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INTRODUÇÂO.LIvro 2002 - EBAPE / FGV

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INTRODUÇÃO AO LIVRO CONTRIBUINTES E CIDADÃOS;<br />

COMPREENDENDO O ORÇAMENTO FEDERAL , DE FERNANDO<br />

REZENDE E ARMANDO CUNHA (Coordenadores), PUBLICADO<br />

PELA <strong>FGV</strong> EM DEZEMBRO DE <strong>2002</strong>.<br />

A motivação original para este trabalho , voltado para o interesse público mais amplo,<br />

como tem sido a característica da Fundação Getúlio Vargas desde sua criação em 1944, é o<br />

de contribuir para que o orçamento federal e suas conseqüências ,sejam mais transparentes<br />

e mobilizar a sociedade brasileira para que dê maior atenção aos custos e benefícios<br />

associados com as escolhas orçamentárias.<br />

Essa motivação não é recente. Vem sendo acalentada desde a primeira metade dos anos<br />

1980 , fazendo parte dos sonhos,das discussões e das ações estratégicas pretendidas no<br />

âmbito da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape). A<br />

experiência vivenciada tem demonstrado , no entanto ,que a implementação de idéias<br />

ousadas deve satisfazer a condições não só de excelência e de adequação ao que seja<br />

socialmente desejável , mas também de oportunidade.<br />

Quanto a condições de excelência , importa ressaltar a experiência acumulada pela <strong>FGV</strong> na<br />

área de estudos fiscais ,quanto na do orçamento público em sua perspectiva institucional e<br />

como instrumento de gestão nos níveis macro – as políticas públicas – e micro da<br />

organização governamental. Essa tem sido a prática de trabalho de duas de suas unidades ,<br />

ambas já cinqüentenárias : o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e a Ebape. È uma<br />

experiência consolidada em análises sistemáticas de informações sobre a realidade fiscal do<br />

setor público brasileiro e em milhares de horas dedicadas ao desenvolvimento de diferentes<br />

programas de consultoria técnica, treinamento e formação avançada em gestão pública ,<br />

nos quais o ‘orçamento público’ sempre teve grande destaque.<br />

No que se refere a condições do desejabilidade social , a idéia de esmiuçar o orçamento<br />

federal para torná-lo mais compreensível aos cidadãos , que também são eleitores e


contribuintes, encontra respaldo nas transformações políticas,econômicas e sociais em<br />

andamento no contexto brasileiro nos últimos vinte anos. A intensificação de experiências<br />

como a prática do denominado ‘orçamento participativo’ como um novo fenômeno de<br />

gestão pública no nível de governo local , ou ainda a cobertura da imprensa sobre diferentes<br />

dimensões da orçamentação governamental ,tratando desde questões relativas ao ajuste<br />

fiscal , à qualidade das despesas públicas , até novos mecanismos de controle sobre a<br />

utilização dos recursos públicos , como a Lei de Responsabilidade Fiscal, refletem<br />

relevantes variações do crescente interesse público no que o governo faz com os recursos<br />

captados com os contribuintes.<br />

A obtenção de maior qualidade na despesa pública está condicionada às políticas<br />

econômicas adotadas, a políticas públicas adequadas, ao uso de mecanismos de controle<br />

que focalizem tanto a forma de se fazer às coisas quanto os resultados a serem obtidos ou,<br />

ainda, ao espírito público de dirigentes e servidores. Mais do que tudo isso, porém, a<br />

qualidade do dispêndio estará fortemente condicionada pelo papel dos cidadãos-eleitores.<br />

Esse papel depende de mais acesso a informações e maior compreensão do orçamento<br />

público.<br />

Outra condição a ser satisfeita , a condição de oportunidade , responde pela paciência com<br />

que a idéia motivadora do presente trabalho foi sendo adiada desde sua formulação inicial ,<br />

nos anos 1980. A condição de oportunidade refere-se a dois domínios.<br />

No domínio externo , foi preciso aguardar que a transição institucional que se acelerava no<br />

País a partir da segunda metade da década de 1980 produzisse as fundamentais<br />

conseqüências sobre o processo e estrutura do orçamento público federal - essenciais para<br />

que o ‘investimento’ na implementação da idéia fosse socialmente relevante. A própria<br />

Constituição de 1988 consubstanciou grande parte dessas conseqüências ao tornar o<br />

orçamento federal mais compreensivo , ao contrário da fragmentação orçamentária vigente<br />

até então ;e devolveu, também ,as prerrogativas orçamentárias ao Poder Legislativo , algo<br />

suprimido na ordem constitucional anterior. A partir desse reordenamento constitucional , e<br />

do processo de consolidação da democracia no País nos anos que se seguiram , criou-se,


neste início de século, um quadro no qual faz pleno sentido e se torna urgente essa nova<br />

contribuição da <strong>FGV</strong> à sociedade brasileira.<br />

No domínio interno da Fundação Getúlio Vargas, a condição de oportunidade para o<br />

desenvolvimento do trabalho foi alcançada plenamente após os realinhamentos estratégicos<br />

verificados ao longo dos anos 1990. Nessa perspectiva, cabe ressaltar os novos espaços que<br />

passam a ser mais explorados pela mobilização conjunta de esforços e recursos das<br />

unidades da Instituição, viabilizando um trabalho mais interativo e multidisciplinar ,<br />

virtudes indispensáveis à tarefa. A continuidade desse trabalho nos anos à frente deverá ter<br />

um caráter indutor, promovendo e estimulando estudos e pesquisas associados ao tema<br />

‘orçamento público’ no âmbito das diferentes unidades da <strong>FGV</strong>. Ao mesmo tempo, o<br />

trabalho será certamente ‘alimentado’ por estudos e pesquisas em andamento que partilhem<br />

esferas de interesse comum em relação aos seus objetivos. Em síntese, visualiza-se um<br />

trabalho de caráter ‘aberto’, de mobilização intra-institucional e também externa à <strong>FGV</strong>, o<br />

que sem dúvida é garantia de qualidade e relevância.<br />

A inspiração conceitual para o desenvolvimento do trabalho tem base na concepção de<br />

modelos analíticos que contemplam a interação de variáveis administrativas, políticas,<br />

legais e econômicas na caracterização dos processos de governo em geral e , em<br />

particular, na área do orçamento público. As análises apresentadas , longe de objetivarem<br />

oferecer soluções substitutivas às opções governamentais , estão essencialmente voltadas<br />

para o esclarecimento , para a interpretação , para ajudar o entendimento sobre as<br />

implicações das decisões contidas no orçamento federal.<br />

Assim , embora a referência seja o orçamento da União para <strong>2002</strong>,a análise desenvolvida<br />

nos quatro capítulos deste livro não tem uma validade temporal limitada. Os números<br />

utilizados ilustram aspectos e dimensões que têm marcado o orçamento federal nos últimos<br />

anos e que estão no centro das atenções sobre as mudanças necessárias no processo e na<br />

qualidade desse orçamento.


É, pois, com muita satisfação que a <strong>FGV</strong> oferece mais essa contribuição pioneira à<br />

sociedade brasileira, reforçando o alcance de sua missão institucional.<br />

O trabalho ora apresentado não deve ser considerado como um aporte isolado , singular ,<br />

mas o ponto de partida de uma nova atividade permanente e anual desta Instituição.<br />

Carlos Ivan Simonsen Leal<br />

Presidente da <strong>FGV</strong><br />

Bianor Scelza Cavalcanti Antonio Carlos Porto Gonçalves<br />

Diretor da Ebape Diretor do Ibre<br />

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