revista perio set2010 - 3ª REV - 31-01-11.indd - Revista Sobrape
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VOL. 20 - Nº 03 - SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
VOL. 20 - Nº 03<br />
SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
EDITORIAL<br />
Caros leitores,<br />
A produção científica brasileira vem crescendo nos últimos anos. Além do aumento no número de artigos publicados,<br />
observa-se também uma melhora significativa da qualidade do produto científico gerado em nosso País.<br />
Nesse contexto a <strong>revista</strong> Periodontia tem sido aprimorada e constantemente modificada para se tornar um veículo<br />
adequado de ciência.<br />
Acreditamos no potencial de crescimento da <strong>revista</strong> Periodontia nos próximos anos baseado na oferta ainda modesta<br />
de periódicos que temos no Brasil proporcionalmente à nossa demanda. E mais, acreditamos no potencial da <strong>Revista</strong> por ser<br />
esta o veículo oficial de uma Sociedade forte que se firma cada vez no cenário latino-americano por sua posição de destaque<br />
em relação à exportação de conhecimento.<br />
No sentido de inovar mais uma vez, a partir da próxima edição iremos inaugurar mais uma seção da <strong>revista</strong> Periodontia<br />
chamada de passo a passo da pesquisa onde iremos sanar muitas dúvidas e contribuir para o desenvolvimento da pesquisa<br />
brasileira.<br />
Em nome da SOBRAPE agradeço a todos que tem atendido aos nossos chamados para publicar na <strong>revista</strong> Periodontia.<br />
Boa leitura!<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Editora-chefe<br />
3<br />
<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>set2<strong>01</strong>0</strong> - 3ª <strong>REV</strong> - <strong>31</strong>-<strong>01</strong>-<strong>11.indd</strong> 3 <strong>31</strong>/1/2<strong>01</strong>1 23:35:23
<strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA<br />
DE PERIODONTOLOGIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />
PERIODONTOLOGIA<br />
Fundada em 05/10/1970 Gestão 2<strong>01</strong>0/2<strong>01</strong>1<br />
Sede: Rua Tres Pontes, 52<br />
CEP: 05042-020 - São Paulo - SP<br />
Tel/Fax: (11) 11 3862-1422 / 11 9611-7257<br />
Home-page: www.sobrape.org.br<br />
E-mail: sobrape@sobrape.org.br<br />
Diretoria Executiva<br />
Presidente: Joaquim Resende - MG<br />
Vice-Presidente: Ricardo Guimarães Fischer - RJ<br />
1º Secretário: Lívio de Barros Silveira - MG<br />
2º Secretária: Carolina Ferreira Franco - MG<br />
1º Tesoureiro: Gerdal Roberto de Sousa - MG<br />
2º Tesoureira: Telma Campos Medeiros Lorentz - MG<br />
<strong>Revista</strong> Periodontia<br />
Editora: Sheila Cavalca Cortelli - SP<br />
Editores Associados: Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira, Davi<br />
Romeiro Aquino,Fernando de Oliveira Costa, Gilson César Nobre<br />
Franco, Luis Otávio de Miranda Cota, Marinella Holzhausen, Mônica<br />
César do Patrocínio<br />
Corpo Editorial: Alexandre Prado Scherma – SP, Ângela G. Martins<br />
- BA, Arthur B. Novaes Jr. - SP, Bruno C. De V. Gurgel - RN, Cristiano<br />
Susin - RS, Delane M. Rêgo - RN, Eduardo Feres - RJ, Élcio Marcantonio<br />
Júnior - SP, Estela S. Gusmão - PE, Francisco E. Pustiglioni - SP,<br />
Francisco H. Nociti Jr. - SP, Gerdal Roberto de Sousa - MG, Geraldo A.<br />
Chiapinotto - RS, Getúlio R. Nogueira Filho - CA, Giuseppe Alexandre<br />
Romito - SP, Isaac S. Gomes Filho - BA, Joaquim Resende – MG, João<br />
B. César-Neto - RS, Joni A. Cirelli - SP, José E. C. Sampaio - SP , José<br />
Roberto Cortelli - SP, Karina Cogo – SP, Karina Silverio - SP, Lívio de<br />
Barros Siveira - MG, Luciene Figueiredo - SP, Luis A. P. de Lima - SP,<br />
Marcio F. M. Grisi - SP, Marcos Pontual - SC, Maria Â. N. Machado - PR,<br />
Mauricio Araújo - PR, Patrícia Furtado Gonçalves - MG, Plínio Macedo -<br />
PI, Poliana M. Duarte - SP, Raul G. Caffesse - (EUA), Ricardo G. Fischer -<br />
RJ, Rosemary A. C. Marcantonio - SP, Renata Cimões - PE, Renato de V.<br />
Alves - PE, Rodrigo O. C. C. Rêgo - CE, Rosenês L. dos Santos - PB, Rui<br />
V. Oppermann - RS, Sabrina Gomes - (RS), Sebastião L. A. Greghi - SP,<br />
Sergio L. da S. Pereira - CE, Sheila Cavalca Cortelli - SP, Telma Campos<br />
Medeiros Lorentz - MG<br />
Auxiliar técnica: Thaís Pereira Peixoto<br />
Diretor do Jornal Periodonto: Mauro Ivan Salgado - MG<br />
Divulgação e Promoção: Rodrigo Seabra - MG, Orley Araújo Alves<br />
- MG<br />
Redação / Seleção de Pauta: Alcione Maria Dutra de Oliveira,<br />
Carlos Roberto Martins - MG<br />
Diretor Cultural: Lorenza Carvalhais Souza - MG, José Eustáquio<br />
da Costa - MG<br />
Diretor Social: Ana Carolina Duppin Souza - MG, Arnaud Bezerra -<br />
MG<br />
Diretor Bibliotecário: Jayme Reis Ferracioli - MG<br />
Diretor de Informática: Douglas Campidelli Fonseca - MG<br />
Equipe comercial: Eleine Claudino Aguiar Quintella - MG, Henrique<br />
Teixeira de Castro - RJ, Marcio Eduardo Vieira Falabella - MG<br />
Diretor Acadêmico: Luis Otávio de Miranda Cota - MG<br />
Assessores da Presidência: Alfeu Eloy Bari - SP, Cesário Antônio<br />
Duarte - SP, Charles Menezes Leahy - AL, Moyses Moreinos - RJ<br />
Assessores Internacionais: Antônio Wilson Sallum - SP, Arthur Belém<br />
Novaes Junior - SP, Eduardo Tinoco - RJ<br />
Conselho Científico: Carlos Marcelo Figueiredo - RJ, Fernando de<br />
Oliveira Costa - MG, Valdir Golveia Garcia - SP<br />
Conselho Deliberativo<br />
Efetivos: Alfeu Eloy Bari - SP, Antônio Wilson Sallum - SP, Benedicto<br />
Egbert Corrêa de Toledo - SP, Cesário Antônio Duarte - SP, Hamilton<br />
Taddei Bellini - SP, Urbino da Rocha Tunnes - BA<br />
Membros Natos: Moyses Moreinos - RJ, Paulo Roberto Pereira de Sá<br />
- RJ Javan Seixas de Paiva - PE, Rodrigo Veras de Almeida - PE, Antônio<br />
Wilson Sallum - SP, Giuseppe Alexandre Romito - SP<br />
Suplentes: Inácio Rocha - RJ, Henrique Guilherme de Castro Teixeira<br />
- MG, Walter Augusto Soares Machado - RJ, Juracy Corrêa da Silveira<br />
- MG<br />
In Memoriam: João Nunes Pinheiro - CE, Juarez Corrêa da Silveira -<br />
MG, Rugerpe Antônio Pedreira - RJ, Yeddi Pereira - RJ, Nelson Thomaz<br />
Lascala - SP, Roberto Fraga Moreira Lotufo - SP<br />
Conselho Fiscal: Marcos Vinicius Moreira de Castro - GO, Charles<br />
Menezes Leahy - AL, Carlos Roberto Martins - MG<br />
Suplentes: José Márcios Falabella - MG, Guido de Oliveira - MG,<br />
Ibajay Brito de Oliveira - MG<br />
índice<br />
7<br />
13<br />
20<br />
28<br />
revisão de literatura<br />
TERAPIA FOTODINÂMICA EM PERIODONTIA<br />
CLÍNICA<br />
Photodynamic therapy in <strong>perio</strong>dontics<br />
Verônica Franco de Carvalho, Mariana Albolea Lubisco,<br />
Vanessa Tubero Euzebio Alves, Carla Castro Julio de Sousa<br />
Gonçalves, Marina Clemente Conde, Cláudio Mendes Pannuti,<br />
Marco Antônio Paupério Georgetti, Giorgio De Micheli<br />
APLICAÇÃO DO LASER ER,CR:YSGG EM<br />
PERIODONTIA E IMPLANTODONTIA: <strong>REV</strong>ISÃO<br />
DE LITERATURA<br />
Er,Cr:YSGG laser in <strong>perio</strong>dontics and implant dentistry: review<br />
of literature<br />
Chaine Pavone, Guilherme José Pimentel Lopes de Oliveira,<br />
Livia Rodrigues Perussi, Elcio Marcantonio Júnior, Rosemary<br />
Adriana Chiérici Marcantonio<br />
USO DE BIFOSFONATOS EM PACIENTES<br />
COM CÂNCER E SUA ASSOCIAÇÃO COM<br />
OSTEONECROSE DOS OSSOS MAXILARES –<br />
UMA <strong>REV</strong>ISÃO DE LITERATURA<br />
Use of bisphosphonates in patients with cancer and its<br />
association with osteonecrosis of the maxillary bones – a<br />
literature review<br />
Vítor Nunes, Bruna Lopes, Rodrigo Xisto Ferreira Lordani,<br />
Joel Alves, Renato Rocha5 Walter Machado, Luiz Claudio<br />
Borges Silva de Oliveira<br />
ESTRESSE COMO POSSÍVEL FATOR DE RISCO<br />
PARA A DOENÇA PERIODONTAL – <strong>REV</strong>ISÃO DA<br />
LITERATURA<br />
Stress as possible risk factor for <strong>perio</strong>dontal disease – literature<br />
review<br />
Lauro Garrastazu Ayub, Arthur Belém Novaes Júnior, Márcio<br />
Fernando de Moraes Grisi, Sérgio Luís Scombatti de Souza,<br />
Daniela Bazan Palioto, Christie Ramos Andrade Leite-Panissi,<br />
Mário Taba Júnior<br />
Representantes Estaduais<br />
Anne Michelle Lima Ferreira-AM, Mario Jardeo Diniz da Silvia-PA,<br />
José Américo Gonçalves Fagundes-AC, Mário Umezawa-RO, Eduardo<br />
Gomes Seabra-RN, Charles Menezes Leahy-AL, Safy Rodrigues Pires-<br />
BA, Dejanildo Jorge Veloso-PB, Renata Cimões-PE, Raimundo Nonato<br />
Soares de Castro-CE, Plínio da Sílva Macêdo-PI, Fábio Matos Chiarelli-<br />
ES, Neide Tinoco-RJ, Vanessa Frazão Cury-MG, José Roberto Cortelli-SP,<br />
Marcos Vinícius Moreira de Castro-GO, Joana Estela Rezende Vilela-TO,<br />
José Peixoto Ferrão Junior-MS, Emilio Barbosa e Silva-DF, Ricardo Luiz<br />
Grein-PR, José Luiz do Couto-SC, Cassiano Huchenbecker Rosing-RS<br />
Jornalista Responsável: Sueli dos Santos (MTB 25034) SP<br />
Impressão:<br />
Tiragem da <strong>Revista</strong>: 500 Exemplares<br />
Periodicidade: Trimestral<br />
Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade do(s)<br />
autor(es) e não expressam, a priori, os interesses da <strong>Sobrape</strong>. É proibida a<br />
reprodução total ou parcial dos artigos sem a devida autorização.<br />
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Casos Clínicos<br />
HOMEOPATIA COMO COADJUVANTE NA<br />
TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE<br />
EM PACIENTE COM PERIODONTITE<br />
CRÔNICA: RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Homeopathy as adjunct <strong>perio</strong>dontal therapy in<br />
support in patient with chronic <strong>perio</strong>dontitis: case<br />
report<br />
Edivaldo Barbosa da Silva, Ricardo Guimarães Fischer,<br />
Marilisa Lugon Ferreira Terezan<br />
37<br />
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL<br />
EM RESPOSTA AOS PICOS HORMONAIS 60<br />
DO CICLO REPRODUTIVO DA MULHER:<br />
ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO<br />
Evaluation of the gingival condition in response to<br />
the hormonal peaks of the women’s reproductive<br />
cycle: controlled clinical trial<br />
Elizangela Partata Zuza, Juliana Rico Pires, Alex<br />
Tadeu Martins, Maria Fernanda da Costa Albaricci,<br />
Michele Cristina David, Benedicto Egbert Corrêa de<br />
Toledo<br />
PLANEJAMENTO <strong>REV</strong>ERSO NA<br />
CORREÇÃO DE SORRISO GENGIVAL<br />
Reverse planning on the correction of gummy smile<br />
42<br />
P<strong>REV</strong>ALÊNCIA DE PATÓGENOS<br />
PERIODONTAIS EM TABAGISTAS<br />
67<br />
Pedro Henrique Duarte França de Castro, Luana<br />
Pontes Barros Lopes, Maurício Crispin, Suellen de Lima<br />
e Silva, Miriam Raquel Ardigó Westphal<br />
Prevalence of <strong>perio</strong>dontal pathogens among<br />
smokers<br />
Davi Romeiro Aquino, Gilson Cesar Nobre Franco,<br />
José Roberto Cortelli, Ana Paula Grimião Queiroz,<br />
Juliana Guimarães dos Santos, Sheila Cavalca Cortelli<br />
ORIGINAIS<br />
Dental Students’ Overall<br />
Knowledge Regarding Oral<br />
Antiseptics<br />
EDITORIAL<br />
47 3<br />
Conhecimento geral de estudantes de odontologia a<br />
respeito de antissépticos bucais<br />
Alex Nogueira Haas, Manuela Furtado Flores, José<br />
Pelino, Angela Della Gatta<br />
Relação de Revisores<br />
73<br />
PHASE II STUDY WITH MOUNTHRINSE<br />
CONTAINING 5% OF PROPOLIS FOR<br />
THREE-MONTHS: COMPLIANCE,<br />
APPRECIATION AND ACCEPTABILITY OF<br />
THE PRODUCT<br />
53<br />
Normas para preparação e<br />
publicação de artigos<br />
74<br />
Estudo fase II com colutório contendo própolis 5%:<br />
aderência, apreciação e aceitabilidade do produto<br />
Elizete Maria Rita Pereira, Carolina Morsani Mordente,<br />
Fernando Freitas Silva, Mariana Passos De Luca,<br />
Efigênia Ferreira e Ferreira, Maria Esperanza Córtes<br />
Segura, Telma Campos Medeiros Lorentz, Vagner<br />
Rodrigues Santos<br />
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VOL. 20 - Nº 03 - SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
<strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA v. 20, n. 03, 2<strong>01</strong>0. São Paulo: Sociedade Brasileira de<br />
Periodontologia.<br />
TRIMESTRAL<br />
ISSN <strong>01</strong>03-9393<br />
CDD 617.6<br />
CDD 617.632005<br />
A <strong>Revista</strong> Periodontia (ISSN <strong>01</strong>03-9393) é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Os artigos<br />
publicados são de responsabilidade dos seus autores. As opiniões e conclusões explicitadas nos artigos não necessariamente<br />
correspondem às opiniões da <strong>Revista</strong> e/ou da SOBRAPE. O material vinculado à publicidade é de inteira responsabilidade do<br />
anunciante.<br />
Associação e assinaturas: sobrape@sobrape.org.br<br />
6<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
TERAPIA FOTODINÂMICA EM PERIODONTIA CLÍNICA<br />
Photodynamic therapy in <strong>perio</strong>dontics<br />
Verônica Franco de Carvalho 1 , Mariana Albolea Lubisco 2 , Vanessa Tubero Euzebio Alves 2 , Carla Castro Julio de Sousa<br />
Gonçalves 3 , Marina Clemente Conde 4 , Cláudio Mendes Pannuti 4 , Marco Antônio Paupério Georgetti 4 , Giorgio De Micheli 5<br />
RESUMO<br />
O objetivo do tratamento <strong>perio</strong>dontal é restabelecer<br />
a saúde dos tecidos <strong>perio</strong>dontais, através da eliminação<br />
e controle dos fatores etiológicos, reduzindo a agressão<br />
microbiana. Alguns microrganismos persistem na superfície<br />
radicular mesmo após a raspagem. Dessa maneira, o<br />
tratamento mecânico convencional pode falhar em reduzir<br />
o número dos <strong>perio</strong>dontopatógenos a níveis compatíveis<br />
com saúde. O objetivo deste estudo é analisar estudos<br />
clínicos que empregaram a Terapia Fotodinâmica (PDT) no<br />
tratamento não-cirúrgico da <strong>perio</strong>dontite. A literatura atual<br />
mostrou seis ensaios clínicos que empregaram a PDT como<br />
coadjuvante ao tratamento não-cirúrgico de <strong>perio</strong>dontite<br />
crônica, que apresentaram resultados controversos em<br />
relação ao benefício adicional da PDT no tratamento<br />
<strong>perio</strong>dontal. Mais estudos são necessários para que se<br />
estabeleça um consenso a respeito do uso da PDT na<br />
prática clínica.<br />
UNITERMOS: doenças <strong>perio</strong>dontais, terapia fotodinâmica,<br />
laser. R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:07-12.<br />
1<br />
Doutoranda em Periodontia pela FOUSP<br />
2<br />
Mestranda em Periodontia da FOUSP<br />
3<br />
Aluna de iniciação científica de Periodontia da FOUSP<br />
4<br />
Professor Doutor de Periodontia da FOUSP<br />
5<br />
Professor Associado de Periodontia da FOUSP<br />
Recebimento: <strong>01</strong>/07/10 - Correção: 18/08/10 - Aceite: 03/09/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Doença Periodontal tem como causa principal<br />
o acúmulo de placa bacteriana ou biofilme dental<br />
nas superfícies dentais, que é capaz de produzir uma<br />
reação inflamatória nos tecidos <strong>perio</strong>dontais 1,2 . O<br />
tratamento das doenças <strong>perio</strong>dontais consiste no<br />
controle dos microrganismos presentes neste biofilme,<br />
por meio da raspagem e alisamento radicular 3,4 e<br />
rigoroso controle de higiene bucal pelo paciente 5 .<br />
Em alguns casos, a infecção <strong>perio</strong>dontal não<br />
é resolvida apenas com a instrumentação das<br />
superfícies dentais. Isso se atribui à presença de alguns<br />
patógenos <strong>perio</strong>dontais - como Aggregatibacter<br />
actynomycetencomitans e Porphyromonas gingivalis<br />
- que possuem a capacidade de invasão tecidual,<br />
podendo penetrar em tecidos moles 2 . Além disso,<br />
outros microrganismos podem colonizar tecidos<br />
duros 6 , sítios não <strong>perio</strong>dontais 7 e locais de difícil acesso<br />
para instrumentação 8 . A persistência dessas espécies<br />
bacterianas na superfície radicular pode facilitar a<br />
recolonização de sítios já tratados 9 , e levar a recidiva<br />
da doença 10 .<br />
A bolsa <strong>perio</strong>dontal residual, ou seja, sítio<br />
com profundidade clínica de sondagem (PCS)<br />
7<br />
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R. Periodontia - 20(3):7-12<br />
maior ou igual a 5mm, fornece um ambiente favorável a<br />
recolonização por <strong>perio</strong>dontopatógenos e tem maior risco<br />
de perda de inserção 11-13 e de perda do respectivo dente 14 .<br />
Nessas circunstâncias, a obtenção de parâmetros clínicos<br />
compatíveis com saúde requer, eventualmente, a execução de<br />
procedimentos complementares, como cirurgias para redução<br />
de bolsa 15 ou uso de antimicrobianos 16 .<br />
A antibioticoterapia sistêmica como coadjuvante ao<br />
tratamento <strong>perio</strong>dontal busca eliminar os microrganismos<br />
persistentes da bolsa <strong>perio</strong>dontal após a instrumentação<br />
radicular 2 . Essa terapia, entretanto, está associada a diversos<br />
eventos adversos além da possibilidade de resistência<br />
bacteriana e da sua limitação em penetrar na matriz<br />
extracelular do biofilme dental 17 . Uma alternativa seria o uso<br />
da antibioticoterapia local, através de dispositivos contendo<br />
antimicrobianos, inseridos na bolsa <strong>perio</strong>dontal 18 , mas os<br />
estudos realizados deixam em dúvida o benefício adicional<br />
no emprego de antimicrobiano local 19-22 .<br />
Terapia Fotodinâmica<br />
A Terapia Fotodinâmica envolve a associação da luz laser<br />
a um corante fotoativo, o fotossensibilizador. O biofilme<br />
subgengival é impregnado pelo fotossensibilizador que<br />
penetra nas células bacterianas, e quando irradiado pelo laser<br />
se torna excitado. A reação gera energia, a qual é transferida<br />
às moléculas de oxigênio da célula bacteriana. O oxigênio<br />
singleto e radicais livres formados são altamente reativos e<br />
capazes de destruir sistemas biológicos, levando à morte<br />
celular 23 . Dessa maneira, a PDT pode ser um coadjuvante ao<br />
tratamento <strong>perio</strong>dontal possibilitando melhor desinfecção da<br />
superfície radicular.<br />
Os corantes azul de metileno, azul de toluidina e verde<br />
de malaquita atuam como agentes fotossensibilizadores<br />
capazes de provocar morte celular de <strong>perio</strong>dontopatógenos<br />
- A. actinomycetencomitans, F. nucleatum, P. gingivalis, P.<br />
intermedia 24-27 . Estes fotossensibilizadores são moléculas<br />
catiônicas de baixo peso molecular, e penetram no biofilme<br />
rapidamente 28 .<br />
Estudos in vitro 29, 30 demonstraram que a PDT é capaz<br />
de atuar em biofilme. Estes estudos mostraram que o<br />
oxigênio singleto age diretamente nas moléculas da matriz<br />
extracelular do biofilme, degradando polissacarídeos,<br />
deixando os microrganismos vulneráveis ao efeito fotoquímico,<br />
diferentemente dos antibióticos <strong>31</strong>, 32 .<br />
A efetividade da PDT na redução de <strong>perio</strong>dontopatógenos<br />
foi confirmada por estudos em animais 33-35 , e ainda observouse<br />
uma redução significativa da atividade osteoclástica, tanto<br />
em ratos tratados com raspagem como em ratos tratados<br />
com PDT 36 .<br />
Estudos indicam a segurança do método para os tecidos.<br />
Foi demonstrado que a penetração do corante no tecido<br />
epitelial não provocar ulceração nem inflamação no tecido<br />
conjuntivo 33 . Além disso, a densidade de energia necessária<br />
para matar S. sanguis é muito menor do que a necessária<br />
para reduzir a viabilidade de fibroblastos e queratinócitos 37 .<br />
Para superar as limitações da raspagem e alisamento<br />
radicular, e com o intuito de reduzir ainda mais a carga<br />
bacteriana de sítios acometidos pela doença <strong>perio</strong>dontal tem<br />
sido investigada a Terapia Fotodinâmica (PDT) em Periodontia.<br />
Esta revisão de literatura pretende abordar estudos clínicos<br />
que empregaram a PDT como coadjuvante ao tratamento<br />
<strong>perio</strong>dontal não-cirúrgico, discutir resultados e a eficácia da<br />
terapia na clínica <strong>perio</strong>dontal até o presente momento.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
A pesquisa da literatura foi conduzida através do acesso<br />
à base de dados Medline-PUBMED. Foram selecionados<br />
artigos originais de ensaios clínicos, que utilizaram a PDT<br />
no tratamento de doenças <strong>perio</strong>dontais. As palavras-chave<br />
utilizadas para a busca foram “photodynamic therapy”,<br />
“<strong>perio</strong>dontal diseases” e “laser”.<br />
RESULTADOS<br />
Até março de 2<strong>01</strong>0, estavam disponíveis no Medline-<br />
PUBMED oito ensaios clínicos que avaliaram o uso da PDT<br />
como coadjuvante ao tratamento <strong>perio</strong>dontal não-cirúrgico,<br />
em pacientes portadores de <strong>perio</strong>dontite crônica 38-43 e<br />
<strong>perio</strong>dontite agressiva 44,45 .<br />
O estudo de Andersen et al. 38 foi conduzido em 33<br />
indivíduos portadores de <strong>perio</strong>dontite crônica, com bolsas<br />
de 6 mm ou mais. Os 5 primeiros indivíduos receberam PDT<br />
apenas, os outros 28 receberam raspagem e alisamento<br />
radicular, e subseqüentemente foram alocados para o grupo<br />
raspagem ou grupo raspagem associada a PDT. Neste<br />
estudo, foi utilizado o fotossensibilizador azul de metileno<br />
a 0,005% e laser diodo de 660 nm, com 150 mW por 60<br />
segundos em cada sítio. Após 12 semanas de observação,<br />
os autores verificaram resultado estatisticamente su<strong>perio</strong>r<br />
no grupo raspagem associada a PDT, tanto para redução da<br />
profundidade clínica de sondagem, quanto para o ganho<br />
clínico de inserção, quando comparado ao grupo raspagem.<br />
Chondros et al. 39 avaliaram 24 pacientes que receberam<br />
um único episódio de PDT, como coadjuvante à manutenção<br />
<strong>perio</strong>dontal. Foram selecionados sítios com PCS ≥ 4mm,<br />
de pacientes que receberam tratamento não-cirúrgico de<br />
<strong>perio</strong>dontite crônica e estavam sob manutenção <strong>perio</strong>dontal.<br />
8<br />
<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>set2<strong>01</strong>0</strong> - 3ª <strong>REV</strong> - <strong>31</strong>-<strong>01</strong>-<strong>11.indd</strong> 8 <strong>31</strong>/1/2<strong>01</strong>1 23:35:24
R. Periodontia - 20(3):7-12<br />
Após a instrumentação ultra-sônica, houve a alocação entre<br />
os grupos teste e controle. Para o grupo teste, utilizou-se o<br />
fotossensibilizador azul de toluidina a 10mg/m, e um aparelho<br />
de laser de diodo, com comprimento de onda de 670 nm<br />
e potência 75 mW/cm 2 , cuja fibra óptica que permanecia<br />
no interior da bolsa por 60s. Foram observados parâmetros<br />
clínicos e microbiológicos inicialmente, 3 e 6 meses após.<br />
Não houve benefícios adicionais em relação à redução<br />
de profundidade clínica de sondagem e ganho clínico de<br />
inserção, mas houve maior redução do índice de sangramento<br />
no grupo que recebeu PDT. No exame microbiológico de 3<br />
meses, observou-se uma maior redução de Fusobacterium<br />
nucleatum e, Eubacterium nodatum que no grupo teste.<br />
Mas, na avaliação de 6 meses foram detectados maiores<br />
números de Treponema denticola, Eikenella corrodens e<br />
Capnocytophaga spp no grupo teste.<br />
Christodoulides et al. 40 realizaram um estudo clínico<br />
aleatório e controlado de delineamento paralelo, avaliando<br />
a PDT como coadjuvante do tratamento <strong>perio</strong>dontal não<br />
cirúrgico em 24 pacientes com <strong>perio</strong>dontite crônica. A PDT<br />
foi aplicada uma única vez nos dentes experimentais teste,<br />
logo após o procedimento de raspagem (manual e ultrasônica).<br />
Utilizou-se o laser diodo com comprimento de onda<br />
de 670 nm e potência de 75 mW, através de uma fibra óptica<br />
introduzida na bolsa <strong>perio</strong>dontal por 60 segundos por dente.<br />
A avaliação clínica e microbiológica não mostrou benefício<br />
adicional no grupo que recebeu a PDT, aos 3 e 6 meses de<br />
observação. Mas houve redução significativa dos índices de<br />
sangramento no grupo teste em relação ao controle.<br />
Braun et al. 41 aplicaram a PDT como coadjuvante a<br />
raspagem em pacientes com <strong>perio</strong>dontite crônica, num<br />
estudo clínico aleatório de boca dividida. Foram incluídos<br />
20 pacientes, que possuíssem um pré-molar ou molar com<br />
PCS maior ou igual a 4mm, todos receberam raspagem. Nos<br />
dentes do grupo teste foi utilizado um fotossensibilizador<br />
fenotiazínico, e o laser diodo (660nm a 100mW) por 60 s<br />
por dente . Os autores observaram benefícios adicionais<br />
significantes no grupo teste em relação ao índice de<br />
sangramento, PCS, NCI e taxa do fluxo do fluido gengival, no<br />
acompanhamento de 3 meses. Os autores concluíram que<br />
a PDT como adjunto no tratamento da <strong>perio</strong>dontite crônica<br />
traz efeitos positivos.<br />
Polansky et al. 42 avaliaram a redução microbiana do<br />
tratamento <strong>perio</strong>dontal através da raspagem com ultrasom,<br />
associada ou não à PDT. Participaram do ensaio clínico<br />
aleatório controlado 58 indivíduos com <strong>perio</strong>dontite crônica<br />
com pelo menos três sítios com PCS ≥ 5mm, sangramento à<br />
sondagem e presença de Pg. Após a raspagem, os pacientes<br />
do grupo teste receberam a PDT, com o fotossensibilizador<br />
fenotiazínico e laser de diodo (680nm, 75mW). Os resultados<br />
clínicos (PCS, SS) e microbiológicos (Porphyromonas gingivalis,<br />
Tannerella forsythia, Treponema denticola) foram analisados<br />
em 3 meses, quando observou-se que não houve diferença<br />
estatisticamente significante entre os grupos.<br />
Lulic et al. 43 avaliaram a terapia fotodinâmica em pacientes<br />
com <strong>perio</strong>dontite crônica a longo prazo. Indivíduos que foram<br />
previamente tratados e estavam em manutenção <strong>perio</strong>dontal,<br />
foram incluídos se apresentassem bolsas residuais (PCS ≥<br />
5mm). Este ensaio clínico aleatório controlado paralelo avaliou<br />
10 pacientes, que receberam instrumentação manual seguida<br />
da PDT (grupo teste, n= 5) ou placebo (n=5). Utilizou-se<br />
laser de diodo (670nm, 75mW/cm2) e fotosenssibilizador<br />
fenotiazínico, em 5 repetições (1, 2, 7 e 14 dias após).<br />
Os pacientes foram avaliados com 1, 3, 6 e 12 meses de<br />
acompanhamento. Houve benefício adicional no grupo teste<br />
em relação à PCS, SS e NCI principalmente aos 6 meses de<br />
acompanhamento.<br />
O uso da PDT em substituição ao tratamento mecânico<br />
convencional em <strong>perio</strong>dontite agressiva foi avaliado por<br />
Oliveira et al. 44 , em estudo preliminar, aleatório controlado.<br />
Foram tratados 10 indivíduos com diagnóstico de <strong>perio</strong>dontite<br />
agressiva, sendo que nos dentes teste foi aplicada somente<br />
a PDT, usando laser diodo (660nm, 60mW, 1min/dente). Nos<br />
dentes controle foi feito o tratamento por meio de raspagem<br />
e alisamento radicular. Após 3 meses não foram observadas<br />
diferenças clínicas estatisticamente significantes entre os 2<br />
grupos, sendo que ambos apresentaram melhora em relação<br />
ao exame inicial.<br />
Num trabalho seguinte, Oliveira et al. 45 avaliaram o efeito<br />
da PDT na redução de marcadores inflamatórios como TNF-α<br />
e RANKL.O mesmo protocolo foi empregado, e os autores<br />
concluíram que ambos os tratamentos foram capazes de<br />
reduzir significativamente os níveis destes marcadores em<br />
pacientes com <strong>perio</strong>dontite agressiva.<br />
DISCUSSÃO<br />
Dentre os estudos clínicos publicados até o presente,<br />
Braun et al. 41 e Lulic et al. 43 demonstraram resultados clínicos<br />
su<strong>perio</strong>res com o emprego da PDT associada à raspagem<br />
em pacientes portadores de <strong>perio</strong>dontite crônica, quando<br />
comparados com pacientes que receberam apenas raspagem.<br />
Tais estudos não realizaram avaliação microbiológica.<br />
Lulic et al. 43 , ao empregar a PDT cinco vezes nas primeiras<br />
duas semanas de manutenção após a instrumentação,<br />
observaram os melhores resultados de longo prazo. Aos<br />
12 meses de acompanhamento, houve a manutenção da<br />
redução do índice de sangramento no grupo PDT associada<br />
9<br />
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à raspagem. Aos 6 meses, também foi observada maior<br />
redução de profundidade clínica de sondagem e nível clínico<br />
de inserção neste grupo. Porém, o estudo acompanhou<br />
apenas 10 indivíduos.<br />
Braun et al. 41 relataram o acompanhamento de curto<br />
prazo com um número maior de indivíduos (n= 20). Aos 3<br />
meses, observaram melhores resultados no grupo teste em<br />
relação aos parâmetros clínicos (sangramento à sondagem,<br />
profundidade clínica de sondagem e nível clínico de inserção).<br />
Andersen et al. 38 apresentaram resultados favoráveis<br />
da associação PDT e raspagem, porém, foi incluído número<br />
pequeno de sujeitos no grupo PDT (n=5), e, portanto, este<br />
grupo foi excluído da análise estatística. Além disso, não<br />
houve cegamento do examinador. Dessa maneira, o estudo<br />
não preenche totalmente os quesitos de confiabilidade de<br />
um ensaio clínico 46 .<br />
Chondros et DT associada à raspagem ou apenas<br />
raspagem, em relação aos parâmetros clínicos e microbiológicos,<br />
quando da avaliação das bactérias do complexo vermelho<br />
Pg, Td e Tf 2 . Os autores concluíram que a PDT não trouxe<br />
benefícios adicionais ao tratamento convencional.<br />
Pacientes portadores de <strong>perio</strong>dontite agressiva foram<br />
avaliados unicamente por Oliveira et al. 44,45 Neste estudo<br />
o grupo submetido a aplicação somente de PDT mostrou<br />
parâmetros clínicos similares ao grupo em que foi realizado,<br />
exclusivamente, procedimentos de raspagem.<br />
Quanto à técnica empregada, todos os estudos utilizam<br />
fibra óptica para a irradiação subgengival, e nenhum dos<br />
autores questionam a possível influência da presença de<br />
sangramento durante a irrigação e irradiação. Sabe-se que<br />
a presença de sangue pode alterar o efeito fotodinâmico 47 .<br />
Ainda não existem dados clínicos e microbiológicos<br />
suficientes que suportem o uso da PDT como antimicrobiano<br />
adjunto a terapia mecânica. Mais estudos clínicos são<br />
necessários para demonstrar os benefícios adicionais da PDT<br />
em relação ao tratamento convencional, e determinar suas<br />
melhores condições de aplicação.<br />
health through the elimination and control of etiologic factors,<br />
reducing the microbial aggression. Some microorganisms<br />
persist in the root surface even after scaling. Thus, the<br />
conventional mechanical treatment may fail to reduce the<br />
number of <strong>perio</strong>dontal pathogens to levels compatible with<br />
health. The objective of this study is to analyze clinical studies<br />
