002526_RFOL16n1 jor copy.idd - Unimep
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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA<br />
REVISTA DA<br />
FACULDADE DE<br />
ODONTOLOGIA DE LINS<br />
JOURNAL OF THE LINS<br />
SCHOOL OF DENTAL MEDICINE<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins Lins v. 16 n.º 1 jan./jun. 2004
INSTITUTO EDUCACIONAL PIRACICABANO – IEP<br />
Presidente do Conselho Diretor<br />
LUIZ ALCEU SAPAROLLI<br />
Diretor Geral<br />
ALMIR DE SOUZA MAIA<br />
Vice-Diretor<br />
GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA<br />
Reitor<br />
GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />
Vice-Reitor Acadêmico<br />
SÉRGIO MARCUS PINTO LOPES<br />
Vice-Reitor Administrativo<br />
ARSÊNIO FIRMINO DE NOVAES NETO<br />
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />
Diretor<br />
CARLOS WAGNER DE A. WERNER<br />
EDITORA UNIMEP<br />
Conselho de Política Editorial /<br />
Policy Advisory Committee<br />
GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM (presidente)<br />
SÉRGIO MARCUS PINTO LOPES (vice-presidente)<br />
AMÓS NASCIMENTO<br />
ANDRÉ SATHLER GUIMARÃES<br />
ANTONIO ROQUE DECHEN<br />
CLÁUDIA REGINA CAVAGLIERI<br />
DENISE GIACOMO DA MOTTA<br />
MARCO POLO MARCHESE<br />
NELSON CARVALHO MAESTRELLI<br />
Revista da FOL v. 16, n.º 1 (jan./abr. 2004)<br />
Journal of the Lins School of Dental Medicine<br />
Comissão Editorial / Editorial Board<br />
MARCO POLO MARCHESE – prótese e oclusão (presidente)<br />
CARLOS WAGNER DE A. WERNER – odontogeriatria e saúde coletiva<br />
MARIA SÍLVIA PAZIM – estética e dentística restauradora<br />
SÔNIA DE OLIVEIRA SCHIMPF – endodontia<br />
NANCY ALFIERI NUNES – diagnóstico<br />
Editor Executivo / Managing Editor<br />
HEITOR AMÍLCAR DA SILVEIRA NETO<br />
EDITORA UNIMEP<br />
www.unimep.br/editora<br />
Rod. do Açúcar, km 156<br />
Fone/Fax: (19) 3124-1620 / 1621<br />
13400-911 – Piracicaba, SP<br />
E-mail: editora@unimep.br<br />
Correspondência e artigos para publicação deverão ser encaminhados a:<br />
Correspondence and articles for publications should be addressed to:<br />
REVISTA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />
Rua Ten. Florêncio Pupo Netto, 300 – Jd. Americano<br />
16400-680 – Lins/SP – Brasil<br />
Fone: (14) 3533-6071; fax: (14) 3533-6053<br />
E-mail: revistafol@unimep.br<br />
A revista da FOL é uma publicação quadrimestral da Universidade<br />
Metodista de Piracicaba-UNIMEP (São Paulo, Brasil) que objetiva divulgar,<br />
em âmbitos nacional e internacional, relatos clínicos, artigos inéditos<br />
e revisão de assuntos relevantes no campo odontológico. Os textos são<br />
selecionados por processo anônimo de avaliação por pares (blind peer<br />
review). Veja as normas para publicação no final da revista.<br />
Revista da FOL is published three times a year by Universidade Metodista<br />
de Piracicaba-UNIMEP (São Paulo, Brazil). This peer reviewed journal publishes<br />
scientific articles, clinical cases and literature reviews on dental related topics. Editorial<br />
guidelines for submission of articles are described after the last article.<br />
EQUIPE EDITORIAL / TECHNICAL TEAM<br />
HEITOR AMÍLCAR DA SILVEIRA NETO (coordenação)<br />
IVONETE SAVINO (secretária)<br />
ALTAIR ALVES DA SILVA (assistente administrativo)<br />
REGINA FRACETO (ficha catalográfica)<br />
SUSANA VERÍSSIMO (edição de texto)<br />
CIBELE BENTO FERNANDES (bolsista atividade)<br />
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE E CAPA<br />
Gráfica UNIMEP<br />
IMPRESSÃO<br />
Gráfica UNIMEP<br />
TIRAGEM<br />
250 EXEMPLARES<br />
A Revista da Faculdade de Odontologia de Lins é indexada por<br />
B.B.O. – Bibliografia Brasileira de Odontologia<br />
Index to Dental Literature<br />
Disponibilizada em / Available at<br />
<br />
Solicita-se permuta / Exchange is desired.<br />
REVISTA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />
ISSN 0104-7582<br />
V. 1 – N. o 1 – 1988<br />
Quadrimestral/ Three times yearly<br />
1. Odontologia – Periódicos<br />
CDU – 616.314(05)
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
CINQÜENTENÁRIO DA FOL<br />
EDITORIAL<br />
Esta edição da Revista da FOL tem<br />
grande significado histórico. Sua circulação<br />
ocorre no ano em que a Faculdade de Odontologia<br />
de Lins celebra meio século de existência<br />
e, certamente, os artigos científicos<br />
aqui abrigados repercutem essa importante<br />
efeméride, juntamente com todos os demais<br />
eventos comemorativos. Com o presente<br />
número, este prestigioso periódico científico<br />
dá também mais um salto em seu contínuo<br />
processo de aperfeiçoamento, não só em<br />
termos gráficos, mas também ao reduzir sua<br />
periodicidade de semestral para quadrimestral,<br />
fator relevante para aproximar-se, ainda<br />
mais, de seu público leitor.<br />
Ao mesmo tempo, firma-se como instrumento<br />
de interação do ensino, pesquisa<br />
e extensão em nossa Universidade, em sua<br />
respectiva área de conhecimento. Oferece,<br />
igualmente, em particular aos estudantes de<br />
graduação, contato com pesquisas realizadas<br />
no âmbito da UNIMEP, assim como no da<br />
comunidade científica externa. Assim, veiculando<br />
recentes avanços e tendências do<br />
mundo científico, na área odontológica, enriquece<br />
os processos preconizados no projeto<br />
pedagógico da Faculdade.<br />
Por sua vez, a passagem dos cinqüenta<br />
anos de existência da FOL é uma excelente oportunidade<br />
para se fazer breve resgate de seu histórico,<br />
assinalando algumas datas, nomes e fatos<br />
marcantes de sua extraordinária trajetória.<br />
A história dessa Instituição se confunde<br />
com a da Igreja Metodista em Lins, com a<br />
do IAL e com a da própria cidade. Essas histórias<br />
se entrelaçam, pois a criação da Faculdade<br />
se deu na esteira do trabalho desenvolvido<br />
no campo da educação por um excepcional<br />
pastor metodista, Rev. Clement Evans<br />
Hubbard, pioneiro e visionário, que já havia<br />
fundado, em 1928, o renomado o Instituto<br />
Americano de Lins, implantando paulatinamente<br />
os níveis primário, ginasial e colegial.<br />
A partir da fundação do IAL e posteriormente<br />
da FOL, a presença dessas instituições na<br />
cidade de Lins passou a ser marcante, pois<br />
foram muitos os linenses e residentes em<br />
Lins e região que passaram por seus bancos<br />
escolares, plasmando ali o seu caráter ou preparando-se<br />
profissionalmente para a vida.<br />
No Brasil, foi longo o caminho percorrido<br />
para que o país pudesse contar com profissionais<br />
habilitados em odontologia, com<br />
a implantação de cursos de nível superior<br />
para a sua formação. Somente a partir de<br />
1851, na Faculdade de Medicina do Rio de<br />
Janeiro, o exame para o exercício da profissão<br />
de dentista passou a ser oferecido. E,<br />
em 1884, oficialmente institui-se o curso de<br />
odontologia nas Faculdades de Medicina do<br />
Rio de Janeiro e da Bahia. Em 1954, ano<br />
da fundação da FOL, havia no Estado de São<br />
Paulo apenas cinco cursos de odontologia<br />
em funcionamento, um na capital e outros<br />
quatro no interior. Para se ter uma idéia<br />
da dimensão e da importância desse curso,<br />
basta salientar que, naquela ocasião, apenas<br />
a FOL e a PUC de Campinas não eram mantidas<br />
pelo Estado.<br />
Justamente naquela década é que surge<br />
a Faculdade de Odontologia de Lins, indubitavelmente<br />
uma conquista relevante do IAL e<br />
da comunidade linense, mas, também, uma<br />
vitória de caráter político, que envolveu dire-<br />
3
4<br />
tamente o deputado federal por São Paulo<br />
Ulysses Guimarães, ex-aluno do Instituto<br />
Americano de Lins, e que veio se tornar<br />
uma das mais notáveis figuras de homem<br />
público em nosso país. Sua criação se deu em<br />
24 de março de 1954, pelo decreto federal<br />
n.º 35.248, assinado pelo então presidente<br />
da República Getúlio Dornelles Vargas, em<br />
encontro na cidade de Petrópolis, no Rio de<br />
Janeiro, com o deputado federal Ulysses Guimarães<br />
e Menotti Del Picchia, e seu reconhecimento<br />
pelo decreto federal n.º 41.580,<br />
de 29 de maio de 1957.<br />
A Faculdade de Odontologia de Lins<br />
realizou seu primeiro vestibular em abril de<br />
1954, oferecendo 80 vagas. Inscreveram-se 77<br />
candidatos, dos quais foram aprovados 28.<br />
Em 20 de abril de 1954, teve sua aula inaugural,<br />
proferida pelo Dr. Lauro Portugal Cleto,<br />
professor de fisiologia, na sala que recebeu, na<br />
ocasião, o nome do “Dr. Ulysses Guimarães”,<br />
com a presença do homenageado, convidado<br />
para desatar o laço da fita simbólica.<br />
Na FOL tudo começou modestamente,<br />
em instalações simples, com apenas uma sala<br />
de aula, um pequeno anfiteatro no porão,<br />
onde ficava a sala de anatomia. A duração<br />
do curso era de três anos e o primeiro corpo<br />
docente foi formado por médicos e dentistas.<br />
Teve como primeiro diretor um ex-aluno<br />
do IALIM, o médico oftalmologista Dr. Ivan<br />
de Oliveira, que exerceu o cargo de 1954 a<br />
1961. Ele deu-nos a honra de sua presença<br />
nos eventos comemorativos.<br />
Em 1962, o curso, além de ter a duração de<br />
três anos aumentada para quatro anos, sofreu<br />
profunda reformulação curricular. Também<br />
suas instalações físicas foram ampliadas, iniciando-se<br />
a construção de um novo prédio<br />
para a Faculdade, com recursos conseguidos<br />
com o loteamento da Chácara Ialense,<br />
adquirida em 1944 pelo Rev. Clement. Esse<br />
loteamento deu origem a um bairro residencial<br />
nobre desta cidade, o Jardim Americano. O<br />
novo “campus” foi inaugurado em 1976, com<br />
amplas instalações em área de 120 mil metros,<br />
com quase 7,9 mil metros de construção, oferecendo<br />
excelentes salas de aulas e modernos<br />
laboratórios, muito bem equipados.<br />
Na FOL buscou-se sempre a excelência<br />
acadêmica, com a preparação esmerada de<br />
profissionais capacitados para enfrentar o<br />
mercado de trabalho. Tradicionalmente, a<br />
filosofia do curso tem sido a de propiciar ao<br />
estudante uma formação odontológica generalista,<br />
com grande ênfase na prática e na<br />
prestação de serviço à sociedade. Por essa<br />
razão, a Faculdade sempre esteve muito<br />
próxima da comunidade, dando atendimento<br />
dentário gratuito, atendendo os segmentos<br />
mais carentes da população, realizando<br />
mutirões odontológicos, mantendo<br />
parcerias com o poder público, Exército<br />
Nacional e outras instituições. Seus estágios<br />
têm atendido também centros de saúde, sindicatos,<br />
escolas, hospitais, Febem, prisões,<br />
asilos e colaborado com os clubes de serviço<br />
em serviços assistenciais. A partir de 1995<br />
passou a se notabilizar pelo serviço prestado<br />
a comunidades indígenas, servindo de exemplo<br />
a outros órgãos de saúde, sobretudo governamentais,<br />
como a Fundação Nacional da<br />
Saúde (Funasa), e ainda em missões da Igreja<br />
Metodista na reserva de Dourados e na região<br />
do médio Rio Juruá, no Amazonas.<br />
Em 7 de novembro de 1996, a Faculdade<br />
de Odontologia de Lins foi incorporada<br />
pela Universidade Metodista de Piracicaba<br />
(UNIMEP), conforme Portaria 1.147 do<br />
Ministério da Educação, transferindo para<br />
ela seu valioso patrimônio, seu experiente<br />
corpo docente e numeroso corpo discente.<br />
Enfim, toda uma escola consolidada e com<br />
excelente imagem. Por sua vez, a UNIMEP<br />
adotou-a, transferindo-lhe uma política acadêmica<br />
reconhecida por sua qualidade, deulhe<br />
a oportunidade de praticar o ensino, a<br />
pesquisa e a extensão de forma associada,<br />
com o desenvolvimento de novos projetos<br />
nessas áreas; propiciou capacitação para seus<br />
docentes e investiu grande volume em infraestrutura,<br />
com a construção de novas salas de<br />
aula, auditórios e laboratórios, instalação de<br />
moderna clínica, ampliação e modernização<br />
da biblioteca, com aumento do acervo, introdução<br />
da informática. Em resumo, dotou-a<br />
do necessário para um curso de alto padrão<br />
acadêmico.<br />
As centenas de profissionais, que hoje<br />
se espalham pelo país, são o exemplo maior<br />
da competência e seriedade com que a Instituição<br />
sempre atuou junto a seus estudantes,<br />
que, certamente, terão motivos para, ao lado<br />
dos atuais alunos, celebrarem a existência da<br />
FOL.<br />
GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />
Reitor da UNIMEP<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
SUMÁRIO / SUMMARY<br />
7<br />
SISTEMA<br />
IN-CERAM DE INFRA-ESTRUTURAS TOTALMENTE CERÂMICAS<br />
IN-CERAM ALL-CERAMIC SYSTEM<br />
Sicknan Soares da Rocha (FOAr – Unesp), George Scherrer Andrade (FOAr – Unesp) e José Cláudio Martins<br />
Segalla (FOAr – Unesp)<br />
13<br />
LOCALIZED<br />
GINGIVAL RECESSION ASSOCIATED WITH ORAL PIERCING<br />
RECESSÃO GENGIVAL LOCALIZADA ASSOCIADA A PIERCING ORAL<br />
Samuel Koo (Boston University) e Amadeu Rodrigues Silva Jr. (FORP – USP)<br />
17<br />
INFLUÊNCIA<br />
DO CORANTE E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO NA INFILTRAÇÃO APICAL EM OBTURAÇÕES DE CANAIS RADICULARES<br />
INFLUENCE OF DYE AND EVALUATING METHOD ON APICAL LEAKAGE OF ROOT CANAL FILLINGS<br />
Juliane Maria Guerreiro Tanomaru (FOAr – Unesp), Ronaldo Souza Ferreira da Silva (FOAr – Unesp) e<br />
Mário Tanomaru Filho (FOAr – Unesp)<br />
22<br />
HETEROCONTROLE<br />
DO TEOR DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE LINS/SP<br />
HETEROCONTROL OF THE FLUORIDE LEVEL IN THE PUBLIC WATER SUPPLY OF THE CITY OF LINS/SP<br />
Fabíola Sira Jorqueira Ferro Bueno e Silva (FOL – UNIMEP), Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA – Unesp),<br />
Cléa Adas Saliba Garbin (FOA – Unesp), Nemre Adas Saliba (FOA – Unesp) e Carlos Wagner de Araújo<br />
Werner (FOL – UNIMEP)<br />
29<br />
AVALIAÇÃO<br />
DA SEGURANÇA DE TRÊS SISTEMAS ROTATÓRIOS NO PREPARO DE RAÍZES MESIOVESTIBULARES CURVAS<br />
EVALUATION OF THE SAFETY OF THREE ROTARY INSTRUMENTS THE PREPARATION OF MESIAL BUCCAL ROOT CURVE<br />
Marco Antonio Hungaro Duarte (FOB – USC), Danielli Ferreira Costa (Especialista em Endodontia pela<br />
APCD – Regional Bauru), Milton Carlos Kuga (FOB – USC), Sylvio de Campos Fraga (FOB – USC), José<br />
Carlos Yamashita (FOB – USC) e Mitsuru Ogata (FOL – UNIMEP)<br />
35<br />
ANÁLISE<br />
DO COMPORTAMENTO DE UM GRUPO DE TERCEIRA IDADE, PORTADORES DE PRÓTESE TOTAL,<br />
ANTES E APÓS PROGRAMA DE SAÚDE BUCAL<br />
ANALYSIS OF THE ELDERLY’S BEHAVIOR CARRIERS OF TOTAL PROSTHESIS, BEFORE AND AFTER AN ORAL HEALTH PROGRAM<br />
Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA – Unesp), Nemre Adas Saliba (FOA – Unesp) e Cláudia Letícia Vendrame<br />
dos Santos (FOA – Unesp)<br />
5
41<br />
ESTUDO<br />
47<br />
PREMENSTRUAL<br />
51<br />
NORMAS<br />
INFILTRATIVO DA PREVALÊNCIA DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO DE<br />
FURCA DE MOLARES INFERIORES E SUPERIORES, HUMANOS<br />
LEAKAGE STUDY OF THE PREVALENCE OF FURCATION ACCESSORY CANAL IN UPPER AND LOWER HUMAN MOLARS<br />
Carlos Alberto Garcia Maniglia (FOF – Unifran), Fábio Picoli (FOF – Unifran) e<br />
Alice Bolliger Maniglia (FOF – Unifran)<br />
SYNDROME AMONG COLLEGE STUDENTS<br />
SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL ENTRE ESTUDANTES DE FACULDADE<br />
Fabiano Barcellos Rodrigues Silva, Ana Carolina Rioto (USP), Cimara Barcellos Silva (USP) e Cincinato<br />
Rodrigues Silva-Netto (Unaerp – USP)<br />
PARA APRESENTAÇÃO DE ORIGINAIS<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
6
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
SISTEMA IN-CERAM<br />
DE INFRA-ESTRUTURAS<br />
TOTALMENTE CERÂMICAS<br />
IN-CERAM ALL-CERAMIC SYSTEM<br />
SICKNAN SOARES DA ROCHA<br />
GEORGE SCHERRER ANDRADE<br />
JOSÉ CLÁUDIO MARTINS SEGALLA<br />
Pós-graduando em Reabilitação Oral (nível doutorado) do Departamento<br />
de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de<br />
Araraquara – Unesp<br />
Cirurgião dentista, especialista em Prótese Dentária pela Faculdade de<br />
Odontologia de Araraquara – Unesp<br />
Professor assistente doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e<br />
Prótese da Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp<br />
RESUMO<br />
O sistema In-Ceram de infra-estruturas cerâmicas representa<br />
uma excelente alternativa às infra-estruturas metálicas. O In-<br />
Ceram Alumina consiste num material à base de Al 2<br />
O 3<br />
(85%<br />
em massa) que após sinterização e infiltração de vidro, apresenta<br />
propriedades mecânicas satisfatórias. Modificações nesta estrutura<br />
original proporcionou o surgimento do In-Ceram Spinell,<br />
com maior translucidez e melhor resultado estético, e do In-Ceram<br />
Zircônia, com superiores propriedades mecânicas, possibilitando<br />
importante versatilidade ao material. Entretanto, por serem materiais<br />
relativamente recente, dados de avaliações clínicas longitudinais<br />
a longo prazo são necessários para que sua aplicação nas<br />
regiões de grande estresse mastigatório seja propagada.<br />
UNITERMOS: CERÂMICA – ESTÉTICA – INFRA-ESTRUTURA.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />
ABSTRACT<br />
In-Ceram all-ceramic systems represent an excellent alternative<br />
to metal-ceramic restorations. The original In-<br />
Ceram material (Alumina), composed of sintered aluminum<br />
oxide subsequently infused with glass, features satisfactory<br />
mechanical properties. Modifications in the original<br />
structure resulted in In-Ceram Spinell which was marketed<br />
more recently to improve esthetic potential, and In-Ceram<br />
Zirconia with superior mechanical properties that enabled<br />
important versatility in the material. However, due to recent<br />
development, long-term clinical data are necessary to support<br />
the use of this product for posterior crowns or fixed partial<br />
dentures.<br />
UNITERMS: CERAMIC – ESTHETICS – SUBSTRUCTURE.<br />
7
8<br />
INTRODUÇÃO<br />
As cerâmicas odontológicas apresentam<br />
inúmeras características favoráveis, incluindo<br />
biocompatibilidade, baixa condutividade térmica<br />
e elétrica, alta resistência à compressão<br />
e excelente potencial para simular a aparência<br />
dos dentes naturais, 5 possibilitando a<br />
obtenção de resultado estético bastante satisfatório,<br />
satisfazendo, desta forma, aos anseios<br />
do profissional e, sobretudo, do paciente.<br />
Por outro lado, esses materiais, inicialmente<br />
representados pelas porcelanas feldspáticas,<br />
possuem baixa resistência à tração e à<br />
fratura, devido à propagação de trincas pela<br />
estrutura interna durante seu processamento<br />
laboratorial, ou clínico, 22 não sendo capazes<br />
de resistir às tensões mecânicas presentes no<br />
ambiente bucal. 12<br />
Desde a introdução da coroa oca de<br />
porcelana por Land, em 1887, confeccionada<br />
sobre lâmina de platina, inúmeros sistemas<br />
de porcelana pura foram desenvolvidos.<br />
Com a incorporação de pequenos cristais à<br />
estrutura, como o óxido de alumina (Al 2<br />
O 3<br />
),<br />
procurou-se reduzir a propagação de trincas,<br />
contornando as limitações mecânicas apresentadas<br />
pelas porcelanas feldspáticas.<br />
Os sistemas mais recentes se fundamentaram<br />
no desenvolvimento de materiais de<br />
infra-estrutura, em substituição ao metal,<br />
que, associados às porcelanas de cobertura<br />
(feldspáticas), podem proporcionar excelente<br />
resultado estético sem comprometer o<br />
desempenho mecânico indispensável à longevidade<br />
clínica da restauração. Dentre eles,<br />
podem ser destacados o Procera composto<br />
de 99% de Al 2<br />
O 3<br />
, processado pelo sistema<br />
CAD/CAM, o IPS Empress e o IPS Empress 2,<br />
processados pela técnica da cera perdida e<br />
injeção sob pressão, e o In-Ceram.<br />
O sistema In-Ceram foi introduzido, em<br />
1987, pelo francês Sadoun e consiste em um<br />
material cerâmico à base de Al 2<br />
O 3,<br />
que é sinterizado<br />
em densidade extremamente alta e,<br />
posteriormente, infiltrado por vidro, 12 o que<br />
lhe confere superiores propriedades mecâni-<br />
7, 9, 13, 25, 26, 30<br />
cas.<br />
Considerado como o sistema totalmente<br />
cerâmico de maior resistência à fratura, 12 o<br />
In-Ceram é atualmente disponível em três<br />
formas: Alumina, Spinell e Zircônia, sendo<br />
os dois últimos oriundos de modificações no<br />
In-Ceram<br />
In-Ceram Alumina original. A substituição<br />
de parte do Al 2<br />
O 3<br />
, formando a estrutura do<br />
Spinell (MgAl 2<br />
O 4<br />
), melhorou a<br />
translucidez, enquanto a obtenção da estrutura<br />
do In-Ceram Zircônia (Al 2<br />
O 3<br />
ZrO 2<br />
) proporcionou<br />
significativa melhora nas características<br />
mecânicas.<br />
Isso sugere que o sistema In-Ceram,<br />
com suas diferentes estruturas, possui uma<br />
interessante versatilidade, podendo ser aplicado<br />
nas mais variadas situações clínicas,<br />
atendendo aos requisitos mecânicos e estéticos.<br />
Dessa forma, o objetivo deste trabalho<br />
é abordar os aspectos de relevância clínica<br />
associados ao emprego dos sistemas totalmente<br />
cerâmicos In-Ceram Alumina, Spinell<br />
e Zircônia.<br />
REVISÃO DA LITERATURA<br />
Yoshinari e Dérand, 30 em 1994, avaliaram<br />
a resistência à fratura de coroas Vitadur<br />
N (Vita), In-Ceram (Vita), Dicor (Dentsply)<br />
e IPS-Empress (Ivoclar), variando o agente<br />
de cimentação (ionômero de vidro, resinoso<br />
e fosfato de zinco) e a ciclagem mecânica em<br />
meio aquoso, com 10.000 ciclos. Os resultados<br />
mostraram que a resistência à fratura<br />
das coroas Vitadur N diminuiu significativamente<br />
com a ciclagem mecânica, independentemente<br />
do cimento. O cimento resinoso<br />
proporcionou resistência à fratura significativamente<br />
superior aos demais, que se mostraram<br />
iguais, e as coroas de In-Ceram (1276 N)<br />
