Download do PDF - IBRI
Download do PDF - IBRI
Download do PDF - IBRI
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
REVISTA RI ©<br />
É uma publicação mensal da<br />
IMF Editora Ltda.<br />
Av. Erasmo Braga, 227 - Grupo 404<br />
20020-000 - Rio de Janeiro, RJ<br />
Tel.: (21) 2240-4347 | Fax: (21) 2262-7570<br />
www.revistari.com.br | Email: ri@imf.com.br<br />
Diretor Editorial: Ronnie Nogueira<br />
Editor Internacional: William F. Mahoney<br />
Editor Responsável: Ronal<strong>do</strong> A. da Frota Nogueira<br />
Projeto Gráfico: Selulloid Ag<br />
Direção de Arte: Mari Guimarães<br />
OPERAÇÃO EM BANCAS<br />
Assessoria: Edicase | www.edicase.com.br<br />
Manuseio: FG Press | www.fgpress.com.br<br />
Distribuição: Fernan<strong>do</strong> Chinaglia Distribui<strong>do</strong>ra S/A<br />
Associada ao<br />
Rua Boavista, 254 / 3º andar - sala 311<br />
01014-000 - São Paulo, SP<br />
Tel.: (11) 3106-1836 | Fax: (11) 3106-1127<br />
www.ibri.com.br | Email: ibri@ibri.com.br<br />
CONSELHO<br />
Presidente: João Pinheiro Nogueira Batista<br />
Vice-Presidente: Líbano Miranda Barroso<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Presidente: Geral<strong>do</strong> Soares<br />
Vice-Presidente: Ricar<strong>do</strong> Florence<br />
Vice-Presidente - SP: Vitor Fagá<br />
Vice-Presidente - RJ: Vânia Borgeth<br />
Vice-Presidente - MG: Bruno Seno Fusaro<br />
Diretor Executivo - NE: Álvaro Bandeira de Paula<br />
Diretor Executivo - SUL: Ricar<strong>do</strong> Rosanova Garcia<br />
Diretor Financeiro: Vitor Fagá<br />
Diretor de Comunicação: Luis Fernan<strong>do</strong> Moran<br />
Diretora de Desenvolvimento: Regina Sanchez<br />
Diretora Secretária: Andréa Pereira<br />
Os artigos aqui publica<strong>do</strong>s não pretendem induzir a nenhuma modalidade<br />
de investimento. Os da<strong>do</strong>s e reportagens são apura<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong> o rigor, porém<br />
não devem ser considera<strong>do</strong>s perfeitos e acima de falhas involuntárias.<br />
Os artigos assina<strong>do</strong>s são de responsabilidade exclusiva de seus autores.<br />
É proibida a reprodução desse volume, ou parte <strong>do</strong> mesmo, sob quaisquer<br />
meios, sem a autorização prévia e expressa da IMF Editora.<br />
REVISTA RI nº 131 • Abril 2009<br />
02<br />
18<br />
22<br />
26<br />
30<br />
34<br />
40<br />
42<br />
44<br />
48<br />
52<br />
54<br />
56<br />
MELHORES PRÁTICAS<br />
O VALOR DAS RELAÇÕES COM INVESTIDORES<br />
por William F. Mahoney<br />
LIDERANÇA<br />
O LÍDER APRENDIZ EM MOMENTOS DE INCERTEZA<br />
por Carlos Cruz<br />
BRANDING<br />
VALOR DE MARCA<br />
por Eduar<strong>do</strong> Tomiya<br />
ENFOQUE<br />
O CREPÚSCULO DOS GÊNIOS<br />
por Lélio Lauretti<br />
GOVERNANÇA & MERCADO<br />
QUAL É A SUSTENTABILIDADE QUE O INVESTIDOR PODE ESPERAR?<br />
por Mônica Mansur Brandão<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
DO SINGLE BOTTOM LINE PARA O TRIPLE BOTTOM LINE:<br />
RUMO AOS PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />
por Eduar<strong>do</strong> Werneck<br />
ONDE INVESTIR? A ÁFRICA É O FUTURO.<br />
por Roberto Gonzalez<br />
CONTABILIDADE<br />
IFRS: O IMPÉRIO DA TRANSPARÊNCIA<br />
E O IMPACTO NAS COMPANHIAS ABERTAS BRASILEIRAS<br />
por Jennifer Almeida<br />
DIVULGAÇÃO<br />
PRONUNCIAMENTO DO CODIM: RELEASES<br />
por Jennifer Almeida<br />
<strong>IBRI</strong> NOTíCIAS<br />
COMISSÃO TÉCNICA DO <strong>IBRI</strong><br />
DEBATE A INSTRUÇÃO CVM 202<br />
CERTIFICAÇÃO<br />
IBGC LANÇA PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE CONSELHEIROS<br />
por Rodney Vergili e Jennifer Almeida<br />
DISCLOSURE<br />
GUIDANCE NA BERLINDA<br />
OPINIÃO<br />
OS ÓRGÃOS REGULADORES E A CRISE<br />
por Leslie Amen<strong>do</strong>lara<br />
www.revistari.com.br • e-mail: ri@imf.com.br
MELHORES PRÁTICAS<br />
INVESTIDORES<br />
O principal objetivo das relações com<br />
investi<strong>do</strong>res é otimizar o entendimento da<br />
empresa pela comunidade de investimentos.<br />
por William F. Mahoney*<br />
2 REVISTA RI Abril 2009
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
3
MELHORES PRÁTICAS<br />
Dada a popularidade <strong>do</strong>s modelos multi-fatores entre os<br />
profissionais de investimentos, nós podemos considerar<br />
que um bom programa de RI seja um desses fatores.<br />
Dessa forma, uma eficaz função de relações com<br />
investi<strong>do</strong>res contribui para o valor de uma empresa.<br />
Nesse caso, valor não significa que a RI aumenta receitas ou o fluxo de<br />
caixa ou as margens ou outros determinantes operacionais. Significa que a<br />
ajuda da RI está ocorren<strong>do</strong> ao permitir que os investi<strong>do</strong>res precifiquem as<br />
ações da empresa pelo seu justo valor.<br />
Certamente, essa contribuição não se limita aos usuários de modelos multi-fatores.<br />
Existe um papel produtivo para a RI desempenhar para cada<br />
investi<strong>do</strong>r que use uma abordagem de modelagem ativa, seja ela enfatizada<br />
sobre os lucros, o caixa, ou baseada em múltiplos fatores, ou o que for. Até<br />
mesmo os indexa<strong>do</strong>res e outros usuários de méto<strong>do</strong>s quantitativos se beneficiam<br />
com a inclusão da melhor informação possível nos seus modelos.<br />
Um programa de RI realmente bom fornece a melhor informação.<br />
Nós acreditamos que os administra<strong>do</strong>res das empresas e os investi<strong>do</strong>res<br />
profissionais têm servi<strong>do</strong> para limitar o papel e o valor das relações com<br />
investi<strong>do</strong>res. Os profissionais de RI também podem fazer um melhor<br />
trabalho educan<strong>do</strong> essas duas importantes audiências sobre o real valor<br />
de função. Alguns analistas de ações e gestores de fun<strong>do</strong>s/carteiras ainda<br />
confundem a RI com RP (relações públicas), e executivos de empresas<br />
consideram que seja principalmente uma função de serviço.<br />
RI coMo uMa Função de SeRvIço<br />
Na verdade, as relações com investi<strong>do</strong>res podem ser divididas em<br />
duas amplas categorias de atividades: 1) Serviço; e 2) num papel<br />
aprimora<strong>do</strong>: Preenchimento de Valor.<br />
Os CEOs, presidentes, chefes de divisões operacionais, CFOs já<br />
têm muito o que fazer. Contrate o melhor RI (executivo de RI) que<br />
puder e faça-o liderar a equipe de preenchimento de valor.<br />
Como dissemos, ainda hoje a maioria <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res consideram<br />
a RI como uma função de serviço e por isso a maioria <strong>do</strong>s<br />
programas corporativos de RI oferece essencialmente serviços para<br />
os acionistas, analistas, corretores, investi<strong>do</strong>res institucionais e individuais.<br />
Por isso, infelizmente, a função continua a alcançar menos <strong>do</strong> que<br />
ela pode.<br />
4 REVISTA RI Abril 2009<br />
Portanto, vamos dividir a função da RI em <strong>do</strong>is principais componentes<br />
– serviço e preenchimento de valor. As funções básicas de serviço<br />
são conhecidas por to<strong>do</strong>s os praticantes e executivos de RI assim<br />
como pelos CFOs e CEOs. Essencialmente elas compreendem seis<br />
importantes atividades:<br />
1) Produzir ou participar com os grupos financeiro e jurídico na preparação<br />
<strong>do</strong>s materiais e <strong>do</strong>cumentos de disclosure e registros.<br />
2) Preparar releases de notícias, cobrin<strong>do</strong> tanto informações materiais<br />
como não-materiais. Resulta<strong>do</strong>s trimestrais/anuais, declarações<br />
de dividen<strong>do</strong>s, nomeações de executivos e eleições de conselheiros,<br />
fusões e aquisições e alienações, novas instalações, importantes mudanças<br />
operacionais, e ofertas de produtos/serviços são notícias.<br />
3) Liderar ou participar na preparação <strong>do</strong> relatório anual, fact book e<br />
outros materiais orienta<strong>do</strong>s para a comunidade de investimentos.<br />
4) Responder pedi<strong>do</strong>s de informações <strong>do</strong>s acionistas, analistas e corretores<br />
atuais e potenciais, e talvez a mídia e outros participantes<br />
influentes – por telefone, correio, e-mail, Internet.<br />
5) Manter o website de RI<br />
6) Fornecer informações sobre o merca<strong>do</strong> de investimentos para os<br />
administra<strong>do</strong>res e conselheiros. Tipicamente, isso inclui relatórios<br />
e comentários de analistas, atitudes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> com relação à empresa,<br />
cobertura na mídia, identificação <strong>do</strong>s principais analistas e<br />
potenciais investi<strong>do</strong>res institucionais.<br />
Frequentemente, os programas de RI vão além dessas atividades, incorporan<strong>do</strong><br />
inúmeros esforços proativos para alcançar o merca<strong>do</strong>. Os<br />
administra<strong>do</strong>res passaram a considerar essas atividades como essenciais,<br />
conduzidas primordialmente pela área de RI.<br />
1) Possibilitar que o CEO, CFO e outros altos executivos se dirijam<br />
à grupos de analistas e investi<strong>do</strong>res institucionais, tipicamente sociedades<br />
profissionais de investimentos e grupos dissidentes e organizações<br />
criadas para reunir investi<strong>do</strong>res e empresas. Também existem<br />
atualmente oportunidades similares para encontrar investi<strong>do</strong>res individuais,<br />
muitas vezes com grandes carteiras.
MELHORES PRÁTICAS<br />
2) Encorajar analistas e investi<strong>do</strong>res a encontrarem os altos administra<strong>do</strong>res,<br />
seja em pequenos grupos ou individualmente, e promover<br />
tais encontros. Os departamentos de RI marcam pontos com os<br />
administra<strong>do</strong>res se conseguirem atrair grandes administra<strong>do</strong>res de<br />
carteiras para encontros com o CEO ou CFO. Igualmente, os RIs<br />
ganham credibilidade quan<strong>do</strong> conseguem que o CEO se reúna com<br />
determina<strong>do</strong>s gestores e analistas.<br />
3) Preparar apresentações para os altos executivos fazerem para essas<br />
audiências. Esse trabalho <strong>do</strong> RI também inclui a antecipação<br />
e a preparação de respostas às questões mais prováveis de serem<br />
perguntadas durante essas sessões.<br />
4) Expandir e aprimorar o fluxo de comunicações através da freqüência<br />
e da qualidade <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s materiais como releases, fact<br />
books, e o website da empresa. Aprimorar a qualidade da informação<br />
deve ser um objetivo permanente.<br />
5) Conduzir as reuniões e fazer apresentações para grupos de analistas e<br />
de investi<strong>do</strong>res. Num grande número de empresas os RIs são o principal<br />
porta-voz para a comunidade de investimentos, fazen<strong>do</strong> apresentações<br />
e responden<strong>do</strong> questões. De uma forma, essa é uma expansão <strong>do</strong> papel<br />
<strong>do</strong>s profissionais de RI na condução de conversas telefônicas e contatos<br />
na Internet. O preenchimento desse papel pode significar que os administra<strong>do</strong>res<br />
estão contentes em deixar que o RI seja a principal fonte de<br />
informação e confiam que ele está plenamente capacita<strong>do</strong> a satisfazer o<br />
desejo de informação <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res. A atitude certa para os administra<strong>do</strong>res<br />
é que o RI fale bem pela empresa. Porém, infelizmente, existem<br />
alguns altos executivos que se sentem contentes em passar o trabalho<br />
para o RI ou CFO por razões erradas. Existem CEOs que se acham muito<br />
ocupa<strong>do</strong>s, ou que não vale a pena usar o seu tempo, ou que receiam<br />
cometer um erro ou dizer algo erra<strong>do</strong> ou que são simplesmente tími<strong>do</strong>s<br />
e receosos em assumir uma posição pública. Isso não é bom. O merca<strong>do</strong><br />
precisa conhecer as pessoas que cuidam da empresa; isso é uma peça<br />
fundamental quan<strong>do</strong> se analisa a qualidade <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res.<br />
6) Aconselhe os administra<strong>do</strong>res e os conselheiros sobre as atitudes <strong>do</strong>s<br />
analistas e investi<strong>do</strong>res com relação à empresa, seus fundamentos e as suas<br />
perspectivas para crescer. O feedback da área de RI pode ajudar o enten-<br />
6 REVISTA RI Abril 2009<br />
dimento de como o merca<strong>do</strong> vê a empresa e pode impactar as estratégias e<br />
decisões <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res.<br />
RI: eSpecIalISta ReSIdente no<br />
MeRca<strong>do</strong> de InveStIMentoS<br />
Essa última função cria uma ponte entre as relações com investi<strong>do</strong>res operan<strong>do</strong><br />
como uma função de serviço e a função vital no processo de preenchimento<br />
de valor. Agora, estamos entran<strong>do</strong> neste segun<strong>do</strong> e mais vital<br />
papel, que é o de liderar o caminho para que o merca<strong>do</strong> de investimento<br />
precifique suas ações ao nível <strong>do</strong> valor intrínseco da empresa.<br />
Esse processo começa com o entendimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de investimento<br />
de forma mais completa possível. O seu percurso para alcançar o valor<br />
justo começa com o profun<strong>do</strong> entendimento de como esse grupo coletivo<br />
de investi<strong>do</strong>res chama<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Ações vê a empresa.<br />
É lógico que o RI seja o especialista residente da empresa no merca<strong>do</strong>.<br />
Preencher este papel é um trabalho grande e importante, e não é fácil<br />
ser um pleno conhece<strong>do</strong>r. Isso pode requerer muito estu<strong>do</strong> que, na<br />
verdade, nunca termina. O merca<strong>do</strong> é altamente complexo, incorporan<strong>do</strong><br />
uma variedade de fatores macro e micro, juntamente com uma<br />
série de processos de investimentos, modelos continuamente refina<strong>do</strong>s<br />
e constantemente altera<strong>do</strong>s.<br />
Deveria ser uma exigência básica para que o RI tenha expertise no merca<strong>do</strong>,<br />
que esteja sen<strong>do</strong> constantemente aprimorada. Isso deve ser a base <strong>do</strong><br />
seu trabalho. Faz senti<strong>do</strong> que o líder da equipe de preenchimento <strong>do</strong> valor<br />
da empresa seja a pessoa que entende a dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e o processo<br />
de investimento. Ela deve ser vista dessa forma por to<strong>do</strong> o grupo administrativo.<br />
Cada membro deve estar totalmente à vontade em consultar o RI<br />
em assuntos sobre os merca<strong>do</strong>s de ações e de títulos. Deve existir o mais<br />
alto nível de respeito.<br />
Alguns RIs ainda precisam trabalhar para alcançar aquele nível de conhecimento<br />
e respeito. Faça isso caso você precise. Crie o tempo para ser um<br />
estudante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> na medida necessária para desenvolver o seu conhecimento.<br />
Isso deve ser uma parte integral da descrição <strong>do</strong> seu trabalho,<br />
mais <strong>do</strong> que qualquer outra pessoa na empresa.
MELHORES PRÁTICAS<br />
Ao assumir a principal responsabilidade de ser o resident market expert,<br />
o RI também poderá ter que trabalhar para conquistar a aceitação <strong>do</strong>s<br />
administra<strong>do</strong>res. Na verdade, conquistar essa aceitação pode ser a parte<br />
mais difícil <strong>do</strong> seu trabalho. Muitos CEOs e CFOs se julgam como os<br />
implementa<strong>do</strong>res máximos <strong>do</strong> mandato da valorização <strong>do</strong> acionista.<br />
Esses executivos precisam distinguir entre duas responsabilidades.<br />
Os administra<strong>do</strong>res criam o valor para os acionistas; as equipes de<br />
RI cuidam para que o pleno valor da empresa seja reconheci<strong>do</strong> pela<br />
comunidade de investimentos. Administra<strong>do</strong>res esclareci<strong>do</strong>s entendem<br />
o papel das relações com investi<strong>do</strong>res no desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> acionista.<br />
A melhor forma para os RIs ganharem a aceitação da alta administração<br />
e <strong>do</strong> conselho é através da Execução. Prove o seu conhecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong>s os dias e desempenhe as partes básicas da função de serviço<br />
e lidere os esforços de preenchimento de valor no mais alto nível.<br />
Para completar o círculo, idealmente o programa de RI combina com<br />
eficácia a função de serviço com o objetivo de preenchimento <strong>do</strong> valor.<br />
deSenvolven<strong>do</strong> o ReSpeIto <strong>do</strong>S InveStI<strong>do</strong>ReS<br />
É uma via de mão dupla. Para conduzir o esforço de preenchimento de<br />
valor, o RI deve ser considera<strong>do</strong> por desempenhar e administrar bem o<br />
papel, tanto pelos administra<strong>do</strong>res como pela comunidade de investimentos.<br />
Verdadeiramente, o RI é a ponte entre esses <strong>do</strong>is grupos vitais.<br />
Analistas, gestores de fun<strong>do</strong>s institucionais e de carteiras, corretores, investi<strong>do</strong>res<br />
individuais – to<strong>do</strong>s os participantes precisam estar confiantes<br />
na eficácia da equipe de RI. O RI e os principais membros da equipe<br />
devem se impor no merca<strong>do</strong> através de seus desempenhos diários.<br />
Uma vez estabelecida a confiança, administra<strong>do</strong>res e investi<strong>do</strong>res estão<br />
em posição de literalmente trabalharem juntos para alcançarem o valor<br />
justo nos títulos da empresa, trabalhan<strong>do</strong> através de todas as nuances<br />
diárias <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Seria bom atingir o eleva<strong>do</strong> ponto de progresso,<br />
multiplica<strong>do</strong> por todas as empresas no universo <strong>do</strong>s investimentos!<br />
8 REVISTA RI Abril 2009<br />
InFoRMaçõeS de valoR<br />
Obviamente, a informação é o ingrediente básico nessa receita para valorizar<br />
os títulos de uma empresa de forma justa. O que interessa é a qualidade da informação.<br />
É a informação da melhor qualidade e valor que leva os analistas e<br />
investi<strong>do</strong>res primeiro ao conhecimento e, então, aos detalhes que aumentam<br />
a precisão das suas decisões.<br />
O que cada analista e investi<strong>do</strong>r procura é uma Vantagem da Informação. Os<br />
profissionais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> se esforçam bastante para obter essa vantagem da<br />
informação, reconhecen<strong>do</strong> seus benefícios no processo prático de fazer recomendações<br />
de investimentos e tomar decisões. A Vantagem da Informação<br />
até tornou-se um fator nos modelos de muitos investi<strong>do</strong>res. A informação da<br />
mais alta qualidade é elusiva o bastante para tornar a obtenção da vantagem<br />
da informação um real fator para o entendimento de uma empresa.<br />
As empresas e suas equipes de RI podem fazer uma importante diferença ao fornecer<br />
informações valiosas através <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Claramente, o objetivo de toda<br />
empresa aberta deve ser fornecer informações <strong>do</strong> maior valor tanto nos seus registros<br />
obrigatórios de disclosure como nos seus esforços de comunicação voluntária,<br />
buscan<strong>do</strong> atingir eficazmente a mais ampla audiência de investimento.<br />
Na realidade, existe uma enorme defasagem na gama de informações de<br />
qualidade e valor disponibilizadas pelas empresas. Parte das razões para esse<br />
diferencial entre as empresas é a falta de profissionalismo em reconhecer a<br />
informação que os investi<strong>do</strong>res necessitam para tomar boas decisões.<br />
A outra parte é intencional: os administra<strong>do</strong>res preferem reter a informação,<br />
geralmente por receio de que possa beneficiar um concorrente ou revelar demais<br />
a tal audiência de investi<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s, à mídia, ao governo, entre<br />
outros. Quantas vezes já ouvimos um CEO dizer: “Eles não tem nada a ver<br />
com isso!”. Bem, de fato eles têm.<br />
a vantageM da InFoRMação<br />
Por mais que nos esforcemos, sempre haverá um limite na capacidade <strong>do</strong>s<br />
departamentos de RI de propiciar a vantagem da informação para to<strong>do</strong>s.<br />
Isso é impossível de acontecer; não é da natureza humana.
