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As vivências antropomusicais incorporadas no teatro da ... - OuvirAtivo

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<strong>As</strong> vivências <strong>antropomusicais</strong> <strong>incorpora<strong>da</strong>s</strong> <strong>no</strong> <strong>teatro</strong> <strong>da</strong> Escola<br />

Waldorf Francisco de <strong>As</strong>sis/ 2009<br />

Francisco Di Mase Neto<br />

chicomase@bol.com.br<br />

Janeiro/ 2010<br />

1. RELATO<br />

Poderia até relatar como o curso Antropomúsica 1 contribuiu para o<br />

desenvolvimento do meu trabalho na Escola Francisco de <strong>As</strong>sis como um todo desde<br />

que iniciei o curso em julho de 2008. No entanto talvez em outra oportuni<strong>da</strong>de eu possa<br />

falar sobre a gra<strong>da</strong>tiva mu<strong>da</strong>nça que atravesso com relação ao meu aprendizado<br />

antroposófico e, a aplicabili<strong>da</strong>de destes conhecimentos com as classes na escola.<br />

Portanto preferi relatar minha primeira experiência <strong>no</strong> <strong>teatro</strong> de 8º a<strong>no</strong>, uma vivência<br />

que carrega além <strong>da</strong> intrínseca responsabili<strong>da</strong>de escolar, um momento bastante esperado<br />

e especial <strong>no</strong> autodesenvolvimento destes jovens e professores envolvidos.<br />

Esta foi minha estréia na condução <strong>da</strong> parte musical de uma peça teatral e o fato<br />

disto acontecer dentro <strong>da</strong> escola Waldorf 2 onde estou apenas há dois a<strong>no</strong>s e, até então<br />

não ter conhecimentos básicos de antroposofia 3 , trouxe-me ain<strong>da</strong> maiores obstáculos<br />

para serem superados. Neste período de curso aprendi vivenciando antes <strong>da</strong> teoria ou <strong>da</strong><br />

técnica musical, conheci neste curso um caminho para o conhecimento até então<br />

desconhecido, porém facilitador. Comecei a compreendê-lo e incorporá-lo com maior<br />

clareza na minha vi<strong>da</strong> musical aplicando com pratici<strong>da</strong>de em minhas aulas na escola.<br />

Desta maneira tentei colocar mesmo que sucintamente neste relato como estes estudos<br />

<strong>antropomusicais</strong> contribuíram para o desenvolvimento do processo musical <strong>da</strong> peça do<br />

8º a<strong>no</strong> <strong>da</strong> Escola Francisco de <strong>As</strong>sis <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2009.<br />

Obviamente que o primeiro passo foi conhecer a história. Nas primeiras leituras<br />

que fiz <strong>da</strong> peça, procurei entender a essência <strong>da</strong> mesma, o que ela iria plantar <strong>no</strong> caráter<br />

e nas almas destes jovens em última análise, a partir <strong>da</strong>í, entender melhor como a<br />

música paralelamente com os conhecimentos antroposóficos colaboraria enriquecendo o<br />

contexto teatral.<br />

1 Educação musical fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na Antroposofia - Curso de formação de professores de música.<br />

Fonte:< http://www.ouvirativo.com.br/rede/ativi<strong>da</strong>des/at_cur_am.htm><br />

2 A Pe<strong>da</strong>gogia Waldorf foi introduzi<strong>da</strong> por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, inicialmente<br />

em de uma escola para os filhos dos operários <strong>da</strong> fábrica de cigarros Waldorf-<strong>As</strong>tória (<strong>da</strong>í seu <strong>no</strong>me), a<br />

pedido deles. Distinguindo-se desde o início por ideais e métodos pe<strong>da</strong>gógicos até hoje revolucionários,<br />

ela cresceu continuamente, com interrupção durante a 2a. guerra mundial, e proibição <strong>no</strong> leste europeu até<br />

o fim dos regimes comunistas. Hoje conta com mais de 1.000 escolas <strong>no</strong> mundo inteiro (aí excluídos os<br />

jardins de infância Waldorf isolados).<br />

Fonte:< http://sab.org.br/pe<strong>da</strong>g-wal/pe<strong>da</strong>g.htm><br />

3 A Antroposofia, do grego "conhecimento do ser huma<strong>no</strong>", introduzi<strong>da</strong> <strong>no</strong> início do século XX pelo<br />

austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracteriza<strong>da</strong> como um método de conhecimento <strong>da</strong> natureza do ser<br />

huma<strong>no</strong> e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem<br />

como a sua aplicação em praticamente to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.<br />

Fonte:< http://www.sab.org.br/antrop/antrop.htm><br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

Disponível em: www.ouvirativo.com.br


2<br />

Com a<strong>da</strong>ptação do texto original <strong>da</strong>s professoras Kátia Alvarenga e Celícia<br />

Schucman e revisão do professor Sidnei Xavier dos Santos, “<strong>As</strong> Aventuras de<br />

