Consulte a versão PDF ( 3.08 MB ) - Instituto Politécnico de Lisboa
Consulte a versão PDF ( 3.08 MB ) - Instituto Politécnico de Lisboa
Consulte a versão PDF ( 3.08 MB ) - Instituto Politécnico de Lisboa
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Politecnia n.º 26 março / 2012<br />
Estante<br />
(Da esquerda para direita): Atriz Emília dos Anjos, aluna da escola <strong>de</strong> teatro do Conservatório, Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Almeida Garrett, fundador<br />
do Conservatório, atriz Maria Matos, também aluna da escola <strong>de</strong> teatro<br />
uma linha metodológica cujas flexíveis<br />
baias, apostas aos pequenos acontecimentos,<br />
às "pequenas histórias" ou aos<br />
seus traços memorialísticos, não impeçam<br />
o objectivo central perseguido:<br />
dar visibilida<strong>de</strong>, (. . .), a mais um terreno<br />
abandonado, o do ensino do teatro<br />
português do século XIX, habitado por<br />
mulheres e homens cuja glória, quando<br />
a houve, foi arrumada nos rodapés<br />
dos jornais, da História da Literatura<br />
ou nos <strong>de</strong> uma História do Teatro em<br />
Portugal cujos contornos e cânones<br />
urge reconfigurar. Parafraseando longinquamente<br />
Giorgio Agamben, que<br />
por sua vez recorda Michel Foucault,<br />
preten<strong>de</strong>mos observar factos <strong>de</strong> um<br />
passado caído na obscurida<strong>de</strong> a fim<br />
Günter Grass<br />
COM TRADUÇÃO <strong>de</strong> Eugénia<br />
Vasques, “A Dez minutos<br />
<strong>de</strong> Buffalo”, é mais uma obra<br />
<strong>de</strong> que esse passado e esses factos<br />
(ou a sombra, o traço, as marcas <strong>de</strong>les)<br />
nos permitam continuar a abordar<br />
– ou pelo menos a indagar melhor – as<br />
realida<strong>de</strong>s com que nos <strong>de</strong>batemos<br />
no presente, no caso específico, as<br />
dificulda<strong>de</strong>s do ensino profissional do<br />
teatro e, simultaneamente, as perplexida<strong>de</strong>s<br />
suscitadas pelas "profissões",<br />
ainda sem reconhecimento institucional<br />
ou laboral, <strong>de</strong> criador ou <strong>de</strong> artista<br />
<strong>de</strong> teatro.<br />
O presente estudo sobre a Escola<br />
<strong>de</strong> Teatro constrói, em termos<br />
exploratórios (visando apelar a uma<br />
futura e urgente história conjunta<br />
das escolas do antigo Conservatório<br />
<strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>), uma panorâmica da vida<br />
editada pela Escola Superior<br />
<strong>de</strong> Teatro e Cinema, nas Sebentas,<br />
da Colecção Tradução<br />
e Dramaturgia.<br />
O dramaturgo e escritor<br />
alemão Günther Grass<br />
nasceu, como dizem os<br />
dicionários, em 1927, na<br />
Polónia e fez estudos <strong>de</strong><br />
pintura, escultura e literatura<br />
(o que é relevante para<br />
o estudo da sua dramaturgia).<br />
Em 1999 recebeu<br />
o Prémio Nobel da Literatura.<br />
Animador <strong>de</strong> um importante<br />
movimento <strong>de</strong> escritores,<br />
o Grupo 47, tem<br />
escrito peças e romances.<br />
ÍNDICE<br />
De i<strong>de</strong>ais políticos <strong>de</strong> esquerda,<br />
Günter Grass participou<br />
<strong>de</strong> forma ativa na<br />
vida pública <strong>de</strong> seu país<br />
e provocou polémica em<br />
torno <strong>de</strong> sua produção,<br />
renovou a literatura alemã<br />
do pós-guerra com textos<br />
irónicos satirizando a<br />
atmosfera do milagre económico<br />
da reconstrução<br />
pós-nazista.<br />
As suas peças iniciais,<br />
breves, ostentam títulos,<br />
traduzidos pela professora<br />
Eugénia Vasques: Inundação<br />
(1956), A Dez Minutos<br />
<strong>de</strong> Buffalo (1959), A Crua<br />
daquela escola que, neste primeiro<br />
volume, se baliza, metodologicamente,<br />
(entre) 1834 (. . .) e 1901. No<br />
volume a publicar a seguir, também<br />
no âmbito do Projecto "História da<br />
Escola <strong>de</strong> Teatro do Conservatório"<br />
do Centro <strong>de</strong> Investigação em Artes<br />
e Comunicação (CIA C/Universida<strong>de</strong><br />
do Algarve/Escola Superior <strong>de</strong> Teatro<br />
e Cinema), será estudado o período<br />
seguinte, que estabelecemos<br />
entre 1901 e 1971, ano este marcado<br />
pelo fim do consulado <strong>de</strong> Ivo<br />
Cruz e pela emergência do Plano <strong>de</strong><br />
Reforma do Ensino, coor<strong>de</strong>nado por<br />
Maria Madalena Perdigão, a pedido<br />
do então Ministro da Educação, José<br />
da Veiga Simão (pp. 11-14)<br />
(1960), Os Maus Cozinheiros<br />
(1961), Tio, Tio (1965),<br />
entre outras. Nestas peças,<br />
Grass <strong>de</strong>lineia uma das características<br />
maiores da sua<br />
primeira dramaturgia, ou seja,<br />
a máscara da falsa “inocência”<br />
(naiveté) que visa<br />
acentuar a monstruosida<strong>de</strong><br />
do período nazi e os seus<br />
efeitos perversos na socieda<strong>de</strong><br />
alemã contemporânea.<br />
A peça curta Noch zehn<br />
Minuten bis Buffalo/A Dez<br />
Minutos <strong>de</strong> Buffalo é classificada,<br />
significativamente,<br />
pelo seu autor, como “Jogo<br />
Cénico em Um Acto”.<br />
63