pré-dimensionamento de sistema solar fotovoltaico - Laboratório de ...
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PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA SOLAR FOTOVOLTAICO:<br />
ESTUDO DE CASO DO EDIFÍCIO SEDE DO CREA-SC<br />
RESUMO<br />
Deivis Luis Marinoski (1); Isabel Tourinho Salamoni (2); Ricardo Rüther (3)<br />
(1) Eng. Civil, Mestrando. E-mail: <strong>de</strong>ivis@labeee.ufsc.br<br />
(2) Arquiteta, Mestranda. E-mail: isamoni@labeee.ufsc.br<br />
(3) Eng. Metalúrgico, PhD. E-mail: ecv1rrr@ecv.ufsc.br<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina – Campus Universitário – Trinda<strong>de</strong><br />
ECV/NPC/LabEEE, Caixa Postal 476 – CEP 88040-900. Homepage: www.labeee.ufsc.br<br />
Atualmente algumas fontes <strong>de</strong> energia não renováveis são utilizadas em gran<strong>de</strong> escala, embora num<br />
horizonte <strong>de</strong> algumas décadas estas po<strong>de</strong>rão ser esgotadas. Devido a este fato, esforços vêm sendo<br />
realizados na busca <strong>de</strong> novas alternativas para a geração <strong>de</strong> energia a um nível sustentável. Uma das<br />
tecnologias renováveis mais recentes e que vem sendo cada vez mais utilizada nos países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos é a energia <strong>solar</strong> fotovoltaica. Este trabalho apresenta um estudo <strong>de</strong> caso do <strong>pré</strong><strong>dimensionamento</strong><br />
<strong>de</strong> um <strong>sistema</strong> <strong>solar</strong> <strong>fotovoltaico</strong> integrado a uma edificação urbana e interligado à<br />
re<strong>de</strong> elétrica pública. O edifício em questão é o <strong>pré</strong>dio se<strong>de</strong> do CREA-SC (Conselho Regional <strong>de</strong><br />
Engenharia, Arquitetura e Agronomia <strong>de</strong> Santa Catarina). O objetivo do <strong>sistema</strong> é gerar energia<br />
elétrica para a edificação a partir da energia <strong>solar</strong>, com utilização <strong>de</strong> placas <strong>solar</strong>es fotovoltaicas,<br />
verificando a relação entre esta geração e o consumo do <strong>pré</strong>dio.<br />
Palavras-chave: Fonte <strong>de</strong> energia renovável, Sistema <strong>solar</strong> <strong>fotovoltaico</strong>, Geração <strong>de</strong> energia elétrica<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL<br />
X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO<br />
18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4.<br />
1.1 Uma alternativa para geração <strong>de</strong> energia<br />
O crescimento da população mundial, associado ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e industrial, conduz<br />
a um gran<strong>de</strong> aumento da <strong>de</strong>manda energética. Muitas das fontes <strong>de</strong> energia utilizadas atualmente têm<br />
volumes limitados e po<strong>de</strong>rão se esgotar em um horizonte <strong>de</strong> algumas décadas. A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
energia não mais correspon<strong>de</strong> à <strong>de</strong>manda imposta pela estrutura espacial da vida urbana, o que implica<br />
num período <strong>de</strong> adaptação. Estamos entrando num período <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s energéticas,<br />
principalmente das originadas do petróleo, que é hoje, uma fonte <strong>de</strong> energia polivalente; e as fontes <strong>de</strong><br />
energia nucleares, geotérmicas, <strong>solar</strong>es, biomassa e outras, que substituirão as atuais, <strong>de</strong>verão, nas<br />
próximas décadas, ajustar-se as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilizações, para que não venham a causar problemas<br />
ambientais. (KNIJNIK, 1994).<br />
Dados da Eletrobrás (2000) relatam que as reservas <strong>de</strong> combustíveis fósseis <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> no Brasil<br />
não são gran<strong>de</strong>s e que as reservas <strong>de</strong> petróleo são avaliadas como suficientes para 22 anos. O potencial<br />
hidrelétrico do Brasil, do qual somente 23% é aproveitado, tem sua maior capacida<strong>de</strong> na região<br />
amazônica, on<strong>de</strong> a inundação <strong>de</strong> enormes áreas para a construção <strong>de</strong> reservatórios das hidrelétricas<br />
po<strong>de</strong>ria trazer como resultado uma catástrofe ambiental.<br />
Neste contexto faz-se necessário buscar novas alternativas para geração <strong>de</strong> energia. Uma <strong>de</strong>stas<br />
alternativas é a utilização da energia <strong>solar</strong>. A radiação <strong>solar</strong> chega a nosso planeta <strong>de</strong> forma abundante<br />
e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma fonte inesgotável. Estima-se que o tempo necessário para que incida sobre<br />
a terra, uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia <strong>solar</strong> equivalente à <strong>de</strong>manda energética mundial anual,<br />
seja <strong>de</strong> aproximadamente 12 minutos. Em três semanas, a energia <strong>solar</strong> inci<strong>de</strong>nte sobre a terra equivale
também a todas as reservas conhecidas <strong>de</strong> combustíveis fósseis como óleo, gás natural e carvão<br />