Huckberry Finn”, de Mark Twain foi o tema escolhido. Estudei sobre a época, os<br />

lugares e a música que fazia parte do universo abor<strong>da</strong>do pelo autor. Porém como se<br />

aprende em antroposofia o desenvolvimento e conhecimento acontecem de maneira<br />

diferente quando não se obtém a vivência anteriormente à teoria, por exemplo.<br />

Iniciei o processo de estruturação musical em minhas aulas antes de ver os<br />

alu<strong>no</strong>s atuando em cena. Obtive muitas ferramentas durante o curso, desde as preciosas<br />

trocas de idéias e materiais com colegas mais experientes até as aulas conduzi<strong>da</strong>s pelos<br />

professores.<br />

Em uma <strong>da</strong>s aulas do módulo pe<strong>da</strong>gógico do curso, a professora Meca Vargas<br />

sugeriu tocar peças musicais para alu<strong>no</strong>s de 7º e 8º a<strong>no</strong>s se expressarem através <strong>da</strong><br />

escuta. Este foi um caminho que considerei ativo e utilizei para a escolha do repertório<br />

obtendo significativo retor<strong>no</strong> dos alu<strong>no</strong>s que responderam participando com alegria,<br />

entusiasmo e envolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des propostas que se desdobraram.<br />

A música “Moon River”, de 1961 composta por Johnny Mercer e Henry<br />

Mancini foi escolhi<strong>da</strong> desta maneira. Meu pai quando vivo escutou muito esta canção e<br />

assim que li a peça lembrei-me dela. Toquei esta música para eles sem citar autor, <strong>no</strong>me<br />

ou nem mesmo explicando porque ouviríamos naquele momento, apenas pedi que todos<br />

fechassem os olhos e escutassem a música com atenção. Logo se manifestaram<br />

relacionando a proximi<strong>da</strong>de musical com alguma parte <strong>da</strong> história de Huck. Passamos a<br />

estu<strong>da</strong>r e ensaiar a canção que entrou para uma cena bastante emotiva, já que esta é uma<br />

história que trata de valores e princípios importantíssimos na solidificação do caráter de<br />

um homem, como por exemplo, a amizade. Percebi então, que <strong>da</strong>quele momento em<br />

diante era ter calma, simplici<strong>da</strong>de e acreditar <strong>no</strong> meu trabalho em conjunto com as<br />

professoras e os alu<strong>no</strong>s que conseguiríamos fazer algo ver<strong>da</strong>deiro.<br />

Este 8º a<strong>no</strong> mostrou-se forte e corajoso ao superar, como eu, tantos obstáculos,<br />

desde o convívio social até o âmbito musical em si. Acreditei muito na força e potencial<br />

de ca<strong>da</strong> um deles, só assim, atravessaríamos sobretudo um processo de criação musical<br />

suficientemente natural e espontâneo para além de atingir o objetivo social e pe<strong>da</strong>gógico<br />

que as vivências <strong>da</strong>s diversas personagens proporcionam, mas também, retratar e<br />

transmitir para o público através <strong>da</strong> interpretação teatral e musical os sentimentos de<br />

amor, coragem, mentira, cobiça, desprezo, ver<strong>da</strong>de entre outros. Isto é<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente importante em um trabalho artístico, mesmo que não seja perfeito<br />

nas bases teóricas e técnicas, pois se trata de um desenvolvimento pe<strong>da</strong>gógico, onde o<br />

caminho percorrido é mais relevante do que o resultado final.<br />

Os alu<strong>no</strong>s demonstraram talento ao compor e tocar os temas para personagens e<br />

cenas específicas. Tivemos alu<strong>no</strong>s cantando, tocando violão, guitarra, baixo, percussão<br />

pia<strong>no</strong> e flauta doce. E <strong>no</strong> que tange a parte de canto é importante ressaltar os eficazes e<br />

direcionados exercícios conduzidos pela professora de canto coral Meca Vargas que<br />

aju<strong>da</strong>ram tanto na questão mental e física quanto nas minhas próprias condições e<br />

capaci<strong>da</strong>des vocais na condução do desenvolvimento vocal dos alu<strong>no</strong>s.<br />

Os processos de criação e so<strong>no</strong>rização <strong>da</strong> peça começaram efetivamente <strong>no</strong>s<br />

ensaios de palco juntamente com a parte interpretativa, fato que <strong>no</strong>s impulsio<strong>no</strong>u a<br />

trabalharmos com bastante improvisação <strong>no</strong>s elementos teatrais que envolveram a<br />

música. Os exercícios de improvisação rítmica e melódica e os trabalhos de composição<br />

realizados sobre os quatro corpos, os temperamentos, os elementos e os rei<strong>no</strong>s <strong>da</strong><br />

natureza orientados pelos professores durante o curso foram lições aprendi<strong>da</strong>s e<br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

