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CLINEI DAL MAGRO.pdf - Universidade de Passo Fundo

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO<br />

Clinei Dal Magro<br />

Remoção <strong>de</strong> cromo VI e DQO <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> cultivo adicionado <strong>de</strong> efluente<br />

com elevada concentração <strong>de</strong> cromo a partir da microalga Spirulina<br />

platensis<br />

<strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong><br />

2010


Clinei Dal Magro<br />

Remoção <strong>de</strong> cromo VI e DQO <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> cultivo adicionado <strong>de</strong> efluente<br />

com elevada concentração <strong>de</strong> cromo a partir da microalga Spirulina<br />

platensis<br />

Trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso apresentado ao<br />

curso <strong>de</strong> Engenharia Ambiental, como parte<br />

dos requisitos exigidos para obtenção do título<br />

<strong>de</strong> Engenheiro Ambiental.<br />

Orientador (a): Profª. Drª Luciane Maria Colla<br />

Co-Orientador: Prof. Dr. Marcelo Hemkemeier<br />

<strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong><br />

2010<br />

2


DEDICATÓRIA<br />

Dedico este trabalho à minha namorada, Maitê<br />

e aos meus pais David e Elidia.<br />

3


AGRADECIMENTOS<br />

A DEUS, por abençoar e iluminar meu caminho durante essa caminhada;<br />

A minha família, pelo apoio, carinho, incentivo e compreensão e pelos momentos que<br />

não lhes <strong>de</strong>i a atenção <strong>de</strong>sejada;<br />

A minha namorada, Maitê Carla Deon, pelo amor, carinho, apoio, companheirismo e<br />

compreensão durante esse tempo em que estive ocupado com o trabalho, muitas vezes não<br />

fornecendo a atenção por ela <strong>de</strong>sejada;<br />

A minha orientadora, Profª. Drª. Luciane Maria Colla, pela orientação, ensinamentos,<br />

ajuda e amiza<strong>de</strong> durante as pesquisas;<br />

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Marcelo Hemkemeier, pela ajuda, ensinamentos e<br />

amiza<strong>de</strong> durante os trabalhos;<br />

Aos meus colegas <strong>de</strong> curso, Cristiane Te<strong>de</strong>sco e Tiago Ton<strong>de</strong>lo, pela ajuda, apoio e<br />

amiza<strong>de</strong> durante o <strong>de</strong>senvolvimento das pesquisas;<br />

As estagiárias do Laboratório <strong>de</strong> Fermentações, Kelly Pelc da Silva e Sabrina Moraes,<br />

que sempre quando necessário me ajudaram nas tarefas e pela amiza<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida;<br />

Ao responsável pelo Laboratório <strong>de</strong> Aulas Práticas, João Carlos, o qual sempre esteve<br />

disposto para auxiliar nos momentos em que precisei;<br />

A secretária do Curso <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Alimentos, Vânia, que sempre esteve à<br />

disposição quando precisei;<br />

utilizados;<br />

Ao curso <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Alimentos pelo suporte <strong>de</strong> laboratórios e dos equipamentos<br />

4


A <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong>, em especial ao Curso <strong>de</strong> Engenharia Ambiental e a<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia e Arquitetura;<br />

Ao Laboratório <strong>de</strong> Solos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Agronomia e Medicina Veterinária da<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong>;<br />

OBRIGADO!<br />

A todos que me ajudaram e me apoiaram durante essa caminhada, meu MUITO<br />

5


RESUMO<br />

O ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> efluentes contendo metais tóxicos representa um grave problema<br />

para o meio ambiente. O Laboratório <strong>de</strong> Solos da UPF gera diariamente em torno <strong>de</strong> 0,5 m³ <strong>de</strong><br />

efluente contendo cromo VI um metal altamente tóxico capaz <strong>de</strong> poluir solo e água, o qual<br />

necessita <strong>de</strong> um tratamento a<strong>de</strong>quado para posteriormente ser lançado no ambiente. Dessa<br />

forma, buscam-se alternativas eficientes tecnicamente, economicamente e ambientalmente<br />

para tratar esse tipo <strong>de</strong> efluente. Tendo em vista que a microalga Spirulina platensis tem<br />

<strong>de</strong>monstrado capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biossorção do cromo VI, buscou-se avaliar a concentração i<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong> efluente contendo cromo para a máxima remoção <strong>de</strong> cromo VI e DQO do meio a partir da<br />

microalga. O efluente foi coletado e caracterizado quanto aos parâmetros <strong>de</strong> pH, sólidos<br />

suspensos, sólidos sedimentáveis, cromo VI e DQO. Foram cultivadas as cepas da microalga<br />

Spirulina platensis Paracas e Leb, contendo concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 0 %, 12,5<br />

%, 25 % e 50 % para cada uma das cepas, em meio Zarrouk diluído a 50 %, mantendo-se os<br />

experimentos em condições controladas <strong>de</strong> aeração, temperatura e luminosida<strong>de</strong>. Foi<br />

realizado o monitoramento diário do pH e do crescimento microalgal. Nos tempos inicial, 7 d,<br />

14 d, 21 d e 28 d foi realizado as <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> DQO e cromo VI nos cultivos. A<br />

microalga Spirulina platensis apresentou maior crescimento nos cultivos padrão, realizados<br />

sem adição <strong>de</strong> efluente. Nos cultivos contendo efluente, o maior crescimento foi observado<br />

nos experimentos com menor concentração <strong>de</strong> efluente. A remoção <strong>de</strong> DQO foi superior a<br />

remoção <strong>de</strong> cromo VI em ambas as cepas. A maior remoção <strong>de</strong> DQO foi obtida pela cepa S.<br />

platensis Paracas com concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 12,5 % para o tempo <strong>de</strong> 28 d <strong>de</strong><br />

cultivo (82,19 %). Para cromo VI a maior remoção foi obtida pela cepa S. platensis Leb com<br />

concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 12,5 % para o tempo <strong>de</strong> 28 d <strong>de</strong> cultivo (60,92 %).<br />

Palavras-chaves: Biossorção, Spirulina platensis, Cromo VI, DQO<br />

6


LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />

Figura 1: Microscopia da Microalga Spirulina platensis ......................................................... 16<br />

Figura 2: Parâmetros <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> Microalgas ........................................................................ 20<br />

Figura 3: Efeito da temperatura sobre o crescimento <strong>de</strong> microalgas ........................................ 22<br />

Figura 4: Cromo metálico ......................................................................................................... 32<br />

Figura 5: Etapas <strong>de</strong>senvolvidas na pesquisa ............................................................................. 41<br />

Figura 6: Local <strong>de</strong> coleta do efluente ....................................................................................... 42<br />

Figura 7: Estufa com os Experimentos ..................................................................................... 44<br />

Figura 8: Concentração celular (g.L -1 ) versus tempo <strong>de</strong> cultivo (d) para a Spirulina platensis<br />

Paracas. Exp. 1 (0% efluente); Exp. 2 (12,5% <strong>de</strong> efluente); Exp. 3 (25% <strong>de</strong> efluente);<br />

Exp. 4 (50% <strong>de</strong> efluente). .................................................................................................. 47<br />

Figura 9: Concentração celular (g.L -1 ) versus tempo <strong>de</strong> cultivo (d) para a Spirulina platensis<br />

Leb. Exp. 1 (0% efluente); Exp. 2 (12,5% <strong>de</strong> efluente); Exp. 3 (25% <strong>de</strong> efluente); Exp. 4<br />

(50% <strong>de</strong> efluente). .............................................................................................................. 48<br />

Figura 10: Concentração <strong>de</strong> Cromo VI - Spirulina platensis Paracas ..................................... 50<br />

Figura 11: Concentração <strong>de</strong> Cromo VI - Spirulina platensis Leb ............................................ 50<br />

Figura 12: Remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (%) ............................................................................................. 52<br />

Figura 13: Concentração <strong>de</strong> DQO - Spirulina platensis Paracas ............................................ 53<br />

Figura 14: Concentração <strong>de</strong> DQO - Spirulina platensis Leb .................................................... 54<br />

Figura 15: Remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (%) ............................................................................................. 55<br />

Figura 16: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 7º dia .................................................. 57<br />

Figura 17: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 14º dia ................................................ 57<br />

Figura 18: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 21º dia ................................................ 58<br />

Figura 19: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 28º dia ................................................ 58<br />

7


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: Composição centesimal da Spirulina ....................................................................... 18<br />

Tabela 2: Proprieda<strong>de</strong>s Químicas do Cromo ............................................................................ 32<br />

Tabela 3: Proprieda<strong>de</strong>s Físicas do Cromo ................................................................................ 33<br />

Tabela 4: Matriz do Planejamento fatorial Multiníveis 2¹.4¹ ................................................... 43<br />

Tabela 5: Caracterização do efluente........................................................................................ 46<br />

Tabela 6: Parâmetros <strong>de</strong> crescimento microalgal ..................................................................... 49<br />

Tabela 7: Comparação <strong>de</strong> médias através do Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong> significância para a<br />

remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração<br />

<strong>de</strong> efluente (%) ................................................................................................................... 51<br />

Tabela 8: Comparação <strong>de</strong> médias através do Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong> significância para a<br />

remoção <strong>de</strong> DQO (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração <strong>de</strong><br />

efluente (%) ........................................................................................................................ 54<br />

8


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10<br />

2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 13<br />

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13<br />

2.1.1 MICROALGAS: <strong>de</strong>finição e histórico ............................................................... 13<br />

2.1.2 Spirulina ............................................................................................................. 15<br />

2.1.2.1 Composição da Spirulina ............................................................................ 17<br />

2.1.2.2 Condições <strong>de</strong> Cultivo .................................................................................. 18<br />

2.1.2.2.1 Luz ............................................................................................................. 20<br />

2.1.2.2.2 Temperatura ............................................................................................... 21<br />

2.1.2.2.3 pH .............................................................................................................. 22<br />

2.1.2.2.4 Salinida<strong>de</strong> .................................................................................................. 23<br />

2.1.2.2.5 Micronutrientes .......................................................................................... 23<br />

2.1.2.2.6 Fonte <strong>de</strong> Carbono ...................................................................................... 24<br />

2.1.2.2.7 Fonte <strong>de</strong> Nitrogênio ................................................................................... 24<br />

2.1.2.2.8 Fonte <strong>de</strong> Fósforo ........................................................................................ 25<br />

2.1.2.3 Utilização da Spirulina ................................................................................ 25<br />

2.1.2.3.1 Utilização da Spirulina na área ambiental ................................................. 27<br />

2.1.3 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO) .............................................. 29<br />

2.1.4 METAIS TÓXICOS ........................................................................................... 30<br />

2.1.4.1 Cromo (Cr) .................................................................................................. 31<br />

2.1.4.1.1 Cromo Hexavalente (Cromo VI) ............................................................... 33<br />

2.1.4.1.2 Cromo em efluentes ................................................................................... 35<br />

2.1.5 BIOSSORÇÃO DE METAIS TÓXICOS .......................................................... 36<br />

2.1.5.1 Biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos por algas ....................................................... 38<br />

2.2 METODOLOGIA ..................................................................................................... 41<br />

2.2.1 Coleta e Caracterização do Efluente ................................................................... 42<br />

2.2.2 Microrganismo e manutenção do inóculo .......................................................... 42<br />

2.2.3 Planejamento Experimental ................................................................................ 43<br />

2.2.4 Condições <strong>de</strong> cultivo .......................................................................................... 43<br />

2.2.5 Acompanhamento dos Parâmetros <strong>de</strong> pH, Crescimento algal e Remoção <strong>de</strong><br />

Cromo VI e DQO ............................................................................................................... 44<br />

2.2.6 Análise dos resultados <strong>de</strong> crescimento algal ...................................................... 44<br />

2.2.7 Análise dos resultados <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO .................................. 45<br />

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 46<br />

2.3.1 Caracterização do efluente.................................................................................. 46<br />

2.3.2 pH ....................................................................................................................... 47<br />

2.3.3 Crescimento microalgal ...................................................................................... 47<br />

2.3.4 Remoção <strong>de</strong> Cromo VI ....................................................................................... 50<br />

2.3.5 Remoção <strong>de</strong> DQO ............................................................................................... 53<br />

2.3.6 Comparativo das remoções: Cromo VI e DQO .................................................. 56<br />

3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 59<br />

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 60<br />

APÊNDICE A .......................................................................................................................... 66<br />

APÊNDICE B ........................................................................................................................... 68<br />

APÊNDICE C ........................................................................................................................... 69<br />

9


1 INTRODUÇÃO<br />

Os recursos naturais essenciais para manter a vida na Terra estão cada vez mais<br />

escassos e muitas vezes encontram-se poluídos e <strong>de</strong>gradados, impossibilitando a sua<br />

utilização <strong>de</strong> forma segura e eficiente. Dentre os recursos naturais, a água torna-se um insumo<br />

indispensável, tanto para processos produtivos quanto para abastecimento humano, o que<br />

resulta na geração <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> efluentes e necessita <strong>de</strong> tratamento a<strong>de</strong>quado para<br />

retornar aos cursos naturais <strong>de</strong> forma a não causar a poluição dos mananciais receptores.<br />

Os metais tóxicos são poluentes perigosos encontrados nesses efluentes por<br />

apresentarem alto tempo <strong>de</strong> meia vida, permanecendo durante muitos anos ativos no<br />

ambiente, contaminado solo e água e bioacumulando na ca<strong>de</strong>ia alimentar, tornando-se<br />

compostos com alto potencial <strong>de</strong>gradador do meio ambiente e muito nocivos a saú<strong>de</strong> humana.<br />

Dentre os metais tóxicos, o cromo apresenta gran<strong>de</strong> período <strong>de</strong> permanência no ambiente<br />

<strong>de</strong>vido a sua elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bioacumulação na ca<strong>de</strong>ia alimentar. Segundo Jordão et al.<br />

(1999), os efeitos da bioacumulação em longo prazo nem sempre são previsíveis,<br />

principalmente no caso <strong>de</strong> compostos como o cromo, que não se <strong>de</strong>compõem ou que<br />

apresentam baixa <strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong>, acumulando-se no meio ambiente e na ca<strong>de</strong>ia alimentar,<br />

on<strong>de</strong> são absorvidos no organismo em concentrações muito maiores do que as <strong>de</strong> seu<br />

lançamento inicial.<br />

Os resíduos contendo cromo possuem alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> contaminação, quando não são<br />

convenientemente tratados e simplesmente abandonados em corpos d’água, aterros industriais<br />

ou mesmo lixeiras clan<strong>de</strong>stinas. O cromo atinge os lençóis freáticos com facilida<strong>de</strong>, ou<br />

mesmo reservatórios ou rios que são as fontes <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água das cida<strong>de</strong>s. O<br />

resíduo no solo po<strong>de</strong> ser absorvido por plantas que posteriormente servirão <strong>de</strong> alimento<br />

diretamente ao homem ou a animais, po<strong>de</strong>ndo por este caminho também atingir o ser humano.<br />

Conforme Ruotolo e Gubulin (2010), <strong>de</strong>vido à sua alta toxida<strong>de</strong> comprovada por sua<br />

ação carcinogênica, efluentes contendo cromo hexavalente não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scartados<br />

diretamente em mananciais aqüíferos ou em re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto. Esse fato exige o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias que visam atenuar os efeitos da contaminação proveniente<br />

dos metais tóxicos, causando o mínimo impacto para o meio ambiente.<br />

A biossorção é uma alternativa aos tratamentos convencionais já utilizados, os quais<br />

muitas vezes apresentam-se ineficientes, e consiste em <strong>de</strong>gradar os metais tóxicos existentes<br />

nos efluentes através da utilização <strong>de</strong> microrganismos, promovendo uma auto-regeneração<br />

10


<strong>de</strong>sse efluente, qualificando o processo e tornando-o viável tanto economicamente como<br />

ambientalmente.<br />

As algas, por sua abundância e riqueza estrutural, têm sido muito empregadas como<br />

biomassas na biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos, substituindo as resinas convencionais (AMORIM,<br />

2000). O uso <strong>de</strong> algas na captura <strong>de</strong> metais tóxicos, através do processo <strong>de</strong> biossorção, tem<br />

<strong>de</strong>monstrado ser uma alternativa possível e vantajosa para o tratamento <strong>de</strong> efluentes contendo<br />

esse tipo <strong>de</strong> poluente.<br />

Segundo Molina e Torem (2007), trata-se <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> metais<br />

tóxicos em biomateriais, aliando um baixo custo com a boa eficiência <strong>de</strong> remoção, além <strong>de</strong><br />

mostrar-se menos agressiva ao meio ambiente. O emprego <strong>de</strong>sta técnica apresenta elevada<br />

capacida<strong>de</strong>, rapi<strong>de</strong>z, seletivida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação do metal ou reutilização do<br />

biossorvente.<br />

As microalgas po<strong>de</strong>m ser utilizadas no tratamento <strong>de</strong> águas residuais; <strong>de</strong>sintoxicação<br />

biológica e controle <strong>de</strong> metais tóxicos em águas naturais ou em águas contaminadas<br />

industrialmente (GREENE; BEDELL, 1990 apud ABALDE et al., 1995). A microalga<br />

Spirulina platensis tem <strong>de</strong>monstrado elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remoção e <strong>de</strong>gradação do cromo<br />

existente em efluentes, sendo que a mesma vem sendo usada extensivamente para esse tipo <strong>de</strong><br />

tratamento.<br />

O consumo <strong>de</strong> água vem sendo cada vez maior e a geração <strong>de</strong> efluentes ten<strong>de</strong> a<br />

aumentar <strong>de</strong> forma proporcional. Por isso, faz-se necessário a busca <strong>de</strong> alternativas que sejam<br />

eficientes tecnicamente, economicamente e que ao mesmo tempo sejam menos poluentes.<br />

