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O MT do arquivo Geisel - Sistema de Bibliotecas da FGV - Fundação ...

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GOMES, Ângela <strong>de</strong> Castro. Abertura política e controle sindical: trabalho e trabalha<strong>do</strong>res no<br />

<strong>arquivo</strong> Ernesto <strong>Geisel</strong> . In: DOSSIÊ <strong>Geisel</strong> / Celso Castro e Maria Celina D'Araujo, organiza<strong>do</strong>res;<br />

Alzira Alves <strong>de</strong> Abreu...[et al]. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Fun<strong>da</strong>ção Getulio Vargas, 2002. p.105-120<br />

Abertura política e controle sindical:<br />

Trabalho e trabalha<strong>do</strong>res no <strong>arquivo</strong> Ernesto <strong>Geisel</strong><br />

1- Um pouco <strong>de</strong> história...<br />

Centro <strong>de</strong> Pesquisa e Documentação <strong>de</strong> História Contemporânea <strong>do</strong> Brasil – CPDOC / <strong>FGV</strong> – www.cp<strong>do</strong>c.fgv.br<br />

Angela <strong>de</strong> Castro Gomes<br />

As questões que envolvem a organização <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho em um país, ou seja,<br />

as relações legais que vão presidir os contratos firma<strong>do</strong>s entre patrões e emprega<strong>do</strong>s e to<strong>da</strong><br />

a série <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres que ca<strong>da</strong> parte assume perante a outra, e perante o Esta<strong>do</strong> e a<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, costuma ser uma parte fun<strong>da</strong>mental e também conflitiva <strong>da</strong> história que nos<br />

habituamos a chamar <strong>de</strong> acesso à ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. No caso, <strong>de</strong> uma dimensão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

vincula<strong>da</strong> aos direitos sociais (diferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s civis e políticos, mas a eles vincula<strong>do</strong>s),<br />

que dizem respeito, por exemplo, à educação e à saú<strong>de</strong>, mas que também, em gran<strong>de</strong> parte,<br />

ancoram-se nos “direitos <strong>do</strong> trabalho”. Esses direitos, por sua vez, abarcam uma série <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>mínios, pois po<strong>de</strong>m significar a criação <strong>de</strong> normas regula<strong>do</strong>ras para aqueles que estão<br />

trabalhan<strong>do</strong> (horários, férias, salários etc) e para aqueles que não mais trabalham<br />

(aposenta<strong>do</strong>rias, pensões etc), além <strong>de</strong> incluir questões <strong>da</strong> organização <strong>do</strong> próprio mun<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> trabalho e <strong>de</strong> suas manifestações (associações <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> patrões, greves etc).<br />

Um conjunto numeroso e diferencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> questões práticas e absolutamente cruciais para a<br />

organização econômica, social e política <strong>de</strong> qualquer país, que precisam ser<br />

institucionaliza<strong>da</strong>s legalmente.<br />

Internacionalmente, esse processo exigiu o aparecimento <strong>de</strong> instâncias formais que se<br />

especializassem no trato <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> trabalho, com <strong>de</strong>staque para aquelas <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, ator relevante na instituição <strong>de</strong>sses direitos, bem como em sua fiscalização e<br />

permanente transformação. Por tal razão, um momento importante na constituição <strong>do</strong>s<br />

1


direitos <strong>do</strong> trabalho na história <strong>de</strong> um país é o <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> uma instância governamental<br />

<strong>de</strong> âmbito nacional especialmente encarrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> enfrentar e regulamentar tais direitos: o<br />

ministério <strong>do</strong> Trabalho. Mas como os direitos <strong>do</strong> trabalho se transformam, geralmente<br />

expandin<strong>do</strong>-se para abarcar um maior número <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res ou para reconhecer novas<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>s sociais, os ministérios <strong>do</strong> Trabalho também se transformam, assumin<strong>do</strong> formatos<br />

organizacionais diversos e postulan<strong>do</strong> para si objetivos específicos, conforme a conjuntura<br />

histórica nacional e internacional que atravessa sua atuação.<br />

No Brasil não foi diferente. 1 O primeiro ministério <strong>de</strong>sse tipo nasceu como um<br />

Ministério <strong>do</strong> Trabalho, Indústria e Comércio. 2 Ele foi um <strong>do</strong>s principais e mais simbólicos<br />

atos <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> Revolução <strong>de</strong> 1930, que assinalou o fim <strong>da</strong> República “Velha”, conforme<br />

terminologia <strong>do</strong>s próprios “revolucionários”. “Velha”, para eles, entre outras razões,<br />

porque não encarava questões “novas” como a <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> instauração <strong>de</strong> direitos<br />

sociais, entre os quais os <strong>do</strong> trabalho, fun<strong>da</strong>mentais para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um país que<br />

precisava se mo<strong>de</strong>rnizar. 3 Tarefa urgente e que, para os dirigentes políticos <strong>do</strong> momento,<br />

cumpria ao Esta<strong>do</strong> li<strong>de</strong>rar. Economia, trabalho e mo<strong>de</strong>rnização eram a tría<strong>de</strong> que presidia o<br />

novo ministério não casualmente reunin<strong>do</strong> sob a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> os “emprega<strong>do</strong>s e os<br />

emprega<strong>do</strong>res”, também segun<strong>do</strong> a terminologia que se consagra na época. O Ministério <strong>do</strong><br />

Trabalho, Indústria e Comércio, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Educação e Saú<strong>de</strong>, ambos<br />

ministérios revolucionários, marcavam, no Brasil, o início <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> tanto <strong>de</strong> forte<br />

intervenção estatal, quanto <strong>de</strong> efetiva implementação <strong>de</strong> direitos sociais.<br />

Até os anos 1960, atravessan<strong>do</strong> os anos <strong>da</strong> experiência liberal-<strong>de</strong>mocrática inicia<strong>da</strong> em<br />

1945, quan<strong>do</strong> a força <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> recua, mas os direitos sociais são manti<strong>do</strong>s ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

políticos, esse é o formato <strong>da</strong> pasta. A primeira alteração que ela vai sofrer <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> fins <strong>do</strong><br />

governo Juscelino Kubitschek e vincula-se à aprovação <strong>da</strong> Lei Orgânica <strong>da</strong> Previdência<br />

1 Uma pequena trajetória <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho está em Angela <strong>de</strong> Castro Gomes, “O ministério <strong>da</strong><br />

revolução”, em Angela <strong>de</strong> Castro Goems (org.), Trabalho e previdência social: sessenta anos em <strong>de</strong>bate, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, <strong>FGV</strong>, 1992.<br />

2 A Revolução <strong>de</strong> 1930 começou no dia 3 <strong>de</strong> outubro, e a criação <strong>do</strong> ministério é feita pelo Decreto-lei n.<br />

19.433 em 26 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1930, portanto menos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is meses após a irrupção <strong>da</strong> revolta.<br />

3 Durante a chama<strong>da</strong> República Velha houve luta <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res por leis que regulassem o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho, resistências <strong>do</strong> patronato, e <strong>de</strong>bates no Congresso, com a aprovação <strong>de</strong> algumas importantes<br />

medi<strong>da</strong>s legislativas, ain<strong>da</strong> que elas fossem muito <strong>de</strong>srespeita<strong>da</strong>s. Entre elas uma lei <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho,<br />

a fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Caixas <strong>de</strong> Aposenta<strong>do</strong>rias e Pensões para ferroviários, um Código <strong>de</strong> Menores, uma lei <strong>de</strong><br />

férias e também a criação <strong>de</strong> um Departamento Nacional <strong>do</strong> Trabalho. To<strong>da</strong>s essas iniciativas são<br />

sistematicamente obscureci<strong>da</strong>s pelos políticos <strong>do</strong> pós-1930, que formulam um discurso no qual só após a<br />

