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Comunicação e consumo: cidadania em perigo? - Banco de ...

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"Prática social altamente permeável às dinâmicas econômicas e<br />

socioculturais nas quais se insere, o <strong>consumo</strong> apresenta as<br />

importantes funções <strong>de</strong> distinção, classificação e mediação social."


"Para discutirmos este t<strong>em</strong>a,<br />

é fundamental ultrapassarmos<br />

o estereótipo segundo o qual<br />

<strong>consumo</strong> é s<strong>em</strong>pre sinônimo<br />

<strong>de</strong> consumismo."<br />

socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea<br />

está ancorada na inter-relação<br />

entre comunicação e con-<br />

sumo. Rara discutirmos este<br />

t<strong>em</strong>a, é fundamental ultrapassarmos o<br />

estereótipo segundo o qual <strong>consumo</strong> é<br />

s<strong>em</strong>pre sinônimo <strong>de</strong> consumismo. Tal<br />

estereótipo comprometeu os estudos<br />

acadêmicos, retardando a construção<br />

<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> massa crítica sobre a<br />

centralida<strong>de</strong> do <strong>consumo</strong> e do discurso<br />

publicitário na atualida<strong>de</strong>.<br />

Essa centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar presente<br />

nesta reflexão, pois o conhecimento<br />

da caracterização da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>consumo</strong> <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os é indispen-<br />

sável aos estudos da <strong>Comunicação</strong>.<br />

Afinal, é <strong>de</strong>la que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> os produtos<br />

culturais e é para ela que se <strong>de</strong>stinam<br />

esses produtos. Essas relações entre<br />

comunicação e <strong>consumo</strong> são o t<strong>em</strong>a<br />

do Programa <strong>de</strong> Mestrado <strong>em</strong> Comuni-<br />

cação e Práticas <strong>de</strong> Consumo da ESPM.<br />

Para esse estudo, percebe-se que é<br />

preciso ir além da visão restrita sobre<br />

o consumidor apenas alienado, sub-<br />

metido, s<strong>em</strong> reação, aos interesses<br />

dominantes, totalmente cooptado pelo<br />

"consumismo", s<strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão; um ser egoísta e autocentrado


que só almeja a satisfação <strong>de</strong> seus pró-<br />

prios <strong>de</strong>sejos. Voltamo-nos para outras<br />

concepções, mais <strong>de</strong> acordo com a<br />

dinâmica da realida<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porâ-<br />

nea e com o comprometimento dos<br />

que pretend<strong>em</strong>, a partir da realida<strong>de</strong><br />

concreta e objetiva - e não daquela<br />

"i<strong>de</strong>al" presente no sonho <strong>de</strong> cada um<br />

-construir uma nova variável histórica,<br />

que dará voz a todos.<br />

SEGUNDO ALONSO (2006),<br />

(nós) nos encontramos com uma mescla realista<br />

<strong>de</strong> manipulação e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compras, <strong>de</strong><br />

impulso e reflexão, <strong>de</strong> comportamento condicionado<br />

e uso social dos objetos e símbolos da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>consumo</strong>. E ao fazer do consumidor<br />

não um ser isolado e <strong>de</strong>sconectado do<br />

resto <strong>de</strong> seus contextos sociais, e sim portador<br />

<strong>de</strong> percepções, representações e valores que se<br />

integram e completam com o resto <strong>de</strong> seus âmbitos<br />

e esferas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, passamos a perceber<br />

o processo <strong>de</strong> <strong>consumo</strong> como um conjunto <strong>de</strong><br />

comportamentos que recolh<strong>em</strong> e ampliam, no<br />

âmbito privado dos estilos <strong>de</strong> vida, as mudanças<br />

culturais da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu conjunto'.<br />

