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Cultura, Patrimônio, Turismo e Meio-Ambiente<br />
Ano I - nº 1 - Março - Abril <strong>de</strong> 2009<br />
<strong>CAXAMBU</strong><br />
Nas Águas do Parque,<br />
a Fonte da Beleza<br />
CONCEIÇÃO<br />
DO RIO VERDE<br />
Tricot tipo exportação,<br />
na Arte <strong>de</strong> tecer amigos. (pág. 5)<br />
BAEPENDY<br />
Nhá Chica: “Um dom<br />
para o Brasil”. (pág. 10)<br />
<strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> ..... marco / abril 2009
EDITORIAL<br />
“A LINGUAGEM E A VIDA SÃO UMA COISA SÓ. QUEM NÃO<br />
FIZER DO IDIOMA O ESPELHO DE SUA PERSONALIDADE NÃO<br />
VIVE; E COMO A VIDA É UMA CORRENTE CONTÍNUA,<br />
A LINGUAGEM TAMBÉM DEVE EVOLUIR CONSTANTEMENTE.”<br />
Bem-vindo às Veredas da Palavra!<br />
João Guimarães Rosa<br />
Se for mineiro ótimo, e se for um apaixonado por <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> (mineiro ou não), tanto melhor! Este<br />
é o mais novo produto Veredas, uma agência <strong>de</strong> Comunicação que aposta nos caminhos possíveis para<br />
se promover a boa informação.<br />
O projeto <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> vai percorrer o Estado com foco nas principais notícias sobre: Cultura,<br />
Patrimônio Histórico, Meio-ambiente e Turismo. Na edição <strong>de</strong> estreia (já sem acento pelas novas regras<br />
e cumprindo a evolução anunciada pelo consagrado escritor mineiro), <strong>de</strong>stacamos algumas cida<strong>de</strong>s próximas<br />
na região Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, como um convite a você, para conhecer Caxambu, Conceição do Rio Ver<strong>de</strong>,<br />
Cruzília, e Baependy – neste número charmosamente grafada com o Y, que acaba <strong>de</strong> ter a volta oficializada<br />
ao nosso alfabeto, mas apenas para indicar uma sugestão do <strong>Gerais</strong> em ver o nome do município<br />
como originalmente era...<br />
E também sugerimos que inclua a Estrada Real no seu próximo roteiro <strong>de</strong> viagem, passeando pelas<br />
maravilhas da <strong>Minas</strong> sacra e colonial, do Circuito do Ouro. Mas aproveitamos para dizer que as informações<br />
<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> ou circuito turístico jamais serão esgotadas em apenas uma reportagem. Ou seja, o<br />
projeto <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> faz como um turista: registra em vários momentos o que há <strong>de</strong> melhor e mais<br />
bonito nas cida<strong>de</strong>s que visita, voltando outras tantas vezes, e a cada uma <strong>de</strong>las, com um novo olhar.<br />
Outros<br />
<strong>de</strong>staques<br />
<strong>de</strong>sta edição:<br />
www.veredascomunicacao.com.br<br />
contato@veredascomunicacao.com.br<br />
Igreja Matriz <strong>de</strong> Baependi:<br />
Monumento do Patrimônio<br />
Histórico e Religioso (pág 9)<br />
Ví<strong>de</strong>os-documentários,<br />
jornais, revistas, livros e<br />
projetos <strong>de</strong> endomarketing<br />
para elaborar a comunicação<br />
integrada <strong>de</strong> sua empresa<br />
ou instituição.<br />
Melhore o seu relacionamento<br />
com a imprensa, clientes,<br />
colaboradores e comunida<strong>de</strong>.<br />
Rua da Conceição nº 44, Loja 1 - Centro - Baependi, MG. Tel: (35) 3343-1005<br />
Consultorias nos estados do Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo e <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>.<br />
Uma boa viagem pra você.<br />
Jornalista responsável<br />
<strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong><br />
Laticínios Cruzília:<br />
Um jeito muito especial <strong>de</strong> colorir<br />
<strong>de</strong> Azul o seu paladar (pág 8)<br />
ASSINE O GERAIS DE MINAS<br />
Publicação bimestral sobre Cultura, Patrimônio<br />
Histórico, Meio-Ambiente e Turismo.<br />
(35) 9142-2598<br />
Ano I - nº 1<br />
Março / Abril <strong>de</strong> 2009<br />
www.geraisminas.com.br<br />
Jornalista Responsável:<br />
Fafate Costa - Mtb 5201-MG<br />
(35) 9142-2598<br />
jornal@geraisminas.com.br<br />
Projeto gráfico e arte:<br />
Márcio Miranda<br />
www.marciomiranda.com<br />
Colaborações nesta edição:<br />
Zezeth Nicoliello<br />
Ass. <strong>de</strong> Comunicação - IPHAN<br />
Dom Serafim F. <strong>de</strong> Araújo<br />
Impressão:<br />
Gráfica Novo Mundo<br />
São Lourenço - MG<br />
Uma publicação:<br />
Rua da Conceição n. 44, Loja 1 – Centro<br />
Baependi, MG – CEP: 37443-000<br />
Tel: (35) 3343-1005<br />
www.veredascomunicacao.com.br<br />
contato@veredascomunicacao.com.br<br />
CNPJ 08.852.401/0001-81<br />
Fotos da capa:<br />
(Caxambu) Márcio Miranda<br />
(Baependy) in “Caxambu”, H. Monat, 1894<br />
(Conceição do Rio Ver<strong>de</strong>) Divulgação<br />
Congonhas:<br />
Os profetas do Mestre<br />
Aleijadinho (pág 12)<br />
ANUNCIE NO GERAIS DE MINAS<br />
Amigo <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>: associe a imagem <strong>de</strong> sua<br />
empresa, instituição ou serviços, junto às<br />
belezas <strong>de</strong> nosso Estado.<br />
www.geraisminas.com.br | e-mail: jornal@geraisminas.com.br | tel.: (35)3343-1005<br />
ENTREVISTA<br />
No primeiro número do Jornal <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, nossa entrevista especial é um<br />
reconhecimento ao trabalho da presi<strong>de</strong>nte do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural<br />
<strong>de</strong> Baependi, Patrícia Felizalle. Há sete anos no Conselho, os últimos três como presi<strong>de</strong>nte,<br />
a Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania, não poupa investimentos pessoais em aprimorarse<br />
na área em que atua. Em fase <strong>de</strong> concluir sua Pós-graduação em Gestão do Patrimônio<br />
Cultural, Patrícia se consolida como um dos nomes mais proeminentes em trabalho,<br />
ações, estudos e projetos pela preservação da História <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>. Com equilíbrio e muito<br />
conhecimento, coor<strong>de</strong>na as ações <strong>de</strong> preservação Patrimonial e Cultural na cida<strong>de</strong> que tem o<br />
único tombamento fe<strong>de</strong>ral em todo o Sul do Estado.<br />
<strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>: Patrícia, por<br />
que a palavra “tombamento”<br />
ainda causa espanto, ou provoca<br />
até um certo temor a algumas<br />
pessoas?<br />
Patrícia Felizalle: A nossa socieda<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> uma forma histórica no<br />
mundo oci<strong>de</strong>ntal, tem uma concepção<br />
da posse muito arraigada;<br />
uma espécie <strong>de</strong> atavismo do<br />
direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, mas que<br />
é um direito individual sobre o<br />
coletivo. Só que hoje em dia<br />
nós não po<strong>de</strong>mos pensar <strong>de</strong>ssa<br />
forma, porque as proprieda<strong>de</strong>s<br />
cumprem uma função social.<br />
Há um <strong>de</strong>sconhecimento geral<br />
sobre a importância dos tombamentos.<br />
Quem tem direito <strong>de</strong> saber<br />
da nossa história não somos<br />
nós, nós já sabemos, mas são as<br />
futuras gerações que merecem<br />
conhecer amanhã, o que preservarmos<br />
hoje.<br />
GM: Em Baependi você tem obtido<br />
bons resultados na formação<br />
<strong>de</strong>sta consciência?<br />
PF: Nosso Conselho tem sido<br />
muito atuante. O grupo reúne<br />
pessoas com um gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al<br />
e muito amor à cida<strong>de</strong>. Procuramos<br />
<strong>de</strong>monstrar que o tombamento<br />
é um registro, ele não<br />
tira a proprieda<strong>de</strong> da pessoa. O<br />
proprietário continua no imóvel,<br />
po<strong>de</strong> alugar, ven<strong>de</strong>r, usufrir da<br />
melhor maneira. Se existem restrições<br />
pela preservação, existem<br />
também as vantagens. Por<br />
exemplo: 90% <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto no<br />
valor do IPTU; ou ainda, o auxílio<br />
do po<strong>de</strong>r público para a manutenção<br />
do bem tombado, se ficar<br />
comprovado que o proprietário<br />
não dispõe <strong>de</strong> recursos para sua<br />
conservação. Em Baependi já<br />
existem, inclusive, alguns tombamentos<br />
voluntários; o dono<br />
do imóvel procurou o Conselho e<br />
ofereceu a proprieda<strong>de</strong> para ser<br />
tombada. Mas a cida<strong>de</strong> dispõe<br />
<strong>de</strong> muitos outros imóveis que<br />