Revolução <strong>de</strong> 1930, a “questão social” foi enfrenta<strong>da</strong> no Brasil.<br />

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Social, que tramitou no Congresso Nacional por treze anos, <strong>de</strong> 1947 a 1960. Com sua<br />

aprovação, o “ministério <strong>da</strong> revolução” <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra-se em <strong>do</strong>is: o <strong>da</strong> Indústria e Comércio e o<br />

<strong>do</strong> Trabalho e Previdência Social. Esse novo formato indicava o crescimento <strong>da</strong><br />

importância <strong>da</strong>s questões <strong>da</strong> previdência social no Brasil, processo que não será<br />

interrompi<strong>do</strong> pelo movimento militar que eclo<strong>de</strong> em 1964, inauguran<strong>do</strong> uma nova<br />

experiência <strong>de</strong> autoritarismo no país. É no curso <strong>de</strong>ssa experiência, precisamente quan<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

chega<strong>da</strong> à presidência <strong>do</strong> general Ernesto <strong>Geisel</strong>, em 1974, que a pasta sofre uma nova<br />

alteração. Desta feita e ain<strong>da</strong> em função <strong>do</strong> crescente espaço que as questões<br />

previ<strong>de</strong>nciárias vinham ganhan<strong>do</strong>, ela se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra mais uma vez: Trabalho sob um<br />

coman<strong>do</strong> e Previdência e Assistência Social sob outro. No dia 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1974, logo, no<br />

Dia <strong>do</strong> Trabalho, o presi<strong>de</strong>nte anunciou sua primeira medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> peso nessa área tão<br />

estratégica para as relações entre Esta<strong>do</strong> e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Um pouco antes, contu<strong>do</strong>, em 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1974, um novo ministro assumia a antiga<br />

pasta, inclusive para conduzir seu <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento, que <strong>de</strong>veria se realizar o mais breve<br />

possível. Era Arnal<strong>do</strong> Prieto, gaúcho, forma<strong>do</strong> em engenharia e com experiência política<br />

que <strong>da</strong>tava <strong>do</strong>s anos 1940, como verea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Democrata Cristão (PDC). Mas sua<br />

carreira só <strong>de</strong>slanchara nos anos 1960, quan<strong>do</strong> foi Secretário <strong>do</strong> Trabalho e Habitação <strong>de</strong><br />

Il<strong>do</strong> Meneghetti, governa<strong>do</strong>r eleito pelo Parti<strong>do</strong> Social Democrata (PSD) <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul, um opositor ferrenho <strong>do</strong> então presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República João Goulart, também gaúcho,<br />

mas <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Trabalhista Brasileiro (PTB). Com o movimento <strong>de</strong> 1964, que <strong>de</strong>rruba<br />

Jango, e com o AI-2 (<strong>de</strong> 1965), que dissolve o sistema partidário vigente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1945, Prieto<br />

filia-se à Aliança Renova<strong>do</strong>ra Nacional, Arena, elegen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral para o<br />

man<strong>da</strong>to <strong>de</strong> 1965-74. É nesse momento, quan<strong>do</strong> era uma <strong>da</strong>s principais li<strong>de</strong>ranças <strong>do</strong><br />

parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo, que é escolhi<strong>do</strong> por <strong>Geisel</strong> para a chefia <strong>do</strong> ministério.<br />

Prieto assume em contexto não muito favorável. Os anos <strong>de</strong> 1973-74 são os <strong>do</strong><br />

conheci<strong>do</strong> “primeiro choque <strong>do</strong> petróleo”, que <strong>de</strong>sestabiliza a economia internacional e é<br />

uma espécie <strong>de</strong> marco <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “milagre brasileiro”. Além disso e também por<br />

isso, segun<strong>do</strong> a própria expectativa <strong>do</strong>s atores políticos envolvi<strong>do</strong>s no ministério, esperava-<br />

se um certo reaparecimento <strong>de</strong> “oposições” ao regime militar, inclusive e com <strong>de</strong>staque na<br />

área trabalhista e sindical. Aliás, um <strong>do</strong>s argumentos que se vislumbra na <strong>do</strong>cumentação<br />

sobre a conveniência <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>da</strong> pasta é a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o ministro concentrar-<br />

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se em “questões trabalhistas”, afastan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s numerosas e complexas “questões<br />

previ<strong>de</strong>nciárias”.<br />

A centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> e importância políticas <strong>de</strong>ssa expectativa só po<strong>de</strong>m ser dimensiona<strong>da</strong>s<br />

em função <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo <strong>Geisel</strong>, que era o <strong>de</strong> realizar uma<br />

“abertura lenta e gradual” <strong>do</strong> regime, preparan<strong>do</strong> o terreno para uma “futura e segura” saí<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> cena <strong>do</strong>s militares. Algo que po<strong>de</strong>ria ser aproxima<strong>do</strong> <strong>da</strong> gerência política <strong>de</strong> Vargas na<br />

primeira meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos 1940, quan<strong>do</strong> conduziu transformações no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Novo, transformações que envolveram uma estratégica interlocução com os trabalha<strong>do</strong>res,<br />

patrões e seus sindicatos. Guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as proporções e diferenças <strong>de</strong> conjuntura, o<br />

mesmo tipo <strong>de</strong> cui<strong>da</strong><strong>do</strong> povoava as mentes <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte, <strong>do</strong> ministro e <strong>de</strong> seus assessores.<br />

O espaço sindical e trabalhista tinha que receber atenção muito especial em função <strong>do</strong>s<br />

graves problemas <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong> conveniência <strong>de</strong> flexibilização <strong>de</strong> controles explícitos,<br />

alia<strong>do</strong>s, contu<strong>do</strong>, à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção <strong>da</strong> vigilância política, que impedisse o<br />

retorno <strong>da</strong> subversão e <strong>da</strong> ameaça comunista.<br />

2- O Ministério <strong>do</strong> Trabalho no <strong>arquivo</strong> priva<strong>do</strong> <strong>Geisel</strong><br />

O que se procurará realizar nesse texto é uma espécie <strong>de</strong> mapeamento <strong>do</strong> material<br />

<strong>do</strong>cumental disponível no <strong>arquivo</strong> priva<strong>do</strong> <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>Geisel</strong>, referente à gestão <strong>de</strong><br />

Arnal<strong>do</strong> Prieto no Ministério <strong>do</strong> Trabalho. A <strong>do</strong>cumentação está reuni<strong>da</strong> em cinco pastas,<br />

sen<strong>do</strong> assim pouco volumosa. Nelas existem, praticamente, apenas as Agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

Despacho entre o ministro e o presi<strong>de</strong>nte, o que significa um conjunto <strong>de</strong> temas a serem<br />

trata<strong>do</strong>s entre ambos, quinzenalmente. A composição <strong>do</strong> material é a <strong>de</strong> uma listagem<br />

inicial – espécie <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> assuntos – , segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> um brevíssimo resumo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> item<br />

elenca<strong>do</strong> anteriormente. Esse material foi certamente prepara<strong>do</strong> sob supervisão direta <strong>do</strong><br />

ministro e reti<strong>do</strong> por <strong>Geisel</strong> junto à sua própria <strong>do</strong>cumentação.<br />

