os parâmetros de qualidade da indústria calçadista - Sistema de ...
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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS<br />
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA<br />
CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA<br />
CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO<br />
OS PARÂMETROS DE QUALIDADE DA<br />
INDÚSTRIA CALÇADISTA: UMA<br />
INVESTIGAÇÃO DA SUA VALIDADE A<br />
PARTIR DO ESTUDO DE CASO DA<br />
CALÇADOS ZAP A TA S.A.<br />
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO<br />
PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE<br />
CARLOS EDUARDO LOUREDO DE FREITAS<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro 2002
significativa.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Para a realização <strong>de</strong>sta dissertação, várias pessoas contribuíram <strong>de</strong> forma<br />
A elas, g<strong>os</strong>taria <strong>de</strong> externar meus agra<strong>de</strong>ciment<strong>os</strong>.<br />
À Prof' Df! Carmen Migueles, pela orientação clara e segura. Sua paciência e<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão foram <strong>os</strong> alicerces principais que asseguraram o crescimento <strong>de</strong>ste<br />
estudo.<br />
A<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong>, supervisores e gerentes <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata - CZSA, em especial<br />
ao Gerente <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Sr. Pedro Almei<strong>da</strong>, que dispuseram <strong>de</strong> seu tempo e esforço para<br />
auxiliar-me no entendimento <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do case apresentado.<br />
A<strong>os</strong> meus alun<strong>os</strong> <strong>de</strong> graduação, que viveram comigo moment<strong>os</strong> <strong>de</strong> alegria a ca<strong>da</strong><br />
passo alcançado, em particular ao Sr. Michel Tuller Silva, companheiro que me auxiliou<br />
muito na tabulação <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> primári<strong>os</strong> que permeia este trabalho.<br />
meus estud<strong>os</strong>.<br />
Ao Sr. Fernando Victor Moreira pelo crescente apoio e incentivo financeiro a<strong>os</strong><br />
A<strong>os</strong> meus pais, Célio e Ézia, minha avó Domingas, Renata e minhas filhas Mariana<br />
e Nathalia, pelas horas em que o convívio pessoal não foi p<strong>os</strong>sível, na certeza <strong>de</strong> que a<br />
compensação virá no futuro, através <strong>de</strong> minha colaboração por um país melhor para as<br />
próximas gerações.<br />
IV
RESUMO<br />
o principal objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>senvolver um estudo sobre <strong>os</strong> indicadores <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção e pesquisar, nas empresas terceiriza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A., a<br />
existência ou não <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e sua influência sobre o produto final. Foi<br />
realizado um estudo <strong>de</strong> caso na empresa Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A - CZSA. A pesquisa <strong>de</strong><br />
campo constituiu-se <strong>de</strong> cento e sessenta e cinco questionári<strong>os</strong> preenchid<strong>os</strong> por funcionári<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> três empresas terceiriza<strong>da</strong>s diferentes, sendo uma <strong>de</strong> montagem, a segun<strong>da</strong> <strong>de</strong> aviamento<br />
e a última <strong>de</strong> pesponto, <strong>de</strong>tentoras <strong>de</strong> um universo <strong>de</strong> duzent<strong>os</strong> e sete funcionári<strong>os</strong>. A<br />
am<strong>os</strong>tra foi, portanto, <strong>de</strong> 80 % d<strong>os</strong> operári<strong>os</strong> com uma parte insignificante <strong>de</strong> supervisores.<br />
A pesquisa visou a opinião do chão-<strong>de</strong>-fábrica. Por meio <strong>de</strong> pesquisa em <strong>da</strong>d<strong>os</strong> secundári<strong>os</strong>,<br />
tais como livr<strong>os</strong>, material colhido pela internet e trabalh<strong>os</strong> acadêmic<strong>os</strong>, foram apreendi<strong>da</strong>s<br />
algumas características <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> produção, percepção do<br />
cliente, terceirização e cultura organizacional. A Empresa pesquisa<strong>da</strong> p<strong>os</strong>sui uma cultura<br />
que ain<strong>da</strong> convive com a imagem do seu antigo proprietário. Porém, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />
CZSA, que atualmente conta com a participação <strong>de</strong> lojas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, material para<br />
viagem e material esportivo multi-marcas, esbarra em uma administração <strong>de</strong> produção que<br />
luta pela manutenção <strong>da</strong> marca, com pouc<strong>os</strong> recurs<strong>os</strong> <strong>de</strong> renovação do seu parque fabril.<br />
A partir <strong>de</strong>stas premissas, é buscado o entendimento d<strong>os</strong> fatores que levam à pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma empresa cinqüentenária no mercado <strong>calçadista</strong> nacional.<br />
v
ABSTRACT<br />
The main objective of this project is to <strong>de</strong>velop a study on the quality indicators in the<br />
production and to research in the sub-contractors of Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A, the existence or<br />
not of quality patterns and their influence on the final product. A case study was <strong>de</strong>veloped<br />
in the shoe company Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A - CZSA. The field research was comp<strong>os</strong>ed of one<br />
hundred sixty five questionnaires filled by two hundred seven employees of three different<br />
sub-contractors, being one of assembly, the second of dispatch and the last of backstitch.<br />
The sample was therefore of 80% of the workers with an insignificant part of supervisors.<br />
The project surveyed the opinion of the employees on the factory floor. Through research in<br />
secon<strong>da</strong>ry <strong>da</strong>ta like books, materiaIs on the Internet and aca<strong>de</strong>mic work, some<br />
characteristics were observed of the production of footwear, its quality, the customer's<br />
perception, sub-contracting and the culture of the company. The researched Company<br />
p<strong>os</strong>sesses a culture that stilllives with the old proprietor's image. However, the <strong>de</strong>velopment<br />
of CZSA, that now is ma<strong>de</strong> up of stores that seU footwear, traveI guear and multi-brand<br />
sporting material, is hin<strong>de</strong>red by an administration of production that struggles for the<br />
maintenance of the brandname, with few resources of renewal of its industrial park.<br />
Based on these premises, one attempts to un<strong>de</strong>rstand the factors that support the seniority of<br />
a fifty-year-old company in the national market offootwear.<br />
Vi
SUMÁRIO<br />
RESUMO ............................................................................................................ v<br />
ABSTRACT ....................................................................................................... vi<br />
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 01<br />
1.1 JUSTIFICATIVAS ................................................................................................... 01<br />
l.2 OBJETIVOS DO TRABALHO ............................................................................... 08<br />
2 A QUESTÃO DA QUALIDADE, SUAS RELAÇÕES COM AS CONDIÇÕES<br />
DE TRABALHO E A PERCEPÇÃO DO CLIENTE SOBRE A QUALIDADE<br />
DO PRODUTO FINAL ......................................................................................... 11<br />
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SETOR CALÇADISTA BRASILEIRO E SUAS<br />
IMPLICAÇÕES NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO ............................. 11<br />
2.2 RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL ...... 12<br />
2.3 GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL - GQT .................................................... 16<br />
2.2.1 A cultura organizacional brasileira e a Gestão <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total ......... 21<br />
2.4 OS CINCO SENSOS DA QUALIDADE - PROGRAMA 5S ................................ 27<br />
2.5 TERCEIRIZAÇÃO .................................................................................................. 30<br />
2.6 MARKETING .......................................................................................................... 36<br />
3 A INDÚSTRIA CALÇADISTA ........................................................................... 41<br />
3.1 O CALçADO E SUAS CARACTERÍSTICAS .................................................... .41<br />
3.2 A CALçADOS ZAPATA S.A. _ CZSA ................................................................ 43<br />
3.2.1 História .......................................................................................................... 43<br />
3.2.2 Prestadores <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong> (Terceir<strong>os</strong>) ............................................................ 47<br />
4 A FUNÇÃO PRODUÇÃO E A TERCEIRIZAÇÃO DA ITAPUÃ .................. 49<br />
4.1 A FUNÇÃO PRODUÇÃO E O PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO ................ .49<br />
4.2 DESDOBRAMENTOS DA FUNÇÃO PRODUÇÃO ........................................... 52<br />
4.2.1 Planejamento e controle <strong>da</strong> produção (Programação) ............................. 52<br />
4.2.l.1 Pass<strong>os</strong> do programa <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> produção ............................................. 53<br />
4.2.2 Cronoanálise ................................................................................................. 54<br />
4.2.3 Analista <strong>de</strong> consumo .................................................................................... 56<br />
4.2.4 Analista <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> ......................................................................................... 56<br />
4.2.5 Almoxarifado ................................................................................................ 58<br />
4.2.6 Terceir<strong>os</strong> (Facções) ....................................................................................... 59<br />
4.2.6.1 Facção <strong>de</strong> Montagem - Exemplo <strong>da</strong> Vantage Calçad<strong>os</strong> ............................. :60<br />
4.2.6.2 Facção <strong>de</strong> Aviamento - Exemplo <strong>da</strong> Aviacron Aviament<strong>os</strong> ........................ 60<br />
VII
4.2.6.3 Facção <strong>de</strong> Pesponto - Exemplo <strong>da</strong> JAB Punto Calçad<strong>os</strong> ............................. 61<br />
4.2.6.4 Pesquisa com <strong>os</strong> Funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s Facções <strong>da</strong> CZSA .................................. 62<br />
4.2.6.4.1 Tabulação <strong>da</strong> Pesquisa ...................................................... ............................... 63<br />
4.2.6.4.2 Observações sobre <strong>os</strong> Resultad<strong>os</strong> <strong>da</strong> Pesquisa ............................................ 64<br />
4.2.7 Expedição ...................................................................................................... 73<br />
4.2.8 Ven<strong>da</strong>s ........................................................................................................... 73<br />
4.2.9 Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ...................................................................................................... 74<br />
5 CONCLUSÃO ... .................................................................................................... 75<br />
6 REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS ................................................................ 79<br />
ANEXOS ................................................................................................................ 82<br />
V11l
1. INTRODUÇÃO<br />
1.1 mSTIFICATIV AS<br />
o alto grau <strong>de</strong> competição no mercado internacional, a presença ca<strong>da</strong> vez maior<br />
<strong>de</strong> produt<strong>os</strong> <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> países à disp<strong>os</strong>ição d<strong>os</strong> consumidores e a expectativa <strong>de</strong>stes<br />
mesm<strong>os</strong> consumidores com relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> adquirid<strong>os</strong> levaram um<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> empresas a pensar, com uma serie<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
seus produt<strong>os</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo process<strong>os</strong> apurad<strong>os</strong> <strong>de</strong> planejamento e controle <strong>da</strong><br />
produção, principalmente na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, com o advento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> que se reportavam a<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> Demming (apud Aguayo 1993), Ishikawa<br />
(1985), Cr<strong>os</strong>by (1985), Juran (1991) entre outr<strong>os</strong> pensadores <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> produção e<br />
do produto final.<br />
Com a abertura do mercado brasileiro na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, houve a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
repensar a discrepância existente nas empresas brasileiras entre as competências<br />
existentes e as competências necessárias para se tornar um jogador tanto no mercado<br />
nacional quanto no internacional.<br />
De acordo com FENSTERSEIFER (1995), no livro O Complexo Calçadista em<br />
Perspectiva: Tecnologia e Competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, houve nesta época uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
revisão n<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> <strong>de</strong> competição e mercad<strong>os</strong> <strong>de</strong> atuação, visto que anteriormente uma<br />
parcela <strong>da</strong>s empresas brasileiras, eram competitivas através do baixo custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong><br />
obra, como no caso <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> nacional, que pouco havia evoluído no<br />
sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver maiores vantagens competitivas no longo prazo.<br />
As per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> mercad<strong>os</strong> extern<strong>os</strong> e mesmo no segmento <strong>de</strong><br />
baixo preço do mercado interno, que já se constatam, estão<br />
ocorrendo em gran<strong>de</strong> parte em função <strong>da</strong> relocalização<br />
industrial ocorri<strong>da</strong> em outr<strong>os</strong> países, utilizando a mesma<br />
vantagem comparativa do baixo custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra que foi a<br />
tônica <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> brasileira<br />
(FENSTERSEIFER, 1995,19).<br />
1
A busca pela quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pontuou as agen<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s maiores empresas brasileiras<br />
que buscaram afoitamente certificações como as ISO. O que se observa, porém, é que<br />
esta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> - como sendo intrinsecamente liga<strong>da</strong> ao produto - busca<br />
antecipar-se e corrigir <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> que porventura ocorram n<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> e serviç<strong>os</strong><br />
ofertad<strong>os</strong> ao mercado.<br />
A gerência <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é um meio sistemático <strong>de</strong> garantir que<br />
as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s organiza<strong>da</strong>s aconteçam segundo o planejado. É<br />
uma disciplina <strong>da</strong> gerência que diz respeito à prevenção <strong>de</strong><br />
problemas, criando as atitu<strong>de</strong>s e controles que p<strong>os</strong>sibilitam a<br />
prevenção (CROSBY, 1985,36).<br />
O que ocorre neste início <strong>de</strong> século é que, ao contrário <strong>de</strong> fábricas produzindo<br />
acima <strong>de</strong> suas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, têm-se <strong>de</strong>missões <strong>de</strong> pessoal e fechamento <strong>de</strong> negóci<strong>os</strong>,<br />
aumento <strong>de</strong> custo <strong>da</strong> energia e que<strong>da</strong> n<strong>os</strong> lucr<strong>os</strong>. Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, então, mais do que nunca,<br />
passou do foco no produto para o foco no atendimento do cliente, que se tomou ca<strong>da</strong><br />
vez mais disputado no mercado globalizado.<br />
Por que <strong>de</strong>vem as empresas se esforçar para se orientar para o<br />
mercado? N<strong>os</strong>sa resp<strong>os</strong>ta é que, nesta era <strong>de</strong> turbulência<br />
crescente no mercado e intensificação <strong>da</strong> concorrência, uma<br />
forte orientação para o mercado tomou-se uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
estratégica. Somente com qualificações superiores para<br />
compreen<strong>de</strong>r, atrair e reter clientes as empresas po<strong>de</strong>m criar<br />
estratégias que irão oferecer ao cliente valor mais elevado e<br />
mantê-las alinha<strong>da</strong>s com as mutáveis exigências do mercado<br />
(DAY, 2001,11).<br />
Atualmente, vive-se o que se convencionou chamar <strong>de</strong> Economia do Cliente <strong>de</strong><br />
acordo com estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> pensadores como Kotler & Armstrong (1995), Day (2001) e<br />
Hammer (2002), em que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto final é fortemente vincula<strong>da</strong> à<br />
percepção <strong>de</strong> seus clientes com relação à marca e a<strong>os</strong> benefici<strong>os</strong> que o produto agrega.<br />
Desta forma se estabelecem <strong>de</strong>safi<strong>os</strong> como:<br />
• conceber produt<strong>os</strong> e serviç<strong>os</strong> capazes <strong>de</strong> cativar o cliente;<br />
• reter <strong>os</strong> clientes e aten<strong>de</strong>r às suas novas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
De acordo com Hammer (2002), em seu livro A Agen<strong>da</strong>, houve, na déca<strong>da</strong><br />
passa<strong>da</strong>, um esforço <strong>da</strong>s melhores empresas na re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> process<strong>os</strong>, papel d<strong>os</strong><br />
2
gerentes e sistemas <strong>de</strong> mensuração. Porém estas práticas se restringiram a pouc<strong>os</strong>,<br />
inclusive como resp<strong>os</strong>ta estratégica diante d<strong>os</strong> <strong>de</strong>safi<strong>os</strong> ca<strong>da</strong> vez mais crescentes do<br />
mercado. É necessário, portanto, repensar as relações industriais com base em seus<br />
process<strong>os</strong>, a otimização <strong>de</strong>stes mesm<strong>os</strong> process<strong>os</strong> e vinculação na ca<strong>de</strong>ia logística, tanto<br />
com fornecedores quanto com clientes; toma-se indispensável também reavaliar as<br />
relações <strong>de</strong> marketing a partir <strong>da</strong> visão que o cliente tem sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto<br />
vendido.<br />
Se <strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho forem concebid<strong>os</strong> para a sua<br />
própria conveniência, e não para o beneficio d<strong>os</strong> clientes, estes<br />
arcarão com prejuíz<strong>os</strong> que, no longo prazo, recairão sobre a sua<br />
empresa. Quanto maior for a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer negóci<strong>os</strong> com<br />
você, maiores serão <strong>os</strong> ônus e <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> para o cliente,<br />
comprometendo, obviamente a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua empresa<br />
(HAMMER 2002, 35).<br />
As gran<strong>de</strong>s funções-fim do sistema empresarial são produção e marketing. Sem<br />
agregar quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao produto final, não há como disponibilizar este produto ao mercado<br />
consumidor. Se quali<strong>da</strong><strong>de</strong> também envolve cust<strong>os</strong> que <strong>de</strong>vem ser bem administrad<strong>os</strong>, <strong>os</strong><br />
process<strong>os</strong> que ocorrem na função produção <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong>vem ser explicitad<strong>os</strong> e<br />
seguid<strong>os</strong>, pois envolvem a eliminação <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> e outras <strong>de</strong>spesas gerais. To<strong>da</strong> a ca<strong>de</strong>ia<br />
logística, a montante e a jusante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>os</strong> inputs <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> até o produto entregue ao<br />
cliente final e respectivo pós-ven<strong>da</strong>, move-se através <strong>de</strong> process<strong>os</strong> que <strong>de</strong>vem sempre<br />
visar à satisfação do cliente com o produto adquirido e não somente com a a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong><br />
produção e expedição às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> organização.<br />
Uma <strong>da</strong>s maneiras <strong>de</strong> gerenciar <strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma organização é direcionar<br />
esforç<strong>os</strong> para o que a empresa sabe fazer <strong>de</strong> melhor, <strong>de</strong>ixando a cargo <strong>de</strong> outras<br />
empresas tarefas que são por elas melhor <strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong>s. Esta <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> process<strong>os</strong><br />
po<strong>de</strong> ser efetiva<strong>da</strong> através <strong>da</strong> terceirização.<br />
A partir d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> <strong>de</strong> Michael Hammer e d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> <strong>de</strong> reengenharia <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, houve necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> premente <strong>de</strong> maior focalização nas core competences<br />
<strong>da</strong>s empresas (HAMEL e PRAHALAD, 1995), fun<strong>da</strong>mental para o equilíbrio <strong>da</strong>s<br />
organizações contemporâneas. O processo <strong>de</strong> terceirização emerge então como uma <strong>da</strong>s<br />
formas <strong>de</strong> reduzir cust<strong>os</strong> e redirecionar esforç<strong>os</strong>.<br />
3
A integração virtual também recebeu um forte impulso com a<br />
convergência d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> <strong>de</strong> terceirização e <strong>de</strong> competências<br />
essenciais. A terceirização (. .. ) começou com a transferência <strong>de</strong><br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que não passavam <strong>de</strong> element<strong>os</strong> <strong>de</strong> dispersão para as<br />
empresas (HAMMER, 2002, 251).<br />
Porém, para se produzir com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> que o cliente espera, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
proporcionar condições <strong>de</strong> trabalho a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s a<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>, o que não<br />
ocorre com freqüência, principalmente <strong>de</strong>vido à baixa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira e às<br />
instalações pouco a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s ou facções. O gran<strong>de</strong> problema<br />
em se reduzir cust<strong>os</strong> focando suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s principais e terceirizando ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
produção é a falta <strong>de</strong> controle sobre <strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> fabricação, que passam a ser<br />
obrigação d<strong>os</strong> administradores <strong>da</strong>s fábricas terceiriza<strong>da</strong>s.<br />
O trabalho <strong>de</strong> pesquisa ora apresentado foi feito com uma <strong>da</strong>s pnnCIpaIS<br />
<strong>indústria</strong>s <strong>calçadista</strong>s mineiras: a Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. (CZSA). Inicialmente, buscou<br />
se averiguar se a terceirização <strong>da</strong> produção (ocorri<strong>da</strong> em mead<strong>os</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90)<br />
po<strong>de</strong>ria afetar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu produto final. Esta p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa foi logo<br />
rechaça<strong>da</strong>, pela indisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> como notas fiscais que indicassem com<br />
exatidão as causas <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução ocorri<strong>da</strong>s antes e <strong>de</strong>pois do processo <strong>de</strong> terceirização.<br />
Buscou-se, então, o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> aceito internacionalmente<br />
como parâmetro para estu<strong>da</strong>r o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução <strong>da</strong> CZSA. Verificou-se que o<br />
padrão internacional para <strong>de</strong>volução <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> mercadoria é <strong>de</strong> 2%, enquanto que a<br />
Zapata trabalhou, durante todo o ano <strong>de</strong> 2001, com um padrão que girou em tomo <strong>de</strong><br />
0,5% para ven<strong>da</strong>s internas e 0% para ven<strong>da</strong>s ao mercado internacional, levando a uma<br />
primeira impressão <strong>de</strong> que problemas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> com <strong>os</strong> calçad<strong>os</strong> fabricad<strong>os</strong> pela<br />
Zapata eram irrisóri<strong>os</strong>, por seus índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução estarem bem abaixo d<strong>os</strong><br />
recomen<strong>da</strong>d<strong>os</strong> internacionalmente.<br />
Em um segundo momento, após estu<strong>da</strong>r todo o processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
calçad<strong>os</strong> <strong>da</strong> CZSA, constatou-se que as condições <strong>de</strong> trabalho nas facções não são<br />
condições i<strong>de</strong>ais para a disseminação <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que causou<br />
estranheza, em vista <strong>de</strong> seus baix<strong>os</strong> índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> mercadorias.<br />
A partir <strong>da</strong>í, verificou-se que a <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> foca<strong>da</strong> neste estudo <strong>de</strong> caso<br />
apresenta uma situação paradoxal: as condições <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> mecanism<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
controle <strong>de</strong> processo apresentad<strong>os</strong> apontam para uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> op<strong>os</strong>ta àquela<br />
apresenta<strong>da</strong> pela bibliografia como sendo pré-condição necessária à produção <strong>de</strong><br />
4
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. No entanto, <strong>os</strong> indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, porcentagem <strong>de</strong> artig<strong>os</strong> <strong>de</strong>volvid<strong>os</strong><br />
por causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>, apontam para uma produção <strong>de</strong> alta quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, abaixo d<strong>os</strong> níveis<br />
internacionais <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito.<br />
A priori, po<strong>de</strong>r-se-ia consi<strong>de</strong>rar que todo pressup<strong>os</strong>to teórico que envolve<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> seria restrita às condições observa<strong>da</strong>s n<strong>os</strong> países em que foram escritas<br />
(Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> <strong>da</strong> América e Japão), não se aplicando às condições brasileiras. A<br />
p<strong>os</strong>teriori, não po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong> a sup<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> que o operário brasileiro seria<br />
capaz <strong>de</strong> produzir com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> mesmo no ca<strong>os</strong>. Ou as teorias <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
estão totalmente erra<strong>da</strong>s e as condições <strong>de</strong> trabalho, higiene, padronização,<br />
normatização não fazem nenhum sentido, ou o <strong>da</strong>do referente à <strong>de</strong>volução <strong>de</strong><br />
mercadorias precisa ser reinterpretado.<br />
Consi<strong>de</strong>rando as opções apresenta<strong>da</strong>s anteriormente, a pesquisa <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia<br />
<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve haver, na <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parâmetr<strong>os</strong> melhores<br />
<strong>de</strong> aferição <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Uma leitura diferente d<strong>os</strong> baix<strong>os</strong> índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução<br />
apresentad<strong>os</strong> na CZSA po<strong>de</strong> ser encaminha<strong>da</strong>:<br />
• <strong>os</strong> critéri<strong>os</strong> <strong>de</strong> observação e controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> intern<strong>os</strong> à empresa<br />
talvez sejam froux<strong>os</strong>, visto que <strong>de</strong> certa forma são feit<strong>os</strong> tão somente<br />
por am<strong>os</strong>tragem aleatória;<br />
• no mercado exterior, o calçado brasileiro po<strong>de</strong> estar sendo comprado<br />
como um produto <strong>de</strong> baixa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto sujeito a <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> que,<br />
nem por isso, levam a uma <strong>de</strong>volução do produto, havendo, portanto<br />
um nível maIor <strong>de</strong> tolerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>, incidindo<br />
negativamente no valor agregado <strong>de</strong>sta mercadoria e na sua<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar em mercad<strong>os</strong> internacionais;<br />
• talvez o calçado brasileiro esteja, em term<strong>os</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, como algo<br />
entre o calçado italiano e o chinês, ou seja, alguma mercadoria <strong>da</strong> qual<br />
as pessoas esperam algum nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito;<br />
• no mercado interno, não se sabe até que ponto há uma expectativa do<br />
consumidor <strong>de</strong> sapat<strong>os</strong> com relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com o fim <strong>de</strong> avaliar<br />
<strong>de</strong> forma consciente sua compra ou não, ou ain<strong>da</strong>, <strong>os</strong> consumidores<br />
po<strong>de</strong>m ter baixas expectativas em relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto;<br />
• <strong>os</strong> consumidores po<strong>de</strong>m estar mal informad<strong>os</strong> sobre o que é um<br />
produto <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>;<br />
5
• talvez o consumidor brasileiro não tenha confiança nas instituições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa do consumidor ou na própria responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa com<br />
relação ao seu produto, fat<strong>os</strong> estes que não incentivariam o<br />
consumidor a <strong>de</strong>volver um produto <strong>de</strong>feitu<strong>os</strong>o.<br />
Enten<strong>de</strong>-se, portanto, que, para aumentar exportações e entrar em nov<strong>os</strong><br />
mercad<strong>os</strong>, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>ter ou compatibilizar-se com nov<strong>os</strong> entrantes no mercado<br />
nacional, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver nov<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> <strong>de</strong> aferição <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
tornando o Brasil produtor <strong>de</strong> artig<strong>os</strong> <strong>de</strong> couro <strong>de</strong> altíssima exigência quanto à<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Assim, a dissertação m<strong>os</strong>tra não haver <strong>da</strong>d<strong>os</strong> para estabelecer que não "há<br />
<strong>de</strong>volução porque não há <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>", visto que ocorre uma precarização nas fábricas<br />
terceiriza<strong>da</strong>s, não padroniza<strong>da</strong>s e on<strong>de</strong> não há um ambiente propício para a implantação<br />
do 5S; torna-se imp<strong>os</strong>sível a não existência <strong>de</strong> err<strong>os</strong> por falta <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo <strong>os</strong><br />
indicadores que aferem a <strong>de</strong>volução estar incomplet<strong>os</strong> ou <strong>de</strong>feitu<strong>os</strong><strong>os</strong>.<br />
Indicadores ina<strong>de</strong>quad<strong>os</strong> po<strong>de</strong>m ser uma fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> na empresa, provocando<br />
uma análise incompleta. Estes indicadores po<strong>de</strong>m embotar o grau <strong>de</strong> conhecimento <strong>da</strong><br />
empresa a respeito <strong>da</strong> expectativa d<strong>os</strong> clientes sobre seu produto ou até mesmo <strong>da</strong><br />
percepção <strong>de</strong> sua marca como tendo ou não uma imagem <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Em um primeiro momento, po<strong>de</strong> parecer que o assunto <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> já<br />
tenha sido exaustivamente <strong>de</strong>batido nestas duas últimas déca<strong>da</strong>s, não justificando sua<br />
inclusão em nov<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> acadêmic<strong>os</strong>; porém a ênfase no gerenciamento <strong>de</strong> process<strong>os</strong><br />
é revista por Hammer (2002), já tendo sido prevista inclusive por Falconi (1992),<br />
quando este último expõe que a essência do gerenciamento em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> níveis<br />
hierárquic<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa está no controle <strong>de</strong> process<strong>os</strong>.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se terceirização como um processo, e a disseminação e<br />
implantação <strong>de</strong>ste conceito no Brasil, verifica-se uma significativa precarização do<br />
trabalho <strong>de</strong>senvolvido nas empresas terceiriza<strong>da</strong>s, como será <strong>de</strong>monstrado neste estudo<br />
<strong>de</strong> caso. Esta precarização do trabalho nem sempre é percebi<strong>da</strong> como uma ameaça à<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto, uma vez que a tendência <strong>de</strong> muitas empresas é olhar seu produto<br />
como fruto <strong>da</strong> sua competência núcleo, ou core competence (HAMEL e PRAHALAD,<br />
1995), que no caso <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> foca áreas como <strong>de</strong>sign, mo<strong>da</strong> e gestão <strong>da</strong><br />
marca. Desta forma, a gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> e do impacto que<br />
6
esta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> exercer na percepção do cliente sobre a marca ten<strong>de</strong> a ser<br />
negligencia<strong>da</strong>.<br />
A terceirização <strong>da</strong> produção ocorreu no Brasil <strong>de</strong> forma distinta <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> países.<br />
Na percepção <strong>de</strong> Gi<strong>os</strong>a (1999), a aplicação <strong>da</strong> terceirização n<strong>os</strong> países e empresas do<br />
primeiro mundo alterou a performance <strong>de</strong> suas organizações, levando a uma<br />
consi<strong>de</strong>rável elevação <strong>de</strong> sua eficácia administrativa, contribuindo para o aumento <strong>da</strong><br />
produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas. No Brasil, embora isto tenha sido o que, na<br />
teoria, ocorreu, o que se verifica na prática é o recurso <strong>da</strong> terceirização como forma <strong>de</strong><br />
redução <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> por conta <strong>da</strong> precarização do trabalho.<br />
Neste contexto, situa-se o segmento <strong>calçadista</strong> que busca, por melO <strong>da</strong><br />
colocação <strong>de</strong> seus produt<strong>os</strong> no mercado externo, uma p<strong>os</strong>sível ampliação <strong>de</strong> seus<br />
negóci<strong>os</strong>. Agregar valor à marca, como estratégia <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> nov<strong>os</strong> mercad<strong>os</strong>,<br />
pressupõe responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, cui<strong>da</strong>do com o meio ambiente, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> no<br />
trabalho, entre outr<strong>os</strong> fatores prepon<strong>de</strong>rantes à obtenção <strong>de</strong> certificações <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
reconheci<strong>da</strong>s internacionalmente.<br />
