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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA<br />

REVISTA DA<br />

FACULDADE DE<br />

ODONTOLOGIA DE LINS<br />

JOURNAL OF THE LINS<br />

SCHOOL OF DENTAL MEDICINE<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins Lins v. 16 n.º 1 jan./jun. 2004


INSTITUTO EDUCACIONAL PIRACICABANO – IEP<br />

Presidente do Conselho Diretor<br />

LUIZ ALCEU SAPAROLLI<br />

Diretor Geral<br />

ALMIR DE SOUZA MAIA<br />

Vice-Diretor<br />

GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA<br />

Reitor<br />

GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />

Vice-Reitor Acadêmico<br />

SÉRGIO MARCUS PINTO LOPES<br />

Vice-Reitor Administrativo<br />

ARSÊNIO FIRMINO DE NOVAES NETO<br />

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />

Diretor<br />

CARLOS WAGNER DE A. WERNER<br />

EDITORA UNIMEP<br />

Conselho de Política Editorial /<br />

Policy Advisory Committee<br />

GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM (presidente)<br />

SÉRGIO MARCUS PINTO LOPES (vice-presidente)<br />

AMÓS NASCIMENTO<br />

ANDRÉ SATHLER GUIMARÃES<br />

ANTONIO ROQUE DECHEN<br />

CLÁUDIA REGINA CAVAGLIERI<br />

DENISE GIACOMO DA MOTTA<br />

MARCO POLO MARCHESE<br />

NELSON CARVALHO MAESTRELLI<br />

Revista da FOL v. 16, n.º 1 (jan./abr. 2004)<br />

Journal of the Lins School of Dental Medicine<br />

Comissão Editorial / Editorial Board<br />

MARCO POLO MARCHESE – prótese e oclusão (presidente)<br />

CARLOS WAGNER DE A. WERNER – odontogeriatria e saúde coletiva<br />

MARIA SÍLVIA PAZIM – estética e dentística restauradora<br />

SÔNIA DE OLIVEIRA SCHIMPF – endodontia<br />

NANCY ALFIERI NUNES – diagnóstico<br />

Editor Executivo / Managing Editor<br />

HEITOR AMÍLCAR DA SILVEIRA NETO<br />

EDITORA UNIMEP<br />

www.unimep.br/editora<br />

Rod. do Açúcar, km 156<br />

Fone/Fax: (19) 3124-1620 / 1621<br />

13400-911 – Piracicaba, SP<br />

E-mail: editora@unimep.br<br />

Correspondência e artigos para publicação deverão ser encaminhados a:<br />

Correspondence and articles for publications should be addressed to:<br />

REVISTA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />

Rua Ten. Florêncio Pupo Netto, 300 – Jd. Americano<br />

16400-680 – Lins/SP – Brasil<br />

Fone: (14) 3533-6071; fax: (14) 3533-6053<br />

E-mail: revistafol@unimep.br<br />

A revista da FOL é uma publicação quadrimestral da Universidade<br />

Metodista de Piracicaba-UNIMEP (São Paulo, Brasil) que objetiva divulgar,<br />

em âmbitos nacional e internacional, relatos clínicos, artigos inéditos<br />

e revisão de assuntos relevantes no campo odontológico. Os textos são<br />

selecionados por processo anônimo de avaliação por pares (blind peer<br />

review). Veja as normas para publicação no final da revista.<br />

Revista da FOL is published three times a year by Universidade Metodista<br />

de Piracicaba-UNIMEP (São Paulo, Brazil). This peer reviewed journal publishes<br />

scientific articles, clinical cases and literature reviews on dental related topics. Editorial<br />

guidelines for submission of articles are described after the last article.<br />

EQUIPE EDITORIAL / TECHNICAL TEAM<br />

HEITOR AMÍLCAR DA SILVEIRA NETO (coordenação)<br />

IVONETE SAVINO (secretária)<br />

ALTAIR ALVES DA SILVA (assistente administrativo)<br />

REGINA FRACETO (ficha catalográfica)<br />

SUSANA VERÍSSIMO (edição de texto)<br />

CIBELE BENTO FERNANDES (bolsista atividade)<br />

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA, ARTE E CAPA<br />

Gráfica UNIMEP<br />

IMPRESSÃO<br />

Gráfica UNIMEP<br />

TIRAGEM<br />

250 EXEMPLARES<br />

A Revista da Faculdade de Odontologia de Lins é indexada por<br />

B.B.O. – Bibliografia Brasileira de Odontologia<br />

Index to Dental Literature<br />

Disponibilizada em / Available at<br />

<br />

Solicita-se permuta / Exchange is desired.<br />

REVISTA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE LINS<br />

ISSN 0104-7582<br />

V. 1 – N. o 1 – 1988<br />

Quadrimestral/ Three times yearly<br />

1. Odontologia – Periódicos<br />

CDU – 616.314(05)


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

CINQÜENTENÁRIO DA FOL<br />

EDITORIAL<br />

Esta edição da Revista da FOL tem<br />

grande significado histórico. Sua circulação<br />

ocorre no ano em que a Faculdade de Odontologia<br />

de Lins celebra meio século de existência<br />

e, certamente, os artigos científicos<br />

aqui abrigados repercutem essa importante<br />

efeméride, juntamente com todos os demais<br />

eventos comemorativos. Com o presente<br />

número, este prestigioso periódico científico<br />

dá também mais um salto em seu contínuo<br />

processo de aperfeiçoamento, não só em<br />

termos gráficos, mas também ao reduzir sua<br />

periodicidade de semestral para quadrimestral,<br />

fator relevante para aproximar-se, ainda<br />

mais, de seu público leitor.<br />

Ao mesmo tempo, firma-se como instrumento<br />

de interação do ensino, pesquisa<br />

e extensão em nossa Universidade, em sua<br />

respectiva área de conhecimento. Oferece,<br />

igualmente, em particular aos estudantes de<br />

graduação, contato com pesquisas realizadas<br />

no âmbito da UNIMEP, assim como no da<br />

comunidade científica externa. Assim, veiculando<br />

recentes avanços e tendências do<br />

mundo científico, na área odontológica, enriquece<br />

os processos preconizados no projeto<br />

pedagógico da Faculdade.<br />

Por sua vez, a passagem dos cinqüenta<br />

anos de existência da FOL é uma excelente oportunidade<br />

para se fazer breve resgate de seu histórico,<br />

assinalando algumas datas, nomes e fatos<br />

marcantes de sua extraordinária trajetória.<br />

A história dessa Instituição se confunde<br />

com a da Igreja Metodista em Lins, com a<br />

do IAL e com a da própria cidade. Essas histórias<br />

se entrelaçam, pois a criação da Faculdade<br />

se deu na esteira do trabalho desenvolvido<br />

no campo da educação por um excepcional<br />

pastor metodista, Rev. Clement Evans<br />

Hubbard, pioneiro e visionário, que já havia<br />

fundado, em 1928, o renomado o Instituto<br />

Americano de Lins, implantando paulatinamente<br />

os níveis primário, ginasial e colegial.<br />

A partir da fundação do IAL e posteriormente<br />

da FOL, a presença dessas instituições na<br />

cidade de Lins passou a ser marcante, pois<br />

foram muitos os linenses e residentes em<br />

Lins e região que passaram por seus bancos<br />

escolares, plasmando ali o seu caráter ou preparando-se<br />

profissionalmente para a vida.<br />

No Brasil, foi longo o caminho percorrido<br />

para que o país pudesse contar com profissionais<br />

habilitados em odontologia, com<br />

a implantação de cursos de nível superior<br />

para a sua formação. Somente a partir de<br />

1851, na Faculdade de Medicina do Rio de<br />

Janeiro, o exame para o exercício da profissão<br />

de dentista passou a ser oferecido. E,<br />

em 1884, oficialmente institui-se o curso de<br />

odontologia nas Faculdades de Medicina do<br />

Rio de Janeiro e da Bahia. Em 1954, ano<br />

da fundação da FOL, havia no Estado de São<br />

Paulo apenas cinco cursos de odontologia<br />

em funcionamento, um na capital e outros<br />

quatro no interior. Para se ter uma idéia<br />

da dimensão e da importância desse curso,<br />

basta salientar que, naquela ocasião, apenas<br />

a FOL e a PUC de Campinas não eram mantidas<br />

pelo Estado.<br />

Justamente naquela década é que surge<br />

a Faculdade de Odontologia de Lins, indubitavelmente<br />

uma conquista relevante do IAL e<br />

da comunidade linense, mas, também, uma<br />

vitória de caráter político, que envolveu dire-<br />

3


4<br />

tamente o deputado federal por São Paulo<br />

Ulysses Guimarães, ex-aluno do Instituto<br />

Americano de Lins, e que veio se tornar<br />

uma das mais notáveis figuras de homem<br />

público em nosso país. Sua criação se deu em<br />

24 de março de 1954, pelo decreto federal<br />

n.º 35.248, assinado pelo então presidente<br />

da República Getúlio Dornelles Vargas, em<br />

encontro na cidade de Petrópolis, no Rio de<br />

Janeiro, com o deputado federal Ulysses Guimarães<br />

e Menotti Del Picchia, e seu reconhecimento<br />

pelo decreto federal n.º 41.580,<br />

de 29 de maio de 1957.<br />

A Faculdade de Odontologia de Lins<br />

realizou seu primeiro vestibular em abril de<br />

1954, oferecendo 80 vagas. Inscreveram-se 77<br />

candidatos, dos quais foram aprovados 28.<br />

Em 20 de abril de 1954, teve sua aula inaugural,<br />

proferida pelo Dr. Lauro Portugal Cleto,<br />

professor de fisiologia, na sala que recebeu, na<br />

ocasião, o nome do “Dr. Ulysses Guimarães”,<br />

com a presença do homenageado, convidado<br />

para desatar o laço da fita simbólica.<br />

Na FOL tudo começou modestamente,<br />

em instalações simples, com apenas uma sala<br />

de aula, um pequeno anfiteatro no porão,<br />

onde ficava a sala de anatomia. A duração<br />

do curso era de três anos e o primeiro corpo<br />

docente foi formado por médicos e dentistas.<br />

Teve como primeiro diretor um ex-aluno<br />

do IALIM, o médico oftalmologista Dr. Ivan<br />

de Oliveira, que exerceu o cargo de 1954 a<br />

1961. Ele deu-nos a honra de sua presença<br />

nos eventos comemorativos.<br />

Em 1962, o curso, além de ter a duração de<br />

três anos aumentada para quatro anos, sofreu<br />

profunda reformulação curricular. Também<br />

suas instalações físicas foram ampliadas, iniciando-se<br />

a construção de um novo prédio<br />

para a Faculdade, com recursos conseguidos<br />

com o loteamento da Chácara Ialense,<br />

adquirida em 1944 pelo Rev. Clement. Esse<br />

loteamento deu origem a um bairro residencial<br />

nobre desta cidade, o Jardim Americano. O<br />

novo “campus” foi inaugurado em 1976, com<br />

amplas instalações em área de 120 mil metros,<br />

com quase 7,9 mil metros de construção, oferecendo<br />

excelentes salas de aulas e modernos<br />

laboratórios, muito bem equipados.<br />

Na FOL buscou-se sempre a excelência<br />

acadêmica, com a preparação esmerada de<br />

profissionais capacitados para enfrentar o<br />

mercado de trabalho. Tradicionalmente, a<br />

filosofia do curso tem sido a de propiciar ao<br />

estudante uma formação odontológica generalista,<br />

com grande ênfase na prática e na<br />

prestação de serviço à sociedade. Por essa<br />

razão, a Faculdade sempre esteve muito<br />

próxima da comunidade, dando atendimento<br />

dentário gratuito, atendendo os segmentos<br />

mais carentes da população, realizando<br />

mutirões odontológicos, mantendo<br />

parcerias com o poder público, Exército<br />

Nacional e outras instituições. Seus estágios<br />

têm atendido também centros de saúde, sindicatos,<br />

escolas, hospitais, Febem, prisões,<br />

asilos e colaborado com os clubes de serviço<br />

em serviços assistenciais. A partir de 1995<br />

passou a se notabilizar pelo serviço prestado<br />

a comunidades indígenas, servindo de exemplo<br />

a outros órgãos de saúde, sobretudo governamentais,<br />

como a Fundação Nacional da<br />

Saúde (Funasa), e ainda em missões da Igreja<br />

Metodista na reserva de Dourados e na região<br />

do médio Rio Juruá, no Amazonas.<br />

Em 7 de novembro de 1996, a Faculdade<br />

de Odontologia de Lins foi incorporada<br />

pela Universidade Metodista de Piracicaba<br />

(UNIMEP), conforme Portaria 1.147 do<br />

Ministério da Educação, transferindo para<br />

ela seu valioso patrimônio, seu experiente<br />

corpo docente e numeroso corpo discente.<br />

Enfim, toda uma escola consolidada e com<br />

excelente imagem. Por sua vez, a UNIMEP<br />

adotou-a, transferindo-lhe uma política acadêmica<br />

reconhecida por sua qualidade, deulhe<br />

a oportunidade de praticar o ensino, a<br />

pesquisa e a extensão de forma associada,<br />

com o desenvolvimento de novos projetos<br />

nessas áreas; propiciou capacitação para seus<br />

docentes e investiu grande volume em infraestrutura,<br />

com a construção de novas salas de<br />

aula, auditórios e laboratórios, instalação de<br />

moderna clínica, ampliação e modernização<br />

da biblioteca, com aumento do acervo, introdução<br />

da informática. Em resumo, dotou-a<br />

do necessário para um curso de alto padrão<br />

acadêmico.<br />

As centenas de profissionais, que hoje<br />

se espalham pelo país, são o exemplo maior<br />

da competência e seriedade com que a Instituição<br />

sempre atuou junto a seus estudantes,<br />

que, certamente, terão motivos para, ao lado<br />

dos atuais alunos, celebrarem a existência da<br />

FOL.<br />

GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM<br />

Reitor da UNIMEP<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

SUMÁRIO / SUMMARY<br />

7<br />

SISTEMA<br />

IN-CERAM DE INFRA-ESTRUTURAS TOTALMENTE CERÂMICAS<br />

IN-CERAM ALL-CERAMIC SYSTEM<br />

Sicknan Soares da Rocha (FOAr – Unesp), George Scherrer Andrade (FOAr – Unesp) e José Cláudio Martins<br />

Segalla (FOAr – Unesp)<br />

13<br />

LOCALIZED<br />

GINGIVAL RECESSION ASSOCIATED WITH ORAL PIERCING<br />

RECESSÃO GENGIVAL LOCALIZADA ASSOCIADA A PIERCING ORAL<br />

Samuel Koo (Boston University) e Amadeu Rodrigues Silva Jr. (FORP – USP)<br />

17<br />

INFLUÊNCIA<br />

DO CORANTE E DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO NA INFILTRAÇÃO APICAL EM OBTURAÇÕES DE CANAIS RADICULARES<br />

INFLUENCE OF DYE AND EVALUATING METHOD ON APICAL LEAKAGE OF ROOT CANAL FILLINGS<br />

Juliane Maria Guerreiro Tanomaru (FOAr – Unesp), Ronaldo Souza Ferreira da Silva (FOAr – Unesp) e<br />

Mário Tanomaru Filho (FOAr – Unesp)<br />

22<br />

HETEROCONTROLE<br />

DO TEOR DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE LINS/SP<br />

HETEROCONTROL OF THE FLUORIDE LEVEL IN THE PUBLIC WATER SUPPLY OF THE CITY OF LINS/SP<br />

Fabíola Sira Jorqueira Ferro Bueno e Silva (FOL – UNIMEP), Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA – Unesp),<br />

Cléa Adas Saliba Garbin (FOA – Unesp), Nemre Adas Saliba (FOA – Unesp) e Carlos Wagner de Araújo<br />

Werner (FOL – UNIMEP)<br />

29<br />

AVALIAÇÃO<br />

DA SEGURANÇA DE TRÊS SISTEMAS ROTATÓRIOS NO PREPARO DE RAÍZES MESIOVESTIBULARES CURVAS<br />

EVALUATION OF THE SAFETY OF THREE ROTARY INSTRUMENTS THE PREPARATION OF MESIAL BUCCAL ROOT CURVE<br />

Marco Antonio Hungaro Duarte (FOB – USC), Danielli Ferreira Costa (Especialista em Endodontia pela<br />

APCD – Regional Bauru), Milton Carlos Kuga (FOB – USC), Sylvio de Campos Fraga (FOB – USC), José<br />

Carlos Yamashita (FOB – USC) e Mitsuru Ogata (FOL – UNIMEP)<br />

35<br />

ANÁLISE<br />

DO COMPORTAMENTO DE UM GRUPO DE TERCEIRA IDADE, PORTADORES DE PRÓTESE TOTAL,<br />

ANTES E APÓS PROGRAMA DE SAÚDE BUCAL<br />

ANALYSIS OF THE ELDERLY’S BEHAVIOR CARRIERS OF TOTAL PROSTHESIS, BEFORE AND AFTER AN ORAL HEALTH PROGRAM<br />

Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA – Unesp), Nemre Adas Saliba (FOA – Unesp) e Cláudia Letícia Vendrame<br />

dos Santos (FOA – Unesp)<br />

5


41<br />

ESTUDO<br />

47<br />

PREMENSTRUAL<br />

51<br />

NORMAS<br />

INFILTRATIVO DA PREVALÊNCIA DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO DE<br />

FURCA DE MOLARES INFERIORES E SUPERIORES, HUMANOS<br />

LEAKAGE STUDY OF THE PREVALENCE OF FURCATION ACCESSORY CANAL IN UPPER AND LOWER HUMAN MOLARS<br />

Carlos Alberto Garcia Maniglia (FOF – Unifran), Fábio Picoli (FOF – Unifran) e<br />

Alice Bolliger Maniglia (FOF – Unifran)<br />

SYNDROME AMONG COLLEGE STUDENTS<br />

SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL ENTRE ESTUDANTES DE FACULDADE<br />

Fabiano Barcellos Rodrigues Silva, Ana Carolina Rioto (USP), Cimara Barcellos Silva (USP) e Cincinato<br />

Rodrigues Silva-Netto (Unaerp – USP)<br />

PARA APRESENTAÇÃO DE ORIGINAIS<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

6


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

SISTEMA IN-CERAM<br />

DE INFRA-ESTRUTURAS<br />

TOTALMENTE CERÂMICAS<br />

IN-CERAM ALL-CERAMIC SYSTEM<br />

SICKNAN SOARES DA ROCHA<br />

GEORGE SCHERRER ANDRADE<br />

JOSÉ CLÁUDIO MARTINS SEGALLA<br />

Pós-graduando em Reabilitação Oral (nível doutorado) do Departamento<br />

de Materiais Odontológicos e Prótese da Faculdade de Odontologia de<br />

Araraquara – Unesp<br />

Cirurgião dentista, especialista em Prótese Dentária pela Faculdade de<br />

Odontologia de Araraquara – Unesp<br />

Professor assistente doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e<br />