(RÜTHER, 2000).<br />
A cada dia novas pesquisas vêm apresentando diferentes tecnologias para utilização e aproveitamento<br />
<strong>de</strong>sta fonte <strong>de</strong> energia, já tornando sua aplicação uma realida<strong>de</strong> em muitos países. A energia <strong>solar</strong><br />
fotovoltaica tem provido energia elétrica para qualquer aplicação e em qualquer localização na terra e<br />
no espaço, sendo que o meio urbano começou a se <strong>de</strong>stacar como um gran<strong>de</strong> absorvedor <strong>de</strong>sta<br />
tecnologia ecológica.<br />
1.2 Tecnologia Fotovoltaica<br />
A tecnologia fotovoltaica é vista por muitos, como um caminho i<strong>de</strong>al para a geração <strong>de</strong> energia,<br />
através <strong>de</strong> uma fonte inesgotável e não poluente. É um método <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia sustentável e<br />
amigável ao meio ambiente, trazendo benefícios tanto ambientais quanto energéticos. Atualmente,<br />
existem no mercado várias tecnologias fotovoltaicas, baseadas em diferentes elementos.<br />
Em termos <strong>de</strong> aplicações terrestres <strong>de</strong>stacam-se as células <strong>solar</strong>es <strong>de</strong> silício cristalino (c-Si), o silício<br />
amorfo hidrogenado (a-Si:H ou a-Si), o telureto <strong>de</strong> cádmio (CdTe) e outros compostos relacionados ao<br />
dissulfeto <strong>de</strong> cobre e índio. Neste último grupo, segundo Ruther (2000), aparecem elementos<br />
altamente tóxicos e raros. Este fator fez com que surja um obstáculo consi<strong>de</strong>rável na utilização mais<br />
acentuada <strong>de</strong>stas tecnologias em alguns países.<br />
Dentre os mo<strong>de</strong>los mencionados, os que possuem maior utilização são os painéis <strong>de</strong> silício cristalino e<br />
os <strong>de</strong> silício amorfo.<br />
A tecnologia <strong>de</strong> filmes finos vem sendo cada vez mais utilizada, principalmente na integração com o<br />
entorno construído, por apresentar uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e também <strong>de</strong>vido ao baixo<br />
custo <strong>de</strong> produção. Hoje, estão disponíveis no mercado painéis flexíveis, mais leves e resistentes,<br />
semitransparentes, ou até mesmo com superfícies curvas, que po<strong>de</strong>m substituir elementos <strong>de</strong><br />
revestimento na edificação.<br />
Estudos já realizados relatam que <strong>de</strong>vido a excelente performance que os painéis <strong>de</strong> a-Si têm<br />
<strong>de</strong>monstrado, estes são uma boa escolha <strong>de</strong> tecnologia para re<strong>de</strong>-conectada, integração com a<br />
edificação e utilização em climas quentes como no Brasil (RUTHER, 2000).<br />
1.3 Integração com as edificações<br />
A geração <strong>de</strong> energia elétrica convencional é centralizada e distante do ponto <strong>de</strong> consumo, isso faz<br />
com que o <strong>sistema</strong> gere perdas na distribuição, aumentando os custos da produção da energia e<br />
causando danos às concessionárias e ao meio ambiente. No entanto, a geração distribuída oferece<br />
inúmeras vantagens ao setor elétrico, uma vez que a disposição da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração é próxima da<br />
carga, além disso, permite uma maior diversificação das tecnologias empregadas para a produção <strong>de</strong><br />
energia (RODRIGUES, 2002).<br />
Inicialmente, os <strong>sistema</strong>s <strong>de</strong> conexão à re<strong>de</strong> elétrica se <strong>de</strong>senvolviam somente para centrais<br />
fotovoltaicas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, já que se pensava que estas po<strong>de</strong>riam, no futuro, resolver certos<br />
problemas existentes na geração e distribuição <strong>de</strong> energia convencional. A medida em que o mercado<br />
da eletrônica avançou, começaram a ser <strong>de</strong>senhados, também, <strong>sistema</strong>s <strong>de</strong> menores portes, com a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a pequenas centrais domésticas, que hoje correspon<strong>de</strong>m a mais <strong>de</strong> 50% do<br />
mercado <strong>fotovoltaico</strong> (ATHANASIA, A. L.; 2000).<br />
A energia elétrica proveniente <strong>de</strong> fontes renováveis <strong>de</strong> pequena escala é vista como opção, em<br />
diferentes níveis, por diversos países. Dentre eles a Alemanha, Espanha, Japão e Estados Unidos. No<br />
Brasil a discussão da inserção <strong>de</strong>ssas fontes ainda é muito carente e necessita <strong>de</strong> uma abordagem mais<br />
aprofundada (OLIVEIRA, 2002).<br />
Recentemente, os <strong>sistema</strong>s <strong>solar</strong>es <strong>fotovoltaico</strong>s têm sido utilizados <strong>de</strong> forma integrada à re<strong>de</strong> elétrica<br />
pública. Estas instalações po<strong>de</strong>m apresentar duas configurações distintas: instaladas <strong>de</strong> forma<br />
integrada à edificação (no telhado ou fachada), e, portanto próximo ao ponto <strong>de</strong> consumo, ou <strong>de</strong> forma<br />
centralizada como em uma usina geradora convencional, neste caso, distante do ponto <strong>de</strong> consumo.