apresentaram resistência à fratura superior<br />
às demais (IPS Empress-891 N, Dicor-840<br />
N e Viradur-770 N), que não apresentaram<br />
diferença entre si. Apenas as coroas de In-<br />
Ceram apresentaram padrão de fratura da<br />
cerâmica de cobertura, preservando a infraestrutura,<br />
enquanto nas demais ocorreu a<br />
fratura total da coroa.<br />
Segui e Sorensen, 26 em 1995, avaliaram<br />
a resistência à flexão de três pontos das cerâmicas<br />
Mark II (Vita), IPS Empress (Ivoclar),<br />
Dicor MGC (Dentsply), In-Ceram Alumina<br />
(Vita), In-Ceram Spinell (Vita) e In-Ceram<br />
Zircônia (Vita), utilizando como controle a<br />
cerâmica sem reforço cristalino Soda-lime<br />
Glass e a porcelana feldspática reforçada<br />
com leucita VMK 68 (Vita). Pelos dados obtidos,<br />
notou-se diferença significativa entre os<br />
materiais In-Ceram Zircônia (603,7 MPa),<br />
In-Ceram Alumina (446,42 MPa), In-Ceram<br />
Spinell (377,92 MPa), Dicor MGC (228,88<br />
MPa), IPS Empress glazeado (127, 67 MPa),<br />
Mark II (121,67 MPa), IPS Empress polido<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
(97,04 MPa), Soda-lime Glass (92,24 MPa)<br />
e VMK 68 (70,78 MPa). A cerâmica In-<br />
Ceram Zircônia apresentou os maiores valores<br />
de resistência à flexão, enquanto as porcelanas<br />
de controle mostraram-se menos resistentes<br />
que todas as cerâmicas testadas.<br />
Paul et al., 19 em 1995, num relato de<br />
caso clínico, destacaram o novo sistema In-<br />
Ceram Spinell. Segundo os autores, esse sistema<br />
contorna os problemas de transmissão<br />
de luz do In-Ceram Alumina, que possui<br />
uma cor esverdeada, causada pela opacidade<br />
do material de núcleo de Al 2<br />
O 3<br />
. O In-<br />
Ceram Spinell permitiria um resultado estético<br />
muito superior, pela combinação do núcleo<br />
spinel com a nova cerâmica feldspática Vitadur<br />
Alpha. Além do fator estético, o fabricante<br />
(Vita Zahnfabrik) reporta que o núcleo<br />
possui uma resistência à flexão de 350 MPa.<br />
Dessa forma, acreditam ser um material promissor<br />
para restaurações anteriores de porcelana<br />
pura. A qualidade de transmissão de<br />
luz seria similar à do dente natural e a resistência<br />
à flexão reportada deve servir de base<br />
para avaliações clínicas futuras.<br />
Magne e Belser, 17 em 1997, determinaram<br />
a resistência à flexão e à densidade e fizeram<br />
uma avaliação estética subjetiva in vivo<br />
(iluminação direta, transiluminação e fluorescência)<br />
do In-Ceram Alumina e Spinell. Os<br />
autores destacaram que o In-Ceram Spinell<br />
proporciona um melhor resultado estético<br />
que o In-Ceram Alumina, porém apresenta<br />
uma redução significativa nas suas propriedades<br />
mecânicas, quando comparado ao In-<br />
Ceram original.<br />
Haselton et al. 11 e McLaren e White, 18<br />
em 2000, avaliaram a performance clínica<br />
de coroas In-Ceram. No segundo estudo, foi<br />
obtida uma taxa de sobrevivência de 96%<br />
após um período de três anos, sendo sugerida<br />
uma performance clínica satisfatória, com<br />
apenas um leve risco de fratura do núcleo,<br />
podendo a restaurações de In-Ceram serem<br />
usadas nas restaurações odontológicas. Esses<br />
resultados corroboraram os obtidos por Probster,<br />
22 em 1993, que avaliou a performance clínica<br />
de 76 coroas de In-Ceram, encontrando<br />
um desempenho favorável, com uma taxa de<br />
sobrevivência acumulada de 93,3% para um<br />
período de 12 meses.<br />
Segundo Giordano, 10 qualquer um dos<br />
sistemas cerâmicos para infra-estrutura atualmente<br />
disponíveis (Procera, In-Ceram Alumina,<br />
Spinell e Zircônia, IPS Empres 2) pode<br />
proporcionar bom ajuste e aspecto de naturalidade,<br />
desde que cuidados sejam tomados<br />
durante os procedimentos de preparação e confecção.<br />
O sucesso no uso dos materiais totalmente<br />
cerâmicos está na apropriada seleção do<br />
sistema, que deve ser baseada nas condições<br />
clínicas envolvidas no procedimento restaurador<br />
específico. Destacou, ainda, que todos<br />
os sistemas apresentam limitações e, quando<br />
se tenta extrapolá-las, a taxa de sucesso tende<br />
a cair drasticamente.<br />
Tinschert et al., 28 em 2001, determinaram<br />
a resistência à fratura de próteses parciais<br />
fixas de três elementos, confeccionadas<br />
com novos materiais cerâmicos para infraestruturas<br />
(IPS Empress, IPS Empress 2 –<br />
técnica de injeção sob pressão, In-Ceram<br />
Alumina, In-Ceram Zircônia e DC-Zircon<br />
– técnica de CAD/CAM). Os resultados mostraram<br />
os maiores valores de resistência à<br />
fratura para as cerâmicas de zircônio parcialmente<br />
estabilizadas, sugerindo que elas<br />
possam ser indicadas para restaurações em<br />
regiões expostas a altos estresses, como nos<br />
molares. Porém, foi destacado que é preciso<br />
ter cuidado na extrapolação dos dados de<br />
laboratório para as situações clínicas porque<br />
muitas variáveis in vivo não estão presentes,<br />
devendo haver estudos adicionais para assegurar<br />
que os resultados in vitro possam ser<br />
transferidos para as situações clínicas.<br />
Schalch, 24 em 2003, avaliou as propriedades<br />
mecânicas (resistência à flexão, resistência<br />
à tração diametral e dureza Vickers) dos<br />
materiais para infra-estrutura IPS Empress 2<br />
e In-Ceram Zircônia. Diante dos resultados –<br />
superioridade do In-Ceram Zircônia quanto<br />
à resistência à flexão e a dureza Vickers, e<br />
superioridade do IPS Empress 2 quanto à<br />
resistência à tração diametral –, o autor ressalta<br />
que a decisão pela indicação de um<br />
material não pode ser baseada em apenas<br />
uma propriedade, visto que a relação entre as<br />
três propriedades mecânicas não é a mesma<br />
para os materiais estudados.<br />
DISCUSSÃO<br />
A incorporação de óxidos à matriz vítrea<br />
foi o método utilizado para o aprimoramento<br />
mecânico das porcelanas convencionais<br />
(feldspáticas), as primeiras a serem aplicadas<br />
na confecção de coroas ocas sem infraestrutura<br />
metálica.<br />
9<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004
Os resultados alcançados são considerados<br />
satisfatórios, 13, 25, 30 sendo o óxido de alu-<br />
Em<br />
mínio (Al 2<br />
O 3<br />
) o mais extensivamente empregado,<br />
representando cerca de 85% em massa<br />
do In-Ceram original (Alumina).<br />
No processamento desse sistema, ocorre,<br />
inicialmente, a sinterização da massa, formada<br />
pela saturação do pó de Al 2<br />
O 3<br />
com<br />
água destilada, a 1.120ºC por duas horas.<br />
A estrutura obtida é extremamente porosa<br />
e frágil, recebendo, em seguida, a infiltração<br />
de vidro de silicato de lantânio a 1.100ºC<br />
por quatro horas (Vita All-ceramic Systems,<br />
Vita Zahnfabrik, Bad Sackingen, Alemanha).<br />
Posteriormente, a infra-estrutura é recoberta<br />
com porcelana feldspática convencional<br />
(Vitadur), para obtenção do resultado<br />
estético.<br />
Com o processo de infiltração, o vidro<br />
ocupa os espaços intersticiais (poros) e diminui<br />
a quantidade de fendas e irregularidades<br />
de superfície, aumentando significativamente<br />
a resistência do material. 9<br />
Outro aspecto favorável do processo de<br />
infiltração refere-se à diferença entre os coeficientes<br />
de expansão térmica da alumina<br />
e do vidro, que gera forças compressivas e<br />
estresse residual na interface alumina/vidro,<br />
neutralizando parte das forças de tração que<br />
atuam sobre a infra-estrutura cerâmica, limitando<br />
a propagação de trincas. 9<br />
Como limitação, a alta concentração de<br />
Al 2<br />
O 3<br />
presente no In-Ceram Alumina, em<br />
torno de 85% em massa, resulta numa infraestrutura<br />
relativamente opaca, podendo causar<br />
o esverdeamento da porcelana de cobertura. 19<br />
Desenvolvido recentemente, o sistema<br />
In-Ceram Spinell (MgAl 2<br />
O 4<br />
) representa uma<br />
modificação na estrutura original do In-<br />
Ceram, substituindo-se parte do Al 2<br />
O 3<br />
por<br />
óxido de magnésio (MgO). Com isso, o problema<br />
de transmissão de luz foi contornado,<br />
visto que o novo material possui uma maior<br />
translucidez, sendo capaz de combinar com o<br />
substrato subjacente, resultando num resultado<br />
estético muito<br />
17, 19<br />
superior.<br />
contrapartida, as mudanças resultaram<br />
na redução significativa da resistência à<br />
flexão da estrutura Spinell, que, de acordo<br />
com Segui e Sorensen, 26 representa cerca<br />
de 75% da resistência do In-Ceram Alumina.<br />
Outros estudos que compararam as<br />
propriedades mecânicas dos dois sistemas<br />
também reportaram essa diferença como<br />
13, 17, 19<br />
conseqüência do núcleo de alumina.<br />
Dessa forma, esse novo sistema é indicado<br />
com segurança para situações clínicas em<br />
que o fator estético seja imprescindível e<br />
a restauração não fique exposta a grandes<br />
tensões mastigatórias, como coroas unitárias<br />
19, 23<br />
anteriores e inlays.<br />
Buscando ampliar a aplicabilidade clínica<br />
– incluindo coroas e próteses parciais<br />
fixas posteriores –, mais recentemente a Vita<br />
desenvolveu o sistema In-Ceram Zircônia.<br />
Enquanto no In-Ceram Spinell houve a substituição<br />
de alumina por MgO, melhorando<br />
o resultado estético, neste sistema, parte do<br />
Al 2<br />
O 3<br />
foi substituída por ZrO 2<br />
, que representa<br />
33% da estrutura cristalina.<br />
A estrutura do In-Ceram reforçado com<br />
óxido de zircônio é mais opaca e possui resistência<br />
à flexão cerca de 20% maior que a do<br />
sistema In-Ceram Alumina. 1, 26 Esse melhor<br />
comportamento seria conseqüência da transformação<br />
de fase cristalina, de monoclínica<br />
para tetragonal, que ocorre durante o processamento,<br />
provocando uma expansão volumétrica<br />
de 3 a 5%. Isso gera a formação<br />
de forças compressivas na interface alumina/<br />
vidro, limitando a propagação de trincas.<br />
Diante da alta opacidade da infra-estrutura<br />
resultante, podendo comprometer o<br />
resultado estético, e da influência positiva<br />
do zircônio nas propriedades mecânicas,<br />
esse novo sistema tem sido indicado para<br />
restaurações e próteses parciais fixas posteriores.<br />
6<br />
Considerando as características mecânicas<br />
e estéticas reportadas para os três tipos<br />
de sistemas In-Ceram, na tabela 1, estão<br />
expostas suas prováveis indicações.<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
1 0<br />
TABELA 1. INDICAÇÕES DOS SISTEMAS IN-CERAM.<br />
Tipo de material Indicações<br />
In-Ceram Spinell Inlays e coroas anteriores<br />
In-Ceram Alumina Coroas anteriores e posteriores e próteses fixas anteriores de três elementos<br />
In-Ceram Zirconia Coroas e próteses fixas posteriores de três elementos<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
Apesar de a maioria das investigações<br />
sobre os sistemas cerâmicos para infra-estrutura<br />
estar focada nas propriedades mecânicas,<br />
a longevidade clínica no longo prazo<br />
das restaurações é significativamente influenciada<br />
pela discrepância marginal. 29 Daí a<br />
importância em se preocupar, também, com<br />
a obtenção de uma satisfatória adaptação da<br />
restauração com a estrutura dentária preparada.<br />
Pera et al., 20 avaliando a estabilidade<br />
dimensional e a adaptação marginal de coroas<br />
In-Ceram com três diferentes configurações<br />
cervicais – chanfro, ombro marginal de 50º e<br />
ombro de 90º –, notaram que a infra-estrutura<br />
cerâmica permaneceu estável após aplicação<br />
da porcelana de cobertura Vitadur-N. Quanto<br />
à adaptação marginal, os melhores resultados<br />
foram obtidos com as terminações em chanfro<br />
e em ombro de 50º, sendo essas, portanto,<br />
as preferidas para a preparação de dentes que<br />
receberão infra-estruturas de In-Ceram.<br />
Quanto à cimentação das restaurações<br />
In-Ceram, há algumas particularidades. Nas<br />
porcelanas convencionais à base de sílica<br />
(feldspáticas) e nas cerâmicas de vidro (IPS<br />
Empress), o condicionamento da superfície<br />
interna da restauração com ácido hidrofluorídrico<br />
associado aos cimentos resinosos<br />
proporciona suficiente resistência de<br />
união, 3, 14 além de aumentar a resistência à<br />
2, 25<br />
fratura das restaurações.<br />
Segundo Kern e Thompson, 14 como nas<br />
cerâmicas In-Ceram os cristais de sílica foram<br />
substituídos por alumina, magnésio e zircônio,<br />
os ácidos hidrofluorídricos e cimentos à<br />
base de Bis-GMA não são efetivos na promoção<br />
de união, sendo necessárias técnicas<br />
alternativas de cimentação. União durável a<br />
longo prazo foi alcançada com a combinação<br />
de sistema triboquímico de silanização (Rocatec<br />
– Espe) e resina composta convencional<br />
de BIS-GMA ou com a combinação de jateamento<br />
de Al 2<br />
O 3<br />
associado aos cimentos resinosos<br />
modificados com monômero fosfato<br />
(MDP), que apresenta união química aos<br />
14, 15<br />
óxidos de alumínio e zircônio.<br />
Resultados clinicamente satisfatórios de<br />
resistência de união e à fratura têm sido<br />
reportados, também, com o uso de cimentos<br />
convencionais, fosfato de zinco e ionômero<br />
de vidro associados ao jateamento da superfície<br />
interna com Al 2<br />
O 3<br />
. 4, 8, 16 No caso específico<br />
do In-Ceram Spinell, é recomendado<br />
que se evite o cimento de fosfato de zinco,<br />
visto que sua opacidade pode comprometer<br />
o resultado estético.<br />
Considerando a complexidade dos ciclos<br />
mastigatórios aos quais as restaurações totalmente<br />
cerâmicas são submetidas na cavidade<br />
bucal, estudos têm procurado utilizar<br />
os ensaios de ciclagem mecânica e térmica,<br />
por se acreditar que sejam capazes de simular<br />
melhor as condições bucais quando comparados<br />
aos testes estáticos, como as resistências<br />
à fratura e à flexão. 7, 27, 30 Parece haver<br />
consenso entre os pesquisadores de que a<br />
ciclagem provoque redução significativa na<br />
resistência à fratura dos materiais totalmente<br />
cerâmicos.<br />
Reportando os estudos revisados, nota-se<br />
uma considerável variação nos valores de<br />
resistência dos sistemas cerâmicos testados.<br />
De acordo com Chong et al., 6 isso se deve à<br />
formação de defeitos internos durante o processamento<br />
dos materiais. Outro fator que<br />
pode influenciar é a diferença na metodologia,<br />
incluindo testes de resistência à flexão<br />
biaxial de três e quatro pontos.<br />
No próprio sistema In-Ceram, os valores<br />
de resistência à flexão variaram de 243 a<br />
530 MPa (Alumina), 283 a 377 MPa (Spinell)<br />
e 421 a 603 MPa (Zircônia). Isso evidencia<br />
o cuidado que se deve ter na indicação<br />
de um material pelos valores de testes<br />
mecânicos laboratoriais, 28 não sendo recomendável<br />
a consideração de apenas uma propriedade,<br />
visto que os materiais podem ter<br />
comportamentos diferentes frente às várias<br />
propriedades. 24<br />
Dados realmente confiáveis são aqueles<br />
provenientes de avaliações clínicas a longo<br />
prazo. Alguns estudos 11, 18, 21 demonstraram<br />
uma performance clínica satisfatória do sistema<br />
In-Ceram, mas os dados são limitados<br />
em função do curto período de avaliação, em<br />
torno de quatro anos.<br />
Dessa forma, considerando que os sistemas<br />
cerâmicos para infra-estrutura são relativamente<br />
recentes e a maioria dos dados<br />
disponíveis é oriunda de estudos in vitro,<br />
não havendo evidências científicas para sua<br />
recomendação, é prudente que sejam respeitadas<br />
suas limitações 10 e se aguarde<br />
estudos longitudinais futuros para que se<br />
possa indicar com segurança esses materiais<br />
para a confecção de restaurações e<br />
próteses parciais fixas posteriores.<br />
1 1<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004
1 2<br />
CONCLUSÃO<br />
Da abordagem da literatura revisada,<br />
podem ser extraídas as seguintes conclusões:<br />
• o sistema In-Ceram Spinell proporciona<br />
excelente resultado estético, mas limitadas<br />
propriedades mecânicas, não sendo<br />
indicado para regiões em que há grande<br />
estresse mastigatório;<br />
• o In-Ceram Zircônia parece ter excelentes<br />
características mecânicas; entretanto,<br />
por ser bastante recente, são<br />
necessários estudos clínicos longitudinais<br />
a longo prazo para que seu desempenho<br />
mecânico possa ser confirmado<br />
clinicamente nas coroas e próteses fixas<br />
posteriores;<br />
• o surgimento dos sistemas Spinell e<br />
Zircônia, por meio de modificações na<br />
estrutura do sistema In-Ceram Alumina,<br />
sugere uma importante versatilidade do<br />
sistema, aumentando sua aplicação clínica<br />
como materiais para infra-estrutura<br />
cerâmica.<br />
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Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
LOCALIZED GINGIVAL<br />
RECESSION ASSOCIATED<br />
WITH ORAL PIERCING<br />
RECESSÃO GENGIVAL LOCALIZADA ASSOCIADA A PIERCING ORAL<br />
SAMUEL KOO<br />
AMADEU RODRIGUES SILVA JR.<br />
Pós-graduando do Center for Implantology, Boston University – EUA<br />
Professor associado do Departamento de Morfologia, Estomatologia e<br />
Fisiologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP<br />
ABSTRACT<br />
Oral piercing is a growing trend among teens and young<br />
adults. The common sites for oral piercing include the tongue,<br />
lips and cheeks. In the literature, it is reported that several<br />
adverse effects are related to oral piercing. They include<br />
edema, pain, inflammation, interference with speech and<br />
mastication as well as tooth fracture. In this report, several<br />
cases of localized gingival recession associated with oral<br />
piercing are described. It is noted that mechanical trauma,<br />
caused by oral piercing, may be considered another etiology of<br />
localized gingival recession.<br />
UNITERMS: PIERCING – GINGIVAL RECESSION – LIP/INJURIES.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />
RESUMO<br />
A prática de piercing oral está crescendo em popularidade<br />
entre jovens e adultos jovens. Os locais comuns de piercing<br />
oral incluem a língua, lábios e bochechas. A literatura relata<br />
que vários efeitos adversos estão associados a piercing oral<br />
como edema, dor, inflamação, interferência na fala e na<br />
mastigação assim como fratura dental. Neste relato, vários<br />
casos de retração gengival localizada associados a piercing<br />
oral são descritos. O trauma mecânico, causado pelo piercing<br />
oral, pode ser considerado como mais uma etiologia da<br />
retração gengival localizada.<br />
UNITERMOS: PIERCING – RETRAÇÃO GENGIVAL – LÁBIO/LESÕES.<br />
1 3
1 4<br />
INTRODUCTION<br />
The practice of oral piercing is growing<br />
in popularity in contemporary societies in<br />
diverse cultures. The custom has been practiced<br />
by some ancient cultures and is also<br />
practiced by some extant “primitive” cultures.<br />
The first materials used in early piercing<br />
practices varied widely from stones to bones<br />
and ivory. 4 This practice was related to religious<br />
beliefs, rituals of hunting, passage into<br />
puberty, signs of virility and courage and<br />
even enforcement of a vow of silence. 4 The<br />
size, material and type of piercing indicated<br />
social status as well as age.<br />
Nowadays, many people choose to wear<br />
this jewelry for a variety of reasons including<br />
aesthetic purposes, fashion, behavioral<br />
change, sign of a personal statement or group<br />
identification, or even for its oral sexual connotation.<br />
The common sites for oral piercing<br />
include the tongue, lips, cheeks, or a combination<br />
of these sites. 13<br />
Modern piercing materials include rings,<br />
studs or barbell-shaped devices composed of<br />
yellow or white gold, surgical stainless steel, titanium,<br />
niobium and even animal bones, which<br />
may cause allergic reactions in certain people. 2<br />
The most frequent complications reported<br />
in the literature related to oral piercing,<br />
which usually appear during the first weeks,<br />
include: edema, 9 pain, inflammation, 14 excessive<br />
salivation, abscess formation, 7 speech, mastication<br />
and swallowing interference, 12 accumulation<br />
of food debris on pierced objects, and<br />
subsequently, the accumulation of tartar formation.<br />
4 Natural and restored tooth fractures<br />
were also reported. 5,11 The increased practice<br />
of piercing by individuals in modern society<br />
has resulted in an increase in patients with oral<br />
piercing going to dental professionals.<br />
In this paper, several cases of localized<br />
gingival recession are reported in individuals<br />
wearing oral piercing.<br />
REPORT OF CASES<br />
CASE 1<br />
A 27-year-old Caucasian woman presented<br />
oral piercing in the lower lip area<br />
(fig. 1) and another barbell piercing in the<br />
tongue area. The patient was in apparent<br />
good health and her previous medical history<br />
was non-contributory. Clinical oral examination<br />
revealed no signs of calculus formation,<br />
caries or periodontal disease except for the<br />
4 mm of localized gingival recession on the<br />
vestibular aspect of both lower central incisors<br />
(fig. 2). This patient presented acceptable<br />
oral hygiene with regular toothbrushing<br />
and daily use of oral antiseptic solution. No<br />
signs of infection were clinically evident. The<br />
patient had been wearing piercings in the lip<br />
area for 7 months. She had not noticed the<br />
gingival recession before the piercing.<br />
FIGURE 1. EXTRAORAL ASPECT OF PIERCING IN LOWER<br />
LIP AREA.<br />
FIGURE 2. GINGIVAL RECESSION SECONDARY TO<br />
CHRONIC TRAUMA FROM LIP PIERCING.<br />
CASE 2<br />
