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LIDERANÇA:<br />
UM PAPEL A SER EXERCIDO,<br />
NÃO UM CARGO<br />
GESTÃO DE RISCO<br />
COM A CRISE,<br />
QUAIS OS SETORES<br />
QUE MAIS, E QUE MENOS,<br />
PERDERAM<br />
NA BOLSA?<br />
UMA QUESTÃO DE<br />
UMA QUESTÃO DE<br />
GOVERNANÇA:<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
nº129<br />
FEV. 2009<br />
R$ 12,00<br />
INVESTIMENTOS,<br />
INOVAÇÃO E CRISE<br />
EMPRESAS HOLDINGS SÃO ICEBERGS DE DESTRUIÇÃO DE VALOR ECONÔMICO?<br />
www.revistari.com.br
REVISTA RI ©<br />
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de investimento. Os da<strong>do</strong>s e reportagens são apura<strong>do</strong>s com to<strong>do</strong> o rigor, porém<br />
não devem ser considera<strong>do</strong>s perfeitos e acima de falhas involuntárias.<br />
Os artigos assina<strong>do</strong>s são de responsabilidade exclusiva de seus autores.<br />
É proibida a reprodução desse volume, ou parte <strong>do</strong> mesmo, sob quaisquer<br />
meios, sem a autorização prévia e expressa da IMF Editora.<br />
REVISTA RI nº 129 • Fevereiro 2009<br />
04<br />
08<br />
14<br />
16<br />
20<br />
24<br />
32<br />
36<br />
40<br />
44<br />
48<br />
52<br />
54<br />
56<br />
Merca<strong>do</strong> de capitais:<br />
CoM A CRISE, quAIS oS SEtoRES quE MAIS,<br />
E quE MEnoS, PERDERAM nA BolSA?<br />
Por Eduar<strong>do</strong> Tomiya<br />
Gestão de risco:<br />
InVEStIMEntoS, InoVAção E CRISE<br />
Por Adriano Lima<br />
BrandinG:<br />
o BoM, o BElo E o BARAto<br />
Por Rodrigo Rodrigues<br />
Liderança:<br />
lIDERAnçA: uM PAPEl A SER ExERCIDo, não uM CARGo<br />
Por Carlos Cruz<br />
Merca<strong>do</strong> GLoBaL:<br />
o quE A CoRéIA PRECISA:<br />
uMA BoA GoVERnAnçA CoRPoRAtIVA<br />
Por Nicholas Bratt<br />
enfoque:<br />
PRoGRAMAS DE RI PARA títuloS DE REnDA FIxA<br />
Por William F. Mahoney<br />
Governança & Merca<strong>do</strong>:<br />
EMPRESAS HolDInGS São ICEBERGS<br />
DE DEStRuIção DE VAloR?<br />
Por Mônica Mansur Brandão<br />
sustentaBiLidade:<br />
GoVERnAnçA: uMA quEStão DE SuStEntABIlIDADE<br />
Por Roberto Gonzalez<br />
destaque:<br />
AGoStInHo FARIA CARDoSo<br />
SUPERINTENDENTE DE RI DA CEMIG<br />
Por Ana Borges<br />
fato reLevante:<br />
CoDIM oRIEntA CoMPAnHIAS SoBRE Ato E FAto RElEVAntE<br />
Por Giovanna Zanarolli e Jennifer Almeida<br />
iBri notícias:<br />
CARtA Do <strong>IBRI</strong> SoBRE A CRISE GloBAl<br />
consuLtoria:<br />
IntElIGênCIA DE MERCADo: uSE A SEu FAVoR<br />
Por Paulo Henrique Praes<br />
discLosure:<br />
CHInA: InVEStIDoRES PREoCuPADoS CoM A GoVERnAnçA<br />
opinião:<br />
to BRAnD oR not to BRAnD: EIS A quEStão!<br />
Por Jeaninne Carvalho Mettes<br />
www.revistari.com.br • e-mail: ri@imf.com.br
MERCADO DE CAPITAIS<br />
COM A CRISE,<br />
QUAIS OS SETORES<br />
QUE MAIS, E QUE MENOS,<br />
PERDERAM<br />
NA BOLSA?<br />
4 REVISTA RI Fevereiro 2009
A BA BrandAnalytics Consultoria, selecionou uma lista com as cinqüenta<br />
mais valiosas empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo.<br />
A partir daí, classificou em setores da economia e acompanhou, a partir<br />
de 31 de Março de 2008 até 12 de Dezembro de 2008, o valor <strong>do</strong>s<br />
preços das ações, antes e durante a crise financeira mundial.<br />
Abordagem<br />
O objetivo deste estu<strong>do</strong> é entender o comportamento <strong>do</strong>s setores mais<br />
importantes que compõe o Ibovespa. A seguir ilustramos a composição<br />
<strong>do</strong> índice ten<strong>do</strong> como base a data de 31 de Março de 2008.<br />
Comportamento <strong>do</strong> Ibovespa<br />
Variação acumulada em relação a 31 de Março de 2008<br />
30%<br />
20%<br />
10%<br />
0%<br />
-10%<br />
-20%<br />
-30%<br />
-40%<br />
-50%<br />
-60%<br />
30 Abr/08<br />
31 Mai/08<br />
30 Jun/08<br />
31 Jul/08<br />
31 Ago/08<br />
15 Set/08<br />
30 Set/08<br />
22 Out/08<br />
14 Nov/08<br />
12 Dez/08<br />
Quan<strong>do</strong> observamos a composição <strong>do</strong> Ibovespa nesta data,<br />
verificamos que as empresas fortemente dependen-tes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
exterior, seja por serem exporta<strong>do</strong>ras de produtos ou dependentes de<br />
preços internacionais (Petróleo, commodities, etc.), representam,<br />
em valor, aproximadamente 43% das 50 maiores empresas<br />
listadas no Ibovespa. O que valida um pouco a hipótese de que,<br />
em geral, um <strong>do</strong>s motivos pelos quais a bolsa caia, era porque<br />
o Ibovespa estava bastante calca<strong>do</strong> em empresas dependentes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> externo. Como a crise afetou estes merca<strong>do</strong>s,<br />
fatalmente atingiria também estas empresas; afetan<strong>do</strong>, portanto o<br />
por Eduar<strong>do</strong> Tomiya*<br />
Composição da carteira analisada<br />
A base ou a representatividade em Valor de merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s setores, no<br />
Ibovespa, é ilustrada a seguir para 12 de Dezembro de 2008:<br />
1%<br />
21%<br />
14%<br />
2%<br />
2%<br />
5%<br />
1%<br />
7% 0%<br />
0% 1% 1%<br />
9%<br />
9%<br />
27%<br />
Construção<br />
0%<br />
Papel e Celulose<br />
1%<br />
Cosméticos<br />
1%<br />
Telecomunicações<br />
9%<br />
Bancos e<br />
Segura<strong>do</strong>ras<br />
27%<br />
Energia Elétrica<br />
9%<br />
Fumo<br />
0%<br />
Alimentos e Bebidas<br />
7%<br />
Fevereiro 2009<br />
Transporte (cia aéreas<br />
e logística)<br />
2%<br />
Varejo<br />
2%<br />
Petróleo e Gás<br />
21%<br />
Indústria aeroespacial<br />
1%<br />
Mineração<br />
14%<br />
Siderurgia & Metalurgia<br />
5%<br />
Química<br />
1%<br />
Ibovespa. Parcialmente, isto era correto, mas e em relação às demais<br />
empresas que nada tinham a ver com as exportações: como, por<br />
exemplo, o segmento de energia elétrica no Brasil ou até mesmo o<br />
segmento de Instituições financeiras no Brasil? Também sentiram<br />
o mesmo efeito?<br />
Para responder estas questões, a BA BrandAnalytics avaliou qual foi<br />
o resulta<strong>do</strong> da evolução <strong>do</strong>s preços das ações das carteiras, compostas<br />
por empresas <strong>do</strong>s setores de atuação, de 31 de Março de 2008 até<br />
12 de Dezembro de 2008. Os resulta<strong>do</strong>s são ilustra<strong>do</strong>s a seguir:<br />
REVISTA RI<br />
5
MERCADO DE CAPITAIS<br />
VARIAçãO DO VAlOR DE MERcADO DAs EMpREsAs DOs sETOREs<br />
(em relação a 31 de março de 2008)<br />
20%<br />
10%<br />
0%<br />
-10%<br />
-20%<br />
-30%<br />
-40%<br />
-50%<br />
-60%<br />
-70%<br />
Cosmésticos<br />
Telecomunição<br />
Bancos e Seguros<br />
6 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
Energia Elétrica<br />
Alimentos<br />
Transporte<br />
Série1 20% -9% -11% -12% -20% -23% -33% -34% -39% -43% -50% -51% -52% -59% -69%<br />
Alguns pontos podem ser resulta<strong>do</strong>s de nossa análise:<br />
1. Exceção ao segmento de cosméticos, to<strong>do</strong>s os segmentos em geral<br />
tiveram os preços de suas ações diminuí<strong>do</strong>s em relação à Março de 2008.<br />
Mesmo assim, cabe ressaltar que o segmento de cosméticos é represen<br />
ta<strong>do</strong> por uma única empresa, a Natura. Ou seja, to<strong>do</strong>s os setores foram<br />
prejudica<strong>do</strong>s com a crise, alguns mais e outros menos.<br />
2. Os segmentos de Telecomunicações, Energia Elétrica, Fumo e Ali<br />
mentos e Bebidas, tiveram uma perda menor que a média (O Ibovespa<br />
perdeu em média 35%). Isto pode ser justifica<strong>do</strong>, por conta destas em<br />
presas terem seus resulta<strong>do</strong>s bastante foca<strong>do</strong>s em merca<strong>do</strong>s locais e que<br />
aparentemente não sofreram uma retração momentânea; ou seja, apa<br />
rentemente no curto prazo, ninguém deixou de utilizar energia elétrica,<br />
telefone, se alimentar e até mesmo fumar.<br />
3. O segmento de Instituições Financeiras, também mostrou que perdeu<br />
menos que o Ibovespa, mesmo ten<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> inteiro viven<strong>do</strong> uma crise<br />
principalmente em instituições financeiras. Também foi um segmento,<br />
assim como os menciona<strong>do</strong>s no item 2 , submeti<strong>do</strong> à uma competição de<br />
larga data, e com empresas com marcas muito fortes e bem posicionadas.<br />
4. Aparentemente os segmentos mais concentra<strong>do</strong>s, em commodities<br />
ou empresas B2B, sofreram maiores perdas. No entanto, o destaque<br />
negativo foi para o segmento de papel de celulose, que além da perda<br />
em função <strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> setor, também foi prejudica<strong>do</strong>; pois, algumas<br />
das principais empresas estiveram envolvidas com perdas significativas<br />
em merca<strong>do</strong>s de derivativos.<br />
Fumo<br />
Varejo<br />
Petróleo e Gas<br />
Indústria<br />
Aeroespacial<br />
Mineração<br />
Siderurgia &<br />
Metalurgia<br />
Observamos que a crise afeta, de maneira bastante distinta, os<br />
segmentos de atuação e, que mais que nunca, o Brasil cada vez<br />
mais prova sua força, pois algumas empresas podem chegar ao fi<br />
nal <strong>do</strong> ano a uma perda bastante reduzida. Isto mostra uma econo<br />
mia, cujos princípios estão cada vez mais fortes; pois, em tempos<br />
atrás, uma crise global como esta destruía o valor <strong>do</strong> acionista e as<br />
perdas poderiam ser dramáticas.<br />
Sim, estamos em crise, ela chegou e 2009 aparentemente não será<br />
um ano fácil. Porém, como mostra este estu<strong>do</strong>, existem setores que<br />
mais rapidamente se recuperarão, e que os efeitos, para algumas em<br />
presas/setores no Brasil, estão longe de serem compara<strong>do</strong>s a outras<br />
crises anteriores (que até mesmo no mun<strong>do</strong> foram bem menos graves<br />
que a atual). Estamos, portanto colhen<strong>do</strong> alguns frutos de um avanço<br />
no merca<strong>do</strong> de capitais.<br />
Química<br />
Construção<br />
Papel e Celulose<br />
(*) EDUARDO TOMIYA<br />
é Engenheiro, Mestre, Phd (ABD)<br />
em Engenharia de Produção da<br />
Escola Politécnica da USP. É Sócio<br />
Funda<strong>do</strong>r da BA - BrandAnalytics<br />
Consultoria de Marcas.<br />
É, ainda, professor de branding<br />
na FAAP, FGV, INPI, Rio Branco.<br />
(eduar<strong>do</strong>.tomiya@brandanalytics.com.br)
GESTÃO DE RISCO<br />
InvestImentos,<br />
&<br />
InoVAção<br />
Ino<br />
cRISE c<br />
8 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
por Adriano Lima*
“Logo ce<strong>do</strong> o diretor chega na empresa e marca uma reunião de<br />
urgência com to<strong>do</strong>s os gerentes. Está preocupa<strong>do</strong> com as últimas<br />
notícias que ouvira no rádio, a caminho <strong>do</strong> trabalho, sobre<br />
a crise internacional.<br />
O discurso de abertura é sincero: “Precisamos nos mobilizar<br />
para vencer a crise!!! Precisamos de soluções inova<strong>do</strong>ras para<br />
superar as expectativas <strong>do</strong>s nossos clientes!!!”. O diretor está<br />
bastante alinha<strong>do</strong> com as últimas tendências em administração<br />
de empresas e, após ler alguns livros e revistas, tem a total convicção<br />
de que realmente a inovação é a melhor forma de superar<br />
a crise. As justificativas são claras: “Se quisermos nos destacar<br />
não podemos seguir a manada, temos que ir para outra direção”,<br />
“Só haverá espaço para quem se adaptar rapidamente”.<br />
To<strong>do</strong>s os gerentes prontamente saem pela empresa divulgan<strong>do</strong>:<br />
“Precisamos inovar!”, “Sejam Inova<strong>do</strong>res!”, “Vocês precisam ter novas<br />
idéias!”. Investimentos são aprova<strong>do</strong>s, e projetos são inicia<strong>do</strong>s.<br />
Depois de três meses, de dezenas de sessões de brainstorming<br />
e de milhares de reais, os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s são pífios. Das<br />
idéias geradas, poucas foram implementadas e, destas, quase<br />
nenhuma gerou resulta<strong>do</strong> considerável. Uma avaliação das idéias<br />
mostra que quase a totalidade era baseada em soluções já conhecidas<br />
no dia-a-dia da empresa e não traziam vantagens competitivas<br />
ou, até mesmo, nem podiam ser consideradas idéias novas.<br />
Frente aos resulta<strong>do</strong>s, o diretor e a gerência decidem que o melhor<br />
a fazer é esperar a crise passar e anunciam cortes de gastos<br />
e investimentos. Poucos meses depois, um concorrente se destaca<br />
e a empresa entra em crise, funcionários são demiti<strong>do</strong>s e um<br />
clima de terror se instala na empresa. O diretor lamenta até hoje<br />
os investimentos desperdiça<strong>do</strong>s.”<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
9
GESTÃO DE RISCO<br />
Histórias como essa são comuns, a diretoria bem informada e alinhada<br />
com as tendências estratégicas decide agir frente à crise e buscar uma<br />
diferenciação em relação aos concorrentes. A ordem de inovar é lançada<br />
e investimentos são aprova<strong>do</strong>s. As pessoas se esforçam para ter idéias<br />
brilhantes e seções de brainstorming são realizadas freqüentemente.<br />
Pouco tempo depois, a sensação é de que o esforço e os investimentos<br />
foram em vão. A partir daquele momento, a empresa passa a assumir<br />
uma posição de cautela frente a qualquer indício de crise com me<strong>do</strong><br />
de que a mesma história se repita. Será que o diretor estava correto em<br />
investir durante a crise?<br />
Por que investir durante uma crise?<br />
Uma das características naturais <strong>do</strong>s seres humanos é fugir com o coletivo<br />
em situações de perigo eminente, como em um incêndio. Esta<br />
característica também pode ser observada no merca<strong>do</strong> de ações quan<strong>do</strong><br />
as pessoas começam a vender suas posições somente porque as outras<br />
estão venden<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> a chamada bola de neve. Em momentos de<br />
crise, a situação se repete quan<strong>do</strong> se fala em investimentos em inovação.<br />
É comum empresas desistirem de um projeto que lhe traria um<br />
ganho substancial com o argumento de que houve cortes de gastos seguin<strong>do</strong><br />
a tendência <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> na realidade, este cenário de<br />
pessimismo coletivo pode representar um trampolim para aqueles que<br />
pensarem diferente.<br />
A teoria da seleção natural de Charles Darwin diz que uma espécie<br />
se multiplica exponencialmente em um ambiente até que a escassez<br />
de recursos leva a uma competição acirrada, onde só os mais<br />
fortes sobrevivem. Em momentos de crise o merca<strong>do</strong> se comporta<br />
como o ambiente cita<strong>do</strong> por Darwin. Ocorre uma escassez de oportunidades,<br />
ou seja, um aumento de competitividade entre as empresas<br />
de mesma espécie. Esta competitividade leva a uma alta taxa<br />
de mortalidade daquelas menos adaptadas ao novo cenário. Assim<br />
como diz o trabalho de Charles Darwin, em um merca<strong>do</strong> em crise,<br />
apenas os competi<strong>do</strong>res mais fortes sobrevivem. Certamente, nestes<br />
momentos o merca<strong>do</strong> pode ser cruel com aqueles que apenas<br />
esperarem o momento ruim passar.<br />
Quem estudar o comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ao longo das décadas poderá<br />
concluir que tende a seguir um ciclo previsível de perío<strong>do</strong>s de alto<br />
10 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
em um merca<strong>do</strong> em crise, apenas os<br />
competi<strong>do</strong>res mais fortes sobrevivem.<br />
certamente, nestes momentos o merca<strong>do</strong><br />
pode ser cruel com aqueles que apenas<br />
esperarem o momento ruim passar.<br />
crescimento e perío<strong>do</strong>s de crise. Esta tendência mostra que após uma<br />
crise ocorre um perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, segui<strong>do</strong> de um perío<strong>do</strong><br />
de crise e novamente um perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, etc. Como investimentos<br />
em inovação visam resulta<strong>do</strong>s a médio-longo prazo, quem<br />
investe durante uma crise provavelmente poderá usufruir deste investimento<br />
no próximo perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, e vice-versa. Assim,<br />
os perío<strong>do</strong>s de baixas vendas podem ser considera<strong>do</strong>s momentos de<br />
preparação para o próximo momento de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, que em<br />
breve virá.<br />
Outra característica de um momento de crise que o torna atraente<br />
para investimentos em inovação se refere à resistência <strong>do</strong>s funcionários<br />
a mudanças em seu dia-a-dia. Nestas ocasiões as pessoas<br />
ficam mais suscetíveis a aceitar mudanças propostas no seu cotidiano,<br />
desta forma, estes momentos seriam uma oportunidade excelente<br />
para a implementação de novas idéias e soluções dentro de<br />
uma empresa. Seria o inverso da mentalidade de que não se mexe<br />
em time que está ganhan<strong>do</strong>. A baixa resistência a mudanças internas<br />
pode aumentar a chance de um novo processo ou produto ter<br />
sucesso em uma empresa.<br />
erros comuns de quem investe em inovação<br />
Como foi visto na história inicial deste artigo, é comum casos de<br />
empresas que não alcançam os resulta<strong>do</strong>s planeja<strong>do</strong>s com seus investimentos<br />
em inovação. Na maioria destes casos, a decisão de<br />
investir é uma decisão correta, o erro cometi<strong>do</strong> é na forma como<br />
este investimento é realiza<strong>do</strong>.<br />
O primeiro desafio para uma empresa que busca se desenvolver é entender<br />
quais são os principais problemas que devem ser soluciona<strong>do</strong>s.