No contexto das práticas sociais, a idéia<br />

certamente preconceituosa <strong>de</strong> que o<br />

<strong>consumo</strong>seria uma prática impulsiva,<br />

incontrolável e danosa que resultaria<br />

obrigatoriamente no <strong>de</strong>sperdício do<br />

consumismo aproxima-se da visão funcionalista<br />

do processo comunicacional<br />

segundo a qual a mídia incidiria sobre<br />

sujeitos passivos que absorveriam s<strong>em</strong><br />

contestação os valores difundidos por<br />

ela <strong>em</strong> sua vida prática.<br />

PRODUÇÃO, MÍDIA<br />

E CONSUMO<br />

Sab<strong>em</strong>os que produção e <strong>consumo</strong> não<br />

são entida<strong>de</strong>s autônomas, mas integra-<br />

das: produção e <strong>consumo</strong> se mesclam,<br />

se consi<strong>de</strong>rarmos a crescente tendência<br />

à customização da produção. Dev<strong>em</strong>os<br />

levar <strong>em</strong> conta ainda a extraordinária<br />

importância dos intangíveis (marcas,<br />

serviços, imag<strong>em</strong> etc.), na construção<br />

<strong>de</strong> valor nos t<strong>em</strong>pos atuais. O i material<br />

e o material parec<strong>em</strong> conviver com<br />

clara predominância do primeiro.<br />

Tal qual o signo, o b<strong>em</strong> só recebe seu<br />

acabamento final no <strong>consumo</strong>. Dito<br />

<strong>de</strong> outro modo, a significação <strong>de</strong>sse<br />

b<strong>em</strong> está dada pelo modo como ele é<br />

consumido. O mesmo se passa com<br />

a significação do signo verbal - a<br />

palavra - que se tece na concretu<strong>de</strong><br />

da vida social.<br />

Embora permaneça pertinente, a clássica<br />

noção do <strong>consumo</strong> conspícuo 2<br />

não subsume a complexida<strong>de</strong> do<br />

fenômeno. Prática social altamente<br />

permeável às dinâmicas econômicas<br />

e socioculturais nas quais se insere,<br />

o <strong>consumo</strong> apresenta as importantes<br />

funções <strong>de</strong> distinção, classificação e<br />

mediação social.<br />

A associação entre mídia e <strong>consumo</strong><br />

evi<strong>de</strong>ncia-se como vetor <strong>de</strong> sociali-<br />

zação que <strong>de</strong>ságua, por ex<strong>em</strong>plo, no<br />

shopping center. Outrora visto apenas<br />

como "t<strong>em</strong>plo do <strong>consumo</strong>", este<br />

espaço t<strong>em</strong> merecido estudos que<br />

<strong>de</strong>svendam seus múltiplos sentidos<br />

na cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong>. Para Alonso,<br />

não se trata apenas <strong>de</strong> um conjunto<br />

<strong>de</strong> lojas. Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração<br />

as "mudanças sociais que afetaram<br />

profundamente a expressão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>"<br />

3 , o autor consi<strong>de</strong>ra que ele cria<br />

e recria "modos <strong>de</strong> vida". Segundo este<br />

estudioso espanhol, trata-se <strong>de</strong> "uma<br />

forma <strong>de</strong> integração e uma lingua-<br />

g<strong>em</strong> <strong>de</strong> comunicação com o mundo<br />

social" 4 . Examinando-se atentamente<br />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>tectar ali uma série <strong>de</strong><br />

costumes e tendências referentes aos<br />

segmentos ali representados.<br />

Estudos sobre hábitos <strong>de</strong> <strong>consumo</strong><br />

<strong>em</strong> grupos sociais, até recent<strong>em</strong>ente<br />

conhecidos como periféricos ou mar-<br />

ginalizados 5 , indicam uma intensa<br />

negociação i<strong>de</strong>ntitária por meio da cus-<br />

tomização <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> <strong>consumo</strong> típicos<br />

da classe média, compreendido como<br />

engendramento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> vinculação<br />

e constituição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Tal viés interpretativo é <strong>em</strong>basado,<br />