that used Photodynamic Therapy (PDT) in non-surgical<br />
treatment of <strong>perio</strong>dontitis. The current literature showed six<br />
clinical trials that used PDT as an adjuvant to non-surgical<br />
treatment of chronic <strong>perio</strong>dontitis, which showed controversial<br />
results regarding the added benefit of PDT in treating<br />
<strong>perio</strong>dontal disease. More studies are needed to establish a<br />
consensus regarding the use of PDT in clinical practice.<br />
UNITERMS: <strong>perio</strong>dontal diseases, photodynamic therapy,<br />
laser.<br />
CONCLUSÕES<br />
A PDT não pode ser o único método para tratamento<br />
de pacientes com <strong>perio</strong>dontite crônica, mas pode trazer<br />
benefícios adicionais ao tratamento convencional de<br />
<strong>perio</strong>dontite crônica.<br />
A PDT pode ser uma alternativa à antibioticoterapia para<br />
tratamento de pacientes com <strong>perio</strong>dontite agressiva.<br />
ABSTRACT<br />
The goal of <strong>perio</strong>dontal treatment is to restore tissue<br />
10<br />
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11<br />
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Periodontol. 2009 Jul;36(7):575-80.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Verônica Franco de Carvalho<br />
Departamento de Estomatologia – Disciplina de Periodontia<br />
Cidade Universitária Av. Prof. Lineu Prestes, 2227<br />
CEP: 05508-000 - São Paulo - SP<br />
E-mail: vfc@usp.br<br />
12<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
APLICAÇÃO DO LASER ER,CR:YSGG EM PERIODONTIA E<br />
IMPLANTODONTIA: <strong>REV</strong>ISÃO DE LITERATURA<br />
Er,Cr:YSGG laser in <strong>perio</strong>dontics and implant dentistry: review of literature<br />
Chaine Pavone 1 , Guilherme José Pimentel Lopes de Oliveira 1 , Livia Rodrigues Perussi 1 , Elcio Marcantonio Júnior 2 , Rosemary<br />
Adriana Chiérici Marcantonio 3<br />
RESUMO<br />
Os lasers são ferramentas amplamente utilizadas<br />
em diversas modalidades terapêuticas em áreas médicas<br />
podendo ser divididos em lasers de baixa e alta intensidade.<br />
Para o tratamento da doença <strong>perio</strong>dontal, os lasers<br />
de baixa intensidade estão relacionados com redução<br />
no número de bactérias, propriedades analgésicas e<br />
antiinflamatórias e os de alta intensidade podem ser<br />
aplicados em procedimentos cirúrgicos, melhorando a<br />
hemostasia, promovendo cortes mais precisos, remoção<br />
de cálculos dentários, além de interações termomecânicas<br />
e fotoquímicas com os tecidos. O laser de alta intensidade<br />
Érbio impregnado por Cromo:YSGG tem demonstrado<br />
resultados satisfatórios quando aplicado em tratamentos<br />
endodônticos, restauradores, cirúrgicos e como terapia<br />
coadjuvante ao tratamento básico <strong>perio</strong>dontal. O objetivo<br />
dessa revisão de literatura foi avaliar os estudos que<br />
pesquisaram sobre os efeitos do laser de Er,Cr:YSGG<br />
sobre a morfologia e biocompatibilidade de superfícies<br />
radiculares e de titânio irradiadas com esse lasers, além do<br />
efeito do mesmo no tratamento da doença <strong>perio</strong>dontal e<br />
periimplantar.<br />
UNITERMOS: lasers, <strong>perio</strong>dontia, terapia a laser, implante<br />
dentário. R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:13-19.<br />
1<br />
Doutorandos em Periodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP<br />
2<br />
Professor Livre docente do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia, Disciplina de<br />
Periodontia, Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP<br />
3<br />
Professora Doutora do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia, Disciplina de Periodontia,<br />
Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP<br />
Recebimento: 30/06/10 - Correção: 02/08/10 - Aceite: 27/08/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
Laser é uma abreviatura para a expressão<br />
inglesa Light Amplification by Stimulated Emission<br />
of Radiation (amplificação da luz por emissão<br />
estimulada de radiação) e seus princípios físicos<br />
foram inicialmente propostos por Einstein em 1916<br />
(Brugnera & Pinheiro, 1998); entretanto, foi somente<br />
em 1960 que o físico americano Theodore H. Maiman<br />
desenvolveu o primeiro aparelho de laser, emitindo<br />
luz através da estimulação dos elétrons de um cristal<br />
de rubi (Maiman, 1960;Brugnera & Pinheiro, 1998).<br />
A primeira aplicação do laser de rubi na odontologia<br />
clínica foi realizada em 1965, pelo médico Leon<br />
Goldman e a partir dos seus resultados, pequisadores<br />
passaram a estudar a utilização desses aparelhos em<br />
procedimentos odontológicos (Brugnera & Pinheiro,<br />
1998).<br />
Nos anos seguintes, surgiram os lasers a gás<br />
(CO2, HeNe), a diodo (GaAs, InGaAsP), os excímeros<br />
(ArF, XeCl) e os lasers em estado sólido (Nd:YAG,<br />
Ho:YAG, Er:YAG, Er,Cr:YSGG) que atualmente podem<br />
ser classificados em dois grandes grupos: os lasers<br />
de baixa intensidade ou LILT (Low-Intensity Laser<br />
Treatment) e os de alta intensidade ou HILT (High-<br />
13<br />
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R. Periodontia - 20(3):13-19<br />
Intensity Laser Treatment)(Aoki et al,. 2000).<br />
Os lasers de baixa intensidade promovem bioestimulação,<br />
provocando efeitos sobre processos moleculares e bioquímicos,<br />
favorecendo a cicatrização e o reparo de feridas devido a ações<br />
analgésicas e antiinflamatórias, além de atuar na redução no<br />
número de bactérias por meio da fotossensibilização (Braun<br />
et al., 2008). Estudos em animais(Almeida et al., 2008; Garcia<br />
et al., 2<strong>01</strong>0) e em humanos(Braun et al., 2008; Cristidoulides<br />
et al., 2008; Oliveira et al., 2009; Pejcic et al., 2<strong>01</strong>0) tem<br />
confirmado efeitos benéficos dessas lasers como adjuntos<br />
ao tratamento <strong>perio</strong>dontal não-cirúrgico.Os lasers de alta<br />
intensidade estão relacionados com interações fototérmicas<br />
e processos termomecânicos nos tecidos(Israel et al., 1997;<br />
Theodoro et al., 2006; Herrero et al., 2<strong>01</strong>0). Podem ser<br />
utilizados para manuseio de tecidos moles, cortes precisos,<br />
osteotomias, plastias e remoção de biofilme bacteriano das<br />
superfícies radiculares, promovendo hemostasia, diminuição<br />
no tempo de reparo tecidual e maior conforto para o paciente.<br />
( Eversole & Rizoiu, 1995; Fujii et al., 1998;Folwaczny et al.,<br />
2000; Kluger et al., 2004 ; Kelbauskiene & Maciulskiene, 2007<br />
; Soares et al., 2008).<br />
Dentre os lasers de alta intensidade, o laser de Er,Cr:YSGG<br />
tem recebido destaque quanto a sua aplicaçao em diversas<br />
especialidades da odontologia. No ano de 20<strong>01</strong>, a FDA<br />
(Food and Drug Administration) (FDA, 20<strong>01</strong>) liberou o uso<br />
desse laser para incisões, excisões, vaporização e coagulação<br />
em tecidos moles orais. Um ano depois (FDA, 2002), ele foi<br />
liberado para procedimentos nos tecidos ósseos, tais como<br />
ressecções, osteotomias e plastias. Inúmeras pesquisas têm<br />
demonstrado as diferentes aplicações desse aparelho, seja<br />
para terapias preventivas( Freitas et al., 2008), preparos<br />
cavitários(Gutknecht et al., 20<strong>01</strong>; Botta et al., 2004;<br />
Harashima et al., 2005; Obeidi et al., 2<strong>01</strong>0), procedimentos<br />
endodônticos (Eversole et al., 1997; Ishizaki et al., 2004; Jahan<br />
et al., 2006; Franzen et al., 2009), cirurgias <strong>perio</strong>dontais(Soares<br />
et al., 20<strong>01</strong>) e periimplantares (Azzeh, 2008).<br />
O objetivo desta revisão de literatura foi demonstrar<br />
os resultados, vantagens e diferentes aplicações do laser<br />
Er,Cr:YSGG em Periodontia e Implantodontia, por meio da<br />
pesquisa de artigos publicados entre 2000 e 2<strong>01</strong>0 nas bases<br />
Scopus e Pubmed.<br />
Revisão de Literatura<br />
Estudos in vitro que avaliaram morfologia do tecido<br />
dentinário e remoção de cálculo<br />
Meister et al., 2006 avaliaram a influência da água contida<br />
nos tecidos e a água da irrigação na ablação do esmalte e da<br />
dentina através da irradiação com os lasers de Er:YAG e com<br />
o laser de Er,Cr:YSGG. 192 amostras provenientes de dentes<br />
bovinos foram utilizadas nesse estudo, sendo que a metade<br />
foi desidratada antes do experimento. O laser de Er:YAG foi<br />
utilizado com potência de 1W em esmalte, e com 0.5 W em<br />
dentina, e o laser de Er,Cr:YSGG foi utilizado com 3W em<br />
esmalte e com 2 W em dentina. Ambos os lasers utilizaram<br />
3 parâmetros quanto a irrigação externa (Sem irrigação;<br />
irrigação com 0.8ml/s; irrigação com 3ml/s). Foi verificado<br />
que a água contida nos tecidos influenciou a ablação da<br />
dentina apenas com o laser de Er:YAG, enquanto que a<br />
irrigação externa foi importante para a ablação do esmalte<br />
e da dentina com ambos os lasers.<br />
Buscando avaliar os efeitos da irradiação com o laser de<br />
Er,Cr:YSGG na morfologia e no desgaste do tecido dentinário,<br />
Ekworapoj et al., 2007 avaliaram por microscopia eletrônica<br />
de varredura (MEV) 4 diferentes potencias de irradiação<br />
(3W, 3.5W, 4W, 4.5W). Os resultados demonstraram que<br />
o desgaste observado foi diretamente proporcional com o<br />
aumento da potência de irradiação. As superfícies irradiadas<br />
apresentaram-se rugosas, com túbulos dentinários abertos e<br />
com ausência de smear layer. Porém foi verificada a presença<br />
de danos térmicos como derretimento e condensação do<br />
tecido dentinário.<br />
Procurando determinar a potência apropriada do laser<br />
de Er:Cr;YYSG que leve a mínimas alterações na morfologia<br />
radicular com remoção eficiência de cálculos dentários Ting et<br />
al., 2007 fizeram estudo in vitro com dentes. Foram utilizados<br />
65 dentes, sendo que 22 dentes foram avaliados quanto a<br />
rugosidade, 8 foram utilizados para avaliação da morfologia<br />
e 35 dentes foram utilizados para avaliação da eficiência da<br />
remoção de cálculos dentários. Para cada avaliação os dentes<br />
foram divididos em 2 grupos de acordo com presença ou<br />
ausência de irrigação e dividos em 4 subgrupos de acordo<br />
com a potência do laser aplicada durante a irradiação (0.5W;<br />
1.0W; 1.5W e 2.0W). Os autores concluíram que a aplicação<br />
do laser de Er;Cr:YYSG na potência de 1.0W com irrigação não<br />
leva a grandes alterações na morfologia radicular e remove<br />
cálculo com eficiência aceitável.<br />
Noori et al., 2008 compararam a morfologia de superfícies<br />
radiculares após a irradiação com o laser com as superfícies<br />
radiculares instrumentadas com ultrassom magnetoestritivo.<br />
Para isso, foram utilizados 30 dentes com cálculo extraídos<br />
por doença <strong>perio</strong>dontal, as raízes foram divididas em duas<br />
partes iguais, sendo que uma metade foi irradiada com laser<br />
de Er,Cr:YSGG com potência de 1.0 W, e a outra metade<br />
foi raspada com ultrassom magnetoestritivo e após os<br />
tratamentos, a morfologia radicular foi avaliada por MEV.<br />
As superfícies radiculares irradiadas com laser de Er,Cr:YSGG<br />
apresentaram a maior presença de crateras, porém menos<br />
14<br />
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trincas em relação as superfícies radiculares raspadas com<br />
ultrassom magnetoestritivo.<br />
O estudo de Chou et al., 2009 teve como um dos<br />
objetivos a análise da morfologia e rugosidade da dentina<br />
após a irradiação pelo laser de Er,Cr:YSGG . Os parâmetros<br />
de potência e tempo de irradiação foram as variáveis desse<br />
estudo, e as análises demonstraram que as amostras irradiadas<br />
apresentaram-se rugosas com túbulos dentinários abertos<br />
e com ausência de smear layer. Os valores de rugosidade<br />
variaram de 3.14-6.16µm, porém os parâmetros de irradiação<br />
não influenciaram na morfologia e na rugosidade da dentina<br />
irradiada.<br />
Hakki et al., 2<strong>01</strong>0.a com o propósito de avaliar a eficiência<br />
na remoção de cálculo dentário com a irradiação com laser<br />
de Er;Cr:YSGG, utilizaram 32 dentes uniradiculares que foram<br />
tratados por 1) Raspagem manual, 2) raspagem manual<br />
e tratamento com tetraciclina, 3) Irradiação com laser de<br />
Er,Cr:YSGG com pulso de 140µs, 4)Irradiação com laser de<br />
Er,Cr;YSGG com pulso de 400µs, e a remoção de cálculo e a<br />
morfologia da superfície radicular foram avaliadas por MEV.<br />
A irradiação com o laser de Er,Cr:YSGG foi eficaz na remoção<br />
de cálculo, porém as superfícies radiculares se apresentaram<br />
mais rugosas que as superfícies raspadas com instrumentos<br />
manuais, sendo que o laser com pulso largo proporcionou<br />
o maior grau de rugosidade as superfícies radiculares.<br />
Nenhum dos tratamentos causou danos térmicos aos tecidos<br />
dentários.<br />
Oliveira et al., 2<strong>01</strong>0 avaliaram a influência do ângulo de<br />
irradiação com o laser de Er,Cr:YSGG sobre o desgaste, a<br />
rugosidade, a morfologia e a adesão de elementos sanguíneos<br />
em superfícies radiculares. 45 dentes foram utilizados sendo<br />
que 20 foram utilizados para a análise de rugosidade e de<br />
desgaste e 25 foram utilizados para a análise de morfologia e<br />
adesão de elementos sanguíneos. Os dentes foram divididos<br />
em 5 grupos: 1)Raspagem manual; 2)Laser Er,Cr:YSGG(30º);<br />
3)Laser Er,Cr:YSGG (45º); 4)Laser Er,Cr:YSGG(60º); 5)Laser<br />
Er,Cr:YSGG(90º). As superfícies radiculares irradiadas com o<br />
laser de Er,Cr:YSGG no ângulo de 45º , 60º e as amostras<br />
raspadas com instrumentos manuais apresentaram maior<br />
adesão de elementos sanguíneos que o grupo onde o laser<br />
de Er,Cr:YSGG foi irradiado com ângulo de 30º e 90º. As<br />
amostras irradiadas com o laser de Er,Cr:YSGG apresentaramse<br />
mais rugosas que as amostras raspadas com instrumentos<br />
manuais. O grupo que foi irradiado com laser de Er,Cr:YSGG<br />
com ângulo de 30º apresentou o menor desgaste em relação<br />
a todos os outros tratamentos. As superfícies radiculares<br />
irradiadas apresentaram-se mais rugosas que as raspadas<br />
com instrumentos manuais, entretanto, a irradiação com os<br />
ângulos de 45º e 60º proporcionaram resultados de adesão<br />
de elementos sanguíneos e desgaste radicular comparáveis<br />
com os obtidos com a instrumentação manual.<br />
Hakki et al.,2<strong>01</strong>0.b avaliaram a adesão de fibroblastos em<br />
superfícies radiculares irradiadas com o laser de Er,Cr:YSGG.<br />
Foram confeccionadas 45 amostras que foram divididas em<br />
5 grupos. 1) controle sem tratamento em raízes saudáveis;<br />
2) controle sem tratamento em raízes contaminadas; 3)<br />
Raspagem manual; 4) Laser de Er,Cr:YSGG com pulso curto-<br />
140µs; 5) Laser de Er,Cr:YSGG com pulso longo-400µs. A<br />
densidade de adesão de fibroblastos foi maior no grupo<br />
irradiado com laser de Er,Cr:YSGG com pulso curto quando<br />
comparado com os outros grupos. Na análise da morfologia<br />
dos fibroblastos, o grupo com o laser de Er,Cr:YSGG de<br />
pulso curto e o grupo controle apresentaram fibroblastos<br />
bem orientados e aderidos a superfície radicular. Os autores<br />
concluíram que o laser de Er,Cr:YSGG é uma ferramenta<br />
promissora para o tratamento <strong>perio</strong>dontal promovendo<br />
uma superfície radicular biocompatível com o processo de<br />
regeneração/reparo dos tecidos <strong>perio</strong>dontais.<br />
Estudos in vitro que avaliaram biocompatibilidade<br />
de discos de titânio<br />
Schwarz et al., 2006 avaliaram a influência do laser<br />
de Er,Cr:YSGG sobre a morfologia e biocompatibilidade<br />
de superfícies de implantes de titânio, bem como o<br />
restabelecimento da biocompatibilidade de implantes<br />
contaminados. Na primeira parte do estudo, 88 discos de<br />
titânio modificados por ácidos foram utilizados, 40 implantes<br />
foram irradiados com o laser na freqüência de 20Hz, outros<br />
40 implantes foram irradiados com o laser na freqüência de<br />
25Hz, e 8 discos serviram como controle. Dentro dos grupos<br />
irradiados, 5 graus de potência foram utilizados (0.5W, 1.0W,<br />
1.5W, 2.0W, 2.5W), e após os tratamentos os discos foram<br />
submetidos à adesão de osteoblastos. Na segunda parte<br />
do estudo, 36 discos de titânio modificados por ácido,<br />
previamente contaminados foram utilizados, sendo que 30<br />
deles foram irradiados com o laser de Er,Cr:YSGG com 25Hz<br />
de freqüência e 6 deles não foram irradiados, para servir como<br />
controle. Dentro dos discos irradiados, foram utilizados 5<br />
graus de potencia (0.5W, 1.0W, 1.5W, 2.0W, 2.5W), e após a<br />
irradiação foi também avaliado a adesão de osteoblastos aos<br />
discos. Os autores concluíram que apesar da boa remoção<br />
de biofilme sobre os discos irradiados, o laser de Er,Cr:YSGG<br />
não foi eficaz em restabelecer a biocompatibilidade dos discos<br />
de titânio contaminados<br />
Huang et al., 2007 avaliaram a biocompatibilidade de<br />
superfícies de titânio irradiadas com o laser de Er,Cr:YSGG<br />
comparado com superfícies de titânio não tratadas. Foi<br />
avaliada a adesão de células semelhantes a osteoblastos e a<br />
15<br />
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morfologia das superfícies irradiadas. A análise morfológica<br />
revelou que as superfícies irradiadas apresentavam-se<br />
com derretimento, e a avaliação da biocompatibidade<br />
demonstrou uma maior adesão de osteoblastos às superfícies<br />
irradiadas. Devido a isso, os autores chegaram à conclusão<br />
de que a irradiação com o laser de Er,Cr:YSGG aumenta a<br />
biocompatibilidade das superfícies de titânio.<br />
Lee et al., 2008 avaliaram a adesão, proliferação e<br />
diferenciação de células semelhantes a osteoblastos em<br />
discos de titânio que foram irradiados com laser de Er,Cr:YSGG<br />
e com o laser de CO 2.<br />
48 discos de titânio anodizados foram<br />
divididos em 4 grupos de acordo com o tipo de tratamento:<br />
1) controle sem tratamento; 2) Laser de CO 2<br />
; 3) Laser de<br />
Er;Cr:YSGG com potência de 1.5W; 4) Laser de Er,Cr:YSGG<br />
com potência de 2.5W. A proliferação de osteoblastos e a<br />
atividade de fosfatase alcalina foram avaliadas com 1 e 3<br />
dias após os tratamentos. Os resultados dessa pesquisa<br />
demonstraram que ambos os tipos de laser foram eficazes<br />
na proliferação e diferenciação das células semelhantes a<br />
osteoblastos em superfícies de titânio irradiadas.<br />
Tratamento de doença <strong>perio</strong>dontal<br />
Em 2007, Kelbauskiene & Maciulskiene realizaram um<br />
estudo piloto comparando raspagem e alisamento (RAR)<br />
à aplicação do laser Er,Cr:YSGG associado (Laser-RAR) no<br />
tratamento de <strong>perio</strong>dontite juvenil e moderada (atualmente<br />
classificada como Periodontite Agressiva). Foram selecionados<br />
10 pacientes, tratados pelo método de boca dividida com o<br />
Protocolo A (apenas RAR) ou com o Protocolo B (associação<br />
laser + RAR), as avaliações foram realizadas no início e 3 meses<br />
após os tratamentos, analisando os parâmetros clínicos de<br />
sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem<br />
(PS) e o índice de placa (IP). Os resulados demonstraram que<br />
no início, não houve placa em 3,8% dos dentes tratados<br />
com Laser-RAR e em 7,7% daqueles tratados com RAR<br />
apenas; Após 3 meses, a porcentagem de faces livres de<br />
placa aumentou para 47,4% no grupo RAR e para 34,6% no<br />
grupo Laser-RAR. No inicio das avaliações, 88,5% dos dentes<br />
no grupo Laser-RAR e 76,9% do grupo RAR apresentaram<br />
sangramento a sondagem, no entanto, após 3 meses houve<br />
redução de 68% para o grupo Lase-RAR e 60% para o grupo<br />
RAR. Redução da profundidade de sondagem ocorreu em<br />
ambos os grupos sendo que nos pacientes tratados pelo<br />
protocolo B, essa tendência foi maior. Os autores concluiram<br />
que os dois tipos de tratamento não-cirúrgicos foram<br />
eficientes, melhorando de maneira significativa os parâmetros<br />
clínicos avaliados, porém a associação Laser-RAR demonstrou<br />
maiores vantagens quando comparada com a RAR sozinha.<br />
Tratamento de doença periimplantar<br />
O trabalho de Azzeh, 2008 avaliou a aplicação clínica do<br />
laser de Er,Cr:YSGG em implantodontia através um relato de<br />
caso clinico sobre o tratamento de periimplantite. Paciente<br />
não-fumante do sexo masculino com 28 anos de idade<br />
apresentava recessão gengival de 2mm e profundidade<br />
de sondagem de 7mm na face vestibular do implante que<br />
substituía o dente 21. Foi executado cirurgia óssea regenerativa<br />
onde o laser de Er,Cr:YSGG foi utilizado no rebatimento do<br />
retalho, na remoção do tecido de granulação, perfuração do<br />
tecido ósseo e na limpeza da superfície do implante e após<br />
esse debridamento, enxerto ósseo heterogêno e membrana<br />
foram associadas ao defeito. Durante o acompanhamento de<br />
3, 6, 12 e 18 meses não foi encontrada nenhuma complicação<br />
e dessa forma o laser de Er,Cr:YSGG foi eficaz na cirurgia óssea<br />
regenerativa para tratamento de periimplantite.<br />
DISCUSSÃO<br />
A utilização do laser de Er,Cr:YSGG tem recebido destaque<br />
nos últimos tempos devido sua utilização tanto em tecidos<br />
duros (dente e osso) como dos tecidos moles.<br />
Diversos estudos in vitro avaliaram a capacidade e as<br />
características das superfícies radiculares após a irradiação<br />
do laser de Er,Cr:YSGG em remover o cálculo das superfícies<br />
dentárias associado ou não com procedimentos de raspagem<br />
e alisamento radicular com instrumentos manuais. Ting et<br />
al., 2007 demonstraram que a potência de 1W foi eficiente<br />
na remoção do cálculo de dentes extraídos, sem causar<br />
efeitos deletérios (carbonização, trincas ou condensação) na<br />
superfície radicular, já na potência de 3W Ekworapoj et al.,<br />
2007 observaram a presença de trincas e condensação no<br />
tecido dentinário resultado semelhante ao encontrado por<br />
Yamazaki et al., 20<strong>01</strong> quando aplicou esse mesmo laser em<br />
dentes sem irrigação. Sugerindo que a presença de irrigação<br />
externa é importante para se evitar superaquecimentos<br />
durante a irradiação, além de ser um fator de grande influência<br />
no processo de ablação tecidual, corroborado por Ishizaki et<br />
al., 2004; Meister et al.,2006.<br />
A remoção tecidual com ausência de danos térmicos nas<br />
superfícies irradiadas se deve ao mecanismo de ação deste<br />
laser (Ting et al., 2007) 33 . O comprimento de onda do laser<br />
de Er,Cr-YSGG (2.78µm) é altamente absorvido pela água.<br />
Dessa forma a irradiação com esse laser promove a rápida<br />
evaporação da água causando microexplosões na superfície<br />
dentinária removendo os cristais de hidroxiapatita em<br />
temperatura abaixo de seu ponto de fusão em um mecanismo<br />
denominado de ablação fotomêcanica(Harashima et al., 2005;<br />
Oliveira et al., 2<strong>01</strong>0).<br />
16<br />
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Alguns estudos (Noori et al., 2008; Oliveira et al., 2<strong>01</strong>0;<br />
Hakki et al., 2<strong>01</strong>0.b) observaram a presença de rugosidade<br />
após irradiação do laser Er,Cr:YSGG, fato este, relacionado com<br />
a interação entre o laser e os tecidos dentários. Clinicamente<br />
a presença de rugosidades ao irradiar a superfície radicular<br />
com o laser de Er,Cr:YSGG pode facilitar o acúmulo de<br />
biofilme bacteriano em superfícies supragengivais(Tsuzuki<br />
et al., 2009), e , devido a isso, ao se utilizar esse laser em<br />
superfícies radiculares situadas no meio supragengival se faz<br />
necessário que se execute um polimento nessa superfície após<br />
a irradiação(Kocher et al., 20<strong>01</strong>;Oliveira et al., 2<strong>01</strong>0).<br />
A utilização do Er,Cr:YSGG no tratamento de superfície<br />
de implantes foi avaliada por Miller, 2004, que demonstraram<br />
uma eficiente descontaminação da superfície do implante,<br />
sem causar super aquecimento ou alterações nas superfície<br />
do titânio. No entanto, em relação à capacidade deste laser<br />
de melhorar a biocompatibilidade de superfícies de implantes<br />
contaminadas ainda não foi bem definida. Enquanto<br />
alguns autores acreditam que essa biocompatibilidade seja<br />
possível após irradiação com o laser de Er,Cr:YSGG (Park<br />
et al., 2005), outros indicam falha desse tratamento em<br />
restabelecer a biocompatibilidade de superfícies de titânio<br />
contaminadas(Schwarz et al., 2006).<br />
Um estudo piloto in vivo (Kelbauskiene & Maciulskiene,<br />
2007) avaliou a eficácia desse laser associado ou não à<br />
raspagem e alisamento radicular no tratamento de pacientes<br />
com <strong>perio</strong>dontite agressiva e os melhores resultados<br />
foram obtidos com a associação entre laser e a raspagem,<br />
demonstrando diminuição na profundidade de sondagem,<br />
redução no sangramento à sondagem e pronunciada<br />
diminuição nos níveis de placa. Os bons resultados clínicos<br />
demonstrados nesse estudo estão de acordo com estudos<br />
in vitro que demonstraram que as superfícies radiculares<br />
irradiadas com laser de Er,Cr:YSGG são compatíveis com<br />
adesão de elementos sanguíneos(Oliveira et al., 2<strong>01</strong>0) e de<br />
fibroblastos(Hakki et al., 2<strong>01</strong>0). No tratamento cirúrgico de<br />
periimplantite, os resultados mostraram acesso satisfatório<br />
ao defeito ósseo, eficiente remoção do tecido fibroso de<br />
granulação e debridamento da superfície do implante, menor<br />
sangramento, ausência de infecção e melhor conforto do<br />
paciente (Azzeh, 2008).<br />
cientifíco para o correto uso clínico desse equipamento no<br />
tratamento <strong>perio</strong>dontal e em implantodontia.<br />
ABSTRACT<br />
Lasers are widely used tools in many therapeutic<br />
modalities in medical lasers and can be divided into low and<br />
high intensity. For the treatment of <strong>perio</strong>dontal disease, lowintensity<br />
lasers are related to reduce the number of bacteria<br />
and to induce inflammatory and analgesic properties. The high<br />
intensity lasers can be used in surgical procedures, improving<br />
hemostasis, promoting more accurate cuts, removal of dental<br />
calculus as well as thermomechanical and photochemical<br />
interactions with tissue. The high-intensity laser Erbium<br />
impregnated with chromium: YSGG laser has shown<br />
satisfactory results when applied in endodontic, restorative<br />
denstistry, surgical procedures and non-surgical <strong>perio</strong>dontal<br />
treatment. The purpose of this review is to evaluate the<br />
studies that investigated the effects of Er, Cr: YSGG laser on<br />
the morphology and biocompatibility of titanium and root<br />
surfaces irradiated with these lasers, even beyond the effect<br />
on the treatment of <strong>perio</strong>dontitis and periimplantitis.<br />
UNITERMS: lasers, <strong>perio</strong>dontology, lasertherapy, dental<br />
Implants.<br />
CONCLUSÃO<br />
De acordo com os trabalhos pesquisados, os resultados<br />
encontrados foram em sua maioria satisfatórios e impulsionam<br />
o interesse de diversos pesquisadores pela busca de novas<br />
aplicações do laser Er,Cr:YSGG, bem como a definição de<br />
parâmetros seguros que proporcionem embasamento<br />
17<br />
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R. Periodontia - 20(3):13-19<br />
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R. Periodontia - 20(3):13-19<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Prof.Dra Rosemary Adriana Chiérici Marcantonio<br />
Departamento de Diagnóstico e Cirurgia<br />
Faculdade de Odontologia de Araraquara<br />
Universidade de São Paulo - UNESP<br />
Rua Humaitá, 1680 CEP: 148<strong>01</strong>-903 - Araraquara - SP<br />
Tels.: 55-16-33<strong>01</strong>-6378 Fax: 55-16-33<strong>01</strong>-6369<br />
E-mail: adriana@foar.unesp.br<br />
19<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
USO DE BIFOSFONATOS EM PACIENTES COM CÂNCER<br />
E SUA ASSOCIAÇÃO COM OSTEONECROSE DOS OSSOS<br />
MAXILARES – UMA <strong>REV</strong>ISÃO DE LITERATURA<br />
Use of bisphosphonates in patients with cancer and its association with osteonecrosis of the<br />
maxillary bones – a literature review<br />
Vítor Nunes 1 , Bruna Lopes 2 , Rodrigo Xisto Ferreira Lordani 3 , Joel Alves 4 , Renato Rocha 5 , Walter Machado 6 , Luiz Claudio Borges<br />
Silva de Oliveira 7<br />
RESUMO<br />
Esta revisão buscou evidenciar uma possível relação entre<br />
tratamento cirúrgico odontológico, uso de bifosfonatos e o<br />
risco de desenvolvimento de osteonecrose em mandíbula<br />
e maxila. Foi observado através dos artigos selecionados<br />
para revisão que o uso de bifosfonatos através de via<br />
oral e/ou via intravenosa podem ser considerados como<br />
fator de risco para desenvolvimento de osteonecrose<br />
concomitantemente ao tratamento cirúrgico odontológico.<br />
Este fato parece ocorrer não somente baseado em um<br />
único fator de risco isoladamente, mas sim da inter-relação<br />
entre alguns fatores como indicação do uso, tempo que o<br />
bifosfonato foi ministrado ao paciente, via de administração,<br />
tipo de bifosfonato e tratamento odontológico proposto,<br />
independente de demais fatores de risco clássicos como<br />
terapia adjunta de corticosteróides. Desta forma, as<br />
possíveis evidências encontradas devem ser levadas em<br />
consideração quanto ao planejamento de novas condutas<br />
com medidas preventivas à osteonecrose associada aos<br />
bifosfonatos, maximizando desta forma a previsibilidade<br />
do tratamento odontológicos em pacientes com uso de<br />
bifosfonatos.<br />
UNITERMOS: bifosfonatos, fatores de risco, osteonecrose.<br />
R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:20-27.<br />
1<br />
Especializando em Periodontia da Odontoclínica Central do Exército (OCEx)<br />
2<br />
Especialista em Periodontia pela Odontoclínica Central do Exército (OCEx)<br />
3<br />
Cirurgião-Dentista Graduado pela UFRJ<br />
4<br />
Doutorando em Periodontia pela UERJ<br />
5<br />
Mestrando em Periodontia pela Universidade Veiga de Almeida (UVA)<br />
6<br />
Livre - Docente em Periodontia pela UERJ<br />
7<br />
Doutor em Periodontia pela UERJ<br />
Recebimento: 09/07/10 - Correção: 17/08/10 - Aceite: 08/09/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
Osteonecrose (ONC) da mandíbula ou da maxila<br />
tem sido relatada em vários estudos retrospectivos<br />
com pacientes que fizeram uso de bifosfonatos via<br />
intravenosa (IV) e/ou via oral (Migliorati et al., 2005;<br />
Van Poznack & Estilo, 2006; Marx & Sternl, 2003) .<br />
Os bifosfonatos (BFs) são análogos sintéticos do<br />
pirofosfato inorgânico que apresentam alta afinidade<br />
