Odonatas no Algarve - iDescobrir - Avançada - Turismo do Algarve
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Adultos<br />
As O<strong>do</strong>nata adultas são insetos perfeitamente adapta<strong>do</strong>s ao meio aéreo. São exímias voa<strong>do</strong>ras<br />
e caçam pre<strong>do</strong>minantemente durante o voo. No entanto, antes de atingirem a maturidade plena,<br />
os imagos vivem um perío<strong>do</strong> pré-reprodutivo que se pode limitar a apenas <strong>do</strong>is dias ou prolongar-se<br />
até três ou quatro semanas. Durante esse intervalo de tempo designam-se tenerals.<br />
Dispersam-se então pelo território circundante e, enquanto asseguram a sua sobrevivência,<br />
atingem verdadeiramente a fase adulta plena, caracterizada pela coloração própria da espécie e<br />
<strong>do</strong> género, pelo fortalecimento da musculatura torácica e pelo ganho da capacidade reprodutora,<br />
sempre ten<strong>do</strong> em vista assegurar o surgimento de <strong>no</strong>vas gerações e, consequentemente, a<br />
continuidade da espécie. Atingida a maturidade plena, acontece o retor<strong>no</strong> <strong>do</strong>s imagos às proximidades<br />
<strong>do</strong>s sistemas aquáticos, com vista ao acasalamento e à oviposição, que passam a ser<br />
os objetivos primeiros <strong>do</strong>s adultos, até à sua morte.<br />
Os machos adultos das Famílias e Espécies que são territoriais a<strong>do</strong>tam comportamentos distintos:<br />
podem ser voa<strong>do</strong>res ativos (fliers : terr.VA) ou vigilantes persistentes (perchers : terr.VP).<br />
Os voa<strong>do</strong>res ativos percorrem quase incessantemente to<strong>do</strong> o ‘seu território’, enquanto que os<br />
vigilantes persistentes têm pontos de repouso estrategicamente escolhi<strong>do</strong>s por permitirem a<br />
boa observação <strong>do</strong> ‘seu território’, fazen<strong>do</strong> apenas voos periódicos para caçarem, acasalarem ou<br />
afastarem algum ‘intruso’. A defesa <strong>do</strong>s territórios é sempre assegurada através de voos intimidatórios,<br />
na direção e com perseguição <strong>do</strong>s visitantes indeseja<strong>do</strong>s, e frequentemente com violentas<br />
e rui<strong>do</strong>sas colisões. Território, <strong>no</strong> entanto, não é necessariamente sinónimo de espaço<br />
físico delimita<strong>do</strong> e permanente; na verdade, para muitas Espécies, o comportamento territorial<br />
<strong>do</strong>s machos (designa<strong>do</strong>s então de territoriais efémeros) traduz-se apenas em não tolerar outros<br />
machos nas suas proximidades, ou melhor, <strong>do</strong> local que elegeram como propício para o acasalamento<br />
e para a postura da sua ‘descendência’.<br />
O acasalamento, a cópula e a oviposição são muito peculiares nas O<strong>do</strong>nata. A poligamia é o<br />
padrão sexual mais comum e, provavelmente por esse motivo, machos e fêmeas manifestam atitudes<br />
diferentes: os machos adultos estão quase sempre mais próximos <strong>do</strong>s locais com condições<br />
propícias para o acasalamento e para a oviposição. As fêmeas adultas só se aproximam<br />
quan<strong>do</strong> estão aptas a acasalar; caso contrário, a<strong>do</strong>ptam atitudes mais reservadas e/ou defensivas,<br />
por forma a condicionarem as insistentes tentativas masculinas de acasalamento.<br />
O macho adulto produz o esperma nas gónadas, localizadas nas proximidades <strong>do</strong> limite posterior<br />
<strong>do</strong> abdómen, e com o go<strong>no</strong>poro, ou abertura para o exterior, na face ventral de S9. Antes<br />
da cópula transfere-o (intramale sperm translocation) para a vesica spermalis (<strong>no</strong>s órgãos genitais<br />
secundários). Quan<strong>do</strong> o macho encontra uma fêmea recetiva, por ter ovos aptos a serem<br />
fertiliza<strong>do</strong>s, agarra-a (to grasp or to clasp) pela cabeça ou pelo pro<strong>no</strong>tum, prenden<strong>do</strong>-a com os<br />
apêndices ab<strong>do</strong>minais; constitui-se a ligação macho-fêmea em tandem (male-female tandem<br />
linkage). Em seguida, os <strong>do</strong>is insetos curvam-se de tal forma que os órgãos genitais femini<strong>no</strong>s,<br />
também localiza<strong>do</strong>s próximo <strong>do</strong> limite posterior ventral <strong>do</strong> abdómen, entram em contacto com<br />
os secundários masculi<strong>no</strong>s. Ficam assim liga<strong>do</strong>s em forma de ‘roda’ ou ‘coração’, em voo (a<br />
maior parte das Anisoptera) ou pousa<strong>do</strong>s (as Zygoptera e algumas Anisoptera); o macho ejeta<br />
o esperma, numa cópula que pode demorar desde poucos segun<strong>do</strong>s até várias horas.<br />
Termina<strong>do</strong> o acasalamento, a fêmea começa a oviposição. Dependen<strong>do</strong> das espécies, o macho<br />
continua a agarrar a fêmea enquanto decorre a oviposição, retoman<strong>do</strong> a ligação em tandem<br />
(ovip.TD), ou liberta a fêmea mas mantém-se nas suas proximidades (ovip.PR), observan<strong>do</strong> a<br />
postura e afastan<strong>do</strong> outros machos que se queiram aproximar. Um terceiro padrão de comportamento<br />
é o <strong>do</strong> alheamento <strong>do</strong> macho (ovip.AF), mas então a fêmea faz a oviposição em locais<br />
discretos e protegi<strong>do</strong>s, onde não é provável ser incomodada por quaisquer machos. Estes três<br />
padrões de comportamento traduzem estratégias distintas das espécies, para a escolha <strong>do</strong>s lo-<br />
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