21.06.2013 Views

Como Ajudar as Crianças a Enfrentar a Perda de Um Ente Querido

Como Ajudar as Crianças a Enfrentar a Perda de Um Ente Querido

Como Ajudar as Crianças a Enfrentar a Perda de Um Ente Querido

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Doutor William C. Kroen<br />

<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong><br />

a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong>


Doutor William C. Kroen<br />

<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong><br />

a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

<strong>Um</strong> guia para adultos<br />

Tradução<br />

Victor Antunes


Planeta Manuscrito<br />

Rua do Loreto, n.º 16 – 1.º Direito<br />

1200 -242 Lisboa • Portugal<br />

Reservados todos os direitos<br />

<strong>de</strong> acordo com a legislação em vigor<br />

© 1996, 1.ª edição, publicada por Free Spirit Publishing Inc.<br />

© 2011, Planeta Manuscrito<br />

Revisão: Eulália Pyrrait<br />

Título original: Helping Children Cope with the Loss<br />

of a Loved One: A Gui<strong>de</strong> for Grownups<br />

Paginação: Gui<strong>de</strong>sign<br />

1.ª edição: Outubro <strong>de</strong> 2011<br />

Depósito legal n.º 334 451/11<br />

Impressão e acabamento: Gui<strong>de</strong> – Artes Gráfi c<strong>as</strong><br />

ISBN: 978 -989 -657 -244-0<br />

www.planeta.pt


Agra<strong>de</strong>ço a Maria Trozzi, do Good Grief Program,<br />

o apoio que gentilmente me prestou.


Índice<br />

Nota introdutória, por Maria D. Trozzi,<br />

directora do Good Grief Program . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />

BREVES RESPOSTAS A PERGUNTAS FREQUENTES . . 17<br />

COMPREENDER A MORTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25<br />

<strong>Como</strong> foi a sua aprendizagem sobre a morte? . . . . . . . . 27<br />

<strong>Como</strong> é a morte encarada pel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>? . . . . . . . . . . . . 31<br />

Linh<strong>as</strong> gerais <strong>de</strong> orientação para ajudar <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

a compreen<strong>de</strong>r a morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57<br />

LUTO – DESGOSTO E SOFRIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . 61<br />

Cui<strong>de</strong> <strong>de</strong> si . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63<br />

<strong>Como</strong> <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> vivem a perda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71<br />

Linh<strong>as</strong> gerais <strong>de</strong> orientação para ajudar <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

a enfrentar o <strong>de</strong>sgosto da perda . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121<br />

9


Doutor William C. Kroen<br />

RECORDAR R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129<br />

Sugestões para recordar um ente querido . . . . . . . . . . . . 133<br />

Cura e aceitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143<br />

E A VIDA CONTINUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145<br />

Linh<strong>as</strong> gerais <strong>de</strong> orientação para ajudar <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

a seguir em frente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147<br />

PROCURAR AJUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153<br />

Índice temático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157<br />

10


Nota introdutória<br />

C<br />

omo <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong><br />

<strong>Querido</strong>,<br />

da autoria do doutor William Kroen, é um excelente<br />

manual <strong>de</strong>stinado aos pais, aos professores e a todos os<br />

que estão em contacto com uma criança que per<strong>de</strong>u alguém<br />

muito querido. Em linguagem muito simples, Kroen ajuda -nos<br />

a compreen<strong>de</strong>r o que percebe uma criança, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância<br />

até aos 18 anos, e sente quando confrontada com a morte <strong>de</strong><br />

uma pessoa muito amada. De especial utilida<strong>de</strong> para os pais é<br />

a abordagem directa, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> termos técnicos, susceptível<br />