BRANDING<br />
o bom,<br />
o belo e o<br />
barato<br />
14 REVISTA RI Fevereiro 2009
Quem nunca tentou desenhar a sua própria marca? Ou fazer o seu próprio<br />
folder no Word com clipart? Ou misturou todas as letras <strong>do</strong> Power Point num<br />
único slide e achou o resulta<strong>do</strong> bem legal? Quem nunca pensou na facilidade<br />
que é retocar a foto da sogra no Photoshop? Quem nunca pediu laminação<br />
fosca, verniz localiza<strong>do</strong>, hot stamp e papel especial no seu relatório?<br />
Quem nunca se achou designer que atire a primeira pedra.<br />
por Rodrigo Rodrigues*<br />
Design exclusivo, design diferencia<strong>do</strong>,<br />
design inova<strong>do</strong>r, design irresistível são<br />
algumas das expressões exclamativas que<br />
geralmente acompanham um produto com<br />
preço maior <strong>do</strong> que os concorrentes. Da<br />
mesma forma acompanhamos atônitos<br />
o surgimento de novas profissões como<br />
"interior designer" (decora<strong>do</strong>r), food<br />
designer (cozinheiro), "nail designer"<br />
(manicure), "hair designer" (cabeleireiro)<br />
e até mesmo o improvável "designer de<br />
sobrancelhas". Experimente o poder e<br />
acrescente a palavrinha como sufixo <strong>do</strong> seu<br />
cargo e em breve registraremos a ocorrência<br />
<strong>do</strong> "account designer" (conta<strong>do</strong>r),<br />
"law designer" (advoga<strong>do</strong>) ou então o<br />
"designer de relações com investi<strong>do</strong>res".<br />
Estrangeirismos à parte, no espaço entre a<br />
tecnologia, a arte e o marketing, o design<br />
ganhou destaque nas últimas décadas pela<br />
promessa de um mun<strong>do</strong> melhor,<br />
mais bonito, mais acessível para to<strong>do</strong>s e<br />
lucrativo para poucos. Mas num mun<strong>do</strong><br />
onde to<strong>do</strong>s podem ser designers o design<br />
é realmente relevante?<br />
Um breve parágrafo sobre história: o<br />
design gráfico surge a partir da invenção<br />
da imprensa, no século XV - o livro foi o<br />
primeiro objeto produzi<strong>do</strong> em série, já o<br />
design de produto surge no século XIX<br />
decorrente da Revolução Industrial, sen<strong>do</strong><br />
o designer o profissional responsável<br />
pela concepção de objetos industriais. É<br />
importante observar que o design nasce<br />
liga<strong>do</strong> à lógica de produção, diferente da<br />
manifestação artesanal, ou artística, embora<br />
possa se apropriar destas linguagens<br />
em seus produtos. Quan<strong>do</strong> vemos um<br />
"objeto de design" vemos o resulta<strong>do</strong> de<br />
um pensamento, de uma inteligência,<br />
que abrange to<strong>do</strong> o processo produtivo<br />
e não apenas estético. A dualidade <strong>do</strong>s<br />
campos de conhecimento gráfico/visual<br />
versus produto, ainda observada hoje nas<br />
universidade, é revista no século XX após<br />
a invenção <strong>do</strong> cinema, da televisão, da<br />
internet e da mobilidade em geral - entram<br />
em cena o movimento, o som, a informação<br />
e a interatividade. Falamos em webdesign,<br />
design de interface, motion graphic design<br />
etc. E no século XXI surge o conceito de<br />
"branding", na interseção <strong>do</strong> pensamento<br />
estratégico entre o marketing e o design,<br />
quan<strong>do</strong> vamos além da programação<br />
visual chegan<strong>do</strong> até a definição da<br />
estratégia de marca.<br />
Novo século, novos desafios. Tecnologia,<br />
internet, massificação e pirataria. Para<br />
ser designer, alguns acreditam, basta um<br />
computa<strong>do</strong>r. Será que está mais fácil ser<br />
designer? Sim, se pensarmos apenas nos<br />
meios abundantes que temos hoje. Não,<br />
se formos além <strong>do</strong> superficial e enganoso<br />
prazer <strong>do</strong> belo como finalidade. Como<br />
resulta<strong>do</strong> de um processo histórico não<br />
podemos nos eximir de responder às<br />
questões que a atualidade propõe e que<br />
vão muito além de cores e formas, mas que<br />
envolvem processos, materiais, decisões<br />
e proposições. Cabe ao designer propor<br />
questões que abrangem uso de materiais<br />
recicláveis, recicla<strong>do</strong>s ou alternativos,<br />
novos ciclos de vida para produtos<br />
já existentes, novos produtos sequer<br />
pensa<strong>do</strong>s, e todas as palavras bonitas<br />
que empresas insistem em imprimir nos<br />
seus relatórios, em papéis recicla<strong>do</strong>s<br />
ou certifica<strong>do</strong>s, mesmo que não sejam<br />
coerentes com as suas práticas. Mais<br />
<strong>do</strong> que relevante, design, visto como<br />
o pensamento que ordena o processo<br />
produtivo, é fundamental.<br />
Cada vez mais os consumi<strong>do</strong>res cobram<br />
a responsabilidade das empresas, seja em<br />
seus produtos ou na sua comunicação, de<br />
estarem atentas não apenas ao desenho<br />
mas em como to<strong>do</strong> o processo de<br />
produção, embalagem e comunicação é<br />
conduzi<strong>do</strong> - estar atento a esta questão é<br />
ter a possibilidade de criar uma vantagem<br />
competitiva que irá certamente resultar<br />
em alguns ativos não tão intangíveis assim,<br />
como receita, credibilidade e participação<br />
no merca<strong>do</strong>. O design pode salvar o mun<strong>do</strong>?<br />
Sejamos realistas, o design não pode salvar<br />
o mun<strong>do</strong>, mas pode tornar a tarefa mais<br />
fácil e agradável. Não se trata de propor<br />
uma nova categoria de design "verde" ou<br />
"sustentável", mas de resgatar o pensamento<br />
questiona<strong>do</strong>r inerente ao processo - como<br />
podemos fazer melhor? Temos que<br />
responder a essa pergunta, senão a cada<br />
trabalho, diariamente.<br />
(*) RodRigo RodRigues<br />
é Diretor de Criação e Design da Selulloid AG<br />
(E-mail: rodrigo.rodrigues@selulloid.com)<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI 15
LIDERANÇA<br />
LIDERANÇA:<br />
UM PAPEL A SER EXERCIDO,<br />
NÃO UM CARGO<br />
16 REVISTA RI Fevereiro 2009
Um <strong>do</strong>s assuntos mais discuti<strong>do</strong>s dentro das organizações hoje é a<br />
Liderança. Após algumas transformações na maneira de se fazer gestão,<br />
amplian<strong>do</strong> o foco que antes estava restrito aos negócios para as pessoas<br />
e como elas podem e devem trabalhar, essa figura passou a ser o centro<br />
motiva<strong>do</strong>r de grandes conquistas, uma vez que é capaz de impulsionar o<br />
crescimento de outras pessoas e das empresas em que elas se encontram.<br />
Mas ainda temos que tomar cuida<strong>do</strong> para não interpretarmos de maneira<br />
errada o que vem a ser a liderança e como exercê-la de mo<strong>do</strong> positivo.<br />
por Carlos Cruz*<br />
Ao longo <strong>do</strong>s anos instituem-se, nas<br />
maiores empresas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, políticas<br />
de governança baseadas em estruturas<br />
verticais e sólidas. Isso fazia com que<br />
cada pessoa soubesse exatamente o que<br />
deveria fazer e quem eram as pessoas<br />
responsáveis por dar as ordens. A flexibilidade<br />
era muito baixa e os profissionais<br />
funcionavam como que em uma grande<br />
máquina, cuja velocidade de trabalho era<br />
ditada de cima para baixo.<br />
Hoje a situação é muito diferente, as pessoas<br />
dentro de uma organização assumem<br />
diversos papéis para conseguirem executar<br />
com sucesso suas tarefas. A verticalização<br />
deu espaço aos organogramas horizontais,<br />
que priorizam a intercomunicação entre<br />
as diferentes áreas de uma mesma empresa.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s não são mais vistos<br />
apenas como fruto da somatória <strong>do</strong>s bons<br />
desempenhos pessoais, é preciso que toda<br />
uma equipe se motive e conquiste objetivos<br />
comuns.<br />
Essa evolução trouxe mudanças em relação<br />
à forma de se gerenciar. Antes, se cada<br />
um era visto como um componente isola<strong>do</strong><br />
e responsável apenas por suas atividades,<br />
direciona<strong>do</strong> pela antiga figura <strong>do</strong> chefe,<br />
hoje, esse mesmo indivíduo faz parte de<br />
um verdadeiro time, com influência direta<br />
nos resulta<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s. Por isso, a figura<br />
<strong>do</strong> profissional centraliza<strong>do</strong>r foi substituída<br />
pelos líderes, capazes de interagir com<br />
uma série de indivíduos, estimulan<strong>do</strong>-os a<br />
obter os melhores resulta<strong>do</strong>s, da maneira<br />
mais colaborativa possível e ainda priorizan<strong>do</strong><br />
o auto-desenvolvimento.<br />
Como saber se posso<br />
ser um líder?<br />
Ao contrário <strong>do</strong> que muitos pensam, exercemos<br />
a liderança to<strong>do</strong>s os dias, em maior<br />
ou menor escala, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> perfil<br />
de cada indivíduo e da situação em que<br />
nos encontramos. Diferentemente <strong>do</strong> que<br />
acontecia no passa<strong>do</strong>, esse título não é<br />
concedi<strong>do</strong> pela empresa, ou seja, a liderança<br />
não representa um cargo, mas, sim,<br />
um papel a ser exerci<strong>do</strong>. Isso faz com que<br />
você possa liderar independentemente<br />
<strong>do</strong> seu status. Desde o mais simples funcionário<br />
até o presidente de uma multinacional,<br />
to<strong>do</strong>s têm a capacidade de fazer<br />
isso. O líder é aquele que facilita aos<br />
profissionais da sua equipe brilharem, se<br />
desenvolverem constantemente e, principalmente,<br />
perceberem a sua importância<br />
para o sistema onde estão inseri<strong>do</strong>s.<br />
Por isso, se deseja tornar-se um líder<br />
trabalhe muito, pague o preço e desenvolva<br />
suas competências. Sejam<br />
quais forem suas atribuições, alcance a<br />
excelência. Lembre-se que se você conseguir<br />
melhorar 1% a cada dia, no final<br />
<strong>do</strong> ano terá atingi<strong>do</strong> um índice de crescimento<br />
superior aos 300%. Com certeza<br />
isso será reconheci<strong>do</strong> pelo grupo e, conseqüentemente,<br />
pela empresa em que trabalha.<br />
Não se deixe guiar apenas pelo status<br />
e pelo poder que um cargo de liderança<br />
pode lhe trazer, já que esse não deve ser<br />
o objetivo de um profissional que exerce<br />
esse papel. Deseje, sim, ser uma pessoa<br />
capaz de realizar transformações em benefício<br />
de seus companheiros de trabalho<br />
e de sua empresa.<br />
Qual deve ser o foCo <strong>do</strong><br />
trabalho de um líder?<br />
Existem <strong>do</strong>is grandes focos de trabalho<br />
para um líder: nos resulta<strong>do</strong>s e nas pessoas.<br />
Você pode se perguntar qual é o<br />
melhor, correto? Bom, nesse caso minha<br />
resposta é simples, os <strong>do</strong>is! Como em outros<br />
aspectos de nossa vida, é importante<br />
mantermos o equilíbrio para obtermos<br />
sucesso. Quan<strong>do</strong> se persegue apenas os<br />
resulta<strong>do</strong>s, corremos o risco de deixarmos<br />
nossa equipe desmotivada e sem a<br />
atenção que devem receber. No caso contrário,<br />
quan<strong>do</strong> trabalhamos apenas para<br />
o bem estar de nossos companheiros de<br />
trabalho podemos deixar de atingir nossas<br />
metas. Por isso, o líder deve estar atento<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI 17
LIDERANÇA<br />
aos resulta<strong>do</strong>s e ao mo<strong>do</strong> como eles estão<br />
sen<strong>do</strong> conquista<strong>do</strong>s. Não podemos ter<br />
uma equipe que bate as metas to<strong>do</strong>s os<br />
meses, mas que não tem um bom relacionamento<br />
ou estão sempre em situações de<br />
desgaste emocional. O contrário também<br />
não é deseja<strong>do</strong>, um grupo de profissionais<br />
muito bem emocionalmente, mas que<br />
não gera conquistas e crescimento para<br />
a empresa. Portanto, é importante obter<br />
resulta<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
da equipe.<br />
Quais CompetênCias um<br />
líder deve ter?<br />
Acredito que para se tornar um bom líder<br />
é preciso desenvolver algumas competências,<br />
independentemente <strong>do</strong> cenário em<br />
que você pretende atuar. Por isso, analise<br />
como anda trabalhan<strong>do</strong> e reflita sobre<br />
os sete pontos que vou descrever abaixo,<br />
considera<strong>do</strong>s básicos:<br />
• Desenvolva a visão de curto, de<br />
médio e de longo prazo - O líder<br />
precisa ter uma visão de futuro atraente<br />
e realista, com parâmetros bem defini<strong>do</strong>s<br />
para a questão <strong>do</strong>s números. Assim,<br />
ele poderá inspirar e mobilizar a equipe<br />
por meio <strong>do</strong> compartilhamento de suas<br />
expectativas e as formas de alcançá-las;<br />
• Oriente-se para resulta<strong>do</strong>s em<br />
equipe - Além de ter uma visão futura<br />
bem definida, é necessário criar estratégias<br />
que envolvam as pessoas para<br />
o alcance de resulta<strong>do</strong>s extraordinários.<br />
Muitos profissionais em cargo de liderança<br />
falham com a equipe por dedica-<br />
18 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
rem a sua atenção apenas com meto<strong>do</strong>logias<br />
e números, esquecen<strong>do</strong>, assim, <strong>do</strong><br />
desenvolvimento de competências;<br />
• Tenha bom senso de realidade -<br />
O líder tem que perceber que a equipe,<br />
os desafios, a empresa, os clientes e o<br />
merca<strong>do</strong> nunca são e nem serão como<br />
ele gostaria que fosse. Portanto, encarar<br />
a realidade e fazer não só o que gosta,<br />
mas o que é preciso ser feito para o sucesso<br />
<strong>do</strong>s negócios e da equipe é uma<br />
característica fundamental para um líder<br />
extraordinário e orienta<strong>do</strong> para bons resulta<strong>do</strong>s,<br />
que permitam crescimentos na<br />
área profissional e pessoal;<br />
• Mantenha-se flexível - A flexibilidade<br />
ajuda um líder a fazer o que for<br />
preciso para alcançar os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.<br />
Caso seja preciso mudar de<br />
rumo, treinar a equipe de uma forma diferenciada,<br />
ou até mesmo, colocar a mão<br />
na massa para solucionar um problema,<br />
ele terá que fazer. Estar prepara<strong>do</strong> para<br />
modificar o caminho até o destino final<br />
é essencial;<br />
• Reconheça a equipe - O verdadeiro<br />
segre<strong>do</strong> de uma equipe de sucesso é a<br />
forma e a freqüência com que um líder<br />
fornece feedbacks positivos. Uma dica<br />
para fortalecer o comprometimento da<br />
equipe está em agendar reuniões quinzenais<br />
para parabenizar a equipe e comemorar<br />
os resulta<strong>do</strong>s mais importantes<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>;<br />
• Conheça a si mesmo - Muitos líderes<br />
frustram-se por não conhecerem o<br />
perfil das pessoas que formam sua equipe,<br />
mas antes é preciso buscar o autoconhecimento.<br />
Aconselho a to<strong>do</strong> líder<br />
passar por programas de coaching, terapias,<br />
treinamentos, entre outros. Quan<strong>do</strong><br />
um líder conhece seu ponto fraco ele<br />
pode transformá-lo em ponto forte ou até<br />
mesmo contratar um braço direito para<br />
suprir sua necessidade, o grande desafio<br />
é que muitos não se permitem enxergar<br />
esses pontos a serem trabalha<strong>do</strong>s; e<br />
• Assuma a responsabilidade - Aconteça<br />
o que acontecer, o líder tem que assumir<br />
a responsabilidade pelos resulta<strong>do</strong>s.<br />
No momento de sucesso o líder deve parabenizar<br />
a equipe por esta conquista e em<br />
um eventual fracasso ele deve instigar a to<strong>do</strong>s<br />
a pensarem em possíveis aprendiza<strong>do</strong>s<br />
com aquela situação.<br />
(*) Carlos Cruz<br />
atua como Coach Executivo e de Equipes,<br />
Conferencista em Desenvolvimento Humano<br />
e Diretor da UP Treinamentos & Consultoria.<br />
(contato@carloscruz.com.br)
MERCADO GLOBAL<br />
O quE A CORéIA pRECISA:<br />
UMA BoA GovernAnçA<br />
CorporAtivA<br />
Embora eu invista em mais de 20 países, o meu interesse e a<br />
minha afeição pela Coréia <strong>do</strong> Sul são muito especiais. Eu primeiro<br />
descobri as oportunidades de investimentos na Coréia quan<strong>do</strong><br />
estava trabalhan<strong>do</strong> como analista cobrin<strong>do</strong> empresas japonesas<br />
no final <strong>do</strong>s anos 1970. Naquela época, quan<strong>do</strong> perguntadas, as<br />
principais empresas japonesas diziam que numa perspectiva<br />
de longo prazo, elas estavam mais preocupadas com a potencial<br />
concorrência das empresas coreanas <strong>do</strong> que das já estabelecidas<br />
empresas americanas ou européias.<br />
por nicholas Bratt *<br />
Como analista, a minha responsabilidade era avaliar a seriedade daquela<br />
ameaça competitiva potencial. Consequentemente, fiz minha<br />
primeira visita à Coréia como analista de investimentos. Talvez eu<br />
tenha si<strong>do</strong> o primeiro analista estrangeiro fazer a tal visita.<br />
O que eu vi naquela primeira visita foi estimulante. Olhan<strong>do</strong> para<br />
trás é difícil descrever o sentimento de entusiasmo que tive. Havia<br />
empresas competitivas globalmente crescen<strong>do</strong> mais de 100%<br />
ao ano e cotadas com índices preço/lucro de apenas um digito.<br />
(exemplo: Samsung Electronics, Hyundai Motor Company, Gold<br />
Star (agora LG Electronics) e Ankuk Fire and Marine (agora Samsung<br />
Fire and Marine).<br />
No espaço de uma geração um país agrícola afligi<strong>do</strong> pela destruição<br />
de uma guerra e da pobreza transformou-se num <strong>do</strong>s work shops<br />
20 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
industriais mais bem sucedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ao descobrir que o<br />
merca<strong>do</strong> de ações era fecha<strong>do</strong> para estrangeiros eu passei a explorar<br />
a possibilidade de criar um fun<strong>do</strong> de investimentos que possibilitasse<br />
que estrangeiros investissem em ações coreanas pela primeira<br />
vez na história.<br />
Depois de cinco longos anos de negociações, o meu então emprega<strong>do</strong>r,<br />
a tradicional e conhecida firma de investimentos Scudder, Stevens<br />
and Clark, recebeu em janeiro de 1984 um telex <strong>do</strong> Ministério<br />
de Finanças autorizan<strong>do</strong>-a a estabelecer um closed-end fund para<br />
investir na Coréia.<br />
O fun<strong>do</strong> seria lista<strong>do</strong> na New York Stock Exchange e se chamaria<br />
The Korea Fund. Como seria a primeira entidade estrangeira autorizada<br />
a investir na Bolsa de Valores da Coréia, foi exigi<strong>do</strong> que o fun<strong>do</strong>
operasse sob uma licença especial que estipulava todas as diretrizes<br />
e restrições de acor<strong>do</strong> com a legislação coreana.<br />
O fun<strong>do</strong> foi lança<strong>do</strong> durante o verão de 1984 com uma base de ca<br />
pital inicial de US$ 60 milhões, que era o mínimo exigi<strong>do</strong> para ser<br />
registra<strong>do</strong> na New York Stock Exchange. Os investi<strong>do</strong>res originais<br />
eram principalmente americanos e europeus, na maioria institucio<br />
nais (embora também incluíssem alguns individuais).<br />
Refletin<strong>do</strong> anos de rápi<strong>do</strong> crescimento econômico e de um bem suce<br />
di<strong>do</strong> desenvolvimento industrial, a capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de ações<br />
coreano cresceu de US$ 4 bilhões para um valor recente de US$ 380<br />
bilhões. O Korea Fund participou plenamente dessa era de enorme<br />
crescimento e o seu tamanho chegou a US$ 1.4 bilhões em 2005.<br />
A Coréia se transformou de um <strong>do</strong>s países mais pobres <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
no final da guerra da Coréia nos anos 1950, para ser um <strong>do</strong>s mais<br />
bem sucedi<strong>do</strong>s países em desenvolvimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Em várias<br />
formas, o país tem muito de uma nação desenvolvida e é apenas<br />
uma questão de tempo para que se qualifique como um merca<strong>do</strong> de<br />
ações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>.<br />
Os coreanos investem pesadamente no capital humano (7.2% <strong>do</strong><br />
Produto Interno Bruto é gasto em educação). Cerca de 97% da<br />
população na faixa <strong>do</strong>s 20 e 30 anos obtiveram pelo menos uma<br />
educação secundaria superior, o que representa o mais alto nível<br />
entre os países da OECD – Organization for Economic Coopera<br />
tion and Development. O numero de PhDs por 1.000 habitantes<br />
é o maior <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Os gastos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) também cresce<br />
ram fortemente. Em 2006, estes gastos em relação ao PIB cresceram<br />
para 3.23%, o quinto maior índice no mun<strong>do</strong> depois de Israel, Su<br />
écia, Finlândia e Japão. A penetração da Internet e o seu índice de<br />
utilização também estão entre os mais altos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Devi<strong>do</strong> a esses fortes recursos, eu não tenho dúvida de que a Coréia<br />
sobreviverá a atual crise e emergirá mais forte <strong>do</strong> que nunca. Afinal,<br />
em relação aos seus vizinhos, a Coréia conseguiu se beneficiar com<br />
as crises asiáticas em 1997 e 1998.<br />
Embora o meu entusiasmo para investir na Coréia nunca tenha<br />
muda<strong>do</strong>, eu tenho algumas preocupações quan<strong>do</strong> se trata de go<br />
vernança corporativa.<br />
A Coréia precisa melhorar a sua governança corporativa. O sistema<br />
político da Coréia e a sua forma de vida são basea<strong>do</strong>s em valores<br />
democráticos. Porém, existem muitas empresas coreanas onde a de<br />
mocracia <strong>do</strong> acionista simplesmente não existe.<br />
É como se as empresas listadas fossem propriedade de suas famílias fun<br />
da<strong>do</strong>ras em total desatenção aos interesses <strong>do</strong>s acionistas minoritários.<br />
Eu reconheço que desde a crise monetária no final <strong>do</strong>s anos 1990 a<br />
Coréia realizou enorme progresso em termos de governança elevan<br />
<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> acionista através de significativas mudanças na estru<br />
tura legal e regulatória.<br />
Todavia, ainda tem muito espaço para melhorar, especialmente<br />
na implementação dessas leis e regulamentos. É uma lástima que<br />
a Coréia, um <strong>do</strong>s paises líderes na região asiática, fique atrás <strong>do</strong>s<br />
seus peers em termos de implementação e prática de boa gover<br />
nança corporativa.<br />
Existem muitos benefícios para a Coréia se a governança corporativa<br />
for melhorada. Um importante impacto será a redução <strong>do</strong> custo de<br />
capital, pois uma maior credibilidade e transparência atrairá o capi<br />
tal estrangeiro. O alcance de padrões de governança corporativa de<br />
classe mundial também acelerará a admissão da Coréia nos índices<br />
de merca<strong>do</strong> de ações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>.<br />
É essencial tomar medidas que evitem quaisquer quedas fortes<br />
adicionais nos preços das ações coreanas.Uma melhor governança<br />
aumentará a atratividade das ações coreanas em geral. Isso se torna<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
21
MERCADO GLOBAL<br />
criticamente importante na atual crise, em que o público em geral<br />
na Coréia tornou-se desencanta<strong>do</strong> com o investimento em ações.<br />
Além disso, o governo deveria estimular as fusões e aquisições, incluin<strong>do</strong><br />
os takeovers hostis, o que permitiria que os preços das ações<br />
fossem negocia<strong>do</strong>s a valores mais altos.<br />
A Coréia agora me lembra a época que visitei o país pela primeira<br />
vez há alguns anos atrás: os preços das ações eram baratos e ignora<strong>do</strong>s<br />
pelo público em geral. Como uma nação exporta<strong>do</strong>ra, a<br />
Coréia é vista como uma fly-wheel na economia mundial.<br />
Na medida em que avança o declínio econômico global, os investimentos<br />
coreanos são vistos como particularmente vulneráveis. Os<br />
investi<strong>do</strong>res, tanto locais como estrangeiros, aban<strong>do</strong>naram o merca<strong>do</strong><br />
de ações, deprimin<strong>do</strong> os preços para níveis bastante atrativos.<br />
No merca<strong>do</strong>, pequenas e médias empresas mostram particularmente<br />
bons valores. Ao longo <strong>do</strong>s anos elas fortaleceram os seus<br />
balanços financeiros e elevaram sua competitividade.<br />
Essas empresas não são acompanhadas pelas corretoras, locais ou estrangeiras,<br />
e os seus valores verdadeiros são apenas reconheci<strong>do</strong>s por<br />
aqueles dispostos a fazerem uma profunda e independente pesquisa.<br />
O merca<strong>do</strong> de ações coreano permanece bastante ineficiente e extraordinárias<br />
oportunidades de investimento se apresentam para<br />
aqueles investi<strong>do</strong>res dispostos a assumirem uma visão paciente e<br />
de longo prazo – uma abordagem que infelizmente está faltan<strong>do</strong> a<br />
muitos investi<strong>do</strong>res locais.<br />
John Lee, administra<strong>do</strong>r da carteira <strong>do</strong> Korea Fund entre 1991 e<br />
2005, e eu lançamos a estratégica Lazard Korea Corporate Governance<br />
em 2006. O objetivo <strong>do</strong> investimento é alcançar valorização<br />
no longo prazo investin<strong>do</strong> em empresas coreanas com capitalização<br />
de merca<strong>do</strong> inferior a US$ 2 bilhões.<br />
O Professor Jong Ha-sung, um renoma<strong>do</strong> acadêmico da Korea<br />
University e há muito tempo um ativista cívico pelos direitos <strong>do</strong>s<br />
acionistas minoritários, atua como nosso consultor de governança<br />
corporativa para essa estratégica.<br />
22 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
Muitas empresas coreanas estão significativamente sub-valorizadas devi<strong>do</strong><br />
principalmente a duas razões: fraca governança corporativa e ineficiência<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Se conseguirmos melhorar a qualidade da governança<br />
e elevar a transparência e o disclosure eu acredito que com o tempo os<br />
investi<strong>do</strong>res vão reconhecer o valor intrínseco das empresas coreanas.<br />
O merca<strong>do</strong> de ações se tornará menos ineficiente e os preços das<br />
ações refletirão os valores com maior precisão. Nós temos trabalha<strong>do</strong><br />
diligentemente com as equipes de administração das empresas<br />
que temos na carteira <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de forma a melhorar a<br />
qualidade de suas governanças.<br />
Alcançamos excelentes progressos e provocamos significativas<br />
mudanças. Também temos incentiva<strong>do</strong> as empresas a investirem<br />
em suas relações com investi<strong>do</strong>res. Pela primeira vez, várias empresas<br />
que estão no nosso Fun<strong>do</strong> realizaram road shows internacionais<br />
organiza<strong>do</strong>s pela Doewoo Securities.<br />
Cabe aos coreanos reconhecerem não apenas os seus sucessos mas<br />
também os seus fracassos, e assumirem a necessidade para mudanças.<br />
Não há tempo a perder. A falha em mudar e adaptar levará a uma relativa<br />
erosão num mun<strong>do</strong> que se torna mais competitivo a cada dia.<br />
Se, todavia, esse merca<strong>do</strong> puder se adaptar com êxito, não tenho<br />
dúvida de que esse extraordinário país com seu marcante e talentoso<br />
grupo de capital humano continuará a elevar o seu peso e<br />
elevar o padrão de vida <strong>do</strong> seu povo.<br />
(*) NICHOLAS BRATT<br />
é managing director <strong>do</strong> Lazard Asset Managenet.<br />
(Nicholas.Bratt@lazard.com)<br />
Nota: John Lee, managing director <strong>do</strong> Lazard Asset Management<br />
também contribuiu para este artigo, que foi publica<strong>do</strong> originalmente<br />
no Korea Times, Coréia <strong>do</strong> Sul, em 01/01/2009.
