16.06.2013 Views

Li Ii l l DUR - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Li Ii l l DUR - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Li Ii l l DUR - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Dl i m<br />

e^-'f<br />

CONSIDERAÇÕES GERMS<br />

SOBRE O TRATAMENTO DA<br />

<strong>Li</strong> I ill <strong>DUR</strong><br />

DISSERTAÇÃO INAUGURAL<br />

APRESENTADA Á<br />

ESCHOLA HEDICD-CIRUHBICA 00 PORTO<br />

POR<br />

SOB A PRESIDÊNCIA<br />

DO EX. m ° SNR.<br />

LENTE DA OITAVA CADEIRA.<br />

Qs^f^^^;<br />

«»o«ico<br />

TYPOGRAPHIA—PERED3A DA SILVA<br />

63. Praja de Santa Theresa, 63<br />

1870<br />

\X\S £WC


ESCHOLA MEDICO-CIRURGICA DO PORTO.<br />

XÎ X«K C X O «<br />

0 111."* e Ex."" 1 Snr. Commen<strong>da</strong><strong>do</strong>r Manoel Maria <strong>da</strong> Gosta Leite<br />

sixa cxœtMtMo<br />

O 111." 0 e Ex. mo Snr. Joaquim Guilherme Gomes Coelho<br />

CORPO CATHEDRATICO.<br />

LENTES PROPRIETÁRIOS<br />

Os I11. M » e Ex 0 " Snrs.:<br />

1.* Cadeira—Anatomia descriptiva<br />

e geral João Pereira Dias Lebre.<br />

2.» Cadeira—Physiologia Dr. José Carlos Lopes Junior.<br />

3." Cadeira— Historia natural<br />

<strong>do</strong>s medicamentos, Materia<br />

Medica João Xavier d'Oliveira Barros.<br />

4.* Cadeira—Pathologia geral,<br />

Pathologia externa e Therapeutica<br />

externa Illidio Ayres Pereira <strong>do</strong> Valle.<br />

u.» Cadeira—Operações cirúrgicas<br />

e apparelhos, com<br />

Fracturas, Hernias e Luxações<br />

Pedro Augusto Dias.<br />

6," Cadeira—Partos, moléstias<br />

<strong>da</strong>s mulheres de parto e<br />

<strong>do</strong>s recem-nasci<strong>do</strong>s. Manoel Maria <strong>da</strong> Costa Leite.<br />

7. a Cadeira—Pathologia inter,na,<br />

Therapeiítica interna,<br />

Historia Medica José d'Andrade Gramaxo.<br />

8.* Cadeira — Clinica medica. Antonio Ferreira de Mace<strong>do</strong> Pinto,<br />

Presidente.<br />

9." Cadeira—Clinica cirúrgica Agostinho Antonio <strong>do</strong> Souto.<br />

10." Cadeira—Anatomia Pathologica,<br />

com Deformi<strong>da</strong>des<br />

e Aneurysmas Dr. Miguel Augusto Cesar d'Andrade<br />

li." Cadeira — Medicina legal,<br />

Hygiene priva<strong>da</strong> e publica<br />

e Toxicologia geral Dr. José F. Ayres de Gouvéa Osório.<br />

LENTES JUBILADOS<br />

t José Pereira Reis.<br />

Secção medica 1Dr. Francisco Velloso <strong>da</strong> Cruz<br />

í Antonio Bernardino d'Almei<strong>da</strong>.<br />

Secção cirúrgica ) Luiz Pereira <strong>da</strong> Fonseca.<br />

r Antonio Ferreira Braga.<br />

LENTES SUBSTITUTOS<br />

( Joaquim Guilherme Gomes Coelho.<br />

Secção medica ) Antonio d'Oliveira Monteiro.<br />

Secção cirúrgica Vaga.<br />

Lentes Demonstra<strong>do</strong>res<br />

Secção medica Vaga.<br />

Secção cirúrgica Eduar<strong>do</strong> Pereira Pimenta


A Eschola não responde pelas <strong>do</strong>utrinas expendi<strong>da</strong>s na<br />

dissertação e enuncia<strong>da</strong>s nas proposições.<br />

(Regulamento <strong>da</strong> Eschola de 23 d'Abril de 1840, art. ISS.J


A<br />

MEMORIA DE MEU PAI<br />

MU llUim M (EISTTi<br />

EM TESTEMUNHO DE ETERNA SAUDADE<br />

O- D- G<br />

0 Joucto-r.


AO<br />

DEU RESPEITÁVEL TiO E PADRINHO<br />

O REV." SNR.<br />

JOÃO VALENTE DA ROCHA<br />

El» TESTEMUNHO DE PROFUNDO RECONHECIMENTO<br />

E<br />

DEDICA<br />

0 Mu<strong>da</strong>r.


j&® aã® saaaaaasi33<br />

0 EX. mo SNK.<br />

ANTONIO FERREIRA DE MACEDO PINTO<br />

FIDALGO CAVALLEIRO DA CASA REAL,<br />

COMMENDADOR DA ORDEM DE N. SENHORA DA CONCEIÇÃO,<br />

CAVALLEIRO DA MESMA ORDEM E DA DE CHRISTO,<br />

BACHAREL FORMADO EM MEDICINA E CIRURGIA PELA<br />

UNIVERSIDADE DE COIMBRA,<br />

LENTE DA ESCHOLA MEDICO-CIRURGICA DO PORTO,<br />

SOCIO CORRESPONDENTE DO INSTITUTO DE COIMBRA,<br />

DA SOCIEDADE DAS SCIENCIAS MEDICAS DE LISBOA,<br />

E DA ACADEMIA CIRÚRGICA DE MALHORCA,<br />

MEMBRO TITULAR DO INSTITUTO AFRICANO DE PARIZ,<br />

SOCIO HONORÁRIO DO CIRCULO SCIENTIFICO ALLEMAO,<br />

DO CONSELHO DE SUA MAGESTADE FIDELÍSSIMA, ETC.<br />

EM TESTEMUNHO<br />

DG<br />

RESPEITOSA ADMIRAÇÃO E RECONHECIMENTO<br />

O. D- G<br />

0 Á>ucto-r.


PÚSTULA MLUiNA<br />

INTRO Dl JGÇÂO HISTÓRICA<br />

Dá-se o nome de pústula maligna a uma affecção<br />

de- : natureza; ihfkmmatoria e gangrenosa, determina<strong>da</strong><br />

pela applicação sobre um ponto <strong>da</strong> economia d'um virus<br />

particular proveniente de animaes; constitue uma <strong>do</strong>en­<br />

ça primeiro local, mas que arrasta bem depressa o des­<br />

envolvimento de phenomenos geraes oá mais notáveis.<br />

Nos primeiros tempos a pústula maligna era con­<br />

fundi<strong>da</strong> com to<strong>da</strong>s as affecções de natureza, ou d'appa-<br />

rencia gangrenosa, como as anginas gangrenosas, o an­<br />

thrax benigno, e principalmente os tumores <strong>do</strong>s empes­<br />

ta<strong>do</strong>s, e as affecções d'aspecto análogo, que, sobrevin<strong>do</strong><br />

em certas febres de mau caracter, são designa<strong>da</strong>s pelo<br />

nome de anthrax maligno, ou carbúnculo de causa in-


IL'<br />

terna. As erysipelas grangrenosas eram também muitas<br />

vezes toma<strong>da</strong>s por pústulas malignas, mesmo por me­<br />

dicos habitua<strong>do</strong>s a encontrar estas ultimas.<br />

Apesar destas confusões os auctores mais antigos,<br />

como Celso e Paulo d'E'gine, tinham alguns conhecimen­<br />

tos <strong>da</strong> pústula maligna, como se conclue <strong>da</strong>s suas des-<br />

I El líl I ff'If f\ I i Ï 'titkíi<br />

cripções; c^mtu<strong>do</strong>j ^estavam longe: d$ ter d'Ella; uma idea<br />

bem clara, assim como de a designar pelo nome que hoje<br />

tem. Ambrósio Pareu n'uma descripção <strong>da</strong> peste diz,<br />

que o carbúnculo é um pequeno tumor, ou pústula ma­<br />

ligna.<br />

A pústula maligna era frequentemente communi-<br />

ca<strong>da</strong> aò ' homem no tempo em que remavam as epizoo-<br />

tias; mas como o numero <strong>da</strong>s victimas na espécie hu­<br />

mana era muito limita<strong>da</strong> relativamente ao numero <strong>da</strong>s<br />

victimas nos quadrúpedes, assim como sen<strong>do</strong> o trata­<br />

mento o mesmo, resultou, : que esta <strong>do</strong>ença fazia exclu­<br />

sivamente parte <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio ãa, medicina veterinária até<br />

ao fim <strong>do</strong> ultimo século. , ,,<br />

< Os factos observa<strong>do</strong>s por Duhamel em 1737 e por<br />

Morand em 1765 foram os primeiros, que vieram des­<br />

pertar a attenção <strong>do</strong>s medicos.<br />

Como em 1780 esta <strong>do</strong>ença produzisse grandes<br />

estragos em Borgonha, a Academia de Dijon prometteu<br />

prémios aos medicos que melhor estu<strong>da</strong>ssem este assum­<br />

pto. Foi então que appareceram os trabalhos de Thomas-<br />

sim o de Chambon, mas ain<strong>da</strong> muito incompletos. Al­<br />

gum tempo depois, em 1780, appareceram os trabalhos<br />

de Enaux e Chaussier distinguin<strong>do</strong> a pústula maligna


18<br />

d'outras <strong>do</strong>enças, que sen<strong>da</strong> a manifestação de affecções<br />

geraes ou internas apresentam com ella similhanças maio­<br />

res ou menores. ­ >■ i , /<br />

Depois d'estes trabalhos appareceram diversas the­<br />

ses ou opúsculos relativamente á pústula maligna, mas<br />

na<strong>da</strong> adiantavam.<br />

M4 . ;Foi em 1843 que Bourgois inseriu o seu primei­<br />

ro­trabalho nos archives geraes de medicina, porque<br />

ten<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> um grande numero de casos de pústula<br />

maligna notou, que a historia d'esta <strong>do</strong>ença ain<strong>da</strong> dei­<br />

xava muito a desejar. At& então os symptomas internos<br />

apenas eram enuncia<strong>do</strong>s d'uma maneira defeituosa ;; não<br />

se encontrava em nenhuma parte indicação alguma so­<br />

bre as deformi<strong>da</strong>des consecutivas, bem como sobre o gé­<br />

nero d'animaes, que podem transmittir ao homem este<br />

mal. Foi por esta occasião, que este mesmo auctor des­<br />

creveu uma outra forma de padecimento <strong>da</strong> mesma na­<br />

tureza, que ninguém ain<strong>da</strong> tinha assignala<strong>do</strong>, a que deu<br />

o nome de oedema maligno ou de œdema carbunculoso<br />

<strong>da</strong>s pálpebras, porque o não tinha visto em outra parte<br />

até esse tempo,, como depois succedeu.<br />

As ideas ; de Bourgois foram segui<strong>da</strong>s por quasi to­<br />

<strong>do</strong>s os auctores de theses mais ou menos notáveis, que<br />

tinham por assumpto a pústula maligna, bem como pela<br />

maior parte <strong>do</strong>s práticos, que exerciam a sua clinica em<br />

locali<strong>da</strong>des, onde este mal era frequente.<br />

Em segui<strong>da</strong> aos trabalhos de Bourgois apparece­<br />

ram muitos outros, como os de Rayer, Raimbert, etc.,<br />

que pouco ou na<strong>da</strong> adiantam.


1.4<br />

'"■' Depois <strong>da</strong> primeira publicação, este­ auétor' encon­<br />

trou mais de 500 casos de <strong>do</strong>enças carbunculosas, que<br />

vieram apoiar com novos factos as suas primeiras ideas.<br />

Appareceram depois os trabalhos de Guipon, que<br />

na<strong>da</strong> deixam a desejar.<br />

Pelo que fica dito relativamente ao numero de ca­<br />

sos de <strong>do</strong>enças carbunculosas no homem, bem como at­<br />

tenden<strong>do</strong> ás estatísticas d'outros auetores, se vê o quan­<br />

to ellas são frequentes em França.<br />

Entre nós não ha <strong>da</strong><strong>do</strong>s sufficientes para se avaliar<br />

a sua frequência, mas é de suppor, que se tenham <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

numerosos casos, attenden<strong>do</strong> ao que o snr. J. M. A. de<br />

Amorim refere na sua these, bem como ao que me rer<br />

feriram alguns facultativos : <strong>da</strong>s proximi<strong>da</strong>des de Ovar, e<br />

ao que eu mesmo observei em agosto de 1868} como po­<br />

de vèr­se na nota a paginas 66 d'esté trabalho.<br />

Para melhor se comprehender o assumpto de que<br />

me própuz tratar, apresento em forma de tabeliã o dia­<br />

gnostico diíferencial entre a <strong>do</strong>ença carbunculosa no ho­<br />

mem, e outras <strong>do</strong>enças, que com ella mais se assimilham.


SIGNAES DISTINCTIVOS<br />

1.°—Entre a pústula maligna e o herpes<br />

PÚSTULA MALIGNA HERPES<br />

Nenhuma ou quasi ne- Febre ephemera antes <strong>da</strong><br />

nhuma febre anterior. erupção.<br />

Insensibili<strong>da</strong>de á prés- Sensibili<strong>da</strong>de viva á pres­<br />

são, são.<br />

Serosi<strong>da</strong>de clara <strong>da</strong>s ve- Serosi<strong>da</strong>de turva, depois<br />

siculas. purulenta <strong>da</strong>s vesículas.<br />

2.° -Entre a pústula maligna e o acne<br />

PÚSTULA MALIGNA ACNE<br />

E' ordinariamente única. E' geralmente múltipla.<br />

Insensível á pressão. Muito sensível á pressão.<br />

Areola vesicular. Nenhumas vesículas peri-<br />

phericas.<br />

Sahi<strong>da</strong> de serosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Sahi<strong>da</strong> de materia àeba-<br />

pustula. cea ou purulenta.


16<br />

3.°—Entre a pústula maligna e o furúnculo<br />

PÚSTULA MALIGNA FUKUNCULO<br />

Areola vesicular. Areola innammatoria.<br />

Pressão indòíéríte) HI i


17<br />

Apresenta Uma vesícula Apresenta uma bolha no<br />

■no principio. principio.<br />

Não suppura. Não tar<strong>da</strong> a suppurar.<br />

O ponto negro central O ponto negro central<br />

tem si<strong>do</strong> precedi<strong>do</strong> de vesi­ tem si<strong>do</strong> precedi<strong>do</strong> de sup­<br />

eula serosa. puração.<br />

6."— Entre a pústula maligna e algumas<br />

pústulas benignas<br />

PÚSTULA MALIGNA PÚSTULAS BENIGNAS<br />

Vesícula inicial pouco Vesicula inicial estacio­<br />

dura<strong>do</strong>ura. naria durante muitos dias.<br />

Areola vesicular. Nenhuma areola vesicular.<br />

Ausência de <strong>do</strong>res vi­ Dores vivas na pústula e<br />

vas. região.<br />

>.°—Entre a pústula maligna e a erysipela<br />

gangrenosa<br />

PÚSTULA MALIGNA ERYSIPELA GANGRENOSA<br />

Symptomas geraes pouco Symptomas geraes muito<br />

assignala<strong>do</strong>s no principio. assignala<strong>do</strong>s no principio.<br />

Inflammação fraca e li­ Inflammação extensa.<br />

mita<strong>da</strong>.<br />

Escara regular com aréo­ Escaras regulares sem<br />

la vesicular. areola vesicular.<br />

Nenhuma suppuração. Focos profun<strong>do</strong>s de sup­<br />

pura çâo.