pelo cálcio (Migliorati et al., 2005; Russel et al., 1999).<br />
Sua estrutura química é baseada em fósforo-carbono<br />
e fósforo, similar ao pirofosfato endógeno, porém<br />
apresenta o carbono no lugar da molécula central de<br />
oxigênio. Um lado da cadeia que apresenta o grupo<br />
hidroxila tem alta afinidade pelos cristais de cálcio<br />
do osso mineral (Body, 2006; Boonyapakorn et al.,<br />
2008). O carbono aumenta a resistência a hidrólise,<br />
levando a degradação dos osteoclastos, inibindo a<br />
reabsorção óssea.<br />
A deposição do fármaco ocorre principalmente<br />
nos locais de formação óssea. Se não forem<br />
incorporados a matriz óssea são eliminados pela<br />
urina (Migliorati et al., 2005; Russel et al., 1999). Os<br />
BFs são divididos em dois grupos: a primeira geração,<br />
como o etidronato, que tem sido usado há mais de<br />
30 anos este grupo possui um lado da cadeia com<br />
20<br />
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R. Periodontia - 20(3):20-27<br />
um carbono central com fracas ações na reabsorção óssea. A<br />
segunda geração corresponde aos bifosfonatos nitrogenados<br />
-aminobifosfonatos - como o pamidronato e o alendronato,<br />
que possui um lado alifático adicional da cadeia que contem<br />
um átomo de hidrogênio. O zoledronato corresponde<br />
ao mais potente da segunda geração, com 2 átomos de<br />
nitrogênio, aumentando sua eficácia (Boonyapakorn et al.,<br />
2008; Ashcroft et al., 2003).<br />
Os compostos de bifosfonatos se acumulam por longos<br />
períodos de tempo na matriz óssea e dependendo da duração<br />
do tratamento e da droga prescrita, a droga pode ficar no<br />
organismo por anos(Migliorati et al., 2005) .<br />
Desta forma o objetivo desta revisão é avaliar uma possível<br />
associação entre o uso de BFs, tratamento odontológico<br />
cirúrgico e ONC dos maxilares.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Os artigos desta revisão de literatura foram selecionados<br />
através dos site PubMed e banco de dados do CRO/RJ,<br />
entre os meses de fevereiro de 2009 e março de 2<strong>01</strong>0,<br />
utilizando-se das palavras-chave: bifosfonatos; fatores de<br />
risco; osteonecrose, os quais foram publicados entre os anos<br />
de 1989 e 2009.<br />
<strong>REV</strong>ISÃO DE LITERATURA<br />
O uso de bifosfonatos<br />
Os bifosfonatos intravenosos são usados principalmente<br />
no tratamento e manejo das condições relacionadas ao<br />
câncer, como hipercalcemia, e eventos esqueléticos associadas<br />
com metástases ósseas de tumores sólidos, como câncer de<br />
mama, próstata, pulmão e mieloma múltiplo (Ruggiero et al.,<br />
2009; Nussbaum et al., 1993; Hortobagyi et al., 1998).<br />
Embora os bifosfonatos não tenham revelado aumento<br />
na taxa de sobrevivência, eles tiveram um significativo efeito<br />
positivo sobre a qualidade de vida para pacientes com<br />
câncer (Ruggiero et al., 2009). Os benefícios dos bifosfonatos<br />
associados à metástase óssea incluem principalmente a<br />
prevenção de neoformação tumoral no esqueleto e redução<br />
da dor óssea (Body, 2006; Boonyapakorn et al., 2008).<br />
Os BFs para uso oral, como alendronato e risedronato são<br />
farmacologicamente menos potentes e menos eficazes para<br />
o tratamento de metástase óssea. Desta forma são utilizados<br />
no tratamento da osteoporose e para tratar osteopenia. Eles<br />
também são usados para uma variedade de condições menos<br />
comuns como a doença de Paget (Delams & Meunier, 1997;<br />
Letocha et al., 2005).<br />
Tabela I<br />
Nomes comerciais e uso de bisfosfonatos<br />
Genérico Comercial Nitro Indicação Dose Potencia Via<br />
Etidronato Didronel Não Paget 5mg/kg,400mg/dia 1 x IV<br />
Tiludronato Skelid Não Neoplasia 400mg/dia 10 x O<br />
Clodronato Bonefos Não 300mg/dia-IV 10 x IV/OV<br />
Pamidronato Aredia Sim Paget/Neopla. 60mg 100 x IV<br />
Alendronato<br />
Fosamex<br />
Alendil<br />
Recalfe<br />
Endrox<br />
Cleveron<br />
Osteoral<br />
Osteoform<br />
Osteonan<br />
Osteotrat<br />
Osteofar<br />
Bonalen<br />
Endronax<br />
Minusorb<br />
Sim<br />
Osteoporose<br />
Paget<br />
P/ osteoporose<br />
70mg/semana<br />
10mg/dia<br />
P/ Paget<br />
40mg/dia/6 meses<br />
500 x VO<br />
Ibandronato Bodronat boniva Sim Osteoporose 150mg/mês 1000 x IV/VO<br />
Residronato Actonel Sim Osteoporose 35mg/semana; 5mg/dia 2000 x VO<br />
Zolendronato Zometa aclasta Sim Paget/Neopla. 5 mg dose única 10000 x IV<br />
(Fonte: Berenson et al., 2002; Brumsen et al., 1997)<br />
21<br />
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R. Periodontia - 20(3):20-27<br />
O protocolo sugerido pela sociedade americana de<br />
oncologia clínica descreve que bifosfonatos intravenoso, como<br />
pamidronato e zoledronato, em conjunto com quimioterapia<br />
anticancerígena, representam o “gold standart” para<br />
tratamento de hipercalcemia de malignidade e lesões com<br />
metástase óssea associadas com mieloma múltiplo, incluindo<br />
mama, próstata e pulmão (Berenson et al., 2002; Brumsen<br />
et al., 1997) . (Tabela I)<br />
Mecanismo de ação<br />
O Mecanismo de ação dos bifosfonatos no osteoclasto<br />
envolvem os seguintes mecanismos: inibição do seu<br />
desenvolvimento a partir dos monócitos (Hughes et al., 1995;<br />
Marx, 2003 ; aumento na indução a apoptose (Hughes<br />
et al., 1995; Marx , 2003) ; estimulação da ação do fator<br />
inibitório (Vitte et al., 1996; Marx, 2002) ; diminuição do<br />
desenvolvimento a partir de precursores de medula óssea<br />
(Hughes et al., 1995; Marx, 2003); redução da sua atividade<br />
metabólica osteoclástica (Sato & Grasser, 1990; Marx, 2003)<br />
e alteração da regulação de metaloproteinases da matriz<br />
(Teronen et al., 1999; Marx, 2002).<br />
Durante a reabsorção óssea os BFs são liberados podendo<br />
ser reincorporados para nova formação óssea (Migliorati<br />
et al., 2005; Ott, 2005; Licata, 2005). A internalização da<br />
droga pelos osteoclastos altera o tráfego vesicular, levando<br />
a diminuição da apoptose (Wood et al., 2002; Ficarra et al.,<br />
2005) e hipercalcemia reduzindo desta forma episódios de<br />
dor, fraturas e a necessidade de radiação no tratamento<br />
oncológico melhorando a qualidade de vida dos pacientes<br />
(Saad et al., 2006; Walter et al., 2008).<br />
Os bifosfonatos também possuem a propriedade de<br />
inibir a função das células endoteliais aumentando a taxa<br />
de apoptose e reduzindo a neoformação de tubos capilares.<br />
Estas propriedades antiangiogênicas são decorrentes da<br />
redução dos níveis de circulação do fator de crescimento de<br />
células endoteliais (Wood et al., 2002; Fournier et al., 2002;<br />
Ruggiero et al., 2009).<br />
Tabela II<br />
A Influência do uso de bifosfonatos na prática<br />
odontológica<br />
Wood et al. (2002) reportaram em seu estudo, os efeitos<br />
do uso dos bifosfonatos nos pacientes que desenvolveram<br />
Osteonecrose (ONC), os aspectos clínicos e histopatológicos<br />
demonstraram semelhança com a osteorradionecrose.<br />
Clinicamente ocorreram dor, infecção, exposição e seqüestro<br />
ósseo, que não responderam ao tratamento cirúrgico<br />
convencional.<br />
Em 2009, Ruggiero et al., (2009) delinearam características<br />
clinicas da ONC., as quais foram definidas como: paciente<br />
com terapia de bisfosfonato atual ou anterior; osso necrótico<br />
exposto da região maxilo-facial que tem persistido para > 8<br />
semanas e não ocorreu nenhuma irradiação da maxila nem da<br />
mandíbula. Ainda de acordo com os autores, em áreas com<br />
osso exposto pode ter ocorrido algum fator de catalisação,<br />
tais como: procedimentos cirúrgicos pregressos, histórico de<br />
doença <strong>perio</strong>dontal ou trauma por prótese total ou parcial<br />
com adaptação deficiente (Walter et al., 2008; Ruggiero et<br />
al., 2009; Walter et al., 2006). Dependendo do estágio de<br />
desenvolvimento da ONC, a avaliação radiográfica pode não<br />
contribuir significativamente para o processo de diagnóstico<br />
(Badros et al. ,2006).<br />
Segundo Migliorati et al., (2005) os pacientes podem<br />
ser assintomáticos, embora, em alguns casos, possam<br />
desenvolver dor severa associado à exposição de osso<br />
necrótico com infecção secundária ocorrendo perda da<br />
sensação sensorial.<br />
Ainda de acordo com Estilo et al. (2009) , as características<br />
mais presentes consistem em: osso exposto não vital;<br />
assintomático (confirmando a natureza necrótica do osso);<br />
tecidos moles circundantes normalmente eritematosos e<br />
edemaciados. Nos casos sintomáticos os sinais mais comuns<br />
são: dor, edema, drenagem de tecido mole e mobilidade<br />
dental. Nas biópsias ósseas, a flora bacteriana encontrada<br />
era de Actinomyces com infiltrado inflamatório, quantidades<br />
variáveis de osteoclastos e espaços medulares circundantes<br />
(Tabela II)<br />
Classificação diagnóstica de Osteonecrose induzida por Bisfosfonato<br />
Paciente de Risco<br />
Fazem uso de bifosfonatos, porém não apresentam Osseonecrose com exposição óssea<br />
Pacientes com OAB<br />
Estágio 1: Osteonecrose com exposição e assintomático e sem sinais de infecção.<br />
Estágio 2: Osteonecrose com exposição e sinais de infecção.<br />
Estágio 3: Osteonecrose com exposição, infecção, presença de fratura patológica, fístula<br />
extra-oral, seqüestros ósseos.<br />
(Fonte: Estilo et al. 2009)<br />
22<br />
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R. Periodontia - 20(3):20-27<br />
A incidência de ONC relacionada ao uso de bifosfonatos<br />
tem aumentado nos últimos anos devido o uso de drogas<br />
mais potentes, ministradas de forma intravenosa (Migliorati et<br />
al., 2005). Nestes pacientes oncológicos a incidência de ONC<br />
varia entre 0,8 % a 10 % (Durie et al., 2005; Hoff et al., 2006),<br />
entretanto a incidência em pacientes sem câncer com uso<br />
oral de BFs ainda permanece incerta (Migliorati et al., 2005;<br />
Van Poznack & Estilo, 2006; Estilo et al., 2009) .<br />
Fatores de Risco relacinados a ONC<br />
O tratamento do Câncer associado com BFs tem sido<br />
descrito como fator de risco para o desenvolvimento de<br />
osteonecrose. A área mais comum para o desenvolvimento de<br />
ONC é a cabeça do fêmur, principalmente após quimioterapia<br />
(Oh et al., 2004; Schwartz et al., 1982). Recentemente, a<br />
ONC foi relatada após tratamento com pamidronato e o<br />
zoledronato (Barmias et al., 2005) .<br />
Segundo Barmias et al. (2005), o tempo de exposição<br />
para a droga e o número de infusões são os fatores de risco<br />
mais significativos para o desenvolvimento de ONC. Em sua<br />
pesquisa nenhum dos pacientes que receberam menos de 12<br />
infusões de BFs desenvolveu ONC. Entretanto, a exposição<br />
média para os pacientes que desenvolveram ONC foi quase<br />
o dobro. Dados semelhantes foram relatadas por Durie<br />
et al. (2005). Sendo assim, ambos observaram incidência<br />
semelhante de ONC após 5 anos de exposição aos BFs.<br />
Segundo alguns autores o tipo de BFs pode desempenhar<br />
um papel no desenvolvimento de ONC (Boonyapakorn et al.,<br />
2008; Durie et al., 2005). Durie et al. (2005) sugeriram que o<br />
risco é maior com zoledronato do que com pamidronato e,<br />
de acordo com o autor, o maior fator de risco é a potência<br />
do fármaco, sendo o zoledronato mais potente que o<br />
pamidronato. Desta forma, segundo Boonyapakorn et al.<br />
(2008) tanto o zoledronato quanto pamidronato são mais<br />
potentes que os BFs de uso oral como o alendronato e<br />
risendronato e, portanto, há maior risco de catalisar uma ONC<br />
no paciente. Com esta visão Ficarra et al. (2005) demonstraram<br />
que a via intravenosa (IV) de administração resulta em maior<br />
exposição de droga que a via oral, aumentando o risco de<br />
ONC entre os pacientes na razão de 2.7 a 4.2 vezes mais do<br />
que aqueles que não fazem uso desta forma de tratamento.<br />
O tempo de duração da terapia com BFs também<br />
parecem constituir um maior risco para o desenvolvimento<br />
de ONC (Wang et al., 2003). Com esta visão, alguns autores<br />
(Hauge et al., 20<strong>01</strong>) sugeriram que há risco de desenvolver<br />
ONC associado com BFs de uso oral, embora este seja<br />
pequeno. Apesar do baixo risco, este parece aumentar<br />
quando a duração da terapia excede três anos e está<br />
associado com uso de corticoesteróides (Whyte et al., 2003).<br />
Segundo a, American Association of Oral and Maxillofacial<br />
Surgeons (Ruggiero et al., 2009) e a American Academy of Oral<br />
Medicine (Migliorati et al., 2005), a indicação na literatura é<br />
a prevenção, independente da via de administração do BFs.<br />
Como já descrito (Migliorati et al., 2005; Barmias et al., 2005<br />
e Ruggiero et al., 2009) os fatores locais são considerados os<br />
principais fatores de risco.<br />
Para Migliorati et al. (2005) a adequação do plano<br />
de tratamento odontológico é um importante fator de<br />
prevenção. Desta forma, a AAOM sugeriu o protocolo de<br />
exame em pacientes apresentado na Tabela III.<br />
Tabela III<br />
Recomendações para tratamento preventivo da ONC<br />
Exame intra-oral, extra-oral, e exame radiográfico para auxiliar no diagnóstico de cáries, doença <strong>perio</strong>dontal, evolução de<br />
terceiros molares, identificação de metástases cancerígenas e outras patologias;<br />
Exame <strong>perio</strong>dontal, para diagnosticar algum tipo de doença <strong>perio</strong>dontal. É importante eliminar qualquer fator de<br />
retenção de placa, como excesso de restauração e cálculo. Se diagnosticada, a doença deve ser tratada de forma<br />
adequada;<br />
As extrações devem ser feitas o mais breve possível;<br />
Restaurações defeituosas ou cáries devem ser restauradas;<br />
Coroas ou pontes fixas não são apropriadas para este tipo de paciente. As próteses removíveis devem ser reavaliadas<br />
quanto à forma, estabilidade e oclusão. Se necessário, ajustes devem ser feitos;<br />
Deve ser feita uma boa profilaxia, juntamente com instrução de higiene oral. O paciente também deve ser informado<br />
sobre o risco de desenvolver ONC e deve ser orientado sobre os primeiros sinais e sintomas da mesma;<br />
Ao término do tratamento, o paciente deve ser mantido em terapia de suporte.<br />
(Fonte: Migliorati et al., 2005)<br />
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Tabela IV<br />
Tratamento odontológico para pacientes com ONC<br />
Restaurações de rotina devem ser feitas da maneira mais atraumática possível;<br />
Raspagem e profilaxia devem ser feitas o mais atraumático possível, com cuidado com os tecidos moles;<br />
Evitar exodontias, exceto em dentes com mobilidade grau III ou mais. O pós-operatório do paciente deve ser monitorado<br />
semanalmente, nas primeiras 4 semanas, até que o alvéolo esteja cicatrizado por completo;<br />
Dentes com cáries extensas devem ser considerados para terapia endodôntica;<br />
A área com ONC deve ser tratada apenas com o objetivo de eliminar espículas ósseas que podem traumatizar tecidos<br />
moles. Pode ser feito debridamento, se necessário, para evitar traumatismo de tecidos adjacentes. Se houver, na área<br />
ao redor do osso exposto, eritema e supuração, deve ser utilizado antibioticoterapia e Gluconato de Clorexidina 0,12%<br />
até cicatrização da área;<br />
Próteses com material resiliente podem ajudar a cobrir o osso necrosado evitando traumas nos tecidos moles;<br />
Próteses já existentes devem ser reavaliadas. Se necessário, deve ser realizado o ajuste de forma e contorno, minimizando<br />
o trauma e pressão nos tecidos moles;<br />
Infecções odontogênicas devem ser tratadas com antibiótico sistêmico. Penicilina é o antibiótico de primeira escolha,<br />
podendo ser associado, se necessário, à Clindamicina.<br />
(Fonte: Migliorati et al., 2005)<br />
Ainda segundo o mesmo autor, para os pacientes com<br />
diagnóstico definido de ONC , o Cirurgião-Dentista deverá<br />
seguir o protocolo de atendimento odontológico segundo<br />
a AAOM apresentado na Tabela IV.<br />
Interrupção da terapia com BFs<br />
Não há ainda na literatura estudos que comprovem o<br />
efeito positivo da interrupção do tratamento com BFs. A<br />
interrupção da terapia por poucos meses pode ter pequeno<br />
efeito sobre o bifosfonato já incorporado ao osso (Migliorati<br />
et al., 2005; Ruggiero et al., 2009). Entretanto, outro efeito do<br />
bifosfonato, como a atividade antiangiogênica (Migliorati et<br />
al., 2005; Wood et al., 2002; Fournierr et al., 2002; Ruggiero et<br />
al., 2009), pode ser reduzido, sendo este um fator importante<br />
para a cicatrização da mucosa. Segundo a AAOM (Migliorati<br />
et al., 2005) para pacientes que fazem uso há mais de três<br />
anos ou se o associam ao uso de corticóides, é necessário<br />
interromper a administração de BFs por, no mínimo, três meses<br />
antes do procedimento cirúrgico, e só retornar ao uso após<br />
total e completa cicatrização dos tecidos envolvidos. Não<br />
há evidências científicas até o momento que afirmem que<br />
a interrupção do tratamento por poucos meses pode vir a<br />
aumentar desordens ósseas, como fraturas.<br />
DISCUSSÃO<br />
Apesar de vários estudos sobre ONC, sua prevalência<br />
entre os pacientes com uso de BFs é incerta. Pesquisas<br />
divergem entre os resultados, como entre Badros et al. (2006)<br />
que encontraram 24.2%, resultado substancialmente mais<br />
elevado do que os Bagan et al. (2006) 6,7 % , Durie et al.<br />
(2005) 6,2 % e Barmias et al. (2005) que apontaram taxa<br />
de 7,4 %<br />
Segundo vários autores (Boonyapakorn et al., 2008; Marx<br />
& Sternl, 2003; Ruggiero et al., 2004) a ONC pode ocorrer<br />
espontaneamente, mas o risco aumenta em pacientes<br />
submetidos a procedimentos cirúrgicos odontológicos,<br />
especialmente extrações (Bagan et al., 2006; Ruggiero<br />
et al., 2004). De acordo com estudos elaborados por<br />
Boonyapakorn et al. (2008) a extração dentária durante a<br />
terapia com bisfosfonato foi fortemente associada com o<br />
desenvolvimento de ONC, uma vez que 22 pacientes que<br />
apresentaram quadro de ONC, 77 % tinham uma história de<br />
extrações dentárias. Segundo Marx et al. (2005) a ONC ocorre<br />
mais freqüentemente na mandíbula que na maxila (68.1 %<br />
e 27.7 %, respectivamente). Estes dados corroboram com<br />
os relatados por Ruggiero et al. (2004) que em sua pesquisa<br />
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descreveram 23 pacientes com envolvimento maxilar, 39<br />
pacientes com envolvimento mandibular; e um acometimento<br />
de maxila e mandíbula concomitantemente.<br />
O tipo de bisfosfonato pode desempenhar um papel<br />
significativo na ocorrência da ONC. O Zoledronato<br />
(Boonyapakorn et al., 2008; Ruggiero et al., 2004) é<br />
considerado o mais potente bifosfonato apresentando<br />
um risco mais elevado de desencadear uma ONC que o<br />
pamidronato (Durie et al., 2005) .<br />
Uma provável explicação para este fato é o efeito inibitório<br />
mais potente do zoledronato na remodelação óssea, além<br />
de uma atividade anti-reabsortiva cerca de 100 a 1000<br />
vezes mais intensa quando comparado com o pamidronato,<br />
alendronato, risedronato, clodronato ou etidronato (Rosen et<br />
al., 20<strong>01</strong>; Vicenzi et al., 2005).<br />
Outro fator importante de risco para desenvolvimento<br />
de ONC é o tempo de exposição aos BFs. Segundo<br />
Bagan et al. (2006) o tempo médio de uso nos pacientes<br />
que desenvolveram ONC foi de 29,9 meses. Pesquisas<br />
como a de Melo & Obeid (2005) e Boonyapakorn et al.<br />
(2008) encontraram uma variação entre 30 e 34 meses,<br />
respectivamente.<br />
O período exato para suspensão do uso de BFs continua<br />
pouco claro na literatura, devido a permanência prolongada<br />
no tecido ósseo. Entretanto foi sugerido uma interrupção<br />
prévia de pelo menos 2 meses no uso de BFs antes de<br />
procedimento cirúrgico (Fleisch, 1991). De acordo com Lacy<br />
et al. (2006) a recomendação para realização de cirurgias<br />
eletivas em pacientes com padrão planalto de resposta aos<br />
BFS é de 2 anos.<br />
A AAOM sugere para a prevenção da ocorrência de ONC<br />
em pacientes com uso de BFs um completo exame clínico,<br />
incluindo raio x panorâmico e periapical completo, visando<br />
o tratamento prévio a terapia de uso de BFs (Migliorati et al.,<br />
2005). Em dentes com prognóstico sombrio e que devam<br />
ser extraídos, a ferida cirúrgica deve estar completamente<br />
cicatrizada antes da terapia com BFs, especialmente os de<br />
via intravenosa (Migliorati et al., 2005; Boonyapakorn et al.,<br />
2008).<br />
Em pacientes com suspeita de ONC a orientação é<br />
procurar um <strong>perio</strong>dontista imediatamente para iniciar o<br />
tratamento adequado (Migliorati et al., 2005; Boonyapakorn<br />
et al., 2008; Ruggiero et al., 2009).<br />
CONCLUSÃO<br />
A ONC é uma ocorrência associada ao uso de BFs, e<br />
está relacionada com o tempo de exposição, tipo e indicação<br />
médica do uso deste fármaco. O tratamento odontológico<br />
cirúrgico concomitante ao uso deste tipo de fármaco pode<br />
funcionar como um agente catalisador de ONC, visto que<br />
o metabolismo ósseo foi alterado pelas propriedades deste<br />
tipo de medicamento. A identificação dos fatores de risco,<br />
avaliação do procedimento odontológico proposto e contato<br />
com o médico responsável proporcionará uma melhor gestão<br />
do tratamento, maximizando a previsibilidade do mesmo.<br />
Futuras pesquisas envolvendo BFs, ONC e tratamento<br />
odontológico deverão abordar não só propriedades<br />
farmacológicas envolvendo esta classe de medicamento,<br />
como também uma melhor avaliação da meia-vida e<br />
metabolismo ósseo, visando sobretudo a qualidade de<br />
vida dos pacientes que fazem uso de BFs e necessitam de<br />
tratamentos cirúrgicos odontológicos.<br />
ABSTRACT<br />
The purpose of this literature review was to show the<br />
relationship between dental surgery procedures and the<br />
use of bisphosphonates as a risk factor for necrosis of bone<br />
jaw. It was shown that bisphosphonate administrated,<br />
orally or intravenous, previously or during the dental surgical<br />
treatment may be considered as a risk factor for osteonecrosis.<br />
This fact seems to be related to many factors such as:<br />
prescription, duration of the bisphosphonate therapy, type<br />
of administration, type of bisphosphonate, invasiveness of<br />
dental proceedings. Other recognized risk factors such as an<br />
adjunct corticosteroids therapy also influence the outcome<br />
of bisphosphonate use. All these evidences must to be<br />
considered in order to plan new preventive measures for<br />
osteonecrosis related to bisphosphonates usage, increasing<br />
the foresee ability of dental therapy in patients under<br />
bisphosphonates therapy.<br />
UNITERMS: bisphosphonates, osteonecrosis, risk factors.<br />
25<br />
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Apffelstaedt J, Hussein M, Coleman RE, Reitsma DJ, Seaman JJ, Chen<br />
BL, Ambros Y. Zoledronic acid versus pamidronate in the treatment<br />
of skeletal metastases in patients with breast cancer or osteolytic<br />
lesions of multiple myeloma: a phase III, double-blind, comparative<br />
trial. Cancer J 20<strong>01</strong>;7:377-87.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Vitor Hugo Silva Nunes<br />
Av. Vicente de Carvalho, 111 - Apartamento 2<strong>01</strong> – Vila da Penha<br />
CEP 21210-003 - Rio de Janeiro - RJ – Brasil<br />
E-mail: vitornunes136@hotmail.com<br />
27<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
ESTRESSE COMO POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA A<br />
DOENÇA PERIODONTAL – <strong>REV</strong>ISÃO DA LITERATURA<br />
Stress as possible risk factor for <strong>perio</strong>dontal disease – literature review<br />
Lauro Garrastazu Ayub 1 , Arthur Belém Novaes Júnior 2 , Márcio Fernando de Moraes Grisi 2 , Sérgio Luís Scombatti de Souza 2 ,<br />
Daniela Bazan Palioto 2 , Christie Ramos Andrade Leite-Panissi 3 , Mário Taba Júnior 2<br />
RESUMO<br />
Ao longo dos anos os estudos epidemiológicos têm<br />
demonstrado que a doença <strong>perio</strong>dontal não afeta os<br />
pacientes de uma forma padrão. Isso fez com que os<br />
pesquisadores propusessem classificações para as diferentes<br />
formas da doença. Além disso, fatores de risco como<br />
diabetes mellitus, tabagismo, dentre outros, vêm sendo<br />
identificados como possíveis razões para as diferentes<br />
formas de progressão da doença. A relação entre estresse<br />
e doença <strong>perio</strong>dontal é estudada desde a metade do<br />
século passado, sendo, a maioria dos casos, associados a<br />
formas necrosantes da doença. Nos últimos anos, estudos<br />
observacionais têm encontrado uma relação positiva entre<br />
o estresse e formas mais frequentes da doença, como a<br />
<strong>perio</strong>dontite crônica. Esses estudos apontam o estresse<br />
como um possível fator de risco para a doença <strong>perio</strong>dontal<br />
uma vez que, frequentemente, os fatores já conhecidos não<br />
são suficientes para explicar o início e progressão da doença.<br />
Assim, o objetivo desta revisão foi avaliar o estado atual de<br />
entendimento do estresse como um fator de predisposição<br />
ao desenvolvimento da doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
UNITERMOS: estresse, fatores de risco, doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:28-36.<br />
1<br />
Especialista e Mestrando em Periodontia da FORP – USP<br />
2<br />
Professor do Departamento de CTBMF e Periodontia da FORP – USP<br />
3<br />
Professora do Departamento de Morfologia, Estomatologia e Fisiologia da FORP - USP<br />
Recebimento: 30/06/10 - Correção: 04/08/10 - Aceite: <strong>01</strong>/09/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
A busca por causas que possam explicar variações<br />
nas formas de progressão das doenças inflamatórias,<br />
principalmente quando estas não podem ser<br />
atribuídas a fatores de risco já conhecidos, levou os<br />
pesquisadores a iniciarem estudos sobre a influência<br />
do estresse na doença <strong>perio</strong>dontal (Moulton et al.<br />
1952; Giddon et al. 1964;)<br />
Apesar de ainda não se conhecer amplamente<br />
a magnitude das alterações provocadas por um<br />
evento estressante, sabe-se que tal acontecimento<br />
tem a capacidade de induzir modificações no<br />
sistema imunológico e no comportamento do<br />
indivíduo. A intensidade dessas alterações pode<br />
variar, consideravelmente, entre as pessoas. Uma<br />
das possíveis explicações para isto é a forma como<br />
cada indivíduo lida ou interpreta diferentes estímulos<br />
estressantes (Genco et al. 1998, 1999; Hugoson et al.<br />
2002; Wimmer et al. 2002).<br />
Assim, a evolução das pesquisas sobre estresse<br />
e sistema imunológico é relevante não apenas nos<br />
estudos da doença <strong>perio</strong>dontal como também das<br />
diversas doenças inflamatórias. Ao mesmo tempo,<br />
outro ponto relevante questiona se as alterações<br />
imunológicas provocadas por um fato estressante<br />
28<br />
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R. Periodontia - 20(3):28-36<br />
levam a uma mudança comportamental, ou ao contrário.<br />
A importância desta questão reside em elucidar a base de<br />
atuação de um evento estressante.<br />
Além disso, o entendimento dos termos fator e indicador<br />
de risco têm extrema relevância. Fatores de risco podem ser<br />
definidos sucintamente como características, reconhecidos<br />
por estudos longitudinais, que aumentam a probabilidade de<br />
início e progressão da doença <strong>perio</strong>dontal. Os efeitos sobre a<br />
patogênese da doença revelados por estudos prospectivos e<br />
caso-controle, como o estresse, até o presente momento são<br />
referidos como indicadores de risco (Albandar, 2002).<br />
Esta revisão aborda o conhecimento atual sobre este<br />
tema e discute a sua relevância. O critério estabelecido<br />
para inclusão dos artigos baseou-se no fato dos mesmos<br />
encontrarem relação direta ou não do estresse com a doença<br />
<strong>perio</strong>dontal.<br />
<strong>REV</strong>ISÃO DA LITERATURA<br />
Relação entre o estado psicológico e diferentes<br />
formas de doença <strong>perio</strong>dontal<br />
A ideia de que alterações no estado psicológico causem<br />
um distúrbio no equilíbrio fisiológico ou na homeostase,<br />
podendo deixar um indivíduo mais susceptível a desenvolver<br />
doenças infecciosas, como a doença <strong>perio</strong>dontal, não é nova.<br />
Muitos estudos já propuseram essa relação e, na Periodontia,<br />
desde a metade do século 20, o estresse vem sendo associado<br />
a formas necrosantes da doença <strong>perio</strong>dontal (Moulton et al.<br />
1952, Giddon et al. 1964, Johnson et al. 1986). Na última<br />
década, muitos estudos foram publicados mostrando uma<br />
possível relação entre estresse, depressão e/ou eventos<br />
negativos da vida e diferentes formas da doença <strong>perio</strong>dontal<br />
(Monteiro da Silva et al. 1996, Genco et al. 1999).<br />
Na década de 1980, com o desenvolvimento da<br />
Psiconeuroimunologia, termo proposto por Robert Ader<br />
em 1975, alguns estudos mostraram associação entre<br />
solidão e uma pobre função imunológica induzindo maior<br />
vulnerabilidade ao desenvolvimento de doenças (Kiecolt-<br />
Glaser et al. 1984a, b, Glaser et al. 1985, Kiecolt-Glaser and<br />
Glaser 1991). Isso possibilitou uma evolução no entendimento<br />
das alterações sistêmicas provocadas pelo estresse, levando<br />
em consideração o tempo e a intensidade deste evento.<br />
A partir da metade da década de 1990, muitos estudos<br />
começaram a ser publicados na tentativa de esclarecer a<br />
relação entre fatores psicológicos, psicossociais e doença<br />
<strong>perio</strong>dontal. Esses estudos têm como intuito verificar se o<br />
estresse poderia ser considerado um fator de risco real para<br />
a doença <strong>perio</strong>dontal, uma vez que algumas variações de<br />
progressão e severidade da doença não são explicadas por<br />
fatores de risco biológicos e comportamentais já conhecidos.<br />
Os resultados obtidos por Monteiro da Silva et al. (1996),<br />
apesar de não permitirem fortes conclusões, são consistentes<br />
com a hipótese de que fatores psicossociais são importantes<br />
para o início e evolução da <strong>perio</strong>dontite de progressão rápida.<br />
Esses autores concluíram que o controle imunológico, em nível<br />
sistêmico ou local, é um importante fator no desenvolvimento<br />
da <strong>perio</strong>dontite crônica, e poderia explicar, pelo menos em<br />
parte, variações de destruição <strong>perio</strong>dontal entre pacientes.<br />
Alguns pesquisadores analisaram o impacto de problemas<br />
no emprego e conjugais no status <strong>perio</strong>dontal. Uma<br />