merecem esta honraria.<br />
“Quando a gente<br />
pensa que o<br />
próprio governo<br />
fe<strong>de</strong>ral olhou<br />
para nossa arte, é<br />
motivo <strong>de</strong> muito<br />
orgulho para nós,<br />
muita honra”<br />
GM: Aliás, a cida<strong>de</strong> goza <strong>de</strong><br />
um privilégio: é a única do Sul<br />
<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> a possuir um tombamento<br />
em nível fe<strong>de</strong>ral, a Igreja<br />
Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora do<br />
Montserrat.<br />
PF: Ah, sim! E mesmo os autos do<br />
processo <strong>de</strong> tombamento já são<br />
um documento histórico. O Conselho<br />
tem uma cópia do processo,<br />
<strong>de</strong> 1953, com os <strong>de</strong>poimentos<br />
<strong>de</strong> Rodrigo Melo Franco <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong>, Eduardo Soeiro, Carlos<br />
Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Pedro<br />
Calmon, Judith Martins, entre outros<br />
ícones importantes no cenário<br />
<strong>de</strong> preservação do Patrimônio<br />
Cultural, que votaram favoráveis<br />
ao tombamento da Matriz. Quando<br />
a gente pensa que o próprio<br />
governo fe<strong>de</strong>ral olhou para nossas<br />
relíquias, para a nossa arte - a<br />
Igreja recebeu a indicação <strong>de</strong> patrimônio<br />
no livro das Belas Artes<br />
-, é motivo <strong>de</strong> muito orgulho para<br />
nós, muita honra.<br />
GM: Estranhamente o processo<br />
ficou arquivado por mais <strong>de</strong> cinco<br />
décadas... e no fim <strong>de</strong> 2006<br />
você teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trazê-lo<br />
ao conhecimento público.<br />
PF: Pois é, num dado momento da<br />
história, o processo ficou esquecido<br />
em alguma gaveta. Eu fui a Belo<br />
Horizonte, até o Instituto Estadual<br />
do Patrimônio Histórico e Artístico<br />
<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, como presi<strong>de</strong>nte<br />
do Conselho, para pleitear o tombamento<br />
estadual, já que a Igreja<br />
Matriz é tombada pelo município.<br />
Foi na checagem <strong>de</strong> todos os dados<br />
e documentos junto ao IE-<br />
PHA, que chegou até nossas mãos<br />
a informação <strong>de</strong> que o processo<br />
fe<strong>de</strong>ral havia sido aberto mais <strong>de</strong><br />
50 anos antes! Então, com muito<br />
entusiasmo, <strong>de</strong>mos prosseguimento<br />
ao processo, para a inscrição<br />
<strong>de</strong>finitiva no Livro do Tombo<br />
do Instituto do Patrimônio Histórico<br />
e Artístico Nacional, o IPHAN.<br />
Faltam poucas formalida<strong>de</strong>s para<br />
passar do estágio <strong>de</strong> tombamento<br />
provisório, para <strong>de</strong>finitivo. Este<br />
tombamento tem legalmente o<br />
mesmo efeito que o <strong>de</strong>finitivo e<br />
é irreversível. A Igreja Matriz <strong>de</strong><br />
Baependi já tem toda a proteção;<br />
inclusive isto trouxe maior pontuação<br />
no repasse <strong>de</strong> ICMS cultural<br />
para a cida<strong>de</strong>.<br />
GM: Nesta edição do <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Minas</strong>, vamos apresentar algumas<br />
páginas adiante, o caráter<br />
<strong>de</strong> exemplarida<strong>de</strong> da Matriz <strong>de</strong><br />
Baependi. Gostaríamos, para<br />
finalizar a entrevista, que você<br />
comentasse sobre esta fusão do<br />
religioso e do histórico...<br />
“Arte e religião<br />
convivem<br />
<strong>de</strong> forma<br />
harmoniosa na<br />
Igreja Matriz <strong>de</strong><br />
Baependi”<br />
PF: Há uma reverência pela nossa<br />
Matriz, que além <strong>de</strong> ser atávica,<br />
tem sido aguçada ao longo<br />
dos anos. A própria comunida<strong>de</strong><br />
cuida, com muito boa vonta<strong>de</strong>;<br />
a Igreja é o orgulho nosso. As<br />
pedras que fizeram soerguer a<br />
Matriz foram trazidas em romaria.<br />
Há uma comunicação muito<br />
gran<strong>de</strong> com o povo. A interação<br />
do histórico com o religioso,<br />
amalgamada na nossa cultura há<br />
muitos anos, faz aumentar a importância<br />
<strong>de</strong>la. Como símbolo da<br />
nossa religiosida<strong>de</strong>, a Matriz estimula<br />
um fervor muito gran<strong>de</strong>.<br />
E, particularmente nesta Igreja,<br />
arte e religião convivem <strong>de</strong> forma<br />
harmoniosa e tranquila. A<br />
comunida<strong>de</strong> percebe e respeita<br />
muito isso.<br />
Em outras edições, acompanhe mais<br />
projetos <strong>de</strong>senvolvidos pelo Conselho<br />
Municipal do Patrimônio Cultural <strong>de</strong> Baependi.<br />
Neste número, leia mais sobre a<br />
Igreja Matriz na pág. 9.<br />
2 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> ..... marco / abril 2009 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> 3<br />
..... marco / abril 2009
Nos caminhos da Estrada Real,<br />
o maior ouro <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>: sua gente,<br />
turismo e história<br />
sua história, seu patrimônio VIAGENS PELAS<br />
Nosso maior patrimônio é nossa história. E <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> sabe bem valorizar e preservar<br />
sua riqueza. Com o <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, você vai conhecer, a cada edição, novos<br />
caminhos para o seu roteiro turístico. Entre tantos e belos <strong>de</strong>stinos possíveis, as cida<strong>de</strong>s<br />
no entorno da “Estrada Real”.<br />
Você é nosso convidado a percorrer os mais <strong>de</strong> 1500km <strong>de</strong> montanhas, cultura, arte, história,<br />
meio-ambiente e patrimônio. Ainda que já os tenha visitado, estamos convidando-o a<br />
voltar! Com o olhar <strong>de</strong> hoje, sobre as riquezas do passado, queremos dar nossa colaboração<br />
aos dias <strong>de</strong> amanhã, promovendo a divulgação do Patrimônio Histórico e Cultural <strong>de</strong> <strong>Minas</strong><br />
<strong>Gerais</strong>. Pela sempre e crescente preservação, incentivamos para a nossa e para as próximas<br />
gerações, o reconhecimento à nossa Memória.<br />
Quando a notícia é boa, não tem tempo ruim!<br />
Das primeiras trilhas,<br />
ao “Caminho Novo”<br />
Zezeth Nicoliello*<br />
Apesar do governo régio ser avesso<br />
ao afastamento dos portugueses da<br />
faixa litorânea, teve que ce<strong>de</strong>r à penetração<br />
pelo interior do Brasil <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>de</strong> ouro. O “Caminho Velho” fazia a ligação<br />
das minas <strong>de</strong> ouro, a antiga Villa Rica (hoje Ouro<br />
Preto) ao porto <strong>de</strong> Paraty (RJ), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saía ouro<br />
e diamantes em direção à Europa. A concessão<br />
<strong>de</strong> sesmarias foi um incentivo ao <strong>de</strong>sbravamento<br />
ao longo dos caminhos abertos.<br />
Em <strong>de</strong>corrência do contrabando do ouro<br />
em pó, que escapava do fisco português, e<br />
também pelas sucessivas emboscadas contra<br />
os viajantes e tropeiros ao longo do difícil caminho,<br />
o rei <strong>de</strong> Portugal encomenda um novo<br />
trajeto. A alternativa ficou conhecida como<br />
“Caminho Novo” - mais curto e mais seguro.<br />
A viagem, que durava pouco mais <strong>de</strong> um<br />
mês, passava por serras escarpadas, florestas<br />
e gran<strong>de</strong>s rios como o Paraibuna e Paraíba. O<br />
Caminho Novo foi remo<strong>de</strong>lado no início do século<br />
XX, dando origem ao trajeto da estrada<br />
União e Indústria que liga o Rio a Juiz <strong>de</strong> Fora,<br />
a primeira estrada pavimentada do Brasil.<br />
Estes antigos caminhos (trilhas, estradas e<br />
travessias fluviais) eram os únicos oficiais, mantidos<br />
e fiscalizados pela coroa portuguesa, por<br />
isso são conhecidos por Estrada Real, a primeira<br />
gran<strong>de</strong> via <strong>de</strong> comunicação regular do Brasil,<br />
responsável pelo povoamento do centro-sul<br />
além <strong>de</strong> fazer a ligação com o litoral.<br />
O projeto turístico “Estrada Real” resgata a<br />
memória histórica das cida<strong>de</strong>s que se formaram<br />
ao longo dos caminhos abertos por índios<br />
e escravos. Passando por estas localida<strong>de</strong>s, o<br />
turista po<strong>de</strong>rá conhecer o que <strong>Minas</strong> tem <strong>de</strong><br />
melhor: a hospitalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu povo, seu patrimônio<br />
