Bem-me-quer, mal-me-quer: O Ensino Religioso Escolar ... - GPER
Bem-me-quer, mal-me-quer: O Ensino Religioso Escolar ... - GPER
Bem-me-quer, mal-me-quer: O Ensino Religioso Escolar ... - GPER
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1. Diversidade Religiosa: O Sagrado presente na vida dos cidadãos brasileiros<br />
Wilges 3 caracteriza o fenô<strong>me</strong>no religioso como universal; destaca que em todos os<br />
tempos e lugares tal fenô<strong>me</strong>no perpassa a vida dos humanos.<br />
Junqueira 4 certifica que no Brasil, desde o início, a religiosidade foi marcante já com<br />
a presença dos indígenas; depois com a vinda dos portugueses que trouxeram consigo o<br />
ensino da religião como parte do projeto de dominação e formação cultural e<br />
posterior<strong>me</strong>nte, com a vinda dos negros e dos pri<strong>me</strong>iros imigrantes, o Brasil foi modelado<br />
por inú<strong>me</strong>ras etnias, culturas e religiões. Dessa feita observa-se um mosaico de religiões;<br />
são etnias e variedades que constitui a riqueza da diversidade religiosa que hoje mapeiam a<br />
grandeza do Brasil.<br />
Confor<strong>me</strong> Sanches 5 essa riqueza coloca um desafio para o estudioso das religiões:<br />
compreender adequada<strong>me</strong>nte o campo religioso e indica uma dificuldade: quanto mais<br />
complexo e rico o campo religioso, mais difícil será do ponto de vista teórico uma<br />
compreensão adequada do <strong>me</strong>smo.<br />
Interessa neste trabalho reconhecer a diversidade presente e compreender que<br />
todas as religiões têm legitimidade, pois de acordo com o autor citado, elas expressam as<br />
diferentes formas humanas de aproximação do mistério que funda<strong>me</strong>nta a vida.<br />
Especifica<strong>me</strong>nte o Brasil se apresenta com muitas manifestações religiosas e essas são<br />
frutos culturais que trazem no seu bojo uma vivência de fé que perduram a gerações,<br />
constituindo significados e simbologias que faz a vida secular mais bonita, com mais sentido<br />
e mais segura.<br />
De conformidade com Durkheim apud Miele 6 , o Sagrado é o traço essencial dos<br />
fenô<strong>me</strong>nos religiosos e se define pela oposição ao profano, que dentre outros significados<br />
se diz daquilo que é estranho ou que não pertence à religião secular, que não respeita as<br />
coisas sagradas e irreverente.<br />
Otto apud Miele 7 , aprofunda a questão do sagrado, abordando-o como uma categoria<br />
que denota a manifestação do nu<strong>me</strong>n, que tem o sentido de “vontade divina”, “atuação<br />
divina” ou “essência divina”. Assim, o autor caracteriza tal experiência como uma vivência<br />
fascinante, perante o ser ou objeto sagrado.<br />
A experiência religiosa denota o sentido da vivência com o que se constitui o<br />
Sagrado. O religioso se agrada de viver sua religiosidade, pois é sua vida, sua fé que está<br />
sendo lapidada e construída para os propósitos da religião que professa, e para o seu ser<br />
isto é extraordinaria<strong>me</strong>nte maravilhoso. “O Sagrado constitui para o ho<strong>me</strong>m religioso o real<br />
por excelência, ao <strong>me</strong>smo tempo poder, eficiência, fonte de vida e fecundidade” 8 . É na<br />
experiência do Sagrado que o ho<strong>me</strong>m descobre a realidade do mundo dos significados. O<br />
Sagrado se constitui no coração da experiência religiosa 9 .<br />
Eliade apud Gil Filho 10 , destaca como princípio funda<strong>me</strong>ntal o paradoxo que constitui<br />
a hierofania, na qual a manifestação do Sagrado transforma qual<strong>quer</strong> coisa em outra,<br />
qual<strong>quer</strong> ser em outro ser. Assim, de acordo com o autor, as coisas ditas sagradas são<br />
outras, muito embora permaneçam as <strong>me</strong>smas. Toma-se como exemplo a eucaristia no<br />
ritual católico; na missa, o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo, mas<br />
3 WILGES, Irineu. Cultura religiosa: As Religiões no mundo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994, p. 9.<br />
4 JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo. História, Legislação e Funda<strong>me</strong>ntos do ER. Curitiba, PR: Ibpex, 2008,<br />
p. 15.<br />
5 SANCHES, Wagner Lopes. Pluralismo religioso: as religiões no mundo atual. São Paulo: Paulinas, 2005, p.<br />
103-104.<br />
6 MIELE, Neide. Espaço Sagrado – Espaço Profano. Diálogo – Revista do <strong>Ensino</strong> <strong>Religioso</strong>. São Paulo, Ano XI<br />
– nº 42 – maio de 2006, p. 14-18.<br />
7 Ibid., p. 17.<br />
8 MACEDO, Car<strong>me</strong>n Cinira. Imagem do Eterno: religiões do Brasil. São Paulo: Moderna, 1989, p. 17.<br />
9 GIL FILHO, Sylvio Fausto. O Sagrado: Essência do Fenô<strong>me</strong>no <strong>Religioso</strong>. Diálogo – Revista do <strong>Ensino</strong><br />
<strong>Religioso</strong>. São Paulo, Ano XI – nº 42 – maio de 2006, p. 20-23.<br />
10 Id. Espaço Sagrado: estudos em geografia da religião. Curitiba, PR: Ibpex, 2008, p. 15.<br />
2