Disponível em: www.ouvirativo.com.br


3<br />

coloca<strong>da</strong>s em prática. Tais aprendizados, considerando é claro, a minha experiência<br />

musical e a<strong>da</strong>ptados a reali<strong>da</strong>de dos alu<strong>no</strong>s, funcionaram com simplici<strong>da</strong>de e<br />

objetivi<strong>da</strong>de na construção <strong>da</strong> música <strong>no</strong> <strong>teatro</strong> abrindo <strong>no</strong>vas e ain<strong>da</strong> inimagináveis<br />

possibili<strong>da</strong>des de trabalhar música relacionando fun<strong>da</strong>mentos antroposóficos do ponto<br />

de vista <strong>da</strong> música em geral.<br />

Mas como seria este trabalho se não houvesse um equilíbrio <strong>no</strong>s relacionamentos<br />

entre as pessoas engaja<strong>da</strong>s?<br />

Entendo que a relação social de to<strong>da</strong>s as pessoas envolvi<strong>da</strong>s em um trabalho<br />

social e pe<strong>da</strong>gógico como este, entre elas, pais, alu<strong>no</strong>s e professores deve ser a melhor<br />

possível para que tudo cresça e aconteça plenamente. E um fator imprescindível que<br />

compreendi com outro olhar para uma boa sociabili<strong>da</strong>de é o simples exercício de ouvir,<br />

importante lição que pratiquei muito <strong>no</strong> curso. Escutar as pessoas com tranqüili<strong>da</strong>de e<br />

paciência é uma atitude que devemos observar em nós mesmos, pois isto tem haver com<br />

a empatia, a união, a integração de um grupo por um único ideal, seja lá o que este for<br />

realizar.<br />

Concentrar e buscar orientação a seres e pla<strong>no</strong>s superiores para <strong>no</strong>s guiar a um<br />

caminho com sabedoria, amor e força antes de uma determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de através de um<br />

verso foi outra prática que me trouxe muita paz anímica e reflexão interior necessárias<br />

para a realização do trabalho na escola também exercitado <strong>no</strong> Antropomúsica. Um verso<br />

que as professoras recitavam com os alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> aquecimento antes dos ensaios, abor<strong>da</strong><br />

justamente estas questões que envolvem companheirismo, soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, sereni<strong>da</strong>de,<br />

compreensão, entre outros aspectos, para termos força de fazer algo que ninguém<br />

consegue fazer sozinho como o <strong>teatro</strong>.<br />

Em grupos sociais tão heterogêneos como este do Antropomúsica, atravessamos<br />

situações que tivemos que observar não só dos <strong>no</strong>ssos inúmeros pontos de vista de um<br />

determinado estudo, mas de diversos pontos de vista de vários colegas e, esta não é uma<br />

tarefa simples. Olhar com outros olhares e poder chegar a almeja<strong>da</strong>s conclusões<br />

uníssonas ou abarcar to<strong>da</strong>s as vontades de um grupo.<br />

Tentei aplicar o que vivi neste período de curso, ouvindo meus alu<strong>no</strong>s e minhas<br />

colegas professoras, tentando estreitar as idéias, os pensamentos, as sugestões, os tons<br />

que surgiam de todos os lados e, acredito que esta maneira de trabalhar foi importante<br />

para o aprendizado de todos envolvidos direta e indiretamente com esta ver<strong>da</strong>deira<br />

aventura: trabalhar em um <strong>teatro</strong> de escola Waldorf, para mim, pela primeira vez.<br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

Disponível em: www.ouvirativo.com.br


4<br />

2. ANEXO – DEPOIMENTO DE ALUNOS<br />

“Na primeira vez que cantamos para o público todos se puseram a chorar.” –<br />

Pedro Roxo.<br />

“Os sons do meu <strong>teatro</strong> foram ótimos, <strong>no</strong> começo fiquei assusta<strong>da</strong> em saber que<br />

não iríamos ter orquestra, mas depois vi, que nós alu<strong>no</strong>s com a aju<strong>da</strong> dos professores<br />

somos capazes de fazer os sons que quisermos se sentir com o coração.” – Liz.<br />

“Na música Moon River mostrou a união – estamos na mesma balsa – e o<br />

começo de uma grande e bonita amizade.” – Elis.<br />

“Achei que a música trouxe harmonia para a classe, vou sentir muita falta<br />

quando acabar.” – Renan.<br />

“Vou me lembrar para sempre <strong>da</strong>s músicas e <strong>da</strong>s partituras porque está <strong>no</strong><br />

coração.” – Lucas.<br />

“Música é uma coisa que todo ser huma<strong>no</strong> gosta, na minha opinião não vivemos<br />

sem ela.” – Natália.<br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

Disponível em: www.ouvirativo.com.br


5<br />

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />

STEINER, RUDOLF. A Ciência Oculta. São Paulo: Ed. Antroposófica, 1980.<br />

REDE OUVIRATIVO. Música para o desenvolvimento huma<strong>no</strong>. Disponível em<br />

. Acesso em dezembro de 2009.<br />

SOCIEDADE ANTROPOSÓFICA NO BRASIL. Anthroposophical Society in Brazil.<br />

Disponível em . Acesso em dezembro de 2009.<br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

Disponível em: www.ouvirativo.com.br


6<br />

4. ÍNDICE<br />

1- RELATO..........................................................01<br />

2- ANEXO – DEPOIMENTO DE ALUNOS......04<br />

3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............05<br />

4- ÍNDICE............................................................06<br />

Texto elaborado por participante do Curso Antropomúsica<br />

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