4 - "são paulo:capitania,provincia,estado" - Casa da História
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SÃO PAULO<br />
CAPITANIA – PROVÍNCIA – ESTADO<br />
SUA HISTÓRIA REVISADA E COMENTADA<br />
VOLUME I<br />
De “Considerações Iniciais até o Grito do Ipiranga”<br />
EDUARDO MARCONDES DE SOUZA<br />
PRÉ EDIÇÃO – NÃO REVISADA
“SÃO PAULO - A CAPITANIA - A PROVÍNCIA - O ESTADO<br />
SUA HISTÓRIA COMENTADA “<br />
Notas Explicativas do Autor – Este nosso trabalho se propõe reajustar a<br />
<strong>História</strong> de São Paulo com sua reali<strong>da</strong>de aconteci<strong>da</strong> . Visa acertar e corrigir<br />
fatos ocorridos com a sua ver<strong>da</strong>de histórica , hoje muito distorci<strong>da</strong> em uma<br />
grande parte e altera<strong>da</strong> ou esqueci<strong>da</strong> em muitas outras . Entendemos que a<br />
Historia de São Paulo que é hoje apresenta<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as formas de<br />
comunicação deixa muito a desejar. Por isto mesmo se torna necessário<br />
sua revi<strong>são</strong> , uma vez que ain<strong>da</strong> agora ela pode ser comprova<strong>da</strong> por<br />
documentos , depoimentos de grandes historiadores e existindo ain<strong>da</strong> a<br />
possibili<strong>da</strong>de de relatos de suas ultimas gerações integrais – tradição oral -<br />
<strong>da</strong>queles descendente diretos por pai e mãe de antigas famílias de São<br />
Paulo . Eles que <strong>são</strong> a conseqüência dos bandeirantes paulistas que fizeram<br />
a grandeza de nossa pátria.<br />
Os poucos paulistas descendentes inteiramente diretos<br />
de outros paulistas , que ain<strong>da</strong> hoje <strong>são</strong> encontrados , rapi<strong>da</strong>mente irão<br />
desaparecer com a grande e atual miscigenação que por aqui acontece .<br />
Dentro em breve praticamente não mais existirão . Isto ocorrerá por<br />
determinismo histórico . Será natural . Muito natural .<br />
Entretanto, é importante que ao menos possa continuar<br />
existindo a Ver<strong>da</strong>deira <strong>História</strong> de São Paulo . Desde seu início até os dias<br />
atuais . Será mesmo o testamento histórico de um povo que vai desaparecer<br />
dentro em breve , dentro <strong>da</strong> atual população miscigena<strong>da</strong> que agora se<br />
formou . Os paulistas atuais serão substituídos por novos paulistas , talvez<br />
melhores ain<strong>da</strong> . Esta sua <strong>História</strong> real será a confirmação de uma época<br />
que existiu e do que aquele antigo povo paulista pode realizar .<br />
Por outro lado , sem duvi<strong>da</strong> , dentro de mais 4 ou 5<br />
gerações teremos efetivamente um novo povo paulista , então já<br />
perfeitamente miscigenado e ajustado com to<strong>da</strong>s suas características , com<br />
seus novos ideais e alinhados dentro de uma nova formação de valores , de<br />
moral e ética . Esperamos que aqueles novos valores sejam bem melhores<br />
que aqueles agora chegados e existentes neste momento . Este é nosso<br />
desejo : - Uma nova reali<strong>da</strong>de de São Paulo com uma vibrante geração de<br />
novos paulistas , apoiados na ver<strong>da</strong>deira história de São Paulo .<br />
Em razão disto será preciso relatar e começar acabar<br />
com muitas inver<strong>da</strong>des fala<strong>da</strong>s hoje em dia , a saber pelos exemplos<br />
abaixo :<br />
-1-) “ O Brasil nasceu na Bahia “... Não é ver<strong>da</strong>de ! O Brasil nasceu em<br />
São Vicente – São Paulo , em 1532 , com Martim Afonso de Souza ;<br />
2-) “Todo brasileiro é descendente de africanos” ... Não é real ! Os<br />
paulistas e to<strong>da</strong>s as regiões que foram coloniza<strong>da</strong>s por eles ( Minas – Goiás<br />
– Mato Grosso – Mato Grosso do Sul – Paraná – Santa Catarina e Rio
Grande do Sul ) tiveram as famílias miscigena<strong>da</strong>s com os Tupis , gerando<br />
os Mamalucos que com o tempo , após muitas miscigenações continuas<br />
com o branco , também se tornaram brancos . Muitas famílias paulistas<br />
descendiam desta miscigenação . Comprova este fato o uso <strong>da</strong> língua Tupi ,<br />
chama<strong>da</strong> na época de “Língua Geral” , fala<strong>da</strong> comumente pelos paulistas e<br />
seus descendentes até 1750 . As ci<strong>da</strong>des por eles forma<strong>da</strong>s receberam<br />
nomes tupis . Milhares de palavras de nossa atual língua é de origem tupi .<br />
Depois de 1750 o tupi foi proibi<strong>da</strong> por Portugal .Os africanos somente<br />
chegaram em grande escala em S. Paulo após 1.700 .<br />
3-) Alem destas acima teremos outras questões que deverão ser<br />
respondi<strong>da</strong>s :<br />
- Por que os Tupis que viviam no litoral <strong>são</strong> confundidos com os Tapuias<br />
do interior ?<br />
- O que a Cultura Tupi manteve de bom por séculos para o Mundo ?<br />
- “Mameluco” é a mesma coisa que “Mamaluco” ?<br />
- O que a Serra de Capivara representa para os índios <strong>da</strong>s Américas ?<br />
- Quantos dos atuais estados brasileiros foram conquistados pelos<br />
bandeirantes ?<br />
- Por que Portugal foi anteriormente considerado Potencia Marítima<br />
Mundial ?<br />
- O que foi a “União Ibérica”? Quanto durou ?<br />
- Como os paulistas se aproveitaram do domínio espanhol na América do<br />
Sul ?<br />
- Qual a razão <strong>da</strong> tentativa de independência paulista em 1.641 ?<br />
- Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira foi herói brasileiro ou herói português ?<br />
- Como Portugal se encontrava nesta época ? Poderia resistir aos paulistas ?<br />
- Por que não aconteceu esta independência possível , até relata<strong>da</strong> por<br />
estrangeiros ?<br />
- Quais os castigos posteriores realizados por Portugal contra os paulistas ?<br />
- Qual a razão <strong>da</strong> criação real <strong>da</strong>s Bandeiras Paulistas ?<br />
- O que era o “ouro de lavagem “?<br />
- Quantas bandeiras paulistas foram elimina<strong>da</strong>s por espanhóis e tapuias ?<br />
- Como era a composição de uma bandeira ? Quantos tupis e “mamalucos”<br />
continha ?<br />
- Por que os Paulistas , Mamalucos e Tupis prendiam os Tapuias ?<br />
- Onde ocorreu a 1ª Fundição de Ferro/ Aço nas Américas ?<br />
- O que acontece agora com a Serra de Araçoiaba ?<br />
- Os piratas ingleses roubaram ouro assaltando São Vicente ? Quais foram<br />
?<br />
- Quanto ouro do Rei de Portugal foi roubado pelos Paiaguás ?<br />
- Por que Domingos Jorge Velho que foi herói esta virando bandido ?<br />
- Quem foram os assassinos dos bandeirantes paulistas no Córrego <strong>da</strong><br />
Traição ?
- Qual o resultado dos Tratados de Madrid e Ba<strong>da</strong>joz ?<br />
- Quem foi “Morgado de Matheus” ? Onde viveu ?<br />
- O Governador Martim Lopes era muito honesto ? O que fez de bom ?<br />
- O que foi a Legião Paulista ? Onde atuou ?<br />
- Quem ordenou o recrutamento à força dos Paulistas no “Dia de Corpus<br />
Cristi” ?<br />
- Por que era preciso formar a Legião Paulista ? A quem interessava ?<br />
- Qual a preten<strong>são</strong> de Carlota Joaquina na Argentina ?<br />
- Quanto pagamos para liqui<strong>da</strong>r a divi<strong>da</strong> de D. João VI com a Inglaterra ?<br />
- Por que o Banco do Brasil praticamente faliu , deixando de pagar suas<br />
contas ?<br />
- Onde foi forma<strong>da</strong> a “Guar<strong>da</strong> de Honra de D. Pedro I ? Eram far<strong>da</strong>dos ?<br />
Como ?<br />
- Quem foi o Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> “Guar<strong>da</strong> De Honra” quando <strong>da</strong> Independência<br />
do Brasil ?<br />
- Quais foram os primeiros imigrantes europeus que vieram para o Brasil ?<br />
- Por que a construção <strong>da</strong>s Estra<strong>da</strong>s de Ferro aconteceu antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos imigrantes<br />
Alem destes outros acontecimentos históricos serão apreciados , revistos e se<br />
possível devi<strong>da</strong>mente ajustados com os acertos necessários para este primeiro volume ,<br />
que vai até nossa Independência . Esta é minha intenção .<br />
Tudo pode mu<strong>da</strong>r , menos nossa <strong>História</strong> .<br />
Eduardo Marcondes de Souza – Janeiro 2008
“SÃO PAULO :- A CAPITANIA – A PROVÍNCIA – O ESTADO<br />
SUA HISTÓRIA COMENTADA “<br />
Primeiras Notas Explicativas do Autor – Este nosso trabalho visa<br />
reajustar a <strong>História</strong> de São Paulo com a sua reali<strong>da</strong>de . Apontar os fatos<br />
realmente acontecidos . Propõe acertar a sua ver<strong>da</strong>de histórica , hoje muito<br />
distorci<strong>da</strong> em uma grande parte e altera<strong>da</strong> ou esqueci<strong>da</strong> em muitas outras .<br />
Na forma em que presentemente se apresenta até fere os brios dos paulistas<br />
. A atual Historia de São Paulo hoje divulga<strong>da</strong> deixa muito a desejar. Por<br />
isto mesmo se torna necessário sua revi<strong>são</strong> ( Isto já recomen<strong>da</strong>va o notável<br />
historiador Affonso de Taunay) , uma vez que ela ain<strong>da</strong> hoje , nestes nossos<br />
tempos , pode ser comprova<strong>da</strong> , tanto por documentos como por<br />
depoimentos escritos de grandes historiadores . Ain<strong>da</strong> existe a<br />
possibili<strong>da</strong>de de muitos relatos ( tradição oral ) dos últimos representantes<br />
de suas gerações integrais , aqueles descendentes diretos por pai e mãe de<br />
antigas famílias de São Paulo . Por conseqüência dos bandeirantes paulistas<br />
. Eles que efetivamente fizeram a grandeza de nossa pátria. Agora ain<strong>da</strong> é<br />
possível tal revi<strong>são</strong> . Depois ela ficará ca<strong>da</strong> dia mais difícil e problemática .<br />
Os poucos paulistas descendentes diretos de outros<br />
paulistas , que ain<strong>da</strong> hoje <strong>são</strong> encontrados , rapi<strong>da</strong>mente irão desaparecer<br />
com a grande e atual miscigenação que por aqui acontece . Dentro em<br />
breve praticamente não mais existirão paulistas puros . Isto ocorrerá por<br />
determinismo histórico , tendo em vista as grandes imigrações e migrações<br />
ocorri<strong>da</strong>s . Será natural . Muito natural .<br />
Na minha própria família meus netos <strong>são</strong> miscigenados<br />
, por um lado sendo descendentes de espanhóis através de uma filha e de<br />
britânicos por outra .<br />
Entretanto, é importante que ao menos possa continuar<br />
existindo a Ver<strong>da</strong>deira <strong>História</strong> de São Paulo . Desde seu início até os dias<br />
atuais . Será mesmo o Testamento Histórico de um Povo que vai<br />
desaparecendo e desaparecerá dentro em breve, no meio <strong>da</strong> atual população<br />
miscigena<strong>da</strong> que agora se formou e continua se formando . Os Paulistas<br />
atuais serão substituídos por Novos Paulistas , talvez muito melhores ain<strong>da</strong><br />
. Esta nossa Ver<strong>da</strong>deira <strong>História</strong> de São Paulo será a confirmação de uma<br />
época que existiu e do que aquele antigo povo paulista pode realizar em<br />
todo centro , centro –oeste , sudeste e sul , tanto brasileiro como sul<br />
americano .<br />
Sem duvi<strong>da</strong> alguma , dentro de mais 4 ou 5 gerações<br />
teremos efetivamente um novo povo paulista , então já perfeitamente<br />
miscigenado e ajustado com to<strong>da</strong>s suas características , com seus novos<br />
ideais e alinhados dentro de uma nova formação de valores , de civili<strong>da</strong>de ,<br />
de patriotismo e de moral e ética . Esperamos que aqueles novos princípios<br />
sejam bem melhores que os atuais , existentes circunstancialmente neste
momento . Este é nosso desejo : - Uma nova reali<strong>da</strong>de para São Paulo com<br />
uma vibrante geração de novos paulistas .<br />
Em razão disto será preciso gravar para sempre as<br />
reali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> história dos paulistas , relatando detalhes e acabando com<br />
muitas inver<strong>da</strong>des fala<strong>da</strong>s , escritas e propaga<strong>da</strong>s intensamente hoje em dia<br />
. Entre elas podemos destacar :<br />
-1-) “ O Brasil nasceu na Bahia “... Não é ver<strong>da</strong>de ! O Brasil nasceu em<br />
São Vicente – São Paulo , em 1532 , com Martim Afonso de Souza ;<br />
2-) “Todo brasileiro é descendente de miscigenação com africanos” ... Até<br />
que seria bom pois o negro é muito forte . Mas não é real ! As raízes dos<br />
antigos paulistas e de to<strong>da</strong>s as regiões que foram coloniza<strong>da</strong>s por eles (<br />
Minas – Goiás – Mato Grosso – Mato Grosso do Sul – Paraná – Santa<br />
Catarina e Rio Grande do Sul ) tiveram sua formação com grande parte de<br />
suas famílias miscigena<strong>da</strong>s com os Tupis . Comprova este fato a língua<br />
Tupi , chama<strong>da</strong> na época de “Língua Geral” , foi fala<strong>da</strong> comumente pelos<br />
paulistas e brasileiros do sul , aqueles que habitavam as regiões por eles<br />
forma<strong>da</strong>s , bem como por seus descendentes , até 1750 quando foi proibi<strong>da</strong><br />
por Portugal . Lembro :- A maioria dos africanos chegou em São Paulo<br />
somente no começo do século XVIII . Alem do mais as ci<strong>da</strong>des forma<strong>da</strong>s<br />
pelos paulistas receberam nomes de origem Tupi e não Africanos . Os<br />
filhos de brancos com tupis eram chamados de “Mamalucos” e<br />
descenderam de na<strong>da</strong> menos de 3,5 milhões de tupis existentes na era do<br />
descobrimento. Cresceram e se multiplicaram . São hoje parte integrante de<br />
nossa população . Com a continua miscigenação com brancos e com o<br />
passar dos tempos aqueles “Mamalucos” se tornaram brancos . Temos<br />
ain<strong>da</strong> centenas de palavras de nossa atual língua sendo de origem Tupi . .<br />
Perdemos a possibili<strong>da</strong>de de ser um povo bilíngüe .<br />
3-) “Os bandeirantes eram escravagistas e vân<strong>da</strong>los que atacavam e<br />
tomavam terras dos índios “ .- Antes de mais na<strong>da</strong> é preciso lembrar que os<br />
Tupis foram sempre , desde muitos milênios anteriores , inimigos mortais<br />
os Tapuias . Os Tapuias é que eram escravizados normalmente , por serem<br />
inimigos dos Tupis . Tupi era o único povo integral na sua formação e<br />
língua . Tapuias eram formados por índios de várias tribos , raças e línguas<br />
diferentes . Não formavam os Tapuias um povo ou uma nação . Eram parte<br />
<strong>da</strong> População <strong>da</strong> América do Sul . Com a união dos Paulistas com os Tupis<br />
todos os índios Tapuias passaram a ser inimigos naturais dos Paulistas e<br />
por conseqüência inimigos de seus filhos Mamalucos . Também lembro : -<br />
As terras que os bandeirantes paulistas tomaram lutando , as vezes<br />
vencendo ou mesmo perdendo, eram , de acordo com o Tratado de<br />
Tordesilhas , dos espanhóis , ocupa<strong>da</strong>s por espanhóis e por seus inúmeros<br />
padres apoiados pelos Tapuias/Guaranis que lá viviam , principalmente<br />
aquelas situa<strong>da</strong>s no sul e centro oeste <strong>da</strong> América do Sul. Para tanto houve<br />
muita luta . Apesar <strong>da</strong>s vitórias dos bandeirantes , ocorreram muita morte
de Paulistas , dos Tupis e de Mamalucos durante as batalhas aconteci<strong>da</strong>s .<br />
A maioria <strong>da</strong>s bandeiras tinha como principal componente os tupis e os<br />
mamalucos . Com a continua vitória dos bandeirantes muitos dos tapuias<br />
presos eram também comprados pelos fazendeiros do nordeste , e para lá<br />
seguiram para serem escravos e trabalharem nas usinas de açúcar <strong>da</strong> Bahia .<br />
4- Alem destas questões acima outras abaixo indica<strong>da</strong>s serão devi<strong>da</strong>mente<br />
analisa<strong>da</strong>s , reformula<strong>da</strong>s e especificamente respondi<strong>da</strong>s neste nosso<br />
trabalho . A saber :<br />
- Como Theodoro Sampaio classificava os índios do Brasil na época do descobrimento ?<br />
- Por que os Tupis <strong>são</strong> hoje confundidos com os Tapuias ? Qual a razão ?<br />
- Como o historiador francês André Trevet descrevia os Tupis em seu livro ?<br />
- Como foram classificados os Tapuias pelo historiador Padre Fernão Cardim ?<br />
- O que a Cultura Tupi manteve de bom por séculos e apresentou então para o mundo ?<br />
- “ Mamaluco é a mesma coisa que “Mameluco” ?<br />
- O que a “Serra <strong>da</strong> Capivara” , comprova<strong>da</strong> como fonte arqueológica e desenvolvi<strong>da</strong><br />
cientificamente pela USP, representa hoje para os índios <strong>da</strong> América do Sul ?<br />
- Por que Portugal se tornou Potencia Marítima Mundial nos séculos XIV – XV - XVI ?<br />
- Por que o Brasil começou no sul , determina<strong>da</strong>mente em Cananéia e São Vicente ?<br />
- O que aconteceu em Alcacer- Quibir ? A “ União Ibérica” quanto durou ?<br />
- Como os Paulistas se aproveitaram do domínio de Espanha ?<br />
- Quantos dos atuais estados do Brasil foram conquistados pelos Bandeirantes ? Quais ?<br />
- O que era o “Ouro de Lavagem” ? Onde teve inicio sua exploração ?<br />
- Qual o receio dos bandeirantes paulistas quando do fim <strong>da</strong> União Ibérica ?<br />
- Qual a causa <strong>da</strong> tentativa de Independência de São Paulo em 1.641 ?<br />
- Por que ela , confirma<strong>da</strong> até por historiadores estrangeiros , não se efetivou ?<br />
- Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira foi herói brasileiro ou herói português ?<br />
- Por que Portugal demorou mais de 2 anos para responder a informação <strong>da</strong> tentativa de<br />
liber<strong>da</strong>de dos paulistas ? Por que não puniu , como de seu costume , imediatamente ?<br />
-Quais as punições que vieram posteriormente para São Paulo , as quais ocorreram por<br />
período de mais de um século , somente terminando com o Tratado de Madrid ?<br />
- Na composição de uma bandeira : - Quantos Brancos ? Quantos Tupis e Mamalucos?<br />
- Onde ocorreu a 1ª Fundição de Ferro / Aço <strong>da</strong>s Américas ? Qual o autor ?<br />
- O que acontece agora com a Fabrica de Ipanema e a Serra de Araçoiaba ?<br />
- As Frotas Navais Holandesas que tentaram invadir Santos e São Vicente , em 1619 e<br />
em 1.640, foram implacavelmente derrota<strong>da</strong>s pelos paulistas e desistiram<br />
definitivamente de invadir o sul brasileiro. Por que nossa Historia não divulga este fato<br />
importante , relatado e comprovado pelo historiador Affonso de Taunay ?<br />
- O que eram as Monções ? Por que e como aconteciam ? Para onde se dirigiam ?<br />
- O que Cavendish conseguiu em São Vicente ? Qual seu paradeiro final ?<br />
- Os Paiaguás conseguiram roubar ouro do rei de Portugal ? Como ? Onde ?<br />
- Por que Domingos Jorge Velho herói <strong>da</strong> integração nacional começa ser considerado<br />
bandido por alguns dirigentes e políticos estaduais ? Qual o interesse atual ?<br />
- Qual a razão para a Capitania Paulista ter sido retalha<strong>da</strong> na maior parte de seu<br />
território , por ela anexado ao Brasil, após os bandeirantes terem levantado muitas<br />
lavras de ouro em Minas Gerais , Goiás e Mato Grosso ? O que Portugal temia ?<br />
- Quais foram os chefes dos assassinos <strong>da</strong>queles paulistas desarmados , ocorrido no<br />
Córrego <strong>da</strong> Traição- Minas Gerais ? O que aconteceu com tais assassinos ? Por que os<br />
paulistas não puderam terminar o revide necessário ?<br />
- Quais os resultados dos Tratados de Madrid e de Ba<strong>da</strong>józ ? Ganhamos ou perdemos ?
- Quem foi o “ Morgado de Matheus “ ?<br />
- Quem foi e o que fez o Governador Martim Lopes , indicado por Portugal ?<br />
- Por que D. João VI ordenou o recrutamento à força de paulistas no dia de “Corpus<br />
Christi” ? Por que foi preciso formar a “Legião Paulista” .? A quem interessava ?<br />
- Qual o resultado <strong>da</strong> preten<strong>são</strong> de Carlota Joaquina na Argentina ?<br />
- Por que Portugal permitiu tantas vantagens para a Inglaterra que prejudicaram<br />
excessivamente o Brasil ? Por que os ingleses tinham foro privilegiado ?<br />
- Quanto o Brasil pagou para liqui<strong>da</strong>r a divi<strong>da</strong> de Portugal com a Inglaterra ? O Brasil<br />
já nasceu obrigatoriamente endivi<strong>da</strong>do ? O que Portugal ganhou com isto ?<br />
- As imensas vantagens que D. João permitiu para portugueses <strong>da</strong> Corte eram éticas ?<br />
- Por que o Banco do Brasil praticamente faliu com a saí<strong>da</strong> de D. João VI ?<br />
- Que forças nacionais foram para o Rio de Janeiro e garantiram a permanência de<br />
D.Pedro I no Brasil , mesmo contra a vontade <strong>da</strong>s Cortes de Lisboa ?<br />
- Em que ci<strong>da</strong>de foi forma<strong>da</strong> a “ Guar<strong>da</strong> de Honra de D. Pedro I” ? Como eram seus<br />
uniformes ? O seus componentes eram profissionais ?<br />
- Quem foi o coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra no momento <strong>da</strong> Independência do Brasil?<br />
- Como e onde o café foi introduzido na Província de São Paulo ?<br />
- O que foi a “Constituição <strong>da</strong> Mandioca”?<br />
- Por que Campos de Jordão não se tornou ci<strong>da</strong>de de Minas Gerais ?<br />
- Por que os paulistas precisaram construir Estra<strong>da</strong>s de Ferro mesmo antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong><br />
dos imigrantes ?<br />
- Quais os primeiros imigrantes europeus que vieram para o Brasil e São Paulo ?<br />
Quando ? Quantos eram ? Para onde foram ?<br />
Estas questões e muitas outras terão respostas neste 1º volume . Ele apresenta<br />
nossa história devi<strong>da</strong>mente revisa<strong>da</strong> e ajusta<strong>da</strong> a sua reali<strong>da</strong>de , até os primeiros dias<br />
que seguem a Independência do Brasil .<br />
Boa Leitura<br />
Eduardo Marcondes de Souza
SÃO PAULO – A CAPITANIA – A PROVÍNCIA – O ESTADO<br />
Sua <strong>História</strong> Comenta<strong>da</strong> – 1º vol. : Até a Independência do Brasil<br />
Resumo :-<br />
Y.1- Preliminares : Os Erros , as Distorções , os “Esquecimentos” sobre a Ver<strong>da</strong>deira<br />
<strong>História</strong> de São Paulo em nossos livros didáticos , Inclusive os Oficiais – A <strong>História</strong> de<br />
São Paulo envolve inicialmente a <strong>História</strong> do Paraná , de Santa Catarina , do Rio<br />
Grande do Sul , de Minas gerais , de Goiás e de Mato Grosso , pois foram todos eles<br />
desbravados, colonizados e anexados ao Brasil pelos Bandeirantes Paulistas – Não fora<br />
isto ain<strong>da</strong> seriam terras dos espanhóis - É necessário Revi<strong>são</strong> Urgente <strong>da</strong> <strong>História</strong> de<br />
São Paulo – Acertos <strong>são</strong> necessários ;<br />
Y.2- Povos Iniciais Formadores de São Paulo – os Tupis- O Paraíso na Terra – Tupis<br />
quem eram onde viviam – Características Físicas – A Miscigenação com brancos , os<br />
“Mamalucos”- Ensinando os bandeirantes a an<strong>da</strong>r e a viver nos matos- Os Tapuias ,<br />
inimigos mortais dos Tupis – A Língua Tupi é a“ Língua Geral” aqui fala<strong>da</strong> até 1.750 -<br />
Moradia, Utensílios, Músicas –Transportes e Comunicação – Caça, Pesca, Agricultura –<br />
Transportes e Comunicação – As Novas Fontes de Alimentação Preserva<strong>da</strong>s , as quais o<br />
mundo não conhecia – Hábitos e Costumes – A Religião – A Guerra – O que aconteceu<br />
com os Tupis ;<br />
Y.3- Povos Formadores de São Paulo – Os Portugueses – Origens e os povos na<br />
Ibéria – Formação de Portugal , potencia marítima mundial – Viagens dos Portugueses<br />
– A União Ibérica : mal para Portugal e bem para o Brasil – Consequências – Nossa<br />
Língua Portuguesa ;<br />
Y.4- Africanos – em larga escala após meados do século XVII - seu mínimo volume<br />
inicial - Sua grande importância no desenvolvimento do Estado com as lavouras do café<br />
;<br />
Y.5- O Descobrimento de São Paulo – Via Cananéia - Antecedentes e a Viagem de<br />
Cabral – Ocupar ou Perder as novas terras – Cananéia , limite final do Brasil , com o<br />
Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas – Martim Afonso de Souza e a fun<strong>da</strong>ção de São Vicente , a 1ª<br />
ci<strong>da</strong>de do Brasil – As terras de Piratininga e João Ramalho – Assalto de São Vicente<br />
por espanhóis e índios Carijós – Necessi<strong>da</strong>de para fun<strong>da</strong>ção de Santos ;<br />
Y.6- Capitanias Hereditárias e Governos Gerais - Motivos para sua criação – A<br />
Capitania de São Vicente será São Paulo no futuro - Governo de Mem de Sá e a ci<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo – A Primeira Fundição de Aço/ Ferro <strong>da</strong>s Américas – Revolta dos<br />
Tamoios e os problemas gerados – Assalto em Piratininga - Anchieta e Nóbrega – A<br />
Paz com os Tamoios/Tupis - As boas conseqüências desta paz ;/<br />
Y.7- Os Primeiros Paulistas , Dificul<strong>da</strong>des Iniciais – Os primeiros habitantes, origens<br />
<strong>da</strong>s famílias – Participação dos Tupis e “Mamalucos” – Longevi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> gente paulista -<br />
A Socie<strong>da</strong>de na Capitania –Suas <strong>Casa</strong>s / Terras/ Fazen<strong>da</strong>s – Homogenei<strong>da</strong>de do povo<br />
paulista ;<br />
Y.8- Bandeirantes e Bandeiras – Origens – O Ouro de Lavagem no território paulista<br />
– Uma defesa para os paulistas e índios tupis seus aliados– Considerações dos<br />
Principais Historiadores sobre os bandeirantes – Como e com quem eram forma<strong>da</strong>s as<br />
Bandeiras – Características e hábitos dos Bandeirantes – Terras que desbravaram ;<br />
Y.9- Bandeiras e Suas Fases - até 1.640 – A Conquista do Sul - Bandeiras iniciais<br />
do “Ouro de Lavagem” – Do início <strong>da</strong> Capitania até o final <strong>da</strong> “União Ibérica”em 1.640<br />
– Após 1.641 – Aprisionamento dos Tapuias comprados pelos nordestinos como<br />
escravos – Inva<strong>são</strong> dos Piratas Ingleses em <strong>são</strong> Vicente e o final deles – Tentativas de
Invasões holandesas em São Paulo – Preten<strong>são</strong> dos jesuítas espanhóis – A conquista de<br />
todo Sul do Brasil , até o Uruguai – Depois , início <strong>da</strong>s bandeiras para o Centro Oeste ;<br />
Y.10- O Primeiro Grito de Liber<strong>da</strong>de – São Paulo / 1.641 – O fim <strong>da</strong> União Ibérica<br />
poderia fazer voltar o“Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas”e os limites anteriores- Os paulistas<br />
perderiam to<strong>da</strong>s suas terras desbrava<strong>da</strong>s e conquista<strong>da</strong>s , caso ficassem com os<br />
portugueses – Somente com liber<strong>da</strong>de ficariam com as terras , pois não queriam se<br />
tornar espanhóis - A Tentativa de Liber<strong>da</strong>de por “Aclamação de Amador Bueno <strong>da</strong><br />
Ribeira” – Comentários Internacionais sobre o fato – Tentativa portuguesa para<br />
esconder o fato – Punições para os paulistas demoraram mas vieram ;<br />
Y.11- Bandeiras depois <strong>da</strong> “União Ibérica”/ Os “Emboabas” – Auxilio dos<br />
bandeirantes contra os holandeses no nordeste – Auxilio dos bandeirantes para os<br />
criadores de gado na Bahia – Ciclo do Ouro agora em Minas não mais como “Ouro de<br />
lavagem” – Nome valeu para o estado: Minas Gerais – Corri<strong>da</strong> do ouro – Fome em<br />
Minas Gerais – Disputas com “Emboabas”- Morte dos paulistas por traição – Revide<br />
formado em São Paulo - Fim <strong>da</strong> luta por determinação do Governo Geral ;<br />
Y.12- O “Quilombo dos Palmares” - Razões para sua formação e existência –<br />
Primeiros problemas – Primeiras reações – Domingos Jorge Velho , o vencedor dos<br />
Palmares – Considerações atuais: querem transformar herói em bandido ;<br />
Y.13- Conquista e Povoamento de Mato Grosso – Caminhos fluviais , estra<strong>da</strong>s dos<br />
paulistas – Bandeira de Pascoal Moreira – A Lavra do “Sutil”- Formação de Cuiabá –<br />
Índios : Caipós / Paiguás / Guaicurus : grandes guerreiros – O roubo do ouro do Rei de<br />
Portugal – Os Irmãos Leme – Novas descobertas , novas Vilas ;<br />
Y.14- Desbravamento Final de Goiás - O rápido crescimento <strong>da</strong> região – O<br />
Governador D. Luiz Mascarenhas – Separação de Goiás de São Paulo ;<br />
Y.15- Tratados – Vários para acerto com Espanha , necessários para to<strong>da</strong>s as terras<br />
toma<strong>da</strong>s pelos bandeirantes na América do Sul – Final com Tratado de Madrid / 1.775 –<br />
Espanhóis aceitam a toma<strong>da</strong> de terras pelos bandeirantes paulistas ;<br />
Y.16- Luta em Campos do Jordão - ali a Vila de Capivari já pertencia a<br />
Pin<strong>da</strong>monhangaba – Os fazendeiros paulistas – Os invasores mineiros – O Capataz<br />
paulista , preso em território paulista e transferido para julgamento em Minas –<br />
Principio de muita briga por anos – A Guar<strong>da</strong> de Capivari – Últimos desmandos dos<br />
mineiros – Revide final dos Paulistas e expul<strong>são</strong> dos Mineiros ;<br />
Y.17- Mais paulistas para o Rio Grande do Sul – Os problemas locais – o perigo de<br />
terras que poderiam ser perdi<strong>da</strong>s para os espanhóis – Toma<strong>da</strong> final <strong>da</strong> região ;<br />
Y.18- Per<strong>da</strong> do Comando <strong>da</strong> Capitania de São Paulo – Depois : “Morgado de<br />
Mateus”- A Pres<strong>são</strong> do Governo Central – Agressões continuas contra os paulistas – As<br />
velhas tradições – O que Portugal não esperava : - Incapaci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro para<br />
lutar contra os paraguaios – A volta do Comando Paulista na Capitania – Morgado de<br />
Mateus – Cui<strong>da</strong>dos com a fronteira com o Paraguai – Expul<strong>são</strong> dos invasores na região<br />
do Paraná ;<br />
Y.19- Governo de Mau Carater = Martim Lopes – Invasões espanholas no Sul –<br />
Somente paulistas para parar os espanhóis - A legião dos “Voluntários Reais”-<br />
Regimento de “Infantaria de Santos” – “Caetaninho”: Um assassinato Oficial por<br />
Ordem do Governador – Mais desmandos de Martim Lopes ;<br />
Y.20- Dois Governos Diferentes : Menezes e Lorena – Disputas de terras paulistas –<br />
Melhorias realiza<strong>da</strong>s – Impostos e obrigações ;<br />
Y.21- Dinâmica de um Governador Paulista :Antonio Manuel de Mello – Quebra<br />
<strong>da</strong>s Proibições Portuguesas – Exportação de açúcar e excedentes agrícolas – Produção<br />
de adubos – Construção de estra<strong>da</strong>s – Produção de ferro e aço – Fornecimento de água<br />
potável para capital – A Nova Legião de São Paulo – Luta contra espanhóis ;
Y.22- Vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Corte Portuguesa no Governo de Horta em São Paulo – Desmandos<br />
anteriores de Horta – Portugal firma acordo secreto com Inglaterra – A preten<strong>são</strong> de<br />
Carlota Joaquina com Argentina – Paulistas presos no dia de “Corpus Christi” para lutar<br />
no Sul – Sacrifícios sem razão – Fim <strong>da</strong> preten<strong>são</strong> de Carlota Joaquina – Administração<br />
de D. João VI só favoreceu portugueses – Grandes empregos no Rio de Janeiro somente<br />
para portugueses – Os custos enormes para o Brasil – Falência do Banco do Brasil-<br />
Limpeza no Tesouro por D. João VI ;<br />
Y.23- Governos Transitórios Paulistas – O Conde de Palmas – A Siderúrgica de<br />
Ipanema – Sua estruturação e produção – Cafés e Ferrovias- Vin<strong>da</strong> dos Imigrantes<br />
Europeus – Paulistas para lutas no Sul – A que<strong>da</strong> de Montevidéu ;<br />
Y.24- Retorno de D. João VI para Portugal - A derrota <strong>da</strong>s tropas de Napoleão –<br />
Exigência para saí<strong>da</strong> dos ingleses – A nova Corte de Lisboa - Exigências para que o<br />
Brasil deixasse de ser Reino Unido – Pedido exigido para Volta de D. João VI para<br />
Portugal – O Príncipe Regente e seus inúmeros problemas ;<br />
Y.25- “Independência ou Morte”- Razões para vin<strong>da</strong> de D. Pedro para São Paulo –<br />
Esta<strong>da</strong> em Pin<strong>da</strong>monhangaba e Formação de sua “Guar<strong>da</strong> de Honra”- No caminho de<br />
São Paulo = providencias – I<strong>da</strong> para Santos sob comando de Manuela Marcondes de<br />
Mello – Volta para São Paulo – cartas recebi<strong>da</strong>s no Ipiranga – “Independência ou<br />
Morte”- Relato do Coman<strong>da</strong>nte Cel. Marcondes – Primeiras horas do Brasil<br />
Independente ;<br />
Y.26- Estruturação do Brasil Independente – As Lutas para confirmação <strong>da</strong><br />
Independência - A péssima situação econômica - As lutas no Norte Nordeste para<br />
confirmar Independência – A primeira Constituinte do Brasil – A “Constituição <strong>da</strong><br />
Mandioca” – A Constituição Outorga<strong>da</strong> de D, Pedro – A primeira revolta contra nossa<br />
independência acontece no nordeste : -“Confederação do Equador” ;<br />
Y.28- Imigração para o Brasil – Alemã a primeira colônia que veio para São Paulo –<br />
Os valores pagos aos Imigrantes – As vantagens totais dos Imigrantes – Italianos ,<br />
portugueses , espanhóis , árabes , japoneses , poloneses ;<br />
Y.29- A Última Retaliação de São Paulo – Os desmembramentos anteriores de terras<br />
paulistas –As províncias perdi<strong>da</strong>s – A Província do Paraná , retira<strong>da</strong> por manobra de<br />
políticos visando eleições – Em Km2 : quanto de terras São Paulo perdeu .<br />
Fim do Primeiro Volume
São Paulo<br />
Capitania – Província – Estado<br />
Sua <strong>História</strong> Revisa<strong>da</strong> e Comenta<strong>da</strong><br />
Homenagem<br />
A saudosa memória de meu avô , com quem apreendi o real<br />
sentido <strong>da</strong> <strong>História</strong> - Dr. Thomaz Oscar Marcondes de Souza – Professor<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo , Professor <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Ciências<br />
Econômicas <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Álvares Penteado , Membro Consultivo <strong>da</strong><br />
Socie<strong>da</strong>de de Estudos Históricos de São Paulo , Sócio Grande<br />
Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo , Sócio<br />
Vitalício <strong>da</strong> “Societè dês Americanistes de Paris” , <strong>da</strong> “Royal Geografic<br />
Society de Londres” , <strong>da</strong> “American Geographical Society de Nova<br />
York,” , <strong>da</strong> “Socie<strong>da</strong>de Geográfica de Lisboa”, do “Studi Geografice di<br />
Veneza”, do “Instituto Histórico Argentino”.<br />
Por seus estudos e trabalhos foi agraciado com as seguintes<br />
comen<strong>da</strong>s :- Officier d’Academie <strong>da</strong> Republica Francesa , Cavaleiro <strong>da</strong><br />
Ordem de Santa Sava <strong>da</strong> Iugoslávia , Cavaleiro <strong>da</strong> Ordre du Dragon de<br />
L’Anaam <strong>da</strong> Republica Francesa , Ordine Stella della Soli<strong>da</strong>rietá - em<br />
Grau de Ministro – Republica Italiana .<br />
Eduardo Marcondes de Souza
São Paulo<br />
A Capitania – A Província – O Estado<br />
Sua Historia Comenta<strong>da</strong><br />
Dedicatória<br />
Para meus queridos netos<br />
Lucca , Lorenzo e Mia Francis ,<br />
Que atualmente vivem fora ,<br />
bem como para todos aqueles<br />
que vindo de fora<br />
agora por aqui vivem .<br />
Espero que com este trabalho<br />
possa divulgar para todos eles<br />
a ver<strong>da</strong>deira <strong>História</strong> de São Paulo .<br />
Lembrando<br />
“ Povo Sem <strong>História</strong> é Povo Sem Raízes ,<br />
Não Pode Ter Tradição,<br />
Não Vai Ter Patriotismo .<br />
É Povo Sem Alma !”<br />
São Paulo , Setembro de 2008<br />
Eduardo Marcondes de Souza
SÃO PAULO : CAPITANIA – PROVÍNCIA – ESTADO<br />
SUA HISTÓRIA REVISADA E COMENTADA<br />
Eduardo Marcondes de Souza<br />
Primeiro Volume - Contendo :<br />
De “ CONSIDERAÇÕES INICIAIS até<br />
A ULTIMA RETALIAÇÃO DE SÃO PAULO”<br />
5- CONSIDERAÇÕES INICIAIS<br />
- O Passado Pode Mostrar o Futuro<br />
- O Que Acontece Agora<br />
- A Boa Acolhi<strong>da</strong> aos Imigrantes<br />
- Recíproca Não é Ver<strong>da</strong>deira<br />
- <strong>História</strong> Paulista Deve Ser Revista – Depois Manti<strong>da</strong> na Ver<strong>da</strong>de<br />
- Fatos <strong>da</strong> Historia Paulista que Merecem Melhor Conhecimento<br />
6- POVOS INICIAIS FORMADORES DE SÃO PAULO -TUPIS<br />
- O Paraíso na Terra<br />
- Tupis - Quem Eram – Onde Viviam<br />
- Características Físicas dos Tupis –“Os Mamalucos”<br />
- Tapuias – Inimigos Mortais dos Tupis<br />
- A Língua Tupi = “Língua Geral Até 1750”<br />
- Integração e Miscigenação – Tupis com os Brancos<br />
- Moradia e Utensílios dos Tupis – A Música<br />
- Transporte e Comunicação<br />
- Caça – Pesca – Agricultura<br />
- Alimentação - Fontes<br />
- Hábitos e Costumes – A Religião<br />
- A Guerra<br />
- O Que Aconteceu Com os Tupis<br />
7- POVOS INICIAIS FORMADORES DE SÃO PAULO - PORTUGAL<br />
- Origens<br />
- O Domínio dos Povos na Ibéria<br />
- Formação de Portugal<br />
- Portugal - Potencia Marítima Mundial<br />
- Crescimento Náutico de Portugal<br />
- Viagens Extraordinárias Portuguesas<br />
- A União Ibérica<br />
- Seqüência e Conseqüências<br />
- Nossa Língua Portuguesa<br />
8- AFRICANOS : EM SÃO PAULO DESDE O SÉCULO XVIII<br />
- Vin<strong>da</strong> para Trabalho na Lavoura de Café<br />
9- DESCOBRIMENTO DE SÃO PAULO – VIA CANANÉIA<br />
- Antecedentes – A Viagem de Cabral<br />
- Ocupar ou Perder as Novas Terras<br />
- Martim Afonso de Souza – Cananéia
- Fun<strong>da</strong>ção de São Vicente<br />
- As Terras de Piratininga – João Ramalho<br />
- Assalto de São Vicente por Espanhóis<br />
- Necessi<strong>da</strong>de para Fun<strong>da</strong>ção de Santos<br />
10- CAPITANIAS HEREDITÁRIAS – GOVERNOS GERAIS<br />
- Motivos para Criação <strong>da</strong>s Capitanias<br />
- Revolta dos Tamoios / Problemas Gerados<br />
- Governo Geral e São Vicente<br />
- 1º Governador Thomé de Souza - Mis<strong>são</strong> e Determinações<br />
- 2º Governador Geral -Duarte <strong>da</strong> Costa – Determinações- Jesuítas<br />
11- FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO<br />
- Primeiros Passos<br />
- Governo Geral de Mem de Sá em São Paulo<br />
- A Primeira Fundição de Ferro/Aço nas Américas<br />
- Assalto e Luta em Piratininga<br />
- Pacificação com Tamoios , Por Conseqüência com os Tupis<br />
- As Boas Conseqüências desta Paz para as Bandeiras<br />
12- OS PRIMEIROS PAULISTAS - FORMAÇÃO<br />
- Dificul<strong>da</strong>des dos Imigrantes Iniciais<br />
- Primeiros Povoadores de São Paulo – Origens <strong>da</strong>s Famílias<br />
- Participação dos Tupis e Mamalucos<br />
- Composição <strong>da</strong> gente Paulista<br />
- Longevi<strong>da</strong>de dos Mamalucos<br />
- Razões para Não Participação Inicial dos Africanos<br />
- A Socie<strong>da</strong>de Paulista na Capitania<br />
- <strong>Casa</strong>s – Terras – Fazen<strong>da</strong>s<br />
- Homogenei<strong>da</strong>de do Povo Paulista<br />
13- BANDEIRANTES E BANDEIRAS – ORIGENS<br />
- Primeiro : Uma Defesa Para os Bandeirantes<br />
- Primeiros Povoadores Paulistas – Origens <strong>da</strong>s Famílias<br />
- Considerações dos Historiadores sobre os Bandeirantes<br />
- Como eram as Bandeiras<br />
- Características e Hábitos dos Bandeirantes<br />
14 – BANDEIRAS E SUAS FASES – ATÉ 1.640 - A CONQUISTA DO SUL<br />
- Características de seus Ciclos – Suas Fases<br />
- Fase A – Do Começo até o Fim <strong>da</strong> União Ibérica – 1.640<br />
- Fase B – Após 1.641 – Quando Portugal se Liberta de Espanha<br />
- Ouro de Lavagem – Aprisionamento necessário de Tapuias<br />
- Inva<strong>são</strong> e Assalto de Piratas Ingleses – Tentativas Invasões Holandesas<br />
- Pretensões dos Jesuítas Espanhóis – Ataques dos Carijós<br />
- Mais Bandeiras : Ciclo do Ouro de Lavagem<br />
- Providencias Importantes – Conquista Total do Sul até Uruguai<br />
- Avanço Para o Centro Oeste
15 – PRIMEIRO GRITO DE LIBERDADE NO BRASIL – Em SÃO PAULO<br />
- Porque Aconteceu – Com quem Aconteceu<br />
- Como Aconteceu<br />
- Comentário Internacional sobre o Fato Ocorrido<br />
- Tentativa de Portugal para Esconder o Fato Histórico<br />
- Fatos Precedentes 3<br />
- Relato do Fato Ocorrido<br />
- Fatos Posteriores<br />
- Reais Medi<strong>da</strong>s Punitivas Contra São Paulo<br />
- Finalizando e Comentando<br />
16- BANDEIRAS – APÓS O FIM DA ÚNIÃO IBÉRICA – DEPOIS DE 1.641<br />
- Outras Bandeiras : Ain<strong>da</strong> do Ciclo do Ouro de Lavagem<br />
- Auxilio dos Bandeirantes na Luta Contra Holandeses<br />
- Auxilio dos Bandeirantes aos Criadores do Nordeste – Luta contra Tapuias<br />
- Ultimas Bandeiras do Ouro de Lavagem<br />
- O Grande Ciclo do Ouro de Minas – Início <strong>da</strong> Conquista do Oeste<br />
17- GUERRA AOS “EMBOABAS” – MINAS GERAIS<br />
- Preliminares – Corri<strong>da</strong> para o Ouro<br />
- Fome em Minas – Disputas e Lutas com Emboabas<br />
- Massacre no Capão <strong>da</strong> Traição – Crime Não Punido dos Emboabas<br />
- Continuação <strong>da</strong> Guerra contra Emboabas<br />
- Fim Obrigatório <strong>da</strong>s Luta / Determinação : Governo Geral Rio de Janeiro<br />
- Resultado Final para os Paulistas<br />
18- O “QUILOMBO DOS PALMARES”<br />
- Razões de sua Justa Formação e Existência<br />
- Primeiros Grandes Problemas Para o Nordeste<br />
- As Primeiras Reações – Os Resultados Negativos<br />
- Domingos Jorge Velho – Campanha – Lutas - O Vencedor dos Palmares<br />
- Considerações Atuais – As Possíveis Conseqüências<br />
19- A CONQUISTA E POVOAMENTO DE MATO GROSSO<br />
- Caminhos Fluviais para o Oeste e Mato Grosso<br />
- Bandeira de Paschoal Moreira Cabral<br />
- A Lavra do “Sutil” – Formação de Cuiabá<br />
- Grandes Guerreiros :- “Caiapós” – “Paiaguás” – “Cavaleiros Guaicurus”<br />
- O Roubo do Ouro do Rei de Portugal<br />
- Os Mal Afamados Irmãos Leme – Seu Infortúnio<br />
- Novas Descobertas e Formação de Arraiais e Vilas na Região Oeste<br />
20- DESBRAVAMENTO FINAL DE GOIÁS<br />
- O Rápido Crescimento <strong>da</strong> Região<br />
- O Governador D. Luiz Mascarenhas<br />
- Separação na Província Paulista : - Goiás fora de São Paulo<br />
21- TRATADOS : PARA TERRAS TOMADAS PELOS BANDEIRANTES<br />
- Antecedentes – Primeiros Acordos entre Portugal e Espanha<br />
- Tratado de Lisboa -1.761- Possível Acesso ao Rio <strong>da</strong> Prata
- Tratado de Madrid – 1750- “Uti Possidetis”- Com Alexandre de Gusmão<br />
- Tratado do Pardo -1.762- Território Missões x Território Sacramento<br />
- Tratado de Santo Ildefonso -1.777- As Duvi<strong>da</strong>s Continuam Manti<strong>da</strong>s<br />
- Tratado de Ba<strong>da</strong>joz – Brasil com Missões x Argentina com Sacramento<br />
22 - LUTA EM CAMPOS DE JORDÃO DO JORDÃO -1.776<br />
- Antecedentes Acontecidos na Região<br />
- Inva<strong>são</strong> de Capivari - Principio para Muita Briga -1776<br />
- A Guar<strong>da</strong> Paulista de Capivari – Tentativa de Paz<br />
- Últimos Desmandos dos Comandos Mineiros<br />
- Revide Final dos Paulistas – 1814 - Saí<strong>da</strong> dos Invasores<br />
23 – MAIS PAULISTAS PARA O RIO GRANDE DO SUL<br />
- Deci<strong>são</strong> para Toma<strong>da</strong> Final <strong>da</strong> Região<br />
24 - PERDA DO GOVERNO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO<br />
- Agressões Continua<strong>da</strong>s Contra Paulistas<br />
- Velhas Tradições<br />
- O Que Portugal Não Esperava Nas Fronteiras Com o Paraguai<br />
25- “MORGADO DE MATEUS”<br />
- São Paulo Possui Novamente Governo Próprio<br />
- Cui<strong>da</strong>dos na Fronteira com Paraguai - Região do Paraná<br />
- Apreciação Governo Morgado de Matheus<br />
26- UM GOVERNADOR MAU CARATER = MARTIM LOPES<br />
- Preliminares – As Invasões Espanholas Aconteci<strong>da</strong>s no Sul<br />
- Legião dos Voluntários Reais”e o “Regimento de Infantaria de Santos”<br />
- Mais Desmandos de Martim Lopes<br />
- “Caetaninho”- Um Assassinato Oficial por Ordem do Governador<br />
27 – DOIS GOVERNOS DIFERENTES: 1-) MENEZES 2-) LORENA<br />
- Francisco <strong>da</strong> Cunha Menezes<br />
- Bernardo José de Lorena – Disputas de áreas Paulistas<br />
- Melhorias Realiza<strong>da</strong>s<br />
- Impostos e Obrigações<br />
28 – A DINAMICA DE ANTONIO MANUEL DE MELLO<br />
- Observação Inicial – Quebra de Proibições Portuguesas<br />
- Exportação de Açúcar e Excedentes Agrícolas<br />
- Produção de Adubos<br />
- Construção de Estra<strong>da</strong>s<br />
- Produção de Ferro e Aço<br />
- Fornecimento de Água Potável Para Capital<br />
- Lutas no Sul com Espanhóis – A “Legião de São Paulo”<br />
29 – A VINDA DA CORTE PORTUGUESA NA GESTÃO DE HORTA<br />
- Desmandos Anteriores do Governo Horta em São Paulo<br />
- Razões e Necessi<strong>da</strong>des para Vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Corte ao Brasil<br />
- Portugal Firma Acordo Secreto Com Inglaterra
- Administração de D. João VI no Brasil<br />
- Grandes Empregos no Rio : Somente Para Portugueses <strong>da</strong> Corte<br />
- Todos os Enormes Custos Gerados e as Suas Más Conseqüências<br />
- Resumo <strong>da</strong> Péssima Administração de D. João VI<br />
- Brasil Reino Unido a Portugal e Algarves – Apenas por Necessi<strong>da</strong>de<br />
- Preten<strong>são</strong> de D. Carlota à Suces<strong>são</strong> de Espanha<br />
- Paulistas Capturados no Dia de “Corpus Christi” – Para Lutar no Sul<br />
- Final <strong>da</strong> Preten<strong>são</strong> de D.Carlota – Sacrifício dos Paulistas Sem Razão<br />
30- GOVERNOS TRANSITÓRIOS EM SÃO PAULO- O CONDE DE PALMA<br />
- A Siderúrgica de Ipanema – Sua Estruturação / Produção Inicial<br />
- Café e Ferrovias – Desenvolvimento antes dos Imigrantes Europeus<br />
- Mais Jovens nas Lutas no Sul – Complementação <strong>da</strong>s Tropas Paulistas<br />
- O Recrutamento – Luta e Que<strong>da</strong> de Montevidéu<br />
31- RETORNO DE D. JOÃO VI – D. PEDRO - PRINCIPE REGENTE<br />
- Derrota dos Franceses na Europa – Saí<strong>da</strong> dos Ingleses de Lisboa<br />
– A Corte de Lisboa – Muitas Exigências com o Brasil<br />
- D. Pedro – Príncipe Regente e Seus Muitos Problemas Her<strong>da</strong>dos<br />
32 - “INDEPENDÊNCIA OU MORTE”<br />
- Razões para Vin<strong>da</strong> de D. Pedro para São Paulo<br />
- Pin<strong>da</strong>monhangaba – Formação <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra do Príncipe Regente<br />
- Características <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra<br />
- No Caminho de São Paulo – Providências<br />
- “ Independência ou Morte”<br />
- “ Grito do Ipiranga” – Relato do Cel. Manoel Marcondes de Melo<br />
- Primeiras Horas do Brasil Livre e Independente – D. Pedro I<br />
33 - ESTRUTURAÇÃO DO BRASIL INDEPENDENTE<br />
- Lutas de Independência e Situação Econômica do Império<br />
- A Primeira Constituinte Brasileira – Situação no Rio de Janeiro<br />
- “Constituição <strong>da</strong> Mandioca” x Constituição Outorga<strong>da</strong><br />
- A Primeira Revolta – Confederação do Equador<br />
34- ALEMÃ - PRIMEIRA COLONIA DE IMIGRANTES PARA S. PAULO<br />
- As Providencias Paulistas para esta 1ª Imigração em 1.828<br />
- Alemães Não Vieram Cui<strong>da</strong>r de Café – Santo Amaro e Itu<br />
- Valores Pagos Por São Paulo Aos Imigrantes<br />
- Outras Vantagens Da<strong>da</strong>s pelos Paulistas aos Imigrantes<br />
35- EXPANSÃO CAFEEIRA E FERROVIÁRIA DE SÃO PAULO<br />
- Mão de Obra nos cafezais Paulistas<br />
- Abertura <strong>da</strong>s Ferrovias em São Paulo<br />
- Lavouras de Café e Ferrovias An<strong>da</strong>vam Juntas<br />
36- A GUERRA CISPLATINA<br />
- Antecedentes<br />
- Preâmbulos <strong>da</strong> Guerra<br />
- Primeiras lutas com Uruguaios
- Argentina entra na Guerra<br />
- Batalhas Navais<br />
- Tratado de Paz<br />
- Os Erros de Barbacena – Os “Versinhos” que a Tropa fez<br />
37- CAUSAS DA ABDICAÇÃO – ACERTOS E DESACERTOS<br />
- Causas Básicas<br />
- Causas Secundárias<br />
- O grave problema Econômico – Financeiro<br />
- Dissolução <strong>da</strong> Assembléia Constituinte<br />
- A “Confederação do Equador”<br />
- A Per<strong>da</strong> dos Grandes Amigos<br />
- Abdicação e Luta para Recuperar Trono de Portugal<br />
38- A ULTIMA RETALIAÇÃO DE SÃO PAULO<br />
- Desmembramentos Anteriores – As Regiões / Províncias Perdi<strong>da</strong>s<br />
- A Última Retaliação – Província do Paraná<br />
- Em Km2- Quanto São Paulo Perdeu <strong>da</strong>s Áreas que Desbravou<br />
Ano de 1.850 - FIM DO PRIMEIRO VOLUME<br />
Eduardo Marcondes de Souza
SÃO PAULO : CAPITANIA – PROVÍNCIA – ESTADO<br />
Revi<strong>são</strong> e Correção de sua <strong>História</strong><br />
CONSIDERAÇÕES sobre o 1° VOLUME –<br />
Este livro é especialmente dedicado para todo aquele que<br />
gosta de São Paulo e <strong>da</strong> gente paulista . Também vai ser de interesse<br />
para aqueles que ain<strong>da</strong> não gostam . Nossa preten<strong>são</strong> é que no final<br />
desta leitura todos passem a gostar desta terra e de sua gente .<br />
Na pior <strong>da</strong>s hipóteses que passem a respeitar nossa <strong>História</strong> .<br />
Depois ain<strong>da</strong> espero que , com tempo e melhor analise , todos<br />
os que gostam e todos os que ain<strong>da</strong> não gostam , venham ter orgulho<br />
dos antigos paulistas , <strong>da</strong>queles seus patrícios brasileiros de São Paulo<br />
que com denodo expandiram em muito nossas terras , alargando e<br />
fixando nossas fronteiras para bem distante do Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas,<br />
criando riquezas e o tanto de bom que fizeram por nós.<br />
Muitos deles faleceram lutando pela pátria .<br />
Muitos deles estão esquecidos atualmente .<br />
Realmente esquecidos . Tristemente esquecidos .<br />
O Passado Pode Mostrar o Futuro<br />
Explicação do Autor .- Os fatos que vamos a seguir relatar<br />
sobre história universal <strong>são</strong> inteiramente verídicos , possuem inclusive<br />
to<strong>da</strong>s as bases necessárias para sua confirmação histórica , mesmo porque<br />
estão lastreados em informações de Heródoto – na<strong>da</strong> menos que o Pai de<br />
to<strong>da</strong> <strong>História</strong> .<br />
Eles dizem respeito aos Etruscos , um dos primeiros povos<br />
civilizados que habitaram a Península Itálica .<br />
O leitor vai perguntar :<br />
-“O que isto tem com a história de São Paulo ?<br />
Resposta :- É preciso lembrar que a história se repete . A<br />
analise de fatos anteriores poderá <strong>da</strong>r com certeza resposta do que pode<br />
estar começando acontecer, do que já está acontecendo ou que poderá<br />
depois acontecer . Em São Paulo !<br />
Continuando nosso relato :- Novecentos anos antes de<br />
Cristo, os Etruscos , um povo civilizado , vindo de onde não se tem<br />
absoluta certeza , ( estudos recentes indicam <strong>da</strong> Ásia Menor – sem provas<br />
definitivas ) se estabeleceu no norte <strong>da</strong> atual Itália . Apesar de alguns<br />
relatos e algumas provas sobre a sua forma de vi<strong>da</strong> , de seus objetos , dos<br />
muitos monumentos e túmulos encontrados, uma nuvem bem escura cobre<br />
e oculta permanentemente o conhecimento definitivo sobre aquela<br />
civilização pré–romana . Hoje estão Esquecidos , Desaparecidos .<br />
Definitivamente Desaparecidos .
De onde vieram ? Quem eram ? Por que ali apareceram ?<br />
Qual a origem <strong>da</strong> língua que falavam ? Como escreviam ? Qual sua<br />
religião? Quais seus heróis ? O que aconteceu com eles ? Para onde<br />
foram? Porque não existe uma <strong>História</strong> Etrusca ?<br />
Estas perguntas seriam facilmente respondi<strong>da</strong>s se deles ain<strong>da</strong><br />
existissem descendentes . Não existem . Seriam respondi<strong>da</strong>s se tivessem<br />
uma <strong>História</strong> Escrita. Infelizmente os Etruscos não tem .<br />
Heródoto , através de suas viagens , observações e estudos ,<br />
tentou em seus livros responder as questões acima . Não conseguiu a<br />
grande maioria <strong>da</strong>s respostas. Informa porem em seus escritos que<br />
provavelmente os Etruscos vieram <strong>da</strong> Lídia –Ásia .<br />
Graças as suas navegações e comércio , aos seus esforços e<br />
trabalhos , aos valores intelectuais , foram crescendo continua<strong>da</strong>mente ,<br />
atingindo alto grau de cultura e civilização . Tornaram-se um povo rico e<br />
cheio de iniciativas . Seus objetos de arte , seus escritos(até hoje não<br />
decifrados) , suas esculturas e suas pinturas realiza<strong>da</strong>s , principalmente as<br />
encontra<strong>da</strong>s em seus túmulos e cemitérios , bem como por muitas outras<br />
coisas , comprovam seu notável desenvolvimento .<br />
Então , o que aconteceu?<br />
O que se segue é certeza absoluta .<br />
Depois de se estabelecerem e viverem por muito tempo no<br />
norte <strong>da</strong> Itália , os etruscos começaram a receber imigrantes descendentes<br />
dos helenos (gregos), que vinham do sul <strong>da</strong> Itália , onde anteriormente<br />
existira a Magna Grécia ,<br />
Foram aceitos amistosamente. Por isto ca<strong>da</strong> vez mais<br />
chegavam imigrantes . Foram bem recebidos pelos etruscos . E foi<br />
aumentando o numero <strong>da</strong>queles descendentes de helenos. Com o passar dos<br />
tempos a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela gente helena era constante . Crescia agora<br />
continua<strong>da</strong>mente . Aumentou significativamente . Não parou mais .<br />
Tiveram muitos e muitos filhos . Miscigenaram – se , aqueles<br />
descendentes dos Helenos com os Etruscos . Com o passar dos tempos ,<br />
sem perceber , os Etruscos se tornaram minoria , depois minoria absoluta .<br />
Inicialmente não notaram mas vagarosamente , silenciosamente ,<br />
lentamente , começaram a sumir no meio <strong>da</strong>queles descendentes dos<br />
helenos , agora já chamados de romanos . Romanos <strong>da</strong>quela Roma que eles<br />
Etruscos foram os primeiros e aju<strong>da</strong>ram a formar .<br />
Sem sentir , os filhos dos filhos , os netos dos netos dos<br />
antigos Etruscos, também foram virando romanos . Poucos resistiram , sem<br />
o menor resultado .<br />
Com mais algum tempo os Etruscos , bem como sua história ,<br />
sua cultura, seus escritos e suas tradições sumiram totalmente ,<br />
definitivamente, dentro <strong>da</strong> miscigenação ocorri<strong>da</strong> . De repente todos então<br />
já eram Romanos . Dominaram então os romanos. Tudo !
Assim a língua dos Etruscos foi rapi<strong>da</strong>mente desaparecendo .<br />
Desapareceu. Ninguém mais a falava . O latim nasceu , cresceu e então<br />
prevalecia sobre a língua etrusca. Os escritos Etruscos então não tiveram<br />
continui<strong>da</strong>de . A sua história , com seus feitos e seus heróis , desapareceu<br />
com o tempo . Também com o tempo foi tão esqueci<strong>da</strong> sua língua que<br />
depois não foi nem mais possível falar em Etrusco , entender Etrusco ou<br />
decifrar qualquer de seus escritos . Com o tempo realmente ninguém mais<br />
sabia ler , entender ou escrever em Etrusco . Virou língua morta .<br />
Atualmente é totalmente incógnita . Não foi decifra<strong>da</strong> , até<br />
hoje. Tudo sobre etruscos é hoje uma triste nebulosa .<br />
Assim desapareceram os Etruscos para sempre . E com eles<br />
desapareceram suas coisas . Suas tradições e feitos . Sua <strong>História</strong> .<br />
Pouco sobrou deles para ser contado .<br />
Praticamente saíram os Etruscos <strong>da</strong> <strong>História</strong> e passaram direto<br />
para Arqueologia . Sem guerras , sem revoluções , sem lutas , sem serem<br />
invadidos por tropas inimigas , sem desastres ecológicos , sem epidemias e<br />
sem fome . Sem serem derrotados . Foram lentamente engolidos pelos<br />
romanos . Praticamente os Etruscos viraram uma quase len<strong>da</strong> . Viraram<br />
arqueologia.<br />
Sumiram !<br />
O Que Acontece Agora Em São Paulo<br />
Pois bem , ao que tudo indica a mesma coisa vem<br />
acontecendo presentemente com São Paulo e com o Povo Paulista ! O que<br />
ocorreu muitos séculos atrás com os Etruscos na Itália , está acontecendo<br />
agora mesmo com os Paulistas em São Paulo .<br />
Com tanta gente que veio de fora , de tantos lugares<br />
diferentes , de tantos paises diferentes, mantendo suas tradições e costumes,<br />
lentamente , sem grandes movimentos, mas continua<strong>da</strong>mente , as tradições<br />
paulistas , seus feitos , seus heróis e suas glorias , sem resistência dos<br />
nossos governantes , estão sendo gra<strong>da</strong>tivamente apagados, alterados ou<br />
esquecidos . Pior ! Sua história continua<strong>da</strong>mente vem sendo mu<strong>da</strong><strong>da</strong> ,<br />
esqueci<strong>da</strong> , altera<strong>da</strong> . Cheia de erros , até absurdos .<br />
Nesta continui<strong>da</strong>de , o espírito , costumes e tradições paulistas<br />
podem sumir rapi<strong>da</strong>mente e definitivamente . Por isto mesmo pode<br />
desaparecer a reali<strong>da</strong>de de sua <strong>História</strong>.<br />
Como os Etruscos , sem sua real <strong>História</strong> Escrita , os Paulistas<br />
Ver<strong>da</strong>deiros e sua <strong>História</strong> poderão desaparecer no tempo .<br />
O leitor não acredita que isto pode acontecer ? Então não é<br />
preciso ir muito longe . Basta procurar no capitulo seguinte o que sucedeu<br />
com os Tupis . Eram os donos desta terra . Fortes , sadios , destemidos e<br />
guerreiros . Eram , segundo Theodoro Sampaio , quase 4,5 milhões .
Foram se miscigenado com os brancos . Esqueceram suas<br />
tradições . Passaram a viver como brancos . Os filhos dos filhos queriam<br />
ser brancos . Com o tempo , em poucas gerações, tinham tudo de branco .<br />
Viveram como brancos. Vestiam como brancos . Usavam armas de<br />
brancos. .Então desapareceram . Os poucos tupis que restaram estão<br />
escondidos em pequeníssimas tribos , difíceis de serem encontra<strong>da</strong>s . E o<br />
pior : Hoje poucos brasileiros conhecem realmente a história dos Tupis !<br />
Agora é mais fácil achar um objeto etrusco em uma galeria de<br />
arte do que um índio Tupi na Aveni<strong>da</strong> Paulista . Até sua língua tanto usa<strong>da</strong><br />
no Brasil durante dois séculos e meio , ou seja até o século XVIII ela<br />
prevaleceu como “Língua Geral” em todo Sul , Sudeste, Centro - Oeste e<br />
Oeste . Por força de uma Lei de Portugal desapareceu !<br />
Pena . Poderíamos ser bilíngües .<br />
Pura ver<strong>da</strong>de . Também os Tupis sumiram . Praticamente !<br />
Lembrando Fatos do Passado dos Paulistas :<br />
É preciso sempre lembrar . Sempre lembrar. Como fazem<br />
outros povos . Por está razão estaremos lembrando agora . É preciso<br />
lembrar. De forma escrita . caso contrário a <strong>História</strong> desaparece , Some!<br />
São Paulo e seus bandeirantes paulistas começaram , desde o<br />
século XVI , a desbravar continua<strong>da</strong>mente áreas <strong>da</strong> América do Sul que<br />
pertenciam a Espanha . Com isto tomaram continua<strong>da</strong>mente novas terras ,<br />
muito alem dos limites do Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas e cresceram<br />
continua<strong>da</strong>mente o Brasil, com milhões e milhões de kilometros quadrados.<br />
Ain<strong>da</strong> e na continui<strong>da</strong>de enriqueceram o país com muito ouro e diamantes .<br />
Com formação de inúmeras ci<strong>da</strong>des .<br />
Expandiram a nossa pátria tomando terras durante três séculos.<br />
Sua gente foi base para formação humana de todos estados do sul ,<br />
sudeste, centro oeste e oeste deste pais . Deram início ao povoamento de<br />
grande parte do Brasil. A mais populosa .<br />
Participaram os paulistas de todos os movimentos importantes<br />
<strong>da</strong> Nação. Primeiro descobrindo ouro e pedras preciosas .Fundindo o<br />
primeiro aço em to<strong>da</strong>s as Américas , expulsando piratas ingleses e<br />
derrotando os holandeses por duas vezes : em Santos e São Vicente .<br />
Dando o primeiro grito de Liber<strong>da</strong>de no Brasil , criando por aqui o inventor<br />
do Balão – Bartolomeu de Gusmão , aju<strong>da</strong>ndo os criadores de gado no<br />
nordeste , lutando em muitas frentes , fixando definitivamente nossas<br />
fronteiras, inclusive em Pernambuco lutando contra os holandeses ,<br />
impedindo a divi<strong>são</strong> do Brasil com a fixação dos Palmares , <strong>da</strong>ndo o<br />
Patriarca <strong>da</strong> Independência .<br />
Muitas e tantas coisas foram acontecendo até alcançarmos<br />
Independência do Brasil , ocorri<strong>da</strong> em nossa terra . A <strong>História</strong> comprova.
Muitos e muitos outros grandes movimentos paulista , alguns até<br />
esquecidos , serão aqui relatados . Depois revisados para posteri<strong>da</strong>de .<br />
São Paulo cultivando café , construindo muitas e as melhores<br />
Esta<strong>da</strong>s de Ferro em todo estado , visando escoamento <strong>da</strong>quela produção<br />
e sua exportação , praticamente sustentaram a economia do Brasil durante<br />
mais um século . Com a expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> agricultura do Café muitos africanos<br />
para aqui vieram na ocasião . Depois os imigrantes de muitos paises . Para<br />
todos eles foi possível uma vi<strong>da</strong> melhor no final<br />
É preciso lembrar : São Paulo foi o Estado pioneiro que<br />
recebeu imigrantes de várias nações . Primeiro vieram os alemães em<br />
1.828 , foram trabalhar nas terras e depois nas industrias de tecelagem de<br />
Sorocaba , nas açucareiras de Itu . Outros ficaram bem perto <strong>da</strong> capital , em<br />
Santo Amaro /SP . Depois , a partir de 1.879 vieram as grandes levas dos<br />
demais imigrantes . Vieram para também trabalhar nas lavouras do café.<br />
Ganhavam , alem de moradia grátis , isenção total de impostos , salários ,<br />
escolas para os filhos , acompanhamento médico e áreas pequenas para<br />
plantio de alimentos . Eram na ocasião , em sua maioria, imigrantes<br />
portugueses , espanhóis e italianos .<br />
É preciso lembrar que , desde o início <strong>da</strong> imigração em larga<br />
escala , a quase totali<strong>da</strong>de destes imigrantes seguiu para o interior de São<br />
Paulo , para cui<strong>da</strong>r dos cafezais que já estavam plantados ou que iam ser<br />
plantados complementando lavouras . No início não residiam na capital .<br />
Com eles os fazendeiros paulistas terminaram a expan<strong>são</strong> do plantio de<br />
café no estado . O volume destes imigrantes recebidos foi bem expressivo .<br />
Cerca de 200.000 até 1914 .<br />
É preciso ain<strong>da</strong> lembrar que já em 1.889 , quando ocorrerá o<br />
início <strong>da</strong> Republica, as nossas ferrovias alcançaram uma exten<strong>são</strong><br />
impressionante de 9.583 (nove mil quinhentos e oitenta três) quilometros .<br />
Vide : “Balanço <strong>da</strong>s Transformações Econômicas no Século XIX- pgs 158<br />
e 159 – de Virgilio Noya Pinto “<br />
O Que Irá Acontecer em Segui<strong>da</strong> .Com o advento <strong>da</strong> rápi<strong>da</strong><br />
industrialização , inicia<strong>da</strong> em larga escala em São Paulo (antes , na colônia<br />
era proibi<strong>da</strong> a implantação <strong>da</strong> industria , por determinação de Portugal )<br />
que ira´ começar por volta de 1884, mais as riquezas advin<strong>da</strong>s do café , do<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> cultura do algodão e do crescimento <strong>da</strong> produção de<br />
açúcar , rapi<strong>da</strong>mente o estado e a ci<strong>da</strong>de de São Paulo vão se tornar muito<br />
importantes .<br />
São Paulo , já no começo do século XX , se tornou a mais<br />
industrial ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> América Latina . Sua população irá crescer<br />
rapi<strong>da</strong>mente .<br />
Antes deste período , durante o século XVIII havia diminuído<br />
em muito sua população, pois muitas <strong>da</strong>s originais famílias paulistas com<br />
seus descendentes haviam ido com os bandeirantes para formar e fixar
nossa terra em outras regiões . Estas regiões que posteriormente , por<br />
ordem de Portugal , se transformaram em Capitanias /Províncias e<br />
finalmente Estados independentes do nosso Estado , como Minas Gerais ,<br />
Mato Grosso , Mato Grosso do Sul , Goiás , Paraná , Santa Catarina e Rio<br />
Grande do Sul .<br />
Depois , já com o ressurgimento e crescimento <strong>da</strong>s riquezas em<br />
São Paulo , os netos, bisnetos e descendentes <strong>da</strong>queles bandeirantes que se<br />
foram , voltavam para as terras paulistas de seus antepassados , agora já<br />
como mineiros , paranaenses , cuiabanos , catarinenses , goianos e<br />
gaúchos. Vinham em busca de trabalho e de riquezas . Então a população ,<br />
tanto do estado de São Paulo, como principalmente a de sua capital , foram<br />
crescendo rapi<strong>da</strong>mente .<br />
Estudos anteriores indicavam que naquela época (entre 1.870 e<br />
1.920 )vieram fixar residência em São Paulo aproxima<strong>da</strong>mente 330.000<br />
brasileiros de outros estados , nota<strong>da</strong>mente de Minas , Paraná e Mato<br />
Grosso . Procuravam trabalhar e participar <strong>da</strong> economia paulista . Com isto<br />
a ci<strong>da</strong>de vai crescer ain<strong>da</strong> mais e rapi<strong>da</strong>mente se tornará realmente o<br />
primeiro pólo de produção de to<strong>da</strong> América Latina . O Estado crescerá<br />
também .<br />
Alem dos migrantes de outros estados que chegaram em São<br />
Paulo, acontecerá , desde o ano de 1921, a vin<strong>da</strong> para nossa ci<strong>da</strong>de de<br />
grande numero <strong>da</strong>queles imigrantes europeus que estavam em nosso<br />
interior , aqueles que anteriormente haviam sido contratados para a<br />
lavoura. Vieram agora para aqui fixar nova residência na Capital . Eles que<br />
então estavam abandonando os mencionados Contratos de Lavoura , razão<br />
inicial para sua vin<strong>da</strong> para nosso estado e para o Brasil .<br />
Começaram , na ocasião , seguir então para outras profissões<br />
que a riqueza de São Paulo permitia . Cerca de cem mil imigrantes de<br />
vários paises vieram para a capital neste período , incluso judeus .<br />
Um pouco antes , por volta de 1.905 , começaram a chegar em<br />
maior escala os árabes , chamados de turcos por causa do Passaporte Turco<br />
que apresentavam. A Turquia otomana até 1.919 dominou totalmente a<br />
Síria , Líbano e outros paises árabes .<br />
Até a metade do século passado , graças a formação dos<br />
paulistas , a ci<strong>da</strong>de de São Paulo tinha to<strong>da</strong>s as características de uma<br />
grande ci<strong>da</strong>de européia ( vide foto de 1.920 na capa deste livro), com sua<br />
bonita arquitetura clássica, praças flori<strong>da</strong>s , ruas perfeitas e calça<strong>da</strong>s , com<br />
todos muito bem vestidos, usando os homens paletó e gravata para tudo.<br />
A ci<strong>da</strong>de era então muito limpa . Até o meados dos anos 60<br />
tinha o seu centro inteiramente lavado to<strong>da</strong>s as noites por caminhões pipas .<br />
( Aproveitei uma vez quando em emergência e lavei meu carro com os<br />
jatos d’água <strong>da</strong>queles caminhões pipa)
Com o desenvolvimento , por isto mesmo , sob direção de<br />
vários empresários e do governo paulista , foi se utilizando de mais mão de<br />
obra importa<strong>da</strong> para a continui<strong>da</strong>de deste crescimento, tanto agrícola como<br />
industrial .<br />
Agora não mais haviam pagamentos para os imigrantes, feitos<br />
durante muitos anos pelo estado de São Paulo . Então os imigrantes vinham<br />
através de “Cartas de Chama<strong>da</strong>” , expedi<strong>da</strong>s por empresas garantindo<br />
emprego necessário . Muitas delas não expressavam a reali<strong>da</strong>de . Era ,<br />
entretanto , uma forma de entrar no país . Enquanto isto migrantes<br />
nordestinos começaram vir para São Paulo tomando inicialmente “...Um Ita<br />
no Norte”. Tudo foi importante para o nosso crescimento .<br />
Depois disto mais imigrantes continuaram chegando : alemães,<br />
italianos, espanhóis , portugueses , poloneses e eslavos . Vinham ain<strong>da</strong><br />
to<strong>da</strong> aquela gente do leste europeu , de muitas origens , de muitas raças e<br />
religiões . Chegaram ain<strong>da</strong> mais árabes . Em 1908 começamos receber os<br />
japoneses. Todos , desde o início <strong>da</strong> imigração, foram bem acolhidos e<br />
puderam crescer dentro do pais . Com o tempo ficaram independentes<br />
economicamente , graças aos seus trabalhos. Muitos também criaram e<br />
desenvolveram empresas , as quais com o tempo se tornaram importantes .<br />
Eles se tornaram também bons empreendedores . Foi muito bom para a<br />
comuni<strong>da</strong>de paulista .<br />
Por volta de 1940 a ci<strong>da</strong>de já tinha 1.500.000 habitantes .<br />
Depois <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial a industria de São Paulo<br />
entrou em nova fase de crescimento . Alem de inúmeras novas industrias<br />
paulistas vieram então para cá muitas empresas multinacionais . Assim ,<br />
novamente foi preciso muito mais mão de obra .<br />
Muitos, a maioria , desta mão de obras foi treina<strong>da</strong> por aqui .<br />
Vieram , em bem menor escala , então mais operários e técnicos<br />
especializados de fora do Brasil . Entretanto , desta vez também muita<br />
gente migrante de outros estados do nordeste estará chegando para o<br />
serviço pesado . Não eram técnicos mas se ajustavam aos variados<br />
trabalhos necessários.<br />
Todos foram aqui bem acolhidos .<br />
Todos aqui se radicaram . Alguns com imenso sucesso .<br />
A grande São Paulo tem hoje mais de 16.000.000 de habitantes .<br />
A Boa Acolhi<strong>da</strong> Para Todos Imigrantes<br />
Então , de repente ... não mais do que de repente ..., São Paulo<br />
se tornou uma Babilônia Moderna . Com gente de muitos paises , de muitos<br />
lugares vizinhos e longínquos , mais os representantes brasileiros do<br />
nordeste , uns falando muitas línguas diferentes , outros com vários<br />
sotaques no português falado , houve natural variação de costumes . Até<br />
novas palavras começaram a ser utiliza<strong>da</strong>s .
Tudo foi muito bom , proporcionando muitas novas formas de<br />
vi<strong>da</strong> , novos tipos de comi<strong>da</strong>s , novas maneiras de vestir , gerando mesmo<br />
novos hábitos , alguns muito diferentes dos anteriores . Juntos com os<br />
paulistas aju<strong>da</strong>ram no atual crescimento de São Paulo e por conseqüência<br />
do Brasil.<br />
Então aconteceu !<br />
Com to<strong>da</strong> aquela gente nova apareceu a possibili<strong>da</strong>de de<br />
casamentos entre pessoas de raças diferentes , encontra<strong>da</strong>s e existentes em<br />
sua população , gerando miscigenação de seus habitantes , até mesmo<br />
multe racial . Então todo mundo pode casar com todo mundo .<br />
Praticamente sem problemas , pois nem mais religião atrapalhava . São<br />
Paulo cresceu . Vertiginosamente .<br />
Assim , a atual São Paulo atual tem miscigenação de muita<br />
gente , de muitas formas .<br />
Porem e por isto mesmo hábitos foram mu<strong>da</strong>ndo . Atendendo<br />
costumes dos estrangeiros , programas de radio e televi<strong>são</strong> foram<br />
produzidos e realizados nas várias línguas dos imigrantes . Jornais especiais<br />
foram e continuam sendo editados em língua estrangeira , para satisfação<br />
<strong>da</strong>queles que para aqui vieram . Foram e ain<strong>da</strong> <strong>são</strong> comemora<strong>da</strong>s com<br />
brilho muitas festas origina<strong>da</strong>s em outros lugares e outros paises. Delas os<br />
paulistas também participam . São bonitas e interessantes . Entendo que<br />
agora até fazem parte <strong>da</strong> nossa cultura atual .<br />
Aqueles imigrantes e migrantes , para justamente manter vivas<br />
suas tradições criaram Clubes , Escolas e Associações , nas ci<strong>da</strong>des onde<br />
viveram , vivem e convivem. Quase todos falam e ensinam sua língua .<br />
Alguns esqueceram a língua por ser muito difícil e pouco fala<strong>da</strong> .<br />
Entretanto , passam com determinação as tradições e costumes de seus<br />
paises para seus descendentes . Elas foram e continuam sendo preserva<strong>da</strong>s.<br />
Interessante notar . Não existem clubes , escolas e associações<br />
para manter viva as tradições paulistas . Por que será ? Falta de vi<strong>são</strong> de<br />
quem ? Falha dos governantes ?<br />
Alem do mais o cinema e televi<strong>são</strong> praticamente só transmitem<br />
em seus filmes os sentimentos estrangeiros , muitas vezes de extrema<br />
violência , os quais muitas vezes não <strong>são</strong> os nossos , o que também agora<br />
vai ficando natural .Grande parte dos livros traduzidos seguem a mesma<br />
linha . É uma nova forma <strong>da</strong> cultura geral . Globaliza<strong>da</strong> .<br />
Tudo isto é por um lado muito bom , pois gera uma forma de<br />
cultura diferente , com possibili<strong>da</strong>de de desenvolvimento dos mais capazes.<br />
Porem , lentamente vai anulando os sentimentos e tradições paulistas e por<br />
vezes brasileiras . Isto vai ocorrendo principalmente com aqueles de pouco<br />
estudo ou menos capazes . São mais influenciáveis . Pode ser um problema.
No início <strong>são</strong> apenas comparativas as mutações de nossas<br />
tradições . São até interessantes . Depois veremos que é pura reali<strong>da</strong>de !<br />
Mu<strong>da</strong>nças ocorrem em tudo !<br />
Os filhos e netos dos imigrantes agora gozam até mesmo de boas<br />
vantagens .<br />
Passaportes estrangeiros dos paises de seus avós puderam ser<br />
emitidos para eles . Com isto ganharam Dupla Nacionali<strong>da</strong>de . Podem até<br />
votar para deputados , senadores e mesmo para presidente de um outro<br />
pais, morando e estando aqui mesmo no Brasil , sem ter de viajar para a<br />
pátria de seus avós , lugar em que muitos deles nunca estiveram em to<strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> . E veja bem . Seu conhecimento <strong>da</strong>quele país muitas vezes vem<br />
somente apenas <strong>da</strong>s lembranças e dos fatos conta<strong>da</strong>s pelos seus parentes .<br />
Vai então valer a tradição conta<strong>da</strong> , não vivi<strong>da</strong>.<br />
Por tudo isto sinta que nossa São Paulo muito estará mu<strong>da</strong>ndo .<br />
Pior do que isto é que agora poucos , tanto os brasileiros como estrangeiros<br />
desconhecem ou cantam o Hino Nacional do Brasil . Muito menos<br />
respeitam nossas Bandeiras ( elas agora só servem para dia de futebol).<br />
São desconhecidos nossos Símbolos e também desconhecem<br />
nossos Heróis Brasileiros. Alguns dizem mesmo que não temos Heróis .<br />
Demonstram que não tem a mínima noção de nossa <strong>História</strong> .<br />
Agora to<strong>da</strong>s as coisas realmente mu<strong>da</strong>ram tanto, tanto mesmo<br />
que se amanhã pudesse voltar por aqui um paulista , que viveu na ci<strong>da</strong>de<br />
bem no início do século XX e que depois esteve fora por muitos anos ,<br />
olhando em sua volta diria : “ A terra ain<strong>da</strong> é São Paulo ...mas a gente não<br />
é mais paulista !”<br />
Esta historinha meu pai já contava em 1980.<br />
A Recíproca Porem Não é Sempre Ver<strong>da</strong>deira .<br />
Existe um porem ... Para podermos entrar em muitos <strong>da</strong>queles<br />
paises , paises aqueles que para aqui enviaram imigrantes de todos os tipos,<br />
que foram bem acolhidos e que aqui tiveram seus filhos e descendentes ,<br />
existe muita discriminação contra os brasileiros , entre eles dos paulistas .<br />
Por vezes não estão sendo aceitos nem mesmo como turistas. Criaram e<br />
criam dificul<strong>da</strong>des para brasileiros .Por vezes <strong>são</strong> devolvidos de imediato ,<br />
mesmo tendo Visto de Embaixa<strong>da</strong> , sem explicações . Estão sendo<br />
simplesmente deportados .Pura discriminação.<br />
População não é mesma coisa que Povo .<br />
1- População é to<strong>da</strong> aquela gente que em geral vive em uma ci<strong>da</strong>de , em<br />
uma país . Tanto os naturais <strong>da</strong>quele pais como os vários estrangeiros ;
2- Povo é especifico , mantendo os mesmos costumes , a mesma língua e<br />
as mesmas características básicas. Tanto físicas como espirituais e morais<br />
gera<strong>da</strong>s naquela terra , durante muitas e segui<strong>da</strong>s gerações ;<br />
3- Assim consideram os povos europeus e asiáticos . Para eles o que será<br />
sempre importante é pertencer ao seu povo . Ter seu sangue . O Direito é de<br />
Sangue ! Pertencer ao povo italiano , ao povo espanhol, ao povo japonês,<br />
ao povo alemão . Para aqueles paises o povo é que tem importância ! Ter<br />
o sangue e a raça do pais .<br />
É como diz o ditado : “ Gato que nasce no forno não é pão !”<br />
“Mutatis ... Mutantis”... As Mu<strong>da</strong>nças Aconteceram<br />
Tudo isto está muito bom . Tudo isto está muito bem . É a<br />
evolução . Vai tudo melhorar algum dia . O pais vai crescer muito mais .<br />
Mas como é que ficam as coisas e tradições brasileiras , nota<strong>da</strong>mente as<br />
coisas e tradições paulistas ?<br />
Como podem e devem ser preserva<strong>da</strong>s ? É bom ir lembrando .<br />
Estamos em plena mutação . Quase total . Sumiram até nossas músicas.<br />
Não se ouve mais “modinhas, chorinhos , canções e toa<strong>da</strong>s” .<br />
Nem mesmo ‘’bossa nova” ou sambas de vários tipos .As<br />
barulhentas musicas americanas e as alegres nordestinas tomaram conta de<br />
todos programas musicais . As brincadeiras <strong>da</strong>s crianças <strong>são</strong> outras .<br />
Importa<strong>da</strong>s . As nossas festas tradicionais estão acabando ou já acabaram .<br />
Festas Caipiras , Bailes <strong>da</strong>s Debutantes, Bailes de Formatura , Bailes de<br />
Carnaval praticamente não existem mais ou estão deforma<strong>da</strong>s totalmente.<br />
Brincadeira de criança na rua acabou . Carrinhos de “rolimãs” , “jogos de<br />
taco” , “acusados” , “pegador” e “cantigas de ro<strong>da</strong>” desapareceram<br />
totalmente . Festas a rigor e ou de fantasia fina desapareceram .<br />
Praticamente , sem o conteúdo que existia anteriormente, ficam festas<br />
força<strong>da</strong>s , <strong>são</strong> as vezes ridículas . Quando aparecem estão distorci<strong>da</strong>s<br />
inteiramente . São “outras coisas” .<br />
Os passeios e diversões , principalmente nas noites paulistanas ,<br />
com to<strong>da</strong>s varie<strong>da</strong>de de seus espetáculos e estica<strong>da</strong>s em restaurantes,<br />
começam a desaparecer <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> dos paulistanos e paulistas. Perigo de<br />
assaltos. Sequestros . Continuados assaltos , as vezes seguidos de morte ,<br />
espantam muitos . Todo tempo .<br />
E os seqüestros relâmpagos ?<br />
De onde apareceram tantos bandidos ? De onde vieram ?<br />
Agora somos todos obrigados a ficar dentro de casa . Presos !<br />
Festas ? Agora a mo<strong>da</strong> é outro tipo de festa . Ela é importa<strong>da</strong> .<br />
Festas “Hippy”,“Punky” ou similares . Pior de to<strong>da</strong>s <strong>são</strong> as festas “Have”- (<br />
não tenho certeza que seja escrito dessa forma) rechea<strong>da</strong>s de drogas. Ali<br />
terá sempre música estrangeira . Em volume altíssimo durante dezenas de
horas ! Puro barulho . Pior : Puro barulho estrangeiro ! Pura loucura, onde<br />
muitas vezes ocorrem mortes de drogados .<br />
Até nas pequenas coisas se sente enormes influencias de fora .<br />
Depois <strong>da</strong> 2ª Guerra Mundial os nossos “Presépios” foram substituídos<br />
definitivamente por “Arvores de Natal”, inclusive com decoração de neve<br />
artificial , imitando o que acontece na Europa , por exemplo . Lembro que<br />
na terra de Cristo não existia neve. Na<strong>da</strong> tem a ver conosco.<br />
“Papai Noel” estrangeiro tomou o lugar de São Nicolau . Tudo<br />
mudou e continua mu<strong>da</strong>r . Quem não falar uma língua estrangeira não<br />
mais consegue arranjar um bom emprego . As comemorações de 9 de Julho<br />
praticamente desapareceram . Dia <strong>da</strong> Bandeira nem sabem quando ocorre .<br />
Hino Nacional ninguém mais conhece a letra ou cantam . Não cantam ,<br />
nem mesmo quando é tocado oficialmente . Ruas, Praças e Túneis estão<br />
perdendo os nomes dos que lutaram por São Paulo ou pelo Brasil ! Muitas<br />
lembravam a Revolução Constitucionalista de São Paulo . Muitas<br />
lembravam outros fatos históricos brasileiros . Nossos heróis estão<br />
perdendo posição em todos lugares . Agora muitas ruas já estão com nomes<br />
estrangeiros. Muitos mereceram . Nem vamos argumentar . Mas com to<strong>da</strong>s<br />
e tantas novas ruas , aparecendo em todos os dias , aquelas dos paulistas e<br />
brasileiros deveriam continuar sendo manti<strong>da</strong>s . Preserva<strong>da</strong>s .<br />
E onde estão os heróis <strong>da</strong>s histórias infantis de nossa garota<strong>da</strong> :<br />
- Pedrinho , Narizinho , Emilia , dona Benta , Marquês do Rabicó ,<br />
Visconde de Sabugosa , Jeca Tatu e outros mais . Agora pouco aparecem ,<br />
as vezes muito distorcidos . Lembro que as nossas histórias para crianças<br />
ensinavam . Hoje não mais ensinam , a não ser matar !<br />
Agora em to<strong>da</strong>s horas <strong>da</strong> televi<strong>são</strong> e no cinema os heróis <strong>são</strong><br />
estrangeiros :- “Homem Aranha , Homem Morcego, Homem Borracha ,<br />
Homem Invisível , Super Homem...Homens de Mentira !” São pura ficção.<br />
Pura ilu<strong>são</strong>.Todos longe <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de ! Somente criam devaneios para<br />
muita gente que foge por um tempo <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> . Gente grande e<br />
pequena . Vivem sonhos extremamente violentos... fugindo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de .<br />
“Mocinhos e Bandidos ...” Puro Devaneios ou Escola de Crime ? !<br />
Nossos monumentos nacionais <strong>são</strong> pichados e assim estão<br />
ficando .Nossas praças vão sendo abandona<strong>da</strong>s . A ci<strong>da</strong>de fica imun<strong>da</strong> . O<br />
governo não se incomo<strong>da</strong> . Nem cui<strong>da</strong> , o que é pior .A ci<strong>da</strong>de está toma<strong>da</strong><br />
por “Moradores de Rua” que emporcalham tudo . Não existe mais<br />
Delegacias de Vadiagem , especializa<strong>da</strong>s em prender vagabundos . Favelas<br />
surgiram ocupando e tomando terrenos de terceiros em todos os cantos.<br />
São milhares ! Estamos mu<strong>da</strong>ndo ! Rapi<strong>da</strong>mente mu<strong>da</strong>ndo .<br />
Terrível : O “toxico” tomou conta do velho centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de !<br />
O pior : Com a tempora<strong>da</strong> de chuvas o povo morre afogado ou é<br />
engolido pelas terras do desbarrancamento . Eles haviam se instalado em<br />
várzeas e encostas de morros .
Geram necessi<strong>da</strong>de de atendimento e muitas despesas publicas .<br />
Tudo bem . Tudo muito bem , é a globalização atual . Espero que<br />
no final a mu<strong>da</strong>nça seja para melhor . O sol nasceu para todos. Com o<br />
tempo esta gente irá melhorar com to<strong>da</strong> certeza . Tudo pode melhorar com<br />
algumas firmes mu<strong>da</strong>nças .<br />
Podem mu<strong>da</strong>r , sem duvi<strong>da</strong> alguma .<br />
Podem . Dependem porem do governo .<br />
Porem agora as famílias paulistas , com certeza , <strong>são</strong> minoria .<br />
Seus costumes sumindo rapi<strong>da</strong>mente . A moral agora é outra . A palavra e<br />
o fio de barba agora não garantem mais na<strong>da</strong> . Dentro de uma vi<strong>são</strong> de<br />
capaci<strong>da</strong>de econômica familiar os paulistas não geraram muitos filhos .<br />
Também o caldeamento aumenta dia a dia, diminuindo ain<strong>da</strong> mais as<br />
famílias inteiramente originárias de São Paulo , forma<strong>da</strong>s em São Paulo<br />
durante os quatro ( 4 ) últimos séculos .<br />
Em menos de 50 anos famílias inteiramente paulistas viraram<br />
minoria . Dentro de pouco tempo só teremos paulistas miscigenados .<br />
Famílias poderão ter nomes paulistas ... mas terão quais sentimentos ?<br />
Assim nossos costumes e mesmo nosso modo de falar vão sendo<br />
modificados e substituídos a ca<strong>da</strong> instante . É só ouvir e ver radio ou<br />
televi<strong>são</strong> . A fala de outros estados , cheia de “Rs e Ss” , com finais tendo<br />
muitos “Xs” continuados, chiados e arrastados , estão aparecendo<br />
diariamente nas rádios e televisões.<br />
A letra “O está virando Ó” . As vezes vira “U” .<br />
“Letra E virando É , quando não vira I” .<br />
Palavras estrangeiras ou de fora , com sons diferentes de nosso<br />
alfabeto , existem em quanti<strong>da</strong>de . O vocabulário <strong>da</strong> população atual<br />
encurtou em muito as palavras de origem portuguesa .<br />
Até nossa ética também começa mu<strong>da</strong>r . Ou já mudou ? Tais<br />
alterações <strong>são</strong> realmente senti<strong>da</strong>s e vem crescendo dia a dia. Só não<br />
percebe quem não quer . Ou quem não presta atenção . Ou quem não<br />
conhecia São Paulo de pouco tempo atrás .<br />
Hoje praticamente pouco resta do Povo Paulista que por aqui<br />
viveu até o final do anos 60 . Na reali<strong>da</strong>de o que existe agora é uma<br />
crescente População Paulista , não mais somente um Povo Paulista .<br />
Porem , esta atual População vai criar hábitos , condições e forma<br />
de viver que em mais 3 ou 4 gerações poderá gerar Um Novo Povo<br />
Paulista . Entendo que somente o tempo demonstrará que poderão ser<br />
melhores . Somente o tempo irá confirmar .<br />
Podemos chamar estas alterações de evolução . Ain<strong>da</strong> não sei ,<br />
mas vieram com o atual crescimento populacional de São Paulo. São<br />
mutações. Devem passar a valer para sempre . A mutação não vai parar .<br />
Assim entendo .
A HISTÓRIA PAULISTA DEVE SER REVISTA -<br />
DEPOIS MANTIDA NA VERDADE PARA A POSTERIDADE<br />
Por vivermos em um mesmo pais aceitamos tudo ver , tudo<br />
vamos assistir , sempre com um sorriso no rosto. Poderemos ver e<br />
poderemos aceitar algumas coisas , mesmo sem gostar !<br />
Podemos não brigar agora .<br />
Porem vamos lutar pelas nossas tradições !<br />
Pois uma coisa não pode ser altera<strong>da</strong> :<br />
A <strong>História</strong> de São Paulo .<br />
Ela realmente faz parte de nossas raízes . Contem nossos<br />
sentimentos . Ela foi e é a vontade de nossos antepassados !<br />
Precisa continuar existindo . Sempre !<br />
Caso contrário seremos como os etruscos apenas vivendo nestes séculos<br />
posteriores . Como diziam nossos avós , criadores de nossa nação :<br />
“A Pátria começa na <strong>Casa</strong> onde Nascemos , Caminha para na Rua do<br />
Vizinho , Corre por to<strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de e se Derrama por Outras Ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />
Região . Finalmente Se Espalha Atingindo Nosso Território ,<br />
Envolvendo Todos que Estão ao Nosso Lado” .<br />
Desta forma é gerado o patriotismo . Deve ser mantido pelos<br />
usos, costumes e tradições, pela ética e moral , confirma<strong>da</strong>s então pela<br />
história de um povo .<br />
Lembro . A <strong>História</strong> de São Paulo muito vem sofrendo : - de<br />
Alterações , de Esquecimentos, de Continuas e Seqüentes Mutações . O<br />
Grande Perigo mora nestes fatos. Tudo pode mu<strong>da</strong>r menos nossa <strong>História</strong> .<br />
Ela deve ser preserva<strong>da</strong> para o futuro , custe o que custar .<br />
Caso contrario poderemos ser realmente os Etruscos do século XXI .<br />
Desde algum tempo se tornou extremamente necessária a<br />
Revi<strong>são</strong> em quase tudo o que respeita a <strong>História</strong> de São Paulo . Muita coisa<br />
deixa a desejar quando analisamos e comparamos , com todo cui<strong>da</strong>do<br />
necessário , os Fatos Históricos na forma como estão redigidos e<br />
apresentados atualmente . A Ver<strong>da</strong>de Real Histórica ocorri<strong>da</strong> em muitos<br />
casos é completamente outra do que aquela apresenta<strong>da</strong> agora . Diferente<br />
<strong>da</strong> que está agora escrita em nossos livros . Diferente <strong>da</strong>quela que é<br />
conta<strong>da</strong> e fala<strong>da</strong> , sem conhecimento de causa e sem base .<br />
Vem desta razão este nosso pequeno trabalho .<br />
É preciso revelar os muitos fatos como realmente aconteceram .
Muitos detalhes importantes por vezes não aparecem propositalmente<br />
ou ficam ocultos . Fatos Ver<strong>da</strong>deiros <strong>são</strong> Esquecidos e/ou Distorcidos .<br />
Fatos Inexistentes <strong>são</strong> Introduzidos . Estão Contorcendo nossa<br />
<strong>História</strong>. Não dá para entender esta vontade . Por que?<br />
Isto acontece em quase todos relatos , específicos dos vários<br />
períodos de nossa história, desde as narrativas sobre a época em que São<br />
Paulo ain<strong>da</strong> era a Capitania de São Vicente . Depois ,os erros vão passando<br />
pela fase <strong>da</strong> Província . Seguem distorcidos , escondidos , ou nem citados<br />
até hoje , quando já estamos na fase Estado .<br />
Como vem sendo apresenta<strong>da</strong> atualmente, a <strong>História</strong> dos Paulistas<br />
chega a ferir os brios de nossa gente . Desde que exista algum<br />
conhecimento anterior , por menor que possa ser este conhecimento .<br />
Por isto esta revi<strong>são</strong> se torna imperiosa . Deve ser realiza<strong>da</strong> com<br />
verificação de seus detalhes importantes em to<strong>da</strong>s as suas épocas ,<br />
explanando de maneira correta todos os fatos acontecidos , em to<strong>da</strong>s suas<br />
etapas .<br />
É preciso tentar sem esmorecer . A revi<strong>são</strong> poderá não ser<br />
inteiramente perfeita, pois podem me faltar acessos para algumas melhores<br />
e maiores fontes documentais , que atualmente desconheço ou não posso<br />
alcançar . Como não sou profissional podem ain<strong>da</strong> faltar alguns meios. E<br />
podem existir falhas .<br />
Entretanto , poderemos ter , depois de devi<strong>da</strong>mente acertados e<br />
ajustados os seus detalhes possíveis , uma boa parte <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>deira<br />
<strong>História</strong> de São Paulo Revisa<strong>da</strong> . Senão to<strong>da</strong> , pelo menos uma boa parte.<br />
O que não for inteiramente realizado vai ficar bem encaminhado . Desta<br />
revi<strong>são</strong> poderemos ter então mais satisfação .<br />
Poderemos manter nosso orgulho em ser paulista .<br />
Ou criá-lo após leitura .<br />
BASES PARA REVISÃO DA HISTÓRIA DE SÃO PAULO<br />
Elas devem ser firmes . Terão inicio com os fatos que podem não refletir a<br />
ver<strong>da</strong>de , a reali<strong>da</strong>de . Este trabalho se torna mesmo indispensável pelas<br />
seguintes razões básicas . Vamos conferir :<br />
• 1°- As Distorções Continua<strong>da</strong>s<br />
Já foram e ain<strong>da</strong> <strong>são</strong> comprova<strong>da</strong>s existência de inúmeras<br />
distorções . Precisam e devem ser aponta<strong>da</strong>s , corrigi<strong>da</strong>s e devi<strong>da</strong>mente<br />
acerta<strong>da</strong>s . To<strong>da</strong>s elas tem o poder de transformar muitas coisas que eram<br />
boas em coisas más . Basta que fiquem durante muito tempo sem revi<strong>são</strong> e<br />
acertos . Assim como está ficando a <strong>História</strong> Paulista mais um pouco e<br />
poderá até perder a sua Lógica ;
• 2°- As Mu<strong>da</strong>nças de Ver<strong>da</strong>des Históricas<br />
Mediante utilização de todos os meios de comunicação, inclusive<br />
escritos , elas estão acontecendo . Em assim sendo , muitos de<br />
nossos Heróis estão atualmente sendo até transformados em Vilões .<br />
Muitos Assaltantes e muitos Facínoras Assassinos estão virando<br />
agora , até com homenagens póstumas, “heróis nacionais” (sic) . Até<br />
com me<strong>da</strong>lhas póstumas , ganhos financeiros , altos salários<br />
compensatórios e regalias, tanto para eles ou para suas famílias .<br />
Aquilo que antes foi muito mau comprova<strong>da</strong>mente para a nação<br />
querem agora demonstrar como sendo um grande feito que foi<br />
indevi<strong>da</strong>mente reprimido. As vontades de mu<strong>da</strong>r ver<strong>da</strong>des históricas<br />
aparecem todos os dias , em muitas formas.<br />
Assim , com o tempo e com a continua repetição , Poderão<br />
Conseguir até Mu<strong>da</strong>r a Ver<strong>da</strong>de de nossa <strong>História</strong> , caso não exista a<br />
Contestação Necessária .<br />
• .3°- Os Desconhecimentos <strong>da</strong> Historia – Parcial ou Total –<br />
Sempre <strong>são</strong> e serão Desconhecimentos<br />
Este desconhecimento , tanto dos fatos mais simples como dos<br />
mais complexos , por grande parte <strong>da</strong> população, é notório . Alguns até<br />
entendem que aquilo que estão ouvindo , pelo radio ou televi<strong>são</strong>, <strong>são</strong><br />
ver<strong>da</strong>des históricas. Sem contestação! Isto permite que a ver<strong>da</strong>de possa ser<br />
altera<strong>da</strong> , em qualquer momento , praticamente sem contestação .<br />
Qualquer opinião , mesmo sem fun<strong>da</strong>mento, desde que seja<br />
continua<strong>da</strong>mente divulga<strong>da</strong> , pode pela continua repetição se tornar<br />
“Ver<strong>da</strong>de”, senão “Meia Ver<strong>da</strong>de” , ou causar “Duvi<strong>da</strong>s” . (Lembrar que<br />
os nazistas muito se utilizaram deste expediente !!!)<br />
Isto poderá acontecer , principalmente para alguns com menor<br />
conhecimento e estudo . O pior é que muitos de nossos estu<strong>da</strong>ntes agora<br />
ficam incluídos dentro deste grupo<br />
O desconhecimento de nossa história ain<strong>da</strong> ocorre pela má<br />
quali<strong>da</strong>de didática e por serem quase sempre mal relatados os fatos<br />
históricos . Ficam desta forma muitas vezes sem nexo , sem lógica ,<br />
distorcidos , pois faltam partes e detalhes importantes do que aconteceu .<br />
O governo assim permite . Pouco foi e pouco vai sendo<br />
corrigido. Pouco é explicado , por falta de critério <strong>da</strong>s atuais Secretárias <strong>da</strong><br />
Educação , <strong>da</strong>s Diretorias <strong>da</strong>s Escolas e de alguns Editores de Livros .<br />
O conhecimento <strong>da</strong> história distorcido fica quase sempre pelo<br />
meio do caminho . As vezes meio sem pé ...nem cabeça !<br />
Na maioria <strong>da</strong>s vezes viram um corpo ...sem alma !<br />
• 4°- “As Meias Ver<strong>da</strong>des”
Vamos repetir : Elas Vão sempre surgindo . E se não foram<br />
desmenti<strong>da</strong>s , com o passar do tempo poderão se tornar “Quase Ver<strong>da</strong>des”.<br />
Depois de muito tempo de repetição e propagan<strong>da</strong> “Podem se tornar em<br />
Ver<strong>da</strong>des ” !<br />
Em segui<strong>da</strong> , descara<strong>da</strong>mente se tornam “Ver<strong>da</strong>des Puras” para<br />
os interessados<br />
Assim a <strong>História</strong> de São Paulo apresenta<strong>da</strong> atualmente deixa<br />
dúvi<strong>da</strong>s . Muitas duvi<strong>da</strong>s . Não ensinam na<strong>da</strong> com perfeição . Trazem<br />
pelas péssimas explanações somente grandes confusões . Muitas vezes<br />
ver<strong>da</strong>des <strong>são</strong> distorci<strong>da</strong>s . Outras vezes mentirosas e tendenciosas .<br />
A Ver<strong>da</strong>de Deve Aparecer Agora. Sem Mais Delongas !<br />
A demora de mais alguns anos pode alterar e apagar nossa Historia .<br />
Lembro que Povo sem <strong>História</strong> é Povo sem Alma .<br />
É preciso divulgar nossos ver<strong>da</strong>deiros fatos históricos !<br />
Alguns Fatos Da Nossa <strong>História</strong> Paulista Que Merecem Melhor<br />
Conhecimento , Correção e Acertos Finais<br />
- Por que os índios Tupis <strong>são</strong> confundidos com os Tapuias ? Eles <strong>são</strong> iguais ?<br />
- O que a cultura <strong>da</strong> nação Tupi manteve de bom e maravilhoso para o mundo ?<br />
- “Mameluco” é a mesma coisa que “Mamaluco” ?<br />
- O que representa a Serra <strong>da</strong> Capivara para todos os indígenas <strong>da</strong>s Américas ?<br />
- Quantos dos atuais estados brasileiros foram formados pelos bandeirantes ?<br />
- Por que agora não é mais explora<strong>da</strong> a Montanha de Aço existente em Araçoiaba –S.P.<br />
- Por que e quando Portugal foi considerado Potencia Marítima Mundial ?<br />
- O que aconteceu na Batalha de “Alcacer – Quibir” ? O que foi a “União Ibérica” ?<br />
- Como São Paulo se aproveitou do domínio espanhol na América do Sul ?<br />
- Como Portugal se encontrava em 1.640 ? Quais conseqüências para o Brasil ?<br />
- Onde ocorreu a primeira Fundição de Ferro/Aço nas Américas ?<br />
- Quantas bandeiras paulistas foram elimina<strong>da</strong>s pelos Tapuias? Nenhuma ? Muitas ?<br />
- Quantos elementos continha uma bandeira ? Quantos Brancos , quantos Mamalucos ?<br />
- Os bandeirantes sem apoio dos Tupis teriam alcançado muito sucesso ? Como ?<br />
- Quantas regiões desbrava<strong>da</strong>s e toma<strong>da</strong>s pelos paulistas depois viraram Estados ?<br />
- Quanto ouro os piratas ingleses roubaram de São Vicente ?<br />
- Os holandeses tentaram invadir São Vicente e Santos ? Quantas vezes ? Quando ?<br />
- Muito ouro do Rei de Portugal foi roubado no Brasil por índios ? Onde ? Quando ?<br />
- Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira foi um herói brasileiro ou um herói português ?<br />
- Existiu Tentativa de Liber<strong>da</strong>de antes <strong>da</strong> Inconfidência Mineira? Onde ? Por quem ?<br />
- Por que Domingos Jorge Velho que foi herói está agora virando bandido ?<br />
- Em que local do Brasil bandeirantes paulistas foram assassinados por uma traição ?<br />
- Qual o resultado do Tratado de Madrid ? E do Tratado de Ba<strong>da</strong>józ ?<br />
- Quem foi “Morgado de Mateus” ? Onde ele viveu ? Foi bom para quem ?<br />
- Quais foram os primeiros imigrantes europeus que vieram para São Paulo ?<br />
- O que fez de bom para São Paulo o Governador Martim Lopes ?<br />
- Quem ordenou o “Recrutamento a Força dos Paulistas no Dia de Corpus Christi” ?<br />
- O que era a “ Legião de São Paulo” ? Onde atuou ? Por que ? Como ficaram ?<br />
- Com a administração D. João VI , como ficou depois nossa Divi<strong>da</strong> Externa ?
- Qual a preten<strong>são</strong> de Carlota Joaquina com a Monarquia Espanhola ?<br />
- Quando o Banco do Brasil praticamente faliu , deixando de pagar contas ?<br />
- Quem foi o Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de D. Pedro I na Independência do Brasil ?<br />
- Quanto pagamos para liqui<strong>da</strong>r os débitos portugueses com a Inglaterra?<br />
- Quais os Coman<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> Revolução Liberal de 1.842 em São Paulo ?<br />
- Por que a construção <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s de ferro aconteceu antes dos imigrantes chegarem ?<br />
- O que era o MMDC ? Quando ocorreu ? Por que ocorreu ?<br />
Alem destes muitos outros acontecimentos históricos relativos a<br />
São Paulo devem e serão também apreciados . Revistos e devi<strong>da</strong>mente<br />
ajustados com os acertos julgados como realmente necessários .<br />
Expressamente !<br />
Esta é minha intenção .<br />
Tudo pode mu<strong>da</strong>r , menos nossa <strong>História</strong> de São Paulo .<br />
Eduardo Marcondes de Souza<br />
Janeiro de 2008
O PARAISO NA TERRA<br />
Edu Marcondes<br />
Imagine meu caro leitor que existiu um lugar neste nosso planeta<br />
onde não havia horário, nem hora marca<strong>da</strong> para na<strong>da</strong> . Onde não existiam<br />
nem patrões nem empregados. Nem mesmo obrigações trabalhistas , fiscais<br />
ou previdenciárias . Onde não se pagava impostos , nem taxas , nem<br />
multas, onde nem haviam contas para pagar . Ali , naquele paraíso, não<br />
existia aluguel , taxa de condomínio ... nem senhorio . Nem dinheiro ... nem<br />
juros . Nem reis ... nem presidentes , nem governadores ou ditadores , nem<br />
deputados ou senadores . Não existia nem mesmo político... Sem diretores,<br />
chefes, fiscais , sonegadores ou atravessadores ! A maneira de viver era<br />
outra , sem complicadores .<br />
Não existiam contratos . A palavra bastava .<br />
Não existiam cartórios , escrituras e firmas reconheci<strong>da</strong>s .<br />
Valia a palavra , somente a palavra .<br />
Pense num lugar onde não houveram mendigos. Onde não<br />
surgissem desníveis sociais , nem pobres nem ricos . Nem o que é pior :<br />
“novos ricos” .Onde ca<strong>da</strong> pessoa valia por aquilo que pudesse fazer em<br />
beneficio <strong>da</strong>s demais . Onde a comi<strong>da</strong> era dividi<strong>da</strong> por todos . Sempre !<br />
Sem desnutridos ou famintos . Melhor : Sem obesi<strong>da</strong>de , sem celulite , sem<br />
colesterol . Sem Conservantes na comi<strong>da</strong> . Sem diabete !<br />
Quase fica inacreditável. Ali não aconteciam Seqüestros ,<br />
Resgates , Precatórias do Governo , “Cartões Corporativos” , Greves ,<br />
Quadrilhas Organiza<strong>da</strong>s , Corrupção , Sonegação , Inflação , Desmandos<br />
Governamentais , “Caixa Dois”, Empreguismo/Nepotismo , Cabide de<br />
Empregos , Negociatas e Obras Fantasmas , “Famigera<strong>da</strong>s ONGS” . Não<br />
existiam nem mesmo políticos enganadores e aproveitadores ! Imagine ...<br />
Ninguém tinha aborrecimentos com Aposentadoria ou Fundos de<br />
Pen<strong>são</strong> . Não existia preocupação com o futuro .<br />
Não tinham que agüentar Filas, Papela<strong>da</strong>s, Funcionários<br />
Mentirosos – lerdos- corruptos e incapazes . Nem Carimbos, Atestados ,<br />
Feudos de poder públicos e Atravessadores . Não existia “Espera em<br />
Hospitais” que não funcionam , nem Aproveitadores e Egoístas . Onde<br />
ouro, prata , dinheiro e jóias não valiam na<strong>da</strong>. Onde crianças não<br />
apanhavam dos pais e eram educados por to<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de e os velhos<br />
eram extremamente respeitados . Onde todos acreditavam em um Deus<br />
Único e Ínvisível . Sem fanatismo ou guerras religiosas .<br />
Ali todos tinham certeza na eterni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma ( Chepicuere ) .<br />
Seria preciso muita cultura para tanto .
