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revista perio dezembro 2010 - 4ª REV - 08-02-11 ... - Revista Sobrape

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R. Periodontia - 20(4):7-10<br />

VOL. 20 - Nº 04<br />

DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

EDITORIAL<br />

Caros leitores,<br />

Nessa edição trazemos o primeiro artigo da nova seção passo-a-passo da pesquisa o qual aborda um tema amplamente<br />

discutido pela comunidade científica representado pela grande dificuldade de se avaliar qualitativamente as <strong>revista</strong>s científicas<br />

e os pesquisadores.<br />

Outro ponto relevante dessa edição se refere a apresentação de mais um grande evento realizado pela <strong>Sobrape</strong>. Na<br />

sequência seguem informações trazidas pelo próprio Presidente do evento:<br />

XXIV Congresso Brasileiro de Periodontologia<br />

APRESENTAÇÃO<br />

Realizaremos de 25 a 28 de maio de 20<strong>11</strong>, no Bahia Othon Palace Hotel, a 24ª edição do Congresso Brasileiro de<br />

Periodontologia, evento promovido bianualmente pela <strong>Sobrape</strong> – Sociedade Brasileira de Periodontologia. Congrega<br />

especialistas, clínicos e estudantes, interessados nas áreas de <strong>perio</strong>dontia e implantodontia, e suas relações com as<br />

demais áreas da saúde. Trata-se de oportunidade ímpar para a veiculação e discussão da pesquisa mundial sobre<br />

temas que compõem a literatura científica desta área do conhecimento, asseguradas pelo nível de excelência dos<br />

ministradores convidados, nacionais e internacionais. Permite, também, efetuar intensa divulgação dos avanços<br />

tecnológicos do setor, criando oportunidades para que a indústria e o comércio odontológicos, do Brasil e Exterior,<br />

possam mostrar o desenvolvimento de novos produtos e serviços.<br />

Como feito pela primeira vez, em 1999, repetiremos a edição do Livro do Congresso abordando o tema geral<br />

“Avanços em Periodontia e Implantodontia - Paradigmas e Desafios” contando com um corpo de autores das<br />

escolas de melhor referência do País. Realizaremos, também, a tradicional Reunião de Professores de Periodontia e<br />

Implantodontia, discutindo as questões pedagógicas e profissionais para formação qualificada de recursos humanos<br />

nesta área. E, para estímulo dos estudantes de graduação, desenvolveremos um programa especial no PerioBrasil<br />

Estudantil.<br />

De forma conjunta, estará sendo promovido o 9º Congresso Internacional de Halitose da ISBOR - International<br />

Society for Breath Odor Research, que discutirá a questão de forma inter e transdisciplinar, sob presidência do Prof.<br />

Dr. Sérgio Salvador.<br />

A par disto, uma programação social de muito bom gosto levará deleite aos visitantes com os encantamentos<br />

desta Terra da Felicidade, a cidade de Salvador da Bahia. Todas essas características fazem do XXIV Congresso<br />

Brasileiro de Periodontologia um imperdível ponto de encontro para atualização do conhecimento, entretenimento<br />

e agradável convívio. Assim esperamos e o aguardamos com muita alegria.<br />

Mais uma vez em nome da <strong>Sobrape</strong> agradeço a todos que tem atendido aos nossos chamados para publicar na <strong>revista</strong><br />

Periodontia e àqueles que não têm medido esforços para o continuo crescimento de nossa Sociedade.<br />

Boa leitura!<br />

Sheila Cavalca Cortelli<br />

Prof. Dr. Urbino da Rocha Tunes<br />

Editora-chefe Presidente Conbrape 20<strong>11</strong><br />

3<br />

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<strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA<br />

SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA<br />

DE PERIODONTOLOGIA<br />

SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />

PERIODONTOLOGIA<br />

Fundada em 05/10/1970 Gestão <strong>2010</strong>/20<strong>11</strong><br />

Sede: Rua Tres Pontes, 52<br />

CEP: 05042-<strong>02</strong>0 - São Paulo - SP<br />

Tel/Fax: (<strong>11</strong>) <strong>11</strong> 3862-1422 / <strong>11</strong> 96<strong>11</strong>-7257<br />

Home-page: www.sobrape.org.br<br />

E-mail: sobrape@sobrape.org.br<br />

Diretoria Executiva<br />

Presidente: Joaquim Resende - MG<br />

Vice-Presidente: Ricardo Guimarães Fischer - RJ<br />

1º Secretário: Lívio de Barros Silveira - MG<br />

2º Secretária: Carolina Ferreira Franco - MG<br />

1º Tesoureiro: Gerdal Roberto de Sousa - MG<br />

2º Tesoureira: Telma Campos Medeiros Lorentz - MG<br />

7<br />

passo-a-passo da pesquisa<br />

O DESAFIO DE SE CLASSIFICAR <strong>REV</strong>ISTAS<br />

CIENTÍFICAS E PESQUISADORES<br />

Fator de Impacto das <strong>revista</strong>s científicas<br />

Prof. Dr José Roberto Cortelli<br />

<strong>Revista</strong> Periodontia<br />

Editora: Sheila Cavalca Cortelli - SP<br />

Editores Associados: Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira, Davi<br />

Romeiro Aquino,Fernando de Oliveira Costa, Gilson César Nobre<br />

Franco, Luis Otávio de Miranda Cota, Marinella Holzhausen, Mônica<br />

César do Patrocínio<br />

Corpo Editorial: Alexandre Prado Scherma – SP, Ângela G. Martins<br />

- BA, Arthur B. Novaes Jr. - SP, Bruno C. De V. Gurgel - RN, Cristiano<br />

Susin - RS, Delane M. Rêgo - RN, Eduardo Feres - RJ, Élcio Marcantonio<br />

Júnior - SP, Estela S. Gusmão - PE, Francisco E. Pustiglioni - SP,<br />

Francisco H. Nociti Jr. - SP, Gerdal Roberto de Sousa - MG, Geraldo A.<br />

Chiapinotto - RS, Getúlio R. Nogueira Filho - CA, Giuseppe Alexandre<br />

Romito - SP, Isaac S. Gomes Filho - BA, Joaquim Resende – MG, João<br />

B. César-Neto - RS, Joni A. Cirelli - SP, José E. C. Sampaio - SP , José<br />

Roberto Cortelli - SP, Karina Cogo – SP, Karina Silverio - SP, Lívio de<br />

Barros Siveira - MG, Luciene Figueiredo - SP, Luis A. P. de Lima - SP,<br />

Marcio F. M. Grisi - SP, Marcos Pontual - SC, Maria Â. N. Machado - PR,<br />

Mauricio Araújo - PR, Patrícia Furtado Gonçalves - MG, Plínio Macedo -<br />

PI, Poliana M. Duarte - SP, Raul G. Caffesse - (EUA), Ricardo G. Fischer -<br />

RJ, Rosemary A. C. Marcantonio - SP, Renata Cimões - PE, Renato de V.<br />

Alves - PE, Rodrigo O. C. C. Rêgo - CE, Rosenês L. dos Santos - PB, Rui<br />

V. Oppermann - RS, Sabrina Gomes - (RS), Sebastião L. A. Greghi - SP,<br />

Sergio L. da S. Pereira - CE, Sheila Cavalca Cortelli - SP, Telma Campos<br />

Medeiros Lorentz - MG<br />

Auxiliar técnica: Thaís Pereira Peixoto<br />

Diretor do Jornal Periodonto: Mauro Ivan Salgado - MG<br />

Divulgação e Promoção: Rodrigo Seabra - MG, Orley Araújo Alves<br />

- MG<br />

Redação / Seleção de Pauta: Alcione Maria Dutra de Oliveira,<br />

Carlos Roberto Martins - MG<br />

Diretor Cultural: Lorenza Carvalhais Souza - MG, José Eustáquio<br />

da Costa - MG<br />

Diretor Social: Ana Carolina Duppin Souza - MG, Arnaud Bezerra -<br />

MG<br />

Diretor Bibliotecário: Jayme Reis Ferracioli - MG<br />

Diretor de Informática: Douglas Campidelli Fonseca - MG<br />

Equipe comercial: Eleine Claudino Aguiar Quintella - MG, Henrique<br />

Teixeira de Castro - RJ, Marcio Eduardo Vieira Falabella - MG<br />

Diretor Acadêmico: Luis Otávio de Miranda Cota - MG<br />

Assessores da Presidência: Alfeu Eloy Bari - SP, Cesário Antônio<br />

Duarte - SP, Charles Menezes Leahy - AL, Moyses Moreinos - RJ<br />

Assessores Internacionais: Antônio Wilson Sallum - SP, Arthur Belém<br />

Novaes Junior - SP, Eduardo Tinoco - RJ<br />

Conselho Científico: Carlos Marcelo Figueiredo - RJ, Fernando de<br />

Oliveira Costa - MG, Valdir Golveia Garcia - SP<br />

Conselho Deliberativo<br />

Efetivos: Alfeu Eloy Bari - SP, Antônio Wilson Sallum - SP, Benedicto<br />

Egbert Corrêa de Toledo - SP, Cesário Antônio Duarte - SP, Hamilton<br />

Taddei Bellini - SP, Urbino da Rocha Tunnes - BA<br />

Membros Natos: Moyses Moreinos - RJ, Paulo Roberto Pereira de Sá<br />

- RJ Javan Seixas de Paiva - PE, Rodrigo Veras de Almeida - PE, Antônio<br />

Wilson Sallum - SP, Giuseppe Alexandre Romito - SP<br />

Suplentes: Inácio Rocha - RJ, Henrique Guilherme de Castro Teixeira<br />

- MG, Walter Augusto Soares Machado - RJ, Juracy Corrêa da Silveira<br />

- MG<br />

In Memoriam: João Nunes Pinheiro - CE, Juarez Corrêa da Silveira -<br />

MG, Rugerpe Antônio Pedreira - RJ, Yeddi Pereira - RJ, Nelson Thomaz<br />

Lascala - SP, Roberto Fraga Moreira Lotufo - SP<br />

Conselho Fiscal: Marcos Vinicius Moreira de Castro - GO, Charles<br />

Menezes Leahy - AL, Carlos Roberto Martins - MG<br />

Suplentes: José Márcios Falabella - MG, Guido de Oliveira - MG,<br />

Ibajay Brito de Oliveira - MG<br />

Representantes Estaduais<br />

Anne Michelle Lima Ferreira-AM, Mario Jardeo Diniz da Silvia-PA,<br />

José Américo Gonçalves Fagundes-AC, Mário Umezawa-RO, Eduardo<br />

Gomes Seabra-RN, Charles Menezes Leahy-AL, Safy Rodrigues Pires-<br />

BA, Dejanildo Jorge Veloso-PB, Renata Cimões-PE, Raimundo Nonato<br />

Soares de Castro-CE, Plínio da Sílva Macêdo-PI, Fábio Matos Chiarelli-<br />

ES, Neide Tinoco-RJ, Vanessa Frazão Cury-MG, José Roberto Cortelli-SP,<br />

Marcos Vinícius Moreira de Castro-GO, Joana Estela Rezende Vilela-TO,<br />

José Peixoto Ferrão Junior-MS, Emilio Barbosa e Silva-DF, Ricardo Luiz<br />

Grein-PR, José Luiz do Couto-SC, Cassiano Huchenbecker Rosing-RS<br />

índice<br />

<strong>11</strong><br />

14<br />

20<br />

30<br />

passo-a-passo prática clínica<br />

CIRURGIA BARIÁTRICA E CONDIÇÃO<br />

PERIODONTAL<br />

A obesidade na atualidade<br />

André Luiz Pataro, José Eustáquio da Costa<br />

revisão de literatura<br />

ATEROSCLEROSE E PERIODONTITE – <strong>REV</strong>ISÃO<br />

DE LITERATURA<br />

Atherosclerosis and <strong>perio</strong>dontitis – literature review<br />

Diana Rosado Lopes, Maria Emília Mesquita Cansanção Felipe<br />

Lesões cervicais não-cariosas<br />

associadas ao Recobrimento Radicular:<br />

quaNDO RESTAURAR?<br />

Non-carious cervical lesions associated with the root<br />

coverage: when restore?<br />

Monique Ariádine Bezerra de Castro Nunes, Adiene Pires<br />

Keller e Ronald Halla Jr.<br />

ABORDAGEM ATUAL PARA MATRIZ DERIVADA<br />

DO ESMALTE NO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />

Current approach to enamel matrix derivative in the<br />

<strong>perio</strong>dontal treatment<br />

Lauro Garrastazu Ayub, Arthur Belém Novaes Júnior, Márcio<br />

Fernando de Moraes Grisi, Sérgio Luís Scombatti de Souza,<br />

Mário Taba Júnior, Daniela Bazan Palioto<br />

Jornalista Responsável: Sueli dos Santos (MTB 25034) SP<br />

Impressão:<br />

Tiragem da <strong>Revista</strong>: 500 Exemplares<br />

Periodicidade: Trimestral<br />

Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade do(s)<br />

autor(es) e não expressam, a priori, os interesses da <strong>Sobrape</strong>. É proibida a<br />

reprodução total ou parcial dos artigos sem a devida autorização.<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 4 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:15


Casos Clínicos<br />

TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FRATURA<br />

DE SEIO FRONTAL: RELATO DE CASO<br />

CLÍNICO<br />

Surgical treatment of frontal sinus fracture: case<br />

report<br />

Paulo Roberto Orzechowski, Cássia Biron, Kelston<br />

Ulbricht Gomes, Leonardo Benatto, Alexandre Prado<br />

Scherma, Rogério Romeiro 6<br />

38<br />

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE DIFERENTES<br />

PÓS DE BICARBONATO SOBRE A<br />

61<br />

SUPERFÍCIE RADICULAR<br />

Assessment of effect of several sodium bicarbonate<br />

powders over root surface<br />

Roberto A. Andrade Acevedo, Laura E. Hidalgo de<br />

Andrade, Manuel Espinoza, Emilio Barbosa e Silva,<br />

José Eduardo Cézar Sampaio<br />

ORIGINAIS<br />

AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA<br />

DE INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM<br />

PERIODONTITE CRÔNICA E TRATADOS<br />

COM MINOCICLINA SUBGENGIVAL<br />

44<br />

INVESTIGAÇÃO DA PRESENÇA DE<br />

RECESSÃO GENGIVAL E LARGURA DE<br />

GENGIVA INSERIDA EM PACIENTES<br />

QUE FIZERAM USO DE APARELHOS<br />

ORTODÔNTICOS FIXOS<br />

Research presence of gingival recession and width of<br />

keratinized gingiva in patients who did wear fixed<br />

orthodontic appliances<br />

68<br />

Clinical and radiographic evaluation in chronic<br />

<strong>perio</strong>dontitis subjects treated with subgingival<br />

minocycline<br />

Suzane A Raslan, Sheila Cavalca Cortelli, Maurício Dias<br />

Pereira da Silva, José Roberto Cortelli<br />

Érica Melo Gonçalves, Ayanne Feijão Cavalcante,<br />

Késsia Gadelha Maia, Mabel Lacerda Bezerra,<br />

Juliano Sartori Mendonça, Danilo Lopes<br />

Ferreira Lima<br />

GRAU DE CONHECIMENTO DOS<br />

CIRURGIÕES-DENTISTAS NA PRESCRIÇÃO<br />

DE COLUTÓRIOS E DENTIFRÍCIOS<br />

Degree of knowledge of dentists in the prescription<br />

of collutorium and dentifrices.<br />

Érica Melo Gonçalves, Edmar Ponte Portela Filho,<br />

Paulo Rafael Carrilho Aragão, Tompson Cardoso<br />

Ponte Segundo, Danilo Lopes Ferreira Lima<br />

51<br />

THE INFLUENCE OF LOW DOSE<br />

OF DOXYCYCLINE ON INDUCED<br />

PERIODONTITIS ASSOCIATED WITH<br />

OCCLUSAL OVERLOAD<br />

A influência de baixas doses de doxicilina sobre a<br />

<strong>perio</strong>dontite induzida associada à sobrecarga oclusal<br />

Fabiana Cavallini, Fernanda Faria Lenzi de Lemos,<br />

Carolina de Carlo Gomes e Santos, Daniela Martins de<br />

Souza, Debora Pallos, Lucilene Hernandes Ricardo<br />

73<br />

CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL DE<br />

PACIENTES GASTROPLASTIZADOS<br />

56<br />

EDITORIAL<br />

3<br />

Oral health status of patients under bariatric surgery<br />

Érica Melo Gonçalves, Diany Muniky de Gomes e<br />

Souza, Eliza Carvalho Teixeira, Renata Asfor Rocha<br />

Carvalho, Danilo Lopes Ferreira Lima, Luis Gonzaga de<br />

Moura Júnior<br />

Relação de Revisores<br />

Normas para preparação e<br />

publicação de artigos<br />

80<br />

81<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 5 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:15


VOL. 20 - Nº 04 - DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

<strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA v. 20, n. 04, <strong>2010</strong>. São Paulo: Sociedade Brasileira de<br />

Periodontologia.<br />

TRIMESTRAL<br />

ISSN 0103-9393<br />

CDD 617.6<br />

CDD 617.632005<br />

A <strong>Revista</strong> Periodontia (ISSN 0103-9393) é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Os artigos<br />

publicados são de responsabilidade dos seus autores. As opiniões e conclusões explicitadas nos artigos não necessariamente<br />

correspondem às opiniões da <strong>Revista</strong> e/ou da SOBRAPE. O material vinculado à publicidade é de inteira responsabilidade do<br />

anunciante.<br />

Associação e assinaturas: sobrape@sobrape.org.br<br />

6<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 6 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:15


R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

passo-a-passo da pesquisa<br />

O DESAFIO DE SE CLASSIFICAR <strong>REV</strong>ISTAS CIENTÍFICAS E<br />

PESQUISADORES<br />

Fator de Impacto das <strong>revista</strong>s científicas<br />

Prof. Dr José Roberto Cortelli<br />

Universidade de Taubaté-SP<br />

A pesquisa constitui a base do progresso<br />

mundial e proporciona a esperança que<br />

possamos resolver muitos problemas. Por causa<br />

disso, governos e instituições ao redor do mundo<br />

fornecem apoio financeiro considerável para a<br />

pesquisa científica. Naturalmente, querem<br />

saber se o seu dinheiro está sendo investido<br />

sabiamente; querem avaliar a qualidade da pesquisa pela qual<br />

pagam a fim de tomar decisões informadas sobre investimentos<br />

futuros (Adler, Ewing e Taylor, 2009).<br />

A vontade de “avaliar a qualidade” acompanha o homem<br />

desde muito tempo e parece ter sempre estado na base do<br />

pensamento ocidental. O problema da medida foi sempre central<br />

na ciência, culminando, com a medição da própria evolução e<br />

atividade científica da ciência (Pinto & Andrade, 1999).<br />

Assim, os índices bibliométricos ou também chamados<br />

cienciométricos foram introduzidos nas ciências naturais em 1955<br />

por Eugene Garfield (Garfield, 1955). E, no início dos anos 1960,<br />

Recebimento: 14/10/10 - Correção: 03/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 29/<strong>11</strong>/10<br />

foi criado o fator de impacto das <strong>revista</strong>s científicas,<br />

o Journal Citation Reports (JCR), uma medida criada<br />

pelo Institute Scientific Information (ISI) para avaliar o<br />

número de vezes que os artigos de uma <strong>revista</strong> são<br />

citados em periódicos indexados nessa base de dados.<br />

No Brasil, os estudos bibliométricos iniciaram-se<br />

com Morel e Morel (1977) no final da década de 70<br />

e ganharam corpo no início dos anos 90, quando<br />

alguns pesquisadores, principalmente da área de<br />

Bioquímica, começaram a advogar a importância de<br />

se levar em consideração o fator de impacto de <strong>revista</strong>s<br />

científicas e o número de citações de pesquisadores<br />

na avaliação pelos pares. Estes indicadores que, na<br />

época, estavam sendo utilizados nos EUA, até como<br />

critérios de seleção de cientistas e de professores pelas<br />

universidades americanas, começaram a fazer parte<br />

do imaginário da ciência brasileira (Fonseca, 1992;<br />

Meneghini 1990; Dietrich, 1993).<br />

O fator de impacto das <strong>revista</strong>s científicas mostrase<br />

então como uma ferramenta importante na<br />

7<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 7 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:18


R. Periodontia - 20(4):7-10<br />

avaliação do impacto e influência do periódico na comunidade<br />

científica. Entre outras utilidades os editores das <strong>revista</strong>s<br />

podem apoiar a seleção ou remoção de determinados<br />

periódicos de suas coleções e determinar quanto tempo cada<br />

<strong>revista</strong> deve ser mantida antes de ser arquivada. Já os autores<br />

podem identificar os periódicos mais influentes e apropriados<br />

onde incluirão suas publicações e confirmar o status de<br />

<strong>revista</strong>s onde tiveram seus artigos publicados.<br />

Logo, o fator de impacto mede o valor dos periódicos<br />

calculando-se o número médio de citações por artigo<br />

durante um período específico de tempo. A média é<br />

computada de dados coletados por Thomson Scientific, o<br />

qual publica os (Relatórios de Citações em Periódicos). O<br />

Thomson Scientific extrai, por ano, referências de mais de<br />

9000 periódicos, acrescentando informações sobre cada<br />

artigo e suas referências ao seu banco de dados (THOMSON:<br />

SELECTION). Usando estas informações, pode-se contar<br />

com que frequência um artigo específico é citado por artigos<br />

subsequentes que são publicados na coleção de periódicos<br />

relacionados.<br />

Para um periódico e ano específicos, o fator de impacto<br />

do periódico é computado calculando-se o número médio<br />

de citações para os artigos no periódico durante os dois<br />

anos anteriores de todos os artigos publicados naquele<br />

determinado ano. Se o fator de impacto de um periódico for<br />

1,5 em 2007, significa que em média os artigos publicados<br />

durante 2005 e 2006 foram citados 1,5 vez através de artigos<br />

na coleção de todos os periódicos relacionados publicados em<br />

2007. Exemplificando, o fator de impacto de uma <strong>revista</strong> em<br />

2009 foi calculado da seguinte maneira: número de citações<br />

no Science Citation Index em 2009 para os artigos publicados<br />

em 2007 e 20<strong>08</strong>, dividido pelo número de artigos que a <strong>revista</strong><br />

publicou nestes dois anos. Assim, se a <strong>revista</strong> publicou <strong>11</strong>5 e<br />

120 artigos, respectivamente, em 2007 e em 20<strong>08</strong>, e se estes<br />

artigos foram citados 200 vezes em 2009, o fator de impacto<br />

dessa <strong>revista</strong> é 200/235, ou seja, o seu fator de impacto em<br />

2009 é igual a 0,851.<br />

As citações de artigos publicados variam no tempo:<br />

existem subáreas em que eles passam a ser citados após<br />

quatro anos da publicação e outras em que as citações se<br />

elevam agudamente a partir do ano de publicação, atingindo<br />

o pico dois a seis anos após, quando, então, começam a<br />

declinar (Magri et al. 1996; Moed & van Leeuwen, 1996;<br />

Moed et al 1996; Bourke P, Butler, 1996; Seglen, 1992;<br />

Metcalfe, 1995).<br />

O período de dois anos usado para definir o fator de<br />

impacto tinha a finalidade de tornar a estatística atual<br />

(Garfield, 2005). Para alguns campos, tais como as ciências<br />

biomédicas, isto é apropriado porque a maioria dos artigos<br />

publicados recebe a maioria das suas citações logo após<br />

a publicação. Em outros campos, como por exemplo, a<br />

matemática, a maioria das citações ocorre além do período<br />

de dois anos. Examinando uma coleção de mais de 3 milhões<br />

de recentes citações em periódicos de matemática (o banco<br />

de dados Math Reviews Citation) vê-se que aproximadamente<br />

90% das citações para um periódico estão fora desta lacuna<br />

de dois anos. Por conseguinte, o fator de impacto é baseado<br />

em um mero 10% da atividade de citações e perde a vasta<br />

maioria das citações (Adler, Ewing e Taylor, 2009).<br />

Dentro da própria academia verificam-se outras críticas ao<br />

fator de impacto como determinante da qualidade científica<br />

(Santos et al. <strong>2010</strong>). A própria <strong>Revista</strong> Science em 20<strong>08</strong><br />

publicou em seu editorial “The Misused Impact Factor” que<br />

a qualidade dos artigos deve ser avaliada para determinar<br />

não somente sua contribuição para a ciência, mas também<br />

para ajudar as agências de financiamento na tomada de<br />

decisões. O editorial ressalva ainda que não há atalhos<br />

numéricos para se avaliar qualidade individual em pesquisa.<br />

Ele destaca inconsistências no fator de impacto e afirma que o<br />

problema está no fato de que as <strong>revista</strong>s podem manipulá-lo<br />

aumentando, por exemplo, o número de artigos de revisão,<br />

que são muito mais citados que os artigos primários. Esta<br />

opinião coincide com a do próprio criador do fator de impacto,<br />

Eugene Garfield. Ele admite que o fator de impacto apresenta<br />

várias falhas e também particularidades para cada subárea de<br />

conhecimento e alerta para o perigo de se avaliar indivíduos<br />

usando o fator de impacto como critério, mas conclui que<br />

apesar de não ser uma ferramenta perfeita para se medir<br />

qualidade de artigos, o fator de impacto é uma das melhores<br />

que se dispõe (Santos et al. <strong>2010</strong>). O quadro (1) mostra o<br />

fator de impacto/ baseado no Journal Citation Report 2009<br />

de alguns periódicos de interesse nas áreas da Periodontia e<br />

da Implantodontia.<br />

Índice h<br />

O índice h, também nominado em inglês como h-index,<br />

representa uma quantificação de produtividade científica<br />

auferida por um pesquisador ao longo de sua carreira, ou<br />

seja, o índice h é o número de artigos com citações maiores<br />

ou iguais a esse número. Assim, por exemplo, para um<br />

pesquisador ter um índice h = 5 ele terá 5 artigos publicados<br />

que receberam 5 ou mais citações; já outro pesquisador com<br />

índice h = 20 publicou 20 artigos científicos, sendo que cada<br />

um deles recebeu ao menos 20 citações em outros trabalhos.<br />

O quadro 2 ilustra o fator h de um pesquisador relacionando<br />

o número de artigos publicados por este pelo número de<br />

citações que estes artigos receberam. O índice h pode ser<br />

8<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 8 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:18


R. Periodontia - 20(4):7-10<br />

Quadro 1<br />

Avaliação do fator de impacto de <strong>revista</strong>s científicas de acordo com Journal Citation Report 2009<br />

Nome do Periódico<br />

Fator de Impacto<br />

1 Acta Odontologica Scandinavica 1.412<br />

2 Archives of Oral Biology 1.649<br />

3 British Journal of Oral and Maxillofacial Surgery 1.327<br />

4 Clinical Implant Dentistry and Related Research 2.452<br />

5 Clinical oral Implants Research 2.920<br />

6 Clinical Oral Investigations 2.233<br />

7 Gerodontology 1.014<br />

8 Implant Dentistry 1.505<br />

9 International J of Periodontics & Restorative Dentistry 1.7<strong>02</strong><br />

10 Journal of the American Dental Association 1.726<br />

<strong>11</strong> Journal of Applied Oral Science 0.386<br />

12 Journal of Clinical Periodontology 3.549<br />

13 Journal of Dentistry 2.000<br />

14 Journal of Dental Research 3.458<br />

15 Journal of Oral Pathology & Medicine 2.144<br />

16 Journal of Periodontal Research 1.966<br />

17 Journal of Periodontology 2.192<br />

18 Oral Diseases 1.922<br />

19 Oral Microbiology and Immunology 2.336<br />

20 Periodontology 2000 3.<strong>02</strong>7<br />

encontrado gratuitamente na internet no Google Scholar<br />

e por meio de assinatura nas bases de dados da Thomson<br />

ISI Web of Science (disponível em http://isiwebofknowledge.<br />

com) e da Scopus database (disponível em http://www.scopus.com).<br />

De acordo com Hirsch o índice h teria vantagens sobre<br />

outros indicadores de produtividade, como por exemplo, o<br />

número total de artigos publicados, que avalia produtividade<br />

mas, não o real impacto das publicações científicas ou ainda o<br />

número total de citações do pesquisador. No entanto alguns<br />

pesquisadores consideram que o índice h, assim como o<br />

fator de impacto, não deveria ser usado para comparar pesquisadores<br />

de diferentes áreas, pois há diferença nos valores<br />

médios desses índices entre as áreas e as subáreas (Kelly e<br />

Jennions, 2006).<br />

Enquanto o fator de impacto tem sido a melhor estatística<br />

conhecida baseada em citações, há outras estatísticas mais<br />

recentes que estão agora efetivamente promovidas. Além<br />

do já definido índice h encontramos outros dois índices para<br />

classificar os indivíduos, são eles:<br />

Quadro 2<br />

Fator h de um pesquisador de acordo<br />

com o proposto por Hirsch (2005)<br />

Número de artigos<br />

publicados<br />

Número de<br />

citações recebidas<br />

1 100<br />

2 80<br />

3 78<br />

4 70<br />

5 63<br />

6 54<br />

7 49<br />

8 32<br />

9 17<br />

10 10<br />

<strong>11</strong> 10<br />

Total de citações<br />

563<br />

do pesquisador<br />

Índice h 10<br />

9<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 9 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:18


R. Periodontia - 20(4):7-10<br />

Índice m: O índice m de um cientista é o índice h dividido<br />

pelo número de anos desde o seu primeiro documento.<br />

Este também foi proposto por Hirsch (2005). A intenção é<br />

compensar os cientistas mais jovens porque eles não tiveram<br />

tempo para publicar documentos ou conquistar muitas<br />

citações.<br />

Índice g: O índice g de um cientista é o maior n para<br />

o qual os n documentos mais citados tenham um total de<br />

pelo menos n 2 citações. Este foi proposto por Leo Egghe em<br />

2006 (EGGHE, 2006). O índice h não leva em conta o fato<br />

que alguns documentos no topo n podem ter contagens de<br />

citações extraordinariamente altas. O índice g é designado<br />

para compensar por isto.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1- Adler R, Ewing J, Taylor P. Dossiê: C&T- análises sobrea cultura da<br />

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14- Morel RL, Morel CM. Ciência da Informação 1977, 7, 79.<br />

Endereço para correspondência:<br />

José Roberto Cortelli<br />

Unitau - Pós-graduação em Odontologia<br />

Expedicionário Ernesto Pereira, <strong>11</strong>0 – Centro<br />

CEP: 12<strong>02</strong>0-330 – Taubaté – SP<br />

E-mail: jrcortelli@uol.com.br<br />

10<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 10 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:18


R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

passo-a-passo Prática clínica<br />

CIRURGIA BARIÁTRICA E CONDIÇÃO PERIODONTAL<br />

A obesidade na atualidade<br />

André Luiz Pataro<br />

Doutor em Periodontia,<br />

Faculdade de Odontologia,<br />

Universidade Federal de<br />

Minas Gerais-UFMG<br />

José Eustáquio da Costa<br />

Professor Associado,<br />

Faculdade de Odontologia,<br />

Universidade Federal de<br />

Minas Gerais-UFMG<br />

A o b e s i d a d e é u m<br />

problema de saúde pública<br />

crescente em todo o mundo.<br />

A Organização Mundial de<br />

Saúde (OMS) estimou que<br />

em 2005, 1 bilhão de pessoas<br />

no mundo apresentaria sobrepeso ou obesidade e que se esta<br />

tendência continuasse este número poderia aumentar para 1,5<br />

bilhão até 2015 (WHO, 2005). No Brasil, 49% da população adulta<br />

(acima dos 20 anos) encontram-se acima do peso, enquanto<br />

14,8% dessa amostragem já se encontram obesa. O percentual<br />

dos homens adultos considerados acima do peso subiu de 18,5%<br />

(1974-1975) para 41,4% (20<strong>02</strong>-2003), chegando a 50,1% em<br />

20<strong>08</strong>-2009. Entre as mulheres a situação é menos crítica, mas<br />

não menos preocupante: passou de 28,7% para 40,9% e 48%,<br />

respectivamente (IBGE, <strong>2010</strong>).<br />

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial que está<br />

associada a um elevado risco de doença cardiovascular<br />

(Wilson et al, 20<strong>08</strong>) e diabetes tipo 2 (Mokdad et al,<br />

2003), exercendo risco adicional para osteoartrite,<br />

apnéia do sono, problemas respiratórios, alguns<br />

cânceres, complicações na gravidez, irregularidades<br />

menstruais e problemas psicossociais (Haslam &<br />

James, 2005).<br />

A obesidade tem também impacto na expectativa<br />

de vida das pessoas. Em um estudo recente nos<br />

Estados Unidos envolvendo 1,46 milhões de adultos<br />

brancos, a partir de 19 estudos prospectivos, verificouse<br />

que a obesidade pode reduzir a expectativa de vida<br />

em até quatro anos entre os adultos, e que mesmo<br />

indivíduos obesos não fumantes e que apresentavam<br />

boa saúde, o risco de morte pode subir 31% a cada<br />

cinco pontos de aumento no Índice de Massa Corporal<br />

(Berrington de Gonzalez et al, <strong>2010</strong>).<br />

Recebimento: 13/10/10 - Correção: <strong>08</strong>/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 25/<strong>11</strong>/10<br />

<strong>11</strong><br />

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R. Periodontia - 20(4):<strong>11</strong>-13<br />

Classificação da obesidade<br />

O Índice de Massa Corporal (IMC) é a classificação<br />

mais amplamente utilizada para obesidade. É definido pela<br />

proporção entre o peso dividido pelo quadrado da altura<br />

corporal, sendo: normal de 20 a 24,99 kg/m 2 , sobrepeso de<br />

25 a 29,99 kg/m 2 , obesidade grau I de 30 a 34,99 kg/m 2 ,<br />

obesidade grau II de 35 a 39,99 kg/m 2 e obesidade grau III ou<br />

obesidade mórbida ≥ 40 kg/m 2 (WHO, 1997). A obesidade<br />

grau III está geralmente associada a uma doença debilitante,<br />

progressiva e grave (WHO, 1997).<br />

Obesidade e doença <strong>perio</strong>dontal<br />

Apesar de estudos recentes terem relatado associação<br />

entre obesidade e <strong>perio</strong>dontite (Wood et al, 2003; Dalla<br />

Vecchia et al, 2005; Haffajee & Socransky, 2009), o mecanismo<br />

biológico para esta associação ainda não está totalmente<br />

elucidado. Entretanto, tem sido demonstrado que citocinas<br />

e hormônios derivados do tecido adiposo, considerado um<br />

tecido endócrino, podem exercer um papel fundamental<br />

nessa associação. O tecido adiposo secreta uma variedade<br />

de citocinas e hormônios também chamados de adipocinas<br />

que têm o potencial de modular a <strong>perio</strong>dontite (Kershaw &<br />

Flier, 2004). A obesidade pode modular os sistemas imune e<br />

inflamatório, aumentando liberação de citocinas, ativando<br />

macrófagos e assim elevando o risco para a susceptibilidade<br />

à <strong>perio</strong>dontite. Entretanto, essas evidências ainda não são<br />

conclusivas o bastante para fundamentar uma relação causal<br />

entre obesidade e <strong>perio</strong>dontite.<br />

Cirurgia bariátrica e condição <strong>perio</strong>dontal<br />

A falha do tratamento conservador de indivíduos<br />

gravemente obesos é su<strong>perio</strong>r a 90% (Brolin, 1998). Dessa<br />

forma, a cirurgia bariátrica é uma opção de tratamento<br />

frequentemente recomendada para esses com IMC ≥ 40 ou<br />

IMC ≥ 35 com alguma comorbidade relacionada à obesidade.<br />

No Brasil, no período entre 1975-1976 a 20<strong>02</strong>-2003,<br />

observou-se um crescimento de 255% no número de cirurgias<br />

bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS),<br />

envolvendo respectivamente 0,18 a 0,64% da população<br />

brasileira, atingindo 2.500 cirurgias no ano de 2006 (Santos<br />

et al, 20<strong>08</strong>).<br />

Entretanto, a manobra cirúrgica trata apenas a obesidade<br />

e não a causa dessa condição. Sendo assim, muitos indivíduos<br />

que realizam esse tipo de cirurgia voltam a adquirir peso, além<br />

de a maioria apresentar outras doenças em diferentes partes<br />

do organismo. A cirurgia bariátrica pode favorecer a ocorrência<br />

de várias complicações sistêmicas, tais como: deficiências<br />

nutricionais, alopecia, osteoporose, ganho de peso,<br />

alcoolismo, anorexia e bulimia, além de doença do refluxo<br />

gastro-esofágico, vômitos crônicos e regurgitação (Heling et<br />

al, 2007). Complicações bucais também têm sido sugeridas,<br />

entre elas cáries, halitose, xerostomia, hipersensibilidade e<br />

bruxismo (Heling et al, 2007; Haffajee & Socransky, 2009).<br />

A condição <strong>perio</strong>dontal de indivíduos submetidos à<br />

cirurgia bariátrica também pode ser alterada após a cirurgia.<br />

Têm sido observados que indivíduos em pós-operatório<br />

imediato com até 6 meses de cirurgia apresentam maior<br />

ocorrência de <strong>perio</strong>dontite quando comparados a indivíduos<br />

em período pré-operatório ou pós-operatório com mais de 6<br />

meses de cirurgia (dados em publicação).<br />

A presença de condições <strong>perio</strong>dontais mais desfavoráveis<br />

no período pós-operatório recente pode ser parcialmente<br />

explicada pelas mudanças fisiológicas que ocorrem nos<br />

indivíduos logo após a cirurgia. Normalmente, assim que são<br />

submetidos ao processo cirúrgico, é exigido aos indivíduos a<br />

manutenção de uma dieta alimentar estrita e um estilo de vida<br />

parcimonioso que requer uma mudança radical pessoal e em<br />

seu entorno, por exemplo, família, lar e ambiente de trabalho.<br />

Um intensivo acompanhamento nutricional e suporte médico<br />

são oferecidos nesse momento. Uma conduta compreensiva<br />

do indivíduo é essencial para o sucesso da cirurgia. As pessoas<br />

submetidas a esse procedimento perdem grande quantidade<br />

de massa corpórea em pouco tempo, similarmente a uma<br />

escala exponencial. Após os primeiros meses, a velocidade<br />

de redução de peso diminui substancialmente. Com a<br />

redução do peso, espera-se a diminuição da secreção de<br />

mediadores inflamatórios pelo tecido adiposo. Melhorias na<br />

qualidade de vida e interação social após a perda de peso são<br />

frequentemente observadas.<br />

A adaptação a novos padrões psicológicos logo após<br />

a cirurgia, relativo ao estresse pós-operatório, poderia em<br />

parte contribuir para maior ocorrência de <strong>perio</strong>dontite. Com<br />

o decorrer do tempo, dentre os indivíduos em controle pósoperatório<br />

adequado, espera-se uma estabilidade emocional<br />

gerando padrões de vida saudáveis, que podem refletir em<br />

homeostasia <strong>perio</strong>dontal.<br />

Adicionalmente, tem sido relatado que a cirurgia bariátrica<br />

pode afetar o metabolismo ósseo. O procedimento bypass<br />

gástrico Roux-en-Y ou Fobi-Capella, técnica mais comumente<br />

utilizada de cirurgia bariátrica, realiza um by-pass nos sítios<br />

primários de reabsorção de cálcio, ou seja, isola-se essa região<br />

não permitindo que o bolo alimentar entre em contato com o<br />

mesmo, dificultando a absorção desse mineral. Dessa forma,<br />

indivíduos que realizam esta cirurgia podem ter seus níveis<br />

de cálcio e vitamina D deficientes, o que pode causar um<br />

aumento da produção de paratormônio, levando à produção<br />

de vitamina D e aumento da reabsorção de tecido ósseo<br />

(Wang & Powell, 2009). Em longo prazo, esse fenômeno<br />

12<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 12 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:20