<strong>de</strong> confundir os leigos.<br />

O livro está repleto <strong>de</strong> relatos que ajudam a esclarecer<br />

a necessida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, sofrer, recordar<br />

e continuar a viver, tal como consta do trabalho da doutora<br />

Sandra Fox, fundadora do Th e Good Grief Program. De um<br />

modo sensível e íntegro, Kroen articula o texto com alguns<br />

11


Doutor William C. Kroen<br />

c<strong>as</strong>os exemplares. Este livro é um auxiliar precioso para os pais<br />

e para todos nós.<br />

Maria D. Trozzi<br />

Directora do The Good Grief Program<br />

Judge Baker Children’s Center<br />

Boston, M<strong>as</strong>sachusetts<br />

12


Introdução<br />

Quem gosta <strong>de</strong> falar com uma criança a respeito da morte?<br />

A resposta só po<strong>de</strong>rá ser… ninguém. Enquanto adultos,<br />

e sobretudo enquanto pais, o que queremos é proteger os<br />

nossos fi lhos <strong>de</strong> experiênci<strong>as</strong> doloros<strong>as</strong>, e a morte <strong>de</strong> um ente<br />

querido é a mais dolorosa <strong>de</strong> tod<strong>as</strong>. Queremos ver os nossos<br />

fi lhos alegres, a rir, a brincar e a apren<strong>de</strong>r. Queremos que sejam<br />

felizes. Embora na maior parte dos c<strong>as</strong>os sejamos capazes <strong>de</strong><br />

falar entusi<strong>as</strong>ticamente com <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> sobre os mistérios e os<br />

milagres da vida, quando se trata da morte falta -nos a vonta<strong>de</strong> –<br />

ou <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>.<br />

Contudo, <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>, tal como nós, também vivem a vida,<br />

não estão apen<strong>as</strong> a preparar -se para ela. E porque a morte<br />

faz parte da vida, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> <strong>as</strong> tocar. Ser capaz <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r a morte, atravessar <strong>de</strong> forma salutar os diversos<br />

estádios da dor e empenhar -se com vonta<strong>de</strong> na vida são<br />

factores essenciais para o bem -estar <strong>de</strong> uma criança. Sofrer<br />

13


Doutor William C. Kroen<br />

e enfrentar a perda antes, durante e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma morte confere<br />

à criança a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer livre <strong>de</strong> culpa, <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão,<br />

<strong>de</strong> revolta e <strong>de</strong> medo. Quando conseguimos ajudar os nossos<br />

fi lhos a ultrap<strong>as</strong>sar a dor da mais profunda d<strong>as</strong> ferid<strong>as</strong> emocionais<br />

– a morte <strong>de</strong> uma pessoa amada – estamos a inculcar-<br />

-lhes uma capacida<strong>de</strong> e uma compreensão que lhes serão úteis<br />

durante toda a vida.<br />

A infância é um tempo <strong>de</strong> ternura, e é com ternura que<br />

<strong>de</strong>vemos abordar a questão da morte com <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>. Num<br />

mundo i<strong>de</strong>al, nós, adultos, <strong>de</strong>víamos ser fortes, carinhosos<br />

e <strong>de</strong>dicar -lhes uma atenção absoluta ness<strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões. M<strong>as</strong> a realida<strong>de</strong><br />

crua é que o ser amado que a criança per<strong>de</strong>u é também<br />

o ser amado que nós per<strong>de</strong>mos. Quando se per<strong>de</strong> o marido,<br />

a mulher, o companheiro ou a companheira, um outro fi lho<br />

ou qualquer outra pessoa que nos seja muito cara, po<strong>de</strong>mos<br />

não nos sentir em condições <strong>de</strong> confortar o fi lho que nos resta.<br />

Po<strong>de</strong>mos sentir -nos esmagados pelo choque, pela tristeza<br />

e pela sensação <strong>de</strong> perda. On<strong>de</strong> vamos buscar <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong><br />

para ajudar os outros, em especial quando se trata <strong>de</strong><br />

uma criança, a compreen<strong>de</strong>r aquilo que aconteceu e a enfrentar<br />

a situação? É meu <strong>de</strong>sejo que este livro aju<strong>de</strong> a encontrar<br />

pelo menos algum<strong>as</strong> respost<strong>as</strong>.<br />

Não existem fórmul<strong>as</strong> mágic<strong>as</strong> para suprimir o <strong>de</strong>sgosto<br />

rapidamente e sem dor. Em vez disso, temos <strong>de</strong> nos valer<br />

daquilo que apren<strong>de</strong>mos com <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong>, a investigação<br />

científi ca, a tradição e a observação e acrescentar -lhe uma dose<br />

substancial <strong>de</strong> bom senso. Este livro resulta do conhecimento,<br />

