17.05.2013 Views

Doseamento do Tiocianato no plasma e na urina - Planeta Optimus ...

Doseamento do Tiocianato no plasma e na urina - Planeta Optimus ...

Doseamento do Tiocianato no plasma e na urina - Planeta Optimus ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

TIOCIANATO<br />

Trabalho n.º 6<br />

<strong>Doseamento</strong> <strong>do</strong> <strong>Tiocia<strong>na</strong>to</strong> <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> e <strong>na</strong> uri<strong>na</strong><br />

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO TABACO<br />

É <strong>no</strong>rmalmente aceite que os riscos para a saúde associa<strong>do</strong>s ao tabaco,<br />

aumentam com o número de cigarros fuma<strong>do</strong>s por dia. A avaliação da<br />

exposição ao tabaco através da utilização de questionários, pressupõe que o<br />

consumo diário de cigarros seja um índice de exposição adequa<strong>do</strong>, em relação<br />

aos agentes tóxicos constituintes <strong>do</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco. No entanto em estu<strong>do</strong>s<br />

efectua<strong>do</strong>s, verificou-se existirem indivíduos que fumam poucos cigarros por<br />

dia mas apresentam elevadas concentrações de monóxi<strong>do</strong> de carbo<strong>no</strong> <strong>no</strong><br />

sangue e tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>, e outros, que fumam mais <strong>do</strong> que um maço de<br />

cigarros por dia e obtêm baixos valores para os mesmos parâmetros. Podemos<br />

assim observar que o número de cigarros consumi<strong>do</strong>s é <strong>no</strong>rmalmente uma<br />

medida pouco correcta da <strong>do</strong>se. Isto sucede porque indivíduos que fumam o<br />

mesmo número de cigarros por dia não absorvem a mesma quantidade de<br />

fumo e portanto não estão expostos ao mesmo risco. A quantidade de fumo<br />

absorvida não é a mesma porque a absorção <strong>do</strong> fumo depende de vários<br />

factores, como: comprimento <strong>do</strong> cigarro, existência ou não de filtro, tipo de filtro<br />

(quan<strong>do</strong> existe), profundidade da i<strong>na</strong>lação, velocidade com que o cigarro é<br />

fuma<strong>do</strong>, mo<strong>do</strong> como cada individuo é capaz de metabolizar diferentes<br />

constituintes <strong>do</strong> fumo, idade <strong>do</strong> indivíduo e factores ambientais e nutricio<strong>na</strong>is.<br />

Apesar das razões mencio<strong>na</strong>das, o número de cigarros fuma<strong>do</strong>s por dia é um<br />

factor a considerar <strong>na</strong> indicação <strong>do</strong> risco potencial a que um fuma<strong>do</strong>r está<br />

exposto, mas são <strong>na</strong> realidade os testes biológicos que mostram quais os<br />

fuma<strong>do</strong>res que estão mais expostos ao fumo <strong>do</strong> tabaco devi<strong>do</strong> a uma maior<br />

absorção <strong>do</strong> mesmo, e, por conseguinte, colocam a sua saúde em maior<br />

perigo. Reconhece-se portanto, a necessidade de utilizar testes biológicos para


avaliar o grau de exposição de cada indivíduo aos diferentes constituintes <strong>do</strong><br />

fumo <strong>do</strong> tabaco.<br />

Indica<strong>do</strong>res biológicos de exposição ao tabaco<br />

Para podermos avaliar os níveis <strong>do</strong>s diferentes constituintes <strong>do</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco<br />

que são absorvi<strong>do</strong>s pelo organismo, podem ser executadas vários tipos de<br />

análises <strong>no</strong>s flui<strong>do</strong>s biológicos. As amostras biológicas <strong>no</strong>rmalmente utilizadas<br />

para fazer estas análises são: o sangue total, o <strong>plasma</strong>, a uri<strong>na</strong>, a saliva e o ar<br />

expira<strong>do</strong>. É nestas amostras biológicas que podemos <strong>do</strong>sear determi<strong>na</strong>das<br />

substâncias tóxicas constituintes <strong>do</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco, ou metabolitos delas<br />

deriva<strong>do</strong>s.<br />

De entre estas substâncias tóxicas referimos o CO que pode ser determi<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

