asma pediatrica.p65 - Sociedade Brasileira de Pediatria
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ASMA PEDIÁTRICA<br />
Terapia inalatória –<br />
Vantagens sobre o<br />
tratamento oral<br />
1111111111111
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong><br />
Núcleo Gerencial do Departamento Científico <strong>de</strong> Pneumologia da SBP<br />
Maria <strong>de</strong> Fátima B. Pombo March (RJ)<br />
Paulo Augusto M. Camargos (MG)<br />
Helena Mocelin (RS)<br />
Sérgio Luís Amantéa (RS)<br />
Joaquim Carlos Rodrigues (SP)<br />
José Rubim <strong>de</strong> Moura (MG)<br />
Neiva Damasceno (SP)<br />
Regina Terse Ramos (BA)<br />
Clemax Couto Sant’Anna (RJ)<br />
ASMA<br />
PEDIÁTRICA<br />
Terapia inalatória –<br />
Vantagens sobre o<br />
tratamento oral
Clemax Couto Sant’Anna<br />
Professor Adjunto Doutor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Departamento Científico <strong>de</strong> Pneumologia da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong><br />
Membro do Núcleo Gerencial do Departamento Científico <strong>de</strong> Pneumologia da SBP<br />
Sérgio Luís Amantéa<br />
Professor Adjunto do Departamento <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> da Fundação Faculda<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ciências Médicas<br />
Doutor em Medicina, Área <strong>de</strong> Concentração Pneumologia, pela UFRGS<br />
Chefe do Serviço <strong>de</strong> Emergência Pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio – Porto Alegre, RS<br />
En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />
Av. Iguaçu, 463, cj. 503 – Bairro Petrópolis<br />
90470-430 – Porto Alegre, RS<br />
E-mail: samantea@santacasa.tche.br
ASMA PEDIÁTRICA<br />
APRESENTAÇÃO<br />
A <strong>asma</strong> na infância e a terapia inalatória<br />
É inegável a importância da <strong>asma</strong> como causa <strong>de</strong> doença crônica na infância.<br />
O termo <strong>asma</strong> é evitado em muitos locais por familiares, pacientes e profissionais<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assim, ainda é corrente o uso <strong>de</strong> termos como bronquite ou bronquite<br />
asmática. A palavra <strong>asma</strong> tinha um caráter estigmatizante advindo <strong>de</strong> séculos, pois<br />
até há bem pouco tempo os recursos terapêuticos eram muito limitados, e o fato<br />
<strong>de</strong> uma criança ser asmática significava muito sofrimento pelo resto da vida. Hoje<br />
não é mais assim.<br />
A terminologia imprecisa da comunida<strong>de</strong> médica e da população em geral, o<br />
aumento <strong>de</strong> poluição do ar em vários locais do mundo e as possíveis mudanças do<br />
padrão genético da <strong>asma</strong> levam a que estudos epi<strong>de</strong>miológicos sejam difíceis <strong>de</strong> se<br />
realizar, acarretando no fato <strong>de</strong> que o conhecimento da magnitu<strong>de</strong> do problema<br />
no mundo encontre diversas barreiras.<br />
A <strong>asma</strong> hoje é vista com muito mais otimismo quanto às suas possibilida<strong>de</strong>s<br />
terapêuticas. O efetivo controle da doença po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado uma vitória alcançada<br />
nos últimos <strong>de</strong>z anos, e importantes avanços nesse sentido foram: o melhor<br />
conhecimento dos mecanismos inflamatórios na <strong>asma</strong>, o papel dos corticói<strong>de</strong>s<br />
como agentes capazes <strong>de</strong> atuar nesse controle e a gran<strong>de</strong> eficácia da terapia inalatória.<br />
Este fascículo que inicia a série <strong>de</strong> documentos resultantes do trabalho conjunto<br />
entre a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Pediatria</strong> (SBP) e a Glaxo-Smith Kline (GSK) é<br />
dirigido para o melhor conhecimento da terapia inalatória na <strong>asma</strong> <strong>de</strong> infância.<br />
Divulga as bases técnicas <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> terapêutica, suas indicações, limitações e<br />
superiorida<strong>de</strong> em relação à via oral, seja na crise <strong>de</strong> <strong>asma</strong>, seja no tratamento a<br />
longo prazo ou intercrítico.<br />
O Departamento Científico <strong>de</strong> Pneumologia da SBP orgulha-se <strong>de</strong> ter sido<br />
convidado para elaborar esse material instrucional, sob o trabalho competente da<br />
Lemos Editorial, que se <strong>de</strong>stina ao pediatra ou a outros profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que<br />
li<strong>de</strong>m com crianças.<br />
Quanto mais efetiva for a divulgação do conhecimento científico, maiores os<br />
benefícios para a população. Quanto mais se conhece a <strong>asma</strong>, melhor se enfrenta o<br />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> vencê-la.<br />
Clemax Couto Sant’Anna
4<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
Terapia inalatória –<br />
Vantagens sobre o<br />
tratamento oral<br />
A tentativa <strong>de</strong> oferecer tratamento<br />
para moléstias pulmonares<br />
antece<strong>de</strong> a Era Cristã. Já neste<br />
período po<strong>de</strong>mos observar tentativas<br />
terapêuticas na China fazendo<br />
uso <strong>de</strong> planta <strong>de</strong>nominada Ephedra<br />
vulgaris, posteriormente i<strong>de</strong>ntificada<br />
por sua ativida<strong>de</strong> simpaticomimética,<br />
às custas <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus componentes,<br />
a efedrina. Na Índia, a fumaça<br />
obtida <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> planta<br />
<strong>de</strong>nominada Datura (atualmente reconhecida<br />
por sua ativida<strong>de</strong> simpaticolítica)<br />
também era utilizada para<br />
fins terapêuticos. O empirismo <strong>de</strong>stas<br />
terapêuticas, muito antes do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das primeiras sementes<br />
do método científico, ilustra um dos<br />
paradigmas do tratamento da <strong>asma</strong><br />
que se mantém até os tempos atuais:<br />
a opção pela melhor via <strong>de</strong> se administrar<br />
medicação para pacientes<br />
com <strong>asma</strong>.<br />
A evolução histórica do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> medicações e dispositivos<br />
utilizados no tratamento<br />
<strong>de</strong>stes pacientes <strong>de</strong>monstra progressos<br />
mais recentes associados ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da via inalatória.<br />
No início do século XX (1903), a<br />
epinefrina passou a ser utilizada<br />
para o tratamento das crises asmáticas,<br />
tanto pela rota oral quanto<br />
pela parenteral. As primeiras tentativas<br />
<strong>de</strong> utilizá-la pela via inalatória<br />
foram conduzidas vinte anos mais<br />
tar<strong>de</strong> 25,27,47 .<br />
Embora o processo <strong>de</strong> utilização<br />
da rota inalatória possa ser<br />
consi<strong>de</strong>rado mais complexo do<br />
que a via oral, este agrega uma<br />
característica muito importante:<br />
a droga será <strong>de</strong>positada no órgão<br />
especificamente envolvido pela<br />
doença. Com isto, encontraremos<br />
três razões para justificar a sua<br />
preferência terapêutica 8,17,20,24,25 :<br />
– mais rápido início <strong>de</strong> ação<br />
da medicação (ex.: ação<br />
dos β 2<br />
-adrenérgicos);<br />
O RESULTADO DA<br />
TERAPÊUTICA GUARDA<br />
ÍNTIMA RELAÇÃO COM<br />
AS PROPRIEDADES<br />
FARMACOLÓGICAS DAS<br />
DROGAS ADMINISTRADAS,<br />
PROPRIEDADES FÍSICAS<br />
ENVOLVIDAS NA<br />
GERAÇÃO DE AEROSSÓIS<br />
E ASPECTOS CLÍNICOS<br />
INDIVIDUAIS DO<br />
PACIENTE EM QUESTÃO
