Ester Cavalcanti da Silva Araújo - cchla
Ester Cavalcanti da Silva Araújo - cchla
Ester Cavalcanti da Silva Araújo - cchla
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
primeiro é incentivar os alunos a relembrarem as leituras realiza<strong>da</strong>s em seus percursos<br />
de sujeitos leitores, relatando suas experiências, desde a infância até o momento <strong>da</strong><br />
escrita <strong>da</strong>s memórias.<br />
Ao analisarmos as memórias de leitura observamos que os docentes tiveram<br />
suas primeiras experiências de leitura <strong>da</strong>s mais diversas formas, uma vez que muitos<br />
deles começaram seu percurso com histórias em quadrinhos, enquanto outros alegaram<br />
ter tido as primeiras experiências com as narrativas orais que lhes eram conta<strong>da</strong>s por<br />
seus pais ou parentes próximos e há ain<strong>da</strong> os que afirmaram ter sido iniciados na leitura<br />
por meio de textos apenas com imagens.<br />
O leitor 1, por exemplo, relata que sua iniciação no mundo <strong>da</strong> leitura foi com<br />
seu pai, por este ter o hábito de ler revistinhas de bang-bang e fazer com que esse leitor<br />
repetisse algumas <strong>da</strong>s frases que compunham os diálogos dessas narrativas e devido à<br />
natureza desse primeiro contato e a influência de seu pai, este leitor passou a gostar de<br />
filmes de faroeste. Podemos perceber tais fatos nos seguintes trechos:<br />
Leitor 1: “O que guardo na memória, já um tanto embota<strong>da</strong>, sobre o meu contato inicial<br />
com as primeiras letras foi a interferência do meu pai, que me pedia para repetir<br />
algumas frases dos diálogos de livrescos de bangue-bangue.”.<br />
“[...] aprendi a gostar de assistir, por influência dele, aos filmes do velho oeste.<br />
O poder <strong>da</strong>s imagens já falava mais forte naquela época.”<br />
Já no relato do leitor 2, diferentemente do leitor 1 que começou a ler em casa, a<br />
iniciação de leitura deu-se na escola por meio de cartilhas e depois o seu passou a<br />
comprar gibis:<br />
Leitor 2: “A primeira recor<strong>da</strong>ção que tenho de leitura é de minha ‘cartilha’ onde aprendi<br />
a ler. [...] Aos seis anos de i<strong>da</strong>de, segundo meus pais, comecei a ler e papai passou a<br />
comprar gibis para que eu lesse”.<br />
Durante a adolescência, as preferências de leitura desses alunos-professores<br />
mu<strong>da</strong>ram. Observamos que um dos leitores interessava-se por livros considerados<br />
cânones <strong>da</strong> literatura brasileira, enquanto que outros se interessavam por gêneros<br />
discursivos diversos. O leitor 1, por exemplo, narra suas leituras adolescentes que<br />
oscilavam entre a esfera escolar e íntima:<br />
Leitor 1: “Os anos <strong>da</strong> infância iam se passando e, já um pouco grandinho, andei lendo<br />
alguns paradidáticos <strong>da</strong> 7ª ou 8ª séries, como, por exemplo, Menino de Asas, creio que<br />
de Homero Homem; A ilha perdi<strong>da</strong>, de Maria José Dupré; e até, pasmem, O guarani, de<br />
José de Alencar. Pensando bem, acho que não terminei essas leituras. Eram-me mais<br />
interessantes os gibis do Tio Patinhas, do Batman, do Zé Carioca, e coisas do gênero,<br />
presenteados pela minha tia, que havia feito o magistério e era professora do ‘Jardim’.”<br />
Observamos no fragmento citado que apesar de preferir ler gibis, ele narra as<br />
leituras feitas durante o ensino fun<strong>da</strong>mental com admiração de si mesmo ao momento<br />
em que utiliza o vocábulo “pasmem” antes de citar o título <strong>da</strong> obra de José de Alencar.<br />
Ao contrário do leitor 3, o leitor 2 preferia a leitura de livros vendidos em bancas de<br />
jornal intitulados Júlia e Sabrina, como podemos ver nos fragmentos abaixo:<br />
Leitor 2: “Na minha adolescência lia Júlia e Sabrina todos os dias [...] começamos a<br />
trocar entre as amigas os livros, o que facilitava, pois assim não os guardávamos em