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Odonatas no Algarve - iDescobrir - Avançada - Turismo do Algarve

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LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />

(O<strong>do</strong>nata) NO ALGARVE<br />

Nu<strong>no</strong> de Santos Loureiro<br />

Guias Digitais Biodiversidade e Natureza nº 1 2011


ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO! 4<br />

OS HABITATS DAS LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 5<br />

OBSERVAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 6<br />

ECOLOGIA, BIOLOGIA E TAXONOMIA! 7<br />

CICLO DE VIDA! 8<br />

CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO! 11<br />

FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 16<br />

COLECIONAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS! 19<br />

ESPÉCIES COM PROTEÇÃO LEGAL! 20<br />

FICHAS DE ESPÉCIES! 21<br />

ZYGOPTERA! 22<br />

CALOPTERYGIDAE! 22<br />

Calopteryx haemorrhoidalis! 23<br />

Calopteryx virgo meridionalis! 25<br />

Calopteryx xanthostoma! 26<br />

LESTIDAE! 28<br />

Lestes barbarus! 29<br />

Lestes dryas! 31<br />

Lestes macrostigma! 33<br />

Lestes virens! 35<br />

Lestes viridis! 37<br />

Sympecma fusca! 39<br />

COENAGRIONIDAE! 41<br />

Ceriagrion tenellum! 42<br />

Coenagrion puella! 44<br />

Coenagrion scitulum! 46<br />

Enallagma cyathigerum! 48<br />

Erythromma lindenii! 50<br />

Erythromma viridulum! 52<br />

Ischnura graellsii! 54<br />

Ischnura pumilio! 56<br />

Pyrrhosoma nymphula! 58<br />

PLATYCNEMIDIDAE! 60<br />

Platycnemis acutipennis! 61<br />

Platycnemis latipes! 63<br />

2


ANISOPTERA! 65<br />

AESHNIDAE! 65<br />

Aeshna cyanea! 66<br />

Aeshna isoceles! 68<br />

Aeshna mixta! 69<br />

Anax ephippiger! 71<br />

Anax imperator! 73<br />

Anax parthe<strong>no</strong>pe! 75<br />

Boyeria irene! 77<br />

GOMPHIDAE! 79<br />

Gomphus graslinii! 80<br />

Gomphus pulchellus! 81<br />

Gomphus simillimus! 83<br />

Onychogomphus forcipatus unguiculatus! 84<br />

Onychogomphus uncatus! 86<br />

Paragomphus genei! 88<br />

CORDULEGASTRIDAE! 89<br />

Cordulegaster boltonii! 90<br />

CORDULIIDAE! 92<br />

Oxygastra curtisii! 93<br />

MACROMIIDAE! 95<br />

Macromia splendens! 96<br />

LIBELLULIDAE! 97<br />

Brachythemis impartita! 98<br />

Crocothemis erythraea! 100<br />

Diplacodes lefebvrii! 102<br />

Libellula depressa! 104<br />

Libellula quadrimaculata! 106<br />

Orthetrum cancellatum! 108<br />

Orthetrum chrysostigma! 110<br />

Orthetrum coerulescens! 112<br />

Orthetrum trinacria! 114<br />

Selysiothemis nigra! 116<br />

Sympetrum fonscolombii! 118<br />

Sympetrum meridionale! 120<br />

Sympetrum striolatum! 122<br />

Trithemis annulata! 124<br />

Zygonyx torridus! 126<br />

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA! 127<br />

WEBSITES RECOMENDADOS! 128<br />

GLOSSÁRIO! 129<br />

SÍNTESE - ABSTRACT - SÍNTESIS - ZUSAMMENFASSUNG! 131<br />

3


INTRODUÇÃO<br />

Os insetos da Ordem ODONATA, pelo seu tamanho, forma e cor, e especialmente pelo seu<br />

comportamento diur<strong>no</strong> muito ativo, facilmente despertam a curiosidade de quem passa perto<br />

de um local com água <strong>do</strong>ce, o habitat privilegia<strong>do</strong> para libélulas e libelinhas. São totalmente<br />

i<strong>no</strong>fensivos para o Homem e podem até ser considera<strong>do</strong>s benéficos, por se alimentarem de outros<br />

insetos, alguns deles direta ou indiretamente prejudiciais ao <strong>no</strong>sso bem-estar.<br />

O conhecimento detalha<strong>do</strong> da biologia e ecologia destas espécies, que têm muitos milhões de<br />

a<strong>no</strong>s de existência com a estrutura praticamente inalterada, certamente aumentará o fascínio.<br />

Os primeiros fósseis de insetos com vincadas semelhanças às O<strong>do</strong>nata (os ‘proto<strong>do</strong>nata’) encontraram-se<br />

em formações datadas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Carbonífero (320 milhões de a<strong>no</strong>s). Os primeiros<br />

fósseis de Anisoptera surgem <strong>no</strong> Jurássico (150 milhões de a<strong>no</strong>s), enquanto que os de<br />

Zygoptera <strong>no</strong> Cretáceo (120 milhões de a<strong>no</strong>s). A partir desse perío<strong>do</strong> só um conjunto diversifica<strong>do</strong><br />

de estratégias extremamente eficazes teria permiti<strong>do</strong> resistir a múltiplas pressões ambientais,<br />

a maior parte delas <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> da extinção. Mas o sucesso <strong>no</strong> passa<strong>do</strong> não é, infelizmente,<br />

garantia para o futuro. A mudança global que atinge hoje o Planeta Terra está a ameaçar as<br />

O<strong>do</strong>nata. Por isso, em paralelo a um crescente número de observa<strong>do</strong>res da natureza e da vida<br />

selvagem interessa<strong>do</strong>s em libélulas e libelinhas, é indispensável a existência de um número destaca<strong>do</strong><br />

de especialistas, atentos e preocupa<strong>do</strong>s não só com os insetos em si, mas também com<br />

os seus indissociáveis habitats. É que, à semelhança de muitos outros exemplos, a biodiversidade<br />

associada à Ordem O<strong>do</strong>nata pode e deve ser alvo de uma gestão sustentável <strong>do</strong> território.<br />

Em Portugal continental estão registadas 63 Espécies de O<strong>do</strong>nata (Ferreira et al. 2006). No <strong>Algarve</strong>,<br />

onde popularmente eram chamadas de azeiteiros, podem encontrar-se, pelo me<strong>no</strong>s, 51<br />

(20 da Subordem Zygoptera e 31 Anisoptera), ou seja, mais de 80% <strong>do</strong> total nacional referi<strong>do</strong>.<br />

45 Espécies estavam já listadas em publicações da especialidade (ver Bibliografia Recomendada)<br />

datadas <strong>do</strong> séc. XXI e com metada<strong>do</strong>s de georeferenciação das observações suficientemente<br />

detalha<strong>do</strong>s. Seis são agora adicionadas (Lestes barbarus, L. macrostigma, Coenagrion<br />

puella, Anax parthe<strong>no</strong>pe, Brachythemis impartita e Sympetrum meridionale), fruto de prospeções<br />

efetuadas para a preparação deste Guia Digital e <strong>do</strong>s valiosos contributos de <strong>do</strong>is Data Contributors.<br />

Das 51 Espécies referidas, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> 16 têm distribuição ‘alargada’, 15 ‘limitada’ e 20 são<br />

‘raridades’. A região posiciona-se, <strong>no</strong> contexto da União Europeia, ao nível máximo da hierarquia<br />

de riqueza total de espécies, bem como da de endemismos (European Red List of Dragonflies,<br />

2010). O <strong>Algarve</strong> acolhe, por outro la<strong>do</strong>, um considerável número de espécies ameaçadas<br />

de extinção, o que não deixará de implicar um desafio e uma responsabilidade para a região.<br />

Três Espécies (Gomphus graslinii, Oxigastra curtisii e Macromia splendens) estão incluídas <strong>no</strong> Anexo<br />

B-IV da Diretiva Habitats, deven<strong>do</strong> beneficiar de medidas para a sua rigorosa proteção.<br />

O objetivo deste Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade é contribuir para o conhecimento<br />

das Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. É resulta<strong>do</strong> de um prolonga<strong>do</strong> e intenso<br />

trabalho, tanto <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> como <strong>no</strong> gabinete. Milhares de quilómetros foram percorri<strong>do</strong>s e o<br />

<strong>Algarve</strong> foi repetidamente prospeta<strong>do</strong> de lés-a-lés. Centenas de horas foram despendidas em<br />

observações e milhares de fotografias digitais foram disparadas para ilustrar este Guia Digital.<br />

Nenhuma libélula ou libelinha foi capturada e morta! Por isso tomamos a liberdade de lhe pedir<br />

que utilize este Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade com o mesmo senti<strong>do</strong><br />

ético: desfrute <strong>do</strong> património natural e minimize o impacte ambiental!<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

4


OS HABITATS DAS LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />

As O<strong>do</strong>nata têm a sua vida associada a ambientes aquáticos de água <strong>do</strong>ce ou, eventualmente,<br />

salobra. Alimentação, crescimento e reprodução estão, de forma incontornável, dependentes da<br />

água. Consequentemente, apenas durante breves perío<strong>do</strong>s de dispersão e migração, ou por vezes<br />

de colonização de <strong>no</strong>vos locais, libélulas e libelinhas ficam afastadas <strong>do</strong>s sistemas aquáticos.<br />

Diferentes Famílias, Géneros e Espécies de libélulas e libelinhas manifestam preferências por<br />

distintos tipos de habitats. Os mesmos podem até servir como elemento complementar e auxiliar<br />

de diagnóstico para a identificação porque, em geral, permitem restringir o conjunto de espécies<br />

que é expectável encontrar num determina<strong>do</strong> local.<br />

Os habitats das libélulas e libelinhas podem, numa primeira aproximação, classificar-se e descrever-se<br />

de acor<strong>do</strong> com <strong>do</strong>is critérios diretamente associa<strong>do</strong>s ao elemento água: i. sistemas<br />

lóticos (lotic systems), ou seja, aqueles em que um curso de água <strong>do</strong>ce em movimento é o elemento<br />

principal, e sistemas lênticos (lentic systems), quan<strong>do</strong> o elemento preponderante é um<br />

volume de água <strong>do</strong>ce estática; ii. sistemas permanentes (perennial waters), ou seja, aqueles<br />

em que se observa água à superfície durante to<strong>do</strong> o a<strong>no</strong>, e sistemas temporários (temporary<br />

waters), quan<strong>do</strong> durante alguns meses <strong>do</strong> a<strong>no</strong> não há água.<br />

No <strong>Algarve</strong>, os sistemas lóticos são, na sua grande maioria, complexos, porque pre<strong>do</strong>minam os<br />

regimes hidrológicos temporários, sazonais ou mesmo esporádicos, e poucos cursos de água<br />

têm regime permanente. No entanto, só em condições excecionais os cursos de água de regime<br />

sazonal ficam totalmente secos. O habitual é permanecerem numerosos volumes de água aparentemente<br />

parada, interliga<strong>do</strong>s por um diminuto escoamento sub-superficial. Consequentemente,<br />

os cursos de água de regime hidrológico temporário tendem a alternar entre uma ecologia<br />

lótica, <strong>no</strong> inver<strong>no</strong> e primavera, e uma ecologia progressivamente lêntica, desde o início <strong>do</strong><br />

verão até ao outo<strong>no</strong>, e ao incremento sensível <strong>do</strong>s caudais após as primeiras chuvas de outubro<br />

e <strong>no</strong>vembro.<br />

Pode, então, a<strong>do</strong>tar-se a seguinte classificação para os Habitats das Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong><br />

<strong>Algarve</strong>:<br />

I. Sistemas lóticos simples ✹ lotic systems with perennial flow<br />

i. rio Guadiana (o único grande rio)<br />

ii. outros rios e ribeiras de regime hidrológico permanente<br />

iii. canais de rega<br />

II. Sistemas lóticos complexos ✹ complex Mediterranean water bodies (seasonal lotic/lentic/<br />

i. ribeiras na serra algarvia /dried systems)<br />

ii. ribeiras montanhosas na serra de Monchique<br />

iii. ribeiras <strong>do</strong> barrocal e litoral algarvios<br />

III. Sistemas lênticos ✹ permanent and temporary (seasonal and episodic) lentic systems<br />

i. lagoas naturais, charcas e açudes permanentes (< 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />

ii. lagoas naturais, charcas e açudes temporários (< 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />

iii. barragens ou albufeiras (≥ 8 ha ≈ 0,08 km 2 )<br />

iv. pauis e arrozais<br />

v. peque<strong>no</strong>s pontos de água (fontes, bebe<strong>do</strong>uros de animais, etc.)<br />

IV. Sapais e salinas aban<strong>do</strong>nadas ✹ brackish waters<br />

V. Locais afasta<strong>do</strong>s (≥ 100 m) de qualquer volume de água ✹ away from any water body<br />

5


À classificação acima referida poderão associar-se diversos critérios complementares de classificação<br />

e descrição. Por exemplo: temperaturas e amplitudes térmicas da água e <strong>do</strong> ar; intensidade<br />

lumi<strong>no</strong>sa e exposição direta à luz solar; precipitação total anual e sua distribuição intraanual;<br />

vegetação (ocorrência e espécies) nas margens, submersa e emergente <strong>no</strong> próprio volume<br />

de água; valor médio anual e regimes torrencial ou suave <strong>do</strong> escoamento; grau de mineralização,<br />

pH, transparência ou turbidez, e grau de eutrofização da água; caraterísticas <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s<br />

(rochas, pedras e seixos, sedimentos fi<strong>no</strong>s); ocorrência e concentração de poluentes.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

OBSERVAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />

A observação de O<strong>do</strong>nata adultos tem semelhanças com o birdwatching. É fundamental conhecer<br />

o ciclo de vida e os hábitos destes insetos, e é indispensável conhecer os habitats preferi<strong>do</strong>s<br />

por cada espécie. São muito úteis os binóculos, devem vestir-se roupas de cores discretas, caminhar<br />

tranquilamente e, particularmente, aguardar em pontos estratégicos.<br />

Os modelos ideais de binóculos têm ampliação de 7 ou 8 vezes e distância mínima de focagem<br />

reduzida (CF, acrónimo de close-focusing), especificações técnicas que devem ser associadas à<br />

robustez indispensável para uso intensivo <strong>no</strong> campo. A generalidade das marcas conceituadas<br />

produz e comercializa diversos modelos e, entre outras opções possíveis, podem-se referir os<br />

Pentax Papilio (CF = 0,5 m) e os Steiner SkyHawk Pro 8x32 (2,0 m).<br />

No entanto, a identificação até ao nível taxonómico base, ou seja, até à Espécie, baseada apenas<br />

em observações efémeras, feitas a olho nu ou com o auxílio de binóculos, pode ser difícil ou<br />

mesmo impossível, em particular se o objetivo é um rigoroso censo da ocorrência de O<strong>do</strong>nata<br />

num território. A prudência científica recomenda que a identificação feita nas condições acima<br />

descritas seja considerada fiável apenas até ao nível taxonómico da Família ou Género e, sen<strong>do</strong><br />

possível, que se recorra a procedimentos complementares de identificação, como a fotografia<br />

macro, a observação à lupa, <strong>no</strong> campo e eventualmente <strong>no</strong> laboratório, de larvas e exuviae, ou a<br />

cuida<strong>do</strong>sa captura <strong>do</strong>s adultos com uma rede para borboletas, imediatamente seguida da identificação<br />

inequívoca e libertação <strong>do</strong>s exemplares.<br />

A rede para captura de O<strong>do</strong>nata deverá ser adequada à Subordem: para a Zygoptera recomenda-se<br />

uma pequena e de cabo curto; para a Anisoptera é preferível uma significativamente<br />

maior e de cabo longo. Por exemplo, diâmetros de abertura das redes de 40 cm e 65 cm, e cabos<br />

(preferencialmente extensíveis) de 90 e 180 cm.<br />

Por fim, para além <strong>do</strong>s binóculos e/ou <strong>do</strong> equipamento fotográfico, e eventualmente das redes<br />

para captura não letal de specimens, ao especialista em O<strong>do</strong>nata não deve faltar o cader<strong>no</strong> de<br />

campo e o GPS. No cader<strong>no</strong> registará sistematicamente espécies, habitats, datas e outras a<strong>no</strong>tações<br />

relevantes; o GPS permitir-lhe-á conhecer com rigor as coordenadas geográficas <strong>do</strong> local. A<br />

Garmin, por exemplo, é uma marca conceituada, com diversos modelos robustos e fiáveis para<br />

uso intensivo em out<strong>do</strong>or (eTrex).<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

6


ECOLOGIA, BIOLOGIA E TAXONOMIA<br />

As O<strong>do</strong>nata, como a quase totalidade das espécies da classe INSECTA, têm o corpo constituí<strong>do</strong><br />

por três secções: cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça (head) existem <strong>do</strong>is grandes olhos (eyes),<br />

três ocelos (ocellae) e duas pequenas antenas (antennae). O senti<strong>do</strong> da visão é muito desenvolvi<strong>do</strong>,<br />

para a forma e cor, e igualmente para o movimento. Os olhos são proeminentes, compostos,<br />

ocupam grande parte da cabeça e asseguram um amplo campo de visão. Os outros senti<strong>do</strong>s,<br />

pelo contrário, são rudimentares ou até inexistentes. O diminuto tamanho das antenas,<br />

que são órgãos olfativos, evidencia a pouca sensibilidade das libélulas e libelinhas aos cheiros e<br />

aromas. Na cabeça também se destacam as várias peças bucais (mouthparts) mastiga<strong>do</strong>ras, fortes<br />

e sobressalientes, indica<strong>do</strong>ras de um comportamento preda<strong>do</strong>r e voraz. Aliás, a palavra<br />

O<strong>do</strong>nata encontra a sua raiz etimológica em o<strong>do</strong>ntos, o termo grego para ‘dentes’, consequência<br />

direta <strong>do</strong>s numerosos dentes de apreciável tamanho que existem nas mandíbulas.<br />

A partir <strong>do</strong> tórax (thorax), que é forma<strong>do</strong> por uma diminuta parte anterior, o protórax (prothorax),<br />

e por uma posterior principal, o pterotórax (pterothorax or synthorax), surgem <strong>do</strong>is pares<br />

de asas (wings), o anterior (Fw : forewings) e o posterior (Hw : hindwings), e três pares de patas<br />

(legs). Estas últimas, relativamente compridas, são constituídas por quatro segmentos, coxa,<br />

fémur, tíbia e tarso (coxa, femur, tibia and tarsus), e não estão adaptadas para a marcha, permitin<strong>do</strong><br />

apenas ao inseto pousar e fazer deslocações muito limitadas; em oposição, estão <strong>do</strong>tadas<br />

de cerdas (bristles), tornan<strong>do</strong>-as particularmente aptas para otimizar a eficácia da caça durante<br />

o voo. Os <strong>do</strong>is pares de asas são bastante grandes. Têm uma rede estruturada de nervuras (veins<br />

- venation) e membranas (membranes) bastante percetível, frequentemente utilizada para identificar<br />

as Famílias e, frequentemente, as Espécies. O movimento das asas anteriores e posteriores<br />

é controla<strong>do</strong> de forma independente; o ritmo de batimento é de 20 a 40 movimentos por segun<strong>do</strong>.<br />

As O<strong>do</strong>nata atingem velocidades de voo da ordem <strong>do</strong>s 60 quilómetros por hora, a precisão<br />

das trajetórias é e<strong>no</strong>rme, podem ficar completamente estáticas <strong>no</strong> ar e, até, voar para trás.<br />

O abdómen (ab<strong>do</strong>men) é consideravelmente longo, relativamente cilíndrico, fi<strong>no</strong> e constituí<strong>do</strong><br />

por dez segmentos (ab<strong>do</strong>minal segments : em acrónimo indica<strong>do</strong>s como de S1 a S10, numera<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> tórax para a extremidade posterior). No tórax e ao longo <strong>do</strong> abdómen existem os espiráculos<br />

(spiracles), dez pares <strong>no</strong> total, um <strong>no</strong> tórax, designa<strong>do</strong> metastigma (metastigma), e os restantes<br />

<strong>no</strong> abdómen; é através <strong>do</strong>s espiráculos que as libélulas e libelinhas adultas respiram.<br />

O dimorfismo sexual nas O<strong>do</strong>nata adultas é evidente e facilmente percetível. Os elementos de<br />

diagnóstico fundamentais são: i. órgãos genitais exter<strong>no</strong>s; ii. cor. Os machos têm, na extremidade<br />

posterior <strong>do</strong> abdómen, apêndices ab<strong>do</strong>minais (ab<strong>do</strong>minal appendages) destina<strong>do</strong>s a<br />

agarrar as fêmeas antes e durante o acasalamento (ou cópula) e, eventualmente, a oviposição;<br />

têm, igualmente, órgãos genitais secundários (secondary or accessory male genitalia), localiza<strong>do</strong>s<br />

na face ventral de S2, constituí<strong>do</strong>s pela fossa genital (genital fossa) e por outras estruturas<br />

complementares. O órgão copulatório, designa<strong>do</strong> de vesica spermalis ou pseu<strong>do</strong>-pénis, está<br />

posiciona<strong>do</strong> na fossa genital. Os apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são sempre <strong>do</strong>is; os inferiores<br />

são <strong>do</strong>is ou apenas um, consoante as Famílias e Subordens; sob um ponto de vista funcional, o<br />

número de apêndices ab<strong>do</strong>minais masculi<strong>no</strong>s condiciona a forma como o macho agarra a fêmea.<br />

Entre as fêmeas há duas estratégias muito diferentes, na tarefa de assegurar a continuidade<br />

das respetivas espécies: i. oviposição en<strong>do</strong>fítica (en<strong>do</strong>phytic oviposition) e ii. oviposição exofítica<br />

(exophytic oviposition). No primeiro caso, os insetos introduzem os ovos em teci<strong>do</strong>s vegetais<br />

7


ecorren<strong>do</strong> a um ovipositor bem desenvolvi<strong>do</strong>, constituí<strong>do</strong> por apêndices genitais localiza<strong>do</strong>s<br />

na face ventral de S8 e S9. No segun<strong>do</strong>, os insetos depositam, em voo, os ovos na superfície livre<br />

da água ou, em alternativa, depositam-<strong>no</strong>s sobre a superfície de plantas aquáticas (por vezes<br />

designada de iii. oviposição epifítica : epiphytic oviposition) ou outros substratos, em contacto<br />

direto com a água e/ou com eleva<strong>do</strong> teor de humidade; p.ex., pedras, lamas e lo<strong>do</strong>, vegetação<br />

marginal aos volumes de água. Os órgãos genitais exter<strong>no</strong>s são, então, a vulva (canal ou abertura<br />

para o exterior, por onde saem os ovos) e a lâmina vulvar (elemento que canaliza os ovos<br />

e facilita a oviposição). As implicações destas duas estratégias distintas são um tema particularmente<br />

vivo; Philip S. Corbet tem referi<strong>do</strong> repetidamente que a oviposição exofítica permite<br />

às O<strong>do</strong>nata explorar <strong>no</strong>vos habitats para as larvas (larval habitat), como os volumes de água<br />

temporários onde a vegetação aquática é escassa ou inexistente; Natalia A. Matushkina acrescentou<br />

outras variáveis relevantes para a análise, como as posturas depositadas num único local<br />

ou espalhadas por áreas mais alargadas, na água ou em outros substratos, com a fêmea pousada<br />

ou em voo.<br />

A cor <strong>do</strong> corpo das O<strong>do</strong>nata resulta da existência de pigmentos, de fenóme<strong>no</strong>s de difração da<br />

luz sobre a cutícula, e da presença, em especial <strong>no</strong>s machos, de um exsuda<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> na hipoderme,<br />

designa<strong>do</strong> de pruína ou pruinescência (prui<strong>no</strong>sity or pruinescence), de cores esbranquiçada,<br />

azulada ou violeta. As fêmeas são, em muitas Famílias, me<strong>no</strong>s coloridas e, geralmente,<br />

têm um padrão de comportamento distinto: estão mais afastadas <strong>do</strong>s volumes de água. Por<br />

isso, são me<strong>no</strong>s fáceis de observar.<br />

CICLO DE VIDA<br />

O ciclo de vida completo das O<strong>do</strong>nata é constituí<strong>do</strong> por três fases: ovos, larvas e adultos<br />

(imagos or imagines). As duas primeiras fases desenrolam-se em meio aquático e a fase final em<br />

meio aéreo.<br />

Em algumas espécies, logo após a oviposição começa o desenvolvimento (embriogénese) <strong>do</strong>s<br />

ovos, o que poderá demorar entre uma e seis semanas; em outras espécies, após um desenvolvimento<br />

inicial, os ovos atravessam um perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>rmência fisiológica (diapausa : diapause<br />

stage) durante o inver<strong>no</strong>, e seguidamente ocorre a formação completa das larvas. A fase larvar<br />

que, por <strong>no</strong>rma, é a mais prolongada, pode variar entre três meses e alguns a<strong>no</strong>s. A plena maturidade<br />

da fase adulta, especialmente concentrada na função reprodutora, tem, em geral, duração<br />

mais curta: quatro a seis semanas para as libélulas e apenas uma a duas para as libelinhas.<br />

Pode, <strong>no</strong> entanto, prolongar-se por um número significativamente maior de semanas.<br />

Durante quase toda a vida, libélulas e libelinhas são preda<strong>do</strong>res insaciáveis, sen<strong>do</strong> a dieta alimentar<br />

constituída por recursos vivos de origem animal. O movimento das presas é fundamental<br />

para que sejam identificadas. As larvas alimentam-se de ovos de anfíbios e peque<strong>no</strong>s giri<strong>no</strong>s,<br />

de peque<strong>no</strong>s peixes, de larvas de outros insetos ou outros invertebra<strong>do</strong>s; por outro la<strong>do</strong>, peixes<br />

e anfíbios são os principais preda<strong>do</strong>res das larvas das O<strong>do</strong>nata. Os adultos são exímios caça<strong>do</strong>res<br />

de outros insetos, captura<strong>do</strong>s ple<strong>no</strong> em voo. Em contrapartida, as aves são os seus principais<br />

preda<strong>do</strong>res.<br />

Ovos<br />

As fêmeas adultas das libelinhas (Zygoptera) e de algumas Famílias (Aeshnidae, p.ex.) de libélulas<br />

(Anisoptera) são espécies en<strong>do</strong>fíticas. As fêmeas adultas das outras Famílias de libélulas<br />

são espécies exofíticas. É <strong>no</strong>rmal que as espécies exofíticas produzam mais ovos, e que manifestem<br />

preferência mais acentuada por sistemas lênticos ou sistemas lóticos simples e complexos<br />

onde existam locais com escoamento muito suave.<br />

8


Os ovos são alonga<strong>do</strong>s e cilíndricos <strong>no</strong> caso das espécies en<strong>do</strong>fíticas, e são de maior diâmetro e<br />

elípticos <strong>no</strong> caso das espécies exofíticas. As dimensões <strong>do</strong>s mesmos variam, respetivamente, entre<br />

0,23 e 0,48 mm de diâmetro, e entre 0,60 e 1,40 mm de comprimento. Numa das extremidades<br />

<strong>do</strong> ovo existe um furo minúsculo, através <strong>do</strong> qual o esperma entra durante a oviposição,<br />

e por onde, mais tarde, começará a sair a larva, num processo de eclosão que demorará várias<br />

horas.<br />

Larvas<br />

A segunda fase <strong>do</strong> ciclo de vida das O<strong>do</strong>nata é a larvar. O esqueleto exterior (ou exosqueleto :<br />

exoskeleton) está presente e, por não crescer, vai sen<strong>do</strong> muda<strong>do</strong> sucessivamente. Cada perío<strong>do</strong><br />

de vida da larva com um determina<strong>do</strong> exosqueleto designa-se de instar; a sua duração é condicionada<br />

por fatores intrínsecos, como a espécie e o instar específico em que a larva está, e por<br />

fatores exter<strong>no</strong>s, como a temperatura da água e a disponibilidade de alimento. O crescimento<br />

completo das larvas implica uma sequência de oito a quinze instars. Os últimos <strong>do</strong>is ou três são,<br />

por vezes, já adequa<strong>do</strong>s para a identificação das diferentes Famílias ou Espécies de O<strong>do</strong>nata.<br />

