 2008. A conferência também definiu a revisão das regras do fundo que<br />
ajudará os países pobres a se adaptarem à mudança climática.<br />
Ao seu final, a conferência aprovou que o MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - que<br />
atualmente possui apenas 9 de seus 400 projetos focados na África - seja mais equilibrado<br />
geograficamente. O MDL permite que os países em desenvolvimento, com uma emissão menor<br />
de poluentes, vendam cotas de emissão de gases do efeito estufa a países ricos.<br />
Diante da incredulidade de muitos analistas, que esperavam que a sessão se prolongasse até a<br />
madrugada como em edições anteriores, os aplausos soaram quando o presidente da<br />
conferência, o ministro do Meio Ambiente do Quênia, Kivutha Kivuana, declarou o encontro<br />
oficialmente concluído após declarar-se "muito satisfeito" com os resultados.<br />
A revisão do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, concluiu que o acordo "iniciou uma ação<br />
importante e tem o potencial contribuir decisivamente sobre as maneiras de abordar a mudança<br />
climática".<br />
Também foram estipuladas regras do Fundo de Adaptação, ferramenta prevista em Kyoto para<br />
o financiamento de projetos que ajudem os países mais pobres a se adaptarem às<br />
conseqüências da mudança climática - como inundações e secas. No entanto, sua<br />
implementação ainda deve levar mais um ano - até que o sistema e os critérios sejam<br />
aperfeiçoados, reunindo os projetos a serem financiados.<br />
Ratificado por 166 países, em vigor desde o dia 16 de fevereiro de 2005, o Protocolo de Kyoto<br />
impõe aos países industrializadas metas obrigatórias de emissões de dióxido de carbono -<br />
causador do aquecimento global - com o objetivo de reduzi-las em 5,2% até 2012 (em relação<br />
aos níveis de 1990).<br />
Fonte: EFE/Folha Online
Uma verdade inconsistente 19/novembro/2006<br />
A verdade de Al Gore só parece alcançar quem se dispõe a ouvi-la<br />
Se alguém merece o título desairoso de "ecochato", é Albert Gore Jr., conhecido entre<br />
desafetos como Al Bore.<br />
Em 1992, quando a cena política internacional acordava para a questão da mudança climática<br />
global, o então jovem senador americano já estava na praça com o livro "A Terra em Balanço:<br />
Ecologia e o Espírito Humano". Narrava ali coisas como uma visita à floresta amazônica,<br />
ciceroneado por Tom Lovejoy. O biólogo lhe chamara a atenção para a existência de mais<br />
espécies de ave numa milha quadrada da Amazônia do que em toda a América do Norte -"o que<br />
significa que estamos silenciando milhares de canções que nem chegamos a ouvir", escreveu.<br />
Não se trata, já se vê, de um estranho na ninhada que bebeu na fonte da "Primavera<br />
Silenciosa" (1962), de Rachel Carson (1907-1964). Depois de 1992, Gore se tornou o vicepresidente<br />
de Bill Clinton e "ex-próximo presidente dos Estados Unidos", como observa com<br />
rara auto-ironia o protagonista do documentário "Uma Verdade Inconveniente", atualmente em<br />
cartaz no Brasil.<br />
Como quase toda peça de propaganda, o filme é chato. Na realidade, resume-se a uma versão<br />
empetecada da palestra-show de conscientização sobre aquecimento global que Gore repete<br />
pelo mundo afora. Até ao Brasil o candidato derrotado à Casa Branca voltou, para embasbacar<br />
com ela alguns freqüentadores da Câmara Americana de Comércio e promover tanto o filme<br />
quanto a edição nacional do livro de mesmo título (Editora Manole, 328 págs., R$ 64,00).<br />
No último dia 11, a platéia de menos de cem pessoas da sala 7 do Cine Bristol, em São Paulo ,<br />
desatou a aplaudir o documentário quando terminou a projeção. Até um professor que roncara<br />
alto durante a sessão bateu palmas. Claramente, uma congregação de pré-convertidos.<br />
Esta vem a ser uma das inconsistências da verdade -sim, verdade- pregada por Gore: ela só<br />
parece alcançar quem se dispõe a ouvi-la. Nesse sentido, a obra impressa talvez seja mais<br />
eficaz, na medida em que pode aleatoriamente atrair, com suas fotos brilhantes, o herege<br />
freqüentador de livrarias. No cinema, fica restrito ao gueto de 115 lugares.<br />
Numa confraria, passa por desculpável a carência de senso crítico necessária para aplaudir a<br />
película. Seus defeitos revelam que foi talhada para atingir o público americano,<br />
prioritariamente (mas é miopia enxergar nela uma peça eleitoral, pois sua mensagem resulta<br />
tão impopular por lá quanto atacar o Bolsa Família por aqui). Se o mesmo se evidenciasse por<br />
qualidades, estaríamos todos batendo palmas, como fez esta coluna com o hollywoodiano "O<br />
Dia Depois de Amanhã" (2004).<br />
"Uma Verdade Inconveniente" acerta em cheio quando mira no governo dos EUA para denunciar<br />
a obstrução política de medidas internacionais destinadas a prevenir e remediar a mudança<br />
climática global. Por outro lado, erra na mosca ao cultuar a personalidade de Gore como<br />
paladino do clima e ao fechar o sermão com uma mensagem tipicamente ianque de<br />
engajamento individual.
"Use uma sacola de compras reutilizável", "consuma menos carne vermelha" e "compre<br />
produtos locais" são recomendações sensatas, mas não mais do que isso. Falta ao filme e ao<br />
livro uma reflexão política mais profunda, talvez impossível: reconhecer, e quem sabe explicar,<br />
que Al Gore não deixou de ser presidente dos EUA porque se dedica ao clima, mas que se<br />
dedica ao clima porque não conseguiu se eleger presidente dos EUA.<br />
MARCELO LEITE é doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, autor do livro<br />
paradidático"Pantanal, Mosaico das Águas" (Editora Ática) e responsável pelo blog Ciência em<br />
Dia (http://www.cienciaemdia.zip.net).<br />
E-mail: cienciaemdia@uol.com.br
Ambientalistas criticam mudança na lei ordenada por Lula 20/novembro/2006<br />
A determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer mudanças em duas<br />
legislações ambientais, com o objetivo de destravar investimentos em infra-estrutura, foi<br />
criticada pela organização ambientalista Greenpeace. A notícia foi publicada neste sábado pelo<br />
Estado. "Temos a preocupação de que qualquer mudança na legislação ambiental hoje não sirva<br />
para justificar a redução das garantias que o meio ambiente tem para que obras de infraestrutura<br />
do governo federal sejam discutidas de forma adequada e correta", disse Sérgio<br />
Leitão, diretor de Políticas Públicas da Greenpeace.<br />
O temor, explicou Leitão, é de que, sob desculpa de mudança na lei, queiram criar atalhos para<br />
fazer com que obras sejam aprovadas rapidamente, sem estudos ambientais adequados.<br />
"Precisamos cuidar para que a sociedade tenha uma decisão do órgão federal, estadual ou<br />
municipal de meio ambiente que assegure que o meio ambiente não pagará a conta das obras<br />
de infra-estrutura".<br />
Lula ordenou as mudanças na sexta-feira, e fez um pedido à ministra da Casa Civil, Dilma<br />
Rousseff, para que passe a monitorar os ministérios e órgãos técnicos envolvidos na liberação<br />
de 120 obras - 100 na área de energia e 20 na de transporte - consideradas essenciais para o<br />
projeto de crescimento sustentável da economia brasileira a taxas superiores a 5% ao ano e<br />
que devem ser concluídas até 2010.<br />
A primeira mudança na legislação ambiental deve se dar na regulamentação do Artigo 23 da<br />
Constituição Federal, que trata da competência para a concessão de licenças para a execução<br />
de obras. A ausência dessa regulamentação criou uma ´zona cinzenta´, que abre brechas para<br />
o questionamento do Ministério Público à Justiça sobre licenças concedidas por determinados<br />
órgãos ambientais. Ações desse tipo vêm bloqueando, por exemplo, a construção das<br />
hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia, e de Belo Monte, no Pará, consideradas essenciais<br />
para o futuro abastecimento de energia do País.<br />
Para contornar o problema, o governo pretende encaminhar ao Congresso Nacional ainda neste<br />
ano um projeto de lei complementar que propõe que o Ibama seja o responsável pela concessão<br />
de licenças apenas a obras de grande impacto ambiental e para aquelas que envolvam áreas<br />
públicas federais. Os de médio porte teriam licenças concedidas por órgãos ambientais<br />
estaduais, e os de pequeno porte, pelos municípios. A outra legislação a ser alterada é a<br />
portaria interministerial que trata de questões ambientais relativas à malha rodoviária.<br />
No encontro, foram discutidas obras nas áreas de energia elétrica, transportes rodoviário e<br />
ferroviário, abastecimento de gás natural e portos. O governo definiu aquelas que terão<br />
prioridade máxima. No caso de energia, são as duas hidrelétricas do Rio Madeira - Santo<br />
Antonio e Jirau. A decisão de implementação da Usina Nuclear de Angra 3, segundo o ministro<br />
Rondeau, ainda não foi tomada pelo governo.<br />
Fonte: Marcelo Rehder, Denise Chrispim Marin, Gerusa Marques/Estadao.com.br
SP prepara 'ecoônibus' e mira exportação 20/novembro/2006<br />
Um ônibus menos poluente, silencioso e com ar-condicionado deve começar a circular pelas<br />
ruas de São Paulo a partir de 2008. O município foi escolhido para testar uma nova tecnologia<br />
desenvolvida por pesquisadores brasileiros, que usa, para a locomoção do veículo, gás<br />
hidrogênio e uma bateria reserva — um sistema híbrido único no mundo. O projeto serve de<br />
exemplo para outros países em desenvolvimento e faz com que o Brasil, maior produtor<br />
mundial de ônibus (19 mil unidades por ano), mire o mercado externo.<br />
A apresentação oficial do projeto ocorreu na terça-feira 14, na sede da EMTU-SP (Empresa<br />
Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), em São Bernardo do Campo. Orçado em<br />
US$ 16 milhões, ele começou a ser desenvolvido em julho de 1997, com os primeiros estudos<br />
de viabilidade da utilização de ônibus movidos a hidrogênio no Brasil.<br />
Os parceiros envolvidos dão uma idéia da importância da aposta na iniciativa: Ministério de<br />
Minas e Energia, EMTU-SP, PNUD, GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial, maior financiador<br />
de meio ambiente no planeta) e a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). Os investimentos<br />
ficam a cargo de um consórcio de oito empresas, que inclui Petrobras, AES Eletropaulo e<br />
NUCELLSYS (uma joint-venture da DaimlerChrysler e da Ford Motor Company).<br />
Um protótipo será fabricado no ano que vem, para circular pela cidade de São Paulo, no<br />
corredor São Mateus-Jabaquara, de 33 quilômetros de extensão e usado por cerca de 6 milhões<br />
de passageiros diariamente. Também no ano que vem, será construída uma estação de<br />
produção de hidrogênio que servirá para abastecer os tanques do gás instalados no teto do<br />
veículo.<br />
Na estação — a primeira da América do Sul —, o gás será obtido por eletrólise, processo em<br />
que a água, por meio da energia elétrica, é separada em moléculas de hidrogênio e oxigênio. O<br />
processo foi escolhido em razão da grande capacidade do Brasil de gerar energia elétrica por<br />
meio de usinas hidrelétricas — 92% da eletricidade brasileira provém dessa fonte. O hidrogênio<br />
pode ainda ser produzido por meio de outras fontes de energia renovável, entre elas o etanol.<br />
“Para isso, é preciso um reformador, uma tecnologia que está em estágio de pesquisa e deve<br />
estar disponível a partir de 2020”, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis<br />
Renováveis do Ministério de Minas e Energia, João José de Nora Souto.<br />
No modelo brasileiro, depois de abastecido nos tanques, o hidrogênio é direcionado para a<br />
célula a combustível, que combina o gás com o oxigênio do ar e produz energia elétrica sem<br />
ruído ou combustão. A eficiência energética é de 50% — enquanto no sistema a diesel é de<br />
30% — e a pureza é de mais de 99: o ônibus libera pelo escapamento apenas vapor de água,<br />
com quase nenhum poluente. “A partir desse projeto estamos dando um passo significativo para<br />
que o Brasil entre na busca por uma cidade mais saudável”, ressaltou o diretor-presidente da<br />
EMTU-SP, Joaquim Lopes da Silva Júnior.<br />
A expectativa é que os testes com o protótipo possam, além de reduzir a emissão de poluentes<br />
e gases de efeitos estufa, demonstrar a viabilidade do ônibus e da infra-estrutura de produção<br />
de hidrogênio e do abastecimento em condições reais de operação; e acelerar e disseminar as<br />
técnicas de operação, manutenção e fabricação, “para que ele tenha condições de ser exportado<br />
a curto prazo”, afirmou o coordenador nacional do projeto, Marcio Rodrigues Alves Schettino.<br />
Até 2010, outros quatro ônibus devem ser testados e, caso a atividade seja bem-sucedida,
serão fabricados cerca de 200 veículos, prevê o coordenador.<br />
O projeto funciona como um importante vetor para ajudar a impulsionar o desenvolvimento<br />
econômico da produção de hidrogênio, segundo o secretário. “Nós temos potencial para sermos<br />
líderes na produção deste combustível a partir de fontes renováveis”, disse Souto. “O Brasil já<br />
se destaca na fabricação de ônibus e temos que aproveitar o potencial do mercado. O projeto<br />
deve ser visto como parte de um contexto mais amplo em que o país possa liderar a produção<br />
de energia e também todas as etapas da cadeia produtiva”.<br />
No PNUD, a iniciativa é desenvolvida por meio do projeto Células de Hidrogênio como<br />
Combustível para Transporte Urbano, executado pelo Ministério de Minas e Energia com o apoio<br />
da agência da ONU e do GEF.<br />
Fonte: Talita Bedinelli/PNUD Brasil
Proposta dos países pobres vence votação em Nairóbi 20/novembro/2006<br />
Uma das decisões tomadas na 12ª Conferência do Clima da ONU, que terminou ontem (sextafeira)<br />
em Nairóbi (Quênia), foi comemorada como vitória por países em desenvolvimento.<br />
Delegados decidiram marcar para 2008 uma avaliação ("review") do Protocolo de Kyoto, e não<br />
uma revisão ampla ("revision") como queriam alguns países ricos.<br />
O texto final afirma que a próxima avaliação "não levará a novas obrigações [de reduções de<br />
gases causadores do efeito estufa] para nenhuma das partes".<br />
Segundo o secretário-executivo da convenção, Yvo de Boer, a inclusão foi sugerida por países<br />
em desenvolvimento por receio de que a avaliação do protocolo fosse usada para se tentar<br />
incluir metas para países pobres.<br />
As opiniões de ambientalistas sobre o resultado do encontro divergiram. A ONG Oxfam, por<br />
exemplo, disse que a inércia política esvaziou ações relevantes contra mudanças climáticas e a<br />
conferência "decepcionou a África e o mundo". Para o WWF, houve avanços, apesar de os<br />
ministros perderem a chance de tomar decisões que avançassem nas regras pós-2012, quando<br />
termina o primeiro período de obrigações de Kyoto.<br />
Outro avanço foi realçado pela organização da convenção: o de como será gerenciado um fundo<br />
para adaptação às mudanças climáticas. Nesse debate, ONGs criticaram apenas o adiamento da<br />
decisão final sobre o funcionamento do mecanismo para o ano que vem.<br />
Uma iniciativa que surgiu na reunião foi influenciada pelo próprio local do encontro. O exsecretário-geral<br />
da ONU, Kofi Annan, anunciou uma "força-tarefa" de programas para incorporar<br />
a África nos MDLs (Mecanismos de Desenvolvimento Limpos), que trocam investimentos de<br />
países ricos em programas de energia limpa nos países pobres por créditos para deduzir de suas<br />
reduções de gases-estufa. O continente que menos aproveita o MDL é o mais castigado pelo<br />
clima.<br />
Fonte: Folha de São Paulo, em Nairóbi
German Watch diz que nações em desenvolvimento estão fazendo<br />
mais pela redução das emissões dos gases do efeito estufa do que<br />
os países industrializada<br />
por Juliana Radler<br />
20/novembro/2006<br />
Ong ambientalista alemã que acompanha as negociações de mudanças climáticas faz crítica à<br />
