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os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra

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ESTUDIOS HISTORICOS – CDHRP- Ag<strong>os</strong>to 2009 - Nº 2 – ISSN: 1688 –5317<br />

igualitária. 34<br />

O ceticismo d<strong>os</strong> organizadores, quanto à Constituinte, também era<br />

verificado em alguns setores da população em geral. Havia receio de que, mesmo com<br />

uma nova Constituição, nada mudasse na vida do povo brasileiro.<br />

Após a realização do encontro em São Luís - MA, <strong>os</strong> representantes do Centro<br />

de Cultura Negra do Maranhão e do Centro de Estud<strong>os</strong> e Defesa do Negro do Pará<br />

contataram as lideranças do Movimento Negro do Rio de Janeiro e o Movimento Negro<br />

Unificado para organizar um evento nacional que tratasse da participação do negro no<br />

processo Constituinte. Da iniciativa nasceu a “I Convenção Nacional do Negro <strong>pela</strong><br />

Constituinte”, realizada em Brasília, em 26 e 27 de ag<strong>os</strong>to de 1986.<br />

Outro desdobramento ocorrido, a partir do I Encontro das Comunidades Negras<br />

Rurais do Maranhão, foi a mobilização que incluiu na Constituição Estadual do<br />

Maranhão, em 1989, o artigo 229, que garante, também em âmbito estadual, a titulação<br />

das <strong>terra</strong>s às Comunidades Remanescentes de Quilomb<strong>os</strong> do Maranhão. 35 A pressão das<br />

comunidades determinou ganh<strong>os</strong> na esfera administrativa estadual. As primeiras <strong>terra</strong>s<br />

tituladas pel<strong>os</strong> estad<strong>os</strong> surgiram no Pará e no Maranhão.<br />

O Projeto Vida de Negro<br />

As lideranças das comunidades e o movimento negro organizado do Maranhão<br />

necessitavam dinamizar as ações e tornar o trabalho junto a<strong>os</strong> povoad<strong>os</strong> mais eficiente.<br />

Durante o “I Encontro das Comunidades Negras”, surgiu a idéia de se elaborar um<br />

projeto específico para a causa. Em 17 de abril de 1988, foi criado o “Projeto Vida de<br />

Negro”. Segundo o antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, o PVN “tem sido<br />

um lugar de reflexão sistemática sobre as mobilizações quilombolas, acoplando o<br />

conhecimento militante às memórias locais de resistência”. Também, “tem se<br />

constituído num instrumento de ação e apoio no reconhecimento jurídico-formal das<br />

comunidades remanescentes de quilomb<strong>os</strong>”. 36<br />

Em um primeiro momento, o PVN dedicou-se ao mapeamento das comunidades<br />

negras rurais e ao levantamento das formas de uso e p<strong>os</strong>se da <strong>terra</strong>, às manifestações<br />

culturais e religi<strong>os</strong>as, valendo-se da memória oral das chamadas “<strong>terra</strong>s de preto” sobre<br />

37<br />

o período escravista e moment<strong>os</strong> pós-Abolição. Inicialmente, foram visitad<strong>os</strong> 28<br />

municípi<strong>os</strong>, compreendendo nove microrregiões do Maranhão, arrolando 150 povoad<strong>os</strong>.<br />

Foram identificad<strong>os</strong> 73 cas<strong>os</strong> de conflit<strong>os</strong> nas chamadas “<strong>terra</strong>s de preto”. Nas regiões<br />

34<br />

Loc. cit.<br />

35<br />

Cf. Equipe do PVN/CCN. “1986 a 2006: [...]”. p. 3.<br />

36<br />

ALMEIDA. [Org.]. Terras de preto no Maranhão [...]. p. 15.<br />

37<br />

Ibid. p. 40.

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