Prótese da Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp<br />

RESUMO<br />

O sistema In-Ceram de infra-estruturas cerâmicas representa<br />

uma excelente alternativa às infra-estruturas metálicas. O In-<br />

Ceram Alumina consiste num material à base de Al 2<br />

O 3<br />

(85%<br />

em massa) que após sinterização e infiltração de vidro, apresenta<br />

propriedades mecânicas satisfatórias. Modificações nesta estrutura<br />

original proporcionou o surgimento do In-Ceram Spinell,<br />

com maior translucidez e melhor resultado estético, e do In-Ceram<br />

Zircônia, com superiores propriedades mecânicas, possibilitando<br />

importante versatilidade ao material. Entretanto, por serem materiais<br />

relativamente recente, dados de avaliações clínicas longitudinais<br />

a longo prazo são necessários para que sua aplicação nas<br />

regiões de grande estresse mastigatório seja propagada.<br />

UNITERMOS: CERÂMICA – ESTÉTICA – INFRA-ESTRUTURA.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />

ABSTRACT<br />

In-Ceram all-ceramic systems represent an excellent alternative<br />

to metal-ceramic restorations. The original In-<br />

Ceram material (Alumina), composed of sintered aluminum<br />

oxide subsequently infused with glass, features satisfactory<br />

mechanical properties. Modifications in the original<br />

structure resulted in In-Ceram Spinell which was marketed<br />

more recently to improve esthetic potential, and In-Ceram<br />

Zirconia with superior mechanical properties that enabled<br />

important versatility in the material. However, due to recent<br />

development, long-term clinical data are necessary to support<br />

the use of this product for posterior crowns or fixed partial<br />

dentures.<br />

UNITERMS: CERAMIC – ESTHETICS – SUBSTRUCTURE.<br />

7


8<br />

INTRODUÇÃO<br />

As cerâmicas odontológicas apresentam<br />

inúmeras características favoráveis, incluindo<br />

biocompatibilidade, baixa condutividade térmica<br />

e elétrica, alta resistência à compressão<br />

e excelente potencial para simular a aparência<br />

dos dentes naturais, 5 possibilitando a<br />

obtenção de resultado estético bastante satisfatório,<br />

satisfazendo, desta forma, aos anseios<br />

do profissional e, sobretudo, do paciente.<br />

Por outro lado, esses materiais, inicialmente<br />

representados pelas porcelanas feldspáticas,<br />

possuem baixa resistência à tração e à<br />

fratura, devido à propagação de trincas pela<br />

estrutura interna durante seu processamento<br />

laboratorial, ou clínico, 22 não sendo capazes<br />

de resistir às tensões mecânicas presentes no<br />

ambiente bucal. 12<br />

Desde a introdução da coroa oca de<br />

porcelana por Land, em 1887, confeccionada<br />

sobre lâmina de platina, inúmeros sistemas<br />

de porcelana pura foram desenvolvidos.<br />

Com a incorporação de pequenos cristais à<br />

estrutura, como o óxido de alumina (Al 2<br />

O 3<br />

),<br />

procurou-se reduzir a propagação de trincas,<br />

contornando as limitações mecânicas apresentadas<br />

pelas porcelanas feldspáticas.<br />

Os sistemas mais recentes se fundamentaram<br />

no desenvolvimento de materiais de<br />

infra-estrutura, em substituição ao metal,<br />

que, associados às porcelanas de cobertura<br />

(feldspáticas), podem proporcionar excelente<br />

resultado estético sem comprometer o<br />

desempenho mecânico indispensável à longevidade<br />

clínica da restauração. Dentre eles,<br />

podem ser destacados o Procera composto<br />

de 99% de Al 2<br />

O 3<br />

, processado pelo sistema<br />

CAD/CAM, o IPS Empress e o IPS Empress 2,<br />

processados pela técnica da cera perdida e<br />

injeção sob pressão, e o In-Ceram.<br />

O sistema In-Ceram foi introduzido, em<br />

1987, pelo francês Sadoun e consiste em um<br />

material cerâmico à base de Al 2<br />

O 3,<br />

que é sinterizado<br />

em densidade extremamente alta e,<br />

posteriormente, infiltrado por vidro, 12 o que<br />

lhe confere superiores propriedades mecâni-<br />

7, 9, 13, 25, 26, 30<br />

cas.<br />

Considerado como o sistema totalmente<br />

cerâmico de maior resistência à fratura, 12 o<br />

In-Ceram é atualmente disponível em três<br />

formas: Alumina, Spinell e Zircônia, sendo<br />

os dois últimos oriundos de modificações no<br />

In-Ceram<br />

In-Ceram Alumina original. A substituição<br />

de parte do Al 2<br />

O 3<br />

, formando a estrutura do<br />

Spinell (MgAl 2<br />

O 4<br />

), melhorou a<br />

translucidez, enquanto a obtenção da estrutura<br />

do In-Ceram Zircônia (Al 2<br />

O 3<br />

ZrO 2<br />

) proporcionou<br />

significativa melhora nas características<br />

mecânicas.<br />

Isso sugere que o sistema In-Ceram,<br />

com suas diferentes estruturas, possui uma<br />

interessante versatilidade, podendo ser aplicado<br />

nas mais variadas situações clínicas,<br />

atendendo aos requisitos mecânicos e estéticos.<br />

Dessa forma, o objetivo deste trabalho<br />

é abordar os aspectos de relevância clínica<br />

associados ao emprego dos sistemas totalmente<br />

cerâmicos In-Ceram Alumina, Spinell<br />

e Zircônia.<br />

REVISÃO DA LITERATURA<br />

Yoshinari e Dérand, 30 em 1994, avaliaram<br />

a resistência à fratura de coroas Vitadur<br />

N (Vita), In-Ceram (Vita), Dicor (Dentsply)<br />

e IPS-Empress (Ivoclar), variando o agente<br />

de cimentação (ionômero de vidro, resinoso<br />

e fosfato de zinco) e a ciclagem mecânica em<br />

meio aquoso, com 10.000 ciclos. Os resultados<br />

mostraram que a resistência à fratura<br />

das coroas Vitadur N diminuiu significativamente<br />

com a ciclagem mecânica, independentemente<br />

do cimento. O cimento resinoso<br />

proporcionou resistência à fratura significativamente<br />

superior aos demais, que se mostraram<br />

iguais, e as coroas de In-Ceram (1276 N)<br />

apresentaram resistência à fratura superior<br />

às demais (IPS Empress-891 N, Dicor-840<br />

N e Viradur-770 N), que não apresentaram<br />

diferença entre si. Apenas as coroas de In-<br />

Ceram apresentaram padrão de fratura da<br />

cerâmica de cobertura, preservando a infraestrutura,<br />

enquanto nas demais ocorreu a<br />

fratura total da coroa.<br />

Segui e Sorensen, 26 em 1995, avaliaram<br />

a resistência à flexão de três pontos das cerâmicas<br />

Mark II (Vita), IPS Empress (Ivoclar),<br />

Dicor MGC (Dentsply), In-Ceram Alumina<br />

(Vita), In-Ceram Spinell (Vita) e In-Ceram<br />

Zircônia (Vita), utilizando como controle a<br />

cerâmica sem reforço cristalino Soda-lime<br />

Glass e a porcelana feldspática reforçada<br />

com leucita VMK 68 (Vita). Pelos dados obtidos,<br />

notou-se diferença significativa entre os<br />

materiais In-Ceram Zircônia (603,7 MPa),<br />

In-Ceram Alumina (446,42 MPa), In-Ceram<br />

Spinell (377,92 MPa), Dicor MGC (228,88<br />

MPa), IPS Empress glazeado (127, 67 MPa),<br />

Mark II (121,67 MPa), IPS Empress polido<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

(97,04 MPa), Soda-lime Glass (92,24 MPa)<br />

e VMK 68 (70,78 MPa). A cerâmica In-<br />

Ceram Zircônia apresentou os maiores valores<br />

de resistência à flexão, enquanto as porcelanas<br />

de controle mostraram-se menos resistentes<br />

que todas as cerâmicas testadas.<br />

Paul et al., 19 em 1995, num relato de<br />

caso clínico, destacaram o novo sistema In-<br />

Ceram Spinell. Segundo os autores, esse sistema<br />

contorna os problemas de transmissão<br />

de luz do In-Ceram Alumina, que possui<br />

uma cor esverdeada, causada pela opacidade<br />

do material de núcleo de Al 2<br />

O 3<br />

. O In-<br />

Ceram Spinell permitiria um resultado estético<br />

muito superior, pela combinação do núcleo<br />

spinel com a nova cerâmica feldspática Vitadur<br />

Alpha. Além do fator estético, o fabricante<br />

(Vita Zahnfabrik) reporta que o núcleo<br />

possui uma resistência à flexão de 350 MPa.<br />

Dessa forma, acreditam ser um material promissor<br />

para restaurações anteriores de porcelana<br />

pura. A qualidade de transmissão de<br />

luz seria similar à do dente natural e a resistência<br />

à flexão reportada deve servir de base<br />

para avaliações clínicas futuras.<br />

Magne e Belser, 17 em 1997, determinaram<br />

a resistência à flexão e à densidade e fizeram<br />

uma avaliação estética subjetiva in vivo<br />

(iluminação direta, transiluminação e fluorescência)<br />

do In-Ceram Alumina e Spinell. Os<br />

autores destacaram que o In-Ceram Spinell<br />

proporciona um melhor resultado estético<br />

que o In-Ceram Alumina, porém apresenta<br />

uma redução significativa nas suas propriedades<br />

mecânicas, quando comparado ao In-<br />

Ceram original.<br />

Haselton et al. 11 e McLaren e White, 18<br />

em 2000, avaliaram a performance clínica<br />

de coroas In-Ceram. No segundo estudo, foi<br />

obtida uma taxa de sobrevivência de 96%<br />

após um período de três anos, sendo sugerida<br />

uma performance clínica satisfatória, com<br />

apenas um leve risco de fratura do núcleo,<br />

podendo a restaurações de In-Ceram serem<br />

usadas nas restaurações odontológicas. Esses<br />

resultados corroboraram os obtidos por Probster,<br />

22 em 1993, que avaliou a performance clínica<br />

de 76 coroas de In-Ceram, encontrando<br />

um desempenho favorável, com uma taxa de<br />

sobrevivência acumulada de 93,3% para um<br />

período de 12 meses.<br />

Segundo Giordano, 10 qualquer um dos<br />

sistemas cerâmicos para infra-estrutura atualmente<br />

disponíveis (Procera, In-Ceram Alumina,<br />

Spinell e Zircônia, IPS Empres 2) pode<br />

proporcionar bom ajuste e aspecto de naturalidade,<br />

desde que cuidados sejam tomados<br />

durante os procedimentos de preparação e confecção.<br />

O sucesso no uso dos materiais totalmente<br />

cerâmicos está na apropriada seleção do<br />

sistema, que deve ser baseada nas condições<br />

clínicas envolvidas no procedimento restaurador<br />

específico. Destacou, ainda, que todos<br />

os sistemas apresentam limitações e, quando<br />

se tenta extrapolá-las, a taxa de sucesso tende<br />

a cair drasticamente.<br />

Tinschert et al., 28 em 2001, determinaram<br />

a resistência à fratura de próteses parciais<br />

fixas de três elementos, confeccionadas<br />

com novos materiais cerâmicos para infraestruturas<br />

(IPS Empress, IPS Empress 2 –<br />

técnica de injeção sob pressão, In-Ceram<br />

Alumina, In-Ceram Zircônia e DC-Zircon<br />

– técnica de CAD/CAM). Os resultados mostraram<br />

os maiores valores de resistência à<br />

fratura para as cerâmicas de zircônio parcialmente<br />

estabilizadas, sugerindo que elas<br />

possam ser indicadas para restaurações em<br />

regiões expostas a altos estresses, como nos<br />

molares. Porém, foi destacado que é preciso<br />

ter cuidado na extrapolação dos dados de<br />

laboratório para as situações clínicas porque<br />

muitas variáveis in vivo não estão presentes,<br />

devendo haver estudos adicionais para assegurar<br />

que os resultados in vitro possam ser<br />

transferidos para as situações clínicas.<br />

Schalch, 24 em 2003, avaliou as propriedades<br />

mecânicas (resistência à flexão, resistência<br />

à tração diametral e dureza Vickers) dos<br />

materiais para infra-estrutura IPS Empress 2<br />

e In-Ceram Zircônia. Diante dos resultados –<br />

superioridade do In-Ceram Zircônia quanto<br />

à resistência à flexão e a dureza Vickers, e<br />

superioridade do IPS Empress 2 quanto à<br />

resistência à tração diametral –, o autor ressalta<br />

que a decisão pela indicação de um<br />

material não pode ser baseada em apenas<br />

uma propriedade, visto que a relação entre as<br />

três propriedades mecânicas não é a mesma<br />

para os materiais estudados.<br />

DISCUSSÃO<br />

A incorporação de óxidos à matriz vítrea<br />

foi o método utilizado para o aprimoramento<br />

mecânico das porcelanas convencionais<br />

(feldspáticas), as primeiras a serem aplicadas<br />

na confecção de coroas ocas sem infraestrutura<br />

metálica.<br />

9<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004


Os resultados alcançados são considerados<br />

satisfatórios, 13, 25, 30 sendo o óxido de alu-<br />

Em<br />

mínio (Al 2<br />

O 3<br />

) o mais extensivamente empregado,<br />

representando cerca de 85% em massa<br />

do In-Ceram original (Alumina).<br />

No processamento desse sistema, ocorre,<br />

inicialmente, a sinterização da massa, formada<br />

pela saturação do pó de Al 2<br />

O 3<br />

com<br />

água destilada, a 1.120ºC por duas horas.<br />

A estrutura obtida é extremamente porosa<br />

e frágil, recebendo, em seguida, a infiltração<br />

de vidro de silicato de lantânio a 1.100ºC<br />

por quatro horas (Vita All-ceramic Systems,<br />

Vita Zahnfabrik, Bad Sackingen, Alemanha).<br />

Posteriormente, a infra-estrutura é recoberta<br />

com porcelana feldspática convencional<br />

(Vitadur), para obtenção do resultado<br />

estético.<br />

Com o processo de infiltração, o vidro<br />

ocupa os espaços intersticiais (poros) e diminui<br />

a quantidade de fendas e irregularidades<br />

de superfície, aumentando significativamente<br />

a resistência do material. 9<br />

Outro aspecto favorável do processo de<br />

infiltração refere-se à diferença entre os coeficientes<br />

de expansão térmica da alumina<br />

e do vidro, que gera forças compressivas e<br />

estresse residual na interface alumina/vidro,<br />

neutralizando parte das forças de tração que<br />

atuam sobre a infra-estrutura cerâmica, limitando<br />

a propagação de trincas. 9<br />

Como limitação, a alta concentração de<br />

Al 2<br />

O 3<br />

presente no In-Ceram Alumina, em<br />

torno de 85% em massa, resulta numa infraestrutura<br />

relativamente opaca, podendo causar<br />

o esverdeamento da porcelana de cobertura. 19<br />

Desenvolvido recentemente, o sistema<br />

In-Ceram Spinell (MgAl 2<br />

O 4<br />

) representa uma<br />

modificação na estrutura original do In-<br />

Ceram, substituindo-se parte do Al 2<br />

O 3<br />

por<br />

óxido de magnésio (MgO). Com isso, o problema<br />

de transmissão de luz foi contornado,<br />

visto que o novo material possui uma maior<br />

translucidez, sendo capaz de combinar com o<br />

substrato subjacente, resultando num resultado<br />

estético muito<br />

17, 19<br />

superior.<br />

contrapartida, as mudanças resultaram<br />

na redução significativa da resistência à<br />

flexão da estrutura Spinell, que, de acordo<br />

com Segui e Sorensen, 26 representa cerca<br />

de 75% da resistência do In-Ceram Alumina.<br />

Outros estudos que compararam as<br />

propriedades mecânicas dos dois sistemas<br />

também reportaram essa diferença como<br />

13, 17, 19<br />

conseqüência do núcleo de alumina.<br />

Dessa forma, esse novo sistema é indicado<br />

com segurança para situações clínicas em<br />

que o fator estético seja imprescindível e<br />

a restauração não fique exposta a grandes<br />

tensões mastigatórias, como coroas unitárias<br />

19, 23<br />

anteriores e inlays.<br />

Buscando ampliar a aplicabilidade clínica<br />

– incluindo coroas e próteses parciais<br />

fixas posteriores –, mais recentemente a Vita<br />

desenvolveu o sistema In-Ceram Zircônia.<br />

Enquanto no In-Ceram Spinell houve a substituição<br />

de alumina por MgO, melhorando<br />

o resultado estético, neste sistema, parte do<br />

Al 2<br />

O 3<br />

foi substituída por ZrO 2<br />

, que representa<br />

33% da estrutura cristalina.<br />

A estrutura do In-Ceram reforçado com<br />

óxido de zircônio é mais opaca e possui resistência<br />

à flexão cerca de 20% maior que a do<br />

sistema In-Ceram Alumina. 1, 26 Esse melhor<br />

comportamento seria conseqüência da transformação<br />

de fase cristalina, de monoclínica<br />

para tetragonal, que ocorre durante o processamento,<br />

provocando uma expansão volumétrica<br />

de 3 a 5%. Isso gera a formação<br />

de forças compressivas na interface alumina/<br />

vidro, limitando a propagação de trincas.<br />

Diante da alta opacidade da infra-estrutura<br />

resultante, podendo comprometer o<br />

resultado estético, e da influência positiva<br />

do zircônio nas propriedades mecânicas,<br />

esse novo sistema tem sido indicado para<br />

restaurações e próteses parciais fixas posteriores.<br />

6<br />

Considerando as características mecânicas<br />

e estéticas reportadas para os três tipos<br />

de sistemas In-Ceram, na tabela 1, estão<br />

expostas suas prováveis indicações.<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

1 0<br />

TABELA 1. INDICAÇÕES DOS SISTEMAS IN-CERAM.<br />

Tipo de material Indicações<br />

In-Ceram Spinell Inlays e coroas anteriores<br />

In-Ceram Alumina Coroas anteriores e posteriores e próteses fixas anteriores de três elementos<br />

In-Ceram Zirconia Coroas e próteses fixas posteriores de três elementos<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

Apesar de a maioria das investigações<br />

sobre os sistemas cerâmicos para infra-estrutura<br />

estar focada nas propriedades mecânicas,<br />

a longevidade clínica no longo prazo<br />

das restaurações é significativamente influenciada<br />

pela discrepância marginal. 29 Daí a<br />

importância em se preocupar, também, com<br />

a obtenção de uma satisfatória adaptação da<br />

restauração com a estrutura dentária preparada.<br />

Pera et al., 20 avaliando a estabilidade<br />

dimensional e a adaptação marginal de coroas<br />

In-Ceram com três diferentes configurações<br />

cervicais – chanfro, ombro marginal de 50º e<br />

ombro de 90º –, notaram que a infra-estrutura<br />

cerâmica permaneceu estável após aplicação<br />

da porcelana de cobertura Vitadur-N. Quanto<br />

à adaptação marginal, os melhores resultados<br />

foram obtidos com as terminações em chanfro<br />

e em ombro de 50º, sendo essas, portanto,<br />

as preferidas para a preparação de dentes que<br />

receberão infra-estruturas de In-Ceram.<br />

Quanto à cimentação das restaurações<br />

In-Ceram, há algumas particularidades. Nas<br />

porcelanas convencionais à base de sílica<br />

(feldspáticas) e nas cerâmicas de vidro (IPS<br />

Empress), o condicionamento da superfície<br />

interna da restauração com ácido hidrofluorídrico<br />

associado aos cimentos resinosos<br />

proporciona suficiente resistência de<br />

união, 3, 14 além de aumentar a resistência à<br />

2, 25<br />

fratura das restaurações.<br />

Segundo Kern e Thompson, 14 como nas<br />

cerâmicas In-Ceram os cristais de sílica foram<br />

substituídos por alumina, magnésio e zircônio,<br />

os ácidos hidrofluorídricos e cimentos à<br />

base de Bis-GMA não são efetivos na promoção<br />

de união, sendo necessárias técnicas<br />

alternativas de cimentação. União durável a<br />

longo prazo foi alcançada com a combinação<br />

de sistema triboquímico de silanização (Rocatec<br />

– Espe) e resina composta convencional<br />

de BIS-GMA ou com a combinação de jateamento<br />

de Al 2<br />

O 3<br />

associado aos cimentos resinosos<br />

modificados com monômero fosfato<br />

(MDP), que apresenta união química aos<br />

14, 15<br />

óxidos de alumínio e zircônio.<br />

Resultados clinicamente satisfatórios de<br />

resistência de união e à fratura têm sido<br />

reportados, também, com o uso de cimentos<br />

convencionais, fosfato de zinco e ionômero<br />

de vidro associados ao jateamento da superfície<br />

interna com Al 2<br />

O 3<br />

. 4, 8, 16 No caso específico<br />

do In-Ceram Spinell, é recomendado<br />

que se evite o cimento de fosfato de zinco,<br />

visto que sua opacidade pode comprometer<br />

o resultado estético.<br />

Considerando a complexidade dos ciclos<br />

mastigatórios aos quais as restaurações totalmente<br />

cerâmicas são submetidas na cavidade<br />

bucal, estudos têm procurado utilizar<br />

os ensaios de ciclagem mecânica e térmica,<br />

por se acreditar que sejam capazes de simular<br />

melhor as condições bucais quando comparados<br />

aos testes estáticos, como as resistências<br />

à fratura e à flexão. 7, 27, 30 Parece haver<br />

consenso entre os pesquisadores de que a<br />

ciclagem provoque redução significativa na<br />

resistência à fratura dos materiais totalmente<br />

cerâmicos.<br />

Reportando os estudos revisados, nota-se<br />

uma considerável variação nos valores de<br />

resistência dos sistemas cerâmicos testados.<br />

De acordo com Chong et al., 6 isso se deve à<br />

formação de defeitos internos durante o processamento<br />

dos materiais. Outro fator que<br />

pode influenciar é a diferença na metodologia,<br />

incluindo testes de resistência à flexão<br />

biaxial de três e quatro pontos.<br />

No próprio sistema In-Ceram, os valores<br />

de resistência à flexão variaram de 243 a<br />

530 MPa (Alumina), 283 a 377 MPa (Spinell)<br />

e 421 a 603 MPa (Zircônia). Isso evidencia<br />

o cuidado que se deve ter na indicação<br />

de um material pelos valores de testes<br />

mecânicos laboratoriais, 28 não sendo recomendável<br />

a consideração de apenas uma propriedade,<br />

visto que os materiais podem ter<br />

comportamentos diferentes frente às várias<br />

propriedades. 24<br />

Dados realmente confiáveis são aqueles<br />

provenientes de avaliações clínicas a longo<br />

prazo. Alguns estudos 11, 18, 21 demonstraram<br />

uma performance clínica satisfatória do sistema<br />

In-Ceram, mas os dados são limitados<br />

em função do curto período de avaliação, em<br />

torno de quatro anos.<br />

Dessa forma, considerando que os sistemas<br />

cerâmicos para infra-estrutura são relativamente<br />

recentes e a maioria dos dados<br />

disponíveis é oriunda de estudos in vitro,<br />

não havendo evidências científicas para sua<br />

recomendação, é prudente que sejam respeitadas<br />

suas limitações 10 e se aguarde<br />

estudos longitudinais futuros para que se<br />

possa indicar com segurança esses materiais<br />

para a confecção de restaurações e<br />

próteses parciais fixas posteriores.<br />

1 1<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004


1 2<br />

CONCLUSÃO<br />

Da abordagem da literatura revisada,<br />

podem ser extraídas as seguintes conclusões:<br />

• o sistema In-Ceram Spinell proporciona<br />

excelente resultado estético, mas limitadas<br />

propriedades mecânicas, não sendo<br />

indicado para regiões em que há grande<br />

estresse mastigatório;<br />

• o In-Ceram Zircônia parece ter excelentes<br />

características mecânicas; entretanto,<br />

por ser bastante recente, são<br />

necessários estudos clínicos longitudinais<br />

a longo prazo para que seu desempenho<br />

mecânico possa ser confirmado<br />

clinicamente nas coroas e próteses fixas<br />

posteriores;<br />

• o surgimento dos sistemas Spinell e<br />

Zircônia, por meio de modificações na<br />

estrutura do sistema In-Ceram Alumina,<br />

sugere uma importante versatilidade do<br />

sistema, aumentando sua aplicação clínica<br />

como materiais para infra-estrutura<br />

cerâmica.<br />

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Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 7-12, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