falta de liderança nas negociações e a pouca iniciativa dos países desenvolvidos em reduzir suas<br />
emissões<br />
Em entrevista concedida à Rebia, o diretor executivo da German Watch, Christoph Bals, que<br />
acompanha de perto as negociações do Protocolo de Kyoto e é um dos maiores especialistas no<br />
tema em organizações da sociedade civil na Alemanha, afirmou no último dia da Conferência da<br />
ONU de Mudanças Climáticas, em Nairóbi, que o Brasil, assim como outros países em<br />
desenvolvimento, estão sendo muito mais atuantes para diminuir as suas emissões de gases do<br />
efeito estufa do que os países desenvolvidos.<br />
Os países desenvolvidos, de acordo com o Protocolo de Kyoto, têm metas de redução de suas<br />
emissões devido à sua responsabilidade histórica pelo atual descontrole do clima do planeta.<br />
Além da falta de iniciativa, criticada por Bals e também pelo secretário geral da ONU Kofi Anan<br />
durante seu discurso na conferência, os países ricos aumentaram suas emissões entre o período<br />
de 2000 e 2004. As emissões atingiram 19,9 bilhões de toneladas de CO2 em 2004, ante 17,5<br />
bilhões em 2000. Em 1990, ano-referência para o protocolo, os gases lançados na atmosfera<br />
por indústrias, usinas e carros somavam 18,6 bilhões de toneladas.<br />
“Temos progressos muito modestos. Não sabemos, por exemplo, se teremos na próxima<br />
conferência, que ocorre no ano que vem, uma definição para o segundo período de<br />
implementação do Protocolo de Kyoto (que ocorre a partir de 2012)”, diz Bals, acrescentando<br />
que na próxima rodada de negociações é necessário ter a presença dos presidentes dos países<br />
envolvidos para que as negociações avancem mais rapidamente. “Não temos tempo a perder. O<br />
problema climático é urgente e as negociações não podem ficar só no campo técnico e avançar<br />
tão lentamente”, enfatizou Bals.<br />
Metas<br />
Perguntado sobre a necessidade de metas de redução para os países em desenvolvimento, Bals<br />
afirmou que não defende a criação de metas de redução para essas nações. Ele acredita ser<br />
suficiente um compromisso ético voluntário de redução, sobretudo, das quatro principais<br />
economias emergentes: Brasil, China, Índia e África do Sul.<br />
“Esses quatro países estão indo melhor do que os países desenvolvidos em relação as suas<br />
ações para redução das emissões. O Brasil, por exemplo, teve nesta conferência de Nairóbi um<br />
papel muito mais ativo do que teve nas últimas duas rodadas de negociação (em Buenos Aires,<br />
em 2004, e em Montreal, em 2005)”.<br />
Alemanha pressionará União Européia a fazer mais pelo clima<br />
Diante dos poucos resultados alcançados pelos países da União Européia para reduzir suas
emissões dos gases do efeito estufa. A Europa diminuiu em média apenas 0,6% suas emissões<br />
entre 1990 e 2004. Alguns países conseguiram reduzir suas emissões de carbono, como<br />
Alemanha (-17,2%), Grã-Bretanha (-14,3%) e Lituânia (-60%). Outros não: na Espanha, o<br />
aumento foi de 49% entre 1990 e 2004; em Portugal, de 41%; e na Turquia, país que deseja<br />
tomar parte da União Européia, as emissões cresceram 72%.<br />
Segundo Bals, como atual presidente da União Européia, a Alemanha irá pressionar os países<br />
que integram o bloco econômico a colocarem a questão das mudanças climáticas no topo de<br />
suas agendas. “Queremos metas rigorosas. E como a próxima Cúpula do G8 será na Alemanha,<br />
faremos uma forte pressão para colocar o assunto em pauta durante esse encontro”, finalizou<br />
Bals.
Governo prepara projeto para definir competência dos<br />
licenciamentos ambientais<br />
20/novembro/2006<br />
Projetos na área de infra-estrutura ligados foram tema da reunião do presidente Luiz Inácio Lula<br />
da Silva, na sexta 17, com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Silas Rondeau (Minas e<br />
Energia), Cláudio Langone (interino do Meio Ambiente) e Paulo Sérgio Passos (Transportes).<br />
O ministro Rondeau informou que o governo pretende enviar ao Congresso projeto de lei<br />
complementar para alterar o artigo 23 da Constituição Federal. O texto definirá a competência<br />
para os licenciamentos ambientais, já que decisões judiciais impedem a continuidade de obras<br />
como as das hidrelétricas de Belmonte, no Rio Xingu (PA) e do complexo do Rio Madeira (AM),<br />
além do projeto da usina nuclear de Angra 3 (RJ). As duas primeiras vão gerar 18,8 mil<br />
megawatts (MW) na região Norte e a de Angra 3, mais 1,4 mil MW.<br />
Segundo o ministro de Minas e Energia, o projeto de lei complementar permitirá que a<br />
atribuição do licenciamento ocorra de acordo com a extensão do impacto ambiental: “Se o<br />
impacto for avaliado como de grande repercussão, o licenciamento ficará a cargo do Ibama<br />
[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Em caso de<br />
impacto de menor porte, ficará a critério dos órgãos estaduais do meio ambiente. E os de<br />
pequeno impacto, a cargo dos órgãos municipais”.<br />
O ministro interino do Meio Ambiente, Cláudio Langone disse que o presidente Lula quer que os<br />
empreendimentos hidrelétricos sejam planejados dentro do cumprimento da lei, “para não<br />
desestimular os investidores”. E informou que também foi discutida a antecipação dos projetos<br />
para prospecção de gás natural e a agilização de obras de gasodutos como o de Urucu-Manaus-<br />
Porto Velho.<br />
Segundo o ministro dos Transportes, o presidente pediu a realização de estudos para identificar<br />
os gargalos que existem nos projetos de obras rodoviárias em andamento, como nas BRs-101,<br />
163, 319 e 342.<br />
A reunião discutiu ainda estudos sobre a situação atual de 120 obras – cem delas da área de<br />
energia e 20 da área de transporte –, planejadas para realização até 2010.<br />
Fonte: Lourenço Melo/Agência Brasil
Soja avança sobre o mercado do biodiesel 20/novembro/2006<br />
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagoniza nesta semana um ato simbólico a favor do<br />
grande capital do agronegócio e da soja como principal matriz energética do biodiesel.<br />
Amanhã (hoje, segunda-feira), o petista desembarca no Estado de Mato Grosso e dorme na<br />
fazenda do governador local, Blairo Maggi (ex-PPS), um dos chamados "reis da soja" do Brasil.<br />
Na terça-feira, viaja até Barra dos Bugres (150 km a oeste de Cuiabá), onde participa da<br />
inauguração de uma usina de biodiesel cuja produção inicial será apenas a partir da soja.<br />
Nas suas propagandas como candidato à reeleição, Lula apresentava o biodiesel como a solução<br />
futura para a escassez de petróleo e para a fixação dos trabalhadores no campo. O governo e<br />
sua maior estatal, a Petrobras, divulgaram a intenção do uso da mamona na produção do novo<br />
combustível. Essa semente seria produzida por famílias de agricultores.<br />
Até agora, todos os empreendimentos que estão surgindo nessa área pretendem usar<br />
majoritariamente a soja para produzir o biodiesel. Só grandes grupos econômicos investem, e<br />
as poucas experiências com agricultura familiar e mamona começam a dar errado ou<br />
simplesmente não decolam, como constatou a Folha num assentamento no Piauí, um dos mais<br />
propagandeados pelo Planalto.<br />
As esmagadoras de grãos já começaram a instalar unidades de produção do combustível e<br />
pressionam o governo para que antecipe o aumento da demanda pelo produto. A<br />
obrigatoriedade do uso está prevista para começar em 2008, com 2% de mistura do<br />
combustível vegetal ao diesel de petróleo.<br />
O governo cede ao lobby. Já admite a possibilidade de antecipar a segunda parte do programa,<br />
inicialmente prevista para 2013, na qual a mistura obrigatória de biodiesel aumenta para 5%. A<br />
idéia é que a obrigatoriedade de 5% possa ser exigida em 2010. O mercado de biodiesel com<br />
2% é de 1 bilhão de litros por ano. Com 5%, essa demanda cresce para até 2,7 bilhões de litros<br />
por ano.<br />
Uma das principais indústrias do setor, a ADM (multinacional norte-americana) vai construir<br />
fábrica para a produção de biodiesel em Rondonópolis (MT) com uma capacidade anual de<br />
aproximadamente 180 milhões de litros. As brasileiras Granol (duas fábricas, 240 milhões de<br />
litros por ano), Caramuru (uma fábrica, 100 milhões de litros por ano) e Oleoplan (uma fábrica,<br />
60 milhões de litros por ano) já estão instaladas.<br />
O BNDES avalia que os investimentos no setor podem vir a se diversificar, mas reconhece que a<br />
maior parte dos projetos de financiamento de produção de biodiesel é de empresas que já<br />
atuam na produção de óleo de soja e querem alongar a cadeia produtiva.<br />
Até outubro deste ano, o banco já havia contratado quatro projetos (dois da agroindústria da<br />
soja, com Granol e Caramuru) e aceito como participante do programa de biodiesel mais quatro,<br />
em um total de investimentos previsto de R$ 464 milhões.<br />
Os industriais da soja esperam que, inicialmente, essa cultura responda por 90% do<br />
fornecimento de matéria-prima para produção de biodiesel. No médio prazo, teria entre 75% e
80% do mercado. O governo prevê que a soja fique com menos de 60%.<br />
Na inauguração da usina em Barra dos Bugres, na terça-feira, Lula e Maggi participam de um<br />
evento mais que simbólico.<br />
O grupo Maggi fechou contrato para fornecimento de óleo de soja para a Brasil Ecodiesel,<br />
empresa pioneira no programa, apoiada pelo governo e que, supostamente, estaria produzindo<br />
biodiesel a partir da mamona produzida por cooperativas no Piauí.<br />
Na verdade, de acordo com relatório apresentado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ao<br />
mercado em geral, a Brasil Ecodiesel já informa que sua matéria-prima principal é o óleo de<br />
soja (97,2% dos custos de produção, contra 2,1% da mamona e 0,7% do algodão).<br />
Incentivos<br />
Além da indústria da soja, a Petrobras deve ter participação importante no mercado. A estatal<br />
está iniciando a construção de três usinas, analisa mais 15 projetos e tem como meta produzir<br />
855 milhões de litros de biodiesel por ano até 2011.<br />
O programa do governo é montado com incentivos fiscais para estimular a participação da<br />
agricultura familiar. Mas a agroindústria da soja já tem uma estratégia para prescindir desse<br />
incentivo: montar fábricas em locais distantes das refinarias da Petrobras, para que o preço do<br />
combustível vegetal fique mais competitivo em relação ao diesel de petróleo.<br />
Segundo expectativa do próprio governo, a agricultura familiar deve ficar com cerca de 30% do<br />
negócio de fornecimento de matéria-prima para o biodiesel, enquanto o agronegócio ficará com<br />
70% restantes.<br />
Fonte: Humberto Medina/Folha de São Paulo
De novo não! 20/novembro/2006<br />
por Rogério Grassetto Teixeira da Cunha*<br />
Na semana que passou, deparei-me com uma série de assuntos extremamente relevantes que<br />
mereceriam discussão nesta coluna: o efeito do aquecimento global sobre a economia mundial,<br />
a perspectiva do desaparecimento completo da indústria pesqueira até 2048 e a retomada das<br />
discussões sobre a transposição do rio São Francisco. Mas, pela minha ligação emotiva, de<br />
encantamento com a beleza natural do Pantanal, todos eles perderam importância quando<br />
soube de um projeto de lei que corre na Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul, que é a<br />
mais nova ameaça à maior planície alagável do planeta.<br />
De autoria do deputado estadual Dagoberto Nogueira, do PDT, o texto do PL é simples, curto e<br />
de aparência inofensiva. Propõe apenas a supressão de um artigo de uma lei de 1982 e a<br />
renumeração dos demais. Mas o referido artigo que ele pretende eliminar justamente proíbe "a<br />
ampliação da capacidade instalada das destilarias de álcool ou usinas de açúcar" no Pantanal sulmato-grossense.<br />
Ou seja, na prática, o que o nobre deputado quer é liberar a instalação e/ou<br />
aumento das usinas no Pantanal e nos planaltos de entorno, com a série de graves efeitos que<br />
isto acarretaria para a região.<br />
Na justificativa da lei, diversas pérolas. Dentre elas, o recorrente, mas falacioso, argumento de<br />
geração de empregos. Dado o alto grau de mecanização e a baixa modificação posterior da<br />
maioria dos produtos, a agroindústria não é grande geradora de postos de trabalho. No caso da<br />
cana, as plantações geralmente utilizam mão-de-obra temporária e precária, relação trabalhista<br />
não muito estranha a uma boa parte dos fazendeiros do estado.<br />
Outra preciosidade é a justificativa de que o vinhoto, rejeito do processo industrial das usinas,<br />
pode ser agora reutilizado como fertilizante e não mais causa o impacto de outrora, quando<br />
desoxigenava os rios e matava a fauna aquática. O deputado esqueceu-se de alguns detalhes.<br />
Conforme o volume adicionado ao solo ou o regime de chuvas do local, o vinhoto não será todo<br />
absorvido pelas plantas e irá parar no lençol freático ou será lavado diretamente para os rios.<br />
Além disso, há a possibilidade de falhas no sistema, como demonstrou o vazamento ocorrido no<br />
rio Pratagy, em Alagoas, no início deste ano. O armazenamento do subproduto em lagoas<br />
temporárias é também um método arriscado, como mostrou o acidente em Serrana, SP, em<br />
2003, sendo também a possível causa da poluição do rio Sirinhaém, PE, em 2001.<br />
Outro problema grave da monocultura canavieira é o excesso de fertilizantes e agrotóxicos<br />
utilizados, que podem causar conseqüências danosas sobre a fauna aquática e a saúde dos rios.<br />
Pior: temos ainda os efeitos em cascata originados pelo aumento da quantidade de terra nua<br />
nos planaltos do entorno do Pantanal devido ao corte de matas e à implantação de uma cultura<br />
anual. Com as chuvas, isto gera um grande acréscimo no volume de sedimentos (areia, argila<br />
etc.) carregados para os rios que nascem no planalto. Como o Pantanal é uma gigantesca<br />
planície, estes rios perdem velocidade quando lá entram, e os sedimentos acabam por depositarse<br />
no fundo, causando o assoreamento dos leitos. A agonia do rio Taquari está aí para quem<br />
quiser ver, bastante eloqüente para nos alertar sobre os perigos de continuarmos as nossas<br />
insanidades na bacia do Pantanal.<br />
Outros ingredientes perigosos nesta poção já bastante problemática são: a mentalidade<br />
reinante na região, especialmente dos fazendeiros, completamente alheia a questões ambientais
e acostumada a agir impunemente e sem restrições; a ausência e conivência do Estado; e a<br />
fiscalização escassa e ineficiente.<br />
O Pantanal é um local de beleza incomparável, com enorme riqueza de espécies e densidade de<br />
animais, que lhe confere ainda grande importância biológica. O seu potencial econômico mais<br />
óbvio é para o turismo ambiental, rural ou a pesca responsável (pegue-e-solte, por exemplo). A<br />
criação de gado, atividade tradicional ali e à qual a cultura local encontra-se fortemente<br />
entrelaçada, pode ser mantida, incentivando-se o método orgânico, que compreende uma série<br />
de cuidados em relação ao meio ambiente e à alimentação, saúde e bem-estar animal.<br />
Alternativas poderiam incluir ainda a criação de animais silvestres, como jacarés e capivaras, e<br />
a produção de mel, entre tantas outras que poderiam gerar mais emprego e renda, de forma<br />
socialmente mais justa e, sem dúvida, muito menos impactante ao meio ambiente que<br />
monoculturas de cana.<br />
Nunca me cansarei de repetir que esta insistência em incentivar o agronegócio no Pantanal e<br />
em seu entorno por parte dos governantes e legisladores dos dois estados que o abrigam (MS e<br />
MT) é a demonstração de uma completa ausência de visão de futuro, para ficarmos com a<br />
hipótese mais favorável.<br />
* Rogério Grassetto Teixeira da Cunha, biólogo, é doutor em Comportamento Animal pela<br />
Universidade de Saint Andrews.