18<br />

8.°—Entre o œdema maligno e o oedena<br />

simples ou benigno<br />

ŒDEMA MALIGNO<br />

Symptomas geraes.<br />

Nenhuma causa externa<br />

apreciável.<br />

Dureza central.<br />

Phlyctenas dissemina<strong>da</strong>s.<br />

Inutili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s tópicos.<br />

ŒDEMA BENIGNO<br />

Ausência de symptomas<br />

geraes.<br />

Causa externa fácil em<br />

provar.<br />

Ausência de dureza.<br />

Nenhumas phlyctenas.<br />

Successo prompto <strong>do</strong>s tó­<br />

picos emollientes ou adstrin­<br />

gentes.<br />

*?'."—Entre o «ídeaiaa maligno e a erisipela<br />

subagn<strong>da</strong><br />

ŒDEMA MALIGNO<br />

Principia pelas pálpe­<br />

bras, peito, pescoço, sovaco.<br />

Nenhuma comichão nem<br />

<strong>do</strong>r pela pressão.<br />

Tumescencia considerá­<br />

vel, irregular, molle, exce­<br />

pto n'um ponto.<br />

Nenhuma mu<strong>da</strong>nça de<br />

temperatura ao tacto.<br />

ERYSIPELA SUBAGUDA<br />

Principia pelo nariz, ou<br />

ouvi<strong>do</strong>.<br />

Comichão constante, dôr<br />

pela pressão.<br />

Tumescencia modera<strong>da</strong>,<br />

uniforme, dura por to<strong>da</strong> a<br />

parte.<br />

Calor acre ao tacto.


19.<br />

lO.l— Entre o carbúnculo syinptoinatieo<br />

e o anthrax benigno<br />

CÁRBUNCUIXJSYMPTOMATICO ANTHRAX BENIGNQ<br />

• K' precedi<strong>do</strong> ou aconipa- ; Sypptomaa .geraes tran-<br />

nha<strong>do</strong> de symptomas ge- <strong>do</strong>s no principio. ,,^<br />

raes muito,pronuncia<strong>do</strong>s.<br />

Tumor único, que.au- Principia por. faruncu^s.,<br />

gmenta rapi<strong>da</strong>mente e tor- muito pequenos, que se reu-<br />

na-se violáceo, negro, mo- nem e formam um tumor<br />

dera<strong>da</strong>mente <strong>do</strong>loroso. rubro apenas violáceo, mui­<br />

to <strong>do</strong>loroso.<br />

Appariçâo de phlyctenas Nenhumas phlyctena» na<br />

na visinhança. visinhança.<br />

Marcha rápi<strong>da</strong>. Marcha lenta.<br />

Nenhuma suppuração Suppuração, carnicão<br />

nem carnicão. considerável.<br />

11.°- Entre a febre carbuiaeulosa e a febre<br />

perniciosa<br />

FEBRE CAEBUNCULOSA FEBRE PERNICIOSA<br />

Nenhuns accessos inter- Accessos intermittentes<br />

mittentes anteriores. anteriores.<br />

Ausência de perio<strong>do</strong> fe- Perío<strong>do</strong>s de febre mais<br />

foril. ou menos consideráveis.<br />

Progressos <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença re- Progressos <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença ir-<br />

gulares e contínuos. regulares e bruscos.<br />

Contagio interno pela res- Nenhum contagio apre-<br />

piração ou digestão. ciavel.


20<br />

19/ — liiiire a febre earbunculosa e a<br />

febre adiuamica<br />

de.<br />

FEBRE CARBUNC0LOSA<br />

Nenhum caracter typhoi-<br />

Ausência de manchas ro­<br />

sa<strong>da</strong>s, petechias.<br />

Dores ab<strong>do</strong>minaes pouco<br />

FEBRE ADINAMICA<br />

Symptomas typhoïde»<br />

pronuncia<strong>do</strong>s. ,<br />

Manchas rosa<strong>da</strong>s, pete­<br />

chias.<br />

Dôr na fossa iliaca di-<br />

constantes, geraes, esponta- i - eita, constante, provoca<strong>da</strong>,<br />

ne as. '<br />

Marcha rápi<strong>da</strong>. Marcha mais lenta.<br />

Medicação incerta, pouco Medicação bem indica<strong>da</strong>,<br />

util. e ordinariamente util.


M PISTULA<br />

Depois de ter <strong>da</strong><strong>do</strong> algumas ideas sobre o dia­<br />

gnostico differencial <strong>da</strong> pústula maligna, por isso que<br />

convém conhecer o melhor possível um padecimento pa­<br />

ra o tratarmos convenientemente, vou entrar no assum­<br />

pto <strong>da</strong> minha these.<br />

E' <strong>da</strong> maior importância reconhecer o mais ce<strong>do</strong><br />

possivel a pústula maligna para lhe applicarmos o tra­<br />

tamento conveniente, o qual será tanto mais efficaz,<br />

quanto fôr applica<strong>do</strong> o mais proximo possivel <strong>da</strong> sua ap-<br />

pariçao. Se o pratico fôr chama<strong>do</strong> no primeiro perío<strong>do</strong><br />

d'esta moléstia, basta muitas vezes só agentes destrui<strong>do</strong>­<br />

res, mas se elle é chama<strong>do</strong> n'um perio<strong>do</strong> adianta<strong>do</strong>, isto


22<br />

é, quan<strong>do</strong> apparecer um apparelho symptomatico de en-<br />

toxicação maligna, então tem de evitar, que nova quan­<br />

ti<strong>da</strong>de de virus entre na corrente circulatória, e de aju­<br />

<strong>da</strong>r o poder de reacção <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente com al­<br />

guma medicação propria para ncutralisar o virus absor­<br />

vi<strong>do</strong>.<br />

Pelo que fica dito se vê, que temos de applicar<br />

medicamentos externa e internamente, ;d'


2'à<br />

os teci<strong>do</strong>s a torto e a direito, mas sim de mo<strong>do</strong> que 0<br />

virus fique localmente destruí<strong>do</strong>, e o <strong>do</strong>ente não venha<br />

depois a sofírer as más consequências d'uma medicação<br />

sem tino.<br />

A cura <strong>da</strong> pústula maligna tem si<strong>do</strong> em alguns<br />

paizes, se não em to<strong>do</strong>s o monopólio <strong>do</strong>s charlatães e<br />

ain<strong>da</strong> hoje se encontra muito disso. Diziam elles, que<br />

possuíam um segre<strong>do</strong> infallivel, com que curavam to<strong>do</strong><br />

o individuo, que estivesse affecta<strong>do</strong> de pústula maligna,<br />

quan<strong>do</strong> muitas vezes não eram mais, que simples bo-<br />

boens sem importância alguma emquanto ao perigo.<br />

Estes curandeiros d'ambos os sexos empregavam<br />

prepara<strong>do</strong>s mais ou menos activos e rediculos; assim uns<br />

empregavam as gemas d'ovos, ou algum corpo gorduro­<br />

so mistura<strong>do</strong> muitas vezes com verdete, com capa rosa<br />

azul, e alguns com sublima<strong>do</strong>, etc. Felizmente uma tal<br />

praga já vai diminuin<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> que seja muito nume­<br />

rosa entre nós, parece-me, que desapparecerá com o an­<br />

<strong>da</strong>r <strong>do</strong> tempo. Não deixarei de mencionar aqui, que<br />

certos facultativos <strong>da</strong>s aldeãs, os d'uma ordem inferior,<br />

possuem certas formulas efficazes para certas e determi­<br />

na<strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças, (segun<strong>do</strong> dizem) as quaes ou são só d'el­<br />

les conheci<strong>da</strong>s ou foram transmitti<strong>da</strong>s por outros charla­<br />

tães.


I<br />

Natureza e valor relativo <strong>do</strong>s meios locaes<br />

emprega<strong>do</strong>s ou propostos contra a pústula<br />

maligna.<br />

Os meios locaes de que se tem lança<strong>do</strong> mão para<br />

destruir o viru3 <strong>da</strong> pústula maligna, teem si<strong>do</strong> o instru­<br />

mento cortante e os cáusticos.<br />

INSTRUMENTO CORTANTE<br />

Ain<strong>da</strong> que a acção <strong>do</strong>s cáusticos seja sufficíente<br />

para destruir localmente o viras, comtu<strong>do</strong> muitas vezes<br />

deve ser aju<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo ferro; se a pústula é superficial e<br />

facilmente atacavel basta só fazer escarificações com o bis<br />

turi, ou excisões com thesouras curvas; se a ella é du­<br />

ra, deprimi<strong>da</strong>, de base profun<strong>da</strong> e resistente, então as<br />

incisões devem ser mais completas, e a dissecção tão ra-


25<br />

dical, quanto possível; deste mo<strong>do</strong> a acção <strong>do</strong> cáustico<br />

é mais certa, mais regular, e mais prompta.<br />

A extirpação principiou a pôr-se em pratica no<br />

17." século, e desde então até hoje tem-se quebra<strong>do</strong> lan­<br />

ças pró e contra. Énaux, Chaussier, Nelaton, Bourgois e<br />

outros dizem, que este metho<strong>do</strong> deve ser bani<strong>do</strong> <strong>da</strong> pra­<br />

tica, por isso que é muito <strong>do</strong>loroso, por mais hábil,<br />

que o pratico seja, pôde muitas vezes não chegar a des­<br />

truir to<strong>do</strong> o virus, e quan<strong>do</strong> o consiga, o <strong>do</strong>ente não<br />

está ao abrigo d'uma recidiva, que segue uma marcha<br />

tão rápi<strong>da</strong>, como seguiria no caso de se lhe não ter ap-<br />

plica<strong>do</strong> tratamento algum, além de que é um meio bár­<br />

baro, que em certos casos deve produzir per<strong>da</strong>s consi­<br />

deráveis de substancia, e pode <strong>da</strong>r logar a uma hemorrha-<br />

gia difficil em suspender.<br />

Gruipon diz, quo os <strong>do</strong>entes supportam facilmente<br />

acção successiva <strong>do</strong> bisturi e <strong>do</strong> ferro quente, por isso<br />

que muitas vezes as partes affecta<strong>da</strong>s estão n'uma in­<br />

sensibili<strong>da</strong>de quasi completa, além de que a acção <strong>do</strong><br />

cáustico emprega<strong>do</strong> só obra mais lentamente e causa<br />

<strong>do</strong>res mais continuas, de mo<strong>do</strong> que em logar de se abre­<br />

viar a duração total <strong>da</strong> operação, augmenta-se. Se ha<br />

per<strong>da</strong>s de substancia e pôde haVer hemorrhagia, também<br />

isto pôde succéder com a applicação só <strong>do</strong>s cáusticos.<br />

Finalmente a razão e a experiência mostram, que a<br />

acção <strong>do</strong> instrumento cortante combina<strong>da</strong> com a <strong>do</strong>s<br />

cáusticos dão mais poder e certeza á arte, principalmen­<br />

te nos casos graves.<br />

Quem 1er Bourgois relativamente ás incisões e es-


on<br />

carificações, vê o quanto elle se pronuncia contra eata pra­<br />

tica, accusan<strong>do</strong>-a de barbara, dizen<strong>do</strong> que tem o incon­<br />

veniente de produzir hemorrhagias bastante nocivas aos<br />

<strong>do</strong>entes debilita<strong>do</strong>s pelo virus maligno, além <strong>da</strong> dôr que<br />

produz, e <strong>da</strong>s cicatrizes, que resultam.<br />

Emquanto á hemorrhagia nós temos meios para a<br />

suspender no caso de não obedecer aos cáusticos em­<br />

prega<strong>do</strong>s para neutralisar o Virus maligno. A dôr é<br />

quasi sempre modera<strong>da</strong>. Ora attenden<strong>do</strong> ás vantagens já<br />

aponta<strong>da</strong>s em outra parte relativas á acção <strong>do</strong> ferro e<br />

comparan<strong>do</strong>-as com as desvantagens, tiramos a conclu­<br />

são de que antes de cauterisar devemos cortar. 4<br />

CAUTERISAÇÃO<br />

Os cáusticos dividem-se em actuaes e potenciaes.<br />

CAUTÉRIO ACTUAL. O cautério actual é emprega­<br />

<strong>do</strong> desde a mais remota antigui<strong>da</strong>de pai*a destruir os tu­<br />

mores de natureza, ou de apparencia carbunculosa. Pou-<br />

teau no ultimo século era grande partidário d'esté mo<strong>do</strong><br />

de destruir o virus maligno. Entre nós também tem ha­<br />

vi<strong>do</strong> e ha muitos partidários.<br />

Para fazermos esta cauterisação basta lançar mão<br />

de qualquer haste de ferro, que na occasião melhor se<br />

preste para o fim deseja<strong>do</strong>, e man<strong>da</strong>l-a aquecer até ao<br />

l Couper et brûler, dit énergiquement um de nos rapporteurs.<br />

Guipon. De la maladio charbonneuse de l'homme. Paris,<br />

1867, pag. 235.


27<br />

rubro branco para assim destruirmos o virus maligno<br />

depois de a ter convenientemente applica<strong>do</strong> sobre a pús­<br />

tula.<br />

Devemos notar, que a escara produzi<strong>da</strong> por este<br />

cautério tem apenas <strong>do</strong>us a três millimetros de espessu­<br />

ra, e que se nós prolongarmos ou repetirmos a cauteri-<br />

sação 1 , a escara augmenta muito pouco em espessura por<br />

causa <strong>do</strong> obstáculo, que a primeira oppõe á transmissão<br />

<strong>do</strong> calórico.<br />

Foi isto que fez com que muitos medicos fizessem<br />

cauterisaçSes repeti<strong>da</strong>s e por fim aban<strong>do</strong>nassem este pro­<br />

cesso. Por tanto para evitarmos este inconveniente de­<br />

vemos, como fazem muitos medicos, <strong>da</strong>r alguns golpes<br />

eruciaes na pústula,* sua excavação no caso d'ella ser<br />

pouco dura e pouco extensa, ou então extirpal-a até ás<br />

partes molles e sans, sen<strong>do</strong> po^sivel, se for profun<strong>da</strong> e<br />

tiver a forma <strong>do</strong> tumor. Se se praticasse d'outro mo<strong>do</strong>,<br />

tanto o <strong>do</strong>ente como o medico desanimariam, aquelle poi­<br />

se ver exposto a um processo um pouco bárbaro com<br />

tão pouco resulta<strong>do</strong>, este por ver que opera ás cegas,<br />

causan<strong>do</strong> <strong>do</strong>res e julgan<strong>do</strong> ter ultrapassa<strong>do</strong> o mal, ou<br />

não ter destruí<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o virus. As <strong>do</strong>res não são tão<br />

atrozes, como se poderia suppor, attenden<strong>do</strong> que a par­<br />

ie está pouco sensível, e o ferro n'esta temperatura des­<br />

afia menos <strong>do</strong>res. ;:<br />

A par d'estas desvantagens ha vantagens, como<br />

são, a facili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> emprego <strong>do</strong> cáustico actual, poden­<br />

<strong>do</strong> o medico cauterisar como entender, evitan<strong>do</strong> algum<br />

órgão importante; promptidão d'acçSo e a reacção in-


28<br />

flaimnatoria em torno <strong>da</strong> pústula ser mais prompta e vi­<br />

va <strong>do</strong> que pelos cáusticos potenciaes.<br />

Bourgois no seu trata<strong>do</strong> de pústula maligna e de<br />

œdema maligno \ combate este mo<strong>do</strong> de cauterisar por<br />

causa <strong>do</strong> horror e terror, que causa a alguns <strong>do</strong>entes em<br />

virtude <strong>do</strong> apparelho de supplició e tortura, bem como<br />

pelo sibilo e fumo com cheiro de carne queima<strong>da</strong>, sem<br />

que a cauterisaçâo seja profun<strong>da</strong>. Continua dizen<strong>do</strong>, que<br />

BÓ em ultima instancia, é que lançaria mão d'esté meio<br />

tão bárbaro. Eu não sou de opinião, que se aban<strong>do</strong>ne<br />

completamente este meio de cauterisar, porque muita»<br />

vezes é o único mais prompto, que temos á mão, como<br />

quan<strong>do</strong> a casa <strong>do</strong> paciente fica distante d'alguma phar-<br />

macia, como succedeu ao próprio Bourgois, segun<strong>do</strong> el­<br />

le mesmo menciona na sua observação 48." Emquanto<br />

ao terror eu não me importava, porque é de pouca du­<br />

ração, e emquanto á escara, nós temos meios de levar­<br />

mos a cauterisaçâo até onde quizermos, ten<strong>do</strong> previa­<br />

mente <strong>da</strong><strong>do</strong> alguns golpes na pústula ou tumor.<br />

CAUTÉRIO POTENCIAI,<br />

Data <strong>do</strong> tempo de Celso o uso de medicamentos,<br />

que queimam, mas só passa<strong>do</strong>s séculos é que a materia<br />

medica se enriqueceu d'estas substancias, que tem o po­<br />

der desorganisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s.<br />

(I) Obra cita<strong>da</strong>, 1861, pag. 237.


