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METRÔ<br />
URBS<br />
para que fosse necessário trocá-las? É evidente que elas<br />
têm lá a sua importância, mas será que é preciso mesmo<br />
trocar as britas velhas? “É claro que sim”, enfatizou Baria.<br />
Segundo ele, com o passar do tempo, as arestas da brita<br />
vão fi cando arredondadas e deixam de servir como um<br />
ponto de sustentação fi rme e estável para a acomodação<br />
dos trilhos. Diante desse fato, descobriu-se que até mesmo<br />
as i<strong>no</strong>centes pedrinhas da via têm um limite de vida<br />
útil. Intrigante!<br />
Com o fi m dos trabalhos daquele dia, as equipes se retiram,<br />
as linhas são energizadas <strong>no</strong>vamente e os trens recomeçam<br />
seu ritual de cortar a cidade de ponta a ponta.<br />
Embora nem mesmo a madrugada tenha terminado, o<br />
Metrô já está pronto para reabrir seus portões e encarar<br />
mais uma maratona de leva e traz de passageiros. Neste<br />
momento, a voz do alto-falante retorna triunfalmente a<br />
soar pelos corredores das estações em tom revigorado.<br />
“Sejam bem-vindos ao Metrô de São Paulo. Estamos começando<br />
agora <strong>no</strong>ssa operação. Um bom dia a todos.”<br />
(Adilson Fuzo)<br />
Foto: Daniel Crescente<br />
Um olhar imprevisível<br />
sobre a <strong><strong>no</strong>ite</strong> <strong>no</strong> <strong>Centro</strong><br />
Patrocínio<br />
Sinto-me confortável em falar sobre a <strong><strong>no</strong>ite</strong> <strong>no</strong> <strong>Centro</strong> pela razão<br />
mais óbvia: moro lá! Desde os tempos de faculdade, há saudosos<br />
20 a<strong>no</strong>s, sempre pulei nas redondezas do <strong>Centro</strong>: rua Caio Prado,<br />
Barata Ribeiro e Frei Caneca. Em 2005, com minha mulher, que<br />
também é arquiteta, esperávamos <strong>no</strong>sso primeiro fi lho quando<br />
iniciamos a procura de um apartamento na avenida que consideramos<br />
a mais bonita de São Paulo, a Av. São Luís.<br />
Após procurar por anúncios e imobiliárias, só achávamos apartamentos<br />
e<strong>no</strong>rmes, com problemas de documentação e com preços<br />
nas alturas. Vale lembrar um proprietário do Edifício Eiffel (Praça<br />
da República) que não possuía CPF ou ainda uma moradora do<br />
Edifício Ouro Preto (Av. São Luís) que possuía uma mal redigida<br />
procuração de um suposto verdadeiro proprietário redigida ainda<br />
<strong>no</strong> século passado!<br />
Nossa procura aquietou-se quando entramos na melhor rede<br />
de oportunidades de compra e venda de imóveis <strong>no</strong> <strong>Centro</strong>: os<br />
porteiros e os zeladores. Rapidamente então encontramos <strong>no</strong>sso<br />
apartamento, por preço ainda razoável e estamos lá até hoje (agora<br />
com 3 fi lhos!!!).<br />
Nosso prédio é fantástico: não possui nada que aumente o valor<br />
do condomínio, como piscina, Espaço Gourmet, sauna. Outra<br />
característica é que por uma questão de projeto e de segurança<br />
contra incêndios, não existe ligação interna entre a garagem do<br />
prédio e o saguão de entrada. Assim, quando não estamos de Metrô<br />
e usamos o carro, devemos andar pouco mais de 100 metros<br />
entre a garagem e a entrada do edifício residencial. Esta situação<br />
desmontou <strong>no</strong>ssa apreensão de andar a pé a <strong><strong>no</strong>ite</strong> por lá. Sou<br />
professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo do <strong>Centro</strong> Universitário<br />
Belas Artes de São Paulo e várias <strong><strong>no</strong>ite</strong>s chego em casa<br />
após as 23h. Na primeira <strong><strong>no</strong>ite</strong> lá estava eu: livros, <strong>no</strong>tebook, carteira,<br />
documentos. Pensei por alguns instantes que não sobreviveria<br />
entre a garagem e a minha casa. Pura balela: tudo muito bem<br />
iluminado, calçadas cheias, sensação de segurança, muita gente<br />
andando por lá. Hoje passeio muito a <strong><strong>no</strong>ite</strong>, inclusive com meus<br />
fi lhos. Quem sabe não os levarei de <strong>no</strong>vo para ver a decoração de<br />
Natal da São Luís que mais uma vez está muito bonita.<br />
A <strong><strong>no</strong>ite</strong> <strong>no</strong> <strong>Centro</strong> para seu morador é a mais completa experiência<br />
urbana que conheci: lojas 24h, farmácias, gente, bares,<br />
teatros, restaurantes e o melhor: tudo a pé!<br />
Outra coisa legal é a relação de vizinhança. Conheço todos meus<br />
vizinhos (nunca consegui isso antes), e sou conhecido <strong>no</strong>s meus<br />
arredores como o pai do Francisco, do Antonio e da Rosa. Eles<br />
ainda brincam de bicicletinha na Praça Dom José Gaspar. Aceitam<br />
um café <strong>no</strong> Suplicy?<br />
* Enio Moro Junior, é Arquiteto e Urbanista da Prefeitura Municipal<br />
de São Caeta<strong>no</strong> do Sul, coordenador do iURB (Instituto de<br />
Estudos Urba<strong>no</strong>s de São Paulo) e Professor Doutor do Curso de<br />
Arquitetura e Urbanismo do <strong>Centro</strong> Universitário Belas Artes de<br />
São Paulo.<br />
(O texto foi escrito em dezembro de 2009)<br />
Por Enio Moro Junior*<br />
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