histórico, a culinária, as belezas naturais<br />
e sua rica cultura.<br />
*Zezeth Nicoliello é secretária do Conselho<br />
Municipal do Patrimônio Cultural <strong>de</strong><br />
Baependi, MG<br />
Nota: Esta é apenas uma introdução ao assunto<br />
“Estrada Real”. Nas próximas edições, acompanhe os<br />
artigos da pesquisadora Zezeth Nicoliello sobre várias<br />
cida<strong>de</strong>s no entorno <strong>de</strong>ste roteiro turístico, que passa<br />
pelos estados <strong>de</strong> MG, RJ e SP.<br />
GERAIS... E MAIS!<br />
O Jornal <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong><br />
e a Viaje Turismo levam<br />
você às cida<strong>de</strong>s históricas.<br />
PARATY (RJ)<br />
<strong>de</strong> 22 a 24 <strong>de</strong> maio.<br />
Duas parcelas <strong>de</strong> R$180,00<br />
ou três vezes <strong>de</strong> R$120,00<br />
TIRADENTES &<br />
SÃO JOÃO DEL REI (MG)<br />
<strong>de</strong> 10 a 12 <strong>de</strong> julho.<br />
Duas parcelas <strong>de</strong> R$160,00<br />
ou cinco vezes <strong>de</strong> R$65,00<br />
OURO PRETO &<br />
MARIANA (MG)<br />
<strong>de</strong> 14 a 16 <strong>de</strong> agosto.<br />
Duas parcelas <strong>de</strong> R$205,00<br />
ou seis vezes <strong>de</strong> R$72,00<br />
* Estes valores são individuais, com saída da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Varginha - MG.<br />
E atenção: Se você organiza grupos <strong>de</strong><br />
viagens, i<strong>de</strong>ntifique-se como leitor do <strong>Gerais</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> para receber <strong>de</strong>scontos progressivos<br />
na formação do roteiro turístico.<br />
E mais, se você reunir <strong>de</strong> 35 a 50 pessoas,<br />
com a Viaje Turismo, nossa equipe <strong>de</strong> jornalismo<br />
acompanhará a sua viagem e uma<br />
reportagem especial será publicada aqui, no<br />
<strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>!<br />
Para saída <strong>de</strong> outro local, informe-se sobre<br />
a disponibilida<strong>de</strong> da agência e verifique<br />
os valores com saída da sua cida<strong>de</strong>. Há pacotes<br />
diferenciados para vans ou ônibus.<br />
VIAJE TURISMO: (35) 3222-6821<br />
www.viajeturismoagencia.com.br<br />
viajeturismo@gmail.com<br />
Varginha (MG) fica a 115km <strong>de</strong> Baependi; a 110km<br />
<strong>de</strong> São Lourenço; a 100km <strong>de</strong> Caxambu; a 70km <strong>de</strong><br />
Alfenas; a 25km <strong>de</strong> Três Corações.<br />
Na trama dos fios, a malha<br />
da vida tece o <strong>de</strong>stino:<br />
“Tear, tear, tear, até o amanhecer”...<br />
Fafate Costa<br />
Na entrada do escritório, um painel<br />
ocupa boa parte da pare<strong>de</strong> e chama<br />
a atenção. Nele, a foto <strong>de</strong> uma<br />
senhora e seu tear. A irmã da bisavó do empresário<br />
- que hoje tece sua história <strong>de</strong> sucesso -, é<br />
o retrato que remonta à tradição do século XIX:<br />
“Na antiga Fazenda do Valinho, ela tosqueava,<br />
urdia, car<strong>de</strong>ava e fiava a lã, tecendo colchas e<br />
cobertores”. Coincidências, ou reminiscências?<br />
Os atores Cauã Reymond, Reynaldo Gianecchini e Dalton Vigh vestem Artefios<br />
no Salão da Moda Masculina, em São Paulo.<br />
O fio da vida conduziu Rogério Carneiro<br />
Meirelles ao ramo da tecelagem. Ele e a esposa<br />
Ana Paula estavam do lado <strong>de</strong> lá do balcão, no<br />
comércio varejista <strong>de</strong> vestuário. E aquela típica<br />
inquietação que só arrebata os empreen<strong>de</strong>dores,<br />
<strong>de</strong>spertou em Rogério a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> inverter<br />
as posições. Assim, <strong>de</strong>zoito anos atrás e com<br />
apenas duas máquinas, o casal começou a fabricar<br />
idéias, projetos, sonhos e roupas! Em pouco<br />
tempo os dois tornaram-se fornecedores das<br />
lojas da região. E mais à frente, lançaram sua<br />
marca nos eventos <strong>de</strong> moda. A partir daí, a Artefios<br />
tricot conseguiu a visibilida<strong>de</strong> do mercado<br />
estadual, nacional e internacional. O caminhar<br />
sempre em frente e à frente do seu tempo e da<br />
concorrência, é fruto <strong>de</strong> muito trabalho, compromisso<br />
e principalmente: qualida<strong>de</strong>.<br />
O tricot que Conceição exporta<br />
Da fábrica na cida<strong>de</strong> mineira <strong>de</strong> Conceição<br />
do Rio Ver<strong>de</strong> (a apenas 25 minutinhos <strong>de</strong> Baependi)<br />
saem 10 mil peças por mês que vestem<br />
norte-americanos, italianos, ingleses, espanhóis,<br />
holan<strong>de</strong>ses, mexicanos e muitos, muitos<br />
brasileiros. A conquista<br />
do mercado<br />
internacional e<br />
sua permanência<br />
nele, são atributos<br />
<strong>de</strong> quem oferece<br />
produtos que<br />
atendam às normas<br />
dos órgãos<br />
certificadores <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>.<br />
Antenada aos<br />
estilos e tendências<br />
da estação, e<br />
fornecedora das gran<strong>de</strong>s marcas, a Artefios<br />
abastece as lojas famosas dos shoppings <strong>de</strong> todo<br />
o Brasil. Setenta funcionários se revezam em<br />
três turnos, para manter a produção ininterrupta<br />
dos teares. Ótimo para o turista em viagem<br />
pelo Circuito das Águas, pois a fábrica é aberta<br />
à visitação – e todos po<strong>de</strong>m comprovar o cuidado<br />
na arte <strong>de</strong> bem vestir. Cuidado e capricho<br />
visíveis nos mínimos <strong>de</strong>talhes, como se nota ao<br />
observar o trabalho minucioso <strong>de</strong> Patrícia Ribeiro,<br />
na remalha<strong>de</strong>ira, a máquina operada por ela<br />
ao fechar ponto a ponto, a gola das peças tipo<br />
exportação. A funcionária que começou oito<br />
anos atrás, servindo o café, passou pela função<br />
<strong>de</strong> arremate até ocupar o cargo atual. “O que<br />
“O tear, o tear<br />
o tear<br />
o tear<br />
Quando pega a tecer<br />
vai até ao amanhecer<br />
quando pega a tecer<br />
vai até ao amanhecer...” (1)<br />
(Batuque dos <strong>Gerais</strong>)<br />
(1) Epígrafe da novela Manuelzão,<strong>de</strong> Guimarães Rosa<br />
me dá mais orgulho é <strong>de</strong>senvolver pessoas”, diz<br />
o empresário Rogério. “Para alcançar a excelência<br />
do produto, é preciso promover a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida, do ambiente <strong>de</strong> trabalho”.<br />
Um pensamento compartilhado pelos colaboradores,<br />
que se reúnem todas as segundasfeiras<br />
para a avaliação dos trabalhos, metas e<br />
resultados. Na Artefios toda a produção está<br />
dividida em setores, e cada equipe <strong>de</strong> funcionários<br />
é responsável pelo controle da qualida<strong>de</strong><br />
das suas funções. Uma vez interligadas, as equipes<br />
supervisionam a si mesmas, sem a necessida<strong>de</strong><br />
da figura <strong>de</strong> um gerente operacional. Areílton<br />
Costa está na fábrica há 12 anos e “adora<br />
trabalhar neste serviço”. Aparecida Cruz também<br />
já passou a marca <strong>de</strong> uma década no corte<br />
da malha: “ah, a gente sente orgulho, né?”<br />
Quando você fizer uma visita, fale que leu<br />
sobre eles aqui no <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>; e sabe o<br />
que mais? - Na loja da fábrica (cujo nome é uma<br />
homenagem fashion ao rio que corta a cida<strong>de</strong>), a<br />
Green River Malhas, você po<strong>de</strong>rá comprar peças<br />
das gran<strong>de</strong>s grifes com o preço <strong>de</strong> quem produz.<br />
Aproveite a pronta-entrega <strong>de</strong> atacado ou varejo<br />
e vista o “Gianecchini” que existe em sua casa!<br />
Green River Malhas - Artefios Tricot<br />
Fábrica e Loja: Rua Rio Branco, 165<br />
Conceição do Rio Ver<strong>de</strong> - MG<br />
(35) 3335-1039 - www.artefios.com.br<br />
Informe-se sobre os representantes<br />
comerciais em sua cida<strong>de</strong>.<br />
4 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> ..... marco / abril 2009 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> 5<br />
..... 4<br />
marco / abril 2009<br />
5<br />
Divulgação<br />
Fotos: Fafate Costa<br />
O empresário Rogério<br />
Meirelles fazendo jus<br />
às raízes<br />
CONC. DO RIO VERDE
UM PARQUE DE<br />
RARA BELEZA<br />
Beba da fonte <strong>de</strong> muitos encantos Quando <strong>Minas</strong> é um País!<br />