significante associação entre esses eventos e o grau de saúde<br />
<strong>perio</strong>dontal foi verificada, mesmo após serem ajustadas<br />
possíveis influências comportamentais (Croucher et al. 1997).<br />
Além disso, Croucher et al., neste mesmo trabalho, relataram<br />
uma importante descoberta; enquanto eventos negativos<br />
foram associados com <strong>perio</strong>dontite, eventos positivos<br />
refletiam uma melhor saúde <strong>perio</strong>dontal.<br />
Ao mesmo tempo, quando se procura definir o tipo de<br />
evento negativo, e em seguida analisar sua influência no<br />
início ou progressão de doenças infecciosas, nota-se que<br />
a gravidade deste acontecimento tem forte relação com o<br />
início e o desenvolvimento da doença. No entanto, a maneira<br />
como cada pessoa lida com essas situações estressantes<br />
tem-se mostrado determinante. Enquanto uma atitude<br />
positiva poderia proteger o indivíduo, uma visão negativa ou<br />
pessimista poderia causar alterações no sistema imunológico<br />
e endocrinológico. Tal fato aumentaria a susceptibilidade ao<br />
desenvolvimento da doença <strong>perio</strong>dontal (Genco et al. 1998,<br />
1999, Hugoson et al. 2002, Wimmer et al. 2002). Já existem<br />
na literatura algumas evidências de que fatores psicossociais<br />
estressantes, como por exemplo, pressões financeiras<br />
e exames de rendimento estão associados à doença<br />
<strong>perio</strong>dontal. Uma das relações estudadas atualmente está<br />
entre os níveis de cortisol na saliva e a perda óssea alveolar<br />
em pacientes com doença <strong>perio</strong>dontal avançada. Uma direta<br />
correlação entre esses parâmetros já foi demonstrada em<br />
pacientes com pobres estratégias para combater o estresse<br />
(Hugoson et al. 2002).<br />
A relevância do atendimento multidisciplinar para<br />
pacientes com quadros de depressão em idade avançada<br />
foi enfatizada por Friedlander e Norman (2002). Esses<br />
pesquisadores alertam para a ocorrência frequente desses<br />
casos e destacam o alto risco ao desenvolvimento de doença<br />
<strong>perio</strong>dontal grave, aumento do consumo de tabaco e uma<br />
resposta imunológica alterada. A xerostomia em função de<br />
medicações e a higiene oral negligenciada são apontadas<br />
como as principais causas.<br />
A hipótese de que fatores psicológicos, como o estresse,<br />
29<br />
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estariam associados a <strong>perio</strong>dontite não é confirmada por<br />
todos os estudos. Apesar disso, algumas pesquisas que<br />
não encontraram relação podem ter incluído pacientes com<br />
características inadequadas para essa análise, e esse fato foi<br />
relatado pelos pesquisadores (Solis et al. 2004).<br />
Entretanto, os trabalhos que relatam uma estreita relação<br />
entre fatores psicossociais e o desenvolvimento da doença<br />
<strong>perio</strong>dontal, também reconhecem a necessidade de estudos<br />
longitudinais que confirmem esses achados (Dolic et al. 2005).<br />
Estresse como possível fator de risco para a doença<br />
<strong>perio</strong>dontal<br />
Uma vez que variações na severidade da doença<br />
<strong>perio</strong>dontal não podem ser completamente explicadas por<br />
condições sistêmicas, genéticas, tabagismo, higiene bucal<br />
deficiente ou idade avançada, pesquisadores têm proposto<br />
que uma parte dessas variações pode ser compreendida pela<br />
atuação de fatores psicológicos como o estresse.<br />
Atualmente, o foco das pesquisas relacionadas ao<br />
estresse como possível fator de risco para a doença<br />
<strong>perio</strong>dontal está no entendimento de como essas alterações<br />
ocorrem em nível endócrino-imunológico. Para isso a<br />
evolução no campo da Psiconeuroimunologia é de grande<br />
importância.<br />
Há algum tempo já se conhece a importância da<br />
placa dental (fatores de virulência bacterianos) para o<br />
início e desenvolvimento da gengivite e da <strong>perio</strong>dontite,<br />
tanto em pacientes saudáveis como em pacientes<br />
imunocomprometidos. Sabe-se também que fatores de<br />
defesa do hospedeiro podem determinar a progressão e<br />
severidade da doença <strong>perio</strong>dontal. Portanto, se ocorrer uma<br />
diminuição da efetividade da resposta do hospedeiro frente<br />
a esse constante desafio bacteriano, o indivíduo estará mais<br />
susceptível ao surgimento da doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
Nesse sentido, um número expressivo de estudos tem<br />
demonstrado que o estresse emocional pode alterar a<br />
secreção de produtos de defesa do hospedeiro. Um exemplo<br />
seria a diminuição da produção de imunoglobulina-A (IgA).<br />
Este é o anticorpo predominante na saliva e pode ser<br />
considerado o agente antibacteriano mais importante em um<br />
quadro de saúde (McCleland et al. 1985). A sua diminuição<br />
provoca destruição tecidual ativada por produtos bacterianos,<br />
provavelmente, mediada por meio de citocinas liberadas por<br />
células do sistema imune ativadas, entre outras, levando a<br />
um desequilíbrio na relação parasita–hospedeiro.<br />
Um evento estressante é considerado a chave para a<br />
exacerbação ou diminuição das defesas do hospedeiro. Ambos<br />
os processos predispõem ao indivíduo o desenvolvimento de<br />
um processo inflamatório, como também a evolução da<br />
doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
Os efeitos do estresse emocional na imunidade e,<br />
consequentemente, em doenças infecciosas como a doença<br />
<strong>perio</strong>dontal já foram relatados. O evento estressante se<br />
mostrou capaz de alterar os diferentes sistemas envolvidos<br />
e prejudicar com isso, o equilíbrio entre a resposta do<br />
hospedeiro e a agressão dos micro-organismos (Breivik et<br />
al. 1996).<br />
Lamey et al. (1998) observaram em pacientes com<br />
desordens mentais que a resposta individual a um evento<br />
estressante é determinante e não ocorre de maneira uniforme<br />
entre os indivíduos. Tais evidências indicam que além de<br />
conhecer os mecanismos de interação entre os diferentes<br />
sistemas, deve-se entender também que as respostas a<br />
esses estímulos podem variar consideravelmente. Esta<br />
discrepância de respostas entre diferentes indivíduos pode<br />
ser pelo menos em parte, explicada pelo trabalho de Genco<br />
et al. (1999). Nesse estudo, os autores encontraram uma<br />
associação positiva entre eventos estressantes (problemas<br />
financeiros) e indicadores clínicos da doença <strong>perio</strong>dontal<br />
(altos níveis de perda de inserção e perda óssea alveolar). O<br />
estudo mostrou que aqueles indivíduos que possuíam boas<br />
estratégias emocionais para lidar com situações estressantes<br />
exibiram pouco ou não exibiram índices su<strong>perio</strong>res aos<br />
indivíduos que não experimentaram eventos estressantes. A<br />
variável “pobre cuidado com a higiene” foi ajustada por meio<br />
de visitas periódicas ao dentista. Desse modo, essa pesquisa<br />
foi a primeira a observar a influência de diferentes formas de<br />
encarar situações de estresse emocional.<br />
De acordo com Le Moal (2007) o estresse é resultado<br />
não específico de qualquer demanda exacerbada sobre o<br />
organismo, sendo seu efeito somático ou emocional, onde<br />
a natureza do agente estressor é irrelevante. Dentro desse<br />
contexto, Breivik et al. (1996) acrescenta que o estresse não<br />
é o acontece com alguém, mas sim como alguém reage ao<br />
que acontece.<br />
Ao analisar a imunidade humoral, Lopatin et al. (1999)<br />
encontraram uma evidente relação entre concentrações<br />
séricas de proteínas relacionadas ao estresse e a atividade<br />
<strong>perio</strong>dontal.<br />
A evolução da <strong>perio</strong>dontite baseada na reatividade do<br />
eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (eixo HPA) também foi<br />
estudada. Para isso, os autores de um estudo dividiram,<br />
didaticamente, os efeitos da variação na reatividade do eixo<br />
HPA em três passos. O primeiro descreve como ocorre a<br />
ativação do eixo por meio de um estímulo estressante. O<br />
segundo passo elucida as alterações ocorridas no sistema<br />
imune provocadas pela ativação do eixo HPA. Em linhas<br />
gerais, pode-se dizer que a modulação da resposta imune<br />
30<br />
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acontece através de dois subtipos de células T-auxiliares<br />
(Th1 e Th2). As células Th1 estimulam a imunidade celular<br />
através da produção de interferon-γ (IFN-γ) e interleucina-2<br />
(IL-2), enquanto as células Th2 promovem a diferenciação<br />
das células B e a imunidade humoral por meio da liberação<br />
da IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10 (Mosmann e Sad 1998). Esses<br />
pesquisadores acreditam que, após a ativação do eixo HPA,<br />
a resposta imune é conduzida pelas células Th2, sendo a<br />
liberação dos glicocorticóides modulada por essas células.<br />
Por fim, o terceiro passo discute as consequências do<br />
domínio das células Th2 na resposta imunológica. Apesar<br />
de ser considerada mais eficiente, a resposta proporcionada<br />
por essas células provoca maior destruição tecidual. Assim,<br />
os autores concluem o trabalho propondo que maior<br />
susceptibilidade à <strong>perio</strong>dontite pode ser dependente do<br />
domínio das células Th2 na resposta imunológica (Breivik<br />
et al. 2000).<br />
Diversos estudos têm demonstrado a relação do estresse<br />
e doença <strong>perio</strong>dontal. Assim, os achados de Genco et al.<br />
(1999) foram confirmados por outros estudos, sugerindo-se<br />
que adequadas formas de lidar com situações estressantes<br />
seriam capazes de anular os possíveis efeitos maléficos<br />
causados pelo estresse (Wimmer et al. 2002). Além disso,<br />
esses autores abordaram a ideia atual de que dois conceitos<br />
hipotéticos poderiam explicar a influência do estresse em<br />
pacientes que apresentam pobres estratégias para controle<br />
do mesmo; o modelo psiconeuroimunológico e o modelo<br />
comportamental.<br />
A possibilidade de o estresse causar um efeito pró ou<br />
antiinflamatório dependente de sua intensidade também foi<br />
relatada. Nesse sentido, a ativação do sistema imune pelo<br />
aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias circulantes<br />
(por exemplo, IL-1 e IL-6), estimularia a secreção de ACTH<br />
(hormônio adenocorticotrópico) pela glândula pituitária<br />
(lobo anterior) e cortisol pela glândula adrenal – os maiores<br />
moduladores do estresse (LeResche e Dworkin, 2002).<br />
Em um estudo de caso-controle foi encontrada uma<br />
relação desigual dos efeitos do estresse nos indicadores<br />
clínicos de doença. Os autores justificaram esses achados<br />
pelo fato dos pacientes, possivelmente, apresentarem graus<br />
diferentes de estresse. Ainda assim, o estudo demonstrou<br />
uma correlação positiva entre ansiedade e parâmetros clínicos<br />
da doença <strong>perio</strong>dontal (Vettore et al. 2003).<br />
A relevância das estratégias para lidar com eventos<br />
estressantes voltou a ser afirmada na resposta a terapia<br />
<strong>perio</strong>dontal não-cirúrgica em pacientes com <strong>perio</strong>dontite<br />
crônica. Os autores sugerem nesse estudo que os pacientes<br />
com estratégias passivas no controle de situações estressantes<br />
possuem forte impacto na resposta ao tratamento e na<br />
manutenção dos resultados obtidos, levando a acreditar que<br />
o mesmo efeito pode ser esperado no tratamento cirúrgico<br />
(Wimmer et al. 2005).<br />
No ano seguinte, um estudo transversal utilizando o<br />
nível de cortisol na saliva para avaliar a relação estresse -<br />
<strong>perio</strong>dontite crônica em 235 pacientes com idade a partir<br />
de 50 anos, encontrou elevados níveis de cortisol associados<br />
com a extensão e o grau de severidade da doença, mesmo<br />
após serem ajustadas importantes variáveis. Os autores,<br />
também, associaram os resultados com a maneira como os<br />
indivíduos lidam com o estresse e ressaltaram a importância<br />
de avaliar o papel da hiperativação do eixo HPA na doença<br />
<strong>perio</strong>dontal por níveis salivares de cortisol (Hilgert et al. 2006).<br />
Uma revisão sistemática foi publicada nos últimos anos,<br />
na tentativa de definir se o estresse e fatores psicológicos<br />
poderiam ser considerados fatores de risco para a doença<br />
<strong>perio</strong>dontal (Peruzzo et al. 2007). Foram analisados 14<br />
estudos com humanos (sete estudos de caso-controle, seis<br />
estudos transversais e um estudo de acompanhamento<br />
clínico por um período de dois anos). Os resultados foram<br />
contundentes, uma vez que, oito estudos (57,1%) mostraram<br />
uma associação positiva entre fatores psicossociais/estresse<br />
e doença <strong>perio</strong>dontal, quatro estudos (28,5%) encontraram<br />
uma relação positiva pelo menos para algumas características<br />
e, apenas dois trabalhos (14,2%) verificaram um resultado<br />
negativo quando analisaram essa possível relação.<br />
Apesar disso, deve-se levar em consideração a falta de<br />
padronização das metodologias aplicadas nesses estudos,<br />
tanto na análise dos indicadores clínicos, quanto na<br />
mensuração do estresse, além dos fatores comportamentais<br />
e variações entre pacientes na forma de encarar situações<br />
adversas.<br />
A hipótese de o estresse crônico modular a progressão<br />
da doença <strong>perio</strong>dontal foi avaliada em estudo com animais.<br />
Foram analisados, através da técnica de extração de RNA<br />
os níveis de alguns biomarcadores da doença relacionados<br />
ao estresse crônico. Os autores concluíram que o estresse<br />
crônico aumenta significativamente a perda óssea,<br />
ocasionada pela <strong>perio</strong>dontite induzida, por aumento local de<br />
fatores pró-inflamatórios (IL-1β, -6, IFN-γ) e pró-reabsorção<br />
(RANKL) (Peruzzo et al. 2008).<br />
Mais recentemente, Rosania et al. (2009) discutiram se os<br />
mecanismos do estresse e da depressão que influenciam a<br />
doença <strong>perio</strong>dontal são resultados de alterações na resposta<br />
inflamatória e imunológica, mudanças comportamentais, ou<br />
ainda, pela atuação simultânea desses processos. Além das<br />
análises dos dados clínicos e psicológicos, foram coletadas<br />
amostras de saliva para medição dos níveis de cortisol. Os<br />
autores relataram que o cortisol, um glicocorticóide que ajuda<br />
<strong>31</strong><br />
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a regular a resposta inflamatória e a atividade linfocitária,<br />
parece estar relacionado com o estado <strong>perio</strong>dontal,<br />
uma vez que, pacientes com níveis elevados de cortisol<br />
apresentavam um número maior de sítios com profundidade<br />
de sondagem e nível clínico de inserção entre 5 e 7 milímetros.<br />
Os pesquisadores justificaram esses resultados baseados<br />
na ideia de que elevações nos níveis de cortisol, por um<br />
curto período de tempo, reduzem a inflamação através da<br />
imunoestimulação. Contudo, quando esses níveis persistem<br />
por um período de tempo maior, o que se observa, é um<br />
quadro de imunossupressão, pois o glicocorticóide perde a<br />
habilidade de inibir a resposta inflamatória (Glassman e Miller,<br />
2007). Assim, o estudo conclui que o estresse, a depressão<br />
e o cortisol influenciam diretamente a doença <strong>perio</strong>dontal,<br />
independentemente dos hábitos de higiene do paciente.<br />
Desse modo, é provável, que o estresse e a depressão estejam<br />
relacionados com a destruição <strong>perio</strong>dontal por mecanismos<br />
fisiopatológicos e comportamentais.<br />
Alterações mediadas por eventos estressantes nos<br />
sistemas nervoso, endócrino e imunológico<br />
Nos últimos anos, alguns pesquisadores vêm propondo<br />
que o estresse, além de causar imunossupressão em quadros<br />
crônicos, pode também proporcionar uma maior proteção ao<br />
indivíduo, através de melhora da função imune em casos de<br />
estresse agudo. Além de o estresse agudo induzir significativa<br />
redistribuição de leucócitos dos vasos sanguíneos para os<br />
tecidos por influência de hormônios adrenais (Dhabhar et al.<br />
1996), alguns estudos têm mostrado também melhora da<br />
imunidade humoral, através do aumento dos níveis de alguns<br />
anticorpos, como das imunoglobulinas G e M (IgG e IgM)<br />
(Carr et al. 1992); como também melhora de parâmetros da<br />
imunidade inata (barreiras físicas e aspectos vascular e celular<br />
das respostas inflamatórias) (Dhabhar & McEwen 2008).<br />
Todavia, quando um quadro de estresse se prolonga por<br />
um tempo maior, tornando-se crônico, o que se observa,<br />
na maioria das vezes, é a supressão das funções imunes,<br />
aumentando com isso, a susceptibilidade a infecções. Neste<br />
caso, os hormônios glicocorticóides, como o cortisol, exercem<br />
efeitos imunossupressivos, inibindo a produção ou as ações<br />
das moléculas pró-inflamatórias. Ocorre, portanto, um<br />
desequilíbrio, levando a um domínio das células Th2 (resposta<br />
por anticorpos) sobre as células Th1 (resposta celular),<br />
promovendo aumento na produção da interleucina-4 (IL-4)<br />
e diminuição na produção da interleucina-2 (IL-2) (Dhabhar<br />
& McEwen 2008).<br />
Além disso, é importante lembrar que a maior parte dos<br />
efeitos do estresse é mediada por dois sistemas principais:<br />
o sistema nervoso simpático (SNS) e o eixo hipotálamopituitária-adrenal<br />
(eixo HPA). A ativação do primeiro (SNS)<br />
causa a produção, em maior escala, das catecolaminas,<br />
enquanto a ativação do segundo (eixo HPA) resulta em<br />
maior produção de glicocorticóides. Os glicocorticóides,<br />
além de continuar estimulando o hipotálamo a produzir o<br />
hormônio liberador de corticotropina (CRH), seguindo o ciclo<br />
de ativação do eixo, também atuam na redução da resposta<br />
inflamatória (imunossupressão). O CRH, além de estimular<br />
a produção de ACTH, estimula a liberação de citocinas por<br />
células imunes, como a interleucina-1 (IL-1) pelos macrófagos.<br />
Com isso, aumenta a proliferação das células T-auxiliares<br />
(Th1 e Th2), ocorrendo uma maior produção e liberação dos<br />
seus produtos. As células Th1 produzem IL-2 e interferon-γ<br />
(IFN-γ) e as células Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-<br />
13. Como já foi discutido anteriormente, parece haver um<br />
domínio da resposta mediada por anticorpos (Th2) em um<br />
determinado momento, acarretando maior dano tecidual<br />
pela especificidade, efetividade e tempo de atuação dessa<br />
resposta.<br />
Mudanças comportamentais provocadas pelo<br />
estresse<br />
Como já foi abordado anteriormente existem duas<br />
linhas de pesquisa sobre a influência do estresse no<br />
desenvolvimento de doenças infecciosas. Uma sugere que<br />
isto ocorra em função de alterações imunológicas que<br />
poderiam, inclusive, levar a mudanças comportamentais. A<br />
outra linha, aposta que essa maior predisposição acontece<br />
em função de mudança nos hábitos dos pacientes. Há ainda<br />
outra, e nova hipótese, que indica que isso ocorra por uma<br />
associação, ou uma sobreposição, desses processos (Rosania<br />
et al. 2009).<br />
Sabe-se que é difícil determinar se um acontecimento leva<br />
ao desenvolvimento do outro ou vice-versa, uma vez que,<br />
essas alterações, provavelmente, iniciam no mesmo momento<br />
do evento estressante e são determinadas pela forma como<br />
cada indivíduo contorna tal situação (Genco et al. 1999).<br />
Levando-se em consideração o comportamento do indivíduo,<br />
está bastante claro que uma higiene bucal deficiente, assim<br />
como, uma dieta rica em carboidratos, fumo, alta ingestão<br />
de álcool e medicamentos, aumentam, sem dúvida alguma, a<br />
chance de um indivíduo desenvolver alguma forma de doença<br />
<strong>perio</strong>dontal. Portanto, assim como se deve buscar um melhor<br />
entendimento da relação entre psiconeuroimunologia e<br />
doença <strong>perio</strong>dontal; deve-se, sobretudo, orientar os pacientes<br />
quanto à prática de hábitos saudáveis, evitando com que<br />
esses indivíduos fiquem expostos aos demais fatores de risco.<br />
A Tabela 1 e Quadro 1 apresentam de forma esquemática<br />
os resultados observados nos estudos analisados.<br />
32<br />
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Tabela 1<br />
Autores Resumo Conclusões<br />
Monteiro da Silva et al. 1996<br />
Grupo 1: <strong>perio</strong>dontite de progressão rápida<br />
Grupo 2: <strong>perio</strong>dontite crônica<br />
Grupo 3: sem <strong>perio</strong>dontite<br />
Há relação (Grupo 1).<br />
Breivik et al. 1996<br />
Influência do estresse emocional sobre imunidade,<br />
gengivite e <strong>perio</strong>dontite.<br />
Há relação (estresse modula a<br />
resposta imune).<br />
Croucher et al. 1997 Influência de eventos estressantes na <strong>perio</strong>dontite. Há relação.<br />
Lamey et al. 1998<br />
Revisão sobre: “Desordens mentais e <strong>perio</strong>dontia”<br />
Há relação (estresse aumenta<br />
susceptibilidade).<br />
Genco et al. 1999 Estresse e formas severas da doença <strong>perio</strong>dontal. Há relação.<br />
Lopatin et al. 1999 Nível de proteínas do estresse e doença <strong>perio</strong>dontal. Há relação.<br />
Breivik et al. 2000<br />
Hugoson et al. 2002<br />
Friedlander e Norman 2002<br />
Wimmer et al. 2002<br />
Reativação do eixo HPA no desenvolvimento da<br />
<strong>perio</strong>dontite (modelo animal).<br />
Eventos negativos (fatores psicológicos) e doença<br />
<strong>perio</strong>dontal.<br />
Implicações de fatores psicológicos na odontologia<br />
(doença <strong>perio</strong>dontal)<br />
Periodontite crônica e inadequadas formas de lidar<br />
com o estresse<br />
Há relação.<br />
Há relação.<br />
Há relação.<br />
Há relação.<br />
LeResche e Dworkin 2002 Estresse e doenças inflamatórias (doença <strong>perio</strong>dontal). Há relação.<br />
Vettore et al. 2003<br />
Grupo 1: <strong>perio</strong>dontite crônica leve e moderada Grupo<br />
2: <strong>perio</strong>dontite crônica grave<br />
Grupo 3: controle.<br />
Não há relação (estresse)<br />
Há relação (ansiedade)<br />
Solis et al. 2004 Estresse psicossocial e doença <strong>perio</strong>dontal. Não há relação.<br />
Dolic et al. 2005 Estresse psicológico e perda óssea alveolar severa. Há relação.<br />
Wimmer et al. 2005<br />
Estresse e tratamento <strong>perio</strong>dontal não-cirúrgico<br />
(<strong>perio</strong>dontite crônica).<br />
Há relação.<br />
Hilgert et al. 2006 Níveis de cortisol na saliva e <strong>perio</strong>dontite. Há relação.<br />
Peruzzo et al. 2007<br />
Peruzzo et al. 2008<br />
Estresse e fatores psicológicos e doença <strong>perio</strong>dontal<br />
(revisão sistemática).<br />
Estresse crônico e aumento da perda óssea alveolar<br />
(modelo animal).<br />
Há relação.<br />
Há relação.<br />
Rosania et al. 2009 Estresse, depressão, cortisol e doença <strong>perio</strong>dontal. Há relação.<br />
33<br />
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Quadro 1<br />
O gráfico representa os 19 trabalhos analisados nesta revisão de literatura dividindo-os em<br />
trabalhos que mostraram ou não relação entre o estresse e a doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
DISCUSSÃO<br />
Sabe-se que a doença <strong>perio</strong>dontal acontece apenas<br />
quando ocorre um desequilíbrio entre a resposta do<br />
hospedeiro e a agressão causada pelos microrganismos.<br />
Assim, sempre que se estuda se determinado hábito ou<br />
alteração sistêmica seja ela congênita ou adquirida, deve<br />
ser visto como um fator de risco para a doença <strong>perio</strong>dontal<br />
deve-se considerar o que isto pode acarretar na resposta/<br />
resistência do hospedeiro.<br />
Quando se analisa um quadro de estresse, não restam<br />
dúvidas de que este é capaz de levar a uma “quebra” da<br />
homeostase, através da ativação do eixo hipotálamopituitária-adrenal<br />
(eixo HPA) e do sistema nervoso simpático<br />
(SNS), além de mudanças comportamentais, muitas vezes,<br />
maléficas à resistência do hospedeiro. Portanto, fica-se diante<br />
de uma situação capaz de modificar a resposta do indivíduo.<br />
Porém, é importante ressaltar que essas modificações não<br />
ocorrem de maneira uniforme entre os indivíduos, sendo<br />
este talvez, o motivo pelo qual ainda se encontre diferenças<br />
significativas entre os estudos.<br />
É necessário, portanto, o estabelecimento de padrões<br />
de pesquisa e de seleção de pacientes, para que seja possível<br />
realizar análises comparativas e, dessa forma, determinar a<br />
real participação do estresse no início e desenvolvimento de<br />
diferentes formas da doença <strong>perio</strong>dontal. Contudo, é bastante<br />
provável que o estresse atue como um fator de risco real para<br />
todas as formas desta doença, assim como já é considerado,<br />
desde a metade do século vinte, para os casos de doença<br />
<strong>perio</strong>dontal necrosante (Moulton et al. 1952, Giddon et al.<br />
1964, Johnson et al. 1986).<br />
Ainda não existe na literatura estudos longitudinais com<br />
um grande número de pacientes, fato que impossibilita a<br />
obtenção de evidências mais contundentes da relação entre<br />
estresse e doença <strong>perio</strong>dontal. Em função disso, fatores<br />
psicossociais como o estresse, depressão e ansiedade são<br />
considerados atualmente indicadores de risco, sendo capazes<br />
de contribuir com a evolução da <strong>perio</strong>dontite.<br />
Na revisão sistemática realizada por Peruzzo et al. (2007),<br />
inicialmente, foram identificados 58 artigos, porém apenas 14<br />
puderam ser incluídos, em função dos critérios, mostrando a<br />
dificuldade que ainda existe em se encontrar trabalhos com<br />
metodologias padronizadas.<br />
Assim como Peruzzo et al. (2007) que encontraram em<br />
57,1% dos estudos analisados, uma associação positiva entre<br />
estresse e doença <strong>perio</strong>dontal e em 28,5% uma associação<br />
positiva para pelo menos alguma característica, essa revisão,<br />
que analisou 19 trabalhos, encontrou em apenas dois deles<br />
(Vettore et al. 2003 e Solis et al. 2004), uma falta de relação<br />
entre o estresse e diferentes formas da doença <strong>perio</strong>dontal<br />
(Tabela 1) (Quadro 1).<br />
CONCLUSÕES<br />
A importância do estresse como um possível fator de<br />
risco para a doença <strong>perio</strong>dontal é indiscutível. Os trabalhos<br />
publicados até o momento, em sua grande maioria, têm<br />
mostrado que quadros de estresse que acometem indivíduos<br />
com pobres estratégias para o seu manuseio podem alterar<br />
significativamente a resposta do hospedeiro, tanto pela via<br />
imunológica, como pela via comportamental.<br />
Tendo conhecimento de que uma maior susceptibilidade<br />
para a doença ocorre em função de um desequilíbrio<br />
entre a resposta do hospedeiro e a ação patogênica dos<br />
microrganismos, pode-se concluir que essas alterações<br />
devem predispor o indivíduo ao desenvolvimento da doença<br />
<strong>perio</strong>dontal.<br />
Assim, é bem provável que o estresse deva ser considerado<br />
um fator de risco real para as diferentes formas da doença<br />
<strong>perio</strong>dontal assim que se obtiverem evidências científicas mais<br />
sólidas através de estudos longitudinais com metodologias<br />
padronizadas.<br />
Portanto, é de fundamental importância levar em<br />
consideração o estado emocional dos pacientes quando se<br />
planeja um tratamento <strong>perio</strong>dontal. Mesmo os pacientes que<br />
realizam Terapia Periodontal de Suporte podem, em um dado<br />
momento, apresentar quadros de exacerbação da doença<br />
provocados por eventos estressantes capazes de ocasionar<br />
alterações fisiológicas e comportamentais.<br />
ABSTRACT<br />
A long of the years epidemiological studies have been<br />
34<br />
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R. Periodontia - 20(3):28-36<br />
demonstrated that <strong>perio</strong>dontal disease do not affect patients<br />
in the same pattern way. Because of this fact, classifications<br />
have been proposed for researchers for different kinds of the<br />
disease. Beyond that, risk factors have been identified such as,<br />
diabetes mellitus, smoking, and others, have been identified as<br />
possible reasons for different ways of the disease progression.<br />
The relation between stress and <strong>perio</strong>dontal disease has been<br />
studied since the middle of last century. Most of the times,<br />
it is related with necrotizing forms of the disease. In the last<br />
years, observational studies have found a positive relation<br />
between stress and more common forms of the disease, such<br />
as chronic <strong>perio</strong>dontites. Those studies indicated the stress as<br />
a possible risk factor for <strong>perio</strong>dontal disease, once, in many<br />
cases, the risk factors already known are not enough to explain<br />
the beginning and progression of the <strong>perio</strong>dontal disease.<br />
Thus, the aim of this study was to evaluate the actual status<br />
about stress as a factor of predisposition to the development<br />
of <strong>perio</strong>dontal disease.<br />
UNITERMS: stress, risk factors, <strong>perio</strong>dontal disease.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Mário Taba Júnior<br />
Avenida do Café s/n, Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco<br />
Maxilo Facial e Periodontia –<br />
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto<br />
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto<br />
CEP: 14040-904 – São Paulo, Brasil<br />
E-mail: mtaba@forp.usp.br<br />
36<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
HOMEOPATIA COMO COADJUVANTE NA TERAPIA<br />
PERIODONTAL DE SUPORTE EM PACIENTE COM<br />
PERIODONTITE CRÔNICA: RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Homeopathy as adjunct <strong>perio</strong>dontal therapy in support in patient with chronic <strong>perio</strong>dontitis: case<br />
report<br />
Edivaldo Barbosa da Silva 1 , Ricardo Guimarães Fischer 2 , Marilisa Lugon Ferreira Terezan 3<br />
RESUMO<br />
Na Periodontia, a individualidade e a suscetibilidade do<br />
paciente são importantes pontos no início e progressão<br />
das <strong>perio</strong>dontites, atributos esses também considerados<br />
pela Homeopatia. O objetivo deste trabalho foi relatar o<br />
tratamento <strong>perio</strong>dontal de um paciente com <strong>perio</strong>dontite<br />
crônica em que, concomitantemente à terapia de<br />
manutenção, foi utilizada a prática da Homeopatia. A<br />
terapia básica foi associada a consultas homeopáticas,<br />