Diversas pesquisas já foram feitas nessa área e a biossorção por algas vêm <strong>de</strong>monstrando um<br />

alto potencial <strong>de</strong> remoção e imobilização <strong>de</strong> metais tóxicos presentes em efluentes. A fim <strong>de</strong><br />

corroborar as vantagens da utilização <strong>de</strong> algas para tratar efluentes, torna-se necessária à<br />

realização <strong>de</strong> pesquisas que comprovem o maior potencial <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> metais tóxicos por<br />

esses microrganismos.<br />

Tendo em vista os vários problemas ambientais e a saú<strong>de</strong> humana provenientes do<br />

<strong>de</strong>scarte ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> efluentes contendo cromo e, sabendo-se que o Laboratório <strong>de</strong> Solos<br />

da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong> analisa diariamente em torno <strong>de</strong> 300 amostras <strong>de</strong> solo,<br />

gerando aproximadamente 0,5 m³/d <strong>de</strong> efluente que possui em sua composição esse metal<br />

tóxico, buscam-se soluções eficientes que promovam o tratamento a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sse efluente <strong>de</strong><br />

modo a impedir que o mesmo seja lançado com elevadas concentrações provocando o<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio das condições naturais do meio ambiente.<br />

11


O objetivo geral do trabalho foi avaliar a concentração i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> efluente contendo<br />

Cromo para a máxima remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO do meio a partir da microalga S.<br />

platensis e os objetivos específicos foram:<br />

a) Realizar a caracterização do efluente do Laboratório <strong>de</strong> Solos quanto aos parâmetros<br />

<strong>de</strong> pH, Sólidos Sedimentáveis, Sólidos Suspensos, DQO e Cromo VI;<br />

b) Realizar a adaptação das cepas da microalga utilizando o efluente;<br />

c) Definir qual cepa do microrganismo resulta em melhores resultados <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong><br />

cromo Vi e DQO do efluente;<br />

d) Determinar a diluição ótima do efluente para que se obtenha a máxima remoção <strong>de</strong><br />

cromo VI e DQO;<br />

e) Realizar o acompanhamento dos parâmetros <strong>de</strong> crescimento microalgal, pH, DQO e<br />

Cromo VI durante os cultivos da microalga.<br />

12


2 DESENVOLVIMENTO<br />

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1.1 MICROALGAS: <strong>de</strong>finição e histórico<br />

Em um sentido amplo e do ponto <strong>de</strong> vista biotecnológico, a terminação microalga se<br />

refere aos microrganismos que contem clorofila-a e outros pigmentos fotossintéticos, capazes<br />

<strong>de</strong> realizar fotossíntese (ABALDE et al., 1995).<br />

O termo microalgas não tem valor taxonômico, engloba microrganismos algais com<br />

clorofila-a e outros pigmentos fotossintéticos, os quais são capazes <strong>de</strong> realizar a fotossíntese<br />

oxigênica, e sua caracterização (sistemática) implica a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> critérios<br />

(RAVEN et al., 2001).<br />

Os organismos fotossintéticos foram agrupados em princípio, em duas categorias: as<br />

bactérias fotossintéticas e microalgas. Bactérias fotossintetizantes realizam fotossíntese e<br />

possuem bacterioclorofila anoxigênicas, quimicamente diferente da clorofila-a presente em<br />

outros organismos fotossintéticos (algas e plantas superiores). As algas azul-ver<strong>de</strong>s ocupam<br />

uma posição intermediária entre as bactérias fotossintetizantes e as algas eucarióticas, não<br />

possuem bacterioclorofila, mas clorofila-a, e realizam fotossíntese aeróbica. No entanto,<br />

<strong>de</strong>vido a sua estrutura celular procariótica (pare<strong>de</strong> celular, ribossomos e ácidos nucléicos),<br />

estão classificadas taxonomicamente <strong>de</strong>ntro do grupo das bactérias (reino Procarionte) com<br />

<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> cianobactérias (STALEY et al., 1989 apud ABALDE et al., 1995)<br />

Segundo Derner (2006), sob a <strong>de</strong>nominação microalgas estão incluídos organismos<br />

com dois tipos <strong>de</strong> estrutura celular: estrutura procariótica e estrutura eucariótica. Apesar das<br />

diferenças estruturais e morfológicas entre os representantes <strong>de</strong> cada divisão, esses são<br />

fisiologicamente similares e apresentam um metabolismo análogo àquele das plantas<br />

(ABALDE et. al., 1995). São principalmente encontradas no meio marinho, em água doce e<br />

no solo, sendo consi<strong>de</strong>radas responsáveis por pelo menos 60% da produção primária da Terra<br />

(CHISTI, 2004 apud DERNER et al., 2006).<br />

De acordo com Tomaselli (2004), estes microrganismos têm sido tradicionalmente<br />

classificados quanto aos tipos <strong>de</strong> pigmentos, a natureza química dos produtos <strong>de</strong> reserva e<br />

13


pelos constituintes da pare<strong>de</strong> celular. Também têm sido consi<strong>de</strong>rados aspectos citológicos e<br />

morfológicos, tais como a ocorrência <strong>de</strong> células flageladas, a estrutura dos flagelos, os<br />

processos <strong>de</strong> formação do núcleo e da divisão celular, a presença e a caracterização <strong>de</strong><br />

envoltório do(s) cloroplasto(s) e a possível conexão entre o retículo endoplasmático e a<br />

membrana nuclear.<br />

As microalgas pertencem a um grupo muito heterogêneo <strong>de</strong> organismos,<br />

predominantemente aquáticos e geralmente microscópicos unicelulares, que po<strong>de</strong>m formar<br />

colônia, com pouca ou nenhuma diferenciação celular. São caracterizadas pela presença <strong>de</strong><br />

pigmentos, responsáveis por coloração variada e por mecanismo foto autotrófico.<br />

Filogeneticamente, as microalgas são compostas <strong>de</strong> espécies procarióticas ou eucarióticas,<br />

antigas ou mais recentes, conforme o período em que surgiram no planeta (RAVEN et al.,<br />

2001).<br />

O estudo científico das microalgas começou em 1890 com o microbiólogo holandês<br />

Beijerinck que estabeleceu culturas puras da microalga Chlorella vulgaris. Mais tar<strong>de</strong>, Otto<br />

Warburg (1919), conseguiu em laboratório culturas <strong>de</strong>nsas <strong>de</strong> Chorella e introduziu a idéia <strong>de</strong><br />

utilizar essas culturas como uma ferramenta <strong>de</strong> trabalho no estudo da fotossíntese (ABALDE<br />

et al., 1995).<br />

Depois da II Guerra Mundial a biomassa microalgal começou a ser consi<strong>de</strong>rada como<br />

um suplemento importante e capaz <strong>de</strong> substituir as proteínas animais e vegetais convencionais<br />

para consumo direto dos animais e na ca<strong>de</strong>ia alimentar humana, sendo que po<strong>de</strong>ria ajudar a<br />

suprir, pelo menos parte, da <strong>de</strong>ficiência protéica global (ABALDE et al., 1995)<br />

Durante os anos 50, um interesse mundial em busca <strong>de</strong> novas fontes <strong>de</strong> proteínas para<br />

alimentação levou os cientistas a continuar investigando as possibilida<strong>de</strong>s do cultivo <strong>de</strong><br />

microalgas em gran<strong>de</strong> escala. Nesse tempo, incrementou-se o conhecimento sobre,<br />

rendimento, composição química, fixação <strong>de</strong> nitrogênio, etc., <strong>de</strong> cultivos massivos <strong>de</strong><br />

microalgas. Mesmo a investigação sobre a utilização <strong>de</strong> microalgas na alimentação parecer<br />

um tema relativamente recente, <strong>de</strong>ve-se levar em conta que o consumo local <strong>de</strong> microalgas em<br />

<strong>de</strong>terminadas áreas como fonte <strong>de</strong> vitaminas e proteínas para o homem data <strong>de</strong> tempos<br />

imemoriais (ABALDE et al., 1995). Segundo Richmond (1988) apud Derner (2006), povos<br />

nativos do Cha<strong>de</strong> (África) e do lago Texcoco (México), alimentavam-se <strong>de</strong> produtos feitos<br />

com biomassa <strong>de</strong> Spirulina sp.<br />

As bases para cultivo <strong>de</strong> microalgas foram estabelecidas a partir dos anos 50 em<br />

diversos países, como Japão, Alemanha, Estados Unidos, Israel, etc., sendo que, nos anos 60,<br />

14


começou-se cultivar microalgas com fins comerciais no Japão e em seguida, no lago Texcoco<br />

– México começou-se produzir Spirulina para comercialização.<br />

Na década <strong>de</strong> 70, <strong>de</strong>vido à crise do petróleo, tornou-se necessário buscar fontes<br />

alternativas <strong>de</strong> energia, atraindo o interesse mundial na aplicação da energia solar. Como as<br />

algas constituem um eficiente sistema <strong>de</strong> utilização da energia solar, existe um interesse<br />

continuo na tecnologia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> microalgas (BENEMANN et al., 1977 apud ABALDE<br />

et al., 1995). Unido a este <strong>de</strong>senvolvimento, esta o crescente interesse nos problemas <strong>de</strong><br />

contaminação ambiental e reciclagem <strong>de</strong> resíduos, on<strong>de</strong> as microalgas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar<br />

um papel importante na transformação dos resíduos e águas residuais em biomassa e água<br />

tratada que po<strong>de</strong>m ser reutilizados (SHELEF et al., 1977 apud ABALDE et al., 1995).<br />

Na década <strong>de</strong> 80, são implantadas inúmeras indústrias para produção <strong>de</strong> microalgas,<br />

principalmente Spirulina e Dunaliella, em Taiwan, Tailândia, Califórnia, Austrália, Havaí e<br />

Israel (ABALDE et al., 1995).<br />

Atualmente, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> campo da biotecnologia, as microalgas tem sido<br />

objeto <strong>de</strong> inúmeros estudos em centros <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> diversos países (Estados Unidos,<br />

Itália, Japão, França, Israel, Canadá, México e Austrália). O cultivo comercial <strong>de</strong><br />

cianobactérias é realizado com varias finalida<strong>de</strong>s, principalmente para aplicação em<br />

alimentos, <strong>de</strong>vido ao alto teor <strong>de</strong> proteínas, em torno <strong>de</strong> 60-70%, ácidos graxos essenciais e <strong>de</strong><br />

substancias como vitaminas, sais minerais e pigmentos presentes em certas espécies (COZZA,<br />

1999).<br />

2.1.2 Spirulina<br />

A Spirulina é uma cianobactéria, chamada <strong>de</strong> Arthrospira platensis ou mais<br />

comumente chamada <strong>de</strong> alga azul-ver<strong>de</strong>, apareceram na terra há 3.500 anos (DESMORIEUX,<br />

2005 apud OLIVEIRA, 2006).<br />

De acordo com Tomaselli (1997) apud León (2010), esta espécie foi classificada<br />

novamente, agora com o nome <strong>de</strong> Arthrospira sp., e aceita oficialmente em Bergey’s Manual<br />

of Systematic Bacteriology. No entanto, a <strong>de</strong>nominação Spirulina permanece tanto<br />

comercialmente como em publicações científicas.<br />

Segundo Oliveira (2006), a Spirulina platensis é uma cianobactéria muito conhecida e<br />

usada no planeta, já empregada na alimentação dos Astecas, que habitavam o México na<br />

15


egião do Lago Texcoco, e dos sul-africanos na região do Lago Cha<strong>de</strong>. Esses lagos são<br />

naturalmente alcalinos, propiciando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa cianobactéria. Esse fato<br />

<strong>de</strong>spertou o interesse <strong>de</strong> pesquisadores quando passou-se a utilizar microrganismos como<br />

fonte <strong>de</strong> nutrientes na forma <strong>de</strong> proteína unicelular, sendo uma alternativa alimentar para<br />

populações subnutridas (GONÇALVES et al., 2003). O fato <strong>de</strong> a Spirulina crescer em lagos<br />

alcalinos, on<strong>de</strong> outros microrganismos tem pouca ou nenhuma chance <strong>de</strong> sobrevivência, torna<br />

o seu uso seguro pelas escassas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contaminação (COZZA, 1999).<br />

A cianobactéria Spirulina platensis é uma microalga filamentosa fotoautotrófica que<br />

habita meios como solos, pântanos, lagos alcalinos e águas salobras, marinhas e doces<br />

(RICHMOND, 1990 apud GONÇALVES et al., 2003).<br />

A Spirulina platensis se <strong>de</strong>staca das <strong>de</strong>mais cianobactérias <strong>de</strong>vido seu conteúdo<br />

protéico que alcança em torno <strong>de</strong> 70% e por ser fonte <strong>de</strong> compostos biologicamente ativos<br />

como o acido γ-linolênico, vitaminas e pigmentos. A Spirulina é formada por células<br />

dispostas ao longo <strong>de</strong> um filamento em espiral com até 1 mm <strong>de</strong> comprimento (OLIVEIRA,<br />

2006). A Figura 1 apresenta a microalga Spirulina platensis vista ao microscópio.<br />

Fonte: COUGO, 2001.<br />

Figura 1:Microscopia da Microalga Spirulina platensis<br />

Em países como o México, Estados Unidos e Japão, a Spirulina platensis, uma<br />

cianobactéria filamentosa que habita meios como solos, pântanos, lagos alcalinos e águas<br />

salobras, marinhas e doces e que, por intermédio <strong>de</strong> fotossíntese, converte os nutrientes em<br />

matéria celular e libera oxigênio, tem sido usada na alimentação humana, pela sua alta<br />

16


composição vitamínico-mineral, não sendo comum sua utilização na produção animal<br />

(TESKE; TRENTINI, 2001).<br />

De acordo com Oliveira (2006), a microalga Spirulina platensis tem sido<br />

comercializada e estudada pelo seu potencial nutricional <strong>de</strong>vido ao seu elevado conteúdo <strong>de</strong><br />

proteínas, pró-vitaminas e ácidos graxos insaturados; e também, por apresentar potencial<br />

terapêutico no tratamento <strong>de</strong> algumas doenças.<br />

Segundo Bezerra et al. (2010), o teor <strong>de</strong> proteína da Spirulina oscila entre 50% e 70%<br />

<strong>de</strong> sua matéria seca. Levando em consi<strong>de</strong>ração o fator qualitativo, a proteína da Spirulina é<br />

completa, pois contém todos os aminoácidos essenciais e não essenciais. Outra característica<br />

importante é que a Spirulina é facilmente digerida, pois sua pare<strong>de</strong> celular é composta <strong>de</strong><br />

mucopolissacarí<strong>de</strong>os, açúcares simples e proteínas, o que a diferencia <strong>de</strong> outras algas que<br />

possuem celulose.<br />

Quando comparadas aos vegetais superiores e aos animais, como fonte <strong>de</strong> produtos e<br />

nutrientes imprescindíveis para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do homem, as microalgas apresentam<br />

gran<strong>de</strong> vantagem <strong>de</strong>vido à rapi<strong>de</strong>z com que se reproduzem, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivo em zonas<br />

não apropriadas para agricultura e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direcionar a cultura para a produção <strong>de</strong><br />

vários compostos <strong>de</strong> interesse comercial tais como ficocianina, clorofila, betacaroteno,<br />

biomassa, vitaminas, polissacarí<strong>de</strong>os, ácido gama linolênico e enzimas. Desse modo, várias<br />

indústrias <strong>de</strong>scobriram um gran<strong>de</strong> potencial no seu cultivo (BOROWITSKA, 1999 apud<br />

GONÇALVES et al., 2003). Com isso, a Spirulina tem-se tornado uma das principais fontes<br />

<strong>de</strong> estudos biotecnológicos, <strong>de</strong>vido à sua importância econômica, ecológica e nutricional. Os<br />

estudos relacionados ao cultivo <strong>de</strong> microalgas têm enfocado principalmente o estudo <strong>de</strong> fontes<br />

<strong>de</strong> nutrientes <strong>de</strong> baixo custo, que viabilizem a produção em larga escala (GONÇALVES et al.,<br />

2003).<br />

O alto conteúdo <strong>de</strong> vitaminas, sais minerais, lipí<strong>de</strong>os, e em especial proteína,<br />

associados à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meio ambiente on<strong>de</strong> cresce faz com que a Spirulina platensis seja<br />

a cianobactéria mais estudada no mundo (OLIVEIRA, 2006).<br />

2.1.2.1 Composição da Spirulina<br />

A composição <strong>de</strong> pigmentos <strong>de</strong> Spirulina é típica <strong>de</strong> uma cianobactéria, a única<br />

clorofila presente é a clorofila-a, que tem seu peso variando entre 0,8 e 1,5% do peso seco. As<br />

17


proteínas que possuem maior potencial econômico são as biliproteinas. A Spirulina possui<br />

duas biliproteinas: c-ficocianina e aloficocianina. A fração protéica po<strong>de</strong> conter mais <strong>de</strong> 20%<br />

<strong>de</strong> ficocianina, um pigmento azul solúvel em água (VONSHAK, 1997).<br />