Fafate Costa<br />
Nas encostas da Serra da Mantiqueira,<br />
Caxambu, pequena cida<strong>de</strong> sul<br />
mineira com cerca <strong>de</strong> 21 mil habitantes,<br />
é consi<strong>de</strong>rada a mais charmosa das estâncias<br />
hidrominerais do país. Des<strong>de</strong> os tempos<br />
do Império, ficou famosa pelas proprieda<strong>de</strong>s<br />
medicinais <strong>de</strong> suas águas. Em 1868, a Princesa<br />
Isabel recebeu recomendações para tratar <strong>de</strong><br />
sua suposta infertilida<strong>de</strong> na estação das águas<br />
férreas. Pouco tempo <strong>de</strong>pois, a notícia <strong>de</strong> sua<br />
gravi<strong>de</strong>z correu mundo! Personalida<strong>de</strong> ilustre,<br />
promoveu a divulgação das Águas <strong>de</strong> Caxambu<br />
e, em agra<strong>de</strong>cimento, lançou a pedra fundamental<br />
para construir, na cida<strong>de</strong>, a Igreja <strong>de</strong><br />
Santa Isabel <strong>de</strong> Hungria.<br />
No Parque das Águas <strong>de</strong> Caxambu, uma das<br />
fontes leva o nome da Princesa, Fonte Dona<br />
Isabel - e <strong>de</strong>ntre as <strong>de</strong>mais, boa parte da família<br />
imperial foi homenageada: Fonte Con<strong>de</strong> D’Eu,<br />
o marido da Princesa; Fonte Dom Pedro, a mais<br />
antiga, numa homenagem a Dom Pedro II;<br />
Fonte Dona Leopoldina, a outra filha do Imperador;<br />
Fonte Duque <strong>de</strong> Saxe, marido <strong>de</strong> Dona<br />
Leopoldina. As outras fontes homenageiam um<br />
importante empresário dos tempos imperiais,<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula Mayrink e personalida<strong>de</strong>s<br />
ilustres ligadas ao estudo das águas e ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> Caxambu: Viotti, Ernestina<br />
Gue<strong>de</strong>s, Venâncio. A única fonte que não tem<br />
o nome <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong>, faz jus a si mesma,<br />
pela Beleza com que voltou a jorrar <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> permanecer um tempo seca. Há ainda o Gêiser<br />
Floriano Lemos, um fenômeno natural <strong>de</strong><br />
erupção intermitente <strong>de</strong> água que po<strong>de</strong> chegar<br />
aos oito metros <strong>de</strong> altura.<br />
O Parque <strong>de</strong> Caxambu é o único do mundo<br />
a concentrar numa mesma área tão pequena,<br />
doze fontes <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s químicas diferentes<br />
e ricas em valor terapêutico. A rara beleza<br />
<strong>de</strong> seu conjunto paisagístico e arquitetônico<br />
mereceu o tombamento junto ao Instituto<br />
Estadual do Patrimônio Histórico, o IEPHA. Alguns<br />
pavilhões das fontes e o coreto do Parque<br />
foram trazidos da Bélgica. Em estilo neoclássico,<br />
o Balneário Hidroterápico une <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za<br />
e suntuosida<strong>de</strong> em suas linhas arquitetônicas,<br />
possui vitrais franceses, azulejos portugueses,<br />
pisos ingleses... Tudo isso para ambientar com<br />
muito requinte os banhos <strong>de</strong> imersão.<br />
- Devido às obras <strong>de</strong> restauração, recomendamos<br />
que o visitante verifique, na entrada do<br />
Parque, a disponibilida<strong>de</strong> dos banhos no Balneário<br />
Hidroterápico. Outras informações: Secretaria <strong>de</strong><br />
Turismo <strong>de</strong> Caxambu: (35) 3341-1298<br />
- Esta edição do <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> não esgota<br />
a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assuntos ligados ao Parque<br />
das Águas. Acompanhe nossas publicações para<br />
saber mais.<br />
Fotos: Márcio Miranda<br />
Um pequeno recorte da gran<strong>de</strong> história<br />
da fundadora do Hotel União<br />
Fafate Costa<br />
Fonte Beleza<br />
Nascida na pequena al<strong>de</strong>ia Aveçãozinho, um<br />
distrito da “capital da cultura” Vila Real da província<br />
<strong>de</strong> Trás-os-Montes, ao norte <strong>de</strong> Portugal, dona<br />
Maria herdou do pai, Manoel da Costa Fontelas, o<br />
sobrenome consi<strong>de</strong>rado símbolo <strong>de</strong> inteligência: -<br />
“Na minha terra diziam que nem <strong>de</strong> 100 em 100<br />
anos nascia um com a inteligência <strong>de</strong>le. E o sobrenome<br />
acabou virando uma força <strong>de</strong> expressão: ‘fulano<br />
até parece um Fontelas’!”<br />
Pois dona Maria <strong>de</strong> Jesus Fontelas, não é só uma<br />
legítima her<strong>de</strong>ira, como enobrece a fama. Sobre a<br />
tampa da velha máquina <strong>de</strong> costura, uma mesinha<br />
foi improvisada para abrigar o que está lendo no<br />
momento: exemplares da revista da Aca<strong>de</strong>mia Mineira<br />
<strong>de</strong> Letras e três livros – sendo uma obra <strong>de</strong><br />
dois volumes totalizando 900 páginas. A capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> intensa leitura não <strong>de</strong>ixa dúvidas sobre a mente<br />
atuante, a luci<strong>de</strong>z e a paixão <strong>de</strong>sta senhora cuja<br />
ida<strong>de</strong> já atravessou um século. “Eu adoro ler biografias,<br />
porque amo a história. E as biografias são<br />
os elementos para se fazer a história, né?” – fala,<br />
enquanto folheia a História <strong>de</strong> Antônio Vieira – biografia<br />
do político, escritor e religioso, escrita por um<br />
dos mais importantes historiadores portugueses do<br />
século XX, João Lúcio <strong>de</strong> Azevedo.<br />
Com impressionante vivacida<strong>de</strong> ao contar histórias,<br />
no alto dos seus 102 anos, Maria Fontelas,<br />
como gosta <strong>de</strong> ser chamada, tem uma memória<br />
prodigiosa. Veio para o Brasil <strong>de</strong>pois que o pai já<br />
instalado na região <strong>de</strong> São João Del Rei (on<strong>de</strong> moravam<br />
alguns parentes), conseguiu trabalhar nos<br />
projetos <strong>de</strong> extensão da ferrovia e então toda a<br />
família atravessou o Oceano Atlântico. Maria Fontelas<br />
foi a primeira mulher a ser registrada como<br />
funcionária na Estrada <strong>de</strong> Ferro Oeste <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> (1) ,<br />
on<strong>de</strong> trabalhou por 14 anos, e também foi a primeira<br />
professora <strong>de</strong> Campos Altos, “mas eu sempre<br />
me senti uma ferroviária, a vida toda”.<br />
Apaixonada pelas linhas férreas e pelos trens –<br />
nada po<strong>de</strong>ria ser mais apropriado a uma mineira<br />
<strong>de</strong> coração – a doce senhora portuguesa foi homenageada<br />
com o título <strong>de</strong> Cidadã Honorária <strong>de</strong><br />
Campos Altos e também <strong>de</strong> Caxambu. “Um português<br />
ama a sua terra, disso não há dúvidas, mas<br />
se eu tivesse que nascer fora da minha pátria, eu<br />
queria nascer em <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>!”<br />
E foi por amor a esta terra, que dona Maria, ao<br />
casar-se, <strong>de</strong>cidiu morar em Caxambu, já que o esposo,<br />
comerciante, disse-lhe para escolher a cida<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> o casal moraria. A famosa inteligência dos Fontelas<br />
levou-a ao raciocínio <strong>de</strong> que, para um comerciante,<br />
seria muito bom instalar-se numa região <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> movimento. “Aí abrimos a maior casa <strong>de</strong> comércio<br />
<strong>de</strong> Caxambu naqueles tempos: um armazém<br />
com oito portas, on<strong>de</strong> se vendia <strong>de</strong> tudo”, conta. O<br />
marido morreu aos 56 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e dona Maria<br />
se viu às voltas com os quatro filhos e um comércio<br />
daquele tamanho! “Eu não acredito que o nosso<br />
<strong>de</strong>stino está marcado, nunca fui fatalista. Penso que<br />
a vida se constrói como um edifício, com mais ou<br />
menos janelas. O que realmente importa para mim<br />
é que as janelas estejam sempre abertas para o ar<br />
entrar; e as portas abertas para receber os amigos.<br />
Essa conduta é que nos leva a viver”.<br />
Lindos cabelos brancos,<br />
olhos muito vivos e uma<br />
luci<strong>de</strong>z invejável. Quando<br />
vier ao Hotel União você<br />
vai adorar conversar com<br />
dona Maria Fontelas.<br />
Salve! Pois foi esta conduta que a fez transformar<br />
o antigo armazém no mais acolhedor hotel <strong>de</strong><br />