MELHORES PRÁTICAS<br />
De fato, criar uma vantagem da informação é um esforço complexo, que reúne<br />
o desejo e a capacidade da empresa e de sua área de RI em fornecer<br />
informações de qualidade com os esforços <strong>do</strong>s analistas e investi<strong>do</strong>res de coletarem,<br />
analisarem e entenderem plenamente a informação e o seu valor.<br />
Para o investi<strong>do</strong>r, o esforço inclui o comprometimento de uma razoável<br />
parcela de tempo e energia envolvidas no completo processamento da informação.<br />
É vital nesse comprometimento: passar algum tempo com o RI<br />
e fazer perguntas exploratórias.<br />
Essas discussões, perguntas e respostas deverão revelar a diferença que<br />
permitirá a obtenção da vantagem da informação. Isso considera que o RI<br />
(ou o CFO ou CEO) seja aberto, até o limite que assegure que nenhuma<br />
informação material está sen<strong>do</strong> dada seletivamente.<br />
Uma palavra sobre disclosure seletivo de informação material: Certamente,<br />
os RIs devem ser muito cuida<strong>do</strong>sos para não violarem as regras, que<br />
exigem a disseminação de informação que provavelmente levarão a um ou<br />
muitos investi<strong>do</strong>res a tomarem decisões de comprar/vender/manter para<br />
to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>. O fornecimento de tais informações materiais para uma<br />
pessoa ou grupo de pessoas pode resultar na punição <strong>do</strong> RI, CFO ou CEO,<br />
ou qualquer outro envolvi<strong>do</strong>.<br />
tRabalhan<strong>do</strong> coM uM InveStI<strong>do</strong>R-chave de cada vez<br />
Nesse ponto está fican<strong>do</strong> claro que um eficiente programa de RI envolve<br />
uma considerável parcela de criação de relacionamentos individuais.<br />
Assim, no to<strong>do</strong>, a função de RI é praticada simultaneamente em <strong>do</strong>is níveis<br />
– atingir amplamente a audiência de investimentos e trabalhar seletivamente<br />
com investi<strong>do</strong>res e analistas.<br />
A tarefa de criar relacionamentos profissional e pessoal com dezenas ou<br />
centenas de gestores de carteiras e analistas é enorme, mas não impossível.<br />
A maioria das equipes de RI das empresas consistem de um punha<strong>do</strong> profissional,<br />
limitan<strong>do</strong> o número de relacionamentos que podem beneficiar<br />
ambos os la<strong>do</strong>s. Talvez, o tamanho da equipe de RI deva ser maior; a missão<br />
é bastante importante para merecer um maior poder de fogo.<br />
10 REVISTA RI Abril 2009<br />
Uma certa parcela de seletividade acontece mais ou menos naturalmente.<br />
A compatibilidade impacta as decisões <strong>do</strong>s analistas sobre quais empresas<br />
irá cobrir, primordialmente as de um setor que ele foi incumbi<strong>do</strong>. De certo<br />
mo<strong>do</strong>, os gestores de fun<strong>do</strong>s e de carteiras procuram avaliar empresas que<br />
se encaixem nos parâmetros <strong>do</strong>s seus modelos, tais como growth, value,<br />
GARP, e outros estilos. Os próprios modelos são muito mais precisos nas<br />
exigências quan<strong>do</strong> avaliam perspectivas de investimentos.<br />
Assim, a seletividade se aplica aos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da equação. Investi<strong>do</strong>res e<br />
analistas buscam certas empresas; os profissionais de RI devem trabalhar<br />
para encontrá-los.<br />
Por certo, o targeting tem si<strong>do</strong> uma prática <strong>do</strong>s departamentos de RI há<br />
vários anos. A maioria das empresas usa os vários serviços disponíveis de<br />
targeting, e isso é bom. Esses serviços fornecem nomes de investi<strong>do</strong>res institucionais,<br />
identificam fun<strong>do</strong>s específicos dentro da firma de investimentos,<br />
descrevem a compatibilidade com a empresa, dão nomes <strong>do</strong>s gestores<br />
e analistas, tamanho das posições acionárias, volumes investi<strong>do</strong>s no setor,<br />
concorrentes e muito mais. Coletivamente, esses serviços variam entre razoavelmente<br />
básicos nas suas análises de compatibilidade e nos detalhes<br />
<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s até altamente sofistica<strong>do</strong>s.<br />
Através <strong>do</strong>s níveis de compatibilidade os RIs podem melhor entender as<br />
razões porque certos investi<strong>do</strong>res institucionais e fun<strong>do</strong>s são acionistas<br />
atualmente. Eles podem ver como as características financeiras e operacionais<br />
de suas empresas combinam com os fatores importantes num<br />
modelo de investimento de um investi<strong>do</strong>r institucional. Na verdade, os<br />
elementos podem indicar agora uma combinação positiva ou negativa<br />
ou podem sugerir que se tornarão mais positivas ou negativas com a<br />
evolução das estratégias e iniciativas nos próximos meses e anos. Os<br />
RIs podem estimar a probabilidade se uma instituição irá comprar mais<br />
ações ou vender as ações na medida que essas realidades apareçam.<br />
Eles podem antecipar mais compras ou vendas.<br />
Essa mesma informação pode ser usada para identificar investi<strong>do</strong>res<br />
institucionais prováveis de se interessarem pela empresa. Dessa forma,<br />
o targeting é uma ferramenta para começar o contato e o diálogo com<br />
esses investi<strong>do</strong>res.<br />
certamente, os RIs devem<br />
ser muito cuida<strong>do</strong>sos para<br />
não violarem as regras,<br />
que exigem a disseminação<br />
de informação que<br />
provavelmente levarão a<br />
um ou muitos investi<strong>do</strong>res<br />
a tomarem decisões de<br />
comprar/vender/manter<br />
para to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>.
MELHORES PRÁTICAS<br />
12 REVISTA RI Abril 2009<br />
nós devemos lutar por um<br />
relacionamento com cada<br />
investi<strong>do</strong>r e analista que estimule<br />
uma discussão em torno <strong>do</strong> valor<br />
intrínseco. nessas discussões,<br />
nós podemos compartilhar as<br />
descobertas <strong>do</strong>s nossos modelos na<br />
medida em que o valor intrínseco é<br />
calcula<strong>do</strong> e determina<strong>do</strong>.<br />
O entendimento das razões para investir ajuda o RI, CFO, CEO e outros porta-vozes<br />
da empresa a determinar e enfocar sobre a informação que importa para orientar<br />
o modelo de investimento da instituição. Isso funciona como um passo vital para ser<br />
capaz de fornecer a informação da maior qualidade que ajude ao investi<strong>do</strong>r a criação<br />
da vantagem da informação.<br />
Certamente, o targeting às instituições e analistas é importante. É também um ponto de<br />
partida e deve ser visto dessa forma. O problema é que ele funciona num nível superficial.<br />
O seu valor, provavelmente, vem mais pelo ganho de uma limitada inteligência sobre as<br />
razoes que os investi<strong>do</strong>res institucionais estão manten<strong>do</strong> as ações. Deve existir alguma<br />
conexão entre o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r e o desempenho e perspectivas da empresa.<br />
Entretanto, ao usarem as listas de targeting, as empresas descobriram que muitas instituições<br />
que são contatadas não têm interesse em investir nas suas ações ou em falar com<br />
os administra<strong>do</strong>res naquela ocasião. Ou seus modelos as orientaram para as ações e eles<br />
estão contentes em aplicar os da<strong>do</strong>s de outras fontes e tomar suas decisões, o que é especialmente<br />
verdadeiro entre os investi<strong>do</strong>res “quant”.<br />
tRabalhan<strong>do</strong> coM oS InveStI<strong>do</strong>ReS pRIMoRdIaIS<br />
O essencial para os RIs é ajudar a criação da vantagem da informação para aquelas instituições<br />
que têm ou que terão a maior influência na determinação <strong>do</strong> valor da empresa<br />
medi<strong>do</strong> pelo preço da ação.<br />
Consideran<strong>do</strong> a grande gama da base acionária da maioria das empresas, essas instituições<br />
englobam uma grande variedade de estilos e modelos de investimentos. Eles são<br />
investi<strong>do</strong>res “ativos”, aplican<strong>do</strong> estilos de crescimento ou de valor, ou similares, e usan<strong>do</strong><br />
lucro ou caixa como medida básica, em contrapartida aos investi<strong>do</strong>res “passivos”, que<br />
usam modelos quantitativos ou indexa<strong>do</strong>s, embora esses quants certamente influenciem<br />
as tendências de alta/queda <strong>do</strong>s preços das ações quan<strong>do</strong> estão acontecen<strong>do</strong>.<br />
Nós devemos focar sobre os investi<strong>do</strong>res ativos, que atribuem grande valor em obter a vantagem<br />
da informação. É muito menos provável que consigamos atrair a atenção e exercer<br />
maior influência sobre os quants.<br />
Idealmente, o nosso diálogo centra sobre o valor intrínseco da empresa. Nós devemos<br />
lutar por um relacionamento com cada investi<strong>do</strong>r e analista que estimule uma discussão<br />
em torno <strong>do</strong> valor intrínseco. Nessas discussões, nós podemos compartilhar<br />
as descobertas <strong>do</strong>s nossos modelos na medida em que o valor intrínseco é calcula<strong>do</strong><br />
e determina<strong>do</strong>. Nós podemos falar sobre como o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r calcula o valor<br />
intrínseco e sobre os principais fatores desse processo. Nós podemos comparar o seu<br />
modelo com o modelo da nossa empresa.
MELHORES PRÁTICAS<br />
Talvez o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r seja orienta<strong>do</strong> principalmente pelos lucros. Ou<br />
é um modelo multi-fator, incorporan<strong>do</strong> inúmeros inputs. Não tem problema.<br />
Nós temos um boca<strong>do</strong> de informação para contribuir no funcionamento desses<br />
modelos. Talvez usar o retorno econômico <strong>do</strong> caixa em detrimento <strong>do</strong><br />
modelo <strong>do</strong> fluxo de caixa. Nós queremos entender o caixa real que é gera<strong>do</strong><br />
pelo negócio, como está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>, como os futuros investimentos de caixa<br />
continuarão a fazer crescer o desempenho operacional e o valor intrínseco.<br />
Se o gestor da carteira não quer ir ao ponto de compartilhar o seu modelo, não<br />
tem problema. Você ainda pode discutir os principais inputs e contribuir para<br />
tornar o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r ou analista mais preciso. Você pode discutir o<br />
modelo da sua empresa. Certamente, será um relacionamento bem sucedi<strong>do</strong><br />
quan<strong>do</strong> o RI fornece informações que possibilitam ao investi<strong>do</strong>r operar um<br />
preciso modelo no cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco.<br />
São nessas discussões em que informações materiais são fornecidas seletivamente?<br />
Acreditamos que não. Ou pelo menos isso não deve acontecer. Certamente,<br />
essas conversas podem ser significativas sem que sejam divulgadas<br />
informações materiais não-públicas. Compartilhar e discutir modelos não é<br />
inerentemente uma discussão material. Certos inputs podem ser materiais.<br />
Saiba quais são eles. Tenha cuida<strong>do</strong>! A criação de um diálogo em torno da<br />
modelagem <strong>do</strong> valor intrínseco possibilita aos investi<strong>do</strong>res e analistas a fazerem<br />
um melhor trabalho na identificação <strong>do</strong>s pontos de inflexão, que são<br />
os eventos e desenvolvimentos que começam a mudar o valor intrínseco da<br />
empresa ou começam a levar o merca<strong>do</strong> de investimento para o seu valor<br />
justo. Os investi<strong>do</strong>res que reconhecem o ponto de inflexão mais ce<strong>do</strong> podem<br />
começar a comprar ações antes que o preço comece a subir, ou a vender ações<br />
antes que o preço comece a cair.<br />
O objetivo de uma empresa e de seus profissionais de RI é estar engaja<strong>do</strong><br />
numa eficaz criação de relacionamentos com o maior número de investi<strong>do</strong>res<br />
poderosos que orientem a valorização.<br />
A identificação desses investi<strong>do</strong>res requer um considerável volume de trabalho<br />
e energia.<br />
coMo RealIzaR o tRabalho<br />
É por isso que os profissionais de RI devem ser “estudantes” <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>do</strong><br />
processo de investimentos, aprenden<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> que seja possível, acadêmica e<br />
operacionalmente. É um desafio que requer um grande esforço intelectual<br />
para entender o merca<strong>do</strong> e todas as suas nuances combinadas com o aprendiza<strong>do</strong><br />
na prática das várias abordagens, estilos e modelos de investimentos.<br />
Além <strong>do</strong> desafio de manter um eleva<strong>do</strong> nível de expertise num dinâmico e<br />
mutante merca<strong>do</strong> de investimentos.<br />
O sucesso depende sempre de um forte interesse pessoal e um bom talento<br />
para desenvolver relacionamentos. O foco é sobre a discussão. O real entendimento<br />
<strong>do</strong> modelo de um investi<strong>do</strong>r resulta de discussões e demonstrações.<br />
O gestor da carteira precisa estar confiante de que compartilhar ao seu nível<br />
irá beneficiá-lo.<br />
Como principal executivo de RI da empresa, você está pronto para essa tarefa?<br />
Ou você está contente em preencher as várias funções de serviço e atingir<br />
14 REVISTA RI Abril 2009<br />
os acionistas e investi<strong>do</strong>res alvo fazen<strong>do</strong> apresentações, responden<strong>do</strong> suas<br />
questões e arranjan<strong>do</strong> encontros com a alta administração?<br />
Numa outra forma: Até que ponto a função de RI é passiva e ativa? A RI é<br />
primordialmente em função reativa? Será 75% reativa e 25% proativa?<br />
A forma de usar o tempo é critico na expansão <strong>do</strong> valor da RI. O tempo é<br />
limita<strong>do</strong>, especialmente de uma pessoa ou de equipes pequenas. Enfatize a<br />
administração <strong>do</strong> tempo. Seja meticuloso sobre isso e planeje cuida<strong>do</strong>samente<br />
o uso <strong>do</strong> tempo.<br />
A condução de to<strong>do</strong> o serviço e atividades proativas padrões deve tomar menos<br />
da metade <strong>do</strong> tempo disponível, deixan<strong>do</strong> a maior parte para o esforço de<br />
preenchimento <strong>do</strong> valor.<br />
Se necessário, obtenha ajuda para concluir as outras atividades. É bom ter<br />
pessoas dentro ou fora para escrever os press releases, relatório anual e outros<br />
materiais, e observar o website. Por certo, esteja envolvi<strong>do</strong> nessas atividades,<br />
mas não as desempenhe. Elas podem distrair o seu foco.<br />
Também, os profissionais de RI devem se cuidar contra serem envolvi<strong>do</strong>s em<br />
funções relacionadas, especialmente relações públicas e governança corporativa.<br />
Essas funções são importantes, mas devem ficar com quem tem credenciais<br />
nessas áreas.<br />
Uma observação: a redução <strong>do</strong> risco é uma grande parte da proposta de to<strong>do</strong><br />
investi<strong>do</strong>r. A função de RI ajuda a reduzir o risco tanto para o investi<strong>do</strong>r como<br />
para empresa através <strong>do</strong> fluxo das informações mais valiosas disponíveis.<br />
Resulta<strong>do</strong>: os investi<strong>do</strong>res e analistas ficam confiantes na qualidade e valor da<br />
informação que está sen<strong>do</strong> colocada nos seus modelos. Os administra<strong>do</strong>res<br />
ficam confiantes com sua capacidade de formar uma base acionária mais conhece<strong>do</strong>ra,<br />
que reterá alguma lealdade e manterá suas posições. E bom ter<br />
uma base de acionistas de longo prazo.<br />
Pode-se dizer que a redução de risco é tu<strong>do</strong> o que trata a RI.<br />
a InFoRMação que deteRMIne o valoR IntRínSeco<br />
Agora vamos abordar a informação que não está necessariamente óbvia nos<br />
<strong>do</strong>cumentos de disclosure e que podem fazer diferença para o pleno entendimento<br />
<strong>do</strong> valor de uma empresa. Certamente, uma considerável parte dela<br />
está nos registros de disclosure, sen<strong>do</strong> algumas bastante evidentes e outras<br />
que necessitam de maiores explicações e interpretações.<br />
A informação é um ingrediente integral <strong>do</strong> processo de criação de valor. A<br />
informação leva ao entendimento <strong>do</strong> valor intrínseco da empresa. Enquanto<br />
as estratégias, iniciativas e programas bem implementa<strong>do</strong>s criam valor, a informação<br />
permite que essas atividades sejam entendidas.<br />
A informação que orienta uma decisão é exclusiva em cada empresa? Podemos<br />
rapidamente organizar todas as informações em três categorias: macro,<br />
setorial e especifica da empresa, sen<strong>do</strong> essa principalmente financeira e operacional,<br />
engloban<strong>do</strong> ativos físicos, atributos intangíveis, e outros.
MELHORES PRÁTICAS<br />
Nós podemos colocar toda essa informação num contexto de valor intrínseco.<br />
O que é o valor intrínseco de uma empresa? É o valor calcula<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os<br />
ativos da empresa, incorporan<strong>do</strong> ativos físicos e intangíveis.<br />
Assim, o valor intrínseco é basea<strong>do</strong> no calculo <strong>do</strong> valor das instalações, propriedades<br />
e equipamentos; talentos <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>s; capacidades<br />
científicas e tecnológicas; patentes e licenças; produtos e serviços e de<br />
suas posições competitivas; novos produtos sen<strong>do</strong> lança<strong>do</strong>s e produtos sen<strong>do</strong><br />
desenvolvi<strong>do</strong>s; eficiências na produção e na administração; parcerias; qualidade<br />
e eficácia das estratégias; níveis de criatividade e liderança; liderança social<br />
e ambiental; enfim, a lista não acaba.<br />
Há anos que se desenvolvem esforços para atribuir valores aos ativos intangíveis,<br />
especialmente nos referi<strong>do</strong>s na relação acima.<br />
No cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco acrescente a geração de receitas, geração de<br />
fluxo de caixa, margem de lucro, caixa disponível para investimento. Nós acreditamos<br />
que os investi<strong>do</strong>res estão melhor procuran<strong>do</strong> um número econômico,<br />
que seja basea<strong>do</strong> no fluxo de caixa ao invés <strong>do</strong>s lucros.<br />
A nossa proposta de cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco também deve considerar as<br />
realidades que diminuem aquele valor. Entre elas estão processos judiciais,<br />
questões regulatórias, questões sociais/ambientais, queda nas posições competitivas,<br />
produtos e plantas obsoletas, merca<strong>do</strong>s em declínio, novas e crescentes<br />
concorrências. Você pode imaginar outras.<br />
Foco SobRe oS FatoReS deteRMInanteS de valoR<br />
A priorização da informação leva as empresas e investi<strong>do</strong>res a focarem sobre<br />
os determinantes de valor, que se constituem de mais ou menos uma meia<br />
dúzia <strong>do</strong>s reais fatores <strong>do</strong> valor intrínseco de uma empresa. Eles compreendem<br />
uma combinação de determinantes externos macro/setorial e determinantes<br />
internos operacionais/financeiros/intangíveis.<br />
A disponibilidade e o custo de uma matéria prima essencial pode ser um fator<br />
macro. Ser parte de um setor em declínio ou em expansão é um outro. Uma<br />
forte e nova linha de produtos pode ser um determinante de valor interno, assim<br />
como a operação de um sistema produtivo moderno e altamente eficiente,<br />
ou possuir uma grande reserva de caixa para realizar aquisições estratégicas<br />
e expansões em novos merca<strong>do</strong>s em épocas vantajosas.<br />
Existe muito a ganhar quan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> de investimento precifica as ações<br />
ao nível <strong>do</strong> valor intrínseco. Para que isso aconteça, é bom que os administra<strong>do</strong>res<br />
e investi<strong>do</strong>res concordem com os determinantes de valor. Os profissionais<br />
de RI têm um papel chave para que isso aconteça. Geralmente isso<br />
ocorre através <strong>do</strong> diálogo. Os investi<strong>do</strong>res têm suas convicções sobre quais<br />
determinantes são importantes assim como os administra<strong>do</strong>res.<br />
Uma boa discussão pode ser esclarece<strong>do</strong>ra para permitir que os <strong>do</strong>is grupos<br />
determinem juntos os principais determinantes de valor e, provavelmente, até<br />
mesmo classifiquem e quantifiquem suas contribuições relativas.<br />
Nesse processo, os administra<strong>do</strong>res ganham um melhor entendimento das visões<br />
<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r sobre a empresa e de seus determinantes de valor, e os investi<strong>do</strong>res<br />
ganham importantes indicações sobre o pensamento <strong>do</strong>s executivos.<br />
16 REVISTA RI Abril 2009<br />
Um continua<strong>do</strong> e sóli<strong>do</strong> programa de comunicação detalhan<strong>do</strong> os principais<br />
determinantes de valor alcançan<strong>do</strong> uma audiência cada vez maior pode expandir<br />
significativamente o número de investi<strong>do</strong>res que usam a vantagem da<br />
informação para tomar decisões.<br />
Também importantes, os esforços para focar os investi<strong>do</strong>res e analistas<br />
sobre as informações mais úteis podem reduzir o volume de informações<br />
menos úteis que circulam no merca<strong>do</strong>. O “ruí<strong>do</strong>” supérfluo distrai a<br />
atenção <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res.<br />
valoR IntRínSeco e pReço da ação<br />
Como foi indica<strong>do</strong>, o entendimento <strong>do</strong> valor intrínseco de uma empresa é<br />
a base para saber se no momento a sua ação está sub, sobre ou justamente<br />
precificada. Estu<strong>do</strong>s feitos pela LCRT, uma consultoria que conquistou um<br />
grande reconhecimento por seu trabalho para entender o comportamento <strong>do</strong><br />
investimento, mostra que metade <strong>do</strong> universo de 6000 empresas estão sobrevalorizadas<br />