Os painéis <strong>fotovoltaico</strong>s interligados à re<strong>de</strong> elétrica po<strong>de</strong>m ser integrados a qualquer edificação, sendo<br />
o único requisito uma orientação <strong>solar</strong> favorável (superfícies voltadas para norte, leste ou oeste), sendo<br />
que a orientação i<strong>de</strong>al são as superfícies voltadas para o norte geográfico, no hemisfério sul, pois<br />
permitem uma maior captação da energia gerada pelo sol.<br />
O <strong>sistema</strong> <strong>fotovoltaico</strong> tem um gran<strong>de</strong> potencial para o <strong>de</strong>sign dos edifícios, tornando-se,<br />
possivelmente, um elemento indispensável não somente para os <strong>sistema</strong>s construtivos, mas para o<br />
meio ambiente. Cada vez mais os países <strong>de</strong>senvolvidos vêm utilizando este <strong>sistema</strong>, não somente para<br />
uso resi<strong>de</strong>ncial, mas também em edificações comerciais e industriais, pois estas normalmente<br />
apresentam gran<strong>de</strong>s áreas planas, que são bastante a<strong>de</strong>quadas à integração <strong>de</strong> geradores <strong>fotovoltaico</strong>s.<br />
2. OBJETIVO<br />
Este trabalho apresenta um estudo <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> <strong>pré</strong>-<strong>dimensionamento</strong> <strong>de</strong> um <strong>sistema</strong> <strong>solar</strong> <strong>fotovoltaico</strong><br />
integrado a uma edificação urbana e interligado à re<strong>de</strong> elétrica pública. O <strong>sistema</strong> tem por finalida<strong>de</strong><br />
gerar energia elétrica para a edificação a partir da energia <strong>solar</strong> fotovoltaica, através <strong>de</strong> placas <strong>solar</strong>es,<br />
sendo realizada uma verificação do percentual do consumo <strong>de</strong> energia elétrica na edificação, que<br />
po<strong>de</strong>rá ser suprido através da aplicação <strong>de</strong> diferentes tecnologias <strong>de</strong> painéis.<br />
3. LEVANTAMENTO DE DADOS<br />
3.1 Descrição do local<br />
O local <strong>de</strong> estudo para implantação do <strong>sistema</strong> <strong>fotovoltaico</strong> é o edifício se<strong>de</strong> do CREA-SC (Conselho<br />
Regional <strong>de</strong> Engenharia, Arquitetura e Agronomia <strong>de</strong> Santa Catarina), localizada na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Florianópolis, capital do estado <strong>de</strong> Santa Catarina. O edifício é composto por dois pavimentos, e<br />
apresenta uma série <strong>de</strong> proteções <strong>solar</strong>es (brises verticais) <strong>de</strong> concreto nas fachadas, conforme mostra<br />
a Figura 1.<br />
Fachada Sudoeste (principal) Fachada Su<strong>de</strong>ste<br />
Fachada Nor<strong>de</strong>ste Fachada Noroeste<br />
Figura 1. Vista externa da edificação<br />
A cobertura do <strong>pré</strong>dio apresenta uma área total <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 878m 2 , sendo composta por<br />
diversas águas. As telhas são do tipo fibrocimento, com exceção da cobertura do vão central do
<strong>pré</strong>dio, on<strong>de</strong> são utilizados domos <strong>de</strong> acrílico. A inclinação das águas da cobertura é pequena,<br />
aproximadamente 2%. A Figura 2 apresenta um esboço com a planta <strong>de</strong> cobertura do edifício, dividida<br />
em <strong>de</strong>z áreas principais.<br />
3.2 Áreas para instalação <strong>de</strong> painéis<br />
Através <strong>de</strong> uma verificação nas plantas do<br />
projeto arquitetônico da edificação, foram<br />
levantadas as áreas <strong>de</strong> cobertura com<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproveitamento para<br />
instalações <strong>de</strong> painéis <strong>fotovoltaico</strong>s,<br />
conforme a divisão apresentada na Figura 2.<br />
O somatório <strong>de</strong>stas áreas totaliza<br />
aproximadamente 790 m 2 (Tabela 1).<br />
Foram também consi<strong>de</strong>radas as áreas<br />
disponíveis das proteções <strong>solar</strong>es existentes<br />
nas janelas do <strong>pré</strong>dio. Existem 142 brises<br />
distribuídos nas 4 fachadas, estes<br />
disponibilizam uma área livre <strong>de</strong><br />
aproximadamente 262 m 2 , como mostra a<br />
Tabela 2<br />
Tabela 1. Áreas <strong>de</strong> cobertura<br />
Área<br />
N o<br />
Comp. Larg. Área<br />
(m) (m) (m²)<br />
1 11,20 4,60 51,52<br />
2 28,20 4,60 129,72<br />
3 28,20 4,60 129,72<br />
4 10,60 4,40 46,64<br />
5 10,60 4,40 46,64<br />
6 7,05 4,20 29,61<br />
7 7,05 4,20 29,61<br />
8 33,05 4,10 135,51<br />
9 33,05 4,10 135,51<br />
10 8,10 6,90 55,89<br />
Total 790,36<br />
Figura 2. Esquema <strong>de</strong> cobertura do <strong>pré</strong>dio<br />
Tabela 2. Áreas dos brises<br />
Fachada Comp.<br />
(m)<br />
Brises<br />
Larg.<br />
(m)<br />
Área Unit.<br />
(m²)<br />
N o <strong>de</strong><br />
brises<br />
Área<br />
(m²)<br />
Nor<strong>de</strong>ste 1,85 0,98 1,80 50 90,19<br />
Sudoeste 2,20 0,98 2,15 18 38,61<br />
Noroeste 1,85 0,98 1,80 37 66,74<br />
Su<strong>de</strong>ste 1,85 0,98 1,80 37 66,74<br />
Total 142 262,28<br />
A aplicação dos painéis em regiões sombreadas reduz a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração do painel prejudicando<br />
a <strong>de</strong>sempenho do <strong>sistema</strong>. Devido à existência <strong>de</strong> um reservatório superior (caixa d’água), instalado na<br />
cobertura do <strong>pré</strong>dio, fez-se necessária uma análise da sombra projetada por este elemento, para evitar a<br />
instalação <strong>de</strong> painéis em áreas que permanecem sombreadas por longos períodos durante o dia.<br />
Esta análise do sombreamento projetado pela caixa d’água, foi realizada com a ajuda do programa<br />
ECOTECT 5.01. Através <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>lagem tridimensional do <strong>pré</strong>dio é possível <strong>de</strong>limitar a área<br />
sombreada por um elemento, em diferentes horários e épocas do ano. O programa simula a trajetória<br />
<strong>solar</strong> para a latitu<strong>de</strong> local, possibilitando verificar a projeção da sombra sobre a cobertura da<br />
edificação.<br />
Realizou-se a verificação do caminho percorrido pela sombra da caixa d’água nas datas<br />
correspon<strong>de</strong>ntes aos três pontos marcantes da <strong>de</strong>clinação <strong>solar</strong> durante o ano, os solstícios <strong>de</strong> verão e<br />
inverno (22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro e 22 <strong>de</strong> junho) e para os equinócios (21 <strong>de</strong> março e 23 setembro). Com isso é<br />
possível <strong>de</strong>limitar a faixa (área) em que ocorre o sombreamento durante todo o ano.<br />
A Figura 3 e a Figura 4 (geradas com o programa ECOTECT 5.01) mostram a representação gráfica da<br />
amplitu<strong>de</strong> das sombras e toda a trajetória seguida sobre o telhado durante os dias <strong>de</strong> solstício <strong>de</strong> verão<br />
e inverno.