ENFOQUE<br />
24 REVISTA RI Fevereiro 2009
PrograMas de rI<br />
Para P títulos<br />
de renda<br />
FIxa<br />
Os detentores de títulos de dívidas são investi<strong>do</strong>res importantes<br />
de uma empresa. As empresas emitem títulos de dívidas basicamente<br />
pelos mesmos motivos que vendem ações – para financiar os<br />
negócios e aproveitar as oportunidades.<br />
por William F. Mahoney*<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
25
ENFOQUE<br />
Os detentores de títulos de dívidas não têm<br />
direito de voto. Também não compartilham <strong>do</strong><br />
poder da empresa para aumentar a lucratividade,<br />
já que seus retornos são fixos. Mas os detentores<br />
de títulos de dívidas constituem um segmento<br />
fundamental para uma empresa.<br />
Os instrumentos de renda fixa, ou títulos<br />
de dívidas, são um outro méto<strong>do</strong> de captar<br />
recursos. As ofertas de títulos de dívidas são<br />
freqüentemente realizadas em montantes<br />
comparáveis àqueles das ofertas de ações.<br />
Na verdade, os executivos de finanças das<br />
empresas traçam estratégias de formação<br />
de capital que combinam diversas formas<br />
de adquirir recursos para gerenciar as operações<br />
e investir em crescimento - empréstimos<br />
bancários e linhas de crédito, renda<br />
fixa e ações emitidas para investi<strong>do</strong>res públicos<br />
e priva<strong>do</strong>s.<br />
Um componente fundamental de qualquer<br />
estratégia de financiamento é o custo <strong>do</strong> capital.<br />
Os custos incluem juros sobre a dívida,<br />
comissões e outras despesas envolvidas na<br />
participação nos merca<strong>do</strong>s de ações e títulos<br />
de dívidas, o pagamento de dividen<strong>do</strong>s,<br />
custos <strong>do</strong>s serviços aos acionistas e o custo<br />
contínuo <strong>do</strong> provimento de retornos sobre o<br />
patrimônio para os investi<strong>do</strong>res de ações.<br />
As empresas calculam seus custos de capital<br />
ao decidirem quais instrumentos financeiros<br />
usar. Dívida ou ações podem<br />
ser favorecidas em certos momentos; um<br />
ambiente com baixa taxa de juros pode favorecer<br />
a escolha pelos títulos de dívidas.<br />
Demandas diversas de retornos por parte<br />
<strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res podem fazer com que uma<br />
empresa se volte para o merca<strong>do</strong> priva<strong>do</strong> ou<br />
decida conduzir uma oferta pública de títulos<br />
de dívidas ou de ações em épocas em<br />
que há a necessidade de caixa.<br />
A maioria das empresas associa méto<strong>do</strong>s<br />
de formação de capital, combinan<strong>do</strong> empréstimos,<br />
linhas de crédito e dívida e<br />
ações emitidas para investi<strong>do</strong>res priva<strong>do</strong>s<br />
26 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
e para o público. Observam os índices dívida-patrimônio<br />
de perto. Calculam constantemente<br />
o custo da dívida e o custo <strong>do</strong><br />
patrimônio separadamente, decidin<strong>do</strong> qual<br />
usar em um determina<strong>do</strong> momento. Calculam<br />
o custo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s em um custo<br />
de capital médio pondera<strong>do</strong>.<br />
Algumas administrações preferem dívida ou<br />
ações como seu méto<strong>do</strong> favorito de formação<br />
de capital. Os executivos evitam a dívida,<br />
declaran<strong>do</strong> orgulhosamente ter pouca ou nenhuma<br />
dívida nos livros, nenhum pagamento<br />
substancial de juros para efetuar e nenhum<br />
principal a amortizar. Outras administrações<br />
buscam conduzir seus negócios sem a responsabilidade<br />
de ser uma empresa de capital<br />
aberto, que significa incidência de custos<br />
de regulamentação e preço de divulgação,<br />
pressão por desempenho to<strong>do</strong>s os trimestres<br />
para aumentar o preço das ações e o me<strong>do</strong> de<br />
uma incorporação hostil. Em vez disso, elas<br />
contam com empréstimos, linhas de crédito,<br />
investi<strong>do</strong>res priva<strong>do</strong>s e títulos de dívidas.<br />
Os investi<strong>do</strong>res de títulos de dívidas e de<br />
ações são "farinha <strong>do</strong> mesmo saco". Na verdade,<br />
é provável que as mesmas instituições<br />
detenham títulos de dívidas e ações da sua<br />
empresa. Os fun<strong>do</strong>s mútuos administram<br />
uma série de fun<strong>do</strong>s de títulos de dívidas, assim<br />
como fun<strong>do</strong>s de ações em atendimento a<br />
investi<strong>do</strong>res individuais. E a base de detentores<br />
de títulos de dívidas de uma empresa<br />
provavelmente inclui algumas pessoas físicas<br />
abastadas, que estão diversifican<strong>do</strong> suas carteiras<br />
multimilionárias.<br />
As práticas de RI se concentraram nos detentores<br />
de ações devi<strong>do</strong> ao seu impacto no<br />
valor da empresa, refleti<strong>do</strong> no preço diário<br />
das ações e nas tendências de longo prazo<br />
de preços, e devi<strong>do</strong> à sua capacidade de influenciar<br />
o mo<strong>do</strong> como a administração conduz<br />
o negócio. Os detentores de ações têm<br />
muito o que dizer sobre a maneira como um<br />
negócio é administra<strong>do</strong>. Eles têm direito de<br />
voto. Nestes tempos de ativismo <strong>do</strong>s acionistas<br />
e sua pressão sobre governança, ninguém<br />
precisa lembrar os executivos da influência<br />
<strong>do</strong>s detentores de ações. Eles votam em peças<br />
centrais da estrutura de governança da<br />
empresa, têm o direito de aprovar a escolha<br />
<strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> conselho da administração,<br />
os planos de remuneração em ações e<br />
a nomeação de auditores; aprovar ou revogar<br />
planos de direitos <strong>do</strong>s acionistas para evitar<br />
incorporações que não são bem-vindas.<br />
Os detentores de ações têm o direito de enviar<br />
suas próprias deliberações para votação<br />
pela base acionária da empresa. Em uma<br />
disputa pelo controle da administração da<br />
empresa, são os detentores de ações que<br />
decidem o resulta<strong>do</strong>. Eles podem depor a<br />
administração atual.<br />
Em contrapartida, os detentores de títulos de<br />
dívidas não têm direito de voto. Também não<br />
compartilham <strong>do</strong> poder da empresa para aumentar<br />
a lucratividade, já que seus retornos<br />
são fixos. Mas os detentores de títulos de dívidas<br />
constituem um segmento fundamental<br />
para uma empresa; sua aquisição de milhões<br />
em títulos de dívidas constitui um componente<br />
significativo da formação de capital.<br />
A pArTicipAçãO dOs<br />
deTenTOres de TíTulOs de<br />
dívidAs nOs lucrOs<br />
Nesse contexto, os detentores de títulos de<br />
dívidas têm direitos altamente importantes.<br />
Basicamente, são os primeiros a gozar <strong>do</strong>s<br />
benefícios <strong>do</strong> investimento, porque têm<br />
prioridade sobre os detentores de ações<br />
ordinárias na distribuição <strong>do</strong>s lucros. Essa<br />
prioridade também inclui o dinheiro a ser<br />
pago aos investi<strong>do</strong>res no caso de falência.<br />
Os detentores de títulos de dívidas são os<br />
primeiros a receber.<br />
Enquanto muitos detentores de ações acompanham<br />
o desempenho <strong>do</strong>s lucros de uma<br />
empresa, os detentores de títulos de dívidas
ENFOQUE<br />
monitoram o fluxo de caixa. Seus pagamentos<br />
anuais de renda a juros fixos são efetua<strong>do</strong>s<br />
com base no fluxo de caixa.<br />
Os executivos das empresas com investi<strong>do</strong>res<br />
em títulos de dívidas e em ações estão<br />
sempre prontos para dizer que dão o mesmo<br />
tratamento a esses grupos de detentores<br />
em termos de reconhecer sua importância,<br />
organizan<strong>do</strong> ofertas, prestan<strong>do</strong> serviço contínuo<br />
e fornecen<strong>do</strong> um fluxo constante de<br />
informações úteis.<br />
Na maioria das empresas, os executivos<br />
de RI concentram-se no la<strong>do</strong> patrimonial<br />
da estrutura <strong>do</strong> capital, sen<strong>do</strong> as relações<br />
de dívida administradas pelo departamento<br />
financeiro/tesouraria. O CFO é<br />
o responsável óbvio pelo gerenciamento<br />
de práticas de dívidas, trabalhan<strong>do</strong> junto<br />
aos bancos, supervisionan<strong>do</strong> ofertas<br />
e manten<strong>do</strong> relações contínuas com os<br />
detentores de títulos de dívidas. Geralmente,<br />
essas tarefas são realizadas no<br />
departamento financeiro/tesouraria pelo<br />
tesoureiro, o tesoureiro assistente, o gerente<br />
financeiro ou por diretores com<br />
cargos semelhantes.<br />
É também justo dizer que os profissionais<br />
de RI de algumas empresas estão envolvi<strong>do</strong>s<br />
nas relações com os detentores de títulos<br />
de dívida. Podemos chamar isso uma<br />
tendência que tem cresci<strong>do</strong> lentamente<br />
por cerca de uma década.<br />
Breve introdução aos títulos<br />
de dívidas<br />
Um título de dívida certifica que seu detentor<br />
emprestou dinheiro à empresa e receberá<br />
um juro fixo e o principal de acor<strong>do</strong><br />
com os termos especifica<strong>do</strong>s. Os títulos<br />
de dívidas têm um valor nominal e uma<br />
taxa de cupom, sen<strong>do</strong> que o valor nominal<br />
é o valor de face. A taxa de cupom é a taxa<br />
de juros nominal que leva a determinar a<br />
taxa de juros real que o investi<strong>do</strong>r recebe<br />
sobre o título de dívida. É juro anual por<br />
valor nominal. Um título de dívida de R$<br />
1.000,00 com um cupom de 5% paga R$<br />
50,00 por ano. Os títulos têm datas de<br />
vencimento, isto é, a data final de amortização<br />
<strong>do</strong> principal.<br />
28 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
Os títulos de dívidas têm uma escritura, que<br />
expõe os termos, as obrigações da empresa<br />
e quaisquer restrições, conhecidas como<br />
cláusulas restritivas. Elas podem incluir as<br />
necessidades mínimas de capital circulante<br />
e certos índices de dívida ou quocientes de<br />
liquidez. As escrituras são preparadas para<br />
um terceiro, chama<strong>do</strong> de agente fiduciário,<br />
que é responsável por garantir que os termos<br />
da escritura sejam honra<strong>do</strong>s.<br />
A taxa de juro efetiva <strong>do</strong> título da dívida é<br />
o seu rendimento. Não é necessariamente a<br />
mesma que a taxa de cupom. Um título de<br />
dívida pode ser adquiri<strong>do</strong> com desconto ou<br />
preço abaixo <strong>do</strong> seu valor de face, ou com<br />
um ágio ou preço acima <strong>do</strong> seu valor de face.<br />
Portanto, o rendimento pode ser acima ou<br />
abaixo da taxa de cupom.<br />
Os títulos de dívidas contêm uma disposição<br />
de resgate, que permite que a empresa<br />
que emite o título da dívida recompre ou<br />
resgate o título de dívida de seus detentores<br />
a preços específicos durante perío<strong>do</strong>s<br />
especifica<strong>do</strong>s.<br />
Alguns títulos de dívidas incluem um fun<strong>do</strong><br />
de amortização que permite que a empresa<br />
amortize parte da dívida em certas épocas,<br />
reduzin<strong>do</strong> o sal<strong>do</strong> <strong>do</strong> principal. Os investi<strong>do</strong>res<br />
estão cientes da disposição porque está<br />
prevista na escritura.<br />
tipos de títulos de dívidas<br />
Há diversos tipos de títulos de dívidas. As<br />
debêntures não são garantidas e são protegidas<br />
pelo crédito da empresa. Essa é uma<br />
das razões pelas quais os investi<strong>do</strong>res monitoram<br />
as classificações de risco bem de<br />
perto. Algumas empresas também emitem<br />
debêntures subordinadas, com disposições<br />
na escritura que fazem com que sejam<br />
classificadas de acor<strong>do</strong> com outra dívida<br />
não garantida.<br />
Os títulos de dívidas conversíveis podem<br />
ser converti<strong>do</strong>s em outros títulos, geralmente<br />
ações ordinárias, a um preço fixa<strong>do</strong><br />
previamente. São considera<strong>do</strong>s como se tivessem<br />
as características tanto <strong>do</strong>s títulos<br />
de dívidas como das ações ao oferecerem<br />
renda a juros fixos e possível valorização<br />
de preço quan<strong>do</strong> funcionan<strong>do</strong> como ações.<br />
Os zero coupon bonds (títulos de dívidas<br />
sem cupom de juros) acumulam juros durante<br />
sua vida, que são soma<strong>do</strong>s ao valor<br />
principal e pagos juntamente com ele no<br />
vencimento. Portanto, o detentor recebe<br />
um pagamento maior.<br />
Ainda há os títulos de dívidas de alto risco,<br />
classifica<strong>do</strong>s pela Moody's e S&P como BB<br />
ou inferior. São considera<strong>do</strong>s mais arrisca<strong>do</strong>s<br />
porque a empresa emissora provavelmente<br />
não estabeleceu um histórico de forte desempenho<br />
comercial. A boa notícia é que<br />
esses títulos de dívidas geralmente oferecem<br />
um rendimento maior para os investi<strong>do</strong>res<br />
dispostos a especular.<br />
Conforme menciona<strong>do</strong>, a qualidade <strong>do</strong>s<br />
títulos de dívidas é um serviço de classificação<br />
de crédito que visa proporcionar<br />
aos investi<strong>do</strong>res uma escala <strong>do</strong> risco de<br />
inadimplência por parte da empresa. As<br />
principais firmas de classificação incluem<br />
a Moody's, a S&P e a Fitch. As classificações<br />
começam com AAA, que é a qualidade<br />
superior, depois AA, alta qualidade,<br />
A, qualidade média alta, BBB, média, BB,<br />
quase arriscada, B, arriscada, até CCC,<br />
CC, C e D, todas sugerin<strong>do</strong> que a empresa<br />
pode inadimplir ou provavelmente<br />
inadimplirá nos títulos das dívidas. As classificações<br />
mais altas apresentam a menor<br />
probabilidade de inadimplência e por isso<br />
sugerem níveis de risco.<br />
Os vencimentos também são importantes<br />
para os investi<strong>do</strong>res. O risco é fundamental<br />
na decisão sobre o que é um vencimento<br />
aceitável quan<strong>do</strong> se investe em títulos de<br />
dívidas. O risco entra em cena em termos<br />
de perda potencial de um maior retorno<br />
se as taxas de juros subirem; o investi<strong>do</strong>r<br />
perde o retorno maior que poderia ter si<strong>do</strong><br />
obti<strong>do</strong> com o investimento <strong>do</strong> dinheiro em<br />
outros instrumentos.<br />
Entretanto, vencimentos mais longos trazem<br />
rendimentos maiores. Vencimentos de dez<br />
anos são procura<strong>do</strong>s por investi<strong>do</strong>res mais<br />
conserva<strong>do</strong>res, que buscam equilibrar o risco<br />
e a remuneração. Os títulos de dívidas<br />
podem ter várias características, como a de<br />
dar à empresa a possibilidade de convertê-los
ou resgatá-los antes da data de vencimento.<br />
Os investi<strong>do</strong>res geralmente recebem um pequeno<br />
ágio quan<strong>do</strong> os títulos de dívidas são<br />
resgata<strong>do</strong>s antes <strong>do</strong> programa<strong>do</strong>, mas este<br />
não será soma<strong>do</strong> ao retorno que teria si<strong>do</strong><br />
acumula<strong>do</strong> no vencimento.<br />
Os títulos de dívida estão entre os principais<br />
veículos de formação de capital<br />
usa<strong>do</strong>s pelas empresas. Um gráfico sobre<br />
subscrições de empresas <strong>do</strong> Investment<br />
Company Institute, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
mostra que as empresas emitiram US$<br />
1,37 trilhão em títulos de dívidas convencionais<br />
em 2003, frente à captação de<br />
US$ 156 bilhões por meio de emissões de<br />
ações ordinárias e preferenciais. As subscrições<br />
de dívidas lastreadas em ativos de<br />
empresas durante o ano acrescentaram<br />
outros US$ 1,352 trilhão.<br />
O ICI, uma associação da indústria<br />
americana de fun<strong>do</strong>s<br />
mútuos, mostrou que os fun<strong>do</strong>s<br />
mútuos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
detinham cerca de US$<br />
7,5 trilhões em ativos no fim<br />
de setembro de 2004, sen<strong>do</strong><br />
que US$ 3,8 trilhões desse<br />
total eram administra<strong>do</strong>s<br />
nos fun<strong>do</strong>s mútuos de ações<br />
e US$ 928 bilhões nos fun<strong>do</strong>s de títulos<br />
de dívidas tributáveis. Enquanto isso, em<br />
uma recente análise <strong>do</strong>s ativos <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />
mútuos, o Federal Reserve (FED, banco<br />
central americano) informou que US$<br />
3,7 trilhões são manti<strong>do</strong>s em fun<strong>do</strong>s de<br />
ações e US$ 1,2 trilhão em fun<strong>do</strong>s de títulos<br />
de dívidas.<br />
Não importa a forma como você a analisa,<br />
a renda fixa é uma ferramenta fundamental<br />
para as empresas levantarem capital.<br />
Práticas de ri semelhantes<br />
com detentores de títulos<br />
e de ações<br />
As práticas de RI atendem tanto os investi<strong>do</strong>res<br />
de ações como os de títulos de dívidas.<br />
Os elementos-chave são basicamente os<br />
mesmos: entender as necessidades <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res,<br />
fornecen<strong>do</strong> informações valiosas,<br />
suprin<strong>do</strong> detalhes conforme solicita<strong>do</strong> e sen-<br />
<strong>do</strong> receptivo a solicitações de informações,<br />
amplian<strong>do</strong> as relações qualitativas.<br />
Os interesses de informações <strong>do</strong>s detentores<br />
de títulos de dívidas e de ações são<br />
basicamente os mesmos. Os investi<strong>do</strong>res<br />
querem fazer o melhor trabalho possível<br />
no que diz respeito a entender o plano e<br />
as estratégias de negócios da empresa, assim<br />
como sua visão, o mo<strong>do</strong> como ganha<br />
dinheiro, suas principais fontes de receita,<br />
posição e vantagens competitivas, gerenciamento<br />
de despesa e margens, eficiência<br />
da administração, problemas e desafios e<br />
oportunidades de crescimento.<br />
Interesses em informações podem divergir<br />
em ênfase e grau, mas não muito hoje em<br />
dia. Os investi<strong>do</strong>res de ações se concentram<br />
nos lucros, porque o desempenho de<br />
curto prazo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> acionário é mais<br />
os detentores de títulos de dívidas consideram<br />
os pontos fortes básicos e as vantagens de<br />
merca<strong>do</strong> de uma empresa como sen<strong>do</strong> a base<br />
para ampliar sua liderança comercial de forma<br />
consistente com os termos de seu investimento.<br />
orienta<strong>do</strong> pelos lucros. Mas esses investi<strong>do</strong>res<br />
também têm um grande interesse na<br />
capacidade de a administração sustentar<br />
os pontos fortes <strong>do</strong> negócio e os fundamentos<br />
de crescimento, e na capacidade<br />
da empresa de gerar fluxo de caixa que<br />
ajuda a pagar as contas e proporciona recursos<br />
para investir e pagar dividen<strong>do</strong>s.<br />
Os detentores de títulos de dívidas consideram<br />
os pontos fortes básicos e as vantagens<br />
de merca<strong>do</strong> de uma empresa como<br />
sen<strong>do</strong> a base para ampliar sua liderança<br />
comercial de forma consistente com os<br />
termos de seu investimento, e observam<br />
os fluxos de caixa atentamente, para assegurar<br />
a satisfação <strong>do</strong>s pagamentos <strong>do</strong>s<br />
juros devi<strong>do</strong>s de seus títulos de dívidas.<br />
Mas esses investi<strong>do</strong>res estão igualmente<br />
interessa<strong>do</strong>s no poder de obtenção de<br />
lucros da empresa, nos pontos fortes das<br />
relações com os clientes, no canal para<br />
os produtos, na posição na indústria, na<br />
qualidade da administração e em outros<br />
impulsiona<strong>do</strong>res de valor.<br />
Os meios de comunicação que melhor chegam<br />
a esses grupos são os mesmos.<br />
Os detentores de títulos de dívidas examinam<br />