A questão, para o pesquisa<strong>do</strong>r, é que na maioria absoluta <strong>da</strong>s vezes, to<strong>do</strong>s os assuntos<br />

agen<strong>da</strong><strong>do</strong>s e resumi<strong>do</strong>s, não são acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>cumentação anexa e/ou<br />

complementar, mesmo quan<strong>do</strong>, pelos rápi<strong>do</strong>s resumos, fica-se saben<strong>do</strong> que ela existia e<br />

constituía parte fun<strong>da</strong>mental <strong>do</strong> <strong>de</strong>spacho. Isso ocorre, por exemplo, quan<strong>do</strong> o ministro<br />

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encaminha resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trabalhos realiza<strong>do</strong>s por comissões, relatórios sobre eventos ou<br />

mesmo quan<strong>do</strong> anexa número <strong>de</strong> jornais, como o <strong>da</strong> Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>do</strong>s<br />

Trabalha<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Indústria (CNTI), para serem examina<strong>do</strong>s pelo presi<strong>de</strong>nte. A inexistência<br />

<strong>de</strong>sses anexos, portanto, empobrece muito essa <strong>do</strong>cumentação. Por que esse tipo <strong>de</strong><br />

ausência ocorre, é impossível saber exatamente. Po<strong>de</strong>-se especular um pouco, até porque<br />

nos fun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentais referentes a outros ministérios, isso não acontece <strong>de</strong> maneira tão<br />

cabal, quanto na pasta <strong>do</strong> Trabalho. Mas para além disso, po<strong>de</strong>-se afirmar que foram<br />

manti<strong>da</strong>s, rigorosamente, to<strong>da</strong>s as agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spachos.<br />

De to<strong>da</strong> a forma, isso torna essa <strong>do</strong>cumentação pobre e extremamente fragmenta<strong>da</strong>, não<br />

possibilitan<strong>do</strong> ao pesquisa<strong>do</strong>r recolher material mais substancioso ou fazer reflexões mais<br />

seguras. Ela po<strong>de</strong>, portanto, funcionar mais como um material paralelo e complementar, e<br />

não como um núcleo <strong>do</strong>cumental central para o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> uma questão formula<strong>da</strong> para<br />

investigação. Justamente por isso, o trabalho com a <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> ministério foi árduo e<br />

difícil. A única estratégica pensa<strong>da</strong> como possível foi a <strong>de</strong> realizar um mapeamento <strong>de</strong><br />

temas mais constantes e importantes, que se prestasse a orientar futuras pesquisas, e não a<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> algum tema que emergisse <strong>da</strong> <strong>do</strong>cumentação impon<strong>do</strong>-se ao olhar <strong>do</strong><br />

investiga<strong>do</strong>r. Para tanto, as agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spachos foram li<strong>da</strong>s uma a uma, sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s<br />

anotações que permitissem, posteriormente, um esforço <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> incidências<br />

(quantitativas e qualitativas) <strong>de</strong> assuntos trata<strong>do</strong>s. Feito isso, os temas que se apresentaram<br />

mais constantes foram analisa<strong>do</strong>s e arranja<strong>do</strong>s em seu <strong>de</strong>senrolar pelas agen<strong>da</strong>s, o que lhes<br />

<strong>de</strong>u uma certa periodização e relevância. É exatamente isso que se irá apresentar, a partir<br />

<strong>da</strong>qui, ao leitor.<br />

3- Os <strong>de</strong>spachos e seus temas<br />

O primeiro tema que se impõe é o <strong>do</strong> próprio <strong>de</strong>smembramento <strong>do</strong> ministério. Fica-se<br />

então saben<strong>do</strong> que Prieto consi<strong>de</strong>ra fun<strong>da</strong>mental que o governo, imediatamente após a<br />

medi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ixe claro que vai tomar providências importantes na área trabalhista, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o<br />

novo ministério concentrar-se em algumas metas mais específicas como: o aprimoramento<br />

<strong>da</strong> formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra; questões <strong>de</strong> higiene, medicina e segurança <strong>do</strong> trabalho; o<br />

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eaparelhamento <strong>da</strong>s <strong>de</strong>legacias Regionais <strong>do</strong> Trabalho; a maior atenção aos órgãos <strong>de</strong><br />

fiscalização profissional; e finalmente, maior assistência às organizações sindicais. 4<br />

Além disso, em função <strong>do</strong> <strong>de</strong>smembramento, o ministério vai sofrer to<strong>da</strong> uma<br />

reestruturação administrativa, inclusive com a criação <strong>de</strong> novas Secretarias, como a <strong>de</strong><br />

Emprego e Salários e a <strong>de</strong> Relações <strong>de</strong> Trabalho. O que é interessante, contu<strong>do</strong>, é constatar,<br />

pelo acompanhamento <strong>da</strong>s agen<strong>da</strong>s, como esse processo <strong>de</strong> reorganização foi lento,<br />

chegan<strong>do</strong> a cobrir praticamente to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo <strong>Geisel</strong>. Assim, vê-se que apenas<br />

em março <strong>de</strong> 1977 a SEPLAN aprovou efetivamente uma nova estrutura para o ministério,<br />

já existente e em funcionamento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1974. Mas até abril <strong>de</strong> 1978, a<br />

implementação <strong>de</strong>sse estrutura foi posterga<strong>da</strong> por recomen<strong>da</strong>ção explícita <strong>do</strong> próprio<br />

<strong>Geisel</strong>, que não aceitava a criação <strong>de</strong> novos órgãos na administração pública. Por<br />

conseguinte, apenas em maio <strong>de</strong> 1978 o ministro Prieto recebeu autorização presi<strong>de</strong>ncial<br />

para implementar a nova estrutura burocrática proposta e aprova<strong>da</strong>. Contu<strong>do</strong>, ficam<br />

pen<strong>de</strong>ntes alguns problemas, em função <strong>da</strong>s novas <strong>de</strong>spesas cria<strong>da</strong>s, o que indica<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s ain<strong>da</strong> existentes para a plena efetivação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo ministerial, após quatro<br />

anos <strong>de</strong> funcionamento. 5<br />

Outro tema <strong>de</strong> importância inequívoca é o que trata <strong>da</strong> representação brasileira na<br />

Organização Internacional <strong>do</strong> Trabalho, a OIT. A <strong>do</strong>cumentação revela a preocupação <strong>do</strong><br />

governo com essa organização, o que se traduz, por exemplo, pela presença <strong>do</strong> país em<br />

to<strong>da</strong>s as conferências ocorri<strong>da</strong>s entre 1974 e 1979 e, principalmente, pelo interesse <strong>do</strong><br />

próprio presi<strong>de</strong>nte em que o Brasil nela ocupasse lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. Com tal objetivo, to<strong>da</strong><br />

uma estratégia será monta<strong>da</strong>, envolven<strong>do</strong> a presidência <strong>da</strong> República e os ministérios <strong>do</strong><br />

Trabalho e <strong>da</strong>s Relações Exteriores.<br />

A figura chave nessa questão <strong>de</strong> política nacional e internacional, mas não apenas nela,<br />

como se verá, é o ministro <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> Trabalho (TST), Arnal<strong>do</strong> Sussekind.<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> <strong>Geisel</strong> e <strong>de</strong> Sussekind, 6 teria si<strong>do</strong> o <strong>de</strong>le o nome cogita<strong>do</strong> para a<br />

pasta <strong>do</strong> Trabalho. Mas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pessoal, o convite não foi aceito. Ex-<br />

ministro <strong>do</strong> governo Castelo Branco, Arnal<strong>do</strong> Sussekind tinha íntima convivência com tu<strong>do</strong><br />