R. Periodontia - 20(4):<strong>11</strong>-13<br />

poderia influenciar nos padrões de perda óssea alveolar.<br />

Adicionalmente, a cirurgia bariátrica pode influenciar<br />

a frequência bacteriana de patógenos <strong>perio</strong>dontais e<br />

Helicobacter pylori tanto na boca e quanto no estômago<br />

(dados em publicação). As alterações que acompanham este<br />

tipo de pós-operatório cirúrgico parecem desencadear efeitos<br />

distintos no ambiente bucal e estomacal.<br />

CONCLUSÃO<br />

Com a crescente incidência da obesidade no Brasil e no<br />

mundo faz-se necessária a compreensão desta condição<br />

co-morbidades associadas. Além disso, deve-se entender os<br />

meios pelos quais os indivíduos são tratados, por exemplo,<br />

pela realização de cirurgia bariátrica. Sinaliza-se, portanto,<br />

uma real necessidade de um diagnóstico precoce e um<br />

acompanhamento profissional da condição <strong>perio</strong>dontal de<br />

indivíduos obesos, com especial atenção para aqueles em<br />

tratamento cirúrgico para obesidade.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Endereço para correspondência:<br />

André Luiz Pataro<br />

Rua Grão Mogol, 386 – Complemento: 205 - Carmom - Sion<br />

CEP: 30310-010 - Belo Horizonte - MG<br />

E-mail: alpataro@yahoo.com<br />

13<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 13 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:20


R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

ATEROSCLEROSE E PERIODONTITE – <strong>REV</strong>ISÃO DE<br />

LITERATURA<br />

Atherosclerosis and <strong>perio</strong>dontitis – literature review<br />

Diana Rosado Lopes 1 , Maria Emília Mesquita Cansanção Felipe 2<br />

RESUMO<br />

A doença <strong>perio</strong>dontal é um processo inflamatório dos<br />

tecidos de suporte dos dentes que, quando resulta em<br />

uma destruição progressiva do ligamento <strong>perio</strong>dontal e<br />

osso alveolar, com formação de bolsa, retração ou ambas,<br />

recebe o nome de <strong>perio</strong>dontite. Esta ocorre a partir<br />

de uma complexa interação entre infecção crônica por<br />

bactérias anaeróbias e resposta inflamatória do hospedeiro.<br />

A aterosclerose é uma doença sistêmica de natureza<br />

inflamatória muito comum, de início precoce, progressão<br />

lenta e sintomas clínicos raros antes dos 40 anos de idade.<br />

Uma parcela da população acometida pela aterosclerose<br />

não apresenta os fatores de risco tradicionais como a<br />

hipertensão, altos níveis de colesterol, tabagismo, diabetes<br />

e obesidade, o que levou ao surgimento da hipótese,<br />

baseada nos efeitos diretos de agentes infecciosos nos<br />

componentes celulares das paredes dos vasos, de que<br />

infecções bacterianas como a <strong>perio</strong>dontite podem contribuir<br />

para o desenvolvimento da aterosclerose e de eventos<br />

tromboembólicos. Para isto, marcadores inflamatórios, como<br />

a proteína C-reativa (PCR), interleucina-6 e fibrinogênio que<br />

estão associados com alterações imunológicas, vêm sendo<br />

amplamente pesquisados. Apesar de inúmeros estudos<br />

corroborarem cada vez mais para a existência dessa relação<br />

entre a <strong>perio</strong>dontite e as doenças cardiovasculares, ainda<br />

são necessários mais estudos multicêntricos, randomizados,<br />

que apresentem amostras significativas e menos fatores<br />

de confusão.<br />

UNITERMOS: aterosclerose, <strong>perio</strong>dontite, inflamação,<br />

tromboembolia. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:14-19.<br />

1<br />

Aluna do curso de especialização em Periodontia da ABO-RN<br />

2<br />

Professora do curso de especialização em Periodontia da ABO-RN<br />

Recebimento: 05/10/10 - Correção: 10/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 30/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUÇÃO E <strong>REV</strong>ISÃO DE LITERATURA<br />

O organismo humano é composto por processos<br />

biológicos interligados que têm efeitos em múltiplas<br />

partes do corpo. Nos últimos anos, o sistema<br />

imunológico tem sido reconhecido não apenas<br />

como vital na defesa contra infecções, mas também<br />

como um participante ativo em doenças crônicas<br />

como hipertensão, diabetes mellitus (DM), artrite,<br />

aterosclerose e doença <strong>perio</strong>dontal (DP). (Friedewald et<br />

al., 2009). Estas duas últimas são algumas das doenças<br />

infecciosas mais comuns no adulto e a associação<br />

entre elas é tema de muitos estudos que sugerem<br />

que o processo inflamatório decorrente da DP pode<br />

aumentar o risco de desenvolvimento da aterosclerose<br />

(Fiehn et al., 2005).<br />

DOENÇA PERIODONTAL<br />

O biofilme que coloniza as superfícies dentárias<br />

está entre os mais complexos e isto se deve,<br />

principalmente, à característica estática das superfícies<br />

dentárias, havendo co-existência dinâmica entre<br />

bactérias comensais e patogênicas do hospedeiro<br />

(Meurman et al., 2004). A DP está associada à<br />

presença do biofilme dental, havendo mais de 700<br />

diferentes espécies de microrganismos identificadas<br />

14<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 14 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:21


R. Periodontia - 20(4):14-19<br />

na cavidade oral, das quais 400 estão presentes em bolsas<br />

<strong>perio</strong>dontais, e as demais em sítios como língua, mucosa<br />

jugal, lesões cariosas e infecções endodônticas. (Cortelli &<br />

Nascimento, 2007).<br />

As DP têm caráter universal, representando um grave<br />

problema de saúde pública odontológica tanto nos países<br />

pobres quanto nos desenvolvidos. No Brasil, constitui a<br />

segunda doença bucal de interesse em saúde pública,<br />

precedida apenas pela cárie dentária (Barilli et al., 2006).<br />

A gengivite, uma das DP mais comuns, (Grau et al, 2004;<br />

Cortelli & Nascimento, 2007) pode se desenvolver em<br />

poucos dias e caracteriza-se por mudanças inflamatórias da<br />

gengiva induzidas pelo acúmulo do biofilme na superfície<br />

dentária. A progressão para <strong>perio</strong>dontite ocorre quando há<br />

destruição do aparato de inserção e osso alveolar, a partir de<br />

uma complexa interação entre infecção bacteriana crônica e<br />

resposta inflamatória do hospedeiro que pode culminar com<br />

a perda dentária. (Lalla et al., 2003; Grau et al., 2004; Padilla<br />

et al, 2007).<br />

A <strong>perio</strong>dontite é uma doença infecciosa causada<br />

por bactérias anaeróbias restritas ou facultativas e seus<br />

subprodutos, com caráter multifatorial (Emingil et al,<br />

2000; Barilli et al., 2006; Padilla et al., 2007). Os pacientes<br />

com <strong>perio</strong>dontite são normalmente assintomáticos, mas<br />

podem apresentar gengivas com recessões, avermelhadas,<br />

edemaciadas, sensíveis a dor, hemorrágicas e purulentas,<br />

assim como dentes com mobilidade ou ausentes, gosto<br />

desagradável e halitose (Friedewald et al., 2009). A forma mais<br />

severa da <strong>perio</strong>dontite está presente na população adulta,<br />

numa prevalência que varia de 8-15% (Barilli et al., 2006;<br />

Karnoutsos et al., 20<strong>08</strong>). A forma crônica acomete cerca de<br />

7% a 15% da população adulta mundial (Southerland et al.,<br />

2006), sendo muito comum entre os tabagistas, obesos e<br />

portadores de DM (Haynes & Stanford, 2003).<br />

Em 2004, a <strong>perio</strong>dontite foi redefinida como uma doença<br />

inflamatória dos tecidos de suporte dos dentes, causada por<br />

microrganismos específicos, que resultam em uma destruição<br />

progressiva do ligamento <strong>perio</strong>dontal e osso alveolar, com<br />

formação de bolsa, retração ou ambos (Novak, 2004). Para<br />

seu diagnóstico, há necessidade da realização de um exame<br />

clínico, com auxílio de uma sonda <strong>perio</strong>dontal milimetrada,<br />

com o objetivo de evidenciar a presença de inflamação<br />

gengival e perda do tecido conjuntivo em volta do dente;<br />

e de um exame radiográfico para avaliação de perda óssea.<br />

As bactérias envolvidas, especialmente a Porphyromonas<br />

gingivalis, produzem endotoxinas na forma de<br />

lipopolissacarídeos (LPS), que geram uma resposta imunológica<br />

destrutiva mediada pelo hospedeiro (Fentoglu & Bozkurtb,<br />

20<strong>08</strong>). A bacteremia decorrente da DP instalada resulta<br />

em bactérias Gram negativas e lipopolissacarídeos livres no<br />

plasma, que ativam de imediato o sistema imunológico,<br />

desencadeando a liberação de mediadores inflamatórios,<br />

ativação de leucócitos e do endotélio, em níveis local e<br />

sistêmico (Page et al., 1998; Dias & Arruda, 2007).<br />

ATEROSCLEROSE<br />

A aterosclerose é uma doença sistêmica de natureza<br />

inflamatória com alta incidência, de início precoce, progressão<br />

lenta e sintomas clínicos raros antes dos 40 anos de idade<br />

(Dias & Arruda, 2007; Buhlin et al., 2003).<br />

As doenças cardiovasculares representam a maior causa<br />

de morte em todo o mundo (D’aiuto et al., 2004; Cortelli &<br />

Nascimento, 2007), representando cerca de 500.000 mortes/<br />

ano nos Estados Unidos, aproximadamente 29% das mortes<br />

em todo o mundo e por volta de 30% das mortes no Brasil<br />

(Karnoutsos et al., 20<strong>08</strong>), mesmo havendo mudanças no<br />

estilo de vida e utilizando medicamentos potentes (Dias<br />

& Arruda, 2007). Apesar da taxa de mortalidade devido a<br />

Doenças Arteriais Coronarianas (DAC) ter reduzido 17% na<br />

última década do século XX, o número de mortes sobe cerca<br />

de 2,5% ao ano devido ao aumento da população com idade<br />

maior que 65 anos. Um número maior de homens apresenta<br />

aterosclerose, em parte por causa da diferença de estilos de<br />

vida e hormônios (Desvarieux et al., 2004). A World Health<br />

Organization (WHO), estima que, até o ano de <strong>2010</strong>, as<br />

doenças cardiovasculares serão a principal causa de morte<br />

nos países em desenvolvimento.<br />

A aterosclerose é uma doença de natureza multicausal,<br />

sendo considerada o principal processo patológico das<br />

doenças cardiovasculares (Dias & Arruda, 2007).<br />

Uma parcela da população acometida pela aterosclerose<br />

não apresenta os fatores de risco tradicionais como a<br />

hipertensão, altos níveis de colesterol, tabagismo, diabetes e<br />

obesidade (Yamazaki et al., 2007).<br />

Alguns autores hipotetisaram que infecções bacterianas<br />

e virais podem contribuir para o desenvolvimento da<br />

aterosclerose e de eventos tromboembólicos baseado nos<br />

efeitos diretos de agentes infecciosos nos componentes<br />

celulares das paredes dos vasos envolvidos, acorde Emingil<br />

et al., 2000; Goyal et al., 2007; Fong, 2000.<br />

O mecanismo básico desta patologia foi primeiro<br />

proposto por Von Rokitansky (1852) e Virchow (1856) e<br />

recentemente revisto por Ross (1999). Na presença da<br />

disfunção endotelial, que é a primeira manifestação funcional<br />

da aterosclerose, os macrófagos fagocitam substâncias próinflamatórias,<br />

transformando-se em células espumosas. Estas,<br />

juntamente com as células musculares lisas, constituem os<br />

primeiros elementos da estria gordurosa (Meurman, 2004;<br />

15<br />

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Dias & Arruda, 2007), que é a primeira lesão aterosclerótica,<br />

de natureza puramente inflamatória (Dias & Arruda, 2007).<br />

O acúmulo de produtos lipídicos na parede vascular arterial<br />

é essencial para a ocorrência da aterogênese (Friedewald<br />

et al., 2009). A aterotrombose, em 60 a 70% dos casos,<br />

ocorre pela ruptura da placa ateromatosa, quando a capa<br />

fibrótica é parcialmente destruída (Dias & Arruda, 2007): as<br />

células T e os macrófagos ativados por agentes infecciosos,<br />

auto-antígenos e várias moléculas inflamatórias produzem<br />

citocinas inflamatórias que reduzem a estabilidade da placa;<br />

estes macrófagos ativados produzem metaloproteinases e<br />

outras proteases que agem diretamente sobre o colágeno e<br />

outros componentes da capa fibrótica, além disso, produzem<br />

fatores pró-coagulantes e pró-trombóticos, que precipitam<br />

diretamente a formação do trombo.<br />

A Proteína C-Reativa (PCR), dosada pelo método<br />

ultrassensível, é o marcador inflamatório mais amplamente<br />

estudado na aterosclerose, sendo o mais promissor, ainda que<br />

existam algumas controvérsias a respeito da sua aplicabilidade<br />

clínica (Dias & Arruda, 2007). Níveis de PCR aumentado,<br />

medido pelo método ultrassensível (hsCRP), indica um futuro<br />

infarto agudo do miocárdio e angina instável (Fridewald et<br />

al., 2009). O PCR, além de marcador biológico, tem também<br />

um papel na disfunção celular endotelial. Outros marcadores<br />

também estão presentes nas síndromes coronarianas (Tabela 1).<br />

Esses marcadores inflamatórios formam um grupo de<br />

proteínas que sofrem um aumento da expressão quando as<br />

células são expostas a elevadas temperaturas ou outros tipos<br />

de estresse. Estão associadas a alterações imunológicas e<br />

outras morbidades que podem acometer a população (Dias<br />

& Arruda, 2007).<br />

DISCUSSÃO<br />

Segundo Epstein et al., (1999), os efeitos diretos dos<br />

agentes infecciosos <strong>perio</strong>dontais sobre os componentes<br />

celulares das paredes dos vasos e que poderiam acelerar o<br />

processo da aterogênese são:<br />

1. Estímulo da proliferação de células musculares lisas,<br />

inibição da apoptose nas células endoteliais e migração<br />

aumentada de células musculares lisas das camadas média<br />

e adventícia, levando a uma diminuição da luz do vaso;<br />

2. Acúmulo de lipídio;<br />

3. Disfunção endotelial com efeitos pró-coagulantes;<br />

4. Inibição da função vasodilatadora do endotélio.<br />

Esta relação não está comprovada por estudos,<br />

porém pesquisas recentes já verificaram a presença de<br />

patógenos <strong>perio</strong>dontopatogênicos em placas ateroscleróticas,<br />

corroborando com os achados de Buhlin et al., 2003.<br />

Lalla et al. 2003, estudando 50 ratos modificados<br />

Tabela 1<br />

Principais biomarcadores inflamatórios presentes na Síndrome coroniana<br />

Citocinas<br />

Moléculas de adesão<br />

Leucócitos<br />

IL 1 b, IL 6, IL 10, IL 18, TNF-a, CD40, mieloperoxidase<br />

ICAM-1, VCAM-1, p-seletina<br />

Fibrinogênio, SRAA, PCR<br />

Leucócitos<br />

Velocidade de eritrossedimentação<br />

Heat shock proteins (HSP)*<br />

PAPP-A<br />

LAP-A2<br />

Fator de crescimento placentário<br />

Cistina C<br />

ICAM: Mólecula de Adesão Intracelular<br />

SRAA: Sistema renina-angiotensina-aldosterona<br />

PAPP-A: Proteína plasmática associada a gravidez-A<br />

16<br />

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geneticamente verificaram níveis significativamente maiores de<br />

molécula de adesão vascular-1 (VCAM-1) e inerleucina-6 (IL-6)<br />

nos ratos infectados com Porphyromonas gingivalis, enquanto<br />

a presença de imunoglobulinas-G (IgG) contra esta espécie<br />

bacteriana só foi encontrada após a inoculação da mesma.<br />

Neste mesmo ano Buhlin et al. analisando indivíduos<br />

com DP e saudáveis avaliou níveis séricos de HDL e verificou<br />

forte associação com número de bolsas <strong>perio</strong>dontais e<br />

sangramento à sondagem e fraca associação com presença de<br />

DP. Em relação aos níveis de PCR, verificou-se forte associação<br />

com número de bolsas <strong>perio</strong>dontais e fraca associação com<br />

presença de DP.<br />

Em outro estudo com indivíduos com DP, saudáveis e<br />

outros com DP e que haviam passado por cirurgia coronariana<br />

avaliou os níveis séricos de colesterol de alta densidade<br />

(HDL), triglicerídeos e IL-6 e verificou fortes associações com<br />

o grupo de pacientes com DP e que haviam passado por<br />

cirurgia coronariana. Em relação aos níveis de PCR, verificouse<br />

fraca associação com presença de DP. No entanto, o<br />

fator de necrose tumoral-α (TNF-α), apresentou níveis<br />

significantemente menor no grupo dos indivíduos com DP<br />

e que haviam passado por cirurgia coronariana (Yamazaki et<br />

al., 2007).<br />

Buhlin et al., (2003) avaliaram a presença de IgG e<br />

imunoglobulina-A (IgA) para Porphyromonas gingivalis, pois<br />

estas imunoglobulinas apresentam fortes indícios de que<br />

aceleram a progressão da placa aterogênica. IgA-Hsp60<br />

apresentou-se menor nos indivíduos com DP que nos<br />

saudáveis, enquanto o IgA-Hsp65, o IgG- Hsp60 e o IgG-<br />

Hsp65 foram similares nos dois grupos. Os dados encontrados<br />

neste estudo sugerem que há uma deficiência na habilidade<br />

em montar uma resposta humoral a Hsp60 nos indivíduos<br />

com DP e isso pode levar ao estabelecimento de inflamação<br />

crônica.<br />

No estudo de Yamazaki et al., (2007), somente os<br />

anticorpos positivos para P. gingivalis Su63 foram fatores<br />

significantes para o aumento da frequência de coronariopatias,<br />

sugerindo que um genótipo particular de P.gingivalis está<br />

provavelmente envolvido no mecanismo de associação entre<br />

DP e doença coronariana.<br />

Cairo et al. (2004) avaliaram carótidas de pacientes<br />

dentados com DP severa e edêntulos e não encontraram<br />

DNA de bactéria <strong>perio</strong>dontopatogênica. Goyal et al., (2007)<br />

estudaram hemoculturas de adultos coronariopatas e<br />

saudáveis e não observaram diferença significante entre os<br />

microrganismos <strong>perio</strong>dontais isolados. No entanto, Padilla<br />

et al., (2007) analisaram pacientes com DP com ou sem<br />

aterosclerose e verificaram que Porphyromonas gingivalis e<br />

Actinomices actinomicetencomitans foram os microrganismos<br />

mais encontrados em bolsas <strong>perio</strong>dontais e hemoculturas<br />

sendo que as placas ateromatosas positivas apresentaram<br />

os mesmos microrganismos nas bolsas e hemoculturas e as<br />

hemoculturas positivas apresentaram as mesmas bactérias<br />

encontradas em bolsas <strong>perio</strong>dontais.<br />

Desvarieux et al., 2009, estudando 1740 indivíduos<br />

verificaram que quanto maior a perda dentária, maior a<br />

espessura média da íntima da carótida. Estes dados levaram<br />

aos autores a concluírem que perda dentária e DP de longa<br />

data são relacionadas com aterosclerose subclínica em<br />

homens, mas não em mulheres.<br />

Grau et al., (2004) estudando 303 pacientes hospitalizados<br />

com isquemia cerebral aguda que tiveram AVC foram<br />

avaliados, verificaram que a média de perda de inserção<br />

clínica foi maior neste grupo que no grupo controle. A perda<br />

óssea radiográfica também foi maior nos pacientes doentes<br />

e, mesmo após ajuste de algumas variáveis, verificou-se que<br />

a DP aumenta o risco de isquemia cerebral em 4,3 vezes.<br />

Um estudo com pacientes com doença arterial<br />

coronariana (DAC) e pacientes saudáveis verificaram que<br />

o grupo dos portadores de DAC apresentava as piores<br />

condições <strong>perio</strong>dontais e que, portanto, eram os que mais<br />

necessitavam de tratamento <strong>perio</strong>dontal (Barilli et al., 2006).<br />

Corroborando com estes resultados, Holmlund et al., (<strong>2010</strong>)<br />

estudaram indivíduos com DP e com saúde oral e verificou-se<br />

que o número de dentes remanescentes foi um preditor para<br />

mortalidade por DAC em uma relação dose-dependente para<br />

pessoas com menos de 25 dentes. Isto indica uma ligação<br />

entre saúde bucal e doença cardiovascular e aponta para a<br />

necessidade de adoção de estratégias de intervenção.<br />

CONCLUSÃO<br />

Existem muitos artigos que sugerem uma associação<br />

entre DP e aterosclerose, porém há necessidade de mais<br />

pesquisas randomizadas que estudem essa associação e<br />

que realizem análises multivariadas a fim de eliminar os<br />

fatores de confusão, como os psicológicos, os sociais, os<br />

comportamentais e os de risco tradicionais de DAC.<br />

ABSTRACT<br />

Periodontal disease is an inflammatory process of<br />

supporting tissues of the teeth, that, when results in a gradual<br />

destruction of <strong>perio</strong>dontal ligament and alveolar bone, with<br />

<strong>perio</strong>dontal pocket, gingival retraction or both, is called<br />

<strong>perio</strong>dontitis. This occurs because of a complex interaction<br />

between chronic infection by anaerobic bacteria and host<br />

inflammatory response. Atherosclerosis is a systemic disease<br />

17<br />

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very of common inflammatory nature, early onset, slow<br />

progression and rare clinical symptoms before the age of 40<br />

years old. A portion of the population with atherosclerosis does<br />

not present the traditional risk factors such as hypertension,<br />

high cholesterol, smoking, diabetes and obesity, which led<br />

to the emergence of hypothesis, based on the direct effects<br />

of infectious agents in cellular components of vessel walls,<br />

that bacterial infections like <strong>perio</strong>dontitis may contribute to<br />

the development of atherosclerosis and of thromboembolic<br />

events. For this, inflammatory markers, as C-reactive protein<br />

(CRP), interleukin-6 and fibrinogen, that are associated with<br />

immunological changes, have been widely researched.<br />

Despite numerous studies the existence of the relationship<br />

between <strong>perio</strong>dontitis and cardiovascular diseases, it is still<br />

required further multi-center and randomized studies, with<br />

significant samples and less confusion factors.<br />

UNITERMS: atherosclerosis, <strong>perio</strong>dontitis, inflammation,<br />

thromboembolism.<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Diana Rosado Lopes<br />

Rua Contador Manoel Raimundo de Aguiar, 1853 - Lagoa Nova<br />

CEP: 59056-<strong>02</strong>0 – Natal – RN<br />

E-mail: dianalopes@usp.br<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

Lesões cervicais não-cariosas associadas ao<br />

Recobrimento Radicular: quaNDO RESTAURAR?<br />

Non-carious cervical lesions associated with the root coverage: when restore?<br />

Monique Ariádine Bezerra de Castro Nunes 1 , Adiene Pires Keller 2 e Ronald Halla Jr 3<br />

RESUMO<br />

O tratamento das recessões gengivais passou a ser uma<br />

exigência comum devido, principalmente, à preocupação<br />

estética associada muitas vezes, com a hipersensibilidade<br />

dentinária. Abordagens cirúrgicas como o retalho<br />

reposicionado coronalmente e a técnica bilaminar podem<br />

ser associadas ao enxerto de tecido conjuntivo subepitelial<br />

e têm sido relatadas como sendo mais previsíveis quando<br />

comparadas com outras, no que tange ao recobrimento<br />

radicular. Nos casos de recessões gengivais extensas<br />

o recobrimento radicular através de técnicas cirúrgicas<br />

mucogengivais tradicionais pode não ser a melhor escolha<br />

devido à necessidade de alisamento radicular abrangente,<br />

o que poderia comprometer a estrutura dentária. Nestes<br />

casos a combinação de um material restaurador adesivo<br />

associado ao recobrimento radicular pode estar indicada.<br />

A utilização do ionômero de vidro e da resina composta<br />

é combinada ao retalho reposicionado coronalmente<br />

associado ou não ao enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial nos casos de cavidades profundas. Os dois<br />

tipos de materiais restauradores possuem uma boa resposta<br />

tecidual quando bem adaptados e polidos. O objetivo<br />

deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre<br />

a utilização de materiais restauradores nas lesões cervicais<br />

não-cariosas quando da técnica do retalho reposicionado<br />

coronalmente associado ou não ao enxerto de tecido<br />

conjuntivo subepitelial, nos casos de recobrimento radicular.<br />

UNITERMOS: lesões cervicais não-cariosas, recobrimento<br />

radicular, cimento de ionômero de vidro, enxerto de<br />

tecido conjuntivo subepitelial. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:20-29.<br />

1<br />

Aluna do Curso de Especialização em Periodontia Sobracid, Porto Alegre, Brasil<br />

2<br />

Aluna do Curso de Especialização em Periodontia Sobracid, Porto Alegre, Brasil<br />

3<br />

Prof. Dr. do Curso de Especialização em Periodontia Sobracid, Porto Alegre, Brasil<br />

Recebimento: 01/10/10 - Correção: 09/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 30/<strong>11</strong>/10<br />

Introdução<br />

A etiologia mais comum da recessão gengival é<br />

o hábito de escovação traumática associada com a<br />

presença de inflamação gengival induzida por placa.<br />

Dentes posicionados vestibularmente tendem a<br />

apresentar uma maior recessão gengival. A deiscência<br />

óssea e a migração apical do tecido gengival expõem<br />

a superfície do cemento, o que permite abrasão e<br />

formação de “valas” nas áreas cervicais. Outros fatores<br />

também foram associados à recessão gengival, entre<br />

eles estão (1) deiscência do osso alveolar (Carranza et<br />

al., 2007; Bernimoulin & Curilivic, 1977), (2) dimensões<br />

gengivais inadequadas (Maynard, 1987), (3) inserção<br />

muscular e freios altos (Trott & Love, 1966), (4) cálculo<br />

dental (Van Palenstein Helderman et al., 1998) e (5)<br />

fatores iatrogênicos relacionados aos procedimentos<br />

restauradores e <strong>perio</strong>dontais (Gorman, 1967; Lindhe<br />

& Nyman, 1980; Valderhaug, 1980).<br />

A recessão do tecido mole marginal é uma<br />

característica comum em populações com um<br />

padrão bom ou deficiente de higiene oral. Evidências<br />

sugerem que a causa predominante para a recessão<br />

localizada é o trauma de escovação em indivíduos<br />

jovens, enquanto a doença <strong>perio</strong>dontal pode ser a<br />

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causa primária em adultos. Estudos longitudinais prospectivos<br />

mostraram que a faixa de gengiva ceratinizada não é um fator<br />

essencial para a prevenção da recessão gengival, mas que o<br />

desenvolvimento da recessão gengival resultará em perda da<br />

faixa de gengiva ceratinizada. As principais indicações para o<br />

procedimento de recobrimento radicular são as necessidades<br />

estético-cosméticas, hipersensibilidade dentinária, tratamento<br />

de lesões cariosas rasas na raiz e abrasões cervicais. A<br />

alteração da topografia do tecido marginal a fim de facilitar<br />

o controle de placa também se constitui numa indicação<br />

comum para os procedimentos de recobrimento radicular<br />

(Lindhe et al., <strong>2010</strong>).<br />

De acordo com Zuchelli et al., 2006, o objetivo da cirurgia<br />

mucogengival é o tratamento da recessão limitada a uma<br />

superfície (geralmente vestibular) com nenhuma perda de<br />

inserção severa associada nas superfícies interproximais.<br />

Segundo este mesmo autor, algumas abordagens cirúrgicas<br />

como a técnica de retalho reposicionado coronalmente e<br />

bilaminar foram relatadas como sendo mais previsíveis no<br />

que tange ao recobrimento radicular. Dependendo do biótipo<br />

gengival do paciente a técnica de recobrimento radicular pode<br />

estar associada ao enxerto de conjuntivo subepitelial para<br />

melhor previsibilidade do procedimento cirúrgico. Segundo<br />

(Borguetti et al., 2006), sua utilização é indicada para o<br />

procedimento de recobrimento radicular, espessamento<br />

gengival sobre um dente suporte de prótese, espessamento<br />

da mucosa peri-implantar. Com algumas modificações, ela<br />

também é indicada em cirurgia plástica peri-implantar. Para<br />

o tratamento estético dos dentes-suporte de prótese (tecido<br />

gengival fino e descolorações), faz-se o uso dessa técnica,<br />

mas geralmente sem o deslocamento coronário do retalho.<br />

Associada à recessão gengival e, por conseguinte, à<br />

superfície radicular exposta podemos observar a presença<br />

de lesões cervicais não-cariosas. Frente a esta situação,<br />

a literatura demonstra algumas opções na utilização e<br />

indicação de materiais restauradores associados à técnica<br />

de recobrimento radicular associada ou não ao enxerto de<br />

tecido conjuntivo, nos casos de recobrimento radicular (Lindhe<br />

et al., <strong>2010</strong>).<br />

É importante o conceito de biocompatibilidade para<br />

uma boa utilização dos materiais restauradores associados<br />

às cirurgias mucogengivais. Este conceito será empregado<br />

de forma ampla, ou seja, é a capacidade de um material<br />

desencadear uma resposta biológica apropriada em uma dada<br />

aplicação no organismo (Schmalz, 1997; Anusavice, 2003). A<br />

relação entre as restaurações dentárias subgengivais e a saúde<br />

<strong>perio</strong>dontal tem sido amplamente investigada por muitos<br />

anos. Contudo ainda faltam estudos longitudinais sobre as<br />

características da microflora subgengival após a colocação<br />

de restaurações subgengivais bem realizadas. Tendo em<br />

vista a diversidade dos aspectos clínicos da superfície<br />

radicular associada às áreas de recessões gengivais esta<br />

revisão de literatura objetiva elucidar a utilização de materiais<br />

restauradores nas lesões cervicais não-cariosas quando da<br />

técnica do retalho reposicionado coronalmente associado<br />

ou não ao enxerto de conjuntivo subepitelial, nos casos de<br />

recobrimento radicular.<br />

Revisão de Literatura<br />

Enxerto de tecido conjuntivo:<br />

Em cirurgia plástica <strong>perio</strong>dontal, o enxerto de tecido<br />

conjuntivo foi proposto inicialmente, em 1974, por Edel.<br />

(Langer e Langer, 1993) introduziram o uso de enxertos de<br />

tecido conjuntivo subepitelial para o recobrimento radicular.<br />

Existem três sítios preferenciais para a remoção: o palato,<br />

a tuberosidade ou a crista edêntula. Entretanto, a região<br />

palatina dos pré-molares é a área de primeira escolha (Novaes,<br />

2004).<br />

O recobrimento radicular é certamente a principal<br />

indicação atual desta intervenção, além do preenchimento<br />

da crista, espessamento gengival pré-protético e tratamento<br />

das discromias gengivais, usualmente é utilizado submerso<br />

sob um retalho de espessura parcial deslocado coronalmente<br />

(Borghetti, 2006).<br />

Diversas técnicas cirúrgicas foram propostas para<br />

tratar a recessão gengival. Silva et al., 2004, em um ensaio<br />

clínico randomizado compararam o retalho reposicionado<br />

coronalmente sozinho ou em combinação com o enxerto<br />

de tecido conjuntivo subepitelial (teste) no tratamento das<br />

recessões gengivais em <strong>11</strong> pacientes, não fumantes, com<br />

defeitos de recessão Classe I de Miller bilaterais. A cobertura<br />

radicular média foi 75% e 69% nos grupos teste e controle,<br />

respectivamente. No acompanhamento de 6 meses a<br />

profundidade da recessão reduziu significativamente para<br />

ambos os grupos, contudo o grupo teste mostrou um<br />

aumento estatisticamente significativo na largura do tecido<br />

queratinizado e espessura gengival comparado ao grupo<br />

controle.<br />

A avaliação dos fatores que afetam o resultado clínico de<br />

procedimentos de cobertura radicular pode ser útil na tomada<br />

de decisão clínica. Pini Prato et al., 2005 investigaram se a<br />

localização pós-cirúrgica da margem gengival com relação<br />

à junção cemento-esmalte pode influenciar a redução da<br />

recessão gengival e a cobertura radicular completa após a<br />

realização do retalho reposicionado coronalmente. Para isso<br />

foram selecionados 60 pacientes com recessões vestibulares<br />

maxilares (≥2 mm) Classe I de Miller. Foi observado que<br />

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quanto mais coronal for o nível da margem gengival após<br />