o prospecto; acompanham de perto a utilização<br />
<strong>do</strong>s recursos; estudam a análise de risco;<br />
examinam o desempenho e a capacidade de<br />
geração de fluxo de caixa; esperam garantias<br />
das perspectivas <strong>do</strong> negócio; analisam as<br />
demonstrações financeiras; lêem a Análise<br />
e Discussão <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s (MD&A) com<br />
interesse especial; e pensam bastante sobre<br />
as credenciais da equipe de executivos.<br />
Lêem ainda os formulários registra<strong>do</strong>s na<br />
Comissão de Valores, as declarações de<br />
registro, o relatório anual, os comunica<strong>do</strong>s<br />
à imprensa e os roteiros das apresentações<br />
da administração com muito<br />
interesse. Participam das teleconferências,<br />
visitam regularmente<br />
o site da empresa na<br />
internet, participam de conferências<br />
de corretores, juntamente<br />
com analistas <strong>do</strong> buy<br />
side e gestores de carteiras.<br />
Os detentores de títulos de<br />
dívidas institucionais incluem analistas <strong>do</strong><br />
buy side e gestores de investimento. Praticamente<br />
to<strong>do</strong>s os principais bancos de<br />
investimento, as grandes firmas de gestão<br />
de investimento, bancos comerciais com<br />
operações de gestão de ativos, fun<strong>do</strong>s mútuos<br />
relativamente grandes e muitos <strong>do</strong>s<br />
patrocina<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s de pensão têm<br />
um grupo de títulos de dívidas, que consiste<br />
em analistas e gestores de carteiras.<br />
As diferenças entre as relações com detentores<br />
de ações e de títulos de dívidas se dão<br />
no contato diário por telefone e e-mail e<br />
pessoalmente, em reuniões e conferências.<br />
Esses contatos, conversas por telefone e<br />
reuniões geralmente ocorrem entre o investi<strong>do</strong>r<br />
de títulos de dívidas e um diretor da<br />
área financeira, e não com o departamento<br />
de RI. O estabelecimento de relações com<br />
os detentores de títulos de dívidas continua<br />
sen<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> departamento financeiro/da<br />
tesouraria.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
29
ENFOQUE<br />
TENdêNcIA: OrgANIzAçãO dA<br />
FuNçãO pArA ATENdEr A AMbOs<br />
Os grupOs<br />
Os RIs estão cada vez mais participan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> processo. Em muitas empresas, o RI<br />
faz parte da área financeira, responden<strong>do</strong><br />
diretamente ao CFO (ou ao tesoureiro). O<br />
RI tem experiência em finanças, pode ser o<br />
tesoureiro ou o tesoureiro assistente atual<br />
ou anterior, ou ainda outro gerente ou diretor<br />
financeiro. Os executivos nos cargos<br />
mais altos ficam bastante satisfeitos que o<br />
RI seja o principal contato com os analistas<br />
e os investi<strong>do</strong>res institucionais, tanto de<br />
ações como de títulos de dívida.<br />
As administrações permanecem relutantes,<br />
entretanto, em colocar um profissional<br />
de RI com treinamento/experiência em<br />
comunicação e/ou sem o que é considera<strong>do</strong><br />
como sen<strong>do</strong> a formação e a experiência<br />
adequada, isto é, um MBA em finanças,<br />
na gestão de relações com os detentores de<br />
títulos de dívidas.<br />
Muitas administrações empresariais, é claro,<br />
têm a mesma opinião sobre as qualificações<br />
necessárias para o trabalho de RI<br />
junto aos detentores de ações da empresa.<br />
Ter um conhecimento profun<strong>do</strong> da posição<br />
financeira da empresa e de suas demonstrações,<br />
estratégias, estrutura de capital e<br />
contabilidade é considera<strong>do</strong> um requisito<br />
necessário para ser um RI eficiente, assim<br />
como conhecer as operações e a indústria<br />
da empresa e ser um bom comunica<strong>do</strong>r.<br />
A prática comum hoje é a de que as relações<br />
com investi<strong>do</strong>res funcionem como<br />
parte <strong>do</strong> departamento financeiro. O ideal<br />
é que os profissionais de RI trabalhem em<br />
sintonia com o CFO, com o tesoureiro e<br />
com os tesoureiros assistentes na gestão<br />
das relações com os detentores de ações e<br />
de títulos de dívidas. E, cada vez mais, o RI<br />
está trabalhan<strong>do</strong> com ambos os grupos.<br />
Faz senti<strong>do</strong> que o processo de comunicação<br />
da empresa seja gerencia<strong>do</strong> e coordena<strong>do</strong><br />
por um departamento central. Essa<br />
é uma forma de integrar a comunicação:<br />
somente o departamento financeiro com<br />
o de RI, nesse caso, no atendimento aos<br />
30 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
investi<strong>do</strong>res tanto de ações como de títulos<br />
de dívidas, em vez de integrar o departamento<br />
de RI com o de RP no atendimento<br />
de uma base de grupos maiores. Certamente,<br />
o pessoal de RP pode participar da<br />
criação de materiais de comunicação li<strong>do</strong>s<br />
pelos detentores de títulos de dívidas, da<br />
mesma forma que esses materiais são li<strong>do</strong>s<br />
pelos detentores de ações.<br />
ApLIcANdO FErrAMENTAs<br />
dE rI às rELAçõEs cOM Os<br />
dETENTOrEs dE TíTuLOs dE<br />
dívIdAs<br />
As empresas estão se tornan<strong>do</strong> mais proativas<br />
na aproximação com analistas e investi<strong>do</strong>res<br />
de renda fixa. Faz mais senti<strong>do</strong> hoje<br />
vender títulos de dívidas e de renda fixa de<br />
uma empresa a instituições e pessoas físicas<br />
com patrimônio líqui<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>.<br />
As empresas estão preparan<strong>do</strong> listas de analistas<br />
e das principais instituições nos seus<br />
esforços de comunicação. Os investi<strong>do</strong>res de<br />
renda fixa são cada vez mais convida<strong>do</strong>s para<br />
reuniões da empresa, visita<strong>do</strong>s pela administração<br />
em viagens, incluí<strong>do</strong>s em convites<br />
para teleconferências; recebem divulgações<br />
e seus nomes estão nas listas de e-mail que<br />
recebem o fluxo regular de comunicação.<br />
As empresas usam as fontes de da<strong>do</strong>s para<br />
ajudá-las a identificar seus detentores de<br />
títulos de dívidas, assegurarem o fluxo de<br />
informações e os esforços no estabelecimento<br />
de relações. Também conduzem<br />
programas direciona<strong>do</strong>s, identifican<strong>do</strong> instituições<br />
com investimentos substanciais<br />
em títulos de dívidas, especialmente aqueles<br />
investi<strong>do</strong>s no setor e empresas afins. As<br />
fontes de da<strong>do</strong>s fornecem algumas informações<br />
sobre o perfil <strong>do</strong>s investimentos -<br />
tipos e condições <strong>do</strong>s títulos de dívidas, limites<br />
de capitalização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, nomes<br />
das empresas nas carteiras.<br />
Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, as empresas chegam<br />
aos analistas institucionais de títulos de dívidas<br />
obten<strong>do</strong> listas. A investigação de analistas<br />
inclui a obtenção de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong>s<br />
investimentos e classificações, por exemplo,<br />
de analistas de títulos de dívidas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s da Institutional Investor. A Thomson<br />
Financial está entre as firmas que fornecem<br />
informações sobre a titularidade de instituições<br />
e da<strong>do</strong>s direciona<strong>do</strong>s. Assim como a<br />
Computershare, a Fact Set, a Ilios, a Citigate<br />
Financial, entre outras. Os detentores de<br />
títulos de dívidas, os analistas e investi<strong>do</strong>res<br />
em potencial estão sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong>s a participar<br />
de reuniões patrocinadas por empresas<br />
- algumas separadas e algumas combinadas<br />
com analistas e investi<strong>do</strong>res de ações.<br />
Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, as práticas de divulgação<br />
estão passan<strong>do</strong> a incluir tu<strong>do</strong>. A intenção<br />
é a de fornecer informações oportunas para<br />
to<strong>do</strong>s ao mesmo tempo. O Regulamento FD<br />
(Fair Disclosure) está sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> o<br />
merca<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> detentores de ações e de<br />
títulos de dívidas e quaisquer outros investi<strong>do</strong>res<br />
interessa<strong>do</strong>s.<br />
Os detentores de títulos de dívidas observam<br />
de perto as classificações atribuídas à empresa<br />
pelas agências de classificação. Essas<br />
classificações afetam a qualidade, o custo e<br />
o rendimento <strong>do</strong>s títulos de dívidas e, conseqüentemente,<br />
afetam os retornos sobre os<br />
investimentos diretamente. Os investi<strong>do</strong>res<br />
usam as classificações para avaliar o risco,<br />
consistente com os retornos espera<strong>do</strong>s. Os<br />
RIs geralmente participam das apresentações<br />
feitas para as agências que levam à atribuição<br />
de classificações para diversos títulos<br />
de dívidas e ofertas.<br />
(*) WILLIAM F. MAHONEY - expert em<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res - é o autor <strong>do</strong><br />
livro “Manual <strong>do</strong> RI: Princípios e Melhores<br />
Práticas de Relações com Investi<strong>do</strong>res”,<br />
de onde foi extraí<strong>do</strong> este artigo. (E-mail:<br />
wfmahoney35@verizon.net)<br />
C<br />
MC<br />
YM<br />
CM Y<br />
MY CM<br />
CY MY<br />
CMY CY<br />
CMY K<br />
K
GOVERNANÇA & MERCADO<br />
EMPRESAS<br />
HOLDINGS<br />
SÃO ICEBERGS DE DESTRUIÇÃO<br />
DE VALOR ECONÔMICO?<br />
32 REVISTA RI Fevereiro 2009
O verbo to hold em inglês tem os significa<strong>do</strong>s<br />
de manter, controlar e guardar entre outros.<br />
O que são empresas holdings?<br />
De maneira mais abrangente, podemos dizer que constituem um <strong>do</strong>s muitos<br />
instrumentos usa<strong>do</strong>s nas economias capitalistas para fins de controle empresarial,<br />
entre os quais os acor<strong>do</strong>s internacionais (exemplo: Acor<strong>do</strong> de Kyoto), as leis nacionais<br />
(como a Lei das Sociedades Anônimas, n. 6.404 de 15/12/76 e suas revisões), a<br />
O regulamentação verbo to hold vigente em inglês (as várias tem instruções os significa<strong>do</strong>s da Comissão de manter, de Valores Mobiliários,<br />
controlar para exemplificar), e guardar a auto-regulação entre outros. de O merca<strong>do</strong> que são (citan<strong>do</strong> empresas aqui o holdings?<br />
Novo Merca<strong>do</strong><br />
e os Níveis 1 e 2 de governança da Bolsa de Valores de São Paulo), os estatutos<br />
empresariais, os acor<strong>do</strong>s de acionistas, os códigos de ética, os regulamentos<br />
empresariais próprios, os contratos e muito mais, incluin<strong>do</strong> os ditames da cultura<br />
e suas regras informais (em geral, férreas). Se refletirmos de maneira mais restrita,<br />
holdings são, também, portfólios de ativos, de forte a fracamente administra<strong>do</strong>s.<br />
por Mônica Mansur Brandão*<br />
Mas por que pode fazer senti<strong>do</strong> criar uma<br />
empresa holding? Acionistas não preferem<br />
diversificar eles mesmos seu portfólio de<br />
investimentos? Por que uma holding pode<br />
valer menos no merca<strong>do</strong> de ações <strong>do</strong> que<br />
a soma de suas subsidiárias?<br />
Tais perguntas fazem senti<strong>do</strong>, pois, para muitos<br />
investi<strong>do</strong>res, a necessidade de criação de<br />
uma holding pode parecer algo subjetivo ou<br />
imaterial. Há algum tempo, um colega de<br />
trabalho, executivo de finanças, investi<strong>do</strong>r<br />
e estudioso <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais, fez uma<br />
afirmativa que nos fez pensar: holding é algo<br />
que eu não compreen<strong>do</strong> bem e que, portanto,<br />
considero arrisca<strong>do</strong>, pois nunca se sabe<br />
exatamente como se dão as transferências de<br />
valor econômico entre ela e seus principais<br />
acionistas. Ficamos com essa frase na cabeça<br />
e ela motiva a existência <strong>do</strong> presente artigo.<br />
Após trocar idéias com alguns investi<strong>do</strong>res e<br />
administra<strong>do</strong>res <strong>do</strong> nosso relacionamento, os<br />
quais preferem não ser cita<strong>do</strong>s, chegamos à<br />
seguinte hipótese: holdings não serão icebergs<br />
de destruição de valor econômico, a depender<br />
de como forem usadas em prol <strong>do</strong> seu<br />
conjunto de acionistas como um to<strong>do</strong>.<br />
Quais motivos podem ensejar a criação de<br />
holdings? Vários, aqui dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos:<br />
aqueles liga<strong>do</strong>s às pessoas físicas e às<br />
suas famílias e aqueles liga<strong>do</strong>s à administração<br />
de negócios per se. Pessoas físicas podem<br />
abrigar seus ativos em empresas holdings por<br />
entenderem que isso é mais conveniente sob<br />
o prisma da segurança pessoal e da gestão<br />
patrimonial. Raciocinan<strong>do</strong> com base nos interesses<br />
da família, elas podem buscar uma<br />
solução para assegurar a presença familiar<br />
nos negócios por muitos anos, mitigar conflitos<br />
e favorecer o aproveitamento de talentos e<br />
experiências familiares onde for mais conveniente.<br />
Já sob o prisma administrativo, o qual<br />
também pode interessar às pessoas e famílias,<br />
as holdings criam a obrigatoriedade de ampliar<br />
a visão sistêmica <strong>do</strong>s negócios, podem contribuir<br />
para melhor equacionar o pagamento<br />
de tributos, favorecer a mitigação de riscos e<br />
mais, prestar serviços às subsidiárias de um<br />
grupo empresarial.<br />
Não podemos deixar de dizer que as holdings<br />
existem sob diferentes tipologias, poden<strong>do</strong> ser<br />
criadas por pessoas, famílias ou empresas, ser<br />
de participações (sem atividade operacional)<br />
ou operacionais (com atividade operacional),<br />
ter capital aberto ou fecha<strong>do</strong>, e ainda, formato<br />
estelar (a holding está no epicentro de holdin<br />
gs dela controla<strong>do</strong>ras e por ela controladas) ou<br />
piramidal (a holding controla outras holdings<br />
a jusante, em cadeia). Naturalmente, essas<br />
tipologias não se auto-esgotam, mas acreditamos<br />
que dão uma idéia <strong>do</strong> que se pode<br />
encontrar no capitalismo. Adicionalmente,<br />
são funções típicas de holdings em muitos<br />
grupos empresariais (em ordem alfabética):<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
33
GOVERNANÇA & MERCADO<br />
A chave da gestão<br />
da estratégia<br />
de uma holding<br />
(a estratégica<br />
corporativa): criar<br />
sinergias e, portanto,<br />
valor econômico.<br />
aquisição de ativos, auditoria, comunicação<br />
social, conselho de administração e seus<br />
comitês e conselho fiscal, controla<strong>do</strong>ria em<br />
âmbito nacional e internacional (controles de<br />
subsidiárias em países estrangeiros), finanças<br />
corporativas (com destaque para a gestão <strong>do</strong>s<br />
investimentos <strong>do</strong> grupo), jurídico, logística e<br />
suprimentos, meio ambiente, planejamento e<br />
gestão da estratégia, recursos humanos (gente),<br />
relações com investi<strong>do</strong>res, tecnologia geral<br />
e tecnologia de informação entre outras<br />
Se as considerações anteriores ajudam a compreender<br />
as causas da existência das holdings<br />
e os serviços que elas pode prestar a um grupo<br />
empresarial, fica, ainda, faltan<strong>do</strong> fechar um<br />
raciocínio: como as holdings devem ser administradas<br />
em prol <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s acionistas<br />
que não dependem delas para diversificar<br />
seus investimentos? Como reunir vários negócios<br />
e unidades de negócios (UNs) sob uma<br />
mesma empresa holding de forma a interessar<br />
aos investi<strong>do</strong>res cita<strong>do</strong>s? A melhor resposta<br />
que encontramos é: gerin<strong>do</strong> a holding de<br />
maneira a criar sinergias entre as UNs e as<br />
áreas de suporte às mesmas. Exploremos essa<br />
34 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
questão em termos simples, na linha a<strong>do</strong>tada<br />
pelos professores Roberto Kaplan e David<br />
Norton, no livro Alignment (2006): uma hol<br />
ding criada para gerir várias UNs, ao ser implantada,<br />
cria um custo próprio. Sob o ponto<br />
de vista estritamente financeiro, o valor total<br />
das unidades administrativas é subtraí<strong>do</strong>, no<br />
momento da criação da holding, desse custo a<br />
valor presente. Entretanto, se a holding passa<br />
a coordenar as UNs crian<strong>do</strong> sinergias, ou seja,<br />
fazen<strong>do</strong> com que elas operem conjuntamente<br />
de forma superior, o valor econômico <strong>do</strong> grupo<br />
empresarial aumenta. Esta é, portanto, a<br />
chave da gestão da estratégia de uma holding<br />
(a estratégica corporativa): criar sinergias e,<br />
portanto, valor econômico.<br />
Existem inúmeras alternativas que favorecem<br />
a criação de valor via sinergias: administração<br />
otimizada de participações em todas as<br />
suas etapas, busca de acesso comum a fontes<br />
de financiamento de baixo custo, realização<br />
de vendas casadas ou cruzadas para clientes<br />
de diferentes UNs, compartilhamento<br />
de processos e recursos operacionais, gestão<br />
superior de pessoas e de conhecimento são<br />
exemplos que não esgotam o rol de possibilidades.<br />
E existem muitas outras identificadas<br />
por Kaplan e Norton, que buscam explorar a<br />
questão à luz <strong>do</strong> Balanced Scorecard. Sinergias<br />
criadas no âmbito de uma holding podem<br />
e devem mais <strong>do</strong> que compensar os seus<br />
custos próprios. Sob o prisma estratégico,<br />
as estratégias das empresas holdings devem<br />
perseguir sinergias. Cumpre lembrar que a<br />
empresa holding agrega, genericamente, <strong>do</strong>is<br />
riscos muito relevantes: o primeiro risco é o<br />
da fraca governança interna (referimo-nos<br />
aqui à governança das empresas sob a hol<br />
ding), com perda de alinhamento; quan<strong>do</strong> a<br />
holding é fraca, pode permitir que determi-<br />
nadas subsidiárias tomem decisões de forma<br />
não otimizada para o grupo empresarial, com<br />
substancial perda de sinergia. Em segun<strong>do</strong><br />
lugar, existe o risco da falta de transparência,<br />
já que os públicos externos acessam apenas<br />
parte das informações empresariais.<br />
Holdings podem ser mais descontadas nos<br />
merca<strong>do</strong>s acionários; conforme dito inicialmente,<br />
o preço de suas ações pode ser inferior<br />
ao valor total das ações de empresas sob elas<br />
abrigadas, assim atestam exemplos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
real. É louvável o esforço que alguns grupos<br />
empresariais têm feito buscan<strong>do</strong> reduzir esse<br />
desconto, aumentan<strong>do</strong> sua transparência e<br />
demonstran<strong>do</strong> sua boa governança, mas explicitar<br />
com clareza o papel das holdings na criação<br />
de sinergias merece grande atenção <strong>do</strong>s<br />
dirigentes empresariais. Não basta fazer bem,<br />
é preciso demonstrar que se faz bem. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, enfatizamos aqui o papel fundamental<br />
das áreas de Relações com Investi<strong>do</strong>res das<br />
companhias holdings com ações em Bolsa de<br />
Valores: elas têm o grande desafio de demonstrar<br />
aos investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
como a holding cria maior valor <strong>do</strong> que o custo<br />
que impõe pelo fato de existir.<br />
(*) MÔNICA MANSUR BRANDÃO<br />
é conselheira da Apimec-MG, profissional<br />
de finanças, professora, MBA em Finanças,<br />
especializada em Gestão Estratégica e mestre em<br />
Administração (E-mail: mbran@terra.com.br).
