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REVISTA RI ©<br />

É uma publicação mensal da<br />

IMF Editora Ltda.<br />

Av. Erasmo Braga, 227 - Grupo 404<br />

20020-000 - Rio de Janeiro, RJ<br />

Tel.: (21) 2240-4347 | Fax: (21) 2262-7570<br />

www.revistari.com.br | Email: ri@imf.com.br<br />

Diretor Editorial: Ronnie Nogueira<br />

Editor Internacional: William F. Mahoney<br />

Editor Responsável: Ronal<strong>do</strong> A. da Frota Nogueira<br />

Projeto Gráfico: Selulloid Ag<br />

Direção de Arte: Mari Guimarães<br />

OPERAÇÃO EM BANCAS<br />

Assessoria: Edicase | www.edicase.com.br<br />

Manuseio: FG Press | www.fgpress.com.br<br />

Distribuição: Fernan<strong>do</strong> Chinaglia Distribui<strong>do</strong>ra S/A<br />

Associada ao<br />

Rua Boavista, 254 / 3º andar - sala 311<br />

01014-000 - São Paulo, SP<br />

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www.ibri.com.br | Email: ibri@ibri.com.br<br />

CONSELHO<br />

Presidente: João Pinheiro Nogueira Batista<br />

Vice-Presidente: Líbano Miranda Barroso<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Presidente: Geral<strong>do</strong> Soares<br />

Vice-Presidente: Ricar<strong>do</strong> Florence<br />

Vice-Presidente - SP: Vitor Fagá<br />

Vice-Presidente - RJ: Vânia Borgeth<br />

Vice-Presidente - MG: Bruno Seno Fusaro<br />

Diretor Executivo - NE: Álvaro Bandeira de Paula<br />

Diretor Executivo - SUL: Ricar<strong>do</strong> Rosanova Garcia<br />

Diretor Financeiro: Vitor Fagá<br />

Diretor de Comunicação: Luis Fernan<strong>do</strong> Moran<br />

Diretora de Desenvolvimento: Regina Sanchez<br />

Diretora Secretária: Andréa Pereira<br />

Os artigos aqui publica<strong>do</strong>s não pretendem induzir a nenhuma modalidade<br />

de investimento. Os da<strong>do</strong>s e reportagens são apura<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong> o rigor, porém<br />

não devem ser considera<strong>do</strong>s perfeitos e acima de falhas involuntárias.<br />

Os artigos assina<strong>do</strong>s são de responsabilidade exclusiva de seus autores.<br />

É proibida a reprodução desse volume, ou parte <strong>do</strong> mesmo, sob quaisquer<br />

meios, sem a autorização prévia e expressa da IMF Editora.<br />

REVISTA RI nº 131 • Abril 2009<br />

02<br />

18<br />

22<br />

26<br />

30<br />

34<br />

40<br />

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48<br />

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54<br />

56<br />

MELHORES PRÁTICAS<br />

O VALOR DAS RELAÇÕES COM INVESTIDORES<br />

por William F. Mahoney<br />

LIDERANÇA<br />

O LÍDER APRENDIZ EM MOMENTOS DE INCERTEZA<br />

por Carlos Cruz<br />

BRANDING<br />

VALOR DE MARCA<br />

por Eduar<strong>do</strong> Tomiya<br />

ENFOQUE<br />

O CREPÚSCULO DOS GÊNIOS<br />

por Lélio Lauretti<br />

GOVERNANÇA & MERCADO<br />

QUAL É A SUSTENTABILIDADE QUE O INVESTIDOR PODE ESPERAR?<br />

por Mônica Mansur Brandão<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

DO SINGLE BOTTOM LINE PARA O TRIPLE BOTTOM LINE:<br />

RUMO AOS PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />

por Eduar<strong>do</strong> Werneck<br />

ONDE INVESTIR? A ÁFRICA É O FUTURO.<br />

por Roberto Gonzalez<br />

CONTABILIDADE<br />

IFRS: O IMPÉRIO DA TRANSPARÊNCIA<br />

E O IMPACTO NAS COMPANHIAS ABERTAS BRASILEIRAS<br />

por Jennifer Almeida<br />

DIVULGAÇÃO<br />

PRONUNCIAMENTO DO CODIM: RELEASES<br />

por Jennifer Almeida<br />

<strong>IBRI</strong> NOTíCIAS<br />

COMISSÃO TÉCNICA DO <strong>IBRI</strong><br />

DEBATE A INSTRUÇÃO CVM 202<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

IBGC LANÇA PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE CONSELHEIROS<br />

por Rodney Vergili e Jennifer Almeida<br />

DISCLOSURE<br />

GUIDANCE NA BERLINDA<br />

OPINIÃO<br />

OS ÓRGÃOS REGULADORES E A CRISE<br />

por Leslie Amen<strong>do</strong>lara<br />

www.revistari.com.br • e-mail: ri@imf.com.br


MELHORES PRÁTICAS<br />

INVESTIDORES<br />

O principal objetivo das relações com<br />

investi<strong>do</strong>res é otimizar o entendimento da<br />

empresa pela comunidade de investimentos.<br />

por William F. Mahoney*<br />

2 REVISTA RI Abril 2009


Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

3


MELHORES PRÁTICAS<br />

Dada a popularidade <strong>do</strong>s modelos multi-fatores entre os<br />

profissionais de investimentos, nós podemos considerar<br />

que um bom programa de RI seja um desses fatores.<br />

Dessa forma, uma eficaz função de relações com<br />

investi<strong>do</strong>res contribui para o valor de uma empresa.<br />

Nesse caso, valor não significa que a RI aumenta receitas ou o fluxo de<br />

caixa ou as margens ou outros determinantes operacionais. Significa que a<br />

ajuda da RI está ocorren<strong>do</strong> ao permitir que os investi<strong>do</strong>res precifiquem as<br />

ações da empresa pelo seu justo valor.<br />

Certamente, essa contribuição não se limita aos usuários de modelos multi-fatores.<br />

Existe um papel produtivo para a RI desempenhar para cada<br />

investi<strong>do</strong>r que use uma abordagem de modelagem ativa, seja ela enfatizada<br />

sobre os lucros, o caixa, ou baseada em múltiplos fatores, ou o que for. Até<br />

mesmo os indexa<strong>do</strong>res e outros usuários de méto<strong>do</strong>s quantitativos se beneficiam<br />

com a inclusão da melhor informação possível nos seus modelos.<br />

Um programa de RI realmente bom fornece a melhor informação.<br />

Nós acreditamos que os administra<strong>do</strong>res das empresas e os investi<strong>do</strong>res<br />

profissionais têm servi<strong>do</strong> para limitar o papel e o valor das relações com<br />

investi<strong>do</strong>res. Os profissionais de RI também podem fazer um melhor<br />

trabalho educan<strong>do</strong> essas duas importantes audiências sobre o real valor<br />

de função. Alguns analistas de ações e gestores de fun<strong>do</strong>s/carteiras ainda<br />

confundem a RI com RP (relações públicas), e executivos de empresas<br />

consideram que seja principalmente uma função de serviço.<br />

RI coMo uMa Função de SeRvIço<br />

Na verdade, as relações com investi<strong>do</strong>res podem ser divididas em<br />

duas amplas categorias de atividades: 1) Serviço; e 2) num papel<br />

aprimora<strong>do</strong>: Preenchimento de Valor.<br />

Os CEOs, presidentes, chefes de divisões operacionais, CFOs já<br />

têm muito o que fazer. Contrate o melhor RI (executivo de RI) que<br />

puder e faça-o liderar a equipe de preenchimento de valor.<br />

Como dissemos, ainda hoje a maioria <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res consideram<br />

a RI como uma função de serviço e por isso a maioria <strong>do</strong>s<br />

programas corporativos de RI oferece essencialmente serviços para<br />

os acionistas, analistas, corretores, investi<strong>do</strong>res institucionais e individuais.<br />

Por isso, infelizmente, a função continua a alcançar menos <strong>do</strong> que<br />

ela pode.<br />

4 REVISTA RI Abril 2009<br />

Portanto, vamos dividir a função da RI em <strong>do</strong>is principais componentes<br />

– serviço e preenchimento de valor. As funções básicas de serviço<br />

são conhecidas por to<strong>do</strong>s os praticantes e executivos de RI assim<br />

como pelos CFOs e CEOs. Essencialmente elas compreendem seis<br />

importantes atividades:<br />

1) Produzir ou participar com os grupos financeiro e jurídico na preparação<br />

<strong>do</strong>s materiais e <strong>do</strong>cumentos de disclosure e registros.<br />

2) Preparar releases de notícias, cobrin<strong>do</strong> tanto informações materiais<br />

como não-materiais. Resulta<strong>do</strong>s trimestrais/anuais, declarações<br />

de dividen<strong>do</strong>s, nomeações de executivos e eleições de conselheiros,<br />

fusões e aquisições e alienações, novas instalações, importantes mudanças<br />

operacionais, e ofertas de produtos/serviços são notícias.<br />

3) Liderar ou participar na preparação <strong>do</strong> relatório anual, fact book e<br />

outros materiais orienta<strong>do</strong>s para a comunidade de investimentos.<br />

4) Responder pedi<strong>do</strong>s de informações <strong>do</strong>s acionistas, analistas e corretores<br />

atuais e potenciais, e talvez a mídia e outros participantes<br />

influentes – por telefone, correio, e-mail, Internet.<br />

5) Manter o website de RI<br />

6) Fornecer informações sobre o merca<strong>do</strong> de investimentos para os<br />

administra<strong>do</strong>res e conselheiros. Tipicamente, isso inclui relatórios<br />

e comentários de analistas, atitudes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> com relação à empresa,<br />

cobertura na mídia, identificação <strong>do</strong>s principais analistas e<br />

potenciais investi<strong>do</strong>res institucionais.<br />

Frequentemente, os programas de RI vão além dessas atividades, incorporan<strong>do</strong><br />

inúmeros esforços proativos para alcançar o merca<strong>do</strong>. Os<br />

administra<strong>do</strong>res passaram a considerar essas atividades como essenciais,<br />

conduzidas primordialmente pela área de RI.<br />

1) Possibilitar que o CEO, CFO e outros altos executivos se dirijam<br />

à grupos de analistas e investi<strong>do</strong>res institucionais, tipicamente sociedades<br />

profissionais de investimentos e grupos dissidentes e organizações<br />

criadas para reunir investi<strong>do</strong>res e empresas. Também existem<br />

atualmente oportunidades similares para encontrar investi<strong>do</strong>res individuais,<br />

muitas vezes com grandes carteiras.


MELHORES PRÁTICAS<br />

2) Encorajar analistas e investi<strong>do</strong>res a encontrarem os altos administra<strong>do</strong>res,<br />

seja em pequenos grupos ou individualmente, e promover<br />

tais encontros. Os departamentos de RI marcam pontos com os<br />

administra<strong>do</strong>res se conseguirem atrair grandes administra<strong>do</strong>res de<br />

carteiras para encontros com o CEO ou CFO. Igualmente, os RIs<br />

ganham credibilidade quan<strong>do</strong> conseguem que o CEO se reúna com<br />

determina<strong>do</strong>s gestores e analistas.<br />

3) Preparar apresentações para os altos executivos fazerem para essas<br />

audiências. Esse trabalho <strong>do</strong> RI também inclui a antecipação<br />

e a preparação de respostas às questões mais prováveis de serem<br />

perguntadas durante essas sessões.<br />

4) Expandir e aprimorar o fluxo de comunicações através da freqüência<br />

e da qualidade <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s materiais como releases, fact<br />

books, e o website da empresa. Aprimorar a qualidade da informação<br />

deve ser um objetivo permanente.<br />

5) Conduzir as reuniões e fazer apresentações para grupos de analistas e<br />

de investi<strong>do</strong>res. Num grande número de empresas os RIs são o principal<br />

porta-voz para a comunidade de investimentos, fazen<strong>do</strong> apresentações<br />

e responden<strong>do</strong> questões. De uma forma, essa é uma expansão <strong>do</strong> papel<br />

<strong>do</strong>s profissionais de RI na condução de conversas telefônicas e contatos<br />

na Internet. O preenchimento desse papel pode significar que os administra<strong>do</strong>res<br />

estão contentes em deixar que o RI seja a principal fonte de<br />

informação e confiam que ele está plenamente capacita<strong>do</strong> a satisfazer o<br />

desejo de informação <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res. A atitude certa para os administra<strong>do</strong>res<br />

é que o RI fale bem pela empresa. Porém, infelizmente, existem<br />

alguns altos executivos que se sentem contentes em passar o trabalho<br />

para o RI ou CFO por razões erradas. Existem CEOs que se acham muito<br />

ocupa<strong>do</strong>s, ou que não vale a pena usar o seu tempo, ou que receiam<br />

cometer um erro ou dizer algo erra<strong>do</strong> ou que são simplesmente tími<strong>do</strong>s<br />

e receosos em assumir uma posição pública. Isso não é bom. O merca<strong>do</strong><br />

precisa conhecer as pessoas que cuidam da empresa; isso é uma peça<br />

fundamental quan<strong>do</strong> se analisa a qualidade <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res.<br />

6) Aconselhe os administra<strong>do</strong>res e os conselheiros sobre as atitudes <strong>do</strong>s<br />

analistas e investi<strong>do</strong>res com relação à empresa, seus fundamentos e as suas<br />

perspectivas para crescer. O feedback da área de RI pode ajudar o enten-<br />

6 REVISTA RI Abril 2009<br />

dimento de como o merca<strong>do</strong> vê a empresa e pode impactar as estratégias e<br />

decisões <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res.<br />

RI: eSpecIalISta ReSIdente no<br />

MeRca<strong>do</strong> de InveStIMentoS<br />

Essa última função cria uma ponte entre as relações com investi<strong>do</strong>res operan<strong>do</strong><br />

como uma função de serviço e a função vital no processo de preenchimento<br />

de valor. Agora, estamos entran<strong>do</strong> neste segun<strong>do</strong> e mais vital<br />

papel, que é o de liderar o caminho para que o merca<strong>do</strong> de investimento<br />

precifique suas ações ao nível <strong>do</strong> valor intrínseco da empresa.<br />

Esse processo começa com o entendimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de investimento<br />

de forma mais completa possível. O seu percurso para alcançar o valor<br />

justo começa com o profun<strong>do</strong> entendimento de como esse grupo coletivo<br />

de investi<strong>do</strong>res chama<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Ações vê a empresa.<br />

É lógico que o RI seja o especialista residente da empresa no merca<strong>do</strong>.<br />

Preencher este papel é um trabalho grande e importante, e não é fácil<br />

ser um pleno conhece<strong>do</strong>r. Isso pode requerer muito estu<strong>do</strong> que, na<br />

verdade, nunca termina. O merca<strong>do</strong> é altamente complexo, incorporan<strong>do</strong><br />

uma variedade de fatores macro e micro, juntamente com uma<br />

série de processos de investimentos, modelos continuamente refina<strong>do</strong>s<br />

e constantemente altera<strong>do</strong>s.<br />

Deveria ser uma exigência básica para que o RI tenha expertise no merca<strong>do</strong>,<br />

que esteja sen<strong>do</strong> constantemente aprimorada. Isso deve ser a base <strong>do</strong><br />

seu trabalho. Faz senti<strong>do</strong> que o líder da equipe de preenchimento <strong>do</strong> valor<br />

da empresa seja a pessoa que entende a dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e o processo<br />

de investimento. Ela deve ser vista dessa forma por to<strong>do</strong> o grupo administrativo.<br />

Cada membro deve estar totalmente à vontade em consultar o RI<br />

em assuntos sobre os merca<strong>do</strong>s de ações e de títulos. Deve existir o mais<br />

alto nível de respeito.<br />

Alguns RIs ainda precisam trabalhar para alcançar aquele nível de conhecimento<br />

e respeito. Faça isso caso você precise. Crie o tempo para ser um<br />

estudante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> na medida necessária para desenvolver o seu conhecimento.<br />

Isso deve ser uma parte integral da descrição <strong>do</strong> seu trabalho,<br />

mais <strong>do</strong> que qualquer outra pessoa na empresa.


MELHORES PRÁTICAS<br />

Ao assumir a principal responsabilidade de ser o resident market expert,<br />

o RI também poderá ter que trabalhar para conquistar a aceitação <strong>do</strong>s<br />

administra<strong>do</strong>res. Na verdade, conquistar essa aceitação pode ser a parte<br />

mais difícil <strong>do</strong> seu trabalho. Muitos CEOs e CFOs se julgam como os<br />

implementa<strong>do</strong>res máximos <strong>do</strong> mandato da valorização <strong>do</strong> acionista.<br />

Esses executivos precisam distinguir entre duas responsabilidades.<br />

Os administra<strong>do</strong>res criam o valor para os acionistas; as equipes de<br />

RI cuidam para que o pleno valor da empresa seja reconheci<strong>do</strong> pela<br />

comunidade de investimentos. Administra<strong>do</strong>res esclareci<strong>do</strong>s entendem<br />

o papel das relações com investi<strong>do</strong>res no desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> acionista.<br />

A melhor forma para os RIs ganharem a aceitação da alta administração<br />

e <strong>do</strong> conselho é através da Execução. Prove o seu conhecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong>s os dias e desempenhe as partes básicas da função de serviço<br />

e lidere os esforços de preenchimento de valor no mais alto nível.<br />

Para completar o círculo, idealmente o programa de RI combina com<br />

eficácia a função de serviço com o objetivo de preenchimento <strong>do</strong> valor.<br />

deSenvolven<strong>do</strong> o ReSpeIto <strong>do</strong>S InveStI<strong>do</strong>ReS<br />

É uma via de mão dupla. Para conduzir o esforço de preenchimento de<br />

valor, o RI deve ser considera<strong>do</strong> por desempenhar e administrar bem o<br />

papel, tanto pelos administra<strong>do</strong>res como pela comunidade de investimentos.<br />

Verdadeiramente, o RI é a ponte entre esses <strong>do</strong>is grupos vitais.<br />

Analistas, gestores de fun<strong>do</strong>s institucionais e de carteiras, corretores, investi<strong>do</strong>res<br />

individuais – to<strong>do</strong>s os participantes precisam estar confiantes<br />

na eficácia da equipe de RI. O RI e os principais membros da equipe<br />

devem se impor no merca<strong>do</strong> através de seus desempenhos diários.<br />

Uma vez estabelecida a confiança, administra<strong>do</strong>res e investi<strong>do</strong>res estão<br />

em posição de literalmente trabalharem juntos para alcançarem o valor<br />

justo nos títulos da empresa, trabalhan<strong>do</strong> através de todas as nuances<br />

diárias <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Seria bom atingir o eleva<strong>do</strong> ponto de progresso,<br />

multiplica<strong>do</strong> por todas as empresas no universo <strong>do</strong>s investimentos!<br />

8 REVISTA RI Abril 2009<br />

InFoRMaçõeS de valoR<br />

Obviamente, a informação é o ingrediente básico nessa receita para valorizar<br />

os títulos de uma empresa de forma justa. O que interessa é a qualidade da informação.<br />

É a informação da melhor qualidade e valor que leva os analistas e<br />

investi<strong>do</strong>res primeiro ao conhecimento e, então, aos detalhes que aumentam<br />

a precisão das suas decisões.<br />

O que cada analista e investi<strong>do</strong>r procura é uma Vantagem da Informação. Os<br />

profissionais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> se esforçam bastante para obter essa vantagem da<br />

informação, reconhecen<strong>do</strong> seus benefícios no processo prático de fazer recomendações<br />

de investimentos e tomar decisões. A Vantagem da Informação<br />

até tornou-se um fator nos modelos de muitos investi<strong>do</strong>res. A informação da<br />

mais alta qualidade é elusiva o bastante para tornar a obtenção da vantagem<br />

da informação um real fator para o entendimento de uma empresa.<br />

As empresas e suas equipes de RI podem fazer uma importante diferença ao fornecer<br />

informações valiosas através <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Claramente, o objetivo de toda<br />

empresa aberta deve ser fornecer informações <strong>do</strong> maior valor tanto nos seus registros<br />

obrigatórios de disclosure como nos seus esforços de comunicação voluntária,<br />

buscan<strong>do</strong> atingir eficazmente a mais ampla audiência de investimento.<br />

Na realidade, existe uma enorme defasagem na gama de informações de<br />

qualidade e valor disponibilizadas pelas empresas. Parte das razões para esse<br />

diferencial entre as empresas é a falta de profissionalismo em reconhecer a<br />

informação que os investi<strong>do</strong>res necessitam para tomar boas decisões.<br />

A outra parte é intencional: os administra<strong>do</strong>res preferem reter a informação,<br />

geralmente por receio de que possa beneficiar um concorrente ou revelar demais<br />

a tal audiência de investi<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s, à mídia, ao governo, entre<br />

outros. Quantas vezes já ouvimos um CEO dizer: “Eles não tem nada a ver<br />

com isso!”. Bem, de fato eles têm.<br />

a vantageM da InFoRMação<br />

Por mais que nos esforcemos, sempre haverá um limite na capacidade <strong>do</strong>s<br />

departamentos de RI de propiciar a vantagem da informação para to<strong>do</strong>s.<br />

Isso é impossível de acontecer; não é da natureza humana.


