Energia renovada - ONS
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EDITORIAL<br />
Risco:<br />
alerta ou certeza?<br />
Informativo do Operador<br />
Nacional do Sistema Elétrico<br />
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Rua da Quitanda, 196<br />
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20.091-005<br />
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jornal@ons.org.br<br />
Ao analisar a repercussão na mídia das<br />
recentes explanações do <strong>ONS</strong> sobre as condições<br />
do atendimento energético futuro, com<br />
base nos resultados do Planejamento Anual<br />
da Operação Energética 2005, nos deparamos<br />
com uma clara diversidade nas manchetes,<br />
capaz de deixar na mais profunda dúvida<br />
um leitor que vorazmente consumisse todos os<br />
diversos jornais. Tomando como exemplo apenas<br />
algumas reportagens da última semana, temos<br />
manchetes que vão desde “NE não tem<br />
risco de apagão” (Folha de Pernambuco, 27/9),<br />
passando por “Nordeste pode passar por racionamento<br />
de energia” (Diário de Pernambuco,<br />
27/9) e chegando até “Apagão no Nordeste”<br />
(Estado de Minas, 23/9).<br />
Embora o conteúdo das reportagens, na maioria<br />
das vezes, não se afaste das explicações divulgadas,<br />
a diferença entre as manchetes mostra<br />
a dificuldade de se passar para a sociedade os<br />
resultados das avaliações probabilísticas realizadas<br />
pelo <strong>ONS</strong>. Afinal, muita gente ainda não<br />
entende direito o que é o risco de déficit. Ter<br />
uma probabilidade de ocorrência de déficit de<br />
9,2% na região Nordeste em 2009 não significa<br />
que estejamos a caminho de um racionamento.<br />
Para interpretar o risco de déficit é preciso<br />
compreender antes vários conceitos complexos.<br />
A começar pelas premissas de crescimento do<br />
mercado e de expansão da oferta utilizadas nesse<br />
estudo. A economia e, conseqüentemente, a<br />
carga vão crescer assim mesmo? E se houver um<br />
boom, ou uma recessão? E as usinas, vão realmente<br />
estar disponíveis nas datas previstas? E<br />
as linhas de transmissão, entrarão em funcionamento<br />
conforme os cronogramas? É importante<br />
saber que todas as premissas adotadas condicionam<br />
completamente os resultados, e que<br />
estes não podem ser vistos de forma dissociada<br />
das hipóteses que os produziram.<br />
Outro fator que dificulta o entendimento é a<br />
própria análise probabilística realizada. É preciso<br />
explicar que não é possível fazer previsões da<br />
oferta de energia a longo prazo. Afinal, nossa geração<br />
é mais de 90% hidrelétrica, e depende das<br />
vazões, que dependem das chuvas. Assim, é necessário<br />
criar cenários possíveis de comportamentos<br />
hidrológicos futuros – as duas mil séries<br />
sintéticas de energias afluentes usadas nas simulações<br />
da operação – para avaliar a capacidade de<br />
atender ao mercado. É nessa variedade de cenários<br />
que se estima o risco de não-atendimento. O<br />
fato de o risco de déficit ter ultrapassado o nível<br />
adequado para o sistema, que é de 5%, é um sinal<br />
de alerta importante. Mas a profundidade do<br />
déficit esperado não é grande e sua eliminação<br />
pode ser realizada com um pequeno aumento da<br />
oferta, conforme indicam os estudos do <strong>ONS</strong>.<br />
Uma taxa de colesterol elevada em um exame<br />
feito hoje não determina que você vá sofrer<br />
um enfarte no futuro, mas é um bom indicativo<br />
para rever hábitos e continuar monitorando<br />
seu colesterol. Isso, sim, vai fazer com que<br />
você possa reduzir os riscos de doenças cardíacas.<br />
No setor elétrico não é diferente. Daqui<br />
para a frente, muita atenção com os cronogramas<br />
das novas obras e monitoramento constante<br />
dos riscos, para que as medidas necessárias<br />
sejam tomadas e não tenhamos que sofrer<br />
de novo as agruras de um racionamento. E temos<br />
tempo suficiente para isso.<br />
2<br />
Informativo do Operador Nacional do Sistema Elétrico • Ligação 84 • Setembro 2005