4 Arquivo <strong>Geisel</strong>, Pasta I-9, Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 27/7/1974.<br />

5 Arquivo <strong>Geisel</strong>, Pasta V-5, Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 11/5/1978.<br />

6 Maria Celina D’Araújo e Celso Castro, <strong>Geisel</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>FGV</strong>, 1997, p. 267 e Depoimento oral<br />

concedi<strong>do</strong> a Angela <strong>de</strong> Castro Gomes e Elina Pessanha por Arnal<strong>do</strong> Sussekind, maio/junho <strong>de</strong> 2000 (inédito).<br />

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o que era afeito ao direito <strong>do</strong> trabalho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1930-40, quan<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> muito<br />

jovem, integrara a comissão que elaborou a Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Leis <strong>do</strong> Trabalho, a CLT, em<br />

1943. Experimenta<strong>do</strong> igualmente em assuntos <strong>do</strong> gênero em fóruns internacionais,<br />

Sussekind, naquele momento, integrava a Comissão <strong>de</strong> Peritos <strong>da</strong> OIT, isto é, uma<br />

comissão <strong>de</strong> teor técnico, forma<strong>da</strong> por pessoas <strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong> saber jurídico em matéria<br />

trabalhista.<br />

Segun<strong>do</strong> a <strong>do</strong>cumentação <strong>da</strong>s agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spachos <strong>do</strong> ministério, secun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e<br />

enriqueci<strong>da</strong>s pelo relato <strong>de</strong> Sussekind, po<strong>de</strong>-se acompanhar o seguinte <strong>de</strong>senrolar. Ain<strong>da</strong><br />

em inícios <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1974, o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República chama o ministro <strong>do</strong> TST para uma<br />

conversa e lhe pergunta por que o Brasil não tomava parte <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong> Administração<br />

(CA) <strong>da</strong> OIT, se era um <strong>de</strong> seus primeiros membros e importante país latino-americano. A<br />

resposta <strong>de</strong> Sussekind foi simples e imediata: porque o Brasil não fora eleito, o que teria<br />

surpreendi<strong>do</strong> <strong>Geisel</strong>.<br />

Nesse ponto é interessante chamar atenção para <strong>do</strong>is pontos. O primeiro consiste em<br />

enten<strong>de</strong>r o que é esse Conselho <strong>de</strong> Administração. Ele é a instância mais importante <strong>da</strong><br />

OIT, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a uma direção colegia<strong>da</strong> e restrita <strong>de</strong>ssa organização. O CA é<br />

integra<strong>do</strong> por <strong>de</strong>z países membros não eletivos e por 18 países membros eleitos para um<br />

man<strong>da</strong>to que se renova <strong>de</strong> três em três anos. A eleição segue uma lógica <strong>de</strong> representação<br />

continental e orienta-se por um gentleman agreenement, uma vez que as indicações<br />

realiza<strong>da</strong>s pelos integrantes <strong>de</strong> uma região costumam ser aceitas pela OIT. O segun<strong>do</strong><br />

aspecto é o <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> <strong>Geisel</strong>, que estva evi<strong>de</strong>ntemente disposto a realizar esforços<br />

para que o Brasil fosse ao CA <strong>da</strong> OIT. Esse ponto é mais difícil <strong>de</strong> explicar, para além <strong>da</strong>s<br />

razões óbvias sobre a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> que tal posição dá a um país internacionalmente,<br />

sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> ele vive sob um regime autoritário que vinha sen<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>,<br />

internacionalmente, <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito aos direitos humanos <strong>de</strong> seu povo.<br />

Para que o Brasil integrasse o CA <strong>da</strong> OIT, o que era mais viável através <strong>do</strong> voto <strong>do</strong>s<br />

membros latino-americanos, era necessário armar to<strong>da</strong> uma estratégia que excedia a área<br />

<strong>do</strong>s assuntos trabalhistas e envolvia diretamente o Ministério <strong>da</strong>s Relações Exteriores, sob a<br />

direção <strong>de</strong> Azere<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silveira. Tal estratégia será monta<strong>da</strong>, inician<strong>do</strong>-se com a i<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

comissão brasileira à Conferência <strong>da</strong> OIT <strong>de</strong> 1974, sob a chefia <strong>do</strong> próprio ministro Prieto.<br />

Ele, vê-se pelos <strong>de</strong>spachos, <strong>de</strong>sejava assumir pessoalmente as questões nessa área, que até<br />

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então permaneciam concentra<strong>da</strong>s nas mãos <strong>do</strong> Consultor Jurídico <strong>do</strong> ministério <strong>do</strong><br />

Trabalho. Uma operação que implicava em esvaziar gra<strong>da</strong>tiva e pru<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res<br />

esse posto, reforçan<strong>do</strong> a posição <strong>do</strong> ministro internacionalmente. Pela <strong>do</strong>cumentação<br />

percebe-se que a OIT começaria a coor<strong>de</strong>nar a assistência técnica voluntária <strong>de</strong> país a país,<br />

e o Brasil já atuara no espaço <strong>da</strong> América Latina, através <strong>do</strong> Serviço Nacional <strong>de</strong> Ensino<br />

Industrial (SENAI), que já possuía capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> na formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, uma <strong>da</strong>s metas<br />

traça<strong>da</strong>s pelo ministério.<br />

Prieto vai à Conferência, e seu balanço é o <strong>de</strong> que a viagem é proveitosa. A situação <strong>do</strong><br />

Brasil teria melhora<strong>do</strong> ante à OIT, especialmente na questão <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais,<br />

explicitamente em função <strong>da</strong> atuação <strong>do</strong>s sindicatos no FUNRURAL. Ele observa, contu<strong>do</strong>,<br />

que a OIT ain<strong>da</strong> apontava a não equiparação entre a previdência urbana e rural como uma<br />

falha <strong>de</strong> nosso sistema. Mas além disso, a Conferência fora a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para um convite<br />

ao Diretor Geral <strong>da</strong> OIT para uma visita ao Brasil, a ser realiza<strong>da</strong> antes <strong>da</strong>s eleições para os<br />

novos membros <strong>do</strong> CA. O diretor <strong>de</strong> fato vem e visita Brasília, on<strong>de</strong> é recebi<strong>do</strong> por <strong>Geisel</strong>,<br />

e também o Rio <strong>de</strong> Janeiro. É, nos <strong>do</strong>is casos, ciceronea<strong>do</strong> por Arnal<strong>do</strong> Sussekind e, <strong>do</strong> que<br />

se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r, fica bem impressiona<strong>do</strong>. Paralelamente, o ministério <strong>da</strong>s Relações<br />

Exteriores concatena suas <strong>de</strong>marches, que se concluem bem, pois, em junho <strong>de</strong> 1975, o<br />

Brasil é eleito para o CA <strong>da</strong> OIT, sen<strong>do</strong> Sussekind seu representante. Para sua vaga na<br />

Comissão <strong>de</strong> Peritos, que não <strong>de</strong>via ser perdi<strong>da</strong>, é aprova<strong>do</strong> pela OIT o nome <strong>de</strong> Cesarino<br />

Júnior, também com vasto passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> realizações no campo <strong>do</strong> direito <strong>do</strong> trabalho.<br />

Verifica-se contu<strong>do</strong>, pela <strong>do</strong>cumentação, que esse nome não era o preferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo<br />

brasileiro, em razão <strong>de</strong> observações que ele recebera <strong>do</strong> Serviço Nacional <strong>de</strong> Informações,<br />

SNI. A preferência recaía em José <strong>de</strong> Sega<strong>da</strong>s Viana ou Victor Russomano, mas nem<br />

<strong>Geisel</strong>, nem Prieto objetam na<strong>da</strong> à escolha <strong>da</strong> OIT.<br />

Nesse tema são pouquíssimas as informações <strong>da</strong>s agen<strong>da</strong>s sobre o que se passou nas<br />