Amazônia poderá perder 20% da água 20/novembro/2006<br />
As alterações climáticas decorrentes do aquecimento global poderão reduzir em pelo menos um<br />
quinto a disponibilidade de água na Amazônia e provocar uma queda de 30% ou mais no<br />
escoamento da água de chuvas no Nordeste brasileiro até 2050. O alerta é do RDH (Relatório de<br />
Desenvolvimento Humano) 2006, lançado pelo PNUD. O estudo adverte que as mudanças<br />
hidrológicas devem ter impacto na agricultura dos Estados nordestinos e agravar a situação de<br />
vulnerabilidade em que vivem as famílias pobres da região.<br />
“As simulações do impacto das alterações climáticas na produção agrícola no Brasil apontam<br />
para uma diminuição de 12% a 55% nas colheitas das regiões áridas dos Estados do Ceará e de<br />
Piauí, que apresentam concentrações extremamente elevadas de pobreza e de desnutrição nas<br />
zonas rurais”, afirma o estudo. Além do semi-árido nordestino, o litoral da região e toda a Bacia<br />
Amazônica sofrerão o impacto da redução da disponibilidade de água, segundo um mapa com<br />
projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU apresentado no<br />
relatório.<br />
O impacto no Brasil é parte de um problema global. O RDH prevê que as quedas de produção<br />
decorrentes da escassez de água aumentarão a fome. “Qualquer projeção que façamos será<br />
inevitavelmente arriscada (...). Mesmo assim, os sinais de aviso são claramente visíveis nos<br />
resultados das projeções. Essas projeções sugerem que as alterações climáticas poderão<br />
aumentar entre 15% e 26% a subnutrição mundial [até 2080]”, afirma o relatório.<br />
Isso significa que entre 75 milhões e 125 milhões de pessoas entrariam para a população de<br />
subnutridos até 2080. Mas, se nada for feito, “a ameaça da pobreza sistêmica vai afetar um<br />
número de pessoas muito mais elevado. As quebras na produção agrícola originarão efeitos<br />
múltiplos que terão repercussão em economias inteiras, fazendo alastrar a pobreza das zonas<br />
rurais para as áreas urbanas”, prevê o documento.<br />
O relatório ainda aponta que as mudanças de clima poderão ter impacto no comércio<br />
internacional: a produção de cereais deve expandir nos países desenvolvidos e diminuir nos<br />
países em desenvolvimento, o que acarretaria uma maior dependência de importação de<br />
alimentos e traria implicações para a segurança alimentar. “Para uma larga percentagem da<br />
população mundial residente nos países em desenvolvimento, as previsões relativas às<br />
alterações climáticas apontam para uma menor garantia de meios de subsistência, uma maior<br />
vulnerabilidade à fome e à pobreza, um agravamento das desigualdades sociais e uma maior<br />
degradação ambiental”, diz o documento.<br />
O RDH salienta que as mudanças no clima devem causar danos muito mais graves que os<br />
recentes desastres naturais na Ásia. “As alterações climáticas — ao contrário do tsunami no<br />
Oceano Índico ou do terremoto na Caxemira — ameaçam provocar não propriamente uma<br />
catástrofe pontual, mas antes um desastre que vai desenrolar-se lentamente no tempo”.<br />
O estudo frisa que já não é possível evitar os danos futuros. “As alterações climáticas perigosas<br />
são agora inevitáveis. [...] Uma prioridade imediata consiste em providenciar estratégias com<br />
vista a minimizar os efeitos das alterações climáticas com estratégias que apóiem a adaptação<br />
às inevitáveis mudanças do clima”, destaca.
Protocolo de Quioto<br />
O RDH 2006 sugere a inclusão do Brasil numa eventual próxima etapa do Protocolo de Quioto.<br />
“Os países ricos têm de se empenhar mais no sentido de ‘descarbonizar’ suas economias. Ao<br />
mesmo tempo, o crescente impacto ambiental dos países em desenvolvimento não pode ser<br />
ignorado. Daí a necessidade de o eventual sucessor do Protocolo de Quioto abranger não<br />
apenas todo o mundo desenvolvido, mas também os países em desenvolvimento mais<br />
importantes, como o Brasil, a China e a Índia”, afirma o texto.<br />
Fonte: Alan Infante/PNUD Brasil
Plano ministerial prevê crescimento de usinas hidrelétricas 20/novembro/2006<br />
O Plano Nacional de Energia Elétrica, elaborado pelo ministério de Minas e Energia com as<br />
projeções do setor para daqui a 30 anos, prevê o crescimento no número de usinas<br />
hidrelétricas.<br />
A matriz de energia elétrica conta hoje com a participação de 70,6% da hidroeletricidade, com<br />
140 usinas em operação. O ministério tem em andamento 12 estudos de avaliação ambiental<br />
integrada, inventário e viabilidade em bacias de São Paulo, Goiás, Piauí e na região amazônica.<br />
Brasil usa energia hidrelétrica desde o final do século 19. Mas foi nas décadas de 60 e 70 que se<br />
intensificou a construção dessas unidades de geração de energia.<br />
A partir dos anos 80, o setor elétrico entrou para o centro dos debates, devido ao impacto que<br />
os empreendimentos na área causaram ao meio ambiente. Essas constatações estão presentes<br />
nos Cadernos Setoriais de Recursos Hídricos, lançado recentemente pelo Ministério do Meio<br />
Ambiente.<br />
Os cinco volumes - que trazem como título os principais usuários dos recursos hídricos no país<br />
(energia hidrelétrica, saneamento, indústria e turismo, agropecuária e transporte hidroviário) -<br />
têm por objetivo levar aos gestores públicos e privados como é o consumo de cada setor, a<br />
expectativa de crescimento e a conseqüente expansão do uso da água, bem como quais são os<br />
principais desafios para tornar a gestão sustentável.<br />
“A água hoje é vista do ponto de vista de seus usos múltiplos. O Plano Nacional de Recursos<br />
Hídricos, lançado no início de 2006, é um instrumento político e institucional que vai ajudar<br />
cada setor a elaborar seus planos estratégicos, levando em conta diretrizes que respeitam a<br />
conservação do recurso hídrico”, comenta o diretor do Programa de Estruturação da Secretaria<br />
de Recursos Hídricos, Márley Caetano de Mendonça.<br />
Os cadernos traçam um panorama do setor desde que a água é usada como fonte geradora de<br />
energia no país; registra o histórico das bases legais que regulavam o uso da água antes da lei<br />
que criou a Política Nacional de Recursos Hídricos, em 1997; e mostra que o setor tende a<br />
expandir.<br />
Segundo o documento, a prioridade em implementar usinas no Brasil ocorre pelo grande<br />
potencial hidrelétrico brasileiro e aos baixos custos do empreendimento.<br />
Fonte: Lana Cristina/Agência Brasil
Projetos de geração térmica a partir do carvão começam a sair do<br />
papel<br />
20/novembro/2006<br />
Gradativamente, os projetos de geração termelétrica a partir do carvão estão se tornando uma<br />
realidade na matriz energética brasileira. Obras de expansão - a exemplo da Fase C da térmica<br />
de Candiota - e novos projetos, como a unidade de Seival, se preparam para sair do papel em<br />
2007.<br />
Segundo a Eletrobrás, o que tem facilitado a aceitação dos projetos, ambos na região Sul, é<br />
exatamente a decisão de empreendedores de investir nessas novas tecnologias de queima limpa<br />
do carvão, com aquisição de equipamentos que controlam a emissão de óxidos de enxofre<br />
(SOx), de nitrogênio (NOx) e de cinzas.<br />
As obras de Candiota, de propriedade da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica<br />
(CGTEE), empresa do Grupo Eletrobrás, devem começar em janeiro do próximo ano. De acordo<br />
com o engenheiro da empresa, Hermes Ceratti, a montagem das caldeiras da unidade, que terá<br />
capacidade instalada de 350 megawatts, será realizada em outubro.<br />
A conclusão do empreendimento está prevista para dezembro de 2009. No ano seguinte, a<br />
usina poderá entregar a energia contratada no leilão de energia nova realizado em dezembro de<br />
2005.<br />
Na ocasião, a subsidiária da Eletrobrás conseguiu vender 292 megawatts médios até dezembro<br />
de 2024, o que garante uma receita anual de R$ 331 milhões e R$ 4,8 bilhões ao longo do<br />
período. Para Caratti, a venda foi um marco importante para a retomada do projeto de<br />
expansão de Candiota, concebido na década de 80.<br />
"O interesse dos chineses pelo empreendimento também foi fundamental. As negociações<br />
começaram no fim de 2004, culminando no financiamento de 90% do investimento total de US$<br />
450 milhões concedido pelo China Development Bank (CDB). O restante dos recursos sairá dos<br />
cofres da própria CGTEE”.<br />
A meta da CGTEE é expandir o parque gerador, tendo como carro-chefe o carvão. A companhia<br />
já finaliza as negociações para a construção da Fase D de Candiota, que teria capacidade de 300<br />
megawatts.<br />
“A idéia é construir a nova térmica a seis quilômetros do terreno onde está localizada a térmica<br />
de Candiota", diz o executivo. Segundo ele, cerca de 160 a 200 megawatts da unidade seriam<br />
comercializados com o Uruguai e o restante, vendido no mercado nacional.<br />
No caso da térmica Seival, os empreendedores estão concluindo alguns arranjos para levar o<br />
projeto para o próximo leilão de energia nova, previsto para o primeiro trimestre de 2007. A<br />
idéia é iniciar o mais rápido possível as obras da unidade, que terá capacidade de 500<br />
megawatts.<br />
De acordo com a Eletrobrás, a Seival já tem licença ambiental e a outorga do uso da água. A<br />
unidade, que terá investimentos da ordem de US$ 850 milhões, será construída próxima à mina<br />
de Seival (no extremo sul do território gaúcho), fornecedora do insumo para a geração térmica.
Além dos projetos de Candiota Fase C e Seival, está prevista a construção da unidade de Jacuí,<br />
com 350 megawatts. Os investimentos para a construção desta unidade seriam de US$ 500<br />
milhões.<br />
Fonte: Nielmar de OLiveira/Agência Brasil
Demanda por energia subirá 50% até 2030 21/novembro/2006<br />
As autoridades econômicas dos 20 países mais industrializados do mundo concluíram no<br />
domingo (19) encontro de dois dias na Austrália com a previsão de que a demanda global por<br />
energia subirá 25% até 2015 e 50% até 2030. Metade do aumento será concentrado em<br />
petróleo e gás.<br />
O documento final da reunião pede reformas e investimentos no mercado energético para<br />
reduzir as flutuações de preços e garantir o atendimento da demanda crescente. O principal<br />
motor da expansão das necessidades energéticas é a ascensão da China e da Índia, países que<br />
reúnem 40% da população mundial.<br />
O secretário de Tesouro australiano, Peter Costello, que presidiu o encontro do G20 Finanças,<br />
avaliou que a insegurança no suprimento de energia e matérias-primas para esses países pode<br />
criar "fricções" nas relações internacionais.<br />
Depois dos enfrentamentos entre manifestantes e policiais no sábado, o encerramento da<br />
reunião ocorreu em um clima tranqüilo. Os policiais mantiveram um forte esquema de<br />
segurança, mas poucas pessoas aderiram aos protestos. Na avaliação de autoridades locais, o<br />
número de manifestantes ontem foi menor que o de cerca de 1.800 pessoas do sábado.<br />
Reformas - Os representantes do G20 também chamaram a atenção para a necessidade de<br />
reiniciar de forma "rápida" as negociações sobre a liberalização comercial no âmbito da OMC -<br />
Organização Mundial do Comércio, suspensas em julho.<br />
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, participou do encontro. Na sexta-feira (17), a OMC<br />
também anunciou que reiniciaria debates informais sobre as negociações da Rodada Doha.<br />
O comunicado final divulgado pelos representantes dos 20 países mais ricos do mundo também<br />
pede nova etapa de reformas dos organismos financeiros multilaterais, ou seja, o FMI - Fundo<br />
Monetário Internacional e o Banco Mundial. Eles destacaram a importância de modernizar e<br />
reforçar a vigilância do FMI.<br />
"O G20 avalia que a eficácia e a legitimidade do FMI e do Banco Mundial devem ser reforçadas<br />
com uma reforma de sua gestão e um reexame de sua política estratégica", diz o comunicado<br />
final do encontro, que terminou no domingo (19).<br />
Realizado na Austrália, o encontro é agora chamado G20 Finanças para diferenciá-lo do grupo<br />
de mesmo nome que reúne países emergentes, entre eles o Brasil, e que se formou para<br />
negociar abertura comercial na OMC.<br />
Também participam do G20 Finanças representantes dos organismos internacionais que a<br />
entidade pretende reformar: FMI e Banco Mundial.<br />
O grupo, que representa 90% do PIB e 80% do comércio globais, reúne as nações mais ricas do<br />
mundo e vários países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil.