MELHORES PRÁTICAS<br />

De fato, criar uma vantagem da informação é um esforço complexo, que reúne<br />

o desejo e a capacidade da empresa e de sua área de RI em fornecer<br />

informações de qualidade com os esforços <strong>do</strong>s analistas e investi<strong>do</strong>res de coletarem,<br />

analisarem e entenderem plenamente a informação e o seu valor.<br />

Para o investi<strong>do</strong>r, o esforço inclui o comprometimento de uma razoável<br />

parcela de tempo e energia envolvidas no completo processamento da informação.<br />

É vital nesse comprometimento: passar algum tempo com o RI<br />

e fazer perguntas exploratórias.<br />

Essas discussões, perguntas e respostas deverão revelar a diferença que<br />

permitirá a obtenção da vantagem da informação. Isso considera que o RI<br />

(ou o CFO ou CEO) seja aberto, até o limite que assegure que nenhuma<br />

informação material está sen<strong>do</strong> dada seletivamente.<br />

Uma palavra sobre disclosure seletivo de informação material: Certamente,<br />

os RIs devem ser muito cuida<strong>do</strong>sos para não violarem as regras, que<br />

exigem a disseminação de informação que provavelmente levarão a um ou<br />

muitos investi<strong>do</strong>res a tomarem decisões de comprar/vender/manter para<br />

to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>. O fornecimento de tais informações materiais para uma<br />

pessoa ou grupo de pessoas pode resultar na punição <strong>do</strong> RI, CFO ou CEO,<br />

ou qualquer outro envolvi<strong>do</strong>.<br />

tRabalhan<strong>do</strong> coM uM InveStI<strong>do</strong>R-chave de cada vez<br />

Nesse ponto está fican<strong>do</strong> claro que um eficiente programa de RI envolve<br />

uma considerável parcela de criação de relacionamentos individuais.<br />

Assim, no to<strong>do</strong>, a função de RI é praticada simultaneamente em <strong>do</strong>is níveis<br />

– atingir amplamente a audiência de investimentos e trabalhar seletivamente<br />

com investi<strong>do</strong>res e analistas.<br />

A tarefa de criar relacionamentos profissional e pessoal com dezenas ou<br />

centenas de gestores de carteiras e analistas é enorme, mas não impossível.<br />

A maioria das equipes de RI das empresas consistem de um punha<strong>do</strong> profissional,<br />

limitan<strong>do</strong> o número de relacionamentos que podem beneficiar<br />

ambos os la<strong>do</strong>s. Talvez, o tamanho da equipe de RI deva ser maior; a missão<br />

é bastante importante para merecer um maior poder de fogo.<br />

10 REVISTA RI Abril 2009<br />

Uma certa parcela de seletividade acontece mais ou menos naturalmente.<br />

A compatibilidade impacta as decisões <strong>do</strong>s analistas sobre quais empresas<br />

irá cobrir, primordialmente as de um setor que ele foi incumbi<strong>do</strong>. De certo<br />

mo<strong>do</strong>, os gestores de fun<strong>do</strong>s e de carteiras procuram avaliar empresas que<br />

se encaixem nos parâmetros <strong>do</strong>s seus modelos, tais como growth, value,<br />

GARP, e outros estilos. Os próprios modelos são muito mais precisos nas<br />

exigências quan<strong>do</strong> avaliam perspectivas de investimentos.<br />

Assim, a seletividade se aplica aos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da equação. Investi<strong>do</strong>res e<br />

analistas buscam certas empresas; os profissionais de RI devem trabalhar<br />

para encontrá-los.<br />

Por certo, o targeting tem si<strong>do</strong> uma prática <strong>do</strong>s departamentos de RI há<br />

vários anos. A maioria das empresas usa os vários serviços disponíveis de<br />

targeting, e isso é bom. Esses serviços fornecem nomes de investi<strong>do</strong>res institucionais,<br />

identificam fun<strong>do</strong>s específicos dentro da firma de investimentos,<br />

descrevem a compatibilidade com a empresa, dão nomes <strong>do</strong>s gestores<br />

e analistas, tamanho das posições acionárias, volumes investi<strong>do</strong>s no setor,<br />

concorrentes e muito mais. Coletivamente, esses serviços variam entre razoavelmente<br />

básicos nas suas análises de compatibilidade e nos detalhes<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s até altamente sofistica<strong>do</strong>s.<br />

Através <strong>do</strong>s níveis de compatibilidade os RIs podem melhor entender as<br />

razões porque certos investi<strong>do</strong>res institucionais e fun<strong>do</strong>s são acionistas<br />

atualmente. Eles podem ver como as características financeiras e operacionais<br />

de suas empresas combinam com os fatores importantes num<br />

modelo de investimento de um investi<strong>do</strong>r institucional. Na verdade, os<br />

elementos podem indicar agora uma combinação positiva ou negativa<br />

ou podem sugerir que se tornarão mais positivas ou negativas com a<br />

evolução das estratégias e iniciativas nos próximos meses e anos. Os<br />

RIs podem estimar a probabilidade se uma instituição irá comprar mais<br />

ações ou vender as ações na medida que essas realidades apareçam.<br />

Eles podem antecipar mais compras ou vendas.<br />

Essa mesma informação pode ser usada para identificar investi<strong>do</strong>res<br />

institucionais prováveis de se interessarem pela empresa. Dessa forma,<br />

o targeting é uma ferramenta para começar o contato e o diálogo com<br />

esses investi<strong>do</strong>res.<br />

certamente, os RIs devem<br />

ser muito cuida<strong>do</strong>sos para<br />

não violarem as regras,<br />

que exigem a disseminação<br />

de informação que<br />

provavelmente levarão a<br />

um ou muitos investi<strong>do</strong>res<br />

a tomarem decisões de<br />

comprar/vender/manter<br />

para to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>.


MELHORES PRÁTICAS<br />

12 REVISTA RI Abril 2009<br />

nós devemos lutar por um<br />

relacionamento com cada<br />

investi<strong>do</strong>r e analista que estimule<br />

uma discussão em torno <strong>do</strong> valor<br />

intrínseco. nessas discussões,<br />

nós podemos compartilhar as<br />

descobertas <strong>do</strong>s nossos modelos na<br />

medida em que o valor intrínseco é<br />

calcula<strong>do</strong> e determina<strong>do</strong>.<br />

O entendimento das razões para investir ajuda o RI, CFO, CEO e outros porta-vozes<br />

da empresa a determinar e enfocar sobre a informação que importa para orientar<br />

o modelo de investimento da instituição. Isso funciona como um passo vital para ser<br />

capaz de fornecer a informação da maior qualidade que ajude ao investi<strong>do</strong>r a criação<br />

da vantagem da informação.<br />

Certamente, o targeting às instituições e analistas é importante. É também um ponto de<br />

partida e deve ser visto dessa forma. O problema é que ele funciona num nível superficial.<br />

O seu valor, provavelmente, vem mais pelo ganho de uma limitada inteligência sobre as<br />

razoes que os investi<strong>do</strong>res institucionais estão manten<strong>do</strong> as ações. Deve existir alguma<br />

conexão entre o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r e o desempenho e perspectivas da empresa.<br />

Entretanto, ao usarem as listas de targeting, as empresas descobriram que muitas instituições<br />

que são contatadas não têm interesse em investir nas suas ações ou em falar com<br />

os administra<strong>do</strong>res naquela ocasião. Ou seus modelos as orientaram para as ações e eles<br />

estão contentes em aplicar os da<strong>do</strong>s de outras fontes e tomar suas decisões, o que é especialmente<br />

verdadeiro entre os investi<strong>do</strong>res “quant”.<br />

tRabalhan<strong>do</strong> coM oS InveStI<strong>do</strong>ReS pRIMoRdIaIS<br />

O essencial para os RIs é ajudar a criação da vantagem da informação para aquelas instituições<br />

que têm ou que terão a maior influência na determinação <strong>do</strong> valor da empresa<br />

medi<strong>do</strong> pelo preço da ação.<br />

Consideran<strong>do</strong> a grande gama da base acionária da maioria das empresas, essas instituições<br />

englobam uma grande variedade de estilos e modelos de investimentos. Eles são<br />

investi<strong>do</strong>res “ativos”, aplican<strong>do</strong> estilos de crescimento ou de valor, ou similares, e usan<strong>do</strong><br />

lucro ou caixa como medida básica, em contrapartida aos investi<strong>do</strong>res “passivos”, que<br />

usam modelos quantitativos ou indexa<strong>do</strong>s, embora esses quants certamente influenciem<br />

as tendências de alta/queda <strong>do</strong>s preços das ações quan<strong>do</strong> estão acontecen<strong>do</strong>.<br />

Nós devemos focar sobre os investi<strong>do</strong>res ativos, que atribuem grande valor em obter a vantagem<br />

da informação. É muito menos provável que consigamos atrair a atenção e exercer<br />

maior influência sobre os quants.<br />

Idealmente, o nosso diálogo centra sobre o valor intrínseco da empresa. Nós devemos<br />

lutar por um relacionamento com cada investi<strong>do</strong>r e analista que estimule uma discussão<br />

em torno <strong>do</strong> valor intrínseco. Nessas discussões, nós podemos compartilhar<br />

as descobertas <strong>do</strong>s nossos modelos na medida em que o valor intrínseco é calcula<strong>do</strong><br />

e determina<strong>do</strong>. Nós podemos falar sobre como o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r calcula o valor<br />

intrínseco e sobre os principais fatores desse processo. Nós podemos comparar o seu<br />

modelo com o modelo da nossa empresa.


MELHORES PRÁTICAS<br />

Talvez o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r seja orienta<strong>do</strong> principalmente pelos lucros. Ou<br />

é um modelo multi-fator, incorporan<strong>do</strong> inúmeros inputs. Não tem problema.<br />

Nós temos um boca<strong>do</strong> de informação para contribuir no funcionamento desses<br />

modelos. Talvez usar o retorno econômico <strong>do</strong> caixa em detrimento <strong>do</strong><br />

modelo <strong>do</strong> fluxo de caixa. Nós queremos entender o caixa real que é gera<strong>do</strong><br />

pelo negócio, como está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>, como os futuros investimentos de caixa<br />

continuarão a fazer crescer o desempenho operacional e o valor intrínseco.<br />

Se o gestor da carteira não quer ir ao ponto de compartilhar o seu modelo, não<br />

tem problema. Você ainda pode discutir os principais inputs e contribuir para<br />

tornar o modelo <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r ou analista mais preciso. Você pode discutir o<br />

modelo da sua empresa. Certamente, será um relacionamento bem sucedi<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> o RI fornece informações que possibilitam ao investi<strong>do</strong>r operar um<br />

preciso modelo no cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco.<br />

São nessas discussões em que informações materiais são fornecidas seletivamente?<br />

Acreditamos que não. Ou pelo menos isso não deve acontecer. Certamente,<br />

essas conversas podem ser significativas sem que sejam divulgadas<br />

informações materiais não-públicas. Compartilhar e discutir modelos não é<br />

inerentemente uma discussão material. Certos inputs podem ser materiais.<br />

Saiba quais são eles. Tenha cuida<strong>do</strong>! A criação de um diálogo em torno da<br />

modelagem <strong>do</strong> valor intrínseco possibilita aos investi<strong>do</strong>res e analistas a fazerem<br />

um melhor trabalho na identificação <strong>do</strong>s pontos de inflexão, que são<br />

os eventos e desenvolvimentos que começam a mudar o valor intrínseco da<br />

empresa ou começam a levar o merca<strong>do</strong> de investimento para o seu valor<br />

justo. Os investi<strong>do</strong>res que reconhecem o ponto de inflexão mais ce<strong>do</strong> podem<br />

começar a comprar ações antes que o preço comece a subir, ou a vender ações<br />

antes que o preço comece a cair.<br />

O objetivo de uma empresa e de seus profissionais de RI é estar engaja<strong>do</strong><br />

numa eficaz criação de relacionamentos com o maior número de investi<strong>do</strong>res<br />

poderosos que orientem a valorização.<br />

A identificação desses investi<strong>do</strong>res requer um considerável volume de trabalho<br />

e energia.<br />

coMo RealIzaR o tRabalho<br />

É por isso que os profissionais de RI devem ser “estudantes” <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>do</strong><br />

processo de investimentos, aprenden<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> que seja possível, acadêmica e<br />

operacionalmente. É um desafio que requer um grande esforço intelectual<br />

para entender o merca<strong>do</strong> e todas as suas nuances combinadas com o aprendiza<strong>do</strong><br />

na prática das várias abordagens, estilos e modelos de investimentos.<br />

Além <strong>do</strong> desafio de manter um eleva<strong>do</strong> nível de expertise num dinâmico e<br />

mutante merca<strong>do</strong> de investimentos.<br />

O sucesso depende sempre de um forte interesse pessoal e um bom talento<br />

para desenvolver relacionamentos. O foco é sobre a discussão. O real entendimento<br />

<strong>do</strong> modelo de um investi<strong>do</strong>r resulta de discussões e demonstrações.<br />

O gestor da carteira precisa estar confiante de que compartilhar ao seu nível<br />

irá beneficiá-lo.<br />

Como principal executivo de RI da empresa, você está pronto para essa tarefa?<br />

Ou você está contente em preencher as várias funções de serviço e atingir<br />

14 REVISTA RI Abril 2009<br />

os acionistas e investi<strong>do</strong>res alvo fazen<strong>do</strong> apresentações, responden<strong>do</strong> suas<br />

questões e arranjan<strong>do</strong> encontros com a alta administração?<br />

Numa outra forma: Até que ponto a função de RI é passiva e ativa? A RI é<br />

primordialmente em função reativa? Será 75% reativa e 25% proativa?<br />

A forma de usar o tempo é critico na expansão <strong>do</strong> valor da RI. O tempo é<br />

limita<strong>do</strong>, especialmente de uma pessoa ou de equipes pequenas. Enfatize a<br />

administração <strong>do</strong> tempo. Seja meticuloso sobre isso e planeje cuida<strong>do</strong>samente<br />

o uso <strong>do</strong> tempo.<br />

A condução de to<strong>do</strong> o serviço e atividades proativas padrões deve tomar menos<br />

da metade <strong>do</strong> tempo disponível, deixan<strong>do</strong> a maior parte para o esforço de<br />

preenchimento <strong>do</strong> valor.<br />

Se necessário, obtenha ajuda para concluir as outras atividades. É bom ter<br />

pessoas dentro ou fora para escrever os press releases, relatório anual e outros<br />

materiais, e observar o website. Por certo, esteja envolvi<strong>do</strong> nessas atividades,<br />

mas não as desempenhe. Elas podem distrair o seu foco.<br />

Também, os profissionais de RI devem se cuidar contra serem envolvi<strong>do</strong>s em<br />

funções relacionadas, especialmente relações públicas e governança corporativa.<br />

Essas funções são importantes, mas devem ficar com quem tem credenciais<br />

nessas áreas.<br />

Uma observação: a redução <strong>do</strong> risco é uma grande parte da proposta de to<strong>do</strong><br />

investi<strong>do</strong>r. A função de RI ajuda a reduzir o risco tanto para o investi<strong>do</strong>r como<br />

para empresa através <strong>do</strong> fluxo das informações mais valiosas disponíveis.<br />

Resulta<strong>do</strong>: os investi<strong>do</strong>res e analistas ficam confiantes na qualidade e valor da<br />

informação que está sen<strong>do</strong> colocada nos seus modelos. Os administra<strong>do</strong>res<br />

ficam confiantes com sua capacidade de formar uma base acionária mais conhece<strong>do</strong>ra,<br />

que reterá alguma lealdade e manterá suas posições. E bom ter<br />

uma base de acionistas de longo prazo.<br />

Pode-se dizer que a redução de risco é tu<strong>do</strong> o que trata a RI.<br />

a InFoRMação que deteRMIne o valoR IntRínSeco<br />

Agora vamos abordar a informação que não está necessariamente óbvia nos<br />

<strong>do</strong>cumentos de disclosure e que podem fazer diferença para o pleno entendimento<br />

<strong>do</strong> valor de uma empresa. Certamente, uma considerável parte dela<br />

está nos registros de disclosure, sen<strong>do</strong> algumas bastante evidentes e outras<br />

que necessitam de maiores explicações e interpretações.<br />

A informação é um ingrediente integral <strong>do</strong> processo de criação de valor. A<br />

informação leva ao entendimento <strong>do</strong> valor intrínseco da empresa. Enquanto<br />

as estratégias, iniciativas e programas bem implementa<strong>do</strong>s criam valor, a informação<br />

permite que essas atividades sejam entendidas.<br />

A informação que orienta uma decisão é exclusiva em cada empresa? Podemos<br />

rapidamente organizar todas as informações em três categorias: macro,<br />

setorial e especifica da empresa, sen<strong>do</strong> essa principalmente financeira e operacional,<br />

engloban<strong>do</strong> ativos físicos, atributos intangíveis, e outros.


MELHORES PRÁTICAS<br />

Nós podemos colocar toda essa informação num contexto de valor intrínseco.<br />

O que é o valor intrínseco de uma empresa? É o valor calcula<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os<br />

ativos da empresa, incorporan<strong>do</strong> ativos físicos e intangíveis.<br />

Assim, o valor intrínseco é basea<strong>do</strong> no calculo <strong>do</strong> valor das instalações, propriedades<br />

e equipamentos; talentos <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>s; capacidades<br />

científicas e tecnológicas; patentes e licenças; produtos e serviços e de<br />

suas posições competitivas; novos produtos sen<strong>do</strong> lança<strong>do</strong>s e produtos sen<strong>do</strong><br />

desenvolvi<strong>do</strong>s; eficiências na produção e na administração; parcerias; qualidade<br />

e eficácia das estratégias; níveis de criatividade e liderança; liderança social<br />

e ambiental; enfim, a lista não acaba.<br />

Há anos que se desenvolvem esforços para atribuir valores aos ativos intangíveis,<br />

especialmente nos referi<strong>do</strong>s na relação acima.<br />

No cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco acrescente a geração de receitas, geração de<br />

fluxo de caixa, margem de lucro, caixa disponível para investimento. Nós acreditamos<br />

que os investi<strong>do</strong>res estão melhor procuran<strong>do</strong> um número econômico,<br />

que seja basea<strong>do</strong> no fluxo de caixa ao invés <strong>do</strong>s lucros.<br />

A nossa proposta de cálculo <strong>do</strong> valor intrínseco também deve considerar as<br />

realidades que diminuem aquele valor. Entre elas estão processos judiciais,<br />

questões regulatórias, questões sociais/ambientais, queda nas posições competitivas,<br />

produtos e plantas obsoletas, merca<strong>do</strong>s em declínio, novas e crescentes<br />

concorrências. Você pode imaginar outras.<br />

Foco SobRe oS FatoReS deteRMInanteS de valoR<br />

A priorização da informação leva as empresas e investi<strong>do</strong>res a focarem sobre<br />

os determinantes de valor, que se constituem de mais ou menos uma meia<br />

dúzia <strong>do</strong>s reais fatores <strong>do</strong> valor intrínseco de uma empresa. Eles compreendem<br />

uma combinação de determinantes externos macro/setorial e determinantes<br />

internos operacionais/financeiros/intangíveis.<br />

A disponibilidade e o custo de uma matéria prima essencial pode ser um fator<br />

macro. Ser parte de um setor em declínio ou em expansão é um outro. Uma<br />

forte e nova linha de produtos pode ser um determinante de valor interno, assim<br />

como a operação de um sistema produtivo moderno e altamente eficiente,<br />

ou possuir uma grande reserva de caixa para realizar aquisições estratégicas<br />

e expansões em novos merca<strong>do</strong>s em épocas vantajosas.<br />

Existe muito a ganhar quan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> de investimento precifica as ações<br />

ao nível <strong>do</strong> valor intrínseco. Para que isso aconteça, é bom que os administra<strong>do</strong>res<br />

e investi<strong>do</strong>res concordem com os determinantes de valor. Os profissionais<br />

de RI têm um papel chave para que isso aconteça. Geralmente isso<br />

ocorre através <strong>do</strong> diálogo. Os investi<strong>do</strong>res têm suas convicções sobre quais<br />

determinantes são importantes assim como os administra<strong>do</strong>res.<br />

Uma boa discussão pode ser esclarece<strong>do</strong>ra para permitir que os <strong>do</strong>is grupos<br />

determinem juntos os principais determinantes de valor e, provavelmente, até<br />

mesmo classifiquem e quantifiquem suas contribuições relativas.<br />

Nesse processo, os administra<strong>do</strong>res ganham um melhor entendimento das visões<br />

<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r sobre a empresa e de seus determinantes de valor, e os investi<strong>do</strong>res<br />

ganham importantes indicações sobre o pensamento <strong>do</strong>s executivos.<br />

16 REVISTA RI Abril 2009<br />

Um continua<strong>do</strong> e sóli<strong>do</strong> programa de comunicação detalhan<strong>do</strong> os principais<br />

determinantes de valor alcançan<strong>do</strong> uma audiência cada vez maior pode expandir<br />

significativamente o número de investi<strong>do</strong>res que usam a vantagem da<br />

informação para tomar decisões.<br />

Também importantes, os esforços para focar os investi<strong>do</strong>res e analistas<br />

sobre as informações mais úteis podem reduzir o volume de informações<br />

menos úteis que circulam no merca<strong>do</strong>. O “ruí<strong>do</strong>” supérfluo distrai a<br />

atenção <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res.<br />

valoR IntRínSeco e pReço da ação<br />

Como foi indica<strong>do</strong>, o entendimento <strong>do</strong> valor intrínseco de uma empresa é<br />

a base para saber se no momento a sua ação está sub, sobre ou justamente<br />

precificada. Estu<strong>do</strong>s feitos pela LCRT, uma consultoria que conquistou um<br />

grande reconhecimento por seu trabalho para entender o comportamento <strong>do</strong><br />

investimento, mostra que metade <strong>do</strong> universo de 6000 empresas estão sobrevalorizadas<br />

e metade estão sub-valorizadas. Por suas atitudes, os investi<strong>do</strong>res<br />

que fazem o merca<strong>do</strong> movem aqueles preços na direção <strong>do</strong> valor justo, Usan<strong>do</strong><br />

seus modelos de valor intrínseco, os investi<strong>do</strong>res ganham uma vantagem<br />

quan<strong>do</strong> identificam mais ce<strong>do</strong> os pontos de inflexão que começarão a movimentar<br />

o preço para cima ou para baixo.<br />

Ao liderar a equipe de preenchimento <strong>do</strong> valor, o executivo de RI deve focar<br />

a informação e a comunicação sobre os fatores determinantes de valor fornecen<strong>do</strong><br />

também as outras informações mais importantes para os investi<strong>do</strong>res<br />

e analistas, e recomendan<strong>do</strong> e preparan<strong>do</strong> os administra<strong>do</strong>res para o que poderá<br />

acontecer no preço da ação – mais alto se o merca<strong>do</strong> perceber que a<br />

ação está sub-valorizada ou mais baixo se o merca<strong>do</strong> perceber que ela está<br />

sobre-valorizada.<br />

Os administra<strong>do</strong>res devem sempre trabalhar para criar mais valor, especialmente<br />

quan<strong>do</strong> a ação é vista como ten<strong>do</strong> o justo preço.<br />

Um breve sumário: O papel de serviço <strong>do</strong> RI é conduzir de forma bastante<br />

profissional o fornecimento de suficiente disclosure de boa informação; o<br />

RI e os administra<strong>do</strong>res estão atingin<strong>do</strong> a comunidade de investimentos,<br />

oferecen<strong>do</strong> valiosas informações adicionais. Assim, a função de RI está sen<strong>do</strong><br />

muito bem desempenhada. Esse é o caso atual de inúmeras empresas<br />

em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

Então, nós acrescentamos a dimensão vital de trabalhar para alcançar o<br />

preenchimento <strong>do</strong> valor, possibilitan<strong>do</strong> que os investi<strong>do</strong>res importantes<br />

criem uma vantagem da informação e orientem o preço da ação para combinar<br />

com o valor intrínseco da empresa. Um trabalho bem feito.<br />

(*) WIllIaM F. MahoneY<br />

expert em Relações com Investi<strong>do</strong>res - é o autor<br />

<strong>do</strong> livro “Manual <strong>do</strong> RI: Princípios e Melhores<br />

Práticas de Relações com Investi<strong>do</strong>res”.<br />

(E-mail: wfmahoney35@verizon.net)


