VOZ OPERARIA - Memórias Reveladas
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i . . ..<br />
<strong>VOZ</strong> <strong>OPERARIA</strong><br />
A classe operária! Aos trabalhadores!<br />
A todos os lutadores pela paz<br />
mundial, pela liberdade, pela independência<br />
nacional e pelo progresso<br />
social!<br />
Aos comunistas e aos amigos de<br />
nosso Partido!<br />
A 7 de novembro próximo, os<br />
povos do mundo inteiro comemoram<br />
o 50." aniversário do triunfo da gloriosa<br />
Revolução Russa, que assinalou<br />
o inicio de uma nova época no<br />
desenvolvimento da sociedade humana<br />
— a época da passagem do<br />
capitalismo ao socialismo, a época<br />
8o triunfo do marxismo-leninismo<br />
em escala mundial.<br />
Passados cinqüenta anos, já se<br />
pode avaliar em toda sua magnitude<br />
o alcance e as conseqüências<br />
da primeira revolução proletária<br />
triunfante, que acabou na Rússia<br />
com a dominação dos latifundiários<br />
e capitalistas e dos monopólios estrangeiros.<br />
Nem a invasão dos exércitos<br />
das potências imperialistas<br />
após a vitória, nem a criminosa sabotagem<br />
articulada contra a consolidação<br />
do poder revolucionário, nem<br />
ai agressão nazifascista durante a<br />
Segunda Guerra Mundial — nada<br />
Conseguiu impedir a construção vitpriosa<br />
do socialismo e seu avanço<br />
no sentido da criação das bases materiais<br />
da sociedade comunista, a<br />
nova sociedade que tem a missão<br />
histórica de "libertar todos os homens<br />
da desigualdade social, de todas<br />
as formas de opressão e exploração<br />
e dos horrores da guerra, e<br />
de garantir no mundo a Paz, o<br />
Trabalho, a Liberdade, a Igualdade,<br />
a Fraternidade e a Felicidade<br />
a todos os povos."<br />
A contribuição heróica dos povos<br />
soviéticos à vitória mundial sobre<br />
o nazifascismo fêz ruir as calúnias<br />
dos porta-vozes do imperialismo e<br />
da reação contra o regime soviético.<br />
E os êxitos dos povos soviéticos,<br />
tanto no terreno do desenvolvimento<br />
econômico e social, como no âmbito<br />
das ciências, da técnica e da<br />
cultura em geral, desmascararam a<br />
propaganda venenosa de todos aque<br />
Múmero XXXIII — Novembro de 1967 NCr. $ 0,10<br />
.<br />
U- AH tío x^.o. et-ij flcP-H/3,. L<br />
ORGAO CENTRAL<br />
DO<br />
PARTIDO COMUNISTA<br />
BRASILEIRO<br />
Manifesto do Comitê Central do PCB<br />
Os 50 Anos da União Soviética Comprovam<br />
0 Triunfo Mundial do Socialismo<br />
les que pretenderam, durante anos<br />
seguidos, ocultar ou deturpar os fatos.<br />
Na União Soviética, como acontece<br />
com as demais nações socialistas,<br />
foram liquidadas definitivamente<br />
as calamidades sociais que flagelam<br />
todos os povos do mundo capitalista:<br />
as crises econômicas, a<br />
inflação, a falta de trabalho, o<br />
analfabetismo, a miséria, a fome.<br />
Em seus cinqüenta anos de luta e<br />
construção, converteu-se a União<br />
Soviética em grande potência socialista.<br />
üs salários reais sobem continuamente:<br />
aumentaram de 61%, entre<br />
1954 e 1964. E' constante a diminuição<br />
dos preços dos artigos de<br />
consumo popular. O aluguel de casa<br />
não excede a 4 ou 5% do salário<br />
recebido pelo chefe de família.<br />
As condições de habitação melhoram<br />
cada vez mais: de 1958 a<br />
1965, foram entregues ao povo cerca<br />
de 80 milhões de residências<br />
novas. A assistência médica e farmacêutica<br />
é gratuita. O nível de<br />
vida média, que era de 32 anos<br />
antes da Revolução, passou a 70<br />
anos na atualidade. A jornada de<br />
trabalho foi reduzida a 7 horas (6<br />
horas, no subsolo e para menores<br />
de 18 anos). E já foi adotada a<br />
semana de cinco dias" de trabalho<br />
e dois de repouso. A instrução é<br />
gratuita. iOfo dos operários e 23%<br />
dos camponeses possuem instrução<br />
média ou superior. Atualmente, são<br />
graduados 125 mil engenheiros. E<br />
a União Soviética já conta com<br />
mais de 400 mil cientistas.<br />
São estes alguns êxitos dos povos<br />
soviéticos, files confirmam as previsões<br />
dos fundadores do socialismo<br />
científico e fazem da União<br />
Soviética o foco luminoso para o<br />
qual se voltam todos os povos que<br />
lutam contra a miséria e o atraso,<br />
contra a opressão imperialista e a<br />
exploração dos latifundiários e capitalistas,<br />
pelo progresso social, por<br />
um mundo livre da exploração do<br />
homem pelo homem.<br />
Mas os povos voltam-se para a<br />
União Soviética também porque nela<br />
vêem o baluarte da paz mun<br />
dial. A poltica leninista de paz e<br />
de luta pela coexistência pacífica<br />
entre Estados de regimes sociais diferentes<br />
contribui decisivamente para<br />
salvaguardar a paz no mundo —<br />
é a serviço da paz mundial que<br />
está o crescente poderio dos povos<br />
soviéticos.<br />
Intransigentemente fiel aos ensinamentos<br />
de Lênin, o Estado soviético,<br />
ao mesmo tempo que não<br />
admite a intervenção nos assuntos<br />
internos de outros povos, apoia firmemente<br />
todos os povos que lutam<br />
pela liberdade e a independência<br />
nacional. Com seu apoio têm contado<br />
o povo heróico do Vietnam,<br />
para enfrentar a brutal e vergonhosa<br />
agressão da maior potência imperialista,<br />
e o valoroso povo de<br />
Cuba, para construir vitoriosamente<br />
o socialismo a menos de 200 quilômetros<br />
do território norte-americano.<br />
Torna-se cada vez mais claro para<br />
os povos de todo o mundo o<br />
contraste entre a política de paz<br />
da União Soviética e a política<br />
reacionária e agressiva dos imperialistas,<br />
em primeiro lugar dos<br />
imperialistas dos Estados Unidos.<br />
Amigos e camaradas!<br />
Para a classe operária e demais<br />
forças progressistas de nosso país,<br />
constitui poderoso estímulo saber<br />
que na dura luta que sustentamos<br />
contra o opressor norte-americano e<br />
a reação interna temos de nosso lado<br />
a gloriosa e invencível União<br />
Soviética. i<br />
Os comunistas do Brasil, que sei<br />
orgulham de sempre ter compreendido<br />
e avaliado com acerto o<br />
papel histórico do Estado soviético<br />
e de glorioso Partido Comunista da<br />
União Soviética, comemoram com<br />
júbilo a passagem do 50." aniversário<br />
da Grande Revolução Socialista<br />
de Outubro. E se dirigem ao<br />
povo brasileiro, conclamando-» à<br />
unidade e à ação, à luta pela liberdade,<br />
pela independência, pelo<br />
progresso social.<br />
Unâmo-nos todos, acima de divergências<br />
políticas, de posições de<br />
classe, de opiniões filosóficas e sentimentos<br />
religiosos, unâmo-nos como<br />
democratas e patriotas para lutar<br />
juntos contra o regime militarista<br />
reacionário que nos oprime a<br />
serviço do explorador estrangeiro,<br />
contra a atual ditadura, pela conquista<br />
das liberdades democráticas<br />
e de um governo que as garanta,<br />
abrindo caminho para a completa<br />
libertação de nosso povo da dominação<br />
imperialista e para a liquidação<br />
do monopólio da propriedade<br />
da terra pelos latifundiários.<br />
Dirigimo-nos particularmente à<br />
classe operária c a todos os trabalhadores,<br />
das cidades e do campo,<br />
concitandoKjs a que se organizem,<br />
fortaleçam suas organizações e intensifiquem<br />
as lutas em defesa de<br />
seus direitos e interesses. E' neces-<br />
(Continua na 2* página)
Manifesto<br />
doCC<br />
do PCB |<br />
(Continuação da 1* página,)<br />
sário combater com firmeza e pôr<br />
abaixo a política salarial da ditadura,<br />
que procura descarregar exatamente<br />
sobre os ombros dos que<br />
trabalham, aumentando suas privações<br />
e sofrimentos, o peso das dificuldades<br />
que o pais atravessa,<br />
Dirigimo-nos a todas as pessoas<br />
amantes da paz, que avaliam os<br />
horrores de uma guerra termonuclear<br />
e- contra ela lutam, e apelamos<br />
para que juntos intensifiquemos<br />
em nosso país a luta contra<br />
uma Terceira Guerra Mundial, exigindo<br />
a cessação dos bombardeios<br />
americanos na República Democrática<br />
do Vietnam e a retirada das<br />
tropas invasoras do Vietnam do<br />
Sul. Com a nossa solidariedade ativa<br />
ao ; 3vo vietnamita, contribuiremos<br />
pL a apagar o mais perigoso<br />
foco de guerra mundial. Ao mesmo<br />
temp i, é indispensável que nos<br />
mantenhamos vigilantes em solidariedade<br />
ao povo cubano, que continua<br />
ameaçado de intervenção armada<br />
pelo governo dos Estados Unidos.<br />
Para todos nós, latino-americanos,<br />
defender a Revolução Cubana<br />
é lutar por nossa própria independência,<br />
é combater o inimigo<br />
comum e sua poltica de intervenção<br />
nos países da América Latina.<br />
Os cinqüenta anos do Estado Soviético<br />
comprovam o triunfo mundial<br />
do socialismo. O capitalismo<br />
está moribundo e seus estertores não<br />
poderão impedir a vitória dos povos<br />
que lutam pela emancipação nacional<br />
e social, pela conquista do<br />
novo mundo do comunismo, livre<br />
para todo o sempre da exploração<br />
do homem pelo homem.<br />
Salve a Grande Revolução Socialista<br />
de Outubro!<br />
Viva a unidade internacional do<br />
proletariado e dos povos do mundo<br />
inteiro!<br />
Outubro de 1967<br />
O Comitê Central do<br />
Partido Comunista Brasileiro<br />
Bt/HJiWo •n-o-t»,fcSMÍi„x<br />
Mensagem do Comitê Central do PCB Sôbreo^<br />
50° Aniversário da Revolução Russa<br />
Queridos camaradas:<br />
Os comunistas de todo o Brasil, certos<br />
de que traduzem os sentimentos da<br />
classe operária e demais forças progressistas<br />
de nosso país, festejam com alegria<br />
e profunda emoção o 50.° aniversário<br />
da Grande Revolução Socialista de<br />
Outubro e enviam felicitações as mais<br />
calorosas ao Partido Comunista da União<br />
Soviética e,. por seu intermédio, aos povos<br />
soviéticos.<br />
Evocamos neste momento a figura<br />
gigantesca de Lênin e lembramos seus<br />
companheiros do glorioso Partido Bolchevique<br />
que levou o proletariado à vitória<br />
em 1917. Recordamos os gloriosos filhos<br />
do povo soviético que rechaçaram os intervencionistas<br />
imperialistas, seus irmãos<br />
que construíram a nova sociedade socialista<br />
e os mártires e heróis da grande<br />
epopéia da .Guerra Pátria, que libertou<br />
a humanidade do nazifascismo.<br />
Os grandes êxitos dos povos soviéticos<br />
no terreno econômico e social, suas<br />
vitórias espetaculares no âmbito das ciências,<br />
da técnica e da cultura em geral,<br />
multiplicam nossas forças, elevam nosso<br />
ânimo combativo,. estimulam-nos para o<br />
comberte contra o opressor imperialista,<br />
contra os latifundiários e grandes capitalistas,<br />
para a luta histórica de nosso povo<br />
pela paz mundial, pela independência,<br />
pelas liberdades e pelo progresso<br />
soclial.<br />
Saudámos com vivo entusiasmo a firmeza<br />
com que o Estado Soviético aplica<br />
a política leninista de paz e de luta pela<br />
coexistência pacífica entre Estados de regimes<br />
sociais diferentes, assim como o<br />
superior desinteresse com que nos seus<br />
cinqüenta anos de vida tem apoiado a<br />
Destituição do<br />
Comitê Estadual<br />
O Comitê Estadual de São Paulo<br />
aprovou, por maioria, uma resolução<br />
em que afirma não respeitar e nem reconhecer<br />
nenhuma das decisões tomadas<br />
pelo Comitê Central em sua última reunião.<br />
E' evidente que, com essa decisão,<br />
a maioria do Comitê Estadual de São<br />
Paulo viola, sob diversos aspectos, os<br />
Estatutos e assume uma atitude antipartidária,<br />
procurando impedir que as resoluções<br />
do Comitê Central sejam transmitidas<br />
à organização do Partido no Estado<br />
de São Paulo e levadas à prática.<br />
Diante desses fatos e de acordo com<br />
a autorização para que adote e aplique<br />
todas as medidas necessárias ao cumprimento<br />
das decisões tomadas pelo Comitê<br />
Central, a Comissão Eexcutiva resolve:<br />
a todos os povos que lutam contra os<br />
agressores imperialistas, pela liberdade e<br />
pelo progresso. i<br />
Os comunistas do Brasil, que se orgulham<br />
de terem sempre compreendido<br />
e avaliado com acerto o papel histórico<br />
do Estado Soviético e do Partido Comunista<br />
da União Soviética, tudo continuarão<br />
fazendo para intensificar a luta do<br />
povo brasileiro em defesa da paz mundial,<br />
contra a política reacionária e<br />
agressiva dos círculos imperialistas, pela<br />
imediata liquidação dos focos de guerra,<br />
desenvolvendo para tanto a solidariedade<br />
ao heróico povo do Vietnam.<br />
Ao festejarmos a data histórica do<br />
triunfo da Grande Revolução Socialista<br />
de Outubro, que assinala o início de uma<br />
nova época no desenvolvimento da sociedade<br />
— a época do triunfo do marxismo-leninismo<br />
em escala mundial, estamos<br />
certos de que novos e decididos<br />
passos serão dados pelos comunistas de<br />
todo o mundo no sentido da coesão e<br />
unidade do movimento comunista internacional,<br />
condição das mais importantes<br />
para que seja salvaguardada a paz mundial<br />
e acelerada a marcha dos povos<br />
no caminha do socialismo.<br />
Salve a Grande Revolução Socialista ,<br />
de Outubro!<br />
Viva a solidariedade internacional f<br />
do prefetariade!<br />
Viva a União Soviética, baluarte da<br />
paz mundial!<br />
Pela unidade do movimento comunista<br />
internacional!<br />
Glória eterna ao grande Lênin!<br />
O COMITÊ CENTRAL DO PARTIDO<br />
COMUNISTA BRASILEIRO.<br />
b)<br />
de São Paulo<br />
Destituir o Comitê Estadual de<br />
São Paulo.<br />
Nomear uma comissão encarregada<br />
de dirigir, temporariamente,<br />
a organização partidária no<br />
Estado de São Paulo, tendo em<br />
vista a normalização da atividade<br />
do Partido no Estado e o<br />
cumprimento das Resoluções do<br />
Comitê Central.<br />
c) Suspender de seu cargo de<br />
membro do Comitê Central, até<br />
a próxima reunião, o camarada<br />
Toledo.<br />
Outubro de 1967<br />
A Comissão Executiva do Comitê<br />
Central do Partido Comunista Bra<br />
sileiro.<br />
I
Guevara:<br />
Exemplo de Lealdade e Abnegação<br />
À Causa da Libertação dos Povos<br />
A humanidade progressista e revolucionária lamenta<br />
a perda de «Che» Guevara. Argentino de origem,<br />
o heróico comandante guerrilheiro dedicou sua<br />
vida à luta pela libertação dos povos da América<br />
Latina. Com a gloriosa revolução cubana — íoi um<br />
dos 84 integrantes do grupo que de desembarque<br />
do Granma — «Che» Guevara adquiriu projeção continental,<br />
como combatente corajoso e audaz, comandante<br />
hábil e experimentado, e teórico da luta de<br />
guerrilhas nas condições do continente americano.<br />
.«Che» Guevara tombou lutando com bravura em<br />
defesa dos interesses do povo boliviano, contra as<br />
forças reacionárias locais e seus amos, os imperialistas<br />
norte-americanos. Mas não morreu no campo<br />
de batalha. Foi covarde e friamente assassinado por<br />
oficiais bolivianos e seus conselheiros militares dos<br />
Estados Unidos. Esse crime desperta revolta e indignação.<br />
Ferido nas pernas e feito prisioneiro, «Che»<br />
Guevara foi assassinado vinte e quatro horas depois.<br />
Seu cadáver, exposto à curiosidade pública, apresentou<br />
ferimentos à bala na garganta, nos pulmões e em<br />
pleno coração. Posteriormente, depois de ter as mãos<br />
amputadas, o cadáver desapareceu, sendo negado à<br />