e metade estão sub-valorizadas. Por suas atitudes, os investi<strong>do</strong>res<br />
que fazem o merca<strong>do</strong> movem aqueles preços na direção <strong>do</strong> valor justo, Usan<strong>do</strong><br />
seus modelos de valor intrínseco, os investi<strong>do</strong>res ganham uma vantagem<br />
quan<strong>do</strong> identificam mais ce<strong>do</strong> os pontos de inflexão que começarão a movimentar<br />
o preço para cima ou para baixo.<br />
Ao liderar a equipe de preenchimento <strong>do</strong> valor, o executivo de RI deve focar<br />
a informação e a comunicação sobre os fatores determinantes de valor fornecen<strong>do</strong><br />
também as outras informações mais importantes para os investi<strong>do</strong>res<br />
e analistas, e recomendan<strong>do</strong> e preparan<strong>do</strong> os administra<strong>do</strong>res para o que poderá<br />
acontecer no preço da ação – mais alto se o merca<strong>do</strong> perceber que a<br />
ação está sub-valorizada ou mais baixo se o merca<strong>do</strong> perceber que ela está<br />
sobre-valorizada.<br />
Os administra<strong>do</strong>res devem sempre trabalhar para criar mais valor, especialmente<br />
quan<strong>do</strong> a ação é vista como ten<strong>do</strong> o justo preço.<br />
Um breve sumário: O papel de serviço <strong>do</strong> RI é conduzir de forma bastante<br />
profissional o fornecimento de suficiente disclosure de boa informação; o<br />
RI e os administra<strong>do</strong>res estão atingin<strong>do</strong> a comunidade de investimentos,<br />
oferecen<strong>do</strong> valiosas informações adicionais. Assim, a função de RI está sen<strong>do</strong><br />
muito bem desempenhada. Esse é o caso atual de inúmeras empresas<br />
em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />
Então, nós acrescentamos a dimensão vital de trabalhar para alcançar o<br />
preenchimento <strong>do</strong> valor, possibilitan<strong>do</strong> que os investi<strong>do</strong>res importantes<br />
criem uma vantagem da informação e orientem o preço da ação para combinar<br />
com o valor intrínseco da empresa. Um trabalho bem feito.<br />
(*) WIllIaM F. MahoneY<br />
expert em Relações com Investi<strong>do</strong>res - é o autor<br />
<strong>do</strong> livro “Manual <strong>do</strong> RI: Princípios e Melhores<br />
Práticas de Relações com Investi<strong>do</strong>res”.<br />
(E-mail: wfmahoney35@verizon.net)
Liderança<br />
18 REVISTA RI Abril Março 2009<br />
O LÍDER<br />
APRENDIZ<br />
EM MOMENTOS<br />
DE INCERTEZA
Ao falar em líder, temos a tendência de imaginá-lo como uma figura<br />
imponente e de nível muito superior aos demais. De fato, para<br />
exercer essa função, é fundamental que se tenha um conhecimento<br />
empresarial diferencia<strong>do</strong> e, principalmente, saiba influenciar e<br />
mobilizar pessoas para alcançarem um propósito. No entanto, esse<br />
profissional não está isento de cometer erros e de ter dúvidas no<br />
momento de tomar uma decisão importante. Por essa razão, quem<br />
se destaca é aquele que podemos chamar de “Líder Aprendiz”.<br />
por Carlos Cruz*<br />
O Líder Aprendiz caracteriza-se por priorizar<br />
o aprendiza<strong>do</strong> individual e o desenvolvimento<br />
contínuo da equipe para o alcance das metas<br />
estratégicas. Para isso, é imprescindível que ele<br />
tenha flexibilidade para atuar com a liderança<br />
situacional, ou seja, atuar com o estilo necessário<br />
de acor<strong>do</strong> com o momento da equipe e <strong>do</strong><br />
estágio de desenvolvimento de cada membro.<br />
O LÍDER APRENDIZ PODE<br />
TER MuITOS ESTILOS,<br />
ALguNS DELES SãO:<br />
Diretivo – que dá a direção dizen<strong>do</strong> o<br />
que fazer.<br />
Treina<strong>do</strong>r – que desenvolve as pessoas<br />
para o futuro.<br />
Mobiliza<strong>do</strong>r – que mobiliza pessoas<br />
em direção à visão.<br />
Afiliativo – que cria harmonia para<br />
curar rixas de times e motiva em momentos<br />
de estresse.<br />
Democrático – que cria colaboração<br />
para conseguir consenso.<br />
Apoia<strong>do</strong>r – que serve como apoio e estímulo.<br />
gerente – que gerencia operações, planos,<br />
atividades e soluciona problemas.<br />
A sacada para o líder alcançar resulta<strong>do</strong>s<br />
é atuar com variedade e saber conviver<br />
com a diversidade.<br />
Uma equipe representa o to<strong>do</strong>, o total<br />
<strong>do</strong>s membros. Para se chegar ao objetivo<br />
final, é preciso enxergar as partes, ou<br />
seja, cada membro e seu papel.<br />
Uma característica fundamental <strong>do</strong> Líder<br />
Aprendiz é saber fazer perguntas<br />
inteligentes para aprender a lidar com<br />
o funcionamento complexo da equipe e<br />
das partes, ou seja, estimular os membros<br />
a lidar com a diversidade, utilizan<strong>do</strong><br />
a intuição, a criatividade, o conhecimento<br />
e o talento individual para o desenvolvimento<br />
como equipe.<br />
Quero sugerir 10 perguntas que despertam<br />
a responsabilidade, podem<br />
ser utilizadas pelo líder e compartilhadas<br />
com os membros da equipe:<br />
1. Quais os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s?<br />
É imprescindível definir de forma específica<br />
as metas a serem alcançadas como<br />
equipe e individuais. Esta pergunta pode<br />
ser utilizada no início de um projeto, ou<br />
até mesmo, na delegação de uma tarefa.<br />
2. Quais as ações? As equipes rumo ao<br />
topo mantêm o foco no plano de ação e no<br />
monitoramento sistemático para o alcance<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Esta pergunta é utilizada para<br />
mobilizar os membros da equipe a fazerem as<br />
coisas acontecerem conviven<strong>do</strong> com a diversidade.<br />
O segre<strong>do</strong> para aprender a lidar com a<br />
disparidade de idéias está em agir.<br />
3. Qual o próximo passo? É muito<br />
comum nas reuniões e nos bate-papos<br />
informais surgirem ótimas idéias e soluções,<br />
porém, se não colocadas em prática<br />
não passarão de idealizações. Os líderes<br />
de alto desempenho utilizam constantemente<br />
esta pergunta para mobilizar a<br />
equipe a entrar em ação imediatamente<br />
com o foco em resulta<strong>do</strong>s. Esta é uma<br />
forma de fazê-la manter os pés no chão.<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI 19
Liderança<br />
4. O que vai gerar mais impacto<br />
positivo? Os membros de uma equipe<br />
tendem a tomar as decisões com base<br />
nas opiniões e ganho pessoal devi<strong>do</strong> à<br />
diversidade de talentos, experiências<br />
e crenças. Porém, os membros de uma<br />
equipe rumo ao topo tomam as decisões<br />
com base no que vai gerar mais impacto<br />
positivo para a equipe alcançar os resulta<strong>do</strong>s<br />
espera<strong>do</strong>s. Esta pergunta quan<strong>do</strong><br />
utilizada em meio à diversidade, contribui<br />
para a tomada de decisões rápidas e<br />
eficazes.<br />
5. Esta ação vai nos levar mais perto<br />
ou mais longe da meta? O líder<br />
tem papel fundamental no engajamento<br />
da equipe para o alcance <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />
Em vez de dizer aos membros da equipe<br />
se o que estão fazen<strong>do</strong> é certo ou erra<strong>do</strong>,<br />
ele pode utilizar esta pergunta, que<br />
traz a equipe para o foco e estimula a<br />
responsabilidade individual pelos resulta<strong>do</strong>s.<br />
Em momentos de feedback, esta<br />
pergunta pode ser bem interessante.<br />
6. O que impede? São comuns alguns<br />
membros da equipe dizerem: “É complica<strong>do</strong>,<br />
é difícil, não dá para fazer, a empresa<br />
isso, a empresa aquilo....”. Neste<br />
momento, o líder pode utilizar esta pergunta<br />
para gerar reflexão, ouvir <strong>do</strong> indivíduo<br />
a verdadeira dificuldade e se livrar<br />
das desculpas sem fundamento.<br />
7. Esta é uma oportunidade de desenvolver<br />
o quê? Esta pergunta é uti-<br />
20 REVISTA RI Abril 2009<br />
lizada quan<strong>do</strong> o membro da equipe traz<br />
uma dificuldade, algum problema ou,<br />
até mesmo, desculpas. O objetivo desta<br />
pergunta é gerar desenvolvimento e utilizar<br />
a diversidade como oportunidade de<br />
crescimento.<br />
8. O que podemos aprender com<br />
isso? Na teoria, liderar e lidar com a diversidade<br />
pode parecer simples, mas na<br />
prática é outro papo. No entanto, quan<strong>do</strong><br />
os membros da equipe utilizam esta<br />
pergunta, acontece o fenômeno chama<strong>do</strong><br />
aprendiza<strong>do</strong>. A melhor forma de uma<br />
equipe lidar com os conflitos é aprender<br />
constantemente com ele, afinal de contas,<br />
não existe nenhuma forma de controlá-los<br />
e sim aprender com eles.<br />
9. Qual a solução? Nas equipes rumo<br />
ao topo o problema só serve como oportunidade<br />
de descobrir uma solução. O<br />
líder tem papel fundamental no condicionamento<br />
da equipe para a solução de<br />
problemas e criação de possibilidades.<br />
Em vez de ele dar as soluções, esta pergunta<br />
pode ser utilizada para que a equipe<br />
a traga por si própria. Em momentos<br />
de discussão e lavagem de roupa suja<br />
esse questionamento pode ser uma grande<br />
saída para trazer a equipe ao foco e<br />
entrar em ação novamente.<br />
Quais os prós e contras? Equipes<br />
dependentes <strong>do</strong> chefe são aquelas<br />
que têm incapacidade de avaliar os prós<br />
e contras para tomar uma decisão. Esta<br />
pergunta pode ser feita sempre que uma<br />
dúvida aparece. Em vez de o líder tomar<br />
as decisões pela equipe, é fundamental<br />
torná-la interdependente através desta<br />
pergunta. Com o tempo os colabora<strong>do</strong>res<br />
tendem a ser mais pró-ativos.<br />
Leonar<strong>do</strong> Da Vinci foi muito sábio<br />
quan<strong>do</strong> disse: “Quem conduz uma discussão<br />
apelan<strong>do</strong> para a autoridade não<br />
está usan<strong>do</strong> sua inteligência, está usan<strong>do</strong><br />
apenas a sua memória”.<br />
O Líder Aprendiz em meio à diversidade<br />
utiliza a inteligência e a memória <strong>do</strong><br />
grupo para lidar com a incerteza. Como<br />
seus colabora<strong>do</strong>res lidam com a incerteza<br />
hoje? Você fornece mais respostas<br />
ou faz mais perguntas a ela? A situação<br />
da sua equipe hoje é uma oportunidade<br />
de você desenvolver o que? Qual o próximo<br />
passo?<br />
(*) CARLOS CRuZ<br />
atua como Coach Executivo e de Equipes,<br />
Conferencista em Desenvolvimento Humano<br />
e Diretor da UP Treinamentos & Consultoria.<br />
(contato@carloscruz.com.br)
BRANDING<br />
VALOR DE<br />
MARCA<br />
22 REVISTA RI Abril 2009
Uma abordagem que considera os diversos<br />
méto<strong>do</strong>s de avaliação de marcas para<br />
minimizar o risco da decisão.<br />
por Eduar<strong>do</strong> Tomiya*<br />
Com tantos casos de utilização de Valor da Marca para suporte a operações<br />
de Fusão e Aquisição (MARCA como um <strong>do</strong>s ativos intangíveis da organização),<br />
securitizações (MARCA como garantia de empréstimos) e jointventures,<br />
cremos que é importante mostrar que, talvez a melhor maneira<br />
de abordar o tema, é utilizan<strong>do</strong> alguns méto<strong>do</strong>s complementares. Ou seja,<br />
este artigo não tem o objetivo de criticar nenhuma meto<strong>do</strong>logia e sim de<br />
ressaltar a vulnerabilidade da utilização de um só méto<strong>do</strong>.<br />
No decorrer da década de 1980-90, foram desenvolvi<strong>do</strong>s e aprimora<strong>do</strong>s<br />
diversos méto<strong>do</strong>s para determinação <strong>do</strong> valor de marca, que são utiliza<strong>do</strong>s<br />
por algumas empresas. No processo de avaliação de marcas é muito comum<br />
utilizarmos uma meto<strong>do</strong>logia como referência primária, porém, sempre<br />
tentamos utilizar pelo menos mais uma ou duas meto<strong>do</strong>logias como<br />
referências secundárias, pois sempre são fontes muito interessantes de<br />
informações para complementar nossa análise.<br />
Para os conhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de Fusões e Aquisições, costumamos classificar<br />
em três grupos os méto<strong>do</strong>s de avaliação, de maneira análoga ao procedimento<br />
que é feito na precificação de valor de empresas nestes processos e<br />
também em privatizações: baseada no custo, no negócio e no merca<strong>do</strong>.<br />
BASEADA<br />
NO<br />
CUSTO<br />
Basea<strong>do</strong> no<br />
volume de investimento<br />
realiza<strong>do</strong> pela marca<br />
1. Custo Incorri<strong>do</strong><br />
BASEADA<br />
NO<br />
NEGÓCIO<br />
Basea<strong>do</strong> na expectativa de<br />
lucros futuros alualiza<strong>do</strong>s<br />
por uma taxa de risco<br />
2. Uso Econômico<br />
O primeiro grupo envolve o valor de investimentos já realiza<strong>do</strong>s na marca.<br />
É uma informação extremamente importante e atualizada. Na analogia com o<br />
processo de due dilligence, este é o valor patrimonial ajusta<strong>do</strong>.<br />
O segun<strong>do</strong> grupo é basea<strong>do</strong> nas estimativas de lucros gera<strong>do</strong>s pela marca<br />
obti<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> Fluxo de Caixa atual <strong>do</strong> negócio. A atualização destes lucros<br />
da marca a uma taxa de desconto nos fornece um valor de marca, ou, o<br />
que chamamos de valor econômico da marca. O quociente <strong>do</strong> Valor obti<strong>do</strong><br />
no uso econômico pelo Custo incorri<strong>do</strong> pode nos dar uma noção <strong>do</strong> Retorno<br />
sobre o Investimento já realiza<strong>do</strong>. Mais ainda, se o valor <strong>do</strong> custo incorri<strong>do</strong> for<br />
maior <strong>do</strong> que o valor econômico gera<strong>do</strong>, muito provavelmente o investimento<br />
realiza<strong>do</strong> não está remuneran<strong>do</strong> o capital investi<strong>do</strong>. Na linguagem de Corporate<br />
Finance, isso acontece quan<strong>do</strong> o valor patrimonial ou de livros de uma<br />
empresa é superior ao seu valor econômico.<br />
O terceiro grupo é o chama<strong>do</strong> Valor de Merca<strong>do</strong>, que pode ser obti<strong>do</strong> em função<br />
de um valor potencial de merca<strong>do</strong>. Este valor potencial pode ser determina<strong>do</strong><br />
por três meto<strong>do</strong>logias: Premium Price, Royalty e Múltiplos de Merca<strong>do</strong>.<br />
Ele reflete o potencial de valor da marca, que também é uma informação<br />
importante, pois, em alguns casos, quan<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> potencial é superior ao<br />
BASEADA<br />
NO<br />
MERCADO<br />
Basea<strong>do</strong> em operações<br />
similares de merca<strong>do</strong> e um<br />
valor potencial da marca<br />
3. Premium Price<br />
4. Royalities<br />
5. Multiplos de Merca<strong>do</strong><br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
23
BRANDING<br />
valor econômico, significa que o ativo Marca tem potencial de geração econômica<br />
maior ao seu acionista, seja através de ações da empresa ou através da<br />
venda ou associação com algum outro player para o qual a marca tem poder<br />
maior de geração de valor ao acionista.<br />
Então, esta informação quan<strong>do</strong> comparada com o valor econômico obti<strong>do</strong>,<br />
pode ser de grande valia.<br />
Estes três méto<strong>do</strong>s são absolutamente complementares e, em função <strong>do</strong> uso, podem<br />
perfeitamente atuarem em conjunto. Isto é, aliás, fortemente recomendável.<br />
Cada um destes três méto<strong>do</strong>s é detalha<strong>do</strong> a seguir:<br />
1. CUSTO INCORRIDO<br />
Este méto<strong>do</strong> calcula o valor <strong>do</strong>s desembolsos diretamente efetua<strong>do</strong>s pela<br />
marca, como publicidade, pesquisas e marketing atualiza<strong>do</strong>s a valor presente.<br />
É o valor <strong>do</strong> desembolso efetua<strong>do</strong> pela empresa para a construção da marca.<br />
Esta métrica, quan<strong>do</strong> utilizada como referência primária para a determinação<br />
<strong>do</strong> valor de marca, possui algumas limitações, pois não existe uma relação<br />
direta entre o custo histórico e o valor de marca. Esta relação é exatamente o<br />
que se busca e, no fun<strong>do</strong>, é o retorno sobre o investimento. Existem marcas<br />
que investiram muito pouco e conseguiram um eleva<strong>do</strong> valor, como é o caso<br />
da Body Shop, que utilizou uma estratégia que construiu uma marca muito<br />
forte com pouco investimento em mídia.<br />
Esta informação é extremamente relevante para o processo de Gestão de<br />
Marcas. Se bem administra<strong>do</strong>, o valor <strong>do</strong> custo incorri<strong>do</strong> deve ser inferior ao<br />
valor da marca.<br />
2. USO ECONÔMICO<br />
Segun<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, o valor de uma marca corresponde ao valor presente<br />
líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s lucros da marca. Por este méto<strong>do</strong>, a marca está dentro <strong>do</strong> contexto<br />
<strong>do</strong> negócio, e é um <strong>do</strong>s ativos intangíveis da empresa. Dentre os ativos<br />
intangíveis, destacam-se o capital humano, sistema de distribuição, sistema<br />
de conhecimento, base de clientes, monopólios, patentes, contratos e o que<br />
desejamos separar, a marca.<br />
A seguir a meto<strong>do</strong>logia, sumarizadamente composta pelas seguintes etapas:<br />
a) Análise Financeira – projeção de resulta<strong>do</strong>s financeiros para os próximos<br />
5 anos (Receita Liquida, Custos, Despesas, Investimentos em ativo fixo, e capital<br />
de giro operacional). Obtemos a projeção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s econômicos deste<br />
perío<strong>do</strong> (Economic Earnings), que é basicamente o Lucro Operacional após o<br />
Imposto de Renda deduzi<strong>do</strong> da remuneração da utilização <strong>do</strong>s ativos tangíveis.<br />
b) Análise de Merca<strong>do</strong> – Do lucro <strong>do</strong>s ativos intangíveis devemos separar o<br />
que é marca <strong>do</strong>s outros ativos intangíveis da empresa. Obtemos a importância da<br />
marca (Brand Contribution) em relação aos outros intangíveis através da análise<br />
<strong>do</strong>s diferenciais competitivos percebi<strong>do</strong>s pelos clientes quan<strong>do</strong> escolhem a marca<br />
entre vários concorrentes Ou seja, é a percepção da marca junto aos consumi<strong>do</strong>-<br />
24 REVISTA RI Abril 2009<br />
res, e como eles utilizam-se dela para suportar seu processo de compra.<br />
c) Análise de Marca – Toda a projeção de resulta<strong>do</strong>s econômicos possui<br />
uma taxa de risco associada à mesma. Quanto mais forte é a marca, menor<br />
será o risco de uma projeção. Entendemos uma marca forte como uma marca<br />
com liderança (marcas fortes possuem diferenciais únicos, líderes na atitude),<br />
geografia (marcas globais conseguiram romper barreiras culturais para manter<br />
a consistência de seus posicionamentos no mun<strong>do</strong>), estabilidade (marcas<br />
fortes possuem públicos estratégicos leais, reconhecimento e familiaridade),<br />
suporte (em to<strong>do</strong>s os pontos de contato, marcas fortes possuem consistência<br />
com seu posicionamento), tendência em relação aos concorrentes e proteção<br />
legal (marcas fortes são protegidas legalmente). Quanto mais forte for a marca,<br />
menor será seu risco. Determinamos a partir desta análise a força da marca<br />
(índice de 0-100) e uma taxa de desconto.<br />
d) Valor da Marca – O valor da marca é o Valor Presente <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
exclusivamente associa<strong>do</strong>s à marca atualiza<strong>do</strong>s por uma taxa de desconto que<br />
reflete o risco da marca.<br />
A meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> uso econômico é utilizada para elaboração <strong>do</strong> Ranking das<br />
Marcas Brasileiras mas Valiosas, estu<strong>do</strong> da BrandAnalytics publica<strong>do</strong> anualmente<br />
pela Revista IstoÉ Dinheiro, basea<strong>do</strong> em da<strong>do</strong>s de pesquisas de merca<strong>do</strong><br />
da Millward Brown. Esta mesma base de da<strong>do</strong>s também é usada no<br />
Ranking Global de Marcas mais Valiosas, da Millward Brown, estu<strong>do</strong> publica<strong>do</strong><br />
anualmente pelo Financial Times. Estes rankings apontaram o Bradesco<br />
como a marca mais valiosa no Brasil e a Google como a marca mais valiosa<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em 2008.<br />
3. PREMIUM PRICE<br />
Segun<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, o valor de uma marca corresponde à projeção de lucros<br />
futuros atualiza<strong>do</strong>s por uma taxa de desconto. Os lucros futuros são obti<strong>do</strong>s<br />
pelo produto <strong>do</strong> premium price unitário pelo faturamento projeta<strong>do</strong>.<br />
Este processo entende que, se os consumi<strong>do</strong>res pagam um premium price<br />
por produtos iguais, este premium price deve-se à marca.<br />
Com certeza é um valor potencial e o méto<strong>do</strong> nos fornece algumas<br />
informações interessantes:<br />
1) Em algumas situações, onde as informações financeiras da empresa não<br />
estão muito bem estruturadas para fornecermos a projeção de Economic Earnings<br />
para os próximos 5 anos (em alguns casos, pelo fato da empresa não<br />
ter um sistema de Custos por atividades para alocar Custos, Despesas, Ativo<br />
Fixo para cada segmento, ou em algumas Instituições Financeiras que não<br />
possuem um VAR – Value at Risk – que possa alocar o capital tangível por<br />
segmento), este méto<strong>do</strong> é recomenda<strong>do</strong>.<br />
2) Aplicável em determinadas situações em que a marca está em um ambiente de<br />
negócios onde a ineficiência da utilização de outros ativos intangíveis (como Capital<br />
Humano, Sistema de Distribuição e outros) esteja de alguma maneira prejudican<strong>do</strong><br />
o valor <strong>do</strong> acionista e conseqüentemente prejudican<strong>do</strong> o valor da marca.
