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CONSULTORIA<br />

inteligência de Merca<strong>do</strong>:<br />

use a seu favor<br />

não existe momento mais oportuno para se comunicar com a<br />

comunidade investi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que em épocas de crise. É o momento<br />

que os representantes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mais precisam e demandam<br />

informações e, geralmente, é o momento em que você realmente<br />

tem algo importante a dizer. seja bom ou ruim.<br />

por paulo Henrique praes*<br />

Na faculdade de economia, tive um professor<br />

que utilizava um exemplo bem ilustrativo para a<br />

turma entender o conceito de percepção de valor<br />

e de utilidade marginal. O exemplo utiliza<strong>do</strong><br />

dizia que uma pessoa estava perdida em um deserto<br />

qualquer, sob um calor escaldante, morren<strong>do</strong><br />

de sede e em uma região onde havia muitos<br />

diamantes. Como essa pessoa estava perdida,<br />

em uma área remota e deserta e, além disso,<br />

morren<strong>do</strong> de sede, aqueles diamantes não lhe<br />

tinham valor algum. Pelo contrário, ela trocaria<br />

tantos diamantes quantos fossem possíveis por<br />

apenas um copo d'água. A água sim possuía muito<br />

valor para ela, pois ali era um bem escasso. Por<br />

sorte, ela acabou encontran<strong>do</strong> uma pessoa disposta<br />

a realizar essa troca um diamante por um<br />

copo d'água tantas vezes quantas ela quisesse.<br />

Porém, após cada copo d'água, o valor percebi<strong>do</strong><br />

da água ia diminuin<strong>do</strong> para aquela pessoa e, por<br />

volta <strong>do</strong> quinto copo, já não possuía mais valor<br />

algum, pois ela já estava saciada.<br />

Muito beM, excelente exeMplo.<br />

Mas o que isso teM a ver coM<br />

relações coM investi<strong>do</strong>res?<br />

A princípio não muita coisa, mas forçan<strong>do</strong> um<br />

pouco e trocan<strong>do</strong> água por informação começa a<br />

fazer mais senti<strong>do</strong> e até podemos fazer uma analogia<br />

com <strong>do</strong>is momentos recentes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

de capitais. O primeiro, antes da crise, quan<strong>do</strong><br />

52<br />

REVISTA RI<br />

Fevereiro 2009<br />

havia grande liquidez no merca<strong>do</strong> e investi<strong>do</strong>res<br />

ávi<strong>do</strong>s por risco. O segun<strong>do</strong> momento, o atual,<br />

quan<strong>do</strong> presenciamos um ciclo de crise. Como<br />

toda crise, esta também vem acompanhada de<br />

incertezas, muitas dúvidas e receios, o que acaba<br />

geran<strong>do</strong> grande demanda por informação.<br />

Naquele primeiro momento de bonança, vimos<br />

muitas companhias irem a merca<strong>do</strong>, abrirem o<br />

capital, realizarem emissões e captações. Mas<br />

também vimos essas empresas participan<strong>do</strong> de<br />

diversos eventos, reuniões com analistas e investi<strong>do</strong>res,<br />

reuniões one-on-one, non-deal roadshows,<br />

envian<strong>do</strong> comunica<strong>do</strong>s quase que diários,<br />

releases trimestrais de resulta<strong>do</strong>s muitas vezes<br />

extensos, relatórios anuais sofistica<strong>do</strong>s e caros.<br />

Alguns tinham a finalidade de informar, outros<br />

de impressionar. Mas to<strong>do</strong>s com um objetivo<br />

em comum: se expor ao merca<strong>do</strong> e à comunidade<br />

investi<strong>do</strong>ra, se venden<strong>do</strong> como uma opção<br />

interessante e rentável de investimento.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao exemplo inicial <strong>do</strong> copo d'água:<br />

ofereciam mais água quan<strong>do</strong> a quantidade<br />

existente já era suficiente. E agora que to<strong>do</strong>s<br />

parecem estar perdi<strong>do</strong>s no deserto, ansiosos por<br />

um mínimo de água, quase não encontramos<br />

ofertas. Geralmente, vejo as áreas de relações<br />

com investi<strong>do</strong>res perguntarem: Qual é o melhor<br />

momento para se comunicar com o merca<strong>do</strong>?<br />

e geralmente a resposta da própria empresa<br />

é: Quan<strong>do</strong> a empresa tem boas notícias a dar.<br />

Enquanto, na verdade, a pergunta correta seria:<br />

Quan<strong>do</strong> os stakeholders mais precisam de informações?<br />

e uma boa resposta poderia ser: Quan<strong>do</strong><br />

elas não existem.<br />

Não existe momento mais oportuno para se comunicar<br />

com a comunidade investi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que<br />

em épocas de crise. É o momento que os representantes<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> mais precisam e demandam<br />

informações e, geralmente, é o momento<br />

em que você realmente tem algo importante a<br />

dizer. Seja bom ou ruim. E é nesse ponto que eu<br />

gostaria de chamar mais atenção: para as notícias<br />

ruins. É um erro tentar escondê-las ou disfarçálas.<br />

Elas podem e provavelmente serão percebidas<br />

como muito mais graves <strong>do</strong> que de fato o são.<br />

Se eu puder deixar um conselho para as áreas de<br />

relações com investi<strong>do</strong>res sobre esse ponto, eu<br />

seria simples, rápi<strong>do</strong> e direto: não subestimem<br />

os analistas e investi<strong>do</strong>res. Não adianta em um<br />

trimestre você comparar com o trimestre <strong>do</strong> ano<br />

anterior e, no próximo relatório, para melhorar<br />

um número ruim, comparar com o trimestre<br />

imediatamente anterior ou ainda fazer uma comparação<br />

acumulada. Sabe quem você consegue<br />

enganar desse jeito? Você mesmo. Na edição<br />

128 da Revista RI, há um artigo muito interessante<br />

escrito pelo Reginal<strong>do</strong> Alexandre (Breve<br />

roteiro para os profissionais de RI). Se você ainda<br />

não leu, está perden<strong>do</strong> tempo.

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