Dissertação Mestrado Educação UFSC – LaraBeatrizFuck
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PARTE I<br />
RAÍZES DA PSIQUIATRIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL<br />
Na primeira parte objetiva-se a exposição do contexto sóciohistórico<br />
dentro do qual a Psiquiatria veio a ser introduzida à <strong>Educação</strong><br />
Brasileira no inicio do século XX. Neste sentido, contextualizaremos os<br />
acontecimentos que se articularam e convergiram para a psiquiatrização da<br />
<strong>Educação</strong> no Brasil no inicio do século XX. Identificando como essa<br />
Psiquiatrização foi viabilizada pela Liga Brasileira de Higiene Mental.<br />
CAPITULO 1<br />
HIGIENE MENTAL E PSIQUIATRIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO NO<br />
BRASIL<br />
Neste capítulo trata-se de dissertar sobre a origem histórica da<br />
psiquiatrização da <strong>Educação</strong> no Brasil, que se evidencia nascendo no bojo<br />
do movimento de “higiene mental”; por sua vez, um empreendimento que<br />
fez parte do desenvolvimento das políticas e iniciativas concernentes à<br />
higiene e à saúde pública, o qual se impôs e se efetivou em conseqüência de<br />
transformações vindas pelo Brasil Império e o Brasil República.<br />
No Brasil, vivia-se o processo de industrialização, a urbanização das<br />
cidades, o grande fluxo migratório, envolvendo pessoas oriundas do interior<br />
do país, negros libertos, migrantes vindos da Europa, em descompasso com<br />
hábitos precários da família brasileira referentes à higiene e aos cuidados<br />
com a saúde, ainda herança do período colonial.<br />
Todos estes acontecimentos são marcos da consolidação da<br />
República em superação ao sistema imperial. Destacando-se o processo de<br />
industrialização e a urbanização das cidades. Tudo isso impondo uma nova<br />
organização social, a qual exigia por objeto de atenção os problemas de<br />
saneamento, de higiene coletiva e higiene individual.<br />
Enquanto no Brasil estava instalado o Império, com a<br />
preponderância, do poder patriarcal dos senhorios das Casas Grandes, com<br />
a maioria das pessoas instaladas no meio rural, não existia preocupações<br />
com o saneamento das cidades. Já, com a vinda de D. João VI, em 1808, se<br />
inicia o que Gilberto Freyre chama de “reeuropeização”. Freyre (2002)<br />
salienta como ao chegar D. João VI<br />
“foi logo mandando iluminar a cidade: era para o<br />
inglês ver”. “Outros dizem que a frase célebre data<br />
dos dias de proibição do tráfico de escravos, quando<br />
no Brasil se votavam leis menos para serem<br />
cumpridas do que para satisfazerem as exigências