Imagine tudo isto de bom , em uma terra onde não existisse frio ,<br />
neve, furacões , tufões , terremotos e desertos . Muito menos tornados .<br />
Acredite . Este lugar realmente existiu , desde milhares de anos<br />
atrás, quando ali já estavam parte de seus habitantes naturais, os indígenas<br />
brasileiros que se denominavam Tupis .<br />
Estudos recentes comprovam ! Pesquisas Arqueológicas<br />
realiza<strong>da</strong>s pela USP- Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela Prof.<br />
Niede Guidon, encontraram fosseis relativos a existência de vi<strong>da</strong> humana<br />
em 800 sítios arqueológicos , perfeitamente demarcados e determinados na<br />
Serra <strong>da</strong> Capivara – Estado do Piauí , com 100.000 anos de i<strong>da</strong>de . Ali é<br />
comprova<strong>da</strong> a existência e a evolução dos nossos indígenas, desde a era <strong>da</strong><br />
pedra lasca<strong>da</strong> , <strong>da</strong> pedra poli<strong>da</strong> até a fase <strong>da</strong> cerâmicas .<br />
Tudo foi comprovado pelas técnicas mais modernas como :<br />
“Termoluminescência” – “Carbono 14” – “Potássio /Argônio”.<br />
Ali hoje existe uma Fun<strong>da</strong>ção Paleológica e Arqueológica que é<br />
parte do Patrimônio Nacional , com passarelas monta<strong>da</strong>s para apreciação<br />
dos Milhares de Desenhos Rupestres , encontrados em montanhas e suas<br />
encostas. Pode levar mais de um ano a visita para então ser possível ver<br />
todos desenhos com seus detalhes . E os levantamentos ain<strong>da</strong> continuam –<br />
tanto arqueológicos como paleológicos.<br />
Por estes fatos, devi<strong>da</strong>mente comprovados, terminaram as muitas<br />
teorias “... Todos os indígenas <strong>da</strong> América teriam vindo para este<br />
continente via Estreito de Bering, então congelado , ou navegando de ilha<br />
em ilha pelo Oceano Pacifico , desde a Ásia até América .<br />
Na reali<strong>da</strong>de eles eram autóctones . Aqui nascidos .<br />
Tudo por aqui continuou do mesmo jeito e costumes durante<br />
dezenas e centenas de séculos , com os naturais <strong>da</strong> terra preservando e<br />
cultivando o que existia de bom . Para tanto sua cultura era sempre<br />
transmiti<strong>da</strong> oralmente , de pai para filho , de avô para neto .<br />
De repente ... Não mais que de repente..., os chamados<br />
“Civilizados”por aqui desembarcaram . Ficaram encantados... diziam : “...<br />
em aqui se plantando tudo dá ...”<br />
Encontraram a sua disposição os rios mais limpos e piscosos do<br />
mundo. As praias mais bonitas com o mar sempre verde/ azulado<br />
convi<strong>da</strong>ndo para na<strong>da</strong>r . ( os tais “civilizados” , por não tomarem banho ,<br />
diziam que os naturais <strong>da</strong> terra eram “porcos” por que tomavam vários<br />
banhos ao dia , pois assim desejavam . Mas banho mesmo os “civilizados”<br />
não tomavam . Nunca . Dava até pneumonia . Diziam. Entretanto caspa ,<br />
micose, piolhos , sarna , lendias e feri<strong>da</strong>s por sujeira crônica não contavam,<br />
pois os “civilizados eram então realmente muito limpos !?!?” )
A cultura <strong>da</strong>quela terra ficou a disposição dos “civilizados” que<br />
logo depois se tornaram “dominadores”. Dela não apreenderam na<strong>da</strong> . Só<br />
queriam aproveitar . Então se aproveitaram dos campos mais floridos , <strong>da</strong>s<br />
matas mais formosas , com disponibili<strong>da</strong>de de muitas arvores para extração<br />
fácil de madeiras . Aproveitaram e sentiram a brisa <strong>da</strong>s montanhas e <strong>da</strong>s<br />
serras , cheias de flores de manacás na primavera e verão .<br />
Gozaram <strong>da</strong>s chuvas regulares refrescando pessoas e limpando o<br />
ar . Viviam agora em um lugar que não era nem muito quente nem muito<br />
frio , com clima temperado . Onde foi possível pescar e caçar a vontade ,<br />
pois as mesmas até então eram abun<strong>da</strong>ntes . Aproveitaram tudo .<br />
Muito pouco deram ou fizeram para melhorar a vi<strong>da</strong> por ali .<br />
Ali , que até então , sempre foi permitido viver quase todos os dias<br />
como em um dia de férias .<br />
A terra era muito fértil e produzia tudo . E mais do que tudo<br />
fornecia alimentos maravilhosos que não existiam em outras partes do<br />
planeta , como : Mandioca , Cará , Milho , Feijão , Batata, Amendoim<br />
, Abacaxi , Goiaba , Caju , Maracujá , entre muitas outras . Verduras<br />
maravilhosas como Pimentão , Palmito , Açaí , muitos tipos de<br />
Pimentas locais , entre tantas muitas outras que somente aqui eram<br />
encontra<strong>da</strong>s .<br />
Imagine que pela temperatura amena todos poderiam viver<br />
praticamente sem agasalhos ou roupas . Como Adão e Eva não precisavam<br />
de muita vestimentas , nem seguir mo<strong>da</strong>s no trajar. Quase sempre an<strong>da</strong>vam<br />
praticamente nus ou com pequenas tangas . Caso existisse vai<strong>da</strong>de para se<br />
vestir ela era muito pouca . Por estes e outros detalhes de sua cultura se<br />
pode notar que eram muito simples e diferentes . Por tudo isto e por viver<br />
de forma natural junto as matas e florestas , praias e campos por eles<br />
sempre preserva<strong>da</strong>s, foram então chamados de “selvagens”.<br />
Até então por ali não existia Gripe , Tuberculose , Varíola ,<br />
Doenças Venéreas , Malária , Lepra , Ratos e Pernilongos . As poucas<br />
doenças simples eram trata<strong>da</strong>s com plantas e ervas medicinais . O bom<br />
conhecimento <strong>da</strong>s mesmas pelos pajés era milenar . E vejam só : - Não se<br />
pagava na<strong>da</strong> para ninguém ! Tanto para se tratar como para ser curado . E<br />
aquele povo era longevo , sem duvi<strong>da</strong> alguma . As crônicas <strong>da</strong> época<br />
comprovaram .<br />
Melhor : Nem tinham filas para serem tratados . Bem tratados !<br />
Ali to<strong>da</strong>s as coisas só tinha significado pelo seu valor intrínseco .<br />
O resto era inutili<strong>da</strong>de ! Sempre só inutili<strong>da</strong>des !<br />
Acredite ! Tudo isto realmente existiu . E foi preservado por<br />
séculos e séculos pela cultura dos naturais <strong>da</strong> terra . Como informamos ,<br />
estudos arqueológicos atuais , realizados pela USP – Universi<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo , comprovaram com a tecnicali<strong>da</strong>de mais avança<strong>da</strong> , a existência
<strong>da</strong>queles habitantes <strong>da</strong> América, desde os fosseis encontrados com 100.000<br />
anos de i<strong>da</strong>de .<br />
O lugar que estamos falando era a Terra dos Tupis .<br />
Eles a chamavam de Tupiretama . Para todos os povos <strong>da</strong>s<br />
Américas a terra era chama<strong>da</strong> de Pindorama .<br />
Vamos conhecê-los melhor .<br />
OBS- Não Confundir TUPIS com a maioria dos demais índios que hoje<br />
aparecem até na Televi<strong>são</strong>. Estes de agora com certeza <strong>são</strong> TAPUIAS que<br />
é outra raça (dentre as quais os “Botucudos”– “Puris”- “Camacan”) – Com<br />
biótipos diferentes - Pouca cultura – Praticamente não plantavam - Outros<br />
costumes bem diversos - Eram inimigos mortais dos Tupis -<br />
II- Tupis / Quem Eram / Onde Viviam<br />
Em sua obra “O Tupi na Geografia Nacional” , edição de 1901 ,<br />
explica Theodoro Sampaio , logo no início do livro : “ Vastíssima era a<br />
região por onde dominou o Tupi e sua língua tupi . Ocupavam quase todo<br />
litoral brasileiro e , numa exten<strong>são</strong> de 600 léguas para o interior , estavam<br />
ali radicados . Dominavam ain<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> região interior do Paraná ,<br />
alcançando também os vales dos rios Tapajós , Madeira , Araguaia”e a<br />
parte <strong>da</strong> fóz do Amazonas .<br />
Estavam distribuídos em várias tribos , ca<strong>da</strong> uma com seu chefe .<br />
No litoral Sul, desde Bertioga até o fim do Paraná e Santa Catarina ,<br />
habitavam os Guaináses que também estavam no Planalto Paulista e na<br />
região de “Jerybatuba” . Tinham dois chefes que ficaram famosos pela sua<br />
cooperação com os brancos paulistas : Tibiriçá e Cayubi . Os Tupiniquins<br />
estavam no planalto e no interior de São Paulo . Os Tamoios tinham seus<br />
domínios no Vale do Paraíba e no litoral Norte , desde Bertioga até depois<br />
do Rio de Janeiro . Bem mais para o Norte , nas regiões do Espírito Santo e<br />
Bahia , o domínio já era dos Tupinambás . Existiam outras tribos Tupis ,<br />
menores como os Maromis . Estes , entretanto , apesar de muito<br />
respeitados , tinham menor expres<strong>são</strong> .<br />
To<strong>da</strong>s tribos tinham chefes chamados de “Caciques”. Entretanto,<br />
não existia um rei único para todos Tupis .<br />
Existia na reali<strong>da</strong>de uma Nação Tupi , mas não um País Tupi .<br />
Com língua , costumes , estrutura física e religião idênticas .Viviam perto<br />
do litoral ou junto dos grandes rios do Brasil.<br />
Nas demais regiões do Brasil predominavam várias outras tribos .<br />
Eram elas denomina<strong>da</strong>s com um nome comum : Tapuias , também<br />
chamados de Gês.<br />
Tapuias eram muito diferentes dos Tupis . Alem do mais ca<strong>da</strong><br />
grande tribo Tapuia falava uma língua diferente . Eram mesmo
diferentes em tudo, tanto fisicamente como na língua e nos costumes .<br />
Eram os Tapuias formados por muitas tribos que não tinham uma língua<br />
única e ain<strong>da</strong> se diferenciavam entre si. Estas várias tribos praticamente<br />
não formavam uma nação única e perfeita. Nem tinham união . Existiam<br />
grandes diferenças entre aqueles Tapuias . Elas continuam até hoje .<br />
Ain<strong>da</strong> existem tribos autenticas de Tapuias espalha<strong>da</strong>s pelo norte<br />
do Brasil . Foram inimigos mortais dos Tupis por muitos séculos .<br />
III-Características Físicas dos Tupis – Aparecem os “Mamalucos”<br />
Normalmente os Tupis tinham boa estatura , um pouco mais<br />
eleva<strong>da</strong> que aquela dos brancos . Eram fortes , musculosos , com ótimos<br />
dentes e queimados pelo sol , com a pele normalmente pinta<strong>da</strong> com tintas<br />
naturais , como o urucum e o jenipapo. Isto lhes <strong>da</strong>va um tom avermelhado.<br />
Os cabelos pretos eram cortados curtos . Os olhos eram castanhos escuros .<br />
Depilavam todo o corpo , inclusive a barba . Achavam de mau gosto e ante<br />
higiênico deixar seus pelos espalhados pelo corpo .<br />
“Frei André Thevet” , francês que esteve no Rio de Janeiro no<br />
século XVI com as tropas do invasor Almirante Villegaignon , escreveu um<br />
livro sobre a vi<strong>da</strong> dos Tamoios, índios <strong>da</strong> raça Tupi , que viviam na região,<br />
intitulado : “Singulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> França Antártica”. Nele foram impressas<br />
12 pinturas sobre os Tamoios/ Tupis , com homens e mulheres executando<br />
as mais varia<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des , desde lutas, plantações e até momentos de<br />
colheitas . Em nenhum <strong>da</strong>queles quadros encontramos retratados indígenas<br />
Tupi , gordos ou obesos . Todos eram bem formados , fortes e esguios .<br />
Usavam quase sempre na cintura uma faixa bem larga feita de<br />
cordinhas de algodão trança<strong>da</strong>s . Pela vi<strong>da</strong> simples , pela boa alimentação<br />
sadia , pelos exercícios que eram obrigados a executar , caçando ,<br />
pescando, remando , an<strong>da</strong>ndo , na<strong>da</strong>ndo e plantando , os tupis eram<br />
resistentes as doenças normais <strong>da</strong> região . Foram , logo depois do<br />
descobrimento, atacados por males que os europeus trouxeram . Eles ain<strong>da</strong><br />
não tinham defesa natural para doenças contagiosas ali não existentes ,<br />
como gripe , pneumonia , varíola , tuberculose e lepra .<br />
Inicialmente , logo depois do descobrimento , os brancos foram<br />
chamados de “Caraíbas” , que significa “superior , sábio”. Como tempo<br />
perceberam que eles não eram na<strong>da</strong> do esperado . Então mu<strong>da</strong>ram o<br />
chamamento . “Peró” – designava os portugueses . “Mairs”- os franceses .<br />
Como era muito natural , aconteceram muitos cruzamentos entre<br />
branco descendente de português e indígenas tupis . Esta miscigenação teve<br />
rápido crescimento , nascendo dela muitos filhos mestiços . Eles eram<br />
chamados de “Mamalucos” .<br />
A respeito desta palavra Theodoro Sampaio , em seu livro “O<br />
Tupi”, explica que a denominação :<br />
“-Mamaluco”é de procedência Tupi e não Árabe .
Tal como se fala ain<strong>da</strong> em algumas partes do sertão significa<br />
misturado. Os Caipiras( homem <strong>da</strong> roça , do mato ), os Caboclos (homens<br />
fortes do interior , miscigenados em várias gerações com brancos , os<br />
Caiçaras ( aqueles mestiços de branco com índio que vivem nas praias )<br />
diziam ... “Milho branco com milho vermelho sai milho “Mamaluco”.<br />
Ao que tudo indica a denominação “Mamaluco” continuou sendo<br />
usa<strong>da</strong> no Brasil até o começo do século XIX .<br />
Após chega<strong>da</strong> dos novos imigrantes , vindos <strong>da</strong> Europa e Ásia ,<br />
começa aparecer e ser usa<strong>da</strong> a palavra de origem árabe “Mameluco” que<br />
foi anteriormente designa<strong>da</strong> para os sol<strong>da</strong>dos mestiços do Sultão Malek-el<br />
– Saleh do Egito .<br />
Surgiu a confu<strong>são</strong> . Eles os Mamelucos eram mestiços de Brancos<br />
com Pretos , ou seja :- “Mulatos”. São totalmente diferentes dos mestiços<br />
de Brancos com Índios que <strong>são</strong> os “Mamalucos”.<br />
Pela pouca cultura existente sobre a formação nacional até hoje a<br />
confu<strong>são</strong> continua .<br />
Com o decorrer dos tempos , os bandeirantes paulistas tiveram ,<br />
alem <strong>da</strong> esposa oficial residente na casa grande , muitas outras mulheres<br />
índias <strong>da</strong> raça Tupi , nota<strong>da</strong>mente nos sertões por onde viajavam .<br />
Muitos brancos também se casaram com índias , pois que vieram<br />
inicialmente muito mais homens que mulheres para o Brasil . <strong>Casa</strong>ram –se<br />
ain<strong>da</strong> com mamalucas ou mantinham as mamalucas como amantes .<br />
Os milhares de filhos destas muitas uniões não queriam ser<br />
tratados como indígenas . Já não eram nem mais “simples mamalucos.”<br />
Viviam como brancos, usavam roupas e armas de brancos , acompanhavam<br />
o pai branco nas bandeiras , falavam como brancos , lutavam como brancos<br />
e praticamente se casavam com mamalucas ou quando possível com<br />
brancas . Desta forma , com sucessivos casamentos deste tipo , realizados<br />
continua<strong>da</strong>mente, cresceu vertiginosamente o numero de filhos<br />
miscigenados .<br />
Aquelas pessoas , logo depois <strong>da</strong> miscigenação , dependendo dos<br />
locais onde viviam , começaram então a ser chama<strong>da</strong>s de “Caipiras e/ou de<br />
Caboclos”. Aqueles Mamalucos que viviam no litoral eram chamados de<br />
Caiçaras . Eram denominação <strong>da</strong><strong>da</strong> com palavras que não <strong>são</strong> portuguesas.<br />
São de origem tupi .<br />
Caipiras : passaram a ser assim denominados aqueles que viviam<br />
<strong>da</strong> lavoura em lugares mais distantes <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des , principalmente nos<br />
estados de São Paulo , Minas Gerais , Paraná , e sul de Mato Grosso.<br />
Caboclos eram chamados aqueles miscigenados , já de segun<strong>da</strong> e<br />
terceira geração , que viviam nas ci<strong>da</strong>des ou em volta <strong>da</strong>s mesmas . Na<br />
reali<strong>da</strong>de Caboclos e Caipiras <strong>são</strong> as mesmas pessoas miscigena<strong>da</strong>s de
ancos com índios tupis , no Sul / Sudeste / Centro Oeste e Oeste do<br />
Brasil<br />
Com o decorrer dos anos , depois de mais de um século , foram os<br />
Caipiras , Caboclos e Caiçaras perdendo to<strong>da</strong>s as características físicas<br />
dos Tupis . Tornaram –se praticamente brancos, não só no aspecto , no<br />
vestir , nos hábitos e maneiras . “Caboclos”e “Caipiras” foram se<br />
espalhando por todo pais, nota<strong>da</strong>mente pelo interior dos estados por onde<br />
aconteceu o desbravamento realizado pelos bandeirantes . No extremo sul<br />
eles muitas vezes foram e <strong>são</strong> ain<strong>da</strong> chamados de Gaúchos .<br />
IV- Tapuias - Os Inimigos Eternos dos Tupis<br />
De uma população indígena existente no Brasil na época do<br />
descobrimento , estima<strong>da</strong> entre 9/ 10 milhões de habitantes , somente 40 %<br />
eram <strong>da</strong> raça Tupi . Os restantes praticamente pertenciam as diversas e<br />
diferentes raças chama<strong>da</strong>s como um todo de Tapuias .<br />
Os Tapuias , eram os vizinhos que viviam no interior , falavam<br />
entre si línguas diferentes , ca<strong>da</strong> tribo tinha praticamente uma língua . Eram<br />
de menor estatura porem muito fortes e atarracados . Muitos tinha a cabeça<br />
chata , característica que se transmitiu, quando dos cruzamentos deles com<br />
brancos ou negros no nordeste brasileiro, para alguns de seus atuais<br />
habitantes .<br />
O padre Fernão Cardim , que viveu no Brasil no inicio <strong>da</strong><br />
colonização , escreveu livro relativo as coisas que foram encontra<strong>da</strong>s por<br />
aqui . Para tanto o livro em questão recebeu o nome de “Tratados <strong>da</strong><br />
Terra e <strong>da</strong>s Gentes” . Relativamente aos Tapuias vamos encontrar nas<br />
paginas 174/ 175 o seguinte texto :<br />
– “Há outras nações contrárias e inimigas destas (dos Tupis) , de<br />
diferentes línguas , que em nome geral se chamam “Tapuias”... <strong>são</strong> os<br />
senhores dos matos selvagens , muito encorpados e , pela continuação e<br />
costume de an<strong>da</strong>rem pelos matos bravos , tem o couro muito rígido e , para<br />
este efeito , açoitam os meninos com uns cárdos, para se acostumarem a<br />
an<strong>da</strong>r pelos matos . Não tem roças , vivem de rapina e pela ponta <strong>da</strong> flecha.<br />
Comem mandioca crua sem lhes fazer mal e aos brancos não dão senão de<br />
salto. Usam arcos muito grandes, trazem paus ( tacapes ou bordunas )<br />
muito grossos . Quando chegam para peleja estão escondidos nos matos ,<br />
debaixo <strong>da</strong>s muitas folhas ..., <strong>são</strong> muito temidos ..., <strong>são</strong> covardes em<br />
campo para onde não ousam sair... não usam embarcações e to<strong>da</strong> sua<br />
viven<strong>da</strong> é nos matos ; Quando tomam algum contrário cortam-lhe a carne<br />
... e os esfolam , que não lhes deixam mais que ossos e tripas ; Se tomam<br />
alguma criança lhe dão a cabeça com tacape : Desentranham as mulheres<br />
prenhes para lhes comerem os filhos assados . Não se lhes pode entender a<br />
língua” .
Por esta descrição acima podemos claramente entender a razão<br />
dos Tupis para serem inimigos mortais dos Tapuias . Mesmo antes do<br />
descobrimento e chega<strong>da</strong> dos brancos , os Tupis já lutavam para capturar e<br />
prender e matar os Tapuias .<br />
Podemos também entender porque depois <strong>da</strong> paz , realiza<strong>da</strong> por<br />
Anchieta , entre Brancos e os Tamoios/ Tupis , estes todos se aliaram aos<br />
bandeirantes paulistas e aos seus filhos mamalucos, para também<br />
continuara a combater e subjugar os inimigos Tapuias .<br />
V- A Língua Tupi –A “Língua Geral”<br />
A língua tupi se apreendia com facili<strong>da</strong>de . A língua Guarani<br />
era aparenta<strong>da</strong> com a língua Tupi , pois apenas em suas terminações se<br />
modificavam . Theodoro Sampaio explicava que com os bandeirantes<br />
paulistas falando fluentemente a língua tupi ela se espalhou por várias<br />
outras partes do Brasil . A língua foi para onde os bandeirantes foram .<br />
O tupi não era difícil de ser apreendido , tanto que muitos<br />
jesuítas e padres falavam e chegaram a escrever em Tupi . Fizeram mesmo<br />
as suas primeiras gramáticas. Chegaram a catequizar em Tupi . ( Anchieta<br />
falava perfeitamente o tupi .Consta que o poema para Virgem Maria foi<br />
originalmente escrito em tupi e na areia . ( Fato não comprovado ).<br />
A divulgação <strong>da</strong> Língua Tupi foi tão grande que foi chama<strong>da</strong><br />
de “Língua Geral”. Em 1.694 o Padre Vieira escrevia : - “ É certo que as<br />
famílias , descendentes dos portugueses e dos índios , em São Paulo ,<br />
estão tão liga<strong>da</strong>s hoje umas as outras que as mulheres e filhos se criam<br />
todos domesticamente , e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos<br />
índios Tupis e a portuguesa vão os meninos apreender a escola .O tupi<br />
leva vantagem , pois de ca<strong>da</strong> três habitantes apenas um fala com<br />
preferência o português.”<br />
O São Paulo a que se referia o Padre Vieira compreendia todo<br />
sul brasileiro bem como todo nosso centro oeste , desbravado que foi<br />
pelos bandeirantes paulistas . Depois a Língua Geral chegou a ser fala<strong>da</strong> no<br />
Rio de Janeiro e Espírito Santo , por influencia dos tamoios .<br />
Quando no século XVIII o Marques de Pombal (1.750) proibiu<br />
que a “Língua Geral” fosse fala<strong>da</strong> no Brasil , temendo que isto gerasse<br />
possível separação do Centro Sul e Sul , houve muita resistência . Durante<br />
muito tempo a “Língua Geral” ain<strong>da</strong> foi fala<strong>da</strong> . Por isto mesmo inúmeras<br />
palavras tupis ficaram para sempre e hoje fazem parte do nosso<br />
vocabulário, principalmente graças aos caipiras , caiçaras e caboclos .<br />
Basta verificarmos os nomes de locali<strong>da</strong>des , de ci<strong>da</strong>des , de plantas, de<br />
peixes , de comi<strong>da</strong>s , de coisas em geral , de nomes e sobrenomes e até de<br />
títulos nobiliárquicos brasileiros do nosso império . Abaixo alguns<br />
exemplos de palavras Tupis usados atualmente :
A- de Locali<strong>da</strong>des – Piratininga , Tietê , Curitiba , Paraná , Piraju ,<br />
Pará , Anhembi , Piracicaba , Araraquara , Pacaembu , Morumbi ,<br />
Tamanduatei , Guanabara , Ipanema , Saquarema , Chuí , Capivari ,<br />
Paranaguá , Pacaembu , Anhangabaú, Itajubá , Congonha, Peruíbe ,<br />
Itu , Sorocaba , Pin<strong>da</strong>monhangaba , Taubaté , Jundiaí , Itaim ,<br />
Sumaré , Itambé, Mandurí , Iguatemi , Pirajá , Canindé , Congonha,<br />
Criciumal , Cuiabá , Guatemí, Niterói , Pereque , Irapuan – entre<br />
muitas e muitas outras mais , nota<strong>da</strong>mente por onde os bandeirantes<br />
paulistas e os tupis passaram ;<br />
B- de Plantas , Frutas e Comi<strong>da</strong>s - Goiaba , ananás , abacaxi ,<br />
jabuticaba , caju , pitanga , araçá , jerimum , jacarandá , manacá ,<br />
ipê , sapucaia , pipoca , moqueca, pamonha , curau , mandioca ,<br />
cará , pirão , cajueiro , cajua<strong>da</strong> , goiaba<strong>da</strong> , pitangueira , carnaúba ,<br />
moqueca , guaraná , manacá , sapucaia , pitanga , tapioca - entre<br />
tantas muitas outras mais ;<br />
C- de Nomes e Sobrenomes – Iara , Araci , Moema , Jandira , Juraci .<br />
Jaci , Potira, Bartira , Peri , Tibiriçá , Arariboia , Itagiba , Sucupira ,<br />
Japiaçu , Jaguaribe , Piragibe , Tupinambá , Anhembi , Jussara ,<br />
Araripe , Inajá , Irani , Cayubi , Capanema , Graciema , Ipiranga ,<br />
Irajá ,Iramaia ,Moacir , Murici , Tabajara, Taman<strong>da</strong>ré , Tucunduva ,<br />
Ubiratã ,Ubirajara , Pirajá , Jaguaré , Jaguaribe - entre tantos outros<br />
mais ;<br />
D- de Animais – arara , quati , jaguar , jaguatirica , jibóia , tapir ,<br />
ariranha , pitu , mandi , pacu , piracema , guarú , piranha , guará ,<br />
paca , tamanduá , jacaré , quati, sagüi , sucuri , jararaca , sagüi ,<br />
pirarucu ,cotia , jan<strong>da</strong>ia , seriema , ema , guariba , jacaré , macuco ,<br />
mandi , gabiru , xaréu , araponga - Alem destes existem centenas de<br />
nomes tupis para insetos , para outros peixes e outros pássaros ;<br />
E- de Títulos Nobiliárquicos – Com a independência brasileira e a<br />
monarquia instala<strong>da</strong> , a maioria dos nobres de então utilizaram se de<br />
nomes Tupis para seus títulos : A )Barões – de Jaguará , de<br />
Itapetininga , de Jacui , de Pin<strong>da</strong>monhangaba, de Itapura , de<br />
Itapoan, de Itamaraty , de Ipanema , de Paraibuna , de Itapeva de<br />
Tibagí , de Urussui etc.etc. B ) Marqueses – de Paranaguá , de<br />
Taubaté , de Itu , de Jundiaí , do Maranhão , etc. etc..<br />
C )Viscondes – de Meriti , de Maranguape , de Jarí , de Jaguaribe ,<br />
de Jaguarí , de Jerumirim , de Mauá , <strong>da</strong> Paraíba – etc. etc.
F- de Palavras Comuns – caipira , mirim , caboclo , caipora , caiçara ,<br />
canindé , canjica , caracu , carioca , ipanema , cipó , içá , pajé ,<br />
pereba , pirão , pito , pororoca , samambaia , taba , tapera , toró ,<br />
chororó , capim , jenipapo , tapioca, paçoca , aipim , beiju , piaçaba<br />
taturana , tatu , capoeira , capão , jequitibá , carnaúba , taquara ,<br />
graúna , carijó , pitu , manjuba , cafuné , curupira , pajé , morumbi,<br />
morubixaba , tocaia etc. etc. etc.<br />
G- de Verbos –Origem Tupi - empacar , acocorar , atocaiar ,<br />
atucanar , amalocar , capengar , capinar , catucar , desentocar ,<br />
ocaiar , embasbacar , empipocar , giboiar , moquear , pererecar ,<br />
pipocar , pitar , sapecar , tungar , capengar - entre tantos outros<br />
Obs. - Sem a proibição do Marques de Pombal , impedindo o uso <strong>da</strong><br />
“Língua Geral” , o Brasil seria bilíngüe . Uma pena tal acontecido !<br />
VI- Moradia e Utensílios Tupis – A Música<br />
A construção de suas moradias eram simples , pois o clima<br />
assim permitia . Não precisavam de calafetação e lareiras para geração de<br />
calor no inverno . Alem do mais as moradias , denomina<strong>da</strong>s “Ocas” , não<br />
eram feitas para uma durabili<strong>da</strong>de muito longa . Isto ocorria em razão <strong>da</strong><br />
necessi<strong>da</strong>de que os tupis tinham de mu<strong>da</strong>r o local <strong>da</strong> aldeia , de tempos em<br />
tempos ..Eram motivados pelo melhor aproveitamento <strong>da</strong>s terras para<br />
cultivo . Não cansavam as suas terras . Saiam do local e paravam de plantar<br />
aqueles alimentos e plantas que vinham cultivando , assim que percebiam<br />
uma que<strong>da</strong> na produção . Desta forma a terra descansava .Com o tempo e<br />
nascimento de outras plantas nativas e naturais do local tinha plena<br />
condição de recuperação depois de alguns anos .<br />
Suas próximas gerações poderiam novamente aproveitar aquelas<br />
terras .<br />
As “Ocas” eram construí<strong>da</strong>s para habitação de uma grande<br />
família aparenta<strong>da</strong>, onde tios e primos participavam e viviam com os<br />
irmãos , pais , filhos e avôs . Elas tinham sua estrutura feita em troncos e<br />
estacas de madeira perfeitamente aparelha<strong>da</strong>s , cobertas por folhas de<br />
palmeira ou de sapé , formando longos telhados que desciam do alto<br />
praticamente até o chão. As Ocas eram naturalmente ventila<strong>da</strong>s . Existia<br />
uma pequena porta como entra<strong>da</strong> , por vezes fecha<strong>da</strong> com estacas de<br />
madeira .<br />
A reunião de várias “Ocas” em volta de uma praça grande<br />
formava a “Taba” , normalmente cerca<strong>da</strong> por valas e pontaletes de<br />
madeira. Esta cerca era também chama<strong>da</strong> de “Caiçara” . A região onde se<br />
situavam várias tabas de um mesmo grupo gerava uma “Tribo” , como por<br />
exemplo : Tribo dos Tupiniquins , dos Tamoios , dos Carijós .
A palavra Tabaté (Taubaté) significa aldeia grande .<br />
Tabatinguera aldeia velha .<br />
Os utensílios eram simples não existindo móveis. Para dormir ou<br />
descansar usavam redes , teci<strong>da</strong>s normalmente com algodão ( Iní ) . Tanto<br />
para cozimento de alimentos bem como para pequeno aquecimento em dias<br />
de algum frio existiam áreas para formação de pequenas fogueiras , dentro<br />
<strong>da</strong> própria Oca que se chamavam “Tataren<strong>da</strong>ba”. Sobre elas existia uma<br />
armação feitas de varas apropria<strong>da</strong>s . Eram usa<strong>da</strong>s assar em espetos , ou<br />
melhor dito modernamente churrasquear . Era chama<strong>da</strong> “Moquém”. Para<br />
cozinhar usavam panelas de barro . Eram ain<strong>da</strong> e então utiliza<strong>da</strong>s várias<br />
peneiras (Urupema) , cestos (Urus) , Cuias feitas de Cabaça , panelas de<br />
barro (Nhanpepó) , pilão (Induã) e moringas de barro ( Igaçabas).<br />
Tinham como animais domésticos : papagaios , araras , micos e<br />
a jaguatirica .<br />
Os tupis eram apaixonados por música. O Padre Fernão Cardim<br />
também nos conta como eram estimados os que conheciam música e/ou<br />
cantavam . Caso fosse inimigo capturado poupavam-lhe a vi<strong>da</strong> . Músicas<br />
eram feitas para tudo .Iam <strong>da</strong>s melodiosas as marciais . Podiam ser feitas<br />
para flores , pássaros e para a guerra . As musicas religiosas evocavam<br />
espíritos familiares , capazes de inspirar os destinos <strong>da</strong> taba , na paz ou na<br />
guerra .<br />
Gostavam de cantar e <strong>da</strong>nçar , homens e mulheres de mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Os cantos de guerra só eram <strong>da</strong>nçados pelos homens . A “Catira”, <strong>da</strong>nça<br />
popular do interior paulista , teve sua origem com os índios tupis .<br />
Possuíam instrumentos musicais , bem simples mas bem feitos ,<br />
com sons definidos , como o tambor de madeira ( Vapis) , a flauta de<br />
bambu com som grave (Boré) , a flauta de ossos com som agudo<br />
(Cangoeira ) ,o chocalho (Maracá) e outros pequenos instrumentos para<br />
simples acompanhamento , como o Orfuá , Curugú , Membichué .<br />
Todos seus instrumentos tocando formavam uma pequena<br />
orquestra , acompanha<strong>da</strong> por mais de cem bocas cantando .<br />
VII- Transportes e Comunicações<br />
Os Tupis já eram grandes an<strong>da</strong>rilhos , com eles os bandeirantes<br />
apreenderam a ser . Já tinham vocação para tanto . As ligações entre as<br />
várias tribos de uma nação indígena eram feitas por estra<strong>da</strong>s de terra ,<br />
conserva<strong>da</strong>s pelo próprio an<strong>da</strong>r dos indígenas. Eram chama<strong>da</strong>s de<br />
“Apeaçú”.<br />
Estes mesmos caminhos quando levavam para o mar ou para os<br />
rios tomavam o nome de “Apiaçaba” . Por elas , os bandeirantes quando<br />
não podiam utilizar os caminhos dos rios , iam a pé , acompanhados dos<br />
filhos mamalucos e dos próprios tupis . Foram importantes para o<br />
desenvolvimento territorial do Brasil .
Os tupis também eram excelentes navegantes de pequeno curso ,<br />
tanto em rios como no litoral marinho . Pescavam constantemente nestes<br />
locais tirando deles parte de sua subsistência com facili<strong>da</strong>de . Para tanto<br />
eram ain<strong>da</strong> excelentes na<strong>da</strong>dores .<br />
Tinham ótima capaci<strong>da</strong>de para construir enormes canoas , feitas<br />
de um único tronco de madeira . Escolhiam a arvore , cortavam o tronco ,<br />
queimavam seu centro e depois o escavavam , até deixá-las em condições<br />
de navegar , com proa e popa também perfeitamente alinha<strong>da</strong>s . Elas<br />
tinham capaci<strong>da</strong>de de transportar normalmente até 40 pessoas . Eram bem<br />
rápi<strong>da</strong>s e chama<strong>da</strong>s de “Igaras”.<br />
Existiam ain<strong>da</strong> canoas feitas de cascas de arvores , com estrutura<br />
de madeira . Eram muito leves e pequenas e chama<strong>da</strong>s de “Ubá”. A palavra<br />
Ubatuba significa porto de canoas .<br />
De acordo com o livro de Theodoro Sampaio , Martim Affonso<br />
de Souza presenciou em 1.531 combate entre flotilha de canoas “igaras” .<br />
Eram rápi<strong>da</strong>s e maneja<strong>da</strong>s com todos os remos em compasso perfeito .<br />
Quando <strong>da</strong> expul<strong>são</strong> dos franceses do Rio de Janeiro , também<br />
uma flotilha de igaras , originárias de São Vicente, seguiu para o local <strong>da</strong><br />
luta com centenas de tupis que lutariam ao lado dos portugueses .<br />
Para as bandeiras as grandes canoas foram fun<strong>da</strong>mentais . Por<br />
elas, por exemplo , uma grande bandeira com apenas 30 grandes canoas<br />
chegavam a transportar até 1.200 homens (40 em ca<strong>da</strong> canoa igara). Elas<br />
permitiram as viagens pelo Rio Anhembi (depois chamado de Tietê ), até<br />
o seu encontro com o Rio Grande e depois com o Paraná . Por este podiam<br />
seguir navegando até chegar ao rio Paraguai e logo depois podendo<br />
alcançar todo o Oeste . Pelo Paraná ain<strong>da</strong> podiam chegar até o Rio <strong>da</strong><br />
Prata.<br />
Pelo Rio Paraíba do Sul seguiam navegando em direção do Rio<br />
de Janeiro , ou então parando de navegar em Pin<strong>da</strong>monhangaba e, depois<br />
subindo a Serra <strong>da</strong> Mantiqueira , alcançar as terras de Minas .<br />
Como os bandeirantes paulistas falavam :<br />
“Os Rios <strong>são</strong> “Caminhos que An<strong>da</strong>m”.<br />
Finalmente lembramos que existia uma lendária estra<strong>da</strong> que<br />
diziam chegar até os Andes e alcançar o Peru. Ela era chama<strong>da</strong> de<br />
“Piabiru” ou “Apépiru” .<br />
VIII- Caça e Pesca – Agricultura<br />
Desde pequeno o Tupi era ensinado a li<strong>da</strong>r com a caça e pesca ,<br />
pois elas não faltavam sendo básicas para sua alimentação . Juntamente<br />
com o plantio agrícola eram as ocupações principais do homem Tupi . As<br />
mulheres aju<strong>da</strong>vam muito na lavoura . Entretanto , caça e pesca era<br />
somente para o sexo masculino .
Para caça utilizavam-se principalmente do arco (Iapara) e <strong>da</strong><br />
flecha (Uiba) . O arco era grande, maior que seu proprietário , difícil de ser<br />
retesado por um homem comum europeu. A flecha tinha a ponta<br />
endureci<strong>da</strong> com fogo ou um dente de tubarão fixado com resinas . Alem<br />
destes ain<strong>da</strong> utilizam “Arapucas”. Eram armadilhas feitas com cestos e<br />
cor<strong>da</strong>s ou com laços . Eram usa<strong>da</strong>s para caçar animais pequenos . A<br />
“Zarabatana”, ou seja : tubo para lançar pequenas setas mediante sopro do<br />
homem , era destina<strong>da</strong> a caça de pequenas aves . Algumas vezes usavam a<br />
“Zagaia”, uma lança compri<strong>da</strong> , que aju<strong>da</strong>va na caça de animais bem<br />
grandes .<br />
Para a pesca também se utilizavam do arco e flecha . Tinham ain<strong>da</strong><br />
arpões e redes pequenas ( Picarés) . Pescavam tanto nos mares como nos<br />
rios . Nestes últimos ain<strong>da</strong> empregavam o “Timbó”( espécie de cipó que<br />
depois de batido soltava um tipo de anestésico para os peixes ) , facilitando<br />
captura dos peixes escolhidos .<br />
Na agricultura , quando o campo era novo , advindo de mu<strong>da</strong>nça<br />
<strong>da</strong> tribo e contendo arvores , o primeiro serviço era feito em grupo (era o<br />
Murundu). As arvores existentes deveriam ser derruba<strong>da</strong>s . Para tanto<br />
utilizavam-se dos grandes machados de pedra . Os paus eram recolhidos e<br />
dispostos ao redor , cercando a área a ser planta<strong>da</strong> . Depois queimavam<br />
todo a área escolhi<strong>da</strong> para o plantio . O trabalho de lavrar era feito pelos<br />
homens com estacas de madeira endureci<strong>da</strong>s no fogo , pois ain<strong>da</strong> não<br />
conheciam o ferro. O plantar era feito tanto por homens como mulheres .<br />
Depois só as mulheres e crianças pequenas cui<strong>da</strong>vam <strong>da</strong> roça e <strong>da</strong> maioria<br />
<strong>da</strong>s colheitas .<br />
Nestes campos plantavam seus alimentos : O milho ( Abati) , a<br />
mandioca (Manioc ou Aipim) , a batata ( Jatiuca ) , a banana <strong>da</strong> terra<br />
(Pacova) , o amendoim (Mandubi) , a moranga (Gerimu) , o Cará , a<br />
batata doce , o feijão e pimentas . As muitas frutas e verduras que nasciam<br />
na região naturalmente eram colhi<strong>da</strong>s nas matas em redor. Eram muito<br />
bem preserva<strong>da</strong>s e por vezes transplanta<strong>da</strong>s quando ain<strong>da</strong> pequenas .<br />
Somente tinham mel , em escala reduzi<strong>da</strong> de produção ,<br />
proveniente <strong>da</strong>s pequenas abelhas naturais <strong>da</strong> América do Sul : - Jataí ,<br />
Jataí Preta , Abelhim , Cupira, Abelha –Limão , Jati , Abelha de Pau e<br />
Mulatinha . Pelo pouco mel produzido ele era considerado mais remédio<br />
que alimentação . .<br />
IX- Alimentação<br />
Mais uma vez vamos recorrer ao livro do Frei André Thevet que<br />
relata muito claramente os hábitos alimentares dos tupis , nota<strong>da</strong>mente dos<br />
tamoios que residiam nas regiões do Vale do Paraíba e litoral norte de São<br />
Paulo e Rio de Janeiro .onde esteve em 1.557 . Neste livro alem de várias<br />
imagens dos tupis ( já explica<strong>da</strong>s ) ele demonstrava para o mundo , através
dos seus desenhos , as formas e contornos <strong>da</strong> mandioca, <strong>da</strong> batata , do<br />
abacaxi e do milho . Foram os alimentos até então desconhecidos que mais<br />
lhe impressionaram na ocasião .<br />
Também em seus escritos informa que , notando não comerem os<br />
Tupis o sal de nenhuma maneira , quando argüidos a respeito informavam :<br />
“o sal encurta a vi<strong>da</strong>”.<br />
Também explicaram ao Frei porque não comiam de nenhum jeito<br />
os animais lerdos , como a tartaruga e a preguiça . Entendiam que<br />
ficariam moles e pesados, sem agili<strong>da</strong>de alguma , tanto para a vi<strong>da</strong> como<br />
para a guerra .<br />
• A mandioca , originária <strong>da</strong>s Américas , era tão básica para<br />
seus nativos , como o trigo era para os europeus . Tinha ain<strong>da</strong><br />
vantagens . Não precisava de celeiros , pois ficavam dentro <strong>da</strong><br />
terra , conserva<strong>da</strong> e armazena<strong>da</strong> por longo tempo . Eram<br />
normalmente comi<strong>da</strong>s após cozimento em água , sem preparo<br />
algum . Com elas também produziam farinhas . Para tanto<br />
eram descasca<strong>da</strong>s , rala<strong>da</strong>s e lava<strong>da</strong>s em água . Eram leva<strong>da</strong>s<br />
para grandes tabuleiros onde ficavam no fogo sendo cozi<strong>da</strong>s<br />
constantemente até atingir o ponto desejado . Farinha branca<br />
ou tosta<strong>da</strong> . Com elas produziam tapioca e beiju . Sucesso<br />
alimentar até no Brasil até hoje .<br />
• O milho também originário <strong>da</strong>s Américas , podia ser comido<br />
ain<strong>da</strong> verde nas suas espigas . Com milho verde produziam<br />
uma espécie de leite . Também era considerado básico , pois<br />
com ele produziam muitas comi<strong>da</strong>s como o curau , a pamonha<br />
e a canjica . A farinha de milho maduro servia para fabricação<br />
de inúmeros pratos e bolinhos . O cuscús , como hoje<br />
conhecemos , só pode ser feito com farinha de milho . A<br />
pipoca continua até hoje sucesso mundial .<br />
• A batata , outro alimento originária <strong>da</strong>s Américas , tinha<br />
varias varie<strong>da</strong>des , entre elas a batata doce – branca ou roxa – ,<br />
eram comi<strong>da</strong>s após cozimento em água , ou assa<strong>da</strong>s nas brasas<br />
<strong>da</strong>s fogueiras . Podiam ser armazena<strong>da</strong>s durante bom tempo<br />
antes de servir como alimento. .<br />
• O Cará , a Moranga e a Banana <strong>da</strong> Terra eram comidos<br />
depois de serem cozidos em água . Algumas vezes utilizavam o<br />
mel para melhor saboreá-los .<br />
• Peixes, Ostras Mariscos e Cações eram alimentos<br />
fun<strong>da</strong>mentais para os tupis. . Podiam vir de rios ou dos mares .<br />
Eram tostados em espetos nas fogueiras como churrasco ,<br />
assa<strong>da</strong>s dentro de folhas de bananeira coloca<strong>da</strong>s em areia<br />
quente , ou cozi<strong>da</strong>s em panelas . Das comi<strong>da</strong>s tupis , a<br />
moqueca de peixe e o peixe com pirão de mandioca <strong>são</strong> muito
apreciados até hoje . Ain<strong>da</strong> preparavam farinha de peixe no<br />
pilão .<br />
• Amendoim era comido como paçoca (palavra tupi ).<br />
• As Carnes Provinham <strong>da</strong>s Caças : - veados , pacas , cotias e<br />
queixa<strong>da</strong>s eram muito aprecia<strong>da</strong>s , pois eram carnes mais<br />
magras que a carne do tapir ou <strong>da</strong> capivara . Normalmente<br />
eram feitas e servi<strong>da</strong>s “moquea<strong>da</strong>s” , ou seja : servi<strong>da</strong>s como<br />
churrasco (invenção dos índios ) , Algumas vezes eram<br />
cozi<strong>da</strong>s ou assa<strong>da</strong>s .<br />
• Comiam ain<strong>da</strong> carne de Jacaré , com menos freqüência .<br />
• Frutas eram abun<strong>da</strong>ntes e varia<strong>da</strong>s . Tinham a sua<br />
disposição nas matas : a jaca , jabuticaba , goiaba , ananás ,<br />
araçás , banana , maracujás , jambo , pitangas , uvaia ,<br />
cambucí , cajá , cajá – manga , caju , cambucá , cupuaçu , ingá,<br />
jataí , pin<strong>da</strong>íba , mangaba , murici , pacova –( banana <strong>da</strong> terra)<br />
piqui , pitanga , pupunha , umbu e assai . Encontra<strong>da</strong>s com<br />
mais dificul<strong>da</strong>des existiam muitas outras mais .<br />
• Detalhes interessantes revelados pelo Frei André Thevet : -<br />
Nenhum peixe ou carne eram comidos crus . Também todos os<br />
alimentos não eram ingeridos quando ain<strong>da</strong> muito quentes .<br />
Tinham por conveniência não beber quando comiam e não<br />
comer quando bebiam .<br />
• Bebi<strong>da</strong>s alcoólicas - Os tupis tinham vários tipos . Um feito<br />
com suco de milho fermentado . Outro , mais elaborado , mais<br />
estimado , era feito com base no suco de caju . Foi chamado<br />
inicialmente de “Acaiu-y”, que por corruptela teve o nome<br />
mu<strong>da</strong>do para “Caiuy” e depois “Cauin” . Esta palavra , com a<br />
vin<strong>da</strong> dos europeus , passou a designar qualquer bebi<strong>da</strong><br />
alcoólica .<br />
Também usavam a casca do abacaxi para ser fermenta<strong>da</strong> e produzir o<br />
“Luau”.<br />
O Mate , planta natural <strong>da</strong> América do Sul foi muito utilizado .<br />
Era inicialmente encontrado na natureza , depois amplamente cultivado<br />
para ser servido como chá , desde o oeste de São Paulo , Paraná até no<br />
extremo sul do Brasil . Atualmente , quando quente, o Mate pode ain<strong>da</strong> ser<br />
chamado de “Chimarrão”, tomado em cuias e utilizado no Rio Grande do<br />
Sul . Frio , servido em Mato Grosso , sendo então chamado de “Tererê”.<br />
X- Hábitos - Costumes – Religião<br />
A família era ponto fun<strong>da</strong>mental na estrutura de vi<strong>da</strong> dos Tupis . O<br />
casamento seu ponto de afirmação , sendo sempre respeitado por todos . As<br />
mulheres normalmente não se casavam virgens . Tinham alguma<br />
experiência sexual previa para saber de sua capaci<strong>da</strong>de para consumar um
matrimonio . Depois do casamento deveriam continuar fieis aos maridos ,<br />
sob pena de severas represálias , inclusive com a morte . Enquanto solteiras<br />
eram livres para escolher o marido desejado . A família não interferia em<br />
sua escolha .<br />
O parto <strong>da</strong>s mulheres era sempre feito de cócoras . Estando o<br />
marido presente cabia a ele cortar o cordão umbilical . Logo depois , se o<br />
filho fosse homem , ele o pai começava a fazer o primeiro arco e flecha<br />
para o menino .<br />
As crianças ( Curumins ) eram educa<strong>da</strong>s em conjunto mas sob<br />
supervi<strong>são</strong> dos pais . Nunca eram castiga<strong>da</strong>s fisicamente . Cresciam livres<br />
dentro <strong>da</strong> taba , brincando ou na<strong>da</strong>ndo nos rios .<br />
Não existia a figura <strong>da</strong> viúva , pois esta ,com a morte do marido,<br />
passava ser esposa de um irmão ou parente próximo do falecido . O mesmo<br />
acontecia com as crianças que nunca ficavam órfãs . O tio apenas<br />
ganhava mais um filho .<br />
Os velhos eram muito respeitados em todos os sentidos , sendo<br />
sempre consultados . Suas opiniões eram considera<strong>da</strong>s de grande<br />
importância para as decisões a serem toma<strong>da</strong>s , inclusive para aquelas que<br />
diziam respeito as guerras . Era ele , o velho, quem ensinava e transmitia<br />
oralmente as histórias e tradições <strong>da</strong> família e <strong>da</strong> tribo .<br />
E todos gostavam de ouvi-lo .<br />
No que tange a religião tinham um ser supremo chamado de<br />
Tupã. Era muito respeitado mas não adorado como em outras religiões .<br />
Era o Senhor cósmico que fazia chover e que falava através dos trovões .<br />
Através do livro “ ... França Antártica” , de Frei André Thevet , somos<br />
informados que quando perguntados se Tupã era homem como nós ou se<br />
tinha a forma de homem , respondiam :<br />
“ Não ! Como poderia ser . Caso fosse homem não poderia estar<br />
ao mesmo tempo em muitos lugares , fazendo inclusive chover , mesmo<br />
porque todo homem procede sempre de outro homem” .<br />
Tupã , de acordo com Theodoro Sampaio, é antes de mais na<strong>da</strong> a<br />
significação <strong>da</strong> origem , o pai que está no alto . O senhor maior . É o<br />
ancestral que comunica aos pajés seus desígnios .<br />
Como os católicos que crêem em santos , os Tupis acreditavam<br />
em seres especiais . A Iara protegia as águas . Curupira defendia as<br />
matas . Perguntados a respeito respondiam : -“Sem água e sem matas a<br />
vi<strong>da</strong> acaba! Tinham respeito por Jaci que representava a Lua . Sabiam que<br />
as mares tinham influencia lunar .<br />
“Cherepicuere”era o nome Tupi para as almas . Eles acreditavam<br />
na eterni<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s almas . Informavam que a alma dos valentes iam para<br />
junto <strong>da</strong>s serras e ficavam ali sempre entre as nuvens .<br />
Os covardes tinham sua alma toma<strong>da</strong> para sempre por<br />
“Anhangá” o grande espírito mau . Ele ain<strong>da</strong> tinha em sua volta outros
pequenos espíritos maus , os “Anhans” . As pessoas más recebiam os<br />
“anhans”e ficavam com eles. Por isto eram más .<br />
Os Tupis entendiam que o seu espírito saia com sua alma<br />
enquanto dormia .Ia visitar seus antepassados para receber informações .<br />
De acordo com Frei André Thevet os Tupis recorriam aos Pajés para<br />
interpretação de seus sonhos : - “Tanto para a colheita , para guerra ,<br />
casamento e tudo mais” . Os Pajés viviam isolados estu<strong>da</strong>ndo plantas e<br />
ervas que curassem . Eram pessoas velhas , muito respeita<strong>da</strong>s e com muita<br />
experiência pelas vicissitudes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> . Nasciam Pajés , não se tornavam<br />
Pajés .<br />
Alem de curas , conselhos , visões e comunicações especiais com<br />
os espíritos , presidiam to<strong>da</strong>s as cerimônias , religiosas ou para guerra .<br />
Eram acolhidos nas reuniões com <strong>da</strong>nças , cantos e bebi<strong>da</strong>s .<br />
Por ele e pelos mais velhos eram transmiti<strong>da</strong>s as tradições e<br />
histórias dos antepassados . Falavam inclusive do dilúvio . Sabiam contar<br />
inicialmente até cinco (5 ) , pois cinco eram os dedos <strong>da</strong> mão . Com os<br />
jesuítas chegaram a contar até dez . Criaram mais 5 números .<br />
XI- A Guerra<br />
Alem dos Tapuias podiam sempre guerrear com estranhos de<br />
outra tribo . Levavam muito a sério qualquer ofensa de estranhos . Era<br />
sempre motivo para um combate individual . Dependendo <strong>da</strong> ofensa virava<br />
motivo para guerra , pois não tinham outros meios para apaziguar suas<br />
querelas . Não tinham tribunais e não acreditavam em juízes .<br />
Para a guerra eram chamados todos <strong>da</strong> aldeia e , dependendo do<br />
caso, chamados todos homens de uma tribo . Nestes embates apareciam<br />
grandes quanti<strong>da</strong>des de Guerreiros de ambos os lados . Dependendo <strong>da</strong><br />
grandeza <strong>da</strong>s tribos os embates chegavam a ter entre 1.000 e 5.000<br />
guerreiros . Batiam –se sempre com muita valentia .<br />
Antes <strong>da</strong> guerra convocavam uma assembléia , onde velhos e<br />
moços participavam , podendo falar e discutir . Nestes momentos é que vai<br />
surgir o “Morubixaba”, o “Senhor <strong>da</strong> Guerra” . Ele será o mais<br />
destemido, o mais forte , o mais imbuído de vontade , o com mais desejo<br />
de liderar . Poderá ser o Cacique ou não . Sua escolha decorrerá<br />
naturalmente , tendo em vista seu passado , com as coisas que fez e o que<br />
faz agora .<br />
Decidi<strong>da</strong> a guerra esta ocorrerá sem tréguas e sem quartel . Os<br />
possíveis prisioneiros , caso tenham se batido com coragem , terão direito a<br />
uma cerimônia posterior, onde serão honrados e sacrificados . O prisioneiro<br />
covarde será abatido ain<strong>da</strong> no local do combate , sem direito a na<strong>da</strong> . Estes<br />
últimos terão sua alma toma<strong>da</strong> para sempre por Anhangá .
Frei André Thevet relata que guerreiro valente sempre lutará até a<br />
morte . Sabe que feito prisioneiro deverá morrer . Assim preferirá morrer<br />
em batalha . Entretanto , sendo feito prisioneiro após muito lutar, sua moral<br />
e digni<strong>da</strong>de não permitirá que tente uma fuga . Viraria covarde . Assim<br />
sendo , vai ficar solto dentro <strong>da</strong> aldeia inimiga . Será tratado e alimentado .<br />
Dias depois quando ocorre o momento de seu sacrifício , não<br />
reclamará , não ficará triste , nem cabisbaixo . Aceitará a morte como ponto<br />
de honra que levará sua alma para junto de seus antepassados .<br />
Após seu sacrifício será cortado e cozido . André Thevet relata<br />
ain<strong>da</strong> : - Da mesma forma que os tupis não comiam animais lerdos ,<br />
pois fariam mal a sua saúde , também não comiam covardes . Só os<br />
valentes teriam direito a esta parte <strong>da</strong> cerimônia , pois entendiam que o seu<br />
destemor passava para aqueles que comessem um seu pequeno pe<strong>da</strong>ço.<br />
Mulheres não comiam carne de Guerreiro .<br />
O executor do prisioneiro ficava vários dias em meditação .<br />
As armas dos Tupis para guerra eram o Arco e Flecha , usados no<br />
começo <strong>da</strong>s batalhas. O Tacape e a Borduna é que iriam decidir<br />
finalmente as batalhas . Por vezes utilizavam-se de escudos feitos de<br />
cascos de tartaruga ou de madeira .<br />
XII- O Que Aconteceu com os Tupis<br />
Então, de repente , não mais que de repente ... , chegou naquele<br />
paraíso terrestre a “ Famosa Civilização Branca e Européia”.<br />
Em pouco tempo tudo começou a mu<strong>da</strong>r sem anuência dos donos<br />
<strong>da</strong> terra . Trouxeram a ganância , a prostituição , a escravidão , o<br />
preconceito racial , a sífilis , as doenças venéreas , a maleita e a malaria , os<br />
massacres, as invasões de terra, a política do colonialismo , a discriminação<br />
racial , a imundície no jeito de tratar as coisas criando lixo em cima de lixo,<br />
poluição , desmatamento irracional , assoreamento dos rios , a caça e a<br />
pesca pre<strong>da</strong>tória , o esgotamento <strong>da</strong>s terras , o rato e o pernilongo , a cobiça<br />
desenfrea<strong>da</strong> , a exploração do homem pelo homem e muitos outros males .<br />
As religiões européias foram enfia<strong>da</strong>s pela goela abaixo dos<br />
naturais <strong>da</strong> terra , sem respeito a tudo que existia anteriormente .<br />
Muitas outras coisas que o leitor estará lembrando também foram<br />
obriga<strong>da</strong>s , pelas forças brutas , aos naturais . A condição de vi<strong>da</strong> foi<br />
piorando gra<strong>da</strong>tivamente em to<strong>da</strong>s as regiões . Desapareceram as terras<br />
virgens dos indígenas . Elas foram sendo toma<strong>da</strong>s por meios de “Leis<br />
imorais – Documentos ilegais – “Jogos” de Cartórios – Falsificações -<br />
Posse pela força – Invasões – e muito mais ilícitos !”<br />
O resultado desta tal “Civilização Européia” foi crescendo dia a<br />
dia . As condições de vi<strong>da</strong> foram piorando . Ano após Ano . Vão surgindo<br />
com o passar dos tempos :- os mocambos , malocas , barracos , favelas ,<br />
todos em locais imundos e mal cheirosos , com esgotos a céu aberto e tendo
ao lado rios super poluídos . Continuou aumentando a exploração do<br />
homem pelo homem . Faltou caça e pesca . Faltou comi<strong>da</strong>. Faltou vergonha<br />
aos poderosos .<br />
Então , em pouco mais de 400 anos o desencanto foi tomando<br />
conta de tudo e de todos . O tal “progresso” que diziam trazer.... só chegou<br />
e ain<strong>da</strong> chega para os poucos apaniguados . Beneficiou quase na<strong>da</strong> .<br />
Ninguém !<br />
A pobreza é que chegou , para ficar com milhões . Agora não só<br />
bate a nossa porta . Abor<strong>da</strong> e assalta todos nas ruas . Em mil formas e<br />
maneiras que assustam e matam .<br />
Surgiu o Desmatamento e com eles as Secas e o Aquecimento<br />
Global .<br />
Esta “Civilização Européia” chegou e também destruiu outras<br />
Culturas na América . Astecas no México , Maias em Iucatan , Pueblos no<br />
sul dos Estados Unidos , Incas na América do Sul , entre outras .<br />
Vieram em procura de riquezas , de ouro , de vantagens .<br />
Meus antepassados venezianos e portugueses que me perdoem ,<br />
como também me perdoem os antepassados dos nossos leitores .<br />
Afinal quem foram os selvagens ?<br />
Agora muitas pessoas começam reconhecer a Cultura dos naturais<br />
<strong>da</strong> terra na preservação de tudo que era bom na natureza . Eles , por mais<br />
incrível que pareça, erroneamente ain<strong>da</strong> <strong>são</strong> chamados de “índios e<br />
selvagens ” . Até hoje .<br />
Em reali<strong>da</strong>de qualquer Cultura sempre tende afun<strong>da</strong>r quando<br />
enfrenta as poderosas “Civilizações . Elas sempre chegam com muito mais<br />
propagan<strong>da</strong> , técnica , com grandes exércitos , com muitos aparelhos ,<br />
usando disfarça<strong>da</strong>mente a força <strong>da</strong> corrupção do dinheiro e <strong>da</strong>s coisas que<br />
muito intimi<strong>da</strong>m .<br />
São na reali<strong>da</strong>de dominadoras mas clamam aos quatro ventos que<br />
<strong>são</strong> “Salvadoras <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de”. E em nome de um mundo , o seu ,<br />
agridem e arrasam tudo e todos que lhe possam opor . Precisam dominar.<br />
Mentiras não faltam<br />
Entretanto , em seu falar promocional <strong>são</strong> sempre “Donas <strong>da</strong><br />
Ver<strong>da</strong>de”. Lembro ... “ Elogio em boca própria é vitupério” .<br />
XIII- E os Tupis , Afinal Para Onde Foram ?<br />
Agora ain<strong>da</strong> resta esta questão . Para onde foram aqueles três<br />
milhões e meio de Tupis (ou quatro) que existiam na época do<br />
descobrimento ? O que foi feito deles ?<br />
Vamos lembrar : - Com a chega<strong>da</strong> dos brancos muitos Tupis<br />
faleceram devido as doenças que os brancos trouxeram , para as quais<br />
ain<strong>da</strong> não tinham defesa orgânica . Outros morreram , porque não
aceitavam qualquer tipo de escravidão que inicialmente tentaram lhes<br />
impor . Mas isto era uma minoria . Para onde foram aqueles outros milhões<br />
de Tupis ?<br />
Podemos afirmar com to<strong>da</strong> certeza ! Estão espalhados por to<strong>da</strong><br />
região Sul , Sudeste , Centro Leste e Oeste do Brasil . Não mais como<br />
índios Tupis . Não mais como Mamalucos , filhos de Brancos com Índios.<br />
Podem ser encontrados como simples ci<strong>da</strong>dãos brasileiros . Podem ser<br />
chamados de Caboclos e Caipiras . Devido as continuas e segui<strong>da</strong>s<br />
miscigenações realiza<strong>da</strong>s com brancos , durante mais de 400 anos , aqueles<br />
caboclos iniciais foram se transformando e hoje <strong>são</strong> representantes <strong>da</strong> raça<br />
branca , bem apura<strong>da</strong> em mais de 15 gerações sucessivas . Eles tem to<strong>da</strong>s<br />
características dos brancos . São brancos agora com to<strong>da</strong> certeza.<br />
Por Estão espalhados pelos estados de São Paulo , Minas ,<br />
Goiás, Mato Grosso , Paraná , Santa Catarina e Rio Grande do Sul<br />
onde os Paulistas estiveram com seus filhos mamalucos , aju<strong>da</strong>ndo a<br />
formar uma região , ali estarão os descendentes dos Tupis.<br />
Brancos agora , mas com sangue Tupi ain<strong>da</strong> nas veias .<br />
O que restou de puros Tupis é praticamente quase na<strong>da</strong> . São<br />
inexpressivos e não representam o que foi a força dos Tupis . São<br />
encontrados em muito poucas e pequeníssimas aldeias espalha<strong>da</strong>s pelo<br />
sul/centro/oeste do Brasil . Praticamente vivem em plena pobreza em<br />
pequeníssimos sitios. Hoje não tem mais caça e os rios poluídos não tem<br />
mais peixe. . Suas boas terras foram to<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s . As poucas que<br />
restaram não receberam implementos agrícolas , nem fertilizantes , nem<br />
tratores , nem técnica agrícola , nem financiamentos . Eles não receberam<br />
praticamente na<strong>da</strong> do governo . Ain<strong>da</strong> <strong>são</strong> ameaçados pelo MST ! Não<br />
conhecem a moderni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> agricultura . Eles hoje não <strong>são</strong> nem 50 mil ,<br />
quando muito .Muito triste.<br />
Os reais descendentes dos Tupis , em larga escala miscigenados<br />
com paulistas brancos , agora <strong>são</strong> brancos reais , cresceram com as ci<strong>da</strong>des<br />
e hoje , como já dissemos , representam boa parte populacional dos estados<br />
do Sul , Sudeste , Centro Oeste e Oeste .<br />
A grande maioria destes miscigenados estudou e muitos tem<br />
formação técnica ou universitária , sendo agora empresários e<br />
comerciantes de todos os tipos , técnicos , professores , industriais ,<br />
financistas , bancários e banqueiros , empregados ou empregadores ,<br />
pesquisadores , políticos , governantes, fazendeiros e sitiantes .<br />
Estão agora espalhados e diluídos nos 190 milhões de brasileiros .<br />
Tomaram em sua maioria nomes <strong>da</strong>s famílias de origem portuguesa,<br />
as quais estavam ligados . Outros ficaram com nomes Tupis de plantas,
profissões , animais e arvores , como eram conhecidos originalmente ,<br />
apenas os traduzindo para o português. Poucos ficaram com nomes Tupis .<br />
Desde algum tempo , praticamente pouco depois do início <strong>da</strong><br />
imigração européia , ocorri<strong>da</strong> no final do século XIX , estes brancos com<br />
sangue Tupi vem se casando e cruzando com descendentes de árabes ,<br />
italianos , espanhóis , alemães , portugueses , poloneses , japoneses e de<br />
outras origens mais . <strong>Casa</strong>m-se sem ligar para religiões que possam ser<br />
diferentes <strong>da</strong>s suas . Isto pouco vai importar .<br />
Criaram e estão criando uma nova geração de brasileiros .<br />
Muito bonita .Muito forte . Muito competente .<br />
Um dia os governantes , depois de muito estu<strong>da</strong>r e analisar , vão<br />
verificar a imensa importância dos Tupis ( apesar de não votarem ) dentro<br />
<strong>da</strong> formação e na continui<strong>da</strong>de do nosso Brasil .<br />
Então vão criar o “ Dia do Tupi “. Com direito a Feriado e tudo mais !<br />
Eduardo Marcondes de Souza -1.999<br />
“Os Resultados Alcançados São Sempre Começo . Nunca Fim !”
PORTUGAL -POVOS FORMADORES DE SÃO PAULO<br />
Considerações Primeiras – Povoadores <strong>da</strong> Ibéria : Origem de Portugal – Formação – Portugal<br />
Potencia Marítima Mundial – O Crescimento Náutico – Viagens Extraordinárias –União Ibérica –<br />
Per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Colônias <strong>da</strong> Ásia – Consequência <strong>da</strong> nova liber<strong>da</strong>de de Portugal – Nossa Língua<br />
Considerações Primeiras<br />
A história do principal povo que deu origem para formação inicial<br />
de nossa gente , que ensinou nossa língua , que deu base para nossas<br />
primeiras tradições , que nos levou para a religião cristã, <strong>da</strong>ndo alicerces<br />
para a atual estrutura social e racial do Brasil , chega ao século XXI quase<br />
inteiramente ignora<strong>da</strong> em muitos aspectos por grande parte dos brasileiros .<br />
Alem do mais , em muitas outras coisas , infelizmente , sua história aqui<br />
no Brasil foi ficando inteiramente distorci<strong>da</strong> . Deturpa<strong>da</strong> .<br />
O conhecimento de seus feitos, <strong>da</strong>s suas glórias e tradições<br />
<strong>da</strong>queles nossos antepassados está praticamente desaparecendo <strong>da</strong> memória<br />
de muitos brasileiros, nota<strong>da</strong>mente <strong>da</strong>queles que não descendem de<br />
portugueses . Assim , estamos perdendo, pouco a pouco, uma de nossas<br />
Raízes. A Primeira . Por isto mesmo a mais importante.<br />
Lembro mais uma vez que povo sem raízes é povo sem tradição.<br />
Sem tradição perdemos as origens e a história desaparece. Sem história<br />
muitos do povo perdem o patriotismo.<br />
Sem patriotismo um povo fica sem alma . Alma cívica e patriota !<br />
Hoje quando se conversa sobre Portugal com várias pessoas ,<br />
nasci<strong>da</strong>s ou que vivem no Brasil , notamos grande desconhecimento sobre<br />
a nação ibérica , aquela mesma que descobriu e colonizou nossa terra .<br />
Surgem absurdos , surgem até piadinhas e mais na<strong>da</strong> de real . Pior que tudo<br />
isto, surgem as inver<strong>da</strong>des . Elas repeti<strong>da</strong>s muitas vezes podem se<br />
transformar , como sempre, nas famosas “Meias Ver<strong>da</strong>des”. Não terão base<br />
e fun<strong>da</strong>mento. Entretanto, caso não sejam desmenti<strong>da</strong>s, podem criar<br />
sombras que diminuem os feitos e os brilhos de uma nação !<br />
Não desejando ser agressivo mas necessariamente sendo obrigado<br />
a analisar os “por quês”, só posso concluir :<br />
- Isto só pode ocorrer por falta de leitura e mesmo de estudos, sendo<br />
portanto fruto de puro desconhecimento . Ele que vira grande ignorância .<br />
Também ocorre por vontade de alguns em diminuir os feitos dos<br />
outros .<br />
Em qualquer dos casos o resultado é péssimo !<br />
Alguns chegam afirmar que Portugal foi um pais que nunca<br />
representou na<strong>da</strong> para o mundo e que na<strong>da</strong> fez para o mundo . Diziam e<br />
alguns ain<strong>da</strong> dizem que Portugal sempre foi um pais atrasado, com muito<br />
pouca cultura , tanto ontem como hoje e que na<strong>da</strong> fez ou gerou de bom para<br />
a humani<strong>da</strong>de .<br />
É preciso desmentir estes absurdos . Portanto vamos recor<strong>da</strong>r ,<br />
relatar e analisar os fatos históricos ligados a Portugal, ajustando os
mesmos com as ver<strong>da</strong>des indiscutíveis , as quais alguns por falta de estudo<br />
e leitura desconhecerem É preciso ! Em nome <strong>da</strong> cultura .<br />
Os Povoadores <strong>da</strong> Ibéria – Origens de Portugal<br />
A Ibéria, local <strong>da</strong> Europa onde se situa Portugal , foi<br />
inicialmente habita<strong>da</strong> pelo Iberos . Daí a razão de seu nome Ibéria .<br />
Posteriormente chegaram os Celtas , os quais depois de algum tempo se<br />
compuseram com os Iberos, surgindo dessa miscigenação um povo<br />
chamado Celtibero. Por ali também chegaram e passaram Gregos , Fenícios<br />
e Cartagineses. Eles não se fixaram definitivamente na península .<br />
Quando Roma atingia seu apogeu ocupou a região e lá ficou<br />
durante alguns séculos. Com o declínio romano a Ibéria foi sucessivamente<br />
invadi<strong>da</strong> . Primeiramente pelos Vân<strong>da</strong>los, que foram em segui<strong>da</strong> se fixar no<br />
norte <strong>da</strong> África . Depois pelos Godos e finalmente pelos Visigodos que<br />
dominaram a península totalmente .<br />
No século VIII vai ocorrer na Península Ibérica a inva<strong>são</strong> dos<br />
“Sarracenos”, coman<strong>da</strong>dos que foram por “El Tarik”. Após a Batalha de<br />
Gua<strong>da</strong>lete os exércitos visigodos foram vencidos . Vamos lembrar que os<br />
“Sarracenos” eram uma mistura de gente e de povos , forma<strong>da</strong> por Sírios ,<br />
Libaneses , Curdos , Armênios , Iemenitas , Núbios e por Judeus,<br />
coman<strong>da</strong>dos que foram pelos Árabes – o principal contingente destes<br />
“Sarracenos”. Eles vieram pelo norte <strong>da</strong> África , após tomarem também o<br />
Egito e absorverem com muita sabedoria grande parte do esplendido<br />
conhecimento físico , matemático , filosófico , medico e cultural de<br />
Alexandria . Passaram a ser os detentores <strong>da</strong>queles conhecimentos que<br />
havia desaparecido <strong>da</strong> Europa com as invasões dos bárbaros vindos do<br />
norte . Desaparecido com o obscurantismo .<br />
Os filhos <strong>da</strong>quela mistura <strong>da</strong> gente Sarracena , quando nascidos<br />
na Ibéria , eram chamados de “Mouros”.<br />
No principio desta inva<strong>são</strong> os sarracenos eram mais brandos e<br />
comedidos com o moradores locais . Então e por isto mesmo surgiram os<br />
“mozarabes” que eram aqueles habitantes <strong>da</strong> Ibéria que conviviam com os<br />
“sarracenos” sem beligerância . Houve neste tempo fácil miscigenação<br />
entre invasores e invadidos . Depois a “pres<strong>são</strong> dos sarracenos aumentou” .<br />
Praticamente se inicia uma guerra que vai durar séculos .<br />
Com isto aumentou a reação na Península Ibérica , que havia<br />
inicialmente sido quase totalmente toma<strong>da</strong> . Uma única região do noroeste<br />
ibérico, de pequeno porte e denomina<strong>da</strong> Astúrias , ain<strong>da</strong> lutava , continuava<br />
livre e inteiramente independente durante todo o tempo <strong>da</strong>quela inva<strong>são</strong>.<br />
Ali então teve início uma guerra denomina<strong>da</strong> “Reconquista”.<br />
Ela, gra<strong>da</strong>tivamente desde seu início , foi alcançando vitórias e<br />
expulsando os sarracenos e mouros invasores para o sul <strong>da</strong> península<br />
ibérica . Foi crescendo continua<strong>da</strong>mente a luta contra os invasores . Ela ,
entretanto , vai ser longa . Vai levar mais de 3 séculos para libertar terras<br />
destina<strong>da</strong>s a formação de um novo pais que surgiria : - Portugal .<br />
Pouco a pouco o restante <strong>da</strong> península ibérica foi também sendo<br />
liberta<strong>da</strong> . Porem no total vai ser preciso levar 7 séculos para se libertar<br />
inteiramente os territórios ocupados e , em 1.492, formar a Espanha . Ela<br />
foi ficando independente por partes , mediante formação e crescimento de<br />
pequenos reinos . Depois todos se uniram .<br />
Durante todo aquele tempo lá estiveram os Cristãos em guerra<br />
contra os vários tipos de Mulçumanos , acompanhados que estavam pelos<br />
Judeus .<br />
Formação de Portugal<br />
Os Sarracenos , então já somente chamados de Mouros , com a<br />
guerra <strong>da</strong> Reconquista foram sendo lentamente mas segui<strong>da</strong>mente batidos<br />
por um exercito inicialmente formado por guerreiros que lutavam pelas<br />
Astúrias. Este exercito foi segui<strong>da</strong>mente aumentado :- por aqueles iberos e<br />
visigodos refugiados que anteriormente viviam na Ibéria invadi<strong>da</strong> , pelos<br />
leoneses e pelos borgonheses que viviam nas fronteiras <strong>da</strong> Ibéria com a<br />
França . Formou-se , como conseqüência de vitórias sobre os sarracenos e<br />
depois sobre os mouros , com o passar <strong>da</strong>s lutas , no norte <strong>da</strong> península , o<br />
pequeno Reino de Leão . Em segui<strong>da</strong> o Reino de Castela . Entre os séculos<br />
IX e X todo o norte <strong>da</strong> península já estava livre dos mouros , com o<br />
surgimento de outros dois reinos : Navarra e Aragão .<br />
Naquela luta demora<strong>da</strong> os invasores <strong>são</strong> por muitas vezes<br />
batidos . Então chegará a vez <strong>da</strong> grande vitória do Conde Henrique de<br />
Borgonha . Como recompensa por suas vitórias ele recebe do Rei de Leão<br />
um feudo tomado aos mouros . Esta área estava situa<strong>da</strong> entre os rios Minho<br />
e Douro. Ali inicialmente se formou o “Con<strong>da</strong>do Portugalense”.<br />
Seu filho Affonso Henriques , após bater em 1.139 os Mouros<br />
na “Batalha de Ouriques”, consolidou a libertação <strong>da</strong>quela nação . Em<br />
1.140 tornou-se o 1º Rei de Portugal . Em segui<strong>da</strong> Portugal vai se expandir<br />
tomando novas áreas dos muçulmanos. Assim , após 1.147 conquista as<br />
regiões de Lisboa , Alcacer , Évora , Beja e Serpa .<br />
No século XIII os reinos de Leão e Castela se unem . Em todo<br />
norte e centro <strong>da</strong> Península Ibérica os mouros já estão derrotados . Ali não<br />
mais ficarão .<br />
Um século depois , em 1.385 , Portugal garante e consoli<strong>da</strong><br />
definitivamente sua independência, graças as suas forças , agora já<br />
inteiramente portuguesas , as quais coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s por D. João I derrotam as<br />
forças espanholas na “Batalha de Aljubarrota”.<br />
Depois disso Portugal ain<strong>da</strong> continua lutando contra os Mouros .<br />
Toma ci<strong>da</strong>des muçulmanas no norte <strong>da</strong> África , inclusive a importante<br />
Ceuta . Isto vai acontecer com D. Henrique - o Navegador , em 1.415 .
Portugal depois disto foi ain<strong>da</strong> obrigado a lutar contra os<br />
muçulmanos durante muito tempo . Não mais na Europa , mas na África<br />
bem como ain<strong>da</strong> na Ásia. Isto foi necessário e acontece quando <strong>da</strong>s<br />
Grandes Navegações , para ser possível liberar terras e ci<strong>da</strong>des localiza<strong>da</strong>s<br />
ao redor do Oceano Indico . Vai possibilitar o comercio do Oriente com o<br />
Ocidente . Foi nestas ocasiões sempre grande vencedor , impedindo dessa<br />
forma a que<strong>da</strong> do cristianismo e avanço do islamismo .<br />
É preciso lembrar que no século XII Portugal já era uma nação<br />
independente , consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> e respeita<strong>da</strong> . Paises como Itália , Alemanha ,<br />
Suécia , Holan<strong>da</strong> e Rússia , nesta época ain<strong>da</strong> não estavam formados . Ou<br />
eram dominados por terceiros ou lutavam por sua independência . No<br />
século XI a Inglaterra foi invadi<strong>da</strong> pelos normandos . Cavour e Bismarck<br />
somente no século XIX conseguiram consoli<strong>da</strong>r respectivamente Itália e<br />
Alemanha como nações independentes .<br />
Portugal – Potência Marítima Mundial<br />
Pelo seu tamanho pequeno , com reduzi<strong>da</strong> população , somente<br />
tendo fronteiras com um único pais vizinho na Europa , a Espanha ,<br />
Portugal procurou sua expan<strong>são</strong> através do meio para o qual mais tinha<br />
vocação e muita capaci<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong> . Assim partiu para o domínio<br />
dos mares , inicialmente tanto nas costas <strong>da</strong> Europa , bem como nas costas<br />
<strong>da</strong> África . Depois avançarão pelos oceanos na procura de novos horizontes<br />
e novas terras . Vão chegar nas Américas , Ásia e Oceania .<br />
Os bons resultados de suas grandes navegações tiveram início<br />
desde o começo do século XIII , continuaram até o XVI e alcançam o<br />
XVII. O pavilhão português domina os mares .<br />
Então por volta de 1.580 vai surgir a “União Ibérica” . Portugal<br />
foi na ocasião anexado obrigatoriamente a Espanha , pois seu rei D.<br />
Sebastião havia falecido em batalha no norte <strong>da</strong> África . Vai ficar logo<br />
depois novamente vago o trono lusitano, pois D. Henrique , tio do falecido<br />
D.Sebastião , era bem velho e logo faleceu . Felipe II de Espanha , como<br />
filho de mãe <strong>da</strong> casa real portuguesa , era um dos herdeiros presuntivos do<br />
trono português . Foi então coroado rei de Portugal , usando seu enorme<br />
prestigio e a grande força do exercito espanhol <strong>da</strong> época .<br />
Antes e até aquela época Portugal já havia demonstrado to<strong>da</strong><br />
sua pujança e técnica de navegação. Para tanto , desde 1.400 , o “Infante<br />
D. Henrique - o Navegador” tinha criado a 1ª Escola Técnica deste Planeta:<br />
- “ A Escola de Sagres”- destina<strong>da</strong> aos estudos náuticos necessários para a<br />
navegação , tais como Geografia , Astronomia , Técnicas de Navegação ,<br />
Desenvolvimento de Instrumentos para Navegação , Construção Naval ,<br />
Matemática e Geometria . Foi a Primeira Escola Técnica do Mundo.<br />
Pelos resultados obtidos (que a seguir iremos relatar) os professores e<br />
historiadores norte americanos : “W.O. Stevens” e “A. Westcott”, em seu livro “
“History of Sea Power” , escrevem : - “... graças aos seus conhecimentos<br />
técnicos náuticos Portugal se converteu na nação mais rica <strong>da</strong> Europa nos<br />
séculos XV e XVI , ficando dota<strong>da</strong> de imenso império colonial e<br />
dominando metade dos mares do mundo . Navios ostentavam o pavilhão<br />
português desde o Labrador ( cujo próprio nome revela o descobridor-<br />
Fernandes Labrador ) , Cipango , Japão e indo até o Arquipélago Malaio”.<br />
Vamos também lembrar que foram os portugueses que<br />
acabaram com as histórias fantásticas existentes naquela época do início<br />
<strong>da</strong>s Grandes Navegações. Elas indicavam erroneamente que os oceanos<br />
terminavam em precipícios ou abismos . Acabaram ain<strong>da</strong> com as histórias<br />
de gigantescos monstros oceânicos que engoliam navios . E foi um<br />
português que provou na prática que a terra era redon<strong>da</strong> , mediante uma<br />
primeira viagem de circunavegação do planeta . Seu nome : Fernão de<br />
Magalhães .<br />
Crescimento Náutico de Portugal – Passo a Passo<br />
Enquanto outros povos <strong>da</strong> Europa , principalmente nórdicos e<br />
saxões e venetos , continuavam nos séculos XIV e XV , ain<strong>da</strong> navegando<br />
apenas costeando o litoral europeu e basicamente utilizando a força de<br />
remos, os lusitanos já haviam estu<strong>da</strong>do e iam criando novas técnicas de<br />
navegação mediante a força dos ventos . Assim vão conseguir ir navegando<br />
mais longe . Assim poderiam ser mais velozes e ain<strong>da</strong> por cima levar muito<br />
mais cargas . Isto acontecerá com os resultados projetados e esperados pela<br />
“Escola de Sagres”.<br />
1º- Os Resultados Técnicos para a Náutica não demoraram :<br />
1- Aperfeiçoaram a técnica do uso <strong>da</strong> Balestilha, instrumento náutico<br />
que não sofria com o balanço do Mar , o qual ,conjugado pelos<br />
portugueses com a Bússola e o Quadrante, possibilitava inteira<br />
confiança para navegações de longo curso ;<br />
2- Inventaram e construíram as Caravelas , primeira nave com<br />
capaci<strong>da</strong>de para enfrentar fortes ventos e trazer maiores cargas de<br />
longas distâncias ;<br />
3- Desenvolveram sistema de navegação em alto mar . Para tanto<br />
utilizavam vários tipos de velame , permitindo virar rapi<strong>da</strong>mente de<br />
bordo com segurança máxima, aproveitando os melhores ventos ,<br />
mantendo o rumo desejado e até enfrentando tempestades .<br />
Começaram navegar contra os ventos ou seja : subindo nos ventos ;<br />
4- Ensinaram aos franceses a técnica de construção <strong>da</strong>s caravelas ;<br />
5- Foram os primeiros a fortificar suas naves com canhões fixos<br />
colocados a bordo . Daí vai surgir para o mundo a palavra que<br />
significa frota de navios para guerra : “ A Arma<strong>da</strong>” ;<br />
6- Desenvolveram a cura para o escorbuto , primeiro com o limão e<br />
depois do descobrimento do Brasil com o uso continuo <strong>da</strong> batata ;
7- Um dos pontos mais importantes deste desenvolvimento irá ocorrer<br />
logo após o descobrimento <strong>da</strong> América . Portugal por sua continua<br />
experiência náutica e seus conhecimentos geográficos já cogitava ,<br />
com to<strong>da</strong> certeza , <strong>da</strong> existência de um novo continente , de mais<br />
outras terras , além <strong>da</strong>s ilhas onde Colombo havia chegado<br />
inicialmente na América . Por isto mesmo muito argumentou ,<br />
discutiu e conseguiu em 1.494 aprovação <strong>da</strong> Santa Sé para divi<strong>são</strong> do<br />
mundo em duas partes , no que tange a novas terras descobertas . Isto<br />
iria acontecer através do Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas . Uma parte <strong>da</strong>s<br />
terras descobertas caberia a Espanha e outra parte <strong>da</strong>s terras para<br />
Portugal . A divi<strong>são</strong> ocorreria a partir de um meridiano que passa a<br />
370 léguas <strong>da</strong>s ilhas de Cabo Verde . Caberia a Portugal as terras<br />
situa<strong>da</strong>s no lado oriental do meridiano .<br />
2º- Os Resultados Práticos , Positivos e Históricos <strong>da</strong> Escola de Sagres:<br />
8- Nuno Tristão é o primeiro navegante branco a manter contato<br />
permanente e direto com os povos negros <strong>da</strong> África ;<br />
9- Portugal em segui<strong>da</strong> abre comercio e mantém representantes nos<br />
então principais paises <strong>da</strong> África : - Daomé , Benin , Guiné , Mani<br />
Congo , Simbabue e Ioruba ;<br />
10- João Fernandes e Pedro de Covilhã , depois de viajar por naus , <strong>são</strong><br />
os primeiros brancos a atravessar por terra , de costa a costa , a África<br />
negra ;<br />
11- Foram descobertas pelos portugueses as ilhas do Oceano Atlântico : -<br />
Canárias , Madeira , Açores e Cabo Verde ;<br />
12- Começam a colonizar a Guiné e Angola . Depois Moçambique ;<br />
13- Antes contornam o Cabo <strong>da</strong>s Tormentas , mu<strong>da</strong>ndo seu nome para<br />
Cabo <strong>da</strong> Boa Esperança . Obtiveram então boa técnica para<br />
navegação de longos percursos ;<br />
14- Vasco <strong>da</strong> Gama navegando pelo Indico alcança a Índia . Depois<br />
retorna com especiarias que serão comercializa<strong>da</strong>s com sucesso em<br />
to<strong>da</strong> Europa ;<br />
15- Pedro Álvares Cabral com sua esquadra , em nosso entender , se<br />
desvia intencionalmente <strong>da</strong> rota para as Índias e , descobre o Brasil .<br />
Portugal na ocasião já tinha experiência ,então secular em navegação.<br />
Por isto e pelo pequeno tempo levado para alcançar o Brasil não é<br />
possível acreditar em “Falta de Ventos e/ou Calmarias”, bem como<br />
outras desculpas similares . Na<strong>da</strong> mais era que uma dissimulação de<br />
seus conhecimentos prévios , para alcançar , logo depois do Tratado<br />
<strong>da</strong>s Tordesilhas , as terras do Novo Continente ;<br />
16- Vários outros navegantes lusos vão permitindo novos<br />
conhecimentos, contornando obstáculos e descobrindo novas rotas
oceânicas e chegando em novas terras. Com isto vão permitir o<br />
transporte de especiarias <strong>da</strong>s Índias e de to<strong>da</strong> Ásia para a Europa, sem<br />
o atravessamento dos muçulmanos . Desta forma mercadorias como :<br />
pimentas, noz-mosca<strong>da</strong>, cravo, canela, gengibre, se<strong>da</strong>s, louças ,<br />
porcelanas, cachemirs, madeiras raras , charão, ébano e marfim<br />
afluem continua<strong>da</strong>mente para os empórios de Lisboa;<br />
17- É preciso lembrar que a poderosa Veneza, até então alia<strong>da</strong> dos<br />
mulçumanos na ven<strong>da</strong> de mercadorias <strong>da</strong> Ásia, muito reclamou do<br />
comercio direto dos portugueses e em segui<strong>da</strong> pediu providências<br />
arma<strong>da</strong>s ao Sultão do Cairo;<br />
18- Navegantes portugueses depois de alcançarem to<strong>da</strong> África e o<br />
continente <strong>da</strong> Ásia, chegam até as ilhas de Bornéu , Java , Sumatra e<br />
Ceilão . Goudinho de Eredia então é o primeiro navegante a alcançar<br />
as costas <strong>da</strong> Austrália em meados do século XVI . Entretanto , não<br />
desembarca e não pode ser considerado seu descobridor .<br />
Por todos estes acontecimentos o historiador alemão Herbert<br />
Wendet , em seu livro “ Tudo Começou em Babel”confirma o crescimento<br />
naval dos lusos com uma simples frase : “Portugal assim se tornou a Nação<br />
Mais Poderosa como Potencia Marítima Mundial ...”<br />
Viagens Portuguesas Extraordinárias<br />
Naquela época alguns acontecimentos navais , realizados<br />
pelos navegantes portugueses , foram extremamente importantes . Com eles<br />
e por eles foi possível mu<strong>da</strong>r para melhor as condições do mundo de então .<br />
Podemos chamar de Viagens Heróicas muitas destas epopéias marítimas<br />
dos portugueses .<br />
Entre elas vamos resumir :<br />
A - Circunavegação de Fernão de Magalhães .- Foi a primeira deste<br />
tipo realiza<strong>da</strong> em nosso planeta . Teve início em 1.519 com 5 pequenas<br />
naus espanholas , cujas tonelagens variavam entre 75 e 120 tonela<strong>da</strong>s .<br />
Magalhães , depois de passar pelas costas do Brasil foi obrigado a ficar<br />
todo rigoroso inverno <strong>da</strong>quele ano dentro do Circulo Polar Antártico.<br />
Enfrentou a revolta de seus capitães que não desejavam continuar a<br />
viagem. Conseguiu demove-los , mas na ocasião perdeu um dos seus<br />
navios , pois o capitão do mesmo fugiu com a nau , voltando em segui<strong>da</strong><br />
para a Europa .<br />
Ele durante 6 semanas procura uma passagem , para o<br />
Oceano Pacifico , até então desconheci<strong>da</strong> , entre os labirintos e estreitos<br />
gelados <strong>da</strong> Antártica . Depois disto vai conseguir encontrar um canal junto<br />
ao Estreito <strong>da</strong> Patagônia . Ele hoje leva seu nome – Estreito de Magalhães .<br />
Só o descobrimento desta passagem já valeria historicamente to<strong>da</strong> a viagem<br />
e seu grande esforço .
Quando Fernão de Magalhães saiu para o Pacifico lagrimas<br />
chegaram aos seus olhos . Com apenas 3 navios , pois um naufragara em<br />
uma tempestade polar , seguiu viagem pelo imenso e desconhecido Oceano<br />
Pacifico.<br />
Em três meses percorreu 4.000 léguas marítimas de uma só<br />
vez . Um feito extraordinário mesmo para os modernos veleiros de hoje que<br />
<strong>são</strong> construídos com fibras de carbono , equipados com bombas eletro<br />
magnéticas , velas de nylon , ra<strong>da</strong>r , sonar , GPU e to<strong>da</strong> aparelhagem<br />
eletrônica de apoio .<br />
Já estava sem água e alimentos quando alcança a Ilha dos<br />
Ladrões . Deu este nome aquelas ilhas , pois ali foi roubados pelos nativos .<br />
Dez dias depois chega nas Filipinas. Pela primeira vez os naturais do<br />
Pacifico encontram-se diretamente com brancos europeus .<br />
Tentando aju<strong>da</strong>r um dos governantes filipinos , na ilha de<br />
Cebu , foi morto em combate contra os malaios . Lutou até ser cercado e<br />
massacrado em segui<strong>da</strong> .<br />
Depois disto somente um dos navios de Magalhães vai<br />
regressar a Europa . Isto ocorre em 1522 . Era o “Vitória”, levando apenas<br />
18 macilentos tripulantes. A narrativa do imediato Piagafeta, um dos<br />
poucos sobreviventes ,contando parte dos fatos acima , é emocionante.<br />
Referindo-se a esta viagem de 17.000 milhas náuticas , o<br />
historiador e professor John Fiske comenta : - “ A viagem do genovês<br />
Colombo, com 3.000 milhas náuticas é coisa insignificante se a<br />
compararmos aquela do português Fernão de Magalhães. Caso<br />
considerarmos : O pequeno tamanho e a fragili<strong>da</strong>de de suas caravelas . A<br />
falta de cartas marítimas . Os instrumentos rudimentares . A imensidão do<br />
Pacifico inteiramente desconhecido . O intenso frio polar e depois o calor<br />
suportado nos trópicos. As rebeliões enfrenta<strong>da</strong>s , a fome e todos os<br />
demais sofrimentos , podemos sem hesitação dizer que até hoje Magalhães<br />
é o Príncipe dos Navegantes”<br />
B-Batalha Naval de Diu – Praticamente pouco se fala sobre quem foi<br />
Francisco de Almei<strong>da</strong> , coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> frota portuguesa que em 1.505<br />
enfrenta e derrota a enorme esquadra muçulmana coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Mir<br />
Hussein . Esta frota muçulmana contava com praticamente 100 navios e<br />
12.000 marinheiros . Os portugueses dispunham apenas com 25 caravelas e<br />
1.330 homens . A batalha ocorre nas costas <strong>da</strong> Índia , em frente a ci<strong>da</strong>de de<br />
Diu . Os muçulmanos dominavam to<strong>da</strong> a região , <strong>da</strong>ndo todo apoio a frota<br />
turca/árabe que era em parte financia<strong>da</strong> por Veneza – sócia nas especiarias<br />
que os muçulmanos levavam para Europa. A vitória total e definitiva dos<br />
portugueses arrasou a frota muçulmana e liberou definitivamente para o<br />
mundo o comércio do Oriente com o Ocidente , através <strong>da</strong> livre navegação
no Indico . Entretanto , até o século XVI somente portugueses chegavam<br />
até lá .<br />
C- Feitorias de Goa e Aden – Elas irão ser estabeleci<strong>da</strong>s militarmente em<br />
1.507 por Afonso de Albuquerque , após inúmeras batalhas com os<br />
muçulmanos. Elas ficaram sendo necessárias para utilização como portos,<br />
tanto para embarques de mercadorias como para manutenção de navios .<br />
Posteriormente Afonso de Albuquerque também chega a estabelecer<br />
feitorias na ilha de Ceilão ;<br />
D- Toma<strong>da</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Mascate - Em 1.508 , Lourenço de Almei<strong>da</strong> e<br />
Tristão <strong>da</strong> Cunha depois de muitas lutas , em terra e nos mares <strong>da</strong> região ,<br />
isolam os árabes no Mar Vermelho , com a toma<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong>de ;<br />
E- Antonio <strong>da</strong> Silveira toma a Praça de Bassain em 1.510 . Contra ele<br />
“Solimão , o Magnífico” envia uma frota de 76 navios , com 7.000 homens<br />
. Os portugueses resistem na ci<strong>da</strong>de que é cerca<strong>da</strong> . Recebem<br />
posteriormente reforços <strong>da</strong>s tropas de João de Castro. As tropas<br />
muçulmanas <strong>são</strong> derrota<strong>da</strong>s definitivamente ;<br />
F- Fernão de Andrade foi o primeiro navegante europeu que entrou<br />
navegando em águas chinesas . Chega em segui<strong>da</strong> até Cantão e por terra até<br />
Beijin ( Pekin) em 1.557 . Depois de vencer os piratas que perturbavam o<br />
Mar <strong>da</strong> China , como recompensa pode estabelecer , por acordo com os<br />
chineses , a colônia de Macau ;<br />
G- Em 1.558 Mendes Pinto – Fundou , mediante tratado com os nipônicos<br />
, a feitoria de Iokoama , no Japão .Cabe aqui um fato interessante . Os<br />
nipões recebem pela primeira vez armas de fogo, através dos portugueses ,<br />
com importante conseqüências políticas para o fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> dinastia<br />
Tokugawa.<br />
“A União Ibérica” - Portugal Perde a Liber<strong>da</strong>de de Ação<br />
Como já informamos , a coroa portuguesa em 1580 vai ficar<br />
por mais de meio século , ou seja até 1.640 , nas mãos dos reis espanhóis .<br />
Isto ocorre porque D. Sebastião – rei de Portugal , ain<strong>da</strong> com<br />
pouquíssima i<strong>da</strong>de , morre na África durante a Batalha de Alcacer –Quibir ,<br />
em 1578 . Assume a coroa seu velho tio , o Cardeal D. Henrique , que<br />
morre logo depois. Com o trono de Portugal vago , Felipe II <strong>da</strong> Espanha,<br />
também herdeiro presuntivo <strong>da</strong> coroa portuguesa , pois era filho de mãe<br />
originária <strong>da</strong> casa real de Portugal e neto de D. Manuel o Venturoso , acaba<br />
absorvendo as duas coroas . Antes disto ocorrer , Felipe II envia Duque de<br />
Alba com 23.000 homens para dominar os possíveis concorrentes. Então
estes concorrentes portugueses <strong>são</strong> batidos na Batalha de Alcântara .<br />
Assim, na pratica Portugal e Espanha se tornam um reino só . É cria<strong>da</strong><br />
desta forma a “União Ibérica”. Felipe II efetua acordo administrativo com<br />
os portugueses para ser aceito definitivamente como rei de Portugal .<br />
Reinaria em Portugal com uma corte portuguesa .<br />
Não mais existindo fronteiras entre os paises ibéricos<br />
naturalmente vai parar de existir o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas em relação<br />
as terras <strong>da</strong> América . Isto irá favorecer em muito os Bandeirantes<br />
Paulistas, que adentrarão pelo sertão, já em terras de Espanha situa<strong>da</strong>s na<br />
América do Sul . Com eles o Brasil muito crescerá .<br />
Em contra parti<strong>da</strong>, durante a duração desta união , Portugal<br />
só ira perder. Seus portos foram fechados para as mercadorias vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
África e Ásia . Lisboa , como citava Cervantes: - “ a maior e mais rica<br />
ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Europa” – perde a força econômica e financeira .<br />
Sua grande esquadra naval também passa para o comando<br />
geral de Espanha. Vai perder a to<strong>da</strong> sua independência , pujança e força .<br />
Em 60 anos de dominação espanhola quase vai desaparecer . Lembramos<br />
que seus navios de combate formavam também parte importante <strong>da</strong><br />
“Invencível Arma<strong>da</strong>” de Felipe II . Ela que irá naufragar em sua maior<br />
parte durante uma enorme tempestade , justamente quando , vindo de<br />
vários locais , estava se juntando para formar a esquadra para a batalha<br />
contra os ingleses .<br />
Quase todos os poucos navios que sobraram <strong>da</strong> tempestade<br />
ficaram em mau estado e isolados . Assim foram , logo em segui<strong>da</strong> ,<br />
batidos pela esquadra inglesa que na<strong>da</strong> sofrera com a tempestade . Estavam<br />
eles ancorados nos portos <strong>da</strong> Inglaterra , Escócia e Pais de Gales durante a<br />
tempestade .<br />
Muitos navios portugueses naufragaram então .<br />
Por tudo isto perde Portugal a oportuni<strong>da</strong>de de se firmar<br />
para sempre como a Potencia Marítima Mundial que até então tinha sido<br />
sem contestação .<br />
A Per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Colônias Portuguesas <strong>da</strong> Ásia pelos Espanhóis<br />
Como a Espanha mais estava interessa<strong>da</strong> no ouro e prata que<br />
vinham <strong>da</strong> América , nota<strong>da</strong>mente do Peru e México , a quase totali<strong>da</strong>de de<br />
seus navios e dos navios portugueses de então foram desviados para as<br />
rotas <strong>da</strong> América , ficando as Colônias e Feitorias <strong>da</strong> Ásia , estabeleci<strong>da</strong>s<br />
por Portugal , com pouco movimento , perdendo rapi<strong>da</strong>mente priori<strong>da</strong>des e<br />
sendo toma<strong>da</strong>s em segui<strong>da</strong> por terceiros .<br />
Em assim sendo , sem forte apoio naval que tinham antes ,<br />
muitas <strong>da</strong>s colônias e feitorias portuguesas foram sendo continua<strong>da</strong>mente<br />
ataca<strong>da</strong>s . Primeiramente pelos holandeses , depois pelos ingleses . Assim<br />
se perdem rapi<strong>da</strong>mente , entre outras , o Ceilão , Java , Sumatra e Bornéu e
principalmente to<strong>da</strong> a sua força junto a Índia . Perdem Ceilão para os<br />
holandeses . Desaparece praticamente o poderio português <strong>da</strong> Ásia . De<br />
destaque ficaram apenas Macau e algumas ci<strong>da</strong>des na Índia.<br />
O Poder Luso na Ásia e África passa para Inglaterra e<br />
Holan<strong>da</strong> .<br />
Alem destas per<strong>da</strong>s , como causa <strong>da</strong> guerra <strong>da</strong> Espanha<br />
contra Holan<strong>da</strong> , o nordeste brasileiro vai ser invadido duas vezes pelos<br />
batavos . Procuram produzir na origem o açúcar que então lhes era negado<br />
pela Espanha . Na Bahia por pouco tempo de duração , mas em<br />
Pernambuco com mais de meio século de ocupação . Também vai ver<br />
ocupa<strong>da</strong> pelos holandeses sua colônia africana de Angola . Eles precisavam<br />
de escravos para produzir cana e por conseqüência o açúcar .<br />
Os holandeses tentaram também por duas vezes invadir<br />
São Vicente . Foram batidos as duas vezes .<br />
Pelo estado de beligerância existente contra a Espanha , os<br />
navios holandeses e ingleses também atacaram e tomaram continua<strong>da</strong>mente<br />
as naus comerciais portuguesas . Alegavam que elas agora eram<br />
pertencentes a Espanha . Quando Portugal se libertou estes navios não<br />
foram devolvidos . A per<strong>da</strong> foi grande .<br />
Os reis portugueses desde esta época em diante já não tinham<br />
a mesma tempera dos reis anteriores .<br />
Seqüência e Conseqüências com a Nova Independência de Portugal<br />
A luta de Portugal por sua liber<strong>da</strong>de com certeza muito lhe<br />
custou e deixou enfraqueci<strong>da</strong> a nação . Como vimos acima os lusos<br />
perderam muitas de suas importantes colônias na África e Ásia .<br />
Perderam praticamente a maior parte de sua de frota naval .<br />
Perderam a continui<strong>da</strong>de do comércio <strong>da</strong>s especiarias . O nordeste do<br />
Brasil foi invadido pela Holan<strong>da</strong> . Ela que aqui viria procurar o açúcar ,<br />
pois os espanhóis lhe haviam proibido a ven<strong>da</strong> , que anteriormente e<br />
normalmente era feita por Portugal .<br />
Além disto, por sua então fragili<strong>da</strong>de , foi , posteriormente<br />
a sua libertação de Espanha , obrigado a assinar um péssimo Armistício<br />
com a Holan<strong>da</strong> , permitindo que ela continuasse na posse <strong>da</strong>s terras<br />
toma<strong>da</strong>s no nordeste brasileiro . Não perdeu definitivamente to<strong>da</strong> aquela<br />
região pela continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> luta desenvolvi<strong>da</strong> com denodo pelos brasileiros<br />
( brancos – mamalucos - mestiços – índios – pretos ) . Esta luta irá<br />
terminar com a rendição e expul<strong>são</strong> definitiva dos batavos e de seus aliados<br />
de to<strong>da</strong>s as terras brasileiras.<br />
Aqueles mesmos brasileiros é que irão recuperar Angola<br />
para Portugal .<br />
Na época o desgaste de Portugal foi enorme .
O pior de tudo para Portugal foram os péssimos contratos<br />
comerciais assinados posteriormente com a Inglaterra . Não tinha a nação<br />
lusa estrutura para contestações . Era ela quem lhe garantia apoio contra<br />
Espanha . Por isto a nação lusa ficou quase que inteiramente tutela<strong>da</strong> pelos<br />
britânicos através de péssimos contratos a que foi obriga<strong>da</strong> assinar . Até um<br />
de seus importantes produtos, o Vinho do Porto, passou a ser<br />
comercializado , praticamente como um todo , pelos ingleses . Perdeu<br />
muito . Perdeu em um século tudo que conquistou anteriormente com muita<br />
luta . Perdeu to<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de retornar como potencia marítima<br />
mundial. A ver<strong>da</strong>de final é que a União Ibérica quase acabou com<br />
Portugal .<br />
Quando no início do século XIX teve necessi<strong>da</strong>de de<br />
transferir para o Brasil sua Corte Real , evitando maiores problemas com a<br />
inva<strong>são</strong> de seu território pelas tropas francesas de Napoleão , foi obrigado<br />
mais uma vez aceitar auxilio dos ingleses . Eles que colocaram uma frota<br />
de seus navios de guerra para comboiar e aju<strong>da</strong>r a transla<strong>da</strong>r D. João VI e<br />
os nobres de Portugal para o Brasil . Na ocasião os lusos dispunham de<br />
pouca naus de combate para chegar até este lado do Atlântico com 10.000<br />
pessoas <strong>da</strong> Corte.<br />
Mais uma vez isto foi muito bom para o Brasil , uma vez<br />
que anos depois, após o regresso de D. João VI para Portugal , seu filho<br />
Pedro que havia sido nomeado como Príncipe Regente , se tornaria D.<br />
Pedro I – Primeiro Imperador do pais . Isto ocorre em 1822 , na seqüência a<br />
Proclamação de nossa Independência , por ele realiza<strong>da</strong> junto ao riacho do<br />
Ipiranga , quando em viagem de volta <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Santos para a ci<strong>da</strong>de de<br />
São Paulo.<br />
Nossa língua portuguesa<br />
Daquele pequeno pais que saiu mar a fora por todo mundo ,<br />
que tinha então apenas 1,5 milhão de habitantes em 1.500 , hoje , passados<br />
500 anos , esta nossa língua portuguesa já alcança aproxima<strong>da</strong>mente 280<br />
milhões de pessoas em todo mundo.<br />
Ela agora é falado na Europa , América , África , Ásia e<br />
Oceania . Vamos lembrar : em Portugal , Galícia , Açores , Madeira ,<br />
Brasil, Guiné Portuguesa , Cabo Verde , Angola, Moçambique . Em<br />
Macau e Timor ( parcialmente) .<br />
As estatísticas indicam que o português deve ser a 6ª língua<br />
mais fala<strong>da</strong> no mundo . A primeira é o Chinês segui<strong>da</strong> pela língua Hindu ,<br />
depois Inglês , Espanhol e Árabe .<br />
Portugal é o único país do mundo que tem sua história<br />
narra<strong>da</strong> em versos. Eles que se encontram no clássico “Lusía<strong>da</strong>s” de Luiz<br />
de Camões .
Alem dele vamos ain<strong>da</strong> encontrar como grandes escritores <strong>da</strong><br />
língua portuguesa : Alexandre Herculano, Almei<strong>da</strong> Garret , Eça de<br />
Queiroz, Machado de Assis , Monteiro Lobato , Olavo Bilac e Raquel de<br />
Queiroz , entre tantos e tantos outros . São alguns dos extraordinários<br />
representantes <strong>da</strong> cultura de nossa língua .<br />
08- OS AFRICANOS<br />
Praticamente os africanos não se constituíram nos<br />
formadores iniciais do povo paulista . Não tinham chegado naqueles<br />
tempos em São Paulo . Somente eram destinados para o nordeste e Rio de<br />
Janeiro/ Minas na condição de escravos . Virão para o sul mais tarde , no<br />
final do século XVIII e começo do XIX . Serão aqui importantíssimos<br />
como auxiliares domésticos e como forte mão de obra nas culturas do café ,<br />
do algodão e dos demais produtos agrícolas .<br />
Para que se tenha idéia , em 1823 quando o Paraná ain<strong>da</strong><br />
estava unido a São Paulo , existiam nesta Província de São Paulo<br />
apenas 21.000 escravos negros , ou seja 2% de um total de 1.107.000<br />
em todo Brasil .<br />
(estes escravos nem poderiam encher um pequeno estádio de futebol atual )<br />
Em contraparti<strong>da</strong> outras <strong>capitania</strong>s demonstravam grande<br />
participação destes escravos : - Minas = 215.000 ; Pernambuco = 182.000<br />
Bahia =237.000 ; Rio de Janeiro = 150.000 ; Maranhão = 97.000 . Por esta<br />
razão a participação dos negros naqueles estados é bem maior que em São<br />
Paulo . ( Fonte: “A Brasilian Coffee Country”-Stanley Stein – Pg.295 –<br />
edição <strong>da</strong> “Haward University Press” )<br />
No início <strong>da</strong> Capitania de São Vicente , que se tornou<br />
posteriormente Província de São Paulo, não existia ain<strong>da</strong> aqui a escravatura<br />
negra . Isto aconteceu posto que a mão de obra , escrava ou não , naquela<br />
Capitania foi inicialmente to<strong>da</strong> realiza<strong>da</strong> por índios . Nem existia sua<br />
necessi<strong>da</strong>de, posto que pouca agricultura de larga exten<strong>são</strong> por aqui existiu.<br />
No inicio , principalmente para serviços domésticos ,<br />
tentaram escravizar até mesmo os Tupis . Ele morria mas dificilmente<br />
aceitava a escravidão . Depois esta escravidão foi realiza<strong>da</strong>, nota<strong>da</strong>mente<br />
com a dominação dos Tapuias , encontrados por todo sertão brasileiro.<br />
Alem destes também foram escravizados poucos índios <strong>da</strong> raça Guarani.<br />
Isto não foi coisa fácil , posto que muitos <strong>da</strong>queles Tapuias<br />
bem como os Guaranis, também em grande parte não aceitavam a<br />
escravidão .<br />
Daqueles que foram aprisionados , grandes levas de<br />
indígenas foram compra<strong>da</strong>s pelos usineiros nordestinos do açúcar quando
<strong>da</strong> inva<strong>são</strong> do Nordeste pelos holandeses . A Capitania <strong>da</strong> Bahia ficou sem<br />
o fornecimento de africanos oriundos de Angola para o trabalho necessário.<br />
Angola também havia sido invadi<strong>da</strong> pelos batavos . Então precisaram de<br />
índios Tapuias que então adquiriam no Sul .<br />
Os africanos somente irão aparecer com grande destaque no<br />
Sul quando as culturas cafeeiras adentraram em território paulista . Então<br />
foram eles imprescindíveis naquilo que faziam na agricultura , bem como<br />
no atendimento <strong>da</strong>s famílias dos fazendeiros . A queri<strong>da</strong> “Mãe Negra”, que<br />
amamentava o filho do senhor branco e cui<strong>da</strong>va <strong>da</strong> casa , é também uma<br />
instituição de São Paulo . Muito queri<strong>da</strong> e respeita<strong>da</strong> .<br />
Na luta pela emancipação dos negros lembro que São Paulo<br />
foi dos primeiros estados que trouxeram mão de obra contrata<strong>da</strong> na Europa.<br />
Já queriam substituir e acabar com qualquer tipo de escravatura .<br />
Lembro também que mesmo antes <strong>da</strong> assinatura <strong>da</strong> “Lei<br />
Áurea” pela Princesa Isabel, os fazendeiros e os nobres do Vale do Paraíba,<br />
reunidos em assembléia na ci<strong>da</strong>de de Pin<strong>da</strong>monhangaba , assinaram<br />
antecipa<strong>da</strong>mente a liber<strong>da</strong>de total de seus escravos .<br />
Vamos muito considerar a influencia <strong>da</strong> mão de obra e<br />
participação africana em São Paulo depois do século XIX .<br />
Todos eles então terão muita importância em nosso<br />
desenvolvimento .
“ QUILOMBO DOS PALMARES”<br />
Razões para Formação e Existência – Primeiros Grandes Problemas - Reações Nordestinas<br />
Resultado Zero – Domingos Jorge Velho / Indicação Aprova<strong>da</strong> por Portugal – Inicio <strong>da</strong>s<br />
Lutas : Defesa dos Palmares – A Estratégia contra Africanos é Modifica<strong>da</strong> – Derrota dos<br />
Palmares / Considerações Atuais<br />
1º-) Razões Para Formação e Existência<br />
1-) No final do século XVI e durante o século XVII muitos escravos<br />
africanos, foram trazidos a força, em navios negreiros ingleses ,<br />
portugueses e holandeses , para o nordeste do Brasil .<br />
Com o passar do tempo , como justa defesa contra a escravidão a que<br />
estavam obrigados , começaram fugir dos seus senhores escravagistas do<br />
nordeste, local para onde foram inicialmente destinados visando<br />
basicamente a plantação de cana .<br />
Para tanto aqueles escravos foram inicialmente se abrigando dentro<br />
<strong>da</strong>s matas cerra<strong>da</strong>s que ain<strong>da</strong> existiam na região de Pernambuco . Depois ,<br />
com total e justa razão, foram se agrupando e formando pequenas<br />
comuni<strong>da</strong>des que denominavam Quilombo .<br />
O desejo de liber<strong>da</strong>de é inerente ao ser humano. Por isto mesmo,<br />
existindo a menor oportuni<strong>da</strong>de de fuga, existirá sempre uma justa tentativa<br />
de novamente ganhar a liber<strong>da</strong>de .<br />
A Liber<strong>da</strong>de deles era mais do que justa .<br />
2- ) No nordeste aqueles fugitivos foram se agrupando em uma<br />
região que se tornou famosa com o tempo: Palmares . Estava situa<strong>da</strong><br />
principalmente em uma área existente entre o sul de Pernambuco e parte <strong>da</strong><br />
atual região do estado de Alagoas . Pela grande quanti<strong>da</strong>de de palmeiras ali<br />
existentes , do tipo Buritis , aquele local foi denominado Palmares.<br />
Ali o relevo , principalmente na Serra <strong>da</strong> Barriga , é acidentado e<br />
também constituído de mata tropical atlântica bastante fecha<strong>da</strong> . Isto irá<br />
favorecer a organização de um núcleo de escravos fugidos e bastante<br />
determinados , pois lutavam por sua liber<strong>da</strong>de , tentando mesmo criar<br />
independência para aquele local . Eles não teriam a menor chance de<br />
retornar para África . Sabiam disto pois eram bem liderados .<br />
3- ) Palmares dos escravos teve inicio por volta de 1.628 . Quando<br />
de seu termino após 66 anos (1.694) deveria contar com aproxima<strong>da</strong>mente<br />
30.000 escravos fugitivos . Durante mais de meio século por ali estiveram<br />
os africanos . Viviam em aldeias chama<strong>da</strong>s por eles de mocambos . A união<br />
de vários mocambos formava um quilombo . O agrupamento de vários<br />
quilombos então formava Palmares .<br />
Tinham sustentação mediante trabalho agrícola que desenvolviam.<br />
Aqueles africanos reunidos cultivavam e produziam milho, cana , feijão ,<br />
mandioca , verduras , inclusive pimentas . A caça e pesca eram para eles<br />
fun<strong>da</strong>mentais . Desenvolveram até mesmo alguns tipos de artesanatos .