<strong>no</strong> ar expira<strong>do</strong> ou <strong>no</strong> sangue, o tiocia<strong>na</strong>to cuja concentração pode ser<br />

determi<strong>na</strong>da <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>, uri<strong>na</strong> ou saliva, a nicoti<strong>na</strong> <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> ou uri<strong>na</strong>, e a<br />

cotini<strong>na</strong>, um metabolito da nicoti<strong>na</strong>, <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>.<br />

Relativamente ao CO, verifica-se que o seu nível <strong>no</strong> sangue de fuma<strong>do</strong>res são<br />

mais eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que em não-fuma<strong>do</strong>res. Isto acontece, pois o CO é um <strong>do</strong>s<br />

constituintes <strong>do</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco que é absorvi<strong>do</strong> através das vias respiratórias<br />

e penetra <strong>no</strong> sangue onde se vai ligar à hemoglobi<strong>na</strong> <strong>do</strong>s glóbulos vermelhos.<br />

Verificou-se haver um aumento progressivo de carboxihemoglobi<strong>na</strong> <strong>no</strong> sangue<br />

relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com o aumento <strong>do</strong> consumo de cigarros. O nível médio de<br />

carboxihemoglobi<strong>na</strong> <strong>no</strong> sangue de fuma<strong>do</strong>res é cerca de 4-5%, chegan<strong>do</strong> a<br />

atingir picos de 15%. Estes níveis em não-fuma<strong>do</strong>res que vivem <strong>na</strong> cidade vão<br />

de 0,5% até ao máximo de 2%, varian<strong>do</strong> portanto com as condições ambientais<br />

em que os indivíduos estão inseri<strong>do</strong>s. A semi-vida <strong>do</strong> monóxi<strong>do</strong> de carbo<strong>no</strong> é<br />

de 4 h. Assim, a sua concentração <strong>no</strong> sangue permanece elevada durante um<br />

espaço de tempo relativamente curto depois de se fumar um cigarro.<br />

Também relativamente ao tiocia<strong>na</strong>to se verificou serem os níveis deste <strong>no</strong><br />

<strong>plasma</strong>, uri<strong>na</strong> e saliva, mais eleva<strong>do</strong>s em fuma<strong>do</strong>res que em não-fuma<strong>do</strong>res. A<br />

semi-vida <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> é de 14 dias. Esta determi<strong>na</strong>ção se for<br />

comparada à da carboxihemoglobi<strong>na</strong> é mais conveniente para identificar um<br />

fuma<strong>do</strong>r que tenha esta<strong>do</strong> largas horas sem fumar. Alguns autores afirmaram


que para avaliar a exposição de um indivíduo ao fumo <strong>do</strong> tabaco, essa<br />

avaliação era mais correcta sempre que eram feitas juntamente <strong>no</strong> mesmo<br />

indivíduo a determi<strong>na</strong>ção da carboxihemoglobi<strong>na</strong> <strong>no</strong> sangue e a <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to<br />

<strong>no</strong> <strong>plasma</strong>. No entanto, o aumento <strong>do</strong>s níveis destes <strong>do</strong>is parâmetros <strong>no</strong>s<br />

flui<strong>do</strong>s biológicos, carboxihemoglobi<strong>na</strong> e tiocia<strong>na</strong>to, não é específico de<br />

indivíduos fuma<strong>do</strong>res, há pois outros factores para além <strong>do</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco,<br />

que vão afectar os níveis destes <strong>do</strong>is parâmetros. O monóxi<strong>do</strong> de carbo<strong>no</strong>,<br />

aparece aumenta<strong>do</strong> <strong>no</strong> sangue sempre que se esteja em presença de uma<br />

combustão incompleta. É o que sucede por exemplo <strong>na</strong>s próprias habitações<br />