A legislação hoje em vigor vincula a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> por aci<strong>de</strong>ntes e doenças<br />
ocupacionais <strong>da</strong> empresa às suas terceiriza<strong>da</strong>s. Uma <strong>da</strong>s questões a ser pensa<strong>da</strong> é até<br />
que ponto as economias feitas com a redução <strong>de</strong> custo via terceirização po<strong>de</strong>m<br />
comprometer a imagem e a marca não só <strong>da</strong> empresa, mas <strong>de</strong> todo o complexo<br />
<strong>calçadista</strong> nacional, no mercado externo.<br />
Indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como <strong>os</strong> que vêm sendo empregad<strong>os</strong> mascaram, <strong>de</strong><br />
forma perig<strong>os</strong>a para o sucesso <strong>da</strong> organização, as diversas questões coloca<strong>da</strong>s até agora<br />
e precisam ser revisitad<strong>os</strong>. Embora estas questões ultrapassem o escopo <strong>de</strong> trabalho<br />
<strong>de</strong>sta dissertação, é importante colocá-las para situar, em perspectiva, a importância <strong>de</strong><br />
repensar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas empresas terceiriza<strong>da</strong>s e reavaliar <strong>os</strong> indicadores, <strong>de</strong> modo a<br />
evitar uma falsa sensação <strong>de</strong> segurança.<br />
A implementação <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção po<strong>de</strong> ser um<br />
instrumento útil para corrigir <strong>os</strong> problemas verificad<strong>os</strong> no estudo <strong>de</strong> caso, além <strong>de</strong> gerar<br />
retorn<strong>os</strong> p<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong> para a marca e para o segmento industrial como um todo. A<br />
organização <strong>da</strong> produção e d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho que as normas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
produzem são uma precondição para pensar a questão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> relação<br />
com o meio ambiente, pois fornecem as condições <strong>de</strong> rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ações e a<br />
p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar sobre <strong>da</strong>d<strong>os</strong> e indicadores previsíveis e confiáveis.<br />
7
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO<br />
o problema que esta dissertação <strong>de</strong> mestrado procurou estu<strong>da</strong>r é: até que ponto<br />
<strong>os</strong> indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, basead<strong>os</strong> em baix<strong>os</strong> índices <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>volução, retratam uma situação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto final compartilha<strong>da</strong> com a<br />
visão do mercado consumidor? Para buscar subsídi<strong>os</strong> a esta in<strong>da</strong>gação, será estu<strong>da</strong><strong>da</strong> a<br />
função produção <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A.<br />
Este trabalho tem como objetivo final <strong>de</strong>senvolver um estudo sobre <strong>os</strong><br />
indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção e pesquisar, nas empresas terceiriza<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A., a existência ou não <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e sua influência<br />
sobre o produto final.<br />
Da<strong>da</strong> a imp<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser aplica<strong>da</strong> uma estratégia alternativa <strong>de</strong> aferição do<br />
controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>indústria</strong> - uma vez que este processo po<strong>de</strong>ria interferir<br />
diretamente na gestão <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> empresa -, o trabalho irá se limitar a apontar a<br />
fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> indicadores atuais, analisando-<strong>os</strong> à luz <strong>da</strong>s teorias e d<strong>os</strong> fat<strong>os</strong><br />
observad<strong>os</strong>, procurando justificar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investiment<strong>os</strong> na mu<strong>da</strong>nça d<strong>os</strong> atuais<br />
indicadores na busca <strong>de</strong> um melhor sistema <strong>de</strong> gestão.<br />
São objetiv<strong>os</strong> intermediári<strong>os</strong> <strong>de</strong>sta pesquisa:<br />
i<strong>de</strong>ntificar junto a<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s, padrões <strong>de</strong> conduta<br />
que levam a uma maior quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou falta <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto acabado;<br />
traçar um paralelo entre a cultura organizacional brasileira e a teoria relaciona<strong>da</strong> à<br />
gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, visando estabelecer pont<strong>os</strong> <strong>de</strong> reflexão sobre a utilização<br />
<strong>de</strong>stes parâmetr<strong>os</strong> em uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural brasileira;<br />
analisar relatóri<strong>os</strong> intern<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> do ano <strong>de</strong> 2001, buscando<br />
estabelecer maiores subsídi<strong>os</strong> à pesquisa, no que tange ao percentual <strong>de</strong> artig<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong>volvid<strong>os</strong> mês a mês.<br />
Supõe-se que <strong>os</strong> indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A.<br />
não retratam a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto final, tendo em vista que não há<br />
8
condições propícias para difusão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas, inexistindo<br />
treinamento para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, instalações e condições <strong>de</strong> trabalho a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s, bem como<br />
discussão sobre melhoria d<strong>os</strong> métod<strong>os</strong> e process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho pel<strong>os</strong> gerentes,<br />
supervisores e funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s.<br />
É necessária a <strong>de</strong>limitação do universo abor<strong>da</strong>do pelo investigador. De acordo<br />
com a orientação <strong>de</strong> Vergara (2000), a <strong>de</strong>limitação do estudo cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> apontar a parte<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, inclusive o período <strong>de</strong> tempo objeto <strong>da</strong> investigação.<br />
Conforme abor<strong>da</strong>do n<strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> fornecid<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> quadr<strong>os</strong> apresentad<strong>os</strong> no capítulo<br />
referente ao setor <strong>calçadista</strong> brasileiro e suas implicações no mercado interno e externo,<br />
a <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> brasileira funciona n<strong>os</strong> mais divers<strong>os</strong> estad<strong>os</strong> <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração,<br />
inclusive com a presença <strong>de</strong> clusters na <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> do Vale d<strong>os</strong> Sin<strong>os</strong>, no sul do<br />
país, e em Franca, interior do estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />
O trabalho <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>sta dissertação foi feito na Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A.<br />
(CZSA), <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> situa<strong>da</strong> no estado <strong>de</strong> Minas Gerais, mais precisamente na<br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horízonte. Os <strong>da</strong>d<strong>os</strong> obtid<strong>os</strong> pela <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> vendid<strong>os</strong><br />
referem-se ao ano <strong>de</strong> 2001. A pesquisa com <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s<br />
foi efetua<strong>da</strong> através <strong>de</strong> questionári<strong>os</strong> emitid<strong>os</strong> e analisad<strong>os</strong> no primeiro semestre <strong>de</strong><br />
2002.<br />
O estudo ficou restrito à área <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> empresa cita<strong>da</strong>, neste caso<br />
representa<strong>da</strong> pel<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> e sua inter-relação com a observação e controle d<strong>os</strong> padrões<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O estudo <strong>da</strong> cultura organizacional restringiu-se ao apontamento <strong>da</strong>s<br />
características <strong>da</strong> Cultura Organizacional Brasileira e seus pont<strong>os</strong> <strong>de</strong> concordância e<br />
conflito com a teoria <strong>da</strong> Gestão pela Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total.<br />
Qual a razão do interesse do pesquisador em abor<strong>da</strong>r aspect<strong>os</strong> gerenciais <strong>de</strong> uma<br />
empresa manti<strong>da</strong> há mais <strong>de</strong> cinqüenta an<strong>os</strong> no mercado e oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong><br />
gestão familiar?<br />
Em um processo <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> mercad<strong>os</strong>, pontuado com o advento ca<strong>da</strong> vez<br />
maIor <strong>de</strong> empresas transnacionais que representam nov<strong>os</strong> entrantes nas economIas<br />
nacionais, o planejamento estratégico empresarial necessita ser constantemente<br />
reelaborado a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua atuação no longo prazo. O fenômeno <strong>da</strong> terceirização<br />
surge como uma alternativa para a redução <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> do processo produtivo e uma<br />
maior focalização <strong>da</strong> empresa em suas competências essenciais, fun<strong>da</strong>mentais para a<br />
manutenção e pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto no mercado.<br />
9
Por outro lado, o estudo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas conseqüências para o<br />
<strong>de</strong>sempenho organizacional, que teve seu início no período <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Guerra<br />
Mundial, ain<strong>da</strong> convive com as discrepâncias culturais d<strong>os</strong> países <strong>de</strong> um mundo<br />
culturalmente diferente. A forma <strong>de</strong> atenuar estas diferenças culturais, culminando com<br />
a implantação do controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> no Brasil, é ain<strong>da</strong> exaustivamente estu<strong>da</strong><strong>da</strong> n<strong>os</strong><br />
dias <strong>de</strong> hoje. Esta pesquisa visa contribuir para uma maior compreensão <strong>da</strong> <strong>indústria</strong><br />
<strong>calçadista</strong>, partindo do mo<strong>de</strong>lo terceirizado como solução estratégica e <strong>de</strong> suas relações<br />
com o estudo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total.<br />
Quanto a<strong>os</strong> fins, a pesquisa é <strong>de</strong>scritiva e aplica<strong>da</strong>. Quanto a<strong>os</strong> mei<strong>os</strong>, <strong>de</strong> acordo<br />
com Vergara (2000), tem-se que a pesquisa é <strong>de</strong> campo, documental, bibliográfica e,<br />
como está circunscrita a uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> empresa, um estudo <strong>de</strong> caso.<br />
O universo pesquisado foi a Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A (CZSA) e sua população, três<br />
empresas que por ela são terceiriza<strong>da</strong>s. A am<strong>os</strong>tra constituiu-se <strong>de</strong>: a) uma facção<br />
<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Vestige Calçad<strong>os</strong>, que atua na montagem com 71 funcionári<strong>os</strong> e produção<br />
<strong>de</strong> 4.000 pares/dia; b) uma segun<strong>da</strong> empresa terceiriza<strong>da</strong> que se chama Maridith<br />
Calçad<strong>os</strong>, que atua no pesponto com 68 funcionári<strong>os</strong> e produção <strong>de</strong> 3.000 pares/dia; e c)<br />
uma última fornecedora, a A viabrás, que atua no aviamento com 68 funcionári<strong>os</strong> e<br />
produção <strong>de</strong> 2.000 pares/dia <strong>de</strong> solad<strong>os</strong> e 4.000 pares/dia <strong>de</strong> palmilhas.<br />
Os sujeit<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa são <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> que trabalham nas empresas<br />
terceiriza<strong>da</strong>s pela CZSA e que pertencem à am<strong>os</strong>tra. A coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> foi feita através<br />
<strong>de</strong> questionário. Também foram coletad<strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> por meio <strong>de</strong> pesquisa bibliográfica e<br />
documental. Os <strong>da</strong>d<strong>os</strong> foram tratad<strong>os</strong> <strong>de</strong> forma qualitativa, sendo agrupad<strong>os</strong> e<br />
apresentad<strong>os</strong> <strong>de</strong> forma estrutura<strong>da</strong> para análise.<br />
10
2. A QUESTÃO DA QUALIDADE, SUAS RELAÇÕES COM AS CONDIÇÕES<br />
DE TRABALHO E A PERCEPÇÃO DO CLIENTE SOBRE A QUALIDADE DO<br />
PRODUTO FINAL<br />
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SETOR CALÇADISTA BRASILEIRO E SUAS<br />
IMPLICAÇÕES NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO<br />
De acordo com pesquisa elabora<strong>da</strong> por Corrêa (2001), oriun<strong>da</strong> <strong>de</strong> fontes do<br />
Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento - BNDES, o setor <strong>calçadista</strong> nacional fatura US$<br />
8 bilhões/ano e é comp<strong>os</strong>to <strong>de</strong> seis mil empresas, que geram 210 mil empreg<strong>os</strong>, <strong>da</strong>do<br />
este confrontado com o quadro <strong>de</strong> distribuição setorial <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> nacional do IBGE,<br />
que, na pesquisa industrial anual <strong>de</strong> 1998, contabilizou 245.648 pessoas emprega<strong>da</strong>s nas<br />
<strong>indústria</strong>s <strong>de</strong> artefat<strong>os</strong> <strong>de</strong> couro e <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>. Apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> tecnologia e <strong>de</strong><br />
pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, é uma <strong>indústria</strong> que utiliza mão-<strong>de</strong>-obra intensiva.<br />
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, principalmente <strong>de</strong><br />
artig<strong>os</strong> <strong>de</strong> couro, dividindo este espaço com a Indonésia, sendo que a China e a Índia<br />
ocupam, respectivamente, o primeiro e o segundo lugares. A China produz calçad<strong>os</strong><br />
esportiv<strong>os</strong> feit<strong>os</strong> <strong>de</strong> matérias-primas mais baratas, como tecid<strong>os</strong>, lona, borracha e outr<strong>os</strong><br />
sintétic<strong>os</strong>.<br />
Um d<strong>os</strong> maiores pól<strong>os</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong> encontra-se no Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul, principalmente no Vale d<strong>os</strong> Sin<strong>os</strong>, que concentra sua fabricação em<br />
calçad<strong>os</strong> feminin<strong>os</strong>, contando com cerca <strong>de</strong> mil fábricas <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>; seu pólo industrial<br />
é completo, reunindo fabricantes <strong>de</strong> máquinas e componentes.<br />
Em São Paulo, <strong>de</strong>staca-se a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Franca com 360 fábricas, que produzem<br />
principalmente calçad<strong>os</strong> masculin<strong>os</strong>. Alguns estad<strong>os</strong> do Nor<strong>de</strong>ste, nota<strong>da</strong>mente o Ceará,<br />
contribuem com a maior parte <strong>da</strong> produção nacional, que, no ano <strong>de</strong> 2000, foi <strong>de</strong> 580<br />
11
milhões <strong>de</strong> pares/ano, sendo que 30% <strong>de</strong>sta produção seguem para o mercado externo,<br />
ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com <strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> <strong>de</strong> Corrêa (2001).<br />
A localização geográfica privilegia<strong>da</strong> do Nor<strong>de</strong>ste em relação ao n<strong>os</strong>so principal<br />
importador, <strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong>, provocou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, um <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong><br />
empresas <strong>calçadista</strong>s para esta região brasileira, que será beneficia<strong>da</strong> até 2004 com um<br />
aporte <strong>de</strong> US$ 500 milhões em investiment<strong>os</strong> do governo fe<strong>de</strong>ral.<br />
Há concentração d<strong>os</strong> embarques <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> para <strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong>, que em<br />
2000 adquiriram 61 % do total <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> exportad<strong>os</strong> pelo Brasil, conforme Corrêa<br />
(2001), sendo a Argentina o segundo maior importador <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong>, com<br />
12% em 2000, situação esta que ten<strong>de</strong> a se <strong>de</strong>sestabilizar, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> crise argentina<br />
e d<strong>os</strong> freqüentes protest<strong>os</strong> <strong>de</strong> produtores <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> argentin<strong>os</strong>, contra a importação <strong>de</strong><br />
calçad<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong>.<br />
2.2 RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL<br />
De uma forma geral, enten<strong>de</strong>-se que quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é a medi<strong>da</strong> em que um bem ou<br />
serviço se a<strong>da</strong>pta a<strong>os</strong> padrões especificad<strong>os</strong>. Quando estes padrões estão ausentes,<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma questão <strong>de</strong> opinião, não sendo controlável cientificamente. A falta <strong>de</strong><br />
conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com <strong>os</strong> padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> preestabelecid<strong>os</strong> chama-se <strong>de</strong>feito. De<br />
acordo com Silva et all (2000), antigamente quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estava relaciona<strong>da</strong> à inspeção e<br />
vincula<strong>da</strong> à produção e operações. Esta abor<strong>da</strong>gem iniciou-se n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 20 e foi uma<br />
<strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> produção em série, em particular com o advento do sistema <strong>de</strong> produção<br />
taylorista, tendo como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> impedir que produt<strong>os</strong> <strong>de</strong>feitu<strong>os</strong><strong>os</strong> chegassem a<strong>os</strong><br />
consumidores.<br />
Araújo (2001), corroborando Barr<strong>os</strong>, diferencia o conceito <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segundo<br />
o autor, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser visualiza<strong>da</strong> através <strong>de</strong> dois pont<strong>os</strong> <strong>de</strong> vista: a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> quem produz que seria concernente com normas e procediment<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
fabricação. Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> quem consome seria a<strong>de</strong>quar o produto às<br />
expectativas do cliente.<br />
O envolvimento <strong>da</strong> figura do cliente percorre a obra <strong>de</strong> Paladini (2000) que cita<br />
alguns conceit<strong>os</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> bem aceit<strong>os</strong> , como o <strong>da</strong> Organização Européia <strong>de</strong><br />
Controle <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em 1972, on<strong>de</strong> "Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é a condição necessária <strong>de</strong> aptidão<br />
para o fim a que se <strong>de</strong>stina"; o conceito elaborado por Juran e Gryna em 1991:<br />
12
"Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é a<strong>de</strong>quação ao uso" e finalmente o conceito atribuído a Jenkins em 1971,<br />
on<strong>de</strong> "Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é o grau <strong>de</strong> ajuste <strong>de</strong> um produto à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> que preten<strong>de</strong> satisfazer".<br />
Conforme Ishikawa (1985) o conceito <strong>de</strong> controle estatístico <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, surgiu<br />
em 1930, a partir d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> do Dr. Shewhart na Bell Laboratories - Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong>.<br />
O uso <strong>da</strong> estatística como mecanismo <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> foi intenso durante a<br />
Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial. Po<strong>de</strong>-se constatar, porém que a competição se <strong>da</strong>va através <strong>de</strong><br />
custo e preço e não pela quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto.<br />
O uso <strong>da</strong> estatística como mecanismo <strong>de</strong> controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
foi altamente compensador n<strong>os</strong> esforç<strong>os</strong> <strong>de</strong> guerra, tanto na<br />
forma quantitativa, qualitativa, como economlca<br />
proporcionando uma evolução técnico-industrial <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
significado (. .. ). Por isso muit<strong>os</strong> afirmam que a vitória <strong>da</strong> II<br />
Guerra Mundial foi <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> entre <strong>os</strong> que se preocuparam pelo<br />
controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>da</strong>s ferramentas estatísticas<br />
(ISHIKAWA, 1985: 15).<br />
Já na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50, com a edição do livro Quality Control: Principies and<br />
Administration (1954) e do artigo Total Quality Control, amb<strong>os</strong> escrit<strong>os</strong> por Armand<br />
Feigenbaum, consi<strong>de</strong>ra-se o Controle Total <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como um sistema <strong>de</strong><br />
otimização <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>de</strong> esforç<strong>os</strong> e melhoria <strong>de</strong> process<strong>os</strong>, para geração <strong>de</strong><br />
produt<strong>os</strong> que aten<strong>da</strong>m economicamente à empresa e satisfaçam ao consumidor. Parte-se<br />
então do princípio que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>veria começar pelo projeto do produto e só<br />
terminaria a partir do momento em que o cliente estivesse satisfeito com o produto<br />
adquirido.<br />
Slack et ali (1999), observam que embora <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> Feigenbaum tenham sido<br />
publicad<strong>os</strong> n<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong>, foram <strong>os</strong> japoneses quem colocaram o conceito em<br />
prática e o popularizaram.<br />
W.Edward Deming é consi<strong>de</strong>rado como um d<strong>os</strong> mentores do controle <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Segundo este professor, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> se inicia com a alta administração e é<br />
uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> estratégica. Conforme Araújo (2000), durante a Segun<strong>da</strong> Guerra<br />
Mundial, certo <strong>de</strong> que o controle estatístico era fun<strong>da</strong>mental para a evolução d<strong>os</strong><br />
process<strong>os</strong> empresariais, Deming colocou em prática suas hipóteses na <strong>indústria</strong> bélica.<br />
Após a guerra, a <strong>indústria</strong> norte-americana abandonou as idéias <strong>de</strong> Deming, que foram<br />
13
logo absorvi<strong>da</strong>s pel<strong>os</strong> japoneses, que obtiveram ótim<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong>. Ele instituiu quatorze<br />
pont<strong>os</strong> para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que segundo Silva et ali (2000) são:<br />
1 ° - estabelecer constância <strong>de</strong> propósit<strong>os</strong> para melhoria do produto e do serviço;<br />
2° - adotar a nova fil<strong>os</strong>ofia;<br />
3° - eliminar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inspeção;<br />
4° - cessar a prática <strong>de</strong> aprovar orçament<strong>os</strong> com base no preço e estabelecer um<br />
relacionamento duradouro e <strong>de</strong> confiança e leal<strong>da</strong><strong>de</strong> com o fornecedor;<br />
5° - melhorar constantemente o sistema <strong>de</strong> produção e prestação <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong>;<br />
6° - instituir treinamento no local <strong>de</strong> trabalho;<br />
7° - instituir li<strong>de</strong>rança;<br />
8° - eliminar o medo;<br />
9° - eliminar as barreiras entre <strong>os</strong> <strong>de</strong>partament<strong>os</strong>;<br />
10° - eliminar lemas, exortações e metas <strong>de</strong> nível zero <strong>de</strong> falhas para a mão-<strong>de</strong><br />
obra;<br />
11 ° - eliminar quotas (padrões <strong>de</strong> trabalho) na linha <strong>de</strong> produção;<br />
12° - fazer com que as pessoas sintam orgulho do seu trabalho;<br />
13° - instituir programas <strong>de</strong> educação e auto-melhoria;<br />
14° - engajar tod<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa no processo <strong>de</strong> realizar a transformação.<br />
Sempre insistindo na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> métod<strong>os</strong> estatístic<strong>os</strong> <strong>de</strong> controle <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, Deming fez na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 seminári<strong>os</strong> e conferências no Japão, para<br />
gerentes, chefes e engenheir<strong>os</strong> a convite <strong>da</strong> mSE - Japanese Union of Scientists and<br />
Engineers, que se constituía no principal grupo <strong>de</strong> pesquisas japonês para a pesquisa do<br />
controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
J<strong>os</strong>eph M. Juran foi também um pensador que focava a administração <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como a<strong>de</strong>quação ao uso com o objetivo <strong>de</strong><br />
satisfazer o cliente com a "quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> certa", sem mais nem men<strong>os</strong>. Seus estud<strong>os</strong><br />
também abor<strong>da</strong>ram a motivação e a participação d<strong>os</strong> trabalhadores em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />
envolvessem quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Slack et an, 1999). Ele estabeleceu que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é feita <strong>de</strong><br />
planejamento, controle e melhoria, sendo que o controle <strong>de</strong>veria ser executado por<br />
auditorias <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A auditoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma análise in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte conduzi<strong>da</strong><br />
com o fim <strong>de</strong> comparar alguns aspect<strong>os</strong> do <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong><br />
14
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> com um padrão para aquele <strong>de</strong>sempenho. O termo<br />
"in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte" é crítico e utilizado no sentido <strong>de</strong> que o<br />
examinador (chamado <strong>de</strong> "auditor") não é a pessoa responsável<br />
pelo <strong>de</strong>sempenho a ser examinado e nem o supervisor imediato<br />
<strong>de</strong>ssa pessoa. Uma auditoria in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte fornece um quadro<br />
imparcial do <strong>de</strong>sempenho (JURAN & GRYNA, 1991: 6).<br />
Os fun<strong>da</strong>ment<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa <strong>de</strong> Juran são:<br />
Planejamento <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />
• criar a consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoria;<br />
• estabelecer as metas para essas melhorias;<br />
• i<strong>de</strong>ntificar <strong>os</strong> clientes ou usuári<strong>os</strong> - quem será impactado;<br />
• i<strong>de</strong>ntificar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s d<strong>os</strong> clientes ou usuári<strong>os</strong>;<br />
• especificar um produto que aten<strong>da</strong> às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s;<br />
• projetar process<strong>os</strong> que p<strong>os</strong>sam produzir as características estabeleci<strong>da</strong>s;<br />
• transferir para a produção <strong>os</strong> plan<strong>os</strong> resultantes e estabelecer controles <strong>de</strong><br />
process<strong>os</strong>.<br />
Controle <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />
• avaliar o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• comparar o <strong>de</strong>sempenho com as metas estabeleci<strong>da</strong>s;<br />
• a<strong>da</strong>ptar as diferenças encontra<strong>da</strong>s.<br />
Melhorias <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>:<br />
• estabelecer a infra-estrutura para a realização do empreendimento;<br />
• i<strong>de</strong>ntificar <strong>os</strong> projet<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> <strong>de</strong> melhorias;<br />
• estabelecer uma equipe;<br />
• prover recurs<strong>os</strong>, a motivação e o treinamento.<br />
Em 1954, o Df. Juran esteve no Japão, também a convite <strong>da</strong> JUSE, proferindo<br />
seminári<strong>os</strong> cujo enfoque principal foi o papel <strong>da</strong>s chefias em face às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A partir <strong>de</strong>sta época, o controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> passa a ser um<br />
instrumento <strong>de</strong> gestão, que se tornou o embrião para o surgimento <strong>da</strong> Gestão pela<br />
Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total (GQT).<br />
15
2.3 GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL - GQT<br />
De acordo com Silva (1996), o sistema <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, recebe no Japão o<br />
nome <strong>de</strong> Tota! Quality Contra! - TQC e n<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> o nome <strong>de</strong> Tota! Quality<br />
Management - TQM. No Brasil este mesmo sistema recebe o nome genérico <strong>de</strong> Gestão<br />
pela Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total- GQT, sendo um sistema administrativo aperfeiçoado no Japão a<br />
partir <strong>de</strong> idéias americanas introduzi<strong>da</strong>s após a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial naquele país.<br />
Conforme Paladini (2000), quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total é uma <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como<br />
a<strong>de</strong>quação ao uso, visando aten<strong>de</strong>r totalmente ao consumidor. Porém, esta <strong>de</strong>finição<br />
permanece um tanto quanto nebul<strong>os</strong>a, levando em consi<strong>de</strong>ração a ênfase n<strong>os</strong> process<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> maneira a aten<strong>de</strong>r à padronização <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> e serviç<strong>os</strong>. Conseguim<strong>os</strong><br />
vislumbrar algum <strong>de</strong>senvolvimento no sentido <strong>de</strong> direcionar <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
d<strong>os</strong> clientes, a partir d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> <strong>de</strong> Taiichi Ohno (1997) e Shingeo Shingo (2000),<br />
sobre o <strong>Sistema</strong> Toyota <strong>de</strong> Produção, enfocando o advento do sistema <strong>de</strong> troca rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
ferramenta (TRF), on<strong>de</strong> as empresas passam a <strong>de</strong>ter maior flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no mix <strong>de</strong><br />
produção, beneficiando assim, ca<strong>da</strong> vez mais o cliente.<br />
Caracteristicas <strong>da</strong> GQT:<br />
• emprega o método cartesiano;<br />
• aproveita o trabalho <strong>de</strong> Taylor;<br />
Fazer gran<strong>de</strong>s lotes <strong>de</strong> uma única peça - isto é, produzir uma<br />
gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> peças sem uma troca <strong>de</strong> matriz - é ain<strong>da</strong><br />
hoje uma regra <strong>de</strong> consenso <strong>de</strong> produção. (. .. ) O <strong>Sistema</strong> Toyota<br />
<strong>de</strong> Produção toma o curso inverso. O n<strong>os</strong>so slogan <strong>de</strong> produção<br />
é "produção em pequen<strong>os</strong> lotes e troca rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ferramentas"<br />
(ORNO, 1997:107).<br />
• utiliza o controle estatístico <strong>de</strong> process<strong>os</strong> (Shewhart);<br />
16
• adota conceit<strong>os</strong> do behaviorismo (Maslow);<br />
• aproveita o conhecimento oci<strong>de</strong>ntal sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> (Juran);<br />
A GQT é um mo<strong>de</strong>lo administrativo montado pelo grupo <strong>de</strong> pesquisa do controle<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> JUSE (União d<strong>os</strong> Cientistas e Engenheir<strong>os</strong> Japoneses). De acordo com<br />
Slack et ali (1999) e Paladini (2000), através <strong>da</strong> GQT a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> torna-se preocupação<br />
<strong>de</strong> tod<strong>os</strong>, <strong>de</strong>dicando-se esta técnica ao controle e redução d<strong>os</strong> cust<strong>os</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
através <strong>de</strong> redução <strong>da</strong>s falhas, além <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r <strong>os</strong> process<strong>os</strong> que levam à melhoria<br />
contínua <strong>da</strong> produção. Sua abor<strong>da</strong>gem não se restringe a <strong>de</strong>tectar, mas também tratar <strong>os</strong><br />
problemas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A GQT envolve o seguinte:<br />
Na<strong>da</strong> nem ninguém na empresa está excluído <strong>de</strong>sse esforço, até<br />
porque, se a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é o objetivo <strong>da</strong> organização, qualquer<br />
item <strong>de</strong> produção que não estiver comprometido com esse<br />
empenho não contribui para o objetivo em questão e torna-se,<br />
por isso, perfeitamente dispensável - seja uma pessoa, uma<br />
máquina ou uma operação (PALADINI, 2000: 29).<br />
• atendimento <strong>da</strong>s expectativas d<strong>os</strong> consumidores;<br />
• inclusão <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> setores e pessoas <strong>da</strong> organização;<br />
• exame <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> relacionad<strong>os</strong> à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas, procediment<strong>os</strong> e process<strong>os</strong> <strong>de</strong> melhoria contínua.<br />
Um d<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> <strong>da</strong> GQT relaciona-se ao conceito <strong>de</strong> que tod<strong>os</strong> são consumidores<br />
<strong>de</strong> bens ou serviç<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> organização, fornecid<strong>os</strong> por outr<strong>os</strong> fornecedores intern<strong>os</strong>,<br />
sendo esta ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> consumidores e fornecedores, o conceito central <strong>de</strong> GQT. Assim,<br />
<strong>os</strong> err<strong>os</strong> cometid<strong>os</strong> n<strong>os</strong> serviç<strong>os</strong> fornecid<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> organização, fatalmente chegarão<br />
ao consumidor externo.<br />
GQT é associa<strong>da</strong> à "quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na fonte" (Slack et ali, 1999), <strong>de</strong>stacando-se,<br />
portanto o impacto <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> funcionário sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong><br />
17
process<strong>os</strong> gera cust<strong>os</strong>, que po<strong>de</strong>m ser classificad<strong>os</strong> como cust<strong>os</strong> <strong>de</strong> prevenção, <strong>de</strong><br />
avaliação, <strong>de</strong> falha interna e <strong>de</strong> falha externa.<br />
Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com Paladini (2000), citando Juran, a GQT tem como elemento<br />
básico o planejamento. O planejamento empresarial está dividido em estratégico, tático<br />
e operacional, sendo vinculado nesta or<strong>de</strong>m à diretoria, gerência e supervisão. Como o<br />
planejamento estratégico ocorre no nível <strong>da</strong> alta gerência, ou seja <strong>da</strong> diretoria e<br />
presidência <strong>da</strong> empresa, uma <strong>de</strong>corrência evi<strong>de</strong>nte é o envolvimento do alto escalão<br />
com o esforço pela quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Philip B. Cr<strong>os</strong>by é citado por Slack et ali (1999), como sendo mais conhecido<br />