Continua<strong>da</strong>mente, por necessi<strong>da</strong>de, arrebanhavam animais de proprie<strong>da</strong>de<br />
dos brancos .<br />
2º-) Primeiros Grandes Problemas<br />
4-) Aquele núcleo de africanos não parava de crescer , trazendo<br />
inquietação e desassossego para os habitantes <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s e engenhos de<br />
açúcar <strong>da</strong> região . Os estabelecimentos dos brancos passaram a ser alvo<br />
continuo de ataques dos africanos . Eram roubados continua<strong>da</strong>mente ,<br />
inclusive perdendo seu gado . Dificilmente eram contidos os escravos .<br />
Isto tudo criava mais incentivo para a fuga segui<strong>da</strong> de outros negros<br />
escravos , com conseqüente crescimento dos quilombos.<br />
5-) A inva<strong>são</strong> holandesa desorganizou a vi<strong>da</strong> dos engenhos e<br />
estimulou mais fugas de escravos .Alem do mais após a conquista de<br />
Angola , realiza<strong>da</strong> pelos holandeses para aumentar a captura de escravos ,<br />
aumentou o envio de africanos para o Nordeste pois os holandeses<br />
precisavam de mais mão de obra para tentar produzir açúcar em escala<br />
econômica . Entretanto , com o continuo crescimento de Palmares vai<br />
desaparecendo o poder de policia naquele região. Em assim sendo , mais<br />
negros fugiam para os Palmares diariamente procurando a liber<strong>da</strong>de .<br />
Como conseqüência e com mais gente africana os problemas de<br />
sua subsistência aumentava . Aumentaram por isto mesmo os ataques e<br />
roubos dos quilombolas contra os fazendeiros <strong>da</strong> região . .<br />
6-) Palmares com o tempo foi se constituindo em praticamente<br />
um Estado / Nação. Tornou-se um ver<strong>da</strong>deiro enclave dentro do Brasil<br />
Colônia , onde se formava em reali<strong>da</strong>de um reino .<br />
Ganga Zumba foi seu primeiro rei . Na seqüência , após várias lutas<br />
e batalhas, foi sucedido por Zumbi que seria seu sobrinho .<br />
Os reis de Palmares eram eleitos na mesma forma que os<br />
Morubixabas dos índios Tupis : - por sua coragem , astúcia, capaci<strong>da</strong>de de<br />
liderança e determinação nos períodos de luta .<br />
Existia a organização <strong>da</strong> família com base no casamento , que tanto<br />
podia ser monogâmico ou poligâmico , dependendo <strong>da</strong> religião do<br />
quilombola . Foi misturado dentro dos Palmares o culto católico com cultos<br />
africanos .<br />
3º-) As Reações Nordestinas – Resultado Zero<br />
7- )Para aqueles brancos, residentes no nordeste que constantemente<br />
vinham sendo atacados e roubados , não poderia continuar existindo<br />
Palmares , praticamente um estado livre e inimigo que impedia o<br />
desenvolvimento dos brancos na região .<br />
Estavam completamente fora dos padrões de segurança e moral <strong>da</strong><br />
época . Alem do mais era exemplo e estimulo para novas e continuas fugas
de africanos. Na continui<strong>da</strong>de começou a ser dividido o Brasil do nordeste ,<br />
com brancos de um lado e negros de outro.<br />
Durante o período em que o nordeste esteve invadido pelos<br />
holandeses, por duas vezes eles tentaram a extinção total dos Palmares.<br />
A Primeira Tentativa em 1644 ficou com resultado indefinido .<br />
Os negros posteriormente voltaram a atacar as fazen<strong>da</strong>s. A segun<strong>da</strong><br />
em 1645 também não obteve sucesso .<br />
Isto ocorria pois os quilombolas simplesmente se limitavam a<br />
mu<strong>da</strong>r de lugar , internando-se mais profun<strong>da</strong>mente nas matas do sertão .<br />
Quando os holandeses cansavam de procurar , sempre em vão , novamente<br />
os quilombolas voltavam a aparecer nas suas bases iniciais.<br />
É preciso lembrar que foram os holandeses grandes escravagistas<br />
pois precisavam <strong>da</strong> mão de obra dos negros . Assim invadiram Angola e<br />
criaram uma fonte continua<strong>da</strong> para fornecimento de mão de obra escrava .<br />
Entendiam na ocasião que não sairiam nunca mais do nordeste do Brasil .<br />
Foram expulsos pelos próprios brasileiros .<br />
8-) Depois <strong>da</strong> expul<strong>são</strong> dos holandeses varias outras tentativas<br />
foram efetua<strong>da</strong>s para acabar com Palmares . To<strong>da</strong>s elas foram realiza<strong>da</strong>s<br />
sem sucesso pelos governos do nordeste. Algumas destas tentativas foram<br />
transforma<strong>da</strong>s em enorme derrota dos senhores de engenho e dos brancos<br />
nordestinos .<br />
O governo de Pernambuco , demonstrando total incapaci<strong>da</strong>de ,<br />
depois de tantos fracassos , propôs em 1.680 que fosse realiza<strong>da</strong> paz<br />
com os escravos fugitivos . Receberiam os africanos as terras onde<br />
estavam domiciliados . A condição básica seria : Os escravos deveriam<br />
parar com os contínuos ataques e roubos contra as fazen<strong>da</strong>s e<br />
engenhos <strong>da</strong>quela região .<br />
O Conselho Ultramarino de Portugal não concordou .<br />
De forma alguma iria ceder terras do Brasil . Determinou que<br />
Palmares fosse destruído para sempre . Para tanto não mais utilizaria forças<br />
nordestinas . Na ocasião era Governador de Pernambuco Bernardo Vieira<br />
de Mello .<br />
Contrataram, por deci<strong>são</strong> final de Portugal, os bandeirantes<br />
paulistas.<br />
Eles que tinham obtido grande sucesso , com expressivas vitórias ,<br />
contra as ferozes tribos tapuias que haviam atacado os criadores de gado no<br />
nordeste . Somente eles , após muitas lutas , libertaram os sertões <strong>da</strong> Bahia<br />
permitindo a livre criação de gado pelos fazendeiros nordestinos .<br />
Por indicação do Capitão Mor Caetano de Mello e Castro o<br />
bandeirante Domingos Jorge Velho é o escolhido para liderar a luta . Para<br />
tanto o convite é feito em Piancó , onde então vivia o velho bandeirante .<br />
4º-) Domingos Jorge Velho – Indicação Aceita por Portugal
9-) De todos os bandeirantes sertanistas que se encontravam nas<br />
imediações do nordeste ele era o mais conhecido e famoso , por sua firme<br />
determinação . Era na ocasião já entrado em i<strong>da</strong>de , possuindo barbas<br />
inteiramente brancas . Era filho de pai com o mesmo nome . Como muitos<br />
dos demais bandeirantes paulistas estava radicado em sua fazen<strong>da</strong> de gado ,<br />
situa<strong>da</strong> no sertão <strong>da</strong> Bahia .<br />
Aqueles bandeirantes formavam então, em suas terras do<br />
nordeste , um grupo de aproxima<strong>da</strong>mente 1.000 homens , entre brancos e<br />
mamalucos ( Caipiras e Caboclos) . Existia ain<strong>da</strong> com eles alguns poucos<br />
índios Tupis .<br />
Domingos Jorge Velho era também muito conhecido por sua<br />
atuação nos sertões do Piauí e na luta contra os selvagens “Junduis” do Rio<br />
Grande do Norte , quando afastou os perigos de ataques indígenas aos<br />
fazendeiros <strong>da</strong> região .<br />
Era também conhecido por sua dureza e firmeza nas decisões , pela<br />
valentia e violência em revides aos ataques recebidos . Não era pessoa fácil<br />
de ser trata<strong>da</strong> e por isto mesmo deveria ser indispensável na luta contra os<br />
Palmares.<br />
A indicação feita foi aceita pelo Governador de Pernambuco -<br />
Bernardo Vieira de Mello e ratifica<strong>da</strong> por Portugal . Domingos Jorge Velho<br />
era realmente o mais indicado para <strong>da</strong>r combate definitivo e final aos<br />
Palmares .<br />
O convite direto e definitivo ao bandeirante foi realizado através<br />
de Cristovam Mendonça de Uchoa , em Piancó , onde estava naquele<br />
momento o bandeirante paulista. Pelos serviços , que visavam acabar<br />
definitivamente com a rebeldia e ataques dos africanos que lutavam por<br />
Palmares , os bandeirantes receberiam inicialmente o indispensável , como<br />
armas , munições e alimentos . Ca<strong>da</strong> negro recuperado como escravo teria<br />
recompensa em dinheiro, com maior quantia para os homens e menor para<br />
as mulheres . A meta principal não era matar os escravos mas recuperá-los .<br />
No final receberiam títulos de terras em sesmarias e títulos honorífico .<br />
Pelas possibili<strong>da</strong>des remunerativas apareceram muitos aventureiros<br />
locais para se alistarem nas tropas de Domingos Jorge Velho . Inclusive<br />
alguns vindo de Portugal .<br />
A Câmara de Vila Ma<strong>da</strong>lena de Alagoas protestou . Preferia a paz<br />
definitiva deixando os Negros de Palmares independentes .<br />
5º-) Inicio <strong>da</strong>s Lutas – A Defesa dos Palmares<br />
10-) Derrota dos Acroases - Antes <strong>da</strong> luta direta contra os africanos ,<br />
Domingos Jorge Velho iria tentar acordo com os índios “Acroases – <strong>da</strong><br />
raça Tapuia”- pois sabia que muitas vezes eles auxiliaram os africanos<br />
quando <strong>da</strong>s suas lutas . Ele sabia que não poderia ficar com um inimigo
potencial em suas costas. Por isto mesmo tenta continua<strong>da</strong>mente convencêlos<br />
a participar ao seu lado na luta contra os escravos foragidos .<br />
Não consegue seu intento .<br />
Então a luta inicial agora é aberta contra os “Acroases” . Esta luta<br />
não dura praticamente na<strong>da</strong> . Eles que rapi<strong>da</strong>mente <strong>são</strong> definitivamente<br />
batidos e eliminados como uma força aguerri<strong>da</strong> .<br />
Em Dezembro de 1.692 os sertanistas já estão se preparando para<br />
realizar o primeiro ataque aos Palmares .<br />
A defesa dos africanos era muito bem feita naquilo que dizia<br />
respeito aos seus quilombos . Com o passar de todos aqueles anos eles<br />
construíram uma extensa paliça<strong>da</strong> que era chama<strong>da</strong> de “Cerca Real dos<br />
Macacos”. Ela era na reali<strong>da</strong>de uma muralha de galhos secos e pontudos ,<br />
muito entrelaçados , que se entendia na Serra <strong>da</strong> Barriga , passando e<br />
cercando os mocambos , desde Anhambebe até o de Camaratuba .<br />
11-) A primeira batalha acontece com surpresa nas cercanias dos<br />
Campos de Guaranhuns , não muito longe <strong>da</strong> Cerca Real dos Macacos . As<br />
forças dos brancos ficaram surpresas com a astúcia dos africanos , com sua<br />
estratégia de colocar longas cercas de madeira pontu<strong>da</strong>s e farpa<strong>da</strong>s ,<br />
forma<strong>da</strong>s com galhos de madeira ligeiramente queima<strong>da</strong>, coberta por<br />
plantas e capins , repletas de armadilhas e estrepes afiados .<br />
Depois de algum tempo de insucesso o ataque foi interrompido .<br />
12-) As tropas de Domingos Jorge Velho foram descansar na<br />
fazen<strong>da</strong> de Bernardo Vieira de Mello , na casa do Capitão Fonseca Eça e na<br />
ermi<strong>da</strong> de Cristovam Burgos.<br />
Pouco depois foram surpreendidos por Zumbi e seus guerreiros .<br />
O contra ataque inesperado obrigou o recuo <strong>da</strong>s tropas e depois a fuga<br />
<strong>da</strong>quela região . Na reali<strong>da</strong>de os sertanistas perderam o primeiro combate .<br />
Sentiram-se realmente derrotados pois o local foi em segui<strong>da</strong> saqueado<br />
pelos escravos de Palmares .<br />
Jorge Velho não desanima . Contudo , sente necessi<strong>da</strong>de de<br />
contar com gente mais aguerri<strong>da</strong> e confiante . Vem para o sul . Busca<br />
reforço em São Paulo . Recebe apoio dos coman<strong>da</strong>ntes paulistas<br />
Gabriel de Góes , Alexandre Jorge e Antonio Cubas . Reune uma<br />
força de 3.000 homens paulistas , apoiados com artilharia leve.<br />
Para os Palmares <strong>são</strong> eles dirigidos novamente pelo bandeirante .<br />
6º-) A Estratégia Contra Africanos é Modifica<strong>da</strong> .<br />
Não podendo invadir diretamente por causa <strong>da</strong>s “Muralhas <strong>da</strong><br />
Cerca Real dos Macacos”, resolvem cercar to<strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s dos quilombolas .<br />
Para tanto edificam vários “Fortins” em sua volta . Cabe destaque para o
fortim do paulista Fernão Carrilho . É o mais armado . O cerco <strong>da</strong> região<br />
dos Palmares com vários fortins não permite a livre movimentação dos<br />
quilombolas .<br />
Os bandeirantes ficam de atalaia e não permitem que os negros<br />
possam sair livremente para caçar , pescar ou roubar gado . As suas<br />
plantações existentes fora <strong>da</strong> muralha <strong>são</strong> destruí<strong>da</strong>s . Ca<strong>da</strong> tentativa de<br />
saí<strong>da</strong> dos quilombolas se transforma em luta violenta . Este tipo de luta,<br />
mediante cerco continuo , leva mais de 14 meses.<br />
Por ali e então a fome começa ron<strong>da</strong>r os Palmares .<br />
Continua<strong>da</strong>mente e diariamente acontecem pequenos combates<br />
quando os quilombolas tentam romper o cerco a que estavam submetidos .<br />
A fome aumenta para aquela gente e com ela novas tentativas para abrir<br />
caminho através de combates. O desgaste dos quilombolas depois de<br />
algum tempo é notado claramente .<br />
Então um grande e novo ataque direto dos bandeirantes tem inicio<br />
em Janeiro de 1.694. Ele irá durar vários dias . O combate é intenso e<br />
continuado . Sem tréguas .<br />
A maioria dos negros é preso após luta .<br />
Entretanto , aqueles coman<strong>da</strong>dos diretamente por Zumbi lutam<br />
valentemente na Serra <strong>da</strong> Barriga . Lutam com valentia até a morte . Zumbi<br />
ain<strong>da</strong> conseguiu romper o cerco com alguns companheiros . Entretanto ,<br />
foram todos capturados logo em segui<strong>da</strong>.<br />
Tempos depois os chefes <strong>da</strong> revolta dos Palmares <strong>são</strong> condenados a<br />
morte . Zumbi foi decapitado, como costume legal <strong>da</strong> época . Sua cabeça<br />
foi exposta na praça principal de Recife .<br />
Cabe aqui um elogio a bravura <strong>da</strong>queles negros livres dos Palmares.<br />
Eram heróis ! Defenderem com denodo sua gente e a liber<strong>da</strong>de .<br />
7º-) Derrota dos Palmares - Considerações atuais –<br />
14-) Durante todos os últimos trezentos anos, desde que venceu a<br />
resistência dos Palmares, o bandeirante Domingos Jorge Velho, foi<br />
considerado herói nacional, pois lutou e manteve integro o território<br />
brasileiro . Em todos os livros didáticos assim era referen<strong>da</strong>do .<br />
Ultimamente , principalmente em declarações feitas para a imprensa<br />
por representantes de varias enti<strong>da</strong>des defensoras dos homens africanos ,<br />
vagarosamente mas continua<strong>da</strong>mente , está sendo transformado em vilão ,<br />
em bandido . Realçam as quali<strong>da</strong>des de Zumbi e criticam violentamente<br />
aquele bandeirante.<br />
Posto em evidencia o que vem ocorrendo , é preciso primeiramente<br />
deixar claro o seguinte :<br />
1- Somos totalmente contra qualquer tipo de escravatura<br />
ou mesmo de submis<strong>são</strong> do homem pelo próprio homem ;
2 - Somos totalmente contrários a qualquer tipo de<br />
preconceito e/ou descriminação racial . Por cor , religião , filosofia ou<br />
costumes ;<br />
3- Continuamos entendendo que Zumbi foi um herói e<br />
exemplo para seu povo e para o Brasil .<br />
Porem : Todos que hoje pensam que Domingos Jorge Velho não foi<br />
um herói mas apenas mais um facínora estão esquecendo que :<br />
A história deve ser primeiramente analisa<strong>da</strong> com moral de seu tempo.<br />
Depois com os resultados obtidos .<br />
Quando a analise é feita dentro de uma posição atual , em uma<br />
consideração recente, dentro de uma moral e de costumes formados no<br />
século XX e aplicados no século XXI , vai existir enorme distorção .<br />
Realmente história precisa ser analisa<strong>da</strong> em seu tempo de ocorrência ,<br />
dentro dos princípios e costumes morais <strong>da</strong> época e dentro <strong>da</strong> lei vigente no<br />
momento do acontecido .<br />
Fora disto estaremos extrapolando os valores <strong>da</strong> história . Ela pode<br />
ficar sem conteúdo , com uma analise feita com princípios fora de sua<br />
época .<br />
A distorção dos seus valores ocorreria rapi<strong>da</strong>mente com o tempo .<br />
Perderia o pé de apoio na reali<strong>da</strong>de do momento ocorrido .<br />
Em assim sendo , tanto para Portugal como para os brasileiros , os<br />
quilombolas eram considerados perigosos . Por seus ataques as fazen<strong>da</strong>s<br />
como contra os engenhos . Pelo roubo de gado . Eles feriam um dos<br />
princípios relativo ao exercício <strong>da</strong> escravatura , utilizado então em grandes<br />
áreas do mundo . Alem do mais fugiam e aju<strong>da</strong>vam a fuga de outros .<br />
Invadiram terras do Nordeste brasileiro .<br />
Tinham o direito eterno e natural <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de mas feriam os direitos<br />
consagrados naquela época . Por tudo isto foram necessariamente<br />
combatidos e vencidos pelas forças de Domingos Jorge Velho .<br />
Então to<strong>da</strong> estrutura colonial voltou ao normal no nordeste .<br />
15- ) Agora vamos imaginar o seguinte :<br />
1- Que as forças de Zumbi fossem as vencedoras ;<br />
2- Que os bandeirantes depois <strong>da</strong> derrota fossem totalmente<br />
expulsos <strong>da</strong>quela região ;<br />
3- Que os quilombolas ficassem senhores <strong>da</strong>quelas terras to<strong>da</strong>s ;<br />
4 - Com provável crescimento <strong>da</strong> área ocupa<strong>da</strong> , pois então seriam<br />
os vencedores , as áreas que depois ocupariam seriam muito maiores .<br />
Então podemos afirmar sem receio :
1-Na forma acima descrita , vencendo os Palmares , o Brasil estaria<br />
dividido , existindo dentro do Nordeste um Pais Independente de nossa<br />
nação brasileira, com habitantes totalmente descendentes de africanos<br />
2-Provavelmente se chamaria Republica dos Palmares ;<br />
3-Provavelmente não falaria português ;<br />
4-Com certeza não teria nossa bandeira ;<br />
5-Com certeza não teria as nossas raízes e tradições e cultura ;<br />
6-Com certeza não seriam brasileiros seus habitantes;<br />
7-Teríamos um Enclave Africano dentro do território do Brasil ;<br />
8-Existiria certamente uma divi<strong>são</strong> do Brasil . Ela seria aceita ?<br />
Independentemente de tudo isto , Zumbi para mim particularmente<br />
continuará sendo grande herói que manteve a chama <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de .<br />
Para tanto não será necessário vilipendiar a figura de Domingos<br />
Jorge Velho. É na reali<strong>da</strong>de um outro herói brasileiro !<br />
Vale o ditado popular : - “Uma coisa é uma coisa ... Outra coisa ...<br />
... É outra coisa !”.<br />
Edu Marcondes / Julho 2.004
O DESCOBRIMENTO DE SÃO PAULO –VIA CANANÉIA<br />
Antecedentes : A viagem de Cabral – Ocupar ou perder as Terras descobertas – Martim Afonso<br />
de Souza / Cananéia / O Ponto Inicial – Fun<strong>da</strong>ção de São Vicente – João Ramalho: Piratininga-<br />
Assalto de São Vicente por Espanhóis – Necessi<strong>da</strong>de para Fun<strong>da</strong>ção de Santos –<br />
Ele irá acontecer tempos depois do Descobrimento do Brasil.<br />
Como decorrência obriga<strong>da</strong> pela política <strong>da</strong> época .<br />
Antecedentes - A Viagem de Cabral<br />
Em 1.500 era preciso consoli<strong>da</strong>r o que havia sido estipulado<br />
pelo Tratado de Tordesilhas. Mesmo antes do Descobrimento <strong>da</strong> América ,<br />
Portugal já tinha mesmo certeza e provavelmente pleno conhecimento <strong>da</strong><br />
existência de novas terras situa<strong>da</strong>s deste outro lado do nosso planeta. Para<br />
tanto muito lutou para que as áreas dos novos descobrimentos fossem<br />
dividi<strong>da</strong>s . Conseguiu , via determinação do Vaticano , o Tratado <strong>da</strong>s<br />
Tordesilhas . Caberia a ele uma parte <strong>da</strong>quelas terras , por acordo ajustado<br />
com Espanha. Agora aquelas terras deveriam ser definitivamente<br />
“descobertas” e anuncia<strong>da</strong>s para todo mundo a sua posse definitiva .<br />
Antes disto os portugueses muito haviam navegado por todo<br />
mundo e lutado para aquele fim.<br />
Para tanto os lusos iriam , em nosso entender , naquele<br />
momento unir em um único movimento naval a solução para duas<br />
necessi<strong>da</strong>des surgi<strong>da</strong>s . Em uma só carta<strong>da</strong> . Em uma só viagem ,<br />
devi<strong>da</strong>mente planeja<strong>da</strong> , ou seja :<br />
A- Assegurar para os interesses de Portugal tudo aquilo que Vasco <strong>da</strong><br />
Gama deixara preparado e ajustado em Calicute / Índia, principalmente no<br />
comércio <strong>da</strong>s especiarias do oriente ;<br />
B- Na mesma viagem, fazendo inicialmente proposital desvio de sua rota<br />
marítima, deveriam também chegar até terras do Novo Mundo e tomar<br />
posse <strong>da</strong>s mesmas dentro dos limites do acordo firmado com Espanha . As<br />
duas coisas eram de suma importância naquele momento.<br />
Assim sendo , em 9 de Março de 1.500 , é reza<strong>da</strong> missa em<br />
Santa Maria do Belém , com a presença do nobre Pedro Álvares Cabral. Ele<br />
que seria o coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong>s naus , em nome do Rei D. Manuel e de to<strong>da</strong><br />
Corte portuguesa . Depois disso , com bandeiras a frente e padres<br />
carregando uma cruz , todos seguem para o local de embarque <strong>da</strong>quela<br />
frota . Ela que era composta por treze navios , com 1.200 homens , entre<br />
sol<strong>da</strong>dos e tripulantes . Esta cerimônia contou com presença do povo de<br />
Lisboa .<br />
Logo em segui<strong>da</strong> as naus partem para seus destinos .<br />
Passados 43 dias ( para época viagem muito rápi<strong>da</strong> – atrasos<br />
justificados por Calmarias ??? , nem pensar ! )- a esquadra avista as novas<br />
terras , na região que seria chama<strong>da</strong> posteriormente de América do Sul .<br />
Nela irão lançar ancoras , tomar posse e rezar uma missa . Isto acontecerá<br />
em local que foi então nomeado como Porto Seguro/ Bahia . Supunham ,
“para efeitos políticos“ , que aquelas terras seriam de uma “grande ilha”que<br />
chamaram de Vera Cruz .<br />
Pero Vaz Caminha – escrivão <strong>da</strong> arma<strong>da</strong> - relata em carta o<br />
ocorrido para D. Manuel . Esta carta será leva<strong>da</strong> por uma <strong>da</strong>s naus que<br />
retornará de imediato para Portugal . O Rei Luso se encarregará de divulgar<br />
a descoberta por to<strong>da</strong> a Europa<br />
Enquanto isto as demais naus , com Pedro Alvarez Cabral , já<br />
seguiram sua rota para as Índias .<br />
Ocupar ou Perder as Novas Terras Descobertas<br />
Praticamente aquelas terras , chama<strong>da</strong>s inicialmente como<br />
“Ilha de Vera Cruz”, depois, verificando-se o que já sabiam , pois que era<br />
parte de um continente, foi chama<strong>da</strong> de “Terra de Santa Cruz”. Finalmente<br />
foi chama<strong>da</strong> de Brasil.<br />
Após 30 anos do descobrimento continuavam aquelas terras<br />
praticamente abandona<strong>da</strong>s . Correram to<strong>da</strong>s aquelas três déca<strong>da</strong>s e Portugal<br />
definitivamente ain<strong>da</strong> não havia tomado posse efetiva de to<strong>da</strong> aquela sua<br />
terra descoberta . Seu maior interesse continuava , até aquele momento ,<br />
sendo o comercio <strong>da</strong>s mercadorias existentes na Índia e na Ásia com paises<br />
<strong>da</strong> Europa. Alem de tudo aparecia no horizonte um problema maior. Não<br />
existia ain<strong>da</strong> de imediato to<strong>da</strong> aquela necessária gente portuguesa para<br />
ocupar e viver no Brasil . Isto porque Portugal era um pais pequeno que<br />
tinha muito pequena população . Contava com menos de 2 milhões de<br />
habitantes.<br />
Para continuar demonstrando interesse e não deixar<br />
inteiramente abandonado o Brasil , Portugal de tempos em tempos enviava<br />
navios e/ ou pequenas frotas para correr o litoral <strong>da</strong>s terras descobertas e<br />
saber dos possíveis acontecimentos . Também chegavam noticias <strong>da</strong> terra<br />
através <strong>da</strong>s naus espanholas que por aqui passavam a caminho do Rio <strong>da</strong><br />
Prata , onde com to<strong>da</strong> certeza começariam as terras de Espanha .<br />
Entre aqueles navegantes que estiveram em nosso litoral , com<br />
diferentes objetivos , cabe destaque para os seguintes :<br />
A ) - Gonçalo Coelho em 1501 , coman<strong>da</strong>ndo frota destina<strong>da</strong> ao<br />
reconhecimento de terras no litoral e <strong>da</strong>ndo nome aos portos naturais que<br />
iam sendo encontrados ;<br />
B) – Affonso de Albuquerque em 1503 , que estava em deman<strong>da</strong> para as<br />
Índias . Aportou em um sitio desconhecido do litoral para reparar avarias<br />
em seus navios . Depois continuou sua viagem para o Oriente ;<br />
C) – Américo Vespucio, em 1503 . Teria realizado outras 3 viagens pela<br />
América do Sul. O nome América foi <strong>da</strong>do ao continente baseado em seus<br />
relatórios ;
D) - João Dias Sollis em 1.513 , enviado por Espanha para reconhecer e<br />
demarcar o sul <strong>da</strong> América . Nesta viagem ele descobre o estuário do Rio<br />
<strong>da</strong> Prata ;<br />
E) - João Dias Sollis em 1.515 , que voltando ao Rio <strong>da</strong> Prata navegou<br />
por ele subindo até as terras do Paraguai , onde foi morto pelos indígenas<br />
do local ;<br />
F )- Fernão de Magalhães em 1.519 , corre to<strong>da</strong> a costa do litoral sul<br />
americano no Atlântico . Procura até encontrar o canal de separação <strong>da</strong><br />
Patagônia/ no continente/ com a ilha do Fogo . Isto acontece depois de<br />
longo tempo e de muitas tempestades enfrenta<strong>da</strong>s . O canal de saí<strong>da</strong> ,<br />
<strong>da</strong>ndo passagem do Atlântico para o Pacifico , hoje recebe seu nome ;<br />
G )- Rodrigo de Acunha , em 1.525 , passando por todo o litoral do<br />
Brasil, em deman<strong>da</strong> do Estreito de Magalhães , no caminho <strong>da</strong>s Ilhas<br />
Molucas / Ásia ;<br />
H )- Cristóvão Jacques em 1.526 , enviado pelo governo português , com<br />
intuito de aprisionar piratas que infestavam as costas brasileiras<br />
contrabandeando madeiras , principalmente pau-brasil . Tentava também<br />
evitar que nações <strong>da</strong> Europa tomassem posse de terras no litoral do Brasil .<br />
Martim Afonso de Souza – Cananéia - O Ponto Inicial<br />
Por todos estes fatos não existia mais tempo a perder .<br />
Finalmente é toma<strong>da</strong> uma deci<strong>são</strong> .<br />
Com ordens especificas o governo de Lisboa determinou a<br />
parti<strong>da</strong> de uma “arma<strong>da</strong>”com cinco naus , para :<br />
1- Pesquisar e reconhecer cartograficamente grande parte do litoral<br />
brasileiro;<br />
2- Verificar o estuário do Rio <strong>da</strong> Prata e<br />
3- “Principalmente Demarcar Locais de Fronteiras”, onde começaria e<br />
terminaria as terras portuguesas , de acordo com o estipulado dentro do<br />
Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas .<br />
Alem <strong>da</strong> capitanea , coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Martim Afonso de Souza<br />
tendo seu irmão Pero Lopes de Souza como imediato , participariam ain<strong>da</strong><br />
as seguintes naves : - Nau “São Miguel” capitanea<strong>da</strong> por Heitor de Souza ,<br />
Galeão “São Vicente” capitanea<strong>da</strong> por Pero Lobo Pinheiro , Caravela<br />
“Rosa” com Diogo Leite e Caravela “Princesa” com Baltazar Gonçalves .<br />
To<strong>da</strong>s elas eram compostas por uma guarnição de quatrocentos homens .<br />
Esta frota partiu de Lisboa em 3 de Dezembro de 1.530.<br />
Após viagem sem transtornos , aqui chegando vai correr<br />
quase to<strong>da</strong> a costa sul americana do Atlântico , desde o Cabo de Santo<br />
Agostinho , no nordeste brasileiro , até o Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Neste caminho teve oportuni<strong>da</strong>de de entrar nos portos<br />
naturais de Pernambuco . Ali foi onde apressou duas naus francesas que<br />
contrabandeavam pau Brasil com os indígenas . As naus em segui<strong>da</strong>
passaram a fazer parte de sua frota , sendo uma delas envia<strong>da</strong> para<br />
Portugal com noticias <strong>da</strong> viagem..<br />
Depois , vindo para o sul , Martim Affonso parou na Bahia e<br />
depois na Guanabara. Neste último local demorou três meses . Aproveitou<br />
para reparar seus barcos .<br />
Martim Afonso somente vai chegar em Cananéia em 13 de<br />
Dezembro de 1.531, considerado o local geográfico onde seria o termino<br />
<strong>da</strong>s terras portuguesas na America do Sul , de acordo com o Tratado <strong>da</strong>s<br />
Tordesilhas . Ali encontrou um português que vivia com os indígenas<br />
locais desde muitos anos e era alcunhado de “Bacharel”. Não se sabe se<br />
efetivamente era um naufrago ou um desterrado que ali foi parar. Seu<br />
nome real , posto que existiam vários pelos quais era chamado , ao que<br />
tudo indica era Cosme Fernandes . Tinha muito prestigio com os indígenas<br />
com quem vivia . Depois do encontro com Martim Afonso o “Bacharel” irá<br />
se mu<strong>da</strong>r para a região de Iguape , levando sua gente e com ele seis (6 )<br />
castelhanos que por lá haviam chegado .<br />
Na ocasião “Bacharel” informou que existiria muito ouro<br />
naquela região, nota<strong>da</strong>mente alem <strong>da</strong>s serras que se avistavam <strong>da</strong> orla<br />
marítima . Com base nestas informações Martim Afonso ordenou a um seu<br />
oficial, de nome Pero Lobo , que para lá partisse . Deveria verificar e se<br />
possível arreca<strong>da</strong>r amostras deste mineral.<br />
Esta expedição partiu com 60 homens . Nunca mais<br />
regressou.<br />
Durante quarenta e quatro dias Martim Afonso de Souza<br />
esteve naquela região do litoral. Aproveitou para assinalar , com marcos de<br />
pedra que continham o escudo de Portugal , devi<strong>da</strong>mente <strong>da</strong>tados , a posse<br />
<strong>da</strong> região pelos lusitanos .<br />
A seguir, como ain<strong>da</strong> tinha o objetivo de conhecer o Rio <strong>da</strong><br />
Prata , ordenou sua arma<strong>da</strong> zarpar para o Sul . Saiu e logo enfrentou<br />
temporal muito violento . Na ocasião perdeu a nau capitanea <strong>da</strong> sua<br />
arma<strong>da</strong>. Por esta razão determinou que somente seu irmão Pedro Lopes de<br />
Souza , no comando de uma única nau , realizasse a continuação <strong>da</strong>quela<br />
viagem até o Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Em segui<strong>da</strong> Martim Afonso efetuou o regresso , coman<strong>da</strong>ndo<br />
os demais barcos para o local que foi chamado São Vicente .<br />
Fun<strong>da</strong>ção de São Vicente –<br />
Na sua volta , em 21 de Janeiro de 1532 , entrou Martim<br />
Afonso de Souza em uma ensea<strong>da</strong> que foi denomina<strong>da</strong> São Vicente. No dia<br />
seguinte desembarcou em suas praias. O nome <strong>da</strong> região foi <strong>da</strong>do por ser o<br />
dia de consagração determina<strong>da</strong> pela igreja para aquele santo. Nesta<br />
ensea<strong>da</strong> encontrou bom abrigo para suas naus e , em suas terras , os meios<br />
para iniciar uma boa colonização.
Haviam navegado antes pelo litoral <strong>da</strong> região . Existiam<br />
por lá duas ilhas grandes e bem próximas, quase liga<strong>da</strong>s e situa<strong>da</strong>s<br />
praticamente cola<strong>da</strong>s ao continente . Foram na ocasião denomina<strong>da</strong>s de<br />
São Vicente e Santo Amaro .<br />
Fazia parte <strong>da</strong>s ordens reais de Martim Affonso de Souza a<br />
fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> primeira ci<strong>da</strong>de do Brasil . Ela seria uma sentinela na<br />
fronteira. Por isto deveria estar próxima <strong>da</strong> linha divisória com as terras que<br />
pertenciam a Espanha, dentro <strong>da</strong>quilo que fora estipulado pelo Tratado <strong>da</strong>s<br />
Tordesilhas . Ali iria começar São Paulo , primeiramente denominado de<br />
São Vicente . Ali consequentemente nascia o Brasil .<br />
São Vicente pela sua localização , antes mesmo de receber o<br />
seu nome e antes de ser descoberta , já tinha sido praticamente local<br />
escolhido para instalação de uma ci<strong>da</strong>de . Isto foi determinado mesmo<br />
antes <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> de Martim Afonso de Souza . O local deveria ser aquele<br />
mais próximo dos limites do Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas , com condições de<br />
abrigar navios .<br />
Aconteceu que naquela mesma ocasião aqueles portugueses<br />
que percorriam o litoral foram avistados por indígenas Tupis ,<br />
especificamente <strong>da</strong> tribo Guaináses , que tinham como chefe aquele que se<br />
tornaria famoso como Cayubi . Assombrados com os navios e com o que<br />
viam , os indígenas que pescavam se retiraram . Foram alertar aquele seu<br />
cacique .<br />
Neste meio tempo Martim Afonso de Souza também já havia<br />
determinado e mesmo começado edificar um pequeno forte situado nas<br />
proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Barra de Bertioga . O forte deveria servir de abrigo para<br />
aqueles que ficariam em terra . Seria ain<strong>da</strong> efetiva defesa contra possíveis<br />
ataques de indígenas ou de estrangeiros . A obra que era simples , estava<br />
sendo termina<strong>da</strong> . Já estava inclusive com seus canhões assentados . Em<br />
segui<strong>da</strong> seria devi<strong>da</strong>mente guarneci<strong>da</strong> com os sol<strong>da</strong>dos escolhidos .<br />
Tudo isto era acompanhado de longe pelos índios <strong>da</strong> raça<br />
Tupi . O fato chegou ao conhecimento do grande Cacique Tibiriçá que<br />
estava nos campos de Piratininga . Sem demora ele reuniu sua gente para<br />
guerra e partiu para o litoral com intuito de expulsar aqueles invasores .<br />
Destes fatos tomou conhecimento um português chamado<br />
João Ramalho (naufrago ou desterrado) que por ali vivia com uma <strong>da</strong>s<br />
filhas de Tibiriçá . (Posteriormente se soube que ele tinha chegado ao<br />
Brasil bem antes de Martim Afonso . Pelo que se conhece aqui estaria<br />
desde 1.508, podendo ser um dos náufragos <strong>da</strong> Ilha dos Porcos , hoje<br />
chama<strong>da</strong> de Ilha Anchieta . Depois de algum tempo vivendo no litoral ele<br />
vai se estabelecer em Piratininga por volta de 1.515. João Ramalho<br />
também poderia ser um desterrado, provavelmente a partir de 1.501 quando<br />
Gonçalo Coelho por aqui passou . Não existe plena certeza sobre a sua
chega<strong>da</strong> ao Brasil ). Entretanto , era reconhecido por Tibiriçá , graças aos<br />
bons conselhos que lhe <strong>da</strong>va .<br />
João Ramalho, pela descrição que então ouvira ,<br />
compreendeu que aquela gente poderia ser portuguesa . Por isto tentou e<br />
conseguiu apaziguar Tibiriçá que deteve seus guerreiros . Da mesma forma<br />
deteve os demais tupis , chefiados por Cayubi . Foi acata<strong>da</strong> as ordens de<br />
paz que receberam de Tibiriçá . Por sorte isto iria acontecer pouco antes de<br />
Cayubi e sua gente começar o ataque aos portugueses .<br />
Por outro lado Martim Afonso , vendo todos aqueles índios<br />
aguerridos , estava tomando posição com sua artilharia, a qual seria ain<strong>da</strong><br />
apoia<strong>da</strong> pelos canhões de suas naus .<br />
Tentando apaziguar aquela situação João Ramalho , com<br />
sinais de paz , vai chegar até aqueles invasores . Vem falando em português<br />
e explicando muitas coisas sobre amizade e paz .<br />
Foi grande a alegria de Martim Afonso.<br />
Assim não houve confronto e foi possível terminar todo<br />
desembarque necessário , tanto de material como de colonos que iriam ficar<br />
em São Vicente .<br />
Então, e logo depois , sendo informado que outro local teria<br />
uma série de vantagens possíveis na fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. O outro local era<br />
aquele denominado São Vicente , que ele já havia visitado . Foi <strong>da</strong><strong>da</strong> então<br />
preferência para uma colina existente à beira do Rio São Vicente . Ali vai<br />
estabelecer a primeira ci<strong>da</strong>de de São Paulo e do Brasil. Ela ficava em local<br />
denominado de São Vicente , perto <strong>da</strong> praia de Itararé e a meio caminho <strong>da</strong><br />
praia de Embaré/Santos. Por ali foi construí<strong>da</strong> a igreja <strong>da</strong> Assumpção, que<br />
também serviria de Matriz, Cadeia, <strong>Casa</strong> do Conselho e bem como para<br />
trabalhos <strong>da</strong> Administração.<br />
Vamos aqui destacar os nomes de vários primeiros habitantes<br />
<strong>da</strong>quela inicial São Vicente .<br />
Eram eles : António Rodrigues , Ruy Pinto , Francisco Pinto ,<br />
Pero Capico , Antonio de Almei<strong>da</strong> , Jorge Pires , Pedro Colaço , Belchior<br />
Azevedo , Gonçalo Monteiro , Jorge Ferreira , Luiz de Góes , Bartolomeu<br />
Gonçalves , Domingos Leitão , Gonçalo Affonso e Jerônimo Rodrigues .<br />
Foram oficialmente considerados os primeiros habitantes <strong>da</strong><br />
Capitania de São Vicente e do Brasil. ( a narrativa de todos fatos deste<br />
capitulo acima é inicialmente feita por Frei Gaspar . Encontra-se também<br />
transcrita no livro de Affonso De Taunay –“João Ramalho e Santo André<br />
<strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do Campo” )<br />
Ao mesmo tempo em que se erguia a vila de São Vicente<br />
eram concedidos alvarás com distribuição de terras , feito por direito real<br />
concedido para Martim Afonso de Souza . Nesta primeira ocasião <strong>são</strong>
distribuí<strong>da</strong>s sesmarias para : Francisco Pinto , Pedro Góes , Ruy Pinto ,<br />
Francisco Pinto e Antonio Rodrigues – ( este último era também um<br />
português aqui encontrado , sendo companheiro de João Ramalho ) .<br />
Martim Afonso também inicia plantação de cana e determina<br />
a produção de açúcar naquele litoral vicentino . Para tanto planta cana e<br />
constroi o primeiro Engenho do Brasil , que recebeu o nome de “Madre de<br />
Deus”. Era de pequeno porte .<br />
As Terras de Piratininga – João Ramalho<br />
Antes de partir Martim para conhecer Piratininga, por<br />
convite de João Ramalho, subindo as serras avista<strong>da</strong>s, chama<strong>da</strong>s de<br />
“Muralha”, Martim Afonso ordena que uma outra nau , uma <strong>da</strong>quelas naus<br />
francesas apresa<strong>da</strong>s quando de sua chega<strong>da</strong> no nordeste , deva seguir para<br />
o reino. Vai levar noticias dos resultados de sua expedição para seu Rei de<br />
Portugal. A nau vai seguir tendo como coman<strong>da</strong>nte seu irmão Pero Lopes<br />
de Souza , já regressado <strong>da</strong> expedição realiza<strong>da</strong> no Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Depois , em 9 de Outubro , partindo via rio Cubatão , Martim<br />
Afonso vai atingir as fral<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Serra de Paranapiacaba . Em 10 de Outubro<br />
irá subir aquela serra utilizando-se do difícil e depois famoso “Caminho<br />
dos Índios”.<br />
Transpõe a serra e chega em sua parte superior , sempre com<br />
muita dificul<strong>da</strong>de . Em segui<strong>da</strong> atinge o planalto e entende por que a região<br />
de Piratininga era chama<strong>da</strong> de “Campos de Piratininga ” . Ali praticamente<br />
não existiam grandes matas fecha<strong>da</strong>s ou florestas , mas sim campos<br />
forrados por vários tipos de gramas e capins , entremeados de grandes<br />
arvores e bordejados pelas matas cerra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> serra de Paranapiacaba .<br />
Martim Afonso chega e vai pousar na casa de João<br />
Ramalho. Aproveita o momento para <strong>da</strong>r posse, em nome do Rei de<br />
Portugal, <strong>da</strong>s vastas extensões de terras que já eram ocupa<strong>da</strong>s por João<br />
Ramalho e sua gente. Deu-lhe ain<strong>da</strong>, antecipa<strong>da</strong>mente, o governo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
que estava em formação e que se chamaria Santo André <strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do<br />
Campo .<br />
Quando volta para São Vicente percebe a tentativa de<br />
algumas pessoas em menosprezar os indígenas . Não só recrimina mas<br />
proíbe terminantemente tais atitudes .<br />
Neste ínterim , João de Souza , aquele coman<strong>da</strong>nte que<br />
havia seguido para Portugal logo depois do apresamento <strong>da</strong>s naus francesas<br />
em Pernambuco, retorna então trazendo noticias e ordens reais .<br />
Estas diziam respeito as terras que o Rei de Portugal estava<br />
doando aos seus súditos como Capitanias Hereditárias . Entre outros<br />
donatários Martim Afonso e seu irmão haviam sido beneficiados .<br />
Entendendo que estas suas terras seguiam no rumo sul ,<br />
passando pela tribo dos “Itanhaens” , Martim Afonso determina a sua
devi<strong>da</strong> demarcação . Depois escolhe o local de sua futura sede que se<br />
chamaria : “Conceição de Itanhaem”.<br />
Recebe então noticias confirmando o massacre <strong>da</strong>queles<br />
primeiros 60 expedicionários , os quais coman<strong>da</strong>dos por Pero Lobo<br />
entraram pelo sertão tentando descobrir o ouro indicado pelo “Bacharel”.<br />
Eles , segundo informações dos tupis , realmente haviam sido mortos pelos<br />
índios Carijós. Na<strong>da</strong> poderia ser feito .<br />
A sua mis<strong>são</strong> básica no Brasil estava inteiramente realiza<strong>da</strong>.<br />
Assim retorna Martim Affonso de Souza para Portugal.<br />
Assalto de São Vicente por Espanhóis<br />
Anos depois , por volta de 1.537 , vários habitantes de origem<br />
espanhola foram expulsos <strong>da</strong> região do Rio <strong>da</strong> Prata pelos índios<br />
“Querandis” que lá habitavam.<br />
Coman<strong>da</strong>dos pelo espanhol Ruy Moschera vieram procurar<br />
refugio na região de São Vicente. Irão se estabelecer provisoriamente em<br />
Iguape. Ali encontraram o famoso “Bacharel” que por lá então estava<br />
vivendo , ao lado de índios e de alguns espanhóis .<br />
O primeiro dirigente brasileiro nomeado, Gonçalo Monteiro ,<br />
representando Martim Afonso de Souza o dono <strong>da</strong>quelas terras , soube do<br />
fato e vai até Iguape exigir a saí<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela gente espanhola . Mosquera o<br />
recebeu informando que aquelas terras em reali<strong>da</strong>de pertenciam ao seu rei<br />
de Espanha e que <strong>da</strong>li não sairiam . Gonçalo Monteiro insiste com sua<br />
posição e ameaça uso de força para a imediata retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela gente <strong>da</strong>s<br />
terras de Iguape .<br />
Mosquera , percebendo que na continui<strong>da</strong>de não poderia<br />
enfrentar os vicentinos , acaba se retirando . Porem não vai para muito<br />
longe . Vai ficar escondido nos matos existentes nas cercanias de São<br />
Vicente . Espera oportuni<strong>da</strong>de para atacar a ci<strong>da</strong>de . Isto não vai demorar<br />
muito , pois muitos dos vicentinos se afastavam <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de para trabalhos<br />
nos campos .<br />
Então Mosquera com os demais espanhóis , auxiliados pelos<br />
Carijós , tomam a pequena ci<strong>da</strong>de de surpresa . Ela , sem seus principais<br />
defensores, não tem tempo para reagir a altura . É praticamente presa pelos<br />
assaltantes muito rapi<strong>da</strong>mente . Aqueles espanhóis junto com os índios<br />
fazem a pilhagem de São Vicente . Queimam inclusive muitos documentos.<br />
( Por esta razão não é possível identificar com preci<strong>são</strong> as <strong>da</strong>tas de muitos<br />
acontecimentos <strong>da</strong> época ).<br />
Sabendo que não poderiam sustentar por muito tempo tal<br />
situação , Mosquera e seus comparsas fogem apressa<strong>da</strong>mente em barcos e<br />
canoas . Já sabem que os vicentinos , com certeza , estarão no seu encalço.<br />
Estão tão receosos que se tornam muito rápidos na fuga. Tão rápidos<br />
estavam que não param , nem para deixar os índios Carijós que os
acompanhavam em sua aldeia. Seguem todos diretamente para o Rio <strong>da</strong><br />
Prata .<br />
Historicamente foram os espanhóis que atacaram primeiro uma<br />
povoação paulista , apoiados que foram pelos índios Carijós .<br />
Depois, durante muito tempo , eles espanhóis irão muito reclamar<br />
dos ataques e revides dos bandeirantes .<br />
Necessi<strong>da</strong>de para Fun<strong>da</strong>ção de Santos<br />
To<strong>da</strong> aquela lavoura que agora vinha sendo realiza<strong>da</strong> junto a<br />
região <strong>da</strong> bacia marítima de São Vicente, bem como a procura do ouro de<br />
lavagem , realiza<strong>da</strong> nas margens dos seus rios , vai rapi<strong>da</strong>mente , por<br />
razões liga<strong>da</strong>s a movimentação de terras , assorear o canal existente que<br />
favorecia a navegação de navios .<br />
Ele anteriormente já não era muito profundo . Desta forma<br />
recebendo muita terra irá perder sua navegabili<strong>da</strong>de . Isto trará como<br />
conseqüência a impossibili<strong>da</strong>de para entra<strong>da</strong> de navios maiores por aquele<br />
local. Apenas pequenas embarcações por ali conseguiam passar .<br />
Com o rio assoreado, sem poder escoar normalmente suas<br />
águas , acontecerá como conseqüência um maior crescimento <strong>da</strong>s águas do<br />
canal , principalmente quando as enchentes <strong>da</strong>s marés naquele local . Por<br />
isto mesmo até algumas casas litorâneas estão sendo destruí<strong>da</strong>s por aquele<br />
aumento do volume <strong>da</strong>s águas marítimas . Isto vai trazer rapi<strong>da</strong>mente a<br />
decadência <strong>da</strong>quela orla de São Vicente .<br />
Os navios que ali chegavam eram obrigados a procurar outro<br />
porto . A solução foi a i<strong>da</strong> de to<strong>da</strong> navegação para o porto natural de<br />
Santos.. Ele que tinha maior profundi<strong>da</strong>de natural e alem do mais ficava<br />
muito pouco distante de São Vicente .<br />
Brás Cubas é quem dá início para o estabelecimento de to<strong>da</strong><br />
estrutura funcional para o novo porto . Isto ele consegue rapi<strong>da</strong>mente com<br />
apoio do segundo Administrador de São Vicente – Antonio de Oliveira .<br />
Então parte <strong>da</strong> população vicentina vai gra<strong>da</strong>tivamente se<br />
deslocando para a nova ci<strong>da</strong>de .<br />
Em 1545 , em recompensa aos esforços de Brás Cubas , Santos<br />
recebe sua qualificação como Vila .
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS e GOVERNOS GERAIS<br />
Motivos Para Criação <strong>da</strong>s Capitanias – Revoltados Tamoios : Problemas Gerados<br />
São Vicente e Governos Gerais –O Primeiro Governador Geral : Thomé de Souza<br />
Segundo Governador Geral : Duarte <strong>da</strong> Costa<br />
Motivos para Criação <strong>da</strong>s Capitanias.<br />
Portugal precisava ocupar efetivamente, sem mais delongas,<br />
to<strong>da</strong>s as terras brasileiras . Evitaria as invasões e a posse indevi<strong>da</strong> de<br />
nações estrangeiras. O regime de Capitanias, como forma de solução<br />
urgente para o problema político e administrativo <strong>da</strong> colônia <strong>da</strong> América ,<br />
foi determinado por um conjunto de fatores previamente analisados :<br />
1º- ) Portugal já havia experimentado o sistema nas suas ilhas do Atlântico<br />
com sucesso nos Açores ;<br />
2°-) A grande economia que este sistema possibilitaria para coroa<br />
portuguesa , tanto para posse definitiva como na colonização <strong>da</strong>s terras ;<br />
3º-) A possibili<strong>da</strong>de de demonstrar apreço e reconhecimento as pessoas<br />
muito dedica<strong>da</strong>s a nação e a coroa portuguesa .<br />
Assim foi bastante lógico que D. João III - chamado de<br />
“Colonizador” optasse pela implantação no Brasil <strong>da</strong>s Capitanias<br />
Hereditárias. Elas seriam hereditárias pois alem de permitir sua suces<strong>são</strong><br />
direta , seus donatários seriam chamados de “Governadores” ou de<br />
“Capitães–Mores”( <strong>da</strong>í o nome Capitania) , os quais teriam todos os<br />
poderes para nelas desenvolverem progresso, dentro do melhor<br />
aproveitamento possível <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s terras e <strong>da</strong>s gentes .<br />
As Capitanias foram constituí<strong>da</strong>s por “Cartas de Doação<br />
Real” , nas quais eram estipulados um certo numero de léguas para ca<strong>da</strong><br />
uma e sua jurisdição . Eram diferentes os tamanhos para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s<br />
Capitanias . Com esta Carta o Donatário poderia tomar a posse devi<strong>da</strong> e<br />
necessária de sua Capitania . Ela era hereditária pois poderia passar de pai<br />
para filho . Entretanto , o Donatário não era Proprietário <strong>da</strong>s terras , mas<br />
sim seu Possuidor , Administrador e Protetor .<br />
Para a coroa lusa caberia um quinto do ouro e <strong>da</strong>s pedras<br />
preciosas encontra<strong>da</strong>s , bem como o monopólio <strong>da</strong>s especiarias. Os direitos<br />
políticos dos colonos eram preservados, equiparados aos que tinham os<br />
portugueses na metrópole ( <strong>História</strong> <strong>da</strong> Civilização Brasileira – Sergio<br />
Buarque de Holan<strong>da</strong> – pg.93 )<br />
Desde 1534 e até 1536, D. João III dividiu o território<br />
brasileiro em 14 faixas de terra , to<strong>da</strong>s cortando horizontalmente o território<br />
do Brasil Colônia , indo desde litoral até a linha demarcatória do Tratado<br />
<strong>da</strong>s Tordesilhas . Eram 14 “Capitanias” e foram destina<strong>da</strong>s para 12<br />
donatários. Eles , por sua parte , deveriam distribuir sesmarias aos colonos,<br />
erigir vilas e povoações, abrir caminhos, campos para cultura, aplicar<br />
justiça e promover o desenvolvimento <strong>da</strong> igreja cristã .
As <strong>capitania</strong>s eram autônomas e politicamente<br />
descentraliza<strong>da</strong>s. Funcionavam independentes umas <strong>da</strong>s outras . Somente<br />
se ligavam diretamente com Portugal que as controlava .<br />
Na região Sul , que seria no futuro a Capitania de São<br />
Vicente e depois Província de São Paulo , objeto deste nosso trabalho, elas<br />
eram três, a saber:<br />
Capitania de Santo Amaro- com Pero Lopes de Souza;<br />
Capitania de São Vicente - com Martim Afonso de Souza ;<br />
Capitania de Santana – ain<strong>da</strong> com Pero Lopes de Souza.<br />
Entre to<strong>da</strong>s a de São Vicente foi a que mais progrediu. Com<br />
isto to<strong>da</strong>s demais ficavam ain<strong>da</strong> vulneráveis aos ataques e penetração de<br />
estrangeiros .As demais, com exceção de Pernambuco, poucos resultados<br />
efetivos apresentaram. Isto trará como conseqüência, em futuro bem<br />
próximo , a necessi<strong>da</strong>de para o termino <strong>da</strong> total independência <strong>da</strong>s<br />
Capitanias no Brasil .<br />
A Coroa portuguesa irá criar um Governo Geral para todo Brasil.<br />
Este governo coman<strong>da</strong>rá e supervisionará to<strong>da</strong>s as Capitanias . Ele terá sua<br />
sede na Capitania <strong>da</strong> Bahia que então vai desaparecer . Ela já havia tido sua<br />
posse recompra<strong>da</strong> pela coroa portuguesa junto ao seu donatário.<br />
A Revolta dos Tamoios – Problemas Gerados<br />
Apesar de seus progressos, alcançados com muito trabalho, a<br />
Capitania de São Vicente vinha sofrendo contínuos ataques dos Tamoios ,<br />
principalmente por aqueles que viviam no litoral de São Paulo . Eles<br />
assolavam fazen<strong>da</strong>s, matavam homens, capturavam mulheres e crianças .<br />
Roubavam o que podiam.<br />
A continui<strong>da</strong>de destes desmandos foi tão grande que São<br />
Vicente chegou até a convocar, por várias vezes , os habitantes do planalto<br />
de Piratininga para aju<strong>da</strong> no combate necessário .<br />
Esta luta, entretanto, vai levar anos sem a obtenção de uma<br />
solução final .<br />
Lembramos que os Tamoios , <strong>da</strong> raça Tupi , alem do litoral de<br />
São Paulo , com domínio desde Bertioga até o Rio de Janeiro , viviam<br />
também em parte do Vale do Paraíba , logo depois <strong>da</strong> atual ci<strong>da</strong>de de São<br />
José dos Campos . Por isto mesmo o Forte construído por Martim Afonso<br />
de Souza , em Bertioga foi reforçado , ao mesmo tempo em que se<br />
construía , não muito distante, um Fortim na ilha de Santo Amaro.<br />
Entretanto , em 1.557 centenas de Tamoios chegam em 70<br />
grandes canoas e rapi<strong>da</strong>mente investem contra Forte de Bertioga. Na<br />
ocasião ele era defendido pelos cinco filhos de Diogo Braga. Ao mesmo<br />
tempo a Colônia situa<strong>da</strong> ao lado do Forte é também ataca<strong>da</strong> e rapi<strong>da</strong>mente<br />
derrota<strong>da</strong>. Nesta ocasião muitos brancos e muitos índios amigos <strong>são</strong>
mortos. A colônia ao lado do Fortim foi em segui<strong>da</strong> inteiramente<br />
incendia<strong>da</strong>.<br />
Aquele Fortim <strong>da</strong> ilha de Santo Amaro na ocasião era<br />
coman<strong>da</strong>do por um alemão chamado Hans Stad ou Staden . Ele havia vindo<br />
para a América como capitão de uma nau espanhola que naufragara nas<br />
costas brasileiras. Após se salvar, por convite do Capitão- Mor de São<br />
Vicente , ele resolveu ficar. Foi posteriormente nomeado coman<strong>da</strong>nte<br />
<strong>da</strong>quele Fortim acima mencionado .<br />
Como conseqüência <strong>da</strong>quele ataque Tamoio, em que o Fortim<br />
também caiu , Hans Stad vai ficar preso durante 8 longos meses dentro <strong>da</strong><br />
aldeia dos Tamoios . Ali ele tem oportuni<strong>da</strong>de de assistir a morte de dois<br />
filhos de Diogo Braga , bem como de vários índios amigos dos<br />
portugueses.<br />
Finalmente um dia Hans consegue fugir dos Tamoios . Não<br />
ficará mais na América. De volta para Alemanha vai escrever um livro<br />
narrando suas aventuras e desventuras aqui ocorri<strong>da</strong>s .<br />
A revolta dos Tamoios ain<strong>da</strong> vai durar mais um tempo .<br />
São Vicente e os Governos Gerais<br />
As <strong>capitania</strong>s não estavam alcançando sozinhas todos<br />
resultados esperados.<br />
Portugal , mediante “Carta Regia , de 7 de Janeiro de 1.559” ,<br />
institui o regime de Governo Geral para o Brasil . Ele terá sua sede na<br />
Bahia , onde a posse e os direitos <strong>da</strong>s terras <strong>da</strong> anterior <strong>capitania</strong> , como já<br />
informado , haviam sido adquiri<strong>da</strong>s pela Coroa de seus legítimos herdeiros.<br />
O Primeiro Governador Geral - Thomé de Souza é primo de Martim<br />
Afonso de Souza . Ele vai chegar ao Brasil e tomar posse em 29 de Março<br />
de 1.559. Terá como mis<strong>são</strong> :<br />
1- Dinamização de pontos que Portugal entendia como indispensáveis<br />
(ca<strong>da</strong> <strong>capitania</strong> teria suas priori<strong>da</strong>des) ;<br />
2- Criar possibili<strong>da</strong>de de melhor defesa com união de to<strong>da</strong>s as <strong>capitania</strong>s<br />
sob um só governo ;<br />
3- Enobrecer e dinamizar as pessoas <strong>da</strong> colônia ;<br />
4- Desenvolver os negócios <strong>da</strong>s Capitanias ;<br />
5- Reprimir possíveis abusos dos donatários e garantir colonos contra<br />
possíveis tiranias ;<br />
Em sua companhia Thomé de Souza trouxe uma pequena<br />
equipe de administradores e cinco jesuítas . Estes últimos <strong>são</strong> os primeiros<br />
de sua Ordem a pisar no pais .<br />
O novo Governados Geral vai enviar, logo depois de sua<br />
chega<strong>da</strong> , seus funcionários inspetores para São Vicente , em uma flotilha<br />
coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Pero Góes . Nela ain<strong>da</strong> estarão o Provedor Mor - Antonio
Cardoso e o Ouvidor Mor - Pedro Borges . Irão verificar o an<strong>da</strong>mento<br />
administrativo de São Vicente . Por isto mesmo ficam naquela região<br />
algum tempo . Não muito. Não encontraram problemas e/ou deficiências .<br />
Logo depois retornam para Bahia .<br />
Somente três anos mais tarde Thomé de Souza virá até São<br />
Vicente. Trará em sua companhia Manoel de Nóbrega . Chega e vai<br />
tomando decisões importantes :<br />
1- Aprova a fun<strong>da</strong>ção de Santos e a criação de sua Alfândega ;<br />
2 - Autoriza a fun<strong>da</strong>ção de Itanhaem e ordena que ali se deva reunir as<br />
pessoas que ficavam soltas por todo aquele litoral sul . Entendia que<br />
reunidos teriam mais força para as defesas necessárias .<br />
No dia 8 de Abril sobe a Serra do Mar e visita João Ramalho<br />
em Santo André <strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do Campo . Nesta ocasião ela é eleva<strong>da</strong> de<br />
Povoação para Vila . Solicita que todos habitantes <strong>da</strong> região , também<br />
muito espalhados pelos campos , que fiquem mais chegados a Vila .<br />
Finalmente , antes de regressar para São Vicente entrega o titulo de<br />
“Alcaide-Mor” para João Ramalho .<br />
Deixa ordens definitivas para que seja interrompi<strong>da</strong> a famosa<br />
“Estra<strong>da</strong> de Comunicação” , que existia entre esta Capitania e o Paraguai .<br />
Ela era utiliza<strong>da</strong> até então, inclusive no trecho final existente no noroeste<br />
do Paraná , sendo até indica<strong>da</strong> pelo grande explorador espanhol “Cabeça<br />
de Vaca”. Ele dela se utilizou parcialmente quando passou pelo sul<br />
brasileiro .<br />
Segundo Governador Geral - Duarte <strong>da</strong> Costa .<br />
Chegou em 13 de Junho de 1.563 , sendo acompanhado de 16<br />
jesuítas , sendo um deles José de Anchieta . Logo depois de instalado na<br />
Bahia , por sua ordem , o Padre Leonardo Nunes virá para o Sul . Vai<br />
fun<strong>da</strong>r o “Colégio de São Vicente” e supervisar o ensino <strong>da</strong>s crianças .<br />
Nesta mesma ocasião Manoel de Nóbrega envia para São<br />
Vicente seis religiosos , entre eles José de Anchieta . Em pouco tempo este<br />
numero de catequistas deverá aumentar muito .<br />
Os Jesuítas foram distribuídos por vários locais <strong>da</strong> <strong>capitania</strong> .<br />
Muitos deles sobem a Serra do Mar para trabalhos junto aos indígenas de<br />
Piratininga que ali estavam coman<strong>da</strong>dos por Tibiriçá e Cayubi.
FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO – SUA EXPANSÃO<br />
Primeiros Passos- O Terceiro Governador Geral /Mem de Sá – A Primeira Fabrica de Aço <strong>da</strong>s Américas –<br />
Comentários – Assalto e Luta em Piratininga- Pacificação dos Tamoios = Pacificação dos Tupis –As Boas<br />
Consequências deste Acordo de Paz .<br />
Primeiros Passos<br />
Manoel <strong>da</strong> Nóbrega entendia que as terras eleva<strong>da</strong>s de<br />
Piratininga seriam ótimas para expandir a catequese no sul do Brasil . Para<br />
lá já existia uma continua corrente de emigração de colonos saídos <strong>da</strong><br />
população que vivia no litoral .<br />
Em assim sendo , para Piratininga partiram , nos primeiros<br />
dias Janeiro de 1.554 , treze religiosos jesuítas sob a direção de Padre Paiva<br />
, estando entre eles José de Anchieta .<br />
Machado d’Oliveira , em seu livro “Província de São Paulo –<br />
fl.41 , relata : -<br />
“Chegados os padres ao Campo , e fitando na formosa miragem<br />
do pais que ante eles se distendia , fizeram para<strong>da</strong> nas alturas sobranceiras<br />
do Rio Tamanduatei e do Ribeiro de Anhangabaú , e ali levantaram uma<br />
rústica construção para seu abrigo , em que posteriormente celebrou-se<br />
missa a 25 de Janeiro de 1554 , dia <strong>da</strong> conver<strong>são</strong> de São Paulo . Daí saiu o<br />
nome <strong>da</strong> povoação ....e convi<strong>da</strong>ram Tibiriçá e Cayubi para que , com suas<br />
tribos, viessem levantar seus alojamentos nas vizinhanças <strong>da</strong>quele sitio ....<br />
estabelecendo-se Tibiriçá no local em que vê-se hoje o Mosteiro de São<br />
Bento ...”<br />
Rapi<strong>da</strong>mente a ci<strong>da</strong>de vai se expandir , concorrendo para tanto a<br />
vin<strong>da</strong> colonos de Santo André e <strong>da</strong>s vilas <strong>da</strong> beira mar . Em breve a<br />
população constrói mais acura<strong>da</strong>s habitações . O clima agradável do<br />
planalto atraia novos moradores .<br />
O crescimento de São Paulo trouxe uma rivali<strong>da</strong>de com Santo<br />
André <strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do Campo . João Ramalho lutava para expandir sua vila e<br />
informava que ela se fortalecendo seria grande apoio para São Paulo .<br />
Mesmo por que , estando na bor<strong>da</strong> <strong>da</strong> mata , era excelente vigia e defesa<br />
contra possíveis ataques dos índios Tapuias .<br />
Com o tempo a situação ficou muito difícil para João Ramalho ,<br />
pois os jesuítas se puseram definitivamente contra a existência <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de<br />
de Santo André. Alegavam que seus habitantes não adotavam a catequese e<br />
que praticamente viviam sem as leis de Deus . Existia ali promiscui<strong>da</strong>de .<br />
Esta conten<strong>da</strong> foi crescendo e vai ter seu desfecho em 1.560 .<br />
Terceiro Governador Geral - Mem de Sá - .<br />
Graças aos veementes e contínuos protestos , totalmente<br />
injustificados , dos jesuítas de Piratininga contra Santo André , por falta de<br />
melhor conhecimento <strong>da</strong> situação e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de na região, Mem de Sá<br />
decreta a transferência de todos os habitantes de Santo André <strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do
Campo para São Paulo . Alem do mais determina que a ci<strong>da</strong>de de Santo<br />
André deveria ser inteiramente destruí<strong>da</strong> .<br />
Todos os excelentes serviços prestados por João Ramalho<br />
foram completamente esquecidos . O Foral de Vila de Santo André foi<br />
assim transferido para a ci<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelos jesuítas . Ela que toma então<br />
o nome de São Paulo de Piratininga em 1560 . João Ramalho não vai ficar<br />
em São Paulo . Vai seguir em frente e se estabelecer no Vale do Paraíba .<br />
Logo depois Mem de Sá vai chegar em São Paulo . Para tanto ,<br />
saindo de São Vicente , tomou o caminho que sobe através <strong>da</strong> Serra de<br />
Paranapiacaba ( em tupi – “lugar de onde se vê o mar” ) . Entendeu então<br />
que deveria ser realizado uma nova estra<strong>da</strong> para facilitar tanto viajantes<br />
como o transporte de mercadorias . A “Muralha , como era chama<strong>da</strong> aquela<br />
serra , era quase intransponível . Precisava de guias e de muito esforço para<br />
ser transposta .<br />
Alem do mais , pelo seu traçado uma nova estra<strong>da</strong> poderia evitar<br />
as embosca<strong>da</strong>s, nota<strong>da</strong>mente dos Carijós . Neste sentido determinou que o<br />
novo caminho deveria seguir uma trilha que José de Anchieta já conhecia .<br />
Alem do mais o jesuíta ain<strong>da</strong> se dispunha a dirigir os serviços de sua<br />
abertura . O que foi excelente .<br />
Mem de Sá também ordena a parti<strong>da</strong> para o sertão de uma<br />
primeira Bandeira para procurar ouro . Os colonos haviam encontrado este<br />
metal precioso junto as margens de córregos e riachos .<br />
Ela foi chefia<strong>da</strong> por Luiz Martins . Por algum tempo a procura<br />
do ouro foi infrutífera . No entanto , a duas léguas de Piratininga , o acaso<br />
apresentou com muita facili<strong>da</strong>de o ouro procurado . Ele foi encontrado em<br />
muito boa quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de junto ao do Pico do Jaraguá . Era o<br />
chamado Ouro de Lavagem .<br />
Primeira Fundição de Ferro / Aço nas Américas<br />
Pouco depois de ser descoberto ouro no Pico do Jaraguá ,<br />
Afonso Sardinha , um dos pesquisadores e mineradores <strong>da</strong>quele local ,<br />
agora chefiando uma outra bandeira vai seguir para a região de Sorocaba ,<br />
interior de São Paulo . Vai em busca de ouro e minerais raros que ali<br />
diziam existirem boa quanti<strong>da</strong>de . Havia sido informado pelos índios Tupis.<br />
Então encontra a região indica<strong>da</strong> e chega na locali<strong>da</strong>de<br />
denomina<strong>da</strong> até hoje como Araçoiaba . Vai avistar uma grande montanha ,<br />
na reali<strong>da</strong>de a Serra de Araçoiaba, onde as pesquisas que irá efetuar irão<br />
indicacar enorme existência de minério , não de ouro mas de ferro . De<br />
excepcional quali<strong>da</strong>de . A quanti<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele minério de ferro foi<br />
considera<strong>da</strong> incalculável . Um absurdo seu potencial para o conhecimento<br />
técnico <strong>da</strong> época . Uma “Serra de Ferro e Aço ” .<br />
Com aju<strong>da</strong> dos companheiros bandeirantes e dos índios que o<br />
acompanhavam , no local denominado Iperó ele ordena a formação e
administra a construção de uma fornalha para fundir ferro/aço ,<br />
praticamente a céu aberto . Ali seria implantado processo de fundição por<br />
calor direto . Para tanto madeira não faltaria , visto as florestas existentes<br />
em volta . A água necessária , também não faltaria . Por ali passava , bem<br />
ao lado , o rio Ipanema . A mão de obra para os serviços mais pesados ,<br />
como o corte de madeira e seu transporte até o local <strong>da</strong> fundição , seria<br />
trabalho dos Tupis , seus companheiros desta empreita<strong>da</strong> .<br />
Assim sendo , em 1561 , de acordo com estudos de Datação e<br />
pesquisas realiza<strong>da</strong>s pelo Depto. de Arqueologia - Universi<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo , com base nas provas de “Termo-Luminescência”, Afonso Sardinha<br />
consegue produzir , pela primeira vez em to<strong>da</strong>s as Américas , o Ferro /Aço<br />
<strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de . Logo depois o material é enviado para São Paulo .<br />
Posteriormente seguirá para Portugal .<br />
Então sua quali<strong>da</strong>de é reconheci<strong>da</strong> , por todos técnicos e em<br />
todos lugares por onde passa , como sendo a melhor possível .<br />
Infelizmente um grande projeto para exploração do metal não<br />
prosperou de imediato, pois o mercado consumidor do país seria muito<br />
pequeno naquele momento . Entretanto , no mesmo local existiram , em<br />
seqüência e durante muitos anos , varias fundições de pequeno porte<br />
produzindo as poucas coisas importantes para o pais naquelas épocas .<br />
Nossa Observação / Comentário:<br />
Somente depois de 1.800 acontecerão melhores pesquisas e<br />
levantamentos para efetiva implantação de uma Grande Siderúrgica no<br />
local . Antes disto, ain<strong>da</strong> em Iperó, apareceram pequenas empresas<br />
produtoras de ferro e aço . Entre elas as de Pedro de Souza e de Martim<br />
Garcia Lumbria .<br />
Em 1.765 , o paulista Domingos Ferreira Pereira associado com<br />
Antonio Lopes de Azevedo e com o Capitão José Jacinto de Abreu ,<br />
providenciarão achega<strong>da</strong> de aprimoramentos técnicos .<br />
Então , em 1.803 outro paulista , Francisco Ribeiro de Andrade<br />
vai efetuar a transferência definitiva <strong>da</strong>s acanha<strong>da</strong>s instalações de Ipero<br />
para o atual local – Ipanema , ao lado <strong>da</strong> Serra de Araçoiaba , a grande<br />
fonte de minério situa<strong>da</strong> a céu aberto. Ali serão instalados na ocasião Três<br />
(3) Alto Fornos Castelhanos ( podem ser vistos até hoje)<br />
Ipanema vai se desenvolver antes do Primeiro Império . Isto irá<br />
acontecer uma vez que o Governo de D. João VI vislumbra a<br />
potenciali<strong>da</strong>de do mercado internacional. Ele resolve que ocorra<br />
investimentos majoritários do Governo , tendo ain<strong>da</strong> participação de<br />
pessoas <strong>da</strong> sua Corte. Assim é determinado e aprova<strong>da</strong> a construção de<br />
uma Grande Siderúrgica do porte em Ipanema . Este local é bem próximo<br />
onde Afonso Sardinha fundiu o primeiro ferro/aço <strong>da</strong>s Américas .
O projeto inicial , pertencia a Luiz Guilherme Varnhagen ,<br />
porem logo no início a construção vai ficar a cargo do sueco Gustavo<br />
Hedberg . Depois de dois anos de trabalho , não alcança bons resultados na<br />
implantação , nem na<strong>da</strong> consegue produzir . Ele é demitido .<br />
Bons resultados somente chegarão com as reformas e a boa<br />
direção do Visconde de Porto Seguro , ain<strong>da</strong> no século XIX . Então a<br />
Companhia de Aços de Ipanema vai produzir com de alta quali<strong>da</strong>de durante<br />
muitos anos , inclusive fabricando canhões para a Guerra do Paraguai .<br />
Ipanema se torna ponto importante do desenvolvimento nacional .<br />
D. Pedro II chega a visitar o local . Depois aprova expan<strong>são</strong> e atualização<br />
de seus equipamentos, pois isto seria necessário para acompanhar a<br />
evolução <strong>da</strong> siderurgia mundial .<br />
Logo depois surge a Republica .<br />
Quando chega a Republica , sem maiores explicações ou<br />
tentativas de ajustamento aos possíveis e necessários avanços técnicos ,<br />
advindos com o progresso , Ipanema é fecha<strong>da</strong> . Sem mais ... nem menos !<br />
De repente parou. Fechou a “Real Fabrica de Aços de São João de<br />
Ipanema”. Ficou tudo como estava , porem sem movimentação, sem<br />
produção . So gerando custos ! Obviamente.<br />
Ao que tudo indica o governo republicano não desejava<br />
prestigiar uma empresa feita no império , tendo ain<strong>da</strong> participação<br />
acionária, ain<strong>da</strong> que minoritária, de conservadores e nobres .<br />
Lá continua existindo muito bem preserva<strong>da</strong> to<strong>da</strong> sua estrutura :<br />
- Aciaria , as Locomotivas de Transporte , seus Trilhos , A Forjaria , os<br />
Fornos Castelhanos , a <strong>Casa</strong> <strong>da</strong> Manutenção, a <strong>Casa</strong> <strong>da</strong> Administração onde<br />
pousou D. Pedro II, As Grandes Oficinas , as casa dos empregados , as<br />
ruas , as arvores e tudo mais . Pode ser visto sem problemas . Até hoje .<br />
O lugar é lindo e florido , com as águas do lago e do rio muito<br />
límpi<strong>da</strong>s .<br />
Quando a Republica acor<strong>da</strong> e resolve novamente produzir ferro<br />
e aço , depois de II ª Guerra Mundial , vai instalar em Volta Redon<strong>da</strong> sua<br />
Siderúrgica Nacional, bem longe <strong>da</strong>s minas fornecedoras do minério ,<br />
obrigando a vir por trem o minério necessário , de Minas Gerais ,<br />
percorrendo centenas e centenas de quilômetros , criando custos absurdos .<br />
Hoje Ipanema e to<strong>da</strong> sua grande área industrial , com tudo que<br />
lá existe , saiu do Ministério <strong>da</strong> Industria e passou para o Ibama – Orgão<br />
governamental que cui<strong>da</strong> de agricultura e preservação . Qual a razão ?<br />
Nem em Ipanema foi possível obtermos respostas.<br />
Assim continua até hoje . Agora cheia de casa e cheia de<br />
pessoas que an<strong>da</strong>m por lá . Parece mais uma colônia de férias !?!?. Uns<br />
olhando para outros... que olham para os campos ...que sentam nos bancos<br />
debaixo <strong>da</strong>s arvores ... que recebem gente em passeios ao redor do seu<br />
lindo lago azul .
Enquanto isto aquela enorme montanha de ferro a céu aberto<br />
continua esperando . Não se sabe o que , nem se sabe por que . Nem<br />
quando . Nem sabemos qual governo <strong>da</strong> republica tomará iniciativa. .<br />
Sinal dos tempos .<br />
Assalto e Luta em Piratininga<br />
Voltando ao passado :<br />
Nesta mesma época do Terceiro Governo Geral , uma hor<strong>da</strong> de<br />
índios rebelados hostilizava os habitantes <strong>da</strong> vila de Piratininga e ain<strong>da</strong> as<br />
região marginais do Rio Tietê . Mem de Sá ordenou saí<strong>da</strong> de expedição<br />
arma<strong>da</strong> para por fim aqueles desmandos. Anchieta fez parte desta<br />
expedição que navegou até Porto Feliz , parando em segui<strong>da</strong> junto a<br />
cachoeira de Avanhan<strong>da</strong>va . Não encontrando resistência , nem os<br />
atacantes , voltou .<br />
O crescimento rápido de Piratininga produzia contrastes e<br />
diferenças entre brancos e índios , o que era natural . Criava mesmo até<br />
animosi<strong>da</strong>des inicialmente . Por esta situação uma parte dos índios de São<br />
Paulo vai se afastar e se instalar em duas aldeias novas , as quais se<br />
tornaram posteriormente sesmarias de São Paulo. Uma na região de<br />
Pinheiros e outra em São Miguel . Estas sesmarias , tempos depois ,<br />
ficaram integra<strong>da</strong>s a ci<strong>da</strong>de que crescia e se tornaram bairros de São Paulo.<br />
Muitos dos índios Tupis naquela época começaram a fugir de<br />
Piratininga , por várias razões :<br />
A- Os descomunais trabalhos que os colonos deles então exigiam ;<br />
B- Sua grande maioria fun<strong>da</strong>mentalmente detestava a aplicação <strong>da</strong> doutrina<br />
<strong>da</strong> catequese ;<br />
C- Eles eram guerreiros orgulhosos e indômitos que não se sujeitavam aos<br />
padres;<br />
D- Alguns ain<strong>da</strong> nutriam ressentimentos pela per<strong>da</strong> de suas terras ,<br />
nota<strong>da</strong>mente de Santo André <strong>da</strong> Bor<strong>da</strong> do Campo .<br />
Assim , muitos deles vão se unir sob comando de Ururay ,<br />
irmão de Tibiriçá, na região de São Miguel Paulista . Logo todos os<br />
Tamoios começaram a <strong>da</strong>r apoio a estes guerreiros .<br />
Os padres souberam do fato . Antes de serem atacados<br />
levantaram paliça<strong>da</strong>s ao redor <strong>da</strong> vila . Recrutaram colonos e aqueles<br />
indígenas em que realmente confiavam .<br />
A 10 de Julho de 1562 São Paulo de Piratininga foi<br />
violentamente assalta<strong>da</strong>. Resistiu bravamente , apoia<strong>da</strong> que foi por Tibiriçá<br />
e pelos apelos contínuos dos religiosos . Durante dois dias ficou<br />
inteiramente sitia<strong>da</strong> . Lutou bravamente .<br />
Depois os assaltantes se retiraram . Entretanto , eles deram<br />
devastação nos locais fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , onde muitos dos colonos viviam .
Os Tamoios sabendo do ocorrido se rebelaram com esta<br />
impossibili<strong>da</strong>de de vitória e começaram atacar os povoados do litoral . Eles<br />
também ain<strong>da</strong> se ressentiam dos ataques e contra ataques constantes dos<br />
habitantes de São Vicente . Existia na ocasião muita luta e pouca paz .<br />
Pacificação dos Tamoios gera Pacificação Geral com os Tupis<br />
Os contínuos ataques dos Tamoios agora estavam trazendo<br />
continuas e maiores preocupações em to<strong>da</strong> Capitania de São Vicente .<br />
Ficava claro que o ponto crucial e definitivo para o progresso<br />
de Piratininga seria a pacificação dos Tamoios, pois deles vinha<br />
continua<strong>da</strong>mente o maior perigo .<br />
Para tanto Manoel de Nóbrega e Anchieta , que neste tempo já<br />
falava razoavelmente bem a língua tupi – depois chama<strong>da</strong> de “Língua<br />
Geral” – vão procurar contato com aqueles indígenas. Saem em busca dos<br />
chefes Tamoios . Saem em busca de um acordo de paz .<br />
Seguem , partindo de São Vicente , em Maio de 1.564 , para o<br />
litoral paulista de Ubatuba , grandemente ocupado pelos Tamoios . Vão ser<br />
levados até lá pelo navio de José Adorno . Quando chegam ao destino <strong>são</strong><br />
cercados por centenas de canoas .<br />
Querem e conseguem encontro especifico com Caoquira ,<br />
cacique <strong>da</strong> tribo Iperohy / Tamoios . Ele os recebe em sua oca com<br />
respeito e todo conforto . A noticia <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> dos missionários corre<br />
rapi<strong>da</strong>mente . Então vão chegar quase 100 pirogas , enfeita<strong>da</strong>s com pena .<br />
Eram destina<strong>da</strong>s para Guerra. Logo depois chega o Chefe Pindobuçu que se<br />
revelou amigo dos padres . Mais um dia decorrido e chega o importante<br />
Aimberê .<br />
Então demonstrando movimentos de paz os jesuítas explicam o<br />
grande interesse de paz a ser mantido entre índios e brancos . Chegam com<br />
muito respeito até os Chefes indígenas .<br />
Depois de algum tempo e de cerimônias , fazem oferta de um<br />
acordo definitivo . Vários outros chefes de tribos Tamoios que estavam<br />
presentes também ouviram a oferta de paz.<br />
Para um deles a proposta não foi aceita inicialmente . Era<br />
Aimberê, um dos chefes. Ele falava de vingança contra os brancos. Ele<br />
também queria que três dissidentes de sua tribo , refugiados em São<br />
Vicente , fossem devolvidos ao seu controle.<br />
Esta condição não foi aceita nem em principio , pois os jesuítas<br />
pressentiram que existiria morte para aqueles homens . Entendiam ain<strong>da</strong> ,<br />
antes de mais na<strong>da</strong> , que tal exigência deveria ser ouvi<strong>da</strong> pelos dirigentes<br />
de São Vicente .<br />
Pedem para realizar , por carta , um contato com os vicentinos .<br />
Este pedido dos jesuítas foi aceito e eles puderam escrever e solicitar novos
termos com propostas de paz , bem com pedir que fosse nega<strong>da</strong> a preten<strong>são</strong><br />
de entrega dos dissidentes por São Vicente . Custasse o que custasse .<br />
A resposta dos vicentinos não vai demorar . Veio logo . Era a<br />
solicitação de regresso dos jesuítas para São Vicente , visando realização<br />
de uma Conferência para acerto de bases . Os Tamoios concor<strong>da</strong>ram com a<br />
i<strong>da</strong> de Nóbrega , desde que um deles ficasse retido como refém . Então<br />
Anchieta , que falava a “Língua Geral” e tinha boa amizade com os índios ,<br />
foi o escolhido para ficar retido .<br />
Uma comitiva de Tamoios , com Aimberê e Cunhambebe , vai<br />
seguir para São Vicente juntamente com Nobrega .<br />
Durante longos meses Anchieta fica só com os Tamoios.<br />
Segundo consta aproveita para escrever o “Poema <strong>da</strong> Virgem Maria”<br />
Depois deste tempo Nóbrega retorna com outras ofertas , muito<br />
mais amplas e considera<strong>da</strong>s melhores para se estabelecer a paz definitiva .<br />
Entretanto , nelas não se encaixava o pedido de extradição <strong>da</strong>queles<br />
refugiados em São Vicente .<br />
Notando que tais ofertas agra<strong>da</strong>vam a grande maioria dos<br />
indígenas e chefes <strong>da</strong>s demais tribos , Aimberê e Cunhambebe irão acabar<br />
concor<strong>da</strong>ndo com a mesma .<br />
A Paz é finalmente estabeleci<strong>da</strong> com os Tamoios .<br />
A Paz por conseqüência é estabeleci<strong>da</strong> com todos Tupis .<br />
Este fato será decisivo para a amizade dos Paulistas com os<br />
Tupis , a miscigenação posterior <strong>da</strong>s raças , a formação <strong>da</strong>s Bandeiras e a<br />
luta continua contra os Tapuias .<br />
As Boas Conseqüências deste Acordo de Paz<br />
Praticamente depois deste Ato de Pacificação com os Tamoios<br />
todos os índios de raça Tupi, tanto os Tamoios como os Tupiniquins e<br />
Guaiánases , entre outros , vão parar as guerras e disputas contra os colonos<br />
vicentinos paulistas . Receberiam logo depois ferramentas de ferro<br />
(machados, facas, anzóis, etc.) importantes para sua vi<strong>da</strong> e seu<br />
desenvolvimento .<br />
Eles Tupis , de agora em diante , vão ser apoiados pelos<br />
vicentinos paulistas nas suas lutas eternas contra seus inimigos Tapuias .<br />
Os Bandeirantes de São Vicente e Piratininga irão , com os<br />
seus aliados Tupis , penetrar em novas regiões e aprisionar quando<br />
necessário seus eternos inimigos , os Tapuias .<br />
Este decisivo apoio de todos Tupis permitirá que os<br />
Bandeirantes Paulistas rapi<strong>da</strong>mente desbravem e tomem territórios <strong>da</strong><br />
Espanha , principalmente antes de 1.640 , quando estarão procurando ouro<br />
e capturando índios Tapuias , também muito necessários as Usinas de<br />
Açúcar do Nordeste . Eles que serão comprados pelos usineiros <strong>da</strong>quela<br />
região.
A União Ibérica assim permitia . É preciso lembrar que com a<br />
morte do rei D. Sebastião o Brasil a partir de 1.580 vai passar a ser<br />
espanhol , com o reinado de Felipe II . Isto vai durar até 1.640 .<br />
Então , como conseqüência desta anexação , vão inicialmente os<br />
bandeirantes tomar vastíssimas regiões , tanto na região do Sul como para o<br />
lado do Oeste . Tudo então eram terras de Espanha .<br />
Depois , através <strong>da</strong> crescente e continua miscigenação, os<br />
Bandeirantes com seus filhos e os filhos <strong>da</strong> miscigenação chamados<br />
“Mamalucos” , vão ter gente suficiente para ocupar definitivamente aquelas<br />
áreas toma<strong>da</strong>s com muita luta . Elas que continuarão sendo amplia<strong>da</strong>s por<br />
eles mesmo após o término <strong>da</strong> União Ibérica .<br />
A Capitania de São Vicente , depois Província de São Paulo ,<br />
vai se expandir de forma continua .<br />
Quem vai ganhar com tudo isto será o Brasil , pois a União<br />
Ibérica permitia inicialmente a entra<strong>da</strong> dos brasileiros em terras de<br />
Espanha. Quando termina a União Ibérica os espanhóis desejam seus<br />
territórios tomados de volta. Isto não irá acontecer por força dos<br />
bandeirantes .<br />
Somente muito depois , com o Tratado de Madrid é que ficará<br />
determinado que to<strong>da</strong>s as terras , inclusive aquelas toma<strong>da</strong>s pelos<br />
paulistas, ficarão a partir de 1750 , com o povo que já estava naquelas<br />
terras. Em nosso caso , com os paulistas . Isto, de uma forma ou de outra<br />
acabará sendo ratificado por outros tratados seqüentes ( El Pardo , Santo<br />
Ildefonso) .<br />
Assim , as regiões inicialmente toma<strong>da</strong>s pelos bandeirantes<br />
com amplo apoio dos Tupis ficarão definitivamente com nossa gente . Eles<br />
conquistaram e ganharam até aquele tempo (1680) to<strong>da</strong> imensa região que<br />
hoje é forma<strong>da</strong> pelos estados do Paraná , de Santa Catarina , do Rio Grande<br />
do Sul , de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso , de Goiás , de Tocantins e<br />
as partes sul , oeste e centro de Minas Gerais. Tomaram até o Uruguai que<br />
depois foi perdido na chama<strong>da</strong> “Guerra Cisplatina” .<br />
Alem do mais, já naquela época , sem outras maiores<br />
preocupações e com os Tupis ao seu lado .<br />
Assim foi até possível aju<strong>da</strong>r a expul<strong>são</strong> definitivamente <strong>da</strong>s<br />
tropas francesas que estavam na Guanabara .<br />
To<strong>da</strong> epopéia dos bandeirantes é detalha<strong>da</strong> a seguir nos<br />
próximos capítulos .
PRIMEIROS PAULISTAS – FORMAÇÃO DE UM POVO<br />
Dificul<strong>da</strong>des dos Primeiros Imigrantes – Os do Século XIX e XX – Os que vieram do século<br />
XVI e XVII- Primeiros Paulista: Locais de Origem –Fecundi<strong>da</strong>de e longevi<strong>da</strong>de – Razão <strong>da</strong><br />
Não Participação dos Africanos – A Socie<strong>da</strong>de Paulista na Capitania – Suas <strong>Casa</strong>s , Terras e<br />
Fazen<strong>da</strong>s – Homogenei<strong>da</strong>de de Princípios .<br />
Afinal qual a razão para uma pessoa ou um grupo de pessoas<br />
mu<strong>da</strong>r de ci<strong>da</strong>de , de região , de país ou de continente ? Podem existir<br />
muitas respostas , muitas mesmas , mas no final , na somatória <strong>da</strong>s razões<br />
to<strong>da</strong>s se concentram em uma só :-“ O desejo irresistível de Melhorar de<br />
Vi<strong>da</strong>”.<br />
Nesta Melhoria de Vi<strong>da</strong> muitas coisas estão liga<strong>da</strong>s , estão<br />
dentro de um desejo que se liga com muitas coisas , tais como :- mais<br />
liber<strong>da</strong>de , mais possibili<strong>da</strong>de de desenvolvimento físico e espiritual ,<br />
possibili<strong>da</strong>des para adquirir terras , maior possibili<strong>da</strong>des e/ou<br />
potenciali<strong>da</strong>de de estudos para os filhos , melhor clima , alimentação mais<br />
fácil , fuga de perseguições políticas , religião , riqueza e muitas outras<br />
coisas mais . Ca<strong>da</strong> pessoa poderá citar várias outras razões mas no final<br />
teremos uma única somatória e ela vai preponderar : Melhoria de Vi<strong>da</strong> .<br />
Uma vez toma<strong>da</strong> a deci<strong>são</strong> a mu<strong>da</strong>nça irá acontecer .<br />
Com to<strong>da</strong> e absoluta certeza !<br />
Dificul<strong>da</strong>des dos Imigrantes – Comparações de Duas Épocas<br />
A - Imigrantes do Final do século XIX e do século XX –<br />
Analisando as imigrações para o Brasil ocorri<strong>da</strong>s no século XX<br />
e mesmo aquelas aconteci<strong>da</strong>s no final do século XIX , antes de mais na<strong>da</strong><br />
foi possível verificar que na<strong>da</strong> foi fácil . Principalmente tomar a deci<strong>são</strong> e<br />
deixar seus parentes, amigos e sua terra natal para viver em terra estranha e<br />
melhorar de vi<strong>da</strong> . Então , através de Contratos de Colonização feitos com<br />
o Governo de São Paulo, gente de vários paises <strong>da</strong> Europa seriam os<br />
primeiros imigrantes de língua estrangeira vindo para nossa terra .<br />
Tomaram um navio a vapor em um porto de seu pais ou no porto<br />
do país mais próximo.<br />
Chegaram em Santos depois de 20/25 dias de viagem .Mediante<br />
estes Contratos de Imigração, previamente acertados, foram transla<strong>da</strong>dos<br />
para São Paulo sendo devi<strong>da</strong>mente recebidos e hospe<strong>da</strong>dos em local<br />
apropriado dentro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de . Em uma Hospe<strong>da</strong>ria especialmente<br />
construí<strong>da</strong> para Imigrantes. Ali ficaram durante algum tempo para<br />
aclimatação , pequeno conhecimento de nossa língua e do trabalho que<br />
iriam realizar . Ain<strong>da</strong> experimentaram os alimentos <strong>da</strong> terra .<br />
Após este estagio , não muito longo , seriam enviados ,<br />
normalmente por Estra<strong>da</strong>s de Ferro, até as ci<strong>da</strong>des onde iriam trabalhar .<br />
Seriam recebidos por fazendeiros responsáveis por seu assentamento na
nova terra , pois todos contratos eram para agricultura . Foram depois<br />
encaminhados para suas casas , to<strong>da</strong>s iguais , dentro de um mesmo grande<br />
espaço chamado de “Colônia” . Todos teriam salários , alimentação paga<br />
para os primeiros anos , escolas para os filhos , assistência médica /<br />
espiritual e uma pequena área para suas plantações caseiras e próprias . O<br />
estado de São Paulo cui<strong>da</strong>va de seus imigrantes .<br />
Aqueles seus Contratos de Trabalho visavam inicialmente<br />
áreas agrícolas : - do Café , do Algodão , bem como <strong>da</strong> Cana de Açúcar.<br />
Tudo no começo sempre foi muito difícil . Principalmente em<br />
um país distante , com língua diferente . Porem com o tempo , apoio e<br />
trabalho foram ganhando respeito, amizades e dinheiro suficiente .<br />
Puderam então investir em negócios próprios . Deixaram de<br />
ser empregados por terceiros . Cresceram e aju<strong>da</strong>ram o Brasil a crescer .<br />
Tinham acima de tudo , desde o início , a vi<strong>são</strong> do progresso e<br />
a possibili<strong>da</strong>de de alcançá-lo em vi<strong>da</strong> .<br />
B- Aqueles que vieram nos primeiros tempos – séculos XVI e XVII<br />
Naquele tempo as imigrações foram realiza<strong>da</strong>s para toma<strong>da</strong> de<br />
posse <strong>da</strong> terra . Naquele tempo as pessoas com poder aquisitivo em<br />
Portugal e Espanha eram muito poucas e poucas vinham para o Brasil .<br />
Quando vinham era para cargos de alta importância , normalmente por<br />
determinação real .<br />
A maioria dos que para aqui veio era pobre , ou muito pobre .<br />
Dificilmente conseguiriam na sua terra natal galgar os degraus que separam<br />
a miséria <strong>da</strong> fortuna . Vieram tentando a Melhoria de Vi<strong>da</strong> e como<br />
conseqüência a possibili<strong>da</strong>de do enriquecimento . Entretanto , vieram<br />
também pessoas com nobreza mas sem dinheiro . Precisavam e desejavam<br />
criar um patrimônio . Assim os povoadores que chegaram para o planalto<br />
paulista naqueles tempos tinham origem em núcleos de pessoas muito<br />
resistentes , recrutados na regra que só imigram os fortes , os aventureiros ,<br />
os au<strong>da</strong>zes , os varonis , e os empreendedores com a alma satura<strong>da</strong> de<br />
coragem .<br />
Eram aqueles que lutariam por uma melhoria de vi<strong>da</strong> . Vieram na<br />
forma mais simples . Não tinham nenhuma garantia :<br />
- Tomaram um navio a vela , sem tempo determinado para chega<strong>da</strong> ao<br />
Brasil ;<br />
- Agüentaram 60 / 80 dias balançando no mar dentro <strong>da</strong>quelas antigas<br />
cascas de nozes ;<br />
- Resistiram durante todo aquele tempo com a alimentação semi podre<br />
do veleiro ;<br />
- Sofreram com falta de água fresca e de vegetais durante a travessia ;<br />
- Estavam sujeitos ao ataque de piratas , além de suportar fortes<br />
tempestades ;
- Muitos ficavam doentes e morreram nas viagens ou morreram em<br />
naufrágios ;<br />
- Ninguém os receberia no porto ;<br />
- Não tinham garantias de Contrato de Trabalho , nem casas para<br />
morar, nem na<strong>da</strong> garantido ;<br />
- Não tinham escolas , médicos e assistência alguma .<br />
Só tinham a alma cheia de esperança e vontade de vencer . Eram<br />
fortes realmente . Em tempo : Vieram pessoas simples ou nobres<br />
empobrecidos em busca de uma vi<strong>da</strong> melhor .<br />
Depois deste vestibular inicial os primeiros habitantes de São Paulo<br />
deveriam passar pela Prova Principal .<br />
Era condição “Sine Quae Non”: - Capaci<strong>da</strong>de de Lutar para Viver<br />
Então começava a outra seleção , quase militar :<br />
- Deveriam conseguir chegar até a Serra do Mar , tão íngreme que era<br />
chama<strong>da</strong> de “Muralha” ;<br />
- Depois com muito esforço subiriam a pé e algumas vezes mesmo de<br />
rastros. Com muito esforço e muito custo chegavam até o topo <strong>da</strong> Serra ;<br />
- Chegando no alto <strong>da</strong> Serra olhavam para o litoral e avistavam o mar<br />
de um local chamado Paranapiacaba ( lugar de onde se avista o mar , em<br />
tupi ). Então ali deveriam definitivamente esquecer as facili<strong>da</strong>des e o<br />
conforto <strong>da</strong>s praias e <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des do litoral ;<br />
-Para frente , até alcançar Piratininga , eram só campos e matos com o<br />
perigo continuo dos índios Carijós/Tapuias inimigos . Podiam surgir a to<strong>da</strong><br />
hora , naqueles 50 quilômetros de marcha obrigatória ;<br />
-Deviam estar sempre conscientes que poderiam ganhar ou perder ,<br />
inclusive a vi<strong>da</strong> . Deveriam estar sempre prontos para a luta , sem<br />
descanso, até o fim <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que poderia ser breve ou longa . Ninguém<br />
poderia prever;<br />
- Chegavam finalmente em São Paulo ou nas circunvizinhanças .<br />
Chegavam e ficavam sem eira nem beira. Na chuva fácil ou no frio comum<br />
Inicialmente se ajeitando como podiam em torno de uma fogueira com os<br />
companheiros de viagem , dentro de uma choupana de folhagens .<br />
- A Força <strong>da</strong> União <strong>da</strong>quela gente começava ali .- Depois seguiria com<br />
as Bandeiras - A partir de então perigo não faltaria :<br />
- Ficariam na mira dos bacamartes dos espanhóis ;<br />
- Dos trabucos dos jesuítas e <strong>da</strong>s flechas dos índios tapuias ;<br />
- Das feras ferozes , dos répteis e insetos peçonhentos ;<br />
- Das doenças tropicais .<br />
Muitos ficaram pelos caminhos . Sempre lutando .<br />
São Paulo deveria criar uma grande estatua para homenagear o<br />
“ Bandeirante Desconhecido”.
Primeiros Povoadores Paulistas – Locais de Origens<br />
Neste nosso pequeno trabalho não poderíamos deixar de<br />
nominar os primeiros povoadores de São Paulo . Foram eles que ,<br />
juntamente com João Ramalho , Tibiriçá e Cayubi , entre outros , nos<br />
primeiros anos fixaram as bases de nossa ci<strong>da</strong>de , depois de outras ci<strong>da</strong>des<br />
paulistas , de nossa Província e de muitas outras Províncias mais .<br />
Esta relação de pessoas é encontra<strong>da</strong> no livro – “ Raça de<br />
Gigantes” de Alfredo Ellis -paginas 126 , 127 , 128 e 129 .<br />
É indicado naquele trabalho a região de origem dos primeiros<br />
paulistas , do país de onde alguns vieram , e depois seus nomes .<br />
São eles os iniciais formadores <strong>da</strong> gente paulistana :<br />
I- Da Galícia : Jorge de Barros Fajardo , Gaspar Gonçalves de Araújo ,<br />
Dom Francisco de Lemos e Pedro Taques ;<br />
II- do Douro : Salvador Pires , Garcia Rodrigues e sua mulher Isabel<br />
Velho , Manuel Ferraz de Araújo , Braz Cubas , Antonio Cubas , Catharina<br />
Cubas , os Irmãos Gavas , Ma<strong>da</strong>lena Feijó de Madureira – mulher de<br />
Estevam Bayão e Sebastião Gil ;<br />
III – do Minho : João Maciel , Simão Jorge , Gonçalo Camacho , Pero<br />
Collaço , Estevam <strong>da</strong> Costa , Martim <strong>da</strong> Costa , Pero Araújo , Gonçalves<br />
Araújo , Catarina Araújo – Mulher de Valentim Pedroso – Leonor Siqueira<br />
de Araújo , Francisco Ribeiro e Manuel Francisco Pinto ;<br />
IV- de Trás –os- Montes : Baltazar de Moraes de Antas , Gaspar Vaz<br />
Guedes , Simão Borges de Cerqueira ;<br />
V- <strong>da</strong> Beira : Antonio de Proença , Paulo de Proença , Antonio Rodrigues<br />
de Miran<strong>da</strong> , Ruy Pinto , Francisco Pinto e sua mulher Rosa Vieira Pinto ,<br />
Antonio Pinto , Antonio Gomes Pereira , Isabel do Espírito Santo , Serafim<br />
Correa , José Magalhães Pereira ;<br />
VI – do Algarves : Pedro Vaz de Barros , Antonio Pedroso de Barros ,<br />
Sebastião de Freitas , Gonçalo Simões Chassim , Antonio Canto Mesquita ;<br />
VII – do Alemtéjo : João do Prado , Antonio Raposo – o Velho , Antonio<br />
Raposo Tavares , Diogo <strong>da</strong> Costa Tavares , Antonio Rodrigues de Almei<strong>da</strong><br />
, Manuel Fernandes Ramos , Francisco Rodrigues <strong>da</strong> Guerra , João<br />
Rodrigues Bejarano e sua mulher Margari<strong>da</strong> , Simão <strong>da</strong> Costa , João<br />
Pereira de Souza Botafogo , Manuel de Ávila , Lourenço Franco Viegas ,<br />
João Francisco Viegas , Francisco Miran<strong>da</strong> Tavares , Diogo Martins <strong>da</strong><br />
Costa e Luiz Cabral de Távora ;<br />
VIII- <strong>da</strong> Extremadura -: Domingos Dias e sua mulher Antonia Chaves ,<br />
Antonio Castanho <strong>da</strong> Silva e Maria Castanho – mulher de Rodrigues de<br />
Almei<strong>da</strong> , Francisco Rodrigues Penteado , Antonio Rodrigues de Almei<strong>da</strong>,
Balthazar Lopes Fragoso , Diogo de Aguirre , Isabel Rodrigues– mulher<br />
de Francisco Taques , Isabel Paes – Mulher de Pero Leme , Diogo <strong>da</strong><br />
Silva, Manuel Antunes Araújo , Manuel Branco , Francisco Branco ,<br />
Manoel Soeiro ,João de Barros Freire , Miguel Almei<strong>da</strong> Miran<strong>da</strong> ,<br />
IX – <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Estrela : João Ramalho , Domingos Cordeiro ,<br />
Valentim Correa , Constantino Coelho ;<br />
X- De Sevilha : Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Ribeira , Jussepe de Camargo ,<br />
Francisco Bonilha , e sua mulher Antonia Gonçalves , Bernardo de<br />
Quadros , Pedro Aragonez e sua mulher Antonia del Campo , Jorge<br />
Moreira , Antonia del Campo – mãe de Felipe de Campos , José Martins<br />
Aguirre ;<br />
XI- <strong>da</strong> Extremadura Espanhola : Dom Pedro Rendon , Dom Francisco<br />
Rendon , Dom José Rendon , Dom José Rendon ;<br />
XII – de Leão : Diogo de Lara Ordonez ;<br />
XIII – de Castella Velha : Pero de Carrasa<br />
XIV – de Outras Províncias de Espanha : Domingos de Amorez ,<br />
Gabriel Ponce de Leon , Bartolomeu Torales , André de Zunega ,<br />
Bartolomeu Contreras , Juan Gusman , Juan Santa Maria , Baltazar de<br />
Godoy , Martim Rodrigues , Barnabé de Contreras y Leon , Paulo Anhaya,<br />
Alonso Calhamares , Jacques Felix ;<br />
XV- Das Ilhas – Açores : Pascoal Leite Furtado , Matias Cardoso , Simão<br />
de Toledo Piza , Antonio Rodovalho , Sebastião Correa , João de Abreu ,<br />
Pedro Cabral , Manuel Cabral , Manoel Dutra Machado , Francisco de<br />
Arru<strong>da</strong> e Sá , André de Sampaio , Antonio Bicudo Carneiro , Vicente<br />
Bicudo ,<br />
XVI - <strong>da</strong>s demais Ilhas : Pero Leme e sua mulher Luzia Fernandes ,<br />
Brás Tevês , João Mendonça , José Gomes Coutinho , João Mendes ,<br />
Francisco Mendonça , Domingos Góes e Catharina Mendonça .<br />
XVII – Flamengos -: Cornelius Arzam , Pedro Pompeu , Felipe de<br />
Campos Bandenberg , Anton Lems ;<br />
XVIII - Italianos : Thomaz Mainardi , Maria Dória ;<br />
XIX – Franceses : Estevam Furquim , Guilherme de Novilier ;<br />
XX – Ingleses : Henrique Baruel ;<br />
XXI - Alemão : Geraldo Bettink .<br />
Observação : Uma placa com todos estes nomes deveria ser implanta<strong>da</strong> na<br />
Praça <strong>da</strong> Sé .<br />
Tupis – “Mamalucos” –Cablocos e Caipiras<br />
Como pode ser verificado , pelas listagens dos primeiros que<br />
vieram para São Paulo , o numero de mulheres européias inicialmente foi<br />
bem inferior . Este fato vai trazer como conseqüência um grande volume de
miscigenação entre o homem branco e mulheres índias <strong>da</strong> raça tupi na<br />
Capitania de São Paulo .<br />
O resultado , como não poderia deixar de ser , foi o aparecimento<br />
de grande quanti<strong>da</strong>de de crianças hibri<strong>da</strong>s , chama<strong>da</strong>s pelos tupis de<br />
“Mamalucas”, que significa misturado em sua língua . Estas crianças<br />
viviam na companhia de seus pais e queriam sempre se sentir como<br />
brancos , o que era lógico pois viviam como brancos . Tinham grande<br />
apoio do pai branco para tudo . Por isto usavam roupas de brancos ,<br />
comiam como brancos , agiam como brancos e tinham armas de brancos .<br />
A união que gerava estes filhos acontecia dentro <strong>da</strong>s seguintes<br />
formas :<br />
A – Fortuitamente , branco e índia tupi sem ligações de matrimônio ;<br />
B- Na vigência de casamento efetivo entre branco e índia tupi . Depois<br />
com o casamento de índio com mamaluca e/ou casamento entre dois<br />
mamalucos ;<br />
C- Fora do casamento existente entre mulher branca com homem branco.<br />
D-Com ligações extra conjugais continuas - entre brancos e índias ,<br />
poderiam nascer filhos . Isto iria ocorrer principalmente quando<br />
bandeirantes viajavam pelos sertões e a mulher branca ficava em casa ,<br />
longe do marido. Porem estes filhos eram levados com a mãe e criados ao<br />
redor <strong>da</strong> casa grande .<br />
Os Tupis , depois <strong>da</strong> paz que Anchieta realizou , tornaram-se<br />
companheiros inseparáveis dos bandeirantes paulistas . No começo as<br />
bandeiras tinham mais tupis do que brancos . Com o nascimento dos<br />
Mamalucos em grande quanti<strong>da</strong>de, com o tempo eles passaram a ser a<br />
maior parte dos componentes de uma bandeira .<br />
Depois de continuas miscigenações , durante dezenas de anos , os<br />
descendentes dos tupis praticamente eram considerados brancos . Tinham<br />
tudo de branco . Haviam perdido as características dos índios . Nestas<br />
condições eram também chamados de “Caboclos” – aqueles que viviam<br />
longe <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des - principalmente quando realmente viviam no interior<br />
desbravado pelos bandeirantes .<br />
Desde 1532 a miscigenação não parou mais . Após 200 anos e de<br />
pelo menos 10 gerações aconteci<strong>da</strong>s , era difícil não encontrar família de<br />
São Paulo que não tivesse uma pequena ligação com descendentes que não<br />
tivessem sangue tupi .<br />
Fecundi<strong>da</strong>de e Longevi<strong>da</strong>de dos Brancos e dos Mamalucos Paulistas<br />
A fecundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>queles mamalucos foi ascensional , a medi<strong>da</strong> que<br />
a gente se ia identificando com o meio e que os mamalucos formados por<br />
euro-americanos se iam ajustando na socie<strong>da</strong>de e se fixando geneticamente.<br />
Entre os ideais <strong>da</strong>quela gente a procriação era sempre uma meta. Por isto<br />
estas uniões tiveram sempre proles enormes .
É interessante notar que os casais de brancos depois de sediados no<br />
planalto tiveram também muitos filhos . João do Prado e sua mulher Felipa<br />
tiveram 11 filhos . Sua filha Izabel do Prado casa<strong>da</strong> com Paschoal Leite<br />
Furtado teve 8 filhos . Era normal casamentos ocorridos no planalto<br />
alcançarem mais de 10 filhos . Em seu livro “Raça de Gigantes” – Alfredo<br />
Ellis , nas paginas 162 , 163 cita famílias procriadoras e anota que a<br />
média de filhos era superior a 6 filhos por casal<br />
Em um tempo que a vi<strong>da</strong> média dos homens não passava dos 58<br />
anos , o ibérico povoador de São Paulo foi se tornando extraordinário<br />
longevo . Exemplo pode ser <strong>da</strong>do por João Ramalho que Frei Gaspar narra<br />
com sendo centenário . Outros exemplos : Antonio Rodrigues de Miran<strong>da</strong><br />
foi falecer com 92 anos . Izabel Furtado com 80 anos . Manoel Preto , o<br />
grande bandeirante , com 81 anos , Diogo de Lara com 85 e Clemente<br />
Álvares com 82 .<br />
O mesmo acontecia com todos os mamalucos . Um bom exemplo :<br />
Baltazar Fernandes de Abreu faleceu aos 98 anos . Como ele existem<br />
milhares de exemplos de longevi<strong>da</strong>de entre os mamalucos . Muitos<br />
viveram normalmente até os 80 anos de i<strong>da</strong>de .<br />
Razão Para a Não Participação Inicial dos Africanos<br />
Por ser uma Capitania que na ocasião era muito pobre e com<br />
poucas pessoas trabalhando na terra , normalmente em pequenas áreas ,<br />
pouco precisavam <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> de trabalhadores . Alem do mais , depois de<br />
algum tempo , a grande maioria <strong>da</strong>s famílias via seus filhos saindo para<br />
fora <strong>da</strong> região , pois se tornavam bandeirantes .<br />
A produção agrícola era quase sempre pequena , sempre com<br />
pouca mão de obra , sendo utiliza<strong>da</strong> nas fazen<strong>da</strong>s e nos trabalhos locais .<br />
Eram trabalhos agrícolas, sempre de pequena monta , de subsistência ,<br />
realiza<strong>da</strong>s pelo próprio paulista com aju<strong>da</strong> de seus filhos menores , <strong>da</strong><br />
mulher , inclusive dos “mamalucos” .<br />
Em algumas ocasiões acontecia um mutirão que trazia muitas<br />
pessoas para aju<strong>da</strong>r . Poderia acontecer na construção de uma casa , de uma<br />
igreja ou mesmo eventualmente , em uma grande colheita .<br />
No início não existiam grandes engenhos de cana em São Paulo ,<br />
nem mesmo fazen<strong>da</strong>s com grandes extensões , razão pela qual a mão de<br />
obra dos africanos escravos era praticamente desnecessária .<br />
Somente vai aparecer em nossa região nos meados de 1.700 . Foi<br />
quando paulistas que estiveram em Minas e verificaram o bom resultado do<br />
trabalho dos africanos na mineração . Por esta razão escravos foram<br />
trazidos para São Paulo. Isto vai acontecer 200 anos depois do começo de<br />
nossa colonização . Portanto os africanos não participaram inicialmente <strong>da</strong><br />
formação de São Paulo .
Quando posteriormente a agricultura vai se desenvolver com o<br />
café e o algodão , a participação dos africanos será sempre preciosa para o<br />
grande desenvolvimento paulista . Isto deverá ter sempre o reconhecimento<br />
de todos aqueles que vivem em São Paulo .<br />
A Socie<strong>da</strong>de Paulista na Capitania<br />
Tinha sempre como base o Pai <strong>da</strong> Família – o “Pater Familiae”<br />
tradicional e existente na Europa . Praticamente a socie<strong>da</strong>de paulista era em<br />
tudo similar aquela existente em Portugal . Na<strong>da</strong> acontecia ou era feito sem<br />
sua concordância prévia .<br />
A mulher vivia praticamente dentro de casa cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong><br />
alimentação , <strong>da</strong>s roupas e dos filhos . Nunca saia sozinha , mesmo quando<br />
se dirigia para a igreja ou para casa de parentes . Muitas vezes nem mesmo<br />
aparecia quando o marido recebia somente visitas masculinas . Suas tarefas<br />
eram realmente dirigi<strong>da</strong>s para alimentação de todos , para costuras e<br />
cui<strong>da</strong>dos com os filhos .<br />
Cabia ao pai ensinar uma profis<strong>são</strong> para o filho homem . Alem<br />
disto ele ensinava as condições básicas para viver em coletivi<strong>da</strong>de .<br />
Ensinava a caçar e pescar . A construir casas e a plantar . Recebia o menino<br />
desde pequeno instruções e condições para a luta em qualquer lugar e a<br />
to<strong>da</strong> hora . O filho homem somente ia para escola quando demonstrasse<br />
aptidão para o aprendizado .<br />
Cabia a esposa o ensinamento <strong>da</strong>s filhas , tanto na cozinha quanto<br />
na confecção de roupas . Ela também ensinava os filhos a plantar em<br />
pequenas hortas e a colher as frutas <strong>da</strong> estação . Elas eram muitas vezes<br />
naturais , existentes nos matos . Por vezes em todo lado em volta <strong>da</strong> casa<br />
em pomares plantados .<br />
A sobra destas frutas sempre se transformava em compotas ,<br />
geléias e doces . Uma parte deles era guar<strong>da</strong>do , outra parte seguia para<br />
comadres e amigos . Sempre .<br />
Domingo era sempre dia de missa , seguindo to<strong>da</strong> família para a<br />
igreja <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de . As grandes festas na ocasião eram bastante espera<strong>da</strong>s e<br />
comemora<strong>da</strong>s , tendo então a participação de to<strong>da</strong>s famílias . Isto acontecia<br />
no Natal , nas Festas Juninas com quermesses , no dia de “Corpus Christi”<br />
e na Missa do Galo . As vezes em aniversários , visitas de governantes , ou<br />
chega<strong>da</strong> de amigos queridos ou retorno de bandeirantes .<br />
Os casamentos e batizados eram bastante comemorados . Cabia<br />
aos pais , tanto do noivo como <strong>da</strong> noiva , a escolha de quem iria casar com<br />
quem . Isto podia ser feito com muita antecedência . Os noivos não<br />
discutiam . O padrinho na época era muito influente e respeitado, pois ele<br />
era na reali<strong>da</strong>de um segundo pai . Cui<strong>da</strong>va sempre do afilhado com<br />
carinho.<br />
A moral tinha praticamente base no cristianismo .
Pela religiosi<strong>da</strong>de do povo os padres tinham grande importância<br />
na comuni<strong>da</strong>de . Alem do mais o padre era ain<strong>da</strong> o confessor <strong>da</strong>s muitas<br />
famílias . O mesmo não acontecia com os jesuítas , pois era uma ordem<br />
com origem na Espanha , muito liga<strong>da</strong> a política e aos espanhóis <strong>da</strong><br />
América , que criavam problemas para os bandeirantes .<br />
Aqueles jesuítas antes do termino do século XVI foram<br />
expulsos de São Paulo , pelos mesmos bandeirantes , os quais para tanto<br />
nem respeitaram uma ordem real a respeito .<br />
Tempos depois os jesuítas foram novamente aceitos .<br />
Cabia para todos os homens a responsabili<strong>da</strong>de com a defesa e<br />
policiamento <strong>da</strong>s suas vilas e ci<strong>da</strong>des . Eram eles dirigidos e coman<strong>da</strong>dos<br />
por um Conselho formado por gente nasci<strong>da</strong> em São Paulo .<br />
<strong>Casa</strong>s – Terras - Fazen<strong>da</strong>s<br />
As primeiras residências eram muito simples , quase um abrigo<br />
feito de “pau a pique” contendo normalmente dois cômodos . Eram<br />
cobertas de palha e não tinham forro . Passa<strong>da</strong> a fase inicial de fixação do<br />
homem na região as casas começaram a ter características próprias , muitas<br />
vezes diferencia<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s demais construí<strong>da</strong>s em regiões situa<strong>da</strong>s nas ci<strong>da</strong>des<br />
praianas do Brasil Colonial . O clima mais frio , as finas garoas continuas e<br />
as chuvas mais regulares exigiam uma construção com mais apuro , com<br />
mais ve<strong>da</strong>ção . Com melhor acabamento.<br />
Então as casas passaram a ter uma sala para uso e trabalho de<br />
to<strong>da</strong> família , um quarto para o casal , outro para a filhas e mais um para os<br />
filhos . Alem disto continham uma despensa liga<strong>da</strong> a cozinha . Na parte do<br />
fundo normalmente um quintal – originário <strong>da</strong> quinta portuguesa – onde<br />
plantavam algumas verduras , frutas e ervas medicinais . Podiam criar<br />
animais , como galinhas e porcos . A ci<strong>da</strong>de que começara no atual Pátio<br />
do Colégio foi se expandindo inicialmente para os lados <strong>da</strong> Rua<br />
Tabatinguera , Rua do Carmo , Praça <strong>da</strong> Sé e adjacências .<br />
As plantações nas pequenas áreas agrícolas existentes então<br />
ocorriam inicialmente bem ao redor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , normalmente em chácaras e<br />
sítios . Depois foram se espalhando para o que é hoje a Grande São Paulo .<br />
Com o tempo chegaram ao interior alcançando regiões mais distantes ,<br />
como Mogi , Atibaia , Itu e Sorocaba. Então os agricultores começaram se<br />
tornar fazendeiros com áreas cultiva<strong>da</strong>s bem mais amplas .<br />
Aqueles fazendeiros isolados eram muitas vezes obrigados a<br />
construir casas bem mais resistentes . Não poderiam contar a to<strong>da</strong> hora com<br />
auxilio dos vizinhos . Então , por total necessi<strong>da</strong>de , muitos construíam<br />
pequenos fortins . Na ci<strong>da</strong>de de São Paulo , entre os bairros de Pinheiros e<br />
Butantã , perto do Rio Pinheiros existe muito bem preserva<strong>da</strong> uma destas<br />
casas . É chama<strong>da</strong> de “<strong>Casa</strong> do Bandeirante”. Ali continua até hoje .
Nota-se imediatamente que sua construção foi realiza<strong>da</strong> visando<br />
defesa para qualquer assalto . A casa tem dois pisos . O piso térreo não foi<br />
feito para ser habitado. Nas paredes do piso térreo não existem janelas ,<br />
pois naquela parte <strong>da</strong> casa não existem cômodos . As paredes <strong>são</strong><br />
resistentes tendo do lado de dentro pedras e terra compacta<strong>da</strong>s garantindo<br />
alta resistência . Somente no Segundo Piso é que a casa vai ser habita<strong>da</strong> .<br />
Então as suas janelas <strong>são</strong> fortemente gradea<strong>da</strong>s e coloca<strong>da</strong>s de forma a<br />
possibilitar segurança e bons ângulos de tiro . Desta forma a sua defesa<br />
poderia ser bem feita mantendo o inimigo a distancia .<br />
A única entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa é realiza<strong>da</strong> por uma única porta ,<br />
construí<strong>da</strong> com madeira muito forte , tendo ain<strong>da</strong> grandes travas do lado de<br />
dentro . Esta porta não abre diretamente para dentro dos cômodos <strong>da</strong> casa<br />
mas sim para um pátio interno fechado e coberto , cercado por altas paredes<br />
localiza<strong>da</strong>s nas suas partes laterais . No fundo <strong>da</strong>quele pátio interno<br />
fechado e coberto existe uma esca<strong>da</strong> estreita , por cima <strong>da</strong> qual fica posta<strong>da</strong><br />
e bem instala<strong>da</strong> uma forte mureta que avista todo aquele pátio .<br />
Assim para adentrar na parte habita<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa o inimigo deverá<br />
obrigatoriamente passar pelo pátio , alcançar a esca<strong>da</strong> , subir a esca<strong>da</strong> e<br />
chegar junto a mureta que avista e controla o interior <strong>da</strong> casa . Isto se<br />
conseguir passar pela porta muito forte , pelos tiros , lanças , espa<strong>da</strong>s ,<br />
brasas e água fervendo que os defensores jogarão em cima naqueles<br />
intrusos que entrarão pelo pátio interno e coberto .<br />
Por fora a casa não apresenta na<strong>da</strong> que possa pegar fogo e sua<br />
telhas <strong>são</strong> de barro . O projeto é bem antigo mas poderá servir novamente<br />
para estes nossos tempos que estão se tornando muito difíceis .<br />
Hoje quem fica preso é o ci<strong>da</strong>dão .<br />
Homogenei<strong>da</strong>de dos Primeiros Paulistas<br />
São Paulo por ser durante muitos anos a única ci<strong>da</strong>de brasileira<br />
situa<strong>da</strong> no interior , pela dificul<strong>da</strong>de na transposição <strong>da</strong> Serra do mar ,<br />
pelos seus rios que corriam para o interior e não para o mar , ficou em<br />
princípio isola<strong>da</strong> .<br />
Aquela gente que para aqui veio , com o tempo que passou e por<br />
muitas outras razões , como a influencia do clima , isolamento de outras<br />
ci<strong>da</strong>des , casamentos realizados somente entre famílias paulistas e/ou com<br />
os tupis , com a formação <strong>da</strong>s bandeiras e os ideais dos bandeirantes , com<br />
as continuas viagens e seqüentes vitórias alcança<strong>da</strong>s contra os tapuias e os<br />
espanhóis , com a grande exten<strong>são</strong> de terras que conquistaram , foram se<br />
tornando independentes , altivos , muitos sérias e por vezes muito duras no<br />
trato com estranhos .<br />
A palavra para eles era coisa muito importante .
Estas características <strong>da</strong>queles habitantes de São Paulo foram<br />
formando e <strong>da</strong>ndo forma diferencia<strong>da</strong> de um novo povo que surgia depois<br />
de mais de um século . Características <strong>da</strong>s “Gentes Paulistas” .<br />
Então podemos dizer que existia no Brasil , que vai chegar até a<br />
metade do século XVIII , duas nações distintas coexistindo e se apoiando ,<br />
ca<strong>da</strong> uma falando uma língua diferente .<br />
Em São Paulo , parte de Minas , Goiás , Mato Grosso , Paraná,<br />
Santa Catarina e Rio Grande do Sul falavam com predominância a “Língua<br />
Geral” ou seja o Tupi .<br />
Nas demais regiões imperava o português . Entretanto , através desta<br />
língua que era comum as duas se entendiam . Em ca<strong>da</strong> uma destas partes<br />
distintas a miscigenação também foi muito diferente, bem como a maior<br />
parte dos costumes e , por conseqüência, <strong>da</strong> moral .<br />
Visando existência de uma única língua foi proibido a “Língua<br />
Geral” em 1750 .<br />
Demorou aceitação . Entretanto , não houve maiores problemas<br />
pois a nossa gente paulista também sempre falava muito bem o português .<br />
Foi aceito o fato , porem com muitas reclamações .<br />
Quando começou o grande desenvolvimento econômico de São<br />
Paulo , muitos outros brasileiros , de outros estados , foram atraídos pelas<br />
riquezas gera<strong>da</strong>s pelo café e pelo algodão . Vieram para São Paulo . A<br />
população então cresceu acima <strong>da</strong>s previsões .<br />
Chegou então a vez dos imigrantes vindos <strong>da</strong> Europa e Ásia . Eles<br />
chegaram no final do século XIX e inicio do século XX . Logo se ajustaram<br />
com o povo paulista . Com pouco tempo rapi<strong>da</strong>mente aconteceram novas<br />
miscigenações . Desta vez co com italianos , alemães , espanhóis , sírios e<br />
libaneses . Entre outros . Então a forma de ser e pensar dos paulistas<br />
somente vai durar até meados do século XX .<br />
Com influencia destes outros povos que tinham outros costumes ,<br />
tudo vai mu<strong>da</strong>r : - Desde a forma de Falar até a forma de se Comportar .<br />
Tudo vai mu<strong>da</strong>ndo . Naturalmente . Progresso !