quan<strong>do</strong> existem aquece<strong>do</strong>res ou esquenta<strong>do</strong>res a gás, e <strong>na</strong>s ruas de grande<br />

tráfego, devi<strong>do</strong> ao monóxi<strong>do</strong> de carbo<strong>no</strong> liberta<strong>do</strong>, conjuntamente com os<br />

gases de escape <strong>do</strong>s veículos automóveis. Se excluirmos o tabaco, os factores<br />

que podem aumentar os níveis de tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> organismo são, para além <strong>do</strong><br />

tipo de alimentação <strong>do</strong> indivíduo, a exposição industrial a cianetos e ao<br />

acrilonitrilo.<br />

Há ainda outros <strong>do</strong>is parâmetros que estão relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com o consumo de<br />

tabaco e que são susceptíveis de serem a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s flui<strong>do</strong>s biológicos.<br />

Trata-se da nicoti<strong>na</strong> e de um seu metabolito, a cotini<strong>na</strong>. A nicoti<strong>na</strong>, alcalóide<br />

constituinte <strong>do</strong> tabaco, pode ser encontrada <strong>na</strong> uri<strong>na</strong> e sangue de fuma<strong>do</strong>res, e<br />

de não-fuma<strong>do</strong>res <strong>no</strong> caso de estes frequentarem ambientes em que se fuma.<br />

A nicoti<strong>na</strong> depois de absorvida é metabolizada <strong>no</strong> organismo dan<strong>do</strong> origem a<br />

vários metabolitos, sen<strong>do</strong> a cotini<strong>na</strong> o principal. Só cerca de 10% da <strong>do</strong>se<br />

absorvida de nicoti<strong>na</strong> é excretada sem sofrer metabolização. A restante<br />

nicoti<strong>na</strong> é rapidamente metabolizada, ten<strong>do</strong> uma semi-vida plasmática de<br />

me<strong>no</strong>s de 30 minutos. Uma vez que a velocidade de biotransformação da<br />

nicoti<strong>na</strong> é tão rápida, a determi<strong>na</strong>ção de um metabolito com uma semi-vida<br />

mais longa, tal como acontece com a cotini<strong>na</strong>, poderia ser mais vantajosa em<br />

estu<strong>do</strong>s epidemiológicos <strong>do</strong> que a própria nicoti<strong>na</strong>. Foi então desenvolvida uma<br />

técnica de radioimu<strong>no</strong>ensaio para a nicoti<strong>na</strong> e também para a cotini<strong>na</strong>,<br />

permitin<strong>do</strong> a análise destes parâmetros em extractos de teci<strong>do</strong>s e flui<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

organismo até níveis da ordem das picomoles. Em ensaios de roti<strong>na</strong>, a nicoti<strong>na</strong><br />

pode ser determi<strong>na</strong>da por espectrofotometria <strong>no</strong> ultra-violeta. A nicoti<strong>na</strong> e a<br />

cotini<strong>na</strong> também podem ser determi<strong>na</strong>das por cromatografia gasosa utilizan<strong>do</strong><br />

diversos tipos de detectores.


Ião tiocia<strong>na</strong>to – indica<strong>do</strong>r biológico de exposição ao tabaco<br />

O ião tiocia<strong>na</strong>to é um constituinte <strong>no</strong>rmal <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s e flui<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mamíferos.<br />

Os níveis de tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> organismo podem variar dependen<strong>do</strong> da quantidade<br />

<strong>do</strong> ião e seus ésteres existentes <strong>na</strong> dieta, e de outros compostos precursores<br />

tais como cianetos, nitrilos e isotiocia<strong>na</strong>tos. Como exemplo de alimentos que<br />

vão origi<strong>na</strong>r um aumento <strong>no</strong>s níveis de tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> organismo temos, <strong>na</strong>bo,<br />

rába<strong>no</strong>, alho, couve e amên<strong>do</strong>as, entre outros. É por esta razão que os<br />

indivíduos vegetaria<strong>no</strong>s apresentam níveis de tiocia<strong>na</strong>to ligeiramente<br />

superiores aos não-vegetaria<strong>no</strong>s, sen<strong>do</strong> <strong>no</strong> entanto este aumento inferior ao<br />

observa<strong>do</strong> em fuma<strong>do</strong>res.<br />

Nos indivíduos fuma<strong>do</strong>res, a concentração de tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong>s flui<strong>do</strong>s biológicos<br />

está mais elevada como consequência da existência de peque<strong>na</strong>s quantidades<br />

de cianeto de hidrogénio <strong>no</strong> fumo <strong>do</strong> tabaco.<br />