Em relação aos seus constituintes, a Spirulina é altamente protéica, conforme po<strong>de</strong> ser<br />

observado na Tabela 1. Entre as proteínas estão presentes as ficocianinas, biliproteinas<br />

envolvidas nas reações químicas <strong>de</strong> fotossíntese e funcionam como reservatório <strong>de</strong> nitrogênio,<br />

sendo que a maior parte da proteína presente equivale a aminoácidos essenciais, com a<br />

presença inclusive <strong>de</strong> metionina, aminoácido ausente na maioria das cianobactérias e<br />

microalgas (CIFERRI, 1983 apud LEÓN, 2010).<br />

2.1.2.2 Condições <strong>de</strong> Cultivo<br />

Tabela 1:Composição centesimal da Spirulina<br />

Componente Quantida<strong>de</strong> (%)<br />

Proteínas e Aminoácidos 65<br />

Carboidratos 20<br />

Minerais 7<br />

Lipí<strong>de</strong>os 5<br />

Umida<strong>de</strong> 3<br />

Fonte: Adaptado <strong>de</strong> HENRIKSON, 1994.<br />

Assim como as plantas ver<strong>de</strong>s superiores, o metabolismo principal da Spirulina<br />

platensis é a fotossíntese, on<strong>de</strong> a principal fonte <strong>de</strong> energia é a luz solar. Por meio da<br />

fotossíntese, converte os nutrientes em matéria celular e libera oxigênio. Os nutrientes <strong>de</strong> que<br />

necessita são uma fonte <strong>de</strong> carbono, nitrogênio, fósforo, potássio, ferro e outros<br />

oligoelementos (VONSHAK, 1997).<br />

O gênero Arthrospira, é um grupo <strong>de</strong> cianobactérias ubíquas, encontradas em uma<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes, principalmente em lagos alcalinos e salobros, on<strong>de</strong> frequentemente<br />

tornam-se as espécies predominantes. São fotoautotróficos; <strong>de</strong>ssa forma todos os fatores que<br />

afetam a fotossíntese influenciarão o crescimento <strong>de</strong>stes microorganismos, sendo os principais<br />

fatores a temperatura, luminosida<strong>de</strong>, salinida<strong>de</strong> e pH (HU, 2004 apud PINHO, 2009).<br />

18


Segundo Ciferri (1983) apud León (2010), a Arthrospira sp. <strong>de</strong>senvolve-se em meios<br />

em que os constituintes principais são as fontes minerais <strong>de</strong> carbono (carbonatos,<br />

bicarbonatos), fósforo e nitrogênio (normalmente nitratos). Cresce bem em temperaturas <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 30°C e utiliza a energia luminosa para seu <strong>de</strong>senvolvimento, entre 20 e 30 klx <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> luminosa; é um microrganismo alcalofílico, apresentando crescimento<br />

consi<strong>de</strong>rado a<strong>de</strong>quado sob valores <strong>de</strong> pH entre 8 e 11, e prevalece perante outros<br />

microrganismos e cianobactérias em meios aquáticos com concentrações salinas superiores a<br />

30 g.L -1 , po<strong>de</strong>ndo suportar concentrações <strong>de</strong> até 270 g.L -1 .<br />

O crescimento <strong>de</strong> microalgas é regido pela lei do mínimo, ou seja, o fator limitante do<br />

crescimento é aquele que está presente em quantida<strong>de</strong>s próximas ao mínimo critico necessário<br />

para a microalga. É importante conhecer as condições ótimas e os limites <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong><br />

uma microalga para todos ou a maioria dos parâmetros envolvidos no crescimento <strong>de</strong><br />

microalgas (ABALDE et al., 1995).<br />

As respostas aos estímulos ou a mudanças ambientais são inerentes a todos os<br />

organismos vivos. Especificamente nas microalgas, a resposta das células às condições <strong>de</strong>fine<br />

os fatores como limitantes – redução da taxa <strong>de</strong> crescimento e/ou <strong>de</strong> alguma reação<br />

bioquímica sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aclimatação celular; ou estressante – implica num<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio metabólico, o qual <strong>de</strong>manda ajustes bioquímicos antes que as células possam<br />

estabelecer um novo estado <strong>de</strong> crescimento ou biossíntese (VONSHAK; TORSILLO, 2004<br />

apud DERNER, 2006).<br />

Segundo Abal<strong>de</strong> et al. (1995), no cultivo em massa <strong>de</strong> microalgas, o rendimento<br />

alcançado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da concentração <strong>de</strong> células na cultura como o grau em que as células<br />

po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver seu potencial <strong>de</strong> crescimento. Portanto, para conseguir um cultivo <strong>de</strong><br />

microalgas em crescimento ativo são necessários: inoculo viável <strong>de</strong> tamanho mínimo,<br />

fornecimento <strong>de</strong> nutrientes e oligoelementos, condições físico-químicas a<strong>de</strong>quadas<br />

(temperatura, pH, etc.) e energia.<br />

<strong>de</strong> microalgas.<br />

A Figura 2 apresenta os principais fatores que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados para o cultivo<br />

19


Fonte: Adaptado <strong>de</strong> Abal<strong>de</strong> et al., 1995.<br />

Figura 2:Parâmetros <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> Microalgas<br />

Tanto no ambiente natural quanto nos cultivos o crescimento <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong><br />

microalgas é resultado da interação entre fatores biológicos, químicos e físicos<br />

(FALKOWSKI; RAVEN, 1997 apud OHSE et al., 2010). Os fatores biológicos estão<br />

relacionados às próprias taxas metabólicas da espécie cultivada, bem como com a possível<br />

influência <strong>de</strong> organismos contaminantes. Quanto aos fatores físico-químicos que afetam o<br />

crescimento das microalgas são principalmente reportados estudos sobre luz, temperatura, pH,<br />

salinida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes (RICHMOND, 2004).<br />

2.1.2.2.1 Luz<br />

A luz constitui um fator fundamental no cultivo <strong>de</strong> microalgas, tanto para si como para<br />

suas interrelações com outros parâmetros (ABALDE et al., 1995). Como com todas as<br />

plantas, microalgas fotossintetizam e assimilam carbono inorgânico para conversão em<br />

20


matéria orgânica. Luz é a fonte <strong>de</strong> energia que dirige esta reação e sua intensida<strong>de</strong>, qualida<strong>de</strong><br />

espectral e fotoperíodo precisam ser consi<strong>de</strong>radas (VILLAÇA, 2010).<br />

Para realizar a fotossíntese, as microalgas necessitam <strong>de</strong> certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz. A<br />

intensida<strong>de</strong> da luz <strong>de</strong>sempenha um papel importante, mas as exigências variam com a<br />

profundida<strong>de</strong> da cultura e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da cultura <strong>de</strong> algas: a profundida<strong>de</strong>s e concentrações <strong>de</strong><br />

células maiores, a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz <strong>de</strong>ve ser aumentada para penetrar a cultura (VILLAÇA,<br />

2010). De acordo com Abal<strong>de</strong> et al. (1995), um fato importante a ser consi<strong>de</strong>rado no cultivo<br />

em massa <strong>de</strong> microalgas é a variação existente no tempo requerido para adaptação a uma nova<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz (<strong>de</strong> algumas horas a vários dias). Algumas espécies possuem pouca<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta a trocas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz e morrem rapidamente ao serem<br />

expostas a aumentos relativamente pequenos <strong>de</strong>sta.<br />

Segundo Villaça (2010), a luz po<strong>de</strong> ser natural ou fornecida através <strong>de</strong> tubos<br />

fluorescentes. Intensida<strong>de</strong> muito alta (por exemplo. sol direto, pequeno recipiente perto <strong>de</strong> luz<br />

artificial) po<strong>de</strong> resultar em foto-inibição. Aquecimento <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>vido à iluminação natural e<br />

artificial também <strong>de</strong>vem ser evitados. Tubos fluorescentes que emitem luz azul ou o espectro<br />

vermelho <strong>de</strong>veriam ser preferidos, pois representam as porções mais ativas do espectro para a<br />

fotossíntese. A duração da iluminação artificial <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> 18 h mínimo <strong>de</strong> luz por dia,<br />

embora cultivos <strong>de</strong> fitoplâncton normalmente se <strong>de</strong>senvolvam sob iluminação constante.<br />

2.1.2.2.2 Temperatura<br />

A temperatura é outro parâmetro fundamental para o crescimento <strong>de</strong> microalgas. A<br />

biomassa das microalgas respon<strong>de</strong> continuamente a temperatura ambiente. Além <strong>de</strong> afetar as<br />

reações celulares, a temperatura também afeta a natureza do metabolismo, as necessida<strong>de</strong>s<br />

nutricionais e a composição da biomassa (ABALDE et al., 1995).<br />

A temperatura ótima para culturas <strong>de</strong> fitoplâncton varia geralmente entre 20 e 24°C,<br />

embora isto possa variar com a composição do meio <strong>de</strong> cultura, entre as espécies e a cepa<br />

cultivada. Espécies mais comumente cultivadas <strong>de</strong> microalgas toleram temperaturas entre 16 e<br />

27°C. Temperaturas abaixo <strong>de</strong> 16°C reduzirão a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento, enquanto que<br />

mais altas que 35°C são letais para várias espécies. Se necessário, culturas <strong>de</strong> alga po<strong>de</strong>m ser<br />

esfriadas por um fluxo <strong>de</strong> água fria sobre a superfície do recipiente <strong>de</strong> cultura ou controlando<br />

a temperatura do ar com unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ar condicionando (VILLAÇA, 2010).<br />

21


Nas microalgas existe uma relação entre a temperatura e a ativida<strong>de</strong> biológica,<br />

aumentando a taxa <strong>de</strong> crescimento quando aumenta a temperatura, até uma faixa ótima, acima<br />

da qual o crescimento diminui, às vezes bruscamente, po<strong>de</strong>ndo chegar a zero se continuar o<br />

aumento <strong>de</strong> temperatura, conforme po<strong>de</strong> ser visualizado na Figura 3 (ABALDE et al., 1995).<br />

Fonte: Kaplan et al., 1986 apud Abal<strong>de</strong> et al., 1995.<br />

2.1.2.2.3 pH<br />

Figura 3:Efeito da temperatura sobre o crescimento <strong>de</strong> microalgas<br />

O pH constitui um dos fatores mais importantes no crescimento <strong>de</strong> microalgas.<br />

Segundo Abal<strong>de</strong> et al. (1995), as microalgas mostram uma clara <strong>de</strong>pendência em relação ao<br />

pH do meio <strong>de</strong> cultivo e diferentes espécies variam amplamente a sua resposta ao mesmo.<br />

Cada microalga apresenta um pH ótimo para cultivo (entre 7 e 9). Uma diminuição no pH<br />

geralmente é letal, porem muitas vezes po<strong>de</strong> suportar um acréscimo no pH até um certo<br />

limite.<br />

O pH varia para a maioria das espécies <strong>de</strong> alga cultivadas entre 7 e 9, com a faixa<br />

ótima sendo 8.2-8.7. Um fracasso para manter um pH aceitável po<strong>de</strong> causar um colapso<br />

completo da cultura <strong>de</strong>vido ao rompimento <strong>de</strong> muitos processos celulares. A estabilização é<br />

realizada arejando a cultura. No caso <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> algas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, a adição <strong>de</strong> gás<br />

carbônico permite corrigir para aumentar o pH, que po<strong>de</strong> alcançar valores limites <strong>de</strong> até pH 9<br />

durante crescimento da alga (VILLAÇA, 2010).<br />

22


Segundo Pelizer et al. (2003); Richmond e Grobbelaar (1986) apud Andra<strong>de</strong> e Costa<br />

(2008), a faixa ótima <strong>de</strong> pH para o crescimento da microalga Spirulina é <strong>de</strong> 9,5 a 10,5.<br />

2.1.2.2.4 Salinida<strong>de</strong><br />

A concentração <strong>de</strong> sais inorgânicos dissolvidos, tanto em águas doces como em águas<br />

marinhas, po<strong>de</strong> afetar o crescimento das microalgas em função <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> osmótica. A<br />

tolerância ao sal varia <strong>de</strong> acordo com as espécies, algumas só toleram concentrações<br />

milimolares <strong>de</strong> sal, enquanto outras sobrevivem em soluções saturadas. O que é um estresse<br />

salino letal para um grupo po<strong>de</strong> ser facilmente tolerado por outro grupo (ABALDE et al.,<br />

1995).<br />

Segundo Villaça (2010), a maioria das espécies cresce melhor a uma salinida<strong>de</strong> que é<br />

ligeiramente abaixo que a do hábitat nativo <strong>de</strong>las, que é obtido diluindo água <strong>de</strong> mar com<br />

água <strong>de</strong> torneira. Salinida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 20-24 g.L -1 são consi<strong>de</strong>radas ótimas.<br />

A salinida<strong>de</strong> é um fator a ser consi<strong>de</strong>rado, especialmente em ambientes fechados, tais<br />

como baías, rios, estuários, córregos, etc, e po<strong>de</strong> ser alterado para um maior ou menor grau<br />

por evaporação no verão e efeito <strong>de</strong> diluição durante o período chuvoso (ABALDE et al.,<br />

1995).<br />

2.1.2.2.5 Micronutrientes<br />

Os micronutrientes incluem vários metais traço e as vitaminas tiamina (B1),<br />

cianocobalamina (B12) e às vezes biotina (VILLAÇA, 2010).<br />

Os micronutrientes são aqueles necessários em pequenas quantida<strong>de</strong>s e são parte <strong>de</strong><br />

moléculas essenciais, como fatores <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> enzimas e são necessários para ativação<br />

<strong>de</strong> certas enzimas. Geralmente são necessários como micronutrientes o Fe, o Mn, o Cu, o Mo<br />

e o Co (ABALDE et al., 1995).<br />

23


2.1.2.2.6 Fonte <strong>de</strong> Carbono<br />

O carbono é o elemento necessário em maiores concentrações para as algas por ser<br />

constituinte <strong>de</strong> todas as substâncias orgânicas sintetizadas pelas células (proteínas,<br />

carboidratos, ácidos nucléicos, vitaminas, lipí<strong>de</strong>os, entre outros) (LOURENÇO, 2006). A<br />

fotossíntese é a principal rota <strong>de</strong> fixação do carbono, entretanto algumas espécies (incluindo o<br />

gênero Arthrospira) permitem a combinação entre a fotossíntese e a assimilação heterotrófica<br />

<strong>de</strong> compostos orgânicos, num processo chamado mixotrofia. Tal processo possibilita que o<br />

crescimento das microalgas não seja estritamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz nos<br />

cultivos permitindo o uso <strong>de</strong> variadas fontes <strong>de</strong>sse nutriente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da aplicação da<br />

biomassa produzida e dos recursos disponíveis (CHOJNACKA; NOWORYTA, 2004 apud<br />

PINHO, 2009).<br />

Em baixa concentração extracelular <strong>de</strong> bicarbonato, as cianobactérias têm a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumular o bicarbonato no meio intracelular e utilizar o dióxido <strong>de</strong> carbono<br />

como fonte <strong>de</strong> carbono para seu metabolismo (CORNET et al., 1998 apud LEÓN, 2010).<br />

O bicarbonato é a fonte <strong>de</strong> carbono mais frequentemente empregada em meios <strong>de</strong><br />

cultura. É incorporado ativamente, gerando um gasto energético neste processo, sendo<br />

convertido em CO2 que é empregado na fotossíntese, e em carbonato, que é liberado para o<br />

meio extracelular aumentando o pH do cultivo (MATSUDO, 2006). Segundo Pinho (2009) o<br />

gênero Arthrospira necessita <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bicarbonato, que além <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong><br />

carbono, auxilia na manutenção da condição alcalina do meio <strong>de</strong> cultura, vital para o cultivo<br />

<strong>de</strong>ste gênero, e constitui uma barreira para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outros microrganismos.<br />

2.1.2.2.7 Fonte <strong>de</strong> Nitrogênio<br />

O nitrogênio é componente fundamental <strong>de</strong> três classes <strong>de</strong> substâncias estruturais e do<br />

metabolismo primário das células: proteínas, ácidos nucléicos e pigmentos fotossintetizantes<br />

(clorofilas e ficobilinas). Se o suprimento <strong>de</strong> nitrogênio é abundante em cultivos, verifica-se<br />

tendência <strong>de</strong> aumento nas concentrações <strong>de</strong> proteína e clorofila nas células. Já baixas<br />

concentrações diminuem o teor <strong>de</strong>ssas duas substâncias, diminuindo drasticamente também a<br />

taxa <strong>de</strong> divisão celular. A concentração <strong>de</strong> ácido linolênico aumenta, e o conteúdo <strong>de</strong> ácidos<br />

24


graxos permanece constante. As ficocianinas são <strong>de</strong>gradadas e utilizadas como fonte <strong>de</strong><br />

nitrogênio. Mais carotenói<strong>de</strong>s e menos clorofilas são produzidas, gerando mudanças <strong>de</strong> cor<br />

que ten<strong>de</strong>m ao amarelado (LOURENÇO, 2006; FERREIRA, 2008; COLLA; BERTOLIN;<br />

COSTA, 2004 apud PINHO, 2009). Apesar da ampla utilização dos sais <strong>de</strong> nitrato, estudos<br />

mostram uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong> nitrogênio.<br />

A fonte convencional <strong>de</strong> nitrogênio utilizada para a produção <strong>de</strong> Arthrospira é o<br />

nitrato <strong>de</strong> potássio. No entanto, em trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

Farmacêuticas da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> São Paulo (FCF/USP), a utilização do processo<br />

<strong>de</strong>scontínuo alimentado para o cultivo <strong>de</strong> Arthrospira platensis permitiu a obtenção <strong>de</strong><br />

resultados bastante satisfatórios com o uso <strong>de</strong> uréia como fonte <strong>de</strong> nitrogênio, acarretando<br />

numa diminuição do custo <strong>de</strong> produção (DANESI et al., 2002 apud LEÓN, 2010).<br />

2.1.2.2.8 Fonte <strong>de</strong> Fósforo<br />

A utilização <strong>de</strong>ste macronutriente por Arthrospira e <strong>de</strong>mais microalgas está associada<br />

à síntese <strong>de</strong> moléculas orgânicas como ácidos nucléicos e fosfolipídios (ÇELEKLI;<br />

YAVUZATMACA; BOZKURT, 2009 apud PINHO, 2009). É armazenado sob a forma <strong>de</strong><br />

grânulos <strong>de</strong> polifosfato; esses grânulos são compostos, além <strong>de</strong> fósforo, <strong>de</strong> cobre, ferro,<br />

magnésio, sódio e potássio. Possuem carga negativa em sua superfície, <strong>de</strong>sempenhando<br />

também a função <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> metais (RANGSAYATORN et. al., 2002 apud PINHO,<br />