Liderança<br />

18 REVISTA RI Abril Março 2009<br />

O LÍDER<br />

APRENDIZ<br />

EM MOMENTOS<br />

DE INCERTEZA


Ao falar em líder, temos a tendência de imaginá-lo como uma figura<br />

imponente e de nível muito superior aos demais. De fato, para<br />

exercer essa função, é fundamental que se tenha um conhecimento<br />

empresarial diferencia<strong>do</strong> e, principalmente, saiba influenciar e<br />

mobilizar pessoas para alcançarem um propósito. No entanto, esse<br />

profissional não está isento de cometer erros e de ter dúvidas no<br />

momento de tomar uma decisão importante. Por essa razão, quem<br />

se destaca é aquele que podemos chamar de “Líder Aprendiz”.<br />

por Carlos Cruz*<br />

O Líder Aprendiz caracteriza-se por priorizar<br />

o aprendiza<strong>do</strong> individual e o desenvolvimento<br />

contínuo da equipe para o alcance das metas<br />

estratégicas. Para isso, é imprescindível que ele<br />

tenha flexibilidade para atuar com a liderança<br />

situacional, ou seja, atuar com o estilo necessário<br />

de acor<strong>do</strong> com o momento da equipe e <strong>do</strong><br />

estágio de desenvolvimento de cada membro.<br />

O LÍDER APRENDIZ PODE<br />

TER MuITOS ESTILOS,<br />

ALguNS DELES SãO:<br />

Diretivo – que dá a direção dizen<strong>do</strong> o<br />

que fazer.<br />

Treina<strong>do</strong>r – que desenvolve as pessoas<br />

para o futuro.<br />

Mobiliza<strong>do</strong>r – que mobiliza pessoas<br />

em direção à visão.<br />

Afiliativo – que cria harmonia para<br />

curar rixas de times e motiva em momentos<br />

de estresse.<br />

Democrático – que cria colaboração<br />

para conseguir consenso.<br />

Apoia<strong>do</strong>r – que serve como apoio e estímulo.<br />

gerente – que gerencia operações, planos,<br />

atividades e soluciona problemas.<br />

A sacada para o líder alcançar resulta<strong>do</strong>s<br />

é atuar com variedade e saber conviver<br />

com a diversidade.<br />

Uma equipe representa o to<strong>do</strong>, o total<br />

<strong>do</strong>s membros. Para se chegar ao objetivo<br />

final, é preciso enxergar as partes, ou<br />

seja, cada membro e seu papel.<br />

Uma característica fundamental <strong>do</strong> Líder<br />

Aprendiz é saber fazer perguntas<br />

inteligentes para aprender a lidar com<br />

o funcionamento complexo da equipe e<br />

das partes, ou seja, estimular os membros<br />

a lidar com a diversidade, utilizan<strong>do</strong><br />

a intuição, a criatividade, o conhecimento<br />

e o talento individual para o desenvolvimento<br />

como equipe.<br />

Quero sugerir 10 perguntas que despertam<br />

a responsabilidade, podem<br />

ser utilizadas pelo líder e compartilhadas<br />

com os membros da equipe:<br />

1. Quais os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s?<br />

É imprescindível definir de forma específica<br />

as metas a serem alcançadas como<br />

equipe e individuais. Esta pergunta pode<br />

ser utilizada no início de um projeto, ou<br />

até mesmo, na delegação de uma tarefa.<br />

2. Quais as ações? As equipes rumo ao<br />

topo mantêm o foco no plano de ação e no<br />

monitoramento sistemático para o alcance<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Esta pergunta é utilizada para<br />

mobilizar os membros da equipe a fazerem as<br />

coisas acontecerem conviven<strong>do</strong> com a diversidade.<br />

O segre<strong>do</strong> para aprender a lidar com a<br />

disparidade de idéias está em agir.<br />

3. Qual o próximo passo? É muito<br />

comum nas reuniões e nos bate-papos<br />

informais surgirem ótimas idéias e soluções,<br />

porém, se não colocadas em prática<br />

não passarão de idealizações. Os líderes<br />

de alto desempenho utilizam constantemente<br />

esta pergunta para mobilizar a<br />

equipe a entrar em ação imediatamente<br />

com o foco em resulta<strong>do</strong>s. Esta é uma<br />

forma de fazê-la manter os pés no chão.<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI 19


Liderança<br />

4. O que vai gerar mais impacto<br />

positivo? Os membros de uma equipe<br />

tendem a tomar as decisões com base<br />

nas opiniões e ganho pessoal devi<strong>do</strong> à<br />

diversidade de talentos, experiências<br />

e crenças. Porém, os membros de uma<br />

equipe rumo ao topo tomam as decisões<br />

com base no que vai gerar mais impacto<br />

positivo para a equipe alcançar os resulta<strong>do</strong>s<br />

espera<strong>do</strong>s. Esta pergunta quan<strong>do</strong><br />

utilizada em meio à diversidade, contribui<br />

para a tomada de decisões rápidas e<br />

eficazes.<br />

5. Esta ação vai nos levar mais perto<br />

ou mais longe da meta? O líder<br />

tem papel fundamental no engajamento<br />

da equipe para o alcance <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

Em vez de dizer aos membros da equipe<br />

se o que estão fazen<strong>do</strong> é certo ou erra<strong>do</strong>,<br />

ele pode utilizar esta pergunta, que<br />

traz a equipe para o foco e estimula a<br />

responsabilidade individual pelos resulta<strong>do</strong>s.<br />

Em momentos de feedback, esta<br />

pergunta pode ser bem interessante.<br />

6. O que impede? São comuns alguns<br />

membros da equipe dizerem: “É complica<strong>do</strong>,<br />

é difícil, não dá para fazer, a empresa<br />

isso, a empresa aquilo....”. Neste<br />

momento, o líder pode utilizar esta pergunta<br />

para gerar reflexão, ouvir <strong>do</strong> indivíduo<br />

a verdadeira dificuldade e se livrar<br />

das desculpas sem fundamento.<br />

7. Esta é uma oportunidade de desenvolver<br />

o quê? Esta pergunta é uti-<br />

20 REVISTA RI Abril 2009<br />

lizada quan<strong>do</strong> o membro da equipe traz<br />

uma dificuldade, algum problema ou,<br />

até mesmo, desculpas. O objetivo desta<br />

pergunta é gerar desenvolvimento e utilizar<br />

a diversidade como oportunidade de<br />

crescimento.<br />

8. O que podemos aprender com<br />

isso? Na teoria, liderar e lidar com a diversidade<br />

pode parecer simples, mas na<br />

prática é outro papo. No entanto, quan<strong>do</strong><br />

os membros da equipe utilizam esta<br />

pergunta, acontece o fenômeno chama<strong>do</strong><br />

aprendiza<strong>do</strong>. A melhor forma de uma<br />

equipe lidar com os conflitos é aprender<br />

constantemente com ele, afinal de contas,<br />

não existe nenhuma forma de controlá-los<br />

e sim aprender com eles.<br />

9. Qual a solução? Nas equipes rumo<br />

ao topo o problema só serve como oportunidade<br />

de descobrir uma solução. O<br />

líder tem papel fundamental no condicionamento<br />

da equipe para a solução de<br />

problemas e criação de possibilidades.<br />

Em vez de ele dar as soluções, esta pergunta<br />

pode ser utilizada para que a equipe<br />

a traga por si própria. Em momentos<br />

de discussão e lavagem de roupa suja<br />

esse questionamento pode ser uma grande<br />

saída para trazer a equipe ao foco e<br />

entrar em ação novamente.<br />

Quais os prós e contras? Equipes<br />

dependentes <strong>do</strong> chefe são aquelas<br />

que têm incapacidade de avaliar os prós<br />

e contras para tomar uma decisão. Esta<br />

pergunta pode ser feita sempre que uma<br />

dúvida aparece. Em vez de o líder tomar<br />

as decisões pela equipe, é fundamental<br />

torná-la interdependente através desta<br />

pergunta. Com o tempo os colabora<strong>do</strong>res<br />

tendem a ser mais pró-ativos.<br />

Leonar<strong>do</strong> Da Vinci foi muito sábio<br />

quan<strong>do</strong> disse: “Quem conduz uma discussão<br />

apelan<strong>do</strong> para a autoridade não<br />

está usan<strong>do</strong> sua inteligência, está usan<strong>do</strong><br />

apenas a sua memória”.<br />

O Líder Aprendiz em meio à diversidade<br />

utiliza a inteligência e a memória <strong>do</strong><br />

grupo para lidar com a incerteza. Como<br />

seus colabora<strong>do</strong>res lidam com a incerteza<br />

hoje? Você fornece mais respostas<br />

ou faz mais perguntas a ela? A situação<br />

da sua equipe hoje é uma oportunidade<br />

de você desenvolver o que? Qual o próximo<br />

passo?<br />

(*) CARLOS CRuZ<br />

atua como Coach Executivo e de Equipes,<br />

Conferencista em Desenvolvimento Humano<br />

e Diretor da UP Treinamentos & Consultoria.<br />

(contato@carloscruz.com.br)


BRANDING<br />

VALOR DE<br />

MARCA<br />

22 REVISTA RI Abril 2009


Uma abordagem que considera os diversos<br />

méto<strong>do</strong>s de avaliação de marcas para<br />

minimizar o risco da decisão.<br />

por Eduar<strong>do</strong> Tomiya*<br />

Com tantos casos de utilização de Valor da Marca para suporte a operações<br />

de Fusão e Aquisição (MARCA como um <strong>do</strong>s ativos intangíveis da organização),<br />

securitizações (MARCA como garantia de empréstimos) e jointventures,<br />

cremos que é importante mostrar que, talvez a melhor maneira<br />

de abordar o tema, é utilizan<strong>do</strong> alguns méto<strong>do</strong>s complementares. Ou seja,<br />

este artigo não tem o objetivo de criticar nenhuma meto<strong>do</strong>logia e sim de<br />

ressaltar a vulnerabilidade da utilização de um só méto<strong>do</strong>.<br />

No decorrer da década de 1980-90, foram desenvolvi<strong>do</strong>s e aprimora<strong>do</strong>s<br />

diversos méto<strong>do</strong>s para determinação <strong>do</strong> valor de marca, que são utiliza<strong>do</strong>s<br />

por algumas empresas. No processo de avaliação de marcas é muito comum<br />

utilizarmos uma meto<strong>do</strong>logia como referência primária, porém, sempre<br />

tentamos utilizar pelo menos mais uma ou duas meto<strong>do</strong>logias como<br />

referências secundárias, pois sempre são fontes muito interessantes de<br />

informações para complementar nossa análise.<br />

Para os conhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de Fusões e Aquisições, costumamos classificar<br />

em três grupos os méto<strong>do</strong>s de avaliação, de maneira análoga ao procedimento<br />

que é feito na precificação de valor de empresas nestes processos e<br />

também em privatizações: baseada no custo, no negócio e no merca<strong>do</strong>.<br />

BASEADA<br />

NO<br />

CUSTO<br />

Basea<strong>do</strong> no<br />

volume de investimento<br />

realiza<strong>do</strong> pela marca<br />

1. Custo Incorri<strong>do</strong><br />

BASEADA<br />

NO<br />

NEGÓCIO<br />

Basea<strong>do</strong> na expectativa de<br />

lucros futuros alualiza<strong>do</strong>s<br />

por uma taxa de risco<br />

2. Uso Econômico<br />

O primeiro grupo envolve o valor de investimentos já realiza<strong>do</strong>s na marca.<br />

É uma informação extremamente importante e atualizada. Na analogia com o<br />

processo de due dilligence, este é o valor patrimonial ajusta<strong>do</strong>.<br />

O segun<strong>do</strong> grupo é basea<strong>do</strong> nas estimativas de lucros gera<strong>do</strong>s pela marca<br />

obti<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> Fluxo de Caixa atual <strong>do</strong> negócio. A atualização destes lucros<br />

da marca a uma taxa de desconto nos fornece um valor de marca, ou, o<br />

que chamamos de valor econômico da marca. O quociente <strong>do</strong> Valor obti<strong>do</strong><br />

no uso econômico pelo Custo incorri<strong>do</strong> pode nos dar uma noção <strong>do</strong> Retorno<br />

sobre o Investimento já realiza<strong>do</strong>. Mais ainda, se o valor <strong>do</strong> custo incorri<strong>do</strong> for<br />

maior <strong>do</strong> que o valor econômico gera<strong>do</strong>, muito provavelmente o investimento<br />

realiza<strong>do</strong> não está remuneran<strong>do</strong> o capital investi<strong>do</strong>. Na linguagem de Corporate<br />

Finance, isso acontece quan<strong>do</strong> o valor patrimonial ou de livros de uma<br />

empresa é superior ao seu valor econômico.<br />

O terceiro grupo é o chama<strong>do</strong> Valor de Merca<strong>do</strong>, que pode ser obti<strong>do</strong> em função<br />

de um valor potencial de merca<strong>do</strong>. Este valor potencial pode ser determina<strong>do</strong><br />

por três meto<strong>do</strong>logias: Premium Price, Royalty e Múltiplos de Merca<strong>do</strong>.<br />

Ele reflete o potencial de valor da marca, que também é uma informação<br />

importante, pois, em alguns casos, quan<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> potencial é superior ao<br />

BASEADA<br />

NO<br />

MERCADO<br />

Basea<strong>do</strong> em operações<br />

similares de merca<strong>do</strong> e um<br />

valor potencial da marca<br />

3. Premium Price<br />

4. Royalities<br />

5. Multiplos de Merca<strong>do</strong><br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

23


BRANDING<br />

valor econômico, significa que o ativo Marca tem potencial de geração econômica<br />

maior ao seu acionista, seja através de ações da empresa ou através da<br />

venda ou associação com algum outro player para o qual a marca tem poder<br />

maior de geração de valor ao acionista.<br />

Então, esta informação quan<strong>do</strong> comparada com o valor econômico obti<strong>do</strong>,<br />

pode ser de grande valia.<br />

Estes três méto<strong>do</strong>s são absolutamente complementares e, em função <strong>do</strong> uso, podem<br />

perfeitamente atuarem em conjunto. Isto é, aliás, fortemente recomendável.<br />

Cada um destes três méto<strong>do</strong>s é detalha<strong>do</strong> a seguir:<br />

1. CUSTO INCORRIDO<br />

Este méto<strong>do</strong> calcula o valor <strong>do</strong>s desembolsos diretamente efetua<strong>do</strong>s pela<br />

marca, como publicidade, pesquisas e marketing atualiza<strong>do</strong>s a valor presente.<br />

É o valor <strong>do</strong> desembolso efetua<strong>do</strong> pela empresa para a construção da marca.<br />

Esta métrica, quan<strong>do</strong> utilizada como referência primária para a determinação<br />

<strong>do</strong> valor de marca, possui algumas limitações, pois não existe uma relação<br />

direta entre o custo histórico e o valor de marca. Esta relação é exatamente o<br />

que se busca e, no fun<strong>do</strong>, é o retorno sobre o investimento. Existem marcas<br />

que investiram muito pouco e conseguiram um eleva<strong>do</strong> valor, como é o caso<br />

da Body Shop, que utilizou uma estratégia que construiu uma marca muito<br />

forte com pouco investimento em mídia.<br />

Esta informação é extremamente relevante para o processo de Gestão de<br />

Marcas. Se bem administra<strong>do</strong>, o valor <strong>do</strong> custo incorri<strong>do</strong> deve ser inferior ao<br />

valor da marca.<br />

2. USO ECONÔMICO<br />

Segun<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, o valor de uma marca corresponde ao valor presente<br />

líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s lucros da marca. Por este méto<strong>do</strong>, a marca está dentro <strong>do</strong> contexto<br />

<strong>do</strong> negócio, e é um <strong>do</strong>s ativos intangíveis da empresa. Dentre os ativos<br />

intangíveis, destacam-se o capital humano, sistema de distribuição, sistema<br />

de conhecimento, base de clientes, monopólios, patentes, contratos e o que<br />

desejamos separar, a marca.<br />

A seguir a meto<strong>do</strong>logia, sumarizadamente composta pelas seguintes etapas:<br />

a) Análise Financeira – projeção de resulta<strong>do</strong>s financeiros para os próximos<br />

5 anos (Receita Liquida, Custos, Despesas, Investimentos em ativo fixo, e capital<br />

de giro operacional). Obtemos a projeção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s econômicos deste<br />

perío<strong>do</strong> (Economic Earnings), que é basicamente o Lucro Operacional após o<br />

Imposto de Renda deduzi<strong>do</strong> da remuneração da utilização <strong>do</strong>s ativos tangíveis.<br />

b) Análise de Merca<strong>do</strong> – Do lucro <strong>do</strong>s ativos intangíveis devemos separar o<br />

que é marca <strong>do</strong>s outros ativos intangíveis da empresa. Obtemos a importância da<br />

marca (Brand Contribution) em relação aos outros intangíveis através da análise<br />

<strong>do</strong>s diferenciais competitivos percebi<strong>do</strong>s pelos clientes quan<strong>do</strong> escolhem a marca<br />

entre vários concorrentes Ou seja, é a percepção da marca junto aos consumi<strong>do</strong>-<br />

24 REVISTA RI Abril 2009<br />

res, e como eles utilizam-se dela para suportar seu processo de compra.<br />

c) Análise de Marca – Toda a projeção de resulta<strong>do</strong>s econômicos possui<br />

uma taxa de risco associada à mesma. Quanto mais forte é a marca, menor<br />

será o risco de uma projeção. Entendemos uma marca forte como uma marca<br />

com liderança (marcas fortes possuem diferenciais únicos, líderes na atitude),<br />

geografia (marcas globais conseguiram romper barreiras culturais para manter<br />

a consistência de seus posicionamentos no mun<strong>do</strong>), estabilidade (marcas<br />

fortes possuem públicos estratégicos leais, reconhecimento e familiaridade),<br />

suporte (em to<strong>do</strong>s os pontos de contato, marcas fortes possuem consistência<br />

com seu posicionamento), tendência em relação aos concorrentes e proteção<br />

legal (marcas fortes são protegidas legalmente). Quanto mais forte for a marca,<br />

menor será seu risco. Determinamos a partir desta análise a força da marca<br />

(índice de 0-100) e uma taxa de desconto.<br />

d) Valor da Marca – O valor da marca é o Valor Presente <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

exclusivamente associa<strong>do</strong>s à marca atualiza<strong>do</strong>s por uma taxa de desconto que<br />

reflete o risco da marca.<br />

A meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> uso econômico é utilizada para elaboração <strong>do</strong> Ranking das<br />

Marcas Brasileiras mas Valiosas, estu<strong>do</strong> da BrandAnalytics publica<strong>do</strong> anualmente<br />

pela Revista IstoÉ Dinheiro, basea<strong>do</strong> em da<strong>do</strong>s de pesquisas de merca<strong>do</strong><br />

da Millward Brown. Esta mesma base de da<strong>do</strong>s também é usada no<br />

Ranking Global de Marcas mais Valiosas, da Millward Brown, estu<strong>do</strong> publica<strong>do</strong><br />

anualmente pelo Financial Times. Estes rankings apontaram o Bradesco<br />

como a marca mais valiosa no Brasil e a Google como a marca mais valiosa<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em 2008.<br />

3. PREMIUM PRICE<br />

Segun<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, o valor de uma marca corresponde à projeção de lucros<br />

futuros atualiza<strong>do</strong>s por uma taxa de desconto. Os lucros futuros são obti<strong>do</strong>s<br />

pelo produto <strong>do</strong> premium price unitário pelo faturamento projeta<strong>do</strong>.<br />

Este processo entende que, se os consumi<strong>do</strong>res pagam um premium price<br />

por produtos iguais, este premium price deve-se à marca.<br />

Com certeza é um valor potencial e o méto<strong>do</strong> nos fornece algumas<br />

informações interessantes:<br />

1) Em algumas situações, onde as informações financeiras da empresa não<br />

estão muito bem estruturadas para fornecermos a projeção de Economic Earnings<br />

para os próximos 5 anos (em alguns casos, pelo fato da empresa não<br />

ter um sistema de Custos por atividades para alocar Custos, Despesas, Ativo<br />

Fixo para cada segmento, ou em algumas Instituições Financeiras que não<br />

possuem um VAR – Value at Risk – que possa alocar o capital tangível por<br />

segmento), este méto<strong>do</strong> é recomenda<strong>do</strong>.<br />

2) Aplicável em determinadas situações em que a marca está em um ambiente de<br />

negócios onde a ineficiência da utilização de outros ativos intangíveis (como Capital<br />

Humano, Sistema de Distribuição e outros) esteja de alguma maneira prejudican<strong>do</strong><br />

o valor <strong>do</strong> acionista e conseqüentemente prejudican<strong>do</strong> o valor da marca.


3) Também em caso de determinação de um valor potencial para um possível<br />

compra<strong>do</strong>r da empresa, quan<strong>do</strong> a mesma não deseja mostrar sua estrutura de<br />

custos e despesas bem como seu Plano de Negócios.<br />

Porém, restrições se fazem necessárias à utilização <strong>do</strong> premium price como<br />

méto<strong>do</strong> primário, pois:<br />

• Referência: Premium Price em relação a quê? Em tese, a referência deveria<br />

ser uma marca sem equitiy nenhum, o que é muito difícil. Outro ponto é<br />

que, em geral, o premium price não é devi<strong>do</strong> exclusivamente à marca. Existem<br />

alguns outros ativos intangíveis associa<strong>do</strong>s à este premium. Por exemplo,<br />

no caso de companhias aéreas, o premium price é devi<strong>do</strong> a diversos outros<br />

intangíveis, como atendimento, disponibilidade de vôos, aeronave e suas condições,<br />

e até mesmo programas de milhagem. Precisamos estar muito atentos<br />

em relação à referência, pois pode fazer uma diferença muito grande.<br />

• Premium Price às vezes não é garantia de lucros ao acionista - Em<br />

alguns casos, o investimento necessário para obter o premium price é<br />

superior ao benefício econômico. Às vezes, marcas em contextos operacionais<br />

podem ter rentabilidades totalmente distintas. Quanto vale a<br />

marca Rolls-Royce, que foi vendida para a Volkswagen? Bem, nas mãos<br />

da Volkswagen havia uma sinergia que permitia um nível de rentabilidade<br />

superior <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> estava nas mãos <strong>do</strong>s antigos acionistas, sen<strong>do</strong><br />

que a marca manteve sua prática de merca<strong>do</strong>. Nas mãos da Volkswagen,<br />

por exemplo, a empresa conseguiu viabilizar uma unidade industrial no<br />

Reino Uni<strong>do</strong> para a produção de veículos das marcas Rolls-Royce e Bentley<br />

juntos. Ainda nas mãos da Volkswagen a marca Rolls-Royce gerava<br />

mais valor <strong>do</strong> que nas mãos <strong>do</strong>s antigos acionistas, exercen<strong>do</strong> o mesmo<br />

premium price. Então, um <strong>do</strong>s problemas deste méto<strong>do</strong> é que ele ilustra<br />

um potencial e fornece muita ênfase à avaliação de um stakeholder,<br />

o consumi<strong>do</strong>r final, tratan<strong>do</strong>-a como independente <strong>do</strong> negócio, o que<br />

definitivamente é um fator limitante.<br />

Por isso, recomendamos a utilização <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> premium price como uma<br />

referência <strong>do</strong> potencial de merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor, porém com algumas limitações<br />

de utilizá-lo como méto<strong>do</strong> primário para avaliação de marcas.<br />

4. MÉTODO DO ROYALTY<br />

Neste méto<strong>do</strong>, o valor da marca é o valor presente líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s lucros futuros<br />

da marca atualiza<strong>do</strong>s a uma taxa de desconto que reflete o seu risco. Os<br />

lucros futuros são estima<strong>do</strong>s com uma taxa de royalty pelas vendas projetadas.<br />

A taxa de royalty é estimada com base em múltiplos ou comparáveis de<br />

marcas similares, como sen<strong>do</strong> uma proporção sobre a receita das empresas.<br />