e um medicamento homeopático único foi prescrito. Os<br />
resultados mostraram uma redução de 55% de sítios<br />
com bolsas <strong>perio</strong>dontais. De acordo com os resultados<br />
observados no presente caso clínico, os autores concluíram<br />
que a utilização da Homeopatia como terapia complementar<br />
ao tratamento <strong>perio</strong>dontal mecânico contribuiu para a<br />
redução do número de sítios com bolsas <strong>perio</strong>dontais. No<br />
entanto, são necessários estudos clínicos controlados para<br />
avaliar o real benefício da Homeopatia como coadjuvante<br />
no tratamento das <strong>perio</strong>dontites crônicas.<br />
UNITERMOS: <strong>perio</strong>dontite crônica, terapia <strong>perio</strong>dontal<br />
de suporte, homeopatia. R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:37-41.<br />
1<br />
Cirurgião-dentista habilitado em Homeopatia pelo CFO e Especialista em Periodontia<br />
2<br />
Professor Titular de Periodontia da FOUERJ e Diretor do IOPUC-Rio<br />
3<br />
Professora-Adjunta e Coordenadora do Curso de Especialização em Periodontia da<br />
FOUERJ<br />
Recebimento: 14/07/10 - Correção: 16/08/10 - Aceite: 02/09/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
Apesar da presença de certos microrganismos<br />
ser necessária para iniciar a doença <strong>perio</strong>dontal (DP),<br />
ela não é suficiente para explicar a severidade da<br />
DP 1 . Nos últimos anos, elementos da suscetibilidade<br />
do hospedeiro, como a resposta imune ou doenças<br />
sistêmicas, e fatores ambientais não microbianos<br />
como o fumo, têm demonstrado serem importantes<br />
para contribuir para o desenvolvimento da doença<br />
<strong>perio</strong>dontal 1,2,3 . Evidências suportam que a expressão<br />
genética influencia na predisposição e progressão<br />
da doença <strong>perio</strong>dontal 4,5 e que os processos de<br />
destruição, na <strong>perio</strong>dontite, são derivados do<br />
indivíduo 6 . Portanto, o papel central na patogênese<br />
da doença <strong>perio</strong>dontal é exercido pela resposta do<br />
hospedeiro através do controle das respostas imune<br />
inata e adaptativa 7 .<br />
Segundo Figueredo (2002) 8 , a diferença entre<br />
o paciente com <strong>perio</strong>dontite e o indivíduo saudável<br />
estaria na produção excessiva de citocinas durante<br />
o processo inflamatório. Possíveis mecanismos para<br />
a relação infecção-inflamação locais e alterações<br />
sistêmicas estariam relacionados com a capacidade de<br />
inflamação crônica, como a <strong>perio</strong>dontite, de iniciar e<br />
manter níveis sistêmicos elevados de diversas citocinas<br />
37<br />
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R. Periodontia - 20(3):37-41<br />
relacionadas com a resposta da fase aguda da inflamação,<br />
em especial, a proteína C-reativa 9 .<br />
O tratamento da <strong>perio</strong>dontite pode alcançar sucesso<br />
por meio de instruções de higiene oral, eliminação de fatores<br />
retentivos do biofilme dental, remoção mecânica daquele<br />
biofilme e do cálculo dental na maioria dos casos 10 , mas<br />
uma parcela da população não responde de forma efetiva à<br />
terapêutica <strong>perio</strong>dontal, apesar de receberem tratamento e<br />
manutenção adequados 11 .<br />
A terapia <strong>perio</strong>dontal de suporte é parte integrante da<br />
terapêutica <strong>perio</strong>dontal 12 e deve incluir uma atualização da<br />
história médica e odontológica do paciente, a análise dos<br />
exames clínicos e radiográficos, a remoção do biofilme dental<br />
e cálculo supragengival e, intervenção subgengival, quando<br />
necessário 13 .<br />
A homeopatia é um sistema terapêutico complexo,<br />
vitalista, ou seja, não só aceita como sustenta que todo ser vivo<br />
tem, além de seu corpo material, um princípio vital imaterial<br />
de atenção integral à saúde 14 , entendendo-se o processo de<br />
adoecimento como um enfraquecimento dos mecanismos<br />
normais de adaptação e compensação, correlacionando este<br />
desequilíbrio orgânico às diversas manifestações sintomáticas<br />
do indivíduo (pensamentos, sentimentos, sensações, desejos<br />
e aversões, predisposições climáticas, aspectos do sono, além<br />
dos aspectos clínicos habituais), utilizando esta “totalidade de<br />
sintomas” como referencial para diagnosticar o padecimento<br />
da força vital (predisposição individual, suscetibilidade mórbida<br />
ou desequilíbrio homeostático) e para prescrever, segundo o<br />
princípio da similitude, os medicamentos que despertam um<br />
conjunto de sintomas semelhantes nos indivíduos sadios -<br />
Similia similibus curentur 15 .<br />
A Periodontia tem valorizado a individualidade e a<br />
suscetibilidade do paciente na instalação e progressão das<br />
<strong>perio</strong>dontites 1,16 . A definição de critérios de suscetibilidade à<br />
<strong>perio</strong>dontite constitui uma busca constante e importante da<br />
Periodontia moderna. Inúmeros trabalhos científicos têm sido<br />
publicados na identificação de indivíduos suscetíveis, entre<br />
eles, avaliando-se características do sistema imune inato e<br />
adquirido, como alterações em neutrófilos 17 , alterações na<br />
quantidade e especificidade de anticorpos 18 , polimorfismos<br />
genéticos de citocinas IL1 19 , IL4 20 e TNFa 21 e tipos de HLA 22 .<br />
Esta valorização da individualidade e suscetibilidade há<br />
muito tempo são atributos defendidos pela Homeopatia 12 .<br />
Esta racionalidade médica individualiza os sintomas<br />
homeopáticos antes da prescrição e tem como um dos seus<br />
embasamentos, que se os indivíduos são diferentes, seus<br />
medicamentos deverão ser também diferentes, o que é oposto<br />
à medicina enantiopática, ou seja, à medicina tradicional, que<br />
trata as patologias com um mesmo medicamento ou grupo<br />
de medicamentos, sem individualizar o paciente 12 .<br />
Assim, o objetivo deste estudo é relatar um caso de<br />
paciente com diagnóstico de <strong>perio</strong>dontite crônica não<br />
respondida satisfatoriamente à terapia <strong>perio</strong>dontal, onde<br />
foi usada terapia homeopática como coadjuvante à terapia<br />
<strong>perio</strong>dontal de suporte.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
A paciente foi atendida na Clínica de Especialização<br />
de Periodontia da Faculdade de Odontologia da UERJ,<br />
por alunos do Curso de Especialização em Periodontia. As<br />
consultas homeopáticas com duração média de duas horas<br />
constaram de coletas de sintomas homeopáticos que foram<br />
hierarquizados, repertorizados e comparados com as Matérias<br />
Médicas Homeopáticas Puras e Comparadas.<br />
O acolhimento do doente foi respaldado pela aprovação<br />
do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário<br />
Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,<br />
Processo 1952-CEP/HUPE/2008, tendo o paciente lido e<br />
assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.<br />
Para se evitar o viés de aviamento do medicamento,<br />
nas várias doses prescritas, em farmácias homeopáticas<br />
diferentes, o medicamento foi produzido, exclusivamente,<br />
pela Magistrallis Homeopática Ltda (Magistrallis Homeopatia).<br />
Relato de Caso<br />
Paciente do gênero feminino, 49 anos, fumante de mais<br />
de um maço de cigarros/dia há mais de cinco anos, portadora<br />
de osteoporose fazendo reposição de Cálcio, apresentando<br />
21 dentes, iniciou o tratamento <strong>perio</strong>dontal em julho de<br />
2005 com diagnóstico de <strong>perio</strong>dontite crônica generalizada.<br />
Naquela ocasião, foi realizada a terapêutica <strong>perio</strong>dontal com<br />
orientação das técnicas de higienização bucal, raspagens<br />
supra e subgengivais e foram aferidos o Índice de Placa (IP) 23<br />
e o Percentual de Sangramento à Sondagem (SS), o qual foi<br />
mensurado através do método dicotômico 24, preconizado<br />
pela clínica de Especialização de Periodontia da FOUERJ,<br />
isto é, aquele que leva em consideração se houve ou não<br />
sangramento á sondagem (tempo 1, Quadro 1). A partir<br />
de 2006, a paciente foi submetida à terapêutica <strong>perio</strong>dontal<br />
de suporte com intenso controle profissional da placa (em<br />
intervalos menores que três meses) porque seu controle<br />
caseiro de placa não era suficiente (IP > 30%). Além disso,<br />
foram realizadas raspagens supra e subgengivais, quando<br />
necessários. Em março de 2008, apesar de todo o esforço<br />
clínico, muitas bolsas <strong>perio</strong>dontais permaneciam profundas<br />
e o controle caseiro de placa continuava insuficiente (IP ><br />
30%.), conforme a distribuição dos sítios sondados, em seis<br />
38<br />
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Quadro 1<br />
Resultado das Profundidades de Sondagens de Bolsas (PSB), do Índice de Placa (IP) e do Percentual<br />
de Sangramento à Sondagem (SS) ao longo do tempo.<br />
TEMPO 1<br />
(07/2005)<br />
Exame inicial<br />
TEMPO 2<br />
(03/2008)<br />
Reavaliação pré-homeopatia<br />
TEMPO 3<br />
(11/2009)<br />
Reavaliação pós-homeopatia<br />
IP 84,5% 69,0% 29,8%<br />
SS 26,1 10,2% 4,5%<br />
PSB SÍTIOS (n) SÍTIOS (n) SÍTIOS (n)<br />
R. Periodontia - 20(3):37-41<br />
menores que três meses.<br />
Portanto, pode-se depreender que a paciente apresentou<br />
redução significativa do PSB, IP e SS após a administração do<br />
medicamento homeopático (Quadro 1).<br />
A Homeopatia com uma abordagem mais globalizante,<br />
considera os diversos aspectos da individualidade humana<br />
(psíquicos, emocionais, sócio-ambientais, climáticos,<br />
alimentares, etc.) como parte constituinte ou desencadeadora<br />
dos distúrbios orgânicos. Isso acontece porque a interação<br />
entre esses diversos fatores interfere no adoecer e no<br />
estar saudável. A Homeopatia se propõe a atuar nessas<br />
várias esferas de forma integrada, englobando as diversas<br />
suscetibilidades do indivíduo no diagnóstico do desequilíbrio<br />
vital e na escolha do medicamento homeopático 26 .<br />
Segundo Teixeira (2007) 15 , ao valorizar a totalidade de<br />
sintomas característicos na individualidade enferma, tanto<br />
no entendimento da doença, quanto na escolha do meio de<br />
cura, pressupõem-se fundamentos da fisiologia integrativa<br />
moderna, priorizando as manifestações sintomáticas do<br />
estado psíquico-emocional por observar, segundo uma<br />
concepção psicossomática ou holística do adoecimento<br />
humano, que “em todas as doenças físicas, a disposição<br />
psíquica e mental está sempre se modificando e, em todos<br />
os casos de doença, que devem ser curados, o estado<br />
psíquico deve concorrer como um dos mais notáveis no<br />
conjunto característico dos sintomas se quisermos traçar<br />
um quadro fidedigno da doença, a fim de poder tratá-la<br />
homeopaticamente com êxito”.<br />
the results of this case report, the authors concluded that<br />
homeopathy as adjunct therapy to mechanical <strong>perio</strong>dontal<br />
treatment contributed to the reduction of the number of<br />
sites with probing pocket depths. However, further controlled<br />
clinical studies are necessary to evaluate the real benefit<br />
of Homeopathy as adjunct to the treatment of chronic<br />
<strong>perio</strong>dontitis.<br />
UNITERMS: chronic <strong>perio</strong>dontitis, support <strong>perio</strong>dontal<br />
therapy, homeopathy.<br />
CONCLUSÕES<br />
De acordo com os dados clínicos apresentados, pode-se<br />
sugerir que a Homeopatia pode ser eficaz para auxiliar no<br />
sucesso da terapia <strong>perio</strong>dontal de suporte. Mais estudos são<br />
necessários para se estabelecer se o uso da Homeopatia deve<br />
ser associado ao tratamento <strong>perio</strong>dontal de suporte.<br />
ABSTRACT<br />
In Periodontology, the patient´s individuality and<br />
susceptibility are important points on the initiation and<br />
progression of <strong>perio</strong>dontitis, attributes also considered by<br />
Homeophaty. The aim of this study was to describe the<br />
<strong>perio</strong>dontal treatment of a patient with chronic <strong>perio</strong>dontitis in<br />
which, together with the maintenance program, homeophaty<br />
treatment was introduced. The basic therapy was associated<br />
with homeophatic appointments, and a single homeophatic<br />
medication was prescribed. The results showed a 55%<br />
reduction of sites with <strong>perio</strong>dontal pockets. According to<br />
40<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Edivaldo Barbosa da Silva<br />
Rua Conde de Bonfim, <strong>31</strong>0 - sala 702 - Tijuca<br />
CEP 20520-054 - Rio de Janeiro - RJ<br />
E-mail: edivaldo_barbosa@hotmail.com<br />
41<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
R. Periodontia - Data 2009 - Volume 00 - Número 00<br />
PLANEJAMENTO <strong>REV</strong>ERSO NA CORREÇÃO DE SORRISO<br />
GENGIVAL<br />
Reverse planning on the correction of gummy smile<br />
Pedro Henrique Duarte França de Castro 1 , Luana Pontes Barros Lopes 1 , Maurício Crispin 2 , Suellen de Lima e Silva 3 , Miriam<br />
Raquel Ardigó Westphal 4<br />
42<br />
RESUMO<br />
Este trabalho objetiva destacar a importância do planejamento<br />
reverso para correção de sorriso gengival. Levanta-se<br />
o tema a partir de um relato de caso, com o diagnóstico<br />
de erupção passiva alterada. O tratamento de escolha<br />
foi o aumento de coroa clínica no sextante su<strong>perio</strong>r<br />
anterior com planejamento reverso. O planejamento reverso<br />
consiste na confecção de um guia cirúrgico que possui<br />
diversas funções, tais como definir plano e arquitetura<br />
gengival para as incisões iniciais, estabelecer referência para<br />
osteoplastia e determinação da posição do zênite, e ainda<br />
simular o resultado esperado. Assim, é possível avaliar o<br />
impacto do tratamento proposto e, além disso, o paciente<br />
pode interagir e avaliar os resultados esperados. Para a confecção<br />
do guia cirúrgico executou-se moldagem com<br />
silicone de adição Adsil®, objetivando copiar fielmente os<br />
detalhes anatômicos dos dentes e gengivas. O modelo foi<br />
confeccionado em gesso especial e, aplicando os princípios<br />
estéticos de zênites sobre o modelo, foi realizado o<br />
enceramento das faces vestibulares até a área cervical a ser<br />
removida. A prensagem do guia foi feita com resina acrílica,<br />
não diferindo dos passos de prensagem de uma prótese<br />
total. Foi realizada a cirurgia e após 45 dias observou-se<br />
que o resultado almejado foi alcançado sem necessidade<br />
de cirurgias adicionais. Conclui-se que o planejamento reverso<br />
confere ao procedimento alto grau de precisão e<br />
previsibilidade.<br />
UNITERMOS: Periodontia; cirurgia plástica; estética<br />
dentária. R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:42-46.<br />
1 Graduandos em em Odo Odontologia da da FAO-UFAM<br />
2 Especialista em Periodontia pela pela USP-SP<br />
3 Especialista em Periodontia pela pela USP-BA<br />
4 Mestre em Periodontia –- SL Mandic, Doutoranda em em Biotecnologia – UFAM, - UFAM, Professora Auxiliar Auxuliar de de<br />
Periodontia -- UFAM<br />
Recebimento: 20/07/10 00/00/00 -- Correção: 19/08/10 00/00/00 - - Aceite: 03/09/10 00/00/00<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os padrões atuais de beleza estão ganhando<br />
maior importância e cada vez mais a estética é exigida<br />
pelos pacientes nos consultórios odontológicos. A<br />
exposição de 3 mm de gengiva além dos limites<br />
cervicais do dente é aceitável sob o ponto de vista<br />
estético. Um sorriso é tido como gengival se mais de<br />
3mm de gengiva é visível durante um sorriso moderado.<br />
O sorriso forçado permite confirmar essa impressão.<br />
Uma quantidade excessiva de tecido mole<br />
não é antiestética em si, dependendo sobremaneira<br />
da forma cujo excesso está disposto em relação aos<br />
dentes e lábios, e essencialmente da autopercepção<br />
do paciente (Borghetti, 2002). Todo caso de sorriso<br />
gengival pode ser corrigido, podendo integrar várias<br />
especialidades da odontologia, uma vez que a causa<br />
pode ser bastante variada (Fosquiera, 2009). O<br />
crescimento vertical da maxila - que pode ser diagnosticado<br />
através de radiografias cefalométricas pela<br />
discrepância do osso maxilar - pode ser corrigido através<br />
de cirurgia ortognática. Outra possível causa é a<br />
hiperfunção dos músculos elevadores do lábio ou<br />
lábios curtos, que podem ser corrigidos apenas com<br />
aplicação de toxina botulínica. E outra etiologia bastante<br />
relatada é a erupção passiva alterada dos dentes,<br />
onde o <strong>perio</strong>donto não migra satisfatoriamente<br />
77<br />
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VOL. 00 - Nº 00 - DATA 2009<br />
R. Periodontia - 20(3):42-46<br />
Quadro 1<br />
CLASSIFICAÇÃO MCGUIRE (1998) DE ERUPÇÃO PASSIVA ALTERADA E A P<strong>REV</strong>ISIBILIDADE DE TRATAMENTO<br />
Classificação McGuire (1998) Conjugação Tratamento<br />
Tipo I: JMG apical à crista óssea Subtipo A – pelo menos 2 mm Gengivoplastia<br />
entre a JAC e a crista óssea<br />
Subtipo B – menos de 2mm Gengivoplastia e osteotomia<br />
entre a JAC e a crista óssea<br />
Tipo II: JMG no nível ou Subtipo A – pelo menos 2 mm Retalho de espessura parcial<br />
coronal à crista óssea entre a JAC e a crista óssea deslocado apicalmente<br />
Subtipo B – menos de 2mm<br />
entre a JAC e a crista óssea<br />
Retalho de espessura total<br />
deslocado apicalmente e<br />
osteotomia<br />
em sentido apical, recobrindo assim a junção<br />
amelocementária (JAC), deixando uma coroa clínica pequena<br />
e o sorriso semelhante ao de uma criança. Além dessas<br />
causas a literatura se refere, em menor freqüência, à extrusão<br />
dentoalveolar e a combinação de vários fatores (Silva, 2007).<br />
A erupção passiva alterada foi classificada por McGuire em<br />
1998, tendo como parâmetros a junção mucogengival (JMG)<br />
e a crista óssea (In: Suzuki, 2008). A classificação confere<br />
uma previsibilidade de tratamento para cada tipo estabelecido<br />
(Quadro 1).<br />
Convencionalmente, este procedimento cirúrgico vem<br />
sendo realizado tendo como parâmetro, para as incisões iniciais<br />
e osteotomia, a JAC. Para tal, utiliza-se uma sonda<br />
milimetrada para localização da JAC e transferência da profundidade<br />
para a gengiva marginal. Pode-se nestes casos<br />
lançar mão de um método auxiliar para o ato cirúrgico: o<br />
planejamento reverso, que consiste na confecção de um guia<br />
cirúrgico com diversas funções, tais como: 1) definir plano e<br />
arquitetura gengival para as incisões iniciais; 2) estabelecer<br />
referência para osteoplastia e a posição do zênite; e 3) simular<br />
o resultado esperado. Assim, podemos avaliar o impacto<br />
do tratamento proposto e, além disso, o paciente pode<br />
interagir e avaliar os resultados esperados (Gusmão, 2006;<br />
Suzuki, 2008).<br />
Antes do exame intrabucal, uma anamnese do paciente<br />
é imprescindível em um contexto tão subjetivo quanto o<br />
estético. Para isso, é valido questionar o que o paciente acha<br />
da estética de sua gengiva e o que espera do tratamento.<br />
(Chen, 1998). Os tecidos gengivais devem ser avaliados por<br />
sua dimensão, seu estado de saúde, forma, contorno e cor.<br />
Os dentes também devem ser examinados, avaliando o comprimento<br />
da coroa clínica dos dentes (da borda incisal à gengiva<br />
marginal), e da coroa anatômica (da borda incisal até a<br />
JAC), sendo esta aferível pela sonda <strong>perio</strong>dontal no sulco,<br />
salvo as exceções onde esta está abaixo da crista óssea<br />
(Borghetti, 2002).<br />
RELATO DE CASO<br />
Paciente R.M, gênero feminino, 20 anos, compareceu à<br />
clínica de <strong>perio</strong>dontia da UFAM, tendo como queixa principal<br />
o sorriso gengival (Fig. 1). Ao exame clínico foi observada<br />
profundidade de sondagem média de 2,5mm, ausência de<br />
sangramento gengival, bom controle de biofilme dental e<br />
abaulamento ósseo vestibular acentuado. Por meio de sondagem<br />
clínica não foi possível identificar a JAC, sendo<br />
Fig.1 - Aspecto inicial.<br />
78<br />
Fig. 2 – Radiografias periapicais iniciais.<br />
43<br />
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VOL. 00 - Nº 00 - DATA 2008<br />
Fig. 3 - Princípios estéticos de zênites sobre o modelo.<br />
Fig. 6 – Guia cirúrgico obtido após a prensagem com resina acrílica.<br />
Fig. 4 - Enceramento das faces vestibulares até a área cervical a ser removida.<br />
Fig. 7 – O apoio para a lâmina de bisturi tangenciar com precisão a incisão inicial.<br />
Fig. 5 - Cera na oclusal dos primeiros molares para conferir estabilidade ao guia – modelo já<br />
incluído na mufla.<br />
identificada apenas em radiografia periapical, considerando<br />
que esta se localizava abaixo da crista óssea alveolar (Fig. 2),<br />
fechando o diagnóstico de erupção passiva alterada tipo IB.<br />
O tratamento de escolha foi o aumento de coroa clínica<br />
no sextante su<strong>perio</strong>r anterior, com planejamento reverso. Para<br />
a confecção do guia cirúrgico, executou-se moldagem com<br />
silicone de adição Adsil®, material indicado para copiar com<br />
detalhes a anatomia de dentes e gengiva. O modelo foi confeccionado<br />
em gesso especial. Aplicaram-se os princípios<br />
Fig. 8 – Pós operatório de 45 dias.<br />
estéticos de zênites sobre o modelo com lápis cópia (Fig. 3)<br />
e foi realizado o enceramento das faces vestibulares até a<br />
área cervical a ser removida (Fig. 4).<br />
O enceramento teve espessura aproximada de 2 mm e<br />
o término cervical apresentando ângulo de 90º com a superfície<br />
de gesso. Essa borda serviu de apoio para a lâmina<br />
de bisturi tangenciar com precisão a incisão inicial (Fig. 7).<br />
44 79<br />
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VOL. 00 - Nº 00 - DATA 2009<br />
R. Periodontia - 20(3):42-46<br />
Acrescentou-se cera na oclusal dos primeiros molares<br />
para conferir estabilidade ao guia (Fig. 5).<br />
A prensagem do guia foi feita com resina acrílica<br />
autopolimerizável, não diferindo dos passos de prensagem<br />
de uma prótese total (Fig. 6). Após o preparo básico, foi realizada<br />
a cirurgia, consistindo de gengivectomia, osteotomia<br />
e osteoplastia.<br />
RESULTADOS<br />
O caso foi acompanhado até o 45º dia de pós-cirúrgico,<br />
quando se notou que o resultado almejado foi alcançado<br />
sem necessidade de cirurgias adicionais (Fig. 8). A paciente<br />
relatou grande satisfação com o resultado.<br />
DISCUSSÃO<br />
Para o planejamento cirúrgico, se faz necessário o diagnóstico<br />
da causa do sorriso gengival (Fosquiera, 2009; Suzuki,<br />
2008; Araújo, 2007; Silva, 2007; Gusmão 2006). Segundo<br />
classificação de McGuire (1998), o caso de R. M. enquadrouse<br />
como erupção passiva alterada Tipo I Subtipo B, por apresentar<br />
larga faixa de gengiva inserida, margem gengival<br />
recobrindo a JAC e JMG apical à crista óssea. Portanto, a<br />
opção cirúrgica passou a ser aquela que permitiria acesso<br />
aos tecidos de sustentação, para realizar osteotomia e<br />
osteoplastia. Neste caso clínico, optou-se pela técnica de<br />
Retalho de Widman Modificado, possibilitando assim corrigir<br />
altura gengival, ter acesso ao tecido ósseo e corrigir o volume<br />
ósseo na face vestibular da maxila. O que não seria possível<br />
se houvesse um planejamento errôneo com a execução<br />
da técnica de gengivectomia, que permitiria trabalhar<br />
somente em tecido <strong>perio</strong>dontal de proteção, sem acesso aos<br />
tecidos <strong>perio</strong>dontais de suporte (Suzuki, 2008; Carranza,<br />
2004; Lindhe, 2003). Convencionalmente, este procedimento<br />
cirúrgico vem sendo realizado tendo como parâmetro, para<br />
as incisões iniciais e osteotomia, a JAC (Rossi, 2008; Suzuki,<br />
2008; Silva, 2007). Porém, o planejamento reverso oferece<br />
benefícios frente à abordagem convencional como: definição<br />
da arquitetura gengival bilateralmente; utilização de proporções<br />
estéticas nas dimensões da coroa clínica dos dentes,<br />
estabelecimento de referência para osteotomia, diminuição<br />
do tempo operatório e alto grau de precisão e<br />
previsibilidade nos resultados (Pires, 2<strong>01</strong>0; Joly, 2009; Araújo,<br />
2007). A confecção do guia cirúrgico pode ser realizada<br />
com silicone, um material transparente (Pires, 2<strong>01</strong>0). Entretanto,<br />
a resina acrílica foi escolhida por possibilitar a simulação<br />
do resultado almejado e a interação do paciente no planejamento<br />
(Joly, 2009; Araújo, 2007).<br />
CONCLUSÃO<br />
O planejamento reverso está indicado para a cirurgia de<br />
correção de sorriso gengival por erupção passiva alterada,<br />
uma vez que oferece ao profissional mais segurança no ato<br />
cirúrgico, por conferir ao procedimento alto grau de precisão<br />
e previsibilidade, além de apresentar benefícios frente à abordagem<br />
convencional como: definição harmônica da arquitetura<br />
gengival de forma bilateral, possibilidade de aplicação<br />
de proporções estéticas nas dimensões dos dentes e por<br />
permitir ao paciente vislumbrar o resultado esperado.<br />
ABSTRACT<br />
This paper aims to highlight the importance of reverse<br />
planning to the correction of gummy smile which is raised<br />
from a case report. With the diagnosis of altered passive<br />
eruption, the choosen treatment was the increase of the<br />
clinical crown in the upper anterior sextant with reverse<br />
planning. The reverse planning consists in preparing a surgical<br />
guide that has many functions, such as plan and gingival<br />
architecture for initial incisions, act as a reference to<br />
osteoplasty and to the position of the zenith and to simulate<br />
the expected results. Thus, it is possible to assess the impact<br />
of the proposed treatment and, moreover, the patient can<br />
interact and evaluate the possible outcome. To prepare the<br />
surgical guide, it was used polysiloxane Adsil ®, to copy<br />
faithfully the anatomic details of teeth and gums. The model<br />
was made of special plaster and applying the principles of<br />
esthetic zenith on the model, the waxing of the buccal faces<br />
was performed until the cervical area to be removed. The<br />
pressing of the guide was made with acrylic resin, not differing<br />
from the steps of pressing of a denture. Surgery was<br />
performed, and after 45 days it was observed that the desired<br />
results were achieved without the need for additional<br />
surgeries. It can be concluded that the reverse planning gives<br />
to the procedure a high degree of precision and predictability.<br />
UNITERMS: Periodontics, plastic surgery and cosmetic<br />
dentistry.<br />
80<br />
45<br />
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R. Periodontia - 20(3):42-46<br />
VOL. 00 - Nº 00 - DATA 2008<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Pedro Henrique Duarte França de Castro<br />
Alameda Alaska, nº2<strong>01</strong>, apto. 1502, Ponta Negra<br />
Manaus - Amazonas – Brasil<br />
Tel.: 55 92 8239-2556<br />
E-mail: phcastro44@hotmail.com<br />
46 81<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
Dental Students’ Overall Knowledge Regarding<br />
Oral Antiseptics<br />
Conhecimento geral de estudantes de odontologia a respeito de antissépticos bucais<br />
Alex Nogueira Haas 1 , Manuela Furtado Flores 2 , José Pelino 3 , Angela Della Gatta 4<br />
RESUMO<br />
O objetivo deste estudo observacional transversal foi<br />
avaliar o conhecimento de estudantes de Odontologia<br />
a respeito de antissépticos bucais. De um total de 93<br />
estudantes elegíveis, 80 (média de idade 22,3 anos; 66,2%<br />
mulheres) participaram respondendo a um questionário<br />
estruturado de perguntas fechadas sobre antissépticos<br />
bucais. Estudantes do 5 o e 8 o semestres participaram<br />
do estudo respondendo ao questionário em sala de aula<br />
durante um dia regular de aulas. Os antissépticos avaliados<br />
foram clorexidina, óleos essenciais, cloreto de cetilpiridíneo<br />
e triclosan por serem dominantes no mercado brasileiro e<br />
possuírem maior número de artigos científicos disponíveis<br />
na literatura. 46,2% dos estudantes responderam que<br />
raramente indicam ou indicariam antissépticos a um<br />
paciente com gengivite, sem diferença significativa entre<br />
os semestres. Cerca de 85% dos estudantes consideraram<br />
clorexidina o agente com maior substantividade, sendo<br />
que houve maior variabilidade nas respostas dos alunos<br />
do 5 o comparados aos do 8 o semestre (Qui-quadrado<br />
p=0,02). Todos os alunos consideraram clorexidina o<br />
agente padrão-ouro para prescrição após cirurgias bucais.<br />
Triclosan foi considerado por 62,8% dos estudantes como<br />
o antisséptico com maior benefício clínico, todavia, mais<br />
de um quarto dos estudantes não soube responder qual<br />
o agente mais benéfico. Mas 62,5% dos estudantes não<br />
souberam responder qual a prescrição correta de óleos<br />
essenciais. Pode-se concluir que existiu alta variabilidade<br />
no conhecimento de estudantes de odontologia sobre<br />
antissépticos bucais.<br />
UNITERMOS: antissépticos bucais, estudantes de<br />
odontologia, educação em odontologia. R Periodontia<br />
2<strong>01</strong>0; 20:47-52.<br />
1<br />
DDS, MSc, PhD. Adjunct Professor of Periodontology, Federal University of Rio Grande do Sul.<br />
Porto Alegre, Brazil.<br />
2<br />
DDS. MSc student, Periodontology, Federal University of Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Brazil.<br />
3<br />
DDS, MSc, PhD. Scientific and Professional Affairs Manager, Research & Development at Johnson<br />
& Johnson, São Paulo, Brazil.<br />
4<br />
DDS, MSc. Dental Science Liason, Johnson & Johnson, São Paulo, Brazil. Assistant Professor of<br />
Restorative Dentistry, FMU, São Paulo, Brazil<br />
Recebimento: <strong>01</strong>/06/10 - Correção: 23/07/10 - Aceite: 30/08/10<br />
INTRODUction<br />
Oral antiseptics are recognized to provide clinical<br />
benefits in terms of reduction of plaque and gingivitis<br />
(Gunsolley, 2006; Stoeken et al., 2007). They are mostly<br />
present in mouthwashes for daily use as adjuvants to<br />
mechanical plaque control. There are numerous active<br />
agents that had been tested over the decades and<br />
are available in the market (Barnett, 2006; Silverman<br />
& Wilder, 2006). These comprise mainly chlorhexidine,<br />
essential oils, triclosan and cetylpirydine chloride. In<br />
Brazil, there still are some natural agents claiming to<br />
have anti-plaque and anti-gingivitis effects, although<br />
the evidences are weak and sparse (Lotufo et al.,<br />
2005).<br />
Besides there is a plethora of evidence regarding<br />
the clinical efficacy of oral antiseptics, personal<br />