pel<strong>os</strong> seus trabalh<strong>os</strong> sobre custo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ele sugeriu (Cr<strong>os</strong>by, 1984) que muitas<br />
organizações não sabem dimensionar o quanto gastam para obter quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Através do<br />
seu livro Quality is Free <strong>de</strong> 1979, apresentou um programa <strong>de</strong> "<strong>de</strong>feito zero", que<br />
acreditava po<strong>de</strong>r reduzir o custo total <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Suas máximas são:<br />
1 - comprometimento <strong>da</strong> gerência;<br />
2 - formação <strong>de</strong> uma equipe <strong>de</strong> melhoria;<br />
3 - criação e cálculo <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
4 - avaliação d<strong>os</strong> cust<strong>os</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
5 - conscientização d<strong>os</strong> empregad<strong>os</strong>;<br />
6 - i<strong>de</strong>ntificação e solução <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong>s não conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />
7 - formação <strong>de</strong> comitê para buscar "<strong>de</strong>feit<strong>os</strong> zero";<br />
8 - treinamento <strong>de</strong> gerentes e supervisores;<br />
9 -lançamento em soleni<strong>da</strong><strong>de</strong> do dia do "<strong>de</strong>feito zero";<br />
10 - estabelecimento <strong>da</strong>s metas a serem atingi<strong>da</strong>s;<br />
11 - eliminação <strong>da</strong>s causas d<strong>os</strong> problemas;<br />
12 - reconhecimento oficial <strong>da</strong>s pessoas que obtiveram sucesso;<br />
13 - formação <strong>de</strong> conselh<strong>os</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para analisar problemas e idéias com<br />
outr<strong>os</strong> gerentes;<br />
14 - começar tudo <strong>de</strong> novo.<br />
Mesmo com to<strong>da</strong> a evolução conceitual <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a busca incessante pelo<br />
"<strong>de</strong>feito zero" e <strong>da</strong>s causas <strong>de</strong> não conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto fabricado com o padrão,<br />
levam a um conceito <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> endógeno, isto é, a percepção <strong>da</strong> empresa,<br />
18
principalmente <strong>da</strong> função produção sobre o que é quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim, um produto <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> seria aquele que aten<strong>de</strong>sse às especificações <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> produção, material<br />
utilizado, tamanho, peso, ou seja, especificações segundo critéri<strong>os</strong> <strong>da</strong> produção.<br />
No caso <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, <strong>de</strong> acordo com Fensterseifer & Gomes apud<br />
Fensterseifer (1995), quali<strong>da</strong><strong>de</strong> se refere inclusive às dimensões <strong>de</strong> conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que<br />
seriam o grau em que o projeto e as características operacionais <strong>de</strong> um produto estão <strong>de</strong><br />
acordo com <strong>os</strong> padrões preestabelecid<strong>os</strong> controlad<strong>os</strong> estatisticamente. Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
percebi<strong>da</strong> segundo estes pesquisadores é coloca<strong>da</strong> como uma dimensão subjetiva, dificil<br />
<strong>de</strong> ser apura<strong>da</strong> pela <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>:<br />
o consumidor nem sempre tem informação completa sobre <strong>os</strong><br />
atribut<strong>os</strong> <strong>de</strong> um produto: neste caso medi<strong>da</strong>s indiretas são<br />
usa<strong>da</strong>s para comparar produt<strong>os</strong> ou marcas concorrentes. Como<br />
exemplo, po<strong>de</strong>-se citar a compra <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> em função do país<br />
produtor ao invés <strong>da</strong>s características do produto (imagem do<br />
calçado italiano versus a do calçado brasileiro<br />
(FENSTERSEIFER & GOMES apud FENSTERSEIFER,<br />
1995:190).<br />
Na Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A (CZSA), existe um controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> feito por dois<br />
supervisores <strong>de</strong> produção que percorrem as <strong>indústria</strong>s terceiriza<strong>da</strong>s averiguando<br />
am<strong>os</strong>tras do que foi produzido e anotando <strong>os</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> encontrad<strong>os</strong>, para controle <strong>da</strong><br />
Gerência <strong>de</strong> Produção. Paralelo a isto, ocorre a geração <strong>de</strong> três relatóri<strong>os</strong> mensais que<br />
são repassad<strong>os</strong> do Gerente <strong>de</strong> Produção para o Gerente Executivo <strong>da</strong> Indústria. São eles:<br />
• Relatório <strong>de</strong> Devoluções por Defeit<strong>os</strong>;<br />
• Relatório <strong>de</strong> Defeit<strong>os</strong> por Clientes;<br />
• Relatório <strong>de</strong> Defeit<strong>os</strong> por Estrutura <strong>de</strong> Produção.<br />
o pesquisador teve acesso a<strong>os</strong> relatóri<strong>os</strong> elaborad<strong>os</strong> durante o ano <strong>de</strong> 2001. Estes<br />
relatóri<strong>os</strong> são riquíssim<strong>os</strong> em <strong>da</strong>d<strong>os</strong> que po<strong>de</strong>riam ser interpretad<strong>os</strong> gerando uma<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações sobre o que se passou na área <strong>de</strong> produção <strong>da</strong><br />
CZSA durante o ano mencionado. Como a intenção <strong>da</strong> pesquisa se restringe à<br />
abor<strong>da</strong>gem sobre a relação entre baix<strong>os</strong> índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto,<br />
firma-se o compromisso <strong>de</strong> aprofun<strong>da</strong>r este estudo em uma tese futura.<br />
19
Como <strong>os</strong> relatóri<strong>os</strong> fazem parte do sistema <strong>de</strong> informações <strong>da</strong> CZSA e levando<br />
em consi<strong>de</strong>ração que relatóri<strong>os</strong> são comp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> que através <strong>de</strong> sua manipulação<br />
po<strong>de</strong>m se tomar informações fun<strong>da</strong>mentais à toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões do processo gerencial,<br />
toma-se necessário <strong>de</strong>finir melhor <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> e informações. Segundo<br />
Polloni (2001), <strong>da</strong>d<strong>os</strong> são adquirid<strong>os</strong> pelo sistema <strong>de</strong> informação gerencial (SIG) <strong>de</strong> seu<br />
ambiente, são processad<strong>os</strong> e transformad<strong>os</strong> em conjunt<strong>os</strong> <strong>de</strong> informações relevantes.<br />
Dentro do recorte pertinente ao estudo, pô<strong>de</strong>-se subtrair algumas informações primárias<br />
sobre <strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> apresentad<strong>os</strong> nestes relatóri<strong>os</strong> mensais:<br />
Tabela <strong>de</strong> Devolução por Defeit<strong>os</strong> - Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A - CZSA / 2001<br />
Meses Pares Produzid<strong>os</strong> Devolução % sobre a Produção<br />
Janeiro 179.240 213 0,12<br />
Fevereiro 139.614 265 0,19<br />
Março 152.277 248 0,16<br />
Abril 132.530 573 0,43<br />
Maio 172.208 250 0,15<br />
Junho 157.970 328 0,21<br />
Julho 169.679 300 0,18<br />
Ag<strong>os</strong>to 146.594 425 0,29<br />
Setembro 164.258 157 0,10<br />
Outubro 198.793 480 0,24<br />
Novembro 209.036 560 0,27<br />
Dezembro 139.407 408 0,29<br />
, .<br />
Fonte: Relaton<strong>os</strong> MensaIs <strong>de</strong> Devolução <strong>de</strong> Mercadorias <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A, referentes ao<br />
ano <strong>de</strong> 2001.<br />
8IBUOTECA MARI:) H:::NRíQU!: SIMONSEN<br />
FUNOAcAn GE:TUUO VARGAS<br />
20
o padrão internacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução para calçad<strong>os</strong> com <strong>de</strong>feito é <strong>de</strong> 2%, <strong>de</strong><br />
acordo com informações do gerente executivo <strong>da</strong> CZSA Tendo em vista o índice <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>voluções medido <strong>de</strong> acordo com a produção total, mês a mês - o índice médio é <strong>de</strong><br />
0,21 % - po<strong>de</strong>-se ter uma percepção primária <strong>de</strong> que o produto é bem aceito pelo cliente<br />
e que sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong> é superior, visto que seu índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>voluções é baixo.<br />
A pesquisa bibliográfica relaciona<strong>da</strong> com as Teorias <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, Gestão <strong>de</strong><br />
Pessoas e Marketing po<strong>de</strong> re<strong>de</strong>senhar esta percepção <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto, lançando<br />
algumas dúvi<strong>da</strong>s sobre a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mensuração.<br />
O ambiente <strong>de</strong> trabalho nas <strong>indústria</strong>s terceiriza<strong>da</strong>s estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s não é propício a um<br />
ambiente <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, visto que as condições <strong>de</strong> trabalho nas facções não são as<br />
melhores, pois <strong>os</strong> operári<strong>os</strong> utilizam maquinário ultrapassado, faltam uniformes e<br />
calçad<strong>os</strong> a<strong>de</strong>quad<strong>os</strong>, há supervisão frouxa com relação à utilização <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong><br />
proteção obrigatório, além <strong>de</strong> ambientes com pouca iluminação na maioria d<strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong>.<br />
Na pesquisa exploratória, o pesquisador constatou que uma funcionária em estado<br />
avançado <strong>de</strong> gestação trabalhava em um ambiente com forte odor <strong>de</strong> um produto<br />
conhecido popularmente como "cola <strong>de</strong> sapateiro" o que sem sombra <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong> po<strong>de</strong>ria<br />
acarretar <strong>da</strong>n<strong>os</strong> ao feto. Conforme informações colhi<strong>da</strong>s no campo <strong>de</strong> estudo, a ação<br />
sindical não contribui para a eliminação <strong>de</strong>stas falhas, sendo pouco eficaz, fato este<br />
observado por Tachizawa et ali (2001) em suas pesquisas:<br />
Ante a forte volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mercado, o aumento <strong>da</strong> competição<br />
e o estreitamento <strong>da</strong>s margens <strong>de</strong> lucro, as organizações<br />
empregadoras <strong>de</strong> pessoal tiram proveito do enfraquecimento do<br />
po<strong>de</strong>r sindical e <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempregad<strong>os</strong> ou<br />
subempregad<strong>os</strong> para impor regimes e contrat<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho<br />
mais flexíveis (T ACHIZA W A et ali, 2001:28).<br />
Com relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo produtivo, além <strong>da</strong>s facções serem<br />
equipa<strong>da</strong>s com máquinas ultrapassa<strong>da</strong>s, parece haver uma fragmentação <strong>de</strong> tarefas além<br />
<strong>da</strong> ênfase na especialização <strong>de</strong> rotinas numa alusão à sistemática taylorista, mas<br />
permea<strong>da</strong> pelo improviso, pelo jeitinho e pelo paternalismo como forma <strong>de</strong> controle,<br />
contrastando violentamente com as mo<strong>de</strong>rnas teorias produtivas, basea<strong>da</strong>s em métod<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> produçãojust in time, ou seja, produção enxuta, flexível e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
do cliente.<br />
21
2.3.1 A cultura organizacional brasileira e a gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total<br />
Uma <strong>da</strong>s questões que n<strong>os</strong> chama a atenção quando pensam<strong>os</strong> na questão <strong>da</strong><br />
precarização do trabalho que a terceirização gerou é o porquê <strong>de</strong> observarm<strong>os</strong> esta<br />
tendência no Brasil? Uma visita à bibliografia estrangeira sobre o tema <strong>de</strong>ixa claro que<br />
o objetivo <strong>de</strong>sta estratégia é permitir que as empresas foquem em suas competências<br />
centrais e reduzam a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> gestão, <strong>de</strong> modo a garantir maior agili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e sinergia no atendimento às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s do mercado.<br />
Hamel e Prahalad (1995), consi<strong>de</strong>ram que na competição pela participação no<br />
mercado através do acúmulo <strong>da</strong>s competências necessárias, as organizações <strong>de</strong>vem<br />
conquistar parceir<strong>os</strong> para coalizões que tenham recurs<strong>os</strong> complementares crític<strong>os</strong>,<br />
fun<strong>da</strong>mentais para a criação <strong>de</strong> uma p<strong>os</strong>sível infra-estrutura <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> e serviç<strong>os</strong>. Em<br />
nenhum momento a terceirização aparece como tendo por objetivo primeiro a redução<br />
pura e simples <strong>de</strong> custo, nem que na relação empresa/terceir<strong>os</strong>, a questão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
p<strong>os</strong>sa estar ameaça<strong>da</strong>.<br />
Teoricamente pelo men<strong>os</strong>, a terceirização <strong>de</strong>veria melhorar o nível total <strong>de</strong><br />
capacitação, uma vez que ca<strong>da</strong> empresa gera<strong>da</strong> por esta participação <strong>da</strong> empresa<br />
anterior po<strong>de</strong>ria em tese, trabalhar nas suas competências essenciais com maior foco -<br />
aumentando e não ameaçando a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> final do produto.<br />
No Brasil, no entanto, <strong>de</strong> certa forma e exagerando um pouco para chamar a<br />
atenção para a n<strong>os</strong>sa p<strong>os</strong>ição, a terceirização re-inventa a senzala. Os n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> olh<strong>os</strong>, <strong>de</strong><br />
tão ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> que estão com o trabalho precário, parecem não perceber este<br />
fenômeno e muito men<strong>os</strong> provocar uma inquietação quanto a seu p<strong>os</strong>sível impacto nas<br />
estratégias mercadológicas <strong>da</strong>s organizações brasileiras.<br />
A legislação busca corrigir esta tendência à precarização afirmando a CQ<br />
responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa contratante pel<strong>os</strong> aci<strong>de</strong>ntes e doenças ocupacionais d<strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong>. Porém, a pergunta que se coloca é: porque é necessário regular esta questão<br />
<strong>de</strong>sta forma, se teoricamente seria do melhor interesse <strong>da</strong> empresa contratante garantir,<br />
ela mesma, estas condições <strong>de</strong> trabalho? A resp<strong>os</strong>ta parece ser em parte, que a empresa<br />
contratante não percebe este risco. Nem como ameaça à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu produto final,<br />
22
nem sobre o impacto que esta questão po<strong>de</strong> ter sobre a sua marca e a sua credibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
em um mercado globalizado.<br />
Todo este trabalho <strong>de</strong> dissertação é perpassado pela questão <strong>da</strong> percepção, seja<br />
acerca <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> intrinsecamente relaciona<strong>da</strong> ao produto, seja volta<strong>da</strong> para "the best<br />
practice,ou seja, as melhores formas <strong>de</strong> se produzir, seja sobre o que o cliente consi<strong>de</strong>ra<br />
como quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Percepção envolve cultura, que por sua vez envolve o estudo <strong>da</strong> semiótica. Eco<br />
(2000), consi<strong>de</strong>ra que a cultura como um todo, <strong>de</strong>ve ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> como fenômeno<br />
semiótico, sendo que segundo o autor, cultura não é mais que um sistema <strong>de</strong><br />
significações estrutura<strong>da</strong>s. Somente estu<strong>da</strong>ndo a cultura como sendo basea<strong>da</strong> em<br />
sistemas <strong>de</strong> significação, po<strong>de</strong>rem<strong>os</strong> esclarecê-la em seus mecanism<strong>os</strong> fun<strong>da</strong>mentais.<br />
De acordo com o artigo <strong>de</strong> Migueles (1999), embora haja um interesse na criação<br />
artificial <strong>de</strong> uma "cultura sob medi<strong>da</strong>" no local <strong>de</strong> trabalho, esta tendência está muito<br />
longe <strong>de</strong> se concretizar. Se a cultura po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> significantes,<br />
significad<strong>os</strong>, sign<strong>os</strong> códig<strong>os</strong> diferentes <strong>de</strong> indivíduo para indivíduo, suas representações<br />
são <strong>de</strong> certa forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e intrinsecamente liga<strong>da</strong>s à percepção <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um,<br />
com base em sua história, c<strong>os</strong>tumes e aprendizado.<br />
Antes que p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> explicitar as dissimulações que a cultura<br />
organizacional produz, antes que p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> atribuir a ela a<br />
função <strong>de</strong> justificar uma or<strong>de</strong>m social arbitrária, é necessário<br />
que enten<strong>da</strong>m<strong>os</strong> melhor <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> <strong>de</strong> produção simbólica<br />
que fazem com que as representações que esta cultura produz<br />
apareçam como uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> para aqueles que <strong>de</strong>la<br />
participam, garantindo-lhe a eficácia que po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> observar<br />
(MIGUELES, 1999: 115).<br />
De acordo com Geertz (1989) em seu livro "A Interpretação <strong>da</strong>s Culturas", o seu<br />
conceito <strong>de</strong>fendido <strong>de</strong> cultura também é essencialmente semi ótico, como sistema<br />
entrelaçado <strong>de</strong> sign<strong>os</strong> interpretáveis, on<strong>de</strong> aconteciment<strong>os</strong> sociais, comportament<strong>os</strong>,<br />
instituições ou process<strong>os</strong> po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scrit<strong>os</strong> com <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
o conceito <strong>de</strong> cultura que eu <strong>de</strong>fendo (. .. ) é essencialmente<br />
semiótico. Acreditando como Max Weber, que o homem é um<br />
animal amarrado a teias <strong>de</strong> significad<strong>os</strong> que ele mesmo teceu,<br />
23
assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise;<br />
portanto não como uma ciência experimental em busca <strong>de</strong> leis,<br />
mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado<br />
(GEERTZ, 1989: 15).<br />
Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com Geertz, a análise cultural <strong>de</strong>veria ser uma adivinhação <strong>de</strong><br />
significad<strong>os</strong> a partir <strong>da</strong>s melhores conjeturas, buscando interpretar o discurso e seu<br />
significado, levando em consi<strong>de</strong>ração que quanto mais <strong>de</strong>nsa é a análise cultural, men<strong>os</strong><br />
completa ela se apresenta.<br />
Consi<strong>de</strong>rando cultura como uma teia <strong>de</strong> significad<strong>os</strong> <strong>de</strong> representações individuais<br />
diferentes, tem<strong>os</strong> que o estudo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como teoria administrativa e <strong>de</strong> suas<br />
conseqüências para o <strong>de</strong>sempenho organizacional, ain<strong>da</strong> convive com as discrepâncias<br />
culturais d<strong>os</strong> países <strong>de</strong> um mundo culturalmente diferente. A implantação do controle <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e mesmo do conceito <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total no Brasil, esbarra portanto nas<br />
diversas formas <strong>de</strong> interpretação <strong>da</strong> teoria, visto que conceitualmente seus atribut<strong>os</strong><br />
foram <strong>de</strong>senvolvid<strong>os</strong> em culturas externas à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
seguinte:<br />
Como já foi citado anteriormente, a Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total (GQT), envolve o<br />
• atendimento <strong>da</strong>s expectativas d<strong>os</strong> consumidores;<br />
• inclusão <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> setores e pessoas <strong>da</strong> organização;<br />
• exame <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> relacionad<strong>os</strong> à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas, procediment<strong>os</strong> e process<strong>os</strong> <strong>de</strong> melhoria contínua.<br />
No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Gid<strong>de</strong>ns (1999), a "socie<strong>da</strong><strong>de</strong>", constitui-se como um complexo <strong>de</strong><br />
práticas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> recorrentes que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m d<strong>os</strong> hábit<strong>os</strong> e modus vivendi adotad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong><br />
indivídu<strong>os</strong>. Estas práticas não só são utiliza<strong>da</strong>s em suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como são a própria<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Desta forma, se o conceito <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total, foi <strong>de</strong>senvolvido por<br />
Demming, Juran, Cr<strong>os</strong>by entre outr<strong>os</strong> estudi<strong>os</strong><strong>os</strong> n<strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> e implantado com<br />
sucesso por Ishikawa, Ohno, Toyo<strong>da</strong>, Shingo entre outr<strong>os</strong> pesquisadores no Japão, <strong>de</strong><br />
que maneira po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>senvolvido em um ambiente cultural brasileiro?<br />
Prates & Barr<strong>os</strong> apud Motta & Cal<strong>da</strong>s (1997), consi<strong>de</strong>ram que há um estilo<br />
brasileiro <strong>de</strong> administrar. Questionam se em países diferentes existem formas <strong>de</strong><br />
administração com características também diferencia<strong>da</strong>s. Consi<strong>de</strong>ram que há na cultura<br />
brasileira, um universo representativo, que legitima as ações entre lí<strong>de</strong>res e li<strong>de</strong>rad<strong>os</strong>,<br />
24
além <strong>de</strong> formalizar process<strong>os</strong> diári<strong>os</strong> ligad<strong>os</strong> à gestão. Este universo representativo é<br />
permeado <strong>de</strong> traç<strong>os</strong> culturais comuns como concentração do po<strong>de</strong>r, personalismo,<br />
paternalismo, formalismo, leal<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal e p<strong>os</strong>tura <strong>de</strong> espectador, pronto a evitar<br />
conflit<strong>os</strong>, aspect<strong>os</strong> estes, presentes <strong>de</strong> maneira formal e informal em n<strong>os</strong>sa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A relação entre <strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>, em uma situação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong> levar a um grau <strong>de</strong> alienação,<br />
baixa motivação e conseqüente passivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e pouca iniciativa.<br />
Esta mesma situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e forte<br />
<strong>de</strong>pendência po<strong>de</strong> representar situação latente <strong>de</strong> conflito, que<br />
no caso brasileiro é trata<strong>da</strong> pelo expediente <strong>da</strong>s relações<br />
pessoais C .. ). (pRATES & BARROS apud MOTTA &<br />
CALDAS, 1997:65).<br />
Reportando-se a<strong>os</strong> limites <strong>da</strong>s teorias apresenta<strong>da</strong>s, como é p<strong>os</strong>sível aten<strong>de</strong>r a<strong>os</strong><br />
ditames instituíd<strong>os</strong> pela teoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total, teoria esta <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> basicamente<br />
em grup<strong>os</strong> sociais ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> ao trabalho em equipe e a<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> grupais, visto<br />
que n<strong>os</strong>sas relações patrão-empregado são vinca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> características sócio-culturais<br />
advin<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma cultura que no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Gilberto Freyre (1980) é produto <strong>de</strong> uma<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrária, escravocrata e híbri<strong>da</strong>?<br />
Formou-se na América tropical uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> agrana na<br />
estrutura, escravocrata na técnica <strong>de</strong> exploração econômica,<br />
híbri<strong>da</strong> <strong>de</strong> índio - e mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> negro - na comp<strong>os</strong>ição.<br />
Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se <strong>de</strong>senvolveria <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> men<strong>os</strong> pela<br />
consciência <strong>de</strong> raça, quase nenhuma no português c<strong>os</strong>mopolita<br />
e plástico, do que pelo exclusivismo religi<strong>os</strong>o ( ... ). Men<strong>os</strong> pela<br />
ação oficial do que pelo braço e pela espa<strong>da</strong> do particular. Mas<br />
tudo isso subordinado ao espírito político e <strong>de</strong> realismo<br />
econômico e jurídico que aqui como em Portugal, foi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
primeiro século elemento <strong>de</strong>cisivo <strong>de</strong> formação nacional<br />
(FREYRE, 1980: 4).<br />
Freyre assim n<strong>os</strong> expõe a um traço já característico <strong>de</strong> n<strong>os</strong>sa cultura presente na<br />
colonização do país: a proeminência do informal sobre o formal, quando comenta que a<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira se <strong>de</strong>senvolveu mais pelo braço e pela espa<strong>da</strong> do particular, do que<br />
pela ação oficial.<br />
Lívia Barb<strong>os</strong>a (1992) em seu livro "O Jeitinho Brasileiro, a arte <strong>de</strong> ser mais igual<br />
que <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>", expõe que no caso brasileiro, o não não é o limite. Segundo a autora, lei,<br />
25
norma e constituição não se constituem em barreiras intransponíveis a<strong>os</strong> <strong>de</strong>sej<strong>os</strong> <strong>da</strong>s<br />
pessoas.<br />
Enquanto a máquina burocrática é teoricamente racional,<br />
impessoal, anônima e faz uso <strong>de</strong> categorias intelectuais, o jeito<br />
lança mão <strong>de</strong> categorias emocionais. Com <strong>os</strong> sentiment<strong>os</strong>,<br />
estabelece um espaço pessoal no domínio do impessoal. E sua<br />
estratégia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fat<strong>os</strong> op<strong>os</strong>t<strong>os</strong> ao <strong>da</strong> burocracia como:<br />
simpatia, maneira <strong>de</strong> falar, etc. (BARBOSA, 1992:36).<br />
A mesma autora em seu livro Igual<strong>da</strong><strong>de</strong> e Meritocracia (2001), afirma que para se<br />
enten<strong>de</strong>r a cultura administrativa brasileira, é necessário enten<strong>de</strong>r <strong>os</strong> múltipl<strong>os</strong><br />
significad<strong>os</strong> e interpretações que diferentes tecnologias gerenciais adquirem em<br />
context<strong>os</strong> organizacionais diferentes.<br />
Nesta busca do que é genuinamente brasileiro ou do que po<strong>de</strong><br />
ser universalmente aplicável ao Brasil, administradores,<br />
executiv<strong>os</strong> e gerentes não são exceções. Estão em sintonia com<br />
o pensamento intelectual brasileiro, para o qual essa<br />
preocupação sempre foi e continua sendo fun<strong>da</strong>mental<br />
(BARBOSA, 2001: 14).<br />
Assim, para o sucesso <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> qualquer teoria administrativa exógena à<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, uma acui<strong>da</strong><strong>de</strong> maior torna-se necessária, no sentido <strong>de</strong> não<br />
"implantar" simplesmente a teoria, porém a<strong>da</strong>ptar ao ambiente escolhido, neste caso o<br />
ambiente empresarial brasileiro. DaMatta (1997), expõe que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira é<br />
diferente e única, muito embora esteja igualmente submeti<strong>da</strong> a fatores sociais, polític<strong>os</strong><br />
e econômic<strong>os</strong> globais.<br />
Na visão <strong>de</strong> Geertz (2001), estes fatores globais fazem parte <strong>de</strong> um panorama<br />
mundial, que também po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>finido como macr<strong>os</strong>sistema, ec<strong>os</strong>sistema ou<br />
entorno, que <strong>de</strong> uma certa forma viabilizam <strong>os</strong> enfoques transnacionais e <strong>os</strong><br />
relacionament<strong>os</strong> que fazem <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contemporânea, dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
cultural.<br />
Há um paradoxo, ocasionalmente notado mas não muito<br />
profun<strong>da</strong>mente meditado, acerca do estado atual <strong>da</strong>quilo a que<br />
n<strong>os</strong> referim<strong>os</strong>, com muita displicência, como "o panorama<br />
mundial": ele está ficando mais global e mais dividido, mais<br />
26
completamente interligado e mais intrinca<strong>da</strong>mente<br />
compartimentalizado, ao mesmo tempo. O c<strong>os</strong>mopolitismo e o<br />
provincianismo já não se opõem; ligam-se e se reforçam. À<br />
medi<strong>da</strong> que aumenta um, aumenta o outro (GEERTZ,<br />
2001 :216).<br />
Assim, há uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s culturais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> povo<br />
e interpretar seus mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> administrar basead<strong>os</strong> em suas próprias manifestações<br />
culturais, <strong>de</strong> forma a constituir um "filtro" capaz <strong>de</strong> absorver metodologias e princípi<strong>os</strong><br />
utilizad<strong>os</strong> largamente no mercado mundial e realizá-l<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção e<br />
modus operandi alicerçad<strong>os</strong> em n<strong>os</strong>sa cultura nacional.<br />
No n<strong>os</strong>so enten<strong>de</strong>r, portanto, torna-se fun<strong>da</strong>mental a reorganização <strong>da</strong> divisão <strong>de</strong><br />
tarefas em outr<strong>os</strong> term<strong>os</strong>, tendo em mente que precisam<strong>os</strong> <strong>da</strong>r po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fala a<strong>os</strong><br />
operári<strong>os</strong>, para ter acesso ao seu conhecimento tácito <strong>de</strong> forma sistemática. Tenório<br />
(2000) consi<strong>de</strong>ra que a ação gerencial monológica, relaciona<strong>da</strong> ao conceito<br />
paradigmático <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z organizacional, <strong>de</strong>ve ser repensa<strong>da</strong> em term<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma ação<br />
gerencial dialógica ou comunicativa, relativa à flexibilização organizacional.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total, isto po<strong>de</strong> ser feito pela implantação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
d<strong>os</strong> círcul<strong>os</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas <strong>da</strong><strong>da</strong> às características concentradoras <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>da</strong><br />
cultura brasileira é preciso estar atento a<strong>os</strong> risc<strong>os</strong> <strong>de</strong> que esta implementação seja apenas<br />
formal. Há o medo <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que <strong>os</strong> círcul<strong>os</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pressupõe,<br />
embora bastante limitad<strong>os</strong>, seja um risco para o po<strong>de</strong>r e o status <strong>de</strong> gerentes e<br />
supervIsores.<br />
Uma cultura que ten<strong>de</strong> a perceber <strong>os</strong> subordinad<strong>os</strong> como incapazes, que ten<strong>de</strong> a<br />
premiar a conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o po<strong>de</strong>r em term<strong>os</strong> personalistas é uma ameaça à produção<br />
<strong>de</strong> resultad<strong>os</strong> ao alcance <strong>da</strong>queles que <strong>de</strong>vem implementar o programa. Compreen<strong>de</strong>r<br />
que a cultura é uma barreira a este esforço é fun<strong>da</strong>mental porque, ao provocarm<strong>os</strong> a<br />
reflexão sobre este tema, instrumentalizam<strong>os</strong> <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> para combater este risco.<br />
27
2.4 OS CINCO SENSOS DA QUALIDADE - PROGRAMA 5S<br />
O Programa 5S foi concebido em 1950 no Japão por Kaoru Ishikawa, sendo até<br />
hoje consi<strong>de</strong>rado o principal instrumento <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> utilizado naquele país.<br />
Seus objetiv<strong>os</strong> principais são o <strong>de</strong> transformar o ambiente <strong>da</strong>s organizações, diminuindo<br />
<strong>de</strong>sperdíci<strong>os</strong>, reduzindo cust<strong>os</strong> e aumentando a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s organizações. De<br />
acordo com Silva (1996), são cinco as palavras japonesas que <strong>de</strong>ram origem ao 5S:<br />
seiri, seiton, seisou, seiketsu e shitsuke, que significam:<br />
Seiri Descarte Separar o necessário do <strong>de</strong>snecessário<br />
Seiton Arrumação Colocar ca<strong>da</strong> coisa em seu <strong>de</strong>vido lugar<br />
Seisou Limpeza Limpar e cui<strong>da</strong>r do ambiente <strong>de</strong> trabalho<br />
Seiketsu Saú<strong>de</strong> Tornar saudável o ambiente <strong>de</strong> trabalho<br />
Shitsuke Disciplina Rotinizar e padronizar a aplicação d<strong>os</strong> "S" anteriores<br />
Fonte: Extraído <strong>de</strong>: Ii www.ipem.sp.gov.br/5esses/5S-abert.htm [dIsponível em<br />
31jan.1999].<br />
Segundo a percepção do pesquisador, o advento do programa 5S nas facções <strong>da</strong><br />
CZSA, seria <strong>de</strong> imensa valia, pois este programa propõe cinco ações que visam<br />
transformar o ambiente <strong>de</strong> trabalho, tornando assim, este mesmo ambiente altamente<br />
propício à disseminação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além <strong>de</strong> transformar o meio, colabora para a<br />
mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s pessoas em relação a elas mesmas, a<strong>os</strong> colegas e ao ambiente <strong>de</strong><br />
trabalho. É uma prop<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> reeducação e recuperação <strong>de</strong> práticas e valores.<br />
É importante ressaltar que <strong>os</strong> cinco sens<strong>os</strong> constituem um<br />
sistema cujas partes estão entrelaça<strong>da</strong>s. O importante é pensar<br />
em term<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar nas pessoas uma consciência ou um<br />
senso <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em sentido amplo; o que se faz mediante a<br />
reflexão, segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong> forma a repercutir p<strong>os</strong>itiva e<br />
imediatamente na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um (SILVA, 1996: 105).<br />
Conforme o questionário que será apresentado, tabulado e comentado no item<br />
4.2.6.4 Pesquisa com <strong>os</strong> Funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s Facções <strong>da</strong> CZSA, foi incluí<strong>da</strong> uma pergunta<br />
subjetiva e aberta: "Dê alguma sugestão para melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do que você<br />
28
produz". Dentre algumas resp<strong>os</strong>tas pertinentes, foram abstraíd<strong>os</strong> <strong>os</strong> seguintes<br />
comentári<strong>os</strong>:<br />
• a comunicação está prejudica<strong>da</strong>, inclusive sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalh<strong>os</strong><br />
eventuais a<strong>os</strong> sábad<strong>os</strong> e <strong>de</strong> serem feitas horas extras para cumprimento <strong>de</strong> cotas.<br />
Além disso, é senti<strong>da</strong> a falta <strong>da</strong> presença mais constante d<strong>os</strong> proprietári<strong>os</strong> junto<br />
a<strong>os</strong> seus funcionári<strong>os</strong>;<br />
• falta liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> exp<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> idéias por parte d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong>, predominando<br />