14


<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

da sabedoria, da compaixão e da experiência <strong>de</strong> cientist<strong>as</strong><br />

sociais, <strong>de</strong> profi ssionais dos cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pais e <strong>de</strong><br />

outros adultos que refl ectiram sobre a maneira <strong>de</strong> auxiliar <strong>as</strong><br />

crianç<strong>as</strong> a suportar o <strong>de</strong>sgosto e que trabalharam <strong>de</strong> perto com<br />

crianç<strong>as</strong> em sofrimento. Está em dívida para com <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

muito especiais que trabalham no Th e Good Grief Program, do<br />

Judge Baker Center of Children’s Hospital, em Boston, M<strong>as</strong>sachusetts.<br />

Fundado em 1983 pela doutora Sandra Fox, este programa<br />

é reconhecido a nível nacional pela relevância do seu<br />

trabalho e é com frequência usado em situações <strong>de</strong> crise. Na<br />

preparação <strong>de</strong>ste livro recorri muit<strong>as</strong> vezes à obra da doutora<br />

Fox, Good Grief: Helping Groups of Children Deal with Loss<br />

When a Friend Dies (Boston: New England Association for<br />

the Education of Young Children, 1988). É com gratidão que<br />

reconheço a ajuda que recebi do Th e Good Grief Program em<br />

todos os p<strong>as</strong>sos <strong>de</strong>ste processo.<br />

<strong>Como</strong> ajudar <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> a enfrentar a perda <strong>de</strong> um ente<br />

querido é um guia para pais, professores, psicólogos e outros<br />

adultos que <strong>de</strong>sempenham um papel importante na vida d<strong>as</strong><br />

crianç<strong>as</strong>. Po<strong>de</strong> ser que o meu caro leitor esteja a ler este livro<br />

porque trabalha com crianç<strong>as</strong> e quer estar preparado para a<br />

eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> virem a ser tocad<strong>as</strong> pela morte. Po<strong>de</strong> estar<br />

a lê -lo porque conhece alguém que está a morrer e há uma<br />

criança que será afectada por essa morte. Ou po<strong>de</strong> ser que<br />

neste momento esteja a viver um <strong>de</strong>sgosto profundo. Espero<br />

sinceramente que possa aqui encontrar conforto e compaixão,<br />

para além <strong>de</strong> informações e conselhos <strong>de</strong> natureza con-<br />

15


Doutor William C. Kroen<br />

creta que o auxiliem a ajudar uma criança… e a ajudar -se a si<br />

mesmo. O fardo que carrega sobre os ombros é tremendo. M<strong>as</strong><br />

há quem tenha fardos semelhantes, e ao cruzar -se aqui com<br />

ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> po<strong>de</strong>rá apren<strong>de</strong>r alguma coisa com el<strong>as</strong>. <strong>Como</strong><br />

acabará por <strong>de</strong>scobrir, falar sobre a morte e o sofrimento é um<br />

p<strong>as</strong>so essencial para a construção <strong>de</strong> um ser humano emocionalmente<br />

saudável.<br />

William C. Kroen, doutor<br />

Belmont, M<strong>as</strong>sachusetts<br />

16


BREVES RESPOSTAS<br />

A PERGUNTAS<br />

FREQUENTES<br />

Se alguém que conhece e ama acaba <strong>de</strong> morrer – marido,<br />

mulher, pai, mãe, um fi lho, um amigo –, é possível que não<br />

tenha energia nem disposição para ler um livro na sua totalida<strong>de</strong>.<br />

M<strong>as</strong> se também houver crianç<strong>as</strong> afectad<strong>as</strong> por essa morte,<br />

há cois<strong>as</strong> que precisa <strong>de</strong> saber <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro momento para<br />