2009).<br />

2.1.2.3 Utilização da Spirulina<br />

A microalga Spirulina platensis tem sido comercializada e estudada pelo seu potencial<br />

nutricional, <strong>de</strong>vido apresentar elevado conteúdo <strong>de</strong> proteínas, pró-vitaminas e ácidos graxos<br />

insaturados, e também por apresentar potencial terapêutico no tratamento <strong>de</strong> inúmeras<br />

doenças (ROSA et al., 2005).<br />

Consi<strong>de</strong>rando a enorme biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> microalgas, este grupo representa uma fonte<br />

promissora <strong>de</strong> novos produtos com aplicações nas indústrias alimentícia e farmacêutica,<br />

25


po<strong>de</strong>ndo aten<strong>de</strong>r às altas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>sses setores através do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

cultivo em massa (PULZ; GROSS, 2004 apud PINHO, 2009).<br />

Entre as aplicações clinicas da Spirulina po<strong>de</strong>m-se citar (JASBY, 1984; RICHMOND,<br />

1990 apud ABALDE et al., 1995):<br />

a) Utilização como alimento terapêutico em crianças e adultos;<br />

b) Tratamento <strong>de</strong> cicatrização <strong>de</strong> feridas;<br />

c) Proteção e tratamento do câncer;<br />

d) Estimulação da prostaglandina; e<br />

e) Reativação <strong>de</strong> enzimas humanas.<br />

Segundo Henrikson (1994), o cultivo comercial <strong>de</strong> cianobactérias é realizado para<br />

diversas finalida<strong>de</strong>s, principalmente aplicação em alimentos ou rações animais, <strong>de</strong>vido ao seu<br />

alto teor <strong>de</strong> proteínas, vitaminas, sais minerais, lipídios e pigmentos. A Spirulina esta<br />

legalmente autorizada como alimento ou complemento alimentar na Europa, Japão e Costa<br />

Asiática do Pacífico. Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration)<br />

<strong>de</strong>terminou, em 1981, que a Spirulina constitui-se fonte <strong>de</strong> proteína e contem varias vitaminas<br />

e minerais, po<strong>de</strong>ndo ser comercializada legalmente como complemento alimentício.<br />

De acordo com Rosa et al. (2005), a Spirulina é um complemento dietético, protéico e<br />

vitamínico com notáveis proprieda<strong>de</strong>s farmacológicas. Esta microalga comestível que po<strong>de</strong><br />

ser cultivada em regiões quentes vem sendo utilizada com fonte <strong>de</strong> proteínas no<br />

enriquecimento <strong>de</strong> alimentos e também está sendo utilizada em pesquisas no exterior para<br />

combater a <strong>de</strong>snutrição <strong>de</strong> crianças e adultos em países pobres com sucesso.<br />

A principal exigência para que microrganismos possam ser usados em alimentação<br />

humana são: composição a<strong>de</strong>quada, em relação à concentração e qualida<strong>de</strong> dos nutrientes;<br />

ausência <strong>de</strong> substancias tóxicas e/ou alérgicas; palatabilida<strong>de</strong> (SGARBIERI, 1996).<br />

As microalgas são cultivadas principalmente para a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suplemento<br />

alimentar, uso em aqüicultura e extração <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> alto valor comercial (TEIXEIRA et<br />

al., 2010).<br />

Recentemente, maior atenção vem sendo dada a Arthrospira spp. pelo potencial <strong>de</strong><br />

coloração <strong>de</strong> seus pigmentos <strong>de</strong> interesse as industrias farmacêuticas, <strong>de</strong> cosméticos e <strong>de</strong><br />

alimentos. Segundo Danesi et al. (2002) apud León (2010), há uma tendência na substituição<br />

<strong>de</strong> corantes artificiais por produtos naturais, o que sugere a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior exploração<br />

<strong>de</strong> Arthrospira ssp. Pois essa cianobactéria é uma das principais fontes <strong>de</strong> clorofila na<br />

natureza.<br />

26


Morist et al. (2001) apud León (2010), cultivaram Arthrospira platensis em<br />

fotobiorreator continuo com o objetivo <strong>de</strong> utilizar a biomassa como suporte para a<br />

sobrevivência dos humanos em viagens espaciais. As biomassas recuperadas e tratadas para<br />

obtenção <strong>de</strong> um produto a base <strong>de</strong> Arthrospira platensis com segurança microbiológica e<br />

manutenção da composição química e nutricional, foi consi<strong>de</strong>rada com potencial para ser<br />

utilizada como alimento.<br />

No Brasil, a Spirulina tem sido utilizada, basicamente, na produção <strong>de</strong> cápsulas<br />

<strong>de</strong>stinadas a dieta <strong>de</strong> emagrecimento. De acordo com os fabricantes, o efeito <strong>de</strong> controlar o<br />

apetite ocorre se ingerida uma ou duas horas antes da refeição, <strong>de</strong>vido à presença dos<br />

aminoácidos essenciais em quantida<strong>de</strong>s balanceadas, bem como a sua composição rica em<br />

proteínas (HENRIKSON, 1994).<br />

2.1.2.3.1 Utilização da Spirulina na área ambiental<br />

O cultivo em massa <strong>de</strong> algas tem chamado muito a atenção <strong>de</strong>vido à sua utilização na<br />

produção <strong>de</strong> alimentos para o homem e animais, reciclagem <strong>de</strong> resíduos, tratamento <strong>de</strong> esgoto<br />

e suprimento <strong>de</strong> matéria-prima para alguns compostos naturais e agentes bioativos. Neste<br />

particular, as cianobactérias representam um importante papel, consistindo uma fonte rica em<br />

proteínas, carboidratos, lipí<strong>de</strong>os, vitaminas, enzimas e outros compostos. Outros usos<br />

correntes e potenciais incluem: a) inoculante para o solo; b) produção <strong>de</strong> energia pela<br />

produção do biogás metano e conversão da energia solar através da biofotólise; c) tratamento<br />

<strong>de</strong> águas residuárias; d) remoção <strong>de</strong> metais tóxicos; etc (PINOTTI; SEGATO, 1991).<br />

Segundo Oliveira (2006), as cianobactérias são uma alternativa potencialmente capaz<br />

<strong>de</strong> contribuir com a resolução da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> nutrientes, elas são fontes <strong>de</strong> compostos como<br />

corantes naturais, farmacêuticos, po<strong>de</strong>m ser usadas na aqüicultura, no seqüestro <strong>de</strong> CO2 da<br />

atmosfera e alguns estudos já tem aplicado esses microrganismos na produção <strong>de</strong> biodiesel,<br />

entre outras aplicações.<br />

O Programa Nacional <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Biodiesel vem incentivando a diversificação da<br />

matéria-prima para a produção <strong>de</strong> biodiesel. Entre as diversas matérias-primas para a<br />

produção <strong>de</strong> biodiesel, a biomassa <strong>de</strong> microalgas é aquela que apresenta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> biodiesel que permitirá a substituição total do diesel (cerca <strong>de</strong> 40 bilhões <strong>de</strong> litros<br />

por ano) e <strong>de</strong> modo ambientalmente sustentável (TEIXEIRA et al., 2010).<br />

27


De acordo com Venkataraman (1986) apud Abal<strong>de</strong> et al. (1995), a biomassa das<br />

cianobactérias po<strong>de</strong> ser utilizada na agricultura como biofertilizante. O conceito <strong>de</strong> utilização<br />

<strong>de</strong> cianobactérias como fertilizante para fixar nitrogênio em campos <strong>de</strong> arroz foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

na Índia em 1939 por De, que percebeu que o crescimento <strong>de</strong> cianobactérias no solo<br />

fertilizava esse solo. A partir <strong>de</strong>sse conhecimento trabalhos foram realizados para melhorar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cianobactérias fixadoras endógenas do solo e ensaios <strong>de</strong> inoculação <strong>de</strong><br />

cepas selecionadas no solo.<br />

A fertilida<strong>de</strong> dos solos <strong>de</strong> arroz é mantida pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cianobactérias<br />

heterocísticas, que crescem espontaneamente e abundantemente nesses campos. Elas fazem a<br />

fixação do nitrogênio atmosférico e secretam substâncias nitrogenadas e, através <strong>de</strong> sua<br />

<strong>de</strong>composição, aumentam o conteúdo <strong>de</strong> substâncias orgânicas do solo (BECKER, 1981 apud<br />

PINOTTI; SEGATO, 1991).<br />

As microalgas po<strong>de</strong>m ser utilizadas como fonte <strong>de</strong> energia. Segundo Benemann e<br />

Weare (1974) apud Abal<strong>de</strong> et al. (1995), o melhor sistema <strong>de</strong> biofotólise que produz<br />

hidrogênio livre se baseia em culturas <strong>de</strong> cianobactérias com heterocistos em condições<br />

limitantes <strong>de</strong> nitrogênio.<br />

Outra fonte <strong>de</strong> pesquisa nessa área é a conversão da energia solar através da<br />

biofotólise. As cianobactérias heterocísticas possuem a capacida<strong>de</strong> excepcional <strong>de</strong> evoluir<br />

oxigênio durante a fotossíntese, em células vegetativas e, simultaneamente, evoluir H2 pela<br />

transferência <strong>de</strong> elétrons a íons H + , catalisada pela nitrogenase presente nos heterocistos, na<br />

ausência <strong>de</strong> nitrogênio ou outros substratos da nitrogenase (PINOTTI; SEGATO, 1991).<br />

Outro aspecto que tem sido <strong>de</strong>senvolvido é a produção <strong>de</strong> metano a partir da biomassa<br />

<strong>de</strong> microalgas por digestão anaeróbia (COHEN, 1988 apud ABALDE et al., 1995).<br />

De acordo com Pinotti e Segato (1991), lagoas com microalgas têm sido usadas<br />

extensivamente no tratamento <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejo. As cianobactérias po<strong>de</strong>m ser utilizadas no<br />

tratamento <strong>de</strong> águas residuais; <strong>de</strong>sintoxicação biológica e controle <strong>de</strong> metais tóxicos em águas<br />

naturais ou em águas contaminadas industrialmente (OSWALD, 1988; LINCOLN; EARLE,<br />

1990; MAEDA; SAKAGUCHI, 1990; GREENE; BEDELL, 1990 apud ABALDE et al.,<br />

1995). Muitos tipos <strong>de</strong> águas residuais, <strong>de</strong> origem doméstica, animal ou industrial, constituem<br />

um meio apropriado para o crescimento <strong>de</strong> microalgas, que crescem rapidamente nesses<br />

meios, convertendo a energia em matéria orgânica celular e produzindo calor. Esse calor é<br />

benéfico, pois acelera o tratamento microbiológico aeróbio e anaeróbio dos resíduos e,<br />

simultaneamente, acelera a morte <strong>de</strong> espécies patogênicas que possam estar presentes na água.<br />

A ativida<strong>de</strong> fotossintética fornece oxigênio para oxidação microbiológica dos resíduos, bem<br />

28


como a incorporação fotossintética <strong>de</strong> CO2 aumenta o pH do efluente para um nível letal para<br />

muitas bactérias e vírus patogênicos (RICHMOND, 1980 apud ABALDE et al., 1995).<br />

Outra aplicação <strong>de</strong> microalgas na proteção ambiental leva em consi<strong>de</strong>ração a<br />

capacida<strong>de</strong> que elas apresentam <strong>de</strong> adsorverem metais tóxicos, sendo utilizadas então para<br />

remoção dos mesmos <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> água e ainda na mineração <strong>de</strong> vários metais<br />

(BENEMANN, 1990 apud PINOTTI; SEGATO, 1991).<br />

2.1.3 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)<br />

De acordo com a NBR 9896 (ABNT, 1993), a <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio (DQO) é<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio consumido na oxidação química da matéria orgânica existente na<br />

água, medida em teste específico. Não apresenta necessariamente correlação com a DBO. É<br />

expressa em miligramas <strong>de</strong> oxigênio por litro <strong>de</strong> água. Usada geralmente como indicador do<br />

grau <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> água, ou <strong>de</strong> uma água residuária.<br />

A DQO é um parâmetro utilizado para estimar <strong>de</strong> modo indireto a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

oxigênio dissolvido (O2) que será consumido na <strong>de</strong>gradação da matéria orgânica (MO)<br />

presente no ambiente aquático ou numa solução aquosa residuária. Para tanto, utiliza-se um<br />

agente químico, o qual sob condições específicas causará a oxidação da matéria orgânica,<br />

bio<strong>de</strong>gradável ou não. A partir da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reagente químico gasto na oxidação<br />

<strong>de</strong>termina-se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica e a partir <strong>de</strong>sta, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> O2 dissolvido<br />

por litro <strong>de</strong> solução. No caso da <strong>de</strong>terminação do índice <strong>de</strong> DQO <strong>de</strong> um efluente, o valor<br />

obtido indicará a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio, em miligramas, que um litro (1L) <strong>de</strong>ste efluente<br />

consumirá <strong>de</strong> um corpo d’água receptor se toda a matéria orgânica presente neste for<br />

mineralizada (MENDES, 2009). A DQO é um parâmetro muito usado para estimar o<br />

potencial poluidor <strong>de</strong> efluentes domésticos e industriais, ou seja, o impacto causado por estes<br />

efluentes sobre os ecossistemas aquáticos (HANSON, 1992).<br />

O agente oxidante normalmente usado na <strong>de</strong>terminação do índice <strong>de</strong> DQO é o<br />

dicromato <strong>de</strong> potássio (K2Cr2O7), em meio ácido, pois apresenta vantagens, tais como: é<br />

relativamente barato e fácil <strong>de</strong> purificar, é um padrão primário e é capaz <strong>de</strong> oxidar<br />

completamente a gran<strong>de</strong> maioria dos compostos orgânicos (MENDES, 2009).<br />

A DQO é um parâmetro indispensável nos estudos <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong> esgotos<br />

sanitários e <strong>de</strong> efluentes industriais. A DQO é muito útil quando utilizada conjuntamente com<br />

29


a DBO para observar a bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>spejos. Sabe-se que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> oxidação do<br />

dicromato <strong>de</strong> potássio é maior do que o que resulta mediante a ação <strong>de</strong> microrganismos,<br />

exceto raríssimos casos como hidrocarbonetos aromáticos e piridina. Desta forma, os<br />

resultados da DQO <strong>de</strong> uma amostra são superiores aos <strong>de</strong> DBO (CETESB, 2010).<br />

2.1.4 METAIS TÓXICOS<br />

Todas as formas <strong>de</strong> vida são afetadas pela presença <strong>de</strong> metais, os quais diferem das<br />

outras substâncias potencialmente tóxicas pelo fato <strong>de</strong> não serem produzidos ou <strong>de</strong>struídos<br />

pelo homem (TONIETTO, 2006). Os metais estão originalmente distribuídos no ambiente em<br />

razão dos ciclos biogeoquímicos da matéria. O intemperismo dissolve rochas, po<strong>de</strong>ndo<br />

transportar metais para rios e lagos, solos adjacentes e oceanos. Os ciclos biológicos incluem<br />

a bioacumulação e a biomagnificação, os quais transformam teores normais em concentrações<br />

tóxicas, para diferentes espécies da biota e para o próprio homem (TAVARES; CARVALHO,<br />

1992).<br />

Os metais tóxicos, <strong>de</strong>finidos como elementos com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa maior que<br />

5 g.cm -3 , estão presentes em rochas e em concentrações elevadas, em áreas com adição <strong>de</strong><br />

rejeitos industriais, biossólidos e alguns agroquímicos. Quando em excesso no solo, esses<br />

elementos po<strong>de</strong>m inibir o crescimento das plantas e causar alterações nas comunida<strong>de</strong>s<br />

vegetais, como também exercer efeitos adversos sobre os microrganismos do solo,<br />

interferindo nas funções do ecossistema, com conseqüências ao meio ambiente e à saú<strong>de</strong><br />

pública (CARNEIRO et al., 2001).<br />

Os metais tóxicos estão situados, na Tabela Periódica, perto da parte inferior, sendo<br />

suas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s altas em comparação a <strong>de</strong> outros materiais comuns (BAIRD, 2002). Entre os<br />

metais tóxicos mais estudados, encontram-se elementos não essenciais para os vegetais, como<br />

o Pb, Cd, Cr e Hg; e os micronutrientes Cu, Zn, Fe, Mn e Mo. Porém, mesmo os essenciais<br />

po<strong>de</strong>m tornar-se contaminantes ou poluentes <strong>de</strong> solo e água. A poluição do solo por metais<br />

tóxicos apresenta caráter pontual quando se dispõe resíduos agrícolas e industriais, rejeitos <strong>de</strong><br />

mineração, lodo <strong>de</strong> esgoto e lixo urbano, e caráter mais abrangente, quando a fonte <strong>de</strong><br />

contaminação constitui-se <strong>de</strong> corretivos <strong>de</strong> solo, fertilizantes ou outro condicionador <strong>de</strong> solo<br />

(CAVALCANTI; NASCIMENTO, 2010).<br />

30


Os metais tóxicos são elementos químicos que apresentam número atômico maior que<br />

22. Os mesmos não são sintetizados, e possuem características diferentes <strong>de</strong> outros reagentes,<br />

pois não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>struídos pelo homem. Pelo fato dos metais tóxicos serem<br />

bioacumulativos, o organismo não é capaz <strong>de</strong> eliminá-los. Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir <strong>de</strong> forma mais<br />

disseminada os metais tóxicos como aqueles que proporcionam efeitos adversos a saú<strong>de</strong><br />

humana. Os metais tóxicos não são encontrados facilmente em estado puro na natureza, e os<br />

mesmos são classificados como (RIBEIRO et al., 2009):<br />

a) Elementos essenciais – ferro, potássio cálcio, zinco, cobre níquel, sódio e<br />

magnésio;<br />

b) Micro-contaminantes ambientais – arsênio, titânio, estanho, chumbo, mercúrio,<br />

alumínio, tungstênio e cádmio;<br />

c) Elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes – cromo, ferro,<br />

zinco, cobalto, níquel e manganês.<br />

Metais tóxicos em excesso po<strong>de</strong>m causar muitas doenças e sérios problemas<br />

fisiológicos, já que são acumulativos no corpo humano. Os resíduos contendo cádmio, cromo,<br />

manganês e níquel possuem alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> contaminação e, com facilida<strong>de</strong>, atingem os lençóis<br />

freáticos ou mesmo reservatórios e rios, que são as fontes <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água das<br />

cida<strong>de</strong>s. O contato com a pele po<strong>de</strong> causar <strong>de</strong>rmatite alérgica e, mais raramente, provocar<br />

ulcerações na pele formando cicatrizes, perfurações do septo nasal, câncer, distúrbios afetivos,<br />

irritação neuromuscular, cefaléia, náuseas e <strong>de</strong>smaios. Há também suspeitas <strong>de</strong> que possam<br />

afetar o sistema imunológico <strong>de</strong> seres humanos (JIMENES et al., 2004).<br />