Conferências realiza<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1975 a 1978, sen<strong>do</strong> que, nesse último caso, <strong>de</strong>staca-se a<br />

preocupação com a permanência <strong>do</strong> Brasil no CA, haven<strong>do</strong> articulações para se conseguir a<br />

reeleição <strong>de</strong> Arnal<strong>do</strong> Sussekind. De to<strong>da</strong> forma, o que se po<strong>de</strong> afirmar é que a OIT foi um<br />

locus estratégico para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma diretriz para a área <strong>do</strong> trabalho, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

governo <strong>Geisel</strong>. Isso faz pensar, mais uma vez, na importância que esse organismo<br />

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internacional possuía, propagan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>srespeito <strong>do</strong>s países no cumprimento <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s<br />

firma<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong>s direitos internacionais <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Outra iniciativa importante <strong>do</strong> governo <strong>Geisel</strong> e <strong>da</strong> gestão <strong>de</strong> Prieto, e que também<br />

envolve diretamente Arnal<strong>do</strong> Sussekind, é a <strong>de</strong> reformar a CLT. Na<strong>da</strong> mais compreensível<br />

<strong>do</strong> que o chamamento ao antigo membro <strong>da</strong> comissão que elaborou as normas originais e<br />

que vinha acompanhan<strong>do</strong> sua aplicação por déca<strong>da</strong>s, para presidir a comissão encarrega<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> alterá-las cerca <strong>de</strong> trinta anos <strong>de</strong>pois. Esse trabalho tem início em julho <strong>de</strong> 1974, com a<br />

articulação <strong>do</strong>s convites aos <strong>de</strong>mais membros que comporiam a comissão, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s<br />

como autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s no campo <strong>do</strong> Direito <strong>do</strong> Trabalho no Brasil. A comissão é instala<strong>da</strong> em<br />

agosto <strong>de</strong> 1974 e a <strong>do</strong>cumentação <strong>da</strong>s agen<strong>da</strong>s dá notícias <strong>de</strong> sua atuação até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

anos <strong>de</strong> 1977. Logo, <strong>de</strong>bates e estu<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>senvolveram durante três anos. Fica-se saben<strong>do</strong><br />

que a comissão recebeu 974 sugestões sobre pontos para reformas, vin<strong>da</strong>s<br />

pre<strong>do</strong>minantemente <strong>de</strong> sindicatos, <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong> Justiça <strong>do</strong> Trabalho. Em fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1975, um primeiro relatório foi apresenta<strong>do</strong>, sistematizan<strong>do</strong> as idéias básicas <strong>do</strong> grupo,<br />

que consistiam em não alterar direitos e obrigações reconheci<strong>da</strong>s pela CLT, modifican<strong>do</strong><br />

apenas alguns aspectos pontuais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s como extremamente necessários. Porém,<br />

esse relatório não está em anexo, nem há comentários sobre o que se pretendia alterar no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>da</strong>s reuniões.<br />

Na <strong>do</strong>cumentação, a única questão que é menciona<strong>da</strong> refere-se a uma possível extinção<br />

<strong>da</strong> representação classista na Justiça <strong>do</strong> Trabalho. Mas to<strong>da</strong> a área sindical se une,<br />

emprega<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>s, lutan<strong>do</strong> por sua manutenção, o que tem o apoio <strong>do</strong> ministro<br />

Prieto. Em setembro <strong>de</strong> 1976, é ele que pe<strong>de</strong> a Arnal<strong>do</strong> Sussekind uma cópia <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s trabalhos <strong>da</strong> comissão até aquele momento, orientan<strong>do</strong>-o a assinalar o que estava sen<strong>do</strong><br />

altera<strong>do</strong>, para facilitar a leitura <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>Geisel</strong>. Seguem-se menções a capítulos que<br />

tratam <strong>da</strong> higiene <strong>do</strong> trabalho e <strong>do</strong> trabalho <strong>da</strong> mulher; <strong>da</strong> segurança e medicina <strong>do</strong> trabalho,<br />

e <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong>s sindicatos, coinci<strong>de</strong>ntemente questões <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s como metas <strong>de</strong><br />

ação <strong>do</strong> ministério <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong> gestão <strong>de</strong> Prieto. Mas, como <strong>de</strong> costume, na<strong>da</strong> está em<br />

anexo.<br />

Sabe-se que, em 9 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1976, <strong>Geisel</strong> sanciona lei que altera dispositivos <strong>da</strong><br />

CLT e, segun<strong>do</strong> indicações <strong>da</strong> literatura, por ela houve uma certa flexibilização <strong>da</strong><br />

legislação <strong>de</strong> controle <strong>do</strong>s sindicatos, pois o ministério <strong>do</strong> Trabalho <strong>de</strong>ixou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, <strong>de</strong><br />

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intervir na aprovação <strong>de</strong> seus orçamentos e em sua movimentação financeira. Entretanto, o<br />

que se aponta é que continuou haven<strong>do</strong> um estrito controle sobre tais associações <strong>de</strong><br />

emprega<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> porque mantiveram-se o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> veto sobre candi<strong>da</strong>tos à diretoria,<br />

bem como a exigência <strong>do</strong> atesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia. Na mesma direção, não ocorrem mu<strong>da</strong>nças<br />

em questões já em <strong>de</strong>bate na época, como o enquadramento sindical e a cobrança <strong>do</strong><br />

chama<strong>do</strong> imposto sindical, ambos critica<strong>do</strong>s pela OIT, uma vez que o Brasil assinara<br />

convenções que os con<strong>de</strong>navam e que o país insistia há anos em não cumprir.<br />

De to<strong>da</strong> forma, o que as agen<strong>da</strong>s indicam é que o tema sindical ocupava amplo espaço<br />

nos <strong>de</strong>spachos e nas preocupações governamentais. Des<strong>de</strong> o início <strong>da</strong> gestão ministerial,<br />

uma diretriz que se <strong>de</strong>marca é a que visava <strong>de</strong>volver as administrações sindicais sob<br />

intervenção, a diretorias compostas por membros associa<strong>do</strong>s. Isto é, o governo queria<br />

aban<strong>do</strong>nar a posição <strong>de</strong> explícito controle <strong>do</strong> sindicato, o que se fazia pelas diretorias<br />

compostas por interventores, para ocupar uma posição <strong>de</strong> controle mais indireto, o que<br />

implicava em realização <strong>de</strong> eleições e presença <strong>de</strong> novas li<strong>de</strong>ranças. Essa orientação era,<br />

aliás, convergente com a que presidia os trabalhos <strong>da</strong> comissão revisora <strong>da</strong> CLT, <strong>de</strong>sejosa<br />

<strong>de</strong> assegurar maior autonomia à administração <strong>do</strong>s sindicatos, o que certamente não se faria<br />

com a presença <strong>de</strong> interventores <strong>do</strong> governo.<br />