<strong>as</strong> ajudar a ultrap<strong>as</strong>sar o choque inicial. Seguem -se <strong>de</strong>z d<strong>as</strong><br />

pergunt<strong>as</strong> mais frequentes formulad<strong>as</strong> pelos pais por oc<strong>as</strong>ião<br />

da morte <strong>de</strong> um ente querido, acompanhad<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>z respost<strong>as</strong><br />

sucint<strong>as</strong>. Comece por ler esta secção e <strong>de</strong>dique -se ao resto do<br />

livro <strong>as</strong>sim que lhe for possível.<br />

<strong>Como</strong> posso falar aos meus fi lhos a respeito da morte?<br />

Com amor e carinho, usando palavr<strong>as</strong> simples e sincer<strong>as</strong>.<br />

Sente -se com eles num local sossegado, envolva -os num abraço<br />

e diga o que tem a dizer. Não tenha receio <strong>de</strong> palavr<strong>as</strong> como<br />

«morreu» ou «morte». Po<strong>de</strong> dizer, por exemplo: «Aconteceu<br />

17


Doutor William C. Kroen<br />

uma coisa muito, muito triste. O papá morreu. Nunca mais<br />

estará connosco porque <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> viver. Nós amávamos muito<br />

o papá, e ele também nos amava. Vamos sentir muito a falta<br />

<strong>de</strong>le, muito, muito.»<br />

Em algum<strong>as</strong> fr<strong>as</strong>es curt<strong>as</strong> relate -lhes a morte do falecido.<br />

Por exemplo: «Vocês sabem que o papá estava doente há muito<br />

tempo, muito doente. Foi a doença que lhe causou a morte.»<br />

Ou: «O papá sofreu um aci<strong>de</strong>nte. Ficou muito, muito ferido.<br />

Esse aci<strong>de</strong>nte causou -lhe a morte.»<br />

A repetição da palavra «muito» ajuda <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> a distinguir<br />

entre a morte da pessoa amada e os momentos em que se<br />

encontrava «muito doente» ou «muito ferido».<br />

Evite eufemismos para a morte, tais como «<strong>de</strong>saparecido»,<br />

«levado», «falecido» ou «partiu para uma longa viagem». Ess<strong>as</strong><br />

palavr<strong>as</strong> alimentam os receios da criança <strong>de</strong> ter sido abandonada<br />

e dão origem a medo e a confusão. Nunca diga que um<br />

ente querido «adormeceu». Isso fará com que a criança tenha<br />

medo <strong>de</strong> ir para a cama à noite.<br />

Muit<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> perguntam: «O que quer dizer “morreu”?»<br />

Mais uma vez, use palavr<strong>as</strong> simples e direct<strong>as</strong>: «Signifi ca que<br />

o corpo parou totalmente. Já não po<strong>de</strong> andar, respirar, comer,<br />

dormir, falar, ouvir ou sentir.»<br />

O que <strong>de</strong>vo respon<strong>de</strong>r quando os meus fi lhos perguntam<br />

«porquê»?<br />

«Por que morreu a mamã?» «Por que morreu o papá?» «Por que<br />

teve a avó o aci<strong>de</strong>nte?» «Por que está isto a acontecer -me?»<br />

18


<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

São respost<strong>as</strong> difíceis <strong>de</strong> encontrar. Não faz mal admitir que<br />

também já se colocou a mesma questão. Depois explique que a<br />

morte faz parte da existência <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> viv<strong>as</strong> à face<br />

da terra. Que acontece a toda a gente. Há cois<strong>as</strong> que po<strong>de</strong>mos<br />

controlar, há outr<strong>as</strong> que não. A morte é uma d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> sobre<br />

<strong>as</strong> quais não temos po<strong>de</strong>r.<br />

Não se esqueça <strong>de</strong> lhes dizer que ninguém tem culpa <strong>de</strong>ssa<br />

morte – nem o ente querido que morreu, nem Deus, nem<br />

<strong>de</strong>certo <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>. Diga com muita clareza: «Tu não tiveste<br />

culpa.» Deixe bem claro que nada do que tenham feito, dito ou<br />

pensado foi a causa da morte.<br />

Devo abordar a questão da morte em termos religiosos?<br />

É uma opção que tem <strong>de</strong> ser <strong>as</strong>sumida por cada família.<br />

De uma maneira geral, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da educação religiosa que os<br />

seus fi lhos tiverem. Se foram criados no seio <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> crentes, po<strong>de</strong>rão compreen<strong>de</strong>r melhor <strong>as</strong> su<strong>as</strong> alusões<br />