a certeza <strong>de</strong> que a empresa não mu<strong>da</strong>ria o tipo <strong>de</strong> calçado e fabricaria<br />
in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>mente o mesmo produto;<br />
• há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> trabalho como ventiladores, tratamento<br />
<strong>da</strong> água potável e matéria-prima suficiente e <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
• falta <strong>de</strong>finição do padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> exigido pela empresa, pOIS mesmo na<br />
visão do funcionário, o que é quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para uma pessoa po<strong>de</strong> não ser para<br />
outra;<br />
• é necessária a divisão eqüitativa <strong>da</strong>s tarefas;<br />
• o maquinário utilizado para fabricação d<strong>os</strong> calçad<strong>os</strong> é obsoleto;<br />
• em algumas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a limpeza <strong>da</strong> área <strong>de</strong> operação fabril e d<strong>os</strong> banheir<strong>os</strong> não é<br />
diária;<br />
• alguns funcionári<strong>os</strong> trabalham <strong>de</strong>monstrando-se pouco interessad<strong>os</strong> em suas<br />
tarefas, rotineiras, tayloristas e, portanto, padroniza<strong>da</strong>s (há pouco ou nenhum<br />
rodízio <strong>de</strong> tarefas em alguns cas<strong>os</strong>);<br />
• é necessária uma revisão d<strong>os</strong> salári<strong>os</strong> e plano <strong>de</strong> carreira <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> empresa (<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> se sentem pouco valorizad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> seus superiores);<br />
• faltam maior união, espírito <strong>de</strong> cooperação e companheirismo entre <strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> (como as pessoas não observam atentamente seu serviço,<br />
prejudicam o trabalho <strong>de</strong> seus clientes intern<strong>os</strong>);<br />
• não há programas <strong>de</strong> treinamento, inclusive <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, para que supervisores<br />
se relacionem melhor com seus subordinad<strong>os</strong> (o diálogo entre as partes está<br />
prejudicado ).<br />
Diante <strong>de</strong>ste quadro, respeitando-se <strong>os</strong> limites <strong>da</strong> am<strong>os</strong>tra colhi<strong>da</strong>, o pesquisador<br />
consi<strong>de</strong>ra que o ambiente, em algumas facções, <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar, pois há, em<br />
<strong>de</strong>terminad<strong>os</strong> cas<strong>os</strong>, acúmulo <strong>de</strong> resídu<strong>os</strong> industriais entre <strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong><br />
29
estoques <strong>de</strong> ciclo entre linhas <strong>de</strong> montagem, ocasionando inclusive poluição visual.<br />
Algumas máquinas estão <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong>s e mesmo assim fazem parte do layout <strong>da</strong> fábrica.<br />
O <strong>de</strong>scarte do que é necessário à fabricação é, portanto, fun<strong>da</strong>mental, inclusive para<br />
uma maior clari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s fábricas.<br />
O conceito <strong>de</strong> arrumação estabelece que ca<strong>da</strong> coisa <strong>de</strong>ve estar em seu <strong>de</strong>vido<br />
lugar. Voltando ain<strong>da</strong> a<strong>os</strong> estoques <strong>de</strong> ciclo, percebe-se uma <strong>de</strong>sarrumação do local <strong>de</strong><br />
trabalho, com pilhas <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> semi-acabad<strong>os</strong> inclusive prejudicando o livre acesso a<br />
tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pont<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções. Falta <strong>de</strong> uma divisão mais eqüitativa <strong>da</strong>s tarefas também é<br />
sinal <strong>de</strong> má organização administrativa, conceito contrário ao <strong>de</strong> arrumação, or<strong>de</strong>m e<br />
coor<strong>de</strong>nação.<br />
A limpeza <strong>de</strong> qualquer ambiente <strong>de</strong> trabalho é fun<strong>da</strong>mental. Nota-se que, além d<strong>os</strong><br />
resídu<strong>os</strong> industriais acumulad<strong>os</strong>, <strong>os</strong> própri<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> se queixam <strong>de</strong> falta <strong>de</strong><br />
limpeza diária <strong>da</strong>s fábricas e sobretudo d<strong>os</strong> banheir<strong>os</strong>. No <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> pesquisa, em uma<br />
<strong>da</strong>s facções, observou-se um compartimento cuja função era o estoque <strong>de</strong> produt<strong>os</strong><br />
acabad<strong>os</strong> e embalagens para uso imediato em péssimas condições <strong>de</strong> arrumação e<br />
limpeza. Em uma outra situação, constatou-se uma enorme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resídu<strong>os</strong><br />
industriais <strong>de</strong> borracha na área externa <strong>da</strong> empresa.<br />
Po<strong>de</strong>-se observar também que, como a maioria d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> é abriga<strong>da</strong> em antig<strong>os</strong><br />
galpões que pertenciam a Tupy, o local <strong>de</strong> trabalho sobretudo telhad<strong>os</strong> e revestimento<br />
<strong>de</strong> cobertura estão gast<strong>os</strong> e necessitando <strong>de</strong> repar<strong>os</strong>. Máquinas, mesas, ca<strong>de</strong>iras e<br />
tamboretes parecem ter sido adquirid<strong>os</strong> em lugares diferentes, tamanha a profusão <strong>de</strong><br />
cores e format<strong>os</strong>, dificultando o processo <strong>de</strong> padronização. Pare<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> cores claras,<br />
porém um estudo <strong>de</strong> harmonização <strong>de</strong> cores faria do chão-<strong>de</strong>-fábrica um local maIS<br />
limpo e receptivo para se trabalhar.<br />
Tornar saudável o ambiente <strong>de</strong> trabalho é fun<strong>da</strong>mental. Não há estudo <strong>de</strong><br />
dimensões <strong>de</strong> espaço necessárias à execução do trabalho para operári<strong>os</strong> e operárias<br />
como altura padrão para mesas e assent<strong>os</strong>, suporte para <strong>os</strong> pés, p<strong>os</strong>ição <strong>de</strong> trabalho,<br />
<strong>de</strong>ntre outr<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> layout <strong>da</strong>s fábricas. Mesas e assent<strong>os</strong> são feit<strong>os</strong> <strong>de</strong> materiais,<br />
cores e padrões diferentes, <strong>da</strong>ndo a clara impressão <strong>de</strong> improvisação.<br />
Conforme as observações acima, que foram <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s do questionário, há falta <strong>de</strong><br />
ventiladores (levando em consi<strong>de</strong>ração que a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> as facções se localizam é<br />
extremamente quente), e até mesmo a água disponível para beber em algumas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
necessita <strong>de</strong> um tratamento mais a<strong>de</strong>quado, que po<strong>de</strong>ria até mesmo ser uma limpeza<br />
mais freqüente <strong>da</strong>s caixas d'água.<br />
30
A insalubri<strong>da</strong><strong>de</strong> provoca<strong>da</strong> pelo uso <strong>da</strong> cola <strong>de</strong> sapateiro é um problema sério<br />
encontrado nas facções e conforme já foi <strong>de</strong>scrito; a supervisão do uso <strong>de</strong> equipament<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> segurança como máscaras é extremamente frouxa. Não é obrigatório o uso <strong>de</strong><br />
uniformes, bonés, luvas e calçad<strong>os</strong> <strong>de</strong> segurança no chão-<strong>de</strong>-fábrica <strong>de</strong> boa parte d<strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong> pesquisad<strong>os</strong>, o que causou estranheza ao pesquisador, visto que uma gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>da</strong>s máquinas e procediment<strong>os</strong> utilizad<strong>os</strong> são <strong>de</strong> alguma pericul<strong>os</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Rotinizar e padronizar a aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte, arrumação, limpeza e saú<strong>de</strong><br />
requerem treinamento para <strong>os</strong> supervisores e gerentes <strong>da</strong>s facções, inclusive para li<strong>da</strong>r<br />
com a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental ao sucesso <strong>da</strong> implantação <strong>de</strong> programas<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como o 5S. Uma <strong>da</strong>s reclamações mais freqüentes d<strong>os</strong> questionári<strong>os</strong> diz<br />
respeito à distância e à falta <strong>de</strong> diálogo entre gerentes, supervisores e chão-<strong>de</strong>-fábrica<br />
<strong>da</strong>s facções. É fun<strong>da</strong>mental salientar que a falta <strong>de</strong> incentiv<strong>os</strong>, inclusive financeir<strong>os</strong> -<br />
que po<strong>de</strong>riam ser até atrelad<strong>os</strong> à eficácia <strong>da</strong> produção, - é consi<strong>de</strong>rado um entrave sério<br />
à implantação <strong>de</strong> qualquer programa <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
2.5 TERCEIRIZAÇÃO<br />
A terceirização ou outsourcing como prática gerencial <strong>da</strong> administração mo<strong>de</strong>rna<br />
surgiu a partir d<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> quadro <strong>de</strong> pessoal ou downsizing (Robbins,<br />
2000) n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1990 e que se referiam à prática <strong>de</strong> reduzir o tamanho <strong>da</strong>s organizações<br />
com base em <strong>de</strong>missões generaliza<strong>da</strong>s. De acordo com Gi<strong>os</strong>a (1999), a prática do<br />
downsizing, <strong>de</strong>terminou uma reorientação empresarial que levou ao questionamento <strong>da</strong><br />
interferência <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s secundárias executa<strong>da</strong>s internamente (se houve, até que<br />
ponto) na missão <strong>da</strong> empresa e, conseqüentemente, em seus resultad<strong>os</strong> operacionais.<br />
Reportando-se a Oliveira (1997), tem-se que o processo <strong>de</strong> terceirização,<br />
permanente ou não, é uma abor<strong>da</strong>gem do planejamento estratégico e busca re<strong>de</strong>finir<br />
alguns mit<strong>os</strong> administrativ<strong>os</strong> tais como:<br />
• produzindo em uma escala vertical, reduzem-se <strong>os</strong> cust<strong>os</strong>;<br />
• a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> fabricad<strong>os</strong> na própria empresa é melhor;<br />
• a não <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> terceir<strong>os</strong> no processo produtivo, reduz o nível <strong>de</strong><br />
incertezas na organização estratégica.<br />
31
Verifica-se um abandono d<strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> acima <strong>de</strong>scrit<strong>os</strong>, principalmente em uma<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva e <strong>de</strong> consumo altamente globaliza<strong>da</strong>, em que parcerias se fazem<br />
necessárias, com o objetivo <strong>de</strong> produzir uma maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> altamente<br />
diversificad<strong>os</strong>, em uma menor escala <strong>de</strong> tempo.<br />
Terceirização é o processo administrado <strong>de</strong> transferência para<br />
terceir<strong>os</strong> <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que não constituem a essência<br />
tecnológica d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa, pois envolvem<br />
tecnologias <strong>de</strong> pleno domínio do mercado e, por conseqüência,<br />
não consoli<strong>da</strong>m quaisquer vantagens competitivas, quer sejam<br />
tecnológicas ou comerciais, além <strong>de</strong> contribuírem para o<br />
aumento d<strong>os</strong> cust<strong>os</strong> fix<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa (OLIVEIRA, 1997:98).<br />
De acordo com Hamel & Prahalad (1995), o processo <strong>de</strong> terceirização é<br />
corroborado por uma tendência atual em muit<strong>os</strong> setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>da</strong> integração<br />
vertical para uma integração em re<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> empresa se especializa em algumas<br />
competências essenciais, não sendo, portanto, necessária a manutenção <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
process<strong>os</strong> em ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las.<br />
As <strong>de</strong>cisões sobre o que manter internamente e o que terceirizar<br />
são aju<strong>da</strong><strong>da</strong>s por uma compreensão <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> do que é e do que<br />
não é uma competência "específica". Contudo, em nenhum<br />
caso a idéia <strong>de</strong> competência essencial <strong>de</strong>ve <strong>da</strong>r margem à<br />
integração vertical no sentido <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s não específicas<br />
(HAMEL & PRAHALAD, 1995: 243-244).<br />
Desta forma, tem-se que o processo <strong>de</strong> terceirização traz algumas vantagens que<br />
empresas como Nike, Reebock e DeU Computers já atestaram, efetuando negóci<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares sem p<strong>os</strong>suir instalações industriais. De acordo com<br />
Oliveira (1997), além <strong>da</strong> contribuição efetiva para redução n<strong>os</strong> cust<strong>os</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> ou<br />
serviç<strong>os</strong> ofertad<strong>os</strong>, há outr<strong>os</strong> benefici<strong>os</strong> advind<strong>os</strong> <strong>da</strong> terceirização:<br />
• melhor direcionamento d<strong>os</strong> investiment<strong>os</strong>;<br />
• menor risco <strong>de</strong>vido ao compartilhamento com o mercado fornecedor;<br />
• elevação na agili<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo <strong>de</strong>cisorial;<br />
• redução na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cust<strong>os</strong>;<br />
32
• redução <strong>da</strong> carga <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> trabalhistas e <strong>da</strong> ação d<strong>os</strong> sindicat<strong>os</strong> no local <strong>de</strong><br />
trabalho;<br />
• melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção e prestação <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong>;<br />
• concentração nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s básicas <strong>da</strong> empresa;<br />
• incremento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e simplificação <strong>da</strong> organização.<br />
Para que o processo <strong>de</strong> terceirização tenha vali<strong>da</strong><strong>de</strong> é necessário que fornecedores<br />
e compradores atuem como parceir<strong>os</strong>, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> administração <strong>de</strong><br />
cust<strong>os</strong> e preocupação constante com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> ofertad<strong>os</strong>. A terceirização<br />
permite uma liberação maior do tempo d<strong>os</strong> executiv<strong>os</strong> e a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> redução<br />
significativa <strong>de</strong> cust<strong>os</strong>. A formalização do processo <strong>de</strong>ve ser efetua<strong>da</strong> com base na<br />
elaboração e assinatura <strong>de</strong> um contrato entre as partes.<br />
A terceirização feita com ex-funcionári<strong>os</strong> tem sido aponta<strong>da</strong> por Gi<strong>os</strong>a (1997)<br />
como uma saí<strong>da</strong> estratégica que po<strong>de</strong> levar a alguns benefici<strong>os</strong> como:<br />
• a promoção <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> empresas minimizando o impacto social gerado pela<br />
<strong>de</strong>missão incentiva<strong>da</strong>;<br />
• a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um relacionamento empresarial com o ex-funcionário com<br />
maiores p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> confiança entre as partes;<br />
• a execução <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong> com maior quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e sintonia pelo conhecimento <strong>da</strong><br />
cultura e fil<strong>os</strong>ofia <strong>da</strong> organização pelo terceiro.<br />
Por outro lado, a terceirização feita com fornecedor/parceiro, sem nenhum<br />
envolvimento funcional, envolve a contratação <strong>de</strong> um prestador <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong> capacitado,<br />
engajado nas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> empresa-mãe. Os princípi<strong>os</strong> básic<strong>os</strong> que<br />
norteiam as parcerias são:<br />
a) as partes <strong>de</strong>vem negociar com autonomia, sem víncul<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência;<br />
b) o fornecedor/parceiro não <strong>de</strong>ve ter no cliente sua única fonte <strong>de</strong> receita;<br />
c) responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do fornecedor/parceiro no cumprimento <strong>de</strong> praz<strong>os</strong>, número<br />
<strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> alocad<strong>os</strong>, equipament<strong>os</strong> e materiais envolvid<strong>os</strong>;<br />
d) treinamento e <strong>de</strong>senvolvimento do pessoal envolvido na produção terceiriza<strong>da</strong>,<br />
além <strong>de</strong> busca constante <strong>de</strong> aprimoramento d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> fabricad<strong>os</strong>.<br />
33
o processo <strong>de</strong> terceirização <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A apresenta séri<strong>os</strong> problemas<br />
que foram <strong>de</strong>scrit<strong>os</strong> no item 2.3 Os Cinco Sens<strong>os</strong> <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> - Programa 5S, no<br />
que tange à eficiência e eficácia <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do chão-<strong>de</strong>-fábrica. O próprio<br />
processo <strong>de</strong> terceirização <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas <strong>da</strong> Zapata <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma confusa,<br />
beneficiando gerentes <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva central e oferecendo a eles a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> serem don<strong>os</strong> <strong>de</strong> seu próprio negócio.<br />
Corroborando uma tendência <strong>de</strong> relacionamento patriarcal, própria <strong>de</strong> empresas<br />
familiares e que, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Prates e Barr<strong>os</strong> apud Motta e Cal<strong>da</strong>s (1997), levam à<br />
concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, paternalismo, personalismo e leal<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal, <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong><br />
escolheram <strong>de</strong>ntre <strong>os</strong> antig<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> Zapata aqueles que, mesmo com salário<br />
mais baixo, dispor-se-iam a ser seus subordinad<strong>os</strong>. Após a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong>stes funcionári<strong>os</strong><br />
pela CZSA, foram recontratad<strong>os</strong> por seus antig<strong>os</strong> gerentes.<br />
A Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. pouco a pouco terceirizou to<strong>da</strong> a sua produção,<br />
estabelecendo parceria com <strong>os</strong> futur<strong>os</strong> proprietári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções e se comprometendo a<br />
garantir uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> produção a ca<strong>da</strong> facção mensal e que seria suficiente para<br />
sal<strong>da</strong>r as <strong>de</strong>spesas necessárias. O espaço <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong>s facções foi alugado pela<br />
própria Zapata a<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>; as máquinas e equipament<strong>os</strong> foram cedid<strong>os</strong> em como<strong>da</strong>to<br />
a<strong>os</strong> faccionad<strong>os</strong>, assim como to<strong>da</strong> a assistência técnica <strong>da</strong>s máquinas e equipament<strong>os</strong>. A<br />
compra e a distribuição <strong>de</strong> matéria-prima são feitas pela própria CZSA. Os pedid<strong>os</strong><br />
relativ<strong>os</strong> às ven<strong>da</strong>s são <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Zapata, assim como a contratação do<br />
frete e envio <strong>da</strong> mercadoria a<strong>os</strong> seus consumidores finais.<br />
Não há dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> terceirização é uma ferramenta administrativa<br />
importante para que a empresa p<strong>os</strong>sa focalizar o seu <strong>de</strong>sempenho em suas core<br />
competences, que, no caso <strong>da</strong> CZSA, são projeto e <strong>de</strong>sign do produto, compra <strong>de</strong><br />
matéria-prima e distribuição, ven<strong>da</strong> do produto final e alocação <strong>de</strong> transporte e frete. O<br />
que se toma indispensável analisar é a forma como estas terceirizações foram feitas e o<br />
grau <strong>de</strong> profissionalismo em que sua administração se encontra.<br />
Conforme já foi mencionado neste estudo, as partes envolvi<strong>da</strong>s em um processo <strong>de</strong><br />
terceirização não po<strong>de</strong>m ter vínculo total <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência ou ser fonte única <strong>de</strong> receita<br />
umas para as outras. No caso <strong>da</strong> CZSA, se a produção não cobrir <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> totais do<br />
mês, a CZSA faz o complemento financeiro do que faltou. É incentiva<strong>da</strong> a busca <strong>de</strong><br />
outr<strong>os</strong> clientes pel<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>, mas existe uma questão em aberto: se to<strong>da</strong>s as máquinas<br />
são cedi<strong>da</strong>s em como<strong>da</strong>to (sua manutenção é banca<strong>da</strong> pela Zapata e a matéria-prima<br />
necessária à fabricação d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> é compra<strong>da</strong> e distribuí<strong>da</strong> pela Zapata), não haverá<br />
34
um problema administrativo e <strong>de</strong> produção com o advento <strong>de</strong> nov<strong>os</strong> clientes, inclusive<br />
p<strong>os</strong>sibilitando uma quebra <strong>de</strong> confiança no relacionamento entre a CZSA e suas<br />
facções?<br />
O traço brasileiro <strong>de</strong> paternalismo é bem <strong>de</strong>scrito por Prates e Barr<strong>os</strong> apud Motta e<br />
Cal<strong>da</strong>s (1997), como sendo o principal responsável pelo personalismo e concentração <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r, patriarcalismo e patrimonialismo inerentes à cultura <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong>s empresas<br />
brasileiras.<br />
Carregam<strong>os</strong> em n<strong>os</strong>sa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> o valor <strong>de</strong> que o patriarca tudo<br />
po<strong>de</strong> e a<strong>os</strong> membr<strong>os</strong> do clã só cabe pedir e obe<strong>de</strong>cer, caso<br />
contrário à rebeldia po<strong>de</strong> ser premia<strong>da</strong> com sua exclusão do<br />
âmbito <strong>da</strong>s relações. (. .. ) O patriarcalismo, a face supridora e<br />
afetiva do pai, aten<strong>de</strong>ndo ao que <strong>de</strong>le esperam <strong>os</strong> membr<strong>os</strong> do<br />
clã e o patrimonialismo, a face hierárquica e absoluta, impondo<br />
com a tradicional aceitação sua vonta<strong>de</strong> a seus membr<strong>os</strong>,<br />
convivem lado a lado em n<strong>os</strong>sa cultura (MOTTA E CALDAS,<br />
1997:60).<br />
Assim, outr<strong>os</strong> <strong>de</strong>svi<strong>os</strong> <strong>de</strong> um relacionamento saudável <strong>de</strong> terceirização entre a<br />
Zapata e suas facções são percebid<strong>os</strong> e administrad<strong>os</strong>, como por exemplo a falta <strong>de</strong><br />
treinamento do pessoal que trabalha junto às facções e a ausência <strong>de</strong> aprimoramento nas<br />
técnicas <strong>de</strong> produção d<strong>os</strong> calçad<strong>os</strong> e no controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais rígido do produto<br />
final, fato este já verificado em pesquisa recente sobre o cluster <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
calçad<strong>os</strong> i<strong>de</strong>ntificado no Vale d<strong>os</strong> Sin<strong>os</strong>, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul:<br />
Entre as empresas investiga<strong>da</strong>s, a prática mais comum <strong>de</strong><br />
controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho realizado n<strong>os</strong> ateliês, parece<br />
ser a revisão do lote no momento em que é entregue. Este<br />
processo é realizado diariamente e em pequen<strong>os</strong> lotes. É mais<br />
raro o controle <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> produção no <strong>de</strong>correr do<br />
processo realizado n<strong>os</strong> ateliês, iniciativa que as empresas<br />
tomam em cas<strong>os</strong> muito especiais (FENSTERSEIFER,<br />
1995:74).<br />
Barr<strong>os</strong> (1991), citado por Antunes apud F ensterseifer (1995), consi<strong>de</strong>ra, com<br />
relação à competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional e internacional , que a saí<strong>da</strong> para empresas<br />
brasileiras é o investimento em sua força <strong>de</strong> trabalho, preparando-a e educando-a<br />
35
profissionalmente, visto que conforme já foi citado, há uma carência no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologia no país.<br />
o treinamento oferece as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem que<br />
são essenciais ao avanço no sistema. Por isso é necessário criar<br />
um plano <strong>de</strong> treinamento bastante sólido, compreen<strong>de</strong>ndo a<br />
programação d<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> específic<strong>os</strong>, a i<strong>de</strong>ntificação d<strong>os</strong><br />
encarregad<strong>os</strong> pelo treinamento e as condições previstas para o<br />
treinamento C .. ) (ROESCH apud FENSTERSEIFER, 1995:<br />
301).<br />
o que se observa na Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. é que, confiando no conhecimento<br />
tácito d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>, não há uma preocupação maior no treinamento<br />
<strong>de</strong>stes funcionári<strong>os</strong>, que, segundo este critério, já teriam absorvido o modus operandi <strong>da</strong><br />
fabricação <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> seu relacionamento como antig<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong><br />
CZSA.<br />
No questionário que será apresentado em análise no item 4.2.6.4 Pesquisa com <strong>os</strong><br />
Funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s Facções <strong>da</strong> CZSA, uma <strong>da</strong>s primeiras perguntas é se o respon<strong>de</strong>nte<br />
já trabalhou na Zapata com o que faz hoje como funcionário <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s facções <strong>da</strong><br />
am<strong>os</strong>tra escolhi<strong>da</strong>. As resp<strong>os</strong>tas foram as seguintes:<br />
Total <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ntes: 165 funcionári<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong><br />
• 49,09%, ou seja, 81 funcionári<strong>os</strong> já trabalharam na CZSA com o que fazem<br />
atualmente;<br />
• 30,91%, ou seja, 51 funcionári<strong>os</strong> nunca trabalharam na CZSA antes <strong>da</strong><br />
terceirização;<br />
• 16,97%, ou seja, 28 funcionári<strong>os</strong> já haviam trabalhado na CZSA em outras<br />
funções;<br />
• 3,03%, ou seja, 05 funcionári<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>ram a esta pergunta.<br />
Uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong>stes <strong>da</strong>d<strong>os</strong> é que parte d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong>tentores do conhecimento tácito d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho na função produção <strong>da</strong><br />
CZSA já não faz parte do quadro <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>. Com a gran<strong>de</strong><br />
aproximação d<strong>os</strong> númer<strong>os</strong> aferid<strong>os</strong> nas duas primeiras resp<strong>os</strong>tas 49,09ll1o contra 30,91%,<br />
fica evi<strong>de</strong>nte que o fato <strong>de</strong> ir trabalhar em facções <strong>da</strong> Zapata não foi sedutor a um<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ex-funcionári<strong>os</strong>.<br />
36
Como o estado <strong>de</strong> Minas Gerais não engloba nenhum clllster <strong>da</strong> <strong>indústria</strong><br />
<strong>calçadista</strong> (como por exemplo a região do Vale d<strong>os</strong> Sin<strong>os</strong> no Sul do país ou a região <strong>de</strong><br />
Franca em São Paulo), e também, por isso, não p<strong>os</strong>sui estrutura <strong>de</strong> ensino técnico na<br />
área <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, as p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> treinamento d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> d<strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong> são ca<strong>da</strong> vez mais limita<strong>da</strong>s.<br />
É necessário, portanto, um planejamento estratégico visando ações táticas e<br />
operacionais <strong>de</strong> médio e curto alcance, focalizando o treinamento intensivo d<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções, inclusive envolvendo funcionári<strong>os</strong> mais antig<strong>os</strong> e profissionais<br />
<strong>de</strong> mapeamento <strong>de</strong> process<strong>os</strong>; o objetivo é explicitar tarefas e procediment<strong>os</strong>, inclusive<br />
através <strong>de</strong> fluxogramação e manualização, com vistas inclusive à certificação ISO <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total.<br />
2.6 MARKETING<br />
De acordo com Kotler & Armstrong (1999), marketing é uma função na<br />
organização que i<strong>de</strong>ntifica necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sej<strong>os</strong> do consumidor, mercad<strong>os</strong>-alvo a<br />
serem trabalhad<strong>os</strong> e produt<strong>os</strong> e serviç<strong>os</strong> a<strong>de</strong>quad<strong>os</strong> a estes mercad<strong>os</strong>. Satisfazer as<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do cliente implica em agregar valor a<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> consumid<strong>os</strong>, <strong>de</strong> forma<br />
que contribuam para um aumento <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> no consumidor. O valor <strong>de</strong> uma<br />
mercadoria ou serviço <strong>de</strong>ve, portanto, ser superior a<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> do cliente.<br />
Segundo <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> Fensterseifer (1995), o calçado brasileiro necessita ter um<br />
diferencial para que p<strong>os</strong>sa competir como um produto <strong>de</strong> valor superior no mercado<br />
internacional. A partir d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 90, calçad<strong>os</strong> chineses, tailan<strong>de</strong>ses e indonési<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e preço médio ameaçaram a p<strong>os</strong>ição brasileira neste segmento. Buscando<br />
ain<strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> no mercado, o Brasil necessita <strong>de</strong>senvolver alguma forma <strong>de</strong><br />
diferenciação para seus produt<strong>os</strong>.<br />
Vári<strong>os</strong> caminh<strong>os</strong> são p<strong>os</strong>síveis para melhorar a imagem do<br />
calçado brasileiro, sendo que um altamente promissor consiste<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma mo<strong>da</strong> brasileira que utilize a<br />
riqueza cultural (música, história, <strong>da</strong>nça, etc.) e o clima tropical<br />
como base. A idéia seria passar a ven<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural<br />
do Brasil, junto com o seu calçado (FENSTERSEIFER &<br />
Gomes aplldFENSTERSEIFER, 1995:49).<br />
37
Com uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> própria e um mercado constantemente aberto a comprar<br />
produt<strong>os</strong> que levem o consumidor a sentir uma certa proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o litoral<br />
brasileiro - com seu clima, suas praias, sua <strong>da</strong>nça, sua música, enfim, to<strong>da</strong> a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um país tropical -, relacionament<strong>os</strong> perenes <strong>de</strong> compra e ven<strong>da</strong> seriam<br />
<strong>de</strong>senvolvid<strong>os</strong> entre produtores <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong> e a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional.<br />
O objetivo principal <strong>da</strong> função marketing <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma empresa é construir<br />
relacionament<strong>os</strong> duradour<strong>os</strong> com o cliente. Segundo Hutt & Speh (2002), a construção<br />
<strong>de</strong>ste relacionamento é diferente para dois tip<strong>os</strong> diferentes <strong>de</strong> comércio:<br />
• B2B - business to business;<br />
• B2C - business to consumer.<br />
Estes dois conceit<strong>os</strong> são diferenciad<strong>os</strong> a partir <strong>da</strong> forma como <strong>os</strong> clientes utilizam<br />
<strong>os</strong> serviç<strong>os</strong> e produt<strong>os</strong> em suas organizações. O marketing B2B cui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s relações<br />
comerciais entre empresas, envolvendo compra e ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> insum<strong>os</strong> que serão<br />
processad<strong>os</strong> pela empresa cliente e transformad<strong>os</strong> no produto final.<br />
O marketing B2C cui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s relações entre empresa e consumidor final, ou seja do<br />
marketing <strong>de</strong> varejo. Desta forma, tem<strong>os</strong> dois tip<strong>os</strong> <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> distint<strong>os</strong>. A <strong>indústria</strong><br />
<strong>calçadista</strong> historicamente faz parte do segmento <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> ao consumidor final que por<br />
sua vez reven<strong>de</strong> seus produt<strong>os</strong> no varejo. De acordo com Kotler & Armstrong (1999),<br />
produt<strong>os</strong> são qualquer coisa que p<strong>os</strong>sa ser ofereci<strong>da</strong> ao mercado para satisfazer uma<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>de</strong>sejo.<br />
Produt<strong>os</strong> são oferecid<strong>os</strong> a consumidores que têm à sua disp<strong>os</strong>ição uma enorme<br />
gama <strong>de</strong> opções que po<strong>de</strong>m satisfazer suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A escolha do consumidor pelo<br />
produto ou serviço a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor (percebido pelo cliente) que um<br />
<strong>de</strong>terminado produto ou serviço oferece.<br />
O valor para o cliente é a diferença entre <strong>os</strong> valores que ele<br />
ganha comprando e usando um produto e <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> para obter<br />
esse produto. ( ... ) A satisfação do cliente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />
<strong>de</strong>sempenho do produto percebido com relação ao valor<br />
relativo às expectativas do comprador. Se o <strong>de</strong>sempenho faz jus<br />
às expectativas, o comprador fica satisfeito. Se exce<strong>de</strong>r as<br />
expectativas, ele fica encantado (KOTLER & ARMSTRONG,<br />
1999: 06).<br />
38
A satisfação do cliente é intimamente liga<strong>da</strong> à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. De uma forma geral,<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito, mas em empresas centra<strong>da</strong>s no<br />
cliente, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> envolve a percepção do cliente e satisfação com o produto ou serviço<br />
ofertado.<br />
Todo o movimento pela Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Total- GQT, que envolve melhora<br />
<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>, serviç<strong>os</strong> e process<strong>os</strong>, perpassa pelo entendimento que o<br />
cliente tem sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto, baseado em sua experiência <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, crenças,<br />
valores e produt<strong>os</strong> ou serviç<strong>os</strong> similares disponíveis no mercado.<br />
Da mesma forma, a American Society for Quality Control<br />
<strong>de</strong>fine quali<strong>da</strong><strong>de</strong> como a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong> e<br />
características <strong>de</strong> um produto ou serviço com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
satisfazer as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do cliente. (. .. ) Assim, a meta<br />