Depois de absorvi<strong>do</strong> pelo organismo, o cianeto vai sofrer uma<br />

biotransformação: cerca de 80% da <strong>do</strong>se absorvida vai ser destoxificada<br />

através da conversão a tiocia<strong>na</strong>to, por intermédio da roda<strong>na</strong>se, uma enzima<br />

existente <strong>no</strong> fíga<strong>do</strong>.<br />

Visto o tiocia<strong>na</strong>to ter me<strong>no</strong>s de 1% da toxicidade <strong>do</strong> cianeto, a reacção<br />

catalisada pela roda<strong>na</strong>se, pode ser considerada uma verdadeira reacção de<br />

destoxificação. O tiocia<strong>na</strong>to é por fim excreta<strong>do</strong> pela uri<strong>na</strong>. O restante cianeto<br />

segue outras vias me<strong>no</strong>res, incluin<strong>do</strong> excreção pulmo<strong>na</strong>r <strong>do</strong> próprio cianeto de<br />

hidrogénio. A semi-vida <strong>do</strong> cianeto de hidrogénio é de 44-66 horas.<br />

Méto<strong>do</strong>s de <strong>do</strong>seamento <strong>do</strong> ião tiocia<strong>na</strong>to em flui<strong>do</strong>s<br />

biológicos<br />

Há diversos méto<strong>do</strong>s que <strong>do</strong>seiam o ião tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong>s flui<strong>do</strong>s biológicos. Os<br />

méto<strong>do</strong>s colorimétricos usa<strong>do</strong>s para a determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to baseiam-se<br />

em <strong>do</strong>is princípios diferentes: <strong>no</strong> “MÉTODO DE ALDRIDGE”, cianeto e<br />

tiocia<strong>na</strong>to são converti<strong>do</strong>s em brometo de cia<strong>no</strong>génio pela adição de água de


omo, obten<strong>do</strong>-se depois um complexo cora<strong>do</strong> entre o brometo de cia<strong>no</strong>génio<br />

e uma mistura de cloreto de piridi<strong>na</strong>-benzidi<strong>na</strong>.<br />

No “MÉTODO DE BOWLER”, o tiocia<strong>na</strong>to em filtra<strong>do</strong>s de soro desproteiniza<strong>do</strong>,<br />

reage com o nitrato férrico dan<strong>do</strong> origem ao tiocia<strong>na</strong>to férrico, que tem elevada<br />

absortividade. No “ MÉTODO DE WILLIAM BUTTS”é desenvolvida <strong>no</strong><br />

Autoa<strong>na</strong>lyer uma técnica baseada numa adaptação e melhoramento da<br />

reacção <strong>do</strong> nitrato férrico com o tiocia<strong>na</strong>to. No “MÉTODO DE BRABANDER E<br />

VERBEKE” faz-se a determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to em teci<strong>do</strong>s e flui<strong>do</strong>s biológicos<br />

de animais por cromatografia gasosa. No “MÉTODO DE LUNDQUIST” faz-se o<br />

<strong>do</strong>seamento <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to em flui<strong>do</strong>s biológicos, basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> grande afinidade<br />

<strong>do</strong> ião tiocia<strong>na</strong>to para uma resi<strong>na</strong> aniónica francamente básica (Lewatit MP<br />

7080). É através da resi<strong>na</strong> que o tiocia<strong>na</strong>to é separa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s outros constituintes<br />

da amostra biológica e <strong>do</strong>sea<strong>do</strong> por intermédio de uma <strong>no</strong>va modificação à<br />

reacção de König, em que o hipoclorito de sódio é usa<strong>do</strong> como haloge<strong>na</strong>nte e o<br />