6:00h<br />
9:00h<br />
12:00h<br />
15:00h<br />
18:00h<br />
Figura 3. Sombreamento no telhado (solstício <strong>de</strong> verão)
7:30h<br />
9:00h<br />
12:00h<br />
15:00h<br />
6:45h<br />
Figura 4. Sombreamento no telhado (solstício <strong>de</strong> inverno)<br />
Através da analise da variação da trajetória <strong>solar</strong>, foi possível <strong>de</strong>limitar a área atingida pela sombra do<br />
reservatório ao longo do ano, sendo esta representada pela região hachurada na Figura 5. Esta área<br />
correspon<strong>de</strong> a 40,7 % (321,4 m 2 ) do espaço disponível para aplicação dos painéis na cobertura. O não<br />
aproveitamento <strong>de</strong>ste espaço reduziria em muito o aproveitamento da energia <strong>solar</strong> e o impacto na<br />
redução da compra <strong>de</strong> energia da re<strong>de</strong>. Devido e este fato, optou-se por consi<strong>de</strong>rar como área<br />
sombreada, a região que é atingida pela sombra do reservatório no período diário das 9:00 as 15:00
horas. É durante este horário que a intensida<strong>de</strong> da radiação <strong>solar</strong> é mais elevada. Além do perímetro da<br />
sombra, durante o horário assumido, ainda foi atribuído um avanço <strong>de</strong> mais um metro. Na Figura 6, a<br />
região hachurada correspon<strong>de</strong> a área consi<strong>de</strong>rada sombreada em projeto, que é igual a 157,90 m 2 , on<strong>de</strong><br />
não serão instalados painéis.<br />
Figura 5. Área atingida pela trajetória<br />
da sombra<br />
3.3 Consumo <strong>de</strong> energia elétrica<br />
O consumo médio mensal e médio diário <strong>de</strong><br />
energia elétrica foi <strong>de</strong>terminado a partir das<br />
contas <strong>de</strong> energia do período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002<br />
até maio <strong>de</strong> 2003, conforme apresentado na<br />
Tabela 3. O consumo anual neste período foi <strong>de</strong><br />
198.019 kWh, já a média <strong>de</strong> consumo mensal foi<br />
<strong>de</strong> aproximadamente 16.501 kWh.<br />
Através da Figura 7 é possível notar que o<br />
consumo é mais acentuado entre os meses <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro a abril, atingindo o pico em fevereiro<br />
e março. Isso já era esperado <strong>de</strong>vido a elevação<br />
da temperatura que acorre nos meses <strong>de</strong> verão, o<br />
que conduz à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> climatização dos<br />
ambientes. Conseqüentemente, os gastos <strong>de</strong><br />
energia elétrica são mais elevados <strong>de</strong>vido ao uso<br />
do <strong>sistema</strong> <strong>de</strong> ar condicionado.<br />
kWh<br />
25000<br />
20000<br />
15000<br />
10000<br />
5000<br />
0<br />
Figura 6. Área consi<strong>de</strong>rada sombreada<br />
(sem aplicação <strong>de</strong> painéis)<br />
Tabela 3. Consumo médio mensal e diário<br />
Mês<br />
Consumo<br />
médio<br />
(kWh)<br />
Dias <strong>de</strong><br />
consumo/<br />
mês<br />
Média diaria<br />
(kWh/dia)<br />
Jan 16567 31 534,4<br />
Fev 21285 32 665,1<br />
Mar 21266 28 745,6<br />
Abr 19532 32 640,1<br />
Mai 16465 31 514,6<br />
Jun 13004 30 433,5<br />
Jul 13980 33 423,6<br />
Ago 12750 30 425,0<br />
Set 12683 29 437,3<br />
Out 16906 32 528,3<br />
Nov 14133 29 487,3<br />
Dez 19450 27 720,4<br />
Média 16501 30 546,3<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
Figura 7. Variação do consumo médio mensal (ano: 2002-2003)
3.4 Orientação geográfica<br />
Para <strong>de</strong>terminar a orientação das fachadas do <strong>pré</strong>dio<br />
foi realizada uma visita in loco. Através da<br />
utilização <strong>de</strong> uma bússola verificou-se a direção do<br />
norte magnético. Para realizar o cálculo do valor da<br />
<strong>de</strong>clinação magnética na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, e<br />
<strong>de</strong>terminar a direção do norte verda<strong>de</strong>iro<br />
(geográfico), fez-se uso do programa Declinação<br />
Magnética 2.0. O resultado encontrado na data do<br />
estudo, foi <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>clinação <strong>de</strong> 17,93°. A partir<br />
<strong>de</strong>ste dado foi possível obter os valores dos<br />
azimutes em cada fachada da edificação, conforme<br />
apresentado na Tabela 4 e na Figura 8.<br />
Tabela 4. Correção dos azimutes<br />
Fachada Norte<br />
Magnético<br />
Azimute<br />
Declinação<br />
Magnética<br />
Norte<br />
Geográfico<br />
Nor<strong>de</strong>ste 35,0 17,9 17,1<br />
Sudoeste -145,0 17,9 -162,9<br />
Noroeste -55,0 17,9 -72,9<br />
Su<strong>de</strong>ste 125,0 17,9 107,1<br />
3.5 Radiação <strong>solar</strong><br />
NG<br />
NG NG<br />
NG<br />
Figura 8. Azimutes das fachadas<br />
Para realizar o cálculo da potência gerada pelos painéis foram necessários dados diários <strong>de</strong> radiação<br />
<strong>solar</strong> inci<strong>de</strong>nte. Os valores das médias mensais do total diário da radiação <strong>solar</strong> (kWh/m 2 /dia), em<br />
todos os meses do ano, foram obtidos com o do programa Radiasol 2.1, em função das diferentes<br />
orientações e inclinações para os painéis. Na cobertura os ângulos <strong>de</strong> inclinação analisados para<br />
instalação dos painéis foram <strong>de</strong> 0° (horizontal), 15° e 27° (latitu<strong>de</strong> local – maior incidência <strong>de</strong><br />
radiação), direcionados para nor<strong>de</strong>ste e sudoeste; já em cada uma das fachadas verificou-se os valores<br />
da radiação inci<strong>de</strong>nte para os ângulos <strong>de</strong> inclinação dos painéis iguais a 15°, 27° e 90°.<br />
4. RESULTADOS<br />
4.1 Potência nominal necessária<br />
Através do cálculo da potencia nominal (gerada a partir da radiação <strong>solar</strong>) necessária para aten<strong>de</strong>r ao<br />