a sutura com relação à junção cemento-esmalte, maior a<br />

probabilidade de recobrimento radicular completo. As técnicas<br />

do retalho reposicionado coronalmente e a técnica bilaminar<br />

são mais previsíveis quando comparadas com outras no que<br />

tange ao recobrimento radicular, embora exista uma grande<br />

variabilidade de resultados clínicos e os dados expressos em<br />

termos de cobertura radicular completa são sempre um tanto<br />

longe dos 100% desejados. Zucchelli et al., 2006, objetivaram<br />

identificar alguns dos erros de diagnósticos mais frequentes<br />

que levam à cobertura radicular incompleta nas recessões<br />

gengivais classe I e II de Miller e sugeriram um método<br />

para pré-determinar a posição da margem do tecido mole<br />

após o procedimento cirúrgico mucogengival. O erro mais<br />

frequente na seleção dos parâmetros de referência concerne<br />

à localização da JCE anatômica do dente com defeito de<br />

recessão. Na análise de 900 dentes com recessões gengivais<br />

(360 pacientes), a JCE estava completamente detectável em<br />

30% e parcialmente em 25% dos casos selecionados. Assim,<br />

não havia mais sinal presente da JCE anatômica em torno<br />

da metade dos dentes examinados levando a outros erros<br />

de medição, dificultando o recobrimento radicular completo.<br />

Algumas condições clínicas locais no dente com recessão<br />

gengival podem limitar o recobrimento radicular, mesmo na<br />

ausência de perda da inserção interproximal.<br />

Cairo et al., 20<strong>08</strong> realizaram uma revisão de literatura<br />

a respeito do retalho reposicionado coronalmente sozinho<br />

ou em combinação com enxertos teciduais, membranas,<br />

proteínas derivadas da matriz de esmalte, matriz dérmica<br />

acelular, plasma rico em plaquetas e proteínas morfogenéticas<br />

para o tratamento das recessões gengivais. Um total de 794<br />

recessões gengivais Classe I e II de Miller em 530 pacientes de<br />

25 ensaios clínicos randomizados foram avaliados. O retalho<br />

reposicionado coronalmente foi associado com uma redução<br />

média da recessão gengival e cobertura radicular completa. A<br />

adição do enxerto de tecido conjuntivo ou matriz de esmalte<br />

melhoraram os resultados clínicos em termos de recobrimento<br />

radicular completo, enquanto que as membranas/barreiras<br />

não obtiveram o mesmo desempenho. Os resultados com<br />

relação ao uso adjunto de matriz dérmica acelular foram<br />

controversos. O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial ou<br />

matriz de esmalte em conjunção com retalho reposicionado<br />

coronariamente melhoraram a probabilidade de obtenção de<br />

cobertura radicular completa em recessões gengivais únicas<br />

Classe I e II de Miller.<br />

Na presença de recessões gengivais extensas a cobertura<br />

radicular através de técnicas cirúrgicas mucogengivais<br />

tradicionais pode ser dificultada ou mesmo estar contraindicada<br />

devido à presença de lesões cervicais não-cariosas,<br />

as quais necessitam muitas vezes de aplainamento radicular<br />

abrangente, o que poderia comprometer a estrutura dentária.<br />

Nestes casos a combinação de um material restaurador<br />

adesivo poderia ser a solução. Deliberador et al., 2009<br />

relataram o uso da técnica do enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial combinada com o retalho reposicionado<br />

coronalmente sobre superfície radicular restaurada com<br />

resina composta para tratar recessões gengivais múltiplas e<br />

adjacentes num paciente com recessões gengivais Classe I e II<br />

de Miller. Em alguns elementos as recessões gengivais estavam<br />

associadas às abrasões cervicais com 2 mm de profundidade.<br />

Dez dias após o procedimento restaurador, realizou-se o<br />

procedimento cirúrgico. Cobertura radicular adicional ocorreu<br />

entre 8 e 18 meses como resultado de creeping attachment,<br />

proporcionando uma cobertura radicular satisfatória em todos<br />

os dentes.<br />

Cimento de ionômero de vidro, resina composta e<br />

amálgama<br />

O cimento de ionômero de vidro tem diversas aplicações<br />

em muitas outras áreas da Odontologia além da Dentística,<br />

tais como Endodontia, Prótese e Ortodontia. Tem como uma<br />

importante propriedade a adesão aos tecidos duros do dente<br />

e a diversos materiais. Embora não elucidado, o mecanismo<br />

de adesão do ionômero é químico na estrutura dentária (Tyas<br />

et al., 2003).<br />

A composição básica do ionômero de vidro convencional<br />

é um pó de vidro misturado com ácido alquenóico. O pó<br />

do cimento de ionômero de vidro é formado pela fusão<br />

de seus componentes principais, ou seja, da sílica, da<br />

alumina e do fluoreto de cálcio. As propriedades do material<br />

dependem do tipo de ácido alquenóico selecionado pelo<br />

fabricante. Geralmente, o ácido poliacrílico é o mais usado,<br />

mas existem materiais no mercado à base de ácidos maléico<br />

ou tartárico. A água não é considerada por alguns autores<br />

um dos constituintes do material, porém sua presença é<br />

imprescindível para que ocorra a reação de presa. Com o<br />

desenvolvimento dos cimentos ionoméricos foi adicionado<br />

material resinoso. Nesses materiais, a reação ácido-base<br />

foi mantida, mas um segundo processo de presa ativado<br />

pela luz foi incluído. Em sua forma mais simples, ele é um<br />

cimento de ionômero de vidro convencional, com adição<br />

de pequena quantidade de monômeros resinosos, como o<br />

HEMA e o Bis-GMA, e fotoiniciadores. Eles são conhecidos<br />

como cimento de ionômero de vidro modificado por resina<br />

(Conceição, 2000). A busca de um material que alie a<br />

capacidade de liberação de fluoretos dos ionômeros de vidro<br />

convencionais e a durabilidade das resinas compostas tem<br />

levado a introdução no mercado de uma resina composta<br />

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modificada por poliácidos ou compômero. Este material<br />

tem a estrutura e as propriedades físicas similares às resinas<br />

compostas. Eles também possuem uma reação ácido-base<br />

na presença de saliva. Em virtude da ausência de água na<br />

formulação do material, a mistura não é autoadesiva como<br />

o CIV convencional. Desta forma, um sistema adesivo de<br />

dentina separado é necessário para os compômeros usados<br />

como materiais restauradores (Anusavice, 2003).<br />

A classificação é originalmente proposta por Wilson,<br />

McLean (1988), e é composta por 3 grupos:<br />

TIPO I – indicados para a cimentação de quaisquer artefatos<br />

ortodônticos ou protéticos;<br />

TIPO II – indicados para a restauração. Esse tipo é subdividido<br />

em:<br />

A – materiais indicados para baixos esforços mastigatórios e;<br />

B – materiais sujeitos a esforços mastigatórios mais intensos,<br />

como os reforçados por prata;<br />

TIPO III – indicados para selamento de cicatrículas e fissuras,<br />

como base e “forramento”.<br />

A resistência de união do cimento de ionômero de vidro<br />

é baixa em comparação com os obtidos com os sistemas<br />

adesivos, mas não permite aferir que a resistência do material<br />

aos substratos dentais seja baixa e nem que a capacidade<br />

de selamento do cimento de ionômero de vidro seja inferior<br />

a outros materiais que tenham alta resistência de união aos<br />

substratos dentais. Apresenta excelente vedamento marginal<br />

a despeito de sua baixa resistência coesiva (Hilton, 20<strong>02</strong>).<br />

Estudos clínicos demonstram desempenho su<strong>perio</strong>r em<br />

termos de retenção desses materiais em comparação com o<br />

uso de resinas compostas e sistemas adesivos (Matis et al.,<br />

1996;Van Dijken, 1996).<br />

O flúor liberado pelo cimento de ionômero de vidro é<br />

incorporado aos tecidos mineralizados do dente, tornandoos<br />

mais resistentes aos ciclos de desremineralização e<br />

constituindo a mais importante característica do material<br />

restaurador (Tam et al., 1997); atua também remineralizando<br />

lesões incipientes de cárie em esmalte e dentina ao redor do<br />

material ou nas proximidades de dentes adjacentes (Serra,<br />

Cury, 1992; Segura et al., 1997).<br />

Por outro lado a busca por um material restaurador direto<br />

com características ópticas semelhantes à estrutura dentária<br />

culminou no desenvolvimento das resinas compostas. Muitos<br />

anos de pesquisa foram necessários para que algumas<br />

desvantagens iniciais desse material, como alto coeficiente<br />

de expansão térmica, desgaste excessivo, sorção de água,<br />

descoloração e alta contração de polimerização fossem<br />

minimizadas.<br />

Durante a polimerização, a contração da resina composta<br />

deixa a superfície da cavidade aderida ao material em um<br />

estado de tensão, e as superfícies não-aderidas e livres (isto<br />

é, aquelas que reproduzem a anatomia externa original)<br />

aliviam parte da tensão pela contração direcionada para o<br />

interior do material. O chamado fator C é relacionado com a<br />

geometria do preparo cavitário e representado pela relação<br />

entre as áreas de superfície aderidas e não-aderidas. A tensão<br />

residual de polimerização aumenta diretamente com essa<br />

relação. Uma técnica restauradora na qual a restauração<br />

é construída em incrementos, polimerizando uma camada<br />

por vez, efetivamente reduz a tensão de polimerização pela<br />

diminuição do fator C (Anusavice et al, 2003); geralmente a<br />

inserção da resina composta é realizada em dois incrementos,<br />

o primeiro ocupando o espaço do terço médio da lesão<br />

cervical para incisal ou oclusal e o segundo preenchendo a<br />

área do terço médio para a cervical (Conceição et al, 2000).<br />

Visto que, atualmente, a maioria das resinas compostas<br />

comercializadas é foto ativada, as propriedades físicas descritas<br />

a partir deste tópico se referem a esta categoria de material.<br />

A contração de polimerização é um dos principais problemas<br />

relacionados às resinas compostas. Esta é uma das causas<br />

que levam a formação de lacunas na interface restaurada e<br />

consequentemente favorecem a microinfiltração. Quanto à<br />

resistência à compressão podemos concluir que a maioria<br />

das resinas disponíveis atualmente apresenta desempenho<br />

satisfatório nesse requisito.<br />

Em que pesem os consideráveis avanços obtidos nos<br />

últimos anos em relação às resinas compostas, o amálgama,<br />

apesar de contrariar os conceitos estéticos atuais, tem sua<br />

longevidade atestada por quase dois séculos de existência.<br />

Novos materiais são desenvolvidos, mas muitos anos ainda<br />

serão necessários para que eles se igualem ao amálgama, no<br />

que tange ao sucesso em dentes posteriores e fácil adaptação<br />

em inúmeras situações. Porém, o material possui algumas<br />

desvantagens, entre elas a que ele não combina com a<br />

estrutura dentária devido ao seu aspecto metálico. Além disso,<br />

até certo ponto, o amálgama é frágil; sujeito à corrosão e a<br />

ação galvânica (condução térmica); pode demonstrar certo<br />

grau de defeitos marginais e não ajuda a reforçar a estrutura<br />

dental enfraquecida (Reis et al., 2007).<br />

Para medir o acúmulo de placa e condições gengivais<br />

ao redor de restaurações subgengivais de resina composta<br />

convencional, híbrida e microhíbrida; (Dijken et al., 1996)<br />

realizaram um estudo in vivo com 2 grupos de pacientes.<br />

No primeiro grupo, havia 1<strong>08</strong> restaurações Classe III de 1<br />

ano com os 3 tipos de resinas e, no segundo grupo, 228<br />

restaurações Classe III e Classe IV com 3 ou 4 anos. No grupo<br />

com restaurações de 1 ano, a quantidade de placa e o grau<br />

de gengivite ao redor das restaurações de resina não foram<br />

significativamente maiores do que aqueles das superfícies<br />

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de esmalte. Diferenças significativas na quantidade de fluido<br />

crevicular foram encontradas entre as resinas convencionais<br />

(macroparticuladas ou tradicionais) e híbridas e o esmalte. Nos<br />

grupos com restaurações de 3-4 anos, os índices para cada<br />

material foram significativamente maiores do que aqueles<br />

das superfícies de esmalte e as restaurações mostraram<br />

quantidades maiores de placa e um grau mais elevado de<br />

gengivite do que as restaurações de 1 ano. As diferenças entre<br />

os três tipos de resinas foram mínimas em ambos os grupos<br />

e não foram significativas.<br />

O tecido gengival pode sofrer algumas reações<br />

devido à presença de materiais restauradores próximos<br />

à margem gengival. Dragoo et al., 1996, compararam as<br />

características de três materiais restauradores no tratamento<br />

de lesões radiculares subgengivais com o objetivo de testar a<br />

profundidade de polimerização e a característica da superfície<br />

do material. Este estudo envolveu 25 pacientes os quais<br />

receberam restaurações subgengivais com três tipos de<br />

cimento de ionômero de vidro modificado por resina. Cada<br />

dente foi extraído e incorporado em blocos de acrílicos os<br />

quais foram seccionados para avaliação microscópica da<br />

adaptação do material restaurador à superfície dentinária.<br />

Os resultados mostraram que as restaurações com o cimento<br />

de ionômero da marca Geristore e Photac-fill estiveram em<br />

total adaptação à superfície dentinária. E o cimento de<br />

ionômero marca Dyract teve uma total adaptação com o<br />

primer e este com a dentina. Com relação à resistência as<br />

restaurações com o cimento Dyract e Geristore demonstraram<br />

maiores valores quando comparados com o Photac-fill em<br />

1 ano de observação. Este exibiu maior fragilidade quando<br />

vários tipos de curetas e ultrassons foram usados e também<br />

demonstrou menor dureza de superfície quando comparado<br />

com as marcas Dyract e Geristore. Apesar de todos os três<br />

materiais restauradores apresentarem uma total adaptação<br />

com a superfície dentinária, o cimento de ionômero de vidro<br />

marca Geristore obteve o melhor resultado observado. Em<br />

um segundo momento, (Dragoo et al., 1997), avaliaram a<br />

resposta histológica dos tecidos <strong>perio</strong>dontais aos três materiais<br />

restauradores avaliados no estudo anterior. A adesão do<br />

tecido conjuntivo e epitelial foi observada durante o processo<br />

de reparo com as três marcas de cimentos de ionômero de<br />

vidro avaliados anteriormente. As propriedades físicas dos<br />

materiais à base de cimento de ionômero de vidro permitiram<br />

que estruturas coronárias e radiculares perdidas fossem<br />

substituídas funcional e esteticamente com o objetivo de<br />

evitar procedimentos de aumento de coroa clínica tradicional,<br />

colocação de núcleos e coroas totais.<br />

Mcguire et al., 1996, mostraram três casos clínicos onde os<br />

procedimentos de aumento de tecido mole foram realizados<br />

em superfícies radiculares previamente restauradas, embora<br />

a profundidade da restauração prévia possa ser uma contraindicação.<br />

Parece que depressões pequenas localizadas (1 a<br />

2 mm de profundidade) que não podem ser completamente<br />

eliminadas não parecem afetar negativamente o sucesso do<br />

enxerto de tecido conjuntivo subepitelial.<br />

Com o propósito de avaliar os efeitos clínicos e<br />

microbiológicos de materiais restauradores sobre os<br />

tecidos <strong>perio</strong>dontais adjacentes às restaurações de classe<br />

V subgengivais, (Paolantonio et al., 2004) selecionaram 16<br />

sujeitos, não fumantes, que apresentavam 3 lesões cervicais<br />

tipo abrasão para serem restauradas em 3 dentes adjacentes<br />

diferentes. As lesões cervicais foram restauradas com 3<br />

diferentes materiais: amálgama, cimento ionômero de vidro<br />

ou resina composta. Nos resultados não foram observadas<br />

alterações significativas na composição da microflora<br />

subgengival nos grupos amálgama, cimento ionômero de<br />

vidro e controle. No grupo resina composta, houve aumento<br />

significativo nas contagens bacterianas totais associadas com<br />

um aumento significativa na microbiota Gram-negativa e<br />

anaeróbica, desta maneira demonstrando efeitos negativos<br />

na quantidade e qualidade da placa subgengival.<br />

Com o intuito de avaliar a evolução clínica no tratamento<br />

da recessão gengival associada com lesão cervical não-cariosa,<br />

Lucchesi et al., 2007, observaram 59 pacientes submetidos<br />

a três tipos de abordagens terapêuticas: No grupo 1 foi<br />

realizado o Retalho Reposicionado Coronalmente (CPF)<br />

sozinho. No grupo 2: Retalho Reposicionado Coronalmente<br />

associado com a utilização do Cimento de Ionômero de Vidro<br />

Modificado por Resina (RMGI). Já no grupo 3: efetuado CPF<br />

e Resina Composta Microparticulada (MRC). As medições<br />

dos índices de placa (PI), sangramento à sondagem (BOP),<br />

profundidade de sondagem (PD), redução da recessão (RR),<br />

ganho do nível de inserção clínica (CALG), altura (KTH) e<br />

espessura (KTT) do tecido queratinizado, percentuais de<br />

cobertura radicular (%RC) e da cobertura da raiz restaurada<br />

(%RRC); foram avaliadas no início do tratamento e em 3 e<br />

6 meses depois da cirurgia <strong>perio</strong>dontal. Como resultado da<br />

análise intra e intergrupos não houve diferença significativa<br />

em relação a PI, BOP, PD, RR, CALG, KTH e KTT entre os<br />

grupos em nenhum momento. Aos 6 meses, a média de %RC<br />

foi 80.83%+-21.<strong>08</strong>% pra o grupo 1; a média %RRC foi de<br />

71.99%+-18.69% para o grupo 2; e 74.18%+-15.<strong>02</strong>% para<br />

o grupo 3. Não teve diferença estatisticamente significativa<br />

entre os grupos 2 e 3. Conclui-se que todos os tratamentos<br />

mostraram melhora na cobertura da raiz sem danos aos<br />

tecidos <strong>perio</strong>dontais, apoiando a utilização do Retalho<br />

Reposicionado Coronalmente para o tratamento de superfícies<br />

radiculares restauradas com Cimento de Ionômero de Vidro<br />

24<br />

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R. Periodontia - 20(4):20-29<br />

modificado por resina e Resina Composta Microparticulada<br />

durante um período de 6 meses.<br />

A fim de avaliar os efeitos do cimento de ionômero de vidro<br />

modificado por resina e compósitos microparticulados sobre<br />

os tecidos <strong>perio</strong>dontais e o biofilme subgengival, Santos et al.,<br />

2007, dividiram 54 pacientes em 3 grupos. O grupo 1 (grupo<br />

controle) teve suas raízes expostas, sem lesões cervicais não<br />

cariosas, tratadas com o Retalho Reposicionado Coronalmente<br />

(CPF). O grupo 2 com as raízes expostas, possuindo lesões<br />

cervicais não cariosas, tratadas com CPF associado ao cimento<br />

de ionômero de vidro modificado por resina. E o grupo 3 as<br />

raízes expostas com lesões cervicais não cariosas tratadas<br />

com o CPF e compósito microparticulado. A profundidade de<br />

sondagem (PD), o índice de placa visível (PL) e o sangramento<br />

à sondagem (BOP) nas raízes restauradas e não restauradas<br />

foram avaliados 6 meses após a cirurgia <strong>perio</strong>dontal. Os<br />

resultados clínicos não mostraram diferenças estatisticamente<br />

significativa entre os grupos a respeito da PL, BOP e PD em<br />

6 meses. A média de recobrimento radicular foi similar entre<br />

os grupos em 6 meses. A análise intragrupos revelou que<br />

as proporções de 10 <strong>perio</strong>dontopatógenos diminuíram em<br />

6 meses para o grupo controle. Para o grupo que usou o<br />

cimento de ionômero de vidro modificado por resina houve um<br />

decréscimo para 9 <strong>perio</strong>dontopatógenos. Em relação ao grupo<br />

que utilizou o compósito microparticulado houve um aumento<br />

significativo da proporção de Fusobacterium nucleatum<br />

polymorphum e Gemella morbillrum e um decréscimo em<br />

9 <strong>perio</strong>dontopatógenos. A análise intergrupos mostrou um<br />

aumento na proporção de F. nucleatum polymorphum para<br />

o grupo que utilizou o compósito microparticulado. Portanto<br />

conclui-se que em 6 meses de avaliação, o cimento de<br />

ionômero de vidro e os compósitos microparticulados não<br />

afetam negativamente a saúde dos tecidos <strong>perio</strong>dontais.<br />

Além disso, o cimento de ionômero de vidro parece exercer<br />

efeitos positivos sobre a composição do biofilme subgengival<br />

comparado aos compósitos microparticulados.<br />

Santamaria et al., 2007, trataram três pacientes com<br />

recessões gengivais Classe I de Miller associadas às lesões<br />

cervicais não-cariosas com a técnica do retalho reposicionado<br />

coronalmente combinado com restauração prévia de<br />

ionômero de vidro modificado por resina, associado ou não<br />

ao enxerto de tecido conjuntivo subepitelial. Foi demonstrado<br />

que dentes com recessões gengivais Classe I de Miller<br />

associadas com lesões cervicais não-cariosas podem ser<br />

satisfatoriamente tratados por uma abordagem <strong>perio</strong>dontal<br />

e uma dentística restauradora integrada; contudo, ensaios<br />

clínicos controlados randomizados longitudinais devem ser<br />

realizados para apoiar esta abordagem.<br />

O tratamento da recessão gengival associada com<br />

lesões cervicais não-cariosas através do uso do retalho<br />

reposicionado coronalmente sozinho ou em combinação com<br />

a restauração de ionômero de vidro modificado por resina foi<br />

avaliado através de um ensaio clínico randomizado. Dezenove<br />

sujeitos com recessões gengivais vestibulares Classe I de Miller<br />

bilaterais associadas com lesões cervicais não-cariosas foram<br />

selecionados. Ambos os grupos demonstraram, em 6 meses<br />

de acompanhamento, ganhos significativos e semelhantes<br />

no nível de inserção clínica e cobertura de tecido mole,<br />

embora a sensibilidade dentinária tenha tido uma redução<br />

significativamente maior no grupo que utilizou a restauração<br />

de ionômero de vidro. (Santamaria et al., 20<strong>08</strong>).<br />

Com a mesma metodologia do estudo anterior, porém<br />

com 16 pacientes, (Santamaria et al., 2009) observaram que os<br />

resultados relacionados ao ganho no nível de inserção clínica<br />

e a cobertura de tecido mole mantiveram-se em 2 anos de<br />

acompanhamento.<br />

Para avaliar o tratamento da recessão gengival associada<br />

com lesões cervicais não-cariosas somente com enxerto de<br />

tecido conjuntivo ou em combinação com restauração de<br />

ionômero de vidro modificado por resina, (Santamaria et<br />

al., 2009), realizaram um estudo clínico com 40 pacientes<br />

que apresentavam recessões vestibulares Classe I de Miller<br />

associadas com lesões cervicais não-cariosas. Ambos os<br />

grupos mostraram ganhos significativos no nível de inserção<br />

clínica e cobertura de tecido mole. A presença de restauração<br />

de ionômero de vidro não evita a cobertura radicular alcançada<br />

com o enxerto de tecido conjuntivo subepitelial.<br />

Para avaliar a influência da anatomia local na redução<br />

da recessão gengival relativa e ganho do nível de inserção<br />

clínica, (Santamaria et al., <strong>2010</strong>) selecionaram 79 recessões<br />

gengivais classe I de Miller associadas com lesão cervical nãocariosa.<br />

Para o tratamento foram designadas 4 abordagens<br />

randomicamente distribuídas: retalho reposicionado<br />

coronalmente, retalho reposicionado coronalmente associado<br />

com restauração de ionômero de vidro, retalho reposicionado<br />

coronalmente associado ao enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial e ao enxerto de tecido conjuntivo subepitelial<br />

combinado à restauração de ionômero de vidro. Os resultados<br />

clínicos em 6 meses de acompanhamento concluíram que<br />

a altura da lesão cervical foi associada com a redução da<br />

recessão gengival relativa quando o retalho reposicionado<br />

coronalmente sozinho e enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial combinado com restauração foram analisados.<br />

Também observaram que tanto a altura quanto a profundidade<br />

da lesão cervical estão associadas com a significativa redução<br />

da recessão gengival relativa quando da análise do retalho<br />

reposicionado coronalmente sozinho. O nível ósseo foi<br />

associado com a redução da recessão gengival relativa quando<br />

25<br />

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R. Periodontia - 20(4):20-29<br />

avaliaram o grupo do enxerto de tecido conjuntivo apenas.<br />

Os fatores anatômicos foram associados ao ganho no nível<br />

de inserção clínica quando foram observados os grupos do<br />

retalho reposicionado coronalmente sozinho e do enxerto de<br />

tecido conjuntivo sozinho ou em associação com restauração<br />

de ionômero de vidro.<br />

Tabela 1<br />

Análise comparativa dos estudos que avaliaram a utilização de restaurações em lesões<br />

não-cariosas cervicais quando do recobrimento radicular.<br />

Autor/Ano Métodos Técnica Cirúrgica Material Restaurador<br />

Recobrimento<br />

(%)<br />

Resultados<br />

Lucchesi et al.,<br />

2007<br />

Comparativo<br />

(3 grupos)<br />

59 pacientes<br />

6 meses<br />

Retalho<br />

reposicionado<br />

coronalmente<br />

Ausente<br />

Cimento de Ionômero<br />

Modificado por resina<br />

Resina Composta Micro<br />

80,83<br />

71,99<br />

74,18<br />

Recobrimento<br />

Radicular<br />

Santos et al.,<br />

2007<br />

53 pacientes<br />

6 meses<br />

Retalho<br />

reposicionado<br />

coronalmente<br />

Ausente<br />

Cimento de Ionômero<br />

Modificado por resina<br />

Resina Composta Micro<br />

----<br />

Recobrimento<br />

Radicular<br />

Diminuição da<br />

Hipersen Dentinária<br />

Santamaria<br />

et al., 20<strong>08</strong><br />

Ensaio Clínico<br />

Randomi<br />

(19 pacientes)<br />

6 meses<br />

Retalho<br />

reposicionado<br />

coronalmente<br />

Ausente<br />

Cimento de ionômero<br />

97.48<br />

88. <strong>02</strong><br />

Cobertura de tecido<br />

Deliberador<br />

et al., 2009<br />

Relato de<br />

caso<br />

18 meses<br />

Retalho<br />

reposicionado<br />

Coronalmente<br />

+<br />

Enxerto de<br />

conjuntivo<br />

Resina Composta ---- creeping attachment<br />

Santamaria<br />

et al., 2009<br />

40 pacientes<br />

6meses<br />

Retalho<br />

reposicionado<br />

Coronalmente<br />

+<br />

Enxerto de<br />

conjuntivo<br />

Ausente<br />

Cimento de ionômero<br />

91. 91<br />

88.64<br />

Ganhos de<br />

inserção clínica<br />

Cobertura de tecido<br />

Santamaria<br />

et al., 2009<br />

16 pacientes<br />

2 anos<br />

Retalho<br />

Reposicionado<br />

Coronalmente<br />

Ausente<br />

Cimento de Ionômero<br />

de Vidro Modificado<br />

por resina<br />

83. 46<br />

80. 37<br />

Recobrimento<br />

radicular<br />

Santamaria<br />

et al., <strong>2010</strong><br />

59 pacientes<br />

6 meses<br />

Retalho<br />

Reposicionado<br />

Coronalmente<br />

+<br />

Enxerto de<br />

Conjuntivo<br />

Cimento de Ionômero<br />

de Vidro Modificado<br />

por resina<br />

----<br />

Recobrimento<br />

Radicular<br />

Ganhos de inserção<br />

Clínica<br />

** Todos pacientes relacionados aos estudos avaliados apresentavam recessões gengivais de Classe I e II de Miller.<br />

26<br />

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R. Periodontia - 20(4):20-29<br />

Considerações Finais<br />

Vários estudos tentam comparar o sucesso nos resultados<br />

dos procedimentos cirúrgicos quando da utilização da técnica<br />

do retalho reposicionado coronalmente sozinho, retalho<br />

reposicionado coronalmente combinado com o enxerto de<br />

tecido conjuntivo subepitelial e destas duas técnicas anteriores<br />

em casos de lesões cervicais não-cariosas restauradas<br />

previamente com cimento de ionômero de vidro ou resina<br />

composta.<br />

Silva et al., 2004, compararam o retalho posicionado<br />

coronalmente sozinho ou associado ao enxerto de tecido<br />

conjuntivo subepitelial no tratamento das recessões<br />

gengivais. Em 6 meses de acompanhamento o grupo com<br />

retalho reposicionado coronalmente mais enxerto de tecido<br />

conjuntivo subepitelial mostrou um aumento significativo<br />

na largura do tecido queratinizado e na espessura gengival<br />

comparado ao grupo do retalho reposicionado coronalmente<br />

sozinho. Portanto, ambas as abordagens cirúrgicas são<br />

efetivas no tratamento das recessões gengivais. Entretanto,<br />

quando se deseja um aumento das dimensões gengivais, a<br />

técnica combinada deveria ser usada. Juntamente, (Cairo et<br />

al., 20<strong>08</strong>) revisaram a literatura abordando o mesmo tema<br />

e concluíram que a adição de enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial melhorou os resultados clínicos do retalho<br />

reposicionado coronalmente em termos de recobrimento<br />

radicular completo.<br />

A técnica para o procedimento de recobrimento radicular<br />

mais utilizada é o retalho reposicionado coronalmente<br />

associado ou não a técnica bilaminar, devido a sua<br />

previsibilidade e menor complexidade. A associação do<br />

enxerto de tecido conjuntivo subepitelial é indicada quando<br />

se espera um aumento da espessura gengival e ou da faixa<br />

de gengiva ceratinizada (Borghetti et al, 2006).<br />

Dragoo et al., 1996 e 1997, na comparação do uso<br />

de três cimentos de ionômero de vidro em restaurações<br />

subgengivais, demonstraram total adaptação com a dentina<br />

e adesão de tecido conjuntivo e epitelial durante o processo<br />

de reparo em toda amostra avaliada. Já, Paolantonio et<br />

al., 2004 na avaliação das restaurações subgengivais de<br />

amálgama, cimento de ionômero de vidro e resina composta<br />

observaram que as mesmas não afetaram significativamente<br />

os parâmetros clínicos registrados. Contudo, na avaliação<br />

de restaurações de resina composta, independente do tipo<br />

de resina composta (convencional, híbrida e microhíbrida)<br />

estas podem ter alguns efeitos negativos na quantidade e<br />

qualidade da placa subgengival em avaliações a partir de 3<br />

anos, (Dijken et al., 1996).<br />

Quando da presença de lesões cervicais não-cariosas<br />

profundas alguns estudos mostram que a opção de<br />

realizar a restauração com sistemas adesivos previamente<br />

ao procedimento cirúrgico não acarretou em diferenças<br />

significativas nos resultados em relação ao nível de inserção<br />

clínica e cobertura de tecido mole, porém em uma significativa<br />

redução da sensibilidade dentinária (Santamaria et al., 2007;<br />

Santamaria et al., 20<strong>08</strong>). Em contrapartida Deliberador et al.,<br />

2009 na utilização da técnica de enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial combinada com o retalho reposicionado<br />

coronalmente sobre superfície radicular restaurada com<br />

resina composta para tratar recessões gengivais múltiplas<br />

e adjacentes associada a abrasões cervicais profundas,<br />

alcançaram recobrimento radicular adicional entre 8 e 18 meses<br />

como resultado de creeping attachment, proporcionando<br />

uma cobertura radicular satisfatória em todos os dentes. A<br />

presença de lesões cervicais não-cariosas na área da raiz onde<br />

ocorreu a recessão gengival não prejudica o resultado da<br />

terapia mucogengival para o recobrimento radicular. Porém,<br />

frente às situações onde as lesões cervicais não-cariosas são<br />

profundas (maiores que 2mm de profundidade), deve-se fazer<br />

o uso de materiais restauradores adesivos devido ao risco de<br />

abaulamento da estrutura dentária no ato de alisamento<br />

e aplainamento radicular necessários para o procedimento<br />

cirúrgico. A seleção do material restaurador adesivo parece<br />

não afetar o resultado do recobrimento radicular de forma<br />

significativa, desde que respeitadas às técnicas operatórias.<br />

Sugere-se a execução de mais estudos diferenciando como<br />

objetivo a capacidade de cobertura radicular (percentual) ao<br />

invés do recobrimento radicular completo como foi observado<br />

na maioria dos estudos.<br />

Abstract<br />

Treatment of gingival recession has become a common<br />

requirement, mainly due to aesthetic concerns often<br />

associated with hypersensitive teeth. Surgical approaches<br />

as coronally repositioned flap and technique bilaminar may<br />

be associated with subepithelial connective tissue graft and<br />

has been reported to be more predictable when compared<br />

with others in relation to root coverage. In cases of gingival<br />

recession extensive the root coverage through traditional<br />

surgical techniques mucogengivais may not be the best<br />

choice given the need for extensive root planing, which<br />

could compromise the tooth structure. In these cases the<br />

combination of an adhesive restorative material associated<br />

with the root coverage may be indicated. The use of glass<br />

ionomer and composite resin is combined with the coronally<br />

repositioned flap with or without subepithelial connective<br />

tissue graft in cases of deep cavities. The two types of<br />

27<br />

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R. Periodontia - 20(4):20-29<br />

restorative materials have good tissue response when properly<br />

adjusted and polished. The aim of this study was a literature<br />

review on the use of restorative materials in non-carious<br />

cervical lesions when the coronally repositioned flap with or<br />

without subepithelial graft in cases of root coverage.<br />

UNITERMS: non-carious cervical lesions, root coverage,<br />

glass ionomer cement, root coverage, subepithelial connective<br />

tissue graft.<br />

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R. Periodontia - 20(4):20-29<br />

Fundamentos à Aplicação Clínica. 1 Edição. São Paulo (SP): Livraria<br />

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Ionomer Restoration for the treatment of gingival recession associated<br />

with non-carious cervical lesions: A randomized-controlled clinical trial.<br />

J Periodontol 20<strong>08</strong>; 79: 621-8.<br />

37- Santamaria MP, Feitosa DS, Nociti Jr. FH, Casati MZ, Sallum AW,<br />

Salum EA. Cervical restoration and the amount of soft tissue coverage<br />

achieved by coronally advanced flap. A 2-years follow-up randomized<br />

controlled clinical trial. J Clin Periodontol 2009; 36: 434-41.<br />

38- Santamaria MP, Ambrosano GMB, Casati MZ, Nociti Júnior FH, Sallum<br />

AW and Sallum EA. Connective tissue graft plus resin-modified glass<br />

ionomer restoration for the treatment of gingival recession associated<br />

with non-carious cervical lesion: a randomized-controlled clinical trial.<br />

J Clin Periodontol 2009; 36: 791-8.<br />

39- Santamaria MP, Ambrosano GMB, Casati MZ, Júnior FHN, Sallum AW,<br />

Sallum EA. The influence of local anatomy on the outcome of treatment<br />

of gingival recession associated with non-carious cervical lesion by<br />

different approaches. J Periodontol <strong>2010</strong>; 81: 1<strong>02</strong>7-34.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Monique A. B. de C. Nunes<br />

Rua Cel. Feijó, 617 – AP. 2<strong>02</strong><br />

Cep: 90520-060 - Porto Alegre - RS<br />

E-mail: andremoninunes@bol.com.br<br />

29<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

ABORDAGEM ATUAL PARA MATRIZ DERIVADA DO<br />

ESMALTE NO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />

Current approach to enamel matrix derivative in the <strong>perio</strong>dontal treatment<br />

Lauro Garrastazu Ayub 1 , Arthur Belém Novaes Júnior 2 , Márcio Fernando de Moraes Grisi 2 , Sérgio Luís Scombatti de Souza 2 ,<br />

Mário Taba Júnior 2 , Daniela Bazan Palioto 2<br />

RESUMO<br />

O tratamento <strong>perio</strong>dontal ideal visa à regeneração das<br />

estruturas <strong>perio</strong>dontais - cemento, ligamento <strong>perio</strong>dontal e<br />

osso alveolar. Apesar de resultados clínicos favoráveis não<br />

refletirem, necessariamente, a regeneração <strong>perio</strong>dontal,<br />

diversos estudos in vitro e in vivo com análises histológicas<br />

indicam que a matriz derivada do esmalte (MDE) pode<br />

promover neoformação dos tecidos <strong>perio</strong>dontais por meio<br />

de biomodificação e estimulação das células do <strong>perio</strong>donto.<br />

Para que se obtenham resultados previsíveis é importante<br />

compreender o mecanismo de ação desse biomaterial.<br />

Além disso, suas indicações devem basear-se nas evidências<br />

apresentadas pela literatura. Atualmente, ainda não existe<br />

consenso sobre o potencial regenerativo da MDE em todas<br />

as indicações em que esta vem sendo aplicada.<br />

Assim, esta revisão buscou avaliar os resultados<br />

obtidos pela MDE nos diferentes modelos experimentais<br />

apresentados na literatura e, com isso, propor em quais<br />

situações a MDE está melhor indicada.<br />

UNITERMOS: proteínas do esmalte dentário,defeitos<br />

de furca, retração gengival, perda óssea alveolar.<br />

R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:30-37.<br />

1<br />

Especialista e Mestrando em Periodontia da FORP – USP<br />

2<br />

Professor de Periodontia do Departamento de CTBMF e Periodontia da FORP – USP<br />

Recebimento: 06/10/10 - Correção: <strong>08</strong>/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 01/12/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