Com certeza é um valor potencial da marca, e teria as mesmas vantagens <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> premium price. Talvez a maior limitação para utilização <strong>do</strong> royalty<br />

como méto<strong>do</strong> primário é que marcas são únicas, e qualquer extrapolação<br />

que se faça de marca para marca pode incorrer em imprecisões, e assim<br />

como no caso <strong>do</strong> premium price, a taxa de royalty não possui uma relação<br />

direta com a rentabilidade <strong>do</strong> negócio.<br />

Porém, para a referência potencial <strong>do</strong> valor de uma marca, este parâmetro<br />

pode ser importante.<br />

5. MÚLTIPLO DE MERCADO<br />

Através deste méto<strong>do</strong>, o valor da marca é obti<strong>do</strong> através de múltiplos de<br />

merca<strong>do</strong>, que são obti<strong>do</strong>s em função de da<strong>do</strong>s disponíveis de merca<strong>do</strong>. Por<br />

exemplo, se uma marca foi vendida por R$ 500 milhões: se seu faturamento<br />

é de R$ 100 milhões, o chama<strong>do</strong> múltiplo de faturamento é 5, ou: O valor da<br />

Marca corresponde a 5 vezes o seu faturamento.<br />

A limitação para este tipo de abordagem é que não é muito comum uma operação<br />

de compra e venda exclusivamente de marcas. Em geral, a marca é adquirida<br />

dentro de um contexto de negócio, ou seja, faz parte de um conjunto<br />

de ativos intangíveis, como capital humano, sistema de distribuição, sistema<br />

de comercialização, entre outros.<br />

Em alguns casos, são utiliza<strong>do</strong>s múltiplos de rankings de marcas mais valiosas<br />

publica<strong>do</strong>s, como os da Interbrand, Millward Brown Optimor, Brand Finance,<br />

BrandAnalytics, etc.<br />

Como um méto<strong>do</strong> alternativo que busca quantificar um potencial de valor de<br />

marca, pode ser bastante útil.<br />

CONCLUSãO<br />

Sem dúvida, no processo de valorização de marcas lidamos com um ativo intangível<br />

de natureza bastante peculiar que, em alguns casos, uma tentativa de<br />

simplificação pode vulnerabilizar a utilização da ferramenta como um to<strong>do</strong>.<br />

Com este paper, entendemos que estes processos de avaliação deveriam, no<br />

fun<strong>do</strong>, minimizar riscos. Talvez a melhor maneira de se fazer isto seja através<br />

da melhoria da qualidade da informação disponível.<br />

Acreditamos na meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> uso econômico como base na avaliação de<br />

marcas, bem como no uso <strong>do</strong>s demais méto<strong>do</strong>s como complementos importante,<br />

capazes de proporcionar conhecimentos adicionais úteis para a compreensão<br />

e gestão das marcas.<br />

(*) EDUARDO TOMIYA<br />

é engenheiro, Mestre, Phd (ABD) em Engenharia<br />

de Produção da Escola Politécnica da USP, sócio<br />

funda<strong>do</strong>r da BA - BrandAnalytics Consultoria de<br />

Marcas. Foi por 6 anos Diretor de Brand Valuation<br />

da Interbrand (América Latina e Ibéria) e por<br />

5 anos foi sócio diretor da Trevisan na área de<br />

Corporate Finance. É professor de branding<br />

na FAAP, FGV, INPI, Rio Branco.<br />

(eduar<strong>do</strong>.tomiya@brandanalytics.com.br)<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

25


ENFOQUE<br />

O crepúsculO<br />

DOs gêniOs<br />

26 REVISTA RI Abril 2009


“O merca<strong>do</strong> financeiro, nos últimos trinta ou quarenta anos, se<br />

converteu numa fértil indústria de “gênios”, mas não pense que<br />

estou falan<strong>do</strong> em gênios <strong>do</strong> tipo artistas, cientistas, escritores,<br />

esportistas, ganha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prêmio Nobel ou equivalentes.<br />

Estou me referin<strong>do</strong> aos “multiplica<strong>do</strong>res de fortunas” que<br />

acabaram por constituir a classe mais privilegiada da sociedade<br />

ocidental, se tomarmos por referência as incríveis fortunas que<br />

acumularam, sempre expressas em milhões de dólares.”<br />

por lélio lauretti*<br />

Confesso-me um grande aprecia<strong>do</strong>r da monumental<br />

obra de Richard Wagner, compositor<br />

alemão que viveu no Século XIX e revolucionou<br />

por completo o mun<strong>do</strong> da ópera,<br />

até então <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelos italianos (Verdi,<br />

Puccini, Mascagni, Rossini e muitos outros).<br />

Enquanto a ópera italiana – La Traviata, Rigoletto,<br />

Elixir <strong>do</strong> Amor são exemplos muito<br />

conheci<strong>do</strong>s – era construída em torno de temas<br />

dramáticos ou cômicos muito simples, às<br />

vezes até ingênuos, e valorizava sobremaneira<br />

os <strong>do</strong>tes vocais <strong>do</strong>s intérpretes relegan<strong>do</strong> a<br />

orquestra a um papel secundário de simples<br />

acompanhamento, Wagner decidiu criar o<br />

que ele mesmo batizou de “drama musical”,<br />

buscan<strong>do</strong> seus enre<strong>do</strong>s em antigas sagas da<br />

mitologia germânica e procuran<strong>do</strong> valorizar<br />

tanto o aspecto teatral como o musical de suas<br />

composições, nas quais o texto, a orquestra e<br />

os cantores tinham papéis igualmente relevantes.<br />

Mudar, como ouvinte, de um “Barbeiro<br />

de Sevilha”, de Rossini, para um “Tristão<br />

e Isolda”, de Wagner, é quase o mesmo que,<br />

no cinema, trocar uma deliciosa comédia <strong>do</strong><br />

“Gor<strong>do</strong> e o Magro” por um “Assim Caminha a<br />

Humanidade”, <strong>do</strong> inesquecível James Dean.<br />

A obra mais complexa de Wagner foi uma<br />

tetralogia chamada “O anel <strong>do</strong>s nibelungos”,<br />

que reúne quatro óperas completas: O Ouro<br />

<strong>do</strong> Reno, As Valquírias, Siegfried e O Crepúsculo<br />

<strong>do</strong>s Deuses. Parece estranho falar em<br />

crepúsculo de deuses, mas a cena final dessa<br />

tetralogia é exatamente o Walhala – a morada<br />

<strong>do</strong>s deuses – toma<strong>do</strong> pelo fogo que a tu<strong>do</strong> e a<br />

to<strong>do</strong>s consome, inclusive os próprios.<br />

O merca<strong>do</strong> financeiro, nos últimos trinta ou<br />

quarenta anos, se converteu numa fértil indústria<br />

de gênios, mas não pense que estou<br />

falan<strong>do</strong> em gênios <strong>do</strong> tipo artistas, cientistas,<br />

escritores, esportistas, ganha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prêmio<br />

Nobel ou equivalentes. Estou me referin<strong>do</strong><br />

aos “multiplica<strong>do</strong>res de fortunas” que acabaram<br />

por constituir a classe mais privilegiada<br />

da sociedade ocidental, se tomarmos por referência<br />

as incríveis fortunas que acumularam,<br />

sempre expressas em milhões de dólares.<br />

No momento em que o merca<strong>do</strong> financeiro<br />

deixou sua missão básica de intermediação<br />

entre poupança e produção e passou a criar<br />

produtos próprios, de uma variedade impressionante,<br />

tivemos uma transição tão relevante<br />

quanto à da ópera “buffa”, ou cômica, para o<br />

drama lírico de Wagner. Só que para pior, muito<br />

pior! Já nos acostumamos com retratos de<br />

capas inteiras de revistas ou de primeiras páginas<br />

de jornal com a legenda “Gênio”. Não dá<br />

outra: é um multiplica<strong>do</strong>r de fortunas (a dele<br />

em primeiro lugar).<br />

Na realidade, a multiplicação de fortunas,<br />

como tem aconteci<strong>do</strong>, não é um processo de<br />

criação de valor mas, claramente, um de transferência<br />

de valor. Essa transferência ocorre da<br />

poupança da sociedade para um grupo bastante<br />

reduzi<strong>do</strong> de profissionais, sejam eles agentes<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro, <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />

ou grandes empresários cuja remuneração variável<br />

(perto da qual a remuneração fixa é “peanut”)<br />

tem tu<strong>do</strong> a ver com o valor das ações<br />

da empresa em bolsa. E os valores envolvi<strong>do</strong>s<br />

fogem a qualquer consideração de ordem lógica.<br />

Qual o maior prêmio a que pode aspirar<br />

um pesquisa<strong>do</strong>r, um professor, um autor, um<br />

economista de renome? Sem dúvida, o Prêmio<br />

Nobel que, além da consagração, rende algo<br />

em torno de um milhão de dólares. Como imaginar<br />

que, na febre das aberturas de capital <strong>do</strong>s<br />

últimos anos, aqui no Brasil, os banqueiros de<br />

investimento e respectivos assessores, quase<br />

como regra geral, ganhavam bem mais <strong>do</strong> que<br />

um Nobel por mês, se somarmos os milionários<br />

bônus de fim-de-ano? Medida pela paga,<br />

seria sem dúvida a mais nobre das profissões<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, muito acima de médicos, professores,<br />

pesquisa<strong>do</strong>res, engenheiros, ministros etc.<br />

O que os gênios ganham por hora é superior ao<br />

ganho de um ano <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res comuns,<br />

como bombeiros, seguranças, policiais, lixeiros,<br />

coveiros, motoristas, metroviários e um<br />

verdadeiro exército de pessoas cujo valor só é<br />

senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> não trabalham, isto é, quan<strong>do</strong><br />

o metrô pára, o lixo se acumula nas ruas, ficamos<br />

às escuras, somos assalta<strong>do</strong>s, os mortos<br />

permanecem insepultos e assim por diante.<br />

Para elevar o espanto à sua enésima potência<br />

(“n” tenden<strong>do</strong> para o infinito), formaram-se,<br />

no mun<strong>do</strong>, algumas fortunas pessoais, num<br />

contingente já superior a 1.000 bilionários,<br />

maiores <strong>do</strong> que o PIB de alguns países com<br />

dezenas de milhões de habitantes. Bill Gates,<br />

Warren Buffett, Carlos Slim, os três maiores<br />

dentre os 1.000, têm fortuna pessoal de mais<br />

de 60 bilhões de dólares cada um. Bangladesh,<br />

um país de 130 milhões de habitantes, tem um<br />

PIB anual em torno de 60 bilhões de dólares!<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

27


ENFOQUE<br />

O que os exemplos acima demonstram é que,<br />

fugin<strong>do</strong> de sua função econômica de intermediar<br />

recursos, os merca<strong>do</strong>s financeiros<br />

se converteram em veículos eficientíssimos<br />

de concentração de riqueza. Não é por outro<br />

meio que 2% de to<strong>do</strong>s os habitantes da<br />

Terra se tornaram <strong>do</strong>nos de 50% de to<strong>do</strong>s<br />

os ativos financeiros ou imobiliários. Isso na<br />

média geral. No Brasil, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

e em alguns outros países desenvolvi<strong>do</strong>s, os<br />

2% são <strong>do</strong>nos de mais de 80% de to<strong>do</strong>s os<br />

ativos. Se você quiser conhecer, em detalhes,<br />

como funcionam essas fábricas de bilionários<br />

e como vivem eles, há <strong>do</strong>is livros de lançamento<br />

recente que vão surpreendê-lo muito:<br />

o “Supercapitalismo”, <strong>do</strong> Robert Reich, e o<br />

“Superclasse”, <strong>do</strong> David Rothkopf. Você vai<br />

encontrar brasileiros nessas páginas. Não é,<br />

também, por outra razão, que estamos atravessan<strong>do</strong><br />

décadas de pura pobreza espiritual,<br />

já que nossa escala de valores tem um denomina<strong>do</strong>r<br />

comum chama<strong>do</strong> “quanto vale?” –<br />

“Este é um quadro da fase azul de Picasso”.<br />

– “Quanto vale?” e, por extensão, “Este livro já<br />

vendeu 10 milhões de exemplares”, “O filme<br />

já foi visto por 1 milhão de pessoas” e assim<br />

por diante. Dinheiro, só dinheiro, direta ou<br />

indiretamente.<br />

Voltan<strong>do</strong> a Wagner, vimos que o ciclo começou<br />

com o Ouro, passou pelas Valquírias, por Siegfried,<br />

e terminou no Crepúsculo <strong>do</strong>s Deuses.<br />

Com relação à nossa atualidade, parece que também<br />

se repete a figura <strong>do</strong> Crepúsculo, não <strong>do</strong>s<br />

Deuses, mas <strong>do</strong>s Gênios, com o desmoronamento<br />

<strong>do</strong> Walhala <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro, incendia<strong>do</strong><br />

pela ambição desmedida, pela falta de escrúpulos,<br />

pela irresponsabilidade <strong>do</strong>s saques sobre o<br />

futuro, pela perda de valores de referência e tu<strong>do</strong><br />

o mais. Fortunas dizimadas, poupanças de uma<br />

vida inteira reduzidas a centavos, conselheiros<br />

desacredita<strong>do</strong>s, instituições outrora invejadas e<br />

agora quebradas... Começa o trabalho de rescal<strong>do</strong>,<br />

para o qual precisamos de bombeiros, não de<br />

gênios, e cujo custo serão anos de baixo crescimento<br />

econômico, desemprego em alta, investimentos<br />

posterga<strong>do</strong>s, desaparecimento de milhares<br />

de empresas, déficits orçamentários públicos<br />

em montantes inéditos, massas em desespero e<br />

muitas outras malvadezas.<br />

Ainda que cômica por vezes, a irracionalidade é<br />

sempre trágica em suas conseqüências. Como<br />

imaginar que, em pleno Século XXI, um esper-<br />

28 REVISTA RI Abril 2009<br />

talhão chama<strong>do</strong> Ma<strong>do</strong>ff conseguisse surrupiar<br />

as fortunas ou as reservas de meio mun<strong>do</strong>? Já<br />

se sabe que o esquema envolveu fraudes acima<br />

de 50 bilhões de dólares no total e que não só<br />

incautos poupa<strong>do</strong>res, como igrejas, museus,<br />

orquestras, teatros, entidades filantrópicas,<br />

ONGs etc. viram suas reservas reduzidas a pó,<br />

como muitos consultores de finanças, gestores<br />

de fun<strong>do</strong>s de investimentos e outros mais “<strong>do</strong><br />

ramo” embarcaram na mesma canoa furada.<br />

Lamentável mas não surpreendente que alguns<br />

suicídios já tenham si<strong>do</strong> anuncia<strong>do</strong>s por conta<br />

disso. Mas Ma<strong>do</strong>ff não é o único opera<strong>do</strong>r competente<br />

de esquemas “Ponzi”. Outros nomes já<br />

estão aparecen<strong>do</strong>: Kazutsuji Nami, que batizou<br />

seu esquema de “enten” (iene + paraíso) e o norte-americano<br />

Robert S. Stanford já ingressaram<br />

nessa galeria.<br />

Quem sabe se em 2010<br />

ou 2011 poderemos<br />

começar um novo<br />

ciclo, com menos ouro,<br />

menos “gênios das<br />

finanças”, mas livres<br />

<strong>do</strong> risco de um novo<br />

crepúsculo?<br />

Na tradição egípcia, havia a Fênix, uma ave fabulosa<br />

que, queimada, renascia de suas próprias<br />

cinzas. Como sobrevivente da crise de 1929,<br />

que impôs uma dura penitência de quase 5 anos<br />

para que a economia se livrasse <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s<br />

capitais (sem trocadilho) que cometeu, estou<br />

convenci<strong>do</strong> de que aprendemos bastante (talvez<br />

não “o bastante”) para refinar controles, criar<br />

organismos multilaterais e, com isso, erguer anteparos<br />

às futuras crises. Devemos, mais uma<br />

vez, purgar-nos, via crise, <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s da “exuberância<br />

irracional” (expressão encampada por<br />

Greenspan que, todavia, foi um de seus mais<br />

decidi<strong>do</strong>s promotores através de sua clara opção<br />

pelos “juros negativos” como impulsiona<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> crescimento econômico). O primeiro passo<br />

nessa direção é entender que exuberância e recessão<br />

não são apenas ciclos econômicos que se<br />

alternam rotineiramente, mas que a segunda é<br />

sempre conseqüência direta da primeira, numa<br />

relação desalmada de causa e efeito. Muita cautela,<br />

portanto, com tu<strong>do</strong> que é “super”: supersa-<br />

lários, superlucros, superconsumo, superendividamento,<br />

superriscos ... Lembre-se de um <strong>do</strong>s<br />

princípios básicos defendi<strong>do</strong>s por Platão: “nada<br />

em excesso!” O segun<strong>do</strong> é a lembrança de que,<br />

tanto para governos, para empresas como para<br />

famílias, a poupança -- não o endividamento -- é<br />

o alicerce <strong>do</strong> crescimento sustentável.<br />

Alguns sinais de que o <strong>do</strong>ente continua vivo já<br />

se fazem visíveis: a poupança <strong>do</strong>s norte-americanos,<br />

consistentemente negativa nas últimas<br />

décadas, chegou agora a 3% da renda nacional<br />

e deve alcançar 6% nos próximos 3 anos;<br />

fun<strong>do</strong>s de investimentos com pesa<strong>do</strong>s prejuízos<br />

em seus livros estão se tornan<strong>do</strong> objetos<br />

de cobiça por investi<strong>do</strong>res competentes que<br />

conseguem ver nos prejuízos acumula<strong>do</strong>s um<br />

grande ativo, já que podem compensar imposto<br />

de renda a pagar por muitos e muitos exercícios<br />

futuros. A opinião pública já está sen<strong>do</strong><br />

despertada para os vergonhosos esquemas de<br />

remuneração de altos executivos. Acabo de conhecer<br />

mais um subproduto <strong>do</strong> Ouro (não o<br />

<strong>do</strong> Reno, é claro!): os “golden coffins” (caixões<br />

de ouro). Se o executivo falece antes da aposenta<strong>do</strong>ria,<br />

100% de seus ganhos <strong>do</strong> ano anterior<br />

são pagos à sua família no primeiro ano,<br />

75% no segun<strong>do</strong> e 50% no terceiro. Já existiam<br />

os “golden parachutes” (paraquedas de ouro),<br />

pagos aos executivos demiti<strong>do</strong>s, às vezes por<br />

incompetência ... Só o Nardelli levou US$ 210<br />

milhões da Home Depôt!<br />

Não esquecer, por fim, que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

poderão voltar a exercer sua capacidade de liderar<br />

a economia mundial, mas agora na direção<br />

certa. Basta que o novo Presidente siga a<br />

cartilha que parece estar a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>, tão simples<br />

quanto segura: “O que o Bush faria neste caso?<br />

OK. Vamos fazer exatamente o contrário.”<br />

Quem sabe se em 2010 ou 2011 poderemos<br />

começar um novo ciclo, com menos ouro, menos<br />

“gênios das finanças”, mas livres <strong>do</strong> risco de<br />

um novo crepúsculo?<br />

(*) lÉliO lAureTTi, é<br />

membro da Câmara de<br />

Árbitros e <strong>do</strong> Conselho<br />

de Supervisão <strong>do</strong><br />

Merca<strong>do</strong> da BMFBovespa.<br />

(lauretti@osite.com.br)


GOVERNANÇA & MERCADO<br />

GOVERNANÇA<br />

CORPORATIVA:<br />

QUAL É A SUSTENTABILIDADE<br />

QUE O INVESTIDOR PODE ESPERAR?<br />

30 REVISTA RI<br />

Abril 2009


O conceito de sustentabilidade emerge <strong>do</strong> famoso relatório<br />

denomina<strong>do</strong> Our common future (Nosso futuro comum),<br />

publica<strong>do</strong> em 1987 e também conheci<strong>do</strong> como Relatório Brundtland.<br />

O <strong>do</strong>cumento em questão é uma das referências mais importantes<br />

da humanidade sobre o tema desenvolvimento sustentável, ten<strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong> das preocupações da Organização das Nações Unidas -<br />

ONU - sobre meio ambiente e desenvolvimento.<br />

por Mônica Mansur Brandão*<br />

Brundtland é o sobrenome da então primeiraministra<br />

da Noruega, Gro Harlem Brundtland,<br />

presidente da Comissão Mundial para o Meio<br />

Ambiente e o Desenvolvimento - CMMAD -,<br />

criada pela ONU com o propósito de discutir<br />

as relações entre meio ambiente e desenvolvimento<br />

sustentável, bem como de propor alternativas<br />

para que isso se viabilize.<br />

O <strong>do</strong>cumento em questão pode não ter si<strong>do</strong> o<br />

primeiro texto que tratou da sustentabilidade,<br />

mas, certamente, foi o primeiro sobre o tema<br />

dissemina<strong>do</strong> em bases planetárias. A expressão<br />

desenvolvimento sustentável emerge <strong>do</strong><br />

Relatório Brundtland e significa o desenvolvimento<br />

que satisfaz as necessidades presentes<br />

sem comprometer a capacidade de as gerações<br />

futuras suprirem suas próprias necessidades.<br />

Essa definição explicita uma visão desenvolvimentista<br />

que reconhece que existe limite para<br />

o uso de recursos naturais. Em 2009, o Relatório<br />

completa 22 anos de publicação; mesmo<br />

com as críticas sofridas ao longo <strong>do</strong> tempo -<br />

lembran<strong>do</strong> que suas projeções consideram as<br />

melhores informações disponíveis no momento<br />

de sua elaboração -, ele tem gera<strong>do</strong> múltiplos<br />

des<strong>do</strong>bramentos práticos, como o Trata<strong>do</strong><br />

de Kyoto entre outros; essencialmente, suas<br />

premissas básicas permanecem atuais.<br />

O Relatório Brundtland apresenta um conjunto<br />

de recomendações focadas em cooperar com a<br />

solução de problemas supranacionais, tais como<br />

o uso <strong>do</strong> conceito de desenvolvimento sustentável<br />

por entidades de financiamento, a proteção<br />

de eco sistemas como Antártica, oceanos e outros,<br />

a eliminação de guerras e a implementação<br />

de um programa de desenvolvimento sustentável<br />

pela ONU. No que se refere aos países,<br />

o Relatório apresenta recomendações como<br />

limitar o crescimento da população, garantir<br />

recursos básicos como água, energia e outros<br />

a longo prazo, preservar a biodiversidade e os<br />

ecossistemas, diminuir o consumo de energia e<br />

desenvolver tecnologias energéticas renováveis,<br />

aumentar a produção industrial de países não<br />

industrializa<strong>do</strong>s via tecnologias limpas, controlar<br />

a urbanização desordenada e atender a necessidades<br />

básicas de saúde, educação e habitação.<br />

O trabalho da Comissão Brundtland foi um<br />

passo importante; mesmo assim, 22 anos após,<br />

a ficha aparentemente ainda não caiu para muitas<br />

pessoas e organizações, as quais ainda não<br />

perceberam que o ataque sistemático ao meio<br />

ambiente tem potencial para provocar grandes<br />

desastres ambientais, cujas conseqüências são,<br />

em grande medida, imprevisíveis. O modelo<br />

de desenvolvimento basea<strong>do</strong> no crescimento e<br />

nos retornos financeiros, consoante uma lógica<br />

exclusivamente econômica, necessita ceder lugar<br />

a outra rationale, favorável ao futuro da humanidade;<br />

não se trata de “eco-chatice”, mas<br />

de constatação científica.<br />

Da<strong>do</strong> esse pano de fun<strong>do</strong> mais amplo, perguntamos:<br />

sob o prisma empresarial, como considerá-la,<br />

especialmente no caso de companhias<br />

com ações listadas em bolsa de valores? Qual é<br />

a sustentabilidade que os investi<strong>do</strong>res, especialmente<br />

aqueles que baseiam suas decisões em<br />

modelos fundamentalistas, os quais investigam<br />

mais a fun<strong>do</strong> os fundamentos organizacionais,<br />

podem esperar ou demandar dessas empresas?<br />

Em linha com o Relatório Brundtland, a expressão<br />

sustentabilidade empresarial pode ser considerada,<br />

de maneira abrangente, como sen<strong>do</strong><br />

sinônima de desenvolvimento empresarial sustentável,<br />

o qual permita satisfazer necessidades<br />

presentes sem comprometer possibilidades de<br />

as gerações futuras atenderem às suas próprias<br />

necessidades. De forma mais específica, a sustentabilidade<br />

empresarial também necessita<br />

encampar aspectos como busca de longevidade<br />

e sucesso de longo prazo; adicionalmente, a sustentabilidade<br />

necessita reconhecer e abranger<br />

variáveis econômicas, sociais e ambientais.<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