LOCALIZED GINGIVAL<br />

RECESSION ASSOCIATED<br />

WITH ORAL PIERCING<br />

RECESSÃO GENGIVAL LOCALIZADA ASSOCIADA A PIERCING ORAL<br />

SAMUEL KOO<br />

AMADEU RODRIGUES SILVA JR.<br />

Pós-graduando do Center for Implantology, Boston University – EUA<br />

Professor associado do Departamento de Morfologia, Estomatologia e<br />

Fisiologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP<br />

ABSTRACT<br />

Oral piercing is a growing trend among teens and young<br />

adults. The common sites for oral piercing include the tongue,<br />

lips and cheeks. In the literature, it is reported that several<br />

adverse effects are related to oral piercing. They include<br />

edema, pain, inflammation, interference with speech and<br />

mastication as well as tooth fracture. In this report, several<br />

cases of localized gingival recession associated with oral<br />

piercing are described. It is noted that mechanical trauma,<br />

caused by oral piercing, may be considered another etiology of<br />

localized gingival recession.<br />

UNITERMS: PIERCING – GINGIVAL RECESSION – LIP/INJURIES.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />

RESUMO<br />

A prática de piercing oral está crescendo em popularidade<br />

entre jovens e adultos jovens. Os locais comuns de piercing<br />

oral incluem a língua, lábios e bochechas. A literatura relata<br />

que vários efeitos adversos estão associados a piercing oral<br />

como edema, dor, inflamação, interferência na fala e na<br />

mastigação assim como fratura dental. Neste relato, vários<br />

casos de retração gengival localizada associados a piercing<br />

oral são descritos. O trauma mecânico, causado pelo piercing<br />

oral, pode ser considerado como mais uma etiologia da<br />

retração gengival localizada.<br />

UNITERMOS: PIERCING – RETRAÇÃO GENGIVAL – LÁBIO/LESÕES.<br />

1 3


1 4<br />

INTRODUCTION<br />

The practice of oral piercing is growing<br />

in popularity in contemporary societies in<br />

diverse cultures. The custom has been practiced<br />

by some ancient cultures and is also<br />

practiced by some extant “primitive” cultures.<br />

The first materials used in early piercing<br />

practices varied widely from stones to bones<br />

and ivory. 4 This practice was related to religious<br />

beliefs, rituals of hunting, passage into<br />

puberty, signs of virility and courage and<br />

even enforcement of a vow of silence. 4 The<br />

size, material and type of piercing indicated<br />

social status as well as age.<br />

Nowadays, many people choose to wear<br />

this jewelry for a variety of reasons including<br />

aesthetic purposes, fashion, behavioral<br />

change, sign of a personal statement or group<br />

identification, or even for its oral sexual connotation.<br />

The common sites for oral piercing<br />

include the tongue, lips, cheeks, or a combination<br />

of these sites. 13<br />

Modern piercing materials include rings,<br />

studs or barbell-shaped devices composed of<br />

yellow or white gold, surgical stainless steel, titanium,<br />

niobium and even animal bones, which<br />

may cause allergic reactions in certain people. 2<br />

The most frequent complications reported<br />

in the literature related to oral piercing,<br />

which usually appear during the first weeks,<br />

include: edema, 9 pain, inflammation, 14 excessive<br />

salivation, abscess formation, 7 speech, mastication<br />

and swallowing interference, 12 accumulation<br />

of food debris on pierced objects, and<br />

subsequently, the accumulation of tartar formation.<br />

4 Natural and restored tooth fractures<br />

were also reported. 5,11 The increased practice<br />

of piercing by individuals in modern society<br />

has resulted in an increase in patients with oral<br />

piercing going to dental professionals.<br />

In this paper, several cases of localized<br />

gingival recession are reported in individuals<br />

wearing oral piercing.<br />

REPORT OF CASES<br />

CASE 1<br />

A 27-year-old Caucasian woman presented<br />

oral piercing in the lower lip area<br />

(fig. 1) and another barbell piercing in the<br />

tongue area. The patient was in apparent<br />

good health and her previous medical history<br />

was non-contributory. Clinical oral examination<br />

revealed no signs of calculus formation,<br />

caries or periodontal disease except for the<br />

4 mm of localized gingival recession on the<br />

vestibular aspect of both lower central incisors<br />

(fig. 2). This patient presented acceptable<br />

oral hygiene with regular toothbrushing<br />

and daily use of oral antiseptic solution. No<br />

signs of infection were clinically evident. The<br />

patient had been wearing piercings in the lip<br />

area for 7 months. She had not noticed the<br />

gingival recession before the piercing.<br />

FIGURE 1. EXTRAORAL ASPECT OF PIERCING IN LOWER<br />

LIP AREA.<br />

FIGURE 2. GINGIVAL RECESSION SECONDARY TO<br />

CHRONIC TRAUMA FROM LIP PIERCING.<br />

CASE 2<br />

A 22-year-old white man presented multiple<br />

extra and intraoral piercings. In total,<br />

5 piercing sites were present in the lower lip<br />

area (fig. 3). The patient did not report any<br />

systemic disease but he confessed he had not<br />

seen a medical or dental professional for a<br />

long period. Gingival recession, associated<br />

with calculus and plaque accumulation, was<br />

present on the vestibular aspect of the lower<br />

incisors and bilateral canines. Plaque accumulation<br />

was evident on other teeth. However,<br />

gingival recession was not observed in<br />

other areas. His oral piercing procedure was<br />

performed in the past 16 months and the<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


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patient stated he had been wearing the piercings<br />

for aesthetic purposes.<br />

FIGURE 3. MULTIPLE ORAL PIERCING SITES AND<br />

OCCURRENCE OF GINGIVAL RECESSION<br />

ASSOCIATED WITH CALCULUS AND PLAQUE<br />

ON VESTIBULAR ASPECT OF MANDIBULAR<br />

ANTERIOR TEETH.<br />

CASE 3<br />

A 19-year-old white man presented a<br />

single piercing in the median lower lip<br />

area. His past medical history was not significant.<br />

The occurrence of recession on<br />

both lower central incisor areas, calculus and<br />

plaque accumulations were observed in the<br />

gingival recession area (fig 4). The patient<br />

had smoking and drinking habits. The piercing<br />

had been in place for nearly 1 year. No<br />

mucosal inflammation around the lip piercing<br />

was observed.<br />

After examination, explanations of the<br />

potential risks and complications of oral piercing<br />

were given to all patients. However,<br />

they did not seem sufficiently motivated to<br />

remove their oral piercings.<br />

FIGURE 4. GINGIVAL RECESSION ASSOCIATED WITH<br />

CALCULUS AND PLAQUE ON VESTIBULAR<br />

ASPECT LOWER CENTRAL INCISOR AREA.<br />

DISCUSSION<br />

Recently, the occurrence of localized<br />

gingival recession associated with oral piercing<br />

has been reported in the literature. 8,<br />

9<br />

Gingival recessions are common in the<br />

adult population with its prevalence increasing<br />

with age. 1,10 Common etiologies associated<br />

with gingival recessions are gingival<br />

trauma caused by vigorous toothbrushing<br />

and gingival lesions caused by plaque accumulation.<br />

15 Other factors related to gingival<br />

recession include alveolar bone dehiscence,<br />

misalignment of teeth, fastidious injuries,<br />

muscle pull, orthodontic tooth movement,<br />

occlusal trauma and iatrogenesis. 3, 6<br />

Our clinical findings reported in these<br />

cases confirm that oral piercing can lead to<br />

a potential risk of localized gingival recession.<br />

The patient in case 1 presented localized<br />

gingival recession even though she had<br />

presented acceptable oral hygiene. The distal<br />

end of her lip piercing was in direct contact<br />

with the area of gingival recession. The root<br />

exposure may have been a result of chronic<br />

mechanical trauma by the lip piercing. In<br />

cases 2 and 3, the association of calculus and<br />

plaque in gingival recession make it difficult<br />

to conclude unambiguously that oral piercing<br />

has directly caused the gingival recession.<br />

However, these findings suggest that the<br />

mechanical trauma caused by oral piercing,<br />

associated with poor oral hygiene, may increase<br />

the risk of gingival recession. Interestingly,<br />

localized gingival recession was not present<br />

in patients wearing oral piercing where<br />

the position of the distal end was directed<br />

away from the cement-enamel junction. In<br />

future studies, it may prove fruitful to investigate<br />

the occurrence of localized gingival<br />

recession in a larger population, in which<br />

root exposure is measured before and after<br />

oral piercing.<br />

CONCLUSION<br />

Mechanical trauma caused by oral piercing<br />

may be considered to be an additional<br />

etiology of localized gingival recession. As<br />

dental team members, we should be on the<br />

lookout for potential complications and risks<br />

associated with the practice of oral piercing.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004<br />

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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

1 6<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 13-16, 2004


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INFLUÊNCIA DO CORANTE E DO<br />

MÉTODO DE AVALIAÇÃO NA<br />

INFILTRAÇÃO APICAL EM OBTURAÇÕES<br />

DE CANAIS RADICULARES<br />

INFLUENCE OF DYE AND EVALUATING METHOD ON APICAL LEAKAGE<br />

OF ROOT CANAL FILLINGS<br />

JULIANE MARIA GUERREIRO TANOMARU<br />

RONALDO SOUZA FERREIRA DA SILVA<br />

MÁRIO TANOMARU FILHO<br />

Doutoranda em endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara<br />

– Unesp<br />

Mestrando em endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara<br />

– Unesp<br />

Professor adjunto da disciplina de endodontia da Faculdade de<br />

Odontologia de Araraquara – Unesp<br />

RESUMO<br />

O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da solução<br />

corante e método de análise da infiltração marginal. Foram<br />

utilizados quarenta caninos superiores extraídos de humanos.<br />

Após o preparo biomecânico dos canais radiculares, os<br />

dentes foram divididos em 4 grupos. Realizada a impermeabilização<br />

da superfície dentária externa, os canais radiculares<br />

foram obturados, sendo dois grupos imersos em solução<br />

de Azul de Metileno e dois em Nanquin, por 48 horas em<br />

ambiente com vácuo. Os dentes foram submetidos ao método<br />

de fratura longitudinal ou diafanização para análise da<br />

infiltração apical. Os resultados demonstraram maior infiltração<br />

com azul de metileno e quando foi empregado método<br />

de fratura longitudinal (p < 0,05). Ainda, para a solução de<br />

azul de metileno, a fratura permitiu maior infiltração que a<br />

observada na diafanização (p < 0,05).<br />

UNITERMOS: INFILTRAÇÃO MARGINAL – AZUL DE METILENO –<br />

NANQUIM – DIAFANIZAÇÃO.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this study was to evaluate the apical leakage<br />

with two ink solutions and two evaluating methods. For this<br />

study, forty maxillary human extracted canine teeth were<br />

used. The root canals were prepared by standard form, the<br />

root surfaces were coated and the root canals were filled.<br />

After this, they were divided into four groups, two were<br />

immersed in 2% methylene blue solution and other two<br />

groups were immersed in india ink, using vacuum environment<br />

for 48 hours. Two groups were evaluated by longitudinal<br />

split and two were decalcified for the evaluation of<br />

dye penetration. The results showed the highest values for<br />

2% methylene blue groups and with the split method (p <<br />

0,05). Furthermore, when using methylene blue, the split<br />

method showed higher values of dye leakage compared with<br />

the decalcified method (p < 0,05).<br />

UNITERMS: APICAL LEAKAGE – METHYLENE BLUE – INDIA INK –<br />

DECALCIFIED METHOD.<br />

1 7


INTRODUÇÃO<br />

A completa obturação do sistema de<br />

canais radiculares, visando à obtenção de adequado<br />

selamento apical, é um fator importante<br />

para o sucesso do tratamento endodôntico.<br />

8, 9 Na busca de um material obturador<br />

ideal, com propriedades físico-químicas<br />

e biológicas adequadas, grande variedade de<br />

cimentos obturadores de canais radiculares é<br />

lançada no mercado. Dentre as propriedades<br />

físico-químicas dos cimentos endodônticos,<br />

a capacidade seladora tem sido estudada por<br />

inúmeras metodologias, incluindo a penetração<br />

bacteriana, 10 o emprego de isótopos, 18<br />

a microscopia eletrônica, 20 a fluorometria 3 e<br />

a infiltração por corantes. 21<br />

Os estudos de avaliação da capacidade<br />

seladora apresentam resultados diversos em<br />

função das diferentes metodologias, sendo<br />

empregados distintos marcadores ou soluções<br />

corantes, assim como variados métodos de<br />

avaliação da infiltração.<br />

O objetivo deste estudo é avaliar duas<br />

soluções corantes (azul de metileno e nanquim)<br />

quanto à capacidade de penetração e<br />

marcação da infiltração apical em obturações<br />

de canais radiculares, sendo utilizados dois<br />

métodos de análise: a fratura longitudinal e o<br />

processo de diafanização.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Quarenta caninos humanos superiores<br />

extraídos, oriundos do Banco de Dentes da<br />

Faculdade de Odontologia de Araraquara –<br />

Unesp, foram armazenados em solução fisiológica<br />

após permanecerem por 48 horas em<br />

solução de hipoclorito de sódio a 1%. Os<br />

dentes foram selecionados de acordo com a<br />

anatomia radicular e o diâmetro do forame<br />

inferior à lima tipo K (Dentsply – Maillefer<br />

S.A., Ballaigues, Suíça) n.º 20.<br />

A abertura coronária foi realizada de<br />

acordo com a técnica endodôntica e a odontometria<br />

determinada pela introdução de<br />

lima tipo K n.º 15 até o forame, padronizado<br />

pela instrumentação com limas tipo K até a<br />

de n.º 30. A seguir, um milímetro aquém do<br />

comprimento real do dente, o batente apical<br />

foi preparado até a lima tipo K n.º 45. A técnica<br />

escalonada com recuo progressivo programado<br />

de um milímetro entre cada instrumento<br />

foi realizada até a lima tipo K n.º<br />

70. Durante todo o preparo biomecânico, os<br />

canais radiculares foram irrigados com 1,5<br />

ml de solução de hipoclorito de sódio a 1%,<br />

a cada troca de instrumento. Após a realização<br />

do preparo biomecânico, a lima tipo K<br />

n.º 30 foi utilizada até o forame apical, com<br />

o objetivo de remoção de restos dentinários.<br />

A impermeabilização da superfície radicular<br />

externa foi efetuada com uma camada de<br />

adesivo (Araldite – Ciba-Geigy S.A., Taboão<br />

da Serra, SP) e uma camada de esmalte para<br />

unha, com exceção de 2mm ao redor do<br />

forame apical. Ao final, foi usada solução<br />

de EDTA (Herpo Produtos Dentários Ltda.,<br />

Rio de Janeiro, RJ), por três minutos. Após<br />

irrigação com soro fisiológico, a secagem dos<br />

canais radiculares foi realizada com pontas<br />

de papel absorvente (Tanari – Tanariman<br />

Industrial Ltda., Manacapuru, AM).<br />

Os cones de guta-percha principais<br />

(Tanari – Tanariman Industrial Ltda., Manacapuru,<br />

AM) foram selecionados e padronizados<br />

para obturação dos canais radiculares.<br />

Os dentes foram divididos aleatoriamente<br />

em quatro grupos (tab. 1).<br />

A obturação do canal radicular foi complementada<br />

pela técnica da condensação<br />

lateral ativa, usando cones de guta-percha<br />

auxiliares e cimento obturador de óxido<br />

de zinco e eugenol (S.S.White Art. Dent.<br />

Ltda., Rio de Janeiro, RJ). A condensação<br />

lateral ativa foi realizada com auxílio de<br />

espaçador Finger Spreader (Dentsply – Maillefer,<br />

Ballaigues, Suíça) n.º 30.<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

1 8<br />

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS EM FUNÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO E SOLUÇÃO<br />

CORANTE.<br />

GRUPOS MÉTODO CORANTE<br />

EXPERIMENTAIS DE ANÁLISE EMPREGADO<br />

I Fratura longitudinal Azul de metileno 2%<br />

II Fratura longitudinal Nanquim<br />

III Diafanização Azul de metileno 2%<br />

IV Diafanização Nanquim<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

O selamento coronário foi realizado<br />

com cimento provisório Cimpat (Specialités<br />

Septodont, França), complementado<br />

com camada de esmalte para unha. Em<br />

seguida, os dentes foram imersos em cera<br />

utilidade derretida, com exceção do terço<br />

apical, sendo, posteriormente, os grupos I e<br />

III imersos em solução de azul de metileno<br />

a 2% e os grupos IIe IV, em solução de nanquim,<br />

em ambiente a vácuo, por 48 horas.<br />

Decorrido esse período, os dentes foram<br />

lavados em água corrente. Em seguida, a<br />

impermeabilização dentária foi removida e<br />

os dentes, submetidos aos métodos de fratura<br />

longitudinal (grupos I e II) ou diafanização<br />

(grupos III e IV), para leitura da infiltração<br />

do corante empregando o Perfilômetro<br />

(Profile Projector 6 C, Nikon, Japão).<br />

A infiltração apical foi medida, em milímetros,<br />

do forame apical até o limite máximo<br />

da penetração do corante.<br />

O processo de diafanização utilizado<br />

neste estudo foi realizado da seguinte forma:<br />

1. imersão em ácido clorídrico 5% por três<br />

dias, com trocas de ácidos a cada 24 horas;<br />

2. lavagem em água corrente por oito horas;<br />

3. desidratação em série de álcool etílico em<br />

concentração crescente: 70% durante oito<br />

horas, 90% durante uma hora e 100% com<br />

três lavagens de uma hora cada; e 4. repetição<br />

da lavagem em álcool. Em seguida,<br />

foram imersos em solução de salicilato de<br />

metila para obtenção do aspecto final da diafanização.<br />

Para análise estatística dos dados obtidos,<br />

empregou-se o teste de análise de variância<br />

com nível de significância de 5% e, para<br />

as comparações entre os grupos, o teste de<br />

Tukey-Krammer.<br />

RESULTADOS<br />

O gráfico 1 representa os valores das<br />

médias de infiltração marginal observadas<br />

para os grupos experimentais. A análise estatística<br />

dos resultados demonstrou diferenças<br />

significantes entre os grupos experimentais<br />

(p < 0,05), com maior infiltração observada<br />

para o grupo que empregou solução de<br />

azul de metileno a 2% e método da fratura<br />

longitudinal. Para o corante azul de metileno,<br />

a infiltração foi significantemente maior<br />

quando observada pelo método de fratura<br />

longitudinal (p < 0,05).<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />

GRÁFICO 1 – INFILTRAÇÃO MARGINAL MÉDIA (EM MM) OBSERVADA NOS DIVER-<br />

SOS GRUPOS EXPERIMENTAIS.<br />

DISCUSSÃO<br />

Os estudos in vitro da capacidade seladora<br />

de materiais obturadores apresentam<br />

uma série de variáveis que influenciam na<br />

obtenção dos resultados. Dentre esses fatores,<br />

a presença de ar tem sido discutida, uma<br />

vez que ele pode impedir a penetração de<br />

marcadores. Spangberg et al., 16 após estudos<br />

empregando o corante azul de metileno a<br />

2%, afirmaram que estudos na presença de ar<br />

revelam penetração incompleta do corante,<br />

sendo indicado o emprego do vácuo.<br />

Goldman et al. 5 sugerem que os resultados<br />

de estudos de penetração de corantes<br />

sem o uso do vácuo devem ser questionados.<br />

Da mesma forma, Peters e Harrison, 12<br />

empregando solução de azul de metileno em<br />

condições de vácuo, observaram maior penetração<br />

do corante, em relação à não utilização<br />

do mesmo.<br />

Neste estudo, o ambiente de vácuo<br />

foi usado em todos os grupos para promover<br />

uma condição ideal de penetração das<br />

soluções corantes. O cimento empregado foi<br />

o de óxido de zinco e eugenol, por permitir<br />

infiltração apical, proporcionando condições<br />

de comparação entre os grupos experimentais<br />

e as variáveis avaliadas.<br />

O corante nanquim tem sido usado<br />

como marcador nos testes de infiltração<br />

devido à sua melhor capacidade de contraste.<br />

7, 13, 14, 15, 23<br />

Os resultados obtidos neste estudo<br />

quanto aos dois corantes avaliados demonstraram<br />

diferença significativa em sua capacidade<br />

de penetração, sendo maior a capaci-<br />

1 9


2 0<br />

dade de infiltração observada para a solução<br />

de azul de metileno a 2% em relação ao nanquim<br />

(p < 0,05). Contrariamente, Youngson<br />

et al. 24 compararam a capacidade de marcação<br />

dos corantes: eosina 5%, azul de metileno<br />

5%, nitrato de prata 50% e nanquim,<br />

concluindo que não houve diferenças estatísticas<br />

entre os corantes estudados em relação<br />

à capacidade de penetração na dentina.<br />

No entanto, maior capacidade de penetrabilidade<br />

do corante azul de metileno tem<br />

sido demonstrada na literatura. Ahlberg et<br />

al. 2 compararam a solução de azul de metileno<br />

a 5% com o nanquim em canais radiculares<br />

obturados com diferentes cimentos<br />

endodônticos, e observaram, após secção<br />

longitudinal, maior penetração para o azul<br />

de metileno do que para o nanquim.<br />

Neste estudo, também foram avaliados<br />

os métodos de análise da infiltração marginal<br />

(fratura longitudinal e diafanização),<br />

sendo observada maior infiltração pela fratura<br />

longitudinal (p < 0,05). Para o corante<br />

azul de metileno, a infiltração foi significativamente<br />

maior quando observada por meio<br />

do método de fratura longitudinal (p < 0,05),<br />

em relação à diafanização.<br />

Em relação ao método de diafanização,<br />

Abarca et al. 1 compararam a infiltração apical<br />

em canais radiculares obturados com Thermafil,<br />

ou condensação lateral ativa, empregando<br />

como marcador o nanquim, não sendo<br />

observada diferença significativa entre os<br />

grupos avaliados. Wimonchit et al., 22 estudando<br />

diferentes técnicas de avaliação da<br />

infiltração empregando o nanquim como<br />

marcador pelo processo de diafanização,<br />

observaram que o método a vácuo proporcionou<br />

maiores valores de infiltração (p <<br />

0,05).<br />

Tamse et al. 19 realizaram estudo comparando<br />

a capacidade de infiltração dos corantes<br />

eosina, azul de metileno e nanquim em<br />

canais radiculares obturados com cimento<br />

Roth 801, avaliados pelo método de fratura<br />

longitudinal, e o corante nanquim, também<br />

pelo processo de diafanização. Nos grupos de<br />

dentes que sofreram fratura longitudinal, não<br />

houve diferença significativa entre os marcadores<br />

usados, sendo os resultados maiores<br />

que os obtidos no grupo de dentes com<br />

nanquim avaliado pelo processo de diafanização.<br />

Esses resultados são concordantes<br />

com os obtidos neste estudo, uma vez que a<br />

penetração de corante pelo método de diafanização<br />

foi menor, especialmente para o<br />

corante azul de metileno, demonstrando ser<br />

o mesmo incompatível com o processo de<br />

desmineralização com ácidos.<br />

De acordo com os resultados obtidos,<br />

observamos que a solução de azul de metileno<br />

apresenta maior penetração para estudos<br />

de infiltração apical do que o nanquim.<br />

Ainda: o método de avaliação pela fratura<br />

longitudinal mostrou-se mais eficaz para avaliação<br />

da penetração do corante, sendo a técnica<br />

de diafanização indicada apenas para o<br />

emprego de nanquim como solução corante.<br />

CONCLUSÃO<br />

De acordo com a metodologia empregada<br />

e os resultados obtidos, pode-se concluir<br />

que:<br />

• a solução de azul de metileno avaliada<br />

pelo método de fratura longitudinal<br />

apresentou maior infiltração apical nas<br />

obturações de canais radiculares (p <<br />

0,05);<br />

• a solução de azul de metileno apresentou<br />

maior capacidade de infiltração<br />

apical do que o corante nanquim (p <<br />

0,05);<br />

• para o corante azul de metileno, a<br />

infiltração foi significativamente maior<br />

quando observada pelo método de fratura<br />

longitudinal (p < 0,05).<br />

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12. Peters LB, Harrison JW. A comparison of leakage of filling<br />

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13. Saunders EM, Saunders WP. Long-term coronal leakage<br />

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studies. Int Endod J 1998 set; 31 (5):377.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 17-21, 2004<br />

2 1


HETEROCONTROLE DO TEOR<br />

DE FLÚOR NA ÁGUA DE<br />

ABASTECIMENTO PÚBLICO<br />

DO MUNICÍPIO DE LINS/SP<br />

• Universidade Metodista de Piracicaba<br />

UNIMEP<br />

HETEROCONTROL OF THE FLUORIDE LEVEL IN THE PUBLIC<br />

WATER SUPPLY OF THE CITY OF LINS/SP<br />

FABÍOLA SIRA JORQUEIRA FERRO BUENO E SILVA<br />

SUZELY ADAS SALIBA MOIMAZ<br />

CLÉA ADAS SALIBA GARBIN<br />

NEMRE ADAS SALIBA<br />

CARLOS WAGNER DE ARAÚJO WERNER<br />

Professora voluntária de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de<br />