BANDEIRAS E BANDEIRANTES – ORIGENS<br />
Defesa Necessária para os Bandeirantes – Primeiros Passos : Grandes Dificul<strong>da</strong>des-<br />
Considerações dos Historiadores Sobre Bandeirantes – Como Eram as Bandeiras =<br />
Os Ciclos do Ouro : de lavagem , de captura de índios , de grandes minas – Hábitos<br />
e Características dos Bandeirantes – Lembranças Históricas<br />
Defesa Necessária para os Bandeirantes<br />
Eles <strong>são</strong> parte fun<strong>da</strong>mental na <strong>História</strong> de São Paulo . É<br />
básica .Refletem alem do mais grande parte <strong>da</strong> <strong>História</strong> do Brasil .<br />
Nota<strong>da</strong>mente aquela relativa a sua expressiva expan<strong>são</strong> geográfica . Por<br />
isto mesmo e antes de mais na<strong>da</strong> vamos lembrar :<br />
1 -) Apresentaremos e verificaremos neste trabalho os fatos<br />
ocorridos com as bandeiras e seus componentes , bem como realizaremos,<br />
quando possível , as analises relativas aos acontecidos . Assim poderemos<br />
recompor , quando preciso for , suas ver<strong>da</strong>des com maior detalhamento :<br />
2- )Para tanto, quando for necessário , através de pesquisas<br />
primeiramente nos transportaremos para a época <strong>da</strong>queles acontecimentos<br />
realizados pelos bandeirantes paulistas e seus companheiros de jorna<strong>da</strong> :<br />
3- ) Precisaremos definitivamente determinar, explicitar ,<br />
acertar , ajustar os detalhes principais para finalmente retificar ou ratificar<br />
muitas conclusões , posto que em nosso entender muitas delas se<br />
apresentam hoje em dia com muitos erros a respeito dos bandeirantes . Isto<br />
deve ser imprescindível. Na forma geral em que as ações dos bandeirantes<br />
hoje <strong>são</strong> divulga<strong>da</strong>s parece existir grande interesse em Criar Uma Imagem<br />
Muito Distorci<strong>da</strong> ou mesmo Bastante Negativa para aqueles desbravadores<br />
paulistas . Pior mesmo é quando em livros didáticos os reais fatos<br />
históricos ocorridos com os bandeirantes nem aparecem .<br />
4- ) Comprovando a veraci<strong>da</strong>de destes desacertos e<br />
distorções na divulgação dos feitos dos bandeirantes tenho na lembrança<br />
que por várias vezes e mesmo continua<strong>da</strong>mente somos surpreendidos por<br />
comentários , informações extremamente tendenciosas e mesmo maldosas<br />
divulga<strong>da</strong>s pela televi<strong>são</strong> , jornais e rádio . Com respeito aos<br />
bandeirantes , em muitas oportuni<strong>da</strong>des , elas surgem com afirmações<br />
errôneas , no mínimo bem maldosas . Nunca apresentam nenhuma palavra<br />
favorável para aquilo de bom que foi realizado pelos bandeirantes paulistas.<br />
Para muitos paulistas já ficou claro que tentam acusá-los por<br />
ações que seriam menos dignas , destacando somente violências .<br />
Esqueceram que desde muitos séculos anteriores , bem como naquela<br />
época, sempre existiu uma Guerra Continua entre os índios Tupis e os<br />
Tapuias. Os Tupis , depois <strong>da</strong> Paz que os paulistas realizaram com uma<br />
<strong>da</strong>s suas principais tribos , tomando como base os Tamoios , tiveram<br />
continua<strong>da</strong>mente grande apoio dos bandeirantes .<br />
Para os detratores os bandeirantes em várias ocasiões <strong>são</strong><br />
lembrados como sendo apenas os destruidores de povoações cria<strong>da</strong>s pelos
espanhóis e jesuítas , bem como por combater e aprisionar índios. Muitos<br />
se esquecem que em apenas uma excur<strong>são</strong> Fernão Dias Paes trouxe de<br />
Apucarana 5.000 índios que vieram como amigos para São Paulo e se<br />
estabeleceram definitivamente em nossas terras .<br />
Utilizaram-se então os detratores de frases acusatórias , em<br />
uma tentativa de os sentenciar de forma definitiva . Esqueceram do<br />
Principal . Quantos milhões de quilômetros quadrados eles trouxeram para<br />
o Brasil . Faltou patriotismo ? De quem ? Antes ou Agora ?<br />
Estes acusadores sentem-se como se fossem perfeitos juizes<br />
<strong>da</strong> história, postados em um julgamento não instituído , nem formalizado .<br />
Julgando sem a necessária composição de defesa . Só com acusações<br />
claramente não formaliza<strong>da</strong>s . Claramente então demonstraram que<br />
previamente já tinham concebido a sentença . Sempre condenatória !<br />
Por que ?<br />
Esqueceram-se que foram os espanhóis que primeiro<br />
atacaram em São Vicente . Esqueceram-se <strong>da</strong>s muitas bandeiras que foram<br />
destroça<strong>da</strong>s pelos índios e pelos espanhóis . Esqueceram-se <strong>da</strong> luta para<br />
expandir o Brasil . Esqueceram-se de muitas outras coisas .<br />
Lembro agora que a <strong>História</strong> de Tempos Atrás não pode<br />
ser analisa<strong>da</strong> com o Moral do Presente, pois os costumes eram outros .<br />
A Ética era Outra . Outra a Digni<strong>da</strong>de !´<br />
É preciso rever conceitos .Vamos , por isto mesmo ,<br />
relembrar algumas coisas e fatos ocorridos na época <strong>da</strong>s bandeiras .<br />
È preciso saber que nossos mais respeitados historiadores<br />
consagrados não concor<strong>da</strong>m com as afirmações negativas atuais de<br />
terceiros , pois sempre enalteceram as figuram <strong>da</strong>queles bandeirantes . Isto<br />
logo poderá ser demonstrado e verificado no próximo capítulo .<br />
Transcreveremos as citações de alguns <strong>da</strong>queles historiadores famosos .<br />
Algumas perguntas e respostas cabem aqui : -<br />
1-) Será que foi esquecido que as to<strong>da</strong>s as terras,<br />
povoações, vilas e mesmo ci<strong>da</strong>des toma<strong>da</strong>s pelas Bandeiras eram sempre<br />
espanholas , localiza<strong>da</strong>s dentro de região que pertencia à Espanha na<br />
América , de acordo com o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas :<br />
2-) Lembro que aquelas áreas somente passaram a ser<br />
brasileiras depois <strong>da</strong> vitória dos bandeirantes e de sua deci<strong>são</strong> em manter a<br />
posse . Somente com muita luta foi possível tomarmos terras e<br />
expandirmos nosso território ;<br />
3-) Lembro ain<strong>da</strong> que , alem de tudo que acontecia , em<br />
grande parte <strong>da</strong>quela época <strong>da</strong>s bandeiras , Portugal lutava contra Espanha ,<br />
tentando se libertar e acabar com o domínio espanhol iniciado com Felipe<br />
II durante a União Ibérica. Em silêncio a luta aqui também continuava .<br />
Lembro que os espanhóis continua<strong>da</strong>mente também nos atacaram;
4-) Esquecem os detratores que nesta luta pelo domínio <strong>da</strong>s<br />
terras muitas vezes bandeiras e bandeirantes também foram derrotados e<br />
destruídos, tanto por espanhóis como por índios Tapuias e Guaranis , entre<br />
outros .<br />
Repetindo : Será que também foi esquecido que os Tupis e<br />
seus descendentes “Mamalucos” viviam em guerra constante contra os<br />
Tapuias , desde muitos séculos antes do descobrimento do Brasil. Por isto<br />
mesmo , após o acordo de paz com eles , realizado por Anchieta e Nóbrega,<br />
os bandeirantes paulistas passaram a lutar ao lado dos Tupis, pois se<br />
tornaram definitivamente seus aliados nesta guerra .<br />
Muitos e muitos paulistas tiveram fora do casamento ou<br />
mesmo por casamento , mulheres tupis e por isto mesmo grande<br />
quanti<strong>da</strong>de filhos mamalucos. O numero de mamalucos foi aumentando ,<br />
continua<strong>da</strong>mente e rapi<strong>da</strong>mente , nas déca<strong>da</strong>s seguintes. Depois de algum<br />
tempo cresceu tanto que passou a ser parte importantíssima <strong>da</strong>s bandeiras<br />
Inicialmente quando eu ouvia ou lia tais comentários não<br />
conseguia entender bem o por que . Qual a razão ? Para que comentários<br />
tão negativos ?<br />
Importante : Existiram diferenças na ocupação <strong>da</strong>s varias<br />
regiões no Brasil . O inicio <strong>da</strong> ocupação do nordeste brasileiro , por<br />
exemplo , foi muito mais pacifico , efetua<strong>da</strong> em conjunto por religiosos e<br />
imigrantes portugueses .<br />
No Sul houve muita luta , até ser consegui<strong>da</strong> a paz com os<br />
Tamoios e por conseqüência com todos Tupis que eram <strong>da</strong> mesma raça .<br />
Por força dos Tupis e influencia de sua língua os nomes <strong>da</strong>s vilas , locais e<br />
ci<strong>da</strong>des do sul foram quase todos tupis – Piracicaba , Jundiaí , Araraquara,<br />
Mogi Mirim , Sorocaba , Curitiba , Itanhaem, Iperoig etc.etc. Aconteceu<br />
que naqueles mesmo locais , onde normalmente acampavam os<br />
bandeirantes , com seus aliados tupis e os seus filhos mamalucos , quando<br />
em caminho para os sertões mais distantes , existiam aldeias de índios .<br />
Naqueles mesmos locais depois se formaram as vilas e povoados dos<br />
bandeirantes paulistas .<br />
O início <strong>da</strong> colonização do Nordeste , quando compara<strong>da</strong><br />
com a colonização do Sul , foi bastante diferencia<strong>da</strong> . O mesmo aconteceu<br />
com a sua estruturação social , pois existia muito mais riqueza advin<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
cana de açúcar e dos engenhos . No sul existia muito mais pobreza . As<br />
raízes foram e ain<strong>da</strong> permanecem diferentes . A tradição por isto mesmo<br />
também é diferencia<strong>da</strong> .<br />
Aqui as lutas contra os índios foram muito maiores .<br />
Lá no Nordeste , muitas vezes, quando precisavam enfrentar<br />
tribos revolta<strong>da</strong>s e/ou escravos unidos e armados , não foram os<br />
nordestinos que fizeram o trabalho necessário . Foram os bandeirantes
paulistas chamados por eles . Basta lembrar o Quilombo dos Palmares e as<br />
lutas para Proteção dos Criadores de Gado na Bahia , Ceará , Sertão <strong>da</strong><br />
Paraíba e Pernambuco .<br />
(vide Capítulos <strong>da</strong> <strong>História</strong> Colonial – Capistrano de Abreu –<br />
Pag. 122 ) .<br />
Então o fizeram com muita luta , <strong>da</strong>ndo combate para a<br />
vitória final necessária , possibilitando estabili<strong>da</strong>de e crescimento no<br />
Nordeste e no Brasil .<br />
Também o Nordeste quando precisava de índios escravos<br />
para sua agricultura , engenhos e negócios , principalmente a Bahia nos<br />
tempos <strong>da</strong> Inva<strong>são</strong> Holandesa , recorria aos bandeirantes para aprisionar os<br />
índios tapuias ou mesmo guaranis que necessitavam . Ambos eram<br />
chamados de “bugres”. Em segui<strong>da</strong> eles eram comprados e levados para o<br />
Nordeste , onde eram obrigados a viver na escravidão até a morte .<br />
Depois destas primeiras analises cheguei a pensar que<br />
muitos não queriam ver to<strong>da</strong> aquela quanti<strong>da</strong>de de bandeirantes como<br />
vultos de destaque ou mesmo como heróis de nossa história . Os<br />
bandeirantes eram simples ci<strong>da</strong>dãos <strong>da</strong> Capitania de São Vicente, depois<br />
denomina<strong>da</strong> Província de São Paulo e graças a eles conseguimos nossa<br />
expan<strong>são</strong> territorial , nosso tamanho atual !<br />
Finalmente , passado algum tempo , com muito mais calma<br />
e melhor analise , foi possível concluir que tais comentários negativos<br />
estavam ligados ao péssimo ensino e ao grande ou quase completo<br />
desconhecimento <strong>da</strong>quela fase <strong>da</strong> <strong>História</strong> do Brasil conheci<strong>da</strong> como<br />
Bandeirantismo. Inclusive aquelas pessoas tinham ain<strong>da</strong> pouco<br />
conhecimento <strong>da</strong> <strong>História</strong> Mundial , principalmente <strong>da</strong>s coisas que<br />
ocorriam naquilo que dizia respeito a escravidão , aconteci<strong>da</strong> com<br />
freqüência naquela época , durante os séculos XIV a XVIII , em muitos<br />
locais . Vários paises utilizavam-se de escravos em suas colônias . Entre<br />
eles Inglaterra , França , Holan<strong>da</strong> e Estados Unidos. Os árabes sempre<br />
também assim agiam , porem com muita intensi<strong>da</strong>de .<br />
Lembro .Os capítulos <strong>da</strong> história só podem ser analisados<br />
em seu tempo .<br />
Entendi ain<strong>da</strong> que os detratores estiveram e ain<strong>da</strong> continuam<br />
sentados confortavelmente nas poltronas do século XX , emitindo<br />
pronunciamentos pouco apurados , sem maiores aprofun<strong>da</strong>mentos , sem<br />
pesquisas e conhecimentos sobre como os fatos realmente aconteceram no<br />
Brasil durante os séculos XVI , XVII e XVIII .<br />
Percebi então a razão ver<strong>da</strong>deira e final para os tais erros<br />
essenciais . Desconhecimento ! As vezes total , as vezes parcial . Porem<br />
sempre Desconhecimento !
Para ter esta certeza basta ver os livros escolares indicados e<br />
disponibilizados , tanto aqueles de alguns anos atrás como os de agora .<br />
Passam superficialmente por cima de muitas coisas referentes a nossa<br />
<strong>História</strong> . Possuem pouca profundi<strong>da</strong>de . Pior é quando nem citam<br />
acontecimentos muito importantes . A grande negativi<strong>da</strong>de ocorre ain<strong>da</strong><br />
naqueles livros cujos textos sem maiores analises distorcem tudo . Geram<br />
grandes erros . Calami<strong>da</strong>de !<br />
Já foi dito : - Povo sem história é povo sem tradição . Sem<br />
tradição não existe patriotismo . Sem patriotismo não existirá respeito . É<br />
povo sem alma .<br />
Primeiros Passos - Grandes Dificul<strong>da</strong>des<br />
Vamos recor<strong>da</strong>r a seguir alguns desastres acontecidos com<br />
os primeiros pioneiros e bandeirantes <strong>da</strong> Capitania de São Vicente.<br />
Nota<strong>da</strong>mente Antes do Pacto de Paz com os Tamoios / Tupis :<br />
1°-) Lembramos que logo no inicio <strong>da</strong> colonização de São<br />
Vicente uma expedição , composta por 60 expedicionários portugueses ,<br />
coman<strong>da</strong>dos por Pero Lobo, entrou para o sertão junto <strong>da</strong> Serra do Mar<br />
procurando minerais raros indicados pelo “Bacharel”. Nunca mais<br />
voltaram. Foram truci<strong>da</strong>dos , provavelmente pelos índios Carijós ;<br />
2°-) Os índios Tamoios estavam frequentemente em guerra<br />
contra os primeiros colonizadores . Pouco tempo depois que eles se<br />
instalaram no litoral de São Paulo ali chegaram os tamoios em 70 grandes<br />
canoas . Atacaram e destruíram um fortim e a colônia <strong>da</strong> região de<br />
Bertioga . Mataram e aprisionaram vários de seus moradores e defensores ;<br />
3°-) São Vicente também foi ataca<strong>da</strong> e saquea<strong>da</strong> por índios<br />
Carijós e espanhóis vindo do sul , logo no início de sua existência .<br />
4°-) Nos primeiros anos de sua existência a ci<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo foi cerca<strong>da</strong> e duramente ataca<strong>da</strong> durante dois dias por indígenas que<br />
queriam sua destruição.<br />
5°-) Os tamoios também viviam atacando pequenos<br />
povoados na região do Vale do Paraíba e no litoral .<br />
Não existia possibili<strong>da</strong>de de progresso sem Acordo de Paz .<br />
O desenvolvimento e a expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> Província e do Brasil virá<br />
posteriormente com a Paz realiza<strong>da</strong> com os Tupis , graças a participação de<br />
Anchieta . Mesmo assim muitas derrotas dos bandeirantes aconteceram :<br />
6ª-) E também preciso lembrar que na expan<strong>são</strong> leva<strong>da</strong> para<br />
o Oeste Brasileiro , mesmo depois de 1650, inúmeras bandeiras foram<br />
truci<strong>da</strong><strong>da</strong>s e aniquila<strong>da</strong>s pelos índios Paiguás. Uma destas bandeiras , com<br />
400 homens , foi por eles truci<strong>da</strong><strong>da</strong> inteiramente. Trazia para o sul o ouro<br />
que seria enviado para Portugal .<br />
7ª-) Os índios cavaleiros Guaicurus deram muito trabalho ,<br />
atacando e invadindo o Forte Coimbra no Oeste. Mataram pessoas e até
sol<strong>da</strong>dos . Muitas outras mortes realiza<strong>da</strong>s por índios apoiados por<br />
espanhóis aconteceram durante os séculos XVI ,XVII, XVIII .<br />
Disto muitos interessados em diminuir e acusar os<br />
bandeirantes não falam , nem escrevem , nem comentam .<br />
Também nem lembram ... Nem conhecem...<br />
Considerações dos Nossos Principais Historiadores sobre os<br />
Bandeirantes Paulistas<br />
Logo a seguir vamos expor algumas idéias de alguns de<br />
nossos principais estudiosos e historiadores :<br />
1ª) - “O espírito aventureiro do paulista foi a primeira alma<br />
<strong>da</strong> nação brasileira , e São Paulo , esse foco de len<strong>da</strong>s e tradições<br />
maravilhosas , o coração do pais. Dali partiu o movimento para ocupação<br />
do interior , para o Oeste , para os Sertões ; <strong>da</strong>li a colonização se alargou<br />
para o Sul , até o Paraguai , até o Prata . Oliveira Martins - “O Brasil e<br />
suas Colônias” – pág. 84 .<br />
2ª) - O professor e historiador Joaquim Silveira Santos em<br />
seu livro : “ A Igreja Católica e a Escravidão” – página 17 , escreveu : -<br />
“Em contato direto com as matas bravias , que o cercavam por todos os<br />
lados ; obrigado a atravessar as abruptas e intratáveis florestas <strong>da</strong> Serra do<br />
Mar , para se comunicar com o litoral , o povo paulista habituou-se desde<br />
cedo à vi<strong>da</strong> difícil e aventurosa <strong>da</strong>s matas , que tinha para ele todos os<br />
perigos e fascinação do desconhecido. E só o paulista se achou nestas<br />
condições . Os outros centros de colonização foram plantados com<br />
facili<strong>da</strong>des no litoral , ao longo <strong>da</strong>s praias”.<br />
3ª) - “O paulista pelo seu “habitat” tinha de ser o<br />
bandeirante por excelência. A conquista dos sertões do Brasil estava no<br />
seu destino histórico” . (Teodoro Sampaio – Revista. do Instituto Histórico-<br />
v. 86/87 );<br />
4ª) -“ Só a formação de uma raça inteiramente aclimata<strong>da</strong><br />
ao solo e ao céu do Brasil , como era a dos paulistas , poderia preparar<br />
tamanhos resultados , quais os do devassamento e conquista de uma grande<br />
superfície do território nacional”. ( Prof. João Ribeiro – Revista do Instituto<br />
Histórico Geográfico - CXI);<br />
5ª) - “Bastou uma geração de paulistas e de mamalucos ,<br />
para que homens de to<strong>da</strong>s as condições , moços e velhos , brancos e<br />
mestiços , casados e solteiros, acaudilhados por personagens distintos por<br />
seu saber, coragem , fortuna , maneiras e palavras , organizassem essas
expedições que investiram contra os sertões , afrontando o que se pode<br />
imaginar de obstáculos e provações”,<br />
( Artur Orlando – “Bandeirantes”- pg. 67 );<br />
6ª)- Basílio de Magalhães , em seu livro - “Expan<strong>são</strong><br />
Geográfica do Brasil Colonial”– paginas 94/95 , assim escreveu :-<br />
“Todos nossos escritores , historiadores e cronistas , aos quais se<br />
juntaram vozes autoriza<strong>da</strong>s de alguns escritores estrangeiros que se<br />
ocuparam <strong>da</strong> nossa evolução, encomiam os serviços inestimáveis ,<br />
prestados ao Brasil pelo povo paulista , desde que se formou a primeira<br />
bandeira e a grande geração de “mamalucos” , isto é , desde o meiado do<br />
século XVI ... ... Sem tentarmos totalmente exculpar os nossos patrícios<br />
<strong>da</strong>quela época pelo aprisionamento de índios , diremos , to<strong>da</strong>via , como<br />
explicação necessária , que eles obedeceram simplesmente as injunções do<br />
momento histórico em que desenvolveram a sua ativi<strong>da</strong>de pujante ... ...<br />
Os paulistas na<strong>da</strong> mais fizeram do que imitar os europeus de cultura<br />
tradicional , como portugueses , espanhóis, franceses e ingleses , que<br />
cometiam a escravidão, não só na América mas em todo mundo .”<br />
7ª) Capistrano de Abreu – Capítulos <strong>da</strong> <strong>História</strong> Colonial –<br />
Pág. 122 “...estes paulistas... , sejam tidos por insolentes , ninguém lhes<br />
pode negar que o sertão que temos hoje povoado neste Brasil eles o<br />
conquistaram do gentio bravio que tinha destruído e assolado as vilas de<br />
Cairú , Boipeba , Camarú , Jaguaribe , Maragogipe e Peruaçú ( no<br />
Nordeste) , no tempo do Governador Affonso Furtado de Mendonça .<br />
Vamos terminar este pequeno capitulo , que poderia ser<br />
muito mais longo , lembrando : Como sempre no mundo de então ( e até<br />
mesmo de hoje) infelizmente quase sempre prevalece o valor econômico e<br />
não sentimento humanitário . Algumas vezes aconteceu o que não era<br />
desejável . Aconteceu não só aqui mas no mundo todo . Criou muita<br />
tristeza .<br />
Felizmente lutas territoriais e escravidão não existem mais<br />
para nossa gente e em nossa terra .<br />
Como Eram as Bandeiras .<br />
Grupos de paulistas com objetivos muito difíceis em suas<br />
mentes , devi<strong>da</strong>mente armados e chefiados por um homem de muito<br />
respeito , com um mesmo objetivo , <strong>da</strong>vam início para formação de uma<br />
Bandeira.<br />
Tinham eles sempre uma mesma intenção . Formavam<br />
expedições para adentrar nos campos e florestas brasileiras em busca de<br />
riquezas ou de terras que possuíssem riquezas . Ao lado <strong>da</strong>quele Chefe ou<br />
Coman<strong>da</strong>nte existia sempre uma Bandeira . Ela seguia ergui<strong>da</strong> na frente de
todos . Por isto seus componentes eram chamados de Bandeirantes . Existia<br />
sempre um segundo em comando que somente poderia assumir e dirigir o<br />
grupo na falta ou ausência <strong>da</strong>quele principal . O líder em comando deveria<br />
ser homem de saber e muita coragem . Alem do mais deveria ter to<strong>da</strong> a<br />
capaci<strong>da</strong>de e compreen<strong>são</strong> para liderar os guerreiros que o acompanhavam.<br />
Junto com aqueles bandeirantes seguiam inicialmente os<br />
índios tupis aliados . Depois de uma geração seguiam juntos , tanto os<br />
Tupis como os filhos mestiços dos brancos chamados de “Mamalucos” .<br />
Nas ultimas bandeiras , já no século XVIII , os índios Tupis pouco<br />
apareciam , pois estavam praticamente substituídos pelos Mamalucos.<br />
As bandeiras não eram promovi<strong>da</strong>s ou manti<strong>da</strong>s pelos<br />
governos , tanto do Brasil como de Portugal . Corria por conta dos Chefes/<br />
Coman<strong>da</strong>ntes as despesas de sua formação e manutenção . Depois de<br />
alguns anos e de bons resultados as bandeiras passaram a ser “muito<br />
incentiva<strong>da</strong>s pelo rei de Portugal”. Entretanto, nunca doaram recursos para<br />
as mesmas . Somente ficou ajustado e determinado pelo Rei que um Quinto<br />
dos Resultados seriam <strong>da</strong> coroa lusa . As muito poucas “Entra<strong>da</strong>s” que<br />
antecederam as Bandeiras é que foram oficiais , ordena<strong>da</strong>s e patrocina<strong>da</strong>s<br />
pelo governo de Lisboa . Praticamente quase na<strong>da</strong> de resultados<br />
apresentaram .<br />
A bandeira , leva<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s expedições dos paulistas , tinha<br />
sempre ao lado do seu Coman<strong>da</strong>nte um Padre que normalmente com eles<br />
seguia . Para muitos era sua presença imprescindível posto que aqueles<br />
homens iam para a luta e podiam morrer. Precisavam sempre de uma<br />
benção ou de extremunção .<br />
Depois de algum tempo as bandeiras também levavam com elas<br />
grandes cães vindos de Portugal , nota<strong>da</strong>mente do Arquipélago dos<br />
Açores . Eram cães que hoje <strong>são</strong> classificados como sendo <strong>da</strong> raça Fila . Na<br />
época <strong>da</strong>s bandeiras aqueles cães eram chamados de “Onceiros” pois ,<br />
pelo seu grande tamanho , enfrentavam até mesmo onças.<br />
As bandeiras variavam muito de tamanho , dependendo sua<br />
formação do objetivo que buscavam . Na sua composição inicial a maior<br />
parte <strong>da</strong> mesma era constituí<strong>da</strong> por índios tupis chefiados por seus aliados ,<br />
os bandeirantes . Depois os mamalucos passaram a formar a maior parte<br />
<strong>da</strong>s bandeiras mas sempre subordinados aos bandeirantes paulistas .<br />
Com o tempo os mamalucos , mediante a sua continua<br />
miscigenação com brancos e/ou com outros mamalucos , mu<strong>da</strong>ram de<br />
aspecto . Eram chamados então de caboclos e se sentiam como paulistas ,<br />
pois se vestiam , usavam armas de fogo e agiam <strong>da</strong> mesma maneira que os<br />
brancos . Com isto as Bandeiras ficaram mais coesas e uni<strong>da</strong>s .<br />
Bandeiras tanto podiam contar com 200 bandeirantes como estar<br />
forma<strong>da</strong> com até mais de 1.000 componentes . Era na reali<strong>da</strong>de um exercito<br />
muito bem organizado que corria pelos sertões basicamente em busca de
iquezas , presas , ouro e pedras preciosas . Por conseqüência ocuparam<br />
terras espanholas <strong>da</strong> América do Sul .<br />
De acordo com Basílio de Magalhães as bandeiras tiveram vários<br />
ciclos :<br />
A- Ciclo do Ouro de Lavagem – até metade do século XVII ;<br />
B- Ciclo <strong>da</strong> Captura dos Indios (com proteção aos criadores de<br />
gado) – até 1680 ;<br />
C- Ciclo <strong>da</strong>s Minas : Grande do ouro - vai ter continui<strong>da</strong>de até o<br />
século XVIII<br />
Características e Hábitos dos Bandeirantes<br />
Roupas : - Eram muito simples e bastante fortes , para resistir as<br />
matas com seus espinhos e o longo tempo de duração de ca<strong>da</strong> expedição .<br />
Para cabeça usavam chapéu de abas largas , protegendo do sol e <strong>da</strong>s<br />
chuvas. Camisa e calção preso por largo cinturão cobriam o corpo .<br />
Entretanto , quase como uma armadura , levavam uma espécie de colete ,<br />
um gibão , chamado “escupil” . Era feito de duas cama<strong>da</strong>s de couro . Uma<br />
interna mais macia e outra externa de couro batido , tendo no meio <strong>da</strong>s duas<br />
uma cama<strong>da</strong> de paina ou algodão . O couro externo era duro como sola de<br />
sapato e pespontado por botões metálicos . Aquele gibão cobria todo o<br />
tronco de um bandeirante. Resistiam até a penetração <strong>da</strong>s flechas . Os<br />
braços ficavam de fora para facilitar a movimentação .<br />
Para pernas utilizavam botas de cano bem longo que chegavam<br />
acima de seus joelhos . Assim ficavam protegidos até <strong>da</strong>s cobras . Por<br />
vezes , dependendo <strong>da</strong> permanência em lugar mais frio , cobriam-se com<br />
um poncho de lã ou manta de algodão , bem grossas para aquecimento e<br />
proteção .<br />
Armas : - Para o combate feito a distancia usavam armas de<br />
fogo , como trabuco ou escopeta . Eram as preferi<strong>da</strong>s . Eles tinham apoio<br />
no início do combate pelas flechas dos indígenas Tupis . Para o combate<br />
corpo a corpo utilizavam pistolas , espa<strong>da</strong>s , lanças e punhais . Os tacapes e<br />
bordunas então eram manejados pelos tupis . As lanças longas , também<br />
chama<strong>da</strong>s de “zagaia”, eram bastante utiliza<strong>da</strong>s , tanto pelos bandeirantes<br />
paulistas como pelos indígenas .<br />
Alimentação nos campos e matas : - Levavam sempre quando<br />
iniciavam suas jorna<strong>da</strong>s a farinha de mandioca , batatas , cará , farinha de<br />
milho e carne seca . Levavam ain<strong>da</strong> sementes de milho para possíveis<br />
plantações . No caminho utilizavam-se em larga escala <strong>da</strong> caça e <strong>da</strong> pesca .<br />
Na época eram disponíveis em to<strong>da</strong> parte , principalmente pela excelência<br />
dos rios muito piscosos e <strong>da</strong> caça abun<strong>da</strong>nte .<br />
Quando acampavam em locais distantes realizavam plantações de<br />
milho, batata e mandioca prevendo inclusive necessi<strong>da</strong>des na volta . O<br />
mesmo acontecia quando ficavam longo tempo em mineração estabeleci<strong>da</strong>
distante de São Paulo . Acampavam , quando possível, normalmente perto<br />
de aldeias de origem tupi . Alguns dos bandeirantes ficavam tomando conta<br />
<strong>da</strong>s plantações junto com mamalucos e tupis . Depois continuaram por lá .<br />
Formaram por isto mesmo lugarejos , grande parte deles mantidos com<br />
nomes tupis . Com o tempo viraram aldeias , vilas e depois ci<strong>da</strong>des ,<br />
algumas ain<strong>da</strong> hoje existentes .<br />
No que tange as frutas elas eram colhi<strong>da</strong>s diretamente na natureza,<br />
de acordo com a época e a região onde estavam. Nos campos de matas tipo<br />
“cerrado”, existentes no oeste de São Paulo , parte de Minas , Mato Grosso<br />
e Goiás , colhiam as frutas típicas <strong>da</strong>queles locais , hoje pouco encontra<strong>da</strong>s,<br />
como : - Mangaba , Curiola , Murici , Pacupari , Cagaita , Gabiroba ,<br />
Araçá, Goiabira , Macaúba .<br />
Movimentação / Deslocamentos : Dois rios foram inicialmente<br />
fun<strong>da</strong>mentais : o Anhembi (hoje denominado Tietê ) e o Paraíba . Com o<br />
uso <strong>da</strong>s “Igaras”- grandes canoas construí<strong>da</strong>s com um único tronco de<br />
arvore - tinham rápi<strong>da</strong> entra<strong>da</strong> para as áreas deseja<strong>da</strong>s . Deram com ela a<br />
possibili<strong>da</strong>de para o início <strong>da</strong> penetração para o interior <strong>da</strong> América . O<br />
conhecimento dos tupis de como viver nas matas , mais os seus caminhos<br />
seculares denominados “Apeaçú”, possibilitaram o grande impulso inicial<br />
para as bandeiras paulistas .<br />
Aqueles dois rios de São Paulo , apesar de nascerem perto do<br />
litoral ( menos de 50 quilômetros do mar ) correm para o interior do<br />
continente devido a parede , impossível de ser transposta por um rio ,<br />
forma<strong>da</strong> pela Serra do Mar . O Anhembi / Tietê , vai cruzar na diagonal o<br />
estado de São Paulo . Depois vai se juntar com outros rios de grande porte e<br />
importância ( , Paraná , Uruguai , Paraguai ) , para aju<strong>da</strong>r a formar a<br />
enorme Bacia do Rio <strong>da</strong> Prata que vai alcançar grande parte do sul do<br />
continente . Pelo Paraguai vai ser possível subir até o fim de Mato Grosso .<br />
Desta forma ficará permitido o acesso a enormes extensões de terras . Até<br />
ali chegaram as fronteiras atuais do Brasil expandido. Fronteiras com os<br />
paises : Paraguai , Argentina e Uruguai .<br />
Outro rio , o Rio Paraíba do Sul , vai correr paralelo ao litoral ,<br />
começando no Vale que tem seu nome para ir depois alcançar o atual<br />
estado do Rio de Janeiro . Através dele navegando até Pin<strong>da</strong>monhangaba e<br />
em segui<strong>da</strong> transpondo a pé a Serra <strong>da</strong> Mantiqueira se alcançava Minas<br />
Gerais . Foi o primeiro caminho para aquela região .<br />
Mais para dentro do sertão temos outros dois rios , o Araguaia e o<br />
Tocantins , que permitem a entra<strong>da</strong> em largas áreas de Mato Grosso e<br />
Goiás . Por eles os bandeirantes paulistas chegaram até a Amazônia ,<br />
porem ali não se fixaram . Subindo o Rio Paraguai também se alcançava<br />
Mato Grosso .<br />
Dependendo <strong>da</strong> área a ser explora<strong>da</strong> , não existindo no local rios<br />
navegáveis , a maior parte <strong>da</strong> mesma deveria ser percorri<strong>da</strong> an<strong>da</strong>ndo . Isto
era feito se aproveitando dos caminhos indígenas denominados “Apeaçú”.<br />
Quando eles não existiam a forma era entrar e atravessar as matas<br />
mediante um esforço muito maior , cortando matos .<br />
Alem destes caminhos ain<strong>da</strong> era conheci<strong>da</strong> uma rota denomina<strong>da</strong><br />
“Piabiru” que atravessava inteiramente a América do Sul para ir terminar<br />
no Peru .<br />
A respeito deste caminho existem até hoje muitas len<strong>da</strong>s ,<br />
algumas liga<strong>da</strong>s aos incas .<br />
Lembrança Histórica : Também foram os bandeirantes paulista<br />
que lutaram com os Piratas Ingleses no litoral de São Paulo ; Que<br />
enviaram por grandes canoas reforços para lutar contra os franceses<br />
invasores no Rio de Janeiro ; Que acabaram com a rebelião africana dos<br />
Palmares ; Que acabaram com os tapuias ladrões de gado no nordeste e<br />
permitiram expan<strong>são</strong> <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s na região ; Que com Raposo Tavares<br />
chegaram os reforços de São Paulo para luta contra os holandeses no<br />
nordeste ; Que por duas vezes , em 1.619 e 1.640 , repeliram invasões<br />
tenta<strong>da</strong>s por duas frotas de guerra Holandesa no litoral de Santos / São<br />
Vicente .
AS BANDEIRAS PAULISTAS CONTINUAM ,<br />
MESMO APÓS FIM DA UNIÃO IBÉRICA<br />
1- ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÉPOCA<br />
A-) Sentindo que não tinham condições , nem possibili<strong>da</strong>des<br />
no momento, para punir fisicamente os Bandeirantes , Portugal pela<br />
“Tentativa de Liber<strong>da</strong>de de São Paulo” e Espanha pelas Invasões de<br />
Terras que vinham sofrendo continua<strong>da</strong>mente , os bandeirantes<br />
paulistas , com base nestes fatos , vão continuar entrando em terras<br />
espanholas , não terminando de imediato com suas expedições .<br />
Também como ain<strong>da</strong> não estavam vindo punições de Portugal<br />
pela Tentativa de Liber<strong>da</strong>de Paulista , os bandeirantes continuaram suas<br />
expedições fora do Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas. Foi a forma acha<strong>da</strong> para<br />
manter to<strong>da</strong>s as terras anteriormente toma<strong>da</strong>s .<br />
As punições aconteceriam posteriormente . Portugal não tinha<br />
forças suficientes naquele momento , logo após o fim <strong>da</strong>s lutas realiza<strong>da</strong>s<br />
para terminar a União Ibérica , pois que mal se libertara de Espanha ;<br />
B-) Naquele instante as bandeiras não eram mais apenas<br />
explorações de “Ouro de Lavagem” . Naquele momento estavam<br />
apresentado grandes resultados com “Minas de Ouro e de Pedras<br />
Preciosas” . Foram denomina<strong>da</strong>s do “ Grande Ciclo do Ouro” ;<br />
C-) É preciso lembrar que as Bandeiras , longas , desgastantes e<br />
muito dispendiosas foram sempre Realiza<strong>da</strong>s com Recursos Próprios dos<br />
Paulistas , custando Sacrifícios de Vi<strong>da</strong>s de parentes, amigos e filhos ,<br />
alem do Risco <strong>da</strong> Própria Vi<strong>da</strong> . Eram as Bandeiras cheias de Privações ,<br />
realiza<strong>da</strong>s longe do seio <strong>da</strong> família . O governo de Portugal apenas<br />
incentivava as Bandeiras . Mais na<strong>da</strong> !<br />
D-) Estas novas bandeiras vão tomar e colonizar definitivamente<br />
terras de Mato Grosso , Goiás e fixar a ocupação de Santa Catarina .<br />
2- PRINCIPAIS BANDEIRAS APÓS FIM UNIÃO IBÉRICA<br />
- 1.645- Baltazar Fernandes - com sua bandeira fun<strong>da</strong> Sorocaba ;<br />
- 1.661- Domingos Fernandes - irmão do primeiro , fun<strong>da</strong> Itú ;<br />
- 1648 – Antonio Raposo Tavares – Mato Grosso / Bolívia / Peru – De<br />
acordo com Antonio de Toledo Piza – Revista do Instituto Histórico de São<br />
Paulo – Vol. IV –pg.8 : - “ Ele partiu de São Paulo e já alcançava Mato
Grosso em 1.649 . Encontra na região vilas espanholas , também povoa<strong>da</strong>s<br />
por jesuítas e índios guaranis , vindos de Paraguai . Então to<strong>da</strong>s elas :<br />
Bolanos –Xerez - Itutin- N.S. <strong>da</strong> Fé , foram ataca<strong>da</strong>s e destruí<strong>da</strong>s pelos<br />
bandeirantes . Dali Raposo Tavares segue para Bolívia e Peru , sempre em<br />
luta contra espanhóis. Atravessa os Andes e lava as mãos no Oceano<br />
Pacifico . A luta continua . Ele consegue voltar navegando pelo Amazonas<br />
até perto de sua foz . De navio retorna para São Paulo , tão desfigurado que<br />
a própria família não o reconheceu” ;<br />
- 1.661- Fernão Dias Paes – Paraná – de acordo com Pedro Taques –<br />
“Nobiliarquia Paulistana”-vol. XXXV- pgs. 106/109 – Fernão Dias na<br />
região de Apucarana , com amizade e palavras de paz , consegue trazer<br />
com ele três grandes tribos Tupis , que totalizam 3.000 indígenas . Eles irão<br />
se estabelecer as margens do Tietê , nas terras de Fernão Dias , em Santana<br />
do Parnaíba ;<br />
-1.671- Luiz Castanho de Almei<strong>da</strong> – Mato Grosso – segundo Pedro<br />
taques – “Nobiliarquia “- vol.XXXII –pgs.48/50 –Sua bandeira foi vitima<br />
de traição de índios auxiliares . Seus filhos aju<strong>da</strong>dos pela bandeira de<br />
Antonio Soares Paes venceram os rebeldes ;<br />
-1.673 – Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Silva – “Anhanguera”- Goiás – com seu<br />
filho vai alcançar o Rio Vermelho , em Goiás , onde deparam Grace<br />
quanti<strong>da</strong>de de ouro com os indígenas que não queriam informara<br />
localização onde o metal havia sido encontrado .Usando estratagema , ele<br />
os ameaçou , informando que iria acabar com to<strong>da</strong> água <strong>da</strong> região . Para<br />
provar ele usou álcool , tão transparente como água , colocado em um<br />
prato e colocou fogo . Ao ver o acontecido , os indígenas tapuias ficaram<br />
amedrontados com a possibili<strong>da</strong>de de ver queimados seus rios . Informaram<br />
o local onde o ouro poderia ser encontrado ;<br />
-1.675- Francisco Pedroso Xavier – Paraguai – Sai de São Paulo com sua<br />
bandeira composta por paulistas , “mamalucos” e índios tupis . Em 11 de<br />
Fevereiro ataca e toma “Vila Rica Del Espirito Santo” , localiza<strong>da</strong> perto<br />
de Assumpcion . Desta ci<strong>da</strong>de sai um exercito espanhol , com 400<br />
cavalarianos , tendo ao todo 1.000 homens . É coman<strong>da</strong>do por Juan Diaz<br />
de Andino , antigo governador do Paraguai . O paulista , firme e destemido,<br />
vai esperá-lo a pé no alto <strong>da</strong> Serra de Maracajú . Após longo combate ,os<br />
espanhóis <strong>são</strong> batidos . Perdem 300 cavaleiros e batem em retira<strong>da</strong> . Os<br />
Paulistas retornam com 4.000 índios prisioneiros , cavalos e bens tomados .<br />
Comprova o fato a “ Carta Regia de 23 de Março de 1.679”- com queixa do<br />
Representante de Espanha – vide Arquivo Nacional ;<br />
- 1.675 – Francisco Dias Velho – Santa Catarina - Depois de visitar com<br />
o pai , treze anos antes ( 1.662), a ilha de Santa Catarina , resolve povoá-la.<br />
Para lá segue com sua bandeira . Inicia o povoamento e a procura de ouro.<br />
Regressa para Santos em 1.679 e requer a conces<strong>são</strong> definitiva <strong>da</strong> ilha .<br />
Volta e ali vai edificar a igreja de N.S. do Desterro , estabelecendo
fazen<strong>da</strong>s de cultura . Em 1.687 aparece um “patacho pirata inglês” sob o<br />
comando de Thomaz Frins . Dias Velhos , após breve luta , toma o patacho<br />
e prende os piratas que <strong>são</strong> entregues as autori<strong>da</strong>des de Santos . Em 1.692<br />
aparecem mais ingleses piratas que invadem a ilha . Dias Velho morre<br />
lutando na igreja que construiu . Tempos depois os bandeirantes paulistas<br />
retornam a ilha e estabelecem os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> futura capital –<br />
Florianópolis – (relato de Azevedo Marques , de acordo com o livro de<br />
Basílio de Magalhães – “Expan<strong>são</strong> Geográfica do Brasil Colonial”) ;<br />
-1689- Domingos de Brito Peixoto – Rio Grande do Sul – Neste ano<br />
recebe autorização, por Carta Régia , para povoar e cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> região <strong>da</strong><br />
Lagoa dos Patos . Para lá segue por terra com sua bandeira , coman<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
por 10 Paulistas , muitos filhos “Mamalucos” e 50 índios tupis . Ao<br />
mesmo tempo fazia velejar uma nau própria , com mais paulistas , saíndo<br />
de Santos , levando mantimentos e ferramentas . Após 4 meses fun<strong>da</strong>m um<br />
núcleo residencial e uma capela que recebeu o nome de Santo Antonio dos<br />
Anjos de Laguna . A região é então parte integrante <strong>da</strong> Capitania de São<br />
Vicente / São Paulo ;<br />
-1.670 –Duas Grandes Bandeiras – Paraná - A 1ª sob comando de Luis<br />
de Góes . Com ele seguem outros bandeirantes : Antonio Luiz Tigre ,<br />
Guilherme Dias , Capitão Agostinho Figueiredo e Leão de Arroios . A 2ª,<br />
com o mesmo destino tem a frente João Alvares Coutinho , alem de<br />
Manoel Lemos Conde e Roque Pereira . Ambas alcançam grande sucesso<br />
na exploração do ouro ;<br />
-1.670 – Antonio Lemos Conde – Rio Grande do Sul – Com sua tropa<br />
segue para o extremo sul em busca de minas de prata , junto ao Rio <strong>da</strong><br />
Prata . O resultado desta bandeira não foi perfeitamente definido .<br />
OBS. :<br />
• “Grande Ciclo do Ouro” : Os bandeirantes paulistas já haviam<br />
fun<strong>da</strong>do varias vilas em Minas Gerais graças ao Ouro de Lavagem .<br />
Agora é descoberto ouro em Grandes Lavras, Veios e em Minas .<br />
Não só na região de Minas Gerais ,mas ain<strong>da</strong> em Mato Grosso e<br />
Goiás . Os Bandeirantes Paulistas vão Tomar e Desbravar Todo<br />
Centro do Brasil atual .Vários bandeirantes <strong>são</strong> indicados como<br />
iniciadores deste ciclo de muito ouro . Vide a seguir :<br />
• “Ato Régio de 23 de Dezembro de 1693 -Garcia Rodrigues Paes”<br />
Por este ato ele é nomeado para a função de “Capitão Mor<br />
Administrador <strong>da</strong>s Minas de Esmeral<strong>da</strong>s”. Pouco depois é também<br />
nomeado pela “Carta Régia de 19 de Novembro de 1.693”- como<br />
administrador e descobridor <strong>da</strong>s “Minas de Ouro <strong>da</strong> Serra de<br />
Sabarabuassu”.<br />
• A “Revista do Instituto Histórico de São Paulo”- Vol. 268 indica<br />
que uma bandeira coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Padre João de farias , na
companhia de seu cunhado Antonio Gonçalves Vianna , do Capitão<br />
Manuel Borba e de Pedro Avos , saindo de Pin<strong>da</strong>monhangaba sobem<br />
a Mantiqueira e nos altiplanos de Rio Grande , Rio <strong>da</strong>s Mortes , e do<br />
rio Sapucai encontram veios de ouro . Este fato está de acordo com a<br />
“Carta e Amostras de Bento de Souza Coutinho” , de 29 de Julho de<br />
1.694 . Com a confirmação de muito ouro , novas bandeiras seguem<br />
para Minas Gerais , entre elas cabe destaque :<br />
-1697- Sebastião Castro e Cal<strong>da</strong>s – Cataguases - Descobrem as<br />
chama<strong>da</strong>s Minas de Cataguáses e comunicam o fato ao Rei ;<br />
-1.698- Miguel Garcia – Itatiaia - Descobre um ribeiro aurífero que foi<br />
então denominado Gualaxo do Sul ;<br />
-1.696 – Manoel Garcia –o “Velho”- Encontra ouro junto ao<br />
denominado Morro de Tripui ;<br />
-1.696 – Diogo de Vasconcellos – encontra ouro nos mananciais defluentes<br />
do Itacolomi . Essas minas posteriormente passaram para Belchior Cunha<br />
Barregão e Bento Leite <strong>da</strong> Silva ;<br />
-1.696- João Lopes de Lima – sob o governo de Salvador Furtado de<br />
Mendonça descobre as riquíssimas minas do Ribeirão do Carmo ;<br />
-1.698- Antonio Dias de Oliveira – Descobre o grande veio de Ouro Preto<br />
junto com seus bandeirantes vindos de Taubaté – Publicação do “Arquivo<br />
Nacional” – Vol. IX pg.14 . Ouro Preto com o tempo se torna 1ª capital de<br />
Minas . Lá ain<strong>da</strong> existe o bairro “Antonio Dias” homenagem ao feito<br />
<strong>da</strong>quele bandeirante paulista ;<br />
1.698 – Manuel Borba Gato – Recebe a patente de “Tenente General <strong>da</strong>s<br />
Minas de Sabarabuassu “. Muito ouro ali é encontrado . Era um dos locais<br />
previamente determinados por seu sogro Fernão Dias Paes , durante sua<br />
expedição realiza<strong>da</strong> anteriormente .<br />
-1.700 a 1.704 – Novas descobertas de Minas de Ouro - Realiza<strong>da</strong>s por<br />
muitos bandeirantes paulistas em várias áreas de Minas Gerais . Vide a<br />
seguir :<br />
- Antonio Rodrigues Arzão – Rio Casca ,<br />
- Bartolomeu Bueno – Ituverava .<br />
- Bento Rodrigues – Minas do Cabo ,<br />
- Antonio Pereira – Gualaxo do Norte ,<br />
- Capitão Antonio Rodovalho – Minas - 10 léguas de Ouro Preto ,<br />
- Francisco Bueno Camargo – Rio Guarapiranga ,<br />
- João Siqueira Affonso – Veios de ouro em Pitanga ,<br />
- Antonio Luiz do Passo – Rio Pardo ,<br />
- Miquel Domingues – Itacambira ,<br />
- D. Luis <strong>da</strong> Castro – Varias expedições para explorar minas de Caeté .
• “Honras e Mercês aos Bandeirantes Paulistas - Com tanto ouro<br />
descoberto e explorado pelos bandeirantes paulistas , em 13 de<br />
Janeiro de 1.693 , o soberano de Portugal decreta e concede estas<br />
honrarias para todos bandeirantes paulistas . Não poderia ficar<br />
escondido este grande movimento de mineração com ouro que<br />
enriquecia Portugal . Porem somente tinha a honraria interesse em<br />
resultados imediatos para o Tesouro Lusitano , como depois será<br />
demonstrado com a Guerra dos Emboabas .
BANDEIRAS – CICLOS E FASES - ATÉ 1.640<br />
Ciclo do ouro de Lavagem e Esmeral<strong>da</strong>s – Ciclo <strong>da</strong> Caça do Tapuia / Lutas com Espanhóis- Ciclo<br />
do Ouro de Minas e Lavras – Auxílio aos Criadores de Gado do Nordeste – Bandeiras até Final <strong>da</strong><br />
União Ibérica- Principais Bandeiras do Ouro de Lavagem – Piratas Ingleses em São Vicente - Caça<br />
Ao Tapuia e luta contra Espanhóis e Jesuítas – Tentativa Espanhola de Dominar o Sul – Bandeiras<br />
e Bandeirantes Muito Especiais – Fim <strong>da</strong> União Ibérica– Mu<strong>da</strong>nça do Centro Geopolítico do Brasil.<br />
Para melhor entendimento e conhecimento <strong>da</strong>s Bandeiras Paulistas ,<br />
antes de mais na<strong>da</strong> será preciso classificá-las devi<strong>da</strong>mente , pois elas<br />
tiveram origens , tendências e motivações diferentes . Ocorreram vários<br />
tipos de bandeiras , muitas vezes realiza<strong>da</strong>s ao mesmo tempo , no mesmo<br />
período.<br />
De acordo com o historiador Basílio de Magalhães , um dos<br />
maiores especialista nesta área de estudos sobre bandeiras , em seu livro<br />
“Expan<strong>são</strong> Geográfica do Brasil Colonial” , as Bandeiras Paulistas podem<br />
ser divi<strong>da</strong>s em Três Ciclos bem caracterizados , a saber :<br />
1º-) Ciclo do Ouro de Lavagem e <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s –<br />
Tem inicio logo depois <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção de São Vicente . Neste<br />
período tanto o ouro como esmeral<strong>da</strong>s <strong>são</strong> procurados junto aos rios ,<br />
ribeirões e córregos <strong>da</strong> região. Não precisavam , aqueles garimpeiros e<br />
pesquisadores iniciais , muito se afastarem de suas vilas e ci<strong>da</strong>des. Para<br />
tanto , nas regiões povoa<strong>da</strong>s , foram pesquisados os barrancos de veios<br />
d’água corrente . Mediante bateias , peneiras , pás e picaretas . Então<br />
cavam nas beira<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s correntes de água e com as bateias vão<br />
separando a terra e a areia dos grãos maiores. Depois apurando a<br />
verificação , tanto poderá surgir ouro como uma pedra preciosa .<br />
Na seqüência do início deste Ciclo muitos dos garimpeiros e<br />
pesquisadores não mais continuarão definitivamente nas primitivas<br />
terras pesquisa<strong>da</strong>s . Não encontrando ouro no local em que viviam vão<br />
ca<strong>da</strong> vez mais para frente na procura do mesmo .<br />
Para tanto formam expedições que levam com ela uma bandeira .<br />
Com elas <strong>são</strong> formados os primeiros bandeirantes . Eles seguirão<br />
sempre em frente , procurando por riquezas . Poderão até criar lavouras<br />
em outros novos locais para ter sua subsistência garanti<strong>da</strong> durante<br />
algum tempo. Desta forma muitas vezes se estabelecem na região que<br />
vão escavar , lavar e peneirar nas beiras de riachos procurando ouro .<br />
Estarão naqueles locais durante algum tempo. Poderão até<br />
formar pequenas povoações necessárias para viver na região escolhi<strong>da</strong> .<br />
Trabalham e guar<strong>da</strong>m o ouro encontrado. A maioria destes bandeirantes<br />
depois volta com o produto encontrado para as suas ci<strong>da</strong>des de origem.
Depois , se obtiverem sucesso , poderão retornar quantas vezes<br />
forem necessárias , até sentirem que a área pesquisa<strong>da</strong> e trabalha<strong>da</strong><br />
ficou esgota<strong>da</strong> .<br />
Outros terão comportamento um tanto diferenciado , criando<br />
então condições de continua subsistência e se estabelecendo<br />
definitivamente na região escolhi<strong>da</strong> para ser trabalha<strong>da</strong> . Daquelas<br />
lavouras e casas levanta<strong>da</strong>s vão surgir povoações nestes locais<br />
trabalhados por bandeirantes . Ali eles vão se radicar definitivamente<br />
com suas famílias. Aquelas áreas vão ser desenvolvi<strong>da</strong>s com o tempo.<br />
Vão virar ci<strong>da</strong>des .<br />
Muito ouro foi encontrado neste ciclo do Ouro de Lavagem<br />
2´º) Ciclo <strong>da</strong> Caça do Índio e Lutas com Espanhóis e Jesuitas<br />
Ocorre inicialmente com a que<strong>da</strong> de prestigio dos jesuítas em<br />
São Paulo . Eles que tentaram transformar a ci<strong>da</strong>de em uma “ Índia<br />
do Planalto”destina<strong>da</strong> para ser a “Capital <strong>da</strong>s Missões no Brasil” ,<br />
formando um império indígena , não inferior aquele denominado<br />
“Guaranítico del Paraguai”. A maioria dos jesuítas muitas vezes teve<br />
grande afini<strong>da</strong>de com os espanhóis . Loiola o fun<strong>da</strong>dor de sua Ordem<br />
era espanhol .<br />
Este plano jesuíta foi desfeito pela inquebrantável energia e<br />
vontade dos paulistas . Os bandeirantes paulistas começam por<br />
desbaratar as ci<strong>da</strong>delas espanholas / jesuíticas /tapuias .<br />
É preciso lembrar que foram os paulistas atacados inicialmente e<br />
depois retribuem continua<strong>da</strong>mente . Esta luta ain<strong>da</strong> vai crescer . Os<br />
tamoios/ jesuítas/ espanhóis , nota<strong>da</strong>mente aqueles encontrados nas<br />
regiões sul , serão batidos continua<strong>da</strong>mente . Os Tupis inimigos<br />
seculares dos Tapuias , depois <strong>da</strong> Paz realiza<strong>da</strong> entre Paulistas e<br />
Tamoios/Tupis tiveram sempre o apoio dos bandeirantes .<br />
Então os Tupis se tornam fortes aliados dos Bandeirantes ,<br />
participando continua<strong>da</strong>mente em suas bandeiras . Com a<br />
miscigenação seqüente entre eles vai surgir uma raça forte<br />
denomina<strong>da</strong> “Mamalucos”. A guerra existente entre Tapuias e os<br />
Tupis , agora aliados dos Paulistas , existente desde muitos séculos<br />
anteriores , será agora mais acirra<strong>da</strong> , com a captura dos índios<br />
Tapuias que serão destinados ao cativeiro , nota<strong>da</strong>mente no nordeste,<br />
posto que durante a Inva<strong>são</strong> Holandesa os fazendeiros e usineiros<br />
nordestinos não mais conseguiam escravos africanos . Angola , o<br />
centro de exportação dos escravos africanos , fora toma<strong>da</strong> também<br />
pelos holandeses . Assim a solução foi vender os Tapuias capturados<br />
para o trabalho escravo necessário naquela região nordeste .
Muitas bandeiras , em reali<strong>da</strong>de a sua grande maioria , <strong>são</strong><br />
dirigi<strong>da</strong>s para o sul e sudoeste brasileiro . Vão desbaratar as missões<br />
jesuíticas /espanholas <strong>da</strong>quelas regiões , capturando índios tapuias .<br />
3º) Ciclo Grande do Ouro – De Lavras e Minas<br />
Ele vai ocorrer com novos descobrimentos de grandes lavras e<br />
minas de ouro que eram então encontra<strong>da</strong>s no Centro e no Centro Oeste<br />
do Brasil . Em Minas Gerais , Mato Grosso e Goiás . Eles ocorrerão<br />
com maior intensi<strong>da</strong>de a partir de 1.650 , em locais e regiões já visitados<br />
anteriormente, com alguns sucessos alcançados por antigos bandeirantes<br />
que estavam em busca do ouro de lavagem . Entretanto, agora o ouro<br />
descoberto será de grande monta e <strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de .<br />
Pela distancia existente entre aquelas regiões e São Paulo ,<br />
muitas destas bandeiras paulistas que para lá seguiram vão ter seus<br />
componentes se fixando definitivamente nos locais onde encontravam<br />
ouro e pedras preciosas .<br />
As Bandeiras do Grande Ciclo do Ouro vão expandir e fixar<br />
definitivamente para o Brasil as grandes áreas do centro <strong>da</strong> América do<br />
Sul , mediante a estabilização dos paulistas em povoações naquelas<br />
antigas áreas espanholas , bem distantes <strong>da</strong>s linhas divisórias do Tratado<br />
<strong>da</strong>s Tordesilhas .<br />
As Bandeiras Paulistas naquelas regiões irão trabalhar através de<br />
seus componentes como empresas mineradoras , utilizando pás ,<br />
picaretas e pequenas fundições para os minerais encontrados.<br />
4º) Auxilio aos Criadores de Gado ( Basílio de Magalhães não o<br />
incluía nos Ciclos )<br />
Aqueles criadores de gado , existentes do Centro e no Nordeste<br />
do Brasil , foram inicialmente e continua<strong>da</strong>mente atacados pelos tapuias<br />
existentes nas regiões do sertão baiano , sergipano e pernambucano .<br />
Depois de tentar sem sucesso impedir tais ataques encontram a<br />
solução para seus problemas . Irão contratar bandeirantes paulistas para<br />
eliminar definitivamente o perigo .<br />
Rapi<strong>da</strong>mente aqueles bandeirantes contratados vão deixar fora<br />
de risco de novos ataques aquelas regiões . Os tapuias serão vencidos de<br />
forma definitiva . Isto vai permitir desenvolvimento <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s de<br />
pecuária em todo nordeste e oeste baiano . Entretanto , pelas próprias<br />
situações que ocupavam , estas fazen<strong>da</strong>s não irão expandir em muito as<br />
fronteiras <strong>da</strong>s Tordesilhas .<br />
Muitos bandeirantes paulistas por ali irão se radicar . Vão<br />
também se tornar criadores de gado . Isto vai acontecer em virtude dos<br />
contratos que estabeleciam recompens, mediante pagamento de prêmios<br />
em terras na região .
5º)-Classificação <strong>da</strong>s Bandeiras :<br />
De Acordo Com as Fases Políticas <strong>da</strong> América do Sul<br />
Como os Ciclos muitas vezes se remontam , se sobrepondo uns<br />
sobre os outros , nem sempre fica fácil separá-los no Tempo e no Espaço<br />
em que ocorreram .<br />
Os Ciclos ficam claros quanto a sua Destinação mas realmente<br />
se Sobrepõem podendo trazer alguma dificul<strong>da</strong>de para analisá-los . Por isto<br />
mesmo entendo que podemos também separar as Bandeiras de outra forma<br />
diferencia<strong>da</strong> .<br />
Entendo que fica fácil considerar as Razões e Motivações <strong>da</strong>s<br />
Bandeiras separando-as com base nas Fases Políticas em que aconteceram .<br />
Desta forma teremos 2 ( dois ) momentos que denominamos A e B . Eles<br />
<strong>são</strong> muito claros . Entre eles acontecerá uma Tentativa de Independência<br />
de S. Paulo.<br />
FASES POLÍTICAS EM QUE ACONTECERAM AS BANDEIRAS :<br />
* Fase A – Do Início <strong>da</strong>s Bandeiras até o fim <strong>da</strong> União Ibérica -1.640 ;<br />
* Tentativa de Liber<strong>da</strong>de de São Paulo , com Amador Bueno –<br />
“...Aquele não quis ser rei...”<br />
* Fase B- Depois <strong>da</strong> Tentativa de Liber<strong>da</strong>de de São Paulo até o<br />
Tratado de Madrid .<br />
Dentro destas Fases A e B podemos verificar ain<strong>da</strong> os Ciclos e<br />
como aconteceram . Para tanto usaremos como base o livro de “Basílio de<br />
Magalhães – Expan<strong>são</strong> Geográfica do Brasil Colonial” . Ele , de acordo<br />
com Affonso de Taunay é o mais completo estudo no que tange as<br />
Bandeiras e Bandeirantes .<br />
Vamos explicar as Fases e os Ciclos :<br />
6º) FASE A – PRINCIPAIS BANDEIRAS ATÉ O FIM DA UNIÃO IBÉRICA<br />
Os Paulistas , por estarem situados longe <strong>da</strong>s costas oceânicas ,<br />
tendo um rio (o Anhembi) que corria para dentro do continente , pelo<br />
seu próprio isolamento , pela amizade com os índios Tupis , pelos<br />
conhecimentos que deles absorveu , pelos constantes cruzamentos<br />
gerando os Mamalucos , pela rigidez dos seus costumes , pela vontade<br />
inquebrável e pelo destemor sempre demonstrado , seria aquele que por<br />
sua formação e deci<strong>são</strong> firme poderia continua<strong>da</strong>mente entrar pelos<br />
sertões , enfrentando tanto o inimigo desconhecido como os espanhóis ,<br />
as feras , a fome e o total desconforto , para quase sempre no final se
consagrar vencedor . Muitos morreram nas lutas mas isto tudo não<br />
criou receio . Muito menos temor ou medo .<br />
Criou a vontade de vencer . Sempre !<br />
INÍCIO DO OURO DE LAVAGEM - Geração de Povoados e Vilas –<br />
1552 – São Vicente – Colonos - O principio <strong>da</strong> exploração do ouro vai<br />
começar ain<strong>da</strong> no redor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Vicente , núcleo inicial do<br />
território paulista . Os primeiros colonos <strong>da</strong> Capitania de Martim Affonso<br />
de Souza , começaram investigar e garimpar a riqueza de minerais nos<br />
cursos de água que desciam <strong>da</strong> Serra do Mar e chegavam em Cubatão .<br />
Encontraram ouro . A noticia se espalhou e foi chegar para D. João III em<br />
Portugal . Durante quase 50 anos foi a região pesquisa<strong>da</strong> e explora<strong>da</strong><br />
visando ouro de lavagem .<br />
Antes deles corria a noticia que , antecipando a chega<strong>da</strong> de Martim<br />
Affonso de Souza em São Vicente , havia ocorrido uma expedição<br />
coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Aleixo Garcia , em 1.526 . Acompanhado por poucos<br />
brancos e muitos índios Tupis , ele atravessou o Rio Paraná , aliou-se com<br />
os índios Guaranis do Paraguai e invadiu com aquela gente o Peru . Lá<br />
conquistou ci<strong>da</strong>des e riquezas . Quando voltava Aleixo Garcia foi<br />
assassinado pelos Guaranis . A noticia chegou em Portugal .<br />
D. João III autoriza oficialmente a procura de ouro na Capitania de<br />
São Vicente .<br />
8º) PIRATAS INGLESES EM SÃO VICENTE –<br />
A noticia <strong>da</strong>s riquezas minerais acha<strong>da</strong>s nas terras do litoral<br />
paulista logo chegaram na Europa . Em carta , dirigi<strong>da</strong> aos amigos de<br />
Londres, (publica<strong>da</strong> posteriormente ) , o inglês John Whithall – alcunhado<br />
no Brasil de “João Leitão” , porque casara com uma filha de Jerônimo<br />
Leitão comunicava-lhes os descobrimentos de ouro e prata<br />
( veja-se Revista do. Arquivo Púbico VII- / 580-581 )<br />
Isto vai despertar a cobiça e arremeti<strong>da</strong>s de piratas e corsários<br />
ingleses contra o litoral Paulista . Edward Fenton ataca em 1.583 . Thomas<br />
Cavendish em 1.588 , 1.891 e 1.592 . No penúltimo assalto levou o produto<br />
do saque e , de acordo com Antony Knivet – pirata inglês feito prisioneiro<br />
pelos indígenas ( Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil –<br />
XVI – 1º-192 ) , levou muito boa quanti<strong>da</strong>de de ouro , extraído <strong>da</strong> região<br />
de Mutinga /SP .<br />
AS PRINCIPAIS BANDEIRAS –Ouro de Lavagem ( Continuação)<br />
Com o Ano – Destino – O Bandeirante –e Histórico
1.559- Interior de São Paulo – “Brás Cubas” – Por ordem real ele irá<br />
com seus primeiros bandeirantes percorrer 300 léguas , colhendo amostras<br />
de vários minérios até alcançar fronteiras de Minas Gerais . Porem de real<br />
na<strong>da</strong> foi encontrado . Tanto em Ouro como em Pedras Preciosas . Brás<br />
Cubas voltou adoentado depois de dois anos de exploração ;<br />
1562 – Interior de São Paulo – “Luiz Martins” - Ele que acompanhou<br />
Brás Cubas na primeira expedição realiza agora a segun<strong>da</strong> expedição . Vai<br />
encontrar ouro de primeira em riachos perto de São Paulo , a 30 léguas de<br />
Santos ;<br />
1.572 – Apiaí / São Paulo – “Francisco Xavier <strong>da</strong> Rocha” – Fundou o<br />
primeiro sitio denominado “ Santo Antonio <strong>da</strong>s Minas” . Ali foi explorado<br />
Ouro de Lavagem durante muitos anos . Depois no local foram<br />
encontrados outros metais úteis ;<br />
1.570 – Iguape e Paranaguá – “Heliodoro Eubanos” - Sua bandeira , <strong>da</strong><br />
qual faziam parte o seu filho Gilberto e o amigo Sebastião Teixeira , foi<br />
organiza<strong>da</strong> para combater os índios Carijós localizados em Iguape e que<br />
atacavam continua<strong>da</strong>mente São Vicente . Depois destes embates eles vão<br />
encontrar ouro não só em Iguape , mas também em Paranaguá e Curitiba .<br />
Eubanos em segui<strong>da</strong> a sua expedição vai percorrer em parte a estra<strong>da</strong> que<br />
levava ao Peru , denomina<strong>da</strong> “Piabiru”<br />
1.579 – Paranaguá – “Jerônimo Leitão” – Ele que exerceu o cargo de<br />
Capitão Mor em São Vicente penetrou nos sertões do Paraná e vai alcançar<br />
Paranaguá . Ali os seus bandeirantes obtiveram sesmarias onde iriam<br />
posteriormente pesquisar e explorar Ouro de Lavagem com sucesso ;<br />
* 1580 – ACONTECE A UNIÃO IBÉRICA – Neste ano tem início a<br />
união de Portugal com Espanha. Felipe II passa a ser o único rei para os<br />
paises ibéricos . Muitas coisas ruins vão acontecer para Portugal.<br />
Entretanto , para a Capitania de São Vicente e principalmente para os<br />
bandeirantes facili<strong>da</strong>des irão aparecer . Não existirá mais as fronteiras entre<br />
as colônias espanholas <strong>da</strong> América do Sul e a colônia do Brasil .<br />
Desta forma os bandeirantes paulistas terão livre acesso as terras<br />
espanholas . As lutas e disputas entre aqueles bandeirantes com os<br />
espanhóis , seus jesuítas e seus índios tapuias catequizados passam ser<br />
avalia<strong>da</strong>s com lutas intestinas . Tudo acontecia em terras de Espanha .<br />
Antes do termino <strong>da</strong> “União Ibérica” , praticamente as regiões do<br />
Sul brasileiro e as regiões do Centro e do Centro – Oeste do Brasil já<br />
estarão praticamente em mãos dos bandeirantes de São Paulo .<br />
CONTINUAÇÃO ,: Bandeiras do Ciclo do Ouro de Lavagem : -<br />
1.590 – Jaraguá – Jaguaminbaba / S. P – “Afonso Sardinha – o Velho”<br />
- Teve a gloria de descobrir ouro perto aquelas regiões próximas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo , principalmente junto ao Pico do Jaraguá . Depois também
encontrou ouro em Lagoas Velhas / Guarulhos . Seu filho de mesmo nome<br />
Afonso Sardinha, em seu testamento (vide Azevedo Marquês –Vol.II ,<br />
225) declarou que possuía 80.000 cruzados em ouro , enterrado em botijas<br />
de barro . Afonso Sardinha foi quem primeiro fundiu ferro e aço nas<br />
Américas , lá junto a Serra de Araçoiaba / Sorocaba ;<br />
1591 – Minas Gerais – “André de Leão” – Foi a primeira bandeira que<br />
seguiu para o Norte , em deman<strong>da</strong> direta <strong>da</strong> atual região de Minas Gerais ,<br />
motiva<strong>da</strong> que foi pelo governador D.Francisco de Souza que incentivava<br />
expedições para aquela região . André Leão partiu subindo pelo Rio Tiete<br />
com sua bandeira até encontrar suas nascentes . Depois vai navegar pelo<br />
Rio Paraíba até alcançar a região de Pin<strong>da</strong>monhangaba . Dali vai galgar e<br />
atravessar a Serra <strong>da</strong> Mantiqueira . Seguindo para o norte vai alcançar as<br />
cabeceiras do Rio São Francisco. Atinge então o local denominado<br />
Sabarabussu de onde vai extrair prata pura .<br />
Tempos mais tarde mandou registrar os locais que demarcou para<br />
pesquisas de ouro . Sua bandeira dura cerca de 9 meses , contando com 80<br />
brancos .<br />
OBSERVAÇÃO – Durante o governo de D. Francisco de Souza as<br />
bandeiras paulistas terão grande desenvolvimento . Ele veio a falecer em<br />
1.611 . Seu filho D. Luiz de Souza continuou seu trabalho .<br />
A Coroa em 1.618 ordena o recolhimento de um quinto do ouro<br />
encontrado pelas bandeiras paulistas ;<br />
1.616- Goiás – “Antonio Pedroso Alvarenga” - Formou grande tropa de<br />
bandeirantes à sua custa e com ela penetrou mais de 300 léguas para o<br />
norte <strong>da</strong> Capitania de São Vicente . Vai se encontrar em 1.618 no centro do<br />
sertão goiano , junto ao Rio Paraupava.. Vai revelar as possibili<strong>da</strong>des de<br />
ouro e prata na região , explora<strong>da</strong>s posteriormente com bons resultados ;<br />
1.618 – Cuiabá/ Mato Grosso – “Antonio Castanho <strong>da</strong> Silva” – Este<br />
paulista se internou durante dois anos naqueles sertões levantando<br />
possibili<strong>da</strong>des de ouro e pedras preciosas na região de Cuiabá . Depois foi<br />
sair no Peru onde veio falecer em 1.622 . Apesar <strong>da</strong>s demarcações<br />
realiza<strong>da</strong>s esta bandeira não foi grande produtora de riquezas ;<br />
9º) CAÇA AO TAPUIA - LUTAS COM ESPANHÓIS E JESUÍTAS<br />
A influência dos jesuítas em São Paulo entrou rapi<strong>da</strong>mente em<br />
declínio . Os motivos básicos : - Estavam muito ligados aos espanhóis .<br />
Alem disto os Tupis eram realmente avessos as catequeses dos jesuítas e<br />
inimigos seculares dos Tapuias que agora estavam ficando com aqueles<br />
pregadores . Os Tupis eram guerreiros antes de mais na<strong>da</strong>. Depois <strong>da</strong> Paz<br />
com os Tupis/ Tamoios , ficaram definitivamente aliados aos paulistas e<br />
com eles irão lutar lado a lado , tendo em segui<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> a força dos filhos<br />
miscigenados com brancos - os Mamalucos .
A luta e a caça contra todos indígenas que não eram Tupis<br />
começa quando os Carijós, continua<strong>da</strong>mente levavam destruição e morte<br />
para os habitantes <strong>da</strong> aldeia de Pinheiros – junto a ci<strong>da</strong>de de São Paulo ,<br />
atualmente um de seus bairros , bem como para a ci<strong>da</strong>de de São Vicente .<br />
Estes indígenas se localizavam na região sul <strong>da</strong> Capitania de São Vicente<br />
habitando o litoral de Itanhaem e as serras ao lado seguindo até o Vale <strong>da</strong><br />
Ribeira e <strong>da</strong>li vindo em direção de São Paulo .<br />
O Barão do Rio Branco , em seu livro sobre a <strong>História</strong> do Brasil ,<br />
folha 59, escreve : “ Os paulistas , que foram os operários diligentes do<br />
Brasil , no Centro e no Sul , atacados pelos selvagens , a principio se<br />
limitavam a defensiva , depois tomaram a resolução de se desembaraçar de<br />
seus inimigos ...”<br />
Como os jesuítas , juntamente com os espanhóis , tentavam<br />
estabelecer povoações destes indígenas Tapuias/ Guaranis , em território<br />
que os paulistas entendiam como deles , muitas lutas vão ocorrer durante<br />
este período . Os paulistas agora passaram a considerar os jesuítas como<br />
estranhos e inimigos <strong>da</strong> sua gente e <strong>da</strong> sua luta .<br />
1585 – Paranaguá – Iperoig- “Jerônimo Leitão”- É dos primeiros<br />
bandeirantes que sai ao encalço dos Carijós . Vai diretamente ao encontro<br />
deles e desta vez consegue trazer prisioneiros desta tribo ;<br />
1.592 – Goiás – “Sebastião Marinho” – Segue para o centro do Brasil<br />
apresando índios Tapuias pela primeira vez naquela região . Vai chegar até<br />
Goiás . Depois descobre ouro naquele local ;<br />
1.594 – Paraná – “Jorge Correia” - Apesar de Lei <strong>da</strong> Metrópole<br />
Espanhola , edita<strong>da</strong> no ano de 1.595 , proibindo aprisionar e escravizar<br />
índios em geral , os paulistas não as aceitam nem as cumprem . Continuam<br />
lutando contra os índios . Jorge Correia estava prendendo índios desde um<br />
ano antes , em1.594 . Depois continuou com sucesso ;<br />
1.602 – Minas – “Nicolau Barreto”- Com uma bandeira composta por<br />
300 paulistas mais índios Tupis e filhos Mamalucos , ele segue para a<br />
região do Rio <strong>da</strong>s Velhas . Levam dois anos nesta expedição . Procuram<br />
ouro e ao mesmo tempo conseguem capturar 3.000 tapuias que trazem para<br />
São Paulo ;<br />
1.607 – Paraná – Sta. Catarina – “Belchior Dias Carneiro” – Tentava<br />
alcançar a região do Paranapanema e <strong>da</strong>li o oeste de Santa Catarina . Veio a<br />
falecer antes de atingir seus objetivos . Foi substituído no comando <strong>da</strong><br />
bandeira por “Antonio Raposo –o Velho” que vai continuar apresando<br />
índios ;<br />
1.611 – Paraná – “Fernão Pais de Barros” – Estava procurando<br />
aprisionar tapuias em Guairá . Foi perseguido por um exercito coman<strong>da</strong>do<br />
pelo General Antonio Anasco , espanhol . Sofreu grande per<strong>da</strong> de<br />
bandeirantes antes de se livrar <strong>da</strong> perseguição ;
1.619 /1.624- Santa Catarina – Paraná – “Manoel Preto” – Como<br />
represália de um ataque de Tapuias chefiados pelo cacique Taioba , aliado<br />
dos espanhóis , segundo o livro do Barão do Rio Branco , Manoel Preto<br />
efetua ataques contra a região de Guaira . Capturou então muitos indígenas<br />
que trouxe para sua fazen<strong>da</strong> situa<strong>da</strong> em Nossa Senhora do Ó em São Paulo<br />
. Manoel Preto morreu em combate no sertão , quando foi ferido por<br />
flecha<strong>da</strong>s dos índios ;<br />
10º) 1.559 a 1638 –TENTATIVA ESPANHOLA /JESUITICA PARA<br />
DOMINAR O SUL<br />
Desde 1.559 tentavam os jesuítas, apoiados nos espanhóis ,<br />
formar a continui<strong>da</strong>de do “Reino Guaranítico” em terras situa<strong>da</strong>s no sul<br />
brasileiro . Assim , dentro de um plano pré – estabelecido , segui<strong>da</strong>mente<br />
vão implantando novas povoações , vilas e ci<strong>da</strong>des , com índios guaranis /<br />
tapuias . Elas poderiam <strong>da</strong>r estabili<strong>da</strong>de e justificativa para a continui<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> posse e do direito <strong>da</strong>quelas terras para os espanhóis e seus jesuítas .<br />
Assim gra<strong>da</strong>tivamente e continua<strong>da</strong>mente vão ocupando novas<br />
áreas .<br />
1.559 e 1560 – Jesuítas e espanhóis vão estabelecer no oeste<br />
paranaense duas ci<strong>da</strong>des : Ciu<strong>da</strong>d Real na fóz do Rio Piqueri e Villa Real<br />
junto ao Paranapanema .<br />
1610- Província do Guaira – Tem inicio sua formação com<br />
apoio decisivo dos espanhóis . Os jesuítas criam então , junto ao Rio<br />
Paranapanema , duas ci<strong>da</strong>des : Santo Inácio e Loreto ;<br />
1.623 a 1630 – Província de Guaira - Continuam criando<br />
ci<strong>da</strong>des e vilas , a saber : - San Pedro y San Pablo , Angeles , Encarnacion<br />
, San Miguel , Concepcion , San Thomás e Jesus Maria . To<strong>da</strong>s estão<br />
situa<strong>da</strong>s entre os rios Paraná , Iguaçu e Paranapanema ;<br />
1.626 – Província del Paraná – Situa<strong>da</strong> no centro <strong>da</strong>quela<br />
região onde <strong>são</strong> fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s 7 povoações : Santa Maria Maior , Nativi<strong>da</strong>d ,<br />
Santo Ignácio , Itapuã , Corpus, Yapeiu e Curuzú ;<br />
1.632 a 1.634 – Província do Tape – Rio Grande do Sul – Ali<br />
foram então cria<strong>da</strong>s seis povoações espanholas : Araricá , Santa Tereza ,<br />
Santana , San Joaquim , Jesus Maria e San Cristobal ;<br />
1.632 a 1634 – Província del Uruguai –Naquela região <strong>são</strong><br />
forma<strong>da</strong>s 10 povoações espanholas / jesuítas : Candelária , San Nicolas ,<br />
Mártires , San Carlos , Apóstolos , San Miguel , San Thomé , Itaquatiá ,<br />
Cosme y Damian .<br />
Capistrano de Abreu , em seu livro sobre a Historia do Brasil ,<br />
págs. 102/103 , anota que aquilo era um alvo perfeito e que não poderia<br />
existir na<strong>da</strong> de melhor para reação dos bandeirantes paulistas . Eles
efetivamente não vão aceitar aquela inva<strong>são</strong> de terras que já tinham sido<br />
desbrava<strong>da</strong>s primeiramente por eles .<br />
1.629- Primeira Expedição Contra Espanhóis / Jesuítas : Em Guaira -<br />
Sob comando de Antonio Raposo Tavares , uma grande bandeira paulista ,<br />
na reali<strong>da</strong>de quase um exercito , alcança Guaira . Ele é composto por 69<br />
paulistas no comando , 900 mamalucos e 2.000 índios tupis . Lá chegando<br />
informam aos jesuítas e aos espanhóis que ali a terra não era de Espanha e<br />
que <strong>da</strong>li deveriam sair . A fuga dos índios , dos espanhóis e jesuítas é<br />
completa . Eles seguem para outras aldeias . Guaira é destruí<strong>da</strong><br />
parcialmente ;<br />
1.631 – Ataque em Fóz do Piqueri e Paranapanema -Aqueles mesmos<br />
bandeirantes atacam e ocupam Villa Rica e Ciu<strong>da</strong>d Real . Dentre aqueles<br />
bandeirantes paulistas que lutaram em Guaira , Villa Rica e Ciu<strong>da</strong>d Real<br />
cabe destaque para os bandeirantes paulistas : - Manoel Pires , Antonio<br />
Pedroso , Manoel Morato , Simão Alvarez , Francisco Lemos , Gaspar <strong>da</strong><br />
Costa , André Peixoto , Gonçalo Pires , Bernardo de Souza , Antonio<br />
Raposo – “O Velho”, Ascenço de Quadros e Baltazar Fragoso ;<br />
1.632 – Fim de Santiago de Xerez - ´É toma<strong>da</strong> pelos bandeirantes . Em<br />
segui<strong>da</strong> <strong>são</strong> ocupa<strong>da</strong>s e destruí<strong>da</strong>s : - San José , Angeles , San Pedro y San<br />
Pablo . Depois atravessam o Alto Paraná e chegam ao Agui<strong>da</strong>una , onde<br />
destroem as demais povoações existentes<br />
1.633- Galaxos , Santa Maria e Nativi<strong>da</strong>d – São to<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s pelos<br />
bandeirantes . Em segui<strong>da</strong> expulsam os jesuítas , os espanhóis e os índios<br />
Guaranis e/ou Tapuias ;<br />
1.636 – Inva<strong>são</strong> <strong>da</strong> Província de Tape – Rio Grande do Sul - Depois de<br />
4 anos novamente voltam os paulistas ao Sul . Novamente coman<strong>da</strong>dos por<br />
Antonio Raposo Tavares , tendo agora Diogo Coutinho como seu segundo<br />
em comando . Até 1.637 , depois de muitos combates , os espanhóis e os<br />
jesuítas abandonam todo território. Entretanto , pouco depois os<br />
bandeirantes <strong>são</strong> obrigados a combater os índios armados e coman<strong>da</strong>dos<br />
por Padre Romão . Aquele espanhol , com armas de fogo e acompanhados<br />
ain<strong>da</strong> de sol<strong>da</strong>dos espanhóis , querem derrotar e expulsar todos os<br />
bandeirantes. Não conseguem . Os espanhóis depois de muita luta recuam<br />
definitivamente para fora do Rio Grande do Sul ;<br />
1.638 – Inva<strong>são</strong> <strong>da</strong> Província del Uruguai – As Bandeiras Paulistas<br />
invadem a Província e <strong>são</strong> vencedores nos combates de Caaraó ,
Canzupaguaçu , e San Nicolas . Então expulsam os espanhóis / jesuítas e<br />
índios . Os prisioneiros espanhóis foram trocados por ouro .<br />
1639 – No Livro de Basílio de Magalhães , pagina 164 : Ali existe a<br />
informação sobre uma Carta , <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> em 1.639 ( antes do fim <strong>da</strong> União<br />
Ibérica) , redigi<strong>da</strong> pelo do Vice –Rei do Peru - o Conde de Chinchon - ao<br />
seu soberano na Espanha qual ele sugeria :<br />
“ A Espanha poderia comprar a Capitania de São Paulo aos seus<br />
donatários e depois colocar ali pessoa de confiança ou , então , caso<br />
não conviesse tal negócio man<strong>da</strong>r que se arrasassem to<strong>da</strong>s as<br />
povoações <strong>da</strong>s terras dos Bandeirantes”.<br />
11º) BANDEIRAS e BANDEIRANTES MUITO ESPECIAIS<br />
A- Raposo Tavares – Área Principal de Atuação : Sul do Brasil , Mato<br />
Grosso e Goiás – (Dados Biográficos ) : A ele e suas bandeiras se deve<br />
milhares de quilômetros quadrados que foram incorporados ao Brasil .<br />
Viveu na região de Quitauna , hoje parte <strong>da</strong> Grande São Paulo . Este<br />
bandeirante é considerado pelo historiador Affonso de Taunay , em seu<br />
livro “Índios,Ouro e Pedras” como o grande responsável pelo<br />
desbravamento e toma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s regiões de parte de Goiás e de Mato Grosso .<br />
Em 1.633 foi eleito Juiz Ordinário de São Paulo , sendo ain<strong>da</strong> nomeado<br />
pelo Conde de Monsanto, donatário <strong>da</strong> Capitania , como Ouvidor de São<br />
Vicente . Vai romper com os jesuítas que serão expulsos por ele de<br />
Barueri. Por varias vezes vai seguir para varias partes do Sul do Brasil –<br />
Paraná – Santa Catarina e Rio Grande do Sul - combatendo e derrotando<br />
os espanhóis continua<strong>da</strong>mente . Atende pedido dos brasileiros do nordeste<br />
e segue com reforços paulistas para combater os holandeses , quando então<br />
desembarca na Bahia . Como representante de São Paulo vai assinar em<br />
1.641 o “Reconhecimento e Termo de Obediência a Portugal” , após a<br />
“Tentativa de Liber<strong>da</strong>de com Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira” . Vai para Mato<br />
Grosso passando por aldeias de índios catequizados . Segue em frente em<br />
terras de Espanha até encontrar as terras do Peru . Então mantém continuo<br />
combate com os espanhóis , atravessa os Andes e lava as mãos no Oceano<br />
Pacifico . Sua volta vai ocorrer através de navegação pelo Rio Amazonas<br />
até sua fóz . Quando tempos depois chega em São Paulo está inteiramente<br />
desfigurado . Sua própria família não o reconheceu na ocasião<br />
B - Fernão Dias Paes – Área Principal de Atuação : Minas Gerais<br />
(Dados Biográficos ) – Nasceu em São Paulo em 1.608 , de acordo com<br />
Pedro Taques em sua obra “ Nobiliarchia Paulistana”. Em 1.639 já era<br />
Capitão <strong>da</strong> Ordenanças de São Paulo . Por carta do Rei Afonso VI foi<br />
nomeado Governador <strong>da</strong>s Esmeral<strong>da</strong>s . Em 1.640 vai combater com
sucesso os invasores holandeses , coman<strong>da</strong>dos por Joris Van Spilberg , em<br />
São Vicente e Santos . Participa <strong>da</strong> expul<strong>são</strong> dos jesuítas . Nesta época tem<br />
início a luta entre as famílias paulistas Pires e Camargo . É eleito Juiz<br />
Ordinário em 1.651. Na mesma época procura a reconciliação com os<br />
jesuítas . Reconstruiu o Mosteiro de São Bento e efetuou reparações no<br />
“Caminho do Mar” . Segue para Apucarana e trás com ele 5.000 índios que<br />
vão se fixarem suas terras . Eles que eram chefiados pelo cacique Tombu ,<br />
que antes de morrer foi batizado . Este bandeirante , então já avançado em<br />
i<strong>da</strong>de , atendendo pedido do rei de Portugal segue com seus filhos e o genro<br />
Manuel Borba Gato para a região de Minas . Segue até as cabeceiras do Rio<br />
<strong>da</strong>s Velhas . Acompanha o primeiro roteiro de André Leão . Vai com<br />
cui<strong>da</strong>dos demarcando tudo e efetuando muitas pesquisas . Os seus pousos e<br />
plantios de roças necessárias a sobrevivência geraram povoações , entre<br />
elas : Vituruna , Paraopeba, Sumidouro , Roça Grande , Tucambira ,<br />
Esmeral<strong>da</strong> e Serra Fria .<br />
Assim foram fixa<strong>da</strong>s as escalas para uma rota segura . Depois<br />
ain<strong>da</strong> segue para o norte alcançando o Vale de Jequitinhonha . Então irá<br />
retornar de forma mais rápi<strong>da</strong> . Fernão Dias Paes está doente , com maleita.<br />
Efetua punição ao seu filho que tentara uma insurreição , julgando ,<br />
condenando e o enforcando . Trás com ele pedras verdes que supunha<br />
serem esmeral<strong>da</strong>s . Faleceu antes de chegar em São Paulo . Seus restos<br />
mortais embalsamados foram enterrado no Mosteiro de São Bento<br />
As riquezas desta sua ultima bandeira foram nulas . Entretanto ,<br />
pelas rotas traça<strong>da</strong>s , descrições de caminhos , aberturas , desbravamentos e<br />
toma<strong>da</strong> de terras foi <strong>da</strong>s mais importantes bandeiras .<br />
C- Pascoal Moreira – Mato Grosso – Foi o grande incentivador e<br />
responsável pelas bandeiras realiza<strong>da</strong>s naqueles rios que ligavam<br />
hidrograficamente os estados de São Paulo e Mato Grosso .<br />
Estas bandeiras denomina<strong>da</strong>s de “Bandeiras de Monções”- o nome<br />
copiando as grandes chuvas que aconteciam na Índia com este mesmo<br />
nome - Eram bandeiras que praticamente somente aconteciam , durante as<br />
cheias dos rios <strong>da</strong>quelas regiões .<br />
12º) Fim desta Etapa – “FIM DA UNIÃO IBÉRICA”<br />
Em 1.640 finalmente Portugal consegue se libertar do domínio de<br />
Espanha , cujo rei Felipe II era também na ocasião rei dos portugueses .<br />
Com isto vai desaparecer a uni<strong>da</strong>de de governo na América do Sul .<br />
Poderia voltar a prevalecer o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas nas demarcações ,<br />
posse e direito <strong>da</strong>s terras ?<br />
Era a pergunta que ficava no ar !
Caso isto pudesse se tornar novamente reali<strong>da</strong>de , os bandeirantes<br />
paulistas poderiam perder as terras que desbravaram e tomaram com muito<br />
esforço , não só para conquistá-las mas para mante-las durante dois séculos<br />
e meio . De outra forma para não perder as terras deveriam se tornar<br />
espanhóis .<br />
Não querendo nem uma solução nem a outra , só tiveram uma a<br />
opção possível . A Tentativa de Liber<strong>da</strong>de Total .<br />
Esta será a razão do movimento de Liber<strong>da</strong>de que vai então<br />
acontecer em São Paulo em 1.641 .<br />
13º) MUDANÇA DO CENTRO GEOPOLÍTICO DO BRASIL<br />
Por to<strong>da</strong> a grande área conquista<strong>da</strong> em todo Sul , bem como a<br />
expan<strong>são</strong> no Centro e no Oeste , realiza<strong>da</strong>s pelos bandeirantes , vai existir a<br />
necessi<strong>da</strong>de de transferência <strong>da</strong> capital do Brasil . No início <strong>da</strong> colonização<br />
foi lógico indicar a ci<strong>da</strong>de de Salvador na Bahia como capital do Brasil .<br />
Ela ficava bem no centro do pais que tinha seu termino , ou melhor dito seu<br />
extremo sul em Cananéia / São Paulo . Salvador ficava bem no meio <strong>da</strong>s<br />
terras portuguesas <strong>da</strong> América do Sul .<br />
Com a expan<strong>são</strong> territorial que atingia então até o Uruguai , era<br />
necessário mu<strong>da</strong>r o centro <strong>da</strong> deci<strong>são</strong> para local mais eqüidistante entre as<br />
várias regiões brasileiras. Em assim sendo a capital do Brasil sairá de<br />
Salvador - Bahia , indo para o Rio de Janeiro , ci<strong>da</strong>de localiza<strong>da</strong> na parte<br />
media do pais , facilitando deslocamentos e sua administração .<br />
Eduardo Marcondes de Souza
O PRIMEIRO GRITO DE LIBERDADE NO BRASIL<br />
Edu Marcondes<br />
1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS :<br />
O Primeiro Grito de Liber<strong>da</strong>de no Brasil esta inteiramente ligado<br />
ao termino <strong>da</strong> “União Ibérica”. Nesta época Portugal esteve sob reinado de<br />
Felipe II e depois de Felipe III de Espanha , durante mais de meio século .<br />
Durante todos este tempo não mais existia o “Tratado <strong>da</strong>s<br />
Tordesilhas”, separando na America as terras de Portugal <strong>da</strong>s terras de<br />
Espanha . Então to<strong>da</strong>s elas pertenciam a um único rei . O de Espanha .<br />
Assim sendo , os bandeirantes paulistas , durante todo este período<br />
de União Ibérica ,iniciado em 1.580 e terminado em 1.641 , foram entrando<br />
ain<strong>da</strong> mais do que já faziam em terras de Espanha . Não existia fronteiras<br />
entre Brasil e outras colônias de Espanha . Muitas terras deste último país<br />
foram desbrava<strong>da</strong>s , toma<strong>da</strong>s e coloniza<strong>da</strong> pelos bandeirantes paulistas .<br />
As lutas e batalhas trava<strong>da</strong>s entre bandeirantes e espanhóis até então<br />
ficaram sendo considera<strong>da</strong>s lutas intestinas . Elas não iriam interferir na<br />
grandeza de Espanha , mesmo que a vitória fosse costumeiramente dos<br />
paulistas . Tudo era de Espanha . To<strong>da</strong>s as terras .<br />
Com fim <strong>da</strong> União Ibérica tudo mu<strong>da</strong> . Surge uma questão :<br />
- “As terras toma<strong>da</strong>s pelos bandeirantes paulistas , que as desbravaram , se<br />
instalaram , lavraram e trabalharam por mais de meio século , com quem<br />
ficariam ?<br />
Com Portugal ? Com Espanha ?<br />
Esta é a razão <strong>da</strong> Primeira Tentativa de Liber<strong>da</strong>de no Brasil !<br />
Vide a seguir .<br />
2- CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES - Pois bem , quando em principio<br />
se fala sobre a “Primeira Tentativa de Liber<strong>da</strong>de e Independência efetua<strong>da</strong><br />
no Brasil” imediatamente é lembrado Tiradentes e os Conjurados de Minas<br />
Gerais.<br />
Isto vem ocorrendo devido a continua divulgação e comemoração<br />
oficial do acontecido, realiza<strong>da</strong> anualmente pelo governo brasileiro no dia<br />
21 de Abril , considerado como feriado nacional .<br />
Nota<strong>da</strong>mente isto aconteceu depois do Império , pois os Presidentes<br />
<strong>da</strong> Republica na época eram militares . Queriam um herói militar como<br />
precursor de nossa Independência . E Tiradentes era Alferes , um militar ..<br />
Ocorre também por falta <strong>da</strong> necessária e continua revi<strong>são</strong> de nossa<br />
história .Muitas coisas importantes <strong>são</strong> esqueci<strong>da</strong>s . Propositalmente,<br />
Porem é importante que se diga . Na<strong>da</strong> contra a valorização do ato de<br />
Tiradentes e de seus correligionários mineiros , pois foi um momento<br />
importante do Brasil .
Entretanto, cumpre informar que aquele movimento de libertação<br />
ocorreu somente em 1.790 , ou seja , um século e meio depois deste<br />
Primeiro Grito de Liber<strong>da</strong>de no Brasil , o qual agora estaremos relatando .<br />
O Primeiro Movimento de Liber<strong>da</strong>de no Brasil realmente veio<br />
acontecer em 1641 e teve participação , não de um grupo , mas de todo um<br />
povo que desejava sua independência . O Povo Paulista !<br />
O Segundo Movimento de Liber<strong>da</strong>de surge com os Negros de<br />
Palmares que alem <strong>da</strong> Independência queriam se livrar <strong>da</strong> Escravidão .<br />
Importante : Esta vontade e tentativa do povo de São Paulo é<br />
reconheci<strong>da</strong> internacionalmente . “De acordo com o historiador<br />
uruguaio Enrique Rodriguez Fabregat, veio a se constituir na (1ª)<br />
Primeira e Mais Antiga manifestação do Espírito de Nacionali<strong>da</strong>de e<br />
Independência ocorri<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as Américas” .<br />
Apesar de terem , tanto o movimento paulista como o mineiro ,<br />
mesmo desejo de liber<strong>da</strong>de e independência , foram diferentes nas bases e<br />
forma como ocorreram . Aquele de Minas surge através um pequeno grupo<br />
de grandes heróis patriotas que <strong>são</strong> conjurados , inicialmente escondendo<br />
seus propósitos . Visavam diminuir as despesas do povo com pagamentos<br />
de impostos . Quando descobertos vão ser presos , condenados e punidos<br />
com rigor , nota<strong>da</strong>mente Tiradentes . Eles , em Minas Gerais , tentaram<br />
com seu movimento de liber<strong>da</strong>de evitar o aumento de impostos .<br />
Evitar a chama<strong>da</strong> Derrama !<br />
O que aconteceu em São Paulo surgiu de forma muito diferente ,<br />
muito bem clara, sem sigilos , espontaneamente , como decorrência natural<br />
<strong>da</strong> preservação de um direito , na manutenção de terras que desbravaram os<br />
paulista . Também pela forma de vi<strong>da</strong> livre que nossa gente já levava !<br />
Assim irá acontecer quando todo povo de São Paulo , visando<br />
poder manter as terras que eles desbravaram, conquistaram e mantinham<br />
com muitas lutas através <strong>da</strong>s suas Bandeiras na América do Sul , irá<br />
claramente se manifestar . Vão aclamar com seu rei um paulista .<br />
Tenta São Paulo se libertar de qualquer submis<strong>são</strong> política , tanto<br />
de Portugal como de Espanha . Naquele momento , muito mais importante<br />
que a produção do ouro e pedras preciosas ou de qualquer outro bem , era<br />
preciso conservar aquelas terras toma<strong>da</strong>s de Espanha e anexa<strong>da</strong>s ao Brasil .<br />
Delas provinham riquezas . Dos bandeirantes , dos brasileiros .<br />
Por conseqüência de Portugal.
2- RAZÕES E MOTIVAÇÕES PARA O PRIMEIRO GRITO DE LIBERDADE<br />
Todo aquele movimento de liber<strong>da</strong>de acontecido em São Paulo<br />
começou praticamente naquele mesmo momento em que Portugal se<br />
libertava de Espanha e não mais então existiria a “União Ibérica”. Assim :<br />
1- Não mais teríamos um rei espanhol .<br />
2- Portugal livre tinha agora seu novo rei – D. João IV , antes<br />
Duque de Bragança.<br />
3- Comunicado o fato ao Governador do Brasil - Marquês de<br />
Montalvão – este determinou que o novo monarca português fosse<br />
aclamado em to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong>des e capitais brasileiras .<br />
4- E isto vinha acontecendo em todo pais . Menos em São Paulo .<br />
5- O Brasil naquele momento não mais fazia parte <strong>da</strong> Espanha .<br />
6- Voltava para a Coroa Portuguesa . Seus ci<strong>da</strong>dãos novamente<br />
eram súditos de Portugal . Com isto muitas preocupações chegaram para os<br />
paulistas . Muitas questões foram surgindo , entre elas:<br />
“- Como e com quem ficariam as terras que eles conquistaram?<br />
Estas questões , duvi<strong>da</strong>s e preocupações vão se acumulando nas mentes<br />
dos paulistas” .<br />
Entretanto , rapi<strong>da</strong>mente também vão se apresentando soluções<br />
muito claras, translúci<strong>da</strong>s , transparentes . Estas soluções precisavam de<br />
respostas imediatas e de medi<strong>da</strong>s urgentes , bem como responder<br />
positivamente e definitivamente questões , a saber :<br />
1-) * Para quem to<strong>da</strong>s aquelas terras de Espanha ,<br />
desbrava<strong>da</strong>s e toma<strong>da</strong>s pelos bandeirantes paulistas . Poderia ficar<br />
valendo novamente o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas ?<br />
R/ - A primeira resposta é clara . Se prevalência tivesses o<br />
Tratado de Tordesilhas as terras , em principio , deveriam voltar para<br />
Espanha !<br />
2-) * Os paulistas , deveriam se tornar súditos de Espanha ,<br />
para não perder as terras espanholas que com muita luta desbravaram<br />
e tomaram ? Caso não quisessem se tornar espanhóis iriam perder<br />
todo aquele trabalho ?<br />
R/ - Seria muito provável que deveriam se tornar espanhóis . E isto<br />
eles não queriam ! Caso contrario perderiam as terras que desbravaram .<br />
3-) * Qual a saí<strong>da</strong> possível ? O que poderiam fazer ?<br />
R/ - Depois de muita analise concluíram que a única forma para<br />
manter as terras , as lavras e as minerações era só uma naquele momento .<br />
Uma Só Resposta Aparece ! Em principio não existiria outra saí<strong>da</strong> !
-Solução :- “TODO TERRITORIO TOMADO, COM TODAS AS TERRAS<br />
QUE FORMAVAM AGORA A GRANDE CAPITANIA DE SÃO PAULO ,<br />
DEVERIA FICAR TOTALMENTE INDEPENDENTE , LIVRE TANTO DE<br />
PORTUGAL COMO DE ESPANHA !<br />
Para ter liber<strong>da</strong>de e independência o povo bandeirante , por<br />
sua vontade própria , resolve que naquele momento deveria ter um rei .<br />
Um rei paulista , admirado pela sua retidão de caráter e<br />
conduta . O escolhido pelo povo para ser o soberano de São Paulo foi<br />
Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira . Ele não era um bandeirante que lutara no<br />
sertão. Porem era nascido em São Paulo<br />
Com um rei eleito , para um Estado livremente constituído<br />
nas terras de São Paulo e pelas demais terras conquista<strong>da</strong>s , os bandeirantes<br />
poderiam ficar livres e independentes .<br />
Estariam fora do domínio de Portugal e de Espanha .<br />
Esta independência não aconteceria somente para a ci<strong>da</strong>de<br />
de São Paulo. Ela permitiria que todos os territórios e terras tomados e<br />
dominados pelos paulistas , todos aqueles que compunham a sua Capitania<br />
ficassem também livres . Na ocasião estes territórios eram amplos ,<br />
contendo várias regiões que hoje compõem alguns dos principais estados<br />
<strong>da</strong> federação brasileira , tais como : Paraná , Santa Catarina , Rio Grande<br />
do Sul , parte de Minas Gerais , Mato Grosso e Goiás . .<br />
FATOS IMPORTANTES<br />
*- A ) Lembramos que naquela ocasião , em 1641 , o<br />
Nordeste continuava invadido pelos holandeses . Portugal ao assinar o<br />
armistício com a Holan<strong>da</strong> estava declinando de sua soberania para quase<br />
todo Nordeste do Brasil . Mostrava real fraqueza ! ;<br />
*- B ) Lembramos que todo Norte desde 1.621 havia<br />
ficado fora <strong>da</strong> Colônia Brasil , “mediante a criação de outra Colônia,<br />
realiza<strong>da</strong> por Felipe III no Norte, denomina<strong>da</strong> Gran Pará- Maranhão”<br />
apenas liga<strong>da</strong> e respondendo somente e diretamente para a coroa ibérica .<br />
Com o fim <strong>da</strong> União Ibérica ain<strong>da</strong> não fora definido e decidido com qual<br />
pais , Portugal ou Espanha , ficaria esta imensa região , composta pelos<br />
atuais estados do Pará, Amazonas e Maranhão , entre outros ;<br />
*- C ) Pelos pontos acima expostos , se a Capitania de<br />
São Paulo ficasse fora do Brasil , se tornando independente , pouco do pais<br />
Brasil ficaria como Colônia Lusa. Com Norte e Nordeste fora , somente<br />
restariam as Capitanias do Espírito Santo , Rio de Janeiro e Bahia . Só elas<br />
iriam continuar pertencendo a Portugal naquele momento . Todo Nordeste
continuava tomado pelos holandeses . A per<strong>da</strong> para Portugal então seria<br />
enorme .<br />
* D ) Ain<strong>da</strong> é preciso lembrar que :-A situação de<br />
Portugal ,analisa<strong>da</strong> sob qualquer aspecto , logo após sua independência<br />
de Espanha , era na ocasião extremamente difícil :<br />
1- Não tinham mais todo seu poderio naval ;<br />
2- Seus exércitos estavam de prontidão na fronteira de Espanha ;<br />
3- Precisavam manter as colônias que ain<strong>da</strong> mantinham , na África e Ásia ;<br />
4- Precisavam libertar Angola invadi<strong>da</strong> pelos holandeses ;<br />
5- Estavam em má situação econômica / financeira . – As Especiarias<br />
tinham ido diretamente para Espanha . Portugal estava empobrecido .<br />
OBS- É Importante Lembrar – Os paulistas eram<br />
imbatíveis no sertão . Isto eles já tinham provado em mais de 100 anos<br />
anteriores , lutando contra exércitos espanhóis , que foram constantemente<br />
derrotados, tendo de ceder as terras que foram aumentando a Província dos<br />
Bandeirantes .<br />
Portugal naquele momento cui<strong>da</strong>va de fixar sua<br />
independência. Isto para eles era fun<strong>da</strong>mental . Alem do mais os<br />
bandeirantes , com seus filhos , os filhos Mamalucos e a grande quanti<strong>da</strong>de<br />
de Tupis , firmes e fortes aliados , dificilmente seriam derrotados nos<br />
sertões que dominavam inteiramente . Ali eles eram imbatíveis . Alem do<br />
mais existia a Serra do Mar , chama<strong>da</strong> de “Muralha” , quase impossível de<br />
ser transposta caso defendi<strong>da</strong> por homens experientes<br />
Esta Superiori<strong>da</strong>de dos Bandeirantes Paulistas foi<br />
posteriormente e novamente comprova<strong>da</strong> . Apesar dos reclamos de<br />
Espanha , <strong>da</strong>s suas tentativas de retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s terras que estavam com os<br />
bandeirantes , <strong>da</strong>s inúmeras marchas e contra marchas , durante mais de um<br />
século – De 1.641 até 1.750 – quando foi firmado o “Tratado de Madrid”,<br />
os paulistas que estavam em terras de Espanha mas que entendiam que elas<br />
eram suas , pois as desbravaram e as colonizaram .Elas na<strong>da</strong> mas tinham<br />
de Espanha , nem a língua .<br />
Aquela gente não falava comumente nem o português<br />
e muito menos o espanhol . Sua fala era feita com a “Língua Geral”, ou seja<br />
o Tupi falado pelos paulistas de então , língua depois proibi<strong>da</strong> pelo<br />
Marquês de Pombal , na tentativa de manter união, com uma língua comum<br />
3- COMO ACONTECEU ESTA TENTATIVA DE INDEPENDÊNCIA<br />
Aquela idéia , aquela possibili<strong>da</strong>de não era um sonho .<br />
Aquela chama de liber<strong>da</strong>de rapi<strong>da</strong>mente ateou fogo na<br />
Capitania paulista .
Como resultado vai acontecer sua tentativa . No começo por<br />
informações dos lideres paulistas. Depois espontaneamente com a<br />
formação de grande massa do povo paulista, a qual reuni<strong>da</strong> segue como<br />
um todo até a casa de Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira .<br />
Lá chegando , continua<strong>da</strong>mente o aclamam nosso rei !<br />
O surpreso paulista , extremamente prudente e dentro de suas<br />
crenças , recusa a oferta . Tenta convencer o povo bandeirante para que<br />
reconheça D. João IV como rei de Portugal , do Brasil e consequentemente<br />
de São Paulo. Não vai adiantar .<br />
A sua aclamação como rei dos paulistas continua .<br />
Na impossibili<strong>da</strong>de de demove-los Amador Bueno escapa por<br />
uma porta lateral de sua casa , situa<strong>da</strong> nas proximi<strong>da</strong>des do Largo de São<br />
Francisco e , levando a espa<strong>da</strong> a mão, se dirige rapi<strong>da</strong>mente para o<br />
mosteiro de São Bento .<br />
Os paulistas vão em seu encalço gritando : “ Viva Amador<br />
Bueno nosso Rei” ! Ele persiste em responder : “ Viva D. João IV Rei de<br />
Portugal”.<br />
Logo depois Amador Bueno chega ao mosteiro de São Bento .<br />
Entra e fecha a porta . Do lado de fora o povo paulista continua firme na<br />
sua deci<strong>são</strong> , aclamando-o como seu rei .<br />
Com todo alarido na praça e as explicações de Amador Bueno,<br />
o abade, juntamente com os monges , levando uma cruz alça<strong>da</strong> aparece<br />
para o povo . Eles então procuram acalmar os manifestantes com inúmeras<br />
explicações e razões . O povo continua aclamando Amador Bueno. Então<br />
os monges lembram <strong>da</strong>s terríveis conseqüências que poderiam advir por tal<br />
manifestação. O povo paulista sem medo continua aclamando Amador<br />
Bueno <strong>da</strong> Ribeira. Os monges continua<strong>da</strong>mente pedem paz e sereni<strong>da</strong>de.<br />
Pedem calma. O povo paulista continua firme em sua deci<strong>são</strong> de ter um rei<br />
paulista.<br />
As horas vão passando . Somente muito tempo depois ,<br />
mediante todos aqueles seqüentes pedidos dos monges , e acima de tudo<br />
pela determinação de Amador Bueno em não aceitar a coroa paulista ,<br />
lentamente começa o povo começa se retirar . Entende que Amador não<br />
seria o homem certo . Faltava nele a chama principal : Da Liber<strong>da</strong>de !<br />
Então se aquieta e lentamente se dispersa .<br />
Não existia uma outra alternativa . Tudo aconteceu de forma<br />
muito espontânea. Não existia substituto previamente escolhido.<br />
Não faltou vontade e determinação do povo bandeirante , mas<br />
muito comedimento por parte de seu eleito para ser rei .<br />
Aquele que temerosamente não queria ser rei !<br />
Em assim sendo , dias depois , sem solução e com a presença de<br />
algumas ilustres figuras de São Paulo , é reconhecido oficialmente D. João<br />
IV como novo rei de Portugal
4- COMENTÁRIO INTERNACIONAL SOBRE TENTATIVA DE LIBERDADE<br />
Sobre este fato o consagrado historiador francês Saint Hilaire ,<br />
em seu livro “ Histoire du la Province de St. Paulo” , escreve :<br />
“Altivos pela nobreza de seus antecedentes ; animados por este<br />
espírito de liber<strong>da</strong>de rude que caracteriza a raça <strong>da</strong> América ; destemidos e<br />
vigorosos por sua luta e residência nos sertões , onde levam uma vi<strong>da</strong> solta<br />
de to<strong>da</strong> vigilância; habituados a man<strong>da</strong>r sobre grande escravatura, os<br />
paulistas nunca foram um povo perfeitamente submisso e , sob o governo<br />
espanhol tornaram-se quase independentes, a espreita do primeiro momento<br />
de defecção ou perturbação do regime público para romperem o fraco liame<br />
que ain<strong>da</strong> os prendia a dominação européia”.<br />
5- TENTATIVA DE ESCONDER A REALIDADE HISTÓRICA<br />
Entretanto, destes acontecimentos , como pode ser facilmente<br />
verificado , principalmente quando procuramos relatos , comentários ou<br />
analises nos atuais livros didáticos brasileiros, praticamente na<strong>da</strong> ou<br />
quase na<strong>da</strong> encontramos a respeito. Neles positivamente o episódio que<br />
visava a liber<strong>da</strong>de de um povo não aconteceu .<br />
Para encontrarmos um bom relato a respeito fomos obrigados a<br />
procurar em livros antigos , do passado . Na edição de 1.897 do livro<br />
“Quadro Histórico <strong>da</strong> Província de São Paulo”, coordenado por<br />
Machado D’Oliveira , foi possível encontrar maiores e melhores detalhes<br />
sobre o movimento de libertação e independência dos paulistas .<br />
Pior do que isto é quando em alguns dos atuais livros didáticos ,<br />
em poucas linhas, escrevem tendenciosamente o seguinte :<br />
-“Foi um pequeno movimento , sem expres<strong>são</strong>, realizado por<br />
espanhóis e descendentes de espanhóis que viviam em São Paulo e que<br />
pretendiam continuar ligados a Espanha. E complementam : “ Por ser sem<br />
importância nem foi punido por Portugal”.(sic)<br />
Vamos lembrar que a tentativa de diminuir ou apagar na história a<br />
vontade de liber<strong>da</strong>de dos paulistas já vem desde algum tempo :<br />
Para tanto , anos atrás foi posto em duvi<strong>da</strong> , durante algum tempo ,<br />
por alguns poucos escritores do Norte/ Nordeste , a ocorrência deste fato .<br />
Acusaram os dois historiadores de São Paulo , frei Gaspar <strong>da</strong><br />
Madre de Deus e Pedro Taques , de inventarem documentação a respeito <strong>da</strong><br />
tentativa de liber<strong>da</strong>de do povo paulista , a qual seria inexistente .<br />
Entretanto , esta alegação durou pouco, pois existia a respeito<br />
extensa documentação.
Sobre este fato o gaúcho Affonso Taunay comprova a reali<strong>da</strong>de do<br />
acontecido.O defende por ser real . Ele assim se pronuncia em seus escritos<br />
-“ Tive a oportuni<strong>da</strong>de de verificar e revelar a existência dos inúmeros<br />
documentos verídicos relativos ao Grito de Liber<strong>da</strong>de dos paulistas”. ]<br />
6-ANÁLISE DESTE ACONTECIMENTO HISTÓRICO:<br />
Para uma analise bem completa de um fato acontecido não basta<br />
relatar somente o fato em si. Fosse assim feito seria apenas um relato.<br />
Poderia ser classificado de apenas um relatório , uma reportagem .<br />
Para existir uma reali<strong>da</strong>de histórica deveremos Analisar Conjuntamente<br />
Os Fatos Precedentes , o Fato Ocorrido e os Fatos Posteriores .<br />
A Conjugação deles três , com a Documentação Existente , mais a Lógica<br />
possível , comprovará definitivamente um Real Fato Histórico .<br />
A- FATOS PRECEDENTES – ( recor<strong>da</strong>ndo )<br />
1 - Com a morte de D. Sebastião , rei de Portugal , ficou vago o<br />
trono . A suces<strong>são</strong> ocorre com Felipe II <strong>da</strong> Espanha . Com isto e desta<br />
forma em 1580 vai acontecer a “União Ibérica” , com um só rei para<br />
Portugal e Espanha ;<br />
2- Desta maneira deixou de existir o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas ;<br />
3- Os bandeirantes paulistas por isto mesmo puderam então entrar<br />
livremente em todo território de Espanha na América do Sul . Em mais de<br />
meio século de União Ibérica eles tomaram grande exten<strong>são</strong> de terras que<br />
passaram a fazer parte <strong>da</strong> Capitania de São Paulo . As fronteiras de São<br />
Paulo de então ficaram imensas, englobando todos os estados do sul , e<br />
parte de Minas , Goiás e Mato Grosso ;<br />
4- De acordo com o historiador Honório de Sylos , em seu livro “<br />
São Paulo e Seus Caminhos”, to<strong>da</strong>s aquelas terras toma<strong>da</strong>s pelos paulistas<br />
alcançaram no período final <strong>da</strong>s bandeiras , o imenso volume de 3.265.000<br />
km2(mais do que a metade <strong>da</strong>s terras do Brasil atual )<br />
5 – Cabe destaque entre aqueles bandeirantes desbravadores ,<br />
mineradores e povoadores : - Pedroso de Moraes , Raposo Tavares ,<br />
Gabriel de Lara , Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Silva , João Leme do Prado ,<br />
Manoel Preto , André Fernandes , alem de muitos outros mais , alguns já<br />
citados em paginas anteriores . ;<br />
6- Da mesma forma que paulistas entraram em território espanhol,<br />
alguns poucos descendentes de espanhóis vieram fixar residência em São<br />
Paulo . Com o tempo já se sentiam perfeitos paulistas . Eram , entretanto ,<br />
absoluta minoria <strong>da</strong> população de São Paulo naquela época – os Laras ,<br />
Toledos , Buenos e Fernandes ;
7- Os paulistas sempre foram muito ressentidos com Portugal .<br />
Lembravam <strong>da</strong>s proibições para aqui produzirem as coisa mais simples ,<br />
como por exemplo : Sabão , utensílios domésticos e mesmo bebi<strong>da</strong>s<br />
alcoólicas . Tudo deveria vir do reino . Alem disto um quinto <strong>da</strong>s coisas<br />
aqui produzi<strong>da</strong>s :- ouro , prata , pedras preciosas e alimentos , ficavam<br />
destinados para Portugal ;<br />
8 – Eram naquela época os paulistas praticamente independentes ,<br />
principalmente quando adentravam pelos sertões <strong>da</strong> América do Sul , onde<br />
eram praticamente imbatíveis . Viviam livres e assim sempre agiam ;<br />
9 - Devemos recor<strong>da</strong>r : - Caso realmente os espanhóis e seus<br />
descendentes fossem os responsáveis por tal vontade de liber<strong>da</strong>de e<br />
independência de São Paulo , para ligá-lo em segui<strong>da</strong> à Espanha , teriam<br />
eles previamente escolhido pessoa de sua inteira confiança , a qual não<br />
rejeitaria a indicação e concor<strong>da</strong>ria plenamente em se tornar rei de uma<br />
imensa área – to<strong>da</strong> <strong>capitania</strong> de São Vicente (São Paulo) . Teriam aqueles<br />
espanhóis ain<strong>da</strong> e previamente buscado aprovação e mesmo apoio militar ,<br />
físico e financeiro de Espanha ;<br />
10 – Entretanto , devemos ain<strong>da</strong> lembrar que os paulistas viviam<br />
combatendo e vencendo todos os espanhóis na América do Sul .<br />
Continua<strong>da</strong>mente , de acordo com Affonso de Taunay , os bandeirantes já<br />
em 1.633 derrotaram e expulsaram os espanhóis de Villa Rica del Espírito<br />
Santo / Paraná , depois em Ciu<strong>da</strong>d Real , a seguir de Santiago del Jerez em<br />
Mato Grosso , alem de inúmeras vilas no Rio Grande do Sul . Aqueles<br />
paulistas jamais iriam aceitar um comando de terceiro não paulista ;<br />
11- Caso o movimento pela liber<strong>da</strong>de de São Paulo fosse realizado<br />
somente por espanhóis , Amador Bueno não necessitaria se socorrer no<br />
mosteiro de São Bento. Bastaria pedir auxilio aos paulistas - habitantes <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de , em qualquer lugar e seria socorrido .<br />
12 – Affonso de Taunay relata em seu livro “Epos Bandeirante e<br />
São Paulo – Vila e Ci<strong>da</strong>de” os seguintes fatos sobre os bandeirantes<br />
paulistas :<br />
a -) Desde os anos quinhentistas as Câmaras Paulistanas<br />
revelam em suas Atas , como reflexos de seus munícipes , tendências<br />
marcantes de sua autonomia e independência que com os anos se tornariam<br />
veementes e impares em to<strong>da</strong> monarquia ;<br />
b -) As Atas Paulistanas registram sérios distúrbios com as<br />
autori<strong>da</strong>des regias portuguesas, pela resistência as ordens expedi<strong>da</strong>s que<br />
foram considera<strong>da</strong>s inaceitáveis pelo povo de Piratininga ;<br />
c -) As “Decisões do Trono” muito pouco se cumpriam em São<br />
Paulo de Piratininga. Nem faziam conta <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de do Governo Geral<br />
do Brasil ;<br />
d -) Em 13 de Julho de 1.640 , pouco antes do fato ocorrido<br />
com Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira , os paulistas contrariavam ordens reais e
expulsaram os jesuítas de São Paulo . Como se pode verificar já existia na<br />
ocasião grande animosi<strong>da</strong>de dos paulistas contra o governo europeu .<br />
OBS.- Assim , estes Fatos Precedentes , acima explicitados , nos dão o<br />
Cenário que vai formar a Atmosfera do Palco onde acontecerá o Fato<br />
Ocorrido .<br />
B- O FATO OCORRIDO – Já é agora nosso bem conhecido .<br />
Porem vamos repetir : - A tentativa de liber<strong>da</strong>de de São Paulo traria com<br />
ela a possibili<strong>da</strong>de de serem manti<strong>da</strong>s as terras desbrava<strong>da</strong>s e toma<strong>da</strong>s aos<br />
espanhóis . Com a liber<strong>da</strong>de de São Paulo as terras <strong>da</strong> América do Sul não<br />
voltariam a ficar limita<strong>da</strong>s pelo Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas , anteriormente<br />
firmado entre Portugal e Espanha com interveniência do Papa . As terras<br />
dos paulistas com eles ficariam . Todo esforço de muitos anos não estaria<br />
perdido . Era preciso para isto ter a independência necessária .Era lógico !<br />
IMPORTANTE – Em 1.641 ninguém sabia ou podia pensar que<br />
somente em 1.750 , ( Cento e Dez Anos Depois ), seria assinado o<br />
Tratado de Madrid , permitindo que as terras ficassem com quem as<br />
possuísse na época do fim <strong>da</strong> União Ibérica .<br />
A lógica dos paulistas na ocasião seria lutar pelas<br />
terras que detinham naquele momento , pois poderia voltar a valer o<br />
Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas .<br />
C- OS FATOS POSTERIORES – Vão confirmar as razões para o<br />
fato ocorrido . Vejamos o que aconteceu posteriormente .<br />
1º-) A narrativa do fato sucedido foi , pela Câmara de São Paulo ,<br />
como não poderia deixar de ser, apresenta<strong>da</strong> ao Rei de Portugal pouco<br />
tempo depois do acontecido. Somente vai receber resposta dois anos e<br />
meio depois , através <strong>da</strong> “Carta Régia de 24 Setembro de 1.643”,<br />
abun<strong>da</strong>ndo com expressões benévolas em agradecimentos aos paulistas e ,<br />
em especial, para Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira , por sua dedicação e defesa <strong>da</strong><br />
legitimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> monarquia portuguesa. Deste fato cabe várias<br />
considerações , a saber :<br />
2º-) A demora , em mais de dois anos, com agradecimentos aos<br />
paulistas , visou aguar<strong>da</strong>r um tempo maior para avaliar a exten<strong>são</strong> do<br />
incidente e possíveis problemas decorrentes . Também não poderiam<br />
agradecer de imediato , pois poderia surgir uma nova e seqüente tentativa<br />
de independência dos paulistas . A Demora de resposta foi lógica !<br />
3º-) Não punir ninguém fisicamente e diretamente naquele<br />
momento foi de bom alvitre . Portugal assim agiu dentro de um esquema
em planejado . Criar um ou mais mártires naquele momento só traria<br />
ressentimentos , podendo gerar continui<strong>da</strong>de do problema ou mesmo gerar<br />
novos problemas ligados a independência de São Paulo . Coisa que na<br />
ocasião ele não teria condições de enfrentar ;<br />
4º-) As expressões de agradecimento ao povo paulista visavam<br />
evitar novas demonstrações contrarias . Tentava a coroa lusa agra<strong>da</strong>r e<br />
ganhar tempo , como depois veremos . Tentava demonstrar que na<strong>da</strong> de<br />
grave havia acontecido ;<br />
5º-) É muito importante Relembrar que naqueles momentos<br />
existiam para a nação portuguesa inúmeros problemas de difícil solução , a<br />
saber :<br />
a- Na Restauração e Implementação do Reino recém<br />
liberado , bem como na manutenção de suas colônias na África e Ásia que<br />
vinham sendo ataca<strong>da</strong>s e toma<strong>da</strong>s por outros paises europeus . Ficara 60<br />
anos submisso à Espanha . Perdera força !<br />
b – Na existência real e continua de Inva<strong>são</strong> Holandesa , tanto<br />
no nordeste brasileiro onde vinha se expandindo , como em sua colônia de<br />
Angola / África ;<br />
c – Na recente assinatura de “Armistício firmado com a<br />
Holan<strong>da</strong>” entregando para o invasor todo o Nordeste brasileiro . Isto só já<br />
muito desagra<strong>da</strong>va os todos os brasileiros !<br />
d – Com a pendência existente para a imensa região que<br />
constituía a nova Colônia do “Gran Pará – Maranhão”, independente<br />
inteiramente do Brasil . Agora com quem ela ficaria ? Com Espanha ou<br />
Portugal ? Ain<strong>da</strong> era indefinido .<br />
e – Criar claramente um foco de dissidência em São Paulo<br />
poderia ser uma temeri<strong>da</strong>de , principalmente porque os paulistas eram<br />
sabi<strong>da</strong>mente imbatíveis nos sertões . Caso Portugal perdesse a luta<br />
poderia perder quase to<strong>da</strong> aquela parte do Brasil forma<strong>da</strong> por São<br />
Paulo.<br />
Por isto tudo fica lógico que Portugal entendeu que o melhor a<br />
fazer no momento era não punir ninguém e elogiar os paulistas , acalmando<br />
desta forma o acontecido . Deveria deixar o tempo tomar conta do assunto .<br />
Como resposta para o mundo alegaram que era um fato sem<br />
importância . Tão sem importância que nem mesmo houve punições .<br />
Isto não foi a reali<strong>da</strong>de .<br />
As punições viriam posteriormente como veremos a seguir
7- CONTINUAS MEDIDAS PUNITIVAS CONTRA SÃO PAULO<br />
Elas logo vão aparecer . Serão continuas Até discretas e<br />
disfarça<strong>da</strong>s .Visavam um melhor e mais firme controle sobre o povo<br />
paulista .Tais punições para São Paulo começam a chegar, vela<strong>da</strong>mente,<br />
continua<strong>da</strong>mente e gra<strong>da</strong>tivamente .<br />
Toma Portugal o cui<strong>da</strong>do de não punir ou tocar em nome de<br />
qualquer participante pessoa física , mas punindo , dentro de um esquema<br />
bem planejado , como um todo , a Capitania Paulista .<br />
Entendiam que fora o povo paulista que quiz a liber<strong>da</strong>de .<br />
Agora o povo paulista é que deveria ser punido !<br />
Destas punições , algumas , as principais , foram fun<strong>da</strong>mentais no<br />
desejo de conter e diminuir a força de São Paulo , em todos os aspectos<br />
possíveis .<br />
Isto vamos ver a seguir :<br />
PRIMEIRA PUNIÇÃO - : A partir de então e durante mais de 60 anos a<br />
Coroa Portuguesa começa e dá continui<strong>da</strong>de na intenção de desmembrar a<br />
Capitania de São Paulo . Qualquer fato <strong>da</strong>rá motivo. Vai criar com terras<br />
paulistas outras e novas Capitanias, com governos que somente<br />
responderiam ao Governo Geral do Brasil e a Portugal . Era importante<br />
esvaziar a força dos paulistas. Dividindo as áreas paulistas seria mais fácil<br />
controlar .<br />
Nota-se que entenderam os governantes lusos que seria uma<br />
temeri<strong>da</strong>de manter com os paulistas a grande exten<strong>são</strong> de terras por eles<br />
conquista<strong>da</strong>s. Alem do mais elas estavam ficando ricas com o ouro<br />
descoberto . Qualquer novo levante <strong>da</strong>queles paulistas poderia causar per<strong>da</strong><br />
de extensa região. Por isto mesmo a Capitania de São Paulo foi<br />
continua<strong>da</strong>mente subdividi<strong>da</strong> , retalha<strong>da</strong> , desmembra<strong>da</strong> , até ficar reduzi<strong>da</strong><br />
a dimen<strong>são</strong> atual, pois assim não traria grandes preocupações para Portugal<br />
Desta forma foram cria<strong>da</strong>s em seqüência as Capitanias de Minas<br />
Gerais , de Goiás , de Mato Grosso,do Rio Grande do Sul e de Santa<br />
Catarina .<br />
A exten<strong>são</strong> territorial de São Paulo caiu dos 3.265.000 km2 ,<br />
existentes em 1.641 , para apenas 446.386 km2 em 1748 , antes <strong>da</strong><br />
assinatura do Tratado de Madrid – ( muito importante este fato , pois<br />
somente depois dele assinado Portugal teve absoluta certeza que não mais<br />
perderia as terras toma<strong>da</strong>s pelos bandeirantes ) .<br />
Só então vai parar com o desmembramento <strong>da</strong>s terras paulistas .<br />
Ficou São Paulo com apenas 15% <strong>da</strong>s terras que desbravou .<br />
A explicação que a Capitania era muito grande não se justifica ,<br />
mesmo porque as outras Capitanias cria<strong>da</strong>s : Gran Pará – Maranhão ( com<br />
o Amazonas incluso ) , Bahia , Minas Gerais e Mato Grosso até hoje <strong>são</strong><br />
enormes , pois como simples estados <strong>são</strong> maiores que países .