O uso de proteínas derivadas da matriz do esmalte<br />

(PDME) para estimular a regeneração <strong>perio</strong>dontal<br />

está baseado no conceito de que as amelogeninas<br />

secretadas durante a formação dentária participam<br />

da cementogênese (Slavkin & Boyde, 1974). A<br />

partir disso, uma série de estudos foi publicada<br />

em 1997 analisando o potencial regenerador da<br />

matriz derivada do esmalte (MDE) e o papel dessas<br />

proteínas na diferenciação e regeneração do cemento<br />

acelular de fibras extrínsecas pôde ser demonstrado<br />

(Hammarstrom 1997). A aplicação da MDE permite<br />

a recolonização de células do ligamento <strong>perio</strong>dontal<br />

(LP). Foi observado aumento na proliferação de células<br />

do LP, muito embora a MDE não tenha demonstrado<br />

efeito na migração, adesão e distribuição das mesmas<br />

(Gestrelius et al., 1997a). Por meio de análise histológica<br />

foi possível se observar regeneração <strong>perio</strong>dontal de 60<br />

a 80% de defeito ósseo experimental tipo deiscência,<br />

incluindo cemento acelular, LP e osso alveolar após<br />

8 semanas do tratamento com MDE em modelo<br />

animal (Hammarström et al., 1997). A partir desses<br />

resultados promissores, o mesmo estudo foi realizado<br />

em humano. Após 4 meses, a análise microscópica<br />

revelou formação de novo cemento em 73% do<br />

30<br />

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R. Periodontia - 20(4):30-37<br />

defeito original, LP com fibras funcionalmente orientadas e<br />

novo osso alveolar em 65% da altura pré-cirúrgica (Heijl, 1997).<br />

Assim, um estudo clínico placebo controlado, randomizado<br />

multicentro foi desenvolvido para analisar o uso da MDE no<br />

tratamento cirúrgico de defeitos infra-ósseos. O grupo tratado<br />

com a MDE como adjuvante a terapia cirúrgica apresentou<br />

maior preenchimento radiográfico do defeito e maior ganho<br />

de inserção clínica em análises aos 8, 16 e 36 meses quando<br />

comparado ao grupo controle.<br />

Em 1996 a Academia Americana de Periodontologia<br />

(AAP) realizou um simpósio onde se estabeleceu que uma<br />

técnica ou material devesse preencher os seguintes critérios<br />

para serem classificados como “promotores de regeneração”<br />

(World Workshop in Periodontology 1996): 1) estudos in<br />

vitro que confirmem o mecanismo de ação; 2) estudos em<br />

animais com análise histológica que demonstrem formação<br />

de novo cemento, LP e osso alveolar; 3) biópsias em humanos<br />

que mostrem formação de cemento, LP e osso alveolar em<br />

superfícies radiculares anteriormente infectadas; 4) estudos<br />

clínicos controlados que provem ganho de inserção clínico e<br />

preenchimento ósseo radiográfico do defeito.<br />

Esta revisão buscou analisar se a MDE vem apresentando<br />

evidências que atendam aos requisitos para ser considerada<br />

“promotora de regeneração” nas diferentes indicações em<br />

que foi testada.<br />

<strong>REV</strong>ISÃO DA LITERATURA<br />

Estudos In Vitro<br />

O mecanismo de atuação da MDE no LP, fibroblastos<br />

gengivais e células ósseas tem sido alvo de inúmeras pesquisas<br />

in vitro. O efeito da MDE na proliferação, adesão, migração,<br />

expressão, diferenciação e viabilidade dessas células são<br />

características intensamente investigadas.<br />

O potencial inibitório da MDE sobre as células epiteliais<br />

humanas foi demonstrado (Lyngstadaas et al., 2001) e<br />

parece contribuir com a ideia de exclusão celular propiciando<br />

regeneração do <strong>perio</strong>donto. No entanto, outros trabalhos são<br />

necessários para corroborar esse conceito.<br />

A MDE mostrou-se capaz de aumentar a diferenciação<br />

de células do LP humano e a produção de osteoprotegerina<br />

(proteína inibidora da osteoclastogênese) (Lossdörfer et al.,<br />

2007). Além disso, a MDE induziu alterações morfológicas<br />

em fibroblastos do LP humano tornando-os mais similares<br />

aos cementoblastos do que aos fibroblastos (Cattaneo et al.,<br />

2003). Outro estudo avaliou o efeito da MDE, IGF-1 (insulinlike<br />

growth factor-1) e combinação de ambos, na proliferação,<br />

adesão, migração e expressão do colágeno tipo I em células<br />

do LP. A MDE e a associação promoveram significativa<br />

proliferação das células do LP logo após 24 horas, enquanto<br />

estudos anteriores relataram este fato apenas após 7 dias<br />

(Gestrelius et al., 1997b). Contudo, a adesão e migração não<br />

foram afetadas (Palioto et al., 2004). Este mesmo protocolo<br />

foi testado em outro estudo, porém substituindo o IGF-1<br />

pelo TGF-β1 (transforming growth factor- β1) onde relatou-se<br />

indução pela MDE na proliferação, migração, síntese protéica,<br />

atividade da fosfatase alcalina (ALP) e mineralização. O TGF-β1<br />

aumentou a adesão celular, contudo, a associação não<br />

beneficiou o comportamento celular (Rodrigues et al. 2007).<br />

A utilização de MDE, TGF-β1 e a combinação de ambos<br />

os fatores em subculturas de células da linhagem osteoblástica<br />

derivadas de osso do processo alveolar humano resultou em<br />

aumento da proliferação celular e redução da atividade de ALP<br />

e, consequentemente, da formação de matriz mineralizada.<br />

Os resultados desse estudo sugerem que a MDE, o TGF-β1 e<br />

a combinação de ambos afetam os eventos celulares iniciais de<br />

subculturas dessas células enquanto parâmetros que indicam<br />

a diferenciação osteoblástica, incluindo ALP e formação de<br />

matriz mineralizada foram diminuídas pela presença da MDE<br />

ou do TGF-β1 (Palioto, 2007).<br />

Determinados estudos têm associado à MDE um efeito<br />

angiogênico que parece acelerar a cicatrização (Bertl et al.,<br />

2009). Este processo pode ser explicado pela estimulação<br />

de células endoteliais e aumento na produção de fatores<br />

angiogênicos por células do LP (Schlueter et al., 2007).<br />

Algumas pesquisas, também, relatam propriedades<br />

antiinflamatórias da MDE como abrandamento da liberação<br />

TNF-α e IL-8 (citocinas pró-inflamatórias) no sangue humano<br />

(Myhre et al., 2006). Um estudo semelhante encontrou<br />

diminuição na expressão de TNF-α (tumor necrosis factor-α)<br />

e aumento de PGE 2<br />

(prostaglandina E 2<br />

) por monócitos de<br />

ratos cultivados (Sato et al. 20<strong>08</strong>).<br />

É importante mencionar os efeitos antibacterianos e<br />

na adesão de bactérias relatados por influência da MDE.<br />

Esta matriz se mostrou capaz de inibir o crescimento de<br />

<strong>perio</strong>dontopatógenos após 24 horas de sua aplicação e não<br />

demonstrou efeitos negativos sobre bactérias Gram-positivas<br />

(Spahr et al. 2001).<br />

Análises Histológicas em Modelo Animal<br />

Estudos com análises histológicas confirmaram que a<br />

aplicação de MDE limita a proliferação do epitélio gengival,<br />

o que poderia conduzir a regeneração do <strong>perio</strong>donto<br />

(Hammarström et al., 1997).<br />

Em estudo experimental com cães foi demonstrado<br />

que a aplicação da MDE em defeitos infra-ósseos estimulou<br />

significativamente a proliferação de células do LP. Contudo,<br />

esse efeito pode ser observado apenas nas primeiras 4<br />

31<br />

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semanas, indicando que a atuação principal está limitada ao<br />

estágio precoce de cicatrização (Onodera et al., 2005).<br />

Quando a MDE foi comparada ou associada a<br />

Regenaração Tecidual Guiada (RTG) em macacos, tendo<br />

como controle apenas o acesso cirúrgico para debridamento,<br />

os resultados mostraram formação de novo cemento com<br />

fibras colágenas inseridas e novo osso alveolar para todos<br />

os grupos teste (MDE, RTG ou MDE + RTG), enquanto o<br />

grupo controle caracterizou-se por limitada regeneração com<br />

formação de epitélio juncional longo em defeitos infra-ósseos<br />

experimentais (Sculean et al., 2000). Resultados semelhantes<br />

foram relatados em defeitos tipo deiscência em cães (Sallum et<br />

al., 2004). Outro estudo em cães demonstrou que associação<br />

de MDE + RTG proporcionou resultados inferiores do que<br />

apenas a MDE na regeneração de lesões de bifurcação grau II,<br />

principalmente relacionados à neoformação óssea (Regazzini<br />

et al., 2004).<br />

Além disso, os achados de um estudo mais recente<br />

com defeitos tipo deiscência em cães corroboram a idéia de<br />

que a MDE é capaz de promover neoformação dos tecidos<br />

<strong>perio</strong>dontais, enquanto apenas o debridamento conduz ao<br />

reparo dos tecidos (Alhezaimi et al., 2009).<br />

Estudos com Biópsia em Humanos<br />

Os primeiros resultados da utilização da MDE em humanos,<br />

através de análise histológica, demonstraram a capacidade<br />

regeneradora desse biomaterial (Heijl, 1997). Posteriormente,<br />

em estudo clínico e histológico comparativo, pesquisadores<br />

encontraram resultados similares de regeneração do cemento,<br />

LP e osso alveolar entre o grupo teste, tratado com MDE, e o<br />

grupo controle, onde foi utilizada membrana biodegradável,<br />

em defeitos infra-ósseos. Em apenas uma biópsia do grupo<br />

teste houve cicatrização com formação de epitélio juncional<br />

longo. Assim, os autores concluíram que a MDE promove<br />

regeneração <strong>perio</strong>dontal em humanos comparável com os<br />

resultados histológicos oferecidos pela RTG (Sculean et al.,<br />

1999). Esses achados foram confirmados posteriormente em<br />

estudos com retrações gengivais (McGuire & Cochran, 2003).<br />

Bosshardt et al. (2005) observaram a formação de<br />

tecido mineralizado, semelhante ao tecido ósseo, aderido<br />

às superfícies radiculares tratadas com MDE após raspagem<br />

com acesso cirúrgico. O tecido formado foi comparado ao<br />

cemento celular de fibras intrínsecas.<br />

Cicatrização Tecidual<br />

A possível influência da MDE na cicatrização tecidual<br />

precoce foi testada por alguns pesquisadores. Em estudo<br />

placebo controlado, randomizado, duplo cego, de boca<br />

dividida, em 28 pacientes com <strong>perio</strong>dontite crônica avançada,<br />

ambos os lados foram tratados com raspagem e alisamento<br />

radicular (RAR) em campo fechado e a parede da bolsa<br />

<strong>perio</strong>dontal foi curetada visando remover o epitélio e tecido<br />

de granulação. O lado teste recebeu aplicação de MDE,<br />

enquanto o controle apenas o veículo (PGA). Os sítios<br />

foram examinados clinicamente após 1, 2 e 3 semanas e<br />

os resultados indicaram que a MDE, aplicada topicamente,<br />

melhorou significativamente a cicatrização nas primeiras 2<br />

semanas e o desconforto pós-terapia, porém com 3 semanas<br />

nenhuma diferença pôde ser observada entre teste e controle.<br />

Portanto, o benefício proporcionado pela MDE parece ocorrer<br />

na fase inicial da cicatrização (Wennström & Lindhe 20<strong>02</strong>).<br />

Por outro lado, um estudo paralelo com análises similares<br />

(parâmetros clínicos e de desconforto) não encontrou<br />

diferenças entre os grupos após tratamento <strong>perio</strong>dontal<br />

cirúrgico (Hagenaars et al., 2004).<br />

Terapia Periodontal não-Cirúrgica<br />

A utilização da MDE como um adjuvante ao tratamento<br />

<strong>perio</strong>dontal não-cirúrgico também foi analisada e os<br />

pesquisadores não encontraram diferenças entre o lado<br />

onde foi aplicado o biomaterial após RAR e o lado controle<br />

(apenas RAR) após 3 meses (Gutierrez et al. 2003). Além disso,<br />

a MDE também não foi capaz de atuar como substituto<br />

da administração sistêmica de antibióticos e não produziu<br />

melhores resultados do que aqueles observados nos sítios<br />

onde não ela foi aplicada (Mombelli et al., 2005).<br />

Defeitos Infra-Ósseos<br />

Os defeitos infra-ósseos são consequência natural da<br />

evolução da doença <strong>perio</strong>dontal. O tratamento dessas lesões<br />

visa a interrupção desse processo, garantindo, com isso, a<br />

estabilidade dentária. Um estudo placebo controlado, duplo<br />

cego, randomizado, de boca dividida foi realizado com 16<br />

pacientes com diagnóstico de <strong>perio</strong>dontite crônica. Exames<br />

clínicos e radiográficos foram coletados previamente e após<br />

6 e 12 meses aos procedimentos cirúrgicos. Os autores<br />

não encontraram diferenças estatisticamente significantes<br />

tanto nos parâmetros clínicos como radiográficos (Rösing<br />

et al., 2005). Outro estudo com características semelhantes<br />

buscou avaliar se a MDE poderia aprimorar os resultados<br />

clínicos e radiográficos obtidos com tratamento convencional<br />

por meio de abordagem micro cirúrgica. A combinação<br />

de microcirurgia e MDE mostraram-se estatisticamente<br />

su<strong>perio</strong>res a terapia cirúrgica convencional para os parâmetros<br />

clínicos e radiográficos após 12 meses de acompanhamento<br />

(Fickl et al., 2009).<br />

Inúmeros estudos comparativos entre MDE e RTG<br />

(membranas) foram realizados com o intuito de verificar<br />

32<br />

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se a MDE pode ser vista como alternativa a utilização de<br />

membranas. Em estudo com análise de até 3 anos, o<br />

tratamento de defeitos infra-ósseos com MDE ou RTG<br />

(membranas não-biodegradáveis) mostrou uma leve<br />

su<strong>perio</strong>ridade clínica e radiográfica para o grupo tratado com<br />

MDE (Crea et al., 20<strong>08</strong>). Entretanto, os autores salientam para<br />

a impossibilidade de se definir a qualidade do tecido formado.<br />

Ao mesmo tempo, uma publicação com os resultados de 10<br />

anos de acompanhamento dessa metodologia comparativa<br />

demonstrou que MDE, RTG e associação de ambas obtiveram<br />

resultados similares que puderam ser mantidos por esse<br />

período. Além disso, essas 3 modalidades de tratamento<br />

resultaram em melhora clínica su<strong>perio</strong>r a terapia cirúrgica<br />

convencional (Sculean et al., 20<strong>08</strong>).<br />

Recentemente, a MDE foi comparada com a RTG<br />

(membrana não-biodegradável com reforço de titânio) no<br />

tratamento de defeitos infra-ósseos não-contidos em estudo<br />

paralelo, duplo cego, controlado, randomizado (Siciliano et<br />

al., <strong>2010</strong>). Embora o estudo não tenha incluído controle<br />

negativo, a aplicação da MDE conduziu a menor ganho clínico<br />

de inserção e menor redução na profundidade de sondagem<br />

comparada com a terapia de RTG.<br />

Retrações Gengivais<br />

Inúmeros procedimentos cirúrgicos têm se mostrado<br />

eficientes no recobrimento de superfícies radiculares expostas.<br />

Apesar disso, os pesquisadores continuam testando novas<br />

abordagens em busca de melhores resultados. A aplicação<br />

de MDE foi associada às técnicas convencionais para analisar<br />

se seu potencial regenerador poderia aprimorá-las. Assim, o<br />

procedimento de retalho posicionado coronalmente (RPC)<br />

associado a MDE foi comparado à técnica de enxerto de<br />

tecido conjuntivo subepitelial (ETCS) ou a procedimentos<br />

controle (sem enxerto). O ETCS se mostrou su<strong>perio</strong>r ao RPC<br />

associado a MDE tanto no percentual de recobrimento,<br />

quanto no aumento da faixa de tecido queratinizado após 2<br />

anos de acompanhamento. A menor morbidade relacionada<br />

à utilização da MDE pode ser vista como uma vantagem<br />

desta técnica (Moses et al., 2006). Além disso, os autores<br />

indicam a técnica com aplicação da MDE como alternativa ao<br />

ETCS, em função dos resultados clínicos serem satisfatórios.<br />

Quando a associação com MDE foi comparada apenas com<br />

a técnica controle (RPC), os dados apresentados na literatura<br />

são inconclusivos. Embora alguns trabalhos mostrem taxas<br />

de recobrimento su<strong>perio</strong>res em curto (Pilloni et al., 2006)<br />

ou longo prazo (Spahr et al., 2005) para MDE, existem<br />

também achados que não justificam seu uso para obtenção<br />

de benefício clínico. Assim, a indicação de MDE pode estar<br />

relacionada a tentativa de regeneração <strong>perio</strong>dontal ao invés<br />

do reparo (Del Pizzo et al., 2005).<br />

Recentemente, um estudo comparando a técnica de túnel<br />

associada ao ETCS com ou sem aplicação de MDE também<br />

não encontrou diferenças significativas no tratamento de<br />

retrações gengivais classe III múltiplas (Aroca et al., <strong>2010</strong>).<br />

Lesões de Bifurcação<br />

O tratamento de defeitos de bifurcação representa um<br />

dos maiores desafios para os <strong>perio</strong>dontistas. Pacientes que<br />

apresentam essas lesões, muitas vezes, ficam prejudicados<br />

já que esses sítios respondem de forma menos favorável ao<br />

tratamento convencional. Em função disso, muitas técnicas<br />

associadas a biomateriais têm sido propostas na tentativa de<br />

contornar esse fato.<br />

A RTG é o tratamento regenerativo encarado como<br />

padrão-ouro pela literatura. Por isso, é natural que a maioria<br />

dos trabalhos compare a MDE com a utilização de membranas.<br />

Assim, quando se avaliou a redução do componente<br />

horizontal de defeitos grau II e morbidade pós-operatória<br />

proporcionada pelas diferentes técnicas, a MDE mostrouse<br />

su<strong>perio</strong>r nesses quesitos apesar de ambas fornecerem<br />

melhora clínica significativa (Jepsen et al., 2004). Em outra<br />

publicação esse mesmo grupo de autores não encontrou<br />

diferenças significativas entre as técnicas ao analisar mudanças<br />

na anatomia da crista óssea vestibular, por meio de medidas<br />

do componente vertical. Os resultados equivalentes foram<br />

obtidos através de reentrada cirúrgica após 14 meses. Além<br />

disso, em ambas as abordagens ocorreram leves retrações da<br />

margem gengival, sendo menores nos sítios com aplicação<br />

da MDE (Meyle et al., 2004). Outros autores encontraram<br />

melhora estatisticamente significantes tanto para a técnica de<br />

RTG (membrana não-biodegradável) como para a utilização da<br />

MDE, na redução da profundidade de sondagem, ganho de<br />

nível clínico de inserção relativo e resolução do defeito ósseo<br />

vertical e horizontal. No entanto, não houve diferença entre<br />

os grupos. A RTG alcançou melhores resultados numéricos,<br />

vistos pelos autores como leve vantagem no tratamento de<br />

defeitos de bifurcação grau II, contudo, ambas as terapias<br />

foram recomendadas (Barros et al., 2005).<br />

Recentemente, um estudo comparou a aplicação de MDE<br />

após condicionamento com EDTA gel ao condicionamento<br />

apenas em cirurgias para tratamento de defeitos proximais<br />

grau II. Após 24 meses de acompanhamento, não houve<br />

diferenças significativas nos parâmetros clínicos adotados,<br />

porém a MDE promoveu redução no número de lesões de<br />

bifurcação com diagnóstico de grau II quando comparado<br />

aos sítios onde houve apenas condicionamento com EDTA<br />

(Casarin et al., <strong>2010</strong>).<br />

33<br />

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R. Periodontia - 20(4):30-37<br />

DISCUSSÃO<br />

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os resultados<br />

clínicos atuais obtidos pela MDE após sua utilização em<br />

diversas indicações. O entendimento do mecanismo de ação<br />

desse biomaterial está baseado em estudos in vitro e in vivo<br />

com análise histológica. Apesar de não serem conclusivas as<br />

hipóteses pelas quais a MDE exerce sua função, parece que<br />

o mecanismo de regulação via TGF-β seja o mais provável<br />

(Palioto, 2007). A MDE age favoravelmente na diferenciação<br />

de células do LP e cementoblastos. Contudo, apesar de<br />

existirem evidências de atuação em diferentes tipos celulares,<br />

os resultados não são conclusivos e entende-se que seus<br />

efeitos podem ser consideravelmente influenciados pela<br />

concentração utilizada, tempo de observação, tipos celulares,<br />

diferentes sistemas e condições experimentais in vitro e<br />

diferentes sítios in vivo. Assim como o TGF-β in vitro, a MDE<br />

parece promover menor deposição de matriz mineralizada<br />

por células osteoblásticas (Palioto, 2007). Apesar disso,<br />

muitas informações biológicas sustentam sua indicação<br />

para regeneração <strong>perio</strong>dontal. Esses subsídios baseiam-se<br />

nos efeitos na adesão, distribuição, quimiotaxia, viabilidade,<br />

expressão molecular e, principalmente, proliferação celular<br />

estimulados pela aplicação da MDE (Bosshardt, 20<strong>08</strong>). O<br />

Consenso sobre regeneração <strong>perio</strong>dontal proposto pelo Sexto<br />

Simpósio Europeu de Periodontologia concluiu que a MDE<br />

aumenta a proliferação de fibroblastos gengivais e do LP e<br />

células da linhagem osteoblástica e de condrócitos (Palmer<br />

& Cortellini, 20<strong>08</strong>).<br />

Estudos recentes evidenciam efeito significante da<br />

MDE em parâmetros clínicos como ganho no nível clínico<br />

de inserção e redução da profundidade de sondagem<br />

quando comparado ao tratamento cirúrgico convencional.<br />

Por outro lado, conclusões gerais sobre a relevância clínica<br />

de sua utilização são limitadas pela heterogeneidade<br />

metodológica das pesquisas. Além disso, alguns estudos<br />

falharam em demonstrar efeito adicional promovido pela<br />

MDE. A combinação de MDE com RTG (membranas) não<br />

proporcionou vantagem clínica adicional quando comparada<br />

a MDE ou RTG. Ao mesmo tempo, os resultados clínicos<br />

alcançados pela MDE podem ser mantidos em longo prazo<br />

(Trombelli & Farina, 20<strong>08</strong>).<br />

No tratamento cirúrgico dos defeitos infra-ósseos, a<br />

MDE e RTG vêm apresentando resultados similares quanto<br />

aos parâmetros clínicos e radiográficos, sendo ambas<br />

su<strong>perio</strong>res ao tratamento cirúrgico apenas. A MDE, contudo,<br />

apresenta menos complicações pós-operatórias relacionadas<br />

à morbidade ou exposição da membrana (Sculean et al.,<br />

2007). O tratamento das retrações gengivais classe I ou II<br />

com ETCS ou MDE em conjunto ao RPC estão relacionados<br />

com maior probabilidade em se obter recobrimento radicular<br />

completo. Enquanto o ETCS parece promover maior faixa de<br />

tecido queratinizado, a MDE oferece menor morbidade, uma<br />

vez que, não necessita de segunda área cirúrgica (Cairo et<br />

al., 20<strong>08</strong>). Uma revisão sistemática mais recente relatou que<br />

o ETCS está associado a resultados su<strong>perio</strong>res a MDE em<br />

conjunto ao RPC. No entanto, MDE + RPC parece promover<br />

maior ganho de tecido queratinizado do que o RPC apenas<br />

(Chambrone et al. <strong>2010</strong>). Os dados disponíveis relativos<br />

ao tratamento de lesões de bifurcação grau II são bastante<br />

heterogêneos para determinar o efeito adjunto da MDE sobre<br />

o debridamento cirúrgico apenas (Trombelli & Farina, 20<strong>08</strong>).<br />

É interessante salientar que esta revisão não analisou<br />

os resultados de estudos com associações da MDE e<br />

materiais particulados (substitutos ósseos). Estas associações<br />

podem ser benéficas, principalmente, no tratamento de<br />

defeitos ósseos largos ou não-contidos, uma vez que,<br />

evitam o colabamento dos retalhos além de somarem suas<br />

características terapêuticas, como a osteocondução, as da<br />

MDE.<br />

CONCLUSÕES<br />

Baseadas nas evidências apresentadas às seguintes<br />

conclusões podem ser propostas:<br />

• Estudos in vitro indicam que a MDE biomodifica e<br />

estimula células do <strong>perio</strong>donto, contudo, os mecanismos de<br />

ação ainda não foram totalmente compreendidos.<br />

• Apesar de não existir previsibilidade quantitativa,<br />

estudos em animais demonstram neoformação de cemento,<br />

LP e osso alveolar.<br />

• Análises histológicas de material humano indicam<br />

regeneração em defeitos infra-ósseos e retrações gengivais.<br />

A despeito de existir tendência semelhante, a falta de dados<br />

não permite as mesmas conclusões para lesões de bifurcação.<br />

• As informações não justificam a utilização da MDE para<br />

promover cicatrização precoce ou no tratamento <strong>perio</strong>dontal<br />

não-cirúrgico.<br />

• A MDE e RTG proporcionam resultados similares que<br />

podem ser mantidos em longo prazo.<br />

ABSTRACT<br />

The ideal approach of <strong>perio</strong>dontal treatment is to<br />

regenerate <strong>perio</strong>dontal structures - cementum, <strong>perio</strong>dontal<br />

ligament and alveolar bone. Despite favorable clinical outcomes<br />

not necessarily reflected on <strong>perio</strong>dontal regeneration,<br />

several studies in vitro and in vivo with histological analysis<br />

34<br />

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R. Periodontia - 20(4):30-37<br />

indicate that enamel matrix derivative (EMD) can promote<br />

neoformation of <strong>perio</strong>dontal tissues through biomodification<br />

and stimulation of <strong>perio</strong>dontal cells. To obtain predictable<br />

results is important to understand the mechanism of action of<br />

this biomaterial. Furthermore, the indications must be based<br />

on evidence presented by the literature. Currently, there is<br />

still no consensus on the regenerative potential of EMD in all<br />

indications that this in being applied.<br />

Thus, this review sought to evaluate the results obtained<br />

by EMD in different experimental models presented in the<br />

literature and thus, to propose in which situations the EMD<br />

is better indicated.<br />

UNITERMS: dental enamel proteins, furcation defects,<br />

gingival recession, alveolar bone loss.<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Daniela Bazan Palioto<br />

Av. do Café s/n, Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-<br />

Facial e Periodontia – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto<br />

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto<br />

CEP: 14040-904 – São Paulo - Brasil<br />

E-mail: dpalioto@forp.usp.br<br />

37<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

TRATAMENTO CIRÚRGICO DE FRATURA DE SEIO FRONTAL:<br />

RELATO DE CASO CLÍNICO<br />

Surgical treatment of frontal sinus fracture: case report<br />

Paulo Roberto Orzechowski 1 , Cássia Biron 2 , Kelston Ulbricht Gomes 3 , Leonardo Benatto 4 , Alexandre Prado Scherma 5 , Rogério<br />

Romeiro 6<br />

RESUMO<br />

As fraturas do seio frontal ocorrem em casos de<br />

impactos de alta intensidade e causam divergência quanto a<br />

sua prevalência. Geralmente, estão associadas com fraturas<br />

da região naso-órbito-etmoidal, porém podem ocorrer<br />

isoladamente. Suas conseqüências funcionais podem ser<br />

graves, caso exista a obliteração do ducto fronto-nasal e,<br />

esteticamente, a seqüela restante geralmente causa grande<br />

constrangimento para o paciente. O presente artigo relata<br />

um caso de fratura de seio frontal com redução cirúrgica<br />

após 12 dias, suas implicações funcionais, estéticas e sociais.<br />

A técnica pela qual o paciente optou após explanações<br />

sobre vantagens e desvantagens de diferentes métodos<br />

cirúrgicos foi a cirurgia de redução da fratura cominutiva com<br />

acesso coronal, fixação com placas e parafusos de titânio e<br />

proservação ambulatorial. Imediatamente após o término<br />

da cirurgia, notou-se uma sensível melhora no contorno da<br />

fronte e imobilidade dos cotos ósseos. Após 60 dias (com<br />

acompanhamento anterior aos 7, 21 e 30 dias), o paciente<br />

mostrou plena satisfação com a estética local, não relatou<br />

nenhum episódio de algia ou desconforto, tendo voltado<br />

ao trabalho e ao convívio social sem dificuldades relatadas.<br />

UNITERMOS: fratura, seio frontal, fixação interna de<br />

fraturas. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:38-43.<br />

1<br />

Mestrando em Periodontia pela Unitau – Universidade de Taubaté;<br />

2<br />

Mestranda em Implantodontia pela Universidade São Leopoldo Mandic – Campinas;<br />

3<br />

Mestre e Doutorando em Estomatologia pela PUC-PR<br />

4<br />

Estagiário do CAIF – Centro de Atendimento Integrado ao Fissurado Lábio-Palatino do Paraná<br />

5<br />

Professor Assistente Doutor UNITAU – Universidade de Taubaté, Taubaté – São Paulo<br />

6<br />

Especialista em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, Mestre e Doutor em Implantodontia, Doutor em<br />

Biopatologia Bucal pela UNESP – São José dos Campos.<br />

Recebimento: 04/10/10 - Correção: 05/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 29/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

O seio frontal é uma cavidade pneumatizada que<br />

forma a proeminência anterior dos ossos cranianos, ou<br />

fronte. Junto com os seios maxilares e seios etmoidais,<br />

formam um complexo responsável pelo aquecimento<br />

e umidificação do ar antes de ser enviado ao pulmão,<br />

pela reverberação das ondas sonoras que passam<br />

pelas cordas vocais e pela diminuição do peso do<br />

crânio, além de proteger o cérebro contra impactos<br />

diretos, pois o mesmo se antecipa na dissipação das<br />

forças a fim de limitar o dano, o que por vezes acarreta<br />

em sua própria fratura (Langford et al, 20<strong>02</strong>; Silva et<br />

al, 2005; Bell et al, 2007; Mensink et al, 2009; Tedaldi<br />

et al, <strong>2010</strong>).<br />

O seio frontal não é isolado. Ele apresenta<br />

uma comunicação com a cavidade nasal através do<br />

ducto fronto-nasal, que drena suas secreções no<br />

meato médio, fazendo com que o mesmo esteja<br />

indiretamente relacionado com os outros seios<br />

(Stassen & McGuiness, 1999; Stamm et al, 20<strong>02</strong>;<br />

Montovani et al, 2006; Carreirão et al, 20<strong>08</strong>). Para<br />

haver uma fratura do seio frontal, o mesmo deve ser<br />

submetido a uma força direta e de grande intensidade.<br />

São mais comuns em acidentes automobilísticos,<br />

agressões físicas e quedas. As fraturas do terço<br />

38<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 38 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:23


R. Periodontia - 20(4):38-43<br />

su<strong>perio</strong>r da face ocorrem com menor frequência que aquelas<br />

do terço médio e inferior, pois compreendem uma região de<br />

resistência óssea ao impacto. Assim, as fraturas desse terço<br />

facial podem compreender o rebordo supra-orbitário, seio<br />

frontal e osso etmóide, além do processo frontal dos ossos<br />

nasais que geralmente estão associadas a traumas mais<br />

graves (Marzola et al, 2005; Silva et al, 2005; Gaia et al, 20<strong>08</strong>;<br />

Cole et al, 2009;).<br />

Em casos de fraturas, pode haver várias complicações para<br />

o paciente, entre elas a depressão frontal, epistaxe, obstrução<br />

nasal e possíveis alterações neurológicas. Seu tratamento<br />

é cirúrgico (salvo em casos de fraturas sem deslocamento<br />

ou nas que o paciente não quer) e exige o uso de placas/<br />

parafusos de titânio e/ou tela de titânio e/ou biomateriais para<br />

preenchimento em caso de perda óssea avançada (Manolidis,<br />

2004; Bell et al, 2007; Carreirão et al, 20<strong>08</strong>; Mensink et al,<br />

2009).<br />

Nas cirurgias, o acesso mais utilizado é o coronal, pelo<br />

amplo campo de visão e pela estética futura, já que a incisão<br />

ficará sob os cabelos do paciente. Outra incisão é a Asa de<br />

Gaivota, que é mais rápida e fácil, porém gera um campo de<br />

visão mais restrito e uma cicatriz mais aparente (Gabrielli et al,<br />

2004; Marzola et al, 2005; Montovani et al, 2006).<br />

No presente caso clínico, os autores se propuseram a<br />

apresentar um caso cirúrgico com acesso coronal e uso de<br />

placas/parafusos para redução de fratura de seio frontal.<br />

Relato do caso clínico<br />

No presente caso, o Sr. E. E., leucoderma, 35 anos, vítima<br />

de acidente esportivo, foi submetido a cirurgia para redução<br />

de fratura de seio frontal.<br />

Cerca de 3 horas após o acidente, ao exame clínico,<br />

percebeu-se um evidente afundamento da região frontal<br />

(fig. I). O exame tomográfico revelou fratura cominutiva da<br />

Figura I – Defeito ósseo derivado de fratura da parede anterior do seio frontal.<br />

parede anterior do seio sem comprometimento da parede<br />

posterior e sem extensão dos traços de fratura para os ossos<br />

adjacentes, como parietais ou nasais.<br />

Após a regressão do edema, observada 5 dias após a<br />

fratura, a depressão na região frontal ficou esteticamente<br />

pior, apesar de não acarretar sintomatologia dolorosa. Após<br />

explanação sobre as opções terapêuticas conservadora ou<br />

cirúrgicas, o paciente optou em realizar a cirurgia, que foi<br />

marcada para 12 dias após o acidente. Segundo Gabrielli,<br />

em 2004, o prazo ideal para se estabelecer um tratamento<br />

cirúrgico para fraturas do seio frontal é dentro do limite de<br />

72 horas. Porém, há diversos casos nos quais o paciente<br />

permanece impossibilitado de ser submetido a procedimentos<br />

cirúrgicos durante determinado período, sendo operado em<br />

data posterior. De acordo com Bell et al, em 2007, existe uma<br />

maior dificuldade em movimentar os cotos ósseos devido<br />

ao início da formação de tecido fibrótico, porém o resultado<br />

tende a ser semelhante aos casos operados precocemente.<br />

Na opinião dos autores, o prazo viável para se realizar o<br />

procedimento é dentro de 30 dias. No presente caso, o<br />

paciente foi submetido ao procedimento cirúrgico 12 dias<br />

após o acidente em virtude da dificuldade de conciliação<br />

de datas possíveis para a utilização do Centro Cirúrgico do<br />

Hospital (Hospital e Maternidade São José – Jaraguá do Sul/<br />

SC) e para a formação de equipe especializada na técnica.<br />

Assim, após estudo das possibilidades, o plano de<br />

tratamento foi estabelecido e iniciado.<br />

Desde o momento do acidente até o preparo operatório<br />

não houve perda de consciência e o paciente permaneceu<br />

orientado durante todo o processo. Após explanações ao<br />

paciente orientando-o sobre a técnica anestésica, o mesmo<br />

foi submetido a anestesia geral com intubação oro-traqueal<br />

e uso de propofol (140 mg) para indução e posterior uso de<br />

sevoflurano 2% até o término da cirurgia.<br />

Primeiramente, o paciente foi submetido a tricotomia<br />

parcial craniana na área a ser incisada. Logo depois, realizouse<br />

a antissepsia (Clorexidina 2%) dos cabelos e do couro<br />

cabeludo seguida da antissepsia do restante da cabeça e face<br />

com povidine tópico.<br />

As pálpebras do paciente foram temporariamente unidas<br />

com sutura unitária (Ethicon seda 4-0) bilateral, para que os<br />

olhos não fossem atingidos por nenhum agente externo.<br />

Logo após, anestésico local com vasoconstritor (Lidocaína<br />

com Epinefrina 1:200.000) foi injetado ao longo da linha<br />

da incisão para conter sangramento em demasia. A incisão<br />

coronal foi realizada, mantendo os limites de extensão até o<br />

hélix auricular em ambos os lados e com curvatura anterior<br />

no vértice (a incisão não foi estendida até o lóbulo bilateral<br />

por não serem necessários acessos aos arcos zigomáticos),<br />

39<br />

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Figura II – Exposição da fratura após acesso coronal.<br />

Figura IV – Recobrimento da fratura reduzida com periósteo pediculado, auxiliando no<br />

combate a possíveis infecções.<br />

mantendo a hemostasia através de cauterização de vasos<br />

e com manutenção do periósteo. Em continuidade ao<br />

descolamento, deparou-se com a fratura cominuta (Fig. II).<br />

Procedeu-se a mobilização dos cotos ósseos para redução<br />

completa da fratura. Subseqüentemente foi verificada a<br />

integridade do canal fronto-nasal com o uso do azul de<br />

metileno, tendo sido indicada a manutenção da membrana<br />

sinusal. Após redução dos fragmentos, os mesmos foram<br />

imobilizados com placas e parafusos de titânio de 1,5 mm<br />

de diâmetro da empresa Orthoface (Orthoface Implantes<br />

Após esses procedimentos em conjunto com uma<br />

abundante irrigação, foi realizada a sutura em camadas<br />

utilizando fios Vycril 4-0 para as camadas internas e Ethicon<br />

3-0 para o couro cabeludo e derme, com o retalho sendo<br />

totalmente reposicionado. No pós-operatório imediato,<br />

houve uma nítida melhora da estética do paciente, já que<br />

a sustentação do tecido mole foi restabelecida (Fig. V). Aos<br />

60 dias após a cirurgia verificou-se restabelecimento total do<br />

contorno ósseo e discreta cicatriz nas áreas pré-auriculares.<br />

O paciente não relatou algia e/ou desconforto.<br />

Figura III – Redução e fixação da fratura com a utilização de placas e parafusos.<br />