Odontologia de Lins – UNIMEP<br />

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia<br />

Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />

Professora adjunta do Departamento de Odontologia Infantil e Social da<br />

Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />

Professora titular do Departamento de Odontologia Infantil e Social da<br />

Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp<br />

Diretor da Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP<br />

2 2<br />

RESUMO<br />

A eficiência e a segurança da fluoretação das águas de<br />

abastecimento público dependem da manutenção da concentração<br />

ótima de flúor tornando-se necessário sistemas de<br />

vigilância baseados no heterocontrole. A água de abastecimento<br />

público de Lins, SP é naturalmente fluoretada proveniente<br />

de poços profundos com diferentes concentrações de<br />

flúor. Com o intuito de avaliar os teores de flúor nas águas<br />

consumidas foram coletadas amostras de águas em 18 locais<br />

representativos ao sistema de abastecimento.Verificou-se uma<br />

concentração média de 0,86 ppm F, e na classificação<br />

das amostras, 75% foram consideradas inaceitáveis. Concluiu-se<br />

que as concentrações de flúor nessas águas encontraram-se<br />

acima dos parâmetros recomendados para o município<br />

levando em consideração a temperatura local, ressaltando<br />

a importância do controle da vigilância da fluoretação para<br />

prevenção de riscos de fluorose dentária.<br />

UNITERMOS: FLÚOR – FLUORETAÇÃO DA ÁGUA – HETEROCON-<br />

TROLE – VIGILÂNCIA DA FLUORETAÇÃO – FLUOROSE DENTÁRIA.<br />

ABSTRACT<br />

The efficiency and safety of water fluoridation is associated<br />

with the control of optimum fluoride concentration levels. A<br />

recommended method of control is called heterocontrol. The<br />

naturally fluoridated public water system in Lins, SP originates<br />

from deep wells with different natural fluoride concentration<br />

levels. The aim of this study is to verify the fluoride<br />

levels of the drinking water supply. Water samples were collected<br />

in 18 selected water distribution sites. The mean fluoride<br />

concentration was 0.86 ppm F, with 75% of the water<br />

samples classified above the recommended fluoride levels.<br />

These results showed that fluoride water supply levels in<br />

Lins, SP were above the established levels considering the<br />

local temperature. The importance of surveillance of fluoridation<br />

system controls to prevent the risks of dental fluorosis is<br />

emphasized.<br />

UNITERMS: FLUORINE – WATER FLUORIDATION – HETEROCON-<br />

TROL – FLUORIDE SURVEILLANCE SYSTEM – DENTAL FLUORO-<br />

SIS.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

INTRODUÇÃO<br />

A importância da ação do fluoreto na<br />

prevenção e no controle da doença cárie dentária<br />

tem sido mundialmente comprovada<br />

ao longo dos anos, justificando seu uso sob<br />

diversas formas de administração, 2, 15, 18 tanto<br />

por profissionais de saúde como em programas<br />

de alcance coletivo, o que, combinado<br />

com ações educativas, vem produzindo<br />

mudanças positivas no perfil epidemiológico.<br />

Dentre os fatores envolvidos nesse processo,<br />

tem sido aceito que o principal é a fluoretação<br />

das águas de abastecimento público,<br />

uma vez que os efeitos preventivos do flúor<br />

são maiores quando a água é empregada<br />

como veículo em ações de saúde pública<br />

(Saliba et al., 22 Viegas et al., 30 Moimaz et al. 14<br />

e Arcieri et al. 1 ). Essa forma de aplicação do<br />

flúor constitui uma das medidas mais práticas,<br />

eficazes, seguras e econômicas, reduzindo,<br />

em média, em 60% a incidência de<br />

cárie, a baixo custo relativo e sem qualquer<br />

tipo de discriminação entre os beneficiados<br />

3, 20, 25<br />

pela medida.<br />

Após a implantação do primeiro sistema,<br />

no ano de 1942, em Grand Rapdis<br />

(Michigan/EUA), essa medida sanitária tem<br />

sido adotada, em vários países do globo,<br />

como estratégia de saúde pública para a prevenção<br />

da doença cárie dentária em massa.<br />

No Brasil, é aplicada desde 1953, quando a<br />

cidade de Baixo Gandu/ES incorporou o fluoreto<br />

em seu sistema de abastecimento.<br />

30, 20, 02<br />

Logo, em 1974, foi aprovada a Lei federal<br />

n.º 6.050, regulamentada pelo Decreto n.º<br />

76.872, de 22/12/75, determinando a obrigatoriedade<br />

da fluoretação das águas em sistemas<br />

de abastecimento quando existir estação<br />

de tratamento. A operacionalização dessa<br />

medida teve suas normas e seus padrões estabelecidos<br />

com a edição da Portaria n.º 635,<br />

de 26/12/1975. 23<br />

Entretanto, para que a fluoretação das<br />

águas de abastecimento público ofereça benefícios<br />

preventivos em relação à cárie dentária,<br />

é indispensável que ocorra de forma<br />

perene e em níveis considerados ótimos. Ou<br />

seja, depende da continuidade da medida ao<br />

longo do tempo e da manutenção regular<br />

dos teores ótimos de flúor na água. 6, 18, 25 A<br />

interrupção ou a existência de teores de flúor<br />

abaixo do recomendado leva à ineficácia da<br />

medida. 3 Já se os teores estiverem acima do<br />

considerado ótimo, poderá ocasionar fluorose<br />

dentária em crianças que estiverem no<br />

período de formação dentária. 27 Em função<br />

de uma maior preocupação relacionada aos<br />

riscos da toxidade do flúor, para que se possa<br />

utilizar com segurança produtos fluoretados<br />

e associações de outras técnicas preventivas,<br />

torna-se imprescindível o controle sobre a<br />

quantidade de flúor existente nas águas para<br />

consumo humano, mantendo-as dentro dos<br />

limites estabelecidos, pois a ocorrência de<br />

fluorose em níveis muito leve a moderado tem<br />

surgido como conseqüência de ações deficientes<br />

no campo da vigilância à saúde (Schineider<br />

et al., 25 Narvai 16 e Bueno e Silva et<br />

al. 4 ).<br />

Por essas razões tão importantes, como<br />

manter ou adicionar flúor e controlar o seu<br />

teor em águas naturalmente fluoretadas, é<br />

indispensável, e condição sine qua non, que<br />

haja um controle operacional, executado pela<br />

empresa de saneamento existente no município,<br />

assegurando a qualidade da água fornecida<br />

ao consumidor exigida pela legislação,<br />

uma vez que, se esse controle falhar,<br />

as conseqüências têm impacto direto sobre a<br />

16, 25<br />

saúde da população.<br />

Uchôa e Saliba 29 publicaram o primeiro<br />

relato sobre fluorose endêmica em Pereira<br />

Barreto/SP, em escolares que estiveram<br />

expostos à água de abastecimento público<br />

oriunda de três poços profundos, com teores<br />

de flúor variando entre 2,5 e 17,5 ppm F.<br />

Percebendo a importância de dar um sentido<br />

positivo a essas águas, recomendaram<br />

às autoridades “proceder a uma mistura<br />

da água dos poços com a água do Rio<br />

Tietê, de maneira que viesse a apresentar<br />

uma taxa de fluoretos de acordo com as<br />

recomendações técnicas”. Capella et al. 5<br />

mencionaram episódio semelhante na população<br />

de Cocal do Sul/SC, após terem consumido<br />

água contendo de 1,2 até 5,6 ppm<br />

de flúor, também proveniente de poços profundos,<br />

entre 1985 e 1988. Os autores relataram,<br />

também, a omissão das autoridades da<br />

área de saneamento frente ao problema que<br />

atingia as crianças.<br />

Dessa maneira, Narvai 16 mencionou a<br />

necessidade de se desenvolver mecanismos<br />

de controle dos teores de flúor na água distintos<br />

do controle operacional baseado no princípio<br />

de heterocontrole, feito por outros interessados<br />

e, sobretudo, por parte das instituições<br />

responsáveis pela saúde pública. Experiên-<br />

2 3<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004


2 4<br />

cias com programas de heterocontrole em<br />

diferentes localidades, como as de Manfredine,<br />

10 em Santos, e de Martildes et al., 13 no<br />

Ceará, têm relatado, por meio de medições<br />

isoladas, que as concentrações de flúor não<br />

estariam sendo adequadas para a região.<br />

Contudo, ações no âmbito da vigilância<br />

sanitária em fluoretação das águas baseadas<br />

no princípio de heterocontrole são necessárias<br />

para a manutenção da regularidade do benefício,<br />

impedindo que doses tóxicas de flúor cheguem<br />

ao consumidor e evitando que ocorra subdosagem<br />

e descontinuidade da aplicação, o que acarretaria<br />

perda da eficácia preventiva.<br />

4, 16<br />

O município de Lins está localizado no<br />

Noroeste do Estado de São Paulo. A fluoretação<br />

da água de abastecimento público<br />

ocorre de maneira natural, sendo considerada<br />

termal de média mineralização, predominantemente<br />

alcalino bicarbonada, por<br />

apresentar um teor elevado de dureza, com<br />

pH 9,8 e temperatura em torno de 40ºC.<br />

Segundo Perin, 19 em levantamento epidemiológico<br />

realizado, o índice CPOD médio<br />

encontrado na cidade de Lins foi de 3,41. Já<br />

no ano de 2001, segundo levantamento epidemiológico<br />

de cárie do município (comunicação<br />

pessoal), o CPOD foi de 2,21, sendo<br />

atingida a meta da OMS para o ano de 2000. *<br />

PROPOSIÇÃO<br />

Como a ocorrência de fluoretos tende a<br />

ser maior em águas temperadas e alcalinas, 5<br />

o objetivo deste trabalho foi avaliar, por meio<br />

de medições isoladas, as condições atuais dos<br />

teores de fluoretos nas águas de abastecimento<br />

público do município de Lins/SP, visto que esse<br />

sistema apresenta flúor in natura em suas águas.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

Para realização do presente trabalho, inicialmente<br />

foram desenvolvidos contatos formais<br />

e pessoais juntamente com engenheiros<br />

e técnicos do órgão responsável pelo abastecimento<br />

de água e esgoto do Estado de<br />

São Paulo (Sabesp) e com autoridades da<br />

Secretaria Municipal da Saúde. Esses contatos<br />

visaram à obtenção de informações necessárias<br />

à descrição do sistema de abastecimento<br />

público desse município, bem como outros<br />

* LINS. Secretaria da Saúde. Divisão de Saúde Bucal.<br />

Levantamento epidemiológico de cárie dentária do<br />

município de Lins, SP – Ano-base 2001. Comunicação<br />

pessoal. Lins: SSM, 2002.<br />

serviços odontológicos oferecidos à comunidade.<br />

Esse sistema é composto por nove poços<br />

profundos que têm suas águas aduzidas para<br />

duas Estações de Tratamento, onde são realizadas<br />

a cloração e a diluição do flúor natural<br />

das águas. Como os poços PPJ 2 e PPS 10<br />

são de grande vazão e com concentrações de<br />

flúor variando entre 1 e 1,1 ppm F, com 800<br />

e 1.040 metros de profundidade, respectivamente,<br />

eles têm suas águas diluídas junto aos<br />

outros sete poços de menor vazão e concentração<br />

de flúor (entre 0,2 e 0,5 ppm F). 21 A<br />

cidade possui outros sistemas de prevenção<br />

em saúde bucal, realizados com a participação<br />

das instituições públicas – com aplicações<br />

semanais de bochechos fluoretados nas escolas<br />

e creches – e privadas, por meio dos serviços<br />

odontológicos curativos e educativos<br />

prestados à comunidade pela Faculdade de<br />

Odontologia de Lins/UNIMEP.<br />

Após o estudo mapeado de toda a área,<br />

em função do sistema de distribuição de água,<br />

foram determinados 18 locais para coletas de<br />

amostras do líquido, abrangendo todo o município.<br />

As coletas foram quinzenais, durante<br />

três meses, somando um total de 108 amostras<br />

de água. Foram utilizados para a coleta<br />

frascos de polietileno previamente esterilizados<br />

e identificados de acordo com o número<br />

de amostras, local e data, e devidamente enxaguados<br />

com a mesma água sob a torneira,<br />

no momento da coleta. Em seguida, foram<br />

transportados para o laboratório de pesquisa<br />

do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva<br />

(Nepesco) do Departamento de Odontologia<br />

Infantil e Social da Universidade Estadual<br />

Paulista Júlio de Mesquita Filho no campus de<br />

Araçatuba, onde foram feitas as análises.<br />

O método usado para a determinação do<br />

teor de flúor foi o eletrométrico, usando-se um<br />

potenciômetro digital (SA-720-Procyon) com<br />

eletrodo íon-específico (96-09-Orion Research),<br />

previamente calibrado com solução padrão de<br />

fluoreto de sódio, nas concentrações de 0,1 e<br />

1 ppm F.<br />

As análises foram realizadas em duplicata,<br />

com diluição 1:2, sendo 1 ml da amostra<br />

adicionada a 1 ml de Tisab II (tampão<br />

acetado 1 M, pH 5, contendo NaCl 1 M<br />

e ciclohexileno diaminotetracético a 0,4%).<br />

Logo após a agitação magnética da solução,<br />

o eletrodo foi nela imerso e, quando ocorria<br />

estabilização, leituras constantes eram obtidas.<br />

As amostras de água foram classificadas,<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

segundo a concentração de flúor observada<br />

em cada coleta, como aceitáveis (teores de<br />

flúor na faixa de 0,6 a 0,8 ppm F) ou inaceitáveis<br />

(quando o teor encontrado está fora<br />

dessa faixa). 24<br />

RESULTADOS<br />

Com a soma das análises resultantes de<br />

cada local, observamos que a concentração<br />

média de flúor na água distribuída para consumo<br />

durante o período de controle foi de<br />

0,86 ppm F (tab. 1), encontrando-se acima<br />

dos padrões definidos pela Resolução Estadual<br />

SS-250, considerando a temperatura do<br />

ar no Estado de São Paulo (tab. 2).<br />

Em relação às coletas mensais, observamos,<br />

nos meses de maio e junho, 100%<br />

e 94,4%, respectivamente, de amostras inaceitáveis.<br />

Já em julho, houve um aumento<br />

de amostras aceitáveis para 55,6% e 83,4%,<br />

havendo uma diminuição na porcentagem de<br />

amostras inaceitáveis para 44,4% e 16,6%, na<br />

primeira e segunda coleta, respectivamente<br />

(fig. 1). Contudo, mesmo havendo um significativo<br />

aumento de amostras aceitáveis no<br />

último mês de coleta, pudemos observar que,<br />

das 108 amostras analisadas referentes aos 18<br />

locais determinados, 75% foram consideradas<br />

inaceitáveis e apenas 25%, aceitáveis (fig. 2).<br />

DISCUSSÃO<br />

Após ter sido estabelecida a correlação<br />

entre flúor na água potável, cárie e fluorose<br />

dentária na década de 30, Dean 7 propôs uma<br />

concentração ótima de flúor, de aproximadamente<br />

1ppm F, para obtenção de efeito preventivo.<br />

Mais tarde, Galagan & Vermillion, 8<br />

levando em consideração os efeitos ambientais,<br />

acrescentaram a variável média da temperatura<br />

máxima anual de cada localidade à<br />

determinação da dose ótima de flúor. Para<br />

Lins, assim como para outras cidades do<br />

estado de São Paulo, ficou estabelecido, pela<br />

Resolução Estadual SS-250, de 15 de agosto<br />

de 1995, que o teor de flúor ideal na água<br />

é de 0,7 ppm F, sendo considerada potável a<br />

água que apresentar de 0,6 a 0,8 ppm F. No<br />

artigo 2.º, parágrafo único, afirma-se, entretanto,<br />

que as águas destinadas ao consumo<br />

na faixa de 0,8 a 1,0 ppm F são consideradas<br />

dentro do padrão de potabilidade desde<br />

que o serviço de abastecimento público responsável<br />

comprove que a média das temperaturas<br />

máximas diárias do ar no município,<br />

observadas durante um período mínimo de<br />

um ano, encontram-se abaixo de 14,7ºC. 24<br />

Portanto, foram solicitadas, à Estação<br />

Climatológica Auxiliar de Lins da Faculdade<br />

Auxilium de Filosofia, Ciências e Letras<br />

as médias das temperaturas máximas do ar<br />

nos meses correspondentes às coletas de<br />

2001 e 2002, para compararmos se a temperatura<br />

manteve-se estável, assim como a<br />

média máxima anual em 2001, que foi de<br />

31,7ºC. Nos meses de maio e junho de 2001,<br />

a média das máximas foi de 27,6 e 27,1ºC,<br />

respectivamente, e, nos mesmos meses de<br />

2002, foi de 29,8 e 29,6ºC. Observamos um<br />

aumento da temperatura, o que influi diretamente<br />

num aumento do consumo de água e<br />

no consecutivo aumento do risco de toxidade<br />

do flúor, uma vez que a média dos teores de<br />

0,86 ppm F encontrada nesses meses classifica-se<br />

acima dos parâmetros estabelecidos<br />

para o município, de acordo com a temperatura<br />

anual. Esse fato, associado à situação<br />

atual de múltiplas fontes de flúor e à alta prevalência<br />

e severidade da fluorose encontrada<br />

nos dias de hoje, é suficiente para que se<br />

desenvolvam estudos e programas de heterocontrole<br />

da concentração ideal de flúor na<br />

água de abastecimento público que venham<br />

a diminuir a prevalência e a severidade da<br />

fluorose, sem interferir no índice de cárie.<br />

Experiência de heterocontrole, em estudo<br />

transversal, foi relatada por Martildes et al., 13<br />

em que, após seis anos de fluoretação na<br />

cidade de Icó/CE, foram coletadas sete amostras<br />

de águas para verificação dos teores de<br />

flúor. Em cinco delas, foram encontrados<br />

níveis altos, sendo que três amostras continham<br />

0,9 ppm F e duas, 1,0 ppm F – o<br />

que é acima do considerado ótimo para a prevenção<br />

da cárie. Os autores mencionaram<br />

que, apesar de não muito alto, os níveis são<br />

preocupantes e sugeriram a criação de um<br />

sistema de vigilância para a fluoretação diferente<br />

daquele em execução.<br />

A fiscalização do teor de flúor na água de<br />

Lins começou, em 2000, com o Programa de<br />

Vigilância da Qualidade da Água para Consumo<br />

Humano (Proágua), em que as medições são<br />

feitas de três a quatro meses, conforme a disponibilidade<br />

do programa. ∗ Entretanto, é proposto<br />

que programas baseados no heterocontrole, ou<br />

* Fonte: Secretaria Municipal da Saúde. Sistema de<br />

Vigilância Sanitária. Comunicação pessoal. Lins, 2002.<br />

2 5<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004


seja, no controle dos controladores, sejam realizados<br />

mensalmente para uma correta fiscalização<br />

dos teores de flúor na água, permitindo<br />

avaliações globais do processo que visem à<br />

4, 16, 25<br />

manutenção da regularidade do benefício.<br />

Segundo dados inicialmente fornecidos<br />

pelo laboratório da Sabesp, 21 a média resultante<br />

do teor de flúor na água distribuída<br />

para consumo era de 0,8 ppm F, bem diferente<br />

dos resultados por nós encontrados,<br />

em que o número de amostras inaceitáveis<br />

(acima de 0,8 ppm F) foi superior, enfatizando,<br />

assim, a importância do heterocontrole.<br />

Ressaltando um fator positivo, durante<br />

a execução do presente trabalho, fomos informados,<br />

por meio da empresa de saneamento,<br />

que medidas estavam sendo tomadas frente<br />

aos teores de flúor encontrados, de acordo<br />

com o proposto pela Vigilância Sanitária<br />

local, com a reabertura de dois poços soterrados,<br />

onde pudemos comprovar um aumento<br />

de amostras aceitáveis nas duas coletas do<br />

mês de julho, de 55,6% e de 83,4%, respectivamente<br />

(fig. 1).<br />

Fenômeno semelhante ocorreu no município<br />

de Santos/SP. Segundo Manfredini, 11<br />

após obter primeiramente (maio a julho de<br />

1990) 60,9% de amostras aceitáveis, o heterocontrole<br />

em Santos detectou 94,4% e 100%<br />

de amostras aceitáveis, em 1992 e 1993, respectivamente.<br />

Dessa maneira, percebe-se claramente<br />

a influência que um sistema de heterocontrole<br />

exerce na melhoria da qualidade<br />

da água fluoretada, quando feito de maneira<br />

eficiente. Há 30 anos tem sido observada a<br />

ingestão de flúor tem se tornado acessível por<br />

meio de fontes voluntárias e involuntárias,<br />

havendo uma grande expansão e variedade na<br />

utilização de produtos fluoretados disponíveis<br />

ao consumidor. Isso torna esse elemento químico<br />

de grande importância para a vigilância<br />

4, 15, 17, 28<br />

sanitária.<br />

Uma vez que mais de 50% do consumo<br />

diário de flúor é derivado da água ingerida<br />

(Stannard) 26 e que o teor de flúor na água<br />

está relacionado com o grau de fluorose (Dean<br />

Thylstrup, 7 Fejerskov 27 ), faz-se necessário considerar<br />

o preparo de alimentos e bebidas para<br />

crianças em estágio de desenvolvimento préeruptivo<br />

do esmalte dentário.<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

2 6<br />

TABELA 1. CONCENTRAÇÃO DE FLÚOR (PPM) NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO, COLETADA NO INÍCIO E NO<br />