SEGUNDA PUNIÇÃO– O contingente militar de tropas portuguesas em São<br />
Paulo vai ser aumentado em muitas vezes . Não de imediato, mas<br />
lentamente . Continua<strong>da</strong>mente criou-se controle maior sobre os paulistas.<br />
Este controle chegou a tal ponto que , em 1712 , quando a coroa lusa criou<br />
um regimento de 500 homens em São Paulo, ficou estabelecido em um dos<br />
seus itens de administração e regulamentação : “... que aos paulistas era<br />
proibido os lugares de oficiais , salvo se fizessem juras especiais de<br />
fideli<strong>da</strong>de” . Este fato é citado por Affonso de Taunay ;<br />
TERCEIRA PUNIÇÃO - O Conselho Ultramarino de Portugal , em 1711 ,<br />
aconselha ao rei : “...proibir a construção de estra<strong>da</strong>s e caminhos em<br />
território paulista ... porque quantos mais caminhos houver , mais<br />
descaminhos haverá”;<br />
QUARTA PUNIÇÃO – Para mais fixar o domínio português , foi proibi<strong>da</strong> a<br />
“Língua Geral” ou seja a língua Tupi , fala<strong>da</strong> comumente por todos os<br />
bandeirantes , por todos paulistas e por habitantes <strong>da</strong>s regiões por eles<br />
desbrava<strong>da</strong>s . Isto vai ocorrer porque os portugueses não entendiam a<br />
língua Tupi e tinham muito receio do que os paulistas falavam. No começo<br />
as proibições foram com medi<strong>da</strong>s bran<strong>da</strong>s . O Marques de Pombal exigiu<br />
proibição total com sérias punições aos desobedientes . Desta forma<br />
perdemos a oportuni<strong>da</strong>de de nos tornarmos um povo bilíngüe . Felizmente<br />
inúmeras palavras tupis ficaram em nosso glossário ;<br />
QUINTA PUNIÇÃO - Em 1.710, mediante ardil e traição ocorre massacre<br />
de dezenas de mineradores paulistas em Minas Gerais , no local que ficou<br />
denominado “Capão <strong>da</strong> Traição -Rio <strong>da</strong>s Mortes”.<br />
Os culpados não foram punidos , ficando livres por determinação de<br />
Portugal . Este crime foi executado pelos chamados“ Emboabas” –<br />
compostos por elementos portugueses e baianos que estavam em Minas<br />
Gerais . O governo português no Brasil não tomou providencias e não<br />
puniu os criminosos. Nem mesmo permitiu que os paulistas , que já tinham<br />
seguido para Minas , pudessem revi<strong>da</strong>r efetivamente a afronta e prender<br />
os responsáveis pelo massacre realizado . Nenhum “Emboaba” foi preso,<br />
julgado e condenado . Os chefes foram liberados e seguiram para Bahia ;<br />
SEXTA PUNIÇÃO - Finalmente , o direito de auto administração foi tirado<br />
<strong>da</strong> Capitania de São Paulo , sujeitando-a ao controle do Governo do Rio de<br />
Janeiro .Isto ocorre em 1.748.<br />
Durante 17 anos São Paulo viveu esta triste e vergonhosa<br />
punição. Somente depois do Tratado de Madrid , determinando que as<br />
terras conquista<strong>da</strong>s pelos bandeirantes ficariam com o Brasil , mediante<br />
muitos esforços e reclamos <strong>da</strong> gente de Piratininga , prevaleceu o bom
senso, sendo restaurado para a Capitania de São Paulo a capaci<strong>da</strong>de de se<br />
auto governar Alem disto Portugal precisava dos paulistas para evitar as<br />
invasões espanholas que ocorriam na fronteira do Paraná com o Paraguai .<br />
8- Portugal ,cem anos depois , menos temeroso com os Bandeirantes<br />
Depois de tudo o que foi exposto , dos documentos mencionados ,<br />
<strong>da</strong> analise do que aconteceu : Antes - Durante - Depois do Fato ,<br />
Podemos encerrar esta exposição afirmando :<br />
1-) Foi Lógica a tentativa de Liber<strong>da</strong>de e Independência dos paulistas ;<br />
2-) Lógica suas razões para tentar Conservar Terras que conquistaram ;<br />
3-) Lógica existiu em todos Antecedentes que deram motivação para<br />
aquela Manifestação de Liber<strong>da</strong>de ;<br />
4-) Lógica as razões porque Portugal não puniu os Paulistas logo em<br />
segui<strong>da</strong> ao fato ocorrido ;<br />
5-) Lógica na forma Posterior com que Portugal puniu e desmembrou<br />
quase to<strong>da</strong> a Capitania de São Paulo existente na época .<br />
Em tudo existe Lógica ! Menos no seguinte :<br />
No fato de alguns historiadores brasileiros , ain<strong>da</strong> que por falta de<br />
melhor analise , esconderem a ver<strong>da</strong>de em nossos livros didáticos e<br />
tentarem esconder a reali<strong>da</strong>de histórica <strong>da</strong> vontade de liber<strong>da</strong>de dos<br />
paulistas . Com isto proposita<strong>da</strong>mente alteram a <strong>História</strong> do Brasil .<br />
Isto não tem Lógica ... nem nunca terá !<br />
Finalizando :<br />
Transcrevemos a seguir o trecho de encerramento <strong>da</strong> analise do<br />
historiador francês “Saint Hilaire” sobre o ocorrido em São Paulo :<br />
“To<strong>da</strong>via, parece certo que , nas tendências para sua<br />
emancipação em que estavam os ânimos dos paulistas , altivos ,<br />
intrépidos , habituados a uma vi<strong>da</strong> de lutas , fadigas e privações ,<br />
sempre dispostos para empresas arrisca<strong>da</strong>s , era- lhes fácil defenderem<br />
e sustentarem a resolução toma<strong>da</strong> , de imporem um rei de sua escolha ,<br />
subtraindo-se de Portugal , si fora ( este rei escolhido ) muito menos<br />
circunspeto e mais ambicioso que Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira . Com um<br />
tal líder os paulistas se constituiriam independentes e , em breve , no<br />
mais formidável povo <strong>da</strong> América do Sul .”<br />
Lembro :<br />
“A Bandeira Paulista é o Brasil por antecipação : Cassiano Ricardo -<br />
Eduardo Marcondes de Souza -1.999
BANDEIRAS DEPOIS DO FIM DA UNIÃO IBÉRICA<br />
Fixando a Posse <strong>da</strong>s Terras Toma<strong>da</strong>s – Ain<strong>da</strong> Bandeiras de Ouro de lavagem- Auxilio dos<br />
Paulistas na Luta contra Holandeses no Nordeste – Duas Tentativas de Invasões Holandesas<br />
em São Vicente- Lutas dos Bandeirantes contra os Tapuias que atacavam os Criadores de<br />
Gado no Nordeste - Ultimas Bandeiras de Ouro de Lavagem – Início do Ciclo do Ouro de<br />
Minas e Lavras – Mais descobertas de Ouro em Minas e Lavras<br />
1º-) Fixando a Posse <strong>da</strong>s Terras Toma<strong>da</strong>s - Após a tentativa de<br />
Independência dos Paulistas , relaciona<strong>da</strong> com o episódio de Amador<br />
Bueno <strong>da</strong> Ribeira , “ aquele que não quis ser rei...” na<strong>da</strong> de imediato<br />
resultou como reprimen<strong>da</strong> ou castigo para aquela vontade do povo paulista<br />
em eleger um rei para São Paulo . ( As várias e múltiplas punições de<br />
Portugal virão depois, durante um século ) .<br />
Em assim sendo , os bandeirantes não aguar<strong>da</strong>ram muito mais<br />
tempo para retomar as suas expedições . Nota<strong>da</strong>mente naquele momento o<br />
tempo era fator fun<strong>da</strong>mental . Foi quando as Grandes Minas de Ouro foram<br />
descobertas , gerando riquezas além <strong>da</strong>quelas vin<strong>da</strong>s do garimpo de pedras<br />
preciosas e do ouro de lavagem . To<strong>da</strong>s elas , existentes em várias<br />
locali<strong>da</strong>des desbrava<strong>da</strong>s e toma<strong>da</strong>s dos espanhóis , começavam apresentar<br />
grandes resultados . Assim tudo indicava boas perspectivas e possibili<strong>da</strong>des<br />
de rica produção .<br />
Como em matéria de punição na<strong>da</strong> chegou , nem chegava de<br />
Portugal . Nem mesmo considerações a respeito ( lembramos que esta<br />
situação sem respostas , totalmente indecisa , irá durar por mais de dois<br />
anos ) . A Espanha providencias diretas e imediatas não exigia de imediato<br />
para devolução de suas terras , toma<strong>da</strong>s até aquele momento.<br />
Então os bandeirantes paulistas , neste período que irá de 1.641<br />
até quase a metade do século XVIII , irão fixar seus domínios em quase<br />
to<strong>da</strong>s aquelas áreas de Espanha que eles desbravaram e tomaram na<br />
América do Sul . Será realmente a ocasião de Fixar a Posse Definitiva para<br />
ca<strong>da</strong> local tomado .<br />
Não tinham certeza do que poderia acontecer depois , mas iriam<br />
continuar a explorar as minas descobertas e ain<strong>da</strong> tentar encontrar muitas<br />
outras . Decidi<strong>da</strong>mente foram em frente .<br />
É preciso lembrar : - As Bandeiras Paulistas , com longos prazos,<br />
dispendiosas e desgastantes, foram sempre realiza<strong>da</strong>s com recursos dos<br />
próprios paulistas, além dos sacrifícios <strong>da</strong>s próprias vi<strong>da</strong>s e de muitas<br />
privações , longe do seio <strong>da</strong> família . O Governo de Portugal apenas<br />
incentivava verbalmente novos descobrimentos nos sertões .<br />
Esta fase também assinala a grande irradiação <strong>da</strong>s Bandeiras<br />
Paulistas para o Centro e para o Oeste , onde maior oposição a seu<br />
desempenho só encontravam pelas Tribos existentes , nota<strong>da</strong>mente em<br />
Mato Grosso. Ali os espanhóis quase na<strong>da</strong> resistiam .
Assinala ain<strong>da</strong> a ocupação definitiva de Santa Catarina realiza<strong>da</strong><br />
por famílias paulistas .<br />
Algumas bandeiras , antes do surgimento do Grande Ciclo do<br />
Ouro , foram muito importantes pelos seus coman<strong>da</strong>ntes e volume de seus<br />
componentes. Foram bandeiras que poucas riquezas encontraram , mas<br />
abriram e firmaram definitivamente os horizontes brasileiros . Algumas até<br />
fracassaram inteiramente. Outras , quando não tinham resultado financeiro ,<br />
formavam novas vilas e fixavam novas populações em regiões desbrava<strong>da</strong>s<br />
por paulistas . Destas Bandeiras cabe destaque para três irmãos que<br />
formaram ci<strong>da</strong>des no interior de São Paulo:<br />
1.625 – André Fernandes – Fun<strong>da</strong>dor de Parnaíba ;<br />
1.645 – Baltazar Fernandes – Fun<strong>da</strong>dor de Sorocaba ;<br />
1.661 – Domingos Fernandes – Fun<strong>da</strong>dor de Itu .<br />
2º-) Bandeiras Paulistas – Ain<strong>da</strong> para o Ouro de Lavagem<br />
( Continuam suas Expedições )<br />
Algumas outras destas expedições paulistas que saíram em procura do<br />
rico mineral em rios ,córregos e riachos , depois <strong>da</strong> libertação dos lusos .<br />
A seguir indicaremos :<br />
O Ano , O Bandeirante , Local <strong>da</strong> Expedição e Curto Relato dos Fatos<br />
acontecidos . Foram elas as principais :<br />
1.644 – Jerônimo Bueno- ( Paraguai)– Filho de Amador Bueno e genro<br />
de Manuel Preto, penetrou nos sertões do Paraguai com numerosa bandeira<br />
tendo ain<strong>da</strong> intenção de capturar índios . Foi então combatido<br />
continua<strong>da</strong>mente e ain<strong>da</strong> naquele mesmo ano , junto com to<strong>da</strong> sua tropa ,<br />
foi morto em combate ;<br />
1.648 – Antonio Raposo Tavares- (Mato Grosso / Paraguai /Bolívia /<br />
Peru)– De acordo com relato de “Antonio Toledo Piza – Revista do<br />
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo , vol. IV , 8 : – “ Ele partiu<br />
de São Paulo e em 1.649 já estava em Mato Grosso , onde encontra aldeias<br />
espanholas com índios catequizados por jesuítas espanhóis vindos do<br />
Paraguai . Então foram to<strong>da</strong>s aquelas aldeias , a saber : Bolamos, Xerez ,<br />
Itutin , Nossa Senhora <strong>da</strong> Fé entre outras , ataca<strong>da</strong>s e destruí<strong>da</strong>s por aqueles<br />
bandeirantes . Dali Antonio Raposo seguiu para a Bolívia e Peru , onde<br />
novamente deu combate aos espanhóis ; atravessou os Andes e chegou até<br />
o Oceano Pacifico . Voltou navegando pelo Amazonas e posteriormente<br />
chegou a São Paulo tão desfigurado que a própria família o desconheceu;<br />
1.661 - Fernão Dias Paes ( Paraná)- . De acordo com Taques ,<br />
(“Nobiliarquia” , XXXV pg.106/109 ) aquele bandeirante , em procura do<br />
ouro de lavagem , varando o sertão de Apucarana ,encontrou tribos tupis .<br />
Com demonstração de amizade e palavras de paz conseguiu trazer para
Santana de Parnaíba / SP , onde possuía exten<strong>são</strong> de terras , três grandes<br />
tribos indígenas , num total de 5.000 almas . Ali elas se estabeleceram<br />
definitivamente , as margens do Tietê ;<br />
1.671 –Luiz Castanho de Almei<strong>da</strong>( Mato Grosso) – Sua bandeira ,<br />
segundo Taques- (“Nobiliarquia” , XXXIII , 48/50 “)- Chegou a Mato<br />
Grosso onde ele próprio foi vitima de seus índios auxiliares . Seus filhos<br />
aju<strong>da</strong>dos pela bandeira de Antonio Soares Paes exterminaram os rebeldes ;<br />
1.673 –Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Silva - “Anhanguera”( Goiás) –<br />
Juntamente com seu filho vai alcançar o Rio Vermelho . Apressou tribos<br />
goianas e deparou-se com ouro que os indígenas usavam . Como<br />
inicialmente eles não quiseram informar a localização onde o metal era<br />
encontrado ele não os atacou . Historias conta<strong>da</strong>s desde aquele tempo,<br />
informam que ele usando de estratagema apenas os ameaçou . Queimou em<br />
um prato um pouco de cachaça/alcool que era transparente igual água . Ao<br />
ver o acontecido os índios ficaram amedrontados com a possibili<strong>da</strong>de de<br />
terem queimados todos seus rios . Indicaram em segui<strong>da</strong> o local onde era<br />
encontrado o ouro .<br />
1.675 – Francisco Pedroso Xavier (Paraguai) - Sai de São Paulo com sua<br />
bandeira composta de paulistas e também de muitos mamalucos . Segue na<br />
direção sul . Em 11 de Fevereiro ataca e toma aldeia existente na região de<br />
Vila Rica del Espírito Santo , a 60 léguas de Assuncion . Desta última<br />
ci<strong>da</strong>de partiu um exercito superior a 1.000 homens , com 400 cavalarianos<br />
espanhóis . Eram coman<strong>da</strong>dos por Juan Diaz de Andino , antigo<br />
governador do Paraguai. O paulista , firme e destemeroso , vai esperá-los a<br />
pé no alto <strong>da</strong> Serra de Maracajú . Após longo combate as forças inimigas<br />
<strong>são</strong> bati<strong>da</strong>s pelos paulistas . Os espanhóis perdem na ocasião 300<br />
cavalarianos e batem em retira<strong>da</strong> . Aqueles bandeirantes retornam com<br />
4.000 índios , cavalos e muitos bens tomados. Comprova o fato “Carta<br />
Régia de 23 de Março de 1679” – Arquivo Nacional – Com queixa do<br />
representante <strong>da</strong> Espanha .<br />
1.675 –Francisco Dias Velho ( Santa Catarina) – Quando moço<br />
acompanhou o pai Francisco Dias na primeira ocupação <strong>da</strong> Ilha de Santa<br />
Catarina, ocorri<strong>da</strong> em Abril de 1.662 . Treze anos mais tarde resolve<br />
povoar a região e para lá segue com sua bandeira. Ocupa parcialmente a<br />
ilha e inicia plantações e pesquisas de ouro Regressa para Santos em 1.679<br />
e requer a conces<strong>são</strong> definitiva de terras na ilha . Ali vai erguer a igreja de<br />
N. S. do Desterro e estabelecer fazen<strong>da</strong>s de cultura . Em 1.687 aparece na<br />
ilha um patacho inglês sob o comando do pirata Thomas Frins . Dias Velho<br />
toma a embarcação com to<strong>da</strong> a maruja<strong>da</strong> e bens , tudo entregando<br />
posteriormente às autori<strong>da</strong>des de Santos .<br />
Mais piratas ingleses continuam aparecendo . Em 1.692 uma<br />
grande força destes flibusteiros invade a região . Dias Velho morre lutando<br />
dentro do templo que construiu . A família já havia fugido para o interior .
Tempos depois , os paulistas retornam e reconstroem a igreja . Ali vai se<br />
estabelecer os fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> futura Florianópolis . ( Relato original de<br />
Azevedo Marques , de acordo com Basílio de Magalhães , em seu livro –<br />
“Expan<strong>são</strong> Geográfica do Brasil Colonial” –pg.179) .<br />
1.689 –Domingos de Brito Peixoto- ( Rio Grande do Sul) – Recebe<br />
“Carta Régia” autorizando povoar a região <strong>da</strong> Lagoa dos Patos . Para lá<br />
segue por terra com seus filhos homens , acompanhados por mais 10<br />
bandeirantes, 50 índios tupis e uma centenas de mamalucos. Ao mesmo<br />
tempo fazia velejar de Santos uma nau própria levando mantimentos e<br />
ferramentas . Após 4 meses fun<strong>da</strong>m um núcleo residencial e uma capela<br />
que recebeu o nome de Santo Antonio dos Anjos de Laguna . A região é<br />
então parte integrante <strong>da</strong> Capitania de São Paulo .<br />
FATOS IMPORTANTES OCORRIDOS TAMBÉM NESTA FASE :<br />
3º-)- AUXILIO DOS BANDEIRANTES PAULISTAS AOS NORDESTINOS NA<br />
LUTA CONTRA OS HOLANDESES .<br />
Mediante solicitações expressas de Antonio Teles <strong>da</strong> Silva ,<br />
graduado representante de Portugal , em Cartas dirigi<strong>da</strong>s aos Oficiais <strong>da</strong><br />
Câmara de São Paulo , <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s em 8 e 21 de Novembro de 1.646 e 11 de<br />
Março de 1.647 ( Arquivo de São Paulo) , era explicitado a importância do<br />
auxilio dos paulistas na guerra contra os holandeses e elogia<strong>da</strong> a sua<br />
bravura indômita e a infatigabili<strong>da</strong>de nas lutas . Este pedido foi aceito . Em<br />
1 de Julho de 1.647 , de acordo com relatos dos historiadores Calógeras e<br />
Taques, ain<strong>da</strong> com Affonso Taunay – em “Índios – Ouros e Pedras” –<br />
pág. 10 , o socorro de uma expedição bandeirante é enviado para<br />
Pernambuco . O comando inicial foi de Antonio Raposo Tavares que irá<br />
desembarcar na Bahia . Depois esta expedição teve o comando passado<br />
para Antonio Pereira de Azevedo . Ela era composta por 200 bandeirantes<br />
e 1.000 índios guerreiros tupis . Não existem relatórios de todos serviços<br />
prestados e resultados alcançados .<br />
Devem ter sidos excelentes pois seu coman<strong>da</strong>nte mereceu e<br />
recebeu grande homenagem : o Hábito <strong>da</strong> Ordem de Cristo .<br />
4º-) - DUAS TENTATIVAS DE INVASÕES HOLANDESAS EM SÃO VICENTE<br />
No final de 1640 , quando Portugal não estava mais sob<br />
domínio de Espanha , existiu uma tentativa de inva<strong>são</strong> holandesa em<br />
Santos e São Vicente . Devemos lembrar que nesta mesma época se<br />
estu<strong>da</strong>va e logo foi assinado um armistício entre Portugal e Holan<strong>da</strong> . Com<br />
ele Portugal deixava de pretender de imediato a devolução <strong>da</strong>s terras<br />
toma<strong>da</strong>s no Nordeste . Elas poderiam ficar com os batavos . Neste meio<br />
tempo os invasores holandeses se aproveitaram do possível relaxamento<br />
militar e foram tomando mais terras no nordeste até alcançar e dominar
todo o norte do Maranhão . Com tudo isto os brasileiros não concor<strong>da</strong>ram e<br />
a luta continuou pela libertação do nordeste .<br />
É muito provável que dentro do mesmo espírito de conquista<br />
os holandeses também pretendessem invadir as terras do sul brasileiro .<br />
Assim em uma manhã de 1640 <strong>são</strong> avistados 11 naus de guerra holandesas<br />
na barra de Santos .<br />
Antes , em 1.615 , outra forte arma<strong>da</strong> batava , coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />
Joris van Spilberg , atacou São Vicente e entrou em combate com os<br />
paulistas vicentinos . Eles logo receberam reforços <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
coman<strong>da</strong>dos por Sebastião Preto . Os holandeses <strong>são</strong> batidos e deles ,<br />
depois de sua fuga , ficam muitos destroços e estragos .<br />
A Tentativa de Inva<strong>são</strong> de 1.640 é muito mais grave e séria . A<br />
frota holandesa era bastante arma<strong>da</strong> e poderia obter sucesso pelo seu<br />
tamanho e força . Por ter conseguido armistício com Portugal , ficando com<br />
as terras que tomara no Nordeste , entenderam que continuaria fácil invadir<br />
terras de Portugal . Não contaram com os Bandeirantes Paulistas .<br />
Curioso é que em nossos livros didáticos de <strong>História</strong> este<br />
fato serissimo não é citado , nem mesmo de passagem . As duas<br />
tentativas de Inva<strong>são</strong> Holandesa em São Paulo ficam escondi<strong>da</strong>s ,<br />
apesar de sua imensa importância . Incrível ! Por qual razão ?<br />
Encontra-se na narrativa de Garcia Rodrigues Paes relato<br />
especifico realizado para o rei de Portugal – Pedro II , a respeito deste<br />
assunto . Ele conta :<br />
- “ Fernão Dias Paes , assim que sabe do acontecimento , socorre<br />
São Vicente , com seus filhos , seus bandeirantes , os “mamalucos” e<br />
índios tupis . Trabalham até nas fortificações . Tomam parte em inúmeros<br />
combates contra os holandeses . Eles , os holandeses, finalmente se retiram<br />
depois de graves per<strong>da</strong>s humanas e materiais .”<br />
Esta Ação de Guerra é comprova<strong>da</strong> pela Certidão de 16 de<br />
dezembro de 1.640 , localiza<strong>da</strong> por João Luiz Mafra – Capitão – Mor de<br />
São Vicente . Ele relata a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s 11 naus de guerra holandeses e a luta<br />
trava<strong>da</strong> contra eles com a participação de Fernão Dias Paes . (Vide -<br />
“Affonso de Taunay” em - Índios – Ouros - Pedras – pagina 26 /27 .)<br />
5º-) AUXILIO DOS BANDEIRANTES PAULISTAS AOS CRIADORES DE<br />
GADO DO NORDESTE NA LUTA CONTRA OS INDIOS .<br />
Escreve Capistrano de Abreu em “Noções de <strong>História</strong> do Brasil<br />
até 1.800”- pgs. 105/106 :<br />
“ – Melhores serviços prestaram os paulistas na Bahia e no norte<br />
do Rio São Francisco” . Em torno de Paraguaçu reuniram-se tribos ousa<strong>da</strong>s<br />
e valentes , aparenta<strong>da</strong>s aos Aimorés . Invadiram o distrito de Capanema ,<br />
truci<strong>da</strong>ram os moradores e os vaqueiros de Aporã , avançando depois até<br />
Itapororocas.
As expedições baianas envia<strong>da</strong>s para vencer o arrojo dos<br />
indígenas não obtiveram vitórias e muito pouco fizeram . Se retiraram do<br />
campo <strong>da</strong> luta .<br />
Foi pedido auxilio aos Bandeirantes Paulistas . Acudindo o pedido<br />
Domingos Barbosa Calheiros embarcou em Santos e chegando a Bahia se<br />
deslocou para Jacobinas . Apesar dos contínuos ataques não obteve sucesso<br />
inicial absoluto nas primeiras conten<strong>da</strong>s . Os índios continuaram atacando ,<br />
roubando gado e matando . Somente depois de 1.671 , com a chega<strong>da</strong> de<br />
reforços de novos bandeirantes paulistas , vai se obter os resultados<br />
almejados . 1.671- Em Agosto , dois bandeirantes : Braz Rodrigues<br />
Arzão e Estevão Ribeiro Baião Parente chegam na região nordeste .<br />
Fizeram <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Cachoeira base de suas operações que duraram anos .<br />
Desta feita e com o tempo , os índios foram totalmente derrotados . Braz<br />
Rodrigues se retirou depois de tomar , na margem esquer<strong>da</strong> do Paraguaçu ,<br />
a aldeia de Cami<strong>são</strong> . Baião Parente guerreou na margem direita , onde<br />
conquistou a aldeia de Maçacará . Receberam ambos bandeirantes, com<br />
recompensa, terras na região . Elas foram vendi<strong>da</strong>s posteriormente. Depois<br />
disto continuaram algum tempo no nordeste combatendo e vencendo varias<br />
outras tribos indígenas, na Bahia, Pernambuco e mesmo no Ceará .<br />
1.671 – Domingos Jorge Velho - Nesta mesma época os<br />
índios Tapuias atacavam incessantemente os Criadores de Gado no Piaui.<br />
Ficara impossível o progresso na região . Domingos Jorge Velho é<br />
contratado com seus bandeirantes . Depois de muita luta vai conseguir<br />
exterminar todos os atacantes Tapuias na região do Piauí. Depois disso a<br />
criação de gado vai ali prosperar rapi<strong>da</strong>mente. Inclusive a sua .<br />
1.687 – Matias Cardoso de Almei<strong>da</strong> – É contratado para<br />
limpar a região do Ceará e Rio Grande do Norte dos ataques dos índios<br />
Tapuias que viviam naquelas regiões. Ele obtém sucesso possibilitando<br />
assim o estabelecimento definitivo e desenvolvimento de fazen<strong>da</strong>s para<br />
criação de gado . Em menos de 12 meses o trabalho é terminado com<br />
perfeição total .<br />
1.689 – Matias Cardoso de Almei<strong>da</strong> - Vai desbravar as<br />
terras pastoris existentes na região de divisa entre Minas e Bahia . Ali sua<br />
ativi<strong>da</strong>de vai durar algum tempo e firmar a real possibili<strong>da</strong>de de criação de<br />
gado sem maiores problemas .<br />
As Bandeiras Paulistas para Defesa do Gado eram Contrata<strong>da</strong>s<br />
Continuamente . Normalmente com ganho de terras para os bandeirantes<br />
escolhidos . Isto somente aconteceria ao final <strong>da</strong>s jorna<strong>da</strong>s . Por esta razão ,<br />
após a realização do contrato , mais de 100 famílias paulistas irão se<br />
deslocar para o Norte , Nordeste e Nordeste de Minas , onde se fixarão<br />
definitivamente .
Com respeito a estas bandeiras o historiador e Professor<br />
Oliveira Lima escreveu : -“A conquista do Brasil , do Norte ao Sul ,<br />
teve o bandeirante paulista como agente por excelência e o seu traço<br />
de união”.<br />
Fato interessante foi o choque de interesses , também<br />
acontecido entre jesuítas e os colonos do Nordeste. Por fim eles expulsaram<br />
os jesuítas <strong>da</strong> região .<br />
6º-)- ULTIMAS BANDEIRAS DE OURO DE LAVAGEM<br />
1.670 – Duas Grandes Tropas de Bandeirantes (Paraná) –Divididos em<br />
dois grandes grupos :<br />
- O 1º com Luiz de Góes , Antonio Luiz Tigre , Guilherme Dias , Capitão<br />
Agostinho Figueiredo e Leão de Arraiolos , segue para Paranaguá para <strong>da</strong>r<br />
prosseguimento aos trabalhos iniciados em busca de ouro de lavagem .<br />
- O 2º Grupo : Naquele mesmo ano , com o mesmo destino seguem João<br />
Álvares Coutinho , Manoel Lemos Conde e Roque Pereira . Ambas<br />
alcançam enorme sucesso ;<br />
1.670-Antonio de Lemos Conde ( Rio Grande do Sul / Uruguai )- Com<br />
sua tropa segue para o extremo sul do Brasil em busca de minas de prata ,<br />
junto ao rio de mesmo nome . Ao que se sabe o resultado não foi<br />
perfeitamente definido .<br />
7º-) O GRANDE CICLO DO OURO – em Minas Gerais<br />
Neste estagio o ouro não é só mais encontrado junto aos<br />
ribeirões , mas ain<strong>da</strong> e principalmente em grandes quanti<strong>da</strong>des nas lavras ,<br />
veios e ain<strong>da</strong> em minas , pequenas e grandes .<br />
Os Bandeirantes paulistas já haviam estado por vezes nas regiões<br />
onde obteriam depois os excelentes resultados para aquele movimento<br />
exploratório .<br />
Já haviam tomado posse <strong>da</strong>s terras e formado pequenas vilas .<br />
Agora vão incrementar ain<strong>da</strong> mais a busca do ouro . Terá inicio com os<br />
Paulistas em Minas Gerais e será chamado : “O Grande Ciclo do Ouro” .<br />
Terá imediata continui<strong>da</strong>de nas demais regiões já desbrava<strong>da</strong>s pelos<br />
paulistas , hoje pertencentes aos estados de Mato Grosso e Goiás . Ocupará<br />
na reali<strong>da</strong>de todo o centro do Brasil .<br />
Não existe com preci<strong>são</strong> uma <strong>da</strong>ta para o seu início deste ciclo.<br />
O filho de Fernão Dias Paes , ao que tudo indica , foi o iniciador deste<br />
período , atuando principalmente em Minas .<br />
Pelo “Ato Régio de 23 de Dezembro de 1.693 , Garcia<br />
Rodrigues Paes foi promovido para a função de “ Capitão –Mor<br />
Administrador <strong>da</strong>s Minas de Esmeral<strong>da</strong>s”. Pouco depois , a “Carta Régia de
19 de Novembro de 1.697” indica que ele foi o descobridor do Ouro<br />
encontrado na Serra de Sabarabuassu /MG.<br />
Também existe a possibili<strong>da</strong>de do Grande Ciclo do Ouro ter<br />
começado , de acordo com a “ Revista do Instituto Histórico de São Paulo”<br />
- vol. 268, 269 :<br />
“... com a jorna<strong>da</strong> do Padre João de Farias ,<br />
acompanhado de seu cunhado Antonio Gonçalves Viana , do Capitão<br />
Manoel Borba e de Pedro Avos , que saindo de Pin<strong>da</strong>monhangaba<br />
sobem a Mantiqueira e nos Tabuleiros do Rio Grande , Rio <strong>da</strong>s Mortes<br />
e do Rio Sapucaí/ MG encontram corridos auríferos . Este fato ain<strong>da</strong><br />
está de acordo com a “Carta e Amostras” de Bento de Souza Coutinho<br />
, de 29 de Julho de 1.694 .”<br />
Existe ain<strong>da</strong> uma terceira possibili<strong>da</strong>de . Carlos de Castro<br />
Silveira também é tido como um dos possíveis iniciadores . Para tanto<br />
existe a “ Carta Régia de 16 de Dezembro de 1.695”, estampa<strong>da</strong> por Pedro<br />
Taques ( Nobiliarquia – XXXIV , pgs.16/17) .<br />
Posteriormente a “Câmara de Taubaté , em 3 de Novembro de<br />
1.763”, mediante representação feita para o Rei , o indica com primeiro<br />
descobridor de ouro na região de Minas .<br />
Muitos bandeirantes com a noticia de que existia muito ouro de<br />
veios e lavras em Minas para lá se dirigem e obtém resultados muito<br />
positivos . São eles :<br />
1.697 – Sebastião Castro e Cal<strong>da</strong>s – descobre as chama<strong>da</strong>s minas de<br />
Cataguases e por carta comunica o fato ao Rei ;<br />
1.698 – Miguel Garcia – descobriu um ribeiro aurífero que foi<br />
denominado Gualaxo do Sul , na região de Itatiaia ;<br />
1.696 – Manoel Garcia – o Velho - encontra ouro junto ao Morro de<br />
Tripui ;<br />
1.696 – Diogo de Vasconcelos – encontra ouro nos mananciais defluentes<br />
do Itacolomi . Posteriormente elas foram toma<strong>da</strong>s por Belchior Cunha<br />
Barregão e Bento Leite <strong>da</strong> Silva;<br />
OBS. 1ª - Com tanto ouro descoberto pelos bandeirantes , a 13<br />
de Janeiro de 1.693 , autoriza o soberano de Portugal a “Conceder Honras<br />
e Mercês aos Bandeirantes de São Paulo” . Como poderemos ver<br />
depois, quando relataremos a “Luta Com Os Emboabas”, aquela<br />
determinação não era ver<strong>da</strong>deira . Tinha somente interesse imediato nos<br />
resultados positivos para o tesouro real português . Os paulistas , logo<br />
depois, serão castigados pelos governantes de Portugal com a per<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>quelas suas minas . Com certeza lembrava Portugal <strong>da</strong> tentativa de
liber<strong>da</strong>de dos paulistas com o episódio de Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira . A<br />
oportuni<strong>da</strong>de de punir surgiria então .<br />
Todos estes fatos divulgados sobre descoberta de ouro atraem para<br />
a região de Minas milhares de aventureiros . Saíram nota<strong>da</strong>mente de<br />
Pernambuco , Bahia e Rio de Janeiro . Muitos portugueses também para lá<br />
se dirigem . Eles todos <strong>são</strong> chamados de “Emboabas” pelos paulistas . Com<br />
todos eles , nota<strong>da</strong>mente os baianos , começarão a chegar os Escravos<br />
Negros que excelentes trabalhos irão realizar na região .<br />
Os Paulistas tomam então, pela primeira vez, conhecimento<br />
<strong>da</strong>quela gente africana extremamente trabalhadora .<br />
16 de Julho de 1.696 – João Lopes de Lima , sob o Governo de Salvador<br />
Furtado de Mendonça , descobre as riquíssimas minas do Ribeirão do<br />
Carmo ;<br />
24 de Junho de 1.698 – Antonio Dias de Oliveira – descobre o grande<br />
veio de Ouro Preto” junto com seu pessoal oriundo de Taubaté .<br />
( Publicações do Arquivo Nacional –vol.IX , pg. 14) . O bairro<br />
denominado “Antonio Dias” até hoje é assim denominado na ex capital de<br />
Minas Gerais, relembrando o feito <strong>da</strong>quele bandeirante ;<br />
OBS 2ª-: Logo depois, no início dos anos de 1.700 , por excesso<br />
de aventureiros do Nordeste que chegaram na região <strong>da</strong>s Minas , houve<br />
grande falta de alimentos em todo aquele sertão desbravado . Aquela gente<br />
recém chega<strong>da</strong> precisava de alimentação , mas não plantava . Também não<br />
roçava como faziam os paulistas .<br />
O que não havia acontecido em quase 200 anos de bandeiras<br />
aconteceu . A fome se estabeleceu rapi<strong>da</strong>mente naqueles locais . Como<br />
conseqüência houve disputa por alimentos . Muitos bandeirantes paulistas<br />
saíram para novas regiões do Oeste. Alem de novas terras procuravam<br />
matas em busca de frutos silvestres , locais para plantações , rios piscosos<br />
e caça mais abun<strong>da</strong>nte . Com isto muitas novas vilas foram sendo<br />
estabeleci<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong> região Centro Oeste. Em Mato Grosso e Goiás .<br />
Famílias foram para lá pois já havia noticias <strong>da</strong> existência de<br />
muito ouro em Cuiabá .<br />
8º-) NOVAS DESCOBERTAS DE OURO , EM VEIOS E MINAS – 1700 A 1704<br />
Deste período , entre 1.700 e 1.704 , novas descobertas de ouro em novas<br />
áreas de Minas <strong>são</strong> realiza<strong>da</strong>s pelos bandeirantes paulistas . Delas<br />
destacamos aquelas que mais produziram o precioso minério , bem como a<br />
localização <strong>da</strong> mina explora<strong>da</strong> :<br />
1- Antonio Rodrigues Arzão – em Rio Casca ,<br />
2- Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Siqueira - em Ituverava ,
3- Sebastião Castro Cal<strong>da</strong>s – em Cataguases ,<br />
4- Miguel Garcia - em Gualaxo do Sul ,<br />
5- Diogo de Vasconcelos – em Itacolomi ,<br />
6- Padre “Fialho”João de Farias – em região próxima de Ouro Preto ,<br />
7- Bento Rodrigues – Minas do Cabo ,<br />
8- Antonio Pereira – em Gualaxo do Norte .<br />
9- Capitão Antonio Rodovalho –em distancia de dez léguas de Ouro Preto .<br />
10- Francisco Bueno de Camargo – Junto ao Rio Guarapiranga ,<br />
11- João Siqueira Affonso – no local denominado Pitanga ,<br />
12- Antonio Luiz do Passo – no Rio Pardo ,<br />
13- Miguel Domingues – em Itacambira<br />
14- D. João de Lancastro em 1704 - Expedições para explorar as to<strong>da</strong>s as<br />
minas de Caeté .<br />
Obs. Como se pode notar foram muitas bandeiras para pouco tempo :<br />
somente 4 anos !<br />
15 de Outubro de 1.698 – Manuel Borba Gato recebe a patente de<br />
“Tenente General” <strong>da</strong>s minas de Sabarabuassu . Segue para locais onde se<br />
presumia existência de ouro . Eram locais pré - estabelecidos anteriormente<br />
por seu sogro Fernão Dias Paes . Ali encontra ouro que vai trazer para São<br />
Paulo no começo de 1.700 .<br />
( Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo – V - 285 ) .<br />
Com to<strong>da</strong> aquela movimentação e produção de ouro , por ordem real fica<br />
proibido o trafego entre to<strong>da</strong>s aquelas regiões mineiras com a Bahia .<br />
Tentava-se controlar a eva<strong>são</strong> do dizimo real .<br />
3 de Novembro de 1.700 – É cria<strong>da</strong> a “Capitania Unifica<strong>da</strong> de São<br />
Paulo e Minas Gerais” . Então , pouco depois vai acontecer , com início<br />
em 1.707 , a “ Guerra dos Emboabas” . Naquela guerra se enfrentaram , de<br />
um lado os Bandeirantes Paulistas e de outro lado Grupo formado por<br />
aventureiros de vários locais : os Baianos , Pernambucanos, alguns poucos<br />
já naturais de Minas e ain<strong>da</strong> os Portugueses”.<br />
Eram os Chamados “Emboabas”
A GUERRA CONTRA OS “EMBOABAS” – MINAS GERAIS<br />
Preliminares – Fome no Circuito do Ouro/ Minas - Massacre no Capão <strong>da</strong> Traição – Revide<br />
Dos Paulistas Contra os Emboabas- Final <strong>da</strong> Guerra Por Determinação Governo Geral<br />
Resultado Final para os Paulistas na Guerra contra Emboabas .<br />
1º-) Preliminares<br />
Desde 1.658 o governo do Brasil fora dividido em duas partes . A<br />
primeira foi denomina<strong>da</strong> Repartição Norte e ficava sedia<strong>da</strong> na Bahia .<br />
A segun<strong>da</strong> chama<strong>da</strong> de Repartição Sul , cabendo seu governo à<br />
Salvador Correa de Sá e Benevides , ficava sediado no Rio de Janeiro .<br />
Quando se alcançava o final do século XVII e começo do século<br />
XVIII, os bandeirantes paulistas já tinham praticamente descoberto a<br />
grande maioria dos veios de ouro até então existentes na região atual de<br />
Minas Gerais . Muitos dos quais se encontravam em plena produção .<br />
To<strong>da</strong>s aquelas lavras e minas estavam devi<strong>da</strong>mente localiza<strong>da</strong>s,<br />
demarca<strong>da</strong>s, autoriza<strong>da</strong>s, explora<strong>da</strong>s a contento. Eram conheci<strong>da</strong>s e<br />
reconheci<strong>da</strong>s como sendo proprie<strong>da</strong>de dos paulistas .<br />
A divulgação <strong>da</strong>s grandes riquezas proveniente delas trouxe para<br />
aquela área de Minas Gerais , logo no começo de 1.707 , alem de gente<br />
interessa<strong>da</strong> em trabalho e progresso , inúmeros aventureiros praticamente<br />
desprovidos de ética . Eram estes últimos pessoas provenientes de outras<br />
Capitanias do Brasil , nota<strong>da</strong>mente de Pernambuco , Bahia . Vinham alguns<br />
também do Rio de Janeiro .<br />
A grande maioria destes eram foragidos , desertores e criminosos<br />
foragidos <strong>da</strong> justiça . ( vide Machado d’Oliveira -“Província de S. Paulo<br />
– pg..110 – Edição de 1.903 ).<br />
Existia , alem de tudo , grandes diferenças na formação elementar<br />
<strong>da</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s . Diferença entre os paulistas que viviam do<br />
trabalho nos campos , matas e pequenas vilas , sempre longe do litoral e<br />
aqueles demais recém chegados na região <strong>da</strong>s minas de ouro .<br />
Estes últimos provinham de ci<strong>da</strong>des maiores e praianas do Rio<br />
de Janeiro ou do nordeste do Brasil . Alem do mais , alem dos brancos<br />
existentes dos dois lados , os demais tinham os seus caldeamentos /<br />
miscigenações muito diferentes .<br />
A - Paulistas alem dos brancos eram “mamalucos” ( cruzamento entre<br />
brancos com índios tupi ).<br />
B- Os aventureiros recém chegados , alem dos brancos tinham uns poucos<br />
“mamalucos” (brancos com índios tapuias) , mais “cafuzos” (cruzamento<br />
dos tapuias com africanos ) ou “mulatos” (brancos com africanos) .<br />
Alem desta gente brasileira a região de Minas foi ain<strong>da</strong> toma<strong>da</strong><br />
por imigrantes portugueses , saídos <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s mais baixas e simplórias<br />
<strong>da</strong> população de Portugal .<br />
Sobre aquela gente bastante estranha , recém chega<strong>da</strong> na região ,<br />
o grande botânico e historiador francês Saint Hilaire , vai em seu livro
– “Histoire de La Province de St. Paul” - escrever o seguinte : -<br />
“ Os paulistas tinham idéias generosas , que os faziam extremar desse<br />
amalgama informe , dessa vagabun<strong>da</strong>gem de homens desordeiros , a<br />
escuma do Brasil e Portugal, que em tropel corriam para o território<br />
<strong>da</strong>s Minas Paulistas ...”<br />
Os bandeirantes paulistas viam com preocupação e profun<strong>da</strong><br />
indignação que todos aqueles homens estranhos chegassem para se<br />
estabelecer em terras que foram descobertas e trabalha<strong>da</strong>s por eles<br />
paulistas, querendo delas retirar ouro que por principio a eles não pertencia.<br />
Alem do mais aqueles estranhos eram extremamente ousados e violentos.<br />
Muitas vezes intimi<strong>da</strong>dores , principalmente quando em grupo .<br />
Pretendiam na reali<strong>da</strong>de aproveitar o trabalho de outros , bem<br />
como utilizar e explorar to<strong>da</strong>s as minas paulistas . Isto até por vezes<br />
acontecia , tendo em vista a grande cobertura que tinham , graças a grande<br />
quanti<strong>da</strong>de de escravos que possuíam e traziam sempre com eles . Então se<br />
aproveitavam do grande numero de suas presenças para fazer sérias<br />
pressões contra os paulistas. Constantemente executavam provocações e<br />
prejudicavam todos os trabalhos .<br />
Independentemente <strong>da</strong>s ameaças e provocações, aqueles<br />
aventureiros , que não conheciam trabalhos de mineração , apresentavam<br />
vexações continuas para conseguir executar os trabalhos mais simples.<br />
Tinham até grandes dificul<strong>da</strong>des na mais simples labuta para extração do<br />
ouro . Sua formação de trabalho era muito pouca , pois pouco entendiam<br />
de garimpagem e mineração . Ou de qualquer outro oficio . Do ramo de<br />
Mineração não eram realmente trabalhadores .<br />
Vestiam-se normalmente de forma diferencia<strong>da</strong> . Usavam sempre<br />
grandes botas de canos longos , nota<strong>da</strong>mente os brancos e os portugueses.<br />
Por tudo isto foram alcunhados com o nome burlesco de<br />
“Emboabas” ( em clara alu<strong>são</strong> as aves que tinham pernas cheia de penas.<br />
Elas em reali<strong>da</strong>de <strong>são</strong> um tipo de galinhas ).<br />
2º-) Fome no Circuito do Ouro de Minas –<br />
Primeiras Disputas com Emboabas<br />
Com a chega<strong>da</strong> desta grande massa de gente começou faltar<br />
alimentos na região . As plantações realiza<strong>da</strong>s pelos paulistas e as reservas<br />
existentes naqueles locais não tiveram condições de atender a deman<strong>da</strong><br />
crescente . Faltou comi<strong>da</strong> .<br />
Para agravar a situação os comerciantes portugueses , aqueles que<br />
costumeiramente traziam outros alimentos não produzidos na região ,
(de acordo com Machado d’ Oliveira – Província de São Paulo –vide<br />
pgs. 111/112/113 ) agora cobravam o dobro dos preços quando <strong>da</strong><br />
ven<strong>da</strong> destes mantimentos para os paulistas.<br />
Então , com a pres<strong>são</strong> dos Emboabas, mais a falta que era enorme<br />
dos alimentos mais comuns , muitos paulistas foram obrigados e saíram <strong>da</strong><br />
região, nota<strong>da</strong>mente aqueles que estavam com famílias e crianças<br />
pequenas. Foram procurar novas áreas promissoras na procura de ouro mas<br />
que tivessem possibili<strong>da</strong>des de plantio , de caça e pesca , bem como do<br />
apanhamento de frutas silvestres para complemento alimentar . Por esta<br />
razão muitos dos paulistas ficaram obrigados e saíram <strong>da</strong> região de Minas .<br />
Alem do mais já tinham conhecimento do aparecimento de ouro na<br />
região Oeste do Brasil . Este fato vai proporcionar rápi<strong>da</strong> e natural<br />
formação de novas vilas , em to<strong>da</strong> região Oeste . Isto vai ser muito bom<br />
para o povoamento e desenvolvimento do Brasil , nota<strong>da</strong>mente para as<br />
regiões de Mato Grosso e Goiás.<br />
Entretanto , com todos estes acontecimentos , o agravamento <strong>da</strong><br />
situação foi crescendo . O antagonismo contra os paulistas vai ficando<br />
muito claro . Vão se formar praticamente dois grupos , na reali<strong>da</strong>de dois<br />
pequenos exércitos . Um dos Emboabas. Outro dos Paulistas .<br />
Começam com pequenas brigas e que irão rapi<strong>da</strong>mente crescer .<br />
Os Emboabas se organizam realmente como uma força militar ,<br />
não como mineradores, composta de 3.600 homens armados, liderados pelo<br />
português que vivia anteriormente na Bahia de nome Manoel Nunes Viana.<br />
Era comerciante , criador de gado e havia sido acusado de assassinatos em<br />
Salvador . Os Emboabas o aclamavam como seu governador. Sua fama era<br />
conheci<strong>da</strong> em todo Brasil .<br />
Podemos ver isto no livro de M. Cardoso - “Civil War in<br />
Minas Gerais” – pg. 484 . Através de uma carta <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1.707 ,<br />
envia<strong>da</strong> do Rio de Janeiro por Luiz de Almei<strong>da</strong> Correia Albuquerque<br />
à Diogo de Mendonça Corte Real , encontramos o seguinte texto :<br />
“ O negócio <strong>da</strong>s Minas há muitos dias está parado ; porque<br />
andão aquelles moradores com armas nas mãos , divididos em duas<br />
facções sendo capitam de hua delas hum Manuel Nunes Viana ... Este<br />
se acha com mais de 3.000 homens armados em campanha; He homem<br />
que leva atrás de si muita gente por ser rico , facineroso ....leva para<br />
Bahia mayor parte do ouro ... com grande prejuízo <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Real<br />
porque não pagam o quinto ; ...”<br />
Do outro lado os Paulistas contavam praticamente com a metade<br />
de homens dos Emboabas , possuindo por volta de 2.000 homens em seu<br />
total . Mesmo assim conseguem nos primeiros embates levar vantagens .<br />
Então as duas partes se separam definitivamente. Os Paulistas<br />
ficam longe <strong>da</strong>s áreas mais povoa<strong>da</strong>s e vão acampar em algumas áreas<br />
afasta<strong>da</strong>s , distantes de suas minas .
Arthur de Sá que na época governava a Repartição Sul , tomando<br />
conhecimento dos fatos , segue até o teatro do conflito visado tomar pulso<br />
dos acontecimentos . Chega e comete grave erro . Ouve apenas o lado dos<br />
Emboabas . Não dá atenção aos Paulistas . Então lhe é narra<strong>da</strong> uma<br />
irreali<strong>da</strong>de , com os principais fatos sendo ocultados e feitas acusações<br />
desprovi<strong>da</strong>s de razões contra os Paulistas .<br />
Ele volta para o Rio de Janeiro com idéias inteiramente favoráveis<br />
aos Emboabas . Em segui<strong>da</strong>, para manter a ordem , envia força arma<strong>da</strong> para<br />
a região . Ela tem como objetivo : “impedir que os emboabas sejam<br />
agredidos”.<br />
Ela em reali<strong>da</strong>de vai <strong>da</strong>r força e garantir mineração para os<br />
Emboabas em áreas anteriormente descobertas e desenvolvi<strong>da</strong>s pelos<br />
Paulistas .<br />
3º-) Massacre no Capão <strong>da</strong> Traição<br />
Aproveitando-se de todos estes fatos, em 1.709, perto <strong>da</strong> região<br />
hoje conheci<strong>da</strong> como Rio <strong>da</strong>s Mortes , forças dos Emboabas coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
por Bento do Amaral Coutinho , que se dizia amigo dos Paulistas, agindo<br />
com muito silencio, conseguem cercar grupo de mineradores bandeirantes<br />
que trabalhavam dentro de um capão . Não investem diretamente contra<br />
eles por que tinham receio <strong>da</strong> luta aberta . Cercam e ficam garantidos ,<br />
devi<strong>da</strong>mente escondidos atrás <strong>da</strong>s moitas e arvores .<br />
Rapi<strong>da</strong>mente os Paulistas percebem o cerco e tentam sair dele .<br />
São detidos pelos Emboabas . Pouco depois o tiroteio é inevitável e<br />
dura algum tempo . Os Paulistas não conseguem quebrar <strong>da</strong>quele cerco ,<br />
pois seu numero era muito menor do que aquele dos atacantes , por sinal<br />
muito bem armados e melhor posicionados .<br />
Agora Bento Coutinho vai falar alto . Quer a deposição de armas<br />
dos paulistas . Promete paz e trabalho conjunto , pois informa que não<br />
deseja derramamento de sangue. Promete garantias e ain<strong>da</strong> muito mais<br />
coisas . Promete tudo durante algum tempo .<br />
Os Paulistas , tendo em vista o que fora apalavrado e garantido ,<br />
por pessoa que consideravam amigo , resolvem entregar as armas.<br />
O desfecho trágico e covarde não vai demorar. Logo depois , um<br />
por um, todos paulistas <strong>são</strong> assassinados friamente, sem possibili<strong>da</strong>de ou<br />
capaci<strong>da</strong>de de reação pois ficaram inteiramente desarmados.<br />
Aproveitaram- se os Emboabas <strong>da</strong>s promessas mentirosas e <strong>da</strong> traição ,<br />
formaliza<strong>da</strong>s que foram por Bento Amaral Coutinho .<br />
São assassinados friamente 300 Paulistas , sem a menor<br />
possibili<strong>da</strong>de de defesa , naquele local . Ele que logo ficou denominado<br />
para sempre como “Capão <strong>da</strong> Traição” .<br />
O novo governador <strong>da</strong> Repartição Sul do governo brasileiro ,<br />
Martins de Mascarenhas , sabendo de tão atroz e deploráveis ocorrências
havi<strong>da</strong>s na região <strong>da</strong>s Minas para ali se dirige . Antes de viajar recusa<br />
varias vezes o acompanhamento de gente de São Paulo .<br />
Chega em Congonhas sendo recebido por Nunes Viana , que vem<br />
acompanhado de grande cortejo, com seus homens armados fortemente .<br />
Nunes Viana na frente de Mascarenhas é na ocasião muito aplaudido pelos<br />
emboabas . Tiros comemorativos <strong>são</strong> feitos para o ar .<br />
Mascarenhas receoso de maiores problemas , sente o perigo<br />
existente , inclusive para seu lado , ouve muito pouco e logo se retira . Vai<br />
voltar para o Rio de Janeiro . Não toma nenhuma medi<strong>da</strong> .<br />
Os Emboabas , com seu líder governam agora to<strong>da</strong> a região . Vão<br />
usufruir <strong>da</strong>s minas que tinham se apossado , não mais consentindo ali nem<br />
Poder Administrativo nem Judiciário .<br />
Os paulistas se retiram .Vão procurar reforços .<br />
A região de Minas se torna um corpo isolado <strong>da</strong>s demais Capitanias.<br />
4º-) Revide dos Paulistas na Guerra contra os Emboabas<br />
Os Paulistas que estavam em lugares mais distantes <strong>da</strong>queles<br />
acontecimentos , ao tomarem conhecimento dos fatos voltam rapi<strong>da</strong>mente<br />
para São Paulo. Procuram parentes , convocam amigos. Vão narrando os<br />
fatos com os pormenores conhecidos. Contam até mesmo aqueles detalhes<br />
que foram descritos pela fala desabri<strong>da</strong> dos Emboabas que escorria pelas<br />
vilas .<br />
Existia agora a imediata necessi<strong>da</strong>de de derrubar tal poder<br />
subversivo, de acabar com a prepotência, de arribar a reputação, de se<br />
desforrarem dos desacatos, de vingar as atroci<strong>da</strong>des e de recuperar suas<br />
terras e minas invadi<strong>da</strong>s .<br />
Acima de tudo de acabar o com os criminosos traidores .<br />
Houve geral incitamento, inclusive <strong>da</strong>s matronas paulistas que<br />
taxavam de covardes todos aqueles que se evadissem <strong>da</strong> Leva e ou que<br />
“Não Tomassem parte na Empresa e na Luta que deveria ser realiza<strong>da</strong><br />
contra os Emboabas” . Custasse o que custasse !<br />
O clero Paulista , normalmente ausente , apóia o movimento e<br />
ouve- se em todos os templos ecos de guerra.<br />
Com todo este excitamento armou-se o povo , colocando em sua<br />
frente Amador Bueno <strong>da</strong> Veiga , neto de Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira .<br />
Dias depois a maior parte desta força de Paulistas já marcha para o<br />
Vale do Paraíba . É onde irão se encontrar com as forças forma<strong>da</strong>s pelos<br />
bandeirantes paulistas de Taubaté . As disputas entre a gente de São Paulo<br />
e os taubateanos naquele instante ficaram definitivamente para trás .<br />
Desapareceram . ( Estas disputas eram mui pequenas . Diziam respeito a<br />
preponderância que uma ci<strong>da</strong>de poderia ter sobre a outra . São Paulo pelo<br />
crescimento de suas edificações e por ser sede do governo . Taubaté por<br />
sua casa de fundição , onde se amoe<strong>da</strong>va o ouro de Minas ).
Por este tempo chegava ao Rio de Janeiro o novo governador<br />
Antonio Albuquerque Coelho que substituía a Mascarenhas no governo <strong>da</strong>s<br />
Capitanias do Sul . Ao tomar conhecimento dos fatos que se desenvolviam<br />
em São Paulo , seu primeiro cui<strong>da</strong>do foi enviar o jesuíta Simão de Oliveira,<br />
a fim de aconselhar os Paulistas e desmotiva-los do revide planejado .<br />
O resultado foi inteiramente negativo . Somente mais<br />
incentivaram os Paulistas. Eles sentiam em tudo total falta de interesse em<br />
Justiça , mesmo com um novo Governador .<br />
Neste meio tempo o emboaba Nunes Viana pede entrevista com o<br />
governador Albuquerque Coelho . Ele aceita e , praticamente sem séqüito ,<br />
segue para Caité , em Minas . Lá enxerga e verifica muitos desmandos ,<br />
nota ain<strong>da</strong> absurdos administrativos e constata muita dissidência com a<br />
direção de Nunes Viana , principalmente do pessoal que estava junto ao<br />
Rio <strong>da</strong>s Velhas . Eram todos contra suas prepotências . A entrevista é<br />
breve . Albuquerque pretendendo evitar maiores desavenças determina que<br />
Nunes Viana e Bento Coutinho sejam enviados para a Bahia.<br />
Afasta dos Paulistas os responsáveis pelo massacre .<br />
Afasta a possibili<strong>da</strong>de de uma punição maior aos criminosos ..<br />
Todos demais Emboabas vão ser perdoados por Carta Régia de 22 de<br />
Agosto de 1.709 . ( sic ! )<br />
5]-)Final <strong>da</strong> Guerra – Por Determinação do Governo do Rio de Janeiro<br />
Em segui<strong>da</strong> recebeu noticias que os paulistas não desistiriam de<br />
seu revide , mesmo por que desejavam recuperar suas minas . Albuquerque<br />
resolve então ir ao encontro <strong>da</strong>quela gente bandeirante . Este encontro irá<br />
acontecer em Guaratinguetá .<br />
Na ocasião o governador teve boa recepção e pode explanar suas<br />
idéias . Em resposta os paulistas informaram que não poderiam aceitar o<br />
reconhecimento <strong>da</strong> própria covardia . Que a resolução toma<strong>da</strong> foi origina<strong>da</strong><br />
pela atitude dos emboabas . Finalmente informaram que só aceitariam paz<br />
com a saí<strong>da</strong> de todos os emboabas <strong>da</strong>s terras por eles desbrava<strong>da</strong>s e de<br />
suas minas .<br />
O governador informou que na<strong>da</strong> <strong>da</strong>quilo poderia garantir .<br />
Escondeu o ressentimento que sentia por não ter sido obedecido . De<br />
Guaratinguetá volta diretamente para o Rio de Janeiro . Man<strong>da</strong> aviso<br />
prevenindo aos emboabas . Pedia que ficassem alertas , apesar <strong>da</strong>s forças<br />
paulistas não serem de grande porte . Em segui<strong>da</strong> ordenou a formação de<br />
um exercito com 1.300 homens . Com ele visava não permitir a<br />
continuação do revide dos paulistas . Vão durar alguns dias os preparativos<br />
<strong>da</strong>quela coluna militar .<br />
Neste ínterim os paulistas já tinham chegado em Minas e se<br />
dirigiam para o Rio <strong>da</strong>s Mortes . Era o principal alvo dentro de seus planos<br />
de combate . Rapi<strong>da</strong>mente chegam a Pouso Alto, onde encontram os
últimos paulistas remanescentes . Então se reúnem em Conselho. Fica<br />
ajustado na ocasião que deveriam combater sem tréguas os emboabas que<br />
estivessem armados . Também deveria existir priori<strong>da</strong>des para retomar as<br />
suas terras e minas .<br />
Depois disto seguem diretamente para o Rio <strong>da</strong>s Mortes , onde<br />
avistam uma área fortifica<strong>da</strong>, tendo ao centro um fortim levantado pelos<br />
emboabas . Ele havia sido assim preparado depois do aviso do governador<br />
sobre as forças de São Paulo .<br />
No dia seguinte a área fortifica<strong>da</strong> foi inteiramente cerca<strong>da</strong> . O novo<br />
chefe dos emboabas – Ambrósio Caldeira Brant – intimou aos paulistas<br />
dizendo que primeiro deviam declarar para que vieram . Queriam paz ou<br />
guerra ?<br />
A resposta foi imensa fuzilaria dos paulistas . Os emboabas se<br />
recolheram dentro <strong>da</strong> área fortifica<strong>da</strong> .<br />
Durante vários dias aconteceram muitas refregas sem resultado<br />
definitivo para nenhum lado . Varias tentativas de fugas dos emboabas<br />
aconteceram e foram frustra<strong>da</strong>s, com muitos tiros trocados . Outras muitas<br />
refregas surgiram , inclusive com a tentativa de incêndio provoca<strong>da</strong> pelos<br />
emboabas nas barracas levanta<strong>da</strong>s pelos paulistas .<br />
Houve até ataque noturno <strong>da</strong> cavalaria dos emboabas que , apesar<br />
<strong>da</strong> grande surpresa , não surtiu efeito algum . Naqueles dias os embates<br />
somente aumentavam o numero de feridos e de mortos .<br />
Por mais que tentassem os emboabas não conseguem se libertar<br />
definitivamente do cerco . Por mais que tentassem os paulistas ain<strong>da</strong> não<br />
conseguiam vencer os emboabas .<br />
Finalmente os emboabas resolveram tentar , empregando to<strong>da</strong> sua<br />
gente em um derradeiro esforço , a saí<strong>da</strong> do fortim , pois já estavam<br />
praticamente sem viveres e com pouca munição . Foram se preparando<br />
durante to<strong>da</strong> a noite para o ataque a ser realizado pela manhã .<br />
Quando o dia raiou os emboabas romperam em ataque frontal .<br />
Porem foi grande a surpresa . Os paulistas por ali não mais estavam .<br />
Não haveria o combate final .<br />
Em reali<strong>da</strong>de haviam os paulistas se retirado de forma organiza<strong>da</strong> ,<br />
uma vez que os seus vigias informaram a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Tropas do Governo .<br />
Elas que sem duvi<strong>da</strong> alguma iriam combater os paulistas por desobediência<br />
ao Governo do Rio de Janeiro , provavelmente ficando ao lado dos<br />
emboabas .<br />
Uma força arma<strong>da</strong> de 1.300 sol<strong>da</strong>dos não era na<strong>da</strong> desprezível .<br />
Alem do mais ficar entre dois fogos seria a pior estratégia para qualquer<br />
luta ou batalha . Seria necessário uma retira<strong>da</strong> naquele momento .Ela<br />
acontece. Iriam os paulistas buscar mais reforços. A guerra contra os<br />
emboabas continuaria .
Dias depois , no momento que estavam em São Paulo li<strong>da</strong>ndo para<br />
formar uma nova força , inclusive muito maior , chegou a noticia que<br />
Albuquerque fora nomeado Governador <strong>da</strong> Capitania de São Paulo. Tinha<br />
ordens <strong>da</strong> metrópole de evitar o derramamento de sangue dos brasileiros<br />
em lutas internas . Custasse o que custasse .<br />
Não demora sua vin<strong>da</strong> para São Paulo . Logo depois de sua<br />
chega<strong>da</strong> conseguiu ser ouvido pelos principais lideres paulistas . Na<strong>da</strong><br />
impôs e apenas pedia o apoio dos Bandeirantes . Para tanto informava que<br />
os paulistas poderiam novamente habitar as Minas Gerais, garantindo<br />
acertos necessários e posteriormente ain<strong>da</strong> a fruição e a posse de suas<br />
proprie<strong>da</strong>des.<br />
Desta forma , com bastante tino e prudência , com promessas ,<br />
lentamente as coisas voltaram aos seus lugares . Entretanto , é preciso que<br />
se diga :<br />
_ As promessas nunca se realizaram !<br />
Os paulistas perderam as terras e minas . Nunca puderam voltar !<br />
No final , como sempre , os paulistas saíram prejudicados .<br />
6º-) Resultado Final <strong>da</strong> Guerra dos Emboabas para os Paulistas :<br />
1- Perderam to<strong>da</strong> a região de Minas que era parte de sua<br />
Capitania . Minasfoi transforma<strong>da</strong> em Capitania Independente<br />
por ordem do Reino ;<br />
2- Perderam to<strong>da</strong>s suas lavras e veios produtores de ouro e/ou de<br />
pedras preciosas situa<strong>da</strong>s em território de Minas Gerais ;<br />
3- Perderam a produção de ouro : aquela já existente e aquela<br />
que deveria ser produzi<strong>da</strong> nos muitos meses de guerra ;<br />
4- Perderam , massacrados e assassinados , 300 de seus<br />
companheiros bandeirantes , por ato de traição dos Emboabas;<br />
5- Foram Enganados e Preteridos por três Governadores <strong>da</strong><br />
Repartição Sul , que não os ouviram , que deram apoio aos<br />
emboabas , que prometeram e não cumpriram as suas<br />
promessas ;<br />
6- Não puderem se desforrar inteiramente <strong>da</strong>s mortes e traições ,<br />
posto que um exercito do governo do Rio de Janeiro se<br />
deslocou contra eles chegando até Minas Gerais . Isto os<br />
obrigou a parar com o ataque aos emboabas e voltar para não<br />
ter aberta duas frentes de luta ;<br />
7- Foram obrigados a engolir o perdão do Governo Colonial para<br />
os emboabas assassinos . Foram , em segui<strong>da</strong> , os emboabas<br />
perdoados por Carta Régia do governo português ;<br />
8- Viram os principais chefes emboabas serem retirados do<br />
teatro <strong>da</strong> guerra para serem preservados .
Uma única coisa ganharam os paulistas - Respeito : Recuperam o<br />
Respeito próprio , Respeito dos amigos, Respeito dos inimigos ,<br />
Respeito <strong>da</strong> Nação, Respeito ( por receio de represálias ) de Portugal<br />
e principalmente : Respeito dos Historiadores Internacionais .<br />
É necessário informar que independente <strong>da</strong>queles Emboabas<br />
(formados em sua maioria com cariocas , baianos e portugueses ) ,<br />
muitos outros mineiros <strong>da</strong>quela época tinham muito boa formação ,<br />
mesmo porque muitas <strong>da</strong>s famílias mineiras , principalmente aquelas<br />
tradicionais do sul e centro <strong>da</strong>s Gerais , <strong>são</strong> origina<strong>da</strong>s ou tem<br />
grandes ligações com as primeiras famílias paulistas que por lá<br />
estiveram durante muitos anos, nota<strong>da</strong>mente antes dos emboabas .<br />
A seguir anotamos uma parte do “Poema de Vila Rica”, de Cláudio<br />
Manuel <strong>da</strong> Costa , natural de Minas Gerais :<br />
“ Em todo o vasto território <strong>da</strong> atual Província de Minas não<br />
se achará rio , córrego , ou serra que não revele o nome dos<br />
paulistas, como os descobridores desse território, como os que<br />
depararam ai com o ouro , e fizeram importantíssimos serviços<br />
inaugurando as primeiras povoações, converti<strong>da</strong>s hoje em mui<br />
opulentas ci<strong>da</strong>des”.
“ QUILOMBO DOS PALMARES”<br />
Razões para Formação e Existência – Primeiros Grandes Problemas - Reações Nordestinas<br />
Resultado Zero – Domingos Jorge Velho / Indicação Aprova<strong>da</strong> por Portugal – Inicio <strong>da</strong>s<br />
Lutas : Defesa dos Palmares – A Estratégia contra Africanos é Modifica<strong>da</strong> – Derrota dos<br />
Palmares / Considerações Atuais<br />
1º-) Razões Para Formação e Existência<br />
1-) No final do século XVI e durante o século XVII muitos escravos<br />
africanos, foram trazidos a força, em navios negreiros ingleses ,<br />
portugueses e holandeses , para o nordeste do Brasil .<br />
Com o passar do tempo , como justa defesa contra a escravidão a que<br />
estavam obrigados , começaram fugir dos seus senhores escravagistas do<br />
nordeste, local para onde foram inicialmente destinados visando<br />
basicamente a plantação de cana .<br />
Para tanto aqueles escravos foram inicialmente se abrigando dentro<br />
<strong>da</strong>s matas cerra<strong>da</strong>s que ain<strong>da</strong> existiam na região de Pernambuco . Depois ,<br />
com total e justa razão, foram se agrupando e formando pequenas<br />
comuni<strong>da</strong>des que denominavam Quilombo .<br />
O desejo de liber<strong>da</strong>de é inerente ao ser humano. Por isto mesmo,<br />
existindo a menor oportuni<strong>da</strong>de de fuga, existirá sempre uma justa tentativa<br />
de novamente ganhar a liber<strong>da</strong>de .<br />
A Liber<strong>da</strong>de deles era mais do que justa .<br />
2- ) No nordeste aqueles fugitivos foram se agrupando em uma<br />
região que se tornou famosa com o tempo: Palmares . Estava situa<strong>da</strong><br />
principalmente em uma área existente entre o sul de Pernambuco e parte <strong>da</strong><br />
atual região do estado de Alagoas . Pela grande quanti<strong>da</strong>de de palmeiras ali<br />
existentes , do tipo Buritis , aquele local foi denominado Palmares.<br />
Ali o relevo , principalmente na Serra <strong>da</strong> Barriga , é acidentado e<br />
também constituído de mata tropical atlântica bastante fecha<strong>da</strong> . Isto irá<br />
favorecer a organização de um núcleo de escravos fugidos e bastante<br />
determinados , pois lutavam por sua liber<strong>da</strong>de , tentando mesmo criar<br />
independência para aquele local . Eles não teriam a menor chance de<br />
retornar para África . Sabiam disto pois eram bem liderados .<br />
3- ) Palmares dos escravos teve inicio por volta de 1.628 . Quando<br />
de seu termino após 66 anos (1.694) deveria contar com aproxima<strong>da</strong>mente<br />
30.000 escravos fugitivos . Durante mais de meio século por ali estiveram<br />
os africanos . Viviam em aldeias chama<strong>da</strong>s por eles de mocambos . A união<br />
de vários mocambos formava um quilombo . O agrupamento de vários<br />
quilombos então formava Palmares .<br />
Tinham sustentação mediante trabalho agrícola que desenvolviam.<br />
Aqueles africanos reunidos cultivavam e produziam milho, cana , feijão ,<br />
mandioca , verduras , inclusive pimentas . A caça e pesca eram para eles<br />
fun<strong>da</strong>mentais . Desenvolveram até mesmo alguns tipos de artesanatos .
Continua<strong>da</strong>mente, por necessi<strong>da</strong>de, arrebanhavam animais de proprie<strong>da</strong>de<br />
dos brancos .<br />
2º-) Primeiros Grandes Problemas<br />
4-) Aquele núcleo de africanos não parava de crescer , trazendo<br />
inquietação e desassossego para os habitantes <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s e engenhos de<br />
açúcar <strong>da</strong> região . Os estabelecimentos dos brancos passaram a ser alvo<br />
continuo de ataques dos africanos . Eram roubados continua<strong>da</strong>mente ,<br />
inclusive perdendo seu gado . Dificilmente eram contidos os escravos .<br />
Isto tudo criava mais incentivo para a fuga segui<strong>da</strong> de outros negros<br />
escravos , com conseqüente crescimento dos quilombos.<br />
5-) A inva<strong>são</strong> holandesa desorganizou a vi<strong>da</strong> dos engenhos e<br />
estimulou mais fugas de escravos .Alem do mais após a conquista de<br />
Angola , realiza<strong>da</strong> pelos holandeses para aumentar a captura de escravos ,<br />
aumentou o envio de africanos para o Nordeste pois os holandeses<br />
precisavam de mais mão de obra para tentar produzir açúcar em escala<br />
econômica . Entretanto , com o continuo crescimento de Palmares vai<br />
desaparecendo o poder de policia naquele região. Em assim sendo , mais<br />
negros fugiam para os Palmares diariamente procurando a liber<strong>da</strong>de .<br />
Como conseqüência e com mais gente africana os problemas de<br />
sua subsistência aumentava . Aumentaram por isto mesmo os ataques e<br />
roubos dos quilombolas contra os fazendeiros <strong>da</strong> região . .<br />
6-) Palmares com o tempo foi se constituindo em praticamente<br />
um Estado / Nação. Tornou-se um ver<strong>da</strong>deiro enclave dentro do Brasil<br />
Colônia , onde se formava em reali<strong>da</strong>de um reino .<br />
Ganga Zumba foi seu primeiro rei . Na seqüência , após várias lutas<br />
e batalhas, foi sucedido por Zumbi que seria seu sobrinho .<br />
Os reis de Palmares eram eleitos na mesma forma que os<br />
Morubixabas dos índios Tupis : - por sua coragem , astúcia, capaci<strong>da</strong>de de<br />
liderança e determinação nos períodos de luta .<br />
Existia a organização <strong>da</strong> família com base no casamento , que tanto<br />
podia ser monogâmico ou poligâmico , dependendo <strong>da</strong> religião do<br />
quilombola . Foi misturado dentro dos Palmares o culto católico com cultos<br />
africanos .<br />
3º-) As Reações Nordestinas – Resultado Zero<br />
7- )Para aqueles brancos, residentes no nordeste que constantemente<br />
vinham sendo atacados e roubados , não poderia continuar existindo<br />
Palmares , praticamente um estado livre e inimigo que impedia o<br />
desenvolvimento dos brancos na região .<br />
Estavam completamente fora dos padrões de segurança e moral <strong>da</strong><br />
época . Alem do mais era exemplo e estimulo para novas e continuas fugas
de africanos. Na continui<strong>da</strong>de começou a ser dividido o Brasil do nordeste ,<br />
com brancos de um lado e negros de outro.<br />
Durante o período em que o nordeste esteve invadido pelos<br />
holandeses, por duas vezes eles tentaram a extinção total dos Palmares.<br />
A Primeira Tentativa em 1644 ficou com resultado indefinido .<br />
Os negros posteriormente voltaram a atacar as fazen<strong>da</strong>s. A segun<strong>da</strong><br />
em 1645 também não obteve sucesso .<br />
Isto ocorria pois os quilombolas simplesmente se limitavam a<br />
mu<strong>da</strong>r de lugar , internando-se mais profun<strong>da</strong>mente nas matas do sertão .<br />
Quando os holandeses cansavam de procurar , sempre em vão , novamente<br />
os quilombolas voltavam a aparecer nas suas bases iniciais.<br />
É preciso lembrar que foram os holandeses grandes escravagistas<br />
pois precisavam <strong>da</strong> mão de obra dos negros . Assim invadiram Angola e<br />
criaram uma fonte continua<strong>da</strong> para fornecimento de mão de obra escrava .<br />
Entendiam na ocasião que não sairiam nunca mais do nordeste do Brasil .<br />
Foram expulsos pelos próprios brasileiros .<br />
8-) Depois <strong>da</strong> expul<strong>são</strong> dos holandeses varias outras tentativas<br />
foram efetua<strong>da</strong>s para acabar com Palmares . To<strong>da</strong>s elas foram realiza<strong>da</strong>s<br />
sem sucesso pelos governos do nordeste. Algumas destas tentativas foram<br />
transforma<strong>da</strong>s em enorme derrota dos senhores de engenho e dos brancos<br />
nordestinos .<br />
O governo de Pernambuco , demonstrando total incapaci<strong>da</strong>de ,<br />
depois de tantos fracassos , propôs em 1.680 que fosse realiza<strong>da</strong> paz<br />
com os escravos fugitivos . Receberiam os africanos as terras onde<br />
estavam domiciliados . A condição básica seria : Os escravos deveriam<br />
parar com os contínuos ataques e roubos contra as fazen<strong>da</strong>s e<br />
engenhos <strong>da</strong>quela região .<br />
O Conselho Ultramarino de Portugal não concordou .<br />
De forma alguma iria ceder terras do Brasil . Determinou que<br />
Palmares fosse destruído para sempre . Para tanto não mais utilizaria forças<br />
nordestinas . Na ocasião era Governador de Pernambuco Bernardo Vieira<br />
de Mello .<br />
Contrataram, por deci<strong>são</strong> final de Portugal, os bandeirantes<br />
paulistas.<br />
Eles que tinham obtido grande sucesso , com expressivas vitórias ,<br />
contra as ferozes tribos tapuias que haviam atacado os criadores de gado no<br />
nordeste . Somente eles , após muitas lutas , libertaram os sertões <strong>da</strong> Bahia<br />
permitindo a livre criação de gado pelos fazendeiros nordestinos .<br />
Por indicação do Capitão Mor Caetano de Mello e Castro o<br />
bandeirante Domingos Jorge Velho é o escolhido para liderar a luta . Para<br />
tanto o convite é feito em Piancó , onde então vivia o velho bandeirante .<br />
4º-) Domingos Jorge Velho – Indicação Aceita por Portugal
9-) De todos os bandeirantes sertanistas que se encontravam nas<br />
imediações do nordeste ele era o mais conhecido e famoso , por sua firme<br />
determinação . Era na ocasião já entrado em i<strong>da</strong>de , possuindo barbas<br />
inteiramente brancas . Era filho de pai com o mesmo nome . Como muitos<br />
dos demais bandeirantes paulistas estava radicado em sua fazen<strong>da</strong> de gado ,<br />
situa<strong>da</strong> no sertão <strong>da</strong> Bahia .<br />
Aqueles bandeirantes formavam então, em suas terras do<br />
nordeste , um grupo de aproxima<strong>da</strong>mente 1.000 homens , entre brancos e<br />
mamalucos ( Caipiras e Caboclos) . Existia ain<strong>da</strong> com eles alguns poucos<br />
índios Tupis .<br />
Domingos Jorge Velho era também muito conhecido por sua<br />
atuação nos sertões do Piauí e na luta contra os selvagens “Junduis” do Rio<br />
Grande do Norte , quando afastou os perigos de ataques indígenas aos<br />
fazendeiros <strong>da</strong> região .<br />
Era também conhecido por sua dureza e firmeza nas decisões , pela<br />
valentia e violência em revides aos ataques recebidos . Não era pessoa fácil<br />
de ser trata<strong>da</strong> e por isto mesmo deveria ser indispensável na luta contra os<br />
Palmares.<br />
A indicação feita foi aceita pelo Governador de Pernambuco -<br />
Bernardo Vieira de Mello e ratifica<strong>da</strong> por Portugal . Domingos Jorge Velho<br />
era realmente o mais indicado para <strong>da</strong>r combate definitivo e final aos<br />
Palmares .<br />
O convite direto e definitivo ao bandeirante foi realizado através<br />
de Cristovam Mendonça de Uchoa , em Piancó , onde estava naquele<br />
momento o bandeirante paulista. Pelos serviços , que visavam acabar<br />
definitivamente com a rebeldia e ataques dos africanos que lutavam por<br />
Palmares , os bandeirantes receberiam inicialmente o indispensável , como<br />
armas , munições e alimentos . Ca<strong>da</strong> negro recuperado como escravo teria<br />
recompensa em dinheiro, com maior quantia para os homens e menor para<br />
as mulheres . A meta principal não era matar os escravos mas recuperá-los .<br />
No final receberiam títulos de terras em sesmarias e títulos honorífico .<br />
Pelas possibili<strong>da</strong>des remunerativas apareceram muitos aventureiros<br />
locais para se alistarem nas tropas de Domingos Jorge Velho . Inclusive<br />
alguns vindo de Portugal .<br />
A Câmara de Vila Ma<strong>da</strong>lena de Alagoas protestou . Preferia a paz<br />
definitiva deixando os Negros de Palmares independentes .<br />
5º-) Inicio <strong>da</strong>s Lutas – A Defesa dos Palmares<br />
10-) Derrota dos Acroases - Antes <strong>da</strong> luta direta contra os africanos ,<br />
Domingos Jorge Velho iria tentar acordo com os índios “Acroases – <strong>da</strong><br />
raça Tapuia”- pois sabia que muitas vezes eles auxiliaram os africanos<br />
quando <strong>da</strong>s suas lutas . Ele sabia que não poderia ficar com um inimigo
potencial em suas costas. Por isto mesmo tenta continua<strong>da</strong>mente convencêlos<br />
a participar ao seu lado na luta contra os escravos foragidos .<br />
Não consegue seu intento .<br />
Então a luta inicial agora é aberta contra os “Acroases” . Esta luta<br />
não dura praticamente na<strong>da</strong> . Eles que rapi<strong>da</strong>mente <strong>são</strong> definitivamente<br />
batidos e eliminados como uma força aguerri<strong>da</strong> .<br />
Em Dezembro de 1.692 os sertanistas já estão se preparando para<br />
realizar o primeiro ataque aos Palmares .<br />
A defesa dos africanos era muito bem feita naquilo que dizia<br />
respeito aos seus quilombos . Com o passar de todos aqueles anos eles<br />
construíram uma extensa paliça<strong>da</strong> que era chama<strong>da</strong> de “Cerca Real dos<br />
Macacos”. Ela era na reali<strong>da</strong>de uma muralha de galhos secos e pontudos ,<br />
muito entrelaçados , que se entendia na Serra <strong>da</strong> Barriga , passando e<br />
cercando os mocambos , desde Anhambebe até o de Camaratuba .<br />
11-) A primeira batalha acontece com surpresa nas cercanias dos<br />
Campos de Guaranhuns , não muito longe <strong>da</strong> Cerca Real dos Macacos . As<br />
forças dos brancos ficaram surpresas com a astúcia dos africanos , com sua<br />
estratégia de colocar longas cercas de madeira pontu<strong>da</strong>s e farpa<strong>da</strong>s ,<br />
forma<strong>da</strong>s com galhos de madeira ligeiramente queima<strong>da</strong>, coberta por<br />
plantas e capins , repletas de armadilhas e estrepes afiados .<br />
Depois de algum tempo de insucesso o ataque foi interrompido .<br />
12-) As tropas de Domingos Jorge Velho foram descansar na<br />
fazen<strong>da</strong> de Bernardo Vieira de Mello , na casa do Capitão Fonseca Eça e na<br />
ermi<strong>da</strong> de Cristovam Burgos.<br />
Pouco depois foram surpreendidos por Zumbi e seus guerreiros .<br />
O contra ataque inesperado obrigou o recuo <strong>da</strong>s tropas e depois a fuga<br />
<strong>da</strong>quela região . Na reali<strong>da</strong>de os sertanistas perderam o primeiro combate .<br />
Sentiram-se realmente derrotados pois o local foi em segui<strong>da</strong> saqueado<br />
pelos escravos de Palmares .<br />
Jorge Velho não desanima . Contudo , sente necessi<strong>da</strong>de de<br />
contar com gente mais aguerri<strong>da</strong> e confiante . Vem para o sul . Busca<br />
reforço em São Paulo . Recebe apoio dos coman<strong>da</strong>ntes paulistas<br />
Gabriel de Góes , Alexandre Jorge e Antonio Cubas . Reune uma<br />
força de 3.000 homens paulistas , apoiados com artilharia leve.<br />
Para os Palmares <strong>são</strong> eles dirigidos novamente pelo bandeirante .<br />
6º-) A Estratégia Contra Africanos é Modifica<strong>da</strong> .<br />
Não podendo invadir diretamente por causa <strong>da</strong>s “Muralhas <strong>da</strong><br />
Cerca Real dos Macacos”, resolvem cercar to<strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s dos quilombolas .<br />
Para tanto edificam vários “Fortins” em sua volta . Cabe destaque para o
fortim do paulista Fernão Carrilho . É o mais armado . O cerco <strong>da</strong> região<br />
dos Palmares com vários fortins não permite a livre movimentação dos<br />
quilombolas .<br />
Os bandeirantes ficam de atalaia e não permitem que os negros<br />
possam sair livremente para caçar , pescar ou roubar gado . As suas<br />
plantações existentes fora <strong>da</strong> muralha <strong>são</strong> destruí<strong>da</strong>s . Ca<strong>da</strong> tentativa de<br />
saí<strong>da</strong> dos quilombolas se transforma em luta violenta . Este tipo de luta,<br />
mediante cerco continuo , leva mais de 14 meses.<br />
Por ali e então a fome começa ron<strong>da</strong>r os Palmares .<br />
Continua<strong>da</strong>mente e diariamente acontecem pequenos combates<br />
quando os quilombolas tentam romper o cerco a que estavam submetidos .<br />
A fome aumenta para aquela gente e com ela novas tentativas para abrir<br />
caminho através de combates. O desgaste dos quilombolas depois de<br />
algum tempo é notado claramente .<br />
Então um grande e novo ataque direto dos bandeirantes tem inicio<br />
em Janeiro de 1.694. Ele irá durar vários dias . O combate é intenso e<br />
continuado . Sem tréguas .<br />
A maioria dos negros é preso após luta .<br />
Entretanto , aqueles coman<strong>da</strong>dos diretamente por Zumbi lutam<br />
valentemente na Serra <strong>da</strong> Barriga . Lutam com valentia até a morte . Zumbi<br />
ain<strong>da</strong> conseguiu romper o cerco com alguns companheiros . Entretanto ,<br />
foram todos capturados logo em segui<strong>da</strong>.<br />
Tempos depois os chefes <strong>da</strong> revolta dos Palmares <strong>são</strong> condenados a<br />
morte . Zumbi foi decapitado, como costume legal <strong>da</strong> época . Sua cabeça<br />
foi exposta na praça principal de Recife .<br />
Cabe aqui um elogio a bravura <strong>da</strong>queles negros livres dos Palmares.<br />
Eram heróis ! Defenderem com denodo sua gente e a liber<strong>da</strong>de .<br />
7º-) Derrota dos Palmares - Considerações atuais –<br />
14-) Durante todos os últimos trezentos anos, desde que venceu a<br />
resistência dos Palmares, o bandeirante Domingos Jorge Velho, foi<br />
considerado herói nacional, pois lutou e manteve integro o território<br />
brasileiro . Em todos os livros didáticos assim era referen<strong>da</strong>do .<br />
Ultimamente , principalmente em declarações feitas para a imprensa<br />
por representantes de varias enti<strong>da</strong>des defensoras dos homens africanos ,<br />
vagarosamente mas continua<strong>da</strong>mente , está sendo transformado em vilão ,<br />
em bandido . Realçam as quali<strong>da</strong>des de Zumbi e criticam violentamente<br />
aquele bandeirante.<br />
Posto em evidencia o que vem ocorrendo , é preciso primeiramente<br />
deixar claro o seguinte :<br />
1- Somos totalmente contra qualquer tipo de escravatura<br />
ou mesmo de submis<strong>são</strong> do homem pelo próprio homem ;
2 - Somos totalmente contrários a qualquer tipo de<br />
preconceito e/ou descriminação racial . Por cor , religião , filosofia ou<br />
costumes ;<br />
3- Continuamos entendendo que Zumbi foi um herói e<br />
exemplo para seu povo e para o Brasil .<br />
Porem : Todos que hoje pensam que Domingos Jorge Velho não foi<br />
um herói mas apenas mais um facínora estão esquecendo que :<br />
A história deve ser primeiramente analisa<strong>da</strong> com moral de seu tempo.<br />
Depois com os resultados obtidos .<br />
Quando a analise é feita dentro de uma posição atual , em uma<br />
consideração recente, dentro de uma moral e de costumes formados no<br />
século XX e aplicados no século XXI , vai existir enorme distorção .<br />
Realmente história precisa ser analisa<strong>da</strong> em seu tempo de ocorrência ,<br />
dentro dos princípios e costumes morais <strong>da</strong> época e dentro <strong>da</strong> lei vigente no<br />
momento do acontecido .<br />
Fora disto estaremos extrapolando os valores <strong>da</strong> história . Ela pode<br />
ficar sem conteúdo , com uma analise feita com princípios fora de sua<br />
época .<br />
A distorção dos seus valores ocorreria rapi<strong>da</strong>mente com o tempo .<br />
Perderia o pé de apoio na reali<strong>da</strong>de do momento ocorrido .<br />
Em assim sendo , tanto para Portugal como para os brasileiros , os<br />
quilombolas eram considerados perigosos . Por seus ataques as fazen<strong>da</strong>s<br />
como contra os engenhos . Pelo roubo de gado . Eles feriam um dos<br />
princípios relativo ao exercício <strong>da</strong> escravatura , utilizado então em grandes<br />
áreas do mundo . Alem do mais fugiam e aju<strong>da</strong>vam a fuga de outros .<br />
Invadiram terras do Nordeste brasileiro .<br />
Tinham o direito eterno e natural <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de mas feriam os direitos<br />
consagrados naquela época . Por tudo isto foram necessariamente<br />
combatidos e vencidos pelas forças de Domingos Jorge Velho .<br />
Então to<strong>da</strong> estrutura colonial voltou ao normal no nordeste .<br />
15- ) Agora vamos imaginar o seguinte :<br />
1- Que as forças de Zumbi fossem as vencedoras ;<br />
2- Que os bandeirantes depois <strong>da</strong> derrota fossem totalmente<br />
expulsos <strong>da</strong>quela região ;<br />
3- Que os quilombolas ficassem senhores <strong>da</strong>quelas terras to<strong>da</strong>s ;<br />
4 - Com provável crescimento <strong>da</strong> área ocupa<strong>da</strong> , pois então seriam<br />
os vencedores , as áreas que depois ocupariam seriam muito maiores .<br />
Então podemos afirmar sem receio :
1-Na forma acima descrita , vencendo os Palmares , o Brasil estaria<br />
dividido , existindo dentro do Nordeste um Pais Independente de nossa<br />
nação brasileira, com habitantes totalmente descendentes de africanos<br />
2-Provavelmente se chamaria Republica dos Palmares ;<br />
3-Provavelmente não falaria português ;<br />
4-Com certeza não teria nossa bandeira ;<br />
5-Com certeza não teria as nossas raízes e tradições e cultura ;<br />
6-Com certeza não seriam brasileiros seus habitantes;<br />
7-Teríamos um Enclave Africano dentro do território do Brasil ;<br />
8-Existiria certamente uma divi<strong>são</strong> do Brasil . Ela seria aceita ?<br />
Independentemente de tudo isto , Zumbi para mim particularmente<br />
continuará sendo grande herói que manteve a chama <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de .<br />
Para tanto não será necessário vilipendiar a figura de Domingos<br />
Jorge Velho. É na reali<strong>da</strong>de um outro herói brasileiro !<br />
Vale o ditado popular : - “Uma coisa é uma coisa ... Outra coisa ...<br />
... É outra coisa !”.<br />
Edu Marcondes / Julho 2.004
MATO GROSSO : CONQUISTA FINAL E O POVOAMENTO<br />
Paulistas já Haviam Descoberto Ouro na Região – Caminho para Mato Grosso / Ciclo <strong>da</strong>s<br />
Monções – Bandeira de Paschoal Moreira Cabral – A Lavra do “Sutil”- Formação de Cuiabá<br />
“Caiapos”/ ”Paiguás”/ ”Cavaleiros Guaicurus” : Notaveis Guerreiros - Ouro do Rei de<br />
Portugal –Os Mal Afamados Irmãos Leme– Novas Descobertas de Ouro – Formação de Vilas<br />
1º-) Paulistas já Haviam Descoberto Ouro na Região<br />
A expan<strong>são</strong> geográfica do Brasil para o Oeste teve várias causas :<br />
A- ) Existia rivali<strong>da</strong>de entre os piratininganos e o pessoal de Taubaté .<br />
Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de queria demonstrar sua pujança mediante novas conquistas .<br />
Seus bandeirantes vão agora continua<strong>da</strong>mente para o Oeste . Entretanto , os<br />
sorocabanos foram os primeiros a chegar e pesquisar ouro em Mato<br />
Grosso;<br />
B- ) A fome gera<strong>da</strong> em várias partes de Minas Gerais , antes e mesmo<br />
durante a Guerra contra os Emboabas . Esta fome vai forçar a saí<strong>da</strong> de<br />
muitos bandeirantes paulistas de Minas e permitir a formação de novas e<br />
pequenas vilas , nota<strong>da</strong>mente em Mato Grosso , as quais depois se tornarão<br />
ci<strong>da</strong>des ;<br />
C-) A própria Guerra contra os Emboabas e o impedimento <strong>da</strong><br />
continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesma pelos paulistas, através de medi<strong>da</strong>s governamentais<br />
determina<strong>da</strong>s pelo Rio de Janeiro não permitiu , nem ficou definido, um<br />
final .Assim não poderiam os bandeirantes retornar para Minas ;<br />
D -) As noticias que chegavam continua<strong>da</strong>mente indicando as grandes<br />
possibili<strong>da</strong>des de ouro em to<strong>da</strong> região oeste , nota<strong>da</strong>mente em Cuiabá . Lá,<br />
pelo que se falava , existiriam mais veios de ouro que em todo resto do<br />
Brasil ;<br />
Naquele mesma época , em 11 de junho de 1711 , São Paulo foi<br />
eleva<strong>da</strong> a categoria de ci<strong>da</strong>de e virou a capital <strong>da</strong> Capitania d .<br />
Pouco antes , em 1703 , por ordem do rei D.João IV, os direitos<br />
hereditários <strong>da</strong> Capitania de São Vicente , foram adquiridos aos sucessores<br />
de Martim Afonso de Souza e de seu irmão Pero Lopes por Portugal , pelo<br />
valor de 1.711, 44 mil cruzados .<br />
Então se perguntava na ci<strong>da</strong>de: Qual o interesse de Portugal para<br />
esta compra ? Seria a perspectiva de novas e grandes riquezas que<br />
poderíamos paulistas trazer do Oeste brasileiro ? Então os paulistas<br />
lembravam :<br />
-“ Com tanto ouro em Cuiabá por que não aproveitar os roteiros já<br />
existentes para alcançar todo Mato Grosso ?”<br />
Em to<strong>da</strong> Capitania de São Paulo já existia o conhecimento de<br />
várias bandeiras que anteriormente encontraram muito ouro naquela região.<br />
Foram aquelas bandeiras de :<br />
– Antonio Castanho <strong>da</strong> Silva , em 1.622<br />
- Antonio Raposo Tavares, em 1.648 –<br />
- Luiz Pedroso de Barros , em 1.660.
Alem destes , outros bandeirantes paulistas já haviam varado os<br />
sertões de Mato Grosso e fixaram as primeiras famílias em pequenos<br />
arraiais <strong>da</strong> região. Eram eles : -<br />
Jerônimo Bueno –João Martins Heredia - Francisco Ribeiro de Morais –Francisco<br />
Lopes Benevides – Antonio Ribeiro Roxo – Francisco Sutil Cid – João de Lara –<br />
Manuel Correia .<br />
Em São Paulo também era muito bem conheci<strong>da</strong> a história de<br />
Francisco Pedroso Xavier que com sua grande bandeira foi para Mato<br />
Grosso , depois chegou até o Paraguai e perto de Assuncion , enfrentou um<br />
exercito castelhano de 1.000 homens , tendo saído vencedor <strong>da</strong> batalha .<br />
Tudo isto animava muitos os paulistas .<br />
Alem dos bandeirantes acima indicados temos as bandeiras de<br />
Manoel Dias <strong>da</strong> Silva (Bixira) , de Manoel Campos Bicudo , de Bartolomeu Bueno<br />
<strong>da</strong> Silva ( Anhanguera) já revelarando a existência não só ouro em Mato<br />
Grosso , como ain<strong>da</strong> nos Chapadões Goianos . A região Oeste era então<br />
considera<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mais promissoras e prosperas . Delas , Cuiabá a mais rica .<br />
Caminhos para Mato Grosso e Oeste – Ciclo <strong>da</strong>s Monções<br />
Embora Goiás ficasse mais perto, os bandeirantes paulistas desde<br />
1.650 rumaram primeiramente para Mato Grosso com bastante<br />
continui<strong>da</strong>de . A rede fluvial que liga aquela região com São Paulo<br />
favoreceu a penetração . Sequiam o Tietê ate seu final e de lá por outros<br />
rios chegavam em Mato Grosso .<br />
Para Goiás as grandes bandeiras na procura de ouro vão ser<br />
direciona<strong>da</strong>s somente após 1.722 .<br />
Fato interessante . Durante muito tempo foi continua<strong>da</strong>mente<br />
procurado no oeste brasileiro, por bandeirantes paulistas , mineradores e<br />
expedicionários , o “Ouro <strong>da</strong> Serra dos Martírios”, que segundo a len<strong>da</strong><br />
estaria em uma montanha repleta de ouro que continha ain<strong>da</strong><br />
resplandecentes cristais . Vários exploradores escreveram a seu respeito<br />
mas nunca a mesma foi encontra<strong>da</strong> . Era em reali<strong>da</strong>de só uma len<strong>da</strong> .<br />
O bandeirante Antonio Pires de Campos ( o Pai-Pirá ) muito<br />
procurou a sonha<strong>da</strong> “ Serra dos Martírios”. Não teve a fortuna de encontrála<br />
mas delineou perfeitamente o rumo para se alcançar Cuiabá .<br />
O que agilizou a entra<strong>da</strong> dos bandeirantes em Mato Grosso foi a<br />
facili<strong>da</strong>de de alcançar aquelas terras pela via que eles chamavam de “ As<br />
Estra<strong>da</strong>s que An<strong>da</strong>m”, ou seja os rios que saindo de São Paulo ,<br />
alcançavam rios na divisa dos dois estados , os quais possibilitam então<br />
fácil acesso para to<strong>da</strong>s as terras de Mato Grosso .<br />
Coube a Pascoal Moreira Cabral e outros sorocabanos a<br />
primazia do novo ciclo de descobrimentos de minerais que foi chamado de<br />
“Ciclo <strong>da</strong>s Monções”. As bandeiras deste ciclo tomavam este nome porque<br />
aproveitavam o tempo <strong>da</strong>s águas , <strong>da</strong>s chuvas torrenciais , aconteci<strong>da</strong>s na
Primavera / Verão . Então elas enchiam os rios . O nome “Monções”<br />
provinha <strong>da</strong>s Índias , onde realmente também ocorriam grandes chuvas por<br />
meses seguidos . Este fenômeno era pelos hindus chamado de “Tempo de<br />
Monções” . Os bandeirantes aproveitaram o nome .<br />
Então saiam com inúmeras grandes canoas de Porto Feliz / SP e pelo<br />
Tietê seguiam até a sua embocadura no Rio Paraná . Ali tinham três opções<br />
para continuar a viagem até Cuiabá :<br />
A Subir o Rio Ivinhema até o Rio Miran<strong>da</strong> e por conseqüência<br />
o Paraguai . Por ele entravam no Rio São Lourenço até alcança<br />
Cuiabá; ;<br />
B- Seguir pelo Rio Pardo até a fóz do Anhandui-Açu , <strong>da</strong>i , como no<br />
caminho acima, alcançar o Rio Miran<strong>da</strong> e por ele chegar perto de<br />
Cuiabá ;<br />
C- Seguir pelo Rio Pardo até Camapuã , onde plantavam roças .<br />
Depois pelo Rio Coxim chegavam ao rio Paraguai , por ele até o<br />
São Lourenço e depois Cuiabá .<br />
3º-) A Bandeira de Paschoal Moreira Cabral<br />
Desde 1.716 o bandeirante Paschoal Moreira Cabral tentava<br />
entrar pelos sertões de Mato Grosso , com uma legião de paulistas e muitos<br />
mamalucos acompanhados por alguns índios tupis . Vinha tendo muitas<br />
dificul<strong>da</strong>des com os indígenas tapuias <strong>da</strong> região . Por isto mesmo , ao<br />
tentar passar alem do rio Caxapó – Mirim , foi atacado pelos índios<br />
“Aripoconés”. Sofreu derrota que lhe custou muitos estragos , alem <strong>da</strong><br />
per<strong>da</strong> de 19 brancos ( 5 mortos e 14 feridos graves ) e de vários índios<br />
aliados .<br />
Este desastre foi providencial , pois pela derrota foi obrigado a<br />
voltar para o Caxapó – Mirim . Então , onde menos esperava , logo<br />
encontrou nas margens <strong>da</strong>quele rio enorme quanti<strong>da</strong>de de ouro . Daí em<br />
diante ouro começou aparecer em quase todo lugar <strong>da</strong>quela região .<br />
Quando em 1.718 estava quase sem munição , praticamente sem<br />
poder revi<strong>da</strong>r qualquer ataque de índios , recebeu inespera<strong>da</strong>mente socorro<br />
de duas bandeiras paulistas : de Antunes Maciel ( João e Antonio) e de<br />
Fernão Dias Falcão .<br />
Desta <strong>da</strong>ta em diante a fama de Cuiabá cresceu rapi<strong>da</strong>mente .<br />
Fantasias eram repassa<strong>da</strong>s de boca em boca em todo sul e centro do Brasil.<br />
Diziam que em vez de chumbo , na sua falta atiravam com pepitas de ouro.<br />
A corri<strong>da</strong> para a região foi intensa. . A exploração <strong>da</strong>s copiosas minas<br />
auríferas parecia que não teria fim .<br />
Aquelas terras de Espanha então eram apossa<strong>da</strong>s sem<br />
dificul<strong>da</strong>des pelos paulistas . Entretanto, por ali o grande inimigo não era o<br />
castelhano , mas sim os indígenas <strong>da</strong> região .
De uma segun<strong>da</strong> grande leva de bandeirantes que agora com suas<br />
famílias chegaram para se fixar definitivamente na região de Cuiabá , cabe<br />
destaque para as seguintes :<br />
- José Sá de Arru<strong>da</strong> – Inocêncio Martins de Almei<strong>da</strong> – João Leite de<br />
Barros – Pedro Correia de Godoy – Os Irmãos Leme ( João e Lourenço ,<br />
de péssima fama e trágico final . Logo deles falaremos ) .<br />
Até padres por ali aportaram em busca de ouro . E o ouro<br />
continuava aparecer ! Em grandes quanti<strong>da</strong>des !<br />
4º-) A Lavra do “Sutil” - Formação de Cuiabá<br />
Em 1.720 , abandonaram os paulistas o primitivo arraial de São<br />
Gonçalo . Subindo o Rio Caxapó foram se assentar mais a frente , na<br />
locali<strong>da</strong>de denomina<strong>da</strong> Forquilha , onde levantaram uma capela . Logo<br />
depois , um pouco adiante <strong>da</strong>quela locali<strong>da</strong>de , é encontra<strong>da</strong> a maior<br />
mancha de ouro até então existente no Brasil . Isto acontece com um<br />
escravo chamado Miguel Sutil . Isto bastou para que to<strong>da</strong> gente que<br />
tinha ido para Forquilha se mu<strong>da</strong>r para o local onde o ouro foi encontrado .<br />
Formaram então um outro arraial e construíram uma nova capela, em<br />
homenagem ao Senhor Bom Jesus de Cuiabá .<br />
A futura ci<strong>da</strong>de de Cuiabá estava ali sendo forma<strong>da</strong> .<br />
Rapi<strong>da</strong>mente cresceu . A 1º de Janeiro de 1.727 o Governador <strong>da</strong> Capitania<br />
de São Paulo , D. Rodrigo César de Meneses , deu-lhe o predicamento de<br />
Vila .<br />
Em parte alguma de todos os sertões brasileiros tiveram os<br />
bandeirantes paulistas tanto de lutar com os primeiros donos <strong>da</strong>s terras .<br />
Foi naquela região de Mato Grosso que os indígenas mais se opuseram ,<br />
lutando com muito valor e vigor contra os brancos .<br />
5º)“Caiapós”-“Paiguás”-“Cavaleiros Guaicurus”-Notaveis guerreiros<br />
Estas três grandes tribos de tapuias foram responsáveis por<br />
resistência notável . Os incansáveis Caipós – os temíveis cavaleiros<br />
Guaicurus - os bravios Paiguás .<br />
“ De to<strong>da</strong>s as tribos americanas , a que mais pertinazmente e<br />
com melhor êxito defendeu sua terra contra os invasores foi aquela dos<br />
Paiaguás . ( Basílio de Magalhães –“Brasil Colonial , pág.281”)<br />
As bandeiras paulistas nem sempre saíram vencedoras em<br />
embates com estas tribos de Mato Grosso . De uma bandeira com mais de<br />
600 homens , saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> localo<strong>da</strong>de de Aratitaguaba em 1.725 , sob comando<br />
de Diogo de Souza Araújo , apenas se salvaram um branco e seu escravo .<br />
Foram batidos pelos Paiaguás junto a laguna de Mandioré .<br />
Em 1.727 , de acordo com a “ Revista do Instituto Histórico<br />
Brasileiro-IV pg. 496” , os Paiguás ain<strong>da</strong> atacaram a expedição dos
Miguel Antunes Maciel e Antonio Antunes Lobo . Na ocasião eles<br />
foram mortos, perderam ain<strong>da</strong> um filho menor , além de muitas canoas .<br />
Por este e muitos outros assaltos , em 4 de Outubro de 1.730,<br />
Antonio Caldeira Pimentel organizou uma aguerri<strong>da</strong> tropa para combater<br />
os Paiguás . Foram a luta mas não venceram aqueles bravos guerreiros .<br />
Formou-se então novo e mais poderoso exercito sob comando<br />
do Brigadeiro Antonio de Almei<strong>da</strong> Lara . Os Paiguás , durante todo<br />
aquele tempo de campanha , foram perseguidos mas não vencidos .<br />
Abrigavam-se em vários outros locais dentro <strong>da</strong>s matas . Depois voltavam<br />
a luta .<br />
Em 1.734 mais uma vez é forma<strong>da</strong> tropa que irá tentar parar os<br />
ataques contínuos dos Paiguás . A luta vai continuar por 1.737 e 1.738 sob<br />
o comando de Pedro Morais Siqueira . Nesta luta ele e seu amigo frade<br />
Antonio Nascentes , alcunhado de “Tigre”, irão perecer .<br />
A luta contra os indígenas de Mato Grosso ain<strong>da</strong> vai ter<br />
continuação . E muita. Recomeça em 1.740 e vai até 1.775 , entrando<br />
agora nela não só os Paiguás , mas ain<strong>da</strong> os Caiapós , Bororós e<br />
Guaicurus. Vai ain<strong>da</strong> durar muitos anos sem definição .<br />
Grande surpresa vai acontecer em 6 de Janeiro de 1.791 ,<br />
quando os cavaleiros Guaicurus atacam de surpresa o Forte de Coimbra .<br />
Então <strong>são</strong> truci<strong>da</strong>dos 54 sol<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> guarnição .<br />
Eles estavam an<strong>da</strong>ndo com índias <strong>da</strong>quela tribo .<br />
O Governador de Mato Grosso - Melo Pereira , a fim de evitar<br />
novas lutas , consegue e vai celebrar anos depois a paz com os Guaicurus .<br />
( -vide “Noticias <strong>da</strong> Província de Mato Grosso- pg.195” ) . Na ocasião<br />
foram os chefes indígenas distinguidos militarmente , sendo dois deles<br />
indicados para o posto de Capitão : os caciques Xaime e Queima . Eles<br />
também naquele mesmo momento foram batizados com os nomes de José<br />
Ferreira e João Queima Albuquerque .<br />
Vamos lembrar que os Guaicurus tornaram-se grandes<br />
cavaleiros tomando durante dois séculos cavalos dos espanhóis e os<br />
adestrando perfeitamente para guerra<br />
6º-)O Ouro do Rei de Portugal<br />
Para cobrir as enormes despesas e a volúpia de D. João V era<br />
necessário muito ouro. Por duas vezes , em 1728 e 1.730 , as enormes<br />
parcelas do ouro recebido como o quinto cobrado em Cuiabá , foram<br />
destinados ao reino. Estavam devi<strong>da</strong>mente embalados e separados para<br />
chegar em Portugal . Porem não alcançaram seu destino .<br />
1ª-) Em 1.730 aconteceu uma enorme per<strong>da</strong> de ouro do Rei<br />
de Portugal . Os responsáveis diretos : Índios Paiaguás!<br />
A per<strong>da</strong> foi de na<strong>da</strong> menos que Sessenta Arrobas de ouro , ou<br />
seja quase Uma Tonela<strong>da</strong> de Ouro . Ele seria enviado para São Paulo , em
um forte comboio de muitas canoas chefiado por Antonio Alves Peixoto –<br />
antigo ouvidor de Paranaguá .<br />
Os tripulantes <strong>da</strong>quela flotilha eram 400 homens previamente<br />
escolhidos . Saíram na <strong>da</strong>ta marca<strong>da</strong> .<br />
Quando alcançavam o Rio Negrinho, perto de Ariacuné , foram<br />
atacados de surpresa pelos Paiaguás . De todos aqueles homens experientes<br />
apenas dois escaparam com vi<strong>da</strong>.<br />
Consta que todo aquele ouro foi trocado pelos Paiaguás em<br />
Assuncion por quinquilharias de baixo preço .<br />
Os indígenas não tinham idéia do valor <strong>da</strong>quele ouro .<br />
2ª- Em 1.728 também o ouro do Rei foi perdido .<br />
Desta vez de maneira muito estranha. Ao que tudo indica existiu<br />
má fé e gatunagem do celebre vigarista e mau caráter Sebastião Fernandes<br />
do Rego . Era figura conheci<strong>da</strong> pelos negócios que só para ele <strong>da</strong>vam<br />
vantagens . Ele, logo depois do sumiço do ouro do rei, foi responsabilizado<br />
como causador e responsável pelo desvio e desaparecimento <strong>da</strong>quela<br />
riqueza real .<br />
Alem de grandes maroteiras e roubalheiras , foi também o<br />
causador <strong>da</strong> tragédia que redundou em morte atingindo os irmãos Leme .<br />
Eles que não eram pessoas sérias , mas sim bandidos . Tiveram fim trágico<br />
que relataremos logo a seguir .<br />
Voltando ao roubo do ouro do Rei :- Deviam ser remeti<strong>da</strong>s para<br />
Lisboa o produto dos impostos cobrados dos mineradores e mais outras<br />
sete arrobas de ouro , tudo devi<strong>da</strong>mente acondicionado em cofres fortes ,<br />
hermeticamente fechados e lacrados . O mais estranho é que todo aquele<br />
ouro foi vistoriado , embalado , fechado nos cofres devi<strong>da</strong>mente lacrados ,<br />
na presença de Sebastião Fernandes Rego e demais autori<strong>da</strong>des locais.<br />
Aqueles cofres ficaram sob cui<strong>da</strong>do de Fernandes Rego e<br />
sol<strong>da</strong>dos durante to<strong>da</strong> noite anterior ao embarque . Na manhã seguinte , o<br />
ouro foi devi<strong>da</strong>mente conduzido por destacamento de sol<strong>da</strong>dos até o porto<br />
de embarque . Dali, sem ser tocado por ninguém , seguiram os cofres<br />
diretamente para Portugal , sob vigia de guar<strong>da</strong> constante .<br />
Ao chegar o ouro em Lisboa o rei promoveu festivi<strong>da</strong>des para a<br />
abertura dos preciosos cofres . Contava com a presença de nobres ,<br />
convi<strong>da</strong>dos e ministros estrangeiros .<br />
Então , na solene abertura , verificou-se que to<strong>da</strong>s aquelas Barras<br />
de Ouro haviam se transformado em Barras de Chumbo !<br />
A vergonha de D. João V foi imensa .<br />
O castigo veio rápido . Fernandes Rego sofreu confisco de seus<br />
bens em 800 mil cruzados . Foi detido em Santos e depois remetido para<br />
Portugal , ficando preso na mal afama<strong>da</strong> pri<strong>são</strong> do Limoeiro .
Saiu tempos depois , provavelmente graças ao seu dinheiro . Veio<br />
para São Paulo e ergueu a igreja Nossa Senhora dos Remédios na praça<br />
que seria a atual João Mendes .<br />
Pelo que se sabe pagando promessa por ter saído vivo do Presídio<br />
de Limoeiro .<br />
7º-) Os Mal Afamados Irmãos Leme<br />
Lourenço e João Leme <strong>da</strong> Silva eram realmente facínoras e<br />
assassinos contumazes . Desde antes <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> para Mato Grosso já tinham<br />
com seu bando armado cometido delitos , estripulias , assassinatos ,<br />
roubos , extorsões , assaltos e muitos outros crimes .<br />
Em Mato Grosso tomaram a força minas de terceiros que foram<br />
por eles praticamente obrigados , sob ameaças de morte , a entrega <strong>da</strong> sua<br />
lavra . Ficaram muito ricos e pela força de seu bando tornaram-se também<br />
importantes .<br />
Com o tempo ficaram conhecidos de Fernandes Rego . Este<br />
último precisava ter amigos <strong>da</strong>quele tipo para sobreviver , eles é que<br />
poderiam gerar possibili<strong>da</strong>des na continui<strong>da</strong>de de seus negócios escusos .<br />
Entretanto , para agir com mais facili<strong>da</strong>des nas suas roubalheiras ,<br />
aproveitou do conhecimento que tinha com D. Rodrigo César de Menezes<br />
e a ignorância dos irmãos Leme . Conseguiu nomear os dois irmãos para<br />
cargos importantes . “As duas raposas foram tomar conta do galinheiro”.<br />
Lourenço foi nomeado para “Cobrador dos Impostos relativos ao<br />
Quinto do Ouro” . João Leme nomeado como “Guar<strong>da</strong>-Mor <strong>da</strong>s Minas de<br />
Cuiabá” .<br />
Com isto , sem que os irmãos percebessem, pois eram totalmente<br />
ignorantes, Fernandes Rego efetuou as mais lava<strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>lheiras . Elas<br />
que só poderiam recair sobre ao má fama dos Lemes, responsáveis que<br />
eram pelos cargos ocupados . Um como “Cobrador do Quinto Real” e o<br />
outro como “Guar<strong>da</strong>dor do Ouro” . ( cumpre informar que nestes casos<br />
eram inocentes. Pagariam por desmandos de terceiros , no caso de<br />
Fernandes Rego ) .<br />
Tempos depois , D. Rodrigo César de Menezes verificando a<br />
ocorrência de tais crimes agiu com presteza contra os prováveis ladrões .<br />
Tinham eles os cargos . Eram então os responsáveis .<br />
Lourenço foi preso por uma força arma<strong>da</strong> .<br />
Ao reagir foi morto a tiros .<br />
João Leme também foi detido , algemado e enviado para a Bahia ,<br />
onde depois de ficar preso foi enforcado , em 1.724.<br />
8 º-) Novas Descobertas de Ouro e Formação de Vilas<br />
Sempre em busca de novas minas de ouro , três paulistas de<br />
Sorocaba :
- -Luiz Rodrigues Vilar e os irmãos Pais de Barros : Fernando e<br />
Artur foram fun<strong>da</strong>r na margem direita do Guaporé , durante o período<br />
compreendido entre 1.731 e 1.735 , os arraiais de São Francisco Xavier e<br />
Pouso Alegre . Eles é que deram e divulgaram a denominação “Mato<br />
Grosso” para to<strong>da</strong> aquela região . Antes somente se falava em Cuiabá .<br />
-Em 1734 Antonio Fernandes de Abreu descobriu ouro nos<br />
ribeirões Santana e Brumado .<br />
-Em 1.736 Antonio de Almei<strong>da</strong> Lara descobre o caminho por<br />
terra de Cuiabá para o Paraguai .<br />
-Em 1.739 Antonio Pinheiro Faria encontrou ouro em Arinos .<br />
Por ali foi fun<strong>da</strong>do o arraial de Santa Isabel<br />
- Barbosa de Sá , em 1740 faz o descobrimento <strong>da</strong>s minas de<br />
Corumbiara .<br />
-Em 1748 Antonio Aranha e Manuel Cardoso , descobriram as<br />
nascentes do Rio Preto , onde acharam ouro e diamantes .<br />
Grande parte destes descobrimentos e a exploração do ouro de<br />
Mato Grosso é devi<strong>da</strong> aos paulistas sorocabanos , principalmente em sua<br />
fase inicial. Entretanto , como um todo , tanto a exploração como o<br />
povoamento de Mato Grosso foi realização dos paulistas em geral .<br />
Por seu rápido crescimento, em 1.719 Mato Grosso , por Decreto<br />
de Portugal , foi desmembra<strong>da</strong> de São Paulo , tornando-se Capitania<br />
independente .<br />
Com esta separação , a população paulista ficará dividi<strong>da</strong> . Em São<br />
Paulo vai ficar sua população muito mais reduzi<strong>da</strong>, pois grande parte de<br />
seus filhos , a partir de 1650 , tinham primeiramente seguido para Minas ,<br />
depois em larga escala , para Mato Grosso .<br />
Goiás viria a seguir .<br />
Sem to<strong>da</strong>s aquelas pessoas que partiram para outras regiões , São<br />
Paulo vai perder muito de sua força vital . De sua Importância .<br />
Sua gente e seus filhos paulistas vão gerar mais brasileiros paulistas.<br />
Porem fora <strong>da</strong> Capitania de São Paulo .