Em <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1974, Prieto faz um rápi<strong>do</strong> balanço <strong>de</strong>ssa questão,<br />

informan<strong>do</strong> ao presi<strong>de</strong>nte que havia 6.600 enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s sindicais no país, sen<strong>do</strong> que 200<br />

encontravam-se sob intervenção, algumas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1971, mas algumas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1966. Para o<br />

ministro, embora proporcionalmente o número fosse pequeno, tratava-se <strong>de</strong> uma situação<br />

que não <strong>de</strong>via se perpetuar, por níti<strong>do</strong> interesse <strong>do</strong> governo. Isso porque, a maioria <strong>de</strong>sses<br />

sindicatos encontrava-se sob intervenção <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a razões <strong>de</strong> vacância <strong>de</strong> cargos, <strong>de</strong><br />

irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s administrativas ou mesmo <strong>de</strong> acefalia completa. Muito poucos, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

possuíam interventores por razões políticas <strong>de</strong> segurança nacional. Sen<strong>do</strong> assim, era preciso<br />

criar condições para que essas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s voltassem a se administrar, mesmo que se corresse<br />

alguns riscos calcula<strong>do</strong>s. Caso contrário, ain<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> o ministro, era melhor partir para<br />

outras soluções que podiam incluir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fusão com outro sindicato até a cassação <strong>da</strong><br />

carta sindical. O que o governo não <strong>de</strong>via mais <strong>de</strong>sejar era manter sine dia interventores<br />

nesses sindicatos.<br />

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O acompanhamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>spachos <strong>de</strong>monstra que medi<strong>da</strong>s foram toma<strong>da</strong>s no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> diminuir as intervenções sindicais, exercen<strong>do</strong>-se sempre uma cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sa vigilância. Um<br />

<strong>do</strong>s exemplos cita<strong>do</strong>s, é o <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s Estiva<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Santos, categoria consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

rica, forte e tradicionalmente muito politiza<strong>da</strong>, e que precisava ser manti<strong>da</strong> sob observação.<br />

Mas mesmo com essa orientação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, intervenções ain<strong>da</strong> são realiza<strong>da</strong>s, como a que<br />

ocorreu, em setembro <strong>de</strong> 1975, no Sindicato <strong>do</strong>s Condutores <strong>de</strong> Veículos Ro<strong>do</strong>viários e<br />

Anexos <strong>de</strong> São Paulo, por <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong> seus dirigentes com o Parti<strong>do</strong><br />

Comunista. Para além <strong>de</strong>sse fato mais incisivo, as agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spachos evi<strong>de</strong>nciam uma<br />

ação <strong>de</strong> vigilância e fiscalização <strong>do</strong>s sindicatos permanente, cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sa e com claro teor<br />

político-i<strong>de</strong>ológico. Vê-se, por exemplo, como as Delegacias Regionais <strong>do</strong> Trabalho, como<br />

a <strong>de</strong> São Paulo, estavam entrosa<strong>da</strong>s com os serviços <strong>de</strong> informação e segurança, ambos<br />

sempre prontos a tomar as providências cabíveis no caso <strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res<br />

sindicais com o comunismo. O comunismo e o Parti<strong>do</strong> Comunista são os inimigos<br />

nomea<strong>do</strong>s como ameaça visível, embora se possa entendê-los como cobrin<strong>do</strong> um espectro<br />

maior e mais diversifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s subversivas.<br />

É nesse contexto que se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r e situar o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> apoio, encaminha<strong>do</strong> ao<br />

ministério, pela Comissão <strong>de</strong> Rearmamento Moral, que possuía um Centro <strong>de</strong> Treinamento<br />

<strong>de</strong> Mão-<strong>de</strong>-Obra em Petrópolis. Ela era presidi<strong>da</strong> pelo general Calimeiro Santos e, em<br />

março <strong>de</strong> 1975, é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> a Prieto por carta <strong>de</strong> Juarez Távora. Na carta, o ex-tenente<br />

<strong>do</strong>s anos 1930 e experimenta<strong>do</strong> político esclarece que conhecia e aju<strong>da</strong>va tal comissão<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> era ministro <strong>da</strong> Viação e Obras Públicas. Consi<strong>de</strong>rava que, naquele<br />

momento, a realização <strong>de</strong> um Simpósio Sindical sobre os princípios morais que <strong>de</strong>viam<br />

orientar o sindicalismo brasileiro era algo extremamente oportuno, pois, como escreve:<br />

“Acompanhei a alguns anos atrás, pessoalmente, as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> Rearmamento Moral, na<br />

Suíça e no Brasil e julgo-as um <strong>do</strong>s melhores antí<strong>do</strong>tos contra a contaminação <strong>da</strong>s massas<br />

trabalha<strong>do</strong>ras pela infiltração comunista”. 7<br />

Com o mesmo tipo <strong>de</strong> preocupação, em abril <strong>de</strong> 1975, o ministro menciona o VIII<br />

Congresso <strong>da</strong> Liga Mundial Anticomunista, a se realizar no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Já em junho <strong>de</strong><br />

1976, Prieto anuncia a criação <strong>de</strong> um Centro Nacional <strong>de</strong> Treinamento <strong>de</strong> Lí<strong>de</strong>res Sindicais,<br />

que funcionaria até o fim <strong>de</strong>sse ano, com bastante sucesso, segun<strong>do</strong> suas avaliações. A<br />

7 Arquivo <strong>Geisel</strong>, Pasta II-5, carta <strong>de</strong> Juarez Távora anexa ao item 5 <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 3/4/1975.<br />

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iniciativa torna-se conheci<strong>da</strong> como Projeto Brasília, uma vez que recebia, na capital fe<strong>de</strong>ral,<br />

<strong>de</strong>legações sindicais <strong>de</strong> vários esta<strong>do</strong>s. No total vieram 1.294 sindicalistas e o balanço foi<br />

tão anima<strong>do</strong>r, que há menções à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser estendi<strong>da</strong>, em 1977, a li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong><br />

emprega<strong>do</strong>res. Em to<strong>do</strong>s os casos menciona<strong>do</strong>s, entretanto, não há como saber na<strong>da</strong> mais<br />

sobre tais projetos.<br />

Durante os anos <strong>de</strong> 1977 e 1978, sente-se muito pouco a presença <strong>do</strong> movimento<br />

sindical nas agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spacho. Contu<strong>do</strong>, algumas menções fornecem indícios <strong>da</strong><br />

importância política crescente <strong>da</strong> atuação <strong>do</strong>s sindicalistas. Em julho <strong>de</strong> 1977, por exemplo,<br />

Prieto comparece a Niterói, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, para uma reunião <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças e<br />

anota no <strong>de</strong>spacho com o presi<strong>de</strong>nte sua constatação <strong>de</strong> infiltrações com claros objetivos<br />

políticos. Também há indicações <strong>de</strong> reuniões ocorri<strong>da</strong>s em São Paulo entre o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> e lí<strong>de</strong>res sindicais, em outubro <strong>de</strong> 1977 e em abril <strong>de</strong> 1978, para discutir questões<br />

salariais. No caso <strong>de</strong>ssa última, o ministro anota que foi pesa<strong>da</strong>, estan<strong>do</strong> presentes, além<br />

<strong>de</strong>le mesmo, o governa<strong>do</strong>r Paulo Egídio, o ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e vários presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res. 8<br />

A questão salarial é evi<strong>de</strong>ntemente crucial para o ministério, embora o exce<strong>da</strong> <strong>de</strong> muito,<br />

uma vez que é níti<strong>da</strong> a importância <strong>do</strong> ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, Mário Henrique Simonsen. De<br />

mais interessante po<strong>de</strong>-se verificar a existência <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s para o estabelecimento <strong>do</strong>s<br />

aumentos que seriam <strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo governo, bem como, em janeiro <strong>de</strong> 1978, <strong>de</strong> uma espécie<br />

<strong>de</strong> inquérito para recolher informações sobre a política salarial em outros países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Para tanto, foi elabora<strong>do</strong> um roteiro e, em julho <strong>de</strong> 1978, existe um primeiro relatório sobre<br />

o assunto em sete países, ambos em anexo ( tanto o roteiro, quanto os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sete<br />

países). 9<br />

O pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse movimento que inci<strong>de</strong> sobre a questão salarial é a crise<br />

econômica que se anuncia e a preocupação governamental com seu impacto na área <strong>de</strong><br />

empregos. Durante to<strong>do</strong> o ano <strong>de</strong> 1977 a questão <strong>do</strong> <strong>de</strong>semprego está em pauta, mas o que<br />

se po<strong>de</strong> verificar é que seu agravamento é constantemente nega<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>saquecimento <strong>da</strong> economia. Em maio <strong>de</strong> 1977, por exemplo, encontra-se no <strong>arquivo</strong> um<br />