FINAL DOS MESES DE MAIO A JULHO NOS 18 LOCAIS SELECIONADOS. LINS/SP, 2002.<br />

N Bairro Maio I MaioII JunhoI JunhoII Julho I JulhoII Média<br />

01 Jardim Morumbi 0,9 0,87 0,83 0,9 0,8 0,75 0,8<br />

02 Jardim União 0,85 0,85 0,8 0,85 0,78 0,75 0,83<br />

03 Bom Viver 0,9 0,9 0,85 0,9 0,78 0,75 0,83<br />

04 Centro 0,88 0,95 0,91 0,92 0,86 0,8 0,83<br />

05 Cohab Cris 0,85 0,9 0,85 0,85 0,8 0,75 0,84<br />

06 Centro 0,9 0,91 0,92 0,88 0,88 0,81 0,85<br />

07 Pazzeto 0,88 0,91 0,9 0,9 0,83 0,8 0,86<br />

08 Santa Maria 0,91 0,92 0,9 0,9 0,76 0,75 0,86<br />

09 São João 0,9 0,93 0,9 0,85 0,86 0,78 0,87<br />

10 Santa Therezinha 0,88 0,88 0,9 0,85 0,77 0,75 0,87<br />

11 Garcia 0,9 0,92 0,93 0,84 0,8 0,8 0,87<br />

12 Jardim Pinheiro 0,88 0,91 0,96 0,85 0,85 0,85 0,88<br />

13 Jardim Arapuã 0,9 0,9 0,88 0,84 0,75 0,75 0,88<br />

14 Junqueira 0,91 0,95 0,95 0,9 0,85 0,85 0,88<br />

15 Cohab J.F.O.R 0,95 0,98 0,94 0,85 0,8 0,8 0,88<br />

16 Jardim Fortaleza 0,91 0,93 0,9 0,91 0,91 0,83 0,89<br />

17 Ribeiro 0,95 0,93 0,88 0,9 0,86 0,82 0,9<br />

18 Centro 0,95 0,94 0,88 0,86 0,81 0,8 0,9<br />

CONCENTRAÇÃO MÉDIA DE FLÚOR NA ÁGUA PARA CONSUMO 0.86<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

Com o intuito de discutir aspectos<br />

relativos à necessidade da vigilância sanitária<br />

em fluoretação das águas e os riscos<br />

na associação de vários métodos preventivos,<br />

nos últimos anos, têm sido realizados<br />

alguns estudos em localidades com diferentes<br />

concentrações de flúor nas águas e<br />

sua relação com a prevalência de fluorose.<br />

Essas considerações decorrem de resultados<br />

encontrados em estudos, como os de Tomita<br />

et al. 28 e de Marcelino et al., 12 em que 34,4%<br />

e 24% dos escolares examinados apresentavam<br />

diferentes índices de fluorose dentária<br />

em cidades que apresentavam níveis<br />

ótimos de flúor em suas águas – entre 0,7 a<br />

1,0 e 0,7 ppm F, respectivamente, segundo<br />

informações fornecidas pelas empresas de<br />

saneamento responsáveis –, surgindo questionamentos<br />

sobre tais níveis. Episódios como<br />

esses revelam a necessidade do controle heterogêneo<br />

em cidades com água fluoretada e o<br />

controle de outras fontes de flúor que estão<br />

4, 12, 28<br />

sendo usadas acriticamente.<br />

Narvai et al. 17 descreveram as recomendações<br />

de exposição individual a produtos fluoretados,<br />

tendo como base o acesso da fluoretação<br />

das águas. Assim, pessoas com acesso<br />

a água fluoretada, se de baixo risco de cárie<br />

dentária, não devem fazer uso de bochechos.<br />

Contudo, se forem indivíduos de risco moderado<br />

ou alto, devem receber fluorterapia<br />

intensiva. Sendo assim, essas recomendações<br />

devem ser adotadas pela Coordenação de<br />

Saúde Bucal da Secretaria Municipal de<br />

Saúde de Lins.<br />

Dessa forma, é necessário conhecer o<br />

padrão de fluorose dentária na população de<br />

Lins, em função das concentrações de fluoretos<br />

nas águas associadas a outras fontes de<br />

flúor, como os dentifrícios pelas crianças, e<br />

também diante da dúvida de se realmente<br />

essa população consumiu água com teores<br />

adequados de flúor até o ano de 2000, considerando<br />

que, até então, os únicos dados<br />

que temos são os fornecidos pela própria<br />

empresa existente no município.<br />

CONCLUSÃO<br />

Considerando que grande parte das<br />

amostras de água analisadas apresentaram-se<br />

inaceitáveis, as concentrações elevadas<br />

de flúor na água desse município<br />

podem estar expondo a população infantil<br />

ao desenvolvimento de fluorose dentária. O<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004<br />

TABELA 2. CLASSIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS DE ÁGUA SEGUNDO O TEOR DE FLÚOR<br />

PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE<br />

– RESOLUÇÃO SS-250, DE 15/8/95.<br />

Teor de flúor Concentração<br />

< 0,6 ppm Inaceitável<br />

0,60 ppm Mínima aceitável<br />

0,70 ppm Ótima<br />

0,80 ppm Máxima aceitável<br />

0,80 a 1,0 ppm Inaceitável*<br />

*somente serão considerados dentro do padrão de potabilidade se a média das temperaturas<br />

máximas diária do ar no município for abaixo de 14ºC.<br />

GRÁFICO 1. CONDIÇÕES DAS AMOSTRAS MENSAIS QUANTO À CONCENTRAÇÃO<br />

DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO. LINS/SP,<br />

2002.<br />

GRÁFICO 2. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL TOTAL DAS AMOSTRAS QUANTO À<br />

CONCENTRAÇÃO DE FLÚOR NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO.<br />

LINS/SP, 2002.<br />

mesmo pode acontecer nas crianças expostas<br />

à associação entre o flúor presente nesta<br />

água e as aplicações semanais de bochechos<br />

fluoretados.<br />

Dessa forma, ao conhecer os teores de<br />

flúor encontrados na água dessa localidade,<br />

frente aos malefícios que podem ocasionar<br />

e avaliando a necessidade e importância do<br />

heterocontrole da fluoretação, os profissio-<br />

2 7


nais de saúde e da vigilância sanitária local<br />

poderão melhor planejar suas ações, contribuindo<br />

para a contínua melhoria dos padrões<br />

de saúde da população.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A Neusa Martins Rovina Antunes, funcionária<br />

do Departamento de Odontologia Infantil e<br />

Social da FOA/Unesp, pela imensa dedicação<br />

e colaboração nas leituras laboratoriais das<br />

amostras de água coletadas.<br />

Ao prof. Orlando Saliba, da FOA/Unesp, pelas<br />

valiosas sugestões na elaboração do presente<br />

trabalho.<br />

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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

2 8<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 22-28, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA<br />

DE TRÊS SISTEMAS ROTATÓRIOS<br />

NO PREPARO DE RAÍZES<br />

MESIOVESTIBULARES CURVAS<br />

EVALUATION OF THE SAFETY OF THREE ROTARY INSTRUMENTS THE PREPARATION<br />

OF MESIAL BUCCAL ROOT CURVE<br />

MARCO ANTONIO HUNGARO DUARTE<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />

DANIELLI FERREIRA COSTA<br />

Especialista em Endodontia pela APCD – Regional Bauru<br />

MILTON CARLOS KUGA<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />

SYLVIO DE CAMPOS FRAGA<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />

JOSÉ CARLOS YAMASSHITA<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USC<br />

MITSURU OGATA<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Lins – <strong>Unimep</strong><br />

RESUMO<br />

Avaliou-se a perda do comprimento de trabalho, resistência à fratura<br />

de instrumento e desvio apical proporcionados pelos sistemas<br />

Quantec, Pow-R, Profile Maillefer no preparo de canais curvos.<br />

Foram empregados 27 raízes mesiovestibulares de molares superiores<br />

com curvatura variando de 20 a 40º, que foram divididas aleatoriamente<br />

em 3 grupos, em função do sistema de instrumentação,<br />

obedecendo o seguinte: Grupo I – Sistema Pow-R; Grupo II – Sistema<br />

Profile; Grupo III – Sistema Quantec. Radiografias com um<br />

instrumento 15 no comprimento de trabalho foram realizadas antes<br />

da instrumentação. Pós instrumentação novas radiografias foram<br />

realizadas com um instrumento 25 no interior do canal. As radiografias<br />

pré e pós instrumentação foram escaneadas e analisadas no<br />

sistema Digora quanto ao desvio ocorrido e a perda de comprimento<br />

de trabalho. Os resultados mostraram que o Sistema Quantec foi o<br />

que proporcionou menor desvio e perda de comprimento, apesar da<br />

diferença não ser significante em relação aos demais sistemas. Não<br />

houve ocorrência de fratura de instrumento.<br />

UNITERMOS: INSTRUMENTAÇÃO DO CANAL RADICULAR – INSTRU-<br />

MENTO ROTATÓRIO – SISTEMA QUANTEC – SISTEMA POW-R – SISTEMA<br />

PROFILE.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />

ABSTRACT<br />

The apical deviation, instrument fracture and lost working<br />

length were evaluated when using the Quantec, Pow-R<br />

and Profile Maillefer system to prepare canals with curvature.<br />

Twenty seven mesial-buccal canals of mandibular<br />

molars were selected and divided into three groups: Group I:<br />

Pow-R system; Group II: Profile system; Group III: Quantec<br />

system. The deviation and lost working length analysis<br />

was done by radiographs that were scanned and evaluated<br />

by the Digora program. The results showed that the Quantec<br />

system deviated less and had less lost working length than<br />

the Pow-R and Profile systems; however, there was no statistically<br />

significant difference. There were no fractures in the<br />

three systems.<br />

UNITERMS: ROOT CANAL INSTRUMENTATION – ROTARY INSTRU-<br />

MENTATION – QUANTEC SYSTEM – POW-R SYSTEM – PROFILE<br />

SYSTEM.<br />

2 9


3 0<br />

INTRODUÇÃO<br />

Uma nova liga metálica, constituída<br />

basicamente de níquel e titânio, tem sido<br />

empregada na odontologia, em especial na<br />

endodontia, 13, 19 por apresentar alta flexibilidade,<br />

memória elástica e grande resistência à<br />

fratura. 13<br />

Na tentativa de diminuir o tempo de<br />

trabalho e evitar o desgaste físico e emocional<br />

do profissional e do paciente, surgiu a<br />

instrumentação de canais radiculares realizada<br />

com o uso de motores elétricos. 13<br />

Entre os diversos sistemas de instrumentação<br />

mecânica com instrumentos de<br />

níquel e titânio, estão os sistemas Profile,<br />

Pow-R e Quantec. Os três sistemas variam<br />

entre si em relação ao desenho, ângulo de<br />

corte positivo e característica da guia do<br />

instrumento.<br />

O sistema Pow-R apresenta ângulo de<br />

corte positivo, com lâminas agressivas, e sua<br />

guia de penetração é do tipo Roane, isto é,<br />

não apresenta ângulo de transição entre a<br />

guia e a primeira espira e sua conicidade é<br />

tanto de 0,02 como 0,04 mm/mm. 13<br />

O sistema Quantec apresenta duas lâminas<br />

assimétricas, com ângulo de corte positivo,<br />

porém com menor agressividade de<br />

corte do que o Pow-R, redução periférica e<br />

maior massa metálica suportando as lâminas.<br />

Sua guia de penetração pode ser ativa<br />

(SC) e inativa (LX). Sua conicidade varia de<br />

11, 12, 17, 18<br />

0,02 a 0,06 no instrumento 25.<br />

O sistema Profile apresenta ângulo de<br />

corte negativo, com lâminas radiais, secção<br />

transversal em U e guia de penetração inativa,<br />

apresentando conicidades de 0,04 e<br />

0,06. 4, 5<br />

Inúmeros trabalhos 3, 4, 5, 11, 15, 16, 17, 18 têm<br />

sido realizados para avaliar os sistemas isoladamente,<br />

mas há poucos que comparem os<br />

diferentes sistemas.<br />

À luz do conhecimento dos três sistemas<br />

e devido à escassez literária no que se<br />

refere à sua comparação, principalmente em<br />

relação à segurança durante o preparo de<br />

canais curvos, fica aberto o questionamento<br />

para se realizar o esclarecimento.<br />

O objetivo deste trabalho foi comparar<br />

os sistemas Profile Maillefer, Pow-R e Quantec<br />

LX quanto ao desvio apical, perda de<br />

comprimento e fratura, quando utilizados na<br />

dilatação dos canais de raízes mesiovestibulares<br />

de molares superiores.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram utilizados 27 dentes no experimento,<br />

primeiros molares superiores extraídos<br />

que tiveram suas raízes distovestibulares e<br />

palatinas secionadas e desprezadas. Usou-se<br />

apenas a raiz mesiovestibular, onde foram<br />

feitos dois pequenos orifícios com broca Carbide<br />

em alta rotação, preenchidos com<br />

amálgama, um na junção amelocementária<br />

e o outro no início da curvatura da raiz, na<br />

parte vestibular. Esses dentes foram incluídos<br />

em blocos de resina e radiografados com<br />

uma lima tipo K n.º 15 (Dentsply Maillefer,<br />

Ballaigues, Suíça), inserida no canal 1 mm<br />

além do comprimento total da raiz em que se<br />

determinou a odontometria.<br />

Os dentes foram divididos em três<br />

grupos, com nove espécimes cada. Os dentes<br />

do primeiro grupo tiveram os canais instrumentados<br />

com sistema Profile (Dentsply<br />

Maillefer, Ballaigues, Suíça); os do segundo,<br />

com os do sistema Pow-R (Moyco Union<br />

Broach, York, EUA); e o terceiro, com instrumentos<br />

LX do sistema Quantec (Analytic<br />

Endodontics, Califórnia, EUA). O motor<br />

usado em todos os sistemas empregados foi<br />

o Endoplus (Driller, São Paulo, Brasil), com<br />

velocidade de 250 e torque de 1N.<br />

GRUPO I<br />

Os canais foram instrumentados com o<br />

sistema Profile e a seqüência de instrumentação<br />

foi a recomendada pelo fabricante. Técnica:<br />

Orifice Shaper-3 (40-06) até a resistência<br />

Orifice Shaper-2 (30-06) até a resistência<br />

Profile 25-06 até do canal<br />

Profile 20-06 até do canal<br />

Profile 25-04 até do canal<br />

Profile 20-04 até o comprimento real de trabalho<br />

Profile 25-04 até o comprimento real de trabalho<br />

Profile 20-06 até o comprimento real de trabalho<br />

GRUPO II<br />

Os canais foram instrumentados com o<br />

sistema Pow-R, com a seguinte seqüência<br />

operatória. Técnica:<br />

Pow-R 45-08 até a resistência<br />

Pow-R 35-06 até a resistência<br />

Pow-R 25-06 até a resistência<br />

Pow-R 40-04 até a resistência<br />

Pow-R 35-04 até a resistência<br />

Pow-R 15-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Pow-R 20-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

Pow-R 15-04 até o comprimento real de trabalho<br />

Pow-R 25-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Pow-R 20-04 até o comprimento real de trabalho<br />

Pow-R 30-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Pow-R 30-04 até o comprimento real de trabalho<br />

GRUPO III<br />

Os canais foram instrumentados com o<br />

sistema Quantec, com a seguinte seqüência<br />

operatória:<br />

Orifice Shaper-3 (40-06) até a resistência<br />

Orifice Shaper-2 (30-06) até a resistência<br />

Q1-25-06 até a resistência<br />

Q2-15-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Q3-20-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Q4-25-02 até o comprimento real de trabalho<br />

Q5-25-03 até o comprimento real de trabalho<br />

Q6-25-04 até o comprimento real de trabalho<br />

Q7-25-05 até 1mm aquém do comprimento<br />

real de trabalho<br />

Q8-25-06 até 2mm aquém do comprimento<br />

real de trabalho<br />

Q9-40-02 acabamento do preparo<br />

Q10-45-02 acabamento do preparo<br />

RESULTADOS<br />

Na tabela 1, estão as médias de desvio<br />

em graus e desvios-padrão dos grupos estudados.<br />

No gráfico 1, encontram-se representadas<br />

as médias dos desvios apicais, em<br />

graus, dos grupos estudados.<br />

TABELA 1. MÉDIAS E DESVIOS-PADRÃO DOS GRUPOS ESTUDADOS, EM GRAUS.<br />

Média Desvio-padrão Amostra<br />

Pow-R 1.88 5.08 9<br />

Profile 1.3 1.41 9<br />

Quantec 0.88 3.62 9<br />

GRÁFICO 1. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS MEDIAS DE DESVIO, EM GRAUS.<br />

Após o preparo, todos os dentes foram<br />

radiografados com uma lima tipo K n.º 25<br />

(Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), inserida<br />

no canal em toda extensão de instrumentação.<br />

Todas as radiografias, do pré e do<br />

pós-operatório, foram escaneadas no scanner<br />

HP4C, fazendo-se, em seguida, a medição<br />

do desvio e da perda do comprimento de trabalho<br />

no sistema Digora.<br />

Dos dois pontos de amálgama, traçou-se<br />

uma reta, que se encontrava com uma outra,<br />

vinda da guia de penetração do instrumento<br />

até o ponto do início da curvatura. Com<br />

isso, foi possível obter os ângulos pré e pósoperatórios<br />

que eram acusados pelo Digora.<br />

Da subtração dos dois, resultou o grau de<br />

desvio.<br />

Para análise da perda de comprimento,<br />

media-se a extensão do final do instrumento<br />

até o final da raiz, nas radiografias pré e<br />

pós-operatórias. Da subtração dos dois comprimentos<br />

conseguidos obteve-se a alteração<br />

ocasionada no comprimento de trabalho.<br />

Os dados foram submetidos ao crivo estatístico,<br />

para evidenciar a significância entre<br />

os grupos estudados, empregando o teste de<br />

Kruskal-Wallis para a análise global e o teste<br />

de Miller para comparações individuais.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />

TABELA 2. MÉDIAS E DESVIOS-PADRÃO DA PERDA DE COMPRIMENTO, EM MILÍ-<br />

METRO, DOS GRUPOS ESTUDADOS.<br />

Média Desvio-padrão Amostra<br />

Pow-R 0.77 1.78 9<br />

Profile 0.8 0.64 9<br />

Quantec 0.6 1.43 9<br />

GRÁFICO 2. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS MÉDIAS DE PERDA DE COMPRI-<br />

MENTO, EM MILÍMETRO, DOS GRUPOS ESTUDADOS.<br />

3 1


3 2<br />

Na tabela 2, estão as médias e desviospadrão<br />

da perda de comprimento, em milímetros.<br />

No gráfico 2, encontra-se a representação<br />

das médias da perda de comprimento<br />

de trabalho, em milímetros, dos grupos estudados.<br />

Os dados foram submetidos à comparação<br />

estatística global pelo teste de Kruskal-<br />

Wallis, não se encontrando diferença significativa<br />

entre os grupos estudados (p > 0,05)<br />

tanto no desvio como na perda de comprimento.<br />

DISCUSSÃO<br />

Os instrumentos de níquel-titânio têm<br />

demonstrado boa segurança e resistência em<br />

relação aos instrumentos de aço inoxidável,<br />

sendo mais seguros no preparo de canais<br />

curvos. 1, 6, 9 Por apresentarem segurança, boa<br />

resistência à rotação, sofrerem menos estresse<br />

e terem maior resistência à corrosão, 13 foram<br />

desenvolvidos instrumentos de níquel-titânio<br />

acionados a motor, como os sistemas<br />

Profile Maillefer e série 29 da Tulsa, Quantec,<br />

Pow-R, Light-speed. Eles variam entre<br />

si quanto à apresentação em diâmetro, conicidade,<br />

tamanho da parte ativa, forma da<br />

guia de penetração e desenho. A literatura é<br />

escassa quanto à comparação entre os três<br />

métodos, havendo estudos que avaliam os<br />

sistemas individualmente.<br />

No presente trabalho, foram comparados<br />

os sistemas Profile da Maillefer, que<br />

apresenta lâmina radial e ângulo de corte<br />

negativo, possuindo conicidades de 0,04 e<br />

0,06, e, para a dilatação da embocadura e<br />

dos dois terços cervicais, o Orifice Shaper,<br />

com os instrumentos 2 (D0 30 e conicidade<br />

de 0,06) e 3 (D0 40 e conicidade de 0,06).<br />

Foi utilizado, também, o sistema Quantec,<br />

que apresenta desenho diferente, com ângulo<br />

de corte levemente positivo, apresentando<br />

uma maior massa de metal suportando as<br />

lâminas e conicidade variando de 0,02 a<br />

0,06. Para o preparo cervical desse sistema,<br />

também foi empregado o Orifice Shapers. O<br />

terceiro sistema empregado foi o Pow-R, com<br />

ângulo de corte bem positivo, secção triangular,<br />

conicidades de 0,02 e 0,04 e guia de<br />

penetração tipo Roane, ou seja, sem ângulo<br />

de transição entre a guia e o início das espiras.<br />

Quanto à perda de comprimento de trabalho,<br />

observou-se a maior perda para o<br />

Profile, seguido do Pow-R. O que tendeu<br />

a ter menor perda foi o Quantec, apesar<br />

de, no confronto estatístico, não se observarem<br />

diferenças entre os grupos. Bryant et<br />

al. 3, 4 encontraram valores de perda de comprimento<br />

bem mais baixos, de 0,063 mm,<br />

contra 0,8 mm do presente trabalho. Há de<br />

se ressaltar que, neste trabalho, foram usados<br />

dentes naturais, enquanto Bryant et al. 3, 4 utilizaram<br />

blocos de acrílico. Quanto ao sistema<br />

Quantec, Thompson e Dummer<br />

17, 18<br />

não encontraram perda de comprimento de<br />

trabalho, discordando do presente trabalho,<br />

em que este fato ocorreu, e no valor de 0,6<br />

mm. Esta perda de comprimento pode estar<br />

relacionada aos desvios ocorridos, o que fez<br />

com que os instrumentos não conseguissem<br />

chegar no comprimento de trabalho.<br />

Quanto à fratura de instrumento, ela não<br />

foi observada, discordando dos resultados de<br />

Thompson e Dummer, 17, 18 para o Quantec,<br />

3, 4, 5<br />

e corroborando os dados de Bryant et al.,<br />

para o Profile. Para o Quantec, Korzen 12 atribui<br />

índice baixo de fratura devido a esse instrumento<br />

apresentar maior massa metálica<br />

suportando as lâminas.<br />

No desvio apical, foi observada uma<br />

menor incidência para o Quantec, seguido do<br />

Profile Maillefer, enquanto os piores resultados<br />

foram do Pow-R, apesar de não haver<br />

diferença estatisticamente significativa entre<br />

os três grupos. Bonetti Filho e Tanomaru<br />

Filho, 2 usando o sistema Quantec, observaram<br />

sua boa segurança. Comparando o sistema<br />

Quantec 2000 ao Profile Maillefer e ao<br />

Profile série 29, Duarte et al. 8 encontraram<br />

resultados similares ao do presente trabalho,<br />

em que o Quantec desviou menos, mas não<br />

se diferenciou estatisticamente dos sistemas<br />

Profile. Já Thompson e Dummer 18 observaram<br />

um grande número de desvios e quatro<br />

perfurações, quando do uso do Quantec em<br />

blocos de resina. Os autores atribuíram a responsabilidade<br />

pelo maior índice de desvios<br />

ao desenho da guia de penetração. Outro<br />

fator explicativo para a diferença de resultados<br />

foi que empregaram, como instrumento<br />

de memória, o instrumento n.º 9, que apresenta<br />

diâmetro 40, enquanto no presente trabalho<br />

foi empregado o de n.º 6, que tem diâmetro<br />

25 e conicidade de 0,04. Um baixo<br />

índice de desvios com a Quantec LX, a utilizada<br />

no presente trabalho, foi observado por<br />

Griffiths et al., 11 alertando que os tamanhos<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004<br />