fun<strong>da</strong>mental do movimento atual <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> total tornou-se a<br />
satisfação total do cliente. Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> começa com as<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do cliente e termina com a satisfação <strong>de</strong>le<br />
(KOTLER & ARMSTRONG, 1999: 06).<br />
A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> clientes é geral por serem estes dividid<strong>os</strong> em públic<strong>os</strong> (nich<strong>os</strong>) <strong>de</strong><br />
mercado diferentes:<br />
• Mercad<strong>os</strong> consumidores: compram bens e/ou serviç<strong>os</strong> para uso pessoal;<br />
• Mercad<strong>os</strong> industriais: compram bens e/ou serviç<strong>os</strong> para processamento<br />
p<strong>os</strong>terior;<br />
• Mercad<strong>os</strong> reven<strong>de</strong>dores: compram bens e/ou serviç<strong>os</strong> para revendê-l<strong>os</strong> com<br />
lucro;<br />
• Mercad<strong>os</strong> governamentais: compram bens e/ou serviç<strong>os</strong> para oferecer serviç<strong>os</strong><br />
públic<strong>os</strong>;<br />
• Mercad<strong>os</strong> internacionais: compradores estrangeir<strong>os</strong>.<br />
Consi<strong>de</strong>rando marketing como uma <strong>da</strong>s duas funções-fim <strong>da</strong> empresa e um d<strong>os</strong><br />
dois gran<strong>de</strong>s pilares do sucesso ou fracasso <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>, em razão <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong> ou<br />
diminuta interação com a função <strong>de</strong> produção, consi<strong>de</strong>ra-se que esta interação na CZSA<br />
está <strong>de</strong> certa forma prejudica<strong>da</strong>, visto que o parâmetro <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
produto produzido pela fábrica parte d<strong>os</strong> baix<strong>os</strong> índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução e não também <strong>da</strong><br />
percepção do cliente com relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> vendid<strong>os</strong>.<br />
39
Durante to<strong>da</strong> a pesquisa exploratória <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> primári<strong>os</strong>, não foi apresentado ao<br />
pesquisador nenhum relatório <strong>de</strong> pesquisa junto a<strong>os</strong> principais clientes, pel<strong>os</strong> dirigentes<br />
<strong>da</strong> função produção, sobre a percepção d<strong>os</strong> clientes com relação ao produto adquirido.<br />
A pesquisa <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, portanto, a idéia <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve haver na CZSA uma leitura mais<br />
coerente d<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> <strong>de</strong> aferição <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Mesmo a bibliografia já disponível no mercado a respeito <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong><br />
nacional, revela que, no mercado exterior e mesmo no mercado interno, o calçado<br />
brasileiro po<strong>de</strong> estar sendo comprado como um produto sujeito a <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> que nem por<br />
isso levam a uma <strong>de</strong>volução do produto, havendo, portanto, um nível maior <strong>de</strong><br />
tolerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>, reduzindo sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar em mercad<strong>os</strong><br />
internacionais.<br />
Entretanto, a imagem do calçado na média é <strong>de</strong> um calçado <strong>de</strong><br />
segun<strong>da</strong>. Logo, entre um calçado brasileiro <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e um<br />
italiano ou espanhol, prefere-se o italiano ou espanhol, mesmo<br />
que esse seja <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior (FENSTERSEIFER &<br />
GOMES apudFENSTERSEIFER 1995:46).<br />
Da mesma forma que <strong>os</strong> compradores internacionais po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar o calçado<br />
brasileiro como um produto <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> categoria - visão esta influencia<strong>da</strong> inclusive,<br />
conforme já citado, por uma falta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> própria do produto -, no mercado<br />
interno a mesma percepção po<strong>de</strong>ria estar sendo compartilha<strong>da</strong> pel<strong>os</strong> clientes <strong>da</strong><br />
Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A; <strong>de</strong> acordo com a bibliografia pesquisa<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> são incipientes as<br />
pesquisas no segmento <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, inclusive no que tange ao conforto<br />
propiciado ao consumidor final.<br />
Como a maior parte d<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> e materiais já vem <strong>de</strong>finid<strong>os</strong><br />
quando <strong>da</strong> exportação, a tradição é não pesquisá-l<strong>os</strong>. Quando<br />
aparece algo <strong>de</strong> novo, normalmente vem <strong>de</strong> feiras<br />
internacionais, agentes exportadores ou fabricantes pertencentes<br />
às ca<strong>de</strong>iras tecnologicamente liga<strong>da</strong>s (FENSTERSEIFER &<br />
GOMES apudFENSTERSEIFER 1995:51).<br />
Com uma tradição <strong>de</strong> pesquisa quase nula <strong>de</strong> inovações e mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong>, prevalecendo à<br />
a<strong>da</strong>ptação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senh<strong>os</strong> e criações <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> internacionais, empregando mão-<strong>de</strong>-obra<br />
intensiva, com baix<strong>os</strong> índices salariais, com seus trabalhadores percebendo uma<br />
40
emuneração abaixo <strong>da</strong> remuneração média <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> e utilizando um gran<strong>de</strong><br />
contingente <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra com baixo nível <strong>de</strong> qualificação, o produto final <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> nacional caminha na contra-mão <strong>da</strong>s mo<strong>de</strong>rnas teorias <strong>de</strong> marketing<br />
e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto segundo a percepção do cliente.<br />
Não ac<strong>os</strong>tumado a opinar sobre o fato <strong>de</strong> que o calçado adquirido p<strong>os</strong>sa aten<strong>de</strong>r ou<br />
não às suas expectativas, o consumidor brasileiro não tem corno avaliar <strong>de</strong> forma<br />
consciente a compra ou não <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong>ste segmento com base em seus atribut<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Paralelo a isto e ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> com alguns estereótip<strong>os</strong> corno o <strong>de</strong> que o<br />
calçado <strong>de</strong> couro italiano é o melhor do mundo e o calçado sintético oriental é barato e<br />
serve para o dia-a-dia, <strong>os</strong> consumidores brasileir<strong>os</strong> po<strong>de</strong>m estar <strong>de</strong>sinformad<strong>os</strong> ou pouco<br />
informad<strong>os</strong> sobre o que é um produto <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>.<br />
41
3. A INDÚSTRIA CALÇADISTA<br />
3.1 O CALçADO E SUAS CARACTERÍSTICAS<br />
De acordo com Andra<strong>de</strong> e Corrêa (2001), o sapato é constituído <strong>de</strong> cabe<strong>da</strong>l e<br />
solado, basicamente. O cabe<strong>da</strong>l se <strong>de</strong>stina a cobrir a parte <strong>de</strong> cima do pé. É formado <strong>de</strong><br />
element<strong>os</strong> <strong>de</strong> reforço como o contraforte e a couraça. O contraforte é um reforço<br />
colocado entre o cabe<strong>da</strong>l e o forro na região do calcanhar, para <strong>da</strong>r maior firmeza e<br />
conforto. Sapat<strong>os</strong> abert<strong>os</strong> atrás não utilizam o contraforte. A couraça é o reforço<br />
colocado no bico do sapato, <strong>de</strong>stinado a proteger <strong>os</strong> <strong>de</strong>d<strong>os</strong>. No cabe<strong>da</strong>l, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do<br />
tipo <strong>de</strong> sapato, po<strong>de</strong>m ser utilizad<strong>os</strong>: biqueira (recobre o bico do sapato) e lingüeta<br />
(<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a proteger o dorso do pé e utiliza<strong>da</strong> principalmente em tênis e outr<strong>os</strong> calçad<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> ca<strong>da</strong>rço).<br />
O solado é o conjunto <strong>de</strong> partes ou peças que formam a parte inferior do calçado.<br />
É constituído <strong>de</strong> palmilha, sola e salto. A palmilha <strong>de</strong> montagem é uma lâmina que<br />
serve <strong>de</strong> ligação entre o cabe<strong>da</strong>l e o solado, sendo mol<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com a fOrma<br />
sobre a qual o calçado foi montado (Corrêa, 2001). A sola é a parte externa do solado. O<br />
salto é um suporte <strong>de</strong>stinado a <strong>da</strong>r equilíbrio ao calçado.<br />
Outras peças po<strong>de</strong>m fazer parte do solado: a entres sola, que é coloca<strong>da</strong> entre a<br />
palmilha <strong>de</strong> montagem e a sola, e a vira, que é uma tira estreita <strong>de</strong> material solado<br />
(couro, borracha natural ou sintétic<strong>os</strong>) colado ou c<strong>os</strong>turado em torno do calçado. O<br />
tênis, por sua vez, é um tipo <strong>de</strong> calçado que agrega outras peças como ilh<strong>os</strong>es, forr<strong>os</strong><br />
especiais, entre outr<strong>os</strong> materiais.<br />
As matérias-primas utiliza<strong>da</strong>s para a fabricação <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> são tradicionalmente<br />
o couro e para a sola couro ou borracha natural. Atualmente, com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong> petroquímica, foram agregad<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> à fabricação <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>: PU<br />
(poliuretano), borracha não-vulcaniza<strong>da</strong>, borracha vulcaniza<strong>da</strong>, PVC (cloreto <strong>de</strong><br />
42
polivinila), borracha termoplástica, poliuretano termoplástico e EVA (etil vinil acetato).<br />
Com o advento <strong>de</strong>stes produt<strong>os</strong>, houve incremento no <strong>de</strong>sign d<strong>os</strong> calçad<strong>os</strong>.<br />
O couro é consi<strong>de</strong>rado um material nobre, utilizado em praticamente to<strong>da</strong>s as<br />
partes do calçado principalmente no cabe<strong>da</strong>l, forro e alguns tip<strong>os</strong> <strong>de</strong> sola, trazendo<br />
algumas vantagens sobre outr<strong>os</strong> materiais, como vi<strong>da</strong> útil, p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transpiração<br />
e facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acabamento (Andra<strong>de</strong> e Corrêa, 2001). O único inconveniente na<br />
utilização do couro é o seu alto custo <strong>de</strong> aquisição.<br />
Materiais têxteis também são utilizad<strong>os</strong> na confecção <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, como tecid<strong>os</strong><br />
naturais e tecid<strong>os</strong> sintétic<strong>os</strong> como náilon e lycra, que têm preç<strong>os</strong> mais atrativ<strong>os</strong>.<br />
Laminad<strong>os</strong> sintétic<strong>os</strong> são materiais erroneamente chamad<strong>os</strong> <strong>de</strong> "couro sintético" e se<br />
constituem <strong>de</strong> um tecido ou malha, sobre a qual é aplica<strong>da</strong> uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> PVC ou<br />
poliuretano.<br />
Materiais injetad<strong>os</strong> são <strong>de</strong> fácil processamento e custo relativamente baixo. São<br />
eles: policloreto <strong>de</strong> vinila (PVC), poliuretano (PU), poliestireno, ABS e borracha<br />
termoplástica. A borracha natural é um material vulcanizado, com excelente resistência<br />
ao <strong>de</strong>sgaste e boa a<strong>de</strong>rência ao solo, sendo usa<strong>da</strong> atualmente, principalmente em<br />
calçad<strong>os</strong> infantis. O copolímero <strong>de</strong> etileno e vinil acetato (EVA) é um d<strong>os</strong> materiais<br />
mais utilizad<strong>os</strong> em diversas partes do calçado, principalmente o solado. Também são<br />
utilizad<strong>os</strong> na fabricação <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> <strong>os</strong> metais, materiais celulósic<strong>os</strong> e a ma<strong>de</strong>ira.<br />
As principais etapas do processo produtivo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> um calçado são:<br />
mo<strong>de</strong>lagem corte, pesponto e c<strong>os</strong>tura. Na mo<strong>de</strong>lagem, o calçado é concebido e o<br />
material utilizado na fabricação é especificado. O corte <strong>da</strong> matéria-prima é feito através<br />
<strong>de</strong> "facas" e mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cartolina, sendo utiliza<strong>da</strong> a prensa hidráulica (balancim), na qual<br />
é afixa<strong>da</strong> uma navalha <strong>de</strong> fita <strong>de</strong> aço.<br />
Após o corte, as peças que fazem parte do cabe<strong>da</strong>l são organiza<strong>da</strong>s e lotes e<br />
encaminha<strong>da</strong>s ao pesponto on<strong>de</strong> são prepara<strong>da</strong>s, chanfra<strong>da</strong>s, dobra<strong>da</strong>s, picota<strong>da</strong>s<br />
cola<strong>da</strong>s e c<strong>os</strong>tura<strong>da</strong>s. Este trabalho normalmente é manual, normalmente com mão <strong>de</strong><br />
obra sub contrata<strong>da</strong>. A c<strong>os</strong>tura do cabe<strong>da</strong>l tem o objetivo <strong>de</strong> proporcionar maior<br />
segurança e firmeza, sendo que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser fixado à palmilha mediante c<strong>os</strong>tura, a sola<br />
é cola<strong>da</strong>.<br />
Na última etapa, <strong>os</strong> materiais que compõe o solado são cortad<strong>os</strong>, lixad<strong>os</strong>,<br />
conformad<strong>os</strong>, limp<strong>os</strong> e colad<strong>os</strong> ou c<strong>os</strong>turad<strong>os</strong>. São utilizad<strong>os</strong> solad<strong>os</strong> <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
materiais anteriormente citad<strong>os</strong>. N<strong>os</strong> métod<strong>os</strong> <strong>de</strong> injeção direta, somente po<strong>de</strong>m ser<br />
43
usa<strong>da</strong>s solas feitas <strong>de</strong> materiais sintétic<strong>os</strong>. Depois <strong>da</strong> fixação <strong>da</strong> sola ao cabe<strong>da</strong>l é feita a<br />
limpeza, retoque <strong>de</strong> pequen<strong>os</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> e controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> final.<br />
3.2 CALçADOS ZAPATA S.A. - CZSA<br />
3.2.1 História<br />
A Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. originou-se <strong>da</strong> "Sapataria Zapata", localiza<strong>da</strong> em Belo<br />
Horizonte no estado <strong>de</strong> Minas Gerais, no ano <strong>de</strong> 1950. Seu fun<strong>da</strong>dor foi Pedro Souza,<br />
mineiro, nascido na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Montes Clar<strong>os</strong>. Na déca<strong>da</strong> seguinte, mais precisamente<br />
em 1960, a pequena fábrica <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, havia se tomado a Indústria <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong><br />
Zapata - ICZ e produzia cerca <strong>de</strong> mil pares <strong>de</strong> sapat<strong>os</strong> por dia. Nesta mesma época, a<br />
empresa também começou a fabricar sandálias masculinas <strong>de</strong> couro, que impulsionaram<br />
ain<strong>da</strong> mais as ven<strong>da</strong>s para todo o Brasil. Em 1972, a razão social <strong>da</strong> empresa passa a ser<br />
Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. Indústria e Comércio.<br />
P<strong>os</strong>teriormente, no ano <strong>de</strong> 1978, foi inaugura<strong>da</strong> a nova uni<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial com<br />
vinte mil m 2 ain<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte. Na expectativa <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r calçad<strong>os</strong> em<br />
um ambiente diferenciado <strong>da</strong> fábrica, gerando resultad<strong>os</strong> mais rápid<strong>os</strong>, foram<br />
inaugura<strong>da</strong>s lojas que vieram a se chamar Calçad<strong>os</strong> Zapata, que além <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<br />
produt<strong>os</strong> com a sua marca, também comercializam produt<strong>os</strong> <strong>de</strong> outras marcas do<br />
mercado. Nesta época, a Zapata começou a exportar calçad<strong>os</strong> para <strong>os</strong> Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> e<br />
outr<strong>os</strong> países, já empregando quase mil funcionári<strong>os</strong>.<br />
Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, com a inauguração <strong>de</strong> sua sexta loja <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, a empresa já<br />
era um complexo industrial formado por seis empresas, com uma produção anual <strong>de</strong><br />
dois milhões <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> sapat<strong>os</strong>. Em 1980, a 18 3 loja <strong>de</strong> varejo <strong>da</strong> Zapata, com 500 m 2 ,<br />
foi inaugura<strong>da</strong> em Ipatinga, no mesmo estado <strong>de</strong> Minas Gerais. No ano seguinte, foi<br />
inaugura<strong>da</strong> a 25 3 loja, com 600 m 2 . A déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 foi marca<strong>da</strong> pela consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />
Calçad<strong>os</strong> Zapata, no mercado nacional e internacional, com um maior investimento no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento profissional d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong>, comunicação, informatização e um<br />
programa <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s que tomasse as equipes mais competitivas e estimula<strong>da</strong>s.<br />
Atualmente, a empresa, cuja <strong>de</strong>nominação social passou a ser Calçad<strong>os</strong> Zapata<br />
S.A. - CZSA, conta com um quadro <strong>de</strong> 846 funcionári<strong>os</strong>, distribuíd<strong>os</strong> entre <strong>indústria</strong>,<br />
44
setor administrativo e 43 lojas, sendo 41 lojas multimarcas (produt<strong>os</strong> variad<strong>os</strong>) e duas<br />
lojas segmenta<strong>da</strong>s (esporte e produt<strong>os</strong> <strong>de</strong> viagem). Sua re<strong>de</strong> <strong>de</strong> representantes abrange<br />
42 regiões em todo o Brasil.<br />
Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Número <strong>de</strong> Funcionári<strong>os</strong> Alocad<strong>os</strong><br />
Fábrica 59<br />
Administração Belo Horizonte 78<br />
REGIÃO SUL - Filial 01 17<br />
Filial 04 07<br />
Filial 19 12<br />
Filial 20 22<br />
REGIÃO NORTE - Filial 14 11<br />
Filial 15 12<br />
Filial 24 15<br />
Filial 26 16<br />
REGIÃO GRANDE BH - Filial 07 19<br />
Filial 09 17<br />
Filial 10 20<br />
Filial 11 21<br />
Filial 12 16<br />
Filial 13 09<br />
Filial 22 21<br />
Filial 25 25<br />
Filial 28 04<br />
Filial 27 47<br />
Filial 29 19<br />
Filial 30 20<br />
Filial 33 15<br />
Filial 35 16<br />
Filial 37 16<br />
Filial 40 20<br />
Filial 41 13<br />
Filial 51 11<br />
Filial 52 08<br />
45
Filial 53 06<br />
REGIÃO IP ATINGA - Filial 31 18<br />
Filial 32 16<br />
Filial 42 14<br />
Filia144 13<br />
REGIÃO MACAE - Filial 34 19<br />
REGIÃO CABO FRIO - Filial 45 13<br />
Filial 46 17<br />
REGIÃO ESPIRITO SANTO - Filial 36 14<br />
Filial 38 09<br />
Filial 39 07<br />
Filial 43 17<br />
REGIÃO GRANDE VITORIA - Filial 47 33<br />
Filial 48 20<br />
Filial 49 23<br />
Filial 50 21<br />
Fonte: Departamento <strong>de</strong> Recurs<strong>os</strong> Human<strong>os</strong> <strong>da</strong> CISA.<br />
46
Montagem:<br />
3.2.2 Prestadores <strong>de</strong> Serviç<strong>os</strong> (Terceir<strong>os</strong>)<br />
• Vestige Calçad<strong>os</strong> - Linha Conga;<br />
• Tip Calçad<strong>os</strong> - Linhas top <strong>de</strong> sandálias <strong>de</strong> couro;<br />
• GBD Calçad<strong>os</strong> - Sandálias <strong>de</strong> couro populares;<br />
• Mauro Calçad<strong>os</strong> - Sandálias populares linha Tupy.<br />
Empresa Funcionári<strong>os</strong> Produção Início <strong>de</strong> Operação<br />
Vestige Calçad<strong>os</strong> 85 4.000 pares/dia Junho <strong>de</strong> 2001<br />
Tip Calçad<strong>os</strong> 76 2.000 pares/dia Janeiro <strong>de</strong> 2001<br />
GBD Calçad<strong>os</strong> 60 2.000 pares/dia Outubro <strong>de</strong> 2000<br />
Mauro Calçad<strong>os</strong> 23 600 pares/dia Setembro <strong>de</strong> 1990<br />
Pesponto:<br />
• Milenium - presta serviç<strong>os</strong> para Tip Calçad<strong>os</strong>;<br />
• Jadilson Calçad<strong>os</strong> - presta serviç<strong>os</strong> para GBD Calçad<strong>os</strong>;<br />
• J.A.B Punto - presta serviç<strong>os</strong> para Tip Calçad<strong>os</strong>;<br />
• Renove - presta serviç<strong>os</strong> para GBD Calçad<strong>os</strong>;<br />
• Tarzan - presta serviç<strong>os</strong> para Tip Calçad<strong>os</strong>;<br />
• Maridith - presta serviç<strong>os</strong> para Vestige Calçad<strong>os</strong>.<br />
Empresa Funcionári<strong>os</strong> Produção Início <strong>de</strong> Operação<br />
Milenium 31 550 pares/dia Maio <strong>de</strong> 1990<br />
Calçad<strong>os</strong><br />
Jadilson Calçad<strong>os</strong> 32 1.400 pares/dia Setembro <strong>de</strong> 1993<br />
J.A.B Punto 39 Couro: 900 pares/dia Junho <strong>de</strong> 1993<br />
Calçad<strong>os</strong> Cr<strong>os</strong>s Ball: 2.500<br />
pares/dia<br />
Renove Calçad<strong>os</strong> 29 1.100 pares/dia F evereiro <strong>de</strong> 1991<br />
48
Tarzan Calçad<strong>os</strong> 30 900 pares/dia Novembro <strong>de</strong> 1993<br />
Maridith 70 4.000 pares/dia Setembro <strong>de</strong> 1993<br />
Calçad<strong>os</strong><br />
Aviamento:<br />
• A viabrás - produz solad<strong>os</strong> e palmilhas e produz para to<strong>da</strong>s as empresas <strong>de</strong><br />
montagem.<br />
Empresa Funcionári<strong>os</strong> Produção Início <strong>de</strong> Operação<br />
Aviabrás 65 2.000 pares / dia Maio <strong>de</strong> 2000<br />
Aviament<strong>os</strong><br />
49
4. A FUNÇÃO PRODUÇÃO E A TERCEIRIZAÇÃO DA ZAPATA<br />
4.1 A FUNÇÃO PRODUÇÃO<br />
Até 1990, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> pedid<strong>os</strong> na CZSA era bastante eleva<strong>da</strong>; com isso, havia<br />
uma pré <strong>de</strong>terminação, na época, <strong>de</strong> disponibilizar uma estrutura com uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> produção relativamente alta, em que a produção era otimiza<strong>da</strong>, ofertando uma<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> (estoque) que, a partir <strong>da</strong>í, então, era canaliza<strong>da</strong> para o<br />
setor <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, que fazia o processo comercial como um todo, utilizando-se <strong>da</strong><br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva.<br />
Após este período, a empresa veio se a<strong>da</strong>ptando, com a mu<strong>da</strong>nça do mercado,<br />
que começou a ficar mais retraído e a empresa começou a adotar algumas estratégias<br />
diferencia<strong>da</strong>s, mais precisamente a partir <strong>de</strong> 1993, on<strong>de</strong> se iniciou o processo <strong>de</strong><br />
terceirização, começando-se a trabalhar em uma forma diferencia<strong>da</strong> na questão<br />
comercial, <strong>da</strong>ndo-se enfoque principalmente na área <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> prímeiramente<br />
ocorreriam <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> que <strong>de</strong>pois seriam disponibilizad<strong>os</strong> para a produção.<br />
Neste período, houve basicamente um gran<strong>de</strong> marco <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça, <strong>de</strong><br />
disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção para ven<strong>da</strong>s, para ven<strong>da</strong>s e conseqüente emissão <strong>de</strong><br />
pedid<strong>os</strong>, emitid<strong>os</strong> para a produção. Esta é a gran<strong>de</strong> diferenciação.<br />
A partir <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça no sistema <strong>de</strong> produção, houve algumas<br />
estratégias que alteraram o sistema interno, no qual o processo produtivo foi<br />
faccionado, isto é, foi terceirizado só na área <strong>de</strong> pesponto, setor intermediário<br />
manufatureiro do insumo, <strong>de</strong>ixando o produto semi-acabado disponibilizado para as<br />
montadoras.<br />
Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993, até praticamente <strong>os</strong> an<strong>os</strong> <strong>de</strong> 1999/2000, a empresa manteve<br />
estes setores terceirizad<strong>os</strong> e optou-se por mu<strong>da</strong>r a estratégia e prolongar este processo<br />
como um todo, fazendo uma facção <strong>da</strong>s montadoras e do setor <strong>de</strong> corte junto com o<br />
aviamento, on<strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ria-se a estratégia <strong>de</strong> abandonar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais,<br />
proporcionando estas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a prestadoras <strong>de</strong> serviço e a empresa canalizando<br />
esforç<strong>os</strong> para a área comercial.<br />
50
A empresa disponibiliza, no mercado, cerca <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> pares <strong>de</strong><br />
calçad<strong>os</strong> por ano, sendo que dois a três por cento <strong>de</strong>ste total vão para a exportação e o<br />
restante é vendido no mercado interno. São feit<strong>os</strong> estoques <strong>de</strong> antecipação somente n<strong>os</strong><br />
meses que antece<strong>de</strong>m Natal e Dia d<strong>os</strong> Pais.<br />
O processo <strong>de</strong> terceirização, portanto, iniciou-se em 1993 no setor <strong>de</strong> pesponto<br />
e a continuação <strong>de</strong>ste processo se <strong>de</strong>u em mead<strong>os</strong> do ano 2000, mais precisamente em<br />
maio, quando foi feito um cronograma <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças para se terceirizar o restante do<br />
parque industrial. Nesta época, foi terceirizado o setor <strong>de</strong> aviament<strong>os</strong>, através <strong>da</strong><br />
Aviabrás Fábrica <strong>de</strong> Aviament<strong>os</strong>, e no mês <strong>de</strong> setembro, aproxima<strong>da</strong>mente, iniciou-se a<br />
terceirização <strong>da</strong>s montadoras; foi terceiriza<strong>da</strong> a estrutura <strong>de</strong> sandálias populares para a<br />
<strong>indústria</strong> GMP, uma montadora <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> populares.<br />
No período <strong>de</strong> setembro até o final <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro do mesmo ano, houve uma<br />
segun<strong>da</strong> terceirização <strong>de</strong> montadoras, <strong>de</strong>sta vez focando <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> top, ou seja,<br />
produt<strong>os</strong> <strong>de</strong> maior valor agregado. Esta fábrica se chama Tip Calçad<strong>os</strong>, sendo que o<br />
início <strong>de</strong> sua produção se <strong>de</strong>u em janeiro <strong>de</strong> 2001. Em julho <strong>de</strong> 2001, ocorreu a última<br />
terceirização <strong>de</strong> montadoras, que foi a estrutura <strong>de</strong> Conga (tênis injetado) produzido<br />
atualmente pela Vestige Calçad<strong>os</strong>.<br />
Findo este período, praticamente todo o parque fabril havia se <strong>de</strong>slocado <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> CZSA para prestadores <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong>, que são constituíd<strong>os</strong> por ex<br />
funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa, <strong>os</strong> quais anteriormente já haviam trabalhado nestas estruturas<br />
e tornaram-se candi<strong>da</strong>t<strong>os</strong> naturais para assumir a terceirização. O local <strong>da</strong> terceirização<br />
<strong>da</strong>s montadoras foi também na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, bairro São Geraldo, mais<br />
propriamente na antiga uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> CZSA que se chama Tupy. Este prédio<br />
foi dividido em quatro bloc<strong>os</strong>, sendo que um <strong>de</strong>les seria <strong>de</strong>stinado à expedição <strong>da</strong><br />
CZSA e <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> três bloc<strong>os</strong> seriam <strong>de</strong>stinad<strong>os</strong>, ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les, a uma empresa<br />
montadora.<br />
O setor <strong>de</strong> aviamento está estabelecido ao lado <strong>de</strong>sta antiga uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Tupy,<br />
também no bairro São Geraldo, em um único prédio on<strong>de</strong> antigamente funcionava uma<br />
parte <strong>da</strong> empresa. Em janeiro <strong>de</strong> 2002, a empresa mantém ain<strong>da</strong> o galpão antigo on<strong>de</strong><br />
era a matriz <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>, funcionando com o setor <strong>de</strong> expedição, o setor <strong>de</strong><br />
almoxarifado, o setor <strong>de</strong> apoio à produção, na questão <strong>da</strong> programação e algumas áreas<br />
<strong>de</strong> apoio como cronoanálise, consumo e área <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O propósito <strong>de</strong> transferência do restante d<strong>os</strong> setores que ain<strong>da</strong> ficam neste<br />
galpão <strong>da</strong>r-se-á em mead<strong>os</strong> <strong>de</strong> 2002. Está planejado, para o período compreendido<br />
51
entre o final <strong>de</strong> janeiro e o início <strong>de</strong> fevereiro, mu<strong>da</strong>r o setor <strong>de</strong> expedição, controle <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e faturamento para a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Tupy, on<strong>de</strong> existe um bloco <strong>de</strong>stinado a<br />
estes setores.<br />
Logo após esta etapa, ocorrerá o completo esvaziamento <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> antiga <strong>da</strong><br />
matriz, <strong>de</strong>slocando-se <strong>os</strong> setores <strong>de</strong> programação, cronoanálise, cust<strong>os</strong>, consumo e a<br />
gerência <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. É provável, neste período, o planejamento <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> um<br />
galpão para a colocação do setor <strong>de</strong> almoxarifado, visto que a área <strong>de</strong> materiais<br />
necessita <strong>de</strong> uma área superior à disponível naquele galpão <strong>da</strong> Tupy.<br />
Hoje, a empresa tem uma estrutura volta<strong>da</strong> para o mercado on<strong>de</strong> ela<br />
comercializa sandálias <strong>de</strong> couro e tênis injetado. A produção média <strong>de</strong> tênis injetado é<br />
<strong>de</strong> quatro mil pares/dia, concentra<strong>da</strong> na estrutura Vestige Calçad<strong>os</strong>, sendo que a<br />
produção <strong>de</strong> sandálias, estima<strong>da</strong> em quatro mil a quatro mil e quinhent<strong>os</strong> pares/dia, é<br />
volta<strong>da</strong> para o restante <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s, entre pesponto e montagem.<br />
Existe um balanceamento pré-<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas disponíveis<br />
para esta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção, isto proporcional a ca<strong>da</strong> empresa facciona<strong>da</strong>. A<br />
empresa trabalha com um orçamento anual prevendo sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s; em<br />
função <strong>de</strong>ste orçamento, é feito um amplo projeto <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong>s estruturas<br />
durante todo o ano, variando conforme a sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O processo <strong>de</strong> planejamento e coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> logística <strong>de</strong> produção ocorre <strong>da</strong><br />
seguinte forma: a empresa CZSA é responsável pela criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
produt<strong>os</strong>, gerindo a área comercial, a área <strong>de</strong> supriment<strong>os</strong> e o planejamento <strong>da</strong><br />
produção como um todo; <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> interceptad<strong>os</strong> por ven<strong>da</strong>s são passad<strong>os</strong> para a<br />
estrutura interna <strong>da</strong> empresa, on<strong>de</strong> a maioria <strong>de</strong>les passa pelo setor <strong>de</strong> cobrança; se<br />
houver, aí, sua aprovação, <strong>de</strong>flagra-se todo um processo <strong>de</strong> viabilização <strong>da</strong> questão<br />
produtiva.<br />
A partir <strong>de</strong>ste momento, o setor <strong>de</strong> compras inicia a aquisição <strong>de</strong> matérias<br />
primas, o setor <strong>de</strong> produto viabiliza a estrutura <strong>de</strong> produção, para confecção do produto<br />
e o setor <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> programação analisa a p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e<br />
entregas pontuais referentes a ca<strong>da</strong> pedido.<br />
Os pedid<strong>os</strong>, então, são transformad<strong>os</strong> em remessas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a<strong>os</strong> respectiv<strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong>, disponibiliza<strong>da</strong>s pelo setor <strong>de</strong> almoxarifado que separa tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> insum<strong>os</strong><br />
materiais em forma bruta, transferindo-<strong>os</strong> para ca<strong>da</strong> facção. As empresas terceiriza<strong>da</strong>s<br />
recebem estes materiais, corta-<strong>os</strong> inicialmente, transfere-<strong>os</strong> para as respectivas facções;<br />
52
estas recebem <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> cortad<strong>os</strong>, conferem-n<strong>os</strong>, fazem a manufatura d<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>,<br />
transformando-<strong>os</strong> em produt<strong>os</strong> semi-acabad<strong>os</strong>.<br />
Os produt<strong>os</strong> semi-acabad<strong>os</strong> são transferid<strong>os</strong> para outra facção montadora que<br />
se encarrega <strong>de</strong> utiliza-l<strong>os</strong> em combinação com borrachas, adquiri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> outr<strong>os</strong><br />
fornecedores, e aviament<strong>os</strong>, adquirid<strong>os</strong> <strong>da</strong> A viabrás; <strong>de</strong>pois, junta estes dois produt<strong>os</strong><br />
semi-acabad<strong>os</strong>, manufatura-<strong>os</strong> e <strong>os</strong> transforma em um produto final.<br />
Existe todo um sistema <strong>de</strong> planejamento e cobrança <strong>de</strong> entregas por meio <strong>de</strong><br />
folhet<strong>os</strong>, on<strong>de</strong> são <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s as priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> remessa para ca<strong>da</strong> cliente. A CZSA faz<br />
monitoramento <strong>de</strong>stes pedid<strong>os</strong> dia a dia e controla o faturamento d<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>. As<br />
montadoras enviam diariamente estes produt<strong>os</strong> para o setor <strong>de</strong> expedição, que se<br />
localiza na antiga uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Zapata, ficando a expedição encarrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> distribuir <strong>os</strong><br />
produt<strong>os</strong> para ca<strong>da</strong> cliente ou para ca<strong>da</strong> região.<br />
O controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e garantia d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> é feito por inspetores <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> que fazem um rodízio nas facções montadoras, conferem se <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> estão<br />
<strong>de</strong> acordo com as especificações <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. Se sim, liberam-n<strong>os</strong> para a<br />
expedição; caso contrário, seguram <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> para uma p<strong>os</strong>terior <strong>de</strong>cisão e<br />
averiguação.<br />
4.2 DESDOBRAMENTOS DA FUNÇÃO PRODUÇÃO<br />
4.2.1 Planejamento e Controle <strong>da</strong> Produção (Programação)<br />
A partir do momento em que é feita a ven<strong>da</strong>, o pedido segue para o<br />
planejamento e controle <strong>da</strong> Produção (PCP). Através <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
estrutura <strong>de</strong> montagem, é feita a distribuição <strong>da</strong>s linhas em lotes, que são atualmente <strong>de</strong><br />
500 pares, sendo que esta quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> foi estabeleci<strong>da</strong> em função <strong>de</strong> um histórico e <strong>de</strong><br />