A 22-year-old white man presented multiple<br />
extra and intraoral piercings. In total,<br />
5 piercing sites were present in the lower lip<br />
area (fig. 3). The patient did not report any<br />
systemic disease but he confessed he had not<br />
seen a medical or dental professional for a<br />
long period. Gingival recession, associated<br />
with calculus and plaque accumulation, was<br />
present on the vestibular aspect of the lower<br />
incisors and bilateral canines. Plaque accumulation<br />
was evident on other teeth. However,<br />
gingival recession was not observed in<br />
other areas. His oral piercing procedure was<br />
performed in the past 16 months and the<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
patient stated he had been wearing the piercings<br />
for aesthetic purposes.<br />
FIGURE 3. MULTIPLE ORAL PIERCING SITES AND<br />
OCCURRENCE OF GINGIVAL RECESSION<br />
ASSOCIATED WITH CALCULUS AND PLAQUE<br />
ON VESTIBULAR ASPECT OF MANDIBULAR<br />
ANTERIOR TEETH.<br />
CASE 3<br />
A 19-year-old white man presented a<br />
single piercing in the median lower lip<br />
area. His past medical history was not significant.<br />
The occurrence of recession on<br />
both lower central incisor areas, calculus and<br />
plaque accumulations were observed in the<br />
gingival recession area (fig 4). The patient<br />
had smoking and drinking habits. The piercing<br />
had been in place for nearly 1 year. No<br />
mucosal inflammation around the lip piercing<br />
was observed.<br />
After examination, explanations of the<br />
potential risks and complications of oral piercing<br />
were given to all patients. However,<br />
they did not seem sufficiently motivated to<br />
remove their oral piercings.<br />
FIGURE 4. GINGIVAL RECESSION ASSOCIATED WITH<br />
CALCULUS AND PLAQUE ON VESTIBULAR<br />
ASPECT LOWER CENTRAL INCISOR AREA.<br />
DISCUSSION<br />
Recently, the occurrence of localized<br />
gingival recession associated with oral piercing<br />
has been reported in the literature. 8,<br />
9<br />
Gingival recessions are common in the<br />
adult population with its prevalence increasing<br />
with age. 1,10 Common etiologies associated<br />
with gingival recessions are gingival<br />
trauma caused by vigorous toothbrushing<br />
and gingival lesions caused by plaque accumulation.<br />
15 Other factors related to gingival<br />
recession include alveolar bone dehiscence,<br />
misalignment of teeth, fastidious injuries,<br />
muscle pull, orthodontic tooth movement,<br />
occlusal trauma and iatrogenesis. 3, 6<br />
Our clinical findings reported in these<br />
cases confirm that oral piercing can lead to<br />
a potential risk of localized gingival recession.<br />
The patient in case 1 presented localized<br />
gingival recession even though she had<br />
presented acceptable oral hygiene. The distal<br />
end of her lip piercing was in direct contact<br />
with the area of gingival recession. The root<br />
exposure may have been a result of chronic<br />
mechanical trauma by the lip piercing. In<br />
cases 2 and 3, the association of calculus and<br />
plaque in gingival recession make it difficult<br />
to conclude unambiguously that oral piercing<br />
has directly caused the gingival recession.<br />
However, these findings suggest that the<br />
mechanical trauma caused by oral piercing,<br />
associated with poor oral hygiene, may increase<br />
the risk of gingival recession. Interestingly,<br />
localized gingival recession was not present<br />
in patients wearing oral piercing where<br />
the position of the distal end was directed<br />
away from the cement-enamel junction. In<br />
future studies, it may prove fruitful to investigate<br />
the occurrence of localized gingival<br />
recession in a larger population, in which<br />
root exposure is measured before and after<br />
oral piercing.<br />
CONCLUSION<br />
Mechanical trauma caused by oral piercing<br />
may be considered to be an additional<br />
etiology of localized gingival recession. As<br />
dental team members, we should be on the<br />
lookout for potential complications and risks<br />
associated with the practice of oral piercing.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />
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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
1 6<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
INFLUÊNCIA DO CORANTE E DO<br />
MÉTODO DE AVALIAÇÃO NA<br />
INFILTRAÇÃO APICAL EM OBTURAÇÕES<br />
DE CANAIS RADICULARES<br />
INFLUENCE OF DYE AND EVALUATING METHOD ON APICAL LEAKAGE<br />
OF ROOT CANAL FILLINGS<br />
JULIANE MARIA GUERREIRO TANOMARU<br />
RONALDO SOUZA FERREIRA DA SILVA<br />
MÁRIO TANOMARU FILHO<br />
Doutoranda em endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara<br />
– Unesp<br />
Mestrando em endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara<br />
– Unesp<br />
Professor adjunto da disciplina de endodontia da Faculdade de<br />
Odontologia de Araraquara – Unesp<br />
RESUMO<br />
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da solução<br />
corante e método de análise da infiltração marginal. Foram<br />
utilizados quarenta caninos superiores extraídos de humanos.<br />
Após o preparo biomecânico dos canais radiculares, os<br />
dentes foram divididos em 4 grupos. Realizada a impermeabilização<br />
da superfície dentária externa, os canais radiculares<br />
foram obturados, sendo dois grupos imersos em solução<br />
de Azul de Metileno e dois em Nanquin, por 48 horas em<br />
ambiente com vácuo. Os dentes foram submetidos ao método<br />
de fratura longitudinal ou diafanização para análise da<br />
infiltração apical. Os resultados demonstraram maior infiltração<br />
com azul de metileno e quando foi empregado método<br />
de fratura longitudinal (p < 0,05). Ainda, para a solução de<br />
azul de metileno, a fratura permitiu maior infiltração que a<br />
observada na diafanização (p < 0,05).<br />
UNITERMOS: INFILTRAÇÃO MARGINAL – AZUL DE METILENO –<br />
NANQUIM – DIAFANIZAÇÃO.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />
ABSTRACT<br />
The aim of this study was to evaluate the apical leakage<br />
with two ink solutions and two evaluating methods. For this<br />
study, forty maxillary human extracted canine teeth were<br />
used. The root canals were prepared by standard form, the<br />
root surfaces were coated and the root canals were filled.<br />
After this, they were divided into four groups, two were<br />
immersed in 2% methylene blue solution and other two<br />
groups were immersed in india ink, using vacuum environment<br />
for 48 hours. Two groups were evaluated by longitudinal<br />
split and two were decalcified for the evaluation of<br />
dye penetration. The results showed the highest values for<br />
2% methylene blue groups and with the split method (p <<br />
0,05). Furthermore, when using methylene blue, the split<br />
method showed higher values of dye leakage compared with<br />
the decalcified method (p < 0,05).<br />
UNITERMS: APICAL LEAKAGE – METHYLENE BLUE – INDIA INK –<br />
DECALCIFIED METHOD.<br />
1 7
INTRODUÇÃO<br />
A completa obturação do sistema de<br />
canais radiculares, visando à obtenção de adequado<br />
selamento apical, é um fator importante<br />
para o sucesso do tratamento endodôntico.<br />
8, 9 Na busca de um material obturador<br />
ideal, com propriedades físico-químicas<br />
e biológicas adequadas, grande variedade de<br />
cimentos obturadores de canais radiculares é<br />
lançada no mercado. Dentre as propriedades<br />
físico-químicas dos cimentos endodônticos,<br />
a capacidade seladora tem sido estudada por<br />
inúmeras metodologias, incluindo a penetração<br />
bacteriana, 10 o emprego de isótopos, 18<br />
a microscopia eletrônica, 20 a fluorometria 3 e<br />
a infiltração por corantes. 21<br />
Os estudos de avaliação da capacidade<br />
seladora apresentam resultados diversos em<br />
função das diferentes metodologias, sendo<br />
empregados distintos marcadores ou soluções<br />
corantes, assim como variados métodos de<br />
avaliação da infiltração.<br />
O objetivo deste estudo é avaliar duas<br />
soluções corantes (azul de metileno e nanquim)<br />
quanto à capacidade de penetração e<br />
marcação da infiltração apical em obturações<br />
de canais radiculares, sendo utilizados dois<br />
métodos de análise: a fratura longitudinal e o<br />
processo de diafanização.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Quarenta caninos humanos superiores<br />
extraídos, oriundos do Banco de Dentes da<br />
Faculdade de Odontologia de Araraquara –<br />
Unesp, foram armazenados em solução fisiológica<br />
após permanecerem por 48 horas em<br />
solução de hipoclorito de sódio a 1%. Os<br />
dentes foram selecionados de acordo com a<br />
anatomia radicular e o diâmetro do forame<br />
inferior à lima tipo K (Dentsply – Maillefer<br />
S.A., Ballaigues, Suíça) n.º 20.<br />
A abertura coronária foi realizada de<br />
acordo com a técnica endodôntica e a odontometria<br />
determinada pela introdução de<br />
lima tipo K n.º 15 até o forame, padronizado<br />
pela instrumentação com limas tipo K até a<br />
de n.º 30. A seguir, um milímetro aquém do<br />
comprimento real do dente, o batente apical<br />
foi preparado até a lima tipo K n.º 45. A técnica<br />
escalonada com recuo progressivo programado<br />
de um milímetro entre cada instrumento<br />
foi realizada até a lima tipo K n.º<br />
70. Durante todo o preparo biomecânico, os<br />
canais radiculares foram irrigados com 1,5<br />
ml de solução de hipoclorito de sódio a 1%,<br />
a cada troca de instrumento. Após a realização<br />
do preparo biomecânico, a lima tipo K<br />
n.º 30 foi utilizada até o forame apical, com<br />
o objetivo de remoção de restos dentinários.<br />
A impermeabilização da superfície radicular<br />
externa foi efetuada com uma camada de<br />
adesivo (Araldite – Ciba-Geigy S.A., Taboão<br />
da Serra, SP) e uma camada de esmalte para<br />
unha, com exceção de 2mm ao redor do<br />
forame apical. Ao final, foi usada solução<br />
de EDTA (Herpo Produtos Dentários Ltda.,<br />
Rio de Janeiro, RJ), por três minutos. Após<br />
irrigação com soro fisiológico, a secagem dos<br />
canais radiculares foi realizada com pontas<br />
de papel absorvente (Tanari – Tanariman<br />
Industrial Ltda., Manacapuru, AM).<br />
Os cones de guta-percha principais<br />
(Tanari – Tanariman Industrial Ltda., Manacapuru,<br />
AM) foram selecionados e padronizados<br />
para obturação dos canais radiculares.<br />
Os dentes foram divididos aleatoriamente<br />
em quatro grupos (tab. 1).<br />
A obturação do canal radicular foi complementada<br />
pela técnica da condensação<br />
lateral ativa, usando cones de guta-percha<br />
auxiliares e cimento obturador de óxido<br />
de zinco e eugenol (S.S.White Art. Dent.<br />
Ltda., Rio de Janeiro, RJ). A condensação<br />
lateral ativa foi realizada com auxílio de<br />
espaçador Finger Spreader (Dentsply – Maillefer,<br />
Ballaigues, Suíça) n.º 30.<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
1 8<br />
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS EM FUNÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO E SOLUÇÃO<br />
CORANTE.<br />
GRUPOS MÉTODO CORANTE<br />
EXPERIMENTAIS DE ANÁLISE EMPREGADO<br />
I Fratura longitudinal Azul de metileno 2%<br />
II Fratura longitudinal Nanquim<br />
III Diafanização Azul de metileno 2%<br />
IV Diafanização Nanquim<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
O selamento coronário foi realizado<br />
com cimento provisório Cimpat (Specialités<br />
Septodont, França), complementado<br />
com camada de esmalte para unha. Em<br />
seguida, os dentes foram imersos em cera<br />
utilidade derretida, com exceção do terço<br />
apical, sendo, posteriormente, os grupos I e<br />
III imersos em solução de azul de metileno<br />
a 2% e os grupos IIe IV, em solução de nanquim,<br />
em ambiente a vácuo, por 48 horas.<br />
Decorrido esse período, os dentes foram<br />
lavados em água corrente. Em seguida, a<br />
impermeabilização dentária foi removida e<br />
os dentes, submetidos aos métodos de fratura<br />
longitudinal (grupos I e II) ou diafanização<br />
(grupos III e IV), para leitura da infiltração<br />
do corante empregando o Perfilômetro<br />
(Profile Projector 6 C, Nikon, Japão).<br />
A infiltração apical foi medida, em milímetros,<br />
do forame apical até o limite máximo<br />
da penetração do corante.<br />
O processo de diafanização utilizado<br />
neste estudo foi realizado da seguinte forma:<br />
1. imersão em ácido clorídrico 5% por três<br />
dias, com trocas de ácidos a cada 24 horas;<br />
2. lavagem em água corrente por oito horas;<br />
3. desidratação em série de álcool etílico em<br />
concentração crescente: 70% durante oito<br />
horas, 90% durante uma hora e 100% com<br />
três lavagens de uma hora cada; e 4. repetição<br />
da lavagem em álcool. Em seguida,<br />
foram imersos em solução de salicilato de<br />
metila para obtenção do aspecto final da diafanização.<br />
Para análise estatística dos dados obtidos,<br />
empregou-se o teste de análise de variância<br />
com nível de significância de 5% e, para<br />
as comparações entre os grupos, o teste de<br />
Tukey-Krammer.<br />
RESULTADOS<br />
O gráfico 1 representa os valores das<br />
médias de infiltração marginal observadas<br />
para os grupos experimentais. A análise estatística<br />
dos resultados demonstrou diferenças<br />
significantes entre os grupos experimentais<br />
(p < 0,05), com maior infiltração observada<br />
para o grupo que empregou solução de<br />
azul de metileno a 2% e método da fratura<br />
longitudinal. Para o corante azul de metileno,<br />
a infiltração foi significantemente maior<br />
quando observada pelo método de fratura<br />
longitudinal (p < 0,05).<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />
GRÁFICO 1 – INFILTRAÇÃO MARGINAL MÉDIA (EM MM) OBSERVADA NOS DIVER-<br />
SOS GRUPOS EXPERIMENTAIS.<br />
DISCUSSÃO<br />
Os estudos in vitro da capacidade seladora<br />
de materiais obturadores apresentam<br />
uma série de variáveis que influenciam na<br />
obtenção dos resultados. Dentre esses fatores,<br />
a presença de ar tem sido discutida, uma<br />
vez que ele pode impedir a penetração de<br />
marcadores. Spangberg et al., 16 após estudos<br />
empregando o corante azul de metileno a<br />
2%, afirmaram que estudos na presença de ar<br />
revelam penetração incompleta do corante,<br />
sendo indicado o emprego do vácuo.<br />
Goldman et al. 5 sugerem que os resultados<br />
de estudos de penetração de corantes<br />
sem o uso do vácuo devem ser questionados.<br />
Da mesma forma, Peters e Harrison, 12<br />
empregando solução de azul de metileno em<br />
condições de vácuo, observaram maior penetração<br />
do corante, em relação à não utilização<br />
do mesmo.<br />
Neste estudo, o ambiente de vácuo<br />
foi usado em todos os grupos para promover<br />
uma condição ideal de penetração das<br />
soluções corantes. O cimento empregado foi<br />
o de óxido de zinco e eugenol, por permitir<br />
infiltração apical, proporcionando condições<br />
de comparação entre os grupos experimentais<br />
e as variáveis avaliadas.<br />
O corante nanquim tem sido usado<br />
como marcador nos testes de infiltração<br />
devido à sua melhor capacidade de contraste.<br />
7, 13, 14, 15, 23<br />
Os resultados obtidos neste estudo<br />
quanto aos dois corantes avaliados demonstraram<br />
diferença significativa em sua capacidade<br />
de penetração, sendo maior a capaci-<br />
1 9
2 0<br />
dade de infiltração observada para a solução<br />
de azul de metileno a 2% em relação ao nanquim<br />
(p < 0,05). Contrariamente, Youngson<br />
et al. 24 compararam a capacidade de marcação<br />
dos corantes: eosina 5%, azul de metileno<br />
5%, nitrato de prata 50% e nanquim,<br />
concluindo que não houve diferenças estatísticas<br />
entre os corantes estudados em relação<br />
à capacidade de penetração na dentina.<br />
No entanto, maior capacidade de penetrabilidade<br />
do corante azul de metileno tem<br />
sido demonstrada na literatura. Ahlberg et<br />
al. 2 compararam a solução de azul de metileno<br />
a 5% com o nanquim em canais radiculares<br />
obturados com diferentes cimentos<br />
endodônticos, e observaram, após secção<br />
longitudinal, maior penetração para o azul<br />
de metileno do que para o nanquim.<br />
Neste estudo, também foram avaliados<br />
os métodos de análise da infiltração marginal<br />
(fratura longitudinal e diafanização),<br />
sendo observada maior infiltração pela fratura<br />
longitudinal (p < 0,05). Para o corante<br />
azul de metileno, a infiltração foi significativamente<br />
maior quando observada por meio<br />
do método de fratura longitudinal (p < 0,05),<br />
em relação à diafanização.<br />
Em relação ao método de diafanização,<br />
Abarca et al. 1 compararam a infiltração apical<br />
em canais radiculares obturados com Thermafil,<br />
ou condensação lateral ativa, empregando<br />
como marcador o nanquim, não sendo<br />
observada diferença significativa entre os<br />
grupos avaliados. Wimonchit et al., 22 estudando<br />
diferentes técnicas de avaliação da<br />
infiltração empregando o nanquim como<br />
marcador pelo processo de diafanização,<br />
observaram que o método a vácuo proporcionou<br />
maiores valores de infiltração (p <<br />
0,05).<br />
Tamse et al. 19 realizaram estudo comparando<br />
a capacidade de infiltração dos corantes<br />
eosina, azul de metileno e nanquim em<br />
canais radiculares obturados com cimento<br />
Roth 801, avaliados pelo método de fratura<br />
longitudinal, e o corante nanquim, também<br />
pelo processo de diafanização. Nos grupos de<br />
dentes que sofreram fratura longitudinal, não<br />
houve diferença significativa entre os marcadores<br />
usados, sendo os resultados maiores<br />
que os obtidos no grupo de dentes com<br />
nanquim avaliado pelo processo de diafanização.<br />
Esses resultados são concordantes<br />
com os obtidos neste estudo, uma vez que a<br />
penetração de corante pelo método de diafanização<br />
foi menor, especialmente para o<br />
corante azul de metileno, demonstrando ser<br />
o mesmo incompatível com o processo de<br />
desmineralização com ácidos.<br />
De acordo com os resultados obtidos,<br />
observamos que a solução de azul de metileno<br />
apresenta maior penetração para estudos<br />
de infiltração apical do que o nanquim.<br />
Ainda: o método de avaliação pela fratura<br />
longitudinal mostrou-se mais eficaz para avaliação<br />
da penetração do corante, sendo a técnica<br />
de diafanização indicada apenas para o<br />
emprego de nanquim como solução corante.<br />
CONCLUSÃO<br />
De acordo com a metodologia empregada<br />
e os resultados obtidos, pode-se concluir<br />
que:<br />
• a solução de azul de metileno avaliada<br />
pelo método de fratura longitudinal<br />
apresentou maior infiltração apical nas<br />
obturações de canais radiculares (p <<br />
0,05);<br />
• a solução de azul de metileno apresentou<br />
maior capacidade de infiltração<br />
apical do que o corante nanquim (p <<br />
0,05);<br />
• para o corante azul de metileno, a<br />
infiltração foi significativamente maior<br />
quando observada pelo método de fratura<br />
longitudinal (p < 0,05).<br />
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of methylene blue solutions. J Oral Sci 2001<br />
dez; 43 (4):245-8.<br />
12. Peters LB, Harrison JW. A comparison of leakage of filling<br />
materials in demineralized and non-demineralized resected<br />
root ends under vacuum and non-vacuum conditions.<br />
Int Endod J 1992; 25:273-8.<br />
13. Saunders EM, Saunders WP. Long-term coronal leakage<br />
of JS Quickfill root fillings with Sealapex and Apexit sealers.<br />
Endod Dent Traumatol 1995; 11:181-5.<br />
14. Siqueira Jr. JF, Rocas NI, Valois CR. Apical sealing ability of<br />
five endodontic sealers. Aust Endod J 2001; 27 (1):33-5.<br />
15. Sleder FS, Ludlow MO, Bohacek JR. Long-term sealing<br />
ability of a calcium hydroxide sealer. J Endod 1991 nov; 17<br />
(11):541-3.<br />
16. Spangberg LS, Acierno TG, Yongbum, CHAB. Influence of<br />
entrapped air on the accuracy of leakage studies using dye<br />
penetration methods. J Endod 1989 nov; 15 (11):548-51.<br />
17. Spradling PM, Senia ES. The relative sealing ability<br />
of paste-type filling materials. J Endod 1982 dez; 8<br />
(12):543-9.<br />
18. Szeremeta-Browar TL, Vancura JE, Zaki AE. A comparison<br />
of the sealing properties of different retrogade techniques:<br />
an autoradiographic study. Oral Surg Oral Med Oral<br />
Pathol 1985 jan; 59 (1):82-7.<br />
19. Tamse A, Katz A, Kablan F. Comparison of apical leakage<br />
shown by four different dyes with two evaluating methods.<br />
Int Endod J 1998 set; 31 (5):333-7.<br />
20. Tanzilli JP, Raphael D, Moodnik RM. A comparison of<br />
the marginal adaptation of retrograde techniques: a scanning<br />
electron microscopic study. Oral Surg Oral Med Oral<br />
Pathol 1980 jul; 50 (1):74-80.<br />
21. Thirawat J, Edmunds DH. Sealing ability of materials used<br />
as retrograde root fillings in endodontic surgery. Int Endod<br />
J 1989 nov; 22 (6):295-8.<br />
22. Wimonchit S, Timpawat S Vongsavan N. A comparison of<br />
techniques for assessment of coronal dye leakage. J Endod<br />
2002 jan; 28 (1):1-4.<br />
23. Yoshikawa M, Noguchi K, Toda T. Effect of particle sizes<br />
in India Ink on its use in evaluation of apical seal. J Osaka<br />
Dent Univ 1997 dez; 31 (1-2):67-70.<br />
24. Youngson CC, Jones JC, Manogue M, Smith IS. In vitro<br />
dentinal penetration by tracers used in microleakage<br />
studies. Int Endod J 1998 set; 31 (5):377.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />
2 1
HETEROCONTROLE DO TEOR<br />
DE FLÚOR NA ÁGUA DE<br />
ABASTECIMENTO PÚBLICO<br />
DO MUNICÍPIO DE LINS/SP<br />
• Universidade Metodista de Piracicaba<br />
UNIMEP<br />
HETEROCONTROL OF THE FLUORIDE LEVEL IN THE PUBLIC<br />
WATER SUPPLY OF THE CITY OF LINS/SP<br />