Fonte: Folha Online
Ecossistemas marinhos podem sofrer com as mudanças climáticas 21/novembro/2006<br />
As conseqüências do aquecimento global podem alcançar o fundo do mar, interrompendo o<br />
fluxo de nutrientes vitais de águas superficiais para os ecossistemas do oceano profundo. Estes<br />
nutrientes, na forma de sedimentos e matéria orgânica, são afunilados até as profundezas do<br />
oceano através de vastos canyons submarinos.<br />
Acreditava-se que estes fluxos eram desencadeados por deslizamentos de terra, e enchentes de<br />
rios. Agora, Miquel Canals, da Universidade de Barcelona, e alguns colegas demonstraram que<br />
as correntes marinhas sazonais também causam estes fluxos.<br />
A partir da formação de águas densas em margens continentais, através do resfriamento<br />
causado pelo vento e pela evaporação, estas correntes agem como uma fonte de nutrientes<br />
essencial para os ecossistemas de águas profundas.<br />
Ao passo que o aquecimento global aumenta a temperatura da superfície do oceano, ele poderia<br />
causar uma grande redução na formação das águas densas. Isto poderia levar a uma redução<br />
significativa da freqüência e intensidade das correntes sazonais, com um efeito devastador<br />
sobre os ecossistemas profundos, os quais dependem dos nutrientes. “O efeito tem sido<br />
subestimado,” disse um dos pesquisadores, Pere Puig.<br />
Fonte: Fernanda Müller/ CarbonoBrasil
Brasil se diz satisfeito com revisão de Kyoto em 2008 21/novembro/2006<br />
A delegação brasileira na Conferência da ONU - Organização das Nações Unidas sobre Mudanças<br />
Climáticas, realizada nesta semana em Nairóbi, no Quênia, ficou satisfeita com o texto aprovado<br />
ao fim do encontro sobre a revisão do Protocolo de Kyoto.<br />
O tratado, que estabelece metas de redução da poluição no mundo, expira em 2012. Na sextafeira<br />
(19), os delegados dos governos que participaram do encontro da ONU decidiram que vão<br />
rever as medidas a serem tomadas para o período entre 2013 e 2017.<br />
“O Brasil conseguiu aprovar o texto que queria. A revisão vai ser apenas a respeito do passado,<br />
e não vai haver nenhuma brecha para que os países desenvolvidos alterem os compromissos”,<br />
disse na sexta-feira à BBC Brasil um negociador brasileiro.<br />
O texto aprovado pelos cerca de 190 delegados presentes ao encontro diz que na revisão do<br />
Protocolo de Kyoto, prevista para 2008, não serão impostas automaticamente aos países em<br />
desenvolvimento metas de redução nas emissões de gases do efeito estufa.<br />
China, Índia e Brasil - Atualmente apenas países industrializados têm compromissos<br />
obrigatórios. Mas algumas nações ricas reclamam que grandes países em desenvolvimento - em<br />
especial China, Índia e Brasil - também deveriam ter metas.<br />
As nações em desenvolvimento conseguiram deixar claro no texto que não haverá novas metas<br />
para nenhum país em 2008, mas por outro lado a resolução deixa em aberto diversas<br />
possibilidades - inclusive o estabelecimento de compromissos para países como o Brasil - depois<br />
destas discussões.<br />
“O texto indica claramente que depois da revisão de 2008 as partes vão tomar as ações<br />
apropriadas”, disse o ministro do Meio Ambiente do Quênia e presidente da reunião em Nairóbi,<br />
Kivutha Kibwana, quando questionado por jornalistas sobre as possibilidade de países em<br />
desenvolvimento receberem metas em negociações depois de 2008.<br />
“Com base em informações científicas disponíveis (em 2008), a COP (Conferência das Partes,<br />
reunião anual que discute mudanças climáticas) vai poder tomar as ações apropriadas”,<br />
completou.<br />
Crítica e impasses - O secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luis Rebelo<br />
Fernandes, que participou da delegação brasileira no Quênia, criticou a “falta de empenho dos<br />
países ricos” com o cumprimento das metas estabelecidas no Protocolo de Kyoto.<br />
“Nós gostaríamos de ver um maior compromisso dos países centrais no cumprimento das metas<br />
estabelecidas e na implantação dos mecanismos já definidos no Protocolo. Estes são os<br />
responsáveis pelas emissões que hoje estão provocando estes graves problemas de<br />
aquecimento global”, disse Fernandes.<br />
O secretário-executivo disse que o Brasil ficou satisfeito por ter apresentado um projeto de<br />
incentivos a países que diminuem suas emissões por meio da redução no desflorestamento.
O Brasil esteve envolvido em outros dois impasses durante o encontro da ONU. Um deles é a<br />
discussão sobre os tipos de projetos de reflorestamento que podem ser beneficiados por<br />
créditos de carbono do MDL - mecanismo de desenvolvimento limpo.<br />
O MDL permite que países desenvolvidos comprem “créditos de carbono” de países em<br />
desenvolvimento, através de investimentos em projetos que reduzam as emissões de gases de<br />
efeito estufa. Estes créditos podem ser usados para abatimento nas metas de redução de<br />
emissões impostas aos países ricos pelo Protocolo de Kyoto.<br />
As nações não conseguiram definir os critérios para concessão dos benefícios do MDL. Outro<br />
tema polêmico é o projeto de capturar carbono e armazená-lo no subsolo, principalmente em<br />
reservatórios de petróleo já esgotados no fundo do mar.<br />
O Brasil foi um dos líderes da oposição a este projeto, que tem o apoio de nações que já<br />
exploraram muito petróleo e possuem reservatórios para guardar este carbono, como Arábia<br />
Saudita e Noruega.<br />
“Nós somos contrários a esta idéia principalmente pela questão ambiental: existe o risco de<br />
estes reservatórios vazarem, no caso de atividade sísmica, por exemplo, e todo o carbono<br />
acabar caindo no ambiente de qualquer maneira”, disse Fernandes.<br />
“E também porque achamos que isto vai contra o espírito do desenvolvimento limpo. A idéia é<br />
produzir menos carbono, e não ficar encontrando lugar para estocá-lo”, completou. Esta<br />
discussão também acabou ficando para a reunião do ano que vem.<br />
‘Fracasso’ - Para o ministro do Meio Ambiente do Quênia e presidente da reunião em Nairóbi,<br />
Kivutha Kibwana, o encontro deste ano foi um sucesso por ter conseguido avançar em<br />
discussões sobre a adaptação do planeta às mudanças climáticas.<br />
Já na avaliação das organizações não-governamentais presentes em Nairóbi, a reunião variou<br />
entre “fracasso” e “pequenos avanços”.<br />
“As mudanças climáticas são um problema muito grave e nós já temos argumentos científicos,<br />
morais e econômicos para agir muito mais rápido (do que o que foi feito neste encontro)”, disse<br />
o coordenador da campanha de mudança de clima do Greenpeace no Brasil, Carlos Rittel, que<br />
esteve no Quênia.<br />
“Esperava-se que nós fossemos começar a construir o futuro do regime de clima. Aqui em<br />
Nairóbi existia esta possibilidade, mas alguns países bloquearam este processo”, disse.<br />
O Brasil foi muito criticado por ONGs durante a conferência por resistir à discussão imediata de<br />
novas metas, como queriam os países mais ricos e as ONGs.<br />
Rittel indicou que o Greenpeace pretende pressionar por novas metas já na reunião do ano que<br />
vem - que deve acontecer em Bali, na Indonésia - apesar de a conferência deste ano ter<br />
decidido que a revisão só será feita a partir de 2008.
A entidade WWF International avaliou que a reunião em Nairóbi foi “um pequeno passo” na<br />
direção ao desenvolvimento do Protocolo de Kyoto.<br />
“Embora algum progresso tenha acontecido em Nairóbi, nossos líderes têm que reconhecer que<br />
tanto provas científicas como a opinião pública deixam claro que é necessária uma ação muito<br />
mais forte do que essa acordada no encontro”, disse o diretor do programa de mudanças<br />
climáticas da WWF, Hans Verolme.<br />
A Oxfam - ONG que trata de questões sociais - foi mais dura e distribuiu um comunicado com o<br />
título Inércia política põe a perder ação urgente necessária para combater as mudanças<br />
climáticas.<br />
“Uma enorme falta de ambição política transformou a conferência das Nações Unidas em uma<br />
grande decepção, com os países pobres deixando a reunião com pouco mais do que vagas<br />
promessas de ajuda em seus esforços para evitar os efeitos mais graves das mudanças<br />
climáticas”, afirma o comunicado.<br />
Fonte: BBC Brasil/Estadão Online
Presidente Lula e ministros discutem agenda de desenvolvimento 21/novembro/2006<br />
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordenou, na sexta-feira (17), uma reunião com vários<br />
ministros para tratar de uma agenda de desenvolvimento, com horizonte até 2010, que inclui<br />
mais de 120 obras na área de energia e transporte. Foram discutidas as medidas que permitirão<br />
a viabilidade dessas obras. "Ao invés de debatermos o passivo, discutimos o planejamento<br />
integrado com setores de infra-estrutura e transporte, olhando para frente. É a consolidação da<br />
transversalidade", avaliou o ministro interino do Meio Ambiente, Claudio Langone, que<br />
participou do encontro.<br />
Na reunião, o presidente e os ministros decidiram enviar ao Congresso Nacional um projeto de<br />
lei complementar para regulamentar o artigo 23 da Constituição, que trata das competências<br />
dos municípios, dos estados, do Distrito Federal e da União. "Com isso, a competência de cada<br />
um ficará mais clara, o que terá influência nos impasses judiciais que giram em torno de<br />
algumas obras", disse Langone. Segundo ele, a maior parte dos impasses referentes a obras de<br />
energia e transporte no País são de ordem jurídica.<br />
Também foi definido um cronograma para 15 gasodutos e foram acertados os Termos de Ajuste<br />
de Conduta referentes à exploração e perfuração de petróleo e gás nas bacias de Campos e do<br />
Espírito Santo. O governo ainda decidiu que um novo Termo de Ajuste de Conduta, semelhante<br />
ao dessas duas bacias, será feito em relação à bacia de Santos.<br />
O presidente anunciou no encontro que a obra da BR-163 foi incluída no Orçamento de 2007<br />
como PPI - Projeto Prioritário de Investimento. Isso garantirá viabilidade financeira para a<br />
pavimentação da rodovia, que foi alvo do Plano BR-163 Sustentável, uma iniciativa pioneira<br />
para promover o desenvolvimento sustentável na região e evitar impactos negativos dos<br />
processos que historicamente acompanham esse tipo de obra na Amazônia. O plano é composto<br />
por ações de 21 ministérios e órgãos federais. Conforme orientação do presidente, a partir<br />
dessa decisão, a Casa Civil deverá convocar o Grupo de Trabalho da BR-163 para tratar da<br />
efetiva implementação do plano.<br />
Outra decisão importante da reunião está relacionada à BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.<br />
Um trecho de aproximadamente 400 Km, abandonado há mais de 15 anos, deverá ser avaliado<br />
como obra nova, com todos os critérios ambientais necessários. Na oportunidade, o Ibama<br />
informou também que, em 2006, bateu o recorde de licenciamento ambiental de postos de<br />
petróleo. Foram 220 postos licenciados. O presidente disse também que serão autorizadas,<br />
ainda neste ano, as convocações de 300 concursados para o quadro de servidores do Ibama.<br />
Estiveram presentes na reunião representantes do Ibama, do Ministério dos Transportes, do<br />
DNIT, do Ministério da Justiça, da Funai, da Casa Civil, além do Ministério do Meio Ambiente. A<br />
reunião iniciou às 10h30 de sexta-feira e encerrou apenas no fim da tarde.<br />
Fonte: Marluza Mattos/MMA
Acordo nuclear Japão-Europa entrará em vigor em dezembro 21/novembro/2006<br />
O governo japonês e a Comunidade Européia da Energia Atômica (Euratom) anunciaram que,<br />
em 20 de dezembro, entrará em vigor o acordo de Cooperação para o uso Pacífico da Energia<br />
Nuclear.<br />
Segundo um comunicado oficial do Japão, o acordo básico foi assinado em Bruxelas, em<br />
fevereiro, e o Parlamento japonês o aprovou quatro meses mais tarde.<br />
Os termos do documento limitam a usos "pacíficos e não explosivos" o material atômico, os<br />
equipamentos e os materiais não-radioativos mencionados no pacto.<br />
Segundo o comunicado, será aplicada a normativa da Agência Internacional de Energia Atômica<br />
(AIEA) para a proteção física dos materiais usados.<br />
O comunicado acrescenta que o acordo contribui para reforçar os laços de amizade com os<br />
países da Euratom, uma organização de âmbito europeu que promove o desenvolvimento do<br />
uso civil da energia nuclear.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Hidrelétricas brasileiras podem prejudicar meio ambiente, afirma<br />
Bolívia<br />
22/novembro/2006<br />
Em carta enviado ao governo brasileiro, o ministro das Relações Exteriores boliviano, David<br />
Choquehuanca, manifestou preocupação com a possibilidade de danos ao meio ambiente<br />
provocados por um projeto brasileiro que prevê a construção de duas usinas hidrelétricas na<br />
fronteira entre Brasil e Bolívia.<br />
A carta foi enviada ao chanceler Celso Amorim em 7 de novembro e divulgada nesta terça-feira<br />
(21). O texto aborda o plano brasileiro de construir as usinas Jirau e Santo Antônio no rio<br />
Madeira, que serve de limite natural com a região norte da Bolívia.<br />
