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GOVERNANÇA & MERCADO<br />
A chave da gestão<br />
da estratégia<br />
de uma holding<br />
(a estratégica<br />
corporativa): criar<br />
sinergias e, portanto,<br />
valor econômico.<br />
aquisição de ativos, auditoria, comunicação<br />
social, conselho de administração e seus<br />
comitês e conselho fiscal, controla<strong>do</strong>ria em<br />
âmbito nacional e internacional (controles de<br />
subsidiárias em países estrangeiros), finanças<br />
corporativas (com destaque para a gestão <strong>do</strong>s<br />
investimentos <strong>do</strong> grupo), jurídico, logística e<br />
suprimentos, meio ambiente, planejamento e<br />
gestão da estratégia, recursos humanos (gente),<br />
relações com investi<strong>do</strong>res, tecnologia geral<br />
e tecnologia de informação entre outras<br />
Se as considerações anteriores ajudam a compreender<br />
as causas da existência das holdings<br />
e os serviços que elas pode prestar a um grupo<br />
empresarial, fica, ainda, faltan<strong>do</strong> fechar um<br />
raciocínio: como as holdings devem ser administradas<br />
em prol <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s acionistas<br />
que não dependem delas para diversificar<br />
seus investimentos? Como reunir vários negócios<br />
e unidades de negócios (UNs) sob uma<br />
mesma empresa holding de forma a interessar<br />
aos investi<strong>do</strong>res cita<strong>do</strong>s? A melhor resposta<br />
que encontramos é: gerin<strong>do</strong> a holding de<br />
maneira a criar sinergias entre as UNs e as<br />
áreas de suporte às mesmas. Exploremos essa<br />
34 REVISTA RI Fevereiro 2009<br />
questão em termos simples, na linha a<strong>do</strong>tada<br />
pelos professores Roberto Kaplan e David<br />
Norton, no livro Alignment (2006): uma hol<br />
ding criada para gerir várias UNs, ao ser implantada,<br />
cria um custo próprio. Sob o ponto<br />
de vista estritamente financeiro, o valor total<br />
das unidades administrativas é subtraí<strong>do</strong>, no<br />
momento da criação da holding, desse custo a<br />
valor presente. Entretanto, se a holding passa<br />
a coordenar as UNs crian<strong>do</strong> sinergias, ou seja,<br />
fazen<strong>do</strong> com que elas operem conjuntamente<br />
de forma superior, o valor econômico <strong>do</strong> grupo<br />
empresarial aumenta. Esta é, portanto, a<br />
chave da gestão da estratégia de uma holding<br />
(a estratégica corporativa): criar sinergias e,<br />
portanto, valor econômico.<br />
Existem inúmeras alternativas que favorecem<br />
a criação de valor via sinergias: administração<br />
otimizada de participações em todas as<br />
suas etapas, busca de acesso comum a fontes<br />
de financiamento de baixo custo, realização<br />
de vendas casadas ou cruzadas para clientes<br />
de diferentes UNs, compartilhamento<br />
de processos e recursos operacionais, gestão<br />
superior de pessoas e de conhecimento são<br />
exemplos que não esgotam o rol de possibilidades.<br />
E existem muitas outras identificadas<br />
por Kaplan e Norton, que buscam explorar a<br />
questão à luz <strong>do</strong> Balanced Scorecard. Sinergias<br />
criadas no âmbito de uma holding podem<br />
e devem mais <strong>do</strong> que compensar os seus<br />
custos próprios. Sob o prisma estratégico,<br />
as estratégias das empresas holdings devem<br />
perseguir sinergias. Cumpre lembrar que a<br />
empresa holding agrega, genericamente, <strong>do</strong>is<br />
riscos muito relevantes: o primeiro risco é o<br />
da fraca governança interna (referimo-nos<br />
aqui à governança das empresas sob a hol<br />
ding), com perda de alinhamento; quan<strong>do</strong> a<br />
holding é fraca, pode permitir que determi-<br />
nadas subsidiárias tomem decisões de forma<br />
não otimizada para o grupo empresarial, com<br />
substancial perda de sinergia. Em segun<strong>do</strong><br />
lugar, existe o risco da falta de transparência,<br />
já que os públicos externos acessam apenas<br />
parte das informações empresariais.<br />
Holdings podem ser mais descontadas nos<br />
merca<strong>do</strong>s acionários; conforme dito inicialmente,<br />
o preço de suas ações pode ser inferior<br />
ao valor total das ações de empresas sob elas<br />
abrigadas, assim atestam exemplos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
real. É louvável o esforço que alguns grupos<br />
empresariais têm feito buscan<strong>do</strong> reduzir esse<br />
desconto, aumentan<strong>do</strong> sua transparência e<br />
demonstran<strong>do</strong> sua boa governança, mas explicitar<br />
com clareza o papel das holdings na criação<br />
de sinergias merece grande atenção <strong>do</strong>s<br />
dirigentes empresariais. Não basta fazer bem,<br />
é preciso demonstrar que se faz bem. Nesse<br />
senti<strong>do</strong>, enfatizamos aqui o papel fundamental<br />
das áreas de Relações com Investi<strong>do</strong>res das<br />
companhias holdings com ações em Bolsa de<br />
Valores: elas têm o grande desafio de demonstrar<br />
aos investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de capitais<br />
como a holding cria maior valor <strong>do</strong> que o custo<br />
que impõe pelo fato de existir.<br />
(*) MÔNICA MANSUR BRANDÃO<br />
é conselheira da Apimec-MG, profissional<br />
de finanças, professora, MBA em Finanças,<br />
especializada em Gestão Estratégica e mestre em<br />
Administração (E-mail: mbran@terra.com.br).