SUSTENTABILIDADE<br />
Governança:<br />
uma questão de<br />
sustentabilidade<br />
36 REVISTA RI Fevereiro 2009
Nenhuma empresa pode afirmar ter comunicação empresarial<br />
efetiva, quan<strong>do</strong> não permite à sociedade ter acesso a informações<br />
relevantes ao seu próprio desenvolvimento. E isso está relaciona<strong>do</strong><br />
tanto a Governança Corporativa como a Sustentabilidade.<br />
por Roberto Gonzalez*<br />
A Guerra de Secessão <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (1860-1864) teve um forte<br />
impacto nas relações humanas e nas estruturas empresariais agrárias<br />
e urbanas: o Norte, industrializa<strong>do</strong>, necessitava de trabalha<strong>do</strong>res<br />
assalaria<strong>do</strong>s; o Sul, agrícola, contava com mão-de-obra basicamente<br />
escrava. Nessa região, por óbvias razões, não existia o debate sobre o<br />
papel econômico e social das fazendas ou empresas rurais.<br />
Enquanto isso, o Norte já discutia o papel social que as estradas<br />
de ferro e as indústrias poderiam desempenhar. Notou-se que<br />
os habitantes desses esta<strong>do</strong>s estavam mais expostos à educação<br />
e ao conhecimento. Podemos afirmar que foram as empresas<br />
que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico dessa<br />
região, mesmo que neste início poucos promovessem a valorização<br />
profissional <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />
A formação <strong>do</strong>s primeiros sindicatos, por sua vez, deu início ao<br />
debate sobre a qualidade de vida no trabalho, ainda que naquela<br />
época ninguém soubesse qual a real dimensão de questões como<br />
diminuição da jornada (que, em alguns casos, chegava a 18 horas<br />
diárias de trabalho), direito à alimentação, benefícios e outros.<br />
Em 1908, na Inglaterra, foi funda<strong>do</strong> o Institute of Directors, que<br />
reunia os gestores das empresas britânicas, mas que não promoveu<br />
avanços significativos. Basicamente, os participantes ordenaram<br />
os princípios que deveriam orientar a condução <strong>do</strong>s negócios e as<br />
relações conflitantes existentes.<br />
Quan<strong>do</strong> os sindicatos estavam consolida<strong>do</strong>s (por volta da década de<br />
1960), nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e na Europa começaram a surgir com muita<br />
força as Organizações Não-Governamentais (ONGs). Muitas foram<br />
criadas para cobrar das empresas boas relações com a comunidade,<br />
especialmente no que dizia respeito a questões socioambientais.<br />
Na mesma época, no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>, começaram a surgir leis específicas,<br />
com o objetivo de regulamentar as relações entre empresas e<br />
a sociedade. O movimento ficou ainda mais forte nas décadas<br />
subseqüentes, quan<strong>do</strong> também foram criadas diversas instituições de<br />
defesa <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />
Nasce um coNceito<br />
Seguin<strong>do</strong> essa tendência, os investi<strong>do</strong>res que inicialmente entregavam<br />
seus recursos, interessa<strong>do</strong>s unicamente no retorno financeiro e sem<br />
a preocupação de como a empresa atuaria para atingir esse objetivo,<br />
começaram a alterar suas posturas.<br />
Tornou-se óbvio para to<strong>do</strong>s que organizações com péssimas<br />
relações trabalhistas apresentavam um passivo enorme, menor<br />
produtividade e baixa motivação, o que refletia negativamente<br />
nos resulta<strong>do</strong>s operacionais. Além disso, empresas que poluíam<br />
o meio ambiente comprometiam o resulta<strong>do</strong> financeiro da<br />
organização, graças às autuações <strong>do</strong>s órgãos regula<strong>do</strong>res e à<br />
própria atitude <strong>do</strong>s clientes.<br />
Hoje, mesmo com a crise socioeconômica, a sociedade está mais<br />
esclarecida e consciente <strong>do</strong> papel que uma empresa deve representar.<br />
Se ela não atende às necessidades <strong>do</strong> público usuário de seus produtos<br />
e serviços e às responsabilidades perante a ocorrência de equívocos,<br />
com certeza diminuirá sua participação no market share.<br />
Mais uma vez, isso representará resulta<strong>do</strong>s financeiros negativos. Ao<br />
sonegar impostos, terá, posteriormente, multas e será cobrada pela<br />
quantia que não havia si<strong>do</strong> paga, com juros e correção, acarretan<strong>do</strong><br />
em uma corrosão <strong>do</strong> lucro.<br />
Assim nasce o conceito de governança corporativa, em que as<br />
relações de uma empresa com to<strong>do</strong>s os seus públicos estratégicos<br />
(acionistas, fornece<strong>do</strong>res, usuários e clientes, trabalha<strong>do</strong>res, governos,<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
37
SUSTENTABILIDADE<br />
o Cadbury Committee definiu governança corporativa como o<br />
sistema por meio <strong>do</strong> qual companhias são dirigidas e controladas.<br />
os conselhos de administração são responsáveis pela governança<br />
de suas companhias. o papel <strong>do</strong>s acionistas na governança<br />
é indicar os conselheiros e os auditores e certificar que uma<br />
adequada estrutura de governança está sen<strong>do</strong> implantada.<br />
comunidade etc.) são fundamentais para a execução de uma boa<br />
gestão. Essas idéias foram compiladas no final <strong>do</strong> século XX.<br />
Em dezembro de 1992, o Cadbury Committee definiu governança<br />
corporativa como o sistema por meio <strong>do</strong> qual companhias são dirigidas<br />
e controladas. Os conselhos de administração são responsáveis pela<br />
governança de suas companhias. O papel <strong>do</strong>s acionistas na governança<br />
é indicar os conselheiros e os auditores e certificar que uma adequada<br />
estrutura de governança está sen<strong>do</strong> implantada.<br />
Neste ano, o Cadbury Committee desenvolveu o primeiro código de<br />
orientação das relações entre acionistas e gestores de empresas: o The<br />
Cadbury Report. Podemos dizer que esse foi o primeiro código de<br />
governança corporativa.<br />
Dois anos depois, no Canadá, a Bolsa de Toronto editou o Dey Report,<br />
que destaca: governança corporativa significa o processo e estrutura<br />
utilizada para dirigir e gerenciar os negócios da companhia, com o objetivo<br />
de aumentar o valor <strong>do</strong>s acionistas, o que inclui assegurar a viabilidade<br />
econômica da empresa. O processo e estrutura definem a divisão de<br />
poder e estabelecem os mecanismos para fixar responsabilidades entre<br />
acionistas, conselho de administração e direção executiva.<br />
Também em 1997, surge o The Hampel Report, que abor<strong>do</strong>u mais as<br />
relações <strong>do</strong>s agentes envolvi<strong>do</strong>s direta e indiretamente com a empresa.<br />
Dois anos depois, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento<br />
Econômico (OCDE) elaborou o Código das Melhores Práticas de<br />
Governança Corporativa, com ênfase nas relações da empresa com<br />
seus stakeholders (públicos estratégicos).<br />
Desde então o debate sobre Governança Corporativa só cresceu no<br />
mun<strong>do</strong> inteiro e no momento da crise atual amplia-se a discussão<br />
sobre a pratica da Governança Corporativa e também uma forte<br />
reflexão relacionada a agilidade de tomada de decisões que o<br />
momento atual necessita.<br />
Governança no Brasil em linhas Gerais<br />
No Brasil, em 1995, foi funda<strong>do</strong> o Instituto Brasileiro de Conselho de<br />
Administração (IBCA). Começava, aqui, o debate sobre governança<br />
38 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
corporativa praticamente no mesmo instante que nas nações mais<br />
industrializadas. Em 1997, o nome da entidade foi modifica<strong>do</strong> para<br />
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).<br />
O IBGC, no seu nascimento, definia assim o conceito de governança:<br />
sistema que permite aos acionistas ou cotistas o governo estratégico<br />
de sua empresa e a efetiva monitoração da direção executiva. As<br />
ferramentas que garantem o controle da propriedade sobre a gestão<br />
são o conselho de administração, a auditoria independente e o<br />
conselho fiscal.<br />
Em 1999, o IBGC apresenta o primeiro código de melhores práticas<br />
de governança corporativa made in Brazil, foca<strong>do</strong> unicamente no<br />
conselho de administração, que considerava sugestões <strong>do</strong> Top<br />
Management Summit, realiza<strong>do</strong> em abril de 1997.<br />
Em 2000 é lança<strong>do</strong> o Novo Merca<strong>do</strong> um divisor de águas no que<br />
tange a Governança Corporativa no Merca<strong>do</strong> de Capitais Brasileiro.<br />
Em abril de 2001, o IBGC lançava a segunda edição desse código,<br />
que abordava, além <strong>do</strong> conselho de administração, questões como<br />
propriedade, acionistas, diretoria executiva, auditoria independente,<br />
conselho fiscal, ética e conflito de interesses. Também mencionava,<br />
pela primeira vez, a relação com os stakeholders, deixan<strong>do</strong> claro<br />
que o Chief Executive Officer (CEO) e a diretoria da empresa são<br />
responsáveis pela relação com os públicos estratégicos.<br />
Em 2004, o IBGC lançou a 3ª edição <strong>do</strong> código. Como o tempo passou,<br />
atualmente, o instituto a<strong>do</strong>ta a seguinte definição para governança<br />
corporativa: conjunto de práticas e relacionamentos entre acionistas/<br />
cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente<br />
e conselho fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da<br />
empresa e facilitar o acesso ao capital.<br />
Com tantas definições (são mais de 30 em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>), tomei a<br />
liberdade, em abril de 2002, de formatar uma definição conceitual<br />
que, acredito, retrata a essência <strong>do</strong> que deve ser governança<br />
corporativa: é to<strong>do</strong> o processo de gestão e monitoramento desta que<br />
leva em consideração os princípios da responsabilidade corporativa<br />
(fiscal, social, trabalhista, comunitária, ambiental, societária,
etc.), com interação com o ambiente e os públicos estratégicos,<br />
os chama<strong>do</strong>s stakeholders, em busca da sustentabilidade para ser<br />
perene. Em setembro de 2007 troquei a palavra perene por longeva.<br />
Em outro artigo abordarei a diferença dessas duas palavras que em<br />
um primeiro momento podem parecer sinônimos.<br />
Um grande momento no Brasil foi em 2007 quan<strong>do</strong> a agenda <strong>do</strong><br />
IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) foi dedicada<br />
a debater a Sustentabilidade na visão da Governança Corporativa e a<br />
convergência <strong>do</strong>s conceitos.<br />
DifERENçAs<br />
É importante destacar que a questão da governança corporativa<br />
teve início na Europa por um motivo e, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, por<br />
outro. O Velho Continente que apresentava uma concentração <strong>do</strong><br />
capital da propriedade debateu-se sobre os direitos <strong>do</strong>s acionistas<br />
que não faziam parte <strong>do</strong> bloco de controle. Ou seja, aqueles que<br />
não estavam no grupo com mais de 50% das ações com direito a<br />
voto nas empresas.<br />
Já nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a grande pulverização das ações fez com que os<br />
corpos diretivos das companhias efetuassem aumentos para si tanto na<br />
remuneração fixa, como na variável amplian<strong>do</strong> a participação nos resulta<strong>do</strong>s<br />
e a blindagem contra riscos, o que contribuiu para que os detentores <strong>do</strong><br />
capital da propriedade não fossem devidamente remunera<strong>do</strong>s.<br />
Em outras palavras: nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a gestão de uma empresa<br />
detinha to<strong>do</strong> seu controle e, praticamente, não ouvia os acionistas.<br />
Em muitos casos, o CEO (Chief Executive Officer) era chairman, ou<br />
seja o presidente da diretoria era também presidente <strong>do</strong> conselho de<br />
administração. Eles deveriam defender os interesses da companhia<br />
e maximizar os retornos para os acionistas. Entretanto, na prática,<br />
defendiam muito mais os interesses <strong>do</strong>s gestores.<br />
Vale aqui uma explicação: quan<strong>do</strong> me refiro a defender os interesses<br />
da companhia, penso no melhor desenvolvimento da organização,<br />
o que envolve as relações da empresa com to<strong>do</strong>s os seus públicos<br />
estratégicos, os stakeholders.<br />
UNiãO DE iDéiAs<br />
To<strong>do</strong>s esses fatos e idéias levaram à união <strong>do</strong> conceito de governança<br />
corporativa ao da comunicação empresarial e consequentemente<br />
sustentabilidade, que tem início com os que estão ao la<strong>do</strong>. Isto é,<br />
sócios, trabalha<strong>do</strong>res, clientes, fornece<strong>do</strong>res, acionistas, comunidade,<br />
entre outros. Nenhuma empresa pode afirmar ter comunicação<br />
empresarial efetiva, quan<strong>do</strong> não permite à sociedade ter acesso a<br />
informações relevantes ao seu próprio desenvolvimento.<br />
Toda empresa pode ter boas práticas de governança corporativa se<br />
a<strong>do</strong>tar procedimentos de transparência, como parte de um sistema<br />
estratégico e integra<strong>do</strong> de comunicação, de forma a facilitar a<br />
oferta de informações aos públicos estratégicos. As organizações<br />
devem prestar contas de uma forma ágil, eficiente e respeitosa.<br />
Ainda, devem não só cumprir à risca toda a estafante legislação<br />
nacional, mas também os mais exigentes dispositivos de regulamentação<br />
internacionais.<br />
Alguns dizem que o principal benefício da governança corporativa,<br />
em empresas de capital aberto, é a segurança decorrente da recomendação<br />
de que essas companhias devem ter vários conselheiros<br />
independentes. Caso esses conselheiros não façam nada <strong>do</strong> que foi<br />
exposto até aqui, abre-se um precedente para o questionamento:<br />
são empresas com boas práticas de governança corporativa?<br />
As empresas que desejarem dar um salto de qualidade e cumprir os<br />
quatro princípios básicos da governança corporativa transparência<br />
à sociedade, equidade com os públicos estratégicos, prestação de<br />
contas a to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s com a organização e responsabilidade<br />
corporativa devem, com a máxima prioridade, implantar modelos<br />
de gestão e programas de comunicação empresarial que,<br />
provavelmente, poderão garantir a efetividade <strong>do</strong>s esforços.<br />
Por tu<strong>do</strong> isso, a frase os investi<strong>do</strong>res são uns tolos, porque nos<br />
dão seus recursos, e arrogantes, porque ainda querem explicações<br />
a respeito, dita por Carl Fürstenberg, banqueiro alemão,<br />
(*1850 | +1933), no final <strong>do</strong> século XIX, não tem mais espaço<br />
no mun<strong>do</strong> atual. As corporações que assim pensarem estarão<br />
caminhan<strong>do</strong> a passos largos em direção à não-existência.<br />
(*) ROBERTO GONZALEZ<br />
é diretor de estratégia de sustentabilidade da The Media Group -<br />
Comunicação Corporativa, membro <strong>do</strong> Conselho Deliberativo <strong>do</strong> ISE (Índice<br />
de Sustentabilidade Empresarial) da BM&FBovespa, <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong><br />
Ethical da Asset Management <strong>do</strong> Banco Real, professor convida<strong>do</strong> da FIA/USP<br />
e na Trevisan Escola de Negócios e USCS (roberto@mediagroup.com.br)<br />
Obs.: A base deste artigo foi extraída <strong>do</strong> texto publica<strong>do</strong> pelo autor no livro<br />
“Ética na vida das empresas”.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
39
DESTAQUE<br />
AGOSTINHO<br />
FARIA CARDOSO<br />
SupERINTENDENTE DE RI DA CEMIG<br />
40 REVISTA RI Fevereiro 2009
TRANSIÇÃO NA ÁREA DE RI:<br />
CEMIG DÁ EXEMPLO AO MERCADO<br />
Não é a toa que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig)<br />
é reconhecida no merca<strong>do</strong> financeiro pela excelência na área<br />
de relações com investi<strong>do</strong>res. A transição ocorrida na área nos<br />
últimos <strong>do</strong>is anos tornou-se um exemplo de como lidar com as<br />
expectativas <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res e analistas diante de mudanças.<br />
por Ana Borges<br />
Com o objetivo de evitar que as mudanças<br />
prejudicassem a área, a empresa preparou o<br />
terreno para a saída de Luiz Fernan<strong>do</strong> Rolla,<br />
profissional reconheci<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong>, da superintendência<br />
de relações com investi<strong>do</strong>res.<br />
Rolla, que recebeu diversos prêmios por seu<br />
trabalho junto ao merca<strong>do</strong>, foi o responsável<br />
pela implantação <strong>do</strong>s programas de ADR nível<br />
I e II na New York Stock Exchange e Nível<br />
I de Governança na Bovespa. Dentre os<br />
reconhecimentos, o executivo foi eleito, por<br />
exemplo, como Melhor Profissional de RI por<br />
diversos anos pelas Associação <strong>do</strong>s Analistas e<br />
Profissionais de Investimento <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de<br />
Capitais (Apimec) e recebeu o prêmio da IR<br />
Magazine (2006).<br />
Após a saída da superintendência, Rolla não<br />
conseguiu ficar muito tempo afasta<strong>do</strong> da empresa:<br />
foi convida<strong>do</strong> à retornar aos negócios<br />
e assumiu a diretoria de Finanças, Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res e Controle de Participações<br />
da Cemig. As mudanças trouxeram um aprimoramento<br />
para o dia-a-dia <strong>do</strong> relacionamento<br />
com o merca<strong>do</strong> que, mesmo sem a presença de<br />
Rolla na superintendência, não ficou nenhum<br />
pouco desampara<strong>do</strong>.<br />
Para a sucessão da superintendência, a companhia<br />
tinha duas opções. A primeira seria escolher<br />
um profissional da casa, que já conhecesse<br />
os processos da empresa e que pudesse passar<br />
a atuar na área de RI. Já a segunda possibilidade<br />
consistia em escolher um profissional experiente<br />
de RI, mas que precisasse passar pelo<br />
aprendiza<strong>do</strong> sobre a companhia.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
41
DESTAQUE<br />
A decisão foi pela primeira opção, com a escolha<br />
da prata da casa, Agostinho Faria Car<strong>do</strong>so.<br />
A empresa entendeu que seria melhor para<br />
o cargo um profissional que conhecesse seus<br />
processos internos e com conhecimento tanto<br />
sobre o setor de energia quanto de finanças.<br />
O executivo trabalha na Cemig desde 1985 e<br />
atuou nas áreas de operação, gerenciamento<br />
da demanda, comercialização com grandes<br />
clientes e compra e venda de energia no ataca<strong>do</strong><br />
e gestão de riscos de energia.<br />
Car<strong>do</strong>so aceitou o desafio e para se adequar<br />
às exigências da área de RI e passou<br />
um ano acompanhan<strong>do</strong> Rolla no dia-adia<br />
<strong>do</strong> atendimento a investi<strong>do</strong>res. O<br />
novo superintendente também começou<br />
a participar <strong>do</strong>s encontros públicos com<br />
investi<strong>do</strong>res, como road shows e reuniões<br />
Apimecs. O desafio de substituir um<br />
campeão não é fácil. Mas a forma como<br />
o processo foi feito, facilitou a transição,<br />
conta Car<strong>do</strong>so. Ele participou de programas<br />
de treinamento no Brasil e nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s que além de abordarem as<br />
formas de ampliar e melhorar o relacionamento<br />
com investi<strong>do</strong>res e imprensa,<br />
também evolveram questões regulatórias,<br />
como legislação societária.<br />
Car<strong>do</strong>so começou a assumir aos poucos as<br />
responsabilidades <strong>do</strong> cargo. Durante este<br />
tempo, fui sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> para a função<br />
de RI, com a oportunidade única de ter o<br />
próprio Luiz Fernan<strong>do</strong> como mestre, lembra.<br />
Segun<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>so a principal característica<br />
de seu antecessor é a generosidade.<br />
Ele me passou o seu conhecimento com<br />
paciência. Não via isso como obrigação,<br />
conta. Após um ano de treinamento, Car<strong>do</strong>so<br />
assumiu a área de RI.<br />
Hoje, após <strong>do</strong>is anos desde o início da transição,<br />
a equipe de RI está completamente<br />
formada e a solução da continuidade foi<br />
42 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
obtida com sucesso. Como o Luiz Fernan<strong>do</strong><br />
assumiu a função de diretor financeiro,<br />
também nos dá apoio à atividade e auxilia<br />
nas metas de cobertura. Antes mesmo <strong>do</strong><br />
Brasil ser grau de investimento, buscamos<br />
ampliar a cobertura de RI para os investi<strong>do</strong>res<br />
da Ásia, diz. A Cemig atualmente<br />
atende as demandas de investi<strong>do</strong>res<br />
asiáticos, europeus e americanos, sem<br />
deixar de buscar aprimorar o atendimento<br />
aos investi<strong>do</strong>res brasileiros. Além de<br />
realizar as reuniões Apimecs nas capitais,<br />
a equipe de RI da Cemig também tem<br />
i<strong>do</strong> ao interior.<br />
Além de Agostinho, outros profissionais<br />
da casa passaram pelo processo de<br />
aprendizagem sobre o relacionamento<br />
com o investi<strong>do</strong>r. Este ano, o gerente<br />
de RI, Antônio Carlos Vélez Braga, fez<br />
o mesmo treinamento em Nova Iorque,<br />
junto com outros executivos.<br />
A área de RI também conta como apoio<br />
<strong>do</strong>s executivos da empresa, que participam<br />
das reuniões com o merca<strong>do</strong>.<br />
Com o contato direto junto aos investi<strong>do</strong>res,<br />
os executivos passam ver como<br />
funcionam as reuniões e as demandas<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Ao mesmo tempo, o investi<strong>do</strong>r<br />
tem a oportunidade de perguntar<br />
diretamente para o responsável pela<br />
área, explica.<br />
Estatísticas<br />
Luiz Fernan<strong>do</strong> Rolla e<br />
Agostinho Faria Car<strong>do</strong>so<br />
A Cemig buscou, em 2007, ampliar suas<br />
ações junto ao merca<strong>do</strong> de capitais com o<br />
objetivo de estabelecer um relacionamento<br />
cada vez mais transparente, em consonância<br />
com as práticas de governança corporativa,<br />
tornan<strong>do</strong>-se mais próxima <strong>do</strong>s acionistas,<br />
analistas e investi<strong>do</strong>res. As divulgações<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s trimestrais e anual foram<br />
realizadas por apresentações transmitidas<br />
via vídeo webcast e teleconferência, com<br />
tradução simultânea para o inglês, contan<strong>do</strong><br />
com a presença <strong>do</strong> presidente <strong>do</strong><br />
Conselho de Administração e da diretoria<br />
Executiva da companhia.<br />
Ao longo <strong>do</strong> ano, a Cemig esteve presente,<br />
no Brasil e no exterior em<br />
84 seminários, conferências e encontros<br />
com investi<strong>do</strong>res; 10 congressos; 11 road<br />
shows; além de teleconferências e videoconferências<br />
com analistas de merca<strong>do</strong><br />
de capitais e investi<strong>do</strong>res. Os eventos nacionais<br />
e internacionais ultrapassaram a<br />
marca de 490 reuniões individuais.<br />
Foram realizadas também ações focadas na<br />
educação financeira <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res individuais,<br />
pela participação nas Expo Money de<br />
São Paulo e de Belo Horizonte, bem como<br />
no The World Money Show, em Orlan<strong>do</strong> nos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.
