Odonatas no Algarve - iDescobrir - Avançada - Turismo do Algarve
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LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />
(O<strong>do</strong>nata) NO ALGARVE<br />
Nu<strong>no</strong> de Santos Loureiro<br />
Guias Digitais Biodiversidade e Natureza nº 1 2011
ÍNDICE<br />
INTRODUÇÃO! 4<br />
OS HABITATS DAS LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 5<br />
OBSERVAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 6<br />
ECOLOGIA, BIOLOGIA E TAXONOMIA! 7<br />
CICLO DE VIDA! 8<br />
CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO! 11<br />
FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 16<br />
COLECIONAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 19<br />
ESPÉCIES COM PROTEÇÃO LEGAL! 20<br />
FICHAS DE ESPÉCIES! 21<br />
ZYGOPTERA! 22<br />
CALOPTERYGIDAE! 22<br />
Calopteryx haemorrhoidalis! 23<br />
Calopteryx virgo meridionalis! 25<br />
Calopteryx xanthostoma! 26<br />
LESTIDAE! 28<br />
Lestes barbarus! 29<br />
Lestes dryas! 31<br />
Lestes macrostigma! 33<br />
Lestes virens! 35<br />
Lestes viridis! 37<br />
Sympecma fusca! 39<br />
COENAGRIONIDAE! 41<br />
Ceriagrion tenellum! 42<br />
Coenagrion puella! 44<br />
Coenagrion scitulum! 46<br />
Enallagma cyathigerum! 48<br />
Erythromma lindenii! 50<br />
Erythromma viridulum! 52<br />
Ischnura graellsii! 54<br />
Ischnura pumilio! 56<br />
Pyrrhosoma nymphula! 58<br />
PLATYCNEMIDIDAE! 60<br />
Platycnemis acutipennis! 61<br />
Platycnemis latipes! 63<br />
2
ANISOPTERA! 65<br />
AESHNIDAE! 65<br />
Aeshna cyanea! 66<br />
Aeshna isoceles! 68<br />
Aeshna mixta! 69<br />
Anax ephippiger! 71<br />
Anax imperator! 73<br />
Anax parthe<strong>no</strong>pe! 75<br />
Boyeria irene! 77<br />
GOMPHIDAE! 79<br />
Gomphus graslinii! 80<br />
Gomphus pulchellus! 81<br />
Gomphus simillimus! 83<br />
Onychogomphus forcipatus unguiculatus! 84<br />
Onychogomphus uncatus! 86<br />
Paragomphus genei! 88<br />
CORDULEGASTRIDAE! 89<br />
Cordulegaster boltonii! 90<br />
CORDULIIDAE! 92<br />
Oxygastra curtisii! 93<br />
MACROMIIDAE! 95<br />
Macromia splendens! 96<br />
LIBELLULIDAE! 97<br />
Brachythemis impartita! 98<br />
Crocothemis erythraea! 100<br />
Diplacodes lefebvrii! 102<br />
Libellula depressa! 104<br />
Libellula quadrimaculata! 106<br />
Orthetrum cancellatum! 108<br />
Orthetrum chrysostigma! 110<br />
Orthetrum coerulescens! 112<br />
Orthetrum trinacria! 114<br />
Selysiothemis nigra! 116<br />
Sympetrum fonscolombii! 118<br />
Sympetrum meridionale! 120<br />
Sympetrum striolatum! 122<br />
Trithemis annulata! 124<br />
Zygonyx torridus! 126<br />
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA! 127<br />
WEBSITES RECOMENDADOS! 128<br />
GLOSSÁRIO! 129<br />
SÍNTESE - ABSTRACT - SÍNTESIS - ZUSAMMENFASSUNG! 131<br />
3
INTRODUÇÃO<br />
Os insetos da Ordem ODONATA, pelo seu tamanho, forma e cor, e especialmente pelo seu<br />
comportamento diur<strong>no</strong> muito ativo, facilmente despertam a curiosidade de quem passa perto<br />
de um local com água <strong>do</strong>ce, o habitat privilegia<strong>do</strong> para libélulas e libelinhas. São totalmente<br />
i<strong>no</strong>fensivos para o Homem e podem até ser considera<strong>do</strong>s benéficos, por se alimentarem de outros<br />
insetos, alguns deles direta ou indiretamente prejudiciais ao <strong>no</strong>sso bem-estar.<br />
O conhecimento detalha<strong>do</strong> da biologia e ecologia destas espécies, que têm muitos milhões de<br />
a<strong>no</strong>s de existência com a estrutura praticamente inalterada, certamente aumentará o fascínio.<br />
Os primeiros fósseis de insetos com vincadas semelhanças às O<strong>do</strong>nata (os ‘proto<strong>do</strong>nata’) encontraram-se<br />
em formações datadas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Carbonífero (320 milhões de a<strong>no</strong>s). Os primeiros<br />
fósseis de Anisoptera surgem <strong>no</strong> Jurássico (150 milhões de a<strong>no</strong>s), enquanto que os de<br />
Zygoptera <strong>no</strong> Cretáceo (120 milhões de a<strong>no</strong>s). A partir desse perío<strong>do</strong> só um conjunto diversifica<strong>do</strong><br />
de estratégias extremamente eficazes teria permiti<strong>do</strong> resistir a múltiplas pressões ambientais,<br />
a maior parte delas <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da extinção. Mas o sucesso <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> não é, infelizmente,<br />
garantia para o futuro. A mudança global que atinge hoje o Planeta Terra está a ameaçar as<br />
O<strong>do</strong>nata. Por isso, em paralelo a um crescente número de observa<strong>do</strong>res da natureza e da vida<br />
selvagem interessa<strong>do</strong>s em libélulas e libelinhas, é indispensável a existência de um número destaca<strong>do</strong><br />
de especialistas, atentos e preocupa<strong>do</strong>s não só com os insetos em si, mas também com<br />
os seus indissociáveis habitats. É que, à semelhança de muitos outros exemplos, a biodiversidade<br />
associada à Ordem O<strong>do</strong>nata pode e deve ser alvo de uma gestão sustentável <strong>do</strong> território.<br />
Em Portugal continental estão registadas 63 Espécies de O<strong>do</strong>nata (Ferreira et al. 2006). No <strong>Algarve</strong>,<br />
onde popularmente eram chamadas de azeiteiros, podem encontrar-se, pelo me<strong>no</strong>s, 51<br />
(20 da Subordem Zygoptera e 31 Anisoptera), ou seja, mais de 80% <strong>do</strong> total nacional referi<strong>do</strong>.<br />
45 Espécies estavam já listadas em publicações da especialidade (ver Bibliografia Recomendada)<br />
datadas <strong>do</strong> séc. XXI e com metada<strong>do</strong>s de georeferenciação das observações suficientemente<br />
detalha<strong>do</strong>s. Seis são agora adicionadas (Lestes barbarus, L. macrostigma, Coenagrion<br />
puella, Anax parthe<strong>no</strong>pe, Brachythemis impartita e Sympetrum meridionale), fruto de prospeções<br />
efetuadas para a preparação deste Guia Digital e <strong>do</strong>s valiosos contributos de <strong>do</strong>is Data Contributors.<br />
Das 51 Espécies referidas, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> 16 têm distribuição ‘alargada’, 15 ‘limitada’ e 20 são<br />
‘raridades’. A região posiciona-se, <strong>no</strong> contexto da União Europeia, ao nível máximo da hierarquia<br />
de riqueza total de espécies, bem como da de endemismos (European Red List of Dragonflies,<br />
2010). O <strong>Algarve</strong> acolhe, por outro la<strong>do</strong>, um considerável número de espécies ameaçadas<br />
de extinção, o que não deixará de implicar um desafio e uma responsabilidade para a região.<br />
Três Espécies (Gomphus graslinii, Oxigastra curtisii e Macromia splendens) estão incluídas <strong>no</strong> Anexo<br />
B-IV da Diretiva Habitats, deven<strong>do</strong> beneficiar de medidas para a sua rigorosa proteção.<br />
O objetivo deste Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade é contribuir para o conhecimento<br />
das Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. É resulta<strong>do</strong> de um prolonga<strong>do</strong> e intenso<br />
trabalho, tanto <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> como <strong>no</strong> gabinete. Milhares de quilómetros foram percorri<strong>do</strong>s e o<br />
<strong>Algarve</strong> foi repetidamente prospeta<strong>do</strong> de lés-a-lés. Centenas de horas foram despendidas em<br />
observações e milhares de fotografias digitais foram disparadas para ilustrar este Guia Digital.<br />
Nenhuma libélula ou libelinha foi capturada e morta! Por isso tomamos a liberdade de lhe pedir<br />
que utilize este Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade com o mesmo senti<strong>do</strong><br />
ético: desfrute <strong>do</strong> património natural e minimize o impacte ambiental!<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
4
OS HABITATS DAS LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />
As O<strong>do</strong>nata têm a sua vida associada a ambientes aquáticos de água <strong>do</strong>ce ou, eventualmente,<br />
salobra. Alimentação, crescimento e reprodução estão, de forma incontornável, dependentes da<br />
água. Consequentemente, apenas durante breves perío<strong>do</strong>s de dispersão e migração, ou por vezes<br />
de colonização de <strong>no</strong>vos locais, libélulas e libelinhas ficam afastadas <strong>do</strong>s sistemas aquáticos.<br />
Diferentes Famílias, Géneros e Espécies de libélulas e libelinhas manifestam preferências por<br />
distintos tipos de habitats. Os mesmos podem até servir como elemento complementar e auxiliar<br />
de diagnóstico para a identificação porque, em geral, permitem restringir o conjunto de espécies<br />
que é expectável encontrar num determina<strong>do</strong> local.<br />
Os habitats das libélulas e libelinhas podem, numa primeira aproximação, classificar-se e descrever-se<br />
de acor<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is critérios diretamente associa<strong>do</strong>s ao elemento água: i. sistemas<br />
lóticos (lotic systems), ou seja, aqueles em que um curso de água <strong>do</strong>ce em movimento é o elemento<br />
principal, e sistemas lênticos (lentic systems), quan<strong>do</strong> o elemento preponderante é um<br />
volume de água <strong>do</strong>ce estática; ii. sistemas permanentes (perennial waters), ou seja, aqueles<br />
em que se observa água à superfície durante to<strong>do</strong> o a<strong>no</strong>, e sistemas temporários (temporary<br />
waters), quan<strong>do</strong> durante alguns meses <strong>do</strong> a<strong>no</strong> não há água.<br />
No <strong>Algarve</strong>, os sistemas lóticos são, na sua grande maioria, complexos, porque pre<strong>do</strong>minam os<br />
regimes hidrológicos temporários, sazonais ou mesmo esporádicos, e poucos cursos de água<br />
têm regime permanente. No entanto, só em condições excecionais os cursos de água de regime<br />
sazonal ficam totalmente secos. O habitual é permanecerem numerosos volumes de água aparentemente<br />
parada, interliga<strong>do</strong>s por um diminuto escoamento sub-superficial. Consequentemente,<br />
os cursos de água de regime hidrológico temporário tendem a alternar entre uma ecologia<br />
lótica, <strong>no</strong> inver<strong>no</strong> e primavera, e uma ecologia progressivamente lêntica, desde o início <strong>do</strong><br />
verão até ao outo<strong>no</strong>, e ao incremento sensível <strong>do</strong>s caudais após as primeiras chuvas de outubro<br />
e <strong>no</strong>vembro.<br />
Pode, então, a<strong>do</strong>tar-se a seguinte classificação para os Habitats das Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong><br />
<strong>Algarve</strong>:<br />
I. Sistemas lóticos simples ✹ lotic systems with perennial flow<br />
i. rio Guadiana (o único grande rio)<br />
ii. outros rios e ribeiras de regime hidrológico permanente<br />
iii. canais de rega<br />
II. Sistemas lóticos complexos ✹ complex Mediterranean water bodies (seasonal lotic/lentic/<br />
i. ribeiras na serra algarvia /dried systems)<br />
ii. ribeiras montanhosas na serra de Monchique<br />
iii. ribeiras <strong>do</strong> barrocal e litoral algarvios<br />
III. Sistemas lênticos ✹ permanent and temporary (seasonal and episodic) lentic systems<br />
i. lagoas naturais, charcas e açudes permanentes (< 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />
ii. lagoas naturais, charcas e açudes temporários (< 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />
iii. barragens ou albufeiras (≥ 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />
iv. pauis e arrozais<br />
v. peque<strong>no</strong>s pontos de água (fontes, bebe<strong>do</strong>uros de animais, etc.)<br />
IV. Sapais e salinas aban<strong>do</strong>nadas ✹ brackish waters<br />
V. Locais afasta<strong>do</strong>s (≥ 100 m) de qualquer volume de água ✹ away from any water body<br />
5
À classificação acima referida poderão associar-se diversos critérios complementares de classificação<br />
e descrição. Por exemplo: temperaturas e amplitudes térmicas da água e <strong>do</strong> ar; intensidade<br />
lumi<strong>no</strong>sa e exposição direta à luz solar; precipitação total anual e sua distribuição intraanual;<br />
vegetação (ocorrência e espécies) nas margens, submersa e emergente <strong>no</strong> próprio volume<br />
de água; valor médio anual e regimes torrencial ou suave <strong>do</strong> escoamento; grau de mineralização,<br />
pH, transparência ou turbidez, e grau de eutrofização da água; caraterísticas <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />
(rochas, pedras e seixos, sedimentos fi<strong>no</strong>s); ocorrência e concentração de poluentes.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
OBSERVAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />
A observação de O<strong>do</strong>nata adultos tem semelhanças com o birdwatching. É fundamental conhecer<br />
o ciclo de vida e os hábitos destes insetos, e é indispensável conhecer os habitats preferi<strong>do</strong>s<br />
por cada espécie. São muito úteis os binóculos, devem vestir-se roupas de cores discretas, caminhar<br />
tranquilamente e, particularmente, aguardar em pontos estratégicos.<br />
Os modelos ideais de binóculos têm ampliação de 7 ou 8 vezes e distância mínima de focagem<br />
reduzida (CF, acrónimo de close-focusing), especificações técnicas que devem ser associadas à<br />
robustez indispensável para uso intensivo <strong>no</strong> campo. A generalidade das marcas conceituadas<br />
produz e comercializa diversos modelos e, entre outras opções possíveis, podem-se referir os<br />
Pentax Papilio (CF = 0,5 m) e os Steiner SkyHawk Pro 8x32 (2,0 m).<br />
No entanto, a identificação até ao nível taxonómico base, ou seja, até à Espécie, baseada apenas<br />
em observações efémeras, feitas a olho nu ou com o auxílio de binóculos, pode ser difícil ou<br />
mesmo impossível, em particular se o objetivo é um rigoroso censo da ocorrência de O<strong>do</strong>nata<br />
num território. A prudência científica recomenda que a identificação feita nas condições acima<br />
descritas seja considerada fiável apenas até ao nível taxonómico da Família ou Género e, sen<strong>do</strong><br />
possível, que se recorra a procedimentos complementares de identificação, como a fotografia<br />
macro, a observação à lupa, <strong>no</strong> campo e eventualmente <strong>no</strong> laboratório, de larvas e exuviae, ou a<br />
cuida<strong>do</strong>sa captura <strong>do</strong>s adultos com uma rede para borboletas, imediatamente seguida da identificação<br />
inequívoca e libertação <strong>do</strong>s exemplares.<br />
A rede para captura de O<strong>do</strong>nata deverá ser adequada à Subordem: para a Zygoptera recomenda-se<br />
uma pequena e de cabo curto; para a Anisoptera é preferível uma significativamente<br />
maior e de cabo longo. Por exemplo, diâmetros de abertura das redes de 40 cm e 65 cm, e cabos<br />
(preferencialmente extensíveis) de 90 e 180 cm.<br />
Por fim, para além <strong>do</strong>s binóculos e/ou <strong>do</strong> equipamento fotográfico, e eventualmente das redes<br />
para captura não letal de specimens, ao especialista em O<strong>do</strong>nata não deve faltar o cader<strong>no</strong> de<br />
campo e o GPS. No cader<strong>no</strong> registará sistematicamente espécies, habitats, datas e outras a<strong>no</strong>tações<br />
relevantes; o GPS permitir-lhe-á conhecer com rigor as coordenadas geográficas <strong>do</strong> local. A<br />
Garmin, por exemplo, é uma marca conceituada, com diversos modelos robustos e fiáveis para<br />
uso intensivo em out<strong>do</strong>or (eTrex).<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
6
ECOLOGIA, BIOLOGIA E TAXONOMIA<br />
As O<strong>do</strong>nata, como a quase totalidade das espécies da classe INSECTA, têm o corpo constituí<strong>do</strong><br />
por três secções: cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça (head) existem <strong>do</strong>is grandes olhos (eyes),<br />
três ocelos (ocellae) e duas pequenas antenas (antennae). O senti<strong>do</strong> da visão é muito desenvolvi<strong>do</strong>,<br />
para a forma e cor, e igualmente para o movimento. Os olhos são proeminentes, compostos,<br />
ocupam grande parte da cabeça e asseguram um amplo campo de visão. Os outros senti<strong>do</strong>s,<br />
pelo contrário, são rudimentares ou até inexistentes. O diminuto tamanho das antenas,<br />
que são órgãos olfativos, evidencia a pouca sensibilidade das libélulas e libelinhas aos cheiros e<br />
aromas. Na cabeça também se destacam as várias peças bucais (mouthparts) mastiga<strong>do</strong>ras, fortes<br />
e sobressalientes, indica<strong>do</strong>ras de um comportamento preda<strong>do</strong>r e voraz. Aliás, a palavra<br />
O<strong>do</strong>nata encontra a sua raiz etimológica em o<strong>do</strong>ntos, o termo grego para ‘dentes’, consequência<br />
direta <strong>do</strong>s numerosos dentes de apreciável tamanho que existem nas mandíbulas.<br />
A partir <strong>do</strong> tórax (thorax), que é forma<strong>do</strong> por uma diminuta parte anterior, o protórax (prothorax),<br />
e por uma posterior principal, o pterotórax (pterothorax or synthorax), surgem <strong>do</strong>is pares<br />
de asas (wings), o anterior (Fw : forewings) e o posterior (Hw : hindwings), e três pares de patas<br />
(legs). Estas últimas, relativamente compridas, são constituídas por quatro segmentos, coxa,<br />
fémur, tíbia e tarso (coxa, femur, tibia and tarsus), e não estão adaptadas para a marcha, permitin<strong>do</strong><br />
apenas ao inseto pousar e fazer deslocações muito limitadas; em oposição, estão <strong>do</strong>tadas<br />
de cerdas (bristles), tornan<strong>do</strong>-as particularmente aptas para otimizar a eficácia da caça durante<br />
o voo. Os <strong>do</strong>is pares de asas são bastante grandes. Têm uma rede estruturada de nervuras (veins<br />
- venation) e membranas (membranes) bastante percetível, frequentemente utilizada para identificar<br />
as Famílias e, frequentemente, as Espécies. O movimento das asas anteriores e posteriores<br />
é controla<strong>do</strong> de forma independente; o ritmo de batimento é de 20 a 40 movimentos por segun<strong>do</strong>.<br />
As O<strong>do</strong>nata atingem velocidades de voo da ordem <strong>do</strong>s 60 quilómetros por hora, a precisão<br />
das trajetórias é e<strong>no</strong>rme, podem ficar completamente estáticas <strong>no</strong> ar e, até, voar para trás.<br />
O abdómen (ab<strong>do</strong>men) é consideravelmente longo, relativamente cilíndrico, fi<strong>no</strong> e constituí<strong>do</strong><br />
por dez segmentos (ab<strong>do</strong>minal segments : em acrónimo indica<strong>do</strong>s como de S1 a S10, numera<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> tórax para a extremidade posterior). No tórax e ao longo <strong>do</strong> abdómen existem os espiráculos<br />
(spiracles), dez pares <strong>no</strong> total, um <strong>no</strong> tórax, designa<strong>do</strong> metastigma (metastigma), e os restantes<br />
<strong>no</strong> abdómen; é através <strong>do</strong>s espiráculos que as libélulas e libelinhas adultas respiram.<br />
O dimorfismo sexual nas O<strong>do</strong>nata adultas é evidente e facilmente percetível. Os elementos de<br />
diagnóstico fundamentais são: i. órgãos genitais exter<strong>no</strong>s; ii. cor. Os machos têm, na extremidade<br />
posterior <strong>do</strong> abdómen, apêndices ab<strong>do</strong>minais (ab<strong>do</strong>minal appendages) destina<strong>do</strong>s a<br />
agarrar as fêmeas antes e durante o acasalamento (ou cópula) e, eventualmente, a oviposição;<br />
têm, igualmente, órgãos genitais secundários (secondary or accessory male genitalia), localiza<strong>do</strong>s<br />
na face ventral de S2, constituí<strong>do</strong>s pela fossa genital (genital fossa) e por outras estruturas<br />
complementares. O órgão copulatório, designa<strong>do</strong> de vesica spermalis ou pseu<strong>do</strong>-pénis, está<br />
posiciona<strong>do</strong> na fossa genital. Os apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são sempre <strong>do</strong>is; os inferiores<br />
são <strong>do</strong>is ou apenas um, consoante as Famílias e Subordens; sob um ponto de vista funcional, o<br />
número de apêndices ab<strong>do</strong>minais masculi<strong>no</strong>s condiciona a forma como o macho agarra a fêmea.<br />
Entre as fêmeas há duas estratégias muito diferentes, na tarefa de assegurar a continuidade<br />
das respetivas espécies: i. oviposição en<strong>do</strong>fítica (en<strong>do</strong>phytic oviposition) e ii. oviposição exofítica<br />
(exophytic oviposition). No primeiro caso, os insetos introduzem os ovos em teci<strong>do</strong>s vegetais<br />
7
ecorren<strong>do</strong> a um ovipositor bem desenvolvi<strong>do</strong>, constituí<strong>do</strong> por apêndices genitais localiza<strong>do</strong>s<br />
na face ventral de S8 e S9. No segun<strong>do</strong>, os insetos depositam, em voo, os ovos na superfície livre<br />
da água ou, em alternativa, depositam-<strong>no</strong>s sobre a superfície de plantas aquáticas (por vezes<br />
designada de iii. oviposição epifítica : epiphytic oviposition) ou outros substratos, em contacto<br />
direto com a água e/ou com eleva<strong>do</strong> teor de humidade; p.ex., pedras, lamas e lo<strong>do</strong>, vegetação<br />
marginal aos volumes de água. Os órgãos genitais exter<strong>no</strong>s são, então, a vulva (canal ou abertura<br />
para o exterior, por onde saem os ovos) e a lâmina vulvar (elemento que canaliza os ovos<br />
e facilita a oviposição). As implicações destas duas estratégias distintas são um tema particularmente<br />
vivo; Philip S. Corbet tem referi<strong>do</strong> repetidamente que a oviposição exofítica permite<br />
às O<strong>do</strong>nata explorar <strong>no</strong>vos habitats para as larvas (larval habitat), como os volumes de água<br />
temporários onde a vegetação aquática é escassa ou inexistente; Natalia A. Matushkina acrescentou<br />
outras variáveis relevantes para a análise, como as posturas depositadas num único local<br />
ou espalhadas por áreas mais alargadas, na água ou em outros substratos, com a fêmea pousada<br />
ou em voo.<br />
A cor <strong>do</strong> corpo das O<strong>do</strong>nata resulta da existência de pigmentos, de fenóme<strong>no</strong>s de difração da<br />
luz sobre a cutícula, e da presença, em especial <strong>no</strong>s machos, de um exsuda<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> na hipoderme,<br />
designa<strong>do</strong> de pruína ou pruinescência (prui<strong>no</strong>sity or pruinescence), de cores esbranquiçada,<br />
azulada ou violeta. As fêmeas são, em muitas Famílias, me<strong>no</strong>s coloridas e, geralmente,<br />
têm um padrão de comportamento distinto: estão mais afastadas <strong>do</strong>s volumes de água. Por<br />
isso, são me<strong>no</strong>s fáceis de observar.<br />
CICLO DE VIDA<br />
O ciclo de vida completo das O<strong>do</strong>nata é constituí<strong>do</strong> por três fases: ovos, larvas e adultos<br />
(imagos or imagines). As duas primeiras fases desenrolam-se em meio aquático e a fase final em<br />
meio aéreo.<br />
Em algumas espécies, logo após a oviposição começa o desenvolvimento (embriogénese) <strong>do</strong>s<br />
ovos, o que poderá demorar entre uma e seis semanas; em outras espécies, após um desenvolvimento<br />
inicial, os ovos atravessam um perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>rmência fisiológica (diapausa : diapause<br />
stage) durante o inver<strong>no</strong>, e seguidamente ocorre a formação completa das larvas. A fase larvar<br />
que, por <strong>no</strong>rma, é a mais prolongada, pode variar entre três meses e alguns a<strong>no</strong>s. A plena maturidade<br />
da fase adulta, especialmente concentrada na função reprodutora, tem, em geral, duração<br />
mais curta: quatro a seis semanas para as libélulas e apenas uma a duas para as libelinhas.<br />
Pode, <strong>no</strong> entanto, prolongar-se por um número significativamente maior de semanas.<br />
Durante quase toda a vida, libélulas e libelinhas são preda<strong>do</strong>res insaciáveis, sen<strong>do</strong> a dieta alimentar<br />
constituída por recursos vivos de origem animal. O movimento das presas é fundamental<br />
para que sejam identificadas. As larvas alimentam-se de ovos de anfíbios e peque<strong>no</strong>s giri<strong>no</strong>s,<br />
de peque<strong>no</strong>s peixes, de larvas de outros insetos ou outros invertebra<strong>do</strong>s; por outro la<strong>do</strong>, peixes<br />
e anfíbios são os principais preda<strong>do</strong>res das larvas das O<strong>do</strong>nata. Os adultos são exímios caça<strong>do</strong>res<br />
de outros insetos, captura<strong>do</strong>s ple<strong>no</strong> em voo. Em contrapartida, as aves são os seus principais<br />
preda<strong>do</strong>res.<br />
Ovos<br />
As fêmeas adultas das libelinhas (Zygoptera) e de algumas Famílias (Aeshnidae, p.ex.) de libélulas<br />
(Anisoptera) são espécies en<strong>do</strong>fíticas. As fêmeas adultas das outras Famílias de libélulas<br />
são espécies exofíticas. É <strong>no</strong>rmal que as espécies exofíticas produzam mais ovos, e que manifestem<br />
preferência mais acentuada por sistemas lênticos ou sistemas lóticos simples e complexos<br />
onde existam locais com escoamento muito suave.<br />
8
Os ovos são alonga<strong>do</strong>s e cilíndricos <strong>no</strong> caso das espécies en<strong>do</strong>fíticas, e são de maior diâmetro e<br />
elípticos <strong>no</strong> caso das espécies exofíticas. As dimensões <strong>do</strong>s mesmos variam, respetivamente, entre<br />
0,23 e 0,48 mm de diâmetro, e entre 0,60 e 1,40 mm de comprimento. Numa das extremidades<br />
<strong>do</strong> ovo existe um furo minúsculo, através <strong>do</strong> qual o esperma entra durante a oviposição,<br />
e por onde, mais tarde, começará a sair a larva, num processo de eclosão que demorará várias<br />
horas.<br />
Larvas<br />
A segunda fase <strong>do</strong> ciclo de vida das O<strong>do</strong>nata é a larvar. O esqueleto exterior (ou exosqueleto :<br />
exoskeleton) está presente e, por não crescer, vai sen<strong>do</strong> muda<strong>do</strong> sucessivamente. Cada perío<strong>do</strong><br />
de vida da larva com um determina<strong>do</strong> exosqueleto designa-se de instar; a sua duração é condicionada<br />
por fatores intrínsecos, como a espécie e o instar específico em que a larva está, e por<br />
fatores exter<strong>no</strong>s, como a temperatura da água e a disponibilidade de alimento. O crescimento<br />
completo das larvas implica uma sequência de oito a quinze instars. Os últimos <strong>do</strong>is ou três são,<br />
por vezes, já adequa<strong>do</strong>s para a identificação das diferentes Famílias ou Espécies de O<strong>do</strong>nata.<br />
As larvas vivem em meio aquático e respiram através de to<strong>do</strong> o corpo. Adicionalmente respiram<br />
através de brânquias (gills), que servem também para a locomoção, funcionan<strong>do</strong> como lemes e<br />
propulsores, em particular através da expiração súbita e intensa. Nas larvas das Zypogtera existem<br />
três brânquias externas na extremidade posterior <strong>do</strong> abdómen; nas Anisoptera as brânquias<br />
são internas e apenas saem, pela abertura anal, cinco peque<strong>no</strong>s apêndices respiratórios. A<br />
configuração das patas e a forma como as mesmas permitem às larvas agarrarem-se ao substrato<br />
e permanecer em repouso são elementos de diagnóstico adequa<strong>do</strong>s na identificação <strong>do</strong>s microhabitats<br />
para os quais a larva ou instar está melhor adaptada.<br />
Quan<strong>do</strong> a fase larvar estiver concluída to<strong>do</strong>s os órgãos necessários para a vida em meio aéreo<br />
estão forma<strong>do</strong>s. A larva entra então num peque<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de emergência, que marca a metamorfose<br />
para a fase adulta.<br />
Emergência<br />
A maior parte das espécies de libélulas necessita de um<br />
suporte vertical para a emergência, embora outras e a<br />
generalidade das espécies de libelinhas, possam metamorfosear-se<br />
sobre suportes horizontais.<br />
A larva sobe através de uma pedra ou caule de uma planta<br />
aquática até ficar totalmente fora de água. Depois começa<br />