<strong>do</strong>cumento confi<strong>de</strong>ncial intitula<strong>do</strong> “Repercussões sobre o nível <strong>de</strong> emprego provoca<strong>da</strong>s<br />

pelas medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> política monetária e <strong>de</strong> alteração nos investimentos públicos (<strong>de</strong> 40<br />

8 Arquivo <strong>Geisel</strong> Pasta V-3, Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1978.<br />

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ilhões <strong>de</strong> cruzeiros) nos programas e projetos para o ano <strong>de</strong> 1977”. 10 Participam <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

várias empresas estatais e em suas conclusões a previsão é a <strong>de</strong> que os programas não<br />

sofrerão problemas <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> que a reprogramação não significará “uma<br />

diminuição <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> laboral”. Contu<strong>do</strong>, há uma observação final, esclarecen<strong>do</strong> que as<br />

previsões tranqüiliza<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> como vá se comportar o setor priva<strong>do</strong>, ante os<br />

cortes <strong>do</strong> setor publico, bem como <strong>do</strong> an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s políticas monetárias. Enfim o<br />

<strong>do</strong>cumento também coloca que, “o encarecimento <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção e a falta <strong>de</strong> capital<br />

<strong>de</strong> giro po<strong>de</strong>rão gerar a curto e médio prazo um processo <strong>de</strong> conseqüências imprevisíveis<br />

sobre o emprego”.<br />

Talvez se possa ver parte <strong>de</strong>ssas conseqüências no fim <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1978, quan<strong>do</strong> os<br />

<strong>de</strong>spachos entre presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República e ministro <strong>do</strong> Trabalho mencionam a ocorrência<br />

<strong>de</strong> greves. Mencionam, uma vez que não há maiores comentários. Sabemos que em 4 <strong>de</strong><br />

abril <strong>de</strong> 1978, o Decreto-lei n. 1.632 dispôs sobre a proibição <strong>de</strong> greves nos serviços<br />

públicos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s essenciais <strong>da</strong> segurança nacional e que portarias ministeriais <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1978, proíbem dirigentes e li<strong>de</strong>ranças sindicais <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> reuniões <strong>de</strong><br />

caráter intersindical. Sabemos também que, em maio <strong>de</strong> 1978, 150 mil metalúrgicos <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo fazem uma greve, que atinge as maiores empresas <strong>da</strong> região. No<br />

quadro <strong>da</strong> legislação vigente (lei 4.332) ela era ilegal, mas o governo <strong>Geisel</strong> não utilizou<br />

intervenção policial. Ele permitiu que negociações se <strong>de</strong>senvolvessem entre emprega<strong>do</strong>s e<br />

emprega<strong>do</strong>res, o que projetou o nome <strong>do</strong> lí<strong>de</strong>r sindical Luís Inácio, Lula, <strong>da</strong> Silva,<br />

<strong>de</strong>marcan<strong>do</strong> uma experiência chave para a história <strong>do</strong> sindicalismo brasileiro. 11<br />

Finalmente, um último tema merece registro, ten<strong>do</strong> em vista as agen<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>spacho<br />

ministeriais. Ele remete a uma <strong>da</strong>s metas traça<strong>da</strong>s para o novo ministério <strong>do</strong> Trabalho,<br />

envolve a Secretaria <strong>de</strong> Mão-<strong>de</strong>-Obra e possui, quantitativamente, um bom número <strong>de</strong><br />

registros. Trata-se <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como atribuição <strong>da</strong><br />

pasta <strong>do</strong> Trabalho, em distinção à pasta <strong>da</strong> Educação, uma fronteira <strong>de</strong>lica<strong>da</strong> que já fora<br />

disputa<strong>da</strong>, nos anos 1940, quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> criação <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “sistema <strong>do</strong>s S”, isto é os<br />

9<br />

Arquivo <strong>Geisel</strong>, Pasta V-1, Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 9/1/1978 e Pasta V-7, Agen<strong>da</strong> <strong>de</strong> 6/7/1978.<br />

10<br />

Arquivo <strong>Geisel</strong>, Pasta IV- 6.<br />

11<br />

Em 1979, após o fracasso <strong>de</strong> negociações, o sindicato <strong>do</strong>s metalúrgicos convoca uma nova greve, que tem a<br />

duração <strong>de</strong> 15 dias. Dessa vez, a greve resultou na intervenção <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho no sindicato.<br />

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serviços nacionais <strong>de</strong> ensino industrial e comercial materializa<strong>do</strong>s no SENAI, SENAC,<br />

SESI e SESC.<br />

Na gestão <strong>de</strong> Prieto são feitos entendimentos pelos quais afirmou-se, ain<strong>da</strong> uma vez,<br />

que ao ministério <strong>da</strong> Educação estava afeta to<strong>da</strong> a área <strong>de</strong> educação formal, profissional ou<br />

não, <strong>de</strong> crianças e jovens. Cumpria assim ao novo ministério <strong>do</strong> Trabalho expandir a<br />

educação/formação profissional <strong>de</strong> adultos em to<strong>do</strong> o território nacional e para to<strong>da</strong>s as<br />

ocupações econômicas. Dessa maneira, Prieto recebe o Programa Intensivo <strong>de</strong> Preparação<br />

<strong>de</strong> Mão-<strong>de</strong>-Obra, que estava sob controle <strong>da</strong> Educação e dá início, em fevereiro <strong>de</strong> 1975, a<br />

iniciativas que visam a instalação <strong>do</strong> Serviço Nacional <strong>de</strong> Formação Profissional Rural, o<br />

SENAR, já que a área rural até então não se encontrava coberta pelo “sistema <strong>do</strong>s S”. Tal<br />

enti<strong>da</strong><strong>de</strong> seria instala<strong>da</strong> em março <strong>de</strong> 1977, juntamente com o Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mão-<strong>de</strong>-<br />

Obra, ao que se seguiria, em agosto <strong>do</strong> mesmo ano, o Conselho Nacional <strong>de</strong> Política <strong>de</strong><br />

Emprego. Tal conjunto <strong>de</strong> esforços é indicativo <strong>da</strong> junção <strong>de</strong> <strong>do</strong>is centros <strong>de</strong> interesse<br />

político <strong>do</strong> governo <strong>Geisel</strong>, isto é, uma atenção específica com o trabalha<strong>do</strong>r rural e um<br />

investimento sistemático em medi<strong>da</strong>s volta<strong>da</strong>s para a formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Entretanto,<br />

o que se po<strong>de</strong> perceber pela <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> <strong>arquivo</strong> é que o SENAR não teve maior<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, pois em abril <strong>de</strong> 1978, mais <strong>de</strong> um ano após sua instalação, o ministro<br />

discute com o presi<strong>de</strong>nte a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r sua figura jurídica, porque tal como<br />

estava estrutura<strong>do</strong>, não vinha conseguin<strong>do</strong> cumprir suas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Uma situação que parece em tu<strong>do</strong> distinta <strong>da</strong>quela <strong>do</strong> SENAI e <strong>do</strong> SENAC, com<br />

déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> experiência, avalia<strong>da</strong>s como bem sucedi<strong>da</strong>s. Exemplos colhi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s registros<br />

são a inauguração <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Formação para Turismo e Hospitali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> SENAC,<br />

inaugura<strong>do</strong> no Pelourinho, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, Bahia, em inícios <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1975, e o<br />

encontro que reuniu 35 <strong>da</strong>s maiores empresas <strong>do</strong> país que mantinham convênio com o<br />