própria familia do morto.<br />
8R. fit»Í,fJo X°>0. £5i, Ac/ H/3,0.3<br />
Aí está um retrato de corpo inteiro da selvageria<br />
e da bestialidade das forças armadas dos Estados<br />
Unidos e de seus serviçais latino-americanos. Acostumados<br />
a massacrar e assassinar friamente milhares<br />
de patriotas em todas as partes do mundo, do Vietnam<br />
a São Domingos, da Indonésia aos «guetos» negros<br />
dos próprios Estados Unidos, essas forças do<br />
obscurantismo não se detêm diante do mais hediondo<br />
crime quando se trata de defender os interesses dos<br />
frustes e monopólios ianques e das oligarquias que<br />
lhes servem.<br />
Com razão Guevara proclamara serem os Estados<br />
Unidos «o grande inimigo do gênero humano».<br />
O exemplo de lealdade e abnegação à causa da libertação<br />
dos povos, dado por Guevara, continuará<br />
vivo no coração, na memória e na ação de milhões<br />
de outros combatentes pela libertação nacional e o<br />
socialismo. Contra o imperialismo norte-americano e<br />
seus agentes se unirão, sem dúvida, num processo<br />
que seguirá seu curso normal e atenderá às particularidades<br />
de cada país e às tradições de cada povo,<br />
os combatentes das Américas. Isto representa uma<br />
garantia de que, cedo ou tarde, sejam quais forem<br />
os sacrifícios impostos aos povos, a revolução nacional-libertadora<br />
e o socialismo triunfarão.<br />
A luta contra o arrocho salarial é uma luta política<br />
Os governos dos países capitalistas<br />
são obrigados a intervir com<br />
maior vigor na economia e o Estado<br />
vai agindo cada vez mais diretamente<br />
a serviço dos patrões, transformando-se<br />
numa espécie de superpatrão.<br />
Em nosso país, com a instituição<br />
da ditadura militar reacionária<br />
e entreguista, esta forma adquiriu<br />
aspectos violentos. Sob a bandeira<br />
do combate à inflação, o governo<br />
descarrega em cima dos assalariados<br />
todo o peso das dificuldades<br />
que o país atravessa. Milhões<br />
de operários, empregados e servidores<br />
são as principais vtimas da política<br />
antiinflacionária da ditadura,<br />
que tem como cerne de seu plano<br />
econômico e financeiro impedir que<br />
os trabalhadores conquistem melhores<br />
reajustes salariais.<br />
Antes da abrilada de 64, os trabalhadores,<br />
gosando de maiores liberdades,<br />
obtinham, com lutas, melhores<br />
reajustes salariais, assim como<br />
outras vantagens, nos acordos negociados<br />
diretamente com o patronato.<br />
E. avançando nesse terreno, já<br />
conseguiam reajustes antecipados,<br />
objetivando resguardar seu salário<br />
real, seu poder aquisitivo. A mercadoria<br />
força de trabalho tinha então<br />
melhor curso e, assim, condições<br />
de melhor remuneração.<br />
Com o golpe de abril e as modificações<br />
arbitrárias que a ditadura<br />
introduziu na legislação do trabalho,<br />
os trabalhadores, ao reivindi<br />
car reajustes salariais, chocam-se<br />
não apenas com o patronato, mas<br />
diretamente com o governo. E* o<br />
Estado -que, através das leis 4725-<br />
4923 e decretos 13 e 17, institui<br />
o arrocho salarial e, com a lei 4330,<br />
proibe o direito do exercício de<br />
greve.<br />
O Estado dita, através do coronel<br />
Passarinho, que "os servidores federais<br />
não receberão em 1967 nenhum<br />
reajuste, que os reajustes salariais<br />
não podem ultrapassar a<br />
13% e que anulará os acordos salariais<br />
dos bancários do Estado do<br />
Rio, de São Paulo e de Mato Grosso",<br />
porque os mesmos ultrapassaram<br />
os índices forjados e estabelecidos<br />
pelo Conselho Nacional de Política<br />
Salarial.<br />
Vemos, assim, que o Estado, ao<br />
mesmo tempo que permite a liberação<br />
dos preços, está confiscando os<br />
salários dos trabalhadores. Acentuase,<br />
em conseqüência, a queda do<br />
salário real. Vejamos os dados seguintes,<br />
divulgados pelo "Correio da<br />
Manhã" de 19-3-67: "Os 22 produtos<br />
alimentícios, que custavam 2370<br />
minutos de trabalho em abril de<br />
64, passaram, em março de 67, a<br />
custar 3350 minutos". Comprova-se,<br />
portanto, a queda do poder aquisitivo<br />
das massas. Todas as mercadorias<br />
tiveram, após o golpe de abril,<br />
seus preços praticamente liberados.<br />
E os preços subiram c continuam<br />
subindo. Mas a mercadoria força de<br />
trabalho foi rigidamente controlada<br />
MAURO BRITO<br />
pelo governo, que fixa os limites<br />
da elevação do seu preço, isto é, dos<br />
salários. E esses limites são sempre<br />
inferiores à elevação dos preços das<br />
demais mercadorias. Dai a grita crescente<br />
contra o arrocho salarial. E<br />
note-se que o esfomeamento dos trabalhadores<br />
é considerado a grande<br />
vitória da "revolução"! Ao defender<br />
furiosamente a política salarial do<br />
governo, assim afirmou, a 5-10-67,<br />
em editorial, o "Jornal do Brasil":<br />
"a liquidação desta política é enfraquecer<br />
a revolução na sua base vitoriosa".<br />
A movimentação contra o arrocho<br />
salarial ganha corpo. Com o<br />
término dos acordos salariais, vem<br />
tomando força a pressão dos trabalhadores<br />
sobre os Sindicatos. Federações<br />
e Confederações. A Convenção<br />
Nacional dos Bancários constituiu-se,<br />
com suas resoluções, num<br />
grito de alerta. Os bancários da<br />
Guanabara realizaram grande assembléia<br />
e colheram milhares de assinaturas<br />
em documento entregue<br />
ao governo. As Confederações Nacionais<br />
dos Trabalhadores trataram<br />
do assunto em diversas reuniões e<br />
entregaram ao governo um memorial<br />
contra o arrocho salarial. Foi<br />
convocado o Encontro^ Nacional dos<br />
Trabalhadores, para os dias 13 e<br />
15, na Guanabara. Essa movimentação<br />
repercutiu nos órgãos legislativos<br />
e na imprensa, preocupando os<br />
Passarinhos e os João Wagner da<br />
CNTI.<br />
A Campanha que se inicia e as<br />
pequenas vitórias parciais já conseguidas<br />
na luta contra o arrocho<br />
salarial são fatos que demonstram<br />
a justeza das afirmações de nosso<br />
Partido de que é possível infligir<br />
derrotas à ditadura e romper a "legalidade"<br />
consentida quando, mesmo<br />
com todas as restrições e dificuldades,<br />
nos ligamos às massas e<br />
lutamos por suas reivindicações.<br />
Já antes de abril de 64, nós, os<br />
comunistas, subestimávamos as lutas<br />
salariais, porque partíamos de<br />
que as mesmas só tinham caráter<br />
econômico. Agora para fazer avançar<br />
o processo político, devemos nos<br />
convencer de que a luta salarial<br />
sofreu profundas modificações. Ao<br />
lutar por melhores salários, os trabalhadores<br />
chocam-se não apenas<br />
com o patronato, mas diretamente<br />
com a política da ditadura, com<br />
seus planos econômicos e financeiros,<br />
que são orientados pelo FMI<br />
e que favorecem os interesses do<br />
imperialismo e de seus sócios. Combatendo<br />
o conformismo e a descrença<br />
que a ditadura procura incutir<br />
nos trabalhadores e seus dirigentes,<br />
devemos colocar o centro<br />
de nossa atividade nos locais de<br />
trabalho nas cidades e no campo,<br />
fortalecendo ao mesmo tempo o nosso<br />
Partido c as entidades sindicais,<br />
que a ditadura tenta esvasiar transformando-as<br />
em órgãos assistenciais<br />
e de resreação.
Na reportagem de Adolfo Agorio<br />
sobre a Rússia existe um trecho<br />
sobremodo interessante relativo à<br />
questão sexual.<br />
Lénin, esse ôgre na opinião dos<br />
franceses, ainda há de dar o seu<br />
nome ao século como o maior reformador<br />
social de todos os tempos.<br />
Nenhuma criatura operou em<br />
maior escala, nem foi mais radical<br />
em suas idéias. Semeou como um<br />
deus, e até ao derradeiro momento<br />
de vida presidiu ao novo estado<br />
de equilíbrio social que implantou<br />
na Rússia. O tempo irá aos poucos<br />
corrigindo sua obra; a adaptação<br />
far-se-á; mas ninguém lhe tirará a<br />
glória de ter arquitetado o dia de<br />
amanhã.<br />
O caudal de diatribes e infâmias<br />
que os lesados esguicham sobre seu<br />
nome e difundem pelo mundo inteiro,<br />
passará, como passam os enxurros.<br />
Onde está hoje a massa formidável<br />
de libelos impressos na<br />
Grã-Bretanha contra o ôgre de<br />
Córsega? Napoleão, no entanto,<br />
purificado, brilha na história como<br />
o Perseu de uma Corgona: o direito<br />
divino.<br />
Ê assim que a humanidade caminha<br />
— napoleõnicamente, leninescamente,<br />
aos sacões. A prudência,<br />
tão preconizada pelo artritismo dos<br />
marqueses de Maricá, é virtude que<br />
apenas conserva, como o vinagre<br />
conserva o pepino, mas nãb cria<br />
coisa nenhuma.<br />
No que diz' respeito à mulher,<br />
Lénin aparece como o seu messias.<br />
Libertou-a da escravidão doméstica,<br />
aboliu o preconceito da sua inferioridade,<br />
pô-la em situação de<br />
ocupar todos os cargos da república,<br />
desde o comissariado do povo<br />
até o juizado. O regime de<br />
igualdade dos sexos é perfeito, pois.<br />
Lênin destruiu o formidável acervo<br />
de injustiças acumuladas em<br />
IDÉIAS RUSSAS<br />
vinte séculos de helenismo e outros<br />
tantos de civilização cristã — isto<br />
é, de despotismo do galo.<br />
Houve um formidável sacolejo<br />
de forças psicológicas adormecidas,<br />
vento que varreu e ventilou o ambiente,<br />
desde o lar às mais complexas<br />
formas de atividade coletiva.<br />
A mulher liberta-se da servidão<br />
conjugai. Os direitos dos dois cônjuges<br />
equiparam-se sob um severo<br />
regime de responsabilidade e deveres<br />
mütuos. A união livre, controlada<br />
pelo Estado, não significa a<br />
anarquia sexual que pintam os escribas<br />
anti-russos a serviço do cômodo<br />
status-quo capitalístico. Essa<br />
anarquia sexual existe sim, no regime<br />
burguês da mentira monogâmica<br />
sem divórcio, monstruoso Moloch<br />
que só funciona à custa do<br />
mais cruel lubrificante: a prostituição.<br />
O casamento na Rússia repousa<br />
unicamente no amor, e é mais duradouro<br />
que o alicerçado no dinheiro.<br />
Recorda Agório o assombro<br />
de um seu companheiro de viagem<br />
ao verificar o número ínfimo<br />
de divórcios russos. No entanto, se<br />
é fácil casar, mais fácil ainda é divorciar;<br />
para o primeiro ato basta<br />
o comparecimento dos dois interessados<br />
perante o oficial civil; para<br />
o segundo basta o comparecimento<br />
de um.<br />
A humanidade se divide em duas<br />
classes: os que possuem imaginaçãoção<br />
e os que a não possuem. Os<br />
imaginativos idealizam e, como idealizam,<br />
raro alcançam a felicidade<br />
— tanto o real é inimigo do ideal.<br />
Vem daí que os imaginativos são<br />
em regra infelizes no nosso regime<br />
sexual.<br />
Na Rússia não. Mine. de Bavary<br />
não se suicida. Solta o primeiro<br />
marido, inservível por insuficiência<br />
glandular (devia ser isto), e vai<br />
sucessivamente casando até encontrar<br />
o eleito da sua fantasia. E<br />
acha, pois as almas andam aos pares,<br />
a afinidade eletiva é um fato<br />
e o tudo é que a sociedade não as<br />
impeça de se reunirem.<br />
Solidariedade ao Vietnam<br />
E Defesa da Paz Mundial<br />
Realizou-se em julho último, em<br />
Estocolmo, a Conferência Mundial<br />
de Solidariedade ao Vietnam. Iniciativa<br />
da Sociedade Sueca de Paz<br />
e Arbitragem, teve o patrocínio de<br />
importantes organizações pacifistas<br />
mundiais, como a Confederação Internacional<br />
pelo Desarmamento e<br />
a Paz, o Escritório Internacional da<br />
Paz, o Conselho Mundial da Paz,<br />
o Movimento Internacional de Reconciliação<br />
e a Conferência Cristã<br />
pela Paz.<br />
Além dos patrocinadores, trabalharam<br />
na organização da Conferência<br />
a Liga Internacional de Mulheres<br />
pela Paz e a Liberdade, a<br />
Anistia Internacional, o Comitê In<br />
ternacional de Consciência pelo<br />
Vietnam e cerca de 80 Comitês<br />
Nacionais de Paz do mundo inteiro.<br />
Entre as personalidades que<br />
participaram ativamente de seus<br />
trabalhos, destacamos o professor<br />
Gunna Mydal, alta expressão da<br />
cultura sueca, e o líder pacifista<br />
norte-americano, Prêmio Nobel da<br />
Paz, Martin Luther King.<br />
A Conferência obteve grande<br />
êxito. No sentido organizativo, seu<br />
ponto alto foi a constituição de um<br />
Comitê de Continuação da Conferência<br />
de Estocolmo, que realizou<br />
sua primeira reunião em setembro<br />
último. Nessa reunião, entre outras<br />
resoluções, foi aprovado um pro-<br />
g&ANjrVo XVO.ESijAcP.M/i-.H<br />
MONT1ERO LOBATO<br />
•— Por que motivo, disse uma<br />
dama russa a Agorio, havemos de<br />
trazer sapatos apertados, que nos<br />
magoem o pé, se trocando os podemos<br />
tê-los cômodos? Ora, o nosso<br />
coração nãb merece menos que<br />
o nosso pé, além de que as feridas<br />
nele abertas são de muito maior<br />
duração.<br />
Quem sofre com o regime russo<br />
é o homem. Perde a liberdade de<br />
borboletear de mulher em mulher,<br />
clandestinamente, qual um besouro<br />
luético, sem nenhuma conseqüência<br />
funestra para seu egoísmo. Não<br />
mais se regala com o sadismo de<br />
fazer mãe a uma virgem e largála<br />
à sua triste sorte, sob os olhares<br />
complacentes do status-quo. Sua<br />
responsabilidade torna-se absoluta.<br />
O código bolchevista, que no fundo<br />
é a lógica reação do pobre espezinhado<br />
contra o rico prepotente,<br />
garante todos os direitos da maternidade.<br />
As obrigações do homem<br />
não são neste caso para com<br />
a mulher, e 'sim para com a mãe.<br />
Ao fundar as bases da família nova,<br />
quis Lênin poupar ao seu país<br />
o espetáculo degradante da mulher<br />
desamparada no seu transe mais<br />
nobre, convertida em máquina de<br />
aborto e infanticídios, escrava do<br />
regime social que faz dela um objeto<br />
de compra e venda, um semovente<br />
reduzido a campo de experiência<br />
dos monstruosos apetites e<br />
abomináveis paixões, não digo masculinas,<br />
mas homescas.<br />
A mulher trabalha livremente e<br />
possui igual ao homem a iniciativa<br />
no amor. Pode escolher à vontade.<br />
Nenhuma barreira se opõe<br />
aos impulsos do seu coração. Contribui<br />
para a manutenção da sociedade<br />
conjugai e assim afirma a sua<br />
independência e justifica os seus direitos.<br />
Nãb há na Rússia essa classe de<br />
mulheres que vivem em absoluto<br />
às costas do marido, qual ostras<br />
no espeque. Mas difícil ainda é<br />
ver-se o contrário disso, como, por<br />
exemplo, o chopim da nossa organização<br />
atual.<br />
grama de trabalho para o corrente<br />
ano, assinalando as seguintes datas<br />
comemorativas:<br />
O problema do celibato, conseqüentemente,<br />
desaparece. A solteirona<br />
o é por anomalia de temperamento,<br />
já que nada a impede de<br />
afrontar a experiência matrimonial.<br />
No nosso regime, a cuja monstruosidade<br />
não atentamos porque o cão<br />
não atenta à coleira quando a recebe<br />
desde o nascer, milhões e milhões<br />
de pobres criaturas mirram no tormento<br />
da castidade à força, ao lado<br />
de outros milhões que se rebolcam<br />
nos prostíbulos, devoradas,<br />
umas, de histerismos vários e outras<br />
de variadíssimas sífilis, para<br />
que Monsieur Homais, de braço dado<br />
ao conselheiro Acácio, possa<br />
sentenciar gravemente:<br />
— "O casamento é uma instituição<br />
divina. Não lhe toqueml"<br />
Os homens e as mulheres na Rússia<br />