<strong>de</strong>ntre outros autores, por Jesus Martín-<br />

Barbero 6 , para qu<strong>em</strong> a aspiração ao<br />

<strong>consumo</strong> nas camadas populares não<br />

se confundiria com a mera reprodução<br />

<strong>de</strong> forças e valores <strong>de</strong> outras classes,<br />

mas tratar-se-ia da própria construção<br />

<strong>de</strong> sentidos na qual os usos "criam negociações<br />

a partir do texto-realida<strong>de</strong>",<br />

negociações essas que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

entendidas como formas <strong>de</strong> resistência<br />

i<strong>de</strong>ntitária e sociocultural.<br />

Canclini 7 adverte sobre a importância<br />

do <strong>consumo</strong> e dos meios <strong>de</strong> comu-<br />

nicação na formação i<strong>de</strong>ntitária e na<br />

própria constituição da <strong>cidadania</strong><br />

hoje. Consoante com o i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong><br />

nossos t<strong>em</strong>pos, mecanismos como o<br />

micro-crédito e o crédito consignado<br />

<strong>em</strong> folha <strong>de</strong> pagamento faz<strong>em</strong> parte<br />

das políticas sociais <strong>em</strong> vigor <strong>em</strong><br />

nosso país. Promove-se o direito <strong>de</strong><br />

consumir como um direito inerente<br />

a todos, o que não significa dizer<br />

que todos <strong>de</strong>verão necessariamente<br />

consumir da mesma forma.<br />

O CONSUMO DOS "POBRES"<br />

Conforme nos l<strong>em</strong>bram Rocha e Bar-<br />

ros 8 , é preciso ir além <strong>de</strong> certa i<strong>de</strong>a-<br />

lização do "mundo dos pobres" para<br />

perceber a ênfase da cultura material<br />

entre as classes menos favorecidas.<br />

Salienta-se aqui a noção <strong>de</strong> <strong>consumo</strong><br />

como apropriação e produção <strong>de</strong> sen-<br />

tido. Contrariando certas interpretações<br />

mais tradicionais e elitistas dos estudos


A Com o primeiro ajuste salarial, concedido aos cortadores<br />

<strong>de</strong> cana, do Recife, no início da década <strong>de</strong> 1960, esgotaram-se,<br />

naquela cida<strong>de</strong>, os estoques <strong>de</strong> radinhos <strong>de</strong> pilha,<br />

que passaram a acompanhar o trabalhador <strong>de</strong>pendurados<br />

nos cabos das enxadas.<br />

do <strong>consumo</strong>, Martím-Barbero adverte<br />

que "n<strong>em</strong> toda forma <strong>de</strong> <strong>consumo</strong> é<br />

interiorização dos valores <strong>de</strong> outras<br />

classes. O <strong>consumo</strong> po<strong>de</strong> falar e fala<br />

nos setores populares <strong>de</strong> suas justas<br />

aspirações a uma vida mais digna" 9 .<br />

L<strong>em</strong>bramos, no mundo da ficção,<br />

o drama <strong>de</strong> sinhá Vitória <strong>em</strong> Vidas<br />

secas, a qu<strong>em</strong> faltava uma cama <strong>de</strong><br />

couro ("Por que não haveriam <strong>de</strong> ser<br />

gente, possuir uma cama igual à do<br />

seu Tomás da bolan<strong>de</strong>ira?) 10 ". Outro<br />

ex<strong>em</strong>plo clássico, tomado <strong>de</strong>sta vez<br />

do "mundo real", é o que se vê quando<br />

se r<strong>em</strong><strong>em</strong>ora o primeiro ajuste salarial,<br />

concedido aos cortadores <strong>de</strong> cana, do<br />

Recife, no início da década <strong>de</strong> 1960.<br />

Esgotaram-se naquela cida<strong>de</strong> os esto-<br />

ques <strong>de</strong> colchão e <strong>de</strong> radinhos <strong>de</strong> pilha.<br />