31


GOVERNANÇA & MERCADO<br />

Todas as organizações<br />

ditas sérias são candidatas<br />

à incorporação da<br />

responsabilidade social como<br />

um princípio ético inerente ao<br />

seu trabalho. Ponto de atenção:<br />

muita energia executiva será<br />

necessária em prol de um<br />

mun<strong>do</strong> sustentável e melhor.<br />

Ex expositis, entendemos que a sustentabilidade, no caso das empresas<br />

acima citadas implica, sem exaurir as possibilidades:<br />

1. ter uma missão clara quanto ao papel da empresa em relação à sociedade<br />

que ela pretende servir;<br />

2. ter uma visão desafia<strong>do</strong>ra de longo prazo, que sirva como farol à estratégia,<br />

caminho de alcance dessa visão;<br />

3. abraçar princípios éticos que tenham emergi<strong>do</strong> de dentro para fora,<br />

via reflexão real <strong>do</strong>s dirigentes organizacionais;<br />

4. a<strong>do</strong>tar políticas e práticas de governança corporativa consistentes e<br />

coerentes entre si;<br />

5. formular uma boa estratégia que leve em consideração as oportunidades<br />

de negócios, as variáveis econômicas, sociais e ambientais relevantes<br />

e as capacidades organizacionais;<br />

6. administrar essa estratégia consideran<strong>do</strong> objetivos, indica<strong>do</strong>res e metas,<br />

asseguran<strong>do</strong> que o caminho traça<strong>do</strong> seja segui<strong>do</strong>;<br />

7. cuidar <strong>do</strong> capital humano, atrain<strong>do</strong> e reten<strong>do</strong> talentos, desenvolven<strong>do</strong><br />

lideranças e sucessores, recompensan<strong>do</strong> o bom desempenho e manten<strong>do</strong><br />

o clima de trabalho edificante e estimulante;<br />

8. administrar os investimentos, em prol <strong>do</strong> bom uso de recursos<br />

financeiros;<br />

9. administrar os riscos relevantes;<br />

10. informar os públicos relevantes (stakeholders) e a sociedade. Acredi-<br />

32 REVISTA RI Abril 2009<br />

tamos que os investi<strong>do</strong>res fundamentalistas apreciarão bons resulta<strong>do</strong>s<br />

basea<strong>do</strong>s em tais quesitos, pois, resulta<strong>do</strong>s econômicos per se não são<br />

indícios suficientes de boa sustentabilidade.<br />

Os tópicos acima cita<strong>do</strong>s parecem interessantes e merece<strong>do</strong>res de<br />

aprofundamento; por ora, enfatizamos o ponto de vista de que não<br />

pode haver sustentabilidade se ela não estiver efetivamente refletida<br />

nas estratégias corporativa e por negócio. A nosso ver, clareza quanto<br />

ao posicionamento da empresa em relação ao meio ambiente, às comunidades<br />

e às questões sociais deve pautar as estratégias e sua implementação,<br />

já que as evidências indicam que as sociedades por ações e<br />

demais as organizações da economia serão, cada vez mais, instadas a<br />

trabalhar seriamente o conceito de sustentabilidade. Mudanças serão<br />

cada vez mais cobradas via regras <strong>do</strong> jogo formais mais rígidas ou maiores<br />

exigências de merca<strong>do</strong>s clientes e fornece<strong>do</strong>res; a prática exigirá o<br />

trabalho duro inerente à administração da estratégia e das operações<br />

no dia-a-dia, não existin<strong>do</strong> soluções prêt-à-porter capazes de tornar as<br />

empresas estrategicamente sustentáveis ou tanto quanto possível.<br />

Finalizamos expressan<strong>do</strong> a idéia de que o conceito de sustentabilidade<br />

pode ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> independentemente <strong>do</strong> tamanho da organização,<br />

conforme observa Roberto Gonzalez no artigo “As pequenas e médias<br />

empresas podem ser realmente sustentáveis?” todas as organizações<br />

ditas sérias são candidatas à incorporação da responsabilidade social<br />

como um princípio ético inerente ao seu trabalho. Ponto de atenção:<br />

muita energia executiva será necessária em prol de um mun<strong>do</strong> sustentável<br />

e melhor. (www.apimecmg.com.br, 2006)<br />

(*) MÔNICA MANSUR BRANDÃO<br />

é conselheira da Apimec-MG, profissional<br />

de finanças, professora, MBA em Finanças,<br />

especializada em Gestão Estratégica e mestre<br />

em Administração (E-mail: mbran@terra.com.br).


SUSTENTABILIDADE<br />

DO SINGLE BOTTOM LINE<br />

PARA O TRIPLE BOTTOM LINE:<br />

RUMO AOS PRINCÍPIOS DE<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

SUSTENTÁVEL<br />

A intenção nesse artigo é falar sobre o conceito<br />

Triple Bottom Line desenvolvi<strong>do</strong> pela empresa de<br />

consultoria Sustainability e sua importância para discussão<br />

de meto<strong>do</strong>logias científicas de avaliação e decisão de<br />

investimentos de empresas. Vamos tentar destacar dentro<br />

das informações econômico-financeiras aquelas que dizem<br />

respeito a outros segmentos que interferem no desempenho<br />

e no lucro da empresa sobre várias referências.<br />

por Eduar<strong>do</strong> Werneck*<br />

34 REVISTA RI Abril 2009


É reconhecida a dificuldade de compreensão pelos profissionais de investimentos<br />

quanto aos impactos <strong>do</strong>s fenômenos ambientais e sociais<br />

bem como <strong>do</strong>s princípios de governança sobre o comportamento das<br />

empresas e em especial sobre o desempenho <strong>do</strong> fluxo de caixa.<br />

Estamos habitua<strong>do</strong>s a fundamentar todas as premissas e variáveis<br />

de análise e projeção nos âmbitos macro e microeconômico, enxergan<strong>do</strong><br />

o problema quantitativamente. As informações sobre Balanço<br />

ou Demonstração de Resulta<strong>do</strong>s não registram, pela própria<br />

natureza, da<strong>do</strong>s qualitativos. Mesmo para variáveis intangíveis que<br />

podem ser quantificáveis continua a haver problemas mesmo com<br />

a nova lei 11638/2007.<br />

Iniciativas importantes como o Balanço Social criadas pelo Ibase, no início<br />

da década <strong>do</strong>s 80, foram sementes importantes para uma nova visão<br />

analítica. Betinho, seu mentor, fez na década <strong>do</strong>s anos 90 uma intensa<br />

campanha para que todas as empresas publicassem o Balanço Social e,<br />

para tal propôs um modelo de Balanço – o modelo Ibase. A Petrobras foi<br />

a primeira empresa a divulgar o Balanço Social, padrão Ibase, em 1984.<br />

Existem vários outros modelos de avaliação multidimensional, como o<br />

das séries AA 1000 (Accountability 1000), o SA 8000 (Social Accounta-<br />

bility International – SAI), o padrão o ISO 14400 e 26600, este, ainda<br />

em processo de formação sob a liderança conjunta Brasil e Suécia, to<strong>do</strong>s<br />

com o propósito de permitir um processo analítico de qualidade por<br />

conta<strong>do</strong>res, auditores, analistas de investimentos, consultores levan<strong>do</strong><br />

em consideração as influências de outras partes interessadas que não<br />

apenas os acionistas e investi<strong>do</strong>res.<br />

O conceito “Triple Bottom Line”, concebi<strong>do</strong> pela consultoria britânica<br />

Sustainability, em 1994, foi basea<strong>do</strong> no princípio “People, Planet, Profit”<br />

ou “Pessoas, Planeta, Lucro” visto de forma integrada.<br />

O modelo de relatórios <strong>do</strong> Global Reporting Initiative - GRI foi estrutura<strong>do</strong><br />

por uma organização não governamental americana CERES ten<strong>do</strong><br />

como base o conceito “triple bottom line”,. Em 2002, o GRI foi desmembra<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> CERES, resultan<strong>do</strong> na criação <strong>do</strong> Instituto GRI inaugura<strong>do</strong><br />

com apoio das Nações Unidas e sede em Amsterdã, Holanda.<br />

Quan<strong>do</strong> falamos em bottom line, em análise de investimentos, entendemos<br />

como a última linha <strong>do</strong> Demonstrativo de Resulta<strong>do</strong>s, ou seja<br />

o lucro líqui<strong>do</strong>. O conceito Triple Bottom Line procura compreender<br />

esta última linha, interpretan<strong>do</strong>-o como conseqüência também de fatores<br />

sociais, ambientais e de governança, etc.<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

35


SUSTENTABILIDADE<br />

SECOND BOTTOM LINE<br />

Em paralelo ao pensamento econômico clássico, que balizou os fundamentos<br />

da revolução industrial, formavam-se, já no início <strong>do</strong> século XX,<br />

núcleos de reivindicação de melhores condições de trabalho indican<strong>do</strong><br />

que não era possível priorizar apenas o lucro e os juros como as principais<br />

fontes de alavancagem <strong>do</strong> crescimento econômico, deixan<strong>do</strong> os<br />

demais fatores sociais em plano secundário.<br />

As empresas foram sen<strong>do</strong> compelidas a desenvolver no bojo <strong>do</strong>s objetivos<br />

econômicos empresariais, ações que representam o que chamamos hoje<br />

de responsabilidade social empresarial para com o trabalha<strong>do</strong>r e para<br />

com a comunidade onde estavam sediadas suas unidades de trabalho.<br />

O trabalha<strong>do</strong>r foi conquistan<strong>do</strong> direitos que representariam as bases <strong>do</strong><br />

“second bottom line” e que naturalmente representou uma transferência<br />

de renda <strong>do</strong> capital para o trabalho, mas ao longo <strong>do</strong> tempo foi sen<strong>do</strong><br />

compensa<strong>do</strong> por ganhos de produtividades. Temos de reconhecer, entretanto,<br />

que esses ganhos de produtividade, em parte foram também<br />

gera<strong>do</strong>s pela troca de trabalho por mecanização da produção.<br />

Podemos assim entender a “segunda última linha” ou “second bottom<br />

line” como: “o resulta<strong>do</strong> final <strong>do</strong>s ganhos de produtividade obti<strong>do</strong>s<br />

através <strong>do</strong>s investimentos nas melhorias de condições <strong>do</strong><br />

trabalho e <strong>do</strong>s salários e demais benefícios indiretos, que integram<br />

o valor adiciona<strong>do</strong> à economia, em parte também sob a<br />

forma de impostos”.<br />

Portanto, o second bottom line foca o aumento/redução <strong>do</strong> lucro gera<strong>do</strong><br />

nas empresas, ten<strong>do</strong> também como referência o que podemos chamar<br />

de “demonstrativo de resulta<strong>do</strong>s sociais” apresenta<strong>do</strong> no Balanço Social<br />

e o “capex social”( pedin<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong> o termo usa<strong>do</strong> na análise econômica<br />

das empresas) em treinamento e outras melhorias de condições de<br />

trabalho, como planos de saúde, planos de previdência, etc.<br />

36 REVISTA RI Abril 2009<br />

Vale destacar que o Balanço Social não é ainda a expressão <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong>,<br />

pois o passivo social ainda não é claramente explicita<strong>do</strong>. Mas algumas<br />

empresas estão começan<strong>do</strong> a reconhecer esses passivos mostran<strong>do</strong><br />

que a evolução para o uso correto <strong>do</strong> termo é uma questão de tempo.<br />

Vale lembrar ainda que a lei 11638 de 28 de dezembro de 2007 orienta para<br />

a prestação de contas quanto à distribuição <strong>do</strong> valor adiciona<strong>do</strong>, seguin<strong>do</strong><br />

os princípios estabeleci<strong>do</strong>s pelo IFRS, que serão obrigatórios a partir de<br />

2010, representan<strong>do</strong> um grande avanço para uma visão analítica <strong>do</strong> papel<br />

social da empresa, sem interferir no seu papel principal de geração de valor<br />

para a companhia, ao contrário entenden<strong>do</strong>-a como um fator agrega<strong>do</strong>r.<br />

THIRD BOTTOM LINE<br />

Esta linha reflete a grande revolução <strong>do</strong>s anos 60: a revolução ecológica.<br />

Ela teve como marco estabeleci<strong>do</strong> o livro chama<strong>do</strong> “Primavera Silenciosa”<br />

de Rachel Carson, que chamou a atenção para os danos que o DDT<br />

causava à saúde <strong>do</strong>s animais e <strong>do</strong>s seres humanos. Podemos aqui considerar<br />

este livro um divisor de águas quanto à questão ecológica, mesmo<br />

saben<strong>do</strong> que a autora já lutava contra esse produto desde 1945.<br />

A partir daí, passamos pela Convenção de Estocolmo de 1972, pelo<br />

Relatório Brutland de 1987, pela a “Conferência das Nações Unidas<br />

para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento” – Eco-92, pelas diversas<br />

Cop´s que deram sequência às discussões da Eco-92, pelos Protocolos<br />

de Montreal e de Kyoto.<br />

O mais importante na Eco 92 foi a formulação de metas de controle de poluição<br />

e uma agenda de relacionamento global, que iria trabalhar na direção<br />

da redução da emissão de CO2 ou equivalente, para menos 5% das emissões<br />

ocorridas em 1990 por todas as nações desenvolvidas, o que evidenciava a<br />

preocupação <strong>do</strong>s cientistas com relação às Mudanças Climáticas.<br />

O Relatório Brutland criticava as múltiplas visões de sustentabilidade,<br />

reconhecen<strong>do</strong> como legítimo interesses imediatos “desde que sejam éticos<br />

e não comprometam a capacidade de as gerações futuras suprirem<br />

suas necessidades”. Reconhece também que os problemas sociais e ambientais<br />

estão integra<strong>do</strong>s à sustentabilidade econômica.<br />

Algumas poucas empresas começaram a compreender que a geração de renda<br />

obtida às custas da destruição pura e simplesmente <strong>do</strong>s recursos naturais e da<br />

biodiversidade, sem qualquer cunho de preservação ou compensação iria gerar<br />

conseqüências mais adiante onde to<strong>do</strong>s teriam de pagar a conta ambiental.<br />

O Projeto Carajás, desenvolvi<strong>do</strong> em 1978 pela Vale <strong>do</strong> Rio Doce( assim<br />

chamada na época), teve essa concepção de Triple Bottom Line, dentro


SUSTENTABILIDADE<br />

de uma visão integrada de sustentabilidade, como imperativo para o sucesso<br />

<strong>do</strong> projeto durante sua existência, mas não teve o devi<strong>do</strong> reconhecimento<br />

de seu pioneirismo.<br />

É evidente que a necessidade de preservar o meio ambiente se refletiria<br />

na necessidade de outro padrão de investimentos volta<strong>do</strong>s para a<br />

racionalização <strong>do</strong> uso de insumos no processo produtivo, com o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong>s 4 R´s: Reciclagem, Reuso, Redução e Reeducação”, que<br />

representariam oportunidade de racionalização de custos e novos processos<br />

de geração de receita.<br />

Como exemplo mais importante, citamos o re-uso da água nas plantas industriais,<br />

processo já bastante difundi<strong>do</strong>. Outro exemplo é a produção de<br />

cimento com o aproveitamento de resíduos siderúrgicos. A co-geração de<br />

energia, aproveitamento os resíduos industriais, de esgoto e outros resíduos<br />

urbanos. São oportunidades que surgem de forma crescente e ajudam a<br />

aumentar a capacidade de geração de valor da empresa e para o acionista.<br />

Podemos assim considerar o “third bottom line” como: “o lucro ou prejuízo<br />

gera<strong>do</strong> pelas receitas de venda de sub-produtos e resíduos,<br />

pelas economias geradas pelo re-uso, reciclagem e redução <strong>do</strong><br />

desperdício e as despesas inerentes ao processo de preservação”.<br />

Lembran<strong>do</strong> novamente que a identificação <strong>do</strong> “capex ambiental” (novamente<br />

pedin<strong>do</strong> empresta<strong>do</strong> o termo) é um excelente indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

futuros que podem ser obti<strong>do</strong>s entenden<strong>do</strong> o meio ambiente de forma<br />

responsável e como fonte de oportunidades e de ética empresarial.<br />

Esta preocupação está se tornan<strong>do</strong> mais nítida entre os Investi<strong>do</strong>res Institucionais<br />

de Longo Prazo, Empresas de Previdência Complementar e<br />

Segura<strong>do</strong>ras, pois eles lidam simultaneamente com direitos e deveres de<br />

gerações distintas. A crescente adesão aos “Principles of Responsible Investment”<br />

– PRI revela também que o processo de análise de investimentos<br />

será reforça<strong>do</strong> por outros elementos, dentro de uma visão integrada.<br />

Isso implica em uma evolução natural de integração <strong>do</strong> Balanço Social com<br />

o Balanço Econômico, isto é, consideran<strong>do</strong> os ativos e passivos inerentes ao<br />

processo de geração de riqueza dentro das três vertentes. Se há passivo, há<br />

risco, se há risco, ele deve ser informa<strong>do</strong> simultaneamente às ações serão<br />

tomadas em termos de redução desses riscos ou de formação de provisões.<br />

O Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE tem representa<strong>do</strong> uma<br />

meta para as empresas de capital aberto, pois ele dá maior visibilidade<br />

internacional, é um indica<strong>do</strong>r de maior preocupação holística, principalmente<br />

para os investi<strong>do</strong>res institucionais e os investi<strong>do</strong>res europeus<br />

mais preocupa<strong>do</strong>s com aquecimento global.<br />

38 REVISTA RI Abril 2009<br />

CONCLUSÃO<br />

O Sistema contábil está evoluin<strong>do</strong> mas, será incapaz de atender a todas<br />

as necessidades de informações para o processo de desenvolvimento de<br />

meto<strong>do</strong>logias de análise e decisão de investimentos, dentro <strong>do</strong> conceito<br />

“Triple Bottom Line” e com relação a outros fatores intangíveis.<br />

A criação de um arcabouço próprio para processos de análise e mensuração<br />

de ativos intangíveis terá de ser discuti<strong>do</strong> e desenvolvi<strong>do</strong> pela<br />

própria categoria de profissionais de investimentos, em consonância<br />

com os princípios das instâncias públicas regula<strong>do</strong>ras e privadas auto<br />

regula<strong>do</strong>ras. Esta foi uma importante conclusão de um <strong>do</strong>s painéis<br />

simultâneos <strong>do</strong> 20º congresso Apimec, que abor<strong>do</strong>u o tema “Instrumentos<br />

para avaliação e decisão de investimentos”<br />

Estamos viven<strong>do</strong> na atualidade momentos de insustentabilidade sistêmica.<br />

A globalização está tornan<strong>do</strong> mais fácil tornar conhecidas as<br />

inúmeras crises sistêmicas que surgiram na era moderna, mas insistimos<br />

em esquecê-las.<br />

O que não é mais possível de se admitir é que cheguemos a destinar<br />

mais de 5 % <strong>do</strong> PIB, para consertar estragos <strong>do</strong> sistema financeiro<br />

internacional com a “farra <strong>do</strong>s derivativos” e temos uma enorme dificuldade<br />

de destinar 1% a.a para finalidades urgentes de preservação<br />

<strong>do</strong> meio ambiente, combate à fome e mudanças climáticas.<br />

Esperamos que após o fim da tempestade possamos entrar em<br />

uma nova “era” em que responsabilidade social e sustentabilidade<br />

empresarial não serão mais peças de retórica merca<strong>do</strong>lógica,<br />

constituin<strong>do</strong>-se em fatores importantes para o desempenho <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> e das empresas.<br />

O significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> triple bottom line chama a atenção para os interesses<br />

de outros stakeholders que interferem no processo de geração de valor<br />

e são fatores de risco e oportunidades para as empresas. Essa nova<br />

concepção vai exigir reformas significativas em nossas meto<strong>do</strong>logias<br />

de análise. Em breve serão realidade.<br />

(*) EDUARDO WERNECK é<br />

diretor institucional da APIMEC Rio.<br />

(eduar<strong>do</strong>werneck@mls.com.br)


SUSTENTABILIDADE<br />

Onde investir?<br />

A ÁFRICA<br />

É O FUTURO.<br />

40 REVISTA RI Abril 2009


Se você tivesse R$ 5 bilhões hoje para investir com<br />

um horizonte de 20 anos e objetivo de alto retorno<br />

onde investiria? Eu digo, na África.<br />

por Roberto Gonzalez*<br />

O continente africano sofreu durante séculos, mais precisamente depois<br />

da colonização européia, que na divisão <strong>do</strong>s novos países constituí<strong>do</strong>s<br />

não respeitou as etnias existentes. A independência de vários países no<br />

século XX trouxe em conjunto a guerra civil na maioria deles, e ainda<br />

tínhamos o absur<strong>do</strong> <strong>do</strong> Apartheid na África <strong>do</strong> Sul. Ouso dizer que o<br />

século XX foi o século perdi<strong>do</strong> para este continente.<br />

Com um pouco de contato com a história <strong>do</strong> continente é possível detectar<br />

uma riqueza de cultura com um folclore maravilhoso e um desenvolvimento<br />

econômico surpreendente em algumas regiões antes da<br />

conquista pelos europeus.<br />

No século XXI a coisa começou a mudar. O apartheid não existe mais,<br />

foi aboli<strong>do</strong> ainda no século XX; o continente também deu ao mun<strong>do</strong> o<br />

maior estadista <strong>do</strong> século XX, Nelson Mandela, pois nem Franklin D.<br />

Roosevelt, nem Churchill conseguiriam fazer o que ele fez. A guerras<br />

civis, apesar de continuar em alguns países, cessaram. Os jovens começaram<br />

a ter um forte espírito nacionalista que supera as etnias e a união<br />

entre essas etnias contribuiu para isso, pois os filhos pertenciam às duas<br />

etnias ou à nenhuma delas.<br />

Quan<strong>do</strong> um país deixa de estar em forte conflito, seja porque terminou<br />

uma ditadura ou uma guerra civil, tu<strong>do</strong> tem que ser construí<strong>do</strong>, e a<br />

vontade de crescer <strong>do</strong>s países africanos democratiza<strong>do</strong>s, ou perto de se<br />

tornarem democratiza<strong>do</strong>s, é enorme.<br />

Começa a emergir lentamente uma classe média ávida por ter qualidade<br />

de vida. É uma grande oportunidade para colocar em prática o conceito<br />

de sustentabilidade, pois a tendência é que, queiramos ou não, temos<br />

que praticar a sustentabilidade. Nas primeiras carvoarias o sistema de<br />

gestão era praticamente feudal, mas teve que mudar pois se tornou<br />

insustentável; no atual momento a sustentabilidade terá que entrar na<br />

agenda <strong>do</strong>s países para que o planeta não se torne insustentável.<br />