não se olham como inimigos,<br />
oscilantes entre o amor e o ódio,<br />
pólos da mesma exaltação sentimental;<br />
não enchem as folhas com<br />
o escândalo diário do seu engalfinhamento,<br />
de seus tiros de revólver,<br />
de suas facadas. Olham-se co<br />
mo companheiros, iguais nos deteres.<br />
E como apesar desta soberania<br />
de si mesmo, e desse culto reflexivo<br />
da própria responsabilidade<br />
diz Agorio que nada perderam do<br />
encanto feminino, é justo que fechemos<br />
os portos aos navios russos<br />
que trazem em barris tais idéias.<br />
. Viriam perturbar a deliciosa lambança<br />
sexual, leda e cega, em que<br />
vivemos, com um olho nos bismutos<br />
e outro nos macacos de Vornoff...<br />
0<br />
70.<br />
Aniversário<br />
De Jeronimo<br />
A. Alvarez<br />
O proletariado e o povo argentinos<br />
comemoraram em outubro último<br />
o 70." aniversário de nascimento<br />
de Jeronimo Armedo Alvarez,<br />
secretário-geral do Partido Comunista<br />
da Argentina.<br />
Combativo e respeitado lutador<br />
revolucionário, o camarada Arnedo<br />
Alvarez goza, merecidamente, da<br />
estima e da admiração de milhões<br />
de seus compatriotas.<br />
O nosso Partido, que sempre<br />
manteve os mais estreitos laços fraternais<br />
com o Partido irmão da Argentina,<br />
manifesta-se inteiramente<br />
solidário com as manifestações de<br />
carinho por motivo do 70.° aniversário<br />
do camarada Alvarez. Em nome<br />
de nosso Comitê Central, foi<br />
enviada ao camarada Arnedo Alvarez<br />
e ao Partido Comunista da Argentina,<br />
mensagem de felicitações.<br />
<strong>VOZ</strong> <strong>OPERARIA</strong> - Novembro de 1967 _ página 4<br />
21 de outubro — Dia de Solidariedade<br />
ao Vietnam;<br />
10 de dezembro — Dia dos Direitos<br />
do Homem; ,<br />
20 de dezembro
&KH*jtíO AVO.B^ACp.ll/^y.S<br />
Reforçar Ideologicamente o Partido HÜ<br />
Para Enfrentar a Indisciplina e a Divisão<br />
Quando a luta de classes se za, nos quais predominam concep- militante. No momento é essa uma<br />
aguça, como é atualmente o caso ções extremadas próprias à pequena tarefa vivificante da qual ninguém<br />
no Brasil, a dinâmica de sua ação burguesia radical. se pode alheiar.<br />
repercute em cheio sobre as prin- A r» 1 ~ J r- -.- r^ . 1 ,-,. , . . . „ . , .<br />
cipais forças econômicas e políticas ,.p A . ^oluçao do Comitê Central £• dentro do próprio Partido, bada<br />
sociedade, pondo-as em movi- a Unldad f do Partido, com seados na sabedona coletiva, que<br />
mento contraditório. As fileiras de T - P r °P" edade invoca como ex- encontraremos o alento necessário<br />
nosso Partido não ficam imunes à pllCaÇa ° P"" ° meSm ° fenomen °' a essa luta. O bom senso partidário,<br />
sua ação<br />
uma fundamentação teórica que va- as concepções proletárias, são avesle<br />
a pena relembrar:..." a maior sos as posições radicais e sem base,<br />
E' falo notório, comprovado pela participação de outras forças so- !J«*E" , c 8 im P aci « ncia fren,e * s<br />
experiência do movimento comunis- • . . V ,. , , \ dificuldades, ao brilho superficial<br />
ta ao longo de toda sua evolução, ""'' Bm P ar,lcular de am P los se " da * atitudes espalhafatosas e ao<br />
que no auge dos processos demo- tores da sição a maioria dos divergentes, pois<br />
entre eles predominam os desinformados.<br />
os perplexos e os que se<br />
apoiam em atitudes emocionais.<br />
Aqueles que têm posição definida<br />
e conseqüente de divergência e fracionismo,<br />
representam um grupo insignificante,<br />
comparado ao grosso<br />
do Partido. Os êxitos que já vêm<br />
sendo conseguidos através do trabalho<br />
esclarecedor promovido pelo Comitê<br />
Central mostra o quanto é ve<br />
Pequena burguesia urbana, aventuremsmo das soluções de derídica<br />
tal afirmação.<br />
cráticos e libertadores se produz um nas lutas antiimperialistas e demo- sespero, apontadas como heroísmo.<br />
afluxo nas fileiras dos partidos ope- cráticas aprofundou sua influência<br />
No entanto, a modéstia revolucioná<br />
rários, num reconhecimento incisivo ideoiógica nessas Iutas. Essa influ. ria, o trabalho paciente e organi Ao travar a luta em defesa da<br />
de que eles sao o elemento mais se- _<br />
zador objetivando o surgimento de unidade do Partido e da pureza de<br />
encia se exerceu e se exerce sobre<br />
guro para a vitória de tais bandei- uma correlação de forças favoráveis nossa filosofia, não devemos nos co<br />
ras. Em contrapartida, nos momen- o Partido. E encontrou no interior<br />
e o despertar das massas e sua atilocar em atitude de proselitismo,<br />
tos de aguda luta de classes, pro- mesmo do Partido, entre militantes<br />
vização consciente não excluem, an em que predominam os longos deba<br />
duz-se geralmente o fenômeno in- e dirigentes ideologicamente débeis,<br />
tes supõem, abnegação c coragem. tes retóricos (é para esse terreno<br />
verso. A luta de classes submete as campo fértil para se desenvolver",<br />
Devemos ainda recorrer às ricas<br />
que nos querem levar), mas sim<br />
fileiras do Partido a uma forte ten- Tais elementos teóricos, além de<br />
experiências de nosso passado re<br />
cempreender que essa luta deve ser<br />
são ideológica. Não se trata somente necessários, nos capacitam a melhor<br />
cente, às lutas internas de 1955 e<br />
ligada à atividade partidária nor<br />
do abandono das posições de van- apreender as origens mais profunmal,<br />
que ela deve fundir-se com os<br />
1960 com um sentido que, em alguarda<br />
da parte de certos dirigen- das das concepções estranhas ao mar-<br />
nosses esforços para impulsionar as<br />
guns aspectos, se assemelham às<br />
tes e militantes, mas sobretudo do xismo-leninismo e nos possibilitou<br />
lutas de nosso povo e tornar vito<br />
atuais, quando concepções radicais<br />
afloramento de concepções alheias à combatê-las com mais eficácia. Coriosa<br />
a orientação política do Par<br />
pequeno-burguesas e dogmáticas tenfilosofia<br />
marxista-leninista, de vaci- mo deve ser travado esse combate?<br />
tido.taram<br />
impor-te às nossas fileiras e<br />
lações causadas pelos entrechoques Em primeiro lugar, deve fugir a<br />
levar-nos por falsos caminhos. Souda<br />
sociedade em constante transfor- todo espontaneismo c ser alvo de. , ,, • ., .<br />
Nas atuais circunstâncias, deve<br />
_ . bemos entrenta-las, leva-las de venmos mais do que nunca capacitarmaçao<br />
c de manifestações eivadas de cuidadosa preparação, em toaos os .. . ,<br />
, . , . ... „ cida, saímos airosamente da prova e nos de que a disciplina e a unidade<br />
são requisitos indispensáveis à<br />
existência e à atividade do Partido.<br />
Sujeito a grupos e à orientação digrave<br />
porque dele se apossa o ini- nao ser encarado Ç omo uma pois as dessa natureza não se resol- versas, êle será impotente para limigo<br />
de classe, cujo poderoso apare- ca t as,rofe V" 1 se abate sobre ° Par radicalismo ou, pelo contrário, de escalões, a iniciar-se pelo Comitê<br />
com um Partido enrijecido na luta.<br />
dependência. Central.<br />
Devemos nos preparar para travar<br />
O surgimento de tais contradições<br />
O fenômeno adquire aspecto mais<br />
uma luta ideológica longa e difícil,<br />
" vem por decretos, não correspondem derar lutas de envergadura e presa<br />
lho de propaganda trata de aprotido,<br />
"""'<br />
apesar<br />
"P""<br />
do mal que possa ini-<br />
fácil da reação.<br />
1 uu """ 4 UC P" 68 " ,u ' - a fenômenos casuais, passageiros e<br />
fundá-lo e de explorá-lo, em todos cialmente causar < mas sim com ° um os seus aspectos. Por acaso a granlocais,<br />
mas se relacionam com corn<br />
fenomeno de imprensa, cuja técnica habitual<br />
explicável que, se bem plexos probIemaS) alguns de contex-<br />
tralado ' deve condaz " ao fortaleci consiste em ignorar-nos como força<br />
- tura internacional, que não- deixam<br />
ment0 0rgarUCO e ldeol °g' c ° d poltica atuante, não esteve há pouco<br />
tempo repleta de noticiário calunioso<br />
e propositalmente confusionista<br />
a respeito da nossa luta inter-<br />
° *V- de ter reflexos entre nós e que retido.<br />
presentam um certo estímulo aos<br />
A luta interna não pode ser en- equivocados e ao íracionismo.<br />
carada como um atributo ou um<br />
privilégio da direção. Defender o E' necessário utilizar-se da argu-<br />
Partido, como organização revolu- mentação política, sem distribuir ad-<br />
A luta pela aplicação da última<br />
Resolução do Comitê Central é hoje<br />
inseparável da luta pela unidade<br />
e a coesão do Partido. Aí está,<br />
sem dúvida, uma boa oportunidade<br />
para fazer de nosso Partido um instrumento<br />
político, não só capaz de<br />
repelir as concepções pseudo-revolucionãria<br />
do povo brasileiro e de jetivos o epítetos, não confundindo cionárias da pequena burguesia ra<br />
Assim, não há por que se admirar seu proletariado, da indisciplina, do divergentes com divisionistas. Com dical, mas ainda capaz de derrotar<br />
que o nosso Partido seja palco de ai- fracionismo e da liquidação, é de- paciência, tato e argumentação, po- a ditadura e de implantar o sociaguns<br />
acontecimentos dessa nature- ver precípuo e sagrado de todo demos ganhar para uma justa po- lismo em nossa terra.<br />
Ceará: Latifundiário Mata Camponeses e Fica Impune<br />
CEARA (Do Correspondente) —<br />
O interior deste Estado foi palco,<br />
recentemente, de mais um crime<br />
de morte, praticado por filhos de<br />
um rico proprietário de terras contra<br />
dois pobres e indefesos camponeses.<br />
Tudo aconteceu no sítio Saco<br />
da Telha, a 12 quilômetros da cidade<br />
de Cedro, onde os indivíduos<br />
Carlos e Nilo, filhos do latifundiário<br />
Jucá Gomes de Araújo, mataram<br />
de emboscada o camponês José<br />
Modesto Cordeiro e seu filho, moradores<br />
das terras pertencentes àqueles<br />
senhores.<br />
ANTECEDENTES<br />
As vtimas desse crime, José Modesto<br />
Cordeiro, mais conhecido por<br />
Aborino. e seu filho de 22 anos,<br />
viviam no sítio Saco da Telha desde<br />
fevereiro de 1942, juntamente com<br />
o resto da família. Naquele ano,<br />
Aborino recebeu um pedaço de terra<br />
que nada produzia. Com o seu<br />
trabalho e a ajuda de toda a família,<br />
conseguiu amainar a terra, passando<br />
a produzir algodão, milhão e<br />
feijão.<br />
Depois de alguns anos, c em face<br />
da atividade sindical desenvolvida<br />
por Aborino entre os camponeses, o<br />
latifundiário passou a provocá-lo, jogando<br />
pedras sobre sua casa, espancando<br />
seus animais domésticos e<br />
lançando fezes dentro da cacimba<br />
de onde extraíam água para beber.<br />
Por fim, o latifundiário exigiu que<br />
Aborino abandonasse suas terras.<br />
Com paciência e humildade, Aborino<br />
pediu que lhe fosse paga a<br />
indenização dos 25 anos de serviço,<br />
dentro da lei, e êle não faria questão<br />
em deixar a terra. Como o latifundiário<br />
Jucá Gomes desejasse ficar<br />
com tudo, sem lhe dar um centavo,<br />
Aborino procurou o dr. Vicente<br />
Cândido Neto, delegado Regional<br />
do Trabalho, que lhe garantiu<br />
que êle não podia ser expulso da<br />
terra sem receber a respectiva indenização.<br />
Mas ficou só nas palavras.<br />
Nenhuma providência adotou.<br />
MORTE E IMPUNIDADE<br />
Voltando ao sítio onde morava<br />
com sua família, o camponês José<br />
Modesto Cordeiro e seu filho foram<br />
barbaramente assassinados, numa<br />
emboscada preparada pelo latifundiário<br />
Jucá Gomes de Araújo, e<br />
executada pelos seus dois filhos.<br />
Isso ocorreu no dia 30 de maio<br />
último.<br />
A polícia de Cedro, sabedora do<br />
perverso homicídio, somente veio a<br />
prender os criminosos no dia 6 de<br />
julho. Um dos assassinos, Carlos<br />
Araújo, que é casado, passou apenas<br />
cinco dias na prisão, sendo solto<br />
por influência de políticos locais.<br />
O outro está próximo a sair.<br />
Enquanto isso, dona Maria Dolores,<br />
viúva de Aborino, foi expulsa<br />
da sua casa e da terra trabalhada<br />
pelo marido, com oito filhos<br />
menores, a mãe velha e o<br />
pai cego. Camponeses de várias regiões<br />
do Estado, através de suas<br />
organizações sindicais, estão a exigir<br />
punição para os perversos criminosos<br />
e indenização para a família<br />
das vítimas.<br />
<strong>VOZ</strong> <strong>OPERARIA</strong> — Novembro de 1967 — página 5
Representando o Comitê Central<br />
de nosso Partido, o camarada Er<br />
nesto Cintra participou da Confe<br />
rência teórica internacional, recen<br />
temente realizada pela "Revista In<br />
ternacional", na qual foi examinada<br />
a significação histórica da Grande<br />
Revolução Socialista de Outubro. A<br />
seguir, damos a íntegra da inter<br />
venção do camarada Ernesto Cin<br />
tra, publicada no n.° 10 de 1967,<br />
daquela revista.<br />
A Grande Revolução Socialista<br />
de Outubro abriu um ciclo novo<br />
na história da humanidade, a nova<br />
época que vivemos, de transição do<br />
capitalismo ao socialismo.<br />
No curto prazo de cinqüenta<br />
anos desde então transcorrido, o<br />
avanço da revolução socialista mun<br />
dial foi verdadeiramente grandioso.<br />
A pátria primeira do proletária,<br />
do, a União Soviética, que perma<br />
neceu durante quase três décadas<br />
como único Estado socialista na fa<br />
ce da Terra, enfrentou vitoriosa<br />
mente nesse período o cerco capita<br />
lista, em tempos de guerra e em<br />
tempos de paz, construiu a nova<br />
sociedade socialista, e avança agora<br />
na edificação da base técnico-mate-<br />
rial da sociedade comunista.<br />
Desde há dois decênios surgiu e<br />
se desenvolve o sistema socialista<br />
mundial, em oposição ao sistema<br />
capitalista mundial de exploração<br />
do homem pelo homem.<br />
Decompôs-se e ruiu, nos últimos<br />
tempos, o sistema colonial do im<br />
perialismo, com o surgimento de<br />
mais de meia centena de novos Es<br />
tados politicamente independentes.<br />
O movimento comunista contem<br />
porâneo — fruto do Grande Outu<br />
bro, fruto da comprovação prática,<br />
dada por essa vitória, da verdade<br />
do lcninismo como desenvolvimen<br />
to do marxismo na época do impe<br />
rialismo e das revoluções proletá<br />
rias — estendeu-se a todos os rin<br />
cões do mundo, constituindo-se em<br />
' esclarecida e potente vanguarda do<br />
movimento operário internacional e<br />
da luta dos povos oprimidos pela<br />
libertação nacional, em campeão da<br />
grande causa humana da paz mun<br />
dial, de todos os movimentos pro<br />
gressistas e revolucionários de nos<br />
so tempo.<br />
A hegemonia do proletariado na<br />
revolução burguesa na época do im<br />
perialismo — que surge como tese<br />
teórica com Lênin, nos albores do<br />
século, e se realiza pela primeira<br />
vez, sob a direção do Partido boi-<br />
chevique e nos limites de um só<br />
país, na marcha das massas re<br />
volucionadas da velha Rússia pa<br />
ra a vitória de Outubro — con<br />
verteu-se em hegemonia internacio<br />
nal do proletariado na ampla fren<br />
te das revoluções agrárias antifeu-<br />
dais e antiimperialistas, nacionais<br />
e democráticas, cresce, em parti<br />
cular, o número de antigas colô<br />
nias, inclusive de desenvolvimento<br />
econômico capitalista extremamente<br />
precário, que, no processo de li<br />
bertação do domínio imperialista,<br />
passam a um desenvolvimento não-<br />
capitalista, isto é, a um desenvol<br />
vimento que — com o apoio econô-<br />
mico-social dos paises do sistema<br />
socialista mundial e sob a proteção<br />