As larvas vivem em meio aquático e respiram através de to<strong>do</strong> o corpo. Adicionalmente respiram<br />

através de brânquias (gills), que servem também para a locomoção, funcionan<strong>do</strong> como lemes e<br />

propulsores, em particular através da expiração súbita e intensa. Nas larvas das Zypogtera existem<br />

três brânquias externas na extremidade posterior <strong>do</strong> abdómen; nas Anisoptera as brânquias<br />

são internas e apenas saem, pela abertura anal, cinco peque<strong>no</strong>s apêndices respiratórios. A<br />

configuração das patas e a forma como as mesmas permitem às larvas agarrarem-se ao substrato<br />

e permanecer em repouso são elementos de diagnóstico adequa<strong>do</strong>s na identificação <strong>do</strong>s microhabitats<br />

para os quais a larva ou instar está melhor adaptada.<br />

Quan<strong>do</strong> a fase larvar estiver concluída to<strong>do</strong>s os órgãos necessários para a vida em meio aéreo<br />

estão forma<strong>do</strong>s. A larva entra então num peque<strong>no</strong> perío<strong>do</strong> de emergência, que marca a metamorfose<br />

para a fase adulta.<br />

Emergência<br />

A maior parte das espécies de libélulas necessita de um<br />

suporte vertical para a emergência, embora outras e a<br />

generalidade das espécies de libelinhas, possam metamorfosear-se<br />

sobre suportes horizontais.<br />

A larva sobe através de uma pedra ou caule de uma planta<br />

aquática até ficar totalmente fora de água. Depois começa<br />

a quebrar-se o exosqueleto, a partir da cabeça, e vai-se<br />

libertan<strong>do</strong> e sain<strong>do</strong> o teneral. O corpo aumenta de tamanho<br />

e ganha a forma definitiva, <strong>no</strong> decurso de um processo<br />

que pode demorar horas. No final, as asas estão direitas<br />

e suficientemente robustas. Quan<strong>do</strong> começa a voar, o<br />

inseto entra finalmente na fase adulta.<br />

O exosqueleto aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> recebe o <strong>no</strong>me de exuvia. Poderá<br />

permitir a identificação da espécie; consequentemente,<br />

um <strong>do</strong>mínio crucial de especialização na o<strong>do</strong>natologia<br />

é a identificação de espécies a partir das suas exuviae.<br />

Algumas espécies emergem durante a <strong>no</strong>ite, mas<br />

muitas outras emergem ao amanhecer ou durante o dia.<br />

9


Adultos<br />

As O<strong>do</strong>nata adultas são insetos perfeitamente adapta<strong>do</strong>s ao meio aéreo. São exímias voa<strong>do</strong>ras<br />

e caçam pre<strong>do</strong>minantemente durante o voo. No entanto, antes de atingirem a maturidade plena,<br />

os imagos vivem um perío<strong>do</strong> pré-reprodutivo que se pode limitar a apenas <strong>do</strong>is dias ou prolongar-se<br />

até três ou quatro semanas. Durante esse intervalo de tempo designam-se tenerals.<br />

Dispersam-se então pelo território circundante e, enquanto asseguram a sua sobrevivência,<br />

atingem verdadeiramente a fase adulta plena, caracterizada pela coloração própria da espécie e<br />

<strong>do</strong> género, pelo fortalecimento da musculatura torácica e pelo ganho da capacidade reprodutora,<br />

sempre ten<strong>do</strong> em vista assegurar o surgimento de <strong>no</strong>vas gerações e, consequentemente, a<br />

continuidade da espécie. Atingida a maturidade plena, acontece o retor<strong>no</strong> <strong>do</strong>s imagos às proximidades<br />

<strong>do</strong>s sistemas aquáticos, com vista ao acasalamento e à oviposição, que passam a ser<br />

os objetivos primeiros <strong>do</strong>s adultos, até à sua morte.<br />

Os machos adultos das Famílias e Espécies que são territoriais a<strong>do</strong>tam comportamentos distintos:<br />

podem ser voa<strong>do</strong>res ativos (fliers : terr.VA) ou vigilantes persistentes (perchers : terr.VP).<br />

Os voa<strong>do</strong>res ativos percorrem quase incessantemente to<strong>do</strong> o ‘seu território’, enquanto que os<br />

vigilantes persistentes têm pontos de repouso estrategicamente escolhi<strong>do</strong>s por permitirem a<br />

boa observação <strong>do</strong> ‘seu território’, fazen<strong>do</strong> apenas voos periódicos para caçarem, acasalarem ou<br />

afastarem algum ‘intruso’. A defesa <strong>do</strong>s territórios é sempre assegurada através de voos intimidatórios,<br />

na direção e com perseguição <strong>do</strong>s visitantes indeseja<strong>do</strong>s, e frequentemente com violentas<br />

e rui<strong>do</strong>sas colisões. Território, <strong>no</strong> entanto, não é necessariamente sinónimo de espaço<br />

físico delimita<strong>do</strong> e permanente; na verdade, para muitas Espécies, o comportamento territorial<br />

<strong>do</strong>s machos (designa<strong>do</strong>s então de territoriais efémeros) traduz-se apenas em não tolerar outros<br />

machos nas suas proximidades, ou melhor, <strong>do</strong> local que elegeram como propício para o acasalamento<br />

e para a postura da sua ‘descendência’.<br />

O acasalamento, a cópula e a oviposição são muito peculiares nas O<strong>do</strong>nata. A poligamia é o<br />

padrão sexual mais comum e, provavelmente por esse motivo, machos e fêmeas manifestam atitudes<br />

diferentes: os machos adultos estão quase sempre mais próximos <strong>do</strong>s locais com condições<br />

propícias para o acasalamento e para a oviposição. As fêmeas adultas só se aproximam<br />

quan<strong>do</strong> estão aptas a acasalar; caso contrário, a<strong>do</strong>ptam atitudes mais reservadas e/ou defensivas,<br />

por forma a condicionarem as insistentes tentativas masculinas de acasalamento.<br />

O macho adulto produz o esperma nas gónadas, localizadas nas proximidades <strong>do</strong> limite posterior<br />

<strong>do</strong> abdómen, e com o go<strong>no</strong>poro, ou abertura para o exterior, na face ventral de S9. Antes<br />

da cópula transfere-o (intramale sperm translocation) para a vesica spermalis (<strong>no</strong>s órgãos genitais<br />

secundários). Quan<strong>do</strong> o macho encontra uma fêmea recetiva, por ter ovos aptos a serem<br />

fertiliza<strong>do</strong>s, agarra-a (to grasp or to clasp) pela cabeça ou pelo pro<strong>no</strong>tum, prenden<strong>do</strong>-a com os<br />

apêndices ab<strong>do</strong>minais; constitui-se a ligação macho-fêmea em tandem (male-female tandem<br />

linkage). Em seguida, os <strong>do</strong>is insetos curvam-se de tal forma que os órgãos genitais femini<strong>no</strong>s,<br />

também localiza<strong>do</strong>s próximo <strong>do</strong> limite posterior ventral <strong>do</strong> abdómen, entram em contacto com<br />

os secundários masculi<strong>no</strong>s. Ficam assim liga<strong>do</strong>s em forma de ‘roda’ ou ‘coração’, em voo (a<br />

maior parte das Anisoptera) ou pousa<strong>do</strong>s (as Zygoptera e algumas Anisoptera); o macho ejeta<br />

o esperma, numa cópula que pode demorar desde poucos segun<strong>do</strong>s até várias horas.<br />

Termina<strong>do</strong> o acasalamento, a fêmea começa a oviposição. Dependen<strong>do</strong> das espécies, o macho<br />

continua a agarrar a fêmea enquanto decorre a oviposição, retoman<strong>do</strong> a ligação em tandem<br />

(ovip.TD), ou liberta a fêmea mas mantém-se nas suas proximidades (ovip.PR), observan<strong>do</strong> a<br />

postura e afastan<strong>do</strong> outros machos que se queiram aproximar. Um terceiro padrão de comportamento<br />

é o <strong>do</strong> alheamento <strong>do</strong> macho (ovip.AF), mas então a fêmea faz a oviposição em locais<br />

discretos e protegi<strong>do</strong>s, onde não é provável ser incomodada por quaisquer machos. Estes três<br />

padrões de comportamento traduzem estratégias distintas das espécies, para a escolha <strong>do</strong>s lo-<br />

10


cais propícios para a oviposição, com ou sem intervenção ativa <strong>do</strong> macho. Tal escolha deverá<br />

ser, admite-se, o resulta<strong>do</strong> de opções baseadas na avaliação de critérios diversifica<strong>do</strong>s, apreendi<strong>do</strong>s<br />

através de estímulos certamente visuais, e eventualmente também tácteis e/ou térmicos.<br />

Finda a oviposição, afasta-se para gerar e maturar um <strong>no</strong>vo conjunto de ovos. Se está nas proximidades<br />

de um volume de água, mas indisponível para acasalar, impede a cópula. As Anisoptera<br />

voam rápida e erraticamente, afastan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s machos, enquanto que as Zygoptera podem<br />

permanecer pousadas, a abrir e agitar as asas, e a curvar o abdómen para cima.<br />

Algumas espécies têm uma geração por a<strong>no</strong> e são, por isso, classificadas como univoltinas.<br />

Outras espécies têm duas (bivoltinas) ou mais (multivoltinas) gerações por a<strong>no</strong>. Pelo contrário,<br />

outras demoram mais de um a<strong>no</strong> para completar o ciclo de vida e são classificadas como<br />

semivoltinas (<strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s) ou partivoltinas (três ou mais a<strong>no</strong>s). Para uma dimensão geográfica<br />

mais vasta que o <strong>Algarve</strong>, o voltinismo (voltinism), ou seja, o número de gerações completadas<br />

por a<strong>no</strong>, está inversamente relaciona<strong>do</strong> com a latitude e o fotoperío<strong>do</strong>. À escala <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> parece<br />

sobrepor-se outra variável independente: o carácter temporário ou permanente <strong>do</strong>s habitats;<br />

<strong>no</strong>s primeiros, deverão pre<strong>do</strong>minar espécies com uma ou mais gerações por a<strong>no</strong>; <strong>no</strong>s segun<strong>do</strong>s,<br />

com me<strong>no</strong>s de uma geração por a<strong>no</strong>. No entanto, não pode ser ig<strong>no</strong>rada a hipótese de<br />

algumas espécies bivoltinas ou multivoltinas completarem um ciclo de vida num habitat e outros<br />

em distintos habitats, <strong>no</strong> mesmo a<strong>no</strong>, exemplifican<strong>do</strong> assim a e<strong>no</strong>rme capacidade de adaptação<br />

das O<strong>do</strong>nata às variações sazonais <strong>do</strong>s ambientes aquáticos. Philip S. Corbet considerou<br />

fundamental o aprofundamento deste assunto, tanto a nível regional como global. A recolha<br />

sistemática e periódica de exuviae, em locais de estu<strong>do</strong> que possam ser metodicamente acompanha<strong>do</strong>s<br />

ao logo <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s, é um <strong>do</strong>s procedimentos fundamentais que pode, sem grande exigência<br />

técnico-científica, ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.<br />

Para as latitudes temperadas (acima <strong>do</strong>s 30º N), numa abordagem mais ampla e integrada, as<br />

O<strong>do</strong>nata podem classificar-se em três tipos: T1. Espécies de primavera; T2. Espécies de verão;<br />

T3. Espécies obrigatoriamente univoltinas. Nas T1 ocorre uma paragem fisiológica (diapausa)<br />

num <strong>do</strong>s últimos instars da fase larvar, enquanto que nas T2 essa pausa ocorre <strong>no</strong>s instars iniciais<br />

ou intermédios. Consequentemente, as T1 respondem rapidamente, e muitas vezes com<br />

maior sincronismo, quer ao aquecimento primaveril, quer à superação de um limiar <strong>no</strong> fotoperío<strong>do</strong>,<br />

e as T2 mais gradualmente. O T3 é um caso particular <strong>do</strong> T2, mas em que a diapausa, ou<br />

ocorre <strong>no</strong> ovo, ou a taxa de crescimento larvar é muito lenta. Uma vez mais e para concluir, sublinhe-se,<br />

estes três tipos aplicam-se às populações de O<strong>do</strong>nata e não a espécies, ou seja, determinada<br />

espécie pode manifestar tipos diversos consoante o bioma em que viva.<br />

CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO<br />

A Ordem O<strong>do</strong>nata é constituída por 2 Subordens: ZYGOPTERA (as libelinhas) e ANISOPTERA<br />

(as libélulas). No <strong>Algarve</strong>, a Subordem Zygoptera agrega 4 Famílias e a Anisoptera 6. Por sua<br />

vez essas 10 Famílias agregam 28 Géneros e 51 Espécies. Em síntese a distribuição é a seguinte:<br />

Ordem: O<strong>do</strong>nata (<strong>no</strong>me comum em inglês: dragonfly)<br />

! Subordem: Zygoptera (em inglês: damselflies)<br />

! ! Família: Calopterygidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 03<br />

! ! Família: Lestidae! ! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 06<br />

! ! Família: Coenagrionidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 09<br />

! ! Família: Platycnemididae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 02<br />

11


! Subordem: Anisoptera (em inglês: true dragonflies)<br />

! ! Família: Aeshnidae! ! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 07<br />

! ! Família: Gomphidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 06<br />

! ! Família: Cordulegastridae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />

! ! Família: Corduliidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />

! ! Família: Macromiidae! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 01<br />

! ! Família: Libellulidae!! ! Nº de Espécies presentes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: 15<br />

A identificação das Espécies de O<strong>do</strong>nata deve ser sempre assumida como tarefa exigente, onde<br />

a prudência na decisão nunca poderá ser negligenciada, nem mesmo por o<strong>do</strong>natologistas experientes.<br />

A aparência externa de uma espécie, mesmo na fase adulta, varia em função da idade,<br />

das condições de lumi<strong>no</strong>sidade ambiental e <strong>do</strong> género. Por outro la<strong>do</strong>, o comportamento <strong>do</strong>s<br />

exemplares, em voo ou pousa<strong>do</strong>s, pode mudar significativamente, em função de condições meteorológicas<br />

e, por vezes, de caraterísticas <strong>do</strong>s habitats.<br />

A Chave para Identificação aqui patente destina-se a auxiliar o utiliza<strong>do</strong>r deste Guia Digital<br />

<strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade na identificação das duas Subordens e das dez Famílias,<br />

através de elementos de diagnóstico tão simples quanto possível. Os passos adicionais, ou<br />

seja, a identificação <strong>do</strong>s Géneros e das Espécies, serão cumpri<strong>do</strong>s com a consulta das Fichas de<br />

Espécies que constituem a segunda parte <strong>do</strong> Guia Digital.<br />

SE<br />

SUBORDENS DA ORDEM ODONATA<br />

• inseto de aparência frágil e delicada<br />

• asas anteriores e posteriores semelhantes, na sua forma; na parte proximal, de ligação ao tórax,<br />

as asas são praticamente simétricas, ou seja, pecioladas (embora existam exceções); células discoidais<br />

tetragonais<br />

• quan<strong>do</strong> o inseto está pousa<strong>do</strong> as suas asas ficam sobre o abdómen, junto ao corpo ou acima dele,<br />

e as quatro asas ficam em sobreposição e em contacto entre si (embora existam exceções)<br />

• cabeça mais larga <strong>do</strong> que o tórax e olhos claramente individualiza<strong>do</strong>s<br />

• machos têm quatro apêndices ab<strong>do</strong>minais, <strong>do</strong>is superiores e <strong>do</strong>is inferiores<br />

• fêmeas têm ovipositor<br />

SE<br />

➔ ZYGOPTERA<br />

• inseto de aparência robusta, indician<strong>do</strong> ser excelente voa<strong>do</strong>r, observa<strong>do</strong> quer próximo <strong>do</strong>s volumes<br />

de água, quer em locais afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas aquáticos<br />

• asas anteriores e posteriores, na sua forma, diferentes; para além disso, na parte proximal, de ligação<br />

ao tórax, as asas nunca são simétricas<br />

• quan<strong>do</strong> o inseto está pousa<strong>do</strong> as asas ficam afastadas <strong>do</strong> corpo e sem sobreposição entre si, e os<br />

<strong>do</strong>is pares de asas, esquer<strong>do</strong> e direito, formam um ângulo aproxima<strong>do</strong> a 180º ou até podem ficar<br />

com um ângulo superior (extremidades distais descaídas)<br />

• cabeça mais estreita que o tórax e olhos uni<strong>do</strong>s na parte superior anterior da cabeça<br />

• machos têm apenas três apêndices ab<strong>do</strong>minais, <strong>do</strong>is superiores e um inferior<br />

• fêmeas não têm ovipositor funcional (embora existam importantes exceções)<br />

12<br />

➔ ANISOPTERA


SE<br />

FAMÍLIAS DA SUBORDEM ZYGOPTERA<br />

• corpo quase mo<strong>no</strong>cromático, de cor escura, acobreada ou púrpura e sem reflexos metálicos, ou de<br />

cores verde ou azul e com reflexos metálicos<br />

• asas largas e assimétricas, não pecioladas, número muito eleva<strong>do</strong> de nervuras e, consequentemente,<br />

células alares de dimensão diminuta; cores escuras, muitas vezes total ou parcialmente opacas, sem<br />

pterostigmas <strong>no</strong> macho e com falsos pterostigmas brancos na fêmea<br />

SE<br />

• voo agita<strong>do</strong> e irregular, semelhante ao de muitas borboletas diurnas mas mais lento<br />

➔ Calopterygidae<br />

• corpo de cores pre<strong>do</strong>minantemente verde ou bronze, com reflexos metálicos intensos (Género Lestes),<br />

ou de cores castanhas muito claras (Género Sympecma)<br />

• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />

transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente pentagonais, pterostigmas retangulares (o comprimento<br />

é, pelo me<strong>no</strong>s, o <strong>do</strong>bro da largura) <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />

SE<br />

• machos de algumas espécies apresentam pruinescência azulada (Lestes dryas, L. virens virens e L. macrostigma)<br />

em algumas partes <strong>do</strong> corpo<br />

• <strong>no</strong> Género Lestes, os insetos quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>s ficam com as asas abertas; <strong>no</strong> Género Sympecma os<br />

<strong>do</strong>is pares de asas tocam-se e encostam ao abdómen<br />

➔ Lestidae<br />

• corpo sem reflexos metálicos (embora existam exceções), pre<strong>do</strong>mínio das cores azul e negra (embora<br />

existam exceções)<br />

• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />

transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente tetragonais, células discoidais trapezoidais, pterostigmas<br />

quadra<strong>do</strong>s ou rombóides <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />

➔ Coenagrionidae<br />

NOMENCLATURA DA MORFOLOGIA EXTERNA DE UMA ZYGOPTERA<br />

13


SE<br />

• corpo sem quaisquer reflexos metálicos, com pre<strong>do</strong>mínio das cores branca ou alaranjada e negra<br />

• cabeça particularmente larga<br />

• asas simétricas, pecioladas e com número muito diminuto de nervuras na base; membranas alares<br />

transparentes; células alares pre<strong>do</strong>minantemente tetragonais, células discoidais também retangulares,<br />

pterostigmas quadra<strong>do</strong>s ou rombóides <strong>no</strong> macho e na fêmea<br />

SE<br />

• <strong>no</strong> macho, tíbias <strong>do</strong>s 2º e 3º pares de patas com forma ligeiramente oval e, consequentemente alargadas<br />

e achatadas; cerdas numerosas e particularmente longas<br />

➔ Platycnemididae<br />

FAMÍLIAS DA SUBORDEM ANISOPTERA<br />

• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo; quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>, fica em posição vertical<br />

• comprimento total apreciável, sempre acima <strong>do</strong>s 60 mm; pre<strong>do</strong>mínio das cores azul, verde e/ou<br />

amarela <strong>no</strong> tórax e <strong>no</strong> abdómen, sobressain<strong>do</strong> de um ‘fun<strong>do</strong>’ escuro, castanho ou cinzento<br />

• os <strong>do</strong>is olhos fundi<strong>do</strong>s um <strong>no</strong> outro; <strong>no</strong> macho, pelo me<strong>no</strong>s algumas partes são azuis ou verdes<br />

• <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2 <strong>no</strong>s Géneros Aeshna e Boyeria, inexistência <strong>no</strong> Anax<br />

• na fêmea, existência de peque<strong>no</strong> ovipositor<br />

• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />

das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />

diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. nervuras oblíquas, a partir <strong>do</strong>s<br />

vértices interiores proximais <strong>do</strong>s pterostigmas, orientadas para o centro das asas; iv. <strong>no</strong> macho, presença<br />

de triângulos anais; membrânulas <strong>no</strong>s Géneros Aeshna e Boyeria, inexistência <strong>no</strong> Anax<br />

➔ Aeshnidae<br />

SE<br />

• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: vigilante persistente; muitas vezes pousa<strong>do</strong> <strong>no</strong> chão, em pedras e<br />

rochas, ou em vegetação baixa, quase sempre nas proximidades das margens <strong>do</strong>s cursos de água e<br />

em locais soalheiros<br />

• comprimento total médio acima <strong>do</strong>s 48 mm (com uma exceção); pre<strong>do</strong>mínio das cores amarela ou<br />

esverdeada <strong>no</strong> tórax e <strong>no</strong> abdómen, sobressain<strong>do</strong> de um ‘fun<strong>do</strong>’ negro ou cinzento escuro<br />

• os <strong>do</strong>is olhos totalmente individualiza<strong>do</strong>s, separa<strong>do</strong>s um <strong>do</strong> outro na face <strong>do</strong>rsal da cabeça<br />

• abdómen de secção aproximadamente cilíndrica; <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2 e segmentos<br />

posteriores de diâmetro significativamente maior (embora existam exceções)<br />

• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />

das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />

diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. <strong>no</strong> macho, presença de triângulos<br />

anais; membrânulas muito reduzidas<br />

• as patas são curtas<br />

➔ Gomphidae<br />

SE<br />

• comportamento <strong>do</strong>s macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo<br />

• inexistência das cores azul ou verde <strong>no</strong> corpo <strong>do</strong> inseto; pigmentação totalmente amarela e negra<br />

• os <strong>do</strong>is olhos totalmente individualiza<strong>do</strong>s, mas as extremidades de um e outro tocam-se na face <strong>do</strong>rsal<br />

da cabeça<br />

14


• <strong>no</strong> macho, presença de aurículas em S2<br />

• na fêmea, existência de ovipositor, relativamente grande; trata-se assim de uma exceção, já que a<br />

sua inexistência é uma das caraterísticas gerais da Subordem<br />

• nas asas: i. triângulos das asas anteriores e posteriores apontam para a extremidade distal; ii. duas<br />

das nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são mais grossas <strong>do</strong> que as restantes e cruzam, em alinhamentos<br />

diferencia<strong>do</strong>s, a nervura ante<strong>no</strong>dal principal central; iii. <strong>no</strong> macho, presença de triângulos<br />

anais<br />

• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />

➔ Cordulegastridae<br />

SE<br />

• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: voa<strong>do</strong>r ativo<br />

• inseto de tamanho médio, corpo com reflexos verdes escuros metaliza<strong>do</strong>s e pequenas manchas<br />

amarelas; pelugem abundante e esbranquiçada <strong>no</strong> tórax<br />

• patas relativamente compridas e tíbias distintas, entre o macho e a fêmea<br />

• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />

➔ Corduliidae<br />

NOMENCLATURA DA MORFOLOGIA EXTERNA DE UMA ANISOPTERA<br />

15


SE<br />

• a Família Macromiidae surge, por vezes, integrada na Família Corduliidae, acima apresentada, e<br />

com a qual partilha algumas semelhanças; em particular, toda a aparência geral<br />

• representa<strong>do</strong> <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> por apenas uma Espécie<br />

➔ Macromiidae<br />

SE<br />

• comportamento <strong>do</strong> macho adulto: vigilante persistente<br />

• comprimento total médio entre os 30 e os 48 mm, com duas exceções (Orthetrum trinacria e Zygonyx<br />

torridus); entre a Subordem Anisoptera é a Família com comprimentos mais peque<strong>no</strong>s, já que as restantes<br />

estão sempre acima <strong>do</strong>s 48 mm (apenas uma Espécie da Família Gomphidae é exceção)<br />

• heterogeneidade grande de cores e, em alguns Géneros (Libellula e Orthetrum), os insetos <strong>do</strong> género<br />

masculi<strong>no</strong> ou de ambos os sexos apresentam pruinescência<br />

• <strong>no</strong> macho, inexistência de aurículas<br />

• nas asas: i. triângulos das asas anteriores apontam para os apêndices ab<strong>do</strong>minais e das posteriores<br />

para a extremidade distal; todas as nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares são de espessura semelhante;<br />

iii. <strong>no</strong>s machos, inexistência de triângulo anal; iv. ângulo anal arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, semelhante <strong>no</strong><br />

macho e na fêmea<br />

➔ Libellulidae<br />

Adultos, exuviae e larvas<br />

A identificação das diversas espécies de O<strong>do</strong>nata a<strong>do</strong>ta procedimentos distintos, consoante os<br />

specimens estejam nas fases de larva ou de adulto. A especial atenção por uma fase ou outra, ou<br />

o esforço re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> para adquirir competências e recursos para a identificação das espécies nas<br />

suas distintas fases, resulta de objetivos que devem ser estabeleci<strong>do</strong>s com objetividade.<br />

O naturalista e o fotógrafo de natureza estarão, muito provavelmente, mais foca<strong>do</strong>s na fase<br />

adulta, enquanto que o investiga<strong>do</strong>r empenha<strong>do</strong> em aprofundar o conhecimento relativo à distribuição<br />

da Ordem, e especialmente da Subordem Anisoptera, estará particularmente atento<br />

à fase larvar e às exuviae. A presença comprovada de exuviae de determinada espécie, num determina<strong>do</strong><br />

local, é considerada o melhor ou até o único critério para determinar que o ciclo de<br />

vida aí, efetivamente, se completou (Raebel et al. 2010). Entre os méto<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong> que implicam<br />

a captura momentânea ou definitiva de specimens, a análise de exuviae tem ainda a vantagem<br />

de ser o único totalmente i<strong>no</strong>fensivo para as populações de libélulas e libelinhas.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />

As O<strong>do</strong>nata são um interessante motivo fotográfico. O conhecimento detalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> taxon, basea<strong>do</strong><br />

na sua observação atenta, <strong>do</strong>s habitats próprios e ao longo das estações <strong>do</strong> a<strong>no</strong>, pode ser<br />

aprofunda<strong>do</strong> através da fotografia de natureza. Enfrenta-se, assim, um desafio aliciante e uma<br />

forma de colecionismo ética e ecologicamente aceitável, até mesmo recomendável. Para além<br />

disso, os registos fotográficos podem ser providenciais para memória futura, seja ela a simples<br />

validação da identificação de uma espécie, seja o indispensável testemunho de uma observação<br />

incomum ou imprevisível.<br />

16


Da mesma forma que poderá ser indesejável a morte de specimens, também o será a captura<br />

não letal seguida de qualquer ‘tratamento’ para facilitar os registos fotográficos. Dificilmente<br />

essas libélulas e libelinhas a<strong>do</strong>tarão posturas e comportamentos caraterísticos, e as imagens<br />

perderão grande parte <strong>do</strong> seu valor <strong>do</strong>cumental.<br />