Caxambu, o Hotel União. Hoje, mais <strong>de</strong> sessenta<br />
anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua fundação, o hotel é administrado<br />
pelo neto Raul Spinelli; e é lá que dona Maria<br />
mora – pois o Hotel União é sua casa, sempre<br />
aberta a receber os amigos! “É o sentimento da<br />
amiza<strong>de</strong>, do querer bem que faz prosperar a fraternida<strong>de</strong>.”<br />
(1) Um trecho remanescente da antiga ferrovia, ainda em<br />
uso, é a ligação <strong>de</strong> 12km entre Tira<strong>de</strong>ntes e São João Del Rei,<br />
cujo percurso po<strong>de</strong> ser feito num <strong>de</strong>licioso passeio turístico em<br />
antigas locomotivas.<br />
Em nome da hospitalida<strong>de</strong>,<br />
o presente que cultiva a tradição<br />
Em perfeita harmonia entre o tradicional e o mo<strong>de</strong>rno, o Hotel União se a<strong>de</strong>quou aos novos<br />
tempos, sem per<strong>de</strong>r o charme, a cordialida<strong>de</strong> e os encantos que <strong>de</strong>vem acompanhar uma<br />
viagem à estância hidromineral <strong>de</strong> Caxambu. E não po<strong>de</strong>ria ser melhor localizado: em frente ao<br />
Parque das Águas!<br />
O neto mais velho <strong>de</strong> dona Maria Fontelas, Raul Spinelli, é formado em hotelaria e há 20<br />
anos está à frente da administração do Hotel União. “O legado da vovó é a hospitalida<strong>de</strong>, e ela<br />
viveu muito isso. O nosso business é o bom relacionamento com os hóspe<strong>de</strong>s, aliás, é o que<br />
indica o próprio nome do hotel. Nós fazemos amigos”.<br />
Amigos que conhecem o União lá encontram as melhores condições <strong>de</strong> hospedagem em<br />
suas <strong>de</strong>pendências e serviços. Além da qualida<strong>de</strong> e conforto dos 45 apartamentos que dispõem<br />
<strong>de</strong> acesso à internet e canais <strong>de</strong> tv por assinatura; e das opções <strong>de</strong> lazer para as áreas <strong>de</strong> convivência,<br />
como piscinas, sala <strong>de</strong> tv e salão <strong>de</strong> jogos; o Hotel União prima pela acolhida. Como<br />
poucos, hoje em dia, tem as três opções <strong>de</strong> diárias: pensão completa, meia pensão e diárias<br />
simples. Não é para menos! Famoso por dominar a arte da culinária e respeitar a elegância da<br />
boa mesa, o restaurante do Hotel União oferece aos hóspe<strong>de</strong>s <strong>de</strong>liciosos pratos da culinária mineira<br />
cuidadosamente preparados no fogão a lenha; ou ainda, a saborosa cozinha internacional<br />
portuguesa, com o melhor bacalhau servido no Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, ou os irresistíveis “pastelinhos <strong>de</strong><br />
belém”. Claro que antes ou <strong>de</strong>pois do jantar vai bem um drink no piano-bar com música ao vivo<br />
nos fins <strong>de</strong> semana, feriados ou reservas <strong>de</strong> grupos.<br />
E o Hotel União faz muito mais por você! Elabora roteiros <strong>de</strong> passeio aos circuitos turísticos<br />
da região, especialmente para os grupos hospedados. O turista po<strong>de</strong> conhecer outras cida<strong>de</strong>s<br />
do Circuito das Águas como São Lourenço, Lambari e Cambuquira; visitar Tira<strong>de</strong>ntes e São João<br />
Del Rei, no Circuito do Ouro; ou ainda, ir a São Thomé das Letras, no Circuito Esotérico e passear<br />
em Baependi, no Circuito Ver<strong>de</strong>. Todos os roteiros são elaborados conforme o tempo <strong>de</strong> permanência<br />
do grupo e incluem guias locais, dicas <strong>de</strong> restaurantes e compras. Aproveitando sua<br />
razão <strong>de</strong> ser, o hotel uniu o melhor do Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> para seus hóspe<strong>de</strong>s!<br />
Ao fazer a sua reserva, informe que é leitor do jornal <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> e peça para a administração do Hotel União<br />
entrar em contato com nossa equipe. Po<strong>de</strong>mos ir ao hotel para entrevistá-lo ou acompanhar o seu grupo num dos<br />
passeios escolhidos. Boa Viagem!<br />
Faça hoje mesmo a sua reserva no Hotel União<br />
e <strong>de</strong>sfrute inesquecíveis momentos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />
HOTEL UNIÃO<br />
Em frente ao Parque das Águas <strong>de</strong> Caxambu, MG<br />
Tel.: (35) 3341-3333<br />
Site: www.hoteluniao.com.br<br />
E-mail: união@hoteluniao.com.br<br />
Roteiro: 3 dias e 2 noites - Sexta a domingo<br />
Rio - Caxambu - Baependi -<br />
Fazenda Centenária - São Lourenço - Rio<br />
Sexta saída do Rio às 7h00, chegada para<br />
o almoço. Domingo saída após o almoço.<br />
6 7<br />
Fontes D. Isabel<br />
e Con<strong>de</strong> D´Eu<br />
VOCÊ MERECE VIDA BOA<br />
Imagine ir para Caxambu visitando as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Lourenço e Baependi sem se<br />
preocupar com o trânsito, volante e gasolina. Agora o Hotel União oferece este serviço<br />
especial para você: traslado <strong>de</strong> ônibus e van fretado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ) para Caxambu<br />
(MG), guia <strong>de</strong> turismo, hospedagem, passeios pela região, jantar português, música ao<br />
vivo, fazenda e muito mais.<br />
Escolha a melhor data para a sua viagem:<br />
3 <strong>de</strong> Abril / 15 <strong>de</strong> Maio / 5 <strong>de</strong> Junho / 3 <strong>de</strong> Julho<br />
Fafate Costa<br />
Divulgação<br />
Bacalhau<br />
à Portuguesa<br />
RESERVAS: PLANET WORK<br />
(21) 2456-5700<br />
planetwork@planetworkrio.com.br<br />
Piscina do<br />
Hotel União<br />
INFORMAçõES: HOTEL UNIÃO<br />
www.hoteluniao.com.br<br />
(35) 3341-3333 - Caxambu, MG<br />
* Informação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do anunciante
Em <strong>Minas</strong>, queijo é artigo fino: pura arte!<br />
Fafate Costa<br />
O que Van Gogh, Renoir, Matisse, e<br />
outros gran<strong>de</strong>s gênios da pintura<br />
têm a ver com a produção <strong>de</strong> queijos?<br />
A arte! Num conceito subjetivo e extremamente<br />
amplo, a arte tem muitas nuances: arte<br />
visual, artes plásticas, arte mo<strong>de</strong>rna, renascentista,<br />
contemporânea, a filosofia da arte... o<br />
estado da arte!<br />
A paixão pela arte levou o músico violoncelista<br />
Sérgio Me<strong>de</strong>iros a transformar a virtuosida<strong>de</strong><br />
em melodia, e o leite em queijos finos.<br />
Finíssimos. Pura arte a se <strong>de</strong>gustar. É o que se<br />
po<strong>de</strong> esperar do Laticínios Cruzília, hoje sob a<br />
direção <strong>de</strong> Sérgio e os irmãos, filhos do fundador<br />
José Moreira. Artista já em sua época, seu<br />
Zé, aos 19 anos, aventurou-se a montar uma<br />
banca no Mercado Municipal <strong>de</strong> São Paulo, lá<br />
pelos idos <strong>de</strong> 1948. No finzinho dos anos 80,<br />
era hora <strong>de</strong> voltar para <strong>Minas</strong>, sentir o cheirinho<br />
da terra e ganhar in<strong>de</strong>pendência fabricando<br />
os próprios queijos.<br />
Como os gran<strong>de</strong>s mestres, escolheu o cenário<br />
perfeito, o melhor “terroir” para a produção<br />
<strong>de</strong> queijos especiais. Assim, no cruzamento das<br />
estradas, mudou-se para<br />
Cruzília, região que oferece<br />
terra, clima e condições<br />
i<strong>de</strong>ais para se atingir a excelência.<br />
E atingiu! O primeiro<br />
prêmio conquistado pelos<br />
queijos Cruzília, foi em 1998<br />
e <strong>de</strong> lá para cá, já se vai uma<br />
década <strong>de</strong> premiações no<br />
lugar mais alto do pódio no<br />
ranking nacional.<br />
O premiado queijo Azul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>,<br />
foi lançado com exclusivida<strong>de</strong> pelo<br />
Laticínios Cruzília, para prestar uma<br />
homenagem ao pioneiro dos Queijos<br />
Azuis no Brasil, o dinamarquês Lief<br />
Kai Godtfredsen.<br />
Os artistas nos bastidores<br />
No Laticínios Cruzília (a 20 minutos <strong>de</strong> Baependi),<br />
63 funcionários - entre eles quatro<br />
jovens encaminhados pela APAE - representam<br />
o compromisso social, ético, cidadão e,<br />
sobretudo, o compromisso com a qualida<strong>de</strong><br />
na arte <strong>de</strong> fazer queijos. Trinta mil litros <strong>de</strong><br />
leite por dia passam por todo o processo <strong>de</strong><br />
pasteurização e bombeamento - e em cada<br />
câmara fria, ficam por tempos alternados, se<br />
transformando em queijos diferentes - para<br />