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
5<br />
– melhor índice terapêutico<br />
(potencialização do efeito<br />
terapêutico, com minimização<br />
dos efeitos sistêmicos);<br />
– possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prescrever<br />
drogas que não sejam<br />
tão efetivas quando administradas<br />
por via oral.<br />
Vários estudos <strong>de</strong>monstram<br />
tal comportamento. Lipworth e<br />
cols., em um ensaio clínico <strong>de</strong>lineado<br />
em população <strong>de</strong> asmáticos<br />
adultos, <strong>de</strong>monstraram <strong>de</strong> maneira<br />
muito clara tais benefícios.<br />
Avaliaram a resposta clínica <strong>de</strong> tais<br />
pacientes à ação broncodilatadora<br />
<strong>de</strong> salbutamol administrado por<br />
três diferentes vias: oral (2 mg),<br />
sublingual (2 mg) e inalatória (0,2 mg<br />
por inalador pressurizado dosimetrado).<br />
Observaram que todas<br />
exibiram diferenças significativas<br />
<strong>de</strong> resposta com melhora da avaliação<br />
funcional pulmonar (VEF 1<br />
)<br />
quando comparadas ao placebo.<br />
Tal melhora foi significativamente<br />
maior no grupo que recebeu<br />
a medicação por via inalatória,<br />
quando comparada à oral<br />
e à sublingual. Diferenças significativas<br />
também foram encontradas<br />
nos tempos coinci<strong>de</strong>ntes com o<br />
pico <strong>de</strong> resposta. Foi <strong>de</strong> 30 minutos<br />
nos <strong>de</strong> via inalatória, enquanto<br />
foi <strong>de</strong> 2 horas nos outros<br />
dois grupos. Tremores <strong>de</strong> extremida<strong>de</strong>s<br />
também foram mais<br />
freqüentes nestes pacientes 35 .<br />
Estudos realizados em populações<br />
<strong>de</strong> faixa etária pediátrica<br />
exibem comportamentos similares.<br />
Scalabrin e cols. avaliaram a<br />
resposta clínica <strong>de</strong> 35 episódios<br />
agudos <strong>de</strong> <strong>asma</strong> em 21 pacientes<br />
pediátricos submetidos a três formas<br />
<strong>de</strong> administração <strong>de</strong> salbutamol<br />
(oral, nebulização em sistema<br />
aberto contínuo e nebulização<br />
em sistema intermitente).<br />
Um início mais rápido da ação<br />
broncodilatadora foi observado<br />
nos pacientes que utilizaram a via<br />
inalatória, bem como uma maior<br />
resposta broncodilatadora máxima<br />
e uma maior duração do<br />
efeito broncodilatador, indicando<br />
maior efetivida<strong>de</strong> da via inalatória<br />
para tratamento <strong>de</strong>stes pacientes<br />
50 . Embora os achados acima<br />
<strong>de</strong>monstrem diferenças inequívocas<br />
quanto à farmacocinética e à<br />
farmacodinâmica do salbutamol<br />
administrado por via inalatória ante<br />
outras rotas (via oral e/ou sublingual),<br />
é muito importante reforçar<br />
que a disponibilida<strong>de</strong> da droga<br />
para o trato respiratório é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> inúmeros fatores, que<br />
po<strong>de</strong>m comprometer a sua superiorida<strong>de</strong><br />
perante os efeitos clínicos<br />
<strong>de</strong>monstrados.<br />
Portanto, a via inalatória, ainda<br />
que preferencial para a administração<br />
<strong>de</strong> medicação em qualquer abordagem<br />
terapêutica direcionada para<br />
pacientes com <strong>asma</strong> brônquica, po<strong>de</strong><br />
mostrar-se inefetiva para uma série<br />
<strong>de</strong> drogas e em algumas situações<br />
particulares. Não há como não<br />
consi<strong>de</strong>rar que o resultado da terapêutica<br />
guarda uma íntima relação<br />
com aspectos relacionados a<br />
proprieda<strong>de</strong>s farmacológicas das<br />
drogas administradas, proprieda<strong>de</strong>s<br />
físicas envolvidas na geração<br />
<strong>de</strong> aerossóis e aspectos clínicos<br />
individuais do paciente em questão<br />
26,27,37,40,52 .<br />
PROPRIEDADES FÍSICAS<br />
ENVOLVIDAS NA GERAÇÃO<br />
DE AEROSSÓIS<br />
Denomina-se aerossol a suspensão<br />
<strong>de</strong> partículas sólidas ou<br />
líquidas em gás. São freqüentemente<br />
utilizados para disponibilizar medicação<br />
para os pulmões.<br />
O tamanho da partícula gerada<br />
é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> dois fatores básicos:<br />
o sistema utilizado para geração<br />
da partícula e as características da<br />
substância a ser veiculada. A maioria<br />
dos sistemas geradores <strong>de</strong> aerossóis<br />
produz partículas com tamanho e<br />
formas variáveis, <strong>de</strong>nominadas “heterodispersos”.<br />
Partículas homogêneas<br />
(“homodispersos”) são mais<br />
difíceis <strong>de</strong> serem geradas, não constituindo<br />
proprieda<strong>de</strong> física encontrada<br />
nos geradores utilizados na<br />
prática clínica. O diâmetro médio<br />
da massa aerodinâmica é que <strong>de</strong>termina<br />
a principal característica das
6<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
partículas geradas a ser consi<strong>de</strong>rada<br />
no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição pulmonar.<br />
A oferta <strong>de</strong> aerossol para o<br />
pulmão é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do diâmetro<br />
médio da massa aerodinâmica, da<br />
técnica inalatória utilizada e das<br />
características da via aérea do paciente.<br />
Mesmo consi<strong>de</strong>rando situações<br />
i<strong>de</strong>ais, menos <strong>de</strong> 20% do<br />
aerossol produzido ficará <strong>de</strong>positado<br />
no pulmão. Esta <strong>de</strong>posição<br />
final das partículas inaladas é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
da combinação <strong>de</strong> vários<br />
mecanismos: impactação inercial,<br />
sedimentação gravitacional, difusão<br />
browniana 19,20,27,39,41 .<br />
• Impactação inercial é o resultado<br />
da <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> partículas<br />
que ocorre secundariamente<br />
à sua colisão com uma<br />
superfície. Caracteriza o mecanismo<br />
primário <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />
para partículas maiores que<br />
5 µm <strong>de</strong> diâmetro. Partículas<br />
maiores que 10 µm ten<strong>de</strong>m a<br />
se <strong>de</strong>positar na boca e no nariz,<br />
enquanto aquelas com diâmetro<br />
entre 5 µm e 10 µm ten<strong>de</strong>m<br />
a se <strong>de</strong>positar na via aérea<br />
proximal, antes <strong>de</strong> atingirem os<br />
bronquíolos com diâmetro<br />
inferior a 2 mm.<br />
• Sedimentação gravitacional é<br />
o mecanismo primário <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />
para partículas entre<br />
1 µm e 5 µm <strong>de</strong> diâmetro na<br />
via aérea mais central. Distingue-se<br />
por apresentar características<br />
tempo-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
em que manobras <strong>de</strong> apnéia<br />
aumentam o tempo <strong>de</strong> residência<br />
da partícula e a sua <strong>de</strong>posição,<br />
principalmente nas últimas<br />
seis gerações brônquicas.<br />
• Difusão browniana é o mecanismo<br />
primário <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição<br />
para partículas menores que<br />
3 µm <strong>de</strong> diâmetro. Neste tamanho,<br />
a <strong>de</strong>posição parece ser<br />
muito influenciada pelo fluxo<br />
inspiratório (inferior a 60L/<br />
min) e pelo volume corrente<br />
(inferior a 1 litro). Quando<br />
menores que 1 µm, permanecem<br />
suspensas no ar, com baixa<br />
<strong>de</strong>posição, sendo facilmente<br />