29<br />

Os cáusticos potenciaes dividein-se em <strong>do</strong>us géne­<br />

ros, liqui<strong>do</strong>s e sóli<strong>do</strong>s.<br />

CÁUSTICOS LÍQUIDOS. Estes cáusticos são muito<br />

numerosos, eu mencionarei os principaes. O aci<strong>do</strong> sul­<br />

fúrico, o aci<strong>do</strong> nitrico, e o aci<strong>do</strong> chlohydrico são os mais<br />

emprega<strong>do</strong>s e convém, quan<strong>do</strong> as pústulas malignas<br />

principiam a apparecer, ten<strong>do</strong>-se <strong>da</strong><strong>do</strong> algumas incisões<br />

na vesicula inicial. Quan<strong>do</strong> a pústula for mais desen­<br />

volvi<strong>da</strong> então em logar <strong>do</strong>s cáusticos menciona<strong>do</strong>s deve­<br />

mos servir-nos <strong>do</strong> nitrato aci<strong>do</strong> de mercúrio, ou <strong>da</strong> man­<br />

teiga de antimonio, por terem maior poder destrui<strong>do</strong>r,<br />

ten<strong>do</strong> previamente corta<strong>do</strong> as partes mortifica<strong>da</strong>s. Para<br />

applicarmos estes cáusticos devemos embeber planchetas<br />

de fios mais ou menos espessas, segun<strong>do</strong> o effeito que<br />

se quizer obter, e collocal-as na parte, que se quizer<br />

cauterisar, até obter uma escara, que se julgue suffi-<br />

ciente. ><br />

Estes cáusticos teem o inconveniente de escorrer<br />

pelas partes sans, e por isso só devem ser applica<strong>do</strong>s na<br />

ultima necessi<strong>da</strong>de, segun<strong>do</strong> a sua acção.<br />

CÁUSTICOS SÓLIDOS. OS cáusticos sóli<strong>do</strong>s, que mais<br />

teem si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>s são o nitrato de prata, a potassa, a<br />

pasta de Vienna, o chlorureto de zinco e o sublima<strong>do</strong><br />

corrosivo.<br />

O nitrato de prata deve ser applica<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a<br />

inoculação é recente, e o virus occupa as partes mais<br />

superficiaes por ser o mais fraco de to<strong>do</strong>s. Poucas vezes<br />

é emprega<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> as pústulas são recentes, e um pouco pro-


30<br />

tun<strong>da</strong>s, alguns práticos applicam a potassa cáustica, ou<br />

a pasta de Vienna, que são fáceis de manejar, teem um<br />

mo<strong>do</strong> de acção prompto é regular. Para se fazer uso de<br />

qualquer d'estes cáusticos faz-se uma incisão crucial na<br />

pústula maligna e applica-se por cima uma rodela de<br />

sparadrapo com um buraco, que tenha um diâmetro<br />

quasi igual ao <strong>da</strong> escara, que se quer produzir, depois<br />

colloca-së no referi<strong>do</strong> buraco uma porção d'algum <strong>do</strong>s<br />

cáusticos menciona<strong>do</strong>s, terminan<strong>do</strong> pela applicação <strong>do</strong>s<br />

devi<strong>do</strong>s appositos, que se molham com vinagre aromá­<br />

tico.<br />

A pasta de Canquoim também tem produzi<strong>do</strong> bons<br />

resulta<strong>do</strong>s no tratamento <strong>da</strong> pústula maligna, porque obra<br />

lenta, profun<strong>da</strong> e regularmente. ►<br />

Finalmente o­sublima<strong>do</strong> corrosivo é um <strong>do</strong>s cáus­<br />

ticos que mais voga tem ti<strong>do</strong>. Era aquelle de que se<br />

serviam os charlatães com o titulo de remédio secreto,<br />

e para que se não Viesse no conhecimento de tal segre­<br />

<strong>do</strong> coravam­oio umas vezes com colcothar, outras com<br />

minio.<br />

Raimbert diz que o sublima<strong>do</strong> é um <strong>do</strong>s melhores<br />

cáusticos a empregar contra a pústula maligna; sen<strong>do</strong><br />

convenientemente appliea<strong>do</strong>, como em outra parte vere­<br />

remos, obtem­se effeitos seguros e certos. Este cáustico<br />

está hoje já mttito vulgarisadó em algumas partes de Fran­<br />

ça, e se elle o não está em to<strong>da</strong> a parte é pelo receio 1 , que<br />

os medicos teem <strong>do</strong>s accidentes causa<strong>do</strong>s pela absorpção<br />

d'esté medicamento. Quan<strong>do</strong> elle seja convenientemente<br />

appliea<strong>do</strong> hãò r produz maus accidentés 1 Tatttb a potassa


3í<br />

cáustico, como o sublima<strong>do</strong> corrosivo são os <strong>do</strong>is cáus­<br />

ticos de que Bourgois mais tem usa<strong>do</strong>, e que mais de­<br />

fende.<br />

Mo<strong>do</strong> <strong>da</strong> applicaçâo <strong>do</strong>s meios locaes<br />

ti Logo que qualquer <strong>do</strong>ença carbunculosa se revele<br />

debaixo <strong>da</strong> forma de pústula maligna ou de tumor mali­<br />

gno, o pratico deve iminèdiatamente destruir as partes<br />

carbunculosas, lembran<strong>do</strong> se que é um foco d'onde irra­<br />

diarão os accidentes consecutivos.<br />

Quan<strong>do</strong> o contagio é reeente basta applicar o ni­<br />

trato de prata, ten<strong>do</strong> previamente <strong>da</strong><strong>do</strong> uma leve incisão<br />

nos teci<strong>do</strong>s aíFecta<strong>do</strong>s para favorecer o derramamento san­<br />

guíneo, e facilitar a acção <strong>do</strong> cáustico.<br />

Quan<strong>do</strong> a pústula maligna principia a manifestar -<br />

se então devemos lançar mão d'outros meios mais enér­<br />

gicos; assim, depois de se ter <strong>da</strong><strong>do</strong> uma incisão crucial<br />

ou uma excisao, deve applicar-se uma planeheta de fios<br />

embebi<strong>do</strong> em aci<strong>do</strong> azotico ou sulphurieo. No caso de<br />

não termos á mão algum d'estes cáusticos ou o aci<strong>do</strong><br />

chlorydrico devemos substituil-os pelo ferro em brasa.<br />

Se a pústula estiver mais desenvolvi<strong>da</strong>, existin<strong>do</strong> junta­<br />

mente uma areola vesicular com tumescencia periférica,<br />

devemos cortar to<strong>da</strong> a parte superficial <strong>da</strong> pústula, ap-


32<br />

plicar por cima uma plancheta de fios embebi<strong>da</strong> de ni­<br />

trato aci<strong>do</strong> de mercúrio, ou então uma porção de pasta<br />

de Vienna, <strong>do</strong> cáustico de Filhos, ou de potassa cáusti­<br />

ca. Estes três últimos devem ser preferi<strong>do</strong>s pela razão,<br />

que já dei <strong>do</strong> inconveniente <strong>do</strong> cáustico liqui<strong>do</strong> escorrer<br />

pelas partes sans e desorganisal-as.<br />

CAUTERISAÇÃO PELO FERRO RUBRO. Este cautério<br />

pode-nos prestar grandes serviços, quan<strong>do</strong> não tivermos<br />

á mão algum <strong>do</strong>s cáusticos potenciaes sóli<strong>do</strong>s. Se no dia<br />

seguinte virmos, que a cauterisação foi insufficiente, o<br />

que se conhece pela escara, que não é bem característi­<br />

ca, pela <strong>do</strong>r, inflammação e tumescencia, que não progre­<br />

diram, então devemos extrahir a escara forma<strong>da</strong>, bem<br />

como as novas porções carbunculosas e renovar a caute­<br />

risação com maior rigor.<br />

n Se a <strong>do</strong>ença estiver mais adianta<strong>da</strong> forman<strong>do</strong> um<br />

tumor desenvolvi<strong>do</strong>, duro e enterran<strong>do</strong>-se nos músculos,<br />

vasos, etc., devemos dissecal-o poupan<strong>do</strong> os órgãos im­<br />

portantes, que se reconhecem facilmente pelo seu aspe­<br />

cto, e depois cauterisar a parte com o cautério actual, até<br />

destruir to<strong>da</strong> a parte carbunculosa, principalmente algu­<br />

ma porção, que escapou ao ferro cortante. Feito isto dé-<br />

ve-se applicar compressas de agua fria.<br />

Alguns práticos, querem que só se pare com a cau­<br />

terisação quan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>entes accusarem uma forte <strong>do</strong>r,<br />

mas esta pratica não se deve seguir, porque alguns <strong>do</strong>en­<br />

tes são pusilamines e queixam-se apenas virem o ferro<br />

incaudescente, outros corajosos e cheios d'amor próprio<br />

não se queixam, c finalmente outros não se queixam.


33<br />

porque estào entorpeci<strong>do</strong>s, e por isso o melhor meio e<br />

mais seguro é o pratico governar-se por si, apereciar a<br />

extensão, e intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> mal e proporcionar-lhe os<br />

meios curativos; d'esté mo<strong>do</strong> quasi sempre basta uma só<br />

cauterisação.<br />

Se apparecerem os symptomas d'uma infecção car-<br />

bnnculosa geral não devemos deixar de cauterisar, por­<br />

que se por este meio não podemos destruir o virus absor­<br />

vi<strong>do</strong> e espalha<strong>do</strong> por to<strong>da</strong> a economia, podemos ao me­<br />

nos destruil-o localmente e assim evitar a absorção d'uma<br />

nova quanti<strong>da</strong>de, alem de se exercer uma revolução<br />

activa e poderosa, contrabalançan<strong>do</strong> a influencia séptica<br />

sobre a economia.—Estes meios só se devetn empregar<br />

quan<strong>do</strong> não tivermos á mão alguns <strong>do</strong>s cáusticos poten-<br />

ciaes sóli<strong>do</strong>s, como a potassa cáustica, o sublima<strong>do</strong> cor­<br />

rosivo, o pó de Vienna, o chlororeto de zinco. etc.<br />

E' d'estes que se servem muitos medicos experi­<br />

menta<strong>do</strong>s e hábeis. Em alguns paizes onde a pústula<br />

maligna é muito frequente não se servem d'outros. l<br />

Se houverem phlyctenas em grande numero na vi-<br />

sinhança <strong>da</strong> pústula ou <strong>do</strong> oedema malignos, em logar<br />

de serem abertas e submetti<strong>da</strong>s a acção d'algum cáus­<br />

tico, o melhor é não as abrir nem cauterisar, por ser<br />

uma operação inutil e poder <strong>da</strong>r logar a inconvenien­<br />

te?.<br />

I Guipon, obr. mt. pag. 214.<br />

3


34<br />

CÁUSTICOS SÓLIDOS<br />

Dos cáusticos sóli<strong>do</strong>s só tratarei <strong>da</strong> potassa caus-<br />

tiéa e <strong>do</strong> sublima<strong>do</strong> corrosivo por serem aquelles mais<br />

geralmente emprega<strong>do</strong>s, e que Bourgois recommen<strong>da</strong><br />

com muita instancia, fun<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se nos bons resulta<strong>do</strong>s<br />

por elle obti<strong>do</strong>s.<br />

CAUTERISAÇÃO PELA POTASSA CÁUSTICA. E' a potas­<br />

sa cáustica aquelle agente destrui<strong>do</strong>r, que Bourgois pre­<br />

fere.<br />

Para applicàr este agente, colloca-se no centro <strong>do</strong><br />

botão maligno uma porção de pedra proporcional á cau­<br />

terisação, que se quizer fazer, ten<strong>do</strong> previamente levan­<br />

ta<strong>do</strong> a escara para não enfraquecer a acção <strong>do</strong> cáustico,<br />

depois cobre-se tu<strong>do</strong> com uma porção de sparadrapo. Es­<br />

te mo<strong>do</strong> de applicàr o cáustico tem seus inconvenientes,<br />

porque se a lesão tiver logar n'uma superficie mais ou<br />

menos vertical, a serosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vesícula ten<strong>do</strong> augmen-<br />

ta<strong>do</strong> p'or causa'<strong>da</strong> irritação <strong>do</strong> cáustico, este dissolve-se,<br />

produz escaras largas, anfractuosas, prolonga<strong>da</strong>s, dis­<br />

formes e mais ou menos <strong>do</strong>lorosas, deixan<strong>do</strong> as partes<br />

affecta<strong>da</strong>s de serem ataca<strong>da</strong>s convenientemente.<br />

Para remediar estes inconvenientes tem-se applica-<br />

<strong>do</strong> o cáustico <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> seguinte. Colloca-se sobre a lesão<br />

uma porção de sparadrapo com um buraco n# centro<br />

igual á superficie, que se quer cauterisar, colloca-se n'es-


35<br />

se buraco um fragmento de potassa, cercan<strong>do</strong>-a com<br />

algodão fino para absorver a parte diffluente, depois<br />

cobre-se tu<strong>do</strong> com uma porção de sparadrapo.<br />

Apesar d'estas modificações, ain<strong>da</strong> não deixam de<br />

haver inconvenientes; foi para os remediar, que Bour^<br />

gois imaginou o seu processo de cauterisação por dilui­<br />

ção, o qual consiste era formar uma espécie de magma<br />

<strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s desorganisa<strong>do</strong>s, passan<strong>do</strong> o cáustico circular­<br />

mente sobre as partes affecta<strong>da</strong>s. Eis o processo.<br />

Man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> assentar ou deitar o <strong>do</strong>ente, segun<strong>do</strong><br />

convier para que a parte, que se quer cauterisar fique<br />

n'uma posição a mais horisontal possível, pega-se n'ura<br />

cilindro de potassa bem secca com uma pinça de cura­<br />

tivo, ou colloca-se n'um porta-pedra, e fricciona-se leve<br />

e circularmente a escara, bem como as vesículas, que a<br />

circumscreve. Passa<strong>do</strong> pouco tempo as vesículas rom-<br />

pem-se, e a serosi<strong>da</strong>de dissolve uma porção <strong>do</strong> cáustico,<br />

a qual penetran<strong>do</strong> nas carnes as desorganisa. As partes<br />

desagrega<strong>da</strong>s reunem-se circularmente sobre os bor<strong>do</strong>s<br />

<strong>da</strong> excavação feita pelo cáustico. Continua-se a cauteri­<br />

sação até que, o fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> escavação tenha uma côr ru­<br />

bra, e algumas vezes até que appareça sangue, princi­<br />

palmente quan<strong>do</strong> houver tumescencia ou dureza. Ordi­<br />

nariamente pára-se quan<strong>do</strong> a escavação tiver <strong>do</strong>is a três<br />

millimetros de profundi<strong>da</strong>de.<br />

Deve-se ter o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> de limpar essa espécie de<br />

magma resultante <strong>da</strong> dissolução <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, porque con­<br />

tem uma grande quanti<strong>da</strong>de de alcali cáustico, que es­<br />

corren<strong>do</strong> pelas partes sans desorganisa-as.