áci<strong>do</strong> barbitúrico como agente ligante. Este méto<strong>do</strong> não é específico <strong>do</strong><br />

tiocia<strong>na</strong>to pois o cianeto e alguns antibióticos interferem. No entanto, se<br />

pretendermos a elimi<strong>na</strong>ção destes interferentes podem ser incluí<strong>do</strong>s alguns<br />

passos adicio<strong>na</strong>is, passos estes que não são <strong>no</strong>rmalmente utiliza<strong>do</strong>s em<br />

análises de roti<strong>na</strong> porque a concentração de cianeto <strong>no</strong> soro e uri<strong>na</strong> é tão baixa<br />

que não justifica (Tabela seguinte). Uma vantagem desta técnica é que o soro<br />

não precisa de ser desproteiniza<strong>do</strong>.<br />

Cianeto<br />

(µg/mL)<br />

NÃO FUMADORES FUMADORES<br />

<strong>Tiocia<strong>na</strong>to</strong><br />

(µg/mL)<br />

Cianeto<br />

(µg/mL)<br />

<strong>Tiocia<strong>na</strong>to</strong><br />

(µg/mL)<br />

Plasma 0,004 1-4 0,006 3-12<br />

Uri<strong>na</strong> 0,067 1-4 0,174 7-17<br />

Níveis de cianeto e de tiocia<strong>na</strong>to <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> e uri<strong>na</strong> de indivíduos fuma<strong>do</strong>res e não-fuma<strong>do</strong>res.<br />

A técnica que os alu<strong>no</strong>s irão executar <strong>na</strong> aula prática é uma modificação <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> de ALDRIDGE e vai ser seguidamente apresentada.


<strong>Doseamento</strong> espectrofotométrico <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to em flui<strong>do</strong>s<br />

biológicos<br />

Como foi referi<strong>do</strong> anteriormente, há várias técnicas que <strong>do</strong>seiam o tiocia<strong>na</strong>to<br />

<strong>no</strong> soro, uri<strong>na</strong> e saliva, sen<strong>do</strong> algumas delas mais rápidas, sensíveis e<br />

precisas, mas exigin<strong>do</strong> outro tipo de aparelhagem. A técnica escolhida para ser<br />

executada <strong>na</strong> aula prática é uma técnica colorimétrica que necessita de um<br />

espectrofotómetro com regista<strong>do</strong>r e apresenta várias vantagens: é uma técnica<br />

rápida, pouco dispendiosa e aceitável para análise de roti<strong>na</strong>.<br />

Meto<strong>do</strong>logia a utilizar <strong>na</strong> aula prática<br />

A técnica a ser utilizada <strong>na</strong> aula prática é uma técnica colorimétrica que utiliza<br />

uma modificação, que consiste <strong>na</strong> substituição da benzidi<strong>na</strong>, uma ami<strong>na</strong><br />

carci<strong>no</strong>génica, pela p-fenile<strong>no</strong>diami<strong>na</strong> tal como foi sugeri<strong>do</strong> por “Bark e<br />

Higson”. A <strong>na</strong>tureza da reacção é tal que tanto o tiocia<strong>na</strong>to como o cianeto<br />

reagem para dar origem à formação <strong>do</strong> complexo cora<strong>do</strong>. O tiocia<strong>na</strong>to, assim<br />

como <strong>no</strong> cianeto vão regir com o bromo, obten<strong>do</strong>-se o brometo de cia<strong>no</strong>génio.<br />

Este reage com a piridi<strong>na</strong> origi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> um aldeí<strong>do</strong> glutacónico, que se vai<br />

posteriormente ligar à ami<strong>na</strong> primária, a p-fenile<strong>no</strong>diami<strong>na</strong>, forman<strong>do</strong> um<br />

composto cora<strong>do</strong>. A absorvência desta solução é depois medida<br />

espectrofotometricamente, uma vez que é proporcio<strong>na</strong>l à concentração de<br />

composto. O arsenito de sódio tem como função remover o excesso de bromo.<br />

KSCN + 4 Br2 + 4H2O CNBr + 6HBr + H2SO4 + KBr<br />

HCN + Br2 CNBr + HBr<br />

CNBr + Mistura Piridi<strong>na</strong>/p-fenile<strong>no</strong>diami<strong>na</strong> Complexo Cora<strong>do</strong><br />

As leituras <strong>no</strong> espectrofotómetro são medidas num comprimento de onda<br />

conheci<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o ponto isosbéstico para esta reacção.