da solidariedade de combate do pro<br />
letariado das grandes metrópoles ca<br />
pitalistas, em luta contra os mo<br />
nopólios — abre caminho à pas<br />
sagem ao socialismo.<br />
Todo esse grandioso avanço dos<br />
últimos cinqüenta anos não pode<br />
deixar qualquer dúvida sobre as<br />
luminosas perspectivas que se abrem<br />
à humanidade trabalhadora nas pró<br />
ximas décadas, e que já se podem<br />
antever, nos dias de hoje, quando<br />
se considera o acelerado agravamen<br />
to, que se está verificando, de todo<br />
o complexo de contradições que<br />
marcam, na atual situação do mun<br />
do, a crise geral do capitalismo e<br />
assumem sua expressão mais geral<br />
no agravamento da contradição prin<br />
cipal de nossa época — a contradi<br />
ção entre os dois sistemas mundiais<br />
opostos.<br />
E' essa realidade que explica o<br />
ameaçador aguçamento da agressivi<br />
dade do imperialismo norte-america<br />
no, gendarme internacional do capi<br />
talismo, que tenta deter e dar volta<br />
atrás ao processo histórico, através<br />
das mais brutais formas de repres<br />
são, da instauração de regimes de<br />
forças e de terror por toda parte<br />
onde domina, da intervenção arma<br />
da, do genocídio, da preparação e<br />
da provocação de uma Terceira<br />
Guerra Mundial, da imolação da<br />
humanidade no horror inaudito du<br />
ma catástrofe termonuclear.<br />
A complexa gama de problemas<br />
novos de caráter geral, internacio<br />
nal, suscitados, de um lado, pelo<br />
próprio avanço da revolução socia<br />
lista mundial e pelas perspectivas<br />
de seu ulterior desenvolvimento e,<br />
de outro, pelas formas novas que<br />
a burguesia imperialista e seus ser-<br />
viçais vêm adotando no emprego<br />
da sua velha tática de combinação<br />
da violência com a demagogia —<br />
só podem ser enfrentados com êxi<br />
to e nas melhores condições pela<br />
ação política organizada e crescen<br />
temente conjugada das grandes mas<br />
sas, em âmbito mundial. E tal ação,<br />
é claro, só pode lograr-se atiavés<br />
da ação comum esclarecida e corre<br />
ta dos partidos comunistas e operá<br />
rios, isto é, duma ação elaborada<br />
em seus fundamentos como desen<br />
volvimento atual da teoria marxista-<br />
leninista — questão que, por sua<br />
vez, se apresenta indissolüvelmente<br />
ligada ao fortalecimento possível e<br />
necessário da unidade e coesão do<br />
movimento comunista mundial, pos<br />
B&ANjfto xi.o.esíj/\cP. ^(ijp.t<br />
Ernesto Cintra<br />
A Revolução c<br />
Abriu Um Nov<br />
Na História de<br />
tas em cheque pelas atividades ei-<br />
sionistas do grupo de dirigentes<br />
chineses liderado por Mao Tse-Tung<br />
e que conduz a linha antimarxlsta-<br />
leninista de culto à personalidade<br />
deste último.<br />
Esses são os fatores que levam<br />
o Partido Comunista Brasileiro a<br />
dar o seu decidido apoio à idéia<br />
de convocação de uma Conferên<br />
cia mundial dos partidos comunis<br />
tas e operários, assim como a pron<br />
tificar-se a colaborar, na medida de<br />
suas limitadas possibilidades embo<br />
ra, para a preparação mais ade<br />
quada e eficaz possível dessa Con<br />
ferência.<br />
Somos de opinião que, dentro do<br />
estrito respeite aos superiores in<br />
teresses que ditam a necessidade<br />
da realização da Conferência, mas<br />
tendo em consideração também a<br />
urgência de enfrentarem-se as gra<br />
ves questões postas na ordem-do-dia<br />
pela própria vida, ela deverá con<br />
vocar-se dentro do menor prazo pos<br />
sível.<br />
Até que a Conferência se reali<br />
ze, nosso Partido considera seu de<br />
ver comunista, seu dever interna-<br />
cionalista proletário, e expressão<br />
consciente, ao mesmo tempo, de sua<br />
posição independente no seio do<br />
movimento comunista mundial,<br />
guiar toda a sua atividade à basc<br />
dos princípios e das posições pro-<br />
gramáticas e táticas consubstancia<br />
das nas Declarações de 57 e 60,<br />
de cuja elaboração participou e que<br />
livremente aprovou, tal como o fi<br />
zeram os demais partidos comunis<br />
tas e operários de todo o mundo.<br />
Fruto da generalização teórica da<br />
experiência viva do movimento<br />
operário e comunista a partir do<br />
término da Segunda Guerra Mun<br />
dial, aqueles princípios e posições<br />
podem e precisam ser agora apro<br />
fundados, enriquecidos, complemen<br />
tados, desenvolvidos em suma, pre<br />
cisamente porque foram e estão sen<br />
do no essencial confirmados pela<br />
nova prática acumulada nos últimos<br />
dez anos.<br />
Aqui desejaríamos destacar que<br />
isso nos parece particularmente ver<br />
dadeiro em relação ao princípio e<br />
à política de coexistência pacífica.<br />
E tanto mais porque, nestes últi<br />
mos tempos, certos círculos da fren<br />
te geral antiimperialista, que aliás<br />
não perdem oportunidade para pro<br />
clamar-se marxistas e que a si mes<br />
mos se rotulam de "verdadeiramen<br />
te revolucionários'*, vêm se mani<br />
festando contra a linha leninista de<br />
coexistência pacífica e negam-se a<br />
apoiá-la na prática. Difunde-se, com<br />
insistência, que esta é uma política<br />
falsa, contra-revolucionária, nociva<br />
ao pleno desabrochamento da luta<br />
de classes e áo desenvolvimento e<br />
vitória das lutas de libertação na<br />
cional. Ou, no mínimo, como ver<br />
são mais adocicada e sinuosa da<br />
mesma tese, que ela é simples e ex<br />
clusivamente uma política dos Es<br />
tados socialistas, uma questão que<br />
tem a ver somente com esses Es<br />
tados e que, sendo assim, é intei<br />
ramente estranha ao movimento<br />
operário e de libertação nacional no<br />
resto do mundo.<br />
Não é, naturalmente, nosso pro<br />
pósito determo-nos demoradamente<br />
aqui no exame dessa questão. Mas<br />
não nos podemos furtar ao dever de<br />
dizer algo a respeito, fundado na<br />
nossa própria experiência mais re<br />
cente como Partido. Em nosso País<br />
tais teses são manejadas por certos<br />
líderes de grupos nacionalistas da<br />
pequena-burguesia radical, líderes<br />
ultra-esquerdistas, mais ou menos<br />
desesperados ante as dificuldades<br />
momentâneas ou as derrotas tempo<br />
rárias que inevitavelmente acompa-
ie Outubro<br />
fo Ciclo<br />
Í Humanidade<br />
nham o processo geral de avanço<br />
do movimento revolucionário mundial.<br />
Esses pseudo-marxistas usam aquelas<br />
teses como instrumento de sua<br />
real ideologia anticomunista, antisoviética,<br />
antiinternacionalista. Por<br />
trás de suas (rases altissonantes, ultra-revolucionárias,<br />
eles propugnam<br />
de (ato a linha reacionária do isolamento<br />
dos países socialistas em<br />
relação ao resto do mundo, a política<br />
aventureira que tenderia a desembocar<br />
numa batalha frontal entre<br />
o mundo socialista e o mundo capitalista<br />
em condições que seriam<br />
as mais desfavoráveis para o mundo<br />
socialista e para a classe operária<br />
internacional, uma conduta cujo<br />
fundo real é oportunista, pois significa,<br />
ante a incapacidade de fazer<br />
face à dificuldades da ação revolucionária<br />
no próprio país e de superá-las,<br />
pretender que os países socialistas<br />
"façam a revolução" nesta<br />
ou naquela parte do mundo, '"derrotem"<br />
assim o imperialismo, e "facilitem"<br />
por essa via a tais oportunistas<br />
chegarem ao poder nos seus<br />
países. . .<br />
Montados nessa concepção teórica<br />
falsa, cética, da perspectiva revolucionária,<br />
tais pessoas atacam a<br />
política de coexistência pacífica.<br />
Dentro da estreileza do seu horizonte<br />
idealista nacionalista-burguês,<br />
elas não podem vêr que, ao contrário,<br />
essa política, conduzida como<br />
luta permanente pela vigência dos<br />
princípios que a definem, é expressão<br />
viva da política internacional<br />
revolucionária da classe operária, na<br />
época da transição do capitalismo<br />
ao socialismo e que, como tal, ela<br />
concorre para facilitar a luta da<br />
classe operária e seus aliados pelo<br />
socialismo nas metrópolis capitalistas<br />
e a luta pela libertação nacional nos<br />
países dominados pelo imperialismo,<br />
e, em segundo lugar, cria condições<br />
favoráveis para a solidariedade e o<br />
apoio concreto, sob várias formas,<br />
da classe operária e dos trabalhadores<br />
em geral do mundo capitalista<br />
à construção econômico-social nos<br />
países do socialismo.<br />
A política de coexistência tem como<br />
base a convicção cientificamente<br />
fundamentada de que, através da<br />
luta de classes em nossa época, o regime<br />
capitalista cederá e já começou<br />
a ceder o seu lugar histórico<br />
ao novo regime social, o socialismo,<br />
c de que as relações econômicas<br />
e sociais em geral entre os<br />
dois sistemas constituem uma necessidade<br />
objetiva que, pelos próprios<br />
imperativos do desenvolvimento<br />
histórico, servem essencialmente<br />
e em última análise ao avanço do<br />
regime novo, superior, o socialismo.<br />
Por outro lado, se, como igualmente<br />
ensinou Lênin, desenvolvendo<br />
a Marx e Engels, a condição para<br />
que a classe operária se forme e<br />
eduque como classe de vanguarda<br />
e conquiste o poder é lutar em todas<br />
as frentes da luta de classes,<br />
tomando posição concreta, ativa,<br />
diante de todas as classes e camadas<br />
sociais, relacionando-se, em suma,<br />
com o conjunto da vida social,<br />
em todos os seus múltiplos aspectos,<br />
e sobre eles agindo revolucionàriamente,<br />
então se compreende que<br />
a conquista do poder político por<br />
este ou aquele destacamento mais<br />
avançado do proletariado cria, por<br />
sua vez, uma situação qualitativamente<br />
nova e de imenso potencial<br />
para o prosseguimento daquela ação<br />
revolucionária multiforme, em primeiro<br />
lugar e principalmente para<br />
os destacamentos da classe operária<br />
que chegaram ao poder, mas também,<br />
e em decorrência disso, para<br />
o proletariado em seu conjunto, como<br />
classe, internacionalmente.<br />
0 primeiro e mais brilhante e<br />
fecundo exemplo histórico, nesse terreno,<br />
expressão viva do internacionalismo<br />
proletário, foi precisamente<br />
a posição assumida pelo Poder soviético<br />
na própria alvorada do seu<br />
surgimento, há cinqüenta anos atrás,<br />
ao dirigir-se ao proletariado e aos<br />
povos oprimidos do mundo, assim<br />
como a todos os governos, propondo<br />
o estabelecimento da paz imediata,<br />
sem anexação, como forma de pôr<br />
fim à sangueira da primeira guerra<br />
imperialista mundial.<br />
Desde então, eporque (oi em geral<br />
sempre adequadamente realizada,<br />
a política de coexistência teve um<br />
peso importante, muitas vezes decisivo,<br />
na evolução positiva da correlação<br />
mundial das forças de classe.<br />
Às vésperas da última guerra<br />
mundial, sua manifestação mais audaz<br />
foi a assinatura, pela União<br />
Soviética, do pacto de não-agressão<br />
e amizade com o Estado capitalista<br />
alemão sob o governo nazista. Quando,<br />
nesse aspecto, a poltica de coexistência<br />
foi negada, através da<br />
agressão nazista à União Soviética,<br />
ela se reafirmou em seguida, em<br />
nível mais alto, como aliança militar<br />
efetiva entre o Estado socialista<br />
e os Estados capitalistas da Inglaterra,<br />
Estados Unidos e outros.<br />
Essas posições táticas da União Soviética,<br />
assumidas estritamente no<br />
quadro da linha de coexistência pacífica<br />
e como cumprimento dessa<br />
linha, tiveram significação decisiva<br />
para todo o curso e o desfecho vitorioso<br />
da guerra dos povos em prol<br />
da liberdade, para salvar o mundo<br />
da dominação do terror nazista.<br />
A linha de coexistência pacífica<br />
entre Estados de diferente regime<br />
social é expressão da independência<br />
de classe do proletariado no poder,<br />
é uma forma particular da luta revolucionária<br />
de classe do proletariado<br />
mundial, na época de transição.<br />
Ela é inseparável da mais aguda<br />
vigilância de classe, do preparo ininterrupto<br />
da defesa contra a agressão<br />
imperialista, contra a guerra imperialista,<br />
e essa preparação abrange<br />
necessariamente o avanço da unidade<br />
internacional militante da classe<br />
operária, de sua mobilização e<br />
organização em todas as frentes da<br />
luta de classes, o avanço da luta<br />
de libertação nacional dos povos oprimidos<br />
e escravizados pelo imperialismo,<br />
o que, tudo, por sua vez,<br />
é facilitado pela política de coexistência<br />
pacífica.<br />
Nos países dominados pelo imperialismo,<br />
a luta pela reivindicação<br />
democrática e progressista do estabelecimento<br />
de relações com os países<br />
socialistas ou, se elas já foram<br />
estabelecidas, a luta pela sua manutenção,<br />
pela consolidação e crescente*<br />
ampliação dessas relações, é<br />
parte integrante inseparável da luta<br />
pela libertação nacional. Não é<br />
BR/W *ío Ai'0.Èsí;ACP-4/3,p.V<br />
por outro motivo que o imperialismo<br />
norte-americano tudo tem feito,<br />
durante anos e anos, para impedir<br />
ou dificultar as relações dos<br />
países latino-americanos com os<br />
países do campo socialista, para isso<br />
apoiando-se nas camarilhas reacionários<br />
dominantes em nossos<br />
países.<br />
As forças democráticas, progressistas<br />
e revolucionárias do Brasil, todo<br />
o povo brasileiro, sentem como<br />
um profundo golpe na soberania<br />
pátria, nos interesses mais altos de<br />
sua luta libertadora, a rutura de<br />
relações com Cuba socialista, imposta<br />
pelo Departamento de Estado<br />
norte-americano através da ditadura<br />
militar reacionária e entreguista<br />
instaurada no Brasil em abril de<br />
1964. Mas sentem, ao mesmo tempo,<br />
como poderoso estimulo ao prosseguimento<br />
de sua luta, o (ato de<br />
que o imperialismo norte-americano<br />
e seus agentes já não tiveram, entretanto,<br />
condições para impor a<br />
rutura de relações com a União<br />
Soviética e demais países socialistas<br />
europeus, e de que, ao contrário,<br />
essas relações, apesar da reação ditatorial,<br />
estão se ampliando no campo<br />
econômico, científico, cultural, artístico,<br />
etc.<br />
Na plataíorma que o Partido Comunista<br />
Brasileiro apresenta para a<br />
luta ombro a ombro de todas as forças<br />
patrióticas e populares de nosso<br />
País pela derrota da ditadura militar<br />
e a instauração de um governo democrático,<br />
(igura a reivindicação do<br />
povo brasileiro de que nosso País<br />
mantenha relações soberanas com<br />
todos os países. O conteúdo concreto<br />
mais imediato desse ponto da<br />
plataforma é o restabelecimento de<br />
relações com Cuba, estrela do socialismo<br />
nas terras da América.<br />
Camaradas.<br />
Seja-nos permitido concluir agradecendo<br />
à nossa qverida Revista Internacional<br />
o honroso convite endereçado<br />
ao Partido Comunista Brasileiro<br />
para participar desta alta<br />
reunião de estudo. O nosso Partido<br />
orgulha-se de ser íilho do Grande<br />
Outubro e considera que sua mais<br />
elevada e eletiva homenagem ao<br />
cinqüentenário que aqui comemoramos<br />
é o esforço que está desenvolvendo<br />
para. através do trabalho em<br />
curso do seu debate, dar mais um<br />
passo adiante na sua formação como<br />
vanguarda marxista-leninista do<br />
proletariado, no Brasil.
