03.06.2013 Views

o desejo como princípio do avesso - Universidade Estadual de Feira ...

o desejo como princípio do avesso - Universidade Estadual de Feira ...

o desejo como princípio do avesso - Universidade Estadual de Feira ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Conheci<strong>do</strong> e reconheci<strong>do</strong> <strong>como</strong> “festa popular”, o centro <strong>de</strong>ste ritual é marca<strong>do</strong><br />

pelas massas das camadas populares, que nesta instância celebram uma outra vida<br />

através da congregação harmoniosa da folia. Entretanto, existe um rol organizatório que<br />

é capaz <strong>de</strong> caracterizar a inversão: “No carnaval, então, temos uma inversão<br />

organizatória, pois são grupos or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s para ‘brincar’” (MATTA, 1997, p. 123).<br />

Para tanto, o que nos ocorre é que há a disjunção <strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m. As autorida<strong>de</strong>s, as classes hierárquicas coor<strong>de</strong>nam as leis e, respectivamente, o<br />

povo <strong>de</strong>ve cumpri-las a favor da or<strong>de</strong>m. O povo, ao contrário, no ciclo carnavalesco,<br />

coor<strong>de</strong>na a festa, or<strong>de</strong>na o bloco em prol da diversão e da orgia.<br />

O “outro mun<strong>do</strong>”, “outra vida”, que se vive durante o carnaval, inclina-se às<br />

polarida<strong>de</strong>s antagônicas através <strong>de</strong> um universo cósmico e místico que a esses<br />

fundamentos são capazes <strong>de</strong> dar vida. Referin<strong>do</strong>-se ao carnaval, Da Matta expõe seu<br />

ponto <strong>de</strong> vista a respeito:<br />

Aqui o foco é o que está nas margens, nos limites e nos interstícios da<br />

socieda<strong>de</strong>. O carnaval é, pois, uma “festa popular”, um festival <strong>do</strong><br />

povo, marca<strong>do</strong> por uma orientação universalista, cósmica e que dá<br />

ênfase sobretu<strong>do</strong> a categorias mais abrangentes, <strong>como</strong> a vida em<br />

oposição à morte, a alegria em oposição à tristeza, os ricos em<br />

oposição aos pobres, etc (MATTA, 1997, p. 68).<br />

A partir <strong>de</strong>stas dissonâncias que se encontram em um círculo <strong>de</strong> mediação no<br />

ritual da folia, po<strong>de</strong>mos acentuar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o carnaval, abrin<strong>do</strong> portas às várias<br />

categorias humanas, <strong>como</strong> afirma<strong>do</strong> anteriormente por Da Matta, adquire um senti<strong>do</strong><br />

polifônico, <strong>de</strong> várias vozes que se encontram em um ambiente relacional.<br />

Trazi<strong>do</strong> para o “território” psicanalítico, o <strong><strong>de</strong>sejo</strong> humano mostra estar em<br />

comunhão com a particularida<strong>de</strong> humana. Falar em <strong><strong>de</strong>sejo</strong> implica um gran<strong>de</strong> leque <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rações. Primeiramente, porque <strong><strong>de</strong>sejo</strong> po<strong>de</strong>, à primeira vista, <strong>de</strong>notar uma<br />

necessida<strong>de</strong>, uma carência <strong>de</strong> alguma coisa que se torna, em certos momentos,<br />

indispensáveis. Com isso, salientamos que a necessida<strong>de</strong>, oriunda <strong>de</strong> uma apreensão<br />

interior, po<strong>de</strong> ser satisfeita, mesmo que, momentaneamente. Segun<strong>do</strong> Esposito, “a<br />

necessida<strong>de</strong> é situada num hemisfério no qual saciá-la seria possível tanto quanto a<br />

calma oriunda <strong>de</strong> uma satisfação momentânea e seria, neste caso, fruto <strong>de</strong> uma tensão<br />

4º Encontro Nacional <strong>de</strong> Pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Periódicos Literários, 4., 2010, <strong>Feira</strong> <strong>de</strong> Santana. Anais. <strong>Feira</strong> <strong>de</strong> Santana: Uefs, 2013.<br />

333

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!