3) Também em caso de determinação de um valor potencial para um possível<br />
compra<strong>do</strong>r da empresa, quan<strong>do</strong> a mesma não deseja mostrar sua estrutura de<br />
custos e despesas bem como seu Plano de Negócios.<br />
Porém, restrições se fazem necessárias à utilização <strong>do</strong> premium price como<br />
méto<strong>do</strong> primário, pois:<br />
• Referência: Premium Price em relação a quê? Em tese, a referência deveria<br />
ser uma marca sem equitiy nenhum, o que é muito difícil. Outro ponto é<br />
que, em geral, o premium price não é devi<strong>do</strong> exclusivamente à marca. Existem<br />
alguns outros ativos intangíveis associa<strong>do</strong>s à este premium. Por exemplo,<br />
no caso de companhias aéreas, o premium price é devi<strong>do</strong> a diversos outros<br />
intangíveis, como atendimento, disponibilidade de vôos, aeronave e suas condições,<br />
e até mesmo programas de milhagem. Precisamos estar muito atentos<br />
em relação à referência, pois pode fazer uma diferença muito grande.<br />
• Premium Price às vezes não é garantia de lucros ao acionista - Em<br />
alguns casos, o investimento necessário para obter o premium price é<br />
superior ao benefício econômico. Às vezes, marcas em contextos operacionais<br />
podem ter rentabilidades totalmente distintas. Quanto vale a<br />
marca Rolls-Royce, que foi vendida para a Volkswagen? Bem, nas mãos<br />
da Volkswagen havia uma sinergia que permitia um nível de rentabilidade<br />
superior <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> estava nas mãos <strong>do</strong>s antigos acionistas, sen<strong>do</strong><br />
que a marca manteve sua prática de merca<strong>do</strong>. Nas mãos da Volkswagen,<br />
por exemplo, a empresa conseguiu viabilizar uma unidade industrial no<br />
Reino Uni<strong>do</strong> para a produção de veículos das marcas Rolls-Royce e Bentley<br />
juntos. Ainda nas mãos da Volkswagen a marca Rolls-Royce gerava<br />
mais valor <strong>do</strong> que nas mãos <strong>do</strong>s antigos acionistas, exercen<strong>do</strong> o mesmo<br />
premium price. Então, um <strong>do</strong>s problemas deste méto<strong>do</strong> é que ele ilustra<br />
um potencial e fornece muita ênfase à avaliação de um stakeholder,<br />
o consumi<strong>do</strong>r final, tratan<strong>do</strong>-a como independente <strong>do</strong> negócio, o que<br />
definitivamente é um fator limitante.<br />
Por isso, recomendamos a utilização <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> premium price como uma<br />
referência <strong>do</strong> potencial de merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor, porém com algumas limitações<br />
de utilizá-lo como méto<strong>do</strong> primário para avaliação de marcas.<br />
4. MÉTODO DO ROYALTY<br />
Neste méto<strong>do</strong>, o valor da marca é o valor presente líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s lucros futuros<br />
da marca atualiza<strong>do</strong>s a uma taxa de desconto que reflete o seu risco. Os<br />
lucros futuros são estima<strong>do</strong>s com uma taxa de royalty pelas vendas projetadas.<br />
A taxa de royalty é estimada com base em múltiplos ou comparáveis de<br />
marcas similares, como sen<strong>do</strong> uma proporção sobre a receita das empresas.<br />
Com certeza é um valor potencial da marca, e teria as mesmas vantagens <strong>do</strong><br />
méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> premium price. Talvez a maior limitação para utilização <strong>do</strong> royalty<br />
como méto<strong>do</strong> primário é que marcas são únicas, e qualquer extrapolação<br />
que se faça de marca para marca pode incorrer em imprecisões, e assim<br />
como no caso <strong>do</strong> premium price, a taxa de royalty não possui uma relação<br />
direta com a rentabilidade <strong>do</strong> negócio.<br />
Porém, para a referência potencial <strong>do</strong> valor de uma marca, este parâmetro<br />
pode ser importante.<br />
5. MÚLTIPLO DE MERCADO<br />
Através deste méto<strong>do</strong>, o valor da marca é obti<strong>do</strong> através de múltiplos de<br />
merca<strong>do</strong>, que são obti<strong>do</strong>s em função de da<strong>do</strong>s disponíveis de merca<strong>do</strong>. Por<br />
exemplo, se uma marca foi vendida por R$ 500 milhões: se seu faturamento<br />
é de R$ 100 milhões, o chama<strong>do</strong> múltiplo de faturamento é 5, ou: O valor da<br />
Marca corresponde a 5 vezes o seu faturamento.<br />
A limitação para este tipo de abordagem é que não é muito comum uma operação<br />
de compra e venda exclusivamente de marcas. Em geral, a marca é adquirida<br />
dentro de um contexto de negócio, ou seja, faz parte de um conjunto<br />
de ativos intangíveis, como capital humano, sistema de distribuição, sistema<br />
de comercialização, entre outros.<br />
Em alguns casos, são utiliza<strong>do</strong>s múltiplos de rankings de marcas mais valiosas<br />
publica<strong>do</strong>s, como os da Interbrand, Millward Brown Optimor, Brand Finance,<br />
BrandAnalytics, etc.<br />
Como um méto<strong>do</strong> alternativo que busca quantificar um potencial de valor de<br />
marca, pode ser bastante útil.<br />
CONCLUSãO<br />
Sem dúvida, no processo de valorização de marcas lidamos com um ativo intangível<br />
de natureza bastante peculiar que, em alguns casos, uma tentativa de<br />
simplificação pode vulnerabilizar a utilização da ferramenta como um to<strong>do</strong>.<br />
Com este paper, entendemos que estes processos de avaliação deveriam, no<br />
fun<strong>do</strong>, minimizar riscos. Talvez a melhor maneira de se fazer isto seja através<br />
da melhoria da qualidade da informação disponível.<br />
Acreditamos na meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> uso econômico como base na avaliação de<br />
marcas, bem como no uso <strong>do</strong>s demais méto<strong>do</strong>s como complementos importante,<br />
capazes de proporcionar conhecimentos adicionais úteis para a compreensão<br />
e gestão das marcas.<br />
(*) EDUARDO TOMIYA<br />
é engenheiro, Mestre, Phd (ABD) em Engenharia<br />
de Produção da Escola Politécnica da USP, sócio<br />
funda<strong>do</strong>r da BA - BrandAnalytics Consultoria de<br />
Marcas. Foi por 6 anos Diretor de Brand Valuation<br />
da Interbrand (América Latina e Ibéria) e por<br />
5 anos foi sócio diretor da Trevisan na área de<br />
Corporate Finance. É professor de branding<br />
na FAAP, FGV, INPI, Rio Branco.<br />
(eduar<strong>do</strong>.tomiya@brandanalytics.com.br)<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
25
ENFOQUE<br />
O crepúsculO<br />
DOs gêniOs<br />
26 REVISTA RI Abril 2009
“O merca<strong>do</strong> financeiro, nos últimos trinta ou quarenta anos, se<br />
converteu numa fértil indústria de “gênios”, mas não pense que<br />
estou falan<strong>do</strong> em gênios <strong>do</strong> tipo artistas, cientistas, escritores,<br />
esportistas, ganha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prêmio Nobel ou equivalentes.<br />
Estou me referin<strong>do</strong> aos “multiplica<strong>do</strong>res de fortunas” que<br />
acabaram por constituir a classe mais privilegiada da sociedade<br />
ocidental, se tomarmos por referência as incríveis fortunas que<br />
acumularam, sempre expressas em milhões de dólares.”<br />
por lélio lauretti*<br />
Confesso-me um grande aprecia<strong>do</strong>r da monumental<br />
obra de Richard Wagner, compositor<br />
alemão que viveu no Século XIX e revolucionou<br />
por completo o mun<strong>do</strong> da ópera,<br />
até então <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelos italianos (Verdi,<br />
Puccini, Mascagni, Rossini e muitos outros).<br />
Enquanto a ópera italiana – La Traviata, Rigoletto,<br />
Elixir <strong>do</strong> Amor são exemplos muito<br />
conheci<strong>do</strong>s – era construída em torno de temas<br />
dramáticos ou cômicos muito simples, às<br />
vezes até ingênuos, e valorizava sobremaneira<br />
os <strong>do</strong>tes vocais <strong>do</strong>s intérpretes relegan<strong>do</strong> a<br />
orquestra a um papel secundário de simples<br />
acompanhamento, Wagner decidiu criar o<br />
que ele mesmo batizou de “drama musical”,<br />
buscan<strong>do</strong> seus enre<strong>do</strong>s em antigas sagas da<br />
mitologia germânica e procuran<strong>do</strong> valorizar<br />
tanto o aspecto teatral como o musical de suas<br />
composições, nas quais o texto, a orquestra e<br />
os cantores tinham papéis igualmente relevantes.<br />
Mudar, como ouvinte, de um “Barbeiro<br />
de Sevilha”, de Rossini, para um “Tristão<br />
e Isolda”, de Wagner, é quase o mesmo que,<br />
no cinema, trocar uma deliciosa comédia <strong>do</strong><br />
“Gor<strong>do</strong> e o Magro” por um “Assim Caminha a<br />
Humanidade”, <strong>do</strong> inesquecível James Dean.<br />
A obra mais complexa de Wagner foi uma<br />
tetralogia chamada “O anel <strong>do</strong>s nibelungos”,<br />
que reúne quatro óperas completas: O Ouro<br />
<strong>do</strong> Reno, As Valquírias, Siegfried e O Crepúsculo<br />
<strong>do</strong>s Deuses. Parece estranho falar em<br />
crepúsculo de deuses, mas a cena final dessa<br />
tetralogia é exatamente o Walhala – a morada<br />
<strong>do</strong>s deuses – toma<strong>do</strong> pelo fogo que a tu<strong>do</strong> e a<br />
to<strong>do</strong>s consome, inclusive os próprios.<br />
O merca<strong>do</strong> financeiro, nos últimos trinta ou<br />
quarenta anos, se converteu numa fértil indústria<br />
de gênios, mas não pense que estou<br />
falan<strong>do</strong> em gênios <strong>do</strong> tipo artistas, cientistas,<br />
escritores, esportistas, ganha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prêmio<br />
Nobel ou equivalentes. Estou me referin<strong>do</strong><br />
aos “multiplica<strong>do</strong>res de fortunas” que acabaram<br />
por constituir a classe mais privilegiada<br />
da sociedade ocidental, se tomarmos por referência<br />
as incríveis fortunas que acumularam,<br />
sempre expressas em milhões de dólares.<br />
No momento em que o merca<strong>do</strong> financeiro<br />
deixou sua missão básica de intermediação<br />
entre poupança e produção e passou a criar<br />
produtos próprios, de uma variedade impressionante,<br />
tivemos uma transição tão relevante<br />
quanto à da ópera “buffa”, ou cômica, para o<br />
drama lírico de Wagner. Só que para pior, muito<br />
pior! Já nos acostumamos com retratos de<br />
capas inteiras de revistas ou de primeiras páginas<br />
de jornal com a legenda “Gênio”. Não dá<br />
outra: é um multiplica<strong>do</strong>r de fortunas (a dele<br />
em primeiro lugar).<br />
Na realidade, a multiplicação de fortunas,<br />
como tem aconteci<strong>do</strong>, não é um processo de<br />
criação de valor mas, claramente, um de transferência<br />
de valor. Essa transferência ocorre da<br />
poupança da sociedade para um grupo bastante<br />
reduzi<strong>do</strong> de profissionais, sejam eles agentes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
ou grandes empresários cuja remuneração variável<br />
(perto da qual a remuneração fixa é “peanut”)<br />
tem tu<strong>do</strong> a ver com o valor das ações<br />
da empresa em bolsa. E os valores envolvi<strong>do</strong>s<br />
fogem a qualquer consideração de ordem lógica.<br />
Qual o maior prêmio a que pode aspirar<br />
um pesquisa<strong>do</strong>r, um professor, um autor, um<br />
economista de renome? Sem dúvida, o Prêmio<br />
Nobel que, além da consagração, rende algo<br />
em torno de um milhão de dólares. Como imaginar<br />
que, na febre das aberturas de capital <strong>do</strong>s<br />
últimos anos, aqui no Brasil, os banqueiros de<br />
investimento e respectivos assessores, quase<br />
como regra geral, ganhavam bem mais <strong>do</strong> que<br />
um Nobel por mês, se somarmos os milionários<br />
bônus de fim-de-ano? Medida pela paga,<br />
seria sem dúvida a mais nobre das profissões<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, muito acima de médicos, professores,<br />
pesquisa<strong>do</strong>res, engenheiros, ministros etc.<br />
O que os gênios ganham por hora é superior ao<br />
ganho de um ano <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res comuns,<br />
como bombeiros, seguranças, policiais, lixeiros,<br />
coveiros, motoristas, metroviários e um<br />
verdadeiro exército de pessoas cujo valor só é<br />
senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> não trabalham, isto é, quan<strong>do</strong><br />
o metrô pára, o lixo se acumula nas ruas, ficamos<br />
às escuras, somos assalta<strong>do</strong>s, os mortos<br />
permanecem insepultos e assim por diante.<br />
Para elevar o espanto à sua enésima potência<br />
(“n” tenden<strong>do</strong> para o infinito), formaram-se,<br />
no mun<strong>do</strong>, algumas fortunas pessoais, num<br />
contingente já superior a 1.000 bilionários,<br />
maiores <strong>do</strong> que o PIB de alguns países com<br />
dezenas de milhões de habitantes. Bill Gates,<br />
Warren Buffett, Carlos Slim, os três maiores<br />
dentre os 1.000, têm fortuna pessoal de mais<br />
de 60 bilhões de dólares cada um. Bangladesh,<br />
um país de 130 milhões de habitantes, tem um<br />
PIB anual em torno de 60 bilhões de dólares!<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
27
ENFOQUE<br />
O que os exemplos acima demonstram é que,<br />
fugin<strong>do</strong> de sua função econômica de intermediar<br />
recursos, os merca<strong>do</strong>s financeiros<br />
se converteram em veículos eficientíssimos<br />
de concentração de riqueza. Não é por outro<br />
meio que 2% de to<strong>do</strong>s os habitantes da<br />
Terra se tornaram <strong>do</strong>nos de 50% de to<strong>do</strong>s<br />
os ativos financeiros ou imobiliários. Isso na<br />
média geral. No Brasil, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
e em alguns outros países desenvolvi<strong>do</strong>s, os<br />
2% são <strong>do</strong>nos de mais de 80% de to<strong>do</strong>s os<br />
ativos. Se você quiser conhecer, em detalhes,<br />
como funcionam essas fábricas de bilionários<br />
e como vivem eles, há <strong>do</strong>is livros de lançamento<br />
recente que vão surpreendê-lo muito:<br />
o “Supercapitalismo”, <strong>do</strong> Robert Reich, e o<br />
“Superclasse”, <strong>do</strong> David Rothkopf. Você vai<br />
encontrar brasileiros nessas páginas. Não é,<br />
também, por outra razão, que estamos atravessan<strong>do</strong><br />
décadas de pura pobreza espiritual,<br />
já que nossa escala de valores tem um denomina<strong>do</strong>r<br />
comum chama<strong>do</strong> “quanto vale?” –<br />
“Este é um quadro da fase azul de Picasso”.<br />
– “Quanto vale?” e, por extensão, “Este livro já<br />
vendeu 10 milhões de exemplares”, “O filme<br />
já foi visto por 1 milhão de pessoas” e assim<br />
por diante. Dinheiro, só dinheiro, direta ou<br />
indiretamente.<br />
Voltan<strong>do</strong> a Wagner, vimos que o ciclo começou<br />
com o Ouro, passou pelas Valquírias, por Siegfried,<br />
e terminou no Crepúsculo <strong>do</strong>s Deuses.<br />
Com relação à nossa atualidade, parece que também<br />
se repete a figura <strong>do</strong> Crepúsculo, não <strong>do</strong>s<br />
Deuses, mas <strong>do</strong>s Gênios, com o desmoronamento<br />
<strong>do</strong> Walhala <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro, incendia<strong>do</strong><br />
pela ambição desmedida, pela falta de escrúpulos,<br />
pela irresponsabilidade <strong>do</strong>s saques sobre o<br />
futuro, pela perda de valores de referência e tu<strong>do</strong><br />
o mais. Fortunas dizimadas, poupanças de uma<br />
vida inteira reduzidas a centavos, conselheiros<br />
desacredita<strong>do</strong>s, instituições outrora invejadas e<br />
agora quebradas... Começa o trabalho de rescal<strong>do</strong>,<br />
para o qual precisamos de bombeiros, não de<br />
gênios, e cujo custo serão anos de baixo crescimento<br />
econômico, desemprego em alta, investimentos<br />
posterga<strong>do</strong>s, desaparecimento de milhares<br />
de empresas, déficits orçamentários públicos<br />
em montantes inéditos, massas em desespero e<br />
muitas outras malvadezas.<br />
Ainda que cômica por vezes, a irracionalidade é<br />
sempre trágica em suas conseqüências. Como<br />
imaginar que, em pleno Século XXI, um esper-<br />
28 REVISTA RI Abril 2009<br />
talhão chama<strong>do</strong> Ma<strong>do</strong>ff conseguisse surrupiar<br />
as fortunas ou as reservas de meio mun<strong>do</strong>? Já<br />
se sabe que o esquema envolveu fraudes acima<br />
de 50 bilhões de dólares no total e que não só<br />
incautos poupa<strong>do</strong>res, como igrejas, museus,<br />
orquestras, teatros, entidades filantrópicas,<br />
ONGs etc. viram suas reservas reduzidas a pó,<br />
como muitos consultores de finanças, gestores<br />
de fun<strong>do</strong>s de investimentos e outros mais “<strong>do</strong><br />
ramo” embarcaram na mesma canoa furada.<br />
Lamentável mas não surpreendente que alguns<br />
suicídios já tenham si<strong>do</strong> anuncia<strong>do</strong>s por conta<br />
disso. Mas Ma<strong>do</strong>ff não é o único opera<strong>do</strong>r competente<br />
de esquemas “Ponzi”. Outros nomes já<br />
estão aparecen<strong>do</strong>: Kazutsuji Nami, que batizou<br />
seu esquema de “enten” (iene + paraíso) e o norte-americano<br />
Robert S. Stanford já ingressaram<br />
nessa galeria.<br />
Quem sabe se em 2010<br />
ou 2011 poderemos<br />
começar um novo<br />
ciclo, com menos ouro,<br />
menos “gênios das<br />
finanças”, mas livres<br />
<strong>do</strong> risco de um novo<br />
crepúsculo?<br />
Na tradição egípcia, havia a Fênix, uma ave fabulosa<br />
que, queimada, renascia de suas próprias<br />
cinzas. Como sobrevivente da crise de 1929,<br />
que impôs uma dura penitência de quase 5 anos<br />
para que a economia se livrasse <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s<br />
capitais (sem trocadilho) que cometeu, estou<br />
convenci<strong>do</strong> de que aprendemos bastante (talvez<br />
não “o bastante”) para refinar controles, criar<br />
organismos multilaterais e, com isso, erguer anteparos<br />
às futuras crises. Devemos, mais uma<br />
vez, purgar-nos, via crise, <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s da “exuberância<br />
irracional” (expressão encampada por<br />
Greenspan que, todavia, foi um de seus mais<br />
decidi<strong>do</strong>s promotores através de sua clara opção<br />
pelos “juros negativos” como impulsiona<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> crescimento econômico). O primeiro passo<br />
nessa direção é entender que exuberância e recessão<br />
não são apenas ciclos econômicos que se<br />
alternam rotineiramente, mas que a segunda é<br />
sempre conseqüência direta da primeira, numa<br />
relação desalmada de causa e efeito. Muita cautela,<br />
portanto, com tu<strong>do</strong> que é “super”: supersa-<br />
lários, superlucros, superconsumo, superendividamento,<br />
superriscos ... Lembre-se de um <strong>do</strong>s<br />
princípios básicos defendi<strong>do</strong>s por Platão: “nada<br />
em excesso!” O segun<strong>do</strong> é a lembrança de que,<br />
tanto para governos, para empresas como para<br />
famílias, a poupança -- não o endividamento -- é<br />
o alicerce <strong>do</strong> crescimento sustentável.<br />
Alguns sinais de que o <strong>do</strong>ente continua vivo já<br />
se fazem visíveis: a poupança <strong>do</strong>s norte-americanos,<br />
consistentemente negativa nas últimas<br />
décadas, chegou agora a 3% da renda nacional<br />
e deve alcançar 6% nos próximos 3 anos;<br />
fun<strong>do</strong>s de investimentos com pesa<strong>do</strong>s prejuízos<br />
em seus livros estão se tornan<strong>do</strong> objetos<br />
de cobiça por investi<strong>do</strong>res competentes que<br />
conseguem ver nos prejuízos acumula<strong>do</strong>s um<br />
grande ativo, já que podem compensar imposto<br />
de renda a pagar por muitos e muitos exercícios<br />
futuros. A opinião pública já está sen<strong>do</strong><br />
despertada para os vergonhosos esquemas de<br />
remuneração de altos executivos. Acabo de conhecer<br />
mais um subproduto <strong>do</strong> Ouro (não o<br />
<strong>do</strong> Reno, é claro!): os “golden coffins” (caixões<br />
de ouro). Se o executivo falece antes da aposenta<strong>do</strong>ria,<br />
100% de seus ganhos <strong>do</strong> ano anterior<br />
são pagos à sua família no primeiro ano,<br />
75% no segun<strong>do</strong> e 50% no terceiro. Já existiam<br />
os “golden parachutes” (paraquedas de ouro),<br />
pagos aos executivos demiti<strong>do</strong>s, às vezes por<br />
incompetência ... Só o Nardelli levou US$ 210<br />
milhões da Home Depôt!<br />
Não esquecer, por fim, que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
poderão voltar a exercer sua capacidade de liderar<br />
a economia mundial, mas agora na direção<br />
certa. Basta que o novo Presidente siga a<br />
cartilha que parece estar a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>, tão simples<br />
quanto segura: “O que o Bush faria neste caso?<br />
OK. Vamos fazer exatamente o contrário.”<br />
Quem sabe se em 2010 ou 2011 poderemos<br />
começar um novo ciclo, com menos ouro, menos<br />
“gênios das finanças”, mas livres <strong>do</strong> risco de<br />
um novo crepúsculo?<br />
(*) lÉliO lAureTTi, é<br />
membro da Câmara de<br />
Árbitros e <strong>do</strong> Conselho<br />
de Supervisão <strong>do</strong><br />
Merca<strong>do</strong> da BMFBovespa.<br />
(lauretti@osite.com.br)
GOVERNANÇA & MERCADO<br />
GOVERNANÇA<br />
CORPORATIVA:<br />
QUAL É A SUSTENTABILIDADE<br />
QUE O INVESTIDOR PODE ESPERAR?<br />
30 REVISTA RI<br />
Abril 2009
O conceito de sustentabilidade emerge <strong>do</strong> famoso relatório<br />
denomina<strong>do</strong> Our common future (Nosso futuro comum),<br />
publica<strong>do</strong> em 1987 e também conheci<strong>do</strong> como Relatório Brundtland.<br />
O <strong>do</strong>cumento em questão é uma das referências mais importantes<br />
da humanidade sobre o tema desenvolvimento sustentável, ten<strong>do</strong><br />
resulta<strong>do</strong> das preocupações da Organização das Nações Unidas -<br />
ONU - sobre meio ambiente e desenvolvimento.<br />
por Mônica Mansur Brandão*<br />
Brundtland é o sobrenome da então primeiraministra<br />
da Noruega, Gro Harlem Brundtland,<br />
presidente da Comissão Mundial para o Meio<br />
Ambiente e o Desenvolvimento - CMMAD -,<br />
criada pela ONU com o propósito de discutir<br />
as relações entre meio ambiente e desenvolvimento<br />
sustentável, bem como de propor alternativas<br />
para que isso se viabilize.<br />
O <strong>do</strong>cumento em questão pode não ter si<strong>do</strong> o<br />
primeiro texto que tratou da sustentabilidade,<br />
mas, certamente, foi o primeiro sobre o tema<br />
dissemina<strong>do</strong> em bases planetárias. A expressão<br />
desenvolvimento sustentável emerge <strong>do</strong><br />
Relatório Brundtland e significa o desenvolvimento<br />
que satisfaz as necessidades presentes<br />
sem comprometer a capacidade de as gerações<br />
futuras suprirem suas próprias necessidades.<br />
Essa definição explicita uma visão desenvolvimentista<br />
que reconhece que existe limite para<br />
o uso de recursos naturais. Em 2009, o Relatório<br />
completa 22 anos de publicação; mesmo<br />
com as críticas sofridas ao longo <strong>do</strong> tempo -<br />
lembran<strong>do</strong> que suas projeções consideram as<br />
melhores informações disponíveis no momento<br />
de sua elaboração -, ele tem gera<strong>do</strong> múltiplos<br />
des<strong>do</strong>bramentos práticos, como o Trata<strong>do</strong><br />
de Kyoto entre outros; essencialmente, suas<br />
premissas básicas permanecem atuais.<br />
O Relatório Brundtland apresenta um conjunto<br />
de recomendações focadas em cooperar com a<br />
solução de problemas supranacionais, tais como<br />
o uso <strong>do</strong> conceito de desenvolvimento sustentável<br />
por entidades de financiamento, a proteção<br />
de eco sistemas como Antártica, oceanos e outros,<br />
a eliminação de guerras e a implementação<br />
de um programa de desenvolvimento sustentável<br />
pela ONU. No que se refere aos países,<br />
o Relatório apresenta recomendações como<br />
limitar o crescimento da população, garantir<br />
recursos básicos como água, energia e outros<br />
a longo prazo, preservar a biodiversidade e os<br />
ecossistemas, diminuir o consumo de energia e<br />
desenvolver tecnologias energéticas renováveis,<br />
aumentar a produção industrial de países não<br />
industrializa<strong>do</strong>s via tecnologias limpas, controlar<br />
a urbanização desordenada e atender a necessidades<br />
básicas de saúde, educação e habitação.<br />
O trabalho da Comissão Brundtland foi um<br />
passo importante; mesmo assim, 22 anos após,<br />
a ficha aparentemente ainda não caiu para muitas<br />
pessoas e organizações, as quais ainda não<br />
perceberam que o ataque sistemático ao meio<br />
ambiente tem potencial para provocar grandes<br />
desastres ambientais, cujas conseqüências são,<br />
em grande medida, imprevisíveis. O modelo<br />
de desenvolvimento basea<strong>do</strong> no crescimento e<br />
nos retornos financeiros, consoante uma lógica<br />
exclusivamente econômica, necessita ceder lugar<br />
a outra rationale, favorável ao futuro da humanidade;<br />
não se trata de “eco-chatice”, mas<br />
de constatação científica.<br />
Da<strong>do</strong> esse pano de fun<strong>do</strong> mais amplo, perguntamos:<br />
sob o prisma empresarial, como considerá-la,<br />
especialmente no caso de companhias<br />
com ações listadas em bolsa de valores? Qual é<br />
a sustentabilidade que os investi<strong>do</strong>res, especialmente<br />
aqueles que baseiam suas decisões em<br />
modelos fundamentalistas, os quais investigam<br />
mais a fun<strong>do</strong> os fundamentos organizacionais,<br />
podem esperar ou demandar dessas empresas?<br />
Em linha com o Relatório Brundtland, a expressão<br />
sustentabilidade empresarial pode ser considerada,<br />
de maneira abrangente, como sen<strong>do</strong><br />
sinônima de desenvolvimento empresarial sustentável,<br />
o qual permita satisfazer necessidades<br />
presentes sem comprometer possibilidades de<br />
as gerações futuras atenderem às suas próprias<br />
necessidades. De forma mais específica, a sustentabilidade<br />
empresarial também necessita<br />
encampar aspectos como busca de longevidade<br />
e sucesso de longo prazo; adicionalmente, a sustentabilidade<br />
necessita reconhecer e abranger<br />
variáveis econômicas, sociais e ambientais.<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
31
GOVERNANÇA & MERCADO<br />
Todas as organizações<br />
ditas sérias são candidatas<br />
à incorporação da<br />
responsabilidade social como<br />
um princípio ético inerente ao<br />
seu trabalho. Ponto de atenção:<br />
muita energia executiva será<br />
necessária em prol de um<br />
mun<strong>do</strong> sustentável e melhor.<br />
Ex expositis, entendemos que a sustentabilidade, no caso das empresas<br />
acima citadas implica, sem exaurir as possibilidades:<br />
1. ter uma missão clara quanto ao papel da empresa em relação à sociedade<br />
que ela pretende servir;<br />
2. ter uma visão desafia<strong>do</strong>ra de longo prazo, que sirva como farol à estratégia,<br />
caminho de alcance dessa visão;<br />
3. abraçar princípios éticos que tenham emergi<strong>do</strong> de dentro para fora,<br />
via reflexão real <strong>do</strong>s dirigentes organizacionais;<br />
4. a<strong>do</strong>tar políticas e práticas de governança corporativa consistentes e<br />
coerentes entre si;<br />
5. formular uma boa estratégia que leve em consideração as oportunidades<br />
de negócios, as variáveis econômicas, sociais e ambientais relevantes<br />
e as capacidades organizacionais;<br />
6. administrar essa estratégia consideran<strong>do</strong> objetivos, indica<strong>do</strong>res e metas,<br />
asseguran<strong>do</strong> que o caminho traça<strong>do</strong> seja segui<strong>do</strong>;<br />
7. cuidar <strong>do</strong> capital humano, atrain<strong>do</strong> e reten<strong>do</strong> talentos, desenvolven<strong>do</strong><br />
lideranças e sucessores, recompensan<strong>do</strong> o bom desempenho e manten<strong>do</strong><br />
o clima de trabalho edificante e estimulante;<br />
8. administrar os investimentos, em prol <strong>do</strong> bom uso de recursos<br />
financeiros;<br />
9. administrar os riscos relevantes;<br />
10. informar os públicos relevantes (stakeholders) e a sociedade. Acredi-<br />
32 REVISTA RI Abril 2009<br />
tamos que os investi<strong>do</strong>res fundamentalistas apreciarão bons resulta<strong>do</strong>s<br />
basea<strong>do</strong>s em tais quesitos, pois, resulta<strong>do</strong>s econômicos per se não são<br />
indícios suficientes de boa sustentabilidade.<br />
Os tópicos acima cita<strong>do</strong>s parecem interessantes e merece<strong>do</strong>res de<br />
aprofundamento; por ora, enfatizamos o ponto de vista de que não<br />
pode haver sustentabilidade se ela não estiver efetivamente refletida<br />
nas estratégias corporativa e por negócio. A nosso ver, clareza quanto<br />
ao posicionamento da empresa em relação ao meio ambiente, às comunidades<br />
e às questões sociais deve pautar as estratégias e sua implementação,<br />
já que as evidências indicam que as sociedades por ações e<br />
demais as organizações da economia serão, cada vez mais, instadas a<br />
trabalhar seriamente o conceito de sustentabilidade. Mudanças serão<br />
cada vez mais cobradas via regras <strong>do</strong> jogo formais mais rígidas ou maiores<br />
exigências de merca<strong>do</strong>s clientes e fornece<strong>do</strong>res; a prática exigirá o<br />
trabalho duro inerente à administração da estratégia e das operações<br />
no dia-a-dia, não existin<strong>do</strong> soluções prêt-à-porter capazes de tornar as<br />
empresas estrategicamente sustentáveis ou tanto quanto possível.<br />
Finalizamos expressan<strong>do</strong> a idéia de que o conceito de sustentabilidade<br />
pode ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> independentemente <strong>do</strong> tamanho da organização,<br />
conforme observa Roberto Gonzalez no artigo “As pequenas e médias<br />
empresas podem ser realmente sustentáveis?” todas as organizações<br />
ditas sérias são candidatas à incorporação da responsabilidade social<br />
como um princípio ético inerente ao seu trabalho. Ponto de atenção:<br />
muita energia executiva será necessária em prol de um mun<strong>do</strong> sustentável<br />
e melhor. (www.apimecmg.com.br, 2006)<br />
(*) MÔNICA MANSUR BRANDÃO<br />
é conselheira da Apimec-MG, profissional<br />
de finanças, professora, MBA em Finanças,<br />
especializada em Gestão Estratégica e mestre<br />
em Administração (E-mail: mbran@terra.com.br).
