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Principais Neuropatias em Felinos – Uma abordagem diagnóstica ...

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<strong>Principais</strong> <strong>Neuropatias</strong> <strong>em</strong> <strong>Felinos</strong> <strong>–</strong> <strong>Uma</strong> abordag<strong>em</strong> <strong>diagnóstica</strong><br />

M.V. MSc. Camila Ferreiro<br />

Hospital Veterinário FMU/ Coordenação Clínica Hovet Pompéia<br />

caferreiro@yahoo.com<br />

Para um diagnóstico definitivo de alterações neurológicas <strong>em</strong> felinos é importante<br />

conhecimento sobre a localização neuroanatômica para determinação de sinais anormais<br />

por meio de observação do estado mental e postura, além de realização de exame<br />

neurológico detalhado. Dentre as principais alterações destacam-se:<br />

Neuropatia diabética<br />

Caracterizada pela presença de andar plantígrado, diminuição de reflexos espinhais, atrofia<br />

muscular, sensibilidade dolorosa causada pela desmielinização e glicolização de proteínas<br />

estruturais além da presença de estresse oxidativo.<br />

Hipertiroidismo Felino<br />

S<strong>em</strong> causa específica, relatado <strong>em</strong> 20% dos pacientes humanos como uma neuropatia<br />

axonal (DUYFF;BOSCH;LAMAN, 2000). Descrita <strong>em</strong> 12 a 17% <strong>em</strong> gatos (LECOUTER;<br />

SISSON, 1989). Apresentam como sintomas a ventroflexão cervical e relutância <strong>em</strong> saltar e<br />

ao levantar.<br />

Hiperadrenocorticismo<br />

Descrito <strong>em</strong> cães pela presença de miotonias ou miopatias decorrente da hipercotisol<strong>em</strong>ia<br />

gerando falhas no relaxamento muscular devido a uma hiperexcitabilidade das fibras<br />

musculares. Os sintomas descritos são hipertrofia e rigidez muscular progressiva. Em gatos<br />

gera fraqueza muscular. Para fins diagnósticos dos quadros de miopatias além da dosag<strong>em</strong><br />

sérica de enzimas como a CK/AST é recomendado a eletromiografia e biópsias musculares.<br />

Miopatia Hipocalêmica<br />

<strong>Uma</strong> das principais causas de ventroflexão cervical, andar plantígrado, fraqueza muscular<br />

generalizada <strong>em</strong> felinos. Decorrente de quadros de disorexia ou anorexia gerando<br />

hipocal<strong>em</strong>ia (dosag<strong>em</strong> sérica de potássio inferior a 3 mEq/L). Comum <strong>em</strong> pacientes com<br />

doença renal crônica, terapia com diuréticos, êmese prolongada.<br />

Hipoglic<strong>em</strong>ia<br />

A glicose é a principal fonte energética para neurônios. Baixas concentrações sanguíneas<br />

de glicose gera estupor, depressão, fraqueza muscular e convulsões.<br />

Deficiência de Tiamina (vitamina B)<br />

Pode manifestar <strong>em</strong> gatos alimentados com dietas a base de peixe (tiaminase) e <strong>em</strong><br />

animais com disorexia/anorexia. A apresentação clínica é variável, sendo possível observar<br />

ataxia, ventroflexão cervical, dilatação pupilar e reflexos pupilares diminuídos, convulsões e<br />

fraqueza muscular generalizada. O diagnóstico se baseia no histórico e sinais clínicos com<br />

melhora após a supl<strong>em</strong>entação de tiamina, observando r<strong>em</strong>issão completa dos sintomas ao<br />

final de 5 dias de tratamento. A dose utilizada de tiamina é de 10 a 20 mg/gato.<br />

Hiperquilomicron<strong>em</strong>ia


Essa afecção é descrita <strong>em</strong> gatos de pelame curto como himalaios, persas e siameses,<br />

ocorre a formação de granulomas lipídicos por alterações no metabolismo de lipoproteínas<br />

gerando neuropatias compressivas. As principais manifestações são alterações vestibulares,<br />

síndrome de Horner, andar plantígrado e convulsões. O diagnóstico é dado pela presença<br />

de lip<strong>em</strong>ia <strong>em</strong> jejum, hipertriglicerid<strong>em</strong>ia e hipercolesterol<strong>em</strong>ia. Tratamento: dieta e<br />

bezafibrato (2mg/kg/BID).<br />

Lesões Traumáticas<br />

Lesões <strong>em</strong> axônios com curso agudo e não progressivo caracterizado pela presença de<br />

atrofia muscular intensa e localizada, dermatite por lambedura, neuropraxia, axonotmese ou<br />

neurotmese.<br />

Polineuropatias e miopatias Herdadas<br />

Doenças de estocag<strong>em</strong> (glicogênio)<br />

Leucodistrofia de células globosas<br />

Hiperoxalúria<br />

Distrofias musculares congênitas e miotonia<br />

Miastenia gravis<br />

A fraqueza muscular característica da Miastenia gravis é resultado de defeito pós-sináptico<br />

na junção neuromuscular, trata-se de afecção rara <strong>em</strong> felinos e está associada à presença<br />

de megaesôfago, possui maior incidência <strong>em</strong> gatos da raça abissínios. Manifesta-se por<br />

fraqueza muscular generalizada, tetraparesia e atrofia muscular generalizada.<br />