Choquehuanca teme que parte do território boliviano, onde está concentrada a produção de<br />
castanha, possa ser inundado. Além disso, o ministro boliviano afirma que a obra pode causar<br />
danos à população de peixes da bacia, com uma provável queda do potencial pesqueiro.<br />
Segundo a carta do chefe da diplomacia boliviana, o Brasil já aceitou iniciar conversas com a<br />
Bolívia a respeito da construção de uma geradora hidroelétrica na Cachoeira Esperança,<br />
próxima à fronteira.<br />
Choquehuanca lembrou que Brasil e Bolívia têm vários acordos para a preservação dos recursos<br />
naturais, assim como para promover o Projeto Madeira-Mamoré, para conseguir a integração<br />
física entre os dois países. Ele propôs uma articulação "com obras conjuntas que beneficiem<br />
igualmente" os dois lados.<br />
A primeira queixa boliviana foi apresentada dia 29 de setembro passado, pela ONG Fórum<br />
Boliviano do Meio Ambiente.<br />
Fonte: EFE/Folha Online
Rússia omite crises ambientais, diz grupo de direitos humanos 22/novembro/2006<br />
Um grupo de defesa dos direitos humanos acusa o governo russo de perpetuar uma prática<br />
soviética, mantendo problemas do meio ambiente em segredo e privando o povo de<br />
informações sobre poluição, contaminação alimentar e radiação nuclear que ameaçam a saúde<br />
pública.<br />
Muitas pessoas que tentaram divulgar esses dados, incluindo jornalistas e cientistas, foram<br />
processados, alguns até mesmo acusados de espionagens, disse o grupo britânico Artigo 19,<br />
que defende a liberdade de expressão.<br />
"Com alguns dos territórios mais poluídos da Terra, a obsessão russa, de estilo soviético, com o<br />
segredo da informação ambiental está se mostrando letal para o povo", afirma a diretoraexecutiva<br />
da Artigo 19, Agnes Callamard, em uma nota que acompanha o relatório The<br />
Forbidden Zone. Access to Environmental Information in Russia (Zona Proibida. Acesso a<br />
Informação Ambiental na Rússia).<br />
"É uma desgraça que pessoas na Rússia adoeçam e morram enquanto as autoridades negam<br />
acesso a informação sobre questões como contaminação industrial e poluição radioativa", disse<br />
ela.<br />
O grupo de direitos humanos se baseia em pesquisas de grupos ambientalistas russos e<br />
internacionais. O texto é especialmente pesado no tratamento da indústria nuclear russa em<br />
particular, focalizando os efeitos de três grandes acidentes envolvendo a instalação nuclear de<br />
Mayak, nos Montes Urais, ocorridos entre 1948 e 1967.<br />
O Artigo 19 alega que esses acidentes, e a radiação resultante, contaminaram Amis de 26.000<br />
km2. O relatório afirma que a região sofre com altas taxas de câncer e defeitos de nascimento,<br />
bem como menor expectativa de vida. Alguns ambientalistas consideram Mayak uma das áreas<br />
mais contaminadas do planeta.<br />
Um porta-voz da Agência Nuclear Federal russa se disse incapaz de comentar, de imediato, o<br />
relatório.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Cientistas propõem usar bactérias para geração de energia 22/novembro/2006<br />
As bactérias podem ser a solução para um dos maiores problemas globais: a demanda por<br />
fontes de energia limpa e renovável. A conclusão é de um relatório da Academia Americana de<br />
Microbiologia.<br />
O relatório, Conversão de Energia Microbiológica, detalha diversos métodos de utilização de<br />
micróbios para a produção de combustíveis alternativos, como etanol, hidrogênio, metano e<br />
butanol. O documento discute também vantagens, desvantagens e dificuldades técnicas de cada<br />
metodologia de produção, além de indicar futuras necessidades de pesquisas.<br />
Os autores do relatório afirmam que o planeta deverá passar por uma violenta crise energética<br />
dentro de 30 a 50 anos. Os meios para evitar a catástrofe da escassez de energia e da tragédia<br />
ambiental são incertos, segundo eles, mas parte da solução pode estar na conversão de energia<br />
microbiológica.<br />
Os autores enfatizam uma série de recomendações para que a energia microbiológica se<br />
transforme em realidade. Será preciso, por exemplo, otimizar os processos de pré-tratamento<br />
de diferentes biomassas, a fim de viabilizar a produção de etanol a partir das bactérias. Entre as<br />
tecnologias mencionadas, essa é a mais avançada atualmente, segundo o relatório, mas a<br />
produção a partir de biomassa, como a celulose, é difícil e cara.<br />
Já o hidrogênio, segundo o estudo, pode ser produzido a partir da água, aproveitando a<br />
fotossíntese em cianobactérias e outros micróbios. Os recursos necessários para essa tecnologia<br />
- água e luz solar - são praticamente ilimitados, mas a eficiência do processo ainda é baixa.<br />
O documento também aborda o campo relativamente novo das células a combustível com base<br />
microbiológica. Nesse sistema, os microrganismos recebem um suprimento constante de<br />
biomassa e seus processos biossintéticos são, na maior parte, desviados para a geração<br />
contínua de eletricidade.<br />
"O estudo de células combustíveis microbiológicas ainda está engatinhando, mas identificamos<br />
que há grande potencial de dar um salto nesse sentido", disse Judy Wall, da Universidade do<br />
Missouri, co-autora do relatório.<br />
Fonte: Agência Fapesp/Estadão Online
Energia nuclear é opção para a Austrália, segundo relatório 22/novembro/2006<br />
O uso da energia nuclear é uma opção para a Austrália, mas cara, afirma um estudo<br />
encomendado pelo governo australiano a uma equipe de pesquisas.<br />
O grupo, chefiado por Ziggy Switkowski, ex-presidente da companhia australiana de telefonia<br />
Telstra, explicou que a energia nuclear seria de 20% a 50% mais cara que a convencional. Por<br />
isso, só seria uma opção competitiva se fosse compensada pelo pagamento por emissões de<br />
gases do efeito estufa.<br />
O processamento, a conversão e o enriquecimento do urânio dentro da Austrália produziriam<br />
US$ 1,4 bilhão ao ano, se todo o processo se realizasse dentro do país.<br />
"No entanto, as altas barreiras comerciais e tecnológicas poderiam dificultar a entrada no<br />
mercado. É preciso eliminar os impedimentos legais e regulamentares, e ainda haveria uma<br />
oportunidade real para que as empresas australianas pudessem ter lucro nesta área", disse o<br />
relatório.<br />
Para realizar o estudo, o grupo de trabalho visitou dois reatores nucleares nos quais ocorreram<br />
acidentes, o de Chernobyl, na Ucrânia, e o de Three Mile Island, nos Estados Unidos.<br />
O relatório foi fortemente criticado por grupos ambientalistas e pela oposição trabalhista. O líder<br />
oposicionista Kim Beazley opinou que o futuro da Austrália passa pelas energias renováveis e<br />
pela tecnologia para o uso limpo do carvão.<br />
O especialista em energia nuclear da organização Amigos da Terra, Jim Green, disse em<br />
comunicado que o relatório revela que o uso de energia nuclear, além de perigoso, seria caro e,<br />
portanto, não competitivo para a indústria.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Aquecimento global já provoca extinções, diz análise 22/novembro/2006<br />
Espécies de animais e plantas estão desaparecendo ou mudando antes que o previsto, por conta<br />
do aquecimento global, afirma uma revisão de centenas de estudos realizados sobre o assunto.<br />
As alterações, extremamente rápidas, surpreendem até mesmo biólogos e ecologistas, por<br />
conta da velocidade com que ocorrem.<br />
Pelo menos 70 espécies de rãs, a maioria moradoras de montanhas e que não tinham para onde<br />
fugir do calor crescente, extinguiram-se por causa do aquecimento global, diz a análise. O<br />
trabalho também informa que entre 100 e 200 outras espécies que dependem de temperaturas<br />
baixas para sobreviver, como pingüins e ursos polares, estão em grave perigo.<br />
"Finalmente, estamos vendo espécies se extinguir", diz a bióloga Camille Parmesan, autora da<br />
avaliação. "Agora temos a evidência. Está aqui. É real. Não é só uma intuição dos biólogos. É o<br />
que está acontecendo".<br />
A avaliação, envolvendo 866 estudos científicos, é apresentada no periódico Annual Review of<br />
Ecology, Evolution and Systematics.<br />
Parmesan informa ter encontrado tendências de deslocamento de populações de animais<br />
deslocando-se para longe do equador quando podem, ou espécies sofrendo adaptações para dar<br />
conta do calor, ou plantas florescendo mais cedo, e um aumento na proliferação de pragas e<br />
parasitas.<br />
A bióloga e outros pesquisadores vinham prevendo essas mudanças há anos, mas ela mesma se<br />
diz surpresa com a evidência de que os processos já estão em curso; Parmesan esperava esses<br />
resultados para dentro de uma década.<br />
Há cinco anos, os biólogos imaginavam que os efeitos nocivos do aquecimento global sobre os<br />
seres vivos só apareceriam num futuro mais distante, disse o professor de ecologia da<br />
Universidade de Nova York, Douglas Futuyma. "Sinto como se estivéssemos olhando a crise na<br />
cara", disse ele. "A coisa não está parada em algum ponto na estrada à nossa frente: está vindo<br />
à toda, em nossa direção. Qualquer um com 10 anos de idade hoje encarará um mundo muito<br />
diferente e assustador quando chegar aos 50 ou 60".<br />
Embora outros estudos já tivessem apontado problemas causados pelo aquecimento global em<br />
áreas ou espécies individuais, o trabalho de Parmesan é o primeiro a mostrar o quadro geral<br />
das alterações induzidas pela mudança climática, afirma Chris Thomas, professor de biologia na<br />
Universidade de York, Inglaterra.<br />
Embora seja impossível provar, acima de qualquer dúvida, que as mudanças anotadas na<br />
análise são efeito do aquecimento global, a evidência é tão forte e a falta de outras explicações<br />
plausível é tão grande, que é "virtualmente impossível, estatisticamente, que essas sejam<br />
meras observações ao acaso".<br />
As mudanças mais fáceis de notar, em plantas e animais, envolve a antecipação do início da<br />
primavera, diz Parmesan. O melhor exemplo aparece no florescimento antecipado de cerejeiras<br />
e na colheita precoce da uva, e em 65 espécies de pássaros da Grã-Bretanha, que hoje põem os
primeiros ovos nove dias mais cedo do que há 35 anos.<br />
Parmesan diz preocupar-se mais com as espécies bem adaptadas ao frio, como os pingüinsimperadores,<br />
que já caíram de 300 casais reprodutores para apenas nove na parte oeste da<br />
Península Antártica.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Taxa de metano cai e pode desacelerar aquecimento 23/novembro/2006<br />
CLAUDIO ANGELO - Editor de Ciência da Folha de São Paulo<br />
A humanidade conseguiu estabilizar as concentrações de um dos maiores causadores do efeito<br />
estufa. O feito pode ajudar a amenizar em parte o estrago futuro do aquecimento global, mas<br />
com uma condição importante: é preciso parar de queimar florestas.<br />
O gás em questão é o metano ou gás dos pântanos (CH4), principal componente do gás natural<br />
que milhões de brasileiros usam em suas casas e carros. Um estudo publicado hoje mostra que<br />
os níveis de metano na atmosfera praticamente não cresceram nos últimos sete anos, em<br />
contraste com um aumento de 11% na década de 1980.<br />
O trabalho mostra também que os picos de emissão de metano se deveram principalmente a<br />
queimadas, o que sugere que o papel da manutenção das florestas na estabilização do clima do<br />
planeta possa ainda estar sendo subestimado.<br />
Metano<br />
O metano é um dos gases que aprisionam o calor da Terra na atmosfera, esquentando o<br />
planeta. Faz isso com uma eficiência 30 vezes maior que o gás carbônico (CO2), o principal<br />
causador do efeito estufa. Em compensação, suas concentrações são bem mais baixas: andam<br />
hoje em torno de 1.770 ppb (partes por bilhão). Além disso, ele dura bem menos tempo na<br />
atmosfera: oito anos em média, contra 150 do gás carbônico.<br />
Desde 1978, um grupo de cientistas liderado pelo americano Sherwood Rowland, da<br />
Universidade da Califórnia em Irvine, realiza uma tarefa de monge: coletar amostras de ar em<br />
pontos isolados do Pacífico e analisar as concentrações de metano em cada uma delas.<br />
Os resultados das últimas análises foram publicados na última edição do periódico "Geophysical<br />
Research Letters". Eles mostram que a taxa de metano na atmosfera caiu para quase zero pelo<br />
sétimo ano consecutivo em 2005.<br />
"Essa queda não era esperada, porque não se sabia o que mandava mais na variabilidade do<br />
metano", diz o físico Paulo Artaxo, da USP, especialista em química atmosférica.<br />
Os motivos da queda ainda são incertos. Mas Rowland e seus colegas a atribuem principalmente<br />
à redução nos vazamentos de gás natural de gasodutos e ao crescimento mais lento de<br />
emissões de plantações de arroz e de minas de carvão, grandes fontes do gás.<br />
Florestas<br />
Artaxo disse que a principal novidade do estudo é a descoberta de que os picos na emissão de<br />
metano nos últimos anos estiveram todos ligados a megaincêndios florestais durante anos de<br />
forte El Niño. As maiores anomalias aconteceram em 1998 e em 2003, quando as florestas da<br />
Indonésia e da Rússia (e também as de Roraima) queimaram muito.