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8 (25/06), 9 (40/02) e 10 (45/10) não devem<br />

ser usados em toda a extensão, pois tendem<br />

a desviar mais, confirmando os resultados<br />

de Thompson e Dummer, 18 que tiveram alto<br />

índice de desvios.<br />

Para os sistemas Profile e Pow-R, o<br />

desvio foi maior, em relação ao sistema<br />

Quantec, apesar de não haver diferença significativa.<br />

Esse fato pode ser devido à facilidade<br />

de os instrumentos atingirem o<br />

comprimento de trabalho, por parte do sistema<br />

Quantec, e também ao seu desenho,<br />

que possui uma massa metálica menor no<br />

eixo central, o que favoreceria uma menor<br />

tensão contra a parede externa. Thompson e<br />

Dummer, 16 avaliando o sistema Profile série<br />

29, observaram baixo índice de desvios, discordando<br />

dos nossos resultados. Já Bryant et<br />

al. 4 constataram um grande número de desvios<br />

para o sistema Profile Maillefer. Bryant<br />

et al., 5 em 1999, analisando o Profile Maillefer<br />

0,04 e 0,06, verificaram baixos índices<br />

de desvios, atribuindo o resultado ao fato de<br />

utilizar, antes, a conicidade 0,06. Com isso,<br />

os instrumentos com conicidade 0,04 atuam<br />

com menor tensão na região apical.<br />

Para o sistema Pow-R, o maior desvio<br />

pode estar relacionado ao ângulo de corte<br />

mais agressivo, podendo apresentar maior<br />

desgaste contra a parede externa.<br />

Em relação à velocidade empregada,<br />

usou-se a mesma velocidade, ou seja, 250<br />

rpm, para os três sistemas. Gabel et al. 10<br />

observaram menor índice de fratura em<br />

rotações mais baixas para o sistema Profile.<br />

Outro fator importante é o torque, que<br />

também foi padronizado para os três sistemas,<br />

no valor de 1N. Há de se ressaltar que<br />

valores baixos de torque tencionam menos<br />

os instrumentos, minimizando o risco de fratura,<br />

pois é preferível que eles travem a que<br />

fraturem.<br />

Quanto à metodologia empregada, o uso<br />

de dentes e de radiografia, para esse tipo de<br />

análise, tem sido bastante utilizado, 6, 7, 8, 9 daí<br />

ter sido adotado neste trabalho. Quanto ao<br />

escaneamento e análise no sistema Digora,<br />

achamos que é um método viável e preciso.<br />

O uso de blocos de resina talvez favoreça<br />

uma melhor padronização, em termos de<br />

valor da curvatura, porém foge da realidade<br />

clínica pois a resina apresenta dureza diferente<br />

daquela da dentina, devendo os resultados<br />

ser interpretados com certo cuidado.<br />

CONCLUSÕES<br />

Diante do exposto no presente trabalho e<br />

da discussão pertinente, pôde-se concluir que:<br />

• não houve nenhum instrumento fraturado<br />

para os sistemas analisados;<br />

• não houve diferença estatisticamente significativa<br />

entre os três sistemas quanto ao<br />

desvio apical;<br />

• não houve diferença estatisticamente significativa<br />

entre os três sistemas quanto à<br />

perda de comprimento de trabalho.<br />

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3 3<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004


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nickel-titanium instruments in simulated root canals.<br />

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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

3 4<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 29-34, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE UM<br />

GRUPO DE TERCEIRA IDADE PORTADOR<br />

DE PRÓTESE TOTAL, ANTES E APÓS<br />

PROGRAMA DE SAÚDE BUCAL<br />

ANALYSIS OF THE ELDERLY ’S BEHAVIOR CARRIERS OF TOTAL PROSTHESIS,<br />

BEFORE AND AFTER AN ORAL HEALTH PROGRAM<br />

SUZELY ADAS SALIBA MOIMAZ<br />

NEMRE ADAS SALIBA<br />

CLÁUDIA LETÍCIA VENDRAME DOS SANTOS<br />

Professora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Programa de<br />

Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social – Unesp<br />

Professora da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Programa de<br />

Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social – Unesp<br />

Aluna da graduação, bolsista da Fapesp, da Faculdade de Odontologia de<br />

Araçatuba – Unesp<br />

RESUMO<br />

A pirâmide populacional brasileira modificou-se nos últimos<br />

anos, devido ao aumento da esperança de vida ao nascer e<br />

conseqüente envelhecimento populacional. Tendo em vista as<br />

necessidades da população idosa, busca-se adaptar as ações de<br />

saúde, que promovam a melhoria da qualidade de vida desses<br />

indivíduos. Grande parte da população adulta no Brasil é portadora<br />

de algum tipo de prótese. Assim, este estudo foi desenvolvido<br />

com o grupo da 3ª Idade do município de Piacatu/SP, portadores<br />

de Prótese total superior e/ou inferior, com o propósito<br />

de avaliar cuidados dispensados às próteses dentárias e à higienização<br />

bucal. Foram efetuadas entrevistas com 72 pessoas e<br />

analisadas as mudanças de comportamento, antes e após a realização<br />

de programa educativo voltado à promoção de saúde.<br />

Realizaram-se 6 reuniões pedagógicas com o grupo para treinamento<br />

relativo aos métodos de higienização, conservação<br />

e utilização de próteses totais e cuidados com a boca, além<br />

de orientações sobre auto-exame bucal. Entre os participantes,<br />

notou-se que 66% usavam prótese a mais de 20 anos e 55%<br />

apontaram como principal motivo de substituição o desgaste.<br />

No início 22,22% tiravam a dentadura à noite e após o programa<br />

32,43% passaram a retirá-la e imergi-la em solução.<br />

Quanto à limpeza das próteses, 3,69% usavam água; a princípio<br />

6,93% utilizavam escova e sabão e 21,62% passaram a<br />

usá-los no final. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que<br />

houve melhora na higienização das próteses totais dos idosos,<br />

bem como mudança de comportamento relativos à saúde bucal.<br />

UNITERMOS: HIGIENIZAÇÃO – IDOSOS – PRÓTESE TOTAL.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />

ABSTRACT<br />

The Brazilian population pyramid modified in the last years<br />

because of the increase in life expectancy and consequently,<br />

the increase in the aging population. With the elderly population<br />

needs in mind, it is necessary to adapt health services to<br />

improve the quality of life of these individuals. A great part<br />

of the adult population are carriers of some type of prosthesis.<br />

Thus, this study was developed to study a group of elderly<br />

people of Piacatu/SP municipal district who were carriers of<br />

upper and/or lower prosthesis, in order to assess the care for<br />

the prostheses and oral hygiene. Interviews were carried out<br />

with 72 people and behavior changes were analyzed, before<br />

and after the educational program for health promotion. Six<br />

educational sessions were carried out with the group to train<br />

them in hygiene methods, care of the mouth, oral self-examination<br />

and conservation and utilization of the prosthesis.<br />

Among the participants, 66% used prosthesis more than 20<br />

years and 55% reported wear as the main reason for substitution.<br />

In the beginning 22.22% removed the dentures at night<br />

and after the program 32.43% started to remove them and<br />

to immerse them in a solution. With relationship to the cleaning<br />

of the prosthesis, 3.69% used water; at first 6.93% used<br />

brushing and soap and in the end 21.62% started to use<br />

this procedure. From the obtained results, it can be concluded<br />

that there was improvement by the elderly in the hygiene of<br />

the prostheses, as well as change of behavior concerning oral<br />

health.<br />

UNITERMS: ORAL HYGIENE – ELDERLY – TOTAL PROTHESIS.<br />

3 5


3 6<br />

INTRODUÇÃO<br />

O envelhecimento populacional, como<br />

fenômeno mundial, atinge também o Brasil. 3,<br />

8, 12, 13, 14<br />

Dados indicam que, em 2020, 14 9%<br />

da população brasileira – ou seja, 18 milhões<br />

de pessoas – terão 65 anos ou mais. Com<br />

a mudança do perfil populacional e a elevação<br />

da perspectiva de vida, há que se planejar<br />

ações de saúde que contribuam para a<br />

melhoria do bem-estar dessa crescente população.<br />

A saúde bucal é parte constituinte da<br />

saúde geral. Assim, é necessário que odontólogos<br />

conheçam as condições bucais dessa<br />

população, principalmente a do local ou da<br />

comunidade em que atuam, 2, 13 definindo<br />

problemas e buscando soluções, realizando o<br />

papel de promotor de saúde e colaborando<br />

com o aumento da auto-estima desse grupo.<br />

É certo que a maioria dos idosos de<br />

hoje passou por uma odontologia puramente<br />

curativa, o que implica reduzido número de<br />

dentes hígidos 3, 11 e deficiência das estruturas<br />

bucais, resultando, conseqüentemente, em<br />

usuários de próteses total 3, 6 ou que necessitam<br />

ser reabilitados. Rosa et al. confirmam<br />

essa realidade ao realizar um trabalho em<br />

que, “no município de São Paulo, 79,4% dos<br />

idosos examinados eram edêntulos e 97%<br />

necessitavam de algum tipo de prótese”.<br />

A reabilitação do sistema estomatognático<br />

é importante, pois contribui com<br />

o aumento da auto-estima e acarreta em<br />

melhora da saúde geral. 3, 10 Conforme apresenta<br />

Moriguchi, 5 “a perda da dentição<br />

influi sobre a mastigação, digestão, gustação,<br />

pronúncia e aspecto estético e predispõe a<br />

doenças geriátricas”. Então, para executar<br />

suas funções e colaborar para o bem-estar<br />

do paciente, o aparelho deve estar em boas<br />

condições de funcionamento e, acima de<br />

3, 11<br />

tudo, apresentar-se limpo.<br />

Considerando que o grau de senilidade<br />

geralmente prejudica a coordenação motora<br />

e debilita as funções, 14 e somando a falta de<br />

conhecimento e de conscientização, isso certamente<br />

acarreta precariedade da limpeza,<br />

influenciando no processo saúde/doença.<br />

Assim, é necessário que o cirurgião-dentista,<br />

como promotor de saúde, conheça a população<br />

com a qual trabalha para poder contribuir<br />

com a melhoria da sua qualidade de<br />

vida, por meio da transmissão de informações<br />

e da prestação de serviços.<br />

PROPOSIÇÃO<br />

Os autores propuseram-se, neste estudo,<br />

a analisar os cuidados dispensados por indivíduos<br />

de um grupo da Terceira Idade à boca<br />

e a suas próteses totais, antes e após a realização<br />

de um programa educativo.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

O estudo foi desenvolvido no grupo<br />

da Terceira Idade do município de Piacatu.<br />

Após a permissão das autoridades locais, os<br />

indivíduos portadores de prótese total que se<br />

propuseram a participar da pesquisa assinaram<br />

o consentimento livre e esclarecido, de<br />

acordo com o CEP local.<br />

Realizou-se uma reunião inicial, na qual<br />

explicou-se aos participantes o objetivo do<br />

trabalho e buscou-se uma aproximação e a<br />

confiança do grupo.<br />

Foram entrevistados 72 indivíduos, seguindo<br />

um formulário que continha 15 questões relacionadas<br />

ao uso da dentadura, métodos de limpeza,<br />

meios de conservação e manutenção do aparelho,<br />

tempo de vida útil, conhecimentos referentes<br />

ao uso prolongado da prótese. Abordou-se,<br />

também, forma de limpeza da cavidade bucal e<br />

motivos de perda dos dentes.<br />

Em reuniões subseqüentes, os participantes<br />

receberam orientações e treinamentos<br />

individuais relacionados à limpeza e manutenção<br />

do aparelho, instrumentos e métodos<br />

para melhor higienizar e conservar a prótese.<br />

Foram apresentados métodos alternativos<br />

de limpeza, como escovas específicas para<br />

dentadura (bitufo) e raspadores linguais.<br />

Também foram utilizados materiais didáticopedagógicos,<br />

como modelos odontológicos,<br />

diapositivos, folhetos e cartazes e o Manual<br />

para Conservação e Higienização de Prótese<br />

Dentárias, do Núcleo de Pesquisas em Saúde<br />

Coletiva (Nepesco) da FOA – Unesp. 16<br />

Quanto aos cuidados com a boca, os participantes<br />

foram instruídos sobre a importância<br />

da retirada noturna da prótese, sendo<br />

incentivadas a limpeza do rebordo com gaze<br />

umedecida e a escovação da língua. Os indivíduos<br />

também receberam orientações e treinamento<br />

para realização do auto-exame bucal.<br />

À frente do espelho, reconheciam as estruturas<br />

da boca e eram instruídos sobre como<br />

diagnosticar alterações patológicas, visando ao<br />

diagnóstico precoce do câncer bucal. Nessa<br />

fase, foi possível identificar os indivíduos que<br />

apresentavam lesões e encaminhá-los para dis-<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

ciplinas específicas da Faculdade de Odontologia<br />

de Araçatuba – Unesp.<br />

No total, foram realizados seis encontros<br />

com os participantes, sendo dois individuais,<br />

ou seja, os pesquisadores com cada<br />

idoso, e quatro coletivos, em que os temas<br />

antes abordados foram reforçados de forma<br />

expositiva.<br />

Terminado o programa, os indivíduos<br />

foram novamente entrevistados de acordo<br />

com um formulário com 12 questões. Procurou-se<br />

identificar possíveis mudanças no<br />

comportamento dos participantes, além de<br />

avaliar a eficácia das ações desenvolvidas e o<br />

conhecimento adquirido durante o trabalho.<br />

GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA.<br />

GRÁFICO 2. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO OS MOTIVOS ALEGADOS<br />

DA PERDA DENTÁRIA.<br />

RESULTADO E DISCUSSÃO<br />

O estudo possibilitou observar que esse<br />

grupo populacional em crescimento é carente<br />

afetivamente e tem necessidade de atenção<br />

relacionada à saúde, incluindo a odontológica.<br />

No Brasil, considera-se idoso o indivíduo com<br />

60 anos ou mais. 5 A implantação de grupos<br />

de Terceira Idade tem sido benéfica, proporcionando<br />

lazer, distração e até ocupação. Da<br />

população estudada, 51,39% tinham menos<br />

de 60 anos e pertenciam ao grupo, o que possivelmente<br />

demonstra a necessidade de um<br />

resgate social (gráf. 1).<br />

A percepção de saúde e os conhecimentos<br />

dos indivíduos refletem na sua concepção<br />

sobre vida útil do dente e até mesmo na<br />

crença sobre os motivos pelos quais eles<br />

foram perdidos. 2 Assim, como motivo das<br />

exodontias dos dentes, 50,78% (gráf. 2)<br />

afirmaram que eles sofreram apodrecimento,<br />

como se fosse um processo natural.<br />

Poucos eram os indivíduos parcialmente<br />

desdentados. Houve resistência às novas<br />

informações, que muitas vezes contradiziam<br />

o seu conhecimento. Por se sentirem marginalizados,<br />

não acreditam na idéia de qualidade<br />

de vida por meio da melhora da higienização<br />

da boca e do aparelho reabilitador.<br />

Assim como a limpeza, a adaptação é<br />

um fator indispensável para o uso da prótese<br />

e o conforto do paciente. Mesmo tendo<br />

os rebordos bastante reabsorvidos, 64,44%<br />

deles garantem boa adaptação ao aparelho.<br />

TABELA 1. RESPOSTAS OBTIDAS A PARTIR DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM 72 INDIVÍDUOS DO GRUPO DE TERCEIRA<br />

IDADE DO MUNICÍPIO DE PIACATU/SP, 2001.<br />

PERGUNTA SIM NÃO MAIS OU MENOS<br />

Nº % Nº % Nº %<br />

A prótese substitui os dentes<br />

naturais de forma satisfatória 24 33,33 23 31,94 25 34,72<br />

Dificuldade de adaptação<br />

ao uso da prótese 29 40,27 28 38,88 15 20,33<br />

A prótese está bem acomodada 50 69,44 14 19,44 8 11,12<br />

Acha sua prótese limpa 63 87,50 4 5,55 5 6,94<br />

Apresenta dificuldade em limpar<br />

a prótese 10 13,88 53 73,61 9 12,50<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />

3 7


TABELA 2. RESPOSTAS OBTIDAS A PARTIR DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM 72 INDIVÍDUOS DO GRUPO DE TERCEIRA<br />

IDADE DO MUNICÍPIO DE PIACATU/SP, 2001.<br />

PERGUNTA SIM NÃO ÀS VEZES<br />

Nº % Nº % Nº %<br />

Freqüência de quelite angular 18 25 27 37,50 27 37,50<br />

Dor na região da ATM 12 16,66 51 70,83 9 12,5<br />

Dor de cabeça relacionada a prótese 7 9,72 60 83,33 5 6,94<br />

Remove a prótese à noite 16 22,22 53 73,61 3 4,16<br />

Escova a prótese 71 98,61 1 1,38 – –<br />

GRÁFICO 3. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS QUE RETIRARAM A PRÓTESE PARA<br />

DORMIR.<br />

GRÁFICO 4. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDIVÍDUOS<br />

SEGUNDO OS MOTIVOS PELOS QUAIS NÃO RETI-<br />

RAM A PRÓTESE NO PERÍODO NOTURNO.<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

3 8<br />

Quanto à satisfação, 31,94% disseram-se<br />

insatisfeitos com a prótese e 34,72% se conformavam,<br />

considerando a estética, a função<br />

e, acima de tudo, a ausência de dor causada<br />

pelos dentes. Dos participantes, 61,6% tiveram<br />

dificuldade em se acostumar com o aparelho,<br />

conforme relacionado na tabela 1.<br />

A retirada da prótese é recomendada<br />

para alívio do tecido de suporte. A indicação<br />

é para ser removida no período noturno. 1<br />

Pode haver uma relação direta entre adaptação<br />

e remoção do aparelho, pois, temendo<br />

uma má adaptação no dia seguinte, poucos<br />

indivíduos retiram-na para dormir.<br />

Verifica-se, na tabela 2, que apenas<br />

22,22% retiravam a prótese à noite antes do<br />

programa. Foram obtidos resultados positivos,<br />

tendo em vista que, na segunda análise,<br />

52,06% tentaram retirar a prótese. Assim,<br />

32,43% conseguiram, após o programa,<br />

dormir sem o aparelho e 19,63% passaram<br />

a retirá-lo ocasionalmente (gráf. 3). Quanto<br />

aos que não retiraram a prótese, 52% alegaram<br />

falta de costume e 20% não conseguiram<br />

ficar sem ele (gráf. 4).<br />

Também se questionou onde as próteses<br />

eram colocadas nesse intervalo de<br />

tempo. O gráfico 5 mostra os locais de<br />

armazenamento das próteses. Entre os<br />

22,22% que a retiravam, 59,09% colocavam-na<br />

em um copo com água, meio recomendado<br />

por muitos profissionais. 1 O restante<br />

a mantinha em meios alternativos<br />

extremamente variados. Na segunda entrevista,<br />

observou-se que a variedade de meios<br />

alternativos diminuiu e que todos os que<br />

retiraram a dentadura passaram a imergi-la<br />

em solução. Foram orientados para a colocação<br />

de desinfetante, ou seja, de uma<br />

colher de chá de água sanitária (Q-Boa),<br />

dissolvida em um copo com água. 1 O<br />

gráfico 6 demonstra que 34,61% cumpriram<br />

o orientado e 57,69% usaram a água<br />

pura como solução de imersão.<br />

Como se vê no gráfico 7, antes do<br />

programa, o meio de limpeza mais usado<br />

pelos participantes era a escova com pasta,<br />

mesmo que essa não tenha sido a indicação<br />

dos profissionais da área, devido à ação de<br />

abrasivos provenientes do creme dental. 1<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

GRÁFICO 5. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO O LOCAL DE ARMA-<br />

ZENAMENTO DA PRÓTESE TOTAL QUANDO<br />

RETIRADA NO PERÍODO NOTURNO (RESUL-<br />

TADO ANTES DO PROGRAMA EDUCATIVO).<br />

GRÁFICO 6. DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO O LOCAL DE ACOMO-<br />

DAÇÃO DA PRÓTESE NO PERÍODO NOTURNO<br />

(RESULTADO DEPOIS DO PROGRAMA EDU-<br />

CATIVO).<br />

GRÁFICO 7. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO OS MATERIAIS UTILIZA-<br />

DOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DA PRÓTESE<br />

TOTAL (RESULTADO ANTES DO PROGRAMA<br />

EDUCATIVO).<br />

GRÁFICO 8. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS SEGUNDO OS MATERIAIS UTILIZA-<br />

DOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DA PRÓTESE<br />

TOTAL (RESULTADO DEPOIS DO PROGRAMA<br />

EDUCATIVO).<br />

Do total dos indivíduos, 90,27% utilizavam<br />

esse método. O gráfico 8 demonstra que, na<br />

segunda análise, aumentou o percentual de<br />

indivíduos que passaram a usar o método<br />

indicado. Desse modo, 21,62% adotaram<br />

escova e sabão neutro para higienização do<br />

aparelho.<br />

Quanto à substituição do aparelho,<br />

notou-se que 44,44% dos participantes<br />

nunca haviam trocado as próteses. Entre<br />

as respostas, obteve-se que 55,56% já a<br />

substituíram e 55% apontaram como fator<br />

principal da troca o desgaste, seguido da<br />

fratura do aparelho, razão de 32,5% das<br />

substituições (gráf. 9).<br />

É perceptível, pelo gráfico 10, que 66%<br />

usavam o aparelho há mais de 20 anos, o<br />

que retrata a odontologia curativa 11 e reabilitadora<br />

3, 6 pela qual passaram.<br />

Quanto aos cuidados dispensados à<br />

boca, observa-se, no gráfico 11, que 76%<br />

dos participantes realizavam bochechos com<br />

água. Motivou-se a escovação da língua e a<br />

limpeza da bochecha e do rebordo com gaze<br />

úmida.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004<br />

GRÁFICO 9. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS, SEGUNDO MOTIVO DA SUBSTI-<br />

TUIÇÃO DA PRÓTESE TOTAL.<br />

Após o programa, 59,46% passaram<br />

a utilizar a técnica. Desses, 90,9% afirmaram<br />

que não tiveram dificuldades em realizá-la.<br />

Entre os que a praticaram, 86,36%<br />

consideraram o método eficiente e 13,64%<br />

adaptaram a técnica, preferindo massagear<br />

o rebordo com escova ou com o dedo. 1<br />

Dos que não a executaram, 33% justificaram<br />

como não sendo necessária sua realização,<br />

20% não gostaram da técnica, 27% alegaram<br />

esquecimento e 20% apontaram descuido ou<br />

relaxamento (gráf. 12).<br />

3 9


GRÁFICO 10. DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS INDI-<br />

VÍDUOS, SEGUNDO TEMPO DE USO DA<br />

PRÓTESE.<br />

GRÁFICO 11. MÉTODOS UTILIZADOS PARA HIGIENI-<br />

ZAÇÃO BUCAL PELOS INDIVÍDUOS ENTRE-<br />

VISTADOS.<br />

Conclui-se que o programa realizado,<br />

por meio da informação, do incentivo e da<br />

motivação, foi capaz de provocar mudanças<br />

de comportamento nos membros do grupo<br />

da Terceira Idade, comprovando sua capacidade<br />

de aprendizagem.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado<br />

de São Paulo (Fapesp), pela concessão de<br />

bolsa de Iniciação Científica.<br />

À Tatiane Bueno Gomes, pelo auxílio e participação<br />

no trabalho com idosos.<br />

Ao Grupo da Terceira Idade e à Prefeitura Municipal<br />

de Piacatu.<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

4 0<br />

GRÁFICO 12. DISTRIBUIÇÃO DOS INDIVÍDUOS SEGUNDO<br />

O MOTIVO PELO QUAL NÃO REALIZARAM LIM-<br />

PEZA DA BOCA CONFORME ORIENTADO.<br />

Assim, pode-se constatar que essa população<br />

em crescimento necessita de atenção e<br />

de programas de saúde bucal 2, 13 que acarretem<br />

bem-estar pessoal e melhoria de saúde geral.<br />

CONCLUSÃO<br />

Diante dos resultados obtidos, nota-se<br />

que houve mais atenção dos participantes<br />

em relação à boca e aos cuidados com a<br />

prótese, implicando maior eficácia na sua<br />

higienização. Esse grupo populacional tem<br />

direito a melhores condições de saúde e o<br />

profissional da área, incluindo o cirurgiãodentista,<br />

tem papel fundamental na educação,<br />

orientação e prevenção de doenças.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Filho H, Fajardo RS, Goiato MC. Higienização em dentaduras<br />