Tétano<br />

Caracteriza-se pela presença de espasticidade de m<strong>em</strong>bros, <strong>em</strong> decorrência de sinais<br />

distintivos de rigidez extensora, hiperestesia por opstótono e trisma. Pode ser generalizada<br />

ou localizada. O animal apresenta histórico de contaminação de ferida.<br />

Alterações vestibulares<br />

Trauma/alterações congênitas<br />

Pólipos nasofaríngeos<br />

Otite média e interna<br />

Tóxica<br />

Propilenoglicol<br />

Aminoglicosídeos<br />

Cloranfenicol<br />

metronidazol<br />

Mielopatia pelo vírus da Leuc<strong>em</strong>ia Felina (FeLV)<br />

Animais cronicamente infectados pelo vírus da Leuc<strong>em</strong>ia felina (FeLV) pod<strong>em</strong> apresentar<br />

ataxia progressiva, hiperestesia e paralisia. Os animais infectados apresentam sintomas de<br />

a aprtir de 9 anos de idade<br />

Peritonite Infecciosa Felina (PIF)


O envolvimento neurológico progressivo é comum <strong>em</strong> gatos com PIF de forma não efusiva<br />

<strong>em</strong> decorrência de meningoencefalite piogranulomatosa, com sinais multifocais,<br />

especialmente cerebelares, geralmente acompanha sinais oculares. Os animais também<br />

apresentam sinais sistêmicos. A doença acomete preferencialmente animais jovens, até 2<br />

anos.<br />

Vírus da Imunodeficiência Viral Felina (FIV)<br />

A infecção crônica pelo vírus pode causar alterações neurológicas <strong>em</strong> torno de 30% dos<br />

animais e inclui alterações comportamentais.<br />

D<strong>em</strong>ais causas infecciosas<br />

Criptococcus neoformans<br />

Toxoplasma gondii<br />

Raiva<br />

Convulsões<br />

A epilepsia idiopática é incomum <strong>em</strong> felinos sendo necessária a exclusão de lesões<br />

estruturais adjacentes. As principais causas segu<strong>em</strong> no quadro abaixo.<br />

Intracraniais Extracraniais Epilepsia<br />

Convulsões<br />

Neoplasias<br />

Meningima<br />

Linfoma<br />

Tumoresmetastáticos<br />

Infecciosas<br />

PIF/ FIV/ FeLV<br />

Criptococcusneoformans<br />

Toxoplasma gondii<br />

Vasculares<br />

Encefalopatia isquêmica<br />

Hipertensão<br />

Trombo<strong>em</strong>bolismo<br />

Policit<strong>em</strong>ias<br />

Degenerativas<br />

Doenças de estocag<strong>em</strong><br />

Congenitas<br />

Hidrocefalia<br />

Metabólicas<br />

Encefalopatia hepática<br />

Hipertiroidismo<br />

Hipoglic<strong>em</strong>ia<br />

Síndrome urêmica<br />

sepse<br />

Tóxicas<br />

Organofosforados<br />

Carbamatos<br />

Nutricionais<br />

Deficiência de tiamina<br />

Funcional<br />

Idiopática<br />

Estrutural<br />

Pós isquêmica<br />

Pós traumática<br />

Pós encefalopatia<br />

Traumáticas Adaptado de KlINE, 2006.<br />

Encefalopatia Isquêmica Felina<br />

A encefalopatia Isquêmica felina apresenta sintomas agudos e não progressivos com sinais<br />

de alterações cerebrais unilaterais com r<strong>em</strong>issão de sintomas <strong>em</strong> geral com 48 h. Não há<br />

associação com hipertensão ou cardiomiopatias. Os sinais comuns inclu<strong>em</strong> depressão,<br />

convulsões, cegueira e h<strong>em</strong>iparesia.<br />

Neoplasias<br />

Consideradas relativamente incomuns (0,0035-4,6%), com aumento da incidência devido as<br />

novas técnicas de ressonância magnética e tomografia computadorizada, acomete animais<br />

idosos (>10 anos) e s<strong>em</strong> predileção sexual e racial.


Neoplasias Intracranianas<br />

Tipo do tumor Número Freqüência (%)<br />

Tumores primários<br />

Astrocitoma 7 2,8<br />

Ependioma 7 2,8<br />

Meningioma 144 59<br />

Neuroblastoma 2 0,8<br />

Oligodendroglioma 6 2,4<br />

Tumores secundários<br />

H<strong>em</strong>angiossarcoma 2 0,8<br />

Linfoma 39 16<br />

Pituitária 22 9%<br />

Adenocarcinoma pulmonar 3 1,2<br />

TROXEL, M.T; VITE, C.H; VAN WINLKE,<br />

T.J. Feline Intracranial neoplasia: a restrospective study of 160 cases.<br />

Journal of Veterinary Internal Medicine 17:850, 2003.<br />

Meningioma<br />

Dentre os tumores intracranianos o meningioma é o de maior incidência, sendo benigno e<br />

único, porém gera comportamento maligno por compressão de tecido nervoso adjacente. O<br />

local de acometimento mais comum são os lobos frontais, parietal e occipital, podendo<br />

acometer cerebelo.<br />

Linfoma<br />

O linfoma ocorre principalmente <strong>em</strong> animais jovens com média de 2 anos de idade,<br />

apresenta associação de 32-36% com o vírus da leuc<strong>em</strong>ia felina, apresentam<br />

paresia/paralisia de m<strong>em</strong>bros pélvicos devido predileção pelo canal vertebral lombar.<br />

Referências: caferreiro@yahoo.com

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