2.1.4.1 Cromo (Cr)<br />

O Cromo é um metal cinza aço, com forma cristalina cúbica, sem odor e muito<br />

resistente a corrosão. O Cromo é o sétimo mais abundante metal na Terra como um todo. O<br />

metal não é encontrado livre na natureza. Os estados <strong>de</strong> oxidação mais comuns do Cromo são:<br />

+2, +3 e +6. São mais estáveis nas formas tri e hexavalente, alem da forma elementar,<br />

aparecendo na composição <strong>de</strong> óxidos, sulfatos, cromatos, dicromatos, sais básicos e na forma<br />

elementar recobrindo peças metálicas e plásticas nos processos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> superfícies,<br />

etc (SILVA; PEDROSO, 2001).<br />

31


Segundo Ribeiro et al. (2009), o cromo é um metal <strong>de</strong> transição na tabela periódica,<br />

on<strong>de</strong> está localizado no sexto grupo e quarto período. Apresenta cor brilhante, prateado<br />

metálico (Figura 4). É um material duro e muito resistente a corrosão. Na temperatura<br />

ambiente, não se oxida facilmente. Por isso é muito utilizado no ramo da metalurgia para se<br />

obter um acabamento brilhante e uma maior resistência a corrosão.<br />

Fonte: CHANG, 1994 apud PIMENTEL, 2003<br />

Figura 4:Cromo metálico<br />

Para o cromo, o número <strong>de</strong> oxidação mais alto correspon<strong>de</strong> ao total <strong>de</strong> elétrons dos<br />

subníveis 3d e 4s. Os estados <strong>de</strong> oxidação variam <strong>de</strong> –2 a +6 (BARROS; AGUIAR, 2010).<br />

Porém as formas Cr(III) e Cr(VI) são as mais estáveis e provocam efeitos à saú<strong>de</strong><br />

fundamentalmente diferentes. Na forma trivalente o cromo é essencial ao metabolismo<br />

humano e, sua carência causa doenças. Enquanto que na forma hexavalente é tóxico e<br />

cancerígeno (MUNIZ et al., 2006).<br />

e 3, respectivamente.<br />

As proprieda<strong>de</strong>s químicas e físicas do Cromo estão representadas nas Tabelas 2<br />

Tabela 2:Proprieda<strong>de</strong>s Químicas do Cromo<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Químicas do Cromo<br />

Nome e símbolo Cromo, Cr<br />

Número atômico 24<br />

Classe e série químicas Metal <strong>de</strong> transição<br />

Grupo, Período, Bloco 6,4,D<br />

Densida<strong>de</strong> 7,140 g/cm 3<br />

Dureza (Mohs,Vickers) 8,5 e 1060 MPa<br />

Massa atômica 51.9961 g/mol<br />

Raio atômico (calculado) 166 pm<br />

Raio covalente 127 pm<br />

Configuração eletrônica [Ar] 3d 6 4s 2<br />

Elétrons (nível <strong>de</strong> energia) 2, 8, 13, 1<br />

Estados <strong>de</strong> oxidação (óxido) 6, 4, 3, 2 (ácido forte)<br />

Estrutura cristalina cúbica centrada no corpo<br />

Fonte: Adaptado <strong>de</strong> RIBEIRO et al., 2009<br />

32


Tabela 3:Proprieda<strong>de</strong>s Físicas do Cromo<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Físicas do Cromo<br />

Estado da matéria sólido<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão 1907 o C<br />

Ponto <strong>de</strong> ebulição 2944 o C<br />

Volume molar 7.23×10 -6 m 3 /mol<br />

Entalpia <strong>de</strong> vaporização 344,3 kJ/mol<br />

Entalpia <strong>de</strong> fusão 16,9 kJ/mol<br />

Pressão <strong>de</strong> vapor 990 Pa at 2130 K<br />

Velocida<strong>de</strong> do som 5940 m/s em CNTP<br />

Fonte: Adaptado <strong>de</strong> RIBEIRO et al., 2009<br />

As conseqüências ambientais do aumento nas concentrações <strong>de</strong> cromo inci<strong>de</strong>m<br />

principalmente sobre espécies aquáticas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algas até organismos superiores por difusão<br />

passiva. Normalmente o cromo acumula-se nas guelras, brônquios, vísceras cerca <strong>de</strong> 10 a 30<br />

vezes mais, comparados ao acúmulo no coração, pele, escamas e músculos. Fatores<br />

ecológicos, o estado da espécie e sua ativida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar a bioacumulação<br />

(RIBEIRO et al., 2009).<br />

2.1.4.1.1 Cromo Hexavalente (Cromo VI)<br />

A toxida<strong>de</strong> do cromo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da espécie química e seus efeitos estão associados à<br />

forma química e exposição. Mas todas as formas <strong>de</strong> cromo po<strong>de</strong>m ser tóxicas em gran<strong>de</strong>s<br />

concentrações, sendo a hexavalente mais tóxica do que a trivalente (RIBEIRO et al., 2009).<br />

Os compostos <strong>de</strong> cromo no estado <strong>de</strong> oxidação +6 são oxidantes fortes, a maioria<br />

<strong>de</strong>stes compostos irritam os olhos, a pele e as mucosas, po<strong>de</strong>ndo quando a exposição é<br />

crônica, provocar danos permanentes nos olhos (GILING; PÉREZ, 2001 apud MUNIZ et al.,<br />

2006). Praticamente todos os compostos <strong>de</strong> Cr (VI) apresentam gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mutagênico<br />

<strong>de</strong>vido seu acesso direto as células e por ser um gran<strong>de</strong> oxidante (RIBEIRO et al., 2009). Os<br />

compostos <strong>de</strong> cromo hexavalente como cromatos, dicromatos e particularmente o acido<br />

crômico, são extremamente tóxicos e a ingestão <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser fatal<br />

(KORZENOWSKI, 2007).<br />

33


Ao analisar a toxicida<strong>de</strong> do cromo, <strong>de</strong>ve-se lembrar que seus efeitos estão relacionados<br />

ao estado em que está presente. O cromo hexavalente, por exemplo, é cerca <strong>de</strong> cem vezes<br />

mais tóxico que o cromo trivalente (LIU et al., 1999 apud PIMENTEL, 2003). O cromo<br />

trivalente, por sua vez, é um nutriente essencial ao homem em pequena quantida<strong>de</strong> (50 -<br />

200µg/d).<br />

Gran<strong>de</strong> parte do cromo recebido diariamente pelo homem ocorre no estado trivalente<br />

<strong>de</strong>vido à ingestão <strong>de</strong> comida. Cerca <strong>de</strong> 0,5 a 3% da entrada total <strong>de</strong> cromo trivalente é<br />

absorvida pelo corpo enquanto 3 a 6% da entrada <strong>de</strong> cromo hexavalente é absorvida pelo trato<br />

gastro-intestinal. A adsorção <strong>de</strong> cromo hexavalente no trato gastro-intestinal é 3 a 5 vezes<br />

maior que a adsorção <strong>de</strong> cromo trivalente, embora parte do cromo hexavalente seja reduzida<br />

pelo suco gástrico. Basicamente, registram-se efeitos agudos e crônicos para doses excessivas<br />

<strong>de</strong> cromo hexavalente (PIMENTEL, 2003).<br />

Segundo Korzenowski (2007), o cromo hexavalente forma haleto somente com o<br />

flúor, mas forma uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxicompostos como: cromato, dicromato,<br />

tricomato, tetracromatos, cromato básico e oxi-halogênio complexos. Todos são potentes<br />

agentes oxidantes. Os mais importantes, industrialmente, são o cromato e o dicromato <strong>de</strong><br />

sódio, a partir dos quais muitos outros compostos são produzidos. As principais aplicações<br />

são em oxi-redução e oxidação da matéria orgânica.<br />

O cromo VI existente no meio ambiente, é quase todo proveniente das ativida<strong>de</strong>s<br />

humanas, originando-se <strong>de</strong> emissões das fabricações <strong>de</strong> cimento, fundições, soldagem,<br />

mineração <strong>de</strong> cobre, lixos urbanos e industriais, incineração, utilização em curtumes e<br />

fertilizantes, entre outros. Nestas regiões o solo po<strong>de</strong> apresentar teores acima do permitido,<br />

principalmente, <strong>de</strong>vido ao mau <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong>sse elemento pelas ativida<strong>de</strong>s industriais. Os<br />

resíduos possuem alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> contaminação, quando não são convenientemente tratados e<br />

simplesmente abandonados em corpos d’água, aterros industriais ou mesmo lixeiras<br />

clan<strong>de</strong>stinas. Com facilida<strong>de</strong>, o cromo atinge o lençol freático ou mesmo reservatórios ou rios<br />

que são as fontes <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água das cida<strong>de</strong>s. O resíduo no solo po<strong>de</strong> ser absorvido<br />

por plantas que posteriormente servirão <strong>de</strong> alimento diretamente ao homem ou a animais,<br />

po<strong>de</strong>ndo por este caminho também atingir o ser humano (MUNIZ et al., 2006).<br />

34


2.1.4.1.2 Cromo em efluentes<br />

Segundo Tonietto (2006), a <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> metais tóxicos em corpos aquáticos receptores<br />

po<strong>de</strong> promover alterações significativas nos comportamentos físico, químico e biológico,<br />

tanto do corpo receptor, como do próprio metal. Essas alterações po<strong>de</strong>m ser divididas em duas<br />

amplas categorias: (i) efeito do ambiente sobre o metal, e (ii) efeito do metal sobre o<br />

ambiente. A primeira categoria enfatiza condições nas quais as águas receptoras po<strong>de</strong>m<br />

influenciar o comportamento e a toxicida<strong>de</strong> dos metais. Tais condições incluem a distinção da<br />

entrada <strong>de</strong> material antropogênico e geoquímico, qualida<strong>de</strong> dos efluentes domésticos e<br />

industriais, concentração <strong>de</strong> ligantes e teores <strong>de</strong> sólidos suspensos. O efeito do metal na<br />

resposta biológica é enfatizado na segunda categoria. Depen<strong>de</strong>ndo das condições ambientais,<br />

o metal po<strong>de</strong> variar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, a diversida<strong>de</strong>, a estrutura da comunida<strong>de</strong> e a composição das<br />

espécies <strong>de</strong> populações. O grau <strong>de</strong> variação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá amplamente da concentração <strong>de</strong> metais<br />

na água e, igualmente, no sedimento. As mudanças nas características do meio aquático pelo<br />

aporte <strong>de</strong> espécies metálicas antropogênicas po<strong>de</strong>m provocar efeitos <strong>de</strong>letérios à biota<br />

aquática.<br />

O cromo é um metal crítico entre os metais tóxicos <strong>de</strong>vido à sua excessiva produção e<br />

à pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> etapas existentes no seu tratamento. Dentre essas etapas, o tratamento do<br />

cromo hexavalente é essencial. O tratamento mais freqüente correspon<strong>de</strong> à redução do cromo<br />

hexavalente através do uso <strong>de</strong> redutores em meio ácido (PIMENTEL, 2003).<br />

Os efluentes líquidos das indústrias <strong>de</strong> galvanoplastia que utilizam processos com<br />

cromo são constituídos basicamente pelas águas <strong>de</strong> lavagem e <strong>de</strong>scartes <strong>de</strong> banhos <strong>de</strong><br />

cromagem e cromatização esgotados, gerando um efluente altamente tóxico e <strong>de</strong> difícil<br />

tratamento. A disposição <strong>de</strong>sses efluentes gera gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cromo no ambiente, e,<br />

portanto merece especial atenção, pois contem principalmente cromo na forma hexavalente<br />

(KORZENOWSKI, 2007).<br />

A presença <strong>de</strong> cromo em efluentes industriais é a principal preocupação das indústrias.<br />

O uso em larga escala <strong>de</strong>ste metal, utilizado amplamente em indústrias <strong>de</strong> couro, metalurgia,<br />

galvanoplastia, <strong>de</strong>ntre outras, tem resultado em uma liberação consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>ste referido<br />

metal, sob a forma <strong>de</strong> resíduos industriais, para o meio ambiente. Para avaliar o impacto dos<br />

efluentes contendo cromo, é conveniente conhecer as concentrações <strong>de</strong> cromo que po<strong>de</strong>m ser<br />

esperadas como “background” natural. Em princípio todos os elementos químicos estão<br />

presentes em todas as rochas naturais, porém em concentrações mínimas (BAYER, 2005).<br />

35


Devido à sua alta toxida<strong>de</strong> comprovada por sua ação carcinogênica, efluentes<br />

contendo cromo hexavalente não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scartados diretamente em mananciais aqüíferos<br />

ou em re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto. A tecnologia atualmente empregada para a remoção do cromo total<br />

compõe-se basicamente <strong>de</strong> duas etapas: redução <strong>de</strong> Cr(VI) a Cr(III) utilizando-se agentes<br />

químicos redutores e a posterior precipitação do Cr(III) na forma <strong>de</strong> hidróxidos. A redução do<br />

Cr(VI) a Cr(III) é uma etapa fundamental no processo uma vez que o primeiro é bastante<br />

móvel na natureza, não sendo facilmente adsorvido ou precipitado. Diante da gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes geradoras <strong>de</strong> efluentes contendo Cr(VI), das quais po<strong>de</strong>mos citar as<br />

indústrias eletrônica, <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> tintas e galvanoplastia entre outras, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novas tecnologias para redução do Cr(VI) vêm sendo intensamente estudadas (RUOTOLO;<br />

GUBULIN, 2010).<br />

2.1.5 BIOSSORÇÃO DE METAIS TÓXICOS<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certos microrganismos concentrar metais tóxicos é bem conhecida,<br />

entretanto, somente durante as duas ultimas décadas é que os microrganismos estão sendo<br />

usados como uma alternativa para remoção e recuperação <strong>de</strong> metais em meios aquosos<br />

(MOREIRA, 2007). Biossorção é um processo que baseia-se no potencial <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> íons<br />

metálicos apresentado por microrganismos biológicos. A remoção consiste num processo <strong>de</strong><br />

contato sólido-líquido utilizando como adsorvente a biomassa microbiana. Há uma gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> material biológico <strong>de</strong> composições estruturais distintas (organismos aquáticos,<br />

fungos, bactérias, etc.) sendo utilizados na biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos. O potencial <strong>de</strong><br />

remoção <strong>de</strong>sses materiais já é conhecido há tempos, sendo muito comum o seu uso como<br />

indicador <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> águas (VOLESKY, 1990 apud AMORIM, 2000).<br />

A biossorção é um processo passivo, rápido, reversível e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> energia<br />

metabólica, realizado tanto por biomassa viva quanto por biomassa morta, no qual atuam<br />

forças físico-químicas que promovem a atração e a ligação do íon metálico, molécula ou<br />

material particulado à biomassa (GOMES et al. 1998). Dentre os mecanismos envolvidos em<br />

biossorção, <strong>de</strong>stacam-se troca iônica, adsorção, complexação, precipitação e cristalização<br />

(GADD, 1993 apud SOUZA et al., 2008).<br />

Segundo Rocha et al. (2005), métodos convencionais para a remoção <strong>de</strong> metais<br />

tóxicos, são freqüentemente ineficientes e/ou <strong>de</strong> alto custo. A biossorção, ligação passiva <strong>de</strong><br />

36


metais por biomassa viva ou morta, apresenta-se como um método alternativo para o<br />

tratamento <strong>de</strong>stes efluentes, pois po<strong>de</strong> aliar baixo custo com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong><br />

metais. Este é um aspecto fundamental para a implantação <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> biossorção.<br />

Métodos convencionais <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes contendo metais tóxicos como<br />

precipitação, oxidação ou redução, filtração, troca iônica, tratamento eletroquímico, <strong>de</strong>ntre<br />

outros, são muitas vezes restritos por inviabilida<strong>de</strong> técnica e/ou econômica, especialmente<br />

quando os metais estão dissolvidos em gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> água e em concentrações<br />

relativamente baixas (RODRIGUES et al., 2006). Diferentes tipos <strong>de</strong> biomassa têm a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reter íons metálicos através <strong>de</strong> adsorção, levando vantagem sobre resinas<br />

comerciais, por serem viáveis economicamente, bio<strong>de</strong>gradáveis e provirem <strong>de</strong> recursos<br />

renováveis (VAUGHAN et al., 2001 apud RODRIGUES et al., 2006).<br />

De acordo com Pietrobelli et al. (2008), o processo da biossorção surge como uma<br />

alternativa aos métodos convencionais, consi<strong>de</strong>rado como a base <strong>de</strong> uma nova tecnologia <strong>de</strong><br />

remoção <strong>de</strong> metais tóxicos <strong>de</strong> soluções diluídas (1-100 mg.L -1 ), ou seja, um processo<br />

complementar ao tratamento convencional <strong>de</strong> efluentes. A biossorção, processo no qual a<br />

atenção tem-se aumentado nestes últimos anos, consiste essencialmente na ligação <strong>de</strong> espécies<br />

químicas em biopolímeros, sendo que a existência <strong>de</strong>ste fenômeno tem sido reportada para<br />

vários microrganismos, entre eles, bactérias, algas e fungos. O processo oferece como<br />

vantagens, os baixos custos operacionais, minimização do volume <strong>de</strong> lodos químicos e/ou<br />

biológicos a serem dispostos e alta eficiência em <strong>de</strong>stoxificação <strong>de</strong> efluentes muito diluídos.<br />