Figura 1. Mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição pulmonar<br />
exteriorizadas pelo fluxo expiratório<br />
(Figura 1).<br />
Além do diâmetro particular,<br />
a técnica inalatória e algumas características<br />
da via aérea po<strong>de</strong>m influenciar<br />
a <strong>de</strong>posição pulmonar do<br />
aerossol.<br />
• Fluxo inspiratório: fluxos mais<br />
elevados ten<strong>de</strong>m a aumentar a<br />
<strong>de</strong>posição da droga na via<br />
aérea superior por impactação.<br />
No caso <strong>de</strong> dispositivos geradores<br />
<strong>de</strong> aerossol na forma <strong>de</strong><br />
pó seco, fluxos inspiratórios<br />
mais elevados são necessários<br />
para garantir melhor distribuição<br />
e <strong>de</strong>posição da droga,<br />
mas quando muito elevados
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
7<br />
também ten<strong>de</strong>m a se <strong>de</strong>positar<br />
na via aérea <strong>de</strong> maior calibre.<br />
• Freqüência respiratória: a taquipnéia<br />
po<strong>de</strong> diminuir o tempo<br />
<strong>de</strong> residência da partícula no<br />
pulmão, diminuindo a sua <strong>de</strong>posição.<br />
Contrariamente, manobras<br />
<strong>de</strong> pausa inspiratória parecem<br />
contribuir para o aumento<br />
da <strong>de</strong>posição pulmonar.<br />
• Padrão inspiratório: volumes<br />
correntes mais elevados parecem<br />
influenciar favoravelmente<br />
a <strong>de</strong>posição do aerossol.<br />
• Calibre da via aérea: sempre<br />
consi<strong>de</strong>rada uma <strong>de</strong>svantagem<br />
anatômica da criança quando<br />
comparada a adultos para<br />
administração <strong>de</strong> drogas por<br />
via inalatória. Da mesma maneira,<br />
o grau <strong>de</strong> comprometimento<br />
do processo obstrutivo<br />
brônquico também influencia<br />
a <strong>de</strong>posição do aerossol<br />
para a via aérea mais terminal.<br />
• Padrão inalatório: o nariz é uma<br />
estrutura com elevado po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> filtração. Partículas maiores<br />
que 10 µm são, na sua maioria,<br />
retidas com o padrão <strong>de</strong><br />
respiração nasal. A respiração<br />
oral é menos efetiva quanto a<br />
esta característica, o que resulta<br />
em uma maior <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />
aerossol na via aérea.<br />
• Umida<strong>de</strong>: influencia partículas<br />
produzidas por todos os geradores<br />
<strong>de</strong> aerossóis. Partículas<br />
po<strong>de</strong>m aumentar ou diminuir<br />
o seu diâmetro na <strong>de</strong>pendência<br />
da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e da<br />
temperatura do gás, caracterizando<br />
o grau higroscópico<br />
da molécula. Como regra, as<br />
partículas produzidas no exterior<br />
da via aérea ten<strong>de</strong>m a<br />
diminuir o seu diâmetro em<br />
função <strong>de</strong> uma perda do seu<br />
conteúdo hídrico; entretanto,<br />
ao entrarem na via aérea, po<strong>de</strong>m<br />
aumentar <strong>de</strong> diâmetro<br />
em função <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s<br />
hidrofílicas.<br />
• Diferentes características dos<br />
sistemas geradores <strong>de</strong> aerossóis<br />
bem como características das<br />
drogas a serem veiculadas serão<br />
posteriormente abordadas.<br />
PROPRIEDADES<br />
FARMACOLÓGICAS DAS<br />
DROGAS ADMINISTRADAS<br />
Ao se indicar a prescrição <strong>de</strong><br />
drogas por meio <strong>de</strong> aerossóis como<br />
via preferencial <strong>de</strong> tratamento,<br />
mesmo consi<strong>de</strong>rando a ação direta<br />
da droga sobre o sistema respiratório,<br />
não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />
a superfície alveolar e o trato<br />
gastrointestinal como acessos à circulação<br />
sistêmica. O sistema gerador<br />
<strong>de</strong> aerossol utilizado, a faixa etária<br />
do paciente, a técnica inalatória<br />
empregada são <strong>de</strong>terminantes importantes<br />
para esta distribuição, po<strong>de</strong>ndo<br />
variar significativamente<br />
com pequenas modificações.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da característica<br />
ou do sistema utilizado,<br />
sempre há <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> partículas<br />
na orofaringe, que serão <strong>de</strong>glutidas<br />
e absorvidas pelo trato gastrointestinal.<br />
No trato gastrointestinal produz-se<br />
a primeira metabolização e<br />
inativação da droga. Após absorvida,<br />
ela é conjugada no fígado e<br />
retorna à circulação sistêmica (metabolismo<br />
<strong>de</strong> primeira passagem) 1,18 .<br />
A fração <strong>de</strong> aerossol gerado que<br />
se <strong>de</strong>posita na via aérea, sem entrar<br />
em contato com receptor específico,<br />
é absorvida diretamente para a circulação<br />
sistêmica sem sofrer metabolismo<br />
<strong>de</strong> primeira passagem 1,18 .<br />
Sob o ponto <strong>de</strong> vista farmacológico,<br />
<strong>de</strong>nomina-se como fração<br />
<strong>de</strong> biodisponibilida<strong>de</strong> da droga a<br />
quantida<strong>de</strong> que atinge a circulação<br />
sistêmica, resultante das absorções<br />
pelos tratos gastrointestinal e respiratório.<br />
A meia-vida da droga <strong>de</strong>terminará<br />
o tempo que esta permanecerá<br />
na circulação antes <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>purada<br />
pelos mecanismos <strong>de</strong> eliminação<br />
renal e hepático 1,18,58 (Figura 2).<br />
Sob o ponto <strong>de</strong> vista clínico,<br />
assume importância o conhecimento<br />
sobre as proprieda<strong>de</strong>s farmacológicas<br />
dos diversos corticoesterói<strong>de</strong>s<br />
utilizados por via inalatória (Tabela<br />
1), já que constituem as drogas<br />
mais utilizadas e mais eficazes no tratamento<br />
profilático da doença 1,6,12,18 .
8<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
Figura 2. Metabolismo dos<br />
corticoesterói<strong>de</strong>s inalatórios<br />
Tabela 1<br />
Proprieda<strong>de</strong>s farmacocinéticas dos corticoesterói<strong>de</strong>s inalatórios<br />
Droga Meia-vida (horas) % da droga após Afinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligação Volume <strong>de</strong> Clearance<br />
a 1 a passagem com o receptor distribuição<br />
Beclometasona 0,1/6,5 DNP* 0,4/1,1 DNP* DNP*<br />
Bu<strong>de</strong>sonida 2,3-2,9 6-13 1 2,7-4,3 0,9-1,4<br />
Fluticasona 3,7-14,4 < 1 2,3 3,7-8,9 0,9-1,3<br />
Flunisolida 1,6 21 0,2 1,8 1,0<br />
Triancinolona 1,5 22 0,5 2,1 1,2<br />
* Dados não publicados<br />
FATORES QUE PODEM<br />
INFLUENCIAR AS<br />
PROPRIEDADES<br />
FARMACOLÓGICAS<br />
DAS DROGAS<br />
A relação custo–benefício das<br />
drogas administradas por aerossóis<br />
(efeito farmacológico <strong>de</strong>sejável x<br />
efeito sistêmico in<strong>de</strong>sejável) po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> índice terapêutico.<br />
A droga i<strong>de</strong>al, consi<strong>de</strong>rando<br />
suas proprieda<strong>de</strong>s farmacocinéticas,<br />
<strong>de</strong>veria possuir um<br />
elevado índice terapêutico, baixa<br />
absorção pulmonar, baixa biodisponibilida<strong>de</strong><br />
oral e elevado clearance<br />
sistêmico 58 .<br />
A biodisponibilida<strong>de</strong> da droga<br />
e o seu índice terapêutico po<strong>de</strong>m<br />
ser influenciados pelas características<br />
do dispositivo gerador, pelas<br />
proprieda<strong>de</strong>s da droga veiculada e<br />
pela técnica inalatória.