Fig.1 – Determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> ponto isosbéstico, a partir de soluções padrão de tiocia<strong>na</strong>to.<br />

Este comprimento de onda é determi<strong>na</strong><strong>do</strong> por análise qualitativa da reacção<br />

corada <strong>no</strong> espectrofotómetro, registan<strong>do</strong> os vários espectros de absorção com<br />

diferentes concentrações de soluções-padrão e a diferentes tempos.<br />

A leitura das absorvências é depois feita <strong>no</strong> comprimento de onda previamente<br />

determi<strong>na</strong><strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> necessário determiná-lo <strong>no</strong>vamente sempre que forem<br />

feitos <strong>no</strong>vos reagentes. Estas leituras devem ser feitas, entre o 5º e o 15º<br />

minuto após a adição <strong>do</strong> reagente.<br />

Contribuição <strong>do</strong> cianeto existente <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> e uri<strong>na</strong> para a reacção<br />

colorimétrica<br />

Geralmente, a relação molar existente entre o tiocia<strong>na</strong>to e o cianeto <strong>no</strong> <strong>plasma</strong><br />

sanguíneo é de 50 de tiocia<strong>na</strong>to para 1 de cianeto. Para além deste facto,<br />

quan<strong>do</strong> o cianeto é adicio<strong>na</strong><strong>do</strong> ao <strong>plasma</strong> in vitro é pouco estável se


permanecer à temperatura ambiente. Assim sen<strong>do</strong>, a contribuição <strong>do</strong> cianeto<br />

para a intensidade de coloração desta reacção quan<strong>do</strong> executada <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> e<br />

em condições <strong>no</strong>rmais, deve ser insignificante, especialmente porque o<br />

processo envolve ainda uma diluição de 1 para 10.<br />

Para reforçar o argumento de que é realmente muito peque<strong>na</strong> a quantidade de<br />

cianeto existente <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>, basta referir que, <strong>na</strong>s várias técnicas descritas<br />

para <strong>do</strong>sear o cianeto <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>, em todas elas encontramos um passo<br />

adicio<strong>na</strong>l comum e anterior à execução da técnica propriamente dita e que é<br />

uma concentração prévia <strong>do</strong> cianeto existente <strong>no</strong> <strong>plasma</strong>. No entanto em<br />

virtude da instabilidade comprovada <strong>do</strong> cianeto <strong>no</strong> <strong>plasma</strong> e devi<strong>do</strong> a erros que<br />

se possam cometer durante o processo de concentração prévia, se a análise<br />

pretendida é realmente a determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> cianeto, então há que actuar muito<br />

cuida<strong>do</strong>samente aquan<strong>do</strong> da realização dessa operação, ou então optar por<br />

fazer a análise <strong>no</strong> sangue inteiro em vez de <strong>plasma</strong>.<br />

A excreção <strong>do</strong> cianeto pela uri<strong>na</strong> é igualmente bastante baixa, e como a<br />

determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> tiocia<strong>na</strong>to <strong>na</strong> uri<strong>na</strong> só é executada depois de feita uma<br />

diluição da amostra, pensa-se que devi<strong>do</strong> a estas duas razões, o cianeto não<br />

contribui significativamente para a intensidade da coloração da reacção.<br />

Podemos então concluir que, só praticamente o tiocia<strong>na</strong>to é calcula<strong>do</strong> através<br />

desta técnica colorimétrica quan<strong>do</strong> aplicada a amostras de sangue e uri<strong>na</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!