Estes últimos passaram a acompanhar<br />

o trabalhador e, durante a jornada <strong>de</strong><br />

trabalho, ficavam <strong>de</strong>pendurados nos<br />

cabos das enxadas.<br />

Como diss<strong>em</strong>os, diversos autores<br />

<strong>de</strong>fend<strong>em</strong> que o cidadão t<strong>em</strong> direito<br />

não apenas àqueles que já são tra-<br />

dicionalmente reconhecidos pelo<br />

Estado. A eles <strong>de</strong>ve acrescer-se o seu<br />

direito ao exercício das "práticas so-<br />

ciais e culturais que [lhe] dão sentido<br />

<strong>de</strong> pertencimento" 11 e permit<strong>em</strong> sua<br />

participação <strong>em</strong> múltiplos territórios,<br />

propiciando a arquitetura <strong>de</strong> suas<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Entre estes direitos está<br />

o <strong>de</strong> consumir, sejam serviços, bens<br />

materiais ou simbólicos. Trata-se <strong>de</strong><br />

conceber exercícios cidadãos que,<br />

<strong>em</strong> certo sentido, ultrapassam os<br />

limites da territorialida<strong>de</strong>.<br />

E notável o papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pelos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação, peças-chave<br />

<strong>de</strong> dispositivos comunicacionais, tecnológicos<br />

e mercadológicos que se<br />

alinham no processo que hoje <strong>de</strong>no-<br />

minamos midiatização da cultura.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma concepção na qual<br />

a mídia - o conjunto <strong>de</strong> tecnologias<br />

<strong>de</strong> comunicação - <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha o<br />

papel <strong>de</strong> mediadora privilegiada no<br />

contexto sociopolítico e psicocultu-<br />

ral cont<strong>em</strong>porâneo.<br />

Os novos territórios nos quais circu-<br />

lamos constró<strong>em</strong> consumidores que<br />

congregam aparentes contradições,<br />

que pod<strong>em</strong> ser compreendidas como<br />

expressão <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s. Em nossa<br />

socieda<strong>de</strong>, o <strong>consumo</strong> e os meios <strong>de</strong><br />

comunicação compõ<strong>em</strong> um todo <strong>de</strong><br />

partes indissociáveis e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n-<br />

tes. Esse todo rege a subjetivida<strong>de</strong> e a<br />

formação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. A publici-<br />

da<strong>de</strong> apresenta-se como aliado fun-<br />

damental responsável pela estetização<br />

do cotidiano e pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produção contínua para um mercado<br />

fluido, favorecendo o escoamento mais<br />

célere da produção, <strong>de</strong> modo a respon<strong>de</strong>r<br />

às atuais dinâmicas do mercado.<br />

A mídia, porém, não é o único suporte<br />

<strong>de</strong> divulgação do <strong>consumo</strong> material e<br />

simbólico. O próprio cotidiano é locus<br />

privilegiado para a divulgação rápida e<br />

eficaz <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> bens e serviços.<br />

Sendo assim, o discurso publicitário<br />

está presente <strong>de</strong>ntro e fora dos espaços<br />

tradicionais. Hoje a publicida<strong>de</strong> está<br />

nas ruas, na escola, no jornal dito infor-<br />

mativo, nos d<strong>em</strong>ais produtos culturais,<br />

nos espaços <strong>de</strong> lazer etc.<br />

Com a sugestiva noção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong><br />

como mídia, Dominique Quesada<br />

afirma que "as agências invest<strong>em</strong><br />

maciçamente nos setores extramídia a<br />

fim <strong>de</strong> constituir um serviço <strong>de</strong> comu-<br />

nicação global capaz <strong>de</strong> acompanhar<br />

todos os aspectos da vida cotidiana dos<br />

consumidores" 12 .<br />

Ressaltamos o papel central dos meios<br />

<strong>de</strong> comunicação na veiculação e con-<br />

solidação das práticas <strong>de</strong> <strong>consumo</strong>,<br />

salientando a estreita aliança entre a<br />

cultura midiática e a cultura do con-<br />

sumo. É importante <strong>de</strong>stacar ainda as<br />

novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação e<br />

informação na reorganização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>-<br />

los <strong>de</strong> negócios e padrões <strong>de</strong> <strong>consumo</strong>.<br />