Uma das alternativas na remoção <strong>de</strong> metais tóxicos <strong>de</strong> efluentes é a tecnologia <strong>de</strong> biossorção,<br />

que faz uso <strong>de</strong> material <strong>de</strong> origem biológica como adsorvente, tais como, bactérias, fungos e<br />

algas, na remoção passiva <strong>de</strong> íons metálicos. O processo <strong>de</strong> biossorção envolve uma varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>stacando-se a: troca iônica, complexação, adsorção física e/ou química,<br />

coor<strong>de</strong>nação, quelação e microprecipitação inorgânica (SAG; KUTSAL, 1996 apud VEIT et<br />

al., 2008).<br />

Segundo Boaventura (2007), as tecnologias convencionais <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> águas<br />

residuais industriais contaminadas com metais não removem eficazmente concentrações<br />

vestigiais, são <strong>de</strong>masiado onerosas ou envolvem o manuseamento e <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> lamas<br />

tóxicas, o que se torna caro. A biossorção parece constituir uma alternativa técnica e<br />

economicamente atrativa. A biomassa <strong>de</strong> macro-algas marinhas é um recurso biológico que<br />

po<strong>de</strong> ser usado como um biossorvente altamente efetivo.<br />

A biossorção é um processo que po<strong>de</strong> utilizar mo<strong>de</strong>rada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biomassa morta<br />

para seqüestrar metais tóxicos <strong>de</strong> efluentes. A biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos por vários tipos <strong>de</strong><br />

37


iomassa aparecem como uma nova alternativa <strong>de</strong> custo efetivo para <strong>de</strong>scontaminação <strong>de</strong><br />

efluentes contendo esses metais (SILVA, 2000). O aumento dos estudos <strong>de</strong> biossorção po<strong>de</strong><br />

ser atribuído ao fato <strong>de</strong> métodos convencionais <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> metais pesados, utilizando<br />

processos físico-químicos, apresentarem altos custos, serem extremamente complexos e<br />

possuírem baixa eficiência <strong>de</strong> remoção, trazendo limitações a seu uso na remoção <strong>de</strong> metais<br />

tóxicos, expandindo o interesse nos estudos <strong>de</strong> biossorção (PALLU, 2006).<br />

Claramente, percebe-se a importância <strong>de</strong> investimentos no uso <strong>de</strong> biomassas para o<br />

tratamento <strong>de</strong> efluentes líquidos que contêm metais. Exemplos mais comuns <strong>de</strong> biomassas<br />

utilizadas para captura <strong>de</strong> íons metálicos e para o bioprocessamento mineral são: algas<br />

marinhas, fungos e lêvedos, bactérias, turfa; enquanto que biomassas menos usuais são<br />

musgos, lentilha d’água, jacinto aquático, sabugos <strong>de</strong> milho, folhas <strong>de</strong> cipreste, juta, casca <strong>de</strong><br />

árvores, <strong>de</strong> cocos e <strong>de</strong> noz, quitina (proveniente do exoesqueleto <strong>de</strong> camarões, caranguejos e<br />

lagostas), serragens, palha, lãs, arroz-palha e muitos outros (CALFA; TOREM, 2007).<br />

2.1.5.1 Biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos por algas<br />

As populações <strong>de</strong> algas têm sido observadas há muito tempo como indicadores <strong>de</strong><br />

balanços ecológicos e alterações nas condições nutricionais naturais, bem como <strong>de</strong> efeitos<br />

tóxicos <strong>de</strong> substâncias originadas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s humanas. As populações naturais <strong>de</strong> algas<br />

po<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r prontamente a qualquer alteração do ambiente, e têm sido usadas para<br />

monitorar o grau <strong>de</strong> poluição num ambiente aquoso. Sob este aspecto, a interação algas-<br />

metais tóxicos tem sido tradicionalmente examinada (COSSICH, 2000).<br />

A <strong>de</strong>gradação ambiental causada pela crescente geração <strong>de</strong> resíduos e a complexida<strong>de</strong><br />

dos novos tipos <strong>de</strong> compostos industrializados, que nem sempre são bio<strong>de</strong>gradáveis, tem<br />

requerido o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas tecnologias que minimizem a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poluentes<br />

dispostos no meio ambiente. O uso <strong>de</strong> algas na captura <strong>de</strong> metais tóxicos utilizando o<br />

processo <strong>de</strong> biossorção tem se mostrado uma das alternativas possíveis para o tratamento <strong>de</strong><br />

efluentes. A alga marinha tem como vantagens básicas: baixo custo, disponibilida<strong>de</strong>, alta<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> metal tóxicos e gran<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> separação do metal-alga para<br />

a reutilização da mesma em novos ciclos (MURALEEDHARAN et al., 1991 apud<br />

MOREIRA et al., 2007).<br />

38


Por sua abundância e riqueza estrutural, as algas têm sido muito empregadas como<br />

biomassas na biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos, substituindo as resinas convencionais. A<br />

complexida<strong>de</strong> e a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polissacarí<strong>de</strong>os estruturais e <strong>de</strong> reserva conferem às<br />

diferentes divisões algáceas capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> metais distintas. Apresentam<br />

mecanismos <strong>de</strong> remoção, através <strong>de</strong> sítios carboxilados, sulfatados e aminas localizados nas<br />

pare<strong>de</strong>s aniônicas dos polissacarí<strong>de</strong>os, proporcionando efeitos <strong>de</strong> troca iônica. Elementos<br />

divalentes dispersos nas macromoléculas orgânicas, como estabilizadores estruturais, também<br />

po<strong>de</strong>m contribuir com o processo <strong>de</strong> troca iônica (AMORIM, 2000).<br />

Muitas plantas aquáticas (algas) são conhecidas por sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong><br />

poluentes, que po<strong>de</strong> ocorrer por interações físico-químicas ou por mecanismos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

do metabolismo (RUBIO; SCHNEIDER, 2003). Essas plantas aquáticas po<strong>de</strong>m ser usadas<br />

para adsorção <strong>de</strong> íons metálicos, sejam elas vivas ou mortas. As macrófitas exercem<br />

importante papel na remoção <strong>de</strong> substâncias dissolvidas, assimilando-as e incorporando-as à<br />

sua biomassa. Os constituintes da pare<strong>de</strong> celular têm um importante papel na biossorção <strong>de</strong><br />

metais. As pare<strong>de</strong>s celulares das algas são frequentemente porosas, o que permite que<br />

moléculas e íons passem livremente através <strong>de</strong>la. A porosida<strong>de</strong> da estrutura das pare<strong>de</strong>s<br />

celulares das algas e os constituintes <strong>de</strong> suas células po<strong>de</strong>m disponibilizar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ligantes químicos, que promovem a “captura” <strong>de</strong> íons metálicos (PIETROBELLI, 2007).<br />

Geralmente, a sorção dos íons metálicos ocorre por reações <strong>de</strong> troca iônica, por grupos<br />

trocadores catiônicos fracos, predominantemente íons carboxila presentes na superfície das<br />

plantas. A maioria das plantas são ricas em grupos carboxila, um radical que apresenta a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reagir e fixar metais tóxicos (RUBIO; SCHNEIDER, 2003).<br />

As algas marinhas po<strong>de</strong>m ser usadas como biossorventes nos processos <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong><br />

metais tóxicos em solução, tanto na sua forma natural, quanto na forma tratada quimicamente<br />

através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> crosslinking (LEUSH et al., 1995 apud HAYASHI, 2001). Em sua<br />

forma natural, as algas são flexíveis e po<strong>de</strong>m ser utilizadas secas ou vivas, sendo que,<br />

segundo Holan e Volesky (1993) apud Hayashi (2001), os melhores resultados foram obtidos<br />

com algas secas, pois as algas vivas apresentam-se mais frágeis e suscetíveis a ruptura durante<br />

a biossorção, necessitando assim <strong>de</strong> um tratamento <strong>de</strong> reforço em sua estrutura e sua<br />

imobilização em matrizes poliméricas sintéticas sobre suportes <strong>de</strong> materiais inorgânicos,<br />

conferindo-lhe maior resistência mecânica durante o processo <strong>de</strong> biossorção <strong>de</strong> metais.<br />

Segundo Silva (2000), diversas espécies <strong>de</strong> algas são conhecidas por sua capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> concentrar espécies metálicas <strong>de</strong> soluções e têm sido utilizadas como biossorventes <strong>de</strong><br />

metais <strong>de</strong> efluentes industriais servindo <strong>de</strong> seqüestrador <strong>de</strong> metais tóxicos, ou na recuperação<br />

39


<strong>de</strong> metais preciosos. Alguns estudos <strong>de</strong>screvem o uso <strong>de</strong>stes organismos como adsorventes<br />

passivos <strong>de</strong> metal tóxico, substituindo as resinas convencionais. O conhecimento dos<br />

mecanismos pelos quais os metais são captados serve <strong>de</strong> base ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

processos <strong>de</strong>stinados às suas remoção e recuperação.<br />

Com o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a natureza <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> metais com algas, Crist et al.<br />

(1981) apud Silva (2000), analisaram o comportamento do pH da solução do metal na<br />

biossorção, concluindo que metais realizam troca em sítios carboxilados ou sulfatados,<br />

provavelmente situados nas pare<strong>de</strong>s aniônicas do polissacarí<strong>de</strong>o. Segundo Amorim (2000), as<br />

células das algas têm área superficial gran<strong>de</strong> com sítios capazes <strong>de</strong> proverem ligações rápidas<br />

e reversíveis <strong>de</strong> cátions. Esta superfície celular consiste num mosaico <strong>de</strong> sítios trocadores<br />

catiônicos e aniônicos nas pare<strong>de</strong>s celulares. A superfície exterior das algas tem uma<br />

composição <strong>de</strong> proteínas e carboidratos com as quais as espécies metálicas po<strong>de</strong>m reagir.<br />

O processo <strong>de</strong> biossorção <strong>de</strong> metais tóxicos por algas marinhas pré-tratadas é uma<br />

excelente opção para <strong>de</strong>scontaminação <strong>de</strong> diferentes efluentes aquosos (FIGUEIRA et al.,<br />

2000 apud MOREIRA, 2007). Dentre os materiais biológicos utilizados, as algas marinhas<br />

têm recebido maior atenção por apresentarem boas capacida<strong>de</strong>s adsorventes e com a<br />

vantagem <strong>de</strong> serem encontrados em abundância nas praias (VEIT et al., 2008).<br />

De acordo com Matheickal e Yu (1996 e 1999) citados por Calado et al. (2003), as<br />

algas constituem biossorventes <strong>de</strong> baixo custo com gran<strong>de</strong> potencial para serem aplicadas em<br />

estudos <strong>de</strong> biossorção. Contudo, faz-se necessário enten<strong>de</strong>r o papel <strong>de</strong>stes organismos na<br />

natureza, avaliando sua importância ecológica e verificando o impacto que sua utilização<br />

po<strong>de</strong>ria provocar no meio ambiente.<br />

A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturas biológicas existentes torna bactérias, algas, fungos e outros<br />

organismos <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong> estrutural, potenciais resinas biológicas. O possível<br />

emprego <strong>de</strong> uma ou outra biomassa será função <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica e<br />

econômica. O emprego <strong>de</strong> algas para a biossorção <strong>de</strong> metais, além <strong>de</strong> ser mais promissor sob<br />

o ponto <strong>de</strong> vista técnico e econômico, permite uma melhor operacionalização <strong>de</strong> sistemas<br />

contínuos e tratamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> efluentes (SILVA, 2000).<br />

Segundo Seolatto (2005), biossorventes <strong>de</strong> algas marinhas apresentam-se como uma<br />

alternativa eficiente para o tratamento, como forma <strong>de</strong> polimento, dos efluentes <strong>de</strong> diversas<br />

indústrias contendo concentrações residuais <strong>de</strong> metais tóxicos. A alta eficiência da biomassa,<br />

seu baixo custo e sua possível reutilização após vários ciclos <strong>de</strong> sorção/<strong>de</strong>ssorção, faz do<br />

método <strong>de</strong> biossorção por algas marinhas uma efetiva técnica <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes<br />

metálicos.<br />

40


De acordo com Cossich (2000), as macroalgas marinhas, encontradas em gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s nos oceanos e cultivadas como fonte <strong>de</strong> alimentos, são agora foco <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

numero <strong>de</strong> trabalhos em biossorção, em função do gran<strong>de</strong> potencial apresentado na retenção<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> íons metálicos. O gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> materiais biológicos, com<br />

diferentes estruturas, possibilita o uso <strong>de</strong> muitos tipos <strong>de</strong> biomassa no tratamento <strong>de</strong> soluções<br />

contendo metais tóxicos. No entanto, a biomassa <strong>de</strong> algas está sendo o material biológico<br />

mais usado na biossorção <strong>de</strong>sses metais.<br />

2.2 METODOLOGIA<br />

Figura 5.<br />

O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> acordo com as etapas apresentadas no fluxograma da<br />

Coleta e caracterização do<br />

efluente<br />

Estudo da concentração<br />

ótima do efluente no<br />

cultivo da S. platensis<br />

Amostragens e<br />

<strong>de</strong>terminações analíticas<br />

Análise dos resultados<br />

e conclusão<br />

Figura 5: Etapas <strong>de</strong>senvolvidas na pesquisa<br />

Cromo VI<br />

DQO<br />

pH<br />

Crescimento<br />

microalgal<br />

41


2.2.1 Coleta e Caracterização do Efluente<br />

O efluente foi proveniente do Laboratório <strong>de</strong> Análises <strong>de</strong> Solo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Passo</strong> <strong>Fundo</strong> (UPF). No<br />

local, existem duas caixas para separação dos sólidos, sendo que na primeira caixa ficam<br />

retidos os sólidos mais grosseiros, passando o líquido para a segunda caixa, conforme po<strong>de</strong><br />

ser observado na Figura 6.<br />

Após coletado, o efluente foi encaminhado para o Laboratório <strong>de</strong> Aulas Práticas do<br />

Centro <strong>de</strong> Pesquisa em Alimentos (CEPA) – UPF, on<strong>de</strong> foi caracterizado quanto aos<br />

parâmetros <strong>de</strong> DQO, Cromo VI, pH, Sólidos Suspensos e Sólidos Sedimentáveis, seguindo a<br />

metodologia <strong>de</strong>scrita em Standard Methods for the examination of water and wasterwater, da<br />

América Public Health Association (APHA), 2000. Os passos seguidos para caracterização do<br />

efluente encontram-se <strong>de</strong>scritos no Apêndice A.<br />

Figura 6: Local <strong>de</strong> coleta do efluente<br />

2.2.2 Microrganismo e manutenção do inóculo<br />

As microalgas utilizadas foram as cepas Spirulina platensis Paracas e Spirulina<br />

platensis Leb, as quais foram mantidas em estufa com condições controladas <strong>de</strong> aeração,<br />

temperatura e luminosida<strong>de</strong>, diluídas em meio padrão Zarrouk 50%. A aeração da estufa foi<br />

42


ealizada através <strong>de</strong> bombas <strong>de</strong> aquário e a iluminação fornecida por lâmpadas fluorescentes<br />

<strong>de</strong> 20 W. A temperatura foi mantida a 30 ºC através <strong>de</strong> resistências cujo aquecimento é<br />

controlado por termopares e ventiladores.<br />

2.2.3 Planejamento Experimental<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa foi utilizado um Planejamento Fatorial<br />

Multiníveis 2¹.4¹, conforme apresentado na Tabela 4, utilizado para avaliar a influência da<br />

cepa (Spirulina platensis Paracas e Spirulina platensis Leb) e da concentração do efluente<br />

(0%, 12,5%, 25% e 50%) sobre o crescimento algal, a biossorção <strong>de</strong> Cromo VI e a remoção<br />

<strong>de</strong> DQO.<br />

Tabela 4: Matriz do Planejamento fatorial Multiníveis 2¹.4¹<br />

Experimento Cepa (X1) Concentração <strong>de</strong> Efluente (X2)<br />

2.2.4 Condições <strong>de</strong> cultivo<br />

1 Paracas (-1) 0% (-2)<br />

2 Paracas (-1) 12,5% (-1)<br />

3 Paracas (-1) 25% (+1)<br />

4 Paracas (-1) 50% (+2)<br />

5 Leb (+1) 0% (-2)<br />

6 Leb (+1) 12,5% (-1)<br />

7 Leb (+1) 25% (+1)<br />

8 Leb (+1) 50% (+2)<br />

A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida no Laboratório <strong>de</strong> Fermentações do Curso <strong>de</strong> Engenharia<br />

<strong>de</strong> Alimentos (UPF). Os experimentos foram realizados em erlenmeyers <strong>de</strong> 2 L com volume<br />

inicial <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> 1,8 L, mantidos em estufa termostatizada a 30ºC, fotoperíodo <strong>de</strong> 12 h, 1800<br />

lux <strong>de</strong> luminosida<strong>de</strong> e aeração constante, conforme apresentado na Figura 7.<br />

O ajuste do pH das amostras foi realizado para 10, possibilitando as condições ótimas<br />

para o crescimento algal.<br />

43


Figura 7: Estufa com os Experimentos<br />

2.2.5 Acompanhamento dos Parâmetros <strong>de</strong> pH, Crescimento algal e Remoção <strong>de</strong><br />

Cromo VI e DQO<br />

O pH das amostras foi avaliado diariamente utilizando-se um pHmetro marca<br />

DIGIMED, mo<strong>de</strong>lo DM-22.<br />

O crescimento microalgal foi avaliado diariamente, através da leitura <strong>de</strong> absorbância<br />

dos cultivos em espectrofotômetro <strong>de</strong> marca FEMTO, mo<strong>de</strong>lo 600S a 670 nm e os resultados<br />

obtidos através <strong>de</strong> uma curva padrão <strong>de</strong> biomassa durante 28 d. A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> DQO e<br />