Figura V – Formato anatômico normalizado após redução da fratura.<br />

Especiais – Curitiba/PR) (Fig. III), devolvendo assim a arquitetura<br />

original da região frontal.<br />

Foi realizada então a cobertura das órteses/próteses<br />

com o periósteo remanescente, tracionando um retalho<br />

pediculado da região posterior do acesso, já que em um<br />

primeiro momento o mesmo não é incisado e afastado. Com<br />

essa manobra, mantén-se a nutrição do tecido e ao mesmo<br />

tempo há o recobrimento da região operada, evitando<br />

possíveis colabamentos da derme com as placas/parafusos e<br />

fornecendo proteção extra para o conjunto (Fig. IV).<br />

40<br />

DISCUSSÃO<br />

Não há um consenso entre os autores quanto a<br />

prevalência das fraturas de seio frontal entre todas as fraturas<br />

envolvendo a região facial. Yoo et al, (20<strong>08</strong>), determinaram<br />

como 5-15% a faixa estatística de ocorrência desse tipo de<br />

fratura, dados esses que demonstram com maior fidelidade<br />

a realidade desse tipo de caso levando-se em consideração<br />

fatores locais, ambientais e culturais das diferentes partes<br />

onde há esse tipo de ocorrência.<br />

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R. Periodontia - 20(4):38-43<br />

Marzola et al (2005), desenvolveu estudo com<br />

amostragem de 134 pacientes submetidos a fortes impactos.<br />

Por tratar-se de região de resistência ao impacto, formada<br />

por pilares ósseos, o autor demonstrou que apenas por um<br />

mecanismo de força de alta magnitude esses ossos irão<br />

apresentar fratura do seio frontal. Tais fraturas normalmente<br />

estão associadas a acidentes com veículos automotores,<br />

tendo como segunda etiologia as agressões físicas. A faixa<br />

etária com maior incidência de fraturas do seio frontal é a de<br />

21 a 30 anos (25% dos casos).<br />

O tempo para estabelecer um tratamento é de suma<br />

importância para o sucesso. Gabrielli et al, (2004), afirmam<br />

que o tratamento deve ser estabelecido, preferencialmente,<br />

dentro de 72 horas após o trauma, embora Bell et al, (2007),<br />

tenham demonstrado a possibilidade de realizar a cirurgia<br />

em até 30 dias com resultados previsíveis. Já Zanetti et al,<br />

(20<strong>08</strong>), afirmam que o momento da intervenção depen derá,<br />

variavelmente, do tipo e extensão da fratura e das possíveis<br />

injúrias associadas.<br />

Carreirão (20<strong>08</strong>) afirmou que a terapia de tratamento das<br />

fraturas do seio frontal, em decorrência da sua posição na<br />

estrutura craniana e sua exposição, geralmente é cirúrgica,<br />

já que existe um grande risco de seqüela estética em<br />

casos de falha de tratamento ou de opção por tratamento<br />

conservador em casos mal selecionados. Uma das opções<br />

mais modernas para tratamento incruento é a sinusoplastia<br />

por balão, que tem demonstrado grande potencial no<br />

tratamento de pacientes com rinossinusites e coagulopatias,<br />

além dos casos de regressão da cominução de fraturas sem<br />

necessidade de exposição da mesma, porém somente em<br />

casos isolados. Há uma larga vertente de estudos utilizando<br />

esse tipo de tratamento, como fizeram Yoo et al, (20<strong>08</strong>), com<br />

resultados animadores estéticos e funcionais em cirurgia<br />

realizada por técnica transnasal em um garoto de 14 anos<br />

com fratura de tábua anterior de frontal. Também Mensink<br />

et al, (20<strong>08</strong>), afirmam que a redução das fraturas utilizando<br />

a técnica de sinusoplastia oferece excelente estética pósoperatória<br />

e resultado funcional semelhante às técnicas<br />

tradicionais. Tal técnica pode ainda contar com o auxílio de<br />

uma sonda computadorizada, reduzindo ainda mais os riscos<br />

profissionais, segundo Stamm et al, (20<strong>02</strong>).<br />

Casos de fraturas com severa cominução e/ou<br />

impossibilidade de realizar a sinusoplastia devem ser então<br />

operados, como afirma Ribeiro Júnior, (2007). Aqui, a incisão<br />

em “asa de gaivota” torna a cicatrização mais rápida e com<br />

estética favorável, porém com campo de visão mais restrito<br />

durante a cirurgia. Claro está que nem todos os tipos de<br />

fraturas permitem o uso de tal incisão, já que a mesma não<br />

oferece o mesmo campo de visão que a incisão bicoronal,<br />

porém é de grande valia, principalmente quando há soluções<br />

de continuidade próximas ao local da incisão. Para fraturas<br />

menores, nas quais o cirurgião não necessita de amplo campo<br />

de trabalho, pode-se utilizar, segundo relatos de Gaia et al,<br />

(20<strong>08</strong>), uma incisão supratarsal com extensão medial. O<br />

cirurgião irá alcançar uma boa visualização dos fragmentos<br />

com uma cicatriz muito discreta. Mas esse acesso só pode<br />

ser utilizado, segundo os autores, em casos de pequenas<br />

fraturas, com fácil deslocamento dos fragmentos.<br />

Para casos de incisões coronais, Cole et al, (2009), relata<br />

a necessidade de sempre utilizar um dreno em um período<br />

pós-operatório que pode variar entre 48 a 72 horas. Tal<br />

procedimento visa evitar o acúmulo de sangue entre o<br />

crânio e a derme, podendo causar necrose tecidual e/ou<br />

deiscência no local da fratura. A opção pelo acesso foi o<br />

coronal, considerando o campo de ação e o resultado estético<br />

posterior, já que a cicatriz permanece coberta pelos cabelos<br />

do paciente.<br />

Dentre os tipos de tratamento, as malhas de titânio e as<br />

miniplacas e parafusos permanecem como modelo seguro.<br />

Em um estudo proservativo após 13 anos da instalação,<br />

Langford e Frame, (20<strong>02</strong>), concluíram que as placas e<br />

parafusos encontravam-se presentes extracelularmente nos<br />

tecidos adjacentes, sem evidências de respostas inflamatórias<br />

nem efeitos locais ou sistêmicos desse material no organismo,<br />

conclusão essa corroborada por Tiwari et al, (2005). Ainda nas<br />

técnicas que utilizam órteses-próteses, Stassen e Guiness,<br />

(1999), lançaram a idéia da redução dos frgmentos utilizando<br />

parafusos de tração, que possibilitam ao cirurgião reduzir<br />

rapidamente a fratura e fixar ou não os cotos.<br />

Tedaldi et al (<strong>2010</strong>) relata que, em levantamento de <strong>11</strong>2<br />

pacientes tratados ou em tratamento de fraturas do seio<br />

frontal, a maioria (98) foi submetida à cirurgia de redução dos<br />

fragmentos com acesso coronal e utilização de miniplacas<br />

e parafusos de titânio. Na publicação, os autores relatam<br />

a preocupação que o cirurgião deve ter para com a parede<br />

posterior do seio, já que a mesma tem comunicação direta<br />

com o cérebro. Em casos de fraturas envolvendo a parede<br />

posterior, o cirurgião deve proteger a área com membrana.<br />

A sugestão dos autores é realizar uma osteotomia na parede<br />

anterior para total acesso e usar um retalho pediculado da<br />

gálea aponeurótica cobrindo o traço de fratura, evitando<br />

então uma possível infecção com extensão para a caixa<br />

craniana.<br />

Manolidis (2004) ressalta a necessidade de uma criteriosa<br />

avaliação logo após o trauma, procurando evidências de<br />

fraturas nos ossos contíguos e nos órgãos próximos tais<br />

como olhos, nariz e cérebro. Qualquer diagnóstico mal<br />

executado nessa fase, segundo o autor, pode levar o paciente<br />

41<br />

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R. Periodontia - 20(4):38-43<br />

a sofrer sérias consequências posteriormente, com seqüelas<br />

permanentes.<br />

Gerbino et al (2000) chama atenção para a necessidade<br />

da preservação do ducto naso-frontal. Caso exista alguma<br />

obstrução ou laceração, o mesmo deve ser desobstruído<br />

para haver a liberação de fluidos por esta via. Caso o ducto<br />

permaneça obstruído após a redução das fraturas, não haverá<br />

drenagem do seio para a cavidade nasal, causando então a<br />

necrose da membrana e trazendo sérias conseqüências ao<br />

paciente, desde forte algia até sequestros ósseos e infecções<br />

intracranianas.<br />

Torna-se importante salientar o que demonstraram<br />

Montovani et al (2006). Segundo os autores, não há técnica<br />

que assegure um pós-operatório perfeito. É obrigação do<br />

cirurgião o conhecimento das técnicas, manejo, materiais e<br />

cuidados, porém isso não isenta nenhum caso do risco de<br />

desenvolver seqüelas estéticas e/ou funcionais. O critério<br />

para estabelecer determinado tratamento para cada caso é<br />

que define o grau de sucesso do profissional, opinião esta<br />

corroborada por Silva et al (2006).<br />

frontal sinus fracture with surgical reduction after 12 days, its<br />

functional, aesthetic and social implications. The technique by<br />

which the patient chose after explanations about advantages<br />

and disadvantages of different surgical methods of surgery<br />

was reduced with access coronal comminuted fracture,<br />

fixation with titanium plates and screws and proservation<br />

outpatients. Immediately after surgery we noted a significant<br />

improvement in the contour of the forehead and immobility of<br />

the bone stumps. After 60 days (up to previous 7, 21 and 30<br />

days), the patient showed full satisfaction with the aesthetics<br />

of the site, reported no episode of algia or discomfort, and<br />

returned to work and social life without difficulties reported.<br />

UNITERMS: fracture, frontal sinus, fracture fixation,<br />

internal.<br />

CONCLUSÕES<br />

As fraturas envolvendo o seio frontal apresentam<br />

diferentes meios de tratamento, como redução utilizando<br />

placas e parafusos e, mais recentemente, utilizando balões<br />

(sinusoplastia por balão). Tendo em vista a questão estética,<br />

não há concordância pelo acesso ideal para a redução de tais<br />

fraturas, porém o cirurgião deve procurar minimizar qualquer<br />

defeito dessa natureza, já que o paciente está cada vez mais<br />

esclarecido e exigente. Há um consenso entre autores com<br />

relação a indicação de cada caso. O não-tratamento de<br />

determinada fratura é que irá levar ao insucesso, provocando<br />

a insatisfação do paciente a médio e longo prazo. Nesse<br />

caso em particular, optou-se pela redução cirúrgica e acesso<br />

coronal levando-se em consideração a extensão da fratura,<br />

que inviabilizou tratamento com balão ou conservador. O<br />

resultado final foi muito satisfatório do ponto de vista do<br />

paciente e do conceito moderno de sucesso.<br />

ABSTRACT<br />

The frontal sinus fractures occurs in cases of high-intensity<br />

impacts and cause disagreement as to its prevalence. Usually<br />

are associated with fractures of the naso-orbit-ethmoid region,<br />

but can occur in isolation. Their functional consequences<br />

could be serious if there is obliteration of the fronto-nasal<br />

duct, and aesthetically, the sequel rest usually causes great<br />

embarrasment for the patient. This article presents a case of<br />

42<br />

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R. Periodontia - 20(4):38-43<br />

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15- Yoo, MH; Kim, JS; Song, HM; Lee, BJ; Jang, YJ. Endoscopic Transnasal<br />

Endereço para Correspondência:<br />

Paulo Roberto Orzechowski<br />

Rua Presidente Epitácio Pessoa, 532 - Centro<br />

Jaraguá do Sul – SC<br />

E-mail: paulo-buco@hotmail.com<br />

43<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA DE INDIVÍDUOS<br />

DIAGNOSTICADOS COM PERIODONTITE CRÔNICA E<br />

TRATADOS COM MINOCICLINA SUBGENGIVAL<br />

Clinical and radiographic evaluation in chronic <strong>perio</strong>dontitis subjects treated with subgingival<br />

minocycline<br />

Suzane A Raslan 1 , Sheila Cavalca Cortelli 2 , Maurício Dias Pereira da Silva 3 , José Roberto Cortelli 2<br />

RESUMO<br />

Objetivo deste estudo longitudinal foi avaliar, por meio<br />

de mensurações de profundidade de sondagem (PS) e<br />

medidas lineares em radiografias digitalizadas, os resultados<br />

dos procedimentos de raspagem e aplainamento radicular<br />

(RAR) associados à minociclina subgengival. Participaram<br />

deste estudo 29 indivíduos de 26 a 69 anos de idade<br />

(47,0 ± 9,71) diagnosticados com <strong>perio</strong>dontite crônica.<br />

Foram selecionados 58 dentes/sítios contra-laterais com<br />

bolsas ≥ 6 mm de profundidade, os quais aleatoriamente<br />

receberam RAR + minociclina subgengival (teste) ou RAR +<br />

placebo (controle). Previamente e 6 meses após a realização<br />

da terapia <strong>perio</strong>dontal, PS e radiografias periapicais com<br />

posicionadores, foram realizadas, digitalizadas e analisadas<br />

por medidas lineares entre pontos: a) junção cementoesmalte<br />

à crista óssea, b) junção cemento-esmalte ao fundo<br />

do defeito e c) (crista óssea ao fundo do defeito). Análise<br />

estatística foi realizada pelo Teste t pareado e não pareado<br />

no momento inicial, aos 3 e 6 meses, para os grupos<br />

teste e controle. Com relação a PS observou-se redução<br />

significativa (p0,05). Comportamento<br />

semelhante foi observado na análise radiográfica. Concluiuse<br />

que procedimentos exclusivos de RAR foram tão efetivos<br />

quanto RAR + minociclina subgengival.<br />

UNITERMOS: <strong>perio</strong>dontite, raspagem dentária, aplainamento<br />

radicular, minociclina, radiografia. R Periodontia<br />

<strong>2010</strong>; 20:44-50.<br />

1<br />

Doutoranda do Programa de Odontologia – Subárea Periodontia – Universidade de Taubaté<br />

(UNITAU)<br />

2<br />

Prof. Doutor do Programa de Odontologia – Subárea Periodontia – Universidade de Taubaté<br />

(UNITAU)<br />

3<br />

Discente, Graduação em Odontologia - Universidade de Taubaté (UNITAU)<br />

Recebimento: 13/10/10 - Correção: 03/<strong>11</strong>/10 - Aceite: <strong>02</strong>/12/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

A <strong>perio</strong>dontite crônica é uma doença infecciosa<br />

resultando na inflamação dos tecidos de suporte dos<br />

dentes, levando a uma perda progressiva de inserção<br />

conjuntiva e óssea alveolar. É a forma mais comum<br />

de <strong>perio</strong>dontite, podendo ocorrer em qualquer<br />

idade, sendo mais prevalente em adultos. A taxa<br />

de progressão da doença é de lenta a moderada,<br />

mas pode ter períodos de rápida progressão. A<br />

quantidade de destruição tecidual e óssea é, na<br />

maioria das vezes, compatível com a presença de<br />

fatores locais. A <strong>perio</strong>dontite crônica é classificada<br />

quanto à sua extensão e severidade, com base no<br />

número de sítios afetados e grau de perda de inserção<br />

clínica, respectivamente (American Academy of<br />

Periodontology, 1999).<br />

Segundo van der Velden (1978), os exames clínicos<br />

são importantes para caracterizar o diagnóstico da<br />

doença e para avaliar o seu curso durante a fase<br />

terapêutica. O diagnóstico clínico <strong>perio</strong>dontal inclui a<br />

avaliação dos sinais clínicos, por meio de importantes<br />

parâmetros incluindo medidas de profundidade de<br />

sondagem (PS) e nível clínico de inserção conjuntiva<br />

(NCI). O exame radiográfico é um meio diagnóstico<br />

complementar também importante e tem sido usado<br />

44<br />

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R. Periodontia - 20(4):44-50<br />

para avaliar a destruição do osso alveolar, a progressão<br />

da doença <strong>perio</strong>dontal e, na reavaliação os resultados<br />

terapêuticos (Lang & Hill, 1977). A radiografia revela alterações<br />

no tecido calcificado, como consequência da doença passada<br />

e não evidencia alterações da doença atual (Benn, 1990).<br />

Métodos radiográficos têm sido desenvolvidos para<br />

melhorar a habilidade na detecção e mensuração do osso<br />

alveolar. O processo digital e manipulação de imagens<br />

radiográficas podem melhorar a interpretação diagnóstica<br />

de radiografias em termos de reprodutibilidade e validade<br />

(Shrout et al., 1996).<br />

Dentre os procedimentos terapêuticos <strong>perio</strong>dontais<br />

destacam-se o controle mecânico de placa, procedimentos de<br />

raspagem e aplainamento radicular (RAR) e atualmente o uso<br />

de antimicrobianos locais, como microesferas de minociclina,<br />

utilizados conjuntamente à raspagem dental.<br />

As razões pelas quais certos indivíduos não respondem<br />

favoravelmente à terapia mecânica podem incluir muitos fatores<br />

como resposta imune do hospedeiro, predisposição genética,<br />

estresse, anatomia do sítio <strong>perio</strong>dontal e incapacidade de<br />

erradicar o patógeno <strong>perio</strong>dontal do sítio infectado ou da<br />

cavidade bucal (Walker, 1999).<br />

O uso de agentes antimicrobianos como adjunto ao<br />

tratamento <strong>perio</strong>dontal visa alcançar, dentro da microbiota<br />

<strong>perio</strong>dontal, uma concentração da droga suficiente tanto para<br />

induzir morte (bactericida) como para impedir o crescimento<br />

(bacteriostático) de microrganismos patogênicos (Seymour &<br />

Heasman, 1995), assim como modular a resposta inflamatória<br />

do hospedeiro e, deste modo, limitar a destruição tecidual<br />

(American Academy of Periodontology, 2000).<br />

O objetivo do presente estudo foi avaliar, por meio de<br />

parâmetros clínicos e radiográficos, o comportamento de<br />

bolsas profundas de indivíduos com <strong>perio</strong>dontite crônica<br />

tratadas com raspagem e aplainamento radicular associada<br />

a minociclina subgengival.<br />

MATERIAL e MÉTODO<br />

Foram incluídos indivíduos com Periodontite Crônica<br />

de acordo com os critérios da American Academy of<br />

Periodontology (1999), de ambos os gêneros, que se<br />

apresentaram à Clínica do Departamento de Odontologia<br />

da Universidade de Taubaté, em busca de tratamento clínico<br />

<strong>perio</strong>dontal. O protocolo deste estudo foi previamente<br />

aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de<br />

Taubaté (Protocolo nº 019/<strong>02</strong>) e os participantes do estudo<br />

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.<br />

Os indivíduos incluídos no estudo, apresentaram<br />

no mínimo oito dentes e dois sítios dentais com bolsas<br />

<strong>perio</strong>dontais ≥ 6 mm de profundidade, preferencialmente<br />

homólogos e não contíguos. Foram excluídos do estudo<br />

indivíduos que se submeteram à terapia antibiótica nos<br />

três meses antecedentes ou que necessitaram de terapia<br />

antibiótica para a realização do estudo. Diabéticos não<br />

metabolicamente controlados, imunossuprimidos, gestantes<br />

e lactantes, indivíduos alérgicos a minociclina e os que haviam<br />

recebido tratamento <strong>perio</strong>dontal nos 12 meses prévios ao<br />

início do estudo também foram excluídos.<br />

Os indivíduos foram submetidos a anamnese e<br />

posterior exame clínico <strong>perio</strong>dontal para estabelecimento<br />

do diagnóstico, sendo o último realizado por um único<br />

examinador previamente calibrado. A sondagem manual<br />

(sonda milimetrada tipo Williams, TRINITY® ), foi realizada<br />

em seis pontos/dente (Fetner, 1994) em todos os dentes<br />

presentes, excluindo os terceiros molares, verificando a PS<br />

e NCI. A partir de então, foram selecionados dois sítios (um<br />

teste e um controle), com bolsas <strong>perio</strong>dontais ≥ 6 mm de<br />

profundidade. Avaliações de PS nos sítios teste e controle<br />

foram realizadas no momento inicial do tratamento, aos<br />

noventa e 180 dias.<br />

A avaliação do erro intra-examinador foi realizada por<br />

meio de duas mensurações de PS nos sítios testes e controles,<br />

com um intervalo de uma semana entre cada mensuração, a<br />

fim de se verificar o grau de confiabilidade das mensurações<br />

de PS.<br />

O exame radiográfico (Updegrave, 1959) foi realizado<br />

com filmes periapicais Kodak Ekta Plus (31x41 mm) e uso<br />

de posicionadores tipo HANSHIN, para avaliar quantidade<br />

de osso remanescente e padrão de distribuição óssea, no<br />

momento inicial do tratamento e aos 180 dias. O filme<br />

radiográfico teve um processamento manual padronizado.<br />

O aparelho radiográfico utilizado foi do modelo Spectro II,<br />

50 Kvp (Dabi-atlante). As radiografias foram digitalizadas pela<br />

técnica indireta, através de scanner com leitor de transparência<br />

(Duoscan T1200-AGFA) com definição 2800/2800, utilizando<br />

600 dpi e avaliadas por medidas lineares entre pontos, pelo<br />

programa de computador VixWin 2000.<br />

Os pontos de referência selecionados foram junção<br />

cemento-esmalte, ápice da raiz, crista óssea e base do<br />

defeito ósseo. Medidas lineares de comprimento (mm) foram<br />

realizadas para determinar as distâncias da a) junção cementoesmalte<br />

ao ápice da raiz, b) da junção cemento-esmalte à<br />

crista óssea, c) da junção cemento-esmalte ao fundo do<br />

defeito ósseo e d) da crista óssea ao fundo do defeito ósseo.<br />

Os quatro grupos de medidas foram realizados nos sítios teste<br />

e controle, tanto nas radiografias iniciais quanto nas finais.<br />

As mensurações foram avaliadas por um único examinador<br />

calibrado. As distorções entre as radiografias iniciais foram<br />

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compensadas pelo cálculo da proporção do comprimento<br />

radicular, segundo Jeffcoat & Williams (1984).<br />

Os procedimentos de RAR foram realizados em todos<br />

os dentes presentes. Nos sítios selecionados como teste e<br />

controle receberam esses procedimentos foram executados<br />

sempre pelo mesmo profissional como tempos operatórios<br />

pré-estipulados: dentes unirradiculares (8 min), bi-radiculares<br />

(10 min) e tri-radiculares (12 min).<br />

As aplicações de minociclina (Arestin TM ®) foram<br />

realizadas com auxílio de isolamento relativo, imediatamente<br />

após os procedimentos de RAR nos sítios designados como<br />

teste. Uma nova aplicação de minociclina nos sítios teste foi<br />

realizada aos noventa e 180 dias. Nos sítios controles foram<br />

aplicados um gel placebo (Carbopol: 0,9-2%, Nipagin: 0,2%,<br />

Água destilada, Trietanolamina: 1% e Propilenoglico: 3%), com<br />

a mesma quantidade e nos mesmos períodos experimentais.<br />

momento inicial (tempo zero) e final (180 dias). Os valores<br />

médios, no momento inicial foram de 7,65 mm (teste) e de<br />

7,79 mm (controle) e no momento final foram de 4,44 mm e<br />

5,00 mm, respectivamente. No momento final, observou-se<br />

redução das medidas de PS para ambos os grupos.<br />

A avaliação radiográfica através de medidas lineares<br />

usando o teste t pareado para os grupos teste e controle,<br />

entre os tempos, e teste t não-pareado entre os grupos teste<br />

e controle, em cada tempo (zero e 180 dias) não mostrou<br />

diferenças significativas (p > 0,05).<br />

Análise estatística<br />

Os resultados clínicos e radiográficos foram avaliados<br />

utilizando Teste t pareado e não pareado (p


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DISCUSSÃO<br />

No presente estudo foram incluídos 29 indivíduos<br />

diagnosticados com <strong>perio</strong>dontite crônica, de acordo com<br />

os critérios da American Academy of Periodontology (1999),<br />

de ambos os gêneros, que se apresentaram à Clínica do<br />

Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté,<br />

em busca de tratamento clínico <strong>perio</strong>dontal, apresentando<br />

no mínimo oito dentes e dois sítios dentais com bolsas<br />

<strong>perio</strong>dontais ≥ 6 mm de profundidade, preferencialmente<br />

homólogos e não contíguos. O modelo do presente estudo,<br />

boca dividida, para sítio teste e controle, foi recomendado<br />

baseando-se nos estudos de Heijl et al. (1991) e Yeom et<br />

al. (1997), assim como nos estudos farmacocinéticos de<br />

Paquette & Santucci (2000), os quais verificaram que os níveis<br />

séricos atingidos pelos antibióticos de uso local são irrisórios,<br />

possibilitando o estudo com terapia antibiótica local aqui<br />

proposta.<br />

Todos os indivíduos incluídos no presente estudo<br />

foram submetidos a um exame clínico <strong>perio</strong>dontal. Porém,<br />

durante a realização do estudo longitudinal, os indivíduos<br />

foram submetidos exclusivamente às mensurações de PS<br />

durante os períodos de noventa e 180 dias. Vários estudos<br />

(Badersten, Nilvéus, Egelberg, 1990; Machtei et al., 1993)<br />

demonstraram que o aumento de PS é parâmetro mais valioso<br />

para o prognóstico de perda de inserção conjuntiva. Assim,<br />

segundo esses autores apesar da avaliação de PS não ser<br />

um método su<strong>perio</strong>r ao NCI, é um método simplificado para<br />

monitorar a <strong>perio</strong>dontite crônica. Portanto, em concordância<br />

com esses estudos, a medida de PS foi o parâmetro eleito<br />

para o monitoramento da terapia <strong>perio</strong>dontal proposta no<br />

nosso estudo. Dados de reprodutibilidade comparativos<br />

entre a sonda manual calibrada e convencional não<br />

mostraram diferenças estatisticamente significantes entre<br />

elas (Mullally & Linden, 1994). Portanto, essas observações<br />

confirmam que examinadores pré-calibrados e com<br />

história pregressa de procedimentos de sondagem clínica<br />

<strong>perio</strong>dontal demonstraram grau elevado de confiabilidade e<br />

reprodutibilidade nesse procedimento. No presente estudo,<br />

as medidas de PS foram realizadas por um único examinador<br />

calibrado. Para esta calibração, as medidas de PS foram obtidas<br />

com intervalo de uma semana, sendo submetidas à análise<br />

de Regressão Linear, para verificação da sua reprodutibilidade.<br />

Foi possível verificar assim, que o erro intra-examinador<br />

encontrava-se em um intervalo de confiança aceitável.<br />

À semelhança do estudo de Greenstein (1992), no qual<br />

procedimentos de RAR foram realizados em dez minutos por<br />

dente, o nosso estudo utilizou para dentes unirradiculares:<br />

oito minutos, para os bi-radiculares: dez minutos e, para os<br />

multi-radiculares o tempo de RAR foi de 12 minutos, tanto<br />

nos sítios teste como nos controle.<br />

No presente estudo, a terapia mecânica exclusiva foi<br />

realizada no momento inicial e reavaliada nos períodos de<br />

noventa e 180 dias. Em relação à redução de PS, foi verificada<br />

diferença significativa (p < 0,05) entre os tempos inicial e 3 ou<br />

6 meses, porém, sem diferença significativa (p > 0,05) entre<br />

3 e 6 meses. Os nossos resultados estão de acordo com os<br />

estudos de Cercek et al. (1983) e Hämmerle, Joss, Lang (1991),<br />

os quais verificaram que indivíduos com doença <strong>perio</strong>dontal,<br />

após receberem terapia mecânica de RAR, apresentaram<br />

redução significativa nas medidas de PS.<br />

No presente estudo, os dentes do grupo teste receberam<br />

a terapia mecânica <strong>perio</strong>dontal combinada com a aplicação de<br />

minociclina subgengival (Orapharma, Inc, 2000) no momento<br />

inicial. Aos noventa e 180 dias esses sítios receberam somente<br />

a reaplicação do antibiótico e reavaliação das medidas de<br />

PS. Nossos resultados mostraram redução das medidas de<br />

PS com diferença significativa (p < 0,05), entre o momento<br />

inicial e noventa dias, noventa e 180 dias e, finalmente, entre<br />

o momento inicial e 180 dias. Porém, não foi observada<br />

diferença significativa (p > 0,05) em todos os tempos do<br />

estudo, com relação às medidas de PS entre o grupo teste e<br />

controle, à semelhança do estudo de Timmerman et al. (1996),<br />

o qual demonstrou que a terapia de minociclina associada<br />

à RAR, não promoveu benefício adicional à RAR exclusivos.<br />

De outra forma, estudos verificaram que a administração<br />

subgengival de minociclina a 2% como adjunto a RAR<br />

proporcionou redução de PS (Jones et al., 1994; van<br />

Steenberghe et al., 1999; Williams et al., 2001; Meinberg et<br />

al., 20<strong>02</strong>). Porém outros estudos observaram melhora no NCI,<br />

e não na redução de PS (Graça et al., 1997).<br />

A resposta à terapia mecânica semelhante entre os<br />

indivíduos que receberam ou não a aplicação de minociclina<br />

subgengival não fugiu completamente às expectativas dos<br />

autores, uma vez que a terapia mecânica, em combinação<br />

com uma adequada instrução de higiene bucal por si só,<br />

tem mostrado proporcionar uma efetiva modalidade de<br />

tratamento, principalmente para a <strong>perio</strong>dontite crônica<br />

(Badersten, Nilvéus, Egelberg, 1984; Cercek et al., 1983).<br />

Considerando que o exame radiográfico é complementar<br />

ao exame clínico (Lang & Hill, 1977), a existência de<br />

tecnologias em sistemas radiográficos digitais, sistema digital<br />

direto e indireto, e a possibilidade de quantificar distâncias<br />

utilizando medidas lineares, é que a metodologia do presente<br />

estudo utilizou o sistema digital indireto, no qual foi realizada<br />

a tomada radiográfica periapical com auxílio de posicionador<br />

(Hanshin) e após revelação/fixação, a radiografia foi<br />

digitalizada através de um scanner e as imagens armazenadas<br />

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no computador. A metodologia do presente estudo baseouse<br />

em estudos de Jeffcoat & Williams (1984) e Persson,<br />

Falk, Laurell (2000), os quais utilizaram comparações entre<br />

medidas digitalizadas lineares para avaliação do suporte ósseo<br />

remanescente, verificando que as medidas lineares, além<br />

de serem as mais simplificadas, proporcionaram descrição<br />

completa de suporte ósseo. A opção pela técnica de medida<br />

linear e não pela técnica de subtração radiográfica, deve-se<br />

ao fato da dificuldade de obtenção de imagens similares, em<br />

intervalo de meses (Zappa et al., 1991). Além disso, a técnica<br />

de subtração radiográfica necessita de um sistema de suporte<br />

rígido para o posicionamento de filmes (Hausmann et al.,<br />

1985), o qual tem um custo elevado, consome maior tempo<br />

nas tomadas radiográficas e necessita de maior atenção aos<br />

detalhes para uma perfeita reprodutibilidade das radiografias<br />

(Jeffcoat et al., 1987). No presente estudo, foram utilizadas<br />

medidas lineares da junção cemento-esmalte à crista óssea<br />

revelando a quantidade de reabsorção da crista óssea,<br />

da junção cemento-esmalte ao fundo do defeito ósseo,<br />

mostrando um possível preenchimento ósseo e da crista óssea<br />

ao fundo do defeito ósseo, exibindo uma resolução do defeito<br />

ósseo. No entanto, não foi observada diferença significativa<br />

entre os grupos teste e controle, tanto no momento inicial<br />

quanto ao final do estudo clínico. O método de medida linear<br />

se mostrou semelhante ao curvilíneo e su<strong>perio</strong>r à medida da<br />

área (Jeffcoat & Williams, 1984), porém medidas lineares e com<br />

lupa com grade calibrada em 0,1 mm, mostraram subestimar<br />

as medidas intra-cirúrgicas (Eickholz et al., 1998).<br />

Persson, Falk, Laurell (2000) avaliaram ganho ósseo por<br />

meio de medidas lineares, da junção cemento-esmalte ao<br />

ápice da raiz, da junção cemento-esmalte à crista óssea, da<br />

junção cemento-esmalte ao fundo do defeito ósseo e da crista<br />

óssea ao fundo do defeito ósseo. A resolução do defeito foi<br />

obtida pela comparação pré e pós-cirúrgica da distância da<br />

crista óssea ao fundo do defeito ósseo. Durante o período<br />

de estudo, resultados estáveis para ambos os tratamentos<br />

foram conseguidos. Em contraste, Klein et al. (2001) avaliaram<br />

a profundidade e largura do defeito ósseo e mudança na<br />

largura do defeito como parâmetro de cicatrização <strong>perio</strong>dontal<br />

por medidas lineares, após terapia de regeneração guiada,<br />

verificando que defeitos estreitos e infra-ósseos iniciais (≥<br />

3 mm) exibiram preenchimento ósseo estatisticamente<br />

significante comparados a defeitos largos e rasos.<br />

No presente estudo, apesar da terapia antibiótica não<br />

ter proporcionado diferença significativa entre o momento<br />

inicial e final entre os grupos teste e controle, a estabilidade<br />

alcançada com a terapia foi considerada como sucesso<br />

terapêutico. Assim sendo, houve uma concordância do<br />

presente estudo com o de Hausmann (2000), no qual<br />

relatou que medidas lineares radiográficas digitalizadas dão<br />

informações mais exatas que a obtida por avaliação visual,<br />

em um acompanhamento longitudinal.<br />

CONCLUSÕES<br />

Os grupos teste e controle apresentaram comportamentos<br />

semelhantes ao longo do tempo experimental em relação aos<br />

parâmetros clínicos e radiográficos.<br />

Embora ambos os modelos terapêuticos tenham<br />

propiciado melhora clínica e estabilidade óssea radiográfica,<br />

o uso coadjuvante de minociclina subgengival não acarretou<br />

benefícios adicionais em relação ao tratamento de bolsas<br />

<strong>perio</strong>dontais profundas de indivíduos com <strong>perio</strong>dontite<br />

crônica.<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this longitudinal study was to evaluate,<br />

through probing depth (PD) and digitized radiographic<br />

parameters, the results of scaling and root planning (SRP)<br />

associated with subgingival minocycline. Twenty- nine subjects<br />

aged 26 to 69 (47,00 ± 9,71) years old were enrolled in this<br />

study, diagnosed with chronic <strong>perio</strong>dontitis. There were<br />

selected 58 tooth/sites, homologous with PD > 6mm, which<br />

randomly received SRP plus subgingival minocycline (test) or<br />

SRP plus placebo (control). At baseline and at 6 months after<br />

the <strong>perio</strong>dontal therapy, PD and periapicals radiographs were<br />

evaluated. The images were digitized and analyzed by linear<br />

measurements between points: a) junction cemento-enamel<br />

to the bony crest, b) junction cemento-enamel to the bottom<br />

of the defect and c) bony crest to the bottom of the defect).<br />

Statistical analysis was performed by paired and non-paired<br />

T test (p < 0.05). Regarding the PD, significant reductions<br />

were observed (p0.05).<br />

Similar findings were observed with the radiographic analysis.<br />

It was concluded that exclusive procedures of SRP were so<br />

effective as SRP plus subgingival minocycline.<br />

UNITERMS: <strong>perio</strong>dontitis, dental scaling, root planning;<br />

minocycline, radiography.<br />

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36- Hausmann E. Radiographic and digital imaging in <strong>perio</strong>dontal practice.<br />

J. Periodontol 2000; 71: 497-503.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Sheila Cavalca Cortelli<br />

Rua Expedicionário Ernesto Pereira, <strong>11</strong>0 – Centro<br />

CEP: 12<strong>02</strong>0-330 – Taubaté – SP<br />

E-mail: cavalcacortelli@uol.com.br<br />

50<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

GRAU DE CONHECIMENTO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS<br />

NA PRESCRIÇÃO DE COLUTÓRIOS E DENTIFRÍCIOS<br />

Degree of knowledge of dentists in the prescription of collutorium and dentifrices.<br />

Érica Melo Gonçalves 1 , Edmar Ponte Portela Filho 1 , Paulo Rafael Carrilho Aragão 1 , Tompson Cardoso Ponte Segundo 1 , Danilo<br />