consumo médio diário da edificação, po<strong>de</strong>-se estimar a área <strong>de</strong> painéis a ser instalada. Este cálculo<br />
mostra, <strong>de</strong> forma aproximada, a capacida<strong>de</strong> da edificação <strong>de</strong> manter-se autônoma, apenas fazendo uso<br />
energia <strong>solar</strong>, ou seja, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da energia da re<strong>de</strong> elétrica pública.<br />
Para realizar esta avaliação é necessário assumir e conhecer alguns condições iniciais. Primeiramente,<br />
tem-se como consumo médio diário da edificação, o valor do consumo anual dividido pelo total <strong>de</strong><br />
dias do ano. Este valor correspon<strong>de</strong> ao consumo médio <strong>de</strong> 546,3 kWh por dia. Outro dado<br />
indispensável é o ganho diário por radiação <strong>solar</strong>, a qual inci<strong>de</strong> no plano do arranjo fotovoltáico.<br />
Supondo a instalação dos painéis com um ângulo <strong>de</strong> inclinação igual a zero (posição horizontal) e com<br />
um <strong>de</strong>svio azimutal em relação ao norte <strong>de</strong> -17° (acompanhando a direção do telhado), o ganho médio<br />
total <strong>de</strong> radiação durante o dia para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, fornecido pelo programa Radiasol 2.1,<br />
correspon<strong>de</strong> a 4,253 kWh/m 2 por dia. Através da aplicação da Equação 1 <strong>de</strong>termina-se a potência<br />
nominal instalada (Pcc) necessária para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda da edificação.<br />
On<strong>de</strong>:<br />
Pcc = Potência média necessária (kWpcc);<br />
P<br />
cc<br />
( E )<br />
G poa<br />
[Eq. 1]<br />
R
E = Consumo médio diário durante o ano (kWh/dia);<br />
Gpoa = Ganho por radiação <strong>solar</strong>: média mensal do total diário (kWh/m 2 /dia);<br />
R = Rendimento do <strong>sistema</strong> (%).<br />
Desta forma, para um rendimento <strong>de</strong> aproximadamente 93% (valor que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
inversor <strong>de</strong> corrente utilizado), seria necessária uma geração <strong>solar</strong> <strong>de</strong> 138,1 kWpcc para aten<strong>de</strong>r as<br />
necessida<strong>de</strong>s diárias <strong>de</strong> consumo do <strong>pré</strong>dio. A partir <strong>de</strong>ste valor é possível verificar a área total a ser<br />
ocupada pelos painéis. Cada tecnologia <strong>de</strong> painel <strong>fotovoltaico</strong> possui diferentes graus <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong><br />
conversão, como nesta etapa do estudo ainda não <strong>de</strong>finiu-se qual tipo <strong>de</strong> equipamento será adotado,<br />
supõem-se, para efeito <strong>de</strong> estimativa, uma eficiência <strong>de</strong> 12% (alta eficiência). Assim, através da<br />
divisão da potencia média necessária pela eficiência do painel encontra-se uma área resultante<br />
(Equação 2), que é igual a 1151 m 2 .<br />
On<strong>de</strong>:<br />
P<br />
cc<br />
Atotal [Eq. 2]<br />
E ff<br />
Atotal = Área <strong>de</strong> painéis (m 2 );<br />
Pcc = Potência média necessária (kWpcc);<br />
Eff = Eficiência do painel (%).<br />
É possível notar que mesmo para um valor <strong>de</strong> eficiência alto e a utilização <strong>de</strong> toda área disponível na<br />
edificação para a aplicação <strong>de</strong> painéis (1052,6 m 2 ), não seria possível suprir a necessida<strong>de</strong> energética<br />
do <strong>pré</strong>dio. Deste modo, a seqüência do estudo tem como objetivo verificar o percentual <strong>de</strong> redução no<br />
consumo <strong>de</strong> energia elétrica vinda da re<strong>de</strong>, proporcionado pelo <strong>sistema</strong> <strong>fotovoltaico</strong> integrado nesta<br />
edificação.<br />
4.2 Características dos painéis<br />
Para realização do estudo, foram selecionados 4 mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> painéis <strong>fotovoltaico</strong>s disponíveis em uma<br />
base <strong>de</strong> dados internacional (PHOTON INTERNATIONAL, 2003). Estes quatro mo<strong>de</strong>los englobam<br />
três tecnologias <strong>de</strong> células fotovoltaicas <strong>de</strong> silício: policristalino, monoristalino e amorfo. Os<br />
principais critérios <strong>de</strong> escolha dos painéis foram a sua eficiência, dimensões, potência nominal, tensão<br />
e sua finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação. A Tabela 5 apresenta os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> painéis utilizados nas simulações<br />
<strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> geração.<br />
Tabela 5. Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> painéis utilizados<br />
Características<br />
A<br />
Painéis Selecionados<br />
B C D<br />
Fabricante Axitec Solon Alfa<strong>solar</strong><br />
Bekaert ECD Solar<br />
Systems<br />
Mo<strong>de</strong>lo AC-190P SOLON P200 Q6 alfa<strong>solar</strong> 120 M Uni-Solar US-64<br />
Tipo das células Policristalino Policristalino Monocristalino Amorfo<br />
Potência Nominal (W) 190 200 120 64<br />
Comprimento (m) 1,335 1,600 1,293 1,366<br />
Largura (m) 1,052 0,950 0,660 0,741<br />
Espessura (m) 0,035 0,042 0,035 0,32<br />
Eficiência (%) 13,5 13,2 14,1 6,3<br />
Voltagem MPP (V) 20,4 29,4 17,9 16,5<br />
Peso (kg) 15,9 17,0 11,8 9,17<br />
4.3 Alternativas <strong>de</strong> geração<br />
Para estimar a redução no consumo <strong>de</strong> energia elétrica da re<strong>de</strong> através da utilização do <strong>sistema</strong><br />
<strong>fotovoltaico</strong>, foram simuladas 5 alternativas <strong>de</strong> aplicações <strong>de</strong>scritas á seguir:<br />
Alternativa 1: aplicações <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo AC-190P, apenas na cobertura, direcionados para<br />
nor<strong>de</strong>ste (azimute 17°) e com inclinação <strong>de</strong> 15°.