SUSTENTABILIDADE<br />
DO SINGLE BOTTOM LINE<br />
PARA O TRIPLE BOTTOM LINE:<br />
RUMO AOS PRINCÍPIOS DE<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
SUSTENTÁVEL<br />
A intenção nesse artigo é falar sobre o conceito<br />
Triple Bottom Line desenvolvi<strong>do</strong> pela empresa de<br />
consultoria Sustainability e sua importância para discussão<br />
de meto<strong>do</strong>logias científicas de avaliação e decisão de<br />
investimentos de empresas. Vamos tentar destacar dentro<br />
das informações econômico-financeiras aquelas que dizem<br />
respeito a outros segmentos que interferem no desempenho<br />
e no lucro da empresa sobre várias referências.<br />
por Eduar<strong>do</strong> Werneck*<br />
34 REVISTA RI Abril 2009
É reconhecida a dificuldade de compreensão pelos profissionais de investimentos<br />
quanto aos impactos <strong>do</strong>s fenômenos ambientais e sociais<br />
bem como <strong>do</strong>s princípios de governança sobre o comportamento das<br />
empresas e em especial sobre o desempenho <strong>do</strong> fluxo de caixa.<br />
Estamos habitua<strong>do</strong>s a fundamentar todas as premissas e variáveis<br />
de análise e projeção nos âmbitos macro e microeconômico, enxergan<strong>do</strong><br />
o problema quantitativamente. As informações sobre Balanço<br />
ou Demonstração de Resulta<strong>do</strong>s não registram, pela própria<br />
natureza, da<strong>do</strong>s qualitativos. Mesmo para variáveis intangíveis que<br />
podem ser quantificáveis continua a haver problemas mesmo com<br />
a nova lei 11638/2007.<br />
Iniciativas importantes como o Balanço Social criadas pelo Ibase, no início<br />
da década <strong>do</strong>s 80, foram sementes importantes para uma nova visão<br />
analítica. Betinho, seu mentor, fez na década <strong>do</strong>s anos 90 uma intensa<br />
campanha para que todas as empresas publicassem o Balanço Social e,<br />
para tal propôs um modelo de Balanço – o modelo Ibase. A Petrobras foi<br />
a primeira empresa a divulgar o Balanço Social, padrão Ibase, em 1984.<br />
Existem vários outros modelos de avaliação multidimensional, como o<br />
das séries AA 1000 (Accountability 1000), o SA 8000 (Social Accounta-<br />
bility International – SAI), o padrão o ISO 14400 e 26600, este, ainda<br />
em processo de formação sob a liderança conjunta Brasil e Suécia, to<strong>do</strong>s<br />
com o propósito de permitir um processo analítico de qualidade por<br />
conta<strong>do</strong>res, auditores, analistas de investimentos, consultores levan<strong>do</strong><br />
em consideração as influências de outras partes interessadas que não<br />
apenas os acionistas e investi<strong>do</strong>res.<br />
O conceito “Triple Bottom Line”, concebi<strong>do</strong> pela consultoria britânica<br />
Sustainability, em 1994, foi basea<strong>do</strong> no princípio “People, Planet, Profit”<br />
ou “Pessoas, Planeta, Lucro” visto de forma integrada.<br />
O modelo de relatórios <strong>do</strong> Global Reporting Initiative - GRI foi estrutura<strong>do</strong><br />
por uma organização não governamental americana CERES ten<strong>do</strong><br />
como base o conceito “triple bottom line”,. Em 2002, o GRI foi desmembra<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> CERES, resultan<strong>do</strong> na criação <strong>do</strong> Instituto GRI inaugura<strong>do</strong><br />
com apoio das Nações Unidas e sede em Amsterdã, Holanda.<br />
Quan<strong>do</strong> falamos em bottom line, em análise de investimentos, entendemos<br />
como a última linha <strong>do</strong> Demonstrativo de Resulta<strong>do</strong>s, ou seja<br />
o lucro líqui<strong>do</strong>. O conceito Triple Bottom Line procura compreender<br />
esta última linha, interpretan<strong>do</strong>-o como conseqüência também de fatores<br />
sociais, ambientais e de governança, etc.<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
35
SUSTENTABILIDADE<br />
SECOND BOTTOM LINE<br />
Em paralelo ao pensamento econômico clássico, que balizou os fundamentos<br />
da revolução industrial, formavam-se, já no início <strong>do</strong> século XX,<br />
núcleos de reivindicação de melhores condições de trabalho indican<strong>do</strong><br />
que não era possível priorizar apenas o lucro e os juros como as principais<br />
fontes de alavancagem <strong>do</strong> crescimento econômico, deixan<strong>do</strong> os<br />
demais fatores sociais em plano secundário.<br />
As empresas foram sen<strong>do</strong> compelidas a desenvolver no bojo <strong>do</strong>s objetivos<br />
econômicos empresariais, ações que representam o que chamamos hoje<br />
de responsabilidade social empresarial para com o trabalha<strong>do</strong>r e para<br />
com a comunidade onde estavam sediadas suas unidades de trabalho.<br />
O trabalha<strong>do</strong>r foi conquistan<strong>do</strong> direitos que representariam as bases <strong>do</strong><br />
“second bottom line” e que naturalmente representou uma transferência<br />
de renda <strong>do</strong> capital para o trabalho, mas ao longo <strong>do</strong> tempo foi sen<strong>do</strong><br />
compensa<strong>do</strong> por ganhos de produtividades. Temos de reconhecer, entretanto,<br />
que esses ganhos de produtividade, em parte foram também<br />
gera<strong>do</strong>s pela troca de trabalho por mecanização da produção.<br />
Podemos assim entender a “segunda última linha” ou “second bottom<br />
line” como: “o resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong>s ganhos de produtividade obti<strong>do</strong>s<br />
através <strong>do</strong>s investimentos nas melhorias de condições <strong>do</strong><br />
trabalho e <strong>do</strong>s salários e demais benefícios indiretos, que integram<br />
o valor adiciona<strong>do</strong> à economia, em parte também sob a<br />
forma de impostos”.<br />
Portanto, o second bottom line foca o aumento/redução <strong>do</strong> lucro gera<strong>do</strong><br />
nas empresas, ten<strong>do</strong> também como referência o que podemos chamar<br />
de “demonstrativo de resulta<strong>do</strong>s sociais” apresenta<strong>do</strong> no Balanço Social<br />
e o “capex social”( pedin<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong> o termo usa<strong>do</strong> na análise econômica<br />
das empresas) em treinamento e outras melhorias de condições de<br />
trabalho, como planos de saúde, planos de previdência, etc.<br />
36 REVISTA RI Abril 2009<br />
Vale destacar que o Balanço Social não é ainda a expressão <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong>,<br />
pois o passivo social ainda não é claramente explicita<strong>do</strong>. Mas algumas<br />
empresas estão começan<strong>do</strong> a reconhecer esses passivos mostran<strong>do</strong><br />
que a evolução para o uso correto <strong>do</strong> termo é uma questão de tempo.<br />
Vale lembrar ainda que a lei 11638 de 28 de dezembro de 2007 orienta para<br />
a prestação de contas quanto à distribuição <strong>do</strong> valor adiciona<strong>do</strong>, seguin<strong>do</strong><br />
os princípios estabeleci<strong>do</strong>s pelo IFRS, que serão obrigatórios a partir de<br />
2010, representan<strong>do</strong> um grande avanço para uma visão analítica <strong>do</strong> papel<br />
social da empresa, sem interferir no seu papel principal de geração de valor<br />
para a companhia, ao contrário entenden<strong>do</strong>-a como um fator agrega<strong>do</strong>r.<br />
THIRD BOTTOM LINE<br />
Esta linha reflete a grande revolução <strong>do</strong>s anos 60: a revolução ecológica.<br />
Ela teve como marco estabeleci<strong>do</strong> o livro chama<strong>do</strong> “Primavera Silenciosa”<br />
de Rachel Carson, que chamou a atenção para os danos que o DDT<br />
causava à saúde <strong>do</strong>s animais e <strong>do</strong>s seres humanos. Podemos aqui considerar<br />
este livro um divisor de águas quanto à questão ecológica, mesmo<br />
saben<strong>do</strong> que a autora já lutava contra esse produto desde 1945.<br />
A partir daí, passamos pela Convenção de Estocolmo de 1972, pelo<br />
Relatório Brutland de 1987, pela a “Conferência das Nações Unidas<br />
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento” – Eco-92, pelas diversas<br />
Cop´s que deram sequência às discussões da Eco-92, pelos Protocolos<br />
de Montreal e de Kyoto.<br />
O mais importante na Eco 92 foi a formulação de metas de controle de poluição<br />
e uma agenda de relacionamento global, que iria trabalhar na direção<br />
da redução da emissão de CO2 ou equivalente, para menos 5% das emissões<br />
ocorridas em 1990 por todas as nações desenvolvidas, o que evidenciava a<br />
preocupação <strong>do</strong>s cientistas com relação às Mudanças Climáticas.<br />
O Relatório Brutland criticava as múltiplas visões de sustentabilidade,<br />
reconhecen<strong>do</strong> como legítimo interesses imediatos “desde que sejam éticos<br />
e não comprometam a capacidade de as gerações futuras suprirem<br />
suas necessidades”. Reconhece também que os problemas sociais e ambientais<br />
estão integra<strong>do</strong>s à sustentabilidade econômica.<br />
Algumas poucas empresas começaram a compreender que a geração de renda<br />
obtida às custas da destruição pura e simplesmente <strong>do</strong>s recursos naturais e da<br />
biodiversidade, sem qualquer cunho de preservação ou compensação iria gerar<br />
conseqüências mais adiante onde to<strong>do</strong>s teriam de pagar a conta ambiental.<br />
O Projeto Carajás, desenvolvi<strong>do</strong> em 1978 pela Vale <strong>do</strong> Rio Doce( assim<br />
chamada na época), teve essa concepção de Triple Bottom Line, dentro
SUSTENTABILIDADE<br />
de uma visão integrada de sustentabilidade, como imperativo para o sucesso<br />
<strong>do</strong> projeto durante sua existência, mas não teve o devi<strong>do</strong> reconhecimento<br />
de seu pioneirismo.<br />
É evidente que a necessidade de preservar o meio ambiente se refletiria<br />
na necessidade de outro padrão de investimentos volta<strong>do</strong>s para a<br />
racionalização <strong>do</strong> uso de insumos no processo produtivo, com o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong>s 4 R´s: Reciclagem, Reuso, Redução e Reeducação”, que<br />
representariam oportunidade de racionalização de custos e novos processos<br />
de geração de receita.<br />
Como exemplo mais importante, citamos o re-uso da água nas plantas industriais,<br />
processo já bastante difundi<strong>do</strong>. Outro exemplo é a produção de<br />
cimento com o aproveitamento de resíduos siderúrgicos. A co-geração de<br />
energia, aproveitamento os resíduos industriais, de esgoto e outros resíduos<br />
urbanos. São oportunidades que surgem de forma crescente e ajudam a<br />
aumentar a capacidade de geração de valor da empresa e para o acionista.<br />
Podemos assim considerar o “third bottom line” como: “o lucro ou prejuízo<br />
gera<strong>do</strong> pelas receitas de venda de sub-produtos e resíduos,<br />
pelas economias geradas pelo re-uso, reciclagem e redução <strong>do</strong><br />
desperdício e as despesas inerentes ao processo de preservação”.<br />
Lembran<strong>do</strong> novamente que a identificação <strong>do</strong> “capex ambiental” (novamente<br />
pedin<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong> o termo) é um excelente indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
futuros que podem ser obti<strong>do</strong>s entenden<strong>do</strong> o meio ambiente de forma<br />
responsável e como fonte de oportunidades e de ética empresarial.<br />
Esta preocupação está se tornan<strong>do</strong> mais nítida entre os Investi<strong>do</strong>res Institucionais<br />
de Longo Prazo, Empresas de Previdência Complementar e<br />
Segura<strong>do</strong>ras, pois eles lidam simultaneamente com direitos e deveres de<br />
gerações distintas. A crescente adesão aos “Principles of Responsible Investment”<br />
– PRI revela também que o processo de análise de investimentos<br />
será reforça<strong>do</strong> por outros elementos, dentro de uma visão integrada.<br />
Isso implica em uma evolução natural de integração <strong>do</strong> Balanço Social com<br />
o Balanço Econômico, isto é, consideran<strong>do</strong> os ativos e passivos inerentes ao<br />
processo de geração de riqueza dentro das três vertentes. Se há passivo, há<br />
risco, se há risco, ele deve ser informa<strong>do</strong> simultaneamente às ações serão<br />
tomadas em termos de redução desses riscos ou de formação de provisões.<br />
O Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE tem representa<strong>do</strong> uma<br />
meta para as empresas de capital aberto, pois ele dá maior visibilidade<br />
internacional, é um indica<strong>do</strong>r de maior preocupação holística, principalmente<br />
para os investi<strong>do</strong>res institucionais e os investi<strong>do</strong>res europeus<br />
mais preocupa<strong>do</strong>s com aquecimento global.<br />
38 REVISTA RI Abril 2009<br />
CONCLUSÃO<br />
O Sistema contábil está evoluin<strong>do</strong> mas, será incapaz de atender a todas<br />
as necessidades de informações para o processo de desenvolvimento de<br />
meto<strong>do</strong>logias de análise e decisão de investimentos, dentro <strong>do</strong> conceito<br />
“Triple Bottom Line” e com relação a outros fatores intangíveis.<br />
A criação de um arcabouço próprio para processos de análise e mensuração<br />
de ativos intangíveis terá de ser discuti<strong>do</strong> e desenvolvi<strong>do</strong> pela<br />
própria categoria de profissionais de investimentos, em consonância<br />
com os princípios das instâncias públicas regula<strong>do</strong>ras e privadas auto<br />
regula<strong>do</strong>ras. Esta foi uma importante conclusão de um <strong>do</strong>s painéis<br />
simultâneos <strong>do</strong> 20º congresso Apimec, que abor<strong>do</strong>u o tema “Instrumentos<br />
para avaliação e decisão de investimentos”<br />
Estamos viven<strong>do</strong> na atualidade momentos de insustentabilidade sistêmica.<br />
A globalização está tornan<strong>do</strong> mais fácil tornar conhecidas as<br />
inúmeras crises sistêmicas que surgiram na era moderna, mas insistimos<br />
em esquecê-las.<br />
O que não é mais possível de se admitir é que cheguemos a destinar<br />
mais de 5 % <strong>do</strong> PIB, para consertar estragos <strong>do</strong> sistema financeiro<br />
internacional com a “farra <strong>do</strong>s derivativos” e temos uma enorme dificuldade<br />
de destinar 1% a.a para finalidades urgentes de preservação<br />
<strong>do</strong> meio ambiente, combate à fome e mudanças climáticas.<br />
Esperamos que após o fim da tempestade possamos entrar em<br />
uma nova “era” em que responsabilidade social e sustentabilidade<br />
empresarial não serão mais peças de retórica merca<strong>do</strong>lógica,<br />
constituin<strong>do</strong>-se em fatores importantes para o desempenho <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> e das empresas.<br />
O significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> triple bottom line chama a atenção para os interesses<br />
de outros stakeholders que interferem no processo de geração de valor<br />
e são fatores de risco e oportunidades para as empresas. Essa nova<br />
concepção vai exigir reformas significativas em nossas meto<strong>do</strong>logias<br />
de análise. Em breve serão realidade.<br />
(*) EDUARDO WERNECK é<br />
diretor institucional da APIMEC Rio.<br />
(eduar<strong>do</strong>werneck@mls.com.br)
SUSTENTABILIDADE<br />
Onde investir?<br />
A ÁFRICA<br />
É O FUTURO.<br />
40 REVISTA RI Abril 2009
Se você tivesse R$ 5 bilhões hoje para investir com<br />
um horizonte de 20 anos e objetivo de alto retorno<br />
onde investiria? Eu digo, na África.<br />
por Roberto Gonzalez*<br />
O continente africano sofreu durante séculos, mais precisamente depois<br />
da colonização européia, que na divisão <strong>do</strong>s novos países constituí<strong>do</strong>s<br />
não respeitou as etnias existentes. A independência de vários países no<br />
século XX trouxe em conjunto a guerra civil na maioria deles, e ainda<br />
tínhamos o absur<strong>do</strong> <strong>do</strong> Apartheid na África <strong>do</strong> Sul. Ouso dizer que o<br />
século XX foi o século perdi<strong>do</strong> para este continente.<br />
Com um pouco de contato com a história <strong>do</strong> continente é possível detectar<br />
uma riqueza de cultura com um folclore maravilhoso e um desenvolvimento<br />
econômico surpreendente em algumas regiões antes da<br />
conquista pelos europeus.<br />
No século XXI a coisa começou a mudar. O apartheid não existe mais,<br />
foi aboli<strong>do</strong> ainda no século XX; o continente também deu ao mun<strong>do</strong> o<br />
maior estadista <strong>do</strong> século XX, Nelson Mandela, pois nem Franklin D.<br />
Roosevelt, nem Churchill conseguiriam fazer o que ele fez. A guerras<br />
civis, apesar de continuar em alguns países, cessaram. Os jovens começaram<br />
a ter um forte espírito nacionalista que supera as etnias e a união<br />
entre essas etnias contribuiu para isso, pois os filhos pertenciam às duas<br />
etnias ou à nenhuma delas.<br />
Quan<strong>do</strong> um país deixa de estar em forte conflito, seja porque terminou<br />
uma ditadura ou uma guerra civil, tu<strong>do</strong> tem que ser construí<strong>do</strong>, e a<br />
vontade de crescer <strong>do</strong>s países africanos democratiza<strong>do</strong>s, ou perto de se<br />
tornarem democratiza<strong>do</strong>s, é enorme.<br />
Começa a emergir lentamente uma classe média ávida por ter qualidade<br />
de vida. É uma grande oportunidade para colocar em prática o conceito<br />
de sustentabilidade, pois a tendência é que, queiramos ou não, temos<br />
que praticar a sustentabilidade. Nas primeiras carvoarias o sistema de<br />
gestão era praticamente feudal, mas teve que mudar pois se tornou<br />
insustentável; no atual momento a sustentabilidade terá que entrar na<br />
agenda <strong>do</strong>s países para que o planeta não se torne insustentável.<br />
Um país que é um canteiro de obras, pois antes toda a energia era focada<br />
na guerra, tem a chance de sair na frente <strong>do</strong>s países mais industrializa-<br />
<strong>do</strong>s que um dia terão que fazer reformas profundas em suas infraestruturas,<br />
para serem mais sustentáveis.<br />
Outra grande vantagem <strong>do</strong> continente é o merca<strong>do</strong> intra-africano. Como o<br />
olhar <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res era mais de desconfiança <strong>do</strong> que de oportunidade os<br />
países fortaleceram os laços comerciais entre seus pares, o que contribuiu para<br />
o impacto da crise internacional não abalar tanto alguns países africanos.<br />
Atualmente existe uma corrida para a utilização <strong>do</strong>s recursos naturais,<br />
mas o continente africano é muito mais <strong>do</strong> que isso, e um grande exemplo<br />
é a Vale, que além da utilização mineral poderá produzir energia<br />
em Moçambique, um país onde cresce os membros da chamada classe<br />
média, que se utilizará de energia, entre outras coisas.<br />
Um outro importante fator é como a Vale chegou ao continente, pois<br />
não aportou no continente como uma empresa imperialista, muito pelo<br />
contrário, respeitou a cultura local, preocupação com a formação da<br />
força de trabalho e com o desenvolvimento socioeconômico <strong>do</strong> entorno<br />
onde se instalará. É a prova de que sustentabilidade é estratégico e<br />
inteligente, pois a pró-atividade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional e de sua população<br />
com a Vale é positiva.<br />
Toman<strong>do</strong> a liberdade de fazer uma analogia, a África é hoje o que o<br />
Brasil era há 20 anos, recém saí<strong>do</strong> de uma ditadura, com toda uma infraestrutura<br />
a ser remodelada, arcabouço legal a ser reconstruí<strong>do</strong> e a<br />
necessidade <strong>do</strong> fortalecimento das instituições da sociedade. Se acreditamos<br />
que ter investi<strong>do</strong> no Brasil há 20 anos foi um bom negócio, por<br />
que não na África?<br />
(*) ROBERTO GONZALEZ é diretor de<br />
estratégia de sustentabilidade da The Media<br />
Group - Comunicação Corporativa, membro <strong>do</strong><br />
Conselho <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Ethical <strong>do</strong> Santander Asset<br />
Management, professor convida<strong>do</strong> da FIA/<br />
USP e na Trevisan Escola de Negócios e USCS<br />
(roberto@mediagroup.com.br)<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
41
No ciclo de palestras sobre o Impacto da Convergência Contábil,<br />
Vânia Borgerth, vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> Rio de Janeiro, ressalta<br />
a importância de se investir em educação.<br />
por Jennifer Almeida<br />
O processo de convergência contábil já está em andamento e o prazo<br />
para as companhias abertas brasileiras se adaptarem às normas<br />
por contábeis Jennifer internacionais Almeida<br />
- IFRS (International Financial Reporting<br />
Standards) - chega a 2010. Os desafios são ainda maiores de quan<strong>do</strong><br />
a Lei 11.638 foi promulgada em 28 de dezembro de 2007, pois as<br />
empresas precisam correr contra o tempo.<br />
“O <strong>IBRI</strong> acredita que a convergência contábil deve ser o assunto <strong>do</strong><br />
momento, pois a comunidade financeira deve estar preparada para essa<br />
nova realidade das empresas”, destacou Vânia Borgerth, vice-presidente<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> Rio de Janeiro, em sua apresentação na Conferência IFRS:<br />
“O Impacto <strong>do</strong>s Novos Padrões para as Empresas Brasileiras”, promovida<br />
pelo jornal Gazeta Mercantil, no dia 18 de fevereiro de 2009, em<br />
São Paulo (SP). Durante palestra no Painel: “O impacto <strong>do</strong>s novos padrões<br />
para as Relações com Investi<strong>do</strong>res e Gestão das Empresas”, Vânia<br />
Borgerth enfatizou a necessidade <strong>do</strong> profissional de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res se preparar para viver e pensar no futuro.<br />
42 REVISTA RI Abril 2009<br />
“A convergência às normas contábeis internacionais será boa para o<br />
Brasil, não dá para atuar no mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> se não falar a língua<br />
que o mun<strong>do</strong> está falan<strong>do</strong>”, frisa Vânia Borgerth. A conscientização da<br />
importância <strong>do</strong> IFRS para a empresa deve vir, segun<strong>do</strong> a executiva, da<br />
Alta Administração da companhia e <strong>do</strong> profissional de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res. O momento deve ser de muito esforço e para que a migração<br />
para o novo padrão contábil tenha sucesso é preciso investir em<br />
treinamento e educação <strong>do</strong>s profissionais, diz a executiva.<br />
Questionada se não seria prejudicial para o Brasil viver o processo<br />
da convergência contábil em um momento de crise, Vânia Borgerth<br />
é enfática: “No meio da calmaria não prestaríamos atenção a certos<br />
riscos de navegar em mares turbulentos. Não dá para dar o ‘jeitinho’<br />
brasileiro nisso”. Para Pedro Melo, presidente da KPMG no Brasil,<br />
o IFRS não é conversa apenas de conta<strong>do</strong>r. Segun<strong>do</strong> ele, as normas<br />
englobam analistas, auditores e investi<strong>do</strong>res, além de afetar as pessoas<br />
e as organizações.