<strong>de</strong> carácter religioso. Se não foram, talvez não seja a melhor<br />

oc<strong>as</strong>ião para introduzir o tema da religião, pois só lhes causará<br />

confusão. Em qualquer circunstância evite dizer cois<strong>as</strong> como<br />

«Deus levou o papá» ou «Deus chamou a mamã», susceptíveis<br />

<strong>de</strong> gerar medo n<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>.<br />

Os meus fi lhos <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>sistir ao velório e ao enterro?<br />

Também é uma <strong>de</strong>cisão que cabe a cada família. Por norma,<br />

<strong>de</strong>ve ser autorizada a presença d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong> 6 anos ou mais,<br />

se el<strong>as</strong> o quiserem. Tomar parte nestes rituais importantes<br />

19


Doutor William C. Kroen<br />

com os outros membros da família e com os amigos dá às crian-<br />

ç<strong>as</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressarem o seu <strong>de</strong>sgosto, <strong>de</strong> ganharem<br />

ânimo e <strong>de</strong> partilharem o <strong>de</strong>sgosto dos outros, bem como <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>spedirem da pessoa que morreu. Sentem -se parte integrante<br />

<strong>de</strong> um grupo que continua a existir apesar da perda sofrida<br />

e mais reconfortad<strong>as</strong> e segur<strong>as</strong> por esse acto <strong>de</strong> inclusão.<br />

Não se esqueça <strong>de</strong> <strong>as</strong> preparar com antecedência, explicando-<br />

-lhes aquilo que irão ver, ouvir e fazer. Informe -<strong>as</strong> sobre<br />

se o caixão estará aberto ou fechado. Avise -<strong>as</strong> <strong>de</strong> que muit<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> presentes irão chorar. Deixe que façam pergunt<strong>as</strong>.<br />

Se estiver <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iado angustiado para o fazer em pessoa, peça<br />

a um membro da família ou a um amigo que ocupe o seu lugar.<br />

E se a criança não quiser participar nos ritos fúnebres? Não<br />

a obrigue e não a faça sentir -se culpada por isso.<br />

Os meus fi lhos fi carão afectados por me verem chorar<br />

e constatarem o meu <strong>de</strong>sgosto?<br />

De maneira nenhuma. As crianç<strong>as</strong> precisam <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

a expressar o seu <strong>de</strong>sgosto, e a melhor maneira <strong>de</strong> o fazer é com<br />

os adultos que <strong>as</strong> amam. Quando chora, os seus fi lhos fi cam<br />

a saber que não há problema em chorar. Quando se mostra<br />

triste, isso autoriza -os a exteriorizar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> emoções. <strong>Como</strong><br />

é evi<strong>de</strong>nte, se os adultos se conservam impávidos e não exibem<br />

os seus sentimentos, é isso que <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> apren<strong>de</strong>m a fazer,<br />

o que não é uma reacção salutar ao sofrimento. Nunca tenha<br />

receio <strong>de</strong> manifestar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> emoções diante dos seus fi lhos.<br />

20


<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

E se eu estiver <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iado prostrado com o <strong>de</strong>sgosto<br />

para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s dos meus fi lhos?<br />

Antes <strong>de</strong> cuidar dos seus fi lhos tem <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> si. Descanse,<br />

coma bem, procure o conforto e o auxílio dos seus parentes<br />

e amigos. Veja se outro adulto po<strong>de</strong> ocupar -se <strong>de</strong>les até que se<br />

encontre em condições <strong>de</strong> lhes dar a <strong>as</strong>sistência <strong>de</strong>vida.<br />

Devo informar os professores dos meus fi lhos da morte?<br />

Sim, e tão <strong>de</strong>pressa quanto possível. Os professores po<strong>de</strong>m<br />

ajudar vigiando o comportamento d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> ao longo d<strong>as</strong><br />

seman<strong>as</strong> e meses subsequentes à morte. São capazes <strong>de</strong> orientar<br />

e <strong>de</strong> ser compreensivos para com <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> que estão tristes,<br />

revoltad<strong>as</strong> ou perturbad<strong>as</strong>.<br />

Se na escola existir um gabinete <strong>de</strong> apoio (ou um psicólogo),<br />

quer seja a tempo inteiro ou parcial, também lhe <strong>de</strong>ve<br />

falar no c<strong>as</strong>o. De uma maneira geral, o pessoal dos gabinetes<br />

