SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...
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9<br />
Infeliz do que não se furta ou não apara a tempo o golpe do parceiro,<br />
porque na face ou na cabeça lhe fica o signal do sen <strong>de</strong>scuido. Na occasiào<br />
a que me refiro, a dança dos palitos foi executada magistralmente â dubia<br />
luz <strong>de</strong> uma fogueira, que projectava no terreno, em caprichosos re<strong>de</strong>moinhos,<br />
as sombras movediças dos executantes..<br />
Aqui são ainda. pittorescas as margens do Angueira ; o seu curso é<br />
cortado por numerosos pontões rústicos, alguns meio arruinados, e por<br />
assudés que conduzem a azenhas assentes mesmo a beira da corrente,<br />
on<strong>de</strong> vi em flor a Alisma Plánlago L. e uma varieda<strong>de</strong> do Ranunculus<br />
pellatus Sehr. Nos remansos, da agua appareciam ilhotas da Callitriche<br />
stagnalis Scop. Proximo do povo enormes penedos, revestidos <strong>de</strong> fetos<br />
(Cyslopleris fragilis Brhd. e Âsplenium lanceolalum Huds.), <strong>de</strong> crassulaceas<br />
[Sedum hirsutum All. e S. brevifolium DC.) e outras plantas, acasteliamse<br />
caprichosamente, parecendo faltar ás leis do equilibrio, e dão á paizagem<br />
um tom muito original e agradável á vista.<br />
A forma do Aconitum Napellus L. <strong>de</strong>scripta pelo sr. G. Rouy em o Naturaliste*<br />
foi pela primeira vez <strong>de</strong>scoberta em 1854 proximo <strong>de</strong> S. Martinho<br />
á borda da ribeira <strong>de</strong> Angueira, pelo sr. Ε. Schmitz, engenheiro <strong>de</strong><br />
minas e distincto botanico. Tendo eu tido occasião <strong>de</strong> ver alguns exemplares<br />
completos d'esta interessante planta, <strong>de</strong>pois que publiquei no Boletim<br />
da Soe. Broteriana 2<br />
um pequeno trabalho sobre a familia das<br />
Ranunculnceas portuguezas, aproveito este ensejo para confirmar a opinião<br />
do sr. G. Rouy <strong>de</strong> que o Aconitum das margens do Angueira não pertence<br />
ao typo especifico do A. paniculalum Lam., como é citado no Catalogo<br />
methodico do sr. Carlos Machado 3<br />
, apesar <strong>de</strong> se lhe approximar pela<br />
forma ramosa do caule e disposição em panicula das flores, mas constitue<br />
uma subespécie do A. Napellus L. do qual reúne os principaes caracteres.<br />
O sr. M. Willkomm 4<br />
não tendo elementos <strong>de</strong> comparação para os specimens<br />
do chamado A. paniculalum <strong>de</strong> Castella Velha, da Catalunha e<br />
das Astúrias, e não se tendo encontrado esta espécie nos Pyreneus francezes,<br />
já tinha posto em duvida que elles pu<strong>de</strong>ssem pertencer ao A. paniculalum<br />
Lam., parecendolhe <strong>de</strong>verem antes filiarse a uma forma ramosa<br />
do A. Napellus L. Esta opinião está perfeitamente <strong>de</strong> accôrdo com o parecer<br />
do sr. Rouy, e como é possivel que se trate d'uma única forma da mesma<br />
espécie em Portugal e na Hespanha (pelo menos nas Astúrias), po<strong>de</strong>ndo<br />
além d'isso eu certificar que o Aconito das margens do Angueira habita<br />
também na porção hespanhola da mesma ribeira (arredores <strong>de</strong> Alcanices),<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
Le Naturaliste, journal <strong>de</strong> botanique, G. mc<br />
ann., p. 405.<br />
Boletim da Soc. Broteriana, IV, p. Ill,<br />
Jornal <strong>de</strong> Sciencias math., phys. e naturaes, 1867, II, p. 124,<br />
Prodr. FL Hispanicae, III, p. 974.