O DESBRAVAMENTO FINAL DE GOIÁS<br />
Anhanguera – O Crescimento <strong>da</strong> Região – O Governador D. Luiz de Mascarenhas –Separação :<br />
São Paulo Perde o Território de Goiás e Sua Governança .<br />
1º-) “ Anhanguera”<br />
Entre os mais antigos documentos sobre a entra<strong>da</strong> e povoamento<br />
dos bandeirantes paulistas em Goiás , encontramos o relato sobre a<br />
expedição de “Anhanguera Junior”. Ele que foi um dos principais<br />
bandeirantes <strong>da</strong> região goiana . Este relato foi redigido por seu<br />
companheiro , o alferes português José Peixoto Braga , sendo encontrado<br />
na “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – vol. LXIX , pg.<br />
219”.<br />
A bandeira de Anhanguera Junior vai acontecer logo depois dos<br />
primeiros descobrimentos de ouro em Mato Grosso . Ele foi incentivado<br />
inicialmente por Bartolomeu Pais de Abreu , pois mostrava desejo de voltar<br />
aos lugares de Goiás , onde havia estado anteriormente com seu falecido<br />
pai “Anhanguera”-Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Silva . Então contou com auxilio<br />
financeiro do genro João Leite Ortiz , do seu irmão Simão Bueno, do<br />
cunhado Manuel Calhamares e do sobrinho Antonio Ferraz de Araújo . Era<br />
na reali<strong>da</strong>de um financiamento familiar , com todo apoio familiar .<br />
Em uma bandeira com 152 homens , em Julho de 1.722 , contando<br />
ain<strong>da</strong> com três frades , ele partiu de São Paulo com a primeira parte <strong>da</strong><br />
expedição . Dias depois a segun<strong>da</strong> parte desta bandeira vai sair também de<br />
São Paulo , coman<strong>da</strong><strong>da</strong> então por seu genro João Leite Ortiz . Eles irão<br />
encontrar-se na região do Rio <strong>da</strong>s Velhas .<br />
Depois de três anos de procura no sertão não se obteve sucesso.<br />
Voltam após muito pesquisar as possibili<strong>da</strong>des de minério de ouro . A boa<br />
sorte não o ajudou na ocasião .<br />
Anhanguera Junior não desiste . Logo vai retornar à Goiás ,<br />
levando agora com ele Manoel de Barros e o padre Antonio Oliveira Gago .<br />
Desta vez será mais feliz . Consegue contato e manter amizade com a tribo<br />
dos “Goiáses”, onde se fez reconhecer como o filho de Anhanguera . Capta<br />
o apoio <strong>da</strong>queles indígenas . Então lhe <strong>são</strong> mostrados os locais <strong>da</strong>quelas<br />
minas de ouro , aquelas mesmas onde ele havia estado 40 anos atrás ,<br />
juntamente com seu pai .<br />
Por causa do grande sucesso que causou , ele irá naquela mesma<br />
região fun<strong>da</strong>r , em 1.726 , três novos arraiais , denominados : - Barra ,<br />
Ouro Fino e Santana . Nesta mesma época um outro seu companheiro,<br />
Manuel Rodrigues Tomás fun<strong>da</strong> o arraial que foi chamado de Meia Ponte.<br />
Em 1.728 retorna Anhanguera Junior para São Paulo trazendo 8.000<br />
oitavas de ouro . Isto despertou a cobiça de muitos aventureiros . Goiás<br />
passou a ser a meta de muita gente aventureira . Eles que tinham vindo<br />
principalmente de Minas Gerais .
Em vista dos bons resultados alcançados , por atos de D. Rodrigo<br />
César de Menezes , Bartolomeu Bueno <strong>da</strong> Silva Filho- o “Anhanguera<br />
Junior” foi nomeado Capitão-Mor do Novo Distrito e Encarregado <strong>da</strong><br />
“Recepção dos Quintos Reais” .<br />
2º-) O Crescimento <strong>da</strong> Região<br />
O progresso graças ao ouro chega mui rapi<strong>da</strong>mente em to<strong>da</strong> Goiás.<br />
Em 1.729 Manuel Calhamares fun<strong>da</strong> o arraial <strong>da</strong> Anta . Manuel Dias <strong>da</strong><br />
Cruz inicia o arraial de Santa Cruz ain<strong>da</strong> naquele mesmo ano .<br />
Nesta ocasião Manuel Rodrigues Tomás foi , por ordem do<br />
governador , expulso do seu arraial de Meia Ponte , por abusos ali<br />
perpetrados . Havia ficado marcado pelos habitantes locais que se<br />
indispuseram contra ele .<br />
Então segue com muitos dos companheiros para o norte de Goiás .<br />
Naquela região , entre 1.729 e 1.732 , vai fun<strong>da</strong>r varias povoações . Entre<br />
elas encontramos : - Crixa ,Trairas , São João dos Tocantins , Cachoeira ,<br />
Santa Rita e Água Quente .<br />
O ouro em to<strong>da</strong> aquela região era abun<strong>da</strong>nte . Já havia sido<br />
descoberto por Amaro Leite pouco tempo antes .<br />
Em 1.736 Carlos Marinho, tendo em vista as boas possibili<strong>da</strong>des de<br />
novas lavras , forma o arraial de São Felix .<br />
D. JoãoV ficou muito interessado com as noticias constantes de<br />
descobrimentos de ouro em Goiás . Ordena ao governador de São Paulo , o<br />
Conde de Sarze<strong>da</strong>s , visita pessoal para aquela região , devendo antes de<br />
mais na<strong>da</strong> coibir desordens que por lá poderiam estar ocorrendo .<br />
Apesar de enfermo , ao que tudo indica por tuberculose , ele segue<br />
no final de 1.736 . Chega em Meia Ponte em Janeiro de 1.737 . Ali foi<br />
assaltado por febres , sem possibili<strong>da</strong>des de prosseguir viagem . Ao tentar<br />
regressar para São Paulo , veio a falecer nos primeiros dias de Setembro.<br />
Novos tumultos e disputas sobre as minas continuam ocorrendo na<br />
região goiana . Com a morte de Sarze<strong>da</strong>s , o governador interino para lá<br />
envia o Brigadeiro José <strong>da</strong> Silva Pais , com ordens de acabar com os<br />
distúrbios a qualquer custo . Isto vai acontecer com muitas detenções e<br />
prisões de aventureiros e desordeiros .<br />
3º-) O Governador D. Luiz de Mascarenhas<br />
Foi nomeado em substituição do Conde de Sarze<strong>da</strong>s em 1.739 . Ele<br />
terá papel importante no final do desbravamento e colonização de Goiás .<br />
Elevou o arraial de Vila Boa a condição de capital <strong>da</strong> região. Por lá se<br />
instalou e dirigiu pessoalmente as pesquisas para descobrimentos de novas<br />
lavras de ouro . Muito incentivou estas pesquisas , principalmente aquela<br />
na Serra Doura<strong>da</strong> .
Para este fim ain<strong>da</strong> organizou bandeiras, que foram confia<strong>da</strong>s à<br />
João <strong>da</strong> Veiga Leite e Baltazar Gomes Alarcão . Este último explorou com<br />
muito cui<strong>da</strong>do as terras liga<strong>da</strong>s ao Rio Araguaia .<br />
Organizou ain<strong>da</strong> as bandeiras de José Veloso do Rego e Bento Pais<br />
Oliveira ,<br />
Em 1.750 assistiu pessoalmente os descobrimentos de ouro <strong>da</strong>s<br />
minas de Arraias, Conceição , Chapa<strong>da</strong> e Cavalcanti .<br />
Visando acabar com o constante perigo dos “Caiapós convidou o<br />
sertanista Antonio Pires de Campos para conter os indígenas . O<br />
bandeirante veio de Cuiabá com seus homens e mais 500 índios “Bororós .<br />
Com eles tornou possível as viagens pela “Estra<strong>da</strong> de Anhanguera” ,<br />
ligando Goiás com São Paulo . Ficou então viável criar as aldeias de<br />
Lanhoso e Santana ao lado <strong>da</strong>quela estra<strong>da</strong> .<br />
Houve outra grande vitória dos bandeirantes . João de Godoy <strong>da</strong><br />
Silveira , que substituiu Antonio Pires de Campos , chegou até as margens<br />
do Araguaia , onde bateu os índios “Tapirapés” . A navegação <strong>da</strong>quele rio<br />
foi então melhor possibilita<strong>da</strong> .<br />
Durante 3 anos D. Luiz Mascarenhas esteve em Goiás . Antes de<br />
retirar-se , em Outubro de 1.742 , fundou ain<strong>da</strong> as povoações de Pontal ,<br />
onde Antonio Sanches descobriu ouro em 1.738 e Bonfim onde foram<br />
encontrados diamantes .<br />
D. Luiz Mascarenhas trabalhou muito e muito rico voltou para São<br />
Paulo .<br />
4º-)Separação :São Paulo Perde Território de Goiás e sua Governança<br />
D.João V já antevia grande desenvolvimento para aquela região .<br />
Por isto mesmo, em 1.744, elevou Goiás à categoria de Capitania ,<br />
separando-a de São Paulo definitivamente . Não poderia deixar dentro <strong>da</strong><br />
Capitania de São Paulo, sob comando dos paulistas, região tão rica . Isto<br />
fortificaria os paulistas . Isto acontece antes de ser firmado o Tratado de<br />
Madrid que <strong>da</strong>ria tranqüili<strong>da</strong>de definitiva para Portugal<br />
Ao mesmo tempo, com uma ingratidão inqualificável , suprimia por<br />
Carta Régia de 9 de maio de 1.746, o cargo de Governador de São Paulo,<br />
anexando a Capitania de São Paulo à do Rio de Janeiro.<br />
Esta situação aberrante assim irá ficar até 1.765 , ou seja : Bem<br />
depois de ser firmado o Tratado de Madrid , fixando as fronteiras do Brasil<br />
de forma definitiva .<br />
Então , não havia mais perigo de São Paulo se tornar independente<br />
de Portugal . Nem de Portugal perder as terras conquista<strong>da</strong>s pelos paulistas!<br />
Comentário - Os castigos , relativos a tentativa de Liber<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
acontecidos na época de Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira , continuavam .<br />
Portugal não podia mais permitir a manutenção <strong>da</strong> grande exten<strong>são</strong>
territorial de São Paulo. A <strong>capitania</strong> paulista ficando poderosa<br />
financeiramente poderia novamente querer se separar e se libertar , agora<br />
com as imensas riquezas descobertas pelos bandeirantes , tanto em Goiás<br />
como em Mato Grosso .<br />
Em assim sendo , comprovando o castigo previamente preparado ,<br />
Portugal primeiramente retirou a região de Minas <strong>da</strong> Capitania de São<br />
Paulo . Depois saíram Goiás e Mato Grosso <strong>da</strong> Capitania paulista , em<br />
seqüência e bem rapi<strong>da</strong>mente . Os anteriores elogios grandiosos para os<br />
bandeirantes não eram reais e ver<strong>da</strong>deiros . Eram simplesmente falsos .<br />
São Paulo, que tudo fez para crescer o Brasil, muito se reduziu<br />
fisicamente , economicamente e populacionalmente. Enviou gente com<br />
suas famílias para colonizar outros territórios, aqueles que agora ficaram<br />
independentes . Sinal dos tempos. São Paulo mais uma vez é castiga<strong>da</strong> por<br />
ter tentado a liber<strong>da</strong>de em 1.641 . O castigo ain<strong>da</strong> pode ter recorrência com<br />
a Guerra dos Emboabas !<br />
Finalmente , chega o castigo maior .<br />
Foi retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> Capitania paulista sua capaci<strong>da</strong>de de se auto<br />
governar . Na ocasião ficou dependente do Rio de Janeiro .<br />
As conseqüências não serão boas . Os portugueses terão de voltar<br />
para trás e evitar o pior .
TRATADOS : - PARA AS TERRAS TOMADAS PELOS BANDEIRANTES<br />
Fatos Antecedentes aos Tratados e Acordos – Tratado Provisório de Lisboa - Tratado de<br />
Madrid - Tratado do Pardo – Tratado de Santo Ildefonso – Tratado de Ba<strong>da</strong>józ / Alexandre<br />
de Gusmão<br />
1º-) Fatos Antecedentes aos Tratados e Acordos<br />
Até 1750 a expan<strong>são</strong> geográfica dos bandeirantes paulistas ,<br />
tomando de Espanha terras que seriam posteriormente do Brasil ,<br />
nota<strong>da</strong>mente aquelas realiza<strong>da</strong>s em todo Sul ( no Paraná – Santa Catarina –<br />
Rio Grande do Sul - Uruguai) ; no Centro com Minas Gerais e no Oeste<br />
(Mato Grosso , Mato Grosso do Sul , Goiás ) , trouxe em reali<strong>da</strong>de<br />
extraordinário aumento de nosso território .<br />
Entretanto, trouxe também um sério problema de fronteiras entre<br />
Portugal e Espanha . Como as áreas não estavam e nem poderiam estar<br />
demarca<strong>da</strong>s , pois inicialmente to<strong>da</strong>s pertenciam a coroa de Espanha,<br />
existiam contínuos e sérios conflitos nestas fronteiras. Eles diziam respeito<br />
a posse definitiva de muitas regiões , onde viviam agora famílias<br />
descendentes dos bandeirantes paulistas . Visavam firmar posições, os<br />
limites de ca<strong>da</strong> país , demarcar to<strong>da</strong>s as fronteiras de ca<strong>da</strong> pais . Isto era<br />
necessário e urgente.<br />
Desde 1.641 a Espanha já tentava barrar os bandeirantes que<br />
invadiam Sul / Sudoeste / Oeste <strong>da</strong> América do Sul . Isto acontecia uma vez<br />
que a União Ibérica deixara de existir no ano anterior . Até então to<strong>da</strong>s<br />
aquelas terras <strong>da</strong> América pertenciam ao Rei de Espanha . Até aquela<br />
ocasião a luta entre bandeirantes paulistas e castelhanos era considera<strong>da</strong><br />
como coisa intestina .<br />
Agora , termina<strong>da</strong> a União Ibérica , com a saí<strong>da</strong> de Portugal que<br />
se liberta de Espanha , os territórios invadidos e tomados pelos paulistas<br />
nem ao menos tinham mais Posse ou Qualquer Ligação com Espanha .<br />
Portugal estava novamente independente . As terras que os bandeirantes<br />
tomaram poderiam posteriormente pertencer aos lusos – brasileiros<br />
definitivamente . Ou Não ! Iam depender de Acordos e Tratados .<br />
Tentando evitar tão grande per<strong>da</strong> e impedir a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />
invasões , os espanhóis criaram a partir de 1642 missões religiosas e<br />
militares e as utilizam como posições de defesa de seus territórios . Tinham<br />
receio que , a qualquer tempo, pudessem perder novas terras e até mesmo<br />
as suas ricas minas de Potosi .<br />
Isto não vai bastar pois os bandeirantes paulistas continuaram<br />
avançando por todos os lados e tomando posse de muitas terras espanholas<br />
nos anos seguintes .<br />
2º-) Tratado Provisório de Lisboa –
Em vista do que acontecia , os dois paises ibéricos <strong>são</strong> forçados a<br />
realizar um acordo possível . O melhor possível para a época .<br />
Assim, em 1.681 é assinado o “Tratado Provisório de Lisboa” ,<br />
mediante o qual a Espanha reconhecia o direito de presença dos<br />
bandeirantes paulistas e gaúchos no Rio <strong>da</strong> Prata – instalados que estavam<br />
em nossa Colônia do Sacramento . Entretanto , esta resolução punha em<br />
risco a predominância espanhola no Rio <strong>da</strong> Prata , pois era ca<strong>da</strong> dia mais<br />
presente os interesses comerciais <strong>da</strong> Inglaterra em Portugal e de seus navios<br />
no Atlântico Sul . A Inglaterra também tinha intenções de ter terras no Rio<br />
<strong>da</strong> Prata .<br />
Este primeiro Tratado será ratificado posteriormente pelo<br />
Tratado de Utrecht , em 1.715 , onde compareceram as grandes nações<br />
européias .<br />
Nem assim os problemas desaparecem no Sul . A população<br />
espanhola de Buenos Aires não aceita a presença brasileira .<br />
Constantemente a nossa Colônia de Sacramento é ataca<strong>da</strong> . Em<br />
1.724 ela chega a ser destruí<strong>da</strong> parcialmente . Neste mesmo ano os<br />
castelhanos fun<strong>da</strong>m a ci<strong>da</strong>de de Montevidéu , próxima <strong>da</strong> Colônia de<br />
Sacramento, na mesma margem do Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Esta situação indefini<strong>da</strong> e os conflitos não agra<strong>da</strong>m as duas<br />
nações ibéricas . As disputas não paravam . Nem as brigas . Pior .Nem as<br />
invasões dos bandeirantes no Oeste <strong>da</strong> América do Sul .<br />
3º-) Tratado de Madrid<br />
Finalmente se chegou a um consenso . Por este Tratado existiu<br />
muito bom senso entre as duas nações ibéricas para solução do sério<br />
problema de fronteiras . Os representantes destes paises se reúnem então<br />
em Madrid.<br />
Por Portugal vamos encontrar um brasileiro , nascido em Santos -<br />
São Paulo, no cargo de diplomata , representando D. João V . Seu nome :<br />
Alexandre de Gusmão . Por outro lado , D. José Carbajal defende os<br />
interesses de Espanha .<br />
Portugal pretendia basicamente a fixação <strong>da</strong>s fronteiras com base<br />
nos locais onde estavam os habitantes de ca<strong>da</strong> nação . Espanha pretendia a<br />
saí<strong>da</strong> total de todos os brasileiros <strong>da</strong>s margens do Rio <strong>da</strong> Prata . Com isto<br />
evitariam a presença <strong>da</strong> marinha inglesa na região . Ela que vinha <strong>da</strong>ndo<br />
apoio continuo para Portugal , pois tinha com a nação lusa vários interesses<br />
através de contratos firmados comercialmente .<br />
Depois de muitas marchas e contra marchas , de atendimento as<br />
pretensões de ambos os lados, o bom senso realmente aparece .<br />
Espanha e Portugal confirmam o principio do Direito Romano<br />
denominado “Uti Possidetis” . Por ele ca<strong>da</strong> área ocupa<strong>da</strong> continuaria com o<br />
pais que tivesse a posse <strong>da</strong> mesma . Para tanto era só necessário a
demarcação <strong>da</strong>s fronteiras ao longo <strong>da</strong>s várias regiões . Ain<strong>da</strong> existiria uma<br />
troca , a seguinte : - Para a Espanha o bom resultado foi a troca <strong>da</strong> Colônia<br />
de Sacramento , existente dentro do Uruguai e perto do Rio <strong>da</strong> Prata , pela<br />
região espanhola dos Sete Povos <strong>da</strong>s Missões , situa<strong>da</strong> no Rio Grande do<br />
Sul . Com isto a Inglaterra ficava definitivamente fora do estuário do Rio<br />
<strong>da</strong> Prata .<br />
4º-) Tratado do Pardo<br />
As demarcações relativas ao Tratado de Madrid só foram<br />
problemáticas na Região Sul . Os jesuítas espanhóis não aceitavam a<br />
entrega de suas missões para os bandeirantes e gaúchos e<br />
consequentemente para Portugal . Apoiados por comerciantes locais<br />
incentivam os índios guaranis contra as demarcações . Isto <strong>da</strong>rá início a<br />
chama<strong>da</strong> “Guerra Guaranítica”. Ela vai conseguir impedir a concretização<br />
<strong>da</strong> demarcação <strong>da</strong>s fronteiras na região Sul.<br />
Em contra parti<strong>da</strong> , em Portugal , o Marques de Pombal se recusa<br />
entregar a Colônia de Sacramento . O impasse foi gerado e assim ficou ..<br />
Em 1.761 aparece a intenção para um novo acordo .Pelo impasse<br />
criado vai ser necessário novas negociações entre os dois paises . Vai<br />
acontecer o Tratado do Pardo. Apenas por ele é que poderia ser cancela<strong>da</strong> a<br />
clausula <strong>da</strong>s trocas luso- espanholas no sul <strong>da</strong> América . Entretanto , as<br />
discussões ficam em aberto durante vários anos , mais uma vez sem<br />
solução final .<br />
5º-) Tratado de Santo Ildefonso -<br />
Apenas em 1.777 é que as tratativas para acerto <strong>da</strong>s fronteiras irá<br />
ter a continui<strong>da</strong>de necessária . Isto vai ocorrer após a morte do Marques de<br />
Pombal . Quem agora representa Portugal é D. Francisco Inocêncio<br />
Coutinho . Pela sua atuação foi considerado péssimo negociador . O Conde<br />
de Flori<strong>da</strong> Blanca representa a Espanha com muitíssimo brilho . Os<br />
resultados representam grande prejuízo para o Brasil / Portugal .<br />
Perderíamos em definitivo a Colônia de Sacramento e não receberíamos os<br />
Sete Povos <strong>da</strong>s Missões.<br />
Este tratado deixa mais uma vez inquietas as fronteiras . Muitas<br />
lutas continuam acontecendo , entre os brasileiros e argentinos , ca<strong>da</strong> vez<br />
com maior freqüência . Os brasileiros não querem entregar a Colônia de<br />
Sacramento . Depois de pouco tempo isto fica mais claro a ca<strong>da</strong> dia .<br />
Vai ser necessário um novo acordo .<br />
6º-) Tratado de Ba<strong>da</strong>joz – Alexandre de Gusmão
O Tratado de Santo Ildefonso , antes de mais na<strong>da</strong> não<br />
complementava nem fixava em na<strong>da</strong> o primeiro acordo anterior . Nem suas<br />
clausulas . Criou muitos problemas . Apenas e simplesmente contrariava o<br />
principal acordo , o acordo básico – Tratado de Madrid . Ele que foi<br />
fun<strong>da</strong>mental em tudo e era formado por pontos comuns e clausulas aceitas<br />
sem restrições pelas duas nações . O Tratado de Santo Ildefonso apenas<br />
representava a vontade de Espanha , com prejuízos para Brasil/ Portugal .<br />
Entretanto , para cumular o fracasso <strong>da</strong>quele Tratado de Santo<br />
Ildefonso, aconteceu que , apesar do que rezava o Tratado de Santo<br />
Ildefonso , os bandeirantes e gaúchos realmente não saíram <strong>da</strong> região de<br />
Sete Povos <strong>da</strong>s Missões . Este foi o fato principal para a realização deste<br />
novo acordo de Ba<strong>da</strong>józ . Vai então ratificar o que já existia na pratica . Ele<br />
finalmente vai fixar definitivamente as fronteiras na região Sul .<br />
Os brasileiros ficam com as Sete Missões e os argentinos com a<br />
Colônia de Sacramento .<br />
Assim terminam as ansie<strong>da</strong>des e as lutas dos bandeirantes pela<br />
posse e direito <strong>da</strong>s terras que desbravaram , ocuparam e desenvolveram até<br />
1.640 . Foi quando ocorreu o movimento para independência de São Paulo<br />
com Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira – “aquele que não quis ser rei” .<br />
Terminam ain<strong>da</strong> com a manutenção <strong>da</strong>s novas terras conquista<strong>da</strong>s<br />
no Oeste , precisamente em Mato Grosso e Goiás , com o custo de muito<br />
tempo , muito esforço e de muitas vi<strong>da</strong>s .<br />
As fronteiras do Brasil receberam então suas demarcações<br />
definitivas para a época .<br />
Não pode ser esquecido o brilhantismo do paulista Alexandre de<br />
Gusmão , principalmente durante a realização do Tratado de Madrid e bem<br />
como em todos demais .
LUTA POR CAMPOS DO JORDÃO - SERRA MANTIQUEIRA<br />
Antecedentes Acontecidos na Região – Invasões de Mineiros / Principio de Muita Briga –<br />
A Guar<strong>da</strong> Paulista de Capivari – Últimos Desmandos Mineiros – Revide Final dos Paulistas<br />
1º-) Antecedentes acontecidos na Região<br />
Não é do conhecimento de muita gente , mas a atual ci<strong>da</strong>de de<br />
Campos do Jordão anteriormente foi parte integrante do Município de<br />
Pin<strong>da</strong>monhangaba – Província de São Paulo . Na ocasião ain<strong>da</strong> não tinha<br />
seu nome mu<strong>da</strong>do para a atual denominação e aquela pequena vila que ali<br />
existia era então apenas um distrito, praticamente agrícola de<br />
Pin<strong>da</strong>monhangaba , chamado Capivari .<br />
Até hoje a locali<strong>da</strong>de de Capivari ain<strong>da</strong> existe em Campos do<br />
Jordão e faz parte de seu município . Agora cresceu muito e ficou sendo um<br />
dos mais elegantes e famosos bairros turísticos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , repleto de bons<br />
hotéis , restaurantes e lojas de todos os tipos<br />
Na época em que os fatos a seguir narrados tiveram início , por<br />
volta de 1.796 , quase to<strong>da</strong>s terras de Capivari eram constituí<strong>da</strong>s de<br />
fazen<strong>da</strong>s , sendo portanto como já dissemos praticamente uma área rural<br />
de Pin<strong>da</strong>monhangaba .<br />
Cumpre destacar que , por sua situação geográfica , dominando<br />
todo o Vale do Paraíba ( do alto do Pico de Itapeva se avistam varias<br />
ci<strong>da</strong>des do Vale ) , por sua altitude que alcança 2.000 metros , pelo seu<br />
clima , pelas quali<strong>da</strong>des de suas águas , pelas suas boas terras , pelas<br />
madeiras então existentes , Capivari ( hoje Campos do Jordão) tinha na<br />
ocasião muita importância .<br />
Esta importância irá crescer com a descoberta de ouro em<br />
Itajubá , vila situa<strong>da</strong> logo abaixo , no sopé <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Mantiqueira , mas<br />
do lado de Minas Gerais . Aquele ouro por ali minerado era proibido de<br />
circular pela estra<strong>da</strong> serrana que ligava Itajubá com Capivari . Existia<br />
receio de sonegação ou eva<strong>são</strong> do quinto do ouro pertencente aos reis de<br />
Portugal . Alem do mais naquela época após separação <strong>da</strong>s duas Províncias,<br />
Minas Gerais vinha tentando tomar vários territórios de São Paulo , para<br />
aumentar sua exten<strong>são</strong> .<br />
2º-) - Invasões de Mineiros - Princípio de Muita Briga<br />
Sob alegação que Capivari poderia permitir facili<strong>da</strong>des para<br />
escoamento ilegal <strong>da</strong>quele ouro, sem passar por postos de controle mineiro,<br />
com possíveis sonegações , as autori<strong>da</strong>des de São João Del Rei – capital de<br />
Minas Gerais na época – forçam uma situação extremamente indesejável<br />
para a Província de São Paulo . Passam por cima de seus limites de<br />
autori<strong>da</strong>de e determinam a instalação de um “ Posto Fiscal de Minas<br />
Gerais”, em pleno território paulista .<br />
Não construíram o tal “Posto Fiscal” no inicio <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> , que<br />
poderia ter sido realizado na parte baixa <strong>da</strong> Serra e ain<strong>da</strong> em terras de
Minas Gerais , mas dentro <strong>da</strong> Província de São Paulo, na atual Campos do<br />
Jordão . Na reali<strong>da</strong>de os mineiros mais uma vez tentavam se aproveitar de<br />
terras trabalha<strong>da</strong>s ou cultiva<strong>da</strong>s pelos paulistas . Aquela atitude era mesmo<br />
o primeiro passo para posterior anexação <strong>da</strong> região como área <strong>da</strong> Província<br />
de Minas Gerais . Isto eles já tinham feito antes , em varias locali<strong>da</strong>des<br />
onde existiam as lavras de ouro dos paulistas . É só lembrar a Guerra dos<br />
Emboabas , ocorri<strong>da</strong> poucos anos atrás .<br />
Aquela situação de força se transmitia aos muitos mineiros que<br />
então chegavam até Capivari e por ali se radicavam . Por eles começaram<br />
ser praticados muitos abusos . Um destes mineiros , João <strong>da</strong> Costa Manso ,<br />
dono <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> São Pedro , lá em Capivari , desde algum tempo vinha<br />
molestando um proprietário paulista de terras , Inácio Vieira de Carvalho ,<br />
dono <strong>da</strong> grande fazen<strong>da</strong> Bom Sucesso . Vinha invadindo varias áreas <strong>da</strong>s<br />
terras do paulista constantemente , sob alegações praticamente e legalmente<br />
sem nexo ou razão . Para tanto contava com apoio velado <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des<br />
mineiras . Era pura ambição de aumentar as terras de sua proprie<strong>da</strong>de .<br />
Acontece que Vieira de Carvalho já havia solicitado e conseguido<br />
junto ao juiz Domingos Ferreira <strong>da</strong> Silva , autori<strong>da</strong>de legal <strong>da</strong> região ,<br />
Certidão Comprobatória <strong>da</strong> Legitimi<strong>da</strong>de de sua proprie<strong>da</strong>de . Esta<br />
providencia irritou Costa Manso . Com apoio mais uma vez de autori<strong>da</strong>des<br />
de Minas Gerais , iniciou um série de perseguições e atos geradores de<br />
prejuízos ao fazendeiro paulista<br />
De na<strong>da</strong> valiam as medi<strong>da</strong>s judiciais propostas por Vieira de<br />
Carvalho , que até conseguiu ordem de pri<strong>são</strong> preventiva para Costa<br />
Manso. Porem elas não eram executa<strong>da</strong>s. Costa Manso alegando doença<br />
consegue sustar uma destas ações judiciais . Continuavam assim as<br />
estripulias e as invasões de terras realiza<strong>da</strong>s pelos mineiros , conseguindo<br />
mesmo alcançar e demarcar pontas de lança naquela fazen<strong>da</strong> paulista .<br />
Surgem escaramuças e brigas mais sérias entre paulistas e mineiros .<br />
Sem mais nem menos o capataz <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> de Vieira de<br />
Carvalho é preso e remetido para São João Del Rei . Um absurdo jurídico<br />
se formou . Um paulista foi preso dentro de São Paulo e enviado detido<br />
para Minas Gerais . Naquele momento a autonomia <strong>da</strong> Província de São<br />
Paulo ficara feri<strong>da</strong> .<br />
Com muita dificul<strong>da</strong>de Vieira de Carvalho vai até Minas e<br />
consegue a libertação de seu empregado paulista . Precisa provar que suas<br />
terras ficavam em São Paulo e que por isto mesmo Minas não podia ter<br />
poder de policia no local .
3º-) A Guar<strong>da</strong> Paulista de Capivari<br />
Sentindo os muitos problemas gerados , tanto pela chega<strong>da</strong><br />
continua de mineiros em Capivari , tanto pelas invasões de terras , bem<br />
como pela necessi<strong>da</strong>de de firmar a autonomia do Município e <strong>da</strong> Província,<br />
a Câmara de Pin<strong>da</strong>monhangaba resolve <strong>da</strong>r uma solução final para os<br />
desmandos dentro de total legali<strong>da</strong>de. Em assim sendo , os seus<br />
representante solicitam e conseguem do Governador de São Paulo o<br />
estabelecimento de uma Guar<strong>da</strong> para a região . Por isto é que vai surgir ,<br />
com sua devi<strong>da</strong> instalação , a Guar<strong>da</strong> de Capivari . Era ain<strong>da</strong> demonstração<br />
de que aquelas terras pertenciam definitivamente a Capitania de São Paulo .<br />
Nem isto vai bastar . Pouco tempo depois as terras <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> de<br />
Vieira de Carvalho <strong>são</strong> mais uma vez invadi<strong>da</strong>s , desta vez sob orientação<br />
do mineiro Capitão Antonio Rodrigues Ferreira . O velho fazendeiro ,<br />
quase desacoroçoado pede providências definitivas ao Conselho Municipal<br />
de Pin<strong>da</strong>monhangaba .<br />
Uma Comis<strong>são</strong> do Conselho Municipal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de paulista ,<br />
contando com a presença de suas autori<strong>da</strong>des , lidera<strong>da</strong> pelo Capitão-Mor<br />
Inácio Marcondes do Amaral, invade as terras mineiras pela margem direita<br />
do Sapucaí- Mirim . Seguem até alcançar a Pedra do Baú . Vão chegar na<br />
divisa <strong>da</strong>s terras paulistas e mineiras . Então lavram uma Ata deste<br />
Conselho , relatando os acontecimentos , afirmando e confirmando a<br />
legitimi<strong>da</strong>de e posse <strong>da</strong>s terras devi<strong>da</strong>mente assinala<strong>da</strong>s e determina<strong>da</strong>s<br />
para São Paulo por devi<strong>da</strong> delimitação de fronteiras . Este documento é<br />
assinado pelo Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Comis<strong>são</strong> , por vários de seus integrantes ,<br />
pelo Alcaide Pedro Barbosa e pelo Escrivão Manuel <strong>da</strong> Silva .<br />
4º-) Últimos Desmandos Mineiros<br />
Menos de um ano depois e novamente a tropa mineira efetua uma<br />
larga inva<strong>são</strong> inespera<strong>da</strong> . O Posto de Guar<strong>da</strong> de Capivari , pertencente à<br />
São Paulo , é atacado e destruído . O responsável por aquele ataque foi o<br />
Capitão Joaquim Carlos de Toledo, do Regimento de Cavalaria de Minas ,<br />
tendo por lugar- tenente Salvador Joaquim Pereira .<br />
Os paulistas param definitivamente com a diplomacia e revi<strong>da</strong>m .<br />
Sob o comando do Capitão -Mor Inácio Marcondes do Amaral , uma força<br />
arma<strong>da</strong> com mais de 80 homens segue para Capivari . Não encontram<br />
muita oposição , pois que os mineiros haviam se retirado . O Posto <strong>da</strong><br />
Guar<strong>da</strong> é novamente reinstalado , sem encontrar resistência . Em segui<strong>da</strong><br />
aquelas tropas retornam para Pin<strong>da</strong>monhangaba .<br />
Surpresa ! Nem bem se retirou a tropa paulista <strong>da</strong>queles sítios e<br />
Salvador Joaquim Pereira voltava com sua tropa e recomeça nova inva<strong>são</strong><br />
de terras .
Durante muito tempo as disputas continuam sem que o Governo<br />
Geral tome providências definitivas . Isto vai colocar o direito dos paulistas<br />
em situação degra<strong>da</strong>nte, o que fica inaceitável .<br />
5º-) Revide Final dos Paulistas<br />
Então não cabia mais na<strong>da</strong> alem <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> extrema . O Conselho<br />
Municipal de Pin<strong>da</strong>monhangaba solicita ao Governador ordem para<br />
combater os invasores por meios drásticos , definitivos !<br />
Finalmente vai acontecer a ultima sorti<strong>da</strong> contra aqueles invasores<br />
de Minas. Ela ocorre em 31 de Agosto de 1.814 , quando um contingente<br />
armado de paulistas subiu mais uma vez a Serra <strong>da</strong> Mantiqueira .<br />
Com medi<strong>da</strong>s de força expulsam definitivamente todos os mineiros<br />
de Capivari . Em segui<strong>da</strong> prendem Salvador Joaquim Pereira e queimam o<br />
Posto Fiscal de Minas Gerais .<br />
Desta forma Capivari continuou como região paulista .<br />
Tempos mais tarde , mediante doação de D. Pedro I ao Brigadeiro<br />
Jordão , seu companheiro na viagem realiza<strong>da</strong> para São Paulo , a qual vai<br />
resultar no Grito de “Independência ou Morte “, a área de Capivari , com o<br />
passar do tempo , perdeu a condição de distrito de Pin<strong>da</strong>monhangaba .<br />
Passou a fazer parte integrante do município de Campos do Jordão.<br />
Importante – To<strong>da</strong> esta estória foi parcialmente transcrita do livro “ Retrato<br />
<strong>da</strong> Princesa do Norte”, do historiador Rômulo Campos D’Arace , paginas<br />
61, 62, 63, 64.
MAIS PAULISTAS SEGUEM PARA O RIO GRANDE DO SUL<br />
Primeiro Estágio para Colonização do Sul : Santa Catarina – Toma<strong>da</strong> Parcial dos Pampas –<br />
Deci<strong>são</strong> para Toma<strong>da</strong> <strong>da</strong> Região – Reação dos Espanhóis – Fim <strong>da</strong> Luta pelos Pampas<br />
1º-) Primeiro Estágio para Colonização do Sul : Santa Catarina<br />
Através comando de um paulista natural de São Vicente ,<br />
Domingos Peixoto de Brito, aqueles bandeirantes de São Paulo juntamente<br />
com seus filhos e famílias haviam fun<strong>da</strong>do e colonizado tanto a Vila de<br />
Laguna , bem como to<strong>da</strong> sua região. Ela que fica no caminho para o<br />
extremo sul do Brasil.<br />
Ali também formaram suas fazen<strong>da</strong>s . Ali ain<strong>da</strong> , dentro <strong>da</strong>s<br />
possibili<strong>da</strong>des , exploraram ouro de lavagem , obtendo regular sucesso .<br />
Entretanto , nem todos paulistas se fixaram definitivamente em<br />
Laguna , pois uma parte de seus habitantes continuaram com suas an<strong>da</strong>nças<br />
e explorações . Foram se dirigindo para áreas mais meridionais.<br />
Então naquele caminho para o sul vão deparar com a imensidão<br />
dos campos situados em uma planície inicialmente que foi chama<strong>da</strong> de<br />
Campos do Rio Grande . Eram áreas cobertas de excelente pasto natural ,<br />
com grandes arvores bem esparsa<strong>da</strong>s. Seriam indica<strong>da</strong>s para criação de<br />
todos os tipos de gado , em larga escala . Ali estavam os afamados Pampas.<br />
Eles se estendiam para mais longe , até Argentina e Uruguai .<br />
2º-) Toma<strong>da</strong> Parcial dos Pampas<br />
Existiam alguns obstáculos a serem contornados antes <strong>da</strong> toma<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>quela rica região. Por lá se encontravam os índios <strong>da</strong> “Tribo dos Patos”,<br />
que <strong>da</strong>vam nome para a grande lagoa ali existente – Lagoa dos Patos .<br />
Alem <strong>da</strong>queles índios , existia o principal obstáculo . Não muito<br />
distante se encontrava a Colônia de Sacramento, então com posse dos<br />
castelhanos . Aquele amplo território dos Pampas por ali se estendia desde<br />
o Rio Jacuhi até a fronteira com as terras dos espanhóis .<br />
3º ) Deci<strong>são</strong> para Toma<strong>da</strong> <strong>da</strong> Região<br />
Depois de varias reuniões , os bandeirantes paulistas juntamente<br />
com os inúmeros gaúchos descendentes de portugueses e de açorianos que<br />
viviam na região , resolvem tomar a grande área que eles chamavam na<br />
ocasião de Jacuhi , pois estava ao lado do rio de mesmo nome . Vão formar<br />
grupos organizados que serão acompanhados por suas famílias . Ali vão se<br />
fixar as famílias dos gaúchos e aquelas mesmas famílias paulistas<br />
anteriormente residentes em Laguna .<br />
Em 1.733 iniciam a jorna<strong>da</strong>. Chegando naquelas terras vão<br />
fun<strong>da</strong>r duas povoações na margem setentrional do Rio Jacuhi . A primeira é<br />
denomina<strong>da</strong> de Vila Cachoeira . Doze léguas abaixo vai ser cria<strong>da</strong> a Vila<br />
de Rio Pardo . Rapi<strong>da</strong>mente elas alcançam progresso . Rio Pardo já é<br />
admira<strong>da</strong> pelo seu crescimento em 1.737.
4º-) Reação dos Espanhóis<br />
Com tudo isto não estão de acordo os espanhóis e seus<br />
descendentes argentinos , pois entendem que aquelas terras pertenciam a<br />
Espanha , desde o Tratado de Tordesilhas . As discussões a respeito não<br />
alcançam qualquer ponto em comum .<br />
Uma luta prolonga<strong>da</strong> irá começar entre aqueles povoadores <strong>da</strong><br />
região . Os espanhóis tentam inicialmente com uma força , composta por<br />
500 homens armados, expulsar aqueles bandeirantes paulistas e os gaúchos<br />
brasileiros. Não conseguem e <strong>são</strong> rechaçados. Não somente aquela vez ,<br />
mas muitas outras as conten<strong>da</strong>s acontecerão<br />
Sempre existirá um revide para ca<strong>da</strong> ataque que vai ocorrer .<br />
Na<strong>da</strong> é definido .<br />
5º-) O Fim <strong>da</strong> Luta pelos Pampas<br />
Esta pequena guerra só vai parar com um novo Tratado , então<br />
celebrado entre Portugal e Espanha , em 17 de Março de 1737 .<br />
Por ele os espanhóis irão se retirar para outras áreas depois do<br />
Rio <strong>da</strong> Prata . Os bandeirantes paulistas e gaúchos brasileiros ficarão com<br />
aquelas terras . Elas serão demarca<strong>da</strong>s naturalmente , pois vai existir<br />
comprometimento dos nossos . Não irão atravessar o Rio <strong>da</strong> Prata . Ele será<br />
o limite final .<br />
Estas famílias acima menciona<strong>da</strong>s <strong>da</strong>rão origem e base firme a<br />
implantação final do <strong>da</strong> colonização no Rio Grande do Sul . Em segui<strong>da</strong> ,<br />
juntamente com as outras tantas famílias que irão sair <strong>da</strong>qui , chegarão e<br />
ficarão espalha<strong>da</strong>s na região , <strong>da</strong>rão a formação inicial do grande estado do<br />
Rio Grande do Sul .<br />
È importante ressaltar que , durante todo o século XVIII e início<br />
do século XIX , muitas famílias vin<strong>da</strong>s dos Açores <strong>da</strong>rão a estabili<strong>da</strong>de<br />
demográfica necessária para o Rio Grande do Sul . Depois deles ain<strong>da</strong> irão<br />
receber outros europeus , entre eles italianos que ficarão nas Serras<br />
Gauchas e algumas levas de alemães .
“1.748 - PERDA DO GOVERNO DE SÃO PAULO “-<br />
1º-) A Reali<strong>da</strong>de para Portugal era Diferente<br />
Enquanto os bandeirantes paulistas se empenhavam em novas<br />
conquistas , em aumentar as riquezas e anexar terras para o Brasil , o<br />
governo de Portugal , só naquele momento mas outras vezes anteriores,<br />
se esmerava em punir a anterior Tentativa de Liber<strong>da</strong>de e<br />
Independência de São Paulo , ocorri<strong>da</strong> em 1.641 , com o episódio de<br />
Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira –“o que não quis ser rei”.<br />
Mesmo passado mais de um século , não desejavam os<br />
portugueses de forma alguma ver a Capitania de São Paulo crescer ain<strong>da</strong><br />
mais e , alem de tudo, ficar ca<strong>da</strong> vez mais rica com o ouro que vinham<br />
os paulistas descobrindo em vários e extensos territórios que agregavam<br />
a São Paulo.<br />
É preciso , antes de mais na<strong>da</strong> , lembrar que para Minas Gerais,<br />
Mato Grosso e Goiás, áreas até então de São Paulo , não só os<br />
bandeirantes paulistas se deslocaram. Suas famílias também os<br />
acompanhavam . A idéia dos paulistas era crescer a Capitania de São<br />
Paulo como um todo, mediante o povoamento <strong>da</strong>s novas regiões<br />
ocupa<strong>da</strong>s . E preciso lembrar que as bandeiras que foram para aquelas<br />
Minas , Goiás e Mato Grosso eram diferentes . As distancias eram<br />
enormes . Não voltavam trazendo o produto de seu trabalho . Iam para<br />
ficar . Era preciso cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s minas que por lá ficavam .Não poderiam<br />
voltar . Precisavam manter as terras que produziam e <strong>da</strong>vam<br />
riquezas .<br />
Então inúmeras famílias se deslocaram para aqueles novos<br />
territórios . Por um tempo São Paulo ficaria , como realmente ficou , um<br />
tanto despovoa<strong>da</strong> . Entretanto , logo poderia se recompor , como uma<br />
grande e única uni<strong>da</strong>de territorial , com Minas , Goiás e Mato Grosso<br />
continuando dentro de seu território . Precisaria somente de tempo para<br />
se ajustar demograficamente . É preciso lembrar :<br />
2º-) As Punições Foram Continua<strong>da</strong>s Contra os Paulistas<br />
Entretanto, Portugal resolveu desmembrar a Capitania e tirar<br />
definitivamente sua força . Aproveitou se de vários momentos . Para<br />
tanto, através do Marquês de Pombal , ou de outros ministros ,foram<br />
toma<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s abaixo , aconteci<strong>da</strong>s em seqüência , as quais<br />
vamos relembrar :
1- Proibiram aos paulistas falar na “ Língua Geral” que eles<br />
portugueses não entendiam e não aprendiam . Tinham receio<br />
com isto de perder Grande Parte do Brasil ;<br />
2- Prestigiaram os Emboabas , não permitiram o revide dos<br />
paulistas , inocentaram os assassinos do Capão de Traição<br />
enviaram os responsáveis pelo massacre para a Bahia , sem a<br />
menor punição ;<br />
3- Criaram em Minas Gerais uma Capitania , independente<br />
<strong>da</strong> São Paulo que desbravou , colonizou e implantou todo<br />
sistema de Mineração ;<br />
4- Desmembraram São Paulo criando Capitania de Mato<br />
Grosso , usando parte de seu território ;<br />
5- Criaram uma Capitania independente para Goiás ;<br />
6- Com estes desmembramentos a Capitania de São Paulo , ficou<br />
reduzi<strong>da</strong> em 10% de suas terras anteriores ;<br />
Então a Capitania de São Paulo , desmembra<strong>da</strong> , desprestigia<strong>da</strong> ,<br />
com poucos habitantes, sem força física e econômica fraca , sem recursos,<br />
sem exploração de ouro , vai sofrer um golpe final .<br />
Em 1.748 vai ser retira<strong>da</strong> , por medi<strong>da</strong> real , a possibili<strong>da</strong>de de<br />
São Paulo se auto governar . Vai passar a ser governa<strong>da</strong> pela Capitania<br />
do Rio de Janeiro .<br />
Era muita humilhação para aqueles que sempre cresceram o<br />
Brasil, com muitas lutas, sacrifícios e destemor . Aquelas loas , aqueles<br />
elogios e méritos, enviados para os paulistas, vindos dos Reis de Portugal,<br />
eram meras inventivas apoia<strong>da</strong>s em puros interesses de momento .<br />
Aquelas palavras dos reis de Portugal não tinham peso .<br />
Entendendo que a força dos Bandeirantes ain<strong>da</strong> poderia vir<br />
através <strong>da</strong> aliança dos Tupis com Paulistas , lembrando que aqueles<br />
bandeirantes aprisionaram e venderam escravos ( índios Tapuias ) para o<br />
nordeste, então , por decreto do Rei D. José , foi proibi<strong>da</strong> o aprisionamento<br />
e escravidão dos indígenas em 1.758 .<br />
Deveriam os índios agora viver longe dos brancos . Nem mais<br />
poderiam viver em casas de brancos . Tais atitudes poderiam ser<br />
classifica<strong>da</strong>s como escravatura mistifica<strong>da</strong> . As muitas famílias brancas<br />
paulistas eram muito liga<strong>da</strong>s aos Tupis , existindo inclusive seus filhos<br />
Mamalucos . Todos vivendo juntos , porem seriam obriga<strong>da</strong>s a dispensar<br />
todo aquele que fosse índio ou ligado aos índios . Eles precisavam ficar<br />
inteiramente livres . Eles que nem tinham para onde ir . Foi fase bem difícil<br />
São Paulo sem sua gente e sem seus territórios , que foram por<br />
eles desbravados e colonizados , ficou realmente pobre .<br />
Muitos habitantes de <strong>capitania</strong>s diversas , se aproveitavam para<br />
fazer comparações com a situação de São Paulo . Então diziam , em “tom<br />
de galhofa” que a terra dos paulistas era agora :
“ Uma formosa sem dotes” ...<br />
OBS. Vide -“Quadro Histórico de S.Paulo” – Machado<br />
D’Oliveira – Pg. 144”<br />
3º-) ...Pois Se Eu Venho Para Dar... Como Hei de Pedir .<br />
Na época , contrapondo tais comparações era lembra<strong>da</strong> uma<br />
velha historia que dizia respeito a tradição <strong>da</strong> Província de São Paulo ,<br />
frisando bem o que significa o caráter moral dos paulistas . A historia é a<br />
seguinte :<br />
“- Fernão Dias Paes e seus parentes , que descobriram Minas<br />
Gerais , quotizaram-se para brin<strong>da</strong>r o rei de Portugal com uma peça de ouro<br />
massiço , representando ao natural um cacho de bananas . Fernão Dias Paes<br />
incumbiu-se de ir para Portugal , apresentá-la e entregá-la ao Rei .<br />
Logo depois acontece a entrega do presente ao Rei<br />
Este , maravilhado e nos alvoroços do seu contentamento ,<br />
querendo demonstrar seu agradecimento concedendo graças pedi<strong>da</strong>s ,<br />
ordenou a um dos seus corte<strong>são</strong>s que declarasse ao ofertante , que seria<br />
satisfeito em tudo que pedisse . O recado do rei foi <strong>da</strong>do , e o altivo paulista<br />
ao ouvir respondeu do seguinte modo :<br />
-“ Pois , si eu venho <strong>da</strong>r , como hei de pedir”.<br />
4º-) O Que Portugal Não Esperava<br />
Com o empobrecimento de São Paulo , sem grande parte de<br />
sua gente que ficou nas outras <strong>capitania</strong>s cria<strong>da</strong>s com territórios que São<br />
Paulo desbravou , sem sua própria governança , pois estava liga<strong>da</strong> agora<br />
aos senhores do Rio de Janeiro , aqueles que viviam no litoral e na<strong>da</strong><br />
sabiam de campo , de terras e de sertão , viu crescer seus problemas quando<br />
ficou acéfala .<br />
Porem estes mesmos problemas também iriam afetar<br />
diretamente o Brasil e por conseqüência Portugal .<br />
As terras começaram ficar sem cultura e por resultado sem<br />
produção . Sem produção não geravam impostos para a coroa .<br />
Os seus rebanhos se extraviavam e sem ordem entravam e se<br />
perdiam constantemente nas matas .<br />
As Fronteiras do Oeste , nota<strong>da</strong>mente na região do Paraná ,<br />
ficaram quase abandona<strong>da</strong>s .<br />
Estavam expostas aos avanços dos castelhanos , tanto<br />
argentino como principalmente pelos paraguaio , pois os paulistas então<br />
não tinham mais poder de resolver tais problemas de fronteira .<br />
Haviam sido retira<strong>da</strong>s as suas prerrogativas de governança e<br />
as ordens vin<strong>da</strong>s do Rio de Janeiro não eram conclusivas, nem claras, nem<br />
suficientes . Nem mesmo tinham lógica .
Não existiam outros brasileiros decididos a lutar pelas terras<br />
do Brasil . Existia o perigo <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de grandes áreas <strong>da</strong>quelas fronteiras<br />
para os espanhóis ( Na ocasião o oeste <strong>da</strong> Província São Paulo fazia então<br />
fronteira com as terras de Espanha , pois a atual região do estado do<br />
Paraná ain<strong>da</strong> estava incorporado à Capitania de São Paulo .)<br />
5º-) Solicitação ao Rei de Portugal<br />
Percebendo claramente os imensos problemas que eram já<br />
existentes : Com invasões ain<strong>da</strong> pequenas ; Com a economia ; Com os que<br />
poderiam advir nas fronteiras ; Para evitar mais desmandos , com muito<br />
bom senso , o Vice – Rei do Rio de Janeiro – Álvares <strong>da</strong> Cunha ,<br />
entendendo ain<strong>da</strong> que : - Poderiam Surgir Muito Mais Coisas<br />
Negativas com uma São Paulo Decadente , informa <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de<br />
recuperar a Capitania , mediante Governo Próprio e até mesmo<br />
Especial .<br />
Desta forma também fica isento dos problemas indicados .<br />
Dirige então um memorial ao rei , informando dos grandes<br />
problemas que poderiam surgir. Durante muito tempo as providencias<br />
espera<strong>da</strong>s não acontecem .<br />
Então, depois de 17 anos , em 1765, São Paulo vai voltar a ter<br />
Governador próprio . Volta a ser realmente Capitania , com a nomeação do<br />
“Morgado de Mateus”- D. Luiz Antonio de Souza para seu governador .<br />
Vinha com instruções especiais do Marquês de Pombal .<br />
Isto vai ocorrer 10 anos após assinatura do Tratado de<br />
Madrid , quando Portugal perdeu todo o receio de independência de São<br />
Paulo . To<strong>da</strong>s as terras <strong>da</strong> América do Sul ficaram perfeitamente<br />
dividi<strong>da</strong>s com a Espanha . Na<strong>da</strong> seria modificado .<br />
Então , em pouco tempo começará a ter recuperação<br />
deseja<strong>da</strong> .<br />
Como veremos posteriormente foi este ato essencial para<br />
manutenção <strong>da</strong>s atuais fronteiras, tanto com argentinos como com<br />
paraguaios .
O GOVERNADOR “MORGADO DE MATHEUS ”<br />
São Paulo volta ter Governo Próprio – Incremento para Instrução – Cui<strong>da</strong>do com as<br />
Fronteiras Paulistas – Expedições e Pesquisas na Região do Paraná – Apreciação do<br />
Governo de Morgado de Matheus<br />
1º-) São Paulo volta ter Governo Próprio<br />
As recomen<strong>da</strong>ções do Vice- Rei de Portugal, sediado no Rio de<br />
Janeiro, para o Rei de Portugal, indicando a necessi<strong>da</strong>de de nomeação de<br />
um governador para a Capitania de São Paulo, finalmente tiveram<br />
providencias . A Capitania voltaria a ter autonomia para sua direção ,<br />
saindo <strong>da</strong> tutela degra<strong>da</strong>nte que ocorria .<br />
Porem isto somente vai ocorrer depois <strong>da</strong> assinatura do Tratado<br />
de Madrid, quando então não mais existia possibili<strong>da</strong>de de paulistas<br />
tentarem nova independência . Assim, atendendo o pedido , foi nomeado D.<br />
Luiz Antonio de Souza , também conhecido como “Morgado de Matheus”<br />
para o governo de São Paulo .<br />
O novo governador veio com muitas recomen<strong>da</strong>ções ,<br />
especialmente do Marquês de Pombal . Chegava imbuído de muita vontade<br />
de acertar os antigos problemas , ocorridos pelos muitos desmandos , de<br />
uma gestão realiza<strong>da</strong> á distância . Vai demonstrar que dirigir São Paulo<br />
sentado na Guanabara não funcionava .<br />
Porem aconteceram muitas coisa durante a longa espera na deci<strong>são</strong><br />
de Portugal voltando <strong>da</strong>r autonomia para São Paulo . Era necessário acertar<br />
tais ocorrências , depois de São Paulo voltar a ter autonomia governativa .<br />
Morgado de Matheus já pelas suas primeiras medi<strong>da</strong>s começa a ter<br />
apoio <strong>da</strong> população paulista .<br />
Recomeça o cultivo de cana e a produção de açúcar , com a<br />
reforma dos antigos engenhos e implantação de novos . A vocação para<br />
esta possibili<strong>da</strong>de já existiam desde Martim Affonso de Souza que<br />
construiu o primeiro engenho no Brasil e logo se produziu açúcar .<br />
Em paralelo foi incrementa<strong>da</strong> to<strong>da</strong> as demais áreas <strong>da</strong> agricultura e<br />
bem como a criação de gado , nota<strong>da</strong>mente vacum e cavalar . Estas<br />
medi<strong>da</strong>s vão agora poder possibilitar a fixação do homem paulista na terra .<br />
Isto seria naquele momento de extrema importância , pois com per<strong>da</strong> dos<br />
territórios e a anterior i<strong>da</strong> dos paulistas para Minas Gerais , Mato Grosso e<br />
Goiás , agora territórios perdidos , a Capitania havia ficado bem reduzi<strong>da</strong><br />
em numero de habitantes .<br />
2º-) Incremento para a Instrução<br />
Também Morgado de Matheus vai possibilitar e melhorar a<br />
instrução para o homem de São Paulo . Incentiva e determina criação de<br />
escolas e promoção de professores . Rapi<strong>da</strong>mente e em pouco tempo o<br />
implemento <strong>da</strong> educação e aprimoramento escolar vai produzir frutos e<br />
permitir melhorar a cultura na região .
Em São Paulo já despontavam alguns de seus filhos . Entre<br />
aquelas figuras históricas e de grande capaci<strong>da</strong>de intelectual , vamos<br />
encontrar : 1- Bartolomeu de Gusmão - o inventor do balão tripulado e<br />
devi<strong>da</strong>mente demonstrado em Portugal , com a presença de representante<br />
do Papa ; 2- Seu irmão Alexandre de Gusmão - assessor do rei de Portugal<br />
e responsável pela parte portuguesa no Tratado de Madrid ; 3- do<br />
historiador Frei Gaspar <strong>da</strong> Madre de Deus e de José Feliciano Pinheiro . 4-<br />
Logo em segui<strong>da</strong> viriam despontar os irmãos Andra<strong>da</strong>s. Todos eles<br />
engrandeceram o Brasil e contribuíram em muito para sua independência .<br />
Morgado de Matheus começa em paralelo apoiar o surgimento<br />
de pequenas industrias e manufaturas . São elas quase sempre caseiras no<br />
seu início . Porem começam operar, tanto em pequenas tecelagens , em<br />
cerâmicas , cutelaria , serralheria , produção de artigos de couro e tudo<br />
mais que poderia ter simplici<strong>da</strong>de . Porem vai gra<strong>da</strong>tivamente evitar saí<strong>da</strong><br />
do dinheiro <strong>da</strong> região . O apoio dos paulistas é geral .<br />
A Capitania naquela época ain<strong>da</strong> é muito pobre mas ao menos vai<br />
lutando para criar alguma estabili<strong>da</strong>de econômica e financeira .<br />
Cui<strong>da</strong>dos nas Fronteiras <strong>da</strong> Capitania de São Paulo - Região do<br />
Paraná – Expedições .<br />
Por outro lado a preocupação com as fronteiras oeste,<br />
nota<strong>da</strong>mente aquelas com o Paraguai , situa<strong>da</strong>s na região do Paraná ( ain<strong>da</strong><br />
parte não desmembra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Capitania de São Paulo ), começam a ter<br />
melhores perspectivas no que tange a possibili<strong>da</strong>de de fixação dos paulistas<br />
naquelas terra . Pelas novas diretrizes vai ficar viável criar novas<br />
povoações e vilas naqueles limites do Brasil. Alem do mais <strong>são</strong> prometidos<br />
recursos contínuos para este fim . Assim <strong>são</strong> toma<strong>da</strong>s novas medi<strong>da</strong>s neste<br />
sentido. O governo paulista convoca elementos experientes para realização<br />
de expedições e pesquisas de minerais naquelas regiões fronteiriças . Entre<br />
aquelas expedições realiza<strong>da</strong>s destacamos as seguintes :<br />
1- Em 1.767 o Cel. Francisco Pinto do Rego fica encarregado de<br />
reconhecer a situação dos sertões de Tibagí . Ele segue e vai<br />
alcançar a região de Apucarana . Porem , não tendo ain<strong>da</strong><br />
meios suficientes para terminar seu trabalho, retorna<br />
antecipa<strong>da</strong>mente sem finalizar suas analises e conclusões,<br />
bem como sem <strong>da</strong>r providencias para fixar gente nas terras do<br />
Paraná . Não chegara até aquele momento os recursos<br />
possíveis para tanto ;<br />
2- Em 1.769 o governo paulista vai receber os recursos previstos,<br />
com atraso de uma ano . Provisiona o necessário para<br />
começar o reconhecimento e fixação de gente nas terras do<br />
oeste . Uma expedição com 650 homens , coman<strong>da</strong>dos por
André Dias de Almei<strong>da</strong> e Ten. Bento Cardoso Siqueira é<br />
prepara<strong>da</strong> . Eles saem pelo rio Tietê , através do porto de<br />
Araritaguava , hoje Porto Feliz / SP , em 21 canoas e 6<br />
batelões . Seu objetivo : Explorações sobre possibili<strong>da</strong>des<br />
minerais na região e povoamento na região oeste do Paraná ,<br />
especialmente na locali<strong>da</strong>de denomina<strong>da</strong> Ivahi . Ali eles vão<br />
chegar depois de 57 dias de navegação fluvial . Vão demarcar<br />
áreas e verificar as antigas Missões espanholas destruí<strong>da</strong>s<br />
anteriormente pelos bandeirantes na luta por aquela terra .<br />
Pesquisam minerais e praticamente iniciam a fixação de gente<br />
paulista naquelas terras ;<br />
3- Complementando a diretiva do governo de São Paulo , logo<br />
em segui<strong>da</strong> , em 1.770 , segue para o mesmo destino duas<br />
companhias coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s por João Martins de Barros . Todo<br />
seu caminho até Ivahi é o mesmo anterior . Então acontece o<br />
encontro . As duas expedições se unem naquela locali<strong>da</strong>de e<br />
depois atravessam o Paraná . Navegando vão alcançar a área<br />
denomina<strong>da</strong> Igatemi . Ali vão efetuar plantações para<br />
implantação e manutenção de uma futura pequena colônia<br />
paulista . Na margem esquer<strong>da</strong> do rio constroem o Forte dos<br />
Prazeres , edificando ain<strong>da</strong> um presídio de mesmo nome . Ao<br />
lado <strong>da</strong>quelas construções vão se fixar inicialmente 1.220<br />
pessoas vin<strong>da</strong>s de São Paulo . O governo paraguaio reclama e<br />
exige a desocupação <strong>da</strong> área. Como resposta o governo de São<br />
Paulo , por carta , na<strong>da</strong> explica muito bem ou justifica . Por ali<br />
vão continuar os paulistas . Entretanto , aquela gente vem<br />
sofrer contínuos problemas de saúde , pois a região era<br />
constituí<strong>da</strong> por muitos terrenos paludosos . Aqueles pântanos<br />
propiciavam por isto mesmo doenças tropicais (malária<br />
provavelmente ) , difíceis de serem controla<strong>da</strong>s na época .<br />
Pouco tempo depois , aproxima<strong>da</strong>mente 3 anos , um rápido<br />
recenseamento demonstra que aquela gente já estava reduzi<strong>da</strong><br />
para 562 habitantes . Com a febre tomando quase todos é<br />
determina<strong>da</strong> urgente saí<strong>da</strong> geral. Isto é feito rapi<strong>da</strong>mente ,<br />
indo aquelas pessoas para outra área do oeste paranaense . A<br />
preocupação e a pressa eram tantas que deixam tudo como<br />
estava , inclusive peças pesa<strong>da</strong>s de artilharia . Com abandono<br />
do local pelos brasileiros por ali chegam os paraguaios .<br />
Recolhem o que lhes possa interessar e em segui<strong>da</strong> destroem<br />
o forte ;
4- Para a região de Tibagí vai seguir a expedição de Bruno <strong>da</strong><br />
Costa Silveira. Ele sai em 1.769 via rio Iguaçu e seguir até o<br />
rio Verde . Dali para frente não existe mais possibili<strong>da</strong>de de<br />
navegação . O pessoal de sua expedição vai começar povoar<br />
aquela parte do Paraná com sucesso ;<br />
5- Em 1770 Francisco Pereira segue para o Salto de Guairá .<br />
Infelizmente irá falecer naquele mesmo ano . O restante de<br />
sua expedição se espalha por to<strong>da</strong> região paranaense ;<br />
6- Também em 1.770 , Antonio <strong>da</strong> Silveira Peixoto vai seguir<br />
para as matas de Tibagí , pois por ali ain<strong>da</strong> existia a esperança<br />
de encontrar ouro .Com sete canoas , embarcando no porto de<br />
Conceição ele segue para o local com sua expedição . Navega<br />
cerca de oitenta léguas . Depois vai por terra pesquisando<br />
minerais durante todo um ano . Quando voltava pelo rio<br />
Paraná encontra força paraguaias com 100 sol<strong>da</strong>dos . É preso<br />
com sua gente e levado para Buenos Aires . Depois de algum<br />
tempo de pri<strong>são</strong> <strong>são</strong> libertados e ficam obrigados a esmolar na<br />
ci<strong>da</strong>de para poder viver . O governo português na<strong>da</strong> fez para<br />
salvaguardá-los ou resgatá-los . Quando conseguem voltar<br />
para São Paulo estavam doentes e envelhecidos<br />
prematuramente . Apenas tinham um orgulho muito grande .<br />
Aquele de ter servido sua terra ;<br />
7- A última expedição realiza<strong>da</strong> no governo do Morgado de<br />
Matheus foi realiza<strong>da</strong> pelo Ten. Candido Xavier de Souza .<br />
Coman<strong>da</strong> apenas 34 sol<strong>da</strong>dos e vai efetuar levantamentos<br />
também na região do Paraná . Sai em duas grandes canoas do<br />
Porto de Capivaras . Seguem pelo rio Iguaçu e a seguir pelo<br />
rio Mourão . Depois por terra caminham 24 dias e alcançam<br />
os campos de Guarapuava . Ali constroem o Forte “Do<br />
Carmo”. Ele será o começo e inicio <strong>da</strong> atual ci<strong>da</strong>de de<br />
Guarapuava /Paraná .<br />
Apreciação do Governo Morgado de Matheus<br />
Em reali<strong>da</strong>de devemos considerar este período como uma época<br />
em que ocorria transição , entre a inoperância e incapaci<strong>da</strong>de administrativa<br />
realiza<strong>da</strong> a distancia , no Rio de Janeiro , e o reinício de auto governo pela<br />
própria Capitania . O reinício é sempre difícil . Morgado de Matheus veio<br />
imbuído do maior empenho e tendo algum apoio do governo português.<br />
Por isto mesmo foi ain<strong>da</strong> induzido e ficou inclinado a procurar ouro<br />
e outras riquezas nas ultimas áreas de outros estados que ain<strong>da</strong> pertenciam
aos paulistas . Os resultados sob este aspecto não foram os melhores , para<br />
não dizer péssimos.<br />
Entretanto seu governo vai ter muito relevo e muita importância :<br />
1-Na fixação <strong>da</strong>s fronteiras junto ao Paraguai .<br />
2- Na reativação de negócios em geral .<br />
3- Ain<strong>da</strong> na agricultura e pecuária .<br />
A Capitania continuou muito pobre e com grandes dificul<strong>da</strong>des<br />
financeiras .<br />
Foram cria<strong>da</strong>s muitas povoações e pequenas vilas . Apesar deste<br />
fato a população <strong>da</strong> Capitania não cresceu naquele momento . Apenas se<br />
dividiu ocupando mais áreas .<br />
Os melhores resultados estavam a caminho mediante melhoria de<br />
instrução , ressurgimento <strong>da</strong> agricultura e dos engenhos de cana , criação de<br />
gado , permis<strong>são</strong> e incentivo as manufaturas . Isto vai levar ain<strong>da</strong> algum<br />
tempo .<br />
Para atenuar as dificul<strong>da</strong>des e animar o povo <strong>da</strong> terra não faltaram<br />
contínuos elogios de Portugal , como era de seu costume quando precisava<br />
de providencias e soluções para suas necessi<strong>da</strong>des . Neste caso era a<br />
preocupação com as fronteiras junto ao Paraguai , por muitos anos<br />
abandona<strong>da</strong> pela gestão do Rio de Janeiro .<br />
De uma destas informações elogiosas , entre tantas outras ,<br />
destacamos a seguinte :<br />
“ São os paulistas , grandes servidores de sua majestade . No seu<br />
real nome fazem tudo quanto se lhes ordena , expõem aos perigos a própria<br />
vi<strong>da</strong> e gastam tudo quanto têm e vão até o fim do mundo sendo necessário.<br />
O seu coração é alto , grande e animoso .... <strong>são</strong> robustos , fortes e sadios ,<br />
capazes de sofrer os mais intoleráveis trabalhos ...oferecem-se para<br />
acometer todos os perigos.”<br />
( Informações do Governo Português em 11 de Dezembro de 1.766 ) ?!?
MARTIM LOPES - GOVERNO MUITO MAU CARATER<br />
Invasões no R. G. do Sul e Sta. Catarina – Alterações na Administração de São Paulo – O<br />
Novo Governador : Martim Lopes – Criação Legião de São Paulo / Voluntários de Santos<br />
I<strong>da</strong> destes Sol<strong>da</strong>dos para o Sul – Mais Desmandos de Martim Lopes : “ O chapéu <strong>da</strong>s<br />
Paulistas”/ “O Pregador <strong>da</strong> Madruga<strong>da</strong>”/ “Pri<strong>são</strong> <strong>da</strong> Câmara de Ubatuba”/ “Pri<strong>são</strong> do Cel.<br />
Policarpo”/ “ Doações Obrigatórias”- Assassinato por Ordem do Governador .<br />
I- – Invasões no R. G. do Sul e Santa Catarina<br />
Em 1.700 , como decorrência de nova guerra contra Espanha,<br />
causa<strong>da</strong> pela suces<strong>são</strong> espanhola , Portugal se alia a Inglaterra e a Holan<strong>da</strong>.<br />
Eles entendiam que o trono não era devido ao herdeiro então indicado : -<br />
Phelippe D’Anjou – neto de Louis XIV .<br />
Como primeira conseqüência e Espanha invade nossa colônia de<br />
Sacramento . Ela somente foi restituí<strong>da</strong> depois de 30 anos .<br />
Tempos depois , já em 1.775, com nova guerra , nova inva<strong>são</strong> dos<br />
espanhóis irá ocorrer não só em Sacramento . Logo em segui<strong>da</strong> tropas<br />
espanholas, estima<strong>da</strong>s em 20.000 homens , apoia<strong>da</strong>s por forte esquadra ,<br />
invadem a ilha de Florianópolis , em Santa Catarina .<br />
II- Alterações na Administração de São Paulo<br />
Neste meio tempo o governador paulista é destituído , apesar <strong>da</strong>s<br />
boas medi<strong>da</strong>s administrativas , implanta<strong>da</strong>s por Morgado de Matheus em<br />
São Paulo , muitas delas ain<strong>da</strong> em an<strong>da</strong>mento e por isto mesmo ain<strong>da</strong> nem<br />
começando <strong>da</strong>r frutos finais . Sem maiores analises <strong>da</strong>s perspectivas de<br />
bons resultados ele foi destituído <strong>da</strong> governança .<br />
Era uma determinação do governo português que ficara frustrado<br />
com os resultados negativos alcançados pelas pesquisas de minerais e<br />
busca de ouro na região do Paraná . Então aproveita a oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
nova guerra para substituição de Morgado de Mateus .<br />
As expedições realiza<strong>da</strong>s durante todo o seu governo<br />
comprovaram que riquezas minerais , principalmente de ouro ou prata ,<br />
não mais existiam ou estavam esgota<strong>da</strong>s no oeste paulista , precisamente no<br />
então território do Paraná . Por isto mesmo Morgado de Matheus foi<br />
exonerado sem muitas delongas do Governo de São Paulo .<br />
Alem do mais as lutas contra Espanha estavam retornando . Era<br />
preciso toma<strong>da</strong> de medi<strong>da</strong>s militares . Era preciso arregimentar brasileiros<br />
para a luta . Entretanto, como sempre , somente paulistas serão<br />
responsáveis pelos maiores encargos militares .<br />
III - Novo Governador = Martim Lopes<br />
Martim Lopes indicado diretamente por Lisboa vai tomar as rédeas<br />
<strong>da</strong> Capitania paulista em Junho de 1.775.<br />
Uma de suas primeiras medi<strong>da</strong>s foi recrutar jovens , praticamente<br />
com uso de força , para a formação de dois corpos militares . Isto foi feito
mediante ameaça de pri<strong>são</strong> para aquele que rejeitasse , tanto a convocação<br />
como a obrigatorie<strong>da</strong>de de se submeter as ordens militares . Era <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
sequência conforme o que fora ordenado pelo governo <strong>da</strong> metrópole<br />
portuguesa.<br />
Então pouco interessava que o convocado fosse arrimo de família,<br />
que estivesse doente ou que fosse indispensável na lavoura familiar . Era<br />
preciso atender as ordens de Lisboa .<br />
O governador , sem muito analisar , entendia que assim era<br />
necessário , pois ele mesmo poderia ficar sob suspeita e até ter ameaça<strong>da</strong> a<br />
sua nova administração, caso não conseguisse formar aqueles dois corpos<br />
de exércitos , muito rapi<strong>da</strong>mente .<br />
Pouco importava que estivesse com falta braços a lavoura paulista. .<br />
Nem a pobreza momentânea em que vivia a Capitania . A prepotência do<br />
governador imperava sobre tudo . O volume de recrutas determinado , alem<br />
do mais não era , nem em principio , nem em na reali<strong>da</strong>de , compatível com<br />
aquela população existente então em São Paulo.<br />
Das outras <strong>capitania</strong>s praticamente ninguém foi convocado ,<br />
ninguém veio e na<strong>da</strong> foi exigido . Não vieram nem armas , nem alimentos.<br />
De Portugal só vieram ordens e coman<strong>da</strong>ntes .<br />
Para defender o território nacional sempre existiriam os paulistas .<br />
Sempre .<br />
Na forma em que foi feito o recrutamento , deixou definitivamente<br />
to<strong>da</strong> a população paulista contra Martim Lopes . Paulistas não se negavam<br />
a lutar . Mas o recrutamento alem de forçado foi realizado sem critérios .<br />
Todos foram convocados indiscrimina<strong>da</strong>mente . Com doentes , com velhos<br />
e até incapazes .<br />
Alem do mais os sol<strong>da</strong>dos não eram voluntários como foi<br />
exaustivamente propalado . Eram na reali<strong>da</strong>de sol<strong>da</strong>dos cativos , obrigados<br />
por força a entrar para o exercito . Prevalecia a prepotência sempre<br />
utiliza<strong>da</strong> contra paulistas !<br />
Em 1.775 a juventude de São Paulo iria mais uma vez lutar pelo<br />
Brasil . Mais uma vez no extremo Sul do Brasil .<br />
IV- “ Voluntários Reais de São Paulo” – O “Regimento de Infantaria<br />
de Santos”<br />
A formação destes militares de São Paulo foi dividi<strong>da</strong> em dois<br />
grupos distintos . Isto acontecia pois estava ligado aos seguintes fatos :<br />
1- A Guerra que ocorria entre Portugal e Espanha permitiu a<br />
iniciativa de inva<strong>são</strong> dos castelhanos nas áreas sul brasileiras .<br />
2- No Rio Grande do Sul estas invasões espanholas , foram<br />
acometi<strong>da</strong>s pelo seu exercito argentino. Aconteceram em vários pontos<br />
<strong>da</strong>quela região , durante o ano de 1.775 .
3- Alem deste fato ocorrido no extremo sul , ain<strong>da</strong> ocorria<br />
inva<strong>são</strong> de Santa Catarina por um outro exercito espanhol / argentino , com<br />
20.000 homens que para lá se deslocou , mediante apoio de frota espanhola.<br />
Assim acontecendo foram toma<strong>da</strong>s as seguintes providencias :<br />
A- Para o Rio Grande do Sul : Parte dos Voluntários Reais de<br />
São Paulo seguirá por terra , acompanhando então a Cavalaria <strong>da</strong> mesma<br />
Legião .<br />
A força militar paulista fora na ocasião separa<strong>da</strong> , ou melhor dito ,<br />
dividi<strong>da</strong>s duas Companhias. A Primeira Companhia vai para o sul sob<br />
comando do Capitão José Fortes , seguindo com a ela também nossa<br />
artilharia .<br />
A Segun<strong>da</strong> Companhia seguirá logo depois , coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo<br />
Capitão Joaquim Pinto de Moraes Leme . As duas Companhias se dirigem<br />
para o interior do Rio Grande .<br />
To<strong>da</strong> Legião dos Voluntários Reais de São Paulo então vai estar<br />
lutando sob o comando do Gal. Rafael Pinto Bandeira .<br />
Estes dois grupos militares , formadores <strong>da</strong> Legião de Voluntários<br />
Reais Paulistas , iriam ficar no Rio Grande do Sul durante praticamente 5<br />
anos , somente tendo autorização para retorno em 1.780 , depois de<br />
derrotarem o exercito espanhol / argentino que invadira regiões gaúchas.<br />
Isto acontece ao mesmo tempo em que acordo de paz é assinado<br />
ficando Sacramento para os espanhóis que em contraparti<strong>da</strong> irão sair de<br />
Santa Catarina .<br />
B- Para Santa Catarina : Seguiu o Regimento de Infantaria de<br />
Santos , tendo embarcado naquele porto de São Paulo, em 1.776 . Vão <strong>da</strong>r<br />
combate às tropas do espanhol General Cevallos . Ele que com 20,000<br />
homens em armas tentara , através desta inva<strong>são</strong> , a toma<strong>da</strong> definitiva <strong>da</strong>s<br />
terras de Santa Catarina .<br />
Logo depois <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tropas de Santos , já nos primeiros<br />
combates , as nossa forças foram conseguindo derrotar rapi<strong>da</strong>mente o<br />
general espanhol e seus exércitos .<br />
Assim sendo , acabam , por acordo , desistindo <strong>da</strong> região .<br />
Este corpo de Infantaria Paulista , mesmo depois de liqui<strong>da</strong><strong>da</strong> a<br />
força dos castelhanos invasores e mesmo depois do acordo firmado,<br />
somente poderá retornar para São Paulo no mesmo ano em que as outras<br />
tropas paulistas tem autorização de regressar , ou seja: em 1.780 ,<br />
praticamente 5 anos depois do conflito .<br />
V - Mais Desmandos de Martim Lopes<br />
Entre as muitas outras coisas que tornaram detestável o<br />
governador indicado por Portugal para São Paulo , vamos relacionar<br />
algumas <strong>da</strong>s ações e desmandos de Martim Lopes , realiza<strong>da</strong>s inteiramente<br />
contra população paulista . Entre elas :
A-“Chapéus <strong>da</strong>s Paulistas” – Como não gostava que as senhoras<br />
fossem para missa , usando chapéus e trazendo o rosto coberto por véus ,<br />
entendendo que isto era um “desserviço para Deus” , ordenou que nenhuma<br />
mais fosse para missa usando qualquer tipo de chapéu , sob pena de ser<br />
leva<strong>da</strong> para pri<strong>são</strong> .<br />
Imagine a revolta <strong>da</strong>s mulheres de São Paulo ;<br />
B- O “Pregador <strong>da</strong> Madruga<strong>da</strong>” – Pelas suas malvadezas , por seus<br />
desmandos , por suas o incúrias , por seu mal caráter revelado em<br />
orgias , surgiu alguém com coragem para denunciar o governador.<br />
Este desconhecido começou aparecer pelas madruga<strong>da</strong>s gritando<br />
palavras que condenavam as incúrias do governador . Era um<br />
individuo inteiramente desconhecido . Acontecia sua aparição<br />
durante altas horas <strong>da</strong> noite . An<strong>da</strong>ndo pelas ruas de São Paulo ,<br />
escondido nas sombras , aquele individuo ia revelando , em voz<br />
muito alta e as vezes em gritos , tais desmandos e a falta de caráter<br />
do governador. Então a única medi<strong>da</strong> toma<strong>da</strong> pelo governador não<br />
foi parar ou esconder suas ban<strong>da</strong>lheiras. Tentou de to<strong>da</strong>s as formas<br />
encontrar quem falava ver<strong>da</strong>des de madruga<strong>da</strong> . Determinou :<br />
“Pri<strong>são</strong> para aquele que abusava do direito de falar , devendo ser<br />
atirado pelas pernas em caso de resistência” . Por sorte ninguém foi<br />
encontrado ;<br />
C-Câmara de Ubatuba – Porque os membros <strong>da</strong>quela Câmara<br />
continuassem a criticar e censurar os atos iníquos do governador, então<br />
Martim Lopes ordenou ao Mestre de Campo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , seu apaniguado : “<br />
Ponha em arresto to<strong>da</strong> a Câmara <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong>de . Traga como presos todos<br />
seus membros até minha presença, pois <strong>são</strong> abomináveis suas condutas” ;<br />
D- Cel. Policarpo Joaquim de Oliveira – Procedimento de<br />
vingança pessoal ocorreu em 1.780 contra o sisudo e respeitável<br />
Coronel . O Governador o acusava de ser o “Cabeça de uma<br />
Revolta” , pois afirmava que ele haveria espalhado que “...o<br />
Governador havia sido exonerado do cargo” . Então dizia e<br />
repetia :<br />
“Ele assim estava assustando o povo”. O que aconteceu na<br />
reali<strong>da</strong>de foi que Martim Lopes tinha se ausentado de São Paulo ,<br />
indo até o Rio de Janeiro , sem aviso . Então o povo falou . O<br />
Coronel na<strong>da</strong> havia dito ou comentado . Mas era inimigo político<br />
do governador . Bastou para ser levado a pri<strong>são</strong> , em cárcere<br />
privado , com sentinela à vista . Ali ficou muito tempo , somente<br />
saindo <strong>da</strong> pri<strong>são</strong> com a chega<strong>da</strong> de um novo governador . Antes
disto caiu enfermo com a insalubri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pri<strong>são</strong> de Santos . Nem<br />
assim Martim Lopes permitiu sua mu<strong>da</strong>nça para outra pri<strong>são</strong>.<br />
Informava : “Não tenho na<strong>da</strong> com a saúde do Coronel . Isto até é<br />
bom para curar a soltura <strong>da</strong> sua língua” Depois foi contra o médico<br />
que recomendou a mu<strong>da</strong>nça de pri<strong>são</strong>;<br />
E- Contribuição Obrigatória – Visando despontar , para o governo<br />
do Vice Rei situado no Rio de Janeiro, como grande administrador,<br />
Martim Lopes deseja efetuar reparações na antiga estra<strong>da</strong> que<br />
seguia para Santos . Para tanto não espera nem ordens nem<br />
recursos que deveriam vir <strong>da</strong> metrópole .<br />
Arbitrou uma contribuição força<strong>da</strong> e com exação vexatória para<br />
todos os paulistas . Não entendia a pobreza que ain<strong>da</strong> existia em<br />
São Paulo na ocasião , pois vivia nababescamente .<br />
Alem do mais ia recriminando por falta de patriotismo aqueles<br />
contribuintes que , por deficiência de meios , não entravam com as<br />
quantias avulta<strong>da</strong>s exigi<strong>da</strong>s aleatoriamente .<br />
VI- Um Assassinato Oficial Realizado por Ordem do Governador<br />
( Vide “Província de São Paulo”- Machado Oliveira – Pgs .168,169, 170 )<br />
Alem de ser prepotente , este dirigente estrangeiro , impingido<br />
aos paulistas , era ain<strong>da</strong> devasso . Sua vi<strong>da</strong> intima era coberta de torpezas .<br />
Convivia com gente de péssima reputação , de aproveitadores imorais e de<br />
corruptos. Fazia , sob pretexto de fiscalizar as construções na estra<strong>da</strong> de<br />
Santos , sua residência temporária em um sitio situado em São Caetano ,<br />
fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de . Ali participava de orgias , de libações e de todo tipo e de<br />
reuniões imorais .<br />
Também ali Antonio Lobo Lopes , filho deste governador e<br />
considerado grande devasso, promovia todo tipo orgia , de lascívia . To<strong>da</strong>s<br />
aprova<strong>da</strong>s pelo pai governador e sua caterva . Ali ain<strong>da</strong> promovia pequenos<br />
espetáculos imorais acompanhados por musica . Serviam de base para<br />
grandes cenas de devassidão que normalmente terminavam em total orgia<br />
que duravam dias .<br />
Em uma destas festas , onde álcool não poderia faltar , depois de<br />
algum tempo , Antonio Lobo Lopes chamou um de seus comparsas . Era<br />
ele Caetano José <strong>da</strong> Costa – o “Caetaninho”- musico tocador de clarim e<br />
rabeca . Então pediu que tocasse uma peça musical de seu gosto . Como<br />
Caetaninho , por estar alcoolizado , demorasse ou não quisesse apresentar a<br />
tal musica , foi esbofeteado pelo filho do governador , que não estava na<strong>da</strong><br />
sóbrio .<br />
A reação foi imediata . Caetaninho , muito bêbado , avançou<br />
com uma pequena faca e o feriu, fazendo ligeiro corte entre a orelha e o<br />
pescoço . O ferimento foi muito pequeno mas a repercus<strong>são</strong> que ocorrerá
por parte do governador foi enorme , causando até morte , como veremos .<br />
Vai começar uma odisséia para o tal Caetaninho , que será abaixo<br />
relata<strong>da</strong> :<br />
* A tal festa terminou imediatamente em alta gritaria ;<br />
* Alguém mentindo por interesse , sem ser médico , caracterizou ,<br />
aquele pequeno ferimento de apenas arranhadura , como gravíssimo, o qual<br />
até comprometeria a vi<strong>da</strong> do paciente ferido ;<br />
* Caetaninho foi preso, espancado e levado a pé , com cor<strong>da</strong> ata<strong>da</strong> ao<br />
seu pescoço , para a ci<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> vestindo fantasia, reunindo assim o<br />
burlesco ao horrível ;<br />
* Foi aberto processo contra Caetaninho . O governador mudou o<br />
Processo Civil para alça<strong>da</strong> do Conselho de Guerra , para ser julgado<br />
conforme Legislação Militar ;<br />
* Este Conselho, com três votos discor<strong>da</strong>ntes, o condenou para<br />
pri<strong>são</strong> perpetua ;<br />
* O Governador berrou contra e cancelou a sentença. Convocou novo<br />
Conselho, desta vez formado com maioria de seus apaniguados . Ele pedia<br />
a pena máxima ?!!? ;<br />
* Como era esperado o réu foi condenado à morte .<br />
O governador exultou e deixou de usar luto, que vestia desde o<br />
acontecimento ocorrido na tal festa ;<br />
* No dia <strong>da</strong> execução Caetaninho foi obrigado a passar a pé em frente<br />
a casa do Governador. Antes disso sua esposa fora pedir para Martim<br />
Lopes , de joelhos , perdão para Caetaninho . Ele foi negado prontamente .<br />
Não houve outro recurso . O governador ninguém ouvia . Caetaninho foi<br />
enviado para a execução . Morreu na forca .<br />
Depois disto , durante vários dias foram realiza<strong>da</strong>s comemorações<br />
pelo Governador .<br />
O povo paulista de forma alguma se acomo<strong>da</strong>va com o que vinha<br />
acontecendo e com tudo o que já tinha acontecido anteriormente . A revolta<br />
foi crescendo dentro <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de paulista que decidiu denunciar tais<br />
desmandos criminosos .<br />
Vai caber ao honrado diocesano frei Manoel <strong>da</strong> Conceição<br />
denunciar , com todos detalhes , os tantos desmandos e crimes . Isto será<br />
feito diretamente para a rainha reinante D. Maria I . Ela não teve duvi<strong>da</strong>s e<br />
imediatamente destituiu o governador Martim Lopes .<br />
Então to<strong>da</strong> São Paulo comemorou festivamente o expurgo <strong>da</strong>quele<br />
Governador sem moral e digni<strong>da</strong>de ...<br />
Que ele não se perca pelo nome : Martim Lopes de Lobo<br />
Sal<strong>da</strong>nha
DOIS GOVERNOS DIFERENTES :<br />
1- FRANCISCO CUNHA MENEZES<br />
2- BERNARDO JOSÉ DE LORENA<br />
A Pobreza <strong>da</strong> Capitania – Francisco Cunha de Menezes /o Interesse de ser Vice-Rei –<br />
Bernardo José de Lorena –Disputa por Territórios Paulistas –Melhorias do Governo<br />
Lorena –Impostos e Obrigações com Portugal<br />
1º-) A Pobreza <strong>da</strong> Capitania -<br />
Depois de Martim Lopes os recursos dos paulistas , que naquele tempo já não<br />
eram muitos , escassearam tanto e de forma tão drástica que puseram mesmo em risco o<br />
desenvolvimento e a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Capitania . Não irão por isto mesmo acontecer<br />
grandes coisas em São Paulo durante algum tempo , principalmente com Francisco<br />
Menezes . Teremos uma época de estagnação.<br />
Tendo melhor liderança e decisivo apoio do governador Lorena , a Capitania<br />
demonstrará capaci<strong>da</strong>de para recomeçar seu desenvolvimento . Lembro que naquela<br />
época a escolha e nomeação dos governadores era feita diretamente por Portugal ,<br />
normalmente com imposição de portugueses para o cargo .<br />
Vejamos como foram e o que aconteceu naquela época :<br />
2º-) Francisco Cunha Menezes = o Interesse em ser Vice Rei<br />
A decadência começa despontar com força no início de seu governo . As<br />
pequenas industrias , as manufaturas e o comercio apresentam os maus resultados<br />
provenientes de tantas coisas negativas implementa<strong>da</strong>s pelo governo anterior . A força<br />
de trabalho <strong>da</strong> população continuava enfraqueci<strong>da</strong> com a parti<strong>da</strong> de tantos jovens que<br />
seguiram recrutados pelo exercito e foram combater no sul . A carência de braços vai<br />
ter reflexos fortes na agricultura . A mineração do ouro praticamente não mais existia ,<br />
pois já se conheciam os maus resultados <strong>da</strong>s pesquisas nas terras dos paulistas . To<strong>da</strong>s<br />
estas coisas geravam grande inércia . Grande desmotivação .<br />
O novo governador indicado por Portugal estava mais interessado em sua<br />
carreira do que ativar e dirigir a Capitania de São Paulo . Sua grande motivação era<br />
chegar ao cargo de Vice – Rei nas Índias . Não pretendia iniciar na<strong>da</strong> , pois na<strong>da</strong><br />
fazendo de novo não poderia errar . Por isto mesmo sua administração foi inócua . Na<strong>da</strong><br />
fez e na<strong>da</strong> tentou visando melhorar qualquer coisa em sua administração .<br />
Atendendo continuas solicitações do governo de Portugal , vai unicamente<br />
tentar , mesmo sabendo do possível insucesso , tentar achar ouro na Serra de Mongaguá,<br />
situado no litoral paulista . Isto irá ocorrer pois existia por ali muitas len<strong>da</strong>s de imensas<br />
riquezas . Nunca foram confirma<strong>da</strong>s , mesmo depois de procura<strong>da</strong>s e pesquisa<strong>da</strong>s .<br />
Eram realmente somente len<strong>da</strong>s . Infelizmente foram comprova<strong>da</strong>s após muitas<br />
despesas e trabalhos .<br />
Fato novo foi o retorno de parte dos “voluntários paulistas” ( na reali<strong>da</strong>de<br />
convocados a força ) que haviam lutado no sul brasileiro contra os castelhanos .<br />
Chegavam totalmente desmotivados. Tinham perdido muitos companheiros e pouco<br />
interesse havia entre eles pelo trabalho na lavoura ou nas manufaturas . Estavam<br />
desinteressados de to<strong>da</strong>s as coisas . Muitos começavam a beber .<br />
Felizmente para São Paulo vai aparecer nova força para desenvolver o<br />
trabalho na Capitania . Um novo governador .<br />
3º-) Bernardo José de Lorena - Disputas de Territórios Paulistas:
Para felici<strong>da</strong>de dos paulistas ele, em 1.788, vai tomar posse como governador<br />
<strong>da</strong> Capitania . Era parente de várias famílias nobres portuguesas. Tinha boa influência.<br />
Vinha imbuído de muito boa vontade . Por isto mesmo toma partido e posição favorável<br />
desde o início para as causas paulistas, mesmo nas “Questões de Limites” de fronteiras<br />
de São Paulo .<br />
Elas desde algum tempo vinham perturbando o sossego de seus habitantes<br />
pois outras <strong>capitania</strong>s tentavam tomar áreas físicas do território paulista.<br />
As principais deman<strong>da</strong>s , invasões e agressões eram origina<strong>da</strong>s por Minas<br />
Gerais, ocorri<strong>da</strong>s desde a luta contra os Emboabas e separação <strong>da</strong>s duas <strong>capitania</strong>s .<br />
Duas destas disputas com Minas se tornaram famosas :<br />
Aquela ocorri<strong>da</strong> na Serra de Cal<strong>da</strong>s , quando Minas ali instalou um Posto<br />
Fiscal Mineiro , dentro de território paulista. O governador reclamou oficialmente mas a<br />
solução oficial nunca veio. A inva<strong>são</strong> continuou . A área ocupa<strong>da</strong> de Cal<strong>da</strong>s ficou com<br />
Minas definitivamente .<br />
Outra destas outras disputas por terras ocorreu na locali<strong>da</strong>de de Capivari<br />
(atualmente Campos do Jordão) , então área do município de Pin<strong>da</strong>monhangaba . Ali ,<br />
<strong>da</strong> mesma forma , Minas estabeleceu um posto fiscal em território paulista . Entretanto ,<br />
naquela região o revide foi firme e forte . Foram os mineiros definitivamente expulsos<br />
de Campos do Jordão pelos paulistas do Vale do Paraíba .( Vide capitulo relatando o<br />
fato ) .<br />
Ain<strong>da</strong> ocorreu disputa com o Rio de Janeiro , especificamente na região de<br />
Piraí . Esta questão como as demais , em que São Paulo não pode agir com firmeza<br />
retomando as áreas invadi<strong>da</strong>s, a soluções finais foram adia<strong>da</strong>s eternamente . O<br />
Governador Lorena muito protestou com o governo central . Na<strong>da</strong> adiantou . Então por<br />
inércia do poder central perdemos mais um território . Existia interesse contra São<br />
Paulo proveniente do governo central .<br />
Ain<strong>da</strong> em seu governo foram realiza<strong>da</strong>s na região do Paraná , então parte <strong>da</strong><br />
Capitania de São Paulo , as demarcações necessárias de limites e fixação de fronteiras<br />
entre os governos <strong>da</strong> Argentina e do Brasil . Isto era urgente para evitar per<strong>da</strong> de áreas,<br />
não só para argentinos , como também para paraguaios .<br />
4º-) Melhorias Realiza<strong>da</strong>s pelo Governador Lorena<br />
Por sua determinação foi realizado o delineamento <strong>da</strong>s ruas existentes e o<br />
levantamento <strong>da</strong> planta topográfica <strong>da</strong> região que constituía a ci<strong>da</strong>de de São Paulo . Este<br />
trabalho foi executado pelo engenheiro Costa Ferreira . Isto servirá de base para o plano<br />
de edificações futuras .<br />
Construiu ain<strong>da</strong> as várias pontes reclama<strong>da</strong>s pelos moradores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e<br />
canalizou água para o chafariz <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , utilizando aquelas que eram bem límpi<strong>da</strong>s,<br />
existentes com denominação de “ Água dos Padres”.<br />
Entendia que uma boa administração não poderia abandonar as estra<strong>da</strong>s<br />
existentes na Capitania . Por isto mesmo inicialmente melhorou a estra<strong>da</strong> que alcançava<br />
o Vale do Paraíba e seguia depois para o Rio de Janeiro . O mesmo começa acontecer<br />
com as demais estra<strong>da</strong>s que se destinavam para o interior paulista .<br />
Cabe ain<strong>da</strong> destaque para a nova estra<strong>da</strong> que foi termina<strong>da</strong> entre Cubatão e<br />
Santos . Ela foi realiza<strong>da</strong> com contribuição dos comerciantes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Santos .<br />
De to<strong>da</strong>s as estra<strong>da</strong>s existentes a mais importante economicamente foi<br />
reforma<strong>da</strong> . Ela era existente entre o Município de Itu e a capital paulista . É preciso<br />
lembrar que naquela ocasião Itu passara a ser grande produtor de açúcar , atendendo<br />
ain<strong>da</strong> as necessi<strong>da</strong>des de todo sul brasileiro . O escoamento <strong>da</strong>quela produção precisou
<strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s reforma<strong>da</strong>s , pois grande parte <strong>da</strong>quele açúcar seguia depois para o reino.<br />
(vide : “Província de São Paulo – Machado D’Oliveira” – págs. 179/180)<br />
Visando mais fácil abertura para o sul teve inicio a construção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong><br />
entre Cananéia e Curitiba . Esta obra não foi termina<strong>da</strong> na ocasião, pois por ali ain<strong>da</strong><br />
estavam estacionados índios Carijós , os quais anteriormente ficavam na região situa<strong>da</strong><br />
entre Sorocaba e Itapeva . Dali haviam saído por ordenações militares <strong>da</strong>s tropas do<br />
Cel. Francisco Fiúza , indo para aquela serra que chega perto de Cananéia .<br />
5º-) Impostos e Contribuições Obrigatórias para Portugal<br />
Um grande problema fiscal existia . Já haviam passados mais de 40 anos<br />
que os paulistas vinham contribuindo obrigatoriamente para a Reforma de Lisboa<br />
Ela havia sido parcialmente destruí<strong>da</strong> por um terremoto acontecido em 1.755 . Desde<br />
então se esqueceram de parar a cobrança de tal contribuição força<strong>da</strong> que os paulistas<br />
vinham efetuando .<br />
A Câmara e o Governador paulista então muito reclamaram com as<br />
Cortes de Lisboa . Foi pedido o cancelamento para aquele tipo de imposto disfarçado .<br />
Portugal respondeu decretando que tal contribuição deveria durar ain<strong>da</strong> mais 10 anos ,<br />
justificando que era preciso recursos para reconstruir o Palácio do Rei .<br />
Apesar de muitos reclamos , que na<strong>da</strong> adiantaram , o monopólio de<br />
Portugal atrapalhava e onerava, tanto as importações como exportações . Foi proibido<br />
em 1.779 a Importação de Arroz . Deveria ter sua produção somente na região paulista .<br />
O Imposto do Sal , apesar dos muitos reclamos por sua absur<strong>da</strong> cobrança,<br />
ain<strong>da</strong> continuou por algum tempo , justificado que foi por carta <strong>da</strong> Rainha Maria I<br />
envia<strong>da</strong> ao povo do Brasil. A carta na reali<strong>da</strong>de na<strong>da</strong> tinha de conteúdo , nem na<strong>da</strong><br />
explicava . Apenas , mais uma vez , pedia mais colaboração dos paulistas .<br />
A Rainha Maria I, depois <strong>da</strong> morte de seu filho D. José , começou<br />
apresentar graves sintomas de perturbação mental . Por esta razão foi afasta<strong>da</strong><br />
temporariamente do trono de Portugal . Assumiu o comando do pais , como Príncipe<br />
Regente , seu único filho D. João , depois denominado D. João VI .<br />
Era o único filho que restava <strong>da</strong>queles seis que a rainha D. Maria I havia<br />
gerado em seu casamento .
DINAMICA DE ANTONIO MANUEL DE MELLO<br />
Observação Inicial- O Sucessor de Lorena = Cel. Manuel de Mello – Exortação de Açúcar e<br />
Excedentes Agrícolas – Produção de Adubos – Construção de Estra<strong>da</strong>s – Produção de Aço e<br />
Ferro - Fornecimento de Água para a Capital – Possível Luta no Sul contra Argentinos – A<br />
“Legião de São Paulo”.<br />
1º-) OBSERVAÇÃO INICIAL<br />
As ativi<strong>da</strong>des dos governos e governadores <strong>da</strong> Capitania de São<br />
Paulo , muito difíceis ou mesmo algumas vezes quase impossíveis de serem<br />
encontra<strong>da</strong>s nos livros didáticos atuais de <strong>História</strong> do Brasil , <strong>são</strong> agora<br />
relata<strong>da</strong>s nestas paginas , basea<strong>da</strong>s no trabalho realizado pelo historiador<br />
Machado D’Oliveira , em seu livro “Quadro Histórico <strong>da</strong> Província de São<br />
Paulo”.<br />
Como a ortografia <strong>da</strong> época foi altera<strong>da</strong> e o português utilizado<br />
na re<strong>da</strong>ção do livro ficou suplantado pelo tempo , com desuso de muitas<br />
palavras , pois o livro foi editado em 1.897, tendo portanto mais de um<br />
século , peço desculpas se o relato que agora apresento possa apresentar<br />
erros passíveis de correções ou não transmitir o conteúdo de um fato com<br />
maior perfeição .<br />
2º-) 1797- O sucessor de Governador Lorena :<br />
Cel. Antonio Manuel de Mello, ain<strong>da</strong> irá encontrar a Capitania de<br />
São Paulo empobreci<strong>da</strong> , mas pelo menos sem novas grandes per<strong>da</strong>s ou<br />
extravios <strong>da</strong> sua mão de obra mais jovem . Lembramos que muitos mais<br />
outros jovens poderiam ser encaminhados para a “Legião de São Paulo”<br />
onde , como outros recrutados anteriormente , serviriam como sol<strong>da</strong>dos ,<br />
bem longe de suas ci<strong>da</strong>des, principalmente no sul do pais . Sem novas<br />
convocações e recrutamentos forçados , a produção paulista na agricultura<br />
começava aumentar , mesmo porque tinha inicio a participação <strong>da</strong> boa mão<br />
de obra dos africanos . Eles que infelizmente vinham como escravos .<br />
3º-) Exportação de Açúcar e de Excedentes Agrícolas<br />
Por levantamentos , elaborados e compilados em documentos<br />
que o governo realizou , foi possível verificar que existia quase sempre<br />
grande estoque de açúcar disponível durante todo ano em São Paulo.<br />
Naquele tempo de monopólio o açúcar só poderia ser exportado para a<br />
Europa via Portugal . Isto estava trazendo per<strong>da</strong> <strong>da</strong> produção que ficava<br />
estoca<strong>da</strong> e sem comercio . Com o tempo se estragava. . Havia abun<strong>da</strong>ncia<br />
do produto em 1.797 .<br />
Por isto mesmo o governador Mello deliberou que um terço <strong>da</strong><br />
produção anual de açúcar poderia ser vendi<strong>da</strong> para qualquer porto <strong>da</strong><br />
América . Aquele monopólio de Portugal , com ven<strong>da</strong> de açúcar para os<br />
paises <strong>da</strong> Europa , praticamente não seria atrapalhado . A exportação era<br />
excedente <strong>da</strong> destina<strong>da</strong> aos portugueses e seria somente destina<strong>da</strong> para<br />
paises <strong>da</strong> América .
Esta determinação aconteci<strong>da</strong> em 1798 foi estendi<strong>da</strong> para o<br />
excedente de todos produtos agrícolas de São Paulo , sendo sido<br />
estabelecido que o porto de embarque poderia ser Santos , pois assim seria<br />
facilitado o controle exportado .<br />
4º-) Produção de Adubos<br />
Para incrementar ain<strong>da</strong> mais a produção agrícola na Capitania<br />
paulista aprovou duas medi<strong>da</strong>s de muita importância .<br />
Pela primeira ordenou a pesquisa de minerais que favorecessem<br />
agricultura agindo como adubos em terras paulistas . Em segui<strong>da</strong> aprovou a<br />
construção e o estabelecimento de uma Fabrica de Fertilizantes . Para tanto<br />
contou com os apoios decisivos de pessoas com bom conhecimento no<br />
assunto , entre elas Dr. Francisco Vieira Goulart e João Manso. As<br />
primeiras jazi<strong>da</strong>s de minerais próprios para agricultura foram encontra<strong>da</strong>s e<br />
demarca<strong>da</strong>s em Paranaíba .<br />
A extração apura<strong>da</strong> foi então transporta<strong>da</strong> via rio Tietê para a<br />
uni<strong>da</strong>de fabril . O administrador desta fabrica era o Cel. Policarpo Joaquim<br />
de Oliveira , aquele mesmo que fora preso injustamente pelo ex governador<br />
Martim Lopes .<br />
5º-) Construção de Estra<strong>da</strong>s<br />
A segun<strong>da</strong> medi<strong>da</strong> foi acabar a construção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> Cubatão<br />
- Santos , por onde passava a produção agrícola a caminho do porto . Ela<br />
era imprescindível para exportação . Para tanto o governador Mello se<br />
dirige a Câmara de Itu . Pede subscrições dos fazendeiros e usineiros de<br />
açúcar para o termino <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> , pois o maior proveito seria <strong>da</strong> própria<br />
Itu, em seu tempo o grande centro açucareiro <strong>da</strong> Capitania de São Paulo .<br />
Outra medi<strong>da</strong> importante foi autorizar ao Sargento-Mor<br />
Carlos Arru<strong>da</strong> de estu<strong>da</strong>r a viabili<strong>da</strong>de para abertura de estra<strong>da</strong> para Mato<br />
Grosso e Goiás . Os caminhos por rio ain<strong>da</strong> estavam sujeitos aos assaltos<br />
de indígenas tapuias .<br />
A estra<strong>da</strong> teria inicio em Piracicaba , devendo porem passar<br />
em Araraquara . Isto em paralelo traria progresso para várias regiões .<br />
Paralelamente reiniciou a construção <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> que ia de Mongaguá para<br />
Curitiba . Ela estava para<strong>da</strong> desde algum tempo .<br />
Preocupado com as terras dos poucos índios “Puris”ain<strong>da</strong><br />
existentes , praticamente degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s , nomeou o Marechal Arouche como<br />
Diretor Geral dos Índios, pedindo na ocasião estudos para posterior apoio<br />
financeiro para salva-los <strong>da</strong> miséria .<br />
6º-) Produção de Ferro e Aço<br />
Um dos destaques de sua gestão foi a toma<strong>da</strong> de cui<strong>da</strong>dos com<br />
as reservas de minério de ferro existentes em Araçoiaba – região de
Sorocaba . A área <strong>da</strong>s enormes reservas <strong>da</strong>quele minério estavam ocupa<strong>da</strong>s<br />
em seus derredores por diversos agricultores . Isto acontecia em razão de<br />
“Cartas de Sesmarias” passa<strong>da</strong>s pelo Governo do Morgado de Matheus .<br />
Por aquelas “Cartas de Sesmarias” as terras poderiam ser usa<strong>da</strong>s somente<br />
para agricultura mas não podiam ser vendi<strong>da</strong>s ou repassa<strong>da</strong>s para terceiros .<br />
Eram reservas técnicas <strong>da</strong> Capitania . Entretanto, começavam acontecer<br />
indevi<strong>da</strong>mente ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>quelas áreas .<br />
Depois de impedir tais procedimentos, em1.800, acompanhado<br />
do Cel. Candido Xavier de Almei<strong>da</strong> , segue o governador para o local <strong>da</strong>s<br />
jazi<strong>da</strong>s e junto com técnicos examina a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quele minério de ferro .<br />
Então é determina<strong>da</strong> a construção de três fornos biscainos para produção de<br />
ferro e aço .<br />
Em 1.803 tem inicio produção destina<strong>da</strong> aos mais variados<br />
fins, atendendo necessi<strong>da</strong>des existentes na Capitania .<br />
7º-) Fornecimento de Água para Capital<br />
Foram criados dois grandes condutores de água potável para a<br />
ci<strong>da</strong>de de São Paulo . Um deles foi destinado ao bairro <strong>da</strong> Luz . O outro<br />
não chegou a funcionar .<br />
8º-) Novas Lutas no Sul contra Argentinos – A “Legião de São Paulo”<br />
Como a Espanha apoiava inicialmente a França de Napoleão ,<br />
e como Portugal mantinha as ligações por “Tratados com a Inglaterra” , em<br />
1.801 novamente os argentinos tentam verbalmente recuperar as terras que<br />
tinham perdido para os bandeirantes . Pelo Tratado de Madrid aquelas<br />
terras no Rio Grande do Sul ficariam para sempre com o Brasil .<br />
Entretanto, mediante movimentação de tropas portenhas e ameaças vela<strong>da</strong>s,<br />
ficou claro a possibili<strong>da</strong>de de nova inva<strong>são</strong> contra o sul brasileiro.<br />
Não querendo receber surpresas dos castelhanos o governador<br />
Mello determina prontidão . Em segui<strong>da</strong> envia os reforços possíveis , mais<br />
uma vez para as tropas ali existentes e estaciona<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Legião de São<br />
Paulo. Todo esforço é feito para evitar invasões . É preciso lembrar que o<br />
Rio Grande do Sul foi parte integrante <strong>da</strong> Província de São Paulo ,<br />
existindo fortes ligações entre paulistas e gaúchos na ocasião .<br />
Uma parte destas tropas segue diretamente para as terras<br />
gaúchas . Outra parte , a “Infantaria de Santos” , vai para Santa Catarina a<br />
bordo <strong>da</strong> nau “Medusa”. Aquele local já havia sido invadido pouco anos<br />
antes . O porto de Paranaguá pelo mesmo motivo foi fortificado ficando em<br />
estado de defesa permanente . Mais uma vez <strong>são</strong> os paulistas que vão<br />
defender o Brasil .<br />
Aquele estado de beligerância não vai durar muito mais . Será<br />
suspenso pela assinatura do Tratado de Ba<strong>da</strong>józ .
O espírito militar obrigatório , em São Paulo não era muito<br />
aceito naquela época , tendo em vista como foram anteriormente<br />
“selecionados” os sol<strong>da</strong>dos . Praticamente a força . Para melhorar este<br />
relacionamento vão ser ativa<strong>da</strong>s boas medi<strong>da</strong>s incentivadoras do<br />
governador Mello . Mediante convenções , reuniões e festas que <strong>são</strong> então<br />
realiza<strong>da</strong>s no bairro <strong>da</strong> Luz , ele procura unir , motivar e incentivar os<br />
militares paulistas .<br />
Desta forma também parte dos “voluntários” que estavam fora<br />
<strong>da</strong> Capitania pode retornar para São Paulo . Alguns por algum tempo .<br />
Outros definitivamente . Aconteceu revezamento necessário .<br />
Houve em segui<strong>da</strong> reavaliação dos postos e dos méritos de<br />
ca<strong>da</strong> um , possibilitando aos oficiais as Promoções Julga<strong>da</strong>s Meritórias .
A VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL<br />
Durante Gestão do Governador Horta de São Paulo<br />
Desmandos do Governo Horta – Razões para Vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Corte - Início Administração de D.<br />
João e Suas Medi<strong>da</strong>s – Grandes Empregos para Portugueses – Outros mais Empregos e os<br />
Cargos Secundários – Custos Gerados por esta Administração – Divi<strong>da</strong> Interna e Externa<br />
Explodiram – Resumo <strong>da</strong> Péssima Administração de D. João VI – Brasil Reino Unido a<br />
Portugal- Preten<strong>são</strong> de D. Carlota Joaquina com Argentina / Problemas para São Paulo –<br />
Paulista feitos Prisioneiros no dia de “Corpus Christi”- Fim Trágico <strong>da</strong> Preten<strong>são</strong> de Dona<br />
Carlota Joaquina / Morte de Paulistas<br />
1º-) Primeira Parte –Desmandos do Governador Horta - De todos “man<strong>da</strong>rins” que<br />
a Corte de Portugal enviou para o governo <strong>da</strong> Capitania de São Paulo, o “Grande<br />
Premio <strong>da</strong> Incompetência” será sempre do famigerado Horta . Ele que não se perca pelo<br />
nome – Antonio José <strong>da</strong> França e Horta . Ganhou qualquer disputa em tudo que possa<br />
dizer respeito a incapaci<strong>da</strong>de , falta de conhecimentos administrativos , falta de<br />
morali<strong>da</strong>de e ética , critérios de liderança , desmotivação e desmandos . Algumas destes<br />
absurdos <strong>são</strong> apresentados a seguir nestes primeiros tópicos explicativos de sua péssima<br />
administração, inicia<strong>da</strong> em 1.803:<br />
1- Mesmo antes de desembarcar no porto de Santos ele já tinha enviado<br />
cartas para todos os oficiais <strong>da</strong> milícia paulista que haviam sido<br />
promovidos recentemente. Nelas cancelava sem motivo algum as justas<br />
promoções , avalia<strong>da</strong>s e realiza<strong>da</strong>s pelo seu antecessor , o governador<br />
Mello, alegando que “Aquelas Promoções Não Haviam Sido<br />
Confirma<strong>da</strong>s” . Com isto os oficiais voltavam para os postos antigos ,<br />
alguns tendo de retornar de ci<strong>da</strong>des de onde haviam saído . Outros<br />
voltavam a ser simples sol<strong>da</strong>dos . A desmotivação foi total .<br />
2- A razão desta primeira medi<strong>da</strong> esta liga<strong>da</strong> com esta segun<strong>da</strong> . Ele<br />
“Instituiu a Delação Sigilosa entre os Sol<strong>da</strong>dos” . A delação ficaria em<br />
sigilo absoluto e o denunciador “ganharia pontos para uma promoção” .<br />
Desejava realmente desenvolver a incúria e o servilismo . Desta forma<br />
somente ele promovia quem lhe interessasse . O mérito pouco valia então .<br />
A desmoralização foi geral junto as tropas paulistas .<br />
3- Para que este sistema inquisitorial funcionasse se cercava de pessoas<br />
intrigantes e caluniadoras . Por informações , quase sempre não<br />
comprova<strong>da</strong>s , punia os infamados , muitas vezes com desterro . Seus<br />
inimigos políticos eram sempre perseguidos . Usava de uma falácia :<br />
“Apurar a morali<strong>da</strong>de pública e zelar pelo decoro domestico”.<br />
4- Proibiu exportação de qualquer excedente de produção agrícola <strong>da</strong><br />
Capitania de São Paulo , para o exterior ou para outros portos do pais .<br />
Proibiu ain<strong>da</strong> o transporte de mercadorias por pequenos barcos de<br />
cabotagem para qualquer lugar <strong>da</strong> costa . To<strong>da</strong> mercadoria só poderia<br />
entrar ou sair pelo porto de Santos . Isto trouxe grande suspeita de conluio<br />
<strong>da</strong>quele governo com mercadores <strong>da</strong>quela praça.<br />
5- Proibiu a construção de naus de qualquer tipo . Com isto irá desaparecer<br />
todo tipo de navegação costeira em São Paulo .<br />
6- Em 1.803 , mesmo sabendo <strong>da</strong> falta que existia no mercado , confiscou<br />
130 alqueires de farinha , “ de quem as tivesse” . Esta farinha foi doa<strong>da</strong> e<br />
entregue ao coman<strong>da</strong>nte do navio que o havia trazido de Portugal . Para lá<br />
ela foi leva<strong>da</strong> .