BR AH, Rio XV 0.Esij t\cf. M/i/p.S<br />
A Revolução e a Revolução de Regis Debray<br />
III — O CAUDILHO<br />
Para a revolução segundo Debray<br />
não há necessidade de partido.<br />
Um grupo guerrilheiro autônomo,<br />
que independente de qualquer<br />
classe ou agrupamento social definidos,<br />
lança-se à luta sob a chefia<br />
de um líder, enquadrado numa disciplina<br />
militar. A êle incorporamse<br />
os que aceitam previamente essa<br />
liderança pessoal e essa obediência<br />
de caserna. Os objetivos, o<br />
programa e todas as ações práticas<br />
da guerrilha são ditados por esse<br />
tipo particular de caudilho, que se<br />
apoia ou não, a seu critério, num<br />
estado-maior de chefes de segunda<br />
categoria. Esse corpo de comando,<br />
com a vitória da revolução, transforma-se<br />
no partido no poder. Ao<br />
povo cabe o papel de aderir a esse<br />
exército triunfante.<br />
"Em nenhum lugar — diz Debray<br />
— a guerrilha pretendeu formar<br />
um novo partido; ela visa, antes,<br />
apagar em seu seio todas as<br />
distinções de partidos ou de doutrinas<br />
entre os combatentes." (...)<br />
"Finalmente, o futuro exército do<br />
povo engendrará o partido"; (...)<br />
"no essencial, o partido é aquele<br />
pequeno exército". (...) "Em suma<br />
(cabe à guerrilha) romper toda<br />
dependência orgânica com os<br />
partidos políticos e colocar-se em<br />
lugar das vanguardas políticas falidas."<br />
(...) "A guerrilha não pode<br />
suportar nenhuma dualidade<br />
fundamental de funções ou podêres.<br />
Che Guevara compele à unidade,<br />
até o ponto de aspirar que<br />
os chefes militares ou políticos<br />
(...) sejam reunidos, se possível,<br />
numa só pessoa. Mas seja ela pessoal,<br />
como ocorreu com Fidel, ou<br />
colegiada, o importante é que a<br />
direção seja homogênea, política e<br />
militarmente."<br />
Nessa concepção militarizada e<br />
caudilhesca da revolução, não há<br />
tampouco lugar para uma teoria<br />
de organização. O caudilho se impõe<br />
ou não, por sua própria influência<br />
e ação pessoais; não precisa<br />
de teoria. A teoria, em tais casos,<br />
tem como função erigir certos critérios<br />
e princípios de organização<br />
que sejam aceitos por todo um grupo<br />
social, que ao mesmo tempo se<br />
subordinem e sirvam à consecução<br />
dos objetivos políticos desse grupo<br />
e se tornem obrigatórios para todos<br />
os membros do grupo. Ela permite<br />
então ao grupo organizar-se<br />
para a luta por seus objetivos, definir<br />
os direitos e deveres de cada<br />
um de seus membros, criar e destituir<br />
seus diversos escalões dirigentes<br />
e controlar a ação deles,<br />
para que esta ação atenda sempre<br />
aos seus interesses comuns.<br />
Nada disso é necessário, naturalmente,<br />
se a organização não se<br />
subordina a uma classe ou grupo<br />
social determinados, se é criada e<br />
dirigida por um ou alguns indivíduos,<br />
que impõem a ela suas concepções<br />
e objetivos próprios e obrigam-na<br />
a uma obediência de caráter<br />
militar. O fato de que esses<br />
caudilhos, ou candidatos a tal, se<br />
autonomeiem porta-vozes de todo<br />
o povo nada .altera, no caso; poderão<br />
inclusive chegar efetivamente<br />
a essa condição, em determinadas<br />
circunstâncias, mas continuarão<br />
sendo caudilhos, cuja organização<br />
se apoia no povo, mas não é o<br />
próprio povo organizado. E por<br />
não sê-lo, e enquanto persistir em<br />
nSo-sêlo, estará condenada a afastar-se<br />
do povo, pois viverá na dependência<br />
dos interesses e concepções<br />
de classe dos caudilhos e não<br />
será dotada dos mecanismos de organização<br />
que a capacitem a ser,<br />
com fidelidade, reflexo e instrumento<br />
das aspirações e da luta desse<br />
povo que ela pretende representar.<br />
Enquanto descreve um sistema<br />
de direção para a guerrilha, Debray<br />
é coerente com sua concepção<br />
caudilhesca do processo revolucionário.<br />
Sua direção é autonomeada,<br />
imposta de cima para baixo,<br />
independente de qualquer controle<br />
externo, auto-suficiente. Não<br />
precisa de teoria, normas ou princípios<br />
de organização. "Os princípios<br />
não servem aí para nada",<br />
diz êle. Os chefes decidem tudo.<br />
Mas êle não se limita a preconizar<br />
uma técnica de luta que imponha<br />
ao povo "este grupo (o guerrilheiro)<br />
de origem pequeno-burguesa<br />
como Direção Política". Quer<br />
também combater o principal obstáculo<br />
que encontra para impor essa<br />
hegemonia pequeno-burguesa ao<br />
movimento revolucionário no Continente:<br />
os partidos comunistas.<br />
Com esse fim, êle se perde numa<br />
discussão alongada sobre métodos<br />
de direção, na qual não poupa calúnias,<br />
impropérios e inverdades a<br />
propósito do movimento comunista.<br />
PARTIDO E DEMOCRACIA<br />
Um partido comunista, orientado<br />
pelos princípios do marxismo-leninismo(<br />
nada tem de fato a ver com<br />
o conceito pequeno-burguês da revolução<br />
feita por um "punhado de<br />
heróis", defendido por Debray.<br />
Parte de uma concepção radicalmente<br />
oposta, na qual a revolução<br />
é feita pelas massas e é condicionada<br />
por toda uma série de fatores<br />
objetivos e subjetivos. É o partido<br />
de urna classe determinada, o<br />
proletariado, e tem como missão<br />
histórica constituir a vanguarda<br />
revolucionária dessa classe, educála,<br />
organizá-la, prepará-la para a<br />
revolução e conduzi-la c vitória na<br />
revolução, juntamente com outras<br />
classes e camadas sociais que a ela<br />
se aliam. Para cumprir essa missão<br />
sua, o partido deve estar estreitamente<br />
vinculado à sua classe, procura<br />
nela os elementos mais ativos<br />
e conscientes, fundar nela suas raízes<br />
mais profundas. Deve êle próprio<br />
organizar-se de modo a garantir<br />
que sua política e sua direção<br />
reflitam o pensamento e os interesses<br />
da classe que êle representa,<br />
e não os deste ou daquele<br />
grupo de pessoa. Isto é indispensável<br />
para que êle seja efetivamente<br />
a encarnação do encontro do movimento<br />
operário expontâneo com<br />
o movimento socialista consciente,<br />
seja de fato o encontro fecundo da<br />
prática e da teoria revolucionárias.<br />
Os princípios de organização comuns<br />
aos partidos comunistas visam<br />
assegurar que o partido atenda<br />
à sua finalidade. O exercício<br />
da democracia interna é uma condição<br />
imprescindível. A garantia<br />
do direito à opinião individual, do<br />
direito de cada membro votar e<br />
ser votado para qualquer posto dirigente,<br />
do direito do conjunto do<br />
partido ã influência e acessos diretos<br />
ao seu congresso nacional,<br />
eleito diretamente pelas suas orga-<br />
SIMAO BONJARD1M<br />
nizações de bases, com a responsabilidade<br />
suprema de dirigir e orientar<br />
a vida de todo o partido, são<br />
elementos inseparáveis de uma organização<br />
que procura reunir e somar<br />
os combatentes mais ativos do<br />
povo e precisa ligar suas antenas<br />
ao sentimento e ã sabedoria, das<br />
mais amplas massas do povo em<br />
geral, e da classe operária em particular.<br />
A direção coletiva e centralizada,<br />
a subordinação dos órgãos<br />
de direção inferiores aos superiores,<br />
a obrigatoriedade do cumprimento<br />
das decisões tomadas coletivamente,<br />
a disciplina igual para<br />
todos os membros são, por outro<br />
lado, o meio de permitir que a<br />
vida diária do partido seja de fato<br />
dirigida por seu congresso, através<br />
do coletivo dirigente eleito por<br />
êle, e de possibilitar que a ação do<br />
partido em conjunto seja compatível<br />
com a natureza da luta a que<br />
êle se destina e tenha a necessária<br />
eficácia.<br />
Naturalmente, o mais perfeito e<br />
mais justo esquema de organização<br />
está sujeito a vícios e deformações<br />
pois quem põe em prática são homens<br />
viciados e deformados por séculos<br />
de tradição cultural em que<br />
a vaidade, a ambição pessoa, a hipocrisia<br />
e outros defeitos de caráter<br />
ganharam muito mais força que<br />
seus antônimos. Deles os homens<br />
não se desembaraçam com facilidade,<br />
mesmo quando dedicam toda<br />
a sua vida à construção de uma<br />
sociedade mais justa e mais humana.<br />
E o partido, uma organização<br />
consagrada à luta por uma revolução<br />
que, em última instância, fará<br />
com que vigorem padrões éticos<br />
mais corretos na vida social, sofre<br />
a influência da sociedade que o<br />
gera, e dos padrões éticos baixos<br />
que nela têm campo livre.<br />
Violações de todo tipo às normas<br />
e princípios de organização de<br />
nosso Partido, estranhas às finalidades<br />
e ao espírito do Partido, mas<br />
por enquanto inseparáveis da ação<br />
dos homens que o constituem, ocorrem<br />
e continuarão ocorrendo, com<br />
resultados nefastos para vida da<br />
organização, posto que implicam<br />
no amortecimento de seu espírito<br />
revolucionário, em manifestações<br />
tais como o carreirismo, o mandonismo.^o<br />
temor à responsabilidade<br />
individual, o espírito de rotina, etc.<br />
O melhor que se pode esperar, nesse<br />
terreno, é que um dia o homem<br />
seja inteiramente expurgado de vícios<br />
e imperfeições de caráter; mas<br />
ai, não haverá mais necessidade de<br />
partido. Enquanto essa sociedade<br />
nova e harmonizada não vem, o que<br />
se pode fazer é reprimir a manifestação<br />
dessas imperfeições humanas,<br />
utilizando para isto as próprias normas<br />
e princípios de organização do<br />
Partido, lutando pela sua vigência<br />
plena, para que o conjunto do Partido<br />
zele pela sua mais completa<br />
observância por parte de cada comunista,<br />
individualmente, e dos diversos<br />
organismos nos diversos níveis<br />
de direção.<br />
Essa luta está se travando em todo<br />
o movimento comunista internacional,<br />
e em nosso Partido também.<br />
Particularmente após o XX<br />
Congresso do PCUS, que questionou<br />
o condenou o que se veio a<br />
chamar de sistema do culto a personalidade,<br />
cm cujas entranhas se<br />
instaurou de forma generalizada a<br />
violação de algumas normas bási<br />
cas da vida partidária, o movimento<br />
comunista em conjunto tem desenvolvido<br />
um esforço consirerável<br />
e frutífero para restaurar a democracia<br />
em seus seio, normalizar as,<br />
relações entremos comunistas e entre<br />
os diversos partidos e com isso<br />
ganhar vitalidade e representatividade.<br />
Nosso Partido, especialmente,<br />
empenha-se em corrigir os erros<br />
que marcaram fundamente sua existência,<br />
no período citado, que influenciaram<br />
negativamente na formação<br />
de numerosos quadros e deixaram<br />
manchas difíceis de apagar<br />
em toda a sua atividade. Graças a<br />
esse esforço, pôde o Partido vencer<br />
as cadeias que o confinavam no<br />
âmbito estreito de uma seita doutrinária,<br />
para caminhar no sentido<br />
de cumprir seu verdadeiro papel<br />
de partido político dirigente de<br />
massas, onde se juntam, se educam<br />
e se aprimoram os lutadores mais<br />
combativos e dedicados de nosso<br />
povo, onde o conhecimento mais<br />
avançado da sociedade se reúne à<br />
classe mais avançada da sociedade,<br />
para construir a sociedade mais<br />
avançada.<br />
Pode-se ficar mais ou menos satisfeito<br />
com os resultados desse esforço,<br />
mas não se pode duvidar que<br />
a luta pela observância dos princípios<br />
básicos de organização do<br />
Partido é o único meio de sanar as<br />
seqüelas dos erros passados, de repelir<br />
os vicios e deformações que<br />
cada comunista traz e continuará<br />
trazendo para o Partido e para<br />
ajustar a própria organização partidária<br />
às condições e exigências<br />
novas que se vão criando a cada<br />
dia. O pior que se poderia fazer,<br />
no caso, seria ceder às concepções<br />
militaristas de Debray.<br />
Aí se revela outro aspecto profundamente<br />
reacionário dessa teoria<br />
que se pretende muito revolucionária.<br />
Embora a revolução que<br />
êle perconiza nada tenha a ver<br />
com a luta de classe, com o proletariado<br />
e com o partido comunista,<br />
Debray investe contra o partido e<br />
critica neste precisamente "a pletora<br />
de comissões, secretariado»,<br />
congressos, conferências, reuniões<br />
e assembléias", ou seja, tudo aquilo<br />
que permite o exercício da democracia<br />
no partido. Para seu gosto,<br />
o partido devia subordinar-se<br />
ao caudilhismo, a uma disciplina<br />
ainda mais incompatível com a sua<br />
natureza do que a militar. Esta última,,<br />
de um modo ou de outro, é<br />
com efeito regulamentada por leis<br />
que não são feitas pelos militares e<br />
são teoricamente válidas para todos<br />
eles, enquanto o caudilho é a sua<br />
própria lei, é ao mesmo tempo autor<br />
e árbitro do cumprimento da<br />
lei. Não se inventaria método melhor<br />
para atiçar aquilo mesmo que<br />
se quer combater: a arbitrariedade,<br />
o mandonismo, o desencadeamento<br />
das ambições pessoais, o carreirismo.<br />
PARTIDO E DISCIPLINA<br />
Cada coisa em seu lugar. O centralismo<br />
democrático do partido<br />
nunca foi e jamais será empecilho<br />
ao cumprimento da disciplina militar,<br />
quando e onde esta e necessária.<br />
Ao contrário, a experiência<br />
tem mostrado que os comunistas<br />
são sempre os soldados mais disciplinados,<br />
quando integram um<br />
exército ou outra qualquer organização<br />
militar revolucionária, mes-<br />
(Continua na 9* página)
I<br />
Bft AMftfOjPI-O- BUjALp.Ufapft<br />
A Revolução e a Revolução de Regis Debray<br />
(Conclusão da 8" pág.)<br />
mo nos casos em que tal organização<br />
não é dirigida pelo partido. Há<br />
aí uma distinção entre o soldado e<br />
o membro do partido, que Debray<br />
não enxerga, ou não quer enxergar.<br />
Enquanto soldado, o comunista<br />
se obriga e se limita a cumprir<br />
as ordens de seus comandantes; enquanto<br />
membro do partido, na organização<br />
partidária a que pertence,<br />
êle é igual a todos em direitos<br />
e deveres.<br />
Debray levanta outros pretextos<br />
para exercitar seu anticomunismo.<br />
Alguns são infantis. Alega por<br />
exemplo que "existe na América<br />
Latina um elo profundo entre biologia<br />
e ideologia", o que é um modo<br />
bizarro de dizer uma coisa certa<br />
— que a guerrilha exige juventude<br />
dos que a fazem
A Grande Revolução de Outubro<br />
E Sua Repercussão no Brasil<br />
fc*./Wj*i'0 XVo-ESi;rtcP. t J/5;o. \u<br />
A vitória da Revolução de Outu- do novo regime e mesmo algumas Pavel, dirigiu ainda em 1917 uma<br />
bro teve uma repercussão profunda declarações de Lênin e Trotski, atra- série de cartas à imprensa burguesa<br />
e muito diversificada na vida do vês das quais os elementos nacionais em defesa da Revolução de Outupovo<br />
brasileiro. Ela proporcionou a progressistas poderiam discernir a bro. Em fevereiro de 1919, reuniu ime- marmoristas ladrilheiros,<br />
todas as forças políticas e sociais verdade e manifestar-se a favor da estas cartas em livro, sob o ütulo — 5^— .,.,,,.,«„,,,. ;„j„a„;;^^<br />