FATO RELEVANTE<br />
codim<br />
orienta comPanhiaS aBertaS SoBre<br />
ato e Fato reLeVante<br />
por Giovanna Zanarolli e Jennifer almeida<br />
Os relatores <strong>do</strong> pronunciamento foram<br />
Edison Garcia pela AMEC Associação<br />
de Investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> de Capitais<br />
e Marcos Sanchez pelo IBRACON<br />
Instituto <strong>do</strong>s Auditores Independentes<br />
<strong>do</strong> Brasil.<br />
O CODIM sugere que a linguagem utilizada<br />
pelas companhias quan<strong>do</strong> forem<br />
divulgar qualquer fato relevante seja a<br />
mais clara possível. A linguagem deve<br />
facilitar o entendimento de todas as informações<br />
de forma elucidativa <strong>do</strong> fato<br />
que se queira divulgar, explica Edison<br />
Garcia. Em um merca<strong>do</strong> sadio to<strong>do</strong>s devem<br />
ter acesso às informações adequadas,<br />
sempre privilegian<strong>do</strong> a transparência,<br />
completa Marcos Sanchez.<br />
O pronunciamento orienta que a companhia<br />
crie um Comitê de Divulgação assim<br />
como ressalta que a linguagem deve<br />
ser clara e acessível. O Comitê de Divulgação<br />
deve conter membros da área<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res, Finanças,<br />
Jurídica e de Comunicação - conforme<br />
sugere o <strong>do</strong>cumento <strong>do</strong> CODIM. O<br />
esforço <strong>do</strong> Comitê é para auxiliar os<br />
novos participantes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, mas<br />
também orientar aqueles que não tem o<br />
hábito de seguir as orientações, finaliza<br />
Edison Garcia.<br />
Acompanhe o pronunciamento na íntegra:<br />
44<br />
REVISta RI<br />
Fevereiro 2009<br />
codim<br />
comitÊ de orientação Para diVuLGação<br />
de inFormaçÕeS ao merca<strong>do</strong><br />
(aBraSca – amec – anBid – ancor – aPimec – BoVeSPa – cFc – iBGc – iBracon – iBri)<br />
Pronunciamento<br />
de orientação nº 05,<br />
de 27 de novembro de 2008.<br />
EmEnta: ato ou Fato reLeVante.<br />
aBRanGÊnCIa. ESCLaRECImEntOS<br />
DE COnCEItOS E PROCEDImEntOS.<br />
tRanSPaRÊnCIa E BOaS PRÁtICaS DE<br />
GOVERnanÇa CORPORatIVa. aDOÇÃO<br />
DE REGRaS PRUDEnCIaIS. CUmPRImEntO<br />
Da InStRUÇÃO Da CVm.<br />
O Comitê de Orientação para Divulgação de<br />
Informações ao Merca<strong>do</strong> CODIM, com base<br />
em sua competência, torna público que, após<br />
submeter a matéria em audiência pública,<br />
aprovou, por decisão de seus membros em reunião<br />
realizada no dia 23 de outubro de 2008,<br />
o presente Pronunciamento de Orientação, o<br />
que faz mediante os seguintes termos:<br />
conceituação<br />
A divulgação <strong>do</strong> ato ou fato relevante é<br />
obrigação prevista na Lei 6.404/1976 (art.<br />
157, §§ 4º e 5º) como dever de informar <strong>do</strong><br />
administra<strong>do</strong>r da companhia. Essa obrigação<br />
foi regulamentada pela Comissão de<br />
Valores Mobiliários (art. 8º, III e 22, § 1º,<br />
I, V e VI da Lei 6.385/1976), e detalhada<br />
na Instrução CVM 358/2002.<br />
Assim, com o objetivo de orientar as companhias<br />
abertas quanto à correta e tempestiva<br />
utilização das ferramentas de comunicação<br />
disponíveis, e, principalmente, contribuir<br />
para a melhoria continua da qualidade da informação<br />
prestada, para evitar a prática de irregularidades<br />
como a divulgação incompleta,<br />
inadequada ou intempestiva de informações<br />
ao merca<strong>do</strong>, seguem alguns esclarecimentos<br />
que podem auxiliar a compreensão <strong>do</strong> que<br />
seja ato ou fato relevante.<br />
ato ou Fato reLeVante<br />
Conceito: Para fins deste Pronunciamento<br />
de Orientação e em consonância com<br />
a legislação em vigor e as instruções editadas<br />
pela Comissão de Valores Mobiliários<br />
CVM, considera-se ato ou fato relevante
O quinto pronunciamento de orientação <strong>do</strong> CODIM (Comitê<br />
de Orientação para Divulgação de Informações ao Merca<strong>do</strong>)<br />
sobre Ato e Fato relevante foi divulga<strong>do</strong> no dia 27 de<br />
novembro de 2008 e declara que a informação de ato e fato<br />
relevante é aquela que pode influenciar de mo<strong>do</strong> ponderável<br />
a cotação das ações e outros títulos emiti<strong>do</strong>s pela empresa, a<br />
decisão <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res de comprar, vender ou manter esses<br />
papéis e ainda a decisão <strong>do</strong>s acionistas de exercer quaisquer<br />
direitos inerentes à titularidade das ações.<br />
qualquer decisão <strong>do</strong>(s) acionista(s) controla<strong>do</strong>r<br />
(es), deliberação da assembléia geral,<br />
deliberação <strong>do</strong>s órgãos de administração da<br />
companhia ou qualquer outro ato ou fato de<br />
caráter político-administrativo, técnico, negocial<br />
ou econômico-financeiro, ocorri<strong>do</strong>s ou<br />
relaciona<strong>do</strong>s aos seus negócios, que possam<br />
influir de mo<strong>do</strong> ponderável na:<br />
a) cotação <strong>do</strong>s valores mobiliários de emissão da<br />
Companhia;<br />
b) decisão <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res de comprar, vender<br />
ou manter esses valores mobiliários;<br />
c) decisão <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res de exercer quaisquer<br />
direitos inerentes à condição de titular de valores<br />
mobiliários emiti<strong>do</strong>s pela Companhia ou a<br />
eles referencia<strong>do</strong>s.<br />
To<strong>do</strong> ato ou fato relevante deve ser publica<strong>do</strong> em<br />
jornal de grande circulação utiliza<strong>do</strong> habitualmente<br />
pela companhia, além de ser formalmente<br />
encaminha<strong>do</strong> à CVM, às bolsas de valores ou<br />
às entidades <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de balcão em que a<br />
companhia aberta negocia os seus valores mobiliários.<br />
Caso a divulgação seja feita de forma resumida,<br />
o ato ou fato relevante deve mencionar<br />
o endereço na rede mundial de computa<strong>do</strong>res<br />
(internet) em que os investi<strong>do</strong>res encontrarão a<br />
informação completa.<br />
ComuniCa<strong>do</strong> ao merCa<strong>do</strong><br />
Conceito: Para fins deste Pronunciamento<br />
de Orientação, da legislação editada e pelas<br />
instruções emanadas da Comissão de Valores<br />
Mobiliários CVM, considera-se passível<br />
de expedição de Comunica<strong>do</strong> ao Merca<strong>do</strong><br />
qualquer informação que não seja conceitualmente<br />
um Fato Relevante, mas que a administração<br />
da companhia aberta considere importante<br />
sua divulgação para to<strong>do</strong>s os agentes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais.<br />
A publicação de Comunica<strong>do</strong> ao Merca<strong>do</strong><br />
é facultativa. Todavia, caso a companhia decida<br />
pela publicação, esta deverá ser feita<br />
preferencialmente no jornal habitualmente<br />
utiliza<strong>do</strong> pela companhia.<br />
<strong>do</strong>s objetivos<br />
1. O propósito deste Pronunciamento de<br />
Orientação é o de contribuir para a melhor<br />
e mais eficiente divulgação das informações<br />
aos participantes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de valores mobiliários<br />
nacional. Há também o objetivo de<br />
evitar a assimetria informacional, a divulgação<br />
seletiva ou fracionada e/ou a não-divulgação<br />
de informações relevantes, controlar<br />
eventuais vazamentos <strong>do</strong>s Fatos Relevantes,<br />
bem como coibir práticas não-equitativas e<br />
uso irregular de informações privilegiadas.<br />
Buscou-se, também, explicar exemplos de<br />
ato ou fato relevante, mitigan<strong>do</strong> os riscos da<br />
ocorrência de descumprimento da Instrução<br />
da CVM que regula a matéria.<br />
2. As companhias abertas devem preservar o direito<br />
à plena e tempestiva divulgação de informações<br />
para todas as pessoas com as quais se<br />
relacionam, tais como acionistas, investi<strong>do</strong>res,<br />
cre<strong>do</strong>res, agentes de merca<strong>do</strong>, mídia, dentre<br />
outros, evitan<strong>do</strong> assim que eventuais detentores<br />
de informações privilegiadas possam vir a<br />
utilizá-las em proveito próprio ou de terceiros.<br />
3. Dada a responsabilidade legal <strong>do</strong> Diretor<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res em divulgar<br />
informações ao merca<strong>do</strong> sobre a companhia,<br />
esta deverá garantir mecanismos internos de<br />
mo<strong>do</strong> que as informações sejam tempestivamente<br />
disponibilizadas ao Diretor de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res para tomar as providências<br />
quanto à sua divulgação ou não.<br />
da abrangênCia <strong>do</strong> ConCeito<br />
de atos ou Fatos relevantes<br />
4. A CVM, com o objetivo de reduzir a influência<br />
de aspectos subjetivos ínsitos à interpretação<br />
<strong>do</strong> conceito de Ato ou Fato Relevante,<br />
fixa<strong>do</strong> em sua Instrução, enumerou, de forma<br />
não exauriente, hipóteses em que é obrigatória<br />
a divulgação de Fato Relevante. É por essa<br />
razão que os administra<strong>do</strong>res das companhias<br />
abertas devem fazer profunda reflexão quanto<br />
ao ato ou fato ocorri<strong>do</strong> e não se ater apenas à<br />
lista exemplificativa constante da Instrução da<br />
CVM ao avaliarem a necessidade de divulgação.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI 45
FATO RELEVANTE<br />
Deverão, ainda, analisar em que modalidade de<br />
divulgação este ato ou fato melhor se enquadra<br />
– Fato Relevante ou Comunica<strong>do</strong> ao Merca<strong>do</strong>.<br />
Tal avaliação deve levar em conta que em muitas<br />
oportunidades uma situação que a companhia<br />
julga não ser relevante, o merca<strong>do</strong> acaba<br />
tratan<strong>do</strong> como tal, o que reforça a necessidade<br />
de uma avaliação rigorosa.<br />
5. Toda companhia aberta deve, nos termos de<br />
Instrução da CVM, inserir em sua Política de<br />
Divulgação de Informações ao Merca<strong>do</strong> instruções<br />
específicas sobre a divulgação de Ato ou<br />
Fato Relevante, bem como sobre a manutenção<br />
<strong>do</strong> sigilo relativo às informações relevantes ainda<br />
não divulgadas.<br />
6. A a<strong>do</strong>ção de práticas que visem à plena,<br />
ampla e tempestiva divulgação de Ato ou Fato<br />
Relevante proporciona maior credibilidade ao<br />
merca<strong>do</strong> de capitais, agrega valor à companhia<br />
e mitiga os riscos de propositura de ações de<br />
reparação civil e responsabilidade penal aos diretores<br />
e controla<strong>do</strong>res de companhias abertas,<br />
além de constituir salvaguarda aos acionistas<br />
minoritários e outros investi<strong>do</strong>res, que não têm<br />
acesso direto à administração da empresa.<br />
Da análise Objetiva DOs CasOs<br />
COnCretOs<br />
7. Com o intuito de evitar a proliferação de<br />
publicações desnecessárias, os eventos relaciona<strong>do</strong>s<br />
com o Ato ou Fato Relevante devem<br />
ter o seu significa<strong>do</strong> e sua importância analisa<strong>do</strong>s<br />
no contexto das atividades ordinárias<br />
e da dimensão da companhia e não isoladamente.<br />
Recomenda-se evitar a banalização<br />
das divulgações de Atos ou Fatos Relevantes,<br />
que pode prejudicar a qualidade da análise<br />
das referidas informações pelo merca<strong>do</strong>.<br />
Da respOnsabiliDaDe e Da<br />
OpOrtuniDaDe De DivulgaçãO<br />
De atOs Ou FatOs relevantes<br />
8. Todas as informações sobre Ato ou Fato Relevante<br />
da Companhia devem ser centralizadas<br />
na pessoa <strong>do</strong> Diretor de Relações com Investi<strong>do</strong>res.<br />
O DRI é o principal responsável perante<br />
a companhia pela divulgação e comunicação<br />
de Ato ou Fato Relevante, caben<strong>do</strong> ainda aos<br />
acionistas controla<strong>do</strong>res, diretores, membros<br />
46 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
<strong>do</strong>s conselhos de administração, fiscal e <strong>do</strong>s demais<br />
órgãos cria<strong>do</strong>s por disposição estatutária,<br />
a responsabilidade de comunicar ao DRI qualquer<br />
ato ou fato de que tenham conhecimento,<br />
para que esse realize a devida divulgação.<br />
9. Se for verificada a ocorrência de oscilações<br />
atípicas na cotação, no preço ou na quantidade<br />
negociada <strong>do</strong>s valores mobiliários de emissão da<br />
companhia aberta, ou a eles referencia<strong>do</strong>s, é de<br />
responsabilidade <strong>do</strong> DRI, nos termos de Instrução<br />
da CVM, inquirir às pessoas com acesso a<br />
atos ou fatos relevantes, com o objetivo de averiguar<br />
se estas têm conhecimento acerca de informações<br />
que devam ser divulgadas ao merca<strong>do</strong>.<br />
É também responsabilidade <strong>do</strong> DRI prestar informações,<br />
caso a CVM, a bolsa de valores ou a<br />
entidade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de balcão organiza<strong>do</strong> em<br />
que os valores mobiliários de emissão da companhia<br />
sejam admiti<strong>do</strong>s à negociação venham a<br />
exigir esclarecimentos adicionais à comunicação<br />
e à divulgação de ato ou fato relevante.<br />
10. Sempre que ocorrer um Ato ou Fato Relevante,<br />
a sua divulgação deverá ser imediata<br />
e simultânea a to<strong>do</strong>s os merca<strong>do</strong>s em que a<br />
companhia aberta tenha seus valores mobiliários<br />
negocia<strong>do</strong>s.<br />
11. Para que um Fato Relevante seja divulga<strong>do</strong><br />
não é necessário que a informação seja<br />
definitiva ou esteja formalizada, basta que<br />
não seja meramente especulativa ou mera<br />
intenção sem base em fatos concretos. Nessas<br />
hipóteses a sua divulgação deve ser feita<br />
à medida que as informações venham a<br />
ser produzidas, pois independentemente da<br />
efetiva conclusão, formalização ou definição<br />
<strong>do</strong> negócio jurídico que deu origem ao Fato<br />
Relevante, as informações devem ser disponibilizadas<br />
ao merca<strong>do</strong> como forma de evitar<br />
surpresas, mitigan<strong>do</strong> o risco de vazamento<br />
de informações privilegiadas.<br />
12. Quanto ao horário da divulgação, este deve<br />
se dar preferencialmente antes <strong>do</strong> início ou<br />
após o encerramento <strong>do</strong>s negócios nos merca<strong>do</strong>s<br />
em que os valores mobiliários da companhia<br />
forem lista<strong>do</strong>s, prevalecen<strong>do</strong> o horário de<br />
funcionamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro em caso<br />
de incompatibilidade, poden<strong>do</strong> excepcionalmente,<br />
se assim exigirem as circunstâncias, tal<br />
divulgação se dar durante o pregão.<br />
13. Cabe ao Diretor de Relações com Inves-<br />
ti<strong>do</strong>res avaliar criteriosamente a necessidade<br />
de solicitar à bolsa de valores ou merca<strong>do</strong> de<br />
balcão organiza<strong>do</strong> a suspensão da negociação<br />
<strong>do</strong>s Valores Mobiliários da companhia, pelo<br />
tempo necessário à adequada disseminação<br />
<strong>do</strong> Ato ou Fato Relevante, caso seja imperativo<br />
que a sua divulgação ocorra durante o<br />
horário de negociação.<br />
14. A divulgação <strong>do</strong> Ato ou Fato Relevante a ser<br />
veicula<strong>do</strong> em qualquer meio de comunicação,<br />
inclusive informação à imprensa, ou em reuniões<br />
de entidades de classe, investi<strong>do</strong>res, analistas<br />
ou com público seleciona<strong>do</strong>, no País ou no<br />
exterior deve se dar de maneira uniforme, acessível,<br />
tempestiva, ampla e concomitantemente a<br />
to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> e públicos estratégicos.<br />
15. Os Atos ou Fatos Relevantes podem, excepcionalmente,<br />
deixar de ser divulga<strong>do</strong>s se os<br />
acionistas controla<strong>do</strong>res ou os administra<strong>do</strong>res<br />
da companhia entenderem que sua revelação<br />
porá em risco interesse legítimo da companhia.<br />
Entretanto, os acionistas controla<strong>do</strong>res ou administra<strong>do</strong>res<br />
ficam obriga<strong>do</strong>s diretamente, ou por<br />
intermédio <strong>do</strong> Diretor de Relações com Investi<strong>do</strong>res,<br />
a divulgar imediatamente o ato ou fato<br />
relevante na hipótese da informação escapar ao<br />
controle ou se ocorrer oscilação atípica na cotação,<br />
preço ou quantidade negociada <strong>do</strong>s Valores<br />
Mobiliários de emissão da companhia aberta ou<br />
a eles referencia<strong>do</strong>s.<br />
16. Na hipótese acima prevista, é recomenda<strong>do</strong><br />
aos Administra<strong>do</strong>res e Acionistas Controla<strong>do</strong>res<br />
da companhia submeter à CVM<br />
a sua decisão de, excepcionalmente, manter<br />
em sigilo Atos ou Fatos Relevantes cuja divulgação<br />
entenda configurar manifesto risco<br />
a legítimos interesses da companhia, cientes<br />
de que o requerimento de tratamento confidencial<br />
não os exime da responsabilidade<br />
pela divulgação <strong>do</strong> ato ou fato relevante.<br />
17. É recomendável que as companhias abertas<br />
criem um Comitê de Divulgação e de monitoramento<br />
interno para facilitar o controle das<br />
informações privilegiadas, composto ao menos<br />
pelos executivos responsáveis pelas áreas de relações<br />
com investi<strong>do</strong>res, financeira, jurídica e de<br />
comunicação, sem prejuízo <strong>do</strong>s demais profissionais<br />
que vierem a compor o mesmo.<br />
18. O Comitê de Divulgação interna terá como<br />
diretrizes:
a) gerir a política de divulgação da companhia,<br />
sen<strong>do</strong> responsável pelo registro de acesso às<br />
informações privilegiadas, classifica<strong>do</strong>-as de<br />
acor<strong>do</strong> com critérios que possam facilitar o seu<br />
monitoramento. Deverão ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s parâmetros,<br />
como o número de pessoas envolvidas e a<br />
participação, ou não, de colabora<strong>do</strong>res externos,<br />
dentre outros;<br />
b) centralizar as informações relevantes da companhia,<br />
auxilian<strong>do</strong> o DRI na suas obrigações perante<br />
a CVM;<br />
c) discutir e recomendar a divulgação ou não<br />
divulgação de Atos e Fatos relevantes e comunica<strong>do</strong>s<br />
ao merca<strong>do</strong>, fundamentan<strong>do</strong> sua<br />
recomendação.<br />
Da Forma De Divulgação<br />
Do ato ou Fato relevante<br />
19. Toda e qualquer divulgação de Ato ou Fato<br />
Relevante deve ser feita obedecen<strong>do</strong> às seguintes<br />
diretrizes:<br />
a) Ordem e Distribuição:<br />
a.1) De forma a prover a imediata e simultânea<br />
disseminação da informação a to<strong>do</strong>s os participantes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, o ato ou fato relevante<br />
deve ser envia<strong>do</strong> à CVM, via sistema IPE, e à<br />
bolsa ou merca<strong>do</strong> de balcão organiza<strong>do</strong> onde<br />
os valores mobiliários de emissão da companhia<br />
sejam negocia<strong>do</strong>s, deven<strong>do</strong> também ser<br />
incluí<strong>do</strong> no site de relações com investi<strong>do</strong>res<br />
e envia<strong>do</strong>, através de press release, para a lista<br />
de distribuição da companhia;<br />
a.2) O ato ou fato relevante deve ser publica<strong>do</strong><br />
em jornal de grande circulação utiliza<strong>do</strong> habitualmente<br />
pela companhia.<br />
b) Conteú<strong>do</strong> e Linguagem:<br />
b1) A divulgação deve ser feita em linguagem<br />
clara e objetiva, de mo<strong>do</strong> que seu entendimento<br />
seja plenamente acessível a to<strong>do</strong>s os<br />
seus destinatários.<br />
b2) Deve conter toda e qualquer informação relevante<br />
aos negócios da companhia, que afetem<br />
os valores mobiliários de emissão da companhia<br />
aberta ou a eles referencia<strong>do</strong>s.<br />
b3) Caso seja utilizada a prerrogativa conce-<br />
dida pela CVM de divulgar o Ato ou Fato<br />
Relevante de forma resumida, a companhia<br />
deverá fornecer a melhor informação possível<br />
ao merca<strong>do</strong>, tanto qualitativa quanto quantitativa,<br />
deven<strong>do</strong> conter os elementos necessários<br />
a sua compreensão e deverá indicar<br />
nas publicações o(s) endereço(s) na Rede<br />
Mundial de Computa<strong>do</strong>res (Internet) onde a<br />
informação completa deverá estar disponível<br />
a to<strong>do</strong>s os públicos estratégicos em teor no<br />
mínimo idêntico àquele remeti<strong>do</strong> à CVM e<br />
às bolsa(s) de valores e merca<strong>do</strong>(s) de balcão<br />
organiza<strong>do</strong>, nos quais é admitida a negociação<br />
os valores mobiliários da companhia.<br />
b4) O <strong>do</strong>cumento que será leva<strong>do</strong> à publicação,<br />
ou divulgação ao merca<strong>do</strong>, receberá o título de<br />
FATO RELEVANTE, não obstante a Instrução<br />
da CVM disponha sobre a divulgação de atos e<br />
fatos relevantes;<br />
20. Na hipótese da ocorrência de uma divulgação<br />
involuntária, ou vazamento de informação<br />
relativa à Ato ou Fato Relevante, que ainda não<br />
tenha si<strong>do</strong> divulga<strong>do</strong> no Brasil ou no exterior,<br />
deve ser feita a sua divulgação imediata, homogênea<br />
e simultânea.<br />
Das orientações gerais De<br />
ConDuta e Das regras De<br />
PruDênCia<br />
21. Com o intuito de mitigar o risco de vazamento<br />
de informações privilegiadas a companhia<br />
deve limitar o número de porta-vozes autoriza<strong>do</strong>s<br />
e informar aos demais colabora<strong>do</strong>res<br />
envolvi<strong>do</strong>s que estão expressamente proibi<strong>do</strong>s<br />
de comentar este tipo de informação, bem como<br />
deverão abster-se de negociar títulos e valores<br />
mobiliários enquanto as mesmas não forem<br />
divulgadas ao merca<strong>do</strong>. Recomenda-se ainda a<br />
adesão às práticas <strong>do</strong> Manual Abrasca de Controle<br />
e Divulgação de Informações Relevantes,<br />
expressamente o seu Termo de Confidencialidade<br />
(item.I.5).<br />
22. A Companhia deve registrar o teor das<br />
informações trocadas, com o objetivo de<br />
individualizar e resguardar responsabilidades<br />
<strong>do</strong>s remetentes e destinatários. Fica a critério da<br />
Companhia a escolha <strong>do</strong> instrumento de registro<br />
que melhor lhe convier.<br />
23. A companhia deve firmar Contratos de Con-<br />
fidencialidade com to<strong>do</strong>s os seus interlocutores,<br />
especialmente com os consultores, colabora<strong>do</strong>res,<br />
presta<strong>do</strong>res de serviços, internos ou externos,<br />
terceiriza<strong>do</strong>s ou não. Essa recomendação<br />
se faz presente sempre que esses, por conta <strong>do</strong>s<br />
serviços presta<strong>do</strong>s, das consultas a si dirigidas,<br />
ou por qualquer outra razão, tenham acesso a<br />
informações que não são de conhecimento público.<br />
exemPlo De ato ou Fato<br />
relevante - esClareCimentos<br />
aDiCionais<br />
24. A CVM, através de Instrução, elenca,<br />
dentre as hipóteses de Fato Relevante, a<br />
impetração de recuperação judicial, requerimento<br />
ou confissão de falência ou propositura<br />
de ação judicial, pela companhia ou contra<br />
ela, que possa vir a afetar a sua situação<br />
econômico-financeira.<br />
25. Assim, recomenda-se que seja também<br />
objeto de publicação de Fato Relevante decisões<br />
administrativas, judiciais ou arbitrais,<br />
inclusive medidas de urgência (e.g. liminares,<br />
cautelares ou tutelas antecipadas), que<br />
contemplem matéria de mérito relevante,<br />
contrárias ou favoráveis à companhia aberta,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> proferidas em primeira instância<br />
ou que admitam recurso, mas que possam<br />
afetar a situação econômico-financeira<br />
da companhia.<br />
26. Também deve ser considerada informação<br />
sujeita à publicação de Fato Relevante,<br />
quan<strong>do</strong> decisão judicial de mérito, liminar ou<br />
de antecipação de tutela judicial for proferida<br />
em qualquer instância ou sentença arbitral<br />
que altere, significativamente, a base acionária<br />
da companhia.<br />
27. Deve constar <strong>do</strong> texto <strong>do</strong> Fato Relevante<br />
a existência de condição (suspensiva ou resolutiva)<br />
sobre a informação divulgada, especialmente<br />
se pendente aprovação de agentes<br />
públicos ou priva<strong>do</strong>s.<br />
São Paulo, 27 de novembro de 2008.<br />
geralDo soares<br />
HarolDo reginalDo levy neto<br />
Coordena<strong>do</strong>res<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI 47
<strong>IBRI</strong> NOTÍCIAS<br />
Carta <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> sobre a Crise Global<br />
O <strong>IBRI</strong> divulgou, no dia 17 de dezembro de 2008, carta sobre a crise financeira internacional. A Carta foi<br />
discutida e aprovada pelo Conselho de Administração e Diretoria Executiva <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> e está alinhada com a<br />
missão <strong>do</strong> Instituto no aperfeiçoamento e valorização da profissão de Relações com Investi<strong>do</strong>res (RI) em nosso<br />
país. O Instituto acredita na importância <strong>do</strong> RI agir de maneira pró-ativa em momentos de crise, contribuin<strong>do</strong>,<br />
por conseqüência, com o desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais no Brasil. Leia a seguir a íntegra da carta:<br />
Os últimos meses foram marca<strong>do</strong>s pelo aprofundamento<br />
da crise financeira internacional.<br />
Originada no merca<strong>do</strong> norte-americano<br />
de crédito habitacional, a crise ampliou-se<br />
para outros merca<strong>do</strong>s financeiros e outros<br />
países, contagian<strong>do</strong> a chamada economia<br />
real. Nós <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> (Instituto Brasileiro de<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res) acreditamos que<br />
essa situação tem implicações extremamente<br />
importantes para a função de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res nas companhias de capital aberto,<br />
exigin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s profissionais de RI respostas<br />
específicas e enérgicas.<br />
O Merca<strong>do</strong> de Capitais no Brasil<br />
Os padrões de regulação e auto-regulação<br />
aplica<strong>do</strong>s ao sistema bancário e ao merca<strong>do</strong><br />
de capitais no Brasil se situam, segun<strong>do</strong> avaliação<br />
unânime de especialistas e instituições<br />
internacionais, entre os melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Os critérios prudenciais quanto a riscos, alavancagem<br />
e transparência são mais exigentes<br />
<strong>do</strong> que aqueles que vigoram em vários merca<strong>do</strong>s<br />
internacionais, inclusive em alguns<br />
maiores que o brasileiro. Além disso, o Brasil<br />
possui uma das mais avançadas sistemáticas<br />
de negociação de títulos e valores mobiliários,<br />
proporcionan<strong>do</strong> segurança transacional aos<br />
investi<strong>do</strong>res. As entidades <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
brasileiro têm desenvolvi<strong>do</strong> nos últimos<br />
anos grande esforço para propagar a cultura<br />
de investimento. O reflexo disso é percebi<strong>do</strong><br />
no amadurecimento <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res.<br />
O <strong>IBRI</strong><br />
O <strong>IBRI</strong> (Instituto Brasileiro de Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res) atua há 11 anos no desenvolvimento<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais brasileiro e<br />
entende que seu papel junto às empresas,<br />
demais entidades e órgãos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de<br />
capitais tem si<strong>do</strong> e deverá permanecer de<br />
fundamental importância para a disseminação<br />
da cultura de investimento e da educação<br />
48 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
financeira <strong>do</strong> público investi<strong>do</strong>r. A entidade tem<br />
enfatiza<strong>do</strong> também a a<strong>do</strong>ção das melhores práticas<br />
de Governança Corporativa pelas companhias.<br />
A contribuição <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> para a disseminação<br />
da cultura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais se dá com<br />
o apoio à formação e valorização <strong>do</strong> profissional<br />
de Relações com Investi<strong>do</strong>res, com reflexos<br />
positivos para as companhias de capital aberto<br />
e para o público investi<strong>do</strong>r. Como resulta<strong>do</strong> e<br />
reconhecimento desse trabalho, o <strong>IBRI</strong> tem<br />
acompanha<strong>do</strong> a evolução no número de companhias<br />
de capital aberto e mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>brou o<br />
número de associa<strong>do</strong>s desde 2005.<br />
O Profissional de RI<br />
O profissional de RI é o principal responsável<br />
por disseminar a cultura <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
dentro das companhias e por a<strong>do</strong>tar, no estabelecimento<br />
<strong>do</strong>s relacionamentos com os investi<strong>do</strong>res,<br />
os princípios fundamentais defini<strong>do</strong>s<br />
pelo <strong>IBRI</strong> em seu Código de Conduta: Transparência;<br />
Equidade; Franqueza e Independência;<br />
Integridade; e Responsabilidade.<br />
O <strong>IBRI</strong> entende que é preciso criar e manter<br />
nas companhias a convicção de que a franqueza<br />
e a transparência são fatores fundamentais na<br />
construção e manutenção da imagem de solidez<br />
da companhia, de sua credibilidade e reputação<br />
empresarial. Assim, as companhias devem estabelecer<br />
políticas de divulgação amplas e consistentes,<br />
além de ter porta-vozes prepara<strong>do</strong>s para<br />
a comunicação integral.<br />
Essa comunicação deve incluir não apenas<br />
aspectos positivos e favoráveis, mas também<br />
aqueles negativos ou desfavoráveis, desde que<br />
importantes para a decisão de investimento,<br />
sem omissões ou informações evasivas.<br />
A Crise<br />
Os princípios <strong>do</strong> Código de Ética, importantes<br />
em situações de normalidade, tornam-se funda-<br />
mentais em situações como a da atual crise<br />
financeira internacional, quan<strong>do</strong> respostas<br />
tempestivas são essenciais para a consolidação<br />
<strong>do</strong>s ativos intangíveis das companhias,<br />
como sua credibilidade, e a da área de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res. As companhias –<br />
principalmente as com ações nas mãos <strong>do</strong><br />
público investi<strong>do</strong>r – devem conquistar a confiança<br />
<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r com responsabilidade e<br />
transparência com ênfase em seus processos<br />
de gestão e exposição a riscos. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />
o <strong>IBRI</strong> apóia as recentes medidas da CVM<br />
(Comissão de Valores Mobiliários), que complementaram<br />
as obrigações das companhias<br />
na divulgação de operações com derivativos.<br />
A informação precisa é o principal instrumento<br />
para o gerenciamento de crises e deve<br />
ser fornecida de forma organizada, consistente,<br />
contínua e proativa. Cabe ao diretor<br />
de RI e a sua equipe obter, com a necessária<br />
diligência, as informações internas relevantes<br />
e pertinentes e divulgá-las com presteza<br />
e equanimidade. Isso significa interagir e informar<br />
todas as partes interessadas e utilizar<br />
toda a gama de instrumentos atualmente à<br />
disposição: publicação de fatos relevantes e/<br />
ou comunica<strong>do</strong>s; teleconferências; reuniões<br />
públicas ou reservadas, além das ferramentas<br />
eletrônicas disponíveis na Internet, como emails<br />
e chats, por exemplo.<br />
As companhias de capital aberto devem<br />
aproveitar esse momento, de elevada volatilidade<br />
nos merca<strong>do</strong>s de capitais internacionais,<br />
como uma oportunidade de avaliação<br />
e renovação <strong>do</strong> compromisso com os<br />
investi<strong>do</strong>res e demais partes interessadas.<br />
Companhias que mantêm os canais de diálogo<br />
constantemente abertos, proporcionam<br />
informações amplas e transparentes<br />
e valorizam e fortalecem seus profissionais<br />
de RI terão, com certeza e em seu devi<strong>do</strong><br />
tempo, o reconhecimento e a valorização<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais.
