24.08.2013 Views

os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra

os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra

os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESTUDIOS HISTORICOS – CDHRP- Ag<strong>os</strong>to 2009 - Nº 2 – ISSN: 1688 –5317<br />

Em Liberdade por um fio, o historiador Matthias Röhrig Assunção escreveu<br />

“Quilomb<strong>os</strong> <strong>maranhenses</strong>”, afirmando que poucas fazendas do interior do Maranhão<br />

não tiveram quilomb<strong>os</strong> ao seu redor. Isso se deve ao fato de que a área ocupada <strong>pela</strong>s<br />

fazendas escravistas constituía o limite da fronteira agrícola do Estado. Nessas regiões,<br />

predominaram <strong>os</strong> quilomb<strong>os</strong> de pequeno porte, que ocuparam as matas e tinham contato<br />

direto com a sociedade escravista através de trocas ou apropriação. Com o<br />

enfraquecimento do poder d<strong>os</strong> grandes proprietári<strong>os</strong> de <strong>terra</strong> em razão da extinção da<br />

Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1777), houve maior interação d<strong>os</strong><br />

quilombolas com <strong>os</strong> cativ<strong>os</strong>. 4 Pequen<strong>os</strong> grup<strong>os</strong> de quilombolas instavam-se nas<br />

proximidades das fazendas apropriando-se de víveres de que necessitavam. Os cativ<strong>os</strong><br />

‘colaboravam’ com <strong>os</strong> mocambeir<strong>os</strong>.<br />

No Maranhão, constituíram-se vári<strong>os</strong> quilomb<strong>os</strong>. Destacam<strong>os</strong> <strong>os</strong> quilomb<strong>os</strong> de<br />

São Bendito do Céu, Limoeiro e São Sebastião, no vale do Turiaçu; o quilombo de<br />

Lagoa Amarela, em Chapadinha, além de muit<strong>os</strong> quilomb<strong>os</strong> menores, sobretudo nas<br />

regiões d<strong>os</strong> vales do Turiaçu e do Itapecuru, nas matas de Codó, do Mearim e na<br />

5<br />

Baixada Maranhense. Estes quilomb<strong>os</strong> foram citad<strong>os</strong> <strong>pela</strong> historiografia que se baseou<br />

nas fontes, sobretudo, deixadas pel<strong>os</strong> repressores. Certamente houve outr<strong>os</strong> mocamb<strong>os</strong><br />

que não foram descobert<strong>os</strong> e permaneceram livres até à Abolição. O significativo<br />

número de comunidades negras contemporâneas comprova que, na região, existiram<br />

muit<strong>os</strong> quilomb<strong>os</strong> originad<strong>os</strong> por escrav<strong>os</strong> fugid<strong>os</strong>.<br />

Antes mesmo da Abolição, em 1888, foram introduzid<strong>os</strong> trabalhadores livres na<br />

Província do Maranhão. N<strong>os</strong> an<strong>os</strong> de 1852-1856, chegaram 887 imigrantes. Em 1877, o<br />

Maranhão acolheu um significativo número de cearenses golpead<strong>os</strong> <strong>pela</strong> seca. As<br />

autoridades distribuíram esses trabalhadores em regiões estratégicas na fronteira,<br />

6<br />

aproveitando-se d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> de desmatament<strong>os</strong> e das roças d<strong>os</strong> quilombolas. Com a<br />

chegada d<strong>os</strong> camponeses pobres, expuls<strong>os</strong> <strong>pela</strong> seca, a<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong> foi se formando um<br />

segmento do campesinato maranhense que ocupou <strong>terra</strong>s devo<strong>luta</strong>s ainda não<br />

trabalhadas. Segundo Manoel Correia de Andrade, este fenômeno ocorreu também em<br />

outr<strong>os</strong> locais, ou seja, “nas áreas de baixa densidade populacional, como Maranhão,<br />

4 Loc.cit.<br />

5<br />

Cf. PROJETO VIDA DE NEGRO. Vida de Negro no Maranhão. [...]. p. 30.<br />

6<br />

Ibid. p. 454.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!