communications indicate that clinicians still<br />
demonstrate some concerns about the clinical<br />
relevance of such agents. One of the possible<br />
explanations for such concerns may be the lack of<br />
knowledge of dentists regarding properties, efficacy,<br />
safety and clinical outcomes of oral antiseptics.<br />
Nevertheless, this issue has not yet been studied<br />
systematically in the literature. Thus, the aim of the<br />
present study was to evaluate the knowledge of<br />
47<br />
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dental students from a public dental school in the south Brazil<br />
regarding oral antiseptics.<br />
MATERIAL AND METHODS<br />
Study design and sample<br />
This was a cross-sectional observational study. The sample<br />
consisted of dental students from the Faculty of Dentistry of<br />
the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto<br />
Alegre, Brazil. The course at this public university has 5 years<br />
of length and is divided into 10 semesters. Students coursing<br />
the 5 th and the 8 th semesters were invited to participate. The<br />
reason for selecting students from two distinct moments in the<br />
course is that these semesters are composed by the first and<br />
the last disciplines, respectively, in which the students attend<br />
patients under supervision of professors. As a consequence,<br />
the present sample comprises two groups of students with<br />
different clinical backgrounds.<br />
A total of 93 students were eligible for the study, 53 and<br />
40 from the 5 th and 8 th semesters, respectively. Overall, 13<br />
(14%) students were absent in the day of the study, resulting in<br />
a sample of 80 (86%) students. Table 1 describes age, gender<br />
and the distribution of students according to semester.<br />
Questionnaire<br />
A structured questionnaire (Table 2) was applied to<br />
evaluate students’ self-reported knowledge regarding oral<br />
antiseptics. End-closed questions were formulated. The<br />
questionnaire approached indication/recommendation,<br />
posology, the concept of substantivity, clinical outcomes of<br />
agents, and the link between antiseptics and brands.<br />
Target oral antiseptics<br />
The Brazilian market of oral antiseptics has a broad<br />
spectrum of active agents, including industrialized and natural<br />
agents. It would be not feasible to evaluate knowledge<br />
regarding all possibilities in the market. Thus, we developed<br />
questions about agents presenting the highest amount of<br />
evidence and also dominating the market in the country:<br />
chlorhexidine, essential oils, triclosan and cetylpirydine<br />
chloride.<br />
Setting<br />
Students answered the questionnaire into a classroom in<br />
the Faculty in an ordinary class day. They were informed that<br />
participation in the study would not imply in any negative<br />
impact in their grades during the semester. Each participant<br />
Table 1<br />
Characteristics of study participants according to semester of dental education<br />
Variable 5 th semester 8 th semester Total<br />
N 46 (57.5%) 34 (42.5%) 80 (100%)<br />
Age 21.5 ± 1.7 23.4 ± 2.0 22.3 ± 2.1<br />
Gender<br />
Male 32 (69.6%) 21 (61.8%) 53 (66.2%)<br />
Female 14 (30.4%) 13 (38.2%) 23 (33.8%)<br />
Table 2<br />
End-closed questions included in the questionnaire.<br />
Questions<br />
1- Do you or would you recommend daily use oral antiseptics to a patient with gingivitis?<br />
2- Which of the following active agents demonstrates the highest substantivity?<br />
3- Which of the following active agents is considered the gold-standard to be used after oral surgery?<br />
4- Which of the following active agents is present in (BRAND NAMES)?<br />
5- Which of the following active agents demonstrates the largest clinical benefit according to the scientific literature?<br />
6- Which of the bellow prescriptions does the manufacturer of essential oils recommend?<br />
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was voluntary and the present study followed the ethical<br />
guidelines. They were distributed in the room to avoid any<br />
discussion between one to each other in case of doubts.<br />
Students’ names were not provided in the questionnaire.<br />
Statistical analysis<br />
Data were presented in percentage distributions and cross<br />
tabulation. Comparisons between the 5 th and 8 th semesters<br />
were made by the Chi-square and Fisher’s exact test whenever<br />
indicated. The level of significance was set at 5%.<br />
RESULTS<br />
The answers regarding indication of oral antiseptics were<br />
provided in a Likert scale (question 1; Table 3). The majority of<br />
students (46.2%) answered that they rarely indicate an oral<br />
antiseptic for a patient with gingivitis. Similar percentages of<br />
students reported sometimes (24.4%) and never (28.4%).<br />
None of the students reported to always indicate an oral<br />
antiseptic. There was no significant difference between<br />
students in the 5 th and 8 th semester in the distribution of<br />
answers regarding indication for patients with gingivitis.<br />
The majority of students (85%) considered chlorhexidine<br />
the agent with the highest substantivity (question 2; Table<br />
4). However, students from the 5 th semester demonstrated<br />
higher variability in the answers compared to those from<br />
the 8 th semester (p=0.02). 15.2% of the students from the<br />
5 th semester did not know to answer the question about<br />
substantivity. On the contrary, independently of the semester<br />
all students agreed to answer that chlorhexidine should be<br />
the gold-standard alternative for post-operative prescription<br />
after oral surgery (question 3).<br />
Table 3<br />
Students’ knowledge regarding recommendation of oral antiseptics for gingivitis patients according to semester of dental education.<br />
Answers 5 th semester 8 th semester Total<br />
Always 0% 0% 0%<br />
Sometimes 27.3% 20.6% 24.4%<br />
Rarely 47.7% 44.1% 46.2%<br />
Never 22.7% 35.3% 28.2%<br />
Don’t know 2.3% 0% 1.2%<br />
Chi-square: p=0.52<br />
Table 4<br />
Students’ knowledge regarding substantivity of oral antiseptics according to semester of dental education.<br />
Answers 5 th semester 8 th semester Total<br />
Essential oils 0% 0% 0%<br />
Chlorhexidine 73.9% 100% 85%<br />
Cetylpirydine chloride 2.2% 0% 1.3%<br />
Triclosan 8.7% 0% 5.0%<br />
Don’t know 15.2% 0% 8.7%<br />
Chi square: p= 0.02<br />
Table 5<br />
Students’ knowledge regarding the link between active agents and brands of oral antiseptics (percentage of right answers<br />
according to semester of dental education).<br />
Answers 5 th semester 8 th semester p*<br />
Plax 54.4% 85.3% 0.004<br />
Listerine 45.4% 78.8% 0.005<br />
Periogard 89.1% 94.1% 0.69<br />
Cepacol 37.0% 52.9% 0.18<br />
*Between groups comparison, Fisher’s exact test.<br />
49<br />
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Table 5 demonstrates the distribution of answers about<br />
the knowledge of students regarding the link between active<br />
agents and brands in the two semesters (question 4). Most of<br />
the students in the two semesters gave the right answer for a<br />
brand of antiseptic with chlorhexidine (89.1% and 94.1% for<br />
the 5 th and 8 th semester, respectively; p=0.69). Although there<br />
was no significant difference between the two semesters,<br />
the lowest percentages of right answers were observed for<br />
an antiseptic with cetylpirydine chloride (37% and 52.9%;<br />
p=0.18). Significant differences were observed between<br />
the 5 th and 8 th semesters regarding triclosan (p=0.004) and<br />
essential oils (p=0.005), with higher percentages of students<br />
from the 8 th semester answering correctly about these two<br />
agents (85.3% and 78.8%, respectively).<br />
For the question about the largest clinical benefit observed<br />
in the literature (question 5), essential oils, cetylpirydine<br />
chloride, triclosan and hydrogen peroxide were included as<br />
possible answers (Table 6). The majority of students (62.8%)<br />
answered that triclosan has the largest clinical effect. More<br />
than one fourth of them did not know what to answer. None<br />
of the students answered considered hydrogen peroxide to<br />
have the best clinical benefit. No significant difference was<br />
observed between semesters (p=0.26).<br />
To evaluate the knowledge regarding posology, question 6<br />
was formulated taking essential oils as an example. 62.5% of<br />
the students did not know the correct answer (Table 7). Only<br />
8.8% provided the right answer, and a statistically significant<br />
difference was observed between semesters (p=0.03).<br />
Table 6<br />
Students’ knowledge regarding clinical benefit of oral antiseptics observed in the literature according to semester of dental education.<br />
Answers 5 th semester 8 th semester Total<br />
Hydrogen peroxide 0% 0% 0%<br />
Essential oils 6.8% 5.9% 6.4%<br />
Cetylpirydine chloride 4.6% 5.9% 5.1%<br />
Triclosan 54.5% 73.5% 62.8%<br />
Don’t know 34.1% 14.7% 25.7%<br />
Chi -square: p= 0.26<br />
Table 7<br />
Students’ knowledge regarding posology of essential oils according to semester of dental education.<br />
Answers 5th semester 8th semester Total<br />
15ml, 1min, 12/12h 6.5% 17.7% 11.3%<br />
10ml, 1min, 12/12h 19.6% 5.9% 13.7%<br />
20ml, 30s, 12/12h 13.0% 2.9% 8.8%<br />
10 ml diluted 6.5% 0% 3.7%<br />
Don’t know 54.3% 73.5% 62.5%<br />
Chi-square: p=0.03<br />
DISCUSSION<br />
The present cross-sectional study demonstrated that the<br />
knowledge of dental students from a Brazilian dental school<br />
regarding some issues about oral antiseptics varies consistently.<br />
Students demonstrated good knowledge about chlorhexidine.<br />
On the contrary, a high proportion of students demonstrated<br />
lack of knowledge about essential oils, cetylpirydine chloride<br />
and triclosan. Moreover, some differences were observed<br />
between more and less experienced students.<br />
A search in the literature for studies that evaluated<br />
knowledge regarding oral antiseptics by dental professionals<br />
and students retrieved no results in medline and Lilacs. To the<br />
best of our knowledge, this study seems to be the first to be<br />
published. As a consequence, there are no data available in<br />
the literature for comparisons. Contrarily, other studies that<br />
50<br />
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evaluated knowledge regarding caries management (Nainar &<br />
Straffon, 2006), prevention (Tseveenjav et al., 2003; Khami et<br />
al., 2007; Autio-Gold & Tomar, 2008) and medical emergencies<br />
(Carvalho et al., 2008) could be found. This may indicate a lack<br />
of interest of the dental scientific and academic community to<br />
study knowledge and perceptions of the dental professionals.<br />
Dental students demonstrated lack of knowledge<br />
regarding the indication/recommendation of oral antiseptics<br />
for patients with gingivitis. The majority of the students<br />
answered that rarely indicate an oral antiseptic for gingivitis<br />
patients. Additionally, almost one third of them answered that<br />
never indicate an oral antiseptic in this situation. This attitude<br />
is in contrast to what has been demonstrated in the literature.<br />
It is well documented that gingivitis patients benefit from oral<br />
antiseptics use (Gunsolley, 2006; Stoeken et al., 2007).<br />
Chlorhexidine is considered the gold-standard agent for<br />
chemical control of the dental biofilm. One of the reasons<br />
why chlorhexidine has the highest anti-plaque and antigingivitis<br />
effect is its high substantivity (Gjermo et al., 1970;<br />
Gjermo, 1974). These concepts were well demonstrated by<br />
the participants of this study. All students answered that<br />
chlorhexidine is the first choice agent for prescription after oral<br />
surgery and 85% of the students answered that chlorhexidine<br />
has the highest substantivity. Moreover, most students (89.1%<br />
and 94.1% in 5 th and 8 th semesters respectively) knew to<br />
link chlorhexidine to one of its brands in Brazil. According to<br />
these data, it may be suggested that the highest knowledge<br />
about an agent, the more the students knew how, when<br />
and why to use it.<br />
Dental students consistently demonstrated lack of<br />
knowledge regarding oral antiseptics for daily use such as<br />
essential oils, cetylpirydine chloride and triclosan. The majority<br />
of participating students answered that triclosan is the agent<br />
that provides the largest clinical benefit observed in the<br />
literature. On the contrary, meta-analyses have demonstrated<br />
that the use of essential oils gives the highest anti-plaque and<br />
anti-gingivitis effect (Gunsolley, 2006; Stoeken et al., 2007;<br />
Gunsolley, 2<strong>01</strong>0). Additionally, most of the students did not<br />
know to answer how to prescribe one of the daily use oral<br />
antiseptics.<br />
Another interesting finding of the present study was the<br />
significant differences observed between students from 5 th<br />
and 8 th semesters for answers about the link between active<br />
agents and brands of Plax and Listerine. High percentages<br />
of students from the 8 th semester knew the exact agent<br />
present in these two brands of oral antiseptics. This may<br />
indicate that accumulating clinical expertise may influence in<br />
the knowledge of these students.<br />
It can be concluded from the present study that dental<br />
students present high variability regarding the knowledge<br />
about oral antiseptics. The findings from the present study<br />
suggest the need for a revision of concepts of oral antiseptics<br />
and chemical control of dental biofilm teached in this and<br />
similar dental schools in Brazil.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of the present cross-sectional observational<br />
study was to evaluate the knowledge of dental students<br />
regarding oral antiseptics. From a total of 93 students, 80<br />
(mean age 22.3 years; 66.2% women) participated in the<br />
study by answering to a structured questionnaire with closed<br />
questions regarding oral antiseptics. Students from the 5 th and<br />
8 th semesters participated by answering the questionnaire into<br />
the classroom in an ordinary class day. Evaluated antiseptics<br />
were chlorhexidine, essential oils, cetylpyridine chloride and<br />
triclosan, since these agents dominate the Brazilian market<br />
and have the highest number of published scientific papers in<br />
the literature. 46.2% of the students answered that they rarely<br />
indicate an oral antiseptic for a patient with gingivitis, whit<br />
no significant difference between semesters. Approximately<br />
85% considered chlorhexidine the agent with the largest<br />
substantivity, and a higher variability of answers was observed<br />
in the 5 th compared to the 8 th semester (Chi-square p=0.02).<br />
All students considered chlorhexidine the gold-standard agent<br />
to be prescribed after oral surgery. Triclosan was considered<br />
by 62.8% of students as the antiseptic with the largest clinical<br />
benefit, although more than one fourth of them did not know<br />
to answer. 62.5% of the students did not know the correct<br />
posology of essential oils. It can be concluded from the present<br />
study that dental students present high variability regarding<br />
the knowledge about oral antiseptics.<br />
UNITERMS: oral antiseptics, dental students, dental<br />
education<br />
51<br />
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R. Periodontia - 20(3):47-52<br />
REFERENCES<br />
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antigingivitis agents. J Am Dent Assoc. 2006 Dec;137(12):1649-57.<br />
2- Stoeken JE, Paraskevas S, van der Weijden GA. The long-term effect of<br />
a mouthrinse containing essential oils on dental plaque and gingivitis:<br />
a systematic review. J Periodontol. 2007 Jul;78(7):1218-28.<br />
3- Barnett ML. The rationale for the daily use of an antimicrobial<br />
mouthrinse. J Am Dent Assoc. 2006 Nov;137 Suppl:16S-21S.<br />
4- Silverman S, Jr., Wilder R. Antimicrobial mouthrinse as part of a<br />
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Am Dent Assoc. 2006 Nov;137 Suppl:22S-6S.<br />
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Nogueira-filho GR, et al. Tratamento antimicrobiano em <strong>perio</strong>dontia<br />
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American Academy of Pediatric Dentistry’s Caries-Risk Assessment<br />
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attitude of Iranian dental school educators towards prevention. Oral<br />
Health Prev Dent. 2007;5(3):181-6.<br />
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11- Gjermo P, Baastad KL, Rolla G. The plaque=inhibiting capacity<br />
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12- Gjermo P. Chlorhexidine in dental practice. J Clin Periodontol.<br />
1974;1(3):143-52.<br />
13- Gunsolley JC. Clinical efficacy of antimicrobial mouthrinses. J Dent.<br />
2<strong>01</strong>0 Jun;38 Suppl 1:S6-10.<br />
Corresponding author:<br />
Alex Nogueira Haas<br />
Rua Corte Real, 82/8<strong>01</strong><br />
CEP: 90630-080 - Bairro Petrópolis, Porto Alegre-RS<br />
Email: alexnhaas@gmail.com<br />
52<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
PHASE II STUDY WITH MOUNTHRINSE CONTAINING<br />
5% OF PROPOLIS FOR THREE-MONTHS: COMPLIANCE,<br />
APPRECIATION AND ACCEPTABILITY OF THE PRODUCT<br />
Estudo fase II com colutório contendo própolis 5%: aderência, apreciação e aceitabilidade do<br />
produto<br />
Elizete Maria Rita Pereira¹, Carolina Morsani Mordente¹, Fernando Freitas Silva¹, Mariana Passos De Luca¹, Efigênia Ferreira e<br />
Ferreira², Maria Esperanza Córtes Segura¹, Telma Campos Medeiros Lorentz¹, Vagner Rodrigues Santos¹<br />
RESUMO<br />
A placa dentária é considerada um fator etiológico<br />
chave associado a gengivite decorrente. A sua remoção<br />
pode ser difícil em pacientes que possuam coordenação<br />
motora deficiente ou quaisquer outros problemas. Então, o<br />
uso do bochecho como adjunto da escovação no controle<br />
da placa bacteriana e da gengivite pode aumentar os<br />
benefícios no controle de placa dental. Um estudo de<br />
fase II foi utilizado para avaliar a aderência, a apreciação<br />
e a aceitabilidade de um enxaguatório bucal sem álcool<br />
contendo 5% de própolis verde (EPV 5%) no controle de<br />
placa e gengivite durante três meses. Cada indivíduo, ao<br />
final do estudo, respondeu a um questionário sobre a<br />
apreciação e aceitabilidade do enxaguante bucal. Vinte e<br />
um pacientes completaram o estudo, apesar de a maioria<br />
deles terem considerado o sabor do EPV 5% desagradável.<br />
Eles ficaram satisfeitos com o produto e apontaram as<br />
mudanças positivas na saúde bucal após o período de<br />
tratamento. Sendo assim, a adesão foi satisfatória (≥<br />
80%) sem diferença estatisticamente significante entre os<br />
períodos de bochecho da manhã da noite.<br />
UNITERMOS: aderência ao tratamento, satisfação do<br />
paciente, enxaguante bucal, própolis. R Periodontia 2<strong>01</strong>0;<br />
20:53-59.<br />
¹ Laboratory of Microbiology and Biomaterials, Faculdade de Odontologia da<br />
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil.<br />
² Department of Public Health, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de<br />
Minas Gerais, Belo Horizonte, Brazil.<br />
Recebimento: 07/06/10 - Correção: 15/07/10 - Aceite: 26/08/10<br />
INTRODUction<br />
Dental plaque-induced gingivitis is the most<br />
prevalent disease that affects the <strong>perio</strong>dontium.<br />
Microbial dental plaque is considered the key<br />
etiological factor associated with the development<br />
of gingivitis (1). Plaque removal by mechanical means<br />
(mostly a toothbrush combined with dentifrice) seems<br />
to be a common way of controlling plaque. However,<br />
factors such as dexterity and motivation, can limit the<br />
effectiveness of daily self-performed oral hygiene (2).<br />
To overcome deficiencies in mechanical tooth cleaning<br />
as practiced by many individuals and some minority<br />
groups, the use of an effective antiseptic agent, could<br />
have clear benefits (3).<br />
Thus, the use of a chemical plaque-inhibitory<br />
mouthwash as a substitute or an adjunct to<br />
toothbrushing may have a major effect on improving<br />
the oral health of the individual (4). Although<br />
considerable attention has been given to improve oral<br />
care pratices in recent years, stinging sensation and<br />
taste acceptability and tolerability of oral rinse agents<br />
is a continuing problem in oral care (5). Some patients<br />
may discontinue the oral care regimens prematurely,<br />
affecting their compliance. Outcomes including<br />
compliance and perception of taste by patients using<br />
53<br />
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R. Periodontia - 20(3):53-59<br />
mouthwash are important in studies that determine the<br />
feasibility and efficacy of these products.<br />
Natural products have been used for folk medicine<br />
purposes throughout the world for thousands of years. Many<br />
of them have demonstrable pharmacological properties, such<br />
as antimicrobial, anti-inflammatory and cytostatic, among<br />
others.<br />
Propolis, a nontoxic natural resinous substance collected<br />
by Apis mellifera bees from various plant sources, has been<br />
recognized to have several properties that may confer health<br />
benefits to humans, including prevention of oral diseases.<br />
However, its chemical composition and pharmacological<br />
activity are highly variable depending on its botanical origin (6).<br />
The use of propolis in dental practice in Eastern Europe has<br />
been widely described, being advocated as an antiseptic agent<br />
in endodontics and <strong>perio</strong>dontics (7, 8, 9, 10,11). However,<br />
reports of its use are to be found, generally, in publications<br />
which are not widely available. Thus, the use of propolis has<br />
not been assessed by dental researchers outside these areas<br />
to any significant extent (12).<br />
Currently, few studies have been traced to assess the<br />
compliance and subject’s attitudes with regard to the<br />
mouthwash used (2, 3, 5). Besides, there are no published<br />
studies evaluating the compliance of individuals using<br />
a mouthwash containing propolis and their perception.<br />
Then, aim of this study was to determine the compliance,<br />
appreciation and acceptance by the patient in relation to<br />
the use of an alcohol-free mouthwash containing 5% green<br />
propolis for three months.<br />
MATERIAL AND METHODS<br />
Product tested<br />
The alcohol-free mouthwash containing 5% green<br />
propolis (MGP 5%) used in that study was handled according<br />
to our request by PharmaNéctar ® (Belo Horizonte), within<br />
the standards required by ANVISA (Brazil, 2000) and within<br />
the requirements of ISO 90<strong>01</strong> and GMP International (Table 4).<br />
Study Design and Subjects<br />
This was an interventional phase II study of three months,<br />
conducted at Faculdade de Odontologia da Universidade<br />
Federal de Minas Gerais, Brazil, from August 2009 to April<br />
2<strong>01</strong>0, after approval from the ethics committee of the<br />
same institution (0600/09). This study is also registered at<br />
ClinicalTrials.gov (NCT<strong>01</strong>142843).<br />
According to Haynes (13) and ClinicalTrials.gov (14) phase<br />
II study are controlled clinical studies conducted to evaluate<br />
the effectiveness of the drug for a particular indication or<br />
indications in patients with the disease or condition under<br />
study and determine the common side effects and risks in<br />
the short term. You can employ several different designs in<br />
phase II, from case series to randomized controlled trials (RCTs)<br />
or parallel crossed.<br />
Table 4<br />
Chemical composition and markers of Brazilian green propolis obtained by High Performance Liquid Chromatography (HPLC)<br />
Nº COMPOUNDS UNIT (mg/g) RESULTS<br />
1 CUMARINIC ACID mg/g 3.56<br />
2 CINNAMIC ACID mg/g 1.66<br />
3 QUERCENTIN mg/g 1.38<br />
4 KAEMPFEROL mg/g 1.77<br />
5 ISORHAMNETIN mg/g 0.91<br />
6 SAKURANETIN mg/g 5.57<br />
7 PINOBANSKIN-3-ACETATE mg/g 13.92<br />
8 CHRYSIN mg/g 3.51<br />
9 GALANGIN mg/g 9.75<br />
10 KAEMPFERIDE mg/g 11.60<br />
54<br />
11<br />
Pharmanectar®,2007.<br />
ARTEPILLIN C<br />
(3,5-DIPRENYL-4-HIDROXYCINNAMIC ACID)<br />
mg/g 82.96<br />
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Figure 1 - Design study<br />
Figure 1<br />
Design study<br />
Assessed for eligibility n = 73.<br />
Excluded n = 48.<br />
Not suitable for inclusion criteria n = 30.<br />
Refused participation n = 18.<br />
Included in the study n = 25.<br />
Discontinued the study n = 1.<br />
Excluded from the study after the 2 nd<br />
exam n = 1 (antibiotic use). Data from<br />
1 st and 2 nd were used.<br />
Excluded from the study before the<br />
2 nd exam n = 2 ( probably allergy,<br />
carry out dental treatment).<br />
Completed the study n = 21.<br />
Analysed n = 22 (21 completed the study and a left after the 2 nd exam).<br />
Twenty five subjects, age varying from 18 to 60 years, in<br />
generally good health, not pregnancy and not breastfeeding,<br />
who met the following inclusion criteria, were entered into<br />
the study: a minimum of 20 sound, natural teeth; a mean<br />
modification plaque index (PI) (15,16)of at least 1.5; a mean<br />
modification gingival index (GI) (17,18) of at least 1.0. Subjects<br />
with orthodontic appliances or removable prostheses, tumors<br />
of the soft or hard oral tissues, advanced <strong>perio</strong>dontal disease,<br />
or that received antibiotic therapy during 2 weeks before<br />
the start of the study or that presented hipersensibility of<br />
propolis confirmed were excluded. Third molars and teeth<br />
with cervical restorations or prosthetic crowns were not<br />
included in the tooth count. All subjects read and signed<br />
informed consent forms before the start of the study.<br />
Examinations were performed in three moments: baseline,<br />
45 e 90 days by a single dental examiner trained (Figure 1).<br />
After baseline examination, each subject received a complete<br />
oral prophylaxis, including the removal of supragingival and<br />
subgingival plaque and calculus deposits. Soon after, the<br />
subjects received an alcohol-free mouthwash containing<br />
5% green propolis (Baccharis dracunculifolia) (MGP 5%),<br />
toothbrush and were instructed to rinse their mouths, twice<br />
daily, with 10 ml of the mouthrinse for a minute, immediately<br />
after the brushing in the morning and at night.<br />
Assessing Compliance, appreciation and<br />
acceptability<br />
Participants were required not to use another mouthrinse<br />
throughout the duration of the study. When new supplies<br />
were issued, subjects returned their used materials, so that<br />
compliance with product use could be monitored. It was<br />
also evaluated by a diary of frequency of use and by the<br />
subjects’ self reports. These data was computed based on<br />
the sum of the rinses made with the test product during the<br />
<strong>perio</strong>d of 90 days divided by 180 (total number of rinses for 3<br />
months), finding the percentage of individual mouth rising.<br />
Then, performed the average of the percentages found by<br />
considering the level for adequate compliance ≥ 80%. (total<br />
number of rinse) (5). The appreciation and acceptability were<br />
assessed through a questionnaire at the last examination. This<br />
questionnaire contained issues to evaluate subjects’ attitudes<br />
with regard to the product used. For each subject, was<br />
recorded demographic and clinical data (gender, age, usual<br />
oral care pratice, smoking and frequency of sugar on the diet).<br />
Statistical analysis<br />
The program statistic Excel 2007 and BioEstat 4.0 was<br />
used to make the analysis of the study. The compliance,<br />
appreciation and acceptability were analysed by percentage.<br />
To verify statistically significant differences between the<br />
number of rinses performed in the morning and evening,<br />
featuring a parametric distribution, was used the t-test. The<br />
criteria for statistical significance was set p≤ 0.05 (5).<br />
RESULTS<br />
Subjects<br />
During the <strong>perio</strong>d of study, from August 2009 to<br />
April 2<strong>01</strong>0, 73 subjects were eligible after a selection by<br />
convenience and, because of the inclusion and exclusion<br />
criteria and availability to participate in the study, only a sample<br />
of 25 individuals was possible include in that study, being in<br />
55<br />
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agreement with (13), for phase II trials. Twenty one subjects<br />
(10 males and 11 female) completed the <strong>perio</strong>d of study. Two<br />
individuals were excluded from the search before the second<br />
exam. One subject visited other dentist during the study<br />
and the other individual had allergy to the product tested.<br />
One subject was excluded after the second exam, because<br />
of taking antibiotics due to illness. One person gave up the<br />
study due to personal issues. Data related to behavior and<br />
habits of life of each patient were recorded (Table 1).<br />
Table 1<br />
Compliance<br />
All subjects that completed the three months of study<br />
achieved an acceptable treatment compliance ≥ 80%. There<br />
was no significant difference between the rinses performed in<br />
the morning and at night, although some participants related<br />
it was hard to follow the protocol to rinse at night (Table 2).<br />
By the time subjects returned their used bottles, the<br />
remaining mouthwash was compared to what they have<br />
registered on the frequency diary, showing accordance<br />
between the both.<br />
Behavior and habits of life.<br />
Oral care pratices Any 1 time/day 2 times/day 3 times/day 4times/day sometimes/w<br />
toothbrushing 0 1 4 14 5 1<br />
Use of floss 4 8 8 1 0 4<br />
Consumption of sugar Always Often Sometimes Scarcely Never<br />
7 11 4 1 2<br />
Smokers Yes No ex-smoker<br />
0 20 5<br />
Used some mouthrinse 21 4<br />
Table 2<br />
Compliance to the program of mouthwash.<br />
Percentage mean and standard deviation of the number of rinses performed *<br />
Morning Night Total<br />
95.33 (3.7)** 92 (12.1)** 93,61 (6.91)<br />
Appreciation and Acceptability<br />
The table 3 summarizes and displays results obtained.<br />
About staining of teeth and tongue, 19% of participants<br />
answered that tongue remained green during use of the<br />
mouthrinse. Some subjects reported feeling a dryness mouth<br />