aten<strong>de</strong>r aos principais supermercados, restaurantes<br />
e boutiques <strong>de</strong> frios do país.<br />
Tarlei Arantes, queijeiro há 9 anos, tem<br />
muito orgulho do que faz. Contribui com sua<br />
pitada <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e talento ao elaborar os<br />
tantos tipos, como Queijo <strong>Minas</strong>, Emmental,<br />
Provolone, Gouda, Prato Esférico, Prato Lanche,<br />
Gorgonzola, Camembert. Além <strong>de</strong>stes, o<br />
Laticínios Cruzília escreve seu lugar na história<br />
presenteando nosso paladar com queijos<br />
exclusivos, como o Dagano, o Rocambole e o<br />
irresistível Azul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>.<br />
Azul, como as telas <strong>de</strong> Picasso? Ah... bem<br />
diferente, porque se no período azul do pintor,<br />
a solidão inspirou suas<br />
obras, o Azul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> faz<br />
um convite ao requinte da<br />
companhia para <strong>de</strong>gustação<br />
<strong>de</strong> queijos e vinhos.<br />
Cremoso, pelo seu alto<br />
teor <strong>de</strong> creme <strong>de</strong> leite, o<br />
Mofo Azul com seu paladar<br />
incomparável, resgata<br />
a tradição poética e artesanal<br />
da fabricação <strong>de</strong> queijos<br />
finos no Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>.<br />
Estando na região, visite<br />
o Laticínios Cruzília. É<br />
certeza <strong>de</strong> acrescentar à<br />
sua bagagem <strong>de</strong> volta, o<br />
sabor único da melhor arte<br />
mineira: o queijo.<br />
CRUZÍLIA<br />
Pioneiro, o fundador José Moreira<br />
em sua banca no Mercadão <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Obe<strong>de</strong>cendo a um rigoroso controle <strong>de</strong> climatização e higiene, os<br />
queijos do Laticínios Cruzília alcançaram, no mercado e na mesa do<br />
consumidor, o patamar <strong>de</strong> excelência.<br />
Sérgio Me<strong>de</strong>iros, o sorri<strong>de</strong>nte empresário, convida você<br />
a conhecer as <strong>de</strong>lícias do Empório e Laticínios Cruzília.<br />
Laticínios Cruzília & Empório<br />
Rodovia Tancredo Neves, Km 0<br />
Cruzília - MG - Tel: 3346-1385<br />
www.cruzilia.com.br<br />
O Laticínios Cruzília está aberto à<br />
visitação. Telefone para agendar sua<br />
visita. No mesmo en<strong>de</strong>reço, funciona o<br />
Empório para compra <strong>de</strong> produtos.<br />
Fotos: Fafate Costa<br />
Divulgação<br />
Na Quaresma, os sinos dobram ao meiodia,<br />
às três e às seis da tar<strong>de</strong>. Religiosida<strong>de</strong><br />
e compromisso cristão no período <strong>de</strong> reflexões<br />
e penitências que antece<strong>de</strong> a Paixão.<br />
Com a prerrogativa <strong>de</strong> ser uma das mais<br />
tradicionais do Estado, a Semana Santa <strong>de</strong><br />
Baependi envolve os moradores e milhares<br />
<strong>de</strong> turistas todos os anos. Procissões diárias,<br />
confissões, ritos e um cerimonial <strong>de</strong><br />
profunda contrição...<br />
Arte dramática e cultura. Sempre na<br />
quinta-feira santa há quase 40 anos, duzentos<br />
atores encenam, num Quadro<br />
Vivo, os momentos finais da vida <strong>de</strong> Jesus.<br />
O maior teatro amador do Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>,<br />
nasceu da iniciativa <strong>de</strong> Frei Pascoal Hroop,<br />
em 1961. Este é mais um exemplo <strong>de</strong> que<br />
a religiosida<strong>de</strong> e as artes convivem mesmo<br />
em harmonia na pequena Baependi – ora<br />
gran<strong>de</strong>, por saber preservar dignamente a<br />
sua história!<br />
8 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> ..... marco / abril 2009 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> 9<br />
..... marco / abril 2009<br />
Fotos: Zezeth Nicoliello<br />
Fafate Costa<br />
.... “Venho lembrar-lhe sobre a notável<br />
Igreja Matriz e pedir-lhe que a referida seja<br />
consi<strong>de</strong>rada Monumento Histórico, como foi<br />
feito com as igrejas <strong>de</strong> Ouro Preto, Sabará, São<br />
João Del-Rei e muitas outras. Posso afirmar-lhe<br />
que a Igreja <strong>de</strong> Baependi guarda em seu seio<br />
verda<strong>de</strong>iras jóias do século passado”.<br />
[ Alci<strong>de</strong>s Lage ]<br />
O<br />
BAEPENDY<br />
trecho transcrito do ofício enviado<br />
pelo <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Alci<strong>de</strong>s<br />
Lage em agosto <strong>de</strong> 1952, ao diretor<br />
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,<br />
revela a sensibilida<strong>de</strong> do autor em consi<strong>de</strong>rar<br />
“monumentais” as riquezas da setecentista<br />
igreja <strong>de</strong> Baependi. A Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />
do Montserrat (1754) é templo da genialida<strong>de</strong><br />
artística <strong>de</strong> Monsenhor Marcos Nogueira, que<br />
foi pároco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1870 a 1916. É <strong>de</strong> sua<br />
autoria a composição dos entalhes, valorizando<br />
a temática nacionalista, ao privilegiar motivos<br />
da flora local, como cachos <strong>de</strong> uvas e gravatás.<br />
“Tal característica confere à Igreja <strong>de</strong> Baependi<br />
um estilo sui-generis, reconhecido por especialistas<br />
como único do gênero, no país”, revela a<br />
pesquisadora Maria José Turri Nicoliello.<br />
Nhá Chica mandou dourar o altar-mor da Igreja Matriz <strong>de</strong> Baependi<br />
... “Voto, pois, pela inscrição da Igreja Matriz<br />
<strong>de</strong> Baependi no Livro do Tombo das Belas<br />
Artes da Diretoria <strong>de</strong> Patrimônio Artístico e<br />
Nacional”, assina José Wasth Rodrigues, o relator<br />
da então DPHAN, no ano <strong>de</strong> 1953.<br />
Muitas são as hipóteses para estes pronunciamentos<br />
terem sido esquecidos por<br />
mais <strong>de</strong> meio século nas teias institucionais,<br />
mas “felizmente, a estrutura organizacional,<br />
a filosofia e o olhar para com as questões da<br />
cultura e do patrimônio evoluíram muito <strong>de</strong><br />
lá para cá”, diz Maria José, que também é secretária<br />
do Conselho Municipal do Patrimônio<br />
Cultural, em Baependi.<br />
IGREJA MAtRIz<br />
Patrimônio Nacional pelas<br />
mãos <strong>de</strong> um filho da terra<br />
Evoluíram sim. Tanto, que durante os últimos<br />
trabalhos <strong>de</strong> restauração <strong>de</strong> dois altares<br />
da Matriz, o Conselho promoveu junto à secretaria<br />
<strong>de</strong> educação, a integração entre os<br />
estudantes e o bem tombado, por meio <strong>de</strong><br />
palestras e acompanhamento dos trabalhos<br />
<strong>de</strong> restauro. “A educação patrimonial é vagarosa,<br />
gradual, mas é eficaz com o passar<br />
dos anos. Daqui um tempo essa consciência<br />
vai aflorar. Os jovens <strong>de</strong> hoje já <strong>de</strong>monstram<br />
sensibilida<strong>de</strong> para enten<strong>de</strong>r um monumento<br />
histórico”, conclui a presi<strong>de</strong>nte do Conselho,<br />
Patrícia Felizalle.<br />
Ao visitar os santuários, capelas e igrejas<br />
católicas do Brasil, especialmente em <strong>Minas</strong><br />
<strong>Gerais</strong>, o turista e fiel se vê diante <strong>de</strong> uma<br />
série <strong>de</strong> registros silenciosos do nosso passado<br />
colonial que não mais permanecessem<br />
inacessíveis, ao contrário, são continuamente<br />
interpretados, moldando nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
cultural. Se os artistas emprestavam seus<br />
dons à arte <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer, ou à crença nos<br />
milagres, não se sabe. Mas nos cabe hoje,<br />
ren<strong>de</strong>r homenagens aos anônimos abnegados<br />
baependianos que carregaram as pedras<br />
para erguer a Matriz e também àquela humil<strong>de</strong><br />
senhora que entrou para a história como<br />
a santinha <strong>de</strong> Baependi; foi Nhá Chica quem<br />
mandou dourar a talha nua do altar-mor da<br />
Igreja Matriz, no ano <strong>de</strong> 1862. E, especial-<br />
SEMANA<br />
SANtA<br />
Fé e tradição ao<br />
longo dos séculos<br />
Fafate Costa<br />
mente, ao Monsenhor-artista, que <strong>de</strong>safiou<br />
os costumes da época <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado os<br />
motivos europeus e escolhendo, com incomparável<br />
acerto, a mineirida<strong>de</strong> da Fé.