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
9<br />
• Características do dispositivo<br />
gerador: além das variabilida<strong>de</strong>s<br />
individuais dos diversos<br />
sistemas, quanto ao percentual<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>posição pulmonar, neste<br />
quesito merece <strong>de</strong>staque a utilização<br />
<strong>de</strong> espaçadores quando<br />
acoplados a inaladores dosimetrados.<br />
A fração biodisponível<br />
da droga, secundária à sua<br />
absorção pelo trato gastrointestinal,<br />
po<strong>de</strong> ser reduzida <strong>de</strong><br />
maneira significativa com a<br />
utilização do dispositivo 20,23 .<br />
• Características da droga: como<br />
já observado na tabela 1, as<br />
proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> biodisponibilida<strong>de</strong><br />
dos corticoesterói<strong>de</strong>s<br />
são variáveis, po<strong>de</strong>ndo ser menos<br />
importantes em drogas<br />
como a bu<strong>de</strong>sonida e a fluticasona<br />
(que apresentam elevado<br />
metabolismo <strong>de</strong> primeira<br />
passagem). Os β-adrenérgicos<br />
também são drogas conjugadas<br />
pelo trato gastrointestinal,<br />
ficando a sua biodisponibilida<strong>de</strong><br />
exclusivamente<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da fração <strong>de</strong>positada<br />
na via aérea 1,6,18 .<br />
• Técnica inalatória: consi<strong>de</strong>rar<br />
manobra <strong>de</strong> higiene oral após<br />
administração <strong>de</strong> corticoesterói<strong>de</strong>s,<br />
principalmente para os<br />
<strong>de</strong> menor metabolismo <strong>de</strong> primeira<br />
passagem. O impacto<br />
<strong>de</strong>ste procedimento po<strong>de</strong> ser<br />
<strong>de</strong>monstrado na tabela 2, que<br />
sumariza os resultados <strong>de</strong> um<br />
estudo que avaliou o efeito do<br />
procedimento sobre o cortisol<br />
sérico 58 .<br />
DISPOSITIVOS GERADORES<br />
DE AEROSSÓIS<br />
De importância clínica, existem<br />
quatro técnicas utilizadas para<br />
produzir aerossóis com finalida<strong>de</strong><br />
terapêutica:<br />
– nebulizadores a jato;<br />
– nebulizadores ultra-sônicos;<br />
– inaladores pressurizados dosimetrados;<br />
– inaladores <strong>de</strong> pó seco.<br />
Nebulizadores como<br />
geradores <strong>de</strong> aerossóis<br />
Tipo a jato<br />
Utilizam o princípio <strong>de</strong> Venturi:<br />
um gás sob pressão elevada é direcionado<br />
através <strong>de</strong> um orifício estreitado,<br />
posicionado para realizar a<br />
intersecção do topo <strong>de</strong> um tubo que<br />
tem a sua base imersa na solução. O<br />
efeito resultante produz uma área <strong>de</strong><br />
baixa pressão, que conduz a solução<br />
por um tubo capilar até o orifício<br />
estreitado, no qual encontra um anteparo<br />
que é responsável pela produção<br />
das partículas. As <strong>de</strong> maior<br />
diâmetro são <strong>de</strong>volvidas ao reservatório,<br />
enquanto as menores permanecem<br />
em suspensão e são eliminadas<br />
do nebulizador pelo próprio<br />
fluxo na forma <strong>de</strong> uma fina<br />
névoa 16,20,29,31,46,49 (Figura 3).<br />
Vantagens associadas ao sistema:<br />
– não requer coor<strong>de</strong>nação do<br />
paciente;<br />
– po<strong>de</strong> ser utilizado em qualquer<br />
faixa etária;<br />
– possibilita a administração <strong>de</strong><br />
altas doses <strong>de</strong> medicação;<br />
– possibilita a associação <strong>de</strong> medicações;<br />
– não libera clorofluorcarbono<br />
(CFC).<br />
Tabela 2<br />
Procedimento <strong>de</strong> higienização oral após a inalação <strong>de</strong><br />
bu<strong>de</strong>sonida e o seu efeito na aferição do cortisol sérico<br />
Droga (dose) Higiene oral Cortisol sérico (nmol/l)<br />
Bu<strong>de</strong>sonida (1,6 mg) Realizada 440 ± 63<br />
Bu<strong>de</strong>sonida (1,6 mg) Não realizada 375 ± 56<br />
Diferença 65 ± 58*<br />
Média ± DP<br />
*p = 0,007
10<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
Figura 3. Nebulizador a jato<br />
Desvantagens associadas ao sistema:<br />
– custo elevado;<br />
– não portátil – requer fonte <strong>de</strong><br />
gás pressurizado;<br />
– potencial <strong>de</strong> contaminação;<br />
– necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparo da medicação<br />
para utilização;<br />
– nem todas as medicações são<br />
disponibilizadas para administração;<br />
– menos eficiente que outros dispositivos.<br />
Tipo ultra-sônico<br />
nados para o líquido acima do transdutor,<br />
criando ondas. Se a freqüência<br />
for elevada e a amplitu<strong>de</strong> do sinal<br />
Figura 4. Nebulizador ultra-sônico<br />
Utiliza um cristal vibratório (piezoelétrico)<br />
<strong>de</strong> alta freqüência (superior<br />
a 1 MHz) para gerar aerossóis. O<br />
cristal converte eletricida<strong>de</strong> em som,<br />
que tem seus batimentos direcioa<strong>de</strong>quada,<br />
a oscilação das ondas mais<br />
superiores <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>rão a superfície<br />
do líquido, criando a névoa <strong>de</strong> partículas<br />
20,29,31,46,49 (Figura 4).<br />
Vantagens associadas ao sistema:<br />
– não requer coor<strong>de</strong>nação do paciente;<br />
– po<strong>de</strong> ser utilizado em qualquer<br />
faixa etária;<br />
– possibilita a administração <strong>de</strong><br />
altas doses <strong>de</strong> medicação;<br />
– possibilita a associação <strong>de</strong> medicações;<br />
– não libera clorofluorcarbono<br />
(CFC);<br />
– apresenta pequeno volume residual;<br />
– silencioso;<br />
– apresenta menor tempo para a<br />
liberação da medicação (comparado<br />
com o tipo a jato);
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
11<br />
– apresenta menor perda <strong>de</strong> medicação<br />
durante a fase expiratória.<br />
Desvantagens associadas ao sistema:<br />
– maior custo;<br />
– potencial <strong>de</strong> contaminação;<br />
– necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparo da medicação<br />
para utilização;<br />
– nem todas as medicações são<br />
disponibilizadas para administração;<br />
– propensão a situações <strong>de</strong> malfuncionamento.<br />
Técnica recomendada para utilização<br />
<strong>de</strong> nebulizadores como geradores<br />
<strong>de</strong> aerossóis:<br />
– lavar as mãos antes do preparo<br />
da solução;<br />
– checar o sistema antes da utilização<br />
(vazio, seco e limpo);<br />
– diluir o medicamento em 3 ml<br />
a 5 ml <strong>de</strong> NaCl 0,9% (soro fisiológico);<br />
– utilizar máscara <strong>de</strong> tamanho<br />
a<strong>de</strong>quado (adaptada ao rosto:<br />
boca e nariz);<br />
– utilizar fonte <strong>de</strong> ar comprimido<br />
ou oxigênio, com fluxo <strong>de</strong> 6 a<br />
8 litros/min (ou compressor<br />
elétrico);<br />
– respirar em volume corrente;<br />
– não utilizar bicos ou chupetas;<br />
– observar tempo do procedimento<br />
(superiores a 15 minutos<br />
po<strong>de</strong>m sugerir falha no<br />
sistema).<br />
Inaladores como<br />
geradores <strong>de</strong> aerossóis<br />
Inalador pressurizado<br />
dosimetrado<br />
São dispositivos multidoses,<br />
pressurizados (2-3 atmosferas), contendo<br />
a droga na forma <strong>de</strong> partículas<br />
micronizadas (cristais), que<br />
ficam suspensas em um meio líquido<br />
que possui uma mistura <strong>de</strong><br />
dois ou mais propelentes (freons)<br />
<strong>de</strong> clorofluorcarbono (CFC). A liberação<br />
do propelente carreia as<br />
partículas da droga, transformando-se<br />
em aerossol ao entrar em contato<br />
com a atmosfera, por ocasião<br />
<strong>de</strong> sua liberação da câmara dosificadora<br />
do sistema. São os dispositivos<br />
geradores <strong>de</strong> aerossóis mais<br />
utilizados universalmente.<br />
O diâmetro médio da massa<br />
aerodinâmica da maioria dos inaladores<br />
dosimetrados situa-se entre<br />
3 µm e 6 µm, com uma <strong>de</strong>posição<br />
pulmonar aproximada <strong>de</strong> 10%. A<br />
maioria da dose liberada tem <strong>de</strong>posição<br />
na orofaringe (cerca <strong>de</strong><br />
80%), atribuindo um risco maior <strong>de</strong><br />
absorção do fármaco pelo trato<br />
gastrointestinal, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />
droga veiculada 8,9,17,20,28,29 (Figura 5).<br />
Vantagens associadas ao sistema:<br />
– compactos, fáceis <strong>de</strong> transportar<br />
e manusear;<br />