Já as intuições <strong>de</strong> McLuhan assinala-<br />

vam que o primado da cultura letrada,<br />

ligada a pressupostos mecânicos, estava<br />

ce<strong>de</strong>ndo lugar para uma nova forma-<br />

ção cultural <strong>de</strong> cunho marcadamente


audiovisual, ligada à eletricida<strong>de</strong>. Isso<br />

vinha engendrando profundas transformações<br />

no nosso aparato mental e<br />

sensorial. Hoje <strong>de</strong>frontamo-nos com a<br />

cultura digital, a microeletrônica e seu<br />

imperativo <strong>de</strong> máxima compressão<br />

espaço-t<strong>em</strong>poral. A hibridização entre<br />

hom<strong>em</strong> e máquina, carbono e silício,<br />

átomos e bits parece gerar esqu<strong>em</strong>as<br />

perceptivos e formas <strong>de</strong> cognição que<br />

apenas começam a ser esquadrinhados.<br />

Há t<strong>em</strong>pos, moda, <strong>consumo</strong> e tecnolo-<br />

gia conviv<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma espécie <strong>de</strong> pacto<br />

<strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong> e retroalimentação.<br />

No reino da obsolescência programa-<br />

da, o upgra<strong>de</strong> é um must, sob pena <strong>de</strong><br />

sermos con<strong>de</strong>nados aos horrores da<br />

incompatibilida<strong>de</strong> e do ostracismo, seja<br />

ele funcional ou social.<br />

Entretanto, se não é certo dizer que consu-<br />

mo é consumismo, é igualmente incorreto<br />

apreendê-lo como mera consumição.<br />

Expressamo-nos (também) por meio do<br />

<strong>consumo</strong>, o qual, por sua vez po<strong>de</strong> servir<br />

<strong>de</strong> matriz para leituras <strong>de</strong> mundo.<br />

NOTAS<br />

PARA CONCLUI R<br />

1. ALONSO, Luís Henrique. La era <strong>de</strong>l <strong>consumo</strong>. Madrid: Sigio XXI, 2007, p. 99.<br />

Começamos esta argumentação<br />

tomando o <strong>consumo</strong> como articulador<br />

privilegiado das dinâmicas<br />

atuais. Tratando o <strong>consumo</strong> como<br />

prática sociocultural, procuramos<br />

tornar evi<strong>de</strong>ntes algumas importantes<br />

tensões e contradições<br />

presentes nos processos <strong>de</strong> negociação<br />

<strong>de</strong> sentido do que seja<br />

propriamente cultural <strong>em</strong> nossas<br />

socieda<strong>de</strong>s. Constituir-se como cidadão<br />

requer aptidão e motivação<br />

para participar ativamente da(s)<br />

coletivida<strong>de</strong>(s) à(s) qual(is) se pertence<br />

por contingência ou opção.<br />

Acreditamos no papel da educação<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

imprescindível capacida<strong>de</strong> crítica<br />

que nos torna potentes para agir<br />

no mundo e refletir sobre nossas<br />

práticas. Entend<strong>em</strong>os que os i<strong>de</strong>ais<br />

da responsabilida<strong>de</strong> social e do<br />

<strong>consumo</strong> consciente só se efetivam<br />

se atrelados ao exercício ativo da<br />

<strong>cidadania</strong> <strong>em</strong> nossos dias.<br />

2. No fim do século XIX, Thorstein Veblen referiu-se ao <strong>consumo</strong> ostentatório como marcador <strong>de</strong> slatus<br />

