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Instalação do Capítulo da Catedral Santo Antônio sede da Diocese ...

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08 • MENSAGEIRO DIOCESANO<br />

Deus no transcender que o homem é<br />

Apresente reflexão quer trazer alguns<br />

fun<strong>da</strong>mentos que estão relaciona<strong>do</strong>s à<br />

transcendência humana que ocorre numa<br />

relação consciente de um eu pessoal, com a alteri<strong>da</strong>de<br />

(o outro enquanto pessoa) e Deus, o Ser Transcendente<br />

por excelência. O conteú<strong>do</strong> deste artigo faz parte <strong>da</strong><br />

continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s anteriores cuja temática abor<strong>da</strong> a<br />

questão <strong>da</strong> Experiência de Deus.<br />

A transcendência humana se manifesta <strong>da</strong> se-<br />

guinte maneira: o eu ultrapassa-se a si mesmo, através<br />

<strong>do</strong> deu interior e vai em busca <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de, e com ela,<br />

retornar a si, incorporan<strong>do</strong>-a e tornan<strong>do</strong>-se mais ser.<br />

Assim o homem vai ao ser <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de volta para ele<br />

mesmo e, continua assim o movimento circular. Por isso<br />

o homem pode ser sempre mais. Ele não é um ser<br />

pronto, mas um ser aberto que procura se realizar. É<br />

uma totali<strong>da</strong>de não totaliza<strong>da</strong>, que vai se totalizan<strong>do</strong> dialeticamente<br />

através <strong>do</strong> movimento circular.<br />

A) No Conhecer<br />

No conhecer porque quan<strong>do</strong> conhecemos nós<br />

não somos um eu solitário, pois estamos volta<strong>do</strong>s para<br />

o mun<strong>do</strong> exterior, para a alteri<strong>da</strong>de (mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s coisas e<br />

<strong>da</strong>s pessoas). O meu pensamento para conhecer tem<br />

que pensar alguma coisa. E para pensar tenho que abrir<br />

para o mun<strong>do</strong> (coisas e pessoas). No momento em que<br />

entro em contato com esta reali<strong>da</strong>de intenciona<strong>da</strong> ela<br />

une-se ao meu ego pensante, constituin<strong>do</strong> assim o<br />

mun<strong>do</strong> de compreensão e de conhecimento. Na expe-<br />

riência <strong>do</strong> conhecimento, portanto, o homem é trans-<br />

cendência e nela se auto-realiza. Se é intencional, ele<br />

transcende, vai além de si mesmo, para a alteri<strong>da</strong>de, cujo<br />

ser interioriza, colocan<strong>do</strong> no espaço de sua cons-<br />

ciência e aperfeiçoan<strong>do</strong> a perfectibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> inteligência.<br />

Dentro deste processo, o homem não fica no que<br />

se afirma e se nega, mas a inteligência faz com que os<br />

<strong>do</strong>is se unem, isto é, faz uma síntese, ao qual vai realizan<strong>do</strong><br />

o homem. Nesse ser temos a transcendência e, é<br />

dentro deste processo que vamos nos realizan<strong>do</strong>. Quan-<br />

to mais interiorização conseguimos, mais cultos podemos<br />

ficar. É uma comunicação que vai em direção <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>quilo que é ou pelo menos abre possibili<strong>da</strong>-<br />

des melhores para a humani<strong>da</strong>de. Essa transcendência<br />

pertence à própria natureza <strong>do</strong> homem.<br />

B) No agir<br />

O homem é um sujeito de realizações e não objeto.<br />

Ele não é um ser que está pronto, acaba<strong>do</strong>, mas está<br />

sempre por fazer-se, que está sempre além de suas<br />

determinações. O homem pelo agir se realiza, porque o<br />

seu agir está essencial e necessariamente verti<strong>do</strong> ao<br />

mun<strong>do</strong> e vice-versa. É através <strong>da</strong> execução de tarefas<br />

concretas que eu me realizo e assim torno-me o que realmente<br />

sou. A transcendência manifesta-se concreta-<br />

mente no relacionamento <strong>do</strong> meu agir ao mun<strong>do</strong>.<br />