a quebrar-se o exosqueleto, a partir da cabeça, e vai-se<br />
libertan<strong>do</strong> e sain<strong>do</strong> o teneral. O corpo aumenta de tamanho<br />
e ganha a forma definitiva, <strong>no</strong> decurso de um processo<br />
que pode demorar horas. No final, as asas estão direitas<br />
e suficientemente robustas. Quan<strong>do</strong> começa a voar, o<br />
inseto entra finalmente na fase adulta.<br />
O exosqueleto aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> recebe o <strong>no</strong>me de exuvia. Poderá<br />
permitir a identificação da espécie; consequentemente,<br />
um <strong>do</strong>mínio crucial de especialização na o<strong>do</strong>natologia<br />
é a identificação de espécies a partir das suas exuviae.<br />
Algumas espécies emergem durante a <strong>no</strong>ite, mas<br />
muitas outras emergem ao amanhecer ou durante o dia.<br />
9
Adultos<br />
As O<strong>do</strong>nata adultas são insetos perfeitamente adapta<strong>do</strong>s ao meio aéreo. São exímias voa<strong>do</strong>ras<br />
e caçam pre<strong>do</strong>minantemente durante o voo. No entanto, antes de atingirem a maturidade plena,<br />
os imagos vivem um perío<strong>do</strong> pré-reprodutivo que se pode limitar a apenas <strong>do</strong>is dias ou prolongar-se<br />
até três ou quatro semanas. Durante esse intervalo de tempo designam-se tenerals.<br />
Dispersam-se então pelo território circundante e, enquanto asseguram a sua sobrevivência,<br />
atingem verdadeiramente a fase adulta plena, caracterizada pela coloração própria da espécie e<br />
<strong>do</strong> género, pelo fortalecimento da musculatura torácica e pelo ganho da capacidade reprodutora,<br />
sempre ten<strong>do</strong> em vista assegurar o surgimento de <strong>no</strong>vas gerações e, consequentemente, a<br />
continuidade da espécie. Atingida a maturidade plena, acontece o retor<strong>no</strong> <strong>do</strong>s imagos às proximidades<br />
<strong>do</strong>s sistemas aquáticos, com vista ao acasalamento e à oviposição, que passam a ser<br />
os objetivos primeiros <strong>do</strong>s adultos, até à sua morte.<br />
Os machos adultos das Famílias e Espécies que são territoriais a<strong>do</strong>tam comportamentos distintos:<br />
podem ser voa<strong>do</strong>res ativos (fliers : terr.VA) ou vigilantes persistentes (perchers : terr.VP).<br />
Os voa<strong>do</strong>res ativos percorrem quase incessantemente to<strong>do</strong> o ‘seu território’, enquanto que os<br />
vigilantes persistentes têm pontos de repouso estrategicamente escolhi<strong>do</strong>s por permitirem a<br />
boa observação <strong>do</strong> ‘seu território’, fazen<strong>do</strong> apenas voos periódicos para caçarem, acasalarem ou<br />
afastarem algum ‘intruso’. A defesa <strong>do</strong>s territórios é sempre assegurada através de voos intimidatórios,<br />
na direção e com perseguição <strong>do</strong>s visitantes indeseja<strong>do</strong>s, e frequentemente com violentas<br />
e rui<strong>do</strong>sas colisões. Território, <strong>no</strong> entanto, não é necessariamente sinónimo de espaço<br />
físico delimita<strong>do</strong> e permanente; na verdade, para muitas Espécies, o comportamento territorial<br />
<strong>do</strong>s machos (designa<strong>do</strong>s então de territoriais efémeros) traduz-se apenas em não tolerar outros<br />
machos nas suas proximidades, ou melhor, <strong>do</strong> local que elegeram como propício para o acasalamento<br />
e para a postura da sua ‘descendência’.<br />
O acasalamento, a cópula e a oviposição são muito peculiares nas O<strong>do</strong>nata. A poligamia é o<br />
padrão sexual mais comum e, provavelmente por esse motivo, machos e fêmeas manifestam atitudes<br />
diferentes: os machos adultos estão quase sempre mais próximos <strong>do</strong>s locais com condições<br />
propícias para o acasalamento e para a oviposição. As fêmeas adultas só se aproximam<br />
quan<strong>do</strong> estão aptas a acasalar; caso contrário, a<strong>do</strong>ptam atitudes mais reservadas e/ou defensivas,<br />
por forma a condicionarem as insistentes tentativas masculinas de acasalamento.<br />
O macho adulto produz o esperma nas gónadas, localizadas nas proximidades <strong>do</strong> limite posterior<br />
<strong>do</strong> abdómen, e com o go<strong>no</strong>poro, ou abertura para o exterior, na face ventral de S9. Antes<br />
da cópula transfere-o (intramale sperm translocation) para a vesica spermalis (<strong>no</strong>s órgãos genitais<br />
secundários). Quan<strong>do</strong> o macho encontra uma fêmea recetiva, por ter ovos aptos a serem<br />
fertiliza<strong>do</strong>s, agarra-a (to grasp or to clasp) pela cabeça ou pelo pro<strong>no</strong>tum, prenden<strong>do</strong>-a com os<br />
apêndices ab<strong>do</strong>minais; constitui-se a ligação macho-fêmea em tandem (male-female tandem<br />
linkage). Em seguida, os <strong>do</strong>is insetos curvam-se de tal forma que os órgãos genitais femini<strong>no</strong>s,<br />
também localiza<strong>do</strong>s próximo <strong>do</strong> limite posterior ventral <strong>do</strong> abdómen, entram em contacto com<br />
os secundários masculi<strong>no</strong>s. Ficam assim liga<strong>do</strong>s em forma de ‘roda’ ou ‘coração’, em voo (a<br />
maior parte das Anisoptera) ou pousa<strong>do</strong>s (as Zygoptera e algumas Anisoptera); o macho ejeta<br />
o esperma, numa cópula que pode demorar desde poucos segun<strong>do</strong>s até várias horas.<br />
Termina<strong>do</strong> o acasalamento, a fêmea começa a oviposição. Dependen<strong>do</strong> das espécies, o macho<br />
continua a agarrar a fêmea enquanto decorre a oviposição, retoman<strong>do</strong> a ligação em tandem<br />
(ovip.TD), ou liberta a fêmea mas mantém-se nas suas proximidades (ovip.PR), observan<strong>do</strong> a<br />
postura e afastan<strong>do</strong> outros machos que se queiram aproximar. Um terceiro padrão de comportamento<br />
é o <strong>do</strong> alheamento <strong>do</strong> macho (ovip.AF), mas então a fêmea faz a oviposição em locais<br />
discretos e protegi<strong>do</strong>s, onde não é provável ser incomodada por quaisquer machos. Estes três<br />
padrões de comportamento traduzem estratégias distintas das espécies, para a escolha <strong>do</strong>s lo-<br />
10
cais propícios para a oviposição, com ou sem intervenção ativa <strong>do</strong> macho. Tal escolha deverá<br />
ser, admite-se, o resulta<strong>do</strong> de opções baseadas na avaliação de critérios diversifica<strong>do</strong>s, apreendi<strong>do</strong>s<br />
através de estímulos certamente visuais, e eventualmente também tácteis e/ou térmicos.<br />
Finda a oviposição, afasta-se para gerar e maturar um <strong>no</strong>vo conjunto de ovos. Se está nas proximidades<br />
de um volume de água, mas indisponível para acasalar, impede a cópula. As Anisoptera<br />
voam rápida e erraticamente, afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s machos, enquanto que as Zygoptera podem<br />
permanecer pousadas, a abrir e agitar as asas, e a curvar o abdómen para cima.<br />
Algumas espécies têm uma geração por a<strong>no</strong> e são, por isso, classificadas como univoltinas.<br />
Outras espécies têm duas (bivoltinas) ou mais (multivoltinas) gerações por a<strong>no</strong>. Pelo contrário,<br />
outras demoram mais de um a<strong>no</strong> para completar o ciclo de vida e são classificadas como<br />
semivoltinas (<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s) ou partivoltinas (três ou mais a<strong>no</strong>s). Para uma dimensão geográfica<br />
mais vasta que o <strong>Algarve</strong>, o voltinismo (voltinism), ou seja, o número de gerações completadas<br />
por a<strong>no</strong>, está inversamente relaciona<strong>do</strong> com a latitude e o fotoperío<strong>do</strong>. À escala <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> parece<br />
sobrepor-se outra variável independente: o carácter temporário ou permanente <strong>do</strong>s habitats;<br />
<strong>no</strong>s primeiros, deverão pre<strong>do</strong>minar espécies com uma ou mais gerações por a<strong>no</strong>; <strong>no</strong>s segun<strong>do</strong>s,<br />
com me<strong>no</strong>s de uma geração por a<strong>no</strong>. No entanto, não pode ser ig<strong>no</strong>rada a hipótese de<br />
algumas espécies bivoltinas ou multivoltinas completarem um ciclo de vida num habitat e outros<br />
em distintos habitats, <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>, exemplifican<strong>do</strong> assim a e<strong>no</strong>rme capacidade de adaptação<br />
das O<strong>do</strong>nata às variações sazonais <strong>do</strong>s ambientes aquáticos. Philip S. Corbet considerou<br />
fundamental o aprofundamento deste assunto, tanto a nível regional como global. A recolha<br />
sistemática e periódica de exuviae, em locais de estu<strong>do</strong> que possam ser metodicamente acompanha<strong>do</strong>s<br />
ao logo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, é um <strong>do</strong>s procedimentos fundamentais que pode, sem grande exigência<br />
técnico-científica, ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.<br />
Para as latitudes temperadas (acima <strong>do</strong>s 30º N), numa abordagem mais ampla e integrada, as<br />
O<strong>do</strong>nata podem classificar-se em três tipos: T1. Espécies de primavera; T2. Espécies de verão;<br />
T3. Espécies obrigatoriamente univoltinas. Nas T1 ocorre uma paragem fisiológica (diapausa)<br />
num <strong>do</strong>s últimos instars da fase larvar, enquanto que nas T2 essa pausa ocorre <strong>no</strong>s instars iniciais<br />
ou intermédios. Consequentemente, as T1 respondem rapidamente, e muitas vezes com<br />
maior sincronismo, quer ao aquecimento primaveril, quer à superação de um limiar <strong>no</strong> fotoperío<strong>do</strong>,<br />
e as T2 mais gradualmente. O T3 é um caso particular <strong>do</strong> T2, mas em que a diapausa, ou<br />
ocorre <strong>no</strong> ovo, ou a taxa de crescimento larvar é muito lenta. Uma vez mais e para concluir, sublinhe-se,<br />
estes três tipos aplicam-se às populações de O<strong>do</strong>nata e não a espécies, ou seja, determinada<br />
espécie pode manifestar tipos diversos consoante o bioma em que viva.<br />
CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO<br />
A Ordem O<strong>do</strong>nata é constituída por 2 Subordens: ZYGOPTERA (as libelinhas) e ANISOPTERA<br />
(as libélulas). No <strong>Algarve</strong>, a Subordem Zygoptera agrega 4 Famílias e a Anisoptera 6. Por sua<br />
vez essas 10 Famílias agregam 28 Géneros e 51 Espécies. Em síntese a distribuição é a seguinte:<br />
Ordem: O<strong>do</strong>nata (<strong>no</strong>me comum em inglês: dragonfly)<br />
! Subordem: Zygoptera (em inglês: damselflies)<br />
! ! Família: Calopterygidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 03<br />
! ! Família: Lestidae! ! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 06<br />
! ! Família: Coenagrionidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 09<br />
! ! Família: Platycnemididae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 02<br />
11
! Subordem: Anisoptera (em inglês: true dragonflies)<br />
! ! Família: Aeshnidae! ! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 07<br />
! ! Família: Gomphidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 06<br />
! ! Família: Cordulegastridae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />
! ! Família: Corduliidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />
! ! Família: Macromiidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />
! ! Família: Libellulidae!! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 15<br />
A identificação das Espécies de O<strong>do</strong>nata deve ser sempre assumida como tarefa exigente, onde<br />
a prudência na decisão nunca poderá ser negligenciada, nem mesmo por o<strong>do</strong>natologistas experientes.<br />
A aparência externa de uma espécie, mesmo na fase adulta, varia em função da idade,<br />
das condições de lumi<strong>no</strong>sidade ambiental e <strong>do</strong> género. Por outro la<strong>do</strong>, o comportamento <strong>do</strong>s<br />
exemplares, em voo ou pousa<strong>do</strong>s, pode mudar significativamente, em função de condições meteorológicas<br />
e, por vezes, de caraterísticas <strong>do</strong>s habitats.<br />
A Chave para Identificação aqui patente destina-se a auxiliar o utiliza<strong>do</strong>r deste Guia Digital<br />
<strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade na identificação das duas Subordens e das dez Famílias,<br />
através de elementos de diagnóstico tão simples quanto possível. Os passos adicionais, ou<br />
seja, a identificação <strong>do</strong>s Géneros e das Espécies, serão cumpri<strong>do</strong>s com a consulta das Fichas de<br />
Espécies que constituem a segunda parte <strong>do</strong> Guia Digital.<br />
SE<br />
SUBORDENS DA ORDEM ODONATA<br />
• inseto de aparência frágil e delicada<br />
• asas anteriores e posteriores semelhantes, na sua forma; na parte proximal, de ligação ao tórax,<br />
as asas são praticamente simétricas, ou seja, pecioladas (embora existam exceções); células discoidais<br />
tetragonais<br />
• quan<strong>do</strong> o inseto está pousa<strong>do</strong> as suas asas ficam sobre o abdómen, junto ao corpo ou acima dele,<br />
e as quatro asas ficam em sobreposição e em contacto entre si (embora existam exceções)<br />
• cabeça mais larga <strong>do</strong> que o tórax e olhos claramente individualiza<strong>do</strong>s<br />
• machos têm quatro apêndices ab<strong>do</strong>minais, <strong>do</strong>is superiores e <strong>do</strong>is inferiores<br />
• fêmeas têm ovipositor<br />
SE<br />
➔ ZYGOPTERA<br />
• inseto de aparência robusta, indician<strong>do</strong> ser excelente voa<strong>do</strong>r, observa<strong>do</strong> quer próximo <strong>do</strong>s volumes<br />
de água, quer em locais afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas aquáticos<br />
• asas anteriores e posteriores, na sua forma, diferentes; para além disso, na parte proximal, de ligação<br />
ao tórax, as asas nunca são simétricas<br />
• quan<strong>do</strong> o inseto está pousa<strong>do</strong> as asas ficam afastadas <strong>do</strong> corpo e sem sobreposição entre si, e os<br />
<strong>do</strong>is pares de asas, esquer<strong>do</strong> e direito, formam um ângulo aproxima<strong>do</strong> a 180º ou até podem ficar<br />
com um ângulo superior (extremidades distais descaídas)<br />
• cabeça mais estreita que o tórax e olhos uni<strong>do</strong>s na parte superior anterior da cabeça<br />
• machos têm apenas três apêndices ab<strong>do</strong>minais, <strong>do</strong>is superiores e um inferior<br />
• fêmeas não têm ovipositor funcional (embora existam importantes exceções)<br />
12<br />
➔ ANISOPTERA
SE<br />
FAMÍLIAS DA SUBORDEM ZYGOPTERA<br />
• corpo quase mo<strong>no</strong>cromático, de cor escura, acobreada ou púrpura e sem reflexos metálicos, ou de<br />
cores verde ou azul e com reflexos metálicos<br />
• asas largas e assimétricas, não pecioladas, número muito eleva<strong>do</strong> de nervuras e, consequentemente,<br />
células alares de dimensão diminuta; cores escuras, muitas vezes total ou parcialmente opacas, sem<br />
pterostigmas <strong>no</strong> macho e com falsos pterostigmas brancos na fêmea<br />
SE<br />
• voo agita<strong>do</strong> e irregular, semelhante ao de muitas borboletas diurnas mas mais lento<br />
➔ Calopterygidae<br />
• corpo de cores pre<strong>do</strong>minantemente verde ou bronze, com reflexos metálicos intensos (Género Lestes),<br />
ou de cores castanhas muito claras (Género Sympecma)<br />
• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />
transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente pentagonais, pterostigmas retangulares (o comprimento<br />
é, pelo me<strong>no</strong>s, o <strong>do</strong>bro da largura) <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />
SE<br />
• machos de algumas espécies apresentam pruinescência azulada (Lestes dryas, L. virens virens e L. macrostigma)<br />
em algumas partes <strong>do</strong> corpo<br />
• <strong>no</strong> Género Lestes, os insetos quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>s ficam com as asas abertas; <strong>no</strong> Género Sympecma os<br />
<strong>do</strong>is pares de asas tocam-se e encostam ao abdómen<br />
➔ Lestidae<br />
• corpo sem reflexos metálicos (embora existam exceções), pre<strong>do</strong>mínio das cores azul e negra (embora<br />
existam exceções)<br />
• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />
transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente tetragonais, células discoidais trapezoidais, pterostigmas<br />
quadra<strong>do</strong>s ou rombóides <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />
➔ Coenagrionidae<br />
NOMENCLATURA DA MORFOLOGIA EXTERNA DE UMA ZYGOPTERA<br />
13
SE<br />
• corpo sem quaisquer reflexos metálicos, com pre<strong>do</strong>mínio das cores branca ou alaranjada e negra<br />
• cabeça particularmente larga<br />
• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />
transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente tetragonais, células discoidais também retangulares,<br />
pterostigmas quadra<strong>do</strong>s ou rombóides <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />
SE<br />
• <strong>no</strong> macho, tíbias <strong>do</strong>s 2º e 3º pares de patas com forma ligeiramente oval e, consequentemente alargadas<br />
e achatadas; cerdas numerosas e particularmente longas<br />
➔ Platycnemididae<br />
FAMÍLIAS DA SUBORDEM ANISOPTERA<br />
• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo; quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>, fica em posição vertical<br />
• comprimento total apreciável, sempre acima <strong>do</strong>s 60 mm; pre<strong>do</strong>mínio das cores azul, verde e/ou<br />
amarela <strong>no</strong> tórax e <strong>no</strong> abdómen, sobressain<strong>do</strong> de um ‘fun<strong>do</strong>’ escuro, castanho ou cinzento<br />
• os <strong>do</strong>is olhos fundi<strong>do</strong>s um <strong>no</strong> outro; <strong>no</strong> macho, pelo me<strong>no</strong>s algumas partes são azuis ou verdes<br />
• <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2 <strong>no</strong>s Géneros Aeshna e Boyeria, inexistência <strong>no</strong> Anax<br />
• na fêmea, existência de peque<strong>no</strong> ovipositor<br />
• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />
das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />
diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. nervuras oblíquas, a partir <strong>do</strong>s<br />
vértices interiores proximais <strong>do</strong>s pterostigmas, orientadas para o centro das asas; iv. <strong>no</strong> macho, presença<br />
de triângulos anais; membrânulas <strong>no</strong>s Géneros Aeshna e Boyeria, inexistência <strong>no</strong> Anax<br />
➔ Aeshnidae<br />
SE<br />
• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: vigilante persistente; muitas vezes pousa<strong>do</strong> <strong>no</strong> chão, em pedras e<br />
rochas, ou em vegetação baixa, quase sempre nas proximidades das margens <strong>do</strong>s cursos de água e<br />
em locais soalheiros<br />
• comprimento total médio acima <strong>do</strong>s 48 mm (com uma exceção); pre<strong>do</strong>mínio das cores amarela ou<br />
esverdeada <strong>no</strong> tórax e <strong>no</strong> abdómen, sobressain<strong>do</strong> de um ‘fun<strong>do</strong>’ negro ou cinzento escuro<br />
• os <strong>do</strong>is olhos totalmente individualiza<strong>do</strong>s, separa<strong>do</strong>s um <strong>do</strong> outro na face <strong>do</strong>rsal da cabeça<br />
• abdómen de secção aproximadamente cilíndrica; <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2 e segmentos<br />
posteriores de diâmetro significativamente maior (embora existam exceções)<br />
• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />
das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />
diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. <strong>no</strong> macho, presença de triângulos<br />
anais; membrânulas muito reduzidas<br />
• as patas são curtas<br />
➔ Gomphidae<br />
SE<br />
• comportamento <strong>do</strong>s macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo<br />
• inexistência das cores azul ou verde <strong>no</strong> corpo <strong>do</strong> inseto; pigmentação totalmente amarela e negra<br />
• os <strong>do</strong>is olhos totalmente individualiza<strong>do</strong>s, mas as extremidades de um e outro tocam-se na face <strong>do</strong>rsal<br />
da cabeça<br />
14
• <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2<br />
• na fêmea, existência de ovipositor, relativamente grande; trata-se assim de uma exceção, já que a<br />
sua inexistência é uma das caraterísticas gerais da Subordem<br />
• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />
das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />
diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. <strong>no</strong> macho, presença de triângulos<br />
anais<br />
• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />
➔ Cordulegastridae<br />
SE<br />
• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo<br />
• inseto de tamanho médio, corpo com reflexos verdes escuros metaliza<strong>do</strong>s e pequenas manchas<br />
amarelas; pelugem abundante e esbranquiçada <strong>no</strong> tórax<br />
• patas relativamente compridas e tíbias distintas, entre o macho e a fêmea<br />
• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />
➔ Corduliidae<br />
NOMENCLATURA DA MORFOLOGIA EXTERNA DE UMA ANISOPTERA<br />
15
SE<br />
• a Família Macromiidae surge, por vezes, integrada na Família Corduliidae, acima apresentada, e<br />
com a qual partilha algumas semelhanças; em particular, toda a aparência geral<br />
• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />
➔ Macromiidae<br />
SE<br />
• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: vigilante persistente<br />
• comprimento total médio entre os 30 e os 48 mm, com duas exceções (Orthetrum trinacria e Zygonyx<br />
torridus); entre a Subordem Anisoptera é a Família com comprimentos mais peque<strong>no</strong>s, já que as restantes<br />
estão sempre acima <strong>do</strong>s 48 mm (apenas uma Espécie da Família Gomphidae é exceção)<br />
• heterogeneidade grande de cores e, em alguns Géneros (Libellula e Orthetrum), os insetos <strong>do</strong> género<br />
masculi<strong>no</strong> ou de ambos os sexos apresentam pruinescência<br />
• <strong>no</strong> macho, inexistência de aurículas<br />
• nas asas: i. triângulos das asas anteriores apontam para os apêndices ab<strong>do</strong>minais e das posteriores<br />
para a extremidade distal; todas as nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são de espessura semelhante;<br />
iii. <strong>no</strong>s machos, inexistência de triângulo anal; iv. ângulo anal arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, semelhante <strong>no</strong><br />
macho e na fêmea<br />
➔ Libellulidae<br />
Adultos, exuviae e larvas<br />
A identificação das diversas espécies de O<strong>do</strong>nata a<strong>do</strong>ta procedimentos distintos, consoante os<br />
specimens estejam nas fases de larva ou de adulto. A especial atenção por uma fase ou outra, ou<br />
o esforço re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> para adquirir competências e recursos para a identificação das espécies nas<br />
suas distintas fases, resulta de objetivos que devem ser estabeleci<strong>do</strong>s com objetividade.<br />
O naturalista e o fotógrafo de natureza estarão, muito provavelmente, mais foca<strong>do</strong>s na fase<br />
adulta, enquanto que o investiga<strong>do</strong>r empenha<strong>do</strong> em aprofundar o conhecimento relativo à distribuição<br />
da Ordem, e especialmente da Subordem Anisoptera, estará particularmente atento<br />
à fase larvar e às exuviae. A presença comprovada de exuviae de determinada espécie, num determina<strong>do</strong><br />
local, é considerada o melhor ou até o único critério para determinar que o ciclo de<br />
vida aí, efetivamente, se completou (Raebel et al. 2010). Entre os méto<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong> que implicam<br />
a captura momentânea ou definitiva de specimens, a análise de exuviae tem ainda a vantagem<br />
de ser o único totalmente i<strong>no</strong>fensivo para as populações de libélulas e libelinhas.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />
As O<strong>do</strong>nata são um interessante motivo fotográfico. O conhecimento detalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> taxon, basea<strong>do</strong><br />
na sua observação atenta, <strong>do</strong>s habitats próprios e ao longo das estações <strong>do</strong> a<strong>no</strong>, pode ser<br />
aprofunda<strong>do</strong> através da fotografia de natureza. Enfrenta-se, assim, um desafio aliciante e uma<br />
forma de colecionismo ética e ecologicamente aceitável, até mesmo recomendável. Para além<br />
disso, os registos fotográficos podem ser providenciais para memória futura, seja ela a simples<br />
validação da identificação de uma espécie, seja o indispensável testemunho de uma observação<br />
incomum ou imprevisível.<br />
16
Da mesma forma que poderá ser indesejável a morte de specimens, também o será a captura<br />
não letal seguida de qualquer ‘tratamento’ para facilitar os registos fotográficos. Dificilmente<br />
essas libélulas e libelinhas a<strong>do</strong>tarão posturas e comportamentos caraterísticos, e as imagens<br />
perderão grande parte <strong>do</strong> seu valor <strong>do</strong>cumental.<br />
Fotografar O<strong>do</strong>nata e constituir um banco de imagens não é tarefa difícil, embora seja necessária<br />
paciência, perseverança e disponibilidade de tempo. Na verdade, as melhores oportunidades<br />
para as melhores imagens não surgem to<strong>do</strong>s os dias...<br />
A qualidade das fotografias é função de diversos fatores: número de horas e dias dedica<strong>do</strong>s à<br />
atividade, conhecimento da ecologia e biologia das espécies, conhecimento <strong>do</strong>s locais onde os<br />
specimens podem ser encontra<strong>do</strong>s, escolha de condições meteorológicas propícias, boa iluminação<br />
natural, uso de equipamento fotográfico adequa<strong>do</strong> e seu correto manuseamento. Cada libélula<br />
ou libelinha deve ser fotografada sob <strong>do</strong>is ou mais pontos de vista, de la<strong>do</strong> e de cima, e é<br />
sempre desejável uma terceira imagem, para contextualização <strong>do</strong> local das fotografias anteriores.<br />
O eixo principal <strong>do</strong> inseto deverá ficar perpendicular ao eixo da objetiva, possibilitan<strong>do</strong> que<br />
to<strong>do</strong> o corpo fique bem foca<strong>do</strong>. Se tal não for possível, os olhos devem sempre ficar foca<strong>do</strong>s.<br />
A fotografia <strong>do</strong>s O<strong>do</strong>nata é, pre<strong>do</strong>minantemente, o registo macro de imagens. Uma máquina<br />
fotográfica digital semi-profissional ou profissional, com objetivas intermutáveis, é o ponto de<br />
partida para o equipamento fotográfico recomenda<strong>do</strong>. Mas se o mesmo não estiver disponível,<br />
uma opção mais simples e certamente me<strong>no</strong>s dispendiosa também proporcionará boas fotos!<br />
A listagem seguinte apresenta algumas das diversas soluções óptimas possíveis.<br />
• Corpo digital SLR Ca<strong>no</strong>n EOS 5D Mark II ou Ca<strong>no</strong>n EOS 7D - Estes <strong>do</strong>is corpos DSLR (acrónimo<br />
de digital single-lens reflex) são excelentes opções. Permitem fotografar com sensibilidades ISO<br />
de 320 ou mesmo 640, sem que ocorra perda sensível de qualidade na imagem registada. O<br />
sensor CMOS (36 x 24 mm) da 5D Mark II é de qualidade extraordinária, mas em contrapartida<br />
a 7D tem uma ampliação <strong>no</strong> sensor CMOS de 1,6 vezes, enquanto que a 5D Mark II é uma<br />
full frame 1,0 vezes. Ambas permitem fotografar em RAW. A velocidade da exposição (shutter<br />
speed) deverá ser sempre inferior a 1/250 ou 1/500, e nunca superior à relação 1/x, em que x<br />
será a distância focal (focal length) da objetiva. A abertura (aperture or f-stop) será f/11, f/14,<br />
ou ainda inferior, asseguran<strong>do</strong> que a profundidade de campo (depth-of-field) é suficiente.<br />