FABÍOLA SIRA JORQUEIRA FERRO BUENO E SILVA<br />
SUZELY ADAS SALIBA MOIMAZ<br />
CLÉA ADAS SALIBA GARBIN<br />
NEMRE ADAS SALIBA<br />
CARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER<br />
Professora voluntária de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de<br />
Odontologia de Lins – UNIMEP<br />
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia<br />
Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />
Professora adjunta do Departamento de Odontologia Infantil e Social da<br />
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />
Professora titular do Departamento de Odontologia Infantil e Social da<br />
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />
Diretor da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP<br />
2 2<br />
RESUMO<br />
A eficiência e a segurança da fluoretação das águas de<br />
abastecimento público dependem da manutenção da concentração<br />
ótima de flúor tornando-se necessário sistemas de<br />
vigilância baseados no heterocontrole. A água de abastecimento<br />
público de Lins, SP é naturalmente fluoretada proveniente<br />
de poços profundos com diferentes concentrações de<br />
flúor. Com o intuito de avaliar os teores de flúor nas águas<br />
consumidas foram coletadas amostras de águas em 18 locais<br />
representativos ao sistema de abastecimento.Verificou-se uma<br />
concentração média de 0,86 ppm F, e na classificação<br />
das amostras, 75% foram consideradas inaceitáveis. Concluiu-se<br />
que as concentrações de flúor nessas águas encontraram-se<br />
acima dos parâmetros recomendados para o município<br />
levando em consideração a temperatura local, ressaltando<br />
a importância do controle da vigilância da fluoretação para<br />
prevenção de riscos de fluorose dentária.<br />
UNITERMOS: FLÚOR – FLUORETAÇÃO DA ÁGUA – HETEROCON-<br />
TROLE – VIGILÂNCIA DA FLUORETAÇÃO – FLUOROSE DENTÁRIA.<br />
ABSTRACT<br />
The efficiency and safety of water fluoridation is associated<br />
with the control of optimum fluoride concentration levels. A<br />
recommended method of control is called heterocontrol. The<br />
naturally fluoridated public water system in Lins, SP originates<br />
from deep wells with different natural fluoride concentration<br />
levels. The aim of this study is to verify the fluoride<br />
levels of the drinking water supply. Water samples were collected<br />
in 18 selected water distribution sites. The mean fluoride<br />
concentration was 0.86 ppm F, with 75% of the water<br />
samples classified above the recommended fluoride levels.<br />
These results showed that fluoride water supply levels in<br />
Lins, SP were above the established levels considering the<br />
local temperature. The importance of surveillance of fluoridation<br />
system controls to prevent the risks of dental fluorosis is<br />
emphasized.<br />
UNITERMS: FLUORINE – WATER FLUORIDATION – HETEROCON-<br />
TROL – FLUORIDE SURVEILLANCE SYSTEM – DENTAL FLUORO-<br />
SIS.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
INTRODUÇÃO<br />
A importância da ação do fluoreto na<br />
prevenção e no controle da doença cárie dentária<br />
tem sido mundialmente comprovada<br />
ao longo dos anos, justificando seu uso sob<br />
diversas formas de administração, 2, 15, 18 tanto<br />
por profissionais de saúde como em programas<br />
de alcance coletivo, o que, combinado<br />
com ações educativas, vem produzindo<br />
mudanças positivas no perfil epidemiológico.<br />
Dentre os fatores envolvidos nesse processo,<br />
tem sido aceito que o principal é a fluoretação<br />
das águas de abastecimento público,<br />
uma vez que os efeitos preventivos do flúor<br />
são maiores quando a água é empregada<br />
como veículo em ações de saúde pública<br />
(Saliba et al., 22 Viegas et al., 30 Moimaz et al. 14<br />
e Arcieri et al. 1 ). Essa forma de aplicação do<br />
flúor constitui uma das medidas mais práticas,<br />
eficazes, seguras e econômicas, reduzindo,<br />
em média, em 60% a incidência de<br />
cárie, a baixo custo relativo e sem qualquer<br />
tipo de discriminação entre os beneficiados<br />
3, 20, 25<br />
pela medida.<br />
Após a implantação do primeiro sistema,<br />
no ano de 1942, em Grand Rapdis<br />
(Michigan/EUA), essa medida sanitária tem<br />
sido adotada, em vários países do globo,<br />
como estratégia de saúde pública para a prevenção<br />
da doença cárie dentária em massa.<br />
No Brasil, é aplicada desde 1953, quando a<br />
cidade de Baixo Gandu/ES incorporou o fluoreto<br />
em seu sistema de abastecimento.<br />
30, 20, 02<br />
Logo, em 1974, foi aprovada a Lei federal<br />
n.º 6.050, regulamentada pelo Decreto n.º<br />
76.872, de 22/12/75, determinando a obrigatoriedade<br />
da fluoretação das águas em sistemas<br />
de abastecimento quando existir estação<br />
de tratamento. A operacionalização dessa<br />
medida teve suas normas e seus padrões estabelecidos<br />
com a edição da Portaria n.º 635,<br />
de 26/12/1975. 23<br />
Entretanto, para que a fluoretação das<br />
águas de abastecimento público ofereça benefícios<br />
preventivos em relação à cárie dentária,<br />
é indispensável que ocorra de forma<br />
perene e em níveis considerados ótimos. Ou<br />
seja, depende da continuidade da medida ao<br />
longo do tempo e da manutenção regular<br />
dos teores ótimos de flúor na água. 6, 18, 25 A<br />
interrupção ou a existência de teores de flúor<br />
abaixo do recomendado leva à ineficácia da<br />
medida. 3 Já se os teores estiverem acima do<br />
considerado ótimo, poderá ocasionar fluorose<br />
dentária em crianças que estiverem no<br />
período de formação dentária. 27 Em função<br />
de uma maior preocupação relacionada aos<br />
riscos da toxidade do flúor, para que se possa<br />
utilizar com segurança produtos fluoretados<br />
e associações de outras técnicas preventivas,<br />
torna-se imprescindível o controle sobre a<br />
quantidade de flúor existente nas águas para<br />
consumo humano, mantendo-as dentro dos<br />
limites estabelecidos, pois a ocorrência de<br />
fluorose em níveis muito leve a moderado tem<br />
surgido como conseqüência de ações deficientes<br />
no campo da vigilância à saúde (Schineider<br />
et al., 25 Narvai 16 e Bueno e Silva et<br />
al. 4 ).<br />
Por essas razões tão importantes, como<br />
manter ou adicionar flúor e controlar o seu<br />
teor em águas naturalmente fluoretadas, é<br />
indispensável, e condição sine qua non, que<br />
haja um controle operacional, executado pela<br />
empresa de saneamento existente no município,<br />
assegurando a qualidade da água fornecida<br />
ao consumidor exigida pela legislação,<br />
uma vez que, se esse controle falhar,<br />
as conseqüências têm impacto direto sobre a<br />
16, 25<br />
saúde da população.<br />
Uchôa e Saliba 29 publicaram o primeiro<br />
relato sobre fluorose endêmica em Pereira<br />
Barreto/SP, em escolares que estiveram<br />
expostos à água de abastecimento público<br />
oriunda de três poços profundos, com teores<br />
de flúor variando entre 2,5 e 17,5 ppm F.<br />
Percebendo a importância de dar um sentido<br />
positivo a essas águas, recomendaram<br />
às autoridades “proceder a uma mistura<br />
da água dos poços com a água do Rio<br />
Tietê, de maneira que viesse a apresentar<br />
uma taxa de fluoretos de acordo com as<br />
recomendações técnicas”. Capella et al. 5<br />
mencionaram episódio semelhante na população<br />
de Cocal do Sul/SC, após terem consumido<br />
água contendo de 1,2 até 5,6 ppm<br />
de flúor, também proveniente de poços profundos,<br />
entre 1985 e 1988. Os autores relataram,<br />
também, a omissão das autoridades da<br />
área de saneamento frente ao problema que<br />
atingia as crianças.<br />
Dessa maneira, Narvai 16 mencionou a<br />
necessidade de se desenvolver mecanismos<br />
de controle dos teores de flúor na água distintos<br />
do controle operacional baseado no princípio<br />
de heterocontrole, feito por outros interessados<br />
e, sobretudo, por parte das instituições<br />
responsáveis pela saúde pública. Experiên-<br />
2 3<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004
2 4<br />
cias com programas de heterocontrole em<br />
diferentes localidades, como as de Manfredine,<br />
10 em Santos, e de Martildes et al., 13 no<br />
Ceará, têm relatado, por meio de medições<br />
isoladas, que as concentrações de flúor não<br />
estariam sendo adequadas para a região.<br />
Contudo, ações no âmbito da vigilância<br />
sanitária em fluoretação das águas baseadas<br />
no princípio de heterocontrole são necessárias<br />
para a manutenção da regularidade do benefício,<br />
impedindo que doses tóxicas de flúor cheguem<br />
ao consumidor e evitando que ocorra subdosagem<br />
e descontinuidade da aplicação, o que acarretaria<br />
perda da eficácia preventiva.<br />
4, 16<br />
O município de Lins está localizado no<br />
Noroeste do Estado de São Paulo. A fluoretação<br />
da água de abastecimento público<br />
ocorre de maneira natural, sendo considerada<br />
termal de média mineralização, predominantemente<br />
alcalino bicarbonada, por<br />
apresentar um teor elevado de dureza, com<br />
pH 9,8 e temperatura em torno de 40ºC.<br />
Segundo Perin, 19 em levantamento epidemiológico<br />
realizado, o índice CPOD médio<br />
encontrado na cidade de Lins foi de 3,41. Já<br />
no ano de 2001, segundo levantamento epidemiológico<br />
de cárie do município (comunicação<br />
pessoal), o CPOD foi de 2,21, sendo<br />
atingida a meta da OMS para o ano de 2000. *<br />
PROPOSIÇÃO<br />
Como a ocorrência de fluoretos tende a<br />
ser maior em águas temperadas e alcalinas, 5<br />
o objetivo deste trabalho foi avaliar, por meio<br />
de medições isoladas, as condições atuais dos<br />
teores de fluoretos nas águas de abastecimento<br />
público do município de Lins/SP, visto que esse<br />
sistema apresenta flúor in natura em suas águas.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
Para realização do presente trabalho, inicialmente<br />
foram desenvolvidos contatos formais<br />
e pessoais juntamente com engenheiros<br />
e técnicos do órgão responsável pelo abastecimento<br />
de água e esgoto do Estado de<br />
São Paulo (Sabesp) e com autoridades da<br />
Secretaria Municipal da Saúde. Esses contatos<br />
visaram à obtenção de informações necessárias<br />
à descrição do sistema de abastecimento<br />
público desse município, bem como outros<br />
* LINS. Secretaria da Saúde. Divisão de Saúde Bucal.<br />
Levantamento epidemiológico de cárie dentária do<br />
município de Lins, SP – Ano-base 2001. Comunicação<br />
pessoal. Lins: SSM, 2002.<br />
serviços odontológicos oferecidos à comunidade.<br />
Esse sistema é composto por nove poços<br />
profundos que têm suas águas aduzidas para<br />
duas Estações de Tratamento, onde são realizadas<br />
a cloração e a diluição do flúor natural<br />
das águas. Como os poços PPJ 2 e PPS 10<br />
são de grande vazão e com concentrações de<br />
flúor variando entre 1 e 1,1 ppm F, com 800<br />
e 1.040 metros de profundidade, respectivamente,<br />
eles têm suas águas diluídas junto aos<br />
outros sete poços de menor vazão e concentração<br />
de flúor (entre 0,2 e 0,5 ppm F). 21 A<br />
cidade possui outros sistemas de prevenção<br />
em saúde bucal, realizados com a participação<br />
das instituições públicas – com aplicações<br />
semanais de bochechos fluoretados nas escolas<br />
e creches – e privadas, por meio dos serviços<br />
odontológicos curativos e educativos<br />
prestados à comunidade pela Faculdade de<br />
Odontologia de Lins/UNIMEP.<br />
Após o estudo mapeado de toda a área,<br />
em função do sistema de distribuição de água,<br />
foram determinados 18 locais para coletas de<br />
amostras do líquido, abrangendo todo o município.<br />
As coletas foram quinzenais, durante<br />
três meses, somando um total de 108 amostras<br />
de água. Foram utilizados para a coleta<br />
frascos de polietileno previamente esterilizados<br />
e identificados de acordo com o número<br />
de amostras, local e data, e devidamente enxaguados<br />
com a mesma água sob a torneira,<br />
no momento da coleta. Em seguida, foram<br />
transportados para o laboratório de pesquisa<br />
do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva<br />
(Nepesco) do Departamento de Odontologia<br />
Infantil e Social da Universidade Estadual<br />
Paulista Júlio de Mesquita Filho no campus de<br />
Araçatuba, onde foram feitas as análises.<br />
O método usado para a determinação do<br />
teor de flúor foi o eletrométrico, usando-se um<br />
potenciômetro digital (SA-720-Procyon) com<br />
eletrodo íon-específico (96-09-Orion Research),<br />
previamente calibrado com solução padrão de<br />
fluoreto de sódio, nas concentrações de 0,1 e<br />
1 ppm F.<br />
As análises foram realizadas em duplicata,<br />
com diluição 1:2, sendo 1 ml da amostra<br />
adicionada a 1 ml de Tisab II (tampão<br />
acetado 1 M, pH 5, contendo NaCl 1 M<br />
e ciclohexileno diaminotetracético a 0,4%).<br />
Logo após a agitação magnética da solução,<br />
o eletrodo foi nela imerso e, quando ocorria<br />
estabilização, leituras constantes eram obtidas.<br />
As amostras de água foram classificadas,<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
segundo a concentração de flúor observada<br />
em cada coleta, como aceitáveis (teores de<br />
flúor na faixa de 0,6 a 0,8 ppm F) ou inaceitáveis<br />
(quando o teor encontrado está fora<br />
dessa faixa). 24<br />
RESULTADOS<br />
Com a soma das análises resultantes de<br />
cada local, observamos que a concentração<br />
média de flúor na água distribuída para consumo<br />
durante o período de controle foi de<br />
0,86 ppm F (tab. 1), encontrando-se acima<br />
dos padrões definidos pela Resolução Estadual<br />
SS-250, considerando a temperatura do<br />
ar no Estado de São Paulo (tab. 2).<br />
Em relação às coletas mensais, observamos,<br />
nos meses de maio e junho, 100%<br />
e 94,4%, respectivamente, de amostras inaceitáveis.<br />
Já em julho, houve um aumento<br />
de amostras aceitáveis para 55,6% e 83,4%,<br />
havendo uma diminuição na porcentagem de<br />
amostras inaceitáveis para 44,4% e 16,6%, na<br />
primeira e segunda coleta, respectivamente<br />
(fig. 1). Contudo, mesmo havendo um significativo<br />
aumento de amostras aceitáveis no<br />
último mês de coleta, pudemos observar que,<br />
das 108 amostras analisadas referentes aos 18<br />
locais determinados, 75% foram consideradas<br />
inaceitáveis e apenas 25%, aceitáveis (fig. 2).<br />
DISCUSSÃO<br />
Após ter sido estabelecida a correlação<br />
entre flúor na água potável, cárie e fluorose<br />
dentária na década de 30, Dean 7 propôs uma<br />
concentração ótima de flúor, de aproximadamente<br />
1ppm F, para obtenção de efeito preventivo.<br />
Mais tarde, Galagan & Vermillion, 8<br />
levando em consideração os efeitos ambientais,<br />
acrescentaram a variável média da temperatura<br />
máxima anual de cada localidade à<br />
determinação da dose ótima de flúor. Para<br />
Lins, assim como para outras cidades do<br />
estado de São Paulo, ficou estabelecido, pela<br />
Resolução Estadual SS-250, de 15 de agosto<br />
de 1995, que o teor de flúor ideal na água<br />
é de 0,7 ppm F, sendo considerada potável a<br />
água que apresentar de 0,6 a 0,8 ppm F. No<br />
artigo 2.º, parágrafo único, afirma-se, entretanto,<br />
que as águas destinadas ao consumo<br />
na faixa de 0,8 a 1,0 ppm F são consideradas<br />
dentro do padrão de potabilidade desde<br />
que o serviço de abastecimento público responsável<br />
comprove que a média das temperaturas<br />
máximas diárias do ar no município,<br />
observadas durante um período mínimo de<br />
um ano, encontram-se abaixo de 14,7ºC. 24<br />
Portanto, foram solicitadas, à Estação<br />
Climatológica Auxiliar de Lins da Faculdade<br />
Auxilium de Filosofia, Ciências e Letras<br />
as médias das temperaturas máximas do ar<br />
nos meses correspondentes às coletas de<br />
2001 e 2002, para compararmos se a temperatura<br />
manteve-se estável, assim como a<br />
média máxima anual em 2001, que foi de<br />
31,7ºC. Nos meses de maio e junho de 2001,<br />
a média das máximas foi de 27,6 e 27,1ºC,<br />
respectivamente, e, nos mesmos meses de<br />
2002, foi de 29,8 e 29,6ºC. Observamos um<br />
aumento da temperatura, o que influi diretamente<br />
num aumento do consumo de água e<br />
no consecutivo aumento do risco de toxidade<br />
do flúor, uma vez que a média dos teores de<br />
0,86 ppm F encontrada nesses meses classifica-se<br />
acima dos parâmetros estabelecidos<br />
para o município, de acordo com a temperatura<br />
anual. Esse fato, associado à situação<br />
atual de múltiplas fontes de flúor e à alta prevalência<br />
e severidade da fluorose encontrada<br />
nos dias de hoje, é suficiente para que se<br />
desenvolvam estudos e programas de heterocontrole<br />
da concentração ideal de flúor na<br />
água de abastecimento público que venham<br />
a diminuir a prevalência e a severidade da<br />
fluorose, sem interferir no índice de cárie.<br />
Experiência de heterocontrole, em estudo<br />
transversal, foi relatada por Martildes et al., 13<br />
em que, após seis anos de fluoretação na<br />
cidade de Icó/CE, foram coletadas sete amostras<br />
de águas para verificação dos teores de<br />
flúor. Em cinco delas, foram encontrados<br />
níveis altos, sendo que três amostras continham<br />
0,9 ppm F e duas, 1,0 ppm F – o<br />
que é acima do considerado ótimo para a prevenção<br />
da cárie. Os autores mencionaram<br />
que, apesar de não muito alto, os níveis são<br />
preocupantes e sugeriram a criação de um<br />
sistema de vigilância para a fluoretação diferente<br />
daquele em execução.<br />
A fiscalização do teor de flúor na água de<br />
Lins começou, em 2000, com o Programa de<br />
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo<br />
Humano (Proágua), em que as medições são<br />
feitas de três a quatro meses, conforme a disponibilidade<br />
do programa. ∗ Entretanto, é proposto<br />
que programas baseados no heterocontrole, ou<br />
* Fonte: Secretaria Municipal da Saúde. Sistema de<br />
Vigilância Sanitária. Comunicação pessoal. Lins, 2002.<br />
2 5<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004
seja, no controle dos controladores, sejam realizados<br />
mensalmente para uma correta fiscalização<br />
dos teores de flúor na água, permitindo<br />
avaliações globais do processo que visem à<br />
4, 16, 25<br />
manutenção da regularidade do benefício.<br />
Segundo dados inicialmente fornecidos<br />
pelo laboratório da Sabesp, 21 a média resultante<br />
do teor de flúor na água distribuída<br />
para consumo era de 0,8 ppm F, bem diferente<br />
dos resultados por nós encontrados,<br />
em que o número de amostras inaceitáveis<br />
(acima de 0,8 ppm F) foi superior, enfatizando,<br />
assim, a importância do heterocontrole.<br />
Ressaltando um fator positivo, durante<br />
a execução do presente trabalho, fomos informados,<br />
por meio da empresa de saneamento,<br />
que medidas estavam sendo tomadas frente<br />
aos teores de flúor encontrados, de acordo<br />
com o proposto pela Vigilância Sanitária<br />
local, com a reabertura de dois poços soterrados,<br />
onde pudemos comprovar um aumento<br />
de amostras aceitáveis nas duas coletas do<br />
mês de julho, de 55,6% e de 83,4%, respectivamente<br />
(fig. 1).<br />
Fenômeno semelhante ocorreu no município<br />
de Santos/SP. Segundo Manfredini, 11<br />
após obter primeiramente (maio a julho de<br />
1990) 60,9% de amostras aceitáveis, o heterocontrole<br />
em Santos detectou 94,4% e 100%<br />
de amostras aceitáveis, em 1992 e 1993, respectivamente.<br />
Dessa maneira, percebe-se claramente<br />
a influência que um sistema de heterocontrole<br />
exerce na melhoria da qualidade<br />
da água fluoretada, quando feito de maneira<br />
eficiente. Há 30 anos tem sido observada a<br />
ingestão de flúor tem se tornado acessível por<br />
meio de fontes voluntárias e involuntárias,<br />
havendo uma grande expansão e variedade na<br />
utilização de produtos fluoretados disponíveis<br />
ao consumidor. Isso torna esse elemento químico<br />
de grande importância para a vigilância<br />
4, 15, 17, 28<br />
sanitária.<br />
Uma vez que mais de 50% do consumo<br />
diário de flúor é derivado da água ingerida<br />
(Stannard) 26 e que o teor de flúor na água<br />
está relacionado com o grau de fluorose (Dean<br />
Thylstrup, 7 Fejerskov 27 ), faz-se necessário considerar<br />
o preparo de alimentos e bebidas para<br />
crianças em estágio de desenvolvimento préeruptivo<br />
do esmalte dentário.<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
2 6<br />
TABELA 1. CONCENTRAÇÃO DE FLÚOR (PPM) NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO, COLETADA NO INÍCIO E NO<br />
FINAL DOS MESES DE MAIO A JULHO NOS 18 LOCAIS SELECIONADOS. LINS/SP, 2002.<br />
N Bairro Maio I MaioII JunhoI JunhoII Julho I JulhoII Média<br />
01 Jardim Morumbi 0,9 0,87 0,83 0,9 0,8 0,75 0,8<br />
02 Jardim União 0,85 0,85 0,8 0,85 0,78 0,75 0,83<br />
03 Bom Viver 0,9 0,9 0,85 0,9 0,78 0,75 0,83<br />
04 Centro 0,88 0,95 0,91 0,92 0,86 0,8 0,83<br />
05 Cohab Cris 0,85 0,9 0,85 0,85 0,8 0,75 0,84<br />
06 Centro 0,9 0,91 0,92 0,88 0,88 0,81 0,85<br />
07 Pazzeto 0,88 0,91 0,9 0,9 0,83 0,8 0,86<br />
08 Santa Maria 0,91 0,92 0,9 0,9 0,76 0,75 0,86<br />
09 São João 0,9 0,93 0,9 0,85 0,86 0,78 0,87<br />
10 Santa Therezinha 0,88 0,88 0,9 0,85 0,77 0,75 0,87<br />
11 Garcia 0,9 0,92 0,93 0,84 0,8 0,8 0,87<br />
12 Jardim Pinheiro 0,88 0,91 0,96 0,85 0,85 0,85 0,88<br />
13 Jardim Arapuã 0,9 0,9 0,88 0,84 0,75 0,75 0,88<br />
14 Junqueira 0,91 0,95 0,95 0,9 0,85 0,85 0,88<br />
15 Cohab J.F.O.R 0,95 0,98 0,94 0,85 0,8 0,8 0,88<br />
16 Jardim Fortaleza 0,91 0,93 0,9 0,91 0,91 0,83 0,89<br />
17 Ribeiro 0,95 0,93 0,88 0,9 0,86 0,82 0,9<br />
18 Centro 0,95 0,94 0,88 0,86 0,81 0,8 0,9<br />
CONCENTRAÇÃO MÉDIA DE FLÚOR NA ÁGUA PARA CONSUMO 0.86<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
Com o intuito de discutir aspectos<br />
relativos à necessidade da vigilância sanitária<br />