Fotografar O<strong>do</strong>nata e constituir um banco de imagens não é tarefa difícil, embora seja necessária<br />

paciência, perseverança e disponibilidade de tempo. Na verdade, as melhores oportunidades<br />

para as melhores imagens não surgem to<strong>do</strong>s os dias...<br />

A qualidade das fotografias é função de diversos fatores: número de horas e dias dedica<strong>do</strong>s à<br />

atividade, conhecimento da ecologia e biologia das espécies, conhecimento <strong>do</strong>s locais onde os<br />

specimens podem ser encontra<strong>do</strong>s, escolha de condições meteorológicas propícias, boa iluminação<br />

natural, uso de equipamento fotográfico adequa<strong>do</strong> e seu correto manuseamento. Cada libélula<br />

ou libelinha deve ser fotografada sob <strong>do</strong>is ou mais pontos de vista, de la<strong>do</strong> e de cima, e é<br />

sempre desejável uma terceira imagem, para contextualização <strong>do</strong> local das fotografias anteriores.<br />

O eixo principal <strong>do</strong> inseto deverá ficar perpendicular ao eixo da objetiva, possibilitan<strong>do</strong> que<br />

to<strong>do</strong> o corpo fique bem foca<strong>do</strong>. Se tal não for possível, os olhos devem sempre ficar foca<strong>do</strong>s.<br />

A fotografia <strong>do</strong>s O<strong>do</strong>nata é, pre<strong>do</strong>minantemente, o registo macro de imagens. Uma máquina<br />

fotográfica digital semi-profissional ou profissional, com objetivas intermutáveis, é o ponto de<br />

partida para o equipamento fotográfico recomenda<strong>do</strong>. Mas se o mesmo não estiver disponível,<br />

uma opção mais simples e certamente me<strong>no</strong>s dispendiosa também proporcionará boas fotos!<br />

A listagem seguinte apresenta algumas das diversas soluções óptimas possíveis.<br />

• Corpo digital SLR Ca<strong>no</strong>n EOS 5D Mark II ou Ca<strong>no</strong>n EOS 7D - Estes <strong>do</strong>is corpos DSLR (acrónimo<br />

de digital single-lens reflex) são excelentes opções. Permitem fotografar com sensibilidades ISO<br />

de 320 ou mesmo 640, sem que ocorra perda sensível de qualidade na imagem registada. O<br />

sensor CMOS (36 x 24 mm) da 5D Mark II é de qualidade extraordinária, mas em contrapartida<br />

a 7D tem uma ampliação <strong>no</strong> sensor CMOS de 1,6 vezes, enquanto que a 5D Mark II é uma<br />

full frame 1,0 vezes. Ambas permitem fotografar em RAW. A velocidade da exposição (shutter<br />

speed) deverá ser sempre inferior a 1/250 ou 1/500, e nunca superior à relação 1/x, em que x<br />

será a distância focal (focal length) da objetiva. A abertura (aperture or f-stop) será f/11, f/14,<br />

ou ainda inferior, asseguran<strong>do</strong> que a profundidade de campo (depth-of-field) é suficiente.<br />

• Objetiva macro Ca<strong>no</strong>n EF 180 mm f/3.5 L USM Macro - Opção muito interessante, ou mesmo a<br />

primeira opção caso não existam limitações de orçamento. Garante imagens nítidas, contor<strong>no</strong>s<br />

perfeitos, cor excelente e possibilita fotografar com ampliação máxima a uma distância de<br />

segurança confortável para muitas espécies de O<strong>do</strong>nata, que não se sentirão ameaçadas pela<br />

proximidade <strong>do</strong> fotógrafo. A distância focal da objetiva, quan<strong>do</strong> conjugada com uma profundidade<br />

de campo reduzida, proporciona uma desfocagem <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> simultaneamente acentuada<br />

e suave, ideal para destacar o elemento principal da imagem. A distância mínima de focagem,<br />

a partir <strong>do</strong> sensor, é de 48 cm, e a máxima ampliação é de 1,0 vezes. Para além <strong>do</strong> preço<br />

eleva<strong>do</strong>, os principais inconvenientes são o peso, de cerca de 1,2 kg (com anel de apoio para<br />

tripé e pára-sol), a necessidade de luz natural intensa para fotografar com uma relação abertura<br />

/ velocidade de exposição / sensibilidade ISO adequada, a inexistência de estabiliza<strong>do</strong>r<br />

de imagem (IS image stabilizer) e a lentidão <strong>do</strong> sistema de auto-foco. O foco manual é, em<br />

contrapartida, muito ergonómico. Consequentemente, trata-se de uma objetiva para utilizar<br />

em mo<strong>do</strong> manual de focagem. Quase indispensável um mo<strong>no</strong>pé ou tripé, e muito conveniente<br />

um flash. Pode ser conjugada com o teleconversor 1.4x e com o tubo de extensão 25 mm.<br />

• Objetiva macro Ca<strong>no</strong>n EF 100 mm f/2.8 L IS USM Macro - Excelente opção, tanto para fotografar<br />

insetos da Subordem Zygoptera, que em geral permitem maior aproximação <strong>do</strong> fotógrafo,<br />

17


como para fotografar as Anisoptera, quan<strong>do</strong> as condições de iluminação natural são propícias.<br />

A qualidade das imagens é irrepreensível e não necessita de luz natural tão intensa quan<strong>do</strong> a<br />

objetiva acima, porque tem um Hybrid IS que possibilita um ganho entre 2 e 4 ‘passos’ na<br />

abertura. A distância mínima de focagem é de 30 cm e a máxima ampliação é de 1,0 vezes. É<br />

possível utilizar o auto-foco, especialmente se for utilizada com mo<strong>no</strong>pé ou tripé. Esta objetiva<br />

é weather-sealed e uma das mais recente propostas da Ca<strong>no</strong>n (foi lançada em 2009). Pode<br />

ser conjugada com o tubo de extensão 25 mm, mas não com o teleconversor 1.4x.<br />

• Teleobjetiva Ca<strong>no</strong>n EF 70-200 mm f/2.8 L IS II USM - Não sen<strong>do</strong> uma macro, trata-se de uma<br />

alternativa deveras interessante. Construção muito robusta e weather-sealed, proporciona<br />

imagens de extraordinária qualidade. A distância mínima de focagem é de 1,2 m. O auto-foco<br />

é rápi<strong>do</strong> e rigoroso. O estabiliza<strong>do</strong>r de imagem bastante eficaz, com ganho de até 4 ‘passos’<br />

na abertura; <strong>no</strong> entanto, em fotografias com tripé é indispensável desligar o IS. Pode, com sucesso,<br />

ser conjugada com o teleconversor 1.4x (a distância focal máxima atinge os 280 mm)<br />

proporcionan<strong>do</strong> a obtenção de imagens bem distintas das resultantes <strong>do</strong> uso das macro acima<br />

referidas, caraterística que não deve ser me<strong>no</strong>sprezada. Para além <strong>do</strong> preço eleva<strong>do</strong>, o único<br />

verdadeiro inconveniente é o peso, de cerca de 1,6 kg (com anel de apoio para tripé e párasol).<br />

À semelhança da objetiva anterior, está entre os mais recentes lançamentos da Ca<strong>no</strong>n<br />

(final de 2010).<br />

• Filtros neutro, UV e polariza<strong>do</strong>r - Os primeiros são fundamentais e o último pode salvar algumas<br />

fotografias aparentemente impossíveis. O filtro neutro (clear filter) tem como única função<br />

proteger a lente exterior da objetiva, evitan<strong>do</strong> que se cubra de poeiras, salpicos de água,<br />

marcas e gordura <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s, etc. A limpeza da lente nem sempre é simples e poderá causar<br />

da<strong>no</strong>s irreversíveis (por vezes apenas microscópicos) que degradam a qualidade das imagens.<br />

Substituir um filtro é muito me<strong>no</strong>s dispendioso <strong>do</strong> que trocar de objetiva e se a qualidade <strong>do</strong><br />

filtro for elevada a sua presença não se fará <strong>no</strong>tar. B+W, Heliopan e Hoya são marcas de reconhecida<br />

qualidade. O filtro UV (UV filter) é transparente para os comprimentos de onda visíveis<br />

da luz e elimina ou reduz os ultra-violetas; pode ser utiliza<strong>do</strong> para proteger a lente exterior<br />

da objetiva, em alternativa ao filtro neutro. O filtro polariza<strong>do</strong>r (polarizer filter), por sua vez,<br />

utiliza-se para eliminar reflexos da água e saturar as cores, poden<strong>do</strong> proporcionar condições<br />

para fotografar mesmo em situações especialmente ‘ingratas’.<br />

• Mo<strong>no</strong>pé e/ou tripé - Um mo<strong>no</strong>pé ligeiro e que permita um comprimento mínimo reduzi<strong>do</strong> é<br />

um acessório quase indispensável para fotografar O<strong>do</strong>nata, em particular quan<strong>do</strong> se usam<br />

objetivas pesadas. Adicionalmente, quan<strong>do</strong> a escassa iluminação natural se torna um obstáculo<br />

para boas imagens, o uso <strong>do</strong> tripé, <strong>do</strong> mo<strong>no</strong>pé e/ou <strong>do</strong> flash pode ser a solução. Mas se<br />

para o corpo DSLR e para a objetiva se recomenda e ambiciona uma qualidade superior, <strong>no</strong><br />

mo<strong>no</strong>pé não se aconselha qualquer investimento significativo. As condições de utilização,<br />

com frequentes imersões, dificilmente permitem vida longa a este acessório. Apenas se deve<br />

exigir robustez suficiente e facilidade de regulação. O uso <strong>do</strong> tripé aumenta a qualidade das<br />

imagens, pela estabilidade que proporciona, mas limita a liberdade de movimentação e aumenta<br />

o tempo necessário para o enquadramento e preparação de cada fotografia.<br />

• Flash Ca<strong>no</strong>n Flash Speedlite 580EX II - Muito mais útil <strong>do</strong> que à partida se poderia imaginar,<br />

especialmente de for utiliza<strong>do</strong> com um peque<strong>no</strong> difusor, para suavizar a iluminação artificial.<br />

• Tubo de extensão 25 mm (Ca<strong>no</strong>n Extension Tube EF25 II, p.ex.) - Permite reduzir a distância<br />

mínima de focagem e obter uma ampliação adicional. No caso da objetiva macro 180 mm, a<br />

ampliação máxima passa a ser de 1,21 vezes; para a 100 mm, de 1,37 vezes. Embora seja frequente<br />

a utilização de tubos de extensão na fotografia macro, é necessário reconhecer que<br />

provocam sempre degradação da qualidade da imagem, resulta<strong>do</strong> da distorção originada pelas<br />

próprias lentes da objetiva. Esse efeito é mínimo <strong>no</strong> centro da imagem e vai-se acentuan<strong>do</strong><br />

18


para a periferia. Quan<strong>do</strong> esteja a ser utiliza<strong>do</strong> o tubo de extensão, a focagem terá de ser feita<br />

em mo<strong>do</strong> manual. Simultaneamente, é quase indispensável o tripé e o flash.<br />

• Teleconversor Ca<strong>no</strong>n EF 1.4x Extender III - Permite obter um incremento da distância focal da<br />

objetiva. A degradação da qualidade da imagem é percetível, embora as aberturas caraterísticas<br />

da fotografia macro permitam contornar quase em absoluto esta limitação.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

COLECIONAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS<br />

A saudável atitude naturalista de observação e estu<strong>do</strong> de espécies animais <strong>no</strong> seu contexto natural<br />

confundiu-se, e ainda hoje por vezes se confunde, com uma injustificada apropriação de<br />

specimens dessas espécies.<br />

O colecionismo tem, de facto, longas tradições. Surgiram e consolidaram-se assim, por uma<br />

parte, valiosos espólios, alguns deposita<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s em museus de história natural. Por<br />

outra parte, ocorreram impactes desnecessários à perenidade <strong>no</strong> equilíbrio natural. Hoje, em<br />

face das ameaças globais sobre a biodiversidade, <strong>no</strong>vas coleções de espécies animais devem ser<br />

reduzidas ao mínimo necessário, e sempre sob a orientação de instituições científicas reconhecidas.<br />

Tais coleções resultarão sempre de necessidades imperativas para a obtenção de voucher<br />

specimens, ou seja, <strong>do</strong> número mínimo de exemplares de cada espécie aceite como indispensável<br />

para o avanço <strong>do</strong> conhecimento científico.<br />

Neste enquadramento, a WDA - Worldwide Dragonfly Association - estabeleceu em 2002 um<br />

Código de Conduta, assente em quatro princípios fundamentais:<br />

1. Respeitar a vida das O<strong>do</strong>nata. Traduz o respeito pelos indivíduos (specimens), pelas espécies<br />

e pelos habitats. A captura só se justificará por exigências científicas incontornáveis e os<br />

exemplares devem ser sujeitos a níveis mínimos de sofrimento. A distribuição a terceiros, gratuita<br />

ou onerosa, é reprovável. O responsável e agentes que capturam O<strong>do</strong>nata ficam eticamente<br />

obriga<strong>do</strong>s a tomar as medidas adequadas para que os specimens captura<strong>do</strong>s e mortos<br />

estejam armazena<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s nas melhores condições, por forma a assegurar a sua perenidade<br />

e evitar a necessidade de futuras capturas.<br />

2. Cumprir as <strong>no</strong>rmas, regulamentos e leis nacionais e internacionais. Deverão respeitar-se<br />

sempre todas as disposições relativas à captura, posse e transporte de specimens vivos ou<br />

mortos, completos ou partes deles. As O<strong>do</strong>nata não estão incluídas na CITES (Convention on<br />

International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), o que facilita alguns procedimentos<br />

legais de posse e transporte de libélulas e libelinhas.<br />

3. Respeitar as exigências impostas pelo méto<strong>do</strong> científico. Destaque para a importância da<br />

existência de voucher specimens e de voucher specimen collections, indispensável para o progresso<br />

<strong>do</strong> conhecimento, <strong>no</strong>meadamente para a sistemática e taxo<strong>no</strong>mia, para a rigorosa<br />

identificação e descrição das Espécies, em particular quan<strong>do</strong> não pode ser totalmente feita <strong>no</strong><br />

campo, com o exemplar vivo na mão, e também para a caraterização da sua distribuição geográfica.<br />

A existência de metada<strong>do</strong>s (metadata) associa<strong>do</strong>s a cada voucher specimen é indispensável,<br />

por forma a que a sua utilidade científica futura não seja diminuída ou eliminada. As<br />

voucher specimen collections devem estar conservadas em locais onde a sua existência seja publicamente<br />

conhecida e acessível aos estudiosos interessa<strong>do</strong>s.<br />

19


4. Respeitar os comportamentos, atitudes e decisões de terceiros. Recorda a necessidade<br />

de manter os bons princípios de cordialidade e tolerância, os quais devem sempre pautar o<br />

relacionamento entre o<strong>do</strong>natologistas. É decisão individual de cada um o cumprimento <strong>do</strong><br />

presente Código de Conduta e é tarefa das autoridades competentes o cumprimento da legislação<br />

aplicável.<br />

A conservação <strong>do</strong>s specimens, após a sua captura, deve ser feita com acetona, pura ou corrente<br />

(usada, p.ex., para remover verniz das unhas). O melhor procedimento técnico recomenda que<br />

se mantenham os indivíduos vivos durante algumas horas, para que expilam os restos <strong>do</strong>s alimentos<br />

ingeri<strong>do</strong>s. Depois serão mergulha<strong>do</strong>s em acetona durante alguns minutos, o suficiente<br />

para morrerem. Serão retira<strong>do</strong>s e cuida<strong>do</strong>samente endireitam-se as asas, as pernas e o abdómen.<br />

Seguidamente voltam a ser mergulha<strong>do</strong>s em acetona durante 12 a 24 horas e depois retira<strong>do</strong>s,<br />

secos rapidamente ao ar e armazena<strong>do</strong>s em envelopes de papel poroso, devidamente<br />

identifica<strong>do</strong>s. A acetona, que é altamente inflamável e consequentemente tem de ser manuseada<br />

com bastante cuida<strong>do</strong>, é um excelente conservante, já que ajuda a manter os voucher specimens<br />

resistentes e i<strong>no</strong><strong>do</strong>ros, e as suas cores realistas e inalteradas.<br />

Quan<strong>do</strong> o objetivo das capturas é a obtenção de material biológico para estu<strong>do</strong>s de genética<br />

molecular, então os specimens inteiros, ou pernas com algum teci<strong>do</strong> muscular, devem ser conserva<strong>do</strong>s<br />

em álcool etílico (eta<strong>no</strong>l) a 96% e, sempre que possível, armazena<strong>do</strong>s a 4ºC; se o perío<strong>do</strong><br />

de armazenamento for longo, o eta<strong>no</strong>l deve ser verifica<strong>do</strong> e substituí<strong>do</strong> regularmente.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

ESPÉCIES COM PROTEÇÃO LEGAL<br />

A crescente preocupação com a biodiversidade levou a que muitas espécies de animais e plantas<br />

fossem já objeto de disposições legais, nacionais e/ou internacionais, ten<strong>do</strong> em vista a sua<br />

proteção formal mais efetiva. Em Portugal, com a transposição da Diretiva europeia ‘Habitats’<br />

para o ordenamento jurídico nacional (Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, Diário da<br />

República 1ª Série-A, nº 39), ficou proibida a captura, abate e detenção ou posse de exemplares<br />

das Espécies incluídas <strong>no</strong>s Anexos na própria Diretiva, e ficou igualmente proibida a inclusão<br />

de voucher specimens em coleções, salvo para comprova<strong>do</strong>s e autoriza<strong>do</strong>s fins de investigação e<br />

ensi<strong>no</strong>.<br />

O Anexo B-IV (espécies de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa) integra<br />

três O<strong>do</strong>nata que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: Gomphus graslinii, Macromia splendens e Oxygastra curtisii.<br />

O Anexo B-II (espécies de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas<br />

especiais de conservação - ZEC) integra uma quarta espécie (Coenagrion mercuriale), que<br />

ocorre em Portugal continental embora não <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

20


FICHAS DE ESPÉCIES<br />

As 51 Fichas de Espécies a<strong>do</strong>tam a seguinte estrutura:<br />

• Nome bi<strong>no</strong>mial científico e <strong>no</strong>me comum em inglês<br />

• Estatuto de Conservação, segun<strong>do</strong> a European Red List of Dragonflies e a Diretiva ‘Habitats’; as<br />

espécies incluídas na The IUCN Red List of Threatened Species são assinaladas com o ícone<br />

• Distribuição <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada em mapas e diferencian<strong>do</strong><br />

• ocorrências descritas e georeferenciadas em publicações científicas mencionadas nas fontes de<br />

informação e, simultaneamente, na Bibliografia Recomendada. Sécs. XIX e XX: Séc. XXI:<br />

• <strong>no</strong>vas ocorrências descritas pela primeira vez neste Guia Digital <strong>iDescobrir</strong> - Natureza e Biodiversidade,<br />

resultantes <strong>do</strong>s trabalhos de terre<strong>no</strong> realiza<strong>do</strong>s em 2011:<br />

• outras ocorrências, provenientes <strong>do</strong>s Data Contributors:<br />

• Habitat, segun<strong>do</strong> a classificação descrita nas páginas iniciais <strong>do</strong> Guia Digital<br />

• Época de Voo, por meses, integran<strong>do</strong> informações provenientes das publicações científicas, observações<br />

próprias e <strong>do</strong>s Data Contributors<br />

• Identificação, com uma breve descrição <strong>do</strong>s adultos da Espécie, diferencian<strong>do</strong> machos e fêmeas, e<br />

destacan<strong>do</strong> os elementos de diagnóstico<br />

• Outras informações: distribuição <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: ‘alargada’, ‘limitada’ ou ‘raridade’; padrão de comportamento<br />

<strong>do</strong>s machos adultos (terr.VA ou terr.VP) e de oviposição (ovip.TD, ovip.PR ou ovip.AF); voltinismo;<br />

distribuição para além <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

21


ZYGOPTERA<br />

CALOPTERYGIDAE<br />

A Família Calopterygidae distingue-se por ter asas largas e assimétricas, ao contrário<br />

<strong>do</strong> que é caraterístico da Subordem Zygoptera. Distingue-se também pela pigmentação<br />

das asas, que as torna opacas na maior parte da sua extensão, pelo número muito<br />

eleva<strong>do</strong> de nervuras e, consequentemente, células alares numerosas e diminutas. Distingue-se<br />

ainda por não existirem, nas asas, pterostigmas, embora as asas das fêmeas<br />

tenham falsos pterostigmas brancos.<br />

O corpo das libelinhas da Família Calopterygidae é quase mo<strong>no</strong>cromático, de cor escura,<br />

acobreada ou púrpura, e sem reflexos metálicos, ou de cores verde ou azul, e com<br />

reflexos metálicos. As patas são longas e <strong>do</strong>tadas de cerdas igualmente longas.<br />

As libelinhas da Família Calopterygidae têm um voo agita<strong>do</strong> e irregular, semelhante<br />

ao de muitas borboletas diurnas mas mais lento, e raramente se afastam <strong>do</strong>s volumes<br />

de água. Em geral, qualquer uma das três Espécies que ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> tem manifesta<br />

preferência por sistemas lóticos com abundante vegetação arbustiva e arbórea nas<br />

margens, a proporcionar numerosas zonas de sombra.<br />

A distinção entre as três Espécies não é simples, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s principais elementos de<br />

diagnóstico a cor da parte inferior <strong>do</strong>s últimos segmentos <strong>do</strong> abdómen e também a cor<br />

<strong>do</strong> tórax e abdómen <strong>do</strong>s machos. A pigmentação e a forma das asas podem também ser<br />

elementos de diagnóstico complementares. Pode ocorrer hibridação entre as diversas<br />

Espécies da Família Calopterygidae, o que, eventualmente, dificulta ainda mais a identificação<br />

inequívoca.<br />

22


Calopteryx haemorrhoidalis<br />

(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Copper Demoiselle<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Calopterygidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho e fêmea adultos - Fonte Filipe, Querença - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

23


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 45 a 47 mm de comprimento total. O MACHO tem o TÓRAX acobrea<strong>do</strong>, púrpura<br />

ou quase negro, mas nunca verde (elemento de diagnóstico); o ABDÓMEN pode ser de cor semelhante ao<br />

tórax, ou verde com reflexos metálicos; a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen é cor de<br />

rosa ou carmim (elemento de diagnóstico), por vezes intensa, e também as tíbias podem ter reflexos da<br />

mesma cor. As ASAS <strong>do</strong> macho são quase completa e intensamente pigmentadas de castanho escuro, ou<br />

de azul ou púrpura muito escuros; a parte proximal, <strong>no</strong> entanto, é transparente e a transição é oblíqua. A<br />

FÊMEA tem o corpo mais claro, em verde ou castanho, geralmente com reflexos metálicos; as ASAS são<br />

castanhas claras e translúcidas; a ASA POSTERIOR é mais pigmentada <strong>no</strong> quarto distal (elemento de diagnóstico<br />

fundamental), em particular numa estreita faixa que delimita as partes translúcida e pigmentada.<br />

As PATAS são acastanhadas.<br />

Outras informações<br />

Ocorre apenas <strong>no</strong>s países da bacia mediterrânica ocidental (sul da Europa e <strong>no</strong>rte de África), mas tem distribuição<br />

‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. As populações, quan<strong>do</strong> ocorrem, são geralmente numerosas. Ferreira et<br />

al. (2006) afirmam ser possível a existência de subespécies, já que o padrão das asas e o tamanho <strong>do</strong> corpo<br />

são muito variáveis. Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

casal em pré-cópula - Ribª da Perna da Negra - Julho macho adulto - Fonte Filipe - Maio<br />

fêmeas adultas - Ribeira de Seixe - Julho - Fonte da Benémola - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

24


Calopteryx virgo meridionalis<br />

(Linnaeus, 1758) Selys, 1873 <strong>no</strong>me comum em inglês: Beautiful Demoiselle<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Calopterygidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.ii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total e constituição robusta; é a maior das três Espécies<br />

de Calopteryx que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. O MACHO adulto tem o TÓRAX e o ABDÓMEN verdes ou azuis com<br />

reflexos metálicos (elemento de diagnóstico); a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen é<br />

avermelhada (elemento de diagnóstico), embora me<strong>no</strong>s percetível <strong>do</strong> que nas C. haemorrhoidalis; as ASAS<br />

são mais largas <strong>do</strong> que nas restantes Calopteryx, castanhas escuras mas poden<strong>do</strong> apresentar reflexos azuis<br />

metálicos eventualmente intensos (elemento de diagnóstico); a extremidade proximal das asas é transparente<br />

e a transição entre as partes pigmentada e transparente é relativamente abrupta. A FÊMEA tem o<br />

corpo em verde ou bronze mais claros, com reflexos metálicos; as ASAS são translúcidas e castanhas amareladas<br />

com pigmentação uniforme (elemento de diagnóstico). As PATAS são negras, <strong>no</strong> macho e na fêmea.<br />

Outras informações<br />

Espécie de distribuição europeia. Em Portugal continental não surge <strong>no</strong> Alentejo, mas ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>,<br />

embora com distribuição ‘limitada’. Espécie univoltina ou semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

25


Calopteryx xanthostoma<br />

(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Demoiselle<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Calopterygidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira de Seixe - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

26


!<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 46 mm de comprimento total. O MACHO tem o TÓRAX e o ABDÓMEN verdes ou<br />

azuis, com reflexos metálicos (elemento de diagnóstico); <strong>no</strong> tórax, sobre a sutura metapleural, pode haver<br />

uma faixa amarela mais ou me<strong>no</strong>s evidente, completa ou incompleta; a parte ventral <strong>do</strong>s segmentos<br />

posteriores <strong>do</strong> ABDÓMEN também é amarela (elemento de diagnóstico). As ASAS <strong>do</strong> macho são estreitas<br />

e intensamente pigmentadas de azul metálico, mas apenas na metade distal, a partir <strong>do</strong> nódulo alar; a<br />

metade proximal não é pigmentada; <strong>no</strong> entanto, há significativa variabilidade na pigmentação da parte<br />

proximal das asas e podem, consequentemente, ser quase totalmente coloridas. A FÊMEA tem o corpo<br />

verde ou verde-bronze mais claro e também com reflexos metálicos; as ASAS são totalmente transparentes,<br />

embora com ligeira tonalidade esverdeada e com o falso PTEROSTIGMA branco. As PATAS são negras,<br />

quer <strong>no</strong> macho, quer na fêmea.<br />

Outras informações<br />

Ocorre apenas, grosso mo<strong>do</strong>, nas metades <strong>no</strong>rte da Península Ibérica e sul de França, estenden<strong>do</strong>-se um<br />

pouco para o <strong>no</strong>rte da Itália. Por vezes é considerada uma ssp. de C. splendens. Aparentemente, uma ‘raridade’<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; <strong>no</strong> entanto, Boulot et al. 2009 sugerem que a distribuição é mais ampla <strong>do</strong> que a agora<br />

cartografada.<br />

A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />

registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />

fêmea adulta - Ribeira de Seixe - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

27


ZYGOPTERA<br />

LESTIDAE<br />

A Família Lestidae está, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada por <strong>do</strong>is Géneros: o Lestes, com cinco<br />

Espécies, e o Sympecma, com apenas uma Espécie. A morfologia externa <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is Géneros<br />

é significativamente distinta.<br />

Uma libelinha da Família Lestidae (L. macrostigma) está classificada na European Red<br />

List of Dragonflies 2010 com o estatuto EN, ou seja, espécie ameaçada de extinção.<br />