• Objetiva macro Ca<strong>no</strong>n EF 180 mm f/3.5 L USM Macro - Opção muito interessante, ou mesmo a<br />
primeira opção caso não existam limitações de orçamento. Garante imagens nítidas, contor<strong>no</strong>s<br />
perfeitos, cor excelente e possibilita fotografar com ampliação máxima a uma distância de<br />
segurança confortável para muitas espécies de O<strong>do</strong>nata, que não se sentirão ameaçadas pela<br />
proximidade <strong>do</strong> fotógrafo. A distância focal da objetiva, quan<strong>do</strong> conjugada com uma profundidade<br />
de campo reduzida, proporciona uma desfocagem <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> simultaneamente acentuada<br />
e suave, ideal para destacar o elemento principal da imagem. A distância mínima de focagem,<br />
a partir <strong>do</strong> sensor, é de 48 cm, e a máxima ampliação é de 1,0 vezes. Para além <strong>do</strong> preço<br />
eleva<strong>do</strong>, os principais inconvenientes são o peso, de cerca de 1,2 kg (com anel de apoio para<br />
tripé e pára-sol), a necessidade de luz natural intensa para fotografar com uma relação abertura<br />
/ velocidade de exposição / sensibilidade ISO adequada, a inexistência de estabiliza<strong>do</strong>r<br />
de imagem (IS image stabilizer) e a lentidão <strong>do</strong> sistema de auto-foco. O foco manual é, em<br />
contrapartida, muito ergonómico. Consequentemente, trata-se de uma objetiva para utilizar<br />
em mo<strong>do</strong> manual de focagem. Quase indispensável um mo<strong>no</strong>pé ou tripé, e muito conveniente<br />
um flash. Pode ser conjugada com o teleconversor 1.4x e com o tubo de extensão 25 mm.<br />
• Objetiva macro Ca<strong>no</strong>n EF 100 mm f/2.8 L IS USM Macro - Excelente opção, tanto para fotografar<br />
insetos da Subordem Zygoptera, que em geral permitem maior aproximação <strong>do</strong> fotógrafo,<br />
17
como para fotografar as Anisoptera, quan<strong>do</strong> as condições de iluminação natural são propícias.<br />
A qualidade das imagens é irrepreensível e não necessita de luz natural tão intensa quan<strong>do</strong> a<br />
objetiva acima, porque tem um Hybrid IS que possibilita um ganho entre 2 e 4 ‘passos’ na<br />
abertura. A distância mínima de focagem é de 30 cm e a máxima ampliação é de 1,0 vezes. É<br />
possível utilizar o auto-foco, especialmente se for utilizada com mo<strong>no</strong>pé ou tripé. Esta objetiva<br />
é weather-sealed e uma das mais recente propostas da Ca<strong>no</strong>n (foi lançada em 2009). Pode<br />
ser conjugada com o tubo de extensão 25 mm, mas não com o teleconversor 1.4x.<br />
• Teleobjetiva Ca<strong>no</strong>n EF 70-200 mm f/2.8 L IS II USM - Não sen<strong>do</strong> uma macro, trata-se de uma<br />
alternativa deveras interessante. Construção muito robusta e weather-sealed, proporciona<br />
imagens de extraordinária qualidade. A distância mínima de focagem é de 1,2 m. O auto-foco<br />
é rápi<strong>do</strong> e rigoroso. O estabiliza<strong>do</strong>r de imagem bastante eficaz, com ganho de até 4 ‘passos’<br />
na abertura; <strong>no</strong> entanto, em fotografias com tripé é indispensável desligar o IS. Pode, com sucesso,<br />
ser conjugada com o teleconversor 1.4x (a distância focal máxima atinge os 280 mm)<br />
proporcionan<strong>do</strong> a obtenção de imagens bem distintas das resultantes <strong>do</strong> uso das macro acima<br />
referidas, caraterística que não deve ser me<strong>no</strong>sprezada. Para além <strong>do</strong> preço eleva<strong>do</strong>, o único<br />
verdadeiro inconveniente é o peso, de cerca de 1,6 kg (com anel de apoio para tripé e párasol).<br />
À semelhança da objetiva anterior, está entre os mais recentes lançamentos da Ca<strong>no</strong>n<br />
(final de 2010).<br />
• Filtros neutro, UV e polariza<strong>do</strong>r - Os primeiros são fundamentais e o último pode salvar algumas<br />
fotografias aparentemente impossíveis. O filtro neutro (clear filter) tem como única função<br />
proteger a lente exterior da objetiva, evitan<strong>do</strong> que se cubra de poeiras, salpicos de água,<br />
marcas e gordura <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s, etc. A limpeza da lente nem sempre é simples e poderá causar<br />
da<strong>no</strong>s irreversíveis (por vezes apenas microscópicos) que degradam a qualidade das imagens.<br />
Substituir um filtro é muito me<strong>no</strong>s dispendioso <strong>do</strong> que trocar de objetiva e se a qualidade <strong>do</strong><br />
filtro for elevada a sua presença não se fará <strong>no</strong>tar. B+W, Heliopan e Hoya são marcas de reconhecida<br />
qualidade. O filtro UV (UV filter) é transparente para os comprimentos de onda visíveis<br />
da luz e elimina ou reduz os ultra-violetas; pode ser utiliza<strong>do</strong> para proteger a lente exterior<br />
da objetiva, em alternativa ao filtro neutro. O filtro polariza<strong>do</strong>r (polarizer filter), por sua vez,<br />
utiliza-se para eliminar reflexos da água e saturar as cores, poden<strong>do</strong> proporcionar condições<br />
para fotografar mesmo em situações especialmente ‘ingratas’.<br />
• Mo<strong>no</strong>pé e/ou tripé - Um mo<strong>no</strong>pé ligeiro e que permita um comprimento mínimo reduzi<strong>do</strong> é<br />
um acessório quase indispensável para fotografar O<strong>do</strong>nata, em particular quan<strong>do</strong> se usam<br />
objetivas pesadas. Adicionalmente, quan<strong>do</strong> a escassa iluminação natural se torna um obstáculo<br />
para boas imagens, o uso <strong>do</strong> tripé, <strong>do</strong> mo<strong>no</strong>pé e/ou <strong>do</strong> flash pode ser a solução. Mas se<br />
para o corpo DSLR e para a objetiva se recomenda e ambiciona uma qualidade superior, <strong>no</strong><br />
mo<strong>no</strong>pé não se aconselha qualquer investimento significativo. As condições de utilização,<br />
com frequentes imersões, dificilmente permitem vida longa a este acessório. Apenas se deve<br />
exigir robustez suficiente e facilidade de regulação. O uso <strong>do</strong> tripé aumenta a qualidade das<br />
imagens, pela estabilidade que proporciona, mas limita a liberdade de movimentação e aumenta<br />
o tempo necessário para o enquadramento e preparação de cada fotografia.<br />
• Flash Ca<strong>no</strong>n Flash Speedlite 580EX II - Muito mais útil <strong>do</strong> que à partida se poderia imaginar,<br />
especialmente de for utiliza<strong>do</strong> com um peque<strong>no</strong> difusor, para suavizar a iluminação artificial.<br />
• Tubo de extensão 25 mm (Ca<strong>no</strong>n Extension Tube EF25 II, p.ex.) - Permite reduzir a distância<br />
mínima de focagem e obter uma ampliação adicional. No caso da objetiva macro 180 mm, a<br />
ampliação máxima passa a ser de 1,21 vezes; para a 100 mm, de 1,37 vezes. Embora seja frequente<br />
a utilização de tubos de extensão na fotografia macro, é necessário reconhecer que<br />
provocam sempre degradação da qualidade da imagem, resulta<strong>do</strong> da distorção originada pelas<br />
próprias lentes da objetiva. Esse efeito é mínimo <strong>no</strong> centro da imagem e vai-se acentuan<strong>do</strong><br />
18
para a periferia. Quan<strong>do</strong> esteja a ser utiliza<strong>do</strong> o tubo de extensão, a focagem terá de ser feita<br />
em mo<strong>do</strong> manual. Simultaneamente, é quase indispensável o tripé e o flash.<br />
• Teleconversor Ca<strong>no</strong>n EF 1.4x Extender III - Permite obter um incremento da distância focal da<br />
objetiva. A degradação da qualidade da imagem é percetível, embora as aberturas caraterísticas<br />
da fotografia macro permitam contornar quase em absoluto esta limitação.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
COLECIONAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />
A saudável atitude naturalista de observação e estu<strong>do</strong> de espécies animais <strong>no</strong> seu contexto natural<br />
confundiu-se, e ainda hoje por vezes se confunde, com uma injustificada apropriação de<br />
specimens dessas espécies.<br />
O colecionismo tem, de facto, longas tradições. Surgiram e consolidaram-se assim, por uma<br />
parte, valiosos espólios, alguns deposita<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s em museus de história natural. Por<br />
outra parte, ocorreram impactes desnecessários à perenidade <strong>no</strong> equilíbrio natural. Hoje, em<br />
face das ameaças globais sobre a biodiversidade, <strong>no</strong>vas coleções de espécies animais devem ser<br />
reduzidas ao mínimo necessário, e sempre sob a orientação de instituições científicas reconhecidas.<br />
Tais coleções resultarão sempre de necessidades imperativas para a obtenção de voucher<br />
specimens, ou seja, <strong>do</strong> número mínimo de exemplares de cada espécie aceite como indispensável<br />
para o avanço <strong>do</strong> conhecimento científico.<br />
Neste enquadramento, a WDA - Worldwide Dragonfly Association - estabeleceu em 2002 um<br />
Código de Conduta, assente em quatro princípios fundamentais:<br />
1. Respeitar a vida das O<strong>do</strong>nata. Traduz o respeito pelos indivíduos (specimens), pelas espécies<br />
e pelos habitats. A captura só se justificará por exigências científicas incontornáveis e os<br />
exemplares devem ser sujeitos a níveis mínimos de sofrimento. A distribuição a terceiros, gratuita<br />
ou onerosa, é reprovável. O responsável e agentes que capturam O<strong>do</strong>nata ficam eticamente<br />
obriga<strong>do</strong>s a tomar as medidas adequadas para que os specimens captura<strong>do</strong>s e mortos<br />
estejam armazena<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s nas melhores condições, por forma a assegurar a sua perenidade<br />
e evitar a necessidade de futuras capturas.<br />
2. Cumprir as <strong>no</strong>rmas, regulamentos e leis nacionais e internacionais. Deverão respeitar-se<br />
sempre todas as disposições relativas à captura, posse e transporte de specimens vivos ou<br />
mortos, completos ou partes deles. As O<strong>do</strong>nata não estão incluídas na CITES (Convention on<br />
International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), o que facilita alguns procedimentos<br />
legais de posse e transporte de libélulas e libelinhas.<br />
3. Respeitar as exigências impostas pelo méto<strong>do</strong> científico. Destaque para a importância da<br />
existência de voucher specimens e de voucher specimen collections, indispensável para o progresso<br />
<strong>do</strong> conhecimento, <strong>no</strong>meadamente para a sistemática e taxo<strong>no</strong>mia, para a rigorosa<br />
identificação e descrição das Espécies, em particular quan<strong>do</strong> não pode ser totalmente feita <strong>no</strong><br />
campo, com o exemplar vivo na mão, e também para a caraterização da sua distribuição geográfica.<br />
A existência de metada<strong>do</strong>s (metadata) associa<strong>do</strong>s a cada voucher specimen é indispensável,<br />
por forma a que a sua utilidade científica futura não seja diminuída ou eliminada. As<br />
voucher specimen collections devem estar conservadas em locais onde a sua existência seja publicamente<br />
conhecida e acessível aos estudiosos interessa<strong>do</strong>s.<br />
19
4. Respeitar os comportamentos, atitudes e decisões de terceiros. Recorda a necessidade<br />
de manter os bons princípios de cordialidade e tolerância, os quais devem sempre pautar o<br />
relacionamento entre o<strong>do</strong>natologistas. É decisão individual de cada um o cumprimento <strong>do</strong><br />
presente Código de Conduta e é tarefa das autoridades competentes o cumprimento da legislação<br />
aplicável.<br />
A conservação <strong>do</strong>s specimens, após a sua captura, deve ser feita com acetona, pura ou corrente<br />
(usada, p.ex., para remover verniz das unhas). O melhor procedimento técnico recomenda que<br />
se mantenham os indivíduos vivos durante algumas horas, para que expilam os restos <strong>do</strong>s alimentos<br />
ingeri<strong>do</strong>s. Depois serão mergulha<strong>do</strong>s em acetona durante alguns minutos, o suficiente<br />
para morrerem. Serão retira<strong>do</strong>s e cuida<strong>do</strong>samente endireitam-se as asas, as pernas e o abdómen.<br />
Seguidamente voltam a ser mergulha<strong>do</strong>s em acetona durante 12 a 24 horas e depois retira<strong>do</strong>s,<br />
secos rapidamente ao ar e armazena<strong>do</strong>s em envelopes de papel poroso, devidamente<br />
identifica<strong>do</strong>s. A acetona, que é altamente inflamável e consequentemente tem de ser manuseada<br />
com bastante cuida<strong>do</strong>, é um excelente conservante, já que ajuda a manter os voucher specimens<br />
resistentes e i<strong>no</strong><strong>do</strong>ros, e as suas cores realistas e inalteradas.<br />
Quan<strong>do</strong> o objetivo das capturas é a obtenção de material biológico para estu<strong>do</strong>s de genética<br />
molecular, então os specimens inteiros, ou pernas com algum teci<strong>do</strong> muscular, devem ser conserva<strong>do</strong>s<br />
em álcool etílico (eta<strong>no</strong>l) a 96% e, sempre que possível, armazena<strong>do</strong>s a 4ºC; se o perío<strong>do</strong><br />
de armazenamento for longo, o eta<strong>no</strong>l deve ser verifica<strong>do</strong> e substituí<strong>do</strong> regularmente.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
ESPÉCIES COM PROTEÇÃO LEGAL<br />
A crescente preocupação com a biodiversidade levou a que muitas espécies de animais e plantas<br />
fossem já objeto de disposições legais, nacionais e/ou internacionais, ten<strong>do</strong> em vista a sua<br />
proteção formal mais efetiva. Em Portugal, com a transposição da Diretiva europeia ‘Habitats’<br />
para o ordenamento jurídico nacional (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, Diário da<br />
República 1ª Série-A, nº 39), ficou proibida a captura, abate e detenção ou posse de exemplares<br />
das Espécies incluídas <strong>no</strong>s Anexos na própria Diretiva, e ficou igualmente proibida a inclusão<br />
de voucher specimens em coleções, salvo para comprova<strong>do</strong>s e autoriza<strong>do</strong>s fins de investigação e<br />
ensi<strong>no</strong>.<br />
O Anexo B-IV (espécies de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa) integra<br />
três O<strong>do</strong>nata que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: Gomphus graslinii, Macromia splendens e Oxygastra curtisii.<br />
O Anexo B-II (espécies de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas<br />
especiais de conservação - ZEC) integra uma quarta espécie (Coenagrion mercuriale), que<br />
ocorre em Portugal continental embora não <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
20
FICHAS DE ESPÉCIES<br />
As 51 Fichas de Espécies a<strong>do</strong>tam a seguinte estrutura:<br />
• Nome bi<strong>no</strong>mial científico e <strong>no</strong>me comum em inglês<br />
• Estatuto de Conservação, segun<strong>do</strong> a European Red List of Dragonflies e a Diretiva ‘Habitats’; as<br />
espécies incluídas na The IUCN Red List of Threatened Species são assinaladas com o ícone<br />
• Distribuição <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada em mapas e diferencian<strong>do</strong><br />
• ocorrências descritas e georeferenciadas em publicações científicas mencionadas nas fontes de<br />
informação e, simultaneamente, na Bibliografia Recomendada. Sécs. XIX e XX: Séc. XXI:<br />
• <strong>no</strong>vas ocorrências descritas pela primeira vez neste Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade,<br />
resultantes <strong>do</strong>s trabalhos de terre<strong>no</strong> realiza<strong>do</strong>s em 2011:<br />
• outras ocorrências, provenientes <strong>do</strong>s Data Contributors:<br />
• Habitat, segun<strong>do</strong> a classificação descrita nas páginas iniciais <strong>do</strong> Guia Digital<br />
• Época de Voo, por meses, integran<strong>do</strong> informações provenientes das publicações científicas, observações<br />
próprias e <strong>do</strong>s Data Contributors<br />
• Identificação, com uma breve descrição <strong>do</strong>s adultos da Espécie, diferencian<strong>do</strong> machos e fêmeas, e<br />
destacan<strong>do</strong> os elementos de diagnóstico<br />
• Outras informações: distribuição <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: ‘alargada’, ‘limitada’ ou ‘raridade’; padrão de comportamento<br />
<strong>do</strong>s machos adultos (terr.VA ou terr.VP) e de oviposição (ovip.TD, ovip.PR ou ovip.AF); voltinismo;<br />
distribuição para além <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
21
ZYGOPTERA<br />
CALOPTERYGIDAE<br />
A Família Calopterygidae distingue-se por ter asas largas e assimétricas, ao contrário<br />
<strong>do</strong> que é caraterístico da Subordem Zygoptera. Distingue-se também pela pigmentação<br />
das asas, que as torna opacas na maior parte da sua extensão, pelo número muito<br />
eleva<strong>do</strong> de nervuras e, consequentemente, células alares numerosas e diminutas. Distingue-se<br />
ainda por não existirem, nas asas, pterostigmas, embora as asas das fêmeas<br />
tenham falsos pterostigmas brancos.<br />
O corpo das libelinhas da Família Calopterygidae é quase mo<strong>no</strong>cromático, de cor escura,<br />
acobreada ou púrpura, e sem reflexos metálicos, ou de cores verde ou azul, e com<br />
reflexos metálicos. As patas são longas e <strong>do</strong>tadas de cerdas igualmente longas.<br />
As libelinhas da Família Calopterygidae têm um voo agita<strong>do</strong> e irregular, semelhante<br />
ao de muitas borboletas diurnas mas mais lento, e raramente se afastam <strong>do</strong>s volumes<br />
de água. Em geral, qualquer uma das três Espécies que ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> tem manifesta<br />
preferência por sistemas lóticos com abundante vegetação arbustiva e arbórea nas<br />
margens, a proporcionar numerosas zonas de sombra.<br />
A distinção entre as três Espécies não é simples, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s principais elementos de<br />
diagnóstico a cor da parte inferior <strong>do</strong>s últimos segmentos <strong>do</strong> abdómen e também a cor<br />
<strong>do</strong> tórax e abdómen <strong>do</strong>s machos. A pigmentação e a forma das asas podem também ser<br />
elementos de diagnóstico complementares. Pode ocorrer hibridação entre as diversas<br />
Espécies da Família Calopterygidae, o que, eventualmente, dificulta ainda mais a identificação<br />
inequívoca.<br />
22
Calopteryx haemorrhoidalis<br />
(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Copper Demoiselle<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Calopterygidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho e fêmea adultos - Fonte Filipe, Querença - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
23
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 45 a 47 mm de comprimento total. O MACHO tem o TÓRAX acobrea<strong>do</strong>, púrpura<br />
ou quase negro, mas nunca verde (elemento de diagnóstico); o ABDÓMEN pode ser de cor semelhante ao<br />
tórax, ou verde com reflexos metálicos; a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen é cor de<br />
rosa ou carmim (elemento de diagnóstico), por vezes intensa, e também as tíbias podem ter reflexos da<br />
mesma cor. As ASAS <strong>do</strong> macho são quase completa e intensamente pigmentadas de castanho escuro, ou<br />
de azul ou púrpura muito escuros; a parte proximal, <strong>no</strong> entanto, é transparente e a transição é oblíqua. A<br />
FÊMEA tem o corpo mais claro, em verde ou castanho, geralmente com reflexos metálicos; as ASAS são<br />
castanhas claras e translúcidas; a ASA POSTERIOR é mais pigmentada <strong>no</strong> quarto distal (elemento de diagnóstico<br />
fundamental), em particular numa estreita faixa que delimita as partes translúcida e pigmentada.<br />
As PATAS são acastanhadas.<br />
Outras informações<br />
Ocorre apenas <strong>no</strong>s países da bacia mediterrânica ocidental (sul da Europa e <strong>no</strong>rte de África), mas tem distribuição<br />
‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. As populações, quan<strong>do</strong> ocorrem, são geralmente numerosas. Ferreira et<br />
al. (2006) afirmam ser possível a existência de subespécies, já que o padrão das asas e o tamanho <strong>do</strong> corpo<br />
são muito variáveis. Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
casal em pré-cópula - Ribª da Perna da Negra - Julho macho adulto - Fonte Filipe - Maio<br />
fêmeas adultas - Ribeira de Seixe - Julho - Fonte da Benémola - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
24
Calopteryx virgo meridionalis<br />
(Linnaeus, 1758) Selys, 1873 <strong>no</strong>me comum em inglês: Beautiful Demoiselle<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Calopterygidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.ii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total e constituição robusta; é a maior das três Espécies<br />
de Calopteryx que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. O MACHO adulto tem o TÓRAX e o ABDÓMEN verdes ou azuis com<br />
reflexos metálicos (elemento de diagnóstico); a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen é<br />
avermelhada (elemento de diagnóstico), embora me<strong>no</strong>s percetível <strong>do</strong> que nas C. haemorrhoidalis; as ASAS<br />
são mais largas <strong>do</strong> que nas restantes Calopteryx, castanhas escuras mas poden<strong>do</strong> apresentar reflexos azuis<br />
metálicos eventualmente intensos (elemento de diagnóstico); a extremidade proximal das asas é transparente<br />
e a transição entre as partes pigmentada e transparente é relativamente abrupta. A FÊMEA tem o<br />
corpo em verde ou bronze mais claros, com reflexos metálicos; as ASAS são translúcidas e castanhas amareladas<br />
com pigmentação uniforme (elemento de diagnóstico). As PATAS são negras, <strong>no</strong> macho e na fêmea.<br />
Outras informações<br />
Espécie de distribuição europeia. Em Portugal continental não surge <strong>no</strong> Alentejo, mas ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>,<br />
embora com distribuição ‘limitada’. Espécie univoltina ou semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
25
Calopteryx xanthostoma<br />
(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Demoiselle<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Calopterygidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira de Seixe - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
26
!<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 46 mm de comprimento total. O MACHO tem o TÓRAX e o ABDÓMEN verdes ou<br />
azuis, com reflexos metálicos (elemento de diagnóstico); <strong>no</strong> tórax, sobre a sutura metapleural, pode haver<br />
uma faixa amarela mais ou me<strong>no</strong>s evidente, completa ou incompleta; a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos<br />
posteriores <strong>do</strong> ABDÓMEN também é amarela (elemento de diagnóstico). As ASAS <strong>do</strong> macho são estreitas<br />
e intensamente pigmentadas de azul metálico, mas apenas na metade distal, a partir <strong>do</strong> nódulo alar; a<br />
metade proximal não é pigmentada; <strong>no</strong> entanto, há significativa variabilidade na pigmentação da parte<br />
proximal das asas e podem, consequentemente, ser quase totalmente coloridas. A FÊMEA tem o corpo<br />
verde ou verde-bronze mais claro e também com reflexos metálicos; as ASAS são totalmente transparentes,<br />
embora com ligeira tonalidade esverdeada e com o falso PTEROSTIGMA branco. As PATAS são negras,<br />
quer <strong>no</strong> macho, quer na fêmea.<br />
Outras informações<br />
Ocorre apenas, grosso mo<strong>do</strong>, nas metades <strong>no</strong>rte da Península Ibérica e sul de França, estenden<strong>do</strong>-se um<br />
pouco para o <strong>no</strong>rte da Itália. Por vezes é considerada uma ssp. de C. splendens. Aparentemente, uma ‘raridade’<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; <strong>no</strong> entanto, Boulot et al. 2009 sugerem que a distribuição é mais ampla <strong>do</strong> que a agora<br />
cartografada.<br />
A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />
registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />
fêmea adulta - Ribeira de Seixe - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
27
ZYGOPTERA<br />
LESTIDAE<br />
A Família Lestidae está, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada por <strong>do</strong>is Géneros: o Lestes, com cinco<br />
Espécies, e o Sympecma, com apenas uma Espécie. A morfologia externa <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is Géneros<br />
é significativamente distinta.<br />
Uma libelinha da Família Lestidae (L. macrostigma) está classificada na European Red<br />
List of Dragonflies 2010 com o estatuto EN, ou seja, espécie ameaçada de extinção.<br />
A maior parte das Espécies da Família Lestidae distingue-se facilmente porque as libelinhas,<br />
quan<strong>do</strong> pousadas, ficam com as asas abertas, ao contrário <strong>do</strong> que é caraterístico<br />
da Subordem Zygoptera. Simultaneamente a cor <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> corpo é o verde ou o<br />
bronze, com reflexos metálicos (Género Lestes). Os machos de algumas Espécies apresentam<br />
pruinescência azulada (Lestes dryas, L. virens virens e L. macrostigma); outros (L.<br />
viridis), em oposição, nunca apresentam.<br />
As asas são simétricas, pecioladas e com um número muito diminuto de nervuras na<br />
parte proximal; são transparentes, têm numerosas células alares pentagonais, ao contrário<br />
<strong>do</strong> que acontece nas Famílias Platycnemidae e Coenagrionidae, e os pterostigmas,<br />
que existem tanto <strong>no</strong> macho como na fêmea, são retangulares e alonga<strong>do</strong>s (o<br />
comprimento é, pelo me<strong>no</strong>s, o <strong>do</strong>bro da largura). As patas têm cerdas longas.<br />
O Género Sympecma é a exceção na Família Lestidae; <strong>do</strong>mina a cor castanha muito clara<br />
e a quase total ausência reflexos metálicos, e os <strong>do</strong>is pares de asas tocam-se e encostam<br />
ao abdómen quan<strong>do</strong> os insetos estão pousa<strong>do</strong>s.<br />
Os ovos das Lestidae manifestam capacidade de resistência às condições de secura sazonal,<br />
o que facilita a distribuição da Família por habitats mais alarga<strong>do</strong>s. A oviposição<br />
ocorre muitas vezes em teci<strong>do</strong>s vegetais vivos posiciona<strong>do</strong>s acima <strong>do</strong> nível da água ou<br />
até em plantas distantes de volumes de água.<br />
28
Lestes barbarus<br />
(Fabricius, 1798) <strong>no</strong>me comum em inglês: Migrant Spreadwing<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - RNSCMVRSA - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
---<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
29
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 42 mm de comprimento total (elemento de diagnóstico particularmente útil na<br />
diferenciação com L. virens). OLHOS acastanha<strong>do</strong>s ou amarela<strong>do</strong>s. Parte posterior e inferior da cabeça,<br />
entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, amarelada. No TÓRAX, linha castanha muito clara sobre a carena<br />
<strong>do</strong>rsal, fina mas bem percetível; faixas anteumerais <strong>no</strong>toriamente largas. No ABDÓMEN, tanto <strong>no</strong> MACHO<br />
como na FÊMEA, a cor amarelada ventral estende-se para a face <strong>do</strong>rsal de S9 e S10, fican<strong>do</strong> apenas a verde<br />
ou bronze, metálico, uma banda <strong>do</strong>rsal que, <strong>no</strong> macho adulto, pode ser coberta por muito ligeira pruinescência<br />
azulada. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> MACHO, amarela<strong>do</strong>s, com as extremidades escuras;<br />
inferiores de tamanho médio, com as extremidades a apontar para fora (elemento de diagnóstico).<br />
PTEROSTIGMAS estenden<strong>do</strong>-se por duas células alares adjacentes, bicromáticos, com a parte distal (entre<br />
um terço e metade) de cor quase branca e a parte restante acastanhada; os pterostigmas são elemento de<br />
diagnóstico fundamental, embora possa haver, eventualmente, confusão com L. virens; <strong>no</strong>s tenerals a distinção<br />
