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Milenarismo na obra profética de Padre Antonio Vieira - UFSM

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<strong>na</strong>s ao rei<strong>na</strong>do <strong>de</strong> Cristo19 . Po<strong>de</strong>mos argumentar que Joaquim subdivi<strong>de</strong><br />

inter<strong>na</strong>mente cada um dos três estados, don<strong>de</strong> têm origem os conceitos<br />

<strong>de</strong> initiatio ou germi<strong>na</strong>tio, fructificatio e consummatio; e que <strong>Vieira</strong>, <strong>de</strong> um<br />

modo que po<strong>de</strong>ria remeter a esta subdivisão joaquimita, propõem três<br />

fases no interior do Império <strong>de</strong> Cristo, a saber: “princípio”, “progresso”<br />

e “perfeição”. No entanto, a leitura da história geral por <strong>Vieira</strong> tem seu<br />

cumprimento com o Reino <strong>de</strong> Cristo. Os três estados por ele propostos<br />

abrangem tão somente o Reino <strong>de</strong> Cristo, que iria do próprio Cristo ao<br />

Fim dos Tempos. Aqui, como observam alguns intérpretes, não há <strong>na</strong>da<br />

que guar<strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao pensamento joaquimita estrito senso. Não há<br />

a expectativa <strong>de</strong> um futuro estado espiritual que venha a substituir o<br />

estado do Filho. Além disso, toda a análise <strong>de</strong> <strong>Vieira</strong>, fiel à tradição mais<br />

ortodoxa, tem como pressuposto que o Apocalipse <strong>de</strong> João diz respeito<br />

ao imediato fim dos tempos. Para Joaquim, <strong>de</strong> outro modo, a realização<br />

das profecias apocalípticas e a própria abertura dos sete selos marcam<br />

ape<strong>na</strong>s o fi<strong>na</strong>l do segundo estado, em que a Igreja <strong>de</strong> Cristo e seu Reino<br />

se realizam.<br />

Diferentemente da teoria Quinto Império, em Joaquim, cada um<br />

dos três estados do mundo abrigaria em seu interior a sequência <strong>de</strong> sete<br />

impérios malignos, o gran<strong>de</strong> Dragão vermelho <strong>de</strong> sete cabeças20 , em luta<br />

com as forças do bem, sendo que, no período assi<strong>na</strong>lado a Cristo, o sétimo<br />

e último dos impérios seria encabeçado pelo primeiro Anticristo. O<br />

segundo Anticristo apareceria numa igual posição histórica, só que <strong>na</strong><br />

última sequência <strong>de</strong> sete impérios, referente ao período espiritual ou<br />

terceiro estado. Desse modo, teríamos três sequências <strong>de</strong> sete impérios,<br />

uma no primeiro, uma no segundo e outra no terceiro estado do mundo,<br />

sendo que a segunda sequência culmi<strong>na</strong>ria com o surgimento do primeiro<br />

Anticristo, e a terceira com o segundo.<br />

Não vemos claramente, em <strong>Vieira</strong>, uma divisão geral da história<br />

em que os tipos são distribuídos simetricamente ao longo dos conjuntos<br />

<strong>de</strong> gerações (generationes) <strong>de</strong> trinta anos cada uma, dos cinco ou sete<br />

tempos (tempora) e dos três estados (status) do mundo, segundo a estrita<br />

19 Como já notamos, o Terceiro Estado, segundo Joaquim <strong>de</strong> Fiore, seria o do Espírito<br />

Santo. Para <strong>Vieira</strong>, no entanto, o Espírito Santo é quase sempre relacio<strong>na</strong>do à questão das<br />

“línguas <strong>de</strong> fogo”, ou seja, da ilumi<strong>na</strong>ção para a conversão. Como conclui Borges (op. cit.,<br />

p. 115-116), “[...] em nenhum dos textos <strong>de</strong> <strong>Vieira</strong> a pneumofania per<strong>de</strong> o signo marcadamente<br />

cristológico, jamais se autonomizando a inspiração paraclética como centro <strong>de</strong><br />

uma economia particular.”<br />

20 Rossatto (in BURLANDO, 2009, p. 131-140).<br />

Letras, Santa Maria, v. 21, n. 43, p. 171-196, jul./<strong>de</strong>z. 2011<br />

<strong>Mile<strong>na</strong>rismo</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>obra</strong> <strong>profética</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Padre</strong><br />

<strong>Antonio</strong> <strong>Vieira</strong><br />

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