avaliação <strong>de</strong> materiais. Tudo é distribuído <strong>de</strong> acordo com a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> terceiro, tanto <strong>de</strong> montagem, quanto <strong>de</strong> pesponto. Por exemplo, uma linha <strong>de</strong><br />
estrutura <strong>de</strong> montagem top tem linhas 4500, 4600 e 4700, sendo que para ca<strong>da</strong> uma<br />
<strong>de</strong>las o PCP tem uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Atualmente, a linha 4500 tem capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer 450 pares; a linha <strong>de</strong><br />
montagem 4600, por sua vez, tem condições <strong>de</strong> fabricar 500 pares. Quando to<strong>da</strong> a<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva é preenchi<strong>da</strong>, dá-se início ao processo <strong>de</strong> relatóri<strong>os</strong>. Um relatório<br />
53
liberado para o almoxarifado já sai "explodido" com <strong>os</strong> materiais necessári<strong>os</strong>. Em uma<br />
linha 4500, este relatório especifica quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> couro, cor, consumo, linha, a<strong>de</strong>siv<strong>os</strong>,<br />
fivelas, separad<strong>os</strong> por plano, por remessa, com <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
item.<br />
o PCP também emite relatóri<strong>os</strong> para a produção, tanto para o aviamento,<br />
quanto para <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> <strong>de</strong> montagem, indicando inclusive o corte <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> produto. A<br />
partir <strong>da</strong>í, <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> <strong>de</strong> pesponto também recebem <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> relatóri<strong>os</strong> para fazer,<br />
por sua vez, ca<strong>da</strong> etapa do processo, retornando para a montagem <strong>de</strong>pois. Sendo assim,<br />
as etapas do processo são: corte, pesponto e montagem. Os relatóri<strong>os</strong> do PCP que<br />
seguem para o aviamento abor<strong>da</strong>m as especificações referentes solad<strong>os</strong> e palmilhas.<br />
O sistema <strong>de</strong> planejamento e controle <strong>da</strong> produção atual foi <strong>de</strong>senvolvido pela<br />
Itapuã, com analogias <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> outras fábricas. Na vira<strong>da</strong> d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> <strong>de</strong> 1999 para<br />
2000, com o chamado bug do milênio, mudou-se o sistema visto que o mesmo não<br />
"ro<strong>da</strong>ria" sob as especificações anteriores. Junto com estas mu<strong>da</strong>nças foi implantado<br />
um sistema que integra a produção, cobrança e contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
4.2.1.1 Pass<strong>os</strong> do programa <strong>de</strong> controle <strong>da</strong> produção<br />
Com o recebimento d<strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> d<strong>os</strong> clientes, o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s libera<br />
um relatório para o PCP, do qual constam o número do pedido, o cliente, a linha, a<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pares e a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> entrega. A partir <strong>da</strong>í, o PCP inicia o processo <strong>de</strong><br />
liberação d<strong>os</strong> materiais para a produção. Na pré programação, procura-se saber o que<br />
foi vendido, inclusive sua linha, sua referência, sua cor; selecionam-se uma fábrica, a<br />
quinzena <strong>da</strong> pré programação e um número <strong>de</strong> remessa, para que a produção<br />
acompanhe este número.<br />
ExemPlo:,<br />
a2515<br />
'--___ -----l<br />
On<strong>de</strong>: 2 - ano (2002);<br />
5 - plano (5°. Plano, sendo que já foram emitid<strong>os</strong> o 1°, o 2°, o 3°e o 4°.);<br />
1 - mês Ganeiro) ;<br />
5 - fábrica (Vestige Calçad<strong>os</strong>).<br />
54
o próximo passo é programar a linha (07300 - tênisfutsal)<br />
sola (nesta linha, há dois tip<strong>os</strong>: branca e preta);<br />
número <strong>de</strong> pares (36 pares);<br />
previsão <strong>de</strong> faturamento (7 dias úteis).<br />
Se não houver nenhum problema, como falta <strong>de</strong> material, por exemplo,<br />
i<strong>de</strong>ntifica-se o terceiro que vai confeccionar o cabe<strong>da</strong>l do calçado (parte superior). É<br />
libera<strong>da</strong> a requisição <strong>de</strong> materiais para o almoxarifado, comp<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> linha, couro, viés,<br />
entre outr<strong>os</strong>. Os relatóri<strong>os</strong> seguem para dois almoxarifad<strong>os</strong>. O primeiro libera linha,<br />
couro, viés; o segundo libera o solado, caixas individuais e coletivas para embalagem,<br />
cola, entre outr<strong>os</strong>.<br />
A seguir, são liberad<strong>os</strong> relatóri<strong>os</strong> para <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>:<br />
Ficha <strong>de</strong> corte: com a referência, cor e o consumo que será gasto para uma certa<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pares. Esta ficha chega ao terceiro junto com o material que o<br />
almoxarifado liberou.<br />
Resumo: soma <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong>, para facilitar a produção.<br />
Ficha <strong>de</strong> produção: ficha colori<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> plano leva uma cor, para que, na<br />
produção, não sejam mistura<strong>da</strong>s as linhas. Estas fichas vão para o pesponto, on<strong>de</strong> <strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong> somarão <strong>de</strong> 30 em 30 pares e anexarão as fichas.<br />
Mapa <strong>de</strong> talões <strong>de</strong> remessa: segue as fichas colori<strong>da</strong>s com a numeração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
conjunto <strong>de</strong> pares, sendo que este relatório também é uma forma <strong>de</strong> controle. Ca<strong>da</strong><br />
terceiro que receber estas fichas colori<strong>da</strong>s p<strong>os</strong>sui o relatório <strong>de</strong> controle, que utiliza<br />
para <strong>da</strong>r baixa, comprovando que o lote passou por ele.<br />
Relatório <strong>de</strong> cópia d<strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> d<strong>os</strong> clientes: m<strong>os</strong>tra en<strong>de</strong>reço, nome do cliente e<br />
referência do que ele comprou. Este relatório é usado na conferência e embalagem final<br />
d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> acabad<strong>os</strong>. São também emiti<strong>da</strong>s etiquetas para i<strong>de</strong>ntificação do cliente,<br />
que seguem com as caixas coletivas que embalam <strong>os</strong> produt<strong>os</strong>.<br />
4.2.2 Cronoanálise<br />
A Zapata sempre contou com um cronometrista que também é cronoanalista.<br />
Seu trabalho é executado em função <strong>de</strong> um produto pré-<strong>de</strong>terminado, qual seja,<br />
cronometrar <strong>os</strong> temp<strong>os</strong>, operação por operação, <strong>de</strong> manufatura do produto. A partir <strong>da</strong>í,<br />
é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> uma seqüência operacional, feito um layout <strong>de</strong> produção (localização <strong>da</strong>s<br />
55
máquinas e <strong>da</strong>s pessoas), distribuição <strong>de</strong> tarefas <strong>de</strong>stas pessoas e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pares<br />
que esta pessoa <strong>de</strong>ve produzir diariamente.<br />
A cronoanálise visa basicamente otimizar o custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, fazendo<br />
uma estimativa do tempo que se leva para realizar to<strong>da</strong>s as tarefas até se chegar ao<br />
produto final - o calçado. Estu<strong>da</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> e moviment<strong>os</strong> realizad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong><br />
trabalhadores d<strong>os</strong> setores <strong>de</strong> corte, pesponto, aviamento e montagem. A cronoanálise<br />
também visa fornecer o total <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra alocado para a manufatura <strong>de</strong> qualquer<br />
produto, além <strong>de</strong> buscar a melhoria <strong>de</strong> métod<strong>os</strong> e process<strong>os</strong>, inclusive solucionando<br />
problemas diretamente com o operário e com o layout do ambiente <strong>de</strong> trabalho, sempre<br />
tendo em vista a redução <strong>de</strong> tempo.<br />
A estimativa <strong>de</strong> tempo para a produção <strong>de</strong> pesponto em um calçado novo é feita<br />
<strong>da</strong> seguinte maneira: é verificado o tempo gasto com a armação e com a c<strong>os</strong>tura, sendo<br />
feita uma simulação <strong>de</strong>ste processo; havendo qualquer dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> com um produto<br />
novo, tanto na c<strong>os</strong>tura como na armação, o cronoanalista solicita ao <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produt<strong>os</strong> a feitura <strong>de</strong> um par para acompanhamento e aferição do<br />
tempo gasto em ca<strong>da</strong> processo, a fim <strong>de</strong> que sejam tira<strong>da</strong>s as dúvi<strong>da</strong>s. Desta forma,<br />
chega-se a um tempo aproximado, para verificar o custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
Existem mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> que são consi<strong>de</strong>rad<strong>os</strong> tradicionais na empresa, em que seus<br />
temp<strong>os</strong> já foram estimad<strong>os</strong> e averiguad<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> produção, chegando-se a uma<br />
medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> tempo. Este tempo-padrão, hoje, é utilizado em to<strong>da</strong>s as linhas que levam o<br />
mesmo perfil do mo<strong>de</strong>lo, sendo feitas somente as estimativas <strong>da</strong>s peças novas que<br />
fazem parte do cabe<strong>da</strong>l.<br />
A cronoanálise tem uma função importante na empresa: além <strong>de</strong> preCIsar o<br />
custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para realização do preço do sapato, também é capaz <strong>de</strong><br />
visualizar, atualmente, um menor custo no que se refere ao material empregado. Esta<br />
análise colabora nas soluções <strong>de</strong> melhoria, p<strong>os</strong>sibilitando inclusive o estudo <strong>da</strong> melhor<br />
maneira do funcionário trabalhar, com maior conforto e tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong> no momento <strong>da</strong><br />
produção.<br />
Os gerentes <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e produção estabelecem anualmente as metas <strong>de</strong><br />
produção, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s estruturas Top, Pop e Conga. Também é estabeleci<strong>da</strong> a meta<br />
mensal <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as linhas individualmente. As metas são transforma<strong>da</strong>s em metas<br />
diárias, que são calcula<strong>da</strong>s pelo tempo médio por linha, resultando no total <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong><br />
obra que a estrutura precisa para o corte e para a montagem.<br />
56
4.2.3 Analista <strong>de</strong> Consumo<br />
A tarefa do analista <strong>de</strong> consumo se inicia quando é enviado o mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calçado criado pelo setor <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, juntamente com a ficha <strong>de</strong> produto.<br />
Em p<strong>os</strong>se do mol<strong>de</strong>, o analista acha a área necessária para a fabricação <strong>da</strong>s peças,<br />
relaciona<strong>da</strong> com ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> material. Na ficha que acompanha o mol<strong>de</strong>, são<br />
relacionad<strong>os</strong>: linha, número médio do calçado, mo<strong>de</strong>lo e componentes do calçado para<br />
ca<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lo, que são o cabe<strong>da</strong>l, o forro, <strong>os</strong> acessóri<strong>os</strong> e o pesponto. O analista <strong>de</strong><br />
consumo <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>finir, para ca<strong>da</strong> material utilizado, o consumo <strong>de</strong> material por metro<br />
quadrado e o <strong>de</strong>sperdício atribuído a ca<strong>da</strong> um.<br />
A principal função do analista <strong>de</strong> consumo é, a partir do mol<strong>de</strong>, riscar em um<br />
papel várias peças <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calçado, para achar a área líqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
peça. O primeiro número riscado é o 40, que é consi<strong>de</strong>rado um número médio. A partir<br />
<strong>da</strong>í, é feita a escala número a número. A seguir, to<strong>da</strong>s as áreas são soma<strong>da</strong>s e<br />
acresci<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício, que é <strong>de</strong>finido pelo gerente industrial, após<br />
analisar <strong>os</strong> materiais que serão utilizad<strong>os</strong>. Estes <strong>da</strong>d<strong>os</strong> são então colocad<strong>os</strong> na ficha <strong>de</strong><br />
produto que é encaminha<strong>da</strong> ao analista <strong>de</strong> cust<strong>os</strong>, após ter alimentado o PCP.<br />
O sistema <strong>de</strong> planejamento e controle <strong>da</strong> produção recebe a relação <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
materiais necessári<strong>os</strong> para que o calçado seja feito e <strong>os</strong> enumera em um relatório<br />
<strong>de</strong>nominado ficha técnica, comp<strong>os</strong>to <strong>de</strong> corte, aviamento, pesponto e montagem, que<br />
são setores <strong>da</strong> produção. Em ca<strong>da</strong> setor são colocad<strong>os</strong> <strong>os</strong> materiais <strong>de</strong>vid<strong>os</strong>, para que <strong>os</strong><br />
terceir<strong>os</strong> recebam o material corretamente.<br />
4.2.4 Analista <strong>de</strong> Cust<strong>os</strong><br />
o processo <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> inicia-se <strong>da</strong> seguinte forma: o analista recebe<br />
um protótipo do produto que vai ser <strong>de</strong>senvolvido, juntamente com uma ficha<br />
<strong>de</strong>scritiva <strong>de</strong> que constam as informações sobre tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> materiais a serem utilizad<strong>os</strong><br />
para manufaturar este produto, além d<strong>os</strong> consum<strong>os</strong> <strong>de</strong>stes materiais, <strong>de</strong>finid<strong>os</strong> com suas<br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> peso e medi<strong>da</strong>, e mais as informações <strong>de</strong> tempo operacional que será gasto<br />
para produzir o produto representado pelo seu protótipo.<br />
57
A partir <strong>de</strong>stes <strong>da</strong>d<strong>os</strong> é monta<strong>da</strong> uma planilha <strong>de</strong> cust<strong>os</strong>, que é dividi<strong>da</strong> em duas<br />
partes: a parte <strong>de</strong> materiais gast<strong>os</strong>, consi<strong>de</strong>rando suas <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s proporções <strong>de</strong> consumo e<br />
on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>duz o aproveitamento <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> ICMS e IPI <strong>de</strong>stes mesm<strong>os</strong> produt<strong>os</strong><br />
(também é incluído no custo o percentual que <strong>de</strong>ve constar como frete <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
matéria-prima, percentual este calculado pela expedição <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata); o valor<br />
que foi apurado nesta primeira parte <strong>da</strong> planilha é lançado para sua segun<strong>da</strong> parte,<br />
comp<strong>os</strong>ta do custo total <strong>de</strong> materiais, acresci<strong>da</strong> <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra direta emprega<strong>da</strong> na<br />
manufatura do produto analisado, mais a mão-<strong>de</strong>-obra direta dividi<strong>da</strong> entre corte,<br />
montagem, pesponto e aviamento, incluindo também a <strong>de</strong>preciação que é o gasto com<br />
navalhas, matrizes, maquetes, ou seja, tudo o que é preciso para <strong>de</strong>finir um solado<br />
novo, ou navalhas novas necessárias ao corte <strong>da</strong>s peças do cabe<strong>da</strong>l.<br />
O custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra direta é feito a partir do tempo operacional gasto com a<br />
manufatura do produto. É usado um custo <strong>de</strong> hora do terceiro em que ca<strong>da</strong> faccionado<br />
tem um custo individual, negociado setor a setor com a CZSA, sendo que este custo <strong>de</strong><br />
hora é <strong>de</strong>finido a partir <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas que este terceiro terá com pagament<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas<br />
gerais como água, luz, telefone aluguel, além <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas com seu pró-labore.<br />
A partir <strong>de</strong>stes <strong>da</strong>d<strong>os</strong>, o analista utiliza o tempo operacional, multiplica pelo<br />
custo/hora e obtém o custo do produto em ca<strong>da</strong> um d<strong>os</strong> setores discriminad<strong>os</strong>: corte,<br />
pesponto, montagem e aviamento. O custo <strong>de</strong> aviamento é <strong>de</strong>finido pelo próprio<br />
terceiro, <strong>de</strong> acordo com negociação com a Zapata.<br />
O custo <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra indireta é encontrado, tomando-se o salário <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> que fazem parte <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra como, por exemplo, as áreas <strong>de</strong><br />
apoio <strong>de</strong> cronoanálise e almoxarifado, acrescid<strong>os</strong> <strong>os</strong> encarg<strong>os</strong>, sendo feito um rateio e<br />
lançado o valor na planilha.<br />
As <strong>de</strong>spesas administrativas são forma<strong>da</strong>s pel<strong>os</strong> gast<strong>os</strong> <strong>da</strong> empresa com<br />
limpeza, segurança, correi<strong>os</strong>, advogad<strong>os</strong>, veícul<strong>os</strong> entre outras.<br />
Somando-se tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> cust<strong>os</strong> citad<strong>os</strong> anteriormente, é formado o custo fabril.<br />
Sobre este custo fabril é lançado um percentual <strong>de</strong> custo financeiro, cobrado do cliente,<br />
visto que geralmente as ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> CZSA são fatura<strong>da</strong>s com 60 dias <strong>de</strong> prazo para<br />
pagar. As exceções são feitas <strong>de</strong> acordo com o cliente ou para as ven<strong>da</strong>s à vista, que<br />
não recebem este encargo financeiro.<br />
Sobre este valor é aplicado o mark-up, <strong>de</strong>finido a partir do que é pago <strong>de</strong><br />
comissão para o representante, frete e tribut<strong>os</strong> como COFINS, PIS, ICMS, além do<br />
58
custo <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong>. O custo fabril então é dividido pelo custo <strong>de</strong> mark-llP, obtendo-se<br />
assim o custo final do produto.<br />
Como item constante do mark-llP, o custo do frete <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> é <strong>de</strong>finido <strong>da</strong> mesma<br />
forma como foi <strong>de</strong>finido o custo do frete <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> matéria-prima. Em alguns cas<strong>os</strong>,<br />
a Zapata faz o frete CIF para seus clientes, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> é a entrega, fora isso, é<br />
utilizado um percentual único para frete, percentual este encontrado <strong>de</strong> acordo com o<br />
que é pago <strong>de</strong> frete sobre o faturamento, sendo que, após a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>ste percentual, o<br />
mesmo é lançado no mark-llP.<br />
O custo <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong> é <strong>de</strong>finido pelo gerente <strong>de</strong> produção, além do percentual<br />
que é pago <strong>de</strong> comissão para o representante; o <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> volume feito para <strong>os</strong><br />
clientes também é <strong>de</strong>finido pelo gerente <strong>de</strong> produção.<br />
A partir <strong>da</strong> comp<strong>os</strong>ição <strong>de</strong>stes cust<strong>os</strong>, é acrescido o percentual <strong>de</strong> lucro e se<br />
chega ao preço final do produto. As correções do preço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> são feitas com base na<br />
mu<strong>da</strong>nça do dólar para as mercadorias que são exporta<strong>da</strong>s. A correção do custo<br />
também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por uma correção salarial ou por uma correção sistemática<br />
trimestral, obti<strong>da</strong> com base em consulta <strong>de</strong> preç<strong>os</strong> d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong> utilizad<strong>os</strong> no processo<br />
produtivo.<br />
Com relação à mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> preço n<strong>os</strong> inpllts <strong>de</strong> produção, uma nova pesquisa no<br />
mercado é realiza<strong>da</strong>, <strong>de</strong>finido um novo custo d<strong>os</strong> materiais que serão utilizad<strong>os</strong>; com o<br />
lançamento <strong>de</strong>ste custo, faz-se, aSSIm, a correção necessária. As <strong>de</strong>spesas<br />
administrativas são reajusta<strong>da</strong>s duas vezes por ano.<br />
4.2.5 Almoxarifado<br />
o setor <strong>de</strong> compras adquire matéria-prima, material auxiliar, embalagens,<br />
material químico, sendo que estes inpllts <strong>de</strong> produção são transferid<strong>os</strong> para três<br />
almoxarifad<strong>os</strong>: o primeiro almoxarifado se encarrega <strong>de</strong> lona, material sintético, e<br />
alguns materiais auxiliares como ilhoes, arrebites, fivelas, peças <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong><br />
c<strong>os</strong>tura e máquinas operacionais rotativas e mg. O segundo almoxarifado se incumbe<br />
<strong>da</strong> guar<strong>da</strong> e distribuição <strong>de</strong> cour<strong>os</strong> que são <strong>de</strong> quatro tip<strong>os</strong>: couro <strong>de</strong> boi, <strong>de</strong> cabra, <strong>de</strong><br />
porco e raspa <strong>de</strong> porco. O terceiro é comp<strong>os</strong>to <strong>de</strong> embalagens como caixas individuais<br />
e coletivas, material químico como cola, diluentes, tinta, alguns materiais auxiliares<br />
como ca<strong>da</strong>rço, materiais <strong>de</strong> consumo como estopa, trapo e matéria-prima como<br />
borracha e solad<strong>os</strong>.<br />
59
o setor <strong>de</strong> planejamento e controle <strong>da</strong> produção emite o controle <strong>de</strong> plan<strong>os</strong> para<br />
<strong>os</strong> almoxarifes, on<strong>de</strong> constam as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e produt<strong>os</strong> que <strong>de</strong>vem ser separad<strong>os</strong>: por<br />
linha e cor, enviando <strong>os</strong> materiais para <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>. Quando <strong>os</strong> materiais não po<strong>de</strong>m<br />
seguir junto com <strong>os</strong> plan<strong>os</strong>, por não estarem disponíveis imediatamente n<strong>os</strong><br />
almoxarifad<strong>os</strong>, ou em razão <strong>de</strong> sua quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> ser muito pequena, são aglomerad<strong>os</strong> em<br />
lotes, comp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> <strong>de</strong> plan<strong>os</strong> acumulad<strong>os</strong> <strong>de</strong> um dia, ou <strong>de</strong> dois em dois dias, sendo assim<br />
enviad<strong>os</strong> para <strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>.<br />
O controle <strong>de</strong> estoque d<strong>os</strong> almoxarifad<strong>os</strong> se inicia com a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s notas<br />
fiscais envia<strong>da</strong>s pel<strong>os</strong> fornecedores. Após o envio pelo PCP d<strong>os</strong> plan<strong>os</strong> separad<strong>os</strong>, <strong>os</strong><br />
almoxarifes dão baixa nas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas que são man<strong>da</strong><strong>da</strong>s a<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>. A<br />
matéria-prima <strong>de</strong> maior valor é o couro, o qual se submete a um controle mais<br />
específico realizado pelo técnico em cour<strong>os</strong>, que tem como atribuições o controle <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do material e do <strong>de</strong>sperdício, inclusive auxiliando e supervisionando <strong>os</strong><br />
cortadores <strong>da</strong>s facções. Todo final <strong>de</strong> mês, é elaborado um relatório sobre o<br />
<strong>de</strong>sperdício, que é relatado em reunião com o gerente industrial e o gerente <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
4.2.6 Terceir<strong>os</strong> (Facções)<br />
4.2.6.1 Facção <strong>de</strong> Montagem - exemplo <strong>da</strong> Vestige Calçad<strong>os</strong><br />
A Vestige Calçad<strong>os</strong> funciona há seis meses como facção <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata<br />
S.A., sendo a última empresa a participar do processo <strong>de</strong> terceirização, ficando a CZSA<br />
foca<strong>da</strong> n<strong>os</strong> setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produt<strong>os</strong>, ven<strong>da</strong>s e atendimento a<strong>os</strong> clientes.<br />
Todo o maquinário, com o qual a Vestige produz, pertence à Zapata, segundo<br />
contrato <strong>de</strong> como<strong>da</strong>to, sendo que sua manutenção é feita pela assistência técnica <strong>da</strong><br />
CZSA, que fornece <strong>os</strong> mecânic<strong>os</strong> e compra as peças <strong>de</strong> rep<strong>os</strong>ição. O local <strong>de</strong><br />
funcionamento do terceiro é alugado e a Vestige presta exclusivamente serviç<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
O processo <strong>de</strong> produção se inicia com a ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> mercadorias pela Zapata e<br />
conseqüente emissão <strong>de</strong> pedid<strong>os</strong>. Quando um lote <strong>de</strong> pedid<strong>os</strong> é transformado em um<br />
plano <strong>de</strong> produção, o almoxarifado envia a<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> to<strong>da</strong> a matéria-prima (no caso <strong>da</strong><br />
Vestige, principalmente a lona), sendo este material cortado e enviado para uma facção<br />
<strong>de</strong> pesponto.<br />
60
Esta facção <strong>de</strong> pesponto recebe <strong>da</strong> CZSA linhas, ilhós, viés, elástic<strong>os</strong> e outr<strong>os</strong><br />
materiais para fechar o cabe<strong>da</strong>l, que é reenviado para uma facção <strong>de</strong> montagem - neste<br />
caso, a Vestige Calçad<strong>os</strong> - acompanhado <strong>de</strong> nota fiscal <strong>de</strong> transferência, ao mesmo<br />
tempo em que emite uma nota fiscal <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong>, que é entregue à Calçad<strong>os</strong> Zapata para<br />
cobrança.<br />
Em p<strong>os</strong>se do cabe<strong>da</strong>l pespontado, a Vestige Calçad<strong>os</strong> faz seu beneficiamento,<br />
injetando nele um solado à base <strong>de</strong> PVC (cloreto <strong>de</strong> polivinila) e fazendo o acabamento<br />
do tênis, inclusive colocando palmilha e ca<strong>da</strong>rço. Em segui<strong>da</strong>, embala o calçado em<br />
uma caixa individual; as caixas são separa<strong>da</strong>s pela expedição por pedido <strong>de</strong> cliente, em<br />
função <strong>da</strong>s cores, numeração e linhas solicita<strong>da</strong>s. Ca<strong>da</strong> pedido é reenviado à CZSA em<br />
caixas coletivas, que seguem acompanha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> notas <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong> <strong>de</strong> corte<br />
e <strong>de</strong> injeção do solado, efetuad<strong>os</strong> pela Vestige Calçad<strong>os</strong>.<br />
4.2.6.2 Facção <strong>de</strong> Aviamento - exemplo <strong>da</strong> Aviabrás Aviament<strong>os</strong><br />
A A viabrás é especializa<strong>da</strong> em componentes para a <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>. São<br />
fabricad<strong>os</strong> basicamente solad<strong>os</strong> e palmilhas. As principais matérias-primas para a<br />
confecção <strong>de</strong> solad<strong>os</strong> são o EVA (etil vinil acetato) e o TR (resina termoplástica). A<br />
palmilha utiliza como matéria-prima básica o EVA, tanto as palmilhas termo<br />
conforma<strong>da</strong>s em EVA, quanto às palmilhas forra<strong>da</strong>s, em que o seu acolchoado também<br />
é feito com EVA. O principal cliente <strong>de</strong>sta <strong>indústria</strong> é a Calçad<strong>os</strong> Zapata, sendo que a<br />
produção diária <strong>de</strong> solad<strong>os</strong> varia em torno <strong>de</strong> 3.500 pares e a <strong>de</strong> palmilhas na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
5.000 pares somente para a CZSA. De acordo com a percepção <strong>de</strong> Fensterseifer (1995),<br />
boa parte <strong>da</strong>s empresas prefere comprar fora solad<strong>os</strong> e palmilhas, visto que esses<br />
componentes não são <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> visual do calçado, <strong>de</strong> certa forma<br />
agregando pouco valor ao produto.<br />
Solad<strong>os</strong> e palmilhas po<strong>de</strong>m ser feit<strong>os</strong> <strong>de</strong> várias formas: no caso <strong>da</strong>s palmilhas<br />
termo-conforma<strong>da</strong>s, o <strong>de</strong>senho em vista é gravado por meio <strong>de</strong> transferência. Esta<br />
palmilha é feita basicamente em EVA. Nas palmilhas forra<strong>da</strong>s, a superficie feita com<br />
EVA é forra<strong>da</strong> com um material sintético ou então com um forro apropriado.<br />
O solado basicamente é cortado através <strong>de</strong> navalhas apropria<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> acordo<br />
com ca<strong>da</strong> linha <strong>de</strong> produção, sendo aplica<strong>da</strong> uma "vira". P<strong>os</strong>teriormente, o solado é<br />
lixado, para que o mesmo já saia pré-fabricado e, assim, nas facções <strong>de</strong> montagem, sua<br />
61
utilização seja facilita<strong>da</strong>. Em algumas palmilhas, são usa<strong>da</strong>s c<strong>os</strong>turas, que são <strong>os</strong><br />
apliques <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do mo<strong>de</strong>lo.<br />
A <strong>de</strong>finição sobre as metas <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> Aviabrás é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela CZSA que<br />
<strong>de</strong>termina o produto, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> produção, <strong>de</strong> acordo com <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> que<br />
a segun<strong>da</strong> recebe ou <strong>de</strong> um eventual estoque que a mesma queira fazer. A Aviabrás tem<br />
uma meta diária garanti<strong>da</strong> por um balanceamento <strong>de</strong> número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
necessári<strong>os</strong> para ca<strong>da</strong> produção.<br />
As empresas montadoras que prestam serviç<strong>os</strong> à Calçad<strong>os</strong> Zapata remetem à<br />
Aviabrás, a ca<strong>da</strong> sexta-feira, uma previsão <strong>de</strong> produção diária <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a semana<br />
seguinte, para que se conheçam quais <strong>os</strong> artig<strong>os</strong> que serão empregad<strong>os</strong> na manufatura.<br />
A entrega d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong> para as montadoras é feita então, basea<strong>da</strong> nesta previsão diária,<br />
artigo por artigo, em torno <strong>de</strong> 20 lotes <strong>de</strong> produção por dia.<br />
A função básica d<strong>os</strong> administradores <strong>da</strong> Aviabrás é trabalhar com um mínimo<br />
p<strong>os</strong>sível <strong>de</strong> estoque, p<strong>os</strong>sibilitado através <strong>da</strong> previsão diária <strong>de</strong> produção emiti<strong>da</strong> pelas<br />
montadoras, <strong>de</strong> forma que só seja produzido o necessário e o que foi previsto<br />
anteriormente.<br />
A Zapata conce<strong>de</strong>u à A viabrás p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r outr<strong>os</strong> clientes, sendo<br />
este o objetivo estratégico principal, não <strong>de</strong>slocando o foco <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> atuais <strong>de</strong><br />
prestação <strong>de</strong> serviç<strong>os</strong> à CZSA, visto ser seu maior cliente, além <strong>de</strong> garantir um lote<br />
mínimo <strong>de</strong> produção. Os funcionári<strong>os</strong> utilizad<strong>os</strong> na produção <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a Calçad<strong>os</strong><br />
Zapata, não aten<strong>de</strong>m outr<strong>os</strong> clientes; além disso, <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> manufaturad<strong>os</strong> para outr<strong>os</strong><br />
clientes não <strong>de</strong>vem entrar em conflito com o que a CZSA fabrica.<br />
Desta forma, a A viabrás procura clientes em outr<strong>os</strong> nich<strong>os</strong> <strong>de</strong> mercado, que são<br />
o <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> feminin<strong>os</strong>, infantis e sandálias <strong>de</strong> verão, trabalhando <strong>de</strong> forma a não<br />
utilizar o know-how <strong>da</strong> Zapata para produzir solad<strong>os</strong> ou palmilhas para algum <strong>de</strong> seus<br />
concorrentes.<br />
4.2.6.3 Facção <strong>de</strong> Pesponto - exemplo <strong>da</strong> lA.B Punto Calçad<strong>os</strong><br />
Os cabe<strong>da</strong>is que são pespontad<strong>os</strong> pela l A.B, são corta<strong>da</strong>s anteriormente pela<br />
Tip Calçad<strong>os</strong>. O motorista leva <strong>os</strong> cabe<strong>da</strong>is no início <strong>da</strong> manhã, cortad<strong>os</strong> em peças. Às<br />
10 horas <strong>da</strong> manhã, o motorista retoma trazendo nov<strong>os</strong> cabe<strong>da</strong>is e levando <strong>os</strong> cabe<strong>da</strong>is<br />
que estão pront<strong>os</strong>. Às 12:30 é feita uma nova viagem com o mesmo tipo <strong>de</strong> operação.<br />
62
Quando o resumo com <strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> chega à facção <strong>de</strong> pesponto, são<br />
primeiramente analisad<strong>os</strong>: cor, número do calçado, linha utiliza<strong>da</strong>, referência. A partir<br />
<strong>de</strong>sta etapa, é feito um planejamento, <strong>de</strong> forma a a<strong>de</strong>quar a produção do dia, otimizando<br />
seu an<strong>da</strong>mento e evitando, assim, para<strong>da</strong>s na produção, visto que são pesponta<strong>da</strong>s<br />
várias linhas <strong>de</strong> produt<strong>os</strong>.<br />
Basicamente o trabalho <strong>da</strong> JA.B Punto é o <strong>de</strong> industrializar o cabe<strong>da</strong>l. O<br />
cabe<strong>da</strong>l é a parte <strong>de</strong> cima do calçado, ou seja, é a parte do couro. O cabe<strong>da</strong>l segue para<br />
a facção <strong>de</strong> pesponto sob a forma <strong>de</strong> um "quebra-cabeça", sendo que ca<strong>da</strong> operária é<br />
responsável pela união <strong>de</strong>stas peças, fazendo um tipo <strong>de</strong> operação até o cabe<strong>da</strong>l se<br />
tornar um produto pronto para nova etapa <strong>de</strong> industrialização do calçado, que neste<br />
caso é <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Tip Calçad<strong>os</strong>.<br />
4.2.6.4 Sobre a pesquisa feita com <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções <strong>da</strong> CZSA<br />
A seguIr, apresenta-se uma tabela com <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesqUIsa efetua<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente tabulad<strong>os</strong>, com p<strong>os</strong>teriores comentári<strong>os</strong>. O questionário aplicado consta<br />
d<strong>os</strong> ANEXOS (p. 88).<br />
63
4.2.6.4.2 Observações sobre <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa<br />
O questionário utilizado como instrumento <strong>de</strong> pesqUIsa nesta dissertação foi<br />
realizado no primeiro semestre do ano <strong>de</strong> 2002. Do universo comp<strong>os</strong>to pelas facções que<br />
prestam serviç<strong>os</strong> à Zapata, foram escolhi<strong>da</strong>s três <strong>da</strong>s maiores empresas terceiriza<strong>da</strong>s:<br />
Vestige Calçad<strong>os</strong>, Aviabrás Aviament<strong>os</strong> e Maridith Calçad<strong>os</strong>, representando <strong>os</strong> serviç<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
montagem, aviamento e pesponto respectivamente.<br />
F oram respondid<strong>os</strong> 165 questionári<strong>os</strong>, correspon<strong>de</strong>ntes a 80% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
lotad<strong>os</strong> nestas empresas, assim discriminad<strong>os</strong>:<br />
Empresa Número <strong>de</strong> pares Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong><br />
produzid<strong>os</strong> Funcionári<strong>os</strong> Respon<strong>de</strong>ntes<br />