– mais econômico que os nebulizadores;<br />
– mais eficientes que os nebulizadores;<br />
– não requer preparação <strong>de</strong> droga<br />
para sua utilização;<br />
– difícil contaminação;<br />
– disponíveis para a maioria das<br />
medicações;<br />
– sistema com múltiplas doses.<br />
Desvantagens associadas ao sistema:<br />
– necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação do<br />
paciente (técnica <strong>de</strong> uso difícil);<br />
– gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>posição orofaríngea;<br />
– dificulda<strong>de</strong> para se ofertar doses<br />
maiores;<br />
– potencialida<strong>de</strong> para abuso;<br />
– muitos utilizam propelente <strong>de</strong><br />
clorofluorcarbono (CFC), gerando<br />
risco ambiental.<br />
Figura 5. Inalador pressurizado<br />
dosimetrado
12<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
Técnica recomendada para utilização<br />
<strong>de</strong> inalador pressurizado dosimetrado<br />
como gerador <strong>de</strong> aerossol:<br />
– retirar a tampa e assegurar-se<br />
<strong>de</strong> que não há objeto que possa<br />
ser aspirado ou obstruir o fluxo;<br />
– agitar o dispositivo;<br />
– posicionar a saída do bocal em<br />
posição vertical, a aproximadamente<br />
4 cm da abertura da<br />
boca (2 <strong>de</strong>dos)*;<br />
– manter a boca aberta, alinhada<br />
à saída do bocal do dispositivo;<br />
– expirar normalmente;<br />
– acionar o dispositivo coinci<strong>de</strong>ntemente<br />
à inspiração lenta<br />
e profunda;<br />
– executar manobra <strong>de</strong> pausa inspiratória<br />
(mínimo 10 segundos);<br />
– esperar um minuto antes <strong>de</strong><br />
repetir o procedimento.<br />
Utilização <strong>de</strong> câmaras espaçadoras<br />
Espaçadores são dispositivos<br />
extensores (uma interface) entre o<br />
inalador pressurizado dosimetrado<br />
e a via aérea do paciente. Parte do<br />
princípio <strong>de</strong> que um anteparo entre<br />
os dois sistemas possa manter as<br />
partículas em suspensão <strong>de</strong>ntro do<br />
dispositivo, diminuindo a sua velocida<strong>de</strong><br />
para que possam ser inaladas<br />
num padrão <strong>de</strong> fluxo inspiratório<br />
mais laminar, aumentando a <strong>de</strong>posição<br />
pulmonar. Neste processo, há<br />
aumento da evaporação do propelente,<br />
diminuição da massa aerodinâmica<br />
média das partículas, <strong>de</strong>posição<br />
por gravida<strong>de</strong> das partículas<br />
<strong>de</strong> maior tamanho <strong>de</strong>ntro do<br />
sistema e redução do impacto e da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partículas na orofaringe<br />
25,28,29,39,41,53,59 .<br />
Atualmente, os espaçadores<br />
ocupam um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />
<strong>de</strong>ntro da terapia inalatória da<br />
<strong>asma</strong> na criança. Existem vários<br />
tipos <strong>de</strong> espaçadores, com características<br />
individualizadas, que,<br />
obrigatoriamente, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong><br />
domínio do médico ao se consi<strong>de</strong>rar<br />
a indicação <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong><br />
terapêutica 20,25,29,41,51,61 .<br />
Vantagens associadas à utilização<br />
<strong>de</strong>ste sistema:<br />
– facilita a coor<strong>de</strong>nação entre o<br />
acionamento do dispositivo<br />
(disparo) e a inalação;<br />
– possibilita a utilização <strong>de</strong> inaladores<br />
dosimetrados pressurizados<br />
em todas as ida<strong>de</strong>s;<br />
– aumenta a <strong>de</strong>posição pulmonar<br />
da droga utilizada;<br />
– reduz a <strong>de</strong>posição oral da droga<br />
(apresenta menor biodisponibilida<strong>de</strong><br />
para o trato gastrointestinal,<br />
com diminuição<br />
<strong>de</strong> efeitos irritativos locais e outros<br />
paraefeitos);<br />
– reduz a sensação <strong>de</strong> “gosto<br />
ruim” associada ao emprego da<br />
medicação (muitas vezes<br />
importante para o aumento da<br />
a<strong>de</strong>são na população infantil);<br />
– diminui o “efeito freon” (suspensão<br />
da manobra inspiratória<br />
secundariamente ao contato<br />
do gás frio com a orofaringe).<br />
Desvantagens associadas à utilização<br />
<strong>de</strong>ste sistema:<br />
– volume do dispositivo compromete<br />
sua praticida<strong>de</strong> (portabilida<strong>de</strong>,<br />
transporte, manuseio);<br />
– gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> entre os<br />
mo<strong>de</strong>los disponíveis (necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ajustes em função <strong>de</strong><br />
características <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do paciente);<br />
– nem todas as medicações (inaladores<br />
dosimetrados pressurizados)<br />
se adaptam a todos os<br />
dispositivos (não são universais);<br />
– <strong>de</strong>posição pulmonar sofre efeito<br />
<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s físicas (carga<br />
eletrostática);<br />
* O artifício <strong>de</strong> afastar o bocal tem por objetivo diminuir a impactação em orofaringe, já que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída diminui após o início<br />
do jato.
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
13<br />
– necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção<br />
(limpeza periódica).<br />
Ao se consi<strong>de</strong>rar sua utilização,<br />
<strong>de</strong>ve-se sempre avaliar algumas<br />
características individuais do dispositivo<br />
(proprieda<strong>de</strong>s) que po<strong>de</strong>m<br />
influenciar na <strong>de</strong>posição pulmonar<br />
da medicação veiculada.<br />
• Volume: costumam variar <strong>de</strong><br />
145 ml a 750 ml, nas mais variadas<br />
formas. O ajuste do volume<br />
i<strong>de</strong>al é <strong>de</strong>terminado pelo volume<br />
corrente do paciente, que<br />
estabelecerá a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
droga a ser disponibilizada. Câmaras<br />
com volume <strong>de</strong> 150 ml<br />
parecem ser úteis para lactentes<br />
com baixos volumes correntes<br />
(inferiores a 50 ml). De uma<br />
maneira geral, po<strong>de</strong>-se estabelecer<br />
que volumes <strong>de</strong> 300 ml sejam<br />
consi<strong>de</strong>rados i<strong>de</strong>ais para a maioria<br />
dos outros pacientes, com<br />
pequenos ajustes individuais 21,22 .<br />
• Adaptador (máscara x bocal):<br />
máscaras <strong>de</strong>vem ser indicadas<br />
para pacientes menores <strong>de</strong> 3<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, enquanto o uso<br />
<strong>de</strong> bocais <strong>de</strong>ve ser estimulado<br />
a partir <strong>de</strong>sta ida<strong>de</strong>, visando<br />
diminuir a <strong>de</strong>posição nasal 4,37 .<br />
• Válvulas: garantem o fluxo<br />
unidirecional da droga. Devem<br />
ser <strong>de</strong> baixa resistência, possibilitando<br />
a abertura, mesmo<br />
com baixas pressões inspiratórias.<br />
A remoção do dispositivo<br />
do sistema, em pacientes<br />
muito pequenos que não conseguem<br />
atingir a pressão <strong>de</strong><br />
abertura, po<strong>de</strong> aumentar a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> droga disponível<br />
para inalação 4,28 .<br />
• Carga eletrostática: po<strong>de</strong> diminuir<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> droga<br />
disponível para inalação <strong>de</strong><br />
maneira significativa. Deve<br />
ser amenizada com a higienização<br />
do sistema por <strong>de</strong>tergente<br />
catiônico, antes da utilização<br />
regular. Da mesma<br />
maneira, <strong>de</strong>ve-se evitar esfregar<br />
as pare<strong>de</strong>s do dispositivo<br />
e higienizações muito freqüentes.<br />
Como regra, <strong>de</strong>ve-se<br />
recomendar que o sistema não<br />
seja higienizado em intervalos<br />
inferiores a uma semana e que<br />
seu processo <strong>de</strong> secagem transcorra<br />
normalmente (sem intervenção<br />
manual), por ação<br />
da gravida<strong>de</strong> em ar ambiente.<br />
A aplicação <strong>de</strong> disparos seqüenciais<br />
da droga a ser utilizada<br />
no dispositivo (antes da<br />
sua primeira utilização) também<br />
reduz a carga eletrostática<br />
do sistema 17,20,21,55 .<br />
• Material: também está atrelado<br />
ao aumento da carga eletrostática.<br />
Dispositivos <strong>de</strong> aço inoxidável<br />
ou alumínio apresentam<br />
menores problemas relacionados<br />
