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Sacrifícios, Mortificações e Promessas

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Programa VI<br />

Unidade 2<br />

Sub-unidade 4<br />

(09)<br />

ESDE<br />

Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita<br />

SACRIFÍCIOS, MORTIFICAÇÕES E PROMESSAS<br />

A palavra sacrifício, etmologicamente, tem o sentido de “fazer alguma coisa sagrada”.<br />

No sentido primitivo e unicamente religioso, representa uma oferenda que se faz à divindade,<br />

através de rituais. A oferenda pode ser representada por uma pessoa ou animal vivo,<br />

ou ainda produtos de colheita vegetal ou outros objetos. (05, 09, 10)<br />

É importante que se faça uma diferença entre o conceito religioso que se tem do termo<br />

e sua concepção social ou popular. Assim, no aspecto religioso, além da característica do<br />

ritual, subentende-se que o sacrifício será consumido pela divindade (05). O fato de alguém<br />

exercer tarefas que certas ceitas ou religiões exigem dos adeptos, como, por exemplo, o pagamento<br />

do dízimo, não são sacrifícios, mas regras da prática religiosa. “(...) Raramente é<br />

usado em ciências sociais no seu significado popular de renúncia de qualquer coisa de valor<br />

em favor de qualquer autoridade superior ou objeto de respeito ou dever. (...)<br />

O propósito declarado do sacrifício varia muito entre as diferentes culturas. (...)” (05)<br />

Por extensão, o sacrifício pode ser considerado como uma renúncia ou privação voluntária<br />

de alguma coisa (10). Neste sentido, o Espiritismo nos esclarece que as privações voluntárias<br />

meritórias seriam representadas pela “(...) privação dos gozos inúteis, porque desprende<br />

da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao<br />

excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos<br />

que carecem do bastante. (...)” (01)<br />

Portanto, para a Doutrina Espírita, o fazer o bem aos nossos semelhantes, é o maior<br />

mérito que as privações voluntárias podem proporcionar. (01)<br />

As manifestações dos sacrifícios religiosos estão muito relacionados com as mortificações<br />

e penitências.<br />

Etmologicamente, mortificar é sinônimo de afligir-se, atormentar-se, inquietar-se ou,<br />

ainda, castigar, macerar o próprio corpo com penitências. (06, 11) A mortificação ocorreria<br />

devido o arrependimento ou dor do pecado cometido e, em função deste arrependimento,<br />

certas autoridades religiosas imporiam uma pena ao arrependido para remissão dos seus pecados<br />

(07). Esta pena poderia ser representada por jejuns, orações, macerações ao próprio<br />

corpo e outras tantas mortificações existentes nas manifestações de culto externo.<br />

Em Elucidações Evangélicas, Antônio Luiz Sayão ao abordar o tema penitência, traznos<br />

luz sobre o assunto que ora estudamos. Segundo Sayão “(...) todos (...) temos que fazer<br />

penitência, se não quisermos agravar as nossas culpas e tornar-nos passíveis de maiores castigos.<br />

Mas, que vem a ser penitência? Pode ela dispensar a expiação e a reparação?<br />

(...).” (12)


“(...) A penitência, que Jesus aconselhou, não consiste, como se entendeu outrora, na<br />

reclusão em claustros, nos cilícios e outras tribulações materiais (...). A penitência a que aludia<br />

o divino Mestre é a que constitui meio de tornarmos cada vez menos ásperas, dificultosas<br />

e tormentosas as nossas existências na Terra (...). Ela, pois, consiste no arrependimento sincero,<br />

profundo, e no propósito firme em que a criatura se coloca de não tornar a cometer as<br />

faltas que a arrastaram à misera condição humana e, ainda, no esforço decidido de as pagar<br />

de todo (...)”. (13)<br />

“(...) O Espírito penitente absorve-se todo, na oração e na vigilância que Jesus recomendava<br />

e que formam um como antemural às ondas de paixões que nos lançam no abismo<br />