Um país que é um canteiro de obras, pois antes toda a energia era focada<br />

na guerra, tem a chance de sair na frente <strong>do</strong>s países mais industrializa-<br />

<strong>do</strong>s que um dia terão que fazer reformas profundas em suas infraestruturas,<br />

para serem mais sustentáveis.<br />

Outra grande vantagem <strong>do</strong> continente é o merca<strong>do</strong> intra-africano. Como o<br />

olhar <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res era mais de desconfiança <strong>do</strong> que de oportunidade os<br />

países fortaleceram os laços comerciais entre seus pares, o que contribuiu para<br />

o impacto da crise internacional não abalar tanto alguns países africanos.<br />

Atualmente existe uma corrida para a utilização <strong>do</strong>s recursos naturais,<br />

mas o continente africano é muito mais <strong>do</strong> que isso, e um grande exemplo<br />

é a Vale, que além da utilização mineral poderá produzir energia<br />

em Moçambique, um país onde cresce os membros da chamada classe<br />

média, que se utilizará de energia, entre outras coisas.<br />

Um outro importante fator é como a Vale chegou ao continente, pois<br />

não aportou no continente como uma empresa imperialista, muito pelo<br />

contrário, respeitou a cultura local, preocupação com a formação da<br />

força de trabalho e com o desenvolvimento socioeconômico <strong>do</strong> entorno<br />

onde se instalará. É a prova de que sustentabilidade é estratégico e<br />

inteligente, pois a pró-atividade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional e de sua população<br />

com a Vale é positiva.<br />

Toman<strong>do</strong> a liberdade de fazer uma analogia, a África é hoje o que o<br />

Brasil era há 20 anos, recém saí<strong>do</strong> de uma ditadura, com toda uma infraestrutura<br />

a ser remodelada, arcabouço legal a ser reconstruí<strong>do</strong> e a<br />

necessidade <strong>do</strong> fortalecimento das instituições da sociedade. Se acreditamos<br />

que ter investi<strong>do</strong> no Brasil há 20 anos foi um bom negócio, por<br />

que não na África?<br />

(*) ROBERTO GONZALEZ é diretor de<br />

estratégia de sustentabilidade da The Media<br />

Group - Comunicação Corporativa, membro <strong>do</strong><br />

Conselho <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Ethical <strong>do</strong> Santander Asset<br />

Management, professor convida<strong>do</strong> da FIA/<br />

USP e na Trevisan Escola de Negócios e USCS<br />

(roberto@mediagroup.com.br)<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

41


No ciclo de palestras sobre o Impacto da Convergência Contábil,<br />

Vânia Borgerth, vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> Rio de Janeiro, ressalta<br />

a importância de se investir em educação.<br />

por Jennifer Almeida<br />

O processo de convergência contábil já está em andamento e o prazo<br />

para as companhias abertas brasileiras se adaptarem às normas<br />

por contábeis Jennifer internacionais Almeida<br />

- IFRS (International Financial Reporting<br />

Standards) - chega a 2010. Os desafios são ainda maiores de quan<strong>do</strong><br />

a Lei 11.638 foi promulgada em 28 de dezembro de 2007, pois as<br />

empresas precisam correr contra o tempo.<br />

“O <strong>IBRI</strong> acredita que a convergência contábil deve ser o assunto <strong>do</strong><br />

momento, pois a comunidade financeira deve estar preparada para essa<br />

nova realidade das empresas”, destacou Vânia Borgerth, vice-presidente<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> Rio de Janeiro, em sua apresentação na Conferência IFRS:<br />

“O Impacto <strong>do</strong>s Novos Padrões para as Empresas Brasileiras”, promovida<br />

pelo jornal Gazeta Mercantil, no dia 18 de fevereiro de 2009, em<br />

São Paulo (SP). Durante palestra no Painel: “O impacto <strong>do</strong>s novos padrões<br />

para as Relações com Investi<strong>do</strong>res e Gestão das Empresas”, Vânia<br />

Borgerth enfatizou a necessidade <strong>do</strong> profissional de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res se preparar para viver e pensar no futuro.<br />

42 REVISTA RI Abril 2009<br />

“A convergência às normas contábeis internacionais será boa para o<br />

Brasil, não dá para atuar no mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> se não falar a língua<br />

que o mun<strong>do</strong> está falan<strong>do</strong>”, frisa Vânia Borgerth. A conscientização da<br />

importância <strong>do</strong> IFRS para a empresa deve vir, segun<strong>do</strong> a executiva, da<br />

Alta Administração da companhia e <strong>do</strong> profissional de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res. O momento deve ser de muito esforço e para que a migração<br />

para o novo padrão contábil tenha sucesso é preciso investir em<br />

treinamento e educação <strong>do</strong>s profissionais, diz a executiva.<br />

Questionada se não seria prejudicial para o Brasil viver o processo<br />

da convergência contábil em um momento de crise, Vânia Borgerth<br />

é enfática: “No meio da calmaria não prestaríamos atenção a certos<br />

riscos de navegar em mares turbulentos. Não dá para dar o ‘jeitinho’<br />

brasileiro nisso”. Para Pedro Melo, presidente da KPMG no Brasil,<br />

o IFRS não é conversa apenas de conta<strong>do</strong>r. Segun<strong>do</strong> ele, as normas<br />

englobam analistas, auditores e investi<strong>do</strong>res, além de afetar as pessoas<br />

e as organizações.


Edemir Pinto, presidente da BM&FBOVESPA, afirmou no evento que<br />

o IFRS é uma grande ferramenta de gestão. “É um outro mun<strong>do</strong>”, diz.<br />

O executivo explica que as demonstrações financeiras deixarão de la<strong>do</strong><br />

a visão retrospectiva (de ler o passa<strong>do</strong>) para dar espaço às demonstrações<br />

com olhar para o futuro. “Não podemos tropicalizar a ferramenta,<br />

ela tem que ser seguida à risca, mas certamente agregará valor aos<br />

olhos <strong>do</strong>s acionistas e gestores”, finaliza.<br />

“O assunto está em debate e os analistas estão corren<strong>do</strong> para se atualizar,<br />

pois há preocupação com o impacto nas suas projeções”, lembra<br />

Lucy Sousa, presidente da APIMEC Nacional (Associação <strong>do</strong>s Analistas<br />

e Profissionais de Investimento <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Capitais). Lucy<br />

Sousa afirma que a entidade concentra esforços desde 2008 para disseminar<br />

a cultura das normas contábeis internacionais (IFRS) e atingir<br />

os investi<strong>do</strong>res de cada setor. “Não apenas os grandes investi<strong>do</strong>res,<br />

mas os minoritários e também as pessoas físicas”, declara.<br />

Ramon Jubels, sócio especialista em normas contábeis internacionais<br />

(IFRS) da KPMG, destacou no painel “Os desafios e as<br />

Oportunidades em torno <strong>do</strong>s novos padrões internacionais”, que<br />

é necessário investimento em treinamento para entender melhor<br />

o funcionamento <strong>do</strong> novo padrão contábil e assim maximizar o retorno<br />

da implementação. “As empresas deverão centrar esforços no<br />

treinamento das equipes, nas áreas de processos e sistemas de TI<br />

(tecnologia da informação) e, principalmente, na interpretação <strong>do</strong>s<br />

negócios, pois o IFRS não é uma mera ferramenta para cumprir a<br />

lei. No futuro, as companhias medirão seu desempenho e comunicação<br />

com o merca<strong>do</strong> por meio dele“, afirma.<br />

Antonio de Castro, presidente da ABRASCA (Associação Brasileira<br />

das Companhias Abertas), enfatiza a importância da Medida Provisória<br />

nº 449, que criou o Regime Tributário de Transição e garante a<br />

neutralidade tributária. “As empresas associadas da ABRASCA vêem<br />

com bons olhos a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> IFRS, apesar <strong>do</strong>s desafios que estão por<br />

vir”. 2009 e 2010 serão anos grandiosos”, declara Antonio de Castro.<br />

Na avaliação de Eliseu Martins, diretor da CVM (Comissão de Valores<br />

Mobiliários), as normas internacionais não são perfeitas, mas -na<br />

era da globalização- as organizações devem trabalhar com um único<br />

relógio (e não vários demonstrativos contábeis com diversos critérios).<br />

O diretor da CVM diz que em algumas companhias os balanços não<br />

sofrerão mudanças drásticas, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tipos de operação, produtos<br />

e transações que as companhias realizam.<br />

A responsabilidade da operação é mais abrangente, pois as decisões<br />

não recairão, apenas, no profissional de contabilidade, mas também<br />

dependerão <strong>do</strong> Conselho de Administração e Fiscal e da Diretoria<br />

Executiva da empresa. Os níveis de comprometimento ultrapassarão<br />

os limites da contabilidade e a transparência será ainda mais reforçada,<br />

declara Eliseu Martins.<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

43


Durante a apresentação <strong>do</strong> pronunciamento<br />

realizada, na sede <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, em 05<br />

de março de 2009, os relatores ressaltaram<br />

que as informações desfavoráveis<br />

devem ser divulgadas da mesma maneira<br />

que as informações positivas, ou seja,<br />

com a mesma transparência, equidade e<br />

simultaneidade. “Infelizmente, há uma<br />

tendência a jogar para baixo <strong>do</strong> tapete<br />

o que não é considera<strong>do</strong> bom”, aponta<br />

Helio Garcia.<br />

Além de padronizar os informes, o objetivo<br />

<strong>do</strong> pronunciamento é evitar que grupos<br />

de investi<strong>do</strong>res e analistas tenham maior<br />

ou menor nível de detalhamento de informações<br />

e assim melhorar a qualidade<br />

<strong>do</strong>s releases prepara<strong>do</strong>s pelas empresas,<br />

tornan<strong>do</strong>-os mais próximos da realidade<br />

das companhias.<br />

O pronunciamento focou 16 pontos, considera<strong>do</strong>s<br />

mais importantes, entre eles:<br />

Objetivo; Procedimentos para Divulga-<br />

44<br />

REVISTA RI<br />

Abril 2009<br />

ção; Abrangência e Divulgação <strong>do</strong> Release;<br />

e Tratamento Adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Conteú<strong>do</strong>.<br />

Além disso, estu<strong>do</strong>u as práticas <strong>do</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>s americano, europeu e asiático e<br />

adaptou para a realidade brasileira.<br />

“Tivemos que buscar as melhores práticas<br />

americanas e européias porque no<br />

Brasil não há estu<strong>do</strong> acadêmico sobre o<br />

tema”, afirma Alexandre Oliveira, membro<br />

<strong>do</strong> CODIM pelo Conselho Federal<br />

de Contabilidade (CFC) e relator <strong>do</strong> pronunciamento.<br />

O executivo destaca que a linguagem <strong>do</strong><br />

release deve ser clara e justa. “As partes<br />

devem chegar à mesma conclusão,<br />

simultaneamente. Nossa preocupação<br />

é que deve existir sensibilidade por parte<br />

da administração da companhia para<br />

definir quais informações deverão ser<br />

divulgadas, ou não”, ressaltou Alexandre<br />

Oliveira.Acompanhe o pronunciamento<br />

na íntegra a seguir.<br />

CODIM<br />

COMITÊ DE ORIENTAÇÃO PARA<br />

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES<br />

AO MERCADO<br />

(ABRASCA – AMEC – ANBID – ANCOR – APIMEC –<br />

BOVESPA – CFC – IBGC – IBRACON – <strong>IBRI</strong>)<br />

PRONUNCIAMENTO DE<br />

ORIENTAÇÃO Nº 6,<br />

de 05 de Março de 2009.<br />

EMENTA: RELEASE. NECESSIDADE<br />

DE PADRONIZAÇÃO DE<br />

PROCEDIMENTOS PARA PREPARAÇÃO<br />

E DISTRIBUIÇÃO DE RELEASE, COMO<br />

FORMA DE CONTRIBUIR PARA A<br />

ADOÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE<br />

GOVERNANÇA CORPORATIVA<br />

QUE FORTALEÇAM CRITÉRIOS DE<br />

CONFIANÇA E O DESENVOLVIMENTO<br />

DO MERCADO.


O Comitê de Orientação para Divulgação<br />

de Informações ao Merca<strong>do</strong> – CODIM<br />

-, com base em sua competência, torna<br />

público que, após submeter a matéria em<br />

audiência pública, aprovou, por decisão<br />

de seus membros em reunião realizada no<br />

dia 12 de Fevereiro de 2009, o presente<br />

Pronunciamento de Orientação, o que<br />

faz mediante os seguintes termos:<br />

CONCEITUAÇÃO<br />

O Release é um veículo de divulgação por<br />

escrito, para ser usa<strong>do</strong> como ferramenta<br />

auxiliar na disseminação de quaisquer informações,<br />

sejam elas obrigatórias (Ato<br />

ou Fato Relevante – Pronunciamento de<br />

Orientação n° 5 – CODIM) ou não (Comunica<strong>do</strong>s<br />

ao Merca<strong>do</strong>), entre a Área de<br />

Relações com Investi<strong>do</strong>res e os públicos estratégicos<br />

(stakeholders) de sua Companhia,<br />

por intermédio <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s meios<br />

de comunicação e, portanto, não deve ser<br />

confundi<strong>do</strong>, nem deve substituir os procedimentos<br />

de publicação e arquivamento<br />

de informações na forma exigida pela legislação<br />

e regulamentação existentes, que<br />

deverão ser sempre executa<strong>do</strong>s antes da<br />

divulgação <strong>do</strong> release.<br />

Release tem a função de chamar a atenção<br />

de acionistas, investi<strong>do</strong>res e público<br />

em geral para informações que a Companhia<br />

considera que deva haver melhor<br />

compreensão, disseminan<strong>do</strong> de forma<br />

ampla, rápida e em linguagem acessível<br />

para evitar a assimetria da informação e<br />

ajustar os interesses de to<strong>do</strong>s os públicos<br />

estratégicos.<br />

DO OBJETIVO<br />

1) O propósito deste Pronunciamento de<br />

Orientação de Conduta é o de mostrar<br />

as melhores práticas e procedimentos<br />

na disseminação de informações importantes<br />

das Companhias para o merca<strong>do</strong><br />

em geral, com a utilização de Release,<br />

salientan<strong>do</strong> que se deva observar em to<strong>do</strong>s<br />

os itens aqui cita<strong>do</strong>s que o conteú<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Release não deverá em hipótese alguma<br />

se constituir em si como um Ato<br />

ou Fato Relevante.<br />

DOS PROCEDIMENTOS<br />

PARA DIVULGAÇÃO<br />

2) A divulgação de um Release deve ser<br />

feita à comunidade financeira, às agências<br />

de notícias e à imprensa em geral com a<br />

indicação “Para Divulgação Imediata”.<br />

3) São exemplos de Informações que devem<br />

ser tratadas como merece<strong>do</strong>ras de<br />

divulgação imediata através de Release os<br />

resulta<strong>do</strong>s anuais e trimestrais, anúncios<br />

de dividen<strong>do</strong>s, fusões, aquisições, guidance<br />

(Guidance – Pronunciamento de Orientação<br />

n° 4 – CODIM), ofertas de compra de<br />

ações, compra de ativos relevantes, des<strong>do</strong>bramento<br />

de ações, mudanças importantes<br />

na direção da Companhia, informações sobre<br />

novos produtos e serviços, assinatura de<br />

contratos estratégicos, planos de expansão,<br />

eventos agenda<strong>do</strong>s, promoções, prêmios recebi<strong>do</strong>s,<br />

novas parcerias importantes, novas<br />

descobertas e todas as questões substantivas<br />

de natureza não usual ou não recorrente.<br />

4) Sen<strong>do</strong> a informação objeto <strong>do</strong> Release<br />

de interesse <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de valores mobiliários,<br />

a companhia deverá avaliar criteriosamente<br />

a sua divulgação via sistema<br />

IPE (Informações Periódicas e Eventuais),<br />

asseguran<strong>do</strong> tratamento equitativo e igualitário<br />

de informações aos seus investi<strong>do</strong>res e<br />

partes interessadas.<br />

DA ABRANGÊNCIA E<br />

DIVULGAÇÃO DO RELEASE<br />

5) A Companhia deve assegurar, por meio<br />

<strong>do</strong> Release, a disseminação periódica e<br />

oportuna de relatórios financeiros, que<br />

deverão ser elabora<strong>do</strong>s em conformidade<br />

com as regras a<strong>do</strong>tadas no Brasil e em<br />

casos específicos, com as regras a<strong>do</strong>tadas<br />

por outros países, bem como publica<strong>do</strong>s<br />

e arquiva<strong>do</strong>s na forma e nos prazos estabeleci<strong>do</strong>s<br />

na legislação.<br />

6) O Release deve conter linguagem clara,<br />

acessível, compreensível e confiável, evitan<strong>do</strong><br />

que o investi<strong>do</strong>r e demais públicos<br />

estratégicos da Companhia sejam leva<strong>do</strong>s<br />

a erros por compreensão inadequada das<br />

informações disponibilizadas.<br />

Release tem a função<br />

de chamar a atenção de<br />

acionistas, investi<strong>do</strong>res<br />

e público em geral<br />

para informações que a<br />

Companhia considera<br />

que deva haver melhor<br />

compreensão.<br />

7) A divulgação <strong>do</strong> Release deve obedecer<br />

aos princípios de abrangência e de simultaneidade,<br />

garantin<strong>do</strong> a disponibilização<br />

das informações de forma igualitária, em<br />

tempo e conteú<strong>do</strong>, em Português e em<br />

outros idiomas com demanda relevante<br />

para a Companhia.<br />

8) As Companhias no processo de utilização<br />

das ferramentas de comunicação disponíveis<br />

no merca<strong>do</strong> devem enviar seus<br />

Releases a toda comunidade financeira,<br />

às agências de notícias e à imprensa em<br />

geral, além de disponibilizar no site de RI<br />

da Companhia. A divulgação dessas informações<br />

exclusivamente à imprensa local<br />

não é suficiente para assegurar a cobertura<br />

adequada ao público investi<strong>do</strong>r.<br />

9) To<strong>do</strong> Release deve conter data, nome,<br />

endereço eletrônico e o telefone <strong>do</strong> profissional<br />

responsável pela área de Relações<br />

com Investi<strong>do</strong>res da Companhia, o qual<br />

poderá ser acessa<strong>do</strong> caso os interessa<strong>do</strong>s<br />

queiram confirmar ou esclarecer o teor da<br />

informação.<br />

10) O mailing list de uma Companhia<br />

aberta é um ativo intangível fundamental<br />

de relacionamento com os agentes <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> de capitais. A Companhia aberta<br />

deve envidar os seus maiores esforços<br />

na construção de seu próprio mailing.<br />

Portanto, não se recomenda a terceirização<br />

<strong>do</strong> mailing list. A utilização de outros<br />

mailing list de empresas que fazem<br />

distribuição de informações ao merca<strong>do</strong><br />

é recomendável, mas de forma complementar<br />

ao seu próprio mailing.<br />

Abril 2009 REVISTA RI<br />

45


DIVULGAÇÃO<br />

O Release é um veículo de divulgação por escrito, para ser usa<strong>do</strong><br />

como ferramenta auxiliar na disseminação de quaisquer informações,<br />

sejam elas obrigatórias ou não, entre a Área de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res e os públicos estratégicos (stakeholders) de uma<br />

Companhia, por intermédio <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s meios de comunicação<br />

e, portanto, não deve ser confundi<strong>do</strong>, nem deve substituir os<br />

procedimentos de publicação e arquivamento de informações na<br />

forma exigida pela legislação e regulamentação existentes, que<br />

deverão ser sempre executa<strong>do</strong>s antes da divulgação <strong>do</strong> release.<br />

10.1) Nas mensagens enviadas deve haver<br />

opção para descadastramento automático,<br />

como forma de garantir ao interessa<strong>do</strong> a<br />

exclusão <strong>do</strong> mailing da Companhia de<br />

forma rápida e objetiva.<br />

DO TRATAMENTO ADEQUADO<br />

DO CONTEÚDO<br />

11) A Companhia deve ter como meta<br />

principal assegurar que as informações<br />

divulgadas por meio de Release sejam<br />

tratadas dentro de uma perspectiva adequada.<br />

Isto demanda comedimento, bom<br />

discernimento, respeito aos fatos e as respectivas<br />

partes envolvidas.<br />

12) O guidance deve ser bem fundamenta<strong>do</strong><br />

(vide Guidance – Pronunciamento de<br />

Orientação n° 4 – CODIM), conter as ressalvas<br />

adequadas, as limitações inerentes e<br />

ser apresenta<strong>do</strong> de forma conserva<strong>do</strong>ra e<br />

factual. Entretanto, o conserva<strong>do</strong>rismo excessivo,<br />

defensivo ou enganoso deve ser evita<strong>do</strong>,<br />

da mesma forma que previsões excessivamente<br />

otimistas, superficiais, alegações<br />

exageradas e promessas injustificadas. É<br />

muito prejudicial às relações de uma Com-<br />

46 REVISTA RI Abril 2009<br />

panhia com seus acionistas ou ao valor que<br />

a comunidade financeira precifica as ações<br />

desta Companhia, informações divulgadas<br />

sem o devi<strong>do</strong> embasamento.<br />

13) Após a divulgação de um Release, se<br />

os des<strong>do</strong>bramentos subsequentes no merca<strong>do</strong><br />

indicarem que o desempenho não<br />

fica à altura das projeções dadas, tal fato<br />

também deve ser novamente informa<strong>do</strong> e<br />

explica<strong>do</strong>, deven<strong>do</strong> ainda ser obedecidas<br />

as regras aplicáveis à matéria, existentes<br />

na legislação.<br />

14) Informações desfavoráveis devem ser<br />

igualmente divulgadas por meio de Release<br />

com a mesma presteza e franqueza que as<br />

informações consideradas favoráveis. A relutância<br />

ou a não disposição em divulgar um<br />

episódio negativo ou a tentativa de disfarçar<br />

informações desfavoráveis podem comprometer<br />

o conceito de transparência e credibilidade<br />

da administração da Companhia.<br />

15) Deve-se atentar para a frequência das<br />

divulgações efetuadas ao merca<strong>do</strong> para as<br />

informações. Não faz senti<strong>do</strong> a divulgação<br />

repetitiva. Caso a Companhia tenha<br />

necessidade de efetuar um Release complementar<br />

sobre uma informação já divulgada,<br />

o contexto deve ser claro aos leitores<br />

com ênfase nos efeitos e nos aspectos que<br />

diferenciem a informação.<br />

16) Como boa prática toda Companhia de<br />

capital aberto deve buscar inserir em sua<br />

“Política de Divulgação de Informações<br />

ao Merca<strong>do</strong>” instruções específicas sobre<br />

divulgação de Release para o merca<strong>do</strong><br />

em geral. Cabe ressaltar que a política de<br />

divulgação é obrigatória conforme regulamentação<br />

existente.<br />

16.1) Recomenda-se que o release seja envia<strong>do</strong><br />

para conhecimento <strong>do</strong>s executivos,<br />

conselheiros de administração, comitês<br />

que assessoram a administração e conselheiros<br />

fiscais.<br />

São Paulo, 05 de março de 2009.<br />

Geral<strong>do</strong> Soares<br />

Harol<strong>do</strong> Reginal<strong>do</strong> Levy Neto<br />

Coordena<strong>do</strong>res


<strong>IBRI</strong> NOTÍCIAS<br />

COMISSÃO TÉCNICA DO <strong>IBRI</strong> DEBATE A<br />

INSTRUÇÃO CVM 202 E PROPOSTAS DA<br />

CÂMARA CONSULTIVA DO NOVO MERCADO<br />

A Comissão Técnica <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, presidida<br />

por Julia Reid Ferretti, está analisan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>is temas de grande relevância para os<br />

profissionais de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />

e merca<strong>do</strong> de capitais. Um deles<br />

é a mudança que está sen<strong>do</strong> proposta<br />

por edital da Comissão de Valores Mobiliários<br />

(CVM) para a alteração da<br />

Instrução CVM 202. Em paralelo os<br />

membros da Comissão debateram as<br />

propostas da Câmara Consultiva <strong>do</strong><br />

Novo Merca<strong>do</strong> da BM&FBOVESPA e<br />

as sugestões já foram enviadas.<br />

“A reformulação da Instrução CVM 202<br />

que estamos discutin<strong>do</strong> é possivelmente<br />

um <strong>do</strong>s dispositivos legais mais importantes<br />

para o profissional de RI, pois<br />

determina como uma empresa deve se<br />

<strong>IBRI</strong> realiza<br />

Seminário TI e<br />

o Merca<strong>do</strong><br />

de Capitais<br />

O <strong>IBRI</strong> (Instituto Brasileiro de Relações com Investi<strong>do</strong>res) e a<br />

revista Executivos Financeiros realizam, no dia 14 de abril de<br />

2009, das 8:30 às 18 horas, no Hotel Sofitel, em São Paulo, a<br />

segunda edição <strong>do</strong> “Seminário TI e o Merca<strong>do</strong> de Capitais”.<br />