36<br />

Muitas vezes a escara é secca, curiacea e impede a<br />

acção <strong>do</strong> cáustico, e por isso é necessário extrahil-a to­<br />

<strong>da</strong> ou em parte para que o cáustico produza o effeito<br />

deseja<strong>do</strong>. Também devemos extrahir alguma porção de<br />

teci<strong>do</strong>s desorganisa<strong>do</strong>s e refractários á dissolução, os<br />

quaes se conhecem pela forma cónica, que apresentam<br />

no fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> excavação.<br />

Pôde algumas vezes succéder não haver vesiculas,<br />

e por isso faltar a serosi<strong>da</strong>de para dissolver o cáustico;<br />

mas attenden<strong>do</strong> á sua avidez para a humi<strong>da</strong>de, e em<br />

virtude <strong>da</strong> irritação produzi<strong>da</strong> pelas fricções repeti<strong>da</strong>s,<br />

não tar<strong>da</strong> a haver uma espécie de secreção serosa suffi-<br />

ciente, para que a pedra principie a dissolver-se, prefu-<br />

re a derme e chegue a atacar o teci<strong>do</strong> cellular subcutâ­<br />

neo.<br />

Algumas vezes acontece haver um escoamento de<br />

sangue negro um pouco abun<strong>da</strong>nte, mas com qualquer<br />

curativo pára.<br />

Quasi sempre é em muito pequena quanti<strong>da</strong>de,<br />

apenas chega a tingir os residuos <strong>da</strong>s cames. Se a pús­<br />

tula for pequena e superficial basta apenas fazer uma le­<br />

ve cauterisação e limpar os residuos para não escorre­<br />

rem e cauterisarem as partes sans. Se existir na face<br />

uma pústula maligna pequena deve-se aguçar a pedra<br />

para se evitar o mais possível uma deformi<strong>da</strong>de inutil<br />

e penivel.<br />

A cauterisação deve exceder alguns millimetros em<br />

extensão e profundi<strong>da</strong>de os limites <strong>da</strong> pústula maligna<br />

ou carbuneulosa para termos a certeza, de que não ficou


m<br />

porção alguma de virus por destruir. Algumas vezes<br />

convém deixar no fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> excavação uma pequena<br />

quanti<strong>da</strong>de <strong>do</strong> cáustico, para destruir alguma porção de<br />

pústula maligna, quan<strong>do</strong> se suspeite, que não está de<br />

to<strong>do</strong> destruí<strong>da</strong>.<br />

Termina<strong>da</strong> a cauterisação devemos pôr sobre a<br />

escara uma pequena rodella de agarico bem medulloso,<br />

d'um diâmetro um pouco mais extenso, <strong>do</strong> que o <strong>da</strong> so­<br />

lução de continui<strong>da</strong>de. A rodella adhere de tal mo<strong>do</strong>,<br />

que não cabe senão juntamente com a escara, ain<strong>da</strong> que<br />

se ponham por cima compressas molha<strong>da</strong>s. Basta só es­<br />

te curativo no caso de não haver tumescencia, e quan<strong>do</strong><br />

o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente for quasi normal, além d'isso o <strong>do</strong>en­<br />

te pôde continuar a trabalhar.-<br />

E' escusa<strong>do</strong> applicar emplastos e compressas com<br />

o fim de garantir a pequena feri<strong>da</strong> <strong>do</strong> contacto <strong>do</strong> ar,<br />

bem como para absorver completamente os restos <strong>do</strong><br />

cáustico, que sempre fica mais ou menos. Bourgois *<br />

diz que paticára numerosas cauterisações, sem que se<br />

produzissem accidentes alguns, ain<strong>da</strong> mesmo quan<strong>do</strong> to­<br />

cara em órgãos importantes, onde as pústulas carbuncu-<br />

losas se tinham desenvolvi<strong>do</strong>. O auctor dá a seguinte ex­<br />

plicação a esse respeito: a mortificação natural não passa<br />

além <strong>da</strong> pelle quasi na<strong>da</strong>, e nos casos intensos a tumes­<br />

cencia, que é devi<strong>da</strong> ao engorgitamento <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> cel­<br />

lular subcutâneo, desvia os tugmentos <strong>da</strong>s partes im­<br />

portantes, como vasos, nervos, trachea, olho, etc., onde<br />

1 Obra cit. pag. 249 e *eg


38<br />

a feri<strong>da</strong> seria grave. Esta tuineseetioia é tanto mais des­<br />

envolvi<strong>da</strong>, quanto estes órgãos, que não mu<strong>da</strong>m de lu­<br />

gar em igual caso, e experimentam antes um recalca­<br />

mento interno, são normalmente mais superficiaes, por<br />

que o teci<strong>do</strong> connetivo, que os une á pelle é muito la­<br />

xo, de largas malhas e mais susceptível de inchação, e<br />

termina dizen<strong>do</strong>, que é necessário que o pratico seja pou­<br />

co dextro, ou imprudente para determinar taes lesões.<br />

Se houverem algumas phlyctenas distantes <strong>da</strong> pús­<br />

tula, podem ficar intactas; se a parte onde ellas se ma­<br />

nifestaram não fôr muito apparente, basta passar leve­<br />

mente a pedra por cima <strong>da</strong>s bolhas, que estão na visi-<br />

nhança <strong>da</strong> areola vesicular.<br />

Esta operação é bastante <strong>do</strong>lorosa, mas a dór ter­<br />

mina pouco tempo depois, só no caso de ficar alguma<br />

porção de potassa é que se prolonga por mais algum<br />

tempo. Doze horas depois <strong>da</strong> cauterisação, a escajp ar­<br />

tificial apresenta tuna côr negra, menos secca e menos<br />

dura, <strong>do</strong> que a <strong>da</strong> pústula maligna; comprehende <strong>do</strong>is a<br />

cinco millimetres as carnes vivas alem <strong>do</strong>s pontos ataca<br />

<strong>do</strong>s pela pedra; a invasão está em relação com a inten"<br />

si<strong>da</strong>de <strong>da</strong> acção <strong>do</strong> cáustico. A escara é arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

apresenta uma superficie com círculos concêntricos, on-<br />

dulosos, e no centro uma pequena tumescencia, que está<br />

em relação com a mortificação primitiva. E' mais ou me­<br />

nos abati<strong>da</strong> relativamente ás partes visinhas, segun<strong>do</strong><br />

que o esphacelo espontâneo era mais ou menos dilata<strong>do</strong>;<br />

se não tem occupa<strong>do</strong>, senão uma parte <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong><br />

pelle, apenas apresenta uma leve depressão, mas quan-


39<br />

<strong>do</strong> a inchação continua a progredir, então é muito nota-1<br />

vel. Se antes <strong>do</strong> tratamento existir uma tumescencia de<br />

certa importância, a escara é separa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s partes vivas<br />

<strong>da</strong> pelle por um circulo vesiculoso, continuo, d'uma côr<br />

cinzenta,.forman<strong>do</strong> uma espécie de fita circular, a qual<br />

apresenta uma saliência d'um a <strong>do</strong>is millimetros, d'uma<br />

superficie enruga<strong>da</strong>, conten<strong>do</strong> uma serosi<strong>da</strong>de de cor.<br />

arruiva<strong>da</strong> muito pouco abun<strong>da</strong>nte, infiltra<strong>da</strong> entre as la­<br />

minas epidérmicas desvia<strong>da</strong>s. Esta fita vesiculosa falta<br />

quasi sempre em casos de pústulas superficiaes, não se<br />

parece com a areola vesicular natural, e distingue-se fa­<br />

cilmente <strong>da</strong>s bolhas ou phlyctenas, que podem apparecer<br />

em re<strong>do</strong>r d'ella. Por fora d'esté circulo os tegumentos<br />

tomam quasi sempre n'uma certa extensão uma cor mais<br />

viva. <strong>do</strong> que tinham antes. Este rubor é devi<strong>do</strong> a acção<br />

irritante <strong>da</strong> potassa.<br />

Se a pústula ó pouco extensa, a escara, que é pe­<br />

quena, estreita e delga<strong>da</strong>, principia a destacar-se pela sua<br />

circumferencia passa<strong>do</strong>s dez ou <strong>do</strong>ze dias, cahin<strong>do</strong> in­<br />

teiramente uma semana depois pouco mais ou menos, e<br />

arrastan<strong>do</strong> o disco de agaricp, que a ella estava intima­<br />

mente adheri<strong>do</strong>. A cicatriz arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong>, um pouco sa­<br />

liente no principio, d'uma côr rubra carrega<strong>da</strong>, ou de<br />

tijolo, deprime-se mais tarde d'uma maneira desagradá­<br />

vel: passa<strong>do</strong>s alguns annos apresenta uma cor branca<br />

ou de madre-perola.<br />

Quan<strong>do</strong> houve grande per<strong>da</strong> de substancia, a esca­<br />

ra no fim de oito a dez dias principia a cercear-se por<br />

seus bor<strong>do</strong>s, que se desviam <strong>da</strong>s carnes visinhas, a»


to<br />

quaes se tomara rubras, e se inflammam numa certa dis­<br />

tancia: apparece uma suppuração féti<strong>da</strong>, botões carno­<br />

sos principiam a desenvolver-se elevan<strong>do</strong> os teci<strong>do</strong>s es-<br />

phacela<strong>do</strong>s, que acabam de cahir no fim de três a cinco<br />

semanas, e ás vezes mais se a mortificação tiver si<strong>do</strong><br />

muito extensa. A' medi<strong>da</strong> que as partes se vão tornan­<br />

<strong>do</strong> fluctuantes devemos extrahil-as com thesouras e não<br />

esperar a sua que<strong>da</strong>. Logo que a feri<strong>da</strong> fique descober­<br />

ta, principia a limpar-se e a cicatrisação faz-se rapi<strong>da</strong>­<br />

mente, se a cauterisação não tiver i<strong>do</strong> muito longe, ou<br />

se não houverem escaras secun<strong>da</strong>rias, bem como se a<br />

constituição m <strong>do</strong>ente não estiver vicia<strong>da</strong>.<br />

SUBLIMADO CORROSTVO<br />

O sublima<strong>do</strong> corrosivo era o agente, que empre­<br />

gavam os charlatães mais intelligentes, foi d'elles, que<br />

este medicamento passou a pôr-se em uso ,na medicina<br />

regular. Muitos medicos francezes servem-se d'elle qua­<br />

si exclusivamente, quer em pó, quer em pequenos fra­<br />

gmentos crystallinos.<br />

Este cáustico tem si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> de vários mo­<br />

<strong>do</strong>s; eu vou descrever o processo de Raimbert, por me<br />

parecer o mais vantajoso.<br />

Príncipia-se por <strong>da</strong>r <strong>do</strong>is golpes cruciaes na esca­<br />

ra, extrahil-a, e abrir as phlyctenas <strong>da</strong> areola, depois<br />

rf'olloca-se por cima uma porção de sparadrapo com uma


41<br />

abertura central, que abranja não só a cavi<strong>da</strong>de, que re­<br />

sultou d'esta operação, mas também a areola, eiiche-se<br />

de pequenos fragmentos cristallisa<strong>do</strong>s de sublima<strong>do</strong>, e<br />

colloca-se por cima de tu<strong>do</strong> uma outra porção maior <strong>da</strong><br />

sparadrapo coberta com unguento de la mère ou outro<br />

para melhor fixar os pequenos fragmentos, e fixa-se tu­<br />

<strong>do</strong> com uma compressa e uma atadura. E' escusa<strong>do</strong> di­<br />

zer, que a abertura no sparadrapo é para evitar, que os<br />

pequenos cristaes caiam e se espalhem pelas partes sans<br />

mortifican<strong>do</strong>-as.<br />

E' necessário 24 horas pouco mais ou menos para<br />

que esta cauterisação se acabe e chegue a um centíme­<br />

tro de profundi<strong>da</strong>de. Para que a cauterisação seja mais<br />

profun<strong>da</strong> é necessário, que a pelle seja antes tira<strong>da</strong>, o<br />

melhor é <strong>da</strong>r <strong>do</strong>is golpes em forma de cruz e cortar seus<br />

bor<strong>do</strong>s.<br />

A escara é cinzenta, secca, de forma geralmente<br />

irregular, e exceden<strong>do</strong> os teci<strong>do</strong>s sobre que se applicou<br />

o sublima<strong>do</strong>. Este cáustico em excesso fica sobre a es<br />

cara, e é muito raro que appareça o ptyalismo.<br />

Esta cauterisação tem si<strong>do</strong> posta em pratica por<br />

muitos facultativos, mas alguns teem aponta<strong>do</strong> casos de<br />

envenenamentos terríveis causa<strong>do</strong>s pela influencia <strong>do</strong> uso<br />

externo desta substancia e algumas difformi<strong>da</strong>des, que<br />

não existiriam se applicasse-mos outros cáusticos, além<br />

d'algumas salivações. Châteaudem cita uma mortali<strong>da</strong>de<br />

de 17 sobre 48, e Bourgois mencionan<strong>do</strong> este facto diz,<br />

que nunca vira tamanha mortan<strong>da</strong>de, e attribue parte d'el-<br />

la ao uso <strong>do</strong> sublima<strong>do</strong>. G-uipon diz. que não ha incon-


42<br />

veniente em applicar o sublima<strong>do</strong>, com tanto que seja em<br />

pequenos fragmentos, porque assim a sua acção é me­<br />

nos lenta e não produz o ptyalismo, nem o envenena-<br />

mento. Talvez fosse por causa d'estes inconvenientes,<br />

que Bourgois collocasse este cáustico em segun<strong>da</strong> clas­<br />

se, segun<strong>do</strong> diz Guipon. Eu sigo a opinião de Bourgois,<br />

só quan<strong>do</strong> não tivesse a potassa cáustica, é que lançaria<br />

mão <strong>do</strong> sublima<strong>do</strong>, para não ter de lamentar algum ac­<br />

cidente.<br />

Ill<br />

Processo mixto pelo fogo e cáusticos<br />

As pústulas malignas muito graves e d'uma mar­<br />

cha rápi<strong>da</strong> algumas vezes não obedecem ao cáustico<br />

actual, liem ao cáustico potencial, e então é racional e<br />

boa pratica combinar estas duas cauterisaçSes, isto é,<br />

cauterisar primeiro com o ferro em braza, e depois com<br />

a potassa, ou com o sublima<strong>do</strong>, etc. Depois de se ter lim­<br />

pa<strong>do</strong> o sangue ou alguma substancia, que obstrua á es­<br />

cavação feita pelo cautério actual, quan<strong>do</strong> isso seja ne­<br />

cessário, deve collocar-se na excavação alguns fragmen­<br />

tos de potassa, applican<strong>do</strong> depois um apparelho conten-<br />

tivo, como acima fica dito.