<strong>IBRI</strong> dá boas-vindas a seus novos<br />
Conselheiros de Administração e Fiscal<br />
O Conselho de Administração e a Diretoria<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> estiveram reuni<strong>do</strong>s com convida<strong>do</strong>s<br />
em jantar de confraternização, no dia 4 de<br />
dezembro de 2008, logo após o lançamento<br />
<strong>do</strong> livro "O Esta<strong>do</strong> da Arte das Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res no Brasil". João Pinheiro Nogueira<br />
Batista, presidente <strong>do</strong> Conselho de<br />
Administração <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, realizou discurso e<br />
deu boas-vindas aos novos conselheiros eleitos<br />
e agradeceu de forma especial o trabalho<br />
desenvolvi<strong>do</strong> por Geral<strong>do</strong> Travaglia, Arleu<br />
Anhalt, Sérgio Sayeg, Valter Faria e Gilberto<br />
Mifano.<br />
Foram eleitos para integrar o Conselho de<br />
Administração <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>: Carlos Kawall, da<br />
BM&FBOVESPA; Doris Wilhelm, da Paranapanema<br />
S/A; João Pinheiro Nogueira Batista,<br />
da Bertin S/A; José Roberto Pacheco,<br />
da O<strong>do</strong>ntoprev S/A; Julia Reid Ferretti, <strong>do</strong><br />
Banco Fibra S/A; Leonar<strong>do</strong> Dutra de Moraes<br />
Horta, da Magazine Luiza S/A; Luiz<br />
Fernan<strong>do</strong> Rolla, da Cemig S/A; Milton Vargas,<br />
<strong>do</strong> Bradesco S/A e Roberto Terziani, da<br />
Oi-Telemar S/A; ao la<strong>do</strong> de Conselheiros<br />
que não tinham mandato venci<strong>do</strong> como Líbano<br />
Barroso, da TAM S/A; Alfre<strong>do</strong> Egydio<br />
Setubal, <strong>do</strong> Itaú Unibanco Banco Múltiplo;<br />
Elizabeth Piovezan Benamor, da Souza Cruz;<br />
Fabio Schvartsman, da Telemar Norte Leste;<br />
João Nogueira<br />
Batista, presidente<br />
<strong>do</strong> Conselho de<br />
Administração<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>, dá boas<br />
vindas aos novos<br />
conselheiros<br />
durante o jantar<br />
<strong>do</strong> Instituto.<br />
Gilson Rodrigues Bentes, da Usiminas/Cosipa<br />
- Cia. Siderúrgica Paulista S/A; José Marcos<br />
Treiger, da Multiner S/A; Luis Largman,<br />
da Cyrela Brazil Realty S.A.; Marco Geovanne<br />
Tobias da Silva, <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> Brasil S/A; Paul<br />
Elie Altit, da Odebrecht; Plínio <strong>do</strong> Amaral Pinheiro,<br />
da Duratex S/A; Roberto da Cunha<br />
Castello Branco, da Vale; Wang Wei Chang,<br />
da Perdigão; Welson Teixeira Júnior, da Sadia;<br />
Wilson Ferreira Júnior, da CPFL Energia e<br />
Wilson Amarante, <strong>do</strong> Grupo Rede. Já Edgar<br />
Jabbour, da Deloitte; Iran Siqueira Lima, da<br />
FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas<br />
Contábeis, Atuariais e Financeiras) e José<br />
Fernan<strong>do</strong> Monteiro Alves, da Sadia atuarão<br />
no Conselho Fiscal <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> até 2010.<br />
Geral<strong>do</strong> Soares, presidente executivo <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong>,<br />
explica ações <strong>do</strong> Instituto e os planos para o futuro.<br />
O presidente executivo <strong>do</strong> Instituto, Geral<strong>do</strong><br />
Soares, apresentou balanço da gestão e<br />
ressaltou os principais projetos da diretoria<br />
nos últimos 24 meses. "Gostaria de salientar<br />
algumas conquistas <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> nesse perío<strong>do</strong><br />
como a criação das Diretorias Nordeste e<br />
Sul, o fato <strong>do</strong> número de associa<strong>do</strong>s ter cresci<strong>do</strong><br />
102%; o lançamento de 3 livros sobre<br />
a área e a profissão de RI, inauguração de<br />
sede própria, a realização de 54 eventos; a<br />
elaboração de pesquisa com a Deloitte sobre<br />
os desafios <strong>do</strong> IFRS; realização de enquetes;<br />
a descentralização <strong>do</strong>s eventos fora de São<br />
Paulo; o relacionamento institucional com<br />
outras entidades, entre outros", destacou.<br />
"Ampliaremos o número de associa<strong>do</strong>s, o<br />
nosso site será reformula<strong>do</strong> e contará com<br />
informações exclusivas para os associa<strong>do</strong>s<br />
e também criaremos o selo de qualidade<br />
<strong>IBRI</strong>", adiantou Soares quais serão os projetos<br />
<strong>do</strong> Instituto para 2009.<br />
O jantar foi um oferecimento da Chorus<br />
Call <strong>do</strong> Brasil, da The MediaGroup e <strong>do</strong><br />
Jornal Valor Econômico.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
Fotos: Sonia Mele<br />
49
IbrI NOTÍCIAS<br />
CODIM COlOCa eM auDIênCIa<br />
públICa prOnunCIaMentOs<br />
sObre release e DIvulgaçãO<br />
De reMuneraçãO DOs<br />
aDMInIstraDOres<br />
O Comitê de Orientação para Divulgação<br />
de Informações ao Merca<strong>do</strong><br />
(CODIM) submete à audiência pública<br />
as minutas de Pronunciamento de<br />
Orientação sobre “Release (nº6)” e<br />
“Política de Divulgação da Remuneração<br />
<strong>do</strong>s Administra<strong>do</strong>res (nº7)”,<br />
até o dia 30 de janeiro de 2009 e 27<br />
de fevereiro 2009, respectivamente.<br />
seMInárIO tI e O MerCaDO De CapItaIs<br />
O <strong>IBRI</strong> e a revista Executivos Financeiros<br />
preparam a segunda edição<br />
<strong>do</strong> “Seminário TI e o Merca<strong>do</strong> de<br />
Capitais”. O evento acontecerá na<br />
primeira quinzena de março de<br />
sãO paulO e rIO De JaneIrO abreM<br />
InsCrIções para a 10ª e 11ª turMa<br />
DO Mba FInanças, COMunICaçãO<br />
e relações COM InvestIDOres<br />
Estão abertas as inscrições para a<br />
10ª e 11ª turma <strong>do</strong> MBA Finanças, Comunicação<br />
e Relações com Investi<strong>do</strong>res,<br />
ofereci<strong>do</strong> pelo <strong>IBRI</strong> e pela FIPE-<br />
CAFI (Fundação Instituto de Pesquisas<br />
Contábeis, Atuariais e Financeiras). As<br />
aulas terão início em março de 2009 na<br />
nova sede da FIPECAFI, situada na Rua<br />
Maestro Cardim, 1.170, Bela Vista, próximo<br />
da Avenida Paulista (Shopping<br />
Paulista) e da estação Paraíso <strong>do</strong> Metrô,<br />
em São Paulo (SP). A novidade para<br />
2009 é que o <strong>IBRI</strong> e a FIPECAFI oferecem<br />
pela primeira vez o MBA de RI na<br />
cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro (Rua São José,<br />
40 - Terminal Menezes Cortes - Centro<br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro).<br />
50 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
As orientações têm o objetivo de<br />
estabelecer as melhores práticas a<br />
serem observadas pelas companhias<br />
abertas e a participação de to<strong>do</strong>s os<br />
interessa<strong>do</strong>s é de extrema relevância<br />
para o processo. Os arquivos podem<br />
ser acessa<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong> site www.<br />
codim.org.br e as sugestões enviadas<br />
para codim@codim.org.br.<br />
2009, na FECOMERCIO, Rua Dr. Plínio<br />
Barreto, 285, São Paulo (SP) e abordará<br />
temas relaciona<strong>do</strong>s à implementação<br />
de sistemas de TI no merca<strong>do</strong><br />
de capitais.<br />
As inscrições estão abertas. O MBA em<br />
RI contará com a coordenação <strong>do</strong> Professor<br />
Doutor Iran Siqueira Lima e possibilitará<br />
aos profissionais uma visão global<br />
em business, o entendimento conceitual<br />
e operacional das diversas atividades relacionadas<br />
com o merca<strong>do</strong> financeiro e<br />
de capitais, mais especificamente ligadas<br />
às atividades de Relações com Investi<strong>do</strong>res.<br />
O MBA permite, também, a troca de<br />
experiências por meio de palestras com<br />
profissionais de destaque na comunidade<br />
financeira. Inscrições e mais informações:<br />
FIPECAFI – Fundação Instituto<br />
de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras<br />
- Site: www.fipecafi.org E-mail:<br />
coordena<strong>do</strong>ria.mba@fipecafi.org<br />
sIlvIO guerra<br />
reCebe O “prêMIO<br />
MInas geraIs De<br />
DesenvOlvIMentO<br />
eCOnôMICO”<br />
Silvio Guerra<br />
Silvio Guerra, diretor-gerente<br />
<strong>do</strong> <strong>IBRI</strong> Minas Gerais, recebeu<br />
o “Prêmio Minas Gerais de<br />
Desenvolvimento Econômico”<br />
na categoria Relações com<br />
Investi<strong>do</strong>res. O diretor de RI<br />
da Localiza recebeu a medalha<br />
“Paulo Camilo de Oliveira<br />
Penna” como reconhecimento<br />
pelo trabalho desenvolvi<strong>do</strong><br />
durante o evento organiza<strong>do</strong><br />
pela Revista Merca<strong>do</strong>Comum<br />
e pela ASSEMG – Associação<br />
<strong>do</strong>s Economistas de Minas<br />
Gerais. A premiação tem<br />
o objetivo de contribuir para<br />
o desenvolvimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
de Minas Gerais e consequentemente<br />
<strong>do</strong> Brasil.
Companhias Abertas<br />
Brasileiras buscam<br />
visibilidade no merca<strong>do</strong><br />
internacional<br />
Com a crise financeira internacional que atingiu os merca<strong>do</strong>s na<br />
segunda metade de setembro de 2008 as companhias abertas<br />
brasileiras enxergaram oportunidade de reafirmar os laços com<br />
os investi<strong>do</strong>res estrangeiros ao participar de fóruns internacionais,<br />
fundamentais para esclarecer dúvidas recorrentes.<br />
por Jennifer Almeida<br />
Em 2008, o <strong>IBRI</strong> promoveu <strong>do</strong>is importantes<br />
eventos internacionais com o intuito de estreitar<br />
os laços com os investi<strong>do</strong>res estrangeiros: O<br />
"Brazil Day" (4ª edição) e a "3ª Tarde de Brasil<br />
en Latibex".<br />
Para Arman<strong>do</strong> d´Almeida Neto, vice-presidente<br />
e diretor de Relações com Investi<strong>do</strong>res da Multiplan,<br />
esse tipo de intercâmbio é extremamente<br />
importante para que os investi<strong>do</strong>res internacionais<br />
tenham mais informação e possam ampliar<br />
e diferenciar seus conhecimentos sobre o Brasil<br />
e as empresas, estimulan<strong>do</strong> assim as perspectivas<br />
de negócios e investimentos.<br />
Investi<strong>do</strong>res de várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> como<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Reino Uni<strong>do</strong>, Portugal, Suíça<br />
e Espanha buscaram ao longo <strong>do</strong>s eventos explicações<br />
sobre os planos de investimento das<br />
companhias e como a economia brasileira reagirá<br />
em 2009. As empresas desenharam, por sua<br />
vez, o cenário de cada setor e destacaram suas<br />
metas, mostran<strong>do</strong> perspectivas e oportunidades<br />
de negócios.<br />
"Na 3ª Tarde de Brasil en Latibex organizada<br />
pelo <strong>IBRI</strong> em conjunto com a Bolsa de Madrid<br />
pudemos levar uma mensagem de otimismo<br />
modera<strong>do</strong> sobre o desempenho da economia<br />
brasileira em um momento de crise nos<br />
países mais industrializa<strong>do</strong>s. Ficou evidente<br />
que estamos mais bem prepara<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que jamais<br />
estivemos para enfrentar os desafios que<br />
essa crise irá nos impor. Cabe destacar, além<br />
da solidez da economia brasileira, o seu grau<br />
de sofisticação e diversificação, especialmente<br />
quan<strong>do</strong> essa comparação é feita com outras<br />
economias emergentes. Do ponto de vista<br />
de merca<strong>do</strong>, tivemos a oportunidade de encontrar<br />
investi<strong>do</strong>res de renda fixa e variável<br />
<strong>do</strong> Continente Europeu e Reino Uni<strong>do</strong>, em<br />
mais uma oportunidade de posicionar as nossas<br />
empresas como alternativas diferenciadas<br />
de investimento", relatou Luiz Henrique<br />
Valverde, vice-presidente executivo <strong>do</strong> <strong>IBRI</strong><br />
e diretor de Relações com Investi<strong>do</strong>res da<br />
Braskem sobre sua participação no evento.<br />
"As reuniões one-on-one foram com investi<strong>do</strong>res<br />
que já conhecíamos e quatro ou cinco grupos de<br />
novos investi<strong>do</strong>res. O nível de conhecimento de<br />
quem acompanha é diferente, existem investi<strong>do</strong>res<br />
que acompanham a empresa há 15 anos,<br />
e sabem os passos <strong>do</strong> dia-a-dia da empresa. O<br />
Brasil passa a ter uma importância na geopolítica<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>", ressaltou Carlos Henrique,<br />
consultor de negócios dentro da gerência de<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res da Petrobras.<br />
Para Calman Luiz Moricz, gerente de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Banco Panamericano, ter<br />
participa<strong>do</strong> da mesa re<strong>do</strong>nda sobre merca<strong>do</strong> de<br />
consumo no Brasil na 3ª Tarde de Brasil en Latibex<br />
e das 19 reuniões one-on-one, foi muito<br />
importante para ampliar a base de contato da<br />
empresa. Os investi<strong>do</strong>res estão mais criteriosos<br />
e privilegian<strong>do</strong> as companhias com políticas<br />
mais consistentes de investimento. "Eles estão<br />
olhan<strong>do</strong> para o Brasil como um horizonte mais<br />
para frente, quem já está investin<strong>do</strong> continua,<br />
quem não está não decidirá agora. Já participamos<br />
outras vezes desses eventos. Vale a pena ir",<br />
finaliza Francisco Smith, diretor de Relações<br />
com Investi<strong>do</strong>res da Grendene.<br />
<strong>IBRI</strong><br />
homenAgeIA<br />
pAtRoCInA<strong>do</strong>Res<br />
O <strong>IBRI</strong> reconhece o empenho<br />
de todas as empresas<br />
que confiaram no trabalho<br />
desenvolvi<strong>do</strong> pelo Instituto.<br />
Agradecemos aos nossos<br />
parceiros que contribuíram<br />
para o desenvolvimento <strong>do</strong><br />
Instituto ao longo de 2008 e<br />
para o aperfeiçoamento das<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res<br />
no Brasil, especialmente os<br />
seguintes colabora<strong>do</strong>res:<br />
Banco <strong>do</strong> Brasil; Banco Itaú<br />
Holding Financeira; Bradesco;<br />
Brasil Telecom; Braskem;<br />
Cemig; Comgás; CPFL Energia;<br />
Deloitte; Itaúsa; Nossa<br />
Caixa; Petrobras; Redecard;<br />
Souza Cruz; Suzano; TAM;<br />
Unibanco; Vale. Agradecemos,<br />
também, o apoio de<br />
importantes parceiros <strong>do</strong><br />
<strong>IBRI</strong>: Revista RI, parceira<br />
desde 1998; FIPECAFI (Fundação<br />
Instituto de Pesquisas<br />
Contábeis, Atuariais e Financeiras);<br />
Pricewaterhouse<br />
Coopers, desde o ano 2000;<br />
The MediaGroup, desde<br />
2001, o Jornal Valor Econômico,<br />
desde 2003 e Chorus<br />
Call, desde 2004 e PR<br />
Newswire desde 2007.<br />
Fevereiro 2009<br />
REVISTA RI<br />
51
CONSULTORIA<br />
inteligência de Merca<strong>do</strong>:<br />
use a seu favor<br />
não existe momento mais oportuno para se comunicar com a<br />
comunidade investi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que em épocas de crise. É o momento<br />
que os representantes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mais precisam e demandam<br />
informações e, geralmente, é o momento em que você realmente<br />
tem algo importante a dizer. seja bom ou ruim.<br />
por paulo Henrique praes*<br />
Na faculdade de economia, tive um professor<br />
que utilizava um exemplo bem ilustrativo para a<br />
turma entender o conceito de percepção de valor<br />
e de utilidade marginal. O exemplo utiliza<strong>do</strong><br />
dizia que uma pessoa estava perdida em um deserto<br />
qualquer, sob um calor escaldante, morren<strong>do</strong><br />
de sede e em uma região onde havia muitos<br />
diamantes. Como essa pessoa estava perdida,<br />
em uma área remota e deserta e, além disso,<br />
morren<strong>do</strong> de sede, aqueles diamantes não lhe<br />
tinham valor algum. Pelo contrário, ela trocaria<br />
tantos diamantes quantos fossem possíveis por<br />
apenas um copo d'água. A água sim possuía muito<br />
valor para ela, pois ali era um bem escasso. Por<br />
sorte, ela acabou encontran<strong>do</strong> uma pessoa disposta<br />
a realizar essa troca um diamante por um<br />
copo d'água tantas vezes quantas ela quisesse.<br />
Porém, após cada copo d'água, o valor percebi<strong>do</strong><br />
da água ia diminuin<strong>do</strong> para aquela pessoa e, por<br />
volta <strong>do</strong> quinto copo, já não possuía mais valor<br />
algum, pois ela já estava saciada.<br />
Muito beM, excelente exeMplo.<br />
Mas o que isso teM a ver coM<br />
relações coM investi<strong>do</strong>res?<br />
A princípio não muita coisa, mas forçan<strong>do</strong> um<br />
pouco e trocan<strong>do</strong> água por informação começa a<br />
fazer mais senti<strong>do</strong> e até podemos fazer uma analogia<br />
com <strong>do</strong>is momentos recentes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
de capitais. O primeiro, antes da crise, quan<strong>do</strong><br />
52<br />
REVISTA RI<br />
Fevereiro 2009<br />
havia grande liquidez no merca<strong>do</strong> e investi<strong>do</strong>res<br />
ávi<strong>do</strong>s por risco. O segun<strong>do</strong> momento, o atual,<br />
quan<strong>do</strong> presenciamos um ciclo de crise. Como<br />
toda crise, esta também vem acompanhada de<br />
incertezas, muitas dúvidas e receios, o que acaba<br />
geran<strong>do</strong> grande demanda por informação.<br />
Naquele primeiro momento de bonança, vimos<br />
muitas companhias irem a merca<strong>do</strong>, abrirem o<br />
capital, realizarem emissões e captações. Mas<br />
também vimos essas empresas participan<strong>do</strong> de<br />
diversos eventos, reuniões com analistas e investi<strong>do</strong>res,<br />
reuniões one-on-one, non-deal roadshows,<br />
envian<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong>s quase que diários,<br />
releases trimestrais de resulta<strong>do</strong>s muitas vezes<br />
extensos, relatórios anuais sofistica<strong>do</strong>s e caros.<br />
Alguns tinham a finalidade de informar, outros<br />
de impressionar. Mas to<strong>do</strong>s com um objetivo<br />
em comum: se expor ao merca<strong>do</strong> e à comunidade<br />
investi<strong>do</strong>ra, se venden<strong>do</strong> como uma opção<br />
interessante e rentável de investimento.<br />
Voltan<strong>do</strong> ao exemplo inicial <strong>do</strong> copo d'água:<br />
ofereciam mais água quan<strong>do</strong> a quantidade<br />
existente já era suficiente. E agora que to<strong>do</strong>s<br />
parecem estar perdi<strong>do</strong>s no deserto, ansiosos por<br />
um mínimo de água, quase não encontramos<br />
ofertas. Geralmente, vejo as áreas de relações<br />
com investi<strong>do</strong>res perguntarem: Qual é o melhor<br />
momento para se comunicar com o merca<strong>do</strong>?<br />
e geralmente a resposta da própria empresa<br />
é: Quan<strong>do</strong> a empresa tem boas notícias a dar.<br />
Enquanto, na verdade, a pergunta correta seria:<br />
Quan<strong>do</strong> os stakeholders mais precisam de informações?<br />
e uma boa resposta poderia ser: Quan<strong>do</strong><br />
elas não existem.<br />
Não existe momento mais oportuno para se comunicar<br />
com a comunidade investi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que<br />
em épocas de crise. É o momento que os representantes<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mais precisam e demandam<br />
informações e, geralmente, é o momento<br />
em que você realmente tem algo importante a<br />
dizer. Seja bom ou ruim. E é nesse ponto que eu<br />
gostaria de chamar mais atenção: para as notícias<br />
ruins. É um erro tentar escondê-las ou disfarçálas.<br />
Elas podem e provavelmente serão percebidas<br />
como muito mais graves <strong>do</strong> que de fato o são.<br />
Se eu puder deixar um conselho para as áreas de<br />
relações com investi<strong>do</strong>res sobre esse ponto, eu<br />
seria simples, rápi<strong>do</strong> e direto: não subestimem<br />
os analistas e investi<strong>do</strong>res. Não adianta em um<br />
trimestre você comparar com o trimestre <strong>do</strong> ano<br />
anterior e, no próximo relatório, para melhorar<br />
um número ruim, comparar com o trimestre<br />
imediatamente anterior ou ainda fazer uma comparação<br />
acumulada. Sabe quem você consegue<br />
enganar desse jeito? Você mesmo. Na edição<br />
128 da Revista RI, há um artigo muito interessante<br />
escrito pelo Reginal<strong>do</strong> Alexandre (Breve<br />
roteiro para os profissionais de RI). Se você ainda<br />
não leu, está perden<strong>do</strong> tempo.