Cromo VI foi realizada nos tempos inicial 7 d, 14 d, 21 d e 28 d.<br />

2.2.6 Análise dos resultados <strong>de</strong> crescimento algal<br />

A partir dos resultados <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> biomassa versus tempo foram obtidas as<br />

concentrações máximas <strong>de</strong> biomassa (Cmax) e a velocida<strong>de</strong> específica máxima <strong>de</strong> crescimento<br />

(µmax) para cada experimento.<br />

As concentrações máximas <strong>de</strong> biomassa foram obtidas através dos gráficos <strong>de</strong><br />

concentração <strong>de</strong> biomassa versus tempo.<br />

44


A velocida<strong>de</strong> específica máxima <strong>de</strong> crescimento, calculada a partir da integração da<br />

Equação 1, foi obtida a partir <strong>de</strong> regressão exponencial na fase logarítmica <strong>de</strong> crescimento,<br />

com auxilio do Software Microsoft Office Excel 2003.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

μ = velocida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> crescimento (d -1 )<br />

X = concentração <strong>de</strong> células biomassa (g.L -1 )<br />

t = tempo(d)<br />

⎛ ⎞ ⎛ dx ⎞<br />

= ⎜ ⎟ ⎜ ⎟<br />

⎝ x ⎠ ⎝ dt ⎠<br />

.<br />

1<br />

μ (1)<br />

A partir das velocida<strong>de</strong>s específicas máximas <strong>de</strong> crescimento foram calculadas os tempos<br />

<strong>de</strong> geração (tg) através da Equação 2, o qual é <strong>de</strong>finido como tempo necessário para a<br />

duplicação da biomassa.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

tg = tempo <strong>de</strong> geração (d)<br />

μmáx = velocida<strong>de</strong> específica máxima <strong>de</strong> crescimento (d -1 )<br />

ln 2<br />

tg = (2)<br />

μ<br />

2.2.7 Análise dos resultados <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO<br />

máx<br />

A remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO foi obtida através da leitura <strong>de</strong> absorbância das<br />

amostras em espectrofotômetro a 540 nm e 600 nm, respectivamente e os resultados obtidos<br />

através <strong>de</strong> curvas padrão especificas para cada parâmetro nos tempos inicial, 7 d, 14 d, 21 d e<br />

28 d. O percentual <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO foi obtido utilizando-se a Equação 3.<br />

⎛ c f ⎞<br />

% remoção =<br />

⎜<br />

⎜1−<br />

x100<br />

c ⎟<br />

(3)<br />

⎝ i ⎠<br />

45


On<strong>de</strong>:<br />

Cf = concentração final (mg.L -1 )<br />

Ci = concentração inicial (mg.L -1 )<br />

Os dados <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO foram analisados por Anova e Teste <strong>de</strong><br />

Tukey para comparação <strong>de</strong> médias.<br />

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Nessa seção estão apresentados os valores da caracterização do efluente, resultados <strong>de</strong><br />

pH, crescimento microalgal, remoção <strong>de</strong> Cromo VI e remoção <strong>de</strong> DQO para os experimentos<br />

realizados. A comparação entre a remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO pela microalga também foi<br />

realizada.<br />

2.3.1 Caracterização do efluente<br />

A caracterização do efluente, <strong>de</strong> acordo com os parâmetros pré-<strong>de</strong>finidos, está<br />

<strong>de</strong>monstrada na Tabela 5.<br />

Tabela 5:Caracterização do efluente<br />

Parâmetro Valor 1 Valor 2 Valor 3 Valor Médio<br />

DQO (mg.L -1 ) 1.994,12 2.026,71 1994,12 2.005<br />

Cromo VI (mg.L -1 ) 23,34 23,46 23,41 23,40<br />

Sólidos Suspensos<br />

(mg.L -1 )<br />

Sólidos<br />

Sedimentáveis(ml.L -1 )<br />

219,72 261,6 241,6 240,98<br />

2,1 2,0 2,1 2,07<br />

pH 1,69 1,68 1,69 1,69<br />

46


2.3.2 pH<br />

O valor do pH dos cultivos variou <strong>de</strong> 10,00 a 10,91 conforme apresentado no<br />

Apêndice B, sendo essa faixa <strong>de</strong> pH consi<strong>de</strong>rada apropriada para o cultivo da Spirulina<br />

platensis proporcionando as condições i<strong>de</strong>ais para o crescimento da mesma (PELIZER et al.<br />

(2003); RICHMOND; GROBBELAAR (1986) apud ANDRADE; COSTA (2008).<br />

2.3.3 Crescimento microalgal<br />

As Figuras 8 e 9 apresentam o crescimento microalgal para as cepas Spirulina<br />

platensis Paracas e Spirulina platensis Leb em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d) e no Apêndice<br />

C encontram-se as concentrações <strong>de</strong> biomassa (g.L -1 ) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d).<br />

Figura 8:Concentração celular (g.L -1 ) versus tempo <strong>de</strong> cultivo (d) para a Spirulina platensis<br />

Paracas. Exp. 1 (0% efluente); Exp. 2 (12,5% <strong>de</strong> efluente); Exp. 3 (25% <strong>de</strong> efluente); Exp. 4<br />

(50% <strong>de</strong> efluente).<br />

47


Figura 9:Concentração celular (g.L -1 ) versus tempo <strong>de</strong> cultivo (d) para a Spirulina platensis<br />

Leb. Exp. 1 (0% efluente); Exp. 2 (12,5% <strong>de</strong> efluente); Exp. 3 (25% <strong>de</strong> efluente); Exp. 4<br />

(50% <strong>de</strong> efluente).<br />

Verifica-se nas Figuras 8 e 9 que a microalga Spirulina platensis apresentou maior<br />

crescimento nos cultivos padrão, realizados sem adição <strong>de</strong> efluente (Experimentos 1 e 5). Nos<br />

cultivos contendo efluente, o maior crescimento foi observado nos experimentos com menor<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (Experimentos 2 e 6, concentração <strong>de</strong> efluente: 12,5%). Para as<br />

<strong>de</strong>mais amostras, as quais possuíam uma concentração elevada <strong>de</strong> efluente (25% e 50%),<br />

houve <strong>de</strong>clínio no crescimento a partir <strong>de</strong> 10 d <strong>de</strong> cultivo (Experimento 8), 18 d <strong>de</strong> cultivo<br />

(Experimentos 3 e 4) e 21 d <strong>de</strong> cultivo (Experimento 7).<br />

As amostras com menor concentração <strong>de</strong> efluente apresentaram melhores resultados<br />

no crescimento microalgal para ambas as cepas (Spirulina platensis Paracas e Spirulina<br />

platensis Leb). Já as amostras com maiores concentrações <strong>de</strong> efluente houve um estresse<br />

celular, ocasionando a morte <strong>de</strong> algumas células comprometendo o seu crescimento.<br />

cultivo.<br />

A Tabela 6 apresenta os parâmetros <strong>de</strong> crescimento microalgal obtidos durante o<br />

48


Exp.<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

Condições<br />

experimentais<br />

Paracas (0%<br />

efluente)<br />

Paracas<br />

(12,5%<br />

efluente)<br />

Paracas (25%<br />

efluente)<br />

Paracas (50%<br />

efluente)<br />

Leb (0%<br />

efluente)<br />

Leb (12,5%<br />

efluente)<br />

Leb (25%<br />

efluente)<br />

Leb (50%<br />

efluente)<br />

Tabela 6: Parâmetros <strong>de</strong> crescimento microalgal<br />

C0 cromo VI<br />

(mg.L -1 )<br />

Cmax (g.L -1 ) μmax (d -1 ) Tg (d) Δ log (d) R 2<br />

0,0 2,08 0,076 9,12 0-25 0,98<br />

2,925 1,38 0,060 11,55 0-25 0,98<br />

5,85 0,51 0,090 7,70 0-6 0,98<br />

11,70 0,58 0,072 9,62 0-8 0,96<br />

0,0 2,76 0,095 7,30 0-21 0,96<br />

2,925 1,21 0,122 5,68 0-7 0,97<br />

5,85 0,86 0,060 11,55 0-19 0,93<br />

11,70 0,46 0,105 6,60 0-7 0,96<br />

C0 cromo VI = concentração inicial <strong>de</strong> cromo VI no experimento; Cmax = concentração<br />

celular máxima; μmax = velocida<strong>de</strong> específica máxima <strong>de</strong> crescimento; Tg = tempo <strong>de</strong><br />

geração; Δlog = valores <strong>de</strong> tempo utilizados na regressão exponencial; R 2 = coeficientes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminação das regressões.<br />

Avaliando-se os resultados apresentados na Tabela 6, verifica-se que a velocida<strong>de</strong><br />

específica máxima <strong>de</strong> crescimento microbiano (µmax) e o tempo <strong>de</strong> geração (tg), apresentam<br />

relação inversamente proporcional uma vez que com o aumento do µmax, diminui o tempo<br />

necessário para a duplicação celular (tg).<br />

Com relação à concentração máxima (Cmax) os experimentos que apresentaram as<br />

maiores concentrações foram aqueles que não possuíam efluente no meio (Experimentos 1 e<br />

5), seguidos pelos experimentos com concentração <strong>de</strong> 12,5 % <strong>de</strong> efluente (Experimentos 2 e<br />

6), <strong>de</strong>monstrando que a Cmax <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da concentração <strong>de</strong> compostos tóxicos presentes no<br />

meio, como é o caso da elevada concentração <strong>de</strong> cromo e outras substâncias existentes no<br />

efluente que possam estar presentes no efluente adicionado ao meio <strong>de</strong> cultivo.<br />

As maiores concentrações máximas (experimentos 1, 2 e 5) po<strong>de</strong>m ter ocorrido em<br />

função do maior tempo <strong>de</strong> crescimento exponencial observado nestes experimentos (Δ log <strong>de</strong><br />

21 d a 25 d).<br />

O comportamento dos experimentos 6 e 7 com relação à Cmax e o Δlog foi diferente do<br />

padrão apresentado anteriormente em virtu<strong>de</strong> da importância da µmax na Cmax. Enquanto no<br />

49


experimento 7 o microrganismo permaneceu 19 dias em fase exponencial (Δlog=19 d), a µmax<br />

foi baixa (0,060 d -1 ), gerando uma Cmax baixa (0,86 g.L -1 ). No experimento 6, embora o Δlog<br />

tenha sido <strong>de</strong> apenas 7 d, <strong>de</strong>vido a elevada µmax (0,122 d -1 ), foi obtida uma Cmax <strong>de</strong> 1,21 g.L -1 .<br />

2.3.4 Remoção <strong>de</strong> Cromo VI<br />

Os gráficos apresentados nas Figuras 10 e 11 apresentam as concentrações <strong>de</strong> Cromo<br />

VI para os diferentes tempos <strong>de</strong> amostragem para as cepas Spirulina platensis Paracas e<br />

Spirulina platensis Leb, respectivamente.<br />

Concentração Cromo VI (mg/L)<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 7 14 21 28 35<br />

Tempo (d)<br />

Experimento 2<br />

Experimento 3<br />

Experimento 4<br />

Figura 10: Concentração <strong>de</strong> Cromo VI - Spirulina platensis Paracas<br />

Concentração Cromo VI (mg/L)<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Experimento 6<br />

Experimento 7<br />

Experimento 8<br />

0 7 14 21 28 35<br />

Tempo (d)<br />

Figura 11: Concentração <strong>de</strong> Cromo VI - Spirulina platensis Leb<br />

50


Analisando os gráficos das Figuras 10 e 11, po<strong>de</strong>-se verificar que ao final da<br />

amostragem houve remoção <strong>de</strong> Cromo VI do meio. O experimento nº 8 (Leb; 50% <strong>de</strong><br />

efluente), apresentou remoção <strong>de</strong> cromo no 7º d e os <strong>de</strong>mais experimentos apresentaram<br />

maior remoção <strong>de</strong> cromo até o 14º d, diminuindo o percentual <strong>de</strong> remoção nos tempos<br />

posteriores até o 21º d, sendo que a partir <strong>de</strong>sse tempo a remoção permanece estável.<br />

A Tabela 7 apresenta a comparação <strong>de</strong> médias através do Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong><br />

significância para a remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e<br />

da concentração <strong>de</strong> efluente (%) e a Figura 12 apresenta a remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em<br />

função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração <strong>de</strong> efluente (%).<br />

Tabela 7: Comparação <strong>de</strong> médias através do Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong> significância para a<br />

remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração <strong>de</strong><br />

efluente (%)<br />

Tempo<br />

(d)<br />

Cepa<br />

[Efluente]<br />

(%)<br />

Remoção <strong>de</strong> Cromo VI<br />

(%) *<br />

7 Paracas 25 4,42 a<br />

7 Leb 25 6,57 b<br />

7 Paracas 50 8,33 c<br />

7 Paracas 12,5 9,75 d<br />

7 Leb 12,5 22,34 e<br />

14 Leb 25 26,85 f<br />

14 Paracas 25 29,04 g<br />

14 Paracas 50 30,50 h<br />

14 Paracas 12,5 35,01 i<br />

7 Leb 50 42,32 j<br />

14 Leb 50 43,35 j<br />

21 Leb 50 44,98 l<br />

28 Leb 50 45,71 lm<br />

21 Leb 25 45,75 lm<br />

21 Paracas 25 46,40 mn<br />

21 Paracas 50 47,17 no<br />

28 Paracas 25 47,94 o<br />

21 Paracas 12,5 50,13 p<br />

14 Leb 12,5 50,56 p<br />

28 Paracas 50 52,11 q<br />

28 Leb 25 53,01 q<br />

21 Leb 12,5 55,68 r<br />

28 Paracas 12,5 58,55 s<br />

28 Leb 12,5 60,92 t<br />

* Médias seguidas <strong>de</strong> letras iguais não apresentam diferença<br />

significativa a 5% <strong>de</strong> significância.<br />

51


Remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%)<br />

070<br />

060<br />

050<br />

040<br />

030<br />

020<br />

010<br />

00<br />

-010<br />

Efluente (%)<br />

12<br />

25<br />

Cepa: paracas<br />

50<br />

Efluente (%)<br />

12<br />

Cepa: leb<br />

Figura 12: Remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (%)<br />

O experimento realizado com a cepa S. platensis Paracas e concentração <strong>de</strong> 12,5% <strong>de</strong><br />

efluente apresentou remoção crescente <strong>de</strong> cromo VI ao longo do tempo, sendo a maior<br />

remoção obtida em 28 d <strong>de</strong> cultivo, <strong>de</strong> 58,55%, significativamente superior às remoções<br />

obtidas nos tempos <strong>de</strong> 21 d, 14 d e 7 d (Figura 12 e Tabela 7).<br />

A microalga S. platensis Paracas apresenta remoções crescentes <strong>de</strong> cromo VI ao<br />

longo do tempo (0 a 28 d) (Figura 12). As remoções variaram <strong>de</strong> 46,40 % a 47,94 % para<br />

concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 25%, em 21 d e 28 d <strong>de</strong> cultivo, respectivamente; e <strong>de</strong><br />

47,17 % para 52,11 % <strong>de</strong> remoção para concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 50 %, em 21 d e<br />

28 d <strong>de</strong> cultivo, respectivamente. Embora haja diferenças estatística entre estes valores <strong>de</strong><br />

remoção (Tabela 7), consi<strong>de</strong>ra-se que os aumentos nos percentuais <strong>de</strong> remoção não<br />

compensem os custos envolvidos com a manutenção dos cultivos além do 21º d (iluminação,<br />

aeração).<br />

A cepa S. platensis Leb apresentou percentuais <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> cromo VI crescentes ao<br />

longo do tempo <strong>de</strong> cultivo para os experimentos realizados com 12,5% e 25% <strong>de</strong> efluente,<br />

sendo os maiores percentuais <strong>de</strong> remoção obtidos com 12,5% <strong>de</strong> efluente, <strong>de</strong> 60,92 e 55,68 %,<br />

respectivamente. Para a concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 50% e cepa Leb, verifica-se que as<br />

remoções obtidas em 21 d e 28 d, e 7 d e 14 d não apresentam diferença significativa entre si<br />

25<br />

7 d<br />

14 d<br />

21 d<br />

28 d<br />

50<br />

52


(p>0,05) (Tabela 7), sendo as remoções obtidas em 21 d e 28 d superiores estatisticamente às<br />

obtidas em 7 d e 14 d (p


Concentração DQO (mg/L)<br />

1100<br />

1000<br />

900<br />

800<br />

700<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

0 7 14 21 28 35<br />

Tempo (d)<br />

Experimento 6<br />

Experimento 7<br />

Experimento 8<br />

Figura 14: Concentração <strong>de</strong> DQO - Spirulina platensis Leb<br />

Verifica-se nas Figuras 13 e 14 que em todos os experimentos houve diminuição na<br />

concentração <strong>de</strong> DQO, sendo que a maior remoção ocorreu até o 7º dia mantendo-se<br />

praticamente constante no restante do tempo <strong>de</strong> cultivo.<br />

A Tabela 8 apresenta a comparação <strong>de</strong> médias pelo Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong><br />

significância para a remoção <strong>de</strong> DQO (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (%) e a Figura 15 apresenta a remoção <strong>de</strong> DQO (%) em função do<br />

tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração <strong>de</strong> efluente (%).<br />