due to the use of the mouthrinse. Participants were asked<br />
if the personal relationship improved after using the product<br />
and the 28.5% gave a positive response. They were also<br />
questioned about changes in the breath and taste. Most<br />
of them reported that felt changes in the breath and one<br />
patient answered that had loss of taste during three days<br />
of use. Fifty two percent of individuals noted changes in the<br />
oral cavity, but the majority, 54, 5%, were positives changes<br />
(data not showed). They said their oral health became better.<br />
Although most subjects reported the unpleasant taste of the<br />
mouthwash, they said they were satisfied with the product<br />
and would recommend its use to others. Only 23.8% of<br />
individuals reported difficulties on following the protocol of<br />
use.<br />
DISCUSSION<br />
The evaluation of the compliance, appreciation and<br />
acceptance of mouthwash containing 5% green propolis<br />
by subjects in the control of plaque and gingivitis, to date,<br />
had not been assessed in any study (12,19,20,21). The use<br />
of mouthwash should be considered a useful adjunct to<br />
oral hygiene (22). It is important that the product is not<br />
56<br />
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Table 3<br />
End interview<br />
Questions<br />
Yes<br />
No<br />
n % n %<br />
Stain of teeth or tongue 4 19% 17 81%<br />
Dryness of mouth 3 14% 18 86%<br />
Better personal relationship 6 28,5% 15 71,5%<br />
Change in taste 1 4,7% 20 95,3%<br />
Change in mouth 11 52% 10 48%<br />
Change in breath 12 57% 9 43%<br />
Better oral health 20 95,3% 1 4,7%<br />
Good taste 5 23,8% 16 76%<br />
Satisfaction with the product 21 100% 0 0%<br />
Difficulties in following the protocol 5 23,8% 16 76%<br />
Recomend its use to other 21 100% 0 0%<br />
only effective but also, it should be acceptable. Currently,<br />
although some researchers do not consider the acceptability<br />
and tolerability of oral hygiene measures or antiseptic agents<br />
of clinical significance, attention to this type of evaluation<br />
is important for subjects. So, attention to the acceptability,<br />
tolerability and preference are integral parts of treatment<br />
compliance (5).<br />
The MGP 5% was accepted and tolerated by subjects that<br />
concluded this study. The level of compliance was high, more<br />
than 80%. The <strong>perio</strong>ds of using the mouthwash (day/night)<br />
were not mandatory. Individuals were faithful in the reports of<br />
compliance, because these were in agreement with the notes<br />
of frequencies and with the content present on the bottles<br />
returned by them. The protocol of use of the mouthwash and<br />
the amount that was used daily by each subject (10 ml MGP<br />
5%) can be considered as an adequate therapeutic dosage,<br />
in face to the obtained results.<br />
After the last exam (90 days), subjects answered a<br />
questionnaire that assessed appreciation and acceptability<br />
regarding the mouthrinse provided. According to the results,<br />
the changes reported by subjects are in agreement with those<br />
reported in other studies about mouthwashes (23,24,25,26).<br />
There was a little percentage of individuals who reported<br />
changes such as staining of the tongue, dryness mouth and<br />
loss of taste. Most reports on changes in the mouth and<br />
breath were positive changes, and most subjects think they<br />
acquired a better oral health after using the mouthwash.<br />
These are factors that contribute to the acceptability of the<br />
product by the subject. Few individuals reported difficulty<br />
on following the protocol and it was not due to some<br />
type of repulsion to the product or to have a complicated<br />
administration. According to subjects, this difficulty was due<br />
to the forgotness or discouragement of having to rinse before<br />
they slept, sometimes late at night. Although most patients<br />
have found the taste of the mouthrinse unpleasant, it did<br />
not influence the compliance of them to treatment (≥ 80%).<br />
Because of the high satisfaction for the product, based on<br />
the observation of positive changes and oral health after<br />
treatment, these subjects said they would recommend MGP<br />
5% for others.<br />
In conclusion, the mouthwash containing 5% green<br />
propolis was accepted and tolerated by individuals. Although<br />
most subjects find the taste of unpleasant MGP 5%, they<br />
were satisfied with the product, considering the occurrence<br />
of positive changes and oral health which performed better<br />
after the treatment <strong>perio</strong>d. The changes mentioned by the<br />
subjects in the questionnaire of perception, due to the use<br />
of MGP 5% were both negative and positive, but positive<br />
occurred more than the negatives. The negative changes were<br />
not serious and are in accordance to those observed during<br />
the use of other mouthwashes. Despite negative changes<br />
mentioned and some individuals have reported difficulty on<br />
following the protocol of mouthwash, adherence to treatment<br />
was satisfactory (≥ 80%) having any statistically significant<br />
difference between the <strong>perio</strong>ds of mouthwash in the morning<br />
and at night. The small sample size available for the study<br />
57<br />
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limits the generalization of the results.<br />
Investigations using a large sample size are needed to<br />
obtain more information about compliance, appreciation and<br />
acceptability of subjects using the mouthwash containing 5%<br />
of green propolis.<br />
Acknowledgements<br />
The authors are grateful to the Conselho Nacional de<br />
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação<br />
de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)<br />
and to Silvana Maria de Souza and Bruno Ferreira Lourenço<br />
for technical support.<br />
ABSTRACT<br />
Then, the use of mouthrinse as adjunct to toothbrushing in<br />
control of plaque and gingivitis might increase the benefits<br />
of controlling dental plaque. A phase II study was used to<br />
evaluate the compliance, appreciation and acceptability of<br />
an alcohol-free mouthwash contain 5% green propolis (MGP<br />
5%) in control of plaque and gingivitis for three months. Each<br />
subject, at the end of the study, answered a questionnaire<br />
about appreciation and acceptance of the mouthwash.<br />
Twenty one subjects completed the study, although most<br />
of them felt the taste of MGP 5% unpleasant. They were<br />
satisfied with the product, pointing positive changes in the oral<br />
health after the treatment <strong>perio</strong>d. Then, the compliance was<br />
satisfactory (≥ 80%) with no statistically significant difference<br />
between the <strong>perio</strong>ds of rinsing in the morning and at night.<br />
Dental plaque is considered a key etiological factor<br />
associated with arising gingivitis. Its removal can be difficult<br />
in pacients with lack of coordination or any other problems.<br />
UNITERMS: propolis mouthrinse, adherence to treatment,<br />
satisfaction, antiseptic agent<br />
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For reprints and all correspondence:<br />
Dr. Vagner Rodrigues Santos<br />
Laboratório de Microbiologia, Faculdade de Odontologia,<br />
Universidade Federal de Minas Gerais, Campus Pampulha.<br />
Av. Presidente Antônio Carlos, 662<br />
CEP: <strong>31</strong>270-9<strong>01</strong> - Belo Horizonte – MG - Brasil<br />
Tel.: + 55-<strong>31</strong>- 3409-2497; fax: + 55-<strong>31</strong>-3409-2430<br />
E-mail: vegneer2003@yahoo.com.br / vegnerrsanto@uai.com.br<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO GENGIVAL EM RESPOSTA<br />
AOS PICOS HORMONAIS DO CICLO REPRODUTIVO DA<br />
MULHER: ESTUDO CLÍNICO CONTROLADO<br />
Evaluation of the gingival condition in response to the hormonal peaks of the women’s<br />
reproductive cycle: controlled clinical trial<br />
Elizangela Partata Zuza 1 , Juliana Rico Pires 1 , Alex Tadeu Martins 1 , Maria Fernanda da Costa Albaricci 2 , Michele Cristina David 3 ,<br />
Benedicto Egbert Corrêa de Toledo 4<br />
RESUMO<br />
Vários autores consideram que os hormônios podem<br />
influenciar significativamente as doenças <strong>perio</strong>dontais,<br />
particularmente em períodos de desequilíbrio do nível de<br />
hormônios sexuais relacionados ao ciclo da vida reprodutiva<br />
da mulher, desde a puberdade até a menopausa. O<br />
objetivo deste estudo foi avaliar as características gengivais<br />
relacionadas às alterações hormonais do ciclo mensal da<br />
mulher. Foram incluídas no estudo 32 mulheres, com<br />
idades entre 18 e 30 anos, independente de raça, com<br />
bom controle de placa bacteriana que foram avaliadas<br />
em três períodos distintos: 4 a 5 dias após o início da<br />
menstruação (Período controle – PC), 12 dias após o início<br />
da menstruação (Pico de estrogênio - PE) e 24 dias após<br />
o início da menstruação (Pico de progesterona - PP). Um<br />
questionário foi aplicado e em cada período de avaliação<br />
foram realizados os índices gengivais (IG) e os índices de<br />
placa (IPL). Os resultados demonstraram que não houve<br />
alterações estatisticamente significativas nos níveis de IG<br />
entre os períodos PC e PE do ciclo menstrual (p > 0,05),<br />
porém no PP verificou-se um aumento nos graus de<br />
sangramento gengival (p < 0,05). O IPL não demonstrou<br />
diferenças significativas em nenhum período experimental,<br />
com excelentes níveis de controle de placa (p > 0,05). Diante<br />
dos achados obtidos, pode-se concluir que os hormônios<br />
do ciclo menstrual, especialmente a progesterona, exercem<br />
alguma influência sobre os tecidos gengivais clinicamente<br />
saudáveis, com aumento dos sinais inflamatórios locais.<br />
UNITERMOS: gengiva, hormônios, ciclo menstrual.<br />
R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:60-66.<br />
1<br />
Professores do Curso em Ciências Odontológicas, áreas de concentração em Periodontia e<br />
Implantodontia, do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB).<br />
2<br />
Cirurgiã-Dentista formada pelo Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos<br />
(UNIFEB).<br />
3<br />
Aluna de graduação em Odontologia do Centro Universitário da Fundação Educacional de<br />
Barretos (UNIFEB).<br />
4<br />
Coordenador do Curso em Ciências Odontológicas, áreas de concentração em Periodontia e<br />
Implantodontia, do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB).<br />
Recebimento: 21/06/10 - Correção: 29/07/10 - Aceite: 25/08/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
Apesar do grande volume de conhecimento<br />
relativo à etiologia primária microbiana das doenças<br />
<strong>perio</strong>dontais, existem fatores secundários sistêmicos<br />
que exercem seus efeitos alterando a resistência<br />
dos tecidos à agressão provocada pelas bactérias<br />
(Klokkevold, 2004). Dentre esses fatores, considera-se<br />
que os hormônios podem influenciar significativamente<br />
as doenças do <strong>perio</strong>donto, particularmente em<br />
períodos de desequilíbrio dos hormônios sexuais<br />
relacionados ao ciclo de vida reprodutiva da mulher,<br />
desde a puberdade até a menopausa (Otomo-Corgel<br />
& Steinberg, 2002). Assim, durante os períodos de<br />
puberdade, ciclo menstrual, gravidez e menopausa,<br />
parecem ocorrer maior incidência de inflamação nos<br />
tecidos <strong>perio</strong>dontais relacionados aos efeitos dos<br />
hormônios sexuais sobre o <strong>perio</strong>donto normal ou<br />
previamente inflamado (Rossa Jr., 1994; Orrico et al.,<br />
1997; Oh et al., 2002).<br />
Durante o ciclo menstrual na mulher ocorre<br />
a secreção alternada dos hormônios folículoestimulante<br />
(FSH), luteinizante (LH), estrógeno e<br />
progesterona. O FSH e o LH são secretados pela<br />
pituitária anterior (adenohipófise), o estrogênio e a<br />
progesterona pelos ovários. Quando a menstruação<br />
60<br />
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se inicia a pituitária anterior secreta maiores quantidades<br />
de FSH, juntamente com pequenas quantidades de LH.<br />
Juntos, esses hormônios promovem o crescimento de diversos<br />
folículos nos ovários e acarretam uma secreção considerável<br />
de estrogênio. Este hormônio faz com que as taxas de FSH<br />
e LH declinem e, por volta do décimo segundo dia do ciclo,<br />
há um pico desses dois hormônios. É nessa fase que há o<br />
desenvolvimento final de um dos folículos ovarianos, sendo<br />
que sua ruptura ocorre cerca de dois dias após ocorrendo a<br />
ovulação no décimo quarto dia (Otomo-Corgel & Steinberg,<br />
2002).<br />
Geralmente o ciclo menstrual é por volta de 28 dias mas<br />
este pode ser menor ou maior. O processo de ovulação conduz<br />
ao desenvolvimento do corpo lúteo, que secreta quantidade<br />
elevada de progesterona e quantidades consideráveis de<br />
estrogênio, diminuindo a taxa de secreção dos hormônios<br />
FSH e LH. Sem esses hormônios para estimulá-lo, o corpo<br />
lúteo involui, de modo que a secreção de estrogênio e<br />
progesterona cai para níveis muito baixos. Esse súbito declínio<br />
na secreção de ambos os hormônios dá início à menstruação.<br />
Nessa ocasião, a pituitária anterior (que estava inibida pelo<br />
estrogênio e progesterona) começa a secretar outra vez<br />
grandes quantidades de hormônio folículo-estimulante (FSH),<br />
iniciando um novo ciclo. Esse processo continua durante toda<br />
a vida reprodutiva da mulher (Laufer et al., 1982; Mascarenhas<br />
et al., 2003; Mealey & Moritz, 2003).<br />
Achados comuns entre as mulheres que procuram<br />
tratamento dental e <strong>perio</strong>dontal podem ser verificados tais<br />
como, o aumento da inflamação gengival e um desconforto<br />
durante seu ciclo menstrual, mais comumente no período<br />
de menstruação (Machtei et al., 2004. No entanto, esse<br />
fenômeno ainda não foi completamente esclarecido, sendo<br />
necessários mais estudos para melhor compreensão dos<br />
efeitos dos hormônios sexuais sobre os tecidos gengivais<br />
(Mealey & Moritz, 2003).<br />
Dessa forma, com a aplicação de índices sensíveis de<br />
medidas das alterações gengivais, espera-se detectar quais<br />
os momentos de atuação das influências hormonais, que<br />
mais possam influenciar no estado dos tecidos gengivais<br />
das mulheres. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar<br />
as alterações gengivais que possam ocorrer sob a influência<br />
das alterações hormonais, que ocorrem durante o ciclo<br />
reprodutivo mensal da mulher.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Participaram do presente estudo 32 mulheres jovens,<br />
com idade entre 18 e 30 anos, independente de raça,<br />
estudantes dos cursos de graduação em Odontologia do<br />
Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos<br />
(UNIFEB). Todas as voluntárias deveriam assinar um Termo<br />
de Consentimento Livre e Esclarecido para serem incluídas<br />
no estudo e, enfim, serem submetidas à anamnese e exame<br />
clínico. Inicialmente, foram ent<strong>revista</strong>das 118 voluntárias.<br />
No entanto, 86 mulheres foram excluídas do estudo,<br />
principalmente por fazerem uso de contraceptivos orais,<br />
apresentarem ciclos menstruais irregulares ou por serem<br />
fumantes. Outras razões diversas também foram causas de<br />
exclusão tais como: cardiopatias, diabetes, problemas renais,<br />
alterações hepáticas, discrasias sanguíneas, desequilíbrios<br />
ou alterações hormonais, gravidez, uso de antibioticoterapia<br />
nos últimos 3 meses, uso de corticosteróides ou qualquer<br />
outro medicamento hormonal nos últimos 3 meses, fatores<br />
de retenção de placa, como por exemplo, aparelhos<br />
ortodônticos, cáries ou próteses extensas.<br />
Para serem incluídas no estudo, as participantes deveriam<br />
apresentar ciclos menstruais regulares, boa higienização bucal<br />
e, profundidade de sondagem ≤ 3 mm em todos os sítios<br />
examinados, sem sinais de perda de inserção <strong>perio</strong>dontal ou<br />
inflamação gengival aparente ao exame clínico inicial. Essa<br />
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da<br />
UNIFEB (Protocolo no 004/08).<br />
As mulheres foram examinadas em três momentos<br />
distintos. Assim, considerando-se um ciclo regular de 28 dias,<br />
os índices gengivais e os índices de placa foram aplicados nos<br />
seguintes períodos (Rossa Jr, 1994): 4 a 5 dias após o início<br />
da menstruação (Período controle - PC); 12 dias após o início<br />
da menstruação (Pico de estrogênio - PE) e 24 dias após o<br />
início da menstruação (Pico de progesterona - PP) (Figura<br />
1). Os períodos foram proporcionalmente aumentados ou<br />
diminuídos, de acordo com o aumento ou diminuição de dias<br />
do ciclo menstrual mensal, seja 26, 30 ou 32 dias, desde que<br />
fossem regulares.<br />
Um questionário foi aplicado a todas as participantes do<br />
estudo, a fim de se verificar os principais sinais e sintomas<br />
que pudessem estar relacionados ao ciclo menstrual,<br />
principalmente durante o período de menstruação ativa.<br />
Exame Clínico<br />
Para avaliação da saúde gengival das voluntárias, foram<br />
utilizados o Índice Gengival (IG) (Löe, 1967) e o Índice de Placa<br />
(IPL) (Löe, 1967), os quais foram aplicados sempre pelo mesmo<br />
examinador, auxiliado por um anotador, empregando-se uma<br />
sonda <strong>perio</strong>dontal do tipo Williams (Hy-Friedy, Chicago, EUA).<br />
Foram obedecidos os parâmetros de biossegurança, sendo<br />
que o instrumental clínico encontrava-se estéril, tendo seu<br />
uso individualizado para cada paciente.<br />
61<br />
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Figura 1. Representação esquemática do ciclo reprodutivo feminino de 28 dias (Otomo-Corgel & Steinberg, 2002).<br />
Treinamento e calibragem do examinador<br />
Os exames clínicos foram realizados por um único<br />
pesquisador, devidamente treinado e calibrado por um<br />
examinador experiente (“padrão ouro”). Especial atenção<br />
foi dispensada nas definições dos parâmetros clínicos e na<br />
correta execução dos procedimentos. O pesquisador foi<br />
treinado, aplicando-se o índice gengival em 10 pacientes<br />
distintos, sendo que o treinamento foi repetido a cada três<br />
meses do estudo, a fim de reafirmar se o pesquisador ainda<br />
se encontrava calibrado e relembrar os conceitos e serem<br />
avaliados.<br />
Índice Gengival (IG)<br />
O sangramento gengival marginal foi avaliado utilizandose<br />
uma sonda milimetrada do tipo Williams (Hy-Friedy,<br />
Chicago, EUA), a qual foi inserida aproximadamente 1 mm<br />
intra-sulcular, percorrendo-se as superfícies gengivais de distal<br />
para mesial. A presença de sangramento gengival era anotada<br />
em ficha especificamente elaborada para esta finalidade. Os<br />
diferentes graus de inflamação foram avaliados, isto é, grau<br />
0: Gengiva normal – a gengiva apresentava-se firme, com<br />
coloração rósea, superfície opaca, grau variado de ponteado e<br />
sem sangramento à sondagem; grau 1: Inflamação Suave – a<br />
margem gengival apresentava ligeira mudança de coloração<br />
(avermelhada) e levemente edemaciada. Não sangrava<br />
à sondagem; grau 2: Inflamação Moderada – a gengiva<br />
apresentava-se edemaciada (margem arredondada), brilhante<br />
e avermelhada, havendo sangramento à sondagem; grau 3:<br />
Inflamação Severa – a gengiva apresentava-se edemaciada e<br />
aumentada, marcadamente vermelha, com ulcerações e com<br />
tendência ao sangramento espontâneo.<br />
Índice de Placa (IPL)<br />
O índice de placa foi avaliado da seguinte forma: grau 0<br />
- Não havia placa visível na área gengival da superfície dental,<br />
mesmo ao passar a sonda clínica; grau 1 - Havia uma película<br />
de placa aderida à margem gengival livre e na área adjacente<br />
ao dente. A placa poderia ser reconhecida passando-se uma<br />
sonda sobre a superfície do dente, não sendo visível a olho<br />
nu; grau 2: Havia um fino e moderado acúmulo de depósitos<br />
moles na margem gengival ou na superfície dental adjacente,<br />
podendo ser visto a olho nu; grau 3: Havia um abundante<br />
acúmulo de depósitos moles, preenchendo o nicho na<br />
margem gengival e na superfície dental adjacente.<br />
RESULTADOS<br />
Os resultados do índice Gengival (IG) demonstraram<br />
que no período da menstruação, considerado como período<br />
controle (PC) por não haver picos hormonais, não se verificou<br />
diferenças estatisticamente significantes entre os graus de<br />
IG, apesar de haver uma predominância do grau 0. Quando<br />
houve o pico de estrogênio (PE), também se verificou ausência<br />
de diferenças estatísticas entre os diferentes graus de IG,<br />
embora tenha ocorrido um ligeiro aumento no grau 1 quando<br />
comparado ao PC. Ao se avaliar os graus de IG no período<br />
de pico de progesterona (PP), verificou-se um aumento<br />
significativo nos graus 1 e 2 com relação aos graus 0 e 3 (Teste<br />
de Friedman, p < 0,05) (Figura 2).<br />
Na figura 3 pode-se verificar que a porcentagem de Índice<br />
de Placa (IPL) grau 0 manteve-se em excelentes níveis com<br />
médias su<strong>perio</strong>res a 80% em todos os períodos experimentais.<br />
Dessa forma, houve diferença estatisticamente significativa<br />
62<br />
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Figura 2. Porcentagem média ± desvio-padrão dos graus de Índice Gengival (IG) observados nos diferentes períodos experimentais. * Diferença estatisticamente significante entre os graus 0 e 1 e entre<br />
os graus 1 e 3; ** Diferença estatisticamente significante entre os graus 0 e 2 e entre os graus 2 e 3 (Teste de Friedman, p < 0,05).<br />
Figura 3. Porcentagem média ± desvio-padrão dos graus de Índice de Placa (IPL) observados nos diferentes períodos experimentais. * Diferença estatisticamente significante entre o grau 0 com<br />
relação aos graus 1, 2 e 3 (Teste de Friedman, p < 0,05).<br />
do grau 0 com relação aos demais graus (1, 2 e 3) desde o<br />
período controle até a fase de pico de progesterona (Teste<br />
de Friedman, p< 0,05). Não se verificou nenhum caso de<br />
grau 3, devido ao excelente controle de placa dos pacientes.<br />
Com relação ao questionário aplicado às participantes,<br />
a prevalência de alguns sinais e sintomas pode ser verificada<br />
na Tabela 1.<br />
DISCUSSÃO<br />
Um dos sinais clínicos relatados por alguns autores<br />
como decorrentes do curso do ciclo menstrual é um ligeiro<br />
aumento da mobilidade dental (Friedman, 1972; Steinberg,<br />
20<strong>01</strong>), entretanto, nenhuma paciente relatou perceber<br />
alguma mobilidade dental e esta também não foi observada<br />
63<br />
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Table 1<br />
Sinais e Sintomas<br />
Sinais e sintomas relatados pelas pacientes decorrentes do ciclo menstrual<br />
Sim<br />
N (%)<br />
Não<br />
N (%)<br />
Fluxo menstrual excessivo 11 (34,4%) 21 (65,6)<br />
Tensão Pré-Menstrual 16 (50%) 16 (50%)<br />
Sintomas de depressão 5 (15,6%) 27 (84,4%)<br />
Irritabilidade 23 (71,9%) 9 (28,1%)<br />
Dificuldade de concentração 4 (12,5%) 28 (87,5%)<br />
Cefaléia 12 (37,5%) 20 (62,5%)<br />
Sensibilidade à dor 18 (56,25%) 14 (43,75%)<br />
Distúrbio gastro-intestinal 7 (21,9%) 25 (78,1%)<br />
Náuseas 0 (0%) 32 (100%)<br />
Mobilidade dental 0 (0%) 32 (100%)<br />
Edemaciamento gengival 7 (21,9%) 25 (78,1%)<br />
Herpes labial 0 (0%) 32 (100%)<br />
Úlceras aftosas 0 (0%) 32 (100%)<br />
durante os exames clínicos. Da mesma forma, em nenhuma<br />
paciente foi verificada a presença de herpes labial e úlceras<br />
aftosas nos períodos avaliados, o que também contraria a<br />
afirmação de Steinberg (20<strong>01</strong>) e Otomo-Corgel & Steinberg<br />
(2002). De acordo com Otomo-Corgel & Steinberg (2002),<br />
em alguns casos pode-se verificar na fase lútea a presença<br />
de úlceras intra-bucais recorrentes, lesões de herpes labial e<br />
infecções por Cândida.<br />
O aumento dos hormônios sexuais durante o ciclo<br />
menstrual pode modular o desenvolvimento de inflamações<br />
gengivais localizadas (Lapp et al., 1995; Gornstein et al., 1999;<br />
Machtei et al., 2004). Gengivites localizadas foram verificadas<br />
nos nossos resultados, porém no dia da menstruação (PC) e no<br />
dia do pico de estrogênio (PE) não houve diferença significativa<br />
entre os diferentes graus do índice gengival. Por outro lado,<br />
verificou-se um aumento nos níveis de inflamação no dia do<br />
pico de progesterona (PP), com maiores níveis de sangramento<br />
gengival graus 1 (57 ± 0,9) e 2 (36 ± 0,4). Nossos achados<br />
concordam em parte com os encontrados por Machtei et al.<br />
(2004), devido esses autores terem observado maiores índices<br />
de sangramento gengival no período pré-menstrual (0,5 ±<br />
0,08), correspondente ao pico de progesteron. No entanto,<br />
demonstrou-se também maiores níveis gengivais no período<br />
de ovulação, próximo ao pico de estrogênio (0,54 ± 0,07), o<br />
que não foi verificado em nossos resultados.<br />
Os nossos resultados mostraram que o controle de placa<br />
manteve-se em níveis excelentes, sendo que em todos os<br />
períodos experimentais 80% das participantes apresentaramse<br />
com ausência de biofilme dental, estando de acordo com<br />
os achados de Machtei et al. (200), que demonstraram que<br />
a média de índice de placa (0,85 ± 0,06) foi quase idêntica<br />
em todos os períodos, ou seja, no período de ovulação, prémenstrual<br />
e durante a menstruação. Este fato demonstra<br />
que a gengiva normal, ou seja, aquela clinicamente saudável<br />
pode ser afetada de alguma forma pelos hormônios<br />
sexuais femininos, mesmo na ausência de biofilme dental.<br />
Contrariando os nossos achados, Holm-Pedersen & Löe (1967)<br />
afirmaram que as diferentes fases do ciclo menstrual não<br />
influenciaram a condição da gengiva clinicamente saudável, ao<br />
passo que uma gengivite é-existente foi exacerbada durante<br />
a fase de menstruação ativa.<br />
O aumento do sangramento gengival observado em<br />
nosso estudo no período do pico de progesterona pode<br />
ser explicado devido este hormônio estar associado a um<br />
aumento da permeabilidade microvascular, alterando a<br />
produção de colágeno gengival (Otomo-Corgel & Steinberg,<br />
64<br />
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R. Periodontia - 20(3):60-66<br />
2000). Além do mais, este hormônio atua no aumento do<br />
metabolismo do folato (Thomson & Pack, 1982), estimula a<br />
produção de prostaglandinas (PGE), que agem na resposta<br />
do hospedeiro frente às inflamaçõese, aumenta a quimiotaxia<br />
dos leucócitos polimorfonucleares (Miyagi et al., 1992).<br />
Nosso estudo não demonstrou diferença estatística nos<br />
níveis de sangramento gengival quando se avaliou a condição<br />
da gengiva no período de pico do estrogênio. Tem sido<br />
especulado que os níveis normais de estrogênio circulantes<br />
podem ser essenciais para a proteção dos tecidos <strong>perio</strong>dontais.<br />
Dessa forma, a quantidade de estradiol circulante parece<br />
estar inversamente correlacionada com a prevalência das<br />
doenças <strong>perio</strong>dontais (Plancak et al., 1998). Outros efeitos<br />
do estrogênio sobre o <strong>perio</strong>donto podem ser verificados, tais<br />
como, inibição das citocinas pró-inflamatórias liberadas pelas<br />
células da medula humana (Gordon et al., 20<strong>01</strong>), redução da<br />
inflamação mediada pelas células T (Josefsson et al., 1992)<br />
e inibição da quimiotaxia dos leucócitos polimorfonucleares<br />
(PMNs) (Ito et al., 1995). Por outro lado, estudos demonstraram<br />
que um dos efeitos do estrógeno sobre os tecidos <strong>perio</strong>dontais<br />
seria uma diminuição da queratinização e um aumento do<br />
glicogênio epitelial, que resultaria na redução da efetividade<br />
da barreira epitelial (Manson, 2004).<br />
Como foram verificados em nossos achados, alguns<br />
sintomas podem ocorrer durante o ciclo menstrul, tais<br />
coo, irritabilidade (71,9%), tensão pré-menstrual (50%),<br />
dificuldade de concentração (12,5%), depressão (15,6%),<br />
dentre outros; concordando com o relato de Otomo-Corgel<br />
& Steinberg (2002) de que alguns sintomas podem ocorrer<br />
durante o período menstrual, sendo que alguns casos<br />
podem ser explicados devido à possibilidade de redução nos<br />
neurotransmissores.<br />
30 years, regardless of race, with good control of plaque,<br />
which were evaluated in three different <strong>perio</strong>ds: 4 to 5 days<br />
after onset of menstruation (Control <strong>perio</strong>d - PC), 12 days after<br />
the menstruation <strong>perio</strong>d (peak of estrogen - PE) and 24 days<br />
after the menstruation <strong>perio</strong>d (peak of progesterone - PP). A<br />
questionnaire was applied, and the gingival index (GI) and<br />
plaque index (IPL) were performed in each <strong>perio</strong>d of evaluation.<br />
The results showed no statistically significant differences in the<br />
levels of GI between the <strong>perio</strong>ds PC and PE of the menstrual<br />
cycle (p> 0.05), but there was an increase in the degree of<br />
gingival bleeding in the condition of PP (p< 0.05). The IPL<br />
showed no significant differences in any experimental <strong>perio</strong>d,<br />
with excellent levels of plaque control in all of them (p><br />
0.05). Considering Our findings, it can be concluded that the<br />
hormones of the menstrual cycle, especially the progesterone,<br />
can exert some influence on the clinically healthy gingival<br />
tissues, with increased of the local inflammatory signs.<br />
UNITERMS: gingiva, hormones, menstrual cycle.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores gostariam de agradecer à Fundação<br />
Educacional de Barretos (UNIFEB), pela concessão de bolsa<br />
de iniciação científica (PIBIC/UNIFEB) para o desenvolvimento<br />
desta pesquisa.<br />
CONCLUSÃO<br />
Diante dos achados, pode-se concluir que os hormônios<br />
do ciclo menstrual, especialmente a progesterona, exercem<br />
alguma influência sobre os tecidos gengivais clinicamente<br />
saudáveis, com um aumento dos sinais inflamatórios locais.<br />
ABSTRACT<br />
Several authors consider that hormones may significantly<br />
influence the <strong>perio</strong>dontal diseases, particularly in times of<br />
imbalance in the level of sex hormones related to the women’s<br />
reproductive cycle, from puberty to menopause. The aim of<br />
this study was to evaluate the characteristics of the gingiva<br />
related to hormonal changes during the mensal woman’s<br />
cycle. This study included 32 women, aged between 18 and<br />
65<br />