em fluoretação das águas e os riscos<br />
na associação de vários métodos preventivos,<br />
nos últimos anos, têm sido realizados<br />
alguns estudos em localidades com diferentes<br />
concentrações de flúor nas águas e<br />
sua relação com a prevalência de fluorose.<br />
Essas considerações decorrem de resultados<br />
encontrados em estudos, como os de Tomita<br />
et al. 28 e de Marcelino et al., 12 em que 34,4%<br />
e 24% dos escolares examinados apresentavam<br />
diferentes índices de fluorose dentária<br />
em cidades que apresentavam níveis<br />
ótimos de flúor em suas águas – entre 0,7 a<br />
1,0 e 0,7 ppm F, respectivamente, segundo<br />
informações fornecidas pelas empresas de<br />
saneamento responsáveis –, surgindo questionamentos<br />
sobre tais níveis. Episódios como<br />
esses revelam a necessidade do controle heterogêneo<br />
em cidades com água fluoretada e o<br />
controle de outras fontes de flúor que estão<br />
4, 12, 28<br />
sendo usadas acriticamente.<br />
Narvai et al. 17 descreveram as recomendações<br />
de exposição individual a produtos fluoretados,<br />
tendo como base o acesso da fluoretação<br />
das águas. Assim, pessoas com acesso<br />
a água fluoretada, se de baixo risco de cárie<br />
dentária, não devem fazer uso de bochechos.<br />
Contudo, se forem indivíduos de risco moderado<br />
ou alto, devem receber fluorterapia<br />
intensiva. Sendo assim, essas recomendações<br />
devem ser adotadas pela Coordenação de<br />
Saúde Bucal da Secretaria Municipal de<br />
Saúde de Lins.<br />
Dessa forma, é necessário conhecer o<br />
padrão de fluorose dentária na população de<br />
Lins, em função das concentrações de fluoretos<br />
nas águas associadas a outras fontes de<br />
flúor, como os dentifrícios pelas crianças, e<br />
também diante da dúvida de se realmente<br />
essa população consumiu água com teores<br />
adequados de flúor até o ano de 2000, considerando<br />
que, até então, os únicos dados<br />
que temos são os fornecidos pela própria<br />
empresa existente no município.<br />
CONCLUSÃO<br />
Considerando que grande parte das<br />
amostras de água analisadas apresentaram-se<br />
inaceitáveis, as concentrações elevadas<br />
de flúor na água desse município<br />
podem estar expondo a população infantil<br />
ao desenvolvimento de fluorose dentária. O<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004<br />
TABELA 2. CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS DE ÁGUA SEGUNDO O TEOR DE FLÚOR<br />
PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE<br />
– RESOLUÇÃO SS-250, DE 15/8/95.<br />
Teor de flúor Concentração<br />
< 0,6 ppm Inaceitável<br />
0,60 ppm Mínima aceitável<br />
0,70 ppm Ótima<br />
0,80 ppm Máxima aceitável<br />
0,80 a 1,0 ppm Inaceitável*<br />
*somente serão considerados dentro do padrão de potabilidade se a média das temperaturas<br />
máximas diária do ar no município for abaixo de 14ºC.<br />
GRÁFICO 1. CONDIÇÕES DAS AMOSTRAS MENSAIS QUANTO À CONCENTRAÇÃO<br />
DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO. LINS/SP,<br />
2002.<br />
GRÁFICO 2. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL TOTAL DAS AMOSTRAS QUANTO À<br />
CONCENTRAÇÃO DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO.<br />
LINS/SP, 2002.<br />
mesmo pode acontecer nas crianças expostas<br />
à associação entre o flúor presente nesta<br />
água e as aplicações semanais de bochechos<br />
fluoretados.<br />
Dessa forma, ao conhecer os teores de<br />
flúor encontrados na água dessa localidade,<br />
frente aos malefícios que podem ocasionar<br />
e avaliando a necessidade e importância do<br />
heterocontrole da fluoretação, os profissio-<br />
2 7
nais de saúde e da vigilância sanitária local<br />
poderão melhor planejar suas ações, contribuindo<br />
para a contínua melhoria dos padrões<br />
de saúde da população.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
A Neusa Martins Rovina Antunes, funcionária<br />
do Departamento de Odontologia Infantil e<br />
Social da FOA/Unesp, pela imensa dedicação<br />
e colaboração nas leituras laboratoriais das<br />
amostras de água coletadas.<br />
Ao prof. Orlando Saliba, da FOA/Unesp, pelas<br />
valiosas sugestões na elaboração do presente<br />
trabalho.<br />
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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
2 8<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA<br />
DE TRÊS SISTEMAS ROTATÓRIOS<br />
NO PREPARO DE RAÍZES<br />
MESIOVESTIBULARES CURVAS<br />
EVALUATION OF THE SAFETY OF THREE ROTARY INSTRUMENTS THE PREPARATION<br />
OF MESIAL BUCCAL ROOT CURVE<br />
MARCO ANTONIO HUNGARO DUARTE<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />
DANIELLI FERREIRA COSTA<br />
Especialista em Endodontia pela APCD – Regional Bauru<br />
MILTON CARLOS KUGA<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />
SYLVIO DE CAMPOS FRAGA<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />
JOSÉ CARLOS YAMASSHITA<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />
MITSURU OGATA<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – <strong>Unimep</strong><br />
RESUMO<br />
Avaliou-se a perda do comprimento de trabalho, resistência à fratura<br />
de instrumento e desvio apical proporcionados pelos sistemas<br />
Quantec, Pow-R, Profile Maillefer no preparo de canais curvos.<br />
Foram empregados 27 raízes mesiovestibulares de molares superiores<br />
com curvatura variando de 20 a 40º, que foram divididas aleatoriamente<br />
em 3 grupos, em função do sistema de instrumentação,<br />
obedecendo o seguinte: Grupo I – Sistema Pow-R; Grupo II – Sistema<br />
Profile; Grupo III – Sistema Quantec. Radiografias com um<br />
instrumento 15 no comprimento de trabalho foram realizadas antes<br />
da instrumentação. Pós instrumentação novas radiografias foram<br />
realizadas com um instrumento 25 no interior do canal. As radiografias<br />
pré e pós instrumentação foram escaneadas e analisadas no<br />
sistema Digora quanto ao desvio ocorrido e a perda de comprimento<br />
de trabalho. Os resultados mostraram que o Sistema Quantec foi o<br />
que proporcionou menor desvio e perda de comprimento, apesar da<br />
diferença não ser significante em relação aos demais sistemas. Não<br />
houve ocorrência de fratura de instrumento.<br />
UNITERMOS: INSTRUMENTAÇÃO DO CANAL RADICULAR – INSTRU-<br />
MENTO ROTATÓRIO – SISTEMA QUANTEC – SISTEMA POW-R – SISTEMA<br />
PROFILE.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />
ABSTRACT<br />
The apical deviation, instrument fracture and lost working<br />
length were evaluated when using the Quantec, Pow-R<br />
and Profile Maillefer system to prepare canals with curvature.<br />
Twenty seven mesial-buccal canals of mandibular<br />
molars were selected and divided into three groups: Group I:<br />
Pow-R system; Group II: Profile system; Group III: Quantec<br />
system. The deviation and lost working length analysis<br />
was done by radiographs that were scanned and evaluated<br />
by the Digora program. The results showed that the Quantec<br />
system deviated less and had less lost working length than<br />
the Pow-R and Profile systems; however, there was no statistically<br />
significant difference. There were no fractures in the<br />
three systems.<br />
UNITERMS: ROOT CANAL INSTRUMENTATION – ROTARY INSTRU-<br />
MENTATION – QUANTEC SYSTEM – POW-R SYSTEM – PROFILE<br />
SYSTEM.<br />
2 9
3 0<br />
INTRODUÇÃO<br />
Uma nova liga metálica, constituída<br />
basicamente de níquel e titânio, tem sido<br />
empregada na odontologia, em especial na<br />
endodontia, 13, 19 por apresentar alta flexibilidade,<br />
memória elástica e grande resistência à<br />
fratura. 13<br />
Na tentativa de diminuir o tempo de<br />
trabalho e evitar o desgaste físico e emocional<br />
do profissional e do paciente, surgiu a<br />
instrumentação de canais radiculares realizada<br />
com o uso de motores elétricos. 13<br />
Entre os diversos sistemas de instrumentação<br />
mecânica com instrumentos de<br />
níquel e titânio, estão os sistemas Profile,<br />
Pow-R e Quantec. Os três sistemas variam<br />
entre si em relação ao desenho, ângulo de<br />
corte positivo e característica da guia do<br />
instrumento.<br />
O sistema Pow-R apresenta ângulo de<br />
corte positivo, com lâminas agressivas, e sua<br />
guia de penetração é do tipo Roane, isto é,<br />
não apresenta ângulo de transição entre a<br />
guia e a primeira espira e sua conicidade é<br />
tanto de 0,02 como 0,04 mm/mm. 13<br />
O sistema Quantec apresenta duas lâminas<br />
assimétricas, com ângulo de corte positivo,<br />
porém com menor agressividade de<br />
corte do que o Pow-R, redução periférica e<br />
maior massa metálica suportando as lâminas.<br />
Sua guia de penetração pode ser ativa<br />
(SC) e inativa (LX). Sua conicidade varia de<br />
11, 12, 17, 18<br />
0,02 a 0,06 no instrumento 25.<br />
O sistema Profile apresenta ângulo de<br />
corte negativo, com lâminas radiais, secção<br />
transversal em U e guia de penetração inativa,<br />
apresentando conicidades de 0,04 e<br />
0,06. 4, 5<br />
Inúmeros trabalhos 3, 4, 5, 11, 15, 16, 17, 18 têm<br />
sido realizados para avaliar os sistemas isoladamente,<br />
mas há poucos que comparem os<br />
diferentes sistemas.<br />
À luz do conhecimento dos três sistemas<br />
e devido à escassez literária no que se<br />
refere à sua comparação, principalmente em<br />
relação à segurança durante o preparo de<br />
canais curvos, fica aberto o questionamento<br />
para se realizar o esclarecimento.<br />
O objetivo deste trabalho foi comparar<br />
os sistemas Profile Maillefer, Pow-R e Quantec<br />
LX quanto ao desvio apical, perda de<br />
comprimento e fratura, quando utilizados na<br />
dilatação dos canais de raízes mesiovestibulares<br />
de molares superiores.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram utilizados 27 dentes no experimento,<br />
primeiros molares superiores extraídos<br />
que tiveram suas raízes distovestibulares e<br />
palatinas secionadas e desprezadas. Usou-se<br />
apenas a raiz mesiovestibular, onde foram<br />
feitos dois pequenos orifícios com broca Carbide<br />
em alta rotação, preenchidos com<br />
amálgama, um na junção amelocementária<br />
e o outro no início da curvatura da raiz, na<br />
parte vestibular. Esses dentes foram incluídos<br />
em blocos de resina e radiografados com<br />
uma lima tipo K n.º 15 (Dentsply Maillefer,<br />
Ballaigues, Suíça), inserida no canal 1 mm<br />
além do comprimento total da raiz em que se<br />
determinou a odontometria.<br />
Os dentes foram divididos em três<br />
grupos, com nove espécimes cada. Os dentes<br />
do primeiro grupo tiveram os canais instrumentados<br />
com sistema Profile (Dentsply<br />
Maillefer, Ballaigues, Suíça); os do segundo,<br />
com os do sistema Pow-R (Moyco Union<br />
Broach, York, EUA); e o terceiro, com instrumentos<br />
LX do sistema Quantec (Analytic<br />
Endodontics, Califórnia, EUA). O motor<br />
usado em todos os sistemas empregados foi<br />
o Endoplus (Driller, São Paulo, Brasil), com<br />
velocidade de 250 e torque de 1N.<br />
GRUPO I<br />
Os canais foram instrumentados com o<br />
sistema Profile e a seqüência de instrumentação<br />
foi a recomendada pelo fabricante. Técnica:<br />
Orifice Shaper-3 (40-06) até a resistência<br />
Orifice Shaper-2 (30-06) até a resistência<br />
Profile 25-06 até do canal<br />
Profile 20-06 até do canal<br />
Profile 25-04 até do canal<br />
Profile 20-04 até o comprimento real de trabalho<br />
Profile 25-04 até o comprimento real de trabalho<br />
Profile 20-06 até o comprimento real de trabalho<br />
GRUPO II<br />
Os canais foram instrumentados com o<br />
sistema Pow-R, com a seguinte seqüência<br />
operatória. Técnica:<br />
Pow-R 45-08 até a resistência<br />
Pow-R 35-06 até a resistência<br />
Pow-R 25-06 até a resistência<br />
Pow-R 40-04 até a resistência<br />
Pow-R 35-04 até a resistência<br />
Pow-R 15-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Pow-R 20-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
Pow-R 15-04 até o comprimento real de trabalho<br />
Pow-R 25-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Pow-R 20-04 até o comprimento real de trabalho<br />
Pow-R 30-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Pow-R 30-04 até o comprimento real de trabalho<br />
GRUPO III<br />
Os canais foram instrumentados com o<br />
sistema Quantec, com a seguinte seqüência<br />
operatória:<br />
Orifice Shaper-3 (40-06) até a resistência<br />
Orifice Shaper-2 (30-06) até a resistência<br />
Q1-25-06 até a resistência<br />
Q2-15-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Q3-20-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Q4-25-02 até o comprimento real de trabalho<br />
Q5-25-03 até o comprimento real de trabalho<br />
Q6-25-04 até o comprimento real de trabalho<br />
Q7-25-05 até 1mm aquém do comprimento<br />
real de trabalho<br />
Q8-25-06 até 2mm aquém do comprimento<br />
real de trabalho<br />
Q9-40-02 acabamento do preparo<br />
Q10-45-02 acabamento do preparo<br />
RESULTADOS<br />
Na tabela 1, estão as médias de desvio<br />
em graus e desvios-padrão dos grupos estudados.<br />
No gráfico 1, encontram-se representadas<br />
as médias dos desvios apicais, em<br />
graus, dos grupos estudados.<br />
TABELA 1. MÉDIAS E DESVIOS-PADRÃO DOS GRUPOS ESTUDADOS, EM GRAUS.<br />
Média Desvio-padrão Amostra<br />
Pow-R 1.88 5.08 9<br />
Profile 1.3 1.41 9<br />
Quantec 0.88 3.62 9<br />
GRÁFICO 1. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS MEDIAS DE DESVIO, EM GRAUS.<br />
Após o preparo, todos os dentes foram<br />
radiografados com uma lima tipo K n.º 25<br />
(Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), inserida<br />
no canal em toda extensão de instrumentação.<br />
Todas as radiografias, do pré e do<br />
pós-operatório, foram escaneadas no scanner<br />
HP4C, fazendo-se, em seguida, a medição<br />
do desvio e da perda do comprimento de trabalho<br />
no sistema Digora.<br />
Dos dois pontos de amálgama, traçou-se<br />
uma reta, que se encontrava com uma outra,<br />
vinda da guia de penetração do instrumento<br />
até o ponto do início da curvatura. Com<br />
isso, foi possível obter os ângulos pré e pósoperatórios<br />
que eram acusados pelo Digora.<br />
Da subtração dos dois, resultou o grau de<br />
desvio.<br />
Para análise da perda de comprimento,<br />
media-se a extensão do final do instrumento<br />
até o final da raiz, nas radiografias pré e<br />
pós-operatórias. Da subtração dos dois comprimentos<br />
conseguidos obteve-se a alteração<br />
ocasionada no comprimento de trabalho.<br />
Os dados foram submetidos ao crivo estatístico,<br />
para evidenciar a significância entre<br />
os grupos estudados, empregando o teste de<br />
Kruskal-Wallis para a análise global e o teste<br />
de Miller para comparações individuais.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />
TABELA 2. MÉDIAS E DESVIOS-PADRÃO DA PERDA DE COMPRIMENTO, EM MILÍ-<br />
METRO, DOS GRUPOS ESTUDADOS.<br />
Média Desvio-padrão Amostra<br />
Pow-R 0.77 1.78 9<br />
Profile 0.8 0.64 9<br />
Quantec 0.6 1.43 9<br />
GRÁFICO 2. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS MÉDIAS DE PERDA DE COMPRI-<br />
MENTO, EM MILÍMETRO, DOS GRUPOS ESTUDADOS.<br />
3 1
3 2<br />
Na tabela 2, estão as médias e desviospadrão<br />
da perda de comprimento, em milímetros.<br />
No gráfico 2, encontra-se a representação<br />
das médias da perda de comprimento<br />
de trabalho, em milímetros, dos grupos estudados.<br />
Os dados foram submetidos à comparação<br />
estatística global pelo teste de Kruskal-<br />
Wallis, não se encontrando diferença significativa<br />
entre os grupos estudados (p > 0,05)<br />
tanto no desvio como na perda de comprimento.<br />
DISCUSSÃO<br />
Os instrumentos de níquel-titânio têm<br />
demonstrado boa segurança e resistência em<br />
relação aos instrumentos de aço inoxidável,<br />
sendo mais seguros no preparo de canais<br />
curvos. 1, 6, 9 Por apresentarem segurança, boa<br />
resistência à rotação, sofrerem menos estresse<br />
e terem maior resistência à corrosão, 13 foram<br />
desenvolvidos instrumentos de níquel-titânio<br />
acionados a motor, como os sistemas<br />
Profile Maillefer e série 29 da Tulsa, Quantec,<br />
Pow-R, Light-speed. Eles variam entre<br />
si quanto à apresentação em diâmetro, conicidade,<br />
tamanho da parte ativa, forma da<br />
guia de penetração e desenho. A literatura é<br />
escassa quanto à comparação entre os três<br />
métodos, havendo estudos que avaliam os<br />
sistemas individualmente.<br />
No presente trabalho, foram comparados<br />
os sistemas Profile da Maillefer, que<br />
apresenta lâmina radial e ângulo de corte<br />
negativo, possuindo conicidades de 0,04 e<br />
0,06, e, para a dilatação da embocadura e<br />
dos dois terços cervicais, o Orifice Shaper,<br />
com os instrumentos 2 (D0 30 e conicidade<br />
de 0,06) e 3 (D0 40 e conicidade de 0,06).<br />
Foi utilizado, também, o sistema Quantec,<br />
que apresenta desenho diferente, com ângulo<br />
de corte levemente positivo, apresentando<br />
uma maior massa de metal suportando as<br />
lâminas e conicidade variando de 0,02 a<br />
0,06. Para o preparo cervical desse sistema,<br />
também foi empregado o Orifice Shapers. O<br />
terceiro sistema empregado foi o Pow-R, com<br />
ângulo de corte bem positivo, secção triangular,<br />
conicidades de 0,02 e 0,04 e guia de<br />
penetração tipo Roane, ou seja, sem ângulo<br />
de transição entre a guia e o início das espiras.<br />
Quanto à perda de comprimento de trabalho,<br />
observou-se a maior perda para o<br />
Profile, seguido do Pow-R. O que tendeu<br />
a ter menor perda foi o Quantec, apesar<br />
de, no confronto estatístico, não se observarem<br />
diferenças entre os grupos. Bryant et<br />
al. 3, 4 encontraram valores de perda de comprimento<br />
bem mais baixos, de 0,063 mm,<br />
contra 0,8 mm do presente trabalho. Há de<br />
se ressaltar que, neste trabalho, foram usados<br />
dentes naturais, enquanto Bryant et al. 3, 4 utilizaram<br />
blocos de acrílico. Quanto ao sistema<br />
Quantec, Thompson e Dummer<br />
17, 18<br />
não encontraram perda de comprimento de<br />
trabalho, discordando do presente trabalho,<br />
em que este fato ocorreu, e no valor de 0,6<br />
mm. Esta perda de comprimento pode estar<br />
relacionada aos desvios ocorridos, o que fez<br />
com que os instrumentos não conseguissem<br />
chegar no comprimento de trabalho.<br />
Quanto à fratura de instrumento, ela não<br />
foi observada, discordando dos resultados de<br />
Thompson e Dummer, 17, 18 para o Quantec,<br />
3, 4, 5<br />
e corroborando os dados de Bryant et al.,<br />
para o Profile. Para o Quantec, Korzen 12 atribui<br />
índice baixo de fratura devido a esse instrumento<br />
apresentar maior massa metálica<br />
suportando as lâminas.<br />
No desvio apical, foi observada uma<br />
menor incidência para o Quantec, seguido do<br />
Profile Maillefer, enquanto os piores resultados<br />
foram do Pow-R, apesar de não haver<br />
diferença estatisticamente significativa entre<br />
os três grupos. Bonetti Filho e Tanomaru<br />
Filho, 2 usando o sistema Quantec, observaram<br />
sua boa segurança. Comparando o sistema<br />
Quantec 2000 ao Profile Maillefer e ao<br />
Profile série 29, Duarte et al. 8 encontraram<br />
resultados similares ao do presente trabalho,<br />
em que o Quantec desviou menos, mas não<br />
se diferenciou estatisticamente dos sistemas<br />
Profile. Já Thompson e Dummer 18 observaram<br />
um grande número de desvios e quatro<br />
perfurações, quando do uso do Quantec em<br />
blocos de resina. Os autores atribuíram a responsabilidade<br />
pelo maior índice de desvios<br />
ao desenho da guia de penetração. Outro<br />
fator explicativo para a diferença de resultados<br />
foi que empregaram, como instrumento<br />
de memória, o instrumento n.º 9, que apresenta<br />
diâmetro 40, enquanto no presente trabalho<br />
foi empregado o de n.º 6, que tem diâmetro<br />
25 e conicidade de 0,04. Um baixo<br />
índice de desvios com a Quantec LX, a utilizada<br />
no presente trabalho, foi observado por<br />
Griffiths et al., 11 alertando que os tamanhos<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
8 (25/06), 9 (40/02) e 10 (45/10) não devem<br />
ser usados em toda a extensão, pois tendem<br />
a desviar mais, confirmando os resultados<br />
de Thompson e Dummer, 18 que tiveram alto<br />
índice de desvios.<br />
Para os sistemas Profile e Pow-R, o<br />
desvio foi maior, em relação ao sistema<br />
Quantec, apesar de não haver diferença significativa.<br />
Esse fato pode ser devido à facilidade<br />
de os instrumentos atingirem o<br />
comprimento de trabalho, por parte do sistema<br />
Quantec, e também ao seu desenho,<br />
que possui uma massa metálica menor no<br />
eixo central, o que favoreceria uma menor<br />
tensão contra a parede externa. Thompson e<br />
Dummer, 16 avaliando o sistema Profile série<br />
29, observaram baixo índice de desvios, discordando<br />
dos nossos resultados. Já Bryant et<br />
al. 4 constataram um grande número de desvios<br />
para o sistema Profile Maillefer. Bryant<br />
et al., 5 em 1999, analisando o Profile Maillefer<br />
0,04 e 0,06, verificaram baixos índices<br />
de desvios, atribuindo o resultado ao fato de<br />
utilizar, antes, a conicidade 0,06. Com isso,<br />
os instrumentos com conicidade 0,04 atuam<br />
com menor tensão na região apical.<br />
Para o sistema Pow-R, o maior desvio<br />
pode estar relacionado ao ângulo de corte<br />
mais agressivo, podendo apresentar maior<br />
desgaste contra a parede externa.<br />
Em relação à velocidade empregada,<br />
usou-se a mesma velocidade, ou seja, 250<br />
rpm, para os três sistemas. Gabel et al. 10<br />
observaram menor índice de fratura em<br />
rotações mais baixas para o sistema Profile.<br />
Outro fator importante é o torque, que<br />
também foi padronizado para os três sistemas,<br />
no valor de 1N. Há de se ressaltar que<br />
valores baixos de torque tencionam menos<br />