Edemir Pinto, presidente da BM&FBOVESPA, afirmou no evento que<br />
o IFRS é uma grande ferramenta de gestão. “É um outro mun<strong>do</strong>”, diz.<br />
O executivo explica que as demonstrações financeiras deixarão de la<strong>do</strong><br />
a visão retrospectiva (de ler o passa<strong>do</strong>) para dar espaço às demonstrações<br />
com olhar para o futuro. “Não podemos tropicalizar a ferramenta,<br />
ela tem que ser seguida à risca, mas certamente agregará valor aos<br />
olhos <strong>do</strong>s acionistas e gestores”, finaliza.<br />
“O assunto está em debate e os analistas estão corren<strong>do</strong> para se atualizar,<br />
pois há preocupação com o impacto nas suas projeções”, lembra<br />
Lucy Sousa, presidente da APIMEC Nacional (Associação <strong>do</strong>s Analistas<br />
e Profissionais de Investimento <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Capitais). Lucy<br />
Sousa afirma que a entidade concentra esforços desde 2008 para disseminar<br />
a cultura das normas contábeis internacionais (IFRS) e atingir<br />
os investi<strong>do</strong>res de cada setor. “Não apenas os grandes investi<strong>do</strong>res,<br />
mas os minoritários e também as pessoas físicas”, declara.<br />
Ramon Jubels, sócio especialista em normas contábeis internacionais<br />
(IFRS) da KPMG, destacou no painel “Os desafios e as<br />
Oportunidades em torno <strong>do</strong>s novos padrões internacionais”, que<br />
é necessário investimento em treinamento para entender melhor<br />
o funcionamento <strong>do</strong> novo padrão contábil e assim maximizar o retorno<br />
da implementação. “As empresas deverão centrar esforços no<br />
treinamento das equipes, nas áreas de processos e sistemas de TI<br />
(tecnologia da informação) e, principalmente, na interpretação <strong>do</strong>s<br />
negócios, pois o IFRS não é uma mera ferramenta para cumprir a<br />
lei. No futuro, as companhias medirão seu desempenho e comunicação<br />
com o merca<strong>do</strong> por meio dele“, afirma.<br />
Antonio de Castro, presidente da ABRASCA (Associação Brasileira<br />
das Companhias Abertas), enfatiza a importância da Medida Provisória<br />
nº 449, que criou o Regime Tributário de Transição e garante a<br />
neutralidade tributária. “As empresas associadas da ABRASCA vêem<br />
com bons olhos a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> IFRS, apesar <strong>do</strong>s desafios que estão por<br />
vir”. 2009 e 2010 serão anos grandiosos”, declara Antonio de Castro.<br />
Na avaliação de Eliseu Martins, diretor da CVM (Comissão de Valores<br />
Mobiliários), as normas internacionais não são perfeitas, mas -na<br />
era da globalização- as organizações devem trabalhar com um único<br />
relógio (e não vários demonstrativos contábeis com diversos critérios).<br />
O diretor da CVM diz que em algumas companhias os balanços não<br />
sofrerão mudanças drásticas, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tipos de operação, produtos<br />
e transações que as companhias realizam.<br />
A responsabilidade da operação é mais abrangente, pois as decisões<br />
não recairão, apenas, no profissional de contabilidade, mas também<br />
dependerão <strong>do</strong> Conselho de Administração e Fiscal e da Diretoria<br />
Executiva da empresa. Os níveis de comprometimento ultrapassarão<br />
os limites da contabilidade e a transparência será ainda mais reforçada,<br />
declara Eliseu Martins.<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
43
Durante a apresentação <strong>do</strong> pronunciamento<br />
realizada, na sede <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, em 05<br />
de março de 2009, os relatores ressaltaram<br />
que as informações desfavoráveis<br />
devem ser divulgadas da mesma maneira<br />
que as informações positivas, ou seja,<br />
com a mesma transparência, equidade e<br />
simultaneidade. “Infelizmente, há uma<br />
tendência a jogar para baixo <strong>do</strong> tapete<br />
o que não é considera<strong>do</strong> bom”, aponta<br />
Helio Garcia.<br />
Além de padronizar os informes, o objetivo<br />
<strong>do</strong> pronunciamento é evitar que grupos<br />
de investi<strong>do</strong>res e analistas tenham maior<br />
ou menor nível de detalhamento de informações<br />
e assim melhorar a qualidade<br />
<strong>do</strong>s releases prepara<strong>do</strong>s pelas empresas,<br />
tornan<strong>do</strong>-os mais próximos da realidade<br />
das companhias.<br />
O pronunciamento focou 16 pontos, considera<strong>do</strong>s<br />
mais importantes, entre eles:<br />
Objetivo; Procedimentos para Divulga-<br />
44<br />
REVISTA RI<br />
Abril 2009<br />
ção; Abrangência e Divulgação <strong>do</strong> Release;<br />
e Tratamento Adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Conteú<strong>do</strong>.<br />
Além disso, estu<strong>do</strong>u as práticas <strong>do</strong>s<br />
merca<strong>do</strong>s americano, europeu e asiático e<br />
adaptou para a realidade brasileira.<br />
“Tivemos que buscar as melhores práticas<br />
americanas e européias porque no<br />
Brasil não há estu<strong>do</strong> acadêmico sobre o<br />
tema”, afirma Alexandre Oliveira, membro<br />
<strong>do</strong> CODIM pelo Conselho Federal<br />
de Contabilidade (CFC) e relator <strong>do</strong> pronunciamento.<br />
O executivo destaca que a linguagem <strong>do</strong><br />
release deve ser clara e justa. “As partes<br />
devem chegar à mesma conclusão,<br />
simultaneamente. Nossa preocupação<br />
é que deve existir sensibilidade por parte<br />
da administração da companhia para<br />
definir quais informações deverão ser<br />
divulgadas, ou não”, ressaltou Alexandre<br />
Oliveira.Acompanhe o pronunciamento<br />
na íntegra a seguir.<br />
CODIM<br />
COMITÊ DE ORIENTAÇÃO PARA<br />
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES<br />
AO MERCADO<br />
(ABRASCA – AMEC – ANBID – ANCOR – APIMEC –<br />
BOVESPA – CFC – IBGC – IBRACON – <strong>IBRI</strong>)<br />
PRONUNCIAMENTO DE<br />
ORIENTAÇÃO Nº 6,<br />
de 05 de Março de 2009.<br />
EMENTA: RELEASE. NECESSIDADE<br />
DE PADRONIZAÇÃO DE<br />
PROCEDIMENTOS PARA PREPARAÇÃO<br />
E DISTRIBUIÇÃO DE RELEASE, COMO<br />
FORMA DE CONTRIBUIR PARA A<br />
ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE<br />
GOVERNANÇA CORPORATIVA<br />
QUE FORTALEÇAM CRITÉRIOS DE<br />
CONFIANÇA E O DESENVOLVIMENTO<br />
DO MERCADO.
O Comitê de Orientação para Divulgação<br />
de Informações ao Merca<strong>do</strong> – CODIM<br />
-, com base em sua competência, torna<br />
público que, após submeter a matéria em<br />
audiência pública, aprovou, por decisão<br />
de seus membros em reunião realizada no<br />
dia 12 de Fevereiro de 2009, o presente<br />
Pronunciamento de Orientação, o que<br />
faz mediante os seguintes termos:<br />
CONCEITUAÇÃO<br />
O Release é um veículo de divulgação por<br />
escrito, para ser usa<strong>do</strong> como ferramenta<br />
auxiliar na disseminação de quaisquer informações,<br />
sejam elas obrigatórias (Ato<br />
ou Fato Relevante – Pronunciamento de<br />
Orientação n° 5 – CODIM) ou não (Comunica<strong>do</strong>s<br />
ao Merca<strong>do</strong>), entre a Área de<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res e os públicos estratégicos<br />
(stakeholders) de sua Companhia,<br />
por intermédio <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s meios<br />
de comunicação e, portanto, não deve ser<br />
confundi<strong>do</strong>, nem deve substituir os procedimentos<br />
de publicação e arquivamento<br />
de informações na forma exigida pela legislação<br />
e regulamentação existentes, que<br />
deverão ser sempre executa<strong>do</strong>s antes da<br />
divulgação <strong>do</strong> release.<br />
Release tem a função de chamar a atenção<br />
de acionistas, investi<strong>do</strong>res e público<br />
em geral para informações que a Companhia<br />
considera que deva haver melhor<br />
compreensão, disseminan<strong>do</strong> de forma<br />
ampla, rápida e em linguagem acessível<br />
para evitar a assimetria da informação e<br />
ajustar os interesses de to<strong>do</strong>s os públicos<br />
estratégicos.<br />
DO OBJETIVO<br />
1) O propósito deste Pronunciamento de<br />
Orientação de Conduta é o de mostrar<br />
as melhores práticas e procedimentos<br />
na disseminação de informações importantes<br />
das Companhias para o merca<strong>do</strong><br />
em geral, com a utilização de Release,<br />
salientan<strong>do</strong> que se deva observar em to<strong>do</strong>s<br />
os itens aqui cita<strong>do</strong>s que o conteú<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Release não deverá em hipótese alguma<br />
se constituir em si como um Ato<br />
ou Fato Relevante.<br />
DOS PROCEDIMENTOS<br />
PARA DIVULGAÇÃO<br />
2) A divulgação de um Release deve ser<br />
feita à comunidade financeira, às agências<br />
de notícias e à imprensa em geral com a<br />
indicação “Para Divulgação Imediata”.<br />
3) São exemplos de Informações que devem<br />
ser tratadas como merece<strong>do</strong>ras de<br />
divulgação imediata através de Release os<br />
resulta<strong>do</strong>s anuais e trimestrais, anúncios<br />
de dividen<strong>do</strong>s, fusões, aquisições, guidance<br />
(Guidance – Pronunciamento de Orientação<br />
n° 4 – CODIM), ofertas de compra de<br />
ações, compra de ativos relevantes, des<strong>do</strong>bramento<br />
de ações, mudanças importantes<br />
na direção da Companhia, informações sobre<br />
novos produtos e serviços, assinatura de<br />
contratos estratégicos, planos de expansão,<br />
eventos agenda<strong>do</strong>s, promoções, prêmios recebi<strong>do</strong>s,<br />
novas parcerias importantes, novas<br />
descobertas e todas as questões substantivas<br />
de natureza não usual ou não recorrente.<br />
4) Sen<strong>do</strong> a informação objeto <strong>do</strong> Release<br />
de interesse <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de valores mobiliários,<br />
a companhia deverá avaliar criteriosamente<br />
a sua divulgação via sistema<br />
IPE (Informações Periódicas e Eventuais),<br />
asseguran<strong>do</strong> tratamento equitativo e igualitário<br />
de informações aos seus investi<strong>do</strong>res e<br />
partes interessadas.<br />
DA ABRANGÊNCIA E<br />
DIVULGAÇÃO DO RELEASE<br />
5) A Companhia deve assegurar, por meio<br />
<strong>do</strong> Release, a disseminação periódica e<br />
oportuna de relatórios financeiros, que<br />
deverão ser elabora<strong>do</strong>s em conformidade<br />
com as regras a<strong>do</strong>tadas no Brasil e em<br />
casos específicos, com as regras a<strong>do</strong>tadas<br />
por outros países, bem como publica<strong>do</strong>s<br />
e arquiva<strong>do</strong>s na forma e nos prazos estabeleci<strong>do</strong>s<br />
na legislação.<br />
6) O Release deve conter linguagem clara,<br />
acessível, compreensível e confiável, evitan<strong>do</strong><br />
que o investi<strong>do</strong>r e demais públicos<br />
estratégicos da Companhia sejam leva<strong>do</strong>s<br />
a erros por compreensão inadequada das<br />
informações disponibilizadas.<br />
Release tem a função<br />
de chamar a atenção de<br />
acionistas, investi<strong>do</strong>res<br />
e público em geral<br />
para informações que a<br />
Companhia considera<br />
que deva haver melhor<br />
compreensão.<br />
7) A divulgação <strong>do</strong> Release deve obedecer<br />
aos princípios de abrangência e de simultaneidade,<br />
garantin<strong>do</strong> a disponibilização<br />
das informações de forma igualitária, em<br />
tempo e conteú<strong>do</strong>, em Português e em<br />
outros idiomas com demanda relevante<br />
para a Companhia.<br />
8) As Companhias no processo de utilização<br />
das ferramentas de comunicação disponíveis<br />
no merca<strong>do</strong> devem enviar seus<br />
Releases a toda comunidade financeira,<br />
às agências de notícias e à imprensa em<br />
geral, além de disponibilizar no site de RI<br />
da Companhia. A divulgação dessas informações<br />
exclusivamente à imprensa local<br />
não é suficiente para assegurar a cobertura<br />
adequada ao público investi<strong>do</strong>r.<br />
9) To<strong>do</strong> Release deve conter data, nome,<br />
endereço eletrônico e o telefone <strong>do</strong> profissional<br />
responsável pela área de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res da Companhia, o qual<br />
poderá ser acessa<strong>do</strong> caso os interessa<strong>do</strong>s<br />
queiram confirmar ou esclarecer o teor da<br />
informação.<br />
10) O mailing list de uma Companhia<br />
aberta é um ativo intangível fundamental<br />
de relacionamento com os agentes <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> de capitais. A Companhia aberta<br />
deve envidar os seus maiores esforços<br />
na construção de seu próprio mailing.<br />
Portanto, não se recomenda a terceirização<br />
<strong>do</strong> mailing list. A utilização de outros<br />
mailing list de empresas que fazem<br />
distribuição de informações ao merca<strong>do</strong><br />
é recomendável, mas de forma complementar<br />
ao seu próprio mailing.<br />
Abril 2009 REVISTA RI<br />
45
DIVULGAÇÃO<br />
O Release é um veículo de divulgação por escrito, para ser usa<strong>do</strong><br />
como ferramenta auxiliar na disseminação de quaisquer informações,<br />
sejam elas obrigatórias ou não, entre a Área de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res e os públicos estratégicos (stakeholders) de uma<br />
Companhia, por intermédio <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s meios de comunicação<br />
e, portanto, não deve ser confundi<strong>do</strong>, nem deve substituir os<br />
procedimentos de publicação e arquivamento de informações na<br />
forma exigida pela legislação e regulamentação existentes, que<br />
deverão ser sempre executa<strong>do</strong>s antes da divulgação <strong>do</strong> release.<br />
10.1) Nas mensagens enviadas deve haver<br />
opção para descadastramento automático,<br />
como forma de garantir ao interessa<strong>do</strong> a<br />
exclusão <strong>do</strong> mailing da Companhia de<br />
forma rápida e objetiva.<br />
DO TRATAMENTO ADEQUADO<br />
DO CONTEÚDO<br />
11) A Companhia deve ter como meta<br />
principal assegurar que as informações<br />
divulgadas por meio de Release sejam<br />
tratadas dentro de uma perspectiva adequada.<br />
Isto demanda comedimento, bom<br />
discernimento, respeito aos fatos e as respectivas<br />
partes envolvidas.<br />
12) O guidance deve ser bem fundamenta<strong>do</strong><br />
(vide Guidance – Pronunciamento de<br />
Orientação n° 4 – CODIM), conter as ressalvas<br />
adequadas, as limitações inerentes e<br />
ser apresenta<strong>do</strong> de forma conserva<strong>do</strong>ra e<br />
factual. Entretanto, o conserva<strong>do</strong>rismo excessivo,<br />
defensivo ou enganoso deve ser evita<strong>do</strong>,<br />
da mesma forma que previsões excessivamente<br />
otimistas, superficiais, alegações<br />
exageradas e promessas injustificadas. É<br />
muito prejudicial às relações de uma Com-<br />
46 REVISTA RI Abril 2009<br />
panhia com seus acionistas ou ao valor que<br />
a comunidade financeira precifica as ações<br />
desta Companhia, informações divulgadas<br />
sem o devi<strong>do</strong> embasamento.<br />
13) Após a divulgação de um Release, se<br />
os des<strong>do</strong>bramentos subsequentes no merca<strong>do</strong><br />
indicarem que o desempenho não<br />
fica à altura das projeções dadas, tal fato<br />
também deve ser novamente informa<strong>do</strong> e<br />
explica<strong>do</strong>, deven<strong>do</strong> ainda ser obedecidas<br />
as regras aplicáveis à matéria, existentes<br />
na legislação.<br />
14) Informações desfavoráveis devem ser<br />
igualmente divulgadas por meio de Release<br />
com a mesma presteza e franqueza que as<br />
informações consideradas favoráveis. A relutância<br />
ou a não disposição em divulgar um<br />
episódio negativo ou a tentativa de disfarçar<br />
informações desfavoráveis podem comprometer<br />
o conceito de transparência e credibilidade<br />
da administração da Companhia.<br />
15) Deve-se atentar para a frequência das<br />
divulgações efetuadas ao merca<strong>do</strong> para as<br />
informações. Não faz senti<strong>do</strong> a divulgação<br />
repetitiva. Caso a Companhia tenha<br />
necessidade de efetuar um Release complementar<br />
sobre uma informação já divulgada,<br />
o contexto deve ser claro aos leitores<br />
com ênfase nos efeitos e nos aspectos que<br />
diferenciem a informação.<br />
16) Como boa prática toda Companhia de<br />
capital aberto deve buscar inserir em sua<br />
“Política de Divulgação de Informações<br />
ao Merca<strong>do</strong>” instruções específicas sobre<br />
divulgação de Release para o merca<strong>do</strong><br />
em geral. Cabe ressaltar que a política de<br />
divulgação é obrigatória conforme regulamentação<br />
existente.<br />
16.1) Recomenda-se que o release seja envia<strong>do</strong><br />
para conhecimento <strong>do</strong>s executivos,<br />
conselheiros de administração, comitês<br />
que assessoram a administração e conselheiros<br />
fiscais.<br />
São Paulo, 05 de março de 2009.<br />
Geral<strong>do</strong> Soares<br />
Harol<strong>do</strong> Reginal<strong>do</strong> Levy Neto<br />
Coordena<strong>do</strong>res
<strong>IBRI</strong> NOTÍCIAS<br />
COMISSÃO TÉCNICA DO <strong>IBRI</strong> DEBATE A<br />
INSTRUÇÃO CVM 202 E PROPOSTAS DA<br />
CÂMARA CONSULTIVA DO NOVO MERCADO<br />
A Comissão Técnica <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, presidida<br />
por Julia Reid Ferretti, está analisan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>is temas de grande relevância para os<br />
profissionais de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
e merca<strong>do</strong> de capitais. Um deles<br />
é a mudança que está sen<strong>do</strong> proposta<br />
por edital da Comissão de Valores Mobiliários<br />
(CVM) para a alteração da<br />
Instrução CVM 202. Em paralelo os<br />
membros da Comissão debateram as<br />
propostas da Câmara Consultiva <strong>do</strong><br />
Novo Merca<strong>do</strong> da BM&FBOVESPA e<br />
as sugestões já foram enviadas.<br />
“A reformulação da Instrução CVM 202<br />
que estamos discutin<strong>do</strong> é possivelmente<br />
um <strong>do</strong>s dispositivos legais mais importantes<br />
para o profissional de RI, pois<br />
determina como uma empresa deve se<br />
<strong>IBRI</strong> realiza<br />
Seminário TI e<br />
o Merca<strong>do</strong><br />
de Capitais<br />
O <strong>IBRI</strong> (Instituto Brasileiro de Relações com Investi<strong>do</strong>res) e a<br />
revista Executivos Financeiros realizam, no dia 14 de abril de<br />
2009, das 8:30 às 18 horas, no Hotel Sofitel, em São Paulo, a<br />
segunda edição <strong>do</strong> “Seminário TI e o Merca<strong>do</strong> de Capitais”.<br />
O evento abordará temas relaciona<strong>do</strong>s à implementação de<br />
sistemas de TI (Tecnologia da Informação) no Merca<strong>do</strong> de Capitais,<br />
como: “As ferramentas disponibilizadas pelo merca<strong>do</strong><br />
e a estrutura tecnológica das Bolsas”; “As novas ferramentas<br />
à disposição <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r Pessoa Física”; “A importância da<br />
segmentação no merca<strong>do</strong> de capitais”; “Assembléias On Line”<br />
e “Acessan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> mundial”. Ao final <strong>do</strong> seminário haverá<br />
cerimônia de entrega <strong>do</strong> Prêmio E-Capitalmarket (que<br />
tem o apoio institucional <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>), a iniciativa pretende destacar<br />
os melhores cases em cada área, as melhores práticas, os<br />
projetos inova<strong>do</strong>res e mais relevantes, para que sirvam como<br />
referência a to<strong>do</strong>s os agentes <strong>do</strong> segmento. Mais informações<br />
acesse o site <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> www.ibri.com.br.<br />
48 REVISTA RI Abril 2009<br />
registrar como companhia de capital aberto<br />
e quais informações deve encaminhar<br />
ao merca<strong>do</strong> e à autarquia, periódica<br />
e eventualmente. É uma instrução bem<br />
completa e a analisamos e debatemos em<br />
sete sessões”, afirma Julia Ferretti.<br />
A Comissão debateu pontos da Instrução<br />
CVM 202 e fez sugestões em determina<strong>do</strong>s<br />