O Divino se manifesta<br />
em pessoas<br />
O projeto <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> abre espaço para uma das características mais marcantes<br />
dos mineiros: sua religiosida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>voção popular, as tradições e ritos.<br />
Importante é, pois, a representação estadual junto à Santa Sé expressão máxima<br />
para os católicos. A nomeação do primeiro Car<strong>de</strong>al <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, Dom Serafim Fernan<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Araújo, completou 10 anos em 2008. Em sintonia com as legítimas manifestações<br />
cristãs do povo <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, o Car<strong>de</strong>al revelou-se um <strong>de</strong>voto da santinha <strong>de</strong> Baependi,<br />
quando aceitou o convite para ser Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Honra do II Encontro <strong>de</strong> Estudos<br />
sobre Nhá Chica, no ano <strong>de</strong> 2006. Dom Serafim sentiu-se como um “romeiro” da Serva<br />
<strong>de</strong> Deus, tocado pelo seu exemplo abnegado <strong>de</strong> profunda Fé. “Eu cheguei com Nhá<br />
Chica a meu lado, mas saio <strong>de</strong> Baependi com Nhá Chica <strong>de</strong>ntro do meu coração. E muito<br />
mais forte! A chegada <strong>de</strong> Nhá Chica ao altar, eu diria que é uma questão <strong>de</strong> tempo... um<br />
ano? dois anos? apenas uma questão <strong>de</strong> tempo”.<br />
Na ocasião, o Car<strong>de</strong>al visitou a Igreja Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora do Montserrat, único<br />
bem tombado em nível fe<strong>de</strong>ral em todo o Sul <strong>de</strong> <strong>Minas</strong>, acompanhado pela secretária<br />
do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural <strong>de</strong> Baependi, a pesquisadora Maria José<br />
Turri Nicoliello.<br />
O <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> brinda seus leitores com trechos da palestra que Dom Serafim<br />
proferiu aos <strong>de</strong>votos <strong>de</strong> Nhá Chica, mulher <strong>de</strong> imensa generosida<strong>de</strong> cristã que viveu em<br />
“fama <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>” e cujo processo <strong>de</strong> Beatificação tramita no Vaticano.<br />
NHÁ CHICA: GENtE DA NOSSA GENtE<br />
“Uma gran<strong>de</strong> heroína bíblica”<br />
por Dom Serafim Car<strong>de</strong>al<br />
Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Araújo*<br />
A correta percepção da gran<strong>de</strong>za<br />
e da santida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nhá Chica<br />
passa pela análise, ainda que superficial,<br />
do ambiente e da época<br />
em que viveu, e das influências<br />
atávicas que ajudaram a moldar a<br />
sua personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulher simples,<br />
mulher do povo, gente <strong>de</strong><br />
nossa gente sofrida, mas também<br />
mulher que se insere na genealogia<br />
daquelas gran<strong>de</strong>s heroínas bíblicas,<br />
a respeito das quais o Livro<br />
Sagrado proclama:<br />
“Uma mulher forte, quem<br />
a encontrará? Seu valor é<br />
superior ao das pérolas...<br />
Esten<strong>de</strong> as mãos para<br />
a roca; enquanto uma<br />
segura o fuso, a outra se<br />
abre ao necessitado e esten<strong>de</strong><br />
o braço ao pobre”<br />
(Prov. 31,10.19-20).<br />
Não é verda<strong>de</strong> que aí se acha<br />
a mulher forte <strong>de</strong> Baependi? Nhá<br />
Chica talvez não tivesse sido escrava<br />
ela própria, mas foi filha <strong>de</strong><br />
escrava. Assim, experimentou na<br />
carne e na alma toda a cruelda<strong>de</strong><br />
da discriminação a que eram<br />
submetidos os escravos. Não teve<br />
acesso à escola nem aos bens da<br />
cultura. Foi triplamente discriminada:<br />
na sua condição social,<br />
como mestiça e, ainda por cima,<br />
como mulher. Por isto, - guiada<br />
pelo Espírito <strong>de</strong> Deus, que “sopra<br />
on<strong>de</strong> quer” – , apren<strong>de</strong>u a se<br />
solidarizar com quem sofre, sem<br />
acepção <strong>de</strong> pessoa. Apren<strong>de</strong>u a<br />
curar as feridas <strong>de</strong> quem lhe batia<br />
às portas e a dividir com os pobres<br />
o pouco que tinha.<br />
Por outro lado, nas raízes profundas<br />
<strong>de</strong> sua fé bem brasileira<br />
e bem mineira, ela soube haurir<br />
energias inesgotáveis para superar<br />
as adversida<strong>de</strong>s e, sob a ação misteriosa<br />
do Espírito, construir em si<br />
mesma e na sua vida “coisas novas”,<br />
um mundo reconciliado com<br />
Deus e com os homens, em Jesus<br />
Cristo. Amou com fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> inquebrantável<br />
a Igreja <strong>de</strong> Deus, nos<br />
seus pastores, no povo fiel, esse<br />
“povo adquirido, linhagem escolhida,<br />
sacerdócio régio, nação santa”,<br />
do qual se sentia parte inseparável<br />
(1 Pd 2,9).<br />
Deus lhe <strong>de</strong>u a sabedoria dos<br />
santos e dos humil<strong>de</strong>s e o dom do<br />
Conselho: “Eu te louvo, Pai, senhor<br />
do céu e da terra, porque<br />
ocultaste estas coisas dos sábios<br />
e entendidos e as revelaste<br />
aos pequeninos! Sim, Pai, porque<br />
assim foi <strong>de</strong> teu agrado”<br />
(Mt 11, 25-26). Amou<br />
entranhadamente a<br />
Mãe <strong>de</strong> Jesus, seu<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vida e,<br />
como Ela, foi também<br />
uma “mulher<br />
eucarística”, uma<br />
“cristófora”.<br />
Por isso, louvando<br />
o Pai, a louvamos também,<br />
parafraseando o último<br />
versículo do Poema<br />
sobre a Mulher Virtuosa,<br />
do Livro dos Provérbios:<br />
BAEPENDY BAEPENDY<br />
Ao visitar a Igreja Matriz Nossa<br />
Senhora do Montserrat, Dom<br />
Serafim recebeu da pesquisadora e<br />
secretária do Conselho do Patrimônio<br />
<strong>de</strong> Baependi, Maria José Turri<br />
Nicoliello, as informações sobre<br />
este importantíssimo Patrimônio<br />
Histórico e Religioso. A Matriz <strong>de</strong><br />
Baependi possui trabalhos sacros<br />
<strong>de</strong> exemplarida<strong>de</strong> única no país, o<br />
que justificou o seu tombamento<br />
pelo IPHAN. Na foto, ao fundo, o<br />
altar da Pieda<strong>de</strong>.<br />
“Cantai-lhe pelo êxito <strong>de</strong> suas<br />
mãos, e nas portas (<strong>de</strong> sua querida<br />
Baependi), louvem-na suas<br />
obras!”, porque também nela,<br />
humil<strong>de</strong> Serva do Senhor, como<br />
em Maria, “fez gran<strong>de</strong>s coisas o<br />
Po<strong>de</strong>roso, cujo nome é Santo” (Lc<br />
1, 49). Glória a Deus!<br />
*Dom Serafim Car<strong>de</strong>al<br />
Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Araújo é<br />
Arcebispo Emérito <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte, MG.<br />
Fotos: Fafate Costa<br />
Neste mês <strong>de</strong> abril, chegou<br />
às bancas e livrarias<br />
<strong>de</strong> Baependi e região<br />
o livro “A ENTREVISTA DE NHÁ<br />
CHICA”, organizado pela jornalista<br />
Fafate Costa e pela pesquisadora<br />
Zezeth Nicoliello. A obra resgata<br />
um importante relato histórico sobre<br />
a vida <strong>de</strong> Francisca <strong>de</strong> Paula <strong>de</strong><br />
Jesus - narrado por ela mesma.<br />
O texto original é uma conversa<br />
que o médico Henrique<br />
Monat teve com a “santinha” <strong>de</strong><br />
Baependi, publicada pouco tempo<br />
antes da morte da Serva <strong>de</strong><br />
Deus, como um dos capítulos da<br />
obra “Caxambu”, <strong>de</strong> 1894. Agora,<br />
atualizada para o português dos<br />
nossos dias, “a entrevista” vem<br />
acrescida <strong>de</strong> pesquisa biográfica<br />
e histórica sobre Nhá Chica e sobre<br />
o autor.<br />
“A ENTREVISTA DE NHÁ CHI-<br />
CA” tem Prefácio <strong>de</strong> Dom Aloísio<br />
Roque Oppermann, Arcebispo<br />
<strong>de</strong> Uberaba, que foi Bispo Diocesano<br />
da Campanha, <strong>de</strong> 1988<br />
a 1996. Dom Roque viu Nhá Chica<br />
receber o título <strong>de</strong> Serva <strong>de</strong><br />
Deus em 1991, concedido pelo<br />
Vaticano e instaurou, em 1993, o<br />
Tribunal Eclesiástico pela Causa<br />
<strong>de</strong> sua Beatificação.<br />