interessadas no desenvolvimento de- revolução. "A Revolução Russa e a Imprensa .<br />
mocrático e na emancipação do país Outros escritores que tomaram,<br />
um ponto de referência novo, in- Por ocasião das manifestações pú- desde o início, o partido da revodicador<br />
do caminho para a recons- blicas no Rio de Janeiro, a 1." de lução russa: Fábio Luz, José Oiti-<br />
oleiros, comerciários, industriários,<br />
metalúrgicos, eletricistas, chapeleiros,<br />
padeiros, empregados em farmácias<br />
e hospitais etc. O movimen<br />
to durou vários dias e terminou vi-<br />
trução da sociedade e a libertação maio de 1918, os trabalhadores ca- cica, Evaristo de Morais, Domingos ^ ^Ao raador do fr<br />
nacional. Criou as condições para nocas aprovaram por aclamação um Ribeiro Filho, José Martins, Carlos ^ mu^ado 8 uma lei fixando<br />
a extinção da forte influência anar- documento no ^ qual manifestavam Dias, ^ Antônio ^ ^Canelas,^ Afonso ^ 8 n0raso dia de trabalho.<br />
quista que dominava no movimento "a sua profunda simpatia pelo po- Schmidt, Edgard Leuenroth, Otávio<br />
A repressão a todos esses movi<br />
operário e socialista. Estimulou a vo russo, neste momento em luta Brandão (primeiro tradutor do ^Macriarão<br />
do Partido marxista-leninis- aberta e heróica contra o capita- nifesto Comunista), Everardo Dias - , - , .<br />
criação uo 1 «iruuu muriuio IUIÜ» r . . " _ _. çao do governo jamais<br />
as questões.<br />
solucionou<br />
Foi<br />
ta, vanguarda da classe operaria e hsmo . No 1." de maio de 1919, (primeiro tradutor de Dez Dias que<br />
nesse<br />
^15^0,4,!^,^<br />
período que o proletariado co<br />
principal organização dirigente da outra grande manifestação de mas- Abalaram o Mundo)<br />
meçou a compreender o papel po<br />
luta revolucionária de nosso pOTO. to sas, no quando qual se foi dizia: aprovado "O proletariadocumenlítico que lhe cabia desempenhar<br />
dot do Rio 1 de __ Janeiro, J* • . UA reunido 1_» em 1~ Influência<br />
na vida nacional, e também foi<br />
Opinião<br />
massa na praça pública e solidá<br />
nesse período que ficou patente a<br />
rio com as grandes demonstrações l^ík (^TíWlUlí^Tltíl incapacidade do anarquismo de se<br />
dos trabalhadores neste 1.° de maio, t»M lTXi/T llllClllvF manter à frente de um movimento<br />
Das Classes<br />
envia uma saudação especial aos<br />
proletariados russo, húngaro, germâ- ' .<br />
revolucionário.<br />
nico e protesta solenemente contra I lr)í*l*íl 1*1 f)<br />
Dominantes<br />
qualquer intervenção militar bur- mr<br />
guesa tendo por fim atacar a obra<br />
Através de sua imprensa, as cias- revolucionária tão auspiciosamente Sob " JV,U Nessa época, começaram a organizar-se<br />
os primeiros grupos coa<br />
• »""">='":"» influência «• da «»T«»^-» revolução - munistas, 7""U«£" passo inicial para a criases<br />
dominantes brasileiras manifes- encetada na Rússia",<br />
russa, intensificou-se o movimento Çao do PCtí.<br />
taram uma atitude de reserva e<br />
operário brasileiro, embora sob a<br />
de franca hostilidade às novas fôr- Alguns periódicos, característica- orientação dos anarquistas, conse<br />
ças que assumiam o poder na Rús- mente anarquistas, publicaram ar- guindo algumas vitórias como me- Fundação<br />
sia. Para a imprensa burguesa, a tigos e documentos sobre a Revo- lhoria de condições de trabalho, direvolução<br />
russa era uma "estranha lução. O semanário "Spartacus", do min uição da jornada e aumento de<br />
revolução". Essa mesma imprensa Ri0 de Janeiro, publicou em agosto salários,<br />
revelava uma oposição aos ""líderes de 1919 "A mensagem aos trabamaximalistas",<br />
como eram chama- lhadores americanos" e, alguns me- No mesmo ano de 1917, violenta<br />
dos Lênin, Trotski e outros. Refe- ses mais tarde, outro trabalho de 6 reve . abalou .° ^ tado de SSo Paul Do Partido<br />
Em 1919, já havia surgido um<br />
° "Partido Comunista", denominação<br />
ria-se comumente a Lênin como Lênin *A democracia burguesa<br />
foi a primeira greve geral de imprópria porqnet conforme Astro.<br />
"ridículo agitador". Era favorável a e a democracia proletária". O órgão amb,t o estadual- Os grevistas che- judo Pereira, "tratava-se na reali-<br />
Kerensky, considerando uma traição da Federação dos Trabalhadores de f aram a tomar conta da cidade de dade de uma organização tipicaao<br />
pacto de Londres a assinatura da Pernambuco, "A Hora Social", em ? ao Paldo e ° governo se manifestou mente anarquista, e a sua denomipaz<br />
de Brest-Litovsy. "Resta aos novembro de 1919 publicou o texto '"eapaz de dominar o movimento, nação de "parado comunista" era<br />
aliados a esperança de que os par- da primeira Constituição Soviética. de nada valendo o estado de sitio um puro refleXo, nos meios operátidários<br />
de Kerensky reapareçam Em São Paulo, o semanário em lín- decretado pelo governo federal para rios brasileiros, da poderosa influoportunamente,<br />
evitando à Rússia a gua italiana "Alba Rossa" estam- todo ° P aIS - ência exercida pela revolução promaior<br />
das desgraças, a paz sepa- pou, em sua edição de 1." de maio D L letária triunfante na Rússia, que<br />
rada", dizia o "Diário Popular", de de 1919, um artigo de Lênin sobre hm 1918 < n ,° •** houve uma sc sabia dLrigida ^ ^ COmunistas<br />
São Paulo, do dia 4-12-1917. a pa* de Brest-Litovski e um apelo & rande & r , eve *• operários têxteis, daqueie ^ 0 qae n5„ „ sabia<br />
A imprensa burguesa acreditava de tòdos M países<br />
ou pretendia fazer acreditar que<br />
aquela era uma situação anormal<br />
e passageira, que o povo russo não<br />
aceitaria a orientação de Lênin e<br />
outros, porque estavam destinados<br />
a cair. "Mesmo abstendo-nos de contar<br />
com a provável reação popular<br />
contra Lênin e seu bando, não é<br />
verossímel que o pretenso governo<br />
de Máximo Gorki aos trabalhadores com a adesao de dlv ersos sindica- ao certo f QS comunistas e<br />
tos A greve alastrou-se pelas ei- „ achavam a {rente ^ revolução<br />
uades circunvizinhas Este movi- russa eram mandstas , n5o anar.<br />
mento, durante o qual houve cho- quistas"<br />
quês violentos e mortes de lado a<br />
lado deveria estender-se a outros 0 Congresso de fundaca0 do PCB<br />
Estados, e alguns de seus lideres (oi noüciado U revista *Movi.<br />
visavam a tomada do poder pela ment(K Comunista, n." 7, de junho<br />
classe operaria, para o que elabo- de i922. O Congresso reuniu-se a<br />
raram o chamado programa maxi- 25, 26 e 27 de março de 1922.<br />
Foram numerosos os intelectuais malista de governo . ^Havia urgência na organização do<br />
Opinião dos<br />
Intelectuais<br />
rnsso consiga ultrapassar a etapa de da época que se manifestaram vio- • _ r . partido em " T ^ da * J -ao<br />
simples armistício . No mesmo co- lentamente contra a revolução rus- t-m bao Paulo, no mesmo 1918, J„ iy r „ J. 1 » • 1<br />
r . . ... UTV. • • n 1 n T«- . .y ..... . , . , ' . 'ao IV Congresso da Internacional<br />
mentano, dizia o Diano Popular sa. Porem, numerosos intelectuais o proletariaao prosseguiu em sua de Moscou „0 ^.^ deveriam fazerde<br />
6-12-1917: "Embora francamen- progressistas revelaram seu entusias- luta contra a burguesia capitalista, se representar os romunistas do<br />
te colocada no caminho da traição, mo e suas simpatias pelo grande nacional e estrangeira. Houve gre- J}rasil" lê-se na citada revi<br />
eles conseguiram escalar o poder acontecimento do século. ves em fábricas de tecidos, na Light,<br />
baseando-se em princípios e teorias, e principalmente entre os ferroviáagora<br />
são obrigados a pôr em prá- Lima Barreto, o maior deles, rios da São Paulo Railway.<br />
rica sob pena de perderem toda a grande jornalista e romancista, sensua<br />
influência sobre as massas po- sível ao drama social do Brasil, foi Em Pernambuco verificaram-se<br />
Opinião<br />
Dos<br />
Trabalhadores<br />
Logo após a sua fundação, o<br />
Partido Comunista Brasileiro foi legalmente<br />
registrado como sociedade<br />
civil. A fundação do PCB passou<br />
pulares.<br />
um dos maiores entusiastas da Ke- varias greves, destacando-se a da j.«v.orn»v,i^„ .s„ ;_„=«<br />
» .- .. —. - «. • 1 T T.-x .. . despercebida, então, na imprensa<br />
voluçao de Outubro, chegando a es- União Cosmopolita, que reunia os !,„„„„, . . __ . ...<br />
3 „c - j j • . L n. J 1 T. 1 rr, Burguesa e nas correntes majontacrever:<br />
Sena capaz de deixar-me trabamadores da Pernambuco Tran- rias da im5o do . SJ afij.<br />
matar para implantar aqui o regime way, que tomou grandes proporções. maçaQ posteriormente, como prinmarxista<br />
. Nos_ seus artigos ded.ca- Em princípios de junho de 1919, cipal organização revolucionária do<br />
dos a revolução russa atualmente irrom uma eve no ^^ de aís e rtido diri te da classe<br />
reunidos no livro Bagatelas , vibra- , c i . D ,. -•<br />
va com Lênin, tendo escrito a seu ^ndes de Salvador, Bahia, trans- operaria viria constituir-se numa<br />
respeito: "Este é o grande homem formando-se posteriormente em gre- prova marcante e definitiva da indo<br />
nosso tempo, que preside com Ve geral com a adesão de emprega- fluência que a luta dos revolucio-<br />
Apesar de todo o bloqueio e des- * - au ac,a uma . í 18 * rans or- virtuamento que se fazia ao noticiá<br />
dos carroceiros, em hotéis, choferes, cafés, pedreiros, restaurantes, car- nários de nosso russos povo. exerceu sobre a vida<br />
rio referente à grande revolução de Na falta de uma imprensa opeoutubro,<br />
saíram na própria impren- rária, o nosso querido Astrogildo<br />
sa burguesa os planos de governo Pereira, sob o pseudônimo de Alex <strong>VOZ</strong> <strong>OPERARIA</strong> — Novembro de 1967 — página 10
Contradições no Desenvolvimento<br />
Econômico de Pernambuco<br />
Pernambuco atravessa ura dos ajuda da SUDENE. Dito isso, têmpiores.<br />
períodos da sua história, se a impressão que se amplia o mermergulhado<br />
numa crise que está cado de força de trabalho. Porem<br />
levando ao desespero as massas isso não se dá. Essa é uma das<br />
trabalhadoras. Se é geral, em todo grandes contradições do desenvolo<br />
país, o desemprego, os baixos .vimento que se processa em Persalários,<br />
o alto custo de vida etc, nambuco: Cresce o número de uniem<br />
conseqüência da política segui- dades industriais, paralelamente auda<br />
pela ditadura, Pernambuco não mente o desemprego. As unidades<br />
poderia ser uma exceção. Ao con- industriais criadas não absorvem a<br />
trário, aqui esses fenômenos tomam mão-de-obra disponível. A crescencaráter<br />
mais agudo, em virtude de te instalação de unidades fabris é<br />
vivermos numa área mergulhada, acompanhada de uma crescente<br />
permanentemente, no atraso econõ- marginalização social das massas<br />
mico e social. trabalhadoras. Isso, em virtude do<br />
desnível existente e da tecnologia<br />
Há, no nodeste, prrincipalmente utilizada pelos setores empresaem<br />
Pernambuco, um franco desen- riajs e a mão-de-obra de que disvolvimento<br />
industrial. Mas, como pomos. £sse processo de desenvolse<br />
processa esse desenvolvimento? vimento não tem condições de<br />
Quem dél? se beneficia? Estas são abranger, direta nem indiretamenas<br />
questões que se colocam nas bô- te, a nova fôrça-de-trabalho decorcas<br />
e nas cabeças de todos que vi- rente do próprio crescimento do Esyem<br />
nesta sofrida região. A Igre- tado, do êxodo rural que se eleva<br />
ja, através de seus bispos, já de- de ano para ano e da emigração<br />
nunciou as injustiças provocadas dos Estados vizinhos. Essa polítipor<br />
êss,e desenvolvimento unilate- ca seguia pela SUDENE tem coníal.<br />
A Ação Católica Operária tribuido para acelerar o processo<br />
(ACO), ligada ao clero, denun- de desemprego. Ao contrário do<br />
ciou-o em manifesto de enorme re- que se quer fazer crer, essa polípercursão,<br />
chamando-o de "Nor- tica não visa melhorar as condições<br />
deste, desenvolvimento sem Justi- de vida das populações pernambu-<br />
? a • canas, mas atender aos interesses<br />
' d a burguesia e de grupos econõmi-<br />
Surgem em Pernambuco novas e cos norte-americanos,<br />
novas unidades industriais, enquanto<br />
uma série de outras industrias se As conseqüências dessa política<br />
modernizam e se ampliam, com a esta a vjSta de todas aquelas pessoas<br />
que visitem o Recife. Cresce<br />
o número de pedintes e de crian-<br />
^ 0 0 Pl*PÇfiQ ças abandonadas e desasjustadas.<br />
W I * voVO A. fome, a nudez, as doenças endêmicas<br />
e a mortalidade infantil<br />
flitos sociais que começam a estourar<br />
num ou noutro lugar. Por exemplo,<br />
no setor da indústria têxtil, nos<br />
três últimos anos se assinalou uma<br />
grave crise com redução de jornada<br />
de trabalho, eliminação de turnos<br />
de trabalho, demissões em massas,<br />
congelamento de salário, não<br />
pagamento do Décimo Terceiro Salário,<br />
e até redução pura e simples<br />
de salários. Na Fábrica de Macaxeira,<br />
do grupo Othon Bezerra de<br />
Melo, uma das maiores do Estado,<br />
no decorrer de um mês foram jogados<br />
na rua cerca de 700 operários,<br />
com indenizações feitas na<br />
base de 40 e 50 por cento, pagas à<br />
prestação (a longo prazo). A alegação<br />
da companhia era a crise do<br />
setor por falta de mercado e de financiamento.<br />
Recentemente, esse<br />
mesmo grupo passou a receber ajuda<br />
da SUDENE, o estoque de tecido<br />
foi vendido e ao que se fala<br />
grandes e vantojosas encomendas<br />
foram recebidas, mas as demissões<br />
continuam, principalmente dos operários<br />
mais antigos, como uma decorrência<br />
da lei do Fundo de Ga<br />
BR AN, mo x«*-o. es, AcP. ^fa p.U<br />
ANDRÉ SANTANA<br />
liberais, artezães, enfim, esse imenso<br />
contingente que costumanos chamar<br />
de camada médias urbanas.<br />
A desinflação, em nome da qual<br />
a ditadura há mais de três anos<br />
vem impondo sacrifícios inauditos<br />
ao nosso povo. é um blefe. A inflação<br />
prossegue e prosseguirá porque<br />
o mal é de estrutura e este<br />
não foi nem será tocada por essa<br />
camarilha que está no poder.<br />
Diante disso não é difícil preverse<br />
um aguçamento geral das lutes<br />
sociais em Pernambuco. Há, portanto,<br />
um amplo campo para atuação<br />
das forças políticas que lutam<br />
contra a ditadura, contra o imperialismo<br />
e por um novo poder efetivamente<br />
democrático.<br />
rantia e da automatização da fá-D___,,_ . . __.- -.-»• :• • •''<br />
brica. rorque e como elevemos<br />
Ê nesta empresa precisamente '<br />
onde os operários têm demonstra- #<br />
do com atos, o seu descontenta- f flfl&tfllll* f|<br />
mento. desde os operários têm de- v v l l D U U1X \f<br />
monstrado com atos, o seu descon- --^ . . —<br />
tentamento, desde os primeiros me- f £11*1100 RO* a<br />
ses de 1966 quando realizaram um<br />
adquirem caráter mais agudo. Esse<br />
é um dos resultados práticos da ditadura<br />
de entreguistas e de traido-<br />
•-% • res da pátria, em relação a Perl<br />
IffftfiTQ 3>l nambuco e ao nordeste, em geral.<br />
Enquanto isso, através da<br />
SUDENE e do Banco do Nordes-<br />
/^•i i . . . . te, qrupos empresariais nacionais e<br />
Cálculos responsáveis fixam em '. a K . v . . ,<br />
, ,nn r , . . estranqeiros, pelas mais deversas<br />
cerca de 500 o numero de pátrio- ""*" a"-' • f »<br />
, „ „ - formas, recebem grandes e vanatas<br />
paraguaios presos nas masmor- . ... „ ? .