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prevalência e prevenção para população de 3.ª idade. RBO<br />

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Terceira Idade: quais os problemas bucais existentes? Rev.<br />

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11. Padilha DMP, Baldssevolto J, Sool L, Bercht S, Petry P.<br />

Odontogeriatria na universidade para não perder tempo.<br />

Rev Fac Odont Porto Alegre 1998 jul; 39 (1).<br />

12. Pinto MLMC. Situação odontológica do idoso no Brasil.<br />

Rev Fac Odont UFBA 1987 jan/dez; (7):23-8.<br />

13. Rosinblit R. La atención odontologica del anciano. Rev<br />

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14. Rosa AGF, Castelhano RA. Saúde bucal na 3.ª idade.<br />

RGO 1993 mar/abr; 41 (2):97-102.<br />

15. Saliba CA, Saliba NA, Marcelino G, Moimaz SAS. Saúde<br />

bucal dos idosos: uma realidade ignorada. Rev APCD<br />

1999 jul/ago; 53 (4).<br />

16. Saliba NA, Moimaz SAS, Garbin CAS, Brandão IG, Casitho<br />

AP. Manual para Conservação de Prótese Dentária.<br />

NEPESCO – Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 35-40, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

ESTUDO INFILTRATIVO DA PREVALÊNCIA<br />

DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO<br />

DE FURCA DE MOLARES INFERIORES E<br />

SUPERIORES HUMANOS<br />

LEAKAGE STUDY OF THE PREVALENCE OF FURCATION ACCESSORY CANAL IN<br />

UPPER AND LOWER HUMAN MOLARS<br />

CARLOS ALBERTO GARCIA MANIGLIA<br />

FÁBIO PICOLI<br />

ALICE BOLLIGER MANIGLIA<br />

Professor doutor chefe de Endodontia da Faculdade de Odontologia da<br />

Universidade de Franca – Unifran<br />

Professor de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade<br />

de Franca – Unifran<br />

Professora de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade<br />

de Franca – Unifran<br />

RESUMO<br />

A etiologia e o tratamento dos problemas endodônticos e<br />

periodontais demonstram estreitas relações com a anatomia.<br />

Este estudo foi desenvolvido para determinar a freqüência<br />

de canais acessórios presentes na região de furca de molares<br />

superiores e inferiores humanos, através de um método infiltrativo<br />

sob condições de vácuo. Os resultados da infiltração<br />

mostraram, respectivamente que 17,5% dos molares superiores<br />

e 30% dos molares inferiores possuem canais acessórios na<br />

região de furca. Concluindo, o reconhecimento da presença de<br />

canais acessórios na região de furca é pré-requisito para se<br />

evitar possíveis problemas endodônticos e periodontais.<br />

UNITERMOS: ANATOMIA DENTAL INTERNA – CANAIS ACESSÓRIOS<br />

– CANAIS DE FURCA.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />

ABSTRACT<br />

The etiology and treatment of endodontic and periodontal<br />

problems demonstrate narrow relations with dental anatomy.<br />

This study was conducted to determinate the frequency of furcation<br />

accessory canals on upper and lower human molars<br />

by means of an infiltrative method under vacuum conditions.<br />

The results of the infiltrative analysis showed that 17.5% of<br />

the upper molars and 30% of the lower molars studied presented<br />

furcation accessory canals. In conclusion, the acknowledgement<br />

of the presence of furcation accessory canals is<br />

essential to preventing possible endodontic and periodontal<br />

problems.<br />

UNITERMS: INTERNAL DENTAL ANATOMY – ACCESSORY CANALS<br />

– FURCATION CANALS.<br />

4 1


4 2<br />

INTRODUÇÃO<br />

A patologia endodôntica e periodontal<br />

apresenta estreitas relações com a contaminação<br />

bacteriana 24 e com a complexidade da<br />

morfologia dental. 15, 16 Assim, o conhecimento<br />

dos fatores que favorecem a contaminação<br />

bacteriana mostra-se de grande importância,<br />

uma vez que a polpa está em íntima relação<br />

com o periodonto, quer pela presença dos<br />

forames apicais, canais laterais, canais acessórios,<br />

quer pela presença de canais interradiculares.<br />

Esses últimos também têm sido<br />

chamados de canais de furca, por Vertucci<br />

e Willians; 27 canais de bifurcação, por Tidmarsh;<br />

26 canais laterais da área de bifurcação,<br />

por Maning; 17 canais cavo interradiculares,<br />

por Weine; 29 ou simplesmente canais interradiculares,<br />

segundo Cohen e Burns. 5<br />

Entretanto, as informações na literatura<br />

são escassas quanto a estudos a respeito da<br />

morfologia do assoalho da câmara pulpar,<br />

sua permeabilidade e, principalmente, trabalhos<br />

que relacionem a presença desses canais<br />

na região de furca com a patologia endodôntica<br />

e/ou periodontal. 4, 8, 9, 18 Preocupações<br />

com o envolvimento microbiológico do sistema<br />

de canais radiculares têm sido abordadas<br />

em trabalhos como o de Rubach e<br />

Mitchell, 23 que associam a doença pulpar à<br />

complexidade morfológica caracterizada pela<br />

presença de canais acessórios. Já Czarnecki<br />

e Shilder 6 não relacionam a presença de<br />

doença periodontal severa e a doença pulpar.<br />

Nota-se, portanto, que as informações a respeito<br />

do envolvimento patológico causado<br />

pela presença desses canais é controversa, 11,<br />

20<br />

o que impõe questionamentos, pois essa<br />

possibilidade existe desde que haja ingresso<br />

de microrganismos em qualquer uma das<br />

superfícies em questão, via periodonto-polpa<br />

ou polpa-periodonto.<br />

Estudos anteriores 7, 10 mostram essa preocupação,<br />

chamando a atenção para os prognósticos<br />

desfavoráveis de lesões que acometem<br />

a área entre as raízes, tanto do ponto de<br />

vista endodôntico quanto do periodontal e,<br />

particularmente, nos casos mais complexos<br />

que envolvem ambas as estruturas, conhecidas<br />

como lesões endo-periodontais. 5<br />

Portanto, o objetivo do presente estudo<br />

foi avaliar a prevalência de canais acessórios<br />

na região de furca de molares superiores<br />

e inferiores humanos, utilizando o método<br />

infiltrativo de avaliação.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

Foram usados neste experimento 40<br />

molares inferiores e 40 molares superiores<br />

humanos com raízes intactas e não fusionadas,<br />

extraídos por problemas periodontais,<br />

fixados em formol 10%. Após a seleção,<br />

os dentes tiveram suas faces vestibulares<br />

e mesiais identificadas. Posteriormente, a<br />

coroa desses dentes foi removida ± três<br />

milímetros acima do limite cervical (junção<br />

amelo-cementária) com o auxílio de aparelho<br />

de corte e disco diamantado. 14<br />

Obtida a abertura coronária e a<br />

conseqüente exposição de toda a câmara<br />

pulpar, cuidou-se que o assoalho da cavidade<br />

não fosse tocado. Para isso, foi utilizada uma<br />

broca tronco-cônica diamantada com ponta<br />

inativa n.º 4.083 (KG Sorensen, Brasil), em<br />

alta rotação e refrigerada a água.<br />

Os canais radiculares foram, então, irrigados<br />

com hipoclorito de sódio a cada cinco<br />

minutos, por uma hora, de modo a remover<br />

todo o seu conteúdo. 30 Em seguida, os dentes<br />

foram imersos em hipoclorito de sódio a<br />

5,25% por dez minutos, lavados em água<br />

corrente por dez minutos, imersos em EDTA<br />

a 17% por dez minutos, lavados e mantidos<br />

FIGURA 1. MOLAR SUPERIOR COM A COROA REMO-<br />

VIDA ± 3 MM ACIMA DO NÍVEL CERVICAL<br />

E COM ÁPICES RADICULARES REVESTIDOS<br />

COM DUAS CAMADAS DE ESMALTE.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

em geladeira até o momento do uso. 28<br />

Antes do preparo para infiltração, uma lima<br />

tipo K n.º 10 foi introduzida em toda a<br />

extensão do canal, confirmando a ausência<br />

de obstruções.<br />

Todos os ápices radiculares foram revestidos<br />

com duas camadas de esmalte, de<br />

forma a envolvê-los e isolá-los em seus ± três<br />

milímetros finais, deixando livre todo o restante<br />

da superfície dental (fig. 1).<br />

O preparo para infiltração foi realizado<br />

de duas formas: uma, para verificação da infiltração<br />

via coronária, e a outra, por via externa,<br />

radicular. Os dentes foram, então, divididos<br />

aleatoriamente, formando quatro grupos distintos:<br />

grupo I e grupo II, contendo 20 molares<br />

superiores, cada; grupo III e grupo IV, ambos<br />

com 20 molares inferiores.<br />

Nos grupos I e III, as raízes foram introduzidas<br />

em uma mangueira de silicone, de<br />

modo a que toda a parte coronária ficasse<br />

descoberta e a pressão do vácuo exercida<br />

fizesse com que o corante penetrasse via<br />

corono-radicular (fig. 2A). Nos grupos II e IV,<br />

ao contrário, a coroa foi introduzida na mangueira<br />

e o corante penetrou via raiz-coroa<br />

(fig. 2B). Para melhor adaptação, a mangueira<br />

utilizada possuía um diâmetro menor<br />

que o diâmetro da coroa e, no nível cervical,<br />

todo o perímetro do dente foi preso por<br />

uma braçadeira, sendo a mangueira fixada<br />

com cianoacrilato (Super Bonder ® , Loctite<br />

do Brasil Ltda.) (fig. 2C).<br />

Para evidenciar a presença de canais<br />

interradiculares, foi empregada tinta Nankin<br />

(Faber Castel, Brasil) sob vácuo. Utilizou-se,<br />

para isso, uma bomba a vácuo modelo<br />

MA058 (Marconi, Brasil), com pressão controlada<br />

de uma atmosfera, por um período<br />

de cinco minutos. Decorrido esse tempo, a<br />

FIGURA 2<br />

A. Observa-se a cânula de silicone adaptada a um molar inferior. A sucção a vácuo foi realizada<br />

no sentido corono-radicular, identificado pela seta vermelha.<br />

B. Cânula de silicone adaptada a um molar superior, em que a sucção a vácuo foi realizada<br />

no sentido raiz-coroa, conforme sinalizado pela seta vermelha.<br />

C. Braçadeira metálica usada para evitar a passagem de corante (nanquim) entre a cânula<br />

de silicone e a margem do dente, adaptada à cervical de um dos dentes, antes da sucção a<br />

vácuo.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />

4 3


FIGURA 3<br />

A e B. Dentes submetidos a sucção a vácuo no sentido corono-radicular, em que a superfície<br />

externa da furca foi examinada, evidenciando a presença de corante nanquim infiltrado<br />

(pontos negros indicados pelas setas amarelas).<br />

C e D. Dentes submetidos a sucção no sentido raiz-coroa, em que o assoalho da câmara<br />

pulpar foi examinado, revelando a presença de corante nanquim infiltrado (pontos negros<br />

indicados pelas setas amarelas).<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

4 4<br />

superfície exposta ao corante foi limpa com<br />

papel absorvente e o dente, examinado com<br />

o auxílio de uma lupa. Quando a sucção a<br />

vácuo foi realizada no sentido corono-radicular,<br />

a superfície externa da furca foi examinada<br />

(figs. 3A e 3B). Quando a sucção<br />

foi realizada no sentido raiz-coroa, o assoalho<br />

da câmara pulpar foi estudado (figs. 3C<br />

e 3D). A presença de canais interrradiculares<br />

foi determinada pela visão direta da infiltração<br />

do corante por meio da furca (pontos<br />

negros na superfície examinada; setas amarelas<br />

nas figs. 3A, 3B, 3C e 3D). Os dados referentes<br />

ao local e ao número de canais evidenciados<br />

pela presença do corante foram anotados.<br />

Quando presente excesso de corante,<br />

o dente era lavado em água corrente por<br />

dez minutos, deixado secar por uma hora e,<br />

então, examinado. Na persistência de dúvida,<br />

a amostra era descartada.<br />

RESULTADOS<br />

O estudo em questão resumiu-se à avaliação<br />

da superfície interna correspondente<br />

à região do assoalho da câmara pulpar e da<br />

superfície externa relacionada à região de<br />

bifurcação e trifurcação radicular.<br />

A análise das superfícies interna e<br />

externa pelo método de infiltração permitiu<br />

verificar que, nos molares inferiores, os canais<br />

acessórios na região de furca estavam presentes<br />

em 12 dos 40 dentes examinados (30%)<br />

e, nos molares superiores, em sete dos 40<br />

dentes estudados (17,5 %). A localização<br />

desses canais ou forames mostrou predileção<br />

pela região central, sem tendência para se<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

TABELA 1. NÚMERO DE CANAIS ACESSÓRIOS NA REGIÃO DE FURCA ENCONTRADOS NOS MOLARES SUPERIORES E INFE-<br />

RIORES EXAMINADOS POR MEIO DO MÉTODO INFILTRATIVO.<br />

DENTES<br />

Área avaliada Molares superiores – Molares inferiores –<br />

nº de canais nº de canais<br />

Superfície externa 03 05<br />

Superfície interna 04 07<br />

Total dentes infiltrados 07 (17.5 %) 12 (30 %)<br />

fixar próximo a qualquer uma das faces.<br />

Esses resultados podem ser visualizados<br />

na tabela 1.<br />

DISCUSSÃO<br />

É possível constatar, na literatura, a existência<br />

de alguns trabalhos sobre a presença<br />

3, 4, 8, 12,<br />

de canais acessórios interradiculares.<br />

18, 27<br />

Entretanto, seu significado não está bem<br />

elucidado. Sua importância, porém, é clara,<br />

se esses canais forem vistos como possíveis<br />

vias de acesso de microrganismos e/ou suas<br />

toxinas. A presença dessa comunicação com<br />

o periodonto parece não influenciar na saúde<br />

periodontal quando a polpa está viva. 6 Contudo,<br />

quando necrosada, pode desencadear,<br />

nos moldes do que ocorre na região apical,<br />

uma reação inflamatória, originando uma<br />

lesão periodontal. 13<br />

Da mesma forma, intervenções periodontais<br />

podem provocar aumento do número<br />

de canais expostos na região, tornando-a<br />

uma via de contaminação da polpa com um<br />

elevado grau de importância, fato mencionado<br />

por Bower 3 e apoiado por Adriaens<br />

et al., 1, 2 que revelam, ainda, que a invasão<br />

bacteriana da superfície dental externa pode<br />

ocorrer se a superfície sofrer algum tipo de<br />

tratamento mecânico periodontal.<br />

Constatou-se neste estudo que, nos<br />

molares inferiores, a incidência de canais no<br />

assoalho da câmara foi de 30% – menor,<br />

portanto, que o encontrado na literatura.<br />

Vertucci e Williams, 27 utilizando um método<br />

semelhante, com exposição prévia dos dentes<br />

ao hipoclorito de sódio, observaram que a<br />

incidência de canais interradiculares variava<br />

entre 46% e 76%.<br />

Entretanto, deve-se considerar que a<br />

presença da foramina não implica existência<br />

de canal. Segundo Lowman et al., 12 a remoção<br />

do cemento pode expor alguns desses canais, o<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004<br />

mesmo ocorrendo nos preparos histológicos por<br />

desgaste, em que o cemento, ou parte dele, é<br />

removido durante o processamento, mostrando<br />

canais antes obstruídos.<br />

Igualmente preocupante é a idade do<br />

dente examinado, uma vez que a camada<br />

de cemento varia com o passar do tempo. 22<br />

Também com a idade, a deposição contínua<br />

de dentina diminui o diâmetro do canal, que<br />

tende a ser obliterado. Esse processo é acelerado<br />

nos dentes envelhecidos, em que a polpa<br />

já sofreu em função de patologias como a<br />

cárie, a oclusão traumática e a erosão. 25 Essas<br />

afirmações têm sua importância realçada se<br />

considerarmos que os dentes estudados nesta<br />

pesquisa possuem patologias prévias, como<br />

grandes destruições por cáries e envolvimentos<br />

periodontais. Contudo, os elementos selecionados<br />

para este trabalho não foram submetidos<br />

a tratamento periodontal prévio.<br />

O conhecimento anatômico prévio desses<br />

canais deve ser parte integrante daqueles que<br />

irão realizar uma intervenção endodôntica,<br />

pois esses canais e/ou forames não podem ser<br />

detectados radiograficamente. 21 Além disso,<br />

as lesões de furca não possuem, necessariamente,<br />

uma origem periodontal, podendo<br />

ser oriundas de envolvimentos endodônticos<br />

microbiológicos relacionados à permeabilidade<br />

do assoalho da câmara pulpar.<br />

CONCLUSÃO<br />

Após a análise infiltrativa dos dentes<br />

estudados, foi possível verificar que, em<br />

17,5% dos molares superiores e em 30% dos<br />

molares inferiores, foram encontrados canais<br />

acessórios na região de furca.<br />

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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

4 6<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 41-46, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

PREMENSTRUAL SYNDROME AMONG<br />

COLLEGE STUDENTS<br />

SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL ENTRE ESTUDANTES DE FACULDADE<br />

FABIANO BARCELLOS RODRIGUES SILVA<br />

ANA CAROLINA RIOTO<br />

CIMARA BARCELLOS SILVA<br />

CINCINATO RODRIGUES SILVA-NETTO<br />

Cirurgião-dentista<br />

Cirurgiã-dentista especialista em periodontia<br />

Pharmacist-biochemist – USP<br />

Associate professor of Phisiology Unaerp – USP<br />

ABSTRACT<br />

Premenstrual syndrome (PMS) is a ma<strong>jor</strong> clinical entity<br />

affecting a large segment of the female population. In view<br />

of this fact, in the present study we evaluated the consequences<br />

of PMS in terms of physical condition and ingestion<br />

of sweets among college students. A total of 324 students,<br />

aged 18 to 19, were studied. The subjects reported being<br />

affected by PMS, with the most common symptoms being<br />

irritability and swollen breasts. Ninety students reported<br />

that they consumed 3 or more chocolate bars during a typical<br />

PMS day. A total of 243 students reported that they<br />

ingested sweet beverages in addition to chocolate. These<br />

findings suggest that a high percentage of college students<br />

are affected by PMS and ingest large amounts of sweets<br />

during the days involved.<br />

UNITERMS: PREMENSTRUAL SYNDROME – INGESTION OF SWEETS<br />

FOODS – IRRITABILITY AND SWOLLEN BREASTS.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />

RESUMO<br />

A tensão pré-menstrual (TPM) é uma entidade clínica<br />

que afeta grande parte da população feminina. No presente<br />

estudo avaliamos as conseqüências da TPM no que concerne<br />

à condição física e ingestão de doces entre estudantes de faculdade.<br />

Um total de 324 estudantes com idade entre 18 e 19<br />

anos foram estudados. As estudantes informaram serem afetadas<br />

por TPM, com os sintomas mais comuns que são irritabilidade<br />

e inchaço nos seios. Noventa estudantes informaram<br />

que chegam a consumir 3 ou mais tabletes de chocolate<br />

durante um dia típico de TPM. Um total de 243 estudantes<br />

informou que ingerirem bebidas doces além de chocolate. O<br />

presente estudo sugere que uma porcentagem alta de estudantes<br />

de faculdade é afetada por TPM e ingere quantias grandes<br />

de doces durante os dias envolvidos.<br />

UNITERMOS: TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL – INGESTÃO DE DOCES –<br />

IRRITABILIDADE E INCHAÇO NOS SEIOS.<br />

4 7


4 8<br />

INTRODUCTION<br />

Since Frank (1931) coined the term premenstrual<br />

tension for a group of symptoms<br />

occurring during the premenstrual period,<br />

many theories have been proposed regarding<br />

its etiology (Abraham, 1983). The recognition<br />

that nervous tension was not always<br />

present in this symptom complex and that<br />

the only consistent finding was the cyclical<br />

nature of the symptoms and their relationship<br />

to the premenstrual phase led Greene and<br />

Dalton (1953) to propose the terms premenstrual<br />

syndrome (PMS), which implies<br />

one syndrome.<br />

The patient with severe PMS develop<br />

breast swelling and tenderness, a sensation<br />

of abdominal bloating, and variable degrees<br />

of edema in the extremities late in the<br />

luteal phase. An increased thirst or appetite<br />

and craving for sweets and salty foods are<br />

common (Reid & Yen, 1981).<br />

PMS differs from the menstrual symptoms<br />

occurring during a woman’s period.<br />

Studies conducted in other countries have<br />

demonstrated that in the presence of PMS<br />

many women increase their consumption of<br />

sweets, soda drinks and junk food, especially<br />

foods containing large amounts of sugar or<br />

of sweet flavor. The objective of the present<br />

study was to determine the influence of PMS<br />

on the ingestion of sweets among college students.<br />

MATERIAL AND METHOD<br />

The study was conducted at the University<br />

of Ribeirão Preto, Unaerp, on students<br />

enrolled in the Dentistry course. Four-hundred<br />

questionnaires were distributed for the<br />

evaluation of PMS and food ingestion. The<br />

questionnaire used was based on previously<br />

proposed ones (Goei et al., 1982; Rossignol<br />

& Bonnlander, 1991). During the distribution<br />

of the questionnaire, which contained<br />

an explanation of the objectives of the study,<br />

the students received appropriate clarifications.<br />

The students who responded to the<br />

questionnaire were not required to identify<br />

themselves. The following data were obtained<br />

after the distribution of the 400 questionnaires:<br />

50 students declared that they<br />

had no experience of PMS and, therefore,<br />

were excluded from analysis of the results.<br />

Eighteen reported that they had experienced<br />

PMS but that they did not consume sweets<br />

or junk food, or even chocolate or sweet<br />

beverages during a typical PMS day. These<br />

respondents were also excluded. Eight students<br />

did not return the questionnaire. Thus,<br />

analysis of the results was performed using<br />

the questionnaires returned by the remaining<br />

324 students.<br />

RESULTS AND DISCUSSION<br />

Frank (1931) described the premenstrual<br />

syndrome as a disorder characterized<br />

by symptoms of tension, depression, headache,<br />

pain, breast swelling and abdominal<br />

bloating. Table l lists the participants according<br />

to age range, showing a prevalence of<br />

19 years of age (32%), followed by 20 years<br />

(26%), with 72% of the participants being<br />

in the 18 to 20 year age range. Table 1 also<br />

list ages at menarche, which was 12 years in<br />

32% of cases and 13 years in 25%.<br />

TABLE 1. NUMBER OF PARTICIPANTS AND AGE AT<br />

MENARCHE.<br />

Participants<br />

Menarche<br />

Age Total Age Total<br />

17 03 09 04<br />

18 47 10 07<br />

19 105 11 56<br />

20 85 12 106<br />

21 40 13 83<br />

22 24 14 56<br />

23 10 15 11<br />

24 04 16 01<br />

25 03 - -<br />

26 03 - -<br />

Total 324 324<br />

Table 2 lists the symptoms and their<br />

classification as moderate or severe, and<br />

their relation to the ingestion of sweets<br />

and/or junk food during a typical day of<br />

PMS. Irritability and breast swelling were<br />

the most prevalent symptoms compared to<br />

students with no symptoms. Food ingestion<br />

was also significant. A curious fact was that<br />

in the group of 18 participants who did not<br />

ingest sweets and whose data were not considered<br />

in the analysis, irritability and breast<br />

swelling were also the most frequent symptoms<br />

during PMS. The symptoms observed<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

