Ações realizadas este ano fortaleceram a advocacia acreana
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artigo<br />
| Novembro/2010<br />
Este episódio serve para realçar a combatividade<br />
e a independência que sempre pautaram a<br />
Ordem dos Advogados do Brasil. Muito embora<br />
criada por um Decreto assinado Getúlio, não se<br />
eximiu de sua responsabilidade de se posicionar<br />
contrariamente à legitimação de um governo de<br />
feições ditatoriais, o que viria a ser confirmado<br />
pela história.<br />
Os <strong>ano</strong>s seguintes não foram diferentes.<br />
A Ordem sempre perfilou-se na defesa da<br />
Democracia e do Estado de Direito. Jamais, ao<br />
longo de sua história, flertou com quaisquer movimentos<br />
que apresentassem qualquer ranço autoritário<br />
ou limitador das liberdades individuais.<br />
Foi assim com as ditaduras da Era Vargas,<br />
com o Golpe Militar de 1964 e mesmo com os<br />
arroubos autoritários praticados por governos<br />
democráticos da Nova República.<br />
Seu posicionamento enfático e independente<br />
contra as ditaduras, fez com que a Ordem vivesse<br />
tristes episódios, que, ao invés de fazê-la esmorecer<br />
ou recuar, reiteraram a força da defesa<br />
de seus postulados.<br />
Em 27 de agosto de 1980, Lyda Monteiro da<br />
Silva, funcionária da OAB, foi vitimada por uma<br />
carta-bomba, enviada ao então Presidente do<br />
Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes.<br />
O atentado, até hoje não esclarecido em decorrência<br />
da nefasta renitência dos sucessivos<br />
governos em abrir os malogrados arquivos da ditadura<br />
militar, a despeito da tentativa de intimidar<br />
a Ordem, fez com que, na mesma data, fosse<br />
criada a Comissão de Direitos Hum<strong>ano</strong>s da OAB,<br />
composta por Barbosa Lima Sobrinho, Dalmo de<br />
Abreu Dallari, Evandro Lins e Silva, Heráclito da<br />
Fontoura Sobral Pinto, J. Bernardo Cabral, José<br />
Cavalcanti Neves, José Danir Siqueira do Nascimento,<br />
José Paulo Sepúlveda Pertence, José Ribeiro<br />
de Castro Filho, Miguel Seabra Fagundes,<br />
Nilo Batista, Raul de Sousa Silveira, Raymundo<br />
Faoro e Victor Nunes Leal.<br />
Alguns <strong>ano</strong>s depois, já em 24 de outubro de<br />
1983, em retaliação à ativa participação da OAB<br />
no movimento Diretas Já, por ordem do então<br />
Presidente João Batista Figueiredo, o General<br />
Newton Cruz, Comandante do Planalto, invadiu<br />
a sede da OAB do Distrito Federal, recolhendo<br />
documentos e interditando o prédio.<br />
Oito meses após a invasão, em 29 de junho<br />
de 1984, a sede da OAB/DF é incendiada em circunstâncias<br />
misteriosas.<br />
34<br />
Esses horrendos episódios, a despeito de seu<br />
tom criminoso e intimidatório, renovaram o espírito<br />
de independência e fizeram com que, cada vez<br />
mais, a Ordem se colocasse como defensora das<br />
liberdades democráticas e da ética na política.<br />
Com a redemocratização, a Ordem cerrou<br />
fileiras na construção da Constituição Cidadã,<br />
atuando intensamente nos debates que deram<br />
origem à nova Carta Constitucional, em especial,<br />
no que concerne à aprovação dos dispositivos<br />
consagradores dos direitos e garantias fundamentais.<br />
Nova realidade, velhos vícios.<br />
A Ordem foi autora, ao lado da Associação<br />
Brasileira de Imprensa, do pedido de impeachment<br />
do então presidente Fernando Collor, foi<br />
uma das propositoras do projeto que originou a<br />
lei que combate a compra de votos, combateu o<br />
uso indiscriminado de medidas provisórias pelo<br />
Poder Executivo, defendeu e lutou pela Reforma<br />
do Judiciário, que desembocou na criação<br />
do Conselho Nacional de Justiça e no Conselho<br />
Nacional do Ministério Público, lutou contra o<br />
crime organizado em todo o País, formulou uma<br />
das representações que deram origem à ação da<br />
Procuradoria Geral da República contra os membros<br />
do chamado “Mensalão”, que hoje tramita<br />
no Supremo Tribunal Federal, e encampou a defesa<br />
pela aprovação e pela constitucionalidade<br />
da “Lei da Ficha Limpa”.<br />
Como se vê, nesses oitenta <strong>ano</strong>s, não há<br />
tema relevante de sua alçada sobre o qual a<br />
Ordem não haja se posicionado e atuado claramente,<br />
sempre livre de atrelamentos políticos e<br />
ideológicos.<br />
Aliás, a Ordem pode se orgulhar de, no curso<br />
da história, jamais ter-se vinculado a grupos<br />
políticos, interesses corporativos ou aparelhos<br />
estatais.<br />
Esses breves apontamentos têm somente um<br />
propósito: trazer aos colegas algumas notas a respeito<br />
da nossa fulgurante e altaneira história.<br />
Muitos dizem que, para que possamos construir<br />
o futuro, é necessário que olhemos para o<br />
passado.<br />
Se nós advogados efetivamente olharmos<br />
para o passado, e tomá-lo como referência para<br />
nossas ações futuras, temos a imensa responsabilidade<br />
de continuar construindo essa briosa<br />
história.<br />
Parabéns OAB.