os instrumentos, minimizando o risco de fratura,<br />
pois é preferível que eles travem a que<br />
fraturem.<br />
Quanto à metodologia empregada, o uso<br />
de dentes e de radiografia, para esse tipo de<br />
análise, tem sido bastante utilizado, 6, 7, 8, 9 daí<br />
ter sido adotado neste trabalho. Quanto ao<br />
escaneamento e análise no sistema Digora,<br />
achamos que é um método viável e preciso.<br />
O uso de blocos de resina talvez favoreça<br />
uma melhor padronização, em termos de<br />
valor da curvatura, porém foge da realidade<br />
clínica pois a resina apresenta dureza diferente<br />
daquela da dentina, devendo os resultados<br />
ser interpretados com certo cuidado.<br />
CONCLUSÕES<br />
Diante do exposto no presente trabalho e<br />
da discussão pertinente, pôde-se concluir que:<br />
• não houve nenhum instrumento fraturado<br />
para os sistemas analisados;<br />
• não houve diferença estatisticamente significativa<br />
entre os três sistemas quanto ao<br />
desvio apical;<br />
• não houve diferença estatisticamente significativa<br />
entre os três sistemas quanto à<br />
perda de comprimento de trabalho.<br />
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3 3<br />
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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
3 4<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE UM<br />
GRUPO DE TERCEIRA IDADE PORTADOR<br />
DE PRÓTESE TOTAL, ANTES E APÓS<br />
PROGRAMA DE SAÚDE BUCAL<br />
ANALYSIS OF THE ELDERLY ’S BEHAVIOR CARRIERS OF TOTAL PROSTHESIS,<br />
BEFORE AND AFTER AN ORAL HEALTH PROGRAM<br />
SUZELY ADAS SALIBA MOIMAZ<br />
NEMRE ADAS SALIBA<br />
CLÁUDIA LETÍCIA VENDRAME DOS SANTOS<br />
Professora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Programa de<br />
Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social – Unesp<br />
Professora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Programa de<br />
Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social – Unesp<br />
Aluna da graduação, bolsista da Fapesp, da Faculdade de Odontologia de<br />
Araçatuba – Unesp<br />
RESUMO<br />
A pirâmide populacional brasileira modificou-se nos últimos<br />
anos, devido ao aumento da esperança de vida ao nascer e<br />
conseqüente envelhecimento populacional. Tendo em vista as<br />
necessidades da população idosa, busca-se adaptar as ações de<br />
saúde, que promovam a melhoria da qualidade de vida desses<br />
indivíduos. Grande parte da população adulta no Brasil é portadora<br />
de algum tipo de prótese. Assim, este estudo foi desenvolvido<br />
com o grupo da 3ª Idade do município de Piacatu/SP, portadores<br />
de Prótese total superior e/ou inferior, com o propósito<br />
de avaliar cuidados dispensados às próteses dentárias e à higienização<br />
bucal. Foram efetuadas entrevistas com 72 pessoas e<br />
analisadas as mudanças de comportamento, antes e após a realização<br />
de programa educativo voltado à promoção de saúde.<br />
Realizaram-se 6 reuniões pedagógicas com o grupo para treinamento<br />
relativo aos métodos de higienização, conservação<br />
e utilização de próteses totais e cuidados com a boca, além<br />
de orientações sobre auto-exame bucal. Entre os participantes,<br />
notou-se que 66% usavam prótese a mais de 20 anos e 55%<br />
apontaram como principal motivo de substituição o desgaste.<br />
No início 22,22% tiravam a dentadura à noite e após o programa<br />
32,43% passaram a retirá-la e imergi-la em solução.<br />
Quanto à limpeza das próteses, 3,69% usavam água; a princípio<br />
6,93% utilizavam escova e sabão e 21,62% passaram a<br />
usá-los no final. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que<br />
houve melhora na higienização das próteses totais dos idosos,<br />
bem como mudança de comportamento relativos à saúde bucal.<br />
UNITERMOS: HIGIENIZAÇÃO – IDOSOS – PRÓTESE TOTAL.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />
ABSTRACT<br />
The Brazilian population pyramid modified in the last years<br />
because of the increase in life expectancy and consequently,<br />
the increase in the aging population. With the elderly population<br />
needs in mind, it is necessary to adapt health services to<br />
improve the quality of life of these individuals. A great part<br />
of the adult population are carriers of some type of prosthesis.<br />
Thus, this study was developed to study a group of elderly<br />
people of Piacatu/SP municipal district who were carriers of<br />
upper and/or lower prosthesis, in order to assess the care for<br />
the prostheses and oral hygiene. Interviews were carried out<br />
with 72 people and behavior changes were analyzed, before<br />
and after the educational program for health promotion. Six<br />
educational sessions were carried out with the group to train<br />
them in hygiene methods, care of the mouth, oral self-examination<br />
and conservation and utilization of the prosthesis.<br />
Among the participants, 66% used prosthesis more than 20<br />
years and 55% reported wear as the main reason for substitution.<br />
In the beginning 22.22% removed the dentures at night<br />
and after the program 32.43% started to remove them and<br />
to immerse them in a solution. With relationship to the cleaning<br />
of the prosthesis, 3.69% used water; at first 6.93% used<br />
brushing and soap and in the end 21.62% started to use<br />
this procedure. From the obtained results, it can be concluded<br />
that there was improvement by the elderly in the hygiene of<br />
the prostheses, as well as change of behavior concerning oral<br />
health.<br />
UNITERMS: ORAL HYGIENE – ELDERLY – TOTAL PROTHESIS.<br />
3 5
3 6<br />
INTRODUÇÃO<br />
O envelhecimento populacional, como<br />
fenômeno mundial, atinge também o Brasil. 3,<br />
8, 12, 13, 14<br />
Dados indicam que, em 2020, 14 9%<br />
da população brasileira – ou seja, 18 milhões<br />
de pessoas – terão 65 anos ou mais. Com<br />
a mudança do perfil populacional e a elevação<br />
da perspectiva de vida, há que se planejar<br />
ações de saúde que contribuam para a<br />
melhoria do bem-estar dessa crescente população.<br />
A saúde bucal é parte constituinte da<br />
saúde geral. Assim, é necessário que odontólogos<br />
conheçam as condições bucais dessa<br />
população, principalmente a do local ou da<br />
comunidade em que atuam, 2, 13 definindo<br />
problemas e buscando soluções, realizando o<br />
papel de promotor de saúde e colaborando<br />
com o aumento da auto-estima desse grupo.<br />
É certo que a maioria dos idosos de<br />
hoje passou por uma odontologia puramente<br />
curativa, o que implica reduzido número de<br />
dentes hígidos 3, 11 e deficiência das estruturas<br />
bucais, resultando, conseqüentemente, em<br />
usuários de próteses total 3, 6 ou que necessitam<br />
ser reabilitados. Rosa et al. confirmam<br />
essa realidade ao realizar um trabalho em<br />
que, “no município de São Paulo, 79,4% dos<br />
idosos examinados eram edêntulos e 97%<br />
necessitavam de algum tipo de prótese”.<br />
A reabilitação do sistema estomatognático<br />
é importante, pois contribui com<br />
o aumento da auto-estima e acarreta em<br />
melhora da saúde geral. 3, 10 Conforme apresenta<br />
Moriguchi, 5 “a perda da dentição<br />
influi sobre a mastigação, digestão, gustação,<br />
pronúncia e aspecto estético e predispõe a<br />
doenças geriátricas”. Então, para executar<br />
suas funções e colaborar para o bem-estar<br />
do paciente, o aparelho deve estar em boas<br />
condições de funcionamento e, acima de<br />
3, 11<br />
tudo, apresentar-se limpo.<br />
Considerando que o grau de senilidade<br />
geralmente prejudica a coordenação motora<br />
e debilita as funções, 14 e somando a falta de<br />
conhecimento e de conscientização, isso certamente<br />
acarreta precariedade da limpeza,<br />
influenciando no processo saúde/doença.<br />
Assim, é necessário que o cirurgião-dentista,<br />
como promotor de saúde, conheça a população<br />
com a qual trabalha para poder contribuir<br />
com a melhoria da sua qualidade de<br />
vida, por meio da transmissão de informações<br />
e da prestação de serviços.<br />
PROPOSIÇÃO<br />
Os autores propuseram-se, neste estudo,<br />
a analisar os cuidados dispensados por indivíduos<br />
de um grupo da Terceira Idade à boca<br />
e a suas próteses totais, antes e após a realização<br />
de um programa educativo.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
O estudo foi desenvolvido no grupo<br />
da Terceira Idade do município de Piacatu.<br />
Após a permissão das autoridades locais, os<br />
indivíduos portadores de prótese total que se<br />
propuseram a participar da pesquisa assinaram<br />
o consentimento livre e esclarecido, de<br />
acordo com o CEP local.<br />
Realizou-se uma reunião inicial, na qual<br />
explicou-se aos participantes o objetivo do<br />
trabalho e buscou-se uma aproximação e a<br />
confiança do grupo.<br />
Foram entrevistados 72 indivíduos, seguindo<br />
um formulário que continha 15 questões relacionadas<br />
ao uso da dentadura, métodos de limpeza,<br />
meios de conservação e manutenção do aparelho,<br />
tempo de vida útil, conhecimentos referentes<br />
ao uso prolongado da prótese. Abordou-se,<br />
também, forma de limpeza da cavidade bucal e<br />
motivos de perda dos dentes.<br />
Em reuniões subseqüentes, os participantes<br />
receberam orientações e treinamentos<br />
individuais relacionados à limpeza e manutenção<br />
do aparelho, instrumentos e métodos<br />
para melhor higienizar e conservar a prótese.<br />
Foram apresentados métodos alternativos<br />
de limpeza, como escovas específicas para<br />
dentadura (bitufo) e raspadores linguais.<br />
Também foram utilizados materiais didáticopedagógicos,<br />
como modelos odontológicos,<br />
diapositivos, folhetos e cartazes e o Manual<br />
para Conservação e Higienização de Prótese<br />
Dentárias, do Núcleo de Pesquisas em Saúde<br />
Coletiva (Nepesco) da FOA – Unesp. 16<br />
Quanto aos cuidados com a boca, os participantes<br />
foram instruídos sobre a importância<br />
da retirada noturna da prótese, sendo<br />
incentivadas a limpeza do rebordo com gaze<br />
umedecida e a escovação da língua. Os indivíduos<br />
também receberam orientações e treinamento<br />
para realização do auto-exame bucal.<br />
À frente do espelho, reconheciam as estruturas<br />
da boca e eram instruídos sobre como<br />
diagnosticar alterações patológicas, visando ao<br />
diagnóstico precoce do câncer bucal. Nessa<br />
fase, foi possível identificar os indivíduos que<br />
apresentavam lesões e encaminhá-los para dis-<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
ciplinas específicas da Faculdade de Odontologia<br />
de Araçatuba – Unesp.<br />
No total, foram realizados seis encontros<br />
com os participantes, sendo dois individuais,<br />
ou seja, os pesquisadores com cada<br />
idoso, e quatro coletivos, em que os temas<br />
antes abordados foram reforçados de forma<br />
expositiva.<br />
Terminado o programa, os indivíduos<br />
foram novamente entrevistados de acordo<br />
com um formulário com 12 questões. Procurou-se<br />
identificar possíveis mudanças no<br />
comportamento dos participantes, além de<br />
avaliar a eficácia das ações desenvolvidas e o<br />
conhecimento adquirido durante o trabalho.<br />
GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA.<br />
GRÁFICO 2. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO OS MOTIVOS ALEGADOS<br />
DA PERDA DENTÁRIA.<br />
RESULTADO E DISCUSSÃO<br />
O estudo possibilitou observar que esse<br />
grupo populacional em crescimento é carente<br />
afetivamente e tem necessidade de atenção<br />
relacionada à saúde, incluindo a odontológica.<br />
No Brasil, considera-se idoso o indivíduo com<br />
60 anos ou mais. 5 A implantação de grupos<br />
de Terceira Idade tem sido benéfica, proporcionando<br />
lazer, distração e até ocupação. Da<br />
população estudada, 51,39% tinham menos<br />
de 60 anos e pertenciam ao grupo, o que possivelmente<br />
demonstra a necessidade de um<br />
resgate social (gráf. 1).<br />
A percepção de saúde e os conhecimentos<br />
dos indivíduos refletem na sua concepção<br />
sobre vida útil do dente e até mesmo na<br />
crença sobre os motivos pelos quais eles<br />
foram perdidos. 2 Assim, como motivo das<br />
exodontias dos dentes, 50,78% (gráf. 2)<br />
afirmaram que eles sofreram apodrecimento,<br />
como se fosse um processo natural.<br />
Poucos eram os indivíduos parcialmente<br />
desdentados. Houve resistência às novas<br />
informações, que muitas vezes contradiziam<br />
o seu conhecimento. Por se sentirem marginalizados,<br />
não acreditam na idéia de qualidade<br />
de vida por meio da melhora da higienização<br />
da boca e do aparelho reabilitador.<br />
Assim como a limpeza, a adaptação é<br />
um fator indispensável para o uso da prótese<br />
e o conforto do paciente. Mesmo tendo<br />
os rebordos bastante reabsorvidos, 64,44%<br />
deles garantem boa adaptação ao aparelho.<br />
TABELA 1. RESPOSTAS OBTIDAS A PARTIR DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM 72 INDIVÍDUOS DO GRUPO DE TERCEIRA<br />
IDADE DO MUNICÍPIO DE PIACATU/SP, 2001.<br />
PERGUNTA SIM NÃO MAIS OU MENOS<br />
Nº % Nº % Nº %<br />
A prótese substitui os dentes<br />
naturais de forma satisfatória 24 33,33 23 31,94 25 34,72<br />
Dificuldade de adaptação<br />
ao uso da prótese 29 40,27 28 38,88 15 20,33<br />
A prótese está bem acomodada 50 69,44 14 19,44 8 11,12<br />
Acha sua prótese limpa 63 87,50 4 5,55 5 6,94<br />
Apresenta dificuldade em limpar<br />
a prótese 10 13,88 53 73,61 9 12,50<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />
3 7
TABELA 2. RESPOSTAS OBTIDAS A PARTIR DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM 72 INDIVÍDUOS DO GRUPO DE TERCEIRA<br />
IDADE DO MUNICÍPIO DE PIACATU/SP, 2001.<br />
PERGUNTA SIM NÃO ÀS VEZES<br />
Nº % Nº % Nº %<br />
Freqüência de quelite angular 18 25 27 37,50 27 37,50<br />
Dor na região da ATM 12 16,66 51 70,83 9 12,5<br />
Dor de cabeça relacionada a prótese 7 9,72 60 83,33 5 6,94<br />
Remove a prótese à noite 16 22,22 53 73,61 3 4,16<br />
Escova a prótese 71 98,61 1 1,38 – –<br />
GRÁFICO 3. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS QUE RETIRARAM A PRÓTESE PARA<br />
DORMIR.<br />
GRÁFICO 4. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDIVÍDUOS<br />
SEGUNDO OS MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO RETI-<br />
RAM A PRÓTESE NO PERÍODO NOTURNO.<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
3 8<br />
Quanto à satisfação, 31,94% disseram-se<br />
insatisfeitos com a prótese e 34,72% se conformavam,<br />
considerando a estética, a função<br />
e, acima de tudo, a ausência de dor causada<br />
pelos dentes. Dos participantes, 61,6% tiveram<br />
dificuldade em se acostumar com o aparelho,<br />
conforme relacionado na tabela 1.<br />
A retirada da prótese é recomendada<br />
para alívio do tecido de suporte. A indicação<br />
é para ser removida no período noturno. 1<br />
Pode haver uma relação direta entre adaptação<br />
e remoção do aparelho, pois, temendo<br />
uma má adaptação no dia seguinte, poucos<br />
indivíduos retiram-na para dormir.<br />
Verifica-se, na tabela 2, que apenas<br />
22,22% retiravam a prótese à noite antes do<br />
programa. Foram obtidos resultados positivos,<br />
tendo em vista que, na segunda análise,<br />
52,06% tentaram retirar a prótese. Assim,<br />
32,43% conseguiram, após o programa,<br />
dormir sem o aparelho e 19,63% passaram<br />
a retirá-lo ocasionalmente (gráf. 3). Quanto<br />
aos que não retiraram a prótese, 52% alegaram<br />
falta de costume e 20% não conseguiram<br />
ficar sem ele (gráf. 4).<br />
Também se questionou onde as próteses<br />
eram colocadas nesse intervalo de<br />
tempo. O gráfico 5 mostra os locais de<br />
armazenamento das próteses. Entre os<br />
22,22% que a retiravam, 59,09% colocavam-na<br />
em um copo com água, meio recomendado<br />
por muitos profissionais. 1 O restante<br />
a mantinha em meios alternativos<br />
extremamente variados. Na segunda entrevista,<br />
observou-se que a variedade de meios<br />
alternativos diminuiu e que todos os que<br />
retiraram a dentadura passaram a imergi-la<br />
em solução. Foram orientados para a colocação<br />
de desinfetante, ou seja, de uma<br />
colher de chá de água sanitária (Q-Boa),<br />
dissolvida em um copo com água. 1 O<br />
gráfico 6 demonstra que 34,61% cumpriram<br />
o orientado e 57,69% usaram a água<br />
pura como solução de imersão.<br />
Como se vê no gráfico 7, antes do<br />
programa, o meio de limpeza mais usado<br />
pelos participantes era a escova com pasta,<br />
mesmo que essa não tenha sido a indicação<br />
dos profissionais da área, devido à ação de<br />
abrasivos provenientes do creme dental. 1<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
GRÁFICO 5. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO O LOCAL DE ARMA-<br />
ZENAMENTO DA PRÓTESE TOTAL QUANDO<br />
RETIRADA NO PERÍODO NOTURNO (RESUL-<br />
TADO ANTES DO PROGRAMA EDUCATIVO).<br />
GRÁFICO 6. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO O LOCAL DE ACOMO-<br />
DAÇÃO DA PRÓTESE NO PERÍODO NOTURNO<br />
(RESULTADO DEPOIS DO PROGRAMA EDU-<br />
CATIVO).<br />
GRÁFICO 7. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO OS MATERIAIS UTILIZA-<br />
DOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DA PRÓTESE<br />
TOTAL (RESULTADO ANTES DO PROGRAMA<br />
EDUCATIVO).<br />
GRÁFICO 8. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS SEGUNDO OS MATERIAIS UTILIZA-<br />
DOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DA PRÓTESE<br />
TOTAL (RESULTADO DEPOIS DO PROGRAMA<br />
EDUCATIVO).<br />
Do total dos indivíduos, 90,27% utilizavam<br />
esse método. O gráfico 8 demonstra que, na<br />
segunda análise, aumentou o percentual de<br />
indivíduos que passaram a usar o método<br />
indicado. Desse modo, 21,62% adotaram<br />
escova e sabão neutro para higienização do<br />
aparelho.<br />
Quanto à substituição do aparelho,<br />
notou-se que 44,44% dos participantes<br />
nunca haviam trocado as próteses. Entre<br />
as respostas, obteve-se que 55,56% já a<br />
substituíram e 55% apontaram como fator<br />
principal da troca o desgaste, seguido da<br />
fratura do aparelho, razão de 32,5% das<br />
substituições (gráf. 9).<br />
É perceptível, pelo gráfico 10, que 66%<br />
usavam o aparelho há mais de 20 anos, o<br />
que retrata a odontologia curativa 11 e reabilitadora<br />
3, 6 pela qual passaram.<br />
Quanto aos cuidados dispensados à<br />
boca, observa-se, no gráfico 11, que 76%<br />
dos participantes realizavam bochechos com<br />
água. Motivou-se a escovação da língua e a<br />
limpeza da bochecha e do rebordo com gaze<br />
úmida.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />
GRÁFICO 9. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS, SEGUNDO MOTIVO DA SUBSTI-<br />
TUIÇÃO DA PRÓTESE TOTAL.<br />
Após o programa, 59,46% passaram<br />
a utilizar a técnica. Desses, 90,9% afirmaram<br />
que não tiveram dificuldades em realizá-la.<br />
Entre os que a praticaram, 86,36%<br />
consideraram o método eficiente e 13,64%<br />
adaptaram a técnica, preferindo massagear<br />
o rebordo com escova ou com o dedo. 1<br />
Dos que não a executaram, 33% justificaram<br />
como não sendo necessária sua realização,<br />
20% não gostaram da técnica, 27% alegaram<br />
esquecimento e 20% apontaram descuido ou<br />
relaxamento (gráf. 12).<br />
3 9
GRÁFICO 10. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />
VÍDUOS, SEGUNDO TEMPO DE USO DA<br />
PRÓTESE.<br />
GRÁFICO 11. MÉTODOS UTILIZADOS PARA HIGIENI-<br />
ZAÇÃO BUCAL PELOS INDIVÍDUOS ENTRE-<br />
VISTADOS.<br />
Conclui-se que o programa realizado,<br />
por meio da informação, do incentivo e da<br />
motivação, foi capaz de provocar mudanças<br />
de comportamento nos membros do grupo<br />
da Terceira Idade, comprovando sua capacidade<br />
de aprendizagem.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado<br />
de São Paulo (Fapesp), pela concessão de<br />
bolsa de Iniciação Científica.<br />
À Tatiane Bueno Gomes, pelo auxílio e participação<br />
no trabalho com idosos.<br />
Ao Grupo da Terceira Idade e à Prefeitura Municipal<br />
de Piacatu.<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
4 0<br />
GRÁFICO 12. DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS SEGUNDO<br />
O MOTIVO PELO QUAL NÃO REALIZARAM LIM-<br />
PEZA DA BOCA CONFORME ORIENTADO.<br />
Assim, pode-se constatar que essa população<br />
em crescimento necessita de atenção e<br />
de programas de saúde bucal 2, 13 que acarretem<br />
bem-estar pessoal e melhoria de saúde geral.<br />
CONCLUSÃO<br />
Diante dos resultados obtidos, nota-se<br />
que houve mais atenção dos participantes<br />
em relação à boca e aos cuidados com a<br />
prótese, implicando maior eficácia na sua<br />
higienização. Esse grupo populacional tem<br />
direito a melhores condições de saúde e o<br />
profissional da área, incluindo o cirurgiãodentista,<br />
tem papel fundamental na educação,<br />
orientação e prevenção de doenças.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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Odontogeriatria na universidade para não perder tempo.<br />
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16. Saliba NA, Moimaz SAS, Garbin CAS, Brandão IG, Casitho<br />
AP. Manual para Conservação de Prótese Dentária.<br />
NEPESCO – Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
ESTUDO INFILTRATIVO DA PREVALÊNCIA<br />
DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO<br />
DE FURCA DE MOLARES INFERIORES E<br />
SUPERIORES HUMANOS<br />
LEAKAGE STUDY OF THE PREVALENCE OF FURCATION ACCESSORY CANAL IN<br />
UPPER AND LOWER HUMAN MOLARS<br />
CARLOS ALBERTO GARCIA MANIGLIA<br />
FÁBIO PICOLI<br />
ALICE BOLLIGER MANIGLIA<br />
Professor doutor chefe de Endodontia da Faculdade de Odontologia da<br />
Universidade de Franca – Unifran<br />
Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade<br />
de Franca – Unifran<br />
