GESTÃO DE RISCO Histórias como essa são comuns, a diretoria bem informada e alinhada com as tendências estratégicas decide agir frente à crise e buscar uma diferenciação em relação aos concorrentes. A ordem de inovar é lançada e investimentos são aprova<strong>do</strong>s. As pessoas se esforçam para ter idéias brilhantes e seções de brainstorming são realizadas freqüentemente. Pouco tempo depois, a sensação é de que o esforço e os investimentos foram em vão. A partir daquele momento, a empresa passa a assumir uma posição de cautela frente a qualquer indício de crise com me<strong>do</strong> de que a mesma história se repita. Será que o diretor estava correto em investir durante a crise? Por que investir durante uma crise? Uma das características naturais <strong>do</strong>s seres humanos é fugir com o coletivo em situações de perigo eminente, como em um incêndio. Esta característica também pode ser observada no merca<strong>do</strong> de ações quan<strong>do</strong> as pessoas começam a vender suas posições somente porque as outras estão venden<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> a chamada bola de neve. Em momentos de crise, a situação se repete quan<strong>do</strong> se fala em investimentos em inovação. É comum empresas desistirem de um projeto que lhe traria um ganho substancial com o argumento de que houve cortes de gastos seguin<strong>do</strong> a tendência <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> na realidade, este cenário de pessimismo coletivo pode representar um trampolim para aqueles que pensarem diferente. A teoria da seleção natural de Charles Darwin diz que uma espécie se multiplica exponencialmente em um ambiente até que a escassez de recursos leva a uma competição acirrada, onde só os mais fortes sobrevivem. Em momentos de crise o merca<strong>do</strong> se comporta como o ambiente cita<strong>do</strong> por Darwin. Ocorre uma escassez de oportunidades, ou seja, um aumento de competitividade entre as empresas de mesma espécie. Esta competitividade leva a uma alta taxa de mortalidade daquelas menos adaptadas ao novo cenário. Assim como diz o trabalho de Charles Darwin, em um merca<strong>do</strong> em crise, apenas os competi<strong>do</strong>res mais fortes sobrevivem. Certamente, nestes momentos o merca<strong>do</strong> pode ser cruel com aqueles que apenas esperarem o momento ruim passar. Quem estudar o comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ao longo das décadas poderá concluir que tende a seguir um ciclo previsível de perío<strong>do</strong>s de alto 10 REVISTA RI Fevereiro 2009 em um merca<strong>do</strong> em crise, apenas os competi<strong>do</strong>res mais fortes sobrevivem. certamente, nestes momentos o merca<strong>do</strong> pode ser cruel com aqueles que apenas esperarem o momento ruim passar. crescimento e perío<strong>do</strong>s de crise. Esta tendência mostra que após uma crise ocorre um perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, segui<strong>do</strong> de um perío<strong>do</strong> de crise e novamente um perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, etc. Como investimentos em inovação visam resulta<strong>do</strong>s a médio-longo prazo, quem investe durante uma crise provavelmente poderá usufruir deste investimento no próximo perío<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, e vice-versa. Assim, os perío<strong>do</strong>s de baixas vendas podem ser considera<strong>do</strong>s momentos de preparação para o próximo momento de merca<strong>do</strong> aqueci<strong>do</strong>, que em breve virá. Outra característica de um momento de crise que o torna atraente para investimentos em inovação se refere à resistência <strong>do</strong>s funcionários a mudanças em seu dia-a-dia. Nestas ocasiões as pessoas ficam mais suscetíveis a aceitar mudanças propostas no seu cotidiano, desta forma, estes momentos seriam uma oportunidade excelente para a implementação de novas idéias e soluções dentro de uma empresa. Seria o inverso da mentalidade de que não se mexe em time que está ganhan<strong>do</strong>. A baixa resistência a mudanças internas pode aumentar a chance de um novo processo ou produto ter sucesso em uma empresa. erros comuns de quem investe em inovação Como foi visto na história inicial deste artigo, é comum casos de empresas que não alcançam os resulta<strong>do</strong>s planeja<strong>do</strong>s com seus investimentos em inovação. Na maioria destes casos, a decisão de investir é uma decisão correta, o erro cometi<strong>do</strong> é na forma como este investimento é realiza<strong>do</strong>. O primeiro desafio para uma empresa que busca se desenvolver é entender quais são os principais problemas que devem ser soluciona<strong>do</strong>s.
BRANDING o bom, o belo e o barato 14 REVISTA RI Fevereiro 2009