Lopes Ferreira Lima 2<br />

RESUMO<br />

Introdução - O controle do biofilme dentário é<br />

fundamental para prevenção e tratamento das doenças<br />

<strong>perio</strong>dontais. Isso requer dos pacientes grande interesse e<br />

o bom conhecimento do cirurgião-dentista a respeito dos<br />

produtos disponíveis atualmente no mercado brasileiro.<br />

Material e Métodos – Foram ent<strong>revista</strong>dos 165<br />

dentistas da cidade de Fortaleza independente do tempo<br />

de formado e da especialidade, excluindo-se a Periodontia.<br />

Resultados – O colutório mais indicado foi o Periogard<br />

55 (33,3%); O ingrediente ativo com mais acerto foi a<br />

clorexidina 132 (80%); Com relação ao regime terapêutico<br />

da clorexidina 73 (44,2%) não responderam e, 29 (17,6%)<br />

responderam corretamente; Os dentifrícios mais indicados<br />

foram da marca Colgate 87 (52,7%); Com relação ao<br />

Colgate Total 12, 24 (60%) indicaram o seu ingrediente<br />

ativo corretamente.<br />

Conclusão - Um baixo conhecimento na prescrição<br />

dos colutórios e também no conhecimento dos ingredientes<br />

ativos tanto dos colutórios quanto dos dentifrícios foi<br />

observado no grupo avaliado.<br />

UNITERMOS: placa dentária, anti-sépticos bucais,<br />

dentifrícios. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:51-55.<br />

1<br />

Graduados em Odontologia, UNIFOR<br />

² Doutor em Ciências da Saúde - PPGCSA-UFRN, Professor Assistente de Periodontia – UNIFOR<br />

Recebimento: 18/10/10 - Correção: 16/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 30/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

A placa bacteriana ou biofilme bacteriano é uma<br />

massa densa e compacta, não calcificada, constituída<br />

por microorganismos envoltos numa matriz rica<br />

em polissacarídeos extracelulares bacterianos e<br />

glicoproteínas salivares fortemente aderidas às<br />

superfícies dentárias, cálculos e outras superfícies<br />

da cavidade bucal. Na maioria das vezes, a placa<br />

se desenvolve sobre a película adquirida, que é<br />

um biofilme derivado da saliva que reveste toda a<br />

cavidade bucal. Dentro de um conceito clínico, a<br />

placa bacteriana é uma substância fisicamente estável<br />

sobre o dente, sendo impossível de ser removida por<br />

bochechos com água. (Lascala 1997)<br />

O controle do biofilme dentário é fundamental para<br />

prevenção e tratamento das doenças <strong>perio</strong>dontais.<br />

Este controle pode ser realizado de duas formas<br />

distintas ou combinadas: controle mecânico e controle<br />

químico. O controle mecânico é a principal forma,<br />

este é feito através do uso de escovas, fios dentais,<br />

curetas, foices, limas e aparelhos ultra-sônicos. Em<br />

muitas situações não se consegue atingir todos os<br />

objetivos com o controle mecânico, uma vez que o<br />

mesmo demanda tempo, motivação e, sobretudo,<br />

habilidade manual. O controle químico atua como<br />

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R. Periodontia - 20(4):51-55<br />

coadjuvante do controle mecânico como meio de superar<br />

as inadequações da limpeza mecânica, causada por diversos<br />

fatores como: pacientes politraumatizados, impossibilitados<br />

temporariamente de realizar a remoção mecânica do<br />

biofilme dentário, pacientes especiais, usuários de aparelhos<br />

ortodônticos e pacientes de alto risco à cárie.(Rosing et al<br />

,1992-93)<br />

Atualmente, o mercado brasileiro possui uma gama de<br />

produtos com agentes químicos para o controle do biofilme<br />

dentário. Com isso, os cirurgiões-dentistas, bem como<br />

os pacientes, muitas vezes parecem ser influenciados por<br />

propagandas de medicamentos, onde os efeitos positivos de<br />

determinados fármacos são sobrelevados, em detrimento de<br />

seus efeitos adversos.(Souza et al, 2003)<br />

O primeiro agente químico a ser empregado para o<br />

controle da cárie foi o flúor. McKay foi pioneiro no estudo<br />

da relação do flúor com a cárie dentária. A efetividade dos<br />

dentifrícios fluoretados na redução da cárie dentária começou<br />

a ser estudada a partir da segunda metade do século XX, após<br />

a II Guerra Mundial. Os primeiros dentifrícios não mostraram<br />

efetividade em função da incompatibilidade dos diversos<br />

sistemas abrasivos com os compostos fluoretados. Contudo, a<br />

primeira formulação a demonstrar efeito foi à base de fluoreto<br />

estanhoso em 1964.( Chaves et al, 20<strong>02</strong>)<br />

A partir de então, inúmeras pesquisas em busca de novos<br />

agentes antimicrobianos foram desenvolvidas, surgindo em<br />

1970 como agente anti-placa um novo composto denominado<br />

gluconato de clorexidina. A década de 90 trouxe a utilização<br />

de vários outros compostos em colutórios e dentifrícios<br />

destacando-se o triclosan, o cloreto de cetilpiridínio, os óleos<br />

essenciais, além de produtos para controle da formação<br />

do cálculo e de substâncias dessensibilizantes. São ainda<br />

associados a essas substâncias os copolímeros gantrez e o<br />

citrato de zinco, aumentando a substantividade dos produtos<br />

aos quais eles associam-se. (Lindhe et al,2005) Como existe<br />

uma diversidade muito grande de produtos, faz-se necessária<br />

uma investigação sobre o grau de conhecimento do cirurgiãodentista<br />

na prescrição de colutórios e dentifrícios.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Esse estudo é tipo transversal, realizado com 165<br />

cirurgiões-dentistas. Essa amostra representa, portanto, 10,4%<br />

do total de cirurgiões-dentistas de Fortaleza segundo dados<br />

fornecidos pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia). Os<br />

profissionais foram incluídos independentemente do tempo<br />

de graduação em Odontologia, sexo, faixa etária e foram<br />

excluídos aqueles especialistas em <strong>perio</strong>dontia. Todos foram<br />

submetidos a um questionário que teve como objetivo<br />

avaliar o grau de conhecimento destes profissionais sobre a<br />

prescrição e composição de colutórios e dentifrícios bucais.<br />

Os profissionais foram interrogados através de cinco<br />

perguntas, entre as quais: 1 -Qual o colutório bucal mais<br />

indicado na sua prática clínica; 2 – Qual o ingrediente ativo<br />

(antimicrobiano) dos seguintes colutórios: Colgate Periogard<br />

(marca Colgate), Listerine (marca Johnson & Johnson), Colgate<br />

Plax (marca Colgate) e Cepacol (marca Sanofi-Aventis), cujas<br />

respostas são: Digluconato de clorexidina, óleos essenciais,<br />

triclosan e cloreto de cetilpiridínio, respectivamente. 3 – Qual<br />

o regime terapêutico da clorexidina (número de vezes ao<br />

dia e por quanto tempo), cuja resposta é: 2 vezes ao dia,<br />

de 7 a 10 dias; 4 - Qual o dentifrício mais indicado em sua<br />

prática clínica; 5 -Qual o ingrediente ativo ( antimicrobiano<br />

e/ou dessensibilizantes) presente nele. As marcas comerciais<br />

Colgate Periogard, Listerine, Colgate Plax e Cepacol foram<br />

escolhidas por serem as mais conhecidas entre os cirurgiõesdentistas.<br />

Todos os aspectos éticos foram rigidamente observados,<br />

sendo necessário ao pesquisador e aos ent<strong>revista</strong>dos a<br />

assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido.<br />

Os profissionais ent<strong>revista</strong>dos foram beneficiados com um<br />

folheto explicativo sobre os compostos químicos de controle<br />

do biofilme dentário.<br />

A análise estatística foi do tipo descritiva, através da<br />

freqüência percentual, utilizando para tanto o programa<br />

Microsoft Excel ® para a tabulação dos dados.<br />

RESULTADOS<br />

Cento e sessenta e cinco cirurgiões-dentistas de<br />

consultórios particulares, universidades, serviços públicos<br />

foram ent<strong>revista</strong>dos. Com relação às especialidades 62<br />

(37,6%) eram Clínicos Gerais, 24 (14,5%) eram especialistas<br />

Tabela 1<br />

CD divididos por especialidades submetidos ao questionário<br />

Especialidades Quantidade Porcentagem<br />

Clinico Geral 62 37,60%<br />

Endodontia 24 14,50%<br />

Dentística 16 9,70%<br />

Prótese 14 8,50%<br />

Saúde Bucal Coletiva 13 7,90%<br />

Odonpediatria <strong>11</strong> 6,70%<br />

Ortodontia 9 5,50%<br />

CBMF 7 4,20%<br />

Implantodontia 4 2,40%<br />

Estomatolgia 3 1,80%<br />

Radiologia 2 1,20%<br />

52<br />

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R. Periodontia - 20(4):51-55<br />

em Endodontia 16 (9,7%) eram especialistas em Dentística,<br />

14 (8,5%) em Prótese Dentária, 13 (7,9%) em Saúde Coletiva,<br />

<strong>11</strong> (6,7%) eram odontopediatras, 9 (5,5%) ortodontistas, 7<br />

(4,2%) eram especialistas em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, 4<br />

(2,4%) eram especialistas em Implantodontia, 3 (1,8%) eram<br />

especialistas em Estomatologia e 2 (1,2%) eram especialistas<br />

em Radiologia. (Tabela 1)<br />

Com relação ao tempo de formação acadêmica, 83<br />

(50,3%) tinham mais de 10 anos de formação acadêmica;<br />

72 (43,7%) tinham até 10 anos de formação acadêmica; 10<br />

(6%) não indicaram quanto tempo de formação acadêmica<br />

possuíam.<br />

Quando questionados sobre qual o colutório bucal mais<br />

indicado na sua prática clínica, 55 (33,3%) responderam<br />

Periogard, 24 (14,5%) Colgate Plax, 15 (9,1%) Listerine,<br />

10 (6,1%) Cepacol, 23 (13,9%) responderam mais de um<br />

colutório, 29 (17,6%) outros colutórios e 9 (5,5%) não indicam<br />

qualquer colutório.<br />

Em seguida, os ent<strong>revista</strong>dos foram questionados sobre<br />

quais ingredientes ativos estão presentes nos seguintes<br />

colutórios: Colgate Periogard, Listerine, Colgate Plax e<br />

Cepacol. Um total de 132 (80%) acertaram o ingrediente<br />

ativo presente no Colgate Periogard; 54 (32,7%) o presente<br />

no Colgate Plax, 29 (17,6%) aquele presente no Listerine e 35<br />

(21,2%) acertaram o ingrediente ativo presente no Cepacol.<br />

(Tabela 2)<br />

Tabela 2<br />

Qual colutório mais indicado pelos CD e seus princípios ativos<br />

PERIOGARD COLGATE PLAX LISTERINE CEPACOL 2 OU + Outros<br />

Clorexidina<br />

Triclosan<br />

óleos essenciais<br />

fenólicos<br />

Cloreto de<br />

Cetilperidínio COLUTORIOS<br />

Não indicam<br />

nenhum<br />

55 24 15 10 23 29 9<br />

33% 14,50% 9,10% 6,10% 13,90% 17,60% 5,50%<br />

Ao responderem qual o regime terapêutico (número<br />

de vezes ao dia e por quanto tempo) para a prescrição da<br />

clorexidina, 46 (27,9%) prescreveram por até 7 dias, 16 (9,7%)<br />

por até 10 dias, 30 (18,2%) por mais de 10 dias, 73 (44,2%) não<br />

responderam à pergunta e somente 29 (17,6%) responderam<br />

corretamente o regime terapêutico (número de vezes ao dia<br />

e por quanto tempo) da clorexidina.<br />

Para finalizar, questionou-se sobre qual o dentifrício mais<br />

indicado na sua prática clínica e qual o ingrediente ativo<br />

presente nele. 87 (52,7%) responderam a marca Colgate,<br />

22 (13,3%) responderam o Sensodyne; e 56 (34%) indicam<br />

qualquer dentifrício. Contudo, dos 87 cirurgiões-dentistas que<br />

optaram pela marca Colgate, 47 (28,5%) indicaram dentifrícios<br />

variados desta marca e 40 (24,2%) indicaram o Colgate Total<br />

12. Dos 40 cirurgiões-dentistas que indicaram Colgate Total<br />

12, 24 (60%) responderam corretamente o ingrediente ativo<br />

presente neste dentifrício. Com relação ao Sensodyne, dos<br />

22 cirurgiões-dentistas que a indicaram, somente 2 (9,1%)<br />

responderam corretamente o ingrediente ativo presente<br />

neste dentifrício.<br />

DISCUSSÃO<br />

Na última década vários ingredientes têm sido adicionados<br />

aos colutórios e dentifrícios visando tanto o controle do<br />

biofilme dentário, quanto da formação do cálculo ou ainda<br />

para o tratamento da hipersensibilidade. Depois do flúor,<br />

utilizado hoje em basicamente todos os produtos de higiene<br />

oral, tivemos a inclusão do pirofosfato para o controle do<br />

cálculo, triclosan, copolímero gantrez, citrato de zinco, cloreto<br />

de cetilpiridínio, clorexidina e os óleos essenciais para o<br />

controle do biofilme dentário e citrato de potássio, nitrato de<br />

potássio e cloreto de estrôncio agindo contra a sensibilidade<br />

dentinária.(Corso et al , 2004)<br />

O Colgate Periogard apresenta como ingrediente ativo<br />

(antimicrobiano) o digluconato de clorexidina a 0,12%. De<br />

todos esses produtos, a clorexidina vem sendo aclamada<br />

como agente mais efetivo para o controle químico da placa<br />

bacteriana por diferentes décadas ( Puppin et al ,2001). Para<br />

bochechos recomenda-se 15 ml (1 tampa cheia) de Colgate<br />

Periogard por 30 segundos, duas vezes ao dia, pela manhã<br />

e à noite após higiene bucal, segundo o fabricante. Em<br />

baixa concentração provoca um aumento da permeabilidade<br />

da membrana bacteriana fazendo com que haja perda de<br />

componentes intracelulares, inclusive potássio. Em alta<br />

concentração causa precipitação do citoplasma bacteriano<br />

e morte celular (Lindhe et al , 2005). De acordo com<br />

CIANCIO (1995), não tem sido relatada toxicidade sistêmica<br />

da clorexidina, já que esta é pouco absorvida no sistema<br />

gastrintestinal. No uso oral, em enxaguatórios, a clorexidina<br />

53<br />

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R. Periodontia - 20(4):51-55<br />

tem mostrado vários efeitos colaterais locais. Esses efeitos são:<br />

manchas acastanhadas nos dentes, em alguns materiais de<br />

restauração e no dorso da língua; perturbação no paladar em<br />

que o sabor do sal parece estar preferencialmente afetado<br />

e os alimentos e as bebidas com gosto mais suave; erosão<br />

da mucosa oral, estas são raramente vistas com produtos<br />

enxaguatórios a 0,12% usados em um volume de 15 ml;<br />

tumefação unilateral ou bilateral da parótida, essa é uma<br />

ocorrência extremamente rara, e estímulo à formação<br />

de cálculo supragengival. A clorexidina possui uma ação<br />

antimicrobiana com duração de 12 horas (Lindhe et al,2005).<br />

Neste trabalho, de todos os indivíduos interrogados, a<br />

clorexidina foi o mais lembrado na prescrição, porém a grande<br />

maioria não realizou uma correta prescrição demonstrando<br />

desconhecimento dos efeitos deletérios ocasionados pelo uso<br />

contínuo deste produto.<br />

O Listerine é uma associação de óleos essenciais fenólicos<br />

em veículo hidroalcoólico, trata-se de uma mistura de<br />

eucaliptol, timol, mentol e salicilato de metila. Seu mecanismo<br />

de ação consiste na desnaturação de proteínas bacterianas,<br />

alteração da permeabilidade da membrana externa de<br />

bactérias Gram-negativas e quelação de cátions presentes no<br />

citoplasma bacteriano, resultando na inativação de enzimas<br />

(Gaetti-Jardim et al, 1998). Além da atividade antimicrobiana,<br />

o Listerine é capaz de exercer ação antiinflamatória.<br />

Recentemente vem sendo acrescentado a produtos com<br />

óleos essenciais o cloreto de zinco, pois segundo o fabricante,<br />

ele interfere na formação de cristais de fosfato de cálcio, no<br />

crescimento do cristal e na mineralização da placa bacteriana,<br />

minimizando a formação de tártaro. Apresenta como efeitos<br />

adversos ardor e descamação das mucosas (Oliveira et al<br />

, 1998) . Para bochechos recomenda-se 20 ml de Listerine<br />

durante 30 segundos, 2 vezes ao dia ( manhã e a noite)<br />

após escovação, segundo o fabricante. Apesar de ser um<br />

dos colutórios mais usados em outros países, este estudo<br />

demonstrou que, entre os cirurgiões-dentistas pesquisados, o<br />

Listerine configurou como o terceiro colutório na preferência<br />

destes.<br />

O Colgate Plax apresenta como ingrediente ativo<br />

(antimicrobiano) o triclosan. O antimicrobiano não-iônico<br />

triclosan é considerado parte do grupo dos fenóis e tem<br />

sido amplamente usado por muitos anos em vários produtos<br />

receitados, incluindo antiperspirantes e sabões. Em acréscimo,<br />

o triclosan tem efeito antiinflamatório. A duração de sua<br />

atividade antimicrobiana é de 5 horas (Lindhe et al, 2005).<br />

Sua ação baseia-se na desorganização da membrana celular<br />

e inibição das enzimas da membrana(Torres et al, 2000). A<br />

atividade do triclosan parece ser reforçada pela adição de<br />

citrato de zinco ou do copolímero éter polivinilmetil do ácido<br />

maléico. O copolímero parece aumentar a retenção enquanto<br />

o zinco parece aumentar a atividade antimicrobiana (Gebran<br />

et al , 20<strong>02</strong>). O fabricante não indica no rótulo do produto<br />

a posologia deste, indicando apenas o número de vezes ao<br />

dia (2 vezes, de manhã e a noite), após escovação. Apesar<br />

dos profissionais questionados associarem o Colgate Plax<br />

ao triclosan, o fabricante, recentemente, pôs no mercado<br />

o Colgate Plax à base de cloreto de cetilpiridínio. Essas<br />

medidas não são seguidas de informações aos profissionais,<br />

que, segundo esta pesquisa, já não demonstram muito<br />

conhecimento sobre a composição de colutórios e dentifrícios.<br />

O Colgate Plax foi o segundo colutório mais indicado entre<br />

os ent<strong>revista</strong>dos nesse trabalho.<br />

O Cepacol que apresenta como ingrediente ativo<br />

(antimicrobiano) o cloreto de cetilpiridínio foi indicado por<br />

10 (6,1%) cirurgiões-dentistas. Isto mostra que os cirurgiõesdentistas<br />

da cidade de Fortaleza indicam muito pouco o<br />

uso do Cepacol para controle químico do biofilme e, poucos<br />

conhecem o seu ingrediente ativo. O cloreto de cetilpiridínio<br />

é usado numa ampla variedade de produtos enxaguatórios<br />

bucais anti-sépticos geralmente a uma concentração de<br />

0,05%. Para o pH oral esses anti-sépticos são monocatiônicos<br />

e adsorvem rapidamente e quantitativamente em uma<br />

extensão maior que a clorexidina nas superfícies orais<br />

(Bonesvol & Gjermo,1978) . Entretanto, a efetividade de ação<br />

do cloreto de cetilpiridínio parece ser de apenas 3-5 horas(<br />

Roberts & Addy,1981) devido à perda da atividade quando<br />

adsorvido ou rápida eliminação.<br />

Especula-se que sua ação ocorra por ligações catiônicas<br />

muito semelhantes às que ocorrem com a clorexidina. O<br />

mecanismo de ação está relacionado com o aumento da<br />

permeabilidade da parede celular, que favorece a lise, diminui<br />

o metabolismo celular, e a habilidade da bactéria em se<br />

aderir à superfície dentária (Torres et al ,2000). Como efeitos<br />

adversos incluem manchamento dentário e sensação de<br />

ardência na boca. Esses agentes estão disponíveis em um<br />

veículo alcoólico de 14% a 18%, com Ph entre 5,5 e 6,5, são<br />

recomendados para uso duas vezes ao dia(Torres et al, 2000).<br />

Para bochechos recomenda-se 10ml a 20ml no mínimo em<br />

30 segundos de manhã e à noite, após escovar os dentes,<br />

segundo o fabricante.<br />

Ainda com relação à indicação de colutórios esse estudo<br />

mostrou que 9 (5,5%) dos cirurgiões-dentistas pesquisados<br />

não indicam nenhum anti-séptico para controle químico do<br />

biofilme. Além disso, 29(17,6%) indicaram outros colutórios,<br />

como por exemplo: Malvatricin, Sanifil, Noplak, Oral B.<br />

Com relação aos dentifrícios, esse estudo mostrou que<br />

uma grande parte dos investigados não têm preferência<br />

por algum dentifrício específico, ou seja, 56(34%) indicaram<br />

54<br />

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R. Periodontia - 20(4):51-55<br />

qualquer um dentifrício, muito deles alegando que indicavam<br />

qualquer um que contenha flúor. A marca mais citada foi<br />

Colgate, tendo o Colgate Total 12 como o dentifrício de<br />

preferência. O Sensodyne também foi citado, porém apenas<br />

2 (9,1%) sabiam qual o ingrediente ativo presente neste<br />

dentifrício.<br />

CONCLUSÃO<br />

A literatura não relata trabalhos que avaliem o<br />

conhecimento do cirurgião-dentista sobre a prescrição de<br />

compostos químicos que auxiliam no controle do biofilme<br />

dentário. Os resultados encontrados demonstram despreparo<br />

dos cirurgiões-dentistas não <strong>perio</strong>dontistas na indicação<br />

e prescrição de tais produtos. Além disso, as constantes<br />

modificações nas fórmulas realizadas pelos fabricantes,<br />

dificultam essa correta prescrição.<br />

ABSTRACT<br />

Introduction - The dental biofilm control is very important<br />

to prevention and treatment of <strong>perio</strong>dontal diseases. This,<br />

require from the patients a great interest and a good<br />

knowledge of the dentist about the available products in the<br />

brazilian market.<br />

Materials and Methods - One hundred sixty-five dentists<br />

were interviewed in the city of Fortaleza, independent of time<br />

of graduation or specialization, excluding the <strong>perio</strong>dontists.<br />

Results - The collutorium most indicated was the<br />

Periogard 55 (33.3%); The active ingredient with more<br />

adjustment was the chlorhexidine 132 (80%); With respect<br />

to therapeutic regimen of chlorhexidine 73 (44.2%) did not<br />

answer, and 29 (17.6%) answered correctly; The dentifrices<br />

most indicated were of the mark Colgate 87 (52.7%); With<br />

respect the Colgate Total 12, 24 (60%) indicated your active<br />

ingredient correctly.<br />

Conclusion - It was also observed a low note in the<br />

prescription of collutorium and also in the knowledge of the<br />

active ingredients of both the collutorium as the dentifrices.<br />

UNITERMS: dental plaque, mouthwashes, dentifrices.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Érica Melo Gonçalves<br />

Rua Carolina Sucupira 444 - Aldeota<br />

CEP: 60.140-120 – Fortaleza - CE<br />

TEL.: (85) 3244-2323<br />

55<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL DE PACIENTES<br />

GASTROPLASTIZADOS<br />

Oral health status of patients under bariatric surgery<br />

Érica Melo Gonçalves 1 , Diany Muniky de Gomes e Souza 1 , Eliza Carvalho Teixeira 1 , Renata Asfor Rocha Carvalho 1 , Danilo Lopes<br />

Ferreira Lima 2 , Luis Gonzaga de Moura Júnior 3<br />

RESUMO<br />

A obesidade vem atingindo padrões de epidemia<br />

tornando-se um problema grave de saúde pública. Dentre<br />

os tratamentos propostos no combate à obesidade<br />

mórbida, a cirurgia bariátrica é um dos mais utilizados<br />

atualmente. O presente estudo teve como objetivo avaliar<br />

a condição de saúde bucal de pacientes gastroplastizados.<br />

Foram avaliados 30 pacientes através de um questionário<br />

para coleta de dados de sua saúde geral. Posteriormente,<br />

cada indivíduo foi submetido a exame clínico da cavidade<br />

bucal para investigação do Índice de Sangramento Gengival<br />

(ISG), Registro Periodontal Simplificado (PSR), Índice de<br />

Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD) e fluxo<br />

salivar. No grupo foram observados 17 (56,7%) pacientes<br />

que apresentavam hipossalivação. O CPOD médio<br />

9,9 e 9 pacientes apresentaram bolsas <strong>perio</strong>dontais. A<br />

hipossalivação foi um achado frequente assim como a baixa<br />

ocorrência de sangramento gengival e dentes cariados.<br />

UNITERMOS: obesidade mórbida, cirurgia bariátrica,<br />

saúde bucal. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:56-60.<br />

1<br />

Graduandas em Odontologia, Universidade de Fortaleza<br />

2<br />

Doutor em Ciências da Saúde - PPGCSA-UFRN, Professor Assistente de Clínica Odontológica –<br />

Universidade de Fortaleza<br />

3<br />

Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará, Professor Assistente da Universidade<br />

Estadual do Ceará<br />

Recebimento: 05/10/10 - Correção: 29/10/10 - Aceite: 24/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Organização Mundial da Saúde (OMS) (2006)<br />

definiu obesidade como uma doença crônica,<br />

não transmissível, caracterizada pelo acúmulo<br />

excessivo de tecido adiposo em todo o corpo que,<br />

frequentemente, provoca prejuízos à saúde (BREGION<br />

et al., 2007). Sua etiologia é complexa e multifatorial,<br />

incluindo desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto<br />

energético, aspectos ambientais, socioeconômicos,<br />

culturais, comportamentais, psicossociais, endócrinos<br />

e genéticos (OMS, 2006). Atualmente, a obesidade<br />

é um grave problema de saúde pública nos países<br />

desenvolvidos e um crescente problema nos países<br />

em desenvolvimento (VELASQUEZ-MELENDEZ et<br />

al., 2004).<br />

O excesso de peso é diagnosticado a partir do<br />

Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pela razão<br />

entre o peso em quilogramas (kg) e o quadrado da<br />

altura em metros (m). Se esse índice alcança valor<br />

igual ou su<strong>perio</strong>r a 25 kg/m², há excesso de peso. A<br />

obesidade é diagnosticada quando o índice atinge ou<br />

supera 30 kg/m². Quanto à gravidade, a OMS define<br />

obesidade grau I quando o IMC situa-se entre 30 e<br />

34,9 kg/m 2 , grau II quando está entre 35 e 39,9 kg/<br />

56<br />

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R. Periodontia - 20(4):56-60<br />

m 2 e grau III quando ultrapassa 40 kg/m 2 , já considerado<br />

obesidade mórbida (SEGAL & FANDIÑO, 20<strong>02</strong>).<br />

O tratamento para obesidade consiste na implementação<br />

de uma dieta equilibrada, alteração comportamental do<br />

paciente, desenvolvimento de atividade física e por meio<br />

de medicamentos. A cirurgia bariátrica é uma alternativa de<br />

tratamento, mas só deve ser indicada nos casos de obesidade<br />

mórbida, ou seja, pacientes com IMC maior ou igual a 40<br />

kg/m 2 ou com IMC maior ou igual a 35 kg/m 2 e desde que<br />

esteja associada a comorbidades sérias como problemas<br />

osteoarticulares, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2,<br />

doença na vesícula, apneia do sono e dislipidemias (PUGLIA,<br />

2004).<br />

A escolha de pacientes necessita de, no mínimo,<br />

cinco anos de progresso da obesidade com insucesso de<br />

tratamentos convencionais realizados por profissionais<br />

capacitados, ausência de causa endócrina de obesidade,<br />

como hipopituitarismo ou síndrome de Cushing e avaliação<br />

favorável das possibilidades psíquicas do paciente suportar<br />

transformações radicais de comportamento impostas pela<br />

operação. A cirurgia é contra-indicada em indivíduos com<br />

pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão acentuada<br />

do miocárdio e cirrose hepática (CONSELHO FEDERAL DE<br />

MEDICINA, 2005).<br />

Todos os tipos de procedimentos cirúrgicos desorganizam<br />

a anatomia e/ou fisiologia digestiva e controla a obesidade<br />

através de um mecanismo de restrição e/ou má-absorção<br />

dos alimentos ingeridos. As cirurgias são classificadas como<br />

disabsortivas e/ou restritivas. São reconhecidas 3 técnicas de<br />

tratamento cirúrgico (LEMOS, 2006)<br />

A técnica cirúrgica mais utilizada, inclusive nos pacientes<br />

examinados no presente trabalho, é a do tipo mista, na<br />

qual há redução do tamanho do estômago, estabelecendo<br />

restrições. Existem três variações, sendo a mais conhecida a<br />

gastroplastia vertical com by-pass em Y de Roux, denominada<br />

Fobi-Capella. A técnica consiste na secção do estômago de<br />

forma a delimitar um pequeno reservatório junto à cárdia,<br />

com capacidade de aproximadamente 20 mL. Todo o restante<br />

do estômago, assim como o duodeno e os primeiro 30 cm<br />

de jejuno, ficam permanentemente excluídos do trânsito<br />

alimentar. O pequeno reservatório gástrico é anastomosado<br />

a uma alça jejunal isolada em Y de Roux e seu esvaziamento<br />

é limitado por um orifício de 1,3 cm de diâmetro (GARRIDO<br />

JUNIOR, 2000). A ingestão de carboidratos simples pode,<br />

assim, ocasionar a chamada síndrome de “dumping” (náuseas,<br />

vômitos, rubor, dor epigástrica, sintomas de hipoglicemia).<br />

Além da restrição por diminuição do volume do estômago,<br />

ocorre uma pequena disabsorção dos alimentos, porque eles<br />

deixam de passar pela primeira porção do intestino delgado<br />

(SILVA, 20<strong>08</strong>).<br />

Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica frequentemente<br />

apresentam transtornos alimentares, como anorexia nervosa,<br />

bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar. Essas<br />

situações levam à alta ingestão de carboidratos, regurgitação<br />

de ácidos, alcalose metabólica e má nutrição, que repercutem<br />

diretamente na cavidade bucal (CALDEIRA et al., 2000;<br />

MENEZES et al., 2001). As manifestações orais dos pacientes<br />

gastroplatizados não têm sido bem relatadas na literatura,<br />

tornando-se o objetivo do presente estudo.<br />

METODOLOGIA<br />

A presente pesquisa foi submetida e aprovada pelos<br />

Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza<br />

e do Hospital Geral Dr. César Cals sob pareceres n os 314/09<br />

e 360/09 respectivamente.<br />

Esse trabalho é um estudo do tipo descritivo, transversal<br />

e randomizado para análise das condições de saúde bucal de<br />

pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Foram examinados<br />

30 pacientes gastroplastizados atendidos na Unidade de<br />

Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Geral Dr. César<br />

Cals e no Núcleo de Obesos do Ceará.<br />

Foram incluídos nesse trabalho todos os pacientes<br />

submetidos à cirurgia bariátrica independentemente de sexo,<br />

faixa etária e que foram voluntários à pesquisa e excluídos<br />

pacientes com menos de 6 meses de pós-operatório.<br />

Foi realizada uma ent<strong>revista</strong> com os pacientes para<br />

coleta de dados de sua saúde geral. Em seguida cada<br />

paciente foi submetido a exame clínico da cavidade bucal<br />

para investigação do Índice de Sangramento Gengival (ISG),<br />

Registro Periodontal Simplificado (PSR), Índice de Dentes<br />

Cariados Perdidos e Obturados (CPOD) de Klein e Palmer<br />

(1937) e fluxo salivar.<br />

Posteriormente todos os dados foram tabulados na<br />

planilha Microsoft ® Excel e expressos me médias (± DP) e<br />

percentuais.<br />

RESULTADOS<br />

Foram examinados 30 pacientes sendo 5 (16,7%) do sexo<br />

masculino e 25 (83,3%) do sexo feminino. As idades variaram<br />

entre 19 e 64 anos com média de 38,5±10,9 anos. Dezoito<br />

(60%) pacientes estavam na faixa etária compreendida entre<br />

19 e 40 anos enquanto 12 (40%) apresentavam idade entre 41<br />

e 64 anos (Figura 1). Com relação ao tempo de pós-operatório<br />

foi observado que os pacientes avaliados tinham de 6 a 84<br />

meses de realização do procedimento cirúrgico com média<br />

de 19,7±16,3 meses.<br />

57<br />

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do ISG observou-se um baixo percentual de sangramento<br />

gengival com média de 8,3 ± 14,3% dentes onde apenas 2<br />

(6,6%) pacientes apresentando ISG acima de 20%.<br />

Em 19 (63,3%) pacientes examinados foi detectada<br />

a presença de erosão dentária, enquanto <strong>11</strong> (36,7%) não<br />

apresentaram essa perda de esmalte. Dos ent<strong>revista</strong>dos<br />

64% relataram episódios de vômitos. Do total da amostra<br />

55% regurgitam ocasionalmente, 5% semanalmente e 4%<br />

diariamente (Figura 4).<br />

Figura 01: Percentual de pacientes por faixa etária<br />

Foi observada hipossalivação no grupo total com uma<br />

média de fluxo salivar de 0,8 ± 0,4ml/min., onde 17 (56,7%)<br />

foram considerados com hipossalivação, 4 (13,3%) com<br />

salivação baixa e 9 (30%) com salivação normal (Figura 2).<br />

Figura 04: Percentual de frequência de vômitos<br />

DISCUSSÃO<br />

Figura <strong>02</strong>: Percentual da condição do fluxo salivar<br />

O exame dentário demonstrou CPOD médio de 9,9 ±<br />

6 dentes onde o item obturado foi o maior responsável por<br />

esse resultado com média de 7 ± 4,3 dentes comparando-se<br />

com os itens cariados (média = 0,1 ± 0,3 dentes) e perdidos<br />

(média = 2,7 ± 5 dentes) (Figura 3).<br />

Na avaliação <strong>perio</strong>dontal ficou evidenciada a presença de<br />

bolsas <strong>perio</strong>dontais em 9 pacientes (30%), enquanto 21(70%)<br />

não apresentaram PSR 3 ou 4 nem asterisco. Na avaliação<br />

Figura 03: Percentual do CPOD<br />

A obesidade aumentou no Brasil. Atualmente, 13% dos<br />

adultos são obesos, sendo o índice maior entre as mulheres<br />

(13,6%) do que entre os homens (12,4%). Em 2006, quando<br />

foi apresentada a primeira edição do estudo Vigilância de<br />

Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por<br />

Inquérito Telefônico (VIGITEL), <strong>11</strong>,4% dos brasileiros eram<br />

obesos. Em 2007, esse índice subiu para 12,9%. Quanto à<br />

relação com a idade, a maior frequência de obesidade em<br />

homens ocorre entre 45 e 54 anos de idade. Nessa faixa etária,<br />

o índice aumenta mais de três vezes comparado àqueles entre<br />

18 e 24 anos, diminuindo nas faixas seguintes. Nas mulheres,<br />

a frequência aumenta mais de seis vezes entre 18 e 24 anos e<br />

de 55 a 64 anos, e diminui a partir dos 65 anos (MINISTÉRIO<br />

DA SAÚDE, 2009).<br />

O principal achado na cavidade bucal dos pacientes<br />

examinados foi a presença de fluxo salivar inferior a 0,7 mL/<br />

min, o qual é descrito como hipossalivação. Dentre os fatores<br />

etiológicos dessa condição estão: alterações hormonais,<br />

desidratação, respiração bucal crônica, doenças sistêmicas<br />

como diabetes mellitus, nefrite e disfunção da tireóide,<br />

administração de medicamentos com potencial xerostômico,<br />

alterações psicológicas como ansiedade e depressão, bem<br />

como a falta de vitamina A, que pode resultar em retenção<br />

da secreção salivar (LOPES et al, 20<strong>08</strong>).<br />

Indivíduos que sofrem de hipossalivação apresentam<br />

uma série de prejuízos de deglutição e fonação, além<br />

58<br />

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R. Periodontia - 20(4):56-60<br />

daqueles que dizem respeito à função digestiva, a qual está<br />

vinculada principalmente a ação da enzima amilase salivar<br />

que é fundamental na formação do bolo alimentar. Em<br />

baixo fluxo, a saliva não desempenha sua função protetora<br />

adequadamente, acarretando deficiência na limpeza mecânica<br />

de detritos alimentares e carboidratos derivados dos alimentos<br />

(PINTO, 2000). A diminuição da secreção salivar reduz o efeito<br />

tampão neutralizador, que promove a remineralização das<br />

lesões iniciais do esmalte dentário, favorecendo a instalação<br />

da doença cárie (STAMFORD et al, 2005).<br />

Os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica são<br />

orientados pelos médicos a ingerirem em média 2L de água<br />

em pequenas quantidades ao longo do dia. Ao retornarem<br />

à sua rotina habitual, muitos pacientes negligenciam essa<br />

orientação, o que acarreta um quadro de desidratação,<br />

sendo possivelmente uma das causas da redução do fluxo<br />

salivar observada. O papel do cirurgião-dentista é orientar<br />

esses pacientes no que diz respeito à higiene bucal, ingestão<br />

de água e alternativas para estimular o fluxo salivar como<br />

utilização de gomas de mascar no intuito de reduzir os efeitos<br />

da hipossalivação ou então a utilização de saliva artificial<br />

quando necessária.<br />

Durante questionário com os gastroplastizados, muitos<br />

relataram episódios de vômitos frequentes que puderam ser<br />

ocasionados por: mastigação deficiente, tentativa de ingerir<br />

uma quantidade maior de alimentos que o estômago suporta<br />

ou desenvolvimento de algum transtorno alimentar como a<br />

bulimia. Em um grupo de <strong>11</strong>6 pacientes submetidos à cirurgia<br />

gástrica restritiva, estudados por 10 anos, foram encontrados<br />

episódios bulímicos em 52% dos casos, Transtorno da<br />

Compulsão Alimentar Periódica (Binge Eating Disorder) em<br />

16% e Síndrome do Comer Noturno em 10% (CORDÁS et<br />

al, 2004).<br />

A regurgitação pode ser um fator etiológico da alta<br />

incidência de erosão nos pacientes examinados. Quando<br />

a erosão é provocada por vômitos e regurgitações crônicas<br />

do conteúdo ácido do estômago o quadro odontológico é<br />

conhecido como perimólise e pode levar a perdas severas de<br />

esmalte e dentina, principalmente em superfícies palatinas,<br />

linguais e vestibulares. Como consequência pode haver<br />

exposição pulpar, hipersensibilidade dentinária, diastemas,<br />

perda da dimensão vertical, bordas incisais finas e fraturadas,<br />

proeminência das restaurações, pseudo mordida aberta e<br />

comprometimento estético (SANTOS & BARBOSA, 2004). Os<br />

episódios de vômitos são geralmente seguidos de prática de<br />

limpeza dental vigorosa, que pode favorecer ainda mais a perda<br />

dos tecidos duros dentais. Portanto, o cirurgião-dentista deve<br />

instruir o paciente a não realizar escovação imediatamente<br />

após a regurgitação, mas sim bochechar colutórios fluoretados<br />

(NaF 0,05%) para que não haja sinergismo do efeito mecânico<br />

e erosivo (RESENDE at al, 2005).<br />

Outros achados relacionados à saúde bucal foram<br />

hábitos parafuncionais, como mordiscar lábios, bruxismos<br />

cêntrico e excêntrico, roer unhas, entre outros, que podem<br />

ser representativos de um quadro de ansiedade. Tais hábitos<br />

podem acarretar desconforto muscular e das articulações<br />

têmporo-mandibulares, desgaste das incisais e fratura de<br />

restaurações (SILVA, 20<strong>08</strong>). O cirurgião-dentista pode agir<br />

minimizando esse desconforto e promovendo a reabilitação<br />

oral desses pacientes.<br />

Os gastroplastizados necessitam de um sistema<br />

mastigatório eficiente a fim de potencializar a absorção<br />

de nutrientes (FERNANDES, 2001). No entanto, múltiplas<br />

ausências dentárias foram detectadas no ato dos exames,<br />

mostrando a necessidade protética desses pacientes.<br />

A presença de <strong>perio</strong>dontite em pacientes submetidos<br />

à cirurgia bariátrica não tem sido relatada na literatura,<br />

contudo estudos recentes apontam uma maior prevalência<br />

de <strong>perio</strong>dontites em pacientes obesos (PISCHON et al. 2007).<br />