Professora de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade<br />
de Franca – Unifran<br />
RESUMO<br />
A etiologia e o tratamento dos problemas endodônticos e<br />
periodontais demonstram estreitas relações com a anatomia.<br />
Este estudo foi desenvolvido para determinar a freqüência<br />
de canais acessórios presentes na região de furca de molares<br />
superiores e inferiores humanos, através de um método infiltrativo<br />
sob condições de vácuo. Os resultados da infiltração<br />
mostraram, respectivamente que 17,5% dos molares superiores<br />
e 30% dos molares inferiores possuem canais acessórios na<br />
região de furca. Concluindo, o reconhecimento da presença de<br />
canais acessórios na região de furca é pré-requisito para se<br />
evitar possíveis problemas endodônticos e periodontais.<br />
UNITERMOS: ANATOMIA DENTAL INTERNA – CANAIS ACESSÓRIOS<br />
– CANAIS DE FURCA.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />
ABSTRACT<br />
The etiology and treatment of endodontic and periodontal<br />
problems demonstrate narrow relations with dental anatomy.<br />
This study was conducted to determinate the frequency of furcation<br />
accessory canals on upper and lower human molars<br />
by means of an infiltrative method under vacuum conditions.<br />
The results of the infiltrative analysis showed that 17.5% of<br />
the upper molars and 30% of the lower molars studied presented<br />
furcation accessory canals. In conclusion, the acknowledgement<br />
of the presence of furcation accessory canals is<br />
essential to preventing possible endodontic and periodontal<br />
problems.<br />
UNITERMS: INTERNAL DENTAL ANATOMY – ACCESSORY CANALS<br />
– FURCATION CANALS.<br />
4 1
4 2<br />
INTRODUÇÃO<br />
A patologia endodôntica e periodontal<br />
apresenta estreitas relações com a contaminação<br />
bacteriana 24 e com a complexidade da<br />
morfologia dental. 15, 16 Assim, o conhecimento<br />
dos fatores que favorecem a contaminação<br />
bacteriana mostra-se de grande importância,<br />
uma vez que a polpa está em íntima relação<br />
com o periodonto, quer pela presença dos<br />
forames apicais, canais laterais, canais acessórios,<br />
quer pela presença de canais interradiculares.<br />
Esses últimos também têm sido<br />
chamados de canais de furca, por Vertucci<br />
e Willians; 27 canais de bifurcação, por Tidmarsh;<br />
26 canais laterais da área de bifurcação,<br />
por Maning; 17 canais cavo interradiculares,<br />
por Weine; 29 ou simplesmente canais interradiculares,<br />
segundo Cohen e Burns. 5<br />
Entretanto, as informações na literatura<br />
são escassas quanto a estudos a respeito da<br />
morfologia do assoalho da câmara pulpar,<br />
sua permeabilidade e, principalmente, trabalhos<br />
que relacionem a presença desses canais<br />
na região de furca com a patologia endodôntica<br />
e/ou periodontal. 4, 8, 9, 18 Preocupações<br />
com o envolvimento microbiológico do sistema<br />
de canais radiculares têm sido abordadas<br />
em trabalhos como o de Rubach e<br />
Mitchell, 23 que associam a doença pulpar à<br />
complexidade morfológica caracterizada pela<br />
presença de canais acessórios. Já Czarnecki<br />
e Shilder 6 não relacionam a presença de<br />
doença periodontal severa e a doença pulpar.<br />
Nota-se, portanto, que as informações a respeito<br />
do envolvimento patológico causado<br />
pela presença desses canais é controversa, 11,<br />
20<br />
o que impõe questionamentos, pois essa<br />
possibilidade existe desde que haja ingresso<br />
de microrganismos em qualquer uma das<br />
superfícies em questão, via periodonto-polpa<br />
ou polpa-periodonto.<br />
Estudos anteriores 7, 10 mostram essa preocupação,<br />
chamando a atenção para os prognósticos<br />
desfavoráveis de lesões que acometem<br />
a área entre as raízes, tanto do ponto de<br />
vista endodôntico quanto do periodontal e,<br />
particularmente, nos casos mais complexos<br />
que envolvem ambas as estruturas, conhecidas<br />
como lesões endo-periodontais. 5<br />
Portanto, o objetivo do presente estudo<br />
foi avaliar a prevalência de canais acessórios<br />
na região de furca de molares superiores<br />
e inferiores humanos, utilizando o método<br />
infiltrativo de avaliação.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
Foram usados neste experimento 40<br />
molares inferiores e 40 molares superiores<br />
humanos com raízes intactas e não fusionadas,<br />
extraídos por problemas periodontais,<br />
fixados em formol 10%. Após a seleção,<br />
os dentes tiveram suas faces vestibulares<br />
e mesiais identificadas. Posteriormente, a<br />
coroa desses dentes foi removida ± três<br />
milímetros acima do limite cervical (junção<br />
amelo-cementária) com o auxílio de aparelho<br />
de corte e disco diamantado. 14<br />
Obtida a abertura coronária e a<br />
conseqüente exposição de toda a câmara<br />
pulpar, cuidou-se que o assoalho da cavidade<br />
não fosse tocado. Para isso, foi utilizada uma<br />
broca tronco-cônica diamantada com ponta<br />
inativa n.º 4.083 (KG Sorensen, Brasil), em<br />
alta rotação e refrigerada a água.<br />
Os canais radiculares foram, então, irrigados<br />
com hipoclorito de sódio a cada cinco<br />
minutos, por uma hora, de modo a remover<br />
todo o seu conteúdo. 30 Em seguida, os dentes<br />
foram imersos em hipoclorito de sódio a<br />
5,25% por dez minutos, lavados em água<br />
corrente por dez minutos, imersos em EDTA<br />
a 17% por dez minutos, lavados e mantidos<br />
FIGURA 1. MOLAR SUPERIOR COM A COROA REMO-<br />
VIDA ± 3 MM ACIMA DO NÍVEL CERVICAL<br />
E COM ÁPICES RADICULARES REVESTIDOS<br />
COM DUAS CAMADAS DE ESMALTE.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
em geladeira até o momento do uso. 28<br />
Antes do preparo para infiltração, uma lima<br />
tipo K n.º 10 foi introduzida em toda a<br />
extensão do canal, confirmando a ausência<br />
de obstruções.<br />
Todos os ápices radiculares foram revestidos<br />
com duas camadas de esmalte, de<br />
forma a envolvê-los e isolá-los em seus ± três<br />
milímetros finais, deixando livre todo o restante<br />
da superfície dental (fig. 1).<br />
O preparo para infiltração foi realizado<br />
de duas formas: uma, para verificação da infiltração<br />
via coronária, e a outra, por via externa,<br />
radicular. Os dentes foram, então, divididos<br />
aleatoriamente, formando quatro grupos distintos:<br />
grupo I e grupo II, contendo 20 molares<br />
superiores, cada; grupo III e grupo IV, ambos<br />
com 20 molares inferiores.<br />
Nos grupos I e III, as raízes foram introduzidas<br />
em uma mangueira de silicone, de<br />
modo a que toda a parte coronária ficasse<br />
descoberta e a pressão do vácuo exercida<br />
fizesse com que o corante penetrasse via<br />
corono-radicular (fig. 2A). Nos grupos II e IV,<br />
ao contrário, a coroa foi introduzida na mangueira<br />
e o corante penetrou via raiz-coroa<br />
(fig. 2B). Para melhor adaptação, a mangueira<br />
utilizada possuía um diâmetro menor<br />
que o diâmetro da coroa e, no nível cervical,<br />
todo o perímetro do dente foi preso por<br />
uma braçadeira, sendo a mangueira fixada<br />
com cianoacrilato (Super Bonder ® , Loctite<br />
do Brasil Ltda.) (fig. 2C).<br />
Para evidenciar a presença de canais<br />
interradiculares, foi empregada tinta Nankin<br />
(Faber Castel, Brasil) sob vácuo. Utilizou-se,<br />
para isso, uma bomba a vácuo modelo<br />
MA058 (Marconi, Brasil), com pressão controlada<br />
de uma atmosfera, por um período<br />
de cinco minutos. Decorrido esse tempo, a<br />
FIGURA 2<br />
A. Observa-se a cânula de silicone adaptada a um molar inferior. A sucção a vácuo foi realizada<br />
no sentido corono-radicular, identificado pela seta vermelha.<br />
B. Cânula de silicone adaptada a um molar superior, em que a sucção a vácuo foi realizada<br />
no sentido raiz-coroa, conforme sinalizado pela seta vermelha.<br />
C. Braçadeira metálica usada para evitar a passagem de corante (nanquim) entre a cânula<br />
de silicone e a margem do dente, adaptada à cervical de um dos dentes, antes da sucção a<br />
vácuo.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />
4 3
FIGURA 3<br />
A e B. Dentes submetidos a sucção a vácuo no sentido corono-radicular, em que a superfície<br />
externa da furca foi examinada, evidenciando a presença de corante nanquim infiltrado<br />
(pontos negros indicados pelas setas amarelas).<br />
C e D. Dentes submetidos a sucção no sentido raiz-coroa, em que o assoalho da câmara<br />
pulpar foi examinado, revelando a presença de corante nanquim infiltrado (pontos negros<br />
indicados pelas setas amarelas).<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
4 4<br />
superfície exposta ao corante foi limpa com<br />
papel absorvente e o dente, examinado com<br />
o auxílio de uma lupa. Quando a sucção a<br />
vácuo foi realizada no sentido corono-radicular,<br />
a superfície externa da furca foi examinada<br />
(figs. 3A e 3B). Quando a sucção<br />
foi realizada no sentido raiz-coroa, o assoalho<br />
da câmara pulpar foi estudado (figs. 3C<br />
e 3D). A presença de canais interrradiculares<br />
foi determinada pela visão direta da infiltração<br />
do corante por meio da furca (pontos<br />
negros na superfície examinada; setas amarelas<br />
nas figs. 3A, 3B, 3C e 3D). Os dados referentes<br />
ao local e ao número de canais evidenciados<br />
pela presença do corante foram anotados.<br />
Quando presente excesso de corante,<br />
o dente era lavado em água corrente por<br />
dez minutos, deixado secar por uma hora e,<br />
então, examinado. Na persistência de dúvida,<br />
a amostra era descartada.<br />
RESULTADOS<br />
O estudo em questão resumiu-se à avaliação<br />
da superfície interna correspondente<br />
à região do assoalho da câmara pulpar e da<br />
superfície externa relacionada à região de<br />
bifurcação e trifurcação radicular.<br />
A análise das superfícies interna e<br />
externa pelo método de infiltração permitiu<br />
verificar que, nos molares inferiores, os canais<br />
acessórios na região de furca estavam presentes<br />
em 12 dos 40 dentes examinados (30%)<br />
e, nos molares superiores, em sete dos 40<br />
dentes estudados (17,5 %). A localização<br />
desses canais ou forames mostrou predileção<br />
pela região central, sem tendência para se<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
TABELA 1. NÚMERO DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO DE FURCA ENCONTRADOS NOS MOLARES SUPERIORES E INFE-<br />
RIORES EXAMINADOS POR MEIO DO MÉTODO INFILTRATIVO.<br />
DENTES<br />
Área avaliada Molares superiores – Molares inferiores –<br />
nº de canais nº de canais<br />
Superfície externa 03 05<br />
Superfície interna 04 07<br />
Total dentes infiltrados 07 (17.5 %) 12 (30 %)<br />
fixar próximo a qualquer uma das faces.<br />
Esses resultados podem ser visualizados<br />
na tabela 1.<br />
DISCUSSÃO<br />
É possível constatar, na literatura, a existência<br />
de alguns trabalhos sobre a presença<br />
3, 4, 8, 12,<br />
de canais acessórios interradiculares.<br />
18, 27<br />
Entretanto, seu significado não está bem<br />
elucidado. Sua importância, porém, é clara,<br />
se esses canais forem vistos como possíveis<br />
vias de acesso de microrganismos e/ou suas<br />
toxinas. A presença dessa comunicação com<br />
o periodonto parece não influenciar na saúde<br />
periodontal quando a polpa está viva. 6 Contudo,<br />
quando necrosada, pode desencadear,<br />
nos moldes do que ocorre na região apical,<br />
uma reação inflamatória, originando uma<br />
lesão periodontal. 13<br />
Da mesma forma, intervenções periodontais<br />
podem provocar aumento do número<br />
de canais expostos na região, tornando-a<br />
uma via de contaminação da polpa com um<br />
elevado grau de importância, fato mencionado<br />
por Bower 3 e apoiado por Adriaens<br />
et al., 1, 2 que revelam, ainda, que a invasão<br />
bacteriana da superfície dental externa pode<br />
ocorrer se a superfície sofrer algum tipo de<br />
tratamento mecânico periodontal.<br />
Constatou-se neste estudo que, nos<br />
molares inferiores, a incidência de canais no<br />
assoalho da câmara foi de 30% – menor,<br />
portanto, que o encontrado na literatura.<br />
Vertucci e Williams, 27 utilizando um método<br />
semelhante, com exposição prévia dos dentes<br />
ao hipoclorito de sódio, observaram que a<br />
incidência de canais interradiculares variava<br />
entre 46% e 76%.<br />
Entretanto, deve-se considerar que a<br />
presença da foramina não implica existência<br />
de canal. Segundo Lowman et al., 12 a remoção<br />
do cemento pode expor alguns desses canais, o<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />
mesmo ocorrendo nos preparos histológicos por<br />
desgaste, em que o cemento, ou parte dele, é<br />
removido durante o processamento, mostrando<br />
canais antes obstruídos.<br />
Igualmente preocupante é a idade do<br />
dente examinado, uma vez que a camada<br />
de cemento varia com o passar do tempo. 22<br />
Também com a idade, a deposição contínua<br />
de dentina diminui o diâmetro do canal, que<br />
tende a ser obliterado. Esse processo é acelerado<br />
nos dentes envelhecidos, em que a polpa<br />
já sofreu em função de patologias como a<br />
cárie, a oclusão traumática e a erosão. 25 Essas<br />
afirmações têm sua importância realçada se<br />
considerarmos que os dentes estudados nesta<br />
pesquisa possuem patologias prévias, como<br />
grandes destruições por cáries e envolvimentos<br />
periodontais. Contudo, os elementos selecionados<br />
para este trabalho não foram submetidos<br />
a tratamento periodontal prévio.<br />
O conhecimento anatômico prévio desses<br />
canais deve ser parte integrante daqueles que<br />
irão realizar uma intervenção endodôntica,<br />
pois esses canais e/ou forames não podem ser<br />
detectados radiograficamente. 21 Além disso,<br />
as lesões de furca não possuem, necessariamente,<br />
uma origem periodontal, podendo<br />
ser oriundas de envolvimentos endodônticos<br />
microbiológicos relacionados à permeabilidade<br />
do assoalho da câmara pulpar.<br />
CONCLUSÃO<br />
Após a análise infiltrativa dos dentes<br />
estudados, foi possível verificar que, em<br />
17,5% dos molares superiores e em 30% dos<br />
molares inferiores, foram encontrados canais<br />
acessórios na região de furca.<br />
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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
4 6<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
PREMENSTRUAL SYNDROME AMONG<br />
COLLEGE STUDENTS<br />
SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL ENTRE ESTUDANTES DE FACULDADE<br />
FABIANO BARCELLOS RODRIGUES SILVA<br />
ANA CAROLINA RIOTO<br />
CIMARA BARCELLOS SILVA<br />
CINCINATO RODRIGUES SILVA-NETTO<br />
Cirurgião-dentista<br />
Cirurgiã-dentista especialista em periodontia<br />
Pharmacist-biochemist – USP<br />
Associate professor of Phisiology Unaerp – USP<br />
ABSTRACT<br />
Premenstrual syndrome (PMS) is a ma<strong>jor</strong> clinical entity<br />
affecting a large segment of the female population. In view<br />
of this fact, in the present study we evaluated the consequences<br />
of PMS in terms of physical condition and ingestion<br />
of sweets among college students. A total of 324 students,<br />
aged 18 to 19, were studied. The subjects reported being<br />
affected by PMS, with the most common symptoms being<br />
irritability and swollen breasts. Ninety students reported<br />
that they consumed 3 or more chocolate bars during a typical<br />
PMS day. A total of 243 students reported that they<br />
ingested sweet beverages in addition to chocolate. These<br />
findings suggest that a high percentage of college students<br />
are affected by PMS and ingest large amounts of sweets<br />
during the days involved.<br />
UNITERMS: PREMENSTRUAL SYNDROME – INGESTION OF SWEETS<br />
FOODS – IRRITABILITY AND SWOLLEN BREASTS.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />
RESUMO<br />
A tensão pré-menstrual (TPM) é uma entidade clínica<br />
que afeta grande parte da população feminina. No presente<br />
estudo avaliamos as conseqüências da TPM no que concerne<br />
à condição física e ingestão de doces entre estudantes de faculdade.<br />
Um total de 324 estudantes com idade entre 18 e 19<br />
anos foram estudados. As estudantes informaram serem afetadas<br />
por TPM, com os sintomas mais comuns que são irritabilidade<br />
e inchaço nos seios. Noventa estudantes informaram<br />
que chegam a consumir 3 ou mais tabletes de chocolate<br />
durante um dia típico de TPM. Um total de 243 estudantes<br />
informou que ingerirem bebidas doces além de chocolate. O<br />
presente estudo sugere que uma porcentagem alta de estudantes<br />
de faculdade é afetada por TPM e ingere quantias grandes<br />
de doces durante os dias envolvidos.<br />
UNITERMOS: TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL – INGESTÃO DE DOCES –<br />
IRRITABILIDADE E INCHAÇO NOS SEIOS.<br />
4 7
4 8<br />
INTRODUCTION<br />
Since Frank (1931) coined the term premenstrual<br />
tension for a group of symptoms<br />
occurring during the premenstrual period,<br />
many theories have been proposed regarding<br />
its etiology (Abraham, 1983). The recognition<br />
that nervous tension was not always<br />
present in this symptom complex and that<br />
the only consistent finding was the cyclical<br />
nature of the symptoms and their relationship<br />
to the premenstrual phase led Greene and<br />
Dalton (1953) to propose the terms premenstrual<br />
syndrome (PMS), which implies<br />
one syndrome.<br />
The patient with severe PMS develop<br />
breast swelling and tenderness, a sensation<br />
of abdominal bloating, and variable degrees<br />
of edema in the extremities late in the<br />
luteal phase. An increased thirst or appetite<br />
and craving for sweets and salty foods are<br />
common (Reid & Yen, 1981).<br />
PMS differs from the menstrual symptoms<br />
occurring during a woman’s period.<br />
Studies conducted in other countries have<br />
demonstrated that in the presence of PMS<br />
many women increase their consumption of<br />
sweets, soda drinks and junk food, especially<br />
foods containing large amounts of sugar or<br />
of sweet flavor. The objective of the present<br />
study was to determine the influence of PMS<br />
on the ingestion of sweets among college students.<br />
MATERIAL AND METHOD<br />
The study was conducted at the University<br />
of Ribeirão Preto, Unaerp, on students<br />
enrolled in the Dentistry course. Four-hundred<br />
questionnaires were distributed for the<br />
evaluation of PMS and food ingestion. The<br />
questionnaire used was based on previously<br />
proposed ones (Goei et al., 1982; Rossignol<br />
& Bonnlander, 1991). During the distribution<br />
of the questionnaire, which contained<br />
an explanation of the objectives of the study,<br />
the students received appropriate clarifications.<br />
The students who responded to the<br />
questionnaire were not required to identify<br />
themselves. The following data were obtained<br />
after the distribution of the 400 questionnaires:<br />
50 students declared that they<br />
had no experience of PMS and, therefore,<br />
were excluded from analysis of the results.<br />
Eighteen reported that they had experienced<br />
PMS but that they did not consume sweets<br />
or junk food, or even chocolate or sweet<br />
beverages during a typical PMS day. These<br />
respondents were also excluded. Eight students<br />
did not return the questionnaire. Thus,<br />
analysis of the results was performed using<br />
the questionnaires returned by the remaining<br />
324 students.<br />
RESULTS AND DISCUSSION<br />
Frank (1931) described the premenstrual<br />
syndrome as a disorder characterized<br />
by symptoms of tension, depression, headache,<br />
pain, breast swelling and abdominal<br />
bloating. Table l lists the participants according<br />
to age range, showing a prevalence of<br />
19 years of age (32%), followed by 20 years<br />
(26%), with 72% of the participants being<br />
in the 18 to 20 year age range. Table 1 also<br />
list ages at menarche, which was 12 years in<br />
32% of cases and 13 years in 25%.<br />
TABLE 1. NUMBER OF PARTICIPANTS AND AGE AT<br />
MENARCHE.<br />
Participants<br />
Menarche<br />
Age Total Age Total<br />
17 03 09 04<br />
18 47 10 07<br />
19 105 11 56<br />
20 85 12 106<br />
21 40 13 83<br />
22 24 14 56<br />
23 10 15 11<br />
24 04 16 01<br />
25 03 - -<br />
26 03 - -<br />
Total 324 324<br />
Table 2 lists the symptoms and their<br />
classification as moderate or severe, and<br />
their relation to the ingestion of sweets<br />
and/or junk food during a typical day of<br />
PMS. Irritability and breast swelling were<br />
the most prevalent symptoms compared to<br />
students with no symptoms. Food ingestion<br />
was also significant. A curious fact was that<br />
in the group of 18 participants who did not<br />
ingest sweets and whose data were not considered<br />
in the analysis, irritability and breast<br />
swelling were also the most frequent symptoms<br />
during PMS. The symptoms observed<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
TABLE 2. QUANTITY OF SWEET FOODS OR JUNK FOOD INGESTED DURING A TYPICAL PMSDAY.<br />
Ingestion Mild Moderate Severe<br />
Symptoms l or 2 – 3, 4, 5 1 or 2 – 3, 4, 5 1 or 2 – 3, 4, 5<br />
Depression 89 63 69 83 04 14<br />
Fatigue 88 65 69 83 09 10<br />
Irritability 25 13 72 72 63 79<br />
Anxiety 56 41 68 70 37 52<br />
Headache 80 91 58 46 25 24<br />
Breast swelling 27 27 87 78 52 53<br />
*Ingestion = corresponds to the number of foods ingested during a typical PMS day.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />
in the present study have been well characterized<br />
in reports by Reid & Yen (1981) and<br />
Abraham (1983).<br />
Of the total of 324 participants, 249<br />
(77%) reported a normal menstrual cycle<br />
and only 75 (23%) gave a negative reply to<br />
this question. To our knowledge, this is the<br />