43<br />

Alguns substituem a potassa por cama<strong>da</strong>s de fio»<br />

embebi<strong>do</strong>s em um cáustico, o qual se retira no fim de<br />

algumas horas, isto é, deixa-se estar mais ou menos tem­<br />

po segun<strong>do</strong> a extensão e a profundi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, que<br />

se quizerem destruir. Eu não seguiria este processo pelo<br />

inconveniente, que resulta <strong>do</strong> cáustico escorrer, e mor­<br />

tificar os teci<strong>do</strong>s por onde passa.<br />

O maior inconveniente, que resulta <strong>da</strong> cauterisa-<br />

ção mixta é a dôr, que se prolonga, até que o agente<br />

destrui<strong>do</strong>r deixe de estar em contacto com os teci<strong>do</strong>s.<br />

Depois de levanta<strong>do</strong> o apparelho deve applicar-se<br />

fomentações frias e emollientes permanentemente para<br />

acalmar a dôr pungente e moderar os effeitos <strong>da</strong> reação.<br />

IV<br />

Processo <strong>da</strong> canterisaçâo dissemina<strong>da</strong><br />

Chabert diz, que quan<strong>do</strong> o tumor carbunculoso<br />

fôr antigo, volumoso, e existir n'elle gangrena, deve­<br />

mos escariíicar, cortar, o que estiver mortifica<strong>do</strong>, caute-<br />

risar o fun<strong>do</strong>, e circumscrever to<strong>da</strong> a feri<strong>da</strong> com o cau­<br />

tério actual eleva<strong>do</strong> ao rubro branco, tocar to<strong>do</strong>s os<br />

pontos altera<strong>do</strong>s penetran<strong>do</strong> até ás carnes sans. Se a<br />

marcha <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença fôr rápi<strong>da</strong>, devemos circumscrever to-


u<br />

<strong>da</strong> a escara, bem como os teci<strong>do</strong>s, que estão em volta<br />

n'uma extensão de três a quatro centímetros aproxima­<br />

<strong>da</strong>mente para fora <strong>da</strong> circumferencia <strong>da</strong> escara.<br />

Os imita<strong>do</strong>res de Chabert ain<strong>da</strong> vão mais longe,<br />

haven<strong>do</strong> oedema cauterisam-n'o; se o tumor é mais ex­<br />

tenso conduzem o fogo até aos últimos limites <strong>da</strong> região<br />

affecta<strong>da</strong>; se existem phlyctenas, applicam o cáustico so­<br />

bre ca<strong>da</strong> uma d'ellas, outras vezes circumscrevem to<strong>da</strong><br />

a extensão <strong>do</strong> oedema por um sulco de cauterisaçâo.<br />

Alguns ain<strong>da</strong> fazem mais, dão em to<strong>do</strong>s os senti­<br />

<strong>do</strong>s incisões profun<strong>da</strong>s, e applicam seis e mais cautérios<br />

n'estes sulcos. Ora basta refletir um pouco para condem-<br />

nar este processo immediatamente.<br />

Um meio tão bárbaro está condemna<strong>do</strong> por quasi<br />

to<strong>do</strong>s os práticos, que se teem occupa<strong>do</strong> <strong>da</strong> pústula ma­<br />

ligna. Os auctores <strong>do</strong> compendio de cirurgia * dizem<br />

que estes meios só se podem reservar para os casos mais<br />

graves, e quasi desespera<strong>do</strong>s, com o fim de produzir uma<br />

excitação viva e de provocar uma reacção franca e sus­<br />

tenta<strong>da</strong> nos teci<strong>do</strong>s accommetti<strong>do</strong>s de asthenia, e que re­<br />

sistirão a to<strong>do</strong> o estimulante menos enérgico. Guipon as­<br />

sim como os medicos de Beauce, dizem, que quan<strong>do</strong> o<br />

œdema fôr considerável, coberto de phlyctenas, ain<strong>da</strong><br />

que o foco <strong>do</strong> mal tenha si<strong>do</strong> destruí<strong>do</strong>, e a tumescencia<br />

possa resolver-se pouco a pouco, a cauterisaçâo dissemi­<br />

na<strong>da</strong> pôde aju<strong>da</strong>r a cura, não como destruin<strong>do</strong> ou jugu­<br />

lan<strong>do</strong> o virus, mas desenvolven<strong>do</strong> uma reacção mais vi-<br />

1 Obr. cit. tom. 1.* pag. 275.


45<br />

v&, mais extensa, que localise mais a <strong>do</strong>ença, e dimi­<br />

nua sua força de expansão. Eu só n'um caso extremo é<br />

que usaria d'esté processo tão bárbaro, lembran<strong>do</strong>-me,<br />

que muitas vezes o œdema peripherico cede em <strong>do</strong>is ou<br />

très dias, que se seguem á operação principal, ou se re­<br />

solve depois de ter pareci<strong>do</strong> tomar maior desenvolvi­<br />

mento consecutivamente á destruição <strong>do</strong> tumor.<br />

Alguns práticos, querem que quan<strong>do</strong> .o mal con­<br />

tinue a invadir, se continue tambsm com as cauterisa-<br />

çSes, mas é mais prudente não voltar a ellas, por isso que<br />

o mal já vai mais longe, já to<strong>do</strong> o organismo está infe­<br />

cta<strong>do</strong>.<br />

Pode acontecer, que os symptom as tanto locaes,<br />

como geraes continuem sua marcha ascendente, e deter­<br />

minem a morte, ain<strong>da</strong> que a pústula maligna esteja no<br />

seu principio, e sem que os symptomas geraes tenham<br />

si<strong>do</strong> bem manifestos; mas isto acontece muito poucas<br />

vezes, porque quan<strong>do</strong> o mal é ataca<strong>do</strong> radicalmente des­<br />

de o principio, ordinariamente a absorção deixa de fazer-<br />

se, mas pode succéder, que o pratico seja chama<strong>do</strong> mui­<br />

to tarde, quan<strong>do</strong> a tumescencia fôr mais ou menos con­<br />

siderável, e existirem já symptomas de entoxicação, por­<br />

que n'este caso apesar d'uma boa cauterisação os sym­<br />

ptomas locaes e geraes podem continuar a progredir, co­<br />

mo que na<strong>da</strong> se tivesse feito, então a tumescencia au­<br />

gmenta consideravelmente, o seu centro torna-se duro,<br />

cobre-se de phlyctenas, o quebrantamento augmenta, o<br />

pulso torna-se pequeno, os vómitos apparecem, etc. Tu<strong>do</strong><br />

isto indica, que já existia uma certa quanti<strong>da</strong>de de vi-


46<br />

rus na torrente circulatória, quan<strong>do</strong> o medico destruiu, o<br />

que existia localmente, n'este caso não fez mais <strong>do</strong> que<br />

obstar, a que uma nova quanti<strong>da</strong>de fosse absorvi<strong>da</strong>, mas<br />

apesar d'isso nunca se deve perder as esperanças de sal­<br />

var o <strong>do</strong>ente, ain<strong>da</strong> que a <strong>do</strong>se <strong>do</strong> virus absorvi<strong>do</strong> te­<br />

nha si<strong>do</strong> grande. Bourgois conseguiu salvar alguns <strong>do</strong>en*<br />

tes em casos desespera<strong>do</strong>s, como pôde vêr-se nas suas<br />

observações 21.*, 24.*, 32.* e outras, e termina dizen<strong>do</strong><br />

que é n'este caso, que convém lançar mão <strong>da</strong>s cauterisa-<br />

çSes secun<strong>da</strong>rias. .<br />

V<br />

Meios tópicos accessorlos<br />

Muitos teem si<strong>do</strong> os meios accessorios, que se<br />

teem emprega<strong>do</strong> para aju<strong>da</strong>r a combater a pústula mali­<br />

gna; a maior parte d'elles ou são prejudiciaes, ou iner­<br />

tes, assim tem-se amprega<strong>do</strong> as sangrias locaes, que en­<br />

fraquecem a resistência orgânica <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, produzem<br />

feri<strong>da</strong>s, que se podem tornar graves; as ligaduras <strong>do</strong>s<br />

membros acima <strong>do</strong> mal, que poden<strong>do</strong> obstar â absorção<br />

duma nova quanti<strong>da</strong>de de virus, podem também fa­<br />

vorecer a gangrena; o chlororeto de sódio, o fel de boi<br />

secco, esse remédio secreto, que os Esta<strong>do</strong>s de Proven


47<br />

ç» compraram tão caro, o qual não era mais que vitrío­<br />

lo e gemas d'ovos, etc., etc. Comtu<strong>do</strong> algumas substan­<br />

cias ha, que teem si<strong>do</strong> e ain<strong>da</strong> são emprega<strong>da</strong>s para<br />

aju<strong>da</strong>r a cura, e a combater os accidentes, taes são a<br />

poma<strong>da</strong> mercurial com um oitavo de camphora applica-<br />

<strong>da</strong> não só em volta <strong>do</strong> tumor, mas também em to<strong>da</strong> a<br />

extensão <strong>do</strong> engorgitamento, as fomentações, os banhos<br />

emollientes locaes, ou a agua ardente camphora<strong>da</strong>, logo<br />

que a reacção desappareça.<br />

Nelaton, Raphael e outros dão a preferencia ás fo-<br />

folhas de nogueira, como melhor tópico accessorio para<br />

uns, e como tópico principal, e reputa<strong>do</strong> efficaz para ou^<br />

tros.<br />

Raphael diz, que a applicação única <strong>da</strong>s folhas<br />

frescas, ou <strong>da</strong> casca fresca <strong>do</strong>s novos rebentões de no­<br />

gueira deve ser repeti<strong>da</strong> de três em três horas, depois<br />

de se ter apara<strong>do</strong> o botão característico, e deixa<strong>do</strong> sec-<br />

car a feri<strong>da</strong>; que d'esté mo<strong>do</strong> obtivera 59 curas sobre<br />

62 casos, concluin<strong>do</strong>, que ou houvera erro de diagnos­<br />

tico, ou que a pústula maligna era a mais <strong>da</strong>s vezes<br />

benigna, e que n'este caso a cauterisação não sen<strong>do</strong> com­<br />

pleta, anima e torna a pústula maligna, ou que as folhas<br />

e a casca de nogueira teem uma eíScaci<strong>da</strong>de poderosa<br />

contra este padecimento, e termina dizen<strong>do</strong>, qualquer<br />

que seja o tratamento escolhi<strong>do</strong> convém, que os <strong>do</strong>entes<br />

não arrefeçam, que transpirem, que não molhem a parte<br />

<strong>do</strong>ente, e que se faça cessar to<strong>da</strong> a complicação sabur-<br />

ral e biliosa, que muitas vezes apparece.<br />

Em quanto ao erro de diagnostico claro está, que


48<br />

se poderia enganar, porque isto succède relativamente áe<br />

muitas outras <strong>do</strong>enças, demais Mougeot diz, que ante»<br />

<strong>da</strong> incisão julgava poder affirmar a existência <strong>da</strong> pústu­<br />

la maligna 11 vezes sobre 17 casos, ao passo que de­<br />

pois <strong>da</strong> incisão conheceu, que só podia affirmar a sua<br />

existência 6 vezes sobre os 17 casos, e termina dizen<strong>do</strong>,<br />

que se tivesse applica<strong>do</strong> as folhas de nogueira, ficaria<br />

pensan<strong>do</strong>, que tinha cura<strong>do</strong> mais 5 casos de pústula ma­<br />

ligna bem caracterisa<strong>da</strong>. Em quanto á segun<strong>da</strong> parte<br />

podia <strong>da</strong>r-se o caso <strong>da</strong>s pústulas malignas serem pouco<br />

graves, lentas na sua marcha, e que ten<strong>do</strong>-lhe <strong>da</strong><strong>do</strong> in­<br />

cisões no sèu principio poderia ter-se tira<strong>do</strong> a maior<br />

parte, senão a totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> virus, que existisse n'ella,<br />

e que o sueco <strong>da</strong> nogueira acre e adstringente não faria<br />

mais <strong>do</strong> que o officio d'um fraco catheretico. Demais<br />

teem havi<strong>do</strong> pústulas malignas d'uraa reacção inflammato-<br />

ria localmente pronuncia<strong>da</strong> e que se teem cura<strong>do</strong> espon­<br />

taneamente. Finalmente algumas substancias inteiramen­<br />

te inertes teem si<strong>do</strong> applica<strong>da</strong>s no tratamento <strong>da</strong>s pústu­<br />

las malignas, como suecedeu ao próprio Raphael com a<br />

aze<strong>da</strong> cozi<strong>da</strong> mistura<strong>da</strong> com enxúndia, bem como ao sr.<br />

Schwan, que #ecommen<strong>da</strong>va com grande confiança o de-<br />

eocto de casca de carvalho em applicação sobre as par­<br />

tes <strong>do</strong>entes, mesmo sem ter feito escarificações. Guipon<br />

diz, que o sueco <strong>da</strong> nogueira tem uma virtude não espe­<br />

cifica, mas adstringente, e que pôde <strong>da</strong>r bom resulta­<br />

<strong>do</strong> no principio <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença e nos casos menos graves<br />

<strong>da</strong> pústula maligna, mas que se não deve contar com<br />

isso.<br />

*


m<br />

Relativamente ás cauterisações incompletas pare­<br />

ce não haver outro inconveniente, <strong>do</strong> que aquelle que<br />

resulta <strong>do</strong> virus não ser totalmente destrui<strong>do</strong>.<br />

Terminan<strong>do</strong> direi com Guipon, que as folhas de<br />

nogueira não teem poder algum real sobre a pústula<br />

maligna.<br />

Alguns auctores teem também emprega<strong>do</strong> o aci<strong>do</strong><br />

phenico, pensan<strong>do</strong> que elle neutralisaria o virus carbun-<br />

culoso <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, que neutralisa" certos virus, co­<br />

mo entre outros a vacina, mas a experiência na<strong>da</strong> tem<br />

mostra<strong>do</strong> de favorável a tal respeito.<br />

VI<br />

Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s que se devem prestar aos <strong>do</strong>entes<br />

depois <strong>da</strong> eauterisaeão<br />

Se depois <strong>da</strong> cauterisação não houver tumescencia,<br />

nem accidentes gerães não é necessário prestar cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

alguns. Se houver alguma tumescencia basta envolver a<br />

parte de lã ou algodão para a conservar quente e evitar<br />

o contacto <strong>do</strong> ar.<br />

Se a tumescencia tiver grande desenvolvimento,<br />

4


50<br />

se houver um apparato mórbi<strong>do</strong> intenso, e o paciente for<br />

obriga<strong>do</strong> a estar na cama, então devemos cobrir as par­<br />

tes com compressas molha<strong>da</strong>s em decoctos de sabugueiro<br />

ou de quina, com uma ou mais colheres d'alcool cam-<br />

phora<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a gravi<strong>da</strong>de, para favorecer a resolu­<br />

ção <strong>da</strong> tumescencia e excitar uma innammação francamen­<br />

te phlegmonosa. Deve evitar-se, que as peças <strong>do</strong> curativo<br />

arrefeçam, e se for necessário animar as partes tumefa­<br />

ctas, devemol-as polvilhar com uma pequena cama<strong>da</strong> de<br />

farinha de mostar<strong>da</strong> fina e bem iguala<strong>da</strong> para não<br />

produzir escaras em volta <strong>da</strong> pústula.<br />

Quan<strong>do</strong> o engorgitamento diminuir sensivelmente,<br />

devemos apressar a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> escara assim como a suppu-<br />

ração <strong>da</strong> feri<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> uso <strong>do</strong> unguento de la mere, ou<br />

<strong>do</strong> unguento basilicão acompanha<strong>do</strong> de cataplasmas emol-<br />

lientes, e logo que a escara tenha cahi<strong>do</strong> então devemos<br />

fazer uso <strong>do</strong> cerato de estoraque com extracto de quina,<br />

ou de cerato simples. Se a vegetação for considerável<br />

devemos reprimil-a com o nitrato <strong>do</strong> prata ou com o<br />

alúmen calcina<strong>do</strong>. -> az-<br />

E' necessário notar, que a applicação de certos un­<br />

guentos sobre a pelle d'alguns individuos produz eru­<br />

pções vesiculosas, que algumas vezes se confundem com<br />

a-erysipela; estas vesículas apparecem frequentes vezes<br />

e podem durar muitos mezes, c por isso é necessário<br />

persuadir os <strong>do</strong>entes, que estas vesiculas não são car-<br />

bunculosas,mas sim devi<strong>da</strong>s aos unguentos ou poma<strong>da</strong>s.<br />