a esta característica,<br />
se comparados aos sistemas <strong>de</strong><br />
plástico. Alguns estudos não<br />
constataram diferenças quando<br />
a técnica é a<strong>de</strong>quadamente executada,<br />
mesmo consi<strong>de</strong>rando<br />
dispositivos <strong>de</strong> diversos materiais.<br />
Avaliando a eficácia clínica<br />
do salbutamol em crianças<br />
com <strong>asma</strong>, observou-se que<br />
Nebuchamber ® (aço inoxidável),<br />
Aerochamber ® (plástico)<br />
e Volumatic ® (plástico) foram<br />
igualmente eficazes 21,36,55 .<br />
• Espaçadores caseiros: constituem-se<br />
numa opção econômica<br />
e efetiva, principalmente para<br />
pacientes capazes <strong>de</strong> utilizar<br />
bocal corretamente. São manufaturados<br />
a partir <strong>de</strong> garrafas<br />
plásticas, e volumes <strong>de</strong> 500 ml<br />
a 750 ml parecem ser os mais<br />
a<strong>de</strong>quados 21,60 .<br />
Técnica recomendada para utilização<br />
<strong>de</strong> espaçador acoplado ao<br />
inalador pressurizado dosimetrado:<br />
– avaliar o dispositivo (assegurar-se<br />
<strong>de</strong> que não há objeto que<br />
possa ser aspirado ou obstruir<br />
o fluxo);<br />
– agitar o inalador pressurizado<br />
dosimetrado;<br />
– acoplar o inalador pressurizado<br />
dosimetrado ao espaçador;<br />
– posicionar a saída do bocal<br />
em posição vertical à abertura<br />
da boca;<br />
– manter a boca aberta, alinhada<br />
à saída do bocal do dispositivo;<br />
– expirar normalmente;
14<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
– colocar o bocal do espaçador<br />
na boca (ou ajustar a máscara<br />
sobre a boca e o nariz);<br />
– acionar o dispositivo (iniciar<br />
inspiração lenta e profunda);<br />
– executar manobra <strong>de</strong> pausa<br />
inspiratória (mínimo 10 segundos);<br />
– para os que não são capazes<br />
<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar o acionamento<br />
do dispositivo com a inspiração<br />
(crianças pequenas,<br />
pacientes em crise), realizar<br />
cinco respirações em volume<br />
corrente;<br />
– esperar 30 a 60 segundos antes<br />
<strong>de</strong> repetir o procedimento<br />
(somente um puff <strong>de</strong>ve ser<br />
acionado por vez para a realização<br />
da técnica inalatória).<br />
Uma vez que o pediatra domine<br />
o ensino da técnica <strong>de</strong> inalação<br />
em todas as faixas etárias, tipos<br />
<strong>de</strong> espaçadores e montagem dos<br />
dispositivos caseiros, a administração<br />
<strong>de</strong> medicações inalatórias<br />
po<strong>de</strong> se tornar mais simples e efetiva,<br />
tanto para o paciente quanto<br />
para os pais (Figura 6).<br />
década após, o CFC foi banido<br />
da maioria dos produtos industrializados<br />
nos países <strong>de</strong>senvolvidos,<br />
exceto para emprego nos<br />
inaladores pressurizados dosimetrados.<br />
Em função <strong>de</strong>sta nova<br />
necessida<strong>de</strong>, um consórcio internacional<br />
da indústria farmacêutica<br />
(International Pharmaceutical<br />
Aerosol Consortium for Toxicology)<br />
<strong>de</strong>senvolveu um novo produto<br />
sem características agressivas à<br />
camada <strong>de</strong> ozônio: HFA-134<br />
(hidrofluoralcano). O novo propelente<br />
tem-se mostrado seguro sob<br />
o ponto <strong>de</strong> vista toxicológico, apresenta<br />
algumas diferenças em suas<br />
proprieda<strong>de</strong>s físicas se comparado<br />
ao CFC (menor velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impacto<br />
do jato, maior temperatura<br />
do spray), mas parece apresentar<br />
uma massa maior <strong>de</strong> partículas<br />
respiráveis e maior <strong>de</strong>posição pulmonar<br />
(Tabela 3).<br />
Inalador <strong>de</strong> pó seco<br />
A inalação <strong>de</strong> drogas em<br />
forma <strong>de</strong> pó tem-se tornado muito<br />
popular no manejo terapêutico da<br />
<strong>asma</strong>. Aerossóis em sistemas <strong>de</strong> pó<br />
seco são gerados pela passagem<br />
<strong>de</strong> ar através <strong>de</strong> uma alíquota <strong>de</strong><br />
pó. Fluxos inspiratórios elevados<br />
são necessários para que se obtenha<br />
uma performance a<strong>de</strong>quada, que<br />
venha a resultar em <strong>de</strong>posição si-<br />
Protocolo <strong>de</strong> Montreal – Novas perspectivas<br />
para o uso dos inaladores pressurizados<br />
dosimetrados<br />
Protocolo <strong>de</strong> intenção firmado<br />
em 1987 por 144 nações,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> proteger o ambiente<br />
<strong>de</strong> gases tóxicos para a<br />
atmosfera, entre eles o CFC. Uma<br />
Figura 6. Técnica <strong>de</strong> inalação com espaçador acoplado ao inalador dosimetrado
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
15<br />
Tabela 3<br />
Deposição <strong>de</strong> dipropionato <strong>de</strong> beclometasona (BDP) com CFC e HFA<br />
Deposição* (% dose nominal)<br />
Sujeitos (n) Pulmões Orofaringe Abdômen Exalado<br />
CFC-BDP Voluntários (9) 4 ± 3 85 ± 20 9 ± 17 1 ± 1<br />
HFA-BDP Voluntários (3) 51 ± 12 29 ± 15 1 ± 2 18 ± 3<br />
HFA-BDP Asmáticos (16) 56 ± 9 31 ± 9 3 ± 4 9 ± 4<br />
milar aos inaladores dosimetrados.<br />
Esta necessida<strong>de</strong> faz com que o<br />
sistema não possa ser utilizado em<br />
crianças pequenas, ou mesmo<br />
maiores mas com incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gerar fluxos inspiratórios mínimos<br />
<strong>de</strong> 0,5 a 1 litro por segundo, característica<br />
que também tem limitado<br />
sua utilização na terapêutica<br />
<strong>de</strong> resgate dos pacientes pediátricos<br />
asmáticos. Entretanto, para a<br />
terapêutica <strong>de</strong> manutenção são<br />
dispositivos freqüentemente utilizados.<br />
Embora não necessitem <strong>de</strong><br />
uma sincronia para disparo (mãoinalação),<br />
alguns cuidados na coor<strong>de</strong>nação<br />
da respiração são necessários.<br />
Manobras respiratórias que<br />
levem a uma exalação <strong>de</strong>ntro do<br />
sistema influenciam a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> droga disponibilizada para <strong>de</strong>posição<br />
pulmonar. Da mesma maneira,<br />
tais sistemas são muito suscetíveis<br />
à umida<strong>de</strong>. Em função das<br />
proprieda<strong>de</strong>s higroscópicas do pó,<br />
exposição a taxas <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> relativa<br />
superiores a 50% po<strong>de</strong>rá<br />
diminuir a liberação do pó e gerar<br />
partículas maiores, que não serão<br />
inaladas. A droga veiculada possui<br />
um diâmetro médio <strong>de</strong> massa aerodinâmica<br />
entre 1 µm e 2 µm, enquanto<br />
seu carreador (lactose ou glicose)<br />
possui maior diâmetro (20 µm<br />
a 25 µm).<br />
Vários sistemas geradores <strong>de</strong><br />
aerossóis, na forma <strong>de</strong> pó seco,<br />
estão disponíveis comercialmente<br />
em nosso país. Os mais freqüentemente<br />
utilizados são: Aerolizer,<br />
Turbuhaler, Diskus, Pulvinal, entre<br />
outros 20,28,29,40,41 (Figura 7).<br />
Vantagens associadas ao sistema:<br />
– requer menos coor<strong>de</strong>nação do<br />
paciente;<br />
– segurança ambiental (não requer<br />
propelente);<br />
– ativado pela respiração;<br />
– compacto, fácil <strong>de</strong> transportar<br />
e manusear;<br />
– dispositivos com múltiplas<br />
doses;<br />
– contador <strong>de</strong> doses em alguns<br />
dispositivos.<br />
Desvantagens associadas ao sistema:<br />
– requer fluxos inspiratórios <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rados a elevados;<br />
– alguns dispositivos são monodoses<br />
(dificulta o manuseio);<br />
– po<strong>de</strong> resultar em elevada <strong>de</strong>posição<br />
faríngea;<br />
– nem todas as medicações são<br />
disponibilizadas para administração;<br />
– difícil para liberar doses elevadas;<br />
– alguns dispositivos são influenciados<br />
pela umida<strong>de</strong>.<br />
– dificulda<strong>de</strong> na percepção da<br />
inalação da medicação em alguns<br />
dispositivos.<br />
Técnica recomendada para utilização<br />
<strong>de</strong> inalador <strong>de</strong> pó seco como<br />
gerador <strong>de</strong> aerossol: a fase <strong>de</strong> preparação<br />
da dose a ser administrada<br />
varia conforme o sistema<br />
gerador <strong>de</strong> pó seco a ser utilizado,<br />
embora a técnica <strong>de</strong> administração<br />
da medicação seja comum à<br />
maioria dos sistemas.