<strong>de</strong> apoio está preparado para lidar com situações traumátic<strong>as</strong><br />

e doloros<strong>as</strong>. Po<strong>de</strong>m acompanhar o comportamento d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> modo a garantir que o luto e o <strong>de</strong>sgosto não interferem<br />

com a aprendizagem e o <strong>de</strong>senvolvimento. Além disso, estes<br />

psicólogos também são uma boa fonte <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong><br />

conselhos para os pais e po<strong>de</strong>m encaminhá -los para grupos<br />

<strong>de</strong> apoio.<br />

21


Doutor William C. Kroen<br />

Quais <strong>as</strong> possíveis reacções dos meus fi lhos perante<br />

a morte e como <strong>de</strong>vo agir em cada c<strong>as</strong>o?<br />

Há crianç<strong>as</strong> que se sentem culpad<strong>as</strong> ou responsáveis pela morte<br />

<strong>de</strong> alguém que amam. Po<strong>de</strong>m acreditar que <strong>as</strong> su<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong><br />

irritad<strong>as</strong> ou o seu «mau» comportamento foram a causa <strong>de</strong>ssa<br />

morte. Sossegue os seus fi lhos, <strong>as</strong>segurando -lhes que isso não<br />

é verda<strong>de</strong>.<br />

No c<strong>as</strong>o da morte <strong>de</strong> um dos pais, há crianç<strong>as</strong> que se agarram<br />

em <strong>de</strong>sespero ao progenitor sobrevivente. Ficam muito<br />

preocupad<strong>as</strong> com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ele ou ela também morrerem<br />

e <strong>de</strong> não haver ninguém que cui<strong>de</strong> <strong>de</strong>l<strong>as</strong>. Este medo do<br />

abandono é normal. Tranquilize -<strong>as</strong>, reafi rmando que haverá<br />

sempre quem se ocupe <strong>de</strong>l<strong>as</strong>.<br />

Algum<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> regressam a comportamentos do p<strong>as</strong>sado,<br />

portam -se mal e fazem birr<strong>as</strong>. Seja paciente! Toda a família<br />

está sujeita a uma tensão terrível, e os seus fi lhos estão menos<br />

bem equipados do que um adulto para a suportar. Chame -lhes<br />

a atenção para os comportamentos menos apropriados e faça<br />

respeitar os limites, como <strong>de</strong> costume.<br />

Quando é conveniente que o meu fi lho volte a brincar?<br />

Assim que tiver vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> o fazer. As crianç<strong>as</strong> são dad<strong>as</strong><br />

a acessos <strong>de</strong> tristeza. Em <strong>de</strong>terminado momento po<strong>de</strong>m estar<br />

a chorar <strong>de</strong> infelicida<strong>de</strong> e no momento seguinte a rir e a brincar<br />

no baloiço. A brinca<strong>de</strong>ira tem um efeito terapêutico sobre<br />

<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>. Proporciona -lhes um intervalo no sofrimento,<br />

dá -lhes a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressar os sentimentos à sua<br />

22


<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

maneira e permite -lhes aliviar a ansieda<strong>de</strong> e a tensão através<br />

do movimento.<br />

Neste momento preciso, quais são <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> mais importantes<br />

que posso fazer pelos meus fi lhos?<br />

Estar presente, ser sincero com eles e dar -lhes amor.<br />

23


COMPREENDER<br />

A MORTE<br />

Muitos pais procuram evitar que os fi lhos tomem conhecimento<br />

da morte. No entanto, a maior parte d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

está ciente da morte e expõe -se a ela todos os di<strong>as</strong>. Alguns<br />

especialist<strong>as</strong> calculam que quando uma criança atinge os<br />

18 anos já testemunhou perto <strong>de</strong> 18 000 «mortes», sejam el<strong>as</strong><br />

fi ccionais, em cartoons, no cinema, em livros, band<strong>as</strong> <strong>de</strong>se-<br />

nhad<strong>as</strong> e em program<strong>as</strong> <strong>de</strong> televisão, ou concret<strong>as</strong>, ainda<br />

que impessoais, como <strong>as</strong> que são mostrad<strong>as</strong> nos noticiários,<br />

para além d<strong>as</strong> <strong>de</strong> amigos e membros da família. Quando uma<br />

criança encontra um pássaro ou um gato morto na rua, vê -se<br />

confrontada com a realida<strong>de</strong> da morte. Tentar protegê -l<strong>as</strong> disso<br />