O evento abordará temas relaciona<strong>do</strong>s à implementação de<br />

sistemas de TI (Tecnologia da Informação) no Merca<strong>do</strong> de Capitais,<br />

como: “As ferramentas disponibilizadas pelo merca<strong>do</strong><br />

e a estrutura tecnológica das Bolsas”; “As novas ferramentas<br />

à disposição <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r Pessoa Física”; “A importância da<br />

segmentação no merca<strong>do</strong> de capitais”; “Assembléias On Line”<br />

e “Acessan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> mundial”. Ao final <strong>do</strong> seminário haverá<br />

cerimônia de entrega <strong>do</strong> Prêmio E-Capitalmarket (que<br />

tem o apoio institucional <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>), a iniciativa pretende destacar<br />

os melhores cases em cada área, as melhores práticas, os<br />

projetos inova<strong>do</strong>res e mais relevantes, para que sirvam como<br />

referência a to<strong>do</strong>s os agentes <strong>do</strong> segmento. Mais informações<br />

acesse o site <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> www.ibri.com.br.<br />

48 REVISTA RI Abril 2009<br />

registrar como companhia de capital aberto<br />

e quais informações deve encaminhar<br />

ao merca<strong>do</strong> e à autarquia, periódica<br />

e eventualmente. É uma instrução bem<br />

completa e a analisamos e debatemos em<br />

sete sessões”, afirma Julia Ferretti.<br />

A Comissão debateu pontos da Instrução<br />

CVM 202 e fez sugestões em determina<strong>do</strong>s<br />

assuntos, conforme explica a executiva.<br />

“Manter o prazo de entrega <strong>do</strong>s<br />

ITRS (Informações Trimestrais) em 45<br />

dias (como já acontece), eliminação <strong>do</strong><br />

formulário Demonstrações Financeiras<br />

Padronizadas (DFP), a remuneração de<br />

executivos divulgadas em grupos e o conteú<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> novo IAN (Informativo Anual)<br />

que passará a se chamar “Formulário de<br />

Referência”.<br />

Com relação às propostas da Câmara<br />

Consultiva <strong>do</strong> Novo Merca<strong>do</strong> da<br />

BM&FBOVESPA, Julia Reid Ferretti, diz<br />

que a Comissão concor<strong>do</strong>u com a maioria<br />

<strong>do</strong>s temas <strong>do</strong>s subgrupos - Assembléias,<br />

Reorganizações Societárias, Distribuições<br />

Públicas, Conselho de Administração e outros<br />

- e já encaminhou seus comentários.<br />

A participação <strong>do</strong>s membros da Comissão<br />

foi ativa e de grande importância,<br />

apresentan<strong>do</strong> sugestões e debaten<strong>do</strong> o<br />

aprimoramento de normas que permeiam<br />

o dia a dia <strong>do</strong> RI. A maratona de 13<br />

reuniões desde o mês de janeiro de 2009<br />

foi intensa, mas extremamente produtiva<br />

e cabe agradecimento a to<strong>do</strong>s os membros<br />

da Comissão Técnica, declara Julia<br />

Reid Ferretti.<br />

<strong>IBRI</strong> participa da<br />

18ª edição <strong>do</strong> Curso de<br />

Introdução ao Merca<strong>do</strong><br />

de Capitais<br />

O <strong>IBRI</strong> marca presença na 18ª edição <strong>do</strong> “Curso de Introdução<br />

ao Merca<strong>do</strong> de Capitais” realiza<strong>do</strong> em conjunto com a<br />

APIMEC SP (Associação <strong>do</strong>s Analistas e Profissionais de Investimento<br />

de São Paulo), entre os dias 23 de março a 03 de<br />

abril de 2009. Rodrigo Krause, membro da Comissão Técnica<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, realizará palestra no primeiro dia <strong>do</strong> curso sobre “A<br />

Importância <strong>do</strong>s Profissionais de Relações com Investi<strong>do</strong>res”.<br />

Vitor Fagá, vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo, será modera<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s painéis no dia 30 de março de 2009 sobre “A relação <strong>do</strong>s<br />

Meios de Comunicação com o Merca<strong>do</strong> de Capitais” e “Sustentabilidade<br />

no Merca<strong>do</strong> de Capitais”. O curso é realiza<strong>do</strong><br />

pelo <strong>IBRI</strong>, APIMEC SP, ABRASCA (Associação Brasileira das<br />

Companhias Abertas), ANBID (Associação Nacional <strong>do</strong>s Bancos<br />

de Investimento), AMEC (Associação de Investi<strong>do</strong>res no<br />

Merca<strong>do</strong> de Capitais) e IBGC (Instituto Brasileiro de Governança<br />

Corporativa) e acontece na sede da APIMEC SP (Rua<br />

São Bento, 545, 5ª sobreloja, Centro - São Paulo - SP).


SABESP É A NOVA<br />

PATROCINADORA<br />

ANUAL DO <strong>IBRI</strong><br />

A Sabesp (Companhia de Saneamento<br />

Básico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São<br />

Paulo) é a nova patrocina<strong>do</strong>ra anual<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>. A parceria da empresa<br />

com o <strong>IBRI</strong> alinha o compromisso<br />

de ambos para promover o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />

brasileiro. Para Mário Azeve<strong>do</strong> de<br />

Arruda Sampaio, superintendente<br />

de Captação de Recurso e Relações<br />

com Investi<strong>do</strong>res da companhia,<br />

a parceria com o <strong>IBRI</strong> representa<br />

para a Sabesp uma oportunidade<br />

de melhorar a comunicação, trocar<br />

experiências e fortalecer a atuação<br />

<strong>do</strong> profissional de RI no merca<strong>do</strong><br />

de capitais. “Essa relação é impor-<br />

<strong>IBRI</strong> inaugura<br />

a 10ª turma <strong>do</strong><br />

MBA de RI<br />

Ricar<strong>do</strong> Florence, vice-presidente<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, Luis Fernan<strong>do</strong> Moran de Oliveira,<br />

diretor de Comunicação <strong>do</strong><br />

Instituto, Salim Ali, superintendente<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, e Rodney Vergili, assessor<br />

de Comunicação <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, proferiram<br />

palestras na aula inaugural da 10ª<br />

turma <strong>do</strong> MBA Finanças, Comunicação<br />

e Relações com Investi<strong>do</strong>res, no<br />

dia 07 de março de 2009, na sede<br />

da FIPECAFI (Fundação Instituto de<br />

Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras),<br />

em São Paulo (SP). Luis<br />

Fernan<strong>do</strong> Moran de Oliveira, que<br />

apresentou o Case da Weg, diz que<br />

ficou impressiona<strong>do</strong> com a experiência<br />

e o nível de perguntas <strong>do</strong>s<br />

alunos, o que mostra que é um grupo<br />

bem prepara<strong>do</strong>. “Será uma turma<br />

com profissionais de RI com grande<br />

potencial”, completa Moran.<br />

tante para uma empresa de capital<br />

misto que lida com um serviço essencial<br />

e muito próximo da população,<br />

o RI precisa ter capacidade de<br />

diálogo constante, para conhecer as<br />

demandas e expectativas <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />

e transmitir com clareza os<br />

fundamentos da companhia. O papel<br />

<strong>do</strong> RI é cada vez mais chave nesse<br />

processo”, ressalta Mário Sampaio.<br />

Segun<strong>do</strong> Luiz Roberto Car<strong>do</strong>so, assessor<br />

da Diretoria Executiva <strong>do</strong><br />

<strong>IBRI</strong>, a parceria reforça a confiança<br />

que as empresas depositam no trabalho<br />

realiza<strong>do</strong> pelo Instituto visan<strong>do</strong><br />

ao desenvolvimento <strong>do</strong> profissio-<br />

Agende-se para a 11ª edição<br />

<strong>do</strong> Encontro Nacional de RI<br />

O <strong>IBRI</strong> e a ABRASCA (Associação Brasileira<br />

das Companhias Abertas) promovem,<br />

nos dias 22 e 23 de junho de 2009,<br />

no Sheraton WTC, em São Paulo (SP), o<br />

11º Encontro Nacional de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res e Merca<strong>do</strong> de Capitais, o<br />

mais tradicional e importante evento da<br />

América Latina na área. O Encontro terá<br />

como tema central: “O Merca<strong>do</strong> de Capitais<br />

no Brasil e no Mun<strong>do</strong> no atual cenário<br />

econômico” e promete superar o sucesso<br />

de público e de cobertura da imprensa<br />

da última edição.<br />

RIs e profissionais <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />

terão a oportunidade de debater<br />

sobre “Cenários Econômicos”, “O<br />

Merca<strong>do</strong> de Capitais no Novo Cenário<br />

Econômico: Visão e Percepção <strong>do</strong>s<br />

Players – Como a Crise afetou a Visão<br />

<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>, a Prática, a Ótica desses<br />

segmentos”; “O Comportamento <strong>do</strong><br />

Investi<strong>do</strong>r no Novo Cenário Mundial –<br />

nal de RI, da área de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />

brasileiro.<br />

O <strong>IBRI</strong> agradece o apoio de to<strong>do</strong>s<br />

seus parceiros e enfatiza a importância<br />

<strong>do</strong> trabalho que desenvolve<br />

ao longo de um ano de atividades. A<br />

Braskem, que renovou recentemente<br />

a parceira com o <strong>IBRI</strong>, é uma das empresas<br />

parceiras <strong>do</strong> Instituto, além<br />

<strong>do</strong> Banco Bradesco; Banco <strong>do</strong> Brasil;<br />

Banco Nossa Caixa; BM&FBOVESPA;<br />

Brasil Telecom; Cemig; CPFL Energia;<br />

Deloitte; Itaú Unibanco Banco<br />

Múltiplo S.A.; Itaúsa; Redecard; TAM;<br />

Souza Cruz e Petrobras.<br />

Comportamento Racional versus Emocional<br />

– Como a<strong>do</strong>tar boas práticas no<br />

relacionamento com o investi<strong>do</strong>r, recuperar<br />

e manter a credibilidade na companhia<br />

e nas Instituições <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>”;<br />

“O RI na Nova Realidade”; “Gerenciamento<br />

de Riscos”; “Assuntos Emergentes<br />

– O Que há de novo no Merca<strong>do</strong> de<br />

Capitais no Brasil e no Exterior” e “Andamento<br />

da Implantação das normas<br />

internacionais IFRS nas Companhias –<br />

Principais Pontos”.<br />

O Encontro tem os seguintes patrocina<strong>do</strong>res:<br />

Anbid, Banco Bradesco, Banco<br />

<strong>do</strong> Brasil, Itaú Unibanco Banco Múltiplo<br />

S/A, BM&FBOVESPA, BNDES, Cemig,<br />

Cetip, Chorus Call, Deloitte, Greenberg<br />

Traurig, JP Morgan, Lincx, PR Newswire,<br />

The Bank of New York Mellon, The MediaGroup<br />

e Valor Econômico. Acesse o<br />

site <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> www.ibri.com.br e veja a<br />

programação completa <strong>do</strong> evento.<br />

Abril 2009 REVISTA RI<br />

49


<strong>IBRI</strong> NOTÍCIAS<br />

VITOR FAGÁ, VICE-PRESIDENTE DO <strong>IBRI</strong> SÃO PAULO<br />

Vitor Fagá, diretor financeiro e de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />

da Medial Saúde, e atual diretor financeiro <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, assumiu a<br />

vice-presidência <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo e acumulará a função com<br />

a de diretor financeiro <strong>do</strong> Instituto.<br />

por Jennifer Almeida<br />

O executivo substitui Luiz Henrique<br />

Valverde, que ocupava a<br />

vice-presidência <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> SP desde<br />

2006. Luiz Valverde deixou a<br />

diretoria de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />

da Braskem para assumir<br />

a diretoria de Relações Institucionais<br />

da própria Braskem. O <strong>IBRI</strong><br />

agradece o relevante trabalho<br />

desenvolvi<strong>do</strong> por Luiz Valverde e<br />

deseja sucesso a ambos em suas<br />

novas funções.<br />

Acompanhe entrevista com o novo<br />

vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> São Paulo.<br />

Quais são seus projetos para a<br />

diretoria São Paulo <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>?<br />

Vitor Fagá: A diretoria de São<br />

Paulo, assim como o <strong>IBRI</strong>, tem<br />

por objetivo aproximar os profissionais<br />

de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />

(RI), trazer questões<br />

relevantes para discussão, interagin<strong>do</strong><br />

com outras instituições<br />

e o próprio merca<strong>do</strong> de capitais.<br />

Podemos exemplificar citan<strong>do</strong><br />

algumas ações: realizar enquetes<br />

sobre temas específicos, atender<br />

demandas por palestras e cur-<br />

50 REVISTA RI Abril 2009<br />

“Aumento da<br />

representatividade<br />

no merca<strong>do</strong> de<br />

capitais é uma<br />

grande conquista<br />

<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>”, afirma<br />

Vitor Fagá<br />

sos relaciona<strong>do</strong>s ao merca<strong>do</strong> de<br />

capitais e o profissional de Relações<br />

com Investi<strong>do</strong>res e por fim<br />

promover encontros com a comunidade<br />

de RI para fortalecer e<br />

permitir a troca de experiências<br />

e informações.<br />

Comente sua atuação no <strong>IBRI</strong><br />

nos últimos anos e sua participação<br />

na diretoria executiva<br />

<strong>do</strong> Instituto.<br />

Vitor Fagá: Atuo no <strong>IBRI</strong> ativamente<br />

desde 2008, ano que fui eleito diretor<br />

financeiro na chapa liderada<br />

por Geral<strong>do</strong> Soares, atual presidente<br />

executivo, e agora vou acumular<br />

a função de vice-presidente <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong><br />

São Paulo. Gostaria de ressaltar o<br />

bom trabalho que a diretoria e a<br />

equipe <strong>do</strong> Instituto desenvolve sob<br />

a presidência de Geral<strong>do</strong> Soares<br />

e a coordenação <strong>do</strong> superintendente<br />

Salim Ali. O crescimento na<br />

base de associa<strong>do</strong>s é um exemplo<br />

contundente. Nos primeiros anos<br />

de atuação, o Instituto contava com<br />

aproximadamente uma centena de<br />

associa<strong>do</strong>s e ao final <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong><br />

eram 486 associa<strong>do</strong>s.<br />

Como o profissional de RI pode<br />

evoluir e como o <strong>IBRI</strong> pode<br />

contribuir para isso?<br />

Vitor Fagá: É importante mencionar<br />

a evolução da profissão de Relações<br />

com Investi<strong>do</strong>res nos últimos


anos, as empresas que abriram<br />

capital, e obviamente a crescente<br />

demanda por RI’s. O profissional<br />

de Relações com Investi<strong>do</strong>res ganhou<br />

posição de destaque dentro<br />

das organizações. Esses profissionais<br />

se mostram cada vez mais<br />

prepara<strong>do</strong>s, com visão global sobre<br />

o negócio e o merca<strong>do</strong> de capitais,<br />

além da capacidade de discutir<br />

sobre questões variadas que<br />

vão desde a Contabilidade das<br />

suas empresas até a estratégia <strong>do</strong><br />

negócio e merca<strong>do</strong> de atuação. Os<br />

profissionais estão se mostran<strong>do</strong><br />

cada vez mais completos e o <strong>IBRI</strong><br />

vem contribuin<strong>do</strong> para essa evolução<br />

com suas diversas iniciativas.<br />

Qual foi na sua opinião a conquista<br />

mais importante <strong>do</strong><br />

<strong>IBRI</strong> e <strong>do</strong>s profissionais de RI<br />

nesses 12 anos de história?<br />

Vitor Fagá: Vou mencionar duas importantes<br />

conquistas e elas complementam<br />

a questão anterior. O <strong>IBRI</strong><br />

tem apoia<strong>do</strong> o lançamento de publicações<br />

sobre o merca<strong>do</strong> e a atuação<br />

<strong>do</strong> profissional de RI. Nos últimos 15<br />

meses, o Instituto lançou três publicações,<br />

sen<strong>do</strong> a mais recente o livro<br />

“O Esta<strong>do</strong> da Arte das Relações<br />

com Investi<strong>do</strong>res no Brasil”. É uma<br />

preocupação da diretoria ajudar a<br />

preencher essa lacuna que existe<br />

sobre literatura na área de RI, o que<br />

sem dúvida contribui na formação<br />

<strong>do</strong>s profissionais. A segunda conquista<br />

que destaco é o número de<br />

associa<strong>do</strong>s (486) e a representatividade<br />

nas empresas de capital aberto.<br />

Atualmente 90% das companhias<br />

que compõem o índice Bovespa têm<br />

executivos de Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />

associa<strong>do</strong>s ao Instituto.<br />

3º PRêMIO IMPRENSA DE<br />

EDUCAÇÃO AO INVESTIDOR<br />

DIVULGA OS VENCEDORES<br />

O Comitê Consultivo de Educação -<br />

<strong>do</strong> qual o <strong>IBRI</strong> faz parte - divulgou o<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> 3º Prêmio Imprensa de<br />

Educação ao Investi<strong>do</strong>r. Na categoria<br />

Jornal, o vence<strong>do</strong>r foi Felipe de Menezes<br />

Frisch, de “O Globo”, com a matéria<br />

“Mais promessas de ganho fácil<br />

batem à porta”, publicada em 19 de<br />

novembro de 2007. Na categoria Revista,<br />

a ganha<strong>do</strong>ra foi Luciana Monteiro,<br />

da revista Valor Investe, com a matéria<br />

“Uni<strong>do</strong>s pelo bolso”, publicada<br />

em agosto de 2008.<br />

A entrega da premiação ocorreu no<br />

dia 20 de março de 2009, durante almoço<br />

na sede da Anbid (Associação<br />

Nacional <strong>do</strong>s Bancos de Investimento).<br />

O evento contou com a presença da<br />

presidente da CVM (Comissão de Valores<br />

Mobiliários), Maria Helena Santana,<br />

<strong>do</strong> Presidente <strong>do</strong> Conselho de<br />

Administração <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, João Pinheiro<br />

Nogueira Batista e representantes <strong>do</strong><br />

Merca<strong>do</strong> de Capitais.<br />

O Prêmio Imprensa de Educação ao<br />

Investi<strong>do</strong>r é uma iniciativa <strong>do</strong> Comitê<br />

Consultivo da CVM e tem como objetivo<br />

estimular a produção de matérias<br />

e reportagens didáticas, que esclareçam<br />

as oportunidades e riscos <strong>do</strong>s<br />

diversos investimentos disponíveis<br />

para pessoas físicas.<br />

<strong>IBRI</strong> CRIA COMUNIDADE<br />

VIRTUAL NO SITE LINkEDIN<br />

O <strong>IBRI</strong> convida seus associa<strong>do</strong>s para<br />

participarem de comunidade virtual<br />

no site LinkedIn, que é especializa<strong>do</strong><br />

em redes de interesses profissionais.<br />

O acesso à comunidade permitirá a<br />

troca de experiências entre os profissionais,<br />

a discussão aberta de artigos<br />

e notícias referentes ao merca<strong>do</strong> de<br />

capitais em geral; além de abranger<br />

o networking entre os executivos.Para<br />

participar é preciso fazer o<br />

registro no Linkedin (www.linkedin.<br />

com), caso não seja participante; e<br />

em seguida buscar o Grupo <strong>IBRI</strong>.<br />

Como associa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto, a adesão<br />

já estará pré-aprovada.<br />

<strong>IBRI</strong> E DELOITTE PREPARAM<br />

PESQUISA SOBRE CONFIANÇA<br />

EM PERíODOS DE VOLATILIDADE<br />

O <strong>IBRI</strong> e a Deloitte coletam da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s profissionais de Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res e investi<strong>do</strong>res para a<br />

pesquisa “Confiança em um cenário<br />

de riscos”. O estu<strong>do</strong> tem por objetivo<br />

identificar os principais desafios<br />

<strong>do</strong>s profissionais da área e suas<br />

empresas no atual cenário de vola-<br />

tilidade. Para cada público foi desenvolvi<strong>do</strong><br />

questionário específico,<br />

que pode ser acessa<strong>do</strong> no site www.<br />

deloitte.com.br. Os resulta<strong>do</strong>s serão<br />

apresenta<strong>do</strong>s no 11º Encontro Nacional<br />

de Relações com Investi<strong>do</strong>res e<br />

Merca<strong>do</strong> de Capitais, dias 22 e 23 de<br />

junho de 2009, em São Paulo (SP).<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

51


CERTIFICAÇÃO<br />

IBGC<br />

lança programa de<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

DE CONSELHEIROS<br />

O Programa de Certificação de Conselheiros IBGC (Instituto Brasileiro<br />

de Governança Corporativa) lança<strong>do</strong>, em 13 de março de 2009, será um<br />

estímulo a mais para as boas práticas de Governança Corporativa no Brasil,<br />

além de aprimorar os membros <strong>do</strong> Conselho e Diretoria das companhias<br />

para o desempenho efetivo em seus cargos.<br />

por Rodney Vergili e Jennifer Almeida<br />

O processo de seleção para o Programa terá início com a abertura das<br />

inscrições em maio e a primeira prova está prevista para acontecer<br />

no mês de setembro de 2009. Os benefícios objetivam potencializar<br />

os processos de relacionamento, planejamento, tomada de decisão e<br />

gestão e fornecimento de fundamentos para gestão de talentos, assim<br />

como elevar os padrões de conduta <strong>do</strong>s profissionais.<br />

O membro <strong>do</strong> Comitê de Certificação <strong>do</strong> IBGC, Alberto Whitaker<br />

– que também é membro da Comissão Técnica <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, expõe,<br />

em entrevista à Revista RI, os principais pontos <strong>do</strong> Programa na<br />

qual ressalta alguns requisitos que os candidatos devem preencher<br />

como: capacidade de ler e entender relatórios gerenciais,<br />

financeiros, administrar conflitos e possuir visão estratégica.<br />

52 REVISTA RI Abril 2009<br />

Acompanhe a entrevista.<br />

REVISTA RI: Quais são os principais objetivos <strong>do</strong> IBGC ao<br />

implantar o Programa de Certificação de Conselheiros de<br />

Administração? Qual é a estrutura <strong>do</strong> Conselho Consultivo<br />

de Certificação?<br />

Alberto Whitaker: O objetivo de criar o Programa de Certificação<br />

é estimular o aprimoramento da boa Governança Corporativa<br />

no Brasil para melhorar a qualificação <strong>do</strong> Conselheiro. O Programa<br />

terá um Conselho Consultivo de Certificação, no qual pretendemos<br />

envolver as entidades mais representativas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para que nos<br />

tragam sugestões e avaliem o que o programa está desenvolven<strong>do</strong>.