Vestige Calçad<strong>os</strong> 4.000 71 59<br />
Aviabrás 2.000 solad<strong>os</strong> 68 54<br />
Aviament<strong>os</strong> 4.000 palmilhas<br />
Maridith Calçad<strong>os</strong> 3.000 68 52<br />
Na análise abaixo, foram consi<strong>de</strong>rad<strong>os</strong> <strong>os</strong> percentuais totais referentes às três<br />
empresas pesquisa<strong>da</strong>s; <strong>os</strong> valores percentuais individuais não diferem muito <strong>de</strong> uma<br />
empresa para outra, assim, optou-se pela utilização d<strong>os</strong> percentuais totais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> resp<strong>os</strong>ta<br />
como uma solução didática à interpretação d<strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong>. As perguntas foram fecha<strong>da</strong>s para<br />
facilitar a tabulação, com exceção <strong>de</strong> uma pergunta subjetiva e aberta, que instigava <strong>os</strong><br />
respon<strong>de</strong>ntes a emitirem observações sobre como melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto final.<br />
Estas observações foram comenta<strong>da</strong>s no capítulo 2.3 OS CINCO SENSOS DA<br />
QUALIDADE - PROGRAMA 5S.<br />
É importante frisar que <strong>os</strong> questionári<strong>os</strong> foram preenchid<strong>os</strong> à vista do pesquisador,<br />
sem interferência d<strong>os</strong> proprietári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções, <strong>de</strong> seus gerentes ou <strong>de</strong> supervisores. O<br />
pesquisador também fez questão <strong>de</strong> interceptar <strong>de</strong> forma amigável, conversas paralelas que<br />
pu<strong>de</strong>ssem mascarar <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong>.<br />
A pesquisa foi realiza<strong>da</strong> durante o horário <strong>de</strong> trabalho e ininterruptamente em ca<strong>da</strong><br />
uma <strong>da</strong>s facções, evitando portanto, que houvesse pausa no preenchimento <strong>da</strong>s resp<strong>os</strong>tas e<br />
troca <strong>de</strong> comentári<strong>os</strong> que influísse também n<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong>.<br />
65
Um d<strong>os</strong> pont<strong>os</strong> prováveis que talvez pu<strong>de</strong>ram incidir na veraci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s resp<strong>os</strong>tas foi<br />
o baixo grau <strong>de</strong> instrução d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes, dividid<strong>os</strong> proporcionalmente entre <strong>os</strong> que<br />
freqüentaram o primário e o ensino médio, respectivamente 46,67% (primário) e 50,91%<br />
(ensino médio). Porém, ao aplicar <strong>os</strong> questionári<strong>os</strong>, o pesquisador informou que estaria<br />
disponível para respon<strong>de</strong>r quaisquer dúvi<strong>da</strong>s sobre as perguntas conti<strong>da</strong>s n<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>.<br />
O pesquisador contou com extrema boa vonta<strong>de</strong> d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> d<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong>,<br />
quanto ao preenchimento d<strong>os</strong> questionári<strong>os</strong>, registrando-se apenas uma ocorrência em um<br />
universo <strong>de</strong> 165 respon<strong>de</strong>ntes, on<strong>de</strong> um operário negou-se a fazê-lo, talvez por motiv<strong>os</strong><br />
particulares, como sua i<strong>da</strong><strong>de</strong> avança<strong>da</strong>.<br />
Pergunta 01<br />
Ao serem in<strong>da</strong>gad<strong>os</strong> se já haviam trabalhado na CZSA com as tarefas que executam<br />
atualmente, 49,09% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes disseram que sim, 30,91% afirmaram que não,<br />
16,97% disseram que haviam trabalhado em outras tarefas e 3,03% não respon<strong>de</strong>ram.<br />
Mesmo diante <strong>da</strong> restrição imp<strong>os</strong>ta pelo número <strong>da</strong>s empresas representa<strong>da</strong>s pela<br />
am<strong>os</strong>tra, a porcentagem indica<strong>da</strong> pelo número <strong>de</strong> pessoas que não trabalharam<br />
anteriormente na CZSA é muito gran<strong>de</strong> (30,91%), revelando que uma gran<strong>de</strong> parte do<br />
conhecimento tácito pertencente a<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>de</strong>mitid<strong>os</strong> (quando do início do processo<br />
<strong>de</strong> terceirização) se per<strong>de</strong>u. Não obstante, segundo Tachizawa et ali (2001), mesmo com<br />
este tipo <strong>de</strong> risco, contemporaneamente, a tendência <strong>da</strong>s organizações é a <strong>de</strong> reduzir o<br />
número <strong>de</strong> colaboradores centrais e empregar trabalhadores que entram; são <strong>de</strong>slocad<strong>os</strong> ou<br />
dispensad<strong>os</strong> mais facilmente, conforme a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />
É necessário salientar, porém, que a <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> é comp<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong><br />
obra intensiva e, no caso <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> <strong>de</strong> couro, o trabalho continua sendo feito<br />
artesanal mente no que se refere ao corte, pesponto e montagem, tarefas executa<strong>da</strong>s por<br />
mestres <strong>calçadista</strong>s que <strong>de</strong>senvolveram sua expertise com o passar d<strong>os</strong> an<strong>os</strong>. Se a tendência<br />
<strong>de</strong> fuga <strong>de</strong>stes operári<strong>os</strong> especializad<strong>os</strong> se mantiver, em pouco tempo técnicas e process<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong>rão se per<strong>de</strong>r.<br />
66
Pergunta 02<br />
Quando questionad<strong>os</strong> acerca do seu grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, 46,67% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
respon<strong>de</strong>ntes afirmaram que estu<strong>da</strong>ram até o primário, 50,91% respon<strong>de</strong>ram que haviam<br />
estu<strong>da</strong>do até o ensino médio ou segundo grau, 0,61% confirmaram que haviam feito um<br />
curso superior e 1,82% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>u à pergunta.<br />
Antecipa<strong>da</strong>mente preocupado com o baixo índice <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong>,<br />
o pesquisador efetuou a entrega d<strong>os</strong> questionári<strong>os</strong> em pequen<strong>os</strong> grup<strong>os</strong>, frisando que<br />
qualquer dúvi<strong>da</strong> com relação às perguntas elabora<strong>da</strong>s seria esclareci<strong>da</strong> prontamente, fato<br />
que incitou alguns respon<strong>de</strong>ntes ao questionamento e p<strong>os</strong>sibilitou um maior grau <strong>de</strong><br />
veraci<strong>da</strong><strong>de</strong> nas resp<strong>os</strong>tas colhi<strong>da</strong>s.<br />
Uma questão toma-se pertinente diante <strong>de</strong>ste quadro: até que ponto uma competente<br />
fluxogramação <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> process<strong>os</strong> que envolvem diferentes fases <strong>da</strong> produção, seria<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ou po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> instrumental para pessoas com baixo índice <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
A padronização <strong>de</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong>ria talvez resultar em esquemas que seriam<br />
afixad<strong>os</strong> nas pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s fábricas e logo <strong>de</strong>pois esquecid<strong>os</strong>. Esta é uma questão que<br />
necessita <strong>de</strong> análise mais profun<strong>da</strong>.<br />
Pergunta 03<br />
Instad<strong>os</strong> a respon<strong>de</strong>r se aju<strong>da</strong>m ou já aju<strong>da</strong>ram a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o<br />
seu trabalho, 44,85% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes afirmaram que sim, 21,21 % disseram<br />
que não, 27,88% confirmaram que algumas vezes já opinaram a respeito <strong>da</strong> melhor forma<br />
<strong>de</strong> executar seu trabalho e 6,06% d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>ram.<br />
O que po<strong>de</strong>ria parecer um índice confortável em uma interpretação primária,<br />
m<strong>os</strong>trou-se irregular quando foram analisa<strong>da</strong>s resp<strong>os</strong>tas a uma pergunta aberta que<br />
solicitava sugestões gerais para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho; uma gran<strong>de</strong> parte d<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> manifestou <strong>de</strong>sejo que suas relações com a supervisão, gerentes <strong>de</strong> fábrica ou<br />
proprietári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções f<strong>os</strong>sem melhora<strong>da</strong>s, visto que eram pouco ouvid<strong>os</strong> em suas<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Desta forma, po<strong>de</strong>-se inferir que há uma gran<strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se realizar<br />
treinamento <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança com as chefias <strong>da</strong>s facções, com o objetivo <strong>de</strong> estreitar laç<strong>os</strong> com<br />
<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> do chão-<strong>de</strong>-fábrica e reter conhecimento tácito com o propósito <strong>de</strong><br />
re<strong>de</strong>senhar process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />
67
Pergunta 04<br />
Quando questionad<strong>os</strong> acerca <strong>de</strong> terem sido treinad<strong>os</strong> para fazer o seu trabalho,<br />
61,82% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes disseram que sim, 29,09% confirmaram que não, 8,48%<br />
afirmaram que algumas vezes foram treinad<strong>os</strong> e 0,61% não respon<strong>de</strong>ram.<br />
O índice percentual <strong>de</strong> pessoas que não foram treina<strong>da</strong>s a executar seu trabalho é<br />
extremamente alto, causando a forte impressão que uma gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />
aloca<strong>da</strong> na produção não é especializa<strong>da</strong>; mesmo que esta fatia d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes execute<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s rotineiras e pouco flexíveis, o fato <strong>de</strong> terem aprendido seu trabalho somente<br />
através <strong>de</strong> observação empírica do trabalho <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> operári<strong>os</strong> po<strong>de</strong> conduzir a uma falta<br />
<strong>de</strong> padronização do processo produtivo.<br />
Na visão <strong>de</strong> Roesch apud Fensterseifer (1995), mesmo que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>da</strong><br />
muito do homem na <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, algumas operações <strong>de</strong> produção são repetitivas,<br />
como no caso <strong>da</strong> montagem. A passagem do sistema <strong>de</strong> caráter mais artesanal para o<br />
sistema <strong>de</strong> esteira contribuiu, portanto, para uma maior <strong>de</strong>squalificação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />
contingente <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
Pergunta 05<br />
Neste ponto do questionário, foi questiona<strong>da</strong> a freqüência com que <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
recebem treinamento <strong>da</strong> facção em que trabalham. 10,91% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes assinalaram<br />
com muita freqüência, 49,70% disseram que nunca receberam treinamento, 34,55% d<strong>os</strong><br />
respon<strong>de</strong>ntes disseram que algumas vezes recebem treinamento e 4,85% não respon<strong>de</strong>ram.<br />
Dando seguimento ao raciocínio iniciado na pergunta 04, o sistema <strong>de</strong> produção em<br />
massa através <strong>de</strong> esteira - e, portanto, empurrado (just in case) em contrap<strong>os</strong>ição ao<br />
sistema <strong>de</strong> produção enxuta, contra pedido e puxa<strong>da</strong> (just in time), motivando uma<br />
produção em gran<strong>de</strong> escala - trouxe uma maior necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para o setor<br />
<strong>calçadista</strong>, que, no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Roesch apud Fensterseifer (1995), atraiu mão-<strong>de</strong>-obra<br />
migrante do meio rural. Esta constatação, vincula<strong>da</strong> ao fato <strong>de</strong> que as empresas <strong>de</strong> produção<br />
<strong>calçadista</strong> oferecem muito pouco treinamento interno, contribuiu para a <strong>de</strong>squalificação <strong>de</strong><br />
sua mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
68
Pergunta 06<br />
A sexta pergunta refere-se à percepção do funcionário, se o seu trabalho po<strong>de</strong>ria ser<br />
feito <strong>de</strong> outra maneira. 26,06% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes disseram que sim, um gran<strong>de</strong> percentual<br />
<strong>de</strong> 53,33% <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>u que não, 15,76% <strong>da</strong>s pessoas disseram que tinham<br />
idéias que g<strong>os</strong>tariam <strong>de</strong> testar e 4,85% d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>ram à pergunta.<br />
Po<strong>de</strong> se abstrair <strong>de</strong>stas constatações que o trabalho <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maioria d<strong>os</strong><br />
operári<strong>os</strong> po<strong>de</strong> não ser criativo, ser rotineiro e padronizado, sem gran<strong>de</strong>s p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
inovação e estressante, tudo isto aliado ao fato <strong>de</strong> que não há prêmi<strong>os</strong> <strong>de</strong> produção ou<br />
participação n<strong>os</strong> lucr<strong>os</strong> <strong>da</strong>s facções.<br />
O setor <strong>calçadista</strong> é muito conservador, porém <strong>de</strong> acordo com alguns estud<strong>os</strong>,<br />
nota<strong>da</strong>mente <strong>da</strong> pesquisa d<strong>os</strong> autores organizad<strong>os</strong> por Fensterseifer (1995), algumas<br />
empresas estão introduzindo participação n<strong>os</strong> lucr<strong>os</strong> e pagamento por produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Pergunta 07<br />
Quando perguntad<strong>os</strong> se as máquinas que são utiliza<strong>da</strong>s para a produção são<br />
suficientes para a execução do trabalho, 55,76% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes marcaram que sim,<br />
15,76% disseram que não, 24,85% <strong>da</strong>s pessoas afirmaram que as máquinas dão <strong>de</strong>feito ou<br />
quebram muito e 3,64% <strong>da</strong>s pessoas pesquisa<strong>da</strong>s, não respon<strong>de</strong>ram à pergunta.<br />
De acordo com Fensterseifer & Gomes apud Fensterseifer (1995), as inovações em<br />
produt<strong>os</strong> advind<strong>os</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong> são consegui<strong>da</strong>s inclusive através <strong>de</strong><br />
equipament<strong>os</strong> eletromecânic<strong>os</strong> <strong>de</strong>senvolvid<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> fabricantes a partir <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong>. Na CZSA, a manutenção <strong>da</strong>s máquinas disponibiliza<strong>da</strong>s em sistema <strong>de</strong> como<strong>da</strong>to<br />
a<strong>os</strong> terceir<strong>os</strong> é feita pela empresa mãe, reduzindo, portanto, o índice <strong>de</strong> quebras ou <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>.<br />
Não obstante, com maquinário que se m<strong>os</strong>trou antigo e <strong>de</strong> certa forma obsoleto<br />
<strong>de</strong>vido ao alto grau <strong>de</strong> exigência do mercado consumidor, alavancado pel<strong>os</strong> nov<strong>os</strong> entrantes<br />
do mercado internacional, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reforma do maquinário que compõe o parque<br />
fabril <strong>da</strong>s facções, a fim <strong>de</strong> que ocorra uma maior flexibilização <strong>da</strong> produção e conseqüente<br />
atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s poli valentes do mercado.<br />
69
Pergunta 08<br />
A pergunta seguinte quis saber se o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pel<strong>os</strong> operári<strong>os</strong> constava<br />
<strong>de</strong> algum manual, ou seja, se estava <strong>de</strong> certa forma explicitado em algum quadro ou<br />
apontamento. 13,33% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes marcaram que sim, 83,03% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
afirmaram que não e 3,64% não respon<strong>de</strong>ram à pergunta.<br />
De acordo com Tachizawa et ali (2001), um d<strong>os</strong> problemas que po<strong>de</strong>m ocorrer no<br />
processo <strong>de</strong> terceirização é o <strong>de</strong>scomprometimento d<strong>os</strong> terceirizad<strong>os</strong> com <strong>os</strong> padrões <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> adotad<strong>os</strong> pela organização. A padronização <strong>de</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho envolve um<br />
estudo apurado <strong>da</strong> arquitetura organizacional <strong>da</strong> empresa, mapeamento <strong>de</strong> process<strong>os</strong> e<br />
fluxogramação d<strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>, como forma <strong>de</strong> garantir a padronização - na percepção <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong> - do produto final.<br />
A não manualização <strong>de</strong> rotinas <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> levar a uma idéia <strong>de</strong> que as coisas<br />
po<strong>de</strong>m ser resolvi<strong>da</strong>s através do "jeitinho brasileiro" que, no enten<strong>de</strong>r <strong>da</strong> pesquisadora<br />
Lívia Barb<strong>os</strong>a (1992), seria uma maneira especial <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com situações imprevistas e até<br />
mesmo <strong>de</strong> resolver alguma coisa urgente e importante ao mesmo tempo.<br />
Pergunta 09<br />
Os operári<strong>os</strong> participantes <strong>da</strong> pesquisa respon<strong>de</strong>ram se quando saem <strong>de</strong> férias ou<br />
faltam por doença, são substituíd<strong>os</strong> na execução <strong>de</strong> seu trabalho por outr<strong>os</strong> companheir<strong>os</strong>.<br />
81,82% d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>u que sim, 3,64% que não são substituíd<strong>os</strong>, 13,33% d<strong>os</strong><br />
trabalhadores são substituíd<strong>os</strong> com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> e 1,21 % d<strong>os</strong> operári<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa<br />
não respon<strong>de</strong>ram.<br />
O rodízio <strong>de</strong> tarefas, abor<strong>da</strong>do nesta questão e na questão <strong>de</strong> número 10 é<br />
fun<strong>da</strong>mental para a mu<strong>da</strong>nça do paradigma industrial para o pós-industrial que <strong>de</strong> acordo<br />
com Tachizawa et ali (2001), migrou <strong>da</strong> realização <strong>de</strong> uma única tarefa para um regime <strong>de</strong><br />
múltiplas tarefas, <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> especialização <strong>de</strong> tarefas para a eliminação<br />
<strong>da</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> tarefas.<br />
Pergunta 10<br />
Completando a pergunta <strong>de</strong> número nove, questionou-se a<strong>os</strong> trabalhadores <strong>da</strong><br />
am<strong>os</strong>tra se havia, em seu setor, rodízio <strong>de</strong> tarefas. 51,52% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes afirmaram que<br />
70
sim, 22,42% disseram que não, 24,24% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes afirmaram que algumas vezes<br />
fazem rodízio <strong>de</strong> tarefas e 1,82% d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>u à pergunta.<br />
Continuando o raciocínio iniciado no comentário <strong>da</strong> pergunta anterior, o advento <strong>de</strong><br />
equipes multifuncionais para o estudo e elaboração <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s rotinas <strong>de</strong> produção,<br />
ou problemas <strong>de</strong> flexibilização <strong>de</strong> process<strong>os</strong> necessári<strong>os</strong> ao atendimento particular <strong>da</strong><br />
manufatura <strong>de</strong> algum produto, po<strong>de</strong> proporcionar uma visão amplia<strong>da</strong> do processo<br />
industrial por parte d<strong>os</strong> componentes <strong>de</strong>stas equipes, po<strong>de</strong>ndo <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> atuar como<br />
multiplicadores junto a<strong>os</strong> <strong>de</strong>mais funcionári<strong>os</strong>.<br />
Pergunta 11<br />
"Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executa?" Com relação a<br />
esta pergunta, 69,09% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes disse que sim, 13,33% afirmaram que não, 13,94%<br />
d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> confirmaram que algumas vezes há padronização e 3,64% d<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> não respon<strong>de</strong>u à pergunta.<br />
O padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial é fun<strong>da</strong>mental para o controle <strong>de</strong> cust<strong>os</strong> <strong>de</strong><br />
elaboração <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado produto. Porém a aferição <strong>de</strong>ste padrão na <strong>indústria</strong><br />
<strong>calçadista</strong> é precária, levando em consi<strong>de</strong>ração ain<strong>da</strong> o fato <strong>de</strong> que a produção não é puxa<strong>da</strong><br />
e sim empurra<strong>da</strong>. O acúmulo ou não <strong>de</strong> estoques <strong>de</strong> cicl<strong>os</strong>, <strong>de</strong> matéria-prima em<br />
transformação ou estoques <strong>de</strong> produto final <strong>de</strong>ve-se à habili<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong><br />
planejamento e controle <strong>da</strong> produção.<br />
Por sua vez, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> documentação existente na <strong>indústria</strong><br />
<strong>calçadista</strong>, nota<strong>da</strong>mente na <strong>indústria</strong> do calçado <strong>de</strong> couro, restringe-se <strong>de</strong> acordo com<br />
Zawislak apud Fensterseifer (1995) a<strong>os</strong> arquiv<strong>os</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong>, fOrmas e fichas-técnicas,<br />
como documentação <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem, além <strong>de</strong> balanceamento <strong>da</strong> produção (plano mestre),<br />
fichas <strong>de</strong> produção, layouts e or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> serviço como documentação do PCP.<br />
Assim, <strong>os</strong> métod<strong>os</strong> <strong>de</strong> produção envolvendo to<strong>da</strong> a sua técnica e instruções <strong>de</strong><br />
fabricação são totalmente ausentes, existindo no conhecimento tácito d<strong>os</strong> operadores, fato<br />
este que em nenhum momento auxilia o processo <strong>de</strong> padronização <strong>da</strong> produção. Não existe,<br />
portanto, a busca do one best wcry, sendo o trabalhador mestre absoluto do know how <strong>de</strong><br />
produção.<br />
71
Pergunta 12<br />
Encaminhando-se o questionário para a sua conclusão, perguntou-se a<strong>os</strong><br />
respon<strong>de</strong>ntes se a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do que eles produziam era supervisiona<strong>da</strong> com freqüência.<br />
58,18% d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> am<strong>os</strong>tra respon<strong>de</strong>ram que sim, 12,73% afirmaram que não,<br />
26,06% <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s disseram que algumas vezes há supervisão e 3,03% não<br />
respon<strong>de</strong>ram à pergunta.<br />
Cabe, nesta pergunta, uma consi<strong>de</strong>ração que surgirá a partir <strong>de</strong> um outro<br />
questionamento: <strong>de</strong> que forma <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>de</strong> chão-<strong>de</strong>-fábrica são supervisionad<strong>os</strong> nas<br />
facções <strong>da</strong> CZSA? Conforme vim<strong>os</strong> nas observações <strong>da</strong> pergunta <strong>de</strong> número 10 e nas<br />
conclusões <strong>de</strong> perguntas anteriores, inexistem procediment<strong>os</strong> escrit<strong>os</strong> sobre o modus<br />
operandi produtivo, rotinização <strong>de</strong> tarefas e process<strong>os</strong>, prevalecendo a percepção tácita do<br />
gerente e <strong>de</strong> seu subordinado sobre o que é quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto final.<br />
Uma <strong>da</strong>s conclusões <strong>da</strong> experiência <strong>de</strong> Hawthorne, conduzi<strong>da</strong> por Elton Mayo, diz<br />
respeito à supervisão rígi<strong>da</strong>, sendo que a partir <strong>de</strong> pesquisas sobre o grupo informal na<br />
empresa, constatou-se que este tipo <strong>de</strong> supervisão levava na maioria <strong>da</strong>s vezes à<br />
humilhação do funcionário. Como já foi dito anteriormente, há um certo bloqueio na<br />
relação entre capatazes e operári<strong>os</strong> nas facções <strong>da</strong> CZSA; portanto, realmente há<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> treinamento <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança para que p<strong>os</strong>sa haver uma supervisão eficiente,<br />
mas sobretudo eficaz e que traga harmonia ao chão-<strong>de</strong>-fábrica.<br />
Pergunta 13<br />
A penúltima pergunta do questionário incita <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> am<strong>os</strong>tra a<br />
respon<strong>de</strong>rem se, quando alguém lhes pe<strong>de</strong> para realizar alguma tarefa, as instruções <strong>de</strong><br />
como fazer o serviço são passa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma clara. 60,00% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes marcaram que<br />
sim, 6,67% afirmaram que não, 30,30% d<strong>os</strong> entrevistad<strong>os</strong> constataram que mais ou men<strong>os</strong> e<br />
3,03% <strong>da</strong>s pessoas não respon<strong>de</strong>ram.<br />
Cabe novamente uma observação sobre o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> <strong>de</strong>tenção do conhecimento tácito<br />
do processo produtivo pel<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> CZSA. Mesmo que instruções sejam passa<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> forma clara e que as resp<strong>os</strong>tas a estas instruções sejam quase que just in time, as<br />
resoluções sobre operações manuais <strong>de</strong>ixam no enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Zawislak apud Fensterseifer<br />
72
(1995), <strong>os</strong> trabalhadores com po<strong>de</strong>r sobre o processo produtivo e sobre a resolução <strong>de</strong> seus<br />
problemas.<br />
Como o conhecimento sobre <strong>os</strong> métod<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalho é informal e tácito, não<br />
disponível explicitamente em documentação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> vez men<strong>os</strong> a direção exerce<br />
algum controle sobre o processo produtivo. O know how é consi<strong>de</strong>rado, portanto, uma<br />
garantia d<strong>os</strong> trabalhadores contra a <strong>de</strong>missão, visto que parece haver uma percepção geral<br />
<strong>de</strong> que a sistematização e a explicitação <strong>de</strong>stes conheciment<strong>os</strong> gerariam um custo muito<br />
alto para as empresas com retomo pouco compensador.<br />
Pergunta 14<br />
"Existe sobrecarga <strong>de</strong> trabalho em sua área"? Respon<strong>de</strong>ndo a esta última pergunta,<br />
66,06% d<strong>os</strong> trabalhadores marcaram que sim, 32,12% d<strong>os</strong> respon<strong>de</strong>ntes afirmaram que não,<br />
enquanto que 1,82% <strong>da</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s na am<strong>os</strong>tra não respon<strong>de</strong>u à pergunta.<br />
Ciente <strong>de</strong> que a maior parte <strong>da</strong>s pessoas entrevista<strong>da</strong>s p<strong>os</strong>suía um grau <strong>de</strong><br />
escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> muito baixo, o pesquisador por diversas vezes em numer<strong>os</strong><strong>os</strong> grup<strong>os</strong> explicou<br />
basicamente o que seria sobrecarga <strong>de</strong> trabalho, mesmo sem ter sido questionado sobre o<br />
seu significado. Existem muit<strong>os</strong> pont<strong>os</strong> que po<strong>de</strong>m convergir para este alto índice <strong>de</strong><br />
pessoas que respon<strong>de</strong>ram que sim. Po<strong>de</strong> ser que:<br />
• <strong>os</strong> trabalhadores estivessem ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> com um ritmo <strong>de</strong> trabalho diferente na<br />
antiga produção <strong>da</strong> CZSA, que contava com um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong><br />
lotad<strong>os</strong> em uma mesma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> fabril;<br />
• como a percepção geral é a <strong>de</strong> que as facções remuneram com baix<strong>os</strong> salári<strong>os</strong> (fato<br />
este que, comparado às pesquisas <strong>de</strong> Fensterseifer (1995), ocorre também em outras<br />
<strong>indústria</strong>s <strong>calçadista</strong>s, nota<strong>da</strong>mente no cluster do Vale d<strong>os</strong> Sin<strong>os</strong> - RS), o trabalho<br />
<strong>de</strong>senvolvido toma-se mal recompensado, em vista d<strong>os</strong> magr<strong>os</strong> honorári<strong>os</strong><br />
percebid<strong>os</strong> ao final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mês;<br />
• como a produção é <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> com base em conheciment<strong>os</strong> empíric<strong>os</strong>, em que se<br />
sobressai a expertise <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> funcionário, não há um padrão formal <strong>de</strong> produção,<br />
reconhecido tanto por supervisores quanto por funcionári<strong>os</strong>, inviabilizando assim a<br />
noção <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> certa <strong>de</strong> tarefas e process<strong>os</strong>, ou mesmo <strong>de</strong> homem-hora<br />
trabalhado por funcionário.<br />
73
4.2.6.4.3 Tabulação <strong>da</strong> pesquisa com funcionári<strong>os</strong> <strong>de</strong> empresas terceiriza<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A.<br />
Técnica Estatística: Estatística Descritiva.<br />
Programas Computacionais Utilizad<strong>os</strong>: Micr<strong>os</strong>oft Word e SPSS 11.0.<br />
Neste trabalho foi realiza<strong>da</strong> a tabulação d<strong>os</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> <strong>da</strong> pesquisa envolvendo 165<br />
funcionári<strong>os</strong> <strong>de</strong> três empresas terceiriza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A. (CZSA), assim<br />
distribuíd<strong>os</strong>: 54 funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> Aviabrás, 52 funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong> Maridith e 59 funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong><br />
Vestige.<br />
1. Tabulação simples<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 1. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 1 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Você já trabalhou com o que faz hoje?<br />
Número <strong>de</strong><br />
fllilcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 22 40,7<br />
Não 18 33,3<br />
Trabalhei em outras tarefas 6 11,1<br />
Total 46 85,2<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
8 14,8<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
Você já trabalhou com o que faz hoje?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 24 46,2<br />
Não 17 32,7<br />
Trabalhei em outras tarefas 4 7,7<br />
Total 45 86,5<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
7 13,5<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
% váli<strong>da</strong><br />
47,8<br />
39,1<br />
13,0<br />
100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
53,3<br />
37,8<br />
8,9<br />
100,0<br />
74
Bloco <strong>de</strong> tabelas 3. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 3 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o seu trabalho'!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 25 46,3 50,0<br />
Não 7 13,0 14,0<br />
Algumas vezes 18 33,3 36,0<br />
Total 50 92,6 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
4 7,4<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a <strong>de</strong>fmir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o seu trabalho!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 21 40,4 43,8<br />
Não 11 21,2 22,9<br />
Algumas vezes 16 30,8 33,3<br />
Total 48 92,3 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
4 7,7<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o seu trabalho'!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 27 45,8 48,2<br />
Não 14 23,7 25,0<br />
Algumas vezes 15 25,4 26,8<br />
Total 56 94,9 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
3 5,1<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
As empresas apresentam percentuais muito próxim<strong>os</strong> com relação ao questionamento do<br />
funcionário aju<strong>da</strong>r a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o trabalho.<br />
77
Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o seu trabalho?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 73 44,2 47,4<br />
Não 32 19,4 20,8<br />
Algumas vezes 49 29,7 31,8<br />
Total 154 93,3 100,0<br />
Sem informação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
11 6,7<br />
Total 165 100,0<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 4. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 4 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Você foi treinado para fazer o seu trabalho?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 32 59,3<br />
Não 15 27,8<br />
Algumas vezes 7 13,0<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
Você foi treinado para fazer o seu trabalho?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 33 63,5<br />
Não 16 30,8<br />
Algumas vezes 3 5,8<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
78
Bloco <strong>de</strong> tabelas 5. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 5 - A viabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Com que freqüência você recebe treinamento <strong>da</strong> empresa!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Muita freqüência 5 9,3 9,8<br />
Nunca 26 48,1 51,0<br />
Algumas vezes 20 37,0 39,2<br />
Total 51 94,4 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
3 5,6<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
Com que freqüência você recebe treinamento <strong>da</strong> empresa!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Muita freqüência 7 13,5 14,3<br />
Nunca 27 51,9 55,1<br />
Algumas vezes 15 28,8 30,6<br />
Total 49 94,2 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
3 5,8<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
Com que freqüência você recebe treinamento <strong>da</strong> empresa!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Muita freqüência 6 10,2 10,5<br />
Nunca 28 47,5 49,1<br />
Algumas vezes 23 39,0 40,4<br />
Total 57 96,6 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,4<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
80
Você acha que seu trabalho po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> outra maneira!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 15 25,4 27,3<br />
Não 31 52,5 56,4<br />
Tenho idéias que g<strong>os</strong>taria<br />
<strong>de</strong> testar<br />
9 15,3 16,4<br />
Total 55 93,2 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
4 6,8<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
As percentagens <strong>de</strong> resp<strong>os</strong>tas "Sim" entre as empresas foram divergentes, a mator<br />
percentagem ocorreu na empresa Maridith.<br />
Você acha que seu trabalho po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> outra maneira?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 43 26,1 28,5<br />
Não 87 52,7 57,6<br />
Tenho idéias que g<strong>os</strong>taria<br />
<strong>de</strong> testar<br />
21 l2,7 13,9<br />
Total 151 91,5 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
14 8,5<br />
Total 165 100,0<br />
82
o que \'ocê faz está escrito em algum manual?'<br />
Número <strong>de</strong><br />
fWlcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 5 8,5<br />
Não 49 83,1<br />
Total 54 91,5<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
5 8,5<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
o que você faz está escrito em algum manual?<br />
Número <strong>de</strong><br />
fWlcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 19 11,5<br />
Não 139 84,2<br />
Total 158 95,8<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
7 4,2<br />
Total 165 100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
9,3<br />
90,7<br />
100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
12,0<br />
88,0<br />
100,0<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 9. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 9 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Quando você sai <strong>de</strong> férias ou falta por doença, leu trabalho é feito por um<br />