"O estudo faz a partição das responsabilidades pelo metano entre queimadas, oxidação de<br />
hidrocarbonetos e vazamentos de gás natural, e descobre que as queimadas mandam na<br />
variabilidade", afirmou Artaxo.<br />
Rowland, que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1995 por ter descoberto (juntamente com<br />
seu aluno Mario Molina) o mecanismo pelo qual o buraco de ozônio se forma, disse que a<br />
estabilização do metano, se continuar, pode ajudar a compensar o aquecimento causado pelo<br />
gás carbônico.<br />
"Se controlarmos as emissões, a quantidade de metano na atmosfera daqui a dez anos pode ser<br />
menor que a de hoje. Ganharemos terreno no aquecimento global", afirmou.<br />
Ele diz, no entanto, que, apesar de ser possível controlar o metano, não há razão para crer na<br />
estabilidade dos níveis no futuro com o aumento da demanda por gás natural. Artaxo completa:<br />
"Para estabilizar as concentrações de metano é necessário controlar o desmatamento no mundo<br />
todo".<br />
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Inglaterra quer reduzir em 60% emissões de CO2 23/novembro/2006<br />
Em discurso, a Rainha da Inglaterra anunciou recentemente que as emissões de dióxido de<br />
carbono serão reduzidas em 60% até 2050, com bases no nível de 1990. As metas serão<br />
divididas por períodos de cinco anos e um “comitê de carbono” independente será criado para<br />
monitorar o progresso.<br />
Ambientalistas defendem metas anuais e membros dos partidos Conservador e Liberal<br />
Democrata esperam acentuar ainda mais as medidas, na tentativa de manter o status da<br />
Inglaterra como líder na luta contra as mudanças climáticas.<br />
"Atualmente, há um apoio surpreendente para novas leis com objetivo de reduzir as emissões<br />
de dióxido de carbono na Inglaterra em pelo menos 3% a cada ano," disse o diretor da<br />
organização ambientalista Friends of the Earth, Tony Juniper. "Esperamos que os ministros<br />
aproveitem a oportunidade, e tornem a Inglaterra líder mundial no desenvolvimento de uma<br />
economia de baixa emissão de carbono".<br />
As emissões globais estão aumentando em cerca de 3% ao ano. A Inglaterra contribui com<br />
somente 2% das emissões mundiais de dióxido de carbono; assim outros países precisam seguir<br />
o exemplo para que sejam atingidas reduções globais.<br />
Grandes ambições - Ainda não é claro como esta meta, muito além das exigidas pelo Protocolo<br />
de Kyoto, será alcançada. "Será necessário uma combinação de medidas, incluindo eficiência<br />
energética, negociação de carbono, captura de CO2, e uma implantação mais veloz de<br />
tecnologias de combustíveis não fósseis, incluindo energia nuclear," prevê o diretor do Instituto<br />
de Engenheiros Químicos da Inglaterra, Andrew Furlong.<br />
O secretário do Meio Ambiente, David Miliband, também propôs uma extensão do atual<br />
esquema de comércio de emissões, incluindo empresas como hotéis e supermercados, além das<br />
usinas de energia e unidades industriais, já incluídas no esquema. Mas o governo parece<br />
dividido sobre a sua aplicação.<br />
Outra área que deve entrar no esquema é o setor da aviação. Esta semana a Comissão Européia<br />
declarou que pretende impor limites nas emissões da aviação comercial a partir de 2011.<br />
Segundo a proposta, todas as companhias aéreas que utilizam aeroportos europeus estarão<br />
sujeitas a limites sobre a quantidade de dióxido de carbono emitida. As companhias poderão<br />
comprar e vender 'permissões' para se manter dentro dos limites, da mesma maneira que<br />
outros setores industrias já negociam suas emissões no mercado.<br />
A medida marca o primeiro passo em direção a inclusão da indústria da aviação no mercado<br />
global de carbono, mas a proposta deve causar desentendimentos com as companhias aéreas<br />
internacionais. As companhias com base nos Estados Unidos, por exemplo, não devem acolher<br />
as regras. A proposta "pode levar a uma retaliação de países fora da União Européia", disse a<br />
porta-voz da British Airways, Abigail Moore.<br />
Fonte: Fernanda Müller/CarbonoBrasil
Empresas britânicas planejam diminuir pegada de carbono de seus<br />
produtos<br />
23/novembro/2006<br />
Com o objetivo de ajudar empresas a reduzir suas emissões de carbono, o Reino Unido planeja<br />
entregar produtos e serviços ‘low carbon’ (em português algo como baixo carbono) aos<br />
consumidores britânicos.<br />
O relatório “Pegadas do carbono na cadeia de fornecimento: o próximo passo para os negócios”<br />
(Carbon Footprints in the supply chain: the next steps for business’) descreve como as<br />
companhias podem identificar as ‘pegada de carbono’ dos produtos e serviços fornecidos.<br />
O Carbon Trust, empresa responsável pelas pesquisas, alegou que ao adotar uma investigação<br />
sobre o carbono nas suas cadeias de fornecimento, as empresas podem mapear as emissões em<br />
cada estágio, desde a matéria-prima até o consumo.<br />
Esta abordagem deve ajudar empresas a suprir um crescente demanda dos consumidores,<br />
entregando produtos genuinamente ‘low carbon’. Pesquisas demonstraram que 66% dos<br />
consumidores britânicos desejam saber mais sobre a pegada de carbono dos produtos<br />
adquiridos.<br />
“Reduzir o carbono nas cadeias de fornecimento é o próximo passo crítico na contribuição das<br />
empresas para mitigar as mudanças climáticas e, como o relatório Stern deixou claro,<br />
representa uma oportunidade comercial significativa”, afirma o chefe executivo do Carbon Trust,<br />
Tom Delay.<br />
Projetos pilotos com os salgadinhos Walkers e com a companhia da area midiática Trinity Mirror<br />
apresentaram o pontecial anual de economizar 2,7 milhões de libras esterlinas (cerca de 10,8<br />
milhões de reais) e 28 mil toneladas de dióxido de carbono – o equivalente a emissões de 5mil<br />
residências.<br />
“Entregar nas mãos dos consumidores produtos low carbon não irá somente reduzir as contas<br />
de luz e melhorar a reputação corporativa, mas abrirá novas fontes de receita, e aumentará a<br />
lealdade às marcas", diz Delay.<br />
Trabalhos similares já estão sendo desenvolvidos com as companhias Boots (rede de<br />
farmácias), Cadburys Schweppes (área alimentícia) e Mark&Spencer (loja de departamentos). O<br />
projeto com a Boots pretende traçar a pegada do carbono dos produtos e criar um shampoo<br />
com baixas emissões de carbono ‘low carbon shampoo’.<br />
O sucesso dos projetos pilotos indicam que no futuro as empresas poderão construir uma<br />
pegada de carbono limpa para seus produtos, identificar as maiores fontes tanto das suas<br />
emissões como das suas companhias, identificando oportunidades para reduzir emissões e<br />
custos, e criar produtos low carbon.<br />
Fonte: Fernanda Müller/CarbonoBrasil
País precisa de mais cinco refinarias de óleo até 2030 23/novembro/2006<br />
Até 2030, o Brasil precisará de mais cinco refinarias de petróleo para manter a capacidade<br />
nacional de refino acima do patamar da produção de petróleo. A estimativa, que não inclui as<br />
duas novas unidades já programadas pela Petrobras (Itaboraí e Refinaria do Nordeste), foi<br />
apresentada nesta quarta-feira (22) pelo presidente da EPE - Empresa de Pesquisa Energética,<br />
Maurício Tolmasquim.<br />
Segundo estudo apresentado por Tolmasquim, a primeira refinaria teria de entrar em operação<br />
por volta do ano de 2015, com capacidade para processar 250 mil barris de óleo por dia. Depois<br />
disso, até 2030, as outras quatro teriam de entrar em operação.<br />
Dessas quatro novas unidades, uma seria uma refinaria petroquímica, com capacidade para<br />
produzir 150 mil barris por dia. Duas outras unidades seriam refinarias voltadas para a<br />
produção de diesel, com capacidade para processar 250 mil barris diariamente. A outra refinaria<br />
priorizaria a produção de gasolina e teria capacidade diária para processar 250 mil barris.<br />
Usinas nucleares - Um estudo da EPE mostra ainda que, além da usina nuclear de Angra 3 -<br />
cuja retomada das obras ainda não foi autorizada pelo governo -, o Brasil deverá ter mais<br />
quatro usinas nucleares em seu parque energético entre 2015 e 2030, cada uma com<br />
capacidade para gerar 1 mil megawatts (MW).<br />
De acordo com o estudo preliminar de Tolmasquim, duas dessas quatro novas usinas nucleares<br />
seriam instaladas na Região Nordeste, "que é uma região que tem menos opções para geração<br />
de energia", e as outras duas ficariam no Sudeste, o maior centro consumidor do País.<br />
Atualmente, as duas usinas nucleares em operação no País, Angra 1 e 2, têm potência instalada<br />
de 2 mil MW. Segundo o estudo de Tolmasquim, em 2015 o parque nuclear passaria a ter 3,3<br />
mil MW, com a entrada em operação de Angra 3. Com as outras quatro usinas sugeridas pelo<br />
estudo, a capacidade de geração de energia nuclear, em 2030, somaria 7,3 mil MW.<br />
Esse cenário traçado por Tolmasquim considera uma taxa de crescimento do PIB - Produto<br />
Interno Bruto do Brasil de 4,1% ao ano até 2030 e um crescimento da demanda por energia de<br />
3,5% ao ano.<br />
Fonte: Leornardo Goy/Estadão Online
Rhodia abre unidade de tratamento de gases poluentes no Brasil 25/novembro/2006<br />
O grupo químico francês Rhodia anunciou nesta sexta-feira (24) que entrou em funcionamento<br />
sua unidade de tratamento de gases de efeito estufa da cidade de Paulínia, no estado de São<br />
Paulo.<br />
É a segunda unidade deste tipo do grupo químico francês, que possui outra na cidade sulcoreana<br />
de Onsan, pela qual já recebeu seu primeiro milhão de toneladas em CERs -<br />
Certificados de Emissões Reduzidas.<br />
Com a entrada em funcionamento da segunda unidade, a Rhodia contará ainda com cerca de 11<br />
a 13 milhões de toneladas em CERs anuais entre 2007 e 2013.<br />
Os dois projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa da Rhodia estão de acordo<br />
como os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto.<br />
Fonte: EFE/Folha Online
Maioria dos suecos defende a energia nuclear, diz pesquisa 25/novembro/2006<br />
Oitenta e um por cento dos suecos são a favor da utilização da energia nuclear, segundo um<br />
estudo do instituto Synovate Temo para a Organização de Acompanhamento e Desenvolvimento<br />
da Energia Nuclear (KSU), divulgado nesta sexta-feira (24).<br />
Dos suecos partidários da energia nuclear, 37% defendem a construção de novos reatores se<br />
for necessário, enquanto 44% consideram que os dez que a Suécia tem, atualmente, são<br />
suficientes.<br />
Quinze por cento dos 1.017 entrevistados no estudo para a KSU, organismo vinculado às<br />
companhias nucleares, mostraram-se contrários à energia nuclear.<br />
Peter Pernloef, vice-presidente da Bas-el, que agrupa o setor energético, disse que a indústria<br />
sueca está disposta a investir entre 7,725 bihões e 11 bilhões de euros (US$ 6,507 bilhões e<br />
9,296 bilhões) para construir dois novos reatores.<br />
Pernloef pediu aos políticos que assumam sua responsabilidade e reformem a lei sobre energia<br />
nuclear.<br />
O governo anterior da Suécia, social-democrata, aprovou, em dezembro de 2004, o fechamento<br />
definitivo da central de Barsebäck, no sul do país e próxima a Copenhague, assim como o<br />
desmantelamento progressivo do restante das centrais a partir de 2010.<br />
O novo governo de coalizão, formado por quatro partidos de centro-direita, é partidário da<br />
energia nuclear, embora o primeiro-ministro, Fredrik Reinfeldt, tenha se mostrado reticente a<br />
respeito do tema e declarado que não se tomará nenhuma decisão a respeito durante a atual<br />
legislatura.<br />
Fonte: EFE/Estadão Online
Projeto que incentiva o uso de energia solar é aprovado pela<br />
Câmara Municipal de Porto Alegre/RS<br />
28/novembro/2006<br />
O projeto que prevê o uso da energia solar para o aquecimento de água foi aprovado por<br />
unanimidade, na quinta-feira (23), pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A proposta<br />
surgiu de um encaminhamento do Seminário Cidades Solares promovido pelos Amigos da Terra,<br />
em parceria com o Instituto Vitae Civilis e Departamento de Aquecimento Solar da Abrava -<br />
Associação Brasileira de Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Aquecimento, em julho<br />
deste ano. O projeto de autoria da vereadora Mônica Leal institui o Programa de Incentivos ao<br />
uso de Energia Solar nas Edificações. O objetivo é promover medidas necessárias ao fomento do<br />
uso e ao desenvolvimento tecnológico de sistemas de aproveitamento de energia solar térmica.<br />
A substituição da energia elétrica utilizada para aquecimento de água no setor redencial - hoje<br />
responsável por 6% de toda a energia elétrica gerada no país - por aquecimento solar gerou<br />
uma economia de mais de 380 mil MWh de energia elétrica somente em 2005, segundo dados<br />
do Departamento de Aquecimento Solar da Abrava. De acordo com a coordenadora dos Amigos<br />
da Terra, Lúcia Ortiz, este projeto vai possibilitar a difusão e a popularização desta tecnologia,<br />
“vai reduzir o consumo de energia elétrica e, desta forma, a necessidade de novas obras de<br />
geração de energia com grande impacto socioambiental”, destacou. A próxima etapa será o<br />
encaminhamento do projeto para sanção do executivo onde serão definidos os incentivos fiscais.<br />
Cidades Solares - A iniciativa Cidades Solares tem como objetivo criar uma legislação municipal<br />
que incentive o uso de aquecedores solares em substituição a chuveiros ou aquecedores<br />
elétricos ou a gás. Os seminários estão acontecendo por todo o Brasil e é uma parceria do<br />
Instituto Vitae Civilis e a Diretoria Solar da Abrava. No Rio Grande do Sul, os eventos<br />
aconteceram em Porto Alegre e em Gramado, contando com o apoio local da ONG Amigos da<br />
Terra.<br />
Fonte: Ascom Amigos da Terra
Justiça dos EUA decide se governo deve regulamentar CO2 28/novembro/2006<br />
A Suprema Corte dos Estados Unidos ouve, ao longo desta semana, a argumentação de<br />
advogados em um caso que poderá forçar o governo Bush a mudar radicalmente sua postura na<br />
questão do combate à mudança climática.<br />
Mais de uma dezena de Estados americanos, bem como grupos ambientalistas, tentam<br />
convencer a Justiça de que a Agência de Proteção Ambiental (EPA), órgão do governo federal<br />
americano, tem a obrigação de regulamentar, por questão de saúde pública, a emissão de gás<br />
carbônico por veículos automotores.<br />
O dióxido de carbono é produzido na queima de combustíveis fósseis, e é o principal gás<br />
implicado no efeito estufa, que leva ao aquecimento progressivo do planeta.<br />
O governo Bush pretende argumentar perante a Corte, nesta quarta-feira, 29, que a EPA não<br />
tem poderes para regulamentar o gás carbônico, como se fosse um poluente comum. A agência,<br />
por sua vez, diz que, mesmo se tivesse esse tipo de autoridade, ela teria a liberdade de exercêla<br />
de outras formas, que não pela determinação de limites de emissão.<br />
Os Estados, liderados por Massachusetts, e os grupos ambientalistas insistem que uma lei sobre<br />
qualidade do ar, de 1970, deixa claro que o dióxido de carbono é um poluente nocivo à saúde e<br />
que, portanto, deve ser regulamentado como outros produtos químicos lançados à atmosfera.<br />
Uma corte federal de apelações decidiu a favor do governo, em 2005. Mas, em junho, a<br />
Suprema Corte anunciou que examinaria o caso, mergulhando, pela primeira vez, no debate<br />
sobre o aquecimento global. A decisão, esperada para o próximo ano, poderá ser uma das<br />
sentenças judiciais mais importantes da história sobre meio ambiente.<br />
Em questão, nesse processo, estão as emissões dos automóveis. Mas o veredicto<br />
provavelmente afetará o comportamento da EPA em relação, por exemplo, ás emissões de<br />
usinas termelétricas.<br />
Fonte: Estadão Online
Biodiesel é investimento estratégico para o Brasil, diz ministro da<br />
Agricultura<br />
28/novembro/2006<br />
O Brasil caminha para ocupar papel de destaque na busca de fontes alternativas de energia, ao<br />
investir na produção de biocombustível. A avaliação é do ministro da Agricultura, Luís Carlos<br />
Guedes Pinto, que abriu nesta segunda-feira (27) a Feira Internacional de Agroenergia e dos<br />
Biocombustíveis, em Brasília. O encontro vai até quarta-feira (29) e reúne empresários e<br />
autoridades do Brasil e do exterior.<br />
Para o ministro, a experiência brasileira no desenvolvimento de combustíveis renováveis pode<br />
fazer o país avançar rumo a uma posição de liderança no setor. “O Brasil tem todas as<br />
condições de conduzir a transição da civilização do petróleo para a civilização da bioenergia”,<br />
declarou.<br />
O ministro da Agricultura também classificou como “prioridade nacional” a produção de biodiesel<br />
com plantas oleaginosas como mamona, dendê e pinhão. Guedes Pinto reafirmou que o governo<br />
se comprometeu, por lei, a adicionar 2% de biodiesel ao diesel em 2008. “Como o país consome<br />
40 bilhões de litros por ano, pelo menos 800 milhões de litros passarão a ser produzidos em<br />
breve”, estimou o ministro.<br />
Ele reiterou que o governo está determinado a antecipar a meta de 5% de biodiesel na mistura,<br />
que só passaria a valer em 2013. Para isso, o ministro ressaltou a criação do Centro Nacional de<br />
Pesquisa em Agroenergia. Desenvolvido este ano pela Embrapa - Empresa Brasileira de<br />
Pesquisa Agropecuária, o centro pesquisa 17 espécies de vegetais e tem investimento previsto<br />
de R$ 36 milhões em 2007. “As experiências nessa área ainda são recentes, mas as<br />
perspectivas são animadoras”.<br />
O ministro aproveitou a conferência para rebater as críticas de que a produção de etanol e de<br />
biodiesel pode resultar no aumento das derrubadas florestais no país. Ele explica que os<br />
investimentos em ciência e tecnologia aumentarão a produtividade, o que não comprometerá o<br />
meio ambiente. “O Brasil tem condições de ampliar a oferta sem a necessidade de desmatar um<br />
hectare”, assegurou.<br />
Na abertura do evento, o ministro apresentou um levantamento da Embrapa que assegura a<br />
conservação dos recursos naturais no Brasil. Segundo o estudo, o país ainda tem conservados<br />
69,5% das florestas nativas na comparação com os últimos 8 mil anos. “Na Europa, esse<br />
percentual é de 0,3% e na Ásia, de 5,6%”, comparou.<br />
De acordo com o ministro, a produção de álcool de cana representa um exemplo de como o<br />
Brasil está investindo em novas fontes de energia e se livrando da dependência do petróleo. Ele<br />
destacou que atualmente 40% da frota de veículos brasileiros é movida a etanol e que 80% dos<br />
carros saíram da fábrica este ano com o sistema flex, que funciona tanto com álcool quanto com<br />
gasolina. Para ele, a adesão ao álcool de cana-de-açúcar traz benefícios à economia e ao meio<br />
ambiente. “Além de menos poluente, o álcool cria empregos no campo e é produzido de forma<br />
muito menos centralizada que o petróleo”, observou.<br />