CONCLUSÕES<br />

A população estudada foi composta principalmente por<br />

adultos jovens. Em relação à condição bucal observou-se<br />

hipossalivação frequente e baixa ocorrência de sangramento<br />

gengival e dentes cariados. O CPOD elevado esteve associado<br />

principalmente a história passada de doença (itens O e P).<br />

ABSTRACT<br />

Obesity is reaching epidemic levels becoming a serious<br />

Public Health problem. Among the proposed treatments<br />

against obesity, bariatric surgery is one of the most widely<br />

used. This study aimed to evaluate the oral health of patients<br />

who were submitted to the surgical procedure. Were evaluated<br />

30 patients through an interview to collect data from your<br />

general health. Subsequently, each person underwent clinical<br />

examination of the oral cavity to investigate the Gingival<br />

Bleeding Index (GBI), Periodontal Screening and Recording<br />

(PSR), Decayed, Missing and Filled Teeth Index (DMFT) and<br />

flow rate. In the group was observed 17 (56.7%) patients who<br />

had hyposalivation. The mean DMFT was 9.9 and 9 patients<br />

showed <strong>perio</strong>dontal pockets. Gingival bleeding was observed<br />

in alow percentage of teeth (8.3%). A reduced salivary flow<br />

was a frequent finding as well as low occurrence of gingival<br />

bleeding and decayed teeth.<br />

UNITERMS: morbid obesity, bariatric surgery, oral health.<br />

59<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Érica Melo Gonçalves<br />

Rua Carolina Sucupira , 444<br />

CEP: 60140-120 - Aldeota – Fortaleza –Ceará<br />

E-mail: ericamelogoncalves@yahoo.com.br<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE DIFERENTES PÓS DE<br />

BICARBONATO SOBRE A SUPERFÍCIE RADICULAR<br />

Assessment of effect of several sodium bicarbonate powders over root surface<br />

Roberto A. Andrade Acevedo 1 , Laura E. Hidalgo de Andrade 2 , Manuel Espinoza 3 , Emilio Barbosa e Silva 4 , José Eduardo Cézar<br />

Sampaio 5<br />

RESUMO<br />

O controle da placa bacteriana é um fator chave na<br />

prevenção, controle e manutenção da doença <strong>perio</strong>dontal.<br />

Dentro dos métodos desenhados para tal objetivo<br />

encontra-se a aplicação do jato de bicarbonato, indicado<br />

principalmente para a remoção da placa bacteriana<br />

supragengival e manchas exógenas localizadas sobre o<br />

dente. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo<br />

avaliar o efeito do jateamento de 5 marcas comerciais de<br />

bicarbonato de sódio sobre o cemento dentário, através do<br />

microscópio eletrônico de varredura (MEV) e a caracterização<br />

física das partículas dos pós abrasivos pelo teste BET (área<br />

específica). Os resultados mostraram que todos os pós<br />

produziram uma superfície irregular e rugosa semelhantes<br />

entre si; o teste BET mostrou que o pó INODON (3,29<br />

m2/g) apresentou a menor área específica, o POLIDENT<br />

(5,22 m2/g) a maior, os outros pós apresentaram valores<br />

intermediários entre os dois anteriores. Os achados do teste<br />

BET foram concordantes com as características encontradas<br />

na superfície no MEV.<br />

Concluiu-se que todos os pós produziram superfícies<br />

irregulares e semelhantes e as diferenças entre os grupos<br />

não foram significativas.<br />

UNITERMOS: bicarbonatos, análise química, injeções<br />

a jato, placa dentária. R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:61-67.<br />

1<br />

Doutor em Cirurgia Dental Universidade Evangélica de El Salvador, Mestre e Doutor em<br />

Periodontia Faculdade de Odontologia de Araraquara, UNESP<br />

Professor Titular do Departamento de Medicina e Cirurgia, Área de Periodontia, Faculdade de<br />

Odontologia da Universidade Evangélica de El Salvador/UEES<br />

2<br />

Doutora em Cirurgia Dental Universidade Evangélica de El Salvador;<br />

Mestre e Doutora em Dentística Faculdade de Odontologia de Araraquara, UNESP<br />

3<br />

Doutor em Cirurgia Dental Universidade Evangélica de El Salvador, Mestre em Odontologia<br />

Preventiva (Universidade Complutense de Madrid), Professor Titular Departamento de<br />

Odontologia Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Evangélica de El Salvador<br />

4<br />

Mestre e Doutor em Periodontia FOAr/UNESP, Professor Coordenador dos Cursos de<br />

Especialização em Periodontia e Implantodontia Associação Brasileira de Odontologia - DF<br />

5<br />

Professor Titular Departamento Diagnóstico e Cirurgia, disciplina de Periodontia, Faculdade de<br />

Odontologia de Araraquara, UNESP<br />

Recebimento: 25/10/10 - Correção: 19/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 30/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUÇÃO<br />

A placa bacteriana representa o principal fator<br />

etiológico para o desenvolvimento da doença<br />

<strong>perio</strong>dontal. O cálculo, por sua vez, é um fator<br />

secundário que, junto com a superfície radicular<br />

exposta promove maior retenção de placa, interferindo<br />

negativamente no adequado controle da mesma<br />

(Checchi & Pelliccioni, 1988).<br />

Desta forma, a remoção da placa bacteriana<br />

tanto supra como subgengival, cálculo e cemento,<br />

que pelas suas características de permeabilidade se<br />

apresenta altamente contaminado, são procedimentos<br />

fundamentais no tratamento da doença <strong>perio</strong>dontal,<br />

promovendo uma superfície lisa, rígida e livre de<br />

substâncias tóxicas, biologicamente compatível<br />

com os tecidos moles, estimulando a reorganização<br />

tecidual e contração do tecido edemaciado com<br />

consequente redução da profundidade de bolsa.<br />

Para alcançar estes objetivos têm sido utilizados<br />

instrumentos manuais, rotatórios, sônicos,<br />

ultrassônicos, laser, diversos tipos de escovas, taças<br />

de borracha associadas a pastas abrasivas (Glickman,<br />

1972; Morlock et al., 1992) e jato de bicarbonato<br />

61<br />

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R. Periodontia - 20(4):61-67<br />

(Willmann et al., 1980; Atkinson et al., 1984; Weaks et al.,<br />

1984).<br />

Estes métodos produzem diversos efeitos sobre a raiz,<br />

desde ranhuras e asperezas até escavações e crateras de<br />

intensidade variável (Jotikasthira et al., 1992), dependendo<br />

do desenho, qualidade do instrumento e técnica de<br />

instrumentação (Woodruff et al., 1975; Zappa et al., 1991).<br />

Em relação ao jato de ar-água e pó abrasivo, é um sistema<br />

que foi introduzido no mercado em 1977, e projetado para<br />

utilizar uma combinação de partículas de bicarbonato de sódio<br />

tratadas com fosfato de cálcio, água e ar, os quais formam<br />

um “spray” abrasivo removendo mecanicamente manchas<br />

extrínsecas e placa bacteriana (Willman et al., 1980; Atkinson<br />

et al. 1984; Weaks et al., 1984).<br />

Alguns autores relatam que este sistema produz abrasão<br />

da superfície radicular, remoção das fibras conjuntivas (Boyde,<br />

1984; Lima & Verri, 1984; Newman et al., 1985; Petersson et<br />

al., 1985; Horning et al., 1987), agressão aos tecidos gengivais,<br />

sensibilidade dentinária e sangramento (Mishkin et al., 1986;<br />

Orrico et al., 1989). No entanto, outros autores observaram<br />

a prevenção e/ou diminuição da sensibilidade dentinária em<br />

virtude da imediata obliteração dos túbulos dentinários pelos<br />

cristais de pó abrasivo, sem alterações clínicas nem histológicas<br />

significativas (Atkinson et al, 1984; Lima et al., 1984; Horning<br />

et al., 1987; Kontturi-Nãrhi et al., 1990; Sampaio et. al., 1994).<br />

Contudo, o jato de bicarbonato é muito eficiente na<br />

remoção da placa bacteriana, manchas e resíduos de cálculo<br />

em fóssulas e fissuras oclusais, sem modificar significativamente<br />

a superfície do esmalte, mas sim a superfície do cemento e<br />

dentina (Dederich et al., 1989; Sampaio, 1997; Rosell, 1998,<br />

Cardozo et al., 2004) deixando-as irregulares e pontilhadas;<br />

razão pela qual se sugere minimizar o tempo de exposição e<br />

a profilaxia com pastas finas nestes tecidos (Bailey & Phillips,<br />

1950; Willmann et al., 1980; Boyde, 1984; Nuti Sobrinho et<br />

al., 1984; Galloway & Pashley, 1987; Koslovsk et al., 1989).<br />

Pompeu et al. (1996) avaliaram a eficácia de diferentes<br />

tipos de pós de bicarbonato de sódio misturados ou não<br />

com sílica na remoção da placa bacteriana; mostrando que<br />

o tempo de aplicação e as características próprias dos grãos<br />

abrasivos do pó estão relacionados com a capacidade de<br />

remover o biofilme.<br />

Considerando a importância do jato de bicarbonato<br />

como uma ferramenta a mais dentro da pratica odontológica,<br />

nos propusemos avaliar através do microscópio eletrônico<br />

de varredura (MEV) e a análise das características físicas das<br />

partículas do pó, pela obtenção da área específica através do<br />

teste BET, o efeito da aplicação do jato de bicarbonato sobre<br />

a superfície do cemento utilizando 5 marcas comerciais de<br />

pó de bicarbonato de sódio.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram utilizados dentes humanos provenientes de<br />

um banco de dentes conservados em soro fisiológico sem<br />

evidência de cálculo, cáries radiculares, trincas, fraturas ou<br />

qualquer defeito decorrente da exodontia e/ou tratamentos<br />

anteriores.<br />

Os dentes selecionados, após serem lavados, foram<br />

secionados separando a coroa abaixo da junção cementoesmalte<br />

utilizando caneta de baixa rotação e discos de<br />

carborundum e irrigação com água através da seringa tríplice.<br />

Foram delimitadas e cortadas na porção cervical das<br />

raízes, áreas de 4x3 mm armazenando-as em soro fisiológico,<br />

totalizando 25 corpos de prova.<br />

Foram utilizadas 5 amostras por grupo e jateadas com<br />

5 tipos de pó de bicarbonato, utilizando o aparelho Profi II<br />

ceramic-Dabi Atlante ® (Ribeirão Preto-SP), a uma distancia<br />

de 5mm durante 15 segundos, perpendicular à superfície da<br />

raiz com movimentos circulares. Posteriormente, as mesmas<br />

foram lavadas com “spray” (ar-água) durante 30 segundos.<br />

Grupos Experimentais:<br />

Grupo A: Pó de bicarbonato Polident ® (Polidental-SP)<br />

Grupo B: Pó de bicarbonato Inodon ® (Porto Alegre-RS)<br />

Grupo C: Pó de bicarbonato Dabi Atlante ® (Ribeirão<br />

Preto-SP)<br />

Grupo D: Pó de bicarbonato Extra da Gnatus ® (Ribeirão<br />

Preto-SP)<br />

Grupo E: Pó de bicarbonato da Kavo ® (Kavo do Brasil<br />

S.A., Joinville-SC)<br />

Uma vez jateadas, lavadas e secas com ar (seringa tríplice),<br />

cada amostra foi colada em stabs metálicos e colocada numa<br />

câmara a vácuo para eliminar a umidade, posteriormente<br />

foram metalizadas com uma fina camada de ouro para serem<br />

avaliadas morfologicamente no MEV (Instituto de Química de<br />

Araraquara-UNESP) e tomadas fotomicrografias em aumento<br />

de 350 vezes.<br />

Adicionalmente, as partículas dos pós de bicarbonato<br />

foram analisadas tanto em morfologia (MEV) quanto na<br />

caracterização física através da área específica (teste BET)<br />

(Instituto de Química de Araraquara-UNESP) pelo ajuste da<br />

reta de regressão linear e análise de variância das amostras.<br />

RESULTADOS<br />

Na Tabela 1, apresentam-se os resultados obtidos em<br />

relação à caracterização física dos diferentes pós através do<br />

valor da área especifica (teste de BET), pelo ajuste da reta de<br />

regressão linear.<br />

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Tabela 1 Tabela 2<br />

Valores da área específica dos diferentes pós de bicarbonato<br />

através do teste do BET<br />

MARCAS DE PÓS<br />

DE BICARBONATO<br />

DE SÓDIO<br />

MÉTODO DE AVALIAÇÃO<br />

BET (m2/g)<br />

INODON 3,29<br />

DABI 3,46<br />

KAVO 4,01<br />

GNATUS 5,16<br />

POLIDENT 5,22<br />

Área específica (BET) dos diferentes pós de bicarbonato por amostra.<br />

MARCAS<br />

Metodo de<br />

Avaliação BET<br />

(m2/g)<br />

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3<br />

INODON 3,50 3,47 3,43<br />

DABI 3,71 3,38 3,65<br />

KAVO 4,28 4,36 4,18<br />

GNATUS 4,45 4,56 4,63<br />

POLIDENT 5,23 5,27 5,23<br />

Na Tabela 3 é apresentado o teste ANOVA para verificar<br />

diferenças estatísticas em relação ao valor da área específica<br />

entre os diferentes pós de bicarbonato.<br />

Tabela 3<br />

Na Tabela 2, encontram-se os resultados em relação à<br />

caracterização física dos diferentes pós através do valor da<br />

área específica (teste BET) por amostra (foram tomadas três<br />

amostras aleatórias por pó).<br />

Teste de ANOVA mostrando valor de p 4.63 dos diferentes pós de bicarbonato utilizados.<br />

Fonte de variância SQ gl MQ F Valor P F Crítico<br />

Entre grupos 6.401573 4 1.600393 163.1944 4.63 3.47805<br />

Dentro grupos 0.098067 10 0.009807<br />

Total 6.49964 14<br />

Valor de p = 4.63 (p > 0,05) evidenciando ausência de diferencias estatística entre os grupos<br />

Nas Figuras 1 e 2 observamos a superfície do cemento<br />

não jateada, embora existam trincas decorrentes da<br />

desidratação da amostra, é possível observar uma superfície<br />

uniforme e ondulada, que faz lembrar uma superfície de uma<br />

bola de basquete.<br />

As Figuras 3, 4, 5, 6 e 7 mostram a superfície de cemento<br />

jateada com os diferentes pós de bicarbonato, onde é possível<br />

observar um padrão de superfície irregular.<br />

A Figura 8 ilustra a diferença em tamanho e forma das<br />

partículas do pó de bicarbonato INODON no MEV (X350).<br />

Os resultados no MEV mostraram que todas as marcas de<br />

pó deixaram superfícies irregulares, com diferenças moderadas<br />

entre eles.<br />

Já a análise das áreas específicas das partículas dos pós<br />

de bicarbonato não mostrou diferença estatisticamente<br />

significante entre eles pelo teste de variância.<br />

DISCUSSÃO<br />

O controle da placa bacteriana sabidamente constitui um<br />

fator importantíssimo na prevenção, controle e manutenção<br />

da doença <strong>perio</strong>dontal. Desta forma, vários métodos têm<br />

sido desenvolvidos para alcançar tal objetivo (Glickman, 1972;<br />

Morlock et al., 1992), métodos que produzem diferentes<br />

efeitos sobre a superfície dentaria (Jotikasthira et al., 1992 ).<br />

Um destes métodos é a aplicação do jato de bicarbonato,<br />

que vem sendo utilizado há muito tempo com o intuito<br />

de remover mecanicamente a placa bacteriana e manchas<br />

exógenas localizadas sobre o dente (Willmann et al., 1980;<br />

Atkinson et al., 1984; Weaks et al., 1984).<br />

O jato de bicarbonato produz uma superfície irregular<br />

e pontilhada com abrasão dentaria (perda de estrutura),<br />

principalmente no cemento e dentina (Boyde, 1984; Galloway<br />

& Pashley, 1987; Horning et al., 1987; Kozlovsk et al., 1989;<br />

Lima & Verri, 1984; Newman et al., 1985; Nuti Sobrinho et<br />

al., 1984; Petersson et al., 1985).<br />

Nosso trabalho avaliou o efeito do jateamento sobre o<br />

cemento hígido, mostrando claramente que todas as marcas<br />

de pó de bicarbonato produziram superfícies com diferentes<br />

graus de irregularidade (Fig. 3, 4, 5, 6 e 7), diferente do grupo<br />

63<br />

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Figura 1: Superfície cementária não jateada (MEV-X350).<br />

Figura 2: Superfície cementária não jateada (MEV-X350).<br />

Figura 3: Cemento jateado com pó de bicarbonato INODON (MEV X350) Figura 4: Cemento jateado com pó de bicarbonato DABI (MEV X350)<br />

Figura 5: Cemento jateado com pó de bicarbonato KAVO (MEV X350) Figura 6: Cemento jateado com pó de bicarbonato GNATUS (MEV X350)<br />

Figura 7: Cemento jateado com pó de bicarbonato POLIDENT (MEV X350) Figura 8: Partículas de pó de bicarbonato INODON (MEV X350)<br />

64<br />

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controle (Fig. 1 e 2), concordando com a literatura (Bailey<br />

& Phillips, 1950; Willmann et al., 1980; Boyde, 1984; Nuti<br />

Sobrinho et al., 1984; Dederich et al., 1989; Kontturi-Nãrhi et<br />

al., 1990; Sampaio, 1997; Rosell, 1998; Cardozo et al., 2004).<br />

Acreditamos que a irregularidade formada sobre o<br />

cemento seja o resultado direto do choque das partículas do<br />

pó de bicarbonato com a superfície, em virtude das diferenças<br />

no tamanho e forma dos mesmos (Figura 8).<br />

Cabe ressaltar que mesmo as superfícies jateadas com<br />

um mesmo tipo de pó, no MEV apresentaram diversos<br />

graus de irregularidade. Isto poderia ser atribuído não só as<br />

diferenças em tamanho e forma dos pós (Figura 8), como já<br />

mencionado, mas também a fatores inerentes aos dentes,<br />

como idade, tratamentos anteriores, presença ou não<br />

de doença <strong>perio</strong>dontal, etc; fatores estes que não foram<br />

considerados neste estudo.<br />

Logicamente o fato de criar uma superfície rugosa tornase<br />

importante se estamos tratando áreas supra gengivais,<br />

já que facilita o acúmulo da placa bacteriana (Wallkens,<br />

1983), razão pela qual acreditamos que a profilaxia após o<br />

jateamento seja necessária, como foi verificado por outros<br />

autores (Bailey & Phillips, 1950; Willmann et al., 1980; Nuti<br />

Sobrinho et al., 1984; Rosell, 1998; Cardozo et al., 2004).<br />

O tempo de aplicação do jato de bicarbonato é um<br />

fator relevante; quanto maior a exposição, maior a abrasão<br />

ocasionada, como mostraram vários autores onde cinco<br />

segundos de aplicação sobre cemento e dentina foram<br />

suficientes para criar uma superfície irregular e abrasionada<br />

(Bailey & Phillips, 1950; Boyde, 1984; Nuti Sobrinho et al.,<br />

1984; Galloway & Pashley, 1987).<br />

Desta forma, decidimos aplicar o jato o menor tempo<br />

possível (15 segundos) a uma distancia padrão de 5 mm<br />

como sugere a literatura (Kozlovsk et al, 1989; Sampaio, 1997;<br />

Cardozo et al. 2004), reproduzindo uma situação clínica.<br />

Também tentamos relacionar as características físicas<br />

das partículas dos pós (área específica) com as características<br />

morfológicas da superfície jateada.<br />

Quando analisada a Tabela 1, percebe-se que a área<br />

específica do pó INODON foi a menor (3,29 m2/g) e o<br />

POLIDENT a maior (5,22 m2/g). Os outros pós apresentaram<br />

valores intermediários, porém sem diferenças significativas<br />

entre eles (Tabela 3).<br />

Relacionando estes dados com as fotomicrografias<br />

observamos que de fato os pós com menor área específica<br />

[INODON (3,29 m2/g) e DABI (3,46 M2/g)] apresentaram as<br />

superfícies com menor irregularidade no MEV (Figura 3 e 4);<br />

já os pós com maior área específica [POLIDENT (5,22 m2/g) e<br />

GNATUS (5,16 m2/g)] apresentaram a aparência mais irregular<br />

(Figuras 6 e 7).<br />

Segundo Pompeu et al. (1996) o teste BET (área específica)<br />

parece ser mais apropriado do que os testes da Picnometria<br />

(densidade real) ou Sedigraf (distribuição do tamanho das<br />

partículas), representando dados mais confiáveis em relação<br />

às características físicas do pó.<br />

A área especifica das partículas (BET) representa a<br />

superfície de contato resultante da colisão entre as partículas<br />

do pó e a superfície dental, de tal sorte que as partículas com<br />

maior área específica produzem um contato mais intenso,<br />

resultando num efeito removedor mais eficaz (Pompeu et<br />

al, 1996).<br />

Desta forma, quanto maior a área específica, maior será a<br />

tendência a abrasionar a superfície dentária e mais eficaz será<br />

o pó na remoção da placa bacteriana. Logicamente, através<br />

da nossa metodologia não podemos afirmar o anterior.<br />

É necessário manter um equilibro entre o grau de<br />

abrasividade do pó, a quantidade de estrutura removida, a<br />

irregularidade ou dano produzido sobre a superfície dentaria<br />

e a eficácia na remoção da placa bacteriana.<br />

Através de nossa metodologia não foi possível responder<br />

se os pós de menor valor de área superficial são tão eficazes<br />

na remoção de placa bacteriana quanto os pós de maior valor,<br />

ou se a maior abrasividade produzida na superfície por alguns<br />

pós representa uma vantagem clínica.<br />

CONCLUSÃO<br />

Com base em nossos achados foi possível concluir que<br />

todos os pós de bicarbonato utilizados produziram uma<br />

superfície irregular, razão pela qual, apoiados na literatura,<br />

recomendamos a profilaxia com pastas finas para diminuir<br />

essa irregularidade.<br />

Por outro lado, no MEV as diferenças entre os diferentes<br />

pós foram moderadas; quando estes achados foram<br />

relacionados com os valores de área específica, o pó INODON<br />

produziu a menor irregularidade e o POLIDON a maior, sendo<br />

os outros pós intermediários entre os dois anteriores.<br />

Apesar do número de amostras de pó por grupo na área<br />

específica ter sido reduzido (Tabela 2), as diferenças entre os<br />

pós não foram significativas.<br />

ABSTRACT<br />

65<br />

The control of dental plaque represent an important<br />

factor on prevention, control and maintenance of <strong>perio</strong>dontal<br />

disease. A Profident air-powder system is one of the methods<br />

to attain such objective, indicated principally to remove<br />

supragingival plaque and exogen stains over teeth. The<br />

objective of this work was assess the effect of Profident air<strong>revista</strong><br />

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R. Periodontia - 20(4):61-67<br />

powder system on cementum surfaces using five trademarks<br />

of sodium bicarbonate powders through scanning electron<br />

microscopy (SEM) and a physical characterization of particles<br />

powders by BET test (specific area). Our results showed that<br />

all powders produced irregular and rough surfaces, without<br />

accentuates differences between them; a BET test showed<br />

that INODON (3,29 m2/g) powder has a highest specific<br />

area and a POLIDENT (5,22 m2/g) the lowest, the others<br />

powders had intermediate values. We concluded that all<br />

powders produced irregular surfaces, the differences between<br />

experimental groups are not significant.<br />

UNITERMS: bicarbonates, chemical analysis, injections,<br />

jet, dental plaque.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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23- Cardozo WV; Barbosa e Silva E; Sampaio JEC. Estudo comparativo<br />

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ROBRAC 2004; 13: 43-49.<br />

24- Bailey R; Phillips RW. Effect of certain abrasive materials on tooth<br />

66<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 66 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:38


R. Periodontia - 20(4):61-67<br />

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Endereço para correspondência:<br />

SCN Quadra 01 Bloco E Ed. Central Park Sala 609<br />

CEP: 707<strong>11</strong>-903 – Brasília – DF<br />

E-mail: emiliobarbosa@hotmail.com<br />

67<br />

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R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

INVESTIGAÇÃO DA PRESENÇA DE RECESSÃO GENGIVAL<br />

E LARGURA DE GENGIVA INSERIDA EM PACIENTES QUE<br />

FIZERAM USO DE APARELHOS ORTODÔNTICOS FIXOS<br />

Research presence of gingival recession and width of keratinized gingiva in patients who did wear<br />

fixed orthodontic appliances<br />

Érica Melo Gonçalves 1 , Ayanne Feijão Cavalcante 1 , Késsia Gadelha Maia 1 , Mabel Lacerda Bezerra 1 , Juliano<br />

Sartori Mendonça², Danilo Lopes Ferreira Lima 3<br />

RESUMO<br />

A literatura apresenta vários fatores relacionados<br />

à etiologia da recessão gengival, como inflamação<br />

g e n g i v a l , d e n t e s m a l a l i n h a d o s , e s c o v a ç ã o<br />

traumática, tensão muscular, trauma oclusal, como<br />

também a movimentação or todôntica. Por meio<br />

deste estudo, observou-se a presença de recessão gengival<br />

nos 4 caninos de 70 indivíduos que fizeram uso de aparelho<br />

ortodôntico fixo. O tempo de uso do aparelho ortodôntico<br />

teve uma média de 3,8 ± 1,9 anos e uma média de término<br />

do tratamento de 4,9 ± 3 anos. Observou-se que os<br />

pacientes avaliados apresentaram uma média de recessão<br />

gengival de 0,3 ± 0,4 mm no dente 13; 0,2 ± 0,4 mm<br />

no dente 23; 0,6 ± 0,7 mm no dente 33 e 0,3 ± 0,5 mm<br />

no dente 43 .Em relação à presença de gengiva inserida<br />

observou-se uma média de 4,2 ± 1,5 mm no dente 13; 4,0<br />

± 1,3 mm no dente 23; 2,8 ± 1,3 mm no dente 33 e 3,0<br />

± 1,3 mm no dente 43. A presença de recessão no dente<br />

33 foi estatisticamente significante (p


R. Periodontia - 20(4):68-72<br />

insignificantes. (Oliveira, 2005)<br />

O uso de aparelhos fixos pode gerar recessão gengival<br />

devido ao movimento ortodôntico que causa uma gengiva<br />

delgada em consequência do movimento dentário no<br />

sentido vestibular, podendo ser uma área susceptível ao<br />

desenvolvimento da recessão gengival associada ao acúmulo<br />

de placa e/ou escovação traumática (Reis, 2003).<br />

A recessão gengival é de origem multifatorial, podendo ser<br />

influenciada por inflamação gengival, dentes mal alinhados,<br />

escovação traumática, tensão muscular, movimentação<br />

ortodôntica, trauma oclusal, terapias <strong>perio</strong>dontais, fatores<br />

heterogênicos e a combinação desses fatores (Péret,1999).<br />

Consequentemente, pode ocorrer cárie radicular, patologias<br />

pulpares, sensibilidade dentária ou gengival, insatisfação<br />

estética e dificuldade para manter uma boa higienização.<br />

O objetivo desse estudo foi avaliar a presença de<br />

recessão gengival em pacientes que fizeram uso de aparelhos<br />

ortodônticos fixos e estudar a relação entre eles.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Este estudo é do tipo observacional transversal. Foram<br />

avaliados 70 alunos das disciplinas de clínica odontológica I, II<br />

e III e de clínica integrada I, II, III e IV do curso de Odontologia<br />

da Universidade de Fortaleza – UNIFOR.<br />

Foram incluídos na pesquisa todos os indivíduos (100%)<br />

que fizeram uso de aparelho ortodôntico fixo matriculados<br />

nas referidas disciplinas. Alunos que não usaram aparelhos<br />

fixos ou que estão fazendo uso no momento foram excluídos<br />

da investigação.<br />

Foram registrados em um questionário preparado<br />

para esta pesquisa os seguintes dados: quando começou<br />

o tratamento ortodôntico e há quanto tempo terminou o<br />

tratamento ortodôntico.<br />

A população em estudo foi submetida à avaliação<br />

<strong>perio</strong>dontal através do exame dos caninos su<strong>perio</strong>res e<br />

inferiores para verificação da presença de recessão gengival e<br />

de gengiva inserida. Foi utilizado para obtenção desse exame<br />

sonda <strong>perio</strong>dontal tipo UNC-15. Os exames <strong>perio</strong>dontais<br />

dos alunos foram realizados nas clínicas multidisciplinar e<br />

integrada do curso de Odontologia da Universidade de<br />

Fortaleza. O material foi esterilizado em autoclave e o exame<br />

foi feito de acordo com as normas prescritas pela Comissão<br />

de Biossegurança da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).<br />

O exame <strong>perio</strong>dontal foi realizado através da mensuração<br />

da recessão gengival (RG) e quantidade de gengiva inserida<br />

(GI) na vestibular dos caninos su<strong>perio</strong>res e inferiores. A RG<br />

para cada superfície foi obtida através da distância em mm<br />

da junção cemento-esmalte (JCE) à margem gengival. A GI foi<br />

obtida através da distância em mm da margem gengival até a<br />

junção muco-gengival. Os resultados foram expressos<br />

em média ± desvio padrão. Para tanto foi utilizado<br />

o programa Microsof t Excel. A fim de se avaliar<br />

a magnitude de recessão gengival e quantidade<br />

de gengiva inserida foi utilizado o teste Análise<br />

de variância (ANOVA) e o teste de comparações<br />

múltiplas de Student-Newman-Keuls com nível<br />

de significância de 5%. Para a correlação entre as<br />

duas variáveis foi utilizado o teste de Correlação de<br />

Pearson com nível de significância de 5%.<br />

Este projeto de pesquisa foi cadastrado no Sistema<br />

Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa (SISNEP) e<br />

aprovado pelo Comitê de Ética da UNIFOR – COÉTICA com<br />

o parecer n o 352/20<strong>08</strong>.<br />

RESULTADOS<br />

Os pacientes avaliados tinham uma média de idade<br />

de 22,8 ± 2,6 anos com faixa etária variando entre 19 e 30<br />

anos, com uma elevada predominância do gênero feminino<br />

que corresponde a 50 pacientes (71,4%). O tempo de uso<br />

do aparelho ortodôntico teve uma média de 3,8 ± 1,9 anos<br />

e uma média para o término do tratamento de 4,9 ± 3,0<br />

anos. Sendo para o gênero feminino a media de 3,8 ± 1,8<br />

anos para tempo de uso e de 5,2 ± 3,1 anos para término e<br />

para o gênero masculino a média foi de 3,6 ± 2,2 anos para<br />

tempo de uso e de 4,4 ± 2,6 anos para término. (Tabela 1)<br />

Constatou-se que, no geral, o grupo apresentou uma<br />

média de 0,3 ± 0,5 mm de recessão gengival (Tabela 2).<br />

Tabela 1<br />

Média (anos) de tempo de uso e término do tratamento<br />

GÊNERO<br />

TEMPO DE<br />

USO (ANOS)<br />

TÉRMINO DO<br />

TRATAMENTO<br />

(ANOS)<br />

FEMININO 3,8 ± 1,8 5,2 ± 3,1<br />

MASCULINO 3,6 ± 2,2 4,4 ± 2,6<br />

TOTAL 3,8 ± 1,9 4,9 ± 3,0<br />

Tabela 2<br />

Média e desvio padrão geral de recessão gengival<br />

e gengiva inserida (mm).<br />

RECESSÃO<br />

(mm)<br />

GENGIVA<br />

INSERIDA (mm)<br />

MÉDIA 0,3 3,5<br />

DESVIO PADRÃO 0,5 1,4<br />

69<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 69 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:38


R. Periodontia - 20(4):68-72<br />

Observou-se que os pacientes avaliados apresentaram uma<br />

média de recessão gengival de 0,3 ± 0,4 mm no dente 13;<br />

0,2 ± 0,4mm no dente 23; 0,6 ± 0,7mm no dente 33 e 0,3<br />

± 0,5 mm no dente 43 (Tabela 3). O mínimo encontrado de<br />

recessão gengival foi de 0 mm e o máximo de 3 mm.<br />

Em relação à presença de gengiva inserida observou-se<br />

uma média de 4,2 ± 1,5 mm no dente 13; 4,0 ± 1,3 mm<br />

no dente 23; 2,8 ± 1,3 mm no dente 33 e 3,0 ± 1,3 mm no<br />

dente 43 (Tabela 4). Observando todos os dentes obteve-se<br />

uma média de 3,6 ± 1,4 mm com, no mínimo, 0 mm de<br />

gengiva inserida e um máximo de 8 mm (Tabela 2).<br />

Ao comparar a magnitude entre as recessões e entre<br />

a quantidade de gengiva inserida observou-se diferença<br />

estatisticamente significante (p0,05). Valores cujas letras<br />

sobrescritas maiúsculas são diferentes entre si em uma mesma coluna representam a presença de diferenças estatisticamente significantes entre si (p