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Cohen DW, eds. Periodontal medicine and the female patient.<br />
Periodontal Medicine. Hamilton, Ontario, BC: Decker Inc; 2000. p.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Elizangela Partata Zuza<br />
Rua Buarque, 67 - Campos Elíseos.<br />
CEP: 14080-530 - Ribeirão Preto - SP<br />
E-mail: elizangelazuza@yahoo.com.br<br />
66<br />
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R. Periodontia - Setembro 2<strong>01</strong>0 - Volume 20 - Número 03<br />
P<strong>REV</strong>ALÊNCIA DE PATÓGENOS PERIODONTAIS EM<br />
TABAGISTAS<br />
Prevalence of <strong>perio</strong>dontal pathogens among smokers<br />
Davi Romeiro Aquino 1 , Gilson Cesar Nobre Franco 1 , José Roberto Cortelli 1 , Ana Paula Grimião Queiroz 2 , Juliana Guimarães<br />
dos Santos 3 , Sheila Cavalca Cortelli 1<br />
RESUMO<br />
A influência do tabagismo sobre a microbiota<br />
<strong>perio</strong>dontal ainda é bastante controversa. Com base nesta<br />
premissa, o objetivo deste estudo foi comparar a presença<br />
de A. actinomycetemcomitans, P. intermedia, P. gingivalis, T.<br />
forsythia e C. rectus em adultos tabagistas e não tabagistas<br />
e relacioná-la com a condição clínica <strong>perio</strong>dontal. O estudo<br />
foi composto por 214 indivíduos adultos divididos de acordo<br />
com a condição <strong>perio</strong>dontal e o hábito de fumar: grupo<br />
<strong>perio</strong>dontalmente saudável [fumante (n=51) e não fumante<br />
(n=52)] e grupo com <strong>perio</strong>dontite [fumante (n=53) e<br />
não fumante (n=58)]. Indivíduos com no mínimo 4 sítios<br />
<strong>perio</strong>dontais com Profundidade à Sondagem (PS) ≥ 4mm<br />
e Nível Clínico de Inserção (NCI) ≥ 3mm, distribuídos em<br />
dentes diferentes, foram considerados <strong>perio</strong>dontalmente<br />
doentes. Foram realizadas coletas do dorso da língua e<br />
amostras intra-sulculares dos cinco sítios que apresentaram<br />
maiores valores de PS. No grupo saudável, foram coletadas<br />
amostras subgengivais dos sítios mésio-vestibulares dos<br />
dentes 16, 11, 26, 36, <strong>31</strong> e 46. Para análise estatística foi<br />
utilizado o teste Qui-Quadrado. Neste estudo transversal,<br />
não foi observada diferença estatisticamente significativa na<br />
microbiota <strong>perio</strong>dontopatógena de tabagistas em função<br />
da condição <strong>perio</strong>dontal.<br />
UNITERMOS: tabagismo, <strong>perio</strong>dontopatógenos, <strong>perio</strong>dontite.<br />
R Periodontia 2<strong>01</strong>0; 20:67-72.<br />
1<br />
Professor(a) de Periodontia dos Cursos de Graduação e Pós-graduação da UNITAU- Taubaté-SP.<br />
2<br />
Professora de Periodontia da USS – Vassouras-RJ. Mestranda em Odontologia, subárea<br />
Periodontia, na UNITAU- Taubaté-SP.<br />
3<br />
Técnica do laboratório de Biomol.<br />
Recebimento: 15/06/10 - Correção: 27/07/10 - Aceite: <strong>31</strong>/08/10<br />
INTRODUÇÃO<br />
A <strong>perio</strong>dontite é o resultado de complexas<br />
inter-relações entre agentes infecciosos e a resposta<br />
imunológica do hospedeiro, podendo sua expressão ser<br />
modificada por fatores de risco genéticos, ambientais<br />
ou adquiridos, que afetam seu início e progressão.<br />
Dentre os fatores de risco, o tabagismo encontrase<br />
fortemente relacionado com a <strong>perio</strong>dontite<br />
KINANE et al., 1997; STOLTENBERG et al., 1993).<br />
Dados da Organização Mundial da Saúde afirmam<br />
que um bilhão e duzentos milhões de pessoas sejam<br />
fumantes (Ministério da Saúde, 2<strong>01</strong>0), sendo o<br />
tabagismo o maior causador de mortes evitáveis no<br />
mundo, com um total de 4,9 milhões anuais, o que<br />
corresponde a mais de dez mil mortes por dia. Caso as<br />
atuais tendências de aumento do seu consumo sejam<br />
mantidas, em 2030 espera-se que esse número anual<br />
de mortes chegue a 10 milhões (Ministério da Saúde:<br />
dados e números, 2<strong>01</strong>0).<br />
Os efeitos do tabaco nos tecidos <strong>perio</strong>dontais<br />
dependem do número de cigarros fumados por dia e<br />
da duração do hábito, parecendo ser mais evidentes<br />
nos homens do que nas mulheres (CALSINA et al.,<br />
2002). A nicotina e seus metabólitos, como a cotidina,<br />
67<br />
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quando absorvidos pelos tecidos, se ligam a receptores<br />
específicos, induzindo a liberação de epinefrina que provoca<br />
vasoconstricção periférica, reduzindo a capacidade de<br />
drenagem dos catabólitos teciduais. Hwa-Jeong et al.,<br />
2009, demonstraram o efeito citotóxico da nicotina sobre os<br />
tecidos <strong>perio</strong>dontais, mais especificamente sua ação sobre<br />
os fibroblastos.<br />
A variabilidade entre as diferentes <strong>perio</strong>dontopatias<br />
representa uma inter-relação entre um hospedeiro suscetível<br />
e uma microbiota <strong>perio</strong>dontopatogênica, constituída<br />
principalmente de bastonetes Gram-negativos anaeróbios<br />
e microaerófilos. É possível que a maior gravidade das<br />
<strong>perio</strong>dontopatias em fumantes possa ser reflexo da ação dos<br />
componentes do tabaco sobre a resposta imunológica celular,<br />
no que se refere à modulação das citocinas e quimiocinas<br />
deflagradas no processo inflamatório (RYDER, 2007; HEENS et<br />
al., 2009). O cigarro pode aumentar as variações genéticas,<br />
como por exemplo, o polimorfismo da interleucina 1-b,<br />
desencadeando assim um efeito potencializador sobre a<br />
<strong>perio</strong>dontite, facilitando a colonização e persistência dos<br />
patógenos nas bolsas <strong>perio</strong>dontais. (LI et al., 2004).<br />
A possibilidade da microbiota em fumantes albergar<br />
<strong>perio</strong>dontopatógenos em maiores proporções foi estudada por<br />
Zambon et al., (1996) que demonstraram estreita correlação<br />
entre a ocorrência de Aggregatibacter actinomycetemcomitans,<br />
Tannerella forsythia e Porphyromonas gingivalis e o uso de<br />
tabaco. Eggert et al., (20<strong>01</strong>) observaram que em fumantes,<br />
mesmo as bolsas rasas (< 5mm de PS) representam um<br />
habitat favorável para espécies patogênicas ao <strong>perio</strong>donto.<br />
Contudo, outros estudos não confirmaram esses resultados<br />
(PREBER et al., 1992; STOLTENBERG et al., 1993; DARBY et<br />
al., 2000; BROSTÖN et al., 20<strong>01</strong>). A frequência do isolamento<br />
dos bastonetes anaeróbios produtores de pigmento negro,<br />
Fusbacterium nucleatum e bactérias produtoras de sulfeto de<br />
hidrogênio foram similares entre fumantes e não fumantes,<br />
sendo mais elevada nos pacientes com doença <strong>perio</strong>dontal.<br />
Já Aggregatibacter actinomycemtecomitans foi isolado mais<br />
frequentemente em fumantes <strong>perio</strong>dontalmente saudáveis<br />
do que em sadios não fumantes (GAETTI & ZANOLI, 1998).<br />
Embora o tabaco tenha um impacto negativo sobre a<br />
condição clínica <strong>perio</strong>dontal, sua relação com a microbiota<br />
subgengival permanece obscura (GOMES et al., 2006). Apesar<br />
de reconhecido fator de risco para a <strong>perio</strong>dontite, as alterações<br />
microbiológicas que acompanham seu uso ainda precisam ser<br />
esclarecidas. A questão em foco é se o principal responsável<br />
pelos efeitos maléficos do cigarro nos tecidos <strong>perio</strong>dontais<br />
seja originado por fatores microbiológicos ou pela resposta<br />
imunológica de defesa do hospedeiro. Assim, o objetivo deste<br />
estudo foi comparar a presença de <strong>perio</strong>dontopatógenos em<br />
indivíduos adultos tabagistas e não tabagistas e relacioná-las<br />
com a condição clínica <strong>perio</strong>dontal.<br />
METODOLOGIA<br />
População<br />
Inicialmente, para a condução de estudo piloto, foram<br />
obtidas amostras microbiológicas de dez adultos, cujos<br />
resultados foram estatisticamente analisados pelo teste Quiquadrado,<br />
que determinou como mínimo o número de 50<br />
indivíduos por grupo.<br />
Assim, a população do presente estudo foi composta por<br />
214 indivíduos adultos divididos de acordo com a condição<br />
<strong>perio</strong>dontal e o hábito de fumar: grupo <strong>perio</strong>dontalmente<br />
saudável [fumante (n=51) e não fumante (n=52)] e grupo<br />
com <strong>perio</strong>dontite [fumante (n=53) e não fumante (n=58)].<br />
Periodontite foi definida segundo os critérios de López et al.<br />
(2002), devendo o indivíduo apresentar no mínimo quatro<br />
sítios <strong>perio</strong>dontais com Profundidade à Sondagem (PS) ≥<br />
4mm e Níveo Clínico de Inserção (NCI) ≥ 3mm, distribuídos<br />
em dentes diferentes.<br />
Foram excluídos indivíduos submetidos a antibioticoterapia<br />
local e/ou sistêmica nos últimos seis meses e/ou tratamento<br />
<strong>perio</strong>dontal nos 12 meses que antecederam o início do<br />
estudo, assim como participantes com menos de dez dentes;<br />
pacientes diabéticos descompensados, imunossuprimidos,<br />
gestantes, portadores de alterações hormonais, usuários de<br />
aparelho ortodôntico e próteses fixas extensas.<br />
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética<br />
em Pesquisa da Universidade de Taubaté sob o protocolo n o<br />
0<strong>31</strong>7/07.<br />
Exame clínico <strong>perio</strong>dontal<br />
Os valores (PS) (mm), (NCI) (mm), Índice de Placa (IP) e<br />
Índice de Sangramento Gengival (ISG), dicotômicos de acordo<br />
com Ainamo & Bay (1975) foram mensurados com sonda<br />
<strong>perio</strong>dontal manual (Carolina do Norte PCPUNC15BR, Hu-<br />
Friedy ® ), por dois examinadores treinados e calibrados. Na<br />
calibração foi aplicado o método Erro Padrão da Medida (EPM)<br />
para as variáveis contínuas, PS e NCI, e o índice estatístico<br />
Kappa (K) para as variáveis categóricas, IP e ISG (Araujo et<br />
al., 2003).<br />
Análise microbiológica<br />
Foram realizadas coletas do dorso da língua com swab<br />
tamponado de algodão previamente umedecido com<br />
solução de Ringer. Para esta coleta, o swab foi rotacionado<br />
6X na área central da língua, obtendo-se uma única amostra<br />
extra-sulcular por adulto. Adicionalmente, foram coletadas<br />
68<br />
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amostras microbiológicas intra-sulculares com cone de<br />
papel autoclavado n°30 (Dentsply ® ) dos cinco sítios que<br />
apresentaram os maiores valores de PS. Para o grupo saudável,<br />
foram coletadas amostras subgengivais dos sítios mésiovestibulares<br />
dos dentes 16, 11, 26, 36, <strong>31</strong> e 46. Quando os<br />
mesmos não estavam presentes, foram utilizados os dentes<br />
imediatamente adjacentes (17, 21, 27, 37, 41 e 47). Os swabs<br />
e os cones de papel foram colocados em microtubos tipo<br />
Eppendorf contendo 1,5ml de solução de Ringer reduzida<br />
e transportados ao laboratório de biologia Molecular da<br />
UNITAU. As amostras foram mantidas a temperatura de -80°<br />
C até o seu processamento.<br />
Os microtubos foram homogeneizados em agitador<br />
mecânico (Vortex ® , Phoenix, AP56) e então 300µL foram<br />
centrifugados por 10 minutos (4690 X g). Após remoção<br />
do sobrenadante, 200µL de matriz comercial de extração e<br />
purificação de DNA (Instagene, Bio-Rad ® ) foram adicionados<br />
ao pellet formado.<br />
A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi realizada<br />
em termociclador tipo Mastercycler Gradient (Eppendorf ® )<br />
na seguinte condição: Um ciclo inicial a 95ºC/5 minutos , 35<br />
ciclos 95ºC/30 segundos, 55ºC/30 segundos, 72ºC/1minuto, e<br />
um ciclo final de 72ºC/5minutos. A partir de DNA extraído de<br />
todas as amostras, a presença de A. actinomycetemcomitans,<br />
P. intermedia, P. gingivalis, T. forsythia e C. rectus foi avaliada<br />
empregando primers específicos.<br />
Para a análise dos produtos amplificados pela PCR foi<br />
empregada eletroforese conduzida a 10V/cm 2 em solução<br />
tamponada (TBE) por uma hora empregando-se gel de<br />
agarose a 1,5% corados com Brometo de Etídio. A visualização<br />
foi realizada em câmara de irradiação ultravioleta (UV) e<br />
comparada com os produtos amplificados a partir de cepas<br />
padrão, cedidas pelo Instituto Fio Cruz, RJ.<br />
Análise estatística<br />
A associação entre a ocorrência de bactérias<br />
<strong>perio</strong>dontopatógenas e a condição clinica <strong>perio</strong>dontal em<br />
adultos foi analisada pelo teste Qui-Quadrado, utilizando<br />
o programa estatístico SPSS for Windows Release 12.0; SPSS<br />
Inc., Chicago, IL.<br />
RESULTADOS<br />
Foram incluídos no presente estudo 214 indivíduos, sendo<br />
103 <strong>perio</strong>dontalmente saudáveis e 111 portadores de doença<br />
<strong>perio</strong>donrtal (Tabelas 1 e 2).<br />
Foi proposta inicialmente uma comparação intragrupo<br />
da frequência dos patógenos <strong>perio</strong>dontais em função do<br />
hábito de fumar. Não foi observada diferença estatisticamente<br />
significativa quando da avaliação isolada dos grupos saúde<br />
(Figura 1) e doença <strong>perio</strong>dontal (Figura 2).<br />
DISCUSSÃO<br />
O uso do tabaco está associado a alterações patológicas<br />
no <strong>perio</strong>donto, sendo um importante fator de risco para<br />
<strong>perio</strong>dontite. Segundo a Third Nacional Health and Nutrition<br />
Examination Survey (NHANES) indivíduos fumantes têm<br />
quatro vezes mais chances de desenvolver <strong>perio</strong>dontite que<br />
não fumantes (TOMAR, 2000). A associação entre tabagismo<br />
e doença <strong>perio</strong>dontal é mais evidente após 10 anos do<br />
hábito, independente da idade e índice de placa, afetando<br />
Tabela 1<br />
Distribuição da população estudada. MI – Média de Idade; DP – Desvio Padrão<br />
Fumante<br />
Saúde <strong>perio</strong>dontal<br />
Não-fumante<br />
Total<br />
Masculino 18 22 40<br />
Feminino 33 30 63<br />
Total<br />
(MI±DP)<br />
51<br />
(32,53±8,29)<br />
52<br />
(<strong>31</strong>,13±7,97)<br />
Doença <strong>perio</strong>dontal<br />
Fumante<br />
Não-fumante<br />
103<br />
(<strong>31</strong>,81±8,09)<br />
Masculino 26 24 50<br />
Feminino 27 34 61<br />
Total<br />
69<br />
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Tabela 2<br />
Distribuição média dos valores de Profundidade de Sondagem (PS), Nível Clínico de Inserção (NCI), Índice de Placa (IP) e Índice de Sangramento<br />
Gengival (ISG), de acordo com a condição <strong>perio</strong>dontal e o hábito de fumar. M – Média; DP – Desvio Padrão; Teste t de Student e Mann-whitne<br />
Saúde <strong>perio</strong>dontal<br />
PS (mm) NCI (mm) IP (0/1) ISG (0/1)<br />
Fumante<br />
3,45<br />
±1,65<br />
2,94<br />
±1,64<br />
0,61<br />
±0,33<br />
0,47<br />
±0,32<br />
Não-fumante<br />
3,41<br />
±1,45<br />
3,21<br />
±1,47<br />
0,62<br />
±0,30<br />
0,61<br />
±0,29<br />
Total<br />
(M±DP)<br />
Fumante<br />
3,43<br />
±1,54<br />
3,08<br />
±1,55<br />
0,61<br />
±0,<strong>31</strong><br />
0,54<br />
± 0,<strong>31</strong><br />
Doença Periodontal<br />
PS (mm) NCI (mm) IP (0/1) ISG (0/1)<br />
4,65<br />
±1,54<br />
4,70<br />
±1,62<br />
0,62<br />
±0,32<br />
0,55<br />
±0,29<br />
Não-fumante<br />
4,65<br />
±1,69<br />
4,69<br />
±1,70<br />
0,66<br />
± 0,30<br />
0,54<br />
±0,30<br />
Total<br />
(M±DP)<br />
4,65<br />
±1,62<br />
4,69±1,70<br />
±1,66<br />
0,64<br />
±0,<strong>31</strong><br />
0,54<br />
± 0,30<br />
Figura 1 Figura 2<br />
Figura 1 – Distribuição da freqüência dos patógenos <strong>perio</strong>dontais nos indivíduos do grupo saúde<br />
<strong>perio</strong>dontal de acordo com o hábito de fumar<br />
S – Amostras de sulco gengival, C – Amostras de mucosa jugal; Teste Qui-quadrado<br />
Figura 2 – Distribuição da freqüência dos patógenos <strong>perio</strong>dontais nos indivíduos do grupo doença<br />
<strong>perio</strong>dontal de acordo com o hábito de fumar<br />
S – Amostras de sulco gengival, C – Amostras de mucosa jugal; Teste Qui-quadrado<br />
mais severamente os homens que as mulheres (CALSINA et<br />
al., 2002).<br />
No presente estudo, não foi observada maior prevalência<br />
de <strong>perio</strong>dontotopatógenos em pacientes tabagistas, tanto na<br />
condição de saúde ou de doença <strong>perio</strong>dontal, o que também<br />
foi confirmado por Shiloah et al. 2000, van der Velden et al.,<br />
2003. Isso reforça a ideia de que grande parte da destruição<br />
tecidual encontrada em pacientes fumantes e portadores de<br />
<strong>perio</strong>dontite possa estar relacionada à resposta imunológica<br />
e atividade dos monócitos, bem como dos mediadores<br />
inflamatórios (VAN WINKELHOFF et al., 20<strong>01</strong>; SALVI et al.,<br />
2005; RYDER et al., 2007; HEENS et al., 2009; JOHNSON<br />
et al., 2<strong>01</strong>0).<br />
Medidas clínicas de PS, NCI, IP e ISG apresentaram valores<br />
aproximados. Müller et al, (2002) também não constataram<br />
diferença no sangramento à sondagem de indivíduos<br />
fumantes. Os mecanismos pelo qual o cigarro pode afetar os<br />
tecidos <strong>perio</strong>dontais, aumentando a perda de inserção clínica<br />
e a profundidade à sondagem como visto por Baljoon et al.,<br />
2005 e Ryder, 2007 não foram confirmados neste estudo.<br />
Diversos estudos têm observado uma maior colonização<br />
de patógenos <strong>perio</strong>dontais no biofilme subgengival de<br />
70<br />
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fumantes (GOMES et al., 2006; VAN WINKELHOFF et al.,<br />
20<strong>01</strong>). Em 2000, Hanioka et al. constataram que a tensão<br />
de oxigênio nas bolsas <strong>perio</strong>dontais era menor em fumantes,<br />
resultado que, ao menos em parte, favorece essa colonização.<br />
Este fato pode ser reforçado pelo pressuposto de que a<br />
presença da nicotina e seu subprodutos cria um micoambiente<br />
favorável para a colonização de patógenos, com visto por Li<br />
et al, 2004.<br />
A disponibilidade de novas metodologias pode auxiliar<br />
no entendimento da interação dos componentes do tabaco<br />
com o biofilme bacteriano e o impacto desta relação na<br />
ecologia do biofilme. Além da questão microbiológica, o fator<br />
hospedeiro tem chamado muita atenção, pois ele determina<br />
a suscetibilidade de cada paciente à infecção bacteriana.<br />
CONCLUSÃO<br />
Neste estudo transversal não foi obser vada<br />
diferença estatisticamente significativa na microbiota<br />
<strong>perio</strong>dontopatógena de tabagistas em função da condição<br />
<strong>perio</strong>dontal.<br />
ABSTRACT<br />
the present study aimed to compare the presence of A.<br />
actinomycetemcomitans, P. intermedia, P. gingivalis, T.<br />
forsythia and C. rectus in smoking and in no smoking adults<br />
and to relate it with <strong>perio</strong>dontal clinical condition. The study<br />
comprised 214 adults divided according to their <strong>perio</strong>dontal<br />
condition and smoking status: group of healthy <strong>perio</strong>dontal<br />
condition [smokers (n=51) and non smokers (n=52)] and<br />
group with <strong>perio</strong>dontitis [smokers (n=53 and non smokers<br />
(n= 58)]. Subjects presenting at least 4 <strong>perio</strong>dontal sites<br />
with Pocket Depth (PD) ≥ 4mm and Clinical Attachment<br />
Level (CAL) ≥ 3mm, distributed over different teeth, were<br />
considered <strong>perio</strong>dontally diseased. Saliva was collected<br />
from the dorsum of the tongue and intrasulcular samples<br />
were obtained from the five sites presenting the highest<br />
PD values. In the healthy group, subgingival samples were<br />
collected from the mesiobuccal sites of teeth 16, 11, 26, 36,<br />
<strong>31</strong> and 46. Chi-square was used for the statistical analysis. No<br />
statistically significant distinction was observed through this<br />
cross-sectional study in <strong>perio</strong>dontopathogenic microbiota of<br />
smokers in relation to <strong>perio</strong>dontal condition.<br />
UNITERMS: smoking status, <strong>perio</strong>dontopathogens,<br />
<strong>perio</strong>dontitis.<br />
The impact of tobacco use on <strong>perio</strong>dontal microbiota<br />
is still quite controversial. Based on this assumption,<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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71<br />
<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>set2<strong>01</strong>0</strong> - 3ª <strong>REV</strong> - <strong>31</strong>-<strong>01</strong>-<strong>11.indd</strong> 71 <strong>31</strong>/1/2<strong>01</strong>1 23:35:37
R. Periodontia - 20(3):67-72<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Ana Paula Grimião Queiroz<br />
Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 110 – Centro<br />
CEP: 12020-330 – Taubaté - SP<br />
Email: apgrimiao@gmail.com<br />
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<strong>REV</strong>ISORES<br />
Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira<br />
Karina Cogo<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Alexandre Prado Scherma<br />
Luciana Salles B. de Almeida<br />
Daiane Cristina Peruzzo<br />
73<br />
<strong>revista</strong> <strong>perio</strong> <strong>set2<strong>01</strong>0</strong> - 3ª <strong>REV</strong> - <strong>31</strong>-<strong>01</strong>-<strong>11.indd</strong> 73 <strong>31</strong>/1/2<strong>01</strong>1 23:35:37
VOL. 20 - Nº 03 - SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
NORMAS PARA PREPARAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS<br />
As informações sobre a missão, o escopo, o público e a política editorial da <strong>Revista</strong> podem ser encontradas em<br />
www.<strong>revista</strong><strong>perio</strong>dontia.com.br.<br />
Normas gerais<br />
Os artigos para a publicação na <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA da SOBRAPE deverão ser inéditos e redigidos em português,<br />
inglês ou espanhol. Artigos originais de pesquisa terão prioridade para apreciação mas, artigos de revisão e relatos de casos ou<br />
técnicas, de interesse na Periodontia, também poderão ser incluídos. A <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA reserva todos os direitos autorais<br />
do trabalho publicado. As informações contidas nos originais e publicadas na <strong>revista</strong> são de inteira responsabilidade do(s) autor(es),<br />
não refletindo necessariamente, a opinião do Corpo Editorial da <strong>revista</strong> ou a posição da SOBRAPE.<br />
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Os artigos deverão ser digitados em Word para Windows, com fonte Arial, tamanho 12, justificado, em folhas de papel A4<br />
numeradas consecutivamente. Deve ser usado espaço duplo com margem de 2,5 centímetros de todos os lados. As laudas<br />
deverão ter em média 1.600 toques (26 linhas de toques), perfazendo no máximo 20 páginas (excluindo gráficos, figuras e tabelas).<br />
Seleção de artigos<br />
A seleção dos artigos enviados à <strong>REV</strong>ISTA PERIODONTIA será realizada pelo Conselho Editorial, que dispõe de autoridade<br />
para decidir sobre sua aceitação. No processo de revisão e aprovação, que será realizado em pares, serão avaliados: originalidade,<br />
relevância metodologia e adequação às normas de publicação.<br />
Considerações Éticas<br />
Estudos que envolvam seres humanos deverão estar de acordo com a RESOLUÇÃO 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,<br />
e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Unidade /Instituição em que foram realizados. As mesmas considerações são<br />
feitas para estudos em animais. O número de aprovação do comitê deverá estar presente no artigo.<br />
Estrutura do artigo<br />
Os trabalhos devem ser divididos conforme os itens abaixo:<br />
1- Página de título (Português e Inglês ou Espanhol e Inglês): deverá conter o título do artigo em negrito, o nome dos<br />
autores numerados de acordo com a filiação (instituição de origem, cidade, país), a principal titulação dos autores de forma<br />
resumida (sem nota de rodapé) e endereço do autor correspondente. As demais páginas devem ser na forma de texto contínuo.<br />
Exemplo:<br />
Associação do PDGF e IGF na Regeneração Periodontal Revisão de Literatura<br />
Fernando Hayashi 1 , Fernando Peixoto 1 , Chistiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2<br />
1 Mestrandos em Periodontia da FOUSP<br />
2 Professor titular de Periodontia da FOUSP<br />
2- Resumo: deve fornecer uma visão concisa e objetiva do trabalho, incluindo objetivos, material e métodos, resultados e<br />
as conclusões. Deve conter no máximo 250 palavras (incluindo pontos, vírgulas etc).<br />
3- Palavras-chave: são palavras ou expressões que identificam o conteúdo do texto. Para sua escolha, deverá ser consultada<br />
a lista “Descritores em Ciências de Saúde DECS”, da BIREME. Número de palavras-chave: máximo 6.<br />
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VOL. 20 - Nº 03 - SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
4- Abstract e Keywords: cópia precisa e adequada do resumo e palavras-chave em Inglês. Deverá ser consultada a lista<br />
“Medical subject headings”. Disponível em www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html. Número de Keywords: máximo 6.<br />
5- Introdução: é o sumário dos objetivos do estudo, de forma concisa, citando as referências mais pertinentes. Também<br />
deve apresentar as hipóteses em estudo e a justificativa do trabalho.<br />
6- Material e Métodos: devem ser apresentados com suficientes detalhes que permitam confirmação das observações<br />
encontradas, indicando os testes estatísticos utilizados , quando existirem.<br />
7- Resultados: as informações importantes do trabalho devem ser enfatizadas e apresentadas em seqüência lógica no<br />
texto, nas figuras e tabelas, citando os testes estatísticos. As tabelas e figuras devem ser numeradas (algarismo arábico) e citadas<br />
durante a descrição do texto. Cada tabela deve conter sua respectiva legenda, citada acima, em espaço duplo, em página<br />
separada, no final do artigo depois das referências. As figuras também devem estar localizadas em páginas separadas, no final<br />
do texto, porém, as legendas devem estar localizadas a baixo.<br />
8- Discussão: os resultados devem ser comparados com outros trabalhos descritos na literatura, onde também podem ser<br />
feitas as considerações finais do trabalho.<br />
9- Conclusão: deve responder: objetivamente aos questionamentos propostos.<br />
10- Agradecimentos (quando houver): apoio financeiro de agências governamentais, assistências técnicas, laboratórios,<br />
empresas e colegas participantes.<br />
11- Referências Bibliográficas: Essa seção será elaborada de acordo com as Normas Vancouver (disponíveis em: www.<br />
icmje.org), devendo ser numeradas seqüencialmente conforme aparição no texto. E, as abreviações das <strong>revista</strong>s devem estar em<br />
conformidade com o Index Medicus/ MEDLINE.<br />
Todos os autores da obra devem ser mencionados.<br />
Exemplos Normas Vancouver:<br />
Artigo de <strong>Revista</strong>:<br />
1. Lima RC, Escobar M, Wanderley Neto J, Torres LD, Elias DO, Mendonça JT et al. Revascularização do miocárdio sem<br />
circulação extracorpórea: resultados imediatos. Rev Bras Cir Cardiovasc 1993; 8: 171-176.<br />
Instituição como Autor:<br />
1. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines. Med<br />
J Aust 1996; 116:41-42.<br />
Sem indicação de autoria:<br />
1. Cancer in South Africa. [editorial]. S Af Med J 1994; 84-85.<br />
Capítulo de Livro:<br />
1. Mylek WY. Endothelium and its properties. In: Clark BL Jr, editor. New frontiers in surgery. New York: McGraw-Hill; 1998.<br />
p.55-64.<br />
Livro:<br />
1. Nunes EJ, Gomes SC. Cirurgia das cardiopatias congênitas. 2a ed. São Paulo: Sarvier; 1961. p.7<strong>01</strong>.<br />
Tese:<br />
1. Brasil LA. Uso da metilprednisolona como inibidor da resposta inflamatória sistêmica induzida pela circulação extracorpórea<br />
75<br />
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VOL. 20 - Nº 03 - SETEMBRO 2<strong>01</strong>0<br />
[Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1999. 122p.<br />
Eventos:<br />
1. Silva JH. Preparo intestinal transoperatório. In: 45° Congresso Brasileiro de Atualização em Coloproctologia; 1995; São<br />
Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; 1995. p.27-9.<br />
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American Medical Association for Cancer Research; 1984 Sep 6-10. Proceedings. Toronto: AMA; 1984;25:293-4.<br />
Material eletrônico:<br />
Artigo de <strong>revista</strong>:<br />
1. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun<br />
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Livros:<br />
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Capítulo de livro:<br />
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too [monograph online]. New York: Health On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em: URL: http://www.<br />
sinuses.com/postsurg.htm<br />
Tese:<br />
1. Lourenço LG. Relação entre a contagem de microdensidade vasal tumoral e o prognóstico do adenocarcinoma gástrico<br />
operado [tese online]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. [citado 1999 Jun 10]. Disponível em: URL:http://<br />
www.epm.br/cirurgia/gastro/laercio<br />
Eventos:<br />
1. Barata RB. Epidemiologia no século XXI: perspectivas para o Brasil. In: 4° Congresso Brasileiro de Epidemiologia [online].;<br />
1998 Ago 1-5; Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1998. [citado 1999 Jan 17]. Disponível em: URL:<br />
http://www.abrasco.com.br/epirio98<br />
Informações adicionais podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_<br />
requirements.html<br />
12- Citações no texto: Ao longo do texto, deve ser empregado o sistema autor-data. Segundo as normas Vancouver,<br />
apenas a primeira letra do sobrenome do autor é grafada em maiúscula, sendo o ano da publicação apresentado entre parênteses.<br />
Trabalhos com até dois autores, tem ambos os sobrenomes mencionados no texto, separados por “&”. Trabalhos com três ou<br />
mais autores, terão ao longo do texto mencionado apenas o primeiro seguido da expressão “et al”.<br />
Se um determinado conceito for suportado por vários estudos, para a citação desses, deverá ser empregada a ordem<br />
cronológica das publicações. Nesse caso, o ano de publicação é separado do autor por vírgula (“,”) e as diferentes publicações<br />
separadas entre si por ponto e vírgula (“;”).<br />
13 - Figuras e Tabelas<br />
As tabelas e figuras deverão ser apresentadas em folhas separadas após a secção: Referências Bibliográficas (uma tabela/<br />
figura por folha com a sua respectiva legenda).<br />
Fotografias em formato digital (arquivo JPG ou TIFF): Resolução de 300 DPIs.<br />
As imagens serão publicadas em preto e branco. Caso haja interesse dos autores há possibilidade de impressão colorida das<br />
imagens, havendo custo adicional de responsabilidade dos autores.<br />
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