Para justificar o pioneirismo do Brasil no uso do etanol, o ministro lembrou que a história do<br />
etanol no país é anterior ao Proálcool, programa criado pelo governo na década de 70 para<br />
desenvolver a produção do álcool de cana. “Na verdade, os primeiros usos do álcool foram feitos
há 100 anos, quando os carros começaram a chegar ao Brasil”, salientou. “Durante a crise da<br />
década de 30, o álcool também era largamente utilizado para substituir os combustíveis<br />
tradicionais”, acrescentou.<br />
Fonte: Wellton Máximo/Agência Brasil
Reserva pode acabar em 20 anos, se Brasil exportar petróleo 28/novembro/2006<br />
O presidente da AEPT - Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Leite Siqueira,<br />
avaliou nesta segunda-feira (27) que permitir a exportação do petróleo brasileiro é "um crime<br />
contra a soberania, contra a existência do Brasil como país soberano". Ao participar de um dos<br />
painéis da Conferência Internacional dos Biocombustíveis, em Brasília, ele lembrou que as<br />
reservas brasileiras de petróleo somam 14 milhões de barris e que as estimativas indicam que o<br />
volume pode chegar a 20 milhões de barris. "Nesse ritmo, em menos de 20 anos o petróleo<br />
brasileiro vai acabar. Em cerca de 10 anos, se o Brasil não crescer, a curva de produção vai<br />
passar para o ponto máximo e o País voltará a ser importador", comentou.<br />
Para ele, ao permitir a exportação de petróleo, o governo brasileiro "abre mão de um bem<br />
vastíssimo" e terá que importar o barril por preços superiores a US$ 100. As projeções<br />
divulgadas por ele indicam que o petróleo pode ser comercializado a US$ 100 por barril em<br />
2010, cotação classificada por ele como "muito provável". "Se o governo brasileiro tivesse uma<br />
visão estratégica, ele estaria, nesse momento, procurando alongar ao máximo a existência do<br />
petróleo nacional e investir pesadamente nas empresas nacionais para produção de energia<br />
alternativa para substituir o petróleo", disse.<br />
Fonte: Fabíola Salvador/Estadão Online
Abiodiesel defende mais pesquisas para o Brasil se destacar como<br />
produtor de energia alternativa<br />
28/novembro/2006<br />
Para impulsionar a produção de biodiesel e ocupar posição de destaque na busca por novas<br />
fontes de energia, o Brasil precisará ampliar a pesquisa e criar mecanismos para que a atividade<br />
seja auto-sustentável. A conclusão é do presidente da Abiodiesel - Associação Brasileira das<br />
Indústrias de Biodiesel, Nivaldo Trama.<br />
Presente à abertura da Feira Internacional de Agroenergia e Biocombustíveis, que ocorre desta<br />
segunda-feira (27) até quarta-feira (29) em Brasília, Trama afirmou que o Brasil tem potencial<br />
para liderar a produção de biocombustíveis no mundo. No entanto, segundo ele, o país precisará<br />
não apenas desenvolver novas variedades de plantas oleaginosas, mas oferecer incentivos para<br />
que os agricultores troquem as culturas convencionais pela produção de biodiesel.<br />
Trama citou a soja como exemplo. Segundo ele, a queda nos preços do grão, que teve a<br />
cotação da saca reduzida de R$ 60 em 2003 para R$ 24, atualmente, representa motivo de<br />
preocupação para a entidade. “Como a área plantada caiu nos últimos anos, muitos agricultores<br />
já estão com a safra comprometida e têm receio de investir na produção de combustível”,<br />
explicou.<br />
O presidente da Abiodiesel pediu ainda a criação de uma câmara setorial para o biodiesel. Para<br />
ele, o órgão é essencial para estabelecer a continuidade da política para o setor. “A câmara<br />
representará um fórum de debate para onde convergem os anseios não só dos representantes<br />
da cadeia produtiva, mas incluiria mais setores do governo na discussão, como o Ministério de<br />
Minas e Energia”, ressaltou.<br />
Em relação ao uso da soja para a produção de combustível, o ministro da Agricultura, Luís<br />
Carlos Guedes Pinto, afirmou que o governo reconhece a importância do grão para o<br />
desenvolvimento do biodiesel no país. No entanto, ele ressaltou que o uso da soja como<br />
combustível ainda depende de pesquisas.<br />
“A soja atualmente existente no mercado é destinada à alimentação”, ponderou Guedes. “O país<br />
precisa desenvolver variedades que não apenas produzam mais óleo, mas que forneçam<br />
rendimento melhor para serem utilizadas como combustível”.<br />
O ministro ressaltou que a criação, este ano, do Centro Nacional de Pesquisa em Agroenergia<br />
pela Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (Embrapa) será um passo importante<br />
para impulsionar os investimentos no biodiesel. “A gente também espera fechar parcerias com<br />
entidades privadas para estimular as pesquisas”, salientou.<br />
Guedes se referia à intenção da Embrapa de criar companhias mistas de pesquisa e<br />
desenvolvimento no agronegócio. O modelo foi apresentado nesta segunda-feira (27) pelo<br />
presidente da estatal, Silvio Crestana, em São Paulo.<br />
Em relação à política para o setor, o ministro da Agricultura ressaltou que a produção de<br />
biodiesel é encarada como prioridade pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e envolve a<br />
participação de diversas esferas do governo. “As reuniões sobre o tema são coordenadas pela<br />
ministra da Casa Civil (Dilma Rousseff), o que mostra o comprometimento do governo com o
iodiesel”, observou.<br />
Apesar de dirigir recomendações ao governo, o presidente da Abiodiesel, Nivaldo Trama,<br />
destacou as vantagens competitivas do Brasil na produção de biocombustível. “Além de terras<br />
abundantes, temos uma grande quantidade de vegetais que podem ser usados para produzir<br />
combustível, sem contar o desenvolvimento de tecnologias que dão ao Brasil pioneirismo na<br />
busca por novas matrizes energéticas”, afirmou. “Precisamos aproveitar a janela de<br />
oportunidades que se abre para o país”.<br />
Fonte: Wellton Máximo/Agência Brasil
Maior usina solar do mundo será chinesa 29/novembro/2006<br />
A fome por energia da China é tão grande que levou o país a finalmente colocar em prática seus<br />
planos de construir a maior usina solar do mundo. O sistema terá capacidade de 100 megawatts<br />
de energia, muito maior que a atual recordista situada na cidade alemã de Leipzig e com<br />
potência de gerar apenas cinco megawatts. A decisão mostra a forte determinação do país em<br />
buscar fontes menos poluentes.<br />
Na mesma semana um relatório do governo mostrou que a situação ambiental da China não é<br />
das melhores. A qualidade ambiental não mudou nos últimos meses e algumas áreas do país<br />
ainda sofrem com sérios problemas de poluição. O documento da Administração de Proteção<br />
Ambiental mostrou que emissões de dióxido sulfúrico da China totalizaram 25,5 milhões de<br />
toneladas, o maior volume do mundo.<br />
A nova usina solar, que custará 765 milhões de dólares, será construída na cidade de<br />
Dunhuang, na região noroeste do país, e levará cinco anos para ser finalizada. A região é<br />
beneficiada pelos raios solares, com a maior incidência anual do país, cerca de 3.362 horas.<br />
A prefeitura de Dunhuang assinou uma carta de intenções com a Companhia de Investimentos<br />
em Nova Energia de Zhonghao, de Beijing, para implementar o projeto em uma área de 31.200<br />
metros quadrados.<br />
China e os gases do efeito estufa - A China é a segunda maior emissora de gases do efeito<br />
estufa, com cerca de 70% da sua energia vinda da queima de combustíveis fósseis. Isso sem<br />
contar as centenas de usinas de carvão que são construídas a cada ano. O país estabeleceu<br />
como meta ter 16% da sua energia vinda de fontes renováveis em 2020 e aumentar a eficiência<br />
energética em 20% nos próximos quatro anos. Porém dados já apontam que o país está longe<br />
de alcançar a meta. O consumo de energia por unidade do orçamento doméstico cresceu 0.8%<br />
na primeira metade do ano.<br />
Três anos atrás o país anunciava a sua maior usina solar, na Fazenda de Beitashan Livestock,<br />
na fronteira com a Mongólia. A área de dois mil quilômetros tinha capacidade de produzir 150<br />
quilowatts. A fazenda, fundada em 1952, possui 600 residências (uma população de mais de<br />
três mil pessoas).<br />
Por causa da sua geografia, a fazenda não possuía eletricidade, com exceção de um pequeno<br />
gerador a diesel. Cerca de 90% da área de pastagem não recebia sinal de televisão e operações<br />
em pacientes frequentemente sofriam atraso por falta de luz.<br />
Qualidade da água - Uma mostra de o quão preocupante é a falta de infra-estrutura no interior<br />
da China são os problemas com suprimento de água potável a esta população. Nesta semana as<br />
Nações Unidas lançaram um novo programa de desenvolvimento e afirmaram que a China está<br />
fazendo seu máximo para resolver problemas da quantidade e qualidade do fornecimento de<br />
água. Bilhões em investimento serão necessários na próxima década para que o país alcance<br />
suas metas com relação a esta questão, que atinge 320 milhões de pessoas. De acordo com<br />
estatísticas do governo, as fontes de água per capita da China são apenas 1/3 dos níveis<br />
internacionais.
Fonte: Paula Scheidt/Carbonobrasil
Projeto da USP gera energia a partir de esgoto doméstico 29/novembro/2006<br />
Um sistema instalado no CTH - Centro Tecnológico de Hidráulica da USP - Universidade de São<br />
Paulo tem transformado parte do esgoto produzido pela residência e pelo restaurante<br />
universitários em energia elétrica, segundo comunicado pela Agência USP. O projeto foi<br />
desenvolvido pelo Cenbio - Centro Nacional de Referência em Biomassa, do IEE/USP - Instituto<br />
de Eletrotécnica e Energia.<br />
O tratamento do esgoto local produz um biogás que é captado pelo equipamento desenvolvido<br />
no projeto - capaz de gerar cerca de 14 kWh de energia com a captação aproximada de 72 m3<br />
diários do esgoto doméstico, produzido por cerca de 500 pessoas.<br />
"Ao todo, foram mais de três anos com pesquisas e instalação dos equipamentos. Cuidamos<br />
pessoalmente da instalação de todo o sistema", conta Fernando Castro Abreu, engenheiro<br />
mecânico que atuou na equipe do projeto.<br />
Funcionamento - Após as etapas de filtragem do esgoto, em que são retirados sólidos, materiais<br />
oleosos e graxas dos dejetos, o restante é encaminhado para o biodigestor (Rafa) - com seis<br />
metros de altura e comportando um volume de 25 m3 de esgoto. Os materiais sólidos, oleosos<br />
e graxas são encaminhados a um sistema de compostagem.<br />
Após oito horas, o biogás obtido com o tratamento anaeróbio (sem oxigênio) do esgoto é<br />
captado pelo biodigestor e encaminhado ao sistema de purificação. Em seguida, ele é<br />
armazenado no gasômetro e utilizado como combustível no gerador.<br />
Comercialização - Um painel com lâmpadas e resistências, instalado ao lado do gerador, mostra<br />
os resultados da energia gerada pelo sistema. Segundo Vanessa Pecora, engenheira química<br />
que apresentou o projeto em seu mestrado, a idéia é dar continuidade às pesquisas e tentar<br />
buscar recursos em instituições financiadoras para aperfeiçoamento do projeto.<br />
"Provamos (com o projeto) que a transformação do biogás em energia é possível. Para uma<br />
escala comercial, o sistema teria de ser mais amplo, numa grande cidade", explica Pecora. Ela<br />
cita como exemplo o município de Barueri, onde há um sistema semelhante em funcionamento.<br />
Segundo Pecora, a utilização do gás obtido dos esgotos (composto, basicamente, de dióxido de<br />
carbono e metano) apresenta baixo custo e vantagens ambientais. "Trata-se de um gás emitido<br />
diretamente na atmosfera, agravando o impacto ambiental", avalia.<br />
Fonte: Folha Online
China toma conta do comércio de carbono 29/novembro/2006<br />
Por Antoaneta Bezlova, da Inter Press Service (IPS) para agências Terramérica/Envolverde.<br />
O gigante asiático absorve 60% do volume global de créditos de carbono. Mais de cem<br />
projetos de energia limpa estão em andamento.<br />
PEQUIM - A China se dispõe a beneficiar-se do auge do mercado global de gases causadores do<br />
efeito estufa. Investidores estrangeiros comparecem em massa para pagar às companhias<br />
energéticas e fábricas do gigante asiático para reduzir a contaminação, em lugar de gastar<br />
muito mais para reduzir as emissões em suas próprias nações. Inicialmente cética sobre o<br />
mercado de créditos de carbono, mas preocupada com que isto permita às nações mais ricas<br />
cumprirem suas obrigações de reduzir emissões de acordo com o Protocolo de Kyoto (1997),<br />
agora a China abraça com entusiasmo o sistema, no afã de atrair fluxos estrangeiros para a<br />
eficiência energética e a energia renovável.<br />
Atualmente a China absorve 60% do comércio de créditos de carbono no Mecanismo de<br />
Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo. Sua posição dominante no florescente<br />
mercado representa uma grande mudança em relação há poucos anos, quando assumiu apenas<br />
5% do volume estipulado. O MDL permite às empresas poluentes de um país ganhar créditos<br />
reduzindo suas emissões de gases que causam o efeito estufa em outro. Como o aquecimento é<br />
um fenômeno global, não importa onde ocorram as reduções. E já que implementá-las nos<br />
países em desenvolvimento costuma ser mais barato do que nos industrializados, os poluidores<br />
destes últimos se beneficiam comprando créditos de carbono por meio de projetos em países<br />
como a China.<br />
Na primeira Carbon Expo Asia – um evento sobre comércio de emissões – realizada em outubro,<br />
em Pequim, funcionários governamentais elogiaram o MDL como uma solução de ganho líquido<br />
entre países industrializados e em desenvolvimento, que pode render investimentos ambientais<br />
gratuitos. “Os países industrializados conseguem oportunidades de emitir gases estufa<br />
(responsáveis pelo aquecimento global) a um custo relativamente baixo e alcançam seus<br />
objetivos de redução de emissões. E os países em desenvolvimento obtêm benefícios como<br />
transferências de fundos e tecnologia que estimularão seus esforços para conseguir um<br />
desenvolvimento sustentável”, disse Jiang Weixin, vice-presidente da Comissão Nacional de<br />
Desenvolvimento e Reforma.<br />
Weixin falou na abertura da Expo, que seguiu o modelo de uma recente feira de comércio de<br />
emissões, na cidade alemã de Colônia, e a escolha da China como anfitriã destacou a crescente<br />
importância do país no comércio global de emissões. A vasta maioria dos investimentos<br />
realizados por meio do MDL se dirigiu à China, embora Índia e Brasil também tenham recebido<br />
grandes porções. No passado, a China exortou os países industrializados a assumirem maior<br />
responsabilidade para reduzir suas emissões. Como nação em desenvolvimento, a China está<br />
isenta, sob o Protocolo de Kyoto, de reduzir sua produção de gases que provocam o efeito<br />
estufa.<br />
Enquanto os benefícios de ferramentas internacionais como o MDL se tornam evidentes, Pequim<br />
dá as boas-vindas ao investimento e o incentiva racionalizando seu processo de aprovação e<br />
reduzindo os prazos burocráticos. Como os Estados Unidos – maior emissor mundial de gases<br />
estufa – negaram-se a assinar o Protocolo, a maioria dos potenciais compradores de créditos de
carbono é da Europa e do Japão. Também, a isenção de economias em rápido desenvolvimento,<br />
como China e Índia, dos objetivos de redução, estimulou os críticos a dizerem que o regime<br />
atual deixa os maiores poluidores do mundo fora dos rígidos controles.<br />
Apesar das desvantagens do Protocolo de Kyoto, seu mecanismo central – o comércio de<br />
carbono – demonstrou ser particularmente vantajoso para a China. Até agora, Pequim aprovou<br />
125 projetos no contexto do MDL, incluindo parques eólicos e usinas hidrelétricas, bem como<br />
projetos de redução de contaminantes químicos. Espera-se que estes reduzam 630 milhões de<br />
toneladas equivalentes de dióxido de carbono, o principal gás que contribui para o aquecimento<br />
global, até 2012, quando termina a primeira fase do Protocolo.<br />
Nessa ocasião, alguns prevêem que a China, que possui um mercado de energia em rápido<br />
desenvolvimento, poderia se converter no principal fornecedor de unidades de comércio de<br />
emissões. “Isso é possível porque a China é o maior dos países em desenvolvimento”, disse<br />
Zhang Jianyu, do escritório em Pequim da Environmental Defence, dos Estados Unidos, que<br />
promove o comércio de créditos de carbono. Três décadas de vertiginoso desenvolvimento<br />
industrial estimularam o crescimento econômico da China, e também geraram emissões que<br />
contaminaram o meio ambiente global. Agora, os chineses produzem 14% das emissões globais<br />
de dióxido de carbono. O país também é o maior emissor de dióxido de enxofre, que provoca a<br />
chuva ácida.<br />
As emissões da China, e de outras economias asiáticas em rápido crescimento, também<br />
aumentam mais velozmente do que em outros países. Segundo um documento do Banco<br />
Mundial divulgado em maio, entre 1992 e 2002, a China aumentou em 33% suas emissões de<br />
gases causadores do efeito estufa, enquanto a Índia aumentou em 57%, no mesmo período.<br />
Apesar do novo entusiasmo pelo MDL entre funcionários governamentais chineses, seu futuro<br />
nesse país continua questionável, também pelos próprios planos de desenvolvimento de<br />
Pequim. Afetada por uma severa escassez de eletricidade nos últimos anos, a China embarcou<br />
em uma frenética campanha para construir mais centrais.<br />
O Instituto para a Economia da Energia, do Japão, previu que em 2007 a China terá construído<br />
uma usina adicional de 200 mil megawatts, 80% da qual será alimentada a carvão. Prevê-se<br />
que em 2010 essa instalação contribua com cerca de 1,17 bilhão de toneladas de novas<br />
emissões de dióxido de carbono. Esta quantidade consumiria uma boa parte das reduções de<br />
emissões gerais propostas como objetivo pelo Protocolo de Kyoto, de 5,5 bilhões de toneladas<br />
de carvão no mesmo período.<br />
A China já depende do carvão para 70% de seu fornecimento de energia. Embora consciente de<br />
seus efeitos altamente contaminantes, Pequim foi lenta em diversificar suas fontes de energia e<br />
aumentar a eficiência energética. Com a disparada dos preços do petróleo e do gás natural, isto<br />
ficou ainda mais difícil. Um novo informe sobre os esforços no combate à mudança climática<br />
colocou a China perto do último lugar do índice de 56 países que fazem parte da Convenção<br />
Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, de 1992.<br />
Divulgado pela filial européia da Climate Action Network, o estudo classificou os Estados Unidos<br />
na 53ª colocação, tendo apenas China, Malásia e Arábia Saudita abaixo. Porém, funcionários<br />
chineses defendem os antecedentes de Pequim em matéria de combate à mudança climática e<br />
destacam seu compromisso de reduzir em 20% o consumo de energia e em 10% os
contaminantes nos próximos dez anos.