Ilustrações da artista plástica<br />
Maria da Glória Stevam dão vida<br />
e movimento aos “causos” <strong>de</strong>scritos<br />
por Nhá Chica e Monat, em<br />
situações do cotidiano <strong>de</strong>sta leiga<br />
extraordinária que viveu o mais<br />
fiel testemunho da Fé e da carida<strong>de</strong>.<br />
Após sua morte, há mais<br />
<strong>de</strong> um século, são inúmeros os<br />
relatos <strong>de</strong> Graças alcançadas por<br />
sua intercessão junto à Nossa Senhora<br />
da Conceição e seu amado<br />
filho, Jesus.<br />
O livreto traz ainda, dados<br />
atuais sobre o Processo <strong>de</strong> Beatificação<br />
e o Movimento dos Devotos<br />
<strong>de</strong> Nhá Chica, em todo o<br />
Brasil, formando núcleos <strong>de</strong> orações<br />
pelo breve reconhecimento<br />
oficial do Santo Padre, elevando<br />
a “santinha” <strong>de</strong> Baependi à honra<br />
dos altares.<br />
Como contribuição histórica e<br />
jornalística, o livro visa preencher<br />
lacuna editorial da biografia <strong>de</strong><br />
Nhá Chica, aten<strong>de</strong>ndo ao gran<strong>de</strong><br />
anseio dos <strong>de</strong>votos que espera-<br />
A Entrevista<br />
<strong>de</strong> Nhá Chica<br />
“Eu rezo a Nossa Senhora<br />
que me ouve e me respon<strong>de</strong>.<br />
É por isso que posso afirmar<br />
o que digo”.<br />
( Nhá Chica )<br />
vam há muito, pela oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ter em mãos este documento<br />
tão raro: o testemunho<br />
da própria Francisca <strong>de</strong> Paula<br />
<strong>de</strong> Jesus sobre sua vida, sua<br />
família, a Monarquia e a República,<br />
o relato <strong>de</strong> suas predições<br />
acertadas, e, claro, sua infinita<br />
<strong>de</strong>voção à Nossa Senhora.<br />
“A ENTREVISTA DE NHÁ<br />
CHICA” - esta você não po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ler!<br />
Pedidos do livro:<br />
“A ENTREVISTA DE NHÁ CHICA”<br />
Pelo telefone (35) 9142-2598.<br />
Pela internet, no site da Veredas Comunicação:<br />
www.veredascomunicacao.com.br<br />
e também pelo e-mail:<br />
contato@veredascomunicacao.com.br<br />
PREçO: R$10,00.<br />
O valor da postagem pelos Correios varia<br />
conforme a região e o tipo <strong>de</strong> serviço:<br />
encomenda normal, registrada, PAC ou<br />
Se<strong>de</strong>x. Consulte.<br />
10 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> 11<br />
..... <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> marco / abril 2009<br />
..... marco / abril 2009<br />
Ilustrações: Maria da Glória Stevam<br />
“Nunca senti necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a ler; só <strong>de</strong>sejei<br />
ouvir ler as escrituras santas;<br />
alguém fez-me esse favor,<br />
fiquei satisfeita”.
Acada edição do <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong><br />
esperamos contribuir para o seu<br />
roteiro <strong>de</strong> viagem: a passeio, a<br />
trabalho, por um longo período, ou só pelo<br />
fim <strong>de</strong> semana - incluindo em seu <strong>de</strong>stino<br />
uma das tantas veredas e incontáveis recantos<br />
<strong>de</strong> nossa terra.<br />
Quando você quiser privilegiar seu olhar ao<br />
patrimônio ou às artes sacras, <strong>de</strong>stinos não faltarão<br />
pelas cida<strong>de</strong>s, la<strong>de</strong>iras, Museus e Igrejas<br />
<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>. Também na Estrada Real e no<br />
Circuito do Ouro, Congonhas possui vasta e rica<br />
história do período barroco e estilo rococó.<br />
Cartão postal, na Praça da Basílica, está o<br />
Santuário <strong>de</strong> Bom Jesus do Matozinhos, <strong>de</strong><br />
inspiração portuguesa, que nos arrebata com<br />
os 12 profetas, esculpidos em pedra sabão por<br />
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. No<br />
percurso até o Santuário, o turista po<strong>de</strong> admirar<br />
outras obras do mestre: seis capelinhas com<br />
os passos da paixão. Emoção e sobressaltos.<br />
A cida<strong>de</strong> faz parte do programa<br />
Monumenta do Ministério da<br />
Cultura, com projetos que visam<br />
preservar as esculturas originais<br />
<strong>de</strong> Aleijadinho. Pesquisadores<br />
estudam a possibilida<strong>de</strong><br />
da confecção <strong>de</strong><br />
réplicas, preservando<br />
as originais em<br />
ambientação museológica,<br />
já que a pedra<br />
sabão tem sofrido ao<br />
longo dos anos, o inevitável<br />
<strong>de</strong>sgaste do<br />
tempo.<br />
E se Aleijadinho<br />
esculpiu tão majestosamente,<br />
seus projetos<br />
arquitetônicos<br />
Zezeth Nicoliello<br />
O frontispício da Igreja Matriz <strong>de</strong><br />
Santo Antônio, em Tira<strong>de</strong>ntes, foi<br />
construído (1810-1816) com base<br />
no risco <strong>de</strong> Aleijadinho.<br />
MINAS,<br />
PAtRIMÔNIO<br />
DA ARtE SACRA<br />
não são menos dotados <strong>de</strong> arroubo e beleza.<br />
Você sabia que o risco do frontispício da<br />
Matriz <strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes, foi obra do mestre? “A<br />
arte escultórica <strong>de</strong> Antônio Francisco Lisboa, o<br />
Aleijadinho, é <strong>de</strong> tal importância que por vezes<br />
fica obscurecido o significado <strong>de</strong> seu trabalho<br />
como arquiteto. Suce<strong>de</strong> que sua arquitetura é<br />
enriquecida por um trabalho escultórico sem<br />
paralelo na arte luso-brasileira, por sua originalida<strong>de</strong><br />
e riqueza <strong>de</strong> sua invenção. Fica-se,<br />
então, diante <strong>de</strong> obras como o frontispício das<br />
igrejas que projetou, sem se saber o que mais<br />
admirar: se a justeza das proporções do edifício,<br />
suas inovações formais, ou se a escultura<br />
associada ao edifício nas portadas, cornijas e<br />
frontões” – entusiasma-se o arquiteto e professor<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />
da USP, Benedito Toledo.<br />
Conheça <strong>Minas</strong>, e você também vai <strong>de</strong>scobrir<br />
por que quem vem aqui jamais esquece.<br />
Nota: Os temas abordados na sessão <strong>Gerais</strong> não se<br />
esgotam em uma única edição. Acompanhe nossas<br />
publicações para saber mais sobre o Mestre Aleijadinho,<br />
a arte sacra mineira, Tira<strong>de</strong>ntes, Congonhas e<br />
outros temas.<br />
12 <strong>Gerais</strong> <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> ..... marco / abril 2009<br />
GERAIS<br />
NOTÍCIAS DO<br />
Durante o encontro <strong>de</strong> prefeitos promovido<br />
pelo Instituto do Patrimônio Histórico<br />
e Artístico Nacional, o IPHAN, em<br />
Brasília (18 <strong>de</strong> março), o presi<strong>de</strong>nte da<br />
Associação Brasileira <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s Históricas<br />
(ABCH) e também prefeito da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ouro Preto (MG), Ângelo Oswaldo,<br />
entregou ao Ministro Juca Ferreira uma<br />
carta en<strong>de</strong>reçada ao Presi<strong>de</strong>nte da República<br />
que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a elaboração <strong>de</strong> um<br />
programa com ações específicas dirigidas<br />
à preservação do patrimônio cultural e<br />
aos investimentos em infraestrutura como<br />
transporte, habitação, saneamento ambiental<br />
e geração <strong>de</strong> trabalho e renda.<br />
O ministro Juca Ferreira salientou a<br />
importância da ABCH no sentido <strong>de</strong> criar<br />
políticas e ações que tratem os centros<br />
históricos a partir <strong>de</strong> uma visão mais ampla.<br />
“Não basta cuidar apenas da área<br />
tombada, mas <strong>de</strong> toda a área urbana e<br />
também <strong>de</strong> seu entorno”. Ao final,<br />
colocou-se à disposição para atuar<br />
como agente mobilizador junto aos<br />
<strong>de</strong>mais ministérios envolvidos.<br />
Fonte: Ascom- Iphan<br />
Antônio Francisco Lisboa: o mestre<br />
sem comparações. No <strong>de</strong>talhe da<br />
foto, o Cristo do “Passo da prisão”,<br />
na Igreja <strong>de</strong> Congonhas.<br />
O Cristo do “Carregamento da<br />
cruz”, obra <strong>de</strong> Aleijadinho que<br />
integra o conjunto <strong>de</strong> Capelas<br />
dos Passos da Paixão em<br />
Congonhas (MG).