Se depois <strong>da</strong> cessação <strong>do</strong>s accidentes próprios ao virus<br />

earbunculoso sobrevierem phenomenos de natureza in-


51<br />

fiammatoria, sub-inflammatoria, e mesmo gangrenosa,<br />

devemos applicar um tratamento tópico apropria<strong>do</strong>.<br />

VII<br />

Tratamento local <strong>do</strong> «edema maliguo<br />

Quan<strong>do</strong> não houver induração nem phlyctenas (o<br />

que succède quasi* sempre) devemos empregar to<strong>do</strong>s os<br />

esforços para mu<strong>da</strong>r o mo<strong>do</strong> de vitali<strong>da</strong>de mórbi<strong>da</strong>, de­<br />

safian<strong>do</strong> uma inflammação franca e substitutiva pelo em­<br />

prego de agentes mais ou menos excitantes e levemente<br />

cathereticos. Também se pode tirar alguma utili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

nitrato de prata fundi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s sinapismos bran<strong>do</strong>s, <strong>da</strong><br />

tintura de iodureto io<strong>da</strong><strong>do</strong>. Se apparecerem bolhas cara­<br />

cterísticas, assim como escaras, devemos empregar alguns<br />

fragmentos de sublima<strong>do</strong>, ou de potassa cáustica; quan­<br />

<strong>do</strong> as vesículas oceuparem uma grande superficie deve­<br />

mos destruir as partes centraes <strong>da</strong> mesma superficie em<br />

que estão, bem como o ponto onde ellas primeiro se ma­<br />

nifestaram; quan<strong>do</strong> isto tiver logar nos olhos ou accesso­<br />

ries, então devemo-nos abster d'esta operação. O ferro<br />

em brasa não deve ser applica<strong>do</strong> no caso de œdema ma­<br />

ligno, porque a sua acção excita uma inflammação mais<br />

viva e mais franca <strong>do</strong> que os cáusticos potenciaes. O


52<br />

œdcma maligno é mais grave <strong>do</strong> que a pústula mali­<br />

gna, porque o virus achate mais dissemina<strong>do</strong>, e é mais<br />

fácil de absorver em grande quanti<strong>da</strong>de. Feita a caute-<br />

risação devemos empregar em largas e frequentes fric­<br />

ções a poma<strong>da</strong> mercurial camphora<strong>da</strong> e as fomentações<br />

de quina renova<strong>da</strong>s muitas vezes.<br />

VIII<br />

Parallelo entre a cauterisação potássica<br />

por diluição e a caiiterisaçâo pelo sublima<strong>do</strong><br />

corrosivo.<br />

A potassa cáustica e o sublima<strong>do</strong> corrosivo são-<br />

quasi os únicos cáusticos emprega<strong>do</strong>s na cauterisaeãa<br />

<strong>da</strong> pústula maligna. Bourgois recommen<strong>da</strong> muito a po­<br />

tassa e estabelece um parallelo entre ella e o sublima­<br />

<strong>do</strong>, i<br />

;<br />

Se applicarmos o sublima<strong>do</strong> ; ain<strong>da</strong> que seja entre<br />

duas porções de sparadrapo ten<strong>do</strong> a interna uma aber­<br />

tura central, não se sabe bem, o que se faz, basta o me­<br />

nor movimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente para deslocar o apparelho, e<br />

a cauterisaçào ser incompleta, ou atacar teci<strong>do</strong>s sãos. O<br />

1 Obra cit., pag. 281 e seg.


53<br />

mesmo succederia com a potassa applica<strong>da</strong> <strong>do</strong> mesmo<br />

mo<strong>do</strong>, o que não succède se for applica<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> o<br />

processo de Bourgois. D'esté mo<strong>do</strong> em logar <strong>da</strong> cauteri-<br />

sação ser feita ás cegas, é dirigi<strong>da</strong> pela vista e intelli-<br />

gcncia.<br />

E' necessário que o pratico, que applica o sublima­<br />

<strong>do</strong>, tenha um certo habito e experiência, além de o ter<br />

visto empregar, para se não expor a produzir horrorosas<br />

mutilações, o que não succède com a potassa, ten<strong>do</strong>-se<br />

li<strong>do</strong>, o que fica dito acima.<br />

O sublima<strong>do</strong> pôde <strong>da</strong>r lugar á salivação, e por<br />

conseguinte produzir accidentes graves, o que não suc­<br />

cède com a potassa.<br />

O apparelho de que se lança mão' para applicar a<br />

potassa é muito mais simples <strong>do</strong> que aquelle que é ne­<br />

cessário para applicar o sublima<strong>do</strong>, e é necessário fazer<br />

alguns golpes mais profun<strong>do</strong>s nas partes sans, <strong>do</strong> que<br />

quan<strong>do</strong> se emprega a potassa, resultan<strong>do</strong> certo horror,<br />

<strong>do</strong>res intensas e hemorrhagias. *£<br />

As estatísticas mostram, que ha maior mortali<strong>da</strong>de<br />

nos <strong>do</strong>entes trata<strong>do</strong>s pelo sublima<strong>do</strong> <strong>do</strong> que pela potas­<br />

sa, pois que a mortali<strong>da</strong>de está na rasão de um para<br />

2,8 n'aquelles e d'um para 7,5 nestes.<br />

O sublima<strong>do</strong> dá logar a cicatrizes maiores, mais<br />

irregulares e mais profun<strong>da</strong>s <strong>do</strong> que a potassa; finalmen­<br />

te aquelle pode <strong>da</strong>r logar a adherencias <strong>da</strong>s cicatrizes<br />

aos ossos, o que se não tem observa<strong>do</strong> com esta.


ARTIGO II<br />

Tratamento interno on medico<br />

O tratamento interno <strong>da</strong> pústula e œclema mali­<br />

gnos tem por fim combater o virus séptico, que circula<br />

na economia, e aju<strong>da</strong>r a natureza a eliminal-o <strong>do</strong><br />

organismo, <strong>do</strong> que se vê que se devem applicar os tó­<br />

nicos, os antisepticos e uma boa alimentação.<br />

Se apesar <strong>da</strong> operação cirúrgica, os symptomas de<br />

entoxicação se pronunciarem; se os mesmos symptomas<br />

existirem desde o principio, isto é, suspeitan<strong>do</strong>-se que lia<br />

infecção, deve eliminar-se o virus por to<strong>da</strong>s as vias, e neu- 1<br />

tralisal-o por alguns <strong>do</strong>s meios, que serão menciona<strong>do</strong>s<br />

n'este artigo.<br />

O tratamento geral <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença carbunculosa no<br />

homem pôde dividisse em tratamento pelos évacuantes,<br />

pelos antisepticos e pelos tónicos, mas antes de fallar de<br />

elles, direi duas palavras relativamente ao metho<strong>do</strong> an-<br />

tiphlogistico, que gosou de grande fama em outro tem­<br />

po, haven<strong>do</strong> hoje ain<strong>da</strong>, quem o empregue.


õ5<br />

t.° Tratamento antipliologistico<br />

As sangrias eram larga e frequentemente empre­<br />

ga<strong>da</strong>s no ultimo século por quasi to<strong>do</strong>s os medicos na<br />

cura <strong>da</strong> pústula maligna, só os curandeiros não recor­<br />

riam a ellas, n'isto mais sábios que os próprios medicos,<br />

segun<strong>do</strong> diz Bourgois, com tu<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> haviam alguns<br />

que repelliam tal metho<strong>do</strong>, assim como entre nós ain<strong>da</strong><br />

ha quem o defen<strong>da</strong>.<br />

Esta pratica de sangrar era fun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre a idea<br />

de que extrahin<strong>do</strong> sangue, se extrahia juntamente a ma­<br />

teria pecante, fun<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se também na apparencia inflam-<br />

matoria <strong>do</strong> tumor.<br />

Pertender curar pela diminuição <strong>da</strong> massa sanguí­<br />

nea uma <strong>do</strong>ença virulenta é ir de encontro ás leis <strong>da</strong><br />

physiologia, <strong>da</strong> pathologia e <strong>da</strong> experiência. O virus ou<br />

veio de fora e estaciona ain<strong>da</strong> nos teci<strong>do</strong>s, ou foi já<br />

absorvi<strong>do</strong> e entrou na torrente circulatória. No primei­<br />

rro<br />

caso, diminuin<strong>do</strong> o liqui<strong>do</strong> virifica<strong>do</strong>r, estimulo geral<br />

<strong>da</strong> economia, a reacção vital diminue também, e a <strong>do</strong>ença<br />

de local se tornará em geral; em ambos os casos as san­<br />

grias enfraquecen<strong>do</strong> os <strong>do</strong>entes, além <strong>do</strong> enfraquecimen­<br />

to produzi<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>ença, podem também concorrer po­<br />

derosamente para um termo fatal. De mais, a experiên­<br />

cia tem mostra<strong>do</strong>, que se aban<strong>do</strong>narmos alguns animaes<br />

ao curso natural <strong>da</strong> moléstia, e se praticarmos a san


m<br />

gria em igual numero, que estejam nas mesmas condi­<br />

ções, a mortali<strong>da</strong>de n'estes é maior. Alguns partidário»<br />

<strong>do</strong>s antiphlogisticos faziam a cauterisação e depois ap-<br />

plicavam as sanguesugas, de mo<strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> houves­<br />

se algum resulta<strong>do</strong> favorável não se podia attribuir an­<br />

tes á sangria <strong>do</strong> que á cauterisação.<br />

Não é poseivel <strong>da</strong>r uma demonstração rigorosa <strong>do</strong><br />

proveito <strong>do</strong>s antiphlogisticos na therapeutica <strong>da</strong>s <strong>do</strong>en­<br />

ças carbunculosas, porque a rasão e a experiência de­<br />

põem soberanamente contra ella.<br />

2." Tratamento évacuante<br />

Debaixo d'esta denominação comprehendem-se os<br />

su<strong>do</strong>ríficos e os vomi-pui-gativos.<br />

SUDORÍFICOS. Os su<strong>do</strong>ríficos muito usa<strong>do</strong>s pelos<br />

antigos, como sen<strong>do</strong> próprios para favorecer a sahi<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong>s princípios mórbi<strong>do</strong>s miasmaticos, são quasi aban<strong>do</strong>­<br />

na<strong>do</strong>s na pratica habitual <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças carbunculosas;<br />

comtu<strong>do</strong> não se devem despresar, quan<strong>do</strong> existirem sym-<br />

ptomas de entoxicação, ain<strong>da</strong> que seu papel seja se­<br />

cundário. Portanto, podemos recorrer algumas vezes aos<br />

diaphoreticos simples, taes como as infusões de tilia, de<br />

borragem, etc., ou aos su<strong>do</strong>ríficos propriamente ditos,<br />

como o oxi<strong>do</strong> branco d'antimonio, e principalmente aos<br />

saes ammoniacaes.<br />

VOMi-PUlíGATivos. Estes medicamentos teem si<strong>do</strong><br />

«


»<br />

57<br />

aconselha<strong>do</strong>» por uns, « reprova<strong>do</strong>s por outros, varias<br />

curas-se observaram em casos, em que elles tinham si<strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>s, mas não. está verifica<strong>do</strong> se são devi<strong>da</strong>s a<br />

estes medicamentos se aos meios locaes e geraes emprega­<br />

<strong>do</strong>s juntamente. Comtu<strong>do</strong> os vomitivos são indica<strong>do</strong>s no<br />

principio <strong>da</strong> febre de entoxicação, ou proximo <strong>da</strong>. con­<br />

valescença, quan<strong>do</strong> as vias digestivas ficarem embaraça­<br />

<strong>da</strong>s; Em quanto aos purgativos pôde tiraivse alguma<br />

vantagem d'elles, sen<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s no curso <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença,|quan-<br />

<strong>do</strong> as funcç.õés digestivas estão perturba<strong>da</strong>s. Alguns<br />

auetores dizem, que reconheceram sérios inconvenient<br />

tes, quan<strong>do</strong> os empregavam. Quan<strong>do</strong> se fizer uso d'estes<br />

medicamentos deve ser modera<strong>da</strong> e opportunamcntc.<br />

.1!..'<br />

3.° Tratamento antiseptico<br />

Muitos são os medicamentos antisepticos, que se<br />

teem emprega<strong>do</strong> na cura <strong>da</strong> pústula e <strong>do</strong> œdema mali­<br />

gnos, entre outros os seguintes; as folhas de nogueira, a<br />

canella, a arnica, a serpentária,-o ether, a camphora, os<br />

resinosos, a ammoniaca liqui<strong>da</strong> ou no esta<strong>do</strong> de sal e o<br />

aci<strong>do</strong> phenico. A maior parte d'elles não pode ser pre-<br />

scripta senão como adjuvante d'uma medicação princi­<br />

pal. ' •<br />

De to<strong>do</strong>s os antisepticos é a ammoniaca e seus com­<br />

postos, que merecem especial menção: este medicamento<br />

é emprega<strong>do</strong> pelos Allemães ein altas <strong>do</strong>ses nas <strong>do</strong>enças


»8<br />

sépticas. Obra não só como su<strong>do</strong>rífico, como já vimos,<br />

mas também como estimulante geral. A ammoniaca é<br />

substituí<strong>da</strong> pela triaga entre os Inglezes, principalmente<br />

quan<strong>do</strong> as forças <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente estão ameaça<strong>da</strong>s.<br />

Guipon diz, que obtivera curas inespera<strong>da</strong>s pelas<br />

preparações ammoniacaes em <strong>do</strong>is oasos de tumores car­<br />

bunculosos, que tinham resisti<strong>do</strong> ao tratamento local. O<br />

primeiro era um tumor carbunculoso considerável <strong>do</strong> an­<br />

tebraço, o qual tinha resisti<strong>do</strong> á extirpação, á cautcrisa­<br />

ção mais enérgica pelo ferro rubro, e á applicação <strong>do</strong><br />

aci<strong>do</strong> azotico; o segun<strong>do</strong> era um œdema maligno <strong>da</strong> fa­<br />

ce, precedi<strong>do</strong> d'uma pequena pústula na sobrancelha, a<br />

qual sen<strong>do</strong> extrahi<strong>da</strong> e cautorisa<strong>da</strong> fortemente no segun­<br />

<strong>do</strong> dia, poz o <strong>do</strong>ente n'um perigo extremo. N'um e n'ou­<br />

tro caso prescreveu independentemente <strong>do</strong>s meios ordiná­<br />

rios, o acetato de ammoniaca, elevan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>se até 50<br />

grammas nas 24 horas n'um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes ■. O resulta<strong>do</strong> foi<br />

<strong>do</strong>s mais promptos, o d'uma evidencia tal, que não po­<br />

dia deixar de o attribuir ao tratamento pela ammoniaca.<br />

O auetor termina dizen<strong>do</strong>, que> ain<strong>da</strong> que não te­<br />

nha havi<strong>do</strong> um numero sufliciente de observações, se<br />

deve empregar a ammoniaca no»' casos <strong>do</strong> febre carbun­<br />

culosa primitiva ou secun<strong>da</strong>ria, pois que son<strong>do</strong> um esta<strong>do</strong><br />

mórbi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mais graves e em que a cura seria difficil­<br />

mente obti<strong>da</strong>, cederá a este medicamento se ella não for<br />

muito intensa, nem muito antiga. O prepara<strong>do</strong> de amy<br />

moniaca, que se deve preferir é o acetato, que se pôde<br />

elevar á <strong>do</strong>se de 50 grammas ou mais sem receio al­<br />

gum, quan<strong>do</strong> assim se torne necessário.