Alternativa 2: aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo AC-190P, na cobertura, direcionados para nor<strong>de</strong>ste<br />
(azimute 17°) e com inclinação <strong>de</strong> 15°. Aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo SOLON P200 Q6, sobre os<br />
brises das fachadas su<strong>de</strong>ste, nor<strong>de</strong>ste e noroeste, com inclinação <strong>de</strong> 90° (vertical).<br />
Alternativa 3: aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo AC-190P, na cobertura, direcionados para nor<strong>de</strong>ste<br />
(azimute 17°) e com inclinação <strong>de</strong> 15°. Aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo SOLON P200 Q6, sobre os<br />
brises das fachadas su<strong>de</strong>ste, nor<strong>de</strong>ste e noroeste, com inclinação <strong>de</strong> 27°.<br />
Alternativa 4: aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo alfa<strong>solar</strong> 120 M, na cobertura, direcionados para<br />
nor<strong>de</strong>ste (azimute 17°), com inclinação <strong>de</strong> 15°. Aplicação <strong>de</strong> painéis sobre os brises das fachadas<br />
su<strong>de</strong>ste, nor<strong>de</strong>ste e noroeste, com inclinação <strong>de</strong> 90°.<br />
Alternativa 5: aplicação <strong>de</strong> painéis, mo<strong>de</strong>lo Uni-Solar US-64, na cobertura, direcionados para<br />
nor<strong>de</strong>ste (azimute 17°), com inclinação <strong>de</strong> 15°. Aplicação <strong>de</strong> painéis sobre os brises das fachadas<br />
su<strong>de</strong>ste, nor<strong>de</strong>ste e noroeste, com inclinação <strong>de</strong> 90°.<br />
Para estimativa inicial do número <strong>de</strong> painéis na cobertura, assumiu-se que estes ocupariam<br />
efetivamente 50% da área útil para sua instalação (316,2 m 2 ). O restante dá área foi <strong>de</strong>stinado ao<br />
espaço <strong>de</strong> circulação para manutenção do equipamento, e ao afastamento necessário para evitar o<br />
sombreamento causado pelos próprios painéis, <strong>de</strong>vido a sua inclinação.<br />
Nas fachadas, o formato dos brises (dimensões) permite a instalação <strong>de</strong> um único painel fotovoltáico<br />
por unida<strong>de</strong>. Porém, na fachada sudoeste não foi proposta a aplicação <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong>sta<br />
receber a menor incidência <strong>de</strong> radiação <strong>solar</strong> direta (posição geográfica <strong>de</strong>sfavorável) e também<br />
<strong>de</strong>vido as suas características arquitetônicas. Nesta fachada existem pare<strong>de</strong>s salientes, que formam o<br />
auditório do <strong>pré</strong>dio, gerando sombreamento nas áreas on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>riam ser instalados os painéis<br />
<strong>fotovoltaico</strong>s. Desta forma, optou-se por não utilizar este espaço, em função do seu baixo potencial <strong>de</strong><br />
geração energética.<br />
4.4 Redução do uso da energia da re<strong>de</strong><br />
A partir da área <strong>de</strong> painéis instalados na cobertura e nos brises, po<strong>de</strong>-se aplicar novamente as<br />
Equações 1 e 2, <strong>de</strong> maneira a obter-se a média diária <strong>de</strong> energia gerada pelo <strong>sistema</strong> ao longo <strong>de</strong> cada<br />
mês. A Tabela 6 mostra a estimativa dos valores <strong>de</strong> consumos mensais que po<strong>de</strong> ser suprido através da<br />
aplicação <strong>de</strong> cada uma das 5 alternativas propostas.<br />
Mês<br />
Tabela 6. Parcela do consumo atendida pela geração <strong>solar</strong> (alternativas 1 a 5)<br />
Consumo<br />
Alternativas <strong>de</strong> geração<br />
Médio<br />
1 2 3 4 5<br />
(kWh) (kWh) (%) (kWh) (%) (kWh) (%) (kWh) (%) (kWh) (%)<br />
Jan 16567 6596 39,8 8446 51,0 10300 62,2 8099 48,9 3698 22,3<br />
Fev 21285 5551 26,1 7135 33,5 8668 40,7 6832 32,1 3121 14,7<br />
Mar 21266 6014 28,3 7731 36,4 9387 44,1 7403 34,8 3381 15,9<br />
Abr 19532 5583 28,6 7275 37,2 8714 44,6 6931 35,5 3170 16,2<br />
Mai 16465 5008 30,4 6669 40,5 7819 47,5 6304 38,3 2889 17,5<br />
Jun 13004 3916 30,1 5253 40,4 6120 47,1 4952 38,1 2271 17,5<br />
Jul 13980 3959 28,3 5274 37,7 6186 44,2 4984 35,7 2284 16,3<br />
Ago 12750 4482 35,2 5862 46,0 6996 54,9 5577 43,7 2552 20,0<br />
Set 12683 4399 34,7 5765 45,5 6876 54,2 5481 43,2 2508 19,8<br />
Out 16906 5085 30,1 6648 39,3 7952 47,0 6326 37,4 2894 17,1<br />
Nov 14133 6640 47,0 8439 59,7 10365 73,3 8115 57,4 3702 26,2<br />
Dez 19450 7442 38,3 9372 48,2 11608 59,7 9043 46,5 4122 21,2<br />
Total 198019 64677 32,7 83869 42,4 100991 51,0 80045 40,4 36593 18,5
Na Figura 9 po<strong>de</strong>-se observar <strong>de</strong> maneira mais clara a parcela da <strong>de</strong>manda mensal <strong>de</strong> energia que é<br />
atendida através <strong>de</strong> cada alternativa analisada. Nota-se que a variação do consumo entre os meses <strong>de</strong><br />
verão e inverno é mais acentuada que a variação da geração <strong>solar</strong>, o que explica o fato <strong>de</strong> que durante<br />
alguns meses com intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação <strong>solar</strong> alta (fevereiro e março) o percentual do consumo<br />
atendido seja inferior aos <strong>de</strong>mais.<br />
kWh<br />
25000<br />
20000<br />
15000<br />
10000<br />
5000<br />
0<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
Consumo Médio Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3 Alternativa 4 Alternativa 5<br />
Figura 9. Consumo x Geração Solar (alternativas 1 a 5)<br />