Em qualquer agir humano temos uma transcendência<br />

porque quan<strong>do</strong> o homem age, ele se realiza, pois<br />

o ego não cai pronto <strong>do</strong> céu, ele é um cabe<strong>da</strong>l de possibi-<br />

li<strong>da</strong>des que vai se realizan<strong>do</strong> enquanto ser que é capaz<br />

de se transcender, ir além <strong>do</strong> que já é. O agir é parte cons-<br />

titutiva <strong>da</strong> realização humana. Nele está a consciência e a<br />

liber<strong>da</strong>de de traçar ações que tenham como meta o bem<br />

<strong>da</strong>s pessoas. O bem é próprio <strong>do</strong> valor humano e espiri-<br />

tual, condição para um agir com ética na comuni<strong>da</strong>de.<br />

Leia o Mensageiro Diocesano na web - www.diocesefw.com.br<br />

C) No relacionamento Interpessoal<br />

<strong>do</strong>. É o primeiro e o último. É um relacionamento vertical<br />

que não pertence mais a este mun<strong>do</strong>. É um tipo de trans-<br />

cendência que se manifesta no fenômeno religioso nas<br />

suas múltiplas figuras e formas de expressão.<br />

Podemos assim dizer, que tanto no conhecer,<br />

no agir e no relacionamento interpessoal aponta para o in-<br />

condiciona<strong>do</strong>, para Deus. É o horizonte último <strong>da</strong> auto-<br />

realização espiritual e pessoal <strong>do</strong> homem. É um apelo<br />

que a própria pessoa faz. No incondiciona<strong>do</strong> encontramos<br />

o fun<strong>da</strong>mento original e originário que tece o valor<br />

<strong>do</strong> acontecer pessoal, interpessoal, social e cela seu últi-<br />

mo senti<strong>do</strong>, no que significa ter: um fun<strong>da</strong>mento absolu-<br />

to e transcendente de ser e de senti<strong>do</strong>; um fun<strong>da</strong>mento<br />

espiritual-pessoal, com vi<strong>da</strong>, consciência e liber<strong>da</strong>de em<br />

plenitude, originários e ilimita<strong>do</strong>s; um Tu absoluto, que<br />

A relação intersubjetiva revela ain<strong>da</strong> melhor a es- em tu<strong>do</strong> nos encontra e interpela, que em tu<strong>do</strong> se pre-<br />

trutura transcendente <strong>do</strong> homem. Aqui há um relaciona- sentifica e age no qual tu<strong>do</strong> se encerra o senti<strong>do</strong> autêntimento<br />

entre o eu e o tu. É nesse tu que nos realizamos de co e decisivo de nosso ser aí, Tu que em nossa lingua-<br />

uma maneira fabulosa. Aqui a transcendência é mais cla- gem denominamos Deus. De certa maneira, as pessoas<br />

ra, realiza mais humanamente. É um valor pessoal, onde em geral tem <strong>sede</strong> de Deus.<br />

o tu é uma reali<strong>da</strong>de autônoma e independente. Por isso Quan<strong>do</strong> na história não se aponta para essa reatem<br />

que aceitar esse tu assim como ele é, não posso ma- li<strong>da</strong>de, outros “absolutos”, “valores” são coloca<strong>do</strong>s no<br />

nipulá-lo como objeto, porque senão não tenho uma rela- lugar <strong>do</strong> Absoluto que é Deus. Negar o incondiciona<strong>do</strong> é<br />

ção intersubjetiva. Nesse relacionamento interpessoal se negar-se a si próprio ou a sua própria afirmação. Negar o<br />

transcende inteiramente, de tal maneira que vê no outro o incondiciona<strong>do</strong> é negar o fun<strong>da</strong>mento que norteia os va-<br />

valor autônomo, que o outro pode me aceitar ou não. Po- lores éticos em nosso meio. Nessa reali<strong>da</strong>de, a existên-<br />

de me dizer sim ou não. Nesse relacionamento, portanto, cia humana deixa de valorizar a sua própria transcendên-<br />

é preciso que tenha reciproci<strong>da</strong>de, diálogo e não monó- cia e cair numa pobreza humana e espiritual, no vazio, na<br />

logo, porque senão eu imponho meus pensamentos. No superficiali<strong>da</strong>de e na per<strong>da</strong> de senti<strong>do</strong>, agin<strong>do</strong> muitas vediálogo<br />

eu transcen<strong>do</strong>. No amor, por exemplo, eu me co- zes instintivamente, cain<strong>do</strong> na barbárie. A crença ou a<br />

loco num relacionamento total com o tu; há um esvazia- não crença mu<strong>da</strong> a nossa compreensão de nós mesmos<br />

mento que <strong>do</strong>a inteiramente a um tu. Nesse relaciona- e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Parece a pagar os horizontes <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