A maior parte das Espécies da Família Lestidae distingue-se facilmente porque as libelinhas,<br />

quan<strong>do</strong> pousadas, ficam com as asas abertas, ao contrário <strong>do</strong> que é caraterístico<br />

da Subordem Zygoptera. Simultaneamente a cor <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> corpo é o verde ou o<br />

bronze, com reflexos metálicos (Género Lestes). Os machos de algumas Espécies apresentam<br />

pruinescência azulada (Lestes dryas, L. virens virens e L. macrostigma); outros (L.<br />

viridis), em oposição, nunca apresentam.<br />

As asas são simétricas, pecioladas e com um número muito diminuto de nervuras na<br />

parte proximal; são transparentes, têm numerosas células alares pentagonais, ao contrário<br />

<strong>do</strong> que acontece nas Famílias Platycnemidae e Coenagrionidae, e os pterostigmas,<br />

que existem tanto <strong>no</strong> macho como na fêmea, são retangulares e alonga<strong>do</strong>s (o<br />

comprimento é, pelo me<strong>no</strong>s, o <strong>do</strong>bro da largura). As patas têm cerdas longas.<br />

O Género Sympecma é a exceção na Família Lestidae; <strong>do</strong>mina a cor castanha muito clara<br />

e a quase total ausência reflexos metálicos, e os <strong>do</strong>is pares de asas tocam-se e encostam<br />

ao abdómen quan<strong>do</strong> os insetos estão pousa<strong>do</strong>s.<br />

Os ovos das Lestidae manifestam capacidade de resistência às condições de secura sazonal,<br />

o que facilita a distribuição da Família por habitats mais alarga<strong>do</strong>s. A oviposição<br />

ocorre muitas vezes em teci<strong>do</strong>s vegetais vivos posiciona<strong>do</strong>s acima <strong>do</strong> nível da água ou<br />

até em plantas distantes de volumes de água.<br />

28


Lestes barbarus<br />

(Fabricius, 1798) <strong>no</strong>me comum em inglês: Migrant Spreadwing<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - RNSCMVRSA - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

---<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

29


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 42 mm de comprimento total (elemento de diagnóstico particularmente útil na<br />

diferenciação com L. virens). OLHOS acastanha<strong>do</strong>s ou amarela<strong>do</strong>s. Parte posterior e inferior da cabeça,<br />

entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, amarelada. No TÓRAX, linha castanha muito clara sobre a carena<br />

<strong>do</strong>rsal, fina mas bem percetível; faixas anteumerais <strong>no</strong>toriamente largas. No ABDÓMEN, tanto <strong>no</strong> MACHO<br />

como na FÊMEA, a cor amarelada ventral estende-se para a face <strong>do</strong>rsal de S9 e S10, fican<strong>do</strong> apenas a verde<br />

ou bronze, metálico, uma banda <strong>do</strong>rsal que, <strong>no</strong> macho adulto, pode ser coberta por muito ligeira pruinescência<br />

azulada. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> MACHO, amarela<strong>do</strong>s, com as extremidades escuras;<br />

inferiores de tamanho médio, com as extremidades a apontar para fora (elemento de diagnóstico).<br />

PTEROSTIGMAS estenden<strong>do</strong>-se por duas células alares adjacentes, bicromáticos, com a parte distal (entre<br />

um terço e metade) de cor quase branca e a parte restante acastanhada; os pterostigmas são elemento de<br />

diagnóstico fundamental, embora possa haver, eventualmente, confusão com L. virens; <strong>no</strong>s tenerals a distinção<br />

entre as duas cores <strong>do</strong>s pterostigmas pode não ser ainda percetível. PATAS castanhas muito claras,<br />

com uma linha negra a to<strong>do</strong> o comprimento <strong>do</strong> fémur e tíbia.<br />

Outras informações<br />

Poderá ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Distribuída por toda a Europa e, pontualmente, <strong>no</strong><br />

<strong>no</strong>rte de África. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações referidas na Introdução<br />

deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição concordante<br />

com a agora cartografada.<br />

macho adulto - RNSCMVRSA - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

30


Lestes dryas<br />

Kirby, 1890 <strong>no</strong>me comum em inglês: Robust Spreadwing<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - charca nas prox. de Vagens, Rogil - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iv.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

31


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. No MACHO, OLHOS azuis escuros bastante evidentes;<br />

parte posterior e inferior da cabeça, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, verdes ou bronze muito<br />

escuras, ou mesmo negras, eventualmente com alguma pruinescência que pode ocorrer também sobre o<br />

pro<strong>no</strong>tum e até o protórax. Pre<strong>do</strong>mina, <strong>no</strong> TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, o verde ou o bronze,<br />

com reflexos metálicos; é elemento de diagnóstico fundamental a pruinescência azulada existente nas<br />

partes ventral e lateral inferior <strong>do</strong> TÓRAX, <strong>no</strong> ABDÓMEN em S1, em parte de S2, em S9 e em S10. Apêndices<br />

ab<strong>do</strong>minais superiores totalmente de cor bronze a quase negra; inferiores da mesma cor e com metade<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong>s superiores. A FÊMEA é também, em visão <strong>do</strong>rsal, verde ou bronze, com reflexos<br />

metálicos; o pro<strong>no</strong>tum é amarela<strong>do</strong> e o protórax verde ou bronze; em visão lateral, <strong>no</strong> TÓRAX, surge uma<br />

pequena ‘espora’ a apontar para a cabeça (elemento de diagnóstico), desenhada <strong>no</strong> limite inferior da<br />

parte verde ou bronze; olhos azuis escuros acinzenta<strong>do</strong>s; abdómen de constituição robusta. PTEROS-<br />

TIGMAS negros (elemento de diagnóstico), <strong>no</strong> macho e na fêmea adultos, peque<strong>no</strong>s, com comprimento<br />

de cerca <strong>do</strong> <strong>do</strong>bro da largura e estenden<strong>do</strong>-se por apenas duas células alares adjacentes; <strong>no</strong>s limites <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s me<strong>no</strong>res evidenciam-se linhas finas muito claras. PATAS castanhas muito escuras.<br />

Outras informações<br />

Espécie <strong>no</strong> extremo <strong>do</strong> limite sul da sua distribuição; uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Obrigatoriamente univoltina<br />

(Corbet et al. 2006).<br />

fêmea adulta - charca (<strong>no</strong>rte) de Queijeira, Rogil - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

32


Lestes macrostigma<br />

(Eversmann, 1836) <strong>no</strong>me comum em inglês: Dark Spreadwing<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): EN (Endangered)<br />

Tendência: Decréscimo<br />

macho adulto - Reserva Natural <strong>do</strong> Sapal de Castro Marim e Vila Real de Stº António - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

---<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

33


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 45 mm de comprimento total e constituição robusta. OLHOS azuis; partes posterior<br />

e inferior da cabeça, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum, verdes ou bronze escuras e com ligeira pruinescência<br />

azulada. Tanto <strong>no</strong> MACHO como na FÊMEA é elemento de diagnóstico fundamental a pruinescência<br />

intensa de cor violeta azulada que existe ao longo <strong>do</strong> protórax, TÓRAX e ABDÓMEN, salvo <strong>no</strong>s<br />

segmentos centrais (S3 a S7) que são verdes escuros e com reflexos metálicos. Os PTEROSTIGMAS muito<br />

compri<strong>do</strong>s e quase negros, estenden<strong>do</strong>-se por três a quatro células alares adjacentes, são outro elemento<br />

de diagnóstico; <strong>no</strong> teneral são castanhos. PATAS negras.<br />

Outras informações<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações referidas na<br />

Introdução deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição<br />

concordante com a agora cartografada. A população existente na Reserva Natural <strong>do</strong> Sapal de Castro Marim<br />

e Vila Real de Stº António (RNSCMVRSA) parece, <strong>no</strong> entanto, ser numerosa. Existem referências, mas<br />

que não foi ainda possível confirmar, da ocorrência da espécie nas proximidades da Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil.<br />

Para o <strong>Algarve</strong> existe ainda um registo publica<strong>do</strong> em 1999 por Kappes & Kappes.<br />

Ocorre de forma distribuída por toda a Europa, mas somente em locais onde o habitat é adequa<strong>do</strong>. A sua<br />

especificidade e dependência de águas salobras e vegetação densa, com espécies caraterísticas <strong>do</strong>s sapais,<br />

torna-a bastante suscetível às alterações e à degradação <strong>do</strong> habitat, e por isso é considerada, na Europa<br />

<strong>do</strong>s 27, espécie ameaçada de extinção.<br />

Foram recentemente publica<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s (Matushkina & Lambret 2011 e Lambret & Stoquert 2011)<br />

sobre tópicos de biologia e comportamento, <strong>no</strong> acasalamento e oviposição da espécie, que poderão contribuir<br />

para, futuramente, se conhecer melhor a sua distribuição e a conservação <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

o tandem anterior à cópula mantém-se durante horas, de manhã - RNSCMVRSA - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

34


Lestes virens<br />

(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Spreadwing<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - salinas aban<strong>do</strong>nadas de Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

35


Identificação<br />

Os adultos são peque<strong>no</strong>s e só raramente têm comprimento total superior a 39 mm (elemento de diagnóstico,<br />

em particular para a diferenciação com L. barbarus). OLHOS azula<strong>do</strong>s e muito evidentes <strong>no</strong> MACHO,<br />

embora <strong>no</strong> imaturo possam ser castanhos; na FÊMEA o azul é mais discreto ou até inexistente. Parte superior<br />

da cabeça verde ou bronze metálicos, e partes posterior e inferior, entre as peças bucais e o pro<strong>no</strong>tum,<br />

amarelas. TÓRAX e ABDÓMEN de cores bronze ou verde e com reflexos metálicos; <strong>no</strong> TÓRAX, faixas<br />

anteumerais finas e contínuas. No MACHO, pruinescência azulada intensa (elemento de diagnóstico) <strong>no</strong><br />

ABDÓMEN, em S9 e S10, mas nunca em S1, S2 e S8. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong>s adultos, amarela<strong>do</strong>s<br />

e com as extremidades escuras; inferiores muito peque<strong>no</strong>s (elemento de diagnóstico). PTEROS-<br />

TIGMAS mo<strong>no</strong>cromáticos, acastanha<strong>do</strong>s (nunca cinzentos muito escuros ou negros); por vezes o terço<br />

distal é mais claro, suscitan<strong>do</strong> confusão com L. barbarus; esta forma de pigmentação <strong>do</strong>s pterostigmas<br />

parece ser comum <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Os pterostigmas <strong>do</strong> teneral são mo<strong>no</strong>cromáticos e quase brancos.<br />

Outras informações<br />

Existem duas ssp.: virens e vestalis. Nas fêmeas adultas da ssp. virens o verde metálico não atinge a sutura<br />

metapleural; nas da ssp. vestalis atinge. Espécie presente em praticamente toda a Europa, embora não na<br />

parte sudeste da Península Ibérica. No <strong>Algarve</strong> tem distribuição ‘limitada’.<br />

macho adulto - charca (N) de Queijeira, Rogil - Julho fêmea adulta - Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />

tandem - oviposição - salinas aban<strong>do</strong>nadas de Vale da Lama, Odiáxere - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

36


Lestes viridis<br />

(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Willow Spreadwing<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Moinhos da Rocha, Ribeira da Asseca, Tavira - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

37


Identificação<br />

Os machos têm cerca de 45 mm de comprimento total e as fêmeas são ligeiramente mais pequenas. No<br />

MACHO e na FÊMEA adultos os OLHOS são castanhos, (elemento de diagnóstico); partes superior, posterior<br />

e inferior da cabeça em verde ou bronze, com reflexos metálicos. O TÓRAX e o ABDÓMEN são pre<strong>do</strong>minantemente<br />

verde escuro, metálico, eventualmente com reflexos bronze; em visão ventral pre<strong>do</strong>mina<br />

a cor amarelada; em visão lateral, <strong>no</strong> TÓRAX, a existência de uma ‘espora’ a apontar para a cabeça, <strong>no</strong><br />

limite inferior da parte verde, é outro elemento de diagnóstico fundamental da espécie (fêmea de L. dryas<br />

tem uma ‘espora’ semelhante, mas me<strong>no</strong>r). O MACHO nunca apresenta pruinescência, o que constitui<br />

elemento de diagnóstico. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores amarela<strong>do</strong>s com as extremidades escuras;<br />

inferiores muito peque<strong>no</strong>s. PTEROSTIGMAS castanhos claro, por vezes mais claros <strong>no</strong> centro, estenden<strong>do</strong>se<br />

por duas células alares contíguas; <strong>no</strong>s tenerals são amarela<strong>do</strong>s.<br />

Outras informações<br />

Ocorre na generalidade da Europa e de forma localizada <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. No <strong>Algarve</strong>, distribuição ‘alargada’.<br />

É um Lestes de comportamento muito discreto e, por esse motivo, mais difícil de observar: surge<br />

quase apenas em zonas muito sombrias, <strong>no</strong> meio da vegetação arbustiva e arbórea. Espécie obrigatoriamente<br />

univoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho adulto - Ribª da Perna da Negra - Julho fêmea adulta - Ribª da Perna da Negra - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

38


Sympecma fusca<br />

(Vander Linden, 1820) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Winter Damsel<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Lestidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

fêmea adulta - Barranco <strong>do</strong>s Pisões, Monchique - Julho (fotografia de Nelson Fonseca)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.ii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.ii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Wallis (1996)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

39


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 36 mm de comprimento total. Os OLHOS podem ser azula<strong>do</strong>s ou castanhos claros,<br />

em especial <strong>no</strong>s insetos jovens. O TÓRAX e o ABDÓMEN são páli<strong>do</strong>s, cor de areia (elemento de diagnóstico),<br />

com partes mais escuras em tom verde seco e ligeiros reflexos metálicos (elemento de diagnóstico),<br />

na face superior da cabeça, <strong>no</strong> tórax e na parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores,<br />

<strong>no</strong> macho, igualmente cor de areia; apêndices inferiores muito peque<strong>no</strong>s.<br />

Outras informações<br />

Em algumas regiões da Europa os insetos adultos hibernam durante o inver<strong>no</strong> e reproduzem-se na primavera<br />

seguinte. Askew (2004) afirma ser o único Género de O<strong>do</strong>nata presente na Europa com tal comportamento,<br />

mas a ocorrência deste padrão, <strong>no</strong> ciclo de vida da S. fusca, não foi ainda confirmada para o<br />

<strong>Algarve</strong>, onde parece ser uma ‘raridade’.<br />

macho adulto - margem alagada <strong>do</strong> Rio Séqua, Tavira - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

40


ZYGOPTERA<br />

COENAGRIONIDAE<br />

As libelinhas Coenagrionidae constituem a maior e mais diversificada Família de<br />

Zygoptera, mesmo à escala global. No <strong>Algarve</strong> estão representadas por três Subfamílias<br />

(Coenagrioninae, Ischnurinae e Nehalenniinae), e simultaneamente por seis Géneros e<br />

<strong>no</strong>ve Espécies.<br />

As populações são, em geral, numerosas. Os machos, mais colori<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as fêmeas,<br />

são intensamente azuis ou vermelhos. As asas são transparentes e as células alares pre<strong>do</strong>minantemente<br />

retangulares.<br />

Na Subfamília Coenagrioninae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas arre<strong>do</strong>ndadas, a parte proximal<br />

peciolada das asas é curta e as fêmeas não apresentam espinho vulvar. A esta<br />

Subfamília pertencem os Géneros Erythromma e Pyrrhosoma.<br />

Na Subfamília Ischnurinae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas arre<strong>do</strong>ndadas, a parte proximal<br />

peciolada das asas é longa e as fêmeas apresentam espinho vulvar. A esta Subfamília<br />

pertencem os Géneros Enallagma e Ischnura.<br />

Na Subfamília Nehalenniinae, na cabeça <strong>do</strong>minam formas angulosas e a parte proximal<br />

peciolada das asas é curta. A esta Subfamília pertence o Género Ceriagrion.<br />

41


Ceriagrion tenellum<br />

(De Villers, 1789) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Red Damsel<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Nehalenniinae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - lagoa de Boi, Aljezur - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

42


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. No MACHO, OLHOS em vermelho-acastanha<strong>do</strong>;<br />

sem manchas pós-oculares; <strong>no</strong> TÓRAX, faixas anteumerais não existem ou são muito finas e incompletas;<br />

ABDÓMEN totalmente vermelho (elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores muito peque<strong>no</strong>s.<br />

As FÊMEAS têm quatro formas cromáticas: i. typica, a mais comum, com a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen<br />

pre<strong>do</strong>minantemente de cor bronze escuro, mas com os segmentos S1 a S4 e S10 vermelhos; ii.<br />

erythrogastrum, muito semelhante ao macho; iii. intermedium, com a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen pre<strong>do</strong>minantemente<br />

vermelha, mas S5 ou S6 até S8 são de cor bronze escuro; iv. mela<strong>no</strong>gastrum, com a parte <strong>do</strong>rsal<br />

<strong>do</strong> abdómen quase totalmente em cor bronze escuro. Nas ASAS, parte proximal da nervação principal<br />

avermelhada, mas com as membranas transparentes; PTEROSTIGMAS não são mais compri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as<br />

células contíguas e são também avermelha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico). As PATAS são amarelas acastanhadas<br />

ou vermelhas acastanhadas (elemento de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Esta espécie e a P. nymphula são as únicas libelinhas que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> em que pre<strong>do</strong>minam as cores<br />

vermelha e preta. Apenas foram encontradas as formas cromáticas femininas typica e erythrogastrum.<br />

Distribuição ‘limitada’.<br />

fêmea typica - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo - Junho tandem com f. erythrogastrum - Serra <strong>do</strong> Caldeirão - Julho<br />

machos adultos - barrag. <strong>do</strong> Aterro Sanitário <strong>do</strong> Sotavento, Serra <strong>do</strong> Caldeirão - Ribeira de Algibre - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

43


Coenagrion puella<br />

(Linnaeus, 1758) <strong>no</strong>me comum em inglês: Azure Bluet<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - charca de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

McLachlan (1880)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

44


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total. As partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN,<br />

<strong>no</strong> MACHO, são azuis; as FÊMEAS podem ter duas formas, dependen<strong>do</strong> da cor não negra: azuis (forma<br />

homocromática) ou verdes (f. heterocromática). Na cabeça, marcas pós-oculares ovais ou circulares. No<br />

TÓRAX, faixas anteumerais médias a largas e completas, uma linha negra incompleta na sutura interpleural<br />

e outra completa na sutura metapleural. No ABDÓMEN <strong>do</strong> macho pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s<br />

desenhos a negro nas partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental:<br />

em S2 (elemento de diagnóstico), desenho em U completo; S3 a S5 com desenhos limita<strong>do</strong>s ao terço posterior<br />

de cada segmento e linhas laterais negras muito finas (elemento de diagnóstico fundamental); S7 é<br />

o segmento mais escuro; S8 praticamente to<strong>do</strong> azul, mas com duas pequenas marcas negras laterais<br />

(elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores. FÊMEA<br />

sem espinho vulvar. PTEROSTIGMAS mo<strong>no</strong>cromáticos cinzentos muito escuros ou negros.<br />

Outras informações<br />

Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Embora a espécie não surja listada em qualquer das publicações<br />

com as caraterísticas referidas na Introdução deste Guia Digital, Boulot et al. 2009 assinalam já<br />

a sua ocorrência na região, numa posição concordante com a agora cartografada.<br />

A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />

registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

45


Coenagrion scitulum<br />

(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Dainty Bluet<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

tandem - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

46


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. As partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN,<br />

quer <strong>no</strong> MACHO, quer na FÊMEA, são azuis. Na cabeça, os OLHOS <strong>do</strong> MACHO são azuis, da FÊMEA verdes;<br />

marcas pós-oculares circulares azuis. No TÓRAX, faixas anteumerais médias a largas e completas, uma linha<br />

negra incompleta na sutura interpleural e outra linha negra completa, mas de espessura variável, na<br />

sutura metapleural. No ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s desenhos a negro nas<br />

partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental; em S2 (elemento de<br />

diagnóstico), desenho relativamente simples a lembrar uma cabeça estilizada de gato com orelhas compridas,<br />

e que contacta com um anel negro que separa S2 de S3; em S3, desenho com uma oval ou lança<br />

pedunculada, cujo eixo maior é paralelo ao eixo principal <strong>do</strong> abdómen; S6 e S7 são completamente negros;<br />

S8 azul, bem como a parte anterior de S9; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores mais curtos <strong>do</strong> que S10<br />

e maiores que os inferiores. O ABDÓMEN da FÊMEA, em visão <strong>do</strong>rsal, é quase inteiramente negro, apenas<br />

com azul <strong>no</strong>s limites <strong>do</strong>s segmentos; sem espinho vulvar. PTEROSTIGMAS trapezoidais, ligeiramente mais<br />

longos <strong>no</strong> limite distal, castanhos claros.<br />

Outras informações<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Oviposição em tandem (ovip.TD). A C. scitulum pode, eventualmente, ser confundida<br />

com Coenagrion caerulescens, espécie cuja ocorrência <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> não está confirmada (de forma<br />

inequívoca, embora seja referida por Vieira et al. 2010).<br />

machos adultos - charca de Azia, Rogil - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />

cópula - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho oviposição - charca de Lotão - Abril<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

47


Enallagma cyathigerum<br />

(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Bluet<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

48


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total e constituição robusta. As partes não negras <strong>do</strong><br />

TÓRAX e <strong>do</strong> ABDÓMEN, <strong>no</strong> MACHO, são azuis; as FÊMEAS podem ter duas formas, expressas na cor não<br />

negra: azuis (forma homocromática) ou verdes (forma heterocromática). Na cabeça, marcas pós-oculares<br />

circulares grandes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, presença de faixas anteumerais largas (elemento<br />

de diagnóstico) e uma faixa negra lateral na sutura umeral; sobre a sutura metapleural pode ou não<br />

existir uma fina linha negra. No ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO pre<strong>do</strong>mina a cor azul; o padrão <strong>do</strong>s desenhos a<br />

negro nas partes <strong>do</strong>rsais <strong>do</strong>s diversos segmentos é o elemento de diagnóstico fundamental; em S2 há<br />

uma marca negra em forma de cogumelo (elemento de diagnóstico), em contacto com um anel também<br />

negro existente entre S2 e S3; S3 a S5 têm desenhos a negro em forma de copo com pé, preenchen<strong>do</strong> o<br />

terço posterior <strong>do</strong>s segmentos; em S6 e S7 as partes negras são maiores e terminam com peque<strong>no</strong>s vértices<br />

<strong>no</strong>s limites anteriores; S8 e S9 são totalmente azuis (elemento de diagnóstico); apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />

diminutos, os inferiores maiores <strong>do</strong> que os superiores. No ABDÓMEN da FÊMEA, entre S3 e S7 há marcas<br />

negras em forma de torpe<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental); espinho vulvar bastante desenvolvi<strong>do</strong>.<br />

PTEROSTIGMAS cinzentos escuros, em forma de losango.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

machos adultos - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril<br />

tandem - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril cópula - charca de Azia, Rogil - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

49


Erythromma lindenii<br />

(Selys, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Blue-eye<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

50


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total. No MACHO, as partes não negras <strong>do</strong> TÓRAX e <strong>do</strong><br />

ABDÓMEN são azuis, na FÊMEA pre<strong>do</strong>mina o verde; <strong>no</strong> TÓRAX de ambos, as faixas anteumerais são largas<br />

(elemento de diagnóstico) e da cor não negra <strong>do</strong>minante; faixa negra fina incompleta na sutura interpleural<br />

e faixa negra completa na metapleural. O MACHO tem os OLHOS intensamente azuis e as manchas<br />

pós-oculares são apenas faixas estreitas também azuis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, não tem azul na parte <strong>do</strong>rsal<br />

de S7 e S8, enquanto que S9 e S10 são intensamente azuis, o que permite identificar, mesmo à distância<br />

e quase que inequivocamente a espécie (elemento de diagnóstico fundamental); S3 a S6 têm, <strong>do</strong>rsalmente,<br />

setas ou flechas negras a apontar para a cabeça (elemento de diagnóstico), e que percorrem a quase<br />

totalidade de cada segmento; os apêndices superiores ab<strong>do</strong>minais têm comprimento igual ou superior a<br />

S10. A FÊMEA tem a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> ABDÓMEN quase totalmente escura ou negra; não tem espinho vulvar<br />

(elemento de diagnóstico fundamental).<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie univoltina ou bivoltina<br />

(Corbet et al. 2006). Plantas flutuantes, como o Ranunculus aquatilis (white water-crowfoot), são muito<br />

frequentemente utilizadas para a deposição <strong>do</strong>s ovos.<br />

macho adulto - charca de Azia, Rogil - Maio tandem - Ribª <strong>do</strong> Leitejo, Cachopo - Abril<br />

oviposição - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

51


Erythromma viridulum<br />

(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Redeye<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

52


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 30 mm de comprimento total e são a única espécie de libelinhas que ocorre <strong>no</strong><br />

<strong>Algarve</strong> em que surgem, simultaneamente, as cores vermelha e azul. O MACHO tem os OLHOS vermelhos<br />

(elemento de diagnóstico fundamental), sem manchas pós-oculares. No TÓRAX de machos e fêmeas as<br />

faixas anteumerais são estreitas (elemento de diagnóstico) e da cor não negra <strong>do</strong>minante, poden<strong>do</strong> ser<br />

completas ou incompletas; em geral são mais percetíveis na FÊMEA. No MACHO, a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> AB-<br />

DÓMEN entre S2 e S8 é escura e com reflexos metálicos; S9 e S10 são em azul intenso; em visão lateral, S2<br />

e S8 são azuis, enquanto que S3 a S7 são, pre<strong>do</strong>minantemente, escuros.<br />

Outras informações<br />

Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. A distribuição agora cartografada é mais ampla <strong>do</strong> que a<br />

apresentada nas publicações referidas na Introdução deste Guia Digital e também por Boulot et al. 2009.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

53


Ischnura graellsii<br />

(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Iberian Bluetail<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto (a comer um inseto) - RNSCMVRSA - Março<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.i. I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

McLachlan (1880)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

54


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 28 mm de comprimento total e aparência frágil. Na cabeça, as manchas pós-oculares<br />

são muito reduzidas ou inexistentes. No MACHO há alguma heterogeneidade de tom; o TÓRAX é<br />

pre<strong>do</strong>minantemente azul; faixas anteumerais negras e finas, poden<strong>do</strong> ser incompletas ou até inexistentes;<br />

enquanto imaturo, o azul é páli<strong>do</strong> ou esverdea<strong>do</strong>; em visão <strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong> ABDÓMEN to<strong>do</strong>s os segmentos<br />

são negros, eventualmente com reflexos metálicos acobrea<strong>do</strong>s, exceção feita para S8, que é azul (elemento<br />

de diagnóstico fundamental); em visão lateral, S1 e S2 são azuis, S3 a S6 escuros ou acobrea<strong>do</strong>s, com<br />

reflexos metálicos, S7, S9 e S10 parcialmente azuis, e S8 totalmente azul (elemento de diagnóstico);<br />

apêndices ab<strong>do</strong>minais muito reduzi<strong>do</strong>s. As FÊMEAS têm três formas cromáticas: i. typica / violacea: muito<br />

semelhante ao macho quan<strong>do</strong> adulta; o tórax pode ser violeta ou lilás, particularmente se imatura; ii. infuscans:<br />

as partes não negras da cabeça, <strong>do</strong> tórax e <strong>do</strong> abdómen (S8 incluí<strong>do</strong>) são verde azeitona ou castanhas;<br />

iii. rufescens: o tórax é cor de laranja e S8 é parcialmente azul. Em todas as formas, presença de<br />

espinho vulvar peque<strong>no</strong> em S8. As ASAS são proporcionalmente curtas, terminan<strong>do</strong> a meio de S6 (elemento<br />

de diagnóstico); <strong>no</strong> MACHO, o PTEROSTIGMA da ASA ANTERIOR é bicromático (elemento de diagnóstico<br />

fundamental), escuro ou negro na metade proximal e quase branco na distal.<br />

Outras informações<br />

Uma das espécies com distribuição mais ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, embora ocorra apenas na Península Ibérica<br />

e <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. Ver Identificação de I. pumilio. Espécie multivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho teneral - Nª Srª <strong>do</strong> Livramento - Fevereiro fêmea typica / violacea - RNSCMVRSA - Abril<br />

fêmea rufescens - RNSCMVRSA - Abril cópula (fêmea infuscans) - Ribª de Odeleite - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