59<br />

4.° Tratamento tónico<br />

Este tratamento compõe-sc <strong>do</strong>s tónicos propria­<br />

mente ditos e <strong>do</strong> regimen. Deve-se recorrer a elle sem­<br />

pre, ain<strong>da</strong> que se conte com os bons resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> medi­<br />

cação local.<br />

TÓNICOS. Dá-se o nome de tqnicos aos medica­<br />

mentos amargos, principalmente á quina o suas prepa­<br />

rações. Podemos administrar o decocto de quina não só<br />

no exterior, mas também no interior uni<strong>da</strong> á serpentá­<br />

ria, ou á cascarrilha, outras vezes debaixo <strong>da</strong> forma de<br />

extracto uni<strong>do</strong> a uma poção estimulante, na qual entrará<br />

o acetato d'ammoniaca, ou mesmo em clysteres com este<br />

ultimo sal, se o estômago a não poder aceitar, haven<strong>do</strong><br />

nauseas ou vómitos.<br />

Devem modificar-se estas différentes formulas du­<br />

rante o curso <strong>do</strong> tratamento; o extracto molle deve ser<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> mais grave, o decocto na convalescença,<br />

o vinho quina<strong>do</strong> simples ou com o extracto durante a<br />

convalescença. Colson diz que tem tira<strong>do</strong> bons resulta­<br />

<strong>do</strong>s ha 40 annos, <strong>do</strong> sulfato de quina interiormente na<br />

<strong>do</strong>se d'uma gramma e mais por dia, associa<strong>do</strong> com o<br />

almiscar, e <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> limona<strong>da</strong> vinosa a<strong>do</strong>ça<strong>da</strong> com o<br />

xarope de quina amarella.<br />

REGIMEN. O alimento deve ser tão substancial<br />

quanto possa ser tolera<strong>do</strong> pelo estômago; os cal<strong>do</strong>s, o


60<br />

sueco <strong>da</strong> carne, emquanto não for possível tomar esta,<br />

as carnes cosi<strong>da</strong>s ou assa<strong>da</strong>s, e os legumes succulentes,<br />

logo que as vias digestivas os possam toïerar e digerir<br />

facilmente. O vinho e as limona<strong>da</strong>s vinosas são úteis em<br />

to<strong>do</strong>s os perío<strong>do</strong>s <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença; se não poder ser tolera<strong>do</strong><br />

pelo estômago, deve <strong>da</strong>r-seein clyster.<br />

Em geral, se o individuo affecta<strong>do</strong> de <strong>do</strong>ença car-<br />

bunculosa não apresentar symptonias alguns de entoxica-<br />

ção, pode, apesar <strong>da</strong> cauterisação, continuar seu regimen<br />

de vi<strong>da</strong> e mesmo entregar-se ás suas oceupações sem in­<br />

conveniente, não deixan<strong>do</strong> arrefecer a parte affecta<strong>da</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> periodrt : <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença principiar,<br />

isto é, quan<strong>do</strong> houver quebrantamento de forças, cepha­<br />

lalgia, uma incapaci<strong>da</strong>de maior ou menor para o traba­<br />

lho, e o appetite quasi ou to<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>, então é necessá­<br />

rio prohibil-o de trabalhar, obrigal-o a estar na cama,<br />

ou pelo menos em casa, segun<strong>do</strong> as suas forças e a gra­<br />

vi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s accidentes. A alimentação será limita<strong>da</strong> a al­<br />

guns cal<strong>do</strong>s, ou sopa.<br />

Quan<strong>do</strong> a entoxícação estiver n'um grau riiais<br />

adianta<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> houverem nauseas, vómitos, o pulso<br />

diminuir em volume e se tornar frequente, quan<strong>do</strong> a<br />

temperatura âo- corpo diminuir, houver fraqueza e ly-<br />

pothymias, então o' <strong>do</strong>ente será obriga<strong>do</strong> a estar na ca­<br />

ma; so a lingua estiver saburrosa e -houver vómitos, pô­<br />

de administrar-se um vomitivo, composto sobre tu<strong>do</strong> de<br />

ipecacuanha, cuja <strong>do</strong>se variará segun<strong>do</strong> a i<strong>da</strong>de desde<br />

duas grammas a uma ou menos ain<strong>da</strong> ; sen<strong>do</strong> uma crian­<br />

ça deve <strong>da</strong>r-se o xarope d'ipecacuanha. Este medicamen-


61<br />

to faz acalmar os vómitos e as nauseas espontâneas. De­<br />

ve administrar-se bebi<strong>da</strong>s tónicas, bem como ammoniacaes<br />

mornas; também se podem <strong>da</strong>r frias se o <strong>do</strong>ente tiver<br />

repugnância para ellas mornas, mas isto no caso de an­<br />

teriormente não haverem arrefecimentos. O <strong>do</strong>ente esta­<br />

rá bem agasalha<strong>do</strong>, e collocar-se-hâo algumas garrafas<br />

d'agua quente junto aos membros e ao longo <strong>do</strong> tranco.<br />

Quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente fôr ataca<strong>do</strong> por symptomas, que<br />

constituem a phase mais adianta<strong>da</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>,<br />

isto é, quan<strong>do</strong> fôr atormenta<strong>do</strong> por uma sede ardente,<br />

o pulso fôr irregular e d'uma pequenez extrema ou in­<br />

sensível, o corpo estiver gela<strong>do</strong>, o envolucre cutâneo azu­<br />

la<strong>do</strong>, devemos empregar só os tónicos, as bebi<strong>da</strong>s mor­<br />

rias e a ammoniaca. Deve-se conservar a temperatura <strong>do</strong><br />

corpo pela applicaçâb <strong>do</strong> calórico artificial, bem como<br />

pelos sinapismos nas extremi<strong>da</strong>des inferiores.<br />

Quan<strong>do</strong> os symptomas graves diminuirem, e que<br />

uma reacção salutar appareça, devemos ir paran<strong>do</strong> com<br />

os medicamentos excitantes até fazer uso só de bebi<strong>da</strong>s<br />

frescas acidula<strong>da</strong>s. '<br />

A' medi<strong>da</strong> que o <strong>do</strong>ente se fôr restabelecen<strong>do</strong>, as­<br />

sim iremos modifican<strong>do</strong> o regimen, até poder fazer uso<br />

d'uma alimentação varia<strong>da</strong>, e entregar-se ao trabalho.<br />

'i


ARTIGO III<br />

Tratamento prophylatico<br />

Dá-se o nome de prophylaxia no nosso caso ao<br />

conjuncto <strong>do</strong> meios ou medi<strong>da</strong>s proprias para prevenir a<br />

<strong>do</strong>ença carbunculosa, atacal-a nas suas causas e impedir<br />

seu desenvolvimento. Os meios prophylaticos geraes, quo<br />

passamos a examinar podem ser classifica<strong>do</strong>s em duas<br />

cathegorias principaes, a saber, meios hygienicos e meios<br />

administrativos.<br />

l.°—Meios hygienicos<br />

Estes meios podem dividir-se em preventivos pro­<br />

priamente ditos, e em curativos.<br />

MEIOS HVGIENICOS PREVENTIVOS. Entre outros<br />

temos, a diminuição na quanti<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> reuni<strong>do</strong> n'uni<br />

mesmo logar, a sua disseminação, a moderação <strong>do</strong> tra­<br />

balho sobro tu<strong>do</strong> em tempos de epizootia, a proporção<br />

bem calcula<strong>da</strong> entre o numero <strong>do</strong> animaes c os curraes,


63<br />

uma boa ventilação e limpeza, a extracção diária <strong>do</strong>s<br />

estercos <strong>do</strong>s curraes, a lavagem, a cama <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> feita<br />

amiu<strong>da</strong><strong>da</strong>s vezes, a caiadura <strong>da</strong>s paredes, finalmente<br />

man<strong>da</strong>r mu<strong>da</strong>r o ga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s curraes para outros distan­<br />

tes, que estejam em boas condições hygienicas.<br />

A causa predisponente mais certa está na alimen­<br />

tação: esta deve ser varia<strong>da</strong>, de pastos frescos ou bem<br />

conserva<strong>do</strong>s, como a alimentação secca e substancial al­<br />

terna<strong>da</strong> com alimentação verde e aquosa. Deve <strong>da</strong>r-sc<br />

aos animaes polpas de beterrabas frescas, ou em menor<br />

quanti<strong>da</strong>de e juntamente com boa forragem, farello, etc.<br />

Logo que a epizootia appareça, deve haver to<strong>do</strong> o<br />

cui<strong>da</strong><strong>do</strong> n'uma boa alimentação; se ella tomar grande<br />

desenvolvimento devem pôr-se em pratica os meios hy-<br />

gienicos acima menciona<strong>do</strong>s.<br />

Quan<strong>do</strong> a epizootia reinar epidemicamente deve<br />

insistir-se sobre o emprego <strong>do</strong>s mesmos meios e recom-<br />

men<strong>da</strong>r, que o ga<strong>do</strong> seja tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> curral, onde estava<br />

para outros distantes por mais ou menos tempo, que<br />

faça viagens repeti<strong>da</strong>s, e que a alimentação seja mu<strong>da</strong>­<br />

<strong>da</strong>. 5 Gtdpon cita <strong>do</strong>is exemplos, que confirmam, o que fi­<br />

ca dito.<br />

i No primeiro diz elle, que fallan<strong>do</strong> com um culti­<br />

va<strong>do</strong>r lhe perguntara se o seu ga<strong>do</strong> costumava ser af-<br />

fecta<strong>do</strong> <strong>da</strong> epizootia, o qual lhe respondera, que muito<br />

poucas vezes, e que até tinha compra<strong>do</strong> rebanhos dizi­<br />

ma<strong>do</strong>s por essa <strong>do</strong>ença, e que ella se dissipava logo que<br />

elle tomava posse <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Guipon passou então ao exa­<br />

me dó terreno, que fornecia o pasto, e notou, que esta-


64<br />

va 1 situa<strong>do</strong> n'um estreito valle húmi<strong>do</strong> e pouco : fértil;<br />

perguntou então se o ga<strong>do</strong> se tornava anemico, e elle<br />

disse-lhe que sim, sen<strong>do</strong> força<strong>do</strong> a <strong>da</strong>r-lhe ferro muitas<br />

vezes. Concluiu então o auctor, que além <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça<br />

de lugar,- era necessário mu<strong>da</strong>r também a; alimentação.<br />

O segun<strong>do</strong> exemplo é o seguinte. Um cultiva<strong>do</strong>r<br />

ven<strong>do</strong>-que o ga<strong>do</strong> d'um visinho era bastante dizima<strong>do</strong><br />

pela epizootia, aconselhou-o a que o man<strong>da</strong>sse para uma<br />

floresta densa e húmi<strong>da</strong>, que estava d'ali distante. algu­<br />

mas legoas; a. mortali<strong>da</strong>de, que ain<strong>da</strong> foi sensivel nos<br />

primeiros dias <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> á dita floresta, des-<br />

appareceu, mas continuan<strong>do</strong> a ficar ali morreu de ca­<br />

chexia.<br />

Não deixarei de mencionar outro caso também im­<br />

portante: um agricultor, que parecia habitar n'um paiz<br />

de boas condições hygienicas, notou que o seu ga<strong>do</strong> era<br />

dizima<strong>do</strong> pela epizootia, resolveu man<strong>da</strong>l-o para uns pa­<br />

rentes, que moravam distantes 20 legoas, e logo, que o<br />

ga<strong>do</strong> lá. chegou, a mortali<strong>da</strong>de parou.<br />

Do que fica dito se conclue, que a mu<strong>da</strong>nça de<br />

logar, bem como <strong>do</strong> pasto é o melhor meio de evitar a<br />

epizootia. Muitas vezes não é necessário mu<strong>da</strong>r o ga<strong>do</strong><br />

pára muito longe; ha exemplos de cultiva<strong>do</strong>res não sof-<br />

frerem na<strong>da</strong> ou quasi na<strong>da</strong> nos seus rebanhos, ao passo<br />

que os visinhos soffrem per<strong>da</strong>s consideráveis,, por isso<br />

que a alimentação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> não está em tão boas condi­<br />

ções hygienicas pela differença <strong>do</strong> terreno.<br />

Em Beauce os pastores, conduzem o ga<strong>do</strong> affecta-<br />

<strong>do</strong>- <strong>do</strong> sangue <strong>do</strong> baço para Perche, planura visinha, on-


65<br />

de o terreno é argilo-silieoso, compacto, frio e ! íiumi<strong>do</strong>,<br />

interrompi<strong>do</strong> por encostas ricas em pra<strong>do</strong>s naturaes,<br />

abriga<strong>do</strong>s por arvores, e mattas, que os não deixam sec-<br />

car de verão, e entreteem a humi<strong>da</strong>de e frescura <strong>da</strong><br />

atmosphera. '-'"{' ''<br />

B Gruipon termina fallan<strong>do</strong> d'um agricultor, que ten-<br />

<strong>do</strong> um rebanho de 1:000 a 1:500 animaes, notou qué<br />

ali an<strong>da</strong>va a epizootia, recommen<strong>do</strong>u que o ga<strong>do</strong> fosse<br />

alimenta<strong>do</strong> pela manhã ce<strong>do</strong> com pasto coberto d© orva­<br />

lho, e a mortali<strong>da</strong>de parou. Continuou com este mo<strong>do</strong> de<br />

alimentação, acompanha<strong>da</strong> d'um exercício mais repeti<strong>do</strong><br />

e não tornou a soffrer per<strong>da</strong>s, ao passo que os visinhos<br />

continuaram a tel-as consideráveis. Mais uma prova de<br />

que a mu<strong>da</strong>nça de alimentação é util.<br />

MEIOS HYGIEÍÍÍCOS CURATIVOS. Estes meios diri-<br />

gem-se mais á causa directa, ao mal existente: a, primei­<br />

ra cousa a fazer é o isolamento <strong>do</strong>s indivíduos <strong>do</strong>entes,<br />

depois o apartamento, a destruição ou enterramento prom-<br />

pto <strong>do</strong>s animaes mortos, bem como de to<strong>da</strong> a substan­<br />

cia, que pode conter e communicar o viras.<br />

Muitas teem si<strong>do</strong> as tentativas para atacar o mal<br />

no seu começo ou para o fazer abortar, assim teem si<strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>s os saes de ferro, de so<strong>da</strong>, o enxofre, o arsé­<br />

nico em bebi<strong>da</strong>, mas nãò teem <strong>da</strong><strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> algum,<br />

como o mostram as experiências d'animaes sujeitos a<br />

este tratamento compara<strong>da</strong>s com igual numero sem tra­<br />

tamento algum. Guipon aconselha o desenvolvimento<br />

permanente de vapores ammoniacaes no meio <strong>do</strong>s cur-<br />

raes, e continua dizen<strong>do</strong>,!, que talvez fosse preferível<br />

5


GB<br />

a dissolução <strong>da</strong> ammoniaca e seus saes lança<strong>da</strong> no<br />

pasto.<br />

As sangrias teem si<strong>do</strong> emprega<strong>da</strong>s sem resulta<strong>do</strong><br />

algum favorável, como em outra parte fica dito.<br />

Do que fica exposto se conclue, que é só na hy­<br />

giene, que podemos fun<strong>da</strong>r a maior esperança para em-<br />

pedir a explosão <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença, e para moderar os estra­<br />

gos.<br />

Relativamente ás pessoas, que curam ou despojam<br />

os animaes carbunculosos, é necessário recommen<strong>da</strong>r-lhcs,<br />

que evitem um contacto muito prolonga<strong>do</strong>, que não le­<br />

vem os de<strong>do</strong>s sujos de materia virulenta por descui<strong>do</strong><br />

ou para coçar, sobre alguma parte <strong>do</strong> corpo, ' porque<br />

1 A esse respeito tivemos occasião de observar em Agosto de<br />

68, o que se segue:<br />

Um lavra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> freguezia de Valega, concelho de Ovar,<br />

comprou uma junta de bois no dia 6 <strong>do</strong> corrente, e no dia 9 appareceu<br />

um morto. Sen<strong>do</strong> a carne reparti<strong>da</strong> ao povo no dia 10,<br />

resultou o que passo a narrar. O baço <strong>do</strong> boi estava muito entumeci<strong>do</strong>,<br />

cheio de phlyctenas, e em princípios de putrefacção. No<br />

dia 18 appareceram phlyctenas, no pescoço e face <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong><br />

d'um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> boi, acompanha<strong>da</strong>s de grande comichão e<br />

no dia 19, já o pescoço se confundia com o tronco, haven<strong>do</strong> além<br />

d'isso uma grande pústula maligna na face esquer<strong>da</strong>. Veio o dyspnea.,<br />

o coma, etc., e no dia 2t falleceu o <strong>do</strong>ente. Este homem tinha<br />

esfola<strong>do</strong>, amanha<strong>do</strong> c corta<strong>do</strong> a carne <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> boi.<br />