entre as duas cores <strong>do</strong>s pterostigmas pode não ser ainda percetível. PATAS castanhas muito claras,<br />
com uma linha negra a to<strong>do</strong> o comprimento <strong>do</strong> fémur e tíbia.<br />
Outras informações<br />
Poderá ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Distribuída por toda a Europa e, pontualmente, <strong>no</strong><br />
<strong>no</strong>rte de África. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações referidas na Introdução<br />
deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição concordante<br />
com a agora cartografada.<br />
macho adulto - RNSCMVRSA - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
30
Lestes dryas<br />
Kirby, 1890 <strong>no</strong>me comum em inglês: Robust Spreadwing<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - charca nas prox. de Vagens, Rogil - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iv.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
31
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. No MACHO, OLHOS azuis escuros bastante evidentes;<br />
parte posterior e inferior da cabeça, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, verdes ou bronze muito<br />
escuras, ou mesmo negras, eventualmente com alguma pruinescência que pode ocorrer também sobre o<br />
pro<strong>no</strong>tum e até o protórax. Pre<strong>do</strong>mina, <strong>no</strong> TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, o verde ou o bronze,<br />
com reflexos metálicos; é elemento de diagnóstico fundamental a pruinescência azulada existente nas<br />
partes ventral e lateral inferior <strong>do</strong> TÓRAX, <strong>no</strong> ABDÓMEN em S1, em parte de S2, em S9 e em S10. Apêndices<br />
ab<strong>do</strong>minais superiores totalmente de cor bronze a quase negra; inferiores da mesma cor e com metade<br />
<strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong>s superiores. A FÊMEA é também, em visão <strong>do</strong>rsal, verde ou bronze, com reflexos<br />
metálicos; o pro<strong>no</strong>tum é amarela<strong>do</strong> e o protórax verde ou bronze; em visão lateral, <strong>no</strong> TÓRAX, surge uma<br />
pequena ‘espora’ a apontar para a cabeça (elemento de diagnóstico), desenhada <strong>no</strong> limite inferior da<br />
parte verde ou bronze; olhos azuis escuros acinzenta<strong>do</strong>s; abdómen de constituição robusta. PTEROS-<br />
TIGMAS negros (elemento de diagnóstico), <strong>no</strong> macho e na fêmea adultos, peque<strong>no</strong>s, com comprimento<br />
de cerca <strong>do</strong> <strong>do</strong>bro da largura e estenden<strong>do</strong>-se por apenas duas células alares adjacentes; <strong>no</strong>s limites <strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s me<strong>no</strong>res evidenciam-se linhas finas muito claras. PATAS castanhas muito escuras.<br />
Outras informações<br />
Espécie <strong>no</strong> extremo <strong>do</strong> limite sul da sua distribuição; uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Obrigatoriamente univoltina<br />
(Corbet et al. 2006).<br />
fêmea adulta - charca (<strong>no</strong>rte) de Queijeira, Rogil - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
32
Lestes macrostigma<br />
(Eversmann, 1836) <strong>no</strong>me comum em inglês: Dark Spreadwing<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): EN (Endangered)<br />
Tendência: Decréscimo<br />
macho adulto - Reserva Natural <strong>do</strong> Sapal de Castro Marim e Vila Real de Stº António - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
---<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
33
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 45 mm de comprimento total e constituição robusta. OLHOS azuis; partes posterior<br />
e inferior da cabeça, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, verdes ou bronze escuras e com ligeira pruinescência<br />
azulada. Tanto <strong>no</strong> MACHO como na FÊMEA é elemento de diagnóstico fundamental a pruinescência<br />
intensa de cor violeta azulada que existe ao longo <strong>do</strong> protórax, TÓRAX e ABDÓMEN, salvo <strong>no</strong>s<br />
segmentos centrais (S3 a S7) que são verdes escuros e com reflexos metálicos. Os PTEROSTIGMAS muito<br />
compri<strong>do</strong>s e quase negros, estenden<strong>do</strong>-se por três a quatro células alares adjacentes, são outro elemento<br />
de diagnóstico; <strong>no</strong> teneral são castanhos. PATAS negras.<br />
Outras informações<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações referidas na<br />
Introdução deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição<br />
concordante com a agora cartografada. A população existente na Reserva Natural <strong>do</strong> Sapal de Castro Marim<br />
e Vila Real de Stº António (RNSCMVRSA) parece, <strong>no</strong> entanto, ser numerosa. Existem referências, mas<br />
que não foi ainda possível confirmar, da ocorrência da espécie nas proximidades da Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil.<br />
Para o <strong>Algarve</strong> existe ainda um registo publica<strong>do</strong> em 1999 por Kappes & Kappes.<br />
Ocorre de forma distribuída por toda a Europa, mas somente em locais onde o habitat é adequa<strong>do</strong>. A sua<br />
especificidade e dependência de águas salobras e vegetação densa, com espécies caraterísticas <strong>do</strong>s sapais,<br />
torna-a bastante suscetível às alterações e à degradação <strong>do</strong> habitat, e por isso é considerada, na Europa<br />
<strong>do</strong>s 27, espécie ameaçada de extinção.<br />
Foram recentemente publica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s (Matushkina & Lambret 2011 e Lambret & Stoquert 2011)<br />
sobre tópicos de biologia e comportamento, <strong>no</strong> acasalamento e oviposição da espécie, que poderão contribuir<br />
para, futuramente, se conhecer melhor a sua distribuição e a conservação <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
o tandem anterior à cópula mantém-se durante horas, de manhã - RNSCMVRSA - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
34
Lestes virens<br />
(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Spreadwing<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - salinas aban<strong>do</strong>nadas de Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
35
Identificação<br />
Os adultos são peque<strong>no</strong>s e só raramente têm comprimento total superior a 39 mm (elemento de diagnóstico,<br />
em particular para a diferenciação com L. barbarus). OLHOS azula<strong>do</strong>s e muito evidentes <strong>no</strong> MACHO,<br />
embora <strong>no</strong> imaturo possam ser castanhos; na FÊMEA o azul é mais discreto ou até inexistente. Parte superior<br />
da cabeça verde ou bronze metálicos, e partes posterior e inferior, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum,<br />
amarelas. TÓRAX e ABDÓMEN de cores bronze ou verde e com reflexos metálicos; <strong>no</strong> TÓRAX, faixas<br />
anteumerais finas e contínuas. No MACHO, pruinescência azulada intensa (elemento de diagnóstico) <strong>no</strong><br />
ABDÓMEN, em S9 e S10, mas nunca em S1, S2 e S8. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong>s adultos, amarela<strong>do</strong>s<br />
e com as extremidades escuras; inferiores muito peque<strong>no</strong>s (elemento de diagnóstico). PTEROS-<br />
TIGMAS mo<strong>no</strong>cromáticos, acastanha<strong>do</strong>s (nunca cinzentos muito escuros ou negros); por vezes o terço<br />
distal é mais claro, suscitan<strong>do</strong> confusão com L. barbarus; esta forma de pigmentação <strong>do</strong>s pterostigmas<br />
parece ser comum <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Os pterostigmas <strong>do</strong> teneral são mo<strong>no</strong>cromáticos e quase brancos.<br />
Outras informações<br />
Existem duas ssp.: virens e vestalis. Nas fêmeas adultas da ssp. virens o verde metálico não atinge a sutura<br />
metapleural; nas da ssp. vestalis atinge. Espécie presente em praticamente toda a Europa, embora não na<br />
parte sudeste da Península Ibérica. No <strong>Algarve</strong> tem distribuição ‘limitada’.<br />
macho adulto - charca (N) de Queijeira, Rogil - Julho fêmea adulta - Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />
tandem - oviposição - salinas aban<strong>do</strong>nadas de Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
36
Lestes viridis<br />
(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Willow Spreadwing<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Moinhos da Rocha, Ribeira da Asseca, Tavira - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
37
Identificação<br />
Os machos têm cerca de 45 mm de comprimento total e as fêmeas são ligeiramente mais pequenas. No<br />
MACHO e na FÊMEA adultos os OLHOS são castanhos, (elemento de diagnóstico); partes superior, posterior<br />
e inferior da cabeça em verde ou bronze, com reflexos metálicos. O TÓRAX e o ABDÓMEN são pre<strong>do</strong>minantemente<br />
verde escuro, metálico, eventualmente com reflexos bronze; em visão ventral pre<strong>do</strong>mina<br />
a cor amarelada; em visão lateral, <strong>no</strong> TÓRAX, a existência de uma ‘espora’ a apontar para a cabeça, <strong>no</strong><br />
limite inferior da parte verde, é outro elemento de diagnóstico fundamental da espécie (fêmea de L. dryas<br />
tem uma ‘espora’ semelhante, mas me<strong>no</strong>r). O MACHO nunca apresenta pruinescência, o que constitui<br />
elemento de diagnóstico. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores amarela<strong>do</strong>s com as extremidades escuras;<br />
inferiores muito peque<strong>no</strong>s. PTEROSTIGMAS castanhos claro, por vezes mais claros <strong>no</strong> centro, estenden<strong>do</strong>se<br />
por duas células alares contíguas; <strong>no</strong>s tenerals são amarela<strong>do</strong>s.<br />
Outras informações<br />
Ocorre na generalidade da Europa e de forma localizada <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. No <strong>Algarve</strong>, distribuição ‘alargada’.<br />
É um Lestes de comportamento muito discreto e, por esse motivo, mais difícil de observar: surge<br />
quase apenas em zonas muito sombrias, <strong>no</strong> meio da vegetação arbustiva e arbórea. Espécie obrigatoriamente<br />
univoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho adulto - Ribª da Perna da Negra - Julho fêmea adulta - Ribª da Perna da Negra - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
38
Sympecma fusca<br />
(Vander Linden, 1820) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Winter Damsel<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Lestidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
fêmea adulta - Barranco <strong>do</strong>s Pisões, Monchique - Julho (fotografia de Nelson Fonseca)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.ii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.ii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Wallis (1996)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
39
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 36 mm de comprimento total. Os OLHOS podem ser azula<strong>do</strong>s ou castanhos claros,<br />
em especial <strong>no</strong>s insetos jovens. O TÓRAX e o ABDÓMEN são páli<strong>do</strong>s, cor de areia (elemento de diagnóstico),<br />
com partes mais escuras em tom verde seco e ligeiros reflexos metálicos (elemento de diagnóstico),<br />
na face superior da cabeça, <strong>no</strong> tórax e na parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores,<br />
<strong>no</strong> macho, igualmente cor de areia; apêndices inferiores muito peque<strong>no</strong>s.<br />
Outras informações<br />
Em algumas regiões da Europa os insetos adultos hibernam durante o inver<strong>no</strong> e reproduzem-se na primavera<br />
seguinte. Askew (2004) afirma ser o único Género de O<strong>do</strong>nata presente na Europa com tal comportamento,<br />
mas a ocorrência deste padrão, <strong>no</strong> ciclo de vida da S. fusca, não foi ainda confirmada para o<br />
<strong>Algarve</strong>, onde parece ser uma ‘raridade’.<br />
macho adulto - margem alagada <strong>do</strong> Rio Séqua, Tavira - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
40
ZYGOPTERA<br />
COENAGRIONIDAE<br />
As libelinhas Coenagrionidae constituem a maior e mais diversificada Família de<br />
Zygoptera, mesmo à escala global. No <strong>Algarve</strong> estão representadas por três Subfamílias<br />
(Coenagrioninae, Ischnurinae e Nehalenniinae), e simultaneamente por seis Géneros e<br />
<strong>no</strong>ve Espécies.<br />
As populações são, em geral, numerosas. Os machos, mais colori<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as fêmeas,<br />
são intensamente azuis ou vermelhos. As asas são transparentes e as células alares pre<strong>do</strong>minantemente<br />
retangulares.<br />
Na Subfamília Coenagrioninae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas arre<strong>do</strong>ndadas, a parte proximal<br />
peciolada das asas é curta e as fêmeas não apresentam espinho vulvar. A esta<br />
Subfamília pertencem os Géneros Erythromma e Pyrrhosoma.<br />
Na Subfamília Ischnurinae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas arre<strong>do</strong>ndadas, a parte proximal<br />
peciolada das asas é longa e as fêmeas apresentam espinho vulvar. A esta Subfamília<br />
pertencem os Géneros Enallagma e Ischnura.<br />
Na Subfamília Nehalenniinae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas angulosas e a parte proximal<br />
peciolada das asas é curta. A esta Subfamília pertence o Género Ceriagrion.<br />
41
Ceriagrion tenellum<br />
(De Villers, 1789) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Red Damsel<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Nehalenniinae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - lagoa de Boi, Aljezur - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
42
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. No MACHO, OLHOS em vermelho-acastanha<strong>do</strong>;<br />
sem manchas pós-oculares; <strong>no</strong> TÓRAX, faixas anteumerais não existem ou são muito finas e incompletas;<br />
ABDÓMEN totalmente vermelho (elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores muito peque<strong>no</strong>s.<br />
As FÊMEAS têm quatro formas cromáticas: i. typica, a mais comum, com a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen<br />
pre<strong>do</strong>minantemente de cor bronze escuro, mas com os segmentos S1 a S4 e S10 vermelhos; ii.<br />
erythrogastrum, muito semelhante ao macho; iii. intermedium, com a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen pre<strong>do</strong>minantemente<br />
vermelha, mas S5 ou S6 até S8 são de cor bronze escuro; iv. mela<strong>no</strong>gastrum, com a parte <strong>do</strong>rsal<br />
<strong>do</strong> abdómen quase totalmente em cor bronze escuro. Nas ASAS, parte proximal da nervação principal<br />
avermelhada, mas com as membranas transparentes; PTEROSTIGMAS não são mais compri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as<br />
células contíguas e são também avermelha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico). As PATAS são amarelas acastanhadas<br />
ou vermelhas acastanhadas (elemento de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Esta espécie e a P. nymphula são as únicas libelinhas que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> em que pre<strong>do</strong>minam as cores<br />
vermelha e preta. Apenas foram encontradas as formas cromáticas femininas typica e erythrogastrum.<br />
Distribuição ‘limitada’.<br />
fêmea typica - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo - Junho tandem com f. erythrogastrum - Serra <strong>do</strong> Caldeirão - Julho<br />
machos adultos - barrag. <strong>do</strong> Aterro Sanitário <strong>do</strong> Sotavento, Serra <strong>do</strong> Caldeirão - Ribeira de Algibre - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
43
Coenagrion puella<br />
(Linnaeus, 1758) <strong>no</strong>me comum em inglês: Azure Bluet<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - charca de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
McLachlan (1880)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
44
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total. As partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN,<br />
<strong>no</strong> MACHO, são azuis; as FÊMEAS podem ter duas formas, dependen<strong>do</strong> da cor não negra: azuis (forma<br />
homocromática) ou verdes (f. heterocromática). Na cabeça, marcas pós-oculares ovais ou circulares. No<br />
TÓRAX, faixas anteumerais médias a largas e completas, uma linha negra incompleta na sutura interpleural<br />
e outra completa na sutura metapleural. No ABDÓMEN <strong>do</strong> macho pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s<br />
desenhos a negro nas partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental:<br />
em S2 (elemento de diagnóstico), desenho em U completo; S3 a S5 com desenhos limita<strong>do</strong>s ao terço posterior<br />
de cada segmento e linhas laterais negras muito finas (elemento de diagnóstico fundamental); S7 é<br />
o segmento mais escuro; S8 praticamente to<strong>do</strong> azul, mas com duas pequenas marcas negras laterais<br />
(elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores. FÊMEA<br />
sem espinho vulvar. PTEROSTIGMAS mo<strong>no</strong>cromáticos cinzentos muito escuros ou negros.<br />
Outras informações<br />
Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações<br />
com as caraterísticas referidas na Introdução deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já<br />
a sua ocorrência na região, numa posição concordante com a agora cartografada.<br />
A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />
registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
45
Coenagrion scitulum<br />
(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Dainty Bluet<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
tandem - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
46
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. As partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN,<br />
quer <strong>no</strong> MACHO, quer na FÊMEA, são azuis. Na cabeça, os OLHOS <strong>do</strong> MACHO são azuis, da FÊMEA verdes;<br />
marcas pós-oculares circulares azuis. No TÓRAX, faixas anteumerais médias a largas e completas, uma linha<br />
negra incompleta na sutura interpleural e outra linha negra completa, mas de espessura variável, na<br />
sutura metapleural. No ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s desenhos a negro nas<br />
partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental; em S2 (elemento de<br />
diagnóstico), desenho relativamente simples a lembrar uma cabeça estilizada de gato com orelhas compridas,<br />
e que contacta com um anel negro que separa S2 de S3; em S3, desenho com uma oval ou lança<br />
pedunculada, cujo eixo maior é paralelo ao eixo principal <strong>do</strong> abdómen; S6 e S7 são completamente negros;<br />
S8 azul, bem como a parte anterior de S9; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores mais curtos <strong>do</strong> que S10<br />
e maiores que os inferiores. O ABDÓMEN da FÊMEA, em visão <strong>do</strong>rsal, é quase inteiramente negro, apenas<br />
com azul <strong>no</strong>s limites <strong>do</strong>s segmentos; sem espinho vulvar. PTEROSTIGMAS trapezoidais, ligeiramente mais<br />
longos <strong>no</strong> limite distal, castanhos claros.<br />
Outras informações<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Oviposição em tandem (ovip.TD). A C. scitulum pode, eventualmente, ser confundida<br />
com Coenagrion caerulescens, espécie cuja ocorrência <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> não está confirmada (de forma<br />
inequívoca, embora seja referida por Vieira et al. 2010).<br />
machos adultos - charca de Azia, Rogil - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />
cópula - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho oviposição - charca de Lotão - Abril<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
47
Enallagma cyathigerum<br />
(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Bluet<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
48
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total e constituição robusta. As partes não negras <strong>do</strong><br />
TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN, <strong>no</strong> MACHO, são azuis; as FÊMEAS podem ter duas formas, expressas na cor não<br />
negra: azuis (forma homocromática) ou verdes (forma heterocromática). Na cabeça, marcas pós-oculares<br />
circulares grandes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, presença de faixas anteumerais largas (elemento<br />
de diagnóstico) e uma faixa negra lateral na sutura umeral; sobre a sutura metapleural pode ou não<br />
existir uma fina linha negra. No ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s desenhos a<br />
negro nas partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental; em S2 há<br />
uma marca negra em forma de cogumelo (elemento de diagnóstico), em contacto com um anel também<br />
negro existente entre S2 e S3; S3 a S5 têm desenhos a negro em forma de copo com pé, preenchen<strong>do</strong> o<br />
terço posterior <strong>do</strong>s segmentos; em S6 e S7 as partes negras são maiores e terminam com peque<strong>no</strong>s vértices<br />
<strong>no</strong>s limites anteriores; S8 e S9 são totalmente azuis (elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />
diminutos, os inferiores maiores <strong>do</strong> que os superiores. No ABDÓMEN da FÊMEA, entre S3 e S7 há marcas<br />
negras em forma de torpe<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental); espinho vulvar bastante desenvolvi<strong>do</strong>.<br />
PTEROSTIGMAS cinzentos escuros, em forma de losango.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
machos adultos - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril<br />
tandem - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril cópula - charca de Azia, Rogil - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
49
Erythromma lindenii<br />
(Selys, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Blue-eye<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
50
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total. No MACHO, as partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong><br />
ABDÓMEN são azuis, na FÊMEA pre<strong>do</strong>mina o verde; <strong>no</strong> TÓRAX de ambos, as faixas anteumerais são largas<br />
(elemento de diagnóstico) e da cor não negra <strong>do</strong>minante; faixa negra fina incompleta na sutura interpleural<br />
e faixa negra completa na metapleural. O MACHO tem os OLHOS intensamente azuis e as manchas<br />
pós-oculares são apenas faixas estreitas também azuis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, não tem azul na parte <strong>do</strong>rsal<br />
de S7 e S8, enquanto que S9 e S10 são intensamente azuis, o que permite identificar, mesmo à distância<br />
e quase que inequivocamente a espécie (elemento de diagnóstico fundamental); S3 a S6 têm, <strong>do</strong>rsalmente,<br />
setas ou flechas negras a apontar para a cabeça (elemento de diagnóstico), e que percorrem a quase<br />
totalidade de cada segmento; os apêndices superiores ab<strong>do</strong>minais têm comprimento igual ou superior a<br />
S10. A FÊMEA tem a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> ABDÓMEN quase totalmente escura ou negra; não tem espinho vulvar<br />
(elemento de diagnóstico fundamental).<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie univoltina ou bivoltina<br />
(Corbet et al. 2006). Plantas flutuantes, como o Ranunculus aquatilis (white water-crowfoot), são muito<br />
frequentemente utilizadas para a deposição <strong>do</strong>s ovos.<br />
macho adulto - charca de Azia, Rogil - Maio tandem - Ribª <strong>do</strong> Leitejo, Cachopo - Abril<br />
oviposição - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
51
Erythromma viridulum<br />
(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Redeye<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
52
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 30 mm de comprimento total e são a única espécie de libelinhas que ocorre <strong>no</strong><br />
<strong>Algarve</strong> em que surgem, simultaneamente, as cores vermelha e azul. O MACHO tem os OLHOS vermelhos<br />
(elemento de diagnóstico fundamental), sem manchas pós-oculares. No TÓRAX de machos e fêmeas as<br />
faixas anteumerais são estreitas (elemento de diagnóstico) e da cor não negra <strong>do</strong>minante, poden<strong>do</strong> ser<br />
completas ou incompletas; em geral são mais percetíveis na FÊMEA. No MACHO, a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> AB-<br />
DÓMEN entre S2 e S8 é escura e com reflexos metálicos; S9 e S10 são em azul intenso; em visão lateral, S2<br />
e S8 são azuis, enquanto que S3 a S7 são, pre<strong>do</strong>minantemente, escuros.<br />
Outras informações<br />
Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. A distribuição agora cartografada é mais ampla <strong>do</strong> que a<br />
apresentada nas publicações referidas na Introdução deste Guia Digital e também por Boulot et al. 2009.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
53
Ischnura graellsii<br />
(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Iberian Bluetail<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto (a comer um inseto) - RNSCMVRSA - Março<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.i. I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
McLachlan (1880)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
54
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 28 mm de comprimento total e aparência frágil. Na cabeça, as manchas pós-oculares<br />
são muito reduzidas ou inexistentes. No MACHO há alguma heterogeneidade de tom; o TÓRAX é<br />
pre<strong>do</strong>minantemente azul; faixas anteumerais negras e finas, poden<strong>do</strong> ser incompletas ou até inexistentes;<br />
enquanto imaturo, o azul é páli<strong>do</strong> ou esverdea<strong>do</strong>; em visão <strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong> ABDÓMEN to<strong>do</strong>s os segmentos<br />
são negros, eventualmente com reflexos metálicos acobrea<strong>do</strong>s, exceção feita para S8, que é azul (elemento<br />
de diagnóstico fundamental); em visão lateral, S1 e S2 são azuis, S3 a S6 escuros ou acobrea<strong>do</strong>s, com<br />
reflexos metálicos, S7, S9 e S10 parcialmente azuis, e S8 totalmente azul (elemento de diagnóstico);<br />
apêndices ab<strong>do</strong>minais muito reduzi<strong>do</strong>s. As FÊMEAS têm três formas cromáticas: i. typica / violacea: muito<br />
semelhante ao macho quan<strong>do</strong> adulta; o tórax pode ser violeta ou lilás, particularmente se imatura; ii. infuscans:<br />
as partes não negras da cabeça, <strong>do</strong> tórax e <strong>do</strong> abdómen (S8 incluí<strong>do</strong>) são verde azeitona ou castanhas;<br />
iii. rufescens: o tórax é cor de laranja e S8 é parcialmente azul. Em todas as formas, presença de<br />
espinho vulvar peque<strong>no</strong> em S8. As ASAS são proporcionalmente curtas, terminan<strong>do</strong> a meio de S6 (elemento<br />
de diagnóstico); <strong>no</strong> MACHO, o PTEROSTIGMA da ASA ANTERIOR é bicromático (elemento de diagnóstico<br />
fundamental), escuro ou negro na metade proximal e quase branco na distal.<br />
Outras informações<br />
Uma das espécies com distribuição mais ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, embora ocorra apenas na Península Ibérica<br />
e <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. Ver Identificação de I. pumilio. Espécie multivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho teneral - Nª Srª <strong>do</strong> Livramento - Fevereiro fêmea typica / violacea - RNSCMVRSA - Abril<br />
fêmea rufescens - RNSCMVRSA - Abril cópula (fêmea infuscans) - Ribª de Odeleite - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
55
Ischnura pumilio<br />
(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Bluetail<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
fêmea (a comer um inseto) - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
56
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 28 mm de comprimento total e aparência frágil. Na cabeça, manchas pós-oculares<br />
azuis e bastante visíveis (elemento de diagnóstico). No MACHO o TÓRAX é pre<strong>do</strong>minantemente azul,<br />