Comparando o percentual <strong>de</strong> consumo atendido pela alternativa 1 (painéis apenas na cobertura ) às<br />
alternativas 2 e 3, percebe-se que a aplicação dos painéis nas fachadas (sobre os brises) tem um<br />
impacto significativo na geração. Esta parcela chega a quase 10% do consumo <strong>de</strong> edificação quando<br />
os painéis são instalados na posição vertical (alternativa 2), e a aproximadamente 18% quando<br />
instalados com uma inclinação <strong>de</strong> 27° (alternativa 3).<br />
Embora a hipótese <strong>de</strong> instalação dos painéis sobre os brises com uma inclinação <strong>de</strong> 27° (alternativa 3),<br />
tenha conduzido a melhores resultados, é importante consi<strong>de</strong>rar que construtivamente a sua instalação<br />
seria mais complexa no que se refere a estrutura <strong>de</strong> suporte, e também em relação a análise do<br />
sombreamento entre os próprios painéis. Além disso, haveria um maior impacto visual e estético sobre<br />
a edificação.<br />
Po<strong>de</strong>-se observar que a eficiência do painel é um fator muito importante para o <strong>de</strong>sempenho do<br />
<strong>sistema</strong> fotovoltáico, porém é necessário analisar também a influência da distribuição dos mesmos.<br />
Isto po<strong>de</strong> ser notado na alternativa 4, on<strong>de</strong> a tecnologia do painel proporciona uma maior eficiência no<br />
aproveitamento da radiação <strong>solar</strong> do que os <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los consi<strong>de</strong>rados. No entanto, a característica<br />
construtiva dos brises (dimensões unitárias) e o formato do próprio painel limitou a sua aplicação. Já<br />
na alternativa 5, fica evi<strong>de</strong>nte que a baixa eficiência do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> painel amorfo foi o principal<br />
<strong>de</strong>terminante no seu <strong>de</strong>sempenho.<br />
4.5 Aplicação <strong>de</strong> painéis<br />
Com base no percentual <strong>de</strong> redução da utilização da energia da re<strong>de</strong> e também na maior facilida<strong>de</strong><br />
construtiva, consi<strong>de</strong>rou-se a alternativa 2 como sendo a mais conveniente para implantação do <strong>sistema</strong><br />
<strong>fotovoltaico</strong>. A Tabela 7 mostra um resumo com as áreas <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> painéis (cobertura e brises) e<br />
o número <strong>de</strong> painéis utilizados.
Tabela 7. Aplicação <strong>de</strong> painéis (cobertura e brises)<br />
Área útil<br />
Área n°<br />
(m²) Mo<strong>de</strong>lo<br />
Cobertura<br />
Painel<br />
Área unitária<br />
Orientação Inclinação<br />
(m²)<br />
N° <strong>de</strong><br />
painéis<br />
Área ocupada<br />
(m²) (%)<br />
1 51,5 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 16 22,5 43,6<br />
2 129,7 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 46 64,6 49,8<br />
3 129,7 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 46 64,6 49,8<br />
4 39,2 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 14 19,7 50,2<br />
5 33,0 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 12 16,9 51,1<br />
6 16,0 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 6 8,4 52,8<br />
7 10,6 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 4 5,6 52,9<br />
8 97,1 AC-190P Sudoeste 15 ° 1,40 34 47,8 49,2<br />
9 135,5 AC-190P Nor<strong>de</strong>ste 15 ° 1,40 54 75,8 56,0<br />
10 3,0 0 0,0 0,0<br />
Total 645,3 232 325,8 50,5<br />
Área útil<br />
Fachada<br />
(m²) Mo<strong>de</strong>lo<br />
Brises<br />
Painel<br />
Área unitária<br />
Orientação Inclinação<br />
(m²)<br />
N° <strong>de</strong><br />
painéis<br />
Área ocupada<br />
(m²) (%)<br />
Nor<strong>de</strong>ste 90,2 SOLON P200 Q6 Nor<strong>de</strong>ste 90° 1,52 50 76,0 84,3<br />
Noroeste 66,7 SOLON P200 Q6 Noroeste 90° 1,52 37 56,2 84,3<br />
Su<strong>de</strong>ste 66,7 SOLON P200 Q6 Su<strong>de</strong>ste 90° 1,52 37 56,2 84,3<br />
Total 223,7 124 188,5 84,3<br />
Devido as dimensões do painel e da inclinação adotada, existe um sombreamento causado pelo próprio<br />
painel. Este sombreamento <strong>de</strong>ve ser levado em consi<strong>de</strong>ração durante a instalação, sendo necessário a<br />
aplicação <strong>de</strong> um espaçamento mínimo entre as linhas consecutivas <strong>de</strong> painéis.<br />
A partir dos valores <strong>de</strong> azimute <strong>solar</strong> e altura <strong>solar</strong> para a latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, em diferentes<br />
horários (das 8:00 as 16:00 horas) e épocas do ano (<strong>de</strong>zembro, março/setembro e junho), <strong>de</strong>terminouse<br />
o comprimento <strong>de</strong> sombra projetado pela inclinação dos painéis instalados na cobertura. Verificouse<br />
que um espaçamento mínimo <strong>de</strong> 90 cm, permitiria que os painéis <strong>de</strong> uma fileira não causassem<br />
sombreamento sobre parte das fileiras subseqüentes, durante um período <strong>de</strong> mínimo <strong>de</strong> 8 horas diárias,<br />
na maior parte do ano.<br />
A Figura 10 apresenta um esquema com a projeção dos painéis distribuídos na área <strong>de</strong> cobertura da<br />
edificação, respeitando o limite do sombreamento causado pelo reservatório <strong>de</strong> água e o espaçamento<br />
mínimo entre os painéis. Na Figura 11 po<strong>de</strong>-se observar uma representação, com uma imagem do<br />
resultado visual que teria a aplicação dos painéis nas fachadas.