Tabela 8: Comparação <strong>de</strong> médias através do Teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong> significância para a<br />

remoção <strong>de</strong> DQO (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da concentração <strong>de</strong><br />

efluente (%)<br />

Tempo<br />

(d)<br />

Cepa<br />

[Efluente]<br />

(%)<br />

Remoção <strong>de</strong> DQO<br />

(%) *<br />

7 Paracas 50 66,68 a<br />

7 Paracas 25 68,99 b<br />

7 Leb 25 69,77 bc<br />

7 Leb 50 70,20 cd<br />

7 Leb 12,5 70,67 d<br />

7 Paracas 12,5 71,70 e<br />

14 Paracas 50 73,93 f<br />

14 Leb 50 74,67 fg<br />

21 Leb 50 75,31 gh<br />

14 Paracas 25 75,83 h<br />

14 Leb 25 76,90 i<br />

21 Leb 25 77,03 i<br />

28 Leb 50 77,33 ij<br />

21 Paracas 50 77,63 ij<br />

28 Paracas 50 77,76 ij<br />

54


Remoção <strong>de</strong> DQO (%)<br />

28 Leb 25 78,06 j<br />

14 Leb 12,5 79,65 l<br />

21 Paracas 25 79,82 l<br />

21 Leb 12,5 79,91 l<br />

14 Paracas 12,5 80,12 lm<br />

28 Paracas 25 80,42 lmn<br />

21 Paracas 12,5 80,98 mno<br />

28 Leb 12,5 81,02 no<br />

28 Paracas 12,5 81,37 o<br />

* Médias seguidas <strong>de</strong> letras iguais não apresentam diferença<br />

significativa a 5% <strong>de</strong> significância.<br />

84<br />

82<br />

80<br />

78<br />

76<br />

74<br />

72<br />

70<br />

68<br />

66<br />

64<br />

Efluente (%)<br />

12<br />

25<br />

Cepa: paracas<br />

50<br />

Efluente (%)<br />

12<br />

Cepa: leb<br />

Figura 15: Remoção <strong>de</strong> Cromo VI (%) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d), da cepa e da<br />

concentração <strong>de</strong> efluente (%)<br />

O experimento realizado com a cepa S. platensis Paracas e concentração <strong>de</strong> 12,5% <strong>de</strong><br />

efluente apresentou remoção crescente <strong>de</strong> DQO até 14 d <strong>de</strong> cultivo, atingindo 80,12 % <strong>de</strong><br />

remoção, apresentando diferença estatística com a remoção obtida nos tempos <strong>de</strong> 21 d e 28 d<br />

(80,98 % e 81,37 %, respectivamente) (Figura 15 e Tabela 8). Mesmo apresentando diferença<br />

estatística nos valores <strong>de</strong> remoção (Tabela 8), os aumentos nos percentuais <strong>de</strong> remoção po<strong>de</strong>m<br />

não compensar os custos com o cultivo a partir dos 14 d <strong>de</strong> cultivo.<br />

Nas concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 25 % e 50 %, observa-se que a S. platensis<br />

Paracas apresentou remoção crescente até 21 d <strong>de</strong> cultivo, obtendo 79,82 % e 77,63 % <strong>de</strong><br />

25<br />

7 d<br />

14 d<br />

21 d<br />

28 d<br />

50<br />

55


emoção, respectivamente. A partir <strong>de</strong> 21 d <strong>de</strong> cultivo não há diferença estatística na remoção<br />

<strong>de</strong> DQO (p>0,05), sendo que aos 28 d a remoção foi <strong>de</strong> 80,42 % e 77,76 % <strong>de</strong> remoção para<br />

as concentrações <strong>de</strong> 25 % e 50 % <strong>de</strong> efluente, respectivamente (Tabela 8 e Figura 15), sendo<br />

estes valores <strong>de</strong> remoção iguais (p>0,05) aos obtidos em 21 d <strong>de</strong> cultivo. Dessa forma, para as<br />

concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 25 % e 50 %, seria viável manter o tratamento até os 21<br />

d <strong>de</strong> cultivo<br />

A cepa S. platensis Leb apresentou percentuais <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> DQO crescentes até os<br />

28 d <strong>de</strong> cultivo para os experimentos realizados com 12,5%, 25% e 50 % <strong>de</strong> efluente, sendo<br />

que aos 7 d <strong>de</strong> cultivo os percentuais <strong>de</strong> remoção foram muito próximos para as três<br />

concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente (70,67 %, 69,77 % e 70,20%, respectivamente), mostrando<br />

igualda<strong>de</strong> estatística para as concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 12,5 % e 50% e <strong>de</strong> 25 % e<br />

50 % (p>0,05; ver Tabela 8 e Figura 15).<br />

Para a concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 25 % aos 14 d e 21 d <strong>de</strong> cultivo, a S.<br />

platensis Leb, não apresentou diferença estatística significativa nos percentuais <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong><br />

DQO, <strong>de</strong> 76,90% e 77,03 %, respectivamente. O mesmo ocorreu para a concentração inicial<br />

<strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 50%, obtendo-se valores <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> 74,67 % e 75,31 % aos 14 d e 21 d <strong>de</strong><br />

cultivo, respectivamente (p>0,05). Aos 28 d <strong>de</strong> cultivo o percentual <strong>de</strong> remoção foi <strong>de</strong> 78,06<br />

% para concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 25 % e <strong>de</strong> 77,33 % para concentração inicial <strong>de</strong><br />

efluente <strong>de</strong> 50 % (Tabela 8), <strong>de</strong>monstrando igualda<strong>de</strong> estatística para as duas concentrações.<br />

A remoção <strong>de</strong> DQO nos tempos <strong>de</strong> 14 d, 21 d e 28 d <strong>de</strong> cultivo apresentaram diferença<br />

estatística entre si, porém os percentuais <strong>de</strong> remoção apresentam valores muito próximos,<br />

indicando que seria viável encerrar o tratamento aos 14 d <strong>de</strong> cultivo, evitando custos com a<br />

manutenção <strong>de</strong>sse tratamento.<br />

2.3.6 Comparativo das remoções: Cromo VI e DQO<br />

O comparativo dos percentuais <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> Cromo VI e DQO dos experimentos<br />

analisados está <strong>de</strong>monstrado nas Figuras 16, 17, 18 e 19, para os diferentes tempos <strong>de</strong> cultivo<br />

da microalga S. platensis.<br />

56


Figura 16: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 7º dia<br />

Figura 17: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 14º dia<br />

57


Figura 18: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 21º dia<br />

Figura 19: Percentual <strong>de</strong> remoção Cromo VI e DQO - 28º dia<br />

Observando os gráficos apresentados nas Figuras 16, 17, 18 e 19, po<strong>de</strong>-se perceber<br />

que a DQO teve uma redução expressiva na sua concentração alcançando percentuais <strong>de</strong><br />

remoção acima <strong>de</strong> 80 %, sendo estes índices superiores <strong>de</strong> remoção em relação ao Cromo VI,<br />

o qual atingiu um percentual máximo <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> 60,92 %.<br />

Os dados apresentados <strong>de</strong>monstram que a microalga S. platensis obteve maior<br />

eficiência na remoção <strong>de</strong> DQO. Esse fato po<strong>de</strong> estar associado à toxicida<strong>de</strong> apresentada pelo<br />

Cromo VI ao microrganismo comprometendo a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biossorção do metal.<br />

58


3 CONCLUSÃO<br />

O crescimento microalgal das cepas S. platensis foi maior no experimento sem adição<br />

<strong>de</strong> efluente. Nos ensaios realizados com efluente a S. platensis Paracas apresentou os maiores<br />

resultados <strong>de</strong> crescimento celular.<br />

A remoção <strong>de</strong> DQO foi superior à remoção <strong>de</strong> Cromo VI por ambas as cepas da<br />

microalga. A maior remoção <strong>de</strong> DQO foi obtida pela cepa S. platensis Paracas com<br />

concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 12,5 % para o tempo <strong>de</strong> 28 d <strong>de</strong> cultivo (82,19 %). Para<br />

cromo VI a maior remoção foi obtida pela cepa S. platensis Leb com concentração inicial <strong>de</strong><br />

efluente <strong>de</strong> 12,5 % para o tempo <strong>de</strong> 28 d <strong>de</strong> cultivo (60,92 %).<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propor projetos futuros <strong>de</strong> utilização da microalga Spirulina para<br />

a remoção <strong>de</strong> Cromo do efluente do Laboratório <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Solos da UPF, sugere-se a<br />

utilização da cepa S. platensis Leb, com concentração inicial <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 50 %, e 7 d <strong>de</strong><br />

cultivo (remoção <strong>de</strong> cromo VI superior à 40 %) . Para a remoção <strong>de</strong> DQO, po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizadas concentrações iniciais <strong>de</strong> efluente <strong>de</strong> 50 % durante 7 d <strong>de</strong> cultivo para ambas as<br />

cepas da microalga (remoção <strong>de</strong> DQO na faixa <strong>de</strong> 60 % a 70 %).<br />

59


REFERÊNCIAS<br />

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APÊNDICE A<br />

Descrição da forma <strong>de</strong> caracterização do efluente<br />

a) Demanda Química <strong>de</strong> Oxigênio (DQO)<br />

A DQO é uma medida do oxigênio equivalente do conteudo <strong>de</strong> matéria orgânica <strong>de</strong><br />

uma amostra passível <strong>de</strong> oxidação com a adição <strong>de</strong> uma substância oxidante on<strong>de</strong> ocorre a<br />

oxidação dos compostos orgânicos e é feita a medição da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxidante consumido<br />

na reação.<br />

A DQO foi caracterizada seguindo o método do refluxo fechado pelo principio<br />

colorimétrico, on<strong>de</strong> foi utilizada como substância oxidante o Dicromato <strong>de</strong> Potássio<br />

(K2Cr2O7) e solução catalítica (Reagente <strong>de</strong> Ácido Sulfúrico). Após a adição dos reagentes foi<br />

feito a digestão da amostra durante 2 (duas) horas, esperou-se resfriar a amostra e<br />

posteriormente foi feito a leitura da absorbância em espectrofotômetro a 600 nm. O resultado<br />

da concentração <strong>de</strong> DQO no efluente foi obtido através <strong>de</strong> uma curva padrão <strong>de</strong> DQO.<br />

b) Cromo VI<br />

O Cromo VI foi medido utilizando-se o método da 1,5- difenilcarbazida. O cromo VI é<br />

<strong>de</strong>terminado por meio <strong>de</strong> 1,5- difenilcarbazida, utilizando-se uma fórmula em pó <strong>de</strong>nominada<br />

Chroma ver 3 cromium reagent. Este reagente contém um tampão acido combinado com 1,5-<br />

difenilcarbazida conferindo coloração lilás-roxa quando o cromo VI está presente.<br />

As amostras <strong>de</strong> efluente foram submetidas à reação com difenilcarbazida e após foi<br />

realizada a leitura da absorbância das amostras em espectrofotômetro a 540 nm. O resultado<br />

da concentração <strong>de</strong> Cromo VI no efluente foi obtido através <strong>de</strong> uma curva padrão <strong>de</strong> Cromo<br />

VI.<br />

c) pH<br />

A leitura do pH das amostras foram feitas pelo princípio eletrométrico on<strong>de</strong> utilizou-se<br />

um eletrodo combinado <strong>de</strong> vidro e prata/cloreto <strong>de</strong> prata. O pHmetro foi calibrado com<br />

66


soluções tampão <strong>de</strong> pH 7,0 e posteriormente com solução tampão <strong>de</strong> pH 4,0. Após a<br />

calibração do pHmetro foi introduzido o eletrodo na amostra e feito a leitura do pH.<br />

d) Sólidos Suspensos Totais<br />

Os sólidos suspensos totais foram <strong>de</strong>terminados pelo método da filtração, on<strong>de</strong> as<br />

amostras do efluente (50 ml) foram filtradas em papel filtro, sendo esses encaminhados a<br />

estufa a uma temperatura <strong>de</strong> 105°C até atingirem peso constante e após foram pesados. Os<br />

papéis filtros foram pesados antes da filtração para <strong>de</strong>scontar o peso dos mesmos. Foi feito<br />

uma amostra sem efluente para <strong>de</strong>scontar a umida<strong>de</strong> existente no papel filtro.<br />

e) Sólidos Sedimentáveis<br />

Os sólidos sedimentáveis foram <strong>de</strong>terminados pelo princípio da gravimetria, on<strong>de</strong> a<br />

amostra foi homogeneizada e colocada em um cone <strong>de</strong> Imhoff <strong>de</strong> 1 L. Foi <strong>de</strong>ixado sedimentar<br />

durante 45 min., após passou-se um bastão <strong>de</strong> vidro pelas pare<strong>de</strong>s do cone para soltar as<br />

particulas a<strong>de</strong>ridas, <strong>de</strong>ixando sedimentar por mais 15 min., fazendo-se a leitura dos sólidos<br />

sedimentados após esse tempo.<br />

67


TEMPO<br />

APÊNDICE B<br />

Variação <strong>de</strong> pH durante o tempo <strong>de</strong> amostragem<br />

EXPERIMENTO<br />

1 2 3 4 5 6 7 8<br />

0 10,22 10,17 10,00 10,22 10,20 10,30 10,27 10,27<br />

1 10,28 10,20 10,13 10,20 10,23 10,29 10,23 10,25<br />

2 * * * * * * * *<br />

3 10,41 10,28 10,23 10,14 10,28 10,25 10,24 10,18<br />

4 10,47 10,4 10,36 10,24 10,35 10,34 10,31 10,22<br />

5 10,44 10,4 10,34 10,25 10,51 10,38 10,33 10,22<br />

6 10,65 10,57 10,51 10,44 10,60 10,63 10,57 10,43<br />

7 10,85 10,77 10,69 10,5 10,83 10,73 10,65 10,53<br />

8 10,63 10,58 10,46 10,29 10,60 10,52 10,43 10,32<br />

9 * * * * * * * *<br />

10 10,73 10,57 10,54 10,3 10,64 10,61 10,49 10,24<br />

11 10,71 10,63 10,61 10,35 10,63 10,58 10,48 10,27<br />

12 10,85 10,72 10,65 10,40 10,77 10,72 10,57 10,38<br />

13 10,90 10,81 10,74 10,48 10,88 10,80 10,62 10,45<br />

14 10,81 10,71 10,7 10,38 10,75 10,70 10,56 10,28<br />

15 10,85 10,75 10,71 10,4 10,76 10,73 10,52 10,32<br />

16 * * * * * * * *<br />

17 10,83 10,70 10,58 10,30 10,8 10,74 10,52 10,25<br />

18 ** ** ** ** ** ** ** **<br />

19 10,90 10,82 10,8 10,36 10,88 10,82 10,63 10,32<br />

20 10,91 10,8 10,78 10,35 10,89 10,76 10,60 10,31<br />

21 10,90 10,79 10,68 10,42 10,91 10,80 10,62 10,42<br />

22 10,91 10,82 10,59 10,22 10,84 10,72 10,38 10,29<br />

23 * * * * * * * *<br />

24 10,82 10,74 10,59 10,49 10,88 10,76 10,36 10,40<br />

25 10,75 10,66 10,47 10,22 10,81 10,65 10,30 10,29<br />

26 10,84 10,75 10,52 10,34 10,83 10,74 10,40 10,37<br />

27 10,89 10,83 10,66 1043 10,87 10,82 1045 10,50<br />

28 10,89 10,84 10,60 10,43 10,87 10,76 10,47 10,43<br />

* Sem medição (domingo)<br />

** Sem medição (feriado)<br />

68


Tempo<br />

APÊNDICE C<br />

Concentração <strong>de</strong> Biomassa (g.L -1 ) em função do tempo <strong>de</strong> cultivo (d)<br />

EXPERIMENTO<br />

1 2 3 4 5 6 7 8<br />

0 0,268 0,268 0,260 0,262 0,259 0,248 0,249 0,228<br />

1 0,292 0,278 0,269 0,278 0,282 0,265 0,277 0,261<br />

2 * * * * * * * *<br />

3 0,383 0,365 0,346 0,341 0,417 0,354 0,369 0,352<br />

4 0,432 0,398 0,383 0,367 0,512 0,441 0,433 0,390<br />

5 0,500 0,426 0,393 0,402 0,586 0,474 0,453 0,414<br />

6 0,552 0,480 0,433 0,428 0,681 0,513 0,486 0,455<br />

7 0,588 0,485 0,420 0,429 0,772 0,545 0,473 0,460<br />

8 0,609 0,535 0,433 0,453 0,851 0,560 0,498 0,465<br />

9 * * * * * * * *<br />

10 0,748 0,608 0,447 0,478 0,967 0,592 0,566 0,145<br />

11 0,782 0,616 0,451 0,489 0,994 0,591 0,588 0,158<br />

12 0,794 0,676 0,511 0,490 1,139 0,674 0,666 0,152<br />

13 0,902 0,709 0,464 0,520 1,237 0,691 0,664 0,039<br />

14 0,941 0,740 0,453 0,536 1,315 0,730 0,696 0,031<br />

15 1,012 0,765 0,479 0,516 1,407 0,765 0,703 0,029<br />

16 * * * * * * * *<br />

17 1,194 0,842 0,337 0,583 1,567 0,667 0,768 0,004<br />

18 ** ** ** ** ** ** ** **<br />

19 1,435 1,007 0,243 0,347 1,892 0,735 0,852 0,005<br />

20 1,482 1,049 0,230 0,243 1,951 0,691 0,695 0,005<br />

21 1,567 1,064 0,240 0,221 2,128 0,808 0,862 0,013<br />

22 1,646 1,081 0,262 0,213 2,158 0,871 0,700 0,006<br />

23 * * * * * * * *<br />

24 1,716 1,234 0,259 0,241 2,323 1,063 0,513 0,004<br />

25 1,886 1,285 0,266 0,226 2,477 1,063 0,462 0,011<br />

26 1,971 1,312 0,283 0,262 2,643 1,076 0,581 0,017<br />

27 2,007 1,324 0,291 0,247 2,706 1,142 0,389 0,034<br />

28 2,079 1,380 0,294 0,246 2,758 1,207 0,385 0,057<br />

* Sem medição (domingo)<br />

** Sem medição (feriado)<br />

69

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