mento eu e tu é transcendência total, não é sentimento de existir e de tu<strong>do</strong> o que é seu correlato. O espírito de posposse<br />

e <strong>do</strong>minação, como na relação eu e isso. O ciúme, se, <strong>do</strong> lucro, <strong>da</strong> relativização <strong>do</strong> outro, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a falta<br />

por exemplo, não revela um relacionamento interpessoal de ética e de respeito ao bem <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, que é a pes-<br />

de amor, mas expressa um sentimento de posse <strong>do</strong> ou- soa na sua coletivi<strong>da</strong>de, viven<strong>do</strong> com condições e quali-<br />

tro e não de transcendência <strong>do</strong> eu para o tu. <strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>.<br />

Nessa transcendência total de um eu para um tu Nesse ponto, acreditamos que está o vigor ou o<br />

surge à amizade, fideli<strong>da</strong>de, gratidão, confiança, soli<strong>da</strong>ri- perigo <strong>da</strong> pessoa humana em nosso tempo. Atualmente<br />

e<strong>da</strong>de e, sobretu<strong>do</strong> amor. São relações que realizam pro- o homem busca uma nova maneira de descoberta de si e<br />

fun<strong>da</strong>mente a natureza humana. É a comunicabili<strong>da</strong>de di- de busca de senti<strong>do</strong> na Crença em Deus. A transcendên-<br />

alogal que enriquecem as relações de nossa existência, cia <strong>do</strong> homem que brota <strong>da</strong> sua natureza, irrompeu com<br />

de vivermos e agirmos em comunhão. Dessa dimensão o novo e irresistível vigor. O perigo espiritual de nossa era<br />

brota a responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s valores sociais como o dire- não está tanto e nem primordialmente na descrença e<br />

ito, a justiça, a paz e a liber<strong>da</strong>de, valores autênticos, in- num fun<strong>da</strong>mental “não” a Deus. O materialismo científicondicionalmente<br />

váli<strong>do</strong>s. co e ateísmo teórico (tão temi<strong>do</strong>s), coisas <strong>do</strong> século XIX,<br />

de há muito foi supera<strong>do</strong>. Além <strong>do</strong> perigo <strong>da</strong> seculariza-<br />

D) Transcendência horizontal e relativa ção de to<strong>do</strong>s os ambientes, soma<strong>da</strong> ao agnosticismo, in-<br />

(O homem se auto-realiza na transcendência ho- diferentismo e materialismo prático, não esquecen<strong>do</strong>, ao<br />

rizontal e relativa, por ser essencial e necessariamente es- la<strong>do</strong> desses aspectos negativos, a nova explosão <strong>da</strong> per-<br />

sa transcendência volta<strong>da</strong> para fora (no espaço <strong>da</strong> expe- gunta pelo senti<strong>do</strong> e <strong>da</strong> pergunta para Deus, nos dias de<br />

riência) <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s coisas e <strong>da</strong>s pessoas). A horizon- hoje, o perigo está mais na procura de uma transcendên-<br />

tal a que se dá no horizonte experiencial <strong>do</strong> homem. A re- cia vaga, de uma experiência imediata e irracional de Delativa,<br />

a que se dá na realização com seres finitos, com a us, onde esquecem qualquer fun<strong>da</strong>mentação, justificareali<strong>da</strong>de<br />

ôntica, na reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s entes. ção e determinação racional. É uma fé que não sabe o<br />

que crê. Não se deve fazer desse absoluto um transcen-<br />

E) Transcendência Vertical e Absoluta dente vago, irracional, não colocan<strong>do</strong> o aspecto racional.<br />

O homem se auto-realiza também numa trans- É preciso que o homem contemporâneo se introduza na<br />

cendência Vertical e Absoluta, que já por natureza o ho- Fé e que deve saber que Deus não lhe é estranho. Deus é<br />

mem tende ir além deste mun<strong>do</strong>, e desta vi<strong>da</strong>. A ultra- transcendente, é Emanuel, caminha conosco. Qual é a<br />

passagem <strong>da</strong> imanência, o movimento de transcender minha, a nossa visão de Transcendência? Onde busco<br />

ao Último e Altíssimo, ao Absoluto e Divino, atingin<strong>do</strong> en- o(s) seu(s) fun<strong>da</strong>mento(s)?<br />

tão o senti<strong>do</strong> de absoluta transcendência. O relaciona- Pe. Claudir Miguel Zuchi<br />

mento com o Absoluto é o último relacionamento de tu- Vigário Paroquial de Seberi

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