Porque e como devemos<br />
Construir o Partido no Seio do Proletariado<br />
Na atualidade, a estrutura do<br />
proletariado brasileiro se estende a<br />
começar de os operários fabris, de<br />
construção, dos transportes e comunicações,<br />
das minas e da produção<br />
energética — que expressam o cerne<br />
da classe, por assim dizer —<br />
até os comerciários, funcionários e<br />
o pessoal assalariado no setor cultural.<br />
Esta estratificação contribui<br />
para a falta de hemogeneidade em<br />
suas fileiras e leva a tentativa de<br />
o pessoal do setor terciário a se sobreporem<br />
ao núcleo fabril na liderança<br />
da classe. 01 empregados<br />
urbanos e rurais devem estar atingindo<br />
a cifra de mais de dez milhões<br />
de pessoas. Representam um<br />
peso específico de valor inestimável<br />
no cómputo da população em<br />
geral, e da economicamente ativa<br />
em particular.<br />
O proletariado é a classe emergente<br />
na sociedade brasileira, em<br />
detrimento das classes arcaicas em<br />
descenso que tendem a desaparecer<br />
juntamente com as estruturas em<br />
decadência. O proletariado é a classe<br />
que se acha ligada à grande produção<br />
de valores; à revolução industrial<br />
e tecnológica de nossa época.<br />
E' a classe mais revolucionária<br />
que a^pjra 'à libertação nacional<br />
e social. Afirma Lênin: "Só<br />
uma classe determinada, a saber:<br />
os operários urbanos e em geral os<br />
operários industriais das fábricas e<br />
oficinas, está em condições de dirigir<br />
toda a massa de trabalhadores<br />
e exploradores, na luta...".<br />
O Partido só pode desempenhar<br />
seu papel de vanguarda, isto é, de<br />
orientador e dirigente revolucionário<br />
das massas se tiver as suas principais<br />
bases estruturadas e em ação<br />
no . seio do proletariado, em suas<br />
grandes concentrações empresariais.<br />
Esta constitui uma das razões porque<br />
devemos construir o Partido no<br />
seio da classe operária. Construído<br />
nestas condições, o PCUS foi aquele<br />
que dirigiu a revolução e que<br />
comemora este mês os 50 anos de<br />
socialismo vitorioso.<br />
A tática e a estratégia do Par<br />
tido, exigem que se construa o<br />
Partido no seio da classe mais con<br />
seqüente. 0 principal elemento tá<br />
tico do Partido é ligar-se às mas<br />
sas, exercer influência sobre estas<br />
e dirigi-las. Nenhum outro estrato<br />
social expressa tão autenticamente<br />
as massas do povo como o pro<br />
letariado. Liderando parcelas da<br />
classe operária em qualquer local<br />
de trabalho ou de vivência das mas<br />
sas, o Partido tem as condições ade<br />
quadas para a função de dirigente<br />
das grandes massas.<br />
O principal elemento da estraté<br />
gia do Partido é conduzir com êxi<br />
tos as massas na atual etapa histó<br />
rica de libertação para alcançar o<br />
socialismo. O proletariado é exata<br />
mente a classe revolucionária cuja<br />
meta de libertação é a liquidação<br />
da exploração do homem pelo ho<br />
mem. Baseando a nossa política ge<br />
ral fundamentalmente apoiados nesta<br />
classe, os objetivos programéticos<br />
do Partido terão maior probabilidade<br />
de êxitos. Esta é outra razão<br />
porque é imprescindível que o Partido<br />
seja construído no seio da<br />
classe operária.<br />
Na política do Partido desempenha<br />
papel decisivo a estratégia e a<br />
tática das alianças de classes e camadas.<br />
O proletariado, por ser uma<br />
classe inconciliável com os seus exploradores<br />
e incompatível com o golpismo<br />
e aventureirismo burguês e<br />
pequeno-burguês, é o que mais se<br />
apresta para justas alianças. A partir<br />
do primórdio de seu surgimento<br />
nutre suas fileiras com homens<br />
vindos do campo; tende sempre a<br />
se aliar com o campesinato. Esta<br />
representa a frente única fundamental<br />
na política do Partido. Tal<br />
aliança fortalece o proletariado. Secunda<br />
também ao Partido.<br />
Na dinâmica do desenvolvimento<br />
industrial e cultural e ante a explosão<br />
dos centros demográficos,<br />
emergem com ímpeto as camadas<br />
médias urbanas e a , burguesia nacional.<br />
Estas disputam a liderança<br />
do processo, tanto com as classes<br />
arcaicas, decadentes, sustentadas pelo<br />
imperialismo, como ainda a disputam<br />
com o proletariado. Esta disputa se<br />
desenvolve objetivamente na estratificação<br />
do proletariado e se reflete<br />
nas fileiras do Partido. A pequena<br />
burguesia tenta impor ao proletariado<br />
a sua ideologia, a sua política<br />
e os seus métodos. O golpismo<br />
e o foquismo — duas faces da<br />
mesma moeda — constituem reflexos<br />
destes atritos que atuam no<br />
terreno político, ideológico e orgânico<br />
do Partido. Uma condição essencial<br />
para que o Partido realize<br />
justas alianças de classe, sem<br />
conciliar com a burguesia nem se<br />
prosternar ante a pequena burguesia<br />
é construir fortes bases no meio<br />
do proletariado.<br />
Um dos instrumentos decisivos<br />
para construir um Partido de ação,<br />
dirigente das grandes massas entre<br />
o proletariado é a justa linha política.<br />
Uma política marxista-leninista<br />
que se estriba no princípio<br />
marxista-Ieninista do papel das massas<br />
na revolução; e não no grupo<br />
de heróis; uma política que considera<br />
revolucionária a classe de proletários<br />
— de acordo com Marx<br />
e Engels — e não os setores radicais<br />
da pequena burguesia. Uma<br />
política que prenuncia a função de<br />
vanguarda revolucionária do partido<br />
da classe operária e não o foco de<br />
grupo isolado das massas do país;<br />
uma política que parte do estado<br />
real do processo histórico do país,<br />
considerando as respectivas etapas e<br />
fases e não de acordo com os desejos<br />
da pressa pequeno-burguesa<br />
que tende a omitir etapas, a aventuras<br />
e divisões entre as forças que<br />
se opõem à ditadura, principalmente<br />
da classe operária e das esquerdas.<br />
A política do Partido — que<br />
não permite o isolamento do proletariado,<br />
que possibilita a sua unidade<br />
e o estabelecimento de alianças<br />
com as forças fundamentais e conjecturais<br />
e a conquista da hegemonia<br />
— é aquela cujas linhas<br />
gerais foram plasmadas no V Congresso.<br />
Atualmente ela prossegue<br />
em elaboração para o VI Congresso.<br />
Esta política e a ação política de<br />
massas e seus êxitos estimulam a<br />
construção do Partido; e derrotarão<br />
por fim as conciliações e capitulações<br />
diante da pequena burguesia é<br />
propicia as condições para que o<br />
proletariado possa desempenhar seu<br />
papel histórico na sociedade brasileira.<br />
Este é o instrumento fundamental<br />
para que seja construído o<br />
Partido nas fileiras do proletariado,<br />
a curto e a longo prazo.<br />
Um outro instrumento para a<br />
construção do Partido entre o proletariado<br />
é a clareza de objetiva,<br />
neste sentido, no âmbito nacional,<br />
estadual, municipal, distrital e local.<br />
A dinâmica da luta de classes<br />
exige plano e controle sistemático<br />
de sua execução, considerando os<br />
inimigos que o proletariado enfrenta<br />
e que desejam a sua divisão e<br />
destruição, que hoje se estende a<br />
certas camadas pequeno-burguesas e<br />
forças políticas de esquerda; a luta<br />
ideológica e a defesa da unidade da<br />
classe operária e do Partido assumem<br />
proporções muito maiores do<br />
que em qualquer outra época histórica.<br />
Sem um plano multifacético e<br />
um controle sistemático é muito difícil,<br />
e talvez impossível, construir<br />
o Partido nas empresas.<br />
Esta tarefa de mais alto sentido<br />
revolucionário não pode ser considerada<br />
como sendo de algumas<br />
pessoas, de uma frente do Partido<br />
ou de um organismo. E' um objetivo<br />
essencial, permanente e integral,<br />
portanto, de todo o Partido, de todos<br />
os organismos e órgãos dirigentes<br />
do Partido. Somente um<br />
trabalho coordenado global dos militantes<br />
pode levar a bom êxito este<br />
empreendimento. Os militantes e a<br />
massa de quadros do Partido demonstraram<br />
ao longo de nossa história<br />
que somos capazes de vencer<br />
todas as tentativas divisionistas e<br />
liquidacionistas do Partido, tanto as<br />
que vêm de fora ou de dentro. A<br />
reconstrução do Partido após o golpe<br />
de abril e a derrota dos esquerdistas<br />
que tentaram arrastar o Partido<br />
para aventuras golpistas e os<br />
que tentaram desmoralizá-lo, indicam<br />
a existência em todos os escalões<br />
de um núcleo de quadros<br />
conscientes do processo de luta interna<br />
e do amadurecimento do Partido.<br />
Unificadas a vontade e a<br />
ação dos quadros e militantes, a tarefa<br />
da construção do Partido no<br />
seio do proletariado conta com todas<br />
as probabilidades de êxitos a<br />
curto e a longo prazo.<br />
Esta tarefa exige uma justa dis<br />
tribuição das forças, dos órgãos e<br />
organismos dirigentes do Partido.<br />
Todas as tarefas do Partido são<br />
necessárias e úteis. Contudo, a ca<br />
da momento existem os chamados<br />
elos que arrastam a corrente. Na<br />
defesa e no fortalecimento da cons<br />
trução do Partido o seu enraiza<br />
BR /VWjA'0 XT-O. ESí,ACP.M(iJp.l>.<br />
mento nas empresas constitue um<br />
elo decisivo no momento. Um Partido<br />
forte nas empresas fornece elementos<br />
para melhores êxitos na aplicação<br />
integral do centralismo democrático.<br />
Daí a importância de uma<br />
distribuição adequada das forças do<br />
Partido com vistas para este objetivo.<br />
Neste sentido, a distribuição dos<br />
quadros tem uma importância de<br />
realce. Os quadros são a grande<br />
arma com a qual o Partido conta<br />
para sua defesa, construção e fortalecimento.<br />
Quando se considera tão importante<br />
a construção do Partido na<br />
empresa, bem como num distrito<br />
ou município, e para lá se destacam<br />
quadros, é um sintoma que<br />
há compreensão na prática do significado<br />
do papel do proletariado na<br />
revolução e do Partido como vanguarda<br />
da classe revolucionária.<br />
O trabalho da construção de bases<br />
partidárias entre o proletariado<br />
urbano e rural não é viável se se<br />
deseja realizá-lo de sopetão, de golpe.<br />
As concepções golpistas pequenoburgueses<br />
se insinuaram no decorrer<br />
do processo histórico da formação<br />
do Partido. Estas ainda se manifestaram<br />
na interpretação e aplicação<br />
da linha do V Congresso, como entrave<br />
à luta ideológica contra os<br />
remanescentes das concepções oriundas<br />
do sistema do culto à personalidade.<br />
Não são recentes estes traços<br />
ideológicos estranhos ao proletariado<br />
e à sua teoria marxista-Ieninista.<br />
Estas concepções golpistas<br />
da pressa e do radicalismo pequeno-burguês<br />
tiveram curso florescente<br />
principalmente na época da vigência<br />
do sistema do culto. da personalidade<br />
e das linhas políticas<br />
dogmáticas e sectárias. No terreno<br />
orgânico se manifestaram na pressa<br />
em construir bases nas empresas<br />
e ainda na maior pressa de acioná-las<br />
e pô-las a descoberto, possibilitando<br />
assim ao inimigo a sua<br />
liquidação.<br />
Aquelas concepções determinaram<br />
o desligamento prematuro de qua<br />
dros operários da produção, o de-<br />
sencadeamento de lutas prematuras<br />
desligadas das massas, como as de<br />
repercussão segundo as necessidades<br />
da orientação radical golpista, a vai<br />
dade pequeno-burguesa e o baluar-<br />
tismo coxo.<br />
Uma condição imprescindível<br />
para alcançar êxitos neste empreen<br />
dimento consiste em derrotar as<br />
concepções ideológicas estranhas,<br />
tanto espon\aneistas como golpistas<br />
liquidacionistas, históricas e atual<br />
mente renovadoras, estribadas na<br />
teoria foquista antioperária e anti-<br />
partido, segundo a qual quem faz<br />
a revolução é o comunista, o herói<br />
e não as massas.<br />
O trabalho revolucionário de eri<br />
gir poderosas bases proletárias no<br />
(Continua na 11* página)
V<br />
Nota Política<br />
da<br />
6K AW,RÍo XI- D. £$ij AtP.^/jjp.tf<br />
Comissão Executiva<br />
Suplemento Especial de "<strong>VOZ</strong> OPERÁRIA*<br />
-<br />
1967
1. Acentua-se o descontentamento popular<br />
e já se verificam, com maior freqüência,<br />
manifestações de resistência e oposição à<br />
ditadura. A classe operária, apesar dos enormes<br />
obstáculos criados ao desenvolvimento<br />
da atividade sindical pela constante intervenção<br />
dos agentes policiais e do Ministério<br />
do Trabalho, formula suas reivindic içõe»,<br />
protesta contra o "Fundo de Garan'i%",<br />
manifesta-se disposta a lutar contra a política<br />
salarial da ditadura e começa, nos<br />
principais centros industriais, a unir suas<br />
forças para a ação. Os trabalhadores do<br />
campo iniciam a reorganização dos seus<br />
sindicatos e procuram resistir ao nã-j cumprimento<br />
das leis trabalhistas por parte dos<br />
fazendeiros, já tendo havido greves de longa<br />
duração na indústria canavieira do Nordeste,<br />
ao mesmo tempo que surgem algamas<br />
lutas de posseiros. Os servidores públicos<br />
reorganizam suas forças, dispostos a<br />
lutar contra a penúria em que se cocuntram.<br />
Cresce a combatividade dos estudantes<br />
que lutam contra o acordo MEC-USAlD<br />
e enfrentam com firmeza a brutal repressão<br />
policial. São cada vez mais numerosas<br />
as manifestações patrióticas contra o<br />
opressor imperialista, cresce o ódio popular<br />
aos assassinos do povo vietnamita, sendo<br />
queimadas, em diversos lugares, bandeiras<br />
dos Estados Unidos e vaiado, em Brasília,<br />
o Embaixador dos Estados Unidos. Amplos<br />
setores da população, tendo à frente intelectuais,<br />
jornalistas e personalidades de destaque,<br />
inclusive sacerdotes católicos, tomam<br />
posição contra a legislação reacionária da<br />
ditadura, reclamam sua revogação, assim<br />
como a anistia geral, o término dos IPMs<br />
e a liberdade para os presos e perseguidos<br />
políticos.<br />
2. Com a posse do sr. Costa e Silva<br />
na presidência da República tentaram, porém,<br />
as forças reacionárias que usurpam<br />
o Poder — militares traidores e outros agentes<br />
do imperialismo — ampliar a base social<br />
da ditadura, anunciando mudanças na<br />
política econômico-financeira, a pacificação<br />
do país e medidas no sentido da democratização<br />
do regime. O sr. Costa e Silva, cuja<br />
i<br />
E.R AN, Cio x°l• o • Esí, ACP. H fi<br />
candidatura foi imposta pelos setores mais<br />
reacionários das Forças Armadas, assumiu,<br />
por sua vez, compromissos com diversos<br />
setores da burguesia. Ampliou, assim, a<br />
base política do governo, do qual participam<br />
representantes daqueles setores —• como<br />
o sr. Magalhães Pinto e outros — que<br />
se haviam afastado do governo Castelo<br />
Branco, embora tivessem participado ativamente<br />
do golpe de 64 e defendam o atual<br />
regime, que lhes permite a crescente exploração<br />
dos trabalhadores. Para favorecer<br />
aos mesmos setores das classes dominantes,<br />
certas mudanças foram introduzidas na política<br />
da ditadura. Foi criticada a política<br />
econômico-financeira do sr. Roberto Campos,<br />
a qual, como se diz no "Programa<br />
de Diretrizes Básicas" do atual governo,<br />
"não logrou alcançar o resultado desejado,<br />
seja quanto à retomada do desenvolvimento,<br />
seja quanto à contenção da inflação".<br />
Alterou-se a fundamentação da política externa,<br />
que se apoiava na doutrina da inevitabilidade<br />
da guerra mundial e na descarada<br />
subordinação ao governo dos Estados<br />
Unidos, a fim de melhor mascarar a subordinação<br />
do Brasil ao opressor norte-americano.<br />
Tudo isso contribui para criar um<br />
clima de expectativa em mudanças favoráveis<br />
ao povo, o qual chegou a influenciar<br />
setores das camadas médias e mesmo da<br />
classe operária e paralisou praticamente a<br />
oposição burguesa.<br />
3. O sr. Costa e Silva representa, no<br />
entanto, as mesmas forças do golpe de abril<br />
e tem por tarefa, na presidência da República,<br />
consolidar o regime imposto à nação<br />
e que fêz do Brasil, ponto de apoio<br />
principal da política reacionária e agressiva<br />
dos imperialistas dos Estados Unidos<br />
na América Latina. Seu governo, como o<br />
de seu antecessor, é uma ditadura militar,<br />
reacionária e entreguista, que imprime ao<br />
desenvolvimento da economia nacional um<br />
curso favorável aos interesses dos monopólios<br />
norte-americanos, dos latifundiários e<br />
dos grandes capitalistas, à custa da crescente<br />
exploração das massas trabalhadoras<br />
e da espoliação das riquezas nacionais.