do infortúnio (...).” (14)<br />

A respeito das mortificações, aconselham-nos os Espíritos da Codificação: “(...) Procurai<br />

saber a quem ela aproveita. (...) Se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer<br />

o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la. Privar-se a si<br />

mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã.<br />

(...)” (02)<br />

“(...) Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo,<br />

pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a vossa missão de trabalhar<br />

na Terra. Torturar e martirizar voluntariamente o vosso corpo é contravir á lei de Deus,<br />

que vos dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um verdadeiro<br />

suicídio. (...)” (04)<br />

No intuito de obter favores ou mesmo agradar a Deus ou aos bons Espíritos, algumas<br />

pessoas executam determinadas ações ou se impõem certas privações, a que chamam de promessa.<br />

Vulgarmente, fazer uma promessa significa, pois, voto feito para obter alguma graça.<br />

Etmologicamente, promessa “(...) significa ação ou efeito de prometer; afirmativa de que se<br />

há de dar ou fazer alguma coisa (...).” (08)<br />

As promessas tiveram uma razão de ser, devido à falta de esclarecimento espiritual das<br />

pessoas que as praticavam. “(...) Já vai distante o tempo das supersticiosas imposições da<br />

teocracia; (...) ao seu reinado sucedeu o império da inteligência e da razão (...) únicos fundamentos<br />

inabaláveis da fé esclarecida e ativa.<br />

Sim, passou o tempo da fé cega. Os crentes, os verdadeiros crentes, se formam (...) pelo<br />

exercício livre do pensamento, pelo estudo, pela observação, pela investigação, pela análise.<br />

(...)” (15)<br />

Em suma, o que se conclui é que os sacrifícios, mortificações e promessas são manifestações<br />

materiais, de culto externo, exercidas por pessoas ainda distantes das verdades espirituais.<br />

* * *


FONTES DE CONSULTA<br />

01 - KARDEC, Allan. Privações voluntárias. <strong>Mortificações</strong>. ln:_. O Livro dos Espíritos.<br />

Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1994. Questão 720, pág. 343.<br />

02 - Questão72l, pág. 343.<br />

03 - Questão 726, pág. 344.<br />

04 - Provas voluntárias — O verdadeiro cilício. ln:_. O Evangelho Segundo o Espiritismo.<br />

Trad. de Guillon Ribeiro. 111. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Item 26, pág. 121.<br />

05 - Dicionário de Ciências Sociais. Fundação Getúlio Vargas, Instituto de Documentação;<br />

Benedicto Silva. Coordenação geral: Antônio Garcia de Miranda Netto et alli. Rio de<br />

Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas. 1986. Pág. 1094.<br />

06 - Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Revisão geral de Hamilcar de<br />

Garcia. 5. ed. Rio de Janeiro: Deita, 1964. IV vol., pág. 2685.<br />

07 - Pág. 3055.<br />

08 - Pág. 3282.<br />

09 - V vol., págs. 3612- 3613.<br />

10 - Dicionário Del Lenguage Fisosofico. Dirigido por Paul Foulqué, con la colaboración<br />

de Raymond Saint-Jean. Traducción de César Armando Gómez. Labor, 1967. Pág 911.<br />

11 - Diccionario de Teologia Moral. Dirigido por el Cardenal Francesco Roberti.<br />

Barcelona, España: Editorial Liturgica Española, 1960. Pág 816.<br />

12 - SAYÃO, Antônio Luiz. Fazer penitência. ln:_.Elucidações Evangélicas. 7. ed. Rio<br />

[de Janeiro]: FEB, 1983. Pág. 143.<br />

13 - Pág. 144.<br />

14 - Pág. 145.<br />

15 - Escribas e fariseus hipócritas. ln:_. Elucidações Evangélicas. 7. ed. Rio [de Janeiro]:<br />

FEB, 1983. Pág. 4Q5.<br />

Texto Extraído do Programa VI do ESDE Editado Pela FEB<br />

www.cura.metafisica.nom.br

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