com faixas anteumerais negras bem evidentes (elemento de diagnóstico); enquanto imaturo, o azul é páli<strong>do</strong>;<br />
há também uma linha negra incompleta na sutura interpleural e outra na metapleural; em visão<br />
<strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong> ABDÓMEN to<strong>do</strong>s os segmentos são negros, com reflexos metálicos acobrea<strong>do</strong>s, exceção feita<br />
para S9 (elemento de diagnóstico fundamental), que é pre<strong>do</strong>minantemente azul; em visão lateral, S1 e<br />
S2 são azuis, S3 a S6 acobrea<strong>do</strong>s com reflexos metálicos, S7, S8 e S10 negros e azuis, e S9 total ou quase<br />
totalmente azul (elemento de diagnóstico). A FÊMEA, enquanto imatura, é quase totalmente cor laranja<br />
vivo, exceção feita para a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> ABDÓMEN, escura ou acobreada em to<strong>do</strong>s os segmentos, com<br />
reflexos metálicos (elemento de diagnóstico fundamental - Askew (2004) designa-a como forma aurantiaca);<br />
na adulta, o laranja é substituí<strong>do</strong> pelo verde; na parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen as cores escura ou acobreada<br />
com reflexos metálicos ficam mais alargadas. As ASAS são proporcionalmente pequenas e terminam<br />
em S6. No MACHO, ASA POSTERIOR com PTEROSTIGMA bicromático (elemento de diagnóstico fundamental),<br />
negro na metade proximal e branco na distal; PTEROSTIGMA da ASA ANTERIOR acinzenta<strong>do</strong> e<br />
de me<strong>no</strong>r dimensão (elemento de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ver Identificação de I. graellsii. Espécie bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho imaturo (teneral) - RNSCMVRSA - Maio macho adulto - Lagoa de Budens - Março<br />
fêmeas imaturas - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
57
Pyrrhosoma nymphula<br />
(Sulzer, 1776) <strong>no</strong>me comum em inglês: Large Red Damsel<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Fonte Filipe, Querença - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
58
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total e constituição robusta. Esta espécie e a C. tenellum<br />
são as únicas libelinhas, entre todas as que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, em que pre<strong>do</strong>minam as cores vermelha e<br />
negra (elemento de diagnóstico). Todas as partes negras, dependen<strong>do</strong> da luz incidente, podem ter reflexos<br />
metálicos em verde ou bronze escuro. Os OLHOS são vermelho-acastanha<strong>do</strong> e não existem manchas<br />
pós-oculares. No TÓRAX, faixas anteumerais laranja-avermelha<strong>do</strong>; abaixo da sutura metapleural pre<strong>do</strong>mina<br />
o amarelo (elemento de diagnóstico). O ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO é pre<strong>do</strong>minantemente vermelho,<br />
com manchas negras ou verde-bronze e reflexos metálicos especialmente em S7, S8 e S9; em visão lateral<br />
S1 é amarelo (elemento de diagnóstico); os apêndices superiores ab<strong>do</strong>minais têm comprimento igual ou<br />
superior a S10. As FÊMEAS podem ser de três formas: i. fulvipes, muito semelhante ao macho; ii. mela<strong>no</strong>tum,<br />
com o abdómen escuro e as faixas anteumerais amarelas; iii. typica, com coloração intermédia, entre<br />
as duas formas anteriores); não têm espinho vulvar. PTEROSTIGMAS são negros e mais compri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que<br />
as células contíguas; PATAS são negras (outros elementos de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Ocorre de forma alargada em toda a Europa e de forma localizada <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. Distribuição ‘limitada’<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
A observação nas encostas da Picota, Serra de Monchique, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />
registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />
macho adulto - Fóia, Monchique - Maio fêmea adulta, f. typica - Asseiceira, Cachopo - Abril<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
59
ZYGOPTERA<br />
PLATYCNEMIDIDAE<br />
A Família Platycnemididae é muito facilmente reconhecida pelo achatamento das tíbias<br />
<strong>do</strong>s 2º e 3º pares de patas, mais evidente <strong>no</strong>s machos <strong>do</strong> que nas fêmeas; as patas<br />
são de cor clara e as cerdas longas e numerosas.<br />
São também elementos de diagnóstico fundamentais a cabeça muito larga, mais <strong>do</strong> que<br />
o tórax, com uma faixa pós-ocular contínua, e, nas asas, as células discoidais praticamente<br />
retangulares.<br />
São libelinhas sem quaisquer reflexos metálicos, com pre<strong>do</strong>mínio das cores branca, por<br />
vezes azulada, ou das alaranjada e negra. A sequência de faixas <strong>no</strong> tórax, castanhas<br />
muito claras e negras, é outra caraterística identifica<strong>do</strong>ra da Família. Nas asas, a quase<br />
totalidade das células é tetragonal e os pterostigmas são quadra<strong>do</strong>s ou rombóides, <strong>no</strong>s<br />
machos e nas fêmeas.<br />
A distinção entre as duas Espécies que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> é particularmente simples,<br />
<strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s machos adultos, sen<strong>do</strong> feita com base na cor <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> abdómen e<br />
também por detalhes nas tíbias e apêndices ab<strong>do</strong>minais. Nas fêmeas, pelo contrário, a<br />
distinção é me<strong>no</strong>s evidente e imediata, sen<strong>do</strong> determinante a observação das faixas negras<br />
<strong>do</strong> tórax.<br />
60
Platycnemis acutipennis<br />
Selys, 1841 <strong>no</strong>me comum em inglês: Orange Featherleg<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Platycnemididae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />
Tendência: Estável<br />
tandem - charca de Azia, Rogil - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
61
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 36 mm de comprimento total. No MACHO adulto os OLHOS são azuis (elemento<br />
de diagnóstico); <strong>no</strong> teneral são castanhos; o TÓRAX é verde muito claro e, para além da faixa negra na carena<br />
<strong>do</strong>rsal, destacam-se duas linhas negras paralelas (elemento de diagnóstico), uma sobre a sutura<br />
umeral e outra imediatamente abaixo; o ABDÓMEN é cor de laranja, com marcas escuras de S7 a S9; os<br />
apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são bífi<strong>do</strong>s e mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores; as PATAS não são achatadas<br />
como é caraterístico da Família, e são de cor verde páli<strong>do</strong> com uma linha fina negra a to<strong>do</strong> o comprimento.<br />
A FÊMEA é pre<strong>do</strong>minantemente castanha clara ou laranja muito ténue; as duas linhas negras paralelas<br />
<strong>no</strong> TÓRAX, muito semelhantes às <strong>do</strong> macho, são elemento de diagnóstico fundamental; <strong>no</strong> ABDÓ-<br />
MEN há uma faixa negra <strong>do</strong>rsal bastante evidente e que se prolonga por quase to<strong>do</strong>s os segmentos; as<br />
tíbias são ligeiramente mais dilatadas <strong>do</strong> que as <strong>do</strong> macho.<br />
Outras informações<br />
Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie endémica da Europa, que ocorre apenas na Península Ibérica e<br />
em França. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Os adultos podem observar-se nas proximidades <strong>do</strong>s volumes<br />
de água, mas também a metros de distância <strong>do</strong>s mesmos.<br />
A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />
registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />
macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho fêmea adulta - Fonte da Benémola - Maio<br />
macho adulto - Fonte da Benémola - Maio macho imaturo (teneral) - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Abril<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
62
Platycnemis latipes<br />
Rambur, 1842 <strong>no</strong>me comum em inglês: White Featherleg<br />
Subordem: Zygoptera<br />
Família: Platycnemididae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />
Tendência: Estável<br />
tandem - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
63
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total. No MACHO destaca-se a cor branca ou azul muito<br />
clara (elemento de diagnóstico fundamental), pre<strong>do</strong>minante <strong>no</strong>s OLHOS e <strong>no</strong> ABDÓMEN; a face <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong><br />
protórax é negra; o TÓRAX é castanho muito claro, exceção para a larga faixa negra na carena <strong>do</strong>rsal,<br />
para a linha igualmente negra na sutura umeral e para outra linha muito fina, incompleta ou até inexistente,<br />
entre as suturas umeral e interpleural; <strong>no</strong> ABDÓMEN, a parte <strong>do</strong>rsal de S6 a S9 é cinzenta ou negra<br />
(elemento de diagnóstico), se bem que a extensão das manchas seja muito variável; as PATAS são acentuadamente<br />
achatadas e dilatadas, brancas e com uma linha negra <strong>no</strong>s fémures (elemento de diagnóstico<br />
fundamental); os apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são pontiagu<strong>do</strong>s e mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores.<br />
Na FÊMEA pre<strong>do</strong>mina também a coloração clara, quase branca, embora <strong>no</strong> TÓRAX o castanho seja mais<br />
intenso (elemento de diagnóstico); os OLHOS são igualmente castanhos e as PATAS não são tão carateristicamente<br />
achatadas e dilatadas. Machos e fêmeas têm PTEROSTIGMAS castanhos escuros.<br />
Outras informações<br />
Ocorre apenas na Península Ibérica e na parte su<strong>do</strong>este de França. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>,<br />
com algumas populações muito numerosas. Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie univoltina (Corbet<br />
et al. 2006).<br />
macho adulto (à esquerda) - fêmea adulta (à direita) - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
macho adulto (à esquerda) - fêmea adulta (à direita) - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
64
ANISOPTERA<br />
AESHNIDAE<br />
No <strong>Algarve</strong>, a Família Aeshnidae está representada por três Géneros: Aeshna, Anax e<br />
Boyeria.<br />
Os adultos das diferentes Espécies têm dimensões apreciáveis, sempre acima de 60 mm<br />
de comprimento. Aparentam ser insetos robustos e incansáveis, e a maior O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong><br />
<strong>Algarve</strong> (Anax imperator) pertence a esta Família. Os machos são voa<strong>do</strong>res ativos e,<br />
quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>s, ficam na vertical. As fêmeas dispõem de um peque<strong>no</strong> ovipositor, o<br />
que não é muito comum entre os Anisoptera.<br />
Pre<strong>do</strong>minam as faixas oblíquas e as manchas de cores azuis, verdes e amarelas <strong>no</strong> tórax<br />
e <strong>no</strong> abdómen <strong>do</strong>s insetos adultos, sobre ‘fun<strong>do</strong>s’ castanhos ou cinzentos escuros.<br />
Algumas Espécies têm comportamentos migratórios e, consequentemente, surgem picos<br />
de registos de observações <strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>. A costa su<strong>do</strong>este<br />
algarvia parece integrar uma rota preferencial de passagem. A complexa temática das<br />
migrações das O<strong>do</strong>nata é ainda muito ‘quente’ <strong>no</strong> contexto da investigação científica.<br />
65
Aeshna cyanea<br />
(Müller, 1764) <strong>no</strong>me comum em inglês: Blue Hawker<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
fêmea adulta - Barranco <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong> - Novembro (fotografia de João Tiago Tavares)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
fontes de informação<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
66
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 72 mm de comprimento total. OLHOS pre<strong>do</strong>minantemente azuis <strong>no</strong> MACHO<br />
adulto, castanhos na FÊMEA. No TÓRAX de ambos, que é castanho escuro, faixas anteumerais verdes e<br />
largas (elemento de diagnóstico); em visão lateral, duas faixas oblíquas, também verdes e muito estendidas.<br />
No MACHO adulto, aurículas azuis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong>s quartos posteriores de S2 a<br />
S7 destacam-se duas manchas verdes por segmento; em S8 as duas manchas são azuis; em S9 e S10 o azul<br />
é mais estendi<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico); em visão lateral, observam-se também manchas azuis, mas<br />
<strong>no</strong>s quartos anteriores de S2 a S8. Na FÊMEA, o padrão das manchas ab<strong>do</strong>minais é semelhante, mas sempre<br />
de cor verde-amarelada (elemento de diagnóstico). Nas ASAS, de membranas incolores, PTEROS-<br />
TIGMAS escuros e curtos; <strong>no</strong> macho, a membrânula termina antes <strong>do</strong> limite posterior <strong>do</strong> triângulo anal, o<br />
qual tem pelo me<strong>no</strong>s três células.<br />
Outras informações<br />
Filogeneticamente parece ser bastante distinta das restantes Aeshna sp. Pode ser considerada uma ‘raridade’<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.AF. Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
67
Aeshna isoceles<br />
(Müller, 1767) <strong>no</strong>me comum em inglês: Green-eyed Hawker<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.ii.<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Wallis (1996)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 64 mm de comprimento total. Pre<strong>do</strong>mina o castanho avermelha<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o<br />
corpo (elemento de diagnóstico); <strong>no</strong> ABDÓMEN não se observa o padrão de cores caraterístico <strong>do</strong> Género<br />
nem surgem partes em azul e/ou verde. No MACHO, e também na FÊMEA, os OLHOS são verdes (elemento<br />
de diagnóstico), a fronte e peças bucais amarelas; <strong>no</strong> TÓRAX existem, em visão lateral, duas faixas<br />
oblíquas amarelas pouco percetíveis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal e a to<strong>do</strong> o comprimento de S2, destaca-se<br />
um triângulo amarelo (elemento de diagnóstico); os PTEROSTIGMAS são alaranja<strong>do</strong>s. No MACHO,<br />
<strong>no</strong> triângulo anal da ASA POSTERIOR, contíguo à membrânula que é bastante alongada e cinzenta escura,<br />
sobressai um alinhamento de membranas alares cor-de-laranja (elemento de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Por vezes designada como Aeshna isosceles. Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, onde deverá<br />
ser a Aeshna sp. mais temporã. O único registo para o <strong>Algarve</strong> ocorreu <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1995; <strong>no</strong> entanto, Boulot<br />
et al. 2009 assinalam a sua ocorrência <strong>no</strong> litoral oeste da região. Ovip.AF.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
68
Aeshna mixta<br />
Latreille, 1805 <strong>no</strong>me comum em Inglês: Migrant Hawker<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Outubro<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
69
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 62 mm de comprimento total. O MACHO tem a fronte e peças bucais brancas, e<br />
os OLHOS total ou parcialmente azuis; o TÓRAX é acastanha<strong>do</strong> e, em visão lateral, mostra duas faixas<br />
oblíquas amarelas; o ABDÓMEN é profusamente colori<strong>do</strong> de amarelo e azul, sobre ‘fun<strong>do</strong>’ castanho (elemento<br />
de diagnóstico fundamental); em visão <strong>do</strong>rsal, S1 é castanho, em S2 destaca-se, <strong>no</strong> eixo <strong>do</strong>rsal, um<br />
triângulo amarelo e na parte posterior um anel azul (elemento de diagnóstico); S3 tem, <strong>no</strong> quarto posterior,<br />
duas manchas azuis; entre S4 e S8 repetem-se, <strong>no</strong> quarto anterior, duas diminutas manchas amarelas<br />
e, <strong>no</strong> posterior, duas grandes manchas azuis; em S9 e S10 só se observam as manchas azuis, mais pálidas<br />
e esverdeadas; em visão lateral, em S1 há uma faixa amarela, em S2 e S3 pre<strong>do</strong>mina o azul, entre S4 e S8<br />
a metade anterior é azul e na posterior observa-se o limite das manchas <strong>do</strong>rsais; S9 e S10 são castanhos<br />
escuros e observam-se as manchas <strong>do</strong>rsais. A FÊMEA é semelhante mas o azul é parcialmente substituí<strong>do</strong><br />
pelo amarelo esverdea<strong>do</strong>, e as partes castanhas são mais <strong>do</strong>minantes. Em ambos, os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />
são negros e longos, praticamente <strong>do</strong> mesmo comprimento <strong>do</strong> que S9 e S10. O apêndice ab<strong>do</strong>minal<br />
inferior, <strong>no</strong> macho, é mais claro e facilmente percetível, em visão <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico); na<br />
fêmea, os apêndices ab<strong>do</strong>minais têm, <strong>no</strong> conjunto, diâmetro inferior ao <strong>do</strong> abdómen. Os PTEROSTIGMAS<br />
são escuros e estendem-se por três células alares; <strong>no</strong> macho, o triângulo alar tem três células.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; particularmente frequente <strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>, em<br />
parte devi<strong>do</strong> aos ocasionais acréscimos de exemplares durante as migrações; pode, igualmente, ser observada<br />
em cópula e oviposição. Ovip.AF. Espécie univoltina (Corbet et al. 2006).<br />
fêmea adulta - Qtª das Flores, Estoi - Outubro cópula - Fonte da Benémola, Querença - Outubro<br />
fêmea a ovipositar - Qtª das Flores - Outubro macho imaturo - Qtª das Flores - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
70
Anax ephippiger<br />
(Burmeister, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Vagrant Emperor<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho imaturo - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
Gardiner & Wallis 1996)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
71
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 64 mm de comprimento total. OLHOS castanhos na parte superior e amarelos ou<br />
amarelos esverdea<strong>do</strong>s na inferior (elemento de diagnóstico). No MACHO adulto, TÓRAX castanho sem<br />
faixas anteumerais; <strong>no</strong> ABDÓMEN, S1 é castanho; S2 com anel anterior castanho claro <strong>no</strong> limite anterior,<br />
azul vivo na restante parte (elemento de diagnóstico fundamental); eventualmente o azul pode desvanecer-se<br />
na parte anterior de S3; S3 a S7 são castanhos, eventualmente castanho-esverdea<strong>do</strong>, com manchas<br />
mais escuras ao longo <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>rsal; S8 a S10 <strong>do</strong>rsalmente mais escuros, mas com manchas amareladas<br />
(elemento de diagnóstico). Na FÊMEA, o azul intenso de S2 é substituí<strong>do</strong> por uma tonalidade lilás discreta<br />
(elemento de diagnóstico). Em ambos, apêndices ab<strong>do</strong>minais castanhos. ASAS com nervação anterior<br />
amarela, PTEROSTIGMAS longos e castanhos claros; membrânulas cinzentas ou esbranquiçadas.<br />
Outras informações<br />
Por vezes designada como Hemianax ephippiger. Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, ocorren<strong>do</strong> particularmente<br />
<strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>, em consequência <strong>do</strong> intenso comportamento migratório<br />
caraterístico da espécie (Askew 2004), referi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> obrigatório por Corbet (2004). Deverá reproduzir-se,<br />
pelo me<strong>no</strong>s esporadicamente, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
fêmea adulta - charca de Penteadeiros, Martim Longo - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
72
Anax imperator<br />
Leach, 1815 <strong>no</strong>me comum em Inglês: Blue Emperor<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Outubro<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
73
Identificação<br />
Espécie quase inconfundível pela sua dimensão e pelo voo rápi<strong>do</strong> bastante exposto. O MACHO adulto<br />
tem cerca de 76 mm de comprimento total e é a maior O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; a FÊMEA é ligeiramente mais<br />
pequena. OLHOS azuis na parte superior e amarelos esverdea<strong>do</strong>s na inferior; eventualmente castanhos na<br />
fêmea jovem e verdes na adulta. A fronte <strong>do</strong> MACHO, em visão <strong>do</strong>rsal, é também azul. TÓRAX, em visão<br />
<strong>do</strong>rsal, na parte anterior às asas, castanho esverdea<strong>do</strong>; não existem faixas anteumerais mas <strong>no</strong> macho<br />
adulto observam-se duas evidentes faixas azuis (elemento de diagnóstico) imediatamente anteriores à inserção<br />
das asas; em visão lateral, tórax é verde (elemento de diagnóstico fundamental). No ABDÓMEN,<br />
S1 é verde ou azul; S2 a S10 pre<strong>do</strong>minante e intensamente azuis (elemento de diagnóstico fundamental),<br />
com manchas regulares negras ao longo <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>rsal, e também na metade inferior, quan<strong>do</strong> em visão<br />
lateral; <strong>no</strong> adulto imaturo, o azul pode ter ainda uma tonalidade esverdeada. Na FÊMEA, as partes a azul<br />
são bastante mais limitadas e podem ser parcial ou totalmente verdes. Apêndices ab<strong>do</strong>minais escuros; o<br />
inferior é bastante mais curto <strong>do</strong> que os superiores. ASAS incolores <strong>no</strong> macho, levemente verdes na fêmea<br />
adulta; <strong>no</strong> macho, a ASA POSTERIOR tem membrânula mas o ângulo anal não é sobressaliente (elemento<br />
de diagnóstico), assemelhan<strong>do</strong>-se ao da fêmea.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, bem como por toda a Europa e <strong>no</strong>rte de África. Ovip.AF (elemento de<br />
diagnóstico).<br />
oviposição - charca de Azia, Rogil - Maio<br />
macho - Barr. de Vale de As<strong>no</strong> - Maio macho a comer um S. fonscolombii - Morg. Reguengo - Outubro<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
74
Anax parthe<strong>no</strong>pe<br />
(Selys, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Lesser Emperor<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Barragem de Vale de As<strong>no</strong>, Altura - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
75
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 70 mm de comprimento total. OLHOS pre<strong>do</strong>minantemente verdes. TÓRAX castanho<br />
ou castanho esverdea<strong>do</strong> e sem faixas anteumerais. No ABDÓMEN, S1 é castanho; S2 tem <strong>no</strong> limite<br />
anterior um evidente anel amarelo (elemento de diagnóstico fundamental) e a restante parte é azul<br />
(elemento de diagnóstico); S3 tem um triângulo castanho <strong>do</strong>rsal, é azul na restante parte anterior <strong>do</strong><br />
segmento e castanho na parte posterior; S4 a S10 são castanhos ou castanhos esverdea<strong>do</strong>s com manchas<br />
regulares mais escuras; eventualmente podem tem uma tonalidade azulada. MACHO e FÊMEA são muito<br />
semelhantes; os apêndices ab<strong>do</strong>minais são o principal elemento de diferenciação, salvo se for possível<br />
observar a existência ou não de órgãos genitais secundários. ASAS podem ter uma ligeira tonalidade esverdeada<br />
ou amarela acastanhada, mais percetível na parte central; PTEROSTIGMAS castanhos ou castanhos<br />
alaranja<strong>do</strong>s; membrânula estreita e longa.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; desperta curiosidade o facto de nenhuma das publicações referidas na<br />
Introdução deste Guia Digital assinalar a ocorrência da espécie, exceção feita para os Reports de ‘A Rocha’,<br />
relativos à zona da Quinta da Rocha / Ria de Alvor, Portimão, e data<strong>do</strong>s da década de 1990. Em oposição,<br />
Boulot et al. 2009 assinalam a sua ocorrência pela região, em posições concordantes com as agora<br />
cartografadas. Ovip.TD (elemento de diagnóstico).<br />
machos adultos - charca pequna de Viçoso, Martim Longo - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Setembro<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
76
Boyeria irene<br />
(Fonscolombe, 1838) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Spectre<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Aeshnidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira da Perna da Negra - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
77
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 67 mm de comprimento total. OLHOS verdes <strong>no</strong> macho, acastanha<strong>do</strong>s na fêmea.<br />
O TÓRAX e o ABDÓMEN são, pode-se afirmar, como um ‘camufla<strong>do</strong> militar’ (elemento de diagnóstico),<br />
tanto <strong>no</strong> macho como na fêmea. Pre<strong>do</strong>minam complexos padrões de manchas, <strong>no</strong> MACHO com tonalidades<br />
esverdeadas, na FÊMEA acastanhadas. As FÊMEAS têm duas formas: typica, com os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />
superiores bastante longos, 3x o comprimento de S10, e brachycerca, com os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />
superiores <strong>do</strong> comprimento de S10. Nas ASAS, os PTEROSTIGMAS são relativamente longos e estendem-se<br />
por quatro células contíguas; as extremidades distais podem ser parcialmente pigmentadas de castanho<br />
(elemento de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Na identificação da B. irene, o habitat e o comportamento em voo são elementos de diagnóstico fundamentais.<br />
A espécie tem preferência acentuada por troços sombrios <strong>no</strong>s cursos de água e os machos fazem<br />
voos rápi<strong>do</strong>s, retilíneos e longos, próximo da superfície da água e da margem. Só ocasionalmente são vistos<br />
em troços longos e expostos à luz solar direta. Parecem ser mais ativos durante as primeiras horas da<br />
manhã e as últimas da tarde. Os <strong>no</strong>mes comuns em alemão Geist Libelle e em inglês Twilight Dragonfly<br />
são bem expressivos das caraterísticas referidas. Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie semivoltina<br />
(Corbet et al. 2006).<br />
macho adulto - Pêgo <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong>, Tavira - Junho fêmea adulta f. brachycerca - Ribª de Seixe - Agosto<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
78
ANISOPTERA<br />
GOMPHIDAE<br />
A Família Gomphidae está representada, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, por seis Espécies; uma, <strong>no</strong> entanto,<br />
deve aceitar o estatuto de ‘a requerer confirmação’. Nos Gomphus há cinco faixas <strong>no</strong><br />
tórax, em visão lateral, que devem ser contadas e numeradas a partir da carena <strong>do</strong>rsal.<br />
São fundamentais para a identificação das três Espécies.<br />
São insetos que, pela dimensão e pelas cores amarela ou verde e negra <strong>do</strong> corpo, chamam<br />
a atenção <strong>do</strong> naturalista e <strong>do</strong> fotógrafo de natureza. Os segmentos posteriores e<br />
os apêndices ab<strong>do</strong>minais <strong>do</strong>s machos, em especial os das Espécies com distribuições<br />
mais ‘alargadas’ e populações mais numerosas, são incomuns e não passam desapercebi<strong>do</strong>s.<br />
Em simultâneo, a Gomphidae é a Família de O<strong>do</strong>nata com maior comprimento total<br />
médio e em que os machos adultos a<strong>do</strong>ptam o comportamento descrito como de ‘vigilantes<br />
persistentes’. Consequentemente, são mais fáceis de observar <strong>do</strong> que os insetos<br />
de outras Famílias de Anisoptera.<br />
Os Gomphidae, quan<strong>do</strong> na fase adulta, têm vida breve; as larvas, em oposição, têm um<br />
perío<strong>do</strong> de desenvolvimento bastante prolonga<strong>do</strong>. Mesmo assim, os adultos podem ser<br />
observa<strong>do</strong>s em locais apreciavelmente afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cursos de água onde se reproduzem.<br />
Não ocorre oviposição em tandem e as fêmeas depositam os ovos em voo.<br />
79
Gomphus graslinii<br />