SENAI, em novembro <strong>de</strong> 1974.<br />

Justamente no bojo <strong>de</strong>sses acontecimentos, ain<strong>da</strong> em fevereiro <strong>de</strong> 1975, o ministério <strong>do</strong><br />

Trabalho dá parti<strong>da</strong> a estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a criar incentivos fiscais para empresas que<br />

<strong>de</strong>senvolvessem, elas mesmas, programas <strong>de</strong> treinamento <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Segun<strong>do</strong><br />

diagnósticos preliminares, mais <strong>de</strong> 100 empresas com mais 500 emprega<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>riam se<br />

interessar. Em março <strong>de</strong> 1975, um relatório conclui que o melhor instrumento para tanto<br />

seria uma lei e parte-se para sua formulação, que envolvia o ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e <strong>do</strong><br />

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Planejamento. Cerca <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s, em fevereiro <strong>de</strong> 1976,<br />

observa-se a realização <strong>de</strong> um seminário sobre a nova lei <strong>de</strong> incentivos fiscais, em São<br />

Paulo, no Instituto <strong>de</strong> Organização Racional <strong>do</strong> Trabalho (IDORT). Mais <strong>de</strong> 400 empresas<br />

comparecem, o que supera as expectativas <strong>do</strong> ministro e indica, para ele, como a nova lei<br />

po<strong>de</strong> ser um sucesso. Em março <strong>de</strong> 1976 já está <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o regulamento <strong>da</strong> lei n. 6.297, e<br />

em maio <strong>do</strong> mesmo ano, ocorre novo e concorri<strong>do</strong> encontro em São Paulo para que ela seja<br />

<strong>de</strong>bati<strong>da</strong>. Finalmente, em abril <strong>de</strong> 1978, Prieto faz um pequeno balanço <strong>do</strong> impacto <strong>da</strong> lei,<br />

após <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> vigência, e informa a <strong>Geisel</strong> que mais <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res<br />

foram treina<strong>do</strong>s por empresas sob tal estimulação governamental, o que era muito<br />

auspicioso.<br />

4- Observações finais<br />

Alguns comentários po<strong>de</strong>m acrescer e encerrar esse mapeamento. Um <strong>de</strong>les é <strong>de</strong>stacar<br />

que o ministério <strong>do</strong> Trabalho <strong>do</strong> governo <strong>Geisel</strong> foi concebi<strong>do</strong>, eminentemente, como um<br />

órgão normativo <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r Executivo, isto é, volta<strong>do</strong> para a elaboração e aplicação <strong>da</strong><br />

legislação trabalhista. Nisso <strong>de</strong>veria se distinguir <strong>de</strong> outros ministérios diretamente<br />

executivos, ou seja, cujo senti<strong>do</strong> era a implementação <strong>de</strong> políticas e não a formulação <strong>de</strong><br />

normas. Aliás, segun<strong>do</strong> o próprio presi<strong>de</strong>nte, em entrevista concedi<strong>da</strong> anos após o término<br />

<strong>de</strong> seu governo, essa era uma característica também <strong>do</strong>s ministérios <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>da</strong><br />

Educação, igualmente <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a orientar e estimular ações. 12<br />

Outra observação refere-se ao que se po<strong>de</strong> intuir <strong>da</strong>s relações trava<strong>da</strong>s entre presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> República e ministro <strong>do</strong> Trabalho. Não são muitas as indicações, mas verifica-se que<br />

Prieto é extremamente cui<strong>da</strong><strong>do</strong>so, submeten<strong>do</strong> ao presi<strong>de</strong>nte o texto <strong>de</strong> seus discursos,<br />

sobretu<strong>do</strong> aqueles que realiza em ocasiões como as Conferências <strong>da</strong> OIT e o Dia <strong>do</strong><br />

Trabalho. Portanto, <strong>de</strong>via aguar<strong>da</strong>r sua leitura e incorporar sugestões ou, ao menos, essa é<br />

uma hipótese plausível. Por outro la<strong>do</strong>, há poucas marcas impressas pelo próprio <strong>Geisel</strong> nos<br />

papéis e elas se restringem a uma negativa ou a um encaminhamento, por exemplo, a<br />

Golbery <strong>do</strong> Couto e Silva. Do mesmo mo<strong>do</strong>, não há quase <strong>do</strong>cumentos confi<strong>de</strong>ncias e,<br />

repetin<strong>do</strong>, praticamente não há anexos. Assim, como já menciona<strong>do</strong>, a sensação que o<br />

12 D’Araújo e Castro, <strong>Geisel</strong>, op. cit., p. 317.<br />

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pesquisa<strong>do</strong>r tem é a <strong>de</strong> que essa <strong>do</strong>cumentação foi esvazia<strong>da</strong>, o que a torna burocratiza<strong>da</strong> e<br />

interessante apenas para usos pontuais.<br />

Para concluir, portanto, po<strong>de</strong>-se mencionar também a presença <strong>de</strong> alguns outros<br />

temas nas agen<strong>da</strong>s. É o caso <strong>da</strong>s iniciativas para o reaparelhamento <strong>da</strong>s Delegacias<br />

Regionais <strong>do</strong> Trabalho, <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> médicos <strong>do</strong> trabalho, e <strong>da</strong>s<br />

numerosas ações <strong>do</strong> SENAI, SENAC, SESI e SESC, cujos orçamentos passam a ser<br />

submeti<strong>do</strong>s ao ministério <strong>do</strong> Trabalho, o que não ocorreu sem resistências. Finalmente, o<br />

que é bem compreensível, verifica-se que o ministro viaja muito e que tem permanentes<br />

preocupações políticas em tais viagens. Com freqüência <strong>de</strong>seja capitalizar iniciativas <strong>de</strong> seu<br />

ministério (como a <strong>da</strong> criação <strong>do</strong> SENAR) para fins eleitorais <strong>da</strong> Arena. Outras vezes<br />

informa o presi<strong>de</strong>nte sobre o clima político em um esta<strong>do</strong>, com cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s particulares no<br />

que se refere ao ambiente sindical e à sua movimentação caracteriza<strong>da</strong> como política em<br />

relação ao governo. Mas tu<strong>do</strong> isso é muito fragmenta<strong>do</strong> e pouco consistente. O trabalho<br />

nessa <strong>do</strong>cumentação é <strong>de</strong> garimpeiro: trabalho duro, que exige conhecimento e sorte.<br />

Sugestões para <strong>do</strong>cumentação <strong>de</strong> anexo:<br />

Pasta 3, III-10: Bilhete confi<strong>de</strong>ncial <strong>do</strong> ministro a Golbery, consultan<strong>do</strong>-o sobre a<br />

divulgação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumento envia<strong>do</strong> pela Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res nas Indústrias<br />

Metalúrgicas, Mecânicas e <strong>de</strong> Material Elétrico <strong>de</strong> SP (é sobre privatizações).<br />

Pasta 4, IV-6, item 5: Documento Confi<strong>de</strong>ncial sobre repercussões sobre o nível <strong>de</strong><br />

emprego (falo <strong>de</strong>le no texto).<br />

Pasta 4, IV-11, item 1: Memorial <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s Metalúrgicos <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1977, sobre questão salarial.<br />

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Pasta 5, V-5, item 2: Nota confi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 11/5/1978, sobre <strong>de</strong>creto que altera estrutura<br />

<strong>do</strong> <strong>MT</strong>b.<br />

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