7- Denunciou seu antecessor , alegando que ele criou favores que<br />
indiretamente o beneficiariam . Na<strong>da</strong> conseguiu provar . A denuncia se<br />
esvaziou .<br />
8- Obrigou a população em geral , pobres e ricos , a pagar mais uma<br />
“derrama”. Alegou que este sacrifício geral , com grande pagamento em<br />
dinheiro , seria necessário para que Portugal ficasse neutro e fora <strong>da</strong><br />
guerra que ocorria entre a França e a Inglaterra.<br />
No final Portugal foi invadido .<br />
Por tudo isto seu governo ficou sendo conhecido p/ “Governo de Mexericos”.<br />
A respeito desta péssima gestão o historiador francês Saint Hilaire , em seu<br />
livro sobre São Paulo escreveu : “Julgo não haver necessi<strong>da</strong>de de dizer que ( os<br />
paulistas) não puderam se livrar <strong>da</strong>s durezas do sistema colonial. O seu comércio foi<br />
entravado por proibições que não atingiram outras Províncias do Brasil” .<br />
2º-) Segun<strong>da</strong> Parte - Razões Para a Vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Corte Portuguesa ao Brasil<br />
Vai acontecer a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> Corte de Portugal para o Brasil durante a gestão de<br />
Antonio França Horta no governo <strong>da</strong> Capitania de São Paulo .<br />
Lembro que no século XVIII , ao esgotar-se a exploração do ouro brasileiro ,<br />
Portugal que ficara então decadente depois do jugo <strong>da</strong> União Ibérica estava pagando<br />
caro pela sua liber<strong>da</strong>de alcança<strong>da</strong> . Já vivia dominado economicamente pela Inglaterra ,<br />
através dos péssimos tratados com ela assinados . Ganhou o apoio militar dos ingleses .<br />
Perdeu até o direito de vender para outros paises seu Vinho do Porto .<br />
No século XIX a situação internacional vai criar problemas e aumentar esta<br />
dependência . A guerra existente entre França e Inglaterra vai colocar em xeque o<br />
Governo de D. João – então Príncipe Regente de Portugal .<br />
Napoleão determinara aos paises europeus o Bloqueio Continental , o qual<br />
impediria assim negócios dos paises <strong>da</strong> Europa com a Inglaterra . Pretendia desta forma<br />
asfixiar a economia britânica . Entretanto , Portugal não atendendo este bloqueio<br />
impossibilitava a estratégia francesa . Portugal havia resolvido <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de aos<br />
péssimos acordos realizados anteriormente com a Inglaterra . Não adere definitivamente<br />
ao Bloqueio . Por isto mesmo , necessariamente para Napoleão , deverá ser invadido por<br />
tropas francesas coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos Generais Junot e Godoy .<br />
Incapaz de se defender militarmente e na iminência de perder a soberania de<br />
Portugal , o então Príncipe Regente D. João ( a rainha Dona Maria I estava incapacita<strong>da</strong><br />
mentalmente ) , influenciado por seus Conselheiros e por Lorde Strangfort <strong>da</strong> Inglaterra,<br />
depois de muitas conjecturas , resolve salvar a Corte e o Estado de Portugal com a única<br />
saí<strong>da</strong> possível que encontrara . Faria a mu<strong>da</strong>nça , imediata e urgente , levando com ele a<br />
Corte para o Brasil .<br />
A Inglaterra via nisto excelente oportuni<strong>da</strong>de para consoli<strong>da</strong>r seus interesses<br />
econômicos e políticos com a possibili<strong>da</strong>de de conquista do crescente mercado<br />
brasileiro . Para tanto exige assinatura de um acordo secreto que é aceito por D. João .<br />
3º-) Portugal firma um Acordo Secreto com a Inglaterra<br />
Com ele ficou estabelecido expressamente , em Outubro de 1.807:<br />
1- A Esquadra Inglesa escoltaria o translado <strong>da</strong> Corte de Portugal para o Brasil;<br />
2- Os ingleses receberiam em troca a Ocupação Temporária <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong> Madeira ;<br />
3- Teriam um porto livre em Santa Catarina – Brasil ;<br />
4- Seus produtos exportados para o Brasil teriam “ad valorem” de 15% , menor que<br />
aquele determinado para Portugal =16% . Para demais paises era e de 24% ;<br />
Por outros acordos , posteriormente assinados , ain<strong>da</strong> ficou ajustado :
5- Os ingleses poderiam se estabelecer livremente no Brasil para atuar no comércio<br />
interno e em importações , antes só permitido anteriormente para os portugueses ;<br />
6- Os súditos ingleses no Brasil gozariam do direito de extraterritoriali<strong>da</strong>de , isto é<br />
seriam julgados dentro do Brasil pelas leis inglesas ;<br />
7- Um Juiz, denominado Conservador, seria inglês , eleito por eles em terras do Brasil ;<br />
8- Portugal se obrigava a cessar o trafego de escravos . Não por bon<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s partes que<br />
assinavam tal tratado , mas por interesses . A “Revolução Industrial Inglesa”<br />
necessitava mais do que nunca de mercados para seus produtos . A mão de obra<br />
escrava barateava produtos de paises concorrentes . Isto não interessava aos ingleses<br />
( vide : “Historia do Brasil – Raymundo Campos – págs. 88 / 89” )<br />
Pelo visto , mesmo antes de sua independência , o futuro econômico do<br />
Brasil, livre de Portugal , já estava definitivamente comprometido , como será<br />
demonstrado em segui<strong>da</strong> .<br />
A transferência para o Brasil é feita quando os franceses já estavam chegando<br />
as portas de Lisboa , em meio de grande transtorno popular . Então os nobres que<br />
fugiam foram vaiados continua<strong>da</strong>mente pelo povo que os taxava de covardes .<br />
Funcionários <strong>da</strong> Corte lutavam no cais por uma vaga nos navios que viriam para colônia<br />
Brasil ..<br />
Finalmente com 36 naus , levando na<strong>da</strong> menos de 10.000 pessoas , entre<br />
nobres e seus funcionários , zarpa o comboio português com destino ao Brasil , sempre<br />
escoltado por navios de guerra ingleses . Sofrem uma tempestade no caminho . Depois<br />
disto parte dos navios seguirá diretamente para o Rio de Janeiro . Outros , um deles com<br />
D. João a bordo , vão alcançar Salvador na Bahia , depois de dois meses de viagem .<br />
Apesar <strong>da</strong>s festivi<strong>da</strong>des e dos esforços realizados pelos dirigentes <strong>da</strong> Bahia, a<br />
Corte de Portugal não irá ficar definitivamente naquela ci<strong>da</strong>de de Salvador .<br />
Seu destino final será o Rio de Janeiro , melhor situado , bem no meio<br />
geográfico <strong>da</strong> costa brasileira , facilitando administração tanto do Sul como do Norte .<br />
4º-) Início <strong>da</strong> Administração de D. João no Brasil<br />
Antes de mais na<strong>da</strong> precisa ficar bem claro que a Corte não veio para o Brasil<br />
por vontade própria. Não veio para melhorar o Brasil . Veio por pura necessi<strong>da</strong>de de<br />
sobrevivência , por força de um fato circunstancial . Veio porque Portugal fora<br />
invadido. Veio para ter salvação , tanto o Rei como sua Corte. Por isto mesmo to<strong>da</strong> sua<br />
administração ain<strong>da</strong> tinha o ranço do colonialismo e dos grandes interesses portugueses.<br />
Veio por puro egoísmo real .<br />
Não pensaram no povo português quando de sua vin<strong>da</strong> . Rasparam o tesouro de<br />
Portugal , trouxeram quadros , obras de arte , livros , prataria e tudo que tivesse valor e<br />
pudesse ser transportado pelas naus . Até as maquinas impressoras , as quais irão<br />
publicar o primeiro jornal no Brasil , os portugueses carregaram com eles . Foi sem<br />
duvi<strong>da</strong> um dos maiores translados de gente feito para um governo em todo mundo, o<br />
qual sem duvi<strong>da</strong> alguma , quando muito , necessitaria de no máximo de 500<br />
administradores . O resto foi puro luxo !<br />
Os atos administrativos de D. João efetivamente não visavam o desenvolvimento<br />
imediato ou futuro de nossa pátria Brasil . Visavam diretamente interesses <strong>da</strong> coroa ,<br />
dos seus corte<strong>são</strong>s , bem como interesses internacionais, nota<strong>da</strong>mente ingleses .<br />
Os atos administrativos ain<strong>da</strong> foram realizados tendo como motivação básica a<br />
colocação dos elementos <strong>da</strong> Corte portuguesa em um emprego no Brasil . Emprego com<br />
alta remuneração e alta distinção.
Outros empreendimentos foram realizados obrigatoriamente para a Corte de<br />
Lisboa poder funcionar pomposamente em nosso pais. Vejamos quais eles foram ,<br />
determinados por ordem direta de D. João . Vejamos como e por que eles foram feitos :<br />
1- Decretou “Abertura dos Portos para as Nações Amigas” - Porem “nações<br />
amigas” na época , com condições de comerciar com o Brasil , apenas existia a<br />
Inglaterra . Alem do mais com taxas muito preferenciais . Ela , Inglaterra , teria<br />
agora Taxa de Exportação de suas Mercadorias bem abaixo mesmo <strong>da</strong> Taxa<br />
destina<strong>da</strong> para demais paises equivalente a 24%. O seu próprio “Ad Valorem”<br />
seria de 15% , quase igual dos ingleses . Por tudo isto , de 1810 até 1814<br />
somente a Inglaterra monopolizou o comercio externo brasileiro . Depois<br />
continuou com aproxima<strong>da</strong>mente 80% do que foi comercializado com produtos<br />
ingleses importados pelo Brasil . A Inglaterra não <strong>da</strong>va porem reciproci<strong>da</strong>de<br />
pois pouquíssimo comprava de nossa nação. O que importava vinha de suas<br />
colônias na Índia. Na reali<strong>da</strong>de a “Abertura dos Portos” foi feita somente para<br />
Inglaterra naquele momento . Nosso débito com os ingleses aumentou<br />
extraordinariamente com importações realmente desnecessárias e supérfluas ;<br />
2- Revogou por Decreto a “Proibição para Novas Instalações de Manufaturas<br />
no Brasil” – Entretanto , a pequena e incipiente industria / manufatura brasileira<br />
, anteriormente sempre persegui<strong>da</strong> , nota<strong>da</strong>mente aquelas poucas existentes perto<br />
do litoral , foram totalmente arruina<strong>da</strong>s. Não poderiam competir com produtos<br />
ingleses . Apenas as industrias localiza<strong>da</strong>s no interior , com difícil acesso às<br />
mercadorias concorrentes inglesas , puderam crescer . Caso de Sorocaba e <strong>da</strong>s<br />
pequenas industrias metalúrgicas do interior de São Paulo e Minas, pois<br />
ferro/aço pesava muito para vir de navio. As demais mercadorias nacionais não<br />
tinham condições de enfrentar a concorrência com os preços reduzidos dos<br />
ingleses , beneficiados por tarifa de importação muito baixa , muitas vezes<br />
menor que os impostos cobrados para produtos nacionais . A junção destes dois<br />
decretos de D João : “Abertura dos Portos e Instalação de Manufaturas” ,<br />
somente irá atrasar nossa industrialização e produção , bem como endivi<strong>da</strong>r o<br />
Brasil em altíssima escala . Tudo agora vinha <strong>da</strong> Inglaterra , principalmente<br />
aqueles bens adquiridos pelos nobres e por portugueses que tinham os melhores<br />
empregos e o dinheiro disponível para adquirir : - tecidos , ferramentas , gêneros<br />
alimentícios, sapatos , chapéus , moveis e até mesmo caixões de defunto . Tudo<br />
vinha <strong>da</strong> Inglaterra . Comerciantes ingleses e portugueses ganharam muito<br />
dinheiro com produtos importados ;<br />
3- Colocação de Pessoas = Problema : O que fazer com 10.000 portugueses que<br />
vieram para o Brasil ? - Claro que to<strong>da</strong> aquela gente não podia ficar ociosa .<br />
Precisavam ter “um bom emprego e ganhar bem seu sustento”. Como empregar<br />
tanta gente portuguesa em tão pouco tempo ? Era impossível alguém ficar<br />
esperando parado , passivamente sem criar problemas . Em assim sendo<br />
choveram criações de D. João – ain<strong>da</strong> como Príncipe Regente , gerando nos anos<br />
de seu governo no Brasil muitos cargos , funções e empregos . A grande maioria<br />
era Inteiramente Desnecessário. Pela Primeira Vez é implantado o<br />
“Empreguismo” Por conseqüência , obrigatoriamente também foram sendo<br />
cria<strong>da</strong>s as “Enti<strong>da</strong>des” , as “Repartições” , as “Empresas do Governo” , to<strong>da</strong>s<br />
quase que inteiramente desnecessárias onde to<strong>da</strong> aquela gente iria trabalhar , ou<br />
melhor : para poder sentar dentro dos “ tais empregos” , a saber :<br />
Ministérios, Empresas , Conselhos, , Arquivos , Tribunais , Imprensa,<br />
Academias , Banco , Secretarias , Assessorias , etc. etc. etc. Tudo por decreto.<br />
Tudo para nobres portugueses poderem viver regiamente com altíssimos
salários. . Para ca<strong>da</strong> destes Órgãos Reais teríamos ain<strong>da</strong> mais os elevados<br />
custos de construção quando de suas instalações . O custo dobrava para tais<br />
investimentos . A construção só era feita por elementos <strong>da</strong> Corte . Coisa nunca<br />
vista :<br />
5º-) Os Grandes Empregos - Destinados para os Portugueses mais Importantes –<br />
Abaixo a Relação de Enti<strong>da</strong>des Governamentais que foram então cria<strong>da</strong>s :<br />
Os Ministérios Específicos do Rei que ficariam no Rio de Janeiro ;<br />
Ministério de Despachos ;<br />
Criação do Supremo Conselho Militar;<br />
Criação do Supremo Conselho de Justiça;<br />
Criação <strong>da</strong> Intendência Geral de Policia;<br />
Arquivo Real Militar –;<br />
Tribunal do Desembargo;<br />
<strong>Casa</strong> de Suplicação ( Ultima instancia );<br />
Juiz Conservador – para julgamento de ingleses;<br />
Imprensa Régia –;<br />
Real Academia Naval –;<br />
Erário e Conselho <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>;<br />
Banco do Brasil –.<br />
Tudo que poderia gerar os grandes empregos foram instalados no Rio de Janeiro .<br />
Onde ficava o desenvolvimento para as demais Províncias ?<br />
Obs. Sobre Banco do Brasil . Afinal um banco era preciso ! Caso contrário onde a<br />
Corte portuguesa e o Príncipe Regente iriam guar<strong>da</strong>r o dinheiro que trouxeram de<br />
Portugal ? E aquele que estavam ganhando no Brasil ? E a cobrança <strong>da</strong>s taxas e os<br />
impostos . Onde seria deposita<strong>da</strong> ? Claro que precisavam de um banco . Claro que seria<br />
um Banco do Brasil ! Cheio de funcionários , portugueses ...com certeza !<br />
Para tanto , ain<strong>da</strong> em 1.808 , D. João deu títulos de nobreza , comen<strong>da</strong>s<br />
e realizou contratos muito vantajosos para aqueles que investissem em ações do Banco<br />
do Brasil . Assim até velhacos com dinheiro subitamente viraram nobres de Portugal .<br />
A quase totali<strong>da</strong>de de todos empregos ligados a Corte ficava no Rio de<br />
Janeiro , onde ficava também to<strong>da</strong> corte de D. João . Estavam estes empregos<br />
destinados praticamente e somente para os súditos portugueses.<br />
Imagine quantas centenas de funcionários , quantos prédios , quantas<br />
salas , quantas mesas , o mundo de papeis e arquivos que estas “Áreas <strong>da</strong> Alta<br />
Administração”( como diziam) , acima identifica<strong>da</strong>s e cria<strong>da</strong>s por decreto , utilizariam ?<br />
Quanto isto custaria ? Quem pagaria ? Os bons cargos praticamente eram só para<br />
portugueses . Brasileiros só para funções simples , com muito baixa remuneração .<br />
6º-) Outros Empregos . Cargos Técnicos , Bem Remunerados . Localizados em :<br />
Hospitais Militares - no Rio e na Bahia<br />
Arsenal <strong>da</strong> Marinha – no Rio de Janeiro ;<br />
Fabrica de Pólvora – no Rio de Janeiro ;<br />
Biblioteca Nacional – no Rio de Janeiro<br />
Escola Real de Ciências , Artes e Ofícios – No Rio de Janeiro<br />
Coudelaria Real – Criação de cavalos , em São Paulo ( sic)<br />
Jardim Botânico – no Rio de Janeiro<br />
Juizes de Fora – por todo Brasil ( maioria total de portugueses )<br />
OBS.- Com os Juizes de Fora , responsáveis pelas decisões judiciais ,<br />
indo para todos lugares por indicação <strong>da</strong> Coroa, seria possível controlar perfeitamente a
Justiça e consequentemente to<strong>da</strong>s as Províncias . Ninguém poderia reclamar<br />
livremente. . A somatória do numero de pessoas que foram utiliza<strong>da</strong>s naquelas<br />
empresas estatais , nos locais acima explicitados , <strong>da</strong>rá um numero espantoso de<br />
funcionários , do Empreguismo , mesmo para os dias de hoje.<br />
7º-) Cargos Secundários - criados e remunerados pára vários órgãos do governo .<br />
Escrivões , amanuenses , arquivistas , supervisores , chefes , juizes<br />
criminais , policiais , porteiros , escrivões , auxiliares , etc. etc. etc. Eram cargos de<br />
segundo nível, mas tendo salários elevados para o Brasil . Para os brasileiros sobravam<br />
apenas os cargos mais simples e de menor importância .<br />
Podemos agora ter absoluta certeza que a totali<strong>da</strong>de dos componentes <strong>da</strong><br />
Corte portuguesa que chegou ao Brasil e depois de algum tempo já havia arrumado um<br />
bom emprego dentro do governo aqui instalado . Puro Nepotismo e Cabide de<br />
Empregos para apaniguados . Tanto que não precisaram de concurso ou prova de na<strong>da</strong> .<br />
Bastava a condição de ser português e estar com a Corte . Bastava estar morando no Rio<br />
de Janeiro .<br />
Detalhe Importante : - Quando chegaram ao Rio de Janeiro a grande<br />
maioria dos portugueses Não Tinha Onde Morar . Não houve problema para eles .<br />
Para as famílias portuguesas existiam sempre as casas dos brasileiros . Assim os<br />
brasileiros foram obrigados a se retirar , sem ter para onde ir , cedendo as casas para<br />
uso dos portugueses . Ninguém poderia reclamar . Eram os brasileiros simplesmente<br />
despejados a força de suas casas com suas famílias . As casas a serem toma<strong>da</strong>s eram<br />
marca<strong>da</strong>s nas portas com PR . O povo dizia que significava “Ponha-se na Rua” e não<br />
para o Príncipe Regente . Pior do que isto foi o calote que muitos nobres deram ao<br />
proprietários não pagando os alugueis .<br />
Depois de tudo mantinha-se ain<strong>da</strong> a Situação Colonial , pois a máquina<br />
administrativa continuava domina<strong>da</strong> pelos portugueses , ocupando os brasileiros sempre<br />
cargos de menor importância . Progresso para brasileiros igual a zero !<br />
O aparelho administrativo teve crescimento de gente e de custos<br />
desproporcionado. O custos eram altíssimos . Alem disto ele caracterizava-se pela<br />
ineficácia e corrupção . Trabalhavam muito pouco e mal . A propina era muito comum.<br />
A corrupção apareceu definitivamente no Brasil . Oficializa<strong>da</strong> ! Não entendo que isto<br />
seja um tipo de progresso . De um progresso que agora esta sendo muito propalado .<br />
Progresso de quem ? Pode ter sido progresso <strong>da</strong> Inglaterra . Ela que ficou muito mais<br />
rica e poderosa . Mais se houve algum “progresso nacional ” aconteceu apenas no Rio<br />
de Janeiro . Para malandros e desavergonhados . Porem cheios de rótulos .<br />
Alguns podem dizer : “E <strong>da</strong>í ? Afinal ...progresso é progresso !<br />
Para quem foi o progresso não interessa ...” ( sic )<br />
8º-) -Os Custos Gerados e as Conseqüências deste tipo de “Administração”<br />
Divi<strong>da</strong> Externa - Em primeiro lugar devemos computar as Imensas Despesas com<br />
a grande Importação Inglesa , totalmente libera<strong>da</strong> . A Divi<strong>da</strong> Externa só crescia<br />
exigindo financiamentos que criaram grande dependência econômica .<br />
No final , com a realização de nossa Independência , a Divi<strong>da</strong> Externa<br />
que foi gera<strong>da</strong> por Portugal ficará somente pertencente ao Brasil e por ele<br />
deverá ser paga .<br />
Os ingleses já sabiam que Portugal sozinho jamais teria condições de<br />
pagar a divi<strong>da</strong> que gerou . Assim isto irá acontecer , logo depois de nossa
Independência. Mediante Contrato de Promessa de Pagamento , realiza<strong>da</strong> pelo<br />
Brasil com a Inglaterra , ficamos como principal pagador a divi<strong>da</strong> de Portugal .<br />
Por outro lado , em contraparti<strong>da</strong>, a Inglaterra (muito boazinha)<br />
reconheceria e apoiaria nossa liber<strong>da</strong>de . Claro , pois Portugal jamais poderia pagar<br />
a divi<strong>da</strong> por ele gera<strong>da</strong> . Comprometia-se a Inglaterra <strong>da</strong>r apoio naval para as lutas<br />
do norte nordeste .<br />
O resultado final teve de ser aceito obrigatoriamente por D. Pedro I. .<br />
Não existia outra saí<strong>da</strong> . Caso contrário a Inglaterra se situaria contra nossa<br />
Independência . Tudo porque Portugal não pensou nem pesou o quanto de eleva<strong>da</strong><br />
divi<strong>da</strong> foi por ele gera<strong>da</strong> ! A Inglaterra realmente já sabia disto e se aproveitou do<br />
momento . Sabia que somente o Brasil teria condições de pagar .<br />
No momento do nosso nascimento como nação , já ficávamos devedores<br />
de Altíssima Divi<strong>da</strong> Externa<br />
9º-) E a Divi<strong>da</strong> Interna ? : Os volumosos gastos com a Corte e a criação de empresas<br />
e empregos resultaram em um Déficit Permanente do Tesouro . Eles exigiam<br />
Aumento Continuo dos Impostos já existentes , bem como criação dos Novos Impostos<br />
. Os aumentos foram brutais .<br />
Alem disto tudo ain<strong>da</strong> temos de lembrar e contabilizar :<br />
A- Quase 300 nobres <strong>da</strong> família real recebiam verba anual de custeio e representação ,<br />
em ouro e prata retirados do tesouro ;<br />
B- Por volta de 1800 funcionários reais e mais 500 militares , advogados padres e<br />
outros de menor expres<strong>são</strong> , eram pagos com recursos do tesouro ;<br />
C- Eram mantidos os custos de mais de 300 animais de montaria e tração <strong>da</strong> Corte ;<br />
D – Artistas , cantores , músicos , pintores e arquitetos também recebiam do tesouro<br />
.<br />
Para tanto criaram mais impostos<br />
O livro “ <strong>História</strong> Administrativa e Econômica do Brasil”– do Prof.<br />
Hélio Alcântara Avellar – paginas 188 a 195 explica a formação de alguns destes<br />
gastos e relata os muitos impostos criados ou reformados com maiores taxas :<br />
Daqueles impostos destacamos alguns que se tornaram excessivos :<br />
- Sobre carnes e couros<br />
- Para custeio de professores Régios<br />
- Sobre produção e comercio de aguardente<br />
- A Taxa Suntuária – sobre carruagens , lojas , moveis , embarcações etc. etc<br />
- Para Engenhos de Cana e Farinha<br />
- Taxa de + 10% sobre ven<strong>da</strong> de imóveis<br />
- Taxa de + 5 % sobre a ven<strong>da</strong> de escravos<br />
- Taxa de 10% dos servidores públicos<br />
- Imposto para a Junta de Comércio<br />
10º-) Resumo <strong>da</strong> Péssima Administração de D. João VI<br />
( Nota : Em 20.03.1.816 , com a morte de D. Maria I ,ele se tornou Rei de Portugal )<br />
.<br />
Pontos Extremamente Negativos de sua Gestão :<br />
1-Os Contratos e Favores para a Inglaterra , incluindo importações ;<br />
2-O Excesso de Pessoal Admitido , os Altos Salários <strong>da</strong> maioria , os<br />
Gastos <strong>da</strong> Corte , a Burocracia ,<br />
3-As Obras Feitas com custos acima do necessário (algumas muitas mal<br />
feitas ) gerando corrupção , ganhos indevidos e gerando criar e manter empregos;
4- Geração de Déficit Permanente do Tesouro ;<br />
5- Aumento de Impostos e Criação Abusiva de Novos Impostos ;<br />
6- Aumentaram as Emissões de Moe<strong>da</strong> e por conseqüência a Inflação ;<br />
7- O recurso dos Empréstimos Externos junto aos banqueiros ingleses , foi<br />
usado e abusado ;<br />
8- A Divi<strong>da</strong> Externa como já explica<strong>da</strong> ficou descomunal , difícil de ser<br />
paga , principalmente por um pais recém criado ;<br />
9- A Quebra do Banco do Brasil em 1.820 ;<br />
10- Crescimento espantoso <strong>da</strong> Criminali<strong>da</strong>de – Roubos e Assassinatos<br />
11- Realizaram estra<strong>da</strong>s por cima <strong>da</strong>s “Apeaçus dos Tupis” , com se<br />
fossem estra<strong>da</strong>s novas ;<br />
12- Grupos atacavam navios no porto do Rio de Janeiro ;<br />
13 – Rápido Crescimento dos Pobres<br />
14- Crescimento do Trafico de Escravos<br />
15 – Recrutamento à força de paulistas para lutar no sul , <strong>da</strong>ndo apoio<br />
para vontade de D. Leopoldina em ser a Regente <strong>da</strong> Argentina – Vide a seguir .<br />
Alguns entendem que D. João VI , apesar de tudo e dos problemas<br />
gerados com custos e divi<strong>da</strong>s , trouxe progresso para o Rio de Janeiro . Pode ser que<br />
seja , porem se foi , foi só para lá .<br />
Para São Paulo sua gestão trouxe sérios problemas .<br />
Deixo para o caro leitor a analise e conclu<strong>são</strong> <strong>da</strong> gestão econômica<br />
efetua<strong>da</strong> por D. João VI em todo pais . Os problemas gerados para São Paulo , alem<br />
dos econômicos , foram outros que veremos logo em segui<strong>da</strong> .<br />
Só vou lembrar que com a volta de D. João VI para Portugal , levando<br />
todo dinheiro que aqui juntou , o Banco do Brasil deixou de pagar , faliu .<br />
11º-)- Brasil se Torna Reino Unido a Portugal e Algarves<br />
Depois <strong>da</strong> derrota de Napoleão , em 1.815 , foi criado na Europa um<br />
Congresso denominado “Congresso de Viena” .O intuito era ajustar<br />
geograficamente a Europa e recolocar os reis nos diversos reinos que Napoleão<br />
havia destronados. Deveria ain<strong>da</strong> acertar fronteiras de acordo com interesses <strong>da</strong>s<br />
nações mais poderosas . Para tanto eram convocados os grandes paises <strong>da</strong> Europa .<br />
Portugal para poder participar e votar neste Congresso precisava ser reconhecido<br />
como um grande reino . Como precisavam de seu voto , que ia a reboque do voto<br />
inglês , a solução vai surgir e ser acata<strong>da</strong> por idéia do astucioso Talleyrand -<br />
Ministro <strong>da</strong> França . Para tanto , deveria ser simplesmente elevado o Brasil para<br />
posição de Reino Unido a Portugal e Algarves . Como tamanho e potenciali<strong>da</strong>de do<br />
Brasil então Portugal poderia ser considerado com um grande reino<br />
Isto foi realizado e imediatamente o Brasil deixou de ser Colônia para ser<br />
integrante do Reino Unido com Portugal e Algarves .<br />
Por esta forma , realiza<strong>da</strong> por um decreto , D. João VI e a Corte puderam<br />
ficar mais tempo no Brasil que agora se transformara em parte do Reino Unido .<br />
Como a Corte e o Rei podiam legalmente reinar em qualquer parte física do reino ,<br />
aqui ficaram . Interessava manter os empregos de todos e gozar <strong>da</strong>s benesses aqui<br />
instituí<strong>da</strong>s . Gostaram <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> fácil que tinham no Brasil<br />
O Brasil virando parte do Reino Unido deixou de ter automaticamente as<br />
suas regiões chama<strong>da</strong>s de Capitanias . Elas passaram a ser denomina<strong>da</strong>s de<br />
Províncias . Na reali<strong>da</strong>de na<strong>da</strong> mudou a não ser o nome designado .
12º-)- Preten<strong>são</strong> de D. Carlota à Suces<strong>são</strong> Espanhola – Problema para São Paulo<br />
Quando a Corte de Portugal ain<strong>da</strong> se encontrava em Lisboa , ocorreu a<br />
destituição do Rei Carlos IV do Reino de Espanha , por determinação de Napoleão . Na<br />
mesma seqüência o seu filho Fernando , príncipe herdeiro ao trono <strong>da</strong>quela nação , é<br />
detido . Ambos ficam cativos de Napoleão na Europa .<br />
Por este motivo a coroa espanhola transpunha-se naturalmente para a<br />
Princesa Carlota , filha de Carlos IV e esposa de D. João , na época Príncipe Regente de<br />
Portugal , depois D. João VI .<br />
As pretensões de D. Carlota realiza<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> na Europa foram burla<strong>da</strong>s .<br />
Primeiro por deci<strong>são</strong> <strong>da</strong> Corte de Cadiz que não atendeu as manobras diplomáticas .<br />
Depois pela Junta instala<strong>da</strong> em Sevilha , a qual , por antecipação , proclamou como rei<br />
soberano de Espanha D.Fernando VII.<br />
Com a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Guerra e as terras de Espanha invadi<strong>da</strong>s pelos<br />
franceses , foi transferi<strong>da</strong> a causa <strong>da</strong> Suces<strong>são</strong> de Espanha para o Vice Reinado <strong>da</strong> Prata<br />
- na América .<br />
D. Carlota Joaquina , com sua vin<strong>da</strong> para o Brasil , continuou com sua<br />
preten<strong>são</strong> ao trono espanhol . Isto vai ocorrer com mais firmeza principalmente depois<br />
de promessas do Vice-Rei <strong>da</strong>s Províncias <strong>da</strong> Prata - D. Liniers , que as ocultas animava<br />
o movimento de Princesa Carlota .<br />
Foi então e por isto mesmo enviado para Buenos Aires , como emissário<br />
<strong>da</strong> Princesa Carlota , o Brigadeiro Joaquim Xavier Curado .<br />
E para que fosse fortemente ativa<strong>da</strong> e eficaz a negociação para a suces<strong>são</strong><br />
espanhola , D. João determinou colocar na antiga fronteira do Rio Grande do Sul , perto<br />
de Montevidéu , aquela força militar que seria então cria<strong>da</strong> e que depois ( justificando<br />
sua i<strong>da</strong> ) foi chamado de “Exercito de Observação” , em atitude de pres<strong>são</strong> aos<br />
ajustes que deveriam ser feitos com o Vice-Rei Liniers , visando claramente colocar D<br />
Carlota no trono Espanhol .<br />
Para execução deste plano São Paulo mais uma vez será sacrificado<br />
naquilo de mais precioso que tinha . Sua juventude . Ela que será recruta<strong>da</strong> , melhor dito<br />
seqüestra<strong>da</strong> de maneira feroz , para em segui<strong>da</strong> ser envia<strong>da</strong> sem quase condições de<br />
sobrevivência para enfrentar um inverno rigoroso como aquele <strong>da</strong> fronteira do Sul com<br />
os argentinos .<br />
Antes de relatarmos o que aconteceu no final <strong>da</strong> preten<strong>são</strong> de D. Carlota<br />
Joaquina ao trono de Espanha , vamos contar como o famigerado Governador Horta , de<br />
forma imoral e inusita<strong>da</strong> , atendeu aquela determinação de D. João , no recrutamento a<br />
força de jovens paulistas , para em segui<strong>da</strong> enviá-los para compor um exercito . Este<br />
exercito se formaria mediante os jovens enviados para a Legião de São Paulo . Ela que<br />
ain<strong>da</strong> estava no Sul , sofrendo desde muito tempo .<br />
13º) Paulistas Prisioneiros no Dia “Corpus Christi” - Para servir o Exercito no Sul<br />
Como aconteceu : Voltando do Rio de Janeiro , onde foi prestar<br />
vassalagem para D. João , o primeiro ato do governador Horta foi efetuar , com<br />
terrível e sinistro subterfúgio , o“recrutamento” <strong>da</strong>s tropas solicita<strong>da</strong>s , a partir <strong>da</strong><br />
juventude de São Paulo , atendendo assim a firme determinação de D. João.<br />
Os anais <strong>da</strong> história paulista ain<strong>da</strong> estremecem com a recor<strong>da</strong>ção dessa<br />
calami<strong>da</strong>de a que se deu o nome “recrutamento”, que se destinava a<br />
complementar a Legião de São Paulo e o Batalhão de Santos , ambos fora de<br />
nossa Província , já estacionados desde alguns anos no Rio Grande do Sul .<br />
Começou o tal “recrutamento em massa” na capital paulista , ain<strong>da</strong> em<br />
1.808 , no dia consagrado pela igreja para comemorar “ Corpus Christi” , festivi<strong>da</strong>de
em que a presença do povo paulista era mássiça na ocasião . Sem muito aparentar , a<br />
tropa do governo se formou na praça do Palácio do Governo , local para onde afluiu<br />
a maior parte do povo durante aquele festejo .<br />
Para não existir duvi<strong>da</strong>s abaixo transcrevo a descrição feita pelo<br />
historiador Machado D’Oliveira em seu livro sobre São Paulo – pág. 200 .<br />
“ ...e , ao terminar a soleni<strong>da</strong>de do dia , correram subitamente de vários<br />
pontos do exterior <strong>da</strong> praça corpos de tropa arma<strong>da</strong> tomando logo as bocas <strong>da</strong>s ruas<br />
que vão ter a praça , e postas sentinelas nas entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s casas do seu recinto .<br />
Para que nenhuma eva<strong>são</strong> houvesse , foi apreendido indistintamente o<br />
povo que era ali assistente , e levado tumultuariamente ao quartel dentro de um<br />
grande circulo de sol<strong>da</strong>dos . Ali o povo passou o dia e pernoitou amontoado , sem<br />
abrigo ou provimento . E o governador que <strong>da</strong>s janelas presenciava este grande<br />
atentado com desdém de superiori<strong>da</strong>de brutal , regozijava-se dos bons efeitos<br />
<strong>da</strong>quela obra traça<strong>da</strong> pelas mãos <strong>da</strong> iniqüi<strong>da</strong>de”.<br />
“ No dia seguinte , com exclu<strong>são</strong> dos que por sua i<strong>da</strong>de , estado de saúde<br />
ou profis<strong>são</strong> não deviam comportar o serviço militar , o povo tomado na praça do<br />
palácio foi inscrito no alistamento de recrutas <strong>da</strong> legião e posto em uniforme e na<br />
aprendizagem <strong>da</strong>s armas”.<br />
A movimentação para o Sul <strong>da</strong>s novas tropas <strong>da</strong> Legião tiveram logo seu<br />
inicio . Seu destino inicial será Porto Alegre . Saíram de Santos , atolados em<br />
pequenas embarcações , seguindo diretamente para Santa Catarina . Depois ,<br />
marchando irão seguir para o interior do Rio Grande do Sul. Vão enfrentar , tanto<br />
no caminho bem como quando chegarem , fortíssimo inverno . Muitas vi<strong>da</strong>s foram<br />
assim perdi<strong>da</strong>s , pois o far<strong>da</strong>mento não era compatível com a temperatura .Alem do<br />
mais a alimentação era muita fraca . Os recrutas paulistas perdiam resistência<br />
rapi<strong>da</strong>mente. Pior era não terem descanso para recuperação ficando estacionados .<br />
Sofreram continuas privações em várias terras estranhas, obrigados com marchas<br />
segui<strong>da</strong>s de centenas de léguas . Eram coman<strong>da</strong>dos por generais extremamente<br />
exigentes . Todo esforço era e seria para na<strong>da</strong> naquela ocasião .<br />
Podemos então lembrar que a primeira coisa que o povo de São Paulo<br />
recebeu de D. João VI e <strong>da</strong> preten<strong>são</strong> de D. Carlota Joaquina foi o “ brutal<br />
recrutamento feito a força <strong>da</strong>s armas , sem distinguir arrimos de famílias , doentes e<br />
incapacitados por doenças <strong>da</strong> mente”.<br />
Assim para o povo paulista esvaneceram-se as esperanças de melhor<br />
bem estar e progresso com a mu<strong>da</strong>nça do Rei e sua Corte para o Brasil . Na<strong>da</strong><br />
melhorou e continuaram os recrutamentos forçados . Nossos sol<strong>da</strong>dos não tinham<br />
na<strong>da</strong> para defender em relação a Província de São Paulo e ao Brasil . Sofriam apenas<br />
para defender vai<strong>da</strong>des dos governantes portugueses .<br />
14º-) O Final <strong>da</strong> Preten<strong>são</strong> <strong>da</strong> Princesa Carlota – Sacrifício de Paulistas<br />
Malograram as tentativas de D. Carlota Joaquina , à coroa de Espanha .<br />
A soberania <strong>da</strong> nação que deveria formar os Estados do Prata , foi determina<strong>da</strong> pela<br />
Junta de Sevilha que governou em nome do seu ver<strong>da</strong>deiro rei . Ele que recebeu o titulo<br />
de Fernando VII . Seria o herdeiro ver<strong>da</strong>deiro do trono de Espanha .<br />
Assim sendo , a i<strong>da</strong> do emissário brasileiro Brigadeiro Antonio Xavier<br />
Curado , que cui<strong>da</strong>ria de motivar na Argentina a preten<strong>são</strong> de D. Carlota , perdeu a<br />
razão de ser . Foi intimado a se retirar com a declaração de ter sido importuna a sua<br />
presença , tanto por aquela eventuali<strong>da</strong>de como por inconveniências de seu trato.<br />
O Vice–Rei Liniers foi condenado e morto. Por fuzilamento como traidor .
A insurreição <strong>da</strong>s Províncias do Rio <strong>da</strong> Prata visando sua independência<br />
teve a continuação que era espera<strong>da</strong> . Sem a regência de D. Carlota .<br />
Este desengano real de D. Carlota com apoio de D. João fez que o<br />
“Exercito de Observação” ( assim passou a ser chamado) , formado por paulistas e<br />
ain<strong>da</strong> por gaúchos , ficasse obrigado a estacionar na região de fronteira . A Primeira<br />
Divi<strong>são</strong> ficou em Bagé. A Segun<strong>da</strong> em Ibirapuitan .<br />
Para salvar as aparências procurou-se fazer valer que a destinação básica<br />
do exercito brasileiro , com sua deslocação para a fronteira , era ... “evitar o contágio <strong>da</strong><br />
sublevação do Rio <strong>da</strong> Prata . Poderia motivar o sul e chegar até São Paulo”.<br />
Pura invenção que ninguém acreditou . Nem no Brasil nem no exterior .<br />
No final transpirou a ver<strong>da</strong>de sobre a i<strong>da</strong> de um exercito paulista apenas<br />
para tentar assustar nações vizinhas e tentar por pres<strong>são</strong> impor a preten<strong>são</strong> de D. Carlota<br />
ao trono espanhol.<br />
Naqueles dias , no Rio de Janeiro , na Corte de D. João ninguém pensou<br />
ou analisou as mortes e os sacrifícios dos paulistas e de suas famílias . Apenas<br />
mostraram frustração por que perderam a possibili<strong>da</strong>de de ganhos fáceis mediante<br />
aproveitamento de mais uma coroa .<br />
Sinal <strong>da</strong> “Administração de D. João VI” ...
GOVERNOS TRANSITÓRIOS – GOVERNO DO CONDE DE<br />
PALMA - SIDERURGICA DE IPANEMA - MAIS RECRUTAS<br />
PAULISTAS PARA O SUL – LUTA PELO URUGUAI<br />
Marques de Alegrete e o Conde de Palmas – Desenvolvimento e Encerramento <strong>da</strong><br />
Siderúrgica de Ipanema – O Café e o Problema do seu Transporte – Os Primeiros<br />
Imigrantes para São Paulo –A Expan<strong>são</strong> Cafeeira e As Estra<strong>da</strong>s de Ferro – Mais Jovens<br />
Paulistas para Lutas no Sul – Toma<strong>da</strong> de Montevidéu – O Recrutamento dos Paulistas<br />
A Província Cisplatina .<br />
1º-)- O Marquês de Alegrete e o Conde de Palmas<br />
D. João VI continua com a Corte no Rio de Janeiro .<br />
Em São Paulo terminado o malfa<strong>da</strong>do governo de Horta , com<br />
seu afastamento em 1.811. A Administração <strong>da</strong> Província irá inicialmente ,<br />
por curtíssimo espaço de tempo, ficar em mãos de um triunvirato que será<br />
nomeado temporariamente.<br />
Logo eles serão substituídos pelo Marquês de Alegrete .<br />
Também esta gestão não irá durar muito tempo , pois será substituí<strong>da</strong> em<br />
definitivo por D. Francisco de Assis Mascarenhas - Conde de Palma , que<br />
com o tempo irá se tornar o Marquês de Palma .<br />
Durante to<strong>da</strong>s estas administrações , que irão terminar em 1.817 ,<br />
terão destaque algumas determinações do Governador Palma . Os<br />
principais acontecimentos iniciados ou realizados nesta gestão foram :<br />
2º-)- Desenvolvimento e “Encerramento” <strong>da</strong> Siderúrgica de Ipanema –<br />
Em capitulo anterior já foi explicado o descobrimento <strong>da</strong>s minas<br />
de ferro e a Primeira Fundição de Ferro/Aço <strong>da</strong>s Américas , realizado em<br />
Araçoiaba / Sorocaba pelo bandeirante de nome Sardinha . Depois dele ,<br />
ain<strong>da</strong> no mesmo local continuaram sendo produzidos , por dezenas de anos<br />
e por vários paulistas , ferro e aço em pequenas quanti<strong>da</strong>des , destinados ao<br />
uso regional .<br />
Por ali , durante os muitos anos que irão passar , trabalharam os<br />
seguintes pequenos empresários paulistas : Manoel Fernandes , Martim<br />
Garcia , Fernandes de Abreu e Jacinto Moreira Cabral . Ca<strong>da</strong> um em seu<br />
tempo conseguiu pequena produção de ferro /aço .<br />
Em 1.800 , por ordem do então governador Mello , foi levantado<br />
o grande potencial <strong>da</strong>s minas de Araçoiaba por João Manso , na ocasião<br />
acompanhado pelo Cel. Candido Xavier de Almei<strong>da</strong> . Com base nestes<br />
estudos foi aprovado pelo governo paulista a expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> pequena<br />
industria existente .<br />
Após a expan<strong>são</strong> prevista a siderúrgica a ser cria<strong>da</strong> se denominaria<br />
“Fabrica Ipanema de Aços. Foi formulado todo um esquema de montagem<br />
pelo Cel. Martim Francisco Ribeiro de Andrade .<br />
Entretanto , o Governo de D. João VI também se interessou e ,<br />
através de seu ministro Conde de Linhares , resolve participar em maior<br />
escala <strong>da</strong> iniciativa paulista . Nobres <strong>da</strong> Corte compraram então ações <strong>da</strong>
nova empresa. Com isto a industria a ser instala<strong>da</strong> deixa de ser inteiramente<br />
paulista . Deveria ficar maior e ter expressiva expan<strong>são</strong> nacional .<br />
Durante o governo do Conde de Palma <strong>são</strong> contratados<br />
engenheiros estrangeiros especializados em siderurgia , entre eles o Capitão<br />
Frederico Varnhagen . Caberia a ele a elaboração do primeiro projeto para<br />
implantação <strong>da</strong> industria , bem como <strong>da</strong>r inicio à produção de aço naquela<br />
fabrica .<br />
Ela efetivamente começará a ser construí<strong>da</strong> já em 1.811. Para<br />
tanto foi criado inicialmente o grande e necessário reservatório de águas .<br />
Ele formou lindo lago na região. Como apoio para aquela construção os<br />
seus diretores trouxeram para Ipanema também operários altamente<br />
especializados .<br />
Depois , com a entra<strong>da</strong> dos acionistas <strong>da</strong> Corte de D.João VI ,<br />
mu<strong>da</strong>ram critérios quanto a sua direção geral . Foi contratado um novo<br />
diretor responsável . Ele era também sueco. Seu nome Hedberger . Irá<br />
tentar conduzir de sua maneira a construção <strong>da</strong> Fabrica de Ipanema e terá a<br />
responsabili<strong>da</strong>de de produzir e crescer rapi<strong>da</strong>mente sua produção .<br />
Não alcançou resultados esperados . Ficará no cargo até o ano<br />
de 1.815 . Infelizmente e praticamente quase na<strong>da</strong> construiu que pudesse<br />
formar a industria ou permitir a produção do aço . Será afastado, inclusive<br />
sob acusação de peculato .<br />
Para substituir Hedberger foi nomeado o agora Cel. Frederico<br />
Varnhagen. Com seus bons conhecimentos e muita dedicação foram<br />
terminados os altos fornos . Com o projeto inteiramente pronto a Fabrica de<br />
Ipanema começou a produzir em escala industrial , conseguindo se<br />
recuperar dos prejuízos anteriores, apesar <strong>da</strong>s muitas intrigas efetua<strong>da</strong>s<br />
pelos interesses de terceiros , até vindos de outras províncias .<br />
As primeiras peças foram produzi<strong>da</strong>s simbolicamente . Eram<br />
três cruzes , sendo a maior delas coloca<strong>da</strong> no morro que se situa ao lado de<br />
Ipanema . Ali se encontra até hoje .<br />
Varnhagen continuou a testa <strong>da</strong> Fabrica de Ipanema até 1.822 ,<br />
quando pediu demis<strong>são</strong> e se retirou para a Suécia / Europa . Deixou a<br />
fabrica perfeitamente monta<strong>da</strong> , em plena produção e com um saldo<br />
positivo de Caixa de Doze Contos de Réis .<br />
Com sua saí<strong>da</strong> vários diretores assumiram o cargo não<br />
alcançando o sucesso do anterior . No 2º Império , depois de tantas<br />
tentativas , não foi consegui<strong>da</strong> a total expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> produção deseja<strong>da</strong> e que<br />
ain<strong>da</strong> seria possível .<br />
Entre as varias tentativas veio de Pernambuco o holandês Major<br />
Bloen . Então , ele consegue alguns resultados , inclusive fundindo canhões<br />
para a Guerra do Paraguai . Apesar de seus esforços , a produção não<br />
cresce . As corri<strong>da</strong>s de aço não alcançam ao desejado . Ele irá para a<br />
Europa em busca de mais recursos técnicos . Na volta , apesar de seus
esforços durante muitos anos , não conseguirá bons resultados e<br />
consequentemente será substituído .<br />
Caberá então ao Cel. Marcondes Homem de Mello a direção de<br />
Ipanema . Com zelo e honesti<strong>da</strong>de começa reformular os esquemas de<br />
produção . O maior problema era ajustar Ipanema ao desenvolvimento<br />
técnico que as siderúrgicas de todo mundo estavam alcançando com novos<br />
maquinários . Eles se tornavam imprescindíveis .<br />
Ipanema por sua importância foi inclusive visita<strong>da</strong> por D. Pedro<br />
II , quando então foram aprovados seus projetos de expan<strong>são</strong> e aquisição de<br />
maquinário indispensável<br />
Entretanto , a política econômica brasileira está começando<br />
a mu<strong>da</strong>r . Aconteceu a Republica .<br />
O controle geral de Ipanema , agora não será mais do<br />
Imperador mas será do Governo Federal . Com a Republica aparecem<br />
pessoas que na<strong>da</strong> entendem de ferro e aço . Querem apenas os cargos de<br />
direção . Alem do mais a Republica em na<strong>da</strong> atende aos estudos para<br />
melhoria de tecnicali<strong>da</strong>de , para aquisição de novas e imprescindíveis<br />
máquinas . Tudo isto já estava planejado e devi<strong>da</strong>mente aprovado . Alem<br />
do mais não fornece meios financeiros , até para as menores necessi<strong>da</strong>des .<br />
A Republica estava domina<strong>da</strong> por pessoas contrarias a<br />
monarquia e a Fabrica de Aços de Ipanema tinha nobres como alguns<br />
de seus acionistas .<br />
A fabrica estava em São Paulo e os primeiros Presidentes <strong>da</strong><br />
nação não eram <strong>da</strong>qui . Eles não tinham o menor interesse em melhorar<br />
na<strong>da</strong> em São Paulo . Esqueceram que a maioria <strong>da</strong>s ações pertencia ao<br />
povo brasileiro .<br />
Então sem apoio , e sem possibili<strong>da</strong>des de realizar na<strong>da</strong> o Diretor<br />
naquele momento , o Coronel Marcondes de Mello e seus cinco oficiais<br />
subordinados pedem demis<strong>são</strong> . Logo a fabrica , sem maiores explicações ,<br />
vai parar definitivamente , por determinação do governo federal . Isto<br />
acontecerá no início do século XX , dentro do período <strong>da</strong> republica .<br />
Comentário : Atualmente a Fabrica de Aços de Ipanema está<br />
inteiramente desativa<strong>da</strong> . Para<strong>da</strong> mas cheia de novos funcionários públicos.<br />
Quem toma conta de to<strong>da</strong> região é agora o Ibama – órgão ligado a<br />
Agricultura ? Não foi reformula<strong>da</strong> tecnicamente quando precisava ser , já<br />
na época <strong>da</strong> republica , quando os avanços técnicos foram muitos e<br />
necessários . Muitas providencias que deveriam ser toma<strong>da</strong>s não foram .<br />
Assim tudo ali ficou absoleto. A produção de ferro/aço impossibilita<strong>da</strong><br />
economicamente .<br />
Hoje ain<strong>da</strong> Ipanema continua existindo fisicamente , sem<br />
produzir na<strong>da</strong> , sendo lugar turístico de grande beleza . Não só por seu<br />
lindo lago , gramados , casas coloniais e as antigas e bem conserva<strong>da</strong>s<br />
construções industriais para produção de aço . A região é bonita . Tudo ali
continua bem conservado , ao lado <strong>da</strong>s suas antigas locomotivas também<br />
bem conserva<strong>da</strong>s . Elas eram destina<strong>da</strong>s a puxar o aço então produzido .<br />
Ipanema continua até hoje pertencendo ao governo federal ,Não<br />
mais a um Ministério de Defesa ou similar . Agora , pertencer ao Ibama<br />
?1?1? O local esta cheio de casas para funcionários públicos federais . Uns<br />
que aju<strong>da</strong>m outros ..., outros que aju<strong>da</strong>m uns ...que aju<strong>da</strong>m decisivamente<br />
outros ...os chefes ! Todos os dias . Todos os dias ... , sem descanso !<br />
Ao fundo desta paisagem , praticamente ain<strong>da</strong> sem uso , ao céu<br />
aberto, continua existindo uma <strong>da</strong>s maiores Montanhas de Minério de Ferro<br />
do Planeta , com a melhor quali<strong>da</strong>de para produzir aços de fina quali<strong>da</strong>de .<br />
Esperam que algum dia um governante acorde ! Acorde ... ACORDE ...<br />
ACORDE !! ! !<br />
3º-)- O Café e o Problema de Transporte<br />
Por volta de 1.800 as primeiras “Mu<strong>da</strong>s de Café”, anteriormente<br />
planta<strong>da</strong>s durante o período compreendido entre 1.750 e 1.785, já estavam<br />
largamente produzindo no Estado de São Paulo , precisamente no Vale do<br />
Paraíba. E as plantações continuavam com mais pés de café . Elas tinham<br />
vindo inicialmente do Rio de Janeiro através <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des fluminenses<br />
situa<strong>da</strong>s no caminho para São Paulo . Entre elas Vassouras .<br />
A expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> lavoura cafeeira nas terras do Vale do Paraíba é<br />
muito rápi<strong>da</strong> . A produção cresce anualmente e ca<strong>da</strong> vez mais precisa de<br />
transporte seguro. Rapi<strong>da</strong>mente os cafeicultores formam cafezais nas terras<br />
<strong>da</strong> região de Campinas . Depois seguem em direção de Ribeirão Preto .<br />
Escoar to<strong>da</strong> aquela produção que tinha mercado comprador era de<br />
vital importância . Era também enorme problema .<br />
Os paulistas começaram a projetar e iniciam a construção de<br />
ferrovias que iriam cruzar todo o estado de São Paulo . Não teriam , nem<br />
era esperado apoio decisivo ou recursos do Governo Central . As ferrovias<br />
seriam construí<strong>da</strong>s pelos paulistas , com capitais paulistas , com garantias<br />
dos próprios empresários paulistas.<br />
São Paulo rapi<strong>da</strong>mente ultrapassou as produções dos demais<br />
estados e sozinha , depois de alguns anos , representava mais de 70% <strong>da</strong>s<br />
exportações do produto/café . Isto foi possível inicialmente graças a<br />
antevi<strong>são</strong> dos fazendeiros paulistas , que introduziram decisivamente e no<br />
tempo certo a mão de obra dos africanos escravos , que na época<br />
começavam a chegar em muito maior escala em São Paulo. Foram<br />
importantíssimos trabalhadores e a economia para eles muito deve ,<br />
principalmente no início <strong>da</strong> cultura do café .<br />
Entretanto , para desenvolver a cafeicultura , também foram<br />
contratados algumas pequenas levas de gente oriun<strong>da</strong> dos Açores . Vieram<br />
para o Vale do Paraíba em pequenos grupos , pois as maiores parcelas<br />
<strong>da</strong>quela gente se destinava ao Rio Grande do Sul , pois para aquela região ,
desde meados do século anterior , eles já estavam sendo enviados , tendo<br />
parentes por lá , sendo bem recebidos e logo aclimatados .<br />
4º-) Os Primeiros Imigrantes para São Paulo<br />
Em 1824 os primeiros imigrantes de outros paises não ibéricos<br />
chegaram em São Paulo . Eram alemães e se instalariam na área de Santo<br />
Amaro, perto <strong>da</strong> capital paulista . Entretanto , não vieram para trabalhar<br />
com café , mas sim em produtos de manufaturas mais técnicas .<br />
A produção do café trouxe inicialmente muita riqueza para as<br />
ci<strong>da</strong>des do Vale do Paraíba, nota<strong>da</strong>mente para Pin<strong>da</strong>monhangaba que se<br />
tornou na ocasião uma <strong>da</strong>s “Capitais do Café”. Naquela região paulista se<br />
formou uma classe de fazendeiros ricos sediados em to<strong>da</strong>s suas ci<strong>da</strong>des do<br />
Vale .<br />
Eles , com a Independência do Brasil e a confirmação <strong>da</strong><br />
Monarquia , por seu trabalho e aju<strong>da</strong> ao governo imperial se tornaram<br />
imprescindíveis como lideres de regiões . Tornaram-se nobres . Isto vai<br />
ocorrer em razão do entendimento e grande apoio que deram ao Império e<br />
ao Imperador . Os Títulos de Nobreza foram recompensa , por<br />
determinação direta de D. Pedro I , depois por D. Pedro II .<br />
Aqueles nobres realmente surgiram e cresceram com o cultivo<br />
do café . Eram chamados , na época e por isto mesmo , de “Barões do<br />
Café”.<br />
5º-) Expan<strong>são</strong> dos Cafezais – A Criação <strong>da</strong>s Estra<strong>da</strong>s de Ferro<br />
Como já explanado esta cultura se expandiu posteriormente para<br />
as regiões de Campinas e de Ribeirão Preto . Vai para todo o interior de<br />
São Paulo. A produção destas ci<strong>da</strong>des então foi enorme . O grande<br />
problema passou a ser o escoamento <strong>da</strong> produção do café , nota<strong>da</strong>mente<br />
para exportação . O transporte no seu início era feito inicialmente em<br />
lombo de tropas de burros até os portos de embarque . Os sacos do Vale do<br />
Paraíba saíram via porto de Parati . O trabalho era pouco produtivo e havia<br />
grandes per<strong>da</strong>s e grande demora .<br />
Para enfrentar este desafio os empreendedores de São Paulo<br />
rapi<strong>da</strong>mente tomam providencias .<br />
Não se esperou , como a maioria dos demais estados ,<br />
providencias financeiras ou de projetos do governo central . Lembro : As<br />
estra<strong>da</strong>s de ferro já eram conheci<strong>da</strong>s desde 1.819 na Inglaterra . Feijó ,<br />
como Regente do Império , baixou o primeiro decreto possibilitando tais<br />
empreendimentos ferroviários .<br />
Com isto as Ferrovias Paulistas serão construí<strong>da</strong>s por todo<br />
estado . Precederam as Grandes Levas de Imigrantes . Italianos , espanhóis<br />
portugueses ou ain<strong>da</strong> de outras nações .
Veja a Cronologicamente a Implantação <strong>da</strong>s Ferroviárias Paulista -<br />
Ain<strong>da</strong> no Tempo do Império :<br />
- A ligação de Santos a Jundiaí tem inicio em 1.856 ;<br />
- Em 1865 os trilhos chegam a São Paulo ;<br />
- Em 1868 tem inicio a Cia. Paulista de Estra<strong>da</strong>s de Ferro ;<br />
- Em 1871 é inaugura<strong>da</strong> a Ituana ;<br />
- Em 1871 Também aparece a Sorocabana ;<br />
- Em 1872 tem início a Douradense<br />
- Em 1.872 inicio <strong>da</strong> Mogiana ;<br />
- Em 1.875: - A Bragantina e a Araraquarense <strong>são</strong> implanta<strong>da</strong>s na mesma<br />
época ;<br />
Em 1.885 tem inicio a construção <strong>da</strong> Noroeste<br />
- OBS- 1 )A Ferrovia de Campos de Jordão deveria ir até Ubatuba .Não<br />
para turismo como hoje acontece . Seria para transporte de carga .<br />
nota<strong>da</strong>mente com café do Vale do Paraíba . Parou em Pin<strong>da</strong>monhangaba<br />
pois o apoio do governo brasileiro não se concretizou ;<br />
- A Noroeste foi a ultima Ferrovia que foi construí<strong>da</strong> e concluiria o leque<br />
ferroviário de São Paulo .<br />
Obs.-1 ) Com o tempo aconteceram alterações no controle acionário destas<br />
ferrovias .<br />
1) A Santos –Jundiaí foi compra<strong>da</strong> pelos ingleses e tomou o nome de<br />
“SPR- São Paulo Railway”. Eles realmente tinham grande interesse em<br />
transportar o café para Santos ;<br />
2)Com o tempo as Ferrovias “Ituana , Douradense , Bragantina e<br />
Araraquarense” tiveram o controle acionário mu<strong>da</strong>ndo de mãos . Foram<br />
compra<strong>da</strong>s e incorpora<strong>da</strong>s por outras ferrovias ;<br />
3) A “Rio – São Paulo” , inicia<strong>da</strong> por particulares , passou em 1.885 a ser<br />
controla<strong>da</strong> inteiramente pelo governo brasileiro , teve mais investimentos<br />
do Império e mudou o nome para “Central do Brasil” ;<br />
4) Já na época <strong>da</strong> Republica , depois <strong>da</strong> 2ª Guerra Mundial , to<strong>da</strong>s as<br />
Ferrovias de São Paulo foram encampa<strong>da</strong>s pelo Governo do Estado e<br />
uni<strong>da</strong>s em uma só empresa . Passaram a se denominar “Fepasa - Ferrovias<br />
Paulistas Socie<strong>da</strong>de Anônima”. Não se sabe para que ou por que .<br />
Hoje praticamente estão quase totalmente desativa<strong>da</strong>s . Um<br />
absurdo até hoje não explicado . Falou-se na época que havia interesse <strong>da</strong>s<br />
empresas interessa<strong>da</strong>s em caminhões .<br />
6º-) - As Grandes Levas de Imigrantes : Eles eram contratados com<br />
passagens pagas pelo governo de São Paulo. Tinham ain<strong>da</strong> garantia de<br />
moradia em colônia , atendimento médico, escolas, pequena área apara<br />
plantio de alimentos e certeza de salários mensais Somente começarão<br />
em 1.884, administra<strong>da</strong>s que foram estas levas por Martinico Prado . Elas
já se utilizaram <strong>da</strong>s Ferrovias Paulistas para chegar em seus destinos<br />
ajustados previamente .<br />
Em uma analise <strong>da</strong> época podemos concluir com to<strong>da</strong> certeza:<br />
A-) As Construções <strong>da</strong>s Ferrovias dentro do Estado de São Paulo , com<br />
recursos dos paulistas e com garantia dos seus Governantes , junto com a<br />
Produção do Café realiza<strong>da</strong> pelos fazendeiros paulistas , foram um dos<br />
grandes introdutores do Grande Desenvolvimento de São Paulo.<br />
2- Logo em segui<strong>da</strong> , com a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Grandes Levas de Imigrantes , para<br />
cui<strong>da</strong>rem dos cafezais , a economia paulista se solidifica e se consoli<strong>da</strong><br />
definitivamente .<br />
7º-) -_ Mais Jovens Paulistas para Novas Lutas no Sul –<br />
A Toma<strong>da</strong> de Montevidéu<br />
Ain<strong>da</strong> no governo do Conde de Palma aconteceu a inva<strong>são</strong> e<br />
incorporação pelo Brasil <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> Oriental ( Uruguai ) . Ela foi<br />
determina<strong>da</strong> por interesses econômicos , financeiros e políticos .<br />
Com a deposição de Fernando VII de Espanha por Napoleão,<br />
as suas colônias espanholas na América passaram a ser colônias <strong>da</strong> França .<br />
Isto desequilibrava totalmente as forças na América Latina , especialmente<br />
na área do Estuário do Prata . Os franceses poderiam man<strong>da</strong>r na América<br />
do Sul . Isto trouxe enorme preocupação para a Inglaterra , interessa<strong>da</strong> na<br />
economia <strong>da</strong> região .<br />
Então os ingleses rapi<strong>da</strong>mente vão agir muito rapi<strong>da</strong>mente<br />
oferecendo apoio decisivo aos “Movimentos de Libertação do Prata”.<br />
Visavam , antes de mais na<strong>da</strong> , controlar a força <strong>da</strong> França , depois abrir o<br />
mercado <strong>da</strong> região . Então vai surgir a Argentina independente .<br />
D. João VI , em 1816 , quer se aproveitar do fato tentando<br />
ganhar a totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> Oriental , nota<strong>da</strong>mente a margem superior do<br />
Rio <strong>da</strong> Prata , <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong>de aquilo que fizeram os bandeirantes<br />
paulistas em séculos anteriores , ou seja precisamente em 1.680, com a<br />
fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Colônia de Sacramento .<br />
Para tanto , seguindo as formali<strong>da</strong>des internacionais , comunica<br />
para Espanha , como também para Inglaterra sua deliberação . A Ação<br />
bélica estará sendo justifica<strong>da</strong> como defesa aos “Assaltos e Depre<strong>da</strong>ções<br />
realiza<strong>da</strong>s por hor<strong>da</strong>s de Artigas- o Caudilho <strong>da</strong> região” . Também alegam<br />
continui<strong>da</strong>de no roubo do gado <strong>da</strong>s estâncias gaúchas junto <strong>da</strong>quela<br />
fronteira . Era preciso ain<strong>da</strong> acertar e demarcar definitivamente tais linhas<br />
demarcatórias com o Uruguai .<br />
A região não fazia parte <strong>da</strong> União Argentina . Estava separa<strong>da</strong><br />
de tudo , ao sabor <strong>da</strong>s vontades de Artigas .<br />
8º-) Recrutamento dos Paulistas - As Tropas – Província Cisplatina
Em assim sendo, D. João VI no pretexto de “Manter as<br />
Fronteiras em Segurança” , envia algumas tropas lusas , estaciona<strong>da</strong>s no<br />
Rio de Janeiro , para aju<strong>da</strong>r a “Legião de São Paulo” que desde algum<br />
tempo já lutava no Sul . Ela , por isto mesmo , estava desfalca<strong>da</strong> de seus<br />
efetivos , perdidos em lutas anteriores e também pela falta de far<strong>da</strong>s e<br />
roupas apropria<strong>da</strong>s que evitassem frio e por conseqüência doenças . Estava<br />
ain<strong>da</strong> com falta de suprimentos , material bélico e de material que<br />
resguar<strong>da</strong>sse os sol<strong>da</strong>dos do clima gelado e as intempéries <strong>da</strong> região .<br />
A “Legião de São Paulo” então vai se deslocar para junto a<br />
fronteira uruguaia e se tornar mais beligerante . Também vai se juntar a ela<br />
as forças dos “Dragões de São Pedro (gaúchos)”<br />
Então , no começo de 1.817 , novo e amplo recrutamento de<br />
jovens é feito na Província de São Paulo . Visava recompor e reorganizar<br />
as forças <strong>da</strong> “Legião de São Paulo”.<br />
Desta vez o Conde de Palma , governador paulista , não age de<br />
má fé , nem seqüestra jovens . Ele fala à consciência dos paulistas , dos<br />
feitos de seus antepassados e dos feitos atuais <strong>da</strong> própria Legião . Pelo<br />
valor sustentado por ela em combates anteriores . Cria motivações . O<br />
recrutamento então é feito com absoluto sucesso .<br />
Alem dos jovens paulistas naturais de São Paulo, ain<strong>da</strong> vão ser<br />
convocados os jovens paulistas naturais de Curitiba ( O Paraná ain<strong>da</strong> não<br />
havia sido separado de São Paulo ) . Eles que atuarão como guerrilheiros .<br />
Serão mais dois mil homens sob comando do General Xavier Curado .<br />
O comando geral dos brasileiros foi então do Visconde de<br />
Laguna .<br />
Tanto a Legião de São Paulo como os jovens de Curitiba<br />
tiveram assinalados grandes feitos d’armas , cabendo gloria a Legião .<br />
A memória descritiva de muitos combates , feita por Diogo<br />
Arouche de Moraes Lara ( Capitão <strong>da</strong> Legião , falecido em combate ) relata<br />
a bravura nas lutas de todos paulistas em campos de batalhas do Uruguai .<br />
Artigas acaba sendo derrotado definitivamente na Batalha de<br />
Tucuarembó . Os nossos em segui<strong>da</strong> ocupam Montevidéu . A Câmara ou<br />
“Cabildo”de Montevidéu aprova a união <strong>da</strong> região –Ban<strong>da</strong> Oriental - ao<br />
Brasil em 1.820 , sob condições , sendo então denomina<strong>da</strong> como<br />
“Província Cisplatina”.<br />
Mais uma vez os paulistas aju<strong>da</strong>ram o Brasil a crescer .
RETORNO DE D. JOÃO VI- D. PEDRO PRINCIPE REGENTE<br />
Derrota dos Franceses – Expul<strong>são</strong> dos Ingleses – A Nova Corte Portuguesa – Províncias de<br />
Pernambuco , Pará e Maranhão ficam a Favor do Brasil Colonizado – D. Pedro Regente recebe<br />
Todos Problemas <strong>da</strong> Administração de D. João VI- Uma Nova Vi<strong>são</strong> de Independência ocorre em<br />
todo Mundo – A Vin<strong>da</strong> de D. João VI só Gerou Divi<strong>da</strong>s Para Nossa Independência – Primeiros<br />
Contornos para nossa Liber<strong>da</strong>de .<br />
1º-)-Derrota dos Franceses -Expul<strong>são</strong> dos Ingleses -A Corte Portuguesa<br />
Depois que as tropas de Napoleão foram venci<strong>da</strong>s em Portugal os<br />
ingleses , que lá ficaram , estiveram no comando <strong>da</strong>quela nação até 1.820 .<br />
Esta ocupação inglesa , manti<strong>da</strong> por Lorde Beresford , vai provocar , criar e<br />
permitir uma revolta contra a monarquia absoluta de Portugal .<br />
Dará início ao liberalismo. Com ele a idéia do reino constitucional.<br />
Isto trará como conseqüência a convocação de novas Cortes, agora<br />
já na condição de Constituinte, pois iriam elaborar uma Primeira<br />
Constituição destina<strong>da</strong> a criar normas para o reino e principalmente para o<br />
Rei de Portugal . Isto foi então um passo definitivo para mu<strong>da</strong>nça do tipo<br />
de monarquia existente . De Absoluta para Liberal / Constitucional .<br />
Daí para frente as Cortes tomam realmente conta do poder e se<br />
propõem reformar a administração do reino, desejando alem do mais<br />
recuperar a economia de Portugal . Para tanto vão exigir novamente a<br />
“Colonização do Brasil”, em favor dos interesses dos portugueses .<br />
A Monarquia Absoluta Lusa vai se tornar Constitucional .<br />
Contra esta colonização prega<strong>da</strong> pelas Cortes, grande parte do<br />
povo brasileiro vai se rebelar , principalmente em to<strong>da</strong>s as áreas e regiões<br />
que fizeram parte <strong>da</strong> Capitania de São Paulo. A revolta contra uma nova<br />
estrutura colonial do Brasil também surge inicialmente no Rio de Janeiro.<br />
Depois São Paulo se posiciona definitivamente contra . Sentiam que o pais<br />
seria muito prejudicado . Voltar a ser colônia, em principio determinaria<br />
retorno ao atraso geral .<br />
Alem do mais as Cortes Lusas exigiam a volta do Rei, com<br />
urgência para Lisboa . Para tanto aconteciam pressões continua<strong>da</strong>s e seus<br />
reflexos no Brasil apareciam através <strong>da</strong>s guarnições portuguesas aqui<br />
sedia<strong>da</strong>s .<br />
2º-)Províncias de Pernambuco, Maranhão e Pará aderiram a<br />
“Revolução Portuguesa” e Ficam a Favor do Brasil Colonizado<br />
Apoiando as Cortes de Lisboa declara<strong>da</strong>mente , por mais incrível<br />
que pareça , apesar <strong>da</strong>s falas posteriores negando este fato, preferiam ter<br />
um “Brasil Colonizado” .<br />
Depois de nossa Independência , ain<strong>da</strong> os representantes <strong>da</strong>quelas<br />
Províncias irão argumentar que o 7 de Setembro , dia nossa liber<strong>da</strong>de , foi<br />
feito sem lutas sangrentas (sic) , não tendo portanto grande valor patriótico<br />
Em 26 de Janeiro de 1821, no Rio de Janeiro , acontece a primeira<br />
rebelião <strong>da</strong>s tropas lusas . Cai o gabinete que fora instituído por D. João
VI. Ele subitamente viu-se na contingência de , por um decreto ante<strong>da</strong>tado,<br />
comprometer-se a cumprir a Carta Constitucional que as Cortes<br />
Portuguesas ain<strong>da</strong> iriam votar . Perante as tropas portuguesas rebela<strong>da</strong>s D.<br />
João VI jurou aceitar aquela Constituição, ain<strong>da</strong> em elaboração . Fosse qual<br />
fosse seu conteúdo .<br />
A situação fica mais tranqüila temporariamente e D. João VI é<br />
então aconselhado a formar um novo Gabinete e <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento para sua<br />
administração no Brasil . Esta fase vai durar muito pouco tempo . Como<br />
um de seus últimos atos estabelece a liber<strong>da</strong>de de imprensa .<br />
As Cortes lusas continuam insistindo com a volta de D. João VI .<br />
Em 20 de Abril , os brasileiros cariocas promovem tumultos<br />
pedindo a permanência de D. João VI no Brasil. Como consequência as<br />
tropas portuguesas violentamente dissolvem os grupos de manifestantes.<br />
Muitos <strong>são</strong> presos. Outros <strong>são</strong> feridos ou mortos .<br />
Em 7 de Setembro de 1.821 , muito a contragosto , D. João VI<br />
jura fideli<strong>da</strong>de a Constituição Portuguesa. É por conseqüência e em segui<strong>da</strong><br />
obrigado a voltar para Portugal .<br />
Muito pressionado , em 26 de Setembro , embarca de volta para<br />
Portugal . Antes , em 22 de Setembro , havia baixado decreto nomeando e<br />
encarregando seu filho D. Pedro como Príncipe Regente do Brasil .<br />
2º-)-D.Pedro Príncipe Regente Recebe os Problemas de Administração<br />
D.Pedro recebeu naquela ocasião amplos poderes para<br />
administração <strong>da</strong> Justiça , Fazen<strong>da</strong> , Economia , podendo ain<strong>da</strong> resolver<br />
to<strong>da</strong>s as consultas de Administração Publica , prover Ofícios Civis e<br />
Militares , fazer Guerras , Tréguas ou Tratados Provisórios , conceder<br />
Graças e Mercês . Só se distinguia sua posição de um rei pela falta de<br />
direito de representação externa . Entretanto a situação econômica era<br />
caótica .<br />
Entretanto , D. Pedro recebeu de D. João VI um país em estado<br />
caótico . Basta lembrar :<br />
1- Estava praticamente econômica e financeiramente falido o Brasil ;<br />
2- Sol<strong>da</strong>dos e oficiais não recebiam o soldo por mais de dois meses ;<br />
3- Armas e navios existentes eram decrépitos e pouco funcionavam ;<br />
4- D. João limpara os cofres do Banco de Brasil e levara todo ouro e jóias ;<br />
5- Três meses depois <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> de D. João VI o Banco do Brasil<br />
praticamente faliu , roubado que fora pelos seus dirigentes portugueses ;<br />
6- D. João VI usara as moe<strong>da</strong>s existentes para cunhar em cima <strong>da</strong>s mesmas<br />
valor maior em 40% . Assim começaria a inflação do Brasil ;<br />
7 - As despesas eram muito maiores que as receitas nacionais ;<br />
8- O Açúcar produzido no nordeste era mais caro que o <strong>da</strong> Jamaica ou o de<br />
Cuba . Os produtores do nordeste usaram mal os lucros auferidos por muito
tempo . Deixaram suas usinas ficarem obsoletas e com custos de produção<br />
muito mais elevados . Perderam o mercado mundial ;<br />
9-Para poder sal<strong>da</strong>r compromissos D. Pedro foi obrigado a contrair<br />
empréstimo. Entretanto, do valor contratado só aproxima<strong>da</strong>mente 10% foi<br />
recebido , pois os juros e garantias inglesas foram excessivos ;<br />
10- O excessivo numero de funcionários públicos criados para <strong>da</strong>r emprego<br />
aos portugueses que vieram com D. João para o Brasil , ain<strong>da</strong> existentes.<br />
Continuava funcionando o “cabide de empregos” ;<br />
11- Na Fazen<strong>da</strong> Santa Cruz , pertencente a coroa ,existiam mais de 1.500<br />
cavalos para atender a realeza , que por sinal pouco os usavam .<br />
3º-)Uma Nova Vi<strong>são</strong> de Independência Ocorre em todo Mundo<br />
Como se pode verificar a atuação de D. João VI não foi na<strong>da</strong><br />
benéfica para o Brasil , como muitos autores querem difundir . A pura<br />
reali<strong>da</strong>de foi muito outra . Nem mesmo poderemos aceitar como incentivo<br />
e motivo de independência . Basta lembrar que esta on<strong>da</strong> de modificações<br />
visando Liber<strong>da</strong>de e Independência já vinha ocorrendo em todo mundo :<br />
I- Desde o final do século XVIII com a Revolução Francesa e a<br />
Independência dos Estados Unidos . A idéia corria o mundo ;<br />
II- Lembraremos ain<strong>da</strong> que em to<strong>da</strong> América Latina as nações já estavam<br />
se formando livres e independentes de Espanha ;<br />
III- Recor<strong>da</strong>remos ain<strong>da</strong> do “Movimento dos Paulistas em 1.641” tentando<br />
criar um reino independente no Sul do Brasil , com Amador Bueno <strong>da</strong><br />
Ribeira , acontecido muito antes <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> de D. João VI ;<br />
IV - Não podemos esquecer de Tiradentes e os Inconfidentes Mineiros .<br />
4º-) Vin<strong>da</strong> de D. João VI só Criou Custos Elevadíssimos para a<br />
Independência do Brasil ,<br />
Pelo acima exposto , os critérios universais de liber<strong>da</strong>de estavam<br />
mu<strong>da</strong>ndo , eram outros então . O Brasil ficaria livre rapi<strong>da</strong>mente com ou<br />
sem D. João VI . E não teria de ficar responsável por uma Divi<strong>da</strong><br />
Externa que durou dois séculos para ser paga . Isto sem contar o<br />
começo <strong>da</strong> inflação , do “cabide de empregos” e dos favorecimentos<br />
espúrios .<br />
Vamos transcrever resumi<strong>da</strong>mente , a seguir , com nossas<br />
palavras , trechos do relato sobre o Início <strong>da</strong> Administração de D. Pedro I ,<br />
encontrado nas págs. 199/200 do livro “ <strong>História</strong> Administrativa e<br />
Econômica do Brasil” , de autoria do Prof. Hélio de Alcântara Avellar –<br />
Edição do Ministério <strong>da</strong> Educação e Cultura -1970 .<br />
“ A situação econômica brasileira na ocasião apresentava-se<br />
muito difícil . Por isto mesmo D. Pedro começou sua Regência
ecomen<strong>da</strong>ndo economia nos gastos públicos , pois a situação que her<strong>da</strong>ra<br />
<strong>da</strong> administração anterior era simplesmente sem perspectivas .<br />
Começou alterando muitas coisas , atendendo vontades do povo :<br />
1-Ele aboliu o injusto imposto do sal ;<br />
2-Aboliu as taxas sobre viveres ;<br />
3-Suspendeu temporariamente algumas Comissões para conter Despesas ;<br />
4-Instituiu a liber<strong>da</strong>de de ensino ;<br />
5-Aboliu necessi<strong>da</strong>de de licenças para Colégios e Escolas lecionarem :<br />
6-Ativou o Seminário São Joaquim que posteriormente foi transformado<br />
em Colégio Pedro II ;<br />
7-Expediu inúmeros aforamento de terras para reais agricultores ;<br />
8-Impediu a pri<strong>são</strong> , a não ser em flagrante delito ou por ordem de Juiz ;<br />
9-Aboliu o uso de grilhões e correntes para presos ;<br />
10-Admitiu o parcelamento <strong>da</strong>s divi<strong>da</strong>s fiscais , com pagtos. via letras;<br />
11- Aboliu o Imposto de Cabotagem ;<br />
12- Vendeu mais de 1.000 cavalos <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> Santa Cruz ;<br />
13- Cortou inúmeros empregos desnecessários ;<br />
14- Parou de receber seus pagamentos como Regente .<br />
Antes de tomar to<strong>da</strong>s estas medi<strong>da</strong>s muito reclamou mediante<br />
cartas que enviou para seu pai .<br />
Quando comparamos as primeiras medi<strong>da</strong>s de D. Pedro , então<br />
Príncipe Regente, com as primeiras medi<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s por D. João VI<br />
quando de sua chega<strong>da</strong> ao nosso país, veremos claramente o seguinte :<br />
- Aquelas providencias de D. Pedro visavam o bem do Brasil ,<br />
atendendo todos brasileiros . As de D. João VI eram destina<strong>da</strong>s a<br />
Corte portuguesa que estava no Rio. Alem do mais atendiam<br />
inteiramente os desejos ingleses .<br />
4º-) Os Primeiros Contornos de Nossa Independência<br />
Em 5 de junho ocorreu o juramento ( praticamente forçado ) de D.<br />
Pedro para a nova Constituição Portuguesa , perante o Bispo e a Câmara<br />
Municipal do Rio de Janeiro .<br />
Em segui<strong>da</strong> substitui o Conde d’Arcos que regressou para Portugal.<br />
Em 24 de Abril as Cortes de Portugal declaram que os Governos<br />
Provisórios <strong>da</strong>s Províncias Brasileiras ficavam independentes <strong>da</strong><br />
administração do Rio de Janeiro , estando sujeitas diretamente a Portugal.<br />
Isto não era a descentralização , mas o desmantelamento <strong>da</strong><br />
administração de D. Pedro . Ele era reduzido a pouco mais de simples<br />
governador do Rio de Janeiro .<br />
A Bahia , que tanto exalta sua luta pela independência , na<br />
época de 1821 através <strong>da</strong> sua Junta Provisória , alegando que D. Pedro
fora nomeado pelo Rei e não pelas Cortes de Lisboa , se nega a<br />
reconhecer a sua autori<strong>da</strong>de como Príncipe Regente .<br />
A Bahia vai automaticamente concor<strong>da</strong>r , em 29 de Setembro de<br />
1.821 , com a extinção de importantes áreas <strong>da</strong> administração do Brasil<br />
determina<strong>da</strong> pela mesma Cortes de Lisboa , a saber : - Desembargo do<br />
Paço , Conselho <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> , Mesa <strong>da</strong> Consciência , <strong>Casa</strong> <strong>da</strong> Suplicação ,<br />
Junta de Comercio e outras enti<strong>da</strong>des , as quais juntas determinam a<br />
independência de uma gestão e existência de uma nação . Sem estas áreas<br />
de administração as Cortes iriam tentar a recolonização do Brasil .<br />
Também discor<strong>da</strong>vam definitivamente <strong>da</strong> Regência de D.<br />
Pedro a Província de Pernambuco . No Norte Pará e Maranhão se<br />
declaravam desliga<strong>da</strong>s do Brasil e liga<strong>da</strong>s diretamente a Portugal .<br />
Antes que tudo isto aconteça , os desmandos financeiros /<br />
econômicos gerados pelo governo de D. João VI , como já assinalados<br />
anteriormente , estavam claramente aparecendo , logo depois de seu retorno<br />
para Portugal .<br />
A pres<strong>são</strong> <strong>da</strong>s Cortes continuava . Outros decretos vindos de<br />
Lisboa determinam a volta imediata de D. Pedro para Portugal , alegando<br />
necessi<strong>da</strong>de de “Complementação de sua Educação Política” .<br />
Alem do mais “inventam” necessi<strong>da</strong>de de “Nomeação de um<br />
Governador de Armas” em ca<strong>da</strong> Província do Brasil , independente de<br />
tudo e de todos . Nomeados que seriam somente e diretamente por<br />
Portugal. To<strong>da</strong> força militar ficaria sujeita a Portugal .<br />
Para aumentar a confu<strong>são</strong> e o clamor popular existia a “Grita dos<br />
Desempregados , causa<strong>da</strong> pela extinção <strong>da</strong>s várias repartições , cria<strong>da</strong>s por<br />
D. João VI e extintas pelas Cortes de Portugal .<br />
Nesta mesma época José Bonifácio de Andra<strong>da</strong> e Silva , Vice –<br />
Presidente <strong>da</strong> Junta Administradora de São Paulo , em representação à D.<br />
Pedro , declarou que sua parti<strong>da</strong> para Portugal significaria um sinal<br />
decisivo de separação entre Brasil e Portugal .<br />
Tendo em vista a continui<strong>da</strong>de de enorme pres<strong>são</strong> <strong>da</strong>s Cortes de<br />
Lisboa para retorno de D. Pedro , o Senado <strong>da</strong> Câmara levou ao Príncipe<br />
Regente um “Memorial Explicativo” contendo as necessi<strong>da</strong>des de sua<br />
permanência no Brasil . A sua resposta é conheci<strong>da</strong> como o “Fico”,<br />
aconteci<strong>da</strong> em 09 de Janeiro .<br />
A Divi<strong>são</strong> Auxiliadora , portuguesa , coman<strong>da</strong><strong>da</strong> por Jorge<br />
Avilez , tenta então compelir o Príncipe à obediência <strong>da</strong> Corte de Lisboa .<br />
O Rio de Janeiro recebe rapi<strong>da</strong>mente reforços militares de São Paulo .<br />
Resultado : Avilez foi quem partiu para Portugal .<br />
No dia seguinte José Bonifácio de Andra<strong>da</strong> – Patriarca <strong>da</strong><br />
Independência – convoca Conselho de Representantes <strong>da</strong>s Províncias , para<br />
servir como órgão consultivo do Príncipe Regente .
Todo o Sul e Centro e Centro- Oeste obedecem ao decreto .<br />
Na Bahia houve tumulto .<br />
Em 21 de Fevereiro , decretou-se que “ Nenhum Ato<br />
Emanado <strong>da</strong>s Cortes de Portugal seria obedecido no Brasil sem o<br />
“Cumpra-se Regencial”.<br />
Em 5 de Março , chega ao Rio a “Divi<strong>são</strong> Naval de Portugal” ,<br />
encarrega<strong>da</strong> de conduzir o Príncipe D. Pedro de volta para Lisboa .<br />
A sua entra<strong>da</strong> foi impedi<strong>da</strong> . Seu coman<strong>da</strong>nte foi obrigado a<br />
assinar compromisso de obediência ao Príncipe , sem o que não receberia<br />
provisões necessárias para seu imediato retorno .<br />
No final de Agosto a situação de São Paulo começa ficar<br />
conturba<strong>da</strong> , pois o Presidente <strong>da</strong> Junta <strong>da</strong>quela Província não estava<br />
aceitando inteiramente determinações vin<strong>da</strong>s do Rio de Janeiro .<br />
Por conselho de José Bonifácio , D. Pedro vai seguir para São<br />
Paulo . Vai para acalmar ânimos e implantar definitivamente suas decisões.<br />
Isto vai acontecer depois de acertar detalhes para sua ausência .<br />
D. Pedro vai sair inicialmente com pequena comitiva , à cavalo . Destino:<br />
-Vale do Paraíba , onde irá receber pelas ci<strong>da</strong>des por onde passará novos<br />
membros de acompanhantes voluntários.<br />
Em Pin<strong>da</strong>monhangaba será forma<strong>da</strong> sua “Guar<strong>da</strong> de Honra”.
“INDEPENDÊNCIA OU MORTE”<br />
Razões para Viagem para São Paulo – Caminho para Pin<strong>da</strong>monhangaba – A Comitiva - A<br />
“Guar<strong>da</strong> de Honra” /Formação e Características – Caminho de São Paulo/ Providencias –Vai<br />
Acontecer Nossa Independência na Volta de Santos- “ Independência ou Morte / Relato do<br />
Cel. Marcondes de Mello, Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> – Primeiras Horas de um Brasil Livre .<br />
1º)- Razões para Viagem do Príncipe Regente à São Paulo<br />
Após o retorno de D. João VI para Portugal , a Corte de Lisboa<br />
estava ca<strong>da</strong> vez mais exigente no que dizia ao Brasil como Reino Unido a<br />
Portugal . Por tudo que se sabia e se recebia como noticia ficava claro que<br />
a Corte de Lisboa desejava anular o decreto que tornara nosso pais Reino<br />
Unido a Portugal . Existia mesmo a intenção para que o Brasil voltasse à<br />
simples condição de colônia. A Corte portuguesa entendia que só assim<br />
poderiam ter novamente estabili<strong>da</strong>de econômica .<br />
As suas determinações , até certo ponto , feriam e contrariavam<br />
diretamente até as ordens de D. Pedro- Príncipe Regente do Brasil.<br />
Assim agindo afetavam diretamente nosso pais em muitas coisas,<br />
influindo com suas ordens negativamente , inclusive em nossas Províncias .<br />
Na pratica tentavam interferir na política interna que havia sido<br />
estabeleci<strong>da</strong> por D. João VI e até então manti<strong>da</strong> por D. Pedro – Príncipe<br />
Regente . Por isto mesmo as coisas administrativas muitas vezes não<br />
an<strong>da</strong>vam muito bem , nota<strong>da</strong>mente na Província de São Paulo .<br />
O Governo Provisório Paulista , tendo a sua frente o General<br />
Carlos Augusto Oeynhausen (depois Marquês de Aracati), o Coronel<br />
Francisco Inácio de Souza Queirós e o Ouvidor José <strong>da</strong> Costa Carvalho<br />
( mais tarde Barão de Monte Alegre e fun<strong>da</strong>dor do primeiro jornal de São<br />
Paulo – “O Farol Paulistano” ) , influenciado pelas Cortes de Lisboa , alem<br />
de muitas vezes prestigiar o legislativo português acima <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des,<br />
vinha retar<strong>da</strong>ndo a posse do Marechal José Arouche de Toledo Rendon,<br />
recentemente nomeado por D. Pedro, para ocupar o cargo de Governador e<br />
Coman<strong>da</strong>nte de Armas <strong>da</strong> Província de São Paulo .<br />
O Príncipe Regente , muito aborrecido com tais acontecimentos ,<br />
depois de conferenciar com o Conselheiro José Bonifácio de Andra<strong>da</strong> e<br />
Silva – o “Patriarca <strong>da</strong> Independência”, foi aconselhado a seguir viagem<br />
para as terras paulistas , pois existia certeza nos bons resultados que sem<br />
duvi<strong>da</strong> deveriam ser alcançados com sua presença . Para tanto a indicação<br />
de José Bonifácio se apoiava no que havia acontecido recentemente em<br />
Minas Gerais, quando D. Pedro em viagem semelhante , tinha sido apoiado<br />
e aclamado pelo povo mineiro .<br />
Nos dias que se seguiram foram realizados todos os preparativos<br />
para esta viagem , destina<strong>da</strong> que foi para resolver pendências na Província<br />
Paulista .
Para tanto , em 13 de Agosto de 1.822 , o Príncipe Regente assina<br />
decreto delegando poderes ao seu Ministério, o qual em seu nome poderia<br />
tomar to<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s julga<strong>da</strong>s como necessárias . Ain<strong>da</strong> designava Dona<br />
Leopoldina , sua esposa , para a Presidência do Conselho de Ministros .<br />
2º-)-Caminho para Pin<strong>da</strong>monhangaba - A Comitiva de D. Pedro<br />
Um dia depois partia D. Pedro para São Paulo , viajando por terra<br />
e a cavalo . Em sua comitiva também partiram do Rio de Janeiro : - o<br />
Secretário de Estado Luiz Sal<strong>da</strong>nha <strong>da</strong> Gama ( posteriormente Marquês de<br />
Taubaté ) , o secretário particular Francisco Gomes <strong>da</strong> Silva ( o Chalaça ),<br />
o Major Francisco Castro do Canto e Melo (irmão <strong>da</strong> Marquesa dos Santos)<br />
e os criados João Carlota e João Carvalho .<br />
Esta comitiva vai receber vários outros membros no caminho ,<br />
até atingir Pin<strong>da</strong>monhangaba . Então a comitiva quase que por inteiro irá se<br />
transformar na Guar<strong>da</strong> de Honra do Príncipe Regente. Os novos<br />
componentes , aqueles que foram se integrando na Comitiva de D. Pedro<br />
durante o seu trajeto até Pin<strong>da</strong> , <strong>são</strong> os seguintes :<br />
* - <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Santa Cruz - Ten. Cel. Joaquim Barreto de Camargo e o<br />
padre Belchior Pinheiro de Oliveira ;<br />
* - de São João Marcos –Joaquim José de Souza Breves , Floriano de Sá<br />
Rios , Cassiano Gomes Nogueira ;<br />
* - de Areias - Sargento-Mor João Ferreira de Souza<br />
*- de Guaratinguetá – João Monteiro dos Santos e Custodio Leme<br />
Barbosa ;<br />
Então , dias depois , esta comitiva alcança Pin<strong>da</strong>monhangaba ,<br />
onde realmente e efetivamente será forma<strong>da</strong> a sua Guar<strong>da</strong> de Honra . Ali<br />
ela será encontra<strong>da</strong> inteiramente uniformiza<strong>da</strong> e arma<strong>da</strong> , pois fora<br />
anteriormente devi<strong>da</strong>mente prepara<strong>da</strong> e organiza<strong>da</strong> .<br />
Na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong>de do Vale do Paraíba , estavam o<br />
Coronel Manuel Marcondes de Melo (futuro Barão de Pin<strong>da</strong>monhangaba )<br />
e o Coronel Antonio <strong>da</strong> Gama Lobo , membro do Governo Provisório e<br />
pessoa muito liga<strong>da</strong> a <strong>Casa</strong> de Bragança . Ele era um dos principais<br />
organizadores <strong>da</strong>quela Guar<strong>da</strong> de Honra , com todo apoio do Coronel<br />
Manuel Marcondes . Aguar<strong>da</strong>vam D. Pedro e sua Comitiva de até então .<br />
Alem deles também esperavam o Príncipe Regente os seguintes<br />
paulistas que irão compor sua Primeira Guar<strong>da</strong> de Honra :<br />
* - de Pin<strong>da</strong>monhangaba : Capitão- Mor João Monteiro do Amaral,<br />
Sargento- Mor Domingos Marcondes de Andrade, Tenente - Mor Francisco<br />
Bueno Leme, Miguel de Godoy Moreira e Costa, Adriano Vieira de<br />
Almei<strong>da</strong>, Manuel Godoy Moreira, Manuel Ribeiro do Amaral, Antonio<br />
Marcondes Homem de Melo, Benedito Correia Salgado <strong>da</strong> Silva , Capitão<br />
Candido Marcondes Ribas, Capitão José Romeiro de Oliveira e Rodrigo de
Oliveira Godoy Moreira. Juntamente com aquele pessoal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , ali<br />
ain<strong>da</strong> estavam aguar<strong>da</strong>ndo o Príncipe os seguintes representantes <strong>da</strong>s outras<br />
ci<strong>da</strong>des do Vale do Paraíba , abaixo indica<strong>da</strong>s :<br />
* - de Taubaté – Francisco Xavier de Almei<strong>da</strong>, Vicente <strong>da</strong> Costa Braga,<br />
Fernando Gomes Nogueira, João José Lopes, Rodrigo Gomes Vieira, Bento<br />
Vieira de Moura ;<br />
* - de Paraibuna – Flavio Antonio Mello ;<br />
* - de Mogi <strong>da</strong>s Cruzes –Salvador Leite Ferraz .<br />
Desta forma , com todos aqueles paulistas , a Guar<strong>da</strong> de Honra<br />
será efetivamente forma<strong>da</strong> em Pin<strong>da</strong>monhangaba . Ela será então composta<br />
ao todo por ( 30 ) trinta membros efetivos , sendo dois em comando , (11)<br />
voluntários do Rio de Janeiro e (27) voluntários de São Paulo .<br />
Chegando ao centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Pin<strong>da</strong>monhangaba , D. Pedro<br />
foi magnificamente recepcionado pelo povo , hospe<strong>da</strong>ndo-se em segui<strong>da</strong> no<br />
palacete dos irmãos Marcondes (Cel. Manuel Marcondes de Melo e<br />
Monsenhor Marcondes ) situado na então Praça Formosa , esquina <strong>da</strong> atual<br />
Rua 7 de Setembro .<br />
3º-) A Guar<strong>da</strong> de Honra – Sua Formação e Características<br />
Esta primeira Guar<strong>da</strong> de Honra , em torno <strong>da</strong> qual inicialmente foi<br />
cria<strong>da</strong> alguma confu<strong>são</strong>, é a origem <strong>da</strong> posterior <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra do<br />
Imperador . Esta primeira Guar<strong>da</strong> de Honra era de natureza voluntária,<br />
constituí<strong>da</strong> por elementos de escol <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira , nota<strong>da</strong>mente do<br />
Vale do Paraíba -São Paulo . Visava <strong>da</strong>r suporte e efetiva guar<strong>da</strong> ao<br />
Príncipe Regente - D. Pedro . Era unicamente motiva<strong>da</strong> por vontade<br />
individual e patriotismo .<br />
Ain<strong>da</strong> não era uma milícia organiza<strong>da</strong> militarmente , com soldo<br />
regular . A posterior “Guar<strong>da</strong> de Honra Imperial”, também chama<strong>da</strong> de<br />
“Dragões <strong>da</strong> Independência , foi forma<strong>da</strong> após a Independência do Brasil,<br />
sendo então remunera<strong>da</strong> . Somente foi cria<strong>da</strong> em 1º de Dezembro de 1.822 .<br />
Até aquela <strong>da</strong>ta a “Guar<strong>da</strong> de Honra” que se formou era um corpo<br />
de voluntários, saído <strong>da</strong>s melhores famílias e cujas totais despesas eram<br />
custea<strong>da</strong>s por eles próprios . Sua formação e constituição fora planeja<strong>da</strong><br />
pelo Cel. Gama Lobo após a viagem do príncipe para Minas Gerais .<br />
Os integrantes foram escolhidos por sua formação intelectual e<br />
moral , alem <strong>da</strong>s boas condições de vi<strong>da</strong> regra<strong>da</strong> . Seus integrantes tinham<br />
portanto ótimas qualificações para freqüentarem e manterem qualquer<br />
dialogo com o Príncipe Regente .<br />
Considerava-se por isto ser excelente recomen<strong>da</strong>ção pertencer<br />
aquele corpo , que tinha aceitação e aprovação do Príncipe , para prestarem<br />
todos os trabalhos a que se propunham . Ninguém poderia se alistar na<br />
Guar<strong>da</strong> de Honra sem licença de D. Pedro . Era uma ver<strong>da</strong>deira Guar<strong>da</strong>
Nobre , cujos integrantes não poupavam esforços para se apresentar e servir<br />
o Príncipe Regente com a maior correção .<br />
De primeira ordem eram seus cavalos , ricamente ajaezados .<br />
Tinham seus próprios pajens e por sua conta corriam as despesas, em<br />
viagem ou na corte .<br />
Seu far<strong>da</strong>mento primeiro era de casimira branca , com cinturões e<br />
talabartes de couro preto . As botas longas de cavalaria também era de<br />
couro preto . Usavam um capacete dourado , encimado por um pequeno<br />
dragão negro, de cuja cau<strong>da</strong> saia um pequeno tufo de crina carmesim . Foi<br />
com este far<strong>da</strong>mento que a Guar<strong>da</strong> de Honra entrou em São Paulo ,<br />
acompanhou o Príncipe D. Pedro na viagem de i<strong>da</strong> e volta para Santos e<br />
participou diretamente <strong>da</strong> Independência do Brasil .<br />
O comando até a ci<strong>da</strong>de de São Paulo foi do Cel. Gama Lobo ,<br />
tendo o Cel. Manuel Marcondes como segundo em comando desta Guar<strong>da</strong><br />
de Honra .<br />
4º-) - No Caminho de São Paulo – Providências<br />
O Príncipe Regente somente um dia ficou em Pin<strong>da</strong>monhangaba ,<br />
agora devi<strong>da</strong>mente acompanhado por to<strong>da</strong> sua Guar<strong>da</strong> de Honra .<br />
Dando continui<strong>da</strong>de ao seu programa D. Pedro parte para São<br />
Paulo . Como de seu costume segue rapi<strong>da</strong>mente , sem per<strong>da</strong>s de tempo .<br />
Por todos lugares onde ele passou com sua Guar<strong>da</strong> foram muito bem<br />
recebidos e aclamados . Em 24 de Agosto chegam as portas <strong>da</strong> capital <strong>da</strong><br />
Província . Param em Penha de França onde todos irão pernoitar .<br />
Ali D. Pedro ordena que os membros do Governo Provisório,<br />
aqueles mesmos que haviam aceitado diretivas <strong>da</strong>s Cortes de Lisboa sem<br />
consulta ao príncipe Regente, saíssem obrigatoriamente <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo . A pena deles não foi maior por solicitação de Gama Lobo . Os<br />
oficiais batedores que tinham ido em sua frente até a ci<strong>da</strong>de retornam.<br />
Então informam <strong>da</strong> grande alegria do povo paulista em receber o Príncipe<br />
D. Pedro .<br />
Foi com esta Guar<strong>da</strong> de Honra que o Príncipe Regente fez entra<strong>da</strong><br />
soleníssima em São Paulo, ain<strong>da</strong> no mesmo dia 25 de Agosto de 1.822 . O<br />
povo paulista formou alas aplaudindo por onde passou o Príncipe . Então<br />
D. Pedro , festivamente recebido , hospedou-se no palacete do Brigadeiro<br />
Manuel Rodrigues Jordão , sito à Rua Direita . Na ocasião foi auxiliado<br />
pelo Cel. Antonio <strong>da</strong> Silva Prado (mais tarde Barão de Iguape)<br />
No outro dia ain<strong>da</strong> bem cedo, D. Pedro começa tomar as<br />
providencias que julgava necessárias para total restabelecimento <strong>da</strong> ordem<br />
em São Paulo de Piratininga .<br />
Determina o cumprimento e realização de to<strong>da</strong>s suas ordens que<br />
porventura estivessem em suspenso . Nomeia interinamente o Cel. Joaquim
César de Cerqueira Lima para substituir o Marechal Candido Xavier de<br />
Almei<strong>da</strong> e Souza como Coman<strong>da</strong>nte de Armas <strong>da</strong> Província de São Paulo .<br />
Na madruga<strong>da</strong> de 5 de Setembro de 1.822 , D. Pedro irá partir para<br />
Santos , com a maior parte de sua Guar<strong>da</strong> de Honra . Poucos irão ficar em<br />
São Paulo . Vai para conhecer aquele praça , visitar a família de seu amigo<br />
José Bonifácio de Andrade e Silva e <strong>da</strong>r posse ao Ten.Cel. Joaquim Aranha<br />
de Camargo Barreto no cargo de Governador e Coman<strong>da</strong>nte de Armas <strong>da</strong><br />
Praça de Santos. Este decreto de nomeação ele havia assinado<br />
anteriormente , em 23 de Agosto, quando ain<strong>da</strong> estava em Mogi <strong>da</strong>s<br />
Cruzes .<br />
Esta nomeação era importante para os patriotas brasileiros .<br />
Para esta viagem o então Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra –<br />
Gama Lobo não irá acompanhar o Príncipe Regente . Sua i<strong>da</strong>de era<br />
avança<strong>da</strong> e descer e subir a Serra de Santos a cavalo não era coisa fácil .<br />
Alem do mais ele era ain<strong>da</strong> o Coman<strong>da</strong>nte efetivo do 1º Regimento de<br />
Cavalaria sediado em São Paulo .<br />
Por isto e por suas responsabili<strong>da</strong>des na ci<strong>da</strong>de deveria permanecer<br />
mais algum tempo em São Paulo . Ali aguar<strong>da</strong>ria o retorno de D. Pedro ,<br />
tendo como companhia alguns componentes <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra e <strong>da</strong><br />
Comitiva do Príncipe Regente .<br />
Por ordem de D. Pedro o comando <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra foi<br />
transferido para o Coronel Manuel Marcondes de Melo .<br />
5º-)- Vai Acontecer Nossa Independência na Volta de Santos<br />
O chamado Grito do Ipiranga não foi um acontecimento isolado .<br />
Foi eco de vários fatos e fatores que o antecederam . Podemos lembrar que<br />
sempre existiu o desejo de igual<strong>da</strong>de e liber<strong>da</strong>de entre os brasileiros, o que<br />
praticamente não vinha acontecendo depois que as Cortes de Lisboa<br />
tentavam impor suas determinações , visando simplesmente transformar<br />
novamente o Brasil em Colônia .<br />
Isto era uma diminuição inaceitável para os patriotas do Brasil .<br />
D. Pedro , o Príncipe Regente , apesar de nascido em Portugal ,fora<br />
praticamente criado totalmente livre dentro do Brasil . Amava a liber<strong>da</strong>de .<br />
Era certeza o seu amor pela pátria adotiva . Isto ele já havia demonstrado<br />
varias vezes, inclusive quando as Cortes de Lisboa exigiram sua volta para<br />
Portugal e ele , atendendo aos brasileiros respondeu : - “Digam ao povo<br />
que fico”.<br />
Para tanto contou com o apoio de forças paulistas que para o Rio<br />
de Janeiro se deslocaram . Foi quando chegou a enfrentar possíveis<br />
represálias por parte do exercito português sediado naquela ci<strong>da</strong>de .<br />
Teve sempre ao seu lado a presença constante e firme do “Patriarca<br />
<strong>da</strong> Independência” – José Bonifácio de Andra<strong>da</strong> e Silva . Ele
constantemente afirmava e pregava a necessi<strong>da</strong>de de independência do<br />
Brasil . Para tanto tinha o apoio de paladinos <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de do Brasil na<br />
imprensa brasileira , como Joaquim Gonçalves Ledo, José Clemente<br />
Pereira e o frei Sampaio .<br />
Existia no ar de São Paulo antigas lembrança dos paulistas que<br />
foram os primeiros que tentaram nossa Independência , no ano de 1641,<br />
com Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira , “aquele que não quis ser Rei” .<br />
Também não estava distante a vi<strong>são</strong> <strong>da</strong> punição aos Inconfidentes<br />
de Minas Gerais quando tentaram a Liber<strong>da</strong>de do Brasil .<br />
A maçonaria brasileira pregava independência . D. Pedro era ,<br />
na<strong>da</strong> mais na<strong>da</strong> menos , seu Grande Mestre.<br />
Acima de tudo existia a lembrança <strong>da</strong>s palavras de D. João VI no<br />
momento de seu retorno para Portugal : - “ Pedro , caso o Brasil separarse<br />
de Portugal, antes que seja para ti , que me respeitarás , do que para<br />
algum desses aventureiros ...” .<br />
Deve ter tido muita valia a firme e constante presença <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong><br />
de Honra, principalmente quando com voz firme e forte respondeu<br />
afirmativamente ao Grito de “Independência ou Morte”, <strong>da</strong>ndo todo apoio e<br />
força moral ao Príncipe. Desde o início de sua viagem , com sua Guar<strong>da</strong> de<br />
Honra , D. Pedro sentia muita segurança.<br />
6º-) “Independência ou Morte” – Relato do Cel. Manuel Marcondes de<br />
Melo<br />
Muitos escritores e historiadores escreveram sobre o momento <strong>da</strong><br />
Independência do Brasil . Existe muita distorção por “ouvir falar” ou por<br />
“querer aparecer”. Porem o único que esteve presente e participou de todos<br />
acontecidos em nossa Independência foi o Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de<br />
Honra do Príncipe Regente naquele momento, ou seja – Coronel Manuel<br />
Marcondes de Melo .<br />
Por isto mesmo somente pode ser dele , o Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong><br />
de Honra no momento <strong>da</strong> Independência , o Relato Mais Fiel.<br />
Aquele foi e será sempre o instante inesquecível para os todos os<br />
brasileiros .<br />
Entendemos que por mais bonito que possa ser qualquer outro<br />
relato , aquele do Cel. Manuel Marcondes será, sem duvi<strong>da</strong> alguma, o mais<br />
preciso . Por isto foi escolhido para ser devi<strong>da</strong>mente divulgado , na forma<br />
idêntica aquela que o Cel. Marcondes redigiu .<br />
Este relato encontra-se transla<strong>da</strong>do no livro “ Retratos <strong>da</strong> Princesa<br />
do Norte” de Rômulo Campos D’Arace – Págs. 81 , 82 , 83 .<br />
O Coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra – Cel. Manuel Marcondes ,<br />
antes de seu falecimento , deixara manuscrito o que fora e como fora a<br />
viagem de volta à Santos , bem como detalhes sobre a Proclamação <strong>da</strong>
Independência , aconteci<strong>da</strong> nas margens do Riacho do Ipiranga , no dia 7<br />
de Setembro de 1.822 . Ele começa assim :<br />
“- Ao romper o dia 5 de Setembro já estava a Guar<strong>da</strong> posta<strong>da</strong> ,<br />
em frente do palacete em que tinha se hospe<strong>da</strong>do S.A. , aguar<strong>da</strong>ndo suas<br />
ordens .<br />
Não partimos de madruga<strong>da</strong> , mas saímos cedo . Montava D.<br />
Pedro uma possante besta gatea<strong>da</strong> , sendo menos ver<strong>da</strong>deira a noticia , mais<br />
tarde <strong>da</strong><strong>da</strong> pelos jornais , de que vinha em ardoroso cavalo de raça mineira .<br />
Em to<strong>da</strong> viagem mostrava-se S.A. muito satisfeito e expansivo .<br />
Trazia , por vezes , ao seu lado o padre Belchior , com quem mantinha<br />
anima<strong>da</strong> conversação .<br />
Em Santos foram realiza<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as providencias devi<strong>da</strong>mente<br />
programa<strong>da</strong>s e no dia 7 de Setembro iniciamos o retorno . Saímos bem<br />
cedo em direção à São Paulo .<br />
Já havíamos subido a serra quando D. Pedro queixou-se de<br />
cólicas intestinais, precisando por isto apear-se , para por meios naturais se<br />
aliviar de seus sofrimentos . Observou-nos que melhor seria esperá-lo mais<br />
adiante , ain<strong>da</strong> na Estra<strong>da</strong> para São Paulo. Efetivamente ali o deixamos ,<br />
como havia sido determinado .<br />
Um pouco mais para frente , chegando ao Ipiranga , fiz parar a<br />
Guar<strong>da</strong> junto a uma casinhola que ficava a beira <strong>da</strong>quele riacho .<br />
Para evitar qualquer surpresa , mandei o Guar<strong>da</strong> Miguel de<br />
Godoy Moreira e Costa , que era dos mais moços , colocar-se de atalaia em<br />
lugar que pudesse descobrir a aproximação do Príncipe , para nos avisar em<br />
tempo . Tomando esta providencia apeamo-nos e fomos descansar , como<br />
era natural .<br />
Pouco tempo , porem , se tinha decorrido , quando vimos<br />
chegar, dirigindo-se para nosso lado dois viajantes , que logo<br />
reconhecemos serem pessoas de consideração . Eram Paulo Bregaro ,<br />
oficial <strong>da</strong> Secretária do Supremo Tribunal Militar e o Major Antonio<br />
Ramos Cordeiro , que a mando de José Bonifácio , vinham do Rio de<br />
Janeiro apressa<strong>da</strong>mente , procurando D. Pedro para fazer entrega de papeis<br />
de muita circunstância , que o governo lhe enviava .<br />
Na ocasião conseguimos saber que ao Rio havia chegado um<br />
navio trazendo despachos <strong>da</strong>s Cortes de Lisboa , dos quais entendeu o<br />
Ministro dever <strong>da</strong>r conta imediata para D. Pedro .<br />
Poucos minutos poderiam ter-se passado depois <strong>da</strong> retira<strong>da</strong><br />
dos referidos viajantes que foram ao encontro direto com o Príncipe , e eis<br />
que percebemos que o guar<strong>da</strong> que estava de vigia vinha apressa<strong>da</strong>mente<br />
em direção do ponto onde estávamos.<br />
Imediatamente mandei formar a Guar<strong>da</strong> para receber D.<br />
Pedro. Mas tão apressado vinha o Príncipe , que chegou antes mesmo que<br />
alguns sol<strong>da</strong>dos tivessem tempo de alcançar as selas .
Havia de ser 4 horas <strong>da</strong> tarde , mais ou menos .<br />
O Príncipe chegou na frente . Saímos ao seu encontro . Diante<br />
<strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, que formava um semi- circulo , estancou o animal e de espa<strong>da</strong><br />
desembainha<strong>da</strong> , bradou :<br />
– “Amigos ! Estão quebrados para sempre os laços que nos<br />
ligavam ao governo português ! E nos topes que nos indicam como súditos<br />
<strong>da</strong>quela nação , convido-os a fazerdes assim ... E , arrancando do chapéu<br />
que ali trazia a fita azul e branca , a arrojou no chão , sendo nisto<br />
acompanhado por to<strong>da</strong> a Guar<strong>da</strong> , que tirando dos braços o mesmo<br />
distintivo, lhe deu igual destino .<br />
- “E viva o Brasil livre e independente” – gritou D. Pedro .<br />
Ao que desembainhando também nossas espa<strong>da</strong>s , respondemos :<br />
- “Viva D. Pedro , seu defensor perpétuo !”<br />
E bradou o Príncipe :- “Viva o Brasil livre e independente !<br />
Será nossa divisa de ora em diante : Independência ou Morte !”<br />
Por nossa parte , e com o mais vivo entusiasmo , repetimos :<br />
- “Independência ou Morte !”<br />
Metendo a espa<strong>da</strong> na bainha , foi acompanhado por todos <strong>da</strong><br />
Guar<strong>da</strong> .<br />
Voltou rapi<strong>da</strong>mente o animal para a estra<strong>da</strong> que vai para São<br />
Paulo e , a galope , foi experimentar as fortes emoções que sua alma de<br />
moço devia estar sentindo...”<br />
7º-)- Primeiras Horas do Brasil Livre e Independente<br />
Em São Paulo seu ato se torna publico muito rapi<strong>da</strong>mente.<br />
D. Pedro é continua<strong>da</strong>mente aclamado por onde passa .<br />
A noite , já como Imperador D. Pedro I , comparece em traje<br />
de gala , acompanhado por sua Guar<strong>da</strong> de Honra , ao pequeno Teatro <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de . Ali <strong>são</strong> aplaudidos com muito entusiasmo e prolonga<strong>da</strong>mente pelo<br />
povo paulista que lota a platéia .<br />
Nesta mesma ocasião é aconselhado , por Joaquim Machado e<br />
João Olinto, a criar uma monarquia autenticamente brasileira , com títulos<br />
de nobreza destinados para os brasileiros ilustres . Explicam que isto lhe<br />
<strong>da</strong>ria todo o apoio <strong>da</strong>s pessoas residentes no Brasil .<br />
Ain<strong>da</strong> durante a cerimônia naquele teatro, o Padre Ildefonso<br />
Xavier Ferreira , heróico orador pela causa <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de do Brasil ,<br />
tomando posição em frente do camarote do Príncipe , soltou o brado “-<br />
Viva o Primeiro Rei Brasileiro”. Como D. Pedro fizesse sinal de<br />
aquiescência , o brado foi repetido por todos presentes.<br />
No outro dia D.Pedro substitui o Governo Provisório . Para<br />
garantir o Novo Governo que então se formava , ordenou a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
Tropas Milicianas de Sorocaba e Itu, pois sabia <strong>da</strong> leal<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s mesmas .