55


Ischnura pumilio<br />

(Charpentier, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Bluetail<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Ischnurinae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

fêmea (a comer um inseto) - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

56


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 28 mm de comprimento total e aparência frágil. Na cabeça, manchas pós-oculares<br />

azuis e bastante visíveis (elemento de diagnóstico). No MACHO o TÓRAX é pre<strong>do</strong>minantemente azul,<br />

com faixas anteumerais negras bem evidentes (elemento de diagnóstico); enquanto imaturo, o azul é páli<strong>do</strong>;<br />

há também uma linha negra incompleta na sutura interpleural e outra na metapleural; em visão<br />

<strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong> ABDÓMEN to<strong>do</strong>s os segmentos são negros, com reflexos metálicos acobrea<strong>do</strong>s, exceção feita<br />

para S9 (elemento de diagnóstico fundamental), que é pre<strong>do</strong>minantemente azul; em visão lateral, S1 e<br />

S2 são azuis, S3 a S6 acobrea<strong>do</strong>s com reflexos metálicos, S7, S8 e S10 negros e azuis, e S9 total ou quase<br />

totalmente azul (elemento de diagnóstico). A FÊMEA, enquanto imatura, é quase totalmente cor laranja<br />

vivo, exceção feita para a parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> ABDÓMEN, escura ou acobreada em to<strong>do</strong>s os segmentos, com<br />

reflexos metálicos (elemento de diagnóstico fundamental - Askew (2004) designa-a como forma aurantiaca);<br />

na adulta, o laranja é substituí<strong>do</strong> pelo verde; na parte <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> abdómen as cores escura ou acobreada<br />

com reflexos metálicos ficam mais alargadas. As ASAS são proporcionalmente pequenas e terminam<br />

em S6. No MACHO, ASA POSTERIOR com PTEROSTIGMA bicromático (elemento de diagnóstico fundamental),<br />

negro na metade proximal e branco na distal; PTEROSTIGMA da ASA ANTERIOR acinzenta<strong>do</strong> e<br />

de me<strong>no</strong>r dimensão (elemento de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ver Identificação de I. graellsii. Espécie bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho imaturo (teneral) - RNSCMVRSA - Maio macho adulto - Lagoa de Budens - Março<br />

fêmeas imaturas - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

57


Pyrrhosoma nymphula<br />

(Sulzer, 1776) <strong>no</strong>me comum em inglês: Large Red Damsel<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Coenagrionidae Subfamília: Coenagrioninae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Fonte Filipe, Querença - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

58


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total e constituição robusta. Esta espécie e a C. tenellum<br />

são as únicas libelinhas, entre todas as que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, em que pre<strong>do</strong>minam as cores vermelha e<br />

negra (elemento de diagnóstico). Todas as partes negras, dependen<strong>do</strong> da luz incidente, podem ter reflexos<br />

metálicos em verde ou bronze escuro. Os OLHOS são vermelho-acastanha<strong>do</strong> e não existem manchas<br />

pós-oculares. No TÓRAX, faixas anteumerais laranja-avermelha<strong>do</strong>; abaixo da sutura metapleural pre<strong>do</strong>mina<br />

o amarelo (elemento de diagnóstico). O ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO é pre<strong>do</strong>minantemente vermelho,<br />

com manchas negras ou verde-bronze e reflexos metálicos especialmente em S7, S8 e S9; em visão lateral<br />

S1 é amarelo (elemento de diagnóstico); os apêndices superiores ab<strong>do</strong>minais têm comprimento igual ou<br />

superior a S10. As FÊMEAS podem ser de três formas: i. fulvipes, muito semelhante ao macho; ii. mela<strong>no</strong>tum,<br />

com o abdómen escuro e as faixas anteumerais amarelas; iii. typica, com coloração intermédia, entre<br />

as duas formas anteriores); não têm espinho vulvar. PTEROSTIGMAS são negros e mais compri<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que<br />

as células contíguas; PATAS são negras (outros elementos de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Ocorre de forma alargada em toda a Europa e de forma localizada <strong>no</strong> <strong>no</strong>rte de África. Distribuição ‘limitada’<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

A observação nas encostas da Picota, Serra de Monchique, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />

registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />

macho adulto - Fóia, Monchique - Maio fêmea adulta, f. typica - Asseiceira, Cachopo - Abril<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

59


ZYGOPTERA<br />

PLATYCNEMIDIDAE<br />

A Família Platycnemididae é muito facilmente reconhecida pelo achatamento das tíbias<br />

<strong>do</strong>s 2º e 3º pares de patas, mais evidente <strong>no</strong>s machos <strong>do</strong> que nas fêmeas; as patas<br />

são de cor clara e as cerdas longas e numerosas.<br />

São também elementos de diagnóstico fundamentais a cabeça muito larga, mais <strong>do</strong> que<br />

o tórax, com uma faixa pós-ocular contínua, e, nas asas, as células discoidais praticamente<br />

retangulares.<br />

São libelinhas sem quaisquer reflexos metálicos, com pre<strong>do</strong>mínio das cores branca, por<br />

vezes azulada, ou das alaranjada e negra. A sequência de faixas <strong>no</strong> tórax, castanhas<br />

muito claras e negras, é outra caraterística identifica<strong>do</strong>ra da Família. Nas asas, a quase<br />

totalidade das células é tetragonal e os pterostigmas são quadra<strong>do</strong>s ou rombóides, <strong>no</strong>s<br />

machos e nas fêmeas.<br />

A distinção entre as duas Espécies que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> é particularmente simples,<br />

<strong>no</strong> caso <strong>do</strong>s machos adultos, sen<strong>do</strong> feita com base na cor <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> abdómen e<br />

também por detalhes nas tíbias e apêndices ab<strong>do</strong>minais. Nas fêmeas, pelo contrário, a<br />

distinção é me<strong>no</strong>s evidente e imediata, sen<strong>do</strong> determinante a observação das faixas negras<br />

<strong>do</strong> tórax.<br />

60


Platycnemis acutipennis<br />

Selys, 1841 <strong>no</strong>me comum em inglês: Orange Featherleg<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Platycnemididae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />

Tendência: Estável<br />

tandem - charca de Azia, Rogil - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

61


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 36 mm de comprimento total. No MACHO adulto os OLHOS são azuis (elemento<br />

de diagnóstico); <strong>no</strong> teneral são castanhos; o TÓRAX é verde muito claro e, para além da faixa negra na carena<br />

<strong>do</strong>rsal, destacam-se duas linhas negras paralelas (elemento de diagnóstico), uma sobre a sutura<br />

umeral e outra imediatamente abaixo; o ABDÓMEN é cor de laranja, com marcas escuras de S7 a S9; os<br />

apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são bífi<strong>do</strong>s e mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores; as PATAS não são achatadas<br />

como é caraterístico da Família, e são de cor verde páli<strong>do</strong> com uma linha fina negra a to<strong>do</strong> o comprimento.<br />

A FÊMEA é pre<strong>do</strong>minantemente castanha clara ou laranja muito ténue; as duas linhas negras paralelas<br />

<strong>no</strong> TÓRAX, muito semelhantes às <strong>do</strong> macho, são elemento de diagnóstico fundamental; <strong>no</strong> ABDÓ-<br />

MEN há uma faixa negra <strong>do</strong>rsal bastante evidente e que se prolonga por quase to<strong>do</strong>s os segmentos; as<br />

tíbias são ligeiramente mais dilatadas <strong>do</strong> que as <strong>do</strong> macho.<br />

Outras informações<br />

Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie endémica da Europa, que ocorre apenas na Península Ibérica e<br />

em França. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Os adultos podem observar-se nas proximidades <strong>do</strong>s volumes<br />

de água, mas também a metros de distância <strong>do</strong>s mesmos.<br />

A observação nas proximidades de São Marcos da Serra, publicada por McLachlan (1880), é o primeiro<br />

registo da ocorrência da espécie em Portugal continental (Ferreira et al. 2006).<br />

macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho fêmea adulta - Fonte da Benémola - Maio<br />

macho adulto - Fonte da Benémola - Maio macho imaturo (teneral) - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Abril<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

62


Platycnemis latipes<br />

Rambur, 1842 <strong>no</strong>me comum em inglês: White Featherleg<br />

Subordem: Zygoptera<br />

Família: Platycnemididae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />

Tendência: Estável<br />

tandem - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

63


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total. No MACHO destaca-se a cor branca ou azul muito<br />

clara (elemento de diagnóstico fundamental), pre<strong>do</strong>minante <strong>no</strong>s OLHOS e <strong>no</strong> ABDÓMEN; a face <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong><br />

protórax é negra; o TÓRAX é castanho muito claro, exceção para a larga faixa negra na carena <strong>do</strong>rsal,<br />

para a linha igualmente negra na sutura umeral e para outra linha muito fina, incompleta ou até inexistente,<br />

entre as suturas umeral e interpleural; <strong>no</strong> ABDÓMEN, a parte <strong>do</strong>rsal de S6 a S9 é cinzenta ou negra<br />

(elemento de diagnóstico), se bem que a extensão das manchas seja muito variável; as PATAS são acentuadamente<br />

achatadas e dilatadas, brancas e com uma linha negra <strong>no</strong>s fémures (elemento de diagnóstico<br />

fundamental); os apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores são pontiagu<strong>do</strong>s e mais curtos <strong>do</strong> que os inferiores.<br />

Na FÊMEA pre<strong>do</strong>mina também a coloração clara, quase branca, embora <strong>no</strong> TÓRAX o castanho seja mais<br />

intenso (elemento de diagnóstico); os OLHOS são igualmente castanhos e as PATAS não são tão carateristicamente<br />

achatadas e dilatadas. Machos e fêmeas têm PTEROSTIGMAS castanhos escuros.<br />

Outras informações<br />

Ocorre apenas na Península Ibérica e na parte su<strong>do</strong>este de França. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>,<br />

com algumas populações muito numerosas. Oviposição em tandem (ovip.TD). Espécie univoltina (Corbet<br />

et al. 2006).<br />

macho adulto (à esquerda) - fêmea adulta (à direita) - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

macho adulto (à esquerda) - fêmea adulta (à direita) - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

64


ANISOPTERA<br />

AESHNIDAE<br />

No <strong>Algarve</strong>, a Família Aeshnidae está representada por três Géneros: Aeshna, Anax e<br />

Boyeria.<br />

Os adultos das diferentes Espécies têm dimensões apreciáveis, sempre acima de 60 mm<br />

de comprimento. Aparentam ser insetos robustos e incansáveis, e a maior O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong><br />

<strong>Algarve</strong> (Anax imperator) pertence a esta Família. Os machos são voa<strong>do</strong>res ativos e,<br />

quan<strong>do</strong> pousa<strong>do</strong>s, ficam na vertical. As fêmeas dispõem de um peque<strong>no</strong> ovipositor, o<br />

que não é muito comum entre os Anisoptera.<br />

Pre<strong>do</strong>minam as faixas oblíquas e as manchas de cores azuis, verdes e amarelas <strong>no</strong> tórax<br />

e <strong>no</strong> abdómen <strong>do</strong>s insetos adultos, sobre ‘fun<strong>do</strong>s’ castanhos ou cinzentos escuros.<br />

Algumas Espécies têm comportamentos migratórios e, consequentemente, surgem picos<br />

de registos de observações <strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>. A costa su<strong>do</strong>este<br />

algarvia parece integrar uma rota preferencial de passagem. A complexa temática das<br />

migrações das O<strong>do</strong>nata é ainda muito ‘quente’ <strong>no</strong> contexto da investigação científica.<br />

65


Aeshna cyanea<br />

(Müller, 1764) <strong>no</strong>me comum em inglês: Blue Hawker<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

fêmea adulta - Barranco <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong> - Novembro (fotografia de João Tiago Tavares)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

fontes de informação<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

66


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 72 mm de comprimento total. OLHOS pre<strong>do</strong>minantemente azuis <strong>no</strong> MACHO<br />

adulto, castanhos na FÊMEA. No TÓRAX de ambos, que é castanho escuro, faixas anteumerais verdes e<br />

largas (elemento de diagnóstico); em visão lateral, duas faixas oblíquas, também verdes e muito estendidas.<br />

No MACHO adulto, aurículas azuis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, <strong>no</strong>s quartos posteriores de S2 a<br />

S7 destacam-se duas manchas verdes por segmento; em S8 as duas manchas são azuis; em S9 e S10 o azul<br />

é mais estendi<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico); em visão lateral, observam-se também manchas azuis, mas<br />

<strong>no</strong>s quartos anteriores de S2 a S8. Na FÊMEA, o padrão das manchas ab<strong>do</strong>minais é semelhante, mas sempre<br />

de cor verde-amarelada (elemento de diagnóstico). Nas ASAS, de membranas incolores, PTEROS-<br />

TIGMAS escuros e curtos; <strong>no</strong> macho, a membrânula termina antes <strong>do</strong> limite posterior <strong>do</strong> triângulo anal, o<br />

qual tem pelo me<strong>no</strong>s três células.<br />

Outras informações<br />

Filogeneticamente parece ser bastante distinta das restantes Aeshna sp. Pode ser considerada uma ‘raridade’<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.AF. Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

67


Aeshna isoceles<br />

(Müller, 1767) <strong>no</strong>me comum em inglês: Green-eyed Hawker<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.ii.<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Wallis (1996)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 64 mm de comprimento total. Pre<strong>do</strong>mina o castanho avermelha<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o<br />

corpo (elemento de diagnóstico); <strong>no</strong> ABDÓMEN não se observa o padrão de cores caraterístico <strong>do</strong> Género<br />

nem surgem partes em azul e/ou verde. No MACHO, e também na FÊMEA, os OLHOS são verdes (elemento<br />

de diagnóstico), a fronte e peças bucais amarelas; <strong>no</strong> TÓRAX existem, em visão lateral, duas faixas<br />

oblíquas amarelas pouco percetíveis; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal e a to<strong>do</strong> o comprimento de S2, destaca-se<br />

um triângulo amarelo (elemento de diagnóstico); os PTEROSTIGMAS são alaranja<strong>do</strong>s. No MACHO,<br />

<strong>no</strong> triângulo anal da ASA POSTERIOR, contíguo à membrânula que é bastante alongada e cinzenta escura,<br />

sobressai um alinhamento de membranas alares cor-de-laranja (elemento de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Por vezes designada como Aeshna isosceles. Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, onde deverá<br />

ser a Aeshna sp. mais temporã. O único registo para o <strong>Algarve</strong> ocorreu <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1995; <strong>no</strong> entanto, Boulot<br />

et al. 2009 assinalam a sua ocorrência <strong>no</strong> litoral oeste da região. Ovip.AF.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

68


Aeshna mixta<br />

Latreille, 1805 <strong>no</strong>me comum em Inglês: Migrant Hawker<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Outubro<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

69


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 62 mm de comprimento total. O MACHO tem a fronte e peças bucais brancas, e<br />

os OLHOS total ou parcialmente azuis; o TÓRAX é acastanha<strong>do</strong> e, em visão lateral, mostra duas faixas<br />

oblíquas amarelas; o ABDÓMEN é profusamente colori<strong>do</strong> de amarelo e azul, sobre ‘fun<strong>do</strong>’ castanho (elemento<br />

de diagnóstico fundamental); em visão <strong>do</strong>rsal, S1 é castanho, em S2 destaca-se, <strong>no</strong> eixo <strong>do</strong>rsal, um<br />

triângulo amarelo e na parte posterior um anel azul (elemento de diagnóstico); S3 tem, <strong>no</strong> quarto posterior,<br />

duas manchas azuis; entre S4 e S8 repetem-se, <strong>no</strong> quarto anterior, duas diminutas manchas amarelas<br />

e, <strong>no</strong> posterior, duas grandes manchas azuis; em S9 e S10 só se observam as manchas azuis, mais pálidas<br />

e esverdeadas; em visão lateral, em S1 há uma faixa amarela, em S2 e S3 pre<strong>do</strong>mina o azul, entre S4 e S8<br />

a metade anterior é azul e na posterior observa-se o limite das manchas <strong>do</strong>rsais; S9 e S10 são castanhos<br />

escuros e observam-se as manchas <strong>do</strong>rsais. A FÊMEA é semelhante mas o azul é parcialmente substituí<strong>do</strong><br />

pelo amarelo esverdea<strong>do</strong>, e as partes castanhas são mais <strong>do</strong>minantes. Em ambos, os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />

são negros e longos, praticamente <strong>do</strong> mesmo comprimento <strong>do</strong> que S9 e S10. O apêndice ab<strong>do</strong>minal<br />

inferior, <strong>no</strong> macho, é mais claro e facilmente percetível, em visão <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico); na<br />

fêmea, os apêndices ab<strong>do</strong>minais têm, <strong>no</strong> conjunto, diâmetro inferior ao <strong>do</strong> abdómen. Os PTEROSTIGMAS<br />

são escuros e estendem-se por três células alares; <strong>no</strong> macho, o triângulo alar tem três células.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; particularmente frequente <strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>, em<br />

parte devi<strong>do</strong> aos ocasionais acréscimos de exemplares durante as migrações; pode, igualmente, ser observada<br />

em cópula e oviposição. Ovip.AF. Espécie univoltina (Corbet et al. 2006).<br />

fêmea adulta - Qtª das Flores, Estoi - Outubro cópula - Fonte da Benémola, Querença - Outubro<br />

fêmea a ovipositar - Qtª das Flores - Outubro macho imaturo - Qtª das Flores - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

70


Anax ephippiger<br />

(Burmeister, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Vagrant Emperor<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho imaturo - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Abril<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

Gardiner & Wallis 1996)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

71


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 64 mm de comprimento total. OLHOS castanhos na parte superior e amarelos ou<br />

amarelos esverdea<strong>do</strong>s na inferior (elemento de diagnóstico). No MACHO adulto, TÓRAX castanho sem<br />

faixas anteumerais; <strong>no</strong> ABDÓMEN, S1 é castanho; S2 com anel anterior castanho claro <strong>no</strong> limite anterior,<br />

azul vivo na restante parte (elemento de diagnóstico fundamental); eventualmente o azul pode desvanecer-se<br />

na parte anterior de S3; S3 a S7 são castanhos, eventualmente castanho-esverdea<strong>do</strong>, com manchas<br />

mais escuras ao longo <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>rsal; S8 a S10 <strong>do</strong>rsalmente mais escuros, mas com manchas amareladas<br />

(elemento de diagnóstico). Na FÊMEA, o azul intenso de S2 é substituí<strong>do</strong> por uma tonalidade lilás discreta<br />

(elemento de diagnóstico). Em ambos, apêndices ab<strong>do</strong>minais castanhos. ASAS com nervação anterior<br />

amarela, PTEROSTIGMAS longos e castanhos claros; membrânulas cinzentas ou esbranquiçadas.<br />

Outras informações<br />

Por vezes designada como Hemianax ephippiger. Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, ocorren<strong>do</strong> particularmente<br />

<strong>no</strong> final <strong>do</strong> verão e início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>, em consequência <strong>do</strong> intenso comportamento migratório<br />

caraterístico da espécie (Askew 2004), referi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> obrigatório por Corbet (2004). Deverá reproduzir-se,<br />

pelo me<strong>no</strong>s esporadicamente, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

fêmea adulta - charca de Penteadeiros, Martim Longo - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

72


Anax imperator<br />

Leach, 1815 <strong>no</strong>me comum em Inglês: Blue Emperor<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Outubro<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

73


Identificação<br />

Espécie quase inconfundível pela sua dimensão e pelo voo rápi<strong>do</strong> bastante exposto. O MACHO adulto<br />

tem cerca de 76 mm de comprimento total e é a maior O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; a FÊMEA é ligeiramente mais<br />

pequena. OLHOS azuis na parte superior e amarelos esverdea<strong>do</strong>s na inferior; eventualmente castanhos na<br />

fêmea jovem e verdes na adulta. A fronte <strong>do</strong> MACHO, em visão <strong>do</strong>rsal, é também azul. TÓRAX, em visão<br />

<strong>do</strong>rsal, na parte anterior às asas, castanho esverdea<strong>do</strong>; não existem faixas anteumerais mas <strong>no</strong> macho<br />

adulto observam-se duas evidentes faixas azuis (elemento de diagnóstico) imediatamente anteriores à inserção<br />

das asas; em visão lateral, tórax é verde (elemento de diagnóstico fundamental). No ABDÓMEN,<br />

S1 é verde ou azul; S2 a S10 pre<strong>do</strong>minante e intensamente azuis (elemento de diagnóstico fundamental),<br />

com manchas regulares negras ao longo <strong>do</strong> eixo <strong>do</strong>rsal, e também na metade inferior, quan<strong>do</strong> em visão<br />

lateral; <strong>no</strong> adulto imaturo, o azul pode ter ainda uma tonalidade esverdeada. Na FÊMEA, as partes a azul<br />

são bastante mais limitadas e podem ser parcial ou totalmente verdes. Apêndices ab<strong>do</strong>minais escuros; o<br />

inferior é bastante mais curto <strong>do</strong> que os superiores. ASAS incolores <strong>no</strong> macho, levemente verdes na fêmea<br />

adulta; <strong>no</strong> macho, a ASA POSTERIOR tem membrânula mas o ângulo anal não é sobressaliente (elemento<br />

de diagnóstico), assemelhan<strong>do</strong>-se ao da fêmea.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, bem como por toda a Europa e <strong>no</strong>rte de África. Ovip.AF (elemento de<br />

diagnóstico).<br />

oviposição - charca de Azia, Rogil - Maio<br />

macho - Barr. de Vale de As<strong>no</strong> - Maio macho a comer um S. fonscolombii - Morg. Reguengo - Outubro<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

74


Anax parthe<strong>no</strong>pe<br />

(Selys, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Lesser Emperor<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Barragem de Vale de As<strong>no</strong>, Altura - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

75


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 70 mm de comprimento total. OLHOS pre<strong>do</strong>minantemente verdes. TÓRAX castanho<br />

ou castanho esverdea<strong>do</strong> e sem faixas anteumerais. No ABDÓMEN, S1 é castanho; S2 tem <strong>no</strong> limite<br />

anterior um evidente anel amarelo (elemento de diagnóstico fundamental) e a restante parte é azul<br />

(elemento de diagnóstico); S3 tem um triângulo castanho <strong>do</strong>rsal, é azul na restante parte anterior <strong>do</strong><br />

segmento e castanho na parte posterior; S4 a S10 são castanhos ou castanhos esverdea<strong>do</strong>s com manchas<br />

regulares mais escuras; eventualmente podem tem uma tonalidade azulada. MACHO e FÊMEA são muito<br />

semelhantes; os apêndices ab<strong>do</strong>minais são o principal elemento de diferenciação, salvo se for possível<br />

observar a existência ou não de órgãos genitais secundários. ASAS podem ter uma ligeira tonalidade esverdeada<br />

ou amarela acastanhada, mais percetível na parte central; PTEROSTIGMAS castanhos ou castanhos<br />

alaranja<strong>do</strong>s; membrânula estreita e longa.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; desperta curiosidade o facto de nenhuma das publicações referidas na<br />

Introdução deste Guia Digital assinalar a ocorrência da espécie, exceção feita para os Reports de ‘A Rocha’,<br />

relativos à zona da Quinta da Rocha / Ria de Alvor, Portimão, e data<strong>do</strong>s da década de 1990. Em oposição,<br />

Boulot et al. 2009 assinalam a sua ocorrência pela região, em posições concordantes com as agora<br />

cartografadas. Ovip.TD (elemento de diagnóstico).<br />

machos adultos - charca pequna de Viçoso, Martim Longo - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Setembro<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

76


Boyeria irene<br />

(Fonscolombe, 1838) <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Spectre<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Aeshnidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira da Perna da Negra - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

77


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 67 mm de comprimento total. OLHOS verdes <strong>no</strong> macho, acastanha<strong>do</strong>s na fêmea.<br />

O TÓRAX e o ABDÓMEN são, pode-se afirmar, como um ‘camufla<strong>do</strong> militar’ (elemento de diagnóstico),<br />

tanto <strong>no</strong> macho como na fêmea. Pre<strong>do</strong>minam complexos padrões de manchas, <strong>no</strong> MACHO com tonalidades<br />

esverdeadas, na FÊMEA acastanhadas. As FÊMEAS têm duas formas: typica, com os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />

superiores bastante longos, 3x o comprimento de S10, e brachycerca, com os apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />

superiores <strong>do</strong> comprimento de S10. Nas ASAS, os PTEROSTIGMAS são relativamente longos e estendem-se<br />

por quatro células contíguas; as extremidades distais podem ser parcialmente pigmentadas de castanho<br />

(elemento de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Na identificação da B. irene, o habitat e o comportamento em voo são elementos de diagnóstico fundamentais.<br />

A espécie tem preferência acentuada por troços sombrios <strong>no</strong>s cursos de água e os machos fazem<br />

voos rápi<strong>do</strong>s, retilíneos e longos, próximo da superfície da água e da margem. Só ocasionalmente são vistos<br />

em troços longos e expostos à luz solar direta. Parecem ser mais ativos durante as primeiras horas da<br />

manhã e as últimas da tarde. Os <strong>no</strong>mes comuns em alemão Geist Libelle e em inglês Twilight Dragonfly<br />

são bem expressivos das caraterísticas referidas. Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie semivoltina<br />

(Corbet et al. 2006).<br />

macho adulto - Pêgo <strong>do</strong> Infer<strong>no</strong>, Tavira - Junho fêmea adulta f. brachycerca - Ribª de Seixe - Agosto<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

78


ANISOPTERA<br />

GOMPHIDAE<br />

A Família Gomphidae está representada, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, por seis Espécies; uma, <strong>no</strong> entanto,<br />

deve aceitar o estatuto de ‘a requerer confirmação’. Nos Gomphus há cinco faixas <strong>no</strong><br />

tórax, em visão lateral, que devem ser contadas e numeradas a partir da carena <strong>do</strong>rsal.<br />

São fundamentais para a identificação das três Espécies.<br />

São insetos que, pela dimensão e pelas cores amarela ou verde e negra <strong>do</strong> corpo, chamam<br />

a atenção <strong>do</strong> naturalista e <strong>do</strong> fotógrafo de natureza. Os segmentos posteriores e<br />

os apêndices ab<strong>do</strong>minais <strong>do</strong>s machos, em especial os das Espécies com distribuições<br />

mais ‘alargadas’ e populações mais numerosas, são incomuns e não passam desapercebi<strong>do</strong>s.<br />

Em simultâneo, a Gomphidae é a Família de O<strong>do</strong>nata com maior comprimento total<br />

médio e em que os machos adultos a<strong>do</strong>ptam o comportamento descrito como de ‘vigilantes<br />

persistentes’. Consequentemente, são mais fáceis de observar <strong>do</strong> que os insetos<br />

de outras Famílias de Anisoptera.<br />

Os Gomphidae, quan<strong>do</strong> na fase adulta, têm vida breve; as larvas, em oposição, têm um<br />

perío<strong>do</strong> de desenvolvimento bastante prolonga<strong>do</strong>. Mesmo assim, os adultos podem ser<br />

observa<strong>do</strong>s em locais apreciavelmente afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cursos de água onde se reproduzem.<br />