Um irmão <strong>do</strong> defunto, que o tinha aju<strong>da</strong><strong>do</strong> no mesmo mister,<br />

apresentou-me hoje cinco grandes pústulas malignas no ante-braço<br />

esquer<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> de diâmetro as maiores aproxima<strong>da</strong>mente quatro<br />

centímetros. Alem d'isso tinha uma no de<strong>do</strong> pollegár esquer<strong>do</strong> e<br />

outra no <strong>do</strong>rso <strong>da</strong> mão direita, ten<strong>do</strong> de diâmetro aproxima<strong>da</strong>mente<br />

cinco centímetros. Tinha também um grande numero d'ellas<br />

pequenas nos lábios, os dentes abala<strong>do</strong>s, as gengives descar.<br />

na<strong>da</strong>s e um hálito féti<strong>do</strong>; O <strong>do</strong>ente disse-me, que na<strong>da</strong>, d'isto ti-


67-<br />

deve ser por este meio, que numerosas vezes o contagio<br />

directo se tenha produzi<strong>do</strong> em logaves occultos; que la­<br />

vem immediatamente as mãos e ante-braços com agua<br />

de sabão, ou com lixivia de cinza, ou sobre tu<strong>do</strong> com<br />

uma solução de chlororeto de sódio para neutralisai- as<br />

proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s substancias carbunculosas.<br />

As lavagens com o aci<strong>do</strong> pbenico e as unturas<br />

com gorduras teem si<strong>do</strong> aconselha<strong>da</strong>s para diminuirem<br />

as facul<strong>da</strong>des absorventes <strong>da</strong> pelle. Deve recommen<strong>da</strong>r-<br />

se, que não toquem nem se deitem em logares occupa-<br />

<strong>do</strong>s por animaes carbunculosos.<br />

Se qualquer individuo se cortar, quer tratan<strong>do</strong>,<br />

quer operan<strong>do</strong> algum animal carbunculoso, deve fazer<br />

nha antes <strong>do</strong> apparecimento <strong>da</strong>s pústulas malignas. Vi <strong>do</strong>is homens<br />

visinhos d'estes, os quaes estavam receben<strong>do</strong> a carne <strong>da</strong><br />

mão <strong>do</strong>s 'corta<strong>do</strong>res, e entregah<strong>do</strong>-a ao povo, que tinham um d'elles<br />

uma pústula maligna no ante-braço direito, cujo diâmetro era<br />

aproxima<strong>da</strong>mente de cinco centímetros, ten<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o braço entumeci<strong>do</strong><br />

e a sensibili<strong>da</strong>de perdi<strong>da</strong>, o outro uma menor no ante-braço<br />

esquer<strong>do</strong>.<br />

Finalmente, vi uma mulher com uma pústula maligna no de<strong>do</strong><br />

indica<strong>do</strong>r direito. Esta mulher tinha esta<strong>do</strong> a cortar a carne,<br />

que tinha i<strong>do</strong> buscar <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> bei para coser, tinha-a lava<strong>do</strong> e<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong> a agua a um porco, o qual morreu.<br />

Contou-me pessoa digna de credito, que vira outra mulher<br />

com uma pústula maligna no de<strong>do</strong> medio, origina<strong>da</strong> por ter ti<strong>do</strong><br />

o de<strong>do</strong> em contacto com a carne, quan<strong>do</strong> a levava para casa. Disse-me<br />

mais que um cão <strong>do</strong> lavra<strong>do</strong>r, a quem havia morri<strong>do</strong> o boi,<br />

morrera também, e que os porcos morreriam se a veterinária<br />

lhes não valesse.<br />

Quasi to<strong>da</strong>s as pústulas estavam cerca<strong>da</strong>s de phlyctenas.. —<br />

JOÃO VALENTE DA COSTA. (Commercio <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> de 28 de Agosto de<br />

1868.)


m<br />

sangrar a, feri<strong>da</strong> o mais ce<strong>do</strong> possível, empregan<strong>do</strong> para<br />

iss,o a pressão ou mesmo ventosas e depois embebel-a<br />

d'ammoniaca, pu melhor ain<strong>da</strong>, cautérisai-a com o nitra­<br />

to de prata. ;., :,., -, | |<br />

».° ileios admiuistraiivos<br />

Quan<strong>do</strong> uma epizootia carbunculosa se manifesta,<br />

quasi sempre se passam duas cousas igualmente deplo­<br />

ráveis e perigosas. O cultiva<strong>do</strong>r illude-se ou persuadé-<br />

se!(que o mal c desconheci<strong>do</strong>, que não commctteu falta<br />

alguma para que elle.apparecesse, e que seus visinhos,<br />

que usavam <strong>da</strong>s mesmas precauções, não se queixavam<br />

de que <strong>do</strong>ença alguma tivesse ataca<strong>do</strong> seu rebanho, e.<br />

porisso occulta cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente, o que existe no seu ga­<br />

<strong>do</strong>, ou, suspeitan<strong>do</strong>, que algum <strong>do</strong>s seus animaes está<br />

affecta<strong>do</strong>, +rata logo de o vender por to<strong>do</strong> o preço sem se<br />

importar <strong>do</strong> mal, nem <strong>da</strong>mno, que d'àhi pôde resultar.<br />

Outros, lembran<strong>do</strong>-se de que a mu<strong>da</strong>nça de logar e as<br />

viagens são salutares, vão vender o ga<strong>do</strong> a feiras dis­<br />

tantes, e mesmo para ficarem livres <strong>do</strong> to<strong>do</strong> e qual­<br />

quer <strong>da</strong>mno. O compra<strong>do</strong>r movi<strong>do</strong> pelo mesmo inte­<br />

resse, ou pelas mesmas convicções, occulta o que' sabe,<br />

e vende, o que lhe parece affecta<strong>do</strong>, bom ou mau. D'es-<br />

/


m<br />

te mo<strong>do</strong> o mal vai. propagar­se, onde era desconheci<strong>do</strong>,<br />

ain<strong>da</strong> que as circumstancias não sejam muito favoráveis<br />

ao seu desenvolvimento. . ,|<br />

­.­, i;Se algum animal morre, o <strong>do</strong>no finge,ignorar:a<br />

causa <strong>da</strong> morte ou .a dissimula, man<strong>da</strong> cortar o ca<strong>da</strong>^<br />

ver, conserva ou vende a pelle (para não perder tu­<br />

<strong>do</strong>,^, é man<strong>da</strong> enterrar o ca<strong>da</strong>ver por um cria<strong>do</strong>,,:<br />

ou encarrega qualquer individuo de o remover d'ali,<br />

resultan<strong>do</strong> algumas vezes graves inconvenientes» Air<br />

gumas vezes;, quan<strong>do</strong> o animal está, a morrer/, aca­<br />

bam de ,o matar, e repartem­n'o pelo povo por módicas<br />

quantias. i<br />

E' d'esté mo<strong>do</strong>, que cria<strong>do</strong>s, feitores de quintas,<br />

compra<strong>do</strong>res, de pelles, de II, corta<strong>do</strong>res, etc., contra­<br />

hem a <strong>do</strong>ença, e geralmente por não usarem <strong>da</strong>s precau­<br />

ções as mais simples, as mais elementares, que não bas­<br />

ta só aconselhar, é necessário impol­as e prescrevel­as<br />

rigorosamente debaixo <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s auctori­<br />

<strong>da</strong>des locaes. • ■ . •<br />

Se a ven<strong>da</strong> <strong>do</strong>s animaes carbunculosos vivos, ou<br />

mortos fosse submetti<strong>da</strong> a uma policia tão vigilante co­<br />

mo a <strong>do</strong> contraban<strong>do</strong>, de certo que os casos <strong>do</strong> carbún­<br />

culo e <strong>da</strong>s diversas epizootias se tornariam mais ra­<br />

ras. llixjhjjISH] olui : , -. tiiiivi<br />

, < ;Em resumo, para que se. evite o mais possível a<br />

epizootia nos animaes, e por conseguinte as <strong>do</strong>enças car­<br />

bunculosas na espécie humana, é necessário, que se po­<br />

1 Veja­se a nota pag. 66.


70<br />

nham em pratica as prescripções seguintes, as quaes vem<br />

aponta<strong>da</strong>s por Guipon. '<br />

1.° Nenhum proprietário pôde vender ga<strong>do</strong> algum<br />

em quanto não tiver desappareci<strong>do</strong> a epizootia de seus re­<br />

banhos. Depois poderá fazel-o, com tanto que a ven<strong>da</strong><br />

seja acompanha<strong>da</strong> por um attesta<strong>do</strong> <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> concelho 1 ed'um veterinário, declaran<strong>do</strong> desde que<br />

tempo deixou de se manifestar a <strong>do</strong>ença contagiosa no<br />

seu ga<strong>do</strong>.<br />

2.° Logo que alguma <strong>do</strong>ença contagiosa se de­<br />

clare n'um rebanho, o proprietário ou outra qualquer<br />

pessoa deve informar o administra<strong>do</strong>r.<br />

3.° Logo que a auctorí<strong>da</strong>de superior tiver noticia,<br />

de que ha no seu concelho algum animal com moléstia<br />

contagiosa, deve man<strong>da</strong>r um veterinário examinal-o. Es­<br />

ta visita deve ser repeti<strong>da</strong> to<strong>do</strong>s os mezes, até que o mal<br />

desappareça.<br />

4.° Conheci<strong>da</strong> a existência de epizootia deve ser<br />

annuncia<strong>da</strong>, para que o publico conheça o esta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />

cousas e as medi<strong>da</strong>s de precaução.<br />

5.° Quan<strong>do</strong> a epizootia reinar n'uni curral, o ga­<br />

<strong>do</strong> será isola<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> que não cause <strong>da</strong>mno algum.<br />

6.° To<strong>do</strong> o animal suspeito será abati<strong>do</strong> preven­<br />

tivamente sen<strong>do</strong> o <strong>do</strong>no indemnisa<strong>do</strong> pelo município.<br />

7.° To<strong>do</strong> o animal, que morrer de carbúnculo se­<br />

rá corta<strong>do</strong> em pe<strong>da</strong>ços, comprehenden<strong>do</strong> a pelle, e enter?<br />

ra<strong>do</strong> a um metro e meio de profundi<strong>da</strong>de no mesmo<br />

i Obra cit. pag. 238 e seguintes.


71<br />

dia <strong>da</strong> sua morte. Os pe<strong>da</strong>ços serão enterra<strong>do</strong>s mistura­<br />

<strong>do</strong>s com cal viva.<br />

[i 8.° Os esfola<strong>do</strong>res serão preveni<strong>do</strong>s <strong>da</strong> causa de<br />

morte para que se acautelem, principalmente cortan<strong>do</strong>­se.<br />

9.° Nenhuma pelle de animal morto de carbúncu­<br />

lo poderá ser, entregue á industria. *<br />

10.° Os curraes, onde reinou a epizootia, devem<br />

desinfectar­se pelos meios apropria<strong>do</strong>s, que a sciencia<br />

aconselha, e a que já me referi em outra parte, bem<br />

como não se deve lá metter ga<strong>do</strong> por algum tempo.<br />

Guipon termina dizen<strong>do</strong>, que não se pôde preve­<br />

nir a extensão <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença, senão exercen<strong>do</strong> uma severa<br />

vigilância relativamente aos proprietários de animaes<br />

mortos d'inflammaçao gangrenosa, e obrigan<strong>do</strong>­os a enter­<br />

rar o ca<strong>da</strong>ver immediatamente a uma certa profundi­<br />

<strong>da</strong>de.<br />

Vicherat diz, que a boa hygiene e uma alimenta­<br />

ção conveniente é a melhor barreira contra a epizootia<br />

carbunculosa.<br />

Loyer prescreve o isolamento absoluto <strong>do</strong>s indiví­<br />

duos <strong>do</strong>entes, recommen<strong>da</strong> que ninguém se sirva <strong>do</strong>s ob­<br />

jectos <strong>do</strong> penso, e <strong>do</strong> trabalho ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> toca<strong>do</strong>s pelos<br />

ditos <strong>do</strong>entes, sem que estejam completamente desinfe­<br />

cta<strong>do</strong>s, que se limpe bem to<strong>do</strong> o alojamento e os objectos<br />

ahi conti<strong>do</strong>s, e que se tratem <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> os ani­<br />

i Segun<strong>do</strong> algumas pessoas, as pelles carbunculosas conhecer­se­não<br />

por uma côr d'um rubro vivo <strong>da</strong> superfície interna,<br />

■luan<strong>do</strong> estiverem frescas, e d'um negro mais ou menos pronuncia<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> estiverem seccas.<br />

i<br />

i


12<br />

mães, que estiveram sujeitos ás mesmas causas, que os<br />

affecta<strong>do</strong>s.<br />

Ahi fica exposto tu<strong>do</strong> quanto me parece de util ao<br />

homem relativamente ao tratamento <strong>da</strong> pústula e <strong>do</strong><br />

œdema malignos; é o quanto pude colher <strong>do</strong>s livros que<br />

compulsei.<br />

FIM.


PROPOSIÇÕES<br />

ANATOMIA.—Seguimos a opinião <strong>do</strong>s que affirmam<br />

a existência de fibras musculares no baço.<br />

PffrsiOLOGlA. — O baço é um órgão forma<strong>do</strong>r de<br />

fibrina á custa de glóbulos sanguíneos que se destroem.<br />

MATERIA MEDICA.—Não ha medicamentos aborti-<br />

TOS.<br />

PATHOLOGIA EXTERNA. — A extracção <strong>do</strong> cancro<br />

apenas é uma cura palliativa.<br />

MEDICINA OPERATÓRIA.—Na operação <strong>da</strong> talha deve<br />

preferir-se o processo em <strong>do</strong>is tempos de Vi<strong>da</strong>l (de<br />

Cassis).<br />

PATHOLOGIA INTERNA.—A auscultação e a percussão<br />

são meios auxiliares para o conhecimento e diagnostico<br />

<strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> thorax, e indispensáveis em algumas<br />

d'ellas.<br />

ANATOMIA PATHOLOGICA.—A chama<strong>da</strong> cellula cancrosa<br />

não é um elemento especifico <strong>do</strong> cancro.<br />

PARTOS.—Só se deverá fazer a operação cesarianna,<br />

quan<strong>do</strong> as esperanças de salvar a puerpera por outros<br />

meios estiverem inteiramente perdi<strong>da</strong>s, bem como<br />

debaixo de seu consentimento.<br />

HYGDSNE PUBLICA.—A prostituição é um obstáculo<br />

ao augmente <strong>da</strong> população.<br />

Approva<strong>da</strong>. Pôde imprimir-se.<br />

<strong>Porto</strong>, 22 de junho de 1870. <strong>Porto</strong>, 23 de junho de 1870.<br />

Jkaccâo- y^into-, too*ía ^titc,<br />

Presidente, Director.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!