é um exercício fútil.<br />

Deve ser dada às crianç<strong>as</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rem<br />

sobre a morte por meio <strong>de</strong> observações e dos acontecimentos<br />

do seu quotidiano. Os pais <strong>de</strong>vem aproveitar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

que surjam no dia -a -dia para ensinar às crianç<strong>as</strong> os<br />

25


Doutor William C. Kroen<br />

conceitos básicos da morte e do sofrimento. Encontrar uma<br />

fl or ou um pássaro mortos, ou p<strong>as</strong>sar pela experiência da morte<br />

<strong>de</strong> um animal <strong>de</strong> estimação, são oc<strong>as</strong>iões perfeit<strong>as</strong> para os pais<br />

partilharem os seus conhecimentos sobre a vida e a morte<br />

e convidarem os fi lhos a falar -lhes sobre aquilo que pensam<br />

e sentem.<br />

Quando <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> são esclarecid<strong>as</strong> sobre a morte e o sofri-<br />

mento em termos concretos e sensíveis, <strong>de</strong>senvolvem capaci-<br />

da<strong>de</strong>s para enfrentar <strong>as</strong> crises que mais tar<strong>de</strong> se lhes hão -<strong>de</strong><br />

apresentar. Em especial quando ocorre uma morte na família,<br />

os pais <strong>de</strong>vem ser frontais com os fi lhos. Em qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

famíli<strong>as</strong>, os segredos não resistem muito tempo. Disfarçar os<br />

factos e <strong>as</strong> consequênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> uma morte na família não correspon<strong>de</strong><br />

a uma verda<strong>de</strong>ira «protecção» d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>, pois só <strong>as</strong><br />

torna mais receos<strong>as</strong> e apreensiv<strong>as</strong>.<br />

26


<strong>Como</strong> foi a sua aprendizagem<br />

sobre a morte?<br />

Quando chega o momento <strong>de</strong> falar aos fi lhos sobre a morte,<br />

a maior parte dos adultos ten<strong>de</strong> a agir <strong>de</strong> acordo com <strong>as</strong> própri<strong>as</strong><br />

experiênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> infância. Se a sua família tentou ocultar -lhe<br />

o conceito <strong>de</strong> morte ou protegê -lo da dor a ela <strong>as</strong>sociada, será<br />

essa a abordagem que utilizará com os seus fi lhos. Esse modo<br />

<strong>de</strong> lidar com a morte não está errado, nem <strong>de</strong> modo algum<br />

é emocionalmente incorrecto. No entanto, em termos emocionais,<br />

não ajuda. Não prepara <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> para a eventualida<strong>de</strong><br />

concreta da morte.<br />

Antes <strong>de</strong> começar a explicar aos seus fi lhos o que é a morte,<br />

<strong>de</strong>ve começar por reexaminar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> infância.<br />

Faça a si mesmo <strong>as</strong> seguintes pergunt<strong>as</strong>:<br />

• Teve conhecimento <strong>de</strong> algum segredo da família relacionado<br />

com a morte?<br />

• Participou em velórios, enterros ou cerimóni<strong>as</strong> fúnebres <strong>de</strong><br />

algum membro da família?<br />

27


Doutor William C. Kroen<br />

• Alguém teve consigo uma conversa acerca da morte?<br />

• Quando era criança, morreu -lhe algum animal <strong>de</strong> estimação?<br />