assuntos, conforme explica a executiva.<br />
“Manter o prazo de entrega <strong>do</strong>s<br />
ITRS (Informações Trimestrais) em 45<br />
dias (como já acontece), eliminação <strong>do</strong><br />
formulário Demonstrações Financeiras<br />
Padronizadas (DFP), a remuneração de<br />
executivos divulgadas em grupos e o conteú<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> novo IAN (Informativo Anual)<br />
que passará a se chamar “Formulário de<br />
Referência”.<br />
Com relação às propostas da Câmara<br />
Consultiva <strong>do</strong> Novo Merca<strong>do</strong> da<br />
BM&FBOVESPA, Julia Reid Ferretti, diz<br />
que a Comissão concor<strong>do</strong>u com a maioria<br />
<strong>do</strong>s temas <strong>do</strong>s subgrupos - Assembléias,<br />
Reorganizações Societárias, Distribuições<br />
Públicas, Conselho de Administração e outros<br />
- e já encaminhou seus comentários.<br />
A participação <strong>do</strong>s membros da Comissão<br />
foi ativa e de grande importância,<br />
apresentan<strong>do</strong> sugestões e debaten<strong>do</strong> o<br />
aprimoramento de normas que permeiam<br />
o dia a dia <strong>do</strong> RI. A maratona de 13<br />
reuniões desde o mês de janeiro de 2009<br />
foi intensa, mas extremamente produtiva<br />
e cabe agradecimento a to<strong>do</strong>s os membros<br />
da Comissão Técnica, declara Julia<br />
Reid Ferretti.<br />
<strong>IBRI</strong> participa da<br />
18ª edição <strong>do</strong> Curso de<br />
Introdução ao Merca<strong>do</strong><br />
de Capitais<br />
O <strong>IBRI</strong> marca presença na 18ª edição <strong>do</strong> “Curso de Introdução<br />
ao Merca<strong>do</strong> de Capitais” realiza<strong>do</strong> em conjunto com a<br />
APIMEC SP (Associação <strong>do</strong>s Analistas e Profissionais de Investimento<br />
de São Paulo), entre os dias 23 de março a 03 de<br />
abril de 2009. Rodrigo Krause, membro da Comissão Técnica<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, realizará palestra no primeiro dia <strong>do</strong> curso sobre “A<br />
Importância <strong>do</strong>s Profissionais de Relações com Investi<strong>do</strong>res”.<br />
Vitor Fagá, vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo, será modera<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong>s painéis no dia 30 de março de 2009 sobre “A relação <strong>do</strong>s<br />
Meios de Comunicação com o Merca<strong>do</strong> de Capitais” e “Sustentabilidade<br />
no Merca<strong>do</strong> de Capitais”. O curso é realiza<strong>do</strong><br />
pelo <strong>IBRI</strong>, APIMEC SP, ABRASCA (Associação Brasileira das<br />
Companhias Abertas), ANBID (Associação Nacional <strong>do</strong>s Bancos<br />
de Investimento), AMEC (Associação de Investi<strong>do</strong>res no<br />
Merca<strong>do</strong> de Capitais) e IBGC (Instituto Brasileiro de Governança<br />
Corporativa) e acontece na sede da APIMEC SP (Rua<br />
São Bento, 545, 5ª sobreloja, Centro - São Paulo - SP).
SABESP É A NOVA<br />
PATROCINADORA<br />
ANUAL DO <strong>IBRI</strong><br />
A Sabesp (Companhia de Saneamento<br />
Básico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São<br />
Paulo) é a nova patrocina<strong>do</strong>ra anual<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>. A parceria da empresa<br />
com o <strong>IBRI</strong> alinha o compromisso<br />
de ambos para promover o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
brasileiro. Para Mário Azeve<strong>do</strong> de<br />
Arruda Sampaio, superintendente<br />
de Captação de Recurso e Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res da companhia,<br />
a parceria com o <strong>IBRI</strong> representa<br />
para a Sabesp uma oportunidade<br />
de melhorar a comunicação, trocar<br />
experiências e fortalecer a atuação<br />
<strong>do</strong> profissional de RI no merca<strong>do</strong><br />
de capitais. “Essa relação é impor-<br />
<strong>IBRI</strong> inaugura<br />
a 10ª turma <strong>do</strong><br />
MBA de RI<br />
Ricar<strong>do</strong> Florence, vice-presidente<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, Luis Fernan<strong>do</strong> Moran de Oliveira,<br />
diretor de Comunicação <strong>do</strong><br />
Instituto, Salim Ali, superintendente<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, e Rodney Vergili, assessor<br />
de Comunicação <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, proferiram<br />
palestras na aula inaugural da 10ª<br />
turma <strong>do</strong> MBA Finanças, Comunicação<br />
e Relações com Investi<strong>do</strong>res, no<br />
dia 07 de março de 2009, na sede<br />
da FIPECAFI (Fundação Instituto de<br />
Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras),<br />
em São Paulo (SP). Luis<br />
Fernan<strong>do</strong> Moran de Oliveira, que<br />
apresentou o Case da Weg, diz que<br />
ficou impressiona<strong>do</strong> com a experiência<br />
e o nível de perguntas <strong>do</strong>s<br />
alunos, o que mostra que é um grupo<br />
bem prepara<strong>do</strong>. “Será uma turma<br />
com profissionais de RI com grande<br />
potencial”, completa Moran.<br />
tante para uma empresa de capital<br />
misto que lida com um serviço essencial<br />
e muito próximo da população,<br />
o RI precisa ter capacidade de<br />
diálogo constante, para conhecer as<br />
demandas e expectativas <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />
e transmitir com clareza os<br />
fundamentos da companhia. O papel<br />
<strong>do</strong> RI é cada vez mais chave nesse<br />
processo”, ressalta Mário Sampaio.<br />
Segun<strong>do</strong> Luiz Roberto Car<strong>do</strong>so, assessor<br />
da Diretoria Executiva <strong>do</strong><br />
<strong>IBRI</strong>, a parceria reforça a confiança<br />
que as empresas depositam no trabalho<br />
realiza<strong>do</strong> pelo Instituto visan<strong>do</strong><br />
ao desenvolvimento <strong>do</strong> profissio-<br />
Agende-se para a 11ª edição<br />
<strong>do</strong> Encontro Nacional de RI<br />
O <strong>IBRI</strong> e a ABRASCA (Associação Brasileira<br />
das Companhias Abertas) promovem,<br />
nos dias 22 e 23 de junho de 2009,<br />
no Sheraton WTC, em São Paulo (SP), o<br />
11º Encontro Nacional de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res e Merca<strong>do</strong> de Capitais, o<br />
mais tradicional e importante evento da<br />
América Latina na área. O Encontro terá<br />
como tema central: “O Merca<strong>do</strong> de Capitais<br />
no Brasil e no Mun<strong>do</strong> no atual cenário<br />
econômico” e promete superar o sucesso<br />
de público e de cobertura da imprensa<br />
da última edição.<br />
RIs e profissionais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
terão a oportunidade de debater<br />
sobre “Cenários Econômicos”, “O<br />
Merca<strong>do</strong> de Capitais no Novo Cenário<br />
Econômico: Visão e Percepção <strong>do</strong>s<br />
Players – Como a Crise afetou a Visão<br />
<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>, a Prática, a Ótica desses<br />
segmentos”; “O Comportamento <strong>do</strong><br />
Investi<strong>do</strong>r no Novo Cenário Mundial –<br />
nal de RI, da área de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
brasileiro.<br />
O <strong>IBRI</strong> agradece o apoio de to<strong>do</strong>s<br />
seus parceiros e enfatiza a importância<br />
<strong>do</strong> trabalho que desenvolve<br />
ao longo de um ano de atividades. A<br />
Braskem, que renovou recentemente<br />
a parceira com o <strong>IBRI</strong>, é uma das empresas<br />
parceiras <strong>do</strong> Instituto, além<br />
<strong>do</strong> Banco Bradesco; Banco <strong>do</strong> Brasil;<br />
Banco Nossa Caixa; BM&FBOVESPA;<br />
Brasil Telecom; Cemig; CPFL Energia;<br />
Deloitte; Itaú Unibanco Banco<br />
Múltiplo S.A.; Itaúsa; Redecard; TAM;<br />
Souza Cruz e Petrobras.<br />
Comportamento Racional versus Emocional<br />
– Como a<strong>do</strong>tar boas práticas no<br />
relacionamento com o investi<strong>do</strong>r, recuperar<br />
e manter a credibilidade na companhia<br />
e nas Instituições <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>”;<br />
“O RI na Nova Realidade”; “Gerenciamento<br />
de Riscos”; “Assuntos Emergentes<br />
– O Que há de novo no Merca<strong>do</strong> de<br />
Capitais no Brasil e no Exterior” e “Andamento<br />
da Implantação das normas<br />
internacionais IFRS nas Companhias –<br />
Principais Pontos”.<br />
O Encontro tem os seguintes patrocina<strong>do</strong>res:<br />
Anbid, Banco Bradesco, Banco<br />
<strong>do</strong> Brasil, Itaú Unibanco Banco Múltiplo<br />
S/A, BM&FBOVESPA, BNDES, Cemig,<br />
Cetip, Chorus Call, Deloitte, Greenberg<br />
Traurig, JP Morgan, Lincx, PR Newswire,<br />
The Bank of New York Mellon, The MediaGroup<br />
e Valor Econômico. Acesse o<br />
site <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> www.ibri.com.br e veja a<br />
programação completa <strong>do</strong> evento.<br />
Abril 2009 REVISTA RI<br />
49
<strong>IBRI</strong> NOTÍCIAS<br />
VITOR FAGÁ, VICE-PRESIDENTE DO <strong>IBRI</strong> SÃO PAULO<br />
Vitor Fagá, diretor financeiro e de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
da Medial Saúde, e atual diretor financeiro <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, assumiu a<br />
vice-presidência <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo e acumulará a função com<br />
a de diretor financeiro <strong>do</strong> Instituto.<br />
por Jennifer Almeida<br />
O executivo substitui Luiz Henrique<br />
Valverde, que ocupava a<br />
vice-presidência <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> SP desde<br />
2006. Luiz Valverde deixou a<br />
diretoria de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
da Braskem para assumir<br />
a diretoria de Relações Institucionais<br />
da própria Braskem. O <strong>IBRI</strong><br />
agradece o relevante trabalho<br />
desenvolvi<strong>do</strong> por Luiz Valverde e<br />
deseja sucesso a ambos em suas<br />
novas funções.<br />
Acompanhe entrevista com o novo<br />
vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo.<br />
Quais são seus projetos para a<br />
diretoria São Paulo <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>?<br />
Vitor Fagá: A diretoria de São<br />
Paulo, assim como o <strong>IBRI</strong>, tem<br />
por objetivo aproximar os profissionais<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
(RI), trazer questões<br />
relevantes para discussão, interagin<strong>do</strong><br />
com outras instituições<br />
e o próprio merca<strong>do</strong> de capitais.<br />
Podemos exemplificar citan<strong>do</strong><br />
algumas ações: realizar enquetes<br />
sobre temas específicos, atender<br />
demandas por palestras e cur-<br />
50 REVISTA RI Abril 2009<br />
“Aumento da<br />
representatividade<br />
no merca<strong>do</strong> de<br />
capitais é uma<br />
grande conquista<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>”, afirma<br />
Vitor Fagá<br />
sos relaciona<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> de<br />
capitais e o profissional de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res e por fim<br />
promover encontros com a comunidade<br />
de RI para fortalecer e<br />
permitir a troca de experiências<br />
e informações.<br />
Comente sua atuação no <strong>IBRI</strong><br />
nos últimos anos e sua participação<br />
na diretoria executiva<br />
<strong>do</strong> Instituto.<br />
Vitor Fagá: Atuo no <strong>IBRI</strong> ativamente<br />
desde 2008, ano que fui eleito diretor<br />
financeiro na chapa liderada<br />
por Geral<strong>do</strong> Soares, atual presidente<br />
executivo, e agora vou acumular<br />
a função de vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong><br />
São Paulo. Gostaria de ressaltar o<br />
bom trabalho que a diretoria e a<br />
equipe <strong>do</strong> Instituto desenvolve sob<br />
a presidência de Geral<strong>do</strong> Soares<br />
e a coordenação <strong>do</strong> superintendente<br />
Salim Ali. O crescimento na<br />
base de associa<strong>do</strong>s é um exemplo<br />
contundente. Nos primeiros anos<br />
de atuação, o Instituto contava com<br />
aproximadamente uma centena de<br />
associa<strong>do</strong>s e ao final <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong><br />
eram 486 associa<strong>do</strong>s.<br />
Como o profissional de RI pode<br />
evoluir e como o <strong>IBRI</strong> pode<br />
contribuir para isso?<br />
Vitor Fagá: É importante mencionar<br />
a evolução da profissão de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res nos últimos
anos, as empresas que abriram<br />
capital, e obviamente a crescente<br />
demanda por RI’s. O profissional<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res ganhou<br />
posição de destaque dentro<br />
das organizações. Esses profissionais<br />
se mostram cada vez mais<br />
prepara<strong>do</strong>s, com visão global sobre<br />
o negócio e o merca<strong>do</strong> de capitais,<br />
além da capacidade de discutir<br />
sobre questões variadas que<br />
vão desde a Contabilidade das<br />
suas empresas até a estratégia <strong>do</strong><br />
negócio e merca<strong>do</strong> de atuação. Os<br />
profissionais estão se mostran<strong>do</strong><br />
cada vez mais completos e o <strong>IBRI</strong><br />
vem contribuin<strong>do</strong> para essa evolução<br />
com suas diversas iniciativas.<br />
Qual foi na sua opinião a conquista<br />
mais importante <strong>do</strong><br />
<strong>IBRI</strong> e <strong>do</strong>s profissionais de RI<br />
nesses 12 anos de história?<br />
Vitor Fagá: Vou mencionar duas importantes<br />
conquistas e elas complementam<br />
a questão anterior. O <strong>IBRI</strong><br />
tem apoia<strong>do</strong> o lançamento de publicações<br />
sobre o merca<strong>do</strong> e a atuação<br />
<strong>do</strong> profissional de RI. Nos últimos 15<br />
meses, o Instituto lançou três publicações,<br />
sen<strong>do</strong> a mais recente o livro<br />
“O Esta<strong>do</strong> da Arte das Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res no Brasil”. É uma<br />
preocupação da diretoria ajudar a<br />
preencher essa lacuna que existe<br />
sobre literatura na área de RI, o que<br />
sem dúvida contribui na formação<br />
<strong>do</strong>s profissionais. A segunda conquista<br />
que destaco é o número de<br />
associa<strong>do</strong>s (486) e a representatividade<br />
nas empresas de capital aberto.<br />
Atualmente 90% das companhias<br />
que compõem o índice Bovespa têm<br />
executivos de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
associa<strong>do</strong>s ao Instituto.<br />
3º PRêMIO IMPRENSA DE<br />
EDUCAÇÃO AO INVESTIDOR<br />
DIVULGA OS VENCEDORES<br />
O Comitê Consultivo de Educação -<br />
<strong>do</strong> qual o <strong>IBRI</strong> faz parte - divulgou o<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> 3º Prêmio Imprensa de<br />
Educação ao Investi<strong>do</strong>r. Na categoria<br />
Jornal, o vence<strong>do</strong>r foi Felipe de Menezes<br />
Frisch, de “O Globo”, com a matéria<br />
“Mais promessas de ganho fácil<br />
batem à porta”, publicada em 19 de<br />
novembro de 2007. Na categoria Revista,<br />
a ganha<strong>do</strong>ra foi Luciana Monteiro,<br />
da revista Valor Investe, com a matéria<br />
“Uni<strong>do</strong>s pelo bolso”, publicada<br />
em agosto de 2008.<br />
A entrega da premiação ocorreu no<br />
dia 20 de março de 2009, durante almoço<br />
na sede da Anbid (Associação<br />
Nacional <strong>do</strong>s Bancos de Investimento).<br />
O evento contou com a presença da<br />
presidente da CVM (Comissão de Valores<br />
Mobiliários), Maria Helena Santana,<br />
<strong>do</strong> Presidente <strong>do</strong> Conselho de<br />
Administração <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, João Pinheiro<br />
Nogueira Batista e representantes <strong>do</strong><br />
Merca<strong>do</strong> de Capitais.<br />
O Prêmio Imprensa de Educação ao<br />
Investi<strong>do</strong>r é uma iniciativa <strong>do</strong> Comitê<br />
Consultivo da CVM e tem como objetivo<br />
estimular a produção de matérias<br />
e reportagens didáticas, que esclareçam<br />
as oportunidades e riscos <strong>do</strong>s<br />
diversos investimentos disponíveis<br />
para pessoas físicas.<br />
<strong>IBRI</strong> CRIA COMUNIDADE<br />
VIRTUAL NO SITE LINkEDIN<br />
O <strong>IBRI</strong> convida seus associa<strong>do</strong>s para<br />
participarem de comunidade virtual<br />
no site LinkedIn, que é especializa<strong>do</strong><br />
em redes de interesses profissionais.<br />
O acesso à comunidade permitirá a<br />
troca de experiências entre os profissionais,<br />
a discussão aberta de artigos<br />
e notícias referentes ao merca<strong>do</strong> de<br />
capitais em geral; além de abranger<br />
o networking entre os executivos.Para<br />
participar é preciso fazer o<br />
registro no Linkedin (www.linkedin.<br />
com), caso não seja participante; e<br />
em seguida buscar o Grupo <strong>IBRI</strong>.<br />
Como associa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto, a adesão<br />
já estará pré-aprovada.<br />
<strong>IBRI</strong> E DELOITTE PREPARAM<br />
PESQUISA SOBRE CONFIANÇA<br />
EM PERíODOS DE VOLATILIDADE<br />
O <strong>IBRI</strong> e a Deloitte coletam da<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s profissionais de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res e investi<strong>do</strong>res para a<br />
pesquisa “Confiança em um cenário<br />
de riscos”. O estu<strong>do</strong> tem por objetivo<br />
identificar os principais desafios<br />
<strong>do</strong>s profissionais da área e suas<br />
empresas no atual cenário de vola-<br />
tilidade. Para cada público foi desenvolvi<strong>do</strong><br />
questionário específico,<br />
que pode ser acessa<strong>do</strong> no site www.<br />
deloitte.com.br. Os resulta<strong>do</strong>s serão<br />
apresenta<strong>do</strong>s no 11º Encontro Nacional<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res e<br />
Merca<strong>do</strong> de Capitais, dias 22 e 23 de<br />
junho de 2009, em São Paulo (SP).<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
51
CERTIFICAÇÃO<br />
IBGC<br />
lança programa de<br />
CERTIFICAÇÃO<br />
DE CONSELHEIROS<br />
O Programa de Certificação de Conselheiros IBGC (Instituto Brasileiro<br />
de Governança Corporativa) lança<strong>do</strong>, em 13 de março de 2009, será um<br />
estímulo a mais para as boas práticas de Governança Corporativa no Brasil,<br />
além de aprimorar os membros <strong>do</strong> Conselho e Diretoria das companhias<br />
para o desempenho efetivo em seus cargos.<br />
por Rodney Vergili e Jennifer Almeida<br />
O processo de seleção para o Programa terá início com a abertura das<br />
inscrições em maio e a primeira prova está prevista para acontecer<br />
no mês de setembro de 2009. Os benefícios objetivam potencializar<br />
os processos de relacionamento, planejamento, tomada de decisão e<br />
gestão e fornecimento de fundamentos para gestão de talentos, assim<br />
como elevar os padrões de conduta <strong>do</strong>s profissionais.<br />
O membro <strong>do</strong> Comitê de Certificação <strong>do</strong> IBGC, Alberto Whitaker<br />
– que também é membro da Comissão Técnica <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, expõe,<br />
em entrevista à Revista RI, os principais pontos <strong>do</strong> Programa na<br />
qual ressalta alguns requisitos que os candidatos devem preencher<br />
como: capacidade de ler e entender relatórios gerenciais,<br />
financeiros, administrar conflitos e possuir visão estratégica.<br />
52 REVISTA RI Abril 2009<br />
Acompanhe a entrevista.<br />
REVISTA RI: Quais são os principais objetivos <strong>do</strong> IBGC ao<br />
implantar o Programa de Certificação de Conselheiros de<br />
Administração? Qual é a estrutura <strong>do</strong> Conselho Consultivo<br />
de Certificação?<br />
Alberto Whitaker: O objetivo de criar o Programa de Certificação<br />
é estimular o aprimoramento da boa Governança Corporativa<br />
no Brasil para melhorar a qualificação <strong>do</strong> Conselheiro. O Programa<br />
terá um Conselho Consultivo de Certificação, no qual pretendemos<br />
envolver as entidades mais representativas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para que nos<br />
tragam sugestões e avaliem o que o programa está desenvolven<strong>do</strong>.