Taxa de emissão de gás carbônico dobrou em 10 anos 29/novembro/2006<br />
A velocidade com que a humanidade despeja dióxido de carbono na atmosfera mais que dobrou<br />
desde os anos 90, de acordo com uma pesquisa australiana. Descobertas publicadas pela<br />
Organização de Pesquisa Científica e Industrial do governo australiano (CSIRO) mostra que<br />
2005 marcou o quarto ano consecutivo de aumento nas emissões de carbono.<br />
"Ter quatro anos seguidos de crescimento, acima da média, do dióxido de carbono é sem<br />
precedentes", diz nota assinada por Paul Fraser, cientista do centro para pesquisa marítima e<br />
atmosférica da CSIRO.<br />
"A tendência em anos recentes sugere que a taxa de crescimento está acelerando, o que<br />
significa que os combustíveis fósseis estão tendo um impacto sobre as concentrações de gases<br />
do efeito estufa que não víamos no passado", acrescenta Fraser.<br />
O estudo australiano analisou um registro de 30 anos de amostras de ar, coletadas por uma<br />
estação de observação do Bureau Australiano de Meteorologia, localizado na Tasmânia.<br />
O cientista Mike Raupach afirma que, entre 2000 e 2005, a taxa de crescimento das emissões<br />
de dióxido de carbono superou os 2,5% ao ano, enquanto que, nos anos 90, era de menos de<br />
1% ao ano. Ele afirma que 7,85 bilhões de toneladas de carbono chegaram á atmosfera em<br />
2005, contra 6,67 bilhões de toneladas em 2000.<br />
Cerca de metade das emissões de dióxido de carbono permanecem presas na atmosfera, e o<br />
restante é absorvido pela terra e pelos oceanos, disse Raupach. Conforme as emissões<br />
aumentam, cresce também a quantidade carbono no ar.<br />
"No ritmo atual, será difícil conter as emissões o suficiente para estabilizar a concentração<br />
atmosférica de dióxido de carbono em 450 partes por milhão", disse o cientista.<br />
No início do mês, a Organização Meteorológica Mundial informou que o nível de dióxido de<br />
carbono na atmosfera atingiu 379,1 partes por milhão em 2005, mais de 35% acima da que<br />
existia no século 18.<br />
Fonte: AP/Estadão Online
Populações de Rondônia têm mais 15 dias para debater impacto de<br />
hidrelétricas no Rio Madeira<br />
30/novembro/2006<br />
As populações de Abunã e Mutum-Paraná, em Rondônia, têm mais 15 dias para apresentar<br />
sugestões que ajudem o Ibama - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais<br />
Renováveis a avaliar os impactos da construção de hidrelétricas no Rio Madeira no trecho entre<br />
Porto Velho e Abunã.<br />
Para o debate, estão marcadas audiências públicas nas duas cidades, até esta quinta-feira (30).<br />
Só depois disso é que o Ibama decidirá se acata ou não as reivindicações das populações<br />
atingidas pelas barragens.<br />
A construção das usinas de Santo Antônio e Jirau envolve questões polêmicas, já que não há<br />
estudos que revelem o real impacto sobre a bacia do Madeira, que se estende pelos territórios<br />
brasileiro, boliviano e peruano. A Bolívia, por exemplo, contesta a construção, pois teme a<br />
inundação de grandes áreas de seu território.<br />
Outra questão é levantada pelo professor da Universidade de Rondônia e doutor em<br />
planejamento, Arthur Moret. Ele quer saber quem vai consumir os quase 6,5 mil megawatts de<br />
energia produzidas pelas usinas e quem vai pagar os custos da obra.<br />
Fonte: Radiobrás
Um outro desenvolvimento para a Amazônia 30/novembro/2006<br />
por Juliana Radler<br />
Durante conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, um tema central foi colocado em<br />
discussão: a necessidade de se criar emprego e renda na região amazônica através de um<br />
modelo sustentável de crescimento<br />
Discussões sobre a necessidade de se proteger a Amazônia e frear o processo acelerado de<br />
destruição da maior floresta do mundo estão sendo ainda mais intensificadas devido às<br />
mudanças climáticas. Na última conferência da ONU (COP12/MOP2) sobre o aquecimento global<br />
que ocorreu no Quênia esse mês de novembro, a floresta foi tema da principal proposta<br />
apresentada pelo Brasil na convenção: a criação de um fundo com recursos oriundos de<br />
contribuições voluntárias dos países desenvolvidos que poderá beneficiar o país toda vez que o<br />
mesmo apresentar diminuição nas emissões dos gases do efeito estufa (75% das emissões<br />
brasileiras são oriundas das queimadas na floresta).<br />
A proposta brasileira recebeu sinalizações positivas, tanto de outros países que participam do<br />
tratado de Kyoto (166 países ao todo), como de organizações não governamentais que atuam<br />
na Amazônia, como o GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), que reúne 600 organizações de<br />
base de seringueiros, ribeirinhos, organizações ambientalistas, comunidades indígenas, etc..<br />
"Conservação da floresta, diminuição das emissões e melhoria das condições de vida das<br />
pessoas fazem parte de um mesmo tripé que garantirá a sobrevivência das futuras gerações na<br />
Amazônia", disse Adilson Vieira, secretário geral da Rede GTA, durante a conferência em<br />
Nairóbi.<br />
Na mesma linha da proposta do governo federal, o secretário de Meio Ambiente e<br />
Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas, Virgílio Viana, também divulgou no<br />
Quênia a iniciativa regional de se criar um fundo voltado para o desenvolvimento sustentável na<br />
região. Para o secretário, é mais do que o momento dos povos da floresta receberem pelos<br />
serviços florestais prestados pela Amazônia.<br />
"Os recursos desse fundo serão investidos em quatro ações. O primeiro será o pagamento direto<br />
ao extrativista, ao caboclo, do valor relativo ao serviço ambiental prestado. O segundo será o de<br />
apoiar as ações de fiscalização do governo na preservação ambiental e o terceiro é o<br />
investimento direto em negócios sustentáveis com recursos da floresta. Finalmente, teremos a<br />
quarta linha de ação que focará na melhoria da vida das comunidades locais, no que diz respeito<br />
à educação, saúde e comunicação", afirmou Viana.<br />
Todas essas iniciativas podem ganhar impulso extra devido ao combate às mudanças climáticas,<br />
pois a necessidade urgente de se proteger a Amazônia implica não apenas na fiscalização e no<br />
impedimento das atividades ilegais. Mas, principalmente, na criação de um novo modelo de<br />
desenvolvimento para a região que seja baseado em atividades sustentáveis. Como comentou<br />
Adilson, do GTA, "enquanto tivermos uma pessoa com fome na Amazônia, nenhuma outra<br />
espécie estará a salvo".<br />
A ministra Marina Silva também afirmou em Nairóbi que a adoção de um outro padrão de<br />
crescimento para a região, diferente do modelo de exterminação visto hoje, é o principal desafio
do governo. A consolidação desse modelo sustentável é essencial para a continuidade da queda<br />
no desmatamento, que nos últimos dois anos foi de 52%, segundo dados apresentados pelo<br />
Ministério do Meio Ambiente. "A proposta que apresentamos no âmbito da Convenção de<br />
Mudanças Climáticas vem ao encontro desse processo de conservação, que não pode ser apenas<br />
um espasmo", disse a ministra sobre a proposta de constituir o fundo.<br />
Organizações não governamentais que atuam na região já trabalham na linha de criar<br />
alternativas de renda para as populações, fazendo com que a floresta de pé valha muito mais<br />
do que no chão. Adilson contou que, atualmente, 3 milhões de hectares estão sendo geridos por<br />
comunidades tradicionais. "É uma gestão democrática que está trazendo renda para a região".<br />
Isso significa comunidades extrativistas que vivem basicamente da pesca, da caça, do plantio<br />
de mandioca e da coleta de produtos da floresta, como fibras, cipós, remédios, frutas, cascas,<br />
gomas e resinas.<br />
Além do GTA, o NAPRA (Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia) também<br />
participou da conferência da ONU, apresentando projetos de apoio ao desenvolvimento de<br />
populações ribeirinhas residentes no Rio Madeira, em Rondônia. Paula Moreira, advogada<br />
especialista em meio ambiente que representou o NAPRA no Quênia, contou que entre as<br />
atividades da organização está a de estimular a criação de microindústrias, como a de<br />
desidratação de castanha de caju. Em conjunto com a comunidade, eles desenvolveram um<br />
desidratador para as castanhas feito com a reciclagem de latas de leite. "Temos a<br />
microindústria e agora precisamos prospectar microcrédito e compradores", comentou Paula,<br />
acrescentando que o NAPRA também atua em projetos de saúde e educação.<br />
Segundo Eduardo Canepa, gerente do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, que também<br />
esteve na conferência de Mudanças Climáticas, o banco está avaliando novas modalidades de<br />
apoio para projetos ligados ao mercado de carbono, que são aqueles cujo fim contribui para a<br />
redução das emissões de gases do efeito estufa. Canepa informou que o BNDES irá avaliar junto<br />
com o Banco do Amazonas, uma nova política ambiental para a região. "Queremos apoiar<br />
projetos que não resultem na abertura de novas áreas florestais".<br />
A disposição que se viu em Nairóbi para apresentar propostas de crescimento sustentável para<br />
a floresta amazônica e se inaugurar um novo paradigma de desenvolvimento para a região foi<br />
grande. Sinalizações positivas da comunidade internacional também deixaram otimistas vários<br />
membros da delegação brasileira. Resta, no entanto, saber se o governo será capaz de frear o<br />
avanço das fronteiras agropecuárias na floresta frente à meta lançada pelo presidente Lula, de<br />
crescer 5% ao ano no próximo período de seu mandato. O desafio não é apenas crescer, mas,<br />
sim, desenvolver a Amazônia com sustentabilidade.
Suprema Corte dos EUA julga caso sobre efeito estufa 30/novembro/2006<br />
A Suprema Corte dos Estados Unidos entrou nesta quarta-feira, 29, no debate político sobre o<br />
aquecimento global, tentando decidir se a Agência de Proteção Ambiental (EPA) tem o direito de<br />
continuar a se recusar a coibir a emissão de gases causadores do efeito estufa por automóveis.<br />
No primeiro caso sobre mudança climática a chegar à Corte, um advogado representando 12<br />
governos estaduais e 13 grupos ambientalistas pediu que os juízes forcem o governo a tomar<br />
uma atitude, afirmando que o país corre sério risco. A omissão é como "acender o pavio de uma<br />
bomba", afirmou James Milkey, procurador-geral-assistente de Massachusetts.<br />
Ao abrir o debate, o juiz Antonin Scalia perguntou: "Para quando é o cataclismo?". Mikley<br />
respondeu que não se trata de cataclismo, mas de um "dano contínuo".<br />
Já o vice-advogado-geral Gregory Garre, representando o governo de George W. Bush, pediu<br />
que os juízes ajam com cuidado, pois uma regulamentação do gás carbônico pela EPA poderá<br />
prejudicar a economia do país. Garre alegou que a EPA está certa em não agir, por conta da<br />
"incerteza científica" ao redor da questão. A decisão da Suprema Corte deve sair no primeiro<br />
semestre de 2007.<br />
Fonte: AP/Estadão Online