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ICMBio em Foco
Edição 193
Iniciado programa de monitoramento
da biodiversidade em UCs da Caatinga
Hugo Bonfim Pinto
por um período mais longo, e será de grande importância
à realização das pesquisas. O monitoramento a
longo prazo trará relevantes informações, como, por
exemplo, aquelas relativas às alterações causadas por
impactos antrópicos, flutuações naturais das populações
de répteis squamata e o padrão de variação da
biodiversidade local. O entendimento dessa dinâmica
fornecerá valioso subsídio sobre a efetividade das UCs
frente à conservação do grupo em estudo, dando aos
tomadores de decisão a ferramenta necessária para
direcionar as futuras ações socioambientais na região.
Monitoramento da biodiversidade brasileira
A equipe de pesquisadores é composta pelo analista
Hugo Bonfim de Arruda Pinto, coordenador do projeto,
e Juliana Rodrigues dos Santos Silva, bolsista
do Probio II, ambos do RAN, Miguel Trefaut Urbano
Rodrigues, Mauro Teixeira Júnior e Renato Sousa Recoder,
pesquisadores da Universidade de São Paulo,
além dos bolsistas assistentes de campo da própria
Flona para coletas de dados em campo.
As próximas expedições estão marcadas para este
mês, quando acontecerão os levantamentos de
cactáceas e mamíferos de médio e grande porte
na Flona Contendas do Sincorá, coordenados pelo
Cecat e Cenap, respectivamente, e os levantamentos
de aves na Estação Ecológica Raso da Catarina
(BA), coordenado pelo Cemave.
Está em pleno andamento o Programa de Monitoramento
in situ da Biodiversidade em UCs da Caatinga,
iniciado em março com as expedições de reconhecimento
de campo e seleção de áreas amostrais realizadas
pelo Cenap e Cecat. O monitoramento de
squamata – uma ordem de répteis – foi iniciado no
mês passado e está sendo coordenado pelo RAN.
A primeira expedição para definição de área e coleta
de dados do monitoramento de répteis ocorreu entre
os dias 3 e 15 de abril na Floresta Nacional Contendas
do Sincorá (BA). O projeto adota as metodologias de
armadilhas de interceptação e queda (pitfall) e funis
(funnel trap), além de procura visual. Nessa primeira
Participantes do projeto de monitoramento de répteis squamata
campanha, foram registradas 14 espécies de répteis
squamata no interior e entorno da Flona. O baixo número
de espécies não era esperado neste período do
ano e pode ter sido influenciado pela forte seca que
precocemente afeta a região.
Como o programa também busca realizar a capacitação
dos agentes locais das unidades que participarão
ativamente das coletas de dados em campo, nesta primeira
campanha, a equipe do RAN realizou o treinamento
em metodologias de amostragem e montagem
e manutenção de armadilhas de captura de répteis
squamata. Agora, com o apoio local desses assistentes
de campo, a coleta de dados poderá se estender
O monitoramento da biodiversidade é uma das ferramentas
que permite avaliar as respostas de componentes
da biodiversidade de interesse às práticas
de manejo e conservação ou às pressões e impactos
de fatores como perda de habitat, alterações da paisagem,
mudanças climáticas, entre outros. O ICMBio,
em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, é
responsável pela elaboração de um sistema de monitoramento
da biodiversidade brasileira.
No âmbito do Instituto, o programa se propõe a conhecer
o estado da conservação das UCs, impulsionando
a coleta de dados que subsidiem a avaliação
da efetividade de conservação das unidades e, assim,
auxiliar nas ações rotineiras adotadas pelos gestores
dessas áreas, na avaliação do sistema de unidades de
conservação federais e na elaboração de políticas públicas
para ações de gestão e manejo nessas unidades.
Para cumprir esse compromisso, a nossa Coordenação
de Monitoramento da Conservação da Biodiversidade
- Comob, da Dibio, vem trabalhando na definição
de diretrizes de programas de monitoramento
in situ da biodiversidade, adotando um recorte por
bioma e contando com a participação de servidores
das UCs federais e de membros das comunidades locais
como colaboradores ativos na coleta de dados.
O primeiro programa elaborado, e em fase inicial de implementação,
é o Programa de Monitoramento in situ
da Biodiversidade em UCs da Caatinga, que está sendo
conduzido pela Comob com apoio do Cecat, Cemave,
Cenap e RAN, dos gestores de três UCs selecionadas
para a fase inicial do programa – o Parque Nacional da
Serra da Capivara (PI), a Estação Ecológica Raso da Catarina
(BA) e a Floresta Nacional Contendas do Sincorá
(BA) –, além de bolsistas do Projeto Nacional de Ações
Integradas Público-Privadas para Biodiversidade, o Probio
II, e pesquisadores de instituições parceiras.
A seleção dos grupos indicadores do monitoramento
bem como das UCs iniciais para implementação do
programa foram definidos durante uma oficina, realizada
em 2011, que contou com a participação de
diversos atores, entre 13 pesquisadores, sete gestores
de UCs, cinco centros de pesquisa e conservação,
além de participantes da sede do ICMBio. A escolha
das três UCs onde o programa está sendo iniciado
foi pautada principalmente pela disponibilidade de
pessoal técnico para acompanhamento das ações de
monitoramento e de facilidades de infraestrutura nas
unidades, como alojamentos e veículos para o transporte
das equipes de pesquisadores participantes.
Na ocasião, foram também definidos cinco táxons alvos
como indicadores da biodiversidade do bioma Caatinga,
sendo três deles de monitoramento obrigatório – Cactaceae,
mamíferos de médio e grande porte e répteis
squamata, ou seja lagartos e serpentes – e dois optativos
– aves endêmicas e abelhas meliponineas.
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