R. Periodontia - 20(4):68-72<br />

Ao dividir-se o tempo médio de uso de aparelho fixo em<br />

até 3 anos e ≥4 anos foi observado uma média de 0,3 ± 0,5<br />

mm para recessão gengival e de 3,4 ± 1,2 mm para gengiva<br />

inserida para aqueles que usaram até 3 anos. Já para o tempo<br />

de uso ≥4 anos, a recessão apresentou o índice maior em<br />

todos os quesitos: média de 0,4 ± 0,6 mm para recessão<br />

gengival e média de 3,6 ± 1,4 mm para gengiva inserida.<br />

Para os pacientes que terminaram o tratamento<br />

ortodôntico há 5 anos, foi encontrada uma média de<br />

0,3±0,5mm para recessão gengival e 3,6±1,5mm para<br />

gengiva inserida. Observou-se que os indivíduos que<br />

terminaram o tratamento há mais de 6 anos, a recessão<br />

gengival teve um resultado equivalente ao grupo anterior,<br />

já para gengiva inserida o resultado foi de 3,5 ±1,3mm,<br />

demonstrando uma diferença pouco significativa.<br />

DISCUSSÃO<br />

Como a recessão é uma alteração de comum ocorrência,<br />

parece ser necessário definir sua importância clínica. Muitos<br />

indivíduos apresentam dentes com recessão gengival sem<br />

consciência de sua condição e sem sintomas. Entretanto,<br />

muitos apresentam cárie, ou simplesmente sensibilidade da<br />

raiz exposta, além da desvantagem estética, que podem ser<br />

apresentadas como queixas.<br />

O tratamento ortodôntico isolado pode trazer benefícios<br />

ao <strong>perio</strong>donto. Mas quando associado a programas<br />

específicos de controle do biofilme dentário pode trazer<br />

benefícios infinitamente maiores para os indivíduos assim<br />

tratados (ORRICO, 2001).<br />

A recessão gengival frequentemente ocorre em áreas<br />

onde o dente apresenta-se com uma fina camada óssea na<br />

superfície vestibular. Tal predisposição à deiscência do osso<br />

alveolar pode ser induzida acidentalmente pelo movimento<br />

ortodôntico. Contudo, a inflamação gengival estando<br />

presente durante a movimentação ortodôntica, é citada como<br />

a causa da recessão gengival.<br />

A literatura mostra que a recessão gengival pode ter<br />

múltiplas causas, portanto não é um evento esperado em<br />

todos os casos pós-tratamento ortodôntico (GIOLLO, 2005).<br />

No presente trabalho, ao analisar os pacientes em questão,<br />

verificou-se que em ambos os sexos o dente 33 apresenta uma<br />

maior taxa de recessão gengival, uma média de 0,6 ± 0,7 mm<br />

e conseqüentemente uma menor taxa de gengiva inserida,<br />

2,8 ± 1,3 mm em média. Esse valor foi estatisticamente<br />

significante (p


R. Periodontia - 20(4):68-72<br />

recession of 0.3 ± 0.4 mm for tooth 13, 0.2 ± 0.4 mm for<br />

tooth 23, 0.6 ± 0.7 mm for tooth 33 and 0.3 ± 0.5 mm for<br />

tooth 43. Regarding the presence of keratinized gingiva was<br />

observed an average of 4.2 ± 1.5 in the 13 tooth, 4.0 ± 1.3<br />

in the 23 tooth, 2.8 ± 1.3 on tooth 33 and 3.0 ± 1.3 in the<br />

tooth 43. Presence of recession on tooth 33 was statistically<br />

significant (p


R. Periodontia - Dezembro <strong>2010</strong> - Volume 20 - Número 04<br />

THE INFLUENCE OF LOW DOSE OF DOXYCYCLINE ON<br />

INDUCED PERIODONTITIS ASSOCIATED WITH OCCLUSAL<br />

OVERLOAD<br />

A influência de baixas doses de doxicilina sobre a <strong>perio</strong>dontite induzida associada à sobrecarga<br />

oclusal<br />

Fabiana Cavallini 1 , Fernanda Faria Lenzi de Lemos 2 , Carolina de Carlo Gomes e Santos 2 , Daniela Martins de Souza 3 , Debora<br />

Pallos 4 , Lucilene Hernandes Ricardo 4<br />

RESUMO<br />

A degradação dos tecidos de suporte <strong>perio</strong>dontal é o<br />

principal evento biológico da doença <strong>perio</strong>dontal. O objetivo<br />

deste estudo foi avaliar a influencia do uso sistêmico de<br />

baixas doses de doxiciclina (BDD) sobre o suporte ósseo<br />

<strong>perio</strong>dontal (SOP) e a perda de inserção (PI) na <strong>perio</strong>dontite<br />

induzida associada à sobrecarga oclusal em ratas. Neste<br />

estudo foram utilizadas 25 ratas Wistar pesando 250g,<br />

divididas em 5 grupos (n=5): GC (controle), GL (ligadura);<br />

GO (sobrecarga oclusal); GLO (ligadura e sobrecarga<br />

oclusal); GLOD (ligadura sobrecarga oclusal e doxiciclina). A<br />

<strong>perio</strong>dontite foi induzida pela inserção de uma ligadura ao<br />

redor do 1º molar inferior (1MI) permanecendo por 28 dias.<br />

Para que o 1MI ficasse em sobrecarga oclusal, as superfícies<br />

oclusais do 2º e 3º molares su<strong>perio</strong>res foram desgastadas. Os<br />

animais do grupo GLOD receberam 0,14 mg de doxiciclina<br />

por via oral diariamente por todo o período experimental.<br />

Os animais foram sacrificados e as hemimandíbulas direitas<br />

foram analisadas por meio de radiografias digitais quanto ao<br />

SOP (%) e as hemi-mandíbulas direitas foram processadas<br />

para a análise histopatológica da PI (mm). Os valores médios<br />

foram submetidos à análise de variância (ANOVA/Tukey) ao<br />

nível de 5%. Os resultados para SOP em GC (55.49±4.86)<br />

e GO (60.03±3.37) foram iguais entre si e diferentes de GL<br />

(46.73±4.80), GLO (51.69±2.84) e GLOD (57.76±4.50)<br />

(p=0.001). Considerando a PI, GC (0.<strong>11</strong>±0.07) and GO<br />

(0.12±0.10mm) foram semelhantes entre si e diferentes<br />

de GL (0.41±0.09), GLO (0.58±0.12) e GLOD (0.54±0.12)<br />

(p=0.0001). Em conclusão, o uso de BDD pareceu não<br />

modular a redução de SOP ou PI em ratas com <strong>perio</strong>dontite<br />

induzida e sobrecarga oclusal.<br />

UNITERMOS: doxiciclina, oclusão dentária, <strong>perio</strong>dontia.<br />

R Periodontia <strong>2010</strong>; 20:73-79.<br />

1<br />

MSc in Periodontology, Department of Dentistry, University of Taubaté, Taubaté, SP, Brazil<br />

2<br />

Dentistry graduate student, Department of Dentistry, University of Taubaté, Taubaté, SP, Brazil<br />

3<br />

PhD, Professor, Department of Dentistry of Pindamonhangaba, Pindamonhangaba, SP, Brazil<br />

4<br />

PhD, Professor, Department of Dentistry, University of Taubaté, Taubaté, SP, Brazil<br />

Recebimento: 07/10/10 - Correção: 04/<strong>11</strong>/10 - Aceite: 29/<strong>11</strong>/10<br />

INTRODUCTION<br />

Periodontal disease is a multifactor inflammatory<br />

disorder in the gingival crevice associated with<br />

increased <strong>perio</strong>dontal pathogen colonization. The<br />

<strong>perio</strong>dontium is functionally adaptable to resist and<br />

support the pressure of masticatory forces. Some<br />

studies have sought to identify whether smoking,<br />

occlusal overload, diabetes and other events (Kinane,<br />

2001; Nociti et al. 2000), such as environmental and<br />

host risk factors, are involved with in the onset and<br />

progression of <strong>perio</strong>dontal disease. Occlusal overload<br />

associated with <strong>perio</strong>dontal disease may produce<br />

irreversible changes in <strong>perio</strong>dontal structures, leading<br />

to the rupture and attachment loss of collagen fibers<br />

and increased <strong>perio</strong>dontal pocket depth (Carranza<br />

2004).<br />

Nogueira-Filho studied an experimental model<br />

based on the occlusal trauma as a risk factor in<br />

<strong>perio</strong>dontal disease and found significant changes at<br />

the <strong>perio</strong>dontal ligament space in the furcation area of<br />

lower molars submitted to occlusal overload, ligature<br />

and nicotine use. The onset of <strong>perio</strong>dontal disease<br />

occurs near the gingival crevice and initially involves<br />

73<br />

<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 73 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:39


R. Periodontia - 20(4):73-79<br />

the protective <strong>perio</strong>dontium. This injury progresses towards<br />

the destruction of the supporting <strong>perio</strong>dontium, which is<br />

characterized by bone resorption, connective attachment loss<br />

and apical migration of the junctional epithelium (Nogueira-<br />

Filho et al. 2004).<br />

The purpose of <strong>perio</strong>dontal therapy is to control<br />

bacterial infection and to control the inflammatory process<br />

using mechanical or medication treatment and directly or<br />

indirectly modulate the host response. Tetracyclines are<br />

proven antimicrobials that also present inhibition properties<br />

in relation to host matrix metalloproteinase (MMP) activity.<br />

Therefore, this medication has been used with mechanical<br />

treatment in combined therapy for <strong>perio</strong>dontal disease.<br />

Doxycycline has been well studied, since it is the tetracycline<br />

most capable of inhibiting collagenase activity (Ryan 1996).<br />

Bezerra described the inhibition of bone resorption in rats<br />

submitted to low doses of doxycycline in ligature-induced<br />

<strong>perio</strong>dontitis and observed that the process was related to<br />

the dose administered. This decrease was marked by lower<br />

numbers of osteoclasts and inflammatory cells in the groups<br />

tested when compared to the control group. Histological<br />

analysis also showed the integrity of the alveolar bone crest<br />

in doxycycline-treated rats (Bezerra et al. 20<strong>02</strong>). In a review of<br />

the literature, Preshaw et al. reported that long-term usage of<br />

low doses of doxycycline were related to the improvement of<br />

clinical parameters without bacterial resistance to tetracycline.<br />

The ability of doxycycline to modulate the collagenase activity<br />

has been studied as a new protocol in <strong>perio</strong>dontal therapy.<br />

Ashley also reported this modulation in a 12 week LDD therapy<br />

protocol combined with scaling and root planning mechanical<br />

therapy for <strong>perio</strong>dontal disease. In this study, a reduction in<br />

collagenase activity was observed at the gingival crevice for<br />

all the treated rats after four weeks (Ashley 1999). Karimbux<br />

et al. also observed the modulation of collagenase activity on<br />

the connective insertion (Karimbux et al. 1998). A short-term<br />

administration <strong>perio</strong>d of LDD was sufficient to reveal the<br />

inhibitory effect in the host response at the <strong>perio</strong>dontium<br />

(Bezerra et al. 20<strong>02</strong>). However it is not knew if this inhibitory<br />

effect can be effective on <strong>perio</strong>dontal breakdown when this<br />

process is associated with occlusal overload. The aim of this<br />

study was to evaluate the effect of LDD on the <strong>perio</strong>dontal<br />

bone support reduction and attachment loss in female rats<br />

with induced <strong>perio</strong>dontitis associated to occlusal overload.<br />

MATERIALS AND METHODS<br />

Experimental design<br />

This study was performed according to ethical guidelines<br />

and it was submitted and approved by the Ethics Committee<br />

in Animal Research of UNITAU under protocol number<br />

010/2005. Twenty-five female rats (Wistar, albinus Rattus<br />

novergicus), ten weeks-old, weighing approximately 250<br />

g each were housed in temperature-controlled rooms and<br />

received water and food ad libitum. They were randomly<br />

divided into five groups: group CG, control; group LG, ligated;<br />

group OG, presenting occlusal overload; group LOG: ligated<br />

and presenting occlusal overload; and group LODG, ligated,<br />

presenting occlusal overload and medicated with 0.14mg of<br />

doxycycline.<br />

Periodontitis induction and occlusal overload<br />

Periodontitis was induced by the placement of cotton<br />

thread around the first lower molar of each rat in LG and LOG<br />

groups for 28 days. To insert the ligature, the rats anesthetized<br />

with a general analgesic drug solution (xylazine hydrochloride,<br />

Anasedan, Vetbrands laboratory, Jacareí, SP, Brazil) and<br />

a muscle relaxant (ketamine base, Dopalen, Vetbrands<br />

laboratory) in a 1 to 0.5 ml ratio, using 0.1 ml per 100 g of rat<br />

body weight (Ricardo et al. 2006). To obtain occlusal overload<br />

at the first lower molar, the second and third upper maxillary<br />

molars were flattened along their occlusal surfaces without<br />

pulp exposure in OG, LOG and ODG groups.<br />

Drug treatment<br />

During the <strong>perio</strong>dontal disease induction <strong>perio</strong>d daily<br />

doses of 0.14mg of doxycycline (0.7 mg/dl concentration) were<br />

orally administered to the rats from group LODG once a day.<br />

Radiographic analysis of <strong>perio</strong>dontal bone support<br />

(PBS)<br />

After 28 days the rats were killed and the hemi-mandibles<br />

were removed and fixed in 10% formol solution. The right<br />

hemi-mandibles were submitted to radiographic analysis and<br />

the left hemi-mandibles were processed for histopathological<br />

analysis. The samples were radiographically analyzed using the<br />

Digital RVG ® Intraoral Radiographic System (Radiovisiography,<br />

Trophy Radiology Inc., Marietta, GA, USA) and the images<br />

were captured with an Adopted load apparatus (CCD sensor).<br />

The radiographs were obtained with a Gendex 765DC®<br />

Intraoral X-ray Unit (Gendex, Dentsply Internacional, USA)<br />

apparatus, using 0.<strong>08</strong> seconds of exposure time and a focal<br />

distance of thirty cm from the sensor. Points were established<br />

for <strong>perio</strong>dontal bone support measurements: the most<br />

coronal part of the distal cusp, the top of the bone crest or<br />

bone defect and the distal root apex (Fig 1). These points were<br />

considered linear measurements to determine PBS (Klausen,<br />

1989). The measurements were expressed as a percentage<br />

of the proportional values obtained.<br />

74<br />

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Histological analysis of attachment loss (AL)<br />

The samples were processed for histological analysis<br />

by decalcification in 17% EDTA solution and were then<br />

embedded in paraffin with their vestibular surface towards the<br />

cutting plane. Mesial to distal sections of 6 μm thickness were<br />

made and were stained with hematoxilin-eosin to evaluate the<br />

connective attachment loss at the distal surface of the lower<br />

first molar. The cement-enamel junction and the insertion<br />

of the first <strong>perio</strong>dontal ligament fibers at the root cement<br />

were chosen as reference points to the linear measurement<br />

of AL. Histological descriptive analysis was made in every<br />

group. Histometric and radiographic analysis were performed<br />

using the Image Tool software for images (Windows, version<br />

2.0,UTHSCSA, San Antonio,TX,USA). All measurements were<br />

made blind to the group assignment of the rats<br />

Fig 1 - The top of the bone crest or bone defect and the distal root apex .<br />

Statistical analysis<br />

The mean values of PBS and AL of groups were analyzes<br />

by variance analysis. The correlation of the variable was<br />

analyzed by the Pearson correlation test. The analysis was<br />

realized using the Biostat software version 5.0, both at a 5%<br />

significance level.<br />

Fig 2 - Periodontal ligament fibers were inserted at the root cementum along its extension<br />

Fig 4 - Besides bone loss and the increase in <strong>perio</strong>dontal space, some sections showed the<br />

presence of epithelium at the top of the furcation, which means that attachment loss occurred in<br />

this region in the LOG and LODG groups<br />

Fig. 3 - The furcation area of the first molar was filled with bone tissue and <strong>perio</strong>dontal ligament<br />

with uniform dimensions were observed at the top of the furcation.<br />

Fig 5 - PBS and AL revealed a weak negative correlation between themselves.<br />

75<br />

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RESULTS<br />

Descriptive histological analysis<br />

Histological analysis of the fragments from the control<br />

group revealed the <strong>perio</strong>dontium presenting a normal<br />

appearance, with a triangle papilla at the interdental<br />

space between the first and the second molars covered by<br />

stratified squamous nonkeratinized epithelium. Periodontal<br />

ligament fibers were inserted at the root cementum along<br />

its extension (Fig. 2). The furcation area of the first molar<br />

was filled with bone tissue and <strong>perio</strong>dontal ligament with<br />

uniform dimensions were observed at the top of the furcation<br />

(Fig. 3). The interdental spaces from the LG, LOG and LODG<br />

groups were filled with gingival papilla in a concave shape and<br />

covered by stratified squamous nonkeratinized epithelium. In<br />

these sections the epithelium was observed apically to the<br />

cementoenamel junction and over the root cement, showing<br />

that the attachment loss of the ligament fibrils had occurred<br />

on the cementum in this region (Fig.3) An increase in the<br />

<strong>perio</strong>dontal ligament area was observed in the furcation<br />

region of the first molar in the LG group. Besides bone loss<br />

and the increase in <strong>perio</strong>dontal space, some sections showed<br />

the presence of epithelium at the top of the furcation, which<br />

means that attachment loss occurred in this region in the<br />

LOG and LODG groups (Fig 4).<br />

Radiographic and morphometric analysis<br />

Analysis of the PBS results showed statistically significant<br />

differences among the groups studied (p = 0.001), concerning<br />

LG as de lowest PBS and OG the highest. Other groups<br />

showed themselves with similar mean PBS values. Analysis of<br />

the AL results also showed statistically significant differences<br />

among the groups (p = 0.0001), and homogeneous group<br />

formation was observed in two groups with similar mean<br />

values in witch was not inserted the ligature (Tab 1). PBS and<br />

AL revealed a weak negative correlation between themselves<br />

(Fig 5).<br />

DISCUSSION<br />

The modulator effect of LDD on alveolar bone support<br />

reduction and connective attachment loss that occurs in<br />

<strong>perio</strong>dontitis induced by ligature procedure associated with<br />

occlusal overload in female rats was the main objective<br />

of this study. The use of animal models has been an<br />

important recourse to control the confounding variables<br />

normally presented in human studies. Klausen B has<br />

already commented about the importance of overcoming<br />

limitations, difficulties and interference factors in human<br />

studies. Some authors have also affirmed that the use of rats<br />

in experimental studies is favorable to evaluate the influence<br />

of certain risk factors concerning the onset and progression<br />

of the <strong>perio</strong>dontal disease (Nociti et al. 2001; Benatti et al.<br />

2003; Nociti et al. 2004). Klausen observed that the use of<br />

animals of similar ages was an important detail for controlling<br />

confounding factors when the cement-enamel junction and<br />

alveolar bone crest are considered as anatomic references<br />

(Klausen, 1991). Based on these statements the present study<br />

considered these criteria and the rats presented similar age<br />

and weigh for all the experimental groups.<br />

The induction of <strong>perio</strong>dontitis by the technique of ligature<br />

placement has been used in studies on rats by numerous<br />

Tab 1<br />

PBS and AL analysis for each group<br />

PBS (%)<br />

Mean / SD<br />

AL (mm)<br />

Mean / SD<br />

76<br />

GC 55.49 ± 4.86 BC 0.<strong>11</strong> ± 0.07 A<br />

GL 46.73 ± 4.80 A 0.41 ± 0.09 B<br />

GO 60.03 ± 3.37 C 0.12 ± 0.10 A<br />

GLO 51.69 ± 2.84 AB 0.58 ± 0.12 B<br />

GLOD 57.76 ± 4.50 BC 0.54 ± 0.12 B<br />

p 0.001 0.0001<br />

PBS= <strong>perio</strong>dontal bone support; AL= attachment loss; GC= control group; GL= ligature group; GO= overload group; GLO= ligature and overload group; GLOD= ligature, overload and doxycyline;<br />

same letters represent absent of statistical difference.<br />

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authors (Klausen 1991; Nociti et al. 2001; Galvão et al. 2003;<br />

Gaspersic et al. 2003). Changes in the <strong>perio</strong>dontal tissues<br />

have been evaluated by radiographic (Klausen et al. 1989),<br />

morphometric (Gaspersic et al. 2003), histometric (Nociti et<br />

al. 2001) and molecular biology methods (Karimbux et al.<br />

2001). In all these studies, authors have observed changes in<br />

the alveolar bone response and connective attachment loss<br />

(Galvão et al. 2003; Lu et al. 1999; Fernandes et al. 2007). It is<br />

important to emphasize that the use of one specific method<br />

alone is unable to include all the aspects of <strong>perio</strong>dontal<br />

disease and, depending on the purpose of the study, the<br />

use of combined analysis may be applicable (Klausen et al.<br />

1989). Thus, the present study considered the use of two<br />

combined methods that presented complementary aspects.<br />

The ligature-induced <strong>perio</strong>dontitis produced radiographic<br />

alterations as PBS reduction and histological changes as<br />

attachment loss. This combination allowed evaluating of the<br />

influence of risk factors for a specific application and regarding<br />

therapeutic procedure on the <strong>perio</strong>dontal structures.<br />

The presence of occlusal trauma as a risk factor in<br />

<strong>perio</strong>dontal disease has been widely reported in the literature.<br />

In a literature review, Harrel affirmed that occlusal overload<br />

might produce irreversible alterations when associated with<br />

the dental biofilm (Harrel. 2003). These results were confirmed<br />

in the present studied, since the characteristics observed in<br />

OG were similar to CG, both for PBS or AL evaluation. The<br />

radiographic evaluation showed that the mean PBS values<br />

for the trauma group were higher than those found for the<br />

control group. The interdental area between the first and the<br />

second lower molars showed alterations that occurred due<br />

to these adaptation and extrusion events. These alterations<br />

were noted in alveolar bone crest when ligature was not<br />

realized as in OG. Kuhr observed in their study that a <strong>perio</strong>d<br />

of up to fifteen days post-ligature placement was necessary<br />

to observe the tissue alterations that occurred during induced<br />

<strong>perio</strong>dontitis and that after this <strong>perio</strong>d, the alterations<br />

remained stable up to a 60 day observation <strong>perio</strong>d (Kuhr et<br />

al. 2004). In the present study a 28 day <strong>perio</strong>d of induction<br />

was enough to evaluate alveolar bone loss in rats subjected<br />

to ligature. Moreover, this same <strong>perio</strong>d was also enough to<br />

permit occlusal adaptation in those rats that were subjected<br />

to occlusal overload, thus leading to the extrusion of the<br />

second and third lower molars.<br />

The main characteristic observed in the histological<br />

evaluation was that rats subjected to occlusal overload without<br />

ligature did not present significant attachment loss compared<br />

to the rats from the control group. This occurred because the<br />

absence of attachment loss is directly related to the absence of<br />

<strong>perio</strong>dontal disease, which was only observed in rats subjected<br />

to ligature placement. This histological characteristic explains<br />

the scenarios (Gaspersic et al. 2003) in which risk factors may<br />

aggravate the development of <strong>perio</strong>dontal disease, such as<br />

stress or trauma, but are unable to initiate <strong>perio</strong>dontal disease<br />

alone. The results of the correlation test confirmed this fact<br />

when observation revealed that certain rats that presented<br />

lower SOP values did not show high AL values.<br />

Salvi and Lang reviewed the host response modulation<br />

involved in reducing tissues alterations that occurred during<br />

<strong>perio</strong>dontal disease and discussed the efficacy of LDD<br />

therapeutic protocol use to modulate bone loss by means<br />

of artificial inhibitors of MMP tissue enzymatic activity (Salvi<br />

& Lang, 2004). The <strong>perio</strong>d of usage for this medication<br />

has been studied in relation to the occurrence of bacterial<br />

resistance (Ryan et al. 1996). When the procedure of ligature in<br />

association with occlusal overload was compared with groups<br />

that only received ligature, the <strong>perio</strong>dontal alterations were<br />

aggravated, although the mean values were not statistically<br />

different. However, these results showed a tendency for higher<br />

values in the groups that received LDD than in the group<br />

in which medication was not administered, though these<br />

values were statistically similar. The histological evaluation<br />

showed that the characteristics observed in rats that received<br />

daily doses of LDD presented a reduction in the cement<br />

extension without the insertion of <strong>perio</strong>dontal ligament<br />

fibrils at molars that received ligature. These alterations were<br />

also not statistically significant, thus, using this experimental<br />

model, it was not possible to confirm the literature results<br />

regarding the risk factor in relation to bone loss modulation<br />

and attachment loss in experimentally induced <strong>perio</strong>dontitis in<br />

rats associated with occlusal overload. The use of this protocol<br />

with a larger sample and the use of molecular biology, a more<br />

sensitive method for evaluating the effects of different doses<br />

of inflammatory mediators, may be a favorable recourse for<br />

verifying these results and a theme for future studies to test<br />

the efficacy of this therapeutic protocol.<br />

CONCLUSIONS<br />

Based on these results it was not possible to conclude<br />

whether the use of LDD modulated <strong>perio</strong>dontal bone support<br />

reduction or attachment loss in induced <strong>perio</strong>dontitis in<br />

female rats.<br />

ABSTRACT<br />

Periodontium support degradation is the main biological<br />

event in <strong>perio</strong>dontal disease. The aim of this study was to<br />

evaluate the influence of systemic use of a low-dose of<br />

77<br />

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doxycycline (LDD) on <strong>perio</strong>dontal bone support (PBS) and<br />

attachment loss (AL) in induced <strong>perio</strong>dontitis associated<br />

with occlusal overload in rats. This study used 25 female<br />

Wistar rats weighing 250g, divided into 5 groups (n=5): CG<br />

(control group), LG (ligature group); OG (occlusal overload);<br />

LOG (ligature and occlusal overload); LOGD (ligature, occlusal<br />

overload and doxycycline). Periodontitis was induced by<br />

inserting a ligature around the first mandibular molar (1MDM)<br />

for 28 days. In order to obtain occlusal overload at the 1MDM,<br />

the occlusal surfaces of the second and third maxillary molars<br />

(2MXM and 3MXM) were flattened. 0.14mg of doxycycline was<br />

orally administered every day to the LOGD group rats during<br />

the experimental <strong>perio</strong>d. The rats were sacrificed and the right<br />

hemi-mandibles were analyzed by digital radiograph of the<br />

PBS(%), whereas the left hemi-mandible was processed for<br />

histopathological analysis of AL(mm). The mean values were<br />

treated using ANOVA and the Tukey test at 5% level. Results<br />

for PBS in the CG (55.49±4.86%) and OG (60.03±3.37%)<br />

groups were similar to each other and statistically different<br />

from the LG (46.73±4.80%), LOG (51.69±2.84%) and<br />

LOGD (57.76±4.50%) groups (p=0.001). For AL, CG<br />

(0.<strong>11</strong>±0.07mm) and OG (0.12±0.10mm) were similar to each<br />

other and statistically different from LG (0.41±0.09mm), LOG<br />

(0.58±0.12mm) and LOGD (0.54±0.12mm) (p=0.0001). In<br />

conclusion, the use of LDD appears not to modulate PBS or<br />

AL reduction in rats with <strong>perio</strong>dontitis associated with occlusal<br />

overload.<br />

UNITERMS: doxycycline, dental occlusion, <strong>perio</strong>dontics.<br />

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78<br />

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R. Periodontia - 20(4):73-79<br />

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application of intrusive force to rat molars. Eu J Orthod 1999; 21(1):<br />

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Address<br />

Fabiana Cavallini<br />

Rua Independência, 743 Jardim Bela Vista<br />

CEP: 09041-310 – Santo André - São Paulo<br />

E-mail: biana.net@uol.com.br<br />

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VOL. 20 - Nº 04 - DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

<strong>REV</strong>ISORES<br />

Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira<br />

Alex Nogueira Haas<br />

Ana Lia Anbinder<br />

André Luiz Pataro<br />

Cláudio Mendes Pannuti<br />

Cristiane Aparecida de Assis Claro<br />

Davi Romeiro Aquino<br />

Denise Spolidorio<br />

Fernando de Oliveira Costa<br />

Gilson César Nobre Franco<br />

José Augusto Rodrigues<br />

José Roberto Cortelli<br />

Luís Otávio de Miranda Cota<br />

Mônica César do Patrocínio<br />

Sheila Cavalca Cortelli<br />

80<br />

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VOL. 20 - Nº 04 - DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

NORMAS PARA PREPARAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />

As informações sobre a missão, o escopo, o público e a política editorial da <strong>Revista</strong> podem ser encontradas em<br />

www.<strong>revista</strong><strong>perio</strong>dontia.com.br.<br />

Normas gerais<br />

Os artigos para a publicação na <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA da SOBRAPE deverão ser inéditos e redigidos em português,<br />

inglês ou espanhol. Artigos originais de pesquisa terão prioridade para apreciação mas, artigos de revisão e relatos de casos ou<br />

técnicas, de interesse na Periodontia, também poderão ser incluídos. A <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA reserva todos os direitos autorais<br />

do trabalho publicado. As informações contidas nos originais e publicadas na <strong>revista</strong> são de inteira responsabilidade do(s) autor(es),<br />

não refletindo necessariamente, a opinião do Corpo Editorial da <strong>revista</strong> ou a posição da SOBRAPE.<br />

Envio do Material<br />

O material deve ser enviado exclusivamente para o e-mail <strong>revista</strong><strong>perio</strong>dontia@sobrape.org.br<br />

Apresentação do material<br />

Os artigos deverão ser digitados em Word para Windows, com fonte Arial, tamanho 12, justificado, em folhas de papel A4<br />

numeradas consecutivamente. Deve ser usado espaço duplo com margem de 2,5 centímetros de todos os lados. As laudas<br />

deverão ter em média 1.600 toques (26 linhas de toques), perfazendo no máximo 20 páginas (excluindo gráficos, figuras e tabelas).<br />

Seleção de artigos<br />

A seleção dos artigos enviados à <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA será realizada pelo Conselho Editorial, que dispõe de autoridade<br />

para decidir sobre sua aceitação. No processo de revisão e aprovação, que será realizado em pares, serão avaliados: originalidade,<br />

relevância metodologia e adequação às normas de publicação.<br />

Considerações Éticas<br />

Estudos que envolvam seres humanos deverão estar de acordo com a RESOLUÇÃO 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,<br />

e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Unidade /Instituição em que foram realizados. As mesmas considerações são<br />

feitas para estudos em animais. O número de aprovação do comitê deverá estar presente no artigo.<br />

Estrutura do artigo<br />

Os trabalhos devem ser divididos conforme os itens abaixo:<br />

1- Página de título (Português e Inglês ou Espanhol e Inglês): deverá conter o título do artigo em negrito, o nome dos<br />

autores numerados de acordo com a filiação (instituição de origem, cidade, país), a principal titulação dos autores de forma<br />

resumida (sem nota de rodapé) e endereço do autor correspondente. As demais páginas devem ser na forma de texto contínuo.<br />

Exemplo:<br />

Associação do PDGF e IGF na Regeneração Periodontal Revisão de Literatura<br />

Fernando Hayashi 1 , Fernando Peixoto 1 , Chistiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2<br />

1 Mestrandos em Periodontia da FOUSP<br />

2 Professor titular de Periodontia da FOUSP<br />

2- Resumo: deve fornecer uma visão concisa e objetiva do trabalho, incluindo objetivos, material e métodos, resultados e<br />

as conclusões. Deve conter no máximo 250 palavras (incluindo pontos, vírgulas etc).<br />

3- Palavras-chave: são palavras ou expressões que identificam o conteúdo do texto. Para sua escolha, deverá ser consultada<br />

a lista “Descritores em Ciências de Saúde DECS”, da BIREME. Número de palavras-chave: máximo 6.<br />

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VOL. 20 - Nº 04 - DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

4- Abstract e Keywords: cópia precisa e adequada do resumo e palavras-chave em Inglês. Deverá ser consultada a lista<br />

“Medical subject headings”. Disponível em www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html. Número de Keywords: máximo 6.<br />

5- Introdução: é o sumário dos objetivos do estudo, de forma concisa, citando as referências mais pertinentes. Também<br />

deve apresentar as hipóteses em estudo e a justificativa do trabalho.<br />

6- Material e Métodos: devem ser apresentados com suficientes detalhes que permitam confirmação das observações<br />

encontradas, indicando os testes estatísticos utilizados , quando existirem.<br />

7- Resultados: as informações importantes do trabalho devem ser enfatizadas e apresentadas em seqüência lógica no<br />

texto, nas figuras e tabelas, citando os testes estatísticos. As tabelas e figuras devem ser numeradas (algarismo arábico) e citadas<br />

durante a descrição do texto. Cada tabela deve conter sua respectiva legenda, citada acima, em espaço duplo, em página<br />

separada, no final do artigo depois das referências. As figuras também devem estar localizadas em páginas separadas, no final<br />

do texto, porém, as legendas devem estar localizadas a baixo.<br />

8- Discussão: os resultados devem ser comparados com outros trabalhos descritos na literatura, onde também podem ser<br />

feitas as considerações finais do trabalho.<br />

9- Conclusão: deve responder: objetivamente aos questionamentos propostos.<br />

10- Agradecimentos (quando houver): apoio financeiro de agências governamentais, assistências técnicas, laboratórios,<br />

empresas e colegas participantes.<br />

<strong>11</strong>- Referências Bibliográficas: Essa seção será elaborada de acordo com as Normas Vancouver (disponíveis em: www.<br />

icmje.org), devendo ser numeradas seqüencialmente conforme aparição no texto. E, as abreviações das <strong>revista</strong>s devem estar em<br />

conformidade com o Index Medicus/ MEDLINE.<br />

Todos os autores da obra devem ser mencionados.<br />

Exemplos Normas Vancouver:<br />

Artigo de <strong>Revista</strong>:<br />

1. Lima RC, Escobar M, Wanderley Neto J, Torres LD, Elias DO, Mendonça JT et al. Revascularização do miocárdio sem<br />

circulação extracorpórea: resultados imediatos. Rev Bras Cir Cardiovasc 1993; 8: 171-176.<br />

Instituição como Autor:<br />

1. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines. Med<br />

J Aust 1996; <strong>11</strong>6:41-42.<br />

Sem indicação de autoria:<br />

1. Cancer in South Africa. [editorial]. S Af Med J 1994; 84-85.<br />

Capítulo de Livro:<br />

1. Mylek WY. Endothelium and its properties. In: Clark BL Jr, editor. New frontiers in surgery. New York: McGraw-Hill; 1998.<br />

p.55-64.<br />

Livro:<br />

1. Nunes EJ, Gomes SC. Cirurgia das cardiopatias congênitas. 2a ed. São Paulo: Sarvier; 1961. p.701.<br />

Tese:<br />

1. Brasil LA. Uso da metilprednisolona como inibidor da resposta inflamatória sistêmica induzida pela circulação extracorpórea<br />

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<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>dezembro</strong> <strong>2010</strong> - 4ª <strong>REV</strong> - <strong>08</strong>-<strong>02</strong>-<strong>11</strong>.indd 82 8/2/20<strong>11</strong> 19:21:40


VOL. 20 - Nº 04 - DEZEMBRO <strong>2010</strong><br />

[Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1999. 122p.<br />

Eventos:<br />

1. Silva JH. Preparo intestinal transoperatório. In: 45° Congresso Brasileiro de Atualização em Coloproctologia; 1995; São<br />

Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; 1995. p.27-9.<br />

2. Minna JD. Recent advances for potential clinical importance in the biology of lung cancer. In: Annual Meeting of the<br />

American Medical Association for Cancer Research; 1984 Sep 6-10. Proceedings. Toronto: AMA; 1984;25:293-4.<br />

Material eletrônico:<br />

Artigo de <strong>revista</strong>:<br />

1. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun<br />

5]; 1(1):[24 screens]. Disponível em: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm<br />

Livros:<br />

1. Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies too [monograph online]. New York: Health On<br />

the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em : URL: http://www.sinuses.com<br />

Capítulo de livro:<br />

1.Tichenor WS. Persistent sinusitis after surgery. In: Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies<br />

too [monograph online]. New York: Health On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em: URL: http://www.<br />

sinuses.com/postsurg.htm<br />

Tese:<br />

1. Lourenço LG. Relação entre a contagem de microdensidade vasal tumoral e o prognóstico do adenocarcinoma gástrico<br />

operado [tese online]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. [citado 1999 Jun 10]. Disponível em: URL:http://<br />

www.epm.br/cirurgia/gastro/laercio<br />

Eventos:<br />

1. Barata RB. Epidemiologia no século XXI: perspectivas para o Brasil. In: 4° Congresso Brasileiro de Epidemiologia [online].;<br />

1998 Ago 1-5; Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1998. [citado 1999 Jan 17]. Disponível em: URL:<br />

http://www.abrasco.com.br/epirio98<br />

Informações adicionais podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_<br />

requirements.html<br />

12- Citações no texto: Ao longo do texto, deve ser empregado o sistema autor-data. Segundo as normas Vancouver,<br />

apenas a primeira letra do sobrenome do autor é grafada em maiúscula, sendo o ano da publicação apresentado entre parênteses.<br />

Trabalhos com até dois autores, tem ambos os sobrenomes mencionados no texto, separados por “&”. Trabalhos com três ou<br />

mais autores, terão ao longo do texto mencionado apenas o primeiro seguido da expressão “et al”.<br />

Se um determinado conceito for suportado por vários estudos, para a citação desses, deverá ser empregada a ordem<br />

cronológica das publicações. Nesse caso, o ano de publicação é separado do autor por vírgula (“,”) e as diferentes publicações<br />

separadas entre si por ponto e vírgula (“;”).<br />

13 - Figuras e Tabelas<br />

As tabelas e figuras deverão ser apresentadas em folhas separadas após a secção: Referências Bibliográficas (uma tabela/<br />

figura por folha com a sua respectiva legenda).<br />

Fotografias em formato digital (arquivo JPG ou TIFF): Resolução de 300 DPIs.<br />

As imagens serão publicadas em preto e branco. Caso haja interesse dos autores há possibilidade de impressão colorida das<br />

imagens, havendo custo adicional de responsabilidade dos autores.<br />

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