16<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
Indicador<br />
<strong>de</strong> dose<br />
Bocal<br />
Alavanca reguladora<br />
Figura 7. Diskus<br />
Fase <strong>de</strong> preparação da dose entre os sistemas<br />
utilizados<br />
Aerolizer:<br />
• retirar a tampa do dispositivo;<br />
• posicionar a cápsula no receptáculo;<br />
• comprimir os botões laterais<br />
para perfurar a cápsula.<br />
Turbuhaler:<br />
• retirar a tampa do dispositivo;<br />
• manter o inalador em posição<br />
vertical;<br />
• girar a base no sentido antihorário<br />
e <strong>de</strong>pois no sentido<br />
horário até escutar um click.<br />
Diskus:<br />
• abrir o inalador (rodando o<br />
disco no sentido anti-horário);<br />
• puxar a alavanca para trás até<br />
escutar um click.<br />
Pulvinal:<br />
• retirar a tampa;<br />
• manter o inalador na posição<br />
vertical;<br />
• apertar o botão marrom com<br />
uma mão;<br />
• girar o inalador no sentido antihorário<br />
com a outra mão (aparecerá<br />
uma marca vermelha);<br />
• soltar o botão marrom;<br />
• girar o inalador no sentido<br />
horário até escutar um click<br />
(aparecerá uma marca ver<strong>de</strong>).<br />
Após o preparo da dose, à técnica<br />
inalatória é comum:<br />
• expirar normalmente;<br />
• colocar o dispositivo na boca;<br />
• inspirar o mais rápido e profundamente<br />
possível;<br />
• fazer pausa inspiratória <strong>de</strong> 10<br />
segundos;<br />
• se sistema com monodose,<br />
executar nova inspiração (mais<br />
profunda que a primeira), caso<br />
seja observada a presença <strong>de</strong><br />
pó residual na cápsula.
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
17<br />
SELEÇÃO DO SISTEMA<br />
GERADOR DE AEROSSOL A<br />
SER PRESCRITO<br />
A indicação do dispositivo<br />
inalador a ser utilizado é uma atribuição<br />
médica que <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar<br />
aspectos da eficácia da droga (efeitos,<br />
paraefeitos), <strong>de</strong>posição pulmonar<br />
do sistema perante as características<br />
do dispositivo (volume, válvula, máscara)<br />
e adaptabilida<strong>de</strong> do paciente à<br />
proposta (técnica a<strong>de</strong>quada, a<strong>de</strong>são<br />
à proposta terapêutica) 32,37,41 .<br />
Antes dos 6 anos, os inaladores<br />
pressurizados dosimetrados<br />
acoplados a espaçadores constituem<br />
a técnica <strong>de</strong> escolha para a<br />
maioria dos pacientes; a partir dos<br />
6 anos, os inaladores <strong>de</strong> pó passam<br />
a constituir-se em opção apropriada,<br />
pois os aerossóis pressurizados<br />
dosimetrados são utilizados<br />
<strong>de</strong> forma correta, sem espaçadores,<br />
só a partir dos 10 anos.<br />
Portanto, a avaliação da qualida<strong>de</strong><br />
da técnica inalatória executada<br />
pela criança <strong>de</strong>ve ser rotina <strong>de</strong> verificação<br />
obrigatória em toda consulta<br />
médica naqueles que fazem<br />
uso <strong>de</strong> tais dispositivos.<br />
Revisões sistemáticas da literatura,<br />
consi<strong>de</strong>rando a utilização <strong>de</strong><br />
diferentes dispositivos geradores <strong>de</strong><br />
aerossóis para prescrição <strong>de</strong> β 2<br />
-agonistas<br />
<strong>de</strong> curta ação e corticoesterói<strong>de</strong>s,<br />
concluem que os inaladores<br />
pressurizados dosimetrados são<br />
equivalentes aos <strong>de</strong>mais dispositivos,<br />
e ainda os consi<strong>de</strong>ram como os <strong>de</strong><br />
melhor custo–benefício 5,10,44 .<br />
Consi<strong>de</strong>rando aspectos <strong>de</strong> comodida<strong>de</strong>,<br />
o dispositivo inalador<br />
<strong>de</strong>ve ser portátil, sem necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> energia elétrica, e <strong>de</strong> operação<br />
tecnicamente simples, <strong>de</strong>mandando<br />
manutenção mínima. A simplicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> operação é especialmente importante<br />
no tratamento <strong>de</strong> pré-escolares<br />
e lactentes, que recebem atenção <strong>de</strong><br />
diferentes pessoas em diferentes<br />
períodos do dia. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
cooperação e coor<strong>de</strong>nação para a<br />
utilização do dispositivo <strong>de</strong>ve ser<br />
mínima. Cooperação passiva, como<br />
a aceitação <strong>de</strong> máscara facial, po<strong>de</strong><br />
ser esperada da maioria dos préescolares<br />
e mesmo dos lactentes.<br />
Cooperação ativa, como a realização<br />
<strong>de</strong> manobras específicas <strong>de</strong> inalação<br />
e <strong>de</strong> ativação subseqüente do<br />
inalador, <strong>de</strong>ve ser esperada apenas<br />
por parte <strong>de</strong> escolares e adolescentes.<br />
Para lactentes e pré-escolares<br />
<strong>de</strong>ve ser usado um dispositivo <strong>de</strong><br />
aerossol pressurizado com espaçador<br />
e máscara facial. Com a melhora<br />
da cooperação para inalar do espaçador,<br />
geralmente alcançada aos 4 a<br />
6 anos, a criança <strong>de</strong>ve ser encorajada<br />
a utilizar a peça bucal em substituição<br />
à máscara facial. A partir <strong>de</strong> 6<br />
anos, o inalador <strong>de</strong> pó torna-se o dispositivo<br />
<strong>de</strong> escolha 28,37,41 (Tabela 4).<br />
Os nebulizadores não são dispositivos<br />
a<strong>de</strong>quados para tratamento<br />
<strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>vido a<br />
aspectos <strong>de</strong> custo, comodida<strong>de</strong><br />
(portabilida<strong>de</strong> e manuseio), necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tempo prolongado <strong>de</strong><br />
inalação e <strong>de</strong> monitoração do procedimento,<br />
além dos custos <strong>de</strong><br />
manutenção 1 . Têm sido indicados<br />
para tratamento <strong>de</strong> episódios agudos<br />
(resgate) nas mais variadas faixas<br />
etárias 7,28,37,41 .<br />
Tabela 4<br />
Dispositivos para inalação indicados para cada faixa etária<br />
Faixa etária Dispositivo gerador <strong>de</strong> aerossol recomendado<br />
< 4 anos Inalador pressurizado dosimetrado acoplado a espaçador com<br />
máscara facial<br />
4 a 6 anos Inalador pressurizado dosimetrado acoplado a espaçador<br />
com bocal<br />
> 6 anos Inalador <strong>de</strong> pó seco ou inalador pressurizado dosimetrado<br />
acoplado a espaçador
18<br />
ASMA PEDIÁTRICA<br />
GERADORES DE AEROSSÓIS<br />
NO MANEJO DA ASMA<br />
AGUDA: NEBULIZADOR X<br />
INALADOR PRESSURIZADO<br />
DOSIMETRADO<br />
Os β 2<br />
-agonistas <strong>de</strong> curta duração<br />
administrados por via inalatória<br />