A elas entregou a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de , man<strong>da</strong>ndo para o litoral a tropa de<br />
linha que fazia este serviço para o já destituído governo provisório.<br />
Ain<strong>da</strong> em São Paulo , segundo consta , inicia composição do<br />
nosso atual Hino <strong>da</strong> Independência , aquele mesmo que durante o Império<br />
foi o Hino Imperial Brasileiro .<br />
Na manhã seguinte rapi<strong>da</strong>mente toma caminho para o Rio de<br />
Janeiro , juntamente com os membros <strong>da</strong> sua comitiva que lá viviam ,<br />
sendo então acompanhado por Cel. Manuel Marcondes de Melo ( futuro<br />
Barão de Pin<strong>da</strong>monhangaba) e por sua Guar<strong>da</strong> de Honra .<br />
Durante a Cerimônia de Coroação de D. Pedro I , Manuel<br />
Marcondes coman<strong>da</strong> o 2º Batalhão <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra - São Paulo.<br />
Tempo depois a cena <strong>da</strong> Independência do Brasil foi fixa<strong>da</strong><br />
definitivamente em tela pelo pintor paulista Pedro Américo . Encontra-se<br />
esta tela exposta para visitas no Museu do Ipiranga – ci<strong>da</strong>de de São Paulo .<br />
Nela encontramos todos os participantes <strong>da</strong>quele momento <strong>da</strong><br />
Independência do Brasil , muitos com far<strong>da</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra .<br />
Os rostos de todos que estiveram presentes ao Grito do Ipiranga<br />
estão reproduzidos fielmente na tela .<br />
Pedro Américo teve o cui<strong>da</strong>do de retratá-los e pintá-los<br />
cui<strong>da</strong>dosamente . Depois , tomando como base os relatos recebidos e<br />
devi<strong>da</strong>mente explanados sobre o brado <strong>da</strong> independência , estabelece a<br />
cena aconteci<strong>da</strong> , tendo inclusive o cui<strong>da</strong>do na sua total fideli<strong>da</strong>de .<br />
Para tanto se deslocou até Pin<strong>da</strong>monhangaba e para outras<br />
ci<strong>da</strong>des onde viviam os membros <strong>da</strong>quela Primeira Guar<strong>da</strong> de Honra .<br />
Alguns autores de nossa história , talvez por desconhecimento<br />
em história <strong>da</strong> arte, tentam desclassificar a obra de Pedro Américo ,<br />
levantando hipóteses mal forma<strong>da</strong>s e mal informa<strong>da</strong>s sobre a cena do<br />
“Grito do Ipiranga”, dizendo que foi copia<strong>da</strong> . Pura ilu<strong>são</strong> .<br />
Basta ler os relatos de nossa Independência para termos certeza<br />
que a cena não poderia ter ocorrido de forma diferente . De qualquer<br />
maneira D. Pedro estaria sempre no centro do ocorrido , sendo sua figura<br />
principal . Estaria obviamente rodeado pelos membros de sua Guar<strong>da</strong> de<br />
Honra , assim como pelas demais pessoas de sua Comitiva . Qualquer cena<br />
que tivesse a mesma motivação e acontecimento sucedâneo ou similar seria<br />
retrata<strong>da</strong> <strong>da</strong> mesma maneira como foi pinta<strong>da</strong> a Independência ou Morte.<br />
A existência de outro quadro similar somente comprovará esta reali<strong>da</strong>de .<br />
Para quem ain<strong>da</strong> desconhece lembramos que Pedro Américo foi<br />
reconhecido na Europa pela quali<strong>da</strong>de de suas pinturas clássicas . Alem<br />
disto reconhecido ain<strong>da</strong> por seus trabalhos realizados , pois além de pintor<br />
era poeta , romancista , orador , cultor <strong>da</strong> filosofia e homem de ciências .<br />
A exposição de sua tela “Batalha do Avahy”, em 1.877 , em<br />
Florença, foi ver<strong>da</strong>deiro acontecimento artístico . Os jornais e os
entendidos em pintura e arte , tanto italianos como os de outros países ,<br />
proclamaram Pedro Américo como “Mestre Inatingível” e “Autor de<br />
Incomparável Talento”.<br />
O Governo italiano , com base nas suas primorosas e varia<strong>da</strong>s<br />
obras de pintura, mandou colocar o retrato de Pedro Américo na sua<br />
“Galleria Nazionalle degli Uffici”, onde se encontra até hoje . Por feliz<br />
coincidência encontra-se colocado entre os seus mestres Ingres e Flandrin .<br />
Pedro Américo foi pintor de batalhas , retratista , pintor histórico<br />
e bíblico. Cultivou ain<strong>da</strong> todos os gêneros de pintura com grande<br />
felici<strong>da</strong>de.<br />
Suas principais e mais conheci<strong>da</strong>s telas <strong>são</strong> : “Independência ou<br />
Morte” – “Retrato de D. João VI” - “Tiradentes”- “Vi<strong>são</strong> de Hameleto”-<br />
“Judith”- “ A Carioca” – “Joanna D’Arc”- “Heloisa” – “Honra e Pátria”-<br />
“Paz e Concórdia” – “A Noite” - “ Dona Catarina de Athayde” , entre<br />
muitas outras . Sua obra prima é considera<strong>da</strong> a “Batalha de Avahy”.<br />
(Vide pg. 94 do Almanach Brasileiro de 1.919 )<br />
Edu Marcondes
ESTRUTURAÇÃO DO BRASIL COMO PAÍS INDEPENDENTE<br />
1º-) Províncias do Norte / Nordeste contra a Independência<br />
Ain<strong>da</strong> existiam fortes resistências em algumas Províncias contra<br />
a Independência do Brasil , entre elas: Bahia , Piauí , Pará e Maranhão .<br />
Lutas aconteceram , principalmente na Bahia , pois portugueses e<br />
mesmos muitos baianos que apoiavam Portugal resistiam juntamente com<br />
as tropas coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo General Madeira . Esta resistência não foi<br />
suficiente . Eles foram derrotados pelas tropas brasileiras para lá envia<strong>da</strong>s e<br />
lidera<strong>da</strong>s pelo Gal. Labatut . Entre os brasileiros vitoriosos encontrava-se a<br />
guerrilheira que ficou famosa pelo seu empenho - Maria Quitéria .<br />
No Pará as classes denomina<strong>da</strong>s Populares Liberais derrotam os<br />
favoráveis aos Monarquistas que desejavam D. Pedro I como Imperador .<br />
Entretanto , aqueles Liberais contrários a monarquia <strong>são</strong> posteriormente<br />
vencidos pelas forças navais coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo mercenário inglês<br />
Greenfeld. Trezentos destes liberais <strong>são</strong> presos e encarcerados nos porões<br />
do navio “Palhaço”. Em segui<strong>da</strong> é jogado sobre eles cal viva , após o que<br />
todos morreram .<br />
2º-) A Formação dos Partidos<br />
Em to<strong>da</strong> Província de São Paulo o apoio popular era total para<br />
D. Pedro I. Porem o fato mais importante para aquele momento seria<br />
estruturar o Brasil como uma nação independente .<br />
Isto fatalmente iria gerar posições políticas diferencia<strong>da</strong>s .<br />
Apareceram três grupos políticos ideologicamente distintos .<br />
Por um lado os “Radicais Liberais ”que pregavam uma<br />
Constituição que limitasse os poderes do Imperador e permitisse maior<br />
autonomia para as Províncias.<br />
Por outro os “Conservadores”. Pregavam a continui<strong>da</strong>de<br />
monárquica , maior poder para centralização política e a limitação do poder<br />
de voto . Tinham estes últimos a liderança do paulista José Bonifácio .<br />
Como uma terceira posição , que após a independência ficava<br />
meia obscura , existia ain<strong>da</strong> o Partido Português, com tendências de<br />
ligações com a pátria lusa acima de tudo . Era formado basicamente por<br />
comerciantes portugueses, portugueses aqui residentes , juizes antigos e<br />
alguns militares .<br />
Tentando neutralizar o Radicalismo , naquele momento principal<br />
adversário , é cria<strong>da</strong> por José Bonifácio uma socie<strong>da</strong>de secreta , o<br />
“Apostolado” que visava conter os movimentos dos radicais . Depois de<br />
um tempo conseguiu filiar o Imperador Pedro I .<br />
O paulista José Bonifácio de Andra<strong>da</strong> e Silva era natural de<br />
Santos / São Paulo . Viveu 36 anos fora do Brasil , sempre estu<strong>da</strong>ndo em<br />
Portugal e França , nota<strong>da</strong>mente no campo <strong>da</strong> geologia . Por seus
conhecimentos chegou a ser uma espécie de Ministro de Minas em<br />
Portugal. . Participou ativamente <strong>da</strong> resistência contra a inva<strong>são</strong> francesa ,<br />
após o que retornou para o Brasil . Transformou-se em líder contra o<br />
colonialismo português . Sempre foi conservador e sua tendência era<br />
sintetiza<strong>da</strong> em uma frase : “ Nunca fui nem serei realista puro , mas nem<br />
por isto me alistarei jamais debaixo <strong>da</strong>s esfarrapa<strong>da</strong>s bandeiras <strong>da</strong> caótica<br />
democracia”.<br />
Tornou-se o “Patriarca” de nossa Independência .<br />
Os lideres radicais por muitas declarações e ações desrespeitosas ,<br />
realiza<strong>da</strong>s por vários de seus dirigentes acabaram presos naqueles dias .<br />
Seus procedimentos foram em reali<strong>da</strong>de extremamente agressivos contra os<br />
Conservadores . Entre eles estavam Gonçalves Ledo , Clemente Pereira e<br />
Soares Lisboa . Eles se agrupavam em torno <strong>da</strong> Loja Maçônica Grande<br />
Oriente , a qual foi fecha<strong>da</strong> por José Bonifácio quando ain<strong>da</strong> ministro .<br />
Isto vai gerar problemas para o próprio José Bonifácio pois é<br />
severamente e continua<strong>da</strong>mente criticado por seus opositores . As criticas<br />
chegam até o povo . Com isto criava dificul<strong>da</strong>des para o imperador que<br />
ficava em dificul<strong>da</strong>des para explicar todos os fatos ocorridos . Foi perdendo<br />
contato com D. Pedro I . Assim sendo , sentindo o momento negativo e<br />
não querendo prejudicar o Imperador , ele demitiu-se do Ministério<br />
juntamente com seu irmão Martim Francisco .<br />
3º-)- Situação Econômica no Início do Império Brasileiro<br />
É importante recor<strong>da</strong>r . A Independência realizou-se num<br />
momento de crise econômica , existente tanto no Brasil como no Mundo .<br />
Desde o fim <strong>da</strong>s guerras napoleônicas , em 1.815 , a Inglaterra , pais central<br />
do sistema capitalista , vivia uma de suas crises periódicas que afetavam o<br />
mercado industrial e , por conseqüência , to<strong>da</strong> a economia mundial.<br />
Ela então gerava paralisações e que<strong>da</strong> nas importações de<br />
produtos oriundos <strong>da</strong> América Latina .<br />
No Brasil a mineração do ouro já terminará desde muito tempo .<br />
As exportações de algodão , couros e mesmo de açúcar sofriam fortes<br />
concorrências de paises melhores estruturados em agricultura. O café ain<strong>da</strong><br />
estava no começo de sua produção . Alem do mais existia o enorme débito<br />
de Portugal com a Inglaterra . Débito que o Brasil teve de assumir para ter<br />
apoio inglês e ver sua independência reconheci<strong>da</strong> .<br />
Do quadro acima vai resultar uma balança comercial<br />
extremamente desfavorável . Os déficits contínuos eram sal<strong>da</strong>dos por<br />
banqueiros ingleses , mediante empréstimos , nota<strong>da</strong>mente dos Rothschild .<br />
O processo de endivi<strong>da</strong>mento cresceu fortemente .<br />
Vai gerar divi<strong>da</strong>s que continuarão existentes durante dezenas de<br />
anos na economia nacional . De um empréstimo equivalente a Um Milhão<br />
de Libras, realizado pelos ingleses em 1.829, o Brasil pagou
antecipa<strong>da</strong>mente juros de 10% antecipados , mais comissões e outras taxas.<br />
Terminou recebendo apenas e somente 208 Mil Libras .<br />
4º-)- A Primeira Constituinte Brasileira<br />
Em 3 de Maio de 1.823 a “Assembléia Constituinte” havia sido<br />
instala<strong>da</strong> oficialmente pelo Imperador na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro . Seus<br />
deputados na ocasião eram magistrados , padres , oficiais , proprietários ,<br />
bacharéis e funcionários .<br />
Liderava o Partido Conservador Brasileiro a figura do paulista<br />
Antonio Carlos de Andrade e Silva .<br />
Em seis meses de trabalho foi elaborado o projeto <strong>da</strong> chama<strong>da</strong><br />
“Constituição <strong>da</strong> Mandioca” , inspira<strong>da</strong> no Código Napoleônico e que<br />
continha outras idéias <strong>da</strong> burguesia francesa . O traço marcante desta<br />
constituição era a “Xenofobia” , pois era ve<strong>da</strong>do a eleição para qualquer<br />
estrangeiro , mesmo que naturalizado . Ela também procurava limitar os<br />
poderes do Imperador . Alem do mais , para ter direito ao voto , era preciso<br />
ter ren<strong>da</strong> anual equivalente a “150 alqueires de Farinha de Mandioca” .<br />
Apesar de Conservador o projeto de Constituição colocava o Imperador sob<br />
tutela do Legislativo .<br />
Deste momento em diante os atritos entre os constituintes<br />
brasileiros e o Imperador passaram a ser constantes . Os portugueses no<br />
Brasil apoiavam o Imperador . Cresce ain<strong>da</strong> mais a oposição aos atos de D.<br />
Pedro I , através dos contínuos artigos publicados nos jornais “O Tamoio” e<br />
“A Sentinela”.<br />
Um projeto constitucional elaborado pelo paulista Antonio<br />
Carlos de Andra<strong>da</strong> e Silva visava negar ao Imperador o direito de rejeitar<br />
leis vota<strong>da</strong>s e aprova<strong>da</strong>s pelo Legislativo .<br />
5º-)- A Constituição Outorga<strong>da</strong> x “Constituição <strong>da</strong> Mandioca”<br />
A Assembléia Constituinte decidira votar favoravelmente<br />
aquela que era denomina<strong>da</strong> “Lei de Responsabili<strong>da</strong>des do Imperador “.<br />
A reação de D. Pedro I foi imediata . Em 12 de Novembro de<br />
1.823 a Constituinte é dissolvi<strong>da</strong> por ordem imperial, sob alegação de<br />
contraditória, indefini<strong>da</strong> e criadora de animosi<strong>da</strong>des entre brasileiros . Seus<br />
deputados <strong>são</strong> dispersados , sendo alguns detidos temporariamente .<br />
Como ato seqüente o Imperador nomeou uma Comis<strong>são</strong><br />
Especial - o Conselho de Estado – encarregado de redigir o novo projeto de<br />
Constituição . Em 25 de Janeiro de 1824 , ou seja no ano seguinte , esta<br />
Primeira Constituição do Brasil é outorga<strong>da</strong> por D. Pedro I .<br />
Por esta Constituição era mantido o regime monárquico , com a<br />
divi<strong>são</strong> natural dos Três Poderes : Legislativo , Executivo e Judiciário .<br />
Entretanto , o Imperador seria o 4º Poder, ou seja : o Poder Moderador que<br />
agiria entre os demais . Ele era destinado a velar para a “Manutenção <strong>da</strong>
Independência e a Harmonia e Equilíbrio entre os Poderes”. Para tanto ele<br />
ain<strong>da</strong> contaria com um Conselho de Estado .<br />
As eleições seriam indiretas , realiza<strong>da</strong>s e determina<strong>da</strong>s por dois<br />
níveis de ren<strong>da</strong> :-<br />
Eleitores de Paróquia – com ren<strong>da</strong> anual entre 100 e 200 mil reis ;<br />
Eleitores de Província – com ren<strong>da</strong> anual de 400 a 800 mil reis . Estes<br />
últimos elegiam também candi<strong>da</strong>tos para a Câmara e Senado .<br />
As Províncias seriam governa<strong>da</strong>s por Presidentes e Conselhos<br />
nomeados pelo Poder Executivo . Continuaria existindo a união entre a<br />
Igreja e o Estado .<br />
Esta Constituição foi considera<strong>da</strong> autoritária e centralizadora . As<br />
determinações próprias <strong>da</strong>s Províncias seriam poucas e muito dependentes<br />
<strong>da</strong> política elitista do Poder Moderador . Era , entretanto , uma Constituição<br />
clara e bem defini<strong>da</strong> , sem contradições , o que facilitava a firme e rápi<strong>da</strong><br />
realização do direito nacional . Durou muitos anos .<br />
6º-)- “Confederação do Equador” -A Revolta do Nordeste Continua –<br />
São Paulo e todo Sul , Centro e Oeste brasileiro já estavam<br />
ajustados com a nova monarquia existente e se desenvolviam normalmente.<br />
Entretanto o mesmo o mesmo não acontecia no Nordeste .<br />
Lá vai acontecer uma nova revolução . Ela , em reali<strong>da</strong>de , foi<br />
uma continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Revolução Pernambucana de 1.817 , também ocorri<strong>da</strong><br />
no Nordeste .<br />
Aquela revolução de 1.817 visava a independência de to<strong>da</strong><br />
região nordestina . Tinha base na crise econômica do algodão e do açúcar .<br />
Era lidera<strong>da</strong> por elementos <strong>da</strong> classe média ilustra<strong>da</strong> , entre eles Domingos<br />
José Martins , João Ribeiro e Miguel de Almei<strong>da</strong> .<br />
A repres<strong>são</strong> contra esta revolução foi estabeleci<strong>da</strong> por Portugal<br />
com sede na Bahia , tendo a frente o Conde dos Arcos. Foi feito o cerco de<br />
Pernambuco por terra e por mar . Em 19 de maio de 1817 termina esta<br />
revolução com prisões , enforcamentos e esquartejamentos .<br />
Novamente em 1.824 a política de D. Pedro I despertava criticas<br />
e gerava mais uma tentativa de Independência em Pernambuco .<br />
Queriam separar todo Nordeste do resto do Brasil .<br />
A situação social e política no Nordeste vinha se agravando<br />
continua<strong>da</strong>mente, deste 1.817 , em parte pela enorme crise <strong>da</strong> agricultura<br />
canavieira exportadora . Ela vinha tendo sérias dificul<strong>da</strong>des para enfrentar a<br />
produção racional do açúcar , crescente e de custos baixos , realizado na<br />
Jamaica e em Cuba . Por isto sua exportação caiu rapi<strong>da</strong>mente . Não teria<br />
bons horizontes sem uma série de incentivos e de medi<strong>da</strong>s governamentais.<br />
Pernambuco continuava sendo importante reduto do<br />
“Liberalismo Radical” de fundo republicano . Isto era continua<strong>da</strong>mente<br />
alimentado por lideres <strong>da</strong> Revolução de 1.817 , sendo as mesmas idéias
anteriores novamente levanta<strong>da</strong>s e divulga<strong>da</strong>s por Cipriano Barata e Frei<br />
Caneca. Reclamavam ain<strong>da</strong> dos impostos excessivos lançados sobre a<br />
agricultura , alegando que por cima de tudo o Brasil tinha um monarca de<br />
origem portuguesa .<br />
A nomeação realiza<strong>da</strong> pelo Imperador , para o novo Presidente <strong>da</strong><br />
Província: - Francisco Paes Barreto – seria o estopim para inicio <strong>da</strong><br />
revolta. Ela vai acontecer ain<strong>da</strong> em 1824. O fato <strong>da</strong> nomeação é criticado<br />
violentamente pelos jornais regionais .<br />
Estas criticas vão se transformar em pura revolta com a<br />
proclamação <strong>da</strong> Confederação do Equador” , anuncia<strong>da</strong> para os<br />
pernambucanos em 2 de Julho , por Manuel Pais de Andrade . Ele era<br />
antigo Governador <strong>da</strong> Junta Provincial e conhecido revoltoso contra D.<br />
Pedro I e a monarquia .<br />
To<strong>da</strong>s as Províncias do Nordeste se uniriam em uma republica que<br />
inicialmente se utilizaria <strong>da</strong> constituição <strong>da</strong> Colômbia .<br />
A resposta do Imperador foi muito rápi<strong>da</strong> . Mais rápi<strong>da</strong> do que<br />
esperavam os revoltosos . Foram desloca<strong>da</strong>s por terra tropas imperiais ,<br />
coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva . Estava constituído<br />
o “Exercito Cooperador <strong>da</strong> Boa Ordem”.<br />
Por mar os revoltosos foram cercados e rapi<strong>da</strong>mente batidos por<br />
forças navais coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos almirantes ingleses Cockrane e Taylor .<br />
Valeu na ocasião a lembrança dos Ingleses quanto o comprometimento<br />
para pagamento à prazo , realizado com os mesmos ingleses , devendo o<br />
Brasil quitar todos os débitos de Portugal com os britânicos .<br />
Assim foi feito para assegurar nossa independência .<br />
Lembravam os ingleses que : Dividido o Brasil ficaria muito<br />
mais difícil para eles conseguir os recursos devi<strong>da</strong>mente contratados .<br />
Cercados e batidos os revoltosos em sua maioria <strong>são</strong> presos .<br />
Muitos de seus chefes fugiram para o exterior , entre eles Pais de Andrade e<br />
Barros Falcão . Outros , como Frei Caneca, foram julgados , condenados e<br />
fuzilados no início de 1.825 .<br />
Terminou assim no Brasil independente a primeira insurreição<br />
contraria a monarquia brasileira . D. Pedro I ain<strong>da</strong> contava com grande<br />
apoio popular naquela ocasião .<br />
A monarquia aprova<strong>da</strong> no Sul e Centro e Oeste mostrava<br />
totalmente sua grande força .
ALEMÃ - A PRIMEIRA GRANDE COLONIA NO BRASIL<br />
Providencias de São Paulo<br />
Muito se fala sobre os primeiros imigrantes que chegaram ao<br />
Brasil . Vamos recor<strong>da</strong>r : - 6 anos depois de D. Pedro I proclamar nossa<br />
independência, no tempo em que a escravatura ain<strong>da</strong> crescia no Brasil ,<br />
São Paulo já iniciava utilizar mão de obra de imigrantes . Eles vinham<br />
para cá , atraídos por contratos com muitas vantagens.<br />
Em 1.828 , de acordo com aviso do Ministério do Império<br />
confirmando o evento , chegou a Província de São Paulo a primeira grande<br />
leva de imigrantes . Vinham <strong>da</strong> Alemanha com intuito de aqui se fixar e<br />
trabalhar. Queriam se estabelecer definitivamente em nossas terras .<br />
É importante ressaltar. Dez anos antes chegaram e se<br />
estabeleceram na região serrana de Petrópolis pequeno grupo de austríacos.<br />
Depois , aquelas pessoas vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Alemanha atingiam um total<br />
de novecentos e vinte seis (926) colonos . Chegaram para se estabelecerem,<br />
ficando uma parte nas vizinhanças <strong>da</strong> capital de São Paulo . A outra iria<br />
para o interior , próximo <strong>da</strong> Capital . Para São Paulo foram indicados os<br />
alemães naturais dos estados meridionais <strong>da</strong>quela nação . Estes últimos<br />
somavam trezentos e trinta e seis pessoas . Os demais alemães iriam para a<br />
região interiorana de Itu .<br />
Para <strong>da</strong>r cobertura aos novos colonos , em tudo que fosse<br />
necessário , foi nomeado como diretor junto aquela colônia, o Dr.<br />
Justiniano de Mello Franco .<br />
Valores Pagos por dia aos Alemães<br />
Foi então deliberado pelo governo paulista a dotação de subsidio<br />
no valor de Cento e Sessenta Reis diários para ca<strong>da</strong> adulto e Oitenta Reis<br />
diários para os menores filhos dos colonos alemães . Este subsidio iria<br />
inicialmente durar por 600 dias , aproxima<strong>da</strong>mente um ano e meio . Este<br />
subsidio era <strong>da</strong>do para todos aqueles ficassem na colônia .<br />
Os colonos alemães que ficaram na capital se estabeleceram em<br />
áreas agrícolas situa<strong>da</strong>s ao redor de Santo Amaro e de Itapecerica . Hoje<br />
por ali praticamente já não se encontram mais terras destina<strong>da</strong>s a<br />
agricultura . A ci<strong>da</strong>de de São Paulo com seu crescimento engoliu aqueles<br />
lugares . Entretanto , até agora , passados mais de um século e meio , na<br />
reali<strong>da</strong>de 180 anos , ain<strong>da</strong> por lá e também nos bairros adjacentes como o<br />
Brooklin , <strong>são</strong> encontra<strong>da</strong>s famílias forma<strong>da</strong>s por descendentes <strong>da</strong>queles<br />
alemães .<br />
São poucas famílias que por lá se mantenham inteiramente<br />
germânicas. Em sua grande maioria , aqueles alemães também se<br />
miscigenaram com paulistas . Então geraram filhos que geraram netos e<br />
bisnetos paulistas , de olhos claros e cabelos aloirados , muitas vezes .
Os demais que foram para o interior , inicialmente para Itu e<br />
região , se dispersaram por quase todo interior paulista . Nota<strong>da</strong>mente nas<br />
ci<strong>da</strong>des de Sorocaba, Tatuí , Campinas e Rio Claro .<br />
Também com o tempo vai existir caldeamento destes alemães<br />
com gente paulista <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des do interior .A a<strong>da</strong>ptação deles foi completa .<br />
Podemos dizer que todos foram muito bem recebidos pelos<br />
paulistas , pois nunca apareceu o menor sinal de conflito entre eles e o povo<br />
<strong>da</strong> terra .<br />
Outras Vantagens Da<strong>da</strong>s aos Imigrantes por São Paulo<br />
Para assentamento <strong>da</strong>quelas pessoas , mediante contrato , foi<br />
<strong>da</strong><strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> família residente em ca<strong>da</strong> colônia : - quatrocentas braças<br />
quadra<strong>da</strong>s , de boas terras para a lavoura . O Contrato ain<strong>da</strong> estipulava :<br />
1º - Alimentação por um ano e meio por conta do governo ;<br />
2º- Donativo de gado a ser pago depois de 4 anos , em espécie ou dinheiro;<br />
3º - Os terrenos e áreas por eles cultivados se tornariam suas proprie<strong>da</strong>des ;<br />
4º- Isenção de impostos por oito anos ;<br />
5º- Obrigação de pegar em armas existindo caso de perigo de guerra ;<br />
6º- Obrigação dos filhos comparecerem ao recrutamento militar ;<br />
7º - Direito a médico e pároco durante ano e meio .<br />
Muitos <strong>da</strong>queles colonos alemães obtiveram grande êxito e<br />
viviam em abastança já no final do século XIX . Entre eles <strong>são</strong> citados , por<br />
Machado D’Oliveira – pág. 338 , na obra “A Província de São Paulo” :<br />
Henrique Jung , Pedro Reimberger , a família Klein , Pedro Telsen , Pedro<br />
Just e os Doll , entre outros tantos .<br />
Desde muitos anos não existem mais colônias alemãs em São<br />
Paulo . Talvez ain<strong>da</strong> existam algumas no Rio Grande do Sul , pois muitos<br />
nomes germânicos aparecem por lá constantemente , com destaque .<br />
Em São Paulo seus descendentes e seus filhos se espalharam por<br />
todo estado . Deixaram de ser colônia .<br />
São paulistas miscigenados, com sangue alemão . Netos ,<br />
bisnetos e tetranetos <strong>da</strong>queles germânicos chegados no século XIX .<br />
.
A ULTIMA RETALIAÇÃO FÍSICA DE SÃO PAULO<br />
Desmembramentos anteriores<br />
To<strong>da</strong>s as áreas territoriais que os bandeirantes paulistas<br />
capturaram na América do Sul aos espanhóis e incorporaram para a<br />
nação brasileira , depois de muito esforço , sacrifícios , lutas e per<strong>da</strong>s de<br />
vi<strong>da</strong>s , foram sendo gra<strong>da</strong>tivamente amputados do corpo <strong>da</strong> Capitania<br />
Paulista mediante simples decretos e artifícios legais de Portugal . São<br />
Paulo foi então bastante retalia<strong>da</strong> . Segui<strong>da</strong>mente .<br />
Para tanto nunca foi analisado , pensado ou mesmo calculado<br />
suas conseqüências para o povo paulista , dono legitimo <strong>da</strong>quelas<br />
regiões por eles toma<strong>da</strong>s , as quais não eram anteriormente<br />
desbrava<strong>da</strong>s.<br />
Interessava inicialmente tirar a força e o poderio que poderia<br />
estar sendo criado pelos paulistas . Poderia este crescimento levar a<br />
tentativas de independência . Para reduzir esta possibili<strong>da</strong>de o critério<br />
foi diminuir o tamanho de suas terras , diminuindo com o tempo o<br />
numero de paulistas . Desta forma seria mais fácil manter o controle<br />
<strong>da</strong>quele povo bandeirante . E aconteceu !<br />
Depois , com o advento do ouro , descoberto em grande<br />
quanti<strong>da</strong>de pelos bandeirantes, não poderia ficar a Capitania paulista<br />
muito rica , tanto financeiramente como economicamente . Tudo isto<br />
seria muito perigoso para Portugal , pois sabiam que poderia advir nova<br />
tentativa de libertação dos paulistas. Para tento retiraram de São Paulo<br />
to<strong>da</strong>s terras de Minas Gerais<br />
Com a <strong>capitania</strong> rica e forte o intento de independência teria<br />
grande possibili<strong>da</strong>de de sucesso , muito mais que aquele tentativa inicial<br />
acontecido em 1.641 , na pequena São Paulo de Amador Bueno <strong>da</strong><br />
Ribeira –“ aquele que não quis ser rei”, por falta de vi<strong>são</strong> maior .<br />
Assim sendo São Paulo perdeu no tempo <strong>da</strong> dominação<br />
portuguesa na<strong>da</strong> menos que as seguintes áreas : Mato Grosso e Mato<br />
Grosso do Sul , Goiás (total) , Minas Gerais , Santa Catarina e Rio<br />
Grande do Sul .<br />
A Ultima Retaliação<br />
Ela não acontece com São Paulo na condição de Capitania<br />
mas sim de Província . Não vai acontecer por vontade de Portugal mas<br />
sim de políticos<br />
A última amputação sofri<strong>da</strong> por São Paulo veio acontecer<br />
com as terras <strong>da</strong> região do Paraná que pertencia aos paulistas Vai<br />
acontecer mesmo depois <strong>da</strong> Independência do Brasil , por razões que<br />
nunca foram muito bem justifica<strong>da</strong>s . De acordo com Honório de Sylos -<br />
”São Paulo e Seus Caminhos” – (Pgs. 4,5,6) , a proposta apresenta<strong>da</strong>
inicialmente em 1.843 terá seu desfecho acontecido em 1853 , com a<br />
separação <strong>da</strong> grande área <strong>da</strong> então região paulista do Paraná , que na<br />
ocasião fazia fronteira com o Paraguai e Argentina . Ela era desde seu<br />
início a primeira parte toma<strong>da</strong> aos espanhóis e integra<strong>da</strong> na Província de<br />
São Paulo , posto que fora desbrava<strong>da</strong> e coloniza<strong>da</strong> por paulistas . Nem<br />
importou o grande esforço feito por nossa gente poucos anos antes , para<br />
manter aquelas fronteiras em poder de nosso país , posto o grande<br />
interesse de Argentina e Paraguai em invadi-la .<br />
Honório de Sylos , ain<strong>da</strong> em sua obra “São Paulo e Seus<br />
Caminhos” , relata : “A medi<strong>da</strong> separatista foi apresenta<strong>da</strong> em 1843 por<br />
projeto do senador Carneiro de Campos que a justificava : “... pela<br />
necessi<strong>da</strong>de do Império criar baluartes contra idéias anarquizadoras que<br />
se manifestavam nas republicas vizinhas”. Carneiro de Campos<br />
simplesmente se esquecia que os paulistas derrotaram sempre e<br />
continua<strong>da</strong>mente todos e tudo que vinha de seus vizinhos de origem<br />
espanholas . Não havia na<strong>da</strong> a temer , como depois e sempre ficou<br />
comprovado .<br />
A necessi<strong>da</strong>de de tal projeto não era tão grande , pois que ,<br />
apesar do apoio do ministro Rodrigues Torres , “ele ficou totalmente<br />
esquecido durante 7 anos , até 1.850 , pois na reali<strong>da</strong>de não existia<br />
qualquer embasamento ou necessi<strong>da</strong>de que o justificasse” .<br />
Porem em política vale mais a propagan<strong>da</strong> feita do que a<br />
reali<strong>da</strong>de .<br />
Em 1850 ele reaparece na ordem do dia no Senado .<br />
Os senadores Paula Souza e Batista de Oliveira requerem o<br />
adiamento <strong>da</strong> discus<strong>são</strong> até que o assunto também fosse apreciado pela<br />
Assembléia Provincial de São Paulo , com direito a manifestação .<br />
Durante três anos o projeto ficou sem priori<strong>da</strong>des no seu<br />
an<strong>da</strong>mento . Mesmo assim não foi ouvi<strong>da</strong> a Assembléia de São Paulo .<br />
Em 1853 o projeto entrou em discus<strong>são</strong> , agora na Câmara<br />
dos Deputados , tendo grande apoio de Carneiro Leão ( interessado em<br />
ser governador <strong>da</strong> nova Província que seria cria<strong>da</strong> ) . O argumento de<br />
outrora agora já não mais era reali<strong>da</strong>de ... “a necessi<strong>da</strong>de de criar<br />
baluartes contra idéias anarquizadoras dos estrangeiros ...” caiu por terra<br />
definitivamente .<br />
A argumentação naquela época era passou a ser então :<br />
“... A grande distancia entre a capital de São Paulo e Curitiba ...?!??!”<br />
O primeiro a se manifestar foi o deputado mineiro Cruz<br />
Machado que não escondeu seu entusiasmo pela criação <strong>da</strong> Província do<br />
Paraná . Contra falou o deputado Antonio Nébias , para quem depois de<br />
cria<strong>da</strong> a Província na<strong>da</strong> haveria de novo para o Império ou para<br />
Curitiba. Somente haveria apenas mais um senador ..., muitas mais<br />
políticos ... e mas um governador ...
Nébias não ficou só, pois ao seu lado se colocou o deputado<br />
Martim Francisco , que lamentou o retaliamento continuo <strong>da</strong> Província<br />
São Paulo .<br />
Na<strong>da</strong> adiantou . Prevaleceu a vontade de políticos que<br />
necessitavam de mais cargos e postos de mando . A lei foi aprova<strong>da</strong><br />
naquele ano de 1.853<br />
Para variar ... a Assembléia paulista nunca foi ouvi<strong>da</strong> !<br />
O Paraná desbravado e colonizado por gente paulista<br />
repentinamente ficou separado de sua origem . Perdeu seu passado e<br />
perdeu suas tradições .Estavam as suas tradições inteiramente liga<strong>da</strong>s as<br />
tradições paulistas . Eram na reali<strong>da</strong>de as suas tradições as tradições<br />
paulistas .<br />
Imaginemos que o Paraná continuasse ligado a Província de<br />
São Paulo . O crescimento <strong>da</strong> região teria acompanhado o<br />
desenvolvimento paulista . Seria muito maior . Melhor para todos .<br />
Lembrando , em Quilometros Quadrados , o que Aconteceu com a<br />
Capitania depois Província de São Paulo<br />
Pelo demarcação realiza<strong>da</strong> pelo Tratado de Tordesilhas<br />
poderemos verificar que a antiga Capitania de São Vicente deveria ter<br />
ficado apenas com uma pequena parte do que é o atual estado de São<br />
Paulo . Grande parte do seu interior ficaria fora do estado e<br />
naturalmente do Brasil . Continuaria pertencendo aos espanhóis e seus<br />
descendentes até hoje , se não fosse a luta dos bandeirantes paulistas .<br />
Teria São Paulo apenas aproxima<strong>da</strong>mente 123.500 km2 e<br />
não os 247.320 km2 de agora .<br />
Pelo esforço dos bandeirantes paulistas a Capitania de São<br />
Paulo muito cresceu e irá alcançar até o ano de 1.700 , depois de<br />
dois séculos de lutas continuas , com toma<strong>da</strong>s dos domínios de<br />
terras de Espanha , a expressiva exten<strong>são</strong> de 3.265.562 km2 , ou<br />
seja 2.300 % de Crescimento sobre sua Área Inicial , quando foi<br />
estabelecido o “Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas”.<br />
Representava a Capitania Paulista então mais de 50% do<br />
tamanho atual do Brasil !<br />
Tomando como base trabalho do historiador Honório de<br />
Sylos poderemos verificar o que se segue , informando : - Data , Local ,<br />
Os km2 Existentes, Os km2 quadrados retirados e Os km2 que Restaram<br />
para São Paulo :<br />
SÃO PAULO SÓ PERDEU – VEJA A SEGUIR :
A) 1720 = Dos 3.265.562 km2 - Perdeu 582.586 km2 de Minas<br />
Gerais = Ficando com 2.682.976 km2 .<br />
Isto acontece por Alvará de 02 de Dezembro de 1.720 . Perdemos a<br />
Capitania de Minas Gerais , perdendo ain<strong>da</strong> mais , logo depois , o<br />
Triangulo Mineiro onde os paulistas procuraram ouro e implantaram<br />
ci<strong>da</strong>des ;<br />
B) 1.738 = Dos 2.682.976 km2 – Perdeu 95.483 km2 de Sta. Catarina<br />
= Ficando com 2.587.493 km2 . Sem maiores explicações , em 11 de<br />
Agosto de 1738 , esta área saiu do governo <strong>da</strong> Capitania de São Paulo ;<br />
C) 1.742 = Dos 2.587.493 km2 – Perdeu 257.528 km2 do R.G. do Sul<br />
= Ficando com 2.319.965 km2 –<br />
Quatro anos depois , em 1.742 o Rio Grande do Sul passou a ser nova<br />
Capitania , absur<strong>da</strong>mente subordina<strong>da</strong> ao Rio de Janeiro , quando se<br />
lembra <strong>da</strong> grande distancia geográfica entre as duas regiões , com São<br />
Paulo no meio <strong>da</strong>s duas , demonstrando indisfarçável a intenção <strong>da</strong><br />
Coroa em diminuir a importância de São Paulo ;<br />
D) 1.748 = Dos 2.319.965 km2 – Perdeu 1.873.585 km2 relativos a<br />
Mato Grosso + Goiás = Ficou 446 .386 km2<br />
Mais um corte de terras <strong>da</strong> Capitania de São Paulo , desta vez<br />
representando mais de 400% de seu território de então . Castigo por suas<br />
lutas anteriores contra os Emboabas e pela tentativa de Libertação e<br />
Independência de 1.641. De uma só vez perde não só Goiás e Mato<br />
Grosso , terras desbrava<strong>da</strong>s pelos paulistas , mas ain<strong>da</strong> o Direito de se<br />
Governar , ficando sujeita a subordinação do Rio de Janeiro . Esta<br />
situação vai durar 17 anos , vivendo então São Paulo sob a guante do<br />
coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> fortaleza de Santos . Triste e vergonhoso período ;<br />
E) 1853 = Dos 446.386 km2 – Perdeu 199.060 km2 do Paraná =<br />
Ficando 247.320 km2 – Com esta Ultima Retaliação . São Paulo<br />
perdeu ao todo na<strong>da</strong> menos que 1.500% <strong>da</strong>s terras que conquistou ,<br />
desbravou e colonizou para nossa nação , durante mais de 350 anos de<br />
lutas continuas .<br />
Este é seu tamanho atual .<br />
Muito reduzido pois a exten<strong>são</strong> que os paulistas tomaram aos<br />
espanhóis era muito maior . quase a metade do atual Brasil .
GUERRA CISPLATINA<br />
Edu Marcondes<br />
I- Antecedentes<br />
Antes de mais na<strong>da</strong> é preciso lembrar que os primórdios desta<br />
guerra tiveram início em tempo bem anterior. Ela vai acontecer quando D.<br />
João , em 1808, tentando conseguir a Regência do trono de Espanha para<br />
sua mulher - D. Carlota Joaquina , ordena ao Governador Horta , <strong>da</strong><br />
Capitania de São Paulo , o recrutamento forçado <strong>da</strong> juventude paulista,<br />
visando formar um Exercito do Brasil , o qual “...deveria <strong>da</strong>r pres<strong>são</strong><br />
necessária... ” aos dirigentes de Buenos Aires .<br />
Para tanto no dia de “Corpus Christi”, depois <strong>da</strong> missa no centro <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de, a praça <strong>da</strong> Igreja Matriz é isola<strong>da</strong> por sol<strong>da</strong>dos de Horta . Os jovens<br />
paulistas <strong>são</strong> cercados e detidos . São levados presos para os quartéis .<br />
Logo em segui<strong>da</strong> recebem far<strong>da</strong> e vão seguir obrigatoriamente , por força<br />
coercitiva , diretamente para o Rio Grande do Sul . Irão complementar<br />
tanto a “Legião de São Paulo”como os “Voluntários de Santos” e ain<strong>da</strong><br />
formar os “Guerrilheiros de Curitiba”.<br />
No sul todos eles irão sofrer com Inverno de zero grau . Alguns<br />
perderão a vi<strong>da</strong> . Isto ocorreu pois , alem de não existir uma seleção que<br />
deveria escolher os mais capazes fisicamente , não houve ain<strong>da</strong> o<br />
necessário preparo físico ou psicológico . Os recrutados a força estarão<br />
sofrendo os rigores do forte inverno no Sul, não tendo nem far<strong>da</strong>mento<br />
apropriado , nem alimentação correta . Além do mais , sujeitos aos pesados<br />
exercícios militares , com longas marchas força<strong>da</strong>s .<br />
Entretanto , a “tal Pres<strong>são</strong> de D. João VI ” não surtiu efeito .<br />
Pouco depois o Vice Rei <strong>da</strong>s Províncias do Prata foi preso e<br />
fuzilado por traição . Razão : - Furtivamente aquele Vice Rei apoiava , bem<br />
as escondi<strong>da</strong>s , as pretensões de D. Carlota Joaquina .<br />
Porem todos aqueles sol<strong>da</strong>dos paulistas continuarão por mais tempo<br />
no Sul . Serão posteriormente aproveitados , juntamente com os “Dragões<br />
do Rio Grande “, na inva<strong>são</strong> do Uruguai .<br />
Assim e logo depois , com armas ain<strong>da</strong> nas mãos, praticamente irão<br />
assistir os Representantes <strong>da</strong> Câmara ou “Cabildo” de Montevidéo ( por<br />
imposição militar) , em 1820 , assinar a criação <strong>da</strong> Província Cisplatina ,<br />
liga<strong>da</strong> diretamente a Coroa de Portugal .<br />
Isto aconteceu depois de muita luta <strong>da</strong>queles sol<strong>da</strong>dos contra os<br />
uruguaios . Artigas, o coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong>s tropas uruguaias, havia sido<br />
derrotado na Batalha de Tucuarembó .
II - Preâmbulos <strong>da</strong> Guerra<br />
Quando ocorre a Independência do Brasil , o Coman<strong>da</strong>nte do<br />
Conselho Militar <strong>da</strong> Cisplatina - Brigadeiro Português Álvaro <strong>da</strong> Costa ,<br />
declara sua fideli<strong>da</strong>de com Portugal .<br />
A luta que vai acontecer entre portugueses e brasileiros é assisti<strong>da</strong><br />
de braços cruzados pelos uruguaios , apesar de alguns de seus chefes se<br />
declararem partidários dos brasileiros , entre eles : Rivera , Lavalleja ,<br />
Calderon e Laguna . A maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des também se declara favorável ao<br />
Brasil independente .<br />
Para solucionar tal pendência segue do Brasil , com tropas<br />
brasileiras , uma esquadra que cerca Montevidéo . O Brigadeiro de<br />
Portugal Álvaro <strong>da</strong> Costa verifica que seria impossível resistir . Os acordos<br />
de paz <strong>são</strong> assinados em 1.823 . A Cisplatina então se torna brasileira .<br />
Nossas fronteiras chegavam então ao Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Naquele momento as Províncias Reuni<strong>da</strong>s do Prata tentam<br />
recuperar outras áreas perdi<strong>da</strong>s via diplomacia .<br />
Então vão aparecer as reais tendências dos uruguaios .<br />
Uns querendo se reunir as Províncias Reuni<strong>da</strong>s do Prata e outros<br />
tentando sua independência total .<br />
Nesta época se forma um grupo de rebeldes denominado<br />
“Caballeros Orientales” que desejavam libertar as terras uruguaias<br />
mediante luta arma<strong>da</strong> . Eles <strong>são</strong> rapi<strong>da</strong>mente descobertos e fogem para<br />
Buenos Aires. A Província de Entre Rios, que depois vai se unir a<br />
Argentina, seria a fornecedora de armas para aqueles rebeldes .<br />
Logo em segui<strong>da</strong> um grupo de patriotas uruguaios irá se reunir em<br />
Braço Largo, uma ilhota do Rio <strong>da</strong> Prata . Formam um grupo que auto se<br />
denomina :- “Os 33”.<br />
Depois desta reunião aqueles patriotas vão desembarcar em terras<br />
<strong>da</strong> Cisplatina com uma bandeira tricolor , onde se lia “Libertad o Muerte”.<br />
Entre outros , vamos encontrar os seguintes senhores :<br />
Manuel Oribe , Manuel Lavalleja , Manuel Melandez, Pantaleon Artigas ,<br />
Ramon Ortiz , Avelino Miran<strong>da</strong> , Juan Rosas , Juan Acosta , José<br />
Leguisamon . Todos eles <strong>são</strong> coman<strong>da</strong>dos por Juan Antonio Lavalleja .<br />
Este é o momento real quando terá início a Guerra Cisplatina .
III- As Primeiras Lutas São Somente Contra Uruguaios<br />
A partir <strong>da</strong>queles primeiros patriotas o povo uruguaio começa<br />
apoiar os rebeldes . Os mais entusiastas pegam em armas .<br />
Com este apoio popular “Os 33” marcham para Montevidéo .<br />
Estacionam em Cerrito e Colônia .<br />
Preocupado com a insurreição uruguaia o Gal. Lecor e as<br />
autori<strong>da</strong>des brasileiras colocam a premio as cabeças de Rivera e Lavalleja .<br />
Então o Gal. Vasco Antunes vai ao encontro dos rebeldes . Eles que <strong>são</strong><br />
logo batidos junto a “Quinta dos Ricos”. Porem não <strong>são</strong> presos e<br />
conseguem retira<strong>da</strong> necessária para continuação de sua luta .<br />
Pouco depois os rebeldes novamente irão se reagrupar e<br />
acontecerá combates na Colônia do Sacramento.<br />
Ali não existirão vencedores.<br />
Em 22 de Agosto de 1.825 , Rivera com 500 homens ataca a Vila de<br />
Mercedez . Ela era defendi<strong>da</strong> por pequena guarnição de sol<strong>da</strong>dos paulistas<br />
e pela canhoneira “D. Sebastião”. A luta é renhi<strong>da</strong> e depois de horas o<br />
inimigo é repelido.<br />
Desde 14 de Julho Lavalleja passa a ser o Coman<strong>da</strong>nte em Chefe<br />
do Governo Provisório, sito em Vila de Flori<strong>da</strong> . Tinha agora ao seu lado<br />
1.000 homens em armas . Rivera tinha força igual sedia<strong>da</strong> em Durasno.<br />
Em 25 de Agosto os uruguaios declaram :<br />
“ Dissolvidos foram os laços de incorporação e dos juramentos<br />
arranjados para o povo.<br />
Ele agora é proclamado como livre e independente.”<br />
Neste mesmo dia a Assembléia do Uruguai declarou seu país<br />
unido as Províncias do Prata – futura Argentina . .<br />
Logo em segui<strong>da</strong> o Gal. Frutuoso Rivera consegue com suas<br />
tropas penetrar no local denominado “Rincon de las Gallinas”, defendido<br />
apenas por 50 sol<strong>da</strong>dos brasileiros. Lá irá encontrar e capturar mais de<br />
1.000 cavalos que pertenciam ao comando do General Abreu .<br />
Em paralelo várias locali<strong>da</strong>des <strong>são</strong> ataca<strong>da</strong>s por forças uruguaias .<br />
Nesta ocasião o Gal. Mena Barreto morre lutando ao lado de seus homens.<br />
Ele era filho do Visconde de São Gabriel . Em to<strong>da</strong>s estas ocasiões os<br />
uruguaios tem apoio e armas forneci<strong>da</strong>s pelos argentinos .<br />
Lavalleja depois desta ocasião solicitou ao Imperador a retira<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s forças brasileiras do Uruguai . Isto não acontece .<br />
Vai então ocorrer a Batalha de Sarandi .<br />
Ele é um Rio afluente do Rio Negro . Ao seu lado se formam<br />
lagoas largas e profun<strong>da</strong>s .<br />
Naquela região o braileiro David Canabarro com seus sol<strong>da</strong>dos vai<br />
se unir as forças de Gomes Jardim . Para lá também vai o Gal. Bento<br />
Ribeiro , um dos poucos generais paulistas do exercito brasileiro . Ele era
nascido em Sorocaba . Espera o encontro com as tropas de Bento<br />
Gonçalves . Os brasileiros conseguem reunir ali uma força de quase 1. 000<br />
homens .<br />
Em contraparti<strong>da</strong> os uruguaios contam com 2.000 homens de<br />
Lavalleja e Rivera . Ain<strong>da</strong> irão contar com mais 600 homens de Oribe e de<br />
Perez . Alem do mais com os cavalos capturados dos brasileiros eles<br />
tinham reservas grandes e mais que suficientes de montarias .<br />
Logo cedo os canhões uruguaios atiram . A resposta é imediata .<br />
Bento Manuel ordena “Carga – Ataque”.<br />
A batalha dura quase todo o dia . Por fim os brasileiros, em bem<br />
menor numero de combatentes, sem reservas suficientes , efetuam uma<br />
retira<strong>da</strong> estratégica, muito bem ordena<strong>da</strong> .<br />
Os jornais argentinos comentam o combate, acusando derrota dos<br />
brasileiros . Falam <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de 58 oficiais e de 610 sol<strong>da</strong>dos .<br />
IV- Argentina entra na Guerra Cisplatina<br />
Ao se iniciar a Guerra Cisplatina as Províncias Uni<strong>da</strong>s do Prata não<br />
estavam ain<strong>da</strong> constituí<strong>da</strong>s como Nação . Por isto mesmo ain<strong>da</strong> não tinham<br />
nem Exercito , nem Marinha. Seu poder estava concentrado e confiado as<br />
forças <strong>da</strong> Província de Buenos Aires .<br />
Sentindo o forte e decisivo apoio dos argentinos para os uruguaios ,<br />
em 10 de Dezembro de 1.825, o Brasil não encontrando outra solução<br />
pacifica, declara guerra para as Províncias Úni<strong>da</strong>s do Prata – depois<br />
chama<strong>da</strong> Argentina .<br />
Em 1.826 , logo no início do ano, foi eleito Riva<strong>da</strong>via como Titular<br />
do Poder Executivo Argentino . Ele rapi<strong>da</strong>mente vai unificar e organizar o<br />
seu exercito bem como a Marinha Argentina.<br />
Nesta ocasião as forças brasileiras estão sendo coman<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo<br />
Gal . Damasceno Rosado , o qual apesar de contar apenas com um exercito<br />
pequeno vinha mantendo as nossas posições com firmeza . Ele ain<strong>da</strong><br />
poderia dispor do apoio <strong>da</strong>s forças de Bento Gonçalves , estaciona<strong>da</strong>s em<br />
Bagé , bem como aquelas de Querai lidera<strong>da</strong>s por Bento Manuel .<br />
Neste mesmo ano de 1.826 o Imperador Pedro I chega ao Rio<br />
Grande do Sul . Trás com ele 800 sol<strong>da</strong>dos . Informa ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> de<br />
reforços em homens e materiais . Novo recrutamento foi realizado em São<br />
Paulo . Desta vez com todos os critérios normais .<br />
O Comando Geral <strong>da</strong>s Forças brasileiras passará e caberá doravante<br />
para o Marques de Barbacena – Felisberto Brant de Carvalho .<br />
( Que não se perca pelo nome ! ) Ele visita as tropas brasileiras nas<br />
vilas e ci<strong>da</strong>des . Assume o comando em Santana do Livramento. Vai<br />
encontrar uma tropa heterogênea, com falta de melhores recursos e com<br />
doentes . Ele demora muito na reestruturação . Ela é lenta e pouco efetiva
(estas tropas necessitavam , alem do mais de um comando muito forte que<br />
não vão ter . )<br />
Entretanto , a manutenção que foi providencia<strong>da</strong> por D. Pedro I<br />
começa a chegar . O Marques de Barbacena , dentro do seu conceito e<br />
vi<strong>são</strong> militar dá início na revi<strong>são</strong> final . Depois reestrutura o Exercito do<br />
Brasil estacionado no extremo Sul .<br />
V- Batalhas Navais<br />
Ain<strong>da</strong> no final de 1.825 as forças navais brasileiras bloqueiam os<br />
portos argentinos do Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Impedidos de sair por aquele rio os argentinos criam então navios<br />
corsários armados para atacar o litoral do Brasil , bem como nossos navios<br />
que por ali fossem encontrados . Pensavam que agindo desta forma as naus<br />
brasileiras sairiam do Prata para <strong>da</strong>r combate aos corsários platinos .<br />
Este procedimento não deu o resultado esperado pois os navios<br />
brasileiros não deixaram de bloquear o Rio <strong>da</strong> Prata .<br />
Em 26 de Fevereiro de 1.826 a esquadra argentina sai de Buenos<br />
Aires, tentando alcançar o Atlântico . A luta é inicia<strong>da</strong> e rapi<strong>da</strong>mente os<br />
argentinos perdem vários navios e retornam para suas bases em Salabó,<br />
Monte Santiago e Barracas.<br />
O bloqueio irá continuar por muito mais tempo .<br />
Nesta mesma época o Gal. Martin Rodriguez propõe a<br />
Independência do Uruguai para Bento Gonçalves .<br />
A proposta não é aceita<br />
VI - O Comando do Marques de Barbacena em Combate<br />
Sob comando de Felisberto Brant de Carvalho – Marques de<br />
Barbacena - o Exercito brasileiro efetua sua reestruturação . Ele vai<br />
“Dividir nossa força militar em Duas Divisões” , acompanha<strong>da</strong>s ca<strong>da</strong> uma<br />
por Briga<strong>da</strong> de Cavalaria .<br />
Uma destas Divisões terá o Comando de Bento Gonçalves .<br />
A outra o comando de Bento Ribeiro .<br />
Nesta ocasião o Exercito Imperial Brasileiro tinha um efetivo de<br />
3.700 homens , sediados em Santana do Livramento . Alem disto contava<br />
com uma força reserva de 1.800 sol<strong>da</strong>dos sob comando do Gal .Gustavo<br />
Brown . Totalizava 5. 500 homens então .<br />
O Exercito Argentino havia sido organizado pelo Gal. Rodriguez .<br />
Por determinação do seu Conselho de Ministros foi passado o comando ,<br />
em 14 de Agosto de 1.826 , para o Gal. Alvear . Contava então com 8.000<br />
homens em armas .
Batalha de Passo de Rosário<br />
Durante o mês de Janeiro de 1.826 , os dois exércitos contendores<br />
iniciaram marchas e contra marchas que em na<strong>da</strong> resolviam ou<br />
determinavam. Ocorrem pequenos entreveros e pequenos combates sem a<br />
menor expres<strong>são</strong> .<br />
Em uma destas ocasiões Barbacena perde a grande oportuni<strong>da</strong>de de<br />
atacar e derrotar o exercito argentino de Alvear . Ele que estava<br />
estacionado em local baixo e alagado de pouca movimentação possível ,<br />
perto de Santa Maria . Faltou vi<strong>são</strong> e conhecimento pratico militar .<br />
Barbacena sem vi<strong>são</strong> militar . Fica com receio e não ataca .<br />
Ganharia a Batalha e ganharia a Guerra !<br />
Pouco depois ele comete mais um erro . O seu pior erro no comando<br />
de nosso exercito ! Entende que a totali<strong>da</strong>de do Exercito Argentino era<br />
apenas uma parte que ele avistara . Pensou que não era o todo . Atacou<br />
aquela força frontalmente apenas com uma parte de seus efetivos .<br />
Os resultados só poderiam ser inteiramente desastrosos .<br />
Nosso comando foi batido em to<strong>da</strong> linha de combate . Foi sendo<br />
obrigado a recuo continuado, perdendo homens , equipamentos e animais .<br />
As per<strong>da</strong>s de homens e posições foram muito claras .<br />
A Primeira Divi<strong>são</strong> de Bento Gonçalves sem apoio de outras alas do<br />
nosso exercito , por falta de estratégia de Barbacena , se vê obrigado a<br />
retira<strong>da</strong> , deixando até armas e munições no campo de batalha . Elas foram<br />
recupera<strong>da</strong>s , em parte , pela Segun<strong>da</strong> Divi<strong>são</strong> também em retira<strong>da</strong> , porem<br />
um pouco mais organiza<strong>da</strong> .<br />
Logo ficou claro que a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quela guerra traria depois<br />
<strong>da</strong>quele momento sérios problemas para o Brasil .Não teríamos tempo para<br />
reforçar nosso exercito e nomear novo Coman<strong>da</strong>nte Geral . Poderiamos ter<br />
nosso território no Rio Grande do Sul invadido .<br />
Deveríamos aceitar a independência do Uruguai ou mesmo<br />
procurar a paz honra<strong>da</strong> .<br />
A Guerra entra em fase de espera e sem grandes resultados<br />
VII- O Tratado de Paz – Via Inglaterra<br />
Para nossa sorte , ambos os contendores aceitam mediação<br />
britânica . Todos os acordos que irão resultar em Paz foram realizados sob<br />
supervi<strong>são</strong> e comando de Lorde Ponsenby .<br />
Tantos brasileiros como argentinos concor<strong>da</strong>ram que a Cisplatina<br />
deveria ficar completamente independente : do Brasil e <strong>da</strong> Argentina .
Ambos renunciavam qualquer território ou direito possível . Sairiam de seu<br />
território até Abril de 1.829 .<br />
Este Tratado de Paz foi assinado em Agosto de 1.828 , no Rio de<br />
Janeiro, de acordo com desejo de D. Pedro I .<br />
Dando continui<strong>da</strong>de ao que fora firmado em Agosto , em 7 de<br />
Dezembro de 1.828 , antes do prazo estipulado , saem de Montevidéo a<br />
fragata” “Piranga” e a corveta “Carioca” com os últimos brasileiros .<br />
Nesta última estava o futuro Duque de Caxias .<br />
Uruguai se tornava mais uma nação independente <strong>da</strong> América .<br />
VIII- Quem foi o Marques de Barbacena<br />
Brant de Carvalho era descendente de uma família holandesa e<br />
nasceu em Mariana - Minas Gerais. Estudou na Academia <strong>da</strong> Marinha onde<br />
se formou com distinção. Por ser de família importante não fez estágios<br />
necessários para comando em combate . Foi em segui<strong>da</strong> para o Estado<br />
Maior. Ali por seus méritos foi sendo promovido , sem nunca lutar ,<br />
alcançando o posto de Tenente Coronel.<br />
Casou na Bahia com senhora riquíssima. Foi para Portugal e<br />
regressou ao Brasil junto com a Comitiva D. João VI.<br />
Foi Deputado e Senador . Foi o representante de D. Pedro I na<br />
escolha de sua segun<strong>da</strong> esposa junto a Corte <strong>da</strong> Áustria .<br />
Foi indicado como o Coman<strong>da</strong>nte Geral <strong>da</strong>s Tropas Brasileiras em<br />
lutas no Uruguai . Ali vai fracassar como militar .<br />
Depois , como pessoa influente em relações internacionais ,<br />
acompanhou , por ordem de D. Pedro I , suas filha menor D. Maria <strong>da</strong><br />
Gloria , futura Rainha de Portugal , em viagem pela Europa .<br />
Apresentou-se, pouco depois de nossa independência, como<br />
excessivamente liberal , aderindo aqueles que queriam privar direitos<br />
constitucionais ao Imperador .<br />
Foi então demitido por D. Pedro I do cargo de Organizador dos<br />
Ministérios . Existia então, alem do mais e do fracasso militar , de acordo<br />
com escritos do historiador Paulo Setubal , muitas pendências financeiras<br />
relativas as despesas do Marques de Barbacena efetua<strong>da</strong>s na Europa .<br />
Desde então ele foi sempre contra o Imperador, até a abdicação de<br />
D. Pedro I , aconteci<strong>da</strong> em 1.831 .<br />
Foi figura importante , mas como General completo medíocre ,<br />
senão com to<strong>da</strong> certeza : Péssimo ! Por falta de melhor conhecimento<br />
estratégico e tático foi o único e principal responsável derrota no Uruguai .<br />
Após a derrota ocorri<strong>da</strong> em Passo do Rosário, os sol<strong>da</strong>dos<br />
brasileiros continua<strong>da</strong>mente cantavam , em tom de pilhéria e condenação<br />
ao Marques de Barbacena, versinhos sobre a péssima atuação como general
Versinhos sobre Barbacena – Feitos e Cantados por nossos sol<strong>da</strong>dos<br />
Bravos heróis se perderam,<br />
Faz pasmar a triste cena<br />
Devido a rude vileza<br />
Do General Barbacena<br />
Fazendo carga no centro<br />
Sem <strong>da</strong>r Proteção aos flancos<br />
Lá deixou bastante mortos<br />
Muitos feridos e outros mancos<br />
Eu aposto se quiserdes<br />
Uma soma não pequena<br />
Que nem sabem nossos praças<br />
Como atacou Barbacena<br />
Agora vou contar<br />
Combate feio , guerreiro<br />
Dado lá pelo Rosário<br />
Num vinte de Fevereiro<br />
Os foguetes começaram<br />
Na nossa esquer<strong>da</strong> primeiro<br />
Na direita o que faltou<br />
Foi general ...Foi guerreiro<br />
Pois que o tal de Barbacena<br />
Depois que fez a burra<strong>da</strong><br />
Fez montar a gente to<strong>da</strong><br />
E se pôs em retira<strong>da</strong> !<br />
Estes versos <strong>são</strong> parte <strong>da</strong>queles outros tantos mais, existentes e<br />
encontrados na parte final do Livro de David Carneiro : <strong>História</strong> <strong>da</strong> Guerra<br />
Cisplatina , de onde obtivemos <strong>da</strong>dos e informes sobre este acontecimento .<br />
Eduardo Marcondes de Souza
ABDICAÇÃO de D. PEDRO I -SUAS CAUSAS E EFEITOS<br />
Nem tudo que acontece em determinado momento <strong>da</strong> história<br />
pode ter origem naquele mesmo instante do acontecimento . Muitas vezes<br />
a Causa ou Causas podem ter ocorrido muito tempo antes de aparecer o<br />
Efeito .<br />
Aquele movimento de 7 de Abril de 1.831 , quando ocorre a<br />
renuncia de D. Pedro I ao trono brasileiro e , em nosso modo de ver , o<br />
Efeitos de várias Causas , a saber :<br />
Causas Básicas:<br />
A- Relaciona<strong>da</strong>s e liga<strong>da</strong>s a Crise Econômica –<br />
Financeira, gera<strong>da</strong> pela política de D. João VI quando ain<strong>da</strong> no Brasil ;<br />
B- Relaciona<strong>da</strong>s com a nova Constituição Nacional ,<br />
entre elas a luta entre o Liberalismo e o Absolutismo ;<br />
C- Desmandos causados diretamente pelo Imperador ou<br />
Desmandos acontecidos independentemente de sua vontade .<br />
Causas Finais :<br />
A- Distanciamento e Afastamento do Imperador de<br />
seus amigos , colaboradores e principais aliados . Depois do povo ;<br />
B- Intrigas e difamações .<br />
To<strong>da</strong>s estas Causas irão gerar uma série Efeitos em forma de<br />
problemas para o Imperador, os quais trarão a exigência de sua Abdicação.<br />
O Efeito Final será um só : Per<strong>da</strong> por D. Pedro I do trono<br />
brasileiro .<br />
Vejamos quais foram , em detalhes , estas CAUSAS BÁSICAS :<br />
1ª- Crise Econômica – Financeira<br />
Aquela grave crise financeira do Brasil teve o início com fatores<br />
anteriormente gerados :<br />
A- Que<strong>da</strong> de Nossas Exportações ;<br />
B- Tratados que Beneficiaram Fortemente a Inglaterra que<br />
exportou tudo para o Brasil , sem ter concorrentes ;<br />
C- Empréstimos muito onerosos realizados por D. João VI<br />
e Geração de inúmeros empregos para Corte Portuguesa ;<br />
D- Quebra do Banco do Brasil ;<br />
E- Custo <strong>da</strong> Guerra Cisplatina .<br />
Verifique a seguir :<br />
A- Nossos produtos agrícolas pelo alto grau de ineficiência na<br />
produção , nota<strong>da</strong>mente a produção de açúcar realiza<strong>da</strong> que foi no nordeste<br />
do Brasil , começaram ter forte concorrência internacional e perderam<br />
grande parte de seu mercado mundial .<br />
B- Com os Tratados Assinados com Inglaterra , quase to<strong>da</strong>s as<br />
coisas, necessárias e mais as desnecessárias , desde “caixão de defunto até
chapéus femininos” , chegaram ao Brasil com custos mais baixos que<br />
produtos nacionais . Mataram mesmo até a incipiente manufatura nacional .<br />
Isto ocorre pois D. João como Regente reduziu brutalmente o Imposto “Ad<br />
Valorem” de produtos ingleses . Eles ficaram em 16% contra 25% para os<br />
demais países . Os impostos nacionais eram mais onerosos .<br />
C- Isto tudo foi agravado com os Imensos e Continuados<br />
Empréstimos de Altíssimo Custo , realizados por D. João com banqueiros<br />
ingleses . Eram empréstimos destinados a manutenção <strong>da</strong> Corte no Rio de<br />
Janeiro e destinados aos desperdícios reais . Custos principalmente para <strong>da</strong>r<br />
continui<strong>da</strong>de ao excessivo numero de empregos destinados aos 10.000<br />
nobres e seus funcionários vindos para o Brasil .<br />
Depois de nossa independência estes gastos , que em principio foram<br />
portugueses , ficaram totalmente para o Brasil . Era a garantia do apoio<br />
inglês para nossa liber<strong>da</strong>de . O Brasil já nascia devedor ! Tudo ain<strong>da</strong> será<br />
agravado com a limpeza dos cofres brasileiros , nota<strong>da</strong>mente do Banco do<br />
Brasil , quando do regresso <strong>da</strong> Corte Lusa para Lisboa .<br />
D- O déficit brasileiro ain<strong>da</strong> foi fortemente alavancado pelas despesas<br />
necessárias efetua<strong>da</strong>s com a Guerra Cisplatina .<br />
Em 1.828 , por decorrência de todos este fatos , ocorre o<br />
fechamento do Banco do Brasil . Esta crise ain<strong>da</strong> terá repercus<strong>são</strong> com os<br />
“Reclamos dos Desempregados” . Eles eram provenientes de muita gente<br />
que perdeu o emprego com a volta de D. João VI para Portugal .<br />
Somente vinte anos depois , com o sensível aumento <strong>da</strong>s<br />
Exportações Cafeeiras , nota<strong>da</strong>mente aquelas de São Paulo , a partir de<br />
1.840 , a nossa situação econômica – financeira irá poder melhor se<br />
sustentar .<br />
2ª - Péssima Atuação de Barbacena no Comando <strong>da</strong> Guerra Cisplatina<br />
Apesar de ter sido brilhante estu<strong>da</strong>nte militar , na pratica os<br />
resultados de Felisberto Brant de Carvalho , Marques de Barbacena , como<br />
general , foram os piores possíveis . Acabamos , por seus erros militares ,<br />
perdendo a Cisplatina . Tanto é ver<strong>da</strong>de que nem seus sol<strong>da</strong>dos o irão<br />
perdoar . Ele será motivo de pia<strong>da</strong>s e de “modinhas canta<strong>da</strong>s” .<br />
Isto vai prejudicar D. Pedro I , posto que a escolha deste<br />
Coman<strong>da</strong>nte em Chefe <strong>da</strong>s Forças do Brasil no Uruguai foi escolha do<br />
Imperador ;<br />
3ª - Dissolução <strong>da</strong> 1ª Assembléia Constitucional do Brasil<br />
Esta primeira Assembléia , inteiramente nacional , instala<strong>da</strong> em 3 de<br />
Maio de 1.823 no Rio de Janeiro , tentou criar impedimentos legais e<br />
constitucionais para o Imperador . Ela tenderia ao total Liberalismo . Foi<br />
chama<strong>da</strong> de “Constituição <strong>da</strong> Mandioca”, pois tudo que se relacionava com
votos e eleitores era medido pela capaci<strong>da</strong>de na “Produção de Farinha de<br />
Mandioca” .<br />
O Imperador não concor<strong>da</strong>ndo com os freios que receberia resolveu<br />
em 12 de Novembro de 1.823 dissolver aquela Assembléia . Para <strong>da</strong>r<br />
Continui<strong>da</strong>de a este trabalho convoca juristas experimentados . Eles irão<br />
produzir nossa Primeira Constituição , onde o Imperador entraria como<br />
Poder Moderador . Ela foi outorga<strong>da</strong> por D. Pedro I em 25 de Janeiro de<br />
1.824 . Durou até começo do século XX .<br />
Como não era liberal por principio provocou desagrado junto ao<br />
público e vai gerar reações de desagrado . A curto e a longo prazo .<br />
4ª- Confederação do Equador<br />
Ocorri<strong>da</strong> nos estados nordestinos logo após nossa independência ,<br />
foi uma <strong>da</strong>s reações a Constituição Outorga<strong>da</strong> por D. Pedro I. Visava<br />
tornar to<strong>da</strong> aquela região independente do Brasil. Alem do mais seus<br />
habitantes viveriam o liberalismo de uma Republica .<br />
A resposta do Imperador foi imediata e a Confederação dissolvi<strong>da</strong> ,<br />
sendo assim manti<strong>da</strong> a uni<strong>da</strong>de geográfica brasileira . Parte dos seus chefes<br />
em 1.825 , fugiu para o exterior . Frei Caneca , um dos seus lideres , foi<br />
preso e condenado a forca . Entretanto , morreu fuzilado , uma vez que os<br />
carrascos não queriam enforcar um padre ;<br />
5ª- Morte <strong>da</strong> Imperatriz Leopoldina<br />
Em 11 de Dezembro de 1.826 acontece o falecimento <strong>da</strong> nossa<br />
primeira Imperatriz . Ela , desde sua chega<strong>da</strong> ao Brasil , foi sempre muito<br />
queri<strong>da</strong> , por suas ações sociais , pelos filhos que deu ao Imperador - um<br />
dos quais seria D. Pedro II - e pelo apoio <strong>da</strong>do quando <strong>da</strong> Independência do<br />
Brasil . Sua falta seria muito senti<strong>da</strong> .<br />
Além do mais era muito comenta<strong>da</strong> com negativi<strong>da</strong>de a ligação<br />
amorosa de D. Pedro com a Marquesa dos Santos que durou muito tempo.<br />
Cabe aqui pequeno resumo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> desta Marquesa .<br />
Seu nome era Domitila de Castro Canto e Melo . Era paulista e em<br />
São Paulo conheceu D. Pedro , na casa de seu pai o Cel. Canto e Melo,<br />
antes mesmo <strong>da</strong> proclamação de nossa Independência . Era irmã de um<br />
membro <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> de Honra -<br />
Desde esta época , em que já era separa<strong>da</strong> do marido, e durante muito<br />
tempo esteve praticamente ao lado do nosso Imperador , tendo inclusive se<br />
mu<strong>da</strong>do para o Rio de Janeiro , vivendo em local próximo ao que vivia D.<br />
Pedro I . Frequentou a Corte do Brasil e ai recebeu o titulo nobiliárquico<br />
de Marquesa dos Santos . Teve seu retrato pintado por Debret . Não era<br />
possuidora de muita beleza mas de muita personali<strong>da</strong>de . Irá se separar<br />
definitivamente do Imperador quando de seu segundo casamento .
Desde está época voltará para São Paulo e com o tempo efetuará<br />
núpcias com o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar com quem teve 5 filhos.<br />
Terminou seus dias como grande <strong>da</strong>ma <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de paulista ,<br />
realizando inúmeras obras beneméritas , muitos saraus e recepções em seu<br />
solar situado a poucos metros do Pátio do Colégio .<br />
CAUSAS FINAIS<br />
1ª-)- Isolado dos amigos Leais : Por estar naquele momento muito<br />
imbuído em manter o absolutismo nas coisas públicas do Brasil , D. Pedro I<br />
sem se <strong>da</strong>r conta do perigo de ficar isolado dos amigos leais , passa a ter<br />
enormes exigências, inclusive políticas, com todos aqueles que o cercavam<br />
. Assim vai se desentender com grande parte <strong>da</strong>queles que o aju<strong>da</strong>ram na<br />
Independência do Brasil .<br />
Caberá destaque aquele desentendimento ocorrido com seu Ministro<br />
José Bonifácio – o “Patriarca <strong>da</strong> Independência”;<br />
2ª )- Vontade pelo Absolutismo : A sua maior ligação temporária<br />
com portugueses que viviam no pais e que <strong>da</strong>vam apoio ao Absolutismo (<br />
também temporário) do Imperador) começou a gerar problemas . Era<br />
temporária esta vontade , posto que depois , quando de sua luta pelo trono<br />
de Portugal em favor de sua filha Maria <strong>da</strong> Glória , vai demonstrar todo seu<br />
Liberalismo, ficando contra as medi<strong>da</strong>s totalitárias impostas no país luso<br />
pelo seu irmão D. Miguel ;<br />
3ª )- Também terá importância o assassinato de Libero Ba<strong>da</strong>ró , um<br />
Liberal conhecido por suas idéias , ocorrido na capital de São Paulo ;<br />
4ª ) - Ocorre desentendimento do Imperador com Felisberto Brant<br />
de Carvalho , tendo como motivo as elevadíssimas despesas deste último<br />
quando de suas viagens para a Europa . ( O historiador Paulo Setubal narra<br />
o fato em seu livro : “ Maluquices do Imperador”)<br />
Por estas razões , ao que tudo indica , o Marques de Barbacena é<br />
destituído de suas funções por D. Pedro I .<br />
Em contraparti<strong>da</strong> ele divulgará cartas do Imperador . Elas em muito<br />
o irão prejudicar em muitos aspectos ;<br />
5ª- ) Noite <strong>da</strong>s Garrafa<strong>da</strong>s -Nem a viagem de D. Pedro I para Minas<br />
Gerais vai lhe restituir a populari<strong>da</strong>de e o prestigio desejado . Ele na volta<br />
é recebido com festejos apenas pelos portugueses . Porem tudo vai terminar<br />
em desordens , com a mal fa<strong>da</strong><strong>da</strong> “Noite <strong>da</strong>s Garrafa<strong>da</strong>s”, quando<br />
brasileiros foram atacados por portugueses com garrafas , pedras e paus .<br />
Este caso teve muita repercus<strong>são</strong> política.
RESUMO : - Em reali<strong>da</strong>de a somatória de to<strong>da</strong>s estes fatos<br />
serão parte <strong>da</strong>s CAUSAS , que trarão como EFEITO uma necessi<strong>da</strong>de<br />
que forçará a deci<strong>são</strong> de D. Pedro I . Ele terá de Abdicar em favor de<br />
seu filho D. Pedro II , ain<strong>da</strong> menor .<br />
As relações entre o povo e o Imperador tornaram-se realmente<br />
irreconciliáveis. De um lado existia a grande maioria Liberal forma<strong>da</strong> por<br />
brasileiros e de outro o Absolutismo do monarca, apoiado apenas pela<br />
minoria , ou seja : o Partido Português .<br />
Efeitos/Consequencias : D. Pedro I, depois de herói <strong>da</strong><br />
independência , tornava-se ca<strong>da</strong> vez mais impopular .<br />
Em Março de 1.831 ele nomeava um novo Ministério constituído<br />
apenas por brasileiros . Logo em Abril ele mesmo demitia tal Ministério . O<br />
espanto e o descrédito com o Imperador foi geral . Por todos os cantos se<br />
ouvia grita e reclamações contra D. Pedro I.<br />
Dias depois , em 7 de Abril , ele era obrigado a Abdicar do trono<br />
brasileiro . Existia naquele dia forte pres<strong>são</strong> de todos os liberais<br />
brasileiros, os quais eram grande maioria na ocasião, apoiados que estavam<br />
pelas tropas estaciona<strong>da</strong>s no Campo <strong>da</strong> Aclamação .<br />
Entretanto , ain<strong>da</strong> será preciso lembrar que existia outra motivação<br />
para D. Pedro I . Era muito justa . Ele seguirá para a Europa . Vai lutar<br />
visando expulsar seu irmão D. Miguel do trono de Portugal Ele que<br />
usurpara de sua filha Maria <strong>da</strong> Gloria a coroa portuguesa .<br />
Porem este é um fato que não dirá diretamente respeito com a<br />
história de São Paulo .
REVISÃO DAS FASES ANTERIORES ATÉ A<br />
TENTATIVA DE INDEPENDENCIA :<br />
A- BANDEIRANTES PAULISTAS E OS TUPIS<br />
B- FASE DO OURO – LAVAGEM E MINAS<br />
C- TOMADA DE TERRAS ESPANHOLAS<br />
INICIO - Com a chega<strong>da</strong> de Martim Afonso de Souza em<br />
Itanhaem , em 1.532 , começa a vi<strong>da</strong> colonial de São Paulo . O local era pré<br />
determinado , posto que era o ultimo pe<strong>da</strong>ço pertencente a Portugal , de<br />
acordo com o Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas . Foi por ali que os marcos <strong>da</strong> posse<br />
lusa foram colocados .<br />
Um pouco mais para o norte , Martim Afonso de Souza vai fun<strong>da</strong>r<br />
a primeira ci<strong>da</strong>de brasileira no local por ele denominado São Vicente .<br />
Algum tempo depois recebe por seu irmão Pero Lopes de Souza , que<br />
anteriormente , ain<strong>da</strong> no Nordeste , havia seguido de volta para Portugal<br />
relatando a chega<strong>da</strong> ao Brasil . Ele agora retornava , com a noticia que<br />
haviam sido agraciados com 3 <strong>da</strong>s Capitanias Hereditárias cria<strong>da</strong>s pelo Rei<br />
de Portugal : Saõ Vicente . Santo Amaro e Santana .<br />
Martim Afonso de Souza , ain<strong>da</strong> nesta viagem , teve a oportuni<strong>da</strong>de<br />
de conhecer João Ramalho .Era um branco de origem portuguesa que aqui<br />
vivia . Provavel naufrago ou desterrado , que muito ajudou no início <strong>da</strong><br />
colonização , evitando combate inicial dos índios Guaianases e Tamoios<br />
contra os brancos recém desembarcados em Bertioga .<br />
Com a volta de Martim Afonso de Souza para Portugal a vi<strong>da</strong> efetiva<br />
<strong>da</strong>quela Capitania lusa irá começar ter efetivi<strong>da</strong>de .<br />
No início terá problemas que não serão de grande repercus<strong>são</strong> .<br />
Apresentamos a seguir Cronologia dos Principais Acontecimentos<br />
A-) 1.537 - Inva<strong>são</strong> de Espanhóis com Índios Carijós em S. Vicente<br />
Eles atacam São Vicente na ausência de grande parte <strong>da</strong> população<br />
que seguia diariamente para trabalhar nos campos <strong>da</strong> região . Porem , logo<br />
em segui<strong>da</strong> fogem e <strong>são</strong> perseguidos . Apenas conseguiram efetuar roubos<br />
que não foram de grande monta . Fogem tão rapi<strong>da</strong>mente para o sul que<br />
nem param na aldeia dos Índios Carijós .<br />
* Ouro de lavagem - Com a descoberta deste “ouro” , possível de<br />
ser encontrado mediante lavagem de solo , inicialmente em São Vicente .<br />
Logo Expedições de vicentinos começam novas buscas mais para o<br />
interior paulista . Entendiam com razão que por ali existiria muito mais<br />
ouro . São então forma<strong>da</strong>s as Primeiras Bandeiras . São elas indica<strong>da</strong>s no<br />
Cronológico abaixo , com <strong>da</strong>ta , comando e destino . No começo serão<br />
pequenas mas no final alcançarão tamanho de quase um exercito :<br />
-1.559 – Brás Cubas - Segue para o interior , mapeando regiões ,<br />
demarcando terras e procurando ouro . Não obtém grande resultado ;
- 1.561 – Luiz Martins – Continua seguindo o mesmo caminho de Brás<br />
Cubas , demarcando porem até 30 léguas de São Vicente . Encontra ouro<br />
em vários locais <strong>da</strong>quele interior paulista . A noticia se espalha ;<br />
- 1.564- Fernão Sardinha- “oVelho” – Explora Ouro de lavagem em<br />
Jaraguá /São Paulo , com bons resultados – depois , por volta 1.590 , seu<br />
filho de mesmo nome segue para a região de Sorocaba . Ali vai realizar a<br />
primeira Fundição de Ferro /Aço <strong>da</strong>s Américas , em Iperó – Serra de<br />
Araçoiaba / São Paulo ;<br />
• - 1.565- ANCHIETA = “PAZ COM TAMOIOS”– Com apoio de<br />
Nóbrega , em terras <strong>da</strong> região litorânea de São Paulo, é realiza<strong>da</strong> Paz<br />
Efetiva que permitirá aos Bandeirantes ter apoio dos índios Tamoios<br />
e por conseqüência de todos Tupis . Isto será decisivo :<br />
• 1-) No forte apoio para penetração em terras de Espanha .<br />
• 2-) No apoio dos Bandeirantes à luta dos Tupis contra os Tapuias<br />
• 3-) No início de mais constante miscigenação entre brancos e tupis ;<br />
- 1.570 – Heliodóro Eubanos –Paraná - O 1º que começa a invadir e<br />
tomar terras de Espanha , já tendo apoio dos tupis . Inicialmente em<br />
Paranaguá-PR , depois de passar por Iguape . Nesta expedição é obrigado a<br />
lutar contra os índios Carijós . Consegue muito ouro de lavagem nesta<br />
primeira Bandeira ;<br />
- 1.572 – Francisco Xavier <strong>da</strong> Rocha –Paraná - Segue para o sul<br />
chegando até Apiai inicialmente . Também é obrigado a lutar contra os<br />
Carijós , para manter os locais com ouro de lavagem , descoberto por sua<br />
expedição em regiões do Paraná ;<br />
• -1580 –INÍCIO DA “UNIÃO IBÉRICA”-<br />
Neste ano Portugal fica sob controle do rei <strong>da</strong> Espanha – Felipe II.<br />
Não mais existe o “Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas” , nem fronteiras .<br />
- 1591- Andre Leão – Minas Gerais - Ele segue pelo vale do Paraíba até<br />
encontrar a Serra <strong>da</strong> Mantiqueira . Através dela alcança as terras mineiras e<br />
explora o ouro de lavagem . Isto já ocorre dentro de “União Ibérica”;<br />
-1592- Sebastião Marinho – Goiás - Com sua bandeira ele segue para o<br />
centro do Brasil . Percorre Goiás onde aprisiona pela primeira vez índios<br />
tapuias . Descobre muito ouro na região ;<br />
-1.594 – Jorge Correia – Paraná – Procura ouro e vai aprisionando com<br />
seus aliados tupis os índios tapuias que lhe opõem resistência . Apesar <strong>da</strong><br />
Proibição , via “Lei <strong>da</strong> Metrópole Espanhola” vai continuar prendendo<br />
tapuias ;<br />
-1.602- Nicolau Barreto – Minas Gerais – Com uma grande bandeira<br />
composta por 300 paulistas , mais de 500 mamalucos e muitas índios tupis ,
ele segue para o Rio <strong>da</strong>s Velhas . Levam dois anos nesta expedição . Além<br />
de ouro eles capturam e trazem 3.000 tapuias para São Paulo ;<br />
-1.607-Belchior Dias Carneiro- Paraná /Santa Catarina – Vai alcançar a<br />
região do Paranapanema e o Oeste de Santa Catarina . Faleceu antes de<br />
alcançar seus objetivo. Foi substituído por Antonio Raposo – “o Velho”que<br />
Dara continui<strong>da</strong>de a bandeira ;<br />
-1.611- Fernão Pais de Barros – Paraná / Fronteira do Paraguai – Esta<br />
Bandeira Paulista vai alcançar Guairá em busca de ouro . Vai entrar em<br />
combate com índios Guaranis e Tapuias . Foi perseguido por exercito<br />
espanhol coman<strong>da</strong>do pelo Gal. Antonio Anasco . Sofreu grandes per<strong>da</strong>s<br />
antes de se livrar <strong>da</strong> perseguição espanhola ;<br />
• -1.611- D. LUIZ DE SOUZA – APOIO AS BANDEIRAS -<br />
Durante seu governo em São Paulo ele dá todo apoio as bandeiras<br />
paulistas . Aquelas que seguem para Minas Gerais , via o mesmo<br />
caminho de Andre Leão e aquelas que seguem para o sul ,<br />
nota<strong>da</strong>mente para o Paraná . Por esta época o volume de ouro de<br />
Lavagem já é tão grande que a Coroa Portuguesa , em 1.618 ordena o<br />
recolhimento de um quinto do ouro encontrado .<br />
• Os bandeirantes <strong>são</strong> elogiados constantemente ;<br />
-1.616- Antonio Pedroso Alvarenga – Goiás - Forma uma grande<br />
bandeira que penetra 300 léguas para o noroeste de São Paulo , atingindo o<br />
centro de Goiás . Da início a exploração <strong>da</strong>s riquezas minerais na região.<br />
-1.618 – Antonio Castanho <strong>da</strong> Silva – Cuiabá / Mato Grosso - Com sua<br />
bandeira se interna durante dois anos naquele sertão . Segue demarcando<br />
áreas . Depois vai sair no Peru , onde veio falecer em 1.822 . Apesar de<br />
demarcar muitas terras , não foi produtora de riquezas ;<br />
- 1.619 – Manoel Preto -Paraná / Santa Catarina – Vai para região de<br />
Guaira em defesa dos demais bandeirantes que por lá se encontravam em<br />
busca de ouro . Vai combater Tapuias chefiados por Taiobá – Cacique<br />
aliado dos espanhóis, segundo o livro do Barão do Rio Branco . Nestes<br />
combates captura muitos indígenas , os quais posteriormente trouxe para<br />
sua fazen<strong>da</strong> em Nossa Senhora do Ó / São Paulo . Vai retornar ao sertão no<br />
sul brasileiro em 1.624 , quando será ferido por flecha<strong>da</strong>s , morrendo em<br />
combate .
TENTATIVA DE RETOMADA ESPANHOLA<br />
Via Implantação do “REINO GUARANÍTICO”<br />
Os espanhóis não podiam deixar de sentir que constantemente<br />
vinham Perdendo Muitas de Suas Terras , em todo Sul <strong>da</strong> America do Sul ,<br />
ferindo o anterior acordo que havia estipulado pelo “Tratado <strong>da</strong>s<br />
Tordesilhas” . Assim , mediante um Plano Pré Estipulado resolvem<br />
retomar dos bandeirantes aquelas áreas que hoje dizem respeito aos Estados<br />
do Brasil : Paraná – Santa Catarina – Rio Grande do Sul .<br />
Ain<strong>da</strong> queriam tomar definitivamente o Uruguai .<br />
Este projeto foi chamado de “Reino Guaranitico”<br />
To<strong>da</strong> esta retoma<strong>da</strong> deveria ser efetua<strong>da</strong> pelos exércitos espanhóis,<br />
com forte aliança dos índios Guaranis , apoio de tribos Tapuias e grande<br />
colaboração dos Jesuítas e Padres espanhóis .<br />
Por principio iriam implantar Vilas e Pequenas Ci<strong>da</strong>des nos<br />
territórios tomados anteriormente pelos bandeirantes paulistas . Elas , as<br />
terras retoma<strong>da</strong>s , seriam a base para estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>quela gente liga<strong>da</strong> à<br />
Espanha. Com o tempo teriam como justificativa a posse e o direito<br />
adquirido para aquelas terras , escolhi<strong>da</strong>s como objetivos .<br />
Assim desde 1.600 vão invadindo , ocupando e continua<strong>da</strong>mente se<br />
estabelecendo nas seguintes povoações e vilas por eles cria<strong>da</strong>s :<br />
1- Ciu<strong>da</strong>d Real e Villa Real - em Paranapanema – 1.600 ;<br />
2- Santo Inácio e Loreto – em Guaira – 1.610 ;<br />
3- San Pedro y San Paulo , Angeles , Encarnacion , San Miguel ,<br />
Concepcion , San Thomaz , Jesus Maria - no Paraná , de 1.623 até<br />
1.630 ;<br />
4- Santa Maria Maior , Nativi<strong>da</strong>d , Santo Ignácio , Itapuã , Corpus ,<br />
Yapeiu , Curuzú – no Paraná / Sta. Catarina - 1.626 a 1.632 ;<br />
5- Araricá , Santa Teresa , Santana , San Joaquim , Jesus Maria e San<br />
Cristobal - na Província de Tape ( R.G. Sul ) – 1.632 /1,634 ;<br />
6- Candelária , San Nicolas , Mártires , San Carlos , Apóstolos , San<br />
Miguel , San Thomé , Itaquatiã , Cosme y Damian – no Uruguai – de<br />
1.632 a 1.634<br />
Na reali<strong>da</strong>de foram implanta<strong>da</strong>s 33 vilas espanholas , cria<strong>da</strong>s desde o<br />
inicio de 1.600 , em solo desbravado e trabalhado pelos paulistas .
Estas povoações , por deci<strong>são</strong> geral dos nossos bandeirantes ,<br />
deverão desaparecer definitivamente do mapa <strong>da</strong> America do Sul .<br />
O historiador Capistrano de Abreu , em seu livro sobre a “Historia<br />
do Brasil” , paginas 102/103, anota que aquilo era um alvo efetivo e não<br />
poderia existir na<strong>da</strong> melhor para reação dos Bandeirantes Paulistas . Eles<br />
efetivamente não iriam aceitar a inva<strong>são</strong> <strong>da</strong>quelas terras desbrava<strong>da</strong>s<br />
inicialmente por eles , mesmo porque também perderiam suas lavras e<br />
minas , devi<strong>da</strong>mente descobertas e demarca<strong>da</strong>s .<br />
Assim , pelo acima exposto , nota-se que sempre existiu animosi<strong>da</strong>de<br />
entre ao bandeirantes paulistas e os espanhóis naquela época.<br />
• A falácia divulga<strong>da</strong> por detratores de São Paulo , alegando que<br />
foram os espanhóis que tentaram a Liber<strong>da</strong>de e Independência de<br />
São Paulo após o fim <strong>da</strong> União Ibérica , pela narração <strong>da</strong>s lutas<br />
que vamos narrar em segui<strong>da</strong> , fica definitivamente contraria<strong>da</strong> . Eles<br />
vinham lutando com espanhóis . Os paulistas , por vontade própria ,<br />
foram os autores do fato que acontecerá em 1.641 na ci<strong>da</strong>de de São<br />
Paulo , quando tentaram ter Rei próprio , com Amador Bueno <strong>da</strong><br />
Ribeira .- aquele que não quis ser rei ...<br />
1.629- Primeira Expedição contra Espanhóis e Jesuítas – Em Guaira<br />
Sob o comando de Antonio Raposo Tavares , uma grande bandeira é<br />
forma<strong>da</strong> . É quase um exercito que chega em Guaira /Paraná . Ela tem<br />
Raposo Tavares ain<strong>da</strong> com o comando de 69 bandeirantes paulistas , 900<br />
“mamalucos” e 2.000 índios tupis . Um ver<strong>da</strong>deiro Exercito . Lá chegando<br />
informam aos espanhóis que aquelas terras não eram de Espanha e que <strong>da</strong>li<br />
deveriam sair . A retira<strong>da</strong> dos jesuítas com espanhóis e índios é total .<br />
To<strong>da</strong>s as povoações de Guaira e <strong>da</strong>quela região do Paraná <strong>são</strong> destruí<strong>da</strong>s ;<br />
1.631- Ataque aos espanhóis em Piqueri e Paranapanema<br />
Ain<strong>da</strong> com aqueles mesmos bandeirantes paulistas e aliados tupis as<br />
ci<strong>da</strong>des de Villa Rica e Ciu<strong>da</strong>d Real <strong>são</strong> ataca<strong>da</strong>s e destruí<strong>da</strong>s . Cabe aqui<br />
destaque para os bandeirantes que coman<strong>da</strong>vam estas expedições . São os<br />
paulistas :- Manoel Pires, Antonio Pedroso , Manoel Morato ,Simão<br />
Alvares ,Francisco Lemos , Gaspar <strong>da</strong> Costa , André Peixoto , Gonçalo<br />
Pires , Bernardo de Souza , Antonio Raposo – “O Velho” , Ascenço<br />
Quadros , Baltazar Fragoso ;<br />
1.632 – Fim de Santiago de Xerez e povoações vizinhas – Os<br />
bandeirantes <strong>são</strong> os mesmos . As ci<strong>da</strong>des vão sendo toma<strong>da</strong>s pelos<br />
bandeirantes que expulsam os espanhóis , jesuítas , índios guaranis e<br />
tapuias . Destroem San José , Angeles ,San Pedro y San Pablo . Depois<br />
atravessam o Alto Paraná e destroem to<strong>da</strong>s demais povoações que<br />
encontram ;<br />
1.633 – Santa Catarina / Paraná : Galaxos , Santa Maria e Nativi<strong>da</strong>d
Foram em sequência os ataques realizados anteriormente aos espanhóis e<br />
aos jesuítas . Agora teremos uma continui<strong>da</strong>de nas destruições de vilas<br />
implanta<strong>da</strong>s em terras que os paulistas , antes mesmo de 1580, já<br />
consideravam como parte <strong>da</strong> Capitania de São Vicente ;<br />
1.636- Inva<strong>são</strong> na “Província de Tape” –ou Rio Grande do Sul –<br />
Depois de 4 anos , novamente os bandeirantes paulistas se voltam para o<br />
sul . São mais uma vez coman<strong>da</strong>dos por Antonio Raposo Tavares , tendo<br />
agora Diogo Coutinho como seu Segundo em Comando . Depois de<br />
seguidos combates , em 1.637 , os jesuítas e espanhóis abandonam o Rio<br />
Grande do Sul . Pouco depois , coman<strong>da</strong>dos pelo Padre Romão , índios<br />
guaranis e tapuias iniciam uma guerrilha arma<strong>da</strong> contra os paulistas . Na<br />
ocasião estão portando armas de fogo , tendo ain<strong>da</strong> companhia de sol<strong>da</strong>dos<br />
espanhóis . Querem expulsar os paulistas <strong>da</strong> região . Com a nossa reação ,<br />
de forma muito forte e sem tréguas , acabam abandonando definitivamente<br />
o Rio Grande do Sul ;<br />
1.638- Inva<strong>são</strong> <strong>da</strong> Província do Uruguai - Ain<strong>da</strong> sob o comando de<br />
Antonio Raposo Tavares , os bandeirantes invadem aquela província<br />
espanhola. São vencedores de combates realizados em Caaraó,<br />
Canzupaguaçu e San Nicolas . Os espanhóis e jesuítas abandonam o<br />
Uruguai . Os que foram feitos prisioneiros <strong>são</strong> trocados por ouro .<br />
• 1.639 – Carta do Vice Rei do Peru ao Soberano de Espanha –<br />
Basílio de Magalhães , em seu livro sobre o Brasil , pagina 164 ,<br />
reproduz carta do Conde de Chinchon – Vice Rei do Peru ao seu<br />
soberano , na qual ele sugeria :<br />
“A Espanha poderia comprar a Capitania de São Paulo aos seus<br />
donatários e colocar ali pessoas de nossa confiança ou , caso não<br />
conviesse tal negócio ,man<strong>da</strong>r arrasar to<strong>da</strong>s povoações <strong>da</strong> terra<br />
dos Bandeirantes”.<br />
- Após 1.640 até 1645 – Minas Gerais –Fernão Dias Paes – Este<br />
bandeirante , então já avançado em i<strong>da</strong>de , vai com seus filhos e o genro<br />
Manoel Borba Gato , para a região e Minas e fronteira de Goiás . Segue até<br />
a cabeceiras do Rio <strong>da</strong>s Velhas . Acompanha o roteiro feito tempos atrás<br />
por André Leão . Vai com cui<strong>da</strong>dos , demarcando tudo e realizando muitas<br />
pesquisas sobre fontes de minerais . Os seus pousos e plantio de roças ,<br />
necessárias à sobrevivência de uma grande bandeira , geram povoações ,<br />
entre elas destacamos : - Vituruna , Paraopeba , Sumidouro , Roça Grande ,<br />
Tucambira, Esmeral<strong>da</strong> e Serra Fria .<br />
Assim <strong>são</strong> fixa<strong>da</strong>s escalas de uma rota segura para atingir a região .<br />
Depois segue para o norte , alcançando o Vale do Jequitinhonha . Ali<br />
Fernão Dias é acometido de maleita . Adoentado e febril é obrigado a<br />
retornar rapi<strong>da</strong>mente . Trás com ele pedras verdes que supunha ser
esmeral<strong>da</strong>s . Eram turmalinas . Irá falecer antes de alcançar São Paulo .<br />
Esta bandeira foi praticamente nula em termos de riquezas. Entretanto ,<br />
pelas demarcações realiza<strong>da</strong>s , pelas rotas devi<strong>da</strong>mente traça<strong>da</strong>s , pelas<br />
aberturas e desbravamentos será uma <strong>da</strong>s mais importantes bandeiras<br />
realiza<strong>da</strong>s<br />
• -1.640 - Fim <strong>da</strong> União Ibérica - Após 60 anos de árdua resistência<br />
e grandes per<strong>da</strong>s econômicas e políticas , Portugal consegue se<br />
libertar <strong>da</strong> Espanha . Então vai surgir um grande problema para os<br />
bandeirantes paulistas . Ele é relativo ao “Tratado <strong>da</strong>s Tordesilhas”.<br />
Caso voltasse valer este Tratado , as terras toma<strong>da</strong>s pelos paulistas<br />
poderiam voltar para Espanha . Então , todo esforço para desbravar<br />
terras , derrotar os espanhóis , abrir lavras e minas de ouro , seriam<br />
perdi<strong>da</strong>s . Os bandeirantes paulistas tinham problema sério .<br />
Para eles existiam então 4 ( quatro) possibili<strong>da</strong>des , a saber :<br />
• 1ª- Ficar nas Terras toma<strong>da</strong>s e se tornarem súditos espanhóis. O<br />
que não queriam , posto que vinham continua<strong>da</strong>mente lutando<br />
contra estes mesmos espanhóis , os quais foram devi<strong>da</strong>mente<br />
vencidos em todos os tempos ;<br />
• 2ª- Abandonar as Terras toma<strong>da</strong>s e continuar como súditos do<br />
rei de Portugal . Então to<strong>da</strong> aquela trabalheira de um século e meio<br />
estaria perdi<strong>da</strong> , totalmente e para sempre ;<br />
• 3ª- CRIAR A INDEPENDENCIA DE SÃO PAULO – Assim não<br />
ficariam sob domínio , tanto de Portugal como sob domínio <strong>da</strong><br />
Espanha . Livres poderiam continuar com as terras que tomaram .<br />
Para tanto deveriam aclamar um rei paulista ; NÃO FOI POSSIVEL<br />
-- Vide Capitulo a respeito .<br />
• 4ª- Continuar com as terras e continuar combatendo os<br />
espanhóis , tomando mais terras de Espanha , até uma paz final<br />
– Seria uma alternativa , posto que a primeira escolha foi a de<br />
aclamar um rei paulista . Como Amador Bueno <strong>da</strong> Ribeira não quis<br />
ser rei , os bandeirantes paulistas , sem outra escolha , continuaram<br />
súditos de Portugal , tomando terras de Espanha . FOI A ÚNICA<br />
OPÇÃO POSSIVEL (com a desistência de Amador Bueno” .
SÃO PAULO : CAPITANIA – PROVÍNCIA – ESTADO<br />
SUA HISTÓRIA REVISADA E COMENTADA<br />
BIBLIOGRAFIA – PRIMEIRO VOLUME<br />
- Affonso de Taunay – João Ramalho e Santo André<br />
-Almei<strong>da</strong> Prado – Brasil e o Colonialismo Europeu<br />
-Almei<strong>da</strong> Prado – Bahia e Capitanias do Centro<br />
- A. Marchant – Do Escambo a Escravidão<br />
- André Trevet -Frei – Singulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> França Antártica<br />
- Alfredo Ellis – Raça de Gigantes<br />
- Arthur Neiva –Estudos <strong>da</strong> Língua Nacional<br />
- Basílio de Magalhães – Estudos <strong>da</strong> <strong>História</strong> do Brasil<br />
- Basílio de Magalhães – Expan<strong>são</strong> do Brasil Colonial<br />
- Capistrano de Abreu – Capítulos <strong>da</strong> <strong>História</strong> Colonial<br />
- David Carneiro – Guerra Cisplatina<br />
- Edson Carneiro - O Quilombo de Palmares<br />
- Fernão Cardim - Tratados <strong>da</strong> Terra e <strong>da</strong>s Gentes<br />
- Fidelino de Figueiredo – Estudos <strong>da</strong> Historia Americana<br />
- Francisco Lopes - O Infante D. Henrique<br />
- Francisco Teixeira / José Dantas – <strong>História</strong> do Brasil<br />
- Gustavo Barroso - <strong>História</strong> Secreta do Brasil
- Hélio Alcântara Avellar – <strong>História</strong> Administrativa e Econômica<br />
- Hélio Avellar – “Anton Knivet”<br />
- Honório de Sylos – São Paulo e Seus Caminhos<br />
- J.F. Normando- Evolução Econômica do Brasil<br />
- João Dornas Filho – O Ouro <strong>da</strong>s Gerais<br />
- João Ribeiro – <strong>História</strong> do Brasil<br />
- Joaquim Thomaz – Anchieta<br />
- J. Sampaio –Fitogeografia do Brasil<br />
- Luiz Edmundo – Olhando Para Atrás<br />
- Luiz Câmara Cascudo – <strong>História</strong> <strong>da</strong> Alimentação no Brasil<br />
- Macedo Soares – Fronteiras do Brasil<br />
- Machado D’Oliveira – Quadro Histórico <strong>da</strong> Província de São Paulo<br />
- M. Burns – <strong>História</strong> <strong>da</strong> Civilização Ocidental<br />
- Paulo Setubal – Maluquices do Imperador<br />
- Paulo Setubal – Os Irmãos Leme<br />
- Raimundo Campos – <strong>História</strong> Política do Brasil<br />
- Romulo Campos D’Arace – A Princesa do Norte<br />
- Roquete Pinto – Ensaios Brasileiros<br />
- Roberto Simonsen – <strong>História</strong> Econômica do Brasil<br />
- Serafim Leite – Paginas <strong>da</strong> <strong>História</strong> do Brasil<br />
- Sérgio Buarque de Holan<strong>da</strong> – Vi<strong>são</strong> do Paraíso
- Souza Carneiro – Mitos Africanos no Brasil<br />
- Stefeson / Westcoast – <strong>História</strong> do Poderio Marítimo<br />
- Tarquínio de Souza – José Bonifácio<br />
- Theodoro Sampaio – O Tupi<br />
- Thomaz Oscar Marcondes de Souza – Descobrimento do Brasil<br />
- Thomaz Oscar Marcondes de Souza – Viagens de Amérigo Vespúcio<br />
- “ Vários Autores” – Ensaios Paulistas / Comemorativo do 4º Centenário<br />
-“ Vários Autores - “ Anchietana” / Comemorativo de Anchieta<br />
- Washington Luiz – Capitania de São Paulo<br />
- Eduardo Marcondes de Souza
GOVERNOS TRANSITÓRIOS – GOVERNO DO CONDE DE PALMA<br />
SIDERURGICA DE IPANEMA - MAIS RECRUTAS PARA O SUL<br />
O Marquês de Alegrete<br />
D. João VI ain<strong>da</strong> continuava com seus nobres no Rio de Janeiro . Terminado<br />
o malfa<strong>da</strong>do governo de Horta , com seu afastamento em 1.811 , a administração de São<br />
Paulo irá inicialmente , por curtíssimo espaço de tempo , ficar em mãos de um<br />
triunvirato que será nomeado temporariamente . Logo eles serão substituídos pelo<br />
Marquês de Alegrete . Também esta gestão não será definitiva e não irá durar muito<br />
tempo .<br />
D. Francisco de Assis Mascarenhas - Conde de Palma , que se tornará o<br />
Marquês de Palma será então nomeado nosso governador . Durante to<strong>da</strong>s estas<br />
administrações , que irão terminar em 1.817, apenas terão destaque as firmes<br />
determinações deste governador .<br />
As principais realizações nesta gestão foram :<br />
1-Desenvolvimento <strong>da</strong> Siderúrgica de Ipanema –Em Araçoiaba<br />
Em capitulo anterior já foi explicado o descobrimento <strong>da</strong>s minas de ferro e a<br />
primeira fundição de ferro/aço <strong>da</strong>s Américas , realizado em Araçoiaba / Sorocaba pelo<br />
bandeirante de nome Sardinha . Depois dele , ain<strong>da</strong> no mesmo local continuaram sendo<br />
produzidos , por dezenas de anos e por vários paulistas , ferro e aço em pequenas<br />
quanti<strong>da</strong>des , destinados ao uso regional . Por ali , durante os muitos anos que irão<br />
passar , trabalharam os seguintes pequenos empresários paulistas : Manoel Fernandes ,<br />
Martim Garcia , Fernandes de Abreu e Jacinto Moreira Cabral . Ca<strong>da</strong> um em seu tempo<br />
conseguiu pequena produção de ferro /aço .<br />
Em 1.800 , por ordem do governador Mello , foi levantado o grande potencial<br />
<strong>da</strong>s minas de Araçoiaba por João Manso , na ocasião acompanhado pelo Cel. Candido<br />
Xavier de Almei<strong>da</strong> . Com base nestes estudos foi aprovado pelo governo paulista a<br />
expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> pequena industria existente . Após a expan<strong>são</strong> a siderúrgica a ser cria<strong>da</strong> se<br />
denominaria “Fabrica Ipanema de Aços. Foi formulado todo um esquema de montagem<br />
pelo Cel. Martim Francisco Ribeiro de Andrade .<br />
Entretanto , o Governo de D. João VI também se interessou e , através de seu<br />
ministro Conde de Linhares , resolve participar <strong>da</strong> iniciativa paulista . Nobres <strong>da</strong> Corte<br />
compraram então ações <strong>da</strong> nova empresa. Com isto a industria a ser instala<strong>da</strong> deixa de<br />
ser inteiramente paulista . Deveria ficar maior e ter expressiva expan<strong>são</strong> nacional .<br />
Durante o governo do Conde de Palma <strong>são</strong> contratados engenheiros<br />
estrangeiros especializados em siderurgia , entre eles o Capitão Frederico Varnhagen .<br />
Caberia a ele a elaboração do primeiro projeto para implantação <strong>da</strong> industria , bem<br />
como <strong>da</strong>r inicio à produção de aço naquela fabrica .<br />
Ela efetivamente começará a ser construí<strong>da</strong> já em 1.811. Para tanto foi criado<br />
inicialmente o grande e necessário reservatório de águas . Foi criado lindo lago na<br />
região , com água necessária para siderurgia . Em segui<strong>da</strong> teria inicio a construção dos<br />
Quatro Fornos Catalães .<br />
Como apoio para aquela construção os seus diretores trouxeram também<br />
alguns operários altamente especializados . Depois , com a entra<strong>da</strong> dos acionistas <strong>da</strong><br />
Corte de D.João VI , mu<strong>da</strong>ram critérios quanto a sua direção geral . Foi contratado um<br />
novo diretor responsável . Ele era também sueco. Seu nome Hedberger . Ele mu<strong>da</strong><br />
critérios e irá tentar conduzir de sua maneira a construção <strong>da</strong> Fabrica de Ipanema .<br />
Hedberger terá a responsabili<strong>da</strong>de de terminar a construção , produzir e crescer<br />
rapi<strong>da</strong>mente a quali<strong>da</strong>de e quanti<strong>da</strong>de dos produtos de Ipanema .
Não alcançou resultados esperados . Ficará no cargo durante 5 três anos , até o<br />
ano de 1.815 . Infelizmente e praticamente quase na<strong>da</strong> construiu que pudesse gerar a<br />
produção ou mesmo produziu aço de boa quali<strong>da</strong>de . Será afastado, inclusive sob<br />
acusação de peculato .<br />
Para substituir Hedberger foi renomeado o agora Cel. Frederico Varnhagen.<br />
Com seus bons conhecimentos e muita dedicação foram terminados os altos fornos .<br />
Com o projeto inteiramente pronto a Fabrica de Ipanema começou a produzir em escala<br />
industrial , conseguindo se recuperar dos prejuízos anteriores, apesar <strong>da</strong>s muitas intrigas<br />
efetua<strong>da</strong>s pelos interesses de terceiros , até vindos de outras Províncias .<br />
As primeiras peças foram produzi<strong>da</strong>s simbolicamente . Eram três cruzes ,<br />
sendo a maior delas coloca<strong>da</strong> no morro que se situa ao lado <strong>da</strong> Siderúrgica de Ipanema .<br />
Varnhagen continuou a testa <strong>da</strong> Fabrica de Ipanema até 1.822 , quando pediu<br />
demis<strong>são</strong> e se retirou para a Suécia / Europa . Deixou a fabrica perfeitamente monta<strong>da</strong> ,<br />
em plena produção e com um saldo positivo de Caixa com Doze Contos de Réis .<br />
Com sua saí<strong>da</strong> vários diretores assumiram o cargo mas não alcançando o<br />
sucesso do anterior . No 2º reinado , já com Pedro II , depois de tantas tentativas não foi<br />
consegui<strong>da</strong> a expan<strong>são</strong> <strong>da</strong> produção deseja<strong>da</strong> . Entre as varias tentativas veio de<br />
Pernambuco o Major Bloen . Então , ele consegue alguns bons resultados , inclusive<br />
fundindo canhões para a Guerra do Paraguai .<br />
Apesar de seus esforços , a produção não cresce e vai começar a cair . Os<br />
investimentos necessários para atualização <strong>da</strong>s novas técnicas de produção <strong>são</strong><br />
projetados mas não chegam ser implantados . As corri<strong>da</strong>s de aço vão diminuir muito .<br />
Bloen irá para a Europa em busca de mais recursos técnicos . Na volta , apesar de seus<br />
esforços , não conseguirá bons resultados e consequentemente será substituído .<br />
Caberá então ao Cel. Antonio Manoel Marcondes de Mello a direção de<br />
Ipanema . Com zelo e honesti<strong>da</strong>de começa reformular os esquemas de produção .<br />
Entretanto , a política brasileira mu<strong>da</strong> com chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> Republica . O controle geral ,<br />
agora será do Governo Federal , pois com a Republica aparecem pessoas que na<strong>da</strong><br />
entendem de ferro e aço que querem man<strong>da</strong>r na siderúrgica . Alem do mais a Republica<br />
em na<strong>da</strong> atende e não fornece meios até para as menores necessi<strong>da</strong>des .<br />
A Republica estava domina<strong>da</strong> por pessoas contrarias a monarquia e a Fabrica<br />
de Aços de Ipanema tinha nobres como seus acionistas . A fabrica estava em São Paulo<br />
e os primeiros presidentes eram nordestinos . Eles não tinham interesse em melhorar<br />
na<strong>da</strong> em São Paulo . Esqueceram que o controle acionário era agora do povo brasileiro .<br />
Então sem apoio , e sem possibili<strong>da</strong>des de realizar na<strong>da</strong> o Coronel e seus cinco oficiais<br />
subordinados pedem demis<strong>são</strong> . Logo a fabrica vai parar definitivamente . Isto<br />
acontecerá no início do século XX , já dentro do período <strong>da</strong> republica .<br />
Comentário : Atualmente a Fabrica de Aços de Ipanema está inteiramente<br />
desativa<strong>da</strong> . Para<strong>da</strong> mas cheia de funcionários públicos . Não foi reformula<strong>da</strong><br />
tecnicamente quando precisava ser , já na época <strong>da</strong> republica , quando os avanços<br />
técnicos foram muitos e necessários . Muitas providencias que deveriam ser toma<strong>da</strong>s<br />
não foram . Assim tudo ali ficou absoleto. A produção de ferro/aço impossibilita<strong>da</strong><br />
economicamente .<br />
Hoje ain<strong>da</strong> Ipanema continua existindo fisicamente , sem produzir na<strong>da</strong> ,<br />
sendo agora lugar turístico de grande beleza . Não só por seu lindo lago , gramados ,<br />
casas coloniais e as antigas construções industriais para produção de aço .A região é<br />
bonita . Tudo ali continua bem conservado , ao lado <strong>da</strong>s suas antigas locomotivas<br />
também bem conserva<strong>da</strong>s . Elas eram destina<strong>da</strong>s a puxar o aço então produzido .
Ipanema continua até hoje pertencendo ao governo federal , cheia de casas<br />
de funcionários públicos federais . Uns que aju<strong>da</strong>m outros , outros que aju<strong>da</strong>m uns ,<br />
todos os dias . Todos os dias ...<br />
Ao fundo desta paisagem , praticamente ain<strong>da</strong> sem uso , ao céu aberto ,<br />
continua existindo uma <strong>da</strong>s maiores montanhas de minério de ferro do planeta , com a<br />
melhor quali<strong>da</strong>de para produzir aços de fina quali<strong>da</strong>de .<br />
Esperam que algum dia um governante acorde ! Acorde ... ACORDE !<br />
O Café e as Ferrovias<br />
ACONTECEU NA EPOCA –<br />
Por volta de 1.780 as primeiras “Mu<strong>da</strong>s de Café” já estavam sendo planta<strong>da</strong>s<br />
no Estado de São Paulo , precisamente no Vale do Paraíba . Elas vinham do Rio de<br />
Janeiro através <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des fluminenses situa<strong>da</strong>s no caminho para São Paulo . Entre<br />
elas cabe destaque para Vassouras .<br />
Os primeiros cafeeiros plantados em São Paulo eram quase todos do tipo<br />
“Bourbon” , plantados como indicava a técnica <strong>da</strong>quela época , não em Curvas de Nível<br />
mas em Quadras . A produção de São Paulo foi no início inferior aquelas do Rio de<br />
Janeiro e de Minas Gerais . Entretanto , rapi<strong>da</strong>mente ultrapassou as produções dos<br />
demais estados e sozinha , depois de alguns anos , representava mais de 70% <strong>da</strong>s<br />
exportações do produto/café . Isto foi possível inicialmente graças a antevi<strong>são</strong> dos<br />
fazendeiros paulistas , e depois com a introdução de mão de obra dos africanos<br />
escravos, que na época começavam a chegar em São Paulo . Foram importantes<br />
trabalhadores .<br />
Entretanto , para desenvolver a cafeicultura , também foram contratados<br />
inicialmente algumas pequenas levas de gente oriun<strong>da</strong> dos Açores . Vieram para o Vale<br />
do Paraíba em pequenos grupos , pois as maiores parcelas <strong>da</strong>quela gente se destinava ao<br />
Rio Grande do Sul , pois para aquela região , desde meados do século anterior , eles já<br />
estavam sendo enviados , tendo parentes , sendo bem recebidos e logo aclimatados .<br />
Em 1828 os primeiros imigrantes de outros paises não latinos chegaram em<br />
São Paulo . Eram alemães e se instalariam na área de Santo Amaro, perto <strong>da</strong> capital<br />
paulista , e ain<strong>da</strong> em Itu . . Não vieram para trabalhar com café , mas sim outros tipos de<br />
alimentos e produtos de manufaturas mais técnicas .<br />
A produção do café trouxe inicialmente muita riqueza para as ci<strong>da</strong>des do<br />
Vale do Paraíba, nota<strong>da</strong>mente para Pin<strong>da</strong>monhangaba que se tornou na ocasião a<br />
“Capital do Café”. Naquela região paulista se formou uma classe de fazendeiros ricos<br />
sediados em to<strong>da</strong>s suas ci<strong>da</strong>des do Vale . Eles , com a Independência do Brasil e a<br />
confirmação <strong>da</strong> Monarquia , por seu trabalho e aju<strong>da</strong> ao governo imperial se tornaram<br />
imprescindíveis como lideres de regiões . Tornaram-se nobres . Isto vai ocorrer em<br />
razão do entendimento e grande apoio que deram ao Império e ao Imperador . Os<br />
Títulos de Nobreza foram recompensa , por determinação direta de D. Pedro I .<br />
Aqueles nobres realmente surgiram e cresceram com o cultivo do café .<br />
Eram chamados , na época e por isto mesmo , de “Barões do Café”.<br />
ACONTECEU POSTERIORMENTE –<br />
Esta cultura se expandiu para as regiões de Campinas e de Ribeirão Preto .<br />
Vai para o interior de São Paulo. A produção destas ci<strong>da</strong>des então foi enorme .<br />
O grande problema para escoamento <strong>da</strong> produção do café , nota<strong>da</strong>mente<br />
para exportação , era o transporte . Ele era feito inicialmente em lombo de tropas de<br />
burros até os portos de embarque . Os sacos do Vale do Paraíba saíram via porto de<br />
Parati . O trabalho era pouco produtivo , havia grandes per<strong>da</strong>s e grande demora .
Para enfrentar este desafio os empreendedores paulistas começaram a<br />
projetar e construir ferrovias que iriam cruzar o estado de São Paulo . Não teria , nem<br />
era esperado apoio ou recursos do Governo Central . As ferrovias seriam construí<strong>da</strong>s<br />
pelos paulistas , com capitais paulistas , com garantias do Tesouro de São Paulo .<br />
Não se esperou , como a maioria dos demais estados , providencias<br />
financeiras ou de projetos do governo central . Lembro : As estra<strong>da</strong>s de ferro já eram<br />
conheci<strong>da</strong>s desde 1.829 na Inglaterra . Feijó , com Regente do Império , baixou o<br />
primeiro decreto possibilitando tais empreendimentos ferroviários .<br />
Com isto as Ferrovias Paulista precederam as Grandes Levas de Imigrantes .<br />
Veja a sua Implantação – A Maioria Ain<strong>da</strong> no Tempo do Império :<br />
- A ligação de Santos a Jundiaí tem inicio em 1.856 . Depois os ingleses a compraram e<br />
terminaram<br />
- Em 1865 os trilhos ferroviários já chegam em São Paulo ;<br />
- Em 1868 tem inicio a Cia. Paulista de Estra<strong>da</strong>s de Ferro ;<br />
- Em 1871 surge a Ituana ;<br />
- Em 1871 aparece ain<strong>da</strong> a Sorocabana ;<br />
- Em 1872 tem início a Douradense<br />
- Em 1.872 inicio <strong>da</strong> Mogiana ;<br />
- Em 1.875;- A Bragantina e a Araraquarense <strong>são</strong> desta mesma época ;<br />
- em 1884 - A Ferrovia de Campos de Jordão deveria ir até Ubatuba . Parou em Pin<strong>da</strong> ;<br />
- A Noroeste é a ultima que foi construí<strong>da</strong> e concluiria o leque <strong>da</strong>s ferrovias em São<br />
Paulo<br />
Obs.- Com o tempo aconteceram alterações no controle acionário destas ferrovias .<br />
1) A Santos –Jundiaí foi compra<strong>da</strong> pelos ingleses e tomou o nome de “SPR- São Paulo<br />
Railway”. Eles tinham grande interesse em transportar o café para Santos .<br />
2)Com o tempo as Ferrovias “Ituana , Douradense , Bragantina e Araraquarense”<br />
tiveram o controle acionário mu<strong>da</strong>ndo de mãos . Foram compra<strong>da</strong>s por outras ferrovias<br />
3)A “Rio – São Paulo” , inicia<strong>da</strong> por particulares , passou em 1.885 a ser controla<strong>da</strong><br />
pelo governo brasileiro ,teve investimento do Império e mudou o nome para “Central do<br />
Brasil” .<br />
4) Já na época <strong>da</strong> republica , depois <strong>da</strong> 2ª Guerra Mundial , to<strong>da</strong>s as Ferrovias de São<br />
Paulo foram encampa<strong>da</strong>s pelo governo do estado e uni<strong>da</strong>s em uma só empresa .<br />
Passaram a se denominar “Fepasa - Ferrovias Paulistas Socie<strong>da</strong>de Anônima”.<br />
Hoje praticamente estão quase totalmente desativa<strong>da</strong>s .<br />
As Grandes Levas de Imigrantes , que eram contratados com passagens pagas pelo<br />
governo de São Paulo, somente começarão em 1.880 , administra<strong>da</strong>s que foram<br />
inicialmente por Martinico Prado .<br />
Em uma analise <strong>da</strong> época podemos concluir com to<strong>da</strong> certeza:<br />
1-) As construções <strong>da</strong>s Ferrovias dentro do Estado de São Paulo , com recursos dos<br />
paulistas e com garantia dos seus Governantes , junto com a Produção do Café realiza<strong>da</strong><br />
pelos fazendeiros paulistas , foram os grandes introdutores do desenvolvimento de São<br />
Paulo.<br />
2- Logo em segui<strong>da</strong> , com a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Grandes Levas de Imigrantes , para cui<strong>da</strong>rem dos<br />
cafezais , a economia paulista se solidifica e se consoli<strong>da</strong> definitivamente .<br />
Mais Jovens Paulistas para Novas Lutas no Sul – Toma<strong>da</strong> de Montevidéu<br />
Ain<strong>da</strong> no governo do Conde de Palma aconteceu a inva<strong>são</strong> e incorporação<br />
pelo Brasil <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> Oriental ( Uruguai ) . Ela foi determina<strong>da</strong> por interesses
econômicos , financeiros e políticos . Com a deposição de Fernando VII de Espanha por<br />
Napoleão, as suas colônias espanholas na América passaram a ser colônias <strong>da</strong> França .<br />
Isto desequilibrava totalmente a força na América Latina , especialmente na área do<br />
Estuário do Prata . Os franceses poderiam man<strong>da</strong>r na América do Sul Isto trouxe<br />
enorme preocupação para a Inglaterra , interessa<strong>da</strong> na economia <strong>da</strong> região .<br />
Então os ingleses vão agir muito rapi<strong>da</strong>mente oferecendo apoio decisivo<br />
aos “Movimentos de Libertação do Prata” . Visavam , antes de mais na<strong>da</strong> , controlar a<br />
força <strong>da</strong> França , depois abrir o mercado <strong>da</strong> região .<br />
Então surge a Argentina independente .<br />
O governo brasileiro orientando D. João VI , em 1816 , quer se aproveitar<br />
do fato tentando ganhar a totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> Oriental , nota<strong>da</strong>mente a margem<br />
superior do Rio <strong>da</strong> Prata , <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong>de aquilo que fizeram os bandeirantes<br />
paulistas em século anterior , em 1.680 com a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Colônia de Sacramento .<br />
Para tanto , seguindo as formali<strong>da</strong>des internacionais , comunica para<br />
Espanha como também para Inglaterra sua deliberação . A Ação Bélica estará sendo<br />
justifica<strong>da</strong> como defesa aos “assaltos e depre<strong>da</strong>ções realiza<strong>da</strong>s por hor<strong>da</strong>s de Artigas- o<br />
Caudilho <strong>da</strong> região” . Também alegam continui<strong>da</strong>de no roubo do gado <strong>da</strong>s estâncias<br />
gaúchas junto <strong>da</strong>quela fronteira . Era preciso ain<strong>da</strong> acertar e demarcar definitivamente<br />
tais linhas demarcatórias com o Uruguai .<br />
A região não fazia parte <strong>da</strong> União Argentina . Estava separa<strong>da</strong> de tudo , ao<br />
sabor <strong>da</strong>s vontades de Artigas .<br />
O Recrutamento dos Paulistas - As Tropas – A Província Cisplatina<br />
Em assim sendo , D. João VI no pretexto de “Manter as Fronteiras em<br />
Segurança” , envia tropas de Portugal que estaciona<strong>da</strong>s no Rio de Janeiro para aju<strong>da</strong>r<br />
a Legião de São Paulo . Ela que estava desde algum tempo lutando no Sul . Por isto<br />
mesmo , estava desfalca<strong>da</strong> de seus efetivos , perdidos em lutas anteriores e também<br />
pela falta de roupas apropria<strong>da</strong>s que evitassem frio e por conseqüência doenças. .<br />
Estavam ain<strong>da</strong> com falta de suprimentos , material bélico e de material que resguar<strong>da</strong>sse<br />
os sol<strong>da</strong>dos do clima gelado e as intempéries <strong>da</strong> região .<br />
A Legião de São Paulo então se desloca para a fronteira em iria se tornar<br />
beligerante . Também vai se juntar a ela as forças dos Dragões de São Pedro (força<br />
forma<strong>da</strong> inteiramente por gaúchos) .<br />
Para finalizar a montagem de uma força visando a toma<strong>da</strong> do Uruguai , no<br />
começo de 1.817 novo e amplo recrutamento de jovens é feito na Província de São<br />
Paulo . Visava recompor e reorganizar as forças <strong>da</strong> Legião de São Paulo. Desta vez o<br />
Conde de Palma , governador paulista , não age de má fé , nem seqüestra jovens . Ele<br />
fala à consciência dos paulistas , dos feitos de seus antepassados e dos feitos atuais <strong>da</strong><br />
própria Legião . Pelo valor sustentado por ela em combates anteriores . Cria motivações.<br />
O recrutamento então é feito com absoluto sucesso .<br />
Alem dos jovens paulistas naturais de São Paulo, ain<strong>da</strong> vão ser convocados<br />
os jovens paulistas naturais <strong>da</strong> região de Curitiba . Eles que atuarão como guerrilheiros.<br />
Serão dois mil homens sob comando do General Xavier Curado .<br />
O comando geral dos brasileiros ficará então com o Visconde de Laguna .<br />
A memória descritiva de muitos combates , feita por Diogo Arouche de<br />
Moraes Lara ( Capitão <strong>da</strong> Legião , falecido em combate ) relata a bravura nas lutas de<br />
todos paulistas em campos de batalhas do Uruguai . Tanto a Legião de São Paulo como<br />
os jovens de Curitiba tiveram grandes feitos d’armas , cabendo gloria a Legião .
Artigas acaba sendo derrotado definitivamente na Batalha de Tucuarembó .<br />
Os nossos em segui<strong>da</strong> ocupam Montevidéu . A Câmara ou “Cabildo”de Montevidéu<br />
aprova a união <strong>da</strong> região –Ban<strong>da</strong> Oriental - ao Brasil em 1.820 , sob condições , sendo<br />
então denomina<strong>da</strong> como “ Província Cisplatina”.<br />
Mais uma vez os paulistas aju<strong>da</strong>ram o Brasil a crescer .
Tudo Começou em Babel – Herbert Wendt<br />
Estudos <strong>da</strong> Língua Nacional – Arthur Neiva<br />
Bahia e Capitanias do Centro /1.530 a 1626 – Almei<strong>da</strong> Prado<br />
O Ouro <strong>da</strong>s Gerais – João Dornas Filho<br />
Evolução Econômica do Brasil – J.F. Normano<br />
<strong>História</strong> Secreta do Brasil -Gustavo Barroso<br />
Paginas de <strong>História</strong> do Brasil – Seraphim Leite<br />
<strong>História</strong> Econômica do Brasil _ Roberto Simonsen<br />
Mitos Africanos no Brasil – Sousa Carneiro<br />
Capitania de São Paulo – Washington Luiz<br />
Estudos de <strong>História</strong> do Brasil – Basílio de Magalhães<br />
O Quilombo dos Palmares- Edison Carneiro<br />
Descobrimento do Rio Amazonas – Gaspar Carvajal / Rojas /<br />
Acunã<br />
O Vale do Amazonas – Tavares Bastos