RI: Quais são os principais requisitos e compromissos para<br />

que o Conselheiro obtenha a certificação? Haverá necessidade<br />

de associação ao IBGC para participar <strong>do</strong> exame?<br />

Whitaker: O primeiro requisito é o diploma universitário e a<br />

comprovação de experiência não cumulativa como Conselheiro de<br />

Administração por três anos, mais três anos como executivo de primeiro<br />

escalão e especialidade em Governança Corporativa. Não quisemos<br />

lançar um programa que fosse exclusivo para os associa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGC,<br />

ele é aberto para to<strong>do</strong>s e o Instituto não condiciona a participação em<br />

seus cursos para obter a certificação.<br />

RI: Será possível inicialmente certificação sem exame?<br />

Qual é o potencial de conselheiros certifica<strong>do</strong>s<br />

no Brasil?<br />

Whitaker: A exemplo de outras certificações o IBGC vai divulgar<br />

requisitos em que essa possibilidade é esclarecida, mas é uma requisição<br />

mais elevada, a experiência exigida em Conselho de Administração<br />

é de seis anos e oito em funções de executivo de primeiro escalão<br />

(CEO, CFO). São aproximadamente 10.500 cargos engloban<strong>do</strong> as<br />

companhias de capital aberto (Conselho e Diretoria), empresas de<br />

previdência complementar, Private Equity e Venture Capital que se<br />

beneficiarão <strong>do</strong> Programa.<br />

RI: Qual é o perfil <strong>do</strong>s candidatos para obter a<br />

Certificação? Qual é a importância da Educação<br />

Continuada no programa?<br />

Whitaker: As etapas meto<strong>do</strong>lógicas <strong>do</strong> Programa são: definição<br />

<strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> candidato e das atribuições, construção das<br />

competências e em seguida chegamos aos temas <strong>do</strong> exame que<br />

são: Governança Corporativa; Contabilidade, Finanças, Auditoria<br />

e Riscos; Ambiente Regulatório e Legislação; Gestão Estratégica;<br />

Intangíveis e Sustentabilidade. Queremos que o candidato<br />

esteja sempre se reciclan<strong>do</strong> e esse é um <strong>do</strong>s compromissos que<br />

ele assume ao realizar o exame, além de cumprir programa de<br />

educação continuada para que tenha sua certificação renovada<br />

após <strong>do</strong>is anos.<br />

RI: O IBGC promoverá Curso de Certificação de<br />

Conselheiros, indicará instituições de educação ou<br />

deixará a preparação por livre escolha <strong>do</strong> candidato ao<br />

selo de certificação?<br />

Whitaker: O IBGC realizará acor<strong>do</strong> com instituições de ensino que<br />

oferecerão créditos para o candidato, mas o processo da educação<br />

continuada não termina com os cursos, envolve, também, artigos,<br />

palestras, considera<strong>do</strong>s importantes para a educação continuada.<br />

RI: Caso haja a constatação de que o conselheiro deixou<br />

de ter eleva<strong>do</strong> padrão de conduta, qual será a punição?<br />

Alberto Whitaker: O candidato deve aderir ao Código de Conduta<br />

<strong>do</strong> Instituto, que é muito claro com relação às atitudes inadequadas.<br />

Se houver a constatação de desvio de conduta, a pessoa será excluída,<br />

e perderá o selo “Conselheiro Certifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> IBGC”.<br />

Abril 2009<br />

REVISTA RI<br />

53


DISCLOSURE<br />

WEllS FArGO: destaque em RI<br />

O banco Wells Fargo<br />

conquistou a maioria <strong>do</strong>s<br />

prêmios da 14ª edição <strong>do</strong><br />

IR Magazine U.S. Awards<br />

2009, que destacou as melhores<br />

empresas e profissionais<br />

de Relações com Investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, em cerimônia de gala realizada no<br />

final de março em Nova York. Além <strong>do</strong> Grand<br />

Prix <strong>do</strong> Melhor Programa de RI para uma empresa<br />

“mega-cap”, o Wells Fargo foi também<br />

premia<strong>do</strong> nas categorias Melhor Executivo<br />

de RI (Bob Strickland), Melhor Governança<br />

GUIDANCE NA bErlINDA<br />

De acor<strong>do</strong> com destaca<strong>do</strong>s profissionais<br />

de investimentos reuni<strong>do</strong>s<br />

recentemente num seminário<br />

da IR Society <strong>do</strong> Reino<br />

Uni<strong>do</strong>, as empresas devem ter<br />

bastante cautela ao oferecerem<br />

guidance para o merca<strong>do</strong>.<br />

Os debate<strong>do</strong>res concordaram<br />

que na atual conjuntura o importante<br />

para uma boa comunicação<br />

é a<strong>do</strong>tar estimativas<br />

conserva<strong>do</strong>ras. Segun<strong>do</strong> o chefe<br />

da pesquisa da Insight, Investment,<br />

Nick Anderson: “As<br />

pessoas não vão penalizá-lo se<br />

54 REVISTA RI<br />

Abril 2009<br />

você levantar as mão e disser,<br />

eu simplesmente não sei. Oferecer<br />

uma má orientação (guidance)<br />

acaba se voltan<strong>do</strong> contra<br />

a empresa; e isso não vale<br />

a pena”. Jennifer Walmsley,<br />

diretora <strong>do</strong> gigante fun<strong>do</strong> Hermes<br />

concor<strong>do</strong>u: “Os investi<strong>do</strong>res<br />

devem se esforçar mais para<br />

entenderem melhor as empresas<br />

e parar de serem orienta<strong>do</strong>s por<br />

elas”. “Querer um guidance é,<br />

de várias formas, um sintoma de<br />

preguiça por parte <strong>do</strong>s analistas<br />

e investi<strong>do</strong>res”, acrescentou An-<br />

Corporativa, Melhor Comunicação com o<br />

Merca<strong>do</strong> de Varejo, e Melhor Relações com<br />

Investi<strong>do</strong>res em Fusões e Aquisições (Wachovia).<br />

“De acor<strong>do</strong> com os analistas e investi<strong>do</strong>res, em<br />

busca de transparência e confiança no meio de<br />

uma grave crise financeira, o Wells Fargo foi<br />

considera<strong>do</strong> o rei da selva”, disse Neil Stewart,<br />

editor executivo da IR Magazine. Os demais<br />

prêmios foram atribuí<strong>do</strong>s a empresas como a<br />

Texas Instruments, Humana, First Horizon<br />

National Corp. e Continental Airlines. A relação<br />

completa <strong>do</strong>s premia<strong>do</strong>s está disponível no<br />

website: www.irmagazineus.com.<br />

derson. Os investi<strong>do</strong>res concordam<br />

que as empresas deveriam<br />

evitar a oferta de guidance na<br />

forma generalizada como é praticada<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. “Não<br />

queremos uma situação onde se<br />

o guidance não for atingi<strong>do</strong>, os<br />

preços das ações despencam”,<br />

disse Andrew Fairnington, diretor<br />

de vendas institucionais <strong>do</strong><br />

UBS. Para ele os investi<strong>do</strong>res<br />

estão muito preocupa<strong>do</strong>s com os<br />

passivos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s de pensões e<br />

os vencimentos das dívidas e das<br />

suas relações com os bancos.


“YOU TUBE” pArA WAll STrEET<br />

A Thomson Reuters anunciou recentemente<br />

o breve lançamento de um<br />

canal de video online para profissionais<br />

de finanças, que mostrará as<br />

notícias e a inteligência de merca<strong>do</strong><br />

produzi<strong>do</strong> por ela, assim como com o<br />

conteú<strong>do</strong> de terceiros. Nos últimos<br />

meses a empresa contratou mais de<br />

100 profissionais experientes, de firmas<br />

como CNN, CNBC e BBC, que<br />

trabalharão com a já existente legião<br />

de jornalistas e analistas da Thomson<br />

Reuters, e de outros parceiros externos,<br />

para apresentar novas formas de<br />

trabalho nas telas. A empresa opera-<br />

rá de seus novos estúdios em Hong<br />

Kong, Londres e Nova York, usan<strong>do</strong><br />

câmeras em cada bureau de noticiais.<br />

Segun<strong>do</strong> Michael Stepanovich, editor<br />

chefe <strong>do</strong> projeto, o produto deverá<br />

ser lança<strong>do</strong> no próximo mês de junho<br />

e será diferente de tu<strong>do</strong> o que existe<br />

atualmente no merca<strong>do</strong>, inclusive<br />

disponibilizan<strong>do</strong> ferramentas que permitirão<br />

a pesquisa no vídeo a partir de<br />

nomes ou palavras-chaves relacionadas<br />

ao conteú<strong>do</strong>, atuan<strong>do</strong> tanto como<br />

um produto como uma plataforma. A<br />

Thomson Reuters informou estar investin<strong>do</strong><br />

US$ 1 bilhão no projeto.<br />

rEG FD volta com força<br />

Durante uma recente reunião promovida pela IR Magazine em Palo Alto,<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, um conferencista previu uma onda de exigências da Regulation<br />

Fair Disclosure e preveniu os RIs a serem especialmente cuida<strong>do</strong>sos<br />

nos intervalos das conferências com investi<strong>do</strong>res, que funcionam como as<br />

“salas de banho” <strong>do</strong> disclosure seletivo”. Entretanto, os mais de 50 executivos<br />

de RI convida<strong>do</strong>s para o evento acharam que não devem evitar as reuniões<br />

one-on-one, os almoços e os encontros com analistas e investi<strong>do</strong>res, que<br />

representam o “feijão-com-arroz” das relações com investi<strong>do</strong>res. O consenso<br />

foi firmemente contra qualquer esfriamento nas relações com investi<strong>do</strong>res.<br />

“Durante a crise, é quan<strong>do</strong> os investi<strong>do</strong>res mais precisam das nossas<br />

mãos. Esse é o momento em que as empresas devem ir para o merca<strong>do</strong>, se<br />

esforçan<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que nunca”, disse um profissional de investimentos. O<br />

corte de 360 mil postos de trabalho nos bancos e a redução de 40% no número<br />

de analistas seniors sell-side nos últimos 12 meses, de acor<strong>do</strong> com a<br />

Integrity Research, impactam sobre a quantidade e qualidade da pesquisa<br />

sell-side e ressaltam o seu papel de propiciar acesso às empresas para os<br />

investi<strong>do</strong>res institucionais. Segun<strong>do</strong> Steve Lackey, diretor de RI <strong>do</strong> Bank of<br />

New York Mellon, o valor atribuí<strong>do</strong> pelo buy side hoje não é necessariamente<br />

nos modelos usa<strong>do</strong>s pelos analistas sell-side, mas sim na sua capacidade<br />

de trazerem os administra<strong>do</strong>res das empresas para o buy-side.<br />

Líder mundial na distribuição de notícias empresariais<br />

para mídia, comunidade financeira e investi<strong>do</strong>res individuais.<br />

www.prnewswire.com.br<br />

ADrs<br />

Cotações DATA BASE: 01/04/2009<br />

Emissores – Níveis II e III Merca<strong>do</strong> Símbolo Volume Última<br />

Ambev (Pref.) NYSE ABV 543,800 49.14<br />

Ambev (Ord.) NYSE ABV.C 5,600 40.45<br />

Aracruz Celulose NYSE ARA 367,200 6.98<br />

Banco Bradesco NYSE BBD 7,661,900 10.45<br />

Banco Itaú Holding NYSE ITU n.a. n.a.<br />

Brasil Telecom NYSE BTM 65,100 17.38<br />

Brasil Telecom Part. NYSE BRP 188,100 38.08<br />

Braskem NYSE BAK 140,500 4.35<br />

Cemig NYSE CIG 2,107,200 15.79<br />

Cia. Bras. Distribuição NYSE CBD 257,800 28.03<br />

Copel NYSE ELP 416,200 10.96<br />

CPFL Energia NYSE CPL 142,800 41.95<br />

CSN NYSE SID 4,168,600 15.50<br />

Eletrobras NYSE EBR 502,500 11.68<br />

Embraer NYSE ERJ 697,800 14.32<br />

Gafisa NYSE GFA 304,300 10.91<br />

Gerdau NYSE GGB 7,538,600 5.89<br />

Gol Linhas Aéreas NYSE GOL 300,800 2.86<br />

Net Serviços NASDAQ NETCD 480,300 7.54<br />

Perdigão NYSE PDA 331,300 25.60<br />

Petrobrás (Ord.) NYSE PBR 19,925,500 32.19<br />

Petrobrás (Pref.) NYSE PBRA 8,629,900 25.64<br />

Sabesp NYSE SBS 476,200 22.96<br />

Sadia NYSE SDA 472,400 4.19<br />

Tam NYSE TAM 658,200 5.63<br />

Tele Norte Celular Part. NYSE TCN n.a. n.a.<br />

Tele Norte Leste Part. NYSE TNE 1,410,600 14.31<br />

Telecomunicações de S.P. NYSE TSP 159,000 21.28<br />

Telemig Celular Part. NYSE TMB 36,600 35.62<br />

Tim Participações NYSE TSU 863,000 12.49<br />

Ultrapar NYSE UGP 131,000 24.30<br />

Unibanco NYSE UBB n.a. n.a.<br />

Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Pref.) NYSE RIOPR 9,979,900 11.93<br />

Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Ord.) NYSE RIO 24,850,200 13.82<br />

Vivo Participações NYSE VIV 2,246,300 13.50<br />

Votorantim Celulose NYSE VCP 847,400 4.92<br />

Fonte: The Bank of New York (www.adrbny.com).<br />

Emissores – Nível I (OTC) e Regra 144A (PORTAL)<br />

Acesita-Pref (ACAHY) / Acesita-Ord (ACABY) / AES Tietê-Pref<br />

(CDEOY) / AES Tietê-Ord (CDEEY) / ALL Logística (AALQY) /<br />

Alpargatas-Pref (SAANY) / Alpargatas-Ord (SAALY) / Belgo<br />

Mineira (CSBMY) / Bombril (BMBBY) / Brazil Realty-Pref (BZEXF)<br />

/ Brazil Realty-Ord (BZEXY) / Celesc (CEDWY) / Cemig-Ord<br />

(CEMFF) / Cesp-Pref (CESQY) / Cesp-Ord (CSQSY) / Cia. Força e<br />

Luz Cataguazes-Pref (CFLPY) / Cia. Força e Luz Cataguazes-Ord<br />

(CFLCY) Cia. Suzano (CSZPY) / Cia. Transmissão Paulista-Pref<br />

(CTPZY) / Cia. Transmissão Paulista-Ord (CTPTY) / Copel-Ord<br />

(ELPVY) / Coteminas (CDDMY) / CST (CSTBY) / Diagnosticos<br />

da América S.A. (DAMRY) / Duke Energy-Pref (DEIPY) / Duke<br />

Energy-Ord (DEIWY) / Eletrobrás-Pref (CAIGY) / Eletrobrás-Com<br />

(CAIFY) / Eucatex (ECTXY) / Globex (GBXPY) / Iochpe (IOCJY) /<br />

Klabin (KLBAY) / Paranapanema (PNPPY) / Rossi Residencial<br />

(RSRZY) / Saraiva-Pref (SVLSY) / Saraiva-Ord (SVLOY) / Suzano<br />

Petroquímica (SUZPY) / Telefônica Data (TDBPY) / Tractebel-<br />

Pref (TBLGY) / Tractabel-Ord (TBLEY) / Usiminas (USNZY) /<br />

NOTA: Os ADRs são classifica<strong>do</strong>s em diferentes níveis: Nível I (Merca<strong>do</strong><br />

de Balcão – OTC), Nível II (Registro em Bolsa), Nível III (Oferta<br />

Pública em Bolsa) e Regra 144 A (Oferta Privada - com negociação<br />

restrita à investi<strong>do</strong>res institucionais qualifica<strong>do</strong>s – PORTAL).<br />

rEVISTA<br />

Março 2009<br />

rI<br />

Para maiores informações entre em contato com a PR Newswire no tel.: (11) 2504-5128.<br />

53


OPINIÃO<br />

OS ÓRGÃOS<br />

REGULADORES<br />

E A CRISE<br />

por Leslie Amen<strong>do</strong>lara*<br />

Dentre os vários objetivos da criação desse órgão especializa<strong>do</strong> estava<br />

coibir fraudes, com poderes de policia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> punir os infratores,<br />

obrigar o registro de toda emissão pública de valores mobiliários,<br />

regular os merca<strong>do</strong>s através de normas cogentes e, em especial, exigir<br />

amplo disclosure (leia-se transferência) <strong>do</strong>s atos e fatos ocorri<strong>do</strong>s nas empresas<br />

listadas que pudessem influenciar na cotação das ações.<br />

Enfim, aquele merca<strong>do</strong> totalmente livre de fiscalização passava a ser vigia<strong>do</strong>,<br />

no bom senti<strong>do</strong>, para impedir que os investi<strong>do</strong>res não fossem lesa<strong>do</strong>s em<br />

suas aplicações. Os xerifes, como ficaram conheci<strong>do</strong>s deste então os órgãos<br />

regula<strong>do</strong>res, passaram a ser uma garantia para os acionistas minoritários<br />

que, graças ao prestigio e honestidade <strong>do</strong>s regula<strong>do</strong>res, sentiam-se protegi<strong>do</strong>s.<br />

Inúmeros exemplos de severas punições de frauda<strong>do</strong>res ocorreram e<br />

ficaram conhecidas <strong>do</strong> público ao longo <strong>do</strong>s anos, inclusive, entre nós.<br />

Seguro de que os olhos <strong>do</strong> xerife, tu<strong>do</strong> viam certamente os aplica<strong>do</strong>res<br />

podiam ficar tranqüilos com as mirabolantes arquiteturas matemáticas,<br />

elaboradas nos laboratórios <strong>do</strong>s Hedge Funds; e as máquinas de fabricar<br />

tenta<strong>do</strong>res produtos financeiros.<br />

De repente uma tormenta passou a assolar as Bolsas Mundiais e fraudes<br />

gigantescas surgiram das sombras, como a deste senhor Ma<strong>do</strong>ff.<br />

Começou, então a derreter-se toda alavancagem financeira gera<strong>do</strong>ra de<br />

sonhos e ganhos fictícios. Bancos sóli<strong>do</strong>s escondiam, sob formas atraentes,<br />

operações complexas cujo entendimento era difícil até mesmo para<br />

experimenta<strong>do</strong>s homens <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> corrobora<strong>do</strong> pelas agências<br />

de rating e uma imprensa, dita especializada que, sem aprofundar suas<br />

análises, alimentava a euforia que se revelou depois funesta.<br />

Os gestores, <strong>do</strong> alto de sua empáfia e com onisciência abocanhavam bônus<br />

milionários sobre lucros fictícios, antes que a festa acabasse.<br />

A pergunta tornou-se, então, inevitável: e os Órgãos Regulatórios aonde estavam<br />

que não viram as manipulações e irregularidades? Porque não perceberam,<br />

se lhes incumbia fiscalizar e auditar empresas e fun<strong>do</strong>s especula<strong>do</strong>res?<br />

56 REVISTA RI Abril 2009<br />

Depois da catástrofe de 1929,<br />

amaina<strong>do</strong> o aturdimento geral, foram<br />

editadas as leis regulatórias <strong>do</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>s de capitais americanos de<br />

1933 a 1934. Uma delas criava a SEC<br />

(Securities Exchange Commission)<br />

cujo modelo foi depois copia<strong>do</strong> em<br />

to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, inclusive no Brasil em<br />

1976, através da Lei 6.386/76.<br />

Uma das respostas mais aterra<strong>do</strong>ras é de que, independente de possível<br />

negligência ou conivência, não entendiam bem o funcionamento <strong>do</strong>s<br />

mecanismos <strong>do</strong>s negócios, cujos modelos matemáticos eram segre<strong>do</strong>s<br />

de poucos. Em artigo, recentemente publica<strong>do</strong> em jornal especializa<strong>do</strong>,<br />

Timothy Aschi comenta: “é que pessoas envolvidas, banqueiros, entidades<br />

regula<strong>do</strong>ras, políticos, jornalistas, não viam nem compreendiam<br />

exatamente o que estava acontecen<strong>do</strong>.”<br />

Outros, conscientes mas desonestos, agiram como nos bons tempos da<br />

conquista <strong>do</strong> oeste americano: deixa os bandi<strong>do</strong>s desbravarem primeiro,<br />

depois mandaremos os xerifes .... Pessoas que perderam grande parte de<br />

seu patrimônio procuram agora advoga<strong>do</strong>s e querem responsabilizar to<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>. Como diziam os velhos romanos Fraus omnia corrumpit (a fraude<br />

tu<strong>do</strong> corrompe), queren<strong>do</strong> com isso expressar que, em determinadas<br />

situações, é tão grande o descontrole e a fraude que to<strong>do</strong>s são culpa<strong>do</strong>s.<br />

A impostura impingida ao público pelos falsos profetas de que não haveria<br />

risco nas operações talvez tenha si<strong>do</strong> a mais grave de todas as mentiras,<br />

porque, na maioria <strong>do</strong>s casos, a receita era de um bolo <strong>do</strong>ce, que<br />

se revelou amargo e eles sabiam. Uma mentira repetida continuamente<br />

acaba viran<strong>do</strong> uma verdade dizia Goebels o criminoso e sinistro ministro<br />

da propaganda de Hitler.<br />

E agora José? Esperemos que a próxima receita da regulação traga em<br />

seu bojo novos valores e que coíbam também não apenas a fraude mas a<br />

ambição desenfreada se quiserem restabelecer a confiança nos investi<strong>do</strong>res<br />

e permitir que o merca<strong>do</strong> continue a existir.<br />

(*) LESLIE AMENDOLARA, é advoga<strong>do</strong><br />

especialista em Merca<strong>do</strong> de Capitais.<br />

(leslie@forumcebefi.com.br)

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