Área<br />
sombreada<br />
Figura 10. Planta <strong>de</strong> cobertura - Projeção da distribuição dos painéis (Sem escala)<br />
5. CONCLUSÕES<br />
Figura 11. Exemplo da distribuição dos painéis nas fachadas (fachada nor<strong>de</strong>ste)<br />
Com o crescente aumento da preocupação em relação aos aspectos ambientais, maior eficiência<br />
energética e a busca <strong>de</strong> novas soluções para geração <strong>de</strong> energia, os <strong>sistema</strong>s <strong>solar</strong>es <strong>fotovoltaico</strong>s<br />
integrados ao edifício e interligados à re<strong>de</strong> elétrica estão se tornando uma alternativa promissora para o<br />
futuro das edificações.<br />
Existem atualmente diversas marcas e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> painéis <strong>solar</strong>es disponíveis no mercado, o que<br />
proporciona flexibilida<strong>de</strong> para sua aplicação em edificações novas ou já existentes. Apesar disso, o<br />
aspecto construtivo da edificação tem gran<strong>de</strong> influência sobre o projeto do <strong>sistema</strong> fotovoltáico.<br />
A área útil para a aplicação dos painéis <strong>de</strong>ve ser analisada com cuidado. É importante evitar a<br />
colocação dos painéis em regiões que sejam encobertas ou que sofram um sombreamento acentuado<br />
<strong>de</strong>vido à obstruções, pois isto reduz o potencial <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong> radiação <strong>solar</strong>.
Segundo as consi<strong>de</strong>rações adotadas neste estudo, a existência <strong>de</strong> um reservatório <strong>de</strong> água acima do<br />
nível da cobertura do <strong>pré</strong>dio, causou uma redução <strong>de</strong> aproximadamente 20% (157,90 m 2 ) da área <strong>de</strong><br />
cobertura com possibilida<strong>de</strong> para instalações <strong>de</strong> painéis. Também, verificou-se que até 51% da energia<br />
elétrica vinda da re<strong>de</strong> pública po<strong>de</strong>ria ser substituída pela energia gerada a partir do <strong>sistema</strong><br />
<strong>fotovoltaico</strong>.<br />
A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> painéis com inclinação igual a latitu<strong>de</strong> local e direcionados para a<br />
orientação norte (normalmente consi<strong>de</strong>rado a alternativa “ótima” <strong>de</strong> geração), não mostrou ser uma<br />
boa opção. Após uma análise da distribuição dos painéis, observou-se que <strong>de</strong>vido as características<br />
construtivas do telhado e também ao maior espaçamento que seria necessário entre os painéis, o<br />
número dos mesmos seria reduzido em aproximadamente 25% quando comparado a alternativa 2. Esta<br />
redução não po<strong>de</strong>ria ser compensada, em termos <strong>de</strong> geração visto que o aumento no ganho com<br />
radiação <strong>solar</strong>, para a orientação norte e inclinação 27°, seria <strong>de</strong> apenas 2,4% em relação à inclinação<br />
15° e orientação nor<strong>de</strong>ste (alternativa 2).<br />
A eficiência do painel fotovoltáico é um importante fator <strong>de</strong> escolha, no entanto, outras aspectos<br />
também <strong>de</strong>vem ser analisados, tais como, a integração com a edificação, a resistência a altas<br />
temperaturas, custo dos painéis, <strong>de</strong>sgaste e outras implicações técnicas.<br />
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OLIVEIRA, S. H. F. Geração Distribuída <strong>de</strong> Eletricida<strong>de</strong>: inserção <strong>de</strong> edificações fotovoltaicas<br />
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RODRIGUES, C. Mecanismos regulatórios, tarifários e econômicos na geração distribuída: o<br />
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<strong>de</strong> Campinas, Campinas, 2002.<br />
RUTHER, R. Instalações <strong>solar</strong>es fotovoltaicas integradas a edificações urbanas e interligadas à<br />
re<strong>de</strong> elétrica pública. Florianópolis, 2000.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agra<strong>de</strong>cem aos órgãos nacionais <strong>de</strong> fomento à pesquisa (CNPq – Conselho Nacional <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento Científico e Tecnológico; CAPES – Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong><br />
Nível Superior ) pelo apoio prestado durante o período <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho. Também<br />
ao CREA-SC pela colaboração e disposição no fornecimento dos dados relativos a edificação.