Em c<strong>as</strong>o afi rmativo, como foi que lhe explicaram essa<br />

morte?<br />

• Houve pergunt<strong>as</strong> sobre a morte que nunca formulou?<br />

• Recorda -se do que lhe disseram que acontece quando<br />

alguém morre?<br />

• Durante a infância, alguma vez sofreu uma perda ou uma<br />

separação doloros<strong>as</strong>?<br />

As respost<strong>as</strong> que <strong>de</strong>r a est<strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m fornecer -lhe<br />

algum<strong>as</strong> pist<strong>as</strong> sobre a forma como os seus fi lhos encaram<br />

a morte. Com a intenção <strong>de</strong> proteger os fi lhos, muitos pais<br />

fazem da morte um tema proibido e transmitem às crianç<strong>as</strong><br />

essa negação da morte. Em c<strong>as</strong>os extremos, essa negação po<strong>de</strong><br />

levar a um af<strong>as</strong>tamento emocional entre os diversos membros<br />

da família, impedindo -os <strong>de</strong> se aproximarem uns dos outros.<br />

As famíli<strong>as</strong> que partilham os seus sentimentos criam um<br />

sentido <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> apoio mútuo. Dizer aos fi lhos que<br />

por vezes nos sentimos irritados, magoados, tristes, embaraçados<br />

e inseguros é uma forma positiva <strong>de</strong> lhes mostrar que<br />

é normal que toda a gente partilhe ess<strong>as</strong> emoções fortes. Os seus<br />

fi lhos fi carão mais à vonta<strong>de</strong> para o abordar sobre <strong>as</strong>suntos<br />

sérios, incluindo a morte.<br />

Aceitar a morte como parte da vida reduz signifi cati-<br />

vamente os efeitos negativos <strong>as</strong>sociados à inevitabilida<strong>de</strong>.<br />

As crianç<strong>as</strong> que durante o crescimento são esclarecid<strong>as</strong> acerca<br />

28


<strong>Como</strong> <strong>Ajudar</strong> <strong>as</strong> Crianç<strong>as</strong> a <strong>Enfrentar</strong> a <strong>Perda</strong> <strong>de</strong> <strong>Um</strong> <strong>Ente</strong> <strong>Querido</strong><br />

da morte e do <strong>de</strong>sgosto estão em melhores condições para os<br />

enfrentar quando eles acontecem, sem <strong>de</strong>senvolver processos<br />

fi ctícios e inefi cazes <strong>de</strong> lidar com a questão.<br />

Ao falar com os seus fi lhos sobre a morte e o <strong>de</strong>sgosto da<br />

perda, <strong>de</strong>ve usar sempre a verda<strong>de</strong> e a honestida<strong>de</strong>. Ser verda<strong>de</strong>iro<br />

e honesto não signifi ca ser ru<strong>de</strong> e insensível. É possível<br />

falar sobre a morte e o <strong>de</strong>sgosto da perda em termos afáveis,<br />

carinhosos e sensíveis. Este <strong>as</strong>pecto importante do amor dos<br />

pais ajuda <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> a <strong>de</strong>senvolver <strong>as</strong> su<strong>as</strong> capacida<strong>de</strong>s para<br />

melhor enfrentarem <strong>as</strong> circunstânci<strong>as</strong> da vida.<br />

29


<strong>Como</strong> é a morte encarada<br />

pel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>?<br />

As crianç<strong>as</strong> interpretam a morte e reagem a ela <strong>de</strong> muit<strong>as</strong><br />

maneir<strong>as</strong> diferentes. A personalida<strong>de</strong>, a sensibilida<strong>de</strong>, a capaci-<br />

da<strong>de</strong> para enfrentar os problem<strong>as</strong>, o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e a capacida<strong>de</strong> para pensar em abstracto são algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> variáveis<br />

que entram em jogo.<br />

Numerosos estudos indicam que <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong><br />

enten<strong>de</strong>m e reagem ao conceito <strong>de</strong> morte, tanto específi ca<br />

como literalmente.<br />

• Percepção específi ca refere -se ao modo como <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

encaram a morte como um inci<strong>de</strong>nte específi co. A morte<br />

em si mesma, bem como o conceito <strong>de</strong> morte, centra -se<br />

na pessoa ou no animal que morreu. A criança não pensa<br />

na morte em termos abstractos ou genéricos; o seu pensamento<br />

está confi nado a uma pessoa ou a um animal <strong>de</strong><br />

particular importância para ela.<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!