Não ocorre oviposição em tandem e as fêmeas depositam os ovos em voo.<br />

79


Gomphus graslinii<br />

Rambur, 1842 <strong>no</strong>me comum em inglês: Pronged Clubtail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Est. Cons. (EU27 R.L. 2010): NT (Near Threatened) Endémica da EU27 DH An. B-IV<br />

Tendência: Decréscimo<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis; fronte amarela. No TÓRAX, em visão<br />

lateral, primeira e segunda (a partir da carena <strong>do</strong>rsal) faixas negras quase se tocam <strong>do</strong>rsalmente, junto à<br />

carena; segunda faixa negra muito mais próxima da terceira <strong>do</strong> que da primeira, e bastante mais larga <strong>do</strong><br />

que a faixa amarela entre a segunda e terceira faixas negras. Quarta faixa negra visível apenas até ao nível<br />

<strong>do</strong> metastigma (elementos de diagnóstico fundamentais). No MACHO, <strong>no</strong> ABDÓMEN, aurículas em S2;<br />

quase não há dilatação em S8 e S9; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. Apêndices ab<strong>do</strong>minais<br />

superiores de comprimento semelhante a S10, <strong>no</strong>toriamente bifurca<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico)<br />

e sem curvatura para baixo. Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; entre sete ou<br />

oito e dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma; PTEROSTIGMAS das asas anteriores<br />

ligeiramente mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores. PATAS com linhas amarelas apenas <strong>no</strong>s fémures.<br />

Outras informações<br />

Espécie com distribuição muito limitada, restrita apenas a alguns locais em Portugal, Espanha e França.<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

80


Gomphus pulchellus<br />

Selys, 1840 <strong>no</strong>me comum em inglês: Western Clubtail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern) Endémica da EU27<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão, prox. de Stª Cruz - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iii.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

81


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis acinzenta<strong>do</strong>s; fronte amarela. No<br />

TÓRAX, em visão lateral, todas as faixas negras são finas (elementos de diagnóstico fundamentais); a faixa<br />

amarela entre as duas faixas negras da parte anterior <strong>do</strong> tórax é muito mais larga <strong>do</strong> que a primeira<br />

faixa negra (a contígua à carena <strong>do</strong>rsal); segunda faixa negra pode ser incompleta e é sempre muito mais<br />

fina <strong>do</strong> que a faixa amarela entre as segunda e terceira faixas negras; quarta faixa negra percorre toda a<br />

face lateral <strong>do</strong> tórax e tem uma curvatura muito percetível (elemento de diagnóstico fundamental) acima<br />

<strong>do</strong> metastigma. No ABDÓMEN, não há ou é mínima a dilatação em S8 e S9; to<strong>do</strong>s os segmentos com<br />

manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores de comprimento semelhante a<br />

S10, ligeiramente bifurca<strong>do</strong>s nas extremidades e a apontarem para fora (elemento de diagnóstico), mas<br />

sem curvatura para baixo. Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; entre sete ou oito e<br />

dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma; PTEROSTIGMAS das asas anteriores ligeiramente<br />

mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores; ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS com linhas<br />

amarelas <strong>no</strong>s fémures e tíbias.<br />

Outras informações<br />

Ampla distribuição por Portugal, Espanha, França e Alemanha; distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.PR<br />

ou ovip.AF.<br />

macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Junho macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Leitejo, Bernalflor - Abril<br />

teneral - charca de Balurco de Cima - Abril macho adulto - Ribª <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

82


Gomphus simillimus<br />

Selys, 1840 <strong>no</strong>me comum em inglês: Yellow Clubtail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): NT (Near Threatened)<br />

Tendência: Decréscimo<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

fontes de informação<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis esverdea<strong>do</strong>s; fronte esverdeada. No<br />

TÓRAX, em visão lateral, faixa amarela entre as segunda e terceira faixas negras (contadas a partir da carena<br />

<strong>do</strong>rsal) de espessura semelhante à da segunda faixa negra; quarta faixa negra surge apenas entre a<br />

base <strong>do</strong> tórax e um nível ligeiramente acima <strong>do</strong> metastigma. No ABDÓMEN, dilatação em S8 e S9 (elemento<br />

de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com G. graslinii); to<strong>do</strong>s os segmentos com<br />

manchas amarelas <strong>do</strong>rsais. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores a apontar para fora mas sem serem<br />

bifurca<strong>do</strong>s nas extremidades (elemento de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com G.<br />

graslinii). Nas ASAS, triângulos constituí<strong>do</strong>s por uma única célula; mais de dez nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares,<br />

até ao pterostigma (elemento de diagnóstico); PTEROSTIGMAS das asas anteriores ligeiramente<br />

mais curtos <strong>do</strong> que os das posteriores; <strong>no</strong> macho, ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS<br />

com linhas amarelas finas <strong>no</strong>s fémures e tíbias.<br />

Outras informações<br />

Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> ou, até, espécie ‘a requerer confirmação’ de ocorrência.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

83


Onychogomphus forcipatus unguiculatus<br />

(Linnaeus, 1758) Vander Linden, 1823 <strong>no</strong>me comum em inglês: Small Pincertail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Moinhos da Rocha, Ribeira da Asseca, Tavira - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

McLachlan (1880)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

84


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 48 mm de comprimento total. OLHOS azuis; a cabeça, atrás <strong>do</strong>s olhos, é negra,<br />

com <strong>do</strong>is pontos amarelos. No TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN as cores negras e amarelas estão muito bem delimitadas<br />

e são as únicas presentes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, em visão lateral, faixa amarela<br />

entre as segunda e terceira faixas negras (contadas a partir da carena <strong>do</strong>rsal) é mais larga <strong>do</strong> que a terceira<br />

faixa negra (elemento de diagnóstico); quarta faixa negra é interrompida a meia altura e acima dela<br />

surge uma mancha negra bastante percetível (elemento de diagnóstico fundamental para a espécie e,<br />

simultaneamente, para a ssp. unguiculatus). No ABDÓMEN, aurículas amarelas e dilatação <strong>no</strong>s segmentos<br />

posteriores, a começar em S7; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas, <strong>do</strong>rsalmente diminutas em S8<br />

e S9. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e bastante curva<strong>do</strong>s, sobrepon<strong>do</strong>-se<br />

na extremidade; inferior com o mesmo comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MACHO, na ASA<br />

POSTERIOR, loop anal com duas ou três células, triângulo constituí<strong>do</strong> por uma só célula; triângulo anal<br />

com três células (elemento de diagnóstico fundamental); PTEROSTIGMAS muito escuros ou mesmo negros.<br />

PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras; apenas as metades proximais <strong>do</strong>s fémures não são negras.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘alargada <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>’. Necessita de locais com água permanente para se reproduzir mas manifesta<br />

tolerância pelas condicionantes caraterísticas <strong>do</strong>s sistemas lóticos complexos próprios da região.<br />

Espécie semivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho jovem - Ribª de Odeleite - Maio macho adulto - Moinhos da Rocha - Junho<br />

macho adulto - Moinhos da Rocha - Junho fêmea adulta - Moinhos da Rocha - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

85


Onychogomphus uncatus<br />

(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Large Pincertail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira da Perna da Negra - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

86


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 50 mm de comprimento total. OLHOS azuis esverdea<strong>do</strong>s; a cabeça, atrás <strong>do</strong>s<br />

olhos, é totalmente negra. No TÓRAX e <strong>no</strong> ABDÓMEN as cores negras e amarelas estão muito bem delimitadas<br />

e são as únicas presentes (elemento de diagnóstico). No TÓRAX, em visão lateral, as segunda e terceira<br />

faixas negras (contadas a partir da carena <strong>do</strong>rsal) são bastante largas, bastante mais <strong>do</strong> que a fina<br />

faixa amarela existente entre elas (elemento de diagnóstico). No ABDÓMEN, aurículas amarelas e dilatação<br />

moderada <strong>no</strong>s segmentos posteriores; to<strong>do</strong>s os segmentos com manchas amarelas, <strong>do</strong>rsalmente diminutas<br />

em S9. No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e bastante curva<strong>do</strong>s,<br />

sem sobreposição na extremidade; inferior com o mesmo comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MA-<br />

CHO, na ASA POSTERIOR, loop anal com duas ou três células, triângulo constituí<strong>do</strong> por uma só célula; triângulo<br />

anal com quatro células (elemento de diagnóstico fundamental); PTEROSTIGMAS muito escuros<br />

ou mesmo negros. PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Preferência por peque<strong>no</strong>s cursos de água com velocidades médias a<br />

rápidas, e vegetação nas margens proporcionan<strong>do</strong> muitas sombras. Para concluir o ciclo de vida, preferência<br />

por sistemas lóticos simples; esta deverá ser uma das justificações para a distribuição diferenciada<br />

das duas espécies <strong>do</strong> Género Onychogomphus. Espécie semivoltina ou partivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho adulto - Lajea<strong>do</strong>, Monchique - Junho<br />

fêmea adulta - Ribeira das Canas - Junho teneral - Ribeira de Odelouca - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

87


Paragomphus genei<br />

(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Green Hooktail<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Gomphidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

fontes de informação<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e são os mais peque<strong>no</strong>s Gomphidae que ocorrem<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. OLHOS e fronte esverdeadas. TÓRAX verde (elemento de diagnóstico), com faixas escuras e<br />

finas. ABDÓMEN em tons claros e escuros de castanho; dilatação muito caraterística em S8 e S9 (elemento<br />

de diagnóstico fundamental), com protuberâncias que se assemelham a peque<strong>no</strong>s ‘lemes’ alares. No<br />

MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores <strong>no</strong>toriamente longos e curva<strong>do</strong>s para baixo; inferior com metade<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong>s superiores. Também <strong>no</strong> MACHO, na ASA POSTERIOR, triângulo constituí<strong>do</strong> por<br />

uma só célula; cinco ou seis nervuras post<strong>no</strong>dais perpendiculares, até ao pterostigma (elemento de diagnóstico);<br />

ângulo anal relativamente pronuncia<strong>do</strong>. PATAS acastanhadas.<br />

Outras informações<br />

Pode ser considerada uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie caraterística <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte de África, onde ocorre em<br />

sistemas lênticos, muitas vezes temporários e de pequenas dimensões.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

88


ANISOPTERA<br />

CORDULEGASTRIDAE<br />

A família Cordulegastridae está representada, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, por uma única espécie e o<br />

número de registos é diminuto.<br />

As exigências de habitat são, certamente, um fator limitante a considerar: são insetos<br />

de sistemas lóticos e as suas larvas têm um perío<strong>do</strong> de crescimento prolonga<strong>do</strong> (espécies<br />

semivoltinas ou partivoltinas); consequentemente, a distribuição da Cordulegaster<br />

boltonii está dependente de sistemas lóticos simples ou sistemas lóticos complexos em<br />

que a temperatura da água não atinja valores apreciáveis. Ferreras-Romero & Ca<strong>no</strong>-Villegas<br />

(2004), em ‘Los Alcor<strong>no</strong>cales’, Andaluzia, lat. 36º30’N, referem que as larvas desta<br />

espécie pre<strong>do</strong>minam nas cabeceiras <strong>do</strong>s cursos de água, em zonas montanhosas com<br />

vegetação arbórea.<br />

Os adultos evidenciam uma preferência por peque<strong>no</strong>s cursos de água com vegetação<br />

nas margens. Os machos são ‘territoriais efémeros’ e as fêmeas depositam os ovos sobre<br />

sedimentos fi<strong>no</strong>s nas margens <strong>do</strong>s cursos de água.<br />

89


Cordulegaster boltonii<br />

(Do<strong>no</strong>van, 1807) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Goldenring<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Cordulegastridae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

fêmea adulta ssp. iberica - Feteira, Tavira - Junho (fotografia de João Tiago Tavares)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.ii.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

90


Identificação<br />

O macho adulto tem cerca de 76 mm de comprimento total e a fêmea adulta cerca de 82 mm. Fronte<br />

amarela, com uma faixa horizontal a meio; OLHOS verdes; parte posterior e inferior da cabeça negra, com<br />

uma fina linha contígua à parte inferior <strong>do</strong>s olhos. Peças bucais amarelas. No TÓRAX, cinzento escuro,<br />

faixas anteumerais amarelas; em visão lateral, há mais duas faixas amarelas largas e, entre elas, uma fina e<br />

igualmente amarela (elemento de diagnóstico fundamental). No ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rsal, S1 é cinzento<br />

escuro, entre S1 e S2 há um anel amarelo; entre S3 e S9 há duas faixas amarelas que se prolongam lateralmente<br />

com uma curvatura anterior; S10 é cinzento escuro. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> MA-<br />

CHO, negros, a apontar para o exterior, com comprimentos semelhantes ou ligeiramente inferiores a S10,<br />

e com um peque<strong>no</strong> ‘dente’ na face ventral. Na FÊMEA adulta o ovipositor é bastante longo, com comprimento<br />

semelhante a S9+S10, negro, e muito percetível <strong>no</strong> limite posterior <strong>do</strong> abdómen (elemento de diagnóstico<br />

fundamental). Na ASA POSTERIOR <strong>do</strong> macho, triângulo anal com, em geral, cinco células (elemento<br />

de diagnóstico). PTEROSTIGMAS bastante compri<strong>do</strong>s, prolongan<strong>do</strong>-se por cinco ou seis células<br />

contíguas, e muito estreitos (elemento de diagnóstico); membrânulas cinzentas claras.<br />

Outras informações<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. São reconhecidas quatro subespécies distintas. Askew (2004) lista-as como<br />

boltonii, trinacriae, immaculifrons e algirica. Dijkstra & Lewington (2010) e Boulot et al. 2009 não mencionam<br />

a ssp. trinacriae mas, em alternativa, referem a iberica. O número de registos confirma<strong>do</strong>s na região é<br />

muito diminuto; a ssp. que deverá ocorrer, de acor<strong>do</strong> com Boulot et al. 2009, é a iberica.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

91


ANISOPTERA<br />

CORDULIIDAE<br />

A Família Corduliidae distingue-se pelo comportamento bastante territorial <strong>do</strong>s machos<br />

adultos. Percorrem repetidamente troços relativamente calmos de cursos de água<br />

com vegetação abundante nas margens, independentemente de estarem ou não expostos<br />

à luz solar direta. Voam nas proximidades das margens, não muito acima <strong>do</strong> nível da<br />

água.<br />

As larvas de Oxygastra curtisii, à semelhança das de Macromia splendens, necessitam de<br />

sistemas lóticos para se desenvolverem, ocupan<strong>do</strong> zonas de correntes moderadas ou<br />

reduzidas. As exuviae podem encontrar-se nas rochas, por vezes em concavidades e reentrâncias<br />

protegidas, entre 30 cm e 1 metro de altura; podem também ser encontradas<br />

em vegetação baixa, próxima das margens.<br />

No <strong>Algarve</strong>, a Família Corduliidae está representada por uma única Espécie.<br />

92


Oxygastra curtisii<br />

(Dale, 1834) <strong>no</strong>me comum em inglês: Orange-spotted Emerald<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Corduliidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): NT (Near Threatened) DH An. B-IV<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira de Alportel - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. III.iii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

93


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 50 mm de comprimento total. OLHOS e fronte verdes. ABDÓMEN delga<strong>do</strong> e significativamente<br />

longo, com manchas <strong>do</strong>rsais amarelas entre S1 e S7; S10 com uma ‘crosta’ <strong>do</strong>rsal amarela<br />

bastante percetível. Apêndices superiores <strong>do</strong> macho mais curtos <strong>do</strong> que S9+S10 e terminan<strong>do</strong> cada<br />

um com uma ponta curvada para baixo e para o exterior; apêndice inferior robusto. Na fêmea apêndices<br />

diminutos. Membranas das ASAS pre<strong>do</strong>minantemente transparentes, embora possam ser, <strong>no</strong> MACHO, ligeiramente<br />

amareladas nas células proximais; na FÊMEA e <strong>no</strong> IMATURO o amarelo é, em geral, mais estendi<strong>do</strong>;<br />

ASA ANTERIOR com, <strong>no</strong> máximo, <strong>no</strong>ve nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulos das asas<br />

anteriores e posteriores forma<strong>do</strong>s por uma única célula; membrânulas brancas e bastante evidentes. PA-<br />

TAS escuras e longas.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, aparentemente ausente <strong>no</strong> Alentejo, mas a surgir <strong>no</strong>vamente a <strong>no</strong>rte<br />

<strong>do</strong> Tejo. Na Europa ocorre também em França e pontualmente em Espanha e Itália. Em Marrocos ocorre<br />

de forma muito limitada. Terr.VA.<br />

macho adulto - Monte de Baixo, Alferce - Junho<br />

macho adulto - Ribª de Alportel - Maio macho adulto - Fonte da Benémola - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

94


ANISOPTERA<br />

MACROMIIDAE<br />

A Família Macromiidae é, por vezes, integrada na Família Cordulesgastridae; a aparência<br />

geral <strong>do</strong>s insetos de ambos os taxa não é, na verdade, muito distinta.<br />

No <strong>Algarve</strong>, a Família Macromiidae está representada por uma única Espécie que parece<br />

ser particularmente difícil de encontrar, observar e fotografar. Admite-se que a Macromia<br />

splendens tenha distribuições muito localizadas e populações muito diminutas.<br />

Askew (2004) refere ainda que o perío<strong>do</strong> de voo deverá ser breve, não superior a seis<br />

semanas.<br />

Voa<strong>do</strong>ra veloz, prefere troços abertos e soalheiros, com águas pouco turbulentas e<br />

margens rochosas, de sistemas lóticos. Poderá também ser observada a caçar em locais<br />

relativamente afasta<strong>do</strong>s da água, em manchas de vegetação herbácea e arbustiva, e<br />

ocasionalmente nas proximidades de árvores. As fêmeas parecem ser ainda mais discretas<br />

<strong>do</strong> que os machos adultos...<br />

95


Macromia splendens<br />

(Pictet, 1843) <strong>no</strong>me comum em inglês: Splendid Cruiser<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Macromiidae<br />

Est. Cons. (EU27 R.L. 2010): VU (Vulnerável) Endémica da EU27 DH An. B-IV<br />

Tendência: Decréscimo<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

fontes de informação<br />

Lohr (2005)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Cerca de 72 mm de comprimento total. OLHOS verdes, fronte amarela e negra. TÓRAX verde escuro, com<br />

reflexos metálicos verdes ou acobrea<strong>do</strong>s; duas faixas amarelas largas e oblíquas, uma em posição anteumeral<br />

e a outra metapleural (elemento de diagnóstico); faixa amarela <strong>do</strong>rsal na face anterior. ABDÓMEN<br />

cinzento escuro ou quase negro, com manchas amarelas; ligeira dilatação a partir de S7; em visão <strong>do</strong>rsal,<br />

faixa amarela em S2, manchas amarelas entre S3 e S4 ou S5, a decrescer progressivamente de dimensão,<br />

mancha amarela percetível em S7 (elemento de diagnóstico). No MACHO, apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores<br />

longos e robustos, tocan<strong>do</strong>-se nas extremidades distais; inferior ligeiramente mais longo. ASA ANTE-<br />

RIOR com cerca de quinze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico fundamental);<br />

na ASA POSTERIOR, loop anal com seis a <strong>no</strong>ve células; membrânulas brancas. PATAS negras e grandes.<br />

Outras informações<br />

Por vezes designada como Cordulia splendens. Esta ‘raridade’ é a única espécie, entre as 51 que ocorrem<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, classificada na The IUCN Red List of Threatened Species com o estatuto de VU - Vulnerable<br />

(vulnerável); todas as restantes apresentam estatutos de risco me<strong>no</strong>s preocupantes.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

96


ANISOPTERA<br />

LIBELLULIDAE<br />

A Família Libellulidae está, <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, representada por 15 Espécies; entre elas estão<br />

os Géneros Orthetrum e Sympetrum, com quatro e três Espécies respetivamente.<br />

É de admitir, num futuro próximo, que tal número aumente, seja pela introdução de<br />

Espécies que, eventualmente, ocorrerão já <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, seja pela chegada de alguns ‘invasores’<br />

provenientes <strong>do</strong> <strong>no</strong>rte de África, como é o caso da Trithemis kirbyi que se admite<br />

estar já em significativa expansão na Andaluzia.<br />

Algumas Espécies da Família Libellulidae têm populações muito numerosas e outras,<br />

pelo contrário, são particularmente difíceis de observar.<br />

Em comum, as 15 Espécies da Família Libellulidae têm duas caraterísticas de muito fácil<br />

reconhecimento: são insetos de tamanho médio, entre os 30 e os 48 mm, e os machos<br />

são vigilantes persistentes que procuram, por <strong>no</strong>rma, locais de paragem bastante<br />

expostos. A diversidade de cores, em oposição, é acentuada. As diferenças de cores, entre<br />

machos e fêmeas são, igualmente <strong>no</strong>tórias.<br />

Algumas Espécies, como a Crocothemis erythraea, podem ser observadas na generalidade<br />

<strong>do</strong>s habitats. Outras manifestam preferências ou por sistemas lóticos simples e complexos,<br />

ou por sistemas lênticos. Por fim, algumas Espécies, como a Sympetrum fonscolombii,<br />

têm comportamentos migratórios muito evidentes e facilmente observáveis, em<br />

particular <strong>no</strong> início <strong>do</strong> outo<strong>no</strong>.<br />

97


Brachythemis impartita<br />

(Karsch, 1890) <strong>no</strong>me comum em inglês: Northern Banded Groundling<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Vilamoura, Quarteira - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

fontes de informação<br />

---<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

98


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 32 mm de comprimento total. Espécie de identificação muito simples, por ser<br />

quase inconfundível. MACHO adulto tem uma banda castanha escura <strong>no</strong> meio de cada ASA, entre o nódulo<br />

e o PTEROSTIGMA (elemento de diagnóstico fundamental), que é praticamente branco; asas da FÊMEA<br />

adulta têm, ocasionalmente, bandas semelhantes, mas me<strong>no</strong>s visíveis. No MACHO adulto, OLHOS castanhos<br />

escuros. TÓRAX castanho escuro ou quase negro, com abundante pelugem cinzenta. ABDÓMEN<br />

quase negro; apêndices ab<strong>do</strong>minais relativamente curtos, muito claros, curva<strong>do</strong>s para baixo e com as extremidades<br />

a tocarem-se. FÊMEA adulta tem o corpo castanho claro, com três sequências longitudinais de<br />

pequenas manchas escuras <strong>no</strong> abdómen. ASAS têm membranas transparentes, à exceção da banda escura<br />

referida; nervação pre<strong>do</strong>minantemente escura, embora algumas nervuras na parte anterior possam ser<br />

muito claras. PATAS negras, com finas linhas castanhas claras nas tíbias.<br />

Outras informações<br />

Espécie Afrotropical e que ocorre também na Europa, a sul da latitude 40º N. No <strong>Algarve</strong> pode ser considerada<br />

uma ‘raridade’. Durante muito tempo foi confundida com B. leucosticta e só recentemente, com o<br />

estu<strong>do</strong> de Dijkstra & Matushkina, ficou estabelecida e clarificada a distinção entre as duas espécies. N’A<br />

critical checklist of the O<strong>do</strong>nata of Portugal apenas se refere essa espécie para o Género Brachythemis.<br />

No entanto, atualmente é consensual tratar-se de B. impartita (KD Dijkstra, pers. comm.). Embora a espécie<br />

não surja listada em qualquer das publicações referidas na Introdução deste Guia Digital, Boulot et al.<br />

2009 assinalam já a sua ocorrência na região, numa posição concordante com a agora cartografada.<br />

machos adultos - Vilamoura, Quarteira - Junho<br />

fêmeas adultas (à esquerda sem bandas nas asas - à direita com bandas nas asas) - Vilamoura - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

99


Crocothemis erythraea<br />

(Brullé, 1832) <strong>no</strong>me comum em inglês: Broad Scarlet<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Moinho das Serralhas, Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Junho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. I.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

100


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 40 mm de comprimento total. MACHO adulto é praticamente inconfundível, por<br />

ser quase totalmente vermelho vivo (elemento de diagnóstico fundamental) e poder apenas apresentar<br />

uma linha negra longitudinal <strong>no</strong>s segmentos posteriores <strong>do</strong> abdómen. FÊMEA adulta é castanha <strong>do</strong>urada,<br />

com faixas anteumerais brancas (elemento de diagnóstico), faixa branca <strong>no</strong> alinhamento <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> tórax,<br />

entre as asas esquerdas e direitas, e linha negra longitudinal <strong>no</strong> abdómen, em visão <strong>do</strong>rsal. ABDÓMEN<br />

largo, ligeiramente ovala<strong>do</strong> em visão <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico). Nas ASAS anterior e posterior,<br />

nervação anterior vermelha. Na ASA ANTERIOR, <strong>no</strong>ve a onze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, todas<br />

com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior, exceção para a<br />

perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar, que existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central<br />

mas não entre as central e interior; triângulo com duas células. Na ASA POSTERIOR, mancha proximal<br />

bastante percetível, alaranjada <strong>no</strong> macho e amarela na fêmea (elemento de diagnóstico). PTEROSTIGMAS<br />

castanhos amarela<strong>do</strong>s, semelhantes nas asas anteriores e posteriores, e com cerca de 3,5 mm (elemento<br />

de diagnóstico). PATAS pre<strong>do</strong>minantemente vermelhas (elemento de diagnóstico).<br />

Outras informações<br />

Espécie Paleártica e Afrotropical, de distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Cópula ocorre em voo e é bastante<br />

rápida, demoran<strong>do</strong> apenas 10 a 15 segun<strong>do</strong>s; oviposição com a fêmea em solitário (ovip.AF). Espécie<br />

bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

teneral - Barragem de Ribª <strong>do</strong> Álamo - Maio macho imaturo - RNSCMVRSA - Junho<br />

fêmea adulta - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário - Julho oviposição - Barr. de Ribª <strong>do</strong> Álamo - Setembro<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

101


Diplacodes lefebvrii<br />

(Rambur, 1842) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black Percher<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

Gardiner & Wallis (1996)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

102


Identificação<br />

Machos adultos têm cerca de 30 mm de comprimento total; fêmeas ligeiramente mais pequenas. MACHO<br />

pre<strong>do</strong>minantemente negro (elemento de diagnóstico) e sem reflexos metálicos; OLHOS castanhos escuros,<br />

fronte negra; TÓRAX negro, eventualmente com pruinescência cinzenta sempre limitada à face ventral;<br />

ABDÓMEN igualmente negro, poden<strong>do</strong> apresentar, em visão lateral, diminutas manchas claras entre<br />

S4 e S8 <strong>no</strong> imaturo; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores castanhos claros (elemento de diagnóstico), poden<strong>do</strong><br />

ter as partes anteriores negras; apêndice ab<strong>do</strong>minal inferior negro. FÊMEA em tons de castanho;<br />

OLHOS castanhos escuros, fronte clara; <strong>no</strong> ABDÓMEN, em visão <strong>do</strong>rso-lateral, duas sequências mais ou<br />

me<strong>no</strong>s contínuas de manchas claras, cuja expressão se reduz bastante com o envelhecimento, paralelas a<br />

uma faixa negra <strong>do</strong>rsal, central e longitudinal; face ventral muito escura (elemento de diagnóstico). ASAS<br />

anterior e posterior com membranas incolores, embora na posterior possa existir, na extremidade proximal,<br />

reduzida mancha (elemento de diagnóstico), castanha <strong>no</strong> macho, amarelada na fêmea. Na ASA AN-<br />