Tem sido esta efetivamente a orientação<br />
de seu governo em todos os terrenos.<br />
E" êle o defensor intransigente da nova<br />
Constituição fascistizante, que afasta o povo<br />
da vida política, liquida na prática as<br />
garantias individuais, anula as conquistas<br />
sociais dos trabalhadores, acaba com a autonomia<br />
estadual e munieipal, atribui podêres<br />
absolutos ao presidente da República e<br />
reduz o Poder Legislativo ao papel subalterno<br />
de mero registrador das decisões do<br />
Executivo.<br />
Ao mesmo tempo, utiliza-se da legislação<br />
reacionária para dar cobertura legal a violências<br />
policiais e ao arbítrio dos encarregados<br />
dos IPMs, para encarcerar trabalhadores,<br />
estudantes, intelectuais e sacerdotes.<br />
Mobiliza milhares de policiais contra um<br />
Congresso de estudantes. Além da famigerada<br />
Lei de Segurança, volta aos Atos Institucionais<br />
da ditadura para perseguir jornalistas<br />
e democratas em geral. Prende dirigentes<br />
sindicais que levantam as reivindicações<br />
dos trabalhadores e, apesar das<br />
promessas demagógicas do ministro do Trabalho,<br />
intervém no movimento sindical e<br />
procura subordiná-lo aos interesses da ditadura<br />
e dos patrões.<br />
No terreno da política econômieo-financeira<br />
dá continuidade à orientação ditada<br />
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).<br />
Com o chamado "Programa de Diretrizes<br />
Básicas", procura, de fato, favorecer a determinados<br />
setores das classes dominantes.<br />
Afirmando que a inflação é na presente<br />
conjuntura uma "inflação de custos", arrola<br />
uma série de medidas que facultem<br />
maiores lucros para os grandes empresários<br />
brasileiros e os monopólios imperialistas. E'<br />
mantida, porém a poltica salarial de brutal<br />
redução do salário real instituída pelo sr.<br />
Roberto Campos, política que, além de antisocial,<br />
é economicamente nociva ao desenvolvimento<br />
do país. Ao mesmo tempo que<br />
anuncia a "reversão à tendência à estatização",<br />
o que constitui uma ameaça às empresas<br />
estatais, como a Petrobrás, o governo<br />
intensifica sua intervenção na economia<br />
do país em benefício dos patrões e contra<br />
a classe operária, reduzindo por lei seus<br />
salários, restringindo o direito de greve, dificultando<br />
sua organização, procurando, enfim,<br />
impedir que a classe operária lute em<br />
defesa de seus interesses.<br />
No terreno da poltica externa, prossegue,<br />
no essencial, a crescente submissão do Brasil,<br />
no campo internacional, à orientação<br />
ditada pelo Departamento de Estado do governo<br />
de Washington. E' o que -c passa<br />
•<br />
BR />N; Kío %
para agravar o problema da habitação para<br />
as grandes massas urbanas.<br />
No campo, a situação é ainda mais séria.<br />
Além do desemprego e das perseguições, os<br />
fazendeiros violam sistematicamente a legislação<br />
trabalhista e os preceitos mais elementares<br />
do Estatuto do Trabalhador Rural<br />
relativo ao salário mínimo, descanso semanal<br />
remunerado, férias, aviso prévio, indenização<br />
por dispensa do trabalho, etc.<br />
Se, em São Paulo, o que se vê é o trabalhador<br />
maltrapilho, como reconhece um<br />
ex-presidente da reacionária Associação Rural<br />
Brasileira, em declaração ao "Correio<br />
da Manhã" (3-6-67), no interior do Nordeste<br />
são multidões famintas que invadem<br />
cidades e povoados em busca de alimentos.<br />
Como se diz no Memorial da Federação<br />
dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco,<br />
"com a revolução (quer dizer,<br />
B golpe de 1964), os trabalhadores perderam<br />
de fato o salário e a terra".<br />
Acentua-se o processo de pauperização das<br />
camadas médias urbanas, sendo cada vez<br />
maiores as dificuldades que enfrentam os<br />
estudantes e de crescentes privações a situação<br />
dos servidores públicos e de amplos<br />
setores de profissionais liberais. Os professores,<br />
por exemplo, são levados a movimentos<br />
grevistas e a demonstrações de protesto,<br />
em Minas Gerais, no Ceará e noutros<br />
Estados, para conseguir receber seus vencimentos,<br />
que os governantes deixam de pagar<br />
por meses seguidos.<br />
Amplos setores da pequena e média burguesia<br />
industrial o comercial são literalmente<br />
esmagados economicamente pelo processo<br />
de concentração de capital e da renda,<br />
que decorre da dominação imperialista<br />
• é acelerado pela política econômico-financeira<br />
do governo.<br />
A ditadura se opõe, assim, aos interesses<br />
da esmagadora maioria da nação. Apesar<br />
de toda a legislação reacionária em vigor<br />
e dos esforços demagógicos que acompanharam<br />
a troca de marechais na presidência<br />
da República, não conseguiram os generais<br />
golpistas e demais agentes do imperialismo<br />
a tão desejada e proclamada tranqüilidade<br />
política. Torna-se evidente a intromissão<br />
direta na vida política do pais dos<br />
setores mais reacionários das Forças Armadas,<br />
que querem continuar tutelando a<br />
nação. Aumentam as contradições dentro<br />
do próprio governo, cuja instabilidade se<br />
acentua.<br />
BR Wj Ki',Acp.4/3;p/,£<br />
5. O povo não pode, no entanto, alimentar<br />
ilusões no atual governo ou em<br />
mudanças que possam ser favoráveis à democracia<br />
e aos interesses dos trabalhadores,<br />
que decorram de simples troca de homens<br />
no Poder. Os trabalhadores não podem também<br />
iludir-se com as promessas do governo<br />
e dos patrões. Só através da luta poderão<br />
conquistar maior participação na distribuição<br />
da renda nacional, pois não serão<br />
as esmolas dos exploradores ou os programas<br />
e as leis da ditadura que elevarão salários<br />
e vencimentos ou poderão melhorar<br />
o nível de vida das massas explorada?.<br />
Os interesses da nação exigem a derrota<br />
da ditadura e a substituição do atual regime<br />
por outro efetivamente democrático, que<br />
permita às forças patrióticas, democráticas e<br />
progressistas impor sua vontade à minoria<br />
reacionária e entreguista, abrindo caminho<br />
para a solução revolucionaria des problemas<br />
brasileiros.<br />
O êxito da luta contra a ditadura dependerá<br />
fundamentalmente da unidade de<br />
ação das amplas forças que são por ela prejudicadas,<br />
as quais, como assinalámos, compreendem<br />
os operários, os camponeses, os<br />
empregados, os estudantes, os professores e<br />
os profissionais liberais, os pequenos e médios<br />
industriais e comerciantes e demais<br />
camadas da burguesia nacional e outros<br />
setores das classes dominantes objetivamente<br />
prejudicados pela crescente dominação<br />
imperialista e pela poltica da ditadura. O<br />
movimento de resistência, de oposição e<br />
luta ao regime fascistizante pode, assim,<br />
adquirir enorme amplitude.<br />
A frente única das forças antiditatoriais<br />
será formada no curso de ações concretas<br />
pelas liberdades democráticas, pelos interesses<br />
imediatos dos trabalhadores e de<br />
povo em geral, em defesa da soberania nacional,<br />
pelo desenvolvimento econômico independente<br />
do país. Tendo como elo central<br />
a luta pelas liberdades democráticas, as<br />
ações de massas devem também orientar-se<br />
no sentido de exigir a revogação da legislação<br />
reacionária e da Constituição fascistizante,<br />
a concessão de anistia geral e liberdade<br />
para todos os presos e perseguidos<br />
políticos.<br />
As lutas dos trabalhadores das cidades<br />
e do campo por suas reivindicações econômicas,<br />
pela elevação de salários, contra a<br />
carestia da vida e contra a política salarial<br />
da ditadura tem, nas atuais condições<br />
de nosso país, objetivamente, um caráter<br />
político. Mas, para que possam efetivamente<br />
contribuir para a derrota da ditadura é
indispensável que sejam organizadas e conscientemente<br />
dirigidas. Cabe aos comunistas<br />
a tarefa decisiva de organizar os trabalhadores<br />
nos locais de trabalho, de impulsionar<br />
suas lutas e de transformar as ações<br />
espontâneas, que já se iniciam, em lutas<br />
conscientes pelas suas reivindicações imediatas,<br />
desde as mais elementares, em lutas<br />
pela derrota da ditadura.<br />
Ao mesmo tempo, é indispensável participar<br />
ativamente da vida sindical, lutando<br />
pela liberdade e autonomia dos sindicatos,<br />
contra o pagamento do imposto sindical,<br />
contra o atestado de ideologia, pela livre<br />
eleição de suas diretorias. For piores que<br />
sejam as condições a que foram reduzidos<br />
os sindicatos, é através deles que será possível<br />
desenvolver e consolidar a unidade de<br />
ação da classe•iperária. A organização dós<br />
trabalhadores nas empresas facilitará sua<br />
mobilização para atuar nos sindicatos, criando<br />
assim condições para derrotar os policiais<br />
e provocadores infiltrados no movimento<br />
sindical e transformar os sindicatos<br />
em instrumento de luta em defesa dos interesses<br />
dos trabalhadores.<br />
Os trabalhadores do campo, em particular<br />
os assalariados agrícolas e os camponeses<br />
pobres, à medida que se unem e lutam<br />
contra a crescente exploração, iniciam a<br />
reorganização de seus sindicatos, fechados<br />
pela reação golpista, que tentou liquidá-los.<br />
E' indispensável estimular essa atividade,<br />
sendo um dever dos operários urbanos dar<br />
a maior assistência e ajuda aos seus irmãos<br />
do campo, tanto no terreno da organização<br />
sindical como no da solidariedade às suas<br />
lutas.<br />
Na luta contra o atual regime desempenham<br />
importante papel as camadas médias<br />
urbanas, em particular os intelectuais, diretamente<br />
interessados no progresso cultural<br />
do país, assim como a juventude estudantil,<br />
que já tem, pela sua combatividade,<br />
uma posição de destaque na luta contra o<br />
imperialismo norte-americano e contra a<br />
ditadura. Ao mesmo tempo que defendem<br />
a UNE e demais entidades perseguidas pela<br />
reação, devem os estudantes buscar outras<br />
formas de organização que lhes permitam<br />
maior participação nas lutas por seus interesses<br />
específicos e pelas liberdades democráticas,<br />
bem como formas de luta que<br />
facilitem a unidade com a classe operária,<br />
com os camponeses e demais forças democráticas<br />
e populares.<br />
•<br />
8* AM,Hio X^-O.-Es^ACp.q^p.l}-<br />
6. A minoria reacionária ainda consegue<br />
manter a ditadura e levar à prática sua<br />
política contra o povo e a nação, porque as<br />
forças operárias, populares e democráticas<br />
se acham desorganizadas e desunidas. Organizadas<br />
e unidas, as massas trabalhadoras,<br />
através da ação, poderão conquistar a legalidade<br />
de fato, poderão obrigar a minoria<br />
reacionária a recuar, terão condições para<br />
enfrentar com êxito a violência da ditadura<br />
e acabarão por derrotá-la. Isto exige que,<br />
sem deixar de utilizar todas as formas legais<br />
de luta, as forças populares não se<br />
limitem nas ações de massas aos marcos<br />
das leis impostas pelo atual regime. Desde<br />
que correspondam à situação concreta e ao<br />
nível de consciência das massas e contem<br />
efetivamente com a participação das massas,<br />
as lutas contra a ditadura são sempre<br />
justas, quaisquer que sejam as formas que<br />
tomem. s<br />
Será a organização das massas que impulsionará<br />
a unidade das forças políticas,<br />
das correntes democráticas e progressistas.<br />
Os comunistas dirigem-se muito especialmente<br />
às forças de esquerda, que compreendem<br />
a necessidade de transformações revolucionárias<br />
e por elas lutam, e as conclamam<br />
a unidade de ação em defesa das<br />
reivindicações e dos direitos dos trabalhadores<br />
e do povo, contra a ditadura, a fim<br />
de constituírem, juntamente com o Partido<br />
Comunista, o núcleo firme e conseqüente<br />
da ampla frente das forças antiditatoriais.<br />
Apelando para a unidade de todos os<br />
patriotas e democratas em torno de uma<br />
ampla plataforma comum, que represente<br />
os interesses comuns e seja, através do mais<br />
amplo e livre diálogo, coletivamente elaborada,<br />
os comunistas combatem ao mesmo<br />
tempo a tendência à passividade, a ficar<br />
de braços cruzados à espera das ações espontâneas,<br />
e a tendência a ações aventureiras,<br />
que não levam em conta a situação<br />
concreta e o nível de consciência das massas<br />
e que, por isso, delas se separam e dão<br />
armas a reação.<br />
A unidade das forças políticas contrárias<br />
à ditadura e ao atual regime é possível,<br />
mas não poderá resultar apenas dos entendimentos<br />
de cúpula. Deve ser conquistada<br />
na ação, entre o povo.<br />
r<br />
7. A luta contra o atual regime é inseparável<br />
da luta contra o opressor estrangeiro,<br />
o imperialismo norte-americano, que<br />
é o inimigo principal de nosso povo. E' indispensável,<br />
no momento atual, intensificar
a luta contra a criminosa guerra no Vietnam,<br />
exigindo que cessem os bombardeios<br />
da República Democrática do Vietnam e<br />
que as tropas do imperialismo e de seus<br />
asseclas retirem-se do território do Vietnam<br />
do Sul, e desenvolvendo em nosso pais<br />
um amplo movimento de solidariedade ao<br />
heróico povo vietnamita. Ao mesmo tempo,<br />
é necessário intensificar a luta em defesa<br />
da paz mundial, apoiando a política de paz<br />
e coexistência pacifica da União Soviética,<br />
em especial sua firme posição ao lado dos<br />
povo árabes, contra a agressão dos imperialistas<br />
e seus agentes do Estada, de Israel,<br />
pela completa eliminação das conseqüências<br />
da agressão. Devemos saudar o vigoroso movimento<br />
contra a guerra de amplos setores<br />
democráticos e progressistas dos Estados<br />
Unidos e dar especial destaque e todo nosso<br />
apoio ao heróico movimento das populações<br />
negras daquele pais contra a miséria e<br />
as discriminações raciais de que são vítimas.<br />
K* também necessário intensificar a solidariedade<br />
ao povo cubano e a todos os<br />
patriotas que em diversos países do Continente<br />
lutam sob as mais diversas formas,<br />
inclusive de armas na mão, contra o imperialismo<br />
norte-americano, pela libertação<br />
nacional e o progresso social. O apoio ao<br />
BR AM, Rio K