constituem a primeira linha <strong>de</strong><br />
tratamento para crianças com episódios<br />
agudos <strong>de</strong> <strong>asma</strong>. Ainda que<br />
tais drogas sejam mais freqüentemente<br />
administradas por geradores<br />
<strong>de</strong> aerossóis do tipo nebulizadores,<br />
esses sistemas possuem<br />
algumas <strong>de</strong>svantagens<br />
ante os inaladores dosimetrados:<br />
custo mais elevado, necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> o equipamento estar<br />
conectado à fonte <strong>de</strong> energia e<br />
<strong>de</strong>posição pulmonar ineficiente.<br />
Em contraste, quando se utiliza um<br />
inalador pressurizado dosimetrado<br />
acoplado a um espaçador, esse é<br />
mais econômico, mais higiênico,<br />
portátil e faz uso <strong>de</strong> um menor<br />
tempo para administração da medicação,<br />
quando comparado ao nebulizador<br />
14 . Ao se acoplar o espaçador<br />
a um inalador, aumenta-se<br />
significativamente a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong><br />
medicação na via aérea inferior,<br />
com uma diminuição em cerca <strong>de</strong><br />
10 vezes do seu <strong>de</strong>pósito orofaríngeo<br />
13 . Esta modificação na <strong>de</strong>posição<br />
<strong>de</strong> medicação na via aérea<br />
tem o primeiro impacto prático, já<br />
que aponta para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r administrar doses menores<br />
<strong>de</strong> β 2<br />
-agonista 3,30,57 .<br />
O ajuste da dose a ser empregada<br />
no dispositivo inalatório<br />
permanece questão não totalmente<br />
<strong>de</strong>finida. Vários estudos conduzidos<br />
em populações adultas têm procurado<br />
<strong>de</strong>terminar a dose <strong>de</strong> salbutamol<br />
necessária, por ocasião da<br />
utilização do inalador pressurizado<br />
dosimetrado, para se conseguir efeitos<br />
clínicos comparáveis às doses<br />
disponibilizadas por nebulização.<br />
Os resultados têm apontado para<br />
conclusões variadas, com relações<br />
que oscilaram entre 1:1 e 1:12 (na<br />
comparação inalador x nebulizador).<br />
Para estudos realizados em<br />
populações pediátricas, pacientes<br />
ambulatoriais e hospitalizados têm<br />
requerido doses equivalentes em<br />
proporções que variaram <strong>de</strong> 1:1 a<br />
1:7 2,11,15,33,34,42,43,48 .<br />
Revisões sistemáticas da literatura<br />
apontam perspectivas favoráveis<br />
ao uso dos inaladores dosimetrados.<br />
Amirav e Newhouse, em<br />
extensa revisão da literatura pediátrica,<br />
selecionaram 10 estudos que<br />
compararam tratamentos administrados<br />
com os dois sistemas. Tais<br />
protocolos incluíram 301 pacientes<br />
que receberam tratamentos com<br />
inaladores pressurizados dosimetrados<br />
acoplados a espaçador e 274<br />
pacientes que foram tratados com<br />
nebulização. Destes estudos, oito<br />
não apresentaram diferenças significativas<br />
entre os dois métodos,<br />
enquanto em dois foi observada<br />
superiorida<strong>de</strong> com o uso do inalador<br />
dosimetrado. Nenhum estudo<br />
apresentou resultados favoráveis<br />
à geração <strong>de</strong> aerossóis por<br />
nebulização, mesmo consi<strong>de</strong>rando<br />
uma utilização <strong>de</strong> β 2<br />
-agonista<br />
significativamente maior<br />
nestes pacientes. As conclusões<br />
vieram a favorecer o uso dos inaladores<br />
pressurizados dosimetrados<br />
acoplados a espaçadores<br />
em razão <strong>de</strong> sua conveniência, rapi<strong>de</strong>z<br />
<strong>de</strong> administração, preferência<br />
do paciente e menor custo 3 .<br />
Recentemente, Cates e cols.<br />
(Grupo da Cochrane – Via Aérea)<br />
selecionaram 21 estudos realizados<br />
até o ano <strong>de</strong> 2001 (880 crianças e 444<br />
adultos) que compararam as duas técnicas<br />
inalatórias. Não encontraram<br />
diferenças nas taxas <strong>de</strong> hospitalização<br />
e provas <strong>de</strong> função pulmonar.<br />
Observaram como significativa apenas<br />
uma menor freqüência cardíaca<br />
nos pacientes que utilizaram o sistema<br />
com espaçadores. Além disso,<br />
em um dos estudos pediátricos,<br />
observaram também uma taxa <strong>de</strong><br />
permanência hospitalar significativamente<br />
menor neste grupo <strong>de</strong> pacientes<br />
(inalador pressurizado dosimetrado<br />
com espaçador) 13,38,45,54 .<br />
Entretanto, existem vários<br />
questionamentos que ainda não<br />
foram contemplados com respostas<br />
consolidadas por parte da
Terapia inalatória – Vantagens sobre o tratamento oral<br />
19<br />
literatura científica na comparação<br />
entre os dois sistemas em pacientes<br />
com <strong>asma</strong> aguda: a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se utilizar esses inaladores<br />
<strong>de</strong> forma controlada em casa, a<br />
variabilida<strong>de</strong> do efeito secundário<br />
ao tipo <strong>de</strong> espaçador utilizado, a<br />
ergonomia mais a<strong>de</strong>quada para<br />
utilização em lactentes, a importância<br />
dos espaçadores com válvulas,<br />
a dose ótima, a freqüência<br />
i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> inalações, as respirações<br />
necessárias para “esvaziar” o espaçador,<br />
o tipo <strong>de</strong> broncodilatador<br />
mais apropriado para ser utilizado,<br />
entre outros.<br />
Em resumo, ao consi<strong>de</strong>rarmos<br />
seu benefício clínico, menor<br />
custo, forma <strong>de</strong> administração<br />
mais rápida, menor necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> pessoal especializado envolvido<br />
na assistência, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
administração, efeito clínico similar,<br />
na maioria dos trabalhos<br />
publicados, a literatura atual recomenda<br />
a utilização dos inaladores<br />
pressurizados dosimetrados<br />
acoplados a espaçadores na<br />
maioria dos casos <strong>de</strong> <strong>asma</strong> aguda<br />
na população infantil, ficando<br />
ainda algumas questões para<br />
serem respondidas em futuros<br />
trabalhos <strong>de</strong> investigação.
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De Angelis • Diretora comercial: Exalta <strong>de</strong> Camargo Dias • Gerente comercial: Paula Leonardi • Coor<strong>de</strong>nação<br />
comercial: Patricia Mirra • Editora responsável: Caline Devèze, Jussara Lemos (ass.) • Projeto gráfico: Lemos Publicida<strong>de</strong><br />
• Produção editorial: Sandra Regina Santana (coord.), Andrea T. Hoshii (diagr.), Fernanda R. Baptista (rev.), Glair P.<br />
Coimbra (conf.), Rogério L. da Camara (arte-final <strong>de</strong> capa) • Produção gráfica: Márcia Paixão e Laércio Marinho.