TERIOR, até oito nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos<br />

contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior, exceção para a perpendicular<br />

mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar, que existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não entre as<br />

central e interior; triângulo com uma única célula (elemento de diagnóstico). PTEROSTIGMAS muito escuros,<br />

com cerca de 3,0 mm de comprimento. PATAS negras <strong>no</strong>s machos, castanhas nas fêmeas.<br />

Outras informações<br />

Espécie Afrotropical com elevada capacidade de dispersão. Nos mais recentes a<strong>no</strong>s tem esta<strong>do</strong> em significativa<br />

expansão <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> onde, aparentemente, tem já uma distribuição ‘alargada’. Ovip.AF.<br />

machos adultos - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo - Maio<br />

fêmeas adultas - Ribeira de Algibre - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

103


Libellula depressa<br />

Linnaeus, 1758 <strong>no</strong>me comum em inglês: Broad-bodied Chaser<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.v.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

104


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e aparência robusta. OLHOS e fronte castanhos escuros.<br />

TÓRAX castanho ou verde acastanha<strong>do</strong> escuro, com faixas anteumerais largas e brancas (elemento<br />

de diagnóstico); pelugem esbranquiçada na face <strong>do</strong>rsal. No MACHO adulto, ABDÓMEN com intensa pruinescência<br />

azulada na face <strong>do</strong>rsal (elemento de diagnóstico fundamental); <strong>no</strong> entanto, <strong>no</strong> teneral e <strong>no</strong><br />

imaturo pruinescência inexistente; marcas amarelas laterais entre S4 e S9; <strong>no</strong>s segmentos anteriores, em<br />

visão <strong>do</strong>rsal, são percetíveis; <strong>no</strong>s posteriores apenas o são em visão ventral. Na FÊMEA, ABDÓMEN muito<br />

largo, da mesma cor <strong>do</strong> TÓRAX; marcas amarelas laterais entre S4 e S8, mas que se desvanecem com o<br />

envelhecimento. Apêndices ab<strong>do</strong>minais curtos e escuros <strong>no</strong> macho, muito diminutos na fêmea. ASA AN-<br />

TERIOR com, pelo me<strong>no</strong>s, quatorze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulo com três a cinco células.<br />

ASAS anteriores e posteriores com mancha castanha escura proximal muito percetível; nas anteriores,<br />

mancha retangular; nas posteriores, triangular (elemento de diagnóstico); restantes partes das asas com<br />

membranas transparentes; membrânulas brancas; PTEROSTIGMAS muito escuros ou mesmo negros. PA-<br />

TAS castanhas.<br />

Outras informações<br />

Espécie Paleártica, de distribuição alargada, mas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> parece ser uma ‘raridade’. Machos muito territoriais.<br />

A distribuição assinalada por Boulot et al. 2009 é discordante da agora cartografada.<br />

macho imaturo - Malhada Quente - Junho macho adulto - Balurco de Cima, Alcoutim - Abril<br />

macho adulto - charca de Lotão, Martim Longo - Abril<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

105


Libellula quadrimaculata<br />

Linnaeus, 1758 <strong>no</strong>me comum em inglês: Four-spotted Chaser<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - charca de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

106


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total e aparência robusta. OLHOS castanhos; fronte clara.<br />

TÓRAX verde acastanha<strong>do</strong> escuro e com pelugem abundante. ABDÓMEN da mesma cor, com S6 ou S7<br />

até S10 negros na face <strong>do</strong>rsal; marcas amarelas laterais entre S4 ou S5 e S8 ou S9. MACHO adulto nunca<br />

apresenta pruinescência azulada (elemento de diagnóstico). Nas ASAS anteriores e posteriores, manchas<br />

castanhas escuras <strong>no</strong>s nódulos, de dimensão variável mas sempre presentes (elemento de diagnóstico<br />

fundamental, a estabelecer o próprio <strong>no</strong>me - quadrimaculata - da espécie). ASA ANTERIOR com, pelo me<strong>no</strong>s,<br />

quatorze nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares; triângulo com três a cinco células; ausência de mancha<br />

castanha escura proximal; pequena faixa alaranjada que se estende até ao nódulo, entre as nervuras<br />

ante<strong>no</strong>dais central e a interior. ASA POSTERIOR com mancha castanha escura proximal triangular bastante<br />

percetível (elemento de diagnóstico), eventualmente mascarada por nervação esbranquiçada, poden<strong>do</strong><br />

ser delimitada por bordadura alaranjada na parte anterior, a qual se prolonga pelas nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

central e a interior. PTEROSTIGMAS castanhos escuros; membrânulas brancas. MACHO e FÊMEA têm<br />

aparência geral semelhante, embora a fêmea seja de um castanho mais claro, quase <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> (elemento<br />

de diagnóstico). Apêndices ab<strong>do</strong>minais de dimensão semelhante, ligeiramente me<strong>no</strong>res <strong>no</strong> macho <strong>do</strong><br />

que na fêmea; as extremidades <strong>no</strong> macho apontam para fora e na fêmea para dentro (elemento de diagnóstico).<br />

PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras.<br />

Outras informações<br />

Espécie de distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

machos adultos - charcas de Carrascalinho e de Serominheiro, Aljezur - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

107


Orthetrum cancellatum<br />

(Linnaeus, 1758) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black-tailed Skimmer<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Barragem de Ribeira <strong>do</strong> Álamo, Altura - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

108


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 46 mm de comprimento total. O TÓRAX é verde acastanha<strong>do</strong> e nunca apresenta<br />

pruinescência (elemento de diagnóstico fundamental). O ABDÓMEN, achata<strong>do</strong> e mais largo <strong>do</strong> que o das<br />

restantes Orthetrum sp. que ocorrem <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, é pre<strong>do</strong>minantemente amarelo, com duas evidentes faixas<br />

longitudinais <strong>do</strong>rso-laterais negras; em visão lateral, entre S3 e S8 existem semicírculos amarelos<br />

(elemento de diagnóstico fundamental). No MACHO adulto a intensa pruinescência <strong>do</strong>rsal entre S3 e S6<br />

ou S7 mascara a faixa amarela <strong>do</strong>rsal e as faixas negras <strong>do</strong>rso-laterais, mas não os semicírculos amarelos;<br />

S7 ou S8 a S10 são sempre quase totalmente negros (elemento de diagnóstico). Na FÊMEA, o amarela<strong>do</strong><br />

vai-se tornan<strong>do</strong> castanho esverdea<strong>do</strong> com o envelhecimento. Apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores, <strong>no</strong> macho<br />

e na fêmea, negros (elemento de diagnóstico). ASA ANTERIOR com <strong>do</strong>ze ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); triângulo constituí<strong>do</strong> duas<br />

ou mais células. ASA POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada. PTEROSTIGMAS muito escuros<br />

ou negros (elemento de diagnóstico fundamental), relativamente curtos, com me<strong>no</strong>s de 3,0 mm de<br />

comprimento; membrânulas cinzentas. PATAS negras <strong>no</strong> macho, castanhas na fêmea.<br />

Outras informações<br />

Espécie de distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>.<br />

macho adulto - charca de Azia, Rogil - Maio fêmea adulta - lagoa de Boi, Aljezur - Julho<br />

teneral - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho cópula - charca de Azia, Rogil - Maio<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

109


Orthetrum chrysostigma<br />

(Burmeister, 1839) <strong>no</strong>me comum em inglês: Epaulet Skimmer<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira de Odelouca - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner (1993)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

110


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 44 mm de comprimento total. No TÓRAX, em toda a face lateral e contígua à sutura<br />

umeral que é negra, há uma faixa oblíqua quase branca muito percetível (elemento de diagnóstico<br />

fundamental); a parte <strong>do</strong>rsal, entre as asas, pode também ser acinzentada ou esbranquiçada. No entanto,<br />

<strong>no</strong> MACHO adulto, a intensa pruinescência azulada pode cobrir quase totalmente o tórax e mascarar as<br />

partes mais claras. O ABDÓMEN é relativamente estreito e tem um estrangulamento <strong>do</strong>rsal entre S3 e S4<br />

(elemento de diagnóstico); é relativamente curto (em comparação, p.ex., com O. trinacria); apresenta<br />

uma fina linha negra <strong>do</strong>rsal, longitudinal e descontínua sobre a ‘base’ amarelada; <strong>no</strong> macho adulto, com<br />

a maturidade o abdómen fica gradualmente coberto por pruinescência azul; <strong>no</strong> entanto, S1 e S2 permanecem<br />

sem pruinescência (elemento de diagnóstico). ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras<br />

ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); nervura ante<strong>no</strong>dal interior<br />

negra; triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada.<br />

PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico), com cerca de 3,0 mm<br />

de comprimento; membrânulas acastanhadas. PATAS quase negras <strong>no</strong> macho, amareladas na fêmea.<br />

Outras informações<br />

Ocorre apenas <strong>no</strong> extremo sul <strong>do</strong> Paleártico, abrangen<strong>do</strong> o sul da Península Ibérica e o <strong>no</strong>rte de África.<br />

No <strong>Algarve</strong>, espécie de distribuição ‘alargada’. É, por vezes, muito difícil a diferenciação entre Orthetrum<br />

chrysostigma e O. coerulescens.<br />

macho adulto - Fonte Filipe, Querença - Maio macho imaturo - Moinhos da Rocha, Tavira - Junho<br />

fêmea adulta - Sítio das Fontes de Estômbar - Setembro cópula - Ribeira de Odeleite - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

111


Orthetrum coerulescens<br />

(Fabricius, 1798) <strong>no</strong>me comum em inglês: Keeled Skimmer<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Ribeira de Seixe - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iv.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

112


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 42 mm de comprimento total. TÓRAX de coloração homogénea (elemento de<br />

diagnóstico fundamental), exceção para duas faixas esbranquiçadas na face anterior, paralelas à carena<br />

<strong>do</strong>rsal. No entanto, <strong>no</strong> MACHO adulto a intensa pruinescência azul pode mascarar essas partes mais claras.<br />

ABDÓMEN relativamente estreito e sem qualquer estrangulamento <strong>do</strong>rsal entre S3 e S4 (elemento de<br />

diagnóstico particularmente útil na diferenciação com O. chrysostigma); é relativamente curto (em comparação,<br />

p.ex., com O. trinacria); apresenta uma fina linha negra <strong>do</strong>rsal, longitudinal e contínua sobre a<br />

‘base’ amarelada; <strong>no</strong> macho adulto fica totalmente coberto por pruinescência azul (elemento de diagnóstico<br />

particularmente útil na diferenciação com O. chrysostigma). ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras<br />

ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras<br />

ante<strong>no</strong>dais principais exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); nervura ante<strong>no</strong>dal<br />

interior negra; triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA POSTERIOR sem mancha proximal pigmentada,<br />

ou amarelada e muito limitada. PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s (elemento de diagnóstico),<br />

com 3,2 a 4,0 mm de comprimento; membrânulas esbranquiçadas.<br />

Outras informações<br />

Distribuição ‘limitada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. É, por vezes, muito difícil a diferenciação entre Orthetrum chrysostigma<br />

e O. coerulescens. Admite-se a existência de duas ssp.: coerulescens e anceps; o macho da primeira tem o<br />

tórax me<strong>no</strong>s pruinescente, enquanto que o da segunda é mais pruinescente e pode, consequentemente,<br />

parecer mais azula<strong>do</strong>; ocasionalmente O. coerulescens anceps surge referi<strong>do</strong> como O. ramburii. Espécie univoltina<br />

(Corbet et al. 2006).<br />

macho adulto - Ribeira de Odeleite - Julho cópula - Ribª da Perna da Negra - Julho<br />

fêmeas adultas - Ribª da Perna da Negra - Julho - Paul de Budens - Setembro<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

113


Orthetrum trinacria<br />

(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Long Skimmer<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Barragem de Vale de As<strong>no</strong>, Altura - Maio<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.iii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

114


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 58 mm (elemento de diagnóstico) de comprimento total, sen<strong>do</strong> a maior Orthetrum<br />

sp. que ocorre <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. No TÓRAX, suturas umeral e metapleural negras e bem percetíveis embora<br />

finas; <strong>no</strong> MACHO adulto desenvolve-se pruinescência relativamente intensa. ABDÓMEN particularmente<br />

compri<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental), 3,0 a 4,0 mm mais longo <strong>do</strong> que as asas posteriores,<br />

estreito e de secção semi-cilíndrica; tem uma linha <strong>do</strong>rsal e longitudinal negra muito percetível, bem<br />

como duas linhas laterais igualmente negras mas finas e ténues; <strong>no</strong> MACHO adulto a pruinescência é limitada<br />

e azul escura ou violeta. ASA ANTERIOR com dez ou mais nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares<br />

(elemento de diagnóstico), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais<br />

exterior e interior (elemento de diagnóstico fundamental); triângulo constituí<strong>do</strong> por duas células. ASA<br />

POSTERIOR sem qualquer mancha proximal pigmentada. PTEROSTIGMAS amarela<strong>do</strong>s ou acastanha<strong>do</strong>s<br />

claros (elemento de diagnóstico), com cerca de 4,0 mm de comprimento; membrânulas acastanhadas.<br />

Nas PATAS, e especialmente nas tíbias posteriores, cerdas de dimensão apreciável.<br />

Outras informações<br />

Espécie Afrotropical e que provavelmente está em acentuada expansão <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. No presente, de acor<strong>do</strong><br />

com a distribuição agora cartografada, é (ainda) uma espécie com distribuição ‘limitada’, mas sensivelmente<br />

mais ampla <strong>do</strong> que a apresentada nas publicações referidas na Introdução deste Guia Digital e<br />

também por Boulot et al. 2009.<br />

machos adultos - Barragem de Vale de As<strong>no</strong> - Maio - charca de Tremelgo de Baixo - Junho<br />

cópula - macho e fêmea adultos - charca de Tremelgo de Baixo, Martim Longo - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

115


Selysiothemis nigra<br />

(Vander Linden, 1825) <strong>no</strong>me comum em inglês: Black Pennant<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - salinas <strong>do</strong> Lu<strong>do</strong>, Faro - Julho (fotografia de Valter Jacinto)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sistemas lênticos<br />

III.i.<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Lohr (2005)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

116


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 34 mm de comprimento total e grande capacidade de passarem desapercebi<strong>do</strong>s.<br />

OLHOS volumosos (elemento de diagnóstico), mais largos <strong>do</strong> que o TÓRAX, parecen<strong>do</strong> estar desproporciona<strong>do</strong>s<br />

em relação ao resto <strong>do</strong> corpo. MACHO pre<strong>do</strong>minantemente castanho escuro quan<strong>do</strong> jovem,<br />

negro quan<strong>do</strong> atingida a maturidade, com pelugem esbranquiçada <strong>no</strong> tórax (elemento de diagnóstico);<br />

ligeira pruinescência cinzenta ou violeta <strong>no</strong> ABDÓMEN; macho IMATURO e FÊMEA em tonalidades de<br />

amarelos e castanhos. No MACHO adulto apêndices ab<strong>do</strong>minais muito escuros ou negros (elemento de<br />

diagnóstico). ASA ANTERIOR com apenas seis nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares (elemento de diagnóstico<br />

fundamental), todas com alinhamentos contínuos entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior<br />

e interior (elemento de diagnóstico particularmente útil na diferenciação com D. lefebvrii). ASA POS-<br />

TERIOR bastante larga e com membranas incolores. PTEROSTIGMAS curtos, com 1,5 mm de comprimento,<br />

castanhos muito claros, os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s mais longos com nervuras espessas e negras (elemento de diagnóstico<br />

fundamental). PATAS pre<strong>do</strong>minantemente negras <strong>no</strong>s machos, acastanhadas nas fêmeas.<br />

Outras informações<br />

Pode ser considerada uma das ‘raridades’ interessantes <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie com reconhecida capacidade<br />

migratória, e que tem distribuição expressiva na Tunísia e Algéria; distribuição reduzida e muito localizada<br />

em Marrocos e em diversos países <strong>do</strong> sul da Europa. A primeira observação da espécie em Portugal<br />

aconteceu recentemente, em 2003, nas margens da ribeira de São Lourenço, Almansil, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> reportada<br />

por M Lohr (2005); esta pequena população parece estar a persistir na zona. J-P Bou<strong>do</strong>t (2008) apresenta<br />

um mapa detalha<strong>do</strong> com a distribuição da espécie na bacia mediterrânica.<br />

fêmeas adultas - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Junho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

117


Sympetrum fonscolombii<br />

(Selys, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Red-veined Darter<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii. I.iii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner (1993)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

Weihrauch & Weihrauch (2003)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

118


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. Parte superior <strong>do</strong>s OLHOS castanha ou avermelhada,<br />

parte inferior cinzenta azulada (elemento de diagnóstico fundamental); fronte avermelhada delimitada<br />

a amarelo. No MACHO adulto, face lateral <strong>do</strong> TÓRAX com faixa esbranquiçada, em geral evidente,<br />

localizada <strong>no</strong> limite anterior da sutura interpleural (elemento de diagnóstico); face anterior <strong>do</strong> tórax sem<br />

quaisquer faixas claras paralelas à carena <strong>do</strong>rsal; ABDÓMEN vermelho; a mesma cor ocorre nas nervuras<br />

<strong>do</strong>s terços proximais das ASAS anteriores e posteriores; em visão <strong>do</strong>rsal, S8 e S9 com manchas negras; em<br />

visão lateral, faixa negra descontínua de S1 a S9. Na FÊMEA, em visão ventral, limite posterior da escama<br />

vulvar biloba<strong>do</strong> (elemento de diagnóstico fundamental); apêndices superiores a apontar para ‘fora’. Na<br />

ASA ANTERIOR, sete (ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais<br />

próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não se prolonga entre<br />

as central e interior; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). ASA POSTERI-<br />

OR com mancha pigmentada alaranjada bastante evidente na extremidade proximal. Na FÊMEA e <strong>no</strong> macho<br />

IMATURO, nervuras <strong>do</strong>s terços proximais das asas anterior e posterior amareladas. PTEROSTIGMAS<br />

amarelos claros com as duas nervuras envolventes mais longas grossas e negras (elemento de diagnóstico<br />

fundamental), com 2,5 a 3,0 mm de comprimento. PATAS quase negras, com finas linhas amarelas.<br />

Outras informações<br />

Por vezes referi<strong>do</strong> como S. fonscolombei. Distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ovip.TD, geralmente em superfícies<br />

de água amplas e sem obstáculos. Forte capacidade migra<strong>do</strong>ra e, por isso, número acresci<strong>do</strong> de<br />

exemplares <strong>no</strong> outo<strong>no</strong>, particularmente <strong>no</strong> su<strong>do</strong>este algarvio. Espécie multivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

teneral - margem <strong>do</strong> Rio Séqua, Tavira - Maio fêmea adulta - Barragem <strong>do</strong> Pereiro - Julho<br />

cópula - Ribª de Odeleite, próx. de Bentos - Julho oviposição - Barragem de Vale de As<strong>no</strong> - Setembro<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

119


Sympetrum meridionale<br />

(Selys, 1841) <strong>no</strong>me comum em inglês: Southern Darter<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho imaturo - Ribeira de Budens - Agosto (fotografia de João Tiago Tavares)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.ii.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

---<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

120


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 38 mm de comprimento total. Faixa negra <strong>no</strong> limite superior da fronte parcialmente<br />

interrompida nas proximidades <strong>do</strong>s ocelos e sem se prolongar pelos limites frontais <strong>do</strong>s olhos; parte<br />

superior <strong>do</strong>s OLHOS acastanhada e parte inferior amarelada (elementos de diagnóstico fundamentais).<br />

Faces laterais <strong>do</strong> TÓRAX amarelas <strong>do</strong>uradas, quase sem marcas negras a acentuar as suturas; <strong>do</strong>is pontos<br />

negros evidentes, um sobre o metastigma e outro imediatamente acima (elementos de diagnóstico fundamentais);<br />

na face anterior <strong>do</strong> tórax, duas faixas mais claras, paralelas à carena <strong>do</strong>rsal. No MACHO adulto,<br />

ABDÓMEN vermelho; em visão <strong>do</strong>rsal, ausência de manchas negras em S8 e S9 (elemento de diagnóstico).<br />

Na FÊMEA, em visão ventral, limite posterior da escama vulvar é linear (elemento de diagnóstico<br />

fundamental); em visão lateral é muito pouco proeminente; apêndices superiores a apontar para ‘trás’,<br />

ou seja, paralelos. Na ASA ANTERIOR, sete (ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares,<br />

entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal<br />

perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas<br />

não se prolonga entre as central e interior; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico).<br />

ASA POSTERIOR sem qualquer mancha pigmentada na extremidade proximal. PTEROSTIGMAS<br />

amarela<strong>do</strong>s e longos. Nas PATAS, fémur e tíbia amarelos ou castanho-avermelha<strong>do</strong>s, com linhas negras<br />

diminutas.<br />

Outras informações<br />

Pode, com facilidade, ser confundida com S. striolatum. Atualmente deve ser considerada uma ‘raridade’<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>, mas a sua efetiva distribuição necessita ainda de algum trabalho <strong>no</strong> terre<strong>no</strong>. A espécie não<br />

surge listada em qualquer das publicações com as caraterísticas referidas na Introdução deste Guia Digital.<br />

No entanto, Boulot et al. 2009 assinalam a sua ampla ocorrência na região.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

121


Sympetrum striolatum<br />

(Charpentier, 1840) <strong>no</strong>me comum em inglês: Common Darter<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Estável<br />

macho adulto - Quinta das Flores, Estoi - Outubro (fotografia de Nelson Fonseca)<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.ii. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iv.<br />

sapais e salinas aband.<br />

Época de voo<br />

fontes de informação<br />

Gardiner & Sturgess (1994)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Malkmus & Ruf (2008)<br />

McLachlan (1880)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

122


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 40 mm de comprimento total. Faixa negra <strong>no</strong> limite superior da fronte, coincidin<strong>do</strong><br />

com a base das antenas e os ocelos, sem se prolongar pelos limites frontais <strong>do</strong>s olhos; parte superior<br />

<strong>do</strong>s OLHOS acastanhada e parte inferior amarelada (elemento de diagnóstico). Face anterior <strong>do</strong> TÓRAX<br />

da mesma cor ou tonalidades que a face lateral; <strong>no</strong> MACHO adulto, face lateral vermelha, <strong>no</strong> IMATURO e<br />

na FÊMEA, face lateral amarelada mas sempre sem manchas escuras, embora as suturas sejam destacadas<br />

com linhas negras. ABDÓMEN com pequenas manchas negras laterais. Na FÊMEA, em visão ventral, limite<br />

posterior da escama vulvar é linear e relativamente longo (elemento de diagnóstico); em visão lateral é<br />

proeminente; apêndices superiores a apontar para ‘fora’. Nas ASAS anterior e posterior, nervuras sempre<br />

negras ou, eventualmente castanhas muito escuras (elemento de diagnóstico). Na ASA ANTERIOR, sete<br />

(ou eventualmente oito) nervuras ante<strong>no</strong>dais perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais<br />

exterior e central (elemento de diagnóstico); a nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo<br />

alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal e central mas não se prolonga entre as central e interior;<br />

<strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal <strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). ASA POSTERIOR sem qualquer mancha<br />

pigmentada na extremidade proximal. Nas PATAS, fémur e tíbia amarelos com linhas negras.<br />

Outras informações<br />

Espécie com distribuição ‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> e particularmente numerosa <strong>no</strong> outo<strong>no</strong>.<br />

macho adulto - Fonte da Benémola - Novembro fêmea adulta - Qtª das Flores, Estoi - Junho<br />

tenerals - Fóia, Serra de Monchique - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

123


Trithemis annulata<br />

(Palisot de Beauvois, 1807) <strong>no</strong>me comum em inglês: Violet Dropwing<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): LC (Least Concern)<br />

Tendência: Aumento<br />

macho adulto - Ribeira <strong>do</strong> Vascão - Julho<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.i. II.iii.<br />

sistemas lênticos<br />

III.i. III.ii. III.iii.<br />

sapais e salinas aband.<br />

afasta<strong>do</strong> de v. de água<br />

fontes de informação<br />

Ferreira & Grosso-Silva (2006)<br />

Gardiner & Sturgess (1995)<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

Lohr (2005)<br />

Vieira et al. (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

124


Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 35 mm de comprimento total. A tonalidade vermelho-púrpura <strong>no</strong>s OLHOS, TÓ-<br />

RAX e ABDÓMEN <strong>do</strong> MACHO adulto é inconfundível; <strong>no</strong> abdómen, em visão <strong>do</strong>rsal, manchas negras em<br />

S8, S9 e S10. Órgãos GENITAIS secundários bastante sobressalientes; apêndices ab<strong>do</strong>minais superiores<br />

relativamente longos, com o <strong>do</strong>bro de S10. A FÊMEA e o MACHO imaturo são em tonalidades amarelas<br />

acastanhadas, e a nervação das asas é também amarela. Parte significativa da nervação das ASAS anterior<br />

e posterior é vermelha (elemento de diagnóstico). Na ASA ANTERIOR, <strong>no</strong>ve ou dez nervuras ante<strong>no</strong>dais<br />

perpendiculares, entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principais exterior e central (elemento de diagnóstico); a<br />

nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular mais próxima <strong>do</strong> nódulo alar existe entre as nervuras ante<strong>no</strong>dais principal<br />

e central mas não se prolonga entre as central e interior; triângulo com duas células; <strong>no</strong> la<strong>do</strong> distal<br />

<strong>do</strong> triângulo há três células (elemento de diagnóstico). Na ASA POSTERIOR, mancha proximal alaranjada<br />

evidente. PTEROSTIGMAS vermelhos-púrpura, semelhantes nas asas anteriores e posteriores, com cerca<br />

de 2,6 mm. PATAS total ou pre<strong>do</strong>minantemente negras (elemento de diagnóstico fundamental).<br />

Outras informações<br />

Espécie africana em expansão <strong>no</strong> sul da Europa, um pouco por toda a bacia mediterrânica, e já com distribuição<br />

‘alargada’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Espécie bivoltina (Corbet et al. 2006).<br />

macho imaturo - charca de Azia, Rogil - Julho macho adulto - Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão - Junho<br />

macho imaturo - fêmea adulta - Quinta <strong>do</strong> Lago, Almansil - Julho<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

125


Zygonyx torridus<br />

(Kirby, 1889) <strong>no</strong>me comum em inglês: Ringed Cascader<br />

Subordem: Anisoptera<br />

Família: Libellulidae<br />

Estatuto de Conservação (EU27 Red List 2010): VU (Vulnerável)<br />

Tendência: Decréscimo<br />

Distribuição ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Habitats<br />

Época de voo<br />

sist. lóticos simples<br />

I.ii.<br />

sist. lóticos complexos<br />

II.ii.<br />

fontes de informação<br />

Knijf & Demolder (2010)<br />

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Identificação<br />

Os adultos têm cerca de 56 mm de comprimento total. Em visão <strong>do</strong>rsal, MACHO e FÊMEA são muito escuros,<br />

com reflexos acastanha<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s OLHOS e TÓRAX, cinzentos <strong>no</strong> ABDÓMEN. Em visão lateral destacam-<br />

-se grandes manchas semicirculares amarelas entre S1 e S8 (elemento de diagnóstico). PATAS escuras e<br />

relativamente compridas. A primeira observação pode sugerir tratar-se de um Cordulegastridae, mas uma<br />

observação mais atenta <strong>do</strong> inseto, <strong>do</strong> comportamento e <strong>do</strong> habitat é suficiente para desvanecer dúvidas.<br />