outro companheiro?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 39 72,2 75,0<br />
Não 2 3,7 3,8<br />
Com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> 11 20,4 21,2<br />
Total 52 96,3 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,7<br />
Total 54 100,0<br />
3. Empresa = Aviabrás<br />
85
Você e seus companheir<strong>os</strong> <strong>de</strong> setor fazem rodízio <strong>de</strong> tarefas?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 86 52,1 53,8<br />
Não 34 20,6 21,3<br />
Algumas vezes 40 24,2 25,0<br />
Total 160 97,0 100,0<br />
Sem informação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
5 3,0<br />
Total 165 100,0<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 11. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 11 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executá'!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 37 68,5 74,0<br />
Não 5 9,3 10,0<br />
Algumas vezes 8 14,8 16,0<br />
Total 50 92,6 100,0<br />
Sem informação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
4 7,4<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executa"!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 36 69,2 72,0<br />
Não 8 15,4 16,0<br />
Algumas vezes 6 11,5 12,0<br />
Total 50 96,2 100,0<br />
Sem informação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,8<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
88
Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executlf!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 41 69,5 70,7<br />
Não 7 11,9 12,1<br />
Algumas vezes 10 16,9 17,2<br />
Total 58 98,3 100,0<br />
Sem infonnação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
1 1,7<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executa?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 114 69,1 72,2<br />
Não 20 12,1 12,7<br />
Algumas vezes 24 14,5 15,2<br />
Total 158 95,8 100,0<br />
Sem infonnação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
7 4,2<br />
Total 165 100,0<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 12. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 12 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do que você produz é supervisiona<strong>da</strong> com freqüênciaf!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 23 42,6 44,2<br />
Não 6 11,1 11,5<br />
Algumas vezes 23 42,6 44,2<br />
Total 52 96,3 100,0<br />
Sem infonnação/Resp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,7<br />
Total 54 100,0<br />
a. Empresa = Aviabrás<br />
89
Quando alguém lhe pe<strong>de</strong> para realizar alguma tarefa, as instruções <strong>de</strong> como<br />
fazer o serviço são passa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma clara?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % % váli<strong>da</strong><br />
Sim 100 60,6 62,9<br />
Não 10 6,1 6,3<br />
Mais ou men<strong>os</strong> 49 29,7 30,8<br />
Total 159 96,4 100,0<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
6 3,6<br />
Total 165 100,0<br />
Bloco <strong>de</strong> tabelas 14. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 14 - Aviabrás,<br />
Maridith, Vestige e geral.<br />
Sim<br />
Número<br />
lUncton:h lo %<br />
Não 14 25,9<br />
Total 53 98,1<br />
Sem<br />
inválid<br />
1 1,9<br />
Total 54 100,0<br />
Existe sobrecarga <strong>de</strong> trabalho em sua área!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 30 57,7<br />
Não 20 38,5<br />
Total 50 96,2<br />
Sem informaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,8<br />
Total 52 100,0<br />
a. Empresa = Maridith<br />
';0<br />
26,4<br />
100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
60,0<br />
40,0<br />
100,0<br />
92
Existe sobrecarga <strong>de</strong> trabalho em sua área!<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 37 62,7<br />
Não 20 33,9<br />
Total 57 96,6<br />
Sem infonnaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
2 3,4<br />
Total 59 100,0<br />
a. Empresa = Vestige<br />
Existe sobrecarga <strong>de</strong> trabalho em sua área?<br />
Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> %<br />
Sim 106 64,2<br />
Não 54 32,7<br />
Total 160 97,0<br />
Sem infonnaçãolResp<strong>os</strong>ta<br />
inváli<strong>da</strong><br />
5 3,0<br />
Total 165 100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
64,9<br />
35,1<br />
100,0<br />
% váli<strong>da</strong><br />
66,3<br />
33,8<br />
100,0<br />
93
2. Tabulação cruza<strong>da</strong><br />
Tabela 1. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 3<br />
<strong>de</strong> acordo com a pergunta 2.<br />
Qual o seu grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
Primário Ensino médio Curso superior<br />
Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % funcionári<strong>os</strong> % funcionári<strong>os</strong><br />
Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a Sim 35 49,3 36 45,0<br />
<strong>de</strong>finir a melhor<br />
maneira <strong>de</strong> fazer o seu<br />
trabalho?<br />
Não<br />
Algumas<br />
vezes<br />
18<br />
18<br />
25,4<br />
25,4<br />
13<br />
31<br />
16,3<br />
38,8<br />
Total 71 100,0 80 100,0<br />
Tabela 2. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 4<br />
<strong>de</strong> acordo com a pergunta 2.<br />
Qual o seu grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
Primário Ensino médio Curso superior<br />
Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong><br />
firncionári<strong>os</strong> % firncionári<strong>os</strong> % firncionári<strong>os</strong><br />
Você foi Sim 48 63,2 53 63,9<br />
treinado para<br />
tàzer o seu<br />
trabalho?<br />
Não<br />
Algumas<br />
vezes<br />
22<br />
6<br />
28,9<br />
7,9<br />
22<br />
8<br />
26,5<br />
9,6<br />
Total<br />
76 100,0 83 100,0<br />
Tabela 3. Número <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> e percentagens <strong>da</strong> pergunta 5<br />
<strong>de</strong> acordo com a pergunta 2.<br />
Qual o seu grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
Primário Ensino médio Curso superior<br />
Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> % funcionári<strong>os</strong> % funcionári<strong>os</strong> %<br />
Com que<br />
treqüência<br />
Muita<br />
freqüência<br />
11 15,3 4 4,9 100,0<br />
você recebe<br />
treinamento <strong>da</strong><br />
empresa?<br />
Nunca<br />
Algumas<br />
vezes<br />
36<br />
25<br />
50,0<br />
34,7<br />
44<br />
33<br />
54,3<br />
40,7<br />
Total 72 100,0 81 100,0 100,0<br />
%<br />
100,0<br />
100,0<br />
%<br />
100,0<br />
100,0<br />
94
4.2.7 Expedição<br />
o trabalho <strong>da</strong> expedição começa no momento em que as facções autorizam o plano<br />
para faturamento. Autorizado o faturamento, elabora-se o plano <strong>de</strong> fechamento, é feita a<br />
nota fiscal e combinado o frete com a transportadora. A mercadoria é trazi<strong>da</strong> para o<br />
<strong>de</strong>pósito central <strong>da</strong> Zapata, on<strong>de</strong> em um mesmo dia é feita a coleta para a viagem. Se nestes<br />
pedid<strong>os</strong> houver algum cliente com pagamento à vista, esta mercadoria fica n<strong>os</strong> corredores<br />
do armazém para que p<strong>os</strong>teriormente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> efetuado o referido <strong>de</strong>pósito, autorizado<br />
pela administração financeira em Belo Horizonte, p<strong>os</strong>sa ser liberado ao cliente.<br />
As mercadorias para exportação seguem a mesma característica, ou seja, to<strong>da</strong>s as<br />
mercadorias com pagamento à vista, são reti<strong>da</strong>s, aguar<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong>pósito do cliente para que<br />
p<strong>os</strong>teriormente sejam remeti<strong>da</strong>s, assim aumentando a segurança <strong>da</strong> operação.<br />
Quando uma mercadoria é produzi<strong>da</strong> e tem o seu pedido cancelado pelo cliente no<br />
ato <strong>da</strong> entrega, esta mercadoria retoma à empresa, é <strong>da</strong><strong>da</strong> baixa no pedido, entrando,<br />
portanto, para estoque e futuro aproveitamento <strong>da</strong> produção em épocas sazonais. Há o<br />
controle feito pela expedição quanto ao faturamento, controle d<strong>os</strong> fretes agregad<strong>os</strong> às<br />
transportadoras e controle do estoque que é feito com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mercadorias.<br />
Também são recebi<strong>da</strong>s, por este setor, to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>voluções provenientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>.<br />
Estas <strong>de</strong>voluções são avalia<strong>da</strong>s pelo setor responsável pelo controle <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para que,<br />
em um curto espaço <strong>de</strong> tempo, p<strong>os</strong>sam ser rep<strong>os</strong>t<strong>os</strong> ao comprador <strong>os</strong> calçad<strong>os</strong> <strong>de</strong>feitu<strong>os</strong><strong>os</strong>,<br />
ou que não aten<strong>de</strong>ram à expectativa do cliente.<br />
A expedição trabalha em conjunto com a área <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, e com o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />
faturamento, que se localiza ao lado <strong>da</strong> expedição e com a produção, para que o<br />
<strong>de</strong>sempenho e grau <strong>de</strong> satisfação do cliente final sejam atingid<strong>os</strong>.<br />
4.2.8 Ven<strong>da</strong>s<br />
No ano 2001, as exportações representaram 3,5% <strong>da</strong> receita total <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>.<br />
Foram exportad<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> principalmente para a América do Sul, Antilhas, Portugal, Ilhas<br />
Canárias, Oriente Médio e, esporadicamente, para <strong>os</strong> EEUU. Para o ano <strong>de</strong> 2002, a empresa<br />
tem um programa <strong>de</strong> participação em feiras internacionais como exp<strong>os</strong>itora, fato este que<br />
99
<strong>de</strong>verá <strong>da</strong>r início a um processo <strong>de</strong> alavancagem <strong>da</strong>s exportações. A meta para <strong>os</strong> próxim<strong>os</strong><br />
cinco an<strong>os</strong> é colocar no mercado externo três vezes mais do que é exportado atualmente, ou<br />
seja, <strong>de</strong> US$ 300.000 para US$ 1.000.000.<br />
Em 2002, a CZSA já tem assegura<strong>da</strong> participação em uma feira no México<br />
(Couromo<strong>da</strong> México), uma feira n<strong>os</strong> Emirad<strong>os</strong> Árabes e está em fase <strong>de</strong> negociação a<br />
participação nas duas edições (março e setembro) <strong>da</strong> maior feira <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong> do mundo em<br />
Dusseldorf, na Alemanha, principalmente com sandálias masculinas <strong>de</strong> couro em cuja<br />
produção a Zapata já tem know-how acumulado.<br />
O crescimento <strong>da</strong> área <strong>de</strong> varejo <strong>da</strong> CZSA se InICIOU na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, com a<br />
expansão <strong>da</strong>s lojas multi marcas, que saíram <strong>de</strong> Belo Horizonte em direção à Ipatinga, n<strong>os</strong><br />
principais municípi<strong>os</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais e n<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> an<strong>os</strong> já no estad<strong>os</strong> do Espírito Santo e<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro. Neste processo, a Zapata conta com 41 lojas e tem um programa <strong>de</strong><br />
expansão que visa dobrar este número n<strong>os</strong> próxim<strong>os</strong> cinco an<strong>os</strong>, sendo que estão sendo<br />
abertas em média oito a <strong>de</strong>z lojas por ano.<br />
4.2.9 Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Uma <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> se aferir a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto na Calçad<strong>os</strong> Zapata é pela<br />
<strong>de</strong>volução <strong>de</strong> mercadorias com <strong>de</strong>feito ou que não aten<strong>da</strong>m a<strong>os</strong> padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />
mercado consumidor. O padrão internacional com relação a <strong>de</strong>voluções por <strong>de</strong>feito é <strong>de</strong><br />
2%. Na CZSA este índice nunca ultrapassa 0,5%, estando bem abaixo d<strong>os</strong> padrões<br />
toleráveis internacionalmente. Nas mercadorias exporta<strong>da</strong>s, a Zapata nunca recebeu<br />
<strong>de</strong>volução <strong>de</strong> mercadorias.<br />
No ano <strong>de</strong> 2001, a Zapata obteve uma <strong>de</strong>volução correspon<strong>de</strong>nte a 0,09% <strong>da</strong>s<br />
ven<strong>da</strong>s, sendo que a maior parte <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>voluções, ou seja, 0,06%, <strong>de</strong>veu-se à<br />
inadimplência <strong>de</strong> clientes, restando, então, para <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> mercadorias por falhas na<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, um índice abaixo <strong>de</strong> 0,5%, ou seja, por volta <strong>de</strong> 0,03%; este foi o melhor ano em<br />
term<strong>os</strong> <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>voJução <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>.<br />
100
5. CONCLUSÃO<br />
A dissertação procurou m<strong>os</strong>trar que na Calçad<strong>os</strong> Zapata S.A., particularmente em<br />
sua função produção, não há como a gerência estabelecer que seus <strong>da</strong>d<strong>os</strong> disponíveis<br />
através d<strong>os</strong> relatóri<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>voluções (por <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>, <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> por clientes e <strong>de</strong>feit<strong>os</strong> por<br />
estrutura <strong>de</strong> produção) indicam que não há <strong>de</strong>volução porque não há <strong>de</strong>feit<strong>os</strong>, visto ocorrer<br />
uma precarização nas fábricas terceiriza<strong>da</strong>s, não padroniza<strong>da</strong>s e on<strong>de</strong> não há um ambiente<br />
propício para a implantação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo esta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> uma percepção<br />
intrinsecamente liga<strong>da</strong> à questão <strong>da</strong> padronização d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> produtiv<strong>os</strong>.<br />
Na visão <strong>de</strong> Tachizawa et ali (2001), o processo <strong>de</strong> terceirização (outsourcing) é<br />
um sinal <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> organização d<strong>os</strong> nov<strong>os</strong> temp<strong>os</strong>, exigindo do gestor a interação com<br />
uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s externas na forma <strong>de</strong> parcerias e alianças. Porém há disfunções graves neste<br />
sistema:<br />
101<br />
Algumas organizações têm utilizado a terceirização apenas como<br />
forma <strong>de</strong> reduzir <strong>os</strong> encarg<strong>os</strong> trabalhistas. Assim, <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>m <strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> <strong>de</strong> alguns setores, fazendo com que eles criem uma<br />
empresa apenas para serem recontratad<strong>os</strong> sem víncul<strong>os</strong><br />
trabalhistas. Quando isso ocorre e a nova empresa tem como único<br />
cliente a organização que "estimulou" seu surgimento, continuando<br />
<strong>os</strong> empregad<strong>os</strong> a trabalhar no espaço fisico <strong>da</strong> contratante e a<br />
utilizar seus móveis e equipament<strong>os</strong>, estão cria<strong>da</strong>s as condições<br />
para futur<strong>os</strong> process<strong>os</strong> trabalhistas (T ACHIZA W A et ali, 2001:<br />
32).<br />
Retomando a questão <strong>da</strong> leitura d<strong>os</strong> indicadores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, torna-se imp<strong>os</strong>sível a<br />
não existência <strong>de</strong> err<strong>os</strong> por falta <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> padroniza<strong>da</strong> pela <strong>indústria</strong>, po<strong>de</strong>ndo <strong>os</strong><br />
indicadores que aferem a <strong>de</strong>volução estar incomplet<strong>os</strong> ou <strong>de</strong>feitu<strong>os</strong><strong>os</strong>.<br />
Indicadores ina<strong>de</strong>quad<strong>os</strong> tornam-se uma fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> em qualquer tipo <strong>de</strong><br />
organização seja ela comercial ou industrial, provocando uma análise incompleta. Os<br />
indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução <strong>da</strong> CZSA, por outro lado, na<strong>da</strong> informam a respeito <strong>da</strong><br />
expectativa d<strong>os</strong> clientes sobre seu produto, limitando-se a informar <strong>da</strong>d<strong>os</strong> sobre ocorrências
p<strong>os</strong>teriores. Devoluções por falta <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> pel<strong>os</strong> clientes, além <strong>de</strong> onerar<br />
financeiramente a empresa, <strong>de</strong>sfavorecem a emissão <strong>de</strong> nov<strong>os</strong> pedid<strong>os</strong> e estimulam a<br />
rejeição do mercado consumidor pela colocação <strong>de</strong>stes produt<strong>os</strong> no mercado.<br />
Da mesma forma, através <strong>da</strong>s resp<strong>os</strong>tas colhi<strong>da</strong>s n<strong>os</strong> questionári<strong>os</strong>, apesar do uso <strong>de</strong><br />
mão-<strong>de</strong>-obra intensiva na produção <strong>calçadista</strong>, percebe-se uma certa <strong>de</strong>scrença d<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong> <strong>da</strong>s empresas terceiriza<strong>da</strong>s quanto ao futuro <strong>da</strong> Zapata. Um d<strong>os</strong> comentári<strong>os</strong><br />
correntes é <strong>de</strong> que o patriarca <strong>da</strong> empresa solicitou, em seus últim<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, que<br />
não se fechasse a fábrica <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>, por ser sua criação e motivo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong>. Outro<br />
comentário dá conta <strong>de</strong> que, pouco antes <strong>de</strong> se afastar <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o fun<strong>da</strong>dor havia<br />
confi<strong>de</strong>nciado a<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> que tinha dúvi<strong>da</strong>s sobre a pereni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>, cUJa<br />
administração passaria para as mã<strong>os</strong> <strong>de</strong> outr<strong>os</strong> membr<strong>os</strong> <strong>da</strong> família.<br />
Estes comentári<strong>os</strong> evi<strong>de</strong>nciam o adágio <strong>de</strong> que "A empresa antigamente era como<br />
uma gran<strong>de</strong> família" e que, na visão <strong>de</strong> Fleury apud Fleury & Fischer (1996), po<strong>de</strong> ser<br />
reinterpreta<strong>da</strong>:<br />
102<br />
A imagem <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> família é freqüentemente utiliza<strong>da</strong> pelas<br />
organizações para reforçar o clima <strong>de</strong> camara<strong>da</strong>gem e confiança<br />
que se preten<strong>de</strong> e o comprometimento <strong>da</strong>s pessoas com <strong>os</strong><br />
objetiv<strong>os</strong> organizacionais. Na "gran<strong>de</strong> família" <strong>da</strong> empresa, o<br />
conflito entre capital e trabalho é substituído pela cooperação<br />
(cooperação esta pontua<strong>da</strong> por algumas situações <strong>de</strong> conflito<br />
interpessoal) (FLEURY apud FLEURY & FISCHER, 1996:122).<br />
Por outro lado, gerentes do grupo se limitam a afirmar que a administração<br />
paternalista promovi<strong>da</strong> em épocas passa<strong>da</strong>s chegou ao fim e que a Zapata trabalha<br />
atualmente em um processo <strong>de</strong> administração profissional. Mesmo com esta visão <strong>de</strong><br />
administração profissional, não há incentivo ao treinamento d<strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> faccionad<strong>os</strong>,<br />
inclusive através <strong>da</strong> pesquisa, quando foi feita uma tabulação cruza<strong>da</strong> entre as perguntas<br />
"você já foi treinado para fazer seu trabalho" e "frequência <strong>de</strong> treinamento d<strong>os</strong><br />
funcionári<strong>os</strong>", po<strong>de</strong>-se perceber que além <strong>de</strong> não haver treinamento no ingresso do<br />
funcionário, também não há treinament<strong>os</strong> periódic<strong>os</strong>, o que na visão <strong>de</strong> Roesch apud<br />
Fensterseifer, em sua pesquisa sobre o pólo <strong>calçadista</strong> gaúcho, po<strong>de</strong> se constituir em um<br />
equívoco:
103<br />
o treinamento oferece as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem que são<br />
essenciais ao avanço no sistema. Por isso, é necessário criar um<br />
plano <strong>de</strong> treinamento bastante sólido, compreen<strong>de</strong>ndo a<br />
programação d<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> específic<strong>os</strong>, a i<strong>de</strong>ntificação d<strong>os</strong><br />
encarregad<strong>os</strong> pelo treinamento e as condições previstas para o<br />
treinamento, se, por exemplo, será oferecido fora ou durante o<br />
horário <strong>de</strong> trabalho (ROESCH apud FENSTERSEIFER, 1995:<br />
301).<br />
Percebe-se então um claro embate entre o antigo e o inovador. Este conflito que se<br />
observa na CZSA po<strong>de</strong> perfeitamente estar se multiplicado em milhares <strong>de</strong> pequenas,<br />
médias e gran<strong>de</strong>s empresas brasileiras, nota<strong>da</strong>mente naquelas pertencentes ao pólo <strong>de</strong><br />
produção <strong>calçadista</strong>. Passado e presente se unem em uma mesma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Lado a lado,<br />
convivem a alta tecnologia em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projet<strong>os</strong> <strong>de</strong> nov<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>l<strong>os</strong> <strong>de</strong> calçad<strong>os</strong>,<br />
através do uso do CAD, e antig<strong>os</strong> artesã<strong>os</strong> responsáveis pelo acabamento d<strong>os</strong> pares <strong>de</strong><br />
calçad<strong>os</strong>, acabamento este feito pacientemente uni<strong>da</strong><strong>de</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do produto.<br />
Também por meio <strong>da</strong>s resp<strong>os</strong>tas do questionário elaborado para fins <strong>de</strong>sta pesquisa,<br />
observa-se que houve uma ruptura entre <strong>os</strong> funcionári<strong>os</strong> dissi<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong> antiga linha <strong>de</strong><br />
produção <strong>da</strong> Zapata e <strong>da</strong> atual linha terceiriza<strong>da</strong>. Já que, <strong>de</strong> certa forma, há como<br />
estabelecer que uma parte do conhecimento tácito não foi migra<strong>da</strong> para as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
terceiriza<strong>da</strong>s, constatou-se que, com o passar do tempo, o modus operandi <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />
trabalho artesanal tem uma forte tendência a ser proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong> pouc<strong>os</strong> a<br />
<strong>de</strong>speito <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> aprendizado por muit<strong>os</strong>. Conforme já foi mencionado<br />
anteriormente, como o estado <strong>de</strong> Minas Gerais não se sobressai como um cluster nacional<br />
<strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>calçadista</strong>, não há interesse maior no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> curs<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> e<br />
treinamento intensivo ou extensivo para este tipo <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra através <strong>de</strong> instituições<br />
como a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral, facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s priva<strong>da</strong>s ou instituições liga<strong>da</strong>s à <strong>indústria</strong> como<br />
a Fe<strong>de</strong>ração <strong>da</strong>s Indústrias do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. Desta forma, somente através <strong>de</strong><br />
iniciativa própria a CZSA teria a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> treinar seu próprio pessoal.<br />
Com a produção terceiriza<strong>da</strong>, cria-se um impasse: quem é responsável pelo<br />
treinamento <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra? A <strong>indústria</strong> tem interesse em certificar-se através <strong>da</strong>s normas<br />
e padrões ISO como uma <strong>indústria</strong> preocupa<strong>da</strong> com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus produt<strong>os</strong>? O<br />
mercado por ela abrangido exige este tipo <strong>de</strong> certificação? Até que ponto há uma percepção
<strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> que a administração <strong>de</strong> seus process<strong>os</strong> po<strong>de</strong> gerar maior valor agregado ao<br />
produto e <strong>de</strong> certa forma contribuir para um aumento nas ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>? Ferramentas<br />
que po<strong>de</strong>riam contribuir com uma maior organização, sistematizando o processo produtivo,<br />
como fluxogramação <strong>de</strong> process<strong>os</strong>, layouf <strong>de</strong> fábrica e equipament<strong>os</strong>, distribuição do<br />
trabalho através <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> QDT, seriam bem vin<strong>da</strong>s ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong> como um todo, a<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> <strong>da</strong> direção geral? Com a migração do planejamento<br />
estratégico <strong>da</strong> empresa, que atualmente converge para a abertura <strong>de</strong> lojas multi-marcas em<br />
divers<strong>os</strong> estad<strong>os</strong> <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, qual seria o interesse d<strong>os</strong> dirigentes <strong>da</strong> Zapata em<br />
concentrar esforç<strong>os</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>? Uma maior ênfase na quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
como processo e como atributo <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> valor para o cliente seria consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como<br />
investimento, ou como um custo adicional ao processo produtivo e <strong>de</strong> fra<strong>de</strong> marketing?<br />
Estes questionament<strong>os</strong> só po<strong>de</strong>rão ser respondid<strong>os</strong> com o passar do tempo. A<br />
própria história <strong>da</strong> gestão <strong>de</strong> empresas é carrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s que, formula<strong>da</strong>s por algumas<br />
teorias, tentaram ser respondi<strong>da</strong>s por teorias novas, que por sua vez, além <strong>de</strong> romper com<br />
alguns paradigmas, geraram seus própri<strong>os</strong> questionament<strong>os</strong>. O trabalho do pesquisador é,<br />
pelo bom uso do referencial teórico e <strong>da</strong> pesquisa competente <strong>de</strong> <strong>da</strong>d<strong>os</strong> primári<strong>os</strong>, fazer<br />
relações entre teoria e prática, objetivando auxiliar o trabalho árduo d<strong>os</strong> administradores <strong>de</strong><br />
empresas frente às inquietações <strong>de</strong> um futuro que ca<strong>da</strong> vez mais se espelha na incerteza e<br />
na contingência.<br />
104
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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107
ANEXOS<br />
TABELAS<br />
Tabela 01 - Brasil: Estad<strong>os</strong> Produtores <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> (31.12.99)<br />
ESTADOS EMPRESAS EMPREGO MEDIA<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul 2.119 107.634 51<br />
São Paulo 1.899 41.066 22<br />
Ceará 162 20.984 130<br />
Minas Gerais 1.166 13.743 12<br />
Paraíba 85 7.701 91<br />
Bahia 71 4.965 70<br />
Santa Catarina 226 3.218 14<br />
Pernambuco 32 2.310 72<br />
Espírito Santo 37 1.433 39<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do 15 1.301 87<br />
Norte<br />
Paraná 159 1.163 7<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro 88 1.036 12<br />
Goiás 112 755 7<br />
Sergipe 9 710 79<br />
Mato Gr<strong>os</strong>so do 22 199 9<br />
Sul<br />
Piauí 10 105 11<br />
Alagoas 5 74 15<br />
Pará 6 40 7<br />
Mato Gr<strong>os</strong>so 16 35 2<br />
Maranhão 3 19 6<br />
OUTROS 11 19 2<br />
TOTAIS 6.253 208.510 33<br />
Fonte: Mtb - RAIS (prelImmar).<br />
EMPREGO<br />
POR EMPRESA<br />
108<br />
% EMPREGO<br />
POR ESTADO<br />
51,62<br />
19,69<br />
10,06<br />
6,59<br />
3,69<br />
2,38<br />
1,54<br />
1,11<br />
0,69<br />
0,62<br />
0,56<br />
0,50<br />
0,36<br />
0,34<br />
0,10<br />
0,05<br />
0,04<br />
0,02<br />
0,02<br />
0,01<br />
0,01<br />
100,00
Tabela 02 - Mercado Mundial: Principais Produtores, Exportadores e Consumidores em 1999.<br />
PRODUTORES EXPORTADORES CONSUMIDORES<br />
País Milhões <strong>de</strong> País Milhões <strong>de</strong> País Milhões<br />
109<br />
Pares Pares Pares<br />
CHINA 5.930,0 CHINA 3.425,8 CHINA 2.506,5<br />
INDIA 700,0 HONGKONG 969,5 EEUU l.727,4<br />
INDONESIA 507,0 ITALIA 346,7 INDIA 656,6<br />
BRASIL 499,0 VIETNAM 221,2 JAPÃO 557,0<br />
ITALIA 380,9 INDONESIA 217,2 BRASIL 374,5<br />
Fonte: SATRA, Footwear Tecnology Centre, World Footwear Markets, England (slte<br />
ABICALÇADOS).<br />
Tabela 03 - Brasil: Mercado <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> (Abicalçad<strong>os</strong>)<br />
ITEM 2.000 2001 2002 *<br />
PRODUÇÃO (1) (2) 580 610 780<br />
IMPORTAÇÃO (1) (3) 6 6 6<br />
<strong>de</strong>
EXPORTAÇÃO (1) (3) 163 171 230<br />
CONSUMO 423 445 556<br />
AP ARENTE (1)<br />
CONSUMO PER 2,49 2,62 3,27<br />
CAPITA (4)<br />
* Projeção<br />
(1): EM MILHÕES DE PARES<br />
(4): EM PARES<br />
Fonte: (2): ABICALÇADOS (3): MDIC/SECEX - ABICALÇADOS.<br />
Tabela 04 - Exportação Brasileira <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> <strong>de</strong> 2001 até Dezembro (mês a mês)<br />
US$ Pares<br />
Janeiro 130.932.929 14.480.282<br />
Fevereiro 134.214.739 15.715.732<br />
Março 148.495.217 18.658.048<br />
Abril 122.331.745 13.894.525<br />
Maio 131.864.603 13.455.482<br />
Junho 142.565.794 12.223.134<br />
Julho 158.024.921 13.024.456<br />
Ag<strong>os</strong>to 163.670.492 14.814.242<br />
Setembro 121.126.963 12.268.316<br />
Outubro 134.480.106 15.216.261<br />
Novembro 101.755.896 12.683.305<br />
Dezembro: 125.874.626 14.807.984<br />
Ano: 1.615.338.031 171.441.767<br />
Fonte: SECEX / MICT extraído do site <strong>da</strong> ABICALÇADOS.<br />
110
Tabela 05 - Brasil: Exportação <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> por Tipo em 2001<br />
TIPO US$MILHÕES PARES (MILHÕES) %<br />
INJETADOS 11 8 5<br />
PLASTICOS 166 38 22<br />
MONTADOS<br />
CABEDAL COURO 1.380 117 68<br />
CABEDAL TEXTIL 50 6 4<br />
OUTROS 8 1 1<br />
TOTAIS 1.615 171 100<br />
Fonte: MDIC/SECEX (Extraído do site <strong>da</strong> ABICALÇADOS).<br />
Tabela 06 - Relação <strong>da</strong>s Principais Empresas <strong>de</strong> Couro e Calçad<strong>os</strong> no Brasil<br />
ESTADO INDUSTRIA EMPRESA NUMERO DE<br />
Ceará Calçad<strong>os</strong> Gren<strong>de</strong>ne NE 14.500<br />
Bahia e Rio Gran<strong>de</strong> do Calçad<strong>os</strong> Azaléa 13.821<br />
Sul<br />
Ceará Calçad<strong>os</strong> DakotaNE 4.586<br />
Ceará Calçad<strong>os</strong> Vulcabrás 2.240<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> e Curtume Agabê 1.200<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Sân<strong>da</strong>lo 735<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Samello 640<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Fremar 510<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Democrata 499<br />
111<br />
EMPREGADOS
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Free Way 350<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Pé <strong>de</strong> Ferro 214<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Jacometti 198<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Netto 197<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Ferracini 195<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> TWA 110<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Medieval 91<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Galvani 84<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Aluete 72<br />
São Paulo Calçad<strong>os</strong> Opananken 63<br />
Fonte: Sindicato <strong>da</strong> Indústria Calçadista <strong>de</strong> Franca (Andra<strong>de</strong> e Corrêa, 2001).<br />
Tabela 07 - Exportação Brasileira <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> por Estado em 2001<br />
Estado US$ Pares<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Sul 1.316.712.291 121.165.981<br />
São Paulo 133.030.942 17.281.953<br />
112
Ceará 106.419.239 22.220.249<br />
Paraíba 26.613.567 4.278.773<br />
Minas Gerais 11.611.751 2.342.965<br />
Bahia 8.858.328 1.292.913<br />
Santa Catarina 6.674.043 1.280.240<br />
Paraná 1.583.037 184.021<br />
Pernambuco 874.992 569.622<br />
Sergipe 716.471 139.914<br />
Espírito Santo 573.404 143.331<br />
Goiás 545.350 58.818<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro 257.686 53.563<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Norte 167.263 12.768<br />
Acre 80.782 9.010<br />
Rondônia 37.475 3.300<br />
Roraima 21.807 2.707<br />
Mato Gr<strong>os</strong>so do Sul 18.714 3.683<br />
Pará 7.016 9.400<br />
Outr<strong>os</strong> 533.873 188.546<br />
Total 1.615 .. 338.031 171.241.767<br />
Fonte: SECEX/MDIC extraído do site <strong>da</strong> ABICALÇADOS.<br />
113
Tabela 08 - Exportações Brasileiras <strong>de</strong> Calçad<strong>os</strong> por Destino Ganeiro/<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001)<br />
PAISES US$ % PARES<br />
Estad<strong>os</strong> Unid<strong>os</strong> 1.103.683.120 68,3 98.052.697<br />
Argentina 132.824.387 8,2 20.826.187<br />
Reino Unido 94.360.142 5,8 6.674.576<br />
Canadá 30.145.893 1,9 2.688.118<br />
Venezuela 25.637.731 1,6 4.051.166<br />
México 21.683.200 1,3 2.738.760<br />
Chile 19.671.221 1,2 2.305.901<br />
Paraguai 19.642.531 1,2 9.244.576<br />
Bolívia 15.687.362 1,0 3.137.351<br />
Uruguai 12.106.397 0,7 1.899.742<br />
Austrália 10.356.822 0,6 1.333.919<br />
Porto Rico 9.164.290 0,6 1.222.581<br />
Países Baix<strong>os</strong> 7.751.438 0,5 613.888<br />
Alemanha 7.434.405 0,5 699.339<br />
Panamá 7.245.711 0,4 1.660.249<br />
Outr<strong>os</strong> (91 Países) 97.943.381 6,1 14.092.717<br />
Total 1.615.338.031 100,0 171.241.767<br />
Fonte: SECEXlMDIC extraído do site <strong>da</strong> ABICALÇADOS.<br />
114
PESQUISA COM OS FUNCIONÁRIOS DAS FACÇÕES DA CZSA<br />
o questionário abaixo apresentado foi entregue em três facções diferentes, para ser<br />
preenchido por funcionári<strong>os</strong> que trabalham respectivamente com Pesponto, Aviamento e<br />
Montagem:<br />
01 - Você já trabalhou na Zapata com o que você faz hoje?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Trabalhei em outras tarefas ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
02 - Qual é o seu grau <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
( ) Primário ( ) Ensino Médio () Curso Superior () Não respon<strong>de</strong>u<br />
03 - Você aju<strong>da</strong> ou ajudou a <strong>de</strong>finir a melhor maneira <strong>de</strong> fazer o seu trabalho?<br />
( ) Sim () Não ( ) Algumas vezes () Não respon<strong>de</strong>u<br />
04 - Você foi treinado para fazer o seu trabalho?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes () Não respon<strong>de</strong>u<br />
05 - Com que freqüência você recebe treinamento <strong>da</strong> empresa?<br />
( ) Muita freqüência ( ) Nunca ( ) Algumas vezes ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
06 - Você acha que o seu trabalho po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> outra maneira?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Tenho idéias que g<strong>os</strong>taria <strong>de</strong> testar ()<br />
Não respon<strong>de</strong>u<br />
07 - As máquinas que você usa são suficientes para o seu trabalho?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Dão <strong>de</strong>feito ou quebram muito ( )<br />
Não respon<strong>de</strong>u<br />
08 - O que você faz, está escrito em algum manual?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Não respon<strong>de</strong>u<br />
09 - Quando você sai <strong>de</strong> férias ou falta por doença, seu trabalho é feito por um outro<br />
companheiro?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
10 - Você e seus companheir<strong>os</strong> <strong>de</strong> setor fazem rodízio <strong>de</strong> tarefas?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
115
11 - Existe um padrão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o serviço que você executa?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
12 - A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do que você produz é supervisiona<strong>da</strong> com freqüência?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
13 - Quando alguém lhe pe<strong>de</strong> para realizar alguma tarefa, as instruções <strong>de</strong> como fazer o<br />
serviço são passa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma clara?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou men<strong>os</strong> ( ) Não<br />
respon<strong>de</strong>u<br />
14 - Existe sobrecarga <strong>de</strong> trabalho em sua área?<br />
( ) Sim ( ) Não ( ) Não respon<strong>de</strong>u<br />
116