TABLE 2. QUANTITY OF SWEET FOODS OR JUNK FOOD INGESTED DURING A TYPICAL PMSDAY.<br />

Ingestion Mild Moderate Severe<br />

Symptoms l or 2 – 3, 4, 5 1 or 2 – 3, 4, 5 1 or 2 – 3, 4, 5<br />

Depression 89 63 69 83 04 14<br />

Fatigue 88 65 69 83 09 10<br />

Irritability 25 13 72 72 63 79<br />

Anxiety 56 41 68 70 37 52<br />

Headache 80 91 58 46 25 24<br />

Breast swelling 27 27 87 78 52 53<br />

*Ingestion = corresponds to the number of foods ingested during a typical PMS day.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004<br />

in the present study have been well characterized<br />

in reports by Reid & Yen (1981) and<br />

Abraham (1983).<br />

Of the total of 324 participants, 249<br />

(77%) reported a normal menstrual cycle<br />

and only 75 (23%) gave a negative reply to<br />

this question. To our knowledge, this is the<br />

first study on PMS and food ingestion in<br />

Brazil.<br />

The results concerning the question<br />

about chocolate ingestion, related to how<br />

many times sweets or junk food are consumed<br />

during a typical day, were as follows:<br />

22 students did not eat any chocolate, 111<br />

(34%) ate one bar, 101 (31%) ate two, and<br />

90 (27%) ate three, four, five or more chocolate<br />

bars. Thus, during a typical day, the<br />

college students consume more chocolate, in<br />

agreement with the data reported by Signol<br />

& Bonnlander (1991)<br />

An attempt was made to correlate the<br />

ingestion of chocolate with the ingestion of<br />

sweet beverages or sweet juices and it was<br />

observed that of the students who did not eat<br />

chocolate, 8 also did not drink sweet beverages<br />

but ate junk food; 73 (22%) consumed 1,<br />

2, 3 or more chocolate bars but did not drink<br />

sweet beverages, and 243 (75%) ate chocolate<br />

and also drank sweet beverages, a highly<br />

significant percentage. So, we found a consistent<br />

association between foods and beverages<br />

that are high in sugar content or taste<br />

sweet and PMS.<br />

In previous studies using a questionnaire<br />

for the analysis of PMS, a high sugar consumption<br />

was observed among patients with<br />

premenstrual tension (Goei et al., 1982; Rossignol<br />

& Bonnlander, 1991). Another study<br />

showed a link between the consumption of<br />

sweet solutions and the course of the menstrual<br />

cycle (Wright & Crow, 1973). It was<br />

also observed that the women consumed<br />

sweet foods more than salty foods and that<br />

the consumption of sweets was greater during<br />

the luteal phase of the cycle, which is the<br />

phase considered to be the period of PMS<br />

onset (Reid & Yen, 1981; Bowen & Grundberg,<br />

1990). Sensitivity to sweet taste increases<br />

with an increase of estradiol, while progesterone<br />

is considered to be a metabolic and<br />

appetite stimulant (Alberti-Fidanza et al.,<br />

1998). Carbohydrates have been shown to<br />

reduce negative affect, pain, and insomnia in<br />

several populations (Spring et al. 1983), possibly<br />

explaining the high ingestion of sweet<br />

foods due to the severity of the symptoms<br />

occurring during PMS. The present data<br />

reveal that an alteration in sucrose ingestion<br />

during the premenstrual period also occurs<br />

among Brazilian students.<br />

ACKNOWLEDGMENTS<br />

The authors wish to thank the students who<br />

voluntarily participated in the study, and<br />

Unaerp.<br />

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UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

5 0<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 47-50, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

Revista da FOL<br />

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3. APRESENTAÇÃO DE ORIGINAIS<br />

a. Os originais submetidos à publicação podem ser acompanhados de figura(s), fundamentadas por necessidade de<br />

referência direta (sobre a metodologia ou sobre os resultados) ou indireta (de cunho didático ou artístico) ao seu<br />

conteúdo. Caberá à Comissão Editorial da revista a palavra final sobre a efetiva relevância de tais complementos.<br />

b. Categorias de originais, elementos constituintes obrigatórios, ordem de apresentação e limites máximos:<br />

I. Artigo original – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es),<br />

resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados,<br />

discussão, conclusões, resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />

II.<br />

Limites máximos: 14 páginas de texto (v. Especificação de página); quatro tabelas ou quadros, quatro<br />

gráficos e 16 figuras, se comprovadamente necessários.<br />

Revisão de literatura – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s)<br />

autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusões,<br />

resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />

Limites máximos: 10 páginas de texto (v. Especificação de página); quatro tabelas ou quadros,<br />

quatro gráficos e 16 figuras, se comprovadamente necessários.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />

5 1


III. Relato de caso(s) clínico(s) – título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação<br />

do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão,<br />

conclusões, resumo em inglês (abstract), uniterms e referências bibliográficas.<br />

Limites máximos: sete páginas de texto (v. Especificação de página); duas tabelas ou quadros, dois<br />

gráficos e 32 figuras, se comprovadamente necessários.<br />

IV. Resenha – avaliação crítica de livros ou de trabalhos acadêmicos, analisando o seu conteúdo, sua<br />

eventual aplicação no ambiente universitário, sua atualidade e consistência científicas, bem como<br />

aspectos formais de sua apresentação impressa.<br />

Limites máximos: três páginas de texto (v. Especificação de página).<br />

V. Editorial – opinião comentada do editor, corpo editorial ou autor convidado, em que se discutem o<br />

conteúdo da revista, assuntos pertinentes à odontologia e possíveis alterações na missão e/ou na forma<br />

da publicação.<br />

Limites máximos: 1,3 páginas de texto (v. Especificação de página).<br />

Obs.: a Revista da FOL exime-se de qualquer responsabilidade pelo material ou equipamento noticiado,<br />

cujas condições de fornecimento e veiculação publicitária estão sujeitas, respectivamente, ao Código de<br />

Defesa do Consumidor e ao CONAR (Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária).<br />

c. Texto<br />

I. Deverá ser fornecido em duas vias impressas em papel (v. Especificação de página) e em um arquivo<br />

digital (disquete 2HD), preparado no software Word for Windows.<br />

II. Os conteúdos dos originais impressos e do arquivo digital fornecido devem ser estritamente idênticos.<br />

III. A primeira página deverá conter título em português e em inglês; nome(s) completo(s) do(s) autor(es), sem<br />

abreviações, em ordem direta, com destaque em letras maiúsculas para o(s) sobrenome(s) pelo(s) qual(is)<br />

quer(em) ser indicado(s); titulação do(s) autor(es), endereço, e-mail e telefone para contato do autor principal;<br />

especificação da categoria sob a qual os originais devem ser avaliados (v. Categorias de originais).<br />

IV. Por motivo de isenção no trabalho da comissão de avaliação e do corpo editorial, a identificação do(s)<br />

autor(es) deverá constar única e exclusivamente da primeira página dos originais. A segunda página<br />

deverá conter apenas o título da matéria em português e em inglês, omitindo-se, dessa página em<br />

diante, nomes ou quaisquer dados referentes ao(s) autor(es).<br />

V. Na terceira página, deve-se iniciar o texto, seguindo-se a ordem dos elementos constituintes conforme<br />

a categoria a que pertence (v. Categorias de originais).<br />

VI. Além dos limites já estipulados nos itens anteriores, devem ser obedecidos os limites quantitativos e<br />

observadas as orientações abaixo:<br />

1. Especificação de página: margens superior e inferior: 2,5 cm; margens esquerda e direita: 3 cm;<br />

tamanho do papel: carta; tipo de fonte: Times New Roman; tamanho da fonte: 12; alinhamento<br />

do texto: justificado; recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm; espaçamento entre<br />

linhas: 1,5 linhas; controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado; as páginas devem ser numeradas.<br />

Essas definições produzirão páginas com cerca de 1.700 a 1.800 caracteres.<br />

Obs.: para saber a quantidade de caracteres de um texto (trecho isolado, página ou documento<br />

inteiro) preparado no software Word for Windows, o autor deve marcar o texto desejado e consultar o<br />

menu , , .<br />

2. Título em português: máximo de 90 caracteres.<br />

3. Titulação do(s) autor(es): o(s) autor(es) deverá(ão) citar apenas 1 (um) título/vinculação à instituição<br />

de ensino ou pesquisa, sem abreviações.<br />

Exemplos:<br />

• Aluno de Graduação da Faculdade de Odontologia de Lins da Universidade Metodista de Piracicaba.<br />

• Cirurgião-dentista.<br />

• Especialista em Periodontia.<br />

• Mestrando do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual<br />

Paulista de Araraquara.<br />

• Doutor em Periodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.<br />

• Professor do Curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Lins da Universidade Metodista de<br />

Piracicaba.<br />

4. Resumo em português/resumo em inglês (abstract): máximo de 1.200 caracteres, incluindo os<br />

espaços entre palavras.<br />

5. Unitermos/uniterms: mínimo de três e máximo de cinco. Recomenda-se o uso de DECS-Descritores<br />

em Ciências da Saúde (Lilacs: , ).<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba<br />

5 2<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

São limitadas a 30, nos textos que se enquadram nas categorias Artigos Originais, Revisão de Literatura<br />

e Relatos de Casos Clínicos. Devem ser organizadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas<br />

de acordo com o estilo Vancouver (). Os títulos de periódicos devem ser referidos<br />

de forma abreviada, de acordo com o Index Medicus (). Publicações com dois autores até o limite de seis citam-se todos; acima de<br />

seis autores, citam-se os seis primeiros, seguidos de et al., de acordo com o padrão abaixo.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

a) Artigos em periódicos<br />

1. Listar os seis autores seguidos por et al.<br />

• Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary<br />

disease. Ann Intern Med 1996 Jun 1; 124 (11):980-3.<br />

Como opção, se o periódico tem paginação contínua e não apresenta numeração, pode ser omitido o<br />

número da revista:<br />

• Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary<br />

disease. Ann Intern Med 1996; 124:980-3.<br />

Para mais de seis autores:<br />

• Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Childhood leukaemia in Europe<br />

after Chernobyl: 5 year follow-up. Br J Cancer 1996; 73:1.006-12.<br />

2. Organizados como autores<br />

• The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance<br />

guidelines. Med J Aust 1996; 164: 282-4.<br />

3. Nenhum autor apresentado<br />

• Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.<br />

4. Volume ou artigo com suplemento<br />

• Shen HM, Zhang QF. Risk assessment of nickel carcinogenicity and occupational lung cancer. Environ<br />

Health Perspect 1994; 102 Suppl 1:275-82.<br />

• Payne DK, Sullivan MD, Massie MJ. Women’s psychological reactions to breast cancer. Semin Oncol<br />

1996; 23(1 Suppl 2):89-97.<br />

5. Artigo sem volume<br />

• Turan I, Wredmark T, Fellander-Tsai L. Arthroscopic ankle arthrodesis in rheumatoid arthritis. Clin<br />

Orthop 1995; (320):110-4.<br />

6. Nenhum título ou volume<br />

• Browell DA, Lennard TW. Immunologic status of the cancer patient and the effects of blood transfusion<br />

on antitumor responses. Curr Opin Gen Surg 1993; 325-33.<br />

7. Paginação em algarismos romanos<br />

• Fisher GA, Sikic BI. Drug resistance in clinical oncology and hematology. Introduction. Hematol Oncol<br />

Clin North Am 1995 Apr; 9(2):xi-xii.<br />

8. Autores citados em outros artigos<br />

• Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson’s disease [letter]. Lancet 1996; 347:1.337. Clement<br />

J, De Bock R. Hematological complications of hantavirus nephropathy (HVN) [abstract]. Kidney<br />

Int 1992; 42:1.285.<br />

b) Livros e monografias<br />

• Ringsven MK, Bond D. Gerontology and leadership skills for nurses. 2nd ed. Albany (NY): Delmar Publishers;<br />

1996.<br />

• Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill Livingstone; 1996.<br />

• Institute of Medicine (US). Looking at the future of the Medicaid program. Washington: The Institute; 1992.<br />

• Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brenner BM, editors. Hypertension:<br />

pathophysiology, diagnosis, and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995. p.465-78.<br />

• Kimura J, Shibasaki H [editors]. Recent advances in clinical neurophysiology. Proceedings of the 10th<br />

International Congress of EMG and Clinical Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam:<br />

Elsevier; 1996.<br />

• Bengtsson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical informatics. In: Lun<br />

KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92. Proceedings of the 7th World Congress on<br />

Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1.561-5.<br />

1. Dissertação ou Tese<br />

• Ferreira SJ. Caracterização molecular da Xillela fastidiosa [Dissertação ou Tese]. Piracicaba (SP): Universidade<br />

de São Paulo; 2000.<br />

2. Artigos de <strong>jor</strong>nal<br />

• Lopes RJ. Estudo aponta elo entre ferro e Parkinson. Folha de São Paulo 2002 Set 16; Sec. A:10..<br />

3. Dicionário e referências similares<br />

• Stedman’s medical dictionary. 26th ed. Baltimore: Williams & Wilkins; 1995. Apraxia; p.119-20.<br />

c) Material Eletrônico<br />

1. Artigos de periódicos em formato eletrônico<br />

• Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar<br />

[cited 1996 Jun 5];1(1):[24 screens]. Available from: URL: .<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />

5 3


5 4<br />

2. Monografias em formato eletrônico<br />

• CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia<br />

Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.<br />

3. Arquivos de computador<br />

• Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2. Orlando<br />

(FL): Computerized Educational Systems; 1993.<br />

d) Tabelas ou Quadros<br />

I. Devem constar, respectivamente, sob as denominações de tabela ou quadro e ser numerados em algarismos<br />

arábicos.<br />

II. Devem ser fornecidos em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico em separado do<br />

arquivo do texto principal.<br />

III. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada acima destes.<br />

IV. Devem ser obrigatoriamente citados no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />

V. Deve haver estrita coerência entre as informações apresentadas na tabela ou no quadro e sua citação<br />

no corpo do texto.<br />

VI. Devem prescindir de qualquer consulta ao texto de que fazem parte para serem compreendidos, ou<br />

seja, devem ser auto-explicativos (as unidades utilizadas devem estar evidentes).<br />

VII. O cruzamento excessivo de dados deve ser evitado.<br />

VIII. Os limites de cada célula devem ser inequivocamente definidos por meio de linhas horizontais e verticais.<br />

IX. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em nota colocada<br />

abaixo do corpo da tabela ou do quadro ou, ainda, em sua legenda.<br />

e) Gráficos<br />

I. Devem constar sob a denominação de gráfico e ser numerados com algarismos arábicos.<br />

II. Devem ser fornecidos em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico em separado do<br />

arquivo do texto principal.<br />

III. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste.<br />

IV. Devem ser obrigatoriamente citados no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />

V. Deve haver estrita coerência entre as informações apresentadas no gráfico e sua citação no corpo do texto.<br />

VI. Devem prescindir de qualquer consulta ao texto de que fazem parte para serem compreendidos, ou<br />

seja, devem ser auto-explicativos (escala e unidades utilizadas devem estar evidentes).<br />

VII. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em sua legenda.<br />

VIII. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem obrigatoriamente<br />

vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.<br />

f) Figuras – normas gerais<br />

I. Devem constar sob a denominação de figura e ser numeradas com algarismos arábicos.<br />

II. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em folha à parte, junto com o respectivo arquivo eletrônico<br />

em separado do arquivo do texto principal.<br />

III. Devem ser obrigatoriamente citadas no corpo do texto, sucessivamente, na ordem de sua numeração.<br />

IV. Deve haver estrita coerência entre as informações (gráficas ou textuais) apresentadas na figura e sua<br />

citação no corpo do texto.<br />

V. Quaisquer sinais ou siglas apresentados devem estar obrigatoriamente traduzidos em sua legenda.<br />

VI. Figuras – desenhos ou esquemas<br />

1. Elementos figurativos devem estar representados com a máxima fidelidade, sobretudo quando se<br />

tratar de representações anatômicas, para permitir uma reprodução adequada.<br />

2. Devem possuir boa qualidade técnica e artística para permitir uma reprodução adequada.<br />

3. Quando originalmente produzidos com o auxílio de programas computacionais de desenho, devem<br />

ser construídos por meio de ferramenta de desenho vetorial, para permitir ampliação sem perda de<br />

resolução gráfica. Nesse caso, o arquivo digital deve ser preparado no software Corel Draw.<br />

VII. Figuras – imagens fotográficas<br />

1. Devem ser apresentadas na forma de slides, que devem trazer em apenas um dos lados de sua moldura<br />

a correta identificação, de maneira a permitir a inequívoca distinção entre frente e verso, lado<br />

esquerdo e direito, e lado superior e inferior.<br />

2. Na falta de slides, fotografias em papel serão aceitas desde que acompanhadas dos negativos que lhes<br />

deram origem e identificadas quanto ao seu correto posicionamento.<br />

3. Não serão aceitas imagens fotográficas fora de foco nem na forma de arquivos digitais (imagens<br />

digitalizadas).<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />

UNIMEP • Universidade Metodista de Piracicaba


FOL • Faculdade de Odontologia de Lins / UNIMEP<br />

4. ASPECTOS ÉTICOS<br />

a. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes.<br />

O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que dê por escrito o<br />

seu consentimento, o qual deve acompanhar os originais.<br />

b. Estudos realizados in vivo (homem ou animais de laboratório) devem ser acompanhados de avaliação e aprovação<br />

por escrito da Comissão de Ética do estabelecimento onde foram realizados, conforme Resolução<br />

196/96 do Ministério da Saúde.<br />

c. As tabelas ou figuras de autoria de terceiros já publicadas em outras revistas ou livros e reaproveitadas nos originais<br />

submetidos devem conter as respectivas referências e o consentimento, por escrito, do autor ou dos editores.<br />

5. ETAPAS DE AVALIAÇÃO<br />

a. Controle do cumprimento das normas de publicação pela Secretaria<br />

I. Realiza-se a verificação do cumprimento das normas de publicação, com devolução sumária dos originais<br />

ante o descumprimento de uma ou mais normas.<br />

II. Diante da primeira devolução, o(s) autor(es) poderá(ão) submeter novamente os mesmos originais<br />

desde que corrija(am) as falhas apontadas. A reincidência, no entanto, acarretará a devolução definitiva<br />

e irrevogável dos originais.<br />

b. Avaliação dos originais pela comissão de avaliação<br />

I. Uma vez aprovados na fase de controle do cumprimento das normas de publicação, os originais submetidos<br />

recebem um número de identificação impessoal, sem, portanto, ser acompanhados de qualquer<br />

identificação que permita o eventual reconhecimento de seu(s) autor(es).<br />

II. O conteúdo científico dos originais é, então, avaliado pela comissão de avaliação segundo os critérios: originalidade,<br />

relevância clínica e/ou científica, metodologia empregada e isenção na análise dos resultados.<br />

III. A comissão de avaliação emitirá um parecer sobre os originais, contendo uma das três possíveis<br />

avaliações: não aceito, aceito ou reformular.<br />

IV. Os originais com a avaliação não aceito serão devolvidos ao(s) autor(es), revogando-se a transferência<br />

de direitos autorais. O(s) motivo(s) desta devolução não serão comunicados ao(s) autor(es).<br />

V. Os originais com avaliação reformular são remetidos ao(s) autor(es) para que este(s) realize(m) as<br />

modificações pertinentes no prazo máximo de 30 dias.<br />

VI. Uma vez realizadas as modificações pelo(s) autor(es), estas são revistas pelo avaliador e, se forem consideradas<br />

suficientes e adequadas, os originais recebem, então, a avaliação aceito.<br />

VII. Se, no entanto, as modificações solicitadas não forem consideradas suficientes ou adequadas, os originais<br />

recebem a avaliação não aceito, sendo devolvidos conforme o item 5.b.IV.<br />

c. Seleção dos originais pelo corpo editorial<br />

I. Os originais com a avaliação aceito ficam à disposição do corpo editorial pelo período de seis meses.<br />

II. A cada edição, o corpo editorial selecionará originais, de acordo com os critérios de oportunidade,<br />

prioridade e disponibilidade de espaço editorial. Os não selecionados serão novamente apreciados por<br />

ocasião das edições seguintes.<br />

III. Decorrido o período de 12 meses sem que tenham sido selecionados, os originais serão devolvidos ao(s)<br />

autor(es), revogando-se a transferência de direitos autorais.<br />

IV. Os originais poderão ser retirados pelo(s) autor(es) mediante solicitação por escrito, em qualquer<br />

momento, desde que não tenham sido selecionados pelo corpo editorial.<br />

V. Os originais selecionados pelo corpo editorial serão encaminhados para o serviço de editoração, que<br />

preparará os originais para serem publicados em uma das quatro edições subseqüentes.<br />

6. ADVERTÊNCIAS<br />

a. A preparação dos originais deve ser realizada seguindo-se rigorosamente as normas aqui publicadas.<br />

b. A não observância de qualquer uma das normas acarretará a devolução sumária dos originais antes mesmo<br />

de sua apreciação pela comissão de avaliação, conforme o item 5.a.1.<br />

c. A redação em português e em inglês deve seguir a norma culta, além de ser clara e precisa, evitando-se<br />

trechos obscuros, incoerências e ambigüidades.<br />

d. Após a preparação do arquivo digital e da impressão dos originais, o(s) autor(es) deve(m) reler integralmente<br />

esses últimos, para prevenir a ocorrência de saltos, repetições de trechos, correções automáticas não previstas<br />

etc. eventualmente ocasionados por erros na manipulação do software de processamento de texto (Word for<br />

Windows), bem como para verificar a fluência e a correção do seu conteúdo.<br />

Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, 16 (1): 51-55, 2004<br />

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