first study on PMS and food ingestion in<br />
Brazil.<br />
The results concerning the question<br />
about chocolate ingestion, related to how<br />
many times sweets or junk food are consumed<br />
during a typical day, were as follows:<br />
22 students did not eat any chocolate, 111<br />
(34%) ate one bar, 101 (31%) ate two, and<br />
90 (27%) ate three, four, five or more chocolate<br />
bars. Thus, during a typical day, the<br />
college students consume more chocolate, in<br />
agreement with the data reported by Signol<br />
& Bonnlander (1991)<br />
An attempt was made to correlate the<br />
ingestion of chocolate with the ingestion of<br />
sweet beverages or sweet juices and it was<br />
observed that of the students who did not eat<br />
chocolate, 8 also did not drink sweet beverages<br />
but ate junk food; 73 (22%) consumed 1,<br />
2, 3 or more chocolate bars but did not drink<br />
sweet beverages, and 243 (75%) ate chocolate<br />
and also drank sweet beverages, a highly<br />
significant percentage. So, we found a consistent<br />
association between foods and beverages<br />
that are high in sugar content or taste<br />
sweet and PMS.<br />
In previous studies using a questionnaire<br />
for the analysis of PMS, a high sugar consumption<br />
was observed among patients with<br />
premenstrual tension (Goei et al., 1982; Rossignol<br />
& Bonnlander, 1991). Another study<br />
showed a link between the consumption of<br />
sweet solutions and the course of the menstrual<br />
cycle (Wright & Crow, 1973). It was<br />
also observed that the women consumed<br />
sweet foods more than salty foods and that<br />
the consumption of sweets was greater during<br />
the luteal phase of the cycle, which is the<br />
phase considered to be the period of PMS<br />
onset (Reid & Yen, 1981; Bowen & Grundberg,<br />
1990). Sensitivity to sweet taste increases<br />
with an increase of estradiol, while progesterone<br />
is considered to be a metabolic and<br />
appetite stimulant (Alberti-Fidanza et al.,<br />
1998). Carbohydrates have been shown to<br />
reduce negative affect, pain, and insomnia in<br />
several populations (Spring et al. 1983), possibly<br />
explaining the high ingestion of sweet<br />
foods due to the severity of the symptoms<br />
occurring during PMS. The present data<br />
reveal that an alteration in sucrose ingestion<br />
during the premenstrual period also occurs<br />
among Brazilian students.<br />
ACKNOWLEDGMENTS<br />
The authors wish to thank the students who<br />
voluntarily participated in the study, and<br />
Unaerp.<br />
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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
5 0<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
Revista da FOL<br />
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a. Os originais submetidos à publicação podem ser acompanhados de figura(s), fundamentadas por necessidade de<br />
referência direta (sobre a metodologia ou sobre os resultados) ou indireta (de cunho didático ou artístico) ao seu<br />
conteúdo. Caberá à Comissão Editorial da revista a palavra final sobre a efetiva relevância de tais complementos.<br />
b. Categorias de originais, elementos constituintes obrigatórios, ordem de apresentação e limites máximos:<br />
I. Artigo original – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es),<br />
resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados,<br />
discussão, conclusões, resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />
II.<br />
Limites máximos: 14 páginas de texto (v. Especificação de página); quatro tabelas ou quadros, quatro<br />
gráficos e 16 figuras, se comprovadamente necessários.<br />
Revisão de literatura – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s)<br />
autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusões,<br />
resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />
Limites máximos: 10 páginas de texto (v. Especificação de página); quatro tabelas ou quadros,<br />
quatro gráficos e 16 figuras, se comprovadamente necessários.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />
5 1
III. Relato de caso(s) clínico(s) – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação<br />
do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão,<br />
conclusões, resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />
Limites máximos: sete páginas de texto (v. Especificação de página); duas tabelas ou quadros, dois<br />
gráficos e 32 figuras, se comprovadamente necessários.<br />
IV. Resenha – avaliação crítica de livros ou de trabalhos acadêmicos, analisando o seu conteúdo, sua<br />
eventual aplicação no ambiente universitário, sua atualidade e consistência científicas, bem como<br />
aspectos formais de sua apresentação impressa.<br />
Limites máximos: três páginas de texto (v. Especificação de página).<br />
V. Editorial – opinião comentada do editor, corpo editorial ou autor convidado, em que se discutem o<br />
conteúdo da revista, assuntos pertinentes à odontologia e possíveis alterações na missão e/ou na forma<br />
da publicação.<br />
Limites máximos: 1,3 páginas de texto (v. Especificação de página).<br />
Obs.: a Revista da FOL exime-se de qualquer responsabilidade pelo material ou equipamento noticiado,<br />
cujas condições de fornecimento e veiculação publicitária estão sujeitas, respectivamente, ao Código de<br />
Defesa do Consumidor e ao CONAR (Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária).<br />
c. Texto<br />
I. Deverá ser fornecido em duas vias impressas em papel (v. Especificação de página) e em um arquivo<br />
digital (disquete 2HD), preparado no software Word for Windows.<br />
II. Os conteúdos dos originais impressos e do arquivo digital fornecido devem ser estritamente idênticos.<br />
III. A primeira página deverá conter título em português e em inglês; nome(s) completo(s) do(s) autor(es), sem<br />
abreviações, em ordem direta, com destaque em letras maiúsculas para o(s) sobrenome(s) pelo(s) qual(is)<br />
quer(em) ser indicado(s); titulação do(s) autor(es), endereço, e-mail e telefone para contato do autor principal;<br />
especificação da categoria sob a qual os originais devem ser avaliados (v. Categorias de originais).<br />
IV. Por motivo de isenção no trabalho da comissão de avaliação e do corpo editorial, a identificação do(s)<br />
autor(es) deverá constar única e exclusivamente da primeira página dos originais. A segunda página<br />
deverá conter apenas o título da matéria em português e em inglês, omitindo-se, dessa página em<br />
diante, nomes ou quaisquer dados referentes ao(s) autor(es).<br />
V. Na terceira página, deve-se iniciar o texto, seguindo-se a ordem dos elementos constituintes conforme<br />
a categoria a que pertence (v. Categorias de originais).<br />
VI. Além dos limites já estipulados nos itens anteriores, devem ser obedecidos os limites quantitativos e<br />
observadas as orientações abaixo:<br />
1. Especificação de página: margens superior e inferior: 2,5 cm; margens esquerda e direita: 3 cm;<br />
tamanho do papel: carta; tipo de fonte: Times New Roman; tamanho da fonte: 12; alinhamento<br />
do texto: justificado; recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm; espaçamento entre<br />
linhas: 1,5 linhas; controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado; as páginas devem ser numeradas.<br />
Essas definições produzirão páginas com cerca de 1.700 a 1.800 caracteres.<br />
Obs.: para saber a quantidade de caracteres de um texto (trecho isolado, página ou documento<br />
inteiro) preparado no software Word for Windows, o autor deve marcar o texto desejado e consultar o<br />
menu , , .<br />
2. Título em português: máximo de 90 caracteres.<br />
3. Titulação do(s) autor(es): o(s) autor(es) deverá(ão) citar apenas 1 (um) título/vinculação à instituição<br />
de ensino ou pesquisa, sem abreviações.<br />
Exemplos:<br />
• Aluno de Graduação da Faculdade de Odontologia de Lins da Universidade Metodista de Piracicaba.<br />
• Cirurgião-dentista.<br />
• Especialista em Periodontia.<br />
• Mestrando do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual<br />
Paulista de Araraquara.<br />
• Doutor em Periodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.<br />
• Professor do Curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Lins da Universidade Metodista de<br />
Piracicaba.<br />
4. Resumo em português/resumo em inglês (abstract): máximo de 1.200 caracteres, incluindo os<br />
espaços entre palavras.<br />
5. Unitermos/uniterms: mínimo de três e máximo de cinco. Recomenda-se o uso de DECS-Descritores<br />
em Ciências da Saúde (Lilacs: , ).<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />
5 2<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
São limitadas a 30, nos textos que se enquadram nas categorias Artigos Originais, Revisão de Literatura<br />
e Relatos de Casos Clínicos. Devem ser organizadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas<br />
de acordo com o estilo Vancouver (). Os títulos de periódicos devem ser referidos<br />
de forma abreviada, de acordo com o Index Medicus (). Publicações com dois autores até o limite de seis citam-se todos; acima de<br />
seis autores, citam-se os seis primeiros, seguidos de et al., de acordo com o padrão abaixo.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
a) Artigos em periódicos<br />
1. Listar os seis autores seguidos por et al.<br />
• Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary<br />
disease. Ann Intern Med 1996 Jun 1; 124 (11):980-3.<br />
Como opção, se o periódico tem paginação contínua e não apresenta numeração, pode ser omitido o<br />
número da revista:<br />
• Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary<br />
disease. Ann Intern Med 1996; 124:980-3.<br />
Para mais de seis autores:<br />
• Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Childhood leukaemia in Europe<br />
after Chernobyl: 5 year follow-up. Br J Cancer 1996; 73:1.006-12.<br />
2. Organizados como autores<br />
• The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance<br />
guidelines. Med J Aust 1996; 164: 282-4.<br />
3. Nenhum autor apresentado<br />
• Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.<br />
4. Volume ou artigo com suplemento<br />
• Shen HM, Zhang QF. Risk assessment of nickel carcinogenicity and occupational lung cancer. Environ<br />
Health Perspect 1994; 102 Suppl 1:275-82.<br />
• Payne DK, Sullivan MD, Massie MJ. Women’s psychological reactions to breast cancer. Semin Oncol<br />
1996; 23(1 Suppl 2):89-97.<br />
5. Artigo sem volume<br />
• Turan I, Wredmark T, Fellander-Tsai L. Arthroscopic ankle arthrodesis in rheumatoid arthritis. Clin<br />
Orthop 1995; (320):110-4.<br />
6. Nenhum título ou volume<br />
• Browell DA, Lennard TW. Immunologic status of the cancer patient and the effects of blood transfusion<br />
on antitumor responses. Curr Opin Gen Surg 1993; 325-33.<br />
7. Paginação em algarismos romanos<br />
• Fisher GA, Sikic BI. Drug resistance in clinical oncology and hematology. Introduction. Hematol Oncol<br />
Clin North Am 1995 Apr; 9(2):xi-xii.<br />
8. Autores citados em outros artigos<br />
• Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson’s disease [letter]. Lancet 1996; 347:1.337. Clement<br />
J, De Bock R. Hematological complications of hantavirus nephropathy (HVN) [abstract]. Kidney<br />
Int 1992; 42:1.285.<br />
b) Livros e monografias<br />
• Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leadership skills for nurses. 2nd ed. Albany (NY): Delmar Publishers;<br />
1996.<br />
• Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill Livingstone; 1996.<br />
• Institute of Medicine (US). Looking at the future of the Medicaid program. Washington: The Institute; 1992.<br />
• Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension:<br />
pathophysiology, diagnosis, and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. p.465-78.<br />
• Kimura J, Shibasaki H [editors]. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10th<br />
International Congress of EMG and Clinical Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam:<br />
Elsevier; 1996.<br />
• Bengtsson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun<br />
KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World Congress on<br />
Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1.561-5.<br />
1. Dissertação ou Tese<br />
• Ferreira SJ. Caracterização molecular da Xillela fastidiosa [Dissertação ou Tese]. Piracicaba (SP): Universidade<br />
de São Paulo; 2000.<br />
2. Artigos de <strong>jor</strong>nal<br />
• Lopes RJ. Estudo aponta elo entre ferro e Parkinson. Folha de São Paulo 2002 Set 16; Sec. A:10..<br />
3. Dicionário e referências similares<br />
• Stedman’s medical dictionary. 26th ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1995. Apraxia; p.119-20.<br />
c) Material Eletrônico<br />
1. Artigos de periódicos em formato eletrônico<br />
• Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar<br />
[cited 1996 Jun 5];1(1):[24 screens]. Available from: URL: .<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />
5 3
5 4<br />
2. Monografias em formato eletrônico<br />
• CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia<br />
Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.<br />
3. Arquivos de computador<br />
• Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2. Orlando<br />
(FL): Computerized Educational Systems; 1993.<br />
d) Tabelas ou Quadros<br />
I. Devem constar, respectivamente, sob as denominações de tabela ou quadro e ser numerados em algarismos<br />
arábicos.<br />
II. Devem ser fornecidos em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico em separado do<br />
arquivo do texto principal.<br />
III. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada acima destes.<br />
IV. Devem ser obrigatoriamente citados no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />
V. Deve haver estrita coerência entre as informações apresentadas na tabela ou no quadro e sua citação<br />
no corpo do texto.<br />
VI. Devem prescindir de qualquer consulta ao texto de que fazem parte para serem compreendidos, ou<br />
seja, devem ser auto-explicativos (as unidades utilizadas devem estar evidentes).<br />
VII. O cruzamento excessivo de dados deve ser evitado.<br />
VIII. Os limites de cada célula devem ser inequivocamente definidos por meio de linhas horizontais e verticais.<br />
IX. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em nota colocada<br />
abaixo do corpo da tabela ou do quadro ou, ainda, em sua legenda.<br />
e) Gráficos<br />
I. Devem constar sob a denominação de gráfico e ser numerados com algarismos arábicos.<br />
II. Devem ser fornecidos em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico em separado do<br />
arquivo do texto principal.<br />
III. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste.<br />
IV. Devem ser obrigatoriamente citados no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />
V. Deve haver estrita coerência entre as informações apresentadas no gráfico e sua citação no corpo do texto.<br />
VI. Devem prescindir de qualquer consulta ao texto de que fazem parte para serem compreendidos, ou<br />
seja, devem ser auto-explicativos (escala e unidades utilizadas devem estar evidentes).<br />
VII. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em sua legenda.<br />
VIII. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem obrigatoriamente<br />
vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.<br />
f) Figuras – normas gerais<br />
I. Devem constar sob a denominação de figura e ser numeradas com algarismos arábicos.<br />
II. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico<br />
em separado do arquivo do texto principal.<br />
III. Devem ser obrigatoriamente citadas no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />
IV. Deve haver estrita coerência entre as informações (gráficas ou textuais) apresentadas na figura e sua<br />
citação no corpo do texto.<br />
V. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em sua legenda.<br />
VI. Figuras – desenhos ou esquemas<br />
1. Elementos figurativos devem estar representados com a máxima fidelidade, sobretudo quando se<br />
tratar de representações anatômicas, para permitir uma reprodução adequada.<br />
2. Devem possuir boa qualidade técnica e artística para permitir uma reprodução adequada.<br />
3. Quando originalmente produzidos com o auxílio de programas computacionais de desenho, devem<br />
ser construídos por meio de ferramenta de desenho vetorial, para permitir ampliação sem perda de<br />
resolução gráfica. Nesse caso, o arquivo digital deve ser preparado no software Corel Draw.<br />
VII. Figuras – imagens fotográficas<br />
1. Devem ser apresentadas na forma de slides, que devem trazer em apenas um dos lados de sua moldura<br />
a correta identificação, de maneira a permitir a inequívoca distinção entre frente e verso, lado<br />
esquerdo e direito, e lado superior e inferior.<br />
2. Na falta de slides, fotografias em papel serão aceitas desde que acompanhadas dos negativos que lhes<br />
deram origem e identificadas quanto ao seu correto posicionamento.<br />
3. Não serão aceitas imagens fotográficas fora de foco nem na forma de arquivos digitais (imagens<br />
digitalizadas).<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />
UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba
FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />
4. ASPECTOS ÉTICOS<br />
a. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes.<br />
O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que dê por escrito o<br />
seu consentimento, o qual deve acompanhar os originais.<br />
b. Estudos realizados in vivo (homem ou animais de laboratório) devem ser acompanhados de avaliação e aprovação<br />
por escrito da Comissão de Ética do estabelecimento onde foram realizados, conforme Resolução<br />
196/96 do Ministério da Saúde.<br />
c. As tabelas ou figuras de autoria de terceiros já publicadas em outras revistas ou livros e reaproveitadas nos originais<br />
submetidos devem conter as respectivas referências e o consentimento, por escrito, do autor ou dos editores.<br />
5. ETAPAS DE AVALIAÇÃO<br />
a. Controle do cumprimento das normas de publicação pela Secretaria<br />
I. Realiza-se a verificação do cumprimento das normas de publicação, com devolução sumária dos originais<br />
ante o descumprimento de uma ou mais normas.<br />
II. Diante da primeira devolução, o(s) autor(es) poderá(ão) submeter novamente os mesmos originais<br />
desde que corrija(am) as falhas apontadas. A reincidência, no entanto, acarretará a devolução definitiva<br />
e irrevogável dos originais.<br />
b. Avaliação dos originais pela comissão de avaliação<br />
I. Uma vez aprovados na fase de controle do cumprimento das normas de publicação, os originais submetidos<br />
recebem um número de identificação impessoal, sem, portanto, ser acompanhados de qualquer<br />
identificação que permita o eventual reconhecimento de seu(s) autor(es).<br />
II. O conteúdo científico dos originais é, então, avaliado pela comissão de avaliação segundo os critérios: originalidade,<br />
relevância clínica e/ou científica, metodologia empregada e isenção na análise dos resultados.<br />
III. A comissão de avaliação emitirá um parecer sobre os originais, contendo uma das três possíveis<br />
avaliações: não aceito, aceito ou reformular.<br />
IV. Os originais com a avaliação não aceito serão devolvidos ao(s) autor(es), revogando-se a transferência<br />
de direitos autorais. O(s) motivo(s) desta devolução não serão comunicados ao(s) autor(es).<br />
V. Os originais com avaliação reformular são remetidos ao(s) autor(es) para que este(s) realize(m) as<br />
modificações pertinentes no prazo máximo de 30 dias.<br />
VI. Uma vez realizadas as modificações pelo(s) autor(es), estas são revistas pelo avaliador e, se forem consideradas<br />
suficientes e adequadas, os originais recebem, então, a avaliação aceito.<br />
VII. Se, no entanto, as modificações solicitadas não forem consideradas suficientes ou adequadas, os originais<br />
recebem a avaliação não aceito, sendo devolvidos conforme o item 5.b.IV.<br />
c. Seleção dos originais pelo corpo editorial<br />
I. Os originais com a avaliação aceito ficam à disposição do corpo editorial pelo período de seis meses.<br />
II. A cada edição, o corpo editorial selecionará originais, de acordo com os critérios de oportunidade,<br />
prioridade e disponibilidade de espaço editorial. Os não selecionados serão novamente apreciados por<br />
ocasião das edições seguintes.<br />
III. Decorrido o período de 12 meses sem que tenham sido selecionados, os originais serão devolvidos ao(s)<br />
autor(es), revogando-se a transferência de direitos autorais.<br />
IV. Os originais poderão ser retirados pelo(s) autor(es) mediante solicitação por escrito, em qualquer<br />
momento, desde que não tenham sido selecionados pelo corpo editorial.<br />
V. Os originais selecionados pelo corpo editorial serão encaminhados para o serviço de editoração, que<br />
preparará os originais para serem publicados em uma das quatro edições subseqüentes.<br />
6. ADVERTÊNCIAS<br />
a. A preparação dos originais deve ser realizada seguindo-se rigorosamente as normas aqui publicadas.<br />
b. A não observância de qualquer uma das normas acarretará a devolução sumária dos originais antes mesmo<br />
de sua apreciação pela comissão de avaliação, conforme o item 5.a.1.<br />
c. A redação em português e em inglês deve seguir a norma culta, além de ser clara e precisa, evitando-se<br />
trechos obscuros, incoerências e ambigüidades.<br />
d. Após a preparação do arquivo digital e da impressão dos originais, o(s) autor(es) deve(m) reler integralmente<br />
esses últimos, para prevenir a ocorrência de saltos, repetições de trechos, correções automáticas não previstas<br />
etc. eventualmente ocasionados por erros na manipulação do software de processamento de texto (Word for<br />
Windows), bem como para verificar a fluência e a correção do seu conteúdo.<br />
Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />
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