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A BA BrandAnalytics Consultoria, selecionou uma lista com as cinqüenta mais valiosas empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo. A partir daí, classificou em setores da economia e acompanhou, a partir de 31 de Março de 2008 até 12 de Dezembro de 2008, o valor dos preços das ações, antes e durante a crise financeira mundial. Abordagem O objetivo deste estudo é entender o comportamento dos setores mais importantes que compõe o Ibovespa. A seguir ilustramos a composição do índice tendo como base a data de 31 de Março de 2008. Comportamento do Ibovespa Variação acumulada em relação a 31 de Março de 2008 30% 20% 10% 0% -10% -20% -30% -40% -50% -60% 30 Abr/08 31 Mai/08 30 Jun/08 31 Jul/08 31 Ago/08 15 Set/08 30 Set/08 22 Out/08 14 Nov/08 12 Dez/08 Quando observamos a composição do Ibovespa nesta data, verificamos que as empresas fortemente dependen-tes do mercado exterior, seja por serem exportadoras de produtos ou dependentes de preços internacionais (Petróleo, commodities, etc.), representam, em valor, aproximadamente 43% das 50 maiores empresas listadas no Ibovespa. O que valida um pouco a hipótese de que, em geral, um dos motivos pelos quais a bolsa caia, era porque o Ibovespa estava bastante calcado em empresas dependentes do mercado externo. Como a crise afetou estes mercados, fatalmente atingiria também estas empresas; afetando, portanto o por Eduardo Tomiya* Composição da carteira analisada A base ou a representatividade em Valor de mercado dos setores, no Ibovespa, é ilustrada a seguir para 12 de Dezembro de 2008: 1% 21% 14% 2% 2% 5% 1% 7% 0% 0% 1% 1% 9% 9% 27% Construção 0% Papel e Celulose 1% Cosméticos 1% Telecomunicações 9% Bancos e Seguradoras 27% Energia Elétrica 9% Fumo 0% Alimentos e Bebidas 7% Fevereiro 2009 Transporte (cia aéreas e logística) 2% Varejo 2% Petróleo e Gás 21% Indústria aeroespacial 1% Mineração 14% Siderurgia & Metalurgia 5% Química 1% Ibovespa. Parcialmente, isto era correto, mas e em relação às demais empresas que nada tinham a ver com as exportações: como, por exemplo, o segmento de energia elétrica no Brasil ou até mesmo o segmento de Instituições financeiras no Brasil? Também sentiram o mesmo efeito? Para responder estas questões, a BA BrandAnalytics avaliou qual foi o resultado da evolução dos preços das ações das carteiras, compostas por empresas dos setores de atuação, de 31 de Março de 2008 até 12 de Dezembro de 2008. Os resultados são ilustrados a seguir: REVISTA RI 5
MERCADO DE CAPITAIS VARIAçãO DO VAlOR DE MERcADO DAs EMpREsAs DOs sETOREs (em relação a 31 de março de 2008) 20% 10% 0% -10% -20% -30% -40% -50% -60% -70% Cosmésticos Telecomunição Bancos e Seguros 6 REVISTA RI Fevereiro 2009 Energia Elétrica Alimentos Transporte Série1 20% -9% -11% -12% -20% -23% -33% -34% -39% -43% -50% -51% -52% -59% -69% Alguns pontos podem ser resultados de nossa análise: 1. Exceção ao segmento de cosméticos, todos os segmentos em geral tiveram os preços de suas ações diminuídos em relação à Março de 2008. Mesmo assim, cabe ressaltar que o segmento de cosméticos é represen tado por uma única empresa, a Natura. Ou seja, todos os setores foram prejudicados com a crise, alguns mais e outros menos. 2. Os segmentos de Telecomunicações, Energia Elétrica, Fumo e Ali mentos e Bebidas, tiveram uma perda menor que a média (O Ibovespa perdeu em média 35%). Isto pode ser justificado, por conta destas em presas terem seus resultados bastante focados em mercados locais e que aparentemente não sofreram uma retração momentânea; ou seja, apa rentemente no curto prazo, ninguém deixou de utilizar energia elétrica, telefone, se alimentar e até mesmo fumar. 3. O segmento de Instituições Financeiras, também mostrou que perdeu menos que o Ibovespa, mesmo tendo o mundo inteiro vivendo uma crise principalmente em instituições financeiras. Também foi um segmento, assim como os mencionados no item 2 , submetido à uma competição de larga data, e com empresas com marcas muito fortes e bem posicionadas. 4. Aparentemente os segmentos mais concentrados, em commodities ou empresas B2B, sofreram maiores perdas. No entanto, o destaque negativo foi para o segmento de papel de celulose, que além da perda em função do contexto do setor, também foi prejudicado; pois, algumas das principais empresas estiveram envolvidas com perdas significativas em mercados de derivativos. Fumo Varejo Petróleo e Gas Indústria Aeroespacial Mineração Siderurgia & Metalurgia Observamos que a crise afeta, de maneira bastante distinta, os segmentos de atuação e, que mais que nunca, o Brasil cada vez mais prova sua força, pois algumas empresas podem chegar ao fi nal do ano a uma perda bastante reduzida. Isto mostra uma econo mia, cujos princípios estão cada vez mais fortes; pois, em tempos atrás, uma crise global como esta destruía o valor do acionista e as perdas poderiam ser dramáticas. Sim, estamos em crise, ela chegou e 2009 aparentemente não será um ano fácil. Porém, como mostra este estudo, existem setores que mais rapidamente se recuperarão, e que os efeitos, para algumas em presas/setores no Brasil, estão longe de serem comparados a outras crises anteriores (que até mesmo no mundo foram bem menos graves que a atual). Estamos, portanto colhendo alguns frutos de um avanço no mercado de capitais. Química Construção Papel e Celulose (*) EDUARDO TOMIYA é Engenheiro, Mestre, Phd (ABD) em Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP. É Sócio Fundador da BA - BrandAnalytics Consultoria de Marcas. É, ainda, professor de branding na FAAP, FGV, INPI, Rio Branco. (eduardo.tomiya@brandanalytics.com.br)
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