É preciso ser honesto com os stakeholders.<br />
É isso o que eles esperam: honestidade. Não<br />
tenham me<strong>do</strong> de dar notícias ruins, em tempos<br />
de crise elas são esperadas. O que não<br />
são esperadas são as notícias boas. Sabe<br />
aquela frase que diz que na crise enquanto<br />
alguns choram outros vendem lenços? É um<br />
discurso muito bonito, mas difícil de colocar<br />
em pratica. Eu até acredito que existam<br />
oportunidades em momentos de crise, mas<br />
pensan<strong>do</strong> bem, se a crise fosse boa para todas<br />
as empresas e setores, não seria uma crise, seria?<br />
Então administre as expectativas <strong>do</strong> seu<br />
público e os prepare para o que está por vir.<br />
É uma máxima de nossa atividade: o merca<strong>do</strong><br />
odeia surpresas, sejam elas boas ou ruins. E<br />
se tem alguém em uma companhia que deve<br />
saber o que está acontecen<strong>do</strong> e quais são as<br />
expectativas imediatas é o profissional de RI.<br />
Se ele não sabe é por que tem algo erra<strong>do</strong>, ou<br />
com o ele ou com a companhia.<br />
Realizar a comunicação com o merca<strong>do</strong> de<br />
forma eficiente e se fazer entender parece<br />
fácil, mas não é. Há famosos cases de fatos<br />
simples que tomaram uma dimensão enorme<br />
(e diferente da esperada) por falhas no processo<br />
de comunicação. Para saber se comunicar,<br />
primeiro escute. Isso faz parte <strong>do</strong> próprio<br />
desenvolvimento humano. Aprendemos<br />
a falar, ouvin<strong>do</strong>. Nesse merca<strong>do</strong> funciona da<br />
mesma forma. Preste atenção nas demandas<br />
que a área de RI recebe <strong>do</strong>s analistas e investi<strong>do</strong>res.<br />
Quais são as dúvidas freqüentes,<br />
o que eles não entendem, o que temem, o<br />
que discordam e por que discordam. Ouça o<br />
merca<strong>do</strong> e, se ele não vem até você, vá atrás<br />
dele. Participe de eventos e de reuniões.<br />
Faça análises pós-conferências e utilize-as<br />
para aprender com seus erros e aperfeiçoar<br />
os seus acertos.<br />
Fazer o que esperam que você faça e não o que<br />
você acha que esperam é o segre<strong>do</strong> de um eficiente<br />
programa de relações com investi<strong>do</strong>res.<br />
Ouvir o merca<strong>do</strong> é um primeiro passo para<br />
isso e o merca<strong>do</strong> tem muito a lhe dizer. Uma<br />
boa forma de ouvi-lo é por meio <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />
de percepções. E não confundam estu<strong>do</strong> de<br />
percepção com análise pós-conferência. Este<br />
último, em geral, avalia o processo trimestral<br />
de divulgação de resulta<strong>do</strong>s (release de resulta<strong>do</strong>s<br />
e teleconferência). O estu<strong>do</strong> de percepção<br />
é um estu<strong>do</strong> muito mais completo (e<br />
complexo) <strong>do</strong> que a análise pós-conferência,<br />
com um número muito maior de entrevista<strong>do</strong>s<br />
e muito mais abrangente. Com ele é possível<br />
avaliar to<strong>do</strong> o esforço da área de relações com<br />
investi<strong>do</strong>res de uma companhia, desde o atendimento<br />
de solicitações, passan<strong>do</strong> pelo processo<br />
de comunicação, websites, até a abordagem<br />
<strong>do</strong> comprometimento e participação da alta<br />
administração no relacionamento com o merca<strong>do</strong>.<br />
Neste trabalho é muito importante o RI<br />
sentar-se com a consultoria da sua preferência<br />
para selecionar os entrevista<strong>do</strong>s, de forma que<br />
a amostra represente bem a população e, para<br />
isso, tente sempre incluir o investi<strong>do</strong>r individual.<br />
Não aceite formatos prontos ou (produtos<br />
de prateleiras), exija um projeto customiza<strong>do</strong>,<br />
pois cada companhia tem sua característica e<br />
nem sempre o que é bom para uma pode ser<br />
boa para outra.<br />
Isso é inteligência de merca<strong>do</strong> e isso não é algo<br />
simples é coisa de quem realmente entende de<br />
Relações com Investi<strong>do</strong>res. Use a seu favor.<br />
(*) Paulo Henrique Praes<br />
é economista, pós-graduan<strong>do</strong> no IBMEC-SP,<br />
profissional de investimento com certificação<br />
CPA/20 pela Anbid e consultor sênior de<br />
relações com investi<strong>do</strong>res da Global RI.<br />
(paulo.henrique@globalri.com.br)<br />
Fevereiro 2009 REVISTA RI 53
disclosure<br />
CHINA:<br />
INvestI<strong>do</strong>res preoCupA<strong>do</strong>s Com A GoverNANçA<br />
De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong><br />
de Percepção <strong>do</strong> Investi<strong>do</strong>r - Ásia<br />
2008/2009, da IR Magazine, realiza<strong>do</strong><br />
entre 14 de agosto e 15 de<br />
outubro de 2008, os investi<strong>do</strong>res<br />
consideram que a China tem as<br />
melhores oportunidades de investimentos<br />
embora demonstrem<br />
sérias preocupações com a governança<br />
corporativa e os riscos políticos atrela<strong>do</strong>s aos investimentos<br />
naquele país. A pesquisa, que envolveu cerca de 500<br />
analistas buy-side e sell-side e investi<strong>do</strong>res da Ásia e <strong>do</strong> resto<br />
estu<strong>do</strong> ANAlIsA A dIssemINAção de INformAções<br />
Em recente estu<strong>do</strong>, Eugene Soltes, da University of Chicago Booth<br />
School of Business, desafia a idéia de que a informação da empresa<br />
é instantaneamente absorvida pelo merca<strong>do</strong>. Ao invés, Soltes mostra<br />
que uma maior disseminação leva a reduzir os spreads de compra e<br />
venda, aumenta o turnover e diminui a volatilidade. O importante é<br />
como a informação é distribuída. Usan<strong>do</strong> uma amostragem de quase<br />
todas as empresas americanas não-financeiras na NYSE, AMEX e<br />
Nasdaq - entre janeiro de 2001 e dezembro de 2006, Soltes rastreou<br />
os press releases desde o ponto de origem e examinou a extensão e o<br />
tipo de cobertura que eles obtiveram. Ele também entrevistou editores<br />
e executivos da mídia e de agências de notícias. Soltes concluiu<br />
que como o total de da<strong>do</strong>s sobre as empresas é muito grande para<br />
ser acompanha<strong>do</strong> por um investi<strong>do</strong>r, a disseminação tem um valioso<br />
papel para manter o investi<strong>do</strong>r informa<strong>do</strong>. Ele verifica que noticias<br />
das empresas podem ficar congestionadas em dias de fortes notícias<br />
políticas e em épocas quan<strong>do</strong> muitas outras empresas também di-<br />
Crise & Conselhos<br />
Os Conselhos de Administração de instituições financeiras nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s estão sentin<strong>do</strong> cres<br />
centes pressões <strong>do</strong>s acionistas que buscam um melhor monitoramento <strong>do</strong>s riscos por parte <strong>do</strong>s direto<br />
res. A questão é saber se, de fato, os acionistas terão mais voz e real acesso no processo de nomeação<br />
<strong>do</strong>s membros <strong>do</strong>s Conselhos, diz John Kehoe, sócio da Barroway Topaz Kessler Meltzer & Check.<br />
Embora a côrte de apelação tenha efetivamente proposto mais acesso aos acionistas, a SEC a<strong>do</strong>tou<br />
uma provisão muito mais restritiva. Eu gostaria que a SEC, sob o novo coman<strong>do</strong> de Mary Schapiro<br />
(indicada pelo presidente Obama), aborde o assunto e conceda aos acionistas o acesso que eles de<br />
veriam ter, comentou Kehoe.<br />
54 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> - que investem na China, Hong Kong, Taiwan, Cingapura,<br />
Malásia, Tailândia, Filipinas e In<strong>do</strong>nésia, revelou que<br />
muitas empresas chinesas nem sempre entendem as perspectivas<br />
<strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res, nem avaliam a importância das reuniões<br />
e <strong>do</strong> fornecimento de orientações precisas para o merca<strong>do</strong>,<br />
e isso tem leva<strong>do</strong> a uma queda da confiança <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res<br />
nos administra<strong>do</strong>res das empresas. O estu<strong>do</strong> também mostrou<br />
preocupações <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res com as consequências da atual<br />
redução da demanda pelas exportações chinesas para os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s e Europa. Na região, o merca<strong>do</strong> de Cingapura é o<br />
preferi<strong>do</strong> em termos de governança corporativa embora o entusiasmo<br />
seja menor em termos de potencial de crescimento.<br />
vulgam seus press releases. Soltes mostra que em "dias calmos" em<br />
termos de notícias, a cobertura agregada de uma empresa na mídia<br />
pode crescer em 10%. Ele também observa que um aumento de 20%<br />
na cobertura na mídia poderá resultar num aumento de quase 5% no<br />
turnover. O trabalho mostra que uma maior disseminação leva certos<br />
benefícios para o merca<strong>do</strong> de capitais. "Certamente, para as grandes<br />
empresas amplamente acompanhadas, como as "Microsofts" <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
as pessoas terão as informações onde quer que sejam publicadas",<br />
diz Solters. "Porém, para as milhares de pequenas e médias empresas,<br />
é menos provável que os investi<strong>do</strong>res obtenham as informações tão<br />
facilmente se forem apenas colocadas nos seus websites. Poucas pessoas<br />
vão querer rastrear dezenas de websites para ver se existem novas<br />
informações. Para Soltes, é uma questão de custo-benefício para os<br />
executivos de RI. Eles devem considerar que o custo de divulgação de<br />
um press release através de um serviço de divulgação compara<strong>do</strong> com<br />
o benefício que a disseminação pode assegurar usan<strong>do</strong> tais serviços.
Relatórios Ambientais<br />
Uma recente pesquisa da Spada, firma de consultoria e relações<br />
públicas <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>, indica que as empresas estão divulgan<strong>do</strong><br />
mais sobre os seus impactos ambientais, mas os padrões <strong>do</strong>s relatórios<br />
precisam melhorar. O estu<strong>do</strong>, que analisou os mais recentes<br />
relatórios das empresas <strong>do</strong> índice FTSE 100, mostra a falta de clareza<br />
com relação à terminologia. Das 79 empresas que usam o termo<br />
sustentabilidade, apenas duas - a BP e a British American Tobacco<br />
define-o na sua primeira menção. Por outro la<strong>do</strong>, a administração<br />
da cadeia de suprimentos é uma das áreas menos abordadas, apesar<br />
de sua importância para o impacto ambiental de uma empresa. Os<br />
relatórios ambientais ainda estão na infância em comparação com os<br />
relatórios financeiros, mas com mais mídia e interesse público sobre<br />
as políticas verdes e credencias das empresas, é essencial que essas<br />
matérias sejam comunicadas e avaliadas - com maior consistência e<br />
clareza. O que está claro é que o relatório de responsabilidade corporativa<br />
precisa amadurecer no seu formato, comentou Gavin Ingham<br />
Brooke, diretor de Spada.<br />
Conselhos de Risco<br />
O aperto no crédito expôs a fraqueza da supervisão <strong>do</strong>s Conselhos na<br />
administração de risco, e a Moody´s Investor Service acredita que o<br />
problema será um principal foco <strong>do</strong>s acionistas em 2009. Christian<br />
Plath, da área de governança corporativa da Moody´s, acredita que os<br />
investi<strong>do</strong>res começarão a fazer mais perguntas sobre a capacidade e<br />
experiência <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong>s conselhos no monitoramento da função<br />
de risco e exigin<strong>do</strong> que os novos membros tenham conhecimentos<br />
especializa<strong>do</strong>s. Plath admite que algumas propostas <strong>do</strong>s acionistas<br />
visarão a criação de comitês especializa<strong>do</strong>s em riscos, pois essas funções<br />
já não tem si<strong>do</strong> bem desempenhadas pelos comitês de auditoria.<br />
Ele acha que as instituições financeiras deverão ser as primeiras a<br />
a<strong>do</strong>tar a nova função supervisora <strong>do</strong>s Conselhos.<br />
Líder mundial na distribuição de notícias empresariais<br />
para mídia, comunidade financeira e investi<strong>do</strong>res individuais.<br />
www.prnewswire.com.br<br />
ADRs<br />
Cotações DATA BASE: 21/01/2009<br />
Emissores – Níveis II e III Merca<strong>do</strong> Símbolo Volume Última<br />
Ambev (Pref.) NYSE ABV 924,700 41.51<br />
Ambev (Ord.) NYSE ABV.C 24,700 34.48<br />
Aracruz Celulose NYSE ARA 1,268,300 8.87<br />
Banco Bradesco NYSE BBD 17,628,400 9.26<br />
Banco Itaú Holding NYSE ITU 14,845,700 10.29<br />
Brasil Telecom NYSE BTM 85,500 15.68<br />
Brasil Telecom Part. NYSE BRP 285,800 33.73<br />
Braskem NYSE BAK 195,400 5.47<br />
Cemig NYSE CIG 1,040,800 14.23<br />
Cia. Bras. Distribuição NYSE CBD 490,700 24.73<br />
Copel NYSE ELP 660,900 10.13<br />
CPFL Energia NYSE CPL 164,200 40.36<br />
CSN NYSE SID 5,969,900 15.55<br />
Eletrobras NYSE EBR 359,700 11.79<br />
Embraer NYSE ERJ 805,500 17.47<br />
Gafisa NYSE GFA 885,700 9.19<br />
Gerdau NYSE GGB 9,869,500 7.25<br />
Gol Linhas Aéreas NYSE GOL 1,130,900 4.83<br />
Net Serviços NASDAQ NETCD 322,100 6.54<br />
Perdigão NYSE PDA 88,600 27.16<br />
Petrobrás (Ord.) NYSE PBR 26,233,900 25.15<br />
Petrobrás (Pref.) NYSE PBRA 9,963,900 21.04<br />
Sabesp NYSE SBS 291,400 22.65<br />
Sadia NYSE SDA 298,800 4.39<br />
Tam NYSE TAM 663,300 7.99<br />
Tele Norte Celular Part. NYSE TCN n.a. n.a.<br />
Tele Norte Leste Part. NYSE TNE 1,389,600 11.75<br />
Telecomunicações de S.P. NYSE TSP 142,400 18.11<br />
Telemig Celular Part. NYSE TMB 22,800 30.11<br />
Tim Participações NYSE TSU 394,000 13.64<br />
Ultrapar NYSE UGP 113,200 22.75<br />
Unibanco NYSE UBB 1,493,500 58.20<br />
Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Pref.) NYSE RIOPR 11,695,300 11.41<br />
Vale <strong>do</strong> Rio Doce (Ord.) NYSE RIO 29,176,400 12.88<br />
Vivo Participações NYSE VIV 1,683,200 15.00<br />
Votorantim Celulose NYSE VCP 2,354,600 5.97<br />
Fonte: The Bank of New York (www.adrbny.com).<br />
Emissores – Nível I (OTC) e Regra 144A (PORTAL)<br />
Acesita-Pref (ACAHY) / Acesita-Ord (ACABY) / AES Tietê-Pref<br />
(CDEOY) / AES Tietê-Ord (CDEEY) / ALL Logística (AALQY) /<br />
Alpargatas-Pref (SAANY) / Alpargatas-Ord (SAALY) / Belgo<br />
Mineira (CSBMY) / Bombril (BMBBY) / Brazil Realty-Pref (BZEXF)<br />
/ Brazil Realty-Ord (BZEXY) / Celesc (CEDWY) / Cemig-Ord<br />
(CEMFF) / Cesp-Pref (CESQY) / Cesp-Ord (CSQSY) / Cia. Força e<br />
Luz Cataguazes-Pref (CFLPY) / Cia. Força e Luz Cataguazes-Ord<br />
(CFLCY) / Cia. Suzano (CSZPY) / Cia. Transmissão Paulista-Pref<br />
(CTPZY) / Cia. Transmissão Paulista-Ord (CTPTY) / Copel-Ord<br />
(ELPVY) / Coteminas (CDDMY) / CST (CSTBY) / Diagnosticos da<br />
América S.A. (DAMRY) / Duke Energy-Pref (DEIPY) / Duke Energy-<br />
Ord (DEIWY) / Eletrobrás-Pref (CAIGY) / Eletrobrás-Com (CAIFY)<br />
/ Eucatex (ECTXY) / Globex (GBXPY) / Iochpe (IOCJY) / Klabin<br />
(KLBAY) / Paranapanema (PNPPY) / Rossi Residencial (RSRZY) /<br />
Saraiva-Pref (SVLSY) / Saraiva-Ord (SVLOY) / Suzano Petroquímica<br />
(SUZPY) / Telefônica Data (TDBPY) / Tractebel-Pref (TBLGY)<br />
/ Tractabel-Ord (TBLEY) / Usiminas (USNZY) / Vigor (SFPVY)<br />
NOTA: Os ADRs são classifica<strong>do</strong>s em diferentes níveis: Nível I (Merca<strong>do</strong><br />
de Balcão – OTC), Nível II (Registro em Bolsa), Nível III (Oferta<br />
Pública em Bolsa) e Regra 144 A (Oferta Privada - com negociação<br />
restrita à investi<strong>do</strong>res institucionais qualifica<strong>do</strong>s – PORTAL).<br />
Março 2008<br />
REVISTA RI<br />
Para maiores informações entre em contato com a PR Newswire no tel.: (11) 2504-5128.<br />
55
OPINIÃO<br />
to brand or<br />
not to brand,<br />
eis a questão!<br />
por Jeaninne Carvalho Mettes*<br />
De certo mo<strong>do</strong>, hoje seria possível traçar um paralelo entre o dile<br />
ma encara<strong>do</strong> por Hamlet, naquele momento de crise existencial,<br />
contemplan<strong>do</strong> o suicídio, e o atual desafio enfrenta<strong>do</strong> por vários<br />
gestores de marcas. Neste momento de insegurança institucional,<br />
empresas ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> começam a perceber que a prática<br />
de branding também pode se tornar uma questão de vida ou morte<br />
para o seu negócio.<br />
De fato, é num momento de crise que surgem as oportunidades, pois<br />
alguns empresários no Brasil e no mun<strong>do</strong> começam a enxergar a cons<br />
trução de marca como um investimento primordial de alavancagem e<br />
potencialização de sua estratégia de negócio. Investem em branding<br />
por acreditarem ter si<strong>do</strong> este um trunfo de poucas marcas que ainda<br />
estão muito bem estabelecidas e consagradas no merca<strong>do</strong>, apesar das<br />
turbulências passadas por seus negócios.<br />
Tal premissa, certamente, leva em consideração o fato de que tais<br />
marcas são o que são e estão onde estão hoje graças ao cuida<strong>do</strong> coti<br />
diano que tiveram, e ainda têm, com a consistência de sua imagem e<br />
reputação no merca<strong>do</strong>. Além disso, têm o compromisso com a entrega<br />
de sua promessa em to<strong>do</strong>s os pontos de contato com os mais diversos<br />
públicos, tanto interna, como externamente.<br />
Percorrer e entender o processo de como grandes marcas inspira<br />
<strong>do</strong>ras foram e são criadas, construídas e geridas, pode ajudar pro<br />
fissionais a perceberem que to brand significa ser e estar, enquanto<br />
not to brand significa não ser e não estar no merca<strong>do</strong> por muito<br />
tempo. Logo, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que alguns negócios conseguem se<br />
diferenciar e decolar em momentos de crise, marcas que vislum<br />
bram aproveitar o atual momento para inovar e fazer a diferença,<br />
podem evitar a morte ou comoditização.<br />
A marca é a alma <strong>do</strong> negócio, a essência, o to<strong>do</strong> que define e firma<br />
a visão estratégica, o valor racional e emocional que não é possível<br />
transparecer nos seus balanços e relatórios financeiros. E, portan<br />
to, como qualquer outro ativo da empresa, uma vez bem geri<strong>do</strong>,<br />
tem o poder de blindar o negócio, além de aumentar o seu valor de<br />
mo<strong>do</strong> sustentável.<br />
56 REVISTA RI Agosto | Setembro 2008<br />
Nesse momento de insegurança,<br />
as empresas começam a<br />
perceber que a prática de<br />
branding também pode se tornar<br />
uma questão de vida ou morte<br />
para o seu negócio.<br />
É o caso de marcas como GM, Sadia, Bombril, Parmalat e Varig. Es<br />
tas empresas nos mostram que a relação da marca com o consumi<strong>do</strong>r<br />
pode atingir uma força e uma intensidade tamanha, capaz de amorte<br />
cer o impacto, ou até blindar quase que totalmente, as mentes e co<br />
rações <strong>do</strong> público mesmo diante de escândalos financeiros ou fiascos<br />
de governança corporativa.<br />
Sem dúvida, especialmente num momento de tanta esquizofrenia e<br />
insegurança institucional, em que o valor <strong>do</strong> negócio se torna frágil e<br />
suscetível a oscilações e à volatilidade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, uma marca bem<br />
cuidada e estrategicamente gerida se destaca da multidão como uma<br />
força influencia<strong>do</strong>ra, capaz de fazer toda a diferença. Entretanto,<br />
cabe ressaltar que to<strong>do</strong> esse esforço de marca se torna totalmente em<br />
vão, caso o negócio não esteja sen<strong>do</strong> regi<strong>do</strong> pelos princípios de boas<br />
práticas e transparência no merca<strong>do</strong>.<br />
Para uma marca ter vida longa, o segre<strong>do</strong> é branding, a prática coti<br />
diana de alinhar seu discurso às suas ações (walk the talk), refletin<strong>do</strong><br />
verdadeira, distinta e criativamente sua visão, valores, princípios e<br />
atitude, forman<strong>do</strong> fortes relacionamentos e experiências apaixonan<br />
tes por meio da confiança, cativan<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>res por meio <strong>do</strong> di<br />
álogo e abrin<strong>do</strong> portas a novas oportunidades de negócio por meio<br />
da inovação e ousadia. É esta ferramenta inteligente de gestão que<br />
pode genuinamente construir, agregar e multiplicar valor emocional<br />
e, conseqüentemente, gerar valor econômico ao negócio como um<br />
to<strong>do</strong>, hoje e amanhã.<br />
Portanto, lets brand it!!!<br />
(*) Jeaninne Carvalho Mettes,<br />
sócia-funda<strong>do</strong>ra da Brand Up, consultoria<br />
estratégica de gestão de marcas<br />
(jeaninne@b-up.com.br)