Rambur, 1842 <strong>no</strong>me comum em inglês: Pronged Clubtail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Est. Cons. (EU27 R.L. 2010): NT (Near Threatened) Endémica da EU27 DH An. B-IV<br />
Tendência: Decréscimo<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis; fronte amarela. No TÓRAX, em visão<br />
lateral, primeira e segunda (a partir da carena <strong>do</strong>rsal) faixas negras quase se tocam <strong>do</strong>rsalmente, junto à<br />
carena; segunda faixa negra muito mais próxima da terceira <strong>do</strong> que da primeira, e bastante mais larga <strong>do</strong><br />
que a faixa amarela entre a segunda e terceira faixas negras. Quarta faixa negra visível apenas até ao nível<br />
<strong>do</strong> metastigma (elementos de diagnóstico fundamentais). No MACHO, <strong>no</strong> ABDÓMEN, aurículas em S2;<br />
quase não há dilatação em S8 e S9; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. Apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />
superiores de comprimento semelhante a S10, <strong>no</strong>toriamente bifurca<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico)<br />
e sem curvatura para baixo. Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; entre sete ou<br />
oito e dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma; PTEROSTIGMAS das asas anteriores<br />
ligeiramente mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores. PATAS com linhas amarelas apenas <strong>no</strong>s fémures.<br />
Outras informações<br />
Espécie com distribuição muito limitada, restrita apenas a alguns locais em Portugal, Espanha e França.<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
80
Gomphus pulchellus<br />
Selys, 1840 <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Clubtail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão, prox. de Stª Cruz - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iii.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
81
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis acinzenta<strong>do</strong>s; fronte amarela. No<br />
TÓRAX, em visão lateral, todas as faixas negras são finas (elementos de diagnóstico fundamentais); a faixa<br />
amarela entre as duas faixas negras da parte anterior <strong>do</strong> tórax é muito mais larga <strong>do</strong> que a primeira<br />
faixa negra (a contígua à carena <strong>do</strong>rsal); segunda faixa negra pode ser incompleta e é sempre muito mais<br />
fina <strong>do</strong> que a faixa amarela entre as segunda e terceira faixas negras; quarta faixa negra percorre toda a<br />
face lateral <strong>do</strong> tórax e tem uma curvatura muito percetível (elemento de diagnóstico fundamental) acima<br />
<strong>do</strong> metastigma. No ABDÓMEN, não há ou é mínima a dilatação em S8 e S9; to<strong>do</strong>s os segmentos com<br />
manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores de comprimento semelhante a<br />
S10, ligeiramente bifurca<strong>do</strong>s nas extremidades e a apontarem para fora (elemento de diagnóstico), mas<br />
sem curvatura para baixo. Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; entre sete ou oito e<br />
dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma; PTEROSTIGMAS das asas anteriores ligeiramente<br />
mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores; ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS com linhas<br />
amarelas <strong>no</strong>s fémures e tíbias.<br />
Outras informações<br />
Ampla distribuição por Portugal, Espanha, França e Alemanha; distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.PR<br />
ou ovip.AF.<br />
macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Junho macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Leitejo, Bernalflor - Abril<br />
teneral - charca de Balurco de Cima - Abril macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
82
Gomphus simillimus<br />
Selys, 1840 <strong>no</strong>me comum em inglês: Yellow Clubtail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): NT (Near Threatened)<br />
Tendência: Decréscimo<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
fontes de informação<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis esverdea<strong>do</strong>s; fronte esverdeada. No<br />
TÓRAX, em visão lateral, faixa amarela entre as segunda e terceira faixas negras (contadas a partir da carena<br />
<strong>do</strong>rsal) de espessura semelhante à da segunda faixa negra; quarta faixa negra surge apenas entre a<br />
base <strong>do</strong> tórax e um nível ligeiramente acima <strong>do</strong> metastigma. No ABDÓMEN, dilatação em S8 e S9 (elemento<br />
de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com G. graslinii); to<strong>do</strong>s os segmentos com<br />
manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores a apontar para fora mas sem serem<br />
bifurca<strong>do</strong>s nas extremidades (elemento de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com G.<br />
graslinii). Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; mais de dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares,<br />
até ao pterostigma (elemento de diagnóstico); PTEROSTIGMAS das asas anteriores ligeiramente<br />
mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores; <strong>no</strong> macho, ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS<br />
com linhas amarelas finas <strong>no</strong>s fémures e tíbias.<br />
Outras informações<br />
Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> ou, até, espécie ‘a requerer confirmação’ de ocorrência.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
83
Onychogomphus forcipatus unguiculatus<br />
(Linnaeus, 1758) Vander Linden, 1823 <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Pincertail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Moinhos da Rocha, Ribeira da Asseca, Tavira - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
McLachlan (1880)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
84
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis; a cabeça, atrás <strong>do</strong>s olhos, é negra,<br />
com <strong>do</strong>is pontos amarelos. No TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN as cores negras e amarelas estão muito bem delimitadas<br />
e são as únicas presentes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, em visão lateral, faixa amarela<br />
entre as segunda e terceira faixas negras (contadas a partir da carena <strong>do</strong>rsal) é mais larga <strong>do</strong> que a terceira<br />
faixa negra (elemento de diagnóstico); quarta faixa negra é interrompida a meia altura e acima dela<br />
surge uma mancha negra bastante percetível (elemento de diagnóstico fundamental para a espécie e,<br />
simultaneamente, para a ssp. unguiculatus). No ABDÓMEN, aurículas amarelas e dilatação <strong>no</strong>s segmentos<br />
posteriores, a começar em S7; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas, <strong>do</strong>rsalmente diminutas em S8<br />
e S9. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e bastante curva<strong>do</strong>s, sobrepon<strong>do</strong>-se<br />
na extremidade; inferior com o mesmo comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MACHO, na ASA<br />
POSTERIOR, loop anal com duas ou três células, triângulo constituí<strong>do</strong> por uma só célula; triângulo anal<br />
com três células (elemento de diagnóstico fundamental); PTEROSTIGMAS muito escuros ou mesmo negros.<br />
PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras; apenas as metades proximais <strong>do</strong>s fémures não são negras.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘alargada <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>’. Necessita de locais com água permanente para se reproduzir mas manifesta<br />
tolerância pelas condicionantes caraterísticas <strong>do</strong>s sistemas lóticos complexos próprios da região.<br />
Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho jovem - Ribª de Odeleite - Maio macho adulto - Moinhos da Rocha - Junho<br />
macho adulto - Moinhos da Rocha - Junho fêmea adulta - Moinhos da Rocha - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
85
Onychogomphus uncatus<br />
(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Large Pincertail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira da Perna da Negra - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
86
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 50 mm de comprimento total. OLHOS azuis esverdea<strong>do</strong>s; a cabeça, atrás <strong>do</strong>s<br />
olhos, é totalmente negra. No TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN as cores negras e amarelas estão muito bem delimitadas<br />
e são as únicas presentes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, em visão lateral, as segunda e terceira<br />
faixas negras (contadas a partir da carena <strong>do</strong>rsal) são bastante largas, bastante mais <strong>do</strong> que a fina<br />
faixa amarela existente entre elas (elemento de diagnóstico). No ABDÓMEN, aurículas amarelas e dilatação<br />
moderada <strong>no</strong>s segmentos posteriores; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas, <strong>do</strong>rsalmente diminutas<br />
em S9. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e bastante curva<strong>do</strong>s,<br />
sem sobreposição na extremidade; inferior com o mesmo comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MA-<br />
CHO, na ASA POSTERIOR, loop anal com duas ou três células, triângulo constituí<strong>do</strong> por uma só célula; triângulo<br />
anal com quatro células (elemento de diagnóstico fundamental); PTEROSTIGMAS muito escuros<br />
ou mesmo negros. PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Preferência por peque<strong>no</strong>s cursos de água com velocidades médias a<br />
rápidas, e vegetação nas margens proporcionan<strong>do</strong> muitas sombras. Para concluir o ciclo de vida, preferência<br />
por sistemas lóticos simples; esta deverá ser uma das justificações para a distribuição diferenciada<br />
das duas espécies <strong>do</strong> Género Onychogomphus. Espécie semivoltina ou partivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho adulto - Lajea<strong>do</strong>, Monchique - Junho<br />
fêmea adulta - Ribeira das Canas - Junho teneral - Ribeira de Odelouca - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
87
Paragomphus genei<br />
(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Green Hooktail<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Gomphidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
fontes de informação<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e são os mais peque<strong>no</strong>s Gomphidae que ocorrem<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. OLHOS e fronte esverdeadas. TÓRAX verde (elemento de diagnóstico), com faixas escuras e<br />
finas. ABDÓMEN em tons claros e escuros de castanho; dilatação muito caraterística em S8 e S9 (elemento<br />
de diagnóstico fundamental), com protuberâncias que se assemelham a peque<strong>no</strong>s ‘lemes’ alares. No<br />
MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e curva<strong>do</strong>s para baixo; inferior com metade<br />
<strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MACHO, na ASA POSTERIOR, triângulo constituí<strong>do</strong> por<br />
uma só célula; cinco ou seis nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma (elemento de diagnóstico);<br />
ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS acastanhadas.<br />
Outras informações<br />
Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie caraterística <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte de África, onde ocorre em<br />
sistemas lênticos, muitas vezes temporários e de pequenas dimensões.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
88
ANISOPTERA<br />
CORDULEGASTRIDAE<br />
A família Cordulegastridae está representada, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, por uma única espécie e o<br />
número de registos é diminuto.<br />
As exigências de habitat são, certamente, um fator limitante a considerar: são insetos<br />
de sistemas lóticos e as suas larvas têm um perío<strong>do</strong> de crescimento prolonga<strong>do</strong> (espécies<br />
semivoltinas ou partivoltinas); consequentemente, a distribuição da Cordulegaster<br />
boltonii está dependente de sistemas lóticos simples ou sistemas lóticos complexos em<br />
que a temperatura da água não atinja valores apreciáveis. Ferreras-Romero & Ca<strong>no</strong>-Villegas<br />
(2004), em ‘Los Alcor<strong>no</strong>cales’, Andaluzia, lat. 36º30’N, referem que as larvas desta<br />
espécie pre<strong>do</strong>minam nas cabeceiras <strong>do</strong>s cursos de água, em zonas montanhosas com<br />
vegetação arbórea.<br />
Os adultos evidenciam uma preferência por peque<strong>no</strong>s cursos de água com vegetação<br />
nas margens. Os machos são ‘territoriais efémeros’ e as fêmeas depositam os ovos sobre<br />
sedimentos fi<strong>no</strong>s nas margens <strong>do</strong>s cursos de água.<br />
89
Cordulegaster boltonii<br />
(Do<strong>no</strong>van, 1807) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Goldenring<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Cordulegastridae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
fêmea adulta ssp. iberica - Feteira, Tavira - Junho (fotografia de João Tiago Tavares)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.ii.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
90
Identificação<br />
O macho adulto tem cerca de 76 mm de comprimento total e a fêmea adulta cerca de 82 mm. Fronte<br />
amarela, com uma faixa horizontal a meio; OLHOS verdes; parte posterior e inferior da cabeça negra, com<br />
uma fina linha contígua à parte inferior <strong>do</strong>s olhos. Peças bucais amarelas. No TÓRAX, cinzento escuro,<br />
faixas anteumerais amarelas; em visão lateral, há mais duas faixas amarelas largas e, entre elas, uma fina e<br />
igualmente amarela (elemento de diagnóstico fundamental). No ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, S1 é cinzento<br />
escuro, entre S1 e S2 há um anel amarelo; entre S3 e S9 há duas faixas amarelas que se prolongam lateralmente<br />
com uma curvatura anterior; S10 é cinzento escuro. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> MA-<br />
CHO, negros, a apontar para o exterior, com comprimentos semelhantes ou ligeiramente inferiores a S10,<br />
e com um peque<strong>no</strong> ‘dente’ na face ventral. Na FÊMEA adulta o ovipositor é bastante longo, com comprimento<br />
semelhante a S9+S10, negro, e muito percetível <strong>no</strong> limite posterior <strong>do</strong> abdómen (elemento de diagnóstico<br />
fundamental). Na ASA POSTERIOR <strong>do</strong> macho, triângulo anal com, em geral, cinco células (elemento<br />
de diagnóstico). PTEROSTIGMAS bastante compri<strong>do</strong>s, prolongan<strong>do</strong>-se por cinco ou seis células<br />
contíguas, e muito estreitos (elemento de diagnóstico); membrânulas cinzentas claras.<br />
Outras informações<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. São reconhecidas quatro subespécies distintas. Askew (2004) lista-as como<br />
boltonii, trinacriae, immaculifrons e algirica. Dijkstra & Lewington (2010) e Boulot et al. 2009 não mencionam<br />
a ssp. trinacriae mas, em alternativa, referem a iberica. O número de registos confirma<strong>do</strong>s na região é<br />
muito diminuto; a ssp. que deverá ocorrer, de acor<strong>do</strong> com Boulot et al. 2009, é a iberica.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
91
ANISOPTERA<br />
CORDULIIDAE<br />
A Família Corduliidae distingue-se pelo comportamento bastante territorial <strong>do</strong>s machos<br />
adultos. Percorrem repetidamente troços relativamente calmos de cursos de água<br />
com vegetação abundante nas margens, independentemente de estarem ou não expostos<br />
à luz solar direta. Voam nas proximidades das margens, não muito acima <strong>do</strong> nível da<br />
água.<br />
As larvas de Oxygastra curtisii, à semelhança das de Macromia splendens, necessitam de<br />
sistemas lóticos para se desenvolverem, ocupan<strong>do</strong> zonas de correntes moderadas ou<br />
reduzidas. As exuviae podem encontrar-se nas rochas, por vezes em concavidades e reentrâncias<br />
protegidas, entre 30 cm e 1 metro de altura; podem também ser encontradas<br />
em vegetação baixa, próxima das margens.<br />
No <strong>Algarve</strong>, a Família Corduliidae está representada por uma única Espécie.<br />
92
Oxygastra curtisii<br />
(Dale, 1834) <strong>no</strong>me comum em inglês: Orange-spotted Emerald<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Corduliidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): NT (Near Threatened) DH An. B-IV<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira de Alportel - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. III.iii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
93
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 50 mm de comprimento total. OLHOS e fronte verdes. ABDÓMEN delga<strong>do</strong> e significativamente<br />
longo, com manchas <strong>do</strong>rsais amarelas entre S1 e S7; S10 com uma ‘crosta’ <strong>do</strong>rsal amarela<br />
bastante percetível. Apêndices superiores <strong>do</strong> macho mais curtos <strong>do</strong> que S9+S10 e terminan<strong>do</strong> cada<br />
um com uma ponta curvada para baixo e para o exterior; apêndice inferior robusto. Na fêmea apêndices<br />
diminutos. Membranas das ASAS pre<strong>do</strong>minantemente transparentes, embora possam ser, <strong>no</strong> MACHO, ligeiramente<br />
amareladas nas células proximais; na FÊMEA e <strong>no</strong> IMATURO o amarelo é, em geral, mais estendi<strong>do</strong>;<br />
ASA ANTERIOR com, <strong>no</strong> máximo, <strong>no</strong>ve nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulos das asas<br />
anteriores e posteriores forma<strong>do</strong>s por uma única célula; membrânulas brancas e bastante evidentes. PA-<br />
TAS escuras e longas.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, aparentemente ausente <strong>no</strong> Alentejo, mas a surgir <strong>no</strong>vamente a <strong>no</strong>rte<br />
<strong>do</strong> Tejo. Na Europa ocorre também em França e pontualmente em Espanha e Itália. Em Marrocos ocorre<br />
de forma muito limitada. Terr.VA.<br />
macho adulto - Monte de Baixo, Alferce - Junho<br />
macho adulto - Ribª de Alportel - Maio macho adulto - Fonte da Benémola - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
94
ANISOPTERA<br />
MACROMIIDAE<br />
A Família Macromiidae é, por vezes, integrada na Família Cordulesgastridae; a aparência<br />
geral <strong>do</strong>s insetos de ambos os taxa não é, na verdade, muito distinta.<br />
No <strong>Algarve</strong>, a Família Macromiidae está representada por uma única Espécie que parece<br />
ser particularmente difícil de encontrar, observar e fotografar. Admite-se que a Macromia<br />
splendens tenha distribuições muito localizadas e populações muito diminutas.<br />
Askew (2004) refere ainda que o perío<strong>do</strong> de voo deverá ser breve, não superior a seis<br />
semanas.<br />
Voa<strong>do</strong>ra veloz, prefere troços abertos e soalheiros, com águas pouco turbulentas e<br />
margens rochosas, de sistemas lóticos. Poderá também ser observada a caçar em locais<br />
relativamente afasta<strong>do</strong>s da água, em manchas de vegetação herbácea e arbustiva, e<br />
ocasionalmente nas proximidades de árvores. As fêmeas parecem ser ainda mais discretas<br />
<strong>do</strong> que os machos adultos...<br />
95
Macromia splendens<br />
(Pictet, 1843) <strong>no</strong>me comum em inglês: Splendid Cruiser<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Macromiidae<br />
Est. Cons. (EU27 R.L. 2010): VU (Vulnerável) Endémica da EU27 DH An. B-IV<br />
Tendência: Decréscimo<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
fontes de informação<br />
Lohr (2005)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Cerca de 72 mm de comprimento total. OLHOS verdes, fronte amarela e negra. TÓRAX verde escuro, com<br />
reflexos metálicos verdes ou acobrea<strong>do</strong>s; duas faixas amarelas largas e oblíquas, uma em posição anteumeral<br />
e a outra metapleural (elemento de diagnóstico); faixa amarela <strong>do</strong>rsal na face anterior. ABDÓMEN<br />
cinzento escuro ou quase negro, com manchas amarelas; ligeira dilatação a partir de S7; em visão <strong>do</strong>rsal,<br />
faixa amarela em S2, manchas amarelas entre S3 e S4 ou S5, a decrescer progressivamente de dimensão,<br />
mancha amarela percetível em S7 (elemento de diagnóstico). No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores<br />
longos e robustos, tocan<strong>do</strong>-se nas extremidades distais; inferior ligeiramente mais longo. ASA ANTE-<br />
RIOR com cerca de quinze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico fundamental);<br />
na ASA POSTERIOR, loop anal com seis a <strong>no</strong>ve células; membrânulas brancas. PATAS negras e grandes.<br />
Outras informações<br />
Por vezes designada como Cordulia splendens. Esta ‘raridade’ é a única espécie, entre as 51 que ocorrem<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, classificada na The IUCN Red List of Threatened Species com o estatuto de VU - Vulnerable<br />
(vulnerável); todas as restantes apresentam estatutos de risco me<strong>no</strong>s preocupantes.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
96
ANISOPTERA<br />
LIBELLULIDAE<br />
A Família Libellulidae está, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada por 15 Espécies; entre elas estão<br />
os Géneros Orthetrum e Sympetrum, com quatro e três Espécies respetivamente.<br />
É de admitir, num futuro próximo, que tal número aumente, seja pela introdução de<br />
Espécies que, eventualmente, ocorrerão já <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, seja pela chegada de alguns ‘invasores’<br />
provenientes <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte de África, como é o caso da Trithemis kirbyi que se admite<br />
estar já em significativa expansão na Andaluzia.<br />
Algumas Espécies da Família Libellulidae têm populações muito numerosas e outras,<br />
pelo contrário, são particularmente difíceis de observar.<br />
Em comum, as 15 Espécies da Família Libellulidae têm duas caraterísticas de muito fácil<br />
reconhecimento: são insetos de tamanho médio, entre os 30 e os 48 mm, e os machos<br />
são vigilantes persistentes que procuram, por <strong>no</strong>rma, locais de paragem bastante<br />
expostos. A diversidade de cores, em oposição, é acentuada. As diferenças de cores, entre<br />
machos e fêmeas são, igualmente <strong>no</strong>tórias.<br />
Algumas Espécies, como a Crocothemis erythraea, podem ser observadas na generalidade<br />
<strong>do</strong>s habitats. Outras manifestam preferências ou por sistemas lóticos simples e complexos,<br />
ou por sistemas lênticos. Por fim, algumas Espécies, como a Sympetrum fonscolombii,<br />
têm comportamentos migratórios muito evidentes e facilmente observáveis, em<br />
particular <strong>no</strong> início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>.<br />
97
Brachythemis impartita<br />
(Karsch, 1890) <strong>no</strong>me comum em inglês: Northern Banded Groundling<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Vilamoura, Quarteira - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
fontes de informação<br />
---<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
98
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. Espécie de identificação muito simples, por ser<br />
quase inconfundível. MACHO adulto tem uma banda castanha escura <strong>no</strong> meio de cada ASA, entre o nódulo<br />
e o PTEROSTIGMA (elemento de diagnóstico fundamental), que é praticamente branco; asas da FÊMEA<br />
adulta têm, ocasionalmente, bandas semelhantes, mas me<strong>no</strong>s visíveis. No MACHO adulto, OLHOS castanhos<br />
escuros. TÓRAX castanho escuro ou quase negro, com abundante pelugem cinzenta. ABDÓMEN<br />
quase negro; apêndices ab<strong>do</strong>minais relativamente curtos, muito claros, curva<strong>do</strong>s para baixo e com as extremidades<br />
a tocarem-se. FÊMEA adulta tem o corpo castanho claro, com três sequências longitudinais de<br />
pequenas manchas escuras <strong>no</strong> abdómen. ASAS têm membranas transparentes, à exceção da banda escura<br />
referida; nervação pre<strong>do</strong>minantemente escura, embora algumas nervuras na parte anterior possam ser<br />
muito claras. PATAS negras, com finas linhas castanhas claras nas tíbias.<br />
Outras informações<br />
Espécie Afrotropical e que ocorre também na Europa, a sul da latitude 40º N. No <strong>Algarve</strong> pode ser considerada<br />
uma ‘raridade’. Durante muito tempo foi confundida com B. leucosticta e só recentemente, com o<br />
estu<strong>do</strong> de Dijkstra & Matushkina, ficou estabelecida e clarificada a distinção entre as duas espécies. N’A<br />
critical checklist of the O<strong>do</strong>nata of Portugal apenas se refere essa espécie para o Género Brachythemis.<br />
No entanto, atualmente é consensual tratar-se de B. impartita (KD Dijkstra, pers. comm.). Embora a espécie<br />
não surja listada em qualquer das publicações referidas na Introdução deste Guia Digital, Boulot et al.<br />
2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição concordante com a agora cartografada.<br />
machos adultos - Vilamoura, Quarteira - Junho<br />
fêmeas adultas (à esquerda sem bandas nas asas - à direita com bandas nas asas) - Vilamoura - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
99
Crocothemis erythraea<br />
(Brullé, 1832) <strong>no</strong>me comum em inglês: Broad Scarlet<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. I.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
100
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 40 mm de comprimento total. MACHO adulto é praticamente inconfundível, por<br />
ser quase totalmente vermelho vivo (elemento de diagnóstico fundamental) e poder apenas apresentar<br />
uma linha negra longitudinal <strong>no</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen. FÊMEA adulta é castanha <strong>do</strong>urada,<br />
com faixas anteumerais brancas (elemento de diagnóstico), faixa branca <strong>no</strong> alinhamento <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> tórax,<br />
entre as asas esquerdas e direitas, e linha negra longitudinal <strong>no</strong> abdómen, em visão <strong>do</strong>rsal. ABDÓMEN<br />
largo, ligeiramente ovala<strong>do</strong> em visão <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico). Nas ASAS anterior e posterior,<br />
nervação anterior vermelha. Na ASA ANTERIOR, <strong>no</strong>ve a onze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, todas<br />
com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior, exceção para a<br />
perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar, que existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central<br />
mas não entre as central e interior; triângulo com duas células. Na ASA POSTERIOR, mancha proximal<br />
bastante percetível, alaranjada <strong>no</strong> macho e amarela na fêmea (elemento de diagnóstico). PTEROSTIGMAS<br />
castanhos amarela<strong>do</strong>s, semelhantes nas asas anteriores e posteriores, e com cerca de 3,5 mm (elemento<br />
de diagnóstico). PATAS pre<strong>do</strong>minantemente vermelhas (elemento de diagnóstico).<br />
Outras informações<br />
Espécie Paleártica e Afrotropical, de distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Cópula ocorre em voo e é bastante<br />
rápida, demoran<strong>do</strong> apenas 10 a 15 segun<strong>do</strong>s; oviposição com a fêmea em solitário (ovip.AF). Espécie<br />
bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
teneral - Barragem de Ribª <strong>do</strong> Álamo - Maio macho imaturo - RNSCMVRSA - Junho<br />
fêmea adulta - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário - Julho oviposição - Barr. de Ribª <strong>do</strong> Álamo - Setembro<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
101
Diplacodes lefebvrii<br />
(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black Percher<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
Gardiner & Wallis (1996)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
102
Identificação<br />
Machos adultos têm cerca de 30 mm de comprimento total; fêmeas ligeiramente mais pequenas. MACHO<br />