RI: Quais são os principais requisitos e compromissos para<br />
que o Conselheiro obtenha a certificação? Haverá necessidade<br />
de associação ao IBGC para participar <strong>do</strong> exame?<br />
Whitaker: O primeiro requisito é o diploma universitário e a<br />
comprovação de experiência não cumulativa como Conselheiro de<br />
Administração por três anos, mais três anos como executivo de primeiro<br />
escalão e especialidade em Governança Corporativa. Não quisemos<br />
lançar um programa que fosse exclusivo para os associa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGC,<br />
ele é aberto para to<strong>do</strong>s e o Instituto não condiciona a participação em<br />
seus cursos para obter a certificação.<br />
RI: Será possível inicialmente certificação sem exame?<br />
Qual é o potencial de conselheiros certifica<strong>do</strong>s<br />
no Brasil?<br />
Whitaker: A exemplo de outras certificações o IBGC vai divulgar<br />
requisitos em que essa possibilidade é esclarecida, mas é uma requisição<br />
mais elevada, a experiência exigida em Conselho de Administração<br />
é de seis anos e oito em funções de executivo de primeiro escalão<br />
(CEO, CFO). São aproximadamente 10.500 cargos engloban<strong>do</strong> as<br />
companhias de capital aberto (Conselho e Diretoria), empresas de<br />
previdência complementar, Private Equity e Venture Capital que se<br />
beneficiarão <strong>do</strong> Programa.<br />
RI: Qual é o perfil <strong>do</strong>s candidatos para obter a<br />
Certificação? Qual é a importância da Educação<br />
Continuada no programa?<br />
Whitaker: As etapas meto<strong>do</strong>lógicas <strong>do</strong> Programa são: definição<br />
<strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> candidato e das atribuições, construção das<br />
competências e em seguida chegamos aos temas <strong>do</strong> exame que<br />
são: Governança Corporativa; Contabilidade, Finanças, Auditoria<br />
e Riscos; Ambiente Regulatório e Legislação; Gestão Estratégica;<br />
Intangíveis e Sustentabilidade. Queremos que o candidato<br />
esteja sempre se reciclan<strong>do</strong> e esse é um <strong>do</strong>s compromissos que<br />
ele assume ao realizar o exame, além de cumprir programa de<br />
educação continuada para que tenha sua certificação renovada<br />
após <strong>do</strong>is anos.<br />
RI: O IBGC promoverá Curso de Certificação de<br />
Conselheiros, indicará instituições de educação ou<br />
deixará a preparação por livre escolha <strong>do</strong> candidato ao<br />
selo de certificação?<br />
Whitaker: O IBGC realizará acor<strong>do</strong> com instituições de ensino que<br />
oferecerão créditos para o candidato, mas o processo da educação<br />
continuada não termina com os cursos, envolve, também, artigos,<br />
palestras, considera<strong>do</strong>s importantes para a educação continuada.<br />
RI: Caso haja a constatação de que o conselheiro deixou<br />
de ter eleva<strong>do</strong> padrão de conduta, qual será a punição?<br />
Alberto Whitaker: O candidato deve aderir ao Código de Conduta<br />
<strong>do</strong> Instituto, que é muito claro com relação às atitudes inadequadas.<br />
Se houver a constatação de desvio de conduta, a pessoa será excluída,<br />
e perderá o selo “Conselheiro Certifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> IBGC”.<br />
Abril 2009<br />
REVISTA RI<br />
53
DISCLOSURE<br />
WEllS FArGO: destaque em RI<br />
O banco Wells Fargo<br />
conquistou a maioria <strong>do</strong>s<br />
prêmios da 14ª edição <strong>do</strong><br />
IR Magazine U.S. Awards<br />
2009, que destacou as melhores<br />
empresas e profissionais<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, em cerimônia de gala realizada no<br />
final de março em Nova York. Além <strong>do</strong> Grand<br />
Prix <strong>do</strong> Melhor Programa de RI para uma empresa<br />
“mega-cap”, o Wells Fargo foi também<br />
premia<strong>do</strong> nas categorias Melhor Executivo<br />
de RI (Bob Strickland), Melhor Governança<br />
GUIDANCE NA bErlINDA<br />
De acor<strong>do</strong> com destaca<strong>do</strong>s profissionais<br />
de investimentos reuni<strong>do</strong>s<br />
recentemente num seminário<br />
da IR Society <strong>do</strong> Reino<br />
Uni<strong>do</strong>, as empresas devem ter<br />
bastante cautela ao oferecerem<br />
guidance para o merca<strong>do</strong>.<br />
Os debate<strong>do</strong>res concordaram<br />
que na atual conjuntura o importante<br />
para uma boa comunicação<br />
é a<strong>do</strong>tar estimativas<br />
conserva<strong>do</strong>ras. Segun<strong>do</strong> o chefe<br />
da pesquisa da Insight, Investment,<br />
Nick Anderson: “As<br />
pessoas não vão penalizá-lo se<br />
54 REVISTA RI<br />
Abril 2009<br />
você levantar as mão e disser,<br />
eu simplesmente não sei. Oferecer<br />
uma má orientação (guidance)<br />
acaba se voltan<strong>do</strong> contra<br />
a empresa; e isso não vale<br />
a pena”. Jennifer Walmsley,<br />
diretora <strong>do</strong> gigante fun<strong>do</strong> Hermes<br />
concor<strong>do</strong>u: “Os investi<strong>do</strong>res<br />
devem se esforçar mais para<br />
entenderem melhor as empresas<br />
e parar de serem orienta<strong>do</strong>s por<br />
elas”. “Querer um guidance é,<br />
de várias formas, um sintoma de<br />
preguiça por parte <strong>do</strong>s analistas<br />
e investi<strong>do</strong>res”, acrescentou An-<br />
Corporativa, Melhor Comunicação com o<br />
Merca<strong>do</strong> de Varejo, e Melhor Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res em Fusões e Aquisições (Wachovia).<br />
“De acor<strong>do</strong> com os analistas e investi<strong>do</strong>res, em<br />
busca de transparência e confiança no meio de<br />
uma grave crise financeira, o Wells Fargo foi<br />
considera<strong>do</strong> o rei da selva”, disse Neil Stewart,<br />
editor executivo da IR Magazine. Os demais<br />
prêmios foram atribuí<strong>do</strong>s a empresas como a<br />
Texas Instruments, Humana, First Horizon<br />
National Corp. e Continental Airlines. A relação<br />
completa <strong>do</strong>s premia<strong>do</strong>s está disponível no<br />
website: www.irmagazineus.com.<br />
derson. Os investi<strong>do</strong>res concordam<br />
que as empresas deveriam<br />
evitar a oferta de guidance na<br />
forma generalizada como é praticada<br />
nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. “Não<br />
queremos uma situação onde se<br />
o guidance não for atingi<strong>do</strong>, os<br />
preços das ações despencam”,<br />
disse Andrew Fairnington, diretor<br />
de vendas institucionais <strong>do</strong><br />
UBS. Para ele os investi<strong>do</strong>res<br />
estão muito preocupa<strong>do</strong>s com os<br />
passivos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s de pensões e<br />
os vencimentos das dívidas e das<br />
suas relações com os bancos.
“YOU TUBE” pArA WAll STrEET<br />
A Thomson Reuters anunciou recentemente<br />
o breve lançamento de um<br />
canal de video online para profissionais<br />
de finanças, que mostrará as<br />
notícias e a inteligência de merca<strong>do</strong><br />
produzi<strong>do</strong> por ela, assim como com o<br />
conteú<strong>do</strong> de terceiros. Nos últimos<br />
meses a empresa contratou mais de<br />
100 profissionais experientes, de firmas<br />
como CNN, CNBC e BBC, que<br />
trabalharão com a já existente legião<br />
de jornalistas e analistas da Thomson<br />
Reuters, e de outros parceiros externos,<br />
para apresentar novas formas de<br />
trabalho nas telas. A empresa opera-<br />
rá de seus novos estúdios em Hong<br />
Kong, Londres e Nova York, usan<strong>do</strong><br />
câmeras em cada bureau de noticiais.<br />
Segun<strong>do</strong> Michael Stepanovich, editor<br />
chefe <strong>do</strong> projeto, o produto deverá<br />
ser lança<strong>do</strong> no próximo mês de junho<br />
e será diferente de tu<strong>do</strong> o que existe<br />
atualmente no merca<strong>do</strong>, inclusive<br />
disponibilizan<strong>do</strong> ferramentas que permitirão<br />
a pesquisa no vídeo a partir de<br />
nomes ou palavras-chaves relacionadas<br />
ao conteú<strong>do</strong>, atuan<strong>do</strong> tanto como<br />
um produto como uma plataforma. A<br />
Thomson Reuters informou estar investin<strong>do</strong><br />
US$ 1 bilhão no projeto.<br />
rEG FD volta com força<br />
Durante uma recente reunião promovida pela IR Magazine em Palo Alto,<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, um conferencista previu uma onda de exigências da Regulation<br />
Fair Disclosure e preveniu os RIs a serem especialmente cuida<strong>do</strong>sos<br />
nos intervalos das conferências com investi<strong>do</strong>res, que funcionam como as<br />
“salas de banho” <strong>do</strong> disclosure seletivo”. Entretanto, os mais de 50 executivos<br />
de RI convida<strong>do</strong>s para o evento acharam que não devem evitar as reuniões<br />
one-on-one, os almoços e os encontros com analistas e investi<strong>do</strong>res, que<br />
representam o “feijão-com-arroz” das relações com investi<strong>do</strong>res. O consenso<br />
foi firmemente contra qualquer esfriamento nas relações com investi<strong>do</strong>res.<br />
“Durante a crise, é quan<strong>do</strong> os investi<strong>do</strong>res mais precisam das nossas<br />
mãos. Esse é o momento em que as empresas devem ir para o merca<strong>do</strong>, se<br />
esforçan<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que nunca”, disse um profissional de investimentos. O<br />
corte de 360 mil postos de trabalho nos bancos e a redução de 40% no número<br />
de analistas seniors sell-side nos últimos 12 meses, de acor<strong>do</strong> com a<br />
Integrity Research, impactam sobre a quantidade e qualidade da pesquisa<br />
sell-side e ressaltam o seu papel de propiciar acesso às empresas para os<br />
investi<strong>do</strong>res institucionais. Segun<strong>do</strong> Steve Lackey, diretor de RI <strong>do</strong> Bank of<br />
New York Mellon, o valor atribuí<strong>do</strong> pelo buy side hoje não é necessariamente<br />
nos modelos usa<strong>do</strong>s pelos analistas sell-side, mas sim na sua capacidade<br />
de trazerem os administra<strong>do</strong>res das empresas para o buy-side.<br />
Líder mundial na distribuição de notícias empresariais<br />
para mídia, comunidade financeira e investi<strong>do</strong>res individuais.<br />
www.prnewswire.com.br<br />
ADrs<br />
Cotações DATA BASE: 01/04/2009<br />
Emissores – Níveis II e III Merca<strong>do</strong> Símbolo Volume Última<br />
Ambev (Pref.) NYSE ABV 543,800 49.14<br />
Ambev (Ord.) NYSE ABV.C 5,600 40.45<br />
Aracruz Celulose NYSE ARA 367,200 6.98<br />
Banco Bradesco NYSE BBD 7,661,900 10.45<br />
Banco Itaú Holding NYSE ITU n.a. n.a.<br />
Brasil Telecom NYSE BTM 65,100 17.38<br />
Brasil Telecom Part. NYSE BRP 188,100 38.08<br />
Braskem NYSE BAK 140,500 4.35<br />
Cemig NYSE CIG 2,107,200 15.79<br />
Cia. Bras. Distribuição NYSE CBD 257,800 28.03<br />
Copel NYSE ELP 416,200 10.96<br />
CPFL Energia NYSE CPL 142,800 41.95<br />
CSN NYSE SID 4,168,600 15.50<br />
Eletrobras NYSE EBR 502,500 11.68<br />
Embraer NYSE ERJ 697,800 14.32<br />
Gafisa NYSE GFA 304,300 10.91<br />
Gerdau NYSE GGB 7,538,600 5.89<br />
Gol Linhas Aéreas NYSE GOL 300,800 2.86<br />
Net Serviços NASDAQ NETCD 480,300 7.54<br />
Perdigão NYSE PDA 331,300 25.60<br />
Petrobrás (Ord.) NYSE PBR 19,925,500 32.19<br />
Petrobrás (Pref.) NYSE PBRA 8,629,900 25.64<br />
Sabesp NYSE SBS 476,200 22.96<br />
Sadia NYSE SDA 472,400 4.19<br />
Tam NYSE TAM 658,200 5.63<br />
Tele Norte Celular Part. NYSE TCN n.a. n.a.<br />
Tele Norte Leste Part. NYSE TNE 1,410,600 14.31<br />
Telecomunicações de S.P. NYSE TSP 159,000 21.28<br />
Telemig Celular Part. NYSE TMB 36,600 35.62<br />
Tim Participações NYSE TSU 863,000 12.49<br />
Ultrapar NYSE UGP 131,000 24.30<br />
Unibanco NYSE UBB n.a. n.a.<br />
Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Pref.) NYSE RIOPR 9,979,900 11.93<br />
Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Ord.) NYSE RIO 24,850,200 13.82<br />
Vivo Participações NYSE VIV 2,246,300 13.50<br />
Votorantim Celulose NYSE VCP 847,400 4.92<br />
Fonte: The Bank of New York (www.adrbny.com).<br />
Emissores – Nível I (OTC) e Regra 144A (PORTAL)<br />
Acesita-Pref (ACAHY) / Acesita-Ord (ACABY) / AES Tietê-Pref<br />
(CDEOY) / AES Tietê-Ord (CDEEY) / ALL Logística (AALQY) /<br />
Alpargatas-Pref (SAANY) / Alpargatas-Ord (SAALY) / Belgo<br />
Mineira (CSBMY) / Bombril (BMBBY) / Brazil Realty-Pref (BZEXF)<br />
/ Brazil Realty-Ord (BZEXY) / Celesc (CEDWY) / Cemig-Ord<br />
(CEMFF) / Cesp-Pref (CESQY) / Cesp-Ord (CSQSY) / Cia. Força e<br />
Luz Cataguazes-Pref (CFLPY) / Cia. Força e Luz Cataguazes-Ord<br />
(CFLCY) Cia. Suzano (CSZPY) / Cia. Transmissão Paulista-Pref<br />
(CTPZY) / Cia. Transmissão Paulista-Ord (CTPTY) / Copel-Ord<br />
(ELPVY) / Coteminas (CDDMY) / CST (CSTBY) / Diagnosticos<br />
da América S.A. (DAMRY) / Duke Energy-Pref (DEIPY) / Duke<br />
Energy-Ord (DEIWY) / Eletrobrás-Pref (CAIGY) / Eletrobrás-Com<br />
(CAIFY) / Eucatex (ECTXY) / Globex (GBXPY) / Iochpe (IOCJY) /<br />
Klabin (KLBAY) / Paranapanema (PNPPY) / Rossi Residencial<br />
(RSRZY) / Saraiva-Pref (SVLSY) / Saraiva-Ord (SVLOY) / Suzano<br />
Petroquímica (SUZPY) / Telefônica Data (TDBPY) / Tractebel-<br />
Pref (TBLGY) / Tractabel-Ord (TBLEY) / Usiminas (USNZY) /<br />
NOTA: Os ADRs são classifica<strong>do</strong>s em diferentes níveis: Nível I (Merca<strong>do</strong><br />
de Balcão – OTC), Nível II (Registro em Bolsa), Nível III (Oferta<br />
Pública em Bolsa) e Regra 144 A (Oferta Privada - com negociação<br />
restrita à investi<strong>do</strong>res institucionais qualifica<strong>do</strong>s – PORTAL).<br />
rEVISTA<br />
Março 2009<br />
rI<br />
Para maiores informações entre em contato com a PR Newswire no tel.: (11) 2504-5128.<br />
53
OPINIÃO<br />
OS ÓRGÃOS<br />
REGULADORES<br />
E A CRISE<br />
por Leslie Amen<strong>do</strong>lara*<br />
Dentre os vários objetivos da criação desse órgão especializa<strong>do</strong> estava<br />
coibir fraudes, com poderes de policia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> punir os infratores,<br />
obrigar o registro de toda emissão pública de valores mobiliários,<br />
regular os merca<strong>do</strong>s através de normas cogentes e, em especial, exigir<br />
amplo disclosure (leia-se transferência) <strong>do</strong>s atos e fatos ocorri<strong>do</strong>s nas empresas<br />
listadas que pudessem influenciar na cotação das ações.<br />
Enfim, aquele merca<strong>do</strong> totalmente livre de fiscalização passava a ser vigia<strong>do</strong>,<br />
no bom senti<strong>do</strong>, para impedir que os investi<strong>do</strong>res não fossem lesa<strong>do</strong>s em<br />
suas aplicações. Os xerifes, como ficaram conheci<strong>do</strong>s deste então os órgãos<br />
regula<strong>do</strong>res, passaram a ser uma garantia para os acionistas minoritários<br />
que, graças ao prestigio e honestidade <strong>do</strong>s regula<strong>do</strong>res, sentiam-se protegi<strong>do</strong>s.<br />
Inúmeros exemplos de severas punições de frauda<strong>do</strong>res ocorreram e<br />
ficaram conhecidas <strong>do</strong> público ao longo <strong>do</strong>s anos, inclusive, entre nós.<br />
Seguro de que os olhos <strong>do</strong> xerife, tu<strong>do</strong> viam certamente os aplica<strong>do</strong>res<br />
podiam ficar tranqüilos com as mirabolantes arquiteturas matemáticas,<br />
elaboradas nos laboratórios <strong>do</strong>s Hedge Funds; e as máquinas de fabricar<br />
tenta<strong>do</strong>res produtos financeiros.<br />
De repente uma tormenta passou a assolar as Bolsas Mundiais e fraudes<br />
gigantescas surgiram das sombras, como a deste senhor Ma<strong>do</strong>ff.<br />
Começou, então a derreter-se toda alavancagem financeira gera<strong>do</strong>ra de<br />
sonhos e ganhos fictícios. Bancos sóli<strong>do</strong>s escondiam, sob formas atraentes,<br />
operações complexas cujo entendimento era difícil até mesmo para<br />
experimenta<strong>do</strong>s homens <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> corrobora<strong>do</strong> pelas agências<br />
de rating e uma imprensa, dita especializada que, sem aprofundar suas<br />
análises, alimentava a euforia que se revelou depois funesta.<br />
Os gestores, <strong>do</strong> alto de sua empáfia e com onisciência abocanhavam bônus<br />
milionários sobre lucros fictícios, antes que a festa acabasse.<br />
A pergunta tornou-se, então, inevitável: e os Órgãos Regulatórios aonde estavam<br />
que não viram as manipulações e irregularidades? Porque não perceberam,<br />
se lhes incumbia fiscalizar e auditar empresas e fun<strong>do</strong>s especula<strong>do</strong>res?<br />
56 REVISTA RI Abril 2009<br />
Depois da catástrofe de 1929,<br />
amaina<strong>do</strong> o aturdimento geral, foram<br />
editadas as leis regulatórias <strong>do</strong>s<br />
merca<strong>do</strong>s de capitais americanos de<br />
1933 a 1934. Uma delas criava a SEC<br />
(Securities Exchange Commission)<br />
cujo modelo foi depois copia<strong>do</strong> em<br />
to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, inclusive no Brasil em<br />
1976, através da Lei 6.386/76.<br />
Uma das respostas mais aterra<strong>do</strong>ras é de que, independente de possível<br />
negligência ou conivência, não entendiam bem o funcionamento <strong>do</strong>s<br />
mecanismos <strong>do</strong>s negócios, cujos modelos matemáticos eram segre<strong>do</strong>s<br />
de poucos. Em artigo, recentemente publica<strong>do</strong> em jornal especializa<strong>do</strong>,<br />
Timothy Aschi comenta: “é que pessoas envolvidas, banqueiros, entidades<br />
regula<strong>do</strong>ras, políticos, jornalistas, não viam nem compreendiam<br />
exatamente o que estava acontecen<strong>do</strong>.”<br />
Outros, conscientes mas desonestos, agiram como nos bons tempos da<br />
conquista <strong>do</strong> oeste americano: deixa os bandi<strong>do</strong>s desbravarem primeiro,<br />
depois mandaremos os xerifes .... Pessoas que perderam grande parte de<br />
seu patrimônio procuram agora advoga<strong>do</strong>s e querem responsabilizar to<strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>. Como diziam os velhos romanos Fraus omnia corrumpit (a fraude<br />
tu<strong>do</strong> corrompe), queren<strong>do</strong> com isso expressar que, em determinadas<br />
situações, é tão grande o descontrole e a fraude que to<strong>do</strong>s são culpa<strong>do</strong>s.<br />
A impostura impingida ao público pelos falsos profetas de que não haveria<br />
risco nas operações talvez tenha si<strong>do</strong> a mais grave de todas as mentiras,<br />
porque, na maioria <strong>do</strong>s casos, a receita era de um bolo <strong>do</strong>ce, que<br />
se revelou amargo e eles sabiam. Uma mentira repetida continuamente<br />
acaba viran<strong>do</strong> uma verdade dizia Goebels o criminoso e sinistro ministro<br />
da propaganda de Hitler.<br />
E agora José? Esperemos que a próxima receita da regulação traga em<br />
seu bojo novos valores e que coíbam também não apenas a fraude mas a<br />
ambição desenfreada se quiserem restabelecer a confiança nos investi<strong>do</strong>res<br />
e permitir que o merca<strong>do</strong> continue a existir.<br />
(*) LESLIE AMENDOLARA, é advoga<strong>do</strong><br />
especialista em Merca<strong>do</strong> de Capitais.<br />
(leslie@forumcebefi.com.br)