Outras informações<br />

Uma ‘raridade’ <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>; a população poderá já estar, até, extinta. Para além <strong>do</strong> registo acima representa<strong>do</strong><br />

existe outro, na Serra de Monchique, data<strong>do</strong> de julho de 1985 (ver: Ferreira et al. 2006; Kunz et<br />

al. 2006). Espécie Afrotropical; distribuição generalizada desde o Sahel, para sul. No Paleártico surge localizada<br />

em numerosos spots, tanto na margem sul como na <strong>no</strong>rte da bacia mediterrânica, com evidente<br />

preferência por sistemas lóticos permanentes, em troços rápi<strong>do</strong>s e com quedas de água. Parece ser um<br />

migra<strong>do</strong>r eficiente, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de elevada capacidade para colonizar <strong>no</strong>vos locais.<br />

Índice Chave para Identificação Zygoptera Anisoptera Glossário<br />

126


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA<br />

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B Samraoui & W Schneider. 2009. Atlas of the O<strong>do</strong>nata of the Mediterranean and North Africa.<br />

Libellula Supplement 9. 256 pp.<br />

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Silsby, J. WDA Beginner’s Guide to Dragonflies. Available at:<br />

http://ecoevo.uvigo.es/wda/linked/beginners_guide_o<strong>do</strong>nates.pdf.<br />

Smallshire, D & Swash, A. 2010. Britain’s Dragonflies. 2 nd Edition. WILDGuides Ltd., Hampshire, UK.<br />

208 pp.<br />

Vieira, C, V Gonçalves, A C Car<strong>do</strong>so & I Patanita. 2010. Registo de quatro <strong>no</strong>vas espécies de O<strong>do</strong>nata<br />

para a Ribeira <strong>do</strong> Vascão, Sítio de Interesse Comunitário <strong>do</strong> Guadiana (Portugal). Boletín de<br />

la Sociedad Entomológica Aragonesa 47: 461‒462.<br />

Weihrauch, F & S Weihrauch. 2003. Spring O<strong>do</strong>nata records from Alentejo (Portugal), Andalusia<br />

and Extremadura (Spain). Opuscula Zoologica Fluminensia 207: 1-18.<br />

WEBSITES RECOMENDADOS<br />

Asociación o<strong>do</strong>natológica de Andalucia: www.libelulas.org<br />

British Dragonfly Society: www.british-dragonflies.org.uk<br />

Global Species Database O<strong>do</strong>nata: www.o<strong>do</strong>nata.info<br />

Société francaise d’O<strong>do</strong>natologie: www.libellules.org<br />

Worldwide Dragonfly Association: ecoevo.uvigo.es/WDA<br />

DATA CONTRIBUTORS<br />

João Tiago Tavares<br />

Nelson Fonseca<br />

128


AGRADECIMENTOS<br />

Sónia Ferreira, CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade <strong>do</strong> Porto), e<br />

Klaas-Douwe B. Dijkstra, Netherlands Centre for Biodiversity - NCB Naturalis, pelo permanente apoio e paciente disponibilidade,<br />

<strong>no</strong> decurso da preparação deste Guia Digital.<br />

Marcial Felgueiras, Diretor da Associação ‘A Rocha’ em Portugal, pela consulta das publicações de A J Gardiner,<br />

P Sturgess e P Wallis. Jorge Papa, pela autorização para visitar o Morga<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reguengo, Portimão, e pelo apoio proporciona<strong>do</strong><br />

durante essas visitas. Manuel Dinis Cortes, pelo auxílio na obtenção de fotografias de Oxygastra curtisii e<br />

pela chamada de atenção para a ocorrência de Lestes macrostigma na RNSCMVRSA. Valter Jacinto, pela cordial disponibilização<br />

da fotografia <strong>do</strong> macho adulto de Selysiothemis nigra. Guillaume Rethore, pela cordial disponibilização de<br />

observações de Aeshna mixta e Cordulegaster boltonii. Peter Oefinger, www.bpo-natura.de, pela cordial disponibilização<br />

de observações de Gomphus pulchellus e Libellula quadrimaculata.<br />

A<strong>do</strong>lfo Cordero Rivera, Universidad de Vigo, pela tradução, para castelha<strong>no</strong>, da Síntese final. Christian Roder, Turtle<br />

Foundation, pela tradução, para alemão, da Síntese final.<br />

Bill Clark, pelas facilidades para a cordial utilização de todas as funcionalidades <strong>do</strong> Earth Point.<br />

Fotógrafos de natureza portugueses, como Alba<strong>no</strong> Soares, Dinis Cortes, Luís Louro, Nelson ‘Arade’ Fonseca e Valter<br />

Jacinto, que partilham as suas melhores imagens de libélulas e libelinhas em plataformas online (flickr, p.ex.) e, involuntariamente,<br />

ajudam <strong>no</strong>s esforços iniciais da prospeção.<br />

Aquário Vasco da Gama - Biblioteca Ocea<strong>no</strong>gráfica <strong>do</strong> Rei D. Carlos I e, em particular, Paula Leandro, pela autorização<br />

para consulta e reprodução fotográfica <strong>do</strong> desenho da Libella fluviatili, publica<strong>do</strong> em 1554 <strong>no</strong> ‘Libri de Piscibus<br />

Marinis’, de G. Rondelet.<br />

Severa Reis, minha mulher, e Rita, minha filha mais <strong>no</strong>va, pela paciência, durante as horas e horas de trabalho que<br />

este ebook exigiu. Catarina Carolina, minha filha mais velha, pela agradável companhia em algumas das saídas de<br />

campo...<br />

GLOSSÁRIO<br />

Abdómen - secção posterior <strong>do</strong> corpo, onde se identificam externamente os 10 segmentos (numera<strong>do</strong>s, para efeitos<br />

de descrição, <strong>do</strong> extremo proximal para o distal, S1 a S10) e os apêndices ab<strong>do</strong>minais, bem como, <strong>no</strong>s machos,<br />

os órgãos genitais secundários (na parte ventral de S2).<br />

Ângulo anal - parte específica das asas das Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />

Anterior - situa<strong>do</strong> à frente, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da cabeça. Antónimo - posterior.<br />

Apêndices ab<strong>do</strong>minais femini<strong>no</strong>s - peças existentes <strong>no</strong> limite posterior <strong>do</strong> Abdómen e que facilitam a deposição<br />

<strong>do</strong>s ovos durante a Oviposição.<br />

Apêndices ab<strong>do</strong>minais masculi<strong>no</strong>s - três (caso das Anisoptera) ou quatro (Zygoptera) peças existentes <strong>no</strong> limite<br />

posterior <strong>do</strong> Abdómen, duas em posição superior ou <strong>do</strong>rsal, e uma ou duas em posição inferior ou ventral. Sinónimo<br />

- apêndices anais masculi<strong>no</strong>s.<br />

Bivoltina - espécie que completa duas gerações por a<strong>no</strong>.<br />

Carena <strong>do</strong>rsal - linha de contacto e união entre as metades direita e esquerda <strong>do</strong> Pterotórax. Ver ilustr. ps. 13 e 15.<br />

Célula alar - elemento estrutural da asa, constituí<strong>do</strong> por uma fina Membrana transparente ou pigmentada (translúcida<br />

ou opaca), e delimita<strong>do</strong> por Nervuras.<br />

Célula discoidal - parte específica da asa das Zygoptera, similar ao Triângulo das Anisoptera. Ver ilustr. pág. 13.<br />

Cerda - pêlo rijo, existente nas patas, em particular nas tíbias.<br />

Coxa - primeiro segmento (segm. proximal) da pata, entre o tórax e o fémur.<br />

Distal - na parte afastada <strong>do</strong> eixo ou ponto central <strong>do</strong> corpo. Antónimo - proximal.<br />

Dorsal - na parte superior <strong>do</strong> corpo. Antónimo - ventral.<br />

Espiráculo - limite exterior <strong>do</strong> sistema respiratório; nas Anisoptera os espiráculos são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de capacidade interna<br />

para fechar e têm micropêlos que atuam como filtro de ar; nas Zygoptera não existe a capacidade de fechar nem<br />

micropêlos filtrantes. Ver - Metastigma.<br />

Exosqueleto - esqueleto exter<strong>no</strong>, constituí<strong>do</strong> em grande percentagem por quitina, com funções estruturais (forma e<br />

proteção <strong>do</strong> corpo) e suporte para ações funcionais (movimento).<br />

Exuvia, pl. exuviae - último exosqueleto da fase larvar <strong>do</strong> ciclo de vida; após a metamorfose <strong>do</strong> inseto para a fase<br />

adulta, fica aban<strong>do</strong>nada em vegetação ou pedras, ou <strong>no</strong> solo, próximo <strong>do</strong> volume de água, e pode ser utilizada<br />

para identificar a Família ou a Espécie, contribuin<strong>do</strong> para caraterizar a sua distribuição geográfica.<br />

Faixa anteumeral - faixa ou banda de cor clara existente <strong>no</strong> tórax, paralela à Sutura umeral, a partir da mesma e<br />

estenden<strong>do</strong>-se para a Carena <strong>do</strong>rsal. Ver ilustrações págs. 13 e 15.<br />

Fémur - segun<strong>do</strong> segmento da pata, entre a coxa e a tíbia.<br />

Heterocromática (forma) - pigmentação da fêmea adulta, distinta da <strong>do</strong> macho adulto. Sinónimo - Gi<strong>no</strong>cromática.<br />

129


Homocromática (forma) - pigmentação da fêmea adulta, muito semelhante à pigmentação <strong>do</strong> macho adulto.<br />

Imago, pl. imagines ou imagos - fase final <strong>do</strong> ciclo de vida; é atingida a maturidade sexual e, por isso, é sinónimo<br />

da fase de adulto <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de capacidade reprodutora.<br />

Instar, pl. instars - cada um <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de vida da larva, cujo início e final são marca<strong>do</strong>s pela mudança de exosqueleto.<br />

Larva, pl. larvas - segunda fase <strong>do</strong> ciclo de vida.<br />

Loop anal - parte específica da asa posterior das Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />

Membrana alar - elemento constituinte da célula alar e delimita<strong>do</strong> pelas Nervuras alares.<br />

Metastigma - pequena abertura <strong>do</strong> sistema respiratório, localizada na face lateral <strong>do</strong> Pterotórax. Ver - Espiráculo.<br />

Multivoltina - espécie que completa três ou mais gerações por a<strong>no</strong>.<br />

Nervação - rede de nervuras da asas anterior e posterior, que assegura a necessária rigidez estrutural e, consequentemente,<br />

a possibilidade de sustentação <strong>no</strong> ar, em voo. A forma, a organização e a cor da nervação é específica<br />

de cada Família, Género e, eventualmente, Espécie; por isso é determinante da identificação macroscópica das<br />

diversas O<strong>do</strong>nata.<br />

Nervura alar - elemento estrutural da asa, que constitui uma parte da rede estruturada e à qual estão ligadas Membranas<br />

alares.<br />

Nervura ante<strong>no</strong>dal principal e nervura ante<strong>no</strong>dal perpendicular. Ver ilustração pág. 15.<br />

Nervura post<strong>no</strong>dal principal e nervura post<strong>no</strong>dal perpendicular. Ver ilustração pág. 15.<br />

Nódulo alar - parte específica das asas anterior e posterior, onde se unem as nervuras ante<strong>no</strong>dais e post<strong>no</strong>dais principais,<br />

e que é específica de cada Família, Género e, eventualmente, Espécie e, por isso é determinante da identificação<br />

macroscópica das diversas O<strong>do</strong>nata.<br />

Oviposição en<strong>do</strong>fítica - introdução de ovos em teci<strong>do</strong>s vegetais, pela fêmea, utilizan<strong>do</strong> o respetivo ovipositor e peças<br />

complementares.<br />

Oviposição exofítica- deposição de ovos sobre a superfície livre da água, de plantas aquáticas ou de outros substratos,<br />

pela fêmea.<br />

Oviposição com alheamento <strong>do</strong> macho (ovip.AF) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que se desinteressam<br />

das fêmeas após a cópula e que não as acompanham durante a oviposição.<br />

Oviposição sob observação <strong>do</strong> macho (ovip.PR) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que se mantêm<br />

nas proximidades das fêmeas durante a oviposição, afastan<strong>do</strong> eventuais ‘intrusos’.<br />

Oviposição em tandem (ovip.PR) - padrão de comportamento <strong>do</strong>s machos adultos, que retomam a ligação em<br />

tandem após a cópula, e participam ativamente na oviposição.<br />

Partivoltina - espécie que necessita de três ou mais a<strong>no</strong>s para completar uma geração.<br />

Posterior - situa<strong>do</strong> atrás, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s apêndices ab<strong>do</strong>minais. Antónimo - anterior.<br />

Pro<strong>no</strong>tum - estrutura rígida entre a cabeça e o tórax, cobrin<strong>do</strong> a face <strong>do</strong>rsal anterior <strong>do</strong> protórax.<br />

Protórax - limite anterior <strong>do</strong> tórax, a partir <strong>do</strong> qual surge o par de patas anteriores. Ver ilustr. das págs. 13 e 15.<br />

Proximal - próximo <strong>do</strong> eixo ou ponto central <strong>do</strong> corpo. Antónimo - distal.<br />

Pruína - o mesmo que pruinescência.<br />

Pruinescência - exsuda<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> na hipoderme, de cores esbranquiçada, azulada ou violeta<br />

Pterostigma - célula alar <strong>no</strong> limite anterior e próxima <strong>do</strong> limite distal da asa, com a membrana espessada e pigmentada,<br />

de dimensão relativamente grande e, por isso, bastante perceptível; é elemento de diagnóstico para muitas<br />

espécies de O<strong>do</strong>nata.<br />

Pterotórax - parte posterior e principal <strong>do</strong> tórax das O<strong>do</strong>nata. Ver ilustrações das págs. 13 e 15.<br />

Semivoltina - espécie que necessita de <strong>do</strong>is a<strong>no</strong>s para completar uma geração.<br />

Suturas umeral / interpleural / metapleural - linhas semelhantes a peque<strong>no</strong>s mas evidentes sulcos, não necessariamente<br />

retilíneos, de união entre as peças que constituem cada um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pterotórax. Ver ilustr. p. 13.<br />

Tandem - forma de ligação entre o macho e a fêmea adultos; o macho, recorren<strong>do</strong> aos apêndices ab<strong>do</strong>minais, agarra<br />

a fêmea pela cabeça ou pro<strong>no</strong>tum, durante o acasalamento e, eventualmente, a oviposição e até a migração.<br />

Tarso - último segmento (segm. distal) da pata.<br />

Teneral, pl. tenerals - O<strong>do</strong>nata adulta mas sexualmente imatura, nas horas ou dias imediatos à emergência, quan<strong>do</strong><br />

está ainda a ganhar a cor definitiva e a robustez estrutural <strong>do</strong> seu corpo e asas.<br />

Tíbia - terceiro segmento da pata, entre o fémur e o tarso.<br />

Triângulo - parte específica das asas das Anisoptera, similar à Célula discoidal das Zygoptera. Ver ilustr. pág. 15.<br />

Triângulo anal - parte específica da asa posterior de diversas Anisoptera. Ver ilustração pág. 15.<br />

Univoltina - espécie que completa uma geração por a<strong>no</strong>.<br />

Ventral - na parte inferior <strong>do</strong> corpo. Antónimo - <strong>do</strong>rsal.<br />

Vigilante persistente (terr.VP) - padrão de comportamento <strong>do</strong> macho adulto, que repousa em locais estrategicamente<br />

escolhi<strong>do</strong>s por permitirem uma boa observação <strong>do</strong> ‘seu território’ e que faz voos periódicos para caçar,<br />

acasalar ou afastar outros machos considera<strong>do</strong>s ‘intrusos’.<br />

Voa<strong>do</strong>r ativo (terr.VA) - padrão de comportamento <strong>do</strong> macho adulto, que percorre quase incessantemente um troço<br />

de um sistema lótico ou lêntico, afastan<strong>do</strong> outros machos considera<strong>do</strong>s ‘intrusos’ e aguardan<strong>do</strong> por fêmeas<br />

disponíveis para a cópula e oviposição.<br />

130


SÍNTESE - ABSTRACT - SÍNTESIS - ZUSAMMENFASSUNG<br />

SÍNTESE<br />

! Este ebook é a primeira publicação especializada existente sobre a fauna o<strong>do</strong>natológica algarvia.<br />

Não deve, <strong>no</strong> entanto, ser entendi<strong>do</strong> como uma obra editada só após esgotadas todas as possibilidades<br />

de aprofundamento <strong>do</strong>s conhecimentos sobre o assunto. Na verdade, temos consciência de que muito<br />

haverá para acrescentar em futuras edições.<br />

! A sua divulgação, neste momento, tem em vista contribuir para a satisfação de uma necessidade<br />

reconhecida e, simultaneamente, colmatar uma lacuna assinalada <strong>no</strong> European Red List of Dragonflies<br />

(pág 17). Neste Guia Digital sintetizam-se em língua portuguesa numerosas informações já antes disponíveis,<br />

mas dispersas, e adicionam-se informações relevantes. Como resulta<strong>do</strong>s deste esforço: i. o número<br />

de registos com observações de O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong> foi duplica<strong>do</strong>, o que permite melhorar significativamente<br />

a cartografia da distribuição regional das 51 espécies; ii. são adicionadas seis <strong>no</strong>vas espécies à<br />

checklist algarvia recente. A profusão de fotografias que ilustra este ebook contribui igualmente para a<br />

sua fácil utilização, mesmo por públicos que não são, nem ambicionam vir a ser, experts <strong>no</strong> assunto.<br />

! Este Guia Digital foi prepara<strong>do</strong> para uma utilização autó<strong>no</strong>ma; pode, mesmo assim, ser consulta<strong>do</strong><br />

em paralelo com alguns guias de campo europeus, como o são os prestigia<strong>do</strong>s Field Guide to the<br />

Dragonflies of Britain and Europe, de K-D B Dijkstra & R Lewington, e The Dragonflies of Europe, de<br />

R R Askew. Sob outro ponto de vista, este ebook pode ser facilmente consulta<strong>do</strong> tanto por lusofalantes<br />

como por não lusofalantes: o texto apresenta a tradução para inglês <strong>do</strong>s termos técnicos indispensáveis<br />

para a interpretação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, e a cartografia e imagens falam por si. Assume-se, assim, que a comunidade<br />

internacional interessada na fauna o<strong>do</strong>natológica algarvia encontrará, neste Guia Digital,<br />

uma obra de consulta indispensável.<br />

! Por último, apresenta-se nesta Síntese um derradeiro contributo, útil e enriquece<strong>do</strong>r para quem<br />

quiser partir à descoberta das O<strong>do</strong>nata <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>: os 10 melhores locais para observar e fotografar<br />

Libélulas e Libelinhas <strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Desfrute em ple<strong>no</strong> este património natural, respeitan<strong>do</strong>-o com ética<br />

e dignidade, para que não se degrade ou extinga.<br />

OS 10 MELHORES LOCAIS PARA OBSERVAR E FOTOGRAFAR LIBÉLULAS E LIBELINHAS NO ALGARVE<br />

Mais informação AQUI.<br />

131


ABSTRACT<br />

! This ebook is the first publication focused on the <strong>Algarve</strong>’s O<strong>do</strong>nata Order. It shouldn’t, however,<br />

be perceived as the definitive edition on the subject, published only after exhausting all k<strong>no</strong>wledge<br />

about. In fact, there still will be much to add in future editions.<br />

! At this moment, its divulgation is aiming to contribute to the satisfaction of a recognized demand<br />

and, simultaneously, to fill in a blank mentioned on the European Red List of Dragonflies (p. 17).<br />

Therefore, this Digital Guide <strong>no</strong>t only synthesizes, in Portuguese, a large amount of data already available<br />

though scattered, but also adds new one. As main results of our efforts: i. The number of records was<br />

duplicated, providing new data to significantly improved cartographies on the regional distribution of<br />

the 51 species; ii. Six new species were added to the <strong>Algarve</strong>’s most recent checklist. The large number of<br />

photographies in this ebook also contributes to the fact that it can be easily used by those who are <strong>no</strong>t,<br />

neither wish to be, experts on the subject.<br />

! This Digital Guide has been prepared to be used as an independent source of information. It can,<br />

however, be consulted in parallel with some European field guides, such as the Field Guide to the<br />

Dragonflies of Britain and Europe, by K-D B Dijkstra & R Lewington, and/or The Dragonflies of<br />

Europe, by R R Askew. In the other hand, this ebook can be easily consulted by <strong>no</strong>n Portuguese speakers,<br />

because the indispensable technical terms are translated to English, allowing the comprehension of fundamental<br />

contents. In this way, it is assumed that the international community interested in the <strong>Algarve</strong>'s<br />

O<strong>do</strong>nata fauna will find this Digital Guide to be a reference work of great importance.<br />

! At last, it is presented in this Abstract a new contribute, equally enriching for those who wish to<br />

discover the <strong>Algarve</strong>’ O<strong>do</strong>nata fauna: the 10 hotspots to observe and photograph dragonflies and<br />

damselflies at <strong>Algarve</strong>. Fully enjoy this natural resource, respecting it carefully and avoiding its degradation<br />

and extinction.<br />

SÍNTESIS<br />

! Este libro electrónico es la primera publicación especializada disponible sobre la fauna o<strong>do</strong>natológica<br />

de la región portuguesa de <strong>Algarve</strong>. No puede, sin embargo, ser considera<strong>do</strong> como una obra publicada<br />

al final de un estudio profun<strong>do</strong> y completo de la temática. Somos plenamente conscientes de que<br />

en futuras ediciones se podrá aportar mucha más información.<br />

! Su divulgación, en este momento, tiene por tanto la intención de contribuir a la satisfacción de<br />

una necesidad reco<strong>no</strong>cida y, al mismo tiempo, a rellenar un hueco identifica<strong>do</strong> en la European Red List<br />

of Dragonflies (pág. 17). En la presente Guía Digital se compilan en lengua portuguesa la casi totalidad<br />

de los datos anteriormente publica<strong>do</strong>s, pero dispersos y muchas veces sólo accesibles a los especialistas, y<br />

se añade un número considerable de nuevos datos. Los principales resulta<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong> el esfuerzo son: i.<br />

se ha duplica<strong>do</strong> el número de registros de observaciones de O<strong>do</strong>nata en el <strong>Algarve</strong>, lo que permite mejorar<br />

la cartografía regional de la distribución de cada una de las 51 especies tratadas; ii. se han adiciona<strong>do</strong><br />

seis especies al catálogo reciente (checklist) del <strong>Algarve</strong>. La profusión de fotografías que ilustra el<br />

ebook es una e<strong>no</strong>rme ayuda para su utilización, incluso por personas que <strong>no</strong> son, ni pretenden ser, especialistas<br />

en el tema.<br />

! La Guía Digital fue pensada para una utilización autó<strong>no</strong>ma; puede, así mismo, consultarse conjuntamente<br />

con algunas guías de campo europeas muy prestigiosas, como la Field Guide to the Dragonflies<br />

of Britain and Europe, de K-D B Dijkstra & R Lewington, y el libro The Dragonflies of Europe,<br />

de R R Askew. Además, este ebook puede ser muy útil incluso para aquellos que <strong>no</strong> hablan portugués; el<br />

vocabulario técnico tiene su traducción al inglés, y la cartografía y fotos hablan por sí mismas. En consecuencia,<br />

estamos seguros de que quienes tienen el idioma castella<strong>no</strong> como lengua materna van a encontrar<br />

en esta Guía Digital una obra de consulta indispensable.<br />

! Por último, se presenta en esta Síntesis una última contribución del ebook, útil para los que<br />

quieran salir al descubrimiento de las O<strong>do</strong>nata en el <strong>Algarve</strong>: las 10 mejores localidades para observar<br />

y fotografiar Libélulas en el <strong>Algarve</strong>. Lo que deseamos es que disfrute del patrimonio natural de la<br />

región, respetán<strong>do</strong>lo para que <strong>no</strong> se degrade o extinga.<br />

132


ZUSAMMENFASSUNG<br />

! Dieses Ebook ist die erste spezialisierte Ausgabe über die Fauna der Libellen (O<strong>do</strong>nata) an der<br />

<strong>Algarve</strong> (Portugal). Diese Ausgabe sollte je<strong>do</strong>ch nicht als endgültiges Werk angesehen werden, da es sicherlich<br />

<strong>no</strong>ch Vieles gibt, was in den zukünftigen Ausgaben hinzugefügt werden muss.<br />

! Die Veröffentlichung soll zur Befriedigung einer anerkannten Nachfrage beitragen und gleichzeitig<br />

eine Lücke in der Europäischen Roten Liste der Libellen (S.17) füllen. In diesem Ebook werden<br />

zahlreiche bereits vorhandene, aber verstreute Informationen in der portugiesischen Sprache zusammengefasst<br />

und neue Informationen hinzugefügt. Als Ergebnis all dieser Bemühungen wurde erstens die<br />

Anzahl der registrierten Beobachtungen von O<strong>do</strong>nata ver<strong>do</strong>ppelt; dies erlaubt eine wesentliche Verbesserung<br />

der Kartographie der regionalen Verteilung jeder Spezies. Zweitens wurden drei neue Arten in die<br />

Checkliste der <strong>Algarve</strong> aufge<strong>no</strong>mmen. Die große Anzahl an Fotos in diesem Ebook erlaubt eine einfache<br />

Bestimmung, auch für diejenigen die keine Experten auf diesem Gebiet sind.<br />

! Dieses Digitale Bestimmungsbuch wurde als eigenständige Informationsquelle konzipiert, kann<br />

je<strong>do</strong>ch auch parallel mit einigen europäischen Führern konsultiert werden, so wie der „Field Guide to<br />

the Dragonflies of Britain and Europe“, von K-D B Dijkstra & R Lewington und/ oder „The Dragonflies<br />

of Europe”, von R R Askew. Weiterhin kann dieses Ebook sowohl von Personen, die der Portugiesischen<br />

Sprache mächtig sind, aber auch von Personen die der Sprache nicht mächtig sind konsultiert werden,<br />

da wichtige Fachbegriffe ins Englische übersetzt wurden und so ein Verständnis der grundlegenden<br />

Inhalte erlauben. So ist davon auszugehen, dass die internationale Gemeinschaft, die an der Fauna der<br />

Libellen an der <strong>Algarve</strong> interessiert ist, in diesem digitalen Führer ein unentbehrliches Nachschlagwerk<br />

findet.<br />

! Zu guter Letzt stellt diese Zusammenfassung einen originellen und bereichernden Beitrag für<br />

diejenigen, die die Fauna der Libellen an der <strong>Algarve</strong> entdecken möchten: Die Liste der 10 besten Plätze<br />

zur Beobachtung und zum Fotografieren der Libellen in der <strong>Algarve</strong>. Genießen Sie diese natürliche<br />

Ressource und respektieren Sie sie mit Sorgfalt um sie nicht zu beeinträchtigen.<br />

133


!<br />

!<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Foto da capa" " " " " " " " " Ilustrações<br />

Sympetrum fonscolombii macho adulto" " " " " Paula Gaspar<br />

arrozal de Nª Srª <strong>do</strong> Rosário, Estômbar - Julho<br />

Edição"" " " " " " " " " ISBN: 978-989-97560-0-7<br />

http://www.idescobrir.pt"" " " " " " Apoio<br />

Citar corretamente: Citation:<br />

Loureiro, N. S. 2011. Libélulas e Libelinhas (O<strong>do</strong>nata)<br />

<strong>no</strong> <strong>Algarve</strong>. Ebook, e.01.v.004. <strong>iDescobrir</strong>.pt. 134 pp.<br />

Este ebook é propriedade de: <strong>Turismo</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong><br />

e tem o número de identificação: OA-e.01-v.004-n.0022<br />

De Libella 134fluviatili

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