social na clássica obra A teoria da classe ociosa (Abril Cultural, 1983).<br />

3. ALONSO, Op. Cit. p. 123.<br />

4. Id<strong>em</strong>, p. 126.<br />

5. MAIA, João e KRAPP, Juliana. Sobre subjetivida<strong>de</strong>s diaspóricas e ardis cotidianos: a <strong>cidadania</strong> cultural na<br />

favela da Can<strong>de</strong>lária. In: Revista <strong>Comunicação</strong>, Mídia e Consumo, São Paulo: ESPM, vol.5 n" 14 nov.2008<br />

p.69 - 84.<br />

6. MARTIN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e heg<strong>em</strong>onia. Rio <strong>de</strong> janeiro:<br />

UFRJ, 2003.<br />

7. CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: UFRJ, 1999.<br />

8. ROCHA & BARROS. Entre mundos distintos: notas sobre comunicação e <strong>consumo</strong> <strong>em</strong> um grupo social.<br />

In. BACCEGA, M. A. <strong>Comunicação</strong> e culturas do <strong>consumo</strong>. São Paulo: Atlas, 2008.<br />

9. Op. Cit. p. 301.<br />

10. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Record, 1980, p. 121.<br />

11. CANCLINI, N. G. Op. Cit. p. 121.<br />

12. QUESADA, Dominique. O po<strong>de</strong>r da publicida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong> consumida pelas marcas: como a<br />

globalização impõe produtos, sonhos e ilusões. São Paulo: Futura, 2003, p. 75 e seguintes.<br />

ALONSO, Luís Henrique, la era <strong>de</strong>l <strong>consumo</strong>.<br />

Madrid: Siglo XXI, 2007.<br />

BACCEGA, Maria Aparecida (org.). Comu-<br />

nicação e culturas do <strong>consumo</strong>. São Paulo:<br />

Atlas, 2008<br />

CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e<br />

cidadãos: conflitos multiculturais da globali-<br />

zação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRJ, 1999.<br />

CASTRO, Gisela G. S. Mídia, <strong>consumo</strong>, globali-<br />

zação e cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong>. In: BACCEGA, M.<br />

A. (org.). <strong>Comunicação</strong> e culturas do <strong>consumo</strong>.<br />

São Paulo: Atlas, 2008, p. 132-144.<br />

MAIA, João e KRAPP, Juliana. Sobre sub-<br />

jetivida<strong>de</strong>s diaspóricas e ardis cotidianos: a<br />

<strong>cidadania</strong> cultural na favela da Can<strong>de</strong>lária. In:<br />

Revista <strong>Comunicação</strong>, Mídia e Consumo, São<br />

Paulo: ESPM, vol.5 nº 14 nov.2008, p.69 - 84.<br />

MARTÍN-BARBERO, Jesus. Dos meios às me-<br />

diações: comunicação, cultura e heg<strong>em</strong>onia.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: UFRJ, 2003.<br />

QUESADA, Dominique. O po<strong>de</strong>r da publicida<strong>de</strong><br />

na socieda<strong>de</strong> consumida pelas marcas: como a<br />

globalização impõe produtos, sonhos e ilusões.<br />

São Paulo: Futura, 2003,<br />

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo:<br />

Record, 1980<br />

ROCHA, Everardo e BARROS, Carla. Entre<br />

mundos distintos: notas sobre comunicação e<br />

<strong>consumo</strong> <strong>em</strong> um grupo social. In, BACCEGA,<br />

M. A. <strong>Comunicação</strong> e culturas do <strong>consumo</strong>. São<br />

Paulo: Atlas, 2008.<br />

VEBLEN, Thorstein. A teoria da classe ociosa.<br />

São Paulo: Abril Cultural, 1983.

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