pre<strong>do</strong>minantemente negro (elemento de diagnóstico) e sem reflexos metálicos; OLHOS castanhos escuros,<br />
fronte negra; TÓRAX negro, eventualmente com pruinescência cinzenta sempre limitada à face ventral;<br />
ABDÓMEN igualmente negro, poden<strong>do</strong> apresentar, em visão lateral, diminutas manchas claras entre<br />
S4 e S8 <strong>no</strong> imaturo; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores castanhos claros (elemento de diagnóstico), poden<strong>do</strong><br />
ter as partes anteriores negras; apêndice ab<strong>do</strong>minal inferior negro. FÊMEA em tons de castanho;<br />
OLHOS castanhos escuros, fronte clara; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rso-lateral, duas sequências mais ou<br />
me<strong>no</strong>s contínuas de manchas claras, cuja expressão se reduz bastante com o envelhecimento, paralelas a<br />
uma faixa negra <strong>do</strong>rsal, central e longitudinal; face ventral muito escura (elemento de diagnóstico). ASAS<br />
anterior e posterior com membranas incolores, embora na posterior possa existir, na extremidade proximal,<br />
reduzida mancha (elemento de diagnóstico), castanha <strong>no</strong> macho, amarelada na fêmea. Na ASA AN-<br />
TERIOR, até oito nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos<br />
contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior, exceção para a perpendicular<br />
mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar, que existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não entre as<br />
central e interior; triângulo com uma única célula (elemento de diagnóstico). PTEROSTIGMAS muito escuros,<br />
com cerca de 3,0 mm de comprimento. PATAS negras <strong>no</strong>s machos, castanhas nas fêmeas.<br />
Outras informações<br />
Espécie Afrotropical com elevada capacidade de dispersão. Nos mais recentes a<strong>no</strong>s tem esta<strong>do</strong> em significativa<br />
expansão <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> onde, aparentemente, tem já uma distribuição ‘alargada’. Ovip.AF.<br />
machos adultos - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo - Maio<br />
fêmeas adultas - Ribeira de Algibre - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
103
Libellula depressa<br />
Linnaeus, 1758 <strong>no</strong>me comum em inglês: Broad-bodied Chaser<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.v.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
104
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e aparência robusta. OLHOS e fronte castanhos escuros.<br />
TÓRAX castanho ou verde acastanha<strong>do</strong> escuro, com faixas anteumerais largas e brancas (elemento<br />
de diagnóstico); pelugem esbranquiçada na face <strong>do</strong>rsal. No MACHO adulto, ABDÓMEN com intensa pruinescência<br />
azulada na face <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico fundamental); <strong>no</strong> entanto, <strong>no</strong> teneral e <strong>no</strong><br />
imaturo pruinescência inexistente; marcas amarelas laterais entre S4 e S9; <strong>no</strong>s segmentos anteriores, em<br />
visão <strong>do</strong>rsal, são percetíveis; <strong>no</strong>s posteriores apenas o são em visão ventral. Na FÊMEA, ABDÓMEN muito<br />
largo, da mesma cor <strong>do</strong> TÓRAX; marcas amarelas laterais entre S4 e S8, mas que se desvanecem com o<br />
envelhecimento. Apêndices ab<strong>do</strong>minais curtos e escuros <strong>no</strong> macho, muito diminutos na fêmea. ASA AN-<br />
TERIOR com, pelo me<strong>no</strong>s, quatorze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulo com três a cinco células.<br />
ASAS anteriores e posteriores com mancha castanha escura proximal muito percetível; nas anteriores,<br />
mancha retangular; nas posteriores, triangular (elemento de diagnóstico); restantes partes das asas com<br />
membranas transparentes; membrânulas brancas; PTEROSTIGMAS muito escuros ou mesmo negros. PA-<br />
TAS castanhas.<br />
Outras informações<br />
Espécie Paleártica, de distribuição alargada, mas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> parece ser uma ‘raridade’. Machos muito territoriais.<br />
A distribuição assinalada por Boulot et al. 2009 é discordante da agora cartografada.<br />
macho imaturo - Malhada Quente - Junho macho adulto - Balurco de Cima, Alcoutim - Abril<br />
macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
105
Libellula quadrimaculata<br />
Linnaeus, 1758 <strong>no</strong>me comum em inglês: Four-spotted Chaser<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - charca de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
106
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e aparência robusta. OLHOS castanhos; fronte clara.<br />
TÓRAX verde acastanha<strong>do</strong> escuro e com pelugem abundante. ABDÓMEN da mesma cor, com S6 ou S7<br />
até S10 negros na face <strong>do</strong>rsal; marcas amarelas laterais entre S4 ou S5 e S8 ou S9. MACHO adulto nunca<br />
apresenta pruinescência azulada (elemento de diagnóstico). Nas ASAS anteriores e posteriores, manchas<br />
castanhas escuras <strong>no</strong>s nódulos, de dimensão variável mas sempre presentes (elemento de diagnóstico<br />
fundamental, a estabelecer o próprio <strong>no</strong>me - quadrimaculata - da espécie). ASA ANTERIOR com, pelo me<strong>no</strong>s,<br />
quatorze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulo com três a cinco células; ausência de mancha<br />
castanha escura proximal; pequena faixa alaranjada que se estende até ao nódulo, entre as nervuras<br />
ante<strong>no</strong>dais central e a interior. ASA POSTERIOR com mancha castanha escura proximal triangular bastante<br />
percetível (elemento de diagnóstico), eventualmente mascarada por nervação esbranquiçada, poden<strong>do</strong><br />
ser delimitada por bordadura alaranjada na parte anterior, a qual se prolonga pelas nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
central e a interior. PTEROSTIGMAS castanhos escuros; membrânulas brancas. MACHO e FÊMEA têm<br />
aparência geral semelhante, embora a fêmea seja de um castanho mais claro, quase <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> (elemento<br />
de diagnóstico). Apêndices ab<strong>do</strong>minais de dimensão semelhante, ligeiramente me<strong>no</strong>res <strong>no</strong> macho <strong>do</strong><br />
que na fêmea; as extremidades <strong>no</strong> macho apontam para fora e na fêmea para dentro (elemento de diagnóstico).<br />
PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras.<br />
Outras informações<br />
Espécie de distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
machos adultos - charcas de Carrascalinho e de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
107
Orthetrum cancellatum<br />
(Linnaeus, 1758) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black-tailed Skimmer<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo, Altura - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
108
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 46 mm de comprimento total. O TÓRAX é verde acastanha<strong>do</strong> e nunca apresenta<br />
pruinescência (elemento de diagnóstico fundamental). O ABDÓMEN, achata<strong>do</strong> e mais largo <strong>do</strong> que o das<br />
restantes Orthetrum sp. que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, é pre<strong>do</strong>minantemente amarelo, com duas evidentes faixas<br />
longitudinais <strong>do</strong>rso-laterais negras; em visão lateral, entre S3 e S8 existem semicírculos amarelos<br />
(elemento de diagnóstico fundamental). No MACHO adulto a intensa pruinescência <strong>do</strong>rsal entre S3 e S6<br />
ou S7 mascara a faixa amarela <strong>do</strong>rsal e as faixas negras <strong>do</strong>rso-laterais, mas não os semicírculos amarelos;<br />
S7 ou S8 a S10 são sempre quase totalmente negros (elemento de diagnóstico). Na FÊMEA, o amarela<strong>do</strong><br />
vai-se tornan<strong>do</strong> castanho esverdea<strong>do</strong> com o envelhecimento. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> macho<br />
e na fêmea, negros (elemento de diagnóstico). ASA ANTERIOR com <strong>do</strong>ze ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); triângulo constituí<strong>do</strong> duas<br />
ou mais células. ASA POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada. PTEROSTIGMAS muito escuros<br />
ou negros (elemento de diagnóstico fundamental), relativamente curtos, com me<strong>no</strong>s de 3,0 mm de<br />
comprimento; membrânulas cinzentas. PATAS negras <strong>no</strong> macho, castanhas na fêmea.<br />
Outras informações<br />
Espécie de distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />
macho adulto - charca de Azia, Rogil - Maio fêmea adulta - lagoa de Boi, Aljezur - Julho<br />
teneral - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho cópula - charca de Azia, Rogil - Maio<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
109
Orthetrum chrysostigma<br />
(Burmeister, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Epaulet Skimmer<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira de Odelouca - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner (1993)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
110
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total. No TÓRAX, em toda a face lateral e contígua à sutura<br />
umeral que é negra, há uma faixa oblíqua quase branca muito percetível (elemento de diagnóstico<br />
fundamental); a parte <strong>do</strong>rsal, entre as asas, pode também ser acinzentada ou esbranquiçada. No entanto,<br />
<strong>no</strong> MACHO adulto, a intensa pruinescência azulada pode cobrir quase totalmente o tórax e mascarar as<br />
partes mais claras. O ABDÓMEN é relativamente estreito e tem um estrangulamento <strong>do</strong>rsal entre S3 e S4<br />
(elemento de diagnóstico); é relativamente curto (em comparação, p.ex., com O. trinacria); apresenta<br />
uma fina linha negra <strong>do</strong>rsal, longitudinal e descontínua sobre a ‘base’ amarelada; <strong>no</strong> macho adulto, com<br />
a maturidade o abdómen fica gradualmente coberto por pruinescência azul; <strong>no</strong> entanto, S1 e S2 permanecem<br />
sem pruinescência (elemento de diagnóstico). ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras<br />
ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); nervura ante<strong>no</strong>dal interior<br />
negra; triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada.<br />
PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico), com cerca de 3,0 mm<br />
de comprimento; membrânulas acastanhadas. PATAS quase negras <strong>no</strong> macho, amareladas na fêmea.<br />
Outras informações<br />
Ocorre apenas <strong>no</strong> extremo sul <strong>do</strong> Paleártico, abrangen<strong>do</strong> o sul da Península Ibérica e o <strong>no</strong>rte de África.<br />
No <strong>Algarve</strong>, espécie de distribuição ‘alargada’. É, por vezes, muito difícil a diferenciação entre Orthetrum<br />
chrysostigma e O. coerulescens.<br />
macho adulto - Fonte Filipe, Querença - Maio macho imaturo - Moinhos da Rocha, Tavira - Junho<br />
fêmea adulta - Sítio das Fontes de Estômbar - Setembro cópula - Ribeira de Odeleite - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
111
Orthetrum coerulescens<br />
(Fabricius, 1798) <strong>no</strong>me comum em inglês: Keeled Skimmer<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Ribeira de Seixe - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iv.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
112
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 42 mm de comprimento total. TÓRAX de coloração homogénea (elemento de<br />
diagnóstico fundamental), exceção para duas faixas esbranquiçadas na face anterior, paralelas à carena<br />
<strong>do</strong>rsal. No entanto, <strong>no</strong> MACHO adulto a intensa pruinescência azul pode mascarar essas partes mais claras.<br />
ABDÓMEN relativamente estreito e sem qualquer estrangulamento <strong>do</strong>rsal entre S3 e S4 (elemento de<br />
diagnóstico particularmente útil na diferenciação com O. chrysostigma); é relativamente curto (em comparação,<br />
p.ex., com O. trinacria); apresenta uma fina linha negra <strong>do</strong>rsal, longitudinal e contínua sobre a<br />
‘base’ amarelada; <strong>no</strong> macho adulto fica totalmente coberto por pruinescência azul (elemento de diagnóstico<br />
particularmente útil na diferenciação com O. chrysostigma). ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras<br />
ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras<br />
ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); nervura ante<strong>no</strong>dal<br />
interior negra; triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA POSTERIOR sem mancha proximal pigmentada,<br />
ou amarelada e muito limitada. PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico),<br />
com 3,2 a 4,0 mm de comprimento; membrânulas esbranquiçadas.<br />
Outras informações<br />
Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. É, por vezes, muito difícil a diferenciação entre Orthetrum chrysostigma<br />
e O. coerulescens. Admite-se a existência de duas ssp.: coerulescens e anceps; o macho da primeira tem o<br />
tórax me<strong>no</strong>s pruinescente, enquanto que o da segunda é mais pruinescente e pode, consequentemente,<br />
parecer mais azula<strong>do</strong>; ocasionalmente O. coerulescens anceps surge referi<strong>do</strong> como O. ramburii. Espécie univoltina<br />
(Corbet et al. 2006).<br />
macho adulto - Ribeira de Odeleite - Julho cópula - Ribª da Perna da Negra - Julho<br />
fêmeas adultas - Ribª da Perna da Negra - Julho - Paul de Budens - Setembro<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
113
Orthetrum trinacria<br />
(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Long Skimmer<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Barragem de Vale de As<strong>no</strong>, Altura - Maio<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.iii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
114
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 58 mm (elemento de diagnóstico) de comprimento total, sen<strong>do</strong> a maior Orthetrum<br />
sp. que ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. No TÓRAX, suturas umeral e metapleural negras e bem percetíveis embora<br />
finas; <strong>no</strong> MACHO adulto desenvolve-se pruinescência relativamente intensa. ABDÓMEN particularmente<br />
compri<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental), 3,0 a 4,0 mm mais longo <strong>do</strong> que as asas posteriores,<br />
estreito e de secção semi-cilíndrica; tem uma linha <strong>do</strong>rsal e longitudinal negra muito percetível, bem<br />
como duas linhas laterais igualmente negras mas finas e ténues; <strong>no</strong> MACHO adulto a pruinescência é limitada<br />
e azul escura ou violeta. ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares<br />
(elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais<br />
exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA<br />
POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada. PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s<br />
claros (elemento de diagnóstico), com cerca de 4,0 mm de comprimento; membrânulas acastanhadas.<br />
Nas PATAS, e especialmente nas tíbias posteriores, cerdas de dimensão apreciável.<br />
Outras informações<br />
Espécie Afrotropical e que provavelmente está em acentuada expansão <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. No presente, de acor<strong>do</strong><br />
com a distribuição agora cartografada, é (ainda) uma espécie com distribuição ‘limitada’, mas sensivelmente<br />
mais ampla <strong>do</strong> que a apresentada nas publicações referidas na Introdução deste Guia Digital e<br />
também por Boulot et al. 2009.<br />
machos adultos - Barragem de Vale de As<strong>no</strong> - Maio - charca de Tremelgo de Baixo - Junho<br />
cópula - macho e fêmea adultos - charca de Tremelgo de Baixo, Martim Longo - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
115
Selysiothemis nigra<br />
(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black Pennant<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - salinas <strong>do</strong> Lu<strong>do</strong>, Faro - Julho (fotografia de Valter Jacinto)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sistemas lênticos<br />
III.i.<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Lohr (2005)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
116
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total e grande capacidade de passarem desapercebi<strong>do</strong>s.<br />
OLHOS volumosos (elemento de diagnóstico), mais largos <strong>do</strong> que o TÓRAX, parecen<strong>do</strong> estar desproporciona<strong>do</strong>s<br />
em relação ao resto <strong>do</strong> corpo. MACHO pre<strong>do</strong>minantemente castanho escuro quan<strong>do</strong> jovem,<br />
negro quan<strong>do</strong> atingida a maturidade, com pelugem esbranquiçada <strong>no</strong> tórax (elemento de diagnóstico);<br />
ligeira pruinescência cinzenta ou violeta <strong>no</strong> ABDÓMEN; macho IMATURO e FÊMEA em tonalidades de<br />
amarelos e castanhos. No MACHO adulto apêndices ab<strong>do</strong>minais muito escuros ou negros (elemento de<br />
diagnóstico). ASA ANTERIOR com apenas seis nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico<br />
fundamental), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior<br />
e interior (elemento de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com D. lefebvrii). ASA POS-<br />
TERIOR bastante larga e com membranas incolores. PTEROSTIGMAS curtos, com 1,5 mm de comprimento,<br />
castanhos muito claros, os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s mais longos com nervuras espessas e negras (elemento de diagnóstico<br />
fundamental). PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras <strong>no</strong>s machos, acastanhadas nas fêmeas.<br />
Outras informações<br />
Pode ser considerada uma das ‘raridades’ interessantes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie com reconhecida capacidade<br />
migratória, e que tem distribuição expressiva na Tunísia e Algéria; distribuição reduzida e muito localizada<br />
em Marrocos e em diversos países <strong>do</strong> sul da Europa. A primeira observação da espécie em Portugal<br />
aconteceu recentemente, em 2003, nas margens da ribeira de São Lourenço, Almansil, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> reportada<br />
por M Lohr (2005); esta pequena população parece estar a persistir na zona. J-P Bou<strong>do</strong>t (2008) apresenta<br />
um mapa detalha<strong>do</strong> com a distribuição da espécie na bacia mediterrânica.<br />
fêmeas adultas - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Junho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
117
Sympetrum fonscolombii<br />
(Selys, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Red-veined Darter<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii. I.iii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner (1993)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
118
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. Parte superior <strong>do</strong>s OLHOS castanha ou avermelhada,<br />
parte inferior cinzenta azulada (elemento de diagnóstico fundamental); fronte avermelhada delimitada<br />
a amarelo. No MACHO adulto, face lateral <strong>do</strong> TÓRAX com faixa esbranquiçada, em geral evidente,<br />
localizada <strong>no</strong> limite anterior da sutura interpleural (elemento de diagnóstico); face anterior <strong>do</strong> tórax sem<br />
quaisquer faixas claras paralelas à carena <strong>do</strong>rsal; ABDÓMEN vermelho; a mesma cor ocorre nas nervuras<br />
<strong>do</strong>s terços proximais das ASAS anteriores e posteriores; em visão <strong>do</strong>rsal, S8 e S9 com manchas negras; em<br />
visão lateral, faixa negra descontínua de S1 a S9. Na FÊMEA, em visão ventral, limite posterior da escama<br />
vulvar biloba<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental); apêndices superiores a apontar para ‘fora’. Na<br />
ASA ANTERIOR, sete (ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais<br />
próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não se prolonga entre<br />
as central e interior; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). ASA POSTERI-<br />
OR com mancha pigmentada alaranjada bastante evidente na extremidade proximal. Na FÊMEA e <strong>no</strong> macho<br />
IMATURO, nervuras <strong>do</strong>s terços proximais das asas anterior e posterior amareladas. PTEROSTIGMAS<br />
amarelos claros com as duas nervuras envolventes mais longas grossas e negras (elemento de diagnóstico<br />
fundamental), com 2,5 a 3,0 mm de comprimento. PATAS quase negras, com finas linhas amarelas.<br />
Outras informações<br />
Por vezes referi<strong>do</strong> como S. fonscolombei. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.TD, geralmente em superfícies<br />
de água amplas e sem obstáculos. Forte capacidade migra<strong>do</strong>ra e, por isso, número acresci<strong>do</strong> de<br />
exemplares <strong>no</strong> outo<strong>no</strong>, particularmente <strong>no</strong> su<strong>do</strong>este algarvio. Espécie multivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
teneral - margem <strong>do</strong> Rio Séqua, Tavira - Maio fêmea adulta - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Julho<br />
cópula - Ribª de Odeleite, próx. de Bentos - Julho oviposição - Barragem de Vale de As<strong>no</strong> - Setembro<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
119
Sympetrum meridionale<br />
(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Southern Darter<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho imaturo - Ribeira de Budens - Agosto (fotografia de João Tiago Tavares)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.ii.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
---<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
120
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. Faixa negra <strong>no</strong> limite superior da fronte parcialmente<br />
interrompida nas proximidades <strong>do</strong>s ocelos e sem se prolongar pelos limites frontais <strong>do</strong>s olhos; parte<br />
superior <strong>do</strong>s OLHOS acastanhada e parte inferior amarelada (elementos de diagnóstico fundamentais).<br />
Faces laterais <strong>do</strong> TÓRAX amarelas <strong>do</strong>uradas, quase sem marcas negras a acentuar as suturas; <strong>do</strong>is pontos<br />
negros evidentes, um sobre o metastigma e outro imediatamente acima (elementos de diagnóstico fundamentais);<br />
na face anterior <strong>do</strong> tórax, duas faixas mais claras, paralelas à carena <strong>do</strong>rsal. No MACHO adulto,<br />
ABDÓMEN vermelho; em visão <strong>do</strong>rsal, ausência de manchas negras em S8 e S9 (elemento de diagnóstico).<br />
Na FÊMEA, em visão ventral, limite posterior da escama vulvar é linear (elemento de diagnóstico<br />
fundamental); em visão lateral é muito pouco proeminente; apêndices superiores a apontar para ‘trás’,<br />
ou seja, paralelos. Na ASA ANTERIOR, sete (ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares,<br />
entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal<br />
perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas<br />
não se prolonga entre as central e interior; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico).<br />
ASA POSTERIOR sem qualquer mancha pigmentada na extremidade proximal. PTEROSTIGMAS<br />
amarela<strong>do</strong>s e longos. Nas PATAS, fémur e tíbia amarelos ou castanho-avermelha<strong>do</strong>s, com linhas negras<br />
diminutas.<br />
Outras informações<br />
Pode, com facilidade, ser confundida com S. striolatum. Atualmente deve ser considerada uma ‘raridade’<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, mas a sua efetiva distribuição necessita ainda de algum trabalho <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>. A espécie não<br />
surge listada em qualquer das publicações com as caraterísticas referidas na Introdução deste Guia Digital.<br />
No entanto, Boulot et al. 2009 assinalam a sua ampla ocorrência na região.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
121
Sympetrum striolatum<br />
(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Darter<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Estável<br />
macho adulto - Quinta das Flores, Estoi - Outubro (fotografia de Nelson Fonseca)<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.ii. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iv.<br />
sapais e salinas aband.<br />
Época de voo<br />
fontes de informação<br />
Gardiner & Sturgess (1994)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Malkmus & Ruf (2008)<br />
McLachlan (1880)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
122
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 40 mm de comprimento total. Faixa negra <strong>no</strong> limite superior da fronte, coincidin<strong>do</strong><br />
com a base das antenas e os ocelos, sem se prolongar pelos limites frontais <strong>do</strong>s olhos; parte superior<br />
<strong>do</strong>s OLHOS acastanhada e parte inferior amarelada (elemento de diagnóstico). Face anterior <strong>do</strong> TÓRAX<br />
da mesma cor ou tonalidades que a face lateral; <strong>no</strong> MACHO adulto, face lateral vermelha, <strong>no</strong> IMATURO e<br />
na FÊMEA, face lateral amarelada mas sempre sem manchas escuras, embora as suturas sejam destacadas<br />
com linhas negras. ABDÓMEN com pequenas manchas negras laterais. Na FÊMEA, em visão ventral, limite<br />
posterior da escama vulvar é linear e relativamente longo (elemento de diagnóstico); em visão lateral é<br />
proeminente; apêndices superiores a apontar para ‘fora’. Nas ASAS anterior e posterior, nervuras sempre<br />
negras ou, eventualmente castanhas muito escuras (elemento de diagnóstico). Na ASA ANTERIOR, sete<br />
(ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais<br />
exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo<br />
alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não se prolonga entre as central e interior;<br />
<strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). ASA POSTERIOR sem qualquer mancha<br />
pigmentada na extremidade proximal. Nas PATAS, fémur e tíbia amarelos com linhas negras.<br />
Outras informações<br />
Espécie com distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> e particularmente numerosa <strong>no</strong> outo<strong>no</strong>.<br />
macho adulto - Fonte da Benémola - Novembro fêmea adulta - Qtª das Flores, Estoi - Junho<br />
tenerals - Fóia, Serra de Monchique - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
123
Trithemis annulata<br />
(Palisot de Beauvois, 1807) <strong>no</strong>me comum em inglês: Violet Dropwing<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />
Tendência: Aumento<br />
macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Julho<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.i. II.iii.<br />
sistemas lênticos<br />
III.i. III.ii. III.iii.<br />
sapais e salinas aband.<br />
afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />
fontes de informação<br />
Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />
Gardiner & Sturgess (1995)<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
Lohr (2005)<br />
Vieira et al. (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
124
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total. A tonalidade vermelho-púrpura <strong>no</strong>s OLHOS, TÓ-<br />
RAX e ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO adulto é inconfundível; <strong>no</strong> abdómen, em visão <strong>do</strong>rsal, manchas negras em<br />
S8, S9 e S10. Órgãos GENITAIS secundários bastante sobressalientes; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores<br />
relativamente longos, com o <strong>do</strong>bro de S10. A FÊMEA e o MACHO imaturo são em tonalidades amarelas<br />
acastanhadas, e a nervação das asas é também amarela. Parte significativa da nervação das ASAS anterior<br />
e posterior é vermelha (elemento de diagnóstico). Na ASA ANTERIOR, <strong>no</strong>ve ou dez nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />
perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a<br />
nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal<br />
e central mas não se prolonga entre as central e interior; triângulo com duas células; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal<br />
<strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). Na ASA POSTERIOR, mancha proximal alaranjada<br />
evidente. PTEROSTIGMAS vermelhos-púrpura, semelhantes nas asas anteriores e posteriores, com cerca<br />
de 2,6 mm. PATAS total ou pre<strong>do</strong>minantemente negras (elemento de diagnóstico fundamental).<br />
Outras informações<br />
Espécie africana em expansão <strong>no</strong> sul da Europa, um pouco por toda a bacia mediterrânica, e já com distribuição<br />
‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />
macho imaturo - charca de Azia, Rogil - Julho macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />
macho imaturo - fêmea adulta - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Julho<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
125
Zygonyx torridus<br />
(Kirby, 1889) <strong>no</strong>me comum em inglês: Ringed Cascader<br />
Subordem: Anisoptera<br />
Família: Libellulidae<br />
Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): VU (Vulnerável)<br />
Tendência: Decréscimo<br />
Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />
Época de voo<br />
sist. lóticos simples<br />
I.ii.<br />
sist. lóticos complexos<br />
II.ii.<br />
fontes de informação<br />
Knijf & Demolder (2010)<br />
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />
Identificação<br />
Os adultos têm cerca de 56 mm de comprimento total. Em visão <strong>do</strong>rsal, MACHO e FÊMEA são muito escuros,<br />
com reflexos acastanha<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s OLHOS e TÓRAX, cinzentos <strong>no</strong> ABDÓMEN. Em visão lateral destacam-<br />
-se grandes manchas semicirculares amarelas entre S1 e S8 (elemento de diagnóstico). PATAS escuras e<br />
relativamente compridas. A primeira observação pode sugerir tratar-se de um Cordulegastridae, mas uma<br />
observação mais atenta <strong>do</strong> inseto, <strong>do</strong> comportamento e <strong>do</strong> habitat é suficiente para desvanecer dúvidas.<br />
Outras informações<br />
Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; a população poderá já estar, até, extinta. Para além <strong>do</strong> registo acima representa<strong>do</strong><br />
existe outro, na Serra de Monchique, data<strong>do</strong> de julho de 1985 (ver: Ferreira et al. 2006; Kunz et<br />
al. 2006). Espécie Afrotropical; distribuição generalizada desde o Sahel, para sul. No Paleártico surge localizada<br />
em numerosos spots, tanto na margem sul como na <strong>no</strong>rte da bacia mediterrânica, com evidente<br />
preferência por sistemas lóticos permanentes, em troços rápi<strong>do</strong>s e com quedas de água. Parece ser um<br />
migra<strong>do</strong>r eficiente, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de elevada capacidade para colonizar <strong>no</strong>vos locais.<br />
Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />
126
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA<br />
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Silsby, J. WDA Beginner’s Guide to Dragonflies. Available at:<br />
http://ecoevo.uvigo.es/wda/linked/beginners_guide_o<strong>do</strong>nates.pdf.<br />
Smallshire, D & Swash, A. 2010. Britain’s Dragonflies. 2 nd Edition. WILDGuides Ltd., Hampshire, UK.<br />
208 pp.<br />
Vieira, C, V Gonçalves, A C Car<strong>do</strong>so & I Patanita. 2010. Registo de quatro <strong>no</strong>vas espécies de O<strong>do</strong>nata<br />
para a Ribeira <strong>do</strong> Vascão, Sítio de Interesse Comunitário <strong>do</strong> Guadiana (Portugal). Boletín de<br />
la Sociedad Entomológica Aragonesa 47: 461‒462.<br />
Weihrauch, F & S Weihrauch. 2003. Spring O<strong>do</strong>nata records from Alentejo (Portugal), Andalusia<br />
and Extremadura (Spain). Opuscula Zoologica Fluminensia 207: 1-18.<br />
WEBSITES RECOMENDADOS<br />
Asociación o<strong>do</strong>natológica de Andalucia: www.libelulas.org<br />
British Dragonfly Society: www.british-dragonflies.org.uk<br />
Global Species Database O<strong>do</strong>nata: www.o<strong>do</strong>nata.info<br />
Société francaise d’O<strong>do</strong>natologie: www.libellules.org<br />
Worldwide Dragonfly Association: ecoevo.uvigo.es/WDA<br />
DATA CONTRIBUTORS<br />
João Tiago Tavares<br />
Nelson Fonseca<br />
128
AGRADECIMENTOS<br />
Sónia Ferreira, CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade <strong>do</strong> Porto), e<br />
Klaas-Douwe B. Dijkstra, Netherlands Centre for Biodiversity - NCB Naturalis, pelo permanente apoio e paciente disponibilidade,<br />
<strong>no</strong> decurso da preparação deste Guia Digital.<br />
Marcial Felgueiras, Diretor da Associação ‘A Rocha’ em Portugal, pela consulta das publicações de A J Gardiner,<br />
P Sturgess e P Wallis. Jorge Papa, pela autorização para visitar o Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão, e pelo apoio proporciona<strong>do</strong><br />
durante essas visitas. Manuel Dinis Cortes, pelo auxílio na obtenção de fotografias de Oxygastra curtisii e<br />
pela chamada de atenção para a ocorrência de Lestes macrostigma na RNSCMVRSA. Valter Jacinto, pela cordial disponibilização<br />
da fotografia <strong>do</strong> macho adulto de Selysiothemis nigra. Guillaume Rethore, pela cordial disponibilização de<br />
observações de Aeshna mixta e Cordulegaster boltonii. Peter Oefinger, www.bpo-natura.de, pela cordial disponibilização<br />
de observações de Gomphus pulchellus e Libellula quadrimaculata.<br />
A<strong>do</strong>lfo Cordero Rivera, Universidad de Vigo, pela tradução, para castelha<strong>no</strong>, da Síntese final. Christian Roder, Turtle<br />
Foundation, pela tradução, para alemão, da Síntese final.<br />
Bill Clark, pelas facilidades para a cordial utilização de todas as funcionalidades <strong>do</strong> Earth Point.<br />
Fotógrafos de natureza portugueses, como Alba<strong>no</strong> Soares, Dinis Cortes, Luís Louro, Nelson ‘Arade’ Fonseca e Valter<br />
Jacinto, que partilham as suas melhores imagens de libélulas e libelinhas em plataformas online (flickr, p.ex.) e, involuntariamente,<br />
ajudam <strong>no</strong>s esforços iniciais da prospeção.<br />
Aquário Vasco da Gama - Biblioteca Ocea<strong>no</strong>gráfica <strong>do</strong> Rei D. Carlos I e, em particular, Paula Leandro, pela autorização<br />
para consulta e reprodução fotográfica <strong>do</strong> desenho da Libella fluviatili, publica<strong>do</strong> em 1554 <strong>no</strong> ‘Libri de Piscibus<br />
Marinis’, de G. Rondelet.<br />
Severa Reis, minha mulher, e Rita, minha filha mais <strong>no</strong>va, pela paciência, durante as horas e horas de trabalho que<br />
este ebook exigiu. Catarina Carolina, minha filha mais velha, pela agradável companhia em algumas das saídas de<br />
campo...<br />
GLOSSÁRIO<br />
Abdómen - secção posterior <strong>do</strong> corpo, onde se identificam externamente os 10 segmentos (numera<strong>do</strong>s, para efeitos<br />
de descrição, <strong>do</strong> extremo proximal para o distal, S1 a S10) e os apêndices ab<strong>do</strong>minais, bem como, <strong>no</strong>s machos,<br />
os órgãos genitais secundários (na parte ventral de S2).<br />
Ângulo anal - parte específica das asas das Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />
Anterior - situa<strong>do</strong> à frente, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da cabeça. Antónimo - posterior.<br />
Apêndices ab<strong>do</strong>minais femini<strong>no</strong>s - peças existentes <strong>no</strong> limite posterior <strong>do</strong> Abdómen e que facilitam a deposição<br />
<strong>do</strong>s ovos durante a Oviposição.<br />
Apêndices ab<strong>do</strong>minais masculi<strong>no</strong>s - três (caso das Anisoptera) ou quatro (Zygoptera) peças existentes <strong>no</strong> limite<br />
posterior <strong>do</strong> Abdómen, duas em posição superior ou <strong>do</strong>rsal, e uma ou duas em posição inferior ou ventral. Sinónimo<br />
- apêndices anais masculi<strong>no</strong>s.<br />
Bivoltina - espécie que completa duas gerações por a<strong>no</strong>.<br />
Carena <strong>do</strong>rsal - linha de contacto e união entre as metades direita e esquerda <strong>do</strong> Pterotórax. Ver ilustr. ps. 13 e 15.<br />
Célula alar - elemento estrutural da asa, constituí<strong>do</strong> por uma fina Membrana transparente ou pigmentada (translúcida<br />
ou opaca), e delimita<strong>do</strong> por Nervuras.<br />
Célula discoidal - parte específica da asa das Zygoptera, similar ao Triângulo das Anisoptera. Ver ilustr. pág. 13.<br />
Cerda - pêlo rijo, existente nas patas, em particular nas tíbias.<br />
Coxa - primeiro segmento (segm. proximal) da pata, entre o tórax e o fémur.<br />
Distal - na parte afastada <strong>do</strong> eixo ou ponto central <strong>do</strong> corpo. Antónimo - proximal.<br />
Dorsal - na parte superior <strong>do</strong> corpo. Antónimo - ventral.<br />
Espiráculo - limite exterior <strong>do</strong> sistema respiratório; nas Anisoptera os espiráculos são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de capacidade interna<br />
para fechar e têm micropêlos que atuam como filtro de ar; nas Zygoptera não existe a capacidade de fechar nem<br />
micropêlos filtrantes. Ver - Metastigma.<br />
Exosqueleto - esqueleto exter<strong>no</strong>, constituí<strong>do</strong> em grande percentagem por quitina, com funções estruturais (forma e<br />
proteção <strong>do</strong> corpo) e suporte para ações funcionais (movimento).<br />
Exuvia, pl. exuviae - último exosqueleto da fase larvar <strong>do</strong> ciclo de vida; após a metamorfose <strong>do</strong> inseto para a fase<br />
adulta, fica aban<strong>do</strong>nada em vegetação ou pedras, ou <strong>no</strong> solo, próximo <strong>do</strong> volume de água, e pode ser utilizada<br />
para identificar a Família ou a Espécie, contribuin<strong>do</strong> para caraterizar a sua distribuição geográfica.<br />
Faixa anteumeral - faixa ou banda de cor clara existente <strong>no</strong> tórax, paralela à Sutura umeral, a partir da mesma e<br />
estenden<strong>do</strong>-se para a Carena <strong>do</strong>rsal. Ver ilustrações págs. 13 e 15.<br />
Fémur - segun<strong>do</strong> segmento da pata, entre a coxa e a tíbia.<br />
Heterocromática (forma) - pigmentação da fêmea adulta, distinta da <strong>do</strong> macho adulto. Sinónimo - Gi<strong>no</strong>cromática.<br />
129
Homocromática (forma) - pigmentação da fêmea adulta, muito semelhante à pigmentação <strong>do</strong> macho adulto.<br />
Imago, pl. imagines ou imagos - fase final <strong>do</strong> ciclo de vida; é atingida a maturidade sexual e, por isso, é sinónimo<br />
da fase de adulto <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de capacidade reprodutora.<br />
Instar, pl. instars - cada um <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de vida da larva, cujo início e final são marca<strong>do</strong>s pela mudança de exosqueleto.<br />
Larva, pl. larvas - segunda fase <strong>do</strong> ciclo de vida.<br />
Loop anal - parte específica da asa posterior das Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />
Membrana alar - elemento constituinte da célula alar e delimita<strong>do</strong> pelas Nervuras alares.<br />
Metastigma - pequena abertura <strong>do</strong> sistema respiratório, localizada na face lateral <strong>do</strong> Pterotórax. Ver - Espiráculo.<br />
Multivoltina - espécie que completa três ou mais gerações por a<strong>no</strong>.<br />
Nervação - rede de nervuras da asas anterior e posterior, que assegura a necessária rigidez estrutural e, consequentemente,<br />
a possibilidade de sustentação <strong>no</strong> ar, em voo. A forma, a organização e a cor da nervação é específica<br />
de cada Família, Género e, eventualmente, Espécie; por isso é determinante da identificação macroscópica das<br />
diversas O<strong>do</strong>nata.<br />
Nervura alar - elemento estrutural da asa, que constitui uma parte da rede estruturada e à qual estão ligadas Membranas<br />
alares.<br />
Nervura ante<strong>no</strong>dal principal e nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular. Ver ilustração pág. 15.<br />
Nervura post<strong>no</strong>dal principal e nervura post<strong>no</strong>dal perpendicular. Ver ilustração pág. 15.<br />
Nódulo alar - parte específica das asas anterior e posterior, onde se unem as nervuras ante<strong>no</strong>dais e post<strong>no</strong>dais principais,<br />
e que é específica de cada Família, Género e, eventualmente, Espécie e, por isso é determinante da identificação<br />
macroscópica das diversas O<strong>do</strong>nata.<br />
Oviposição en<strong>do</strong>fítica - introdução de ovos em teci<strong>do</strong>s vegetais, pela fêmea, utilizan<strong>do</strong> o respetivo ovipositor e peças<br />
complementares.<br />
Oviposição exofítica- deposição de ovos sobre a superfície livre da água, de plantas aquáticas ou de outros substratos,<br />
pela fêmea.<br />
Oviposição com alheamento <strong>do</strong> macho (ovip.AF) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que se desinteressam<br />
das fêmeas após a cópula e que não as acompanham durante a oviposição.<br />
Oviposição sob observação <strong>do</strong> macho (ovip.PR) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que se mantêm<br />
nas proximidades das fêmeas durante a oviposição, afastan<strong>do</strong> eventuais ‘intrusos’.<br />
Oviposição em tandem (ovip.PR) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que retomam a ligação em<br />
tandem após a cópula, e participam ativamente na oviposição.<br />
Partivoltina - espécie que necessita de três ou mais a<strong>no</strong>s para completar uma geração.<br />
Posterior - situa<strong>do</strong> atrás, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s apêndices ab<strong>do</strong>minais. Antónimo - anterior.<br />
Pro<strong>no</strong>tum - estrutura rígida entre a cabeça e o tórax, cobrin<strong>do</strong> a face <strong>do</strong>rsal anterior <strong>do</strong> protórax.<br />
Protórax - limite anterior <strong>do</strong> tórax, a partir <strong>do</strong> qual surge o par de patas anteriores. Ver ilustr. das págs. 13 e 15.<br />
Proximal - próximo <strong>do</strong> eixo ou ponto central <strong>do</strong> corpo. Antónimo - distal.<br />
Pruína - o mesmo que pruinescência.<br />
Pruinescência - exsuda<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> na hipoderme, de cores esbranquiçada, azulada ou violeta<br />
Pterostigma - célula alar <strong>no</strong> limite anterior e próxima <strong>do</strong> limite distal da asa, com a membrana espessada e pigmentada,<br />
de dimensão relativamente grande e, por isso, bastante perceptível; é elemento de diagnóstico para muitas<br />
espécies de O<strong>do</strong>nata.<br />
Pterotórax - parte posterior e principal <strong>do</strong> tórax das O<strong>do</strong>nata. Ver ilustrações das págs. 13 e 15.<br />
Semivoltina - espécie que necessita de <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s para completar uma geração.<br />
Suturas umeral / interpleural / metapleural - linhas semelhantes a peque<strong>no</strong>s mas evidentes sulcos, não necessariamente<br />
retilíneos, de união entre as peças que constituem cada um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pterotórax. Ver ilustr. p. 13.<br />
Tandem - forma de ligação entre o macho e a fêmea adultos; o macho, recorren<strong>do</strong> aos apêndices ab<strong>do</strong>minais, agarra<br />
a fêmea pela cabeça ou pro<strong>no</strong>tum, durante o acasalamento e, eventualmente, a oviposição e até a migração.<br />
Tarso - último segmento (segm. distal) da pata.<br />
Teneral, pl. tenerals - O<strong>do</strong>nata adulta mas sexualmente imatura, nas horas ou dias imediatos à emergência, quan<strong>do</strong><br />
está ainda a ganhar a cor definitiva e a robustez estrutural <strong>do</strong> seu corpo e asas.<br />
Tíbia - terceiro segmento da pata, entre o fémur e o tarso.<br />
Triângulo - parte específica das asas das Anisoptera, similar à Célula discoidal das Zygoptera. Ver ilustr. pág. 15.<br />
Triângulo anal - parte específica da asa posterior de diversas Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />
Univoltina - espécie que completa uma geração por a<strong>no</strong>.<br />
Ventral - na parte inferior <strong>do</strong> corpo. Antónimo - <strong>do</strong>rsal.<br />
Vigilante persistente (terr.VP) - padrão de comportamento <strong>do</strong> macho adulto, que repousa em locais estrategicamente<br />
escolhi<strong>do</strong>s por permitirem uma boa observação <strong>do</strong> ‘seu território’ e que faz voos periódicos para caçar,<br />
acasalar ou afastar outros machos considera<strong>do</strong>s ‘intrusos’.<br />
Voa<strong>do</strong>r ativo (terr.VA) - padrão de comportamento <strong>do</strong> macho adulto, que percorre quase incessantemente um troço<br />
de um sistema lótico ou lêntico, afastan<strong>do</strong> outros machos considera<strong>do</strong>s ‘intrusos’ e aguardan<strong>do</strong> por fêmeas<br />
disponíveis para a cópula e oviposição.<br />
130
SÍNTESE - ABSTRACT - SÍNTESIS - ZUSAMMENFASSUNG<br />
SÍNTESE<br />
! Este ebook é a primeira publicação especializada existente sobre a fauna o<strong>do</strong>natológica algarvia.<br />
Não deve, <strong>no</strong> entanto, ser entendi<strong>do</strong> como uma obra editada só após esgotadas todas as possibilidades<br />
de aprofundamento <strong>do</strong>s conhecimentos sobre o assunto. Na verdade, temos consciência de que muito<br />
haverá para acrescentar em futuras edições.<br />
! A sua divulgação, neste momento, tem em vista contribuir para a satisfação de uma necessidade<br />
reconhecida e, simultaneamente, colmatar uma lacuna assinalada <strong>no</strong> European Red List of Dragonflies<br />
(pág 17). Neste Guia Digital sintetizam-se em língua portuguesa numerosas informações já antes disponíveis,<br />
mas dispersas, e adicionam-se informações relevantes. Como resulta<strong>do</strong>s deste esforço: i. o número<br />
de registos com observações de O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> foi duplica<strong>do</strong>, o que permite melhorar significativamente<br />
a cartografia da distribuição regional das 51 espécies; ii. são adicionadas seis <strong>no</strong>vas espécies à<br />
checklist algarvia recente. A profusão de fotografias que ilustra este ebook contribui igualmente para a<br />
sua fácil utilização, mesmo por públicos que não são, nem ambicionam vir a ser, experts <strong>no</strong> assunto.<br />
! Este Guia Digital foi prepara<strong>do</strong> para uma utilização autó<strong>no</strong>ma; pode, mesmo assim, ser consulta<strong>do</strong><br />
em paralelo com alguns guias de campo europeus, como o são os prestigia<strong>do</strong>s Field Guide to the<br />
Dragonflies of Britain and Europe, de K-D B Dijkstra & R Lewington, e The Dragonflies of Europe, de<br />
R R Askew. Sob outro ponto de vista, este ebook pode ser facilmente consulta<strong>do</strong> tanto por lusofalantes<br />
como por não lusofalantes: o texto apresenta a tradução para inglês <strong>do</strong>s termos técnicos indispensáveis<br />
para a interpretação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, e a cartografia e imagens falam por si. Assume-se, assim, que a comunidade<br />
internacional interessada na fauna o<strong>do</strong>natológica algarvia encontrará, neste Guia Digital,<br />
uma obra de consulta indispensável.<br />
! Por último, apresenta-se nesta Síntese um derradeiro contributo, útil e enriquece<strong>do</strong>r para quem<br />
quiser partir à descoberta das O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: os 10 melhores locais para observar e fotografar<br />
Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Desfrute em ple<strong>no</strong> este património natural, respeitan<strong>do</strong>-o com ética<br />
e dignidade, para que não se degrade ou extinga.<br />
OS 10 MELHORES LOCAIS PARA OBSERVAR E FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS NO ALGARVE<br />
Mais informação AQUI.<br />
131
ABSTRACT<br />
! This ebook is the first publication focused on the <strong>Algarve</strong>’s O<strong>do</strong>nata Order. It shouldn’t, however,<br />
be perceived as the definitive edition on the subject, published only after exhausting all k<strong>no</strong>wledge<br />
about. In fact, there still will be much to add in future editions.<br />
! At this moment, its divulgation is aiming to contribute to the satisfaction of a recognized demand<br />
and, simultaneously, to fill in a blank mentioned on the European Red List of Dragonflies (p. 17).<br />
Therefore, this Digital Guide <strong>no</strong>t only synthesizes, in Portuguese, a large amount of data already available<br />
though scattered, but also adds new one. As main results of our efforts: i. The number of records was<br />
duplicated, providing new data to significantly improved cartographies on the regional distribution of<br />
the 51 species; ii. Six new species were added to the <strong>Algarve</strong>’s most recent checklist. The large number of<br />
photographies in this ebook also contributes to the fact that it can be easily used by those who are <strong>no</strong>t,<br />
neither wish to be, experts on the subject.<br />
! This Digital Guide has been prepared to be used as an independent source of information. It can,<br />
however, be consulted in parallel with some European field guides, such as the Field Guide to the<br />
Dragonflies of Britain and Europe, by K-D B Dijkstra & R Lewington, and/or The Dragonflies of<br />
Europe, by R R Askew. In the other hand, this ebook can be easily consulted by <strong>no</strong>n Portuguese speakers,<br />
because the indispensable technical terms are translated to English, allowing the comprehension of fundamental<br />
contents. In this way, it is assumed that the international community interested in the <strong>Algarve</strong>'s<br />
O<strong>do</strong>nata fauna will find this Digital Guide to be a reference work of great importance.<br />
! At last, it is presented in this Abstract a new contribute, equally enriching for those who wish to<br />
discover the <strong>Algarve</strong>’ O<strong>do</strong>nata fauna: the 10 hotspots to observe and photograph dragonflies and<br />
damselflies at <strong>Algarve</strong>. Fully enjoy this natural resource, respecting it carefully and avoiding its degradation<br />
and extinction.<br />
SÍNTESIS<br />
! Este libro electrónico es la primera publicación especializada disponible sobre la fauna o<strong>do</strong>natológica<br />
de la región portuguesa de <strong>Algarve</strong>. No puede, sin embargo, ser considera<strong>do</strong> como una obra publicada<br />
al final de un estudio profun<strong>do</strong> y completo de la temática. Somos plenamente conscientes de que<br />
en futuras ediciones se podrá aportar mucha más información.<br />
! Su divulgación, en este momento, tiene por tanto la intención de contribuir a la satisfacción de<br />
una necesidad reco<strong>no</strong>cida y, al mismo tiempo, a rellenar un hueco identifica<strong>do</strong> en la European Red List<br />
of Dragonflies (pág. 17). En la presente Guía Digital se compilan en lengua portuguesa la casi totalidad<br />
de los datos anteriormente publica<strong>do</strong>s, pero dispersos y muchas veces sólo accesibles a los especialistas, y<br />
se añade un número considerable de nuevos datos. Los principales resulta<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> el esfuerzo son: i.<br />
se ha duplica<strong>do</strong> el número de registros de observaciones de O<strong>do</strong>nata en el <strong>Algarve</strong>, lo que permite mejorar<br />
la cartografía regional de la distribución de cada una de las 51 especies tratadas; ii. se han adiciona<strong>do</strong><br />
seis especies al catálogo reciente (checklist) del <strong>Algarve</strong>. La profusión de fotografías que ilustra el<br />
ebook es una e<strong>no</strong>rme ayuda para su utilización, incluso por personas que <strong>no</strong> son, ni pretenden ser, especialistas<br />
en el tema.<br />
! La Guía Digital fue pensada para una utilización autó<strong>no</strong>ma; puede, así mismo, consultarse conjuntamente<br />
con algunas guías de campo europeas muy prestigiosas, como la Field Guide to the Dragonflies<br />
of Britain and Europe, de K-D B Dijkstra & R Lewington, y el libro The Dragonflies of Europe,<br />
de R R Askew. Además, este ebook puede ser muy útil incluso para aquellos que <strong>no</strong> hablan portugués; el<br />
vocabulario técnico tiene su traducción al inglés, y la cartografía y fotos hablan por sí mismas. En consecuencia,<br />
estamos seguros de que quienes tienen el idioma castella<strong>no</strong> como lengua materna van a encontrar<br />
en esta Guía Digital una obra de consulta indispensable.<br />
! Por último, se presenta en esta Síntesis una última contribución del ebook, útil para los que<br />
quieran salir al descubrimiento de las O<strong>do</strong>nata en el <strong>Algarve</strong>: las 10 mejores localidades para observar<br />
y fotografiar Libélulas en el <strong>Algarve</strong>. Lo que deseamos es que disfrute del patrimonio natural de la<br />
región, respetán<strong>do</strong>lo para que <strong>no</strong> se degrade o extinga.<br />
132
ZUSAMMENFASSUNG<br />
! Dieses Ebook ist die erste spezialisierte Ausgabe über die Fauna der Libellen (O<strong>do</strong>nata) an der<br />
<strong>Algarve</strong> (Portugal). Diese Ausgabe sollte je<strong>do</strong>ch nicht als endgültiges Werk angesehen werden, da es sicherlich<br />
<strong>no</strong>ch Vieles gibt, was in den zukünftigen Ausgaben hinzugefügt werden muss.<br />
! Die Veröffentlichung soll zur Befriedigung einer anerkannten Nachfrage beitragen und gleichzeitig<br />
eine Lücke in der Europäischen Roten Liste der Libellen (S.17) füllen. In diesem Ebook werden<br />
zahlreiche bereits vorhandene, aber verstreute Informationen in der portugiesischen Sprache zusammengefasst<br />
und neue Informationen hinzugefügt. Als Ergebnis all dieser Bemühungen wurde erstens die<br />
Anzahl der registrierten Beobachtungen von O<strong>do</strong>nata ver<strong>do</strong>ppelt; dies erlaubt eine wesentliche Verbesserung<br />
der Kartographie der regionalen Verteilung jeder Spezies. Zweitens wurden drei neue Arten in die<br />
Checkliste der <strong>Algarve</strong> aufge<strong>no</strong>mmen. Die große Anzahl an Fotos in diesem Ebook erlaubt eine einfache<br />
Bestimmung, auch für diejenigen die keine Experten auf diesem Gebiet sind.<br />
! Dieses Digitale Bestimmungsbuch wurde als eigenständige Informationsquelle konzipiert, kann<br />
je<strong>do</strong>ch auch parallel mit einigen europäischen Führern konsultiert werden, so wie der „Field Guide to<br />
the Dragonflies of Britain and Europe“, von K-D B Dijkstra & R Lewington und/ oder „The Dragonflies<br />
of Europe”, von R R Askew. Weiterhin kann dieses Ebook sowohl von Personen, die der Portugiesischen<br />
Sprache mächtig sind, aber auch von Personen die der Sprache nicht mächtig sind konsultiert werden,<br />
da wichtige Fachbegriffe ins Englische übersetzt wurden und so ein Verständnis der grundlegenden<br />
Inhalte erlauben. So ist davon auszugehen, dass die internationale Gemeinschaft, die an der Fauna der<br />
Libellen an der <strong>Algarve</strong> interessiert ist, in diesem digitalen Führer ein unentbehrliches Nachschlagwerk<br />
findet.<br />
! Zu guter Letzt stellt diese Zusammenfassung einen originellen und bereichernden Beitrag für<br />
diejenigen, die die Fauna der Libellen an der <strong>Algarve</strong> entdecken möchten: Die Liste der 10 besten Plätze<br />
zur Beobachtung und zum Fotografieren der Libellen in der <strong>Algarve</strong>. Genießen Sie diese natürliche<br />
Ressource und respektieren Sie sie mit Sorgfalt um sie nicht zu beeinträchtigen.<br />
133
!<br />
!<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Foto da capa" " " " " " " " " Ilustrações<br />
Sympetrum fonscolombii macho adulto" " " " " Paula Gaspar<br />
arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />
Edição"" " " " " " " " " ISBN: 978-989-97560-0-7<br />
http://www.idescobrir.pt"" " " " " " Apoio<br />
Citar corretamente: Citation:<br />
Loureiro, N. S. 2011. Libélulas e Libelinhas (O<strong>do</strong>nata)<br />
<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ebook, e.01.v.004. <strong>iDescobrir</strong>.pt. 134 pp.<br />
Este ebook é propriedade de: <strong>Turismo</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong><br />
e tem o